Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
AÇÃO DO DIMETILSULFÓXIDO E DA DEXAMETASONA NOS
PARÂMETROS DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO E NA
PERMEABILIDADE DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA DE
BOVINOS
Augusto Ricardo Coelho Moscardini
Orientador: Prof. Dr. José Renato Junqueira Borges
GOIÂNIA
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
AUGUSTO RICARDO COELHO MOSCARDINI
AÇÃO DO DIMETILSULFÓXIDO E DA DEXAMETASONA NOS
PARÂMETROS DO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO E NA
PERMEABILIDADE DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA DE
BOVINOS
Dissertação apresentada para obtenção
do grau de Mestre em Ciência Animal
junto à Escola de Veterinária da
Universidade Federal de Goiás
Área de Concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia
Orientador:
Prof. Dr. José Renato Junqueira Borges – FAV/UnB
Comitê de Orientação:
Prof. Dr.Luiz Antonio Franco da Silva – EV/UFG
Prof. Dr.Dirson Vieira – EV/UFG
GOIÂNIA
2007
ads:
iii
AUGUSTO RICARDO COELHO MOSCARDINI
Dissertação defendida e aprovada em 24 de março de 2007, pela
seguinte Banca Examinadora:
________________________________________________________________
Prof. Dr. José Renato Junqueira Borges – FAV/UnB
Presidente da Banca
________________________________________________________________
Prof. Dr. Márcio Botelho de Castro – FAV/UnB
________________________________________________________________
Prof. Dr. Maria Clorinda Soares Fioravante – EV/UFG
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais Marcos Antônio e Maria das Dores pelo apoio em todos os
momentos. Ao orientador e amigo Professor José Renato Junqueira Borges pelo
conhecimento compartilhado, companheirismo, paciência e dedicação empregados
nesse e em tantos outros trabalhos. Ao membro do comitê de orientação Professor
Luiz Antônio Franco da Silva pelos ensinamentos e confiança depositados em tão
pouco tempo de convivência, exemplo de dignidade e trabalho constantes. Ao outro
membro do comitê de orientação Professor Dirson Vieira que revisou pacientemente
o projeto contribuindo enormemente para o experimento e para a conclusão do
trabalho. Á Grazieli Marinheiro pelo companheirismo, realização das contagens
celulares, organização dos materiais, confecção e coloração das lâminas e auxílio
em toda parte laboratorial realizada na Universidade de Brasília. À equipe ECRB
(Equipe de contenção rápida de bezerros): Ernane de Paiva, Guilherme Carneiro,
Grazieli Marinheiro, João Gabriel, Rômulo Peixoto, Senhor Viteli (pai do Rômulo),
Denise Caldeira, Ronan Sakayo, Tiago Paim e Renato Bizinoto. Essas pessoas
desenvolveram papel crucial na parte mais importante do trabalho, sempre com
paciência. A contenção foi realizada com energia e perfeição. Á equipe da Fazenda
Água Limpa-UnB, aos vaqueiros Miltão e Miltinho e ao Professor José Mauro Diogo
por ceder o espaço e os animais para a realização do experimento. Ao Laboratório
de Patologia Clínica Veterinária da UnB na pessoa da Professora Giane Regina
Paludo onde foram realizadas análises de proteína, contagem celular e coloração de
lâminas. Aos grandes amigos Lucas Jacomini Abbud e Gustavo Lage Costa pelo
companheirismo, presteza e receptividade enquanto estive em Goiânia, essas duas
pessoas também fizeram parte desse trabalho. Ao Laboratório de Patologia Clínica
Veterinária da UFG na pessoa da Professora Maria Clorinda Soares Fioravanti que
colocou desde o início toda estrutura do laboratório a disposição para realização do
trabalho. Ao amigo Sr. Jesus Jácomo Manzan pelos conselhos e conversas sempre
proveitosas durante as visitas ao Sítio São Francisco de Assis. Ao Laboratório de
Análises Clínicas do HUB (Setor de Análises Bioquímicas) principalmente ao
bioquímico Robério que sempre me atendeu e auxiliou com muito paciência e
v
presteza durante toda a fase experimental. Ao Professor Antônio Raphael Teixeira
Neto pela amizade, revisão do trabalho, e sugestões que sempre contribuíram para
melhor. Aos eternos irmãos Eduardo Fonseca (Aparício) e Renato Ferreira II
(Renatinho Diagonóstico) pelos anos que trabalhamos juntos e lutamos lado a lado.
Os ideais e a forte amizade que nos une são inabaláveis. Ao Professor Paulo
Henrique Jorge Cunha (e mais uma vez ao Professor José Renato) com os quais
cruzei pela primeira vez a porteira de uma fazenda com o olhar de Médico
Veterinário de grandes animais. Seus ensinamentos são e serão válidos sempre na
minha vida profissional e particular. Aos amigos Cap. Moreira e Rodrigo França. Á
FINATEC-DF que forneceu apoio financeiro para aquisição do material utilizado no
trabalho. Á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pelo fornecimento da bolsa de estudos durante o curso. Ao Programa de Pós-
graduação em Ciência Animal – UFG pelo auxílio na aquisição do material e pela
organização com a qual trata o programa de pós-graduação em ciência animal. À
empresa MARCOLAB Trajetória Farmacêutica, Coméstica e Veterinária LTDA pelo
fornecimento das medicações utilizadas no trabalho. Aos amigos da turma de
mestrado 2005/UFG. Obrigado a todos.
vi
Quem só fala, por mais que diga é esquecido
quando cala. Quem escreve, não. As palavras
ficam nas páginas coladas, fechadas, se
significando umas com as outras. Enquanto durar
o papel e o olho leitor, ficarão por aí, palpitando,
esperando, dizendo, entendendo.
Darcy Ribeiro
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................2
2.1 Líquido cefalorraquidiano........................................................................................2
2.1.1 Celularidade.........................................................................................................2
2.1.2 Exames Bioquímicos no LCR..............................................................................3
a) Concentração de glicose..........................................................................................3
b) Níveis de proteína ...................................................................................................4
c) Eletrólitos no LCR.....................................................................................................5
d) Determinações enzimáticas no LCR .......................................................................6
2.2 Barreira hematoencefálica .....................................................................................8
2.3 Medicamentos utilizados na terapia das doenças do sistema nervoso................10
2.3.1 Dimetilsulfóxido..................................................................................................10
2.3.2 Dexametasona...................................................................................................13
3 OBJETIVOS ............................................................................................................14
3.1 Objetivo geral........................................................................................................14
3.2 Objetivo específico...............................................................................................14
4 MATERIAL e MÉTODOS ........................................................................................15
4.1 Administração de medicamentos.........................................................................15
4.2 Colheita de líquido cefalorraquidiano ...................................................................16
4.3 Colheita de sangue...............................................................................................17
4.4 Análise do líquido cefalorraquidiano.....................................................................18
4.5 Análise do soro ....................................................................................................18
4.6 Análise estatística ................................................................................................19
5 RESULTADOS e DISCUSSÃO................................................................................20
5.1 Contenção e colheita de LCR...............................................................................20
5.2 Celularidade .........................................................................................................21
5.3 Proteínas totais liquóricas, albumina sérica e quociente de albumina..................24
5. 4 Eletrólitos no LCR ..............................................................................................28
5.5 Creatinaquinase e lactatodesidrogenase no LCR ................................................32
5.6 Glicemia e glicorraquia..........................................................................................35
6 Conclusões .............................................................................................................40
7 REFERÊNCIAS........................................................................................................41
ANEXOS.....................................................................................................................46
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Médias e desvios padrões das contagens de hemácias do LCR nos
momento 0 e após cada um dos tratamentos (T) nos grupos SF, DX e
DM..............................................................................................................23
Figura 2 Médias e desvios padrões das contagens de leucócitos do LCR nos
momento 0 e após cada um dos tratamentos (T) nos grupos SF, DX e
DM..............................................................................................................23
Figura 3 Médias e desvios padrões dos níveis de albumina sérica nos animais antes
(0) e após tratamentos (T), nos grupos SF, DX e DM................................25
Figura 4 Médias e desvios padrões dos níveis de proteína total liquórica nos animais
antes (0) e após tratamentos (T), nos grupos SF, DX e DM......................25
Figura 5 Médias e desvios padrões dos quocientes de albumina nos animais antes
(0) e após tratamentos (T), nos grupos SF, DX e DM................................26
Figura 6 Médias e desvios padrões dos valores liquóricos de cloro nos animais antes
(0) e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM................................28
Figura 7 Médias e desvios padrões dos valores liquóricos de potássio nos animais
antes (0) e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM.......................29
Figura 8 Médias e desvios padrões dos valores liquóricos de sódio nos animais
antes (0) e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM.......................30
Figura 9 Médias e desvios padrões dos níveis liquóricos de CK nos animais antes (0)
e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM.......................................33
Figura 10 Médias e desvios padrões dos níveis liquóricos de LDH nos animais antes
(0) e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM..............................33
Figura 11 Médias e desvios padrões dos teores séricos de glicose nos animais antes
(0) e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM................................37
Figura 12 Médias e desvios padrões da glicorraquia nos animais antes (0) e após
tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM.................................................37
Figura 13 Médias e desvios padrões dos percentuais de glicorraquia em relação a
glicemia nos animais antes (0) e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e
DM..............................................................................................................38
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Médias e desvios padrões das contagens de hemácias e leucócitos do LCR
nos momento 0 e após cada um dos tratamentos (T)...............................22
Tabela 2 Médias e desvios padrões dos níveis de proteína total liquóricas, albumina
sérica e quociente de albumina no momento 0 e após cada um dos
tratamentos (T)...........................................................................................24
Tabela 3 Médias e desvios padrões das concentrações de eletrólitos do LCR nos
grupos SF (solução de NaCl 0,9% estéril), DX (dexametasona) e DM
(DMSO) antes e após os tratamentos........................................................28
Tabela 4 Médias e desvios padrões das concentrações de CK no LCR dos grupos SF
(solução de NaCl 0,9% estéril), DX (dexametasona) e DM (DMSO) antes e
após os tratamentos..................................................................................32
Tabela 5 Médias e desvios padrões das concentrações de glicose no LCR, no soro e
percentual de glicorraquia em relação a glicemia dos grupos SF (solução
de NaCl 0,9% estéril), DX (dexametasona) e DM (DMSO) antes e após os
tratamentos.................................................................................................36
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Comparação entre característica dos endotélios da barreira
hematoencefálica e endotélio dos capilares sistêmicos..........................10
Quadro 2 Valores da contagem de hemácias e leucócitos no LCR dos animais do
Grupo SF (controle) nos momentos 0 e após o tratamento........................46
Quadro 3 Valores da contagem de hemácias e leucócitos no LCR dos animais do
Grupo DX (tratados com dexametasona) nos momentos 0 e após o
tratamento.................................................................................................46
Quadro 4 Valores da contagem de hemácias e leucócitos no LCR dos animais
do Grupo DM (tratados com DMSO) nos momentos 0 e após o
tratamento. ...............................................................................................46
Quadro 5 Níveis de proteína total liquórica e albumina sérica dos animais do Grupo
SF (controle) nos momentos 0 e após o tratamento. .................................47
Quadro 6 Níveis de proteína total liquórica e albumina sérica dos animais do Grupo
DX (tratados com dexametasona) nos momentos 0 e após o
tratamento..................................................................................................47
Quadro 7 Níveis de proteína total liquórica e albumina sérica dos animais do Grupo
DM (tratados com DMSO) nos momentos 0 e após o
tratamento..................................................................................................47
Quadro 8 Níveis de sódio, potássio e cloro no LCR dos animais do Grupo SF
(controle) nos momentos 0 e após o tratamento........................................48
Quadro 9 Níveis de sódio, potássio e cloro no LCR dos animais do Grupo DX
(tratados com dexametasona) nos momentos 0 e após o tratamento........48
Quadro 10 Níveis de sódio, potássio e cloro no LCR dos animais do Grupo DM
(tratados com DMSO) nos momentos 0 e após o tratamento....................48
Quadro 11 Níveis de CK e LDH no LCR dos animais do Grupo SF (controle) nos
momentos 0 e após o tratamento...............................................................49
Quadro 12 Níveis de CK e LDH no LCR dos animais do Grupo DX (tratados com
dexametasona) nos momentos 0 e após o tratamento...............................49
Quadro 13 Níveis de CK e LDH no LCR dos animais do Grupo DM (tratados com
DMSO) nos momentos 0 e após o tratamento...........................................49
xi
Quadro 14 Glicemia e glicorraquia dos animais do Grupo SF (controle) nos
momentos 0 e após o tratamento...............................................................50
Quadro 15 Glicemia e glicorraquia dos animais do Grupo DX (tratados com
dexametasona) nos momentos 0 e após o tratamento...............................50
Quadro 16 Glicemia e glicorraquia dos animais do Grupo DM (tratados com DMSO)
nos momentos 0 e após o tratamento........................................................50
xii
RESUMO
Os fármacos usualmente utilizados no tratamento de lesões do sistema nervoso em
ruminantes muitas vezes não têm apresentado bons resultados. Apesar de ser uma
droga ainda pouco estudada, o dimetilsulfóxido (DMSO) tem sido utilizado no
tratamento das doenças do sistema nervoso em grandes animais. O trabalho avaliou
a influência do DMSO na permeabilidade da barreira hematoencefálica e nos
parâmetros do líquido cefalorraquidiano (LCR) de bovinos mestiços, jovens e sadios,
comparando esses valores aos de animais tratados com dexametasona. 21 animais
foram divididos em grupos de sete bezerros formando um grupo controle, tratado
apenas com solução de NaCl 0,9%, grupo DX, tratado com dexametasona e grupo
DM tratado com DMSO. Os medicamentos foram administrados por via endovenosa.
Foram realizadas duas colheitas de sangue e LCR (antes e depois dos tratamentos)
respeitando-se um intervalo de 15 dias. A colheita de LCR foi realizada no espaço
atlanto-occipital. Foram medidos os quocientes de albumina (pela divisão da proteína
total do LCR/ albumina sérica) após a administração de dimetilsulfóxido e de fosfato
sódico de dexametasona. O trabalho também avaliou a contagem celular,
parâmetros bioquímicos (glicose, proteínas, cloro, potássio e sódio) e enzimáticos
(lactatodesidrogenase- LDH e creatinaquinase-CK) no LCR após administração
endovenosa de DMSO e dexametasona. Os níveis de sódio, cloro e glicose no LCR
após o tratamento com DMSO estavam aumentados significativamente. Valores de
LDH estavam aumentados na segunda colheita (após os tratamentos) em todos os
grupos, inclusive no controle. O tratamento com dexametasona se mostrou mais
eficiente na abertura da barreira hematoencefálica a proteínas, pois o grupo de
animais tratados com esse fármaco apresentou aumento nos valores de proteína
total do LCR e no quociente de albumina. O DMSO e a dexametasona podem ter
causado uma pequena irritação no tecido encefálico, uma vez que os valores de
creatinaquinase no LCR dos bovinos estavam aumentados após o tratamento no
grupo DX e DM. A contagem celular de hemácias no grupo tratado com DMSO
também se mostrou superior, confirmando essa teoria. O aumento da LDH liquórica
nos animais de todos os grupos mostrou que a colheita de LCR no espaço atlanto-
xiii
occipital pode ter causado traumatismo na dura-máter ou no tecido encefálico
durante a colheita.
Palavras-chave: antiinflamatório, DMSO, líquor, proteína, sistema nervoso.
xiv
ABSTRACT
The ruminat medicines, usually, using in the treatment of nervous system insult in the
most of the time don’t present nice result. The dimethylsulfoxide (DMSO), in spite of
this drug have a little study, has used in the treatment of nervous system disease in
large animal load. This study evaluated DMSO influence in blood brain barrier
permeability and in cerebrospinal fluid (CSF) parameters of half-breed, younger and
healthy bovine. The values of these exams were compared between of animal treaty
with dexametasone. Twenty-one animals were divided in groups of seven calves that
made the control group, treated only with saline solution (NaCl 0,9%), DX group,
dexametasone treatment and DMSO group where the animals were treated with
dimethylsulfoxide. The medications were realized in venous injection. Two blood and
two cerebrospinal fluid samples were collected (before and later of the treatments)
after fifteen days of interval. The cerebrospinal fluid was collected from the
cerebellomedullary cistern. The albumin quotients were measured for the division of
the total protein of CSF and serum albumin after dimethylsulfoxide and
dexametasone administration. This work also evaluates cellular counting,
biochemistries parameters (glucose, proteins, chlorine, potassium and sodium) and
enzymatics parameters (lactate dehydrogenase and creatinine phosphokinase) in the
CSF after venous administration of DMSO and dexametasone. The sodium, glucose
and chlorine levels in CSF after DMSO treatment were increased significantly. The
values of lactate dehydrogenase were enlarged on the second collected (after the
treatment) in all of groups, besides in the control group. The dexametasone treatment
showed more efficient in the blood brain barrier opening to the proteins, because the
animals treated with this drug present increase total protein value in cerebrospinal
fluid and in the albumin quotient.
Key-words: antiinflammatory, cerebrospinal fluid, DMSO, nervous system, proteins.
1 INTRODUÇÃO
O tratamento de doenças do sistema nervoso apresenta algumas
particularidades pelo fato do tecido nervoso do encéfalo e o da medula espinhal não
se regenerarem, bem como pela impermeabilidade da barreira hematoencefálica a
muitos antibióticos. O tratamento das infecções do sistema nervoso é limitado pela
existência da barreira hematoencefálica e hematoliquórica, que evitam a penetração
de substâncias dentro do sistema nervoso ou no líquido cefalorraquidiano
(RADOSTITS, 2002).
Os fármacos usualmente utilizados no tratamento das injúrias do sistema
nervoso em ruminantes, muitas vezes, não apresentam bons resultados. Apesar de
ser uma droga ainda pouco estudada, o dimetilsulfóxido (DMSO) tem sido muito
empregado no tratamento de traumatismos e quaisquer outras doenças que levem a
inflamação no tecido nervoso dos grandes animais. O elevado potencial
antiinflamatório e a capacidade de penetração no sistema nervoso central
representam algumas das justificativas para o seu uso freqüente. A possibilidade do
dimetilsulfóxido alterar a permeabilidade da barreira hematoencefálica necessita de
estudo adicional (JACOB, 2006). O efeito desse fármaco em aumentar a
permeabilidade nos capilares encefálicos é controverso (ZIYLAN et al., 1988).
O estudo da ação do DMSO no sistema nervoso dos bovinos e sua
comparação com o fosfato sódico de dexametasona, droga mais utilizada para
terapias do sistema nervoso em animais de produção, são de grande importância
para justificar ou não sua utilização nos casos de injúria nesses tecidos, além de
verificar se esse fármaco pode realmente facilitar a passagem de outros compostos
para o sistema nervoso central. O aumento do quociente de albumina ou a simples
passagem de proteínas para o líquido cefalorraquidiano pode ajudar a esclarecer o
uso do dimetilsulfóxido na terapia das doenças do sistema nervoso central em
ruminantes. A verificação da passagem de outros compostos como enzimas, glicose
e eletrólitos após o tratamento, também podem ajudar a esclarecer a efetividade no
dimetilsulfóxido em modificar a permeabilidade dessa estrutura.
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Líquido cefalorraquidiano
O líquido cefalorraquidiano (LCR) protege e nutre o parênquima,
mantendo ainda a homeostasia regional. O LCR tem importância na regulação da
pressão intracraniana, e serve ainda como um tampão químico para o sistema
nervoso central, pelo auxílio que presta à manutenção das concentrações iônicas em
níveis adequados (COLES, 1984).
O LCR é formado em sua maior parte no plexo coróide dos ventrículos
laterais pela filtração do plasma a por transporte ativo de substâncias através da
barreira hematoencefálica. O LCR no sistema ventricular flui caudal e difusamente
pela abertura lateral do quarto ventrículo e circula ao redor do cérebro e medula
espinhal. A presença do LCR no espaço subaracnóideo separa o cérebro e a
medula do osso do crânio e vértebras, reduzindo traumas no delicado tecido nervoso
e removendo produtos do metabolismo cerebral (SCOTT, 2004).
É possível ao clínico veterinário obter o LCR e utilizar o resultado dos
exames laboratoriais como apoio no diagnóstico diferencial das doenças do sistema
nervoso central. A colheita e o exame do LCR estão indicados sempre que haja
evidência clínica de enfermidade do sistema nervoso central. Ocasionalmente, a
avaliação do LCR pode ter utilidade como um método prognóstico para a evolução
da doença e para acompanhamento da resposta ao tratamento (COLES, 1984).
2.1.1 Celularidade
O LCR normal contém menos de cinco leucócitos por microlitro. Um
aumento no número de células nucleadas pode ser resultado de uma lesão ou
inflamação das meninges, cérebro ou medula espinhal (COLES, 1984).
No LCR normal, estão contidas quase que exclusivamente células
mononucleares (linfócitos – 60% a 80% e monócitos – 20% a 40%). O LCR de
pacientes com necrose cerebrocortical ou listeriose, demonstram, ao lado de uma
3
pequena parte de linfócitos, mais monócitos (40% a 80%) e poucos granulócitos
neutrofílicos. Processos purulentos como abscesso cerebral ou medular e
meningoencefalomielites sépticas, provocam aumento celular constituído quase que
exclusivamente de neutrófilos (STÖBER, 1993). A observação de neutrófilos é com
freqüência um sinal de infecção bacteriana ou piogênica (COLES, 1984).
2.1.2 Exame bioquímico no LCR
a) Concentração de glicose
A glicose não é uma substância lipossolúvel e por isso necessita de
transporte ativo para atingir o LCR e o tecido nervoso. A proteína transportadora de
glicose da membrana das células da barreira hematoencefálica é a GLUT 1 que
consiste em 492 aminoácidos e tem 12 domínios transmembrânicos (LATERRA &
GOLDSTEIN, 1991).
A concentração de glicose no LCR se iguala aproximadamente em 60% a
70% dos níveis desse açúcar no sangue. Em animais sadios, os valores de glicose
no LCR oscilam entre 40mg/dL a 80mg/dL. A glicorraquia depende da glicemia, da
permeabilidade da barreira hematoencefálica e da presença ou ausência de
microorganismos glicolíticos. O fluxo de glicose no LCR depende de uma
concentração de glicose relativamente maior no plasma (LATERRA & GOLDSTEIN,
1991; COLES, 1984). Quando a concentração de glicose no sangue é baixa,
rapidamente o transporte através da barreira é aumentado, quando a glicemia está
alta, o transporte é freado. Sendo assim, a concentração de glicose do LCR depende
da glicemia (ROSENBERG, 1990).
A técnica utilizada para detecção de glicose no LCR é a mesma utilizada
para determinação desse componente no sangue (COLES, 1984). A concentração
média de glicose no LCR de dez bovinos jovens mestiços foi de 45,55mg/dl com
valor máximo de 77,34mg/dl e mínimo de 13,27mg/dl (ARAÚJO, 2003).
4
b) Níveis de proteína
A albumina é a proteína plasmática de menor peso molecular (69.000PM).
Por ser a menor dessas moléculas, é também a primeira a escapar da corrente
sanguínea, caso a permeabilidade das paredes capilares seja aumentada, em
condições como processos inflamatórios. A albumina constitui 40% a 60% da
concentração total de proteínas séricas e sua concentração normal no sangue na
espécie bovina é de 3,2g/dL. A γ-globulina é a principal imunoglobulina presente no
LCR apesar de estar presente em baixíssimas quantidades (COLES, 1984).
No LCR normal, os níveis de proteínas são extremamente baixos (12-
40mg/dL) consistindo quase inteiramente de albumina, já que é um ultrafiltrado do
plasma (MAYHEW & BEAL, 1980; COLES, 1984). FISHMAN (1992) estima que o
percentual de albumina do LCR em relação ao valor da proteína total é de 50%-70%
e que a γ-globulina tem níveis muito baixos nesse fluido (5%-12%).
A concentração total de proteína no LCR aumenta, tanto nas doenças
inflamatórias como nas não inflamatórias do sistema nervoso central. As globulinas
constituem a fração de maior interesse, por elevarem-se nos estados patológicos
(COLES, 1984). ARAÚJO (2003) estudando valores médios de LCR normal em
bezerros mestiços encontrou um valor médio de proteína total nesse fluido de
20,77mg/dl.
Alterações nos níveis de proteína do LCR podem ser classificadas em três
grandes categorias conforme SORJONEN (1987):
- Distúrbio da barreira hematoencefálica (aumento do quociente de albumina ou
aumento da concentração de albumina no LCR);
- Produção intratecal de imunoglobulinas com decréscimo na porcentagem de
albumina;
- As duas condições juntas.
O quociente de albumina (concentração de albumina no LCR dividido pela
concentração sérica de albumina) é o mais preciso indicador de disfunção da barreira
hematoencefálica (SCOTT, 2004).
5
Embora o LCR tenha mais cloretos que o sangue, a quantidade de
proteínas é muito menor que a existente no plasma (MACHADO, 2002A). A
contaminação do LCR com sangue durante a colheita pode aumentar a concentração
de proteína nesse fluido, mas apenas em contagens de eritrócitos acima de 2000 /µl
isso pode ocorrer (SCOTT, 2004).
c) Eletrólitos no LCR
Canais iônicos específicos e transportadores iônicos promovem o
movimento de eletrólitos através da barreira hematoencefálica. A existência de
trocadores luminais Na
+
/H
+
e Cl
-
/HCO
-
3
ainda não está bem esclarecida. A membrana
externa das células endoteliais encefálicas têm uma concentração relativamente alta
de Na
+
-K
+
-ATPase, que troca o K
+
extracelular com o Na
+
intracelular com gasto de
energia. Em conjunto com os canais de K
+
dos astrócitos, essa bomba, localizada na
parede externa do lúmen, pode ter um papel importante na remoção do K
+
extracelular liberado durante a intensa atividade neuronal (LATERRA & GOLDSTEIN,
1991).
Os métodos empregados na determinação dos níveis de cloreto do LCR
são análogos aos processos de avaliação do eletrólito no sangue. O nível normal
desse elemento no LCR de animais domésticos oscila entre 650 a 850mg/dL. Os
valores de cloreto estão reduzidos nos episódios de meningite e há uma relação
inversa entre seus valores e os de proteínas totais (COLES, 1984). Distúrbios de
osmolaridade do líquido extracelular do sistema nervoso e perturbações do equilíbrio
hidroeletrolítico e ácido-base são os principais fatores de variações na concentração
liquórica deste íon (MELO et al., 2003). Os valores médios de cloretos no LCR de
bezerros holandeses são de 123mEq/L (JEAN et al., 1997). A concentração de cloro
no LCR de dois animais com encefalite viral por herpesvírus bovino-5 foi de
305mEq/L e 216mEq/L; nesse mesmo experimento, bovinos com raiva,
polioencefalomalácia e abscesso compressivos no sistema nervoso central
permaneceram com valores desse eletrólito liquórico inferiores a 150mEq/L
(ALBUQUERQUE et al., 2005).
6
Há poucas informações sobre os níveis de outros eletrólitos (Na
+
e K
+
) no
LCR dos animais domésticos (COLES, 1984). O valor normal em humanos do teor
de sódio no LCR é de 138mEq/L bem próximo ao teor desse mesmo eletrólito
encontrado no soro nessa espécie. Valores de potássio permanecem em torno de
2,8mEq/L (FISHMAN, 1992). Durante a privação de água, os níveis de sódio no LCR
de animais podem atingir 160mEq/L a 200mEq/L (LUTTGEN, 1989).
d) Determinações enzimáticas no LCR
Os aumentos nas atividades enzimáticas do LCR podem indicar lesão no
tecido encefálico ou alteração da permeabilidade na barreira hematoencefálica
porém, as determinações enzimáticas no LCR não foram completamente
compreendidas (MAYHEW & BEAL, 1980; COLES, 1984). Os níveis liquóricos de
creatinaquinase (CK), lactatodesidrogenase (LDH) e aspartato aminotransferase
(AST) estão aumentados no LCR durante a destruição tecidual no sistema nervoso
de animais domésticos ou aumento de permeabilidade das barreiras entre o sangue
e o encéfalo. Os valores de referência dessas enzimas no LCR são controversos em
medicina veterinária (LUTTGEN, 1989).
- Lactatodesidrogenase
As maiores atividades de LDH encontradas no LCR de bovinos doentes
foram de 42U/L e 12U/L em animais com abscesso parahipofisário (ALBUQUERQUE
et al., 2005).
- Creatinaquinase
A creatinaquinase não atravessa a barreira hematoencefálica íntegra e
toda a atividade de CK encontrada normalmente no sistema nervoso é uma
isoenzima (CK-BB), produto da degeneração da mielina (WILSON, 1977; HAYES,
1987). A atividade aumentada de CK tem sido detectada em associação com
diversas doenças neurológicas. O CK plasmático normalmente não penetra no LCR,
assim, qualquer atividade do CK nesse fluido será derivada provavelmente do
sistema nervoso central (COLES, 1984).
7
Outra teoria sobre a elevação de CK no LCR é resultante do aumento da
permeabilidade na barreira hematoencefálica, com a penetração de enzima sérica no
tecido nervoso (INDRIERI et al., 1980). A atividade da CK pode aumentar em
doenças neurológicas particularmente em doenças degenerativas, que atinjam a
substância branca ou por contaminação sanguínea e gordura extradural (JACKSON
et al., 1996).
Não há relação entre a atividade do CK no LCR e o CK plasmático em
bovinos (BUCHNER et al., 1996).
JEAN et al. (1997) obtiveram valores de CK em LCR colheitado na
cisterna magna de dez bezerros holandeses variando entre 0 e 4U/L. Estudando
parâmetros bioquímicos no LCR de 15 bovinos com sinais neurológicos,
ALBUQUERQUE et al. (2005) não encontraram diferenças nos valores de CK para
animais com raiva, leucose medular e abscesso parahipofisário, ficando esse valor
em 1U/L em todas as doenças.
LATERRA & GOLSTEIN (1991) demostraram que, pacientes humanos
com traumatismo do sistema nervoso central, podem ter os níveis enzimáticos
elevados no LCR de dois a nove dias após o episódio traumático. JACKSON et al.
(1996) provaram que a contaminação com sangue do LCR não era suficiente para o
aumento significativo de CK nesse mesmo fluido.
2.2 Barreira hematoencefálica
A primeira noção de que os capilares do sistema nervoso central teriam
uma permeabilidade diferente dos demais foi obtida através de experiências
realizadas no início do século XX. Verificou-se que, injetando corantes vitais em um
animal, todos os órgãos se coravam com exceção do encéfalo. Entretanto, quando
os corantes eram injetados no LCR, havia coloração do tecido nervoso. Surgiu assim
a idéia de que qualquer substância do LCR já estaria em contato com o tecido
nervoso e que existiria uma barreira entre o sangue e esse mesmo tecido
(MACHADO, 2002B).
8
Essa barreira mantém um ambiente estável para a atividade neuronal,
excluindo substâncias tóxicas e protegendo neurônios contra neurotransmissores
circulantes (LATERRA & GOLDSTEIN, 1991). A microvasculatura encefálica é
composta por células endoteliais, por pericitos com propriedades semelhantes aos
do músculo liso, que ficam dispostos adjacentes aos capilares, e ainda, por
processos astrogliais que cobrem mais de 95% da superfície externa dos microvasos
(ABBOTT, 2005). A comparação entre as características do endotélio da barreira
hematoencefálica e o endotélio sistêmico se encontram no Quadro 1.
Os componentes essenciais ao funcionamento do sistema nervoso podem
atravessar a barreira hematoencefálica para o LCR de três formas: por difusão de
substâncias lipossolúveis, pelo transporte facilitado ou ativo mediado por receptores
de substâncias hidrossolúveis e por canais iônicos. Gases lipossolúveis como o O
2
e
o CO
2
chegam no tecido encefálico por difusão. O quociente de permeabilidade da
barreira hematoencefálica para muitas substâncias é diretamente proporcional à
lipossolubilidade (LATERRA & GOLDSTEIN, 1991).
Transportadores endoteliais específicos carreiam substratos energéticos,
aminoácidos essenciais e peptídeos da corrente sanguínea para o encéfalo e
removem metabólitos. Os vasos da barreira são impermeáveis a moléculas pouco
lipossolúveis quando comparadas a moléculas muito lipossolúveis. O coeficiente de
permeabilidade da barreira hematoencefálica para muitas substâncias é diretamente
proporcional a lipossolubilidade, medido pelo coeficiente de partição óleo-água. Por
outro lado, drogas com coeficiente de partição óleo-água muito elevado são pouco
solúveis no sangue e se ligam à albumina sérica, o que reduz sua liberação no
encéfalo (LATERRA & GOLDSTEIN, 1991). Muitas substâncias que precisam
atravessar a barreira hematoencefálica não são lipossolúveis e, portanto atravessam
por intermédio dos mecanismos de transporte mediado (ABBOTT, 2005). A
permeabilidade da barreira hematoencefálica é um importante limitador que interfere
na escolha do antimicrobiano adequado para a terapêutica das doenças do sistema
nervoso central (SCOTT, 2004).
O quociente de permeabilidade da barreira hematoencefálica foi
primeiramente estudado em 1964. Pacientes humanos com esclerose múltipla
9
ingeriam brometo e posteriormente eram determinadas as concentrações dessa
substância no LCR e no plasma. O teste era denominado teste do brometo.
(OLUKOGA et al., 1997). JEAN et al. (1997) obtiveram o quociente de albumina
entre 1,5 a 6,5 (x 10
-3
) estudando valores do LCR em bezerros holandeses
tranqüilizados com xilazina.
A permeabilidade da barreira hematoencefálica algumas vezes pode ser
aumentada por um processo reversível através da administração endovenosa de
agentes hiperosmóticos como o manitol ou uréia. Tem sido sugerido que a
administração endovenosa de dimetilsulfóxido e 5-fluorouracil também podem agir da
mesma forma, porém de maneira menos agressiva (NEUWELT et al., 1983;
MACHADO, 2002B).
QUADRO 1 - Comparação entre característica dos endotélios da barreira
hematoencefálica e endotélio dos capilares sistêmicos
Propriedade
Endotélio da barreira
hematoencefálica
Endotélio sistêmico
Junção oclusiva Sim Não
Fenestra Poucas Muitas
Resistência elétrica Alta Baixa
Espaço perivascular Pequeno Grande
Concentração mitocondrial Alta Baixa
Envolvimento por astrócitos Sim Não
Enzimas específicas Sim Não
Transporte específico de
glicose (GLUT 1)
Sim Não
Receptor específico de
proteína
Sim Não
Fonte: DAVSON & SEGAL (1995); BRIGHTMAN (1989); ROWLAND et al. (1991).
10
2.3 Medicamentos utilizados na terapia das doenças do sistema nervoso
2.3.1 Dimetilsulfóxido
O dimetilsulfóxido (DMSO) é um subproduto do processamento da
madeira e da destilação do petróleo. Foi inicialmente empregado como solvente
industrial e agora vem sendo muito utilizado como veículo para diversos
medicamentos (TASAKA, 1999).
A ação antiinflamatória do DMSO e do seu metabólito, o dimetilsulfeto
reside na propriedade de remover radicais livres, principalmente hidroxilas. Aumenta
ainda a perfusão tecidual, melhora a ação estabilizadora de membranas realizada
pelos corticosteróides, além de inibir a quimiotaxia de células inflamatórias e carrear
substâncias de baixo peso molecular. Também é capaz de penetrar a barreira
hematoencefálica, diminuindo a produção de prostraglandinas no sistema nervoso
central (TASAKA, 1999). Outros efeitos farmacológicos incluem inibição ou estímulo
de enzimas, vasodilatação (devida à liberação da histamina) e inibição da agregação
plaquetária (BRAYTON, 1986). O DMSO tem sido efetivo no tratamento do edema
cerebral traumático, reduzindo a pressão intracraniana (de la TORRE et al., 1973;
IKEDA & LONG, 1990).
Estudos recentes demonstraram que oxidantes podem abrir canais de
potássio na superfície de arteríolas cerebrais e que antioxidantes como o DMSO,
impedem a abertura desses canais (ROSENBLUM, 2001).
A capacidade do DMSO em penetrar nos tecidos, reflete a troca com a
água nas membranas biológicas. As mucosas, membranas lipídicas das células, as
organelas e a barreira hematoencefálica são igualmente penetradas sem lesão
irreversível na membrana (BRAYTON, 1986). O potencial do DMSO de penetrar nos
tecidos sem causar danos significativos provavelmente se dá por sua natureza
apolar, sua capacidade de aceitar ligações com o hidrogênio e sua estrutura
pequena e compacta. Essas combinações de propriedades resultam na habilidade
do composto em se ligar com a água, proteínas, hidratos de carbono, ácido nucléico,
substâncias iônicas e outros constituintes do organismo. O DMSO pode exercer um
efeito indireto nos sistemas biológicos em virtude das mudanças de estrutura que
11
causa na água. Entre as conseqüências mais importantes desse efeito podemos citar
a mudança na conformação e nas ligações das proteínas (SZMANT, 2006).
RAMMIER & ZAFFARONI (1967) atribuíram a capacidade de passagem e
modificação transitória de barreiras biológicas pelo DMSO ao fato desse composto
se ligar com a água, modificando-a e em seguida mudando reversivelmente a
conFiguração da proteína.
BRINK & STEIN (1967) dissolveram carbono 14 em DMSO aplicando
injeções intraperitoneais em ratos dessa mistura. Os autores encontraram
quantidades maiores de carbono 14 no cérebro de ratos do grupo experimental,
concluindo que o DMSO resultou em danos na barreira hematoencefálica. Existem
trabalhos se opondo ao fato de que o DMSO pode abrir a barreira hematoencefálica
e aumentar a concentração encefálica de compostos solúveis em água quando
administrados juntos. Para verificar isso, GREIG et al. (1985) administraram
melphalan (um composto antineoplásico) e albumina sérica humana misturados ou
não com o DMSO por via endovenosa em ratos. Os pesquisadores chegaram a
conclusão que o DMSO não aumentou a permeabilidade de agentes solúveis em
água através da barreira hematoencefálica. NEUWELT et al. (1983) testaram a
capacidade do DMSO em abrir a barreira hematoencefálica em 25 ratos através do
corante Evans-blue. Os resultados desses autores não permitiram afirmar que o
DMSO possui potencial para abrir a barreira e ainda notaram efeitos colaterais como
hemoglobinúria e convulsões.
Após a administração de 1g/Kg, ocorrem concentrações plasmáticas
máximas da droga, entre quatro e seis horas. Os níveis detectáveis persistem no
plasma por 400 horas (WONG & REINERTSON, 1984). As mucosas, as membranas
lipídicas das células e as organelas, e a barreira hematoencefálica são igualmente
penetradas (BRAYTON, 1986).
O DMSO é parcialmente metabolizado por enzimas microsomais
hepáticas, mas a via primária de eliminação parece ser a urinária. Embora uma
quantidade significante de DMSO possa ser eliminada na bile a maior parte sofre
circulação entero-hepática (WONG & REINERTSON, 1984).
12
O DMSO possui uma grande margem de segurança. Os sinais associados
à dose máxima próxima da dose letal incluem sedação, diurese, hemólise
intravascular e hemoglobinúria (BRAYTON, 1986). Adição de DMSO no sangue
causa efeitos que variam de acordo com a concentração e método de administração.
Em concentrações de 50% ou mais, há hemólise instantânea e precipitação de
fibrinogênio. Injeções intravenosas de DMSO podem causar irritação e necrose
locais, dependendo da concentração e freqüência. A lesão ocorre rapidamente,
especialmente em concentrações acima de 80%. Há reação inflamatória perivascular
e trombose. Injeção intra-arterial de 100% de DMSO produz lesão acentuada no
endotélio e massas de aglutinação de células vermelhas (RUBIN, 1983). Injeções
intravenosas em macacos de 3g/Kg em 40% de solução uma vez ao dia durante
nove dias produziram um aumento transitório no ritmo respiratório e um aumento
quatro vezes maior na diurese e hemólise de eritrócitos (de la TORRE et al., 1981).
2.3.2 Dexametasona
Os hormônios esteróides são lipossolúveis e se difundem através das
membranas celulares para o citoplasma, sem depender de um sistema transportador.
(McDONALD, 2004). Glicocorticóides extremamente potentes e de longa duração,
como a dexametasona e a betametasona, possuem estas características graças à
sua ligação reduzida com proteínas plasmáticas, menor velocidade de excreção e
maior afinidade com receptores (JERICÓ, 1999).
O cortisol e os glicocorticóides sintéticos, em concentrações
farmacológicas, podem apresentar alguns efeitos mineralocorticóides, promovendo a
retenção de sódio, excreção de potássio e expansão do volume extracelular.
Enquanto o íon sódio é reabsorvido nos túbulos renais, a água também é absorvida
osmoticamente aumentando o volume do líquido extracelular e mantendo a
concentração de sódio extracelular quase constante. Este aumento de volume
extracelular leva a um aumento de pressão arterial causando o efeito de diurese de
pressão (excreção aumentada de água e sal). O cortisol aumenta todas as enzimas
necessárias à conversão de aminoácidos à glicose nas células hepáticas além de
13
mobilizar os aminoácidos a partir de tecidos extra-hepáticos, principalmente
músculos (GUYTON, 1997; JERICÓ, 1999).
Além de aumentar a conversão de aminoácidos em glicose, o cortisol inibe
a utilização periférica da glicose, o que leva a um aumento das reservas teciduais de
glicogênio, especialmente no fígado. Ocorrem hiperglicemia e glicosúria. A
administração excessiva de cortisol, provoca retenção de sódio e diurese de
potássio. A administração elevada desse tipo de droga pode favorecer a excreção de
cálcio, fósforo e nitrogênio (McDONALD, 2004).
14
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Avaliar a influência do dimetilsulfóxido administrado por via endovenosa
na permeabilidade da barreira hematoencefálica e nos parâmetros do líquido
cefalorraquidiano de bovinos sadios, comparando esses valores com animais
tratados com dexametasona.
3.2 Objetivos específicos
Mensurar o quociente de albumina (pela divisão da proteína total do LCR/
albumina sérica) após a administração de dimetilsulfóxido e de fosfato sódico de
dexametasona.
Avaliar contagem eritrocitária e diferenciação leucocitária, parâmetros
bioquímicos (glicose, proteínas, cloro, potássio e sódio) e enzimáticos
(lactatodesidrogenase – LDH, creatinaquinase – CK) no líquido cefalorraquidiano
após administração endovenosa de DMSO, comparando com valores do grupo que
recebeu fosfato sódico de dexametasona.
15
4 MATERIAL E MÉTODOS
De um lote de 50 animais, foram escolhidos 21 bovinos machos jovens (de
18-24 meses) mestiços, sadios, oriundos do rebanho da Fazenda Água Limpa –
Universidade de Brasília (UnB). Todos os animais selecionados, após o exame
clínico, foram considerados hígidos e identificados com brincos numerados. Após 15
dias, os bovinos foram pesados individualmente em balança eletrônica. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três grupos e sete
repetições conforme descrito a seguir.
1. Grupo SF - animais controle;
2. Grupo DX - administração de fosfato de sódio de dexametasona;
3. Grupo DM - administração de DMSO.
Os animais foram mantidos em piquete de Brachiaria decumbens,
recebiam mistura mineral comercial e água (ad libitum), e quatro quilos de silagem de
milho por dia para cada animal. Os bovinos permaneceram na fazenda Água Limpa
onde foram realizadas todas as colheitas.
O trabalho foi dividido em duas etapas. A primeira colheita de sangue e
LCR (momento 0) foi realizada com os animais antes da administração das drogas e
a segunda colheita (tratamento – momento T), após a administração dos
medicamentos (duas semanas após o momento 0). Qualquer evidência
macroscópica ou laboratorial de contaminação das amostras, levava ao descarte do
animal, sendo substituído no dia seguinte, por outro do mesmo lote, em iguais
condições.
4.1 Administração dos medicamentos
Foram administrados os medicamentos ao grupo DX e grupo DM, e no
grupo SF (controle), apenas solução estéril de NaCl 0,9% (Solução Fisiológica 0,9% -
Laboratório Sanobiol Ltda – Pouso Alegre, Minas Gerais, Brasil). Antes da
administração dos medicamentos todos os animais foram contidos ao solo com
16
cordas e colocados em decúbito lateral direito. Todos os bovinos foram mantidos
nesta posição por um período de 30 minutos, suficiente para a administração
endovenosa dos fármacos, utilizando-se cateter nº 18 (Jelco - Medex do Brasil, São
Paulo, Brasil) e equipos flexíveis descartáveis (Compojet Biomedica Ltda – Salvador,
Bahia, Brasil).
Os animais do grupo DX receberam individualmente fosfato sódico de
dexametasona (Dexacorte – Marcolab - Trajetória Farmacêutica, Coméstica e
Veterinária Ltda, Rio de Janeiro, Brasil), por via endovenosa, na dose de 0,25 mg/Kg
(MAYHEW, 1989), diluída em solução de NaCl 0,9% estéril.
No grupo DM foi administrado individualmente DMSO (Dimesol 99,78% -
Marcolab - Trajetória Farmacêutica, Coméstica e Veterinária Ltda, Rio de Janeiro,
Brasil), em uma dose de 1g/Kg (ROBINSON, 1997). A droga foi veiculada por via
endovenosa e diluída em solução de NaCl 0,9% estéril a uma concentração de 10%
de DMSO.
Nos animais do grupo SF (controle) foi administrada apenas solução
estéril de NaCl a 0,9% de maneira semelhante aos tratamentos dos demais grupos.
4.2 Colheita de líquido cefalorraquidiano
As colheitas de LCR foram realizadas cinco horas após a administração
do DMSO, dexametasona e solução de NaCl para todos grupos. Cada animal foi
contido novamente ao solo com cordas, sendo colocados em decúbito lateral direito.
Foi realizada tricotomia formando um quadrado de aproximadamente 10 cm de lado,
na parte dorsal da região cervical, na transição entre o crânio e a coluna vertebral.
Para a punção atlanto-occipital, utilizou-se agulha metálica número 12,
estéril, com mandril (agulha metálica com mandril nº12 – Becton e Dickinson do
Brasil, Juiz de Fora, Brasil). Durante o procedimento, a cabeça do animal foi
posicionada paralela ao solo e flexionada em direção ao pescoço, formando um
ângulo de 90º como na técnica descrita por STÖBER (1993). A região da tricotomia
foi previamente lavada e limpa com solução de álcool-iodado. Não foi realizado
17
qualquer tipo de anestesia ou sedação nos animais. Durante o procedimento a
agulha foi introduzida paralelamente a linha da mandíbula, no ponto central do
triângulo formado pela protuberância do osso occipital e as duas bordas do osso
atlas de acordo com a descrição de SCOTT (2004). A agulha foi introduzida até
ultrapassar a dura-máter e o mandril retirado para que o LCR pudesse fluir
espontaneamente até os tubos de colheita. Foram colhidos aproximadamente oito
mililitros de LCR de cada animal.
As amostras de LCR foram colhidas em três tubos de ensaio estéreis
identificados e colocados imediatamente em caixas de isopor contendo gelo a uma
temperatura aproximada de 2-5ºC. A primeira amostra de cada animal foi desprezada
para evitar qualquer tipo de contaminação por sangue advindo da colheita. Os
outros dois tubos foram acondicionados e transportados ao laboratório em um prazo
máximo de uma hora para análise.
4.3 Colheita de sangue e determinação da glicemia
A colheita de sangue foi realizada após a punção atlanto-occipital,
utilizando-se para isso agulhas 40 x 9 mm (Agulha Hipodérmica - Becton e Dicknson
do Brasil, Juiz de Fora, Brasil) e adaptador para tubos de vácuo. A venopunção foi
realizada na veia jugular ainda com o animal contido ao solo. Foram colheitadas
amostras de sangue, em dois tubos com vácuo (Tubo tampa amarela com ativador
de coágulo - Becton e Dickinson do Brasil, Juiz de Fora, Brasil) por animal, contendo
oito mililitros de sangue. Os frascos permaneceram acondicionados em isopor com
gelo até a chegada ao laboratório.
A medição da glicemia foi realizada ainda com o animal em decúbito. A
amostra de sangue originada por punção da veia auricular foi colocada em tiras
específicas e medidas imediatamente em aparelho glicosímetro portátil Accu-Chek
Advantagec Diagnóstica Brasil Ltda.
18
4.4 Análise do líquido cefalorraquidiano
Foram determinados no LCR dos bovinos, de todos os grupos, contagem
e diferenciação celular, glicorraquia, teor de proteínas totais, atividade das enzimas
LDH e CK e concentração de cloro, sódio e potássio.
A contagem de células nucleadas e de eritrócitos em todas as amostras
de LCR foi realizada em câmara de Fucks-Rosental (Câmara de Fucks-Rosental –
Labex S/A - Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil). A contagem diferencial celular foi
realizada em lâminas coradas com panótico (Coloração Panótico rápido – Laborclin
produtos para Laboratório LTDA, Paraná, Brasil) preparadas com amostras de 500 µl
do LCR, centrifugadas a 1500 rpm durante cinco minutos em citocentrífuga
(Citocentrífuga Cientec 2000D - Cientec Equipamentos para Laboratórios Ltda,
Piracicaba, São Paulo, Brasil).
Os níveis de proteínas totais foram determinados em espectrofotômetro
semi-automático (Espectrofotômetro - Bio-2000 - Bioplus Produtos para Laboratórios
Ltda, São Paulo, Brasil), utilizando-se o método de microdosagem (Sensiprot -
Labtest Diagnóstica S/A, São Paulo, Brasil) no Laboratório de Patologia Clínica
Veterinária da UnB. As determinações da concentração de glicose (Labtest
Diagnóstica S/A, São Paulo, Brasil), LDH e CK (Konelab Prime 60 - Thermo Fisher
Scientific, Vantaa, Finlândia) foram feitas em aparelho de espectrofotometria. Os
níveis de eletrólitos no LCR foram determinados pelo método do eletrodo íon seletivo
(AVL 9140 Autolyzer - AVL Scientific Corporation, Geórgia, EUA) no laboratório de
análises clínicas do Hospital Universitário de Brasília - UnB.
4.5 Análise do soro
As amostras de sangue foram centrifugadas (Centrifuga Excelsa Baby I,
modelo 206-BL, Fanen, São Paulo, Brasil) a 3000 rpm por cinco minutos para
separação das frações soro e células, determinação da concentração de albumina de
19
todos os animais. A determinação de albumina foi realizada utilizando aparelho semi-
automático no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária - UnB.
O quociente de albumina foi determinado dividindo-se o valor da
concentração total de proteínas do LCR pelo valor encontrado na determinação de
albumina no soro em cada colheita (PT/ALB).
4.6 Análise estatística
A comparação das médias entre o momento 0 e o tratamento foi realizada
pelo teste t de Student (Prism 4 - GraphPad Software Inc., San Diego, Califórnia,
EUA). A analise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey foram empregados para a
comparação das médias entre os tratamentos (SAMPAIO, 1998).
20
5 RESULTADOS e DISCUSSÃO
Vários compostos são utilizados na tentativa de realizar terapia correta em
doenças do sistema nervoso em ruminantes. Existem doenças importantes como a
polioencefalomalácia, os traumatismos encefálicos/medulares, as encefalites
bacterianas ou os abscessos compressivos que, quando tratadas precocemente,
podem melhorar de forma considerável o prognóstico. A escolha correta da droga
deve levar em conta sua capacidade de agir e penetrar no tecido encefálico ou de
veicular outras drogas que irão auxiliar na terapêutica desse sistema. A comprovação
de que o DMSO possui alguma influência na barreira hematoencefálica é uma
informação importante para o clínico no momento de utilizar esse medicamento em
doenças neurológicas dos ruminantes.
Existem várias formas de promover o aumento de permeabilidade da
barreira hematoencefálica em animais. A forma mais comum é administrar
compostos hiperosmóticos como o manitol e a uréia, fazendo com que as células dos
capilares da barreira percam água para o lúmen do vaso e abram assim as junções
oclusivas (MACHADO, 2002B). Tem sido sugerido que o DMSO (e outros compostos
como o 5-fluorouracil) também podem agir da mesma forma, porém de maneira
menos invasiva (NEUWELT et al., 1983). Por essa razão, o fármaco foi escolhido
para o estudo.
Não houve diferença significativa (P>0,05) na comparação dos momentos
0 entre os grupos em todos os parâmetros avaliados, mostrando que os valores de
proteína liquórica, celularidade, enzimas, eletrólitos e quociente de albumina eram
semelhantes nos três grupos antes do início do tratamento.
5.1 Contenção e colheita de LCR
De acordo com a técnica descrita por STÖBER (1993), não é preciso
sedar bovinos para obtenção do LCR no espaço atlanto-occipital. No presente
trabalho, apenas a contenção com cordas e o auxilio de dois ajudantes foi possível
21
realizar todas as colheitas, sem a necessidade de nenhum tipo de sedação ou
anestesia local. No estudo realizado por ALBUQUERQUE et al. (2005), a contenção
também foi bem sucedida apenas com a utilização de cordas e auxiliares, não
havendo necessidade de contenção química, apesar das colheitas no trabalho citado
terem sido realizadas em animais doentes.
Um dos animais do grupo DM (animal 2D20) apresentou hemoglobinúria
após a administração endovenosa do DMSO. Não foi notado qualquer outro tipo de
efeito colateral nos bovinos do grupo DM após a administração do DMSO ou
qualquer tipo de seqüelas causadas pela agulha durante a punção em nenhum dos
grupos. NEUWELT et al. (1983) notaram efeitos colaterais após aplicação
experimental de DMSO em ratos como convulsões e hemoglobinúria, porém a
aplicação foi realizada por via intracarotídea, potencializando o efeito tóxico da
droga. A hemoglobinúria do animal que recebeu DMSO pode ser explicada pelo fato
do DMSO causar hemólise intravascular (BRAYTON, 1986).
Todos os animais que receberam DMSO exalaram um cheiro adocicado
no ar expirado e em todos os fluidos orgânicos (sangue, urina e LCR) cerca de
alguns minutos após o início da administração dessa droga. Isso reforça a afirmação
feita por BRAYTON (1986) de que o DMSO penetra rapidamente em todos os
tecidos orgânicos. Um efeito semelhante é relatado em humanos descrito como
exalação de cheiro de alho e gosto de alho na boca devido à excreção pulmonar de
pequena quantidade de DMSO como dimetilsulfona, um subproduto do metabolismo
dessa droga (SANTOS et al., 2003).
5.2 Celularidade
As médias e desvios padrões das contagens de hemácias e leucócitos do
LCR dos animais de todos os grupos estão demonstrados na Tabela 1.
A contagem de leucócitos no LCR de todos os grupos permaneceu
inalterada (Figura 2), já a contagem de hemácias no grupo tratado com DMSO
22
apresentou-se estatisticamente diferente (P<0,05) nos momentos 0 e pós-tratamento
(Figura 1).
MELO et al. (2003) afirmam que a contaminação durante a colheita do
LCR pode levar a resultados errôneos sobre esse fluido, aumentando principalmente
a contagem de hemácias. A maior contagem de hemácias no LCR dentre os animais
que participaram do experimento foi de 15 hemácias por microlitro, mostrando que
durante a colheita não houve contaminação. A contagem celular foi válida para
garantir que os valores encontrados no LCR eram exclusivamente desse fluido e que
não foram misturados a elementos sanguíneos.
O tempo entre a colheita e a chegada ao laboratório parece não ter
influenciado na contagem de células. LUCAS et al. (2004) afirmam que as contagens
podem ser realizadas em até seis horas após a colheita, sem perdas significativas na
contagem de eritrócitos e células nucleadas.
TABELA 1 - Médias e desvios padrões das contagens de hemácias e leucócitos do LCR
nos momento 0 e após cada um dos tratamentos (T) - Brasília, 2007
Grupo SF Grupo DX Grupo DM
SF-0 SF-T DX-0 DX-T DM-0 DM-T
Hemácias (cel/µl)
1,4 ± 0,8 2,6 ± 2,9 4 ± 3,3 2,4 ± 1,7 3,7 ± 3,1 7,3
± 5,2*
Leucócitos (cel/µl)
9,1 ± 8,4 8 ± 3,7 7 ± 6,1 5,9 ± 4
8,1 ± 6,1 9,6 ± 6,3
* Médias diferem entre si (p<0,05) no momento 0 e tratamento para o mesmo tipo celular
O aumento do número de hemácias e leucócitos nos animais tratados com
o DMSO pode ser explicado possivelmente pela ação vasodilatadora causada por
esse medicamento nos capilares do tecido encefálico e da barreira hematoencefálica
(BRAYTON, 1986).
23
FIGURA 1 - Médias e desvios padrões das contagens de
hemácias do LCR nos momento 0 e após cada
um dos tratamentos (T) nos grupos SF, DX e
DM.
*
Médias diferem entre si para um mesmo
grupo (p<0,05)
FIGURA 2 - Médias e desvios padrões das contagens de
leucócitos do LCR nos momento 0 e após
cada um dos tratamentos (T) nos grupos SF,
DX e DM. Médias não diferem entre si (p>0,05)
24
5.3 Proteínas totais liquóricas, albumina sérica e quociente de albumina
O resultado da mensuração dos níveis de proteínas totais liquóricas (PTL),
albumina sérica e quociente de albumina antes (0) e depois dos tratamentos (T)
encontram-se na Tabela 2. Os valores de PTL não diferiram (p>0,05) entre o
momento 0 e tratamentos (T) em todos os grupos (Figura 4). A comparação entre os
grupos dos animais após os tratamentos demonstrou diferença significativa (p<0,05)
entre o grupo DX e os grupos SF e DMSO (Figura 4). O quociente de albumina
(Figura 5) apresentou-se elevado no grupo DX em relação aos grupos SF e DM
(p<0,05). Não foram observadas diferenças entre o momento 0 dos diferentes
tratamentos (p>0,05). Os valores de albumina sérica não diferiram (p>0,05) entre o
momento 0 e tratamentos (T) em todos os grupos (Figura 3)
TABELA 2 - Médias e desvios padrões dos níveis de proteína total liquóricas, albumina
sérica e quociente de albumina no momento 0 e após cada um dos
tratamentos (T) - Brasília, 2007
Grupo SF Grupo DX Grupo DM
SF-0 SF-T DX-0 DX-T DM-0 DM-T
Albumina
soro (g/dl)
3,5±0,5 3,6±0,2 3,7±0,5 3,8±0,4 3,4 ± 0,3 3,9 ± 0,9
Proteína
LCR (mg/dl)
35,5±25,0 22,2±3,2
A
33,6±19,5 44,1±19,5
B
22,8±11,0 23,7±6,5
A
Quociente
de albumina
11,0 ± 9,1 6,2±0,7
A
9,1±5,7 11,7±5,6
B
7,0±4,3 6,3±1,7
A
AB - Médias com letras diferentes em uma mesma linha, após os tratamentos (T),
diferem entre si (p<0,05)
25
FIGURA 3 - Médias e desvios padrões dos níveis de
albumina sérica nos animais antes (0) e
após tratamentos (T), nos grupos SF, DX
e DM. Médias não diferem entre si
(p>0,05)
FIGURA 4 - Médias e desvios padrões dos níveis de
proteína total liquórica nos animais antes
(0) e após tratamentos (T), nos grupos SF,
DX e DM. Tratamentos (T) seguidos de
letras distintas diferem entre si (p<0,05)
26
FIGURA 5 - Médias e desvios padrões dos quocientes
de albumina nos animais antes (0) e após
tratamentos (T), nos grupos SF, DX e
DM. AB-Médias nos momentos T,
seguidas de letras distintas, diferem entre
si (p<0,05)
Apesar dos valores de PTL não aumentarem estatisticamente quando
comparados entre os momentos 0 e T (Figura 4) no grupo tratado com
dexametasona e no grupo tratado com DMSO houve aumento nos valores. No grupo
não tratado (SF) houve decréscimo não significativo de PTL.
O grupo que recebeu a dexametasona como tratamento obteve aumento
significativo do quociente de albumina após o momento T, quando comparado com
outro grupo, sugerindo que a dexametasona permitiu a passagem de proteínas
menores como a albumina.
A dexametasona é um glicocorticóide potente e de longa duração,
possuindo a característica de ligação reduzida com proteínas (JERICÓ, 1999). Essa
27
informação, permite descartar a possibilidade da dexametasona ter aumentado o
valor de proteínas no LCR por ligação e transporte para o tecido nervoso já que essa
droga é lipossolúvel e atinge com facilidade o tecido encefálico. Se ainda assim essa
teoria fosse proposta, a dexametasona não cumpriria seu papel em situações de
doença neurológica, pois segundo JERICÓ (1999), os esteróides ligados a proteínas
não apresentam atividade biológica, sendo somente sua fração livre capaz de
acionar mecanismos intracelulares adequados a sua função.
O aumento nas proteínas séricas e PTL do Grupo DX tratado com
dexametasona era esperado já que esse glicocorticóide aumenta o catabolismo e
diminui a síntese de proteínas (JERICÓ, 1999). No entanto, as proteínas produzidas
no fígado (como a albumina) são aumentadas, provavelmente por elevação na
atividade das enzimas hepáticas responsáveis pela síntese protéica e aumento de
transporte de aminoácidos para dentro das células hepáticas. O cortisol mobiliza
aminoácidos a partir dos tecidos não hepáticos diminuindo, assim, as reservas
protéicas tissulares e aumentando a síntese protéica hepática (GAYTON, 1999).
No caso do aumento após o tratamento do grupo DM, a albumina pode ter
penetrado no sistema nervoso central de duas maneiras: na primeira, o DMSO pode
ter carreado essas moléculas através da barreira até o tecido encefálico e na
segunda, o DMSO pode ter causado realmente um aumento de permeabilidade
nessa estrutura, permitindo a passagem de albumina. COLES (1984) afirma que a
albumina é a proteína de menor peso molecular e por ser menor é a primeira a
escapar caso a permeabilidade das paredes dos capilares seja aumentada.
As médias do quociente de albumina nos animais antes e depois dos
tratamentos variaram de 6,2 a 11,7 (x 10
-3
) diferindo de valores de 1,5 a 6,5 (x 10
-3
)
encontrados por JEAN et al. (1997) em LCR colhidos de bezerros holandeses jovens
sedados com xilazina.
Foi realizada a comparação das variações individuais de cada animal
(=subtração do valor de proteína liquórica do momento T menos os valores do
momento 0) não havendo diferenças entre os três grupos (p>0,05).
28
5.4 Eletrólitos no LCR
As médias e desvios padrões dos níveis de eletrólitos no LCR dos animais
durante o experimento encontram-se na Tabela 3. Os níveis de cloro do LCR (Figura
6) não sofreram variação em nenhum animal dentro dos grupos ou quando
comparados entre eles (p>0,05). Valores de potássio (Figura 7) antes dos
tratamentos (momento 0) foram diferentes dos valores (p<0,05) encontrados após o
tratamento no grupo SF e no grupo DM. Não houve diferença significativa quando os
grupos foram comparados entre si (p>0,05). Os níveis liquóricos de sódio (Figura 8)
apresentaram diferenças apenas entre o momento 0 e os bovinos tratados com
DMSO (p<0,05). O nível de sódio no LCR dos animais tratados (Figura 8) apresentou
diferença significativa (p<0,05) entre o grupo SF e os grupos DX e DM, apesar das
variações terem sido pequenas.
TABELA 3 - Médias e desvios padrões das concentrações de eletrólitos do LCR nos grupos SF
(solução de NaCl 0,9% estéril), DX (dexametasona) e DM (DMSO) antes e após os
tratamentos - Brasília, 2007
Grupo SF Grupo DX Grupo DM
SF-0 SF-T DX-0 DX-T DM-0 DM-T
Cl (mEq/L)
116,7±1,4 116,1±0,7 117,7±2,1 117,4±1,7 117,4±1,5 117,4±0,8
K (mEq/L)
2,7±0,1
2,8±0,0*
2,8±0,2 2,9±0,1 2,8±0,1
2,9±0,1
*
Na (mEq/L)
135,6±0,8 136,0±1,0
A
138,0±1,9 139,3±1,1
B
137,1±1,3 138,0±1,0
B*
* Médias distintas para um mesmo eletrólito e grupo diferem entre si (p<0,05).
AB
Médias com
letras distintas diferem entre si (p<0,05) na comparação entre os tratamentos (momento T)
para um mesmo eletrólito
29
FIGURA 6 - Médias e desvios padrões dos valores
liquóricos de cloro nos animais antes (0) e
após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e
DM. Médias não diferem entre si (p>0,05)
FIGURA 7 - Médias e desvios padrões dos valores
liquóricos de potássio nos animais antes (0)
e após tratamentos (T) nos grupos SF, DX e
DM. * Médias diferem entre si (p<0,05) no
momento 0 e tratamento
30
FIGURA 8 - Médias e desvios padrões dos valores liquóricos
de sódio nos animais antes (0) e após
tratamentos (T) nos grupos SF, DX e DM. AB-
Médias com letras distintas no momento T
diferem entre si (p< 0,05). * Médias diferem
entre si (p<0,05) no momento 0 e tratamento
Apesar de não haver diferenças estatísticas entre momentos (0 e T) ou
entre os grupos, os níveis de cloro no trabalho estiveram em desacordo com a
afirmação de COLES (1984) onde os níveis de cloro são inversamente proporcionais
aos níveis de PTL. A Tabela 2 mostra que nos grupos onde foram encontrados
maiores elevações de proteína, foram os grupos que obtiveram maiores
concentrações de cloreto. JEAN et al. (1997) encontraram valor médio de 123mEq/L
de cloro no LCR de bezerros normais, permanecendo próximo a valores encontrados
no presente trabalho de 116 a 119mEq/L, apesar dos dois trabalhos terem sido
realizados em animais de idades e raças diferentes. Já STEINBERG (1973) obteve
valores bem diferentes, variando entre 183mEq/L e 204mEq/L (trabalho realizado em
vacas sadias adultas). A não observação de um aumento nos níveis de cloro no LCR
após os tratamentos é um fato que enfraquece a teoria de que esses dois
31
medicamentos (DMSO e fosfato sódico de dexametasona) possam alterar
significantemente a permeabilidade da barreira hematoencefálica, pois em estudo
feito por ALBUQUERQUE et al. (2005), o valor desse eletrólito se elevou para 305
mEq/L e 216 mEq/L em animais portadores de meningoencefalites virais multifocais.
As encefalites virais em ruminantes causam inflamação não supurativa do tecido
encefálico, aumentando a permeabilidade da barreira hematoencefálica (SCOTT,
2004).
As variações e os desvios padrão (Tabela 3) de todos os eletrólitos
avaliados no trabalho antes a após as colheitas foram muitos pequenos, mesmo
quando os resultados foram comparados entre os grupos e mesmo havendo
diferença significativa.
O potássio permaneceu estatisticamente igual somente no grupo tratado
com dexametasona, aumentou suas concentrações no LCR dos grupos controle e
tratado com DMSO. A dexametasona, assim como outros corticóides, estimulam a
diurese (McDONALD, 2004), fato que pode ter contribuído para a baixa de potássio,
pois provavelmente houve queda desse eletrólito em todos os fluidos orgânicos.
Para FISHMAN (1992) os valores de potássio no LCR de humanos estão
em torno de 2,8mEq/L. Mesmo sendo em espécies diferentes, os valores
encontrados por esse autor são muito semelhantes aos valores encontrados no
presente trabalho.
Apenas os bovinos que receberam DMSO tiveram aumento nos níveis de
Na liquórico. Esse fato pode reforçar a teoria da influência do DMSO na
permeabilidade da barreira hematoencefálica. STEINBERG (1973) estudando
valores de eletrólitos no LCR de vacas adultas sadias obteve valores de potássio
muito semelhantes aos encontrados no presente trabalho (entre 2,8mEq/L e
3,0mEq/L).
Os aumentos ou a não variação nos valores das concentrações de
eletrólitos no LCR podem sugerir que ocorreu algum evento importante na
permeabilidade da barreira, porém, deve-se levar em conta que os mecanismos de
ação das duas drogas nas células do tecido nervoso não são bem elucidados,
podendo o aumento ou diminuição desses eletrólitos ser conseqüência da alteração
32
do equilíbrio osmótico do meio e influenciando na perda ou captação de alguns
desses compostos.
5.5 Creatinaquinase e lactatodesidrogenase no LCR
As médias e desvios padrões das concentrações de CK no LCR dos
grupos SF (solução de NaCl 0,9% estéril), DX (dexametasona) e DM (DMSO) antes
e após os tratamentos estão demonstrados na Tabela 4. Houve diferença
significativa (p<0,05) entre os níveis de CK nos momentos 0 e T do grupo DM e do
grupo DX, o que não ocorreu com o grupo SF controle (Figura 9). Não houve
diferença nos valores de CK na comparação entre os três grupos (p>0,05) após o
tratamento.
Os valores de LDH liquórico apresentaram elevação significativa (p<0,05)
nos três grupos entre os momentos 0 e momento T (Figura 10). Não foram
observadas diferenças entre os grupos (p>0,05), porém, os maiores níveis dessa
enzima foram encontrados no grupo tratado com DMSO (Figura 10).
TABELA 4 - Médias e desvios padrões das concentrações de CK no
LCR dos grupos SF (solução de NaCl 0,9% estéril), DX
(dexametasona) e DM (DMSO) antes e após os tratamentos
- Brasília, 2007
Grupo SF Grupo DX Grupo DM
SF-0 SF-T DX-0 DX-T DM-0 DM-T
CK (U/L)
1,3±0,5 2,4±1,6 1,1±0,4 2,9±1,1*
1,0±0,0 2,4±1,0*
LDH (U/L)
8,0±2,2 16,1±4,4
*
6,9±2,8 20,7±10,6* 7,6±6,1 23,3±5,9
*
*
Médias diferem entre si (p<0,05) no momento 0 e tratamento para uma
mesma enzima
33
FIGURA 9 - Médias e desvios padrões dos níveis liquóricos de
CK nos animais antes (0) e após tratamentos (T)
nos grupos SF, DX e DM. * Médias diferem entre si
no momento 0 e tratamento (p<0,05)
FIGURA 10 - Médias e desvios padrões dos níveis liquóricos de
LDH nos animais antes (0) e após tratamentos (T)
nos grupos SF, DX e DM. * Médias diferem entre si
no momento 0 e tratamento (p<0,05)
34
Os aumentos de níveis enzimáticos no LCR podem demonstrar algum grau
de lesão no tecido nervoso na maioria das espécies ou alteração da permeabilidade
da barreira hematoencefálica (MAYHEW & BEAL, 1980; COLES, 1984; INDRIELI et
al., 1980). O aumento do LDH em todos os grupos pode ser explicado,
possivelmente, pela pequena lesão causada pela agulha no espaço subdural no
momento da primeira colheita.
Aumentos plasmáticos da atividade de CK e LDH têm sido notados em
resposta ao exercício (HARRIS, 1998; ANDREWS et al., 1995). A contenção com
cordas e o tempo necessário para a administração dos medicamentos (30 minutos)
podem ter influenciado os níveis de plasmáticos e liquóricos de CK e LDH já que
houve aumento dessas enzimas em alguns grupos após a administração dos
medicamentos. Porém, BUCHER et al. (1996) estudando o LCR de bezerros, não
encontraram relação entre o CK plasmático e o CK liquórico, reforçando a
informação de que o aumento dessa enzima no LCR depende exclusivamente de
lesão no tecido encefálico ou aumento de permeabilidade.
WILSON (1977) afirma que toda a atividade de CK encontrada no sistema
nervoso, se a barreira hematoencefálica estiver íntegra, é da isoenzima CK-BB
resultante da degeneração da mielina. Essa afirmação pode corroborar para o fato
do DMSO e da dexametasona terem influenciado a abertura da barreira, fazendo
com que o CK plasmático penetrasse no LCR, já que a administração dessas duas
drogas elevou os níveis de CK liquórico para valores significantemente maiores que
no momento 0. O reagente utilizado para medição da enzima CK NAK detectou
níveis desse composto no LCR de bovinos. Os níveis de CK no soro de animais
submetidos a exercícios ou lesões atingem o pico no primeiro dia após a injúria ou
exercício e retornam completamente aos valores basais no quarto dia, diferente do
LDH que atinge seu pico no quarto dia e começa a retornar a níveis normais a partir
do sétimo dia (CLARKSON & EBBELING, 1988).
A contaminação com sangue durante a colheita de LCR não pode ser
utilizada como justificativa para o aumento de CK no grupo DX e no grupo DM já que
foi utilizado a mesma técnica para a colheita no grupo controle, onde esse aumento
não foi observado.
35
Valores de CK liquórico de bezerros holandeses sadios foram de 0 a 4U/L
(JEAN at al., 1997) estando bem próximos de 1,0U/L a 2,9U/L, valores encontrados
no LCR de animais avaliados no presente trabalho. Em bovinos com encefalites
virais ou metabólicas do sistema nervoso, os valores permaneceram próximos de
1,0U/L (ALBUQUERQUE et al., 2005). A diferença desses valores pode ser
explicada pela variação nas técnicas, armazenagens e metodologia para análises de
eletrólitos dos dois trabalhos.
No presente experimento esperava-se um aumento significativo de das
atividades de CK no LCR após a administração do DMSO nos animais do grupo DM.
Segundo COLES (1984), o LDH está presente em altas concentrações nas hemácias
e há incremento dessa enzima devido à hemólise. Uma das reações indesejáveis do
DMSO é a hemólise intravascular, mesmo que seja em menor grau (BRAYTON,
1986). O animal que apresentou hemoglobinúria após a administração do DMSO não
teve valores elevados de LDH no LCR.
O aumento da atividade do LDH em todos os grupos após o tratamento em
relação ao momento 0 pode ser explicado pela contenção na hora da colheita.
Diferentemente do CK, o LDH é uma enzima tardia e pode permanecer elevada no
plasma até sete dias após a lesão. O aumento do LDH plasmático pode ter
influenciado o aumento dessa enzima no LCR.
Alguns autores acreditam que o DMSO pode causar danos a vários tipos
de tecidos, inclusive ao tecido encefálico e que a alteração na permeabilidade da
barreira seria promovida justamente por esse fator (BRINK & STEIN, 1968; KOCSIS
et al., 1983). O aumento das duas enzimas nos grupos tratados pode colaborar com
essa teoria e sugerir que a permeabilidade aumentada pela dexametasona tenha
mecanismo semelhante.
As atividades enzimáticas de CK e LDH aumentadas mesmo após 15 dias
de intervalo entre uma coleta e outra sugerem que o comportamento das duas
isoenzimas no tecido nervoso são diferentes do comportamento das isoenzimas no
soro, desaparecendo em um tempo muito maior após a lesão.
36
5.6 Glicemia e glicorraquia
As médias e desvios padrões das concentrações de glicose no LCR, no
soro e percentual de glicorraquia em relação a glicemia dos grupos SF, DX e DM
antes e após os tratamentos encontram-se descritas na Tabela 5.
O teor de glicose sérica no grupo DX apresentou um incremento (p<0,05)
após o tratamento em relação ao momento 0 (Figura 11), fato também observado no
grupo DM. Os grupos DM e DX apresentaram diferença quando comparados os
momentos T em relação ao grupo controle (p>0,05).
A glicorraquia no grupo tratado com DMSO apresentou diferença entre os
momentos 0 e momento T (p<0,05), fato não observado nos demais grupos (Figura
12). Apesar dos percentuais de glicose do LCR em relação à glicose sérica dos
grupos tratados com dexametasona e DMSO estarem aumentados (Tabela 5), não
foi registrada diferença significativa (p>0,05) entre os animais dos três grupos ou
quando comparados os grupos entre si (Figura 13).
TABELA 5 - Médias e desvios padrões das concentrações de glicose no LCR, no soro e
percentual de glicorraquia em relação a glicemia dos grupos SF (solução de NaCl
0,9% estéril), DX (dexametasona) e DM (DMSO) antes e após os tratamentos -
Brasília, 2007
Grupo SF Grupo DX Grupo DM
SF-0 SF-T DX-0 DX-T DM-0 DM-T
Glicemia
(mg/dl)
84,1±9,3 90,1±16,2
A
88,1±12,9 112,3±14,5
B*
84,9±17,1 110,3±12,1
B*
Glicorraquia
(mg/dl)
48,3±16,5 53,3±10,3 48,9±13,4 66,3±13,3 47,0±8,6 63,7±5,9
*
% glicose do
LCR/glicemia
56,6%±15,9 60,5%±15,8 55,5%±13,2 59%±9 56,5%±10,45 58,5%±10,4
*
Médias diferem entre si no momento 0 e tratamento (p<0,05). AB-Médias com letras diferentes
em uma mesma linha, após os tratamentos (T), diferem entre si (p<0,05)
37
FIGURA 11 - Médias e desvios padrões dos teores
séricos de glicose nos animais antes (0)
e após tratamentos (T) nos grupos SF,
DX e DM. * Médias diferem entre si no
momento 0 e tratamento (p<0,05). AB -
Médias com letras diferentes em uma
mesma linha, após os tratamentos (T),
diferem entre si (p<0,05)
FIGURA 12 - Médias e desvios padrões da glicorraquia
nos animais antes (0) e após tratamentos
(T) nos grupos SF, DX e DM. * Médias
diferem entre si no momento 0 e
tratamento (p<0,05)
38
FIGURA 13 - Médias e desvios padrões dos percentuais
de glicorraquia em relação à glicemia nos
animais antes (0) e após tratamentos (T)
nos grupos SF, DX e DM. Médias não
diferem entre si (p>0,05)
Em todos os grupos houve aumento da glicemia após os tratamentos.
Sendo o aumento significativo (p<0,05) apenas nos grupos DM e DX. Esse fato pode
se explicado pela concentração de cortisol endógeno lançados na corrente
sanguínea cerca de quatro horas antes, quando foi realizada a contenção dos
animais para administração das drogas. Segundo GUYTON (1997), o cortisol
aumenta todas as enzimas necessárias à conversão de aminoácidos à glicose nas
células hepáticas favorecendo rapidamente sua formação. Os glicocorticóides são
agentes hiperglicemiantes, obtendo esse efeito através de: inibição da captação e da
utilização periférica da glicose (antagonizando a ação da insulina); e promoção da
gliconeogênese a partir de aminoácidos e ácidos graxos livres (JERICÓ, 1999).
Apesar do grupo que recebeu dexametasona como tratamento ter
aumentado estatisticamente a glicemia, somente o grupo tratado com DMSO fez com
39
que esse açúcar conseguisse penetrar no tecido nervoso dos bovinos. Os animais do
grupo DM tiveram em média um aumento de 16,7mg/dl de glicose quando
comparados os momentos 0 e momentos T, confirmando a hipótese de TAKASA
(1999) onde DMSO aumenta a permeabilidade vascular.
Outra teoria que pode explicar o aumento da glicose no LCR dos bovinos
do grupo DM é de que a vasodilatação promovida pela liberação de histamina após a
aplicação de DMSO (BRAYTON, 1986) tenha favorecido a penetração de
componentes sanguíneos que normalmente não conseguiriam penetrar no tecido
nervoso.
A glicose não é uma substância lipossolúvel, sendo transportada
ativamente por uma proteína de membrana, a GLUT 1 (LATERRA & GOLDSTEIN,
1991), por esse fator, a glicose é uma das substâncias que podem denunciar o
aumento de permeabilidade da barreira do sangue para o tecido nervoso e
corroborar com a teoria de que o DMSO se liga fortemente a proteínas de
membranas causando sua desnaturação (KEANE et al., 1988). Ao se ligar com
algum composto as proteínas perdem a conformação (LEHNINGER et al., 1993) e
promovem a perda estrutural das membranas formadoras da barreira
hematoencefálica, permitindo assim a passagem de algumas substâncias pelo dano
causado a barreira.
ARAÚJO (2003) estudando valores normais de LCR em bezerros mestiços
na mesma faixa de idade do presente trabalho, encontrou uma média de 45,5 mg/dL
de glicose no LCR (valores entre 13mg/dL e 77mg/dL), com valores bem próximos
aos encontrados nos três grupos antes dos tratamentos.
40
6 CONCLUSÕES
O tratamento com dexametasona possivelmente se mostrou mais eficiente
na abertura da barreira hematoencefálica a proteínas, pois o grupo de animais
tratados com esse fármaco apresentou aumento nos valores de proteína total do
líquido cefalorraquidiano e no quociente de albumina.
O DMSO pode ter causado aumento da permeabilidade nos capilares
encefálicos, causando aumento do teor de hemácias e leucócitos no LCR após o
tratamento com essa dorga.
O aumento da atividade da lactatodesidrogenase e da creatinaquinase
liquórica nos animais de todos os grupos mostrou que a colheita de líquido
cefalorraquidiano no espaço atlanto-occipital pode ter causado traumatismo na dura-
máter ou no tecido encefálico durante o procedimento. O tempo de espera entre as
duas colheitas (15 dias) não foi suficiente para a normalização da atividade dessas
enzimas no LCR.
41
7 REFERÊNCIAS
1. ABBOTT, J. N. Prediction of blood - brain barrier permeation in drug discovery from
in vitro, in vivo and in silco models. Journal of Anatomy, Brighton, v.6, n.1,
p.629-638, 2002.
2. ALBUQUERQUE, P. I.; MOSCARDINI, A. R. C.; GIESEL, T.; COELHO, M. S.;
REIS JÚNIOR, J. L.; PERECMANIS, S.; BORGES, J. R. J. Exame do líquido
cefalorraquidiano em ruminantes. In: Congresso de Iniciação Científica da
UnB, 11, 2005, Brasília. Anais eletrônicos PIBIC-UnB. Disponível em:
http://www.ssrrinfo.com.br/data/pibic/2005/index.htm. Acesso em: 14 dez. 2006.
3. ANDREWS, F. M.; GEISER, D. R.; WHITE, S. L.; WILLIAMSON, L. H.; MAYKUTH,
P. L. Hematological and biochemical changes in horses competing in a 3 star
horse trial and 3 day event. Equine Veterinarian Journal, London, v.40, p. 57-63,
1995.
4. ARAÚJO, G. S. Valores normais no líquido cefalorraquidiano de bovinos
sadios. 2003. 54f. Monografia de conclusão de curso (Graduação em Medicina
Veterinária) – Faculdade de Agronomia e Veterinária, Universidade de Brasília,
Brasília.
5. BRAYTON, C. F. Dimethyl sulfoxide (DMSO): a review. Cornell Veterinarian,
Ithaca, v.76, p.61-90, 1986.
6. BRIGHTMAN M. W. The anatomic basis of the blood-brain barrier. In: NEUWELT,
E. A. Implications of the blood-brain barrier and it's manipulation, New York:
lenumPublishing Corporation, v.1, 1989. p.53-83.
7. BRINK, J. J.; STEIN. D. G. Pemoline levels in brain-enhancement by dimethyl
sulfoxide. Science, Washington, v.158, p.1479-1480, 1967.
8. BRINK, J. J; STEIN, D. G. Dimethyl sulfoxide: breakdown of blood-brain barrier.
Science, Philadelphia, v.160, n.835, p.1472-1473, 1968.
9. BUCHNER, A.; BAUMGARTNER, W.; HELM, U. Vergleichende Bestimmung der
Kreatinkinase Aktivität im Liquor cerebrospinalis und im Blut bei gesunden Rindern.
Tierärztliche Praxis v.24, p.353-356, 1996.
10. CLARKSON, P. M. EBBELING, C. Investigation of serum creatine kinase
variability after muscle damaging exercise. Clinical Science, London, v.75, p.261-
275, 1988.
42
11. COLES, E. H. Patologia clínica veterinária. 3.ed. São Paulo: Manole, 1984.
566p.
12. DAVSON H., SEGAL M. B. Physiology of the csf and blood-brain barriers.
New York: CRC press, 1995. 822 p.
13. de la TORRE, J. C.; SURGEON, T. E.; WOLLMAN, R. Subacute toxicity of
intravenous dimethyl sulfoxide in rhesus monkeys. Journal Toxicology and
Environmental Health, n.7, p.49-57, 1981.
14. FISHMAN, R. A. CSF Findings in diseases of the nervous system. In: FISHMAN
R. A. Cerebrospinal fluid in diseases of the nervous system. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, 1992. p.256-268.
15. GOLDSTEIN, G. W.; BETZ A. L. The blood-brain barrier. Scientific American,
New York, v.255, n. 3, p.74-83, 1986
16. GREIG, N. H., SWEENEY, D. J., RAPOPORT, S. I. Inability of dimethyl sulfoxide
to increase brain uptake of water-soluble compounds: Implications to
chemotherapy for brain tumors. Cancer Treatment Reports, Washington v. 69,
n.3, p.305-312, mar. 1985.
17. GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica, 9.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. 1014 p.
18. HARRIS, P. A. Equine rhabdomyolysis syndrome. In: HARRIS, P. A. Metabolic
and problems of the horse. London: Saunders, 1998. p.75-99.
19. HAYES, T. E. Examination of cerebrospinal fluid in the horse. The Veterinary
Clinics of North America Equine Practice, London, v.3, n.2, p.283-291, 1987.
20. INDRIERI, R. J.; HOLLIDAY, T.A.; KEEN, C. L. Critical evaluation of
phosphokinase in cerebrospinal fluid of dogs with neurologic diseases. American
Journal of Veterinary Research, Schaumburg, v.41, n.8, p.1299-1303, 1980.
21. IKEDA, Y.; LONG, D. M. Comparative effects of direct and indirect hydroxyl
radical scavengers on traumatic brain oedema. Acta Neurochir Suppl, Montreal,
n.51, p.74–76, 1990.
22. JACKSON, C.; de LAHUNTA, A.; DIVERS, T.; AINSWORTH, D. The diagnostic
utility of cerebrospinal fluid creatine kinase activity in the horse. Journal of
Veterinary Internal Medicine, Lakewood, v. 10, n. 4, p. 246-251, 1996.
23. JACOB, S. Pharmacology of DMSO. Scientific American, New York, v.354, n.7,
p.76-84, 2006.
43
24. JEAN, St. G.; JEAN, Y; ANDERSON D. E.; MOORE, W. E. Cerebrospinal fluid
constituents collected at the atlanto-occipital site of xylazine hydrochloride
sedated, healthy 8-week-old Holstein calves. Canadian Journal of Veterinary
Research, Ottawa, v.61, n.2, p.108-112, 1997.
25. JERICO, M. M Antiinflamatórios esteróides. In: SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.;
BERNARDI, M. M. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. cap.22, p.227-237.
26. KEANE, D. M.; GRAY, I.; PANUSKA, J. A. Ineffectiveness of dimethyl sulfoxide in
altering the permeability of the blood-brain barrier. Cryobiology, Orlando, v.14,
n.5, p. 592-597, 1977.
27. KOCSIS, J. J.; HARKAWAY, S; VOGEL, W. H. Dimethyl sulfoxide: breakdown of
blood-brain barrier. Neurosurgery, London, v.1, n.12, p.29-34, 1983.
28. LATERRA, J.; GOLDSTEIN, G. W. Development of the blood-brain barrier. In:
Neonatal and fetal medicine – Physiology and pathophysiology. Philadelphia:
Saunders, 1991. cap. 10, p.1525-1531.
29. LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica,
2.ed. São Paulo: Sarvier, 1993. 839 p.
30. LUCAS, G. M.; MACHADO, L. P.; CAMPOS, K. C. H.; AMORIM, R. M.;
TAKAHIRA, R. K.; ROSA, E. P.; BORGES, A. S. Avaliação do líquido
cefalorraquidiano em bovinos portadores de enfermidades neurológicas: efeitos
do tempo e da adição de soro sangüíneo/formalina sobre a análise citológica.
Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.71, p.78, 2004.
31. LUTTGEN, P. J. Neuromuscular disorders. In: WILLARD, M. D.; TVEDTEN, H.;
TURNWALD, G. H. Small Animal - Clinical diagnosis by laboratory methods.
Philadelphia, Saunders Company, 1989. p.297-304.
32. MACHADO, A. B. M. Meninges e Líquor. In: MACHADO, A. B. M.
Neuroanatomia funcional. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2002a. cap.9, p.75-86.
33. MACHADO, A. B. M. Vascularização do Sistema nervoso central e barreiras
encefálicas. In: Neuroanatomia funcional. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2002b.
cap. 10, p.87-99.
34. MAYHEW, I. G.; BEAL, C. R. Techniques of analysis of cerebrospinal fluid.
Veterinary Clinics of North America: Small Animal Pratice, London, v.10, n.1,
p.155-176, 1980.
44
35. MAYHEW, I. G. Tetraparesis, paraparesis and ataxia of the limbs, and episodic
weakness. In: MAYHEW, I. G. Large and Animal Neurology: a handbook for
veterinary clinicians. Philadelphia: Lea & Febiger, 1989. cap. 8, p.243-334.
36. McDONALD, L. E. Hormônios que influenciam o metabolismo. In: ADAMS H. R.
Farmacologia e terapêutica em veterinária, 8.ed. São Paulo: Guanabara
Koogan, 2004. cap.36, p.494-526.
37. MELO, C. L.; MARTINS, A. M. C.; MARTINS, R. D.; QUEIROZ, M. G. R. Análise
laboratorial do líquido céfalo-raquidiano. Revista Brasileira de Análises
Clínicas, Rio de Janeiro, v.35, n.3, p.109-112, 2003.
38. NEUWELT, E. A; BARNETT, P.; BARRANGER, J.; MCCORMICK, C.; PAGEL,
M.L; Inability of dimethylsulfoxide and 5-fluorouracil to open the blood-brain
barrier. Neurosurgery, Los Angeles, v.12, n.1, p.29-34, 1983.
39. OLUKOGA, A. O.; BOLODEOKU, J.; DONALDSON, D. Origens of cerebrospinal
fluid analysis in clinical diagnosis. Journal of Clinical Pathology, Monroe, v.6,
n.1, p.187-192, 1997.
40. RADOSTITS, O. M. Doenças do sistema nervoso central. In: RADOSTITS, O. M.;
GAY, C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Um tratado de doenças dos
bovinos, ovinos, suínos, caprinos e eqüinos. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002. cap 12, p. 448-490.
41. RAMMIER, D. H., ZAFFARONI, A. Biological implications of DMSO based on a
review of its chemical properties. Annals of the New York Academy of
Sciences, New York, v.141, p.13-23, 1967.
42. ROBINSON, N. E. Current therapy in equine medicine. Philadelphia: Saunders,
1997. 800p.
43. ROSEMBLUM, W. I. Dimethylsulfoxide and ethanol, commonly used diluents,
prevent dilation of pial arterioles by openers of K (ATP) ion channels. European
Jornal of Pharmacology, Amsterdan, v.430, n.1, p.101-106, 2001.
44. ROSENBERG, G. A. Physiology of cerebrospinal and interstitial fluids. In:
ROSENBERG, G. A. Brain fluids and metabolism. New York: Oxford University
Press, 1990. p.36-53.
45. ROWLAND, L. P.; FINK, M. E.; RUBIN, L. Cerebrospinal Fluid: Blood-Brian
Barrier, Brain Edema, and Hydrocephalus. In: KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J.H.;
JESSELL, T.M., Principles of Neuro Science, 3.ed. Norwalk: Appleton & Lange,
1991. p.1050-1060.
45
46. RUBIN, L. F. Toxicolog update of dimethyl sulfoxide. Annals New York
Academy of Sciences, New York, v.411,n.1, p.6-10, 1983.
47. SAMPAIO, I. B. M. Testes estatísticos para a comparação de médias. In:
SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo
Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária – UFMG.
1998. p.174-187.
48. SANTOS, N. C.; FIGUEIRA-COELHO, J.; SALDANHA, C.; MARTINS-SILVA, J.
Biochemical, biophysical and haemorheological effects of dimethyl sulphoxide on
human erythrocyte calcium loading. Cell Calcium, Denver, v.12, n.31, p.183–188,
2003.
49. SCOTT, P. R. Diagnostic techniques and clinicopathologic findings in ruminant
neurologic disease. In: Veterinary clinics food animal practice. 5.ed. London:
Elsevier, 2004. p. 215-230.
50. SORJONEM, D. C. Total protein, albumin quota and electrophoretie patterns in
cerebrospinal fluid of dogs with central nervous system disordens. American
Journal of Veterinary Research, Schaumburg, v.48, n.2, p.301-305, 1987.
51. STEINBERG S. A. Líquido cerebroespinal In: MEDSYAY, W.; PRIER, F. E.;
JOHN, S. W. Patologia clínica veterinária. México: Hispano Americana DF,
1973. p.168-182.
52. STÖBER, M. Sistema nervoso central. In: DIRKSEN, G.; GRÜNDER, H.;
STÖBER, M. Exame clínico dos bovinos. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1993. cap.12, p.341-362.
53. SZMANT, H. H. Physical properties of dimethyl sulfoxide and its function in
biological system. Dimethyl Sulfoxide (DMSO) Information Center [on line],
Detroit, Estados Unidos. Disponível em: http:// www. dmso. org / articles /
information/szmant.html. Acesso em: 25 fev. 2007.
54. TASAKA, A. C. Antiinflamatórios não-esteróides. In: SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK,
S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 2 ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. cap 21, p.212-226.
55. WILSON, J. W. Clinical application of cerebrospinal fluid creatine phosphokinase
determination. Journal of the American Veterinary Medical Association, New
York, v.171, n.15, p.200-202, 1977.
56. WONG, L. K.; REINERTSON, E. L. Clinical considerations of dimethylsulfoxide.
Iowa State University Veterinarian, Des Moines, v.46, p.89-95, 1984.
46
57. ZIYLAN, Y. Z.; KORKMAZ, G.; BERNARD, G.; LEFAUCONNIER, J. M. Effect of
dimethyl sulfoxide on blood-to-brain transfer of alpha-aminoisobutyric acid:
examination of regional blood-brain barrier function. Neuroscience Letters,
Limerick, v.89, n.1, p.74-79, 1988.
ANEXOS
QUADRO 2 – Valores da contagem de hemácias e leucócitos no LCR dos animais do
Grupo SF (controle) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Hemácias
(cel/µl)
Leucócitos
(cel/µl)
Hemácias
(cel/µl)
Leucócitos
(cel/µl)
S1
1 5 1 6
S2
3 27 2 8
S3
1 10 1 7
S4
1 6 3 10
S5
1 10 1 7
S6
2 4 9 15
S7
1 2 1 3
QUADRO 3 – Valores da contagem de hemácias e leucócitos no LCR dos animais do
Grupo DX (tratados com dexametasona) nos momentos 0 e após o
tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Hemácias
(cel/µl)
Leucócitos
(cel/µl)
Hemácias
(cel/µl)
Leucócitos
(cel/µl)
X8
3 2 3 6
X9
5 13 1 2
X10
3 15 6 13
X11
11 12 2 2
X12
2 4 1 3
X13
1 0 2 7
X14
3 3 2 8
QUADRO 4 – Valores da contagem de hemácias e leucócitos no LCR dos animais do
Grupo DM (tratados com DMSO) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Hemácias
(cel/µl)
Leucócitos
(cel/µl)
Hemácias
(cel/µl)
Leucócitos
(cel/µl)
D15
2 17 1 6
D16
0 2 1 4
D17
2 11 6 13
D18
7 2 15 20
D19
1 3 8 5
D20
7 14 12 5
D21
7 8 8 13
48
QUADRO 5 – Níveis de proteína total liquórica e albumina sérica dos animais do Grupo SF (controle)
nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Proteína LCR
(mgdl)
Albumina soro
(g/dl)
Proteína LCR
(mg/dl)
Albumina soro
(g/dl)
S1
80,2 3,21 18,1 3,16
S2
10,5 3,85 19,0 3,60
S3
19,3 3,74 21,6 3,35
S4
27,1 4,07 24,3 3,75
S5
57,6 2,54 22,5 3,77
S6
18,1 3,81 22,0 3,64
S7
35,6 3,55 27,6 3,63
QUADRO 6 – Níveis de proteína total liquórica e albumina sérica dos animais do Grupo DX (tratados
com dexametasona) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Proteína LCR
(mgdl)
Albumina soro
(g/dl)
Proteína LCR
(mg/dl)
Albumina soro
(g/dl)
X8
46,7 3,61 74,9 3,70
X9
8,5 3,20 23,7 3,22
X10
26,8 3,29 59,0 3,64
X11
64,7 3,49 44,1 3,68
X12
27,8 4,59 32,4 4,43
X13
27,1 4,25 30,6 4,43
QUADRO 7 – Níveis de proteína total liquórica e albumina sérica dos animais do Grupo DM (tratados
com DMSO) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Proteína LCR
(mgdl)
Albumina soro
(g/dl)
Proteína LCR
(mg/dl)
Albumina soro
(g/dl)
D15
24,5 3,33 23,2 3,2
D16
21,3 3,64 21,5 3,46
D17
18,2 3,44 34,9 4,52
D18
17,2 3,41 29,0 4,31
D19
46,6 2,82 19,1 2,54
D20
18,3 3,78 23,2 4,01
D21
13,7 3,24 15,4 5,56
49
QUADRO 8 – Níveis de sódio, potássio e cloro no LCR dos animais do Grupo SF
(controle) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Na
(mEq/L)
K
(mEq/L)
Cl
(mEq/L)
Na
(mEq/L)
K
(mEq/L)
Cl
(mEq/L)
S1 135 2,7 116 136 2,8 116
S2 135 2,8 115 135 2,8 116
S3 137 2,8 118 135 2,8 115
S4 135 2,6 118 136 2,8 116
S5 136 2,8 115 136 2,9 116
S6 136 2,7 118 138 2,8 117
S7 135 2,6 117 136 2,9 117
QUADRO 9 – Níveis de sódio, potássio e cloro no LCR dos animais do Grupo DX
(tratados com dexametasona) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Na
(mEq/L)
K
(mEq/L)
Cl
(mEq/L)
Na
(mEq/L)
K
(mEq/L)
Cl
(mEq/L)
X8 138 2,9 115 140 3 116
X9 140 2,9 116 140 2,8 118
X10 136 2,6 118 139 2,8 121
X11 136 2,7 120 141 2,9 117
X12 137 2,7 119 138 3 117
X13 138 2,6 116 138 2,8 116
X14 141 3 120 139 2,7 117
QUADRO 10 – Níveis de sódio, potássio e cloro no LCR dos animais do Grupo DM
(tratados com DMSO) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Na
(mEq/L)
K
(mEq/L)
Cl
(mEq/L)
Na
(mEq/L)
K
(mEq/L)
Cl
(mEq/L)
D15 136 2,7 118 137 2,8 116
D16 135 2,7 115 137 2,9 118
D17 139 2,8 119 140 3 118
D18 138 2,8 119 138 2,9 118
D19 137 2,9 116 138 2,9 118
D20 137 2,7 118 138 2,8 117
D21 138 2,8 117 138 2,9 117
50
QUADRO 11 – Níveis de CK e LDH no LCR dos
animais do Grupo SF (controle) nos
momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
LDH
(U/L)
CK
(U/L)
LDH
(U/L)
CK
(U/L)
S1 10 1 16 2
S2 7 1 17 2
S3 5 2 12 2
S4 8 1 12 2
S5 6 1 19 2
S6 9 1 13 1
S7 11 2 24 6
QUADRO 12 – Níveis de CK e LDH no LCR dos
animais do Grupo DX (tratados com
dexametasona) nos momentos 0 e T
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
LDH
(U/L)
CK
(U/L)
LDH
(U/L)
CK
(U/L)
X8 5 1 21 3
X9 12 1 42 4
X10 5 2 14 3
X11 7 1 24 4
X12 9 1 20 1
X13 6 1 15 2
X14 4 1 9 3
QUADRO 13 – Níveis de CK e LDH no LCR dos
animais do Grupo DM (tratados com
DMSO) nos momentos 0 e após o
tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
LDH
(U/L)
CK
(U/L)
LDH
(U/L)
CK
(U/L)
D15 19 1 18 2
D16 9 1 23 1
D17 4 1 33 3
D18 0 1 26 4
D19 10 1 27 3
D20 7 1 20 2
D21 4 1 16 2
51
QUADRO 14 – Glicemia e glicorraquia dos animais do Grupo SF (controle) nos momentos 0
e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Glicemia
(mg/dl)
Glicorraquia
(mg/dl)
Glicemia
(mg/dl)
Glicorraquia
(mg/dl)
S1 72 32 80 43
S2 81 37 91 46
S3 80 62 62 58
S4 90 45 87 49
S5 97 57 112 67
S6 93 74 102 66
S7 76 31 97 44
QUADRO 15 – Glicemia e glicorraquia dos animais do Grupo DX (tratados com
dexametasona) nos momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Glicemia
(mg/dl)
Glicorraquia
(mg/dl)
Glicemia
(mg/dl)
Glicorraquia
(mg/dl)
X8 100 60 117 61
X9 97 71 132 78
X10 70 43 99 54
X11 78 31 96 72
X12 93 40 130 88
X13 102 45 108 56
X14 77 52 104 55
QUADRO 16 – Glicemia e glicorraquia dos animais do Grupo DM (tratados com DMSO) nos
momentos 0 e após o tratamento
MOMENTO 0 MOMENTO T
ANIMAL
Glicemia
(mg/dl)
Glicorraquia
(mg/dl)
Glicemia
(mg/dl)
Glicorraquia
(mg/dl)
D15 95 45 116 67
D16 79 47 117 61
D17 107 62 123 66
D18 95 50 106 57
D19 53 40 119 67
D20 84 50 88 72
D21 81 35 103 56
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo