40
comparar os resultados empíricos do estudo de caso. Ou seja, o pesquisador
tenta generalizar um conjunto particular de resultados a alguma teoria mais
abrangente. Sob este aspecto, é preciso ressaltar que a construção de um
referencial teórico sólido é fator vital para a execução deste tipo de estudo
empírico, pois viabiliza um processo confiável de generalização analítica.
Esta formulação prévia da teoria relacionada ao tópico de estudo, antes de
se realizar qualquer coleta de dados, é o que diferencia o estudo de caso de
outros métodos relacionados, como a etnografia e a “teoria fundamentada”, pois
estes deliberadamente evitam que se especifiquem quaisquer proposições
teóricas no princípio de uma investigação (LINCOLN & GUBA, 1985, 1986; VAN
MAANEN et al., 1982 e STRAUSS & CORBIN, 1992, apud YIN, 2005). A partir
deste princípio, também é importante determinar se o propósito do estudo de caso
será o de desenvolver ou testar a teoria (YIN, 2005). Tratando-se do presente
trabalho, tendo em vista a existência de uma base teórica, a intenção do estudo
de caso foi a de utilizá-la como fio condutor, como guia para um melhor
entendimento da maneira como a questão socioambiental é tratada nas PME’s
industriais terceirizadas. Portanto, não se trata propriamente de testar a teoria,
mas sim de estabelecer um diálogo entre esta e os dados empíricos obtidos e, se
possível, criar condições para complementá-la e desenvolvê-la.
Outra consideração a ser feita é quanto ao número de casos estudados: as
evidências resultantes de casos múltiplos são consideradas mais convincentes e
o estudo global resultante é visto, por conseguinte, como mais robusto
(HERRIOTT & FIRESTONE, 1983, apud YIN, 2005). Neste sentido, consideram-
se casos múltiplos como se fossem “experimentos múltiplos”, ou seja, segue-se a
lógica da “replicação”, que permite prever resultados semelhantes (replicação
literal) ou produzir resultados contrastantes por razões previsíveis (replicação
teórica). Desta forma, Yin (2005) sugere que, segundo as condições disponíveis
para a execução do trabalho, o pesquisador dê preferência ao estudo de múltiplos
casos: projetos de caso único são vulneráveis porque “apostam-se todas as fichas
num único número”, enquanto que os benefícios analíticos de ter dois ou mais
casos podem ser substanciais, tais como a redução de desconfianças quanto à
unicidade de informações ou à existência de condições “artefactuais”. Por estas
razões, para a realização do presente trabalho optou-se por executar um estudo
de múltiplos casos, com pelo menos quatro casos.