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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
BIOQUÍMICA SÉRICA DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA
RAÇA CURRALEIRO DE DIFERENTES IDADES
Anúzia Cristina Barini
Orientadora: Prof. Drª Maria Clorinda Soares Fioravanti
GOIÂNIA
2007
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ii
ANÚZIA CRISTINA BARINI
BIOQUÍMICA SÉRICA DE BOVINOS (Bos taurus) SADIOS DA
RAÇA CURRALEIRO DE DIFERENTES IDADES
Dissertação apresentada para
obtenção do grau de Mestre em
Ciência Animal junto à Escola de
Veterinária da Universidade
Federal de Goiás
Área de Concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia
Orientadora:
Profa. Drª Maria Clorinda Soares Fioravanti
Comitê de orientação:
Prof. Dr. Dirson Vieira
Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito
GOIÂNIA
2007
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iii
FOLHA DE APROVAÇÃO
iv
Aos meus pais Iranilda Maria de Jesus
Barini e Paulo Barini pelo apoio
incondicional, pois mesmo à distância
sempre me apoiaram, acreditaram e
confiaram em mim. Ao meu esposo
Júnior César Ferreira Nunes, pelo
incentivo, paciência e amor nos
melhores e nos piores momentos.
Dedico.
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter guiado meus passos para que
eu pudesse chegar até aqui.
À Profª Maria Clorinda Soares Fioravanti pelo companheirismo,
amizade, dedicação, e pela disposição em estar sempre pronta a ensinar.
Aos meus co-orientadores Prof. Dr. Dirson Vieira e Prof. Dr Luiz
Augusto Batista Brito pela paciência e colaboração.
Aos funcionários do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital
Veterinário Wesley Francisco Neves, Maria Francisca e Helton Freires Oliveira
pela paciência, disposição e sincera amizade.
À Madalena Maria Saldanha Coelho e Alinne Borges Cardoso pelo
esforço e dedicação e aos graduandos Gustavo Lage Costa, Lucas Jacomini
Abud, Saura Nayane de Souza e Adriana Reis Bittencourt Silva.
À Severiana C. Mendonça Cunha Carneiro, Médica Veterinária do
Hospital Veterinário/UFG pela amizade e disposição.
À Joyce Rodrigues Lobo pela ajuda e por compartilhar não só os bons
momentos, mas também os momentos difíceis desta jornada.
Á Marina Pacheco Miguel, Sabrina Castilho Duarte, Vanessa Silvestre
F. de Oliveira, Raquel Soares Juliano, colegas da pós-graduação pelos bons
momentos vividos durante esta jornada.
Aos amigos Renata Pereira Ferreira, Rafael Costa Vieira, Ana Paula
Ázara, Letícia Caldas Monteiro pela sincera amizade e companheirismo.
Á amiga Leila Cardozo por estar do meu lado nos melhores e nos
piores momentos.
Ao programa de Pós-Graduação da Escola de Veterinária da UFG por
proporcionar a oportunidade de aprendizagem.
Ao CNPq pela bolsa concedida.
Enfim, meus sinceros agradecimentos a todos aqueles, amigos,
colegas, professores, servidores que direta ou indiretamente contribuíram para o
meu aprendizado e aprimoramento acadêmico.
vi
Melhor do que a criatura,
fez o criador a criação.
A criatura é limitada.
O tempo, o espaço,
normas e costumes.
Erros e acertos.
A criação é ilimitada.
Excede o tempo e o meio.
Projeta-se no Cosmos
Cora Coralina
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1
2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 2
2.1 Origem e histórico do gado Curraleiro......................................................... 2
2.2 Bioquímica sérica........................................................................................ 4
2.2.1 Enzimologia clínica na avaliação da integridade celular.......................... 4
2.2.2 Outras determinações da bioquímica sérica............................................ 10
2.2.3 Eletrólitos.................................................................................................. 15
2.4 Fatores de variabilidade da bioquímica sanguínea..................................... 23
3 OBJETIVOS................................................................................................... 28
3.1 Objetivo geral.............................................................................................. 28
3.2 Objetivos específicos................................................................................... 28
4 METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE AÇÃO................................................. 29
4.1 Local de realização.................................................................................... 29
4.2. População avaliada.................................................................................... 29
4.3 Avaliação clínica........................................................................................ 30
4.4 Exames laboratoriais................................................................................. 30
4.5 Análise Estatística....................................................................................... 32
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 33
5.1 Idade............................................................................................................ 33
5.2 Raça............................................................................................................ 62
6 CONCLUSÕES............................................................................................... 72
REFERÊNCIAS................................................................................................. 74
ANEXOS............................................................................................................ 88
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Bovinos da raça Curraleiro de vários estados brasileiros.............................. 3
FIGURA 2 Comportamento da atividade sérica da AST (UI/L) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia 007...................................
34
FIGURA 3 Comportamento da atividade sérica da GGT (UI/L) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.................................
36
FIGURA 4 Comportamento da atividade sérica da ALP (UI/L) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias– Goiânia 2007..................................
39
FIGURA 5 Comportamento da atividade sérica da CK (UI/L) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.................................
41
FIGURA 6 Comportamento das bilirrubinas (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
43
FIGURA 7 Comportamento da proteína total sérica (g/dl) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.................................
45
FIGURA 8 Comportamento da albumina (g/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
48
FIGURA 9 Comportamento das globulinas (g/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
49
FIGURA 10 Comportamento da uréia (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
51
FIGURA 11 Comportamento da creatinina (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
52
FIGURA 12 Comportamento do colesterol (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
54
FIGURA 13 Comportamento do cálcio (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
56
FIGURA 14 Comportamento do fósforo (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
58
FIGURA 15 Comportamento do magnésio (mg/dl) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
59
FIGURA 16 Comportamento do sódio (mmol/L) em bovinos da raça Curraleiro em
diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.......................................................
60
FIGURA 17 Comportamento da do potássio (mmol/L) em bovinos da raça Curraleiro
em diferentes faixas etárias – Goiânia 2007.................................................
61
ix
LISTA DE TABELAS E QUADROS
TABELA 1 Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv)
das atividades séricas das enzimas AST, GGT, ALP e CK de
bovinos sadios da raça Curraleiro, conforme a faixa etária –
Goiânia, 2007....................................................................................
33
TABELA 2 Valor médio, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) da
atividade sérica da enzima GGT de bovinos sadios da raça
Curraleiro, com até 15 dias de vida – Goiânia, 2007........................
38
TABELA 3 Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv)
das bilirrubinas direta, indireta e total de bovinos sadios da raça
Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007..........................
42
TABELA 4 Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv)
das proteínas totais, albumina e globulinas de bovinos sadios da
raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007..................
45
TABELA 5 Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv)
da uréia, creatinina e colesterol de bovinos sadios da raça
Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007..........................
50
TABELA 6 Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv)
do cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio de bovinos sadios
da raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007.............
56
TABELA 7 Média geral, desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV) dos
parâmetros da bioquímica sérica de bovinos sadios da raça
Curraleiro – Goiânia, 2007................................................................
62
QUADRO 1 Caracterização dos grupos experimentais em função da idade........ 29
x
LISTA DE ABREVIATURAS
ADP Adenosina difosfato
ALP Fosfatase alcalina
ALT Alanina aminotransferase
AMP Adenosina Monofosfato
ARG Arginase
AST Aspartato aminotransferase
ATP Adenosina trifosfato
Ca Cálcio
CK Creatina quinase
GGT Gama glutamiltransferase
GLDH Glutamato desidrogenase
K Potássio
LDH Lactato desidrogenase
Mg Magnésio
Na Sódio
P Fósforo
SDH Sorbitol desidrogenase
UI Unidade Internacional
xi
RESUMO
O gado Curraleiro é um animal extremamente dócil, resistente às doenças e
parasitas, que pode ser utilizado, sem grandes investimentos na exploração de
pastagens naturais de baixa qualidade onde outras raças teriam baixa
produtividade ou até mesmo dificuldades de sobrevivência. Todo esse potencial
genético encontra-se em sério risco de extinção, uma vez que esses animais vêm
sendo substituídos por outros com maior produtividade. Estas características são
notáveis justificativas para conservar este recurso genético potencialmente
importante. Este trabalho teve com objetivo determinar o perfil bioquímico
sanguíneo de bovinos da raça curraleiro, por meio da determinação da atividade
sérica de AST, GGT, ALP, CK, da dosagem de bilirrubina, proteína total,
albumina, globulina, uréia, creatinina, colesterol, cálcio, fósforo, magnésio, sódio e
potássio. Foram utilizados 275 bovinos da raça Curraleiro, clinicamente sadios,
mantidos em regime extensivo e/ou semi-extensivo, provenientes dos estados de
Goiás, Tocantins e Bahia, alocados em grupos conforme a faixa etária.
Inicialmente os dados foram submetidos a estatística descritiva e posteriormente
ao teste de Kruskall Wallis. A AST aumentou com o evoluir da idade. A ALP
apresentou comportamento inversamente proporcional ao desenvolvimento etário.
A enzima CK revelou atividade sérica crescente até os 12 meses de idade,
decrescendo a partir daí, para mais tarde voltar a se elevar nos animais entre 24 e
36 meses de idade. Para a enzima GGT não foi observada relação com o fator
etário, embora os maiores valores tenham sido obtidos nos animais com até três
meses de idade. As bilirrubinas direta, indireta e total não apresentaram relação
com o fator etário. As bilirrubina direta e indireta foram maiores nos animais mais
jovens, decrescendo com a idade. A bilirrubina total também foi maior nos mais
jovens, declinando a partir dos 12 meses de idade. A proteína total sérica e a
globulina apresentaram relação com a idade com tendência diretamente
proporcional ao desenvolvimento etário, ou seja, os menores valores atribuídos
aos animais jovens e os valores mais elevados apresentados pelos animais
adultos. Já para a albumina não houve relação com a idade, revelando apenas
pequenas oscilações em função da idade. A uréia foi relacionada com a idade
com os valores mínimos observados nos animais mais jovens, com tendência
xii
crescente até os 24 meses de idade quando houve estabilização dos valores da
uréia. A creatinina e o colesterol não apresentaram relação com o fator etário. A
creatinina aumentou com o evoluir da idade até os 36 meses de vida. O colesterol
apresentou tendência decrescente até os 12 meses de idade e decrescente a
partir dos 13 meses de idade. Para o cálcio e o magnésio não foi verificada
relação com a idade. O fósforo foi relacionado com o fator etário com
comportamento inversamente proporcional ao evoluir da idade. Sódio e potássio
foram relacionados com a idade.
Palavras-chave: Gado, patologia clínica, Pé-duro, raças naturalizadas, valores de
normalidade.
xiii
ABSTRACT
The Curraleiro cattle animal is extremely docile and resists illnesses and parasites,
and it may be used in the exploration of low-quality natural pastures without great
investments, where other breeds would reveal a low productivity or even survival
difficulties. All of this genetic potential is currently under serious risk of extinction
due to the fact that these animals are being replaced by more productive ones.
Such features are formidable justifications for the preservation of this potentially
important genetic resource. This research aimed to determine the blood
biochemical profile of bovine animals of the Curraleiro breed via the determination
of serum activity of AST, GGT, ALP, CK, as well as the dosages of bilirubin, total
protein, albumin, globulin, urea, creatinine, cholesterol, calcium, phosphorus,
magnesium, sodium, and potassium. 275 clinically healthy bovine Curraleiro
animals were used in this research, all of which were kept in extensive and/or
semi-extensive regimes, originated from Goiás and Tocantins states, and placed
in groups according to their age. Initially data was submitted to descriptive
statistics and subsequently to the Kruskall-Wallis test. AST levels increased with
age. ALP revealed an inversely proportional behavior to age development. The CK
enzyme revealed a rising serum activity up to the first twelve months of age which
then decreased; subsequently it increased once again in animals with ages
between 24 and 36 months. Influences in age were not observed in the GGT
enzyme, even though the highest values were obtained in animals of up to three
months of age. Direct, indirect, and total bilirubins were not influenced by the age
factor. Direct and indirect bilirubins were higher in younger animals and decreased
with age. Total bilirubin was also higher in younger animals and declined from 12
months of age onwards. Seric total protein and globulin were influenced by age
with a directly proportional tendency to age development, in other words, the
lowest values were attributed to young animals and the highest values were seen
in adult animals. On the other hand, albumin was not influenced by age, having
revealed only small oscillations due to age. Urea was influenced by age by
revealing minimal values in the younger animals. There was a rising tendency up
to 24 months of age, at which point there was stabilization in urea values.
xiv
Creatinine and cholesterol were not influenced by the age factor. Creatinine
increased with age development up to 36 months. Cholesterol revealed a
decreasing tendency up to 12 months of age and a increasing tendency from 13
months onwards. Age influence was not verified in calcium and magnesium.
Phosphorus was not influenced by age and it revealed an inversely proportional
behavior to age development. Sodium and potassium were influenced by age.
Key-words: Cattle, clinical pathology, cattle, naturalized breeds, normality values,
“Pé-duro”.
1 INTRODUÇÃO
O gado Curraleiro como é conhecido nos estados de Goiás e Tocantins
ou Pé-duro nos estados do Piauí e Maranhão, é uma das raças mais antigas do
Brasil, descendente dos bovinos trazidos pelos portugueses na época da
colonização. Esses bovinos foram aos poucos se adaptando ao calor, a seca e as
pastagens de baixa qualidade, o que resultou com o passar dos séculos em
animais resistentes, rústicos e adaptados às condições adversas. No entanto,
todo esse potencial genético encontra-se em sério risco de extinção, uma vez que
esses animais vêm sendo substituídos por outros animais, mais produtivos,
principalmente os zebuínos.
Esses animais, extremamente dóceis, resistentes as doenças e
parasitas, poderiam ser utilizados, sem grandes investimentos na exploração de
pastagens naturais de baixa qualidade onde outras raças teriam baixa
produtividade ou até mesmo dificuldades de sobrevivência. Além disso, os
cruzamentos industriais seriam uma alternativa de utilização do gado Curraleiro,
com o intuito de obter animais mais resistentes e adaptados.
Estas características são notáveis justificativas para conservar este
recurso genético potencialmente importante. Entretanto os estudos sobre essa
raça ainda são escassos, o que requer o desenvolvimento de pesquisas que
visem o conhecimento específico da raça e conseqüentemente objetivem a
preservação da mesma.
A patologia clínica se constitui em importante ferramenta para a clínica
médica veterinária, uma vez que fornece informações valiosas sobre o estado
nutricional, metabólico e sanitário do rebanho. Fornecendo ainda subsídios para a
definição do diagnóstico, direcionamento terapêutico bem como auxiliando no
estabelecimento do prognóstico frente as mais diversas enfermidades dos
animais domésticos. Entretanto, para que sejam convenientemente interpretados
e utilizados, há necessidade de estabelecimento de valores de normalidade
específicos que levem em consideração os fatores de variabilidade como espécie,
raça, sexo e idade.
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Origem e histórico do gado Curraleiro
Na época da colonização, por volta da metade do século XVI, a criação
de gado começou no Brasil no governo de Tomé de Sousa, revelando-se de
grande importância para a colônia recém descoberta. Os bovinos eram oriundos
de Portugal e da Espanha, trazidos pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
Como na América do Sul não existiam animais da espécie bovina, foi necessário
trazer da Península Ibérica o gado indispensável à produção de leite e carne
durante a longa fase da colonização. Os animais desembarcaram na Bahia e
foram trazidos junto com os escravos e trocados por açúcar e outras mercadorias.
As raças naturalizadas importadas deram início ao povoamento dos campos
naturais do Brasil, adaptaram-se ao novo ambiente, formando grandes rebanhos
que originaram diversas variedades, algumas das quais hoje já melhoradas
(SANTIAGO, 1975; SANTIAGO, 1985; CAMARGO, 1990, citado por BRITTO,
1998). De acordo com ATHANASSOF (1958); NOGUEIRA NETO (1980) citado
por BRITTO (1998) estes bovinos pertenciam aos três troncos seguintes: Bos
taurus ibericos, Bos taurus aquitanicus e Bos taurus batavicus.
O Curraleiro (Figura 1) é o gado típico dos sertões do Brasil e provém
da união das raças Alentajana e Galega (raças portuguesas) com animais de
origem espanhola introduzidos por meio das colônias do Prata (raças
pertencentes ao tronco Bos taurus ibericus) (VIANA, 1927). Segundo
ATHANASSOF (1957) o Curraleiro é o descendente direto do gado da raça
Mirandesa e mais particularmente da variedade Beiroa, que se encontra na
Espanha, na província de León. Entretanto, parece pouco provável que apenas
bovinos mirandeses tenham dado origem ao gado Curraleiro, mas sim um
conjunto de animais de diferentes grupos genéticos, àquela época ainda não
estabelecidos como raças (CARVALHO & GIRÃO, 1999).
De acordo com CARVALHO & AMORIM (1989), essa raça formou-se
em regime de criação superextensivo, com um mínimo de cuidados sanitários e
de alimentação, resultando em animais extremamente rústicos, que constituem
3
um recurso genético para a pecuária brasileira. Os dados disponíveis demonstram
extraordinária habilidade combinatória entre as raças naturalizadas e raças
destinadas à exploração comercial, tornando necessária a avaliação de seu
potencial e de seu uso racional nos países da América Latina (CAMARGO, 1984).
A) Porto Nacional - TO B) Sucupira - TO
C) Divisa entre Minas Gerais e Bahia D) Cavalcante - GO
FIGURA 1 – Bovinos da raça Curraleiro de vários estados brasileiros
Embora as raças naturalizadas brasileiras sejam menos produtivas que
as comerciais, despertando pouco interesse por parte dos criadores, elas são
perfeitamente adaptadas às nossas condições, bem como resistentes a doenças
e parasitas, podendo trazer grandes contribuições aos programas de
melhoramento genético (RANGEL et al., 2004).
A resistência a doenças é um atributo particularmente importante nos
sistemas de produção pecuária e a sanidade pode ser um fator limitante na
sustentabilidade desses sistemas. A possibilidade de aumentar a resistência
genética a doenças, em um rebanho, é bastante viável aplicando-se técnicas de
simples, como a inclusão de raças naturalizadas nos programas de melhoramento
genético (GIBSON, 2002; GIBSOM & BISHOP, 2005).
4
A extinção de raças naturalizadas brasileiras representaria uma perda
irreparável para a ciência, pois com elas desapareceriam também inúmeras
informações contidas na sua estrutura genética, desenvolvidas ao longo de
séculos de seleção natural (MARIANTE & CAVALVANTE, 2000).
2.2 Bioquímica sérica
A composição bioquímica do plasma sanguíneo reflete a situação
metabólica dos tecidos animais, de forma a poder indicar lesões teciduais,
transtornos no funcionamento dos órgãos, adaptação do animal diante de
desafios nutricionais e fisiológicos e desequilíbrios metabólicos específicos ou e
de origem nutricional. O estudo da composição bioquímica do sangue é de longa
data, principalmente vinculada à patologia clínica em casos individuais. A
interpretação do perfil bioquímico é complexa tanto aplicada a rebanhos quanto a
indivíduos, devido a mecanismos que controlam o nível sangüíneo de vários
metabólitos e devido, também, a grande variação desses níveis em função de
fatores como raça, idade, estresse, dieta, nível de produção leiteira, manejo, clima
e estado fisiológico (GONZÁLEZ & SCHEFFER 2003).
De acordo com SOUZA (1997) entre os inúmeros exames que auxiliam
o Médico Veterinário em sua atuação como clínico, merecem destaque as provas
bioquímicas realizadas no soro ou plasma sangüíneo que permitem avaliar o
estado funcional do fígado e dos rins, sendo fundamentais para o diagnóstico,
prognóstico e tratamento de muitas doenças que acometem os referidos órgãos
ou que sobre eles repercutem. Contudo, para que se possam utilizar tais exames
em sua plenitude, faz-se necessário que existam, para as várias espécies de
animais domésticos, valores padrões de referência para os vários parâmetros da
crase sangüínea.
2.2.1 Enzimologia clínica na avaliação da integridade celular
O conhecimento teórico sobre a cinética enzimática permitiu o
desenvolvimento de ensaios quantitativos da atividade enzimática. Utilizando
métodos analíticos relativamente simples como a fotocolorimetria analisa-se a
5
quantidade de produto formado ou de substrato consumido pela adição da enzima
em uma solução tamponada com concentração conhecida de substrato. A reação
ocorre em tempo fixo em condições conhecidas de temperatura e pH
(SCHEFFER & GONZÁLEZ, 2005).
Os métodos de análise enzimática podem ser classificados como de
ponto final ou cinético. Nos métodos de ponto final o produto formado pela reação
enzimática interage com um reagente para formar um complexo colorido, onde a
intensidade da cor reflete a quantidade de produto produzido como resultado da
presença da enzima. Os métodos cinéticos medem a taxa de reação enzimática
envolvendo medidas seriadas da concentração do produto por unidade de tempo.
A taxa de formação do produto e, portanto, a taxa de reação é proporcional à
quantidade de enzimas presentes (HENDRIX, 2002).
A enzimologia clínica veterinária se desenvolveu como uma importante
ferramenta no diagnóstico das hepatopatias e é amplamente utilizada. A
descoberta da utilização da dosagem de aspartato aminotransferase (AST) na
doença cardíaca humana junto à quase simultânea descoberta de que a AST se
eleva na doença hepática forneceu o impulso para o crescimento da enzimologia
clínica. Uma miríade de enzimas séricas tem sido investigada em humanos e em
animais para identificar enzimas séricas que tenham utilização potencial como
ferramentas de diagnóstico em praticamente todas as doenças (KANEKO, 2000).
As proteínas próprias para o funcionamento das células são
sintetizadas enquanto outros genes da célula são suprimidos, por isso cada tipo
celular, por exemplo, um hepatócito ou fibra muscular, contém sua própria
“impressão digital” de enzimas. A quantidade total de enzimas no plasma por
peso é menor que 1g/L. Os resultados, entretanto, não são expressos como
concentrações, mas como atividades, representando a mensuração da velocidade
com que a enzima na amostra pode converter o substrato em um produto, sob
condições padronizadas de análise. A unidade internacional (UI) de atividade
enzimática é definida como a quantidade de enzima que catalisará a conversão
de 1mmol de substrato por minuto (KERR, 2003).
O aumento na atividade sérica ou plasmática de uma enzima ocorre
principalmente por lesão, ruptura ou necrose das células do órgão ou tecido que
contém esta enzima. Em menor extensão, a proliferação celular também pode
6
levar ao aumento plasmático das enzimas. As atividades reais atingidas
dependem da taxa e da extensão da lesão celular, contrabalançadas com a taxa
de catabolismo ou excreção. Isto significa que atividades relativamente altas
podem ser atingidas transitoriamente, quando mesmo uma pequena lesão ocorre
de forma aguda, mas durante a doença crônica, uma lesão mais extensa e
potencialmente mais séria pode ocasionar pequeno ou nenhum aumento nas
atividades plasmáticos enzimáticas. No último caso, as enzimas com meia-vida
curta demonstram os menores aumentos, enquanto as de meia-vida longa
fornecem informações mais úteis (KERR, 2003).
A diminuição da excreção enzimática pode desencadear atividades
enzimáticas plasmáticas elevadas na ausência de lesão tecidual primária, que
pode ser por si só de importância diagnóstica, como no enorme aumento da
fosfatase alcalina (ALP) que acompanha a oclusão do ducto biliar (KERR, 2003).
A diminuição é de baixa importância na interpretação clínica, sendo
mais um indicativo de uma amostra que não foi bem armazenada, pois a maioria
das enzimas é muito lábil, especialmente sem refrigeração (KERR, 2003). Podem
estar reduzidas também em situações de desordens crônicas com grande
destruição do parênquima hepático, correspondendo à falência do órgão
(ANDERSON, 1992).
Pouquíssimas enzimas são específicas apenas para um único tipo
celular. Na verdade, muitas enzimas estão presentes em quase todas as células,
mas em quantidades diferentes e a maioria das enzimas são particularmente
abundantes em dois a três tecidos diferentes. A especificidade pode ser
melhorada de duas maneiras: determinação de isoenzimas e determinação de
mais de uma enzima (KERR, 2003).
As enzimas hepato-específicas são: alanina aminotransferase (ALT),
primariamente nos primatas, cães, gatos e outros pequenos animais, sendo
pouco ativa em grandes animais; sorbitol desidrogenase (SDH), glutamato
desidrogenase (GLDH) e arginase (ARG) que são encontradas em altas
concentrações em grandes animais e nos cães e nos quais as atividades sobem
e, caem rapidamente, em contraste com as transaminases; gama
glutamiltransferase (GGT), encontrada principalmente no tecido biliar, e, portanto,
7
um bom indicador de colestase intra ou extra-hepática (ANDERSON, 1982;
KERR, 2003).
As enzimas não específicas para o fígado são a AST, lactato
desidrogenase (LDH) e ALP não podendo ser usadas isoladamente para
avaliação de doença hepática, mas sendo úteis quando usadas em conjunto com
as enzimas específicas, bem como outros testes não-enzimáticos de função
hepática (ANDERSON, 1992; KERR, 2003).
De acordo com MEYER et al. (1995) e KRAMER & HOFFMANN
(1997), a localização no interior da célula influencia a liberação da enzima para a
circulação sangüínea. Enzimas citoplasmáticas, tais como a SDH são
normalmente solúveis, facilmente liberadas, e passam com facilidade através da
membrana celular. Esta propriedade faz delas um sensível marcador diagnóstico.
Por outro lado, enzimas predominantemente mitocondriais, como a AST
normalmente aparecem no sangue após uma lesão severa, já que elas estão
aprisionadas e precisam atravessar duas ou mais membranas. As enzimas
lisossômicas estão presas em grânulos intracelulares e aparecem no sangue
somente após a organela ter se rompido. As enzimas da membrana não são
solúveis e estão firmemente agregadas à membrana celular. Somente podem ser
liberadas após um dano severo, entretanto, seu aparecimento no sangue
normalmente segue um estímulo para o aumento da produção. As enzimas
podem ainda, ter localização tanto citoplasmática quanto mitocondrial, tais como a
ALT.
a) Aspartato aminotranferase (AST)
O músculo esquelético, músculo cardíaco e fígado são os três órgãos
com maiores concentrações de AST por grama de tecido. Em virtude de o
aumento da atividade sérica desta enzima não ser específico de um órgão, ela
deve ser determinada em conjunto com outras enzimas como, a creatina quinase
(CK) e a SDH (HOFFMANN et al., 1989).
A AST hepática está localizada nos hepatócitos com 81% a 85% do
total da atividade na mitocôndria e 15% a 19% no citoplasma (PAPPAS JR, 1986;
HOFFMANN et al., 1989). Aumento na atividade sérica da AST associado a
desordens hepáticas é devido, em parte, à necrose de hepatócitos e à liberação
8
dos conteúdos citoplasmáticos e mitocondriais para o sangue e para a linfa
(HOFFMANN et al. 1989).
A avaliação atividade de AST no soro de grandes animais é utilizada
como indicador de lesão hepática e/ou muscular (DUNCAN & PRASSE, 1982). As
duas izoenzimas de AST, uma citosólica e outra mitocondrial têm pesos
moleculares diversos e existem em múltiplas formas (KRAMER & HOFFMANN
1997).
A atividade plasmática normal da AST é menor que 100UI/L em todas
as espécies, exceto no cavalo, cujos valores normais variam de 200 a 400UI/L
(KERR, 2003). Avaliações das atividades séricas enzimáticas 24 horas após
biópsia hepática em bovinos revelaram um aumento significativo de 54,4% da
AST acima dos valores de referência para a espécie. Na avaliação da atividade
sérica de AST, 96 horas após a biópsia não foi verificada diferença significativa
em relação ao momento antes desse procedimento (AMORIM et al, 2003).
b) Gama glutamiltransterase (GGT)
A GGT está associada com o metabolismo do glutation. É uma enzima
encontrada na membrana celular, portanto, não está visivelmente elevada na
doença hepática aguda como ocorre com as transaminases (ANDERSON, 1992).
Em todas as espécies é encontrada em vários órgãos: rins, pâncreas,
fígado, intestino e células musculares (HENDRIX, 2002; DUNCAN & PRASSE’S,
2003). A atividade sérica de GGT aumenta no soro sangüíneo como resultado de
desordens hepatobiliares e na urina, durante o início de toxicidade tubular renal. A
GGT é geralmente encontrada na superfície externa das células dos ductos
biliares. Desordens colestásicas resultam marcadamente no aumento da atividade
de GGT no soro sangüíneo em todas as espécies estudadas, possivelmente
secundárias a solubilização da membrana das células dos ductos biliares por
aumento concentração dos ácidos biliares hepáticos (HOFFMANN et al., 1989).
Os túbulos renais têm uma atividade tecidual de GGT relativamente alta. No
entanto, lesão tubular aguda resulta numa rápida elevação na atividade de GGT
na urina, mas não na circulação (MEYER & HARVEY 2004).
9
c) Fosfatase alcalina (ALP)
A fosfatase alcalina (ALP) é uma enzima de membrana, que catalisa a
hidrólise alcalina de uma grande variedade de substratos e é encontrada
primariamente no fígado, túbulos renais, intestino e tecido ósseo. (MEYER &
HARVEY 2004). Em animais jovens pode apresentar-se com atividade elevada
devido ao alto metabolismo destes animais em fase de crescimento. Distúrbios
gastrointestinais podem estar associados à elevação da atividade sérica desta
enzima. Embora não seja uma enzima hepato-específica, apresentar-se-á
aumentada com as colangites, cirrose biliar e obstrução do ducto biliar
(ANDERSON, 1992; KERR, 2003). A faixa de valores normais é muito variável,
algo em torno de 300UI/L na maioria das espécies. Maiores atividades
enzimáticas são encontradas em filhotes com alta atividade osteoblástica e, após
o fechamento dos discos epifisiários, são encontradas menores atividades
(KERR, 2003). A ALP possui algumas isoenzimas, dentre elas a hepática, a óssea
e a placentária (DUNCAN & PRASSE’S, 2003).
d) Creatina quinase (CK)
Na maioria das espécies, a CK está presente em maior concentração
na musculatura esquelética. O cérebro possui aproximadamente 10% da
concentração de CK e os intestinos menos que 10% da concentração da CK,
quando comparados com os músculos esqueléticos. Todos os outros órgãos ou
possuem CK não detectável ou apenas uma pequena porcentagem quando
comparada com a musculatura esquelética. A concentração varia entre grupos de
músculos no corpo, com concentração em músculos de “ação rápida” do que nos
músculos de “ação lenta” A CK é primariamente encontrada no citoplasma, mas
também está presente na mitocôndria (KRAMER & HOFFMANN 1997).
Segundo MEYER et al. (1995) as alterações musculares são bem
definidas bioquimicamente pela mensuração de CK, uma enzima específica do
músculo esquelético.
10
2.2.2 Outras determinações da bioquímica sérica
a) Bilirrubina
Bilirrubina é um metabólito da porção heme da hemoglobina, que é
transportada até o fígado e conjugada com a albumina. A bilirrubina é usada para
determinar a causa da icterícia. A bilirrubina conjugada ou direta se eleva em
casos de dano hepatocelular ou ainda lesão ou obstrução dos ductos biliares. A
bilirrubina não-conjugada ou indireta aumenta em casos de excessiva destruição
eritrocitária ou por defeitos no mecanismo de transporte da bilirrubina dentro dos
hepatócitos (HENDRIX, 2002).
A concentração plasmática normal de bilirrubina é um pouco maior que
2µmol/L nos ruminantes. Concentrações plasmáticas elevadas de bilirrubina
podem ocorrer nas seguintes situações: hemólise intravascular (icterícia); doença
biliar obstrutiva, intra ou extra-hepática, na qual a causa mais comum são os
tumores, que podem causar obstrução completa e os níveis elevarem-se
intensamente; quadros de insuficiência hepática, podendo ser transitório nos
casos de hepatite aguda grave ou como último evento da insuficiência hepática
progressiva generalizada (KERR, 2003).
A bilirrubina direta ou conjugada tem essa denominação porque reage
diretamente no teste de Van Den Bergh sem a adição de álcool. A bilirrubina
indireta, livre ou não-conjugada requer a adição de álcool para formação de cor
no teste de Van Den Bergh. A maior parte da bilirrubina (80%) é produzida pela
degradação da hemoglobina proveniente da destruição natural dos eritrócitos.
Uma pequena porcentagem (20%) é derivada do catabolismo de várias
hemoproteínas hepáticas, como a mioglobina e o citocromo p450, e da
superprodução de heme pela medula óssea (DUNCAN & PRASSE, 1982).
Algumas alterações na amostra são responsáveis por falsos valores da
concentração de bilirrubinas séricas. É o que pode ocorrer quando há hemólise ou
lipemia, que podem superestimar os valores presentes na amostra. Além disso, a
bilirrubina é instável em presença de luz, assim, amostras que forem
armazenadas inadequadamente, sem a devida proteção, podem ter seus valores
sensivelmente diminuídos. Em bovinos a icterícia ocorre muito mais por hemólise
do que por lesão hepática ou obstrução pós-hepática de ductos biliares. A
11
bilirrubina está normalmente aumentada em bovinos quando a lesão hepática é
acentuada. A colestase pode ocorrer por obstrução dos canalículos biliares e dos
ductos biliares intra ou extra-hepáticos, conseqüentemente haverá bilirrubinemia,
com maior aumento da bilirrubina direta. Pode haver colestase em animais que
sofreram septicemia, especialmente por bactérias gram-negativas, que provocam
aumento principalmente da bilirrubina direta no soro, com ausência de aumento
na atividade das enzimas de vazamento e discreto aumento daquelas que
indicam colestase (DUNCAN & PRASSE, 1982; KERR, 2003).
Os níveis de bilirrubina plasmática são diretamente proporcionais ao
metabolismo do radical heme e inversamente proporcionais à velocidade da
depuração do hepatócito, que por sua vez depende da captação e posterior
conjugação. A elevação dos valores de bilirrubina sérica nos bovinos com lesão
hepática indica alteração grave e de prognóstico ruim (CORNELIUS, 1989).
b) Colesterol
Colesterol é produzido em quase todas as células do corpo, e
principalmente nos hepatócitos, córtex da adrenal, ovários e epitélio intestinal. O
fígado é o local primário de síntese na maioria dos animais (HENDRIX, 2002).
O colesterol é tanto absorvido pelo intestino a partir de dietas
carnívoras, quanto sintetizado pelo organismo. É um componente da membrana
celular, ficando entre os “braços” do ácido graxo das moléculas lipídicas e
aumentando a rigidez da estrutura de membrana. O excesso de colesterol é
secretado na bile, parte como ácidos e sais biliares, parte como colesterol
inalterado, que pode ser reabsorvido. O colesterol tem grande importância clínica
para pequenos animais. Em herbívoros normalmente a concentração é muito
baixa. Paradoxalmente a disfunção hepática grave está associada, às vezes, a
concentrações plasmáticas de colesterol anormalmente baixas (KERR, 2003).
c) Proteínas totais
As proteínas fornecem a estrutura, catalisam as reações celulares e
executam várias outras tarefas. Proteínas transportadoras existentes no plasma
sangüíneo ligam-se a íons e a moléculas específicas, o que permite que sejam
transportados de um órgão para outro (LEHNINGER et al., 1995).
12
A mensuração do total de proteínas reflete uma combinação entre a
albumina e as globulinas. O total de proteínas plasmáticas determinado com um
refratômetro é maior do que o valor determinado de forma bioquímica no soro. A
diferença representa a concentração de fibrinogênio utilizado durante o processo
de coagulação (MEYER & HARVEY 2004).
Hiperproteinemia ocorre em caso de desidratação ou pelo aumento da
síntese de globulinas, já a hipoproteinemia pode resultar da hiperhidratação,
decréscimo na produção de albumina ou imunoglobulinas, ou perda protéica
associada a hemorragia, vasculite, nefropatias ou enteropatias (MEYER &
HARVEY 2004).
O conjunto das proteínas plasmáticas é composto pela albumina e
pelas globulinas alfa, beta, e gama. A proporção natural entre albuminas e
globulinas se aproxima, em todas as espécies de 1:1. O fígado sintetiza quase
todas as proteínas do plasma, com exceção das imunoglobulinas gamaglobulinas
que são produzidas pelos tecidos linfóides. É o fígado que faz a maior parte do
catabolismo dessas proteínas e o restante é executado pelo tubo digestivo e
pelos rins (DUNCAN & PRASSE, 2003).
d) Albumina
A albumina é sintetizada nas células hepáticas e suas principais
funções relacionam-se ao transporte de bilirrubina, magnésio e cálcio; além disso,
interfere na manutenção da pressão oncótica do plasma e na estabilização dos
sistemas coloidais. A hiperalbuminemia ocorre na desidratação e a
hipoalbuminemia tem como causas principais as deficiências alimentares,
nefropatias, hepatopatias, infecções graves e eclâmpsia (KANECO, 1997). A
albumina é uma proteína de fase aguda negativa, conseqüentemente, uma leve
hipoproteinemia é freqüentemente encontrada em doenças inflamatórias. A
síntese de albumina é também diminuída em resposta a hiperglobulinemia
(HENDRIX, 2002).
O fígado é virtualmente a única fonte de produção de albumina no
organismo, assim uma hipoalbuminemia poderia ser uma manifestação da
incapacidade hepática de sintetizar essa proteína (NELSON & COUTO, 2001). A
albumina é uma proteína globular, com peso molecular de 69, sintetizada no
13
fígado e catabolizada por tecidos metabolicamente ativos, sendo muito importante
na manutenção da pressão coloidosmótica sangüínea em virtude de seu tamanho
e abundância, representando de 35% a 50% da concentração das proteínas
plasmáticas. Além disso, atua como proteína carreadora para muitas substâncias
orgânicas insolúveis (NELSON & COUTO, 2001; DUNCAN & PRASSE, 2003).
Nas enfermidades hepáticas crônicas, quando há uma redução de 80%
da massa funcional desse órgão, observa-se hipoalbuminemia, que contribui para
o aparecimento de edemas e ascite. Pode haver diminuição da concentração
sérica de albumina em outras situações que não na enfermidade hepática como
na glomerulopatia, em severas hemorragias, enteropatias, dermatopatias
exsudativas, em situações de aumento do catabolismo como, por exemplo, nas
doenças crônicas e neoplasias e no seqüestro para as cavidades corporais como
nos casos de peritonite (NELSON & COUTO, 2001; DUNCAN & PRASSE, 2003).
e) Globulinas
As globulinas podem ser divididas em três categorias de acordo com a
sua mobilidade eletroforética em globulinas alfa, beta e gama. Na rotina do
laboratório, a concentração de globulinas totais é o resultado da subtração entre a
quantidade de proteínas totais e albumina. A diminuição das globulinas só é
significativa na deficiência de gama globulinas e depende da classe envolvida
(IgA, IgG e IgM) e da severidade da lesão. Reduções em todas as frações de
globulinas podem ser observadas nas enteropatias, dermatopatias exsudativas e
hemorragias. A perda de albuminas nessas mesmas situações tende a manter a
relação albumina: globulina com um valor normal, apesar da redução na dosagem
de proteínas totais. A hiperglobulinemia, das frações beta e gama, podem ser
observadas na hepatite ativa crônica (DUNCAN & PRASSE, 2003).
f) Uréia
A uréia é formada pelo fígado e representa o principal produto do
catabolismo das proteínas nas espécies carnívoras e onívoras. A uréia passa
através do filtro glomerular e cerca de 25% a 40% dela é reabsorvida quando
passa através dos túbulos. Uma taxa de filtração glomerular reduzida aumenta a
concentração de uréia no sangue. O nível de uréia no sangue pode ser
14
aumentado pelo aumento do consumo dietético de proteína, colapso catabólico ou
hemorragia no interior do trato gastrointestinal (MEYER et al., 1995).
O excesso de proteína na alimentação leva a um aumento na
deaminação e aumenta a concentração plasmática de uréia. As concentrações
resultantes não são muito altas, apenas cerca de 7 a 10mmol/L na maioria das
espécies. Proteína alimentar de baixa qualidade pode ter o mesmo efeito, ou seja,
os aminoácidos não essenciais serão deaminados na ausência dos aminoácidos
essenciais, levando a um discreto aumento das concentrações plasmáticas de
uréia. Quando não há energia suficiente na dieta, os estoques corporais de
proteína são deaminados de seus esqueletos de carbono. Em casos de inanição
profunda, especialmente quando houver desidratação concomitante pode haver
concentrações plasmáticas de uréia de 15 a 20mmol/L. (KERR, 2003).
g) Creatinina
A creatinina é formada durante o metabolismo da musculatura
esquelética, sendo um índice da filtração glomerular. Uma redução na taxa de
filtração glomerular aumenta a concentração sérica de creatinina (MEYER et al.,
1995). O nível sérico de creatinina é usado para avaliar a função renal, baseado
na habilidade do glomérulo de filtrar a creatinina (MEYER & HARVEY 2004,
HENDRIX, 2002).
A creatina é uma substância presente no músculo que está envolvida
no metabolismo energético, particularmente na estabilização de ligações de
fosfato de alta energia. Há um catabolismo lento e constante de creatina numa
taxa que é diretamente proporcional à massa muscular do animal; de fato há um
influxo constante de creatinina para o plasma que não é afetado por qualquer
mudança na atividade muscular ou lesão muscular. Portanto, alterações na
concentração plasmática de creatinina são inteiramente por alterações na
excreção de creatinina, isto é, elas refletem função renal. Ao contrário da uréia, a
creatinina não é afetada pela dieta ou qualquer outro fator que afete o
metabolismo hepático. A creatinina tende a aumentar mais rápido do que a uréia
no começo da doença e diminuir mais rápido quando há melhora no quadro,
portanto, as mensurações plasmáticas de creatinina e de uréia podem fornecer
15
informação a respeito do tempo de evolução e o progresso da doença (KERR,
2003).
2.2.3 Eletrólitos
Eletrólitos são os íons negativos, ou ânions e os íons positivos, ou
cátions de elementos encontrados nos fluidos de todos os organismos. Algumas
das funções dos eletrólitos são manutenção do balanço hídrico, pressão do flluido
osmótico e funções musculares e nervosas. Eles também atuam na manutenção
e ativação de vários sistemas enzimáticos e na regulação ácido-básica. Os
eletrólitos mais comumente analisados são cálcio, fósforo inorgânico, potássio,
sódio, cloro e magnésio (HENDRIX, 2002).
Os minerais são todos os elementos inorgânicos encontrados em uma
determinada estrutura. Podem ser encontrados na forma de sal ou combinados a
outros elementos orgânicos como carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
Estão presentes nas células exercendo inúmeras funções, combinações químicas
e concentrações dependentes do elemento e tecido (UNDERWOOD & SUTTLE,
1999; MCDOWELL, 1992).
Os minerais estão em proporção de 2% a 5% do peso total dos
animais, tendo funções essenciais tanto na estrutura de tecidos e biomoléculas,
como no próprio metabolismo animal (SPEARS, 1998).
Até 1981, 22 elementos minerais haviam sido definidos como
essenciais para a maioria das formas de vida animal. Estes foram classificados
em macrominerais que estão em maior quantidade no organismo e possuem suas
exigências nutricionais expressas em porcentagem e microminerais que estão em
concentrações menores e são expressos em mg/Kg (UNDERWOOD & SUTTLE,
1999).
Os macrominerais cálcio, fósforo, magnésio, cloro, sódio e enxofre são
fundamentais para a sobrevivência e o crescimento dos microorganismos no
rumem, pois contribuem na regulação de algumas propriedades físico-químicas
do ambiente ruminal como a fermentação, pressão osmótica, capacidade de
tamponamento e taxa de diluição (OSPINA et al., 1999).
16
a) Cálcio
Mais que 99% do cálcio corporal (Ca) é encontrado nos ossos. O
restante, 1% ou menos, desempenha as mais importantes funções corporais, que
incluem manutenção da excitabilidade neuromuscular e tônus (a diminuição do
cálcio resulta em tetania), manutenção da atividade de algumas enzimas,
coagulação sanguínea e manutenção dos íons orgânicos transferidos através das
membranas celulares. O Ca no sangue total está quase inteiramente no plasma
ou soro. Os eritrócitos contêm pouco Ca (HENDRIX, 2002).
No plasma o Ca existe em duas formas, livre e ionizada (cerca de 45%)
ou associado a moléculas orgânicas (cerca de 10%). O Ca total, forma como é
medido no sangue, contém a forma ionizada que é biologicamente ativa, e a
forma não ionizada. Estas duas formas estão em equilíbrio e sua distribuição final
depende do pH, da concentração de albumina e da relação ácido-base. Quando
existe acidose, há uma tendência para aumentar a forma ionizada de Ca. Uma
queda no nível de albumina causa diminuição do valor de cálcio sanguíneo
(GONZÁLEZ & SCHEFFER 2003).
A maior parte do cálcio, fosfato e magnésio estão no esqueleto As
concentrações desses minerais no plasma e fluido extracelular são controlados
dentro de estreitos limites. Aproximadamente 50% do cálcio ionizado é carrreado
pela albumina. A albumina tem aproximadamente 12 receptores de cálcio por
molécula com 20% normalmente ocupado (MEYER & HARVEY 2004).
O sistema endócrino envolvendo o cálcio, a vitamina D3, o
paratormônio e a calcitonina, responsáveis pela manutenção dos níveis
sanguíneos de cálcio, atua de forma bastante eficiente pra ajustar-se à
quantidade de cálcio disponível no alimento e às perdas que acontecem,
principalmente na gestação e lactação. O firme controle endócrino do cálcio faz
com que seus níveis variem muito pouco (17%) comparado como o fósforo
(variação de 40%) e o magnésio (variação de 57%). Portanto o nível sanguíneo
de cálcio não é um bom indicador do estado nutricional, enquanto que os níveis
de fósforo (P) e magnésio (Mg) refletem diretamente o estado nutricional com
relação a estes minerais (GONZÁLEZ & SCHEFFER 2003).
A hipercalcemia pode ser provocada por hiperabuminemia
(desidratação), hiperparatireoidismo primário, hipoadrenocorticismo, intoxicação
17
com vitamina D, doença renal (eqüinos e bovinos) e lesões ósseas osteolíticas. A
hipocalcemia pode ocorrer por hipoalbuminemia, alcalose (ruminantes),
hipoparatireoidismo primário, hiperparatireoidismo secundário renal, pancreatite,
paresia puerperal, má absorção intestinal, exercício intenso e enterocolites
(MEYER & HARVEY, 2004).
Para a avaliação do cálcio pode ser utilizado soro ou plasma (desde
que colhido com heparina) e urina. Devido ao aumento da permeabilidade das
hemáceas ao cálcio separar o soro ou plasma até uma hora após a colheita. A
amostra é estável duas semanas entre 2°C e 8°C e várias semanas a – 10°C. Os
métodos para determinação do cálcio são os métodos colorimétrico e o
titulométrico (DOS SANTOS, 1999).
b) Fósforo
O fósforo (P) é o segundo mineral mais abundante no organismo
animal, sendo 80% a 85% presente em ossos e dentes, e o restante distribuído
nos tecidos moles (eritrócitos, músculos e tecido nervoso) e fluidos. Na forma de
fosfatos, auxilia na manutenção do equilíbrio ácido-básico, no metabolismo
energético por meio da utilização e transferência de energia via adenosina
monofosfato (AMP), adenosina difosfato (ADP) e adenosina trifosfato (ATP), na
síntese protéica e atividade da bomba de sódio/potássio. Nos fosfolipídios, tem a
função de manter a integridade da membrana celular. Junto ao cálcio, promovem
a formação da matriz óssea bem como a sua mineralização (UNDERWOOD &
SUTTLE, 1999).
Os níveis de P são particularmente variáveis no ruminante em função
da grande quantidade que se recicla via saliva e sua absorção no rúmen e
intestino. Normalmente a perda de P nas secreções digestivas no bovino chega a
10 g/dia. Por outro lado, o P no rúmen é necessário para a normal atividade da
microflora e, portanto para a normal digestão. A disponibilidade de P alimentar
diminui com a idade (90% em bezerros, 55% em vacas adultas). Daí que os níveis
sangüíneos de P sejam menores em animais mais velhos (GONZÁLEZ &
SCHEFFER 2003).
Não há um rigoroso controle hormonal do P e por isso, as
concentrações na corrente sangüínea e no soro variam livremente. O excesso de
18
P na alimentação provoca maior excreção renal e aumento da concentração do
elemento na saliva o que provoca elevação da perda fecal de P (UNDERWOOD &
SUTTLE, 1999).
Os níveis de P inorgânico no plasma e soro fornecem uma boa
indicação do P total em um animal. As concentrações plasmáticas ou séricas de
cálcio são inversamente relacionadas. Com a diminuição da concentração de P
aumenta a concentração de cálcio (HENDRIX, 2002).
Hiperfosfatemia pode ser causada por redução na taxa de filtração
glomerular, animais em crescimento, excesso de P dietético, hipervitaminose D e
neoplasias. Hipofosfatemia pode ocorrer nos casos de hiperparatireoidismo
primário, neoplasias, hipovitaminose D, cães e gatos com diabetes melitus e
cetoacidose, alcalose respiratória, paresia puerperal, tetania hipomagnesêmica
dos ruminantes e insuficiência renal crônica (MEYER & HARVEY, 2004).
Amostras hemolisadas não devem ser usadas, pois o P orgânico
liberado dos eritrócitos rompidos pode ser hidrolizado em P inorgânico o que
resultaria em concentração de P inorgânico falsamente elevada (HENDRIX,
2002). O soro ou plasma deve ser separado até uma hora depois da colheita
devido a liberação do P hemático. A amostra é estável por dois dias entre 15°C a
25°C e uma semana entre 2°C a 8°C. Pode ser utilizado para análise do P soro ou
plasma (heparina), urina e líquido amniótico e a metodologia é a Basques-Lustosa
(DOS SANTOS, 1999).
c) Magnésio (Mg)
O magnésio (Mg) é o quarto cátion mais comum no corpo e o segundo
cátion intracelular. É encontrado em todos os tecidos corporais. Mais de 50% do
Mg corporal é encontrado nos ossos. O Mg ativa os sistemas enzimáticos e é
envolvido em produção e decomposição da acetilcolina (HENDRIX, 2002).
Não existe controle homeostático rigoroso do Mg, portanto, sua
concentração sanguínea reflete diretamente o nível da dieta. O controle renal de
Mg está mais direcionado para prevenir a hipermagnesemia, mediante a excreção
do excesso de Mg pela urina. O Mg é absorvido no intestino por um sistema de
19
transporte ativo que sofre a interferência da relação sódio:potássio e ainda pela
quantidade de energia, Ca e de P presentes no alimento.
O Mg é excretado via trato gastrointestinal, rins e glândulas mamárias
durante a lactação. A maior parte do Mg que é excretado está presente nas fezes
e inclui o Mg fecal endógeno, que é mais alto para os ruminantes que para os
animais monogástricos e o Mg não absorvido da dieta. Bovinos, ovinos e eqüinos
excretam 0,12, 0,16 e 0,09mg/L no leite respectivamente. O colostro tem maiores
concentrações de Ca, Mg e P que o leite (CAPEN & ROSOL, 1989).
A hipomagnesemia tem sérias conseqüências para os ruminantes
podendo levar até a morte, enquanto que a hipermagnesemia não causa maior
transtorno. A hipomagnesemia ou a tetania hipomagnesêmica constitui uma
doença da produção, geralmente causada pela baixa ingestão de Mg na dieta. A
hipomagnesemia pode causar, além da tetania, hiperexcitabilidade, retenção de
placenta, bem como anormalidade da digestão ruminal e diminuição da produção
de leite. Também predispõe à apresentação de febre do leite em vacas após o
parto, devido a que níveis baixos de Mg (<2mg/dl) reduzem drasticamente a
capacidade de mobilização das reservas de Ca dos ossos (GONZÁLEZ &
SCHEFFER 2003).
Configura-se hipomagnesemia em ruminantes, níveis de Mg abaixo de
1,75mg/dl, aparecendo sintomas com concentrações abaixo de 1,0mg/dl. Os
níveis de Mg na urina podem ser indicativos de deficiência quando estão abaixo
de 0,5mg/dl (o nível normal de Mg na urina é de 10 a 15mg/dl) (GONZÁLEZ &
SCHEFFER 2003).
A hemólise pode elevar os resultados devido à liberação de Mg dos
eritrócitos. O armazenamento sem a prévia separação da amostra parece não
afetar os resultados (HENDRIX, 2002). Para avaliação de Mg pode se utilizar soro
ou plasma (heparina), urina e líquor. A amostra é estável por cinco dias entre
15°C a 25°C e duas semanas entre 2°C a 8°C (DOS SANTOS, 1999).
d) Sódio
O sódio é o maior cátion do plasma ou fluido extracelular. Ele tem um
importante papel na distribuição hídrica e manutenção da pressão osmótica nos
fluidos corporais. No rim o sódio (Na) é filtrado através do glomérulo e reabsorvido
20
pelos túbulos na transferência como necessário, por íons hidrogênio. Dessa
maneira o Na desempenha um papel vital na regulação do pH da urina e balanço
ácido-básico (HENDRIX, 2002).
Juntamente com o potássio e o cloro (Cl), o sódio está envolvido na
manutenção da pressão osmótica e dos sistemas tampão nos fluidos
intracelulares e extracelulares, no transporte de nutrientes e na transmissão de
impulsos nervosos. Os sais de Na nos alimentos e suplementos minerais são fácil
e rapidamente solubilizados e absorvidos pelo trato gastrintestinal. Cerca de 80%
do Na que entra no trato digestivo provém de secreções internas, tais como
saliva, suco gástrico, bile e suco pancreático. O Na é excretado na urina como
sal, por ação primária da aldosterona, sendo excretado em pequenas quantidades
nas fezes e no suor (GONZÁLEZ, 2000).
Alterações nas concentrações de Na, K, Cl ativam um complexo
mecanismo de controle fisiológico que inclui a ativação do sistema renina-
angiotensina que com a vasopressina, regula a secreção de aldosterona por
variações no volume do fluido extracelular e na pressão sanguínea
(UNDERWOOD & SUTTLE, 1999).
Em ruminantes, a saliva, composta de íons Na, K, Cl, fosfato e
bicarbonato é fundamental para a reciclagem de alguns minerais e garantir a
manutenção das condições ruminais principalmente como tampão. Diariamente,
os bovinos podem produzir até 180 litros de saliva (CARLSON 1989). Em
situações de carência, o organismo conserva o Na através da diminuição da
quantidade excretada pelo leite, fezes e urina. Na saliva, o elemento pode ser
substituído pelo K a fim de manter as proporções normais nos fluidos
(UNDERWOOD & SUTTLE, 1999).
A hipernatremia, aumento da concentração de Na no sangue pode ser
provocada por perda gastrointestinal (vômito e diarréia), consumo inadequado,
diabetes insipidus, doença renal, diabetes melitus, diurese osmótica, excessiva
ingestão de sal e administração intravenosa de solução salina hipertônica. Já a
hiponatremia, redução da concentração de Na na corrente sanguínea, pode ser
causada por hiperglicemia (diabetes melitus), doença renal crônica, insuficiência
cardíaca congestiva, deficiência de aldosaterona, uso excessivo de diuréticos e
polidipsia psicogênica (MEYER & HARVEY, 2004).
21
Para avaliar o Na pode se utilizar soro ou urina. Apesar da hemólise
não alterar significativamente os resultados, pode diluir a amostra levando a
resultados reduzidos (HENDRIX, 2002). O método utilizado pra determinação é a
espectrofotometria de chama (DOS SANTOS, 1999).
e) Potássio
O potássio (K) é o maior cátion intracelular e é importante para a
função muscular normal, respiração, função cardíaca, transmissão do impulso
nervoso e metabolismo dos carboidratos. Em animais com acidose o íon K saiu
do fluido intracelular, uma vez que é substituído pelos íons hidrogênio (H),
resultando em níveis plasmáticos elevados de K, ou hipercalemia. O nível
plasmático de K também pode estar elevado na presença de dano celular ou
necrose, que causa liberação do K no sangue. A diminuição dos níveis de K, ou
hipocalemia pode estar associada com consumo inadequado de K, alcalose ou
perda de fluido resultante de vômito ou diarréia (HENDRIX, 2002).
O potássio é o íon mais importante do espaço intracelular, sendo o
principal responsável pela manutenção do volume intracelular, da mesma forma
que o sódio constitui o principal cátion do espaço extracelular. Tem crucial
importância na fisiologia celular ao gerar potenciais de membrana e por sua
interação com o íon hidrogênio, pequenas alterações do potássio intracelular
afetam o pH intracelular profundamente. Para manter os níveis de potássio
normal é necessário que o organismo consiga manter nulo o balanço externo, ou
seja, quantidade ingerida versus a quantidade perdida e o balanço interno
representado pelo movimento diário de potássio entre os compartimentos intra e
extracelulares (WOLFFENBÜTTEL, 2004).
As espécies variam quanto à quantidade de K intra-eritrocitário. Os
eritrócitos dos eqüinos, suínos e primatas têm elevadas quantidades de K. Alguns
grupos raciais de bovinos e ovinos têm concentração intraeritrocitária, variando de
moderada a baixa. A maioria dos cães e gatos tem baixa concentração
intraeritrocitária de K. Os reticulócitos têm mais K que os eritrócitos maduros
(DUNCAN & PRASSE, 2003).
Cerca de 90% a 95% do K ingerido é excretado na urina, e o restante é
excretado pelas fezes. As concentrações séricas de K são rigidamente reguladas,
22
pois as conseqüências de alterações, mesmo pequenas, na concentração do
líquido extracelular ameaçam potencialmente a vida do animal. As concentrações
séricas de K são reguladas pela excreção renal, principalmente sob o controle da
aldosterona (MONCRIEFF, 1997). Os túbulos renais são geralmente responsáveis
por executar instruções neuro-hormonais pela preservação do Na e água e
eliminação do K. Túbulos proximais e túbulos distais trocam Na e K promovendo
retenção de Na e excreção de K (MEYER & HARVEY, 2004).
A hipocalemia pode decorrer de redução na ingestão, perda
gastrintestinal, desvios transcelulares e perda renal. A redução da ingestão de K é
causa improvável de hipocalemia, mas pode ser causa contribuinte importante em
animais debilitados ou anoréxicos. A perda excessiva de K em decorrência do
vômito ou diarréia é a causa mais comum de hipocalemia em cães e gatos. A
administração exógena de insulina, de soluções glicosadas e a alcalose podem
causar hipocalemia (MONCRIEFF, 1997).
Hipercalemia pode alterar a função cardíaca, pela despolarização da
membrana das células neuromusculares, de modo que a excitação e a condução
ficam prejudicadas. A hipercalemia tem três causas principais: aumento da
ingestão, redução da excreção, e aumento da transferência do espaço
extracelular (SCHAER, 1997). As manifestações clínicas de hipercalemia incidem
basicamente sobre o coração, onde pode ocorrer aumento do automatismo
cardíaco e bloqueios de condução, que levam à ocorrência de severas arritmias
cardíacas, fibrilação ventricular, parada cardíaca e até mesmo o óbito. Por essa
razão, as hiperpotassemias requerem tratamento imediato (WOLFFENBÜTTEL,
2004).
Hipercalemia, ou seja, o excesso de K no sangue pode ser causado
por deficiência de aldoserona, obstrução uretral, ruptura da bexiga urinária,
doença renal anúrica ou oligúrica, necrose tecidual, acidose metabólica e colheita
de sangue com heparina. Hiponatremia, a baixa concentração de Na, na corrente
sanguínea (MEYER & HARVEY, 2004).
O plasma é amostra preferida porque as plaquetas podem liberar K
durante o processo de coagulação, causando níveis elevados de K. Hemólise
deve ser evitada porque pode ocorrer a liberação de K dos eritrócitos elevando os
resultados. Não refrigerar a amostra antes da separação porque baixas
23
temperaturas promovem perda de K das células sem evidência de hemólise
(HENDRIX, 2002). A análise de K pode ser realizada no soro e na urina por meio
de espectrofotometria de chama (DOS SANTOS, 1999).
2.4 Fatores de variabilidade da bioquímica sanguínea
Aumentos inespecíficos na atividade enzimática podem estar
relacionados a fatores como: a idade do animal, a exemplo dos neonatos que têm
atividades mais altas de muitas enzimas, como é o caso da GGT; o estímulo a
produção de algumas enzimas pela ação de certas drogas como os barbitúricos
que elevam a atividade da ALP; a hemólise, considerando que as amostras
hemolisadas são inadequadas para a determinação de enzimas, já que as
enzimas liberadas das hemácias são capazes de interferir no resultado do teste.
Além disso, o tempo de realização do exame após a colheita; variações de
temperatura e o método de colheita do sangue também podem interferir nos
resultados (KERR, 2003).
PAES (2005) avaliou a relação do desmame com a bioquímica sérica
de bovinos da raça Nelore (Bos indicus), concluindo que o desmame não
influenciou a atividade sérica de GGT e CK, mas provocou alterações nas
atividades séricas de AST e ALT.
Dentre os fatores de variabilidade que influem sobre a atividade
enzimática sérica da AST e da GGT destacados por GREGORY (1995), caberia
citar aqueles relacionados à espécie animal, à raça, à idade, ao sexo, ao sistema
de criação, à produção leiteira, assim como as variações da atividade enzimática
sérica que ocorrem em doenças ou parasitoses hepáticas.
OTTO et al. (2000) determinaram o perfil bioquímico sangüíneo de
bovinos em Moçambique, assim como a relação de fatores etários, sexuais e do
estado fisiológico. Nos resultados encontraram diferenças nos níveis de diversos
metabólitos sangüíneos em comparação com bovinos de outros países, atribuindo
as variações à genética, ao clima, à nutrição e às condições ambientais
diferentes.
24
2.4.1 Idade e sexo
OTTO et al. (2000) não encontraram diferenças significativas entre
sexos. Contudo, diferenças significativas foram encontradas para o fator idade.
Foram encontradas baixas atividades de ALP e altos valores de proteínas totais e
globulina nos animais adultos quando comparados aos animais jovens.
A GGT é uma enzima que tem uma variação grande no soro sanguíneo
durante os primeiros dias de vida (DIRKSEN, 1993; BOUDA & JAGOS, 1994).
Segundo MEYER et al. (1992) tal fato se explica pela ocorrência de altas taxas de
GGT no colostro, e conseqüentemente, bezerros lactantes possuem grandes
quantidades desta enzima no soro sanguíneo.
BOUDA & JAGOS (1994) demonstraram que animais neonatos que
não ingeriram colostro tinham valores de GGT próximos dos valores obtidos para
animais adultos. FAGLIARI et al., (1996) consideraram a atividade sérica da GGT
como um exame laboratorial alternativo na identificação indireta de bezerros com
falha na absorção de imunoglobulinas colostrais em razão da elevada atividade
sérica desta enzima nos primeiros dias de vida dos bezerros. Observou-se
correlação positiva significativa, com variações intensas ao redor de 24 a 30 horas
pós-nascimento, entre os níveis de gamaglobulina e atividade de GGT, quando
comparados aos valores obtidos nas primeiras seis horas pós-natal.
FAGLIARI et al. (1998a) concluíram que as atividades de GGT e ALP
foram maiores no dia do nascimento, com acentuado decréscimo com o avanço
da idade. ZANKER et al. (2001) verificaram intensa diminuição da atividade de
GGT, AST e ALP no colostro durante os primeiros dias da lactação. Observaram
valores relativamente baixos de GGT no plasma de bezerros antes da
alimentação com o colostro.
GÜNGÖR et al. (2004) utilizaram à atividade sérica da GGT para
avaliar a falha da transferência de imunidade passiva em bezerros recém-
nascidos. Nesse estudo foi detectada uma correlação positiva entre os níveis de
IgG e a atividade sérica de GGT. Além disso, a sensibilidade e a especificidade
da atividade sérica de GGT foram de 65% e 95%, respectivamente, indicando que
valores abaixo do limiar de referência estabelecido têm grande probabilidade de
serem obtidos em bezerros com falha completa ou parcial no recebimento de
imunidade passiva. Esses autores concluíram que a determinação da atividade
25
sérica da GGT fornece informações sobre o estado imunitário de bezerros, sendo
ainda um método mais barato e mais rápido que outros métodos diretos e
indiretos.
COPPO et al. (2000) estudaram a relação do desenvolvimento, sexo e
tipo de desmame com a atividade enzimática de bezerros mestiços. Do segundo
ao sexto mês de vida os bezerros revelaram valores decrescentes na atividade
plasmática de ALP e AST. Nesse estudo, não houve diferença significativa para o
tipo de desmame e nem para sexo.
GREGORY et al. (1999) determinaram os valores de referência da
atividade enzimática da AST e da GGT específicos para a raça Jersey, associado
à relação com os fatores etários, sexuais e da infecção pelo vírus da leucose
bovina. Nos resultados obtiveram-se diferenças nos valores quanto às diferentes
idades, porém não observaram diferenças quanto aos fatores sexuais e à
infecção pelo vírus da leucose bovina.
COPPO et al. (2003) não encontraram diferenças significativas entre
sexos, entretanto foram observadas diferenças altamente significativa para idade
em relação aos níveis de colesterol total de 80 bovinos mestiços, de ambos os
sexos e divididos em várias faixas etárias.
Os estudos sobre a relação dos fatores sexuais com a atividade
enzimática sérica são escassos e nessas pesquisas não foram observadas
diferenças da atividade enzimática da AST e da GGT entre machos e fêmeas
(BARROS FILHO, 1995; GREGORY,1999; FAGLIARI et al., 1998b; COPPO et al.,
2000).
BENESI et al. (2003) atribuíram variações relacionadas com o fator
etário no comportamento das bilirrubinas séricas, GGT, AST e CK, sendo que as
bilirrubinas séricas e a enzima GGT exibiram valores máximos até as 24 horas
pós-nascimento, seguindo de decréscimo e posterior estabilização. Os teores
séricos de AST apresentaram valor mínimo entre o nascimento e oito horas de
vida, seguido por aumentos significativos até a atividade máxima detectada às 24
horas de vida.
GONÇALVES et al. (2001) observaram uma diminuição significativa
das proteínas totais dos animais com idades entre um e oito meses em relação ao
grupo com até um mês de idade. Esta diferença deve-se exclusivamente à
26
diminuição da globulina, justificada pelo fato de os animais mais jovens
apresentarem uma grande quantidade de imunoglobulinas obtidas após a
ingestão do colostro. Com o declínio dos anticorpos maternos o animal terá que
sintetizar suas próprias imunoglobulinas. Segundo KANEKO (1997)
posteriormente, espera-se um aumento dos valores da globulina, pois os animais
com idade acima de oito meses apresentam um aumento significativo das
proteínas séricas totais, devido ao aumento da fração globulina.
Nos machos, a presença de hormônios anabólicos, como testosterona
e dietilestilbestrol (DES) causam um leve aumento nas proteínas totais,
diminuição da albumina e aumento nas globulinas; sendo que neles a
concentração de proteínas totais é ligeiramente mais alta (KANEKO, 1989;
BARROS FILHO, 1995).
LEAL et al. (2003) obtiveram determinações séricas de proteína total
mínima nos animais com até oito horas de vida, aumentando progressivamente
até o quarto dia, quando alcançaram o valor máximo, seguindo, então, com
pequenas oscilações até o 30° dia. Os valores de albumina sérica apresentaram
pequenas elevações a partir de 24 horas de vida, havendo aumento significativo
após 13 a 15 dias e mantendo-se até os 30 dias de idade, quando se registrou o
valor máximo, evidenciando a forte relação com o fator etário.
2.4.2 Raça
SOUZA (1997) constatou que a atividade sérica da AST dos bovinos é
relacionada com a raça, pois os valores obtidos de bezerras da raça Holandesa
foram significativamente maiores do que na raça Gir.
VILLA et al. (1999) estabeleceram o perfil bioquímico sérico de 21
fêmeas da raça Brahman (Bos indicus) mantidas sob as mesmas condições de
pastejo. Nesse estudo a alteração encontrada com maior freqüência foi o
aumento na atividade da AST, quando os dados foram confrontados com a
literatura para valores de referência de bovinos da espécie Bos taurus.
FAGLIARI et al. (1998b) encontraram diferenças não-significativas em
relação ao fator racial, considerando os valores de proteína total, globulina,
bilirrubina direta, creatinina, AST, ALT, ALP e GGT de bovinos lactantes,
desmamados e adultos das raças Nelore e Holandesa. Entretanto, para a
27
albumina foram observadas diferenças significativas entre bezerros lactentes das
raças Nelore e Holandesa.
2.4.3 Estado fisiológico
OTTO et al. (2000) determinaram valores mais elevados para ALP,
LDH, glicose e cálcio em vacas não-prenhes em comparação com as prenhes.
Nas vacas em lactação observaram níveis mais altos para globulina e colesterol e
valores menores para a relação albumina: globulina.
FAGLIARI et al. (1988) no estudo do proteinograma sérico de vacas no
final da gestação verificaram uma diminuição do nível sérico de albumina com a
aproximação do parto, apesar de não haver citação de sua elevação em bezerros
recém-nascidos a partir da ingestão de colostro. Assim, atribui-se à
hipoalbuminemia fisiológica do período pré-parto e às exigências do feto, o
decréscimo da concentração desta proteína nesta fase. A diminuição do teor
sérico de betaglobulina e gamaglobulina com a proximidade do parto confirma a
passagem dessas proteínas do sangue materno para o colostro nesse estágio
fisiológico. Todas as frações protéicas apresentaram as menores concentrações
no dia do parto.
QUINTELA et al. (2003) observaram uma correlação negativa
significativa do colesterol em relação ao período de involução uterina de fêmeas
bovinas de produção láctea, inferindo que isso poderia se dever ao estado de
subfuncionalidade hepática nas fêmeas com atraso na involução uterina.
28
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Analisar amostras de sangue de bovinos da raça Curraleiro para
posterior determinação dos parâmetros de normalidade da bioquímica sérica da
raça.
3.2 Objetivos específicos
Determinar o perfil bioquímico sanguíneo de bovinos da raça
Curraleiro, por meio da determinação da atividade sérica de AST, GGT, ALP, CK,
da dosagem de bilirrubina, proteína total, albumina, globulina, uréia, creatinina,
colesterol, cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio.
Verificar relação entre a idade dos animais e as variáveis bioquímicas
analisadas.
29
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local de realização
As amostras de sangue foram colhidas no período de 2003 a 2006 em
propriedades selecionadas junto à Associação Brasileira dos Criadores do Gado
Curraleiro (ABCGC), situada na cidade de Mara Rosa-GO. As propriedades
utilizadas nesta pesquisa foram escolhidas por serem criadoras de animais com
pureza zootécnica, comprovada na associação específica, representando as
principais propriedades de criação de bovinos da raça Curraleiro nos Estados de
Goiás e Tocantins.
4.2. População avaliada
Para cumprirem-se os objetivos desta pesquisa foi utilizada uma
população constituída por 275 animais da raça Curraleiro (Bos taurus), hígidos
(clinicamente sadios) previamente selecionados, mantidos em regime extensivo.
Os animais foram alocados em subgrupos conforme a faixa etária (Quadro 1).
QUADRO 1 – Caracterização dos grupos experimentais em
função da idade
Grupos Animais Idade
G1 18 0 –3 meses
G2 17 >3 – 6 meses
G3 29 >6 – 12 meses
G4 24 >12–24 meses
G5 31 >24 –36 meses
G6 142 >36
30
4.3 Avaliação clínica
Os bovinos foram submetidos a um exame clínico detalhado, no intuito
de selecionar somente animais sadios. Os animais foram considerados hígidos
dentro dos conceitos estabelecidos em Clínica Veterinária.
4.4 – Exames Laboratoriais
4.4.1 Local
Os exames laboratoriais foram realizados no Laboratório de Patologia
Clínica do Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade Federal
de Goiás.
4.4.2 Exame bioquímico
Para a realização das provas bioquímicas, foram colhidos 20 ml de
sangue da veia jugular em dois tubos à vácuo (Vacutainer®, Becton Dickinson
Ind. Cirúrgicas Ltda, Brasil), de 16X125 mm, descartáveis, de vidro, siliconizado,
com tampa e sem anticoagulante. Após a retração do coágulo e obtenção do
soro, os tubos foram centrifugados por 6 minutos a 3000 rpm. Este procedimento
foi realizado nos locais de colheita, para que fosse evitada hemólise da amostra.
Em seguida, o soro foi separado por aspiração, dividido em alíquotas e colocado
em criotubos (Eppendorf®, Alemanha) mantidos sob refrigeração, no máximo por
seis horas e congelados em nitrogênio líquido a -196
o
C, para a posterior
realização das provas bioquímicas. As amostras séricas para a determinação da
bilirrubina foram acondicionadas protegidas da luminosidade com papel alumínio.
O soro sangüíneo foi congelado e posteriormente analisado, levando
em consideração o tempo de estabilidade particular de cada enzima no soro
sangüíneo armazenado, conforme citado por DORETTO (1996).
Todas as avaliações laboratoriais foram realizadas no Laboratório de
Patologia Clínica do HV/EV/UFG. Para cada metabólito analisado, exceto sódio e
potássio, foram utilizados reagentes comerciais padronizados (Labtest® - Labtest
Diagnóstica S. A., Lagoa Santa - MG), com metodologias cinéticas, enzimáticas
31
ou colorimétricas, em temperatura de 37º C, sendo a leitura realizada em
espectrofotômetro digital (Coleman 35D®, Equipamentos para Laboratórios
Comércio e Importação Ltda., Santo André, - SP) ou semi-automático (Analisador
Bioquímico Bio-Plus®, Produtos para Laboratórios Ltda, Barueri - SP). Sendo que
as leituras da AST, GGT, ALP, proteínas totais, albumina, uréia, creatinina,
colesterol e bilirrubina foram executadas em espectrofotômetro digital, em
comprimentos de onda específicos para cada parâmetro. A CK, cálcio, fósforo e
magnésio foram analisados em espectrofotômetro semi-automático. O sódio e o
potássio foram determinados por meio de fotometria de chama (Fotômetro de
Chama FC-180CELM®, Cia Equipadora de Laboratórios Modernos, Brasil),
utilizando-se um padrão de calibração específico.
A AST foi determinada pelo método cinético de tempo fixo seguindo a
metodologia Reitman e Frankel. em 505nm. A atividade sérica enzimática da GGT
foi determinada pelo método cinético (Szasz modificado), utilizando-se como
substrato a glutamil-p-nitroanilida, sendo a leitura realizada em comprimento de
onda 405nm. A ALP foi analisada pelo método cinético de ponto fixo (Roy
modificado) em 590nm. A CK foi analisada pelo método cinético em 340nm. A CK
catalisa a reação entre creatinina fosfato e adenosina difosfato (ADP). As
proteínas totais séricas foram quantificadas pelo método colorimétrico de ponto
final, por reação com o biureto, em 545nm. A albumina foi quantificada pelo
método colorimétrico em absorbância 630, por reação com o verde de
bromocresol. As globulinas foram obtidas pela subtração do valor da albumina
das proteínas totais. A uréia foi analisada pelo método enzimático colorimétrico da
urease em 600nm. A creatinina foi determinada pelo método colorimétrico em
510nm. A creatinina e outros componentes do soro reagem com solução de
picrato em meio alcalino. Para o colesterol foi empregado o método enzimático
(Trinder) em 500nm. A bilirrubina foi dosada por diazotização e formação de
azobilirrubina vermelha com absorbância máxima em 525nm, sendo utilizado o
método Sims-Horn.
O cálcio foi determinado por reação de ponto final seguindo a
metodologia CPC em 570nm. O fósforo foi avaliado por reação de ponto final em
670nm. O magnésio foi medido por reação de ponto final em 505nm.
32
4.4.3 Análise estatística
Inicialmente realizou-se a estatística descritiva dos dados, obtendo-se
as médias e desvio padrão. Foi calculado o coeficiente de variação para
determinar a instabilidade relativa de cada um dos parâmetros avaliados. Para a
determinação do comportamento das variáveis foi utilizado o teste de Bartlett com
o objetivo de examinar a homogeneidade e o teste de Lillilfors para verificação da
normalidade. Como as variáveis mostraram-se não homogêneas e a distribuição
não obedeceu à normalidade, optou-se pela utilização do teste não paramétrico
de Kruskall Wallis. A significância estatística adotada foi de 5%. As análises foram
realizadas utilizando-se o software SAEG da Universidade Federal de Viçosa
(UFV, 2003) e o programa Excel for Windows.
33
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Idade
5.1.1 AST
As atividades séricas das enzimas estão demonstradas na Tabela 1.
TABELA 1 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) das
atividades séricas das enzimas AST, GGT, ALP e CK de bovinos sadios
da raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos G1 G2 G3 G4 G5 G6
AST
média
48,56ab
n=16
41,73a
n=15
59,80b
n=25
50,09ab
n=22
51,22ab
n=32
55,77b
n=132
UI/L
s
13,23 7,43 14,81 18,99 19,20 15,93
cv
27,24 17,80 24,76 37,90 37,50 28,56
GGT
média
23,72
n=17
18,48
n=14
20,17
n=25
22,01
n=24
17,60
n=32
23,25
n=123
UI/L
s
16,45 5,35 8,26 7,76 6,52 9,22
cv
69,35 28,95 40,96 35,26 37,06 39,65
ALP
média
136,65a
n=18
60,86ab
n=14
44,80ab
n=25
40,73b
n=22
27,78bc
n=32
24,23c
n=125
UI/L
s
52,63 18,79 14,45 17,77 9,79 11,59
cv
38,52 30,88 32,25 43,64 35,23 47,83
CK
média
139,64ab
n=18
142,67ab
n=12
195,33a
n=25
129,36b
n=20
165,35ab
n=35
133,25b
n=133
UI/L
s
46,01 56,01 70,59 72,35 57,77 58,80
cv
32,95 39,26 36,14 55,93 34,94 44,13
*letras diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas entre faixas etárias
pelo teste de Kruskal – Wallis, com nível de significância de 0,05.
A avaliação dos resultados mostrou a relação da idade com as
atividades séricas da AST, ALP e CK. Para a enzima GGT não houve diferença
significativa (p>0,05) entre os diferentes grupos etários (Tabela 1).
Até os seis meses de vida a atividade sérica da AST decresceu.
Observação semelhante foi feita por COPPO et al. (2000) que também relataram
diminuição da AST em bezerros zebuínos mestiços com idades variando entre
34
dois e seis meses. A partir dos quatro meses de idade a AST apresentou valores
com tendência crescente com o valor mínimo (41,73 + 7,43 UI/L) nos animais com
idade entre quatro e seis meses e o valor máximo (59,80
+ 14,81UI/L) nos
animais com idade entre sete e 12 meses (Figura 2).
AST
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
AST (U/L)
FIGURA 2 – Comportamento da atividade sérica da AST (UI/L) em
bovinos da raça Curraleiro em diferentes faixas etárias
– Goiânia, 2007
Esses resultados se assemelham aos encontrados na raça Jersey por
GREGORY et al. (1999), onde a atividade sérica da AST variou significativamente
(p<0,05) com relação a idade, com valores mínimos exibidos por bezerras com
até três meses de idade enquanto os valores máximos foram encontrados em
vacas com idade entre 48 e 72 meses de idade. SOUZA (1997) também
encontrou aumento significativo na atividade sérica da AST com o evoluir da
idade em animais das raças Gir, Girolanda e Holandesa. Para animais da raça
Nelore, BARROS FILHO (1995) relatou aumento significativo na atividade sérica
da AST com o passar da idade. BENESI et al. (2003) ao avaliar a função hepática
de bezerras da raça Holandesa também evidenciaram a relação com a idade,
sendo que foi observado um valor mínimo entre o nascimento e oito horas de
35
vida, seguido por aumentos significativos até uma taxa máxima detectada às 24
horas de vida. A partir dos dois dias de idade os valores diminuíram apresentando
pequenas oscilações até o 30º dia de vida. A relação do fator etário com a
atividade sérica da AST foi também relatado por GREGORY (1995); FAGLIARI et
al. (1998a); ILGAZA (2003); ZANKER et al. (2001); DOORNENBAL, et al, 1988;
KURZ & WILLETT (1991).
ZANKER et al. (2001) observaram que a atividade sérica de AST
aumentou transitoriamente depois do consumo de colostro, mas não houve
associação com o tempo de ingestão do primeiro colostro, indicando que a
elevação da atividade plasmática de AST foi conseqüência da produção
endógena aumentada e foi independente do consumo de colostro.
Os resultados obtidos nesta pesquisa diferiram de OTTO et al. (2000)
que não relataram relação do fator etário com a atividade sérica da AST. No
entanto, esses autores distribuíram os animais em apenas dois grupos, sendo um
de animais jovens com menos de um ano de idade e o outro com animais adultos
com dois anos de idade ou mais, o que dificulta a comparação com os resultados
aqui descritos já que se trabalhou com seis categorias etárias.
Embora o trabalho de FAGLIARI et al. (1998b) não tenha evidenciado
relação da idade com a atividade sérica de AST, os valores obtidos por esses
autores para esta enzima ao comparar bezerros lactentes, desmamados e adultos
da raça Holandesa também demonstraram uma tendência crescente tal como a
evidenciada neste estudo.
5.1.2 GGT
A atividade sérica mais elevada de GGT foi encontrada no grupo de
animais com até três meses de idade (23,72
+ 16,45 UI/L) e a menor atividade
sérica de GGT foi exibida pelos animais com idade variando entre 24 e 36 meses
de idade (Figura 3).
36
GGT
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24a 36 >36
idade
GGT (U/L)
FIGURA 3 – Comportamento da atividade sérica da GGT (UI/L) em
bovinos da raça Curraleiro em diferentes faixas etárias
– Goiânia, 2007
Não houve diferença significativa (p>0,05) para a GGT considerando as
diversas faixas etárias (Tabela 1). Resultado semelhante foi descrito por COPPO
et al. (2000). No entanto é importante ressaltar que a maioria dos autores
consultados (SOUZA, 1997; FAGLIARI et al, 1998 (a); KURZ & WILLETT, 1991;
BENESI et al., 2003; JEZEC et al., 2006; ZANKER et al., 2001; GREGORY et al.,
1999; JEZEC & KLINKON, 2004) são unânimes em afirmar a relação da idade
com a atividade sérica da GGT em função da absorção colostral desta enzima.
SOUZA (1997) encontrou atividade sérica de GGT significativamente
mais elevada nas bezerras com até três meses de idade (16,3
+ 2,09UI/L), do que
nas bezerras entre três a 12 meses de idade (9,3
+ 0,35UI/L). Do mesmo modo,
GREGORY (1995) observou a máxima atividade sérica da enzima GGT nas
bezerras da raça Jersey com até três meses de idade (31,15 + 38,70UI/L), sendo
que a partir dessa faixa etária houve uma diminuição abrupta nos animais entre
três e seis meses de idade (10,24 + 3,49UI/L).
ZANKER et al. (2001) relataram que a atividade plasmática de GGT foi
baixa antes da ingestão de colostro e aumentou transitoriamente depois da
ingestão do colostro sendo maior em bezerros alimentados com o primeiro
colostro às seis a sete horas do que naqueles que receberam o colostro às 12
37
horas de vida. Depois disso, retornou a níveis que no 28º dia de vida foram
levemente mais altos que os encontrados antes do recebimento do colostro.
Esses dados demonstraram que a inibição da absorção intestinal de colostro
ocorreu entre seis e12 horas após o nascimento.
Na pesquisa de BENESI et al. (2003), a atividade sérica da GGT foi
máxima entre 16 e 24 horas de idade (945UI/L), sendo seguida por diminuições
dos valores, de forma significativa a partir do 11º dia de vida (86UI/L), atingindo
valores descritos para animais adultos aos 30 dias de idade (24UI/L). A razão
dessas taxas aumentadas foi atribuída à absorção desta enzima a partir do
colostro ingerido, no qual está presente em altas concentrações como já havia
sido relatado por FAGLIARI et al. (1996).
GÜNGÖR et al. (2004) relataram atividade sérica média de GGT de
2671,6
+ 874,8UI/L em bezerros Holandeses que ingeriram quantidades
adequadas de colostro, e demonstraram que a atividade sérica da GGT e proteína
total sérica podem ser usadas na detecção da falha da transferência de
imunidade passiva em bezerros neonatos. Recém-nascidos que ingerem colostro
possuem concentrações séricas de GGT até 1000 vezes maiores que as
concentrações de adultos; uma vez que o colostro de bovinos possui altas
quantidades desta enzima (DUNCAN & PRASSE’S, 2003).
Os resultados obtidos neste trabalho não evidenciaram relação
estatisticamente significativa para idade quanto à atividade sérica de GGT (Figura
2), provavelmente devido à falta de um grupo com animais recém-nascidos, nos
quais, como citado por KURZ & WILLETT (1991); FAGLIARI et al. (1998a);
BENESI et al. (2003); ZANKER et al. (2001); DUNCAN & PRASSE’S (2003) e
GÜNGÖR et al. (2004) a atividade sérica desta enzima é mais elevada nos
primeiros dias de vida. No entanto, para esta enzima foi constituído um sétimo
grupo etário, apenas a título de descrição, já que não foi possível incluir essa
nova categoria na estatística em função do n reduzido. Esses dados são
apresentados na Tabela 2
38
TABELA 2 - Valor médio, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) da
atividade sérica da enzima GGT de bovinos sadios da raça
Curraleiro, com até 15 dias de vida – Goiânia, 2007
Idade (dias) GGT (UI/L)
4 668
7 19
8 642
15 19
Média 337,07
Desvio padrão 367,27
CV 108,96
A Tabela 2 mostra a atividade sérica média mais elevada da GGT
337,07
+ 367,27 UI/L em bezerros com até 15 dias de vida respaldando os relatos
de KURZ & WILLETT (1991); FAGLIARI et al. (1998a); BENESI et al. (2003);
ZANKER et al. (2001); DUNCAN & PRASSE’S (2003) e GÜNGÖR et al. (2004).
5.1.3 ALP
Para a ALP a atividade sérica máxima (136,65
+ 52,63 UI/L) foi obtida
nos animais com até três meses de idade, enquanto os valores mínimos foram
apresentados pelos animais com mais de 36 meses de idade (Figura 4), indicando
uma redução inversamente proporcional ao desenvolvimento etário, com evidente
relação da idade com a atividade sérica da ALP (Tabela 1).
39
ALP
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
ALP (U/L)
FIGURA 4 - Comportamento da atividade sérica da ALP (UI/L) em
bovinos da raça Curraleiro em diferentes faixas etárias
– Goiânia, 2007
FAGLIARI et al. (1998a) obtiveram atividade sérica de ALP maiores no
dia do nascimento em bezerros das raças Nelore (439,63
+ 132,06UI/L) e
Holandesa (415,93 + 114,62UI/L), sendo que esses valores ainda permaneceram
elevados aos 15 dias de vida (357,74
+ 107,25UI/L) e (338,36 + 100,65UI/L); aos
30 dias de vida, (281,52 + 92,98UI/L) e (280,21 + 75,38UI/L) e aos 45 dias de
vida, (227,24 + 71,13UI/L) e (232,73 + 74,87UI/L), respectivamente nas raças
Nelore e Holandesa.
FAGLIARI et al. (1998b) relataram maior atividade sérica de ALP em
bezerros lactentes entre 46 e 180 dias das raças Nelore (130,93UI/L) e Holandesa
(131,79UI/L) em menor atividade sérica em bovinos adultos entre um e oito anos
de idade das raças Nelore (78,13UI/L) e Holandesa (81,97UI/L).
ZANKER et al. (2001) obtiveram atividades de ALP temporariamente
aumentadas depois da ingestão de colostro, sendo que estas foram maiores em
animais alimentados com o colostro até as 12 horas de vida do que naqueles
alimentados mais tarde. A elevação transitória da ALP também indicou absorção
colostral de ALP, embora fontes endógenas de ALP não devam ser excluídas.
Nos jovens, a atividade da ALP é de duas a três vezes maiores que
nos animais adultos; isso se dá pela grande quantidade da isoenzima óssea da
ALP, presente nos ossos dos animais em crescimento, que diminui com o avançar
40
da idade e com a calcificação das epífises ósseas (KRAMER & HOFFMANN,
1997). Em animais jovens a maior parte da ALP vem dos osteoblastos e
condroblastos devido o desenvolvimento ósseo ativo Em animais mais velhos a
maior parte da ALP vem do fígado, com o desenvolvimento ósseo estabilizado
(HENDRIX 2002).
ILGAZA et al. (2003) relataram que os bezerros nasceram com
atividade sérica de ALP cerca de duas vezes maior que a encontrada em animais
adultos. Durante a primeira semana de vida a atividade da ALP tendeu a diminuir
e, todavia, permaneceu em níveis muito altos em bezerros com um mês de idade.
Isto está associado com a nutrição colostral e intensidade de digestão do trato
digestivo. Contudo a elevação desta enzima é também associada com uma certa
estase biliar que é encontrada em bezerros nas primeiras semanas de vida e com
a atividade osteoblástica em bezerros nos primeiros meses de vida.
Os resultados deste estudo são semelhantes aos observados por
DOORNENBAL et al. (1988); KURZ & WILLETT (1991); FAGLIARI et al. (1998a);
FAGLIARI et al. (1998b); OTTO et al. (2000); COPPO et al. (2000); ZANKER et al.
(2001); ILGAZA (2003); BENESI et al. (2003); GRÜNWALDT et al. (2005).
5.1.4 CK
A enzima CK foi significativamente relacionada (p<0,05) com fator
etário (Tabela 1), apresentando atividade sérica crescente até os 12 meses de
idade, categoria na qual foi obtida a atividade sérica mais elevada 195,33
+
70,59UI/L. A partir daí houve uma redução para 129,36
+ 72,35UI/L nos animais
com até 24 meses de idade para então se elevar novamente 165,35
+ 57,77UI/L
no grupo de animais com idade entre 25 e 36 meses de idade e finalmente se
estabilizar nos animais com mais de 36 meses de idade 133,25 + 58,80UI/L
(Figura 5). Esses resultados se assemelham aos obtidos por COPPO et al. (2000)
que detectaram atividades séricas crescentes desta enzima em bezerros
zebuínos mestiços do nascimento (112UI/L) até os quatro meses de idade
(116UI/L). Poucos foram os trabalhos encontrados na literatura consultada
elaborados com o intuito de determinar a atividade sérica normal da CK de
bovinos em diferentes faixas etárias o que dificultou a comparação dos resultados
obtidos nesta pesquisa.
41
CK
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
CK (U/L)
FIGURA 5 – Comportamento da atividade sérica da CK (UI/L) em
bovinos da raça Curraleiro em diferentes faixas etárias
– Goiânia, 2007
BENESI et al. (2003) ao avaliarem bezerras sadias da raça Holandesa
no primeiro mês de vida obtiveram atividade sérica de CK máxima entre o
nascimento e oito horas de vida, sendo esta mantida com pequenas variações até
as 24 horas pós-nascimento, quando as taxas diminuíram progressivamente e de
modo significativo do quarto ao nono dia de vida, seguindo então com ligeiro
aumento e oscilações até os 30 dias de vida. No entanto, a comparação com este
trabalho é dificultada pela inexistência nesta pesquisa de um grupo etário com
bezerros com poucos dias de vida.
5.1.5 Bilirrubinas
Não houve relação do fator idade com os resultados obtidos para as
bilirrubinas direta, indireta e total (p>0,05), assemelhando-se aos resultados
obtidos por OTTO et al (2000) (Tabela 3).
42
TABELA 3 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) das
bilirrubinas direta, indireta e total de bovinos sadios da raça Curraleiro,
conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos
G1
n =5
G2
n =9
G3
n =25
G4
n =22
G5
n =35
G6
n =130
média
0,16 0,24 0,19 0,16 0,16 0,18
s 0,06 0,10 0,08 0,09 0,06 0,07
Bilirrubina
direta
mg/dl
cv 40,75 43,87 41,29 57,66 35,79 42,05
média
0,37 0,24 0,34 0,32 0,30 0,31
s 0,08 0,16 0,11 0,09 0,11 0,12
Bilirrubina
indireta
mg/dl
cv 20,49 64,46 31,86 28,32 37,30 37,10
média
0,52 0,48 0,53 0,48 0,46 0,49
s 0,13 0,23 0,10 0,10 0,13 0,15
Bilirrubina
total
mg/dl
cv 24,60 46,94 18,13 20,01 28,35 29,97
*letras diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas entre faixas etárias
pelo teste de Kruskal - Wallis com nível de significância de 0,05.
A bilirrubina direta demonstrou valor mínimo nos animais com até três
meses de idade e também no grupo de animais com idade entre 25 e 36 meses
(0,16
+ 0,06 mg/dl) e com idade entre 13 e 24 meses (0,16 + 0,09 mg/dl) e valor
máximo nos animais com idade entre quatro e seis meses de vida (0,24
+ 0,10
mg/dl). A partir daí houve pequenas oscilações até atingir o valor de 0,18
+ 0,07
mg/dl nos animais com mais de 36 meses de idade (Figura 6). A bilirrubina
indireta não foi relacionada com a idade se assemelhando parcialmente a SOUZA
(1997) que obteve valor mínimo para bilirrubina indireta nos grupos de animais
com idade entre seis e 48 meses (0,07
+ 0,0008 mg/dl) e valor máximo nos
grupos de animais com idade até seis meses de idade (0,10
+ 0,01 mg/dl),
também não havendo diferença significativa (p>0,05).
43
Bilirrubinas
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
Bilirrubinas (mg/dl)
Bilirrubina total
Bilirrubina indireta
Bilirrubina direta
FIGURA 6 – Comportamento das bilirrubinas (mg/dl) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia, 2007
O valor máximo de bilirrubina indireta foi obtido nos animais com até
três meses de vida (0,37
+ 0,08mg/dl), seguido pelo valor mínimo nos animais
com idade entre quatro e seis meses (0,24
+ 0,16mg/dl). Logo em seguida esses
valores se elevaram novamente, nos animais com idade entre sete e 12 meses
(0,34
+ 0,11mg/dl) passando então a apresentar pequenas reduções até atingir o
valor de 0,31
+ 0,12mg/dl nos animais com mais de 36 meses de idade (Figura 6).
Esses resultados se assemelham aos de SOUZA (1997) que também observaram
valores mais elevados de bilirrubina indireta nos animais com até seis meses de
idade (0,36
+ 0,03mg/dl) e a partir dessa faixa etária os resultados se mantiveram
estáveis.
A bilirrubina total apresentou valor mais elevado nos animais com idade
entre sete a 12 meses (0,53
+ 0,10 mg/dl) e mais baixo nos animais com idade
entre 25 e 36 meses (0,46
+ 0,13 mg/dl) com tendência decrescente entre sete e
36 meses de idade (Figura 5) se assemelhando ao obtido por SOUZA (1997) que
observou os maiores teores de bilirrubina total nos animais com idade variando
entre três e seis meses (0,47
+ 0,03 mg/dl), sendo que a partir daí, houve uma
tendência decrescente até o valor mínimo demonstrado pelos animais com idade
entre 48 e 72 meses (0,34
+ 0,01 mg/dl), no entanto esse autor relatou diferença
significativa para bilirrubina total.
44
BARROS FILHO (1995) obteve os maiores valores de bilirrubina total
sérica em animais com até três meses de idade, havendo diferenças significativas
entre esses valores e os resultados obtidos nos demais grupos etários. FAGLIARI
et al. (1998a) observaram maiores níveis de bilirrubina total em bezerros das
raças Nelore e Holandesa ao nascimento seguido de decréscimo gradativo em
função da idade. BENESI et al. (2003) também relataram a relação do fator etário
com as variações das taxas séricas das bilirrubinas total, direta e indireta ao obter
os valores máximos nas bezerras com 16 a 24 horas de vida, seguidos por
diminuições progressivas e significativas dos valores até os 30 dias de idade,
quando foram registrados os teores mínimos.
Concentrações de bilirrubina são altas ao nascimento; embora o
mecanismo preciso da hiperbilirrubinemia neonatal seja desconhecido.
Observações similares em neonatos humanos indicam que mecanismos diversos
estão envolvidos neste processo; isto inclui perda do mecanismo excretório de
bilirrubina da placenta, baixa concentração de atividade de UDP-
glucuroniltransferase (que transforma a bilirrubina em diglicuronato de bilirrubina
para sua posterior eliminação pelas fezes) no fígado do neonato e uma grande
concentração de β-glucoronidase no intestino, que degrada o diclicuronato de
bilirrubina em bilirrubina livre, que é reabsorvida (JAIN, 1993). É possível que
também para a bilirrubina, nesta pesquisa não tenha sido encontrada diferença
significativa entre as faixas etárias em função da inexistência de animais recém
nascidos, nos quais esses valores são relatados mais elevados por muitos
autores (LUMSDEN et al, 1980; DOORNENBAL, et al, 1988; KURZ & WILLETT,
1991; BARROS FILHO, 1995; SOUZA, 1997; FAGLIARI et al, 1998a; ILGAZA et
al, 2003; BENESI et al, 2003).
5.1.6 Proteínas totais
As proteínas totais mostraram relação com a idade (Tabela 4). Sendo
que as menores concentrações de proteínas totais foram reveladas pelos animais
com até três meses de idade 6,94
+ 1,05g/dl, apresentando valores crescentes,
até atingir o pico máximo nos animais com mais de 36 meses de idade 8,20 +
1,03g/d (Figura 7) semelhante aos resultados obtidos por LUMSDEN et al. (1980);
DOORNENBAL et al. (1988); FAGLIARI et al. (1991); KURZ & WILLETT (1991);
45
DANIELE et al. (1994); GREGORY (1995); BARROS FILHO (1995); SOUZA,
(1997); FAGLIARI et al. (1998a); OTTO et al. (2000); CANAVESSI et al. (2000);
KNOWLES et al. (2000); LEAL et al. (2003) e JESEK et al. (2006).
TABELA 4 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) das
proteínas totais, albumina e globulinas de bovinos sadios da raça
Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos
G1
n =18
G2
n =17
G3
n =29
G4
n =24
G5
n =36
G6
n =142
média
6,94a 7,32ab 6,99a 8,15b 7,86a 8,20b
s 1,05 0,95 0,55 0,89 0,84 1,03
Proteína total
g/dl
cv 15,08 13,05 7,84 10,96 10,66 12,56
média
2,85 2,80 2,98 2,58 2,87 2,85
s 0,55 0,35 0,46 0,41 0,36 0,40
Albumina
g/dl
cv 19,29 12,62 15,44 16,08 12,56 14,11
média
4,09a 4,52ab 4,01a 5,58b 4,99a 5,32b
s 1,31 1,13 0,77 1,07 1,06 1,22
Globulinas
g/dl
cv 31,97 24,97 19,26 19,20 21,30 22,94
*letras diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas entre faixas etárias
pelo teste de Kruskal - Wallis com nível de significância de 0,05.
Proteínas Totais
6,00
6,50
7,00
7,50
8,00
8,50
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
PT (g/dl)
FIGURA 7 – Comportamento da proteína total sérica (g/dl) em
bovinos da raça Curraleiro em diferentes faixas
etárias – Goiânia, 2007
46
FAGLIARI et al. (1991) observaram que nos bezerros recém-
nascidos, os níveis séricos de proteína total apresentaram aumento
significativo nas primeiras 48 horas de vida, quando os valores médios
passaram de 4,46 para 5,88g/dl em função da ingestão do colostro.
DANIELE et al. (1994) observaram maior teor de proteína total sérica
nos bezerros que receberam colostro duas vezes ao dia aos cinco dias de vida
(8,34
+ 1,02g/dl), em comparação com os que receberam apenas leite (7,01 +
093g/dl) e aqueles que receberam colostro apenas uma vez ao dia (7,73
+
1,27g/dl). Após o pico, cerca de três dias houve um declínio devido ao
catabolismo dos anticorpos adquiridos passivamente e a estabilização refletindo o
comportamento das imunoglobulinas.
LEAL et al. (2003) ao avaliar o proteinograma sérico de bezerras
sadias da raça Holandesa, no primeiro mês de vida também observaram relação
da idade com o teor de proteína total, com o valor mínimo no grupo de bezerras
com até oito horas de vida (5,125
+ 1,29g/dl) seguido de aumentos progressivos e
pequenas oscilações até os 30 dias de vida (6,125
+ 0,69g/dl).
Segundo JESEK et al. (2006) a concentração média de proteínas totais
foi mais elevada na primeira e segunda semana de vida, sofrendo pequena
redução e permanecendo no mesmo nível até a quinta semana de idade, e então
a partir da sexta semana esses valores aumentaram levemente até a 20ª semana.
Esses autores atribuíram a mais alta concentração de proteína total na primeira
semana à absorção de colostro concordando com KURZ & WILLETT (1991).
O metabolismo e a quantidade de proteínas presentes no soro de
animais neonatos podem apresentar relação com vários fatores, entre os quais se
devem destacar a mamada do colostro e a idade. Ao nascimento, principalmente
potros e bezerros, exibem baixos teores protéicos e após receberem o colostro,
apresentam um aumento no total das proteínas devido à absorção intestinal de
macromoléculas, incluídas as imunoglobulinas (FELDMAN et al, 2000). A
concentração de proteínas plasmáticas é muito baixa durante a vida fetal e baixa
ao nascimento; ela aumenta gradualmente nos animais com o passar da idade
(MEYER & HARVEY, 2004). Segundo JAIN (1993), em bezerros privados da
ingestão de colostro, principalmente nascidos de cesariana, a concentração de
proteínas plasmáticas é baixa (4,0 a 5,3g/dl).
47
Elevações nas concentrações de proteínas plasmáticas e globulinas
ocorrem principalmente nas primeiras horas de vida com o consumo de colostro,
e conseqüentemente, absorção de β e γ globulinas (KANEKO, 1997; JAIN, 1993;
BUSH, 1999;
DUNCAN & PRASSE’S, 2003). A ingestão do colostro pode
aumentar a concentração de proteínas plasmáticas para valores superiores a
7,0g/dl (DUNCAN & PRASSE’S, 2003).
Após um declínio dos anticorpos maternos, o animal recém-nascido
rapidamente adquire imunocompetência e começa a sintetizar seus próprios
anticorpos; quando o jovem atinge a fase adulta, os valores normais para adultos
de albumina e globulinas são alcançados (KANEKO, 1997; DUNCAN &
PRASSE’S, 2003).
5.1.7 Albumina
O fator etário não apresentou relação significativa (p>0,05) com a
concentração sérica de albumina (Tabela 4). Pode se observar pela Figura 8 que
a albumina se apresentou com uma tendência constante em todas as categorias
etárias, sem qualquer tendência definitiva. Sendo que a máxima concentração,
2,98 + 0,46g/dl foi obtida pelos animais com idade entre sete e 12 meses
enquanto que a concentração mínima, 2,58 + 0,41g/dl foi demonstrada pelos
animais com idade variando entre 13 e 24 meses de idade. A estabilização dos
valores da albumina ocorreu a partir dos 24 meses de idade concordando com
BARROS FILHO (1995) que obteve estabilização na mesma faixa etária e relatou
valores constantes entre os grupos etários estudados, sendo que os menores
valores observados foram encontrados nos animais com até três meses de idade.
DANIELE et al. (1994) também não observaram variação com a idade nos níveis
de albumina sérica de bezerras do nascimento aos dois meses de idade, sendo
que esta manteve sua concentração constante ao longo do período estudado. Da
mesma forma, DOORNENBAL et al. (1988) não evidenciaram efeito da idade nos
níveis de albumina, sendo que estes foram menores ao nascimento, se elevando
a partir de então com pequenas flutuações.
48
Albumina
2,30
2,40
2,50
2,60
2,70
2,80
2,90
3,00
3,10
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
Alb (g/dl)
FIGURA 8 – Comportamento da albumina (g/dl) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia, 2007
Os resultados aqui obtidos são diferentes dos observados por LEAL et
al. (2003) onde a albumina variou significativamente (p<0,05) em função da idade,
com aumentos expressivos após 13 a 15 dias de vida (2,660
+ 0,395g/dl) e
mantendo-se até os 30 dias de idade (2,785 + 0,213g/dl), quando se registrou o
valor máximo. A relação da idade com os teores de albumina também foi relatada
por JEZEK et al. (2006) que observaram que o nível médio de albumina aumentou
lentamente do nascimento até as 24 semanas de idade. GREGORY (1995)
relatou que os valores médios de albumina sérica do grupo etário constituído por
animais com até três meses de idade (3,60 + 0,57g/dl), diminuíram atingindo
valores mínimos nos animais com idade variando entre seis e 12 meses (3,17 +
0,20g/dl). A seguir, aumentaram gradativa e significativamente, estabilizando-se
nos animais com mais de 24 meses de idade, sendo o maior valor médio, obtido
nos animais com idade entre 24 e 48 meses (3,64 + 0,50g/dl).
5.1.8 Globulinas
As globulinas foram relacionadas com a idade (Tabela 4). Sendo que
os menores valores foram apresentados pelos animais com até 12 meses de
idade (4,01
+ 0,77g/dl) e os maiores revelados pelos animais mais velhos, com
idade acima de 36 meses de idade (5,32
+ 1,22g/dl) estando de acordo com o
49
obtido por LUMSDEN et al. (1980) KURZ & WILLETT (1991); BARROS FILHO
(1995); GREGORY (1995); SOUZA (1997); FAGLIARI et al. (1998a); CANAVESSI
et al. (2000); OTTO et al. (2000); PAULETTI et al. (2002); LEAL et al. (2003).
Conforme evidenciado na Figura 9 pode se observar o aumento
gradativo e constante das globulinas com o avançar da idade.
Globulinas
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
Glob. (g/dl)
FIGURA 9 – Comportamento das globulinas (g/dl) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia
2007
As imunoglobulinas são absorvidas do colostro durante as primeiras 24
horas após o nascimento, fornecendo imunidade humoral para o recém-nascido
ate que ele possa sintetizar suas próprias imunoglobulinas (MEYER & HARVEY
2004).
Os resultados aqui obtidos permitem inferir que as elevações ocorridas
nos valores de proteína total deveram-se as mudanças na fração globulina em
função da idade. O aumento das proteínas plasmáticas nos adultos se dá em
função de um leve decréscimo nas albuminas e um aumento progressivo das
globulinas; em bovinos com um ano de idade os valores de proteínas plasmáticas
giram em torno de 6,8 a 7,5g/dl sendo que nos bovinos adultos os valores situam-
se em torno de 7,0 a 8,5g/dl (JAIN, 1993).
Como no recém-nascido o nível de
albumina é pouco variável, as diferenças nas concentrações protéicas devem-se,
50
quase que exclusivamente, à absorção de imunoglobulinas após a ingestão de
colostro (FEITOSA et al. 2001).
PAULETTI et al. (2002) encontraram picos de proteína total sérica em
bezerras da raça Holandesa por volta do 10º dia de vida mostrando a relação da
imunoglobulina G sérica de origem exógena com a proteína sérica nos primeiros
dias de vida. Já os valores mínimos foram obtidos por volta do 27º dia de vida,
refletindo a transição entre a fase de catabolismo das imunoglobulinas exógenas
e o inicio da produção endógena da fração imunoglobulina.
5.1.9 Uréia
A uréia foi relacionada com o fator idade, o que não ocorreu com a
creatinina e o colesterol (Tabela 5).
TABELA 5 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) da
uréia, creatinina e colesterol de bovinos sadios da raça Curraleiro,
conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos G1 G2 G3 G4 G5 G6
média
18,92ª
n=18
18,94ª
n=14
22,84ab
n=25
31,55b
n=20
29,06ab
n=32
30,60ª
n=128
s 4,96 6,03 8,62 11,87 12,47 11,38
Uréia
mg/dl
cv 26,20 31,82 37,72 37,61 42,92 37,20
média
1,36
n=17
1,39
n=16
1,40
n=25
1,41
n=24
1,60
n=35
1,55
n=124
s 0,39 0,21 0,28 0,35 0,39 0,42
Creatinina
mg/dl
cv 28,87 15,35 20,13 24,44 24,49 27,42
média
111,40
n=18
94,18
n=14
93,56
n=25
93,59
n=22
96,22
n=36
99,23
n=133
s 33,67 26,54 26,68 26,49 24,43 22,47
Colesterol
mg/dl
cv 30,22 28,18 28,51 28,31 25,39 22,64
*letras diferentes na mesma linha indicam diferenças significativas entre faixas etárias
pelo teste de Kruskal - Wallis com nível de significância de 0,05.
Para a uréia os valores mínimos foram encontrados nos animais mais
jovens (18,92
+4,96 mg/dl), com tendência crescente até os 24 meses de idade
(31,55
+ 11,87mg/dl), quando então houve redução nos animais com idade
variando entre 25 e 36 meses de idade (29,06 + 12,47mg/dl) para, logo em
seguida, se estabilizar nos animais com mais de 36 meses de idade (30,60
+
51
11,38mg/dl). O comportamento da uréia em todos os grupos etários pode ser
observado na Figura 10. Esses resultados se assemelham aos obtidos por
GREGORY et al. (2004) que relataram que os valores séricos de uréia
aumentaram gradativa e significativamente com o evoluir da idade, sendo os
valores mínimos obtidos nas bezerras com até três meses de idade (18,49
+
4,50mg/dl) e máximos no grupo de animais com idade variando entre 24 e 48
meses (34,44
+ 14,57mg/dl).
Uréia
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
uréia (mg/dl)
FIGURA 10 – Comportamento da uréia (mg/dl) em bovinos da raça
Curraleiro em diferentes faixas etárias – Goiânia,
2007
BARROS FILHO (1995) também constataram aumento significativo do
teor de uréia com o avançar da idade em bovinos da raça Nelore, sendo que os
menores valores foram apresentados pelos animais com idade entre três e seis
meses (22,43mg/dl) enquanto que os valores mais elevados foram demonstrados
pelos animais adultos com idade variando entre 36 e 60 meses (28,94mg/dl).
SOUZA (1997) também demonstrou que o nível sérico de uréia foi
maior nos animais adultos com idade variando entre 48 e 72 meses (35,8
+
2,18mg/dl), sendo que os valores mínimos foram registrados no animais com
idade entre 12 e 24 meses de idade (21,8 + 1,30mg/dl).
FAGLIARI et al. (1998a) reportaram maior teor de uréia no dia do
nascimento em bezerros das raças Nelore (18,40
+ 6,58mg/dl) e Holandesa
52
(20,10
+ 6,11mg/dl) e menor concentração de uréia aos 45 dias de vida nas raças
Nelore (14,69
+ 4,53mg/dl) e Holandesa (16,71 + 6,26mg/dl).
FAGLIARI et al. (1998b) observaram menor valor médio de uréia nos
animais lactentes, com idade entre 46 e 180 dias das raças Nelore (14,39mg/dl) e
Holandesa (18,28mg/dl) e maior valor médio nos animais adultos entre um e oito
anos de idade das raças Nelore (16,99mg/dl) e Holandesa (19,78mg/dl).
Animais jovens podem ter baixos valores de uréia devido ao estado de
anabolismo, típico da fase de rápido crescimento, o que ocasiona elevado
consumo de fluidos e fluxo urinário aumentado (DUNCAN & PRASSE’S, 2003).
5.1.10 Creatinina
Embora a creatinina não tenha sido estatisticamente relacionada
(p>0,05) com a idade (Tabela 5), ela também apresentou valores crescentes com
o avançar da idade, com o valor mínimo encontrado no grupo de animais com até
três meses de vida (1,36
+ 0,39mg/dl). Até os 24 meses de vida esses valores
sofreram pequenas oscilações, para em seguida revelar os maiores valores no
grupo de animais com idade entre 25 e 36 meses (1,60
+ 0,39mg/dl) e,
finalmente, no grupo de animais com mais de 36 meses de idade (1,55
+
0,42mg/dl), apresentar pequena redução e se estabilizar (Figura 11).
Creatinina
1,20
1,25
1,30
1,35
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
creatinina (mg/dl)
FIGURA 11 – Comportamento da creatinina (mg/dl) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia, 2007
53
OTTO et al. (2000) também não detectaram relação da idade com
os teores séricos de creatinina. FAGLIARI et al. (1998a) não evidenciaram
relação do fator etário com a creatinina em bezerros das raças Nelore e
Holandês, e em bubalinos da raça Murrah do nascimento até os 45 dias de
vida, detectando apenas pequenas oscilações com o passar do tempo.
FAGLIARI et al. (1998b) reportaram menor valor médio de creatinina para
bezerros lactentes entre 46 a 180 dias das raças Nelore (1,34mg/dl) e
Holandesa (1,37mg/dl) e maior valor médio para os bovinos com idade entre
um e oito anos de idade das raças Nelore (1,60mg/dl) e Holandesa
(1,65mg/dl).
Embora os resultados obtidos nesta pesquisa não tenham evidenciado
relação do fator etário com os níveis de creatinina, discordando assim de
BARROS FILHO (1995); SOUZA (1997); GREGORY et al. (2004); eles se
assemelham aos resultados desses autores no que tange a tendência crescente
da creatinina, com os menores valores apresentados pelos animais jovens,
enquanto os valores mais elevados foram apresentados pelos animais adultos.
DOORNENBAL et al. (1988) afirmaram que em função da creatina
estar contida quase inteiramente no músculo estriado, a quantidade de creatinina
liberada está diretamente relacionada à massa muscular, justificando assim,
porque os animais adultos (com maior massa muscular) têm níveis mais elevados
de creatinina em comparação com os animais jovens. Por outro lado LAROUTE et
al. (2005) relataram que a menor concentração de creatinina em filhotes de cães
poderia ser uma conseqüência da mais elevada taxa de filtração glomerular e do
maior volume de distribuição de áqua nos animais jovens.
5.1.11 Colesterol
Para o colesterol não foi observada relação significativa (p>0,05) do
fator etário (Tabela 5). Os valores mais altos de colesterol foram obtidos nos
bezerros com até três meses de idade (111,40
+ 33,67mg/dl). Logo em seguida
esses valores diminuíram nos animais com idade entre quatro e seis meses de
idade (94,18
+ 26,54mg/dl) e a partir daí se mantiveram constantes até os 24
meses de vida (93,59
+ 26,49mg/dl), para então, a partir dos 25 meses de idade
54
(Figura 12) se elevar novamente (96,22
+ 24,43mg/dl). Os resultados obtidos em
bovinos da raça Curraleiro foram semelhantes aos resultados de JORDAN et al.
(2006) em Toro de Lidia na Cordilheira Central Colombiana.
colesterol
80,00
85,00
90,00
95,00
100,00
105,00
110,00
115,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
colesterol (mg/dl)
FIGURA 12 – Comportamento do colesterol (mg/dl) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia, 2007
Embora esta pesquisa não tenha evidenciado relação com a idade,
eles concordam parcialmente com o obtido por POGLIANI (2006) que relataram
que nos três primeiros meses de vida os valores de colesterol foram maiores
(103,64
+ 36,69mg/dl) do que os observados nos bezerros desmamados com
idade variando entre três e seis meses (63,03
+ 35,69mg/dl) e que essa diferença
ocorreu em função da amamentação. Após a desmama, o colesterol continuou a
apresentar relação com os fatores etários, pois após os 12 meses de idade, esses
valores aumentaram gradativamente atingindo o valor máximo entre 24 e 48
meses de idade (127,74
+ 50,32mg/dl), sendo que a partir desta faixa etária o
colesterol deixou de apresentar relação com os fatores etários. MOODY et al.
(1992) também observaram os valores mais elevados de colesterol em bezerros
lactentes, com diminuição desses valores após o desmame.
Como conseqüência da alimentação baseada em leite, as
concentrações totais de lipídios plasmáticos tendem a aumentar nos bezerros
55
lactentes, sendo este aumento refletido no perfil bioquímico principalmente pelos
teores séricos de colesterol. Após o desmame, o metabolismo dos ruminantes
sofre significativas alterações, pois a fonte de energia passa a ser principalmente
decorrente da absorção de ácidos graxos voláteis, determinando no primeiro ano
de vida uma queda da concentração dos lipídios plasmáticos (POGLIANI, 2006).
KURZ & WILLETT (1991) relataram que os níveis de colesterol
aumentaram nas primeiras 24 horas de vida e que estes foram relacionados com
os níveis de colesterol em bezerros lactentes. Do mesmo modo, COPPO et al.
(2003a) relataram valores mais elevados de colesterol em bezerros com até dois
meses de vida, valores intermediários em bezerros com seis meses de idade e os
valores mais baixos nos bovinos adultos confirmando a relação da idade com os
teores séricos de colesterol.
5.1.12 Cálcio
Para o Ca e o Mg não foi verificada qualquer relação significativa
(p>0,05) com a idade. Já o P, Na e K demonstraram significativa (p<0,05) relação
com o fator etário (Tabela 6).
Apesar de não ter havido diferença significativa (p < 0,05) para o Ca
entre os grupos etários, pode se observar que os valores máximos foram
encontrados no grupo de animais com até três meses de idade (10,06
+
1,19mg/dl). Logo em seguida houve redução no grupo de animais com até seis
meses (9,26
+ 1,44mg/dl), para a partir daí sofrer nova elevação nos animais com
idade entre sete e 12 meses (9,84 + 1,15mg/dl) e então se estabilizar com valores
mais ou menos constantes (Figura 13).
56
TABELA 6 - Valores médios, desvio-padrão (s) e coeficiente de variação (cv) do
cálcio, fósforo, magnésio, sódio e potássio de bovinos sadios da raça
Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos G1 G2 G3 G4 G5 G6
Ca
média
10,06
n=16
9,26
n=16
9,84
n=29
9,76
n=23
9,51
n=37
9,56
n=131
mg/dl
s 1,19 1,44 1,15 1,49 1,27 1,54
cv 11,80 15,57 11,64 15,30 13,35 16,07
P
média
7,13ª
n=6
6,42ab
n=12
6,66ª
n=24
6,82ª
n=24
5,55ab
n=27
4,88b
n=134
mg/dl
s 0,55 1,74 1,57 1,46 1,40 1,32
cv 7,71 27,04 23,52 21,38 25,22 26,99
Mg
média
2,07
n=17
1,96
n=16
1,96
n=27
2,15
n=24
1,96
n=37
1,98
n=143
mg/dl
s 0,36 0,27 0,27 0,37 0,26 0,31
cv 17,44 13,68 13,64 17,16 13,42 15,90
Na
média
135,13ab
n=16
129,57ab
n=14
139,17ª
n=24
129,96b
n=24
135,47ab
n=36
137,71ª
n=141
mmol/L
s 9,02 6,38 9,30 6,22 13,93 14,96
cv 6,67 4,93 6,69 4,78 10,28 10,86
K
média
4,81ª
n=14
4,82ª
n=13
4,31ab
n=24
4,31ab
n=24
3,89b
n=36
3,96b
n=141
mmol/L
s 0,85 0,50 0,74 0,63 0,56 0,67
cv 17,61 10,48 17,04 14,70 14,36 16,98
*letras diferentes ina mesma linha indicam diferenças significativas entre faixas etárias
pelo teste de Kruskal - Wallis com nível de significância de 0,05.
Cálcio
8,80
9,00
9,20
9,40
9,60
9,80
10,00
10,20
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
Ca (mg/d)
FIGURA 13 – Comportamento do cálcio (mg/dl) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia, 2007
57
A inexistência de relação do fator etário com os níveis de cálcio
corrobora os achados de FAGLIARI et al. (1998b). Esses resultados diferem de
DOORNENBAL et al. (1988), KURZ & WILLETT (1991), SOUZA (1997), BARIONI
(1999), OTTO et al. (2002) que relataram efeito da idade nos valores de cálcio, no
entanto, se assemelham ao relatado por esses autores, pelo fato dos animais
mais jovens terem apresentado os valores mais elevados.
SOUZA (1997) relatou o maior valor de cálcio nos animais com idade
entre três e seis meses (10,2 + 0,18mg/dl), decrescendo gradativa e
significativamente com o desenvolvimento etário, com o valor mínimo revelado
pelos animais entre 48 e 72 meses de idade (8,54 + 0,16mg/dl).
DOORNENBAL et al. (1988) relataram que tanto cálcio quanto fósforo
diminuíram com o aumento da idade, a partir dos 12 meses de vida. Esses
autores afirmaram que uma das principais funções desses elementos é seu
envolvimento no crescimento do esqueleto em animais jovens, sendo que em
animais mais velhos há uma diminuição de cálcio e fósforo para este propósito,
refletindo nos baixos níveis sangüíneos em animais adultos.
Para BARIONI et al. (1999) os animais jovens (compreendendo a fase
de lactentes e lacto-ruminantes) apresentaram os valores séricos de cálcio mais
elevados (10,54mg/dl) provavelmente devido sua dieta (leite materno) ser mais
rica nesse elemento. Além do fator dietético os animais jovens possuem maior
capacidade de absorção e utilização do cálcio. Nessa fase, o requerimento de
minerais é alto pela necessidade desse elemento para o crescimento ósseo
(RADOSTITS et al., 1995). A absorção de cálcio no intestino diminui com a idade.
Animais mais velhos sofrem redução na capacidade de mobilizar reservas de
cálcio quando ocorrem desequilíbrios, sendo, portanto, mais susceptíveis de
sofrer hipocalcemia (GONZÁLEZ, 2000).
5.1.13 Fósforo
Nesta pesquisa a concentração sérica de P foi inversamente
proporcional á idade, ou seja, os valores mais elevados 7,13
+ 0,55mg/dl foram
obtidos nos grupos de animais mais jovens, enquanto os valores mais baixos 4,88
+ 1,32mg/dl foram apresentados pelos animais com mais de 36 meses de idade
(Figura 14). Esses resultados são similares aos de SOUZA (1997), que afirmou
58
que os maiores valores foram observados nos animais jovens, entre três e seis
meses de idade (9,47 + 0,21mg/dl) decrescendo gradativa e significativamente
com o desenvolvimento etário apresentando o valor mínimo nos animais com
mais de 72 meses de idade (5,90
+ 0,20mg/dl). KURZ & WILLETT (1991)
relataram diminuição do fósforo sérico em bezerros do nascimento (8,2
+ 2 mg/dl)
até as 24 horas de vida (7,5
+ 2mg/dl). Os resultados obtidos neste trabalho são
também semelhantes a DOORNENBAL et al. (1988) e OTTO et al (2000).
BARIONI (1999) observou o maior valor de fósforo nos animais entre
três a sete meses de idade (8,09 mg/dl) e o menor valor médio de fósforo nos
animais entre 18 a 24 meses de idade (7,53mg/dl).
Fósforo (mg/dl)
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
P (mg/dl)
FIGURA 14 – Comportamento do fósforo (mg/dl) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia 2007
A disponibilidade de P alimentar diminui com a idade (90% em
bezerros, 55% em vacas adultas). Daí que os níveis de P sejam menores em
animais mais velhos (GONZÁLEZ & SCHEFFER, 2003). Entretanto, esses
resultados discordam de BARIONI (1999) e FAGLIARI et al. (1998b) que não
relataram relação da idade com os níveis séricos de fósforo.
59
5.1.14 Magnésio
O íon Mg não variou significativamente (p>0,05) com o evoluir da idade
(Tabela 6). O valor mais elevado de Mg foi obtido nos animais com idade entre 13
e 24 meses (2,15 + 0,37mg/dl), enquanto que o menor valor de Mg foi revelado
pelos animais com idade entre quatro e 12 meses (1,96
+ 0,27mg/dl) e também
naqueles com idade variando entre 25 e 36 meses (1,96
+ 0,26mg/dl) (Figura 15.
Resultados semelhantes aos de ASIF et al. (1996) e diferentes dos de BARIONI
(1999) que relatou variação nos níveis de Mg segundo a faixa etária, com uma
tendência decrescente em função da idade.
Magnésio
1,85
1,90
1,95
2,00
2,05
2,10
2,15
2,20
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
Mg (mg/dl)
FIGURA 15 – Comportamento do magnésio (mg/dl) em bovinos
da raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia, 2007
FAGLIARI et al. (1998b) reportaram teor mínimo de Mg nos
bezerros lactentes das raças Nelore (2,27mg/dl) e Holandesa (2,31mg/dl) em
comparação com o teor mais elevado revelado pelos animais adultos entre um
e oito anos de idade das raças Nelore (2,30mg/dl) e Holandesa (2,33mg/dl).
BARIONI (1999) relatou menor valor de magnésio nos animais da
raça Nelore entre oito a 17 meses de idade (2,31mg/dl) em comparação aos
animais com idade variando entre três e sete meses e entre 18 a 24 meses
(2,45mg/dl).
60
5.1.15 Sódio
O Na e K foram relacionados significativamente (p<0,05) pela idade
(Tabela 6). Sendo que para o Na os valores mínimos foram encontrados nos
animais de quatro a seis meses de idade (129,57
+ 6,38mmol/L) e os valores
máximos no grupo de animais de sete a 12 meses de idade (139,17 +
9,30mmol/L) (Figura 16). Esses resultados diferiram de SOUZA (1997) e BARIONI
(1999), que não observaram relação da idade com os teores séricos de Na.
SOUZA (1997) relatou o maior valor de Na nos animais até três meses
de idade (144,6
+ 1,68mmol/L) e o valor mínimo nos animais com mais de 72
meses de idade (142,0 1,023mmol/L). Vacas em lactação que possuem maior
eliminação de Na pelo leite, animais em crescimento acelerado e aqueles que
consomem pastagens deficientes ou com adubação fosfatada são susceptíveis a
deficiências (MUFARREGE, 1999).
Na
124,00
126,00
128,00
130,00
132,00
134,00
136,00
138,00
140,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
Na (mmol/L)
FIGURA 16 – Comportamento do sódio (mmol/L) em bovinos da
raça Curraleiro em diferentes faixas etárias –
Goiânia, 2007
5.1.16 Potássio
O K demonstrou tendência decrescente até o grupo de animais com
idade entre 25 e 36 meses (3,89
+ 0,56mmol/L), para então apresentar pequena
elevação nos animais com idade acima de 36 meses (3,96 + 0,6 mmol/l) (Figura
61
17). Essas observações são semelhantes às de SOUZA (1997) e OTTO et al.
(2000) que também observaram relação da idade com os níveis de K, também
com tendência decrescente em função da idade. No entanto esses resultados
diferiram de BARIONI (1999) que não encontraram diferença significativa (p>0,05)
para os níveis de Na e K em função da idade.
K (mmol/L)
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
0 a 3 >3 a 6 >6 a 12 >12 a 24 >24 a 36 >36
idade
k (mmol/L)
FIGURA 17 – Comportamento da do potássio (mmol/L) em
bovinos da raça Curraleiro em diferentes faixas
etárias – Goiânia, 2007
SOUZA (1997) reportou o teor máximo de K no grupo de animais com
idade entre três e seis meses (5,49
+ 0,12mmol/L) e o teor mínimo no grupo de
animais entre 48 a 72 meses de idade (4,51
+ 0,08mmol/L). O menor valor médio
de K relatado por BARIONI (1999) foi nos animais com idade variando entre três e
17 meses (4,60mmol/L) e o maior valor médio nos animais com idade entre 18 a
24 meses (4,70mmol/L).
62
5.2 Raça
Os resultados gerais obtidos para bioquímica sérica estão
demonstrados na Tabela 7.
TABELA 7 - Média geral, desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV) dos
parâmetros da bioquímica sérica de bovinos sadios da raça
Curraleiro – Goiânia, 2007
Variável Média s CV
AST (UI/L)
53,72 16,48 30,67
GGT (UI/L)
21,78 9,37 43,01
ALP (UI/L)
39,18 35,34 90,20
CK (UI/L)
144,88 63,02 43,50
Bilirrubina direta (mg/dl)
0,18 0,08 43,41
Bilirrubina indireta (mg/dl)
0,31 0,11 36,41
Bilirrubina total (mg/dl)
0,49 0,14 28,38
Proteína total (g/dl)
7,88 1,06 13,40
Albumina (g/dl)
2,84 0,42 14,80
Globulina (g/dl)
5,02 1,25 24,86
Uréia (mg/dl)
28,08 11,48 40,87
Creatinina (mg/dl)
1,50 0,39 26,04
Colesterol (mg/dl)
98,32 24,82 25,26
Ca (mg/dl)
9,61 1,43 14,84
P (mg/dl)
5,50 1,58 28,82
Mg (mg/dl
1,99 0,31 15,60
Na (mmol/L
136,19 13,29 9,76
K (mmol/L)
4,10 0,71 17,35
63
5.2.1 AST
A média geral de AST para bovinos da raça Curraleiro foi 53,72 +
16,48UI/L, inferior à citada pela maioria dos autores. KANECO et al. (1997)
estabeleceu para a espécie bovina média de 78 a 132UI/L. SOUZA (1997)
encontrou valores de AST para bovinos da raça Gir de 73,42
+ 2,06 UI/L (valores
corrigidos para a temperatura de 37
o
C), para a Girolanda de 79,04 + 1,87 UI/L
(valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C) e para a raça Holandesa 75,50 +
2,62 UI/L (valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C). Para bovinos da raça
Nelore a atividade sérica de AST relatada por BARROS FILHO (1995) foi 67,78 +
17,43 UI/L (valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C). SOUZA et al. (2004)
estabeleceram para bovinos da raça Holandesa menor atividade sérica de AST
(72,30
+ 22,06 UI/L - valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C), enquanto
para bovinos da raça Jersey a atividade sérica de AST foi (102,50
+ 37,17 UI/L -
valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C).
GRÜNWALDT et al. (2005) obtiveram menores atividades séricas de
AST para bovinos das raças Aberdeen Angus (41
+ 18,5 UI/L) e Criollo argentino
(32
+ 15,9 UI/L).. FAGLIARI et al. (1998b) demonstraram menores valores de AST
para bovinos das raças Nelore (46,16 UI/L) e Holandesa (40,02 UI/L). Esses
resultados estão mais próximos dos obtidos para os bovinos da raça Curraleiro.
5.2.2 ALP
A média geral da atividade sérica de ALP para bovinos da raça
Curraleiro foi 39,18
+ 35,54UI/L (3,84 a 74,72UI/L) estando de acordo com
KANECO et al. (1997). GRÜNWALDT et al. (2005) obtiveram maiores atividades
séricas de ALP para bovinos das raças Aberdeen Angus (193
+ 123,7UI/L) e
Criollo Argentino (238
+ 137,6UI/L). FAGLIARI et al. (1998b) observaram maiores
valores de ALP para bovinos das raças Nelore (78,13 UI/L) e Holandesa (81,97
UI/L).
5.2.3 CK
A média geral da atividade sérica da CK para bovinos da raça
Curraleiro foi 144,88
+ 63,02UI/L, discordante dos valores citados por KANECO et
al. (1997) que relatou para bovinos, atividade sérica de CK de 4,8 a 12,1UI/L.
64
GRÜNWALDT et al. (2005) obtiveram valores semelhantes, porém, menores de
CK para bovinos das raças Aberdeen Angus (77 + 61,6UI/L) e Criollo Argentino
(77
+ 64,4UI/L).
5.2.4 GGT
A média da atividade sérica da GGT para bovinos da raça Curraleiro foi
21,78
+ 9,37UI/L diferindo de KANECO et al. (1997) que relatou que a GGT varia
de 6,1 a 17,4UI/L na espécie bovina. Valores maiores foram relatados por
BARROS FILHO (1995) que obteve para bovinos da raça Nelore a média da
atividade sérica de GGT de 50,94
+ 199,28UI/L (valores corrigidos para a
temperatura de 37
o
C). Atividades séricas de GGT semelhantes foram obtidas por
SOUZA et al. (2004) para bovinos da raça Jersey (35,37
+ 59,27UI/L - valores
corrigidos para a temperatura de 37
o
C) e da raça Holandesa (34,17 + 59,53UI/L -
valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C).
Resultados semelhantes foram descritos por SOUZA (1997) que
encontrou atividade sérica de GGT para bovinos da raça Gir de 21,12
+ 0,98UI/L
(valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C), para Girolanda de 22,37 +
070UI/L (valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C) e Holandesa de 20,05 +
0,70UI/L (valores corrigidos para a temperatura de 37
o
C). FAGLIARI et al. (1998b)
encontraram valores ainda menores de GGT para bovinos das raças Nelore
(17,21UI/L) e Holandesa (16,17UI/L).
5.2.5 Bilirrubinas
A média de bilirrubina direta de bovinos da raça Curraleiro foi 0,18
+
0,08 mg/dl estando de acordo com KANECO et al. (1997). SOUZA (1997) relatou
menores valores de bilirrubina direta para bovinos das raças Gir (0,08
+
0,05mg/dl), Girolanda (0,08
+ 0,0006mg/dl) e Holandesa (0,07 + 0,0005mg/dl). A
média de bilirrubina direta para bovinos da raça Nelore encontrada por BARROS
FILHO (1995) foi 0,11
+ 0,09mg/dl. SOUZA et al. (2004) também relataram
menores valores de bilirrubina direta para bovinos das raças Jersey (0,04
+
0,06mg/dl) e Holandesa (0,03 + 0,03mg/dl).
Para bilirrubina indireta a média obtida para bovinos da raça Curraleiro
foi 0,31
+ 0,11mg/dl, concordando com KANECO et al. (1997). SOUZA (1997)
65
relatou valores semelhantes para bovinos das raças Gir (0,32
+ 0,01mg/dl),
Girolanda (0,29
+ 0,01mg/dl) e Holandesa (0,28 + 0,01mg/dl). A média de
bilirrubina indireta para bovinos da raça Nelore encontrada por BARROS FILHO
(1995) foi 0,27
+ 0,17mg/dl. SOUZA et al. (2004) estabeleceram maior média de
bilirrubina indireta para bovinos da raça Jersey (0,40
+ 0,33mg/dl) e a menor
média para a raça Holandesa (0,22
+ 0,19mg/dl).
Os bovinos da raça Curraleiro avaliados nesta pesquisa apresentaram
para bilirrubina total o valor médio de 0,49
+ 0,14mg/dl, concordando com
KANECO et al. (1997). SOUZA (1997) obteve menores valores de bilirrubina total
em bovinos das raças Gir (0,40
+ 0,01mg/dl), Girolanda (0,37 + 0,01mg/dl) e
Holandesa (0,35 + 0,01mg/dl). A média de bilirrubina total para bovinos da raça
Nelore encontrada por BARROS FILHO (1995) foi 0,39
+ 0,16mg/dl. FAGLIARI et
al (1998b) obtiveram menores valores para bovinos das raças Nelore (0,38mg/dl)
e Holandesa (0,42mg/dl). O valor médio de bilirrubina total para a raça Curraleiro
obtido neste trabalho também se assemelhou ao relatado por SOUZA et al. (2004)
para bovinos da raça Jersey (0,44 + 0,33mg/dl), com a qual mais se aproximou;
diferindo, no entanto do obtido por esses autores para a raça Holandesa (0,25 +
0,19mg/dl).
5.2.6 Proteínas totais
A média de proteínas totais para bovinos da raça Curraleiro foi 7,88 +
1,06g/dl estando acima do valor relatado por KANECO et al. (1997) que é de 6,74
a 7,46g/dl. SOUZA (1997) relatou menores teores de proteínas totais para
bovinos das raças Gir (7,02
+ 0,08g/dl), Girolanda (7,38 + 0,07g/dl) e Holandesa
(7,57
+ 0,09g/dl). BARROS FILHO (1995) também relatou menores teores de
proteínas totais para bovinos da raça Nelore (6,79 + 0,66g/dl) quando
comparados aos resultados obtidos para a raça Curraleiro. Os teores de proteínas
totais observados por GREGORY (1995) para bovinos da raça Jersey (6,72
+
0,70g/dl) também foram menores. FAGLIARI et al (1998b) obtiveram também
menores teores de proteínas totais para bovinos das raças Nelore (7,04g/dl) e
Holandesa (7,16g/dl). SOUZA et al. (2004) estabeleceram valores menores de
proteínas totais para bovinos das raças Jersey (6,37
+ 0,90g/dl) e Holandesa
(6,82 + 0,97g/dl).
66
O valor médio geral de proteína total sérica para bovinos da raça
Curraleiro obtido nessa pesquisa (7,88 + 1,06 g/dl) mais se aproximou do obtido
por SOUZA (1997) para bovinos da raça Holandesa (7,57
+ 0,09g/dl), reafirmando
a origem européia dos bovinos da raça Curraleiro.
Dentre os autores pesquisados JORDAN et al. (2006) que avaliaram os
indicadores sanguíneos de Toros de Lidia foram os únicos a relatarem valores de
proteína total sérica maiores (8,9
+ 1,4g/dL) que os obtidos nesta pesquisa para
os bovinos da raça Curraleiro.
5.2.7 Albumina
A média de albumina obtida para bovinos da raça Curraleiro foi 2,84
+
0,42g/dl estando abaixo do referido por KANECO et al. (1997). SOUZA (1997)
observou maiores valores de albumina para bovinos das raças Gir (3,25
+
0,05g/dl), Girolanda (3,27
+ 0,03g/dl) e Holandesa (3,13 + 0,03g/dl). GREGORY
(1995) relatou maiores teores de albumina para bovinos da raça Jersey (3,53
+
0,46g/dl). BARROS FILHO (1995) também demonstrou maiores teores de
albumina para bovinos da raça Nelore (3,11 + 0,51g/dl). FAGLIARI et al. (1998b)
também encontraram maiores valores de albumina para bovinos das raças Nelore
(3,29g/dl) e Holandesa (3,39g/dl). Os teores de albumina sérica obtidos por
SOUZA et al. (2004) foram mais elevados para bovinos das raças Jersey (3,24
+
0,28g/dl) e Holandesa (3,08
+ 0,25g/dl), os quais mais se aproximaram dos
valores obtidos para a raça Curraleiro nesta pesquisa.
JORDAN et al. (2006) obtiveram, para Toros de Lidia, maiores valores
para albumina sérica (3,1
+ 0,4g/dL).
5.2.8 Globulinas
A média de globulinas encontradas para os bovinos da raça Curraleiro
foi 5,02 + 1,25g/dl estando acima do valor referido por KANECO et al. (1997) que
é de 3,0 a 3,48 g/dl. SOUZA (1997) relatou menores valores de globulinas para
bovinos das raças Gir (3,77g/dl), Girolanda (4,11g/dl) e Holandesa (4,44g/dl).
GREGORY (1995) relatou menor média de globulinas para bovinos da raça
Jersey (3,19g/dl). BARROS FILHO (1995) obteve para bovinos da raça Nelore,
menores valores de globulinas (3,68g/dl). FAGLIARI et al. (1998a) também
67
relataram menores valores de albumina para bovinos das raças Nelore (3,75g/dl)
e Holandesa (3,77g/dl), quando comparados aos resultados obtidos para bovinos
da raça Curraleiro. A média de globulinas relatada por SOUZA et al. (2004) foi
menor para bovinos das raças Jersey (3,13
+ 0,81g/dl) e Holandesa (3,73 +
0,99g/dl) quando comparada à média obtida para bovinos Curraleiros. JORDAN et
al. (2006) obtiveram para Toros de lidia o valor de globulina (5,5
+ 1,3 g/dL) mais
elevado, dentre os autores consultados.
Dentre as raças citadas pelos autores estudados as que mais se
aproximaram da raça Curraleiro quanto ao nível de globulinas foi a raça
Holandesa (3,73
+ 0,99g/dl) do trabalho de SOUZA et al (2004) e os Toros de
Lidia (5,5
+ 1,3g/L) da pesquisa de JORDAN et al. (2006).
Os valores mais altos de globulina encontrados nesta pesquisa para
bovinos da raça Curraleiro poderiam estar relacionados com as características de
maior resistência a doenças, parasitas e condições adversas inerentes dessa
raça, pois de acordo com OTTO et al (2000) os bovinos Angoni, uma raça nativa
criada em Moçambique, apresentaram altos valores de globulinas provavelmente
em decorrência da estimulação crônica do sistema imunológico frente a parasitas
e patógenos, com conseqüente produção de imunoglobulinas.
5.2.9 Uréia
A média geral de uréia para bovinos da raça Curraleiro foi de 28,08
+
11,48mg/dl concordando com KANECO (1997). GREGORY et al. (2004)
observaram valores semelhantes (28,35
+ 10,94mg/dl) para fêmeas bovinas da
raça Jersey. Enquanto GRÜNWALDT et al (2005) relataram maiores
concentrações séricas de uréia para a raça Aberdeen Angus (37,23
+ 8,40mg/dl)
e para a raça Criollo Argentino (40,24
+ 10,81mg/dl). A média geral de uréia
obtida por SOUZA (1997) para bovinos da raça Gir foi 28,9 + 1,58mg/dl, valor
este, semelhante ao obtido para os animais da raça Curraleiro nesta pesquisa.
Para os bovinos da raça Girolanda SOUZA (1997) relatou menores valores de
uréia (24,7 + 1,08mg/dl) e para bovinos da raça Holandesa os valores de uréia
foram maiores (30,5 + 0,89mg/dl).
JORDÁN et al. (2006) obtiveram maiores teores de uréia (41,44 +
9,00mg/dl) para Toros de Lidia na Cordilheira Central Venezuelana.
68
Dentre as raças citadas a que mais se assemelhou a raça Curraleiro
quanto à concentração de uréia (28,35 + 10,94mg/dl) foi a raça Jersey (28,35 +
10,94mg/dl) do trabalho de GREGORY et al. (2004), confirmando a proximidade
genética com os bovinos da Península Ibérica .
5.2.10 Creatinina
A média de creatinina para bovinos da raça Curraleiro foi 1,50
+
0,39mg/dl) concordando com KANECO et al. (1997), sendo um pouco maior que o
valor relatado por GREGORY et al. (2004) que foi 1,35
+ 0,21mg/dl.
GRÜNWALDT et al (2005) obtiveram menores valores de creatinina para bovinos
das raças Aberdeen Angus (1,36
+ 0,31mg/dl) e Criollo Argentino (1,20 +
0,36mg/dl). SOUZA (1997) demonstrou valor semelhante de creatinina para
fêmeas bovinas da raça Girolanda (1,52
+ 0,02mg/dl), valores mais elevados para
bovinos da raça Gir (1,92
+ 0,14mg/dl) e para a raça Holandesa valores menores
de creatinina (1,19
+ 0,02mg/dl) quando confrontados com os resultados obtidos
nesta pesquisa para a raça Curraleiro.
5.2.11 Colesterol
A média geral de colesterol para bovinos da raça Curraleiro foi 98,32
+
24,84mg/dl concordando com KANECO et al. (1997). BORGES et al. (2001)
obtiveram menor teor de colesterol em novilhas mestiças (87,9mg/dl). COPPO et
al. (2003b) relataram maiores valores de colesterol em bovinos mestiços (Zebú x
Europeu) não suplementadas no outono (112,53 ± 20,88mg/dl) e no inverno
(104,4 ± 11,99mg/dl) e em vacas suplementadas com polpa cítrica no outono
(115,62 ± 18,95mg/dl) e no inverno (133,80 ± 25,13mg/dl).
POGLIANI (2006) obteve para fêmeas bovinas da raça Holandesa com
idade variando entre 12 e 24 meses valores de colesterol (95,74
+ 29,05mg/dl)
semelhantes ao obtido para a raça Curraleiro na mesma faixa etária (93,59
+
26,49mg/dl). RAMÍREZ-IGLESIA et al. (2001) observaram maiores teores de
colesterol (103,32
+ 39,3 mg/dl) para fêmeas bovinas com predominância racial
Carora (Venezuela) que se encontravam no período pré-parto.
69
Para Toros de Lidia criados em sistema extensivo, JORDÁN et al.
(2006) também relataram maiores valores de colesterol (112,14 + 19,33mg/dl) que
os obtidos nesta pesquisa para a raça curraleiro.
FIORAVANTI (1999) atribuiu aos bovinos aparentemente saudáveis da
raça Nelore ou anelorados valor médio de colesterol (118
+ 25,94mg/dl) maior que
o relatado nesta pesquisa para os bovinos da raça Curraleiro.
Nesta pesquisa a raça que mais se assemelhou aos bovinos da raça
Curraleiro quanto ao teor de colesterol foi a Holandesa do trabalho de POGLIANI
(2006).
5.2.12 Cálcio
A média geral de cálcio para bovinos da raça Curraleiro foi 9,61
+
1,43mg/dl estando assim dentro dos valores relatados por KANECO et al. (1997)
para bovinos. Por serem maiores esses resultados são diferentes dos de
PRESTES et al. (2003) que obtiveram para vacas de corte suplementadas (8,17
+
0,28mg/dl) e não suplementadas (8,17
+ 0,52mg/dlL). GRÜNWALDT et al. (2005)
também relataram menores valores de cálcio para bovinos da raça Aberdeen
Angus (8,42
+ 0,80mg/dl) e para bovinos Criollo Argentino (8,42 + 0,80mg/dl).
VALLE et al. (2003) relataram valores inferiores para cálcio (7,77 +
0,64mg/dl) em bovinos de corte no Rio Grande Sul, uma região caracterizada pela
produção extensiva em campo nativo com manejo precário da suplementação
mineral, apresentando baixos níveis de alguns minerais nas pastagens. SOUZA
(1997) relatou teores semelhantes, porém um pouco inferiores de Ca para fêmeas
bovinas da raça Gir (9,16
+ 0,11mg/dl) e da raça Holandesa (8,66 + 0,12mg/dl) e
valores levemente superiores para bovinos da raça Girolanda (9,77
+ 0,08mg/dl)
que foram os que mais se assemelharam aos obtidos para os bovinos da raça
Curraleiro desta pesquisa.
5.2.13 Fósforo
A média geral de fósforo sérico para bovinos sadios da raça Curraleiro
foi 5,5
+ 1,58mg/dl estando dentro do intervalo referenciado por KANECO et al.
(1997) que foi 5,6 a 6,5mg/dl e discordando de GRÜNWALDT et al. (2005) que
relataram menores valores para bovinos das raças Aberdeen Angus e Criollo
70
Argentino (4,34 + 1,24mg/dl) e de PRESTES et al. (2003) que obtiveram valores
menores para vacas de corte suplementadas (4,55 + 2,60mg/dl) e não
suplementadas (4,12
+ 1,49mg/dl). VALLE et al. (2003) também observaram
valores inferiores de fósforo (4,80
+ 0,99mg/dl) para bovinos de corte no Rio
Grande do Sul, atribuindo-os aos baixos níveis deste elemento nas pastagens.
SOUZA (1997) obteve teores mais elevados de P para as raças Gir (7,55
+ 0,14
mg/dl), Girolanda (6,83
+ 0,14 mg/dl) e Holandesa (7,98 + 0,65 mg/dl).
5.2.14 Magnésio
A média geral de magnésio sérico para bovinos hígidos da raça
Curraleiro foi 1,99
+ 0,31 mg/dl discordando de GRÜNWALDT et al. (2005) que
observaram maiores valores para bovinos da raça Aberdeen Angus (2,91
+
0,73mg/dl) e para a raça Criollo Argentino (2,67
+ 0,48mg/dl). FAGLIARI et al.
(1998b) relataram maiores níveis de magnésio em bovinos das raças Nelore (2,30
mg/dl) e Holandesa (2,33 mg/dl), sendo esses, os valores de magnésio que mais
se assemelharam aos encontrados para a raça Curraleiro.
5.2.15 Sódio
A média geral de Na para bovinos da raça Curraleiro foi 136,19
+ 13,29
mmol/L estando dentro do intervalo relatado por KANECO et al. (1997) que foi
132 a152mmol/L. Os resultados aqui obtidos apontaram menores níveis que os
obtidos por GRÜNWALDT et al. (2005) para bovinos da raça Aberdeen Angus
(144
+ 17,1mmol/L) e da raça Criollo Argentino (147 + 15,8mmol/L). SOUZA
(1997) relatou valores mais elevados de Na para fêmeas bovinas das raças Gir
(144,7
+ 0,89mmol/L), Girolanda (139,6 + 0,81mmol/L) e Holandesa (145,5 +
0,57mmol/L). Para fêmeas bovinas da raça Holandesa no final da lactação, GALIP
et al. (2003) relataram menores valores de sódio (125,68
+ 0,86mmol/L).
Os valores obtidos nesta pesquisa para bovinos da raça Curraleiro para
Na mais se aproximaram do obtido por SOUZA (1997) para bovinos da raça
Girolanda (139,6
+ 0,81mmol/L).
71
5.2.16 Potássio
A média geral de K para bovinos da raça Curraleiro foi 4,10 +
0,71mmol/L que está dentro do valor referido por KANECO et al. (1997) que foi de
3,9 a 5,8mmol/L. Por serem menores, discordaram de GRÜNWALDT et al. (2005)
que encontraram valores mais elevados de K para bovinos da raça Aberdeen
Angus (5,1
+ 0,8mmol/L) e da raça Criollo Argentino (5,1 + 0,7mmol/L). SOUZA
(1997) observou valores mais altos de K para bovinos das raças Gir (4,92
+
0,06mmol/L), Girolanda (4,85
+ 0,07mmol/L) e Holandesa (4,78 + 0,06mmol/L).
GALIP et al. (2003) obtiveram para fêmeas bovinas no final da lactação maiores
valores de K (10,31
+ 0,22mmol/L).
O número de variáveis que interferem nos resultados de parâmetros
bioquímicos é muito grande, o que limitou as possibilidades de conclusões
quando se utilizam, para a comparação, dados da literatura obtidos em condições
diversas. As similaridades na bioquímica clínica entre os bovinos da raça
Curraleiro e as outras raças variaram de acordo com o parâmetro considerado.
72
6 CONCLUSÕES
A avaliação dos resultados dos exames bioquímicos dos bovinos
sadios da raça Curraleiro permitiu as seguintes conclusões:
1- A idade não mostrou relação com os seguintes parâmetros: bilirrubinas,
albumina, creatinina, colesterol, cálcio e magnésio.
2 – A GGT não apresentou relação com a idade, mas não foram considerados os
animais com menos de 15 dias.
3 – O aumento da idade cursa com elevação de AST, CK, proteína total,
globulinas, uréia e creatinina.
4 – O aumento da idade ocasiona diminuição de ALP, fósforo e potássio.
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85
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301 p.
89. UNDERWOOD, E. J. SUTTLE, N. F. Mineral nutrition of livestock. 3.ed.
London: CABI publishing, 1999. 614p.
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LAROSA, V. L. Mineral deficiencies in beef cattle from southern Brazil. Brazilian
Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v.40, sup.1,
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92. VILLA, N. A; CEBALLOS, A; CERON, D; SERNA, C. A. Valores bioquímicos
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glutamyltransferase, alkaline phosfatase and aspartate-aminotransferase in
colostrum, milk and blood plasma of calves fed first colostrum at 0-2, 6-7, 12-13
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Disponível em
http://www6.ufrgs.br/bioquimica/index.htm. Acesso em 05 nov.
2005.
86
ANEXOS
TABELA 8 - Valores médios, desvio-padrão (s), coeficiente de variação (cv), mediana,
moda e n das atividades séricas das enzimas AST, GGT, ALP e CK de
bovinos sadios da raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia,
2007
Grupos
G1
G2
G3
G4
G5
G6
média
48,56 41,73 59,80 50,09 51,22 55,77
s 13,23 7,43 14,81 18,99 19,20 15,93
cv 27,24 17,80 24,76 37,90 37,50 28,56
mediana 49,50 36,00 55,00 50,50 55,00 57,00
moda 62,00 36,00 54,00 74,00 76 54,00
AST
UI/L
n 16 15 25 22 32 132
média
23,72 18,48 20,17 22,01 17,60 23,25
s 16,45 5,35 8,26 7,76 6,52 9,22
cv 69,35 28,95 40,96 35,26 37,06 39,65
medianan 19,00 19,00 19,86 22,57 17,02 22,64
moda 19,00 19,00 30,79 17,76
GGT
UI/L
n 17 14 25 24 32 123
média
136,65 60,86 44,80 40,73 27,78 24,23
s 52,63 18,79 14,45 17,77 9,79 11,59
cv 38,52 30,88 32,25 43,64 35,23 47,83
mediana 124,50 55,50 40,00 38,00 24,50 22,00
moda 49,00 38,00 47,00 18,00 19,00
ALP
UI/L
n 18 14 25 22 32 125
média
139,64 142,67 195,33 129,36 165,35 133,25
s 46,01 56,01 70,59 72,35 57,77 58,80
cv 32,95 39,26 36,14 55,93 34,94 44,13
mediana 136,00 136,00 186,20 100,15 159,00 117,40
moda 136,00 91,00 186,20 68,00 159,00 91,00
CK
UI/L
n 18 12 25 20 35 133
87
TABELA 9 - Valores médios, desvio-padrão (s), coeficiente de variação (cv), mediana,
moda e n das bilirrubinas direta, indireta e total de bovinos sadios da raça
Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos
G1
G2
G3
G4
G5
G6
média
0,16 0,24 0,19 0,16 0,16 0,18
s 0,06 0,10 0,08 0,09 0,06 0,07
cv 40,75 43,87 41,29 57,66 35,79 42,05
mediana 0,15 0,20 0,15 0,15 0,15 0,15
moda 0,10 0,20 0,15 0,15 0,15 0,15
Bilirrubina
direta
mg/dl
n 5 9 25 22 35 130
média
0,37 0,24 0,34 0,32 0,30 0,31
s 0,08 0,16 0,11 0,09 0,11 0,12
cv 20,49 64,46 31,86 28,32 37,30 37,10
medianan 0,40 0,20 0,35 0,30 0,30 0,30
moda 0,40 0,25 0,25 0,25
Bilirrubina
indireta
mg/dl
n 5 9 25 22 35 130
média
0,52 0,48 0,53 0,48 0,46 0,49
s 0,13 0,23 0,10 0,10 0,13 0,15
cv 24,60 46,94 18,13 20,01 28,35 29,97
mediana 0,54 0,35 0,54 0,50 0,45 0,50
moda 0,64 0,35 0,54 0,50 0,45 0,40
Bilirrubina
total
mg/dl
n 5 9 25 22 35 130
88
TABELA 10 - Valores médios, desvio-padrão (s), coeficiente de variação (cv), mediana,
moda e n da proteína total, albumina e globulinas de bovinos sadios da
raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos
G1
G2
G3
G4
G5
G6
média
6,94 7,32 6,99 8,15 7,86 8,20
s 1,05 0,95 0,55 0,89 0,84 1,03
cv 15,08 13,05 7,84 10,96 10,66 12,56
mediana 7,04 7,70 7,00 8,40 7,50 8,00
moda 8,40 7,80 7,00 8,80 7,40 7,20
Proteína
total
g/dl
n 18 17 29 24 36 142
média
2,85 2,80a 2,98 2,58 2,87 2,85
s 0,55 0,35 0,46 0,41 0,36 0,40
cv 19,29 12,62 15,44 16,08 12,56 14,11
mediana 2,86 2,80 2,90 2,75 2,90 2,90
moda 2,10 3,10 2,80 2,80 2,90 3,00
Albumina
g/dl
n 18 17 29 24 36 142
média
4,09 4,52 4,01 5,58 4,99 5,32
s 1,31 1,13 0,77 1,07 1,06 1,22
cv 31,97 24,97 19,26 19,20 21,30 22,94
mediana 3,80 4,70 4,00 5,80 4,60 5,00
moda 6,30 5,80 4,00 4,80 4,10 4,50
Globulinas
g/dl
n 18 17 29 24 36 142
89
TABELA 11 - Valores médios, desvio-padrão (s), coeficiente de variação (cv),
mediana, moda e n da uréia, creatinina e colesterol de bovinos sadios da
raça Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos
G1
G2
G3
G4
G5
G6
média
18,92 18,94 22,84 31,55 29,06 30,60
s 4,96 6,03 8,62 11,87 12,47 11,38
cv 26,20 31,82 37,72 37,61 42,92 37,20
mediana 18,42 20,00 21,00 27,50 25,50 26,50
moda 20,00 25,00 21,00 19,00 24,00 26,00
Uréia
mg/dl
n 18 14 25 20 32 128
média
1,36 1,39 1,40 1,41 1,60 1,55
s 0,39 0,21 0,28 0,35 0,39 0,42
cv 28,87 15,35 20,13 24,44 24,49 27,42
mediana 1,39 1,35 1,36 1,30 1,58 1,53
moda 1,26 1,53 1,90 1,28 1,47
Creatinina
mg/dl
n 17 16 25 24 35 124
média
111,40 94,18 93,56 93,59 96,22 99,23
s 33,67 26,54 26,68 26,49 24,43 22,47
cv 30,22 28,18 28,51 28,31 25,39 22,64
mediana 112 86,75 91,00 82,00 93,50 98,00
moda 132,00 82,00 84,00 84,00
Colesterol
mg/dl
n 18 14 25 22 36 133
90
TABELA 12 - Valores médios, desvio-padrão (s), coeficiente de variação (cv), mediana,
moda e n do Cálcio, fósforo, Mg, Na e K de bovinos sadios da raça
Curraleiro, conforme a faixa etária – Goiânia, 2007
Grupos G1 G2 G3 G4 G5 G6
média
10,06 9,26 9,84 9,76 9,51 9,56
s 1,19 1,44 1,15 1,49 1,27 1,54
cv 11,80 15,57 11,64 15,30 13,35 16,07
mediana 10,05 9,45 9,90 9,40 9,40 9,30
moda 10,70 9,30 8,60 8,80 8,80
Ca
mg/dl
n 16 16 29 23 37 131
média
7,13 6,42 6,66 6,82 5,55 4,88
s 0,55 1,74 1,57 1,46 1,40 1,32
cv 7,71 27,04 23,52 21,38 25,22 26,99
mediana 6,95 5,75 6,45 6,85 5,40 4,90
moda 8,20 8,90 6,60 5,50 5,20
P
mg/dl
n 6 12 24 24 27 134
média
2,07 1,96 1,96 2,15 1,96 1,98
s 0,36 0,27 0,27 0,37 0,26 0,31
cv 17,44 13,68 13,64 17,16 13,42 15,90
mediana 2,00 1,90 2,00 2,10 2,00 2,00
moda 2,00 1,90 1,80 2,20 2,10 2,30
Mg
mg/dl
n 17 16 27 24 37 143
média
135,13 129,57 139,17 129,96 135,47 137,71
s 9,02 6,38 9,30 6,22 13,93 14,96
cv 6,67 4,93 6,69 4,78 10,28 10,86
mediana 134,00 131,50 138,00 129,50 134,50 136,00
moda 134,00 136,00 139,00 129,00 131,00 132,00
Na
mmol/L
n 16 14 24 24 36 141
média
4,81 4,82 4,31 4,31 3,89 3,96
s 0,85 0,50 0,74 0,63 0,56 0,67
cv 17,61 10,48 17,04 14,70 14,36 16,98
mediana 4,75 4,80 4,40 4,30 3,80 3,90
moda 4,10 5,30 4,50 4,10 4,30 4,10
K
mmol/L
n 14 13 24 24 36 141
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