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século XVII, a exclusão de um indivíduo da sociedade através do seu isolamento
com base nos valores éticos, morais e no modelo médico da época era uma prática
constante. Retirá-los do convívio social era uma atitude comum, seja enviando-os
em embarcações marítimas para determinados destinos, seja fechando-os em celas
e calabouços, asilos e hospitais.
Já no século XVII, o internamento surge com o objetivo de se disciplinar
mendigos e vagabundos e não o de curá-los. Acreditava-se, por exemplo, que o
lugar dos loucos era entre os miseráveis, pois eles perturbavam a ordem social. O
louco não era dono de seu chão, de seu pensamento, de sua cidadania e nem
tampouco de seu comportamento. Em seu livro Doença mental e psicologia,
Foucault afirma:
Criam-se (e isto em toda a Europa) estabelecimentos para internação que
não são simplesmente destinados a receber os loucos, mas toda uma série
de indivíduos bastantes diferentes uns dos outros, pelo menos segundo
nossos critérios de percepção: encerram-se os inválidos pobres, os velhos
na miséria, os mendigos, os desempregados opiniáticos, os portadores de
doenças venéreas, libertinos de toda espécie, pessoas a quem a família ou
o poder real querem evitar um castigo público, pais de família dissipadores,
eclesiásticos em infração, em resumo, todos aqueles que, em relação à
ordem da razão, da moral e da sociedade, dão mostras de ´alteração´
(1984, p.78).
Na Europa, a internação destas pessoas foi um movimento bastante forte, um
período de segregação e categorização dos indivíduos, internando a loucura pela
mesma razão que se internava a devassidão e a libertinagem. Indesejáveis
alienados reuniam-se em grupos distintos e os indivíduos eram excluídos. Entre eles
destacavam-se os indigentes, vagabundos e mendigos, os prisioneiros, as "pessoas
ordinárias", as "mulheres caducas" e "velhas senis ou enfermas" ou "velhas infantis",
as pessoas epiléticas e os "inocentes malformados e disformes, pobres bons”, como
também as “moças incorrigíveis”. A cura era incerta e justificável.
Relata a história que, nos Estados Unidos e na Europa ainda durante o século
XVII, pessoas exploravam deformações humanas como meio de vida, apresentando
em público fetos sem cabeça e colunas vertebrais de crianças abortadas, juntamente
com atrações circenses, em praças, mercados e hospedarias.
A Guerra Civil Americana (1861/1865) e a vitória do Norte trouxeram grande
prosperidade econômica à região, incentivando a vinda de imigrantes oriundos, em