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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA - DOUTORADO
ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE E FATORES
DE VULNERABILIDADE EM PACIENTES ADULTOS COM TRANTORNO DO
PÂNICO E DE SUAS RELAÇÕES COM A RESPOSTA AO TRATAMENTO E
COM O CURSO DA DOENÇA.
LETÍCIA DA CUNHA KIPPER
Porto Alegre, novembro de 2007.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
PSIQUIATRIA - DOUTORADO
ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE E FATORES
DE VULNERABILIDADE EM PACIENTES ADULTOS COM TRANTORNO DO
PÂNICO E DE SUAS RELAÇÕES COM A RESPOSTA AO TRATAMENTO E
COM O CURSO DA DOENÇA.
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
como requisito parcial para obtenção do título
de Doutor em Psiquiatria.
LETÍCIA DA CUNHA KIPPER
Orientadora: Profª.Drª. Gisele Gus Manfro
Porto Alegre, novembro de 2007.
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AGRADECIMENTOS
À Gisele, por toda a sua disponibilidade e apoio, por estar sempre por perto
quando preciso, pelo aprendizado, pela convivência agradável e pela
oportunidade. Obrigada por tudo.
Ao Programa de Transtornos de Ansiedade do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre e ao professor Aristides V. Cordioli, que me permitiu fazer parte dele.
À equipe de pesquisa: à Elizeth Heldt, por ser uma colega muito especial,
que me ajudou em todas as etapas do trabalho, sempre disponível e participativa;
ao Giovanni Salum Jr., por suas idéias inspiradas, análises estatísticas e grande
apoio; à Cláudia Wachleski, pelas horas infindáveis aplicando o MMPI e por seu
companheirismo; à Carolina Blaya, por suas idéias e contribuições; à Ana Carolina
Seganfredo e ao Luciano Isolan pelo companheirismo, ajuda e horas agradáveis.
A todos os membros da equipe, obrigada.
À minha família e amigos. À minha mãe Vera Lúcia, que sempre me
incentivou e impulsionou muito com seu amor e sua força, e que tudo me ensinou.
Ao meu marido Cláudio, a quem agradeço de forma muito especial, por seu amor,
por ter me tornado uma pessoa melhor, por me contagiar com sua tranqüilidade e
bom humor, tão imprescindíveis na concretização deste trabalho, e por estar me
dando o meu maior presente: o João Victor.
Aos pacientes e voluntários que possibilitaram a realização desta pesquisa,
bem como ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre, ao Serviço de Psiquiatria do
HCPA e ao Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Muito obrigada.
IV
SUMÁRIO
Resumo XII
Abstract XVI
1 APRESENTAÇÃO 19
2 INTRODUÇÃO 24
3 HIPÓTESES 84
4 OBJETIVOS 86
5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 88
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89
7 ARTIGOS
7.1 Artigo 1 – versão em inglês 108
Trauma and Defense Style as Response Predictors of
Pharmacological Treatment in Panic Patients.
7.2 Artigo 1 – versão em português 126
Trauma e Estilo Defensivo como Preditores de Resposta ao
Tratamento Farmacológico em Pacientes com Pânico
7.3 Artigo 2 – versão em ingles 145
A Neurotic Pattern of Personality in Patients with Panic Disorder -
Before and After Treatment
7.4 Artigo 2 – versão em português 170
Padrão Neurótico de Personalidade em Pacientes com Transtorno
do Pânico - Antes e Depois do Tratamento
7.5 Artigo 3 – versão em ingles 198
V
The impact of personality traits on remission of panic disorder:
a 2-year naturalistic follow-up
7.6 Artigo 3 – versão em português 223
O impacto dos traços de personalidade na remissão do transtorno
do pânico: um estudo de seguimento naturalístico de 2 anos
8 DIVULGAÇÃO PARCIAL DOS RESULTADOS 249
8.1 Eventos 249
8.2 Publicações em Anais 250
8.3 Artigos publicados 250
9 LIMITAÇÕES 251
10 CONCLUSÕES 253
APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 257
para Pacientes
APÊNDICE 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 259
para Controles
APÊNDICE 3 - Questionário Dados Gerais Pacientes 261
APÊNDICE 4 - Questionário Dados Gerais Controles 263
APÊNDICE 5 - Questionário Seguimento de 2 anos Pacientes 265
ANEXO A - Inventário do Pânico, GCI, Hamilton–A e D 270
ANEXO B - Mini International Neuropsychiatric Interview 275
ANEXO C - Defense Style Questionnaire (DSQ – 40) 277
ANEXO D – Inventário Multifásico Minesota de Personalidade (MMPI) 280
ANEXO E – Personality Diagnostic Questionnaire (PDQ – IV) 283
ANEXO F - Inventário de Temperamento e Caráter (TCI) 287
VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AD Autodirecionamento
APA Associação Psiquiátrica Americana
AT Autotranscendência
C Cooperatividade
CGI Impressão Clínica Global
CID Classificação Internacional das Doenças
DG Dependência de Gratificação
D Depressão
DM Depressão Maior
DSM Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais
DSM-IV-TR Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais –
edição-texto revisado
DSQ Defense Style Questionnaire
ED Evitação de Dano
HCPA Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Hs Hipocondria
Hy Histeria
VII
ISRS Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina
Ma Hipomania
MF Masculinidade-Feminilidade
MINI Mini International Neuropsychiatric Interview
MMPI Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade
Pa Paranóia
Pd Desvio Psicopático
PDE Personality Disorder Examination
PDM Manual Diagnóstico Psicodinâmico
PDQ Personality Diagnostic Questionnaire
PPFP Psicoterapia Psicodinâmica Focada no Pânico
PROTAN Programa de Transtornos de Ansiedade
Pt Psicastenia
Sc Esquizofrenia
SCID Structured Clinical Interview
Si Introversão-Extroversão
SIDP-R Structured Interview for DSM-III Personality Disorders
TCC Terapia Cognitivo-Comportamental
TCI Inventário de Temperamento e Caráter
TP Transtorno do Pânico
TPQ Tridimensional Personality Questionnaire
VIII
LISTA DE FIGURAS
ARTIGO 2
Versão em inglês
Figura 1. MMPI scores between Panic Patients and Controls in the
baseline.
Figura 2. MMPI scores between Asymptomatic Panic Patients and Controls.
Figura 3. MMPI scores in panic patients before and after treatment.
Versão em português
Figura 1. Escores do MMPI entre pacientes com TP e controles na linha de
base.
Figura 2. Escores do MMPI entre pacientes com TP Assintomático e
Controles.
Figura 3. Escores do MMPI em pacientes com TP antes e depois do
tratamento.
IX
ARTIGO 3
Versão em Inglês
Figure 1. Flow Diagram showing the response outcome in acute
response to Sertraline and across 2-year follow-up.
Versão em Português
Figura 1. Diagrama de fluxo mostrando os resultados das respostas
agudas à sertralina e o seguimento de 2 anos.
X
LISTA DE TABELAS
ARTIGO 1
Versão em Inglês
Table 1. Predictors of remission to pharmacological treatment in patients
with PD.
Table 2. Multiple logistic regression results predicting clinical remission in
PD patients.
Versão em Português
Tabela 1. Preditores de remissão ao tratamento farmacológico em
pacientes com TP.
Tabela 2. Resultados da regressão logística múltipla predizendo remissão
clínica em pacientes com TP.
ARTIGO 3
XI
Versão em Inglês
Table 1. Symptom severity outcome measures across the study period
(n=35).
Table 2. Factors of Temperament and Character in the TCI associated with
being in remission in 2-year follow-up after 4 months of pharmacological
treatment in PD patients.
Versão em Português
Tabela 1. Medidas de gravidade dos sintomas ao longo do período do
estudo (n=35).
Tabela 2. Fatores de Temperamento e Caráter no TCI associados a estar
em remissão no seguimento de 2 anos após 4 meses de tratamento
farmacológico em pacientes com TP.
XII
RESUMO
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Pânico (TP) é uma doença crônica e recorrente. A
presença de Transtornos de Personalidade associada tem sido considerada um
fator que pode contribuir na cronicidade e dificuldade em tratar alguns pacientes
com TP. No entanto, a influência dos aspectos de personalidade no TP ainda não
é clara, com estudos mostrando resultados controversos.
OBJETIVOS
Avaliar os traços de personalidade de pacientes com TP, antes e depois de
tratamento medicamentoso, comparados a um grupo controle, determinando suas
implicações no tratamento agudo e em um seguimento naturalístico de 2 anos,
bem como as de outros possíveis preditores de resposta (como estilo defensivo e
história de trauma).
MÉTODOS
Foi realizado um estudo longitudinal que consistiu de 2 fases, com uma
amostra de pacientes com diagnóstico de TP, segundo o DSM-IV, provenientes do
Programa de Transtornos de Ansiedade (PROTAN), do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, ou selecionados diretamente para a pesquisa. Na primeira fase, 47
XIII
pacientes foram incluídos em um ensaio aberto com sertralina por um período de
16 semanas. Os pacientes foram avaliados por meio do MINI (Mini International
Neuropsychiatric Interview – DSM IV), do CGI (Clinical Global Impression), do
Inventário do Pânico e da Escala Hamilton-Ansiedade. O critério de remissão foi:
CGI2 e ausência de ataques de pânico. O MMPI (Inventário Multifásico
Minnesota de Personalidade) e o PDQ - IV (Personality Diagnostic Questionnaire
IV) foram utilizados para avaliação da personalidade. Nesta primeira fase, também
foram incluídos 40 controles, que não preenchiam critérios diagnósticos para
transtornos psiquiátricos de Eixo I. Na segunda fase, em um seguimento
naturalístico, os pacientes foram reavaliados 2 anos após terem participado do
período de intervenção, por meio do CGI, do Inventário do Pânico e da Escala
Hamilton-Ansiedade. Nesta fase, também foi aplicado o TCI (Inventário de
Temperamento e Caráter).
RESULTADOS
Após o período de intervenção de 4 meses, 26 pacientes (65%) alcançaram
remissão. Na linha de base, os escores de personalidade do MMPI foram
significativamente mais altos nos pacientes comparados aos controles (p<0,001).
Comparando os 26 pacientes em remissão aos controles, as escalas hipocondria,
depressão, histeria e psicastenia permaneceram com escores significativamente
mais altos nos pacientes (p<0,05), sugerindo que mesmo em sua fase
assintomática, um padrão de personalidade da linha neurótica e ansiosa se
mantém. As escalas do MMPI apresentaram mudança significativa, mas de
pequena magnitude, ao final do tratamento, enquanto nenhuma escala do PDQ –
IV mudou significativamente.
XIV
Foram preditores de pior resposta ao tratamento farmacológico agudo:
idade de início do TP; gravidade; defesas imaturas; as escalas de personalidade
paranóia, psicastenia e esquizofrenia do MMPI; e as escalas paranóide e
obsessivo-compulsiva do PDQ. Após uma análise controlada, idade de início, CGI
e defesas imaturas mantiveram-se preditoras no tratamento agudo.
Na avaliação de 2 anos, verificou-se que todas as escalas sintomáticas
indicaram uma manutenção dos escores alcançados após o tratamento de 4
meses. No entanto, 37% dos pacientes não mostravam remissão e 74%
permaneciam em tratamento. O uso de defesas neuróticas e as escalas de
temperamento de busca de novidades e evitação ao dano associaram-se com pior
resultado aos 2 anos, enquanto a escala de caráter autodirecionamento foi mais
alta nos pacientes que estavam em remissão.
CONCLUSÕES
Os padrões mais característicos da personalidade no TP (ansioso e
neurótico), mesmo que influenciados (exacerbados) por sintomas, são mantidos
quando o paciente está assintomático e podem ser pesquisados. O TP apresentou
uma boa resposta ao tratamento agudo. No entanto, mesmo com os ganhos
mantidos, mostrou uma alta taxa de cronicidade no seguimento de 2 anos. Os
fatores associados à remissão dos sintomas parecem ser diferentes em curto e
longo prazos. No tratamento agudo, os preditores principais são os mais
relacionados com o estado de ansiedade e o funcionamento imaturo. Por outro
lado, no seguimento de longo prazo existe influência das características mais
persistentes dos pacientes, como os aspectos de personalidade, medidos através
do temperamento e caráter, e o funcionamento neurótico. A pesquisa aponta para
XV
a importância dos estudos de personalidade, temperamento e caráter, e do
funcionamento defensivo no TP para que estratégias mais efetivas de tratamento
sejam testadas, visando a trabalhar também com esses fatores.
XVI
ABSTRACT
INTRODUCTION
Panic Disorder (PD) is a recurrent and chronic disorder. The co-morbidity of
personality disorders with PD has been considered a factor that might contribute to
chronicity and the difficulty to treat some patients. However, the influence of the
personality aspects in PD is still not clear and studies show controversial results.
OBJECTIVE
To evaluate personality traits in patients with PD, before and after
pharmacological treatment, as compared to a control group, determining their
influence in acute treatment outcomes and in a 2 year naturalistic follow-up, as well
as to verify other predictors of response (as the defense style and the history of
trauma).
METHODS
A longitudinal study that consisted of 2 phases was performed with a sample
of patients that fulfilled diagnostic criteria for PD according to DSM-IV from the
Anxiety Disorders Program (PROTAN) of Hospital de Clínicas de Porto Alegre, or
selected directly to the research. In the first phase, 47 patients were included in an
open trial with sertraline for 16 weeks. Patients were evaluated through MINI (Mini
XVII
International Neuropsychiatric Interview – DSM-IV), CGI (Clinical Global
Impression), Panic Inventory and Hamilton-Anxiety Scale. CGI 2 and no panic
attacks were considered remission. The MMPI (Minnesota Multiphasic Personality
Inventory) and the PDQ-IV (Personality Diagnostic Questionnaire – IV) were used
to evaluate personality. In this first phase, 40 controls without axis I disorders were
also included. In the second phase, a naturalistic follow-up study, patients were
reevaluated through CGI, Panic Inventory and Hamilton-Anxiety Scale, 2 years
after have participated in the intervention period. In this phase temperament and
character were assessed through the TCI (Temperament and Character Inventory).
RESULTS
After the 4 months intervention period, 26 (65%) patients achieved
remission. In the baseline, the MMPI personality scores were significantly higher in
patients as compared to controls (p<0.001). Comparing the 26 remitted patients to
controls, the scales hypochondriasis, depression, hysteria and psychasthenia
remain with scores significantly higher in patients (p<0.05), suggesting that a
neurotic and anxious personality pattern remains in the asymptomatic phase. The
MMPI scales changed significantly, but with a small magnitude at the end of the
treatment, while none of the PDQ-IV scale changed significantly.
The predictors of acute worse response were: age of onset, severity,
immature defenses, the personality scales paranoia, psychasthenia and
schizophrenia in MMPI, and scales paranoid and obsessive-compulsive in PDQ.
After a controlled analysis age of onset, severity and immature defenses remain as
predictors of acute treatment.
XVIII
In the 2-year evaluation, all symptomatic scales keep the scores achieved
after the 4-month treatment. However, 37% of patients didn’t show remission and
74% remain in treatment. The use of neurotic defenses and the temperament
novelty seeking and harm avoidance were associated with worse outcome in the 2-
year follow-up, while the character trait of self-directedness was higher in patients
who remitted.
CONCLUSIONS
The more characteristics personality patterns in PD (anxious and neurotic)
even though influenced (exacerbated) by symptoms, remain when patient is
asymptomatic and might be investigated. PD presented a good response to acute
treatment. However, even with the maintenance of gains, PD patients showed a
high chronicity rate in the 2-year follow-up. The factors associated with outcome
might be different in short-term and long-term follow-ups. In acute treatment, the
main predictors were more related to the anxiety state and the immature
functioning. On the other hand, there is an influence of more persistent patients’
characteristics, as personality aspects measured by temperament and character,
and the neurotic functioning in the longer follow-up. This study suggest the
importance of studying personality, temperament and character, and defensive
functioning in PD patients, so that more effective treatment strategies might be
tested in order to work also with these factors that might contribute to PD
chronicity.
1 APRESENTAÇÃO
O Transtorno do Pânico (TP) é caracterizado pela presença de
ataques de pânico inesperados e recorrentes, que se seguem por, pelo menos,
um mês de preocupação persistente com relação à possibilidade de ter novos
ataques (ansiedade antecipatória) e às suas conseqüências, e por uma
significativa alteração comportamental em razão desses (evitação fóbica) (APA,
1994, 2002).
O TP é considerado um problema de alta morbidade e de elevado
custo médico-social em função da grande utilização dos serviços hospitalares, da
diminuição da produtividade e de prejuízo na qualidade de vida (Pollack et al.,
1990; Kessler et al., 1994; Marshall, 1997; Roy-Byrne et al., 1999; Mendlowicz &
Stein, 2000; Lépine, 2002). Além disso, pesquisas têm demonstrado que o TP, em
geral, tem um curso crônico, com muitos pacientes apresentando recaídas ou
remissão parcial da doença (Pollack et al., 1990; Pollack & Smoller, 1995; Pollack
& Marzol, 2000; Slaap & den Boer, 2001; Carpiniello et al., 2002; Andersh & Hetta,
20
2003; Rubio & Lopez-Ibor, 2007). Em função da prevalência, morbidade e
cronicidade do TP, torna-se importante identificar prováveis fatores que possam
estar relacionados à cronicidade da doença, para a formulação de tratamentos de
acordo com as necessidades individuais dos pacientes, reconhecendo aqueles
para os quais possam estar indicadas intervenções associadas aos tratamentos
farmacológicos (Starcevic & Uhlenhuth, 1998).
Dentre os fatores que têm sido estudados, os quais poderiam
contribuir para a gravidade e cronicidade dos sintomas, bem como para uma
vulnerabilidade aumentada ao início da doença, estão características de
personalidade, comorbidade com transtornos de personalidade e fatores
psicodinâmicos (Pollack & Smoller, 1995; Slaap & den Boer, 2001).
Fatores que evidenciam o funcionamento global do indivíduo, como
os fatores de vulnerabilidade, de personalidade e psicodinâmicos, nem sempre
são utilizados na avaliação, no diagnóstico e na escolha dos tratamentos dos
transtornos psiquiátricos, uma vez que geralmente se está mais centrado na
presença ou ausência dos critérios diagnósticos para determinado transtorno
psiquiátrico. Diversos estudos, entretanto, demonstram que o conhecimento dos
fatores psicodinâmicos e de funcionamento tem-se mostrado importante na
avaliação e no tratamento dos transtornos psiquiátricos (Karasu & Skodol, 1980;
Perry & cols., 1987; Shapiro, 1989). Investigações epidemiológicas também têm
evidenciado a importância, na gênese de sintomas neuróticos, dos fatores de
personalidade, dos eventos de vida estressores e da perda de controle e do
suporte social (Andrews, 1989, 1990). Outros autores acreditam que pesquisas
21
devem ser delineadas para identificar traços que possam predispor ao pânico e
para definir tratamentos para tais traços (Andrews et al., 1990; Shear et al., 1993).
A influência dos fatores de personalidade em psicopatologia tem sido
tema de pesquisa nas décadas recentes, sendo ainda controverso o impacto real
dos traços de personalidade no risco para desenvolver TP e para o seu
prognóstico (Mennin & Heimberg, 2000; Reich, 2003; Johnson et al., 2006). Alguns
estudos constataram que esses traços e/ou fatores exercem uma influência
deletéria nos resultados de tratamentos efetivos (Noyes et al., 1990; Pollack et al.
1990; Reich, 1990, 1991; Pollack et al., 1992; Black et al., 1994; Ito et al., 1995;
Mennin & Heimberg, 2000; Slaap & den Boer, 2001; Berger et al., 2004), enquanto
outros não evidenciaram tal efeito (Clair et al., 1992; Marchand & Wapler, 1993;
Dressen et al., 1994; Dressen et al., 1998; Hofmann et al., 1998; Massion et al.,
2002; Reich, 2003). Além disso, outra questão em debate diz respeito à
estabilidade de um diagnóstico de personalidade. Por definição, os traços e os
transtornos de personalidade são características de um padrão de comportamento
altamente estável (APA, 1994, 2002). Alguns autores, contudo, têm questionado
essa estabilidade, apontando para a possibilidade de que as características de
personalidade possam ser influenciadas por sintomas agudos e pela passagem do
tempo (Seivewright et al., 2002; Rocca et al., 2006). Poucos estudos foram
observados na fase assintomática do TP (Ito et al., 1995; Hoffart & Hedley, 1997),
tornando difícil avaliar quais das características de personalidade identificadas
poderiam ser primárias e inerentes à personalidade dos indivíduos e quais seriam
conseqüência de uma reorganização do seu funcionamento em função dos
22
sintomas. Isso seria fundamental para que se pudesse avaliar conclusivamente se
os pacientes com pânico realmente têm algum padrão de traços de personalidade
que os caracteriza como um grupo, além dos sintomas agudos do pânico.
Os mecanismos de defesa representam outra dimensão importante
da estrutura da personalidade e do funcionamento psicodinâmico. Estudos
mostram que pacientes com TP utilizam um perfil de mecanismos de defesa mais
mal-adaptativo em relação a indivíduos normais, e que esse estilo defensivo pode
estar associado a pior prognóstico (Andrews et al., 1993; Spinhoven & Kooiman,
1997; Heldt et al., 2003, 2006; Kipper et al., 2004, 2005). O estudo dos
mecanismos de defesa foi contemplado em uma parte da mesma amostra de
pacientes com TP (DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, 2003), visando o presente
trabalho a aprofundar e dar seguimento àquele estudo, ampliando-o para a
avaliação de traços de personalidade e de características de vulnerabilidade ao
pânico e seu tratamento. Está inserido em linha de pesquisa do Programa de
Transtornos de Ansiedade (PROTAN), que investiga fatores de resposta ao
tratamento, fatores prognósticos, curso e cronicidade, bem como aspectos de
personalidade e fatores psicodinâmicos que possam ter relevância no TP.
Apesar dos recentes avanços na pesquisa dos aspectos
neurobiológicos e cognitivo-comportamentais do TP (Manfro et al., 1996; Ninan &
Dunlop, 2005; Otto & Deveney, 2005; Pollack, 2005), ainda não se obteve
completo entendimento acerca da fisiopatologia, da etiologia e da adequação dos
tratamentos aos fatores que podem ter influência sobre a cronicidade da doença.
Mostram-se necessários, pois, estudos que visem a uma melhor compreensão dos
23
fatores de personalidade e de vulnerabilidade que possam estar associados à
etiologia ou ao prognóstico dos pacientes com TP, assim como estudos que
demonstrem o que é possível avaliar enquanto o paciente está sintomático.
Os objetivos deste trabalho são determinar os aspectos de
personalidade em pacientes com TP, antes e após o tratamento medicamentoso,
traçando o perfil de personalidade apresentado por eles em comparação aos
controles, e avaliar sua associação com a resposta ao tratamento, o curso e a
cronicidade da doença. Pretende-se, ainda, examinar outros possíveis fatores
preditores relacionados à sua vulnerabilidade e cronicidade.
24
2 INTRODUÇÃO
2.1 O TRANTORNO DO PÂNICO
2.1.1 Apresentação Clínica e Critérios Diagnósticos
Referências à descrição dos sintomas do TP podem ser encontradas
já nos escritos de Freud, que os denominou “neurose de angústia” ou “neurose
atual”, por volta de 1895, em sua obra "A Neurastenia e a Neurose de Angústia".
O Transtorno do Pânico, enquanto entidade nosológica individual
integrante dos transtornos de ansiedade, surge com a edição do DSM III (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), em 1980, tendo sido definido
como “o início súbito de uma intensa preocupação, medo ou terror,
freqüentemente associado com sentimentos de catástrofe iminente”,
acompanhados de sintomas físicos e afetivos.
25
Segundo a 4
a
edição do DSM (APA, 1994), e de sua edição-texto
revisado (DSM-IV-TR, 2002), e de acordo com a Classificação Internacional das
Doenças, 1O
a
edição (CID 1O, 1993), o TP caracteriza-se pela presença de
ataques de pânico inesperados e recorrentes, que atingem o pico máximo em até
10 minutos, acompanhados por uma sensação de medo iminente ou urgência para
escapar e em que um dos ataques, durante um período mínimo de 1 mês, tenha
sido seguido por, pelo menos, uma das seguintes reações :
- preocupação persistente com a possibilidade de ter um novo
ataque,
- preocupação com as implicações do ataque e suas conseqüências
(perda do controle, ter um “ataque cardíaco”, ou “ficar louco”),
- alteração significativa no comportamento em função dos ataques.
Para o diagnóstico, segundo o DSM-IV-TR, o paciente deve ter
vivenciado ataques inesperados, embora, com o desenvolvimento da doença, os
ataques possam vir a ser situacionais.
De acordo com o DSM IV e DSM-IV-TR (APA, 1994, 2002), o
paciente com TP, quando apresenta ataques de pânico freqüentes e graves,
associados ao desenvolvimento de ansiedade antecipatória, ou seja, ao medo de
ter um novo ataque, pode passar a evitar as situações que relaciona com os
ataques, o que o leva a um comportamento fóbico e evitativo. Quando esse
comportamento se acentua, o paciente torna-se agorafóbico. A agorafobia
26
consiste no medo que o paciente experimenta quando está em locais dos quais
possa ser difícil sair ou encontra-se em situações para as quais possa ser difícil
obter auxílio no caso de ocorrer um ataque de pânico. Como resultado, há
restrições quanto a realizar viagens, freqüentar lugares públicos, estar entre
multidões ou há a necessidade de ter uma companhia ao sair de casa (Katon,
1991).
2.1.2 Epidemiologia
Os transtornos de ansiedade estão entre os mais prevalentes
transtornos psiquiátricos, alcançando uma taxa de 28,8%, e apresentam idades de
início mais precoces se comparadas às de outros transtornos psiquiátricos
(Kessler et al., 2005). No Brasil, os transtornos de ansiedade estão entre os mais
prevalentes diagnósticos psiquiátricos, sendo de 9,6% a sua prevalência na cidade
de Porto Alegre (Almeida et al., 1992).
A prevalência do TP durante toda a vida, com ou sem agorafobia,
situa-se entre 1,5 a 3,5% em amostras comunitárias. Em amostras clínicas, as
taxas são consideravelmente maiores (10 a 60%). Cerca de um terço à metade
dos indivíduos diagnosticados com TP em amostras comunitárias apresentaram
agorafobia, embora uma freqüência muito superior seja encontrada em amostras
clínicas (APA, 1994, 2002; Kessler et al., 1994; Lépine, 2002).
27
Pesquisas recentes relatam uma prevalência ao longo da vida para
TP sem agorafobia de até 4% e com agorafobia em torno de 1,1%, sendo as
mulheres e os indivíduos sem companheiros e/ou de baixo nível socioeconômico
os que parecem apresentar um risco aumentado para TP com ou sem agorafobia.
Além disso, pacientes com TP e agorafóbicos tendem a procurar tratamento com
maior freqüência, a ter uma idade de início mais precoce do TP e a apresentar
episódios de maior duração e mais comorbidades com transtornos de eixo I e II
(Grant et al., 2006; Kessler et al., 2006).
O TP geralmente manifesta-se no final da adolescência ou no início
da idade adulta, quando se processam definições e escolhas que podem ser
afetadas pela doença, e acomete duas a três vezes mais o sexo feminino do que o
masculino (Kessler et al., 1994; Lépine, 2002).
Entre os pacientes com transtornos de ansiedade, são justamente os
com TP aqueles que mais utilizam os recursos de saúde e apresentam o maior
custo social (Lépine, 2002). O uso dos serviços primários pelos portadores desse
transtorno é três vezes maior do que o da população em geral, podendo, desta
forma, ser o TP considerado uma condição freqüente e uma questão de saúde
pública (Roy-Byrne et al., 1999).
2.1.3 Etiologia
28
Diversos são os fatores que têm sido implicados na etiologia do TP,
dentre eles os biológicos, os genéticos, os cognitivo-comportamentais, os
psicodinâmicos e os ambientais (Katon, 1991; Pollack & Smoller, 1995; Goddard &
Charney, 1997). Embora a maioria dos pacientes identifique um fator precipitante
relacionado ao início da sua patologia (Uhde et al., 1985; Faravelli, 1985; Manfro
et al., 1996), o TP persiste mesmo após o desaparecimento desse estressor.
Em relação aos fatores biológicos e genéticos, várias alterações
biológicas têm sido descritas na gênese do TP, incluindo alterações no sistema
noradrenérgico, serotonérgico, gabaérgico e quimiorreceptores (Deakin & Graeff,
1991; Graeff, 1997). Além disso, evidências sugerem que o TP no adulto poderia
ser a manifestação de uma vulnerabilidade constitucional subjacente, ou diátese
para ansiedade, a qual seria herdada geneticamente e expressa de forma variável
ao longo da vida (Kagan et al., 1988; Rosenbaum et al., 1988, 1993; Biederman et
al., 1990; Pollack & Smoller, 1995; Pollack et al., 1996, Manfro et al, 2002).
Estudos com gemelares fornecem alguma indicação do papel relativo
da herança e do ambiente comum no TP (Torgersen, 1983). Em conjunto, os
fatores genéticos e ambientais e os antecedentes psicopatológicos são
componentes importantes para o início da doença, que começa, muitas vezes, no
contexto de eventos vitais estressantes (Katon, 1991).
As principais hipóteses psicológicas (ou psicossociais) para a
etiologia do TP são a cognitivo-comportamental e a psicodinâmica.
29
Segundo a teoria cognitivo-comportamental, os ataques de pânico
derivariam de interpretações catastróficas equivocadas de certas manifestações
corporais (Clark, 1986). A interpretação seria de perigo iminente, o que dispararia
ou intensificaria as sensações corporais, confirmando, assim, o “perigo” e gerando
mais interpretações catastróficas e ansiedade, em uma espiral crescente e rápida.
Para Barlow (1988), que ampliou esse conceito, o ataque de pânico inicial
consistiria em um “alarme falso”, deflagrado pelo aumento momentâneo do nível
de estresse da vida, que ocorreria em indivíduos biológica (herança genética) ou
psicologicamente (sensibilidade a sintomas de ansiedade) vulneráveis. Essa teoria
também salienta a influência dos fatores socioculturais no surgimento da
agorafobia, em que o medo estaria associado a estímulos ambientais. Após o
primeiro ataque, a pessoa tornar-se-ia apreensiva em relação a ataques futuros.
Alguns autores dedicaram-se ao estudo dos fatores psicodinâmicos
que podem estar associados ao início do TP ou a uma maior vulnerabilidade
psicológica ao transtorno (Shear & cols, 1993; Mihaljevic ZV, 1998). Trabalhos
sugerem que pacientes com TP apresentam certa vulnerabilidade psicológica que
precede o inicio do transtorno, demonstrando o papel do estresse e de eventos de
vida estressores precedentes aos primeiros episódios de pânico (Roy-Byrne et al.,
1986; Rappe et al., 1990; Manfro et al. 1996; Berzega et al., 2001; Venturello et
al., 2002). Os estudos corroboram as teorias de que eventos de vida podem agir
como desencadeantes em indivíduos com determinadas características de
personalidades preexistentes, sinalizando para a importância dos traços e fatores
de vulnerabilidade.
30
Um fator que tem sido considerado em algumas pesquisas é a forma
como as pessoas habitualmente respondem diante de estressores e que tipos de
comportamentos adotam, uma vez que estes poderiam reduzir ou agravar o fator
estressor (Andrews, 1989). Nesse sentido, estudos demonstraram que pacientes
com TP utilizam um perfil de mecanismos de defesa mais mal-adaptativo em
comparação a indivíduos normais (Andrews et al., 1993; Spinhoven & Kooiman,
1997; Kipper et al., 2003, 2004, 2005) e que esse estilo defensivo está associado
a uma pior resposta ao tratamento cognitivo-comportamental (Heldt et al. 2003,
2006). O pânico foi considerado por Andrews & cols. (1990) como um sintoma
neurótico; os autores sugeriram, ainda, que fatores de personalidade
predisponentes estariam envolvidos no desenvolvimento de tais sintomas. Esses
pacientes “neuróticos” seriam caracterizados por experiências de vida adversas e
incapacidade de usar formas maduras de lidar com estressores.
Shear et al. (1993) sugeriram um modelo de entendimento
psicodinâmico para o TP em que uma vulnerabilidade neurofisiológica inata
predisporia ao medo precoce em relação a situações não familiares, as quais,
juntamente com experiências ambientais, como a exposição a comportamentos
paternos amedrontadores e controladores, predisporiam o indivíduo a distúrbios
nas relações objetais e a uma resolução incompleta dos conflitos entre
dependência e independência. Os autores sugerem que sensações físicas
menores ou leves provocam pânico, porque elas se originariam de afetos
negativos altamente ameaçadores (agressividade e raiva), cujas defesas, que
permaneceram imaturas nesses indivíduos, seriam incapazes de controlar. Esse
31
fenômeno representaria uma tentativa de evitar conteúdos psíquicos dolorosos
(por exemplo, medo de perder o controle dos impulsos agressivos, ou medo da
perda do objeto, ou do amor e aprovação do objeto) (Busch, Milrod & Singer,
1999). Como não dispõem de uma “linguagem afetiva” para descrever o que estão
experimentando, retornam a uma expressão somática de experiências de
emoções (Schwartz, 1994). Alguns estudos que procuraram avaliar a percepção
dos pacientes com TP em relação aos cuidados e estilos parentais, bem como os
que identificaram traços de comportamento inibido em crianças como um preditor
de transtornos de ansiedade na vida adulta, parecem corroborar a teoria acima
descrita (Rosenbaum et al., 1988, 1991; Biederman et al., 1993; Faravelli et al.,
1991; Wiborg & Dahl, 1997; Isolan et al., 2005). O modelo proposto sugere que os
traços neuróticos e de medo representariam fatores de risco ao início dos ataques
de pânico, assim como reações ao pânico (Shear et al., 1993).
Informações mais detalhadas sobre os fatores etiológicos no TP
foram contempladas e podem ser obtidas em Kipper L, DISSERTAÇÃO DE
MESTRADO, 2003.
2.1.4 Curso e Prognóstico
As pesquisas têm demonstrado que o TP, em geral, tem um curso
crônico. Embora muitos estudos tenham confirmado a efetividade dos tratamentos
farmacológicos e cognitivo-comportamentais para o TP, muitos são os pacientes
que apresentam recaídas ou remissão parcial da doença (Pollack et al. 1990;
32
Faravelli et al., 1995; Starcevic & Uhlenhuth, 1998; Pollack & Marzol, 2000; Toni et
al., 2000; Slaap & den Boer, 2001; Carpiniello et al., 2002). Alguns estudos
naturalísticos de seguimento evidenciaram que, após 6 a 10 anos de tratamento,
cerca de 30% dos pacientes encontram-se assintomáticos, 40 a 50% estão
melhores, mas ainda sintomáticos, e 20 a 30% não apresentam melhoras ou
pioram. Outros estudos de seguimento mostraram que o TP pode apresentar um
curso crônico em cerca de até 80% dos pacientes (APA, 1994, 2002; Pollack et al.,
1990; Roy-Byrne & Cowley, 1995; Starcevic & Uhlenhuth, 1998; Roy-Byrne et al.,
1999; Pollack & Marzol, 2000; Simon et al., 2002). Em um estudo naturalístico de
8 anos de seguimento, Yonkers et al. (2003) evidenciaram que os pacientes que
estavam em remissão haviam melhorado durante os primeiros 2 anos. As taxas de
cronicidade geralmente são mais altas se se considerar o TP com agorafobia
(Keller et al., 1994; Carpiniello et al., 2002). Nesse caso, Carpiniello et al. (2002)
constataram que aproximadamente 25% dos pacientes estavam em remissão,
60% relatavam dificuldades significativas na realização das atividades diárias e
72% permaneciam em tratamento farmacológico em um seguimento de 40 meses.
Já um estudo de seguimento de 15 anos evidenciou que 18% dos pacientes
alcançaram remissão total, 13%, melhoras, mas ainda sob medicação, 51%
apresentavam ataques de pânico recorrentes e 18% ainda preenchiam critérios
diagnósticos para TP (Andersch & Hetta, 2003). O estudo de seguimento mais
longo e recente encontrado na literatura, com um tempo médio de seguimento
desde o início do tratamento de 47 anos, também mostrou que o TP tende a ser
crônico e que, após várias décadas, os pacientes melhoram em relação ao
33
número de ataques de pânico, mas a maioria permanece com sintomas residuais
(Rubio & Lopez-Ibor, 2007).
Dentre os fatores que contribuem para a cronicidade dos sintomas,
são apontados: comorbidades com outros transtornos de ansiedade, com
depressão e com transtornos de personalidade; fatores psicodinâmicos; presença
de transtornos de ansiedade na infância; experiências traumáticas; abuso de
substâncias; tempo de duração da doença; evitação fóbica grave; presença de
sintomas residuais após o tratamento, e sexo feminino (Pollack et al., 1990; Black
et al., 1994; Katschnig et al., 1995; Pollack & Smoller, 1995; Lecrubier, 1998;
Michelson et al., 1998; Starcevic & Uhlenhuth, 1998; Pollack et al., 2000; Toni et
al., 2000; Slaap & den Boer, 2001; Weisberg et al., 2002; Heldt et al., 2006;
Marchesi et al., 2006). Outros preditores estudados de pior resultado aos
tratamentos foram desemprego, consultas recentes a emergências médicas, nível
socioeconômico baixo e comorbidades médicas (Roy-Byrne et al., 2003); bem
como pobre adesão ao tratamento e número de episódios do TP (Rubio & López-
Ibor, 2007).
Entre as complicações da doença são freqüentes ansiedade
antecipatória persistente, evitação fóbica, comorbidade com outros transtornos de
ansiedade, depressão, abuso de álcool e drogas e transtornos somatoformes,
além de aumento da morbidade em função de risco para doenças
cardiovasculares, arritmias e suicídio (Pollack & Smoller, 1995; Pollack et al.,
2003). Os pacientes com TP apresentam freqüentemente uma percepção
empobrecida de sua saúde física e das suas condições emocionais, com aumento
34
do risco para abuso de álcool, de problemas financeiros e de relações
interpessoais. Muitos estudos têm demonstrado o impacto negativo do TP no
funcionamento físico, social, profissional, familiar com prejuízo à qualidade de vida
(Pollack & Marzol, 2000; Pollack et al., 2003; Latas et al., 2004).
Além disso, o TP tem sido associado a um alto custo médico-social,
pois em torno de 30% dos pacientes com pânico são atendidos em emergências
hospitalares, sendo 12,6 vezes mais provável que venham a procurar esse tipo de
serviço do que a população em geral. As visitas médicas, por ano, dos portadores
de TP são sete vezes mais freqüentes do que as da população em geral, podendo
os sintomas físicos desse transtorno mimetizar doenças cardiorrespitatórias,
gastrointestinais e otoneurológicas. Os portadores de pânico não tratados
apresentam um alto grau de prejuízo funcional, como faltas ao emprego e
diminuição da produtividade, do que decorre sua dependência financeira
(Marshall, 1997; Roy-Byrne et al., 1999; Pollack et al., 2003).
2.1.5 Tratamento
A maior parte das pesquisas relacionadas ao tratamento do TP
concentra-se nos tratamentos farmacológicos e cognitivo-comportamentais.
Algumas questões, no entanto, ainda não estão devidamente determinadas, como
quais seriam as combinações mais efetivas no tratamento do pânico e dos fatores
associados à vulnerabilidade ao pânico, com que duração e para quais pacientes
particulares. Recomenda-se que o terapeuta forneça ao paciente informações
35
sobre as alternativas de tratamento, salientando as vantagens e as desvantagens
de cada uma, devendo a opção ser feita em conjunto, considerando-se a história e
as preocupações específicas do indivíduo.
Em relação ao tratamento farmacológico, os antidepressivos e os
benzodiazepínicos de alta potência são os principais psicofármacos utilizados no
tratamento do TP. Os psicofármacos atuam principalmente no bloqueio dos
ataques de pânico e no tratamento das comorbidades freqüentemente associadas
ao TP, como depressão, fobia social e transtorno obsessivo-compulsivo. Nas
últimas décadas, os fármacos mais utilizados no TP, em função de sua eficácia
comprovada em ensaios clínicos randomizados e do baixo perfil de efeitos
adversos, são os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS), como
a fluoxetina, sertralina, paroxetina, fluvoxamina e o citalopram
(den Boer, 1998;
Sheehan, 1999; Pollack et al., 2003; Manfro & Blaya, 2004). Os ISRS, em
monoterapia ou em combinação com benzodiazepínicos de alta potência, são
considerados os tratamentos de primeira escolha pela maioria das pesquisas
recentes na área do TP (Gorman, 1997; Spiegel & Bruce, 1997; Yacubian &
Minutentag, 2001; Manfro & Blaya, 2004). Dentre os ISRS que apresentam boa
eficácia no tratamento do TP, encontra-se a sertralina, sendo esta a medicação
escolhida no presente trabalho para o tratamento do TP, em função de ter sua
eficácia comprovada em diversos ensaios clínicos controlados contra placebo
(Pollack et al. 1998; Londborg et al. 1998; Pohl et al. 1998; Rapaport et al. 1998;
Pollack et al., 2000; Rapaport et al. 2000; Goddard et al. 2001; Rapaport et al.
2001a, 2001b; Sheikh et al. 2000; Yacubian et al. 2001; Pollack et al. 2002).
36
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a modalidade
psicoterapêutica mais estudada no TP e vem sendo indicada em qualquer fase do
tratamento, bem como em pacientes que apresentem resposta parcial ao
tratamento farmacológico, ou seja, que permanecem com sintomas residuais
como ansiedade antecipatória e evitação fóbica, ou, ainda, em pacientes que
tenham alguma contra-indicação aos fármacos (Pollack et al., 1994; Otto, 2005). A
TCC tem por objetivo corrigir as interpretações catastróficas e os medos
condicionados das sensações corporais e das evitações. Diversos estudos
comprovaram a efetividade da TCC individual ou em grupo no tratamento do TP
(Biondi & Picardi, 2003; Craske et al., 2005; Mitte, 2005; Furukawa et al., 2007),
demonstrando que a TCC pode modificar o curso do TP tanto em curto como em
longo prazos (Otto & Whittal, 1995; Heldt et al., 2003, 2006).
Observa-se um retorno do interesse pela compreensão
psicodinâmica e pela pesquisa de técnicas psicodinâmicas no TP, em função da
observação de que, embora os tratamentos farmacológicos e cognitivo-
comportamentais tenham se mostrado efetivos, muitos pacientes com TP
apresentam recaídas após esses tratamentos, e outros tantos são refratários aos
tratamentos preconizados. Para Andrews et al. (1990), um tratamento adequado
deve envolver não apenas a resolução aguda de sintomas, mas também o
tratamento de fatores de vulnerabilidade, que parecem ser centrais nesse
transtorno. Alguns autores acreditam que a reintrodução de uma perspectiva
psicodinâmica pode ser útil em futuras estratégias de pesquisas para identificar
traços que possam predispor ao pânico e definir tratamentos para tais traços
37
(Shear et al., 1993; Milrod et al., 2007). Nota-se na literatura, no entanto, uma
escassez de estudos bem delineados que demonstrem a efetividade da
psicoterapia psicodinâmica no TP.
Wiborg & Dahl (1996) realizaram um ensaio clínico randomizado
comparando a resposta da clomipramina, administrada por 9 meses, à da
clomipramina, por igual período, combinada com psicoterapia psicodinâmica breve
(15 sessões). Os pacientes que receberam tratamento combinado apresentaram
escores significativamente mais baixos nas escalas de ansiedade aos 9 meses.
Além disso, no período de seguimento de 18 meses, a taxa de recaída foi
significativamente maior no grupo que recebeu apenas o tratamento com
clomipramina.
Utilizando a Psicoterapia Psicodinâmica Focada no Pânico (PPFP),
Milrod et al. (2007) realizaram um ensaio clínico randomizado controlado,
comparando a PPFP a um treinamento de relaxamento, por 12 semanas. Mostrou
–se a eficácia preliminar dessa psicoterapia psicodinâmica, uma vez que os
pacientes que a realizaram apresentaram maior redução na gravidade dos
sintomas do pânico, além de maiores chances de resposta ao término do
tratamento.
Informações detalhadas sobre o tratamento do TP podem ser obtidas
em Kipper L, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, 2003.
38
2.2 TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM
TRANSTORNO DO PÂNICO
Implicações no Diagnóstico, Curso e Prognóstico*
* Adaptado de: Kipper et al. TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM
TRANSTORNO DO PÂNICO - implicações no diagnóstico, curso e prognóstico. Revista de
Psiquiatria do Rio Grande do Sul 23(3): 188-195, 2001. Ampliado e atualizado com referências a
partir de 2002.
39
2.2.1 Traços e Transtornos de Personalidade
2.2.1.1 Conceitos e Diagnóstico
A personalidade de um indivíduo pode ser definida como complexa e
única. Todo indivíduo possui uma personalidade, que representa o que ele é
em vez de o que ele tem. Em 1937, Allport definiu personalidade como “uma
organização dinâmica, no interior do indivíduo, de sistemas psicofísicos
(mentais/neurais), que determinam seu ajustamento particular ao ambiente”.
Também se pode defini-la como sendo as maneiras relativamente estáveis de
a pessoa pensar, sentir, comportar-se e relacionar-se. Atualmente, é
amplamente aceito que a personalidade desenvolve-se por meio de interações
de predisposições hereditárias e de influências ambientais (Svrakic &
Cloninger, 2005; PDM, 2006). Todos os indivíduos possuem um conjunto de
pressupostos individuais e de valores, um repertório pessoal de emoções, com
formas típicas de lidar com elas, e modos característicos de comportamento,
especialmente nas relações pessoais. As formas como o indivíduo tenta
acomodar as exigências da vida e reduzir a ansiedade, a dor e as ameaças à
auto-estima são aspectos importantes da personalidade. Dependendo de
fatores culturais, alguns padrões serão mais adaptativos que outros (PDM,
2006). Desse modo, a personalidade pode ser entendida como o resultado do
processo dinâmico e contínuo de conciliar características individuais ao
ambiente (Cloninger, 1987).
40
Traços de personalidade são definidos como modelos consistentes
de comportamento, emoção e cognição, podendo ser identificados
precocemente na vida, permanecendo altamente estáveis ao longo do tempo.
Assim como mostram padrões persistentes no modo de o indivíduo perceber,
relacionar-se e pensar (APA, 1994, 2002).
Quando esses traços são inflexíveis e mal-adaptativos, causando
prejuízo funcional ou sofrimento significativo, são considerados Transtornos de
Personalidade. Os transtornos de personalidade são caracterizados por
modelos mal-adaptativos de comportamento e, por definição, referem-se a um
padrão persistente e relativamente estável ao longo do tempo na forma como a
pessoa pensa, sente e comporta-se (APA, 1994, 2002). O Manual Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV e DSM-IV TR) exige os seguintes
critérios para o diagnóstico de Transtorno de Personalidade:
- Padrão persistente de vivência íntima e comportamento que se
desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo e se manifesta
nas seguintes áreas (pelo menos duas): cognição, afetividade, funcionamento
interpessoal e controle dos impulsos.
- Esse padrão deve caracterizar-se por ser persistente e inflexível,
abrangendo uma ampla faixa de situações pessoais e sociais, que provoquem
sofrimento ou prejuízo, e ser estável e duradouro, podendo seu início remontar
à adolescência ou ao início da idade adulta (APA, 1994, 2002).
41
Os transtornos de personalidade são prevalentes e crônicos. A
prevalência estimada na população em geral situa-se entre 10 e 20%.
Aproximadamente metade da população de pacientes psiquiátricos apresenta
transtornos de personalidade, freqüentemente em comorbidade com transtornos
de eixo I. Esses pacientes apresentam em geral prejuízos crônicos em suas
capacidades produtiva e de relacionamento, com tendência à dependência a
substâncias, a um menor nível educacional, a permanecerem solteiros e/ou
desempregados e a apresentarem dificuldades conjugais, além de utilizarem
com freqüência os serviços de saúde e benefícios sociais (Svrakic & Cloninger,
2005). Muitos pacientes com transtornos de personalidade buscam tratamento
devido à pressão de amigos e parentes, que se mostram preocupados com
seus comportamentos, os quais são minimizados ou ignorados pela pessoa.
Outros procuram tratamento por conta própria, muitas vezes não para o
transtorno de personalidade, mas para outros sofrimentos específicos, como
ansiedade, depressão, sintomas somáticos, fobias e problemas de
relacionamentos, dentre outros (PDM, 2006). Observa-se, nas últimas décadas,
um crescimento importante no interesse clínico e da pesquisa em relação aos
transtornos de personalidade. Com a introdução de critérios diagnósticos e do
sistema diagnóstico multiaxial na terceira edição do Manual Diagnóstico e
Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-III, 1980), os transtornos de
personalidade têm sido diagnosticados mais freqüentemente e de forma mais
sistemática. De acordo com esse sistema multiaxial, os transtornos de
personalidade são classificados no eixo II.
42
Os subtipos de transtornos de personalidade classificados no DSM-
IV-TR e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) são os seguintes:
Agrupamento A - de natureza estranha ou excêntrica:
Paranóide
Esquizóide
Esquizotípica (no CID-10, é classificado no eixo I)
Agrupamento B - de natureza instável, dramática, impulsiva ou emotiva:
Anti-social
Borderline
Histriônica
Narcisista
Agrupamento C - de natureza ansiosa ou temerosa:
Esquiva (ou Evitativa)
Dependente
Obsessivo-Compulsiva
Além desses, o DSM-IV-TR classifica os transtornos de
personalidade passivo-agressiva e depressiva, para estudos adicionais.
43
Os transtornos de personalidade podem ser classificados utilizando-
se sistemas categóricos ou dimensionais. Os descritos no DSM representam
critérios categóricos com enfoque diagnóstico, em que os transtornos denotam
categorias ou síndromes clínicas distintas, as quais necessitam preencher
determinado número de critérios para que estejam presentes ou ausentes
(indivíduo afetado ou não-afetado). Historicamente o diagnóstico médico tem
sido categórico, uma vez que isso facilita as decisões sobre a necessidade de
tratamento na prática clínica, simplificando e uniformizando a comunicação
profissional. Outros enfoques ou modelos utilizam uma perspectiva dimensional,
na qual se considera que existam variações mal-adaptativas de traços de
personalidade, admitindo-se que as características de personalidade estejam
situadas em um continuum entre normalidade e patologia, existindo, portanto,
um continuum entre a personalidade normal e traços patológicos de
personalidade. No extremo saudável do espectro da personalidade, situam-se
as pessoas que conseguem se relacionar de modo satisfatório, funcionam de
forma relativamente flexível diante de estressores externos ou conflitos internos,
têm um senso claro de identidade pessoal, são bem adaptadas às suas
circunstâncias de vida e não experienciam ou impõem a outros sofrimento
significativo. No extremo patológico, encontram-se as que respondem ao
estresse de maneira rígida e apresentam prejuízos importantes no senso de
identidade, no relacionamento com outros, em teste de realidade, na adaptação
ao estresse e no funcionamento moral e afetivo (APA, 1994, 2002; Svrakic &
Cloninger, 2005; PDM, 2006). O sistema categórico traz como vantagens a
uniformidade dos conceitos e dignósticos em diferentes culturas e sua
44
conseqüente utilidade nas áreas clínica e da pesquisa. Deixa, no entanto, de
contemplar o funcionamento da personalidade como um todo e seus níveis de
adaptação. As descrições categóricas trazem maior número de informações
sobre os casos mais típicos e graves, mas pouca ou nenhuma informação sobre
os atípicos, mistos ou leves (subclínicos), como é o caso de traços de
personalidade disfuncionais ou mal-adaptativos, com significância clínica, que,
porém, não atingem os critérios diagnósticos para determinado transtorno de
personalidade.
Estudos têm demonstrado que indivíduos com transtornos mentais
em suas formas “sublimiares”, “menores” ou “subclínicas” podem sofrer um
impacto em sua qualidade de vida e apresentar funcionamento similar àquele
com transtornos mentais típicos (Magruder & Calderone, 2000). Isso sugere que
os sistemas classificatórios do DSM e CID podem ser muito restritivos em
algumas condições; como resultado, muitos indivíduos com sintomas clínicos
relevantes de um transtorno psiquiátrico podem não receber diagnóstico e
tratamento adequados, o que, conseqüentemente, acarreta o risco de
progressão da morbidade (Batelaan et al., 2007). Por outro lado, pode-se
argumentar que a diminuição desses limiares poderia acarretar um aumento
exponencial no número de pessoas diagnosticadas com patologias
psiquiátricas. Pesquisas adicionais, portanto, ainda são necessárias para se
determinar em que condições a doença subclínica é relevante. De qualquer
forma, um olhar cuidadoso do clínico em relação a prejuízos no funcionamento
e no sofrimento subjetivo parece ser importante, sinalizando quando medidas
45
preventivas e terapêuticas são necessárias. Além disso, muitas vezes, os
pacientes apresentam sintomas que freqüentemente se superpõem, podendo o
grande número de comorbidades encontrado na clínica ser aumentado pelo uso
de classificações categóricas, forçando uma separação artificial de patologias
que poderiam estar relacionadas entre si (PDM, 2006; Schestatsky, 2006). Os
modelos dimensionais prestam-se com mais eficácia a características que
variem quantitativamente e que apresentem diferentes níveis de adaptação em
distintas situações, como os traços de personalidade, uma vez que esses
modelos melhor contemplam o fato de que todos os indivíduos possuem
diversos traços de personalidade, que podem ser mais ou menos dominantes e
adaptativos e não apenas presentes ou ausentes (Svrakic & Cloninger, 2005).
O Manual Diagnóstico Psicodinâmico (PDM, 2006) acrescenta níveis
de organização da personalidade, utilizando um modelo que estabelece
gravidades, sem uma linha divisória rígida entre personalidade e transtornos de
personalidade, englobando noções de funcionamento do indivíduo como um
todo, que, por fim, orientarão linhas e tipos de tratamento mais adequados para
cada nível. Esses níveis compreendem personalidades saudáveis (ausência de
transtornos de personalidade), transtornos de personalidade em nível neurótico
e transtornos de personalidade em nível borderline. Os transtornos de
personalidade classificados no PDM (eixo P) são os esquizóide, paranóide,
psicopática, narcisística, sádica e sadomasoquista, masoquista, depressiva,
somatizadora, dependente, fóbica (evitativa), ansiosa, obsessivo-compulsiva,
histérica, dissociativa e mista.
46
Outra classificação relaciona-se ao modelo psicobiológico, descrito a
seguir, que divide a personalidade em dimensões de temperamento (caracterizado
pelas
emoções básicas, como medo, raiva, apego identificando diferenças
geneticamente herdadas) e de caráter (caracterizado por diferenças individuais de
autoconceitos e relações de objeto, que refletem objetivos e valores pessoais,
envolvendo emoções secundárias, como empatia, paciência, esperança, amor e
fé). Estudos indicam que as dimensões de temperamento e de caráter parecem se
relacionar de diversas maneiras aos transtornos de personalidade classificados
pelo DSM e às características de personalidade descritas no MMPI (Wachleski et
al., 2007). Um estudo realizado por Bataglia et al (1996), utilizando o
Tridimensional Personality Questionnaire (TPQ) em pacientes psiquiátricos e em
pessoas saudáveis, evidenciou que, para cada cluster dos transtornos de
personalidade, específicos temperamentos foram observados. Para o isolamento e
a indiferença dos pacientes do cluster A, foi encontrada baixa dependência de
gratificação; para a impulsividade do cluster B, elevada busca de novidade, e, para
a inibição do cluster C, elevada evitação de dano.
Os diferentes instrumentos de pesquisa utilizados na avaliação da
personalidade utilizam essas distintas perspectivas e classificações. Esse foi o
caso dos instrumentos escolhidos para os fins deste estudo, que serão descritos
seqüencialmente, no qual o MMPI (Inventário Multifásico Minnesota de
Personalidade) avalia traços de personalidade, o PDQ (Personality Diagnostic
Questionnaire) avalia (rastreia) os transtornos de personalidade do DSM dentro de
uma perspectiva categórica e o TCI (Inventário de Temperamento e Caráter)
47
avalia dimensões da personalidade que compreendem o temperamento e o
caráter.
2.2.1.2 Modelos de Desenvolvimento da Personalidade e
Etiopatogênese dos Transtornos de Personalidade
Os modelos principais de teorias para o desenvolvimento da
personalidade e suas disfunções concentram-se na teoria psicodinâmica, no
modelo psicobiológico e, também, na teoria de transtornos de espectro.
Atualmente, tem sido mais amplamente aceita a etiopatogênese de múltiplos
fatores, como os genéticos, os neurofisiológicos, os de aprendizado, os
maturacionais, os culturais e os ambientais (Cloninger, 1987).
O modelo psicodinâmico para o desenvolvimento da personalidade
baseia-se, primeiramente, nos conceitos da teoria estrutural (id, ego e
superego) de Freud (1923, 1926) e dos mecanismos de defesa (Anna Freud,
1937), sendo os últimos considerados uma dimensão importante da estrutura
de personalidade do indivíduo, variando de um nível mais maduro e adaptativo
a um nível mais imaturo e desadaptativo. Na teoria psicodinâmica, o
desenvolvimento da personalidade dá-se no curso de fases/etapas de
desenvolvimento ao longo do ciclo vital, e suas respectivas resoluções ocorrem
de forma satisfatória ou não. Freud postulou a teoria do desenvolvimento
sexual infantil, além de uma teoria de interação entre constituição
(vulnerabilidades inatas) e experiência ambiental. As principais etapas do
48
desenvolvimento infantil descritas por Freud foram a fase oral, a anal e a fálica,
sendo as experiências infantis e as resoluções dos conflitos característicos de
cada fase determinantes para os padrões de funcionamento e personalidade
na vida adulta. Posteriormente, Erik Erikson ampliou a noção de que a
experiência infantil seja o único determinante dos padrões de personalidade,
descrevendo seu desenvolvimento após a puberdade. Para ele a
personalidade continua a ser moldada no decorrer dos oito estágios que
descreveu: sensório-oral, anal-muscular, genital-locomotor, latência,
puberdade e adolescência, adulto jovem, adulto e maturidade. Os estudos dos
mecanismos de defesa iniciados por Freud (1926) e ampliados por Anna Freud
(1937) também embasaram o modelo psicodinâmico de desenvolvimento da
personalidade. O repertório predominante de defesas utilizado pelo indivíduo
para lidar com a ansiedade em face de situações estressoras fornece uma
contribuição importante e decisiva para a formação de sua personalidade
(Eizirik et al., 2001). Defesas imaturas e um autoconceito fragmentado fazem
parte de uma fase precoce normal do desenvolvimento. No caso dos
transtornos de personalidade, no entanto, isso persistiria em períodos
posteriores, não havendo, por conseguinte, uma resolução adequada.
Etiologicamente, essa persistência patológica poderia ocorrer por fatores
constitucionais (vulnerabilidade genética para baixa tolerância à ansiedade,
alta agressividade) e/ou fatores traumáticos ambientais (separações e perda
precoce dos pais, cuidados parentais inadequados, abusos físicos ou mentais,
negligências). De acordo com esse modelo, tais fatores etiológicos traumáticos
gerariam representações negativas do self e dos objetos externos. A
49
predominância de emoções negativas, especialmente raiva e medo,
interfeririam no desenvolvimento normal, e as defesas primitivas, que
normalmente são predominantes em fases mais precoces da vida, persistiriam
de forma patológica. Nessa visão, os transtornos de personalidade refletem a
tentativa do indivíduo de vencer sua fragilidade por meio de comportamentos
mal-adaptativos. Esses comportamentos compensatórios têm tipos diferentes
de agrupamentos sintomáticos, como: evitativos, paranóides, anti-sociais,
dependentes etc. Atualmente, um número crescente de instrumentos, como o
Defense Style Questionnaire (DSQ) (Bond, 1989), que permitem a medida
confiável desses constructos psicodinâmicos estão disponíveis (Svrakic &
Cloninger, 2005).
No modelo psicobiológico, uma etiologia multifatorial é preconizada,
baseada em quatro perspectivas etiopatogênicas fundamentais: genética,
neurofisiológica, de aprendizagem e fenomenológica, que interagem de forma a
produzir diferenças fenotípicas nos traços de comportamento. Fatores genéticos
e ambientais interagem de maneira complexa, influenciando o risco para
transtornos de personalidade. Nesse modelo, fatores de temperamento, em
conjunto com eventos de vida e demais fatores ambientais/culturais, influenciam
o desenvolvimento do caráter. Variados tipos de temperamento afetam
diferentemente o risco de caráter imaturo e de transtornos de personalidade.
Temperamentos extremos, porém, não são, por si só, indicativos de transtornos
de personalidade. Traços de caráter maduros otimizam a adaptação do
temperamento ao ambiente. Nos transtornos de personalidade, traços de
50
caráter imaturos e temperamentos extremos perpetuam-se mutuamente. Os
traços de temperamento extremos e suas emoções primárias associadas (como
medo e raiva) persistem como motivadores dominantes do comportamento e
interferem no desenvolvimento e na maturação do caráter (Cloninger et al.,
1993; Svrakic & Cloninger, 2005).
A teoria de transtornos de espectro postula a hipótese de uma
origem etiológica comum dos transtornos de personalidade e dos transtornos de
eixo I. De acordo com ela, os transtornos de eixo I e II seriam similares
sintomaticamente e diferenciados pelo vel de gravidade de sua apresentação
clínica. Os transtornos de eixo II poderiam ser fatores predisponentes,
características pré-mórbidas ou expressões subclínicas de transtornos de eixo I.
Sua etiopatogênese comum, no entanto, permanece em aberto (Svrakic &
Cloninger, 2005).
2.2.2 Personalidade e Transtorno do Pânico
A influência dos traços de personalidade em psicopatologia tem sido
bastante discutida, e diferentes hipóteses têm surgido dessa discussão: (1) os
traços de personalidade constituiriam um fator de vulnerabilidade e
predisporiam o desenvolvimento de estados clínicos de eixo I; (2) os traços de
personalidade seriam fatores que modificariam sintomatologias de eixo I e/ou
51
seriam modificados por sintomas agudos; (3) os traços de personalidade
poderiam ser conseqüência de um transtorno de eixo I de início precoce ou
duradouro; (4) personalidade e ansiedade fariam parte de um espectro, no qual
compartilhariam uma etiologia genética e ambiental comum; (5) os transtornos
de eixo I e de eixo II teriam etiologias independentes e não se relacionariam
entre si (Paris, 2003; Bienvenu & Stein, 2003; Goodwin et al., 2005; Ozkan &
Altindag, 2005; Brandes & Bienvenu, 2006; Hettema et al., 2006; Johnson et al.,
2006).
Uma questão ainda em discussão é a que indaga qual é o impacto
real dos traços de personalidade no risco para desenvolver TP e no seu
tratamento (Mennin & Heimberg, 2000; Reich, 2003; Johnson et al., 2006). Na
concepção de predisposição e vulnerabilidade, os traços de personalidade são
vistos como um fator etiológico para o desenvolvimento dos transtornos de
ansiedade. Johnson & cols. (2006), em um estudo longitudinal prospectivo de
amostra comunitária, verificaram que alguns tipos de traços de personalidade,
evidentes na adolescência e na idade de adulto jovem, associaram-se a um
maior risco para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade em geral e TP
na idade adulta. Por outro lado, Goodwin et al. (2005) evidenciaram que o
contrário também pode ser verdadeiro, pois constataram que ataques de pânico
podem ser um marcador ou fator de risco para o desenvolvimento de transtorno
de personalidade. Observa-se, nesse estudo, uma associação entre ataques de
pânico durante a adolescência e um risco aumentado para transtorno de
personalidade do DSM-IV durante a idade de adulto jovem, em uma amostra
52
comunitária. Adicionalmente, estudos que investigaram a personalidade em TP
indicaram a presença de fatores de risco genéticos compartilhados, o que pode
sugerir uma associação entre essas duas condições (Hettema et al., 2006).
Em uma revisão da literatura sobre as evidências a respeito das
maneiras pelas quais os traços de personalidade poderiam se relacionar aos
transtornos de ansiedade, Brandes & Bienvenu (2006) concluíram que 1. traços
de personalidade como neuroticismo, baixa extroversão e traços de transtornos
de personalidade do cluster C são pelo menos marcadores de risco para alguns
transtornos de ansiedade; 2. transtornos de ansiedade presentes precocemente
na vida podem influenciar o desenvolvimento da personalidade; 3. transtornos
de ansiedade e traços de personalidade podem ser pensados como um
espectro com etiologias genéticas comuns, e 4. extremos de traços de
personalidade indicam maior disfunção em pacientes com transtornos de
ansiedade.
Artigos recentes mostram altas taxas de transtornos de eixo II em
comorbidade com TP, essencialmente os do cluster “ansioso” do DSM. Diversos
autores apontam para a importância clínica dos transtornos de personalidade,
devido à possibilidade de a psicopatologia de eixo II afetar adversamente a
resposta ao tratamento de algumas condições, podendo, então, predizer um
curso natural crônico e uma pobre resposta aos tratamentos farmacológicos e
psicológicos de pacientes com transtornos de ansiedade (Pollack & Smoller,
1995; Langs et al., 1998). Apesar da evidência de que o TP poucas vezes
manifesta-se como uma condição pura, é pobre, no entanto, o campo em
53
pesquisas acerca dos efeitos da comorbidade no curso, na progressão e na
condução do tratamento “psicológico” nesses pacientes (Mennin & Heimberg,
2000). As possíveis causas disso seriam a exclusão de pacientes com
comorbidades de eixo II de muitos estudos (o que nos dá o efeito isolado do
transtorno, mas não é o mais adequado à aplicação geral), o fato de muitos
estudos não aferirem eixo II e a dificuldade existente em acessar de fato os
transtornos comórbidos.
2.2.2.1 Epidemiologia e Diagnóstico
Pesquisas indicam que distintas populações psiquiátricas podem ter
diferentes prevalências de transtorno de personalidade e que uma incidência
aumentada de transtorno de personalidade está associada ao abuso de
substâncias, ansiedade, transtornos somatoformes e depressão (Reich &
Troughton, 1988; Pollack et al., 1990; Pollack et al., 1992; Pollack & Smoller, 1995;
Brandes & Bienvenu, 2006).
Alguns trabalhos relatam que as taxas de transtornos de
personalidade em pacientes com TP situam-se entre 30 a 75% (a freqüência pode
variar muito em função da população em estudo, da diferença nos critérios
diagnósticos e dos diferentes métodos de avaliação utilizados) (Reich &
Troughton, 1988; Pollack et al., 1990; Dammen et al., 2000; Latas et al., 2000;
Grant et al., 2005; Marchesi et al., 2005; Oskan & Altindag, 2005; Albert et al.,
2006; Marchesi et al., 2006a). Dentre os tipos de transtornos de personalidade
54
freqüentemente associados ao TP, os estudos destacam os do cluster C (ansioso)
do DSM, em pacientes agudamente sintomáticos do TP (Reich & Troughton, 1988;
Ampolini et al., 1999; Dammen et al., 2000; Marchesi et al., 2005), seguidos pelos
do cluster B (Skodol et al., 1995; Dammen et al., 2000; Ozkan & Altindag, 2005).
Um estudo longitudinal com pacientes com TP, realizado por Pollack
e cols. (1990), utilizando o PDQ-R (Personality Diagnostic Questionnaire -
Revised), encontrou uma prevalência de 40% para, pelo menos, um transtorno de
personalidade, especialmente os do grupo C. Esses pacientes apresentaram
menor remissão dos sintomas, maior probabilidade para comorbidade com outro
transtorno de ansiedade e mais sensibilidade à ansiedade. O estudo sugere a
possibilidade de sobreposição entre as características de personalidade e as do
transtorno do pânico com agorafobia. O medo e a inibição, presentes em vários
pacientes com TP, podem ter sua primeira manifestação na infância, fazendo
parte de um estilo de caráter marcado por dependência, evitação, timidez,
relações interpessoais tumultuadas e baixa auto-estima.
Um estudo não controlado, que avaliou 24 pacientes com TP antes
do início do tratamento, utilizando o MMPI (Inventário Multifásico Minnesota de
Personalidade), apontou para um perfil de personalidade comum aos pacientes
com pânico: traços histéricos, depressivos, hipocondríacos, paranóides e
introversivos. A personalidade dos pacientes na fase pré-tratamento caracterizou-
se principalmente por preocupação excessiva com funções corporais e bem-estar
físico, sentimentos de baixa auto-estima e incapacidade, falta de confiança em si
mesmo e dificuldades no relacionamento interpessoal. Os autores discutem, no
55
entanto, a existência de traços de personalidade que sejam estáveis e dominantes
e o fato de que as medidas usadas para investigá-los podem ser falhas, uma vez
que a personalidade avaliada pode ser influenciada por uma determinada
situação, sendo desconhecido se as características encontradas preexistiam e se
persistiriam ao longo do tempo (Roso et al., 1987).
Skodol & cols (1995), utilizando o SCID (Structured Clinical Interview
for DSM-III-R), o PDE (Personality Disorder Examination) e o PDQ-R, encontraram
que o TP, atual ou ao longo da vida, associava-se aos transtornos de
personalidade borderline, evitativa e dependente. A prevalência de transtornos de
personalidade em pacientes com TP foi estudada por Langs & cols. (1998), que
verificaram que ela se mostrava mais alta em pacientes com TP e depressão
associados do que naqueles apenas com TP, confirmando o mesmo achado de
Reich & cols. (1994), utilizando o PDQ-R. No estudo de Langs, os transtornos de
personalidade da classe ansiosa foram os mais prevalentes nos dois grupos. Um
estudo demonstrou que pacientes com TP em comorbidade com transtornos de
personalidade têm duas vezes mais chances de apresentar história de depressão,
transtornos de ansiedade na infância e um curso crônico e sem remissões do
pânico do que aqueles com TP sem tal comorbidade (Pollack et al., 1992).
Ozkan & Altindang (2005) verificaram que os pacientes que
possuíam comorbidade com transtorno de personalidade apresentavam ansiedade
mais grave, depressão, agorafobia, idade de início mais precoce e níveis menores
de funcionamento, bem como maior índice de ideação suicida e de tentativas de
56
suicídio, sugerindo que a comorbidade com transtornos de personalidade
aumentaria a gravidade clínica do TP.
A utilização do modelo psicobiológico de personalidade de Cloninger
em pacientes com TP tem confirmado que eles apresentam a escala de
temperamento de Esquiva/Evitação de Dano (ED) elevada em relação a controles
normais (Saviotti et al., 1991; Starcevic et al., 1996; Ampollini et al., 1997, 1999;
Battaglia et al., 1998; Kennedy et al., 2001; Wiborg et al., 2005; Marchesi et al.,
2006b; Wachleski et al., 2007), resultado também obtido quando aplicado a
pacientes com transtorno de personalidade do cluster C (Ampolini et al., 1997;
Svrakic et al., 1993, 2002).
Ampolini et al. (1999), em um estudo que também objetivou
investigar o temperamento e as características de personalidade em pacientes
com TP, Depressão Maior (DM), ambas as condições associadas (TP/DM) e
controles, referem que os pacientes tiveram escores mais altos em Evitação de
Dano (ED) e Dependência de Gratificação (DG) e uma maior prevalência nos
transtornos de personalidade (principalmente dos clusters B e C) comparados aos
controles. Os autores sugerem que pacientes com TP e DM compartilham uma
tendência hereditária comum de responder intensamente a sinais de estímulos
aversivos (ED) e de recompensa (DG), aumentando a suscetibilidade para
desenvolver um quadro de ansiedade crônica e/ou depressão. Entretanto, embora
pacientes com TP e DM possuam características de temperamento similares neste
estudo, eles mostraram diferentes padrões de transtornos de personalidade: os
com TP apresentaram taxas maiores de transtorno de personalidade histriônica e
57
dependente, enquanto aqueles com DM, taxas mais altas de transtorno de
personalidade obsessivo-compulsiva. Os autores atribuem ao ambiente familiar e
ao aprendizado social as diferenças nos eixos I e II dos transtornos mentais,
desde que uma comum diátese biológica entre esses transtornos seja
reconhecida.
Na mesma direção, um estudo que investigou os mecanismos de
defesa e as dimensões da personalidade em pacientes com transtornos de
ansiedade e transtorno depressivo maior, utilizando o Defense Style Questionnaire
(DSQ) e o Tridimensional Personality Questionnaire (TPQ), relatou que os
pacientes apresentaram escores mais altos de Evitação de Dano (ED) em relação
ao grupo controle. Uma correlação positiva entre os escores de ED e o estilo
defensivo imaturo foi encontrada. Os autores sugerem que eixo I e eixo II
possuiriam uma diátese comum, enquanto os diferentes padrões de sintomas
poderiam estar relacionados às influências familiares e ambientais e a outras
experiências (Kennedy et al., 2001).
O neuroticismo elevado e baixos traços de extroversão são duas
dimensões de personalidade que parecem particularmente relevantes e
relacionadas aos transtornos de ansiedade tanto em populações clínicas como
nas não-clínicas (Mavissakalian & Hamann, 1988; Mavissakalian, 1990;
Corominas et al., 2002; Brandes & Bienvenu, 2006). Utilizando o PDQ-4 em
pacientes com TP, Dammen et al. (2000) verificaram que a presença de qualquer
transtorno de personalidade estava significativamente associada a escores altos
de neuroticismo e ideação suicida, corroborando o estudo de Mavissakalian &
58
Hamann (1988). Uma associação entre traços de neuroticismo e TP, depressão
maior, transtorno de ansiedade generalizada e fobias também foi evidenciada por
Hettema et al. (2006), identificando que essas condições apresentam significativa
correlação genética.
As pesquisas visando à identificação dos fatores preditores de
transtornos de personalidade em pacientes com TP obtiveram resultados
controversos. A associação da comorbidade de transtorno de personalidade em
pacientes com TP com uma história de ansiedade excessiva na infância, com a
comorbidade com outros transtornos de ansiedade e depressão e com um curso
crônico sem remissões do TP foi identificada por Pollack & cols. (1992), que não
encontraram, porém, relação com história de abuso na infância. Estudando uma
amostra de mulheres com TP, Moisan & cols. (1995) encontraram associação com
história de abuso físico ou sexual na infância e diagnósticos de eixo II, enquanto
Latas & cols. (2000) verificaram, como fatores preditores dessa associação, a
superproteção parental na infância (especialmente para transtorno de
personalidade do grupo B, borderline) e a duração do TP (para transtorno de
personalidade dos grupos B e C), o que, segundo os autores, pode sugerir que
alguns transtornos de personalidade do grupo B e C seriam conseqüência do TP
com agorafobia de longa duração. Estes últimos autores também discutem a
dificuldade da avaliação de transtorno de personalidade em pacientes com
transtorno de eixo I na fase aguda, uma vez que o humor e o funcionamento atual
desses pacientes podem influenciar os seus relatos de traços de personalidade.
Maiores taxas de comorbidade de transtornos de personalidade, particularmente
59
as do cluster “ansioso-medroso” são também apresentadas por pacientes com TP
de início precoce (antes dos 18 anos) (Venturello & cols., 2002).
No geral, os preditores principais de transtornos de personalidade em
pacientes com TP descritos são a superproteção parental na infância, a idade
precoce de início do TP, a duração do TP, a associação com depressão e história
de abuso de álcool (Reich & Troughton, 1988; Latas et al., 2000; Iketani et al.,
2004). Também, na maior parte dos estudos, os transtornos de personalidade
dependente, evitativo, histriônico, obsessivo-compulsivo, borderline e paranóide
foram os mais comumente encontrados em pacientes com TP (Mavissakalian,
1988, 1990; Sanderson et al., 1994; Skodol et al., 1995; Hoffart & Hedley, 1997;
Ampollini et al., 1999; Dammen et al., 2000; Dick et al., 2001; Grant et al., 2005;
Marchesi et al., 2005, 2006a), com maior prevalência para os transtornos de
personalidade do agrupamento C (Reich & Troughton, 1988; Ampollini et al., 1999;
Dammen et al., 2000; Brandes & Bienvenu, 2006). Deve-se considerar, no
entanto, o fato de que essas taxas e esses tipos de personalidade foram
pesquisados em pacientes em sua fase sintomática.
Poucos estudos determinando a personalidade compararam os
pacientes em sua fase sintomática e, após o tratamento, em sua fase
assintomática. Isso torna difícil avaliar quais características encontradas na
maioria dos estudos são primárias e inerentes à personalidade dos pacientes, e
quais poderiam ser conseqüência de uma reorganização do funcionamento em
função dos sintomas agudos do TP. Pondera-se que possa haver dificuldade em
avaliar a personalidade em pacientes com sintomas agudos de eixo I, em função
60
de que a ansiedade, o humor e uma regressão no funcionamento poderiam afetar
o relato dos traços de personalidade. No que se relaciona à ansiedade, entretanto,
ainda não parece consenso na literatura que a sua influência invalide as medidas
de personalidade. Acredita-se que o funcionamento da personalidade possa piorar
durante exacerbações dos sintomas do TP e melhorar com o tratamento efetivo
deste, o que sugeriria que as medidas de personalidade poderiam ser em parte
estado-dependentes. As medições das características da personalidade em
pacientes agudamente sintomáticos não seriam independentes da gravidade dos
sintomas (Shear et al., 1993; Slaap & den Boer, 2001).
Reich & Troughton (1988), comparando a freqüência de transtorno
de personalidade em pacientes com pânico comparados a controles e a outros
pacientes psiquiátricos, também discutem os possíveis efeitos do estado de
ansiedade e depressão nas medidas de personalidade. Neste estudo, verificou-se
que os pacientes com pânico, comparados aos controles, tinham uma taxa de
transtorno de personalidade significativamente maior para qualquer transtorno de
personalidade. Os autores constataram que, após o ajuste para outras variáveis,
não houve efeito do estado de ansiedade nas medidas de personalidade,
enquanto o estado depressivo as afetava, o que os levou a concluir que a
depressão maior, quando ativa, pode ser um fator de confusão na medida de
personalidade. Devido, no entanto, a outras observações de que possa haver uma
modificação (diminuição) dos traços de personalidade após o tratamento bem
sucedido, os pesquisadores e os clínicos devem considerar a possibilidade de
61
existir algum grau de confusão gerado pelo estado de ansiedade em pacientes
com TP agudamente doentes (Brandes & Bienvenu, 2006).
Mavissakalian & Hamann (1988) avaliaram 12 pacientes com TP com
agorafobia, durante um período estável de remissão, e verificaram que o perfil de
personalidade da amostra permanecera estável durante a remissão e apresentava
um predomínio de traços de personalidade evitativa, sugerindo aos autores que
um padrão de atitudes e comportamentos evitativos pudesse fazer parte de uma
característica mais permanente em pacientes com TP com agorafobia.
Em estudo não controlado, Ito & cols. (1995) avaliaram 47 pacientes
com TP com agorafobia, por meio do MMPI, na fase pré-tratamento e após 8
semanas de tratamento com imipramina, clomipramina e placebo. Os resultados
mostraram que esses pacientes, na fase pré-tratamento, apresentavam maiores
escores no MMPI, especialmente para hipocondria, depressão e histeria, e que,
após 8 semanas, a maioria dos escores no MMPI havia se reduzido
significativamente. Os pacientes que mostraram melhoras clínicas com o
tratamento foram os que apresentavam menores escores no MMPI, tanto pré-
como pós-tratamento, em comparação aos pacientes que não obtiveram melhora.
Para esses autores o perfil anormal do MMPI encontrado em seus pacientes com
TP refletiu o estado clínico; a patologia de personalidade relacionou-se com o
resultado do tratamento, e as intervenções terapêuticas que reduziram os
sintomas do TP com agorafobia também modificaram os escores de
personalidade.
62
Hoffart & Hedley (1997) verificaram que, no seguimento de 1 ano de
pacientes com TP que receberam terapia focada na agorafobia por 6 semanas,
houve uma diminuição nos traços evitativos e dependentes. Um estudo que
reavaliou os transtornos de personalidade de pacientes com TP, com transtorno
de ansiedade generalizada e com distimia, 12 anos após terem recebido
tratamentos farmacológicos ou psicológicos em ensaios clínicos randomizados,
verificou que os traços do cluster B (anti-sociais e histriônicos) tornaram-se menos
pronunciados com a passagem do tempo, enquanto os traços do cluster A
(esquizóides, esquizotípicos, paranóides) e cluster C (obsessivo-compulsivos e
evitativos) tornaram-se mais pronunciados (Seivewright et al., 2002). Os autores,
então, concluíram que a suposição de que as características de personalidade não
mudam com o tempo é incorreta. Utilizando o MMPI, Rocca & cols. (2006), em um
estudo de coorte histórica com pessoas que haviam participado de pesquisa entre
1962 e 1965, evidenciaram que as escalas do MMPI de depressão e introversão
mostraram um aumento com a idade, enquanto as escalas mais relacionadas a
traços ansiosos mostraram uma queda, e os escores de negativismo
permaneceram estáveis. Recente trabalho realizado por Marchesi & cols. (2005)
em pacientes com TP, mostrou que a melhora nos sintomas após 1 ano de
farmacoterapia estava relacionada a uma redução e normalização dos traços
paranóides, e a uma redução, mas com persistência, dos traços dependentes e
evitativos.
2.2.2.2 Curso e Prognóstico
63
Alguns estudos têm demonstrado que a comorbidade do TP com os
transtornos de personalidade pode ter impacto negativo no tratamento desses
pacientes, indicando que alguns pacientes com TP poderiam se beneficiar de
tratamentos combinados, como psicoterapias para a patologia de personalidade
(Black et al., 1994; Latas et al., 2000). Esse é, no entanto, um tema ainda em
debate, uma vez que a literatura apresenta resultados controversos (Mennin &
Heimberg, 2000; Reich, 2003; Prazko et al., 2005; Johnson et al., 2006).
Um estudo realizado por Black & cols. (1994), utilizando o PDQ e o
SIDP-R (Structured Interview for DSM-III Personality Disorders), em 66 pacientes
com TP, constatou que a presença de transtorno de personalidade foi um preditor
importante de pior resposta em curto prazo à terapia cognitiva, mas não foi
preditor à farmacoterapia (fluvoxamina). Por outro lado, Clair et al. (1992)
relataram que características de personalidade não foram associadas ao resultado
da terapia cognitiva em 33 pacientes com agorafobia e ataques de pânico. Berger
et al. (2004) verificaram que a resposta ao tratamento farmacológico (paroxetina) e
combinado (paroxetina + terapia cognitiva em grupo) havia sido menor e mais
lenta em pacientes com TP que apresentavam transtorno de personalidade.
Revisando os trabalhos que se dedicaram ao estudo do impacto da
patologia de personalidade no TP, observa-se que alguns encontraram uma
influência negativa no resultado de tratamentos padrões, com pior prognóstico
para os pacientes com transtornos de personalidade (Noyes et al., 1990; Pollack
et al. 1990; Reich, 1988, 1990; Reich & Green, 1991; Pollack et al., 1992; Black et
al., 1994; Ito et al., 1995; Seivewright et al., 1998; Mennin & Heimberg, 2000;
64
Slaap & den Boer, 2001; Berger et al., 2004; Prasko et al., 2005; Marchesi et al.,
2006b). Em uma revisão sobre preditores de não-resposta à farmacoterapia no
TP, Slaap & den Boer (2001) evidenciaram que os traços e transtornos de
personalidade poderiam ser os preditores mais robustos de não-resposta (além de
longa duração da doença e evitação fóbica grave), verificando que os pacientes, a
fim de reduzir tal influência, poderiam necessitar de tratamentos alternativos, ou
ainda de uma combinação de tratamentos. Outros estudos, contudo, não
encontraram essa influência negativa, e novos desenvolvimentos são vistos nessa
área, com alguns autores sugerindo que, de maneira geral, não se pode concluir
que os transtornos de personalidade afetam o resultado dos tratamentos (Clair et
al., 1992; Marchand & Wapler, 1993; Dressen et al., 1994; Rathus et al., 1995;
Dressen & Arntz, 1998; Hofmann et al., 1998; Massion et al., 2002; Reich, 2003).
A identificação dos transtornos de personalidade que poderiam afetar
significativamente os pacientes com TP também tem sido objeto de debate e
pesquisa. Nesse sentido, Reich (1988, 1990) observou que os traços de
personalidade paranóide, borderline, anti-social, histriônica e narcisista
apresentaram correlações negativas com desfecho geral no tratamento, mas os
ataques de pânico espontâneos não foram afetados pela personalidade. Hoffart &
Hedley (1997) mostraram que os traços dependentes pré-tratamento foram
associados à melhora mais pobre em uma terapia de 6 semanas focada na
agorafobia. Um estudo de Corominas & cols. (2002) constatou que níveis mais
baixos de extroversão (no Eysenck Personality Questionnaire) foram preditores de
maiores sintomas residuais ao final de 1 ano de seguimento. Já Berger & cols.
65
(2004) evidenciaram que o transtorno de personalidade evitativo afetou a resposta
ao tratamento dos pacientes com TP, tornando-a mais pobre e especialmente
mais lenta. Esses autores sugeriram que os pacientes com TP e transtornos de
personalidade associados poderiam não apresentar resistência ao tratamento,
mas necessitariam, isso sim, de tratamentos mais prolongados. Estudo recente de
Marchesi & cols. (2006a) verificou que os pacientes com TP, que apresentavam
especificamente o transtorno de personalidade borderline, mostraram as menores
taxas de remissão após 1 ano de farmacoterapia, enquanto, nos acometidos pelos
demais transtornos, não foi verificada tal influência. Em outro trabalho realizado
por Marchesi et al. (2006b), mas utilizando o modelo de personalidade de
Cloninger em pacientes com TP, foram encontradas maiores taxas de evitação de
dano e menores níveis de persistência, autodirecionamento e cooperatividade em
pacientes que não remitiram ao tratamento farmacológico de 1 ano.
E, por fim, outra controvérsia reside em estabelecer se uma possível
influência negativa significativa da personalidade se daria em curto prazo (já na
resposta a tratamentos agudos) ou em mais longo prazo (Slaap & den Boer,
2001). Há, ainda, muita divergência entre os estudos sobre os fatores preditores
de resposta no TP em curto e em longo prazos. Algumas variáveis não parecem
influenciar a resposta ao tratamento quando analisadas em curto prazo, mas
podem mostrar sua influência negativa quando o efeito em longo prazo é avaliado
(Slaap & den Boer, 2001). A maioria das pesquisas, entretanto, dedicou-se ao
estudo dos fatores em curto prazo, e poucos estudos de seguimento em longo
prazo, relacionando a personalidade aos desfechos do tratamento, são
66
encontrados na literatura, especialmente em nosso meio (Noyes et al., 1990;
Pollack et al., 1990).
2.2.2.3 Personalidade e Transtorno do Pânico na Literatura
Comentários Finais
A maioria dos estudos evidencia como elevada a taxa de
comorbidade entre o transtorno do pânico e os transtornos de personalidade. Essa
associação elevada, por si, coloca o achado como um importante fato a ser
estudado, uma vez que é significativa a percentagem de pacientes que
permanecem sintomáticos ou com remissão parcial dos sintomas do pânico,
mesmo após anos de tratamento farmacológico ou de terapia cognitivo-
comportamental. Dessa forma, a pesquisa de fatores que possam estar
associados à cronicidade dos sintomas em alguns pacientes é de importância
fundamental para a prática clínica.
Apesar da controvérsia em relação ao impacto que a comorbidade
com transtorno de personalidade pode ter no transtorno do pânico, vários estudos
sugerem que a psicopatologia da personalidade parece exercer um papel
desfavorável no curso e no tratamento do transtorno do pânico, assim como
sugerido para outros transtornos de eixo I. Essa relação, no entanto, até então não
é clara e merece maior pesquisa para o entendimento global de sua natureza,
especialmente na busca da habilidade de tratar e entender a disfunção
psicológica.
67
As limitações metodológicas vistas nas pesquisas ainda não
permitem responder adequadamente às hipóteses acerca de como a patologia e
os traços de personalidade afetam ou são afetados pelos transtornos de eixo I.
Permanecem em aberto, por exemplo, se a personalidade poderia ser um fator
predisponente aos transtornos ansiosos; se algumas características de
personalidade medidas em pacientes com ansiedade seriam mais uma expressão
do transtorno de ansiedade; se as características predominantes de personalidade
permanecem após o tratamento, podendo evidenciar traços pré-mórbidos; se a
personalidade seria um fator que modificaria a expressão e o curso do transtorno
de ansiedade; se as características de personalidade seriam modificadas pelo
transtorno de ansiedade, ou ainda, se os tratamentos farmacológicos poderiam
modificar alguns traços de personalidade. Segundo alguns autores, essas
hipóteses não são exclusivas e podem se manifestar em graus variados em
pacientes diferentes e em diferentes pontos do curso dos transtornos de eixo I.
Também evidências convergentes recentes indicam que possa haver uma
vulnerabilidade compartilhada (que se sobrepõe) com vários tipos de transtornos
de ansiedade e de personalidade e que uma interação entre vulnerabilidades
herdadas e influências ambientais resulte em diferentes padrões de comorbidade
e diferentes expressões fenotípicas dessas vulnerabilidades subjacentes, que se
expressam de várias maneiras ao longo da vida (Goodwin et al., 2005; Hettema et
al., 2006).
Algumas dificuldades se impõem na resposta a essas questões e na
pesquisa dos transtornos de eixo II em comorbidade com os de eixo I.
68
A avaliação de traços de personalidade em pacientes com
sintomatologia de eixo I atual pode trazer limitações, uma vez que a maioria dos
autores concorda que o humor e os sintomas de ansiedade poderiam afetar o
funcionamento atual dos pacientes e alterar as medições dos traços de
personalidade. Então, estudos que avaliam pacientes com sintomas ativos de
transtorno do pânico somente na fase inicial do tratamento podem apresentar uma
medida falha, pois não se sabe se as características de personalidade
encontradas existiam antes da instalação dos sintomas ansiosos, nem se eles se
manterão ao longo do tempo após a remissão dos sintomas.
Estudos mais confiáveis, mas que são escassos na literatura atual,
seriam os que avaliassem longitudinalmente os pacientes com transtorno do
pânico, após um período necessário para a remissão dos sintomas. Alguns
autores sugerem que, assim, seriam identificadas as características medidas nos
instrumentos para avaliar personalidade que fossem secundárias a uma
reorganização da personalidade em função dos sintomas do transtorno do pânico.
Por outro lado, as características primárias e estáveis da estrutura da
personalidade do indivíduo, levando em conta o conceito atual de transtorno de
personalidade, permaneceriam estáveis ao longo do tempo.
Outras limitações encontradas são as importantes variações nos
trabalhos revisados em relação à metodologia, aos instrumentos empregados e à
avaliação das características de personalidade em fases diferentes da doença.
Além disso, também devem ser consideradas algumas limitações das escalas de
avaliação dos transtornos de personalidade que apenas recentemente vêm sendo
69
mais estruturadas e padronizadas. Igualmente, no TP, ainda não existe uma
uniformidade entre os estudos em relação aos critérios de resposta, remissão e
recaída. Isso torna difícil a comparação entre os estudos sobre a influência da
personalidade nos resultados dos tratamentos no TP.
Mesmo com os recentes avanços na pesquisa dos aspectos
neurobiológicos e cognitivo-comportamentais, ainda não é possível explicar
completamente a fisiopatologia, a etiologia e a adequação dos tratamentos aos
fatores que podem influenciar a cronicidade da doença. São necessários, portanto,
mais estudos que visem, inclusive, a uma melhor compreensão dos fatores de
personalidade e de vulnerabilidade que possam estar associados à etiologia ou ao
prognóstico do transtorno do pânico, bem como estudos que demonstrem o que é
possível avaliar enquanto o paciente está sintomático com vistas a um
planejamento terapêutico adequado.
No nosso meio são raros os estudos (um estudo encontrado no
Brasil na revisão atual) que comparem pacientes com transtorno do pânico na fase
sintomática e na fase de remissão dos sintomas ou que comparem os pacientes
com um grupo controle sem transtornos de ansiedade ou qualquer transtorno
psiquiátrico. Estudos são necessários para estabelecer se há um perfil diferente
da personalidade nos pacientes com pânico em relação à população em geral, se
há, no nosso meio, uma associação elevada dessa comorbidade, relatada na
literatura internacional, e se essa comorbidade é ou não um fator que favorece a
cronicidade da doença do pânico vista muitas vezes na clínica.
70
Tais pesquisas têm implicações importantes na indicação de
intervenções combinadas nesses pacientes que apresentam comorbidades, como,
por exemplo, a necessidade de utilizar formas de psicoterapias associadas à
farmacoterapia ou a necessidade de adotar tratamentos mais prolongados, bem
como implicações na avaliação mais detalhada de pacientes resistentes ao
tratamento farmacológico ou à terapia cognitivo-comportamental.
2.3 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE PERSONALIDADE
Os traços e transtornos de personalidade podem ser avaliados por
meio de entrevistas clínicas ou instrumentos auto-aplicados. Geralmente as
entrevistas clínicas são consideradas mais confiáveis e válidas no diagnóstico de
transtornos de personalidade do que o auto-relato, mas não existem dados
definitivos que apresentem a superioridade de um ou outro método, havendo
algumas pesquisas mostrando dados comparáveis (Uehara et al., 1997; Blackburn
et al., 2004). As entrevistas clínicas têm a vantagem de reduzir o problema
relacionado ao fato de que os traços de personalidade possam ser egossintônicos;
por outro lado, elas podem também ser enviesadas pelas características dos
entrevistadores (orientação, experiência). Nos instrumentos de auto-relato, vários
itens de validade podem ser medidos para auxiliar na confiabilidade dos dados.
Além disso, em pesquisa, são instrumentos considerados de aplicação mais
prática. Tanto os instrumentos auto-aplicados quanto as entrevistas clínicas,
71
contudo, dependerão da acurácia e da honestidade dos pacientes em suas
respostas (Svrakic & Cloninger, 2005).
Outra questão diz respeito ao efeito estado-traço. A distinção entre
os sintomas que refletem traços de personalidade duradouros e os que refletem
estados transitórios relacionados ao estado de eixo I pode ser difícil. Os
instrumentos de avaliação da personalidade tentam diminuir esse efeito, porém
não o eliminam, lembrando repetidamente aos pacientes durante a avaliação que
eles devem descrever suas atitudes, comportamentos e sentimentos mais usuais
e não os atuais. Deve-se sempre levar em conta que um indivíduo sem transtorno
de personalidade pode agir de forma imatura quando deprimido ou sob estresse,
por exemplo.
Os instrumentos utilizados para avaliação da personalidade podem
ser divididos em testes categóricos ou dimensionais. Os testes categóricos para
transtornos de personalidade são geralmente os baseados nos critérios
diagnósticos do DSM. Podem ser entrevistas clínicas (como o SIDP-IV, Structured
Interview for DSM-IV Personality Disorders) ou instrumentos de auto-relato (como
o PDQ). Os testes dimensionais baseiam-se no estudo dos traços e das
dimensões de personalidade e, em sua maioria, são auto-aplicados (como o TCI,
Inventário de Temperamento e Caráter, e o MMPI, Inventário Multifásico
Minnesota de Personalidade).
2.3.1 Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade (MMPI)
72
O MMPI é um inventário estruturado, elaborado para assegurar, num
só teste, o perfil e a análise dos traços e das características mais importantes da
personalidade (Hathaway & Mckinley, 1971). Ao ser desenvolvido, o objetivo era
criar um instrumento que se somasse à rotina com pacientes psiquiátricos, com
utilidade na clínica e na pesquisa (Groth-Marnat, 1997). É um dos instrumentos
mais antigos e testados para avaliação da personalidade, sendo amplamente
utilizado para pesquisa em vários centros (traduzido em 12 línguas), inclusive no
Brasil, onde é utilizado há várias décadas. O MMPI é composto por 566 itens de
certo-errado, com 4 escalas de validade e 10 escalas clínicas (Hathaway &
McKinley, 1971). Pode ser aplicado em pessoas com idade superior a 16 anos e
alfabetizados (nível fundamental incompleto ou completo), mas não se recomenda
sua aplicação em pessoas com QI inferior a 80. O inventário foi traduzido e
adaptado para o português, mediante padronização e adaptação brasileira para o
inventário por Benko & Simões, e já foi extensivamente usado em amostras
brasileiras (em Manual de Psicologia Aplicada, MMPI, de Hathaway & McKinley,
1971).
O MMPI fornece o perfil e a análise dos traços mais importantes da
personalidade por meio de escores de medidas quantitativas para um nível de
ajustamento emocional e atitudes diante da avaliação psicológica (Hathaway &
McKinley, 1971, 2000; Groth-Marnat, 1997). Para determinar a validade do perfil,
indicadores de validade são fornecidos por 4 escalas que fornecem dados para o
primeiro nível de interpretação do MMPI: Dúvida (“?”)
, Mentira (“L”), Erro (“F”) e
Correção (“K”)
. Tais escalas possibilitam compreender a atitude do paciente
73
perante o teste, assim como a impressão que ele deseja transmitir, servindo como
instrumento de validade para as escalas clínicas. O indicador de Dúvida (“?”)
corresponde ao número de omissões, que pode afetar ou não o protocolo. A
escala Mentira (“L”)
informa até que ponto uma pessoa quer mostrar-se com
melhor aparência do que possui sua realidade psicológica, apresentando-se
diferente do que é efetivamente, por meio de questões que avaliam sua
“honestidade” diante da apreciação social do seu comportamento. A escala de
Erro (“F”)
visa a verificar se o examinando compreendeu os itens, cooperou
apropriadamente e se ocorreram erros durante a resposta do examinando ao
teste. Um resultado elevado nesta escala pode indicar que o examinando
respondeu de forma aleatória às perguntas, isto é, não quis responder
efetivamente e deu suas respostas só para constar. Para outros autores, esta
escala também foi criada para detectar respostas atípicas, inusitadas, crenças,
expectativas e autodescrições improváveis e contraditórias. A escala de Correção
(“K”) pode ser considerada um “supressor" ou “estabilizador” de tendências
pouco conscientes no indivíduo de negar ou de dar uma importância maior aos
seus problemas, mesmo que mínimos. Um escore alto indica que a pessoa
apresenta uma atitude defensiva contra suas dificuldades psíquicas ou inibição,
embora apresente conflitos, não está disposta a discutir essas dificuldades e faz
esforços para defensivamente disfarçar seus verdadeiros pensamentos e
sentimentos. Essa defensividade tem um efeito supressor da psicopatologia,
manifestando-se em menores elevações do perfil, e por isso são corrigidas. Já um
escore muito baixo pode revelar pessoas extremamente autocríticas ou aquelas
74
que, mesmo inconscientemente, querem passar uma imagem negativa de si
mesmas (Hathaway & McKinley, 1971; Cunha, 2003).
Vantagens no uso do MMPI recaem no fato de este ser um dos
instrumentos mais amplamente utilizados na clínica e na pesquisa e avaliar
aspectos do funcionamento da personalidade não contemplados no DSM, que não
chegariam a configurar critérios diagnósticos para transtornos de personalidade,
mas podem ser de importância para o paciente. Desvantagens recaem no uso de
algumas terminologias que podem já estar obsoletas em função da época em que
foram desenvolvidas e no fato de que algumas escalas podem ser influenciadas
por sintomas de patologias de eixo I, pois algumas são escalas também de
sintomas (como depressão, esquizofrenia). Os achados de alguns estudos
demonstram que o MMPI pode ser suscetível a mudanças e mede também estado
e não apenas traço (Ito et al., 1995). O aumento da perturbação subjetiva em
estados agudos reflete-se no MMPI pela elevação das escalas de sintomas
(escalas 2, 7, 8 e 9, e um pouco menos da 1, vide a seguir) (Cunha, 2003).
Há muitas evidências em pesquisas e em experiência clínica
afirmando o uso do MMPI como uma medida válida tanto de características de
personalidade como, em algumas situações, de status clínico. Além disso, o
instrumento mostra-se adequado para procurar uma variedade de dimensões
psicopatológicas que podem estar presentes como níveis subclínicos durante a
remissão dos sintomas (Subotnik et al., 1999; Hathaway & McKinley, 2000).
75
2.3.1.1 Escalas Clínicas do MMPI (Dahlstrom & Welsh, 1965;
Hathaway & McKinley, 1971; Groth-Marnat, 1997; Cunha, 2003)
1 – Hipocondria (Hs): Essa escala visa a medir o grau de
preocupação anormal com as funções corporais que restringem a extensão das
atividades e as relações interpessoais do sujeito. O hipocondríaco mostra-se
imaturo ao enfrentar problemas, com pouca capacidade de insight. Pessoas com
altos escores na escala Hs caracterizam-se por serem pessimistas, queixosas,
inseguras, defensivas, imaturas, egocêntricas, manipuladoras, exigentes,
teimosas. Freqüentemente queixam-se de dores e desordens que dificilmente
podem ser identificadas e para as quais não se encontra nenhuma base orgânica
definida, apresentando dificuldade em admitir alguma explicação psicológica para
seus problemas.
2 Depressão (D): É considerada uma escala de sintoma, pois pode
medir também o sintoma clínico da depressão, que pode ser a principal
incapacidade do indivíduo, acompanhar outros problemas de personalidade ou,
ainda, ser o resultado dessas dificuldades psicológicas. Quando elevada,
caracteriza-se por traços pessoais de pessimismo, desamparo, desesperança,
sentimentos de inadequação, com reflexos na vida em geral e nas relações
interpessoais. As pessoas podem ser sujeitos sensíveis, irritáveis, distraídos,
envolvendo descontentamento em relação ao autoconceito pessoal.
3 Histeria (Hy): Desenvolvida para identificar pessoas que tendem
a utilizar sintomas somáticos no manejo de seus conflitos ou para evitar
76
responsabilidades maduras. A sua elevação mostra uma tendência a evitar a
consciência de conflitos internos, seja mantendo-os em nível inconsciente, seja
canalizando-os através de sintomas somáticos por meio da repressão. Esses
traços são consistentes com os de uma personalidade histriônica, em que as
necessidades de amor e apoio são requeridas de forma indireta e manipulativa.
São pessoas que têm facilidade em estabelecer relações, sendo estas, porém,
superficiais, buscando produzir efeitos emocionais e conseguir afeição e apoio.
São imaturas, autocentradas, exigentes e egoístas. Freqüentemente, associa-se
com elevações nas escalas Hs e D, caracterizando a chamada tríade neurótica,
que é compatível com um funcionamento em nível neurótico.
4 – Desvio psicopático (Pd): Essa escala avalia o nível de
ajustamento social, abrangendo áreas como grau de alienação da família,
dificuldades escolares e ocupacionais, impermeabilidade social e alienação da
sociedade. Mede a semelhança do indivíduo com um grupo de pessoas que
apresentam ausência de respostas emocionais profundas e inabilidade de
participar psicologicamente das experiências a que estão sendo submetidas, com
desrespeito aos costumes sociais e violação dos direitos dos demais. São sujeitos
imaturos, egocêntricos, impulsivos, emocionalmente instáveis, rebeldes,
ressentidos, agressivos, hostis e irresponsáveis.
5 Masculinidade-feminilidade (MF): Relaciona-se com a
tendência referente ao padrão de interesse masculino ou feminino e com o grau
em que endossa comportamentos que se associam a papéis e interesses
femininos e masculinos tradicionais. Os itens dessa escala agrupam-se em
77
dimensões como estabilidade pessoal e emocional, identificação sexual, altruísmo,
identificação ocupacional feminina e negação das ocupações masculinas. Sofre
influência da inteligência e do nível de escolaridade dos indivíduos, sendo os
escores de baixos a moderados mais freqüentes no nível socioeconômico baixo e
de baixa instrução.
6 Paranóia (Pa): O conteúdo dessa escala envolve preocupação
com os motivos percebidos nas ações de outras pessoas, mas pode incluir alguns
itens que chegam ao nível psicótico. Sugere suspeição e hipersensibilidade
interpessoal, compatíveis com o uso de defesas paranóides (projeção e variantes
primitivas de externalização). São sujeitos rígidos, hostis, ressentidos,
desconfiados, preocupados, irritados e vingativos. Projetam a culpa e a
hostilidade, expressando os conteúdos agressivos de formas indiretas.
7 – Psicastenia (Pt): Foi desenvolvida tendo em vista o padrão
neurótico da época em que foi criada, que era designado como psicastenia,
incluindo aspectos fóbicos e obsessivo-compulsivos. Escores altos associam-se
com apreensão, preocupação com pequenas coisas, que são supervalorizadas,
perfeccionismo, tensão, manejo da ansiedade com uso de racionalização e
intelectualização, dúvidas obsessivas, indecisão, preocupação com a aceitação
dos outros, rigidez, crítica em relação a si mesmo e aos outros e tendência à
ruminação. Pode também se mostrar elevada em transtornos ou situações
relacionadas à ansiedade.
78
8 Esquizofrenia (Sc): Pode identificar desde indivíduos
esquizofrênicos a transtornos de personalidade da linha esquizotípica e borderline.
Identifica indivíduos que se caracterizam pela presença de idéias e
comportamentos bizarros e inusitados. Considerada uma escala de sintoma, pode
refletir distorções da realidade ou pensamento confuso, esquizóide e bizarro. Inclui
temas relacionados com alienação social e familiar, ausência de interesses
profundos, sensações peculiares, medos e preocupações. Escores altos estão
associados a aspectos diferentes e convencionais em termos de idéias, crenças
ou perspectivas, podendo caracterizar interesses filosóficos, religiosos ou
abstratos em sujeitos que podem ser descritos como arredios, reservados ou
tímidos.
9 Hipomania (Ma): Essa escala pode refletir desde o nível de
energia que os sujeitos demonstram e que se reflete em características de
personalidade, marcadas por hiperatividade e excitação emocional, à fuga de
idéias e estados hipomaníacos. Elevações se associam a superatividade ineficaz,
uso de negação como defesa, autoconceito grandioso, dificuldades no controle
dos impulsos, intolerância à frustração, muitas vezes com tendência a episódios
de irritabilidade, e explosões agressivas.
0 Introversão-extroversão (Sc): Essa escala foi desenvolvida a
partir de uma análise conceitual do continuum introversão-extroversão, em termos
de traços de pensamento, participação e expressão emocional. É uma medida da
extensão com que o indivíduo participa de eventos sociais e de seu grau de
conforto nas relações interpessoais. Os sujeitos parecem lidar com sua vida
79
interna e dificuldades externas por meio de evitação e retraimento. São descritos
como socialmente apagados, carentes de autoconfiança e tímidos e percebidos
como distantes, frios e rígidos. Observa-se retraimento, insegurança e
suscetibilidade à opinião alheia.
2.3.2 Personality Diagnostic Questionnaire – Versão para o DSM-
IV (PDQ-IV)
O PDQ-IV é um instrumento que tem sido amplamente utilizado para
o rastreamento (screening) de pacientes com transtornos de personalidade,
atualizado de acordo com os critérios diagnósticos do DSM-IV. Avalia os 10
transtornos de personalidade de eixo II do DSM-IV (paranóide, esquizotípico,
esquizóide, histriônico, narcisista, borderline, anti-social, evitativo, dependente e
obsessivo-compulsivo) e os 2 transtornos de personalidade propostos para
estudos adicionais (passivo-agressivo e depressivo). Além disso, o PDQ-IV possui
2 escalas de validade. Uma resposta verdadeira em um dos 2 itens indica
respostas suspeitas e possibilidade de teste inválido. Os transtornos de
personalidade são considerados presentes ou ausentes de acordo com o número
de critérios preenchidos do DSM-IV. Além disso, um escore total no PDQ-IV 30
indica alta probabilidade de um ou mais transtornos de personalidade (Hyler,
2000). O PDQ tem sido um dos instrumentos mais utilizados em pesquisas, e
alguns estudos relataram adequada confiabilidade teste-reteste, validade
concorrente e validade de constructo em relação aos agrupamentos dos
80
transtornos de personalidade (Uehara et al., 1997; Blackburn et al., 2004). Quando
comparado a entrevistas estruturadas, o PDQ-IV apresenta mais falso-positivos,
demonstrando alta sensibilidade e moderada especificidade para transtornos de
personalidade (Hyler, 1990, 1992; Fossati, 1998; Davison et al., 2001). A
concordância é maior quanto à ausência ou presença de transtornos de
personalidade, do que em relação ao tipo específico (Fossati et al., 1998; Wilberg
et al., 2000; Davison et al., 2001). A principal vantagem do PDQ-IV reside em sua
fácil aplicação. O PDQ-IV foi traduzido para o português, e a mesma versão já foi
utilizada em trabalho local, aprovado pelo GPPG (projeto nº 00185). O PDQ-IV é
um questionário auto-aplicado, que consiste de 85 questões de verdadeiro ou
falso.
2.3.3 Inventário de Temperamento e Caráter (Temperament and
Character Inventory – TCI)
Cloninger (1987, 1993) desenvolveu uma teoria psicobiológica da
personalidade com base em estudos genéticos e neurobiológicos sobre a
organização funcional das redes cerebrais que regulam o condicionamento
clássico em animais e humanos, bem como em estudos sobre o desenvolvimento
cognitivo, social e da personalidade da teoria humanística e transpessoal. Esse
modelo psicobiológico dividiu a personalidade em dois componentes: o
temperamento, que engloba os traços de determinação heredogenética,
identificando diferenças geneticamente herdadas às respostas individuais ao
81
perigo, à novidade e à gratificação; e o caráter, que engloba os traços moldados
ao longo do desenvolvimento, resultantes das experiências de aprendizagem
propiciadas por diferentes influências ambientais (Cloninger et al., 1993).
Primeiramente, Cloninger (1986, 1987) postulou três traços de
temperamento que ocorrem em face de estímulos específicos: a “busca de
novidade”, que é um padrão de atividade exploratória de freqüente e intensa
excitação perante estímulos novos, associado a alterações específicas das vias
dopaminérgicas; a “esquiva/evitação ao dano”, com tendência herdada a
responder de forma extremamente intensa a um estímulo aversivo e a uma
tendência de comportamento inibido para novos estímulos, relacionada a
alterações específicas das vias serotoninérgicas; e a “dependência de
gratificação”, uma tendência a responder de maneira intensa a reforços positivos,
de tal forma que os indivíduos aprendem a manter um comportamento dependente
de gratificação, relacionado a especificas alterações noradrenérgicas.
Essa teoria originou inicialmente o Tridimensional Personality
Questionnaire – TPQ (1991), um questionário auto-aplicado composto por 100
questões de verdadeiro ou falso, baseado em 3 dimensões de temperamento.
Posteriormente, Cloninger et al. (1993) acrescentaram ao modelo
original mais 1 fator de temperamento, denominado “persistência”, que é a
tendência a persistir em responder de determinada forma, a despeito de esforços
intermitentes. Evidenciando que o modelo de personalidade fundamentado apenas
no temperamento e nas características hereditárias de personalidade não se
mostrou um bom preditor de transtornos de personalidade, Cloninger et al. (1993)
82
incluíram 3 fatores da dimensão caráter da personalidade: Autodirecionamento
(AD), Cooperatividade (C) e Autotranscendência (AT). Autodirecionamento (AD) é
a identificação de si mesmo como um indivíduo autônomo, é definido como a
habilidade de autocontrole individual, comportamento regular e adaptado e força
intencional do indivíduo para afirmar e praticar seus objetivos e propósitos.
Características de baixos escores em AD estão associadas a pessoas inseguras,
reativas, dependentes, com baixa auto-estima, inferioridade e imaturidade.
Cooperatividade (C) é a identificação de si mesmo como parte integrante da
sociedade e da humanidade, contempla a identificação e aceitação de diferenças
individuais na identificação de outras pessoas. Indivíduos cooperativos são
descritos como socialmente tolerantes, empáticos e prestativos, enquanto
indivíduos não-cooperativos são descritos como socialmente intolerantes e
desinteressados das outras pessoas. Autotranscendência (AT) é a identificação de
si mesmo como parte do universo como um todo, é descrita como aceitação,
identificação ou união espiritual com a natureza, onde a pessoa sente-se uma
parte integrante da evolução do universo. Alguns estudos posteriores indicam que
o Autodirecionamento, seguido pela Cooperatividade, pode ser um dos principais
determinantes da presença ou ausência de transtorno de personalidade e que os
traços de caráter estão mais relacionados ao diagnóstico da presença ou ausência
e gravidade de transtornos de personalidade, enquanto os traços de
temperamento podem ser usados para o diagnóstico diferencial entre os
transtornos (Svrakic et al., 1993; 2002).
Esse modelo de 7 fatores embasou, então, o Temperament and
Character Inventory – TCI (Cloninger et al., 1993), um questionário auto-aplicável,
83
composto por 240 questões de verdadeiro ou falso, constituído por 4 dimensões
de temperamento (Busca de Novidades, Esquiva ou Evitação de Dano,
Dependência de Gratificação e Persistência) e 3 dimensões de caráter
(Autodirecionamento, Cooperatividade, e Autotranscendência). Assim, o
desenvolvimento da personalidade é visto como um processo interativo, em que
fatores hereditários de temperamento vão inicialmente motivar o desenvolvimento
do caráter, que irá, por sua vez, modificar o significado e a saliência do
temperamento (Cloninger et al., 1993; Mulder et al., 1996). Dessa forma,
indivíduos com temperamentos incomuns podem ou não desenvolver um
transtorno de personalidade, dependendo de seu caráter. Fuentes et al
(2000)
traduziram e validaram para a língua portuguesa o TCI, favorecendo em nosso
meio a pesquisa desses 7 fatores da personalidade.
84
3 HIPÓTESES
Considerando que o transtorno do pânico é caracterizado por
cronicidade e morbidade, que os pacientes portadores desse transtorno podem
apresentar prejuízo no seu funcionamento global e que determinadas
características associadas à vulnerabilidade (como fatores de personalidade,
mecanismos defensivos e história psicossocial) podem ter um papel importante no
início, curso e tratamento do transtorno, as seguintes hipóteses foram testadas:
1. Pacientes adultos com transtorno do pânico apresentam um perfil
de personalidade disfuncional ou mais patológico em comparação
com indivíduos normais, que podem ser exacerbados na fase
aguda da doença, mas que permanecem como um padrão
estável de personalidade.
2. Pacientes adultos com transtorno do pânico apresentam fatores
de vulnerabilidade associados a um pior prognóstico, como
85
fatores de personalidade, estilos defensivos e fatores
psicossociais.
3. Os fatores de personalidade podem também influenciar a
cronicidade da doença em curto e longo prazos.
86
4 OBJETIVOS
4.1 GERAL
Avaliar as características de personalidade de pacientes adultos com
transtorno do pânico sintomáticos e assintomáticos (após tratamento
medicamentoso agudo), comparados a um grupo controle, determinando suas
implicações na resposta ao tratamento na fase aguda e em longo prazo.
4.2 ESPECíFICOS
Comparar as características de personalidade mais freqüentemente
encontradas em pacientes adultos com transtorno do pânico em relação a um
grupo controle.
87
Avaliar as características de personalidade de pacientes adultos com
transtorno do pânico, antes e após o tratamento medicamentoso.
Verificar se as características de personalidade de pacientes adultos
com transtorno do pânico estão associadas à pior resposta ao tratamento agudo
medicamentoso.
Verificar se há associação entre a gravidade do transtorno do pânico
e as características de personalidade.
Determinar outros possíveis fatores de pior resposta ao tratamento
agudo medicamentoso, como a utilização de mecanismos de defesa imaturos e
neuróticos, a presença de comorbidades psiquiátricas, a gravidade do transtorno
do pânico, o tempo de doença, a história de trauma e a história familiar.
Avaliar os pacientes após um período de 2 anos, em relação à
sintomatologia e ao curso da doença.
Avaliar se as características de personalidade e o estilo defensivo
estão relacionados à remissão e ao prognóstico em longo prazo do transtorno do
pânico.
88
5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O projeto de pesquisa (GPPG nº 01-055) foi previamente aprovado
pelo Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação – Comissão Científica e Comissão de
Pesquisa e Ética em Saúde do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Todos os pacientes e indivíduos-controles assinaram um Termo de
Consentimento Pós-Informação antes de participar do estudo (APÊNDICES B e
C).
89
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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107
7 ARTIGOS
7.1 Trauma and Defense Style as Response Predictors of
Pharmacological Treatment in Panic Patients
Versão em Inglês.
7.2. Trauma e estilo defensivo como preditores de resposta ao
tratamento farmacológico em pacientes com pânico
Versão em Português.
108
7.1 TRAUMA AND DEFENSE STYLE AS RESPONSE PREDICTORS OF
PHARMACOLOGICAL TREATMENT IN PANIC PATIENTS*
Authors: Letícia Kipper, M.D
1
., Carolina Blaya, M.D
1
., Cláudia Wachleski
1
., Marina
Dornelles
1
, Giovanni Abrahão Salum
1
, Elizeth Heldt, R.N., M.S
1
., Gisele Gus
Manfro, M.D., PhD
1
.
1
Post-Graduate Program in Medical Science: Psychiatry, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul and Anxiety Disorder Program, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Porto Alegre, Brazil
Gisele Gus Manfro (corresponding author), MD, PhD
Postal address: Luis Manoel Gonzaga 630/11 CEP: 90470-280 – Porto Alegre, RS,
Brazil
Telephone and fax numbers: 55 51 33309272 or 55 51 33289234
* Artigo publicado: European Psychiatry 22: 87-91, 2007. Fator de impacto: 1,463.
109
Abstract
Background
: As panic disorder (PD) has a chronic course, it is important to identify
predictors that might be related to non-remission. The aim of this study is to verify
whether history of trauma and defense style are predictors to pharmacological
treatment response in PD patients. Method
: The sample was composed by 47 PD
patients according to DSM-IV who were treated with sertraline for 16 weeks.
Evaluations were assessed by the C.G.I. (Clinical Global Impression), the
Hamilton-Anxiety Scale, the Hamilton-Depression Scale, the Panic Inventory and
the DSQ-40 (Defense Style Questionnaire) at baseline and after treatment.
Results
: Full remission was observed in 61.7% of the sample. The predictors
significantly associated with non-remission were: severity of PD (p=0.012), age of
onset (p=0.02) and immature defenses (p=0.032). In addition, the history of trauma
was associated with early onset of PD (p=0.043). Conclusion
: Panic patients had
as predictors of worse response to pharmacological treatment the early onset and
the severity of PD symptoms as well as the use of immature defenses at baseline.
This finding corroborates the relevance of the evaluation of factors that might affect
the response so as to enable the development of appropriate treatment for each
patient.
Keywords: Panic Disorder; Predictors; Outcome; Treatment response; Trauma;
Defense style
110
1. INTRODUCTION
Many factors that might be associated with a worse response in Panic
Disorder (PD) have already been studied. Some examples are the severity of PD,
the presence and severity of agoraphobia, the duration of the illness, comorbidity
with other anxiety, depression and substance abuse disorders, personality
disorders, psychodynamic factors, the presence of childhood anxiety disorders and
the female gender (15,17,19,20,23,34,36).
In a recent study, Roy-Byrne et al.
demonstrated that unemployment, recent visits to medical emergency rooms, low
socio-economic status and medical co-morbidities were predictors of worse
response to treatment (30).
The defense style is also associated with some characteristics and outcome
in PD. Some studies have demonstrated that PD patients use a more maladaptive
pattern of defense mechanisms as compared to normal individuals (3,13,26,35). A
previous study demonstrated that the symptom severity as well as the comorbidity
with depression are associated with the use of immature defenses in panic
disorder patients (13). In addition, patients with panic disorder who achieved full
remission differed after treatment on the lower use of neurotic and immature
defenses from those who did not achieve remission (14).
Studies have shown that the outcome in short-term treatment affects the
long-term course of PD (2,19,34). Panic disorder usually has a chronic course in
up to 88% of the patients, with high morbidity and a negative impact on quality of
life (20,22,33). A 15-year follow-up study with PD patients showed that 18% of the
patients were in full remission, 13% were clinically better but still under medication,
51% had recurrent panic attacks and 18% still fullfilled diagnostic criteria for PD
111
(2). This high chronicity is also associated with high health costs. Concerning all
the impairment related to chronicity, it is important to identify predictors that might
be related to non-remission. This finding could help in planning individual treatment
such as, for instance, identifying patients to whom multiple treatment interventions
might be indicated (19,36).
The aim of this study is to verify predictors of worse or better response to
pharmacological treatment in a sample of PD adult patients with low rates of
comorbidity. We investigated whether the history of trauma and the defense style
are predictors of PD outcome to pharmacological treatment.
2. METHOD
2.1. Participants
Participants in the study were recruited from clinical referrals and local
media advertisement. Patients referred to the study were prescreened by an
interview which inquired about previous pharmacological or psychotherapeutic
treatment. Patients with mental retardation, dementia or other organic brain
syndromes, alcohol or other substance abuse, psychotic disorders, disabling
chronic diseases or depression higher than moderate to severe (Hamilton scale for
depression >
17) were not included in the study. Subjects should be free of
psychiatric treatment for at least 4 months, be in good clinical conditions and be
using a safe contraceptive method.
Patients eligible to the study were evaluated by a clinical interview. Out of 50
patients who met DSM-IV diagnostic criteria for panic disorder, 47 were included in
the study. Two patients refused to participate in the study and one patient did not
112
meet the inclusion criteria by the time of the interview. The forty-seven patients
were all above 18 years of age, had at least 2 panic attacks in the previous month,
and had anticipatory anxiety and avoidance symptoms. The subjects entered in an
open-trial study with sertraline, a serotonin reuptake selective inhibitor which has
been proven to be effective in panic disorder (21,23,27). The initial dose was
25mg/day increased up to 150mg/day according to clinical evaluation. Clonazepam
was added when necessary. The treatment and the follow-up evaluations were
carried out for 16 weeks.
The study was previously approved by the Research Ethics Committee of
the Hospital de Clínicas de Porto Alegre and all the patients signed an informed
consent before participating in the research.
2.2 Instruments
Patients were evaluated before being included in the study by a clinical
interview and by the M.I.N.I. (Mini International Neuropsychiatric Interview –
Brazilian version 5.0.0 – DSM IV), a standardized and structured diagnostic
interview which evaluates the main Axis I diagnoses according to the DSM-IV
criteria. The M.I.N.I. is an instrument widely used in clinical and research
evaluations and was applied by trained psychiatrists (1).
The predictors of treatment response evaluated by a structured clinical
interview developed specifically for this study were: age, gender, education level,
marital status, history of psychiatric disorders in family members, clinical
comorbidity, presence of stressor events in the last year, history of trauma before
18 years of age, psychiatric co-morbidities and age of onset of PD. Trauma was
evaluated by asking the patients whether they suffered any of the four traumas
113
before the age of 18: physical abuse, sexual abuse, death of one or both parents
or separation of the parents.
The treatment outcome and PD severity were evaluated by the following:
Panic Inventory, Clinical Global Impression (CGI), Hamilton Scale – Anxiety and
Hamilton Scale – Depression. In order to assess the treatment evolution and the
need of dose adjustments, these scales were applied in weeks: 1, 2, 4, 6, 8, 10,
12, 14 and 16. The panic inventory classifies panic attacks as spontaneous,
situational, complete or incomplete. It also assess their intensity (rated in a scale
from 0 to 10), duration (minutes), frequency as well as the severity of agoraphobia
and anticipatory anxiety (rated in a scale from 0-none to 10) (10,11,12,14). In order
to evaluate PD severity, a panic specific version of the Clinician Global Impression
Severity Scale (CGI) was applied. The CGI provides a global rating of severity of
illness (1-7) according to the frequency and intensity of panic attacks, anticipatory
anxiety, phobic avoidance and role dysfunction. Consistent with previous studies
(9,12,14,24,25), remission was defined by no panic attacks (including limited-
symptom and situational attacks) and CGI <
2 for 2 weeks at the endpoint.
The defense mechanisms were evaluated by the Defense Style
Questionnaire (DSQ) (3,7,31), a 40-question self-report questionnaire which was
translated and recently validated into Portuguese (6). Local studies have proved
the applicability of the DSQ and the results are in accordance with the international
literature (5,10,13). The DSQ evaluates 20 defenses, which are divided into three
groups of factors: mature, neurotic and immature. The mature style consists of four
defenses (sublimation, humor, anticipation and suppression), as does the neurotic
style (undoing, pseudo-altruism, idealization and reaction formation). The immature
114
style consists of twelve defenses (projection, passive-aggression, acting-out,
isolation, devaluation, “autistic fantasy”, denial, displacement, dissociation,
splitting, rationalization and somatization). The DSQ was applied at the baseline
and at the end of the study.
2.3. Statistical Analysis
The results are presented as mean±standard deviation. Normal distribution
was confirmed by the Shapiro Wilk test. The association between the continuous
variables and the treatment response was performed through the Student t test for
independent samples and by the Mann-Whitney test. The association between
categorical variables and the treatment response was performed through the chi-
square test with Yates correction and the Fisher’s Exact test. The association
between trauma, age of onset and defense styles were analyzed using the
independent Student t test and the Pearson correlation. A multiple logistic
regression using a forward step wise method (Wald) was performed using the
eligibility criteria of p-value < 0.10 or theoretical relevance. An Intention To Treat
(ITT) analysis using the Last Observation Carried Forward (LOCF) was used with
all the 47 patients. The statistical analysis was performed with SPSS 14 and a
significance level of p<0.05. Bonferroni’s correction was applied for multiple
comparison analyses and the p-value calculated was < 0.002.
3. RESULTS
Forty-seven patients with panic disorder (32 women and 15 men)
participated in this study. Of these, 6 patients dropped out before 16 weeks. Two
patients dropped out due to adverse effects (one had a rash and one had sexual
115
dysfunction); one patient became pregnant; and three patients were no compliant.
The median time to drop out was at week 8, ranging from week 4 to 14. The mean
age of the sample was 37. Full remission of the symptoms after medical treatment
with sertraline was achieved in 61.7% of the sample. Among the 47 patients
studied, 43 had PD with agoraphobia. The sample was characterized by low
frequency of major co-morbidities: 12 patients with mild depression and 19 patients
with generalized anxiety disorder. None of the co-morbidities showed a statistically
significant association with worse or better response to treatment.
Using Bonferroni’s correction for multiple comparison exploratory analyses,
the higher severity (p=0.001) and the use of immature defenses (p=0.001) were
significantly associated with a worse response to treatment. The other defense
styles as well as the socio-demographic and the clinical variables were not
significantly associated with remission (p>0.002). The associations between these
variables and the response to pharmacological treatment are shown in Table 1.
Out of the forty-seven patients, 15 (32%) had a history of trauma. Using a t
test for independent samples, a significant association between the history of
trauma and the earlier onset of PD was found (27.53 ± 9.24 years of age in
patients with a history of trauma vs. 33.59 ± 9.35 years of age in patients without a
history of trauma; p=0.043). Otherwise, no significant association was found
between patients with and without history of trauma and mature (5.18 ± 1.25 vs.
5.44 ± 1.25, respectively; p=0.460), neurotic (5.20 ± 1.22 vs. 4.49 ± 1.30,
respectively; p=0.081) or immature (4.06 ± 1.07 vs. 3.53 ± 0.71, respectively;
p=0.096) defenses. Pearson correlation was performed and no significant
116
association was found between age of onset and mature (p=0.782), neurotic
(p=0.338) or immature (p=0.403) defenses.
A multiple logistic regression using step wise method was performed with
the following variables: age, age of onset, trauma, gender, full situational panic
attacks, Hamilton Anxiety Scale, Hamilton Depression Scale, anticipatory anxiety,
co-morbidity with depression, mature, neurotic and immature defenses. It was
observed that the early age of onset of PD (p=0.020), the severity of PD (p=0.012)
and the immature defenses (p=0.032) were statistically significant as predictors of
poor response to pharmacological treatment in PD patients (Table 2).
4. DISCUSSION
In the present study we evaluated the history of trauma before 18 years of
age and the defense style as predictors of treatment outcome in PD patients with
low rates of major psychiatric comorbidities. According to these results, PD
patients had as predictors of worse response the early onset of the disease, the
severity of PD and the use of immature defenses at baseline, which is in
agreement with the literature (8,10).
Our previous study showed that the comorbidity with depression and the
higher use of neurotic and immature defenses were associated with a worse
response to cognitive behavioral therapy in PD (10). Also, another study using
pharmacological treatment demonstrated that the higher use of maladaptive
defenses was associated with worse outcomes (14). In this previous study the
defenses are influenced by the symptomatic stage of the illness, but also seem to
117
characterize the patients`way of facing stressors and could influence the outcome
of the disorder, what is according to the present data.
Regarding the severity of panic symptoms, our study corroborates data
previously described in which patients with more severe symptoms achieve lower
remission by the end of acute pharmacological treatment (4). Pollack & Smoller
showed that severity of symptoms is an important factor in patients’ prognosis,
showing that the frequency of panic attacks tends to decrease more promptly and
rapidly to pharmacotherapy (20).
The emphasis of this present study was the influence of defense styles and
the history of early trauma in PD outcomes. Some studies show that PD patients
use a more maladaptive defense style in comparison to normal controls
(3,13,26,35) and that negative stressful life events are associated with the onset of
PD. This suggests the existence of a psychological vulnerability that preceeds PD
(16,28,29). However, in existing literature, it is not clear whether the presence of
early trauma is associated with treatment response. Michelson et al. investigated
the influence of trauma in rates of remission and relapse in patients with PD
treated with cognitive-behavioral therapy and demonstrated that higher rates of
trauma were associated with worse outcome after acute treatment and a 1 year
follow-up (18). Our study demonstrated that early trauma was associated with an
earlier onset of panic symptoms, which was a predictor of worse outcome after
pharmacological treatment. This data suggests that the trauma suffered before 18
might be relevant for the PD outcome, because it could precipitate the early onset
of the illness, once this group of individuals may be more vulnerable to stressful
118
events. However, this hypothesis must be tested by other studies with larger
samples.
Limitations of this study are the small sample size and the absence of a long
term assessment. In addition, a standardized instrument to assess trauma and
family history of psychiatric disorders was not used. Neither family members were
evaluated by clinical interview. Besides, the effects of early trauma and defense
mechanisms should have been controlled by the effects of other confounding
variables, such as personality disorders. Therefore, our data must be considered
tentative and should be confirmed by further studies.
Our findings suggest that patients who use a more immature defense style,
have an earlier onset of PD and a higher severity could be more susceptible to
worse outcome and chronicity. These findings corroborate the model proposed by
Shear et al. in which patients with PD present a psychological vulnerability that
when associated with biological and/or environmental stressors during the
development ages impaired their proper evaluation of dangers and threats as well
as the development of more adaptive defenses (32).
5. CONCLUSION
In this study, the main predictors of worse outcome to pharmacological
treatment were the early onset of the disease, the severity of PD and the use of
immature defenses at baseline. Furthermore, the history of a trauma before the
age of 18 was associated with an earlier onset of panic. These findings confirm the
119
clinical relevance of the evaluation of factors that might affect treatment outcome in
order to enable an appropriate treatment for each patient.
Studies suggest that an appropriate treatment for PD must involve not only
the remission of symptoms, but also the modification of factors associated with
chronicity, which seems to be central in this disorder (24,32). New studies are
necessary in this field to evaluate different therapeutic techniques focusing on
strategies that might be effective in modifying the course of PD.
Acknowledgements: FIPE-HCPA (Fundo de Incentivo a Pesquisa do Hospital de
Clinicas de Porto Alegre), FAPERGS (Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio
Grande do Sul) and CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior).
120
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124
Table 1. Predictors of remission to pharmacological treatment in patients with PD
Remission
Remitters
n=29(61.7%)
Non-remitters
n=18(38.3%)
p-value
DEMOGRAPHICS
Age
40.3 +
9.8 35.2±8.2 0.068
Gender
Female
Male
23 (79.3)
6 (20.7)
9 (50)
9 (50)
0.076
Instruction
Low level
High level
9 (31)
20 (69)
6 (33.3)
12 (66.7)
>0.999
Marital Status
Without partner
With partner
9 (31)
20 (69)
5 (27.8)
13 (72.2)
>0.999
CLINICAL VARIABLES
Age of onset, years
34.7±8.8 26.7±9.0 0.004
Duration of illness, years
3 (1 to 9) 4 (1 to 16.5) 0.644
Familiar History
Yes
No
25(86.2)
4 (13.8)
13(72.2)
5 (27.8)
0.274
Clinical disease
Yes
No
8 (27.6)
21 (72.4)
5 (27.8)
13 (72.2)
>0.999
Stressor events
Yes
No
16(55.2)
13 (44.8)
11(61.1)
7 (38.9)
0.923
Trauma history
Yes
No
5 (17.2)
24 (82.8)
10 (55.6)
8 (44.4)
0.016
CGI
4,1±0.8 4,9±0.6
0.001
HAM – A
24.1±6.4 27.3±4.8 0.069
HAM – D 10±2.9 12.8±4.2 0.011
Full Spontaneous Attacks
2 (1 to 4) 4 (1 to 14.25) 0.196
Limited Spontaneous Attacks
3 (0 to 10) 1.5 (0 to 15.5) 0.875
Full Situational Attacks
0 1 (0 to 3.25) 0.003
Limited Situational Attacks
0 0 (0 to 2) 0.103
Attacks intensity
8 (6 to 9) 8 (7 to 8) 0.740
Antecipatory Anxiety
7.6± 3.1 8.9±1.4 0.055
Agoraphobia
6.2±3.2 7.2±2.2 0.242
Co-morbidities
Depression
Yes
No
6(20.7)
23(79.3)
6 (33.3)
12 (66.7)
0.493
Generalized Anxiety Disorder
Yes
No
11 (37.9)
18 (62.1)
8 (44.4)
10 (55.6)
0.891
DEFENSE STYLES
Mature Defenses
5.6±1.0 4.9±1.1 0.046
Neurotic Defenses
4.4±1.2 5.3±1.2 0.017
Immature Defenses 3.4±0.8 4.2±0.7 0.001
Note: Values represent count (percent), mean ± SD and median (interquartile range). HAM-A, Hamilton Scale of
Anxiety; HAM-D, Hamilton Scale of Depression. Proportions were analyzed by the Chi-square test with Yates
correction and the Fisher’s Exact Test. Symmetric continuity variables were assessed by the Independent
samples Student t test; asymmetric variables were assessed by the Mann-Whitney test. Bonferroni adjustment
for multiple comparisons was applied and significance for this exploratory analysis was p<0.002
125
Table 2. Multiple logistic regression results predicting clinical remission in PD patients
B Wald p Odds ratio (CI 95%)
Age of onset
0.129 5.382 0.020 1.138 (1.020 1.268)
Immature defenses
-1.198 4.579 0.032 0.302 (0.101 0.904)
CGI
-1.947 6.349 0.012 0.143 (0.031 0.649)
Note: Forward step wise method was used in this analysis, including the following variables
(selection criteria p<0.10 or theoretical relevance): age, age of onset, trauma, gender, full situational
panic attacks, anticipatory anxiety, Hamilton Anxiety Scale, Hamilton Depression Scale, co-morbidity
with depression (measured by MINI), mature, neurotic and immature defenses. For forward step
wise method the inclusion criteria was < .05 and for removal p<0.1.
126
7.2 TRAUMA E ESTILO DEFENSIVO COMO PREDITORES DE RESPOSTA AO
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO EM PACIENTES COM PÂNICO
Autores: Letícia Kipper, M.D
1
., Carolina Blaya, M.D
1
., Cláudia Wachleski
1
., Marina
Dornelles
1
, Giovanni Abrahão Salum
1
, Elizeth Heldt, R.N., M.S
1
., Gisele Gus
Manfro, M.D., PhD
1
.
1
Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e Programa de Transtornos de Ansiedade, Hospital
de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil
Gisele Gus Manfro (autora para correspondência), MD, PhD
Endereço: Luis Manoel Gonzaga 630/11 CEP: 90470-280 – Porto Alegre, RS,
Brasil
Telefone e Fax: 55 51 33309272 ou 55 51 33289234
* Artigo publicado: European Psychiatry 22: 87-91, 2007. Fator de impacto: 1,463.
127
Resumo
Introdução
: Como o transtorno do pânico (TP) possui um curso crônico, é
importante identificar preditores que possam estar relacionados à não-remissão. O
objetivo deste estudo é verificar se a história de trauma e o estilo defensivo são
preditores de resposta ao tratamento farmacológico em pacientes com TP.
Método
: A amostra foi composta por 47 pacientes com TP, de acordo com o DSM
–IV, que foram tratados com sertralina por um período de 16 semanas. As
avaliações foram realizadas através do CGI (Impressão Clínica Global), Escala
Hamilton -Ansiedade, Escala Hamilton-Depressão, Inventário do Pânico e DSQ-40
(Defense Style Questionnaire) no basal e após o tratamento.
Resultados
: Foi observada remissão completa em 61,7% da amostra. Os
preditores significativamente associados à não-remissão foram: gravidade do TP
(p=0,012), idade de início (p=0,02) e defesas imaturas (p=0,032). Além disso, a
história de trauma foi associada ao início mais precoce do TP (p=0,043).
Conclusão
: Pacientes com TP apresentaram como preditores de pior resposta ao
tratamento farmacológico, o início mais precoce e a gravidade dos sintomas do
TP, bem como o uso de defesas imaturas na linha de base. Este achado corrobora
a relevância da avaliação de fatores que possam afetar a resposta a fim de
proporcionar o desenvolvimento de um tratamento adequado a cada paciente.
Palavras-chaves: Transtorno do Pânico; Preditores; Resultado; Resposta ao
tratamento; Trauma; Estilo defensivo.
128
1. INTRODUÇÃO
Muitos fatores que podem estar associados à pior resposta no Transtorno
do Pânico (TP) têm sido estudados. Alguns exemplos são a gravidade do TP, a
presença e gravidade de agorafobia, a duração da doença, a comorbidade com
outros transtornos de ansiedade, depressão e abuso de substâncias, transtornos
de personalidade, fatores psicodinâmicos, a presença de transtornos de
ansiedade na infância e o sexo feminino (15,17,19,20,23,34,36). Em estudo
recente, Roy-Byrne et al. demonstrou que o desemprego, visitas recentes a
emergências médicas, baixo nível sócio-econômico e comorbidades médicas
foram preditores de pior resposta ao tratamento (30).
O estilo defensivo está também associado a algumas características e
resultados no TP. Alguns estudos têm demonstrado que pacientes com TP usam
um padrão mais maladaptativo de mecanismos de defesa comparados a
indivíduos normais (3,13,26,35). Um estudo prévio evidenciou que a gravidade dos
sintomas, bem como a comorbidade com depressão, estão associados ao uso de
defesas imaturas em pacientes com TP (13). Além disso, pacientes com TP que
alcançaram remissão completa diferiram após o tratamento, daqueles que não
apresentaram remissão, no menor uso de defesas neuróticas e imaturas (14).
Estudos têm mostrado que o resultado do tratamento em curto prazo afeta
o curso em longo prazo do TP (2,19,34). O TP tem geralmente um curso crônico,
em até 88% dos pacientes, com alta morbidade e um impacto negativo na
qualidade de vida (20,22,33). Um estudo de seguimento de 15 anos de pacientes
com TP mostrou que 18% dos pacientes apresentaram remissão completa, 13%
mostraram-se clinicamente melhor, mas ainda sob medicação, 51% apresentaram
129
ataques de pânico recorrentes e 18% ainda preenchiam critérios diagnósticos de
TP (2). Essa alta cronicidade também está associada aos altos custos de saúde.
Considerando todo o prejuízo relacionado à cronicidade, é importante identificar
preditores que possam estar relacionados à não-remissão. Esses achados podem
auxiliar no planejamento de tratamentos individuais, por exemplo, identificando
pacientes para os quais possam estar indicadas múltiplas intervenções de
tratamento (19,36).
O objetivo deste estudo é verificar preditores de pior ou melhor resposta ao
tratamento farmacológico em uma amostra de pacientes adultos com TP com
baixas taxas de comorbidades. Foi investigado se a história de trauma e o estilo
defensivo são preditores de resultado ao tratamento farmacológico no TP.
2. MÉTODO
2.1 Participantes
Os participantes do estudo foram recrutados através de indicações clínicas
e anúncios divulgados pela mídia local. Os pacientes referidos ao estudo foram
pré-selecionados através de uma entrevista sobre seus tratamentos
farmacológicos e psicoterapêuticos prévios. Pacientes com retardo mental,
demência ou outras síndromes cerebrais orgânicas, abuso de álcool ou outras
substâncias, transtornos psicóticos, doenças crônicas debilitantes ou depressão
maior moderada a severa (escala Hamilton-Depressão 17) não foram incluídos
no estudo. Os sujeitos deviam estar sem tratamento psiquiátrico por pelo menos
quatro meses, estar em boas condições clínicas e usando um método
contraceptivo seguro.
130
Os pacientes elegíveis ao estudo foram avaliados por uma entrevista
clínica. Dos 50 pacientes que preenchiam critérios diagnósticos do DSM-IV para
TP, 47 foram incluídos no estudo. Dois pacientes recusaram-se a participar do
estudo e um paciente não preencheu os critérios de inclusão no momento da
entrevista. Todos os quarenta e sete pacientes tinham idade acima de 18 anos,
tinham apresentado pelo menos dois ataques de pânico no mês anterior,
apresentavam ansiedade antecipatória e sintomas evitativos. Os pacientes
entraram em um ensaio aberto com sertralina, um inibidor seletivo de recaptação
da serotonina, comprovadamente efetivo no TP (21,23,27). A dose inicial foi de
25mg/dia aumentada até 150mg/dia de acordo com avaliação clínica. O
clonazepam foi adicionado quando necessário. O tratamento e as avaliações de
seguimento ocorreram num período de 16 semanas.
O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre e todos os pacientes assinaram um termo de
consentimento antes de participar da pesquisa.
2.2 Instrumentos
Os pacientes foram avaliados, antes de sua inclusão no estudo, por uma
entrevista clínica e pelo M.I.N.I (Mini International Neuropsychiatric Interview
Versão Brasileira 5.0.0 – DSM IV), uma entrevista diagnóstica padronizada e
estruturada que avalia o principais diagnósticos de eixo I de acordo com os
critérios do DSM –IV . O M.I.N.I. é um instrumento amplamente utilizado em
avaliações clínicas e pesquisas e foi aplicado por psiquiatras treinados (1).
Os preditores de resposta ao tratamento, avaliados através de entrevista
clínica desenvolvida especificamente para este estudo, são: idade, sexo,
131
escolaridade, estado marital, história de transtornos psiquiátricos em membros da
família, comorbidade clínica, presença de eventos estressores no ano anterior,
história de trauma antes dos 18 anos de idade, comorbidades psiquiátricas e idade
de início do TP. O trauma foi avaliado questionando se os pacientes sofreram
algum dos quatro traumas seguintes, antes dos 18 anos de idade: abuso físico,
abuso sexual, morte de um ou ambos os pais ou separação dos pais.
O resultado do tratamento e a gravidade do TP foram avaliados pelos
seguintes instrumentos: Inventário do Pânico, Impressão Clínica Global (GGI),
Escala Hamilton – Ansiedade e Escala Hamilton – Depressão. A fim de acessar a
evolução do tratamento e a necessidade de ajustes de doses essas escalas foram
aplicadas nas semanas: 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 e 16. O Inventário do Pânico
classifica os ataques de pânico como espontâneos, situacionais, completos ou
incompletos. Também avalia sua intensidade (em uma escala de 0 a 10), duração
(minutos), freqüência, bem como a gravidade da agorafobia e ansiedade
antecipatória (em escala de 0 a 10) (10,11,12,14). A fim de avaliar a gravidade do
TP, foi utilizada uma versão específica para pânico da Escala de Gravidade da
Impressão Clínica Global (CGI). A CGI avalia a gravidade global da doença (1-7)
de acordo com a freqüência e intensidade dos ataques de pânico, ansiedade
antecipatória, evitação fóbica e prejuízo no funcionamento. De acordo com
estudos anteriores (9,12,14,24,25), a remissão foi definida pela ausência de
ataques de pânico (incluindo sintomas limitados e ataques situacionais) e CGI 2
por 2 semanas ao final do tratamento.
Os mecanismos de defesa foram avaliados pelo Defense Style
Questionnaire (DSQ) (3,7,31), um questionário de auto-relato, composto por 40
132
questões, traduzido e recentemente validado para o Português (6). Estudos locais
têm comprovado a aplicabilidade do DSQ e os resultados estão de acordo com a
literatura internacional (5,10,13). O DSQ avalia 20 defesas, divididas em três
grupos de fatores: maduro, neurótico e imaturo. O estilo maduro consiste de
quatro defesas (sublimação, humor, antecipação e supressão), assim como o
estilo neurótico (anulação, pseudo-altruísmo, idealização e formação reativa). O
estilo imaturo consiste de doze defesas (projeção, agressão-passiva, atuação,
isolamento, desvalorização, fantasia autística, negação, deslocamento,
dissociação, splitting, racionalização e somatização). O DSQ foi aplicado na linha
de base e no final do estudo.
2.3. Análise Estatística
Os resultados são apresentados como média ± desvio padrão. A
distribuição normal foi confirmada pelo teste Shapiro Wilk. A associação entre as
variáveis contínuas e a resposta ao tratamento foi realizada através dos testes t de
Student para amostras independentes e teste de Mann- Whitney. A associação
entre variáveis categóricas e a resposta ao tratamento foi realizada através do
teste qui-quadrado com correção de Yates e o Teste Exato de Fisher. A
associação entre trauma, idade de início e estilo defensivo foi analisada utilizando
o teste t de Student independente e a correlação de Pearson. Uma regressão
logística múltipla utilizando o método step wise (Wald) foi realizada usando o
critério de elegibilidade de valor-p < 0,10 ou relevância teórica. Uma análise
Intention to Treat (ITT) usando Last Observation Carried Forward (LOCF) foi
utilizada com todos os 47 pacientes. A análise estatística foi realizada utilizando o
133
SPSS 14 e um nível de significância de p<0,05. A correção de Bonferroni foi
aplicada para análises de múltiplas comparações e o valor-p calculado foi < 0,002.
3. RESULTADOS
Quarenta e sete pacientes com TP (32 mulheres e 15 homens) participaram
do estudo. Destes, seis pacientes foram excluídos antes de 16 semanas. Dois
pacientes foram excluídos devido a efeitos adversos (um por rash cutâneo e outro
por disfunção sexual), uma paciente engravidou, e outros três não aderiram ao
tratamento. O tempo mediano de desistência foi na semana oito, variando entre as
semanas 4 a 14. A média de idade da amostra foi de 37 anos. A remissão
completa dos sintomas, após tratamento medicamentoso com sertralina, foi
alcançada em 61,7% da amostra. Dentre os 47 pacientes estudados, 43
apresentaram TP com agorafobia. A amostra foi caracterizada pela baixa
freqüência de comorbidades maiores: 12 pacientes com depressão leve e 19
pacientes com transtorno de ansiedade generalizada. Nenhuma das
comorbidades mostrou associação estatisticamente significativa com pior ou
melhor resposta ao tratamento.
Utilizando a correção de Bonferroni para análises exploratórias de múltiplas
comparações, a maior gravidade (p=0,001) e o uso de defesas imaturas (p=0,001)
apresentaram associação significativa à pior resposta ao tratamento. Os outros
estilos defensivos, bem como as variáveis sócio-demográficas e clínicas, não
foram significativamente associados com remissão (p>0,002). As associações
entre estas variáveis e a resposta ao tratamento farmacológico está apresentada
na Tabela 1.
134
Dos quarenta e sete pacientes, 15 (32%) tinham história de trauma.
Utilizando o teste t para amostras independentes, foi encontrada uma associação
significativa entre a história de trauma e o início mais precoce do TP (27,53 ± 9,24
anos de idade em pacientes com história de trauma vs. 33,59 ± 9,35 anos de
idade em pacientes sem história de trauma; p=0,043). Por outro lado, não foi
encontrada associação significativa entre pacientes com e sem história de trauma
e defesas maduras (5,18 ± 1,25 vs. 5,44 ± 1,25, respectivamente; p=0,460),
neuróticas (5,20 ± 1,22 vs. 4,49 ± 1,30, respectivamente; p=0,081) ou imaturas
(4,06 ± 1,07 vs. 3,53 ± 0,71, respectivamente; p=0,096). A correlação de Pearson
foi realizada e nenhuma associação significativa foi encontrada entre idade de
início e defesas maduras (p=0,782), neuróticas (p=0,338) ou imaturas (p=0,403).
Foi realizada uma regressão logística múltipla, utilizando o método forward
step wise, com as seguintes variáveis: idade, idade de início, trauma, sexo,
ataques de pânico situacionais completos, Escala Hamilton- Ansiedade, Escala
Hamilton- Depressão, ansiedade antecipatória, comorbidade com depressão,
defesas maduras, neuróticas e imaturas. Foi observado que a idade de início
precoce do TP (p=0,020), a gravidade do TP (p=0,012) e as defesas imaturas
(p=0,032) foram estatisticamente significativas como preditores de pobre resposta
ao tratamento farmacológico em pacientes com TP (Tabela 2).
4. DISCUSSÃO
No presente estudo nós avaliamos a história de trauma antes dos 18 anos
de idade e o estilo defensivo como preditores de resultado do tratamento em
pacientes com TP com baixas taxas de comorbidades psiquiátricas maiores. De
135
acordo com estes resultados, pacientes com TP apresentaram como preditores de
pior resposta o início precoce da doença, a gravidade do TP e o uso de defesas
imaturas na linha de base, o que está de acordo com a literatura (8,10).
Nosso estudo prévio mostrou que a comorbidade com depressão e o maior
uso de defesas neuróticas e imaturas estavam associados com pior resposta à
terapia cognitivo-comportamental no TP (10). Outro estudo, utilizando tratamento
farmacológico, também demonstrou que o maior uso de defesas maladaptativas
foi associado com piores resultados (14). Neste estudo, as defesas foram
influenciadas pelo estado sintomático da doença, mas também pareceram
caracterizar a maneira do paciente de enfrentar estressores e poderiam influenciar
no desfecho do transtorno, o que está de acordo com os dados presentes.
Em relação à gravidade dos sintomas do pânico, nosso estudo corrobora
dados previamente descritos, em que pacientes com sintomas mais graves
alcançam menor remissão ao final do tratamento farmacológico agudo (4). Pollack
& Smoller mostraram que a gravidade dos sintomas é um fator importante no
prognóstico dos pacientes, mostrando que a freqüência de ataques de pânico
tende a diminuir mais pronta e rapidamente à farmacoterapia (20).
A ênfase do presente estudo foi na influência do estilo defensivo e da
história de trauma precoce no resultado do tratamento no TP. Alguns estudos
mostram que pacientes com TP usam um estilo defensivo mais maladaptativo em
comparação com controles normais (3,13,26,35) e que eventos de vida
estressantes negativos estão associados com o início do TP. Isto sugere a
existência de uma vulnerabilidade psicológica que precede o TP (16,28,29).
Entretanto, na literatura existente, não está claro se a presença de trauma precoce
136
está associada à resposta ao tratamento. Michelson et al. investigou a influência
do trauma nas taxas de remissão e recaída em pacientes com TP tratados com
terapia cognitivo-comportamental e demonstrou que maiores taxas de trauma
estavam associadas com piores resultados após o tratamento agudo e em um ano
de seguimento (18). Nosso estudo demonstrou que o trauma precoce foi
associado a um início mais precoce dos sintomas de pânico, que foi um preditor
de pior resposta após tratamento farmacológico. Estes dados sugerem que o
trauma sofrido antes dos 18 anos possa ser relevante para os resultados no TP,
porque poderia precipitar o início precoce da doença, uma vez que este grupo de
indivíduos pode ser mais vulnerável a eventos estressantes. No entanto, esta
hipótese deve ser testada por outros estudos com amostras maiores.
Limitações deste estudo são o tamanho pequeno da amostra e a ausência
de um acompanhamento em longo prazo. Também, não foi utilizado um
instrumento padronizado para acessar o trauma e a história de transtorno
psiquiátrico na família. Membros da família não foram avaliados por entrevista
clínica. Ainda, os efeitos de traumas precoces e mecanismos de defesas deveriam
ser controlados pelo efeito de outras variáveis confundidoras como, por exemplo,
transtornos de personalidade. Portanto, nossos dados devem ser considerados
provisórios e devem ser confirmados por estudos futuros.
Nossos resultados sugerem que pacientes que usam um estilo defensivo
mais imaturo, que apresentam um início mais precoce do TP e maior gravidade da
doença poderiam ser mais suscetíveis a piores resultados e à cronicidade. Estes
resultados corroboram o modelo proposto por Shear et al., no qual pacientes com
TP apresentam uma vulnerabilidade psicológica que, quando associada com
137
estressores biológicos e/ou ambientais durante a idade de desenvolvimento,
prejudicam sua avaliação apropriada de perigos e ameaças, bem como o
desenvolvimento de defesas mais adaptativas (32).
5. CONCLUSÃO
Neste estudo, os principais preditores de pior resposta ao tratamento
farmacológico foram o início precoce da doença, a gravidade do TP e o uso de
defesas imaturas na linha de base. Além disso, a história de trauma antes dos 18
anos foi associada com o início mais precoce do pânico. Estes achados confirmam
a relevância clínica da avaliação de fatores que possam afetar os resultados do
tratamento a fim de possibilitar um tratamento adequado para cada paciente.
Estudos sugerem que um tratamento apropriado para o TP deve envolver
não apenas a remissão dos sintomas, mas também a modificação de fatores
associados à cronicidade, que parecem ser centrais neste transtorno (24,32).
Novos estudos nesta área são necessários a fim de avaliar diferentes técnicas
terapêuticas focalizando em estratégias que possam ser efetivas em modificar o
curso do TP.
Acknowledgments: FIPE-HCPA (Fundo de Incentivo a Pesquisa do Hospital de
Clinicas de Porto Alegre), FAPERGS (Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio
Grande do Sul) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior).
138
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142
Tabela 1. Preditores de remissão ao tratamento farmacológico em pacientes com TP.
Remissão
Em remissão
n=29(61,7%)
Não-remissão
n=18(38,3%)
Valor p
DEMOGRÁFICOS
Idade
40,3 +
9,8 35,2±8,2 0,068
Sexo
Feminino
Masculino
23 (79,3)
6 (20,7)
9 (50)
9 (50)
0,076
Instrução
Nível Baixo
Nível Alto
9 (31)
20 (69)
6 (33,3)
12 (66,7)
>0,999
Estado Marital
Sem companheiro
Com companheiro
9 (31)
20 (69)
5 (27,8)
13 (72,2)
>0,999
VARIÁVEIS CLÍNICAS
Idade de início, anos
34,7±8,8 26,7±9,0 0,004
Duração da doença, anos
3 (1 a 9) 4 (1 a 16,5) 0,644
História familiar
Sim
Não
25(86,2)
4 (13,8)
13(72,2)
5 (27,8)
0,274
Doença Clínica
Sim
Não
8 (27,6)
21 (72,4)
5 (27,8)
13 (72,2)
>0,999
Eventos Estressores
Sim
Não
16(55,2)
13 (44,8)
11(61,1)
7 (38,9)
0,923
História de Trauma
Sim
Não
5 (17,2)
24 (82,8)
10 (55,6)
8 (44,4)
0,016
CGI
4,1±0,8 4,9±0,6
0,001
HAM – A
24,1±6,4 27,3±4,8 0.069
HAM – D 10±2,9 12,8±4,2 0,011
Ataque Espontâneo Completo
2 (1 a 4) 4 (1 a 14,25) 0,196
Ataque Espontâneo Limitado
3 (0 a 10) 1,5 (0 a 15,5) 0,875
Ataque Situacional Completo
0 1 (0 a 3,25) 0,003
Ataque situacional Limitado
0 0 (0 a 2) 0,103
Intensidade dos Ataques
8 (6 a 9) 8 (7 a 8) 0,740
Ansiedade Antecipatória
7,6± 3,1 8,9±1,4 0,055
Agorafobia
6,2±3,2 7,2±2,2 0,242
Comorbidades
Depressão
Sim
Não
6(20,7)
23(79,3)
6 (33,3)
12 (66,7)
0,493
Transtorno de Ansiedade
Generalizada
Sim
Não
11 (37,9)
18 (62,1)
8 (44,4)
10 (55,6)
0,891
ESTILO DEFENSIVO
Defesas Maduras
5,6±1,0 4,9±1,1 0,046
Defesas Neuróticas 4,4±1,2 5,3±1,2 0,017
Defesas Imaturas
3,4±0,8 4,2±0,7
0,001
Nota: Valores representam freqüência (porcentagem), média ± DP e mediana (amplitude interquartil). HAM-A, Escala Hamilton de Ansiedade; HAM-D,
Escala Hamilton de Depressão. Proporções foram analisadas pelo teste qui-quadrado com correção de Yates e o Teste Exato de Fisher. Variáveis
contínuas com distruibuição normal foram analisadas pelo teste t de Student para amostras independentes; variáveis assimétricas foram acessadas
pelo teste Mann-Whitney. Foi aplicada correção de Bonferroni para múltiplas comparações e a significância para esta análise exploratória foi p<0.002
143
Tabela 2. Resultados da regressão logística múltipla predizendo remissão clínica em pacientes com
TP.
B Wald p Razão de Chances (IC 95%)
Idade de Início
0,129 5,382 0,020 1,138 (1,020 1,268)
Defesas Imaturas
-1,198 4,579 0,032 0,302 (0,101 0,904)
CGI
-1,947 6,349 0,012 0,143 (0,031 0,649)
Nota: O método forward step wise foi utilizado nesta análise, incluindo as seguintes variáveis
(critério de seleção p<0,10 ou relevância teórica): idade, idade de início, trauma, sexo, ataques de
pânico situacionais completos, ansiedade antecipatória, Escala Hamilton de Ansiedade, Escala
Hamilton de Depressão, comorbidade com depressão (medida pelo MINI), defesas maduras,
neuróticas e imaturas. Para o método forward step wise o critério de inclusão foi < ,05 e para
remoção foi p<0,1.
144
7.3 A Neurotic Pattern of Personality in Patients with Panic Disorder -
Before and After Treatment
Versão em Inglês
7.4 Padrão Neurótico de Personalidade em Pacientes com Transtorno do Pânico -
Antes e Depois do Tratamento
Versão em Português
145
7.3 A Neurotic Pattern of Personality in Patients with Panic Disorder - Before
and After Treatment*
Letícia Kipper, M.D
1
., Cláudia Wachleski
1
, Giovanni Abrahão Salum
1
, Elizeth Heldt
R.N., PhD
1
, Carolina Blaya, M.D
1
, Gisele Gus Manfro, M.D., PhD
1
.
1
Post-Graduate Program in Medical Science: Psychiatry, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul and Anxiety Disorder Program, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Porto Alegre, Brazil
* Artigo submetido: Journal of Personality Disorders. Fator de impacto: 1.308.
146
ABSTRACT
Personality disorders may contribute to chronicity in panic disorder (PD).
There is paucity of data studying patients during the asymptomatic phase of PD.
The aim of this study was to evaluate personality patterns in panic patients, before
and after treatment, when compared to controls. Forty seven patients with PD and
40 controls were included in the study, evaluated through: Mini International
Neuropsychiatric Interview, Minnesota Multiphasic Personality Inventory,
Personality Diagnostic Inventory (DSM – IV version), Clinical Global Impression,
Panic Inventory and Hamilton Anxiety Scale. Patients were treated with sertraline
for 16 weeks and were found to have higher personality scores of the neurotic
triad, psychasthenia and avoidant traits as compared to controls. After treatment, a
small magnitude reduction in MMPI sores was found in asymptomatic patients, but
none of the PDQ-IV scales changed. Panic patients present a particular neurotic
and anxious personality pattern that could be influenced by acute symptoms, but
the most striking personality patterns remain in the asymptomatic phase and can
be focus of research.
147
INTRODUCTION
Panic Disorder (PD) has a recurrent and chronic course and a high rate of
patients presents partial remission and relapses after years of treatment
(Carpiniello et al., 2002; Andersch and Hetta, 2003). The co-morbidity of PD with
Personality Disorders (PersD) has received attention as a factor that might
contribute to chronicity and the difficulty to treat some PD patients (Pollack and
Smoller, 1995).
Studies have described the rates of this co-morbidity as ranging from 30 to
69%, and this considerable variation is probably due to the different methodologies
employed and the distinct samples evaluated in the studies (Dammen et al., 2000;
Latas et al., 2000; Marchesi et al., 2005; Albert et al., 2006; Marchesi et al., 2006).
Grant et al. (2005) studied panic patients with agoraphobia who sought treatment,
and found that the prevalence of at least one PersD can reach a level as high as
75%. On the other hand, Dyck et al. (2001) failed to find this association, which is
inconsistent with the previous studies. As predictors of PersD in panic patients,
some authors have described parental overprotection in childhood, the duration of
PD, the association with depression and a lifetime history of alcohol abuse (Latas
et al., 2000). Moreover, a greater frequency of axis II comorbidity was found in the
early-onset PD (Iketani et al, 2004), and authors have observed that patients with
the co-morbidity have more severity, agoraphobic symptoms and lower levels of
functioning (Ozkan and Altindag, 2005). The most common PersD described in
symptomatic panic patients are: dependent, avoidant, histrionic, obsessive-
compulsive, borderline and paranoid (Hoffart and Hedley, 1997; Ampollini P et al.,
148
1999; Dammen et al., 2000; Grant et al., 2005). Some studies have described a
greater prevalence of cluster C (anxious) personality disorders in patients
presenting acute anxious symptomatology (Ampollini et al., 1999; Dammen et al.,
2000). However, there are few studies in the asymptomatic stage of the disorder
(Hoffart and Hedley, 1997), making it difficult to evaluate which personality
characteristics found in the studies are primary and inherent to a subject’s
personality and which could be a consequence of a reorganization of their
functioning due to PD symptoms.
The influence of personality in psychopathology has been widely debated,
with studies showing controversial results. The impact of personality traits in the
risk for PD and in its treatment as well as the stability of a personality diagnosis are
still an issue of discussion (Mennin and Heimberg, 2000; Johnson et al., 2006).
Personality traits and disorders are by definition a highly stable behavior pattern,
yet over the last years some authors have questioned this stability and the
possibility that personality characteristics may be influenced by acute symptoms
and by time frame (Seivewright et al., 2002; Rocca et al., 2006).
Regarding the high frequency of the co-morbidity of PD and PersD and the
fact that both tend to have a chronic course, the possible clinical impact of this
association becomes important. Also, the ways in which personality traits can be
related to PD need to be studied, given that personality can be viewed as a
vulnerability/predisposing factor for Axis I disorders; as consequences of long-
lasting or earlier onset axis I disease; as comprising a spectrum with anxiety,
sharing a common genetic and/or environmental etiology; or as having an
independent etiology but as a factor that modifies the axis I symptomatology and/or
149
is modified by acute symptoms (Ozkan and Altindag, 2005; Brandes and Bienvenu,
2006; Hettema et al., 2006; Johnson et al., 2006).
The aim of the present exploratory study was to evaluate the personality
traits used by adult patients with PD, before and after pharmacological treatment,
when compared to a control group, as well as to determine their association with
PD severity and their implications in acute treatment outcomes.
METHODS
Participants
The study was carried out with patients who sought medical care at the
anxiety disorders outpatient unit (PROTAN) of the Psychiatry Service of the
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brazil, or who were selected directly
for the research. Through consecutive sampling, patients above 18 years of age
who met the DSM-IV diagnostic criteria for PD, had anticipatory anxiety and
avoidance symptoms, had had at least two panic attacks in the previous month,
and had not been undergoing any type of treatment (pharmacotherapy or
psychotherapy) over the last 4 months were included. The control group was
constituted by normal volunteers, all of whom were employees at the HCPA who
did not meet diagnostic criteria for axis I psychiatric disorders.
The PD patients were selected to receive pharmacological treatment with
sertraline, a serotonin reuptake selective inhibitor effective on PD (Rapaport et al.,
2001). The initial dose was of 25 mg/d in the first week, increasing to up to 150
mg/d until the symptomatic remission or occurrence of important adverse effects
was found according to clinical evaluation. Clonazepam could also be used
150
whenever deemed necessary. The treatment was carried out in 16 weeks and PD
patients were evaluated in the baseline and during the treatment period in weeks 1,
2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 and 16. The control group was evaluated in the baseline and
after 16 weeks.
No patients presenting mental retardation, dementia or other organic brain
syndrome, alcohol or other substance dependence, psychotic disorders, disabling
chronic disease or moderate to severe major depression (Hamilton scale >
17)
were included in the study. Two of the control individuals evaluated were excluded
by the validation scales of the MMPI.
All the patients and controls signed an informed consent before participating
in this research, which was previously approved by the Research Ethics
Committee of the HCPA. Part of the sample has already been described in
previous studies (Kipper et al. 2005; Kipper et al. 2007).
Instruments
The PD patients and the control group were evaluated by trained
psychiatrists prior to their inclusion in the study by a clinical interview and by the
Mini International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I.) – Brazilian version 5.0.0 –
DSM IV, a standardized and structured diagnostic interview that evaluates the
main axis I psychiatric disorders according to the DSM-IV criteria (Amorim, 2000).
Personality characteristics were evaluated using the Minnesota Multiphasic
Personality Inventory (M.M.P.I.) and the Personality Diagnostic Questionnaire –
DSM-IV version (P.D.Q.- IV)
The M.M.P.I. was applied and analyzed by a trained psychologist in two 60-
minute interviews which were carried out prior to and after 16 weeks of treatment in
151
the case of PD patients and in the baseline in the control group. The M.M.P.I. is an
instrument widely used both in clinic and research, translated to Portuguese
through a Brazilian standardization and adaptation of the inventory. It contains 566
questions (right or wrong type) and classifies 10 clinical scales of personality traits:
hypochondriasis (Hs), depression (D), hysteria (Hy), psychopathic deviate (Pd),
masculinity-femininity (MF), paranoia (Pa), psychasthenia (Pt), schizophrenia (Sc),
hipomania (Ma) and introversion-extroversion (Si). It also presents 4 validity scales
- doubt, lie, mistake and correction/defenses - which evaluate the attitude related to
the inventory and determine the validity of the clinical scales. According to
Hathaway’s classification, the M.M.P.I. scores were defined as pathological (>
70),
high (from 55 to 69) and normal or low (< 54). Scores higher than 70 in any of the
clinical scales were considered pathological global M.M.P.I and scores lower than
70 non pathological. M.M.P.I. scores higher or lower than 70 in any of the Hs, D
and Hy scales were considered pathological or non pathological neurotic triad,
respectively (intraclass correlation coefficient = 0.891, p<0.001) (Hathaway and
McKinley, 1971; Cunha, 2003).
The PDQ-IV is a self-report questionnaire which contains 85 questions (true
or false type) and was applied before and after 16 weeks in both the PD patients
and the control group. Said instrument is used in order to screen personality
disorders according to the DSM-IV diagnostic criteria. It evaluates 10 personality
disorders of DSM-IV axis II (paranoid, schizotypal, schizoid, histrionic, narcissistic,
borderline, antisocial, avoidant, dependent and obsessive-compulsive) as well as 2
others (passive-aggressive and depressive). A total score in PDQ – IV >
30
indicates a high probability of a personality disorder. The PDQ – IV has high
152
sensitivity and moderate specificity to personality disorders (Hyler et al., 1990;
Dammen et al., 2000).
The response to pharmacological treatment and the severity of the disease
were determined through the scales applied before and after medical treatment in
PD patients: Panic Inventory, Clinical Global Impression, Hamilton Scale – Anxiety
and Hamilton Scale – Depression. These scales were also applied during the
patients’ treatment in weeks 0, 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 and 16. In the control group,
the Hamilton – Anxiety and Hamilton – Depression scales were applied at the
baseline (inclusion in the study) and after the period of 16 weeks. The Panic
Inventory is an instrument that classifies panic attacks as spontaneous, situational,
complete or incomplete. It also assesses the intensity of attacks (rated on a scale
from 0 to 10), duration (minutes) and frequency, and the severity of agoraphobia
and anticipatory anxiety (rated on a scale from 0-none to 10) (Kipper et al., 2005;
Heldt et al., 2006; Kipper et al., 2007). A panic-specific version of the Clinical
Global Impression (CGI) was used. The CGI provides a global rating of severity of
PD with scores ranging from 1 (normal, not ill) to 7 (extremely ill) according to the
frequency and intensity of panic attacks, level of anticipatory anxiety, level of
phobic avoidance and role (familial, social or occupational) dysfunction (Guy,
1976). Consistent with previous studies, the criteria for total remission of symptoms
used was: CGI <
2 and no panic attacks at the end of the treatment (Pollack et al.,
2002; Kipper et al., 2005; Heldt et al., 2006; Kipper et al., 2007).
Demographic and other clinical data (age of onset, PD duration, family
history, clinical diseases, stressor events, trauma history) were collected using a
structured clinical interview developed specifically for this study. Co-morbidity was
153
evaluated by the M.I.N.I. and defense mechanisms were evaluated by the DSQ –
40 (Defense Style Questionnaire) (Bond et al., 1983; Blaya et al., 2007). These
data were described in a previous study (Kipper et al., 2007).
Statistical Analysis
The sample size was based on a previous study, with an alpha value of 0.05
and 80% of power, resulting in 40 patients and 40 controls. Data are presented as
count (percent), median (interquartile range) and mean (standard deviation).
Kolmogorov-smirnov test and Levene’s test were used to evaluate Gaussian
distribution and sphericity, respectively.
Clinical and socio-demographic variables were analyzed by the independent
samples t test. Categorical variables were analyzed by the Chi-square test (with or
without Yates’ correction) and the Fisher Exact test. In order to correlate the
personality scales measured by MMPI with CGI and HAM-A scores the Pearson
correlation was used. The comparison between baseline mean scores of patients
and controls and asymptomatic patients and controls was made by the
independent samples t test. The comparison between patients before and after
treatment was made by the paired samples t test. The percentage of patients with
or without pathological global MMPI and pathological neurotic triad before and after
treatment were analyzed by the McNemar test. When symmetric assumptions were
broken, non parametric tests were used. To evaluate response predictors, a bi-
variate analysis was made with all MMPI and PDQ scales independently. Variables
which were significantly associated with outcome were controlled by other
variables that significantly predict remission with sertraline as described elsewhere
(Kipper et al, 2007). In order to analyze differences in baseline MMPI scores
154
between patients and controls, between asymptomatic patients after treatment and
controls as well as between patients before and after psychopharmacological
treatment, only those patients who completed the study (n=40) were included in
the data analysis. In order to analyze the response predictors to sertraline, all 47
patients who entered the study were included in the intent-to-treat-analysis using
last observation carried forward. Regarding the PDQ analysis between patients
before and after treatment, 33 patients were evaluated and only valid scales
according to the validity criteria of this scale were included (baseline evaluation: 24
controls and 33 patients; endpoint evaluation: 21 and 18 respectively).The entire
statistical analysis was made with the SPSS 14.0, and an α=0.05 and confident
interval of 95% were used.
RESULTS
Clinical and Demographic Data
Forty-seven patients with PD and 40 controls were included in the study. Of
the 47 patients, 6 dropped out before 16 weeks (2 due to adverse effects, 1
became pregnant and 3 patients were non compliant) and 1 patient did not
complete all final tests. There was no statistically significant difference in the
demographic variables and clinical scores in the baseline between patients who
concluded the study and those who did not (p values > 0.05). Considering the
MMPI personality scales in the baseline, there was a statistically significant
difference in: masculinity/femininity, 47.1±7.57 vs 54.8±11.77, p=0.035;
psychasthenia 59.8±9.71 vs. 69.3±10.42, p=0.032; schizophrenia, 56.3±9.7 vs.
155
65.3±12.94, p=0.049, mean±SD, between patients who concluded the study and
those who did not, respectively.
There was no statistically significant difference between patients and
controls considering demographic data, trauma history before 18 years, 12 (30%)
vs. 13 (32.5%) p>0.999; clinical disease, 11 (27.5%) vs. 8 (20%) p=0.599 and
stressor events in the last year, 23 (57.5%) vs. 14 (35%) p=0.073, respectively.
The frequency of family history of psychiatric disease was higher among patients
compared to the control group, 35 (87.5%) vs. 24 (60%) p=0.011, respectively.
Among patients who had a stressor event in the last year (23), 15 (56.5%) related
this event to the onset of PD. Among patients, 43 had agoraphobia, 19 had co-
morbidity with generalized anxiety disorder, 12 had mild depression, 4 social
phobia, 2 dysthymia and 1 had obsessive-compulsive disorder, according to the
M.I.N.I.
The patients’ severity varied from moderate to severe (baseline CGI=4.4 +
0.87), the agoraphobia intensity scores were 6.9 + 2.82 (in a 0 to 10 scale) and the
anticipatory intensity was 8.2 +
2.60 (in a 0 to 10 scale). The HAM-A and HAM-D
scales had the following mean +
DP, respectively: 25.5±5.68 and 11±3.48. Twenty
six patients (65%) reached total remission at the end of the 16 weeks of treatment.
Personality and Severity in patients with PD
Four MMPI scales had a significant correlation with the CGI severity scale of
PD in the baseline: D (r=0.436; p=0.005); Pa (r=0.431; p=0.006); Pt (r=0.433;
p=0.005) and Sc (r=0.363; p=0.021).
156
Personality and Anxiety Symptoms
Nine of the MMPI scales presented significant positive correlations with the
baseline HAM-A scores in patients and controls: Hs (r=0.768; p<0.001), D
(r=0.666; p<0.001), Hy (r=0.702; p<0.001), Pd (r=0.368; p=0.001), Pa (r=0.521;
p<0.001), Pt (r=0.752; p<0.001), Sc (r=0.649; p<0.001); Ma (r=0.275; p=0.014)
and Si (r=0.548; p<0.001).
Personality and Defensive Style
Considering patients and controls, only the Ma scale (r=0.433; p<0.001)
correlated directly to the mature defense mechanisms. The neurotic defenses
correlated directly to: D (r=0.294; p=0.008); Pa (r=0.227; p=0.043); Pt (r=0.342;
p=0.002); Sc (r=0.384; p<0.001); Ma (r=0.362; p=0.001) and Si (r=0.311; p=0.005).
The immature defenses correlated directly to: Hs (r=0.287; p=0.010); D (r=0.358;
p=0.001); Pa (r=0.368; p=0.001); Pt (r=0.402; p<0.001); Sc (r=0.434; p<0.001); Ma
(r=0.396; p:<0.001) and Si (r=0.432; p<0.001).
Personality comparison between PD patients and controls
In the baseline
Comparing the means of the 10 MMPI clinical scales of the PD patients
(n=40) with the control group (n=40), it was observed that patients were different
from the control group in 9 out of 10 scales, presenting a significantly higher mean
in the MMPI scores on: Hs, D, Hy, Pd, Pa, Pt, Sc and Si (p<0.001), with the
exception of the Ma scale in which there was no difference (p=0.059). In the MF
scale, the controls presented higher means than the patients (p=0.014). (Figure 1)
157
Considering the neurotic triad, it was verified that 32 patients (80%) presented
pathological scores of this triad, while only 1 control subject (2.5%) had this triad
score >
70 (p<0.001). Analyzing the global MMPI, 34 patients (85%) were found to
present at least some pathological score, while only 2 control subjects (5%)
presented at least one pathological score (p<0.001).
In the PDQ-IV scales, 3 scales showed a higher frequency of personality
disorder in patients compared to controls: paranoid, OR=7.9 (CI95% 1.5 to 40.3),
p=0.01; avoidant, OR=14 (CI95% 2.7 to 71.6), p<0,001); and dependent OR=2.1
(CI95% 1.5 to 2.9), p=0.012. Comparing the presence of any personality disorder
between patients and controls, it was found that patients had a higher chance of
presenting one or more personality disorders compared to controls, OR=7.2
(CI95% 2 to 25.7), p=0.003.
In asymptomatic patients
The differences between means of each of the MMPI scores between
controls and asymptomatic patients are shown in figure 2. Remitted patients had
higher scores on scales Hs, D, Hy (neurotic triad), and Pt as compared to the
control group. Comparing the global MMPI from controls and the final global MMPI
from patients that achieved remission, it was observed that 2 controls (5%) vs 7
(26.9%) of the 26 remitted patients presented pathological personality traits
(p<0.001). Considering the neurotic triad, it was observed that 1 (2.5%) control vs.
6 (23.1%) remitted patients (p<0.001) had pathological scores.
158
In the PDQ-IV scores of the remitted patients, a higher frequency of the
avoidant personality disorder as compared to controls, OR=10.4 (CI95% 2 to 53.5),
p=0.025, was found.
Personality comparison in PD patients before and after treatment (n=40)
Analyzing the global MMPI pre and post treatment, it was observed that all
the 6 patients (25%) who did not present the pathological global MMPI in the
baseline remained in the group without pathological personality traits in the test
replication after 4 months of treatment, while out of the 34 patients (85%) who
presented a pathological global MMPI in the baseline, 16 (47.1%) remained with
pathological MMPI and 18 (52.9%) presented a non pathological global MMPI in
the end of the 4 months (p<0.001). However, of these 18 patients, 17 (94.4%)
remained in the level of high personality scores on the MMPI. Considering the
neurotic triad, it was observed that of the 32 patients (80%) that presented
pathological levels at the baseline, 12 (37.5%) continued presenting this level at
the end of treatment and 20 (62.5%) did not (p<0.001). However, of these 20
patients, 17 (85%) remained with the triad in high level. The difference found
between patients before and after treatment in terms of the mean scores of each of
the MMPI scales is found in figure 3.
In a quantitative analysis of the MMPI, it was observed that 8 out of the 10
clinical scales presented a significant reduction of values after the 4 months of
pharmacological treatment. However, the difference observed in the means
presents a small magnitude in the majority of the scales. Even considering the
scales where the higher differences between pre and post treatment means were
159
found, by dividing the T scores into pathological, high and normal, the depression
and hysteria scales remained in the class of high personality traits in MMPI; the
hypocondria scale changed from pathological to high and the psychasthenia scale
from high to normal, and all remained different from the control group. Two of the
scales (psychopathic deviation and masculinity/femininity) did not change
significantly.
None of the PDQ-IV scales changed significantly after pharmacological
treatment in the sample of patients and control subjects.
Personality and Acute Treatment Outcome
The MMPI scales were also analyzed as predictors of acute
pharmacological treatment remission. In a bi-variate analysis, 3 MMPI scales were
predictors of worse outcome: paranoia (OR=14; CI95% 1.5 to 129.2; p=0.009),
psychasthenia (OR=28; CI95% 3.1 to 252.3; p<0.001) and schizophrenia (OR=8.6;
CI95% 1.5 to 48; p=0.014). Nevertheless, controlling each variable to the
predictors already known in a multivariate analysis with age of onset, baseline CGI
and immature defenses (Kipper et al., 2007), none of the 3 MMPI scales remained
as a significant outcome predictor.
Two of the PDQ-IV personality disorders were predictors of worse outcome
in PD: paranoid (OR=6.8 CI95% 1.4 to 31.9; p=0.016) and obsessive-compulsive
(OR=7.8 CI95% 1.6 to 38.8 p=0.012). However, after controlled by the other known
predictors this effect did not remain independent.
DISCUSSION
160
In a Brazilian sample of panic patients with low rates of major psychiatric co-
morbidities, the present study identified a personality pattern characterized by
higher rates of pathological personality traits, which is different from that found in
control subjects. Most importantly, the higher and pathological traits described
were the anxious and neurotic type. It was also observed that, after the
pharmacological treatment, asymptomatic PD patients continued with a different
personality pattern compared to the control group in the anxious and neurotic
personality characteristics. They presented higher personality traits in the neurotic
triad (hypochondriasis, depression, hysteria), in psychasthenia, and in avoidant
PersD, leading to the hypothesis that these anxious patients might present a more
regressive and maladaptative personality pattern than subjects without panic
disorder. These data corroborate previous findings of higher rates of maladaptive
defense styles in these patients, as well as the presence of neuroticism (Kipper et
al. 2005; Hettema et al., 2006).
Besides, there was a significant decrease in some personality
characteristics after the pharmacological treatment in PD patients, while others
remained stable. However, most of the changes observed, even though statistically
significant, indicate only minor clinical significance. In our sample, it seems that
anxiety exacerbated an already existing high or pathological personality trait.
Based on these data it is possible to infer that these patients have a neurotic
pattern of personality (hypochondriasis, depression, hysteria, psychasthenia and
avoidant) that might be reinforced by acute symptoms, but that remain present in
their absence. Our data showed that patients might be more vulnerable to the
development of anxiety disorder or to having difficulties in coping with life events.
161
In our sample, even though there was no difference in the frequency of stressor
events in the last year between patients and controls, more than 50% of the PD
patients related the stressors to the onset of PD, suggesting a difficulty to deal with
them. This is in accordance with studies that show a psychological vulnerability
previous to PD onset (Manfro et al., 1996) and is in agreement with a recent
prospective longitudinal study that showed that a PersD in early adulthood
increases the risk for panic disorder in middle adulthood (Rocca et al., 2006).
It is difficult to evaluate PersD in patients with acute PD due to the possible
influence that the anxiety might have on the report of personality traits. This
influence is evidenced in the change of the personality scores before and after
treatment, which is in agreement with other earlier studies (Hoffart and Hedley,
1997). However, this influence was partial, given that in most patients who
presented abnormal scores in pathological or high levels, these did not change to
normal personality traits after treatment. Reich and Troughton (1988) found that
after the adjustment for other variables no effect of the anxiety state was found in
their personality measurement, while the depression state significantly affected it.
Marchesi et al. (2005) showed that the improvement of PD symptoms was related
to a normalization of paranoid traits and a reduction but persistence of avoidant
and dependent traits. The categorical division between trait and state or into Axis I
and II diagnostic criteria could be old-fashioned and can actually be considered a
spectrum that shares a common origin with overlapping symptoms and
characteristics.
In relation to the possible influence of PersD in PD treatment outcome, our
study failed to find pathological traits as predictors of worse acute response, after
162
controlling to other predictor factors, even though psychasthenic patients
presented a high risk of unachieved remission (OR=28). It is possible to consider
that the observation period of the study might be short to measure this influence.
Some studies suggest that the acute treatment outcome does not seem affected by
personality disorders, unlike the negative impact on the long-term outcome (Slaap
and den Boer, 2001). Therefore, it can be suggested that it would be more
adequate to evaluate longer follow-up periods and the clinical impact of these co-
morbidities not only through symptomatic remission but also through other aspects
of clinical relevance and morbidity such as: whether these patients keep a longer
treatment time, whether they are patients who are more predisposed to relapses
and whether they have lower occupational or social functioning, for example.
One of the limitations of the present study is that the study design does not
allow for the conclusion that these traits were really previous to PD onset. In
addition, the control group selected might not be representative of the population
and the small sample size as well as the instruments used to measure personality
may have limitations. Some authors believe that the use of self-report instruments
leads to higher rates of PersD and also influences the evaluation of the effect on
treatment outcome (Slaap and den Boer, 2001; Marchesi et al., 2006).
Finally, based on the data, we can suggest that, even though influenced by
acute panic symptoms, the personality pattern can be evaluated in these patients
because the most striking patterns remain after they have achieved remission.
Due to the chronicity of PD it is important to study factors that might be
associated with higher morbidity in order to develop more effective treatment
strategies. If some personality traits remain stable after remission, these traits may
163
be associated to further relapses. Thus additional long term follow-up studies are
necessary to evaluate remission and its association with PersD. Moreover, the
overlap in the characteristics of some anxiety disorders in Axis I and PersD in axis
II might be of clinical relevance to the patient’s diagnosis and treatment and should
be evaluated in new studies.
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167
Figure 1 - MMPI Scores between Panic Patients and Controls in the baseline
MMPI Scales
Hs D Hy Pd MF Pa Pt Sc Ma Si
MMPI Scores (10th, 25th, 50th, 75th and 90th percentile)
0
30
40
50
60
70
80
90
100
Panic Patients
Controls
Pathologic
High
Normal
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Note: White line represents mean; black line represents median and
percentiles.
Abbreviations: MMPI, Minnesota Multifasic Personality Inventory; Hs,
hypocondriasis; D, depression; Hy, hysteria; Pd, psychopathic deviate; MF,
masculinity-femininity; Pa, paranoia; Pt, pychasthenia; Sc, schizophrenia; Ma,
hypomania; Si, social introversion.
* Independent samples t test comparing means between patients and
controls; p<0.05
168
Figure 2 - MMPI Scores between Asymptomatic treated Panic Patients and Controls
MMPI Scales
Hs D Hy Pd MF Pa Pt Sc Ma Si
MMPI Scores (10th, 25th, 50th, 75th and 90th percentile)
0
30
40
50
60
70
80
90
100
Assymptomatic Panic Patients
Controls
Pathologic
High
Normal
*
*
*
*
*
Note: White line represents mean; black line represents median and
percentiles.
Abbreviations: MMPI, Minessota Multifasic Personality Inventory; Hs,
hypocondriasis;D, depression; Hy, hysteria; Pd, psychopathic deviate; MF,
masculinity-femininity; Pa, paranoia; Pt, pychasthenia; Sc, schizophrenia; Ma,
hypomania; Si, social introversion.
* Independent samples t test comparing means between asymptomatic
patients and controls; p<0.05
169
Figure 3. MMPI scores in panic patients before and after treatment.
MMPI scales
Hs D Hy Pd MF Pa Pt Sc Ma Si
Mean MMPI score (95%CI)
0
40
50
60
70
80
Before treatment
After treatment
Pathologic
High
Normal
Abbreviations: MMPI, Minnesota Multifasic Personality Inventory; Hs,
hypocondriasis; D, depression; Hy, hysteria; Pd, psychopathic deviate; MF,
masculinity-femininity; Pa, paranoia; Pt, pychasthenia; Sc, schizophrenia; Ma,
hypomania; Si, social introversion.
170
7.4 Padrão Neurótico de Personalidade em Pacientes com Transtorno do
Pânico – Antes e Depois do Tratamento*
Letícia Kipper, M.D
1
., Cláudia Wachleski
1
, Giovanni Abrahão Salum
1
, Elizeth Heldt
R.N., PhD
1
, Carolina Blaya, M.D
1
, Gisele Gus Manfro, M.D., PhD
1
.
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e Programa de Transtornos de Ansiedade, Hospital
de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil
* Artigo submetido: Journal of Personality Disorders. Fator de impacto: 1.308.
171
RESUMO
Os transtornos de personalidade podem contribuir para a cronicidade
do transtorno do pânico (TP). Existem poucos dados estudando pacientes durante
a fase assintomática do TP. Este estudo teve por objetivo avaliar os padrões de
personalidade de pacientes com pânico, antes e após o tratamento, comparados a
controles. Quarenta e sete pacientes com TP e quarenta controles foram incluídos
no estudo, avaliados por meio dos seguintes instrumentos: Mini International
Neuropsychiatric Interview, Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade,
Personality Diagnostic Interview (versão para o DSM – IV), Impressão Clínica
Global, Inventário do Pânico e Escala Hamilton-Ansiedade. Os pacientes foram
tratados com sertralina por 16 semanas e apresentaram maiores escores de
personalidade da tríade neurótica, psicastenia e traços evitativos comparados aos
controles. Após o tratamento, foi constatada uma redução de pequena magnitude
nos escores do MMPI nos pacientes assintomáticos, mas nenhuma das escalas
do PDQ-IV mudou. Os pacientes com pânico apresentam um padrão particular de
personalidade neurótico e ansioso que pode ser influenciado por sintomas agudos,
porém o padrão mais evidente de personalidade permanece na fase assintomática
e pode ser foco de pesquisa.
172
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Pânico (TP) apresenta um curso recorrente e crônico, e
uma alta taxa de pacientes apresentam remissão parcial e recaídas após anos de
tratamento (Carpiniello et al., 2002; Andersch & Hetta, 2003). A comorbidade do
TP com Transtornos de Personalidade tem recebido atenção como um fator que
pode contribuir para a cronicidade e dificuldade em tratar alguns pacientes com TP
(Pollack & Smoller, 1995).
Estudos descreveram que as taxas desta comorbidade variam de 30 a 69%,
e esta considerável variação é provavelmente devida a diferentes metodologias
empregadas e às diferenças entre as amostras avaliadas nos estudos (Dammen
et al., 2000; Latas et al., 2000; Marchesi et al., 2005; Albert et al., 2006; Marchesi
et al., 2006). Grant et al. (2005) estudaram pacientes com pânico com agorafobia,
que procuraram tratamento, constatando que a prevalência de pelo menos um
transtorno de personalidade pode alcançar um nível tão alto quanto 75%. Por
outro lado, Dyck et al. (2001) não encontraram esta associação, o que é
inconsistente com os estudos anteriores. Alguns autores descreveram como
preditores de transtorno de personalidade em pacientes com pânico: a
superproteção parental na infância, a duração do TP, a associação com
depressão e história de abuso de álcool ao longo da vida (Latas et al.,2000). Além
disso, uma maior freqüência de comorbidade de eixo II foi encontrada no TP de
início precoce (Iketani et al, 2004) e alguns autores têm observado que pacientes
com esta comorbidade possuem maior gravidade, sintomas agorafóbicos e níveis
menores de funcionamento (Ozkan & Altindag, 2005). Os transtornos de
173
personalidade mais comuns descritos em pacientes com pânico sintomáticos são:
dependente, evitativo, histriônico, obsessivo-compulsivo, borderline e paranóide
(Hoffart & Hedley, 1997; Ampollini et al., 1999; Dammen et al., 2000; Grant et al.,
2005). Alguns estudos têm descrito uma prevalência maior de transtornos de
personalidade do grupo C (ansioso) em pacientes apresentando sintomatologia
ansiosa aguda (Ampollini et al., 1999; Dammen et al., 2000). Entretanto, existem
poucos estudos no estágio assintomático do transtorno (Hoffart & Hedley, 1997),
tornando difícil avaliar quais características de personalidade encontradas nos
estudos são primárias e inerentes à personalidade do indivíduo e quais podem ser
conseqüentes a uma reorganização do seu funcionamento devido aos sintomas do
TP.
A influência da personalidade em psicopatologia tem sido amplamente
debatida, com estudos mostrando resultados controversos. O impacto dos traços
de personalidade no risco para TP e no seu tratamento, bem como a estabilidade
do diagnóstico de personalidade são ainda temas de discussões (Mennin &
Heimberg, 2000; Johnson et al., 2006). Traços e transtornos de personalidade
são, por definição, um padrão de comportamento altamente estável. Ainda assim,
nos últimos anos, alguns autores têm questionado esta estabilidade e a
possibilidade de que as características da personalidade possam ser influenciadas
por sintomas agudos e pela passagem do tempo (Seivewright et al., 2002; Rocca
et al., 2006).
Considerando a alta freqüência de comorbidade do TP e do transtorno de
personalidade e o fato de que ambos tendem a ter um curso crônico, o possível
impacto clínico desta associação torna-se importante. Também, a maneira pela
174
qual os traços de personalidade podem estar relacionados ao TP precisa ser
estudado, uma vez que a personalidade pode ser vista como um fator de
vulnerabilidade/predisposição para transtornos de eixo I; como conseqüência de
um transtorno de eixo I de longo duração ou de início precoce; como compondo
um espectro com a ansiedade, compartilhando uma etiologia genética e/ou
ambiental comum; ou como tendo uma etiologia independente, mas como um fator
que modifica a sintomatologia de eixo I e/ou seja modificada por sintomas agudos
(Ozkan & Altindag, 2005; Brandes & Bienvenu, 2006; Hettema et al., 2006;
Johnson et al., 2006).
O objetivo do presente estudo exploratório foi avaliar os traços de
personalidade utilizados por pacientes adultos com TP, antes e depois do
tratamento farmacológico, comparados a um grupo controle, bem como determinar
sua associação com a gravidade do TP e suas implicações nos resultados de
tratamento agudo.
MÉTODOS
Participantes
O estudo foi realizado com pacientes que procuraram atendimento no
Programa de Transtornos de Ansiedade (PROTAN) do Serviço de Psiquiatria do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil, ou que foram diretamente
selecionados para a pesquisa. Através de amostragem consecutiva, foram
incluídos no estudo pacientes acima de 18 anos de idade, que preenchiam
critérios diagnósticos do DSM-IV para TP e que apresentavam ansiedade
antecipatória e sintomas evitativos, pelo menos dois ataques de pânico no último
175
mês e não estivessem sob qualquer tratamento (farmacoterapia ou psicoterapia)
nos últimos quatro meses. O grupo controle foi constituído por voluntários normais,
funcionários do HCPA que não preenchiam critérios diagnósticos para transtornos
psiquiátricos de eixo I.
Os pacientes com TP foram selecionados para receber tratamento
farmacológico com sertralina, um inibidor seletivo da recaptação da serotonina
efetivo no TP (Rapaport et al., 2001). A dose inicial foi de 25mg/d na primeira
semana, aumentando até 150mg/d até a remissão sintomática ou ocorrência de
efeitos adversos importantes na avaliação clínica. O clonazepam também poderia
ser utilizado quando considerado necessário. O tratamento foi realizado durante
16 semanas e os pacientes com TP foram avaliados na linha de base e durante o
período de tratamento nas semanas 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 e 16. O grupo controle
foi avaliado na linha de base e após 16 semanas.
Não foram incluídos no estudo pacientes apresentando retardo mental,
demência ou outra síndrome cerebral orgânica, dependência ao álcool ou outras
substâncias, transtornos psicóticos, doença crônica debilitante ou depressão maior
moderada a grave (Escala Hamilton >
17). Dois dos indivíduos-controles avaliados
foram excluídos pelas escalas de validação do MMPI.
Todos os pacientes e controles assinaram um consentimento informado
antes de participar da pesquisa, a qual foi previamente aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa do HCPA. Parte da amostra já foi descrita em estudos
anteriores (Kipper et al. 2005; Kipper et al. 2007).
Instrumentos
176
Os pacientes com TP e o grupo controle foram avaliados por psiquiatras
treinados antes de ingressarem no estudo por meio de uma entrevista clínica e do
Mini International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I.) – Versão Brasileira 5.0.0 –
DSM IV, uma entrevista diagnóstica padronizada e estruturada que avalia os
principais transtornos psiquiátricos de eixo I de acordo com os critérios do DSM-IV
(Amorim, 2000).
As características de personalidade foram avaliadas utilizando o Inventário
Multifásico Minnesota de Personalidade (M.M.P.I.) e o Personality Diagnostic
Questionnaire – versão para o DSM-IV (P.D.Q.- IV)
O M.M.P.I. foi aplicado e analisado por uma psicóloga treinada, em duas
entrevistas de cerca de 60 minutos, realizadas antes e após as 16 semanas do
tratamento, no caso dos pacientes com TP, e no basal no grupo controle. O
M.M.P.I. é um instrumento amplamente utilizado na clínica e na pesquisa,
traduzido para o Português através de uma padronização e adaptação Brasileira
do inventário. Contém 566 perguntas (do tipo certo ou errado) e classifica 10
escalas clínicas de traços de personalidade: hipocondria (Hs), depressão (D),
histeria (Hy), desvio psicopático (Pd), masculinidade – feminilidade (MF), paranóia
(Pa), psicastenia (Pt), esquizofrenia (Sc), hipomania (Ma) e introversão –
extroversão (Si). Também apresenta quatro escalas de validade – dúvida, mentira,
erro e correção/defesas – que avaliam a atitude relacionada ao inventário e
determina a validade das escalas clínicas. De acordo com a classificação de
Hathaway, os escores do M.M.P.I. foram definidos como patológicos (>
70), altos
(de 55 a 69) e normais ou baixos (<
54). Escores maiores que 70 em qualquer
uma das escalas clínicas foram considerados M.M.P.I. global patológico e valores
177
menores que 70 foram considerados M.M.P.I. global não-patológico. Escores do
M.M.P.I. maiores ou menores que 70 em qualquer uma das escalas Hs, D e Hy
foram considerados como tríade neurótica patológica ou não patológica,
respectivamente (coeficiente de correlação intraclasse = 0.891, p<0.001)
(Hathaway & McKinley, 1971; Cunha, 2003).
O PDQ-IV é um questionário auto-aplicado que contém 85 questões (do tipo
verdadeiro ou falso), aplicado antes e depois das 16 semanas nos pacientes e no
grupo controle. Este instrumento é utilizado no rastreamento de transtornos de
personalidade de acordo com os critérios diagnósticos do DSM-IV. Avalia 10
transtornos de personalidade do eixo II (paranóide, esquizotípico, esquizóide,
histriônico, narcisista, borderline, anti-social, evitativo, dependente e obsessivo-
compulsivo), bem como outros dois (passivo-agressivo e depressivo). Um escore
total no PDQ – IV >
30 indica alta probabilidade de transtorno de personalidade. O
PDQ-IV possui alta sensibilidade e moderada especificidade para transtornos de
personalidade (Hyler et al., 1990; Dammen et al., 2000).
A resposta ao tratamento farmacológico e a gravidade da doença foram
determinados pelas seguintes escalas, aplicadas antes e depois do tratamento em
pacientes com TP: Inventário do Pânico, Impressão Clínica Global, Escala
Hamilton – Ansiedade e Escala Hamilton – Depressão. Estas escalas foram
também aplicadas durante o tratamento dos pacientes nas semanas 0, 1, 2, 4, 6,
8, 10, 12, 14 e 16. No grupo controle, as escalas Hamilton – Ansiedade e Hamilton
– Depressão foram aplicadas na linha de base (inclusão no estudo) e após um
período de 16 semanas. O Inventário do Pânico é um instrumento que classifica
os ataques de pânico como espontâneos, situacionais, completos ou incompletos.
178
Também avalia a intensidade dos ataques (medida em uma escala de 0 a 10),
duração (minutos) e freqüência, e a gravidade da agorafobia e da ansiedade
antecipatória (medidas em uma escala de 0 a 10) (Kipper et al., 2005; Heldt et al.,
2006; Kipper et al., 2007). Foi utilizada uma versão pânico-específica do CGI
(Impressão Clínica Global). O CGI determina a gravidade global do TP, com
escores variando entre 1 (normal, sem doença) a 7 (extremamente doente), de
acordo com a freqüência e a intensidade dos ataques de pânico, nível de
ansiedade antecipatória, grau de evitação fóbica e prejuízo no funcionamento
(familiar, social e ocupacional) (Guy, 1976). Consistente com estudos anteriores, o
critério para a remissão total dos sintomas foi: CGI <
2 e ausência de ataques de
pânico no final do tratamento (Pollack et al., 2002; Kipper et al., 2005; Heldt et al.,
2006; Kipper et al., 2007).
Os dados demográficos e outros dados clínicos (idade de início, duração do
TP, história familiar, doenças clínicas, eventos estressores, história de trauma)
foram coletados utilizando uma entrevista clínica estruturada desenvolvida
especificamente para este estudo. A comorbidade foi avaliada pelo M.I.N.I. e os
mecanismos de defesa foram avaliados pelo DSQ-40 (Defense Style
Questionnaire) (Bond et al., 1983; Blaya et al., 2007). Estes dados foram descritos
em estudo anterior (Kipper et al., 2007).
Análise Estatística
O tamanho da amostra foi baseado em estudo anterior, com um valor alfa
de 0,05 e um poder de 80%, resultando em 40 pacientes e 40 controles. Os dados
são apresentados como freqüência (porcentagem), mediana (amplitude
interquartil) e média (desvio padrão). Os testes Kolmogorov-smirnov e Levene
179
foram utilizados para avaliar a distribuição Gaussiana e a homocedasticidade,
respectivamente.
As variáveis clínicas e sócio-demográficas foram analisadas através do
teste t para amostras independentes. Variáveis categóricas foram analisadas
através dos testes qui-quadrado (com e sem correção de Yates) e teste exato de
Fisher. A fim de correlacionar as escalas de personalidade medidas pelo MMPI
com os escores do CGI e HAM-A foi utilizada a correlação de Pearson. A
comparação entre os escores médios basais dos pacientes e controles e
pacientes assintomáticos e controles foi realizada pelo teste t para amostras
independentes. A comparação entre pacientes antes e após o tratamento foi
realizada através do teste t para amostras pareadas. A percentagem de pacientes
com ou sem MMPI global patológico e tríade neurótica patológica antes e depois
do tratamento foi analisada pelo teste de McNemar. Quando suposições
simétricas foram quebradas, testes não-paramétricos foram utilizados. A fim de
avaliar preditores de resposta, uma análise bi-variada foi feita com todas as
escalas do MMPI e PDQ independentemente. As variáveis que foram
significativamente associadas ao resultado foram controladas por outras variáveis,
que significativamente foram preditores de remissão à sertralina, descritos
previamente. (Kipper et al, 2007). Para analisar as diferenças nos escores basais
do MMPI entre pacientes e controles, entre pacientes assintomáticos depois do
tratamento e controles, bem como entre pacientes antes e após tratamento
psicofarmacológico, somente os pacientes que completaram o estudo (n=40)
foram incluídos na análise dos dados. Para analisar os preditores de resposta à
sertralina, todos os 47 pacientes que entraram no estudo foram incluídos em uma
180
análise intent-to-treat utilizando last observation carried forward. Em relação à
análise do PDQ entre pacientes antes e depois do tratamento, 33 pacientes foram
avaliados e somente as escalas válidas, de acordo com o critério de validade
desta escala, foram incluídas (avaliação na linha de base: 24 controles e 33
pacientes; avaliação final: 21 e 18, respectivamente). Toda a análise estatística foi
realizada com o SPSS 14.0, e foram utilizados α=0,05 e intervalo de confiança de
95%.
RESULTADOS
Dados Clínicos e Demográficos
Quarenta e sete pacientes com TP e quarenta controles foram incluídos no
estudo. Dos 47 pacientes, 6 interromperam o tratamento antes da décima sexta
semana (2 por efeitos adversos, 1 gravidez e 3 pacientes por não-adesão) e 1
paciente não completou todos os testes finais. Não foi constatada diferença
estatisticamente significativa nas variáveis demográficas e clínicas na linha de
base entre pacientes que concluíram e não concluíram o estudo (valores p >
0,05). Considerando as escalas de personalidade do MMPI na linha de base,
houve diferença estatisticamente significativa em: masculinidade/feminilidade,
47,1±7,57 vs. 54,8±11,77, p=0,035; psicastenia 59,8±9,71 vs. 69,3±10,42,
p=0,032; esquizofrenia, 56,3±9,7 vs. 65,3±12,94, p=0,049, média±DP, entre
pacientes que concluíram e que não concluíram o estudo, respectivamente.
Não houve diferença estatisticamente significativa entre pacientes e
controles considerando dados demográficos; história de trauma antes dos 18
anos, 12 (30%) vs. 13 (32,5%) p>0,999; doença clínica, 11 (27,5%) vs. 8 (20%)
181
p=0,599; e eventos estressores no ano anterior, 23 (57,5%) vs. 14 (35%) p=0,073,
respectivamente. A freqüência de história familiar de doença psiquiátrica foi maior
nos pacientes do que no grupo controle, 35 (87,5%) vs. 24 (60%) p=0,011,
respectivamente. Entre os pacientes que apresentaram eventos estressores no
ano anterior (23), 15 (56,5%) relacionaram este evento ao início do TP. Entre os
pacientes, 43 apresentaram agorafobia, 19 tinham comorbidade com transtorno de
ansiedade generalizada, 12 com depressão leve, 4 fobia social, 2 distimia e 1
transtorno obsessivo - compulsivo, de acordo com o M.I.N.I.
A gravidade dos pacientes variou de moderada à grave (CGI basal=4,4 +
0,87), os escores da intensidade da agorafobia foram 6,9 + 2,82 (em uma escala
de 0 a 10) e da ansiedade antecipatória de 8,2 + 2,60 (em uma escala de 0 a 10).
As escalas HAM-A e HAM-D apresentaram as seguintes médias + DP,
respectivamente: 25,5±5,68 e 11±3,48. Vinte e seis pacientes (65%) alcançaram
remissão total no final do período de 16 semanas de tratamento.
Personalidade e Gravidade em pacientes com TP
Quatro escalas do MMPI apresentaram uma correlação significativa com a
escala de gravidade CGI na linha de base: D (r=0,436; p=0,005); Pa (r=0,431;
p=0.006); Pt (r=0,433; p=0,005) e Sc (r=0,363; p=0,021).
Personalidade e Sintomas de Ansiedade
Nove das escalas do MMPI apresentaram correlações positivas
significativas com os valores da linha de base de HAM-A em pacientes e
controles: Hs (r=0,768; p<0,001), D (r=0,666; p<0,001), Hy (r=0,702; p<0,001), Pd
182
(r=0,368; p=0,001), Pa (r=0,521; p<0,001), Pt (r=0,752; p<0,001), Sc (r=0,649;
p<0,001); Ma (r=0,275; p=0,014) e Si (r=0,548; p<0,001).
Personalidade e Estilo Defensivo
Considerando pacientes e controles, somente a escala Ma (r=0,433;
p<0,001) correlacionou-se de forma direta aos mecanismos de defesa maduros.
As defesas neuróticas correlacionaram-se diretamente com: D (r=0,294; p=0,008);
Pa (r=0,227; p=0,043); Pt (r=0,342; p=0,002); Sc (r=0,384; p<0,001); Ma (r=0,362;
p=0,001) e Si (r=0,311; p=0,005). As defesas imaturas correlacionaram-se
diretamente com: Hs (r=0,287; p=0,010); D (r=0,358; p=0,001); Pa (r=0,368;
p=0,001); Pt (r=0,402; p<0,001); Sc (r=0,434; p<0,001); Ma (r=0,396; p<0,001) e
Si (r=0,432; p<0,001).
Comparação de Personalidade entre pacientes com TP e controles
Na linha de base
Comparando as médias das 10 escalas clínicas do MMPI dos pacientes
com TP (n=40) com o grupo controle (n=40), observou-se que os pacientes são
diferentes do grupo controle em 9 das 10 escalas, apresentando médias
significativamente maiores nos escores do MMPI em: Hs, D, Hy, Pd, Pa, Pt, Sc e
Si (p<0,001), com exceção da escala Ma em que não houve diferença (p=0,059).
Na escala MF, os controles apresentaram médias maiores do que os pacientes
(p=0,014). (Figura 1) Considerando a tríade neurótica, verificou-se que 32
pacientes (80%) apresentaram escores patológicos desta tríade, enquanto
somente 1 indivíduo-controle (2,5%) obteve escores desta tríade >
70 (p<0,001).
183
Analisando o MMPI global, 34 pacientes (85%) apresentaram pelo menos algum
escore patológico, enquanto somente 2 indivíduos-controles (5%) apresentaram
pelo menos um escore patológico (p<0,001).
Nas escalas do PDQ-IV, 3 escalas mostraram uma freqüência maior de
transtorno de personalidade em pacientes comparados aos controles: paranóide,
OR=7,9 (IC95% 1,5 a 40,3), p=0,01; evitativo, OR=14 (IC95% 2,7 a 71,6),
p<0,001; e dependente OR=2,1 (IC95% 1,5 a 2,9), p=0,012. Comparando a
presença de qualquer transtorno de personalidade entre pacientes e controles,
constatou-se que pacientes tiveram uma chance maior de apresentar um ou mais
transtornos de personalidade comparado aos controles, OR=7,2 (IC95% 2 a 25,7),
p=0,003.
Em pacientes assintomáticos
As diferenças entre as médias de cada escore das escalas do MMPI entre
controles e pacientes assintomáticos são mostradas na figura 2. Pacientes em
remissão apresentaram escores maiores nas escalas Hs, D, Hy (tríade neurótica),
e Pt comparados ao grupo controle. Comparando o MMPI global dos controles e o
MMPI global final de pacientes que atingiram remissão, observou-se que 2
controles (5%) vs. 7 (26,9%) dos 26 pacientes em remissão apresentaram traços
de personalidade patológica (p<0,001). Considerando a tríade neurótica, foi
observado que 1 (2,5%) controle vs. 6 (23,1%) pacientes em remissão (p<0,001)
apresentaram escores patológicos.
184
Nos escores do PDQ-IV dos pacientes em remissão, encontrou-se uma
freqüência maior de transtorno de personalidade evitativa comparada ao grupo
controle, OR =10,4 (IC95% 2 a 53,5), p=0,025.
Comparação de Personalidade em pacientes com TP antes e depois do
tratamento (n=40)
Analisando o MMPI global pré e pós-tratamento, observou-se que todos os
6 pacientes (25%) que não apresentavam o MMPI global patológico na linha de
base permaneceram no grupo sem traços de personalidade patológica na
reaplicação do teste após 4 meses de tratamento, enquanto que dos 34 pacientes
(85%) que apresentavam MMPI global patológico na linha de base, 16 (47,1%)
permaneceram com MMPI patológico e 18 (52,9%) apresentaram MMPI global
não-patológico no final dos 4 meses (p<0,001). Entretanto, destes 18 pacientes,
17 (94,4%) permaneceram no nível de escores altos de personalidade no MMPI.
Considerando a tríade neurótica, foi observado que dos 32 pacientes (80%) que
apresentavam níveis patológicos na linha de base, 12 (37,5%) continuaram a
apresentar o mesmo nível no final do tratamento e 20 (62,5%) não (p<0,001).
Entretanto, destes 20 pacientes, 17 (85%) permaneceram com a tríade no nível
alto. A diferença encontrada entre pacientes antes e depois do tratamento em
termos de escores médios de cada escala do MMPI é apresentada na figura 3.
Em uma análise quantitativa do MMPI, observou-se que 8 das 10 escalas
clínicas apresentaram uma redução significativa nos valores após os 4 meses de
tratamento farmacológico. Entretanto, a diferença observada nas médias
apresenta uma magnitude pequena na maioria das escalas. Mesmo considerando
185
as escalas onde as maiores diferenças entre as médias pré e pós-tratamento
foram encontradas, dividindo os escores T em patológico, alto e normal, as
escalas depressão e histeria permaneceram na classe de traços altos de
personalidade no MMPI; a escala hipocondria modificou-se de patológica para alta
e a escala psicastenia de alta para normal, sendo que todas permaneceram
diferentes do grupo controle. Duas das escalas (desvio psicopático e
masculinidade/feminilidade) não apresentaram mudanças significativas.
Nenhuma das escalas do PDQ-IV mudou significativamente após o
tratamento farmacológico nas amostras de pacientes e controles.
Personalidade e Resposta Aguda ao Tratamento
As escalas do MMPI foram também analisadas como preditoras de
remissão ao tratamento farmacológico agudo. Em uma análise bi-variada, 3
escalas do MMPI foram preditoras de pior resultado: paranóia (OR=14; IC95% 1,5
a 129,2; p=0,009), psicastenia (OR=28; IC95% 3,1 a 252,3; p<0,001) e
esquizofrenia (OR=8,6; IC95% 1,5 a 48; p=0,014). No entanto, controlando cada
variável para os preditores já conhecidos, em uma análise multivariada, com idade
de início, CGI basal e defesas imaturas (Kipper et al., 2007), nenhuma das 3
escalas do MMPI permaneceu como preditora significativa de resposta.
Dois dos transtornos de personalidade do PDQ-IV foram preditores de pior
resultado: paranóide (OR=6,8 IC95% 1,4 a 31,9; p=0,016) e obsessivo-compulsiva
(OR=7,8 IC95% 1,6 a 38,8 p=0,012). Entretanto, após controlado pelos outros
preditores conhecidos, este efeito não permaneceu independente.
186
DISCUSSÃO
O presente estudo identificou, em uma amostra de pacientes brasileiros
com pânico e baixas taxas de comorbidades psiquiátricas maiores, um padrão de
personalidade caracterizado por taxas maiores de traços de personalidade
patológicos, diferente daquele encontrado no grupo controle. O mais importante,
contudo, é que os traços mais altos e patológicos descritos foram do tipo ansioso
e neurótico. Também foi observado que, após o tratamento farmacológico,
pacientes com TP assintomáticos mantiveram-se com um padrão de
personalidade diferente, comparados ao grupo controle, nas características de
personalidade ansiosa e neurótica. Os pacientes apresentaram maiores traços de
personalidade da tríade neurótica (hipocondria, depressão, histeria), de
psicastenia, e de transtorno de personalidade evitativa, levando à hipótese de que
estes pacientes ansiosos possam apresentar um padrão de personalidade mais
regressivo e maladaptativo do que indivíduos sem TP. Estes dados corroboram
achados anteriores de maiores taxas de estilos defensivos maladaptativos nestes
pacientes, bem como a presença de neuroticismo (Kipper et al. 2005; Hettema et
al., 2006).
Além disso, foi constatada uma diminuição significativa em algumas
características de personalidade após o tratamento farmacológico em pacientes
com TP, enquanto outras permaneceram estáveis. Entretanto, a maioria das
mudanças observadas, mesmo que com significância estatística, indica somente
uma significância clínica menor. Em nossa amostra, parece que a ansiedade
exacerbou traços de personalidade altos ou patológicos já existentes.
187
Com base nestes dados, é possível inferir que estes pacientes apresentam
um padrão neurótico de personalidade (hipocondria, depressão, histeria,
psicastenia e evitativo) que pode ser reforçado por sintomas agudos, mas que
permanece presente na sua ausência. Nossos dados mostraram que é possível
que pacientes possam ser mais vulneráveis ao desenvolvimento de transtorno de
ansiedade ou a uma maior dificuldade em lidar com eventos de vida. Em nossa
amostra, embora não tenha havido diferença na freqüência de eventos
estressores no ano anterior entre pacientes e controles, mais de 50% dos
pacientes relacionaram os estressores ao início do TP, sugerindo uma dificuldade
em lidar com estes. Isso está de acordo com estudos que mostram uma
vulnerabilidade psicológica prévia ao início do TP (Manfro et al., 1996) e com um
recente estudo longitudinal prospectivo que mostrou que um transtorno de
personalidade na idade de adulto jovem aumenta o risco para transtorno do pânico
na idade adulta média (Rocca et al., 2006).
A avaliação de transtorno de personalidade em pacientes com TP agudo é
difícil devido a possível influência que a ansiedade possa ter no relato dos traços
de personalidade. A influência é evidenciada na mudança dos escores de
personalidade antes e depois do tratamento, o que está de acordo com outros
estudos prévios (Hoffart & Hedley, 1997). Entretanto, esta influência foi parcial,
dado que na maioria dos pacientes que apresentaram escores anormais em níveis
altos ou patológicos estes não se modificaram para traços normais de
personalidade após o tratamento. Reich e Troughton (1988) constataram que,
após o ajuste para outras variáveis, nenhum efeito do estado de ansiedade foi
encontrado em suas medidas de personalidade, enquanto o estado de depressão
188
as afetou significativamente. Marchesi et al. (2005) mostrou que a melhora dos
sintomas do TP estava relacionada a uma normalização de traços paranóides e a
redução, mas persistência, de traços dependentes e evitativos. A divisão
categórica entre traço e estado ou entre critérios diagnósticos de Eixo I e II pode
ser ultrapassada e pode ser considerada na verdade um espectro que compartilha
uma origem comum com sintomas e características que se sobrepõem.
Em relação à possível influência do transtorno de personalidade nos
resultados do tratamento do TP, nosso estudo não encontrou traços patológicos
como preditores de pior resposta aguda, após o controle para outros fatores
preditores, embora os pacientes psicastênicos tenham apresentado um alto risco
de não atingir remissão (OR=28). É possível considerar que o período de
observação do estudo possa ter sido curto para medir esta influência. Alguns
estudos sugerem que os resultados de tratamentos agudos não parecem ser
afetados por transtornos de personalidade, diferente do impacto negativo no
resultado em longo prazo (Slaap & den Boer, 2001). Pode ser sugerido, portanto,
que seria mais adequado avaliar um período de seguimento mais longo e o
impacto clínico destas comorbidades não somente através da remissão
sintomática, mas também através de outros aspectos de relevância clínica e
morbidade como, por exemplo: se estes pacientes se mantêm em um período de
tratamento mais longo, se são pacientes que estão mais predispostos a recaídas e
se possuem funcionamento ocupacional ou social piores.
Uma das limitações do presente estudo é que o seu delineamento do
estudo não permite concluir se estes traços são realmente anteriores ao início do
TP. Além disso, o grupo controle selecionado pode não ser representativo da
189
população, e o tamanho pequeno da amostra, bem como os instrumentos
utilizados para medir personalidade, podem trazer limitações. Alguns autores
acreditam que o uso de instrumentos de auto-relato leva a maiores taxas de
transtornos de personalidade e também pode influenciar na avaliação do efeito no
resultado do tratamento (Slaap & den Boer, 2001; Marchesi et al., 2006).
Finalmente, com base nos dados, podemos sugerir que, mesmo que
influenciado por sintomas agudos do pânico, o padrão de personalidade pode ser
avaliado nestes pacientes, uma vez que os traços mais marcantes permanecem
após atingir remissão.
Devido a cronicidade do TP é importante estudar fatores que possam estar
associados com maior morbidade, a fim de desenvolver estratégias de tratamento
mais efetivas. Se alguns traços de personalidade permanecem estáveis após a
remissão, estes podem estar associados a futuras recaídas. Desta maneira,
estudos adicionais de seguimento em longo prazo são necessários para avaliar a
remissão e sua associação com os transtornos de personalidade. Além disso, a
sobreposição nas características de alguns transtornos de ansiedade no eixo I e
transtorno de personalidade no eixo II pode ser de relevância clínica ao
diagnóstico e tratamento dos pacientes e deve ser avaliado em novos estudos.
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194
Nota: Linha branca representa média; linha preta representa mediana; extremos da caixa
representam os percentis. MMPI, Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade; Hs,
hipocondria; D, depressão; Hy, histeria; Pd, desvio psicopático; MF, masculinidade-feminilidade;
Pa, paranóia; Pt, psicastenia; Sc, esquizofrenia; Ma, hipomania; Si, introversão-extroversão. *
Teste t para amostras independentes comparando médias entre pacientes e controles; p<0,05.
Figura 1 - Escores doMMPI entre pacientes com TP e controles na linha de bas
e
Escalas do MMPI
Hs D Hy Pd MF Pa Pt Sc Ma Si
Escores do MMPI (P10, p25, p50, p75 e p90)
0
30
40
50
60
70
80
90
100
Pacientes com TP
Controles
Patológico
Alto
Normal
*
*
*
*
*
*
*
*
*
195
Nota: Linha branca representa média; linha preta representa mediana; extremos da caixa
representam os percentis. MMPI, Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade; Hs,
hipocondria; D, depressão; Hy, histeria; Pd, desvio psicopático; MF, masculinidade-feminilidade;
Pa, paranóia; Pt, psicastenia; Sc, esquizofrenia; Ma, hipomania; Si, introversão-extroversão. *
Teste t para amostras independentes comparando médias entre pacientes com TP assintomático e
controles; p<0,05.
Figura 2 - Escores do MMPI entre pacientes com TP Assintomático e Controles
Escalas do MMPI
Hs D Hy Pd MF Pa Pt Sc Ma Si
Escores do MMPI (p10, p25, p50, p75 e p90)
0
30
40
50
60
70
80
90
100
Pacientes com TP Assintomático
Controles
Patológico
Alto
Normal
*
*
*
*
*
196
Figura 3. Escores do MMPI em pacientes com TP antes e depois do
tratamento.
Abreviações: MMPI, Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade; Hs, hipocondria;
D, depressão; Hy, histeria; Pd, desvio psicopático; MF, masculinidade-feminilidade; Pa, paranóia;
Pt, psicastenia; Sc, esquizofrenia; Ma, hipomania; Si, introversão-extroversão.
Escalas do MMPI
Hs D Hy Pd MF Pa Pt Sc Ma Si
Média dos escores MMPI (IC 95%)
0
40
50
60
70
80
Antes do tratamento
Depois do tratamento
Patológico
Alto
Normal
197
7.5 The impact of personality traits on remission of panic disorder: a 2-year
naturalistic follow-up
Versão em inglês
7.6 O impacto dos traços de personalidade na remissão do transtorno do
pânico: um estudo de seguimento naturalístico de 2 anos
Versão em português
198
7.5 The impact of personality traits on remission of panic disorder: a 2-year
naturalistic follow-up*
Letícia Kipper, M.D.,
1
Giovanni Abrahão Salum,
1
Cláudia Wachleski,
1
Elizeth Heldt
R.N., PhD,
1
Carolina Blaya, M.D.,
1
Gisele Gus Manfro, M.D., PhD
1
1
Post-Graduate Program in Medical Science: Psychiatry, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul and Anxiety Disorder Program, Hospital de Clínicas de Porto
Alegre, Porto Alegre, Brazil
Gisele Gus Manfro (corresponding author), MD, PhD
Postal address: Luis Manoel Gonzaga 630/11 CEP: 90470-280 – Porto Alegre, RS,
Brazil
Telephone and fax numbers: 55 51 33309272 or 55 51 33289234
Short title: Personality and long-term follow-up in panic
Keywords: panic disorder, long-term, personality, sertraline, course.
*Artigo submetido: Depression and Anxiety. Fator de impacto: 2,549.
199
ABSTRACT
OBJECTIVE: The objectives of this naturalistic study were to evaluate the
symptoms in panic disorders (PD) patients two years after they received
pharmacological treatment and also verify if personality was associated with
remission. METHOD: A 2-year naturalistic study was performed with PD patients
who had participated in an open trial with sertraline. Patients were reevaluated two
years after the 4-month intervention period. Patients were assessed with the Mini
International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I.), the Minnesota Multiphasic
Personality Inventory (M.M.P.I.), and the Temperament and Character Inventory
(TCI). The symptomatic status and the severity were determined through Panic
Inventory, Clinical Global Impression and Hamilton Scale – Anxiety. RESULTS:
Patients improved in the 4-month and in the 2-year follow-up as compared to
baseline scores. However, 37% showed no remission in the 2-year evaluation and
74% of the patients remained in treatment. Higher scores on the introversion-
extraversion and in the novelty seeking scale were significantly associated with a
higher chance to remain in treatment. Use of neurotic defenses and the
temperament novelty seeking and harm avoidance were associated with poorer
outcome in the 2-year follow-up, while the character trait of self-directedness was
higher in patients who remitted. CONCLUSION: PD has good acute response after
pharmacological treatment, and chronicity might be related to more persistent
aspects of the patient’s personality and functioning.
200
INTRODUCTION
Panic Disorder (PD) is considered a chronic disorder because patients might
present relapses, partial remission or nonremission after years of treatment.
Follow-up studies suggest that only 30% of patients become asymptomatic after 6
to 10 years of treatment, while 40 to 50% improve but remain symptomatic, and 20
to 30% show no changes or get even worse as compared to the baseline scores
(APA, 1994; Pollack et al. 1990; Faravelli et al., 1995; Starcevic and Uhlenhuth,
1998; Pollack and Marzol, 2000; Carpiniello et al., 2002). A 15-year follow-up study
corroborated these data and described that only 18% of PD patients achieved
complete remission, 13% were better but still on medication, 51% had recurrent
panic attacks, and 18% still met diagnostic criteria for PD (Andersch and Hetta,
2003). A very recent and longer follow-up study, with a mean length from treatment
onset of 47 years, also showed that PD tends to be chronic and that after several
decades, patients improve in relation to the number of panic attacks but most
continue with residual symptoms (Rubio and Lopez-Ibor, 2007). Due to these
nonremission rates, it is important to study the factors that might be associated
with chronicity in order to investigate more effective treatment strategies (Starcevic
and Uhlenhuth, 1998).
Several factors have been associated with PD worse morbidity and
outcome, such as severity, agoraphobia, comorbidity with other anxiety,
depression and substance abuse disorders, duration of illness, unemployment,
recent visits to emergency rooms, low socioeconomic status, medical
comorbidities, psychodynamic factors, and childhood anxiety disorders (Pollack et
al., 1990; Pollack and Smoller, 1995; Marshall, 1996; Lecrubier, 1998; Starcevic
201
and Uhlenhuth, 1998; Pollack et al., 2000; Slaap and den Boer, 2001 Roy-Byrne et
al., 2003; Heldt et al., 2006; Marchesi et al., 2006).
Personality disorder (PersD) has also been considered a predictor of
chronicity (Pollack and Smoller, 1995). Some studies found a deleterious influence
in the outcome of standard treatments (Noyes et al., 1990; Pollack et al. 1990;
Reich, 1990, 1991; Pollack et al., 1992; Black et al., 1994; Ito et al., 1995; Mennin
and Heimberg, 2000; Slaap and den Boer, 2001; Berger et al., 2004), while others
showed no influence (Clair et al., 1992; Marchand and Wapler, 1993; Dressen et
al., 1994; Dressen et al., 1998; Hofmann et al., 1998; Massion et al., 2002; Reich,
2003). There is paucity of data regarding which PersD would affect the patients
with PD. Reich (1988, 1990) found that paranoid, borderline, antisocial, histrionic,
and narcissistic traits had negative correlations with global outcome, but that
spontaneous attacks were not affected by personality. Hoffart and Hedley (1997)
showed that dependent traits at pretreatment were associated with less
improvement in a 6-week agoraphobia-focused therapy. In another study, the
avoidant personality disorder affected treatment response of PD patients, since
their response was poorer and especially slower (Berger et al., 2004). One study
found that PD patients who presented specifically borderline personality disorder
showed the lowest rates of remission after one year of pharmacotherapy, while the
other traits showed no influence (Marchesi et al, 2006).
Most studies considered only acute evaluation of PersD in PD, and there are
few long-term follow-up studies regarding this issue. Moreover, we found no
Brazilian studies in our search, as well as no naturalistic study after an acute
treatment with sertraline.
202
The objectives of the present naturalistic study were to evaluate PD
symptomatology two years after pharmacological treatment and to determine if
personality traits are associated with remission in a long-term follow-up.
METHODS
Study Design and Subjects
A 2-year naturalistic longitudinal study was performed with patients who
had participated in an open trial with sertraline. These patients were recruited by
local media advertisement or clinical referrals to the anxiety disorders outpatient
program (PROTAN) of the Psychiatry Service of Hospital de Clínicas de Porto
Alegre (HCPA), Brazil. The inclusion criteria were: meeting DSM-IV diagnostic
criteria for PD, being older than 18 years of age, having anticipatory anxiety and
avoidance symptoms, having had at least two panic attacks in the previous month,
and being free of psychiatric treatment (pharmacotherapy or psychotherapy) over
the previous 4 months. Patients who presented mental retardation, organic brain
syndrome, alcohol or other substance dependence, psychotic disorders, disabling
chronic disease or moderate to severe major depression (Hamilton depression
scale > 17) were excluded. Out of 50 patients who met DSM-IV PD diagnostic
criteria, 47 were included in the study. Two PD patients refused participation and
one did not meet the inclusion criteria.
All patients signed an informed consent before participating in this research,
which was previously approved by the Research Ethics Committee of HCPA. Part of
the sample was already described in previous studies that analyzed other outcome
predictors (Kipper et al. 2007).
203
Intervention Period
Patients received pharmacological treatment with sertraline for 4 months,
in an open trial, with the initial dose of 25 mg/d in the first week, increasing to up to
150 mg/d according to clinical evaluation, until symptomatic remission or
occurrence of important adverse effects. Clonazepam was used when necessary
(Pollack and Marzol, 2000; Pollack et al., 2000; Rapaport et al., 2001). During this
intervention period, patients were evaluated in the baseline and every two weeks
during 4 months.
Observational Period
Patients were reevaluated two years after intervention period with a clinical
interview that questioned about: presence of treatment (pharmacological or
psychotherapy), PD symptoms (Panic Inventory, Clinical Global Impression and
Hamilton Scale – Anxiety), stressor events and Temperament and Character
Inventory, described below.
Instruments
Previously to their inclusion in the study, patients were evaluated with a
clinical interview and the Mini International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I.) –
Brazilian version 5.0.0 – DSM IV, a standardized and structured diagnostic
interview that evaluates the main axis I psychiatric disorders according to the DSM-
IV criteria, administered by trained psychiatrists (Amorim, 2000).
The Minnesota Multiphasic Personality Inventory (M.M.P.I.) and the
Temperament and Character Inventory (TCI) were used to evaluate personality
204
characteristics. The M.M.P.I. was administered and analyzed by a trained
psychologist in two interviews of about 60 minutes, at the baseline. This instrument
contains 566 true or false questions and classifies 10 clinical scales of personality:
hypochondriasis (Hs), depression (D), hysteria (Hy), psychopathic deviate (Pd),
masculinity-femininity (MF), paranoia (Pa), psychasthenia (Pt), schizophrenia (Sc),
hypomania (Ma), and introversion-extroversion (Si) (Dahlstrom and Welsh, 1965;
Hathaway and McKinley, 1971; Groth-Marnat, 1997; Cunha, 2000). The TCI is a
self-report questionnaire that contains true or false 240 questions, and it is divided
in temperament factors (novelty seeking, harm avoidance, reward dependence,
and persistence) and character factors (self-directedness, cooperativeness and
self-transcendence) (Cloninger et al., 1993; Fuentes et al.; Svrakic et al., 2002). It
was administered at the 2-year assessment.
Changes in symptom severity were determined through the following
scales: Panic Inventory, Clinical Global Impression and Hamilton Scale – Anxiety,
administered before, during and after 16 weeks of treatment and readministered
two years after the end of treatment. The Panic Inventory is an instrument that
classifies panic attacks as spontaneous, situational, complete or incomplete. It also
assesses the intensity of the attacks (rated in a scale from 0 to 10), duration
(minutes) and frequency, and the severity of agoraphobia and anticipatory anxiety
(rated in a scale from 0-none to 10) (Heldt et al., 2003; Kipper et al., 2005, 2007;
Heldt et al., 2006, 2006). A panic specific version of the Clinical Global Impression
(CGI) was used. The CGI provides a global rating of PD severity with scores
ranging from 1 (normal, not ill) to 7 (extremely ill) according to the frequency and
intensity of panic attacks, level of anticipatory anxiety, level of phobic avoidance
205
and role (familial, social or occupational) dysfunction (Guy, 1976). The Hamilton
Scale – Depression was used to exclude moderate to severe depression (HAM-
D>17).
Demographic and other clinical data (age of onset, PD duration, family
history, clinical disease, stressor events, trauma history) were collected using a
structured clinical interview designed specifically for the study, comorbidity was
evaluated by the M.I.N.I. and defense mechanisms were evaluated by DSQ – 40
(Defense Style Questionnaire) (Bond et al., 1983; Blaya et al., 2007). These data
were described in a previous study (Kipper et al., 2007).
Outcome Measures
Consistent with previous studies, the remission criteria used was: CGI < 2
and no panic attacks at the end of the treatment (Keller et al., 1994; Pollack et al.,
2002; Pollack et al., 2003; Kipper et al., 2005, 2007; Heldt et al., 2006).
Outcome measures in the 2-year follow-up were: 1. remission (CGI2 and
no panic attacks achieved in the 4-month treatment and sustained in the 2-year
follow-up period); 2. relapse (CGI3 or panic attacks after achieving remission in
the 4-month treatment); 3. nonremission (CGI3 or panic attacks after the 4-month
treatment sustained in the 2-year follow-up evaluation); 4. late remission (CGI3
or panic attacks in the 4-month evaluation and, CGI2 and no panic attacks in the
2-year evaluation). In order to evaluate predictors, all patients who met remission
criteria CGI2 and no panic attacks at the 2-year evaluation were considered
remitters.
206
Statistical Analysis
Data are presented as count (%), mean ± standard deviation and median
(interquartile range). Gaussian distribution and homogeneity of variances were
evaluated with Kolmogorov-Smirnov test and Levene’s test prior to any statistical
analysis. Differences between patients lost to follow-up and found in this evaluation
were analyzed by independent samples Student’s t test or Welch test (for
heterogeneity variances) and Fisher’s Exact test. The same tests were used to
evaluate clinical predictors of chance of remaining in treatment in the two-year
follow-up and personality predictors of remission in the two-year follow-up.
Symptom severity outcome measures across the study period were analyzed with
Repeated Measures Analysis of Variance (ANOVA), using the Bonferroni
adjustment for multiple comparisons in the post hoc analysis and with Cochran’s
test. The results of ANOVA were replicated by the Friedman test. Additionally,
differences between mean values from baseline to 2-year follow-up were
summarized by Cohen’s effect size.
All analyses were conducted using SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences) version 14.0 software. An α=0.05 and a 95% confident interval were
used. Tests were two-tailed.
RESULTS
Out of the 40 patients who completed the study protocol, 35 (87.5%) were
effectively evaluated in the 2-year follow-up (Figure 1). Of those, 27 (77.1%) were
women and 23 (65.7%) had moderate to high educational level. The mean age of
the sample was 40.1±9.34, the mean age of PD onset was 33.8± 9.44, and the
207
median time of PD duration was 4 (1 to 8) years. Thirty-three patients (94.3%) had
PD with agoraphobia. The most frequent comorbidities founded were generalized
anxiety disorder, 13 (37.1%), and mild depression, 9 (25.7%).
The clinical, demographic and personality characteristics between patients
who participated or not in the 2-year follow-up were similar (p>0.05), except for
lower scores on HAM-A (p=0.039), neurotic defenses (p=0.039), and lower
prevalence of having a partner (p=0.015) for the patients who were not followed.
Also the age of onset was earlier for the patients who were not found in the follow-
up (p=0.039).
Outcome measures in the follow-up period
Remission, relapse, nonremission and late remission rates are presented in
figure 1.
All symptomatic scales showed a significant decrease in the 4-month and in
the 2-year follow-up as compared to baseline scores. There were no differences
between scores in the 4-month and 2-year follow-up in the post hoc analysis,
indicating the maintenance of gains achieved after the 4-month treatment (Table
1).
Treatment used after the 4-month sertraline treatment up to the 2-year follow-up
In the 2-year follow-up evaluation, 26 patients (74.3%) remained in some
type of psychiatric treatment (SSRI = selective serotonin reuptake inhibitors; BZD =
benzodiazepines; CBT = cognitive behavioral therapy). Regarding patients in
remission from the 4-month to the 2-year follow-up, 6 (35.3%) were free of any
208
treatment, 10 (58.8%) remained in pharmacological treatment (SRI = 8; BZD=1;
SRI+BZD=1) and 1 (5.9%) was in CBT. Among patients who achieved remission
after the 4-month protocol, 2 (40%) were without treatment, 2 (40%) were using
medications (SRI=1; SRI+BZD=1) and 1 (20%) was in CBT+SRI. Considering
nonremission patients, 2 (28.6%) were free of treatment, 3 (42.8%) were on
medication (SRI=1; SRI+CBT=2) and 2 (28.6%) were in CBT+SRI. Among those
patients who relapsed, 5 (83.3%) were on medication (SRI=3, BZD=2) and 1 was
in CBT.
Personality and chance to remain in treatment in the 2-year follow-up
According to the MMPI scales, patients who presented higher scores on the
introversion-extraversion scale had a higher chance of remaining in treatment after
2 years (42.3±5.57 vs. 48.4±7.78; p=0.033, for patients who did not remain and
remained in treatment, respectively). In the TCI, the novelty seeking scale, was
significantly associated with a higher chance to remain in treatment (16.6±3,13 vs.
20.3±4.17; p=0.018, for patients who did not remain and remained in treatment,
respectively).
Personality in MMPI and clinical predictors in the 2-year outcome
Considering all clinical, demographic and defense style predictors of being
in remission in the 2-year follow-up, the higher use of neurotic defenses was a
significant predictor of nonremission (4.5±1.09 vs. 5.4±1.15, for remitted and
nonremitted patients, respectively; p=0.042). The lower socioeconomic status
showed a trend to predict worse response (28.0±8.50 vs. 21.9 ± 9.14, for remitted
209
and nonremitted patients, respectively; p= 0.055). Considering the MMPI
personality scales, none of them showed significant prediction of remission in the
2-year outcome.
Temperament and Character Inventory and the 2-year remission
The results regarding temperament and character factors associated with
remission in the 2-year follow-up are shown in table 2. For the TCI, the scores in
novelty seeking and harm avoidance scales were higher in patients who were not
in remission, while the self-directedness scores were higher in patients who
remitted.
DISCUSSION
PD patients improve in all symptomatic scales after acute pharmacological
treatment and in the 2-year evaluation as compared to the baseline, with no
differences between the 4-month and the follow up assessment, indicating
maintenance of the acute gains. Also, it was observed that the use of neurotic
defenses, higher temperament traits of novelty seeking and harm avoidance, and
lower character trait of self-directedness were significantly associated with long-
term outcome, corroborating data that suggest that some personality
characteristics might have a deleterious influence in the course of PD (Slaap and
den Boer, 2001; Prasko et al., 2005; Marchesi et al., 2006).
Even though our data suggested a good rate of remission after the acute
and follow-up period (Pollack and Smoller, 1995; Rapaport et al., 2001; Carpiniello
et al., 2002; Simon et al., 2002), many patients (37%) were symptomatic and still
210
meeting the diagnostic criteria for PD at the end of the 2-year period. Moreover,
during follow up evaluation, most of the patients was on some kind of standard
treatment, corroborating with data that demonstrated that PD is a chronic condition
(Slaap and den Boer, 2001; Carpiniello et al., 2002), even in a sample of low rates
of major axis I psychiatric comorbidities as the one included in this study.
Furthermore, it is important to emphasize that the comorbidities found in the
sample were also not significant predictors of outcome in the present study.
Additionally, our data shows that the factors associated with outcome might
be different in short-term and long-term follow-ups, an issue that still has not
reached consensus in the literature (Slaap and den Boer, 2001). In the present
study, it was demonstrated that the factors associated with being in remission in
the 2-year evaluation were related to defense style and personality traits. Severity
of PD, early age of onset and immature defenses, significantly associated with
worse outcome in a previous short-term follow-up study (Kipper et al., 2007), were
no longer predictors of response in long-term outcomes. Our data suggest that
factors related to anxiety state were predictors of outcome in the acute treatment
and short-term follow-up. On the other hand, the longer follow-up might be more
closely related to persistent patients’ characteristics such as some aspects of
personality and functioning.
The influence of personality in PD is controversial (Mennin and Heimberg,
2000; Reich, 2003; Johnson et al., 2006). In our sample, the higher scores in
temperament traits, described by Cloninger (1993) as novelty seeking and harm
avoidance, even in an opposite way, were associated with worse outcome. It can
be hypothesized that temperament factors characterized by the activation and
211
triggering of behaviors by new stimulus, (novelty seeking) and a tendency to inhibit
behaviors through aversive stimulus (harm avoidance), are present in those
patients who are more vulnerable to remain symptomatic. Also in our sample, high
levels of self-directedness were found in remitted patients, indicating that people
who have better self-identification as an autonomous subject, self-determination
and ability to control, regulation and adaptation behavior have a higher chance to
achieve good outcome. Psychotherapy interventions can be used in PD patients as
an attempt to develop some of these characteristics. Our data regarding
temperament and character factors of personality according to the Clonninger
Inventory corroborates in part the findings of Marchesi et al. (2006) that
nonremitted patients used higher levels of harm avoidance, and lower levels of
persistence, self-directedness and cooperativeness. In spite of TCI results, no
MMPI scale showed any relation to long-term outcome.
Although these instruments do not represent the same constructs, the TCI
and the MMPI are two measures of personality that show significant correlation
(Wachleski et al., 2007). So we hypothesize that differences in the symptomatology
at the baseline assessment (MMPI) and endpoint assessment (TCI) can influence
the scale rates and may explain why only the TCI scales show an association with
long-term outcome.
Our study also found that the introversion/extraversion scale of the MMPI
was related to a higher chance to remain in treatment in the 2-year follow-up. This
data are in accordance with Corominas et al. (2002) that described that lower
levels of extraversion (in the extraversion/introversion dimension of personality)
predict higher residual symptoms and patients who persist with higher level of
212
residual symptoms may need longer treatments. Berger et al. (2004) suggested
that some panic patients with PersD might not be treatment-resistant, but they
might need a longer treatment.
This study presents some limitations. There are some differences between
patients found and lost to follow-up in some clinical characteristics. The small
sample size limits power to detect small differences between groups and it did not
allow for a controlled analysis of predictors. Regarding controlled analysis, as the
TCI and the MMPI represents both constructs of personality, multicollinearity is
another issue to be considered which limits this multivariable approach.
Additionally, the TCI was only applied in the 2-year follow-up evaluation and not in
the beginning of treatment, that’s why we cannot state that it was a predictor, but a
factor associated to outcome.
The findings in this follow-up study suggest that neurotic functioning and
some temperament traits (novelty seeking and harm avoidance) are associated
with the fact of remaining symptomatic and chronic, which is in agreement with the
literature and previous studies that showed that some of these characteristics are
frequently found in PD patients (Slaap and den Boer, 2001; Kipper et al., 2004,
2005; Starcevic et al., 1996; Wiborg et al., 2005; Wachleski et al., 2007). These
data also corroborate models and theories about the possibility of PD patients
present some vulnerabilities that can lead to more chronic PD (Shear et al., 1993;
Manfro et al., 1996). Treatment for PD must emphasize not only the complete
remission of symptoms, but also the vulnerability factors of temperament and
functioning that seem to be relevant for this disorder.
213
CONCLUSION
This study suggests that all factors and vulnerabilities that can contribute to
chronicity and morbidity of PD must be considered in treatment planning, such as
type of treatment, duration and which patients will be most effectively benefited
from each therapeutic intervention. These data showed that even though patients
present a good response to standard treatments, PD might be a chronic condition
and long follow-up might be related to the persistent aspects of personality and
functioning. Considering these issues, combined treatments or even other
interventions should be used when necessary.
ACKNOWLEDGEMENTS
FIPE-HCPA (Fundo de Incentivo a Pesquisa do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre), FAPERGS (Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio Grande do
Sul) and CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior).
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220
221
Table 1. Symptom severity outcome measures across the study period (n=35)
Baseline to 2-year follow-
up
Baseline 4
th
-month 2-Year p-value
Mean Difference
(CI95%)
ES
CGI
4.43±0.88 2.26±1.07* 2.09±1.01* <.001
-2.34 (-1.94 to -2.75) 1.98
Panic Attacks
35 (100) 7 (20)* 10 (29)* <.001
-- --
Agoraphobia
7.06±2.87 2.86±3.09* 3.14±3.21* <.001
-3.91 (-2.52 to -5.30) 0.97
Anticipatory
anxiety
8.40±2.32 3.20±3.12* 3.20±3.36* <.001
-5.20 (-3.83 to -6.57) 1.30
Hamilton anxiety
26.14±5.6
2
10.09±6.41* 12.49±5.76* <.001
-13.66 (-10.82 to -
16.49)
1.15
Note: values are presented as count(percent) and mean±SD. CGI, Clinical Global Impressions; ES,
Effect Size (Cohen’s formula); CI95% Confident Interval of 95%
Repeated Measures ANOVA with Bonferroni adjustment for multiple comparisons
Cochran’s p-value
There were no differences between p-values calculated by Repeated Measures ANOVA and Friedman
test (all <.001)
Post Hoc analysis: * Differences related to baseline; † Differences related to 4-month treatment
222
Table 2. Factors of Temperament and Character in the TCI associated with being
in remission in 2-year follow-up after 4 months of pharmacological treatment in
PD patients.
Remission Statistics
Remitters
n=22
(62.9%)
Nonremitters
N=13 (37.1%)
Mean Difference
(CI95%)
p-value
Temperament and
Character Inventory
Novelty Seeking 18.0±3.99 21.6±3.75
3,57 (0,79 to 6,35)
0.013*
Harm Avoidance 19.1±5.61 23.8±5.77
4,71 (0,681 to 8,74)
0.024*
Reward Dependence 14.9±3.64 14.8±3.74
-0,02 (-2,63 to 2,60)
0.989
Persistence 4.5±1.68 4.2±1.16
-0,31 (-1,39 to 0,76)
0.519
Self-directedness 32.3±5.70 24.5±8.77 -7,78 (-12,74 to -
2,81)
0.003*
Cooperativeness 32.4±4.98 31.1±4.33
-1,29 (-4,67 to 2,10)
0.429
Self Transcendence 12.2±5.48 14.5±5.12
2,36 (-1,46 to 6,17)
0.211
Note: Values represent mean ± SD. CI, Confident Interval of 95%. Symmetric
continuity variables were assessed by Independent samples Student’s t test.
Significance for this exploratory analysis was p<0.05.
223
7.6 O impacto dos traços de personalidade na remissão do transtorno do
pânico: um estudo de seguimento naturalístico de 2 anos*
Letícia Kipper, M.D.,
1
Giovanni Abrahão Salum,
1
Cláudia Wachleski,
1
Elizeth Heldt
R.N., PhD,
1
Carolina Blaya, M.D.,
1
Gisele Gus Manfro, M.D., PhD
1
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas: Psiquiatria, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Transtornos de Ansiedade, Hospital
de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil
Gisele Gus Manfro (autora para correspondência), MD, PhD
Endereço: Luis Manoel Gonzaga 630/11 CEP: 90470-280 – Porto Alegre, RS,
Brasil
Telefone e fax : 55 51 33309272 ou 55 51 33289234
Título-abreviado: Personalidade e seguimento em longo prazo no pânico
Palavras-chaves: transtorno do pânico, longo prazo, personalidade, sertralina,
curso.
*Artigo submetido: Depression and Anxiety. Fator de impacto: 2,549.
224
RESUMO
OBJETIVO: Os objetivos deste estudo naturalístico foram avaliar os sintomas em
pacientes com transtorno do pânico (TP) após dois anos de tratamento
farmacológico e, também, verificar se a personalidade estava associada com a
remissão. MÉTODO: Um estudo naturalístico de 2 anos foi realizado em pacientes
com TP que haviam participado de um ensaio aberto com sertralina. Os pacientes
foram reavaliados dois anos após um período de quatro meses de intervenção.
Foram avaliados por meio do Mini International Neuropsychiatric Interview
(M.I.N.I.), do Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade (M.M.P.I.) e do
Inventário de Temperamento e Caráter (TCI). O estado sintomático e a gravidade
foram determinados pelo Inventário do Pânico, Impressão Clínica Global e Escala
Hamilton - Ansiedade. RESULTADOS: Os pacientes obtiveram melhora nos 4
meses e no seguimento de 2 anos, comparados com os escores basais. No
entanto, 37% não mostraram remissão na avaliação de dois anos e 74% dos
pacientes permaneciam em tratamento. Maiores escores nas escalas introversão-
extroversão e busca da novidade foram significativamente associados a maior
chance de permanecerem em tratamento. O uso de defesas neuróticas e os
temperamentos busca de novidade e evitação de dano foram associados ao
resultado mais pobre no seguimento de 2 anos, enquanto o traço de caráter
autodirecionamento foi mais alto em pacientes que remitiram. CONCLUSÃO: O
TP apresenta uma boa resposta aguda após tratamento farmacológico, e a
cronicidade pode estar relacionada aos aspectos mais persistentes de
personalidade e funcionamento do paciente.
225
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Pânico (TP) é considerado um transtorno crônico em
função de que os pacientes podem apresentar recaídas, remissões parciais ou
não-remissões após anos de tratamento. Estudos de seguimento sugerem que
somente 30% dos pacientes se tornam assintomáticos após seis a dez anos de
tratamento, enquanto 40 a 50% melhoram, mas permanecem sintomáticos, e 20 a
30% não demonstram mudanças ou pioram comparados com os escores basais
(APA, 1994; Pollack et al. 1990; Faravelli et al., 1995; Starcevic & Uhlenhuth,
1998; Pollack & Marzol, 2000; Carpiniello et al., 2002). Um estudo de seguimento
de 15 anos corroborou estes dados e descreveu que somente 18% dos pacientes
com TP alcançaram remissão completa, 13% melhoraram, mas continuavam com
a medicação, 51% tinham ataques de pânico recorrentes, e 18% ainda
preenchiam critérios diagnósticos para TP (Andersch & Hetta, 2003). Um estudo
de seguimento recente e longo, com uma média de seguimento desde o início do
tratamento de 47 anos, também mostrou que o TP tende a ser crônico e que, após
várias décadas, os pacientes melhoram em relação ao número de ataques de
pânico, mas a maioria continua com sintomas residuais (Rubio & Lopez-Ibor,
2007). Devido a estas taxas de não-remissão, é importante estudar os fatores que
podem estar associados à cronicidade para investigar estratégias mais efetivas de
tratamento (Starcevic & Uhlenhuth, 1998).
Diversos fatores têm sido associados a uma pior morbidade e curso do TP,
tais como gravidade, agorafobia, comorbidade com outros transtornos de
ansiedade, depressão e abuso de substâncias, duração da doença, desemprego,
visitas recentes a emergências médicas, baixo nível sócio-econômico,
226
comorbidades médicas, fatores psicodinâmicos e transtornos de ansiedade na
infância (Pollack et al., 1990; Pollack & Smoller, 1995; Marshall, 1996; Lecrubier,
1998; Starcevic & Uhlenhuth, 1998; Pollack et al., 2000; Slaap & den Boer, 2001
Roy-Byrne et al., 2003; Heldt et al., 2006; Marchesi et al., 2006).
O transtorno de personalidade também tem sido considerado um preditor
de cronicidade (Pollack & Smoller, 1995). Alguns estudos encontraram uma
influência prejudicial nos resultados dos tratamentos padrões (Noyes et al., 1990;
Pollack et al. 1990; Reich, 1990, 1991; Pollack et al., 1992; Black et al., 1994; Ito
et al., 1995; Mennin & Heimberg, 2000; Slaap & den Boer, 2001; Berger et al.,
2004), enquanto outros não mostraram influência (Clair et al., 1992; Marchand &
Wapler, 1993; Dressen et al., 1994; Dressen et al., 1998; Hofmann et al., 1998;
Massion et al., 2002; Reich, 2003). Existem poucos dados mostrando quais
transtornos de personalidade afetariam os pacientes com TP. Reich (1988, 1990)
encontrou que traços paranóides, borderline, anti-sociais, histriônicos e narcisistas
tiveram uma correlação negativa com os resultados globais, mas que ataques
espontâneos não são afetados pela personalidade. Hoffart & Hedley (1997)
mostraram que traços dependentes pré-tratamento estavam associados a melhora
mais pobre em uma terapia focada na agorafobia de seis semanas. Em outro
estudo, o transtorno de personalidade evitativo afetou a resposta ao tratamento de
pacientes com TP, uma vez que suas respostas foram mais pobres e
especialmente mais lentas (Berger et al., 2004). Um estudo encontrou que
pacientes com TP que apresentaram especificamente o transtorno de
personalidade borderline mostraram as taxas mais baixas de remissão após um
227
ano de tratamento farmacológico, enquanto os outros traços não mostraram
influência (Marchesi et al, 2006).
A maioria dos estudos consideraram somente a avaliação aguda de
transtorno de personalidade no TP, existindo poucos estudos de seguimento em
longo prazo considerando esta questão. Além disso, não encontramos nenhum
estudo brasileiro em nossa pesquisa, assim como nenhum estudo naturalístico
após tratamento agudo com sertralina.
O objetivo do presente estudo naturalístico foi avaliar a sintomatologia do
TP dois anos após tratamento farmacológico e determinar se os traços de
personalidade estão associados com remissão em um seguimento de longo prazo.
MÉTODO
Delineamento do Estudo e Participantes
Um estudo longitudinal naturalístico de 2 anos foi desenvolvido com
pacientes que participaram de um ensaio aberto com sertralina. Estes pacientes
foram recrutados através de anúncios divulgados pela mídia local ou por
indicações do Programa de Transtornos de Ansiedade (PROTAN), do Serviço de
Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Brasil. Os critérios de
inclusão foram: preencher os critérios diagnósticos do DSM-IV para TP, ter mais
de 18 anos de idade, apresentar sintomas de ansiedade antecipatória e evitação,
ter apresentado pelo menos dois ataques de pânico no mês anterior, e estar sem
tratamento psiquiátrico (farmacoterapia ou psicoterapia) nos quatro meses
anteriores. Foram excluídos do estudo pacientes com retardo mental, síndromes
cerebrais orgânicas, dependência ao álcool e outras substâncias, transtornos
228
psicóticos, doença crônica debilitante ou depressão maior moderada a grave
(Escala Hamilton- Depressão > 17). Dos 50 pacientes que preencheram critérios
diagnósticos do DSM-IV para TP, 47 foram incluídos no estudo. Dois pacientes
com TP recusaram-se a participar e um não atingiu os critérios de inclusão.
Todos os pacientes assinaram um termo de consentimento informado antes
de participarem da pesquisa, que foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa do HCPA. Parte da amostra já foi descrita em estudos prévios que
analisaram outros preditores de resposta (Kipper et al. 2007).
Período de Intervenção
Os pacientes receberam tratamento farmacológico com sertralina por 4
meses, em um ensaio aberto, com dose inicial de 25 mg/dia na primeira semana,
aumentando para até 150 mg/dia de acordo com avaliação clínica, até remissão
sintomática ou ocorrência de efeitos adversos. O clonazepam foi utilizado quando
necessário (Pollack & Marzol, 2000; Pollack et al., 2000; Rapaport et al., 2001).
Durante este período de intervenção, os pacientes foram avaliados na linha de
base e a cada duas semanas, por 4 meses.
Período Observacional
Os pacientes foram reavaliados dois anos após o período de intervenção
com uma entrevista clínica que questionava sobre: a presença de tratamento
(farmacológico ou psicoterápico), sintomas do TP (Inventário do Pânico,
Impressão Clínica Global e Escala Hamilton – Ansiedade), eventos estressores e
Inventário de Temperamento e Caráter, descritos abaixo.
229
Instrumentos
Previamente a sua inclusão no estudo, os pacientes foram avaliados com
uma entrevista clínica e pelo Mini International Neuropsychiatric Interview (M.I.N.I.)
– versão Brasileira 5.0.0 – DSM IV, uma entrevista diagnóstica padronizada e
estruturada que avalia os principais transtornos psiquiátricos de eixo I de acordo
com os critérios do DSM-IV, administrado por psiquiatras treinados (Amorim,
2000).
O Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade (M.M.P.I.) e o
Inventário de Temperamento e Caráter (TCI) foram utilizados para avaliar as
características de personalidade. O M.M.P.I. foi administrado e analisado por
psicóloga treinada, em duas entrevistas de cerca de 60 minutos, na linha de base.
O instrumento contém 566 questões de certo e errado e classifica 10 escalas
clínicas de personalidade: hipocondria (Hs), depressão (D), histeria (Hy), desvio
psicopático (Pd), masculinidade-feminilidade (MF), paranóia (Pa), psicastenia (Pt),
esquizofrenia (Sc), hipomania (Ma) e introversão-extroversão (Si) (Dahlstrom &
Welsh, 1965; Hathaway & McKinley, 1971; Groth-Marnat, 1997; Cunha, 2000). O
TCI é um questionário auto-aplicado que contêm 240 questões de verdadeiro ou
falso, e é dividido em fatores de temperamento (busca de novidade, evitação de
dano, dependência de gratificação e persistência) e fatores de caráter
(autodirecionamento, cooperatividade e autotranscendência) (Cloninger et al.,
1993; Fuentes et al.; Svrakic et al., 2002). Foi administrado na avaliação de dois
anos.
Mudanças na gravidade dos sintomas foram avaliadas pelas seguintes
escalas: Inventário do Pânico, Impressão Clínica Global e Escala Hamilton –
230
Ansiedade, aplicadas antes, durante e após 16 semanas de tratamento, e
reaplicadas dois anos após o final do tratamento. O Inventário do Pânico é um
instrumento que classifica os ataques de pânico como espontâneos, situacionais,
completos ou incompletos. Também avalia a intensidade dos ataques (em uma
escala de 0 a 10), duração (minutos) e freqüência, e a gravidade da agorafobia e
ansiedade antecipatória (em uma escala de 0 a 10 (Heldt et al., 2003; Kipper et al.,
2005, 2007; Heldt et al., 2006, 2006). Uma versão pânico-específica da Impressão
Clínica Global (CGI) foi utilizada. O CGI fornece um índice global da gravidade do
TP, com escores variando de 1 (normal, não doente) a 7 (extremamente doente),
de acordo com a freqüência e a intensidade dos ataques de pânico, nível de
ansiedade antecipatória, nível de evitação fóbica e prejuízo no funcionamento
(familiar, social ou ocupacional) (Guy, 1976). A Escala Hamilton – Depressão foi
usada para excluir a depressão maior moderada a grave (HAM-D>17).
Dados demográficos e outros dados clínicos (idade de início, duração do
TP, história familiar, doença clínica, eventos estressores, história de trauma) foram
coletados utilizando uma entrevista clínica estruturada desenvolvida
especificamente para o estudo, comorbidades foram avaliadas pelo M.I.N.I. e os
mecanismos de defesa foram avaliados pelo DSQ-40 (Defense Style
Questionnaire) (Bond et al., 1983; Blaya et al., 2007). Estes dados foram descritos
em um estudo prévio (Kipper et al., 2007).
Medidas de Resposta
231
De acordo com estudos anteriores, o critério de remissão usado foi: CGI < 2
e ausência de ataques de pânico no fim do tratamento (Keller et al., 1994; Pollack
et al., 2002; Pollack et al., 2003; Kipper et al., 2005, 2007; Heldt et al., 2006).
As medidas de respostas no seguimento de dois anos foram: 1.
remissão (CGI2 e ausência de ataques de pânico aos quatro meses após o
tratamento e mantido na avaliação de dois anos); 2. recaída (CGI3 ou ataques de
pânico, após atingir remissão nos quatro meses de tratamento); 3. não-remissão
(CGI3 ou ataques de pânico após os quatro meses de tratamento, mantidos na
avaliação de dois anos); 4. remissão tardia (CGI3 ou ataques de pânico na
avaliação de quatro meses e CGI2 sem ataques de pânico na avaliação de dois
anos). A fim de avaliar preditores, todos os pacientes que preencheram critérios
de remissão CGI2 e ausência de ataques de pânico aos dois anos de avaliação
foram considerados remitentes.
Análise Estatística
Os dados são apresentados como freqüência (%), média ± desvio padrão e
mediana (amplitude interquartil). A distribuição Gaussiana e a homogeneidade das
variâncias foram avaliadas com o teste Kolmogorov-Smirnov e o teste de Levene
antes de qualquer análise estatística. Diferenças entre pacientes não encontrados
e encontrados no seguimento foram analisadas através de teste t de Student para
amostras independentes ou teste de Welch (para variâncias heterogêneas) e o
teste exato de Fisher. Os mesmos testes foram utilizados para avaliar preditores
clínicos da chance de permanecer em tratamento no seguimento de dois anos e
preditores de remissão de personalidade no seguimento de dois anos. As medidas
232
de gravidade dos sintomas no decorrer do estudo foram analisadas com a Análise
de Variâncias para Medidas Repetidas (ANOVA), utilizando os ajustes de
Bonferroni para comparações múltiplas em uma análise post hoc e com o teste de
Cochran. Os resultados da ANOVA foram replicados pelo teste de Friedman.
Adicionalmente, diferenças entre os valores das médias da linha de base e do
seguimento de dois anos foram sumarizados pelo tamanho de efeito de Cohen.
Todas as análises foram conduzidas utilizando o SPSS (Statistical Package
for the Social Sciences) versão 14.0. Foram utilizados um α=0,05 e um intervalo
de confiança de 95%. Os testes foram bi-caudais.
RESULTADOS
Dos 40 pacientes que completaram o protocolo do estudo, 35 (87,5%)
foram avaliados efetivamente no seguimento de 2 anos (Figura 1). Destes, 27
(77,1%) eram mulheres e 23 (65,7%) tinham nível de escolaridade moderado a
alto. A média de idade da amostra foi 40,1±9,34, a média de idade de início do TP
foi 33,8±9,44 e o tempo mediano de duração do TP foi 4 (1 a 8) anos. Trinta e três
pacientes (94,3%) apresentavam TP com agorafobia. As comorbidades mais
freqüentemente encontradas foram o transtorno de ansiedade generalizada, 13
(37,1%), e depressão leve, 9 (25,7%).
As características clínicas, demográficas e de personalidade entre os
pacientes que participaram e não participaram do seguimento de 2 anos foram
similares (p>0,05), exceto por menores escores de HAM-A (p=0,039), de defesas
neuróticas (p=0,039), e menor prevalência em ter companheiro (p=0,015) para os
233
pacientes que não foram seguidos. Também a idade de início foi menor entre os
pacientes que não foram encontrados no seguimento (p=0,039).
Medidas de resposta no período do seguimento
As taxas de remissão, recaída, não-remissão e remissão tardia são
apresentadas na figura 1.
Todas as escalas sintomáticas mostraram uma diminuição significativa nos
4 meses e no seguimento de 2 anos, comparadas com os escores da linha de
base. Não houve diferença entre os escores de 4 meses e do seguimento de 2
anos em um análise post hoc, indicando a manutenção dos ganhos obtidos após
os 4 meses de tratamento (Tabela 1).
Tratamento utilizado após os 4 meses de sertralina até o seguimento de 2 anos
Na avaliação do seguimento de 2 anos, 26 pacientes (74,3%)
permaneceram em algum tipo de tratamento psiquiátrico (ISRS = inibidores
seletivos da recaptação da serotonina; BZD = benzodiazepínicos; TCC = terapia
cognitivo-comportamental). Considerando os pacientes em remissão dos 4 meses
ao seguimento de 2 anos, 6 (35,3%) estavam sem qualquer tratamento, 10
(58,8%) permaneceram em tratamento farmacológico (ISRS = 8; BZD=1;
ISRS+BZD=1) e 1 (5,9%) estava em TCC. Entre os pacientes que alcançaram
remissão após o protocolo de 4 meses, 2 (40%) estavam sem tratamento, 2 (40%)
estavam usando medicações (ISRS=1; ISRS+BZD=1) e 1 (20%) estava em
TCC+ISRS. Considerando pacientes em não-remissão, 2 (28,6%) estavam sem
tratamento, 3 (42,8%) estavam em medicação (ISRS=1; ISRS+TCC=2) e 2
234
(28,6%) estavam em TCC+ISRS. Entre aqueles pacientes que sofreram recaída, 5
(83,3%) estavam sob medicação (ISRS=3, BZD=2) e 1 estava em TCC.
Personalidade e chance de permanecer em tratamento no seguimento de 2 anos
De acordo com a escala MMPI, pacientes que apresentaram maiores
escores na escala introversão-extroversão tinham maior chance de permanecer
em tratamento após 2 anos (42,3±5,57 vs. 48,4±7,78; p=0,033, para pacientes que
não permaneceram e que permaneceram em tratamento, respectivamente). No
TCI, a escala busca de novidade foi significativamente associada com uma maior
chance de permanecer em tratamento (16,6±3,13 vs. 20,3±4,17; p=0,018, para
pacientes que não permaneceram e que permaneceram em tratamento,
respectivamente).
Personalidade no MMPI e preditores clínicos nos resultados de 2 anos
Considerando os preditores clínicos, demográficos e estilo defensivo, de
estar em remissão no seguimento de 2 anos, o maior uso de defesas neuróticas
foi um preditor significativo para não-remissão (4,5±1,09 vs. 5,4±1,15, para
pacientes em remissão e não-remissão, respectivamente; p=0,042). O menor nível
socioeconômico mostrou uma tendência a predizer uma pior resposta (28,0±8,50
vs. 21,9 ± 9,14, para pacientes em remissão e não-remissão, respectivamente; p=
0,055). Considerando as escalas de personalidade do MMPI, nenhuma delas
mostrou-se preditora significativa de remissão nos resultados dos 2 anos.
Inventário de Temperamento e Caráter e a remissão nos 2 anos
235
Os resultados relacionados aos fatores de temperamento e caráter
associados com a remissão no seguimento de 2 anos podem ser vistos na tabela
2. No TCI, os escores das escalas busca de novidade e evitação de dano foram
maiores em pacientes que não estavam em remissão, enquanto os escores de
autodirecionamento foram maiores nos pacientes que remitiram.
DISCUSSÃO
Os pacientes com TP melhoraram em todas as escalas sintomáticas após o
tratamento farmacológico agudo e na avaliação de 2 anos, se comparados com a
linha de base, sem diferença entre os 4 meses e a avaliação do seguimento,
indicando a manutenção dos ganhos agudos. Além disso, o uso de defesas
neuróticas, os traços mais elevados dos temperamentos busca de novidade e
evitação de dano e os traços mais baixos de caráter de autodirecionamento foram
significativamente associados com os resultados de longo prazo, corroborando
dados que sugerem que algumas características de personalidade podem ter uma
influência deletéria no curso do TP (Slaap & den Boer, 2001; Prasko et al., 2005;
Marchesi et al., 2006).
Mesmo que os nossos dados tenham sugerido uma boa taxa de remissão
após os períodos agudo e de seguimento (Pollack & Smoller, 1995; Rapaport et
al., 2001; Carpiniello et al., 2002; Simon et al., 2002), muitos pacientes (37%)
estavam sintomáticos e ainda preenchiam os critérios diagnósticos para TP no
final do período de 2 anos. Também, durante a avaliação do seguimento, a
maioria dos pacientes estava em algum tipo de tratamento padrão, corroborando
com os dados que demonstraram que o TP é uma condição crônica (Slaap & den
236
Boer, 2001; Carpiniello et al., 2002), mesmo em uma amostra com baixas taxas de
comorbidades psiquiátricas maiores de eixo I, como a incluída neste estudo. Além
disso, é importante enfatizar que as comorbidades encontradas na amostra
também não foram preditoras significativas de resposta no presente estudo.
Adicionalmente, nossos dados mostraram que os fatores associados à
resposta podem ser diferentes para os seguimentos de curto prazo e longo prazo,
uma questão que ainda não obteve consenso na literatura (Slaap & den Boer,
2001). No presente estudo, demonstrou-se que os fatores associados com estar
em remissão na avaliação de 2 anos estavam relacionados ao estilo defensivo e
aos traços de personalidade. A gravidade do TP, idade de início precoce e
defesas imaturas, associados significativamente a pior resposta em um estudo
prévio de curto prazo (Kipper et al., 2007), não foram preditores de resposta em
longo prazo. Nossos dados sugerem que fatores relacionados ao estado de
ansiedade foram preditores de resposta no tratamento agudo e no seguimento em
curto prazo. Por outro lado, o seguimento de longo prazo pode estar mais
relacionado a características mais persistentes do paciente, tais como alguns
aspectos de personalidade e funcionamento.
A influência da personalidade no TP é controversa (Mennin & Heimberg,
2000; Reich, 2003; Johnson et al., 2006). Em nossa amostra, os escores maiores
em traços de temperamento, descritos por Cloninger (1993) como busca de
novidade e evitação de dano, mesmo que de uma maneira diferente, foram
associados com pior resultado. Pode se levantar a hipótese de que fatores de
temperamento caracterizados pela ativação de comportamentos por novos
estímulos (busca de novidade) e uma tendência em inibir comportamentos através
237
de estímulos aversivos (evitação de dano) estão presentes nestes pacientes que
são mais vulneráveis a permanecer sintomáticos. Também, em nossa amostra,
altos níveis de autodirecionamento foram encontrados em pacientes que
apresentaram remissão, indicando que pessoas que possuem uma melhor auto-
identificação como um indivíduo autônomo, autodeterminação e habilidade para os
comportamentos de controle, regulação e adaptação têm uma chance maior de
alcançar bons resultados. Intervenções psicoterápicas podem ser usadas em
pacientes com TP como uma tentativa de desenvolver algumas destas
características. Nossos dados relacionados aos fatores de personalidade de
temperamento e caráter, de acordo com o Inventário de Clonninger, corroboram,
em parte, os achados de Marchesi et al. (2006) de que pacientes em não-
remissão apresentavam níveis maiores de evitação de danos e níveis menores de
persistência, autodirecionamento e cooperatividade. Apesar dos resultados do
TCI, nenhuma escala do MMPI mostrou qualquer relação aos resultados em longo
prazo.
Embora estes instrumentos não representem os mesmos constructos, o TCI
e o MMPI são duas medidas de personalidade que mostram correlação
significativa (Wachleski et al., 2007). Então, nós levantamos a hipótese de que as
diferenças na sintomatologia na avaliação da linha de base (MMPI) e na avaliação
final (TCI) podem influenciar as taxas das escalas e podem explicar por que
somente as escalas do TCI mostram uma associação com resultados de longo
prazo.
Nosso estudo também encontrou que a escala introversão/extroversão do
MMPI estava relacionada a uma maior chance de permanecer em tratamento no
238
seguimento de dois anos. Estes dados estão de acordo com Corominas et al.
(2002), que descreveu que níveis menores de extroversão (na dimensão de
personalidade extroversão/introversão) predizem maiores sintomas residuais e
que pacientes que persistem com maiores níveis de sintomas residuais podem
precisar de tratamento mais prolongado. Berger et al. (2004) sugeriu que alguns
pacientes com pânico com transtornos de personalidade possam não ser
resistentes ao tratamento, mas podem precisar de tratamentos mais longos.
Este estudo apresenta algumas limitações. Existem algumas diferenças
entre pacientes encontrados e perdidos no seguimento, em algumas
características clínicas. O tamanho pequeno da amostra limita o poder de detectar
diferenças pequenas entre os grupos e não permite uma análise controlada dos
preditores. No que diz respeito à análise controlada, como o TCI e o MMPI ambos
representam constructos de personalidade, a multicolinearidade é outra questão a
ser considerada que limita esta abordagem multivariável. Além disso, o TCI foi
aplicado somente na avaliação de seguimento de dois anos e não no início do
tratamento e, por esta razão, não podemos afirmar que se trata de um preditor,
mas sim um fator associado ao resultado.
Os achados neste estudo de seguimento sugerem que o funcionamento
neurótico e alguns traços de temperamento (busca de novidade e evitação de
dano) estão associados com o fato de permanecer sintomático e crônico, estando
em concordância com a literatura e estudos prévios que mostraram que algumas
dessas características são freqüentemente encontradas em pacientes com TP
(Slaap and den Boer, 2001; Kipper et al., 2004, 2005; Starcevic et al., 1996;
Wiborg et al., 2005; Wachleski et al., 2007). Estes dados também corroboram
239
modelos e teorias sobre a possibilidade de que pacientes com TP apresentem
algumas vulnerabilidades que podem levar ao TP mais crônico (Shear et al., 1993;
Manfro et al., 1996). O tratamento para o TP deve enfatizar não somente a
remissão completa dos sintomas, mas, também, os fatores de vulnerabilidade de
temperamento e funcionamento, que parecem ser relevantes para este transtorno.
CONCLUSÃO
Este estudo sugere que todos os fatores e vulnerabilidades que podem
contribuir para a cronicidade e morbidade do TP devem ser considerados no
planejamento do tratamento, como o tipo de tratamento, duração e quais
pacientes serão mais efetivamente beneficiados por cada intervenção terapêutica.
Esses dados mostraram que mesmo que os pacientes apresentem uma boa
resposta a tratamentos padrões, o TP pode ser uma condição crônica e o
seguimento mais longo pode estar relacionado aos aspectos persistentes de
personalidade e funcionamento. Considerando estas questões, tratamentos
combinados ou mesmo outras intervenções devem ser utilizadas quando
necessários.
ACKNOWLEDGEMENTS
FIPE-HCPA (Fundo de Incentivo a Pesquisa do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre), FAPERGS (Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio Grande do
Sul) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
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246
Delineamento
Período da Sertralina (16 Semanas)
4
º
Mês
Período do Seguimento
2 anos
Figura 1 Diagrama de fluxo mostrando os resultados das respostas agudas à sertralina e o
seguimento de 2 anos
Sertralina
n=47
Critérios de Inclusão
1. Pacientes do Programa de Transtornos
de Ansiedade do HCPA
2. Diagnóstico de TP de acordo com
DSM-IV
3. Acima de 18 anos
4. Sem qualquer tratamento psiquiátrico
nos últimos 4 meses
A
valiação da Resposta
(Análise per protocol)
n
=
40
(
85 1%)
Não analisados
Intervenção interrompida (n=7)
Efeitos Adversos (n=2)
Gravidez (n=1)
Não-adesão (n=3)
Não completou questionários finais (n=1)
Não Remissão
n=14
(
35%
)
Remissão
n=26
(
65%
)
Remissão
n=17
(
49%
)
Recaídas
n=6
(
17%
)
Não Remissão
n=7
(
20%
)
Remissão Tardia
n=5
(
14%
)
Perdas no seguimento
de 2 anos
n=5 (12,5%)
n=2 n=3
A
valiação da Resposta
(Análise per protocol)
n
=
35 (87 5%)
247
Tabela 1. Medidas de gravidade dos sintomas ao longo do período do estudo (n=35).
Basal para o seguimento de
2 anos
Basal 4
meses 2 anos Valor-p
Diferenças entre as
médias (IC95%)
TE
CGI
4,43±0,88 2,26±1,07* 2,09±1,01*
<,001
-2,34 (-1,94 a -2,75) 1,98
Ataques de Pânico
35 (100) 7 (20)* 10 (29)* <,001
-- --
Agorafobia
7,06±2,87 2,86±3,09* 3,14±3,21*
<,001
-3,91 (-2,52 a -5,30) 0,97
Ansiedade
Antecipatória
8,40±2,32 3,20±3,12* 3,20±3,36*
<,001
-5,20 (-3,83 a -6,57) 1,30
Hamilton-Ansiedade
26,14±5,62 10,09±6,41* 12,49±5,76*
<,001
-13,66 (-10,82 a -16,49) 1,15
Nota: Os valores representam freqüência (porcentagem) e média ± DP. CGI, Impressão Clínica Global; TE,
Tamanho de Efeito (Fórmula de Cohen); IC95% Intervalo de Confiança 95%
ANOVA Medidas Repetidas com ajuste de Bonferroni para comparações múltiplas
valor-p de Cochran
Não houve diferenças entre valores-p calculados por ANOVA Medidas Repetidas e o teste de Friedman (todos
<,001)
Análise Post Hoc: *Diferenças relacionadas ao basal; † Diferenças relacionadas aos 4 meses de tratamento.
248
Tabela 2. Fatores de Temperamento e Caráter no TCI associados a estar em remissão no
seguimento de 2 anos após 4 meses de tratamento farmacológico em pacientes com TP.
Remissão
Estatística
Em
remissão
n=22
(62,9%)
Não-
remissão
N=13
(37,1%)
Diferenças entre as
medias (IC95%)
Valor- p
Inventário de Temperamento
e Caráter
Busca de Novidade 18,0±3,99 21,6±3,75
3,57 (0,79 a 6,35)
0,013*
Evitação de Dano 19,1±5,61 23,8±5,77
4,71 (0,681 a 8,74)
0,024*
Dependência de Gratificação 14,9±3,64 14,8±3,74
-0,02 (-2,63 a 2,60)
0,989
Persistência 4,5±1,68 4,2±1,16
-0,31 (-1,39 a 0,76)
0,519
Autodirecionamento 32,3±5,70 24,5±8,77
-7,78 (-12,74 a -2,81)
0,003*
Cooperatividade 32,4±4,98 31,1±4,33
-1,29 (-4,67 a 2,10)
0,429
Autotranscendência 12,2±5,48 14,5±5,12
2,36 (-1,46 a 6,17)
0,211
Nota: Valores representam a média ± DP. IC,Intervalo de Confiança 95%. Variáveis contínuas com
distribuição normal foram avaliadas pelo teste t de Student para amostras independentes. A significância
para esta análise exploratória foi p<0,05.
249
8 DIVULGAÇÃO PARCIAL DOS RESULTADOS
8.1 EVENTOS
Tema livre em 2005
Trauma e Estilo Defensivo como Preditores de Resposta ao Tratamento
Farmacológico em Pacientes com Transtorno do Pânico
VII Jornada Gaúcha de Psiquiatria e Pré-Congresso do XXIII
Congresso Brasileiro de Psiquiatria
Pôster em 2005
Trauma e Estilo Defensivo como Preditores de Resposta ao Tratamento
Medicamentoso em Pacientes com Transtorno do Pânico
XXIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria
Pôster em 2007
Padrão de Personalidade no Transtorno do Pânico Antes e Depois de
Tratamento Medicamentoso
XXV Congresso Brasileiro de Psiquiatria
27ª Semana Científica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
250
Personalidade no Transtorno do Pânico – Associação com Gravidade e
Resposta ao Tratamento
XXV Congresso Brasileiro de Psiquiatria
8.2 PUBLICAÇÕES EM ANAIS
Trauma e Estilo Defensivo como Preditores de Resposta ao
Tratamento Medicamentoso em Pacientes com Transtorno do
Pânico. Resumos do XXIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria,
p.417.
Padrão de Personalidade no Transtorno do Pânico Antes e Depois
de Tratamento Medicamentoso. Revista Brasileira de Psiquiatria, 29
(supl especial): S20, 2007.
Padrão de Personalidade no Transtorno do Pânico Antes e Depois
de Tratamento Medicamentoso. Revista HCPA, 27 (Supl 1): 147,
2007.
8.3 ARTIGOS PUBLICADOS
Transtornos de Personalidade em Pacientes com Transtorno do
Pânico – implicações no diagnóstico, curso e prognóstico. Revista de
Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 23 (3): 188-195.
Trauma and defense style as response predictors of pharmacological
treatment in panic patients. European Psychiatry, 22: 87-91, 2007.
251
9. LIMITAÇÕES
O presente estudo apresenta algumas limitações que devem ser
consideradas na interpretação de seus resultados:
- o pequeno tamanho da amostra e o fato de ela ser uma amostra mais
representativa de pacientes psiquiátricos e não de pacientes de assistência
primária ou comunitária não permitem a generalização dos achados;
- o tamanho amostral reduzido também não permitiu controlar todas as
variáveis na análise dos dados;
- como o MMPI não foi aplicado novamente na avaliação de seguimento de
2 anos, não foi possível avaliar se houve alterações adicionais no funcionamento
da personalidade após um período maior de remissão dos sintomas;
- como o TCI foi incluído apenas na avaliação de 2 anos, sua avaliação só
pode ser associada ao estado de remissão de sintomas, não podendo ser
considerada como preditora de resposta;
252
- limitações pertinentes aos próprios instrumentos de avaliação da
personalidade incluídos no estudo, devem ser consideradas, como o fato de
serem sujeitos à influência dos sintomas e de serem auto-aplicados;
- na avaliação de 2 anos, a perda amostral não permite concluir que alguns
dados possam ter sido afetados pelas diferenças evidenciadas entre os pacientes
que foram encontrados e os que não foram encontrados, embora essas diferenças
não tenham sido em seus aspectos de personalidade;
- a ausência de avaliações entre o final dos 4 meses após a intervenção e o
seguimento de 2 anos não permite o estudo mais detalhado em relação ao curso
intermediário da doença desses pacientes.
253
10. CONCLUSÕES
- Pacientes com TP demonstraram um padrão neurótico de personalidade,
avaliado pelo MMPI e PDQ, que se apresentou exacerbado na fase de sintomas
agudos, portanto influenciado por sintomas, mas que se mostrou permanente após
a remissão total dos sintomas do pânico, comparados a indivíduos-controles. Esse
perfil de personalidade caracterizou-se por traços da tríade neurótica (hipocondria,
depressão, histeria), psicastenia e transtorno de personalidade evitativa/esquiva.
Esse resultado evidencia que existem características exacerbadas dependentes
do estado de ansiedade (estado) e, ao mesmo tempo, representam traços que
podem fazer parte de uma maneira mais estável de o indivíduo lidar com conflitos
(traço), os quais podem representar traços pré-mórbidos de vulnerabilidade na
personalidade. O delineamento deste estudo, no entanto, não permite concluir se
o nível de funcionamento da personalidade voltou ao que era antes do início da
doença. Essa é uma questão que só poderia ser respondida de forma definitiva
com estudos prospectivos de longa duração, que permitissem avaliar se essas
254
características encontradas no perfil de personalidade dos pacientes que segue
diferente dos controles são pré-mórbidas ou se poderiam ser efeitos ou “seqüelas”
de terem tido episódios de TP.
- Neste estudo, o MMPI mostrou-se mais influenciado por sintomas do que
o PDQ, possivelmente pela existência de alguns itens nessa escala que medem
também sintomas clínicos de transtornos de eixo I. Não se mostrou, porém, uma
medida inválida, já que as mudanças estatisticamente significativas antes e depois
do tratamento foram de pequena magnitude e o perfil que pareceu predominante
se manteve em níveis altos nos pacientes com TP e diferentes dos controles.
- Esse perfil do MMPI e do PDQ, demonstra que, na amostra de pacientes
com TP objeto deste estudo, o padrão de personalidade é formado pelas
seguintes características: preocupação excessiva com funções corporais e saúde,
indivíduos queixosos, exigentes, autocentrados, com sentimentos de desamparo,
desconforto interno e de conflito entre dependência/independência, que têm uma
forma imatura de lidar com problemas da vida adulta, baixa auto-estima,
sentimentos pessimistas relacionados ao futuro, apreensão, perfeccionismo,
ruminações e preocupações supervalorizadas por mínimas causas, dúvidas
excessivas e rigidez, resistência a admitir uma explicação psicológica para seus
problemas, evitação da consciência de conflitos internos e tendência a resolver
problemas e sentimentos de ansiedade mediante o desenvolvimento de sintomas
físicos, um padrão pior de relacionamentos interpessoais, introversão, medo da
crítica e da rejeição e de arriscar-se em novas situações.
255
- Na fase aguda, os pacientes com TP mostraram uma boa resposta ao
tratamento medicamentoso. Na resposta em curto prazo, foram fatores
preditores de resposta: maior gravidade, idade de início mais precoce da
doença e defesas imaturas. Os traços de personalidade e a história de
trauma, após o controle para esses fatores, não permaneceram como preditores
de resposta aguda.
- Na fase aguda, os pacientes com maiores traços de personalidade da
linha depressiva, paranóide, de psicastenia e esquizofrenia no MMPI são
pacientes mais graves. O trauma, por sua vez, associou-se ao início mais precoce
do TP. É possível que os traços de personalidade e o trauma possam fazer parte
da linha causal de influência de desfecho por meio da precipitação do início
mais precoce da doença e do aumento da gravidade.
- No seguimento de 2 anos, evidenciou-se que, embora os pacientes
apresentem uma boa resposta ao tratamento agudo farmacoterápico e que essa
se mantenha, esses pacientes apresentam uma alta taxa de cronicidade (recaídas
e não-resposta), ainda que a grande maioria se mantenha em tratamento
continuado aos 2 anos de avaliação.
- Na avaliação do estado sintomático em longo prazo observou-se maior
ênfase nos fatores ligados a aspectos mais permanentes do funcionamento, como
os fatores de personalidade (temperamento e caráter) e as defesas da linha
neurótica.
256
- O estudo sugere que em pacientes com traços patológicos comórbidos de
personalidade, bem como de outros fatores de vulnerabilidade (uso de defesas
neuróticas e imaturas, idade precoce de início da doença e maior gravidade), seja
necessário ampliar as estratégias de tratamento do TP para evitar cronicidade.
Pode-se considerar que esses pacientes precisem de tratamentos mais
prolongados, adicionando novos “ingredientes” aos tratamentos já existentes.
Nesse sentido, uma hipótese para estudos futuros seria aprimorar o estudo da
contribuição dos aspectos psicodinâmicos na avaliação desses pacientes, assim
como da psicoterapia psicodinâmica e de outras técnicas psicoterápicas no
tratamento dos mesmos.
- Por fim, o estudo chama a atenção para a importância da consideração de
fatores de vulnerabilidade e de funcionamento global do indivíduo no momento da
avaliação inicial do paciente, da escolha do tratamento a ser empregado, bem
como em qualquer momento do seu acompanhamento, para que se possa ir além
da compilação de sintomas e critérios diagnósticos e do esbatimento em curto
prazo desses sintomas, enfatizando outros fatores que possam ser de importância
fundamental para o bom funcionamento do indivíduo. O entendimento da pessoa
de forma individual e de seu desenvolvimento pode ser tão importante para o seu
tratamento quanto o conhecimento de transtornos específicos ou o do domínio de
técnicas específicas.
257
APÊNDICE 1
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
para Pacientes
258
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Serviço de Psiquiatria
Programa de Transtornos de Ansiedade (PROTAN)
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Estamos realizando uma pesquisa sobre as características de personalidade e modo
de ser em pacientes com Transtorno do Pânico, comparando-os com indivíduos sem
problemas psiquiátricos, que estão em acompanhamento no Serviço de Medicina
Ocupacional. Para participar da pesquisa você será convidado a responder perguntas e
escalas sobre características de seu jeito de ser, sintomas do transtorno do pânico, sintomas
de ansiedade e depressão atuais e sintomas de ansiedade na infância.
A avaliação constará de três entrevistas no início do estudo, de cerca de uma hora
cada, e avaliações nas semanas 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 e 16. Na semana 16, serão
novamente realizadas três entrevistas para reaplicação das escalas.
Para o tratamento da síndrome do pânico você receberá tratamento medicamentoso
com sertralina, na dose inicial de 25 mg/dia, que será ajustada conforme sua necessidade. A
sertralina é uma medicação já aprovada para o tratamento do Transtorno do Pânico.
Os possíveis efeitos colaterais desta medicação podem ser: boca seca, diarréia, dor
de cabeça, insônia, disfunção sexual e ansiedade na fase inicial. Estes efeitos serão
avaliados e manejados pelos responsáveis pelo projeto. Em qualquer momento, o
tratamento poderá ser descontinuado se estes efeitos forem intoleráveis, sem prejuízo no
seguimento do seu tratamento.
Eu,......................................................., fui informado dos objetivos acima descritos e
da justificativa da pesquisa para a qual estão sendo utilizadas as escalas de forma clara e
detalhada. Sei que poderei solicitar novos esclarecimentos e que, a qualquer momento, terei
liberdade de retirar meu consentimento de participação na pesquisa.
O (a) pesquisador(a)....................................................certificou-me de que as
informações por mim fornecidas terão caráter confidencial e no caso de divulgação serão
sem identificação e unicamente para fins de pesquisa.
Porto Alegre,.....de...............................de...........
Assinatura do paciente:...............................................................
Assinatura do pesquisador:.........................................................
Contato com pesquisador: Letícia Kipper – Fone: 3168272-Ambulatório HCPA – Zona 7
259
APÊNDICE 2
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
para Controles
260
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Serviço de Psiquiatria
Programa de Transtornos de Ansiedade (PROTAN)
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Estamos realizando uma pesquisa sobre as características de personalidade e modo
de ser em pacientes com Transtornos de Ansiedade (Transtorno do Pânico), comparando-os
com indivíduos sem Transtorno do Pânico ou outros problemas psiquiátricos, que estão em
acompanhamento no Serviço de Medicina Ocupacional, e que servirão apenas como grupo
controle do estudo. Para participar da pesquisa você será convidado a responder perguntas
e escalas sobre características de seu jeito de ser, sintomas de ansiedade na infância,
sintomas de ansiedade e depressão atuais. A avaliação constará de três entrevistas no início
do estudo e uma entrevista após 4 meses, de cerca de uma hora cada.
A participação no presente estudo não implica qualquer prejuízo em seu tratamento
no HCPA. Os voluntários terão, ao final do estudo, o resultado das escalas sobre o seu
perfil de personalidade. Se detectado, através das escalas utilizadas, a presença de doença
psiquiátrica, será fornecido orientação e encaminhamento para tratamento adequado.
Eu,......................................................., fui informado dos objetivos acima descritos e
da justificativa da pesquisa para a qual estão sendo utilizadas as escalas de forma clara e
detalhada. Sei que poderei solicitar novos esclarecimentos e que, a qualquer momento, terei
liberdade de retirar meu consentimento de participação na pesquisa, sem prejuízo no meu
atendimento.
O (a) pesquisador(a)....................................................certificou-me de que as
informações por mim fornecidas terão caráter confidencial e no caso de divulgação serão
sem identificação e unicamente para fins de pesquisa.
Porto Alegre,.....de...............................de...........
Assinatura do paciente:...............................................................
Assinatura do pesquisador:.........................................................
Contato com pesquisador: Letícia Kipper – Fone: 3168272
Ambulatório HCPA – Zona 7
261
APÊNDICE 3
Questionário Dados Gerais Pacientes
Avaliação inicial
262
QUESTIONÁRIO – PACIENTES COM TR. PÂNICO
1. Nome: ________________________________________________________________
2. Nº:_______
3. Prontuário: _______________
4. Endereço:______________________________________________________________
5. Fone: ___________________
6. Sexo:
(1) feminino (2) masculino
7. Cor: __________________
8. Idade: _________________
9. Grau de instrução:
(1) 1º grau incompleto
(2) 1º grau completo
(3) 2º grau incompleto
(4) 2º grau completo
(5) 3º grau incompleto
(6) 3º grau completo
10. Renda familiar (em S.M.):
(1) até 1
(2) de 1 a 5
(3) de 5 a 10
(4) mais de 10
11. Estado marital:
(1) solteiro
(2) casado
(3) divorciado/separado
(4) viúvo
12. História Familiar Psiquiátrica (tto. psiq., medic., hospit., suicídio, drogas/álcool):
(1) sim (2) não 13. Qual transtorno: ..........................................................................
14.Qual familiar: ..............................................................................
15. Doença física crônica atual:
(1) sim (2) não 16. Qual? ...........................................................................................
17. Traumas antes dos 18 anos:
(1) divórcio ou separação dos pais
(2) morte de um ou ambos os pais
(3) abuso físico
(4) abuso sexual
18. Evento estressor no último ano (mudança, troca de emprego, morte, separação, etc.):
(1) sim (2) não 19. Qual? ..............................................................................
20. Você relaciona este evento ao início dos sintomas?
(1) sim (2) não
21. Idade do início dos sintomas: .................................
263
APÊNDICE 4
Questionário Dados Gerais Controles
264
QUESTIONÁRIO – GRUPO CONTROLE
1. Nome: ________________________________________________________________
2. Nº:_______
3.Prontuário: _______________
4.Endereço:______________________________________________________________
5.Fone: ___________________
6.Sexo:
(1) feminino (2) masculino
7.Cor: __________________
8.Idade: _________________
9.Grau de instrução:
(1)1º grau incompleto
(2)1º grau completo
(3)2º grau incompleto
(4)2º grau completo
(5)3º grau incompleto
(6)3º grau completo
10.Renda familiar (em S.M.):
(1)até 1
(2)de 1 a 5
(3)de 5 a 10
(4)mais de 10
11.Estado marital:
(1)solteiro
(2)casado
(3)divorciado/separado
(4)viúvo
12.História Familiar Psiquiátrica (tto. psiq., medic., hospit., suicídio, drogas/álcool):
(1) sim (2) não 13. Qual transtorno: ..........................................................................
14.Qual familiar: ..............................................................................
15. Doença física crônica atual:
(1) sim (2) não 16. Qual? ...........................................................................................
16. Traumas antes dos 18 anos:
(1)divórcio ou separação dos pais
(2)morte de um ou ambos os pais
(3)abuso físico
(4)abuso sexual
17. Evento estressor no último ano (mudança, troca de emprego, morte, separação, etc.):
sim (2) não 16. Qual? ..............................................................................
265
APÊNDICE 5
Questionário seguimento de 2 anos pacientes
266
PROTOCOLO DE PESQUISA
A. DADOS DEMOGRÁFICOS:
1.Nome:
________________________________________________________
2.Sexo (1) M ; (2) F _______
3.Data de Nascimento: __ / _ /___ Idade: anos
4.Prontuário:_______________________
5.Endereço: _____________________________________________________
CEP: _________________________
6.Fones: Res: ____________ Comercial:_____________Celular: ___________
7. Nível de Instrução: ______________ Anos de estudo: _________________
(1 = 1°Grau Incompleto; 2 = 1° Grau Completo; 3 = 2° Grau Incompleto; 4= 2°
Grau Completo; 5 = 3° Grau Incompleto; 6 = 3° Grau Completo; 7 = Pós-
graduação; 8=Outros).
B - PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO:
1- Procedência:
(1= POA; 2 = GPOA; 3 = Interior; 4 = Outros estados; 5 = Estrangeiro).
2- Situação conjugal atual:
(1 = solteiro; 2 = casado/marital; 3= separado/divorciado; 4 = viúvo).
3- Com quem vive atualmente?
(1 = sozinho; 2 = c/ pais; 3= c/ cônjuge; 4 = c/ filhos; 5 = c/ familiares; 6 = em
Instituição; 7 = outro).
4- Ocupação:
(1= estudante; 2 = empregado; 3 = c/ ocupação; 4 = desempregado; 5 = do lar;
6 = auxílio-doença; 7 = aposentado por invalidez; 8 = aposentado por tempo de
serviço).
5- Renda individual (em salários mínimos): R$ _______________
6- Renda familiar: R$ __________
7- Nível sócio-econômico segundo IBGE:
ÍTEM Não tem 1 2 3 4 5 6 ou +
TV 0 2 4 6 8 10 12
Rádio 0 1 2 3 4 5 6
Banheiro 0 2 4 6 8 10 12
Carro 0 4 8 12 16 16 16
Empregada 0 6 12 18 24 24 24
Telefone 0 5 5 5 5 5 5
Geladeira 0 2 2 2 2 2 2
Instrução do chefe da família
Analfabeto/ Ensino fundamental incompleto
Pontos
0
Ensino fundamental completo 1
Ensino médio incompleto 3
Ensino médio completo/ Ensino superior incomp. 5
Ensino superior completo 10
Classe A: 35 ou + pontos (1) Classe D: 5-9 pontos (4)
267
Classe B: 21-34 pontos (2) Classe E: 0-4 pontos (5)
Classe C: 10-20 pontos (3)
C. DADOS GERAIS
1.Idade de aparecimento dos sintomas:
anos.
2.Tempo de duração da doença:
anos.
3. História familiar para doença psiquiátrica:
(1= T. Pânico; 2=T. Ansiedade; 3=T. Humor; 4= Dep. Químico; 5= Outra; 6=
Não sabe; 7=Não tem).
4. Grau de parentesco:
(1= Mãe; 2= Pai; 3= Irmãs; 4= Irmãos; 5= Avós maternos; 6=Avós paternos;
7= Tios maternos; 8= Tios paternos; 9= Primos maternos; 10= Primos
paternos; 11= Filhas; 13= Filhos; 14: Não sabe; 15= Não tem).
5.Primeiro Ataque:
(1= Espontâneo; 2= Situacional; 3=Não sabe; 4=Não tem).
6.Associação com fator estressor e o início da doença:
(1= Sim; 2= Não; 3= Não sabe).
7. Categoria de eventos vitais:
1= Trabalho (mudança de trabalho, dificuldade com a chefia, perda de
emprego, reconhecimento profissional);
2= Perda de suporte social (morte de alguém da família, morte de um
amigo, morte de um cônjuge);
3= Família (doença na família, separação, casamento, gravidez,
nascimento na família);
4= Mudanças no ambiente (mudança na escola, mudança de casa,
mudança do número de pessoas morando na casa);
5= Dificuldades pessoais (problemas de saúde, mudanças de hábitos
pessoais, mudanças de atividades sociais, mudanças recreativas,
mudanças de atividades religiosas, acidentes, dificuldades sexuais,
aposentadoria);
6= Finanças (perdas financeiras, dívidas).
7= Não teve
Tempo Evento (descrever) Categoria
Início doença
1 ano antes do
tratamento
D.TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS E/OU PSICOTERAPIA
Medicação Dosagem Tempo de uso
Baseline
4 meses
268
1 ano
2 anos
TERAPIA
(1= psicoterapia clínica individual; 2= Psicoterapia em grupo;
3= Psicoterapia psicodinâmica; 4= sem psicoterapia).
Duração
1 ano
2 anos
E. RESULTADOS DAS ESCALAS
1. Escalas
BASELINE
4 MESES
2 ANOS
CGI
Ataques completos
Ataques Incompletos
Espontâneos
Situacional
Agorafobia
Ansiedade
antecipatória
HAM-A
HAM-D
2. M.I.N.I
MÓDULOS SIM NÃO
A Episódio Depressivo Maior (EDM) - atual (2 últimas semanas) + vida
inteira
A’ EDM com características melancólicas – atual (2 últimas semanas)
B Distimia –atual (2 últimos anos)
C Risco de Suicídio – atual (último mês)
D Episódio (Hipo) maníaco - atual + vida inteira
E Transtorno do Pânico - vida inteira + atual (último mês)
F Agorafobia - (atual)
G Fobia Social - atual (último mês)
H Transtorno Obsessivo-Compulsivo - atual (último mês)
I Transtorno de Estresse Pós-traumático – atual (último mês)
J Dependência / Abuso de álcool – Atual (últimos 12 meses)
269
K Dependência / Abuso de substância(s) (não alcoólicas) – Atual
(últimos 12 meses)
L Síndrome Psicótica – vida inteira + atual
M Anorexia Nervosa – atual (últimos 3 meses)
N Bulimia Nervosa - atual (últimos 3 meses)
O Transtorno de Ansiedade Generalizada – atual (últimos 6 meses)
P Transtorno da Personalidade Anti-social – vida inteira
Doenças Clínicas: ________________________________________________
__________________________________________________________________
____________________________________________________________
Medicações Clínicas: ______________________________________________
__________________________________________________________________
____________________________________________________________
270
ANEXO A
Inventário do Pânico, GCI, Hamilton – Ansiedade, Hamilton - Depressão
271
Inventário do Pânico
Nome:___________________________________________________________
ESCORES HAM- A:__________ ICG:__________
INVENTÁRIO PÂNICO
Espontâneas Situacionais
Completa
(4 ou + sint.)
Incompleta
(- de 4 sint.)
Duração média das crises(min):_________
Intensidade média das crises (0-10): _____
Agorafobia (0-10):______
Ansiedade Antecipatória(0-10):______
Medicação:_________________________
Dose:______________________________
Efeitos Adversos:____________________
Plano:__________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
__________________________________
272
CGI – Impressão Clínica Global
CGI Intensidade dos
Sintomas
Nível de
Ansiedade
Nível de
Evitação
Nível de
Funcionamento
Adicionais
1
Ausen
te
(1) Nenhuma (1) Nenhuma (1) Nenhum (1) Nenhum
Sem dificuldades
(1) Nenhum
2
Limítrofe
(2) Limítrofe
Nenhuma à Leve
1 x ao mês
(2) Limítrofe
Nenhuma à Leve
Ansiedade
Antecipatória
Infreqüente
(sem outros
medos)
(2) Limítrofe
Nenhum
(2) Limítrofe
Sem efeito no
funcionamento;
angústia em
relação aos
sintomas
(2) Limítrofe
Sem SPA para
auto-medicação
3
Leve
(3) Leve
1 x semana
>1 x ao mês
(3) Leve
Ansiedade
Antecipatória
Infreqüente
Medos Leves
(3) Leve
Apenas
atividades
infreqüentes;
sem
consequências
(3) Leve
Sem efeito
significativo
Leve
preocupação e
angústia em
relação aos
sintomas
(3) Leve
Sem drogas para
auto-medicação
4
Moderado
(4) Moderado
> 1 x semana
(4) Moderado
> 1 x semana
(4) Moderado
>1 x semana
Algumas
atividades
sociais
necessárias são
evitadas
(4) Moderado
Sem diminuição
significativa no
desempenho de
papéis. Faz
algum esforço
para manter o
desempenho
normal
(4) Moderado
Pode se auto-
medicar
5
Grave
(5) Grave
Quase diariamente
Gravidade
significativa
(5) Grave
Quase
diariamente
(5) Grave
Algumas
atividades
sociais
necessárias e
desejadas são
evitadas
(5) Grave
Prejuízo no
desempenho de
papéis
necessários.
Pode necessitar
de assistência
(5) Grave
Alguma
desadaptação
familiar
6
Muito Grave
(6) Muito grave
Diariamente com
pequena mudança
de intensidade
(6) Muito grave
Diariamente
(6) Muito grave
Evita
diariamente.
Não pode fazer
muitas
atividades
necessárias e
desejadas
(6) Muito Grave
Prejuízo grave no
desempenho de
papéis
necessários
(largou emprego,
foi demitido,
p.ex.)
(6) Muito Grave
Relacionamentos
pessoais podem
estar
extremamente
desadaptados
7
Extremamente
Grave
(7) Extremamente
Grave
Incapacitante
(7) Extremamente
Grave
Incapacitante
(7)
Extremamente
Grave
Não sai de casa
ou está
hospitalizado
devido ao TP ou
evitações
incapacitantes
(7) Extremamente
Grave
Prejuízo total no
desempenho de
papéis
(7) Extremamente
Grave
Entre os
pacientes
extremamente
doentes
273
ESCALA HAMILTON DE ANSIEDADE
Com escore padronizado
ESCORE PADRONIZADO
MÁXIMO = Um ou mais sintomas máximos OU mais que 2 sintomas fortes
FORTE = Um ou mais sintomas fortes OU mais que 2 sintomas médios
MÉDIO = Um ou mais sintomas médios OU mais que 2 sintomas leves
LEVE = Qualquer sintoma leve
Ausente
Leve
Médio
Forte
Máximo
0 1 2 3 4
HUMOR ANSIOSO – ( )inquietude, ( )temor do pior, ( )apreensão quanto ao
futuro ou presente, ( )irritabilidade
TENSÃO - ( )sensação de tensão, ( )fatigabilidade, ( )tremores, ( )choro fácil,
( )incapacidade de relaxar, agitação, reações de sobressalto
MEDO - ( )de escuro, ( )de desconhecidos, ( )de multidão, ( )de ser
abandonado, ( )de animais grandes, ( )de trânsito
INSÔNIA - ( )dificuldade de adormecer, ( )sonhos penosos, ( )sono
interrompido, ( )sono insatisfatório, ( )fadiga ao acordar, ( )pesadelos,
( )terrores noturnos
DIFICULDADES INTELECTUAIS - ( )dificuldade de concentração,
( )distúrbios de memória
HUMOR DEPRESSIVO - ( )perda de interesse, ( )humor variável,
( )indiferença às atividades de rotina, ( )despertar precoce, ( )depressão
SINTOMAS SOMÁTICOS GERAIS (MUSCULARES) - ( )dores e lassidão
muscular, ( )rigidez muscular, ( )mioclonias, ( )ranger de dentes, ( )voz
insegura
SINTOMAS SOMÁTICOS GERAIS (SENSORIAIS) - ( )visão turva, ( )ondas de
calor ou frio, ( )sensação de fraqueza, ( )sensação de picada, ( )zumbidos
SINTOMAS CARDIOVASCULARES - ( )taquicardia, ( )palpitações, ( )dores
pré-cordiais, ( )batidas, ( )pulsações arteriais, ( )sensação de desmaio
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS - ( )sensação de opressão, ( )dispnéia,
( )constrição torácica, ( )suspiro, ( )bolo faríngeo
SINTOMAS GASTROINTESTINAIS - ( )dificuldade de engolir, ( )aerofagia,
( )dispepsia, ( )dor pré ou pós-prandial, ( )queimações, ( )empanzinamento,
( )náuseas, ( )vômitos, ( )cólicas diarréias, ( )constipação, ( )perda de peso
SINTOMAS GÊNITO-URINÁRIOS - ( )micções freqüentes, ( )urgência de
micção, ( )frigidez, ( )amenorréia, ( )ejaculação precoce, ( )ausência de
ereção, ( )impotência
SINTOMAS DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO - ( )secura na boca,
( )ruborização, ( )palidez, ( )tendência à sudação, ( )vertigens, ( )cefaléia de
tensão
COMPORTAMENTO NA ENTREVISTA - Geral: ( )tenso, ( )pouco à vontade,
( )agitação das mãos, ( )dos dedos, ( )tiques, ( )inquietação, ( )respiração
suspirosa. Fisiológico
: ( )eructações, ( )taquicardia em repouso, ( )ritmo
respiratório > 20 mpm
TOTAL
274
ESCALA DE HAMILTON – DEPRESSÃO
Nome:_______________________________ Prontuário:______________
Data:__________________ Sessão:________________
ÍTEM ESCORE
1. Humor depressivo 0 1 2 3 4
2. Sentimento de culpa 0 1 2 3 4
3. Suicídio 0 1 2 3 4
4. Insônia inicial 0 1 2
5. Insônia intermediária 0 1 2
6. Insônia tardia 0 1 2
7. Trabalho e atividades 0 1 2 3 4
8. Retardo 0 1 2 3 4
9. Agitação 0 1 2 3 4
10. Ansiedade psíquica 0 1 2 3 4
11. Ansiedade somática 0 1 2 3 4
12. Sintomas somáticos Gastrointestinais 0 1 2
13. Sintomas somáticos gerais 0 1 2
14. Sintomas genitais 0 1 2
15. Hipocondria 0 1 2 3 4
16. Alteração de peso 0 1 2
17. Crítica (insight) 0 1 2
Escore total HAM-D 17 ítens:
18. Variação diurna 0 1 2
19. Despersonalização e desrealização 0 1 2 3 4
20. Sintomas paranóides 0 1 2 3 4
21. Sintomas obsessivos e compulsivos 0 1 2 3 4
Escore total HAM- D 21 ìtens:
275
ANEXO B
Diagnósticos do Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI)
276
Resultados do M.I.N.I
MÓDULOS SIM NÃO
A Episódio Depressivo Maior (EDM) - atual (2 últimas semanas)
Episódio Depressivo Maior – passado
B Distimia –atual (2 últimos anos)
C Risco de Suicídio – atual (último mês)
D Episódio (Hipo)maníaco - atual + vida inteira
E Transtorno do Pânico - vida inteira + atual (último mês)
F Agorafobia - (atual)
G Fobia Social - atual (último mês)
H Transtorno Obsessivo-Compulsivo – atual (último mês)
I Transtorno de Estresse Pós-traumático – atual (último mês)
J Dependência / Abuso de álcool – Atual (últimos 12 meses)
K Dependência / Abuso de substância(s) (não alcoólicas) – Atual
(últimos 12 meses)
L Síndrome Psicótica – vida inteira + atual
M Anorexia Nervosa – atual (últimos 3 meses)
N Bulimia Nervosa - atual (últimos 3 meses)
O Transtorno de Ansiedade Generalizada – atual (últimos 6 meses)
Retardo mental – testagem psicologia
277
ANEXO C
Defense Style Questionnaire
DSQ – 40
278
DSQ-40 – DEFENSE STYLE QUESTIONNAIRE
INTRUÇÕES: Este questionário consiste em 40 afirmativas relacionadas a como você pensa e
funciona em sua vida. Não há questão certa ou errada. Marque o grau em relação ao qual você
concorda ou discorda de cada afirmativa e assinale a sua resposta, de 1 a 9. Por exemplo, um
escore de 5 indicaria que você nem concorda nem discorda da afirmativa, um escore de 3 indicaria
que você discorda moderadamente e um escore de 9 que você concorda fortemente.
1. Eu fico satisfeito em ajudar os outros e, se eu não puder fazer isto, eu fico deprimido
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
2. Eu consigo não me preocupar com um problema até que eu tenha tempo para lidar com
ele
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
3. Eu alivio a minha ansiedade fazendo coisas construtivas e criativas, como pintura e
marcenaria
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
4. Eu sou capaz de achar bons motivos para tudo que eu faço
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
5. Eu sou capaz de rir de mim mesmo com bastante facilidade
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
6. As pessoas tendem a me tratar mal
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
7. Se alguém me assalta e rouba o meu dinheiro, eu prefiro que esta pessoa seja ajudada em
vez de punida
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
8. As pessoas dizem que eu costumo ignorar os fatos desagradáveis como se eles não
existissem
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
9. Eu costumo ignorar o perigo como se eu fosse o Super-homem
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
10. Eu me orgulho da minha capacidade de reduzir as pessoas aos seus devidos lugares
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
11. Eu frequentemente ajo impulsivamente quando alguma coisa está me incomodando
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
12. Eu fico fisicamente doente quando as coisas não estão indo bem para mim
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
13. Eu sou uma pessoa muito inibida
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
14. Eu fico mais satisfeito com minhas fantasias do que com a vida real
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
15. Eu tenho qualidades especiais que me permitem levar a vida sem problemas
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
16. Há sempre boas razões quando as coisas não dão certo pra mim
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
17. Eu resolvo mais as coisas sonhando acordado do que com a vida real
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
18. Eu não tenho medo de nada
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
19. Às vezes, eu acho que sou um anjo e, outras vezes, acho que sou o demônio
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
20. Eu fico francamente agressivo quando sou magoado
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
21. Eu sempre acho que alguém que eu conheço é como um anjo da guarda
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
22. Tanto quanto eu sei, ou as pessoas são boas ou más
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
279
23. Se o meu chefe me repreendesse, eu poderia cometer um erro ou trabalhar mais devagar
só para me vingar dele
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
24. Eu conheço alguém que é capaz de ser justo e imparcial em qualquer coisa que faça
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
25. Eu posso controlar os meus sentimentos se eles interferirem no que eu estiver fazendo
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
26. Eu frequentemente sou capaz de ver o lado engraçado de uma situação apesar de ela ser
desagradável
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
27. Eu sinto dor de cabeça quando tenho que fazer algo que não gosto
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
28. Eu frequentemente me vejo sendo muito simpático com pessoas com quem, pelo certo,
eu deveria estar muito irritado
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
29. Eu tenho certeza de que a vida é injusta comigo
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
30. Quando eu sei que vou ter que enfrentar uma situação difícil, eu tento imaginar como
isso será e planejo um jeito de lidar com a situação
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
31. Os médicos nunca realmente entendem o que há de errado comigo
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
32. Depois de lutar pelos meus direitos, eu tenho a tendência de me desculpar por ter sido
tão firme
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
33. Quando eu estou deprimido ou ansioso, comer faz com que eu me sinta melhor
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
34. Frequentemente me dizem que eu não mostro os meus sentimentos
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
35. Se eu puder saber com antecedência que vou ficar triste mais adiante, eu poderei lidar
melhor com a situação
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
36. Não importa o quanto eu reclame, eu nunca consigo uma resposta satisfatória
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
37. Frequentemente eu me dou conta de que eu não sinto nada em situações que deveriam
me despertar fortes emoções
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
38. Manter-me muito ocupado evita que eu me sinta deprimido ou ansioso
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
39. Se eu estivesse passando por uma crise, eu me aproximaria de pessoas que tivessem o
mesmo problema
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
40. Se eu tenho um pensamento agressivo,eu sinto a necessidade de fazer algo para
compensá-lo
Discordo Completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo Plenamente
280
ANEXO D
Inventário Multifásico Minnesota de Personalidade
MMPI
(Direitos reservados - reprodução proibida)
281
282
283
ANEXO E
Personality Diagnostic Questionnaire
PDQ – IV
284
PDQ – IV
LEIA COM ATENÇÃO:
O objetivo deste questionário é que você possa descrever o tipo de pessoa que você
é. Quando estiver respondendo as questões, você deve pensar em como você se sente, pensa
ou tem agido nos últimos anos.
Considere o seu modo de ser ao longo da vida e não apenas nos últimos tempos.
Considere verdadeiras somente as frases que se aplicam ao seu estado habitual, e
não em períodos de depressão, outras doenças ou momentos especiais.
Considere verdadeiras somente as frases com situações que lhe tragam problemas
ou preocupações.
V (verdadeiro) significa que a frase é geralmente verdadeira para você.
F (falso) significa que a frase é geralmente falsa para você.
Mesmo que você não tenha certeza da resposta, marque V ou F em todas as
questões.
Por exemplo:
Eu sou teimoso. V F
Se, na verdade, você tem sido teimoso nos últimos anos, você deve marcar V. Se
isto não for verdadeiro para você, marque F.
Não há resposta correta e você pode usar o tempo que necessitar para preencher o
questionário.
1. Eu evito trabalhar com pessoas que possam me criticar. V F
2. Eu não consigo tomar decisões sem me aconselhar, ou me reassegurar com os outros. V F
3. Freqüentemente eu me detenho em detalhes e acabo perdendo a noção do todo em geral. V F
4. Eu necessito ser o centro das atenções. V F
5. Eu tenho realizado muito mais do que é creditado a mim. V F
6. Eu faria qualquer coisa para evitar que aqueles que eu amo nunca me deixassem. V F
7. Eu tive problemas com a lei diversas vezes (ou teria se tivesse sido apanhado). V F
8. Não me interessa gastar meu tempo com a família ou amigos. V F
9. Eu recebo mensagens especiais das coisas que acontecem ao meu redor. V F
10. Eu sei que as pessoas vão tentar tirar vantagem de mim, ou me trapacear, se eu deixar. V F
11.Às vezes, eu fico perturbado. V F
12. Eu faço amizade apenas quando tenho certeza de que gostam de mim. V F
13. Eu prefiro que outras pessoas assumam responsabilidades por mim. V F
14. Eu perco tempo tentando fazer as coisas saírem muito perfeitas. V F
15. Eu sou mais “sexy” do que as outras pessoas. V F
16. Freqüentemente eu me pego pensando: que grande pessoa eu sou, ou serei. V F
17. Ou eu amo, ou eu odeio alguém, nunca o meio termo. V F
18. Eu me envolvo em muitas brigas com agressões físicas. V F
19. Eu prefiro fazer coisas sozinho do que acompanhado. V F
20. Eu tenho a capacidade de saber que algumas coisas vão acontecer, antes delas acontecerem. V F
21. Freqüentemente, eu gostaria de saber se as pessoas que eu conheço são realmente confiáveis. V F
22. Ocasionalmente, eu falo das pessoas pelas costas. V F
23. Eu sou inibido em minhas relações íntimas porque tenho medo de ser ridicularizado. V F
24. Eu tenho medo de perder a ajuda dos outros se discordar deles. V F
25. Eu coloco meu trabalho à frente de estar com minha família, meus amigos ou meu lazer. V F
26. Eu demonstro minhas emoções facilmente. V F
27. Apenas certas pessoas especiais podem me entender e me admirar. V F
285
28. Freqüentemente, eu me pergunto quem eu realmente sou. V F
29. Eu tenho dificuldade em pagar as contas porque não fico muito tempo nos empregos. V F
30. Eu simplesmente não me interesso por sexo. V F
31. Freqüentemente eu posso perceber ou sentir coisas que os outros não podem. V F
32. O que eu contar aos outros vai ser usado contra mim. V F
33. Existem algumas pessoas das quais eu não gosto. V F
34. Eu sou mais sensível a críticas ou rejeição do que a maioria das pessoas. V F
35. Eu tenho dificuldade em iniciar coisas que eu tenha que fazer por mim mesmo. V F
36. Eu tenho uma consciência moral maior do que a das outras pessoas. V F
37. Eu uso minha aparência física para chamar a atenção que eu preciso. V F
38. Eu preciso muito que as outras pessoas me notem ou me elogiem. V F
39. Eu já tentei me machucar ou me matar. V F
40. Eu faço um monte de coisas sem levar em consideração as conseqüências. V F
41. Existem poucas atividade pelas quais eu tenho algum interesse. V F
42. As pessoas freqüentemente têm dificuldade em entender o que eu digo. V F
43. Eu fico alerta para descobrir o real significado por trás do que as pessoas estão dizendo. V F
44. Eu nunca contei uma mentira. V F
45. Eu tenho medo de conhecer pessoas novas porque eu me sinto inadequado. V F
46. Eu quero tanto que as pessoas gostem de mim, que eu me ofereço para fazer coisas que
eu preferiria não fazer. V F
47. Eu tenho guardadas várias coisas que eu não preciso e das quais eu não consigo me desfazer. V F
48. Apesar de falar muito, as pessoas dizem que eu tenho dificuldade em chegar no ponto. V F
49. Eu espero que as pessoas façam favores para mim apesar de eu habitualmente não fazer
favores aos outros. V F
50. Eu sou uma pessoa muito mal-humorada. V F
51. Mentir é fácil para mim e freqüentemente eu minto. V F
52. Eu não estou interessado em ter amigos íntimos. V F
53. Eu freqüentemente estou me cuidando para que não tirem vantagem de mim. V F
54. Eu nunca esqueço nem perdôo aqueles que me fizeram mal. V F
55. Uma guerra nuclear talvez não seja uma má idéia. V F
56. Quando estou só eu me sinto desamparado e incapaz de cuidar de mim mesmo. V F
57. Se os outros não podem fazer as coisas corretamente, eu prefiro fazer eu mesmo. V F
58. Eu tenho uma tendência a ser dramático. V F
59. Algumas pessoas pensam que eu tiro vantagem dos outros. V F
60. Eu sinto que a minha vida é vazia e sem sentido. V F
61. Eu não me importo com o que os outros dizem ao meu respeito. V F
62. Eu tenho dificuldades em conversar na intimidade com outras pessoas. V F
63. Freqüentemente as pessoas se queixam de que eu não me dou conta que elas estão chateadas. V F
64. Olhando para mim, as pessoas devem achar que eu sou estranho, esquisito ou excêntrico. V F
65. Eu gosto da fazer coisas arriscadas. V F
66. Eu estou mentindo bastante neste questionário. V F
67. Eu tenho dificuldade em controlar a minha raiva ou meu temperamento. V F
68. Algumas pessoas têm inveja de mim. V F
69. Eu sou facilmente influenciado pelos outros. V F
70. Eu me vejo como econômico, mas as pessoas me vêem como pão-duro. V F
71. Quando um relacionamento íntimo termina, eu preciso me envolver com outra pessoa
imediatamente. V F
72. Eu tenho baixa auto-estima. V F
73. Eu não perco tempo e respondo rapidamente para aqueles que me ofendem. V F
74. Estar próximo a outras pessoas me deixa nervoso. V F
75. Eu tenho medo de ficar atrapalhado frente a situações novas. V F
76. Eu fico aterrorizado de ser abandonado e ter que cuidar de mim mesmo. V F
77. As pessoas reclamam que eu sou teimoso como uma mula. V F
78. Eu levo os relacionamentos mais a sério do que as outras pessoas que se envolvem comigo. V F
79. As pessoas me consideram convencido. V F
80. Quando fico estressado, tenho desmaios, ou fico desconfiado. V F
286
81. Eu não me importo se os outros se magoam, contanto que eu consiga o que eu quero. V F
82. E mantenho distância dos outros. V F
83. Freqüentemente, eu penso se o meu companheiro (esposo, esposa, namorado ou namo-
rada) foi fiel a mim. V F
84. Eu tenho feito coisas por impulso, como estas abaixo, que podem me trazer problemas. V F
Marque com um X as alternativas que se aplicam a você:
a) Gastando mais dinheiro do que eu tenho. ____
b) Fazendo sexo com pessoas que eu mal conheço.____
c) Bebendo muito. ____
d) Usando drogas. ____
e) Comendo muito de uma vez só. ____
f) Dirigindo sem cuidado. ____
85. Quando eu era mais novo, antes dos 15 anos, eu era do tipo delinqüente, e fazia algumas das coisas
abaixo:
Marque com um X as alternativas que se aplicam a você:
a) Eu era considerado um brigão. ____
b) Eu costumava iniciar brigas com os outros. ____
c) Eu usava uma arma nas minhas brigas.____
d) Eu roubei ou assaltei outras pessoas. ____
e) Eu era fisicamente cruel com os outros. ____
f) Eu era fisicamente cruel com animais. ____
g) Eu forcei alguém a fazer sexo comigo. ____
h) Eu mentia bastante. ____
i) Eu passava as noites fora sem permissão dos meus pais. ____
j) Eu roubava coisas dos outros. ____
k) Eu provoquei incêndios. ____
l) Eu quebrava vidros e destruía a propriedade dos outros. ____
m) Eu fugi de casa à noite mais de uma vez. ____
n) Eu comecei a matar muitas aulas antes dos 13 anos. ____
o) Eu arrombei a casa, o prédio ou o carro de alguém. ____
287
ANEXO F
Inventário de Temperamento e Caráter
TCI
288
INVENTÁRIO DE TEMPERAMENTO E CARÁTER
Nome. Data 15 de janeiro de 2008
Neste encarte, você encontrará afirmações que as pessoas usam para descrever suas ações, opiniões, interesses
e outros sentimentos pessoais. Cada afirmação pode ser respondida com VERDADEIRO ou FALSA. Leia as
afirmações e decida: qual alternativa descreve melhor você. Tente descrever como você NORMALMENTE
ou GERALMENTE age e sente e não apenas como você está se sentindo exatamente agora. Nós pedimos que
você preencha este questionário à caneta. Quando você tiver terminado, por favor, devolva o encarte.
COMO RESPONDER AO OUESTIONÁRIO
Para responder cada questão, basta assinalar ao lado do item a letra V, que significa VERDADEIRO, ou
deixar o quadrado em branco, que significa FALSO, no quadrado junto ao número correspondente à questão.
Leia cada frase com atenção, mas não perca tempo demais para decidir a resposta. Responda a TODAS as
questões, mesmo que você não tenha certeza se a resposta melhor é VERDADEIRO ou FALSO. Lembre-se:
não há respostas certas ou erradas — apenas descreva suas opiniões pessoais e sentimentos.
1. Muitas vezes, tento coisas novas apenas por divertimento ou emoção, mesmo que a maioria
das pessoas ache isso uma perda de tempo.
2. Em geral, confio em que tudo dará certo, mesmo em situações que deixem muitas pessoas
preocupadas.
3. Muitas vezes, fico profundamente comovido(a) por uma fala delicada ou por uma poesia.
4. Muitas vezes, sinto que sou vítima das circunstâncias.
5. Geralmente, consigo aceitar as pessoas como elas são, mesmo quando elas são muito
diferentes de mim.
6. Acredito que milagres aconteçam.
7. Gosto de me vingar de quem me agride.
8. Muitas vezes, quando estou concentrado(a) em alguma coisa, perco a noção da passagem do
tempo
9. Freqüentemente, sinto que minha vida tem pouco objetivo ou significado.
10. Gosto de ajudar a encontrar soluções para problemas para que todo mundo possa seguir em
frente.
11. Eu, provavelmente, conseguiria realizar mais do que faço, mas não vejo finalidade para me
esforçar mais do que o necessário para ir levando.
12. Muitas vezes, sinto-me tenso(a) e preocupado(a) em situações novas, mesmo quando os outros
acham que há pouco com o que se preocupar.
13. Muitas vezes, faço as coisas baseado(a) em como me sinto no momento, sem pensar em como
elas eram feitas no passado.
14. Geralmente, faço as coisas à minha maneira — ao contrário de ceder às vontades das outras
pessoas.
15. Muitas vezes, sinto-me tão ligado(a) às pessoas ao meu redor que é como se não houvesse
separação entre nós.
16. Em geral, não gosto de pessoas que tenham idéias diferentes de mim.
17. Na maioria das situações, minhas reações naturais são baseadas em bons hábitos que eu
tenha desenvolvido.
18. Eu faria praticamente qualquer coisa dentro da lei para me tornar rico(a) e famoso(a), mesmo
que perdesse a confiança de muitos dos velhos amigos.
19. Sou muito mais reservado(a) e controlado(a) que a maioria das pessoas.
20. Com freqüência, tenho que parar o que estou fazendo porque começo a me preocupar sobre o
que pode estar errado.
21. Gosto de discutir abertamente minhas experiências e sentimentos com meus amigos ao invés
de guardá-los comigo.
22. Tenho menos energia e me canso mais rapidamente que a maioria das pessoas.
289
23. Muitas vezes, sou chamado(a) de “distraído(a)”, pois fico tão envolvido(a) no que estou
fazendo que perco de vista todo o resto.
24. Raramente me sinto à vontade para escolher o que eu quero fazer.
25. Muitas vezes, levo em consideração os sentimentos dos outros tanto quanto os meus próprios.
26. Na maior parte do tempo, eu preferiria fazer alguma coisa um pouco arriscada (como correr
de automóvel em descidas muito altas e curvas fechadas) ao contrário de ficar quieto(a) e
inativo(a) por algumas horas.
27. Muitas vezes, evito encontrar estranhos porque fico inseguro(a) com pessoas que não conheço.
28. Gosto de agradar os outros o tanto quanto posso.
29. Gosto muito mais das maneiras “antigas e comprovadas” de fazer as coisas do que
experimentar maneiras novas e melhoradas”.
30. Em geral, não sou capaz de fazer as coisas segundo a prioridade que elas têm para mim,
devido à falta de tempo.
31. Freqüentemente, faço coisas para ajudar a proteger animais e plantas da extinção.
32. Muitas vezes, gostaria de ser mais esperto(a) que todos os outros.
33. Fico satisfeito(a) ao ver meus inimigos sofrerem.
34. Gosto de ser muito organizado(a) e, sempre que posso, estabelecer regras para as pessoas.
35. É difícil para mim manter os mesmos interesses por muito tempo porque minha atenção
freqüentemente se desloca para outras coisas.
36. Pela repetição de certas práticas, adquiri bons hábitos que são mais fortes que muitos impulsos
momentâneos ou que a persuasão.
37. Em geral, sou tão determinado(a) que continuo a trabalhar muito depois de várias pessoas
terem desistido.
38. Fico fascinado(a) por muitas coisas na vida que não podem ser explicadas cientificamente.
39. Tenho inúmeros maus hábitos que gostaria de poder superar.
40. Muitas vezes, espero que alguém providencie uma solução para meus problemas.
41. Com freqüência, gasto dinheiro até “ficar liso(a)” ou então ficar cheio(a) de dividas.
42. Acho que terei muita sorte no futuro.
43. Recupero-me mais devagar de pequenas doenças ou do estresse do que a maioria das pessoas.
44. Não me aborreceria de ficar sozinho(a) o tempo todo.
45. Muitas vezes, tenho lampejos inesperados da clareza de algo ou intuições enquanto estou
descansando.
46. Não me importa muito se os outros gostam de mim ou da maneira como faço as coisas.
47. Em geral, tento conseguir o que quero para mim mesmo(a), pois, de qualquer modo, não é
possível satisfazer a todos.
48. Não tenho paciência com pessoas que não aceitam minhas opiniões.
49. Acho que não compreendo muitas bem as pessoas.
50. Não é preciso ser desonesto(a) para ter sucesso nos negócios.
51. Algumas vezes, sinto-me tão ligado(a) à natureza que tudo parece fazer parte de um único
organismo vivo.
52. Nas conversas me saio muito melhor ouvindo do que falando.
53. Perco a paciência mais depressa que a maioria das pessoas.
54. Quando tenho que encontrar um grupo de estranhos, fico mais tímido(a) que a maioria das
pessoas.
55. Sou mais sentimental que a maioria das pessoas.
56. Pareço ter um “sexto sentido” que, algumas vezes, me permite saber o que está para
acontecer.
57. Quando alguém me machuca de alguma forma, geralmente tento revidar.
58. Minhas atitudes são, em grande parte, determinadas por influências fora do meu controle.
290
59. A cada dia procuro dar mais um passo em direção aos meus objetivos.
60. Muitas vezes, gostaria de ser mais forte do que todos os outros.
61. Gosto de pensar a respeito das coisas por um longo tempo antes de tomar uma decisão.
62. Sou mais trabalhador(a) que muita gente.
63. Muitas vezes, preciso tirar um cochilo ou um período de descanso extra, pois me canso
facilmente.
64. Gosto de ser útil aos outros.
65. Mesmo que exista algum problema temporário que eu precise resolver, sempre acho que tudo
acabará bem.
66. É difícil para mim gostar de gastar dinheiro comigo, mesmo tendo economizado bastante.
67. Em geral, fico calmo(a) e seguro(a) em situações que, para muitas pessoas, representariam
perigo físico.
68. Gosto de guardar meus problemas para mim mesmo(a).
69. Não me importo em discutir meus problemas pessoais com pessoas que conheci há pouco
tempo ou superficialmente.
70. Gosto mais de ficar em casa do que viajar ou conhecer novos lugares.
71. Não acho que seja inteligente ajudar pessoas fracas que não podem ajudar a si mesmas.
72. Não consigo ficar com a consciência tranqüila se eu tratar outras pessoas injustamente, mesmo
que sejam injustas comigo.
73. As pessoas geralmente me dizem como se sentem.
74. Muitas vezes, gostaria de ficar jovem para sempre.
75. Normalmente fico mais aborrecido(a) pela perda de um grande amigo do que a maioria das
pessoas.
76. Algumas vezes me senti como se fizesse parte de algo sem limites ou fronteiras no tempo e no
espaço.
77. Algumas vezes sinto uma ligação espiritual com outras pessoas que não posso explicar em
palavras.
78. Tento ser atencioso(a) aos sentimentos dos outros, mesmo que eles tenham sido injustos
comigo no passado.
79. Gosto quando as pessoas podem fazer tudo o que querem sem regras rígidas ou regulamentos.
80. Provavelmente ficaria descontraído(a) e seguro(a) ao encontrar um grupo de estranhos, mesmo
se eu fosse comunicado(a) de que eles não eram cordiais.
81. Normalmente fico mais preocupado(a) com que alguma coisa possa dar errado no futuro do
que a maioria das pessoas.
82. Em geral, penso sobre todos os fatos detalhadamente antes de tomar uma decisão.
83. Acho mais importante ser simpático(a) e compreensivo(a) com os outros do que ser prático(a)
e racional.
84. Muitas vezes, sinto uma forte sensação de unidade com tudo que está ao meu redor.
85. Muitas vezes, gostaria de ter poderes especiais como o Super-Homem.
86. As pessoas me controlam demais.
87. Gosto de compartilhar o que aprendi com outras pessoas.
88. As experiências religiosas me ajudaram a compreender o verdadeiro propósito de minha vida.
89. Freqüentemente, aprendo muito com as pessoas.
90. A repetição de certas práticas tem me permitido ficar bom(boa) em muitas coisas que me
ajudam a ser bem sucedido(a).
91. Em geral, consigo fazer os outros acreditarem em mim, mesmo quando sei que o que estou
dizendo é exagerado ou mentiroso.
92. Preciso de muito descanso extra, de apoio ou de que me transmitam confiança para me
recuperar de pequenas doenças ou tensões.
291
93. Sei que há regras no modo de viver que ninguém pode violar sem que venha a sofrer mais
tarde.
94. Não quero ser mais rico(a) que todos.
95. Eu arriscaria de bom grado a própria vida para fazer do mundo um lugar melhor.
96. Mesmo depois de pensar a respeito de alguma coisa por um longo tempo, aprendi a confiar
mais nos meus sentimentos do que em minhas razões lógicas.
97. Algumas vezes senti que minha vida estava sendo dirigida por uma força espiritual maior que
qualquer ser humano.
98. Geralmente, gosto de ser malvado(a) com quem foi malvado comigo.
99. Tenho reputação de ser muito prático(a) e de não agir pelas emoções.
100. É fácil para mim organizar meus pensamentos enquanto falo com alguém.
101. Muitas vezes, reajo tão fortemente a notícias inesperadas que digo ou faço coisas de que me
arrependo.
102. Fico profundamente comovido(a) por apelos sentimentais (por exemplo, quando me pedem
para ajudar crianças aleijadas).
103. Normalmente me esforço muito mais que a maioria das pessoas, pois quero sempre fazer o
melhor que sou capaz.
104. Tenho tantos defeitos que não gosto muito de mim.
105. Tenho pouquíssimo tempo para procurar soluções a longo prazo para meus problemas.
106. Muitas vezes, não posso lidar com os problemas porque não sei o que fazer.
107. Muitas vezes, gostaria de poder parar o tempo.
108. Odeio tomar decisões baseadas somente em minhas primeiras impressões.
109. Prefiro gastar dinheiro a economizá-lo.
110. Normalmente tenho facilidade em exagerar a verdade para contar uma história mais
engraçada ou fazer uma piada com alguém.
111. Mesmo havendo problemas numa amizade, quase sempre tento mantê-la apesar de tudo.
112. Se eu ficar embaraçado(a) ou humilhado(a), supero isso rapidamente.
113. E extremamente difícil ajustar-me a mudanças em minha forma costumeira de fazer as
coisas porque fico muito tenso(a), cansado(a) ou preocupado(a).
114. Normalmente exijo razões práticas muito boas antes de aceitar mudar minhas antigas
maneiras de fazer as coisas.
115. Preciso muito da ajuda dos outros para me treinar a adquirir bons hábitos.
116. Acho que percepção extrasensorial (PES, como telepatia ou premonição) seja realmente
possível.
117. Gostaria de ter amigos próximos e calorosos ao meu lado a maior parte do tempo.
118. Com freqüência, fico tentando a mesma coisa repetidas vezes, mesmo não tendo tido muito
sucesso por um longo tempo.
119. Quase sempre estou relaxado(a) e despreocupado(a), mesmo quando quase todos estão com
medo.
120. Acho filmes e canções tristes um tanto chato.
121. As circunstâncias, muitas vezes, forçam-me a fazer coisas contra a minha vontade.
122. Sinto dificuldade em tolerar pessoas que sejam diferentes de mim.
123. Acho que a maioria das coisas tidas como milagres são apenas acaso.
124. Gostaria de ser mais gentil ao invés de me vingar quando alguém me agride.
125. Muitas vezes, fico tão encantado(a) com o que estou fazendo que fico totalmente
concentrado(a) naquilo —é como se eu estivesse “desligado(a)’ do tempo e do espaço.
126. Não acho que eu tenha um verdadeiro sentido de objetivo para minha vida.
127. Tento cooperar com os outros tanto quanto é possível.
128. Estou satisfeito(a) com as minhas realizações e tenho pouco desejo de fazer melhor.
292
129. Muitas vezes, sinto-me tenso(a) e preocupado(a) em situações desconhecidas, mesmo
quando os outros acham que não há risco algum.
130. Muitas vezes, sigo meus instintos, palpites ou intuições sem examinar completamente todos
os detalhes.
131. As outras pessoas muitas vezes acham que sou independente demais porque não faço o que
elas querem.
132. Muitas vezes, sinto uma forte ligação espiritual ou emocional com todos que me cercam.
133. Em geral, é fácil para mim gostar de pessoas que tenham valores diferentes dos meus.
134. Tento trabalhar o mínimo possível, mesmo quando os outros esperam mais de mim.
135. Ter bons hábitos tornou-se uma segunda natureza “em mim — eles são ações espontâneas e
automáticas quase que o tempo todo”.
136. Não me preocupa o fato de que, muitas vezes, os outros saibam mais do que eu a respeito de
alguma coisa.
137. Em geral, tento me imaginar no lugar da outra pessoa, para poder realmente compreendê-la.
138. Princípios como justiça e honestidade desempenham papel pequeno em alguns aspectos da
minha vida.
139. Sei economizar dinheiro melhor que a maioria das pessoas.
140. Raramente deixo-me aborrecer ou frustrar: quando as coisas não vão bem, simplesmente
passo para outras atividades.
141. Mesmo quando os outros acham que isso não é importante, freqüentemente insisto em fazer
as coisas de modo rigoroso e ordeiro.
142. Sinto-me muito confiante e seguro(a), em quase todas as situações sociais.
143. Meus amigos têm dificuldades em saber como me sinto porque raramente lhes falo a
respeito das minhas opiniões pessoais.
144. Odeio mudar meu modo de fazer as coisas, mesmo se muita gente diz que há um modo novo
e melhor de fazê-las.
145. Acho tolice acreditar em coisas que não podem ser explicadas cientificamente.
146. Gosto de imaginar meus inimigos sofrendo.
147. Tenho mais energia e demoro mais a me cansar que a maioria das pessoas.
148. Gosto de prestar muita atenção aos detalhes em tudo o que faço.
149. Muitas vezes, paro o que estou fazendo porque fico preocupado(a), mesmo quando meus
amigos me dizem que tudo vai dar certo.
150. Muitas vezes, gostaria de ser mais poderoso(a) que todo mundo.
151. Em geral, sou livre para escolher o que vou fazer.
152. Com freqüência, fico tão envolvido(a) no que estou fazendo que, por algum tempo, esqueço
onde estou.
153. Membros de uma equipe raramente recebem sua parte justa.
154. Na maior parte do tempo, eu preferiria fazer alguma coisa arriscada (como saltar de pára-
quedas ou voar de asa delta) que ficar quieto(a) e inativo(a) por algumas horas.
155. Como eu, freqüentemente, gasto muito dinheiro impulsivamente, fica difícil para mim
economizar dinheiro, mesmo para algum projeto especial como umas férias.
156. Não mudo meu jeito de ser para agradar a outras pessoas.
157. Não fico tímido(a) com estranhos de jeito nenhum.
158. Freqüentemente, cedo aos desejos dos amigos.
159. Gasto a maior parte do tempo fazendo coisas que parecem necessárias, mas não realmente
importantes para mim.
160. Não acho que princípios religiosos ou éticos acerca do que é certo ou errado devam ter
muita influência em decisões de negócio.
293
161. Muitas vezes, tento colocar de lado meus próprios julgamentos, de modo que eu consiga
compreender melhor o que as outras pessoas estão vivenciando.
162. Muitos dos meus hábitos tornam difícil para eu realizar objetivos que valham a pena.
163. Tenho feito verdadeiros sacrifícios pessoais com a intenção de fazer do mundo um lugar
melhor como tentar evitar guerras, pobreza e injustiças.
164. Nunca me preocupo com coisas terríveis que poderiam acontecer no futuro.
165. Quase nunca fico tão agitado(a) a ponto de perder o controle.
166. Muitas vezes, desisto de um trabalho se ele demora muito mais do que pensei que fosse
demorar.
167. Prefiro começar uma conversa a ficar esperando que os outros falem comigo.
168. Na maior parte do tempo, eu perdôo logo qualquer um que tenha agido errado comigo.
169. As minhas ações são, em grande parte, determinadas por influências fora do meu controle.
170. Muitas vezes tenho de mudar minhas decisões, porque eu tivera um palpite falso ou me
enganara em minha primeira impressão.
171. Prefiro esperar que alguém tome a iniciativa e indique o modo de fazer as coisas.
172. Em geral, respeito as opiniões dos outros.
173. Tive algumas experiências que tornaram meu papel na vida tão claro para mim, que me senti
muito entusiasmado(a) e feliz.
174. Divirto-me em comprar coisas para mim.
175. Acredito ter eu mesmo(a) experimentado a percepção extra-sensorial.
176. Acredito que meu cérebro não esteja funcionando adequadamente.
177. Meu comportamento é fortemente guiado por certos objetivos que estabeleci para minha
vida.
178. De modo geral, é tolice promover o sucesso de outras pessoas.
179. Muitas vezes, gostaria de poder viver para sempre.
180. Normalmente, gosto de ficar indiferente e "desligado(a)" das outras pessoas.]
181. É mais provável eu chorar em um filme triste que a maioria das pessoas.
182. Recupero-me de pequenas doenças ou estresse mais rapidamente que a maioria das pessoas.
183. Muitas vezes, quebro regras e regulamentos quando acho que posso me safar bem disso.
184. Preciso exercitar muito mais o desenvolvimento de bons hábitos antes que seja capaz de
confiar em mim mesmo(a) em diversas situações tentadoras.
185. Gostaria que as pessoas não falassem tanto quanto falam.
186. Todos deveriam ser tratados com dignidade e respeito, mesmo que eles pareçam ser
insignificantes ou maus.
187. Gostaria de tomar decisões rápidas para que eu possa levar adiante o que tem que ser feito.
188. Em geral, tenho sorte em tudo que tento fazer.
189. Em geral, estou certo(a) de que posso facilmente fazer coisas que muitas pessoas
considerariam perigosas (como, por exemplo, dirigir um automóvel em alta velocidade numa
pista molhada ou escorregadia).
190. Não vejo sentido em continuar trabalhando em algo a não ser que haja uma grande
possibilidade de que dê certo.
191. Gosto de explorar novas maneiras de fazer as coisas.
192. Gosto mais de economizar dinheiro do que gastá-lo com divertimentos ou emoções.
193. Os direitos individuais são mais importantes que as necessidades de qualquer grupo.
194. Já tive experiências pessoais nas quais me senti em contato com um poder espiritual divino e
maravilhoso.
195. Já tive momentos de muita alegria nos quais subitamente tive uma sensação clara e profunda
de estar intimamente ligado(a) a tudo o que existe.
196. Bons hábitos tornam mais fácil para mim fazer as coisas da maneira que quero.
294
197. A maioria das pessoas parece mais desembaraçada que eu.
198. Os outros e as circunstâncias, muitas vezes, são os responsáveis por meus problemas.
199. Tenho muito prazer em ajudar os outros, mesmo que eles tenham me tratado mal.
200. Muitas vezes, sinto-me como parte da força espiritual da qual depende toda a vida.
201. Mesmo quando estou com amigos, prefiro “não me abrir muito”.
202. Em geral, posso ficar ocupado(a) o dia inteiro sem ter que me forçar a isso.
203. Quase sempre penso a respeito de todos os fatos detalhadamente antes de tomar uma
decisão, mesmo quando as pessoas exigem uma decisão rápida.
204. Não sou muito bom(boa) em me justificar para me livrar das enrascadas quando sou
apanhado(a) fazendo algo errado.
205. Sou mais perfeccionista que a maioria das pessoas.
206. O fato de algo estar certo ou errado é apenas uma questão de opinião.
207. Acho que minhas reações naturais são agora, em geral, condizentes com meus princípios e
meus objetivos em longo prazo.
208. Acredito que toda vida dependa de algum poder ou ordem espiritual que não possam ser
completamente explicados.
209. Acho que ficaria confiante e relaxado(a) ao encontrar estranhos, mesmo se eu fosse
informado(a) de que eles estão zangados comigo.
210. As pessoas acham fácil recorrer a mim em busca de ajuda, apoio e um “ombro amigo”.
211. Demoro mais que a maioria das pessoas para me empolgar com novas idéias e atividades.
212. Tenho problemas em mentir, mesmo quando pretendo poupar os sentimentos de alguém.
213. Existem algumas pessoas de quem eu não gosto.
214. Não quero ser mais admirado(a) que todos os outros.
215. Muitas vezes, quando olho alguma coisa comum, ocorre algo maravilhoso — tenho a
sensação de estar vendo essa novidade pela primeira vez.
216. A maioria das pessoas que conheço preocupam-se apenas com elas mesmas, não importa
quem fique ferido.
217. Em geral sinto-me tenso(a) e preocupado(a) quando tenho que fazer algo novo e
desconhecido.
218. Muitas vezes, esforço-me ao ponto da exaustão ou tento fazer mais do que realmente posso.
219. Algumas pessoas acham que sou muito avarento(a) ou pão-duro com meu dinheiro.
220. Relatos de experiências místicas são provavelmente apenas interpretações de desejos ou
esperanças.
221. Minha força de vontade é fraca demais para vencer as fortes tentações, mesmo sabendo que
sofrerei as conseqüências.
222. Odeio ver alguém sofrer.
223. Sei o que quero fazer na minha vida.
224. Regularmente, levo um tempo considerável avaliando se o que estou fazendo é certo ou
errado.
225. As coisas costumam dar errado para mim a menos que eu seja muito cuidadoso(a).
226. Se estou me sentindo aborrecido(a), em geral me sinto melhor ao redor de amigos do que
sozinho(a).
227. Não acho que seja possível compartilhar sentimentos com alguém que não tenha passado
pelas mesmas experiências.
228. Muitas vezes, as pessoas acham que estou em outro mundo porque fico completamente
desligado(a) de tudo o que está acontecendo ao meu redor.
229. Gostaria de ter aparência melhor do que todos os outros.
230. Menti bastante nesse questionário.
295
231. Geralmente, evito situações sociais em que teria que encontrar estranhos, mesmo se estou
seguro(a) de que eles serão amigáveis.
232. Adoro o desabrochar das flores na primavera tanto quanto adoro rever um velho amigo.
233. Em geral, encaro uma situação difícil como um desafio ou oportunidade.
234. As pessoas envolvidas comigo precisam aprender como fazer as coisas do meu modo.
235. A desonestidade só causa problemas se você for apanhado(a).
236. Em geral, sinto-me muito mais confiante e com energia que a maioria das pessoas, mesmo
depois de uma pequena doença ou estresse.
237. Gosto de ler tudo quando me pedem para assinar qualquer papel.
238. Quando nada de novo está acontecendo, geralmente, começo a procurar algo que seja
emocionante ou excitante.
239. Às vezes, fico aborrecido(a).
240. De vez em quando, falo das pessoas “por trás”.
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