Download PDF
ads:
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
Marcel Neumann
A INICIATIVA SOCIOAMBIENTALl
COMO UMA ESTRATÉGIA MERCADOLÓGICA
ESTUDO DE CASO: ABN AMRO BANK – BANCO REAL S/A
São Paulo
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
MARCEL NEUMANN
A INICIATIVA SOCIOAMBIENTAL
COMO UMA ESTRATÉGIA MERCADOLÓGICA
ESTUDO DE CASO: ABN AMRO BANK – BANCO REAL S/A
Trabalho apresentado no exame de
qualificação do Programa de Mestrado
Profissional “Gestão Integrada em Saúde e
Segurança no Trabalho e Meio Ambiente”
do Centro Universitário SENAC, como um
dos pré-requisitos para obtenção do título
de mestre.
Orientador: Pr. Alex Coltro, D.Sc.
São Paulo
2006
ads:
AGRADECIMENTOS
A minha família que por inúmeras vezes incentivaram, encorajaram, e
mostraram o verdadeiro sentimento da luta e motivação para superar os
obstáculos de nossas vidas. O simples fato de poder concluir com êxito este
trabalho, se torna um sentimento de orgulho e satisfação pessoal. Os desafios
impostos e a integridade de nossas ações, certamente compõem os principais
objetivos de nossa existência.
Gostaria de agradecer aos professores doutores do nosso curso, em
particular à Dra. Alice Itani, coordenadora e idealizadora deste nosso currículum,
ao Prof. Dr. Eduardo Licco, pelo apoio, e ao orientador Prof. Dr. Alex Coltro, o
qual prestou um excelente trabalho com muita dedicação em tão pouco tempo.
Aos colegas de classe que compartilharam as dificuldades, alegrias e
tristezas durante estes meses de árduos desafios. O espírito de equipe, como
uma organização consciente e cooperativa, bastou para conquistar nossa maior
missão, a construção de uma verdadeira amizade, tão importante quanto o
aprendizado que recebemos.
Obrigado ao Prof. Dr. Luca Borroni-Biancastelli, coordenador geral dos
programas corporativos do Ibmec, pelo apoio, dedicação e estimada contribuição.
Agradeço a todos os que, de maneira direta ou indireta, contribuíram com
meu trabalho, incentivando, opinando e de certo modo, colaborando com o
sucesso deste projeto.
Gostaria somente ainda de realçar o excelente ambiente de trabalho e
estudo, proporcionado pelo Campus Santo Amaro do Centro Universitário Senac
- Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo, o qual possibilitou
a realização das pesquisas bibliográficas.
Uma dedicação especial ao Sr. Antônio Ozzi do ABN AMRO Bank -
Banco Real S/A, pelas informações prestadas, paciência e motivação para a
concretização da pesquisa de campo.
“Talvez a marca mais profunda do conhecimento seja a sua ambivalência, não
a sua racionalidade estrita esta abalada, seja porque emoção para o ser
humano não é menos importante, seja porque a certeza e a verdade deixaram
de ser apostas fechadas. Todo processo de conhecimento também é de
acobertamento, porque, ao aprofundar-se, deixa de lado o que considera
menos relevante. Esse olhar seletivo pode ser compensado pela visão mais
vertical e traído pelo fato de que nunca sabemos, até o fim, o que é mais
importante. Se soubéssemos, o problema do conhecimento estaria resolvido.
Por isso, ele precisa ser crítico, sobretudo autocrítico. Nisso é coerente porque
sabe desconstruir-se, pela simples razão de que nunca se constrói até o fim,
fica pelo caminho, perde-se em paradigmas quando uma pergunta não tem
todas as respostas, e quando responde deixa tanto mais perguntas. Essa
ambivalência é, na verdade, sua força e temeridade, porquanto o conhecimento
sempre implica a crítica. Não é conhecimento ver apenas o que se viu ou se
vê. Seria cópia. Conhecimento, pela própria tessitura hermenêutica, vê ao seu
modo, acrescenta, diminui, interfere. Por isso é freqüentemente proibido, temido
(DEMO, 2000)”.
RESUMO
As organizações, em geral, têm se dedicado mais à questão ambiental,
sobretudo a partir do advento da globalização, que acelerou os processos de
troca e interconexão de mercados. A inclusão gradual da responsabilidade
socioambiental na pauta das discussões tornou-se não somente estratégica, mas
também necessária, porquanto o cenário atual exige das empresas aparatos de
competição em custos e qualidade, o que, por sua vez, torna imprescindíveis a
existência de um planejamento organizacional e definição de ações
mercadológicas coerentes.
A busca de um diferencial competitivo, num contexto agressivo de
liderança, promove o valor da gestão ambiental e a sua eficaz resposta. No
Brasil, a questão ambiental caracteriza-se pela desarticulação dos diferentes
órgãos envolvidos, pela falta de coordenação e empenho, escassez de recursos
humanos e financeiros e mesmo pela inexistência de informações suficientes
para a capacitação empresarial. Adotar uma gestão estratégica e utilizar a correta
ferramenta para abarcar o tema não é tão simples quanto pode parecer, nem se
pode restringir à venda de produtos dotados de qualidades “verdes” tais como
recicláveis ou não poluentes.
A linha de pesquisa deste trabalho envolveu uma instituição financeira de
renome internacional, no caso, o ABN AMRO Bank - Banco Real S/A, que,
adotando um planejamento específico, realçou o potencial valor da preservação
ambiental e a utilização desse diferencial em sua logomarca.
Através dos resultados demonstrados, deverá ser conhecido a estratégia
praticada em relação à responsabilidade ambiental e respectivo desenvolvimento
sustentável, além do incremento das atividades comerciais em função dos
investimentos socioambientais.
Palavras-chave: gestão ambiental; planejamento estratégico; diferencial
competitivo.
ABSTRACT
Organizations in general have dedicated themselves more to the
environmental issue, especially after globalization that accelerated the processes
of exchange and inter-connection of markets. The gradual inclusion of the
environmental responsibility in the agenda has not only become strategic, but also
necessary, since the current scenery demands from the companies a competition
apparatus for costs and quality. Thus, the existence of an organizational planning
and the definition of coherent market actions are essential.
The search for a competitive differential, in an aggressive context of
leadership enhances the value of environmental management and its efficient
response. In Brazil, the environmental issue is characterized by the de-articulation
of the different public organs involved, by the lack of coordination and effort, by
the scarce human and financial resources and even by the inexistence of enough
information for entrepreneurial training. Adopting a strategic management and
using the correct tool to approach the topic is not as simple as it may seem,
neither can it be limited to the selling of products with “green” qualities such as
non-pollutants or recyclable ones.
The line of research of this work, involved a financial institution
internationally known, ABN AMRO Bank Banco Real S/A, that, by adopting a
specific planning has outlined the potential value of environmental preservation
and the use of this differential in its logo.
Through the demonstrated results, the strategy practiced in relation to the
ambient responsibility will have to be known and respective sustainable
development, beyond the increment of the commercial activities in function of the
environmental investments.
Key Words: environmental management; strategic planning; competitive
differential.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 Modelo institucional de proteção ambiental...................... 25
FIGURA 2 Os cinco passos da implementação de um SGA..............
28
FIGURA 3
O conceito dos 4 Ps (mix de marketing)............................
34
FIGURA 4 Modelo adotado pela Instituição........................................
38
FIGURA 5
Missão instituída pelo ABN AMRO Bank...........................
39
FIGURA 6 Valores corporativos do Banco..........................................
40
FIGURA 7 Política de avaliação socioambiental.................................
43
FIGURA 8
Comunicação via Internet Banking....................................
46
FIGURA 9
Principais prêmios conquistados pelo Banco....................
47
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1
Consumo de papel branco..............................................
57
GRÁFICO 2
Consumo de papel reciclado...........................................
57
GRÁFICO 3 Consumo de energia elétrica...........................................
58
GRÁFICO 4 Consumo de energia elétrica por funcionário..................
58
GRÁFICO 5 Consumo de água........................................................... 60
GRÁFICO 6 Consumo médio de água por funcionário........................
60
GRÁFICO 7 Geração de lixo em prédios administrativos....................
61
GRÁFICO 8 Lixo reciclável em prédios administrativos.......................
61
GRÁFICO 9 Distribuição da frota por tipo de combustível...................
62
GRÁFICO 10
Emissão de dióxido de carbono por tonelada de CO
2.
....
63
GRÁFICO 11
Demonstrativo financeiro.................................................
64
GRÁFICO 12
Base de clientes (P.F. e P.J.)...........................................
64
GRÁFICO 13
Volume da carteira de empréstimos (P.F.)......................
65
GRÁFICO 14
Volume da carteira de empréstimos socioambientais......
66
GRÁFICO 15
Curva Ambiental de Kuznets............................................
73
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Números estatísticos da instituição..................................
37
TABELA 2 Análise de risco socioambientais.....................................
66
TABELA 3 Auditorias ambientais externas....................................... 67
TABELA 4 Investimentos socioambientais internos..........................
67
TABELA 5
Número de funcionários..................................................
67
TABELA 6 Geração de empregos e retenção de funcionários......... 70
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................
12
1.1 Antecedentes..........................................................................
12
1.2 A situação problema...............................................................
14
1.3 Objetivo do estudo..................................................................
18
1.3.1 Objetivo geral..........................................................................
18
1.3.2 Objetivos específicos..............................................................
18
1.4 Referencial teórico..................................................................
19
1.5 Questões relevantes.............................................................. 21
1.6 Organização da dissertação...................................................
22
2 REVISÃO DA LITERATURA................................................. 23
2.1 Preliminares.......................................................................... 23
2.2 O desenvolvimento sustentável............................................. 24
2.3 O sistema de gestão ambiental (SGA)................................... 26
2.3.1 Definição ................................................................................
26
2.3.2 A implementação....................................................................
27
2.3.3 A auditoria ..............................................................................
29
2.4 A normalização ......................................................................
30
2.5
O marketing ambiental............................................................
32
2.5.1
O conceito de marketing ........................................................
32
2.5.2 O valor do marketing ambiental............................................. 35
3 O ABN AMRO BANK S/A..................................................... 36
3.1 Histórico da instituição............................................................
36
3.2 Perfil e missão........................................................................ 37
3.3 Produtos e serviços................................................................ 39
3.4 O programa de sustentabilidade.............................................
39
3.4.1 O fundo Ethical ...................................................................... 41
3.4.2 O capital de giro socioambiental.............................................
41
3.4.3 Avaliação socioambiental....................................................... 43
3.4.4 A relação com fornecedores ..................................................
43
3.4.5 O programa de ecoefiência.....................................................
44
3.4.6 A comunicação....................................................................... 45
3.4.7 Principais prêmios conquistados.............................................
46
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS...........................................
48
4.1 Visão analítica........................................................................ 48
4.2 Classificação...........................................................................
50
4.3 Tratamento e análise dos dados (etapas)...............................
52
4.3.1 Fonte de dados primários.......................................................
53
4.3.2 Fonte de dados secundários...................................................
53
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................... 55
5.1 Antecedentes..........................................................................
55
5.2 Indicadores ............................................................................ 56
5.2.1 Indicadores de meio ambiente................................................
57
5.2.1.1 Consumo de papel branco e reciclado (ton/ano)....................
57
5.2.1.2 Consumo de energia elétrica (1000 kwh/ano)........................
58
5.2.1.3 Consumo de água (1000 m3/ano)..........................................
60
5.2.2 Outros indicadores relevantes................................................
61
5.2.2.1 Geração de lixo.......................................................................
61
5.2.2.2
Reciclagem de lixo produzido.................................................
62
5.2.2.3
Frota de carros........................................................................
62
5.2.2.4
Emissão de poluentes.............................................................
63
5.2.3 Indicadores Econômicos.........................................................
63
5.2.3.1 Volume da carteira de micro-crédito.......................................
65
5.2.3.2
Financiamentos socioambientais externos.............................
65
5.2.3.3
Análise de riscos socioambientais..........................................
66
5.2.3.3.1 Auditorias ambientais externas...............................................
67
5.2.3.4
Investimentos em projetos socioambientais internos..............
67
5.2.3.4.1
Número de funcionários..........................................................
67
6 CONCLUSÕES ......................................................................
68
6.1 Considerações iniciais............................................................
68
6.2 Aspectos gerais.......................................................................
71
6.2.1 Aspectos ambientais...............................................................
71
6.2.2 Aspectos econômicos.............................................................
72
6.2.2.1 Curva Ambiental de Kuznets...................................................
73
6.3 Considerações finais...............................................................
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................
76
ANEXOS.................................................................................
81
1. INTRODUÇÃO
1.1 Antecedentes
A utilização racional dos recursos naturais, a partir da consciência
comprometida com a responsabilidade ambiental, é um dos maiores desafios da
humanidade na atualidade.
O estudo da relação entre o crescimento econômico e o meio ambiente
não é novo, e remonta o final da década de 1960 e início de 1970 (COMMONER,
1982).
Segundo Favareto (2004), nos primórdios da existência do homem
ocorreu a dominação do meio ambiente sobre a cultura, ou melhor, as relações
antropológicas da época expressavam a grande luta pela sobrevivência, mesmo
diante da ação incontrolável das forças naturais. Atualmente, vivemos o estágio
da renovação, em que a sociedade se ocupa com a preservação e a renovação
ambiental como uma forma cultural (SHIVA, 2001).
O meio ambiente era visto apenas como depositário direto dos
subprodutos inaproveitáveis das atividades econômicas. Por trás deste
comportamento, havia a impressão de que os recursos naturais seriam
inesgotáveis e o crescimento econômico poderia continuar indefinidamente, sem
maiores preocupações. De acordo com este pensamento, o estoque de recursos
naturais, seria inesgotável. O meio ambiente, nas discussões econômicas,
invariavelmente, salvo raras exceções, era deixado em plano secundário, ou
simplesmente negligenciado, exceto no que dizia respeito ao seu papel de
fornecedor de insumos ao processo produtivo (OLVEIRA e JUNIOR, 2002).
Desde o início do processo de industrialização, no culo XVIII, a
população mundial cresceu oito vezes, ampliando de forma significativa o
consumo dos recursos naturais, conforme afirma Virtuoso (2004). Somente o
processo produtivo, com base na exploração da natureza, cresceu mais de cem
vezes, num salto que fez agravar a situação de ameaça planetária, trazendo à
tona a emergência da necessidade de uma forma alternativa de relação do
homem e sua casa, com a terra.
Segundo Silveira (2004), a literatura do desenvolvimento sustentável é
relativamente recente, e evoluiu a partir da preocupação da sociedade com o fato
de que os recursos naturais são finitos e, em grande parte, não-renováveis.
Se anteriormente relegava-se a questão ambiental de forma apropriada,
atualmente, essa perspectiva tornou-se inadmissível e inviável. A importância da
inclusão de variáveis ambientais caracteriza-se como fator relevante aos modelos
de crescimento econômico (TRIGUEIRO, 2003).
Permeando as ações em favor do desenvolvimento sustentável surge o
planejamento participativo, envolvendo as instituições públicas, organizações
não-governamentais e as populações diretamente atingidas pelas políticas
ambientais. O desenvolvimento sustentável inclui uma mudança no modelo
econômico e, se executado eficientemente, poderá tornar-se uma ferramenta
importantíssima de inclusão social (GOLDEMBERG e VILLANUEVA, 2004).
Organizações privadas e até mesmo públicas, segundo Jöhr (1994), têm
tratado a questão ambiental com maior dedicação, principalmente a partir do
início da globalização, a qual desencadeou novos processos administrativos. Por
conseguinte, a busca de um diferencial competitivo, num contexto de
interatividade na cadeia produtiva, tornou-se obrigatória e desafiadora conforme
afirma Grayson (2002). Nesse sentido, as influências socioculturais têm sido as
mais importantes e visíveis nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a
produtos, serviços e processos de produção (EYER e LAGE, 2003).
Problemas como poluição, geração de detritos, degrabilidade ambiental,
lixo, extrativismo, água e sistemas energéticos, dentre outros, têm sensibilizado
pessoas, empresas e governos na busca de soluções sustentáveis.
A atividade econômica mundial, baseada na produção e no consumo de
massa, acabou definindo e impondo estilos e comportamentos que interferem
diretamente na qualidade de vida da população (BERNARDES, 2004). O
consumo exacerbado de recursos naturais vitais, renováveis ou não, traz como
conseqüência importante, uma demanda em ritmo acelerado, contrapondo-se ao
esgotamento dos recursos naturais portanto, configurando uma equação de
resultados negativos e um teorema aparentemente sem solução (MIRANDA,
2003).
Goldemberg (2001) argumenta que a proteção ao meio ambiente não
deve se restringir às ações repressivas, mas sim, as de caráter preventivo,
presentes principalmente em licenciamentos, incentivos fiscais e créditos.
As instituições financeiras, por exemplo, enredam-se em uma forte
concorrência num ambiente extremamente hostil e competitivo, e devem ter, em
alguns casos, condições de suportar alterações de demanda, redução de taxas,
queda de preços, variações demográficas e imposições político-econômicas.
Segundo Drucker (1999), estratégias organizacionais que mantêm uma
linha de coerência em seus objetivos corporativos, com um planejamento
administrativo afinado ao conceito da missão e da visão empresarial, tendem a
obter resultados melhores. A identificação positiva da marca, valorizada pela
excelência na gestão ambiental, contribuirá sobremaneira para o sucesso
imediato de uma instituição (BERNARDES, TACHIZAWA e BARREIROS, 2003).
Nesse contexto, o desafio para as organizações encontra-se no
adequado sistema de gestão ambiental (SGA), responsável socialmente, capaz
de ser reconhecido pela comunidade empresarial como um modelo eficaz e
eficiente, de resultados satisfatórios, além da denominação em destaque, de uma
estratégia excelente em competitividade.
Abordagens não lineares da dinâmica de mercado, em contraposição,
enfatizam o papel da incerteza na tomada de decisão e os custos inerentes da
coleta de informação. Conhecimento imperfeito, obtenção incompleta de
feedback, memória e recuperação limitadas, bem como habilidades deficientes
de solução de problemas resultam em formas de racionalidade que não
atingem decisões ótimas, mas compromissos mais ou menos satisfatórios entre
constrições conflitantes
(DEMO, 2000).
1.2 Situação problema
A preocupação efetiva com o meio ambiente, em âmbito global, até a
década de 1970, restringia-se ao mero cumprimento de normas contra a poluição
criadas pelos órgãos reguladores. Assim, os complexos industriais limitavam-se
ao cumprimento de normas e à precaução quanto aos acidentes locais, numa
postura reativa. Durante tempos, ênfase foi dada à incompatibilidade das
atividades econômicas com as políticas de proteção ambiental, daí resultando
como certos o aumento dos custos e o seu conseqüente repasse ao preço dos
produtos (ALMEIDA, 2001).
Partindo dessa visão tradicional de empresa como instituição apenas
econômica, a responsabilidade ficava restrita à maximização dos lucros
utilizava-se a estratégia da minimização dos custos. A cultura reinante no mundo
empresarial não contemplava valores sociais e políticos na tomada de decisões
dos administradores, da mesma forma que se buscava nas leis e
regulamentações originadas pelo poder público (VIRTUOSO, 2004).
De alguma maneira, a mudança de comportamento do empresariado de
alguns setores, no tocante à preocupação com os processos produtivos
ecologicamente corretos, possui relação com as políticas internacionais de
comércio. Petroni (2001) revela que as empresas brasileiras de maior inserção
internacional são as que apresentam maior responsabilidade ambiental,
porquanto as empresas exportadoras sofrem grande discriminação por meio de
barreiras não-tarifárias e ecológicas, estando, portanto, obrigadas a estabelecer
uma melhor relação com o meio ambiente. Entretanto, as restrições comerciais
em nome da causa ecológica são alvo de discórdia. A causa ambiental, o
argumento principal utilizado, parece ceder espaço, na prática, à preocupação
econômica, visto que cumprir exigências normativas ambientais implica
investimento maior e, conseqüentemente, preço final maior, desfavorável à
competitividade.
Paradoxalmente, essa mesma política, conforme argumenta Almeida
(1998), pode apresentar resultado contrário. Ao invés de perder competitividade,
por se tratar de um produto elaborado a partir de processo “mais limpo”, um valor
positivo é agregado à marca do produto. É o marketing ecológico, ou marketing
verde realidade que oferece visibilidade em vários países, principalmente
naqueles com melhor renda per capita (VALÉRIO, 2002).
Virtuoso (2004) argumenta que a eficácia ecológica das restrições
comerciais é questionável, pelo simples fato da isenção do comprometimento do
negócio envolvido. Não existem garantias em relação a um provável fornecedor,
pois nada o impede de redirecionar suas atividades, a mercados alternativos,
resolvendo, de certa maneira, o embargo econômico eventualmente imposto.
Por outro lado, Mello e Cavalcanti (2002) destacam que o ambiente da
globalização econômica está impondo limites à sobrevivência das empresas,
independentemente de suas dimensões, por conta da questão ambiental. Esses
limites trazem à tona a necessidade das empresas de reavaliar seus sistemas
produtivos, indo além destes em si, considerando todo o ciclo de vida de seus
produtos ou serviços. Com isso, está posta uma nova ordem, em que o problema
não está apenas nos processos de produção, mas também na contabilização dos
possíveis impactos dos produtos no ambiente, envolvendo ainda concepção e
descarte (LEWIS, 2004).
O pensamento de que poluição era sinônimo de desenvolvimento
econômico, tornou-se inverossímil, conforme expõe Romeiro (1999) no estudo
dos impactos ambientais e a globalização.
Johansson e Williams (2001) afirmam que pela força das leis de controle
ambiental, ou por influência e pressão da corrente global, empresas começam a
aderir a um novo comportamento. Atualmente, uma organização já pensa em seu
passivo ambiental e na forma de resolvê-lo fator determinante no
comprometimento de seu patrimônio e possível viabilização do negócio.
Amaral (2002) considera que a identidade de uma empresa, conhecida
através de um adequado planejamento de seu meio ambiente ou seja, de um
processo delineado inicialmente no seu modus operandi na área da manutenção,
preservação e conservação ambiental – pode ser considerado um elemento
básico de um provável modelo de sucesso. Martins (1997), afirma que a
competição acirrada, aliada à globalização, obriga as empresas a tomarem
decisões rápidas, porém nem sempre adequadas.
Atualmente, pesquisas realizadas através do estudo das Curvas de
Kuznets
1
têm contribuído intensamente para o conhecimento e provável solução
das relações conflituosas entre o crescimento econômico e a depleção de
recursos naturais, ou emissão de poluentes, por exemplo dados ignorados ou
relegados a um plano secundário pela maioria dos antigos economistas.
1
Simon Smith Kuznets (1901-1985) Economista da Ucrânia. Recebeu o prêmio de ciências
econômicas em 1971. Reconheceu-se o mérito de sua pesquisa sobre o crescimento econômico
das nações e suas correlações.
Um dos últimos grupos a integrar uma estratégia socioambiental, e talvez
o que traga a resposta mais direta em menos tempo, é o setor financeiro.
Movidas até pela exigência de seus colaboradores, inicialmente europeus, as
instituições começaram a perceber que seus clientes estavam dispostos a pagar
mais por produtos ou serviços ecologicamente corretos, deixando de valorizar
aqueles que contribuíam para a degradação do planeta.
Essa mudança na percepção da questão ambiental obrigou o setor
financeiro, especificamente as organizações bancárias, a desenvolver e implantar
sistemas de gestão de seus processos de maneira que atendessem à demanda
existente e cumprissem com a legislação ambiental vigente.
A implantação de um sistema de gestão ambiental pressupõe e exige um
forte comprometimento da alta direção das empresas e de seus colaboradores
com o meio ambiente. Não basta apenas anunciar que seus processos não
causam danos ambientais, é preciso provar (KOTLER, 1999).
A implantação de um SGA e a obtenção de um certificado, segundo a
norma ISO 14000
2
, jamais pode ser simplesmente uma estratégia de marketing
ou o cumprimento de uma cláusula comercial, conforme já mencionado. Tal
decisão deve ser baseada em uma análise criteriosa dos benefícios a serem
obtidos e dos recursos a serem utilizados.
Segundo Fábio Barbosa, presidente do Banco ABN AMRO, o mercado e
a sociedade brasileira estão evoluindo e exigem um novo papel dos bancos: a
imprescindível capacidade de geração de riqueza e a contribuição para o
desenvolvimento econômico e social do País.
O Banco ABN AMRO-Banco Real divulga e acredita que pode fazer muito
mais do que um banco faz. "Fazer mais que o possível" o é apenas uma
promessa ou um slogan publicitário, mas sim a formalização de um compromisso
com a sociedade e com os seus clientes, conforme afirma Fábio Barbosa.
2
ISO 14.000 International Standardization for Organization - Organização não-governamental
sediada em Genebra, fundada em 23 de fevereiro de 1947. Norma de qualificação e de
certificação ambiental.
Cabe aqui, então, discutir essa proposta empresarial, suas atitudes,
movimentos, e o grande desafio: o de comprovar e esclarecer os limites entre as
fronteiras de uma gestão com resultados sustentáveis e uma simples filantropia.
A complexidade descritiva do mundo é literalmente ilimitada: as verdades
descritivas que podem ser articuladas sobre a realidade nunca chegam a
exaurir a dimensão do fato atual
(DEMO 2000).
1.3 Objetivo do estudo
O estudo proposto encontra-se dividido em dois blocos, ou seja, um
relativo ao objetivo geral; outro aos específicos, de certo modo distintos, mas
congruentes entre si.
1.3.1 Objetivo geral
Conhecer a estratégia socioambiental adotada por uma instituição
financeira ABN AMRO Bank - Banco Real à luz do conhecimento científico.
Buscar-se-á entender, como ocorre internamente o desenvolvimento da gestão
ambiental e quais conseqüências substanciais são percebidas.
1.3.2 Objetivos específicos
Do mesmo modo que o objetivo geral se direciona à obtenção de dados
analíticos em relação ao Sistema de Gestão Ambiental (SGA), procurar-se-á, com
os objetivos específicos, estudar e entender se essas ações têm como regra
somente o incremento dos negócios, a captação de clientes, o aumento da
produtividade e a expansão da participação no segmento atuante. Em outras
palavras, se o ABN AMRO Bank - Banco Real atua de forma responsável, socio-
ambientalmente sustentável, e com ecoeficiência, ou se simplesmente adota uma
estratégia publicitária.
Por conseguinte, propõe-se ainda:
- Levantar dados e informações sobre o desempenho do ABN AMRO
Bank - Banco Real relativos ao seu desempenho em função da
adoção de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
- Descrever o desempenho interno do ABN AMRO Bank - Banco Real
no tocante à ecoeficiência e sustentabilidade, em termos de
responsabilidade sociambiental.
- Analisar os resultados econômicos e aportes à agenda de negócios
da instituição consoante a adoção do marketing verde.
- Analisar a relevância e os impactos da carteira de projetos do ABN
AMRO Bank - Banco Real direcionada à promoção do
desenvolvimento sustentável da sociedade em geral.
1.4 Referencial teórico
O termo gestão ambiental é bastante abrangente e freqüentemente
usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos,
como por exemplo, bacias hidrográficas, parques e reservas florestais, áreas de
proteção ambiental, reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão
que incluam aspectos evidentemente ambientais (MAY e LUSTOSA, 2003).
Segundo Ottman (1993), o objetivo maior da gestão ambiental deve ser a
busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e
das condições operacionais de qualquer organização pública ou privada. A busca
permanente da qualidade ambiental é, portanto, um processo de aprimoramento
constante de um sistema de gestão integrado, de acordo com a política ambiental
estabelecida pela organização.
Weber (1999) afirma que a gestão ambiental empresarial está
essencialmente voltada para organizações, ou seja, companhias, corporações,
firmas, empresas ou instituições. Pode ser definida como um conjunto de
políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em
conta a saúde, a segurança dos indivíduos, a proteção do meio ambiente através
da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do
planejamento, operação, ampliação, realocação ou desativação de
empreendimentos ou atividades. Incluem-se todas as fases do ciclo de vida de
um produto (OLIVEIRA e JUNIOR, 2002).
O gerenciamento de um processo, por meio das ferramentas de um
Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) possibilita inúmeros ganhos de
produtividade e qualidade, além da satisfação dos colaboradores envolvidos
diretamente no processo. Sempre é possível fazer melhor, com responsabilidade
e comprometimento. Interessante ainda frisar a poder de percepção do cliente,
que passa a confiar muito mais na empresa e em seus produtos, ou serviços.
Um dos grandes desafios da atualidade é o gerenciamento de recursos,
que se tornarão cada vez mais escassos, para as crescentes necessidades do
planeta (SILVEIRA e REIS, 2004).
Segundo Drucker (2001), as organizações estão inseridas em um
ambiente cada vez mais competitivo, e são pressionadas a definir alguma
estratégia, até como fator de sobrevivência. Geralmente supõe-se que tais
intenções podem ser executadas até pelos próprios dirigentes, e as expectativas
geradas podem esclarecer, e a mesmo inverter, os elementos essenciais à
compreensão e a execução de um planejamento corporativo coerente.
Muito se evoluiu em termos de conscientização ambiental. A conhecida
separação entre países desenvolvidos, ou em desenvolvimento, determinada
pela economia globalizada, deu lugar à dos blocos favoráveis e contrários a
compromissos realistas, tanto ambientais quanto sociais. O mais importante é o
novo patamar de conscientização pública (GOLDEMBERG, 2002).
A busca de uma estratégia específica, envolvendo a questão ambiental,
ou da utilização e aplicação de um processo contínuo de gestão, deverá ser o
principal fator de competitividade para as empresas, e, em especial, para aquelas
com pouca, ou nenhuma visibilidade mercadológica, explica Keegan (2005).
Gade (2000) destaca ainda, a importância da efetiva comunicação em
qualquer planejamento adotado.
Um objetivo contém três elementos: o atributo particular que é escolhido como
uma medida de eficiência; o padrão de medição ou escala pela qual o atributo é
medido; e o valor particular nessa escala que a empresa pretende atingir
(McDONALD, 2004).
1.5 Questões relevantes
A título de informação, interessante frisar, que a linha de raciocínio deste
trabalho baseia-se em uma pesquisa exploratória numa organização financeira, a
qual, recentemente adotou uma linha explícita de responsabilidade
socioambiental, sob o pretexto de contribuir para o desenvolvimento sustentável
da sociedade. Incorporou-se uma imagem intrinsecamente adaptada ao
pensamento ecológico, direcionando objetivos corporativos para fins de melhor
adequação ao meio ambiente – de forma sustentável.
Partindo-se do pressuposto anterior, e até mesmo pelos objetivos
traçados, destacam-se algumas questões básicas norteadoras deste trabalho:
A gestão ambiental é uma ferramenta relevante, e a responsabilidade
socioambiental deve estar integrada ao planejamento corporativo?
Qual a relação entre crescimento econômico e o meio ambiente?
No caso específico do ABN AMRO Bank - Banco Real as principais
questões resumem-se:
Quais os indicadores de desempenho ambiental da instituição?
A adoção de uma estratégia pioneira de responsabilidade
sociambiental por parte de uma instituição financeira, associada a
uma eficaz divulgação pública, gerou diversificação e incremento de
negócios? Os investimentos provocaram um desenvolvimento
socioambiental sustentável?
Parte-se da hipótese geral de que a transformação organizacional deve
ser vislumbrada além do pressuposto da escolha do planejamento corporativo, e,
à medida que fatores de natureza política, cultural e ambiental influenciam essas
regras, novas diretrizes devem ser incrementadas (PHILIP e MOLLER, 2000).
1.6 Organização da dissertação
Essa dissertação possui seis capítulos divididos em função de sua
importância em relação à apresentação dos temas.
O capítulo 1 aborda aspectos como: problemática, envolvendo
tendências atuais, pontos de debate e a preocupação social; a definição do
propósito; a base da fundamentação teórica; questões levantadas pela lacuna
detectada na área do conhecimento e a relevância conceitual. o capítulo 2
apresenta a revisão da literatura pertinente ao tema objeto desta pesquisa,
incluindo a definição do que é um Sistema de Gestão Ambiental e dos princípios
e procedimentos a serem seguidos na sua implantação.
No capítulo 3 apresenta-se um histórico do ABN AMRO Bank, que
constitui o estudo de caso desta pesquisa, ao mesmo tempo em que se faz uma
exposição de seus serviços, do seu programa de sustentabilidade
socioambiental, dos seus investimentos, de sua política de atuação e de seu
programa de ecoeficiência.
O capítulo 4 contém a metodologia aplicada, o tipo de pesquisa adotada,
a seleção dos sujeitos, a coleta dos dados e as limitações do método. E, o
capítulo 5, a apresentação e a discussão dos resultados obtidos pela instituição
na implementação de um sistema de gestão socioambiental.
No capítulo 6 encontram-se as conclusões preliminares em função dos
resultados obtidos.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Preliminares
Preservar a natureza é mais do que uma consciência ambiental, é uma
questão de sobrevivência (ALMEIDA, 2002).
Secularmente, a humanidade sempre tendenciou a economia e o meio
ambiente como áreas antagônicas. Antes da década de 70, os economistas, em
sua grande maioria, viam o meio ambiente como mero fornecedor de insumos
para o processo produtivo, e como um escoadouro isento de custos para os
resíduos inaproveitáveis da atividade econômica. Não se conciliava crescimento
econômico com a conservação dos recursos naturais, e em alguns casos,
escassos e não-renováveis.
Felizmente, essa situação mudou. A economia do meio ambiente, mais
precisamente a literatura do desenvolvimento sustentável, veio alterar essa
correlação de forças anteriormente desfavorável, ao manejo dos recursos
naturais, conforme afirma Barbieri (1997). Questões pertinentes aos impactos da
atividade econômica sobre os ecossistemas, deixaram de ser negligenciadas
como no passado, sob pena de se comprometer, de maneira irremediável, a
própria viabilidade da vida na Terra.
Segundo Silva (1999), os modelos de crescimento econômico tradicionais
ainda falham em não reconhecer os ativos ou recursos ambientais, como
elementos importantes para a tomada de decisão, em seu planejamento
organizacional. Políticas intertemporais não-sustentáveis são geradas, sob a ótica
do equilíbrio dos ecossistemas.
Uma questão importante, que talvez explique de certa forma, a não
inclusão de variáveis ambientais nos modelos de gestão tradicionais, resume-se
no fato de que tanto a economia, como o meio ambiente são sistemas altamente
complexos, e de difícil relacionamento (SILVEIRA, 2001).
Vale frisar, a importância do estudo da correlação entre o crescimento
econômico e os problemas ambientais realizado por Kuznets (1955),
estabelecendo uma relação de um “U-invertido” ou “Curva Ambiental de Kuznets”
(CAK) como assim passou a ser denominada.
Algumas evidências têm dado suporte à existência da CAK, como por
exemplo, a questão sobre o fato estilizado de um crescimento econômico gerar
por si a proteção simultânea ao meio ambiente, vis-à-vis ao desenvolvimento
sustentável (DINIZ, 2001).
2.2 O desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável não se refere especificamente a um
problema limitado de adequações ecológicas de um processo social, mas a uma
estratégia ou modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em conta a
viabilidade econômica com a ecológica. Num sentido abrangente, a noção de
desenvolvimento sustentável implica a necessária redefinição das relações
sociedade humana-natureza e, portanto, em uma mudança substancial do próprio
processo civilizatório (DEMAJOROVIC, 2001).
Os componentes de um sistema vivo são renovados e reciclados
continuamente em interações com o meio ambiente, no entanto, o sistema
mantém seu padrão, sua organização e sua forma própria
(SHIVA, 2001).
Segundo a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável
3
(CEDS), as organizações precisam ter consciência de que deve existir um
objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção
ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras
(BERNARDES, TACHIZAWA e CARVALHO, 2003).
As diretrizes estabelecidas na política ambiental de uma organização,
conforme declaram Viana e Diniz (2003), devem mostrar o real comprometimento
estratégico atrelado à melhoria contínua e preservação do meio ambiente,
minimização de impactos ambientais e desperdícios, uso racional da energia,
geração de menor quantidade de resíduos, bem como a adequada destinação
destes. O comprometimento da empresa com a proteção ambiental baseia-se na
consciência de sua responsabilidade social e da missão de contribuir para o
desenvolvimento sustentável do país (REIS, 1995).
A proteção ao meio ambiente, segundo Almeida (2001), pode ser
realizada pelos motivos demonstrados na Figura 1 a seguir.
3
Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (1991). Documento preparado por uma
comissão de empresas filiadas à Câmara de Comércio Internacional. Gestão do Meio Ambiente.
FIGURA 1: Modelo institucional de proteção ambiental
Fonte: Adaptado de Almeida, 2001.
Segundo o modelo acima, tais motivos se traduzem em:
Atitude compulsória: quando se aplica a proteção ambiental por
obrigatoriedade de uma lei. Com o avanço da consciência ecológica
mundial, criou-se a legislação ambiental para proteção e resguardo
do meio. Países mais desenvolvidos e os em desenvolvimento, cada
qual, têm hoje suas próprias leis.
Consciência ecológica: quando existe por parte da direção
empresarial a preocupação em não causar qualquer dano ao meio
ambiente natural. A organização cumpre com sua responsabilidade e
exerce sua função social. Destaca-se nessa condição, a contribuição
voluntária, sempre valorizada de um modo geral.
Pressão da comunidade: uma sociedade ecologicamente
consciente pressiona a empresa a cumprir com sua responsabilidade
ambiental. Assim, as organizações tendem a se adaptar mais
rapidamente à legislação ambiental.
Conveniência: significa a implementação de ações articuladas,
relativas à proteção ambiental, que resultam na conscientização,
mudança de hábitos e novos comportamentos organizacionais.
PROTEÇÃO
AO MEIO AMBIENTE
ATITUDE
COMPULSÓRIA
CONSCIÊNCIA
ECOLÓGICA
CONVENIÊNCIA
PRESSÃO DA
COMUNIDADE
Os principais benefícios de proteção ao meio ambiente, percebidos pela
comunidade empresarial, conforme afirma Veiga (2004) são:
a) Estabelecer e monitorar uma melhor qualidade ambiental;
b) Contribuir com a qualidade de vida, de segurança e bem-estar da
população;
c) Evitar a degradação do meio ambiente;
d) Não criar condições adversas às atividades sociais e econômicas
locais;
e) Estimular o crescimento econômico com eqüidade social e equilíbrio
ecológico;
f) Promover o desenvolvimento sustentável;
g) Contribuir para a credibilidade da imagem e marca institucional;
h) Satisfazer os requisitos dos chamados investidores éticos;
i) Contribuir com grupos ambientalistas;
j) Maior investimento no capital natural, com políticas transparentes,
informativas e auditáveis;
2.3 O sistema de gestão ambiental (SGA)
2.3.1 Definição
Segundo o Instituto Brasileiro de Produção Sustentável (IBPS), o SGA
pode ser definido como um instrumento organizacional que possibilita às
instituições alocação de recursos, direção e responsabilidades, bem como a
avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos, buscando sempre a
melhoria permanente do seu desempenho ambiental. A gestão ambiental integra
o sistema de gestão global de uma organização, que inclui, entre outros, a
estrutura organizacional, as atividades de planejamento, as responsabilidades, as
práticas, os procedimentos, os processos e os recursos para programar e manter
uma política ambiental.
Tomando-se por base o modelo normativo NBR ISO 14001
4
, o SGA,
permite que a organização atinja o nível de desempenho ambiental por ela
determinado e promova a sua melhoria contínua ao longo do tempo. O SGA
consiste, essencialmente, no planejamento das atividades, visando à eliminação
ou minimização dos impactos ao meio ambiente por meio de ações preventivas
ou medidas mitigadoras.
O Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG) estabelece que o SGA
deva conter, no mínimo, três compromissos fundamentais: atendimento à
legislação e outros requisitos pertinentes, prevenção da poluição e melhoria
contínua. Para que isso seja possível, é necessário analisar todas as atividades,
os produtos e serviços da organização, visando identificar os aspectos ambientais
envolvidos, bem como avaliar os impactos reais e potenciais ao meio ambiente,
tendo por base os requisitos legais e outros aplicáveis (PAES e JOSMAR, 1988).
Rosa (1998) argumenta que tal avaliação permite priorizar os aspectos
considerados significativos, definindo assim o seu posicionamento.
2.3.2 A implementação
A implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a
internalização desse sistema na Gestão Organizacional (GO), segundo Rolim
(2003), deve ser vistas como uma inovação para a empresa. A adoção desse
planejamento será encarada pelos colaboradores da empresa como uma nova
forma de trabalho, gerando ainda oportunidades e desafios. Atitudes favoráveis
ao meio ambiente ou em relação à ampliação de novos mercados são
extremamente valorizadas (SILVA, 1999).
A implementação de um SGA, dependendo do objetivo e dos resultados
esperados pela organização, constitui num passo importante rumo a um
comportamento ético-ambiental responsável.
Uma gestão ambiental sistemática não é algo que possa ser introduzido
de imediato. Exige planificação, estabelecimento de etapas seqüenciais e vigor
na sua concretização. Nesse sentido devem ser considerados os aspectos
4
NBR ISO 14001 Norma certificável do Sistema de Gestão Ambiental. Não faz alusão direta a
analise do Ciclo de Vida do Produto, ou serviço da empresa. Fornece os requisitos básicos de um
SGA eficaz.
econômicos, a tecnologia utilizada, o processo produtivo, a organização, a cultura
da empresa e seus recursos humanos (DONAIRE, 1999).
Um passo importante na idealização do SGA, segundo Moreira (2001), é
a avaliação ambiental inicial, isto é, o relacionamento inicial da empresa com o
meio ambiente. A norma ISO-14001 recomenda que a avaliação cubra quatro
áreas fundamentais: os requisitos legais e regulamentares; a identificação dos
aspectos ambientais significativos; o exame de todas as práticas e procedimentos
de gestão ambiental existentes; a avaliação das informações provenientes de
investigações de incidentes anteriores.
A implantação deve ocorrer em cinco etapas sucessivas e contínuas,
seguindo-se um roteiro indicado na própria norma ISO-14001. Os requisitos e
especificações do sistema de gestão ambiental, segundo D’avignon (1996), estão
descriminados na Figura 2, apresentada a seguir:
FIGURA 2: Os cinco passos da implantação de um SGA
Fonte: Adaptado de D’avignon, 1996.
Tais passos se constituem em:
Compromisso com uma política ambiental: nessa fase, a
organização, através da alta administração, define uma política
ambiental e responsabiliza-se por ela. A política ambiental é uma
declaração dos princípios e compromissos da empresa e contém os
COMPROMISSO COM UMA
POLÍTA AMBIENTAL
PLANEJAMENTO
ORGANIZACIONAL
IMPLEMENTAÇÃO E
OPERAÇÃO
VERIFICAÇÃO E AÇÃO
CORRETIVA
ANÁLISE CRÍTICA E MELHORIAS
objetivos e metas assumidas em relação ao meio ambiente. O
princípio da melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa
deverá estar presente na política ambiental.
Planejamento: a organização formula um plano que satisfaça as
políticas definidas, considerando, na definição de seus objetivos
ambientais, os aspectos relacionados aos impactos significativos de
suas atividades. Também garante os recursos físicos e financeiros
para a sua concretização. O objetivo principal do planejamento do
SGA é a de possibilitar uma visão holística do sistema e criar
possibilidades de se antever dificuldades futuras.
Implementação e operação: a organização coloca um plano em
ação, fornecendo os recursos e mecanismos de apoio e definindo
funções, responsabilidades e autoridades. Nessa etapa, a empresa
deverá estar capacitada a desenvolver os mecanismos de apoio
necessários para a efetiva adoção de uma política ambiental e o
cumprimento dos seus objetivos e metas ambientais.
Verificação e ação corretiva: a organização mede, monitora e avalia
periodicamente o seu desempenho ambiental. O contínuo
monitoramento reforça uma ação preventiva, diminuindo o número de
ações corretivas. Os problemas devem ser percebidos e corrigidos na
fonte geradora, e não no final do processo produtivo.
Análise crítica e melhoria: a organização, através da alta
administração e em intervalos periódicos por ela pré-determinados,
realiza uma análise crítica e programa melhorias em seu SGA. Busca-
se, dessa maneira, um melhor desempenho ambiental. A
realimentação do sistema provoca um novo ciclo, gerando, por
conseguinte, um plano superior em resultados e qualidade.
2.3.3 A auditoria
As auditorias do SGA são processos sistemáticos de verificação e
documentação, executados para se obter e avaliar, de forma objetiva, as
evidências que determinam se o sistema de gestão e as condições ambientais
especificadas, bem como as informações a elas relacionadas estão em
conformidade com os critérios adotados (DE CICCO, 1994).
Segundo Greg (2000), as auditorias podem ser divididas em dois
modelos. A auditoria externa, realizada por organismos de certificação (OC)
que podem ser credenciados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial (INMETRO), pertencente ao Sistema Brasileiro de
Certificação (SBC) ou por organismos credenciados de outros países, na busca
de uma certificação ISO-14001, e a auditoria interna. As auditorias internas do
SGA podem ser executadas por pessoal da própria organização, treinados para
tal fim, ou por terceiros. Tais auditorias funcionam como um meio de verificação
permanente do que foi estabelecido pela empresa e viabilizam a adoção rotineira
de medidas necessárias à correção de erros e a prevenção das possíveis falhas
do processo. Moraes (1999) argumenta que as auditorias devem sempre
comunicar os resultados à alta administração da empresa.
2.4 A normalização
Depois do sucesso das Normas de Qualidade da série ISO-9000, a
International Organization for Standardization (ISO) desenvolveu uma família de
normas voltadas para o SGA, algumas delas publicadas e outras em
andamento (ANEXO A). Da mesma forma que a série ISO-9000, as normas ISO
de Gestão Ambiental foram prontamente aceitas e estão sendo rapidamente
adotadas, embora não tenham caráter legal e sejam de adoção voluntária.
O conjunto de Normas ISO-14000 resultou primariamente da Rodada do
Uruguai, encerrada em 1994, a partir de negociações do General Agreement on
Tariffs and Trade (GATT), e da Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), mais conhecida como ECO-92.
Enquanto o GATT tinha como preocupação reduzir as barreiras não tarifárias, a
ECO-92 gerou o comprometimento de proteção ao meio ambiente em todo o
planeta e fortaleceu a discussão do conceito de desenvolvimento sustentável.
Robles (2003) salienta que o principal objetivo das normas do Sistema de
Gestão Ambiental é o de fornecer uma assistência às organizações, coerente
com o conceito de desenvolvimento sustentável.
A Série ISO-14000 foi concebida para cobrir os seguintes temas:
a) Sistema de gerenciamento ambiental;
b) Auditoria ambiental;
c) Avaliação do desempenho ambiental;
d) Rotulagem ambiental;
e) Análise do ciclo de vida; e.
f) Aspectos ambientais em normas de produtos.
A série de normas ISO-14000 foi desenvolvida pela Comissão Técnica
207 da ISO (TC 207) como resposta à demanda mundial por uma gestão
ambiental mais confiável, onde o meio ambiente foi introduzido como uma
variável importante na estratégia dos negócios, e estruturada basicamente em
duas grandes áreas, segundo Reis (1995):
Foco nas organizações empresariais:
Essa área tem por objetivo orientar a implantação de uma gestão
ambiental verificável, com qualidade e consistência, para reduzir os riscos nas
suas atividades e facilitar o comércio internacional área esta dividida em três
subcomitês:
SC1 Sistemas de Gerenciamento Ambiental, que tratam das
normas de gestão a partir das quais foi elaborada a ISO-14001, única
norma certificável da série.
SC2 Auditorias Ambientais, que tratam das normas que dão suporte
às verificações (auditorias) do sistema e às qualificações dos
profissionais que devem atuar nessas atividades.
SC4 Avaliação de Desempenho Ambiental, que traz orientações
para o desenvolvimento de indicadores para o acompanhamento do
desempenho ambiental da organização.
Foco nos produtos e serviços
Essa área tem por objetivo construir uma base comum e racional aos
vários esquemas privados, nacionais e regionais de avaliações de produtos,
também dividida em dois subcomitês:
SC3 Rotulagem Ambiental, que trata de todas as declarações
ambientais colocadas nos produtos de terceira parte (Selo Verde) ou
não.
SC5 Análise de Ciclo de Vida, que define uma metodologia
consistente para se fazer uma análise completa do ciclo de vida do
produto.
2.5 O marketing ambiental
2.5.1 O conceito de marketing
Segundo Ferrel (1998), a formação da palavra data de 1902, quando
apareceu pela primeira vez na história da humanidade e foi citada como conteúdo
de um curso de Economia. Nessa época, início do século XX, a preocupação dos
economistas era entender melhor os movimentos constantes do mercado.
Todavia, a expressão marketing foi incorporada, realmente, a partir do
final da Segunda Guerra, no período de reconstrução das economias dos países
europeus, particularmente daqueles cujos territórios foram afetados pelos
grandes conflitos armados. A reconstrução, liderada pelos EUA, produziu
benefícios evidentes para as empresas norte-americanas, que puderam expandir
suas atuações para aqueles países, conforme previsto pelo Plano Marshall
5
,
idealizado como legitimador e regulador dessa expansão (KOTLER, 1998).
O pós-guerra conheceu não o crescimento dessas empresas, como
surgimento de um novo tipo de consumidor, mais exigente, imediatista e disposto
a aproveitar melhor a vida por meio do consumo de produtos e serviços
consumidor que emergiu das transformações do mundo provocadas pelo
reconhecimento do poder destrutivo da guerra. O europeu, por exemplo, vivendo
em um território intermediário entre os EUA e a URSS, tornou-se mais consciente
da fatuidade da vida: a ameaça de uma possível guerra nuclear entre as duas
potências, inevitavelmente, o surpreenderia como principal vítima (MACKENNA,
1993).
5
Plano Marshall – Plano de investimento econômico realizado pelos EUA na Europa, destruída na
2ª Grande Guerra Mundial, durante o período de 1948 a 1951.
Nos anos 50 e 60 percebeu-se uma nova tendência de consumo, menos
impulsiva e muito mais consciente (PORTER, 2000). No decorrer do século 19 e
início do século 20, os padrões de vida e de consumo foram alterados e
começaram a privilegiar os projetos de prazo longo e de valorização da
poupança, com vistas à acumulação de bens a serem transmitidos aos
descendentes. O novo homem pós-guerra passou a valorizar mais o conforto e o
gozo imediato da vida, encontrando no progresso tecnológico, os produtos
decorrentes para sua a realização (OLIVEIRA, 2001).
Por sua vez, face ao novo modelo mercadológico, empresas passaram a
se preocupar em conhecer melhor o perfil do consumidor, investigando
motivações de compra e suas razões. Assim, as universidades americanas,
percebendo essa nova demanda, segundo Muckian (2002), incorporaram em
seus cursos voltados para negócios (Business Administration), disciplinas que
privilegiavam a pesquisa e a análise de clientes ou consumidores. Nasceram,
assim, disciplinas dedicadas ao estudo do mercado, congregando-se em seu
conjunto uma nova especialidade, a Mercadologia.
Nos anos seguintes, percebeu-se a limitação da expressão
"mercadologia" para significar estudo de mercado, e acadêmicos passaram a
utilizar a expressão marketing - muito mais abrangente, pois se tratava de uma
conjugação da palavra market (mercado) com o sufixo "ing", sinalizando um
estudo mais detalhado de todo o conceito. Kotler (1998) afirma que o marketing é
responsável pelo planejamento, administração, e implementação de ações
mercadológicas, através de pesquisas, lançamento de novos produtos e serviços,
envolvendo, por exemplo, marcas, embalagens, distribuição e lostica,
precificação, apoio a vendas, propaganda, e sobre tudo, a imagem institucional.
No início da década de 60, Jerome McCarthy
6
apresentou o conceito dos
“4Ps”: Product (Produto), Price (Preço), Place (Lugar ou Ponto de Venda) e
Promotion (Promoção) para caracterizar o mix de marketing, ou seja, os “4Ps”. O
conceito abrangeu quatro variáveis básicas que comporiam a estratégia de
mercado de uma empresa (Figura 3).
6
Jerome McCathy – Professor e escritor americano da década de 60, um dos primeiros estudiosos
da teoria de marketing utilizada ainda em nossos dias e autor de mais de oito obras sobre o
assunto.
FIGURA 3: O conceito dos “4Ps” (mix de marketing)
Fonte: Adaptado de Kotler, 1998.
Pode-se dizer que todas as instituições – sejam elas organizadas, com ou
sem fins lucrativos – têm nos “4Ps” sua base de interação com o mercado
(COBRA, 1996).
Armstrong (1998) conceitua marketing como um processo social pelo
qual uma pessoa ou um grupo obtém aquilo que é objeto de suas necessidades
ou desejos, criando e trocando produtos e dinheiro com outras pessoas ou
grupos. E, ainda, o planejamento, a execução e a concepção de idéias, produtos,
bens e serviços para criar negociações que satisfaçam metas individuais e
organizacionais.
Uma outra definição interessante é dada por Cobra (1996), afirmando que
o marketing é visto como um processo pelo qual a economia é integrada à
sociedade para servir as necessidades humanas. Churchil (2002) completa com a
idéia de se criar relacionamentos.
No Brasil, o marketing começou a ser objeto de estudo com maior
intensidade nos primórdios dos anos 50, por influência das grandes
multinacionais, as quais trouxeram em suas “bagagens” planejamentos de
produção e vendas, assim como a necessidade de conhecer melhor o novo
consumidor e suas necessidades e desejos (COBRA, 1996).
P
RODUCT
(produto)
P
RICE
(preço)
P
LACE
(ponto de venda)
MARKETING
P
ROMOTION
(promoção)
2.5.2 O valor do marketing ambiental
Também conhecido como marketing ecológico ou verde, o marketing
ambiental é uma modalidade que visa enfocar as necessidades dos
consumidores ecologicamente conscientes e contribuir para a criação de uma
sociedade sustentável (SCHEWE, 1999). Segundo Poledna (2004), é
responsável em dar forma à política ambiental da organização, auxiliando a
integração do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Santana (1998) pressupõe
que o marketing ambiental pode ser assimilado pelas empresas como uma
ferramenta estratégica, e para tal deve-se viabilizar o desenvolvimento de uma
cultura de comunicação capaz de integrar conteúdos de vários departamentos
técnicos ligados ao meio ambiente e à qualidade de vida.
Kotler (1998) define marketing ambiental como um processo no qual
ocorrem movimentos mercadológicos de produtos e serviços responsáveis em
relação ao meio ambiente. A consciência envolve, portanto, toda a gestão
ecológica de um planejamento e a proporcional divulgação e comunicação
mercadológica.
O marketing verde, também conhecido simplesmente como uma “ação
verde”, não se limita, por exemplo, a criar novas embalagens recicláveis, a
melhorar a qualidade ambiental, ou simplesmente apoiar campanhas populares
(JÖRH, 1994). O marketing deve ser visto como uma ação estratégica, que
representa os esforços das organizações em satisfazer as expectativas dos
consumidores em produtos que determinem menores impactos ambientais ao
longo do seu ciclo de vida (produção, embalagem, consumo, descarte, etc).
Moreira (2001) declara que a atitude responsável de uma organização, contribui,
de certa maneira, para um maior consumo, consciente e sustentável, com lucros
expressivos aos acionistas e investidores, e na melhoria da qualidade da imagem
corporativa.
3. O ABN AMRO BANK S/A
3.1 Histórico da instituição
No Brasil, a história do ABN AMRO Bank começou 87 anos, com a
chegada do Banco Holandês da América do Sul às cidades do Rio de Janeiro e
Santos. Em 1963, a instituição adquiriu 50% das ações da Aymoré
Financiamentos e, somente em 1993, alterou seu nome para ABN AMRO Bank.
Em 1971, o Banco da Lavoura de Minas Gerais, em Belo Horizonte, foi
vendido e adotou a nova razão social Banco Real S.A. transferindo-se, dois
anos depois, para São Paulo. Em 1998, o Real foi comprado pelo ABN AMRO
Bank S.A. A integração das duas instituições foi concluída em 2000; finalmente,
em 2004, o grupo adquiriu o Banco Sudameris Brasil.
Numa visão cronológica ampliada, pode-se visualizar melhor o histórico
da instituição:
1917 O ABN AMRO Bank inicia suas operações no Brasil como
Banco Holandês da América do Sul, com escritórios no Rio de Janeiro
e Santos.
1925 Clemente de Faria monta a Cooperativa Bancária, três anos
depois renomeada como Banco da Lavoura de Minas Gerais,
antecessor do Banco Real.
1963 O Banco Holandês Unido adquire 50% do controle da Aymoré
de Crédito, Financiamento e Investimento. O restante da participação
é adquirido em 1970.
1971 O Banco da Lavoura de Minas Gerais torna-se Banco Real
S/A, dois anos depois de estabelecer sua sede em São Paulo.
1993 O Banco Holandês é renomeado ABN AMRO Bank e transfere
sua sede do Rio de Janeiro para São Paulo.
1994 A operação brasileira do ABN AMRO Bank apresenta o
melhor lucro líquido do grupo internacional.
1998 Em julho, o ABN AMRO Bank anuncia a compra do Banco
Real, concluída em novembro, quando comprou também o Bandepe.
2000 – Integração do Banco Real com o ABN AMRO Bank S/A.
2004 – O ABN AMRO adquiriu o Sudameris.
Segundo informações disponíveis no Portal do Banco Real
(www.bancoreal.com.br - acesso em 30/04/2006), o ano de 2005 foi de extrema
importância para o ABN AMRO Brasil. Consolidou-se como o maior banco
privado do País na concessão de crédito, e a partir da estratégia de segmentação
aproximou-se ainda mais de seus clientes. Aprimorou o conhecimento quanto às
necessidades de sua clientela, superando expectativas, e reforçando os alicerces
para uma geração de resultados crescentes.
O lucro líquido do ABN AMRO Brasil, em 2005, alcançou R$ 1.436
milhões, o que representa um crescimento de 16% em relação ao ano anterior e
um retorno sobre o patrimônio líquido médio de 20,3%, o maior e melhor
resultado do ABN AMRO no Brasil.
A forte presença no Brasil poderá ser observada na Tabela 1.
TABELA 1: Números estatísticos da Instituição
Presença no Brasil 2004 2005
> Máquinas de Auto Atendimento 8.179 8.583
> Agências e PAB 1.890 1.933
> Pontos de Atendimento Próprios 3.245 3.494
> Pontos de Venda 5.997 6.257
> Número de Clientes – milhões 9,2 12,1
> Número de Contas Correntes – milhões 3,3 3,8
> Número de Funcionários 28.571 28.135
Fonte: Banco Real.
3.2 Perfil e missão
O mercado e a sociedade brasileira estão evoluindo e exigem um novo
papel dos bancos. Eles devem atuar como fomentadores de uma sociedade que
seja economicamente eficiente, socialmente justa, politicamente democrática e
ambientalmente sustentável. (www.bancoreal.com.br - acesso em 03/05/2006)
Um dos objetivos, talvez o maior da instituição, é o de sempre gerar valor
para seus clientes e correntistas. Tal ação é valorizada, sobremaneira, com a
postura do relacionamento. O principal lema adotado é: Nosso cliente
totalmente satisfeito fazendo mais que o possível. Percebe-se, portanto, a
reafirmação do compromisso de superar constantemente as expectativas e a
qualidade de atendimento (Figura 4).
FIGURA 4: Modelo adotado pela Instituição
Fonte: Banco Real.
A missão instituída pela alta direção está apoiada no respeito ao cliente,
com suporte de uma equipe capacitada e, sobretudo, engajada. Destacam-se o
instrumental competitivo e os valores corporativos. O foco principal está em tornar
o cliente totalmente satisfeito e alcançar resultados satisfatórios para acionistas,
funcionários e a comunidade.
Busca-se conhecer e entender a fundo as necessidades dos clientes para
oferecer os produtos e serviços adequados, garantindo o ganho e preservando a
saúde financeira de ambas as partes. Valorizam-se relacionamentos duradouros,
a transparência, a ética, o respeito em todos os serviços e o atendimento
prestado ao cliente. A credibilidade do banco está na satisfação do cliente, ou
melhor, foco no foco do cliente (www.bancoreal.com.br – acesso em 03/05/2006).
A Figura 5 estampa a missão adotada pela organização.
FIGURA 5: Missão instituída pelo ABN AMRO Bank
Fonte: Banco Real.
3.3 Produtos e serviços
Os principais produtos (serviços) atualmente disponíveis aos clientes do
ABN AMRO-Banco Real são: conta corrente; empréstimos e financiamentos;
crédito imobiliário; cartões de crédito; consórcio; investimentos; câmbio; Private
Banking; seguros; previdência; capitalização; Real Internet Banking; Club Card.
3.4 O programa de sustentabilidade
Nosso compromisso com a satisfação dos clientes e com o desenvolvimento
sustentável tem nos levado a encontrar propostas cada vez mais concretas de
serviços, produtos e de relacionamentos duradouros. O mercado e a sociedade
brasileira estão evoluindo e exigem um novo papel dos bancos: a
imprescindível capacidade de geração de riqueza deve contribuir para o
desenvolvimento econômico e social
(
Fábio Barbosa Presidente do Banco
ABN AMRO).
A instituição reflete um modelo de negócios, cujo comprometimento está
na busca contínua da melhoria na qualidade da prestação de serviços, do
atendimento exemplar, da construção de relacionamentos sustentáveis com os
clientes e do envolvimento cada vez maior com questões socioambientais.
Somente como citação, vale realçar as atuais diretrizes corporativas que
foram definidas mundialmente em 1997 com a participação dos principais
colaboradores da instituição (Figura 6).
FIGURA 6: Valores corporativos do Banco
Fonte: Adaptado de Banco Real, 2006.
O último relatório de sustentabilidade do Banco ABN AMRO Brasil
(elaborado pela Global Initiative Reporting
7
) destaca os desafios que a
organização vem enfrentando para tornar seus negócios mais saudáveis e
seguros. As ações e práticas de sustentabilidade são as seguintes:
a) Satisfação total do cliente;
b) Microcrédito (linha de crédito para a baixa renda, rápida e sem
burocracia);
c) Fundo Ethical (investimento pioneiro que privilegia governança
corportativa);
d) Financiamentos socioambientais (quesitos para avaliação de crédito);
e) Investimento social e cultural (projetos de educação e cultura);
f) Diversidade (prática que valoriza diferenças de raça, sexo e culturas);
g) Fornecedores (integração de fornecedores à sustentabilidade);
h) Ecoeficiência (ações para o uso inteligente dos recursos naturais).
7
Global Initiative Reporting GRI Organização criada em 1977, cujo principal objetivo é o de
desenvolver e analisar relatórios sociais, econômicos e ambientais para instituições financeiras.
(www.gri.org)
TRABALHO EM EQUIPE
INTEGRIDADE RESPEITO
PROFISSIONALISMO
3.4.1 O fundo Ethical
Segundo o último relatório de sustentabilidade do Banco ABN AMRO, o
Fundo Ethical (lançado em 2001) é um fundo de ações composto por
organizações listadas nas Bolsas de Valores do País. Esses papéis são
escolhidos em função da responsabilidade das empresas para com todos os seus
acionistas, credores, funcionários, clientes, fornecedores, governo, comunidade e
sociedade. Investidores, em geral, afirmam que as empresas que adotam essa
estratégia podem ter ações mais rentáveis. (www.istoedinheiro.com.br acesso
em 17/05/2006)
A avaliação de desempenho das instituições que compõem o fundo inclui
os aspectos econômico-financeiros, ambientais, sociais e de governança
corporativa. As informações são obtidas junto às empresas por meio de um
questionário com 64 questões, que fornece um quadro das práticas corporativas
adotadas. As empresas selecionadas passam pelo crivo de um conselho
consultivo composto por membros independentes, com experiência em
sustentabilidade social e ambiental, além da governança corporativa. Podem
inclusive sugerir ou vetar alguma ação ou aplicação financeira.
São automaticamente excluídas do fundo, as empresas dos setores de
fumo, bebidas alcoólicas, energia nuclear, armas e munições, pornografia e jogos
de azar.
3.4.2 O capital de giro socioambiental
Em 2006, o Banco Real lançou um novo produto, objetivando contribuir
com o desenvolvimento econômico do País, aliado à conservação dos recursos
naturais e ao respeito à sociedade de modo sustentável. Trata-se do Capital de
Giro Socioambiental, uma linha de crédito destinada aos clientes (pessoas
jurídicas) que buscam financiamento de curto e médio prazo para pequenos e
médios projetos, ou ainda para a manutenção dos que já estão implantados.
A linha de crédito é direcionada exclusivamente para financiar projetos
socioambientais que contemplem serviços como, por exemplo, análises químicas
de ar, água ou solo, engenharia, entre outros. Com foco na sustentabilidade,
reforçamos ainda mais o nosso compromisso corporativo, de disponibilizar uma
linha de crédito que incentive os pequenos e médios projetos socioambientais
afirma o superintendente executivo da área de sustentabilidade e negócios
socioambientais, Victor Hugo Kamphorst.
Os tipos de projetos analisados são os seguintes:
Solo
- Remediação de solos contaminados;
- Análise do solo.
Ar
- Análise da qualidade do ar para controle e prevenção.
Água
- Análise da água da superfície (riachos, lagos, baías e rios);
- Análise da água de lençóis freáticos, inclusive poços artesianos;
- Análise de toxicidade da água
Treinamento ambiental e de segurança
- Geração de material explicativo (manuais de normas ambientais e
educacionais).
Pecuária
- Análise de contaminações por vírus, bactérias, agroquímicos, entre
outros.
Resíduos
- Serviço de coleta e disposição adequada de resíduos sólidos e
líquidos.
Energia
- Serviço ligado ao projeto de eficiência energética.
Somente a título de informação, este é o modelo da linha de crédito
disponibilizada pela instituição: bito em conta corrente; parcelas distribuídas
mensalmente com prazos de 12 a 24 meses. A carência é de 60 dias, sendo o
valor mínimo de contratação de R$ 1.000,00 e o máximo de R$ 200.000,00, com
20% de redução sobre a tarifa do Capital de Giro Padrão, ou seja, 2% do valor do
contrato, com mínimo de R$ 20,00 e máximo de R$ 96, 00, mais a tributação IOF
de 0,0041% (www.bancoreal.com.br – acesso em 17/05/2006).
3.4.3 Avaliação socioambiental
Cada vez mais empresas estão se beneficiando por terem uma atuação
responsável nas áreas sociais e ambientais, sejam pelo valor ético do tema ou
pelo apoio real que essa prática pode lhes render (Fábio Barbosa Presidente
do Banco ABN AMRO).
Por meio de uma política de riscos socioambientais, o Banco analisa e
reconhece o tipo de atuação e concede, ou não, facilidades de crédito às
empresas de médio e grande porte. Essa política, criada em julho de 2002 e
bastante criteriosa, centraliza sua atenção nos impactos socioambientais gerados
por essas empresas, sejam reais ou potenciais.
Na Figura 7 apresenta-se, resumidamente, a política aplicada pela
organização.
FIGURA 7: Política de avaliação socioambiental
Fonte: Adaptado de Banco Real, 2006.
3.4.4 A relação com fornecedores
O principal objetivo do relacionamento com os fornecedores é criar uma
rede de parceiros que possam compartilhar uma visão de sustentabilidade, não
só na própria relação, mas com as partes envolvidas no negócio.
TREINAMENTO – Capacitação de gerentes e analistas de crédito
para as empresas solicitantes de crédito.
APLICAÇÃO – Elaboração e disseminação de regras de risco
aplicadas no relacionamento.
PRODUTOS – Desenvolvimento de linhas de empréstimos que
fortaleçam a nova política de riscos socioambientais.
Buscamos estimular a gestão de empresas de um modo socialmente justo, que
tenha relações trabalhistas garantidas e se envolvam voluntariamente em
ações comunitárias, colaborem com o equilíbrio ambiental, e que sejam
economicamente viáveis
(Denise Feitosa Analista de Sustentabilidade
Ambiental do Banco ABN AMRO).
Como conseqüência da evolução desse projeto e do grande número de
demandas ligadas à gestão, foi criada a Gerência de Gestão e Relacionamento
com Fornecedores, com dois grandes desafios: ações de mobilização que visam
envolver cada vez mais fornecedores nesse movimento e ações de gestão que
desenvolvam políticas, ferramentas e ações de práticas sustentáveis.
Para engajar as empresas parcerias nesse movimento, realizamos encontros e
oficinas com os fornecedores para estimular a adoção de práticas sustentáveis
em seus negócios (Denise Feitosa Analista de Sustentabilidade Ambiental do
Banco ABN AMRO).
3.4.5 O programa de ecoeficiência
O ABN AMRO incentiva a prática da responsabilidade ambiental junto
aos seus diferentes públicos funcionários, fornecedores e clientes e,
evidentemente, cria projetos para o uso inteligente e responsável dos recursos
naturais.
Todos ganham com isso: as empresas, a sociedade e o planeta. Empresas que
têm responsabilidade social, ambiental e boa governança tendem a ter
melhores desempenhos
(Fábio Barbosa – Presidente do Banco ABN AMRO).
O Banco criou o Programa de Ecoeficiência para diminuir o impacto
ambiental gerado por suas instalações físicas, como agências e prédios
administrativos, baseado no conceito dos "3Rs":
Redução do consumo de água, energia elétrica, papel, plásticos,
vidros, cartuchos de impressora, lâmpadas e pilhas.
Reutilização desses materiais, sempre que possível.
Reciclagem desses materiais, sempre que possível.
Entre outras ações, a organização investiu na sensibilização do público
interno mediante palestras sobre a importância da preservação do meio
ambiente; o incentivo da troca do copo descartável por caneca; a utilização de
coletores de papel nas mesas; o uso de recipientes de materiais diversos nas
copas e estacionamentos e a compra de brindes e materiais reciclados ou
sustentáveis.
Também interessante realçar o pioneirismo da instituição na adoção do
uso do papel reciclado em larga escala. Segundo o relatório de sustentabilidade
do Banco ABN AMRO, em 2004, foram consumidas 100 toneladas mensais
somente de papel A4, representando 70% de todos seus impressos. O objetivo
para 2006 é chegar a 90% em papel reciclado.
Essa iniciativa sintetiza uma mudança de mentalidade sobre o emprego mais
eficiente dos recursos naturais, por meio de um papel melhor adaptado às
atuais necessidades do mundo moderno
(Antônio Ozi Gestor de
Sustentabilidade Ambiental do Banco ABN AMRO).
O Programa de Ecoeficiência começou em 2002 nos prédios
administrativos de São Paulo e foi estendido, em etapas, aos 18 condomínios
administrativos restantes em todo o Brasil. A coleta seletiva de lixo está
implantada em todas as unidades desde 2004 (Antônio Ozi Gestor de
Sustentabilidade Ambiental do Banco ABN AMRO).
3.4.6 A comunicação
A instituição utiliza mídia impressa como folhetos e cartazes, mas é a
opção eletrônica que tem comprovado eficiência. A comunicação pela Internet, dá
destaque ao Programa de Sustentabilidade, e o site do Banco Real valoriza
algumas ações (ver Figura 8).
FIGURA 8: Comunicação via Internet Banking
Fonte: Banco Real (www.bancoreal.com.br – acesso em 18/05/2006).
3.4.7 Principais prêmios conquistados
Os prêmios mais recentes conquistados pelo ABN AMRO-Banco Real,
por sua atuação em diversas áreas, são:
Destaque especial no Guia de Boa Cidadania Corporativa 2004,
editado pela revista Exame.
Em maio de 2005, o ABN AMRO-Banco Real figurou, pelo segundo
ano consecutivo, entre as 100 Melhores Empresas Para se
Trabalhar na América Latina, iniciativa das revistas Exame e Você
S.A. e do Great Place to Work Institute.
15ª empresa mais admirada no ranking organizado pela revista
Carta Capital, e 2º banco mais admirado no ranking da revista Carta
Capital.
lugar no Setor Financeiro em Melhores Práticas de Gestão,
Empreendedor Financeiro 2004.
Em março de 2005, o Banco Real teve 2 fundos classificados com 5
estrelas e 22 fundos com 4 estrelas pelo Invest Tracker, do jornal O
Estado de São Paulo.
Em 2005, 7 fundos classificados com 5 estrelas e 27 com 4 estrelas,
no ranking Gazeta Invest, do jornal Gazeta Mercantil.
Em fevereiro de 2005, 7 fundos considerados excelentes pela
avaliação da revista Investidor Institucional.
Sustainable Banking Award, em 2006, pelo jornal Financial Times
como o primeiro banco em sustentabilidade.
World Business Award, em 2006, pela Câmara Internacional de
Comércio, ao apoio aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
FIGURA 9: Principais prêmios conquistados pelo Banco
Fonte: www.bancoreal.com.br – acesso em 23/05/2006
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS
4.1 Visão analítica
O método mais característico do procedimento científico é a visão
analítica. Na origem etimológica, analisar significa decompor um todo nas partes,
desfiando uma a uma, em particular as tidas como mais importantes. Trata-se de
atividade desconstrutiva, que admite ser o todo apenas o ajuntamento das partes;
tanto assim que, desfazendo-se parte por parte, nada resta do todo, a o ser
suas partes. Fazendo o caminho de volta, ao ajuntar as partes, obtém-se de novo
o todo, de maneira reversível. Assim é o relógio: um monte de partes
concatenadas desmontáveis uma a uma. O relojoeiro tem do relógio uma visão
sintética, sem a qual não saberia conceber as partes, mas o constrói por partes.
O relógio não existe nas partes desmontadas, mas estas, uma vez montadas, são
o relógio. Essa percepção linear da realidade física animou a Ciência a apostar
no esforço analítico: a realidade é inteligível pela via de sua decomposição nas
partes, como sucedeu com a Física e a Química, que, ao final das contas,
descobriram a estrutura atômica (DEMO, 2000).
A descoberta da estrutura atômica insinua algumas expectativas
metodológicas paradigmáticas da modernidade:
a) As realidades não possuem “essência” que não sejam apenas suas
partes;
b) Decompondo-se as partes, dá-se conta de toda a realidade;
c) Sobretudo nas partes desmontadas, descobre-se a realidade, sempre
redutível a algo mais simples;
d) Esse algo mais simples é também mais real, porque mais invariante;
e) Donde segue que a dinâmica é apanhada pelos modos como se
repete; e.
f) Explicar a realidade é fazer dela uma projeção simplificada, simples e
invariante, como são, de modo geral, as teorias.
Desponta, assim, o tema metodológico crucial sobre a vocação analítica
do conhecimento científico (DEMO, 2000).
Por conseguinte, a pesquisa em questão tornar-se-á qualitativa, segundo
Ludke e Marli (1996). Terá, em sua veia principal, a demonstração de como as
organizações tais como as instituições financeiras, no caso, o Banco Real, cujo
lucro líquido em 2005 foi de R$ 1.620 milhões (um crescimento de 22% sobre
2004), possuindo 9,2 milhões de clientes e 1890 agências utilizam ou não
estratégias relacionadas à preservação, ao controle e à manutenção ambiental.
As informações colhidas deverão apresentar dados relevantes, os quais
poderão ser utilizados posteriormente em qualquer processo de planejamento
estratégico, valorizando as respostas sobre como e porque as instituições
optaram pela utilização da gestão ambiental, a sua eficiência, os resultados
obtidos, a percepção e o reconhecimento da sociedade envolvida.
Segundo Demo (2000), para fins de sistematização, essa pesquisa será
prática ou seja, ligada à história em termos de uso do conhecimento científico
para fins explícitos de intervençãoa qual não esconde a ideologia, ao contrário,
reconstrói o conhecimento a serviço de certa ideologia, sem com isso
necessariamente perder de vista o rigor metodológico.
Bastos (2003) declara que alguns métodos ditos qualitativos advogam
numa direção, em particular a pesquisa participante e, em certa medida, a
pesquisa-ação. Esta última, como regra, pede apenas que o pesquisador devolva
os dados à comunidade estudada e permita intervenções sem, necessariamente,
participar delas (THIOLLENT, 1986).
O presente estudo consiste num tipo de pesquisa aplicada cujo nível
seria melhor qualificado como de natureza simultaneamente exploratória e
descritiva. As etapas, além do delineamento da pesquisa em sentido estrito e
referido anteriormente, envolvem a formulação do problema, a construção de
hipóteses, a delimitação de objetivos, a operacionalização de conceitos e
variáveis, a coleta de dados, a análise e interpretação dos resultados.
4.2 Classificação
Com base nos objetivos anteriormente expostos e analisados, essa
pesquisa se classifica como exploratória e descritiva.
Segundo Marconi e Lakatos (2001), uma pesquisa se torna exploratória
quando propicia uma maior familiaridade com o problema. Na maioria dos casos,
essas pesquisas envolvem um levantamento bibliográfico, entrevistas e análises
de exemplos (estudo de casos). Os estudos exploratórios permitem ao
investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema para,
em seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou experimental/explicativa.
Afirma-se ainda que uma pesquisa se torna descritiva, conforme Pereira
(1999), quando descreve características de determinada população ou fenômeno,
ou então estabelece relações entre variáveis. Uma de suas características é a
utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário
e a observação sistemática. Todavia, os estudos descritivos podem ir além da
mera identificação de possíveis relações entre variáveis ao buscarem
compreender a natureza dessas relações. Gil (1999:44) afirma que:
As pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que
habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a
atuação responsável prática. São também mais solicitadas por
organizações como instituições educacionais, empresas comerciais,
partidos políticos etc.
O principal objetivo de uma pesquisa qualitativa, base dessa dissertação,
conforme argumenta Gil (1999), está no aprofundamento da complexidade dos
fenômenos, dos fatos e processos particulares ou específicos.
A pesquisa qualitativa, segundo Ludke e André (1996), possui cinco
características básicas:
a) O ambiente natural é a fonte direta dos dados, e o principal
instrumento é o pesquisador. Como os problemas são estudados no
ambiente em que eles ocorrem naturalmente, esse tipo de estudo
também é chamado naturalístico. Como os fenômenos são
influenciados pelo seu contexto, é fundamental que se entendam as
circunstâncias particulares em que um determinado objeto se insere;
b) Os dados coletados são predominantemente descritos;
c) A preocupação com o processo é maior do que com o produto. O
interesse é verificar como determinado evento ocorre nas atividades,
nos procedimentos e nas interações cotidianas;
d) O pesquisador deve capturar a “perspectiva dos participantes”, pois o
“significado” que as pessoas dão aos eventos o os principais focos
de atenção do pesquisador;
e) A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo, onde o
desenvolvimento do estudo se aproxima de um funil: no início com
focos de interesses amplos, que se tornam mais diretos e específicos
no decorrer do estudo.
Da mesma forma, em consonância com o tema desta dissertação, pode-
se aplicar o conceito de estudo de caso, que, segundo afirmam Ludke e André
(1996), apresenta sete características importantes:
Visa a descoberta, onde o pesquisador se mantém atento a novos
elementos que podem emergir como importantes durante o estudo.
Enfatiza a “interpretação de um contexto”.
Busca retratar a realidade de uma forma completa e profunda,
enfatizando a complexidade natural das situações e evidenciando a
inter-relação dos componentes.
Utiliza uma variedade de informações (os dados são coletados em
diferentes momentos e situações e com diversos informantes).
Revela uma experiência vicária e permite generalizações
naturalísticas, onde o sujeito tenta associar os dados encontrados no
estudo com os dados que são frutos de suas experiências pessoais.
Representa os diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vistas
presentes em uma situação social, onde a realidade é vista sob
diferentes perspectivas, não havendo uma única que seja a mais
verdadeira.
Os relatos utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do
que os outros relatórios de pesquisa, preocupando-se com um relato
direto, claro e bem articulado do caso, de modo que este possa
aproximar-se da experiência pessoal do leitor.
Segundo Gil (1999), a diferença entre a pesquisa documental e a
bibliográfica reside na natureza das fontes. Silva e Souza (1984), afirmam que
enquanto a pesquisa documental se vale de materiais sem um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os seus objetivos,
a pesquisa bibliográfica utiliza principalmente as contribuições dos diversos
autores sobre determinado assunto.
Nessa dissertação, primeiramente, realizou-se um estudo exploratório
com o objetivo de construir um marco conceitual que focalizasse a problemática
abordada e a definição de um instrumento de coleta de dados. O levantamento
do material necessário à pesquisa englobou fontes primárias e secundárias,
propiciando, através da análise descritiva, o aprofundamento do tema.
Vale lembrar que uma monografia para fins de dissertação, tanto quanto
outra pesquisa científica, segundo Marconi e Lakatos (2001), surge geralmente
de um conjunto de teorias científicas que funcionam como um aprendizado de
base, onde a formulação e a resolução de problemas científicos podem ser
feitas por quem tem um bom conhecimento das teorias cienficas de sua área.
Sendo assim, dada a dimensão inédita deste estudo, tornou-se fundamental a
familiarização do tema com as pesquisas mais recentes da área de conhecimento
enfocada através da pesquisa documental e bibliográfica.
Interessante frisar que o estudo exploratório da dissertação, iniciou-se
pelo despertar das consecutivas exposições da marca institucional na mídia, e a
correlação da responsabilidade socioambiental atrelada às ações da instituição,
no caso o Banco ABN AMRO - Banco Real.
4.3 Tratamento e análise dos dados (etapas)
As etapas desta pesquisa serão apresentadas em duas fases distintas,
ou melhor, as informações proverão basicamente de dados primários e
secundários.
4.3.1 Fonte de dados primários
Foram constituídas por informações originais (inexploradas), e ainda por
novas interpretações de fatos e idéias conhecidas ou disponíveis, porém não
expostas, pelo menos, à comunidade científica.
Vale realçar no contexto, quais passos foram adotados;
Etapas:
Entrevistas pessoais: Realizadas durante o período de Março a
Setembro de 2006, sempre com o intuito de colher o maior número de
informações possíveis. Principais executivos(as) da instituição Sta. Maria Luiza
(Superintendente de Estratégia e Comunicação), Sr. Antônio Ozzi (Gestor de
Sustentabilidade Ambiental), Sta. Denise Feitosa (Analista de Sustentabilidade
Ambiental), Sta. Juliana Mairinque (Analista de Marketing) e Flávia Roque
(Assessoria de Imprensa);
Pesquisa de satisfação dos clientes: Entrevistas pessoais, cujo foco
principal, permaneceu pautado na simples opinião dos clientes em relação ao
grau de satisfação do Banco Real;
Auditorias internas: Observação in loco no manuseio de produtos
descartáveis, produção de lixo, controle de papel, água, energia, por parte dos
funcionários, nas dependências da agência matriz em São Paulo;
Auditorias externas: Observação pessoal, conforme o quesito
anterior, porém realizada nos principais PAB’s (Postos de Atendimento Bancário)
localizados na capital de São Paulo;
Depoimentos espontâneos: Simples constatação pessoal do clima
organizacional em relação à política ambiental.
4.3.2 Fonte de dados secundários
Estudos pertinentes à temática, com referência a material conhecido e
organizado segundo ordem pré-determinada, envolvendo um processo de
investigação em profundidade.
Estarão baseados principalmente, na leitura e análise de documentos e
publicações da própria instituição.
Da mesma maneira, destacam-se os principais passos adotados;
Etapas:
Plano de gestão corporativa: Pesquisa na literatura disponível aos
colaboradores da instituição;
Programas socioambientais: Pesquisa interna envolvendo a política
ambiental sugerida nas campanhas atuais e de anos anteriores;
Indicadores socioambientais: Busca dos indicadores disponíveis no
relatório econômico da instituição e auditado pela BDO Trevisan Ltda.;
Indicadores econômicos: Leitura dos balanços patrimoniais, e dos
relatórios administrativos (resultados contábeis), publicados a partir do ano de
2000. Também disponível no site da instituição, www.bancoreal.com.br;
Bibliografia específica: Pesquisa complementar baseada na
literatura existente em órgãos públicos e privados, relacionadas à gestão
ambiental em instituições financeiras.
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1 Antecedentes
Segundo Oliveira (2001), o sucesso na concepção de um planejamento
estratégico numa organização depende das seguintes combinações:
Idealizar uma nova forma de criar valor para os seus clientes as
atividades que a organização deverá desempenhar, produzindo um
real valor aos clientes.
Ser capaz de colocar em ação um conjunto de competências que
produzam este valor as principais forças da empresa postas em
funcionamento para criar o valor desejado para o cliente.
Criar uma fórmula única (distinta) que permita apropriar-se de parte do
valor criado é a capacidade de uma empresa operar um conjunto de
competências, produzindo um resultado único que os competidores
não consigam copiar em curto prazo.
Gerar um excedente em conseqüência, o valor criado aos clientes
gera um diferencial, que é apropriado pela empresa, pelos acionistas,
pelos colaboradores e demais influenciadores.
Porter (2000) afirma que as empresas devem disputar o mercado, criando
vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes. A habilidade de
desenvolver competências distintas favorece o estabelecimento de vantagens
que, normalmente, se manifestam através de estratégias de diferenciação ou de
liderança. A eficácia em longo prazo de uma estratégia de sucesso depende da
construção de uma fórmula de negócio estruturada de forma distinta e impossível
de ser copiada pela concorrência no curto prazo (DRUCKER, 2001).
A vantagem competitiva num longo prazo deve ser testada
permanentemente perante a concepção do planejamento, e visualizada frente
aos cenários futuros que podem antecipar o ambiente de negócios da
organização. O sucesso de um planejamento estratégico depende da
necessidade de se promover ajustes competentes (OLIVEIRA, 2001).
5.2 Indicadores
A realização de uma auditoria nos números apresentados constitui um
grande aprendizado, em relação ao que se precisa para garantir a confiabilidade
e credibilidade da informação. A principal mensagem que fica é: gerenciar nossa
organização, considerando os pilares da sustentabilidade, é um desafio constante
(Denise Feitosa – Analista de Sustentabilidade Ambiental do Banco ABN AMRO).
5.2.1 Indicadores de meio ambiente
A avaliação de desempenho ambiental é de um processo de gestão
interna à empresa, constituindo-se numa ferramenta importante e destinada a
prover um planejamento com informações reais e mensuráveis. A relação
existente de uma base e/ou critérios estabelecidos mostrará se, ao longo do
tempo, o desempenho ambiental da empresa está indo ao encontro desses
parâmetros (GRUNEBERG, 2001).
D’Avignon (1996), define aspecto ambiental, como elemento das
atividades, produtos ou serviços de uma organização, que pode integrar com o
meio ambiente. Qualquer modificação ambiental, adversa ou benéfica, que
resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma
organização, esclarece com exatidão, o valor do impacto ambiental. Um aspecto
ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental.
O ciclo produtivo de uma instituição financeira está pautado no
relacionamento, e este, sem dúvida, deve criar, de algum modo, um aspecto
ambiental relevante, em conformidade aos objetivos políticos da organização.
No caso ABN AMRO Bank - Banco Real S/A, a avaliação do
desempenho ambiental foi medido e avaliado por alguns indicadores disponíveis,
tais como, papel, energia e água, pois foram considerados parâmetros reais e
mensuráveis, possuindo histórico, controle e gerenciamento.
Acreditamos que é possível desenvolvimento econômico que respeite o ser
humano e preserve o meio ambiente, garantindo o uso responsável dos
recursos naturais. E é essa convicção que tem nos aproximado de pessoas e
empresas com a mesma visão (Fábio Barbosa – Presidente do Banco Real).
5.2.1.1 Consumo de papel branco e reciclado (ton/ano)
Considerado como principal suporte na divulgação de informações, o
papel, originário da pasta madeireira, tem essencial importância na administração
organizacional. O reciclado é o retorno da matéria-prima ao ciclo de produção.
A pesquisa de caracter exploratório, realizada nas dependências do
Banco ABN AMRO, contou com o suporte da Administração Predial.
A apresentação destes resultados foi dividida em duas categorias: branco
(papel multifuncional, pré-consumido e pré-processado) e reciclado (papel
composto por 75% do branco e 25% do pós-consumido – reprocessado).
GRÁFICO 1: Consumo de papel branco
GRÁFICO 2: Consumo de papel reciclado
Fonte: Banco Real, 2006.
0
500
1000
1500
2000
Consumo de Papel Branco em Toneladas/Ano
A4, A5 e Ofício
1934 1686 880 325
Promocional
1022 901 101 38
Formulário
886 773 208 77
Talão Cheque
998 684 407 151
2002 2003 2004 2005
0
2 0 0
4 0 0
6 0 0
8 0 0
1 0 0 0
C o n s u m o d e P a p e l R e c ic la d o e m T o n e la d a s /A n o
A 4 , A 5 e O fíc io
5 4 5 8 4 0 9 3 2
P ro m o c io n a l
0 2 3 7 4 7 8 2 0
F o rm u lá rio
5 9 9 4 1 4 4 5 6
C h e q u e
0 0 2 1 9 2 4 9
2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5
Conforme mencionado anteriormente, o papel é considerado como o
principal veículo de informações, e por esta razão, extremamente importante na
instituição bancária em questão.
Percebeu-se pela exposição dos gráficos 1 e 2, que a política ambiental
adotada, tornou-se eficaz, uma vez que ocorreu a diminuição do consumo de
papel branco em detrimento daquele reciclado. A comparação dos gráficos
mostrou uma forte redução em papéis considerados brancos do modelo A4, A5 e
ofício (83% de 2002 a 2005). A razão desta ação residiu no fato do maior
consumo por parte dos colaboradores no trâmite interno, especificamente de
natureza administrativa. A movimentação de documentos ainda persiste, porém,
utilizando o modelo reciclado.
Os papeis promocionais e aqueles destinados aos formulários em geral,
praticamente deixaram de ser impressos no modelo branco.
Talões de cheque, também pela comparação exposta, foram largamente
aceitos pelos clientes da instituição (usuários do produto). Redução de 85%
aproximadamente. O motivo, segundo pesquisa interna, resumiu-se no fato do
comprometimento das agências com seus clientes, exposição da política
ambiental e pela abordagem de tal comunicação, já em papel reciclado.
5.2.1.2 Consumo de energia elétrica (1000 kWh/ano)
Indispensável à civilização moderna, a energia elétrica é o mais
importante componente da infra-estrutura administrativa e insumo básico da
atividade econômica.
Os dados coletados foram extraídos dos relatórios administrativos
internos e estimados com base no preço médio do kWh no Brasil.
O gráfico de número 3 apresentou o consumo de energia elétrica em
geral, nos prédios administrativos, agências externas como PAB’s e nas filiais
seguradoras (escritórios de representação). O gráfico 4 demonstrou o mesmo
indicador de consumo, porém, exibido por funcionário.
GRÁFICO 3: Consumo de energia elétrica
GRÁFICO 4: Consumo de energia elétrica por funcionário
Fonte: Banco Real, 2006.
Os gráficos acima destacaram claramente, a redução no consumo de
energia elétrica, principalmente nos prédios administrativos, não em demasia,
porém consistente em 17%. Percebeu-se, entretanto, que nas agências PAB’s o
consumo, ao contrário, aumentou (aproximadamente 34% - gráfico 3). Tal fato
ocorreu pelo difícil controle de consumo, em virtude da localização dos caixas
eletrônicos (ambiente interno).
Destacou-se também o fator Banco Sudameris, adquirido em 2004,
acarretando um aumento no número de funcionários (aproximadamente 1.800).
0
1 .0 0 0
2 .0 0 0
3 .0 0 0
4 .0 0 0
5 .0 0 0
6 .0 0 0
7 .0 0 0
C o n s u m o d e E n e r g ia E l é t r ic a M é d io p o r F u n c i o n á r io
P r é d io s
A d m in is t ra t iv o s
6 .9 0 8 5 .8 6 6 4 .5 3 4 4 . 1 7 3
A g ê n c ia s P A B s e
P A E s
4 .2 1 0 4 .1 7 6 4 .3 3 5 3 . 9 6 7
F ilia is S e g u ra d o r a s
6 .0 1 1 6 .0 9 8 5 .1 2 1 4 . 7 2 1
2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5
0
20 .000
40 .000
60 .000
80 .000
100 .0 00
120 .0 00
C o n s um o de E n ergia E létrica em 100 0 K w h /A n o
P rédio s
A d m inistrativos
46.989 45 .689 42.665 3 9.020
A g ênc ias P A B s e
P A E s
82.342 81 .997 81.219 110.580
F iliais S e guradoras
11.998 11 .901 10.101 1 0.000
200 2 20 0 3 2004 2 005
5.2.1.3 Consumo de água (1000 m3/ano)
Indispensável a todas as formas de vida, a água existente em nosso
planeta ocupa aproximadamente ¾ da crosta terrestre. Sem ela, vegetais,
animais e qualquer ser humano, jamais existiriam.
Os dados coletados foram extraídos dos relatórios administrativos
internos e estimados com base no preço médio do m
3
no Brasil.
GRÁFICO 5: Consumo de água
GRÁFICO 6: Consumo de água por funcionário
Fonte: Banco Real, 2006.
0
100
200
300
400
500
600
C o n s u m o d e Á g u a e m 1000m
3
/A n o
P rédio s A dm inis trativ o s
209 ,69 205 ,47 185,96 171,64
A gênc ia s P A B s e P A Es
421,22 419,17 40 9,89 50 1,22
F iliais Seg urado ras
5,6 5,06 4,53 5,61
2002 20 03 2004 20 05
0
20
40
C o n s u m o M é d io d e Á g u a p /Fu n cio n ário 1000m
3
/A n o
Prédios
A dminis trativos
29 26 20 18
A gs . PA Bs e PA Es
31 27 23 27
Filiais Seguradoras
8 9 12 14
2002 2003 2004 2005
Da mesma forma, notou-se satisfatoriamente, a redução no consumo de
água nos prédios administrativos (aproximadamente 18%). A política ambiental
introduzida também neste quesito, produziu certo efeito, porém, não
intensamente como nos itens anteriores. A resposta encontrada residiu no fato da
não utilização, por parte da instituição, de equipamentos redutores de consumo,
principalmente nos lavatórios.
Paralelamente também neste caso, as agências PAB’s, ao contrário,
aumentaram seu consumo. O motivo, ainda é o mesmo, ou seja, a localização.
Vale ressaltar, mais uma vez, o episódio da aquisição do Sudameris, como um
elemento dificultador desta integração, e pela não existência de uma política
agressiva de controle ambiental.
5.2.2 Outros indicadores relevantes
A pesquisa exploratória realizada na instituição e a busca incessante de
mais informações trouxeram ainda alguns dados relevantes, e que de certa
forma, complementaram o conhecimento adquirido.
Os dados abaixo foram extraídos dos relatórios do Banco ABN AMRO, e
consolidados somente nos condomínios administrativos, em virtude de algumas
restrições técnicas nas agências regionais.
Por problemas operacionais internos, o levantamento destes números foi
contabilizado, somente a partir de 2003.
5.2.2.1 Geração de lixo
GRÁFICO 7: Geração de lixo em prédios administrativos
Fonte: Banco Real, 2006.
G era çã o de Lixo To n/An o
0
50 0
10 00
15 00
predios
ad m inistrativos
50 0,4 877 95 3
20 03 20 04 2005
5.2.2.2 Reciclagem de lixo produzido
GRÁFICO 8: Lixo reciclável em prédios administrativos
Fonte: Banco Real, 2006.
Interessante comentar nesta pesquisa, que a geração de lixo num
primeiro momento tornou-se elevada (91%), porém a partir de 2004
praticamente 7% converteu-se em reciclável. Ponderando-se a análise com um
pouco de presteza, percebeu-se que somente a partir de 2003 surgiu o interesse
em reciclar o lixo produzido e a curva, de certo modo, já era ascendente.
5.2.2.3 Frota de carros
Dados extraídos dos relatórios internos do Banco ABN AMRO.
GRÁFICO 9: Distribuição da frota por tipo de combustível
Fonte: Banco Real, 2006.
Re ciclage m d e L ixo Pr o d u z id o e m T o n /A n o
58
60
62
64
66
predios
adminis trativ os
60,5 61,5 65
2003 2004 2005
F ro ta d e C arro s
0%
20%
40%
60%
80%
100 %
G ás (G N V )
0 0 0
B icom bu stível
0 15 28
D iese l
17 2 7 3 0
Á lcoo l
0 0 0
G asolina
145 5 14 55 139 9
200 3 200 4 2 005
5.2.2.4 Emissão de poluentes
Para esta finalidade, o cálculo de emissão de CO
2
foi feito levando-se em
conta a fórmula utilizada pela instituição, ou seja, gasolina = 1,76 Kg CO
2
x litros
de gasolina; diesel = 2,64 Kg CO
2
x litros de diesel; álcool = 0,85 Kg CO
2
x litros
de álcool. Os valores de litros de combustível consumidos foram estimados com
base no preço médio na região sudeste.
GRÁFICO 10: Emissão de dióxido de carbono por ton. de CO
2
Fonte: Banco Real, 2006.
A discussão deste item recaiu inicialmente na questão intrínseca da
necessidade de uma frota de automóveis numa instituição financeira. A resposta,
segundo pesquisa, baseou-se no fato de ocorrer eventuais deslocamentos dos
gerentes de captação de negócios aos seus principais clientes.
A segunda análise residiu na percepção da manutenção praticamente
estável, ainda com uma leve queda, do número de veículos disponíveis na
instituição bancária (aproximadamente 2300). Mesmo com este índice elevado,
quase 100% da frota possuía a gasolina, como combustível. Em função da nova
tecnologia existente (modelos bicombustíveis) estes números deverão sofrer
algumas alterações nos próximos anos.
5.2.3 Indicadores econômicos
Os dados abaixo foram extraídos do Portal do Banco Real
(www.bancoreal.com.br - acesso em 10/11/2006), auditados por empresas
especialistas do segmento financeiro.
Frota de c arros
2100
2200
2300
2400
Frota de
c arros
2316 2309 2237
2003 2004 2005
Entendeu-se como receita aquela proveniente de intermediação
financeira, ou seja, incluiu operações de crédito, arrendamento mercantil, títulos e
valores mobiliários, capitalização, câmbio, seguros, previdência, aplicações
compulsórias e instrumentos financeiros derivativos. As despesas apontadas
foram aquelas, também, de intermediação financeira, incluindo operações de
captação, empréstimos e repasses, atualização e juros de provisões técnicas de
seguros, previdência e capitalização, e liquidações duvidosas.
GRÁFICO 11: Demonstrativo financeiro
Fonte: Banco Real, 2006.
Somente com o intuito de analisar com maior dedicação, o gráfico acima,
percebeu-se uma queda de receita em 2003, e conseqüente menor lucratividade.
Novamente, tal ocorrência deveu-se pela compra do grupo Sudameris Brasil,
finalizada em meados de 2004.
GRÁFICO 12: Base de clientes (P.F. e P.J.)
Obs.: Entende-se P.F. como Pessoa Física e P.J. como Pessoa Jurídica
Fonte: Banco Real, 2006.
De m o nstra tivo de Re sulta d o s M il Re a is /Ano
0
10.000
20.000
Rec eita
10.374 9.670 10.788 13.805
Des pesas
5.890 4.395 4.905 7.345
Luc ro Líquido
1.208 1.137 1.242 1.436
2002 2003 2004 2005
Ba se de clie nte s (M ilhõe s/Ano)
0
5
10
15
N* de c lientes
8,3 9,2 12,1
2003 2004 2005
5.2.3.1 Volume da carteira de micro-crédito
As negociações comerciais da instituição, neste caso, foram distribuídas
por vários segmentos - vestuário, comidas e bebidas, estética, saúde, educação,
transporte, agro-industrial e comércio em geral.
GRÁFICO 13: Volume da carteira de empréstimos (P.F.)
Obs.: Entende-se P.F. como Pessoa Física e P.J. como Pessoa Jurídica
Fonte: Banco Real, 2006.
Nitidamente, visualizou-se neste gráfico a expansão das atividades
correlacionadas a empréstimos bancários aos pequenos e médios empresários -
aumento médio de aproximadamente 675%.
5.2.3.2 Financiamentos socioambientais externos
Como enunciado, optou-se pela divisão da análise dos financiamentos
socioambientais em duas frentes. Uma ligada aos clientes da instituição, e outra
relacionada aos investimentos internos, junto aos colaboradores do Banco Real.
A pesquisa a seguir, de extrema importância, destacou, portanto, os
financiamentos socioambientais para empresas de um modo geral. Os dados
foram obtidos em relatórios internos da organização, e referidos, segundo
informações da instituição, aos créditos liberados e não aqueles considerados
como produtos de uma simples carteira de negócios.
V o lum e ca rte ira m icro-cré dito M il Re a is / Ano
0
2.000
4.000
6.000
Total
584 4.113 4.524
2003 2004 2005
GRÁFICO 14: Volume carteira de empréstimos socioambientais
Fonte: Banco Real, 2006.
Interessante neste momento, destacar o elevado volume de créditos
liberados envolvendo, como enunciado, projetos socioambientais.
Aproximadamente 360% de crescimento em 2 anos. Se comparados aos
apontamentos do primeiro ano (2004), visualiza-se um acréscimo de 153%.
5.2.3.3 Análise de riscos socioambientais
Informações extremamente relevantes que demonstram o perfil de
interesse da instituição em função dos financiamentos relativos ao meio ambiente
- estudo de viabilidade.
TABELA 2: Análise de riscos socioambientais
Análise de Riscos Socioambientais 2003 2004 2005
Total de pareceres 2.112 2.316 2.348
Número de pareceres aprovados 2.099 2.299 2.319
Número de pareceres aprovados com ressalvas 2 0 3
Número de pareceres declinados 11 17 26
Fonte: Banco Real, 2006.
Convém realçar nesses dados apresentados, o total de pareceres
atingidos pela instituição, fixados ainda num patamar de 2.300 por ano. Número
relevante com um modesto crescimento em torno de 10%. Complementando,
percebeu-se ainda o crescimento de pareceres declinados, ou seja, a restrição
dos auditores da organização, na comprovação da não utilização dos recursos
para fins socioambientais.
Vale lembrar neste momento, o montante de crédito liberado (gráfico 14)
e a comparação do número de projetos analisados (tabela 2). Em 2005, por
exemplo, foi liberado, uma média de R$ 113.800,00 para cada projeto aprovado.
Financ ia m e ntos Soc ioa m bie ntais M il Re a is /Ano
0
100.000
200.000
300.000
Total
57.994 146.480 267.200
2003 2004 2005
5.2.3.3.1 Auditorias ambientais de riscos socioambientais
Somente como complemento das informações apontadas acima,
destacou-se o número de visitas envolvendo aspectos de sustentabilidade in loco.
Os auditores atuam com a principal missão de verificar, qual o nível do
risco socioambiental envolvido no projeto apresentado para financiamento.
TABELA 3: Auditorias ambientais externas
Auditorias Ambientais / Avaliação de Risco 2003 2004 2005
Número de visitas técnicas 7 16 34
Fonte: Banco Real, 2006.
5.2.3.4 Investimentos em projetos socioambientais internos
Em congruência com a pesquisa realizada no item 5.2.3.2 notou-se a
importância dos investimentos socioambientais internos, ou melhor, aqueles
realizados objetivando a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores da
instituição. Os dados foram obtidos através de relatórios internos da instituição, e
por entrevistas da equipe de marketing.
TABELA 4: Investimentos socioambientais internos
Investimentos Socioambientais Internos 2003 2004 2005
Valor total em Mil R$ / Ano 79 48 30
Fonte: Banco Real, 2006.
Destacou-se o decréscimo (redução anual em torno de 38%) pela simples
razão do comprometimento do Banco Real em seu projeto de sustentabilidade
socioambiental, ou seja, menores investimentos com maior engajamento da
política adotada. Vide gráfico 15 adiante – Curva Ambiental de Kuznets.
5.2.3.4.1 Número de funcionários
TABELA 5: Número de funcionários
Funcionários Efetivos Registrados 2003 2004 2005
Número total 23.680 28.571 30.296
Fonte: Banco Real, 2006.
Somente como lembrete, em 2004, ocorreu a fusão do Sudameris,
acarretando (inicialmente) um maior número de funcionários registrados.
6. CONCLUSÕES
6.1 Considerações iniciais
A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem levado
empresas brasileiras a buscar alternativas tecnológicas mais limpas, o
aperfeiçoamento da mão-de-obra, a substituição de insumos, a redução da
geração de resíduos, a racionalização do consumo, além de matérias-primas
menos tóxicas (AZEVEDO, 1982). A conscientização da sociedade e a legislação
têm induzido organizações a incorporarem processos sustentáveis, reduzindo,
dessa maneira, o impacto e a degradação do meio ambiente. Não mais lugar
para a exacerbação do lucro obtido à custa do comprometimento da natureza
(BARBIERI, 1997).
O segmento financeiro, consciente da grave situação ambiental do nosso
planeta, tem acompanhado as crescentes exigências sociais e legais em relação
aos resíduos gerados e ao consumo de energia, água, e papel, por exemplo. O
setor tem reagido pró-ativamente, abandonando a postura essencialmente
reativa, embora num movimento ainda muito tímido.
A busca por alternativas que minimizem os impactos negativos da
atividade financeira tem motivado o setor a investir em soluções que possam
refletir na economia e na melhoria da competitividade. A adoção de estratégias
de prevenção apresentou-se como uma alternativa mais adequada, porém
importantes padrões, modelos de comportamento, crenças e práticas
institucionalizadas continuam inalteradas. Paradigmas consolidados na estrutura
das empresas demoram a ser substituídos.
Uma das primeiras instituições financeiras a criar uma estratégia foi o
Banco ABN AMRO-Banco Real, motivo que a levou a ser escolhido para um
estudo de caso, modalidade de pesquisa largamente explorada. A avaliação
socioambiental tornou-se muito valiosa, pois forneceu a base para a formulação
de políticas, planos e projetos que permitiram o manejo dos riscos e impactos das
atividades produtivas, aumentando a ecoeficiência da organização. O diagnóstico
da situação ambiental constituiu uma análise profunda de todos os impactos dos
processos, serviços e produtos do Banco.
A introdução de um sistema de gestão ambiental (SGA) não é tão fácil
como pode parecer, e não se limita somente a reduzir os gastos com papel,
energia e água. A resposta dada por empresas que adotaram este sistema,
demonstra uma forte mudança organizacional, motivada pela internalização
ambiental e pela externalização de práticas que integram o meio ambiente e a
atividade produtiva. O Banco Real tem caminhado para o sucesso de um SGA,
apesar de possuir uma visão estratégica em relação ao meio ambiente,
passando, inclusive, a percebê-lo como oportunidade de desenvolvimento e
crescimento. De certo modo, ressaltou-se ainda a estratégia sustentável de
proteção ambiental, tanto no local de trabalho, como pela percepção do cliente
em contato com a instituição.
A falta de registros em 2001 (antes da etapa inicial do processo) e de
2006 (ainda não tabulados) comprometeu, de certa maneira, os valores
apresentados como parâmetros e a confirmação do correto procedimento
adotado. Um fator relevante deste estudo revelou-se no fato da iniciativa
corporativa da instituição, de certo modo recente, porém eficaz.
Um estudo realizado em um grupo de empresas de atividades industriais,
segundo Veiga (2004), verificou que a identificação dos impactos ambientais
significativos relaciona-se mais fortemente com questões econômicas e legais, do
que com os aspectos técnicos e ambientais. O planejamento de ações, baseado
em critérios técnicos e ambientais, contribui para a implantação de medidas mais
efetivas no que diz respeito à melhoria da qualidade ambiental. O setor financeiro
passou por uma grave crise em 2002 (eleições políticas nacionais e oscilações
nas bolsas mercantis do mercado internacional), o que forçou os bancos a reduzir
drasticamente suas despesas, tanto de cunho patrimonial quanto de infra-
estrutura como, por exemplo, consumo de papel e energia elétrica. A
sobrevivência dependia da lucratividade, como, evidentemente, ainda permanece
em nossos dias.
Na pesquisa interna realizada no Banco Real verificou-se, por exemplo,
uma significativa redução do quadro de funcionários, conforme Tabela 6 a seguir:
TABELA 6: Geração de empregos e retenção de funcionários
Número de funcionários
admitidos
Número de funcionários
demitidos
Turnover (%)
2003 2004 2003 2004 2003 2004
3.154 2.732 2.478 3.283 10,5 11,5
Fonte: Banco Real, 2006.
Percebeu-se, portanto, que estes números
8
deviam de certa forma
influenciar negativamente, os indicadores apontados, pelo simples fato do pouco
crescimento populacional, em comparação às economias relatadas.
Um maior conhecimento sobre os impactos ocasionados pelas atividades
produtivas possibilitou a seleção mais adequada de indicadores utilizados para o
processo de melhoria contínua do SGA. A dificuldade para o estabelecimento
destes indicadores, constitui-se num dos principais problemas das instituições,
tanto ao nível nacional quanto internacional (GRUNEBERG, 2001).
O ABN ABMRO-Banco Real tem divulgado seus indicadores através de
relatórios internos, proporcionando aos interessados, uma visualização da
economia gerada. As informações são auditadas pela Ernest & Young S/C, e
segundo levantamento realizado, ficam disponíveis por um período limitado no
site da própria instituição.
Vale evidenciar também, neste contexto, que através de press-releases
(comunicação de fatos) o banco tem participado à imprensa, números
considerados excelentes, na sua gestão socioambiental. O gasto em marketing
institucional realizado pelo Banco ABN AMRO-Banco Real cresceu na ordem de
12 % somente em 2004, comparado ao ano anterior (Mil R$ 21.646,00).
Percebeu-se ainda nesta pesquisa a não obtenção, pela instituição, da
certificação ISO-14001, fato relevante, valorizado no decorrer da revisão literária,
embora seja um dos seus objetivos para o início de 2007 momento este, que
deverá ser explorado com intensidade.
8
Geração de Empregos, Tabela 6 Os meros indicados nesta tabela referem-se
exclusivamente aos anos de 2003 e 2004, em virtude da não divulgação, até o presente momento,
do relatório de 2005, comparativo ao do corrente ano.
6.2 Aspectos gerais
Ao implantar um SGA, a empresa adquire uma visão estratégica em
relação ao meio ambiente, passando a percebê-lo como oportunidade de
desenvolvimento e crescimento. Ao mesmo tempo, deve ser ressaltado que
estratégias sustentáveis asseguram a proteção ambiental, tanto do local de
trabalho quanto dos colaboradores, além de contribuir para a eliminação ou
minimização de impactos ambientais globais.
Diversos estudos demonstram que a legislação, além de ser um
importante instrumento de controle e fiscalização de processos organizacionais,
contribui para a melhoria da gestão das empresas, inclusive para a implantação
de medidas que resultem numa proteção ambiental. O controle da atividade
humana e a proteção dos ambientes naturais são regidos por leis, decretos e
normas técnicas. As legislações têm como objetivo assegurar a qualidade do
meio ambiente e garantir a proteção da saúde das populações.
Segundo Philip e Möller (2000), a transformação organizacional deve ser
vislumbrada além do pressuposto da escolha do planejamento corporativo, e, à
medida que fatores de natureza política, cultural e ambiental influenciam essas
regras, novas diretrizes devem ser incrementadas.
O ABN AMRO Bank - Banco Real, considerado pioneiro em seu
segmento na estratégia socioambiental, caracterizou-se como uma instituição que
mantêm uma linha coerente em seus objetivos corporativos, com um
planejamento administrativo afinado ao conceito da missão e da visão
empresarial. Os resultados obtidos, considerados os melhores possíveis, em
decorrência ainda de um estágio processual em sua fase inicial, identificaram
positivamente a marca da empresa, valorizando sobremaneira a responsabilidade
com o meio ambiente, a sustentabilidade, e a sociedade de um modo geral.
6.2.1 Aspectos ambientais
O planejamento específico realizado pela organização, destacando o
potencial valor da preservação ambiental e a utilização desse diferencial em seu
processo administrativo, fundamentou-se no chamado Programa de
Ecoeficiência. Resumidamente, amenizou-se o impacto ambiental gerado por
suas instalações físicas, como agências e prédios administrativos, baseado no
conceito dos "3Rs" – redução do consumo de água, energia elétrica, papel,
plásticos, vidros, cartuchos de impressora, lâmpadas e pilhas; reutilização desses
materiais, sempre que possível; e reciclagem dos mesmos.
Analisando, portanto os indicadores ambientais, concluiu-se que a
instituição realizou uma forte redução no consumo de papel branco e
conseqüente aumento do reciclado (vide gráficos 1 e 2). Paralelamente percebeu-
se um estímulo na redução de energia elétrica, expressiva nos prédios
administrativos, mas irregular nos postos de atendimento bancários (PAB’s) e
filiais seguradoras gráficos 3 e 4. Motivo este, expresso pelo controle ainda
ineficaz de gestão. Interessante destacar que os indicadores de consumo de
água refletiram a mesma situação – gráficos 5 e 6.
Realça-se ainda, o trabalho interno do banco na responsabilidade de
geração, tratamento e reciclagem do lixo produzido gráficos 7 e 8. Comenta-se
somente a necessidade de se estender o projeto aos PAB’s e filiais seguradoras.
De um modo geral o programa de ecoeficiência do ABN AMRO Bank-
Banco Real, não contribuiu para uma redução das despesas administrativas,
relatadas nos demonstrativos financeiros - gráfico 11, mas tem contribuído para o
desenvolvimento sustentável de nossa sociedade. Ressalta-se, porém a variação
negativa em 2005, comparada a 2004, pela aquisição do Banco Sudameris, fato
relevante, destacado no balanço patrimonial da época.
6.2.2 Aspectos econômicos
A adoção de uma estratégia pioneira de responsabilidade socioambiental,
do ABN AMRO Bank - Banco Real, certamente, apelo exposto anteriormente,
gerou diversificação e incremento nas atividades comerciais. Se não vejamos:
O Banco financiou 2.101 projetos socioambientais em 2003, no
valor de Mil R$ 57.994. Em 2004, segundo o último relatório de
sustentabilidade, Mil R$ 146.480, um aumento aproximado de 150%
em 2.299 projetos valores expressivos, porém modestos, se
comparados ao total da carteira de crédito, Mil R$ 29.475.701 em
2004. em 2005 percebeu-se um incremento de 80% nos
financiamentos aprovados (2.322 projetos), ou seja, Mil R$ 267.200.
O número de solicitações de visitas técnicas para avaliação de
algum risco socioambiental passou de 7 para 34 em 2 anos – tabela
3, ou seja, um crescimento aproximado de 380%.
A base de clientes, segundo gráfico 12, cresceu 20% entre 2003 e
2005, evidentemente, não em função da estratégia ambiental
adotada, mas como contribuição para tal sucesso.
6.2.2.1 A Curva Ambiental de Kuznets
O melhor aspecto econômico pode ser medido pela Curva Ambiental de
Kuznets (CAK), a qual demonstra graficamente os investimentos socioambientais
do Banco ABN AMRO-Real em função do seu crescimento financeiro.
GRÁFICO 15: Curva Ambiental de Kuznets
Fonte: Adaptado Kuznets, 1995.
Notou-se, em congruência com o autor, que investimentos ambientais
internos à organização, tenderam a diminuir em função do crescimento
econômico, simplesmente pelo fato de serem responsavelmente sustentáveis.
Desenhou-se, portanto, uma curva com a letra “U” invertida especificamente
nesse caso, um “V” , somente pela restrição de dados disponíveis.
Curva Ambiental de Kuznets
Mil Reais/ Ano
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Ano base
Investimento Socioambiental
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
Receita Operacional
Evolução Investimentos
Socioambientais
1 37 79 58 30
Evolão da Receita
Operacional
6.412 10.374 9.670 10.788 13.805
1 2 3 4 5
CAK
6.3 Considerações finais
Complementando os dados coletados, não em demasia, destacou-se no
site da instituição, o lucro líquido do ABN AMRO Brasil, no primeiro semestre de
2006, ou seja, R$ 686 milhões, representando um crescimento de 22% em
relação ao semestre anterior o maior ganho entre as 14 maiores instituições
financeiras do Brasil. O resultado, segundo Fábio Barbosa, representou 13% dos
ganhos mundiais, e 96,6% do apurado na América Latina. Referiram-se,
sobretudo, à expansão dos negócios da instituição, como a inclusão de projetos
socioambientais, financiamentos, micro-crédito e o incremento da base de
clientes, calculada em 12,6 milhões.
Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, respectivamente, os maiores em
lucratividade em 2005, segundo a revista “Isto é Dinheiro”, tem acompanhado
atentamente os passos do ABN AMRO Bank - Banco Real, e por que não, suas
estratégias, diferenciais competitivos e ações pioneiras de responsabilidade
socioambiental. Pelo menos, como observado, o papel reciclado já desponta num
primeiro movimento, como um importante investimento e retorno econômico em
curto prazo.
Conclui-se, portanto, ao final dessa importante pesquisa, que o ABN
AMRO Bank - Banco Real possui um planejamento socioambiental coerente,
porém ainda não 100% eficiente. A falta de gestão na redução de energia elétrica
e consumo de água, por exemplo, principalmente nos PAB’s e filiais seguradoras,
deveria ser melhor observada. O controle do lixo gerado e conseqüente
reciclagem exigem ainda um melhor gerenciamento. O foco, conforme observado,
não deveria ser desviado.
A frota de automóveis, por menor que seja, deveria contribuir para uma
menor emissão de poluentes –- o ximo possível –- condição imprescindível,
para a eficaz gestão ambiental em qualquer organização.
Finalizando, percebeu-se, que a instituição caminha sem dúvida
nenhuma, para um desenvolvimento socioambiental sustentável, com
investimentos expressivos, e uma política ambiental coerente, porém, conforme
exposto anteriormente, com falhas, mas todas passíveis de correção.
A gestão ambiental integrada ao planejamento corporativo do ABN
AMRO Bank - Banco Real contribuiu e, deverá permanecer contribuindo, como
uma ferramenta importante de retorno econômico, e acima de tudo proporcionado
uma melhor qualidade de vida para seus colaboradores, e como não, para toda a
sociedade brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. As normas
brasileiras. São Paulo, n. 1, ano 2, dez.1996.
ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. São Paulo: Editora Nova
Fronteira, 2002.
ALMEIDA, J. História e patrimônio ambiental: Artifícios naturais do poder público:
Londrina, Editora UEPG, 2001.
ALMEIDA, L., T. Política ambiental: uma análise econômica. Campinas: Editora
Unesp, 1998.
AMARAL, S. Sustentabilidade ambiental e social. São Paulo: Editora DP&A, 2002.
ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. Rio de Janeiro: Editora Prentice Hall,
1998.
AZEVEDO, A. Brasil: a terra e o homem. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1982.
BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente. Rio de Janeiro: Editora
Vozes, 1997.
BARBOSA, F.C. Valores humanos e econômicos. o Paulo: Gráfica e Editora
Abn, 2003. Relatório I.
BARBOSA, F.C. Valores humanos e econômicos. o Paulo: Gráfica e Editora
Abn, 2005. Relatório II.
BASTOS, L.R.; PAIXÃO, L.; FERNANDES, L.M.; DELUIZ, N. Manual para
elaboração de projetos, teses e dissertações. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2003.
BERNARDES, R. O. Gestão de cursos da administração. São Paulo: Editora
Makron Books, 2004.
BERNARDES, R. O.; TACHIZAWA, T.; BARREIROS, A. Gestão ambiental. São
Paulo: Editora Pearson Education, 2003.
CENTRO DE ESTUDOS EM SUSTENTABILIDADE. Sustentabilidade. São Paulo:
FGV. Disponível em <http://www.ces.fgvsp.br/> Acesso em 11/05/2006.
CHURCHIL, G. Criando valor para clientes. São Paulo: Editora Saraiva, 2002.
COBRA, M. Administração de marketing. São Paulo: Editora Atlas, 1996.
COMMONER, B. The Environmental Costs of Economic Growth. New York:
Norton and Company Inc, 1982.
D’AVIGNON, A. Normas ambientais ISO 14000. Rio de Janeiro: Editora CNI,
1996:
DE CICCO, F. A nova norma de gerenciamento e certificação ambiental. São
Paulo, Revista da Administração, v.34, 1994.
DEMAJOROVIC, J. Sociedade de risco e responsabilidade sócio-ambiental. São
Paulo: Editora Senac, 2001.
DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Editora Atlas,
2000.
DINIZ, M.; Trajetórias da qualidade ambiental e do desenvolvimento econômico.
Artigo Acadêmico. Disponível em <http://www.ufpa.br/> Ed.UFPA, setembro 2001.
DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Editora Atlas, 1999.
DRUCKER, P. Administração em tempos de mudança. São Paulo: Editora
Pioneira, 2001.
DRUCKER, P. Desafios gerenciais. São Paulo: Editora Pioneira, 1999.
EYER, C.; LAGE, H. Meio ambiente: Lições e Soluções. São Paulo: Editora
Senac, 2003.
FAVARETO, A. Modernidade, riscos, e meio ambiente. Revista Literária, v. 21.
Campinas: Ed. UNICAMP, maio 2004.
FERREL, O. C. Estratégias de marketing. São Paulo: Editora Atlas, 1998.
GADE, C. A psicologia da comunicação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2000.
GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 1999.
GOLDEMBERG, J. Energia no Brasil. Ministério de Minas e Energia Revista
Balanço Energético, Brasília, v. 30. set. 2001.
GOLDEMBERG, J.; The Brazilian Energy Initiative. UNDP - United Nations
Development Programme. Department of Economic and Social Affairs and World
Energy. Nova York: Jul. 2002.
GOLDEMBERG, J.; VILLANUEVA, L. Energia, meio ambiente e desenvolvimento.
São Paulo: Editora Edusp, 2004.
GRAYSON, D.; HODGES, A. Everyboy's business. Editora EPPA, 2002.
GREG, H. ISO 9001: sistema de gestão da qualidade para operações de
produção e serviços. São Paulo: Editora Atlas, 2000.
GREG, H. ISO 9001: um guia completo para o registro. São Paulo: Editora
Makron Books, 2001.
GRUNEBERG, E. Indicadores ambientais como instrumento para a gestão de
desempenho ambiental. São Paulo: Editora Universidade São Francisco.
Disponível em: <http://www.jornaldomeioambiente.com.br/> Acesso em: 02/01/06.
INSTITUTO AMBIENTE BRASIL. Disponível em: <http:
//www.ambientebrasil.com.br/>. Acesso em: 11/09/2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL E DIREITO
AMBIENTAL. Disponível em: <http:// www.ibps.com.br/> Acesso em: 31/05/2006.
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO GERENCIAL. Disponível em:
<http://www.indg.com.br/> Acesso em 02/05/2006.
INSTITUTO ETHOS DE PESQUISA APLICADA E RESPONSABILIDADE
SOCIAL. Disponível em: <http: //www.ethos.com.br/> Acesso em: 20/04/2005.
JOHANSSON, T. B.; WILLIAMS, R. H. Energy for the new millennium. U.S.A.:
Ambio, 2001.
JÖHR, H. O verde é o negócio. São Paulo: Editora Saraiva, 1994.
KEEGAN, W. J. Marketing global. São Paulo: Editora Pearson Education, 2005.
KOTLER, P. Administração de marketing. São Paulo: Editora Atlas, 1998.
KOTLER, P. Marketing para o século XXI. São Paulo: Editora Futura, 1999.
KUZNETS, S. S.; Economic growth and income inequality. American Economic
Review, U.S.A. v. 45. 1995.
LEWIS, W. The power of productivity: wealth, poverty, and the threat to global
stability. Chicago (USA): Editora UCP, 2004.
LUDKE, M.; MARLI, A. A pesquisa qualitativa. São Paulo: Editora EPU, 1996.
MACKENNA, R. Marketing de relacionamento. Rio de Janeiro: Editora Campus,
1993.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica de
pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2001.
MARTINS, F.A. A conciliação da necessidade e da liberdade. Revista Jurídica, v.
9. Brasília: Editora UNB, 1997.
MAY, P. H.; LUSTOSA, M. C.; VINHA, V. A economia do meio ambiente. São
Paulo: Editora Esevier Campus, 2003.
MC DONALD, M. Plano de marketing. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2004.
MELLO, C. S.; CAVALCANTI, Y. Gestão ambiental: Planejamento, avaliação,
implantação, operação e verificação. Rio de Janeiro: Editora Thex, 2000.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Disponível em: <http:
//www.mct.gov.br/>. Acesso em: 17.04.2006.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO. Disponível
em: <http: //www.mdic.gov.br/>. Acesso em: 18/08/2004.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: <http: //www.mma.gov.br/> .
Acesso em: 28/03/2005.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO / FUNDACENTRO. Disponível em:
<http: www. fundacentro. gov. br/>. Acesso em: 22/06/2005.
MIRANDA, E. E.; Natureza, conservação e cultura: Ensaio sobre a relação
homem-natureza. São Paulo: Editora Metalivros, 2003.
MORAES, D. Uma outra comunicação. São Paulo: Editora Saraiva, 1999.
MOREIRA, M. S. Estratégia do meio ambiente. São Paulo: Editora. D&G, 2001.
MUCKIAN, M. MBA em marketing. São Paulo: Editora Makron Books, 2002.
OLIVEIRA, D. Planejamento estratégico. São Paulo: Editora Atlas, 2001.
OLIVEIRA, L. L.; JUNIOR, S. P. O Desenvolvimento sustentável e a contribuição
dos recursos naturais: A relação entre a economia e o meio ambiente. Rio Grande
do Sul: Editora UFRGS, 2002.
OTTMAN, J.A. Green marketing: challenges and opportunities for the new
marketing age. New York: NTC Business Books, NTC Publishing Group, 1993.
PAES, D. E. A; JOSMAR, C. A extinção do arco-íris: Ecologia e história.
Campinas: Editora Papirus, 1988.
PEREIRA, J. C. R. Análise de dados qualitativos: estratégicas metodológicas para
as ciências da saúde, humanas e sociais. São Paulo: Editora EDUSP/FAPESP,
1999.
PETRONI, L. M.; AGUIAR, A. Câmaras ambientais: parcerias entre empresas. In:
ENCONTRO NACIONAL DE GESTÃO EMPRESARIAL E MEIO AMBIENTE, 6,
2006, o Paulo. Anais... São Paulo. Disponível em:
<http://www.aguiar.eng.com.br/> Acesso em 12/05/2006.
PHILIP, A; MOLLER, B. Gestão: A empresa e a sustentabilidade de seu
desenvolvimento. São Paulo: Editora RG, 2000.
POLEDNA, S. R. C. Marketing verde: Um instrumento de competitividade ou
sobrevivência? Artigo acadêmico. Disponível em <http://www.ufrgs.br/> Ed.
UFRGS, outubro 2004.
PORTER, M. Estratégia competitiva. São Paulo: Editora Campus, 2000.
REIS, M. L. ISO 14.000 Gerenciamento ambiental: Um novo desafio para a sua
competitividade. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 1995.
REVISTA ELETRÔNICA ISTO É DINHEIRO. Onde investir? Portal Terra
disponível em:http://www.terra.com.br/istoedinheiro/onde_investir/ranking_papeis/
Acesso em: 12/3/06.
ROBLES, J. Custos da qualidade: Aspectos econômicos da gestão da qualidade e
do meio ambiente. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
ROMEIRO, A. R.; Globalização e o meio ambiente: Tema de reflexão. Campinas:
Unicamp, v. 91. nov. 1999.
ROSA, J. Roteiro do planejamento estratégico. São Paulo: Editora Síntese, 1998.
SANTANA, A. Propaganda, teoria e prática. São Paulo: Editora Atlas, 1998.
SCHEWE, C. Marketing ambiental: conceitos e aplicações. São Paulo: Editora
McGraw-Hill, 1999.
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível
em: <http: //www. ambiente. sp. gov.br/>. Acesso em: 21/06/2005.
SHIVA, V. A pilhagem da natureza e do conhecimento. Petrópolis: Editora Vozes,
2001.
SILVA, C. Gestão empresarial e o meio ambiente. In: ENCONTRO NACIONAL
SOBRE O MEIO AMBIENTE, 5, 1999. São Paulo. Anais... São Paulo: Editora
Plêiade, 1999.
SILVA, E. S.; SOUZA, M. C. Prática da intervenção-ação. São Paulo: Editora
Cortez, 1984.
SILVEIRA, T. Meio ambiente um bom negócio. São Paulo: Editora Tocalino, 2001.
SILVEIRA, S.; REIS, L. B. A energia para o desenvolvimento sustentável:
Introdução de uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora Edusp, 2004.
THIOLLENT M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Editora Cortez, 1986.
TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século XXI. São Paulo: Editora Sextante, 2003.
VALÉRIO, J. Marketing ambiental. Belo Horizonte: Editora UBH, 2002.
VEIGA, J. O meio ambiente e a sociedade. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM MEIO AMBIENTE, 2, 2004,
Campinas. Anais... Campinas, maio 2004.
VIANA, G. A; DINIZ, M. O desafio da sustentabilidade. Um debate socioambiental
no Brasil. Editora Perseu Abramo, 2003.
VIRTUOSO, J. C. Gestão ambiental. Revista Espaço Acadêmico, São Paulo, v.
38, julho 2004.
REVISTA ELETRÔNICA UBS INVESTOR’S GUIDE. Wealth management
research. Disponível em <http://www.ubs.com/>. Ed. abril 2006
WEBER, P. S. A questão ambiental. Revista Sanare, Rio de Janeiro v. 12. dez.
1999.
ANEXOS
ANEXO A
Lista de normas da série ISO-14000 publicadas e a publicar
Designação Ano de
Publicação
Título
ISO 14001 1996
Sistema de Gestão Ambiental – Especificação com Diretrizes para Uso.
ISO 14004 1996
Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais Sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio.
ISO 14010 1996
Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios Gerais.
ISO 14011 1996
Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de Auditoria – Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental.
ISO 14012 1996
Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios para Qualificação de Auditores Ambientais.
ISO/WD 14015 2001 Avaliação Ambiental de Sites e Entidades.
ISO 14020
1998
Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios Gerais I
ISO/DIS 14021 1999
Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios Gerais II
Declaração Ambiental.
ISO/FDIS 14024 1998
Rótulos e Declarações Ambientais – Declarações Ambientais Tipo I – Diretrizes de Princípios e Procedimentos.
ISO 14012 1996 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios para Qualificação de Auditores Ambientais.
ISO/WD 14015 2001
Avaliação Ambiental de Sites e Entidades.
ISO 14020 1998
Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios Gerais.
ISO/DIS 14021
1999 Rótulos e Declarações Ambientais – Auto Declaração Ambiental.
ISO/FDIS 14024 1998 Rótulos e Declarações Ambientais – Declarações Ambientais Tipo I – Diretrizes de Princípios e Procedimentos.
ISO/WD/TR 14025 A Publicar Rótulos e Declarações Ambientais - Declarações Ambientais Tipo III – Diretrizes de Princípios e Procedimentos.
82
Designação Ano de
Publicação
Título
ISO/FDIS 14031 1999 Gerenciamento Ambiental – Avaliação do Desempenho Ambiental – Diretrizes.
ISO/TR 14032 1999 Gerenciamento Ambiental – Avaliação do Desempenho Ambiental – Estudo de Caso Ilustrando do Uso da ISO 14031.
ISO 14040 1997
Gerenciamento Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Princípios e Estrutura.
ISO 14041 1998
Gerenciamento Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Definição dos Objetivos, Escopo e Análise do Inventário.
ISO/CD 14042 1999
Gerenciamento Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Avaliação do Impacto do ciclo de Vida.
ISO/DIS 14043
1999 Gerenciamento Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Interpretação do Ciclo de Vida.
ISO/TR 14048 1999 Gerenciamento Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Forma da Documentação de Dados da Análise do Ciclo de Vida.
ISO/TR 14049 1999 Gerenciamento Ambiental – Análise do Ciclo de Vida – Exemplos para Aplicação da ISO 14041.
ISO 14050 1998
Gerenciamento Ambiental – Vocabulário.
ISO/TR 14061
1998 Informações para Orientar Organizações Florestais no Uso das Normas de Sistema de Gerenciamento Ambiental ISO
14001/04.
ISO 14063 A Publicar
Informações sobre Comunicação – Critérios e Diretrizes.
ISO Guide 64
1997 Diretrizes para Inclusão de Aspectos Ambientais em Normas de Produtos.
Fonte: Adaptado de ISO, 2001.
CD – Committee Draft
DIS – Draft International Standard
FDIS – Final Draft International Standard
TR – Technical Report
NWIP – New Work Item Proposal
83
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo