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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Composição e abundância do fitoplâncton do sudoeste da Reserva
Biológica do Lago Piratuba (Amapá, Brasil)
MAXLEY BARBOSA DIAS
Dissertação apresentada ao Programa Integrado de
Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais do convênio INPA/UFAM, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, área de concentração em
Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
MANAUS-AM
2007
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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Composição e abundância do fitoplâncton do sudoeste da Reserva
Biológica do Lago Piratuba (Amapá, Brasil)
MAXLEY BARBOSA DIAS
ORIENTADOR: Sérgio de Melo, Dr.
CO-ORIENTADORA: Vera Lúcia de Moraes Huszar, Dra.
FONTE FINANCIADORA: CNPq, Programa Beca, FUNBIO
Dissertação apresentada ao Programa Integrado de
Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos
Naturais do convênio INPA/UFAM, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, área de concentração em
Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
MANAUS-AM
2007
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
D541 Dias, Maxley Barbosa
Composição e abundância do fitoplâncton do sudoeste da Reserva Biológica
do Lago Piratuba (Amapá, Brasil) / Maxley Barbosa Dias.--- Manaus : [s.n.],
2007.
72p. : il.
Dissertação (mestrado)-- INPA/UFAM, Manaus, 2007
Orientador : Melo, Sérgio de
Co-orientador: Huszar, Vera Lúcia de Moraes
Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior
1. Fitoplâncton. 2. Lagos de inundação. 3. Ecologia aquática. 4. Araguari, Rio
(AP). 5. Reserva Biológica do Lago Piaratuba I. Título.
CDD 19. ed. 574.9298116
SINOPSE
O fitoplâncton do baixo curso do rio Araguari e seis lagos do cinturão lacustre meridional da a
planície de inundação da Reserva Biológica do Lago Piratuba foi analisado nos dois períodos
distintos do ciclo sazonal da costa amazônica. Diferença entre os dois períodos sazonais na
composição específica foi evidenciada. A distribuição espacial da estrutura de comunidades foi
semelhante na maioria dos lagos e nos pontos mais a montante do rio. Espécies C-estrategistas
caracterizaram esses ambientes devido à forte dinâmica da região.
Palavras-chave: 1. Fitoplâncton 2. Lagos de inundação 3. Ecologia aquática 4. Rio Araguari 5.
Reserva Biológica do Lago Piratuba 6. Variação sazonal.
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iv
À
Vó Dodó, grande-mãe
v
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Ao Conselho Nacional de Pesquisa
(CNPq) pela bolsa de estudos. Ao Programa BECA do Instituto de Educação do Brasil/Fundação
Moore pela bolsa auxílio. Ao Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis gerência regional Amapá
(IBAMA/AP) e Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA)
pelo apoio financeiro e logístico.
À Coordenação do Curso de Biologia Aquática e Pesca Interior.
Às secretárias do curso de Biologia de Água Doce e Pesca Interior, queridas Carminha e
Elany por todas as castanhas, árvores e galhos “quebrados”, principalmente pela amizade
conquistada e inesgotável energia dispensada até o último momento do mestrado.
A meus orientadores Dr. Sérgio de Melo e Dra. Vera Lúcia de Morais Huszar pelo
carinho, assistência e incansáveis horas de estresses compartilhados.
Aos pesquisadores do INPA pelo auxílio na elaboração e nas discussões informais do
plano de trabalho e da dissertação, em especial ao Dr. Carlos Edwar Carvalho Freitas, Dra.
Bárbara Robertson, Dr. Assad José Darwich, Dr. Efrem Jorge G. Ferreira, Dr. Celso Morato de
Carvalho e Dr. Bruce Forsberg.
A gerente da Reserva Biológica do Lago Piratuba, Patrícia Pinha pela força e paixão com
que executa as obrigações e sensibiliza a todos estimulando ao trabalho.
A Júlio (Paco), Tijó, S. Ornélio, Abelardo, Lambada e todos os outros brigadistas e guias
pelo apoio, ensinamento-aprendizado e companheirismo em campo.
Aos pesquisadores e colegas do IEPA pela amizade, incentivo, longas e produtivas
discussões à distância sempre dispostos a contribuir, em especial Luís Roberto Takiyama, Odete
de Fátima Machado da Silveira (agora na UFPA, mas sempre IEPA) e Valdenira Ferreira dos
Santos (Val) pelas conversas e devaneios sobre a ‘Rebio’ e a foz. Sirley Figueiredo, Fátima
Alves, Alan Silva Nazaré, Ronaldo Almeida, Laysa Santana, Denis Marques, Márcio Sousa,
Marcos Henrique de Abreu Martins, Luís Maurício Abdon da Silva (Mau-Mau), Salustiano Vilar
da Costa Neto (Salu) pelo eterno carinho, discussões profissionais e filosóficas da vida regadas à
cervejinha na beira-rio, ‘Rebio’...E todos os colegas que sempre estiveram presentes, ora direta
ora indiretamente durante todo o mestrado.
vi
Ao Dr. Francisco Berredo pelas discussões, sugestões e contribuições via e-mail e
‘doloroso’ bate-papo (chat), além do carinho e compreensão.
A Dra. Mariângela Menezes por tornar o peso das identificações das ‘alguinhas’ mais
divertido e suportável.
Ao Dr. Augusto Comas (Professor Querido) pela confiança, amizade e auxílio nas
identificações das “lindinhas” e “monstros” verdes.
Ao Dr. Fábio Roland, amigo e mestre, com seu jeito único desde o início confiou e
orientou os primeiros passos rumo à ciência.
Ao rgio “Topo amigo querido sempre disponível, pela acolhida e incentivo nos
primeiros momentos desta jornada.
A Luís Takiyama (Taki, eterno “chefinho”) e Odete Silveira meu respeito e carinho pela
amizade, dedicação, empolgação e estímulo constante.
A Daniela Santana (Dani Alguinha), Bruno Leão pelo auxílio na identificação das algas
mixohalinas; André Galuch pelas “benditas” tabelas enviadas no momento em que tudo parecia
ter desmoronado; Bruno, Daniel Previattelli e Gabriela Asmus pelo socorro nas correções de
última hora leitura, discussão e sugestões nos resultados; Lindisay Giany pela ajuda na
preparação das tabelas e Carla Eisemberg pela revisão do resumo e socorro no abstract.
A Jaime Heitor pelo presente maior e apoio nos primeiros momentos de Manaus.
Ao Bar do Carlão ou Cabeludo (Carlão e Nadir) e seus freqüentadores por proporcionar
momentos de profunda terapia e ‘exorcização’ dos pepinos do dia-a-dia.
Aos “meus filhos” queridos e amados Boto (Flávio), Rato (Rafael) e Gordo (Herbert) pela
presença leve e divertida em minha vida.
A todos os colegas de turma do mestrado pelo apoio e amizade que sempre dispensaram
principalmente nos primeiros momentos de INPA. Em especial André Galuch, AndGhidini,
Carla Eisemberg, Flávia Kelly (Pirarara), Paula Lacerda, Maria Helena e Thaissa Sobreiro pelas
conversas e bobeiras ditas e feitas neste percurso.
Aos amigos e companheiros de campo, José Souto e Valerie Saperdonti, pela troca de
conhecimento, amizade, cuidado e disposição nos momentos de atoleiro e descontração.
A Fernandinha, Akama, Bia, Luíza, Rodrigo, Pimpão, Cilene, Daniela Fettucia, Bruno
Spacek, Akemi, Laura, Júlio, Adília, amigos que marcaram de forma especial momentos de
INPA.
vii
À turma dos intermináveis momentos de degustação e conversas impagáveis nos
encontros eventuais (ou não) que tornaram a permanência em Manaus especial e inesquecível.
A toda turma do Laboratório e da Biblioteca do Plâncton, em especial Lúcia Helena,
Climéia Soares, Pauleci Barros (Paulinha) e Laura Fróes pela doçura, carinho e presença
espiritual.
A Oliver Hawlitschek pelo auxílio na tradução das “intermináveis” chaves de crisofíceas,
gentileza e amizade permitindo a reavaliação de ‘pré-conceitos’ culturais.
A Flávio Vani (Cabelos Dourados), Valéria Fernandes, Gisela Mandali, Valerie
Saperdonti, Emily Watanabe, Mara Lúcia Costa, Erich Nenarthavis, Luciana Vidal e Marcelinho
Nocelle amigos “além-rio” que estiveram sempre presentes apoiando e energizando quando
preciso.
A Queila, Kaori, Queu e Ronaldo amigos de “desde pequenininha” companheiros para
todas as horas.
A Katinha, Sissi e Fatinha doces e queridas irmãzinhas que fazem minha vida brilhar a
cada encontro.
Alan (Fashion) pelo eterno incentivo e lembranças da lua na foz. A Fatinha e Val pela
companhia incansável, acolhimento e cuidado nos momentos finais da dissertação.
Aos recentes e grandes (re)encontros: André (Dé), Carlinha, Bruno (Leãozinho), Daniel
(Dani), Gabi, Maria (Marildinha), Paulinha Eisenberg, Paula (‘Cachaça’ Regina), Paulinha
Lacerda e Thaíza (Tatá), cada um com a cor, tempero e luz próprios obrigada pelo carinho,
acolhida, cuidado, paciência e presença.
A minha família: Dodó, “tia” Geissy, “tio Baixinho” (Estevam), “tio” Bal, “tia” Sara,
“tia” Tati, “mãe/vó” IéIé e meus sobrinhos queridos (Lu, Vica, Matheus e Segundinho) pelo
apoio, compreensão e amor dedicados durante toda a vida, principalmente nesses momentos
finais.
Finalmente ao grande ser que vitaliza, alegra e torna a vida mais doce e multicor com
apenas um sorriso: Jaime Heitor de Oliveira Neto, filho querido e companheiro de aventuras,
obrigada pela força e o inestimável aprendizado da paciência.
viii
“O mundo é dos elefantes e das borboletas”.
Anônimo
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Unidades morfoestruturais do estado do Amapá. Destaque (azul) para a planície
costeira. Silveira & Santos (2006)............................................................................................ 6
Figura 2. Direção média dos ventos alísios incidentes na costa amapaense durante o ano. (J =
Janeiro, F = Fevereiro, M = Março, A = Abril, M = Maio, J = Junho, J = Julho, A = Agosto,
S = Setembro, O = Outubro, N = Novembro, D = Dezembro). Modificado de Nittrouer et al.
(1996); Santos (2006). .............................................................................................................. 7
Figura 3. Aspecto da pluma de sedimentos do rio Amazonas e a interferência no rio Araguari
(seta branca). Imagem: Google Earth, 2007. ............................................................................ 8
Figura 4. Localização da área de estudo e pontos de amostragem nos períodos chuvoso (em
amarelo) e menos chuvoso (em vermelho). Lagos: Comprido de Cima; da Bacia; do Lodão;
dos Ventos; Grande; Comprido de Baixo e Rio Araguari (pontos; E1, E3 e E4). Fonte:
Modificado de Santos (2006); Imagem Landsat7, 2000; Courtesy NASA/JPL-Caltech;
http://www.bibliosoft.pt/html/utilizadores_america_sul.htm................................................... 9
Figura 5. Localização dos cinturões lacustres. 1) Cinturão Lacustre Oriental; 2) Cinturão Lacustre
Meridional (destacado por elipse tracejada em vermelho) e 3) Cinturão Lacustre Ocidental.
Modificado de Silveira, 1998.................................................................................................. 10
Figura 6. A) Vista aérea parcial dos lagos estudados. Observar margens tomadas por macrófitas
aquáticas (vegetação verde-claro); B) Rio Araguari foz do Igarapé Tabaco) em maré baixa
no período chuvoso. Fotos: Arquivo CPAq/IEPA.................................................................. 11
Figura 7. Detalhe da região dos lagos estudados. Observar o aporte de água provavelmente
oriunda do “rego” do lago Comprido de Baixo entrando no lago Grande (seta amarela).
Imagem Landsat (2000) modificada de Santos (2006)........................................................... 12
Figura 8. A) Vista característica do lago do Lodão no período chuvoso (junho/2005). B) Vista
parcial do desnível observado na saída do lago Comprido de Baixo no período menos
chuvoso (novembro/2005). Fotos: José Souto e Acervo CPAq/IEPA................................... 13
Figura 9. Mapa de ambientes da região do estuário do rio Araguari. Santos (2006).................... 14
Figura 10. Vista aérea, no período menos chuvoso, das entradas dos lagos (A) dos Ventos (seta
indica final do canal de comunicação com o lago do Lodão) e (B) Comprido de Baixo com a
x
maré baixa (seta indica final do canal de comunicação com o lago Grande). Foto: Acervo
CPAq/IEPA............................................................................................................................. 15
Figura 11. Variação na média anual do nível hidrométrico do rio Araguari, de julho de 1972 (72)
a outubro de 2006 (06), assinalado (seta) o ano deste estudo................................................. 18
Figura 12. Variação no nível hidrométrico e na vazão do rio Araguari durante o ano de 2005,
assinalados (setas) os períodos em que foram realizadas as coletas....................................... 19
Figura 13. Variação na precipitação total semanal e no e nível hidrométrico do rio Araguari em
2005, assinalados (setas) os períodos de coleta...................................................................... 19
Figura 14. Variação na precipitação total semanal e na vazão do rio Araguari em 2005
assinalados (setas) os períodos de coleta................................................................................ 20
Figura 15. Variação do nível hidrométrico na foz do Igarapé Tabaco, nos dois períodos sazonais:
chuvoso (junho/05), acima, e menos chuvoso (novembro/05), abaixo................................... 20
De acordo com observações de campo, a profundidade dos lagos variou de acordo com o período
sazonal. As profundidades foram significativamente maiores (p = 0,0004) no período
chuvoso do que durante a período menos chuvoso (Figura 16)............................................. 21
Figura 16. Profundidade dos lagos (valores mpédios) nos dois períodos de amostragem............ 21
Figura 17. Variação da profundidade média dos lagos, com base nas observações de campo, nos
dois períodos sazonais de coleta (junho e novembro de 2005). CB = lago Comprido de Baixo;
GR = lago Grande; VE = lago dos Ventos; LO = lago do Lodão; BA = lago da Bacia; CC =
lago Comprido de Cima.......................................................................................................... 22
Figura 18. Variação na precipitação total mensal em 2005 e Normal Climatológica mensal na
região estudada. ...................................................................................................................... 22
Figura 19. Variação da precipitação total mensal e temperatura média mensal em 2005............. 23
Figura 20. Transparência da água nos períodos chuvoso e menos chuvoso.................................. 24
Figura 21. Comparação dos valores médios da transparência da água (Secchi) entre o rio Araguari
e os lagos nos dois períodos estudados................................................................................... 24
Figura 22. Variação na transparência da água (Secchi) nos lagos estudados assinalados os
períodos chuvoso e menos chuvoso (CC = Comprido de Cima; BA = Bacia; LO = Lodão; VE
= Ventos; GR = Grande; CB = Comprido de Baixo).............................................................. 25
xi
Figura 23. Variação na transparência da água (Secchi) no rio Araguari. Pontos AR-CH1, AR-
CH3 e AR-CH4 (período chuvoso); AR-ES1, AR-ES3 e AR-ES4 (período menos
chuvoso)...................................................................................................................................25
Figura 24. Profundidade da zona eufótica nos períodos chuvoso e menos chuvoso..................... 26
Figura 25. Variação na profundidade da zona eufótica nos lagos (colunas claras) e no rio
Araguari (colunas escuras) assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso. (Ver tabela de
abreviaturas no Anexo 1)........................................................................................................ 26
Figura 26. Turbidez (NTU) nos períodos chuvoso e menos chuvoso........................................... 27
Figura 27. Variação na turbidez da água nos lagos (colunas claras) e no rio Araguari (colunas
escuras) assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso. (Ver tabela de abreviaturas no
Anexo 1). ................................................................................................................................ 27
Figura 28. Condutividade elétrica nos períodos chuvoso e menos chuvoso (escala logarítmica). 28
Figura 29. Condutividade elétrica nos lagos e no rio Araguari (escala logarítmica). ................... 29
Figura 30. Variação na condutividade elétrica da água nos lagos (colunas claras) e no rio
Araguari (colunas escuras) assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso (escala
logarítmica) (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1)............................................................ 29
Figura 31. Valores de pH nos dois períodos estudados................................................................. 30
Figura 32. Variação do pH nos pontos amostrados nos dois períodos sazonais. A linha tracejada
destaca os lagos com pH mais semelhantes no período chuvoso excluindo-se os ‘outliers’
(círculos) e valores extremos (asteríscos)............................................................................... 31
Figura 33. Variação do pH nos pontos amostrados: período chuvoso (colunas claras) e período
menos chuvoso (colunas escuras) assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso (Ver
tabela de abreviaturas no Anexo 1)......................................................................................... 32
Figura 34. Variação na condutividade elétrica e pH nos pontos amostrados nos dois períodos
sazonais. Valores extremos destacados por círculos e ‘outliers’ por asteríscos (Ver tabela de
abreviaturas no Anexo 1)........................................................................................................ 32
Figura 35. Distribuição dos 178 táxons por classe taxonômica nos lagos estudados e no rio
Araguari, considerando todo o período de estudo (Ciano = cianofícea; Criso = crisofícea;
Xanto = xantofícea; Diato = diatomácea; Cripto = criptofícea; Dino = dinofícea; Eugleno =
euglenofícea; Cloro = clorofícea; Zignema = zignemafícea) . ............................................... 34
xii
Figura 36. Distribuição dos táxons por classe taxonômica nos lagos estudados e no rio Araguari,
A) no mês de junho e B) no mês de novembro de 2005.(Ciano = cianofícea; Criso =
crisofícea; Xanto = xantofícea; Diato = diatomácea; Cripto = criptofícea; Dino = dinofícea;
Eugleno = euglenofícea; Cloro = clorofícea; Zignema = zignemafícea)................................ 34
Figura 37. Número de táxons registrados nos lagos e no rio Araguari por período estudado....... 35
Figura 38. A) riqueza(número de táxons por classe taxonômica) dos lagos e rio estudados; e B)
número total de táxons nos lagos e rio Araguari, em junho (chuvoso) e novembro (menos
chuvoso) de 2005.................................................................................................................... 36
Figura 39. Densidade da comunidade fitoplanctônica (A) nos períodos chuvoso e menos chuvoso
e (B) entre os sistemas: lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande e Comprido
de Baixo, e rio Araguari.......................................................................................................... 38
Figura 40. Variação da composição e densidade (ind.mL
-1
) fitoplanctônica, por grupo
taxonômico, nos lagos e rio Araguari nos dois períodos sazonais (junho e novembro/2005).39
Figura 41. Análise de agrupamento (distância 1-Pearson r) para abundância do fitoplâncton nos
lagos e no rio Araguari nos dois períodos de estudo. CC-C = l. Comprido de Cima, chuvoso;
BA-C = l. da Bacia, chuvoso; LO-C = l. do Lodão, chuvoso; VE-C = l. dos Ventos, chuvoso;
GR-C = l. Grande, chuvoso; CB-C = l. Comprido de Baixo, chuvoso; AR-C = r. Araguari,
chuvoso; CC-E = l. Comprido de Cima, menos chuvoso; BA-E = l. da Bacia, menos chuvoso;
LO-E = l. do Lodão, menos chuvoso; GR-E = l. Grande, menos chuvoso; CB-E = l.
Comprido de Baixo, menos chuvoso; AR-E = r. Araguari, menos chuvoso........................... 40
Figura 42. Análise de Correspondência entre os lagos, o rio e a densidade das classes
taxonômicas nos dois períodos sazonais. Dimensão 1 mais represenativa que Dimensão 2
devido maior porcentagem de inércia (35,96%), a soma dos ‘eigenvalues’ (acima de 0,50)
valida as relações observadas. Classes taxonômicas: Diatomáceas (Dt), clorofíceas (Cl),
cianobactérias (Ci), crisofíceas (Crs), zignematofíceas (Zg), criptofíceas (Crp), dinofíceas
(Dn), euglenofíceas (Eg) e xantofíceas (Xt). Pontos de amostragem para: Período chuvoso:
C1 e C2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; C3 a C8 = l. Grande, P3 a P8; C9 = l. dos Ventos,
P9; C10 a C14 = l. Comprido de Cima, P10 a P14; C15, C16 e C17 = l. da Bacia, P15, P16 e
P17; C18 a C21 = l. do Lodão, P18 a P21; AC1, AC2 e AC3 = r. Araguari P1, P2 e P3.
Período menos chuvoso: E1 e E2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; E3 = l. Grande, P3; E10,
xiii
E12 e E14 = l. Comprido de Cima, P10, P12 e P14; E16 = l. da Bacia, P16; E18, E19 = l. do
Lodão, P18 e P19; AE1, AE2 e AE3 = r. Araguari P1, P2 e P3.............................................. 41
Figura 43. Variação da composição e abundância fitoplanctônica, por grupo taxonômico, nos
lagos e rio Araguari nos dois períodos sazonais (junho e novembro/2005)........................... 42
Figura 44. Abundância relativas das classes taxonômicas nos pontos de coletas nos lagos e no rio.
(A) Período chuvoso (junho/2005). (B) Período menos chuvoso (novembro/2005). Imagem
Landsat 2000. Modificada de Santos, 2006............................................................................ 43
Figura 45. Detalhe de campo microscópico com elevada população de Urosolenia eriensis spp.
(A) e Aulacoseira granulata (setas) (B). Fotomicrografia em microscópio com contraste de
fase.......................................................................................................................................... 44
Figura 46. Floração de Anabaena spp. na entrada do lago do Lodão (Novembro/2005). Foto:
Valerie Sarpedonti. ................................................................................................................. 44
Figura 47. Análise de Correspondência para distribuição das classes de tamanho (I, II e III) para
os lagos e rio Araguari nos dois períodos sazonais estudados Dimensão 1 fortemente mais
represenativa que Dimensão 2 devido maior porcentagem de inércia (74,91%), a soma dos
‘eigenvalues’ (acima de 0,50) valida as relações observadas. Pontos de amostragem para:
Período chuvoso: C1 e C2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; C3 a C8 = l. Grande, P3 a P8; C9
= l. dos Ventos, P9; C10 a C14 = l. Comprido de Cima, P10 a P14; C15, C16 e C17 = l. da
Bacia, P15, P16 e P17; C18 a C21 = l. do Lodão, P18 a P21; AC1, AC2 e AC3 = r. Araguari
P1, P2 e P3. Período menos chuvoso: E1 e E2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; E3 = l.
Grande, P3; E10, E12 e E14 = l. Comprido de Cima, P10, P12 e P14; E16 = l. da Bacia, P16;
E18, E19 = l. do Lodão, P18 e P19; AE1, AE2 e AE3 = r. Araguari P1, P2 e P3................... 45
Figura 48. Distribuição das classes de tamanho (I, II, III) nos sistemas, em junho e
novembro/2005....................................................................................................................... 46
Figura 49. Distribuição das classes de tamanho I, II, III (em porcentagem) nos sistemas. (A)
Período chuvoso (junho/2005). (B) Período menos chuvoso (novembro/2005). Imagem
Landsat 2000. Modificada de Santos, 2006............................................................................ 47
Figura 50. Variação na abundância relativa dos grupos funcionais nos sistemas estudados
(OUTROS: agrupamento dos grupos funcionais D, E, G, M, N e T).................................... 48
xiv
Figura 51. Distribuição espacial e variação sazonal dos grupos funcionais nos lagos e rio
Araguari. (A) Período Chuvoso e (B) Período Menos Chuvoso. Imagem Landsat 2000.
Modificada de Santos, 2006.................................................................................................... 49
Figura 52. Variação da riqueza de espécies entre: A) os dois períodos sazonais e B) os sistemas:
rio e lagos................................................................................................................................ 50
Figura 53. Variação da riqueza específica entre os pontos de amostragem, nos dois períodos
sazonais estudados.................................................................................................................. 51
Figura 54. Variação da diversidade específica entre os pontos dos lagos e do rio Araguari nos
dois períodos estudados, assinalado o valor de 2,5 bits ind
-1
, a partir do qual a diversidade é
considerada elevada (linha cheia)........................................................................................... 52
Figura 55. Representação da equitabilidade nos lagos (Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos,
Grande e Comprido de Baixo) e no rio Araguari (baixo curso) nos dois períodos estudados.53
xv
SUMÁRIO
FICHA CATALOGRÁFICA .........................................................................................................iii
SINOPSE........................................................................................................................................iii
DEDICATÓRIA............................................................................................................................. iv
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................... v
EPÍGRAFE...................................................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................... ix
SUMÁRIO.................................................................................................................................... xiv
RESUMO ..................................................................................................................................... xvi
ABSTRACT ................................................................................................................................ xvii
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 1
1. 1. Considerações gerais............................................................................................................. 1
1.2. Justificativa ............................................................................................................................ 4
1.3. Hipóteses................................................................................................................................ 5
1.4. Objetivos ................................................................................................................................ 5
2. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................................... 6
2.1 Área de estudo......................................................................................................................... 6
2.2 Amostragem.......................................................................................................................... 14
2.3 Análise das amostras............................................................................................................. 15
2.4 Análise de dados ................................................................................................................... 16
2.5 Dados climatológicos e hidrológicos .................................................................................... 17
3. RESULTADOS......................................................................................................................... 18
3.1. Variáveis Hidrológicas......................................................................................................... 18
3.2. Variáveis Climatológicas ..................................................................................................... 21
3.3. Variáveis Limnológicas ....................................................................................................... 23
3.3.1. Regime de luz e química da água dos lagos estudados................................................ 23
3.3.1.1. Transparência, Profundidade da Zona Eufótica e Turbidez............................. 23
3.3.1.2. Condutividade Elétrica e pH............................................................................ 27
3.4. Comunidade Fitoplanctônica dos lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande,
Comprido de Baixo e do baixo curso do rio Araguari ............................................................... 32
xvi
3.4.1. Composição Florística.................................................................................................. 32
3.4.2. Densidade..................................................................................................................... 37
3.4.3. Grupos Taxonômicos ................................................................................................... 40
3.4.4. Classes de Tamanho..................................................................................................... 44
3.4.5. Grupos Funcionais........................................................................................................ 48
3.4.6. Riqueza, Diversidade e Equitabilidade......................................................................... 50
3.4.6.1. Riqueza específica............................................................................................ 50
3.4.6.2. Diversidade específica ..................................................................................... 51
3.4.6.3. Equitabilidade .................................................................................................. 52
4. DISCUSSÃO............................................................................................................................. 53
4.1. Composição florística........................................................................................................... 53
4.2. Características físicas e distribuição espacial horizontal da comunidade fitoplanctônica... 58
4.2.1. Lagos ............................................................................................................................ 55
4.2.2. Rio Araguari................................................................................................................. 59
5. CONCLUSÕES......................................................................................................................... 61
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 65
ANEXOS....................................................................................................................................... 73
xvii
RESUMO
O presente estudo foi desenvolvido a sudoeste da Reserva Biológica do Lago Piratuba, na
planície de inundação do rio Araguari, região costeira do estado do Amapá, Brasil. Os ambientes
estudados compreendem os lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande e Comprido
de Baixo e o baixo curso do rio Araguari. Esta região localiza-se em área de intenso
hidrodinamismo, sofrendo influência de maré semidiurna, da pluma de sedimentos do rio
Amazonas e da freqüência e periodicidade das chuvas locais. A caracterização ecológica da
comunidade fitoplanctônica desses ecossistemas foi feita a partir de duas amostragens sazonais
(chuvoso e menos chuvoso). Foram realizadas análises físicas e químicas (pH, condutividade
elétrica, turbidez, transparência da água, temperatura da água, salinidade), climatológicas
(pluviosidade) e hidrológicas (nível hidrométrico e vazão do rio). As populações fitoplanctônicas
foram quantificadas pelo método da sedimentação em microscópio invertido. O fitoplâncton
esteve representado por 178 táxons. Apesar dos sistemas encontrarem-se em uma grande área de
ecótono, do ponto de vista do fitoplâncton a diversidade específica foi baixa em comparação com
a alta diversidade específica registrada para o fitoplâncton de outros ambientes amazônicos. Os
lagos apresentaram maior riqueza específica e diversidade do que o trecho rio estudado. Nos dois
períodos sazonais os lagos e o rio Araguari apresentaram baixa complexidade em a composição
florística, marcada por espécies C-estrategistas, representadas principalmente por criptofíceas e
crisofíceas características de ambientes rasos, turbulentos e com elevada turbidez. No entanto, a
presença de algas mixohalinas, além de aumentar a diversidade do rio Araguari e de alguns lagos,
principalmente no período menos chuvoso, também contribuíram para o relativo aumento da
complexidade da comunidade fitoplanctônica em certos lagos. A uniformidade espacial entre os
lagos provavelmente está relacionada à baixa variabilidade das condições abióticas. no rio, a
composição fitoplanctônica acompanhou o gradiente horizontal observado para as variáveis
físicas e químicas, à medida que se aproximava da foz. As características do ambiente
favoreceram a dominância de espécies dos grupos funcionais S, X
1
, X
3
e Y em pontos distintos
dos lagos e do rio Araguari e a presença pouco significativa das desmídias. A marcante variação
da coluna d’água entre os dois períodos sazonais, a entrada da maré diária no rio e em alguns
lagos estudados, a presença de corrente nos lagos, mistura constante da coluna d’água e a baixa
transparência, principalmente no período menos chuvoso configuraram-se como fatores
reguladores relevantes na composição e abundância das populações fitoplanctônicas desses
ambientes.
xviii
ABSTRACT
The present study was done on the southwest of the Lago Piratuba Biological Reserve, on
Araguari river floodplain, Amapá coast region, Brazil. The environments were the lakes
Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande and Comprido de Baixo and the Araguari
River downstream. This region is submitted to an influence of the semidiurnal tide from the
Amazon River sediments plume and the periodical local rain regime. The ecological
characterization of the phytoplankton community was done by to seasonal samples (rainy and
less rainy season). Information from physical and chemical factors (pH, electrical conductivity,
turbidity, water transparency, water temperature, salinity), climatological (precipitation) and
hydrological (hydrometric level and river discharge). Phytoplankton was represented by 178 taxa.
Although, these ecosystems are located in a great ecotone, they present a low specific diversity in
contrast to the high specific diversity from other Amazonian environments. Lakes presented
higher specific richness and diversity than the River. On both seasonal periods, lakes and
Araguari River presented low phytoplankton composition complexity, described by C-strategists
species, represented predominantly by cryptophytes and chrysophytes. These species are
characteristic of shallow and turbid environments. The presence of estuarine species increases the
diversity in some lakes and in Araguari River. They also contribute to the complexity increase of
the phytoplanktonic community. The spatial uniformity between lakes probably is related to the
low variation between the physical and chemical conditions. However, the river phytoplankton
composition changed with the horizontal gradient observed for the physical and chemical factors
when it comes near the delta. The environmental characteristics favoured the dominance of
species form the functional groups S, X
1
, X
3
and Y in distinct points of the lakes and the Araguari
River. They were also linked with the low significant incidence of desmids. The relevant
regulatory factors on the phytoplankton population composition and abundance on these
environments were the conspicuous variation on the water column between both seasonal
periods, the water from the daily tide in the river and some lakes estudied, the presence of
currents on lakes, the constant mixture on the water column and the low water transparency,
especially on the less rainy season.
1. INTRODUÇÃO
1. 1. Considerações Gerais
Está fora de questão o reconhecimento da importância da região Amazônica por a grande
extensão e alta diversidade de ecossistemas. Entre os ecossistemas, destacam-se as planícies de
inundação com inúmeros ambientes aquáticos, sobre os quais grande parte da composição
biológica ainda permanece desconhecida, em especial a comunidade fitoplanctônica (Huszar,
1994; Melo et al., 2005).
As planícies de inundação têm a dinâmica influenciada pelo pulso de inundação (Junk et
al., 1989), identificado como ‘pulso de matéria e energia’ por Neiff (1990) responsável pela
regulação e ocorrência de espécies nos ecossistemas (Junk, 1997, 2002). A inundação configura-
se como o maior fator de troca da estrutura biótica entre os ecossistemas aquáticos e terrestres,
enquanto a seca é um poderoso fator de seleção que condiciona a distribuição e abundância de
animais e plantas nesses sistemas(Neiff, 1997).
A freqüência e periodicidade das chuvas também é outro fator intimamente relacionado ao
pulso de inundação e ao comportamento das comunidades bióticas nos ecossistemas. Além disto,
tem sido assinalado a relação dos fenômenos macroclimáticos, como os efeitos da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) e os eventos do ENSO, com as descargas fluviais, que
respondem de acordo com a intensidade dos períodos de El Niño/La Niña, interferindo, inclusive
no tempo e intensidade do pulso de inundação (Santos 2006).
Além das diferenças morfológicas e paisagísticas, os rios da bacia amazônica apresentam
propriedades físicas e químicas distintas, sendo classificados de acordo com três tipos de água: i)
águas brancas, provenientes principalmente da drenagem de terrenos andinos e pré-andinos,
coloração ocre-leitoso (“café com leite”), que devido à grande concentração de material em
suspensão possuem turbidez elevada, transparência da água (disco de Secchi) entre 0,100,50m,
e pH variando entre 6,2 7,2; ii) águas pretas, originadas em solos podzólicos com ou sem
horizonte B (segunda “camada” do perfil geológico) compacto, coloração escura (cor de c
preto), com pouco material em suspensão, porém com significativas concentrações de matéria
orgânica dissolvida, relativamente transparentes, com cerca de 1,30 2,0m (profundidade do
disco de Secchi), pH entre 3,8 – 4,9; e iii) águas claras com características intermediárias entre os
tipos anteriores, que percorrem sedimentos dos maciços pré-cambrianos do planalto das Guianas
2
e do Brasil Central e são transparentes e cristalinas, possuem baixa concentração de material em
suspensão, com transparência entre 1,10 4,30m, pH variando de 4,5 7,8 (Junk, 1983, Sioli
1984).
O pulso de inundação, a periodicidade das chuvas e os diferentes tipos de águas da
Amazônia associados à extensão da região propiciaram uma grande diversidade de habitats que
contribui para a elevada diversidade de algas, organismoscuja composição específica,
abundância, composição periódica e geográfica estão, segundo Reynolds (1984), intimamente
relacionadas às condições físicas e químicas da água.
Os primeiros estudos limnológicos em águas tropicais abordando a comunidade
fitoplanctônica são relativamente “recentes”, se comparado ao que ocorreu nas regiões de clima
temperado (Sioli, 1984; Uherkovich, 1984; Huszar, 1994). Embora a primeira referência sobre
algas da região amazônica date de 1843 (Ehrenberg, 1843) somente a partir da segunda metade
do século passado notou-se um pequeno aumento nos estudos ficológicos na região. No entanto,
levando em conta a extensão territorial, os estudos sobre algas nesta região de grande interesse
ecológico podem ser considerados ainda incipientes.
Algumas revisões bibliográficas têm sido feitas buscando compilar trabalhos sobre
fitoplâncton em águas amazônicas. Huszar (1994), Huszar & Silva (1999), Costa & Leite (2005)
identificaram aproximadamente 74 trabalhos publicados em periódicos. Melo et al. (2005)
levantou mais 18 publicações envolvendo estudos taxonômicos, florísticos e/ou ecológicos para o
fitoplâncton na Amazônia. Deste total apenas 28 realizaram estudos ecológicos. No entanto,
somente as publicações Ibañez (1997, 1998), Huszar & Reynolds (1997), Huszar et al. (1998),
Huszar (2000), Melo & Huszar (2000), Melo et al. (2004) realizaram estudos quantitativos sobre
a comunidade fitoplanctônica adotando método de contagem mais aceito atualmente (Utermöhl,
1958), que consiste na sedimentação das amostras em câmaras e a utilização microscópio
invertido.
Estes estudos evidenciaram uma marcante relação entre o pulso de inundação e a
comunidade fitoplanctônica. No período de águas altas geralmente predominaram organismos
picoplanctônicos (tamanho entre 0,2 e 2µm) e nanoplanctônicos (entre 2 e 20µm), enquanto no
período de águas baixas ocorreu a dominância do microfitoplâncton (entre 20 e 200µm),
destacando-se, ainda, a importância das desmídias no lago de águas claras (Batata). Padrão
semelhante tem sido observado para o fitoplâncton na planície de inundação do rio Paraná, mas
3
sem a mesma importância das desmídias (García de Emiliani, 1993,1997; Train & Rodrigues,
1998; Izaguirre et al., 2001; Rodrigues et al., 2002; Zalocar de Domitrovic, 2003).
Além do pulso de inundação, fatores climatológicos na região subtropical, sobretudo o
regime de chuvas, também atuam como reguladores da comunidade fitoplanctônica em rios
(Train & Rodrigues, 1998; Zalocar de Domitrovic et al. 1998, Dellamano-Oliveira et al. 2003).
A variabilidade registrada na composição da comunidade fitoplanctônica devido às
variações sazonais e climatológicas também estão relacionadas com a variação dos parâmetros
físicos e químicos da água ao longo do ciclo sazonal tanto para lagos temperados (Huszar &
Caraco, 1998; Huszar et al, 2003) quanto para lagos subtropicais e tropicais (Izaguirre et al.,
2001; Nabout et al., 2006). A variação dessas condições pode influenciar na distribuição tanto
espacial quanto temporal do fitoplâncton podendo ser observado, em alguns casos, a ocorrência
de gradientes horizontais físicos, químicos e biológicos diretamente relacionados entre si
(Izaguirre et al., 2001).
Com base nos trabalhos pioneiros de Reynolds (Reynolds, 1984, 1988, 1997) e Reynolds
e colaboradores (Reynolds et al., 2002) uma maior ênfase tem sido dada à abordagem dos grupos
funcionais nos estudos ecológicos do fitoplâncton de águas continentais. Tal abordagem tem
como premissa o fato de a comunidade, ou parte dela, ser melhor ou mais confiável como
indicador das condições do habitat do que a presença ou ausência de determinada espécie
individualmente. A partir da associação dos princípios fitossociológicos empregados para
vegetação terrestre e das estratégias ecológicas das espécies de algas fitoplanctônicas (C-
competidoras, S-tolerantes a estresse e R- ruderais) apresentadas em Reynolds (1988), foram
criadas 31 associações de grupos funcionais identificados por códigos alfanuméricos, as quais
agrupam espécies que respondem similarmente a determinadas condições ambientais da região
pelágica das águas continentais (Reynolds, 1997; Reynolds et al. 2002). Kruk e colaboradores
(2002) testaram a eficiência da utilização destes grupos confirmando que realmente esta
abordagem capta a ecologia do fitoplâncton indo além das fronteiras da abordagem taxonômica.
Mais recentemente, Padisák e colaboradores (2003, 2006) fizeram um complemento para
melhor compreender a estrutura e ecologia do fitoplâncton em diferentes lagos abordando os
princípios de Reynolds e colaboradores (2002). A aplicação de tal conceito em ambientes
brasileiros iniciou-se em 2000 com as publicações de Melo & Huszar (2000) para um lago
Amazônico e Huszar e colaboradores (2000) referindo-se a cianobactérias em diferentes
4
ambientes e, por último destacaram-se as publicações de Melo et al. (2003) lagoa costeira,
Crossetti & Bicudo (2005) – lago urbano e Nabout et al. (2006, 2007) – lagos de inundação.
Considerando a importância do fitoplâncton para o ambiente e a escassez de estudos
ecológicos sobre estes organismos na região amazônica, em especial no estado do Amapá, onde o
único registro feito para esta região foi na costa em estudo realizado na plataforma continental
sob influência do rio Amazonas pelo programa AMASSEDS (A Multi-disciplinary Amazon Shelf
SEDiment Study), em que foram analisadas a biomassa e a produção primária fitoplanctônica
(Smith & DeMaster, 1996), porém sem identificação de espécies.
O Amapá está localizado na porção Oriental da Amazônia. Apresenta uma elevada
dinâmica ambiental devido ao encontro do rio Amazonas com o oceano Atlântico e por estar
submetido às conjunções impostas pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), corrente
costeira Norte Brasileira e sistema de dispersão do rio Amazonas. Estas conjunções estão
representadas pelo regime de marés semidiurnas (meso a macromarés), fenômenos da pororoca e
lava-praia durante as marés de sizígia, pelos ventos alísios, alta descarga hídrica e sedimentar, as
quais são diretamente relacionadas ao regime hidrodinâmico e sedimentar imposto pelo rio
Amazonas (Silveira, 1998; Dias, 2003). Encontra-se em uma região de elevada diversidade de
ecossistemas terrestres e aquáticos, entre estes as savanas, campos alagáveis, lagos de inundação,
lagos de terra firme, floresta de várzea, floresta com influência flúvio-marinha, manguezais
(Costa-Neto, 2006) muitos dos quais se encontram em Unidades de Conservação. Entre estas
destaca-se a Reserva Biológica do Lago Piratuba (Rebio do Lago Piratuba) localizada na porção
oriental do Estado. Esta reserva protege uma grande faixa de manguezais e a maior parte da
"Região dos Lagos", apontada como Área Prioritária para a Conservação pelo Ministério do Meio
Ambiente – MMA.
1.2. Justificativa
A ampla variedade de ecossistemas aquáticos e o escasso número de trabalhos na
Amazônia, em especial na Costa Amazônica, relacionados ao estudo das algas planctônicas, não
permitem que importantes processos ecológicos sejam mais bem compreendidos, uma vez que a
comunidade fitoplanctônica é relevante para um melhor entendimento de outras comunidades
(Harris, 1986; Sommer, 1989) e dos ecossistemas em geral (Huszar & Silva, 1999). Além disso,
as populações fitoplanctônicas podem servir como indicadores eficientes das alterações naturais
5
ou antrópicas nos ecossistemas aquáticos. Em vista disto, o presente estudo justificou-se pelo fato
de concentrar-se em uma reserva biológica e por tratar-se de um estudo pioneiro em ambientes
amapaenses abordando a estrutura da comunidade fitoplanctônica em dois períodos distintos do
ciclo hidrológico na Amazônia Oriental Brasileira, além de estar subsidiando o diagnóstico para a
implementação do Plano de Manejo da Reserva Biológica do Lago Piratuba.
1.3. Hipóteses
Com base na literatura e no conhecimento prévio sobre os ecossistemas amazônicos
estudados elaboraram-se as seguintes hipótese para este estudo. São esperadas:
1. diferenças na estrutura das comunidades fitoplanctônicas dos lagos e rio entre os períodos
chuvoso e menos chuvoso;
2. diferenças entre lagos de morfologia diferentes;
3. distribuição horizontal do fitoplâncton diferenciada nos lagos maiores;
4. dominância de desmídias na composição do fitoplâncton no período de período menos
chuvoso;
5. influência das águas do rio Araguari sobre os últimos lagos do cinturão lacustre
meridional (lagos Grande e Comprido de Baixo);
6. dominância dos grupos funcionais P, S, Y e W para lagos rasos, túrbidos e com vegetação
abundante.
1.4. Objetivos
Geral
Analisar a estrutura da comunidade fitoplanctônica e a variação temporal e espacial de
seus atributos em seis lagos da Reserva Biológica do Lago Piratuba e baixo curso do rio Araguari
visando avaliar as hipóteses propostas.
Específicos
- Determinar a composição e densidade da comunidade fitoplanctônica nos
ambientes estudados.
- Relacionar a composição da comunidade fitoplanctônica com o período sazonal.
- Identificar espécies ou grupos funcionais relevantes que possivelmente possam
indicar a qualidade da água.
6
- Relacionar os resultados do fitoplâncton com os principais fatores limnológicos
analisados neste estudo.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de Estudo
O Estado do Amapá localizado na costa amazônica brasileira apresenta cinco unidades
geológicas morfoestruturais (Figura 1) representadas pela Planície Costeira do Amapá; Planalto
Rebaixado da Amazônia; Planalto da Bacia do Amazonas; Planalto Dissecado Jari-Araguari e
Planalto Dissecado do Norte do Amapá (Silveira, 1998).
Figura 1. Unidades morfoestruturais do estado do Amapá. Destaque (azul) para a planície costeira. Silveira & Santos
(2006).
A Planície Costeira do Amapá ocupa a parte leste do estado com cerca de 20% da área
total do estado e corresponde à faixa de terreno quaternário. Encontra-se coberta por extensas
savanas entremeadas por matas de galerias com manguezais presentes em toda a costa
7
(Magnanini, 1952; Sioli, 1984; Santos et al. 2005). Apresenta clima caracterizado por elevada
precipitação anual variando em média entre 1.500 e 3.500mm, com 70% das chuvas concentradas
nos meses de dezembro a maio e temperatura média de 27 ºC (Santos et al., 2005). Essa região
possui precipitação anual média maior que a média registrada para o baixo Amazonas (ca. 20 a 30
mm em menos de uma hora), uma vez que a brisa marinha diária traz quantidades consideráveis de
vapor d’água e conseqüentemente de nuvens (Goulding, 1997). Estas características estão
relacionadas com a forte influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Oscilação
Sul-El Niño
(OSEN ou ENSO) que atuam principalmente sobre precipitação, nebulosidade,
hidrologia dos rios locais e maré (Silveira & Santos, 2006; Santos, 2006). Nesta região a ZCIT
também controla a direção dos ventos alísios (Figura 2) que atuam na costa. Os eventos de El
Niño e La Niña também vão interferir na variação das condições climáticas da costa amapaense,
proporcionando períodos acentuadamente menos chuvosos (El Niño) e períodos mais chuvosos
(La Niña), estes efeitos são observados entre os meses de dezembro a fevereiro (ibid.).
N
J F M A M J J A S O N D
Meses
Direção dos ventos
N
J F M A M J J A S O N D
N
J F M A M J J A S O N D
NN
J F M A M J J A S O N DJ F M A M J J A S O N D
Meses
Direção dos ventos
Figura 2. Direção média dos ventos alísios incidentes na costa amapaense durante o ano. (J = Janeiro, F = Fevereiro,
M = Março, A = Abril, M = Maio, J = Junho, J = Julho, A = Agosto, S = Setembro, O = Outubro, N = Novembro, D
= Dezembro). Modificado de Nittrouer et al. (1996); Santos (2006).
O elevado carreamento de sedimentos em suspensão do rio Amazonas promove a
formação de uma pluma de sedimentos (Figura 3) após a saída na foz, a qual influencia
significativamente o fluxo de nutrientes, elementos menores e elementos-traço para o Oceano
Atlântico e interfere na biogeoquímica de diversos elementos por centenas de quilômetros ao
norte da costa (Smith Jr. & DeMaster, 1996).
8
A planície costeira é totalmente influenciada pela descarga do rio Amazonas e pelas
drenagens que a atravessam em direção ao Oceano Atlântico, uma vez que a maior parte da
pluma de sedimentos é transportada para o norte pela Corrente Norte Equatorial. Está inserida na
Bacia Sedimentar da Foz do Rio Amazonas, representada pela Plataforma do Amapá (Sioli, 1984;
Dias, 2003).
Figura 3. Aspecto da pluma de sedimentos do rio Amazonas e a interferência no rio Araguari (seta branca). Imagem:
Google Earth, 2007.
Setor Atlântico da Planície Costeira do estado do Amapá, adjacente à foz do rio
Amazonas, na denominada Região dos Lagos, onde a planície costeira apresenta maior extensão
longitudinal encontra-se a Reserva Biológica do Lago Piratuba (Figura 4). Criada em 1980,
através do Decreto 84.914 de 16 de julho, a Reserva é uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral. Localiza-se entre as coordenadas geográficas 01° 10' - 01° 49' N e 49° 54' - 50° 34' W.
Abrange parte dos municípios de Amapá e Tartarugalzinho e uma área de, aproximadamente,
392.000 ha e perímetro de 390 km. Limita-se, a oeste, com o igarapé dos Camaleões e com o lago
Comprido de Cima; ao sul, com o rio Araguari; a leste, com o oceano Atlântico e; ao norte, com
o igarapé Macarri e oceano Atlântico (Dias, 2003).
9
Figura 4. Localização da área de estudo e pontos de amostragem nos períodos chuvoso (em amarelo) e menos
chuvoso (em vermelho). Lagos: Comprido de Cima; da Bacia; do Lodão; dos Ventos; Grande; Comprido de Baixo e
Rio Araguari (pontos; E1, E3 e E4). Fonte: Modificado de Santos (2006); Imagem Landsat7, 2000; Courtesy
NASA/JPL-Caltech; http://www.bibliosoft.pt/html/utilizadores_america_sul.htm.
A área em estudo está inserida em uma região de relativa pressão antrópica, devido à
presença de atividades econômicas dentro e no entorno da Reserva Biológica do Lago Piratuba, e
de alta pressão natural, devido ao intenso dinamismo da região. A pressão antrópica dá-se
principalmente em função da pesca e da pecuária extensiva, amplamente utilizadas pelas
comunidades adjacentes. Também ocorre devido às modificações do meio físico, normalmente
ligadas à abertura de valas e canais para drenagem dos campos e/ou decorrentes da
bubalinocultura. A pressão natural está relacionada às modificações promovidas pelos fenômenos
climáticos e oceanográficos de ocorrência sazonal, os quais estão representados pelas chuvas
intermitentes e o regime de macromarés, principalmente as equinociais (Dias, 2003; Santos et al.,
2005).
De acordo com Silveira (1998), a maior concentração de lagos da planície costeira está
localizada entre o Rio Amapá Grande e a região imediatamente ao norte do rio Araguari. Nessa
área, podem ser identificadas três subáreas principais de concentração: Cinturão Lacustre
Oriental (lagos Piratuba, dos Gansos, Floriano ou dos Ventos); Cinturão Lacustre Ocidental
(lagos Cujubim, Andiroba, Redondo, Breu, Curuché, Pracuúba, Grande, e uma infinidade de
10
pequenos lagos sem denominação); e Cinturão Lacustre Meridional. O Cinturão Lacustre
Meridional é formado pelos lagos Duas Bocas, Novo, Comprido de Cima, dos Botos, do Lodão,
dos Ventos, Mutuco (Grande) e Comprido de Baixo distribuídos de oeste para leste (Figura 5).
Figura 5. Localização dos cinturões lacustres. 1) Cinturão Lacustre Oriental; 2) Cinturão Lacustre Meridional
(destacado por elipse tracejada em vermelho) e 3) Cinturão Lacustre Ocidental. Modificado de Silveira, 1998.
A evolução desse cinturão está estreitamente ligada à evolução morfológica da área. Os
lagos provavelmente foram formados em antigas depressões, ou lagunas barradas pelas “flechas
litorâneas de vasa”. Com o auxílio de sensores remotos e a avaliação de documentos históricos
foi observado que esse cinturão “se desenvolve sobre meandros e partes de antigas drenagens
conformando um mosaico de áreas rebaixadas com formas variadas e interligadas por canais de
comunicação” (Silveira, 1998; Silveira & Santos, 2006).
Os lagos estudados se encontram em uma das regiões com maior pressão antrópica da
Reserva, constituem o cinturão lacustre meridional localizado na região sudoeste da Reserva, no
município de Tartarugalzinho. Fazem parte da planície de inundação do rio Araguari e sofrem
influência do pulso de inundação dos rios Tartarugalzinho e Tartarugal Grande, bem como do
ritmo de chuvas locais. Também estão expostos às intempéries climáticas e influência de ventos
fortes o que torna as águas túrbidas e turbulentas (Figura 6). Estes lagos apresentam as margens
11
contornadas por grandes bancos de macrófitas aquáticas flutuantes onde dominam Montrichardia
arborencens (L.) Schott., Eichhornia crassipes (Mart.) Solms., E.azurea (Sw.) Kunt., Panicum
laxum Sw., Ceratopteris pteridoides (Hook) Hieron.e Salvinia auriculata (Aubl.) (Costa-Neto,
2006) e possuem águas claras e rasas, com profundidade variando entre 4,5 e 1,6m, no período
chuvoso, e 1,3 e 0,1m no período menos chuvoso.
Figura 6. A) Vista aérea parcial dos lagos estudados. Observar margens tomadas por macrófitas aquáticas (vegetação
verde-claro); B) Rio Araguari (à foz do Igarapé Tabaco) em maré baixa no período chuvoso. Fotos: Arquivo
CPAq/IEPA.
Os lagos são interconectados por canais (“regos”) que deságuam no Igarapé Tabaco o qual
faz a conexão destes com o rio Araguari (Figura 7). Os lagos são de águas claras, porém no
período menos chuvoso, devido menor ao menor volume d’água e maior intensidade dos ventos,
estes passam a apresentar águas brancas. O lago Comprido de Cima está numa região geológica
limítrofe entre o terreno terciário e o terreno quaternário, longitudinalmente é o mais extenso e
está diretamente conectado com o lago da Bacia. O lago do Lodão possui tamanho mediando em
comparação com os outros lagos, apresenta elevada colonização por macrófitas aquáticas em
quase toda a superfície, com a formação de pequenos ‘canais’ contornando as “ilhas” de
macrófitas flutuantes (Figura 8). O lago dos Ventos, o menor dentre os lagos estudados, com a
forma singular sob a influência dos ventos está em constante turbulência, havendo formação de
‘marolas’ e forte corrente. O lago Mutuco, localmente conhecido por lago Grande, apresenta
estreita conexão com o lago dos Ventos; é o maior em área superficial e também com grande
abundância de macrófitas em as margens. De acordo com imagens de satélite Landsat, este lago
apresenta uma região com aparente mistura de águas oriundas do canal do lago Comprido de
Baixo. O lago Comprido de Baixo, último lago do cinturão lacustre meridional, está diretamente
conectado ao rio Araguari através do Igarapé Tabaco o qual possibilita a entrada das marés neste
A) B)
12
lago. Diagnósticos batimétricos e planimétricos recentes nos lagos Comprido de Baixo, Grande e
dos Ventos (Martins et al. apud Silveira & Santos, 2006) revelaram uma morfologia de fundo
muito plana, praticamente sem ondulações e um desnível máximo de 0,8 cm entre a foz do
Igarapé Tabaco e a saída do lago Comprido de Baixo que permite a entrada das marés semi-
diurnas que possibilitam a deposição de sedimentos trazidos do rio Araguari para o interior
desses lagos (ibid.).
Figura 7. Detalhe da região dos lagos estudados. Observar o aporte de água provavelmente oriunda do “rego” do lago
Comprido de Baixo entrando no lago Grande (seta amarela). Imagem Landsat (2000) modificada de Santos (2006).
Ig. Tabaco
13
Figura 8. A) Vista característica do lago do Lodão no período chuvoso (junho/2005). B) Vista parcial do desnível
observado na saída do lago Comprido de Baixo no período menos chuvoso (novembro/2005). Fotos: José Souto e
Acervo CPAq/IEPA.
Araguari é um rio de águas claras, com nascente em terreno de rochas com embasamento
cristalino. Possui 500 Km de extensão e bacia de drenagem de 37.600 Km
2
(PROVAM apud
Santos, 2006), sendo o maior sistema de drenagem do estado. Apresenta corredeiras nos alto e
médio cursos, que proporcionou a construção da primeira usina hidrelétrica (UHE) da Amazônia,
a UHE Coaracy Nunes em 1974.
A morfologia da bacia de drenagem do rio Araguari favoreceu a distinção de duas
unidades: planície aluvial que compreende o alto e médio curso do rio, e planície de inundação
no baixo curso (Figura 9). Por se localizar no baixo curso e sofrer influência de maré, a planície
inundação do rio Araguari recebeu a denominação de planície de inundação influenciada por
marés (Santos, 2006).
14
Figura 9. Mapa de ambientes da região do estuário do rio Araguari. Santos (2006).
2.2 Amostragem
As amostragens foram realizadas em seis lagos (Comprido de Cima, da Bacia, do Lodão,
dos Ventos, Grande e Comprido de Baixo) e no rio Araguari. Por caracterizarem fases de efeito
significativo na comunidade fitoplanctônica (Huszar, 1994) as coletas foram realizadas em dois
períodos climatológicos: chuvoso e menos chuvoso (Anexo 2). Amostras destinadas às análises
qualitativas, utilizadas para auxiliar na identificação dos táxons, visando à concentração do
microfitoplâncton, foram coletadas na subsuperfície através de arrastes horizontais com de rede
de plâncton (abertura de malha de 25 µm) e fixadas com solução de Transeau. As amostras
destinadas às análises quantitativas, para quantificar as populações fitoplanctônicas, foram
obtidas por passagem de frascos de vidro na sub-superfície da água e fixadas com solução de
Lugol acético. A fixação ocorreu no campo e as amostras foram conduzidas ao Laboratório de
Plâncton do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), para identificação e
quantificação das populações fitoplanctônicas.
Ainda em campo foram medidas as seguintes variáveis físicas e químicas: temperatura da
água, condutividade elétrica, turbidez e pH com auxílio de um analisador multiparâmetros (marca
Horiba, mod. W-23). A profundidade foi estimada com um fio de prumo, a transparência da água
15
medida à sombra com disco de Secchi e o limite da zona eufótica estimada a partir do cálculo de
três vezes a medida do valor da transparência da água.
O mero de pontos de amostragem foi definido em função da morfometria dos sistemas,
acessibilidade aos locais e variação do nível d’água nos dois períodos do ano. A dificuldade de
acesso e locomoção entre os lagos no período menos chuvoso, oriundas da pequena espessura da
lâmina d’água (>30 cm) ou ausência completa de água, bem como a dependência da maré
impossibilitou o retorno a alguns pontos de coleta principalmente nos lagos Grande e Ventos
(Figura 10). As amostras do rio foram coletadas em maré enchente e após passagem da pororoca
(maré alta ou vazante), nos dois períodos estudados.
Figura 10. Vista aérea, no período menos chuvoso, das entradas dos lagos (A) dos Ventos (seta indica final do canal
de comunicação com o lago do Lodão) e (B) Comprido de Baixo com a maré baixa (seta indica final do canal de
comunicação com o lago Grande). Foto: Acervo CPAq/IEPA.
2.3 Análise das Amostras
Análise qualitativa
A análise taxonômica foi baseada na morfologia e morfometria dos indivíduos observados
em microscopia óptica e comparados com dados da literatura especializada, utilizando o sistema
de classificação adotado por Bicudo & Menezes (2005), isto é, Round e colaboradores(1990) para
as Chlorophyta e van den Hoek e colaboradores (1995) para as demais divisões . A identificação
dos grupos taxonômicos foi realizada a partir da observação direta em lâminas com auxílio de
microscópio óptico observando a morfometria e estruturas das algas. As amostras qualitativas
foram depositadas no Herbário Amapaense (HAMAB), no Instituto de Pesquisas Científicas e
(A) (B)
16
Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), e duplicatas depositadas no Herbário do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Análise quantitativa
A densidade populacional do fitoplâncton foi estimada com o auxílio de miscroscópio
invertido pelo método da sedimentação de Utermöhl (1958), para o qual foram utilizadas câmaras
de sedimentação de volumes entre 5 e 10 mL, dependendo da concentração de algas e de material
em suspensão em cada amostra. O tempo de sedimentação foi de, pelo menos, três horas para
cada centímetro de altura da câmara (Margalef, 1983). Unidades (células, colônias e filamentos)
foram quantificadas em campos aleatórios (Uhelinger, 1964), em aumento de 400x, sendo
enumerado pelo menos 100 indivíduos da espécie mais freqüente, de tal forma que o erro foi
inferior a 20% (p<0,05; Lund et al., 1958). Para a maioria das amostras foi utilizado o todo da
área mínima (Bicudo, 1990) devido à ocorrência inferior a 100 de indivíduos por escies em cada
amostra.
O lculo da densidade fitoplanctônica (ind.mL
-1
) foi efetuado conforme descrito a seguir:
ind.mL
-1
= F * N
ind
.
Onde: F= 1/mL contados
mL contados = n°. de campos contados * h
cam
. * sb
10
9
N
ind
.= número de indivíduos contados
h
cam
= altura da câmara de sedimentação (mm)
sb= superfície do campo do microscópio (µm
2
)
2.4 Análise de Dados
A biodiversidade fitoplanctônica foi avaliada a partir da riqueza de espécies (número de
táxons presentes em cada amostra) e da diversidade espefica e equitabilidade.
Diversidade, como uma medida de quanto a abundância da comunidade está distribuída
entre as espécies, e equitabilidade, como uma medida de quão homogeneamente a abundância é
distribuída entre elas, são atributos que sintetizam a informação de cada espécie para a
comunidade fitoplanctônica como um todo.
A diversidade específica (H') foi estimada pelo Índice de Shannon & Wienner (Shannon
& Weaver, 1963) a partir dos dados de densidade expressa em bits.ind
-1
, segundo a expressão:
17
H'= - Σ p
i
log
2
p
i
Onde: p
i
= N
i
/N
N
i
= número total de indivíduos de cada espécie
N= número total de indivíduos na amostra
A equitabilidade (Js) expressa em percentual foi avaliada pela expressão:
Js = 100(H'/lnN)
Onde: H'= índice de diversidade de uma amostra
N = número total de espécies na amostra
Grupos Funcionais
A definição dos grupos funcionais foi efetuada com base em Reynolds et al. (2002).
As diferenças das médias dos atributos fitoplanctônicos (riqueza específica, diversidade
específica, equitabilidade) e das variáveis abióticas entre lagos e épocas do ano foram avaliadas a
partir de ANOVA não paramétrica de Kruskal-Wallis. As relações entre os componentes bióticos
e abióticos foram acessadas através da análise de correlação de Spearman e regressão simples. Os
agrupamentos dos descritores (espécies) e dos objetos (locais de amostragem) foram realizados
através da análise de agrupamento usando distância 1-Pearson r e Análise de Correspondência
(AC).
2.5 Dados Climatológicos e Hidrológicos
Os dados climatológicos foram cedidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)
e Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), bases Estação Macapá e
Estação Porto Platon. Dados fluviométricos (vazões e níveis hidrométricos diários e mensais) do
rio Araguari foram fornecidos pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Centrais Elétricas do
Norte do Brasil (Eletronorte), base Estação Porto Platon. Dados de marés diárias do baixo curso
do Rio Araguari durante o período estudado foram fornecidos pelo Centro de Pesquisas
Aquáticas (CPAq/IEPA), base Estação Igarapé do Tabaco.
18
3. RESULTADOS
3.1. Variáveis Hidrológicas
A flutuação do nível hidrométrico do rio Araguari é regulada, durante todo o ano, pelo
reservatório da UHE Coaracy Nunes. As médias anuais no nível hidrométrico no período de 1972
a 2006 são apresentadas na Figura 11 e Anexo 3. Os valores mínimo e máximo oscilaram entre
3,5m e 8,45m nos últimos 30 anos. Durante o ano de 2005, o nível médio do rio Araguari foi de
5,3m, variando entre 4,0m e 7,4m. Os meses de maio e novembro caracterizaram-se como o mais
chuvoso e menos chuvoso, respectivamente.
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06
NH (m)
Figura 11. Variação na média anual do nível hidrométrico do rio Araguari, de julho de 1972 (72) a outubro de 2006
(06), assinalado (seta) o ano deste estudo.
Houve forte correlação entre a variação do nível hidrométrico no ano de 2005 e a vazão
do rio Araguari (r = 0,99; p = 0,002). Os valores médios mínimos e máximos do nível
hidrométrico variaram entre 3,8m e 7,7m, em janeiro e abril, meses de menor e maior amplitude
do pulso. A maior vazão observada foi em abril, 2022 m
3
.s
-1
, e a menor em janeiro, 124 m
3
.s
-1
(Figura 12).
19
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
nível do rio (m)
0
500
1000
1500
2000
2500
vaodia (m
3
.s
-1
)
nível do rio vao média
Figura 12. Variação no nível hidrométrico e na vazão do rio Araguari durante o ano de 2005, assinalados (setas) os
períodos em que foram realizadas as coletas.
Os dados semanais do nível hidrométrico e vazão do rio Araguari indicaram uma
baixa correlação (r
nh
= 0,39 e r
vazão
= 0,43; p
nh
= 0,027e p
vazão
= 3.10
-12
) com os dados de chuvas
totais semanais da região durante o ano de 2005 (Figuras 13 e 14)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53
Chuvas totais (mm)
0
10
20
30
40
50
60
70
Nível hidrométrico (m)
Chuvas totais semanais NH
Figura 13. Variação na precipitação total semanal e no e nível hidrométrico do rio Araguari em 2005, assinalados
(setas) os períodos de coleta.
20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52
precipitação (mm)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
vao (m
3
.s
-1
)
Chuvas totais semanais Vazão
Figura 14. Variação na precipitação total semanal e na vazão do rio Araguari em 2005 assinalados (setas) os períodos
de coleta.
O estuário do rio Araguari sofre influência de duas marés diárias. Durante as semanas de
coleta nos dois períodos estudados foi medida a variação dos ciclos de maré na foz do Igarapé
Tabaco (Figura 15). Num ciclo de maré de 12 horas, o tempo de maré vazante foi maior no
período chuvoso (ca. 8 horas) do que no período de período menos chuvoso (ca. 7 horas). nas
marés enchente, alta e baixa variaram, respectivamente de 2 a 2,5, 1,5 a 1 e 2 a 1,5 horas em
ambos os períodos sazonais.
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
13:00
17:00
21:00
01:00
05:00
09:00
13:00
17:00
21:00
01:00
05:00
09:00
13:00
17:00
21:00
01:00
05:00
09:00
13:00
17:00
21:00
01:00
05:00
09:00
13:00
17:00
21:00
NH (m)
jun/05 nov/05
Figura 15. Variação do nível hidrométrico na foz do Igarapé Tabaco, nos dois períodos sazonais: chuvoso (junho/05),
acima, e menos chuvoso (novembro/05), abaixo.
21
De acordo com observações de campo, a profundidade dos lagos variou de acordo com o
período sazonal. As profundidades foram significativamente maiores (p = 0,0004) no período
chuvoso do que durante a período menos chuvoso (Figura 16).
Houve pouca variação da profundidade entre os lagos (p = 0,09). As profundidades
máximas observadas variaram de 8,6m (Bacia) a 3,2m (Grande) e foram nos pontos localizados
na saída e entrada dos lagos da Bacia, Lodão, Grande e Comprido de Baixo. O período chuvoso
apresentou menor variância da profundidade entre os lagos (s² = 0,07), a profundidade média
variando de 1,8 a 2,4m. No período menos chuvoso houve maior variância (s² = 0,05) com média
entre 0,3 e 2,9m onde foram observadas as menores profundidades (Figura 17).
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
chuvoso
menos chuvoso
Período
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
Profundidade (m)
Figura 16. Profundidade dos lagos (valores mpédios) nos dois períodos de amostragem.
22
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
CB GR VE LO BA CC CB GR LO BA CC
Profundidade (m)
Peodo Chuvoso Peodo Menos Chuvoso
Figura 17. Variação da profundidade média dos lagos, com base nas observações de campo, nos dois períodos
sazonais de coleta (junho e novembro de 2005). CB = lago Comprido de Baixo; GR = lago Grande; VE = lago dos
Ventos; LO = lago do Lodão; BA = lago da Bacia; CC = lago Comprido de Cima.
3.2. Variáveis Climatológicas
Os dados de precipitação total média de 2005 não acompanharam a Normal Climatológica
(Figura 18), ocorrendo maior precipitação nos meses de coleta. As maiores precipitações
ocorreram nos meses de fevereiro (405 mm) e abril (370 mm), e as menores em agosto (64 mm) e
setembro (64 mm), totalizando 2619 mm no ano de 2005. Os dados de junho e novembro
corresponderam ao início da mudança dos períodos sazonais.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
jan/0
5
fe
v
/0
5
mar/05
a
b
r/05
m
a
i/0
5
j
un
/
05
j
u
l/05
a
g
o
/0
5
se
t/
0
5
out/05
nov
/0
5
d
e
z/05
Chuva Total Média - 2005 (mm) Chuva Total Média - NC (mm)
Figura 18. Variação na precipitação total mensal em 2005 e Normal Climatológica mensal na região estudada.
23
A temperatura do ar variou de acordo com o período sazonal, com média anual de 27
o
C e
uma amplitude térmica de tão somente 1,8
o
C. Temperaturas menores no período chuvoso e
maiores no período menos chuvoso (Figura 19).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Precipitão (mm)
25,0
25,5
26,0
26,5
27,0
27,5
28,0
28,5
Temperatura (oC)
Chuva total média (mm) Temperatura média diária (oC)
Figura 19. Variação da precipitação total mensal e temperatura média mensal em 2005
.
3.3. Variáveis Limnológicas
3.3.1. Regime de luz e química da água dos lagos estudados
3.3.1.1. Transparência, Profundidade da Zona Eufótica e Turbidez
A transparência da água no período chuvoso foi maior que no período menos chuvoso
(Figura 20 e Anexo 4). No período chuvoso, os valores máximo e mínimo observados foram
1,25m para o rio Araguari e 0,35m para o lago dos Ventos. No período menos chuvoso, a
transparência variou entre 0,65m e 0,05m no rio Araguari. O rio Araguari apresentou
transparência média maior que o sistema de lagos em ambos os períodos (Figura 21).
24
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Chuvoso
Menos Chuvoso
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
Secchi (m)
Figura 20. Transparência da água nos períodos chuvoso e menos chuvoso
Chuvoso
Menos Chuvoso
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Secchi (m)
Lagos Rio
Figura 21. Comparação dos valores médios da transparência da água (Secchi) entre o rio Araguari e os lagos nos dois
períodos estudados.
A transparência da água nos lagos durante o período chuvoso variou de 0,35 a 0,55m. Os
lagos Comprido de Cima, Bacia e Lodão apresentaram maior transparência no período chuvoso
(0,55m), enquanto no período menos chuvoso, Comprido de Cima e Comprido de Baixo tiveram
os maiores valores (0,25m). O lago dos Ventos apresentou 0,35m nas chuvas e o Lodão 0,1m no
período menos chuvoso (Figura 22). Houve correlação positiva significativa (r = 0,268; p =
0,051) entre a transparência da água e profundidade dos lagos. Os lagos localizados mais no
interior da Reserva Biológica do Lago Piratuba apresentaram maior transparência no período
chuvoso, enquanto no período menos chuvoso, os lagos com influência da maré foram os de
maior transparência.
25
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Secchi (m)
CC BA LO VE GR CB CC BA LO VE GR CB
Período Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 22. Variação na transparência da água (Secchi) nos lagos estudados assinalados os períodos chuvoso e menos
chuvoso (CC = Comprido de Cima; BA = Bacia; LO = Lodão; VE = Ventos; GR = Grande; CB = Comprido de
Baixo).
O rio Araguari também registrou baixa correlação positiva (r = 0.356) entre transparência
da água e profundidade dos pontos de amostragem. Os valores do disco de Secchi variaram entre
1,25 e 0,45m no período chuvoso e 0,65 a 0,05m no período menos chuvoso. Foi observada uma
redução da transparência da água com a proximidade da foz do rio Araguari, independentemente
da maré (Figura 23).
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
Secchi (m)
AR-CH1 AR-CH3 AR-CH4 AR-ES1 AR-ES3 AR-ES4
Período Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 23. Variação na transparência da água (Secchi) no rio Araguari. Pontos AR-CH1, AR-CH3 e AR-CH4
(período chuvoso); AR-ES1, AR-ES3 e AR-ES4 (período menos chuvoso).
A profundidade da zona eufótica foi maior no período menos chuvoso e no interior dos
lagos (Figura 24, Anexo 4). Estendeu-se até o fundo da coluna d’água (100%) em 43% dos
pontos amostrados. Forte correlação inversa (r = - 0,734) foi registrada entre a profundidade
máxima do lago a profundidade da zona eufótica. Tanto durante as chuvas quanto no período
menos chuvoso, observou-se que quanto menor a profundidade dos lagos maior o alcance da zona
26
eufótica. Este padrão não foi observado nos pontos de amostragem no rio Araguari quando estes
se aproximavam da foz (Figura 25 e Figura 26).
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Chuvoso
Menos Chuvoso
0
20
40
60
80
100
120
Zeuf:Zmax (%)
Figura 24. Profundidade da zona eufótica nos períodos chuvoso e menos chuvoso.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Zeuf:Zmax (%)
Período Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 25. Variação na profundidade da zona eufótica nos lagos (colunas claras) e no rio Araguari (colunas escuras)
assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso. (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
O período menos chuvoso apresentou maior turbidez que o período chuvoso (Figura 26,
Anexo 4). Os valores máximo e mínimo de turbidez foram registrados no rio Araguari: 484 NTU,
no período menos chuvoso e 1 NTU no chuvoso, respectivamente. No período chuvoso os lagos
apresentaram, em média, menor turbidez que no período menos chuvoso. No rio Araguari a
27
turbidez variou de acordo com a maré e a proximidade da foz. Não houve correlação inversa
significativa (r = -0,00543; p = 0,17) entre profundidade da coluna d’água e turbidez (Figura 27).
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Chuvoso
Menos Chuvoso
-100
0
100
200
300
400
500
600
Turbidez (NTU)
Figura 26. Turbidez (NTU) nos períodos chuvoso e menos chuvoso.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Turbidez (NTU)
Período Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 27. Variação na turbidez da água nos lagos (colunas claras) e no rio Araguari (colunas escuras) assinalados os
períodos chuvoso e menos chuvoso. (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
28
3.3.1.2. Condutividade Elétrica e pH
Condutividade Elétrica
Os valores extremos de condutividade elétrica da água observados nos sistemas estudados
proporcionaram uma significativa variação (p = 0,001) destes valores em ambos os períodos. No
período chuvoso, a condutividade variou de 28 µS.cm
-1
(CC-CH14) a 90 µS.cm
-1
(CC-CH10) nos
lagos e, de 25 µS.cm
-1
(estação AR-CH1) a 14000
µS.cm
-1
(estação AR-CH4) no rio. Nos lagos
os maiores valores concentraram-se na época menos chuvosa com valores entre 59 µS.cm
-1
(CC-
ES12) a 112 µS.cm
-1
(LO-ES19). Enquanto que, para este mesmo período, os valores no rio
Araguari oscilaram entre 29 µS.cm
-1
e 8210
µS.cm
-1
, nas estações AR-ES3 e AR-ES4,
respectivamente (Figura 28). Esta característica apresentada pelos lagos provavelmente está
relacionada à concentração de matéria orgânica dissolvida acumulada durante o período chuvoso.
a marcante variação da condutividade elétrica no baixo curso do rio deve-se à influência
entrada da água do mar no estuário. Com exceção das estações localizadas na foz do rio, os lagos
apresentaram, em média, maior condutividade elétrica do que o rio (Figura 29).
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Extremes
Chuvoso
Menos Chuvoso
25
50
75
250
500
750
2500
5000
7500
Condutividade elétrica (µS.cm
-1
)
Figura 28. Condutividade elétrica nos períodos chuvoso e menos chuvoso (escala logarítmica).
29
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Lago Rio
25
50
75
250
500
750
2500
5000
7500
Condutividade elétrica ( µS.cm
-1
)
Figura 29. Condutividade elétrica nos lagos e no rio Araguari (escala logarítmica).
Os lagos que apresentaram maior variação da condutividade elétrica nas chuvas foram
Comprido de Cima (28 µS.cm
-1
a 90 µS.cm
-1
) e Bacia (36 µS.cm
-1
a 56 µS.cm
-1
),
respectivamente. Os demais tiveram, em média, condutividade de 44 µS.cm
-1
. No período menos
chuvoso o lago com maior variação da condutividade foi o Comprido de Baixo com valores entre
72 µS.cm
-1
e 92 µS.cm
-1
. No entanto, o lago do Lodão apresentou os maiores valores 101 µS.cm
-1
e 112 µS.cm
-1
. O rio Araguari devido a elevada condutividade na foz em conseqüência das
influências marinha e do rio Amazonas apresentou maior variação nos valores da condutividade
entre os dois sistemas, nos dois períodos de estudo (Figura 30).
1
10
100
1000
10000
100000
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Condutividade elétrica (µS.cm
-1
)
Período Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 30. Variação na condutividade elétrica da água nos lagos (colunas claras) e no rio Araguari (colunas escuras)
assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso (escala logarítmica) (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
30
pH
Os ambientes estudados apresentaram, em geral, valores de pH semelhantes e levemente
ácidos (Anexo 4). Em média, o pH foi de 5,8 em todos os sistemas nos dois períodos sazonais A
maior variação foi observada no período menos chuvoso, em que o pH oscilou entre 6,22 (AR-
ES1) e 5,1 (LO-ES19). No entanto, os valores máximos (GR-CH7: 7,7) e extremo (VE-CH9:
8,15) ocorreram no período chuvoso (Figura 31).
Houve diferença entre os lagos mais interiores e os mais próximos do rio. No período
chuvoso os lagos Comprido de Cima, Bacia e Lodão apresentaram pH em torno de 5,7. Enquanto
que os lagos Grande, Comprido de Baixo e rio Araguari tiveram pH médio variando entre 6,1
para os lagos, e 6,0 para o rio. O mesmo padrão não foi observado para o período menos chuvoso
(Figura 32). Somente o lago dos Ventos apresentou pH diferenciado dos outros lagos (8,15) no
período chuvoso.
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Chuvoso
Menos Chuvoso
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
pH
Figura 31. Valores de pH nos dois períodos estudados.
31
Figura 32. Variação do pH nos pontos amostrados nos dois períodos sazonais. A linha tracejada destaca os lagos com
pH mais semelhantes no período chuvoso excluindo-se os ‘outliers’ (círculos) e valores extremos (asteríscos).
O lago dos Ventos apresentou o maior valor de pH (8,15) no período chuvoso no entanto
não foi possível comparar com o período menos chuvoso. Desta forma, para os dois períodos
sazonais, o Lago Grande apresentou valores mais elevados que os demais, principalmente nos
pontos localizados na entrada (GR-CH7: 7,7) e saída (GR-CH3: 7,3) do lago. Valores
intermediários foram registrados mais próximo do lago Comprido de Baixo e do rio Araguari.
Esse padrão repetiu-se na época menos chuvosa. Os lagos localizados mais acima do lago Grande
não tiveram variações importantes e apresentaram valores mais baixos que os lagos mais
próximos do rio (Figura 33).
32
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
pH
Peodo de Chuvas Peodo de Estiagem
Figura 33. Variação do pH nos pontos amostrados: período chuvoso (colunas claras) e período menos chuvoso
(colunas escuras) assinalados os períodos chuvoso e menos chuvoso (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
A correlação não foi significativa (r = - 0,27; p = 0,101) entre os valores de pH e
condutividade de elétrica para os dois períodos sazonais. No entanto, os sistemas quando
analisados separadamente apresentaram uma baixa correlação inversa nos lagos (r = -0,307; p =
2.10
-17
), e no rio (r = -0,296; p = 0,16), porém com p significativo para os lagos (Figura 34).
K pH
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
25
50
75
250
500
750
2500
5000
7500
K (µS.cm
-1
)
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
pH
Período de Chuvas
Período de Estiagem
*
*
Figura 34. Variação na condutividade elétrica e pH nos pontos amostrados nos dois períodos sazonais. Valores
extremos destacados por círculos e ‘outliers’ por asteríscos (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
33
3.4. Comunidade Fitoplanctônica dos lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos,
Grande, Comprido de Baixo e do baixo curso do rio Araguari
3.4.1. Composição Florística
A composição da comunidade fitoplanctônica, nos períodos chuvoso (junho/2005) e menos
chuvoso (novembro/2005), para os lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande,
Comprido de Baixo e baixo curso do rio Araguari foi representada por 178 táxons (Anexo 5),
abrangendo 83 gêneros distribuídos em nove classes taxonômicas: Cyanophyceae (50),
Chrysophyceae (17), Xanthophyceae (2), Bacillariophyceae (35), Cryptophyceae (6),
Dinophyceae (3), Euglenophyceae (12), Chlorophyceae (49) e Zygnemaphyceae (4).
Dentre os 178 táxons, 78 foram determinados em níveis específico e infraespecífico dos
quais incluíram 74 espécies e quatro variedades. Os 100 restantes, devido a as pequenas
dimensões e dificuldade de identificação nas análises quantitativas, foram identificados nos níveis
de gênero (61), família (9), ordem (15) e classe (15). As classes que apresentaram o maior número
de espécies foram as cianobactérias (28%), clorofíceas (27%) e diatomáceas (20%) (Figura 35).
Entre as cianobactérias, Chroococcales foi o grupo das clorofíceas com maior número de espécies
registradas. As clorofíceas estiveram representadas, em a maioria, pelas Chlorococcales, sendo
Scenedesmus o gênero com maior número de espécies (5). O grupo das diatomáceas esteve
representado principalmente pela ordem Pennales (83%), mas também pela ordem Centrales,
sendo Aulacoseira o gênero mais freqüente. As classes Chrysophyceae, Xanthophyceae,
Cryptophyceae, Dinophyceae, Euglenophyceae foram pouco representativas quanto ao mero
total de espécies.
34
Figura 35. Distribuição dos 178 xons por classe taxonômica nos lagos estudados e no rio Araguari, considerando
todo o período de estudo (Ciano = cianofícea; Criso = crisofícea; Xanto = xantofícea; Diato = diatomácea; Cripto =
criptofícea; Dino = dinofícea; Eugleno = euglenofícea; Cloro = clorofícea; Zignema = zignemafícea) .
As cianobactérias, clorofíceas, crisofíceas e diatomáceas apresentaram maior mero de
espécies em ambos os períodos (Figura 36). Em junho (período chuvoso) as clorofíceas (29%)
apresentaram maior número de espécies seguidas das cianobactérias (24%). Em novembro
(período menos chuvoso) ocorreu o inverso as cianobactérias foram mais representativas (28%)
seguidas das clorofíceas e diatomáceas (ambas com 21%), sendo observado considerável aumento
no mero de espécies das diatomáceas. Já as crisofíceas contribuíram de forma intermediária
para a composição fitoplanctônica nos dois períodos (17% no período chuvoso e 13 % no período
menos chuvoso).
Figura 36. Distribuição dos táxons por classe taxonômica nos lagos estudados e no rio Araguari, A) no mês de junho
e B) no mês de novembro de 2005.(Ciano = cianofícea; Criso = crisofícea; Xanto = xantofícea; Diato = diatomácea;
Cripto = criptofícea; Dino = dinofícea; Eugleno = euglenofícea; Cloro = clorofícea; Zignema = zignemafícea)
35
Considerando-se o total de lagos, estes apresentaram mais espécies que o rio com 74% do
número total de espécies nos dois períodos estudados (Figura 37). O maior número de espécies
ocorreu no período chuvoso com 124 táxons; os lagos contribuíram com 81% enquanto que o rio
com 19% deste total.
0
20
40
60
80
100
120
140
mero de Táxons
Rio Lagos
Chuvoso Menos Chuvoso
Figura 37. Número de táxons registrados nos lagos e no rio Araguari por período estudado.
No período chuvoso houve forte correlação positiva na composição de táxons entre os
lagos (r = 0,97), considerando número de espécies por grupo taxonômico. O lago Grande
apresentou maior número (59 táxons), com maior ocorrência de cianobactérias (32% do total). Em
seguida, os lagos Comprido de Cima e Lodão, ambos com maioria de clorofíceas (34% e 28%,
respectivamente). O lago dos Ventos apresentou o menor número de táxons (17). A maior
freqüência foi de Cryptomonas cf. marsonii (78%) que ocorreu em quase todos os pontos de
amostragem nos dois períodos. Em seguida foram os táxons C. cf. brasiliensis, Chromulina spp.
Vale ressaltar que nos lagos Grande, Lodão e Comprido de Cima foi realizado maior esforço
amostral por possuírem maior área superficial. Cryptomonas e Chromulina foram os gêneros que
estiveram presentes em todos os sistemas (Figura 38.A). O lago Comprido de Baixo e o rio
Araguari apresentaram o mesmo número de espécies (26) para o período chuvoso, sendo
observado uma forte correlação positiva (r = 0,97) quanto a seu número de espécies. Padrão
semelhante também ocorreu no período menos chuvoso, lago Comprido de Baixo (43). Este lago
está localizado mais próximo do rio Araguari, onde consequentemente sofre influência direta das
marés diárias, apresentando composição florística bastante diversificada com algas dulcícolas
mixohalinas.
36
Figura 38. A) riqueza(número de táxons por classe taxonômica) dos lagos e rio estudados; e B) número total de
táxons nos lagos e rio Araguari, em junho (chuvoso) e novembro (menos chuvoso) de 2005.
No período menos chuvoso ocorreu menor número de espécies nos lagos com exceção do
lago Comprido de Baixo e do rio Araguari onde foi observado considerável aumento no número
de espécies (Figura 38B). No lago dos Ventos, devido dificuldade de acesso, não foi possível
realizar amostragem neste período. O lago Comprido de Cima apresentou maior número de táxons
(44), seguido pelo lago Comprido de Baixo (43), ambos compostos com maioria de
37
cianobactérias, 37% e 27%, respectivamente. No rio Araguari foi considerável o aumento de
espécies de diatomáceas, em especial de águas mixohalinas.
Amostras qualitativas indicaram a influência de águas mixohalinas até o lago Grande no
período chuvoso onde foi observada presença de Chaetoceros decipiens e Triceratium favus. No
lago Comprido de Baixo além de C. decipiens e T. favus ocorreram Coscinodiscus oculosiridis,
Skeletonema costatum, Eupodiscus sp. e Odontela sp. A maior ocorrência de algas de origem
mixohalina e marinha foi observada no período menos chuvoso, fato relacionado com o menor
volume de água do rio Araguari. Esta característica também pode estar relacionada ao aumento da
composição nesses ambientes no referido período e número representativo de táxons no lago
Grande também durante este período mesmo considerando a drástica redução do volume amostral
decorrente da impossibilidade de acesso aos demais pontos desse lago.
3.4.2. Densidade
A densidade fitoplanctônica foi discretamente maior no período menos chuvoso e, como
esperado, significativamente menor no rio Araguari do que nos lagos (Figura 39A e 39B).
38
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Menos Chuvoso
Chuvoso
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1)
A)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Rio Lago
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1
)
B)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Menos Chuvoso
Chuvoso
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1)
A)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Rio Lago
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1
)
B)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Menos Chuvoso
Chuvoso
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1)
A)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Menos Chuvoso
Chuvoso
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1)
A)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Rio Lago
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1
)
B)
Median
25%-75%
Non-Outlier Min-Max
Outliers
Extremes
Rio Lago
70
80
100
200
300
400
500
600
700
800
1000
2000
3000
4000
Densidade (ind mL
-1
)
B)
Figura 39. Densidade da comunidade fitoplanctônica (A) nos períodos chuvoso e menos chuvoso e (B) entre os
sistemas: lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande e Comprido de Baixo, e rio Araguari.
As densidades fitoplanctônicas nos lagos e no rio Araguari variaram nos dois períodos
sazonais de 82 ind.mL
-1
(lago Comprido de Cima, CC-CH11) a 3821 ind.mL
-1
(lago Grande, GR-
CH6). No período chuvoso a variação nas densidades foi pouco acentuada (Anexo 6). O lago
Grande destacou-se por apresentar densidades mais elevadas, sobretudo de diatomáceas no ponto
GR-CH6 (1795 ind.mL
-1
) e cianobactérias no ponto GR-CH8 (1021 ind.mL
-1
). No período menos
39
chuvoso os lagos Comprido de Cima, Lodão e Comprido de Baixo apresentaram variações
importantes da densidade (Figura 40). Nos lagos Lodão e Comprido de Baixo ocorreram os
valores máximos desse período, 1351 ind.mL
-1
(LO-ES19)
e 1040 ind.mL
-1
(CB-ES2)
respectivamente. No rio Araguari houve maior variação entre as densidades por amostra nos
pontos, variando de 8 ind.mL
-1
a 68 ind.mL
-1
(AR-CH4). As maiores densidades totais ocorreram
nos pontos AR-CH1 e AR-CH4 no período chuvoso.
No rio Araguari, a variação entre os pontos foi menor no período menos chuvoso do que
no período chuvoso. Ao contrário do que aconteceu em junho, o ponto AR-ES3 apresentou maior
densidade (662 ind.mL
-1
) se comparado aos demais pontos (Anexo 7). Isto pode estar associado
não somente ao período sazonal, mas ao período do ciclo de maré em que a coleta foi realizada.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Ciano Criso Xanto Diato Cripto Dino Eugleno Cloro Zignema
Período Chuvoso (Junho/2005)
Período Menos Chuvoso (Novembro/2005)
Figura 40. Variação da composição e densidade (ind.mL
-1
) fitoplanctônica, por grupo taxonômico, nos lagos e rio
Araguari nos dois períodos sazonais (junho e novembro/2005).
A relação entre os sistemas tendo como descritora a abundância do fitoplâncton está
expressa na análise de agrupamento (Figura 41). Os pontos mais a jusante da foz do rio Araguari
(AR-C3 e AR-C4; AR-E3 e AR-E4) apresentaram-se diferentes, em abundância, da primeira
estação nas duas épocas de estudo (AR-C1 e AR-E1), bem como dos lagos Comprido de Cima,
Bacia, Lodão, Ventos, Grande e Comprido de Baixo. Estes, no entanto, apresentaram-se todos
relacionados entre si. O lago Comprido de Baixo, no período menos chuvoso, aproximou-se mais
das estações do rio Araguari (AR-C3 e AR-C4; AR-E3 e AR-E4). Enquanto no período menos
40
chuvoso a estação AR-E1 esteve mais associada aos lagos do que aos outros pontos do rio ao
contrário do que foi observado no período chuvoso.
Figura 41. Análise de agrupamento (distância 1-Pearson r) para abundância do fitoplâncton nos lagos e no rio
Araguari nos dois períodos de estudo. CC-C = l. Comprido de Cima, chuvoso; BA-C = l. da Bacia, chuvoso; LO-C =
l. do Lodão, chuvoso; VE-C = l. dos Ventos, chuvoso; GR-C = l. Grande, chuvoso; CB-C = l. Comprido de Baixo,
chuvoso; AR-C = r. Araguari, chuvoso; CC-E = l. Comprido de Cima, menos chuvoso; BA-E = l. da Bacia, menos
chuvoso; LO-E = l. do Lodão, menos chuvoso; GR-E = l. Grande, menos chuvoso; CB-E = l. Comprido de Baixo,
menos chuvoso; AR-E = r. Araguari, menos chuvoso.
De acordo com Análise de Correspondência (Figura 42), as diatomáceas (Dt) apresentaram
maior correlação positiva (tanto na Dimensão 1 quanto na Dimensão 2) com o ponto do rio
Araguari, AR-ES3 (AE3 316 ind.mL
-1
) devido principalmente à dominância de Cocconeis cf.
pellucida e Aulacoseira granulata, e do lago Grande,GR-CH6 (C6 1794 ind.mL
-1
) com
dominância de Urosolenia spp. As cianobactérias (Ci) tiveram maior correlação negativa
(Dimensão 1) ao ponto GR-CH8 (C8) onde ocorreu maior densidade de indivíduos (1021 ind.mL
-
1
), dominância de Synechocystis cf. aquatilis e Phormidiaceae 3, seguido dos pontos CB-ES2 (C2
812 ind.mL
-1
), LO-CH18 (C18 74 ind.mL
-1
) e LO-ES19 (E19 747 ind.mL
-1
). Neste último
ocorreu uma floração de Anabaena spp. no período menos chuvoso(Figura 37). Os demais lagos
com seus respectivos pontos e o ponto A1 (AR-CH1e AR-ES1) do rio Araguari apresentaram
densidades semelhantes para as crisofíceas (Crs), zignemafíceas (Zg), criptofíceas (Crp) e
41
dinofíceas (Dn). Euglenofíceas (Eg) e xantofíceas (Xt) apresentaram menores densidades nesses
pontos.
Figura 42. Análise de Correspondência entre os lagos, o rio e a densidade das classes taxonômicas nos dois períodos
sazonais. Dimensão 1 mais represenativa que Dimensão 2 devido maior porcentagem de inércia (35,96%), a soma
dos ‘eigenvalues’ (acima de 0,50) valida as relações observadas. Classes taxonômicas: Diatomáceas (Dt),
clorofíceas (Cl), cianobactérias (Ci), crisofíceas (Crs), zignematofíceas (Zg), criptofíceas (Crp), dinofíceas (Dn),
euglenofíceas (Eg) e xantofíceas (Xt). Pontos de amostragem para: Período chuvoso: C1 e C2 = l. Comprido de
Baixo, P1, P2; C3 a C8 = l. Grande, P3 a P8; C9 = l. dos Ventos, P9; C10 a C14 = l. Comprido de Cima, P10 a P14;
C15, C16 e C17 = l. da Bacia, P15, P16 e P17; C18 a C21 = l. do Lodão, P18 a P21; AC1, AC2 e AC3 = r. Araguari
P1, P2 e P3. Período menos chuvoso: E1 e E2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; E3 = l. Grande, P3; E10, E12 e E14 =
l. Comprido de Cima, P10, P12 e P14; E16 = l. da Bacia, P16; E18, E19 = l. do Lodão, P18 e P19; AE1, AE2 e AE3
= r. Araguari P1, P2 e P3.
3.4.3. Grupos Taxonômicos
Nos lagos e ao longo do baixo curso do rio Araguari foi observada marcada
heterogeneidade tanto em composição quanto em abundância das espécies nos dois períodos
estudados. As crisofíceas (Chromulina spp.) e criptofíceas (Cryptomonas spp.) foram as classes
mais importantes em ambos os períodos, porém com maior dominância das últimas no período
chuvoso e das primeiras no menos chuvoso (Figura 43).
42
0%
20%
40%
60%
80%
100%
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Ciano Criso Xanto Diato Cripto Dino Eugleno Cloro Zignema
Período Chuvoso (Junho/2005)
Período Menos Chuvoso (Novembro/2005)
Figura 43. Variação da composição e abundância fitoplanctônica, por grupo taxonômico, nos lagos e rio Araguari
nos dois períodos sazonais (junho e novembro/2005).
Nos pontos onde foi observado maior fluxo de água (entrada e saída dos lagos) dominaram
criptofíceas e crisofíceas, com exceção do lago do Lodão onde cianobactérias (Synechocystis cf.
aquatilis, Phormidiaceae 3, Anabaena spp.) e euglenofíceas (Trachelomonas spp., Euglena sp.)
foram dominantes (Figura 44).
O lago Comprido de Cima apresentou marcante heterogeneidade espacial e dominância de
crisofíceas em alguns pontos nos dois períodos. O lago da Bacia apresentou dominância de
crisofíceas e criptofíceas (Cryptomonas spp.) nas chuvas e clorofíceas (Chlorophyceae 3) no
período menos chuvoso.
Maior heterogeneidade espacial no período chuvoso foi observada no lago Grande (GR-
CH3, GR-CH4, GR-CH5, GR-CH6, GR-CH7, GR-CH8), com dominância de criptofíceas na
entrada (GR-CH7) e saída (GR-CH3) do lago. Além disso, constatou-se um acentuado
desenvolvimento das diatomáceas Urosolenia eriensis var. eriensis, U. eriensis var. morsa (Figura
45), U. longiseta e A. granulata na estação GR-CH6 e de várias espécies de cianobactérias da
ordem Chroococcales no ponto mais ao norte do lago (estação GR-CH8).
43
Figura 44. Abundância relativas das classes taxonômicas nos pontos de coletas nos lagos e no rio. (A) Período
chuvoso (junho/2005). (B) Período menos chuvoso (novembro/2005). Imagem Landsat 2000. Modificada de Santos,
2006.
44
Figura 45. Detalhe de campo microscópico com elevada população de Urosolenia eriensis spp. (A) e Aulacoseira
granulata (setas) (B). Fotomicrografia em microscópio com contraste de fase.
No período menos chuvoso, o lago Comprido de Baixo (CB-ES1, CB-ES2) apresentou
maior abundância de cianobactérias filamentosas em especial Planktolyngbya cf. limnetica e
Phormidiaceae. Floração de cianobactérias do gênero Anabaena ocorreu em um dos pontos de
amostragem do lago do Lodão (LO-ES19), evento vializado somente no período da manhã (Figura
46).
Figura 46. Floração de Anabaena spp. na entrada do lago do Lodão (Novembro/2005). Foto: Valerie
Sarpedonti.
No rio Araguari também houve dominância de crisofíceas e criptofíceas (Figura 43 e
Figura 44). O ponto mais a montante (AR-CH1 e AR-ES1) apresentou dominância de espécies
exclusivamente de ambientes de água doce (Microcystis sp., Chromulina spp., Monoraphidium
(A) (B)
Valerie Saperdonti
45
circinale, Ankistrodesmus fusiformis). Integração de espécies tanto de ambientes de água doce (M.
circinale, M. convolutum, Chromulina spp., Cryptomonas spp., Choricystis cf. cylindraceae,
Planktolyngbya cf. limnetica, Aulacoseira granulata) quanto de ambiente de águas mixohalinas
(Cocconeis spp., Denticulopsis sp., Skeletonema spp., Coscinodiscus oculosiridis) foram
observadas nas estações E3 e E4 (AR-CH3 e AR-ES3; AR-CH4). Maior dominância de
diatomáceas mixohalinas foi observada nos pontos AR-CH4 e AR-ES3, enquanto em AR-CH3,
Phormidiaceae e Chroococcales, e em AR-ES4 Chromulina spp. foram mais expressivas.
O grupo das zignemafíceas não apresentou contribuição relevante. Espécies de gênero
Cryptomonas apresentaram abundância significativa em quase todos os pontos de amostragem.
3.4.4. Classes de Tamanho
O nanoplâncton foi a fração dominante do fitoplâncton em todos os sistemas estudados
(classe de tamanho I, MDL-Máxima Dimensão Linear <20 µm) e esteve representada sobretudo
por Chroococcales, Chromulina spp. e Cryptomonas spp., nos dois períodos de estudo (Figura 47).
Figura 47. Análise de Correspondência para distribuição das classes de tamanho (I, II e III) para os lagos e rio
Araguari nos dois períodos sazonais estudados Dimensão 1 fortemente mais represenativa que Dimensão 2 devido
maior porcentagem de inércia (74,91%), a soma dos ‘eigenvalues’ (acima de 0,50) valida as relações observadas.
Pontos de amostragem para: Período chuvoso: C1 e C2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; C3 a C8 = l. Grande, P3 a
P8; C9 = l. dos Ventos, P9; C10 a C14 = l. Comprido de Cima, P10 a P14; C15, C16 e C17 = l. da Bacia, P15, P16 e
46
P17; C18 a C21 = l. do Lodão, P18 a P21; AC1, AC2 e AC3 = r. Araguari P1, P2 e P3. Período menos chuvoso: E1 e
E2 = l. Comprido de Baixo, P1, P2; E3 = l. Grande, P3; E10, E12 e E14 = l. Comprido de Cima, P10, P12 e P14; E16
= l. da Bacia, P16; E18, E19 = l. do Lodão, P18 e P19; AE1, AE2 e AE3 = r. Araguari P1, P2 e P3.
O microfitoplâncton (classe II, 20-50 µm) não apresentou dominância em nenhum período.
No entanto, clorofíceas (Scenedesmus cf. acunae,Oocystis lacustris,Pandorina morum), Euglena
sp. e Cryptophyceae 2 e C. marsonii (forma grande) pertencentes a esta classe ocorreram no
período chuvoso, principalmente nos lagos Comprido de Cima, Bacia e Lodão e estação AR-CH3
do rio Araguari. Ainda neste período, os pontos GR-CH6 (diatomáceas) e GR-CH8
(cianobactérias filamentosas) do lago Grande apresentaram contribuição expressiva de algas da
classe III (superior a 50 µm). No período menos chuvoso os lagos Lodão e Comprido de Baixo
apresentaram dominância de algas classe III: Anabaena spp. e Oscillatoriales, respectivamente
(Figura 48).
A distribuição espacial das classes de tamanho nos ecossistemas é ilustrada na Figura 49.
Os lagos e o rio Araguari, com exceção dos lagos Lodão e Grande, não apresentaram grandes
variações quanto ao tamanho das algas durante o período das chuvas. No período menos chuvoso,
a variação foi mais marcante tanto nos lagos quanto no rio Araguari. No rio essa variação foi
bastante significativa entre os pontos. Provavelmente isso se deve não somente ao período, mas ao
ciclo de maré em que as amostras foram coletadas (Anexo 8).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
I II III
Junho/2005 Novembro/2005
Figura 48. Distribuição das classes de tamanho (I, II, III) nos sistemas, em junho e novembro/2005.
47
Figura 49. Distribuição das classes de tamanho I, II, III (em porcentagem) nos sistemas. (A) Período chuvoso
(junho/2005). (B) Período menos chuvoso (novembro/2005). Imagem Landsat 2000. Modificada de Santos, 2006.
48
3.4.5. Grupos Funcionais
Dos 31 grupos funcionais até o momento descritos, no presente estudo 15 foram
registrados (A, D, E, F, G, H, J, K, L
O
, M, N, P, S, T, W, X
1
, X
2
, X
3
eY). Esperava-se a
dominância dos grupos P, S, Y e W característicos de ambientes rasos e túrbidos, com vegetação
aquática abundante. No entanto, os que mais se destacaram foram: X
3
e Y (Figura 50). Esses
grupos foram representados principalmente pelos gêneros Chromulina e Cryptomonas,
respectivamente. Também destaca-se a dominância de outros grupos funcionais de forma pontual.
No lago do Lodão, por exemplo, o grupo W se destacou no período chuvoso no ponto LO-CH21.
Enquanto que no período menos chuvoso o grupo H foi o que mais se destacou, no ponto LO-
ES19. Outros grupos que se destacaram foram o A no ponto GR-CH6 do lago Grande no período
chuvoso, e o S nos pontos GR-CH8 (período chuvoso) e CB-ES2 (período menos chuvoso).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
A F H J K LO P S W X1 X2 X3 Y OUTROS
Peodo Chuvoso Peodo Menos Chuvoso
Figura 50. Variação na abundância relativa dos grupos funcionais nos sistemas estudados (OUTROS: agrupamento
dos grupos funcionais D, E, G, M, N e T).
Tanto a variação espacial quanto a sazonal foram marcadamente notadas para os grupos
funcionais (Figura 51). No período chuvoso, a dominância do grupo Y na maioria dos pontos,
principalmente nos pontos do lago Grande. Os demais lagos e rio Araguari apresentaram grande
variação quanto a dominância. No período menos chuvoso a maior dominância foi a do grupo X
3
,
principalmente no ponto localizado na foz do rio Araguari (AR-ES4). No entanto, a oscilação
entre os grupos dominantes foi maior do que a observada no período chuvoso, tanto para os lagos
49
quanto para os pontos do rio. Chama também atenção o fato de não haver dominância no ponto
AR-ES3 entre os grupos funcionais, o que não foi observado nos outros dois pontos.
Figura 51. Distribuição espacial e variação sazonal dos grupos funcionais nos lagos e rio Araguari. (A) Período
Chuvoso e (B) Período Menos Chuvoso. Imagem Landsat 2000. Modificada de Santos, 2006.
50
3.4.6. Riqueza, Diversidade e Equitabilidade
3.4.6.1. Riqueza Específica
A riqueza específica apresentou-se baixa se comparada com outros estudos em ambientes
tropicais, isto é, média de 17 táxons por amostra. Os valores mínimo (6) e máximo (32) foram
observados nos lagos Grande (GR-CH3) e Comprido de Baixo (CB-ES2), respectivamente. A
variação da riqueza específica foi pouco significativa sazonalmente (r = -0,304; p = 0,071) e
inexistente entre os sistemas (r = -0,15; p = 0,38). Apenas um leve aumento foi notado no período
menos chuvoso (Figura 52).
Menos Chuvoso Chuvoso
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
Riqueza de espécies
Rio Lago
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
Riqueza de espécies
Figura 52. Variação da riqueza de espécies entre: A) os dois períodos sazonais e B) os sistemas: rio e lagos.
(
A
)
(B)
51
No período chuvoso as maiores riquezas foram encontradas nos lagos do Lodão (26; LO-
CH19) e Grande (28;GR-CH8), enquanto que os menores valores, notadamente foram nos pontos
de entrada e saída dos lagos Comprido de Cima e Grande. Os lagos maiores (Comprido de Cima,
Lodão e Grande) apresentaram maior variação entre os pontos. O lago da Bacia não apresentou
variação. O rio Araguari apresentou baixa riqueza específica neste período sendo que o menor
valor (7) foi observado no ponto localizado à foz do Igarapé Tabaco, no rio Araguari (AR-CH3).
No período menos chuvoso não houve variação significativa entre os pontos. Os maiores valores
foram encontrados nos pontos localizados na entrada do lago Comprido de Baixo (32; CB-ES2) e
no rio Araguari (26;AR-ES3). A riqueza específica do rio Araguari comportou-se de modo
contrário ao observado no período chuvoso, valores menores para os pontos AR-ES1 e AR-ES4 e
maior para o AR-ES3 (Figura 53).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Riqueza de Escies
Período Menos ChuvosoPeríodo Chuvoso
Figura 53. Variação da riqueza específica entre os pontos de amostragem, nos dois períodos sazonais estudados.
3.4.6.2. Diversidade Específica
A diversidade foi elevada nos ambientes estudados. A mesma apresentou variância
significativa (v = 0,363) entre os pontos e oscilou entre 2,03 bits.ind
-1
(AR-ES4) e 4,37 bits.ind
-1
(GR-CH4) .
Entre os dois períodos não houve relação significativa (r = 0,36; p = 0,66). Os lagos
maiores (Comprido de Cima e Grande) apresentaram maior diversidade em ambos os períodos. De
52
um modo geral o rio apresentou menor diversidade do que os lagos. No período menos chuvoso,
apesar de apenas um ponto amostrado, o lago Grande continuou apresentando elevada diversidade
(3,89 bits.ind
-1
) em relação aos demais. No rio Araguari, neste período ocorreu maior variação,
onde o ponto AR-ES3 apresentou diversidade maior (3,88 bits.ind
-1
) do que os outros pontos deste
rio nos dois períodos (Figura 54).
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Diversidade específica (bits.ind
-1
)
Peodo Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 54. Variação da diversidade específica entre os pontos dos lagos e do rio Araguari nos dois períodos
estudados, assinalado o valor de 2,5 bits ind
-1
, a partir do qual a diversidade é considerada elevada (linha cheia).
3.4.6.3. Equitabilidade
A distribuição dos táxons nos sistemas foi mais uniforme no período chuvoso do que no
período menos chuvoso apresentando forte correlação positiva entre os dois períodos (r = 0,43; p
= 0,01). Entre os sistemas não houve correlação significativa.
A equitabilidade foi alta em ambos os períodos. Os valores extremos de equitabilidade
ocorreram no período menos chuvoso. O valor máximo foi no lago Comprido de Cima (CC-ES12)
com 99% e o mínimo no lago Comprido de Baixo (CB-ES2) com 50%. Não houve variação
significativa nos lagos. A maior variação observada foi no rio Araguari no período menos chuvoso
(Figura 55).
53
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
70.0
80.0
90.0
100.0
CC-CH10
CC-CH11
CC-CH12
CC-CH13
CC-CH14
BA-CH15
BA-CH16
BA-CH17
LO-CH18
LO-CH19
LO-CH20
LO-CH21
VE-CH9
GR-CH3
GR-CH4
GR-CH5
GR-CH6
GR-CH7
GR-CH8
CB-CH1
CB-CH2
AR-CH1
AR-CH3
AR-CH4
CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
BA-ES16
LO-ES18
LO-ES19
GR-ES3
CB-ES1
CB-ES2
AR-ES1
AR-ES3
AR-ES4
Equitabilidade (%)
Período Chuvoso Período Menos Chuvoso
Figura 55. Representação da equitabilidade nos lagos (Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande e
Comprido de Baixo) e no rio Araguari (baixo curso) nos dois períodos estudados.
4. Discussão
4.1. Composição Florística
A composição florística dos lagos Comprido de Cima, Bacia, Lodão, Ventos, Grande,
Comprido de Baixo e do baixo curso do rio Araguari caracterizou-se por apresentar uma baixa
complexidade, evidenciada pelo pequeno número de táxons encontrado em cada amostra
quantitativa. Tal fato contraria o observado para os sistemas aquáticos da Amazônia Central
(Melo & Huszar, 2000; Ibañez, 1998; Huszar, 1994; Uherkovich, 1984) e para outros ambientes
tropicais que apresentaram elevada riqueza específica (Nabout et al., 2007; Train et al., 2005;
Rojo et al., 1994).
Uma das características marcantes dos ecossistemas amazônicos é a dominância de
desmídias (Melo et al., 2005; Huszar, 1994; Uherkovich, 1984), Este grupo se caracteriza por
ocorrer em ambientes de terrenos mais antigos e estáveis, águas ácidas e oligotróficas (Huszar &
Reynolds, 1997; Margalef, 1983). No entanto, no presente trabalho as desmídias não
apresentaram contribuição relevante à composição florística dos lagos e do baixo curso do rio
Araguari, o que pode estar associado ao fato de os ambientes estudados encontrarem-se numa
54
região de terreno recente (quaternário) e localizados próximos à costa onde existem processos
dinâmicos intensos.
De modo geral, a maior contribuição para a riqueza de espécies nos ambientes estudados
foi de cianobactérias. Margalef (1969) também encontrou uma maior freqüência de
cianobactérias em lagoas costeiras. Segundo este autor, isto se deve a condições adversas como
escassez de compostos nitrogenados dissolvidos, que favorecem as cianobactérias em detrimento
dos demais organismos.
Comparando-se a riqueza específica entre os lagos e o rio estudados, constatou-se que os
lagos apresentam maior riqueza e diversidade que do rio, padrão também observado por Zalocar
de Domitrovic (2002) para a bacia do rio Paraguai. Isto pode estar associado ao fato de ambientes
lênticos apresentarem maior disponibilidade de nutrientes e elevada troca de matéria e energia
decorrentes do maior tempo de residência da água nesses ambientes.
Em relação à sazonalidade, no período chuvoso os lagos e rio Araguari apresentaram
maior número de espécies de clorofíceas do grupo das Chlorococcales, seguidas pelas
cianobactérias, o que pode estar relacionado às características físicas e químicas da água, como
maior transparência, menor turbidez, maior volume de água e área dos lagos. no período menos
chuvoso, com espécies típicas de ambientes eutróficos, as cianobactérias foram as mais freqüentes
seguidas pelas diatomáceas e clorofíceas. Também neste período houve acentuada redução da
riqueza de espécies no lago do Lodão em relação ao período chuvoso devido a floração de
cianobactérias filamentosas nesse lago.
No período menos chuvoso o lago Comprido de Baixo apresentou maior número de
espécies do que nos outros lagos estudados. Isto deve ocorrer porque a massa d’água é muito
menor durante este período, permitindo a entrada e permanência da maré em todo o lago. Desta
forma ocorre um aumento do número de espécies ‘alóctones’, tais como Triceratium favus,
Chaetocerus sp., entre outras, aumentando assim o distúrbio local. De acordo com os dados
obtidos não foi detectada salinidade no interior de nenhum dos lagos, o que torna possível inferir
que existe uma grande contribuição do rio Amazonas para o interior do estuário fazendo com que
as águas do rio Araguari dificultem a saída da água dos lagos.
No rio Araguari, de modo geral, foi observado considerável aumento no número de
espécies no período menos chuvoso, principalmente o ponto localizado na foz do Igarapé Tabaco.
Nos pontos em que ocorreu maior riqueza, as amostras foram coletadas na maré enchente ou
55
cheia, após passagem da pororoca. A presença de espécies de diatomáceas características de
ambientes estuarinos e marinhos, desde a foz e provavelmente até o ponto localizado à foz do
Igarapé Tabaco, como Cocconeis spp., Denticulopsis sp., Skeletonema spp., Coscinosdiscus
oculus-iridis reforça a possibilidade de este aumento na riqueza de espécies estar relacionado à
maior entrada de águas oriundas do rio Amazonas e Oceano Atlântico pela maré neste período.
Vale ressaltar que apesar da elevada turbidez e sólidos em suspensão há uma “zona de
crescimento ótimo” que favorece o desenvolvimento e, inclusive, a formação de florações de
diatomáceas na costa amapaense, devido à alta concentração de lica biogênica deste ambiente
(DeMaster et al.,1996).
4.2. Características Físicas e Distribuição Espacial e Horizontal da Comunidade
Fitoplanctônica
4.2.1. Lagos
Os lagos estudados, devido a localização, interligação e origem (Silveira, 1998), assim
como as áreas úmidas estudadas por Neiff (1997), funcionam como receptores de matéria
orgânica oriunda dos ecossistemas aquáticos a montante (rios Tartarugalzinho e Tartarugal
Grande, lagos Duas Bocas e Novo) e do carreamento de material alóctone da planície de
inundação influenciada por marés durante o período chuvoso. A mesma interligação dos lagos
que forma uma corrente de circulação interna possibilitando uma semelhança entre as
comunidades fitoplanctônicas desses ambientes também favorece a diferenciação entre as
comunidades dos lagos localizados nas extremidades (lagos Comprido de Cima e Comprido de
Baixo) desse cinturão lacustre. A variação sazonal do nível d’água e a forte influência dos ventos,
bastante característicos nessa região, provavelmente são fatores preponderantes para a
distribuição espacial das populações fitoplanctônicas nos lagos, tendo em vista a importância
destes fatores na dinâmica do fitoplâncton, conforme apontado por Reynolds (2006).
Além dessas características, as variáveis abióticas que contribuíram para a discreta
diferença na abundância fitoplanctônica entre os dois períodos sazonais nos lagos foram a
turbidez e condutividade elétrica. Esta última esteve diretamente relacionada com a maior
densidade no período menos chuvoso provavelmente devido a maior disponibilidade de
nutrientes. Isto ficou implícito quando associado à ocorrência dos grupos funcionais. No entanto,
56
a oscilação dos valores de turbidez entre os pontos de coleta em cada lago, principalmente no
período chuvoso, proporcionou maior variação na distribuição da abundância nos sistemas. o
pH devido a pouca oscilação pode estar relacionado juntamente com outros fatores (como
precipitação, ventos, profundidade) com a equitabilidade das populações nos sistemas.
Diferentes espécies de algas com características morfológicas, fisiológicas e ecológicas
semelhantes foram organizadas em grupos funcionais na tentativa de melhor refletir a dinâmica
de um ambiente (Reynolds, 1997; Reynolds et al., 2002). Este modelo funcional também conta
com a relação das estratégias adaptativas das algas C-, R- e S-estrategistas (Reynolds, 1997) para
a elucidação da dinâmica fitoplanctônica nos lagos. Os grupos funcionais têm sido testados em
vários trabalhos (Huszar & Caraco, 1998; Melo & Huszar, 2000; Huszar et al., 2000; Kruk et al,
2002; Padisák et al., 2003,2006) e validados tanto para ambientes temperados quanto tropicais.
Em ambos os períodos os lagos foram caracterizados por organismos C-estrategistas
representados pelos grupos funcionais X
3
e Y, compostos por espécies tolerantes a correntes,
ressuspensão constante e baixa luminosidade (Train & Rodrigues, 1998; Temponeras et al., 2000;
Barone & Naselli-Flores, 2003).
O lago Comprido de Cima, de modo geral, apresentou significativa heterogeneidade
espacial e dominância de crisofíceas em alguns pontos nos dois períodos. Nas demais regiões do
lago e no lago da Bacia observaram-se dominâncias dos grupos funcionais X
3
e Y evidenciando
homegeneidade na distribuição desses organismos.
Os lagos do Lodão e dos Ventos apresentaram-se muito semelhantes quanto a composição
e abundância do fitoplâncton apesar de apresentarem diferenças morfológicas e físicas marcantes.
Nesses lagos houve dominância de espécies dos grupos funcionais X
3
e Y no período chuvoso. O
lago do Lodão apresentou floração de cianobactérias do gênero Anabaena, pertencente ao grupo
funcional H, o qual pode estar relacionado à concentração de matéria orgânica dissolvida
proveniente da elevada abundância de macrófitas aquáticas em decomposição e maior tempo de
residência da água no lago nesse período devido à direção dos ventos que de acordo com
Nittrouer et al. (1996) supõe-se estariam na direção nordeste e com menor intensidade, dessa
forma, podendo interferir na distribuição e permanência dos organismos.
Devido a localização e forma mais susceptível às turbulências provenientes dos ventos
alísios da região e da provável entrada parcial da maré, o lago Grande mostrou-se mais
heterogêneo na dimensão horizontal durante o período chuvoso, o mesmo o tendo sido
57
observado para o lago Comprido de Cima, sistema com características físicas e químicas
semelhantes. Também representado principalmente por organismos C-estrategistas (Reynolds,
1998), o lago Grande apresentou diferentes dominâncias em pontos distintos. O ponto mais ao
norte (GR-CH8), provavelmente mais protegido da influência direta dos ventos e onde havia
maior ocorrência de macrófitas aquáticas, foi dominado por cianobactérias do grupo das
Oscillatoriales e Chroococcales pertencentes aos grupos funcionais S e X
1
(Reynolds et al.,
2002), de ambientes rasos, túrbidos e com bastante mistura. Nos pontos localizados na entrada e
saída do lago dominaram Cryptomonas spp. e Chromulina spp. Estas espécies pertencentes aos
grupos funcionais Y e X
3
são tolerantes à corrente, baixa luminosidade e ocorrem em corpos
d’água rasos com entrada substancial de matéria orgânica vegetal (Reynolds, 1997). Espécies de
Cryptomonas também foram encontradas por Train & Rodrigues (1998) no rio Baía, por García
de Emiliani (1993) no médio rio Paraná e por Huszar (1994) no lago Batata e Melo et al (2004)
para os lagos Batata e Mussurá no período de águas altas, quando apresentaram densidades
relevantes nesses ambientes. Essas algas são alimentos de fácil ingestão e digestão para o
zooplâncton sendo, portanto vulneráveis à predação pelo zooplâncton (Barone & Naselli-Flores,
2003). O ponto localizado no centro do lago Grande foi o mais diverso e esteve representado por
organismos encontrados nos demais pontos do lago. Um aspecto que deve ser levado em
consideração é que neste ponto pode ocorrer uma maior mistura das massas de água devido à
elevada turbulência advinda de diferentes lugares, inclusive do canal que faz conexão com o lago
Comprido de Baixo, o que permite, de acordo com observações de campo, a entrada da maré
também neste lago.
O ponto mais ao sul do lago Grande apresentou elevadas populações de Urosolenia
eriensis, U. longiseta e Aulacoseira granulata. Este fato pode ser explicado devido a maior
exposição aos ventos desse ponto promovendo elevada turbidez e turbulência da coluna d’água
favorecendo a presença das espécies R-estrategistas pertencentes aos grupos funcionais A e P
(Train & Rodrigues, 1998; Weithoff et al., 2001, Nabout et al., 2006). Este padrão não pôde ser
observado no período menos chuvoso devido à impossibilidade de acesso aos pontos de coleta.
Outro lago que se destacou quanto à distribuição espacial foi o lago Comprido de Baixo.
Por estar diretamente conectado ao rio através do Igarapé Tabaco, sofre influência das marés e
conseqüentemente das correntes. Em ambos os períodos, este lago apresentou diferenças na
composição e abundância entre os dois pontos amostrados. A dominância de espécies do grupo
58
funcional S no ponto mais interior do lago, nos dois períodos sazonais, se deve a menor força da
corrente e esta associação estar relacionada a ambientes túrbidos e baixa transparência da coluna
d’água. Enquanto o ponto localizado na saída apresentou o mesmo padrão do lago Grande nos
pontos de entrada e saída, ou seja, abundância dos grupos X
3
e Y. No período menos chuvoso o
aumento da densidade de cianobactérias (Planktolyngbia limnetica, Synechoccocus sp.)
provavelmente se deve a este lago comportar-se como um “fornecedor” de substâncias
dissolvidas durante o período chuvoso e “receptor” no período menos chuvoso (Takiyama,
comunicação pessoal) apresentando elevados valores de condutividade elétrica. Tal característica,
aliada ao fato de que considerável quantidade da água contida no lago é devido à entrada da
maré, principalmente no período menos chuvoso, faz com que esse lago assemelhe-se a uma
lagoa costeira possibilitando a permanência de espécies mixohalinas, até mesmo marinhas
(Triceratium favus, Chaetoceros spp., Eupodiscus sp., Thalassiosira sp.) no interior do lago, uma
vez que outros trabalhos (Margalef, 1969; Badylak & Phlips, 2004; Bonilla et al., 2005)
relacionam características físicas e químicas (como salinidade, conexão com o mar, influência de
maré, condutividade) com a presença de algas mixohalinas.
A dominância de algas pertencentes à classe de tamanho I (< 20 µm) e algas não
flageladas da classe II (20 a 50 µm), principalmente nos lagos em ambos os períodos sazonais,
reforça a afirmação de que ambientes com grande colonização de macrófitas aquáticas flutuantes,
baixa intensidade de luz e distúrbios freqüentes como a constante ressuspensão da coluna d’ água
favorecem o nanofitoplâncton, conforme assinalado por outros autores para a bacia do rio
Paraná (Zalocar de Domitrovic, 2002; O’Farrell et al., 2007). A discreta redução na abundância
de algas de classe de tamanho I (principalmente criptofíceas) no período menos chuvoso pode
estar relacionado à herbivoria e ao aumento do limite da zona eufótica devido a redução da
coluna d’água neste período.
Estudos em lagos rasos tropicais e subtropicais (Romo & Villena, 2005; Nabout et al.,
2006) reforçam a validade da utilização dos grupos funcionais associados a ambientes
moderadamente enriquecidos, túrbidos e com mistura da massa d’água. Assim, a coexistência dos
grupos funcionais dominantes X
3
e principalmente de Y implica dizer que a presença de algas
esta característica pode estar relacionado com fatores como ressuspensão da coluna d’água e
corrente. Uma vez que o grupo funcional X
3
ocorreu principalmente nos lagos e pontos do rio
com maior disponibilidade de luz, menor turbidez e menor influência da mistura da coluna
59
d’água. No entanto, as lacunas metodológicas presentes neste estudo impossibilitam maiores
inferências.
Considerando o exposto, os lagos Comprido de Cima e Comprido de Baixo podem ser
vistos como ecótonos, onde ocorre dinâmica elevada e instável resultando numa zona de tensão
estocástica (Neiff, 2003; Attrill & Rundle, 2002). Uma vez que o lago Comprido de Cima está
numa região de transição entre duas feições geomorfológicas (Silveira, 1998) que proporciona
diferenciação física e química da água, e o Comprido de Baixo em contato com o rio Araguari,
existe um gradiente espacial de algumas variáveis físicas e químicas características que resultam
na segregação de espécies melhor adaptadas no ecótono. Isso pode ser reforçado pelo fato de que
não existe diferença abrupta entre rio e lago em locais considerados ecótonos água-terra e água-
água, de acordo com Izaguirre e colaboradores (2001).
4.2.2. Rio Araguari
Os resultados obtidos para o rio Araguari apresentam um gradiente horizontal
representado pela abundância das comunidades fitoplanctônicas e pela salinidade aliado à mistura
constante da coluna d’água, baixa transparência e elevada turbidez, o que favoreceu a dominância
de espécies pequenas e de rápido crescimento (C-estrategistas) em todos os pontos amostrados.
Attrill & Rundle (2002) sugerem que essa constância dos distúrbios em uma pequena escala de
tempo (diária) deixa de ser heterogênea e passa a se tornar estável, isto caracteriza a ecoclina com
gradiente de estresse em duas vias, típica de estuários. Além desses fatores, a variação da
condutividade elétrica explica, de certo modo, a composição e abundância fitoplanctônicas no
estuário, com predomínio de espécies C- estrategistas (criptofíceas e crisofíceas) e R-estrategistas
(diatomáceas Aulacoseira granulata), principalmente no que concerne a foz do rio Araguari.
Este fato foi evidenciado pela análise de correspondência em que a abundância de diatomáceas
apresentou forte relação positiva com os pontos mais próximos da foz.
No ponto mais interior do rio ocorre somente a presença de algas características de água
doce. Em nenhum dos períodos coletados foi detectada salinidade e a condutividade elétrica foi
baixa. Nesta região, durante o período chuvoso as inundações podem ser maximizadas pelas
marés de sizígia e equinociais juntamente com períodos de La Niña, proporcionando a conexão
entre o rio e os lagos, algumas vezes com grandes inundações duradouras como a ocorrida em
1984 (Santos, 2006). Essa característica pode explicar a forte relação entre a ficoflórula do rio e
60
dos lagos, principalmente no período chuvoso, como ficou evidenciada na análise de
agrupamento, a qual diferencia o primeiro ponto do rio relacionado com os lagos dos outros dois
pontos do rio Araguari.
O ponto localizado próximo à foz do Igarapé Tabaco apresentou maior diversidade e
maior abundância em relação aos demais pontos do rio, com a presença de algas tanto de água
doce quanto estuarina, evidenciando a contribuição fitoplanctônica dos lagos e do oceano para o
rio. Este ponto também recebe o aporte de todos os sistemas pertencentes ao cinturão lacustre
meridional e está no limite da área de influência física da onda da pororoca (Santos, 2006). Esta
característica corrobora com Licea-Duran (1974) que em estudo realizado no estuário de
Bacorehuis no Golfo da Califórnia observou variações na diversidade entre os locais de coleta,
devido principalmente à influência marinha e ao aporte de água doce, atribuindo a maior
diversidade aos pontos com maior contato com água do mar.
No ponto localizado na foz houve dominância de Skeletonema spp. no período chuvoso e
Chromulina sp. no período menos chuvoso. A abundância de algas C-estrategistas de água doce
na foz deve-se à dinâmica diária desse estuário que, com a entrada da onda da pororoca pelo
Igarapé da Fazenda Natal, transporta ‘matéria’ do interior da Reserva Biológica do Lago Piratuba
para o rio e propicia baixa salinidade devido à elevada concentração de sólidos em suspensão.
Dessa forma, evidenciou-se a forte heterogeneidade desse sistema à medida que se aproxima da
foz, provavelmente porque ocorrem variações na diversidade desses ambientes estão
determinadas pela influência marinha e pelo aporte de água doce.
No período chuvoso observou-se maior contribuição de algas de água doce nos pontos
mais próximos à foz do rio Araguari. Enquanto no período menos chuvoso houve maior
ocorrência de espécies mixohalinas e marinhas bentônicas, como espécies do gênero Amphora e
Denticulopsis, o que pode estar relacionado com a baixa vazão do rio neste período associada à
mistura da coluna d’água e aporte de nutrientes de origem fluvial (Reynolds, 1997; Facca et al.,
2002) oriunda principalmente pelos distúrbios diários provocados pela entrada da maré sob
influência da onda da pororoca. Smith Jr. & DeMaster (1996) em estudo da biomassa
fitoplanctônica e produtividade primária na plataforma continental na pluma do rio Amazonas
observaram que a interação entre as águas oceânicas e fluviais influenciam diretamente o
crescimento fitoplanctônico, o que torna essa região uma zona altamente produtiva que varia com
61
a descarga do rio Amazonas. No caso do estuário do rio Araguari, esta característica tende a ser
potencializada devido ao hidrodinamismo da região.
5. Conclusões
Os lagos estudados do cinturão lacustre meridional e rio Araguari se encontram em um
grande ecótono, embora tenham apresentado riqueza específica baixa em contraste com a alta
diversidade específica, se comparados a outros ambientes amazônicos.
Os lagos apresentaram maior riqueza específica e diversidade do que o rio. Nos dois períodos
sazonais os lagos e o rio Araguari apresentaram baixa complexidade em a composição
florística marcada por espécies C-estrategistas, representadas principalmente por criptofíceas
e crisofíceas características de ambientes rasos, turbulentos e com elevada turbidez.
Os lagos Comprido de Cima e da Bacia formam um sistema biológico com apenas uma
comunidade fitoplanctônica. Estes lagos apenas apresentam separação espacial mais evidente
no período menos chuvoso.
A maior riqueza de espécies no ponto do rio localizado à foz do Igarapé do Tabaco
caracteriza este ponto como uma ‘zona de convergência de informações’ dos ambientes em
questão. Faz-se necessário estudo mais refinado sobre este aspecto.
Apesar da quase ausência e ausência de salinidade no baixo curso do rio Araguari e nos lagos
Grande e Comprido de Baixo registrou-se a presença de espécies de diatomáceas marinhas
cosmopolitas como Chaetoceros decipiens e Skeletonema spp. até então registradas somente
para ambientes com salinidade variando entre 5% a 40%.
Presença de ecoclina na distribuição horizontal entre os dois períodos sazonais ao longo do
baixo curso do rio Araguari.
A presença de espécies marinhas nos lagos dá-se pela força de entrada da maré,
provavelmente devido à pororoca, uma vez que, neste estudo, a distribuição das espécies
aparentemente foi determinada principalmente pela maré e não pela salinidade conforme
observado para outros estuários devido a forte influência da pluma de sedimentação do rio
Amazonas.
Os resultados deste estudo permitiram confirmar apenas parte das hipóteses levantadas para
esta pesquisa.
62
Hipótese 1: diferenças na estrutura das comunidades fitoplanctônicas dos lagos e rio entre os
períodos chuvoso e menos chuvoso.
As diferenças sazonais na estrutura das comunidades foram confirmadas. Em ambos os
períodos o fitoplâncton dos lagos foi marcado por apresentar alta diversidade, baixa riqueza de
espécies e alta equitabilidade entre os lagos, com espécies nanoplanctônicas, predominantemente
C-estrategistas O período menos chuvoso apresentou maior densidade, atributo que apresentou
maior diferenciação entre os períodos. No entanto, entre os lagos esta diferença foi mais marcante
devido a forte e constante ressuspensão da coluna d’água; isto possibilita inferir sobre uma
elevada circulação interna da massa d’água dos lagos.
No baixo curso do rio Araguari, no entanto, esta diferença foi mais marcante. Houve tanto
diferenciação espacial quanto sazonal. Este rio mostrou-se heterogêneo ao longo do seu baixo
curso, variando a composição e abundância de acordo com a interferência da maré e valores das
variáveis abióticas. O período menos chuvoso apresentou-se composto por espécies C- e R-
estrategistas tanto de água doce quanto estuarinas e marinhas. Também neste período houve
maior diversidade e riqueza de espécies.
Hipótese 2: diferenças entre lagos de morfologia diferentes.
Esta hipótese foi rejeitada. A baixa variação das variáveis abióticas explicou a
uniformidade entre os lagos quanto à composição e abundância de espécies, independente de a
forma e tamanho, mesmo considerando-se a diferença de esforço amostral entre os ambientes. A
presença de canais de intercomunicação entre a maioria dos lagos proporciona troca de matéria e
energia mesmo em períodos de baixa pluviosidade.
Hipótese 3: distribuição horizontal do fitoplâncton diferenciada nos lagos maiores.
O tamanho dos lagos proporciona diferenças na distribuição horizontal do fitoplâncton.
Apesar de que os lagos com maior tamanho não necessariamente apresentam maior
heterogeneidade espacial. Somente o lago Grande apresentou marcada heterogeneidade na
distribuição horizontal e elevada diversidade específica. Enquanto que, o lago Comprido de Cima
apesar de apresentar diferenças na a distribuição horizontal, mostrou-se semelhante aos lagos da
Bacia e do Lodão. A presença de uma elevada diversidade no lago Grande provavelmente deve-
63
se às características geomorfológicas do ambiente; este lago funciona como um “vertedouro” de
todas as informações vindas dos sistemas localizados acima e abaixo dele.
Hipótese 4: dominância de desmídias na composição do fitoplâncton no período de período
menos chuvoso.
Não houve dominância de desmídias no período de período menos chuvoso. A baixa
densidade e ocorrência de desmídias nos dois períodos sazonais em contraste com as densidades
e ocorrências elevadas de cianobactérias (como Synechocystis cf. aquatilis) e demais espécies C-
estrategistas, conferindo característica bastante comum para ambientes costeiros, possibilita
inferir que os lagos, principalmente os mais próximos ao rio Araguari (lagos Grande e Comprido
de Baixo), podem ser classificados como lagoas costeiras.
Hipótese 5: influência das águas do rio Araguari sobre os últimos lagos do cinturão lacustre
meridional (lagos Grande e Comprido de Baixo).
As águas do rio Araguari entram para os lagos Grande e Comprido de Baixo juntamente
com a maré. Esta característica confirma-se devido a presença de algas mixohalinas e marinhas
no interior destes lagos. No entanto, precisam-se de estudos mais detalhados para determinar o
quanto as águas do rio Araguari contribuem para a diversidade fitoplanctônica dos lagos, que
nesta região há grande interferência das águas do rio Amazonas e do oceano Atlântico.
Hipótese 6: dominância dos grupos funcionais P, S, Y e W para lagos rasos, túrbidos e com
vegetação abundante.
A dominância dos grupos funcionais P, S, Y e W foi rejeitada. Apesar de serem lagos
rasos com abundância de macrófitas aquáticas, baixa incidência de luz e constante ressuspensão
somente os grupos funcionais S, X
1
, X
3
e Y apresentaram maior relevância nos dois períodos com
associações de espécies de algas C-estrategistas. A abundância de espécies que compõem estas
associações indica a possibilidade de processo de eutrofização nesses ambientes.
Para uma melhor compreensão de sistemas tão complexos como estes, faz-se necessário
levar em consideração diversas variáveis e forçantes ambientais. O número de espécies e as
informações sobre a ecologia dos organismos desses sistemas poderão ser maiores. Para tanto,
precisa-se de maior refinamento e aprofundamento das análises, uma vez que a deficiência nos
64
métodos de amostragem em virtude das dificuldades logísticas no trabalho de campo reduzindo
drasticamente o esforço amostral em determinados locais, e nos métodos de identificação e
contagem, não impossibilitaram maior aproveitamento das informações. O conhecimento, ainda
que preliminar, de ambientes tão dinâmicos como estes são fundamentais para o enriquecimento
científico do conhecimento sobre o plâncton. Espera-se dar continuidade ao trabalho para que as
questões levantadas durante este estudo possam ser respondidas.
65
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ANEXOS
Anexo 1. Relação das abreviaturas utilizadas para os pontos de amostragem.
Abreviatura do
Ponto
Ponto de Amostragem
CC-CH10 Lago Comprido de Cima, período chuvoso, ponto 10
CC-CH11 Lago Comprido de Cima, período chuvoso, ponto 11
CC-CH12 Lago Comprido de Cima, período chuvoso, ponto 12
CC-CH13 Lago Comprido de Cima, período chuvoso, ponto 13
CC-CH14 Lago Comprido de Cima, período chuvoso, ponto 14
BA-CH15 Lago Bacia, período chuvoso, ponto 15
BA-CH16 Lago Bacia, período chuvoso, ponto 16
BA-CH17 Lago Bacia, período chuvoso, ponto 17
LO-CH18 Lago Lodão, período chuvoso, ponto 18
LO-CH19 Lago Lodão, período chuvoso, ponto 19
LO-CH20 Lago Lodão, período chuvoso, ponto 20
LO-CH21 Lago Lodão, período chuvoso, ponto 21
VE-CH9 Lago Ventos, período chuvoso, ponto 9
GR-CH3 Lago Grande, período chuvoso, ponto 3
GR-CH4 Lago Grande, período chuvoso, ponto 4
GR-CH5 Lago Grande, período chuvoso, ponto 5
GR-CH6 Lago Grande, período chuvoso, ponto 6
GR-CH7 Lago Grande, período chuvoso, ponto 7
GR-CH8 Lago Grande, período chuvoso, ponto 8
CB-CH1 Lago Comprido de Baixo, período chuvoso, ponto 1
CB-CH2 Lago Comprido de Baixo, período chuvoso, ponto 2
AR-CH1 Rio Araguari, período chuvoso, ponto 1
AR-CH3 Rio Araguari, período chuvoso, ponto 3
AR-CH4 Rio Araguari, período chuvoso, ponto 4
CC-ES10 Lago Comprido de Cima, período menos chuvoso, ponto 10
CC-ES12 Lago Comprido de Cima, período menos chuvoso, ponto 12
CC-ES14 Lago Comprido de Cima, período menos chuvoso, ponto 14
BA-ES16 Lago Bacia, período menos chuvoso, ponto 16
LO-ES18 Lago Lodão, período menos chuvoso, ponto 18
LO-ES19 Lago Lodão, período menos chuvoso, ponto 19
GR-ES3 Lago Grande, período menos chuvoso, ponto 3
CB-ES1 Lago Comprido de Baixo, período menos chuvoso, ponto 1
CB-ES2 Lago Comprido de Baixo, período menos chuvoso, ponto 2
AR-ES1 Rio Araguari, período menos chuvoso, ponto 1
AR-ES3 Rio Araguari, período menos chuvoso, ponto 3
AR-ES4 Rio Araguari, período menos chuvoso, ponto 4
Anexo 2 Lista dos pontos de amostragem na Reserva Biológica do Lago Piratuba nos períodos de junho
e novembro de 2005.
Coordenadas (UTM)
Período
Referência Ponto
Longitude
Latitude
Chuvoso
Menos
Chuvoso
L. Comprido de Baixo P1 573793
152061
Junho Novembro
L. Comprido de Baixo P2 572155
152481
Junho Novembro
L. Grande P3 568075
152656
Junho Novembro
L. Grande P4 566481
149359
Junho -
L. Grande P5 565226
149280
Junho
-
L. Grande P 6 565514
144749
Junho
-
L. Grande P 7 564626
151767
Junho
-
L. Grande P 8 564779
154379
Junho
-
L. dos Ventos P 9 563690
151582
Junho
-
L. do Lodão P 18 560173
153668
Junho Novembro
L. do Lodão P 19 561134
155411
Junho Novembro
L. do Lodão P 20 561198
157363
Junho -
L. do Lodão P 21 561129
153090
Junho -
L. da Bacia P 15 553700
151764
Junho Novembro
L. da Bacia P 16 555806
150585
Junho -
L. da Bacia P 17 555812
150568
Junho -
L. Comprido de Cima P 19 550275
157521
Junho Novembro
L. Comprido de Cima P 20 550559
155788
Junho Novembro
L. Comprido de Cima P 21 552001
151515
Junho Novembro
L. Comprido de Cima P 22 553525
144797
Junho -
L. Comprido de Cima P 23 553592
147013
Junho -
R. Araguari P1 558970
124774
Junho Novembro
R. Araguari P3 580336
145740
Junho Novembro
R. Araguari P4 612314
136558
Junho Novembro
Anexo 3 – Nível hidrométrico médio mensal (em metros) do rio Araguari na Estação Porto Platon (julho
de 1972 a outubro de 2006).
Ano
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1972
5,8
5,0
4,4
3,9
4,0
4,1
1973
5,0
5,5
6,0
5,9
7,7
6,9
6,0
5,4
5,1
4,6
4,2
5,1
1974
5,7
7,7
8,3
8,1
6,7
7,6
7,1
6,2
5,2
4,7
4,4
4,6
1975
5,0
6,4
6,5
8,3
7,6
7,7
6,6
6,2
5,6
4,7
4,2
4,3
1976
5,4
6,3
7,9
8,1
7,6
7,0
6,6
5,6
4,7
4,1
3,8
3,9
1977
4,4
5,8
7,0
7,1
7,9
6,7
6,4
5,5
4,7
4,4
3,8
4,3
1978
5,1
5,1
6,0
7,1
7,5
6,7
6,1
5,9
4,9
4,4
4,0
4,9
1979
4,7
6,5
7,2
7,3
7,4
6,9
6,2
5,6
4,8
4,4
4,1
4,2
1980
5,4
5,1
6,4
7,5
7,0
6,7
6,1
5,3
4,7
4,2
4,0
3,9
1981
5,0
5,7
4,7
5,1
6,3
5,8
5,9
5,2
4,7
4,1
3,8
3,9
1982
5,4
6,6
6,6
8,1
7,9
6,9
5,9
5,3
4,6
4,0
3,8
3,7
1983
4,1
4,5
5,2
6,2
5,4
4,9
4,6
4,6
4,1
3,7
3,4
3,6
1984
4,4
5,6
6,6
7,0
7,7
6,9
6,1
5,4
4,9
4,4
4,3
4,3
1985
5,3
5,9
6,6
5,9
7,5
7,6
6,4
5,8
5,0
4,5
4,2
5,4
1986
6,1
6,1
6,4
6,8
7,3
6,9
6,3
5,3
4,6
4,3
4,3
4,2
1987
5,6
6,0
6,2
6,3
7,3
6,2
5,9
5,0
4,6
4,0
3,6
3,6
1988
4,6
5,2
5,4
6,2
7,5
7,1
6,5
5,7
5,1
4,7
4,1
4,8
1989
6,0
6,3
7,9
8,2
8,1
7,9
6,8
5,7
4,9
4,7
4,6
4,9
1990
5,5
6,0
7,3
8,2
7,7
7,0
6,1
5,5
4,7
4,2
4,0
4,2
1991
5,3
6,9
6,8
7,1
7,6
7,8
6,7
6,0
5,0
4,5
4,0
3,8
1992
4,1
5,3
6,7
7,5
6,0
5,5
5,1
4,8
4,2
3,8
3,6
3,9
1993
4,9
5,5
6,4
8,0
7,9
6,5
5,7
5,0
4,6
4,3
4,2
4,5
1994
5,6
6,8
7,1
7,2
8,0
7,3
6,1
5,5
4,8
4,6
4,3
4,6
1995
6,0
6,5
7,3
7,8
7,8
6,8
5,7
5,0
4,4
4,4
4,3
1996
5,7
6,1
8,0
8,1
7,6
7,8
7,0
6,0
5,2
4,6
4,3
4,2
1997
5,1
5,9
6,5
6,7
7,0
5,9
5,6
5,1
4,4
3,9
3,7
3,8
1998
4,3
5,0
6,0
6,6
6,5
6,1
5,7
5,0
4,3
3,9
3,8
3,9
1999
5,2
6,0
5,9
7,2
6,9
7,2
6,1
5,8
5,0
4,6
4,0
3,9
2000
5,0
5,8
7,7
8,4
8,9
7,5
6,6
5,7
4,9
4,5
4,0
4,1
2001
5,4
6,8
7,0
7,7
7,6
6,9
6,2
5,5
4,8
4,3
4,1
3,7
2002
4,4
5,8
7,2
8,0
8,0
7,0
5,9
5,2
4,5
3,9
3,8
4,1
2003
4,7
6,4
6,4
7,0
7,8
6,7
6,1
5,4
4,7
4,2
4,0
4,0
2004
4,2
4,9
6,6
7,1
7,4
6,3
5,8
5,4
4,5
4,1
3,7
3,5
2005
3,8
4,9
6,2
7,7
7,3
6,4
5,8
5,1
4,3
4,0
3,9
4,2
2006
5,1
5,8
5,9
6,5
7,8
7,5
6,5
5,6
4,8
4,3
Anexo 4 – Dados abióticos medidos nos dois períodos sazonais (chuvoso e menos chuvoso): profundidade (m), transparência da água (m), limite
da zona eufótica – Zeuf (m), proporção Zeuf:Zmax (%), pH, condutividade elétrica – K (µS.cm
-1
), turbidez (NTU), temperatura da água (°C).
Sistema Período Estação Pontos Profundidade
Transparência
da água
Zeuf Zeuf:Zmax
pH K Turbidez
Temperatura
L. Comprido de Cima Chuvoso P10 CC-CH10 2,3
0,45
1,35
58,7
5,79
90
72
29,6
L. Comprido de Cima Chuvoso P11 CC-CH11 2,8
0,4
1,2
42,9
5,65
43
31
29,9
L. Comprido de Cima Chuvoso P12 CC-CH12 2,5
0,55
1,65
66
5,85
41
34
30,1
L. Comprido de Cima Chuvoso P13 CC-CH13 2,1
0,55
1,65
78,6
5,36
29
66
30,3
L. Comprido de Cima Chuvoso P14 CC-CH14 2,2
0,45
1,35
62,8
5,77
28
78
30,3
L. da Bacia Chuvoso P15 BA-CH15 2,0
0,5
1,5
75
5,54
56
150
29,3
L. da Bacia Chuvoso P16 BA-CH16 2,1
0,55
1,65
78,6
5,71
36
43
30,4
L. da Bacia Chuvoso P17 BA-CH17 8,6
0,45
1,35
15,7
5,49
54
10
29,8
L. do Lodão Chuvoso P18 LO-CH18 1,8
0,4
1,2
66,7
5,73
49
5
29,8
L. do Lodão Chuvoso P19 LO-CH19 2,3
0,5
1,5
65,2
5,65
52
10
30,9
L. do Lodão Chuvoso P20 LO-CH20 1,9
0,55
1,65
86,8
5,65
52
10
30,9
L. do Lodão Chuvoso P21 LO-CH21 1,6
0,5
1,5
93,8
5,6
51
10
30,1
L. dos Ventos Chuvoso P9 VE-CH9 1,8
0,35
1,05
58,3
8,15
41
180
29,9
L. Grande Chuvoso P3 GR-CH3 2,7
0,4
1,2
44,4
7,3
43
29
29,3
L. Grande Chuvoso P4 GR-CH4 2,8
0,4
1,2
42,9
6,37
41
45
30,3
L. Grande Chuvoso P5 GR-CH5 1,8
0,4
1,2
66,7
6,34
41
50
30,3
L. Grande Chuvoso P6 GR-CH6 1,9
0,4
1,2
63,2
5,53
45
18
29,9
L. Grande Chuvoso P7 GR-CH7 3,2
0,4
1,2
37,5
7,7
44
35
30
L. Grande Chuvoso P8 GR-CH8 2,2
0,4
1,2
54,5
6,01
53
77
30,3
L. Comprido de Baixo Chuvoso P1 CB-CH1 1,7
0,4
1,2
71,9
5,8
44
180
29,3
L. Comprido de Baixo Chuvoso P2 CB-CH2 2,0
0,5
1,5
75
5,65
44
24
29,2
Rio Araguari Chuvoso P1 AR-CH1 6,0
1,25
3,75
62,5
6,43
25
1
28,8
Rio Araguari Chuvoso P3 AR-CH3 7,0
0,45
1,35
19,3
5,47
50
94
30,2
Rio Araguari Chuvoso P4 AR-CH4 3,5
0,45
1,35
38,6
6,12
14000
45
28,7
Anexo 4 – (Continuação).
Sistema Período Estação Pontos Profundidade
Transparência
da água
Zeuf Zeuf:Zmax
pH K Turbidez
Temperatura
L. Comprido de Cima Menos Chuvoso
P10 CC-ES10 1,0
0,25
0,75
75
5,28
60
48
32,9
L. Comprido de Cima Menos Chuvoso
P12 CC-ES12 0,2
0,1
0,2
100
5,95
59
64
31,5
L. Comprido de Cima Menos Chuvoso
P14 CC-ES14 0,2
0,1
0,2
100
5,67
78
13
31,3
L. da Bacia Menos Chuvoso
P16 BA-ES16 0,3
0,15
0,3
100
5,93
61
37
31,5
L. do Lodão Menos Chuvoso
P18 LO-ES18 0,8
0,1
0,3
37,5
5,25
101
91
29,7
L. do Lodão Menos Chuvoso
P19 LO-ES19 5,0
0,1
0,3
6
5,1
112
90
29,7
L. Grande Menos Chuvoso
P3 GR-ES3 0,3
0,15
0,3
100
6,17
85
94
31,5
L. Comprido de Baixo Menos Chuvoso
P1 CB-ES1 5,0
0,25
0,75
15
5,33
72
91
29,7
L. Comprido de Baixo Menos Chuvoso
P2 CB-ES2 0,3
0,25
0,3
100
6,01
92
72
32
Rio Araguari Menos Chuvoso
P1 AR-ES1 12,0
0,65
1,95
16,3
6,22
30
23
30,6
Rio Araguari Menos Chuvoso
P3 AR-ES3 5,0
0,25
0,75
15
5,7
29
31
30,5
Rio Araguari Menos Chuvoso
P4 AR-ES4 3,5
0,05
0,15
4,3
5,82
8210
484
29,1
Anexo 5Lista dos táxons e ocorrência em seus respectivos ambientes
.
Táxons AR
CB
GR
VE
LO
BA
CC
Cyanobacteria
Anabaena sp.1 Bory de Saint-Vincent ex Bornet & Flahault x x x x
Anabaena sp.2 Bory de Saint-Vincent ex Bornet & Flahault x x
Anabaena sp.3 Bory de Saint-Vincent ex Bornet & Flahault x x
Anabaena sp.4 Bory de Saint-Vincent ex Bornet & Flahault x
Aphanocapsa cf. delicatissima West & West x x x x x
Aphanocapsa cf. incerta (Lemmermann) Cronberg & Komárek x
Aphanothece aff. clathrata West & West x
Aphanothece sp.1 Nägeli x x x x
Aphanothece sp.2 Nägeli x
Aphanothece sp.1 Nägeli x
Binuclearia sp. Wittrock x
Borzia sp. Cohn ex Gomont x x
Chroococcus cf. aphanocapsoides Skuja x x
Chroococcus cf. minimus (Keissler) Lemmermann x
Chroococcus sp. Nägeli x x x x
Merismopedia tenuissima Lemmermann x x x x x
Microcystis cf. firma (Kützing) Schmidle x
Microcystis sp. Kützing ex Lemmermann x x x
Oscillatoria sp.1 Vaucher ex Gomont x
Oscillatoria sp.2 Vaucher ex Gomont x
Phormidium 1 Kützing ex Gomont x x
Planktolyngbya cf. limnetica (Lemmermann) Komárková-Legnerová et
Cronberg x x x x x x
Pseudanabaena sp.1 Lauterborn x
Pseudocapsa cf. sphaerica (Proskina-Lavrenko) Kovácik x x
Raphidiopsis cf. mediterranea Skuja x x
Rhabdoderma cf. lineare Schmidle & Lauterborn x x x x
Rhabdoderma sp.1 Schmidle & Lauterborn x x
Romeria elegans Woloszynska x
Snowella aff. septentrionalis Komárek & Hindák x
Snowella cf. litoralis (Häyrén) Komárek & Hindák x x
Snowella sp.1 Elenkin x x
Synechococcus sp.1 Nägeli x
Synechocystis cf. aquatilis Sauvageau x x x x
Synechocystis sp. Sauvageau x x
Cyanobacteria 1 x x
Cyanobacteria 2 x x x
Cyanobacteria 3 x
Cyanobacteria 4 x x
Cyanobacteria 5 x
Chroococcales 1 x x x
Chroococcales 2 x x x x x
Chroococcales 3 x
Chroococcales 4 x
Phormidiaceae 1 x
Phormidiaceae 2 x x
Phormidiaceae 3 x x x x
Phormidiaceae 4 x
Pseudanabaenaceae 1 x
Anexo 5 – (Continuação).
Táxons AR
CB
GR
VE
LO
BA
CC
Pseudanabaenaceae 2 x
Synechococcaceae 1(aff. Aphanothece) x
Chlorophyceae
Ankistrodesmus fusiformis Corda ex Korshikov x x
Bothryococcus terribilis Komárek & Marvan x
Chlamydomonas sp.1 Ehrenberg x x
Chlamydomonas sp.2 Ehrenberg x
Chlorella cf. homosphaera Skuja x
Chlorella cf. vulgaris Beijerinck x
Choricystis cf. cylindracea Hindák x x x x x
Closteriopsis sp.1 Lemmermann x
Coelastrum astroideum De Notaris x x
Coelastrum indicum Turner x
Coenochloris cf. asymmetrica Hindák x
Coenochloris sp.1 Korshikov x
Crucigenia tetrapedia (Kirchner) West & West x x x x x
Desmodesmus cf. brasiliensis (Bohlin) Hegewald x x x x x
Desmodesmus sp. An, Friedl & Hegewald x x
Dicellula geminata (Printz) Korshikov x
Dictyosphaerium cf. tetrachotomum Printz x x
Dictyosphaerium pulchellum Wood x
Echinosphaeridium sp.1 Lemmermann x
Elakatothrix cf. genevensis (Reverd.) Hindak x
Eudorina cf. elegans Ehrenberg x x x x
Eutetramorus sp. (cols adultas) Walton x x x
Eutetramorus sp. (cols filhas) Walton x x
Kirchneriella dianae (Bohlin) Comas x
Kirchneriella lunaris (Kirchner) Möbius x
Micractinium pusillum Fresenius x x
Monoraphidium circinale (Nygaard) Nygaard x x
Monoraphidium contortum (Thuret) Komàrková-Legnerová x x
Monoraphidium convolutum (Corda) Komárková-Legnerová x x
Nephrocytium perseverans Printz x x
Oocystis lacustris Chodat x x x x
Oocystis sp. Braun x
Pandorina morum (Müller) Bory de Saint-Vincent x x
Scenedesmus cf. acunae Comas x x x x
Scenedesmus cf. arcuatus Lemmermann x
Scenedesmus cf. ellipticus Corda x x x x
Scenedesmus cf. arcuatus var. platydiscus Smith x
Scenedesmus pectinatus Meyen x
Tetrastrum cf. glabrum (Roll) Ahlstrom & Tiffany x
Tetrastrum elegans Playfair x
Treubaria triappendiculata Bernard x
Chlamydophyceae 1 x
Chlorococcales 1 x x
Chlorococcales 2 x x
Chlorophyceae 1 x
Chlorophyceae 2 x x x
Anexo 5 – (Continuação).
Táxons AR
CB
GR
VE
LO
BA
CC
Chlorophyceae 3 x x
Chlorophyceae 4 x x x x
Volvocales 1 x x x x
Zygnemaphyceae
Closterium cf. moniliferum Ehrenberg ex Ralfs x
Closterium setaceum Ehrenberg ex Ralfs x
Euastrum cf. abruptum Nordstedt x
Staurastrum rotula Nordstedt x
Euglenophyceae
Euglena acus Ehrenberg x
Euglena sp. Ehrenberg x x x x x x
Phacus sp.1 Dujardin x x
Strombomonas cf. fluviatilis (Lemmermann) Deflandre x
Strombomonas sp. Deflandre x
Trachelomonas armata var. armata f. inevoluta Deflandre x
Trachelomonas oblonga Lemmermann x x x x x
Trachelomonas sp.1 Ehrenberg x x
Trachelomonas sp.2 Ehrenberg x x x
Trachelomonas volvocina Ehrenberg x x x
Trachelomonas volvocinopsis Svirenko x x
Euglenophyceae 1 x x
Bacillariophyceae
Aulacoseira granulata (Ehrenberg) Simonsen x x x
Aulacoseira herzogii (Lemmermann) Simonsen x x
Chaetoceros decipiens Cleve
Cocconeis cf. pellucida Hantzsch x
Cocconeis sp.1 Ehrenberg x
Coscinodiscus oculosiridis (Ehrenberg) Ehrenberg x
Cyclotella sp. (Kützing) Brébisson x
Denticulopsis sp. Simonsen x
Eunotia cf yanomami Metzeltin & Lange-Bertalot x
Eunotia sp.1 Ehrenberg x
Eunotia sp.2 Ehrenberg x x
Fragilaria sp. Lyngbye x
Frustulia cf. rhomboides (Ehrenberg) De Toni x
Frustulia sp.1 Rabenhorst x
Frustulia sp.2 Rabenhorst x
Gyrosigma sp.1 Hassall x x x x
Navicula sp. Bory x
Neidium sp. Pfitzer x
Nitzschia sp. Hassall x
Pinnularia cf. amazonica Metzeltin & Krammer x
Pinnularia sp.1 Ehrenberg x x
Plagiogramma sp. Greville
Skeletonema costatum (Greville) Cleve
Surirella biseriata Brébisson x
Surirella cf. robusta Ehrenberg x
Synedra ulna (Nitzsch) Ehrenberg x x
Urosolenia eriensis (Smith) Round & Crawford var. eriensis x x x x
Urosolenia eriensis var. morsa (West & West) Bukhtiyarova x x
Anexo 5 – (Continuação).
Táxons AR
CB
GR
VE
LO
BA
CC
Urosolenia longiseta (Zacharias) Bukhtiyarova x x x x
Centrales 1 x
Centrales 2 x
Pennales 1 x x
Pennales 2 x x
Pennales 3 x x x
Pennales 4 x
Pennales 5 x
Xanthophyceae
Goniochloris cf. laevis Fott x
Tribonematales 1 (aff. Tribonema) x
Chrysophyceae
Chromulina sp.1 Cienkowsky x x x
Chromulina sp.2 Cienkowsky x x x x
Chromulina sp.3 Cienkowsky x x x x x x
Chromulina sp.4 Cienkowsky x x x x
Chromulina sp.5 Cienkowsky x x x x x x x
Chrysococcus bisetus Schiller & Conrad x
Epipyxis sp.1 Ehrenberg x
Epipyxis sp.2 Ehrenberg x
Kephyrion sp. Pascher x x x
Mallomonas cf. cylindracea Pascher x x
Sphaleromanthis cf. ochracea (Ehrenberg) Pascher x x
Synura sp.1 Ehrenberg x x x
Chromulinaceae spp. x x
Chrysophyceae 1 x x x x x
Chrysophyceae 2 x
Chrysophyceae 3 x x
Chrysophyceae 4 x x
Cryptophyceae
Chroomonas spp. Hansgirg x x x
Cryptomonas cf. brasiliensis Castro, Bicudo & Bicudo x x x x x x
Cryptomonas cf. marsonii (grande) Skuja x x x x x x x
Cryptomonas cf. marsonii (pequena) Skuja x x x x x x x
Rhodomonas spp. Karsten x x x x
Cryptophyceae 2 x x x
Dinophyceae
Durinskia cf. baltica (Levander) Carty & Cox x x
Gymnodinium sp.1 Stein x
Peridinium umbonatum Stein x x x
Anexo 6 – Variação da abundância relativa das espécies de algas planctônicas dominantes (com contribuição maior que 3% para a densidade total) em cada estação de coleta
nos lagos e no rio Araguari no período chuvoso (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
Táxons
CC-
CH10
CC-
CH11
CC-
CH12
CC-
CH13
CC-
CH14
BA-
CH15
BA-
CH16
BA-
CH17
LO-
CH18
LO-
CH19
LO-
CH20
LO-
CH21
VE-
CH9
GR-
CH3
GR-
CH4
GR-
CH5
GR-
CH6
GR-
CH7
GR-
CH8
CB-
CH1
CB-
CH2
AR-
CH1
AR-
CH3
AR-
CH4
Aulacoseira granulata 3.4
1.9
0.7
4.2
Cyclotella sp. 10.0
Denticulopsis sp. 6.7
Eunotia sp.2 2.7
10.0
Pennales 2 3.3
Skeletonema costatum 26.7
Synedra ulna 3.3
2.7
Urosolenia longiseta 2.3
4.2
2.9
2.7
9.4
19.0
U. eriensis var. eriensis 3.7
9.3
1.5
6.2
5.7
14.7
3.7
U. eriensis var. morsa 2.3
1.9
10.7
Ankistrodesmus fusiformis
2.3
4.2
Chlamydomonas sp.1 4.7
4.2
Chlorella cf.
homosphaera
22.5
Chlorococcales 1 3.3
Chlorophyceae 1 4.2
10.0
Chlorophyceae 2 3.7
10.3
4.7
Chlorophyceae 3 4.7
Choricystis cf.
cylindracea 2.3
2.9
2.7
5.7
13.3
Closteriopsis sp.1 5.7
Coelastrum astroideum 1.9
3.7
Coelastrum indicum 3.1
Crucigenia tetrapedia 4.7
3.1
3.4
20.0
1.5
9.4
1.8
7.7
14.8
Desmodesmus cf.
brasiliensis 3.7
2.3
4.2
3.4
6.7
2.4
10.2
7.4
Anexo 6 – (Continuação).
Táxons
CC-
CH10
CC-
CH11
CC-
CH12
CC-
CH13
CC-
CH14
BA-
CH15
BA-
CH16
BA-
CH17
LO-
CH18
LO-
CH19
LO-
CH20
LO-
CH21
VE-
CH9
GR-
CH3
GR-
CH4
GR-
CH5
GR-
CH6
GR-
CH7
GR-
CH8
CB-
CH1
CB-
CH2
AR-
CH1
AR-
CH3
AR-
CH4
Desmodesmus sp. 3.1
Elakatothrix cf.
genevensis 3.1
Eudorina cf. elegans 2.3
3.1
Eutetramorus sp. (cols
adultas) 3.1
Eutetramorus sp. (cols
filhas) 6.7
2.5
Monoraphidium circinale 2.3
8.3
6.7
Monoraphidium
contortum 12.4
7.4
Monoraphidium
convolutum 9.4
3.3
Nephrocytium
perseverans
2.3
4.2
Oocystis lacustris 3.4
2.7
7.7
2.5
Scenedesmus cf. acunae 8.3
7.0
6.2
5.7
3.1
7.7
Scenedesmus cf. ellipticus
3.7
6.2
8.6
7.0
15.8
3.8
7.7
0.7
Scenedesmus cf. arcuatus
var. platydiscus
3.1
Tetrastrum elegans 4.2
Treubaria
triappendiculata
4.2
Volvocales 1 6.9
Chromulina sp.1 4.7
8.3
1.5
16.6
10.0
6.7
Chromulina sp.2 3.1
4.2
3.3
6.7
1.5
4.2
Chromulina sp.3 11.1
10.0
4.2
30.0
17.2
8.8
11.0
12.5
20.4
8.3
Chromulina sp.4 11.1
13.3
1.6
3.1
5.1
Chromulina sp.5 7.4
2.3
6.4
2.3
2.9
4.7
2.7
1.9
0.7
17.8
Chromulinaceae sp. 4.2
16.7
Chrysophyceae 1 2.3
3.1
2.3
2.7
1.9
11.1
0.7
3.3
Anexo 6 – (Continuação).
Táxons
CC-
CH10
CC-
CH11
CC-
CH12
CC-
CH13
CC-
CH14
BA-
CH15
BA-
CH16
BA-
CH17
LO-
CH18
LO-
CH19
LO-
CH20
LO-
CH21
VE-
CH9
GR-
CH3
GR-
CH4
GR-
CH5
GR-
CH6
GR-
CH7
GR-
CH8
CB-
CH1
CB-
CH2
AR-
CH1
AR-
CH3
AR-
CH4
Chrysophyceae 2 3.4
Chrysophyceae 3 4.4
15.8
3.8
4.6
6.5
Chrysophyceae 4 3.3
2.3
2.9
Spharelomanthis cf.
ochracea 22.2
20.0
3.3
Synura sp.1 1.5
1.1
0.4
20.0
Chroomonas sp. 18.7
12.5
2.3
3.7
Cryptomonas cf.
brasiliensis 11.1
7.0
3.3
23.3
10.3
17.5
3.1
3.1
2.7
36.8
9.4
24.7
14.7
53.9
6.5
2.5
7.4
Cryptomonas cf. marsonii
var. 1 3.7
20.0
7.0
9.4
18.6
3.4
8.8
6.3
18.9
10.5
1.9
9.0
7.0
7.7
3.9
2.5
3.7
4.3
10.0
3.3
Cryptomonas cf. marsonii
var. 2
7.4
14.0
9.4
8.3
10.0
11.6
17.2
11.8
15.7
9.3
29.7
15.8
18.0
2.4
5.2
10.2
11.1
4.2
3.3
Rhodomonas sp. 3.7
6.7
2.3
3.4
1.6
3.1
1.9
Aphanothece sp.1 3.3
Binnuclearia sp. 3.1
Borzia sp. 10.0
Chroococcales 2 2.3
3.8
4.2
Chroococcales 3 1.9
4.6
Chroococcales 4 8.3
3.3
Chroococcus sp. 3.3
3.4
7.6
0.2
5.2
10.2
3.7
Cyanobacteria 1 20.0
2.9
1.3
Cyanobacteria 2 4.7
3.1
4.6
2.5
Cyanobacteria 4 2.0
7.4
Cyanobacteria 5 30.0
Merismopedia tenuissima 3.1
2.3
3.4
5.6
0.7
7.6
Microcystis sp. 13.3
8.1
16.6
Phormidiaceae 3 7.4
4.7
4.4
6.3
31.4
5.1
7.4
Anexo 6 – (Continuação).
Táxons
CC-
CH10
CC-
CH11
CC-
CH12
CC-
CH13
CC-
CH14
BA-
CH15
BA-
CH16
BA-
CH17
LO-
CH18
LO-
CH19
LO-
CH20
LO-
CH21
VE-
CH9
GR-
CH3
GR-
CH4
GR-
CH5
GR-
CH6
GR-
CH7
GR-
CH8
CB-
CH1
CB-
CH2
AR-
CH1
AR-
CH3
AR-
CH4
Phormidium 1 3.7
Planktolyngbia cf.
limnetica 3.3
3.1
8.1
3.7
Pseudanabaena sp.1 5.3
Pseudocapsa cf.
sphaerica 3.3
Rhabdoderma cf. lineare 3.3
13.3
1.5
0.7
3.7
Rhabdoderma sp.1 3.1
4.2
13.3
Snowella aff.
septentrionalis 3.1
Snowella cf. litoralis 3.1
0.7
Snowella sp.1 4.2
Synechococcus sp.1 4.2
Synechocystis cf. aquatilis
3.0
2.7
1.9
15.0
3.7
Peridinium umbonatum 4.7
3.1
3.1
1.9
Euglena sp. 20.0
2.3
3.1
4.2
3.3
6.9
3.4
2.9
18.9
43.9
13.5
0.2
2.6
Euglenophyceae 1 0.7
3.8
Phacus sp.1 3.4
1.6
Trachelomonas oblonga 3.4
4.7
Trachelomonas sp.1 3.1
0.6
Trachelomonas sp.2 5.9
2.7
3.4
Trachelomonas volvocina 2.3
3.3
Goniochloris cf. laevis 10.0
Tribonematales 1 (aff.
Tribonema)
10.0
Closterium cf.
moniliferum
7.7
Anexo 7 – Variação da abundância relativa das espécies de algas planctônicas dominantes (com contribuição maior que 3% para a densidade total) em cada estação de coleta
nos lagos e no rio Araguari no período menos chuvoso (Ver tabela de abreviaturas no Anexo 1).
Táxons AR-ES1 AR-ES3 AR-ES4 CB-ES1
CB-ES2
GR-ES3
LO-ES18
LO-ES19
BA-ES16 CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
Aulacoseira granulata 9.2
2.2
Centrales 1 7.7
Cocconeis cf. pellucida 12.3
Eunotia cf. yanomami 5.0
Navicula sp. 4.6
Pennales 1 0.6
5.0
Pennales 3 3.1
0.6
1.8
Chlamydomonas sp.1 3.1
5.1
Chlamydophyceae 1 3.1
Chlorella cf. vulgaris 5.0
Chlorophyceae 3 23.1
Chlorophyceae 4 3.1
2.4
0.5
2.6
5.0
Crucigenia tetrapedia 3.1
0.6
6.1
10.1
Desmodesmus cf. brasiliensis 1.6
0.6
3.5
Eudorina cf. elegans 1.5
3.7
0.5
Eutetramorus sp. (cols adultas) 6.3
5.0
Oocystis lacustris 1.8
3.0
0.5
5.1
1.8
5.0
2.8
Scenedesmus cf. arcuatus 5.0
2.8
Scenedesmus cf. ellipticus 1.6
3.5
Volvocales 1 0.6
12.1
5.1
1.8
5.0
Chromulina sp.1 15.6
Chromulina sp.2 27.7
67.4
5.2
Chromulina sp.3 23.4
4.1
18.5
36.3
2.0
20.5
45.6
5.0
16.9
Chromulina sp.4 1.8
6.1
8.4
Chromulina sp.5 3.1
1.8
Chromulinaceae spp. 3.1
11.3
Anexo 7 – (Continuação).
Táxons AR-ES1 AR-ES3 AR-ES4 CB-ES1
CB-ES2
GR-ES3
LO-ES18
LO-ES19
BA-ES16 CC-ES10
CC-ES12
CC-ES14
Chrysophyceae 1 6.2
Spharelomanthis cf. ochracea 1.5
2.2
1.6
9.2
Cryptomonas cf. brasiliensis 22.0
1.5
8.7
4.7
1.2
3.8
3.0
5.6
5.1
3.5
5.0
16.9
Cryptomonas cf. marsonii var. 1 15.6
2.2
6.3
11.1
3.0
1.0
5.1
5.6
Cryptomonas cf. marsonii var. 2 9.4
12.5
1.2
12.9
3.0
12.7
5.1
7.0
8.4
Cryptophyceae 2 1.6
3.0
6.1
Rhodomonas spp. 3.1
3.0
0.5
2.6
5.0
2.8
Anabaena sp.1 12.9
53.3
12.8
3.5
Anabaena sp.2 3.1
1.8
Aphanocapsa cf. delicatissima 6.2
1.6
3.0
1.4
Aphanothece sp.1 3.1
1.6
2.4
6.1
5.0
4.2
Borzia sp. 1.5
3.1
Chroococcales 2 3.1
1.5
0.5
Chroococcus cf. minimus 4.7
Merismopedia tenuissima 1.2
5.5
3.0
0.5
5.2
Phormidiaceae 1 3.7
Phormidiaceae 2 3.1
Planktolyngbia cf. limnetica 3.1
14.1
66.3
2.8
Pseudocapsa cf. sphaerica 5.0
Durinskia sp. 1.5
3.7
Peridinium umbonatum 6.0
0.5
Euglena acus 5.0
Euglena sp. 6.2
0.6
2.0
Trachelomonas oblonga 1.8
1.8
3.0
3.0
5.0
Tribonematales 1 (aff. Tribonema) 3.5
Euastrum cf. abruptum 5.0
Anexo 8 – Período de maré durante a coleta nos pontos de amostragem do rio Araguari em junho e novembro de
2005.
Data Hora Ponto Maré
13/06/2005 13:15 AR-CH1 vazante
13/06/2005 16:20 AR-CH3 alta
20/06/2005 11:13 AR-CH4 vazante
08/11/2005 10:53 AR-ES1 enchente
08/11/2005 15:22 AR-ES3 vazante
09/11/2005 10:04 AR-ES4 vazante