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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO TECNOLÓGICO
MESTRADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ANNE PEYERL TOLFO
DECISÃO DE SUPRIMENTO DA DEMANDA POR GÁS NATURAL NO BRASIL: uma
abordagem multicritério
NITERÓI
2007
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ANNE PEYERL TOLFO
DECISÃO DE SUPRIMENTO DA DEMANDA POR GÁS NATURAL NO BRASIL: uma
abordagem multicritério
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Engenharia de Produção da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de
Produção. Área de Concentração: Sistemas de
Apoio Logístico e Auxílio à Decisão.
Orientador: Prof. HELDER GOMES COSTA
Niterói
2007
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ANNE PEYERL TOLFO
DECISÃO DE SUPRIMENTO DA DEMANDA POR GÁS NATURAL NO BRASIL: uma
abordagem multicritério
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Engenharia de Produção da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de
Produção. Área de Concentração: Sistemas de
Apoio Logístico e Auxílio à Decisão.
Aprovada em 26 de Julho de 2007
BANCA EXAMINADORA
Prof. Helder Gomes Costa, D.Sc. – Orientador
Universidade Federal Fluminense
Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D. Sc.
Universidade Federal Fluminense
Prof. Rogério Atem de Carvalho, D. Sc.
CEFET Campos
Niterói
2007
AGRADECIMENTOS
Ao Fabiano pelo incentivo e principalmente, pela paciência neste período.
Aos meus pais pelo apoio incondicional.
Aos colegas da Petrobras, especialmente, José Luiz, Fernanda e Rogério pelas
sugestões e críticas.
Ao Prof. Helder pela orientação e pela confiança.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar um modelo de apoio à decisão, capaz de indicar
o melhor atendimento das demandas específicas de gás natural, por meio da classificação das
alternativas disponíveis. O modelo é fundamentado na metodologia do Auxílio Multicritério à
Decisão AMD, que permite considerar, além de aspectos técnicos e econômicos,
subjetividades de algumas questões inerentes ao processo. Sua aplicabilidade foi verificada
em um estudo de caso, onde foram analisados dois perfis de demanda diferentes, fornecendo
uma classificação específica para cada.
Palavras-chave: Multicritério. Gás Natural. Suprimento.
ABSTRACT
The objective of this work is to present a decision-making model, capable of showing
the best way to solve the specific demands of natural gas by classifying the available
alternatives. The model is based on the Multiple Criteria Decision Aid (MDA) methodology,
which allows to consider, besides the technical and the economic aspects, the subjectivity of
certain issues related to the process. Its applicability was proved by a case study that analyzed
two different demand profiles and provided a specific category for each one.
Keywords: Multicriteria. Natural Gas. Supply.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Exemplo de classificação dos critérios segundo suas avaliações, f. 35
Figura 2 – Estrutura da indústria de gás natural, f. 45
Figura 3 – Distribuição das reservas provadas de gás natural em 1986, 1996 e 2006, f. 50
Figura 4 – Qeuima de gás natural no Brasil (em mil m
3
/dia), f. 54
Figura 5 – Relação custo x distância no transporte de gás natural (R$/m
3
), f. 56
Figura 6 – Produção de energia elétrica no Brasil em 2005, f. 59
Figura 7 – Preços médios do Gás Natural, f. 63
Figura 8 – Maiores movimentações de gás natural entre os países em bilhões de m
3
, f. 66
Figura 9 – Exemplo hipotético de classificação das fontes de suprimento, f. 68
Figura 10 – Exemplo de delimitação das classes a partir dos perfis escolhidos, f. 70
Figura 11 – Dados econômicos CEG, f. 72
Figura 12 – Dados econômicos CEG, f. 72
Figura 13 – Exemplo hipotético de classificação das fontes de suprimento propostas, f. 74
Figura 14 – Exemplo de delimitação das classes a partir dos perfis escolhidos, f. 85
Figura 15 – Área das classes ocupada pelo resultado das alternativas (demanda firme), f. 101
Figura 16 – Área das classes ocupada pelo resultado das alternativas (demanda não-firme),
f. 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Média do consumo de gás natural sobre a capacidade instalada de termelétricas nos
anos de 2002 até 2005, f. 87
Tabela 2 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa NAG, f. 89
Tabela 3 – Cálculo da taxa de valorização necessária para consumo não firme de campo não
associado, f. 90
Tabela 4 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa NAG, f. 90
Tabela 5 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa IG, f. 92
Tabela 6 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa IG, f. 92
Tabela 7 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa IG, f. 93
Tabela 8 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa ILF, f. 94
Tabela 9 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa ILF, f. 95
Tabela 10 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa ILNF, f. 96
Tabela 11 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa ILNF, f. 97
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Consumo histórico de gás natural pelos países, f. 38
Gráfico 2 – Volume histórico de gás natural ofertado ao mercado brasileiro, f. 39
Gráfico 3 – Consumo histórico de gás natural no Brasil por segmento, f. 39
Gráfico 4 – Histórico da capacidade instalada de geração de energia elétrica no Brasil, f. 41
Gráfico 5 – Acréscimo à capacidade térmica projetada por tipo de energético, f. 41
Gráfico 6 – Participação dos principais países na importação do GNL em 2006, f. 42
Gráfico 7 – Histórico da comercialização mundial de GNL (em bilhões de m
3
), f. 42
Gráfico 8 – Participação dos principais países na exportação do GNL em 2006, f. 44
Gráfico 9 – Exemplo de Perfil da demanda do mercado em estudo, f. 73
Gráfico 10 – Histórico e projeção do preço do gás natural comercializado no Henry Hub (US$
de 2005), f. 76
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Analogia entre o padrão alfabético e o padrão em estrelas, f. 34
Quadro 2 – Especificação do gás natural, f. 49
Quadro 3 – Quantidade de estocagens existentes no mundo até 2003 e respectivos volumes de
gás útil (em bilhões de m
3
), f. 52
Quadro 4 – Principais países e suas participações na geração de energia hidroelétrica sob o
total de geração elétrica em 2004, f. 59
Quadro 5 – Participação dos países na produção e na capacidade instalada de geração de
hidroeletricidade em 2004, f. 60
Quadro 6 – Exemplo de pontuação dos critérios em relação ao grau de atendimento, f. 69
Quadro 7 – Escala para julgamento da importância dos critérios, f. 79
Quadro 8 – Pesos atribuídos aos critérios por tipo de demanda analisada, f. 80
Quadro 9 – Escala para julgamentos à luz de “Custo de Atendimento” para o suprimento
firme, f. 81
Quadro 10 – Escala para julgamentos à luz de “Custo de Atendimento” para o suprimento
não-firme, f. 81
Quadro 11 – Escala para julgamentos à luz de “Prazo de Atendimento”, f. 81
Quadro 12 – Escala para julgamentos à luz de “Flexibilidade no Suprimento”, f. 82
Quadro 13 – Escala para julgamentos à luz de “Ajustes nos Termos do Contrato”, f. 83
Quadro 14 – Escala para julgamentos à luz de “Qualidade do Produto”, f. 83
Quadro 15 – Escala para julgamentos à luz de “Questões Estratégicas”, f. 84
Quadro 16 – Classes de equivalência, f. 84
Quadro 17 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa AG, f. 86
Quadro 18 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa AG, f. 87
Quadro 19 – Desempenho das fontes de suprimento para a demanda firme, f. 98
Quadro 20 – Desempenho das fontes de suprimento para a demanda não firme, f. 98
Quadro 21 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda firme (λ = 0,5),
f. 99
Quadro 22 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda firme (λ = 0,75),
f. 100
Quadro 23 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda firme (λ = 1), f. 100
Quadro 24 – Matriz de Credibilidade das alternativas de suprimento para a demanda firme,
f. 101
Quadro 25 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda não firme (λ = 0,5),
f. 102
Quadro 26 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda não-firme (λ =
0,75), f. 102
Quadro 27 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda não firme (λ = 1),
f. 103
Quadro 28 – Matriz de Credibilidade das alternativas de suprimento para a demanda não-
firme, f. 103
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 12
1.1 METODOLOGIA UTILIZADA, p. 15
1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO, p 16
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO, p. 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, p. 18
3 AUXÍLIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO (AMD), p. 23
3.1 TERMINOLOGIA BÁSICA, p. 24
3.2 PROBLEMÁTICA DO APOIO À DECISÃO, p. 27
3.3 MODELAGEM DAS PREFERÊNCIAS, p. 28
3.4 MÉTODOS MULTICRITÉRIO, p. 29
3.4.1 Abordagem do Critério Único de Síntese – Escola Americana, p. 29
3.4.2 Abordagem da Sobreclassificação – Escola Francesa, p. 30
3.4.2.1 O Método ELECTRE Tri, p. 32
4 A PROBLEMÁTICA DA COMERCIALIZAÇÃO DE GÁS NATURAL, p. 38
4.1 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO, p. 38
4.2 DECISÕES DE SUPRIMENTO, p. 45
4.3 REGULAÇÃO E O PAPEL DO AGENTE COMERCIALIZADOR, p. 47
4.4 ESPECIFICAÇÃO DO PRODUTO PARA COMERCIALIZAÇÃO, p. 48
4.5 A CADEIA DA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL, p. 50
4.5.1 Exploração e Produção, p. 50
4.5.2 Processamento, p. 51
4.5.3 Armazenamento, p. 52
4.5.4 Transporte, p. 54
4.6 CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA, p. 57
4.6.1 Demanda do Tipo “Firme”, p. 58
4.6.2 Demanda do Tipo “Não Firme”, p. 58
4.7 FORMAÇÃO DOS PREÇOS, p. 62
4.8 TERMOS DOS CONTRATOS E SUA FLEXIBILIZAÇÃO, p. 63
4.9 QUESTÕES ESTRATÉGICAS, p. 65
5 ETAPAS E MODELAGEM DO PROBLEMA, p. 67
5.1 ETAPAS DA MODELAGEM, p. 67
5.2 APLICAÇÃO DO MODELO EM ESTUDO DE CASO, p. 71
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS, p. 106
6.1 CONCLUSÕES, p. 106
6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS, p. 107
7 BIBLIOGRAFIA, p. 108
GLOSSÁRIO, p. 113
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo orientar a tomada de decisão estratégica de um agente
comercializador de gás natural sobre a melhor forma de suprimento para o atendimento de
uma demanda específica do produto no Brasil.
A ausência de um mercado spot
1
de gás natural plenamente desenvolvido, onde o seu
preço de negociação poderia induzir de forma eficiente ao equilíbrio entre a oferta e demanda
do produto, exige que a coordenação deste mercado seja realizada por algum agente, de forma
a diminuir os custos de transação (TUJEEHUT, 2006). É neste contexto que surge a figura do
comercializador de gás natural, comprando o produto das fontes de suprimento, negociando o
transporte com os agentes transportadores e o vendendo para as companhias distribuidoras,
que o entregará aos consumidores finais.
Neste mercado, a atividade básica do agente comercializador de s natural é a
promoção da coordenação dos ofertantes com os demandantes do produto, ligando os elos da
cadeia de fornecimento com os mercados consumidores (CARVALHINHO FILHO, 2003). A
finalidade principal de suas ações é adequar, da melhor forma, o suprimento do energético às
diferentes características apresentadas pela sua demanda.
O outro papel pertencente ao agente comercializador é o da distribuição de riscos
comerciais e físicos, intrínsecos da cadeia de oferta do produto, ao operacionalizar
diferenciadas formas de sua comercialização, criadas com este objetivo (McARTHUR, 1997).
A coordenação dos investimentos em oferta para atendimento da demanda e a
distribuição dos riscos inerentes a este processo tornam-se importantes requisitos na
construção de uma consistente indústria do gás natural. Por tratar-se de um bem não
1
Um mercado spot de gás é um mercado no qual a realização de transações multilaterais se dá por meio de leilão
eletrônico de contratos padronizados de curto prazo para compra e venda de gás e de capacidade de transporte.
O preço spot de negociação neste mercado refletiria o custo marginal de curto prazo do produto, permitindo o
equilíbrio entre a oferta e a demanda ao menor custo de transação possível. (TUJEEHUT, 2006)
15
renovável, além de exigir investimentos elevados com prazos de construção e amortização
longos, as decisões de construção da infra-estrutura de oferta baseiam-se em projeções de
longo prazo da sua oferta e demanda (VAN GROENENDAAL, 1998).
Decisões de suprimento de oferta que se revelam aquém da demanda realizada causam
desabastecimento do mercado e possível entrada de novos fornecedores. Decisões de
suprimento de oferta que se revelam acima da demanda realizada causam perda de recursos.
Como forma de definir o nível e a forma ótima de a oferta ser disponibilizada ao
mercado, as empresas que assumem este papel têm buscado normalmente o apoio de modelos
de otimização. Estes modelos têm como finalidade encontrar a melhor solução para o
problema através da maximização ou minimização de um critério pré-definido e possuem
como suposição básica o comportamento ótimo de todos os agentes sujeitos a determinadas
restrições. Modelos de suprimento de energia concentram-se principalmente nos aspectos
técnicos do sistema de fornecimento e no atendimento da demanda realizada.
Em relação a sua abordagem matemática, os modelos normalmente aplicam técnicas
diferenciadas ou combinações de técnicas como ferramenta para a sua solução. As técnicas
normalmente usadas são a Programação Linear (Linear Programming), Programação Inteira
Mista (Mixed Integer Programming) e Programação Dinâmica (Dynamic Programming).
Tradicionalmente, os modelos de otimização do suprimento de energia possuem como
único objetivo a minimização do custo de fornecimento. A partir de alternativas concorrentes,
o modelo define a solução de menor custo. O problema destas ferramentas tradicionais é que
suas decisões de oferta energética se baseiam num único critério embora gerem múltiplas
conseqüências que não devem ser ignoradas, tais como as de meio ambiente, políticas,
macroeconômicas, dentre outras. Algumas conseqüências até podem ser expressas através de
restrições no modelo de programação linear, porém, a natureza multicritério inerente das
decisões de energia não é suficientemente representada pelos modelos tradicionais (CAPROS
et al., 1988).
1.1 METODOLOGIA UTILIZADA
A metodologia proposta neste trabalho é fundamentada nos conceitos do Auxílio
Multicritério à Decisão (AMD). Estas técnicas são mais flexíveis, mais realistas e mais
eficientes do que as tradicionais técnicas de análise de custo benefício. Normalmente são
16
usadas em tomadas de decisão, onde múltiplos critérios a serem analisados, vários atores
com objetivos conflitantes e a presença de incerteza nas variáveis (CAPROS et al., 1988).
A técnica multicritério escolhida para o estudo de caso deste trabalho foi a ELECTRE
TRI, que terá como objetivo classificar as formas de suprimento de gás natural para
atendimento a cada tipo de demanda. Suas classes serão formadas de acordo com padrões pré-
estabelecidos e a classificação dos suprimentos se baseará em critérios considerados
fundamentais para o desempenho das fontes de suprimento.
1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
A variabilidade da demanda de gás de baixa previsibilidade torna-se representativa em
países com clima mais frio, onde uma participação elevada do mercado de aquecimento
residencial. Esta demanda é pouco previsível, devido à sua direta relação com as variações da
temperatura, que ocasionam maior ou menor necessidade do seu uso para este fim
(GULDMANN e WANG, 1999).
a demanda do gás natural no mercado brasileiro tem apresentado, historicamente,
um perfil diferente. O mercado industrial, o principal demandante de gás natural no país,
possui um comportamento de consumo sazonal, porém de relativa fácil previsão.
Devido a esse perfil de demanda apresentado, o critério básico usado para a decisão de
suprimento de gás no Brasil sempre foi o custo de atendimento. Ou seja, a fonte de
suprimento de gás natural escolhida era aquela que, em conjunto com os custos de transporte
do produto associados, chegava ao mercado consumidor com menor valor.
No entanto, este critério de tomada de decisão de suprimento de gás para o mercado
nacional vem se modificando ao longo dos últimos anos quando o potencial de demanda de
gás natural para uso termelétrico, com perfil de demanda pouco previsível, cresceu
consideravelmente. Desta forma, além do custo de atendimento, a necessidade de maior
flexibilidade no suprimento tem ganhado maior importância, dentre outros critérios
associados a essa mudança.
Além desses critérios associados à flexibilidade no atendimento à demanda, outros,
tais como alguns de caráter subjetivo, vêm se mostrando necessários para esse tipo de tomada
de decisão.
Quando a escolha de uma determinada alternativa depende da análise de diferentes
critérios, como é o caso do suprimento do gás natural, o problema de decisão é considerado
17
um problema multicritério. Para a sua solução, torna-se necessária a avaliação das alternativas
disponíveis, considerando esses múltiplos fatores, que, por sua vez, serão julgados por
especialistas no assunto.
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O trabalho é composto desta introdução e mais cinco capítulos. O segundo capítulo
trata de uma resumida revisão bibliográfica sobre o tema, onde são brevemente descritos
alguns trabalhos acadêmicos que tratam de problemas similares ao aqui estudado, propondo
diferenciados modelos para a sua solução.
O terceiro capítulo descreve o conjunto de métodos que compõe a disciplina do
Auxílio Multicritério à Decisão, focando a metodologia do ELECTRE Tri, utilizado na
solução do problema tratado neste trabalho.
O quarto capítulo trata das especificidades da comercialização do s natural, dando
enfoque ao mercado brasileiro e destacando os principais fatores que influenciam suas
decisões de suprimento.
O quinto capítulo descreve as etapas a serem seguidas pela metodologia e, em seguida,
modela o problema a partir da simulação de um mercado demandante de gás natural em
determinada localização nacional. Este mercado apresenta um perfil de consumo específico,
para o qual são propostas algumas alternativas de suprimento que são analisadas pela
metodologia do ELECTRE Tri.
O último capítulo traz comentários sobre o resultado do modelo, além da proposição
de trabalhos futuros de caráter complementar.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De acordo com a atual regulação da indústria de gás natural americana, as
distribuidoras locais de gás natural Local Gas Distribution Companies (LDCs) são as
responsáveis pela tomada de decisão de compra de gás dos supridores, assim como a
contratação do seu respectivo transporte para atendimento ao mercado final. Estas empresas
se confrontam com questões sobre custos dos insumos, confiabilidade do fornecimento,
incerteza dos preços e vários outros fatores (GULDMANN e WANG, 1999).
Guldmann (1983) estuda as opções das LDCs relacionadas ao suprimento, à
estocagem e aos níveis de confiabilidade de suprimento do produto. Seu artigo analisa a
política de suprimento do gás natural que incluem, entre outras, decisões sobre o incremento
da capacidade de estocagem e sobre a provisão de serviço interruptível de suprimento. Para a
solução deste problema, foi desenvolvido um modelo que busca a minimização dos custos de
suprimento atendendo a determinadas restrições de escolha. Este modelo é baseado nas
restrições operacionais do sistema e na variabilidade aleatória do fator climático, considerado
o principal responsável pela flutuação da demanda no curto prazo.
As decisões são diretamente ligadas ao tipo de consumidor atendido, influenciando as
decisões de compra de gás e de estocagem. No caso da existência de capacidade de conversão
do demandante para outro combustível, o modelo permite a flexibilização do seu suprimento
até o máximo da quantidade contratada. Se a demanda for inflexível, a estocagem será
utilizada para prover a flexibilidade necessária ao seu atendimento.
Neste modelo, enquanto que as restrições operacionais de estocagem são bastante
detalhadas, apenas uma fonte de suprimento é considerada na modelagem. O modelo,
portanto, não permite a análise das diferentes características e possibilidades de atendimento
existentes entre outros fornecedores.
19
Guldmann (1986), em outro artigo, desenvolve um modelo de otimização de
distribuição de gás natural para as distribuidoras que busca otimizar tanto o mix de
suprimento quanto sua expansão de capacidade. O modelo, projetado para lidar com políticas
de minimização do custo médio e de custo marginal de suprimento, é formado por três
componentes: (1) Sub-modelo de demanda, onde o consumo é função dos preços; (2) Sub-
modelo de oferta, que analisa as interações existentes entre compra de gás, produção,
armazenamento, transporte e distribuição; e (3) Metodologia de precificação, que determina
preços de equilíbrio iterativamente através da conexão da oferta com a demanda e levando em
consideração as restrições financeiras.
Para a tomada de decisão de suprimento, o modelo de Guldmann analisa a competição
entre os vários possíveis supridores com suas diferentes características contratuais, porém sua
abordagem é estática, tomando todas as projeções das variáveis relevantes do problema como
determinadas.
Avery et al. (1992) propõe como abordagem do problema o tratamento em conjunto
dos contratos de suprimento com os de transporte e estocagem, assim como a estrutura da
rede de distribuição de gás natural existente no mercado analisado. É desenvolvido um
sistema de suporte a decisão, utilizando um modelo de programação linear que permite
auxiliar os planejadores na tomada de decisão de suprimento e transporte do produto, a partir
de uma escala que varia do âmbito mais estratégico ao operacional. Dessa forma o sistema
pode ser usado no desenvolvimento de estratégias de suprimento de curto e de longo prazo.
Na estruturação deste modelo, o objetivo do planejamento do suprimento do gás é a
minimização dos custos de oferta ao mesmo tempo em que mantém uma quantidade suficiente
do produto para atender sua demanda máxima de pico e prover o crescimento do consumo.
No curto prazo, este problema é tratado pelo modelo a partir da disponibilização de uma
quantidade ótima de s para atender a demanda variável da distribuidora. Para a confecção
deste planejamento, algumas variáveis são levadas em consideração: as compras de gás, as
metas de seu estoque em pontos estratégicos e o nível esperado de vendas dos tipos firme e
interruptível. No longo prazo, este modelo busca a construção de um portfólio ótimo de fontes
de gás que inclui compras de gás, estocagem e contratos de transporte.
Para auxiliar a tomada destas decisões, são destacadas quatro variáveis importantes a
serem consideradas: (i) Estrutura de contratos: balanço entre os contratos de gás firme e as
compras no mercado spot e entre os contratos de transporte firme e não firme; (ii) Compras:
decisões sobre compras de longo prazo diretamente dos produtores e sobre o papel das
compras spot de curto prazo no portfólio de suprimento; (iii) Estocagem: decisões sobre o
20
nível ótimo de capacidade e de entregabilidade da estocagem; (iv) Mercado: decisões sobre a
fonte de suprimento de gás que deve atender cada tipo de segmento do mercado e sobre a
quantidade de gás interruptível que a companhia deve deixar disponível para esse tipo de
venda. Dessa forma, atende todas as demanda firmes e, com os melhores esforços, as
interruptíveis, buscando a minimização dos custos.
Embora este modelo trate todos os dados de forma determinística, o autor reconhece a
incerteza existente em relação à demanda e aos preços futuros. Sendo assim, cenários para
estas variáveis são tratados à parte, num sub modelo.
Knowles (1993) descreve um modelo estocástico, com restrições, focado em dois tipos
de decisão: de nominação da quantidade de gás, que definem as características dos contratos
de suprimento, e de oferta, que buscam o atendimento da demanda sob diferentes padrões de
condições climáticas.
Apesar deste modelo incorporar a entregabilidade como uma variável de decisão, não
aborda o seu papel na segurança do suprimento de gás, nem dos trade-offs que as
distribuidoras têm de fazer ao escolher entre níveis diferentes de custo e segurança.
Bopp et al. (1996) apresenta um modelo de otimização estocástica buscando resolver o
problema do gerenciamento das compras de gás natural sob condições de incerteza na
demanda e freqüente variação nos preços, com o intuito de encontrar uma estratégia ótima de
compra, que minimize o custo de atendimento, garantindo ao mesmo tempo a segurança do
seu suprimento. Nesta análise são consideradas simultaneamente as opções de compra e de
estocagem e considerações sobre o fator climático disponíveis.
Os autores consideram a variável entregabilidade do armazenamento do gás como
fator importante no processo de otimização. A definição da taxa de entregabilidade do
armazenamento de gás envolve a escolha das taxas de injeção e de retirada da estocagem. Esta
variável é adicionada aos usuais custos de armazenagem, tais como os de aquisição,
preparação, pedido e de permanência do gás nas instalações.
Este modelo trata somente de decisões estratégicas de suprimento, sendo divididas em
anuais e trimestrais. As primeiras envolvem considerações relacionadas a quantidades
compradas de gás e de transporte em bases firmes, quantidade máxima reservada de espaço
nas instalações de estocagem, e o nível contratado de “entregabilidade” da estocagem. as
trimestrais são relacionadas às quantidades compradas de gás no mercado spot e contratadas
do transporte interruptível, além das taxas usadas na operação da estocagem.
O modelo de Bopp et al. considera a demanda dependente do preço. Em meses mais
quentes, quando os preços do gás natural estão menores, ocorre o incentivo para a elevação
21
das compras do combustível, estocando nas instalações. Isso exige uma adequada capacidade
de estocagem e adequada taxa de entregabilidade que permita a construção e o consumo de
um estoque de gás a uma taxa apropriada.
Como os padrões de demanda realizados são intrinsecamente incertos, eles são
modelados considerando quatro cenários diferentes de inverno: quente, médio, frio e muito
frio, cada um com uma probabilidade de ocorrência associada. Nas demais estações, as
variações de demanda são insignificantes se comparadas às ocorridas no inverno, e por isso
um único cenário é levado em consideração.
No artigo de Guldmann e Wang (1999), é proposta uma ferramenta para solucionar o
problema da seleção ótima dos contratos de suprimento. O modelo usa programação linear
inteira mista, envolvendo simulações e estimações por meio da análise de regressões. Nesta
metodologia, cada fonte potencial de suprimento é caracterizada por vários parâmetros
“precificáveis” e “não precificáveis”.
A variabilidade do tempo é o fator estocástico básico que faz variar a demanda por gás
nos vários segmentos de mercado. A demanda de cada segmento é projetada em função de
dois parâmetros exógenos que determinam suas parcelas firme e estocástica.
Os segmentos residencial e comercial são classificados como mercados núcleo, uma
vez que, por não possuírem alternativas de suprimento, devem ser supridos em base
ininterrupta. As necessidades destes setores são de ofertas que permitam elevada sazonalidade
no seu consumo. Os demais consumidores o classificados como interruptíveis, por terem a
capacidade de troca de forma relativamente simples de sua fonte e de tipo de energético.
Este modelo minimiza o custo total do suprimento e do seu corte, indicando as
parcelas atendidas e não atendidas do mercado, e definindo, desta forma, a participação dos
mercados firme e interruptível. Supridores e demandas são ordenados pelos seus custos
unitários crescentes e por suas prioridades decrescentes, respectivamente. Desta forma, as
demandas são designadas aos supridores, deixando ao longo do processo algumas sem serem
atendidas.
A opção pelo armazenamento sazonal de gás visa adequar a oferta imediata a
alterações na demanda e é tratada pela indústria como um trade-off entre custo e
confiabilidade do sistema de abastecimento. Este trade-off não é considerado neste modelo,
assim como os diferentes tipos de transporte que poderiam ser contratados, sendo também
ignorados na solução do problema.
No artigo de Liao e Rittscher (2007), é desenvolvido um modelo de seleção de
fornecedor, considerando simultaneamente vários objetivos. Os critérios destacados na sua
22
revisão de literatura e que foram escolhidos para serem estudados no seu trabalho foram:
preço, qualidade, entrega e flexibilidade, sendo este último o que vem ganhando maior
importância nos últimos estudos acadêmicos realizados.
Os primeiros estudos sobre flexibilidade eram voltados para a produção. Porém,
recentes estudos passaram a relacionar esta flexibilidade como um resultado da inter-relação
dos componentes de toda a sua cadeia de suprimento.
Neste trabalho de Liao e Rittscher, foram criados dois modelos de seleção de
fornecedores: um sob condições de demanda determinística, considerando os três primeiros
critérios citados para a análise e o outro sob condições de demanda estocástica, onde se
adiciona o critério flexibilidade ao estudo. Este critério vem ganhando grande importância na
escolha do supridor, considerando que este deve prover flexibilidade suficiente para ajustar
apropriadamente seu processo de suprimento às variações na demanda.
Os trabalhos acadêmicos desenvolvidos concentram-se em mercados com elevado
potencial de uso do gás natural para aquecimento residencial. O problema do suprimento é
focado na previsão da demanda estocástica, baseada principalmente em fatores climáticos.
Este mercado é entendido como de elevada importância de atendimento, uma vez que provê
um produto de primeira necessidade, cuja falta poderá acarretar em prejuízos além dos
financeiros.
A similaridade com o tratamento do problema para o mercado brasileiro é o
comportamento de baixa previsibilidade de determinada faixa da demanda, provendo, dessa
forma, soluções que podem atender a ambos os mercados.
A tendência dos estudos analisados é a apresentação de modelos de minimização dos
custos de suprimento envolvendo restrições de diversas variáveis, tais como as operacionais e
as por tipo de consumidor demandante (passíveis ou não de interrupção).
Os modelos com viés estratégico buscam a formação de um portfólio ótimo para
atendimento ao seu mercado, provendo soluções de suprimento que buscam adequar o perfil
da oferta geralmente constante com o perfil demanda parcialmente oscilante. Estas
soluções de suprimento, como a armazenagem, os níveis de compras e produção, os tipos de
contratação de transporte, entre outros, são utilizadas na resolução dos modelos.
3 AUXÍLIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO (AMD)
O problema da escolha da fonte de suprimento de gás natural para atendimento à sua
demanda é típico de decisão multicritério, uma vez que depende da análise de diferentes
objetivos, normalmente conflitantes, e não somente o de minimização dos custos, como
comumente é encarado. Trata-se, portanto, de um problema de resolução não trivial, que
não é possível otimizar, simultaneamente, todos os objetivos do agente decisor. Esta solução
se torna ainda mais complexa na medida em que os critérios a serem estudados, por incluírem
fatores objetivos e subjetivos, normalmente, não terem uma dimensão única.
O Auxílio Multicritério à Decisão é uma disciplina composta por um conjunto de
métodos utilizado na modelagem de processos decisórios, tendo como característica principal
a análise de várias alternativas, sob vários critérios. A metodologia permite a modelagem de
preferências dos especialistas e a consideração de seus diferentes pontos de vista. É necessário
o envolvimento do tomador de decisão na definição de um conjunto de soluções eficientes a
serem futuramente exploradas.
Diferentemente de uma análise em que se busca a maximização ou minimização de
um único parâmetro, o Auxílio Multicritério à Decisão possibilita um estudo mais amplo do
problema, levando em consideração diversos pontos de vista, em que se busca atingir o
consenso entre os critérios envolvidos. Dessa forma, os critérios devem ser estabelecidos de
forma a discriminar adequadamente as conseqüências que devem ser levadas em consideração
na tomada de decisão. A escolha desses critérios, bem como o peso a eles atribuído tem papel
fundamental nos resultados obtidos.
Uma importante observação a ser feita é que os métodos de decisão multicritério não
visam encontrar uma solução única e decisiva para o problema. O termo “otimização” não
deve aqui ser empregado, uma vez que esta metodologia não fornece objetivamente soluções
24
ótimas. Eles têm sido desenvolvidos para apoiar e conduzir os decisores na avaliação de um
problema e na escolha da solução.
3.1 TERMINOLOGIA BÁSICA
Podem-se destacar alguns conceitos básicos comumente usados pela metodologia de
Auxílio Multicritério à Decisão, pertencentes ao processo decisório. São eles: os atores, o
objetivo, as alternativas e os critérios.
Os Atores
De acordo com Gomes, Gomes e Almeida (2006) os atores participantes do processo
decisório, os sejam, indivíduos ou grupo de indivíduos que participam do processo decisório,
são descritos a seguir:
Decisor: Influencia no processo de decisão de acordo com o juízo de valor que
representa e/ou as relações que se estabeleceram. O objetivo do processo decisório
é o atendimento ao decisor que assume as conseqüências sobre as decisões
tomadas;
Facilitador: Trata-se de um líder experiente que deve focar sua atenção na
resolução dos problemas, coordenando os pontos de vista do decisor, mantendo-o
motivado e destacando o aprendizado no processo de decisão. Tem como papel
esclarecer e modelar o processo de avaliação e/ou negociação que conduz à
tomada de decisão. De forma a não intervir nos julgamentos dos decisores, deve
manter uma postura neutra no processo;
Analista: Aquele que faz a análise e auxilia facilitador e decisor na estruturação do
problema e identificação dos fatores do meio ambiente que influenciam na
evolução, solução e configuração do problema.
O Objetivo
O objetivo, no problema de tomada de decisão, é o que o decisor pretende obter do seu
modelo.
25
As Alternativas
De acordo com Freitas (1997), alternativas são opções de escolha existentes no
processo de tomada de decisão sobre as quais o decisor irá definir a solução do problema, seja
elegendo a melhor alternativa, seja ordenando estas alternativas ou as selecionando de acordo
com a estruturação do problema.
Os Critérios
Critérios devem estar claramente associados ao objetivo do problema. O valor do
critério é definido como a sua utilidade, significando o seu grau de importância, a sua
contribuição para a solução do problema.
Numa metodologia monocritério, o decisor dispõe de um critério global, que envolve
todos os aspectos importantes do problema, que será maximizado. na abordagem
multicritério, compara-se a contribuição de vários critérios nas alternativas definidas para a
solução do problema.
Os critérios podem ser divididos em quantitativos e qualitativos. O primeiro grupo é
facilmente mensurável por possuir uma escala de valor. Já o segundo não possui uma escala
compreensível de valor para a sua mensuração. Neste caso, deve ser criada uma escala
subjetiva para a valoração destes critérios.
De acordo com Alencar (2006), um critério, ao ser definido como uma função que
toma seus valores em um conjunto ordenado, representando as preferências do decisor sob
determinado ponto de vista, pode ser classificado de acordo com a estrutura de preferência
verificada.
A seguir, segundo Rogers, Bruen e Maystre (2000), segue uma breve descrição da sua
classificação:
Critério Verdadeiro: Trata-se da forma mais simples do critério, usada no que é
conhecido como estrutura de preferência “tradicional”. Nesta estrutura, as
diferenças entre a pontuação dos critérios são usadas para determinar que opção é
preferida. A estrutura de ordenação resultante é conhecida como uma estrutura de
pré-ordem completa, onde todas as alternativas podem ser ordenadas da melhor
para a pior, permitindo um alinhamento entre alternativas de mesma pontuação;
Semicritério: Usado no caso de uma estrutura de preferência de quase-ordem ou
modelo de limiar, onde existe uma zona de indecisão constante entre a indiferença
e a preferência estrita. A diferença entre a pontuação de quaisquer duas
26
alternativas deve exceder este limiar de preferência para ser declarada superior a
outra. Isso permite o tratamento de possíveis erros ou incertezas relacionadas à
projeção de valoração dos critérios;
Critério de Intervalo: Usado no caso de uma estrutura de preferência de intervalo
ou modelo de limiar variável, onde existe uma zona de indecisão variável ao longo
da escala, entre a indiferença e a preferência estrita;
Pseudocritério: Usado no caso de uma estrutura de preferência de pseudo-ordem
ou modelo de duplo limiar, quando se evita uma passagem repentina entre a
indiferença e a preferência estrita, existindo uma zona de hesitação, representada
pela preferência fraca. Trata-se de um uso mais realístico, pois a vida real
demonstra que existe sempre uma zona intermediária dentro da qual a informação
do tomador de decisão é contraditória ou indeterminada.
Existem algumas propriedades dos critérios, definidas por especialistas, que merecem
serem descritas, com o objetivo de assegurar a coerência entre eles e a eficiência na
modelagem do problema.
Critérios completos: Um conjunto de critérios é dito completo quando todos os
aspectos relevantes para a solução do problema são por eles representados;
Critérios operacionais: Cada critério deve ser considerado operacional para o
decisor. Ou seja, deve possuir uma importância significativa a ponto de ser
mensurável por ele;
Critérios decomponíveis: Com o objetivo de simplificação do processo decisório,
deve ser possível a desagregação do problema;
Critérios não redundantes: Mais do que um critério não deve ser responsável pela
mesma conseqüência no problema;
Critérios mínimos: O conjunto de critérios deve ser o menor possível, de forma a
diminuir a complexidade na solução do problema.
27
3.2 PROBLEMÁTICA DO APOIO À DECISÃO
Segundo Gomes, Gomes e Almeida (2006), no contexto do apoio à decisão, o
resultado pretendido em determinado problema pode ser identificado entre quatro tipos de
problemática de referência, descritas a seguir:
Problemática P.α: Tem como objetivo esclarecer a decisão pela escolha de um
subconjunto tão restrito quanto possível, tendo em vista a escolha final de uma
única ão. Esse conjunto conterá as “melhores ações” ou ações “satisfatórias”. O
resultado pretendido é, portanto, uma escolha ou um procedimento de seleção;
Problemática P.: Tem como objetivo esclarecer a decisão por uma triagem
resultante da alocação de cada ação a uma categoria (ou classe). As diferentes
categorias são definidas a priori com base em normas aplicáveis ao conjunto de
ações. O resultado pretendido é, portanto, uma triagem ou um procedimento de
classificação;
Problemática P.: Tem como objetivo esclarecer a decisão por um arranjo obtido
pelo reagrupamento de todas ou parte, as mais satisfatórias, das ações em classes
de equivalência. Essas classes são ordenadas de modo completo ou parcial,
conforme as preferências. O resultado pretendido é, portanto, um arranjo ou um
procedimento de ordenação;
Problemática P.: Tem como objetivo esclarecer a decisão por uma descrição, em
linguagem apropriada, das ações e de suas conseqüências. O resultado pretendido
é, portanto, uma descrição ou um procedimento cognitivo.
Tais problemáticas descritas anteriormente não são, portanto, excludentes umas das
outras, podendo se complementar.
Alternativamente, uma outra classificação de objetivo é apresentada por Costa (2004),
onde a decisão pode constar em uma das seguintes categorias:
Escolha: Escolher uma alternativa dentre um conjunto de alternativas viáveis;
Classificação: Classificar um conjunto de alternativas em subconjuntos;
Ordenação: Dados os elementos de um conjunto de alternativas, ordená-las
segundo algum critério;
28
Classificação ordenada: Classificar um conjunto de alternativas em subconjuntos
ordenados, ou em classes de referência ordenadas;
Priorização: Dados os elementos de um conjunto de alternativas, estabelecer uma
ordem de prioridades para os elementos do mesmo.
3.3 MODELAGEM DAS PREFERÊNCIAS
Com o objetivo de se comparar duas ações potenciais, as preferências dos agentes são
expressas através da definição de relações binárias. A seguir apresentam-se, segundo Gomes,
Gomes e Almeida (2006), quatro situações fundamentais e incompatíveis entre si, de forma a
assegurar uma representação realista das preferências de um agente de decisão, quando da
comparação entre duas ações potenciais:
Indiferença (I): Existem razões claras e positivas que justificam uma equivalência
entre as duas ações;
Preferência estrita (P): Existem razões claras e positivas que justificam uma
preferência significativa em favor de uma (bem identificada) das duas ações;
Preferência fraca (Q): Existem razões claras e positivas que não implicam uma
preferência estrita em favor de uma (bem identificada) das duas ações, mas essas
razões são insuficientes para deduzirmos seja uma preferência estrita em favor da
outra, seja uma indiferença entre essas precedentes;
Incomparabilidade (R ou NC): Não existem razões claras e positivas que
justifiquem uma das três situações precedentes.
As quatro situações fundamentais anteriores podem ser combinadas ou agrupadas
formando novas situações, conforme descritas a seguir, segundo Gomes, Gomes e Almeida
(2006):
Não-preferência (~): Ausência de razões claras e positivas que justifiquem uma
preferência estrita ou uma preferência fraca em favor de qualquer das duas ações;
Preferência (>): Quando existem razões claras e positivas que justifiquem uma
preferência estrita ou fraca em favor de uma (bem identificada) das duas ações;
29
Presunção de preferência (J): Quando existem razões claras e positivas que
justifiquem a preferência fraca, independentemente de quão fraca ela seja, em
favor de uma (bem identificada) das duas ações, ou, no limite, a indiferença entre
elas, mas sem que nenhuma separação significativa seja estabelecida entre as
situações de preferência fraca e de indiferença;
K-preferência (K): Quando existem razões claras e positivas que justificam a
preferência estrita em favor de uma (bem identificada) das duas ações, ou verifica-
se a incomparabilidade dessas duas ações, mas sem que nenhuma separação
significativa seja estabelecida entre elas;
Sobreclassificação (S): Quando existem razões claras e positivas que justificam
uma preferência ou uma presunção de preferência em favor de uma, bem
identificada, das duas ações, mas sem que nenhuma separação significativa seja
estabelecida entre as situações de preferência estrita, de preferência fraca e de
indiferença.
3.4 MÉTODOS MULTICRITÉRIO
Existem vários métodos de decisão multicritério. De um modo geral, estes métodos
podem ser identificados como originários de duas escolas: a escola americana e a escola
francesa, ou européia.
3.4.1 Abordagem do Critério Único de Síntese – Escola Americana
A metodologia da escola americana é caracterizada pela agregação de diferentes
critérios numa única função a ser otimizada. É necessário, para isso, a conversão de todos os
critérios para a mesma unidade. Entre os métodos utilizadores desta função, destacam-se:
Goal Programming”: O objetivo é encontrar uma alternativa que mais se
aproxime do valor ótimo para cada critério;
MAUT (Multiple Attribute Utility Theory): Admite-se apenas as situações de
preferência estrita (P) e indiferença (I), ambas transitivas. É construída uma função
30
utilidade de agregação, que estabelece uma pré-ordem completa, agregando os
critérios em um único de síntese, explicitando as preferências do decisor;
Compromisse Programming”: O objetivo é encontrar uma alternativa que mais se
aproxime de um ponto ideal em termos de uma determinada distância;
AHP (Analytic Hierarchy Process): O objetivo é encontrar uma ordenação
hierárquica das alternativas obtida através de comparações dois a dois entre elas.
3.4.2 Abordagem da Sobreclassificação – Escola Francesa
A escola francesa, também conhecida como escola européia, baseia-se na construção
de relações de sobreclassificação, ou subordinação, representando as preferências
estabelecidas pelo decisor diante dos problemas e das alternativas disponíveis.
Na abordagem de subordinação, a modelagem das preferências do decisor agrega
informações relacionadas à importância dos critérios entre si e possui importância
fundamental na estruturação e solução do problema.
O método da subordinação é uma relação binária, definida por S sobre um conjunto de
alternativas. Sendoa” e “b” duas alternativas, aSb significa que a alternativa “a” subordina a
alternativa “b”, ou seja, “a” é pelo menos tão boa quanto “b”.
Destacam-se nesta abordagem os métodos da família ELECTRE (Elimination Et
Choix Traduisant la Réalité) e PROMETHEE (Preference Ranking Organization Method for
Enrichment Evaluation).
Os métodos da família ELECTRE
Os métodos da família ELECTRE têm como base o conceito de dominância, onde são
medidas a vantagem e a desvantagem relativa de cada alternativa. A partir de cálculos
técnicos ou de expressões de julgamento de valor fornecido pelo agente decisor é possível
configurar os pesos ou importâncias dos critérios a serem considerados.
A abordagem dos métodos ELECTRE envolve um conjunto de modelos onde a
escolha do mais adequado depende do tipo de resposta necessária e também da qualidade dos
dados disponíveis para a análise do problema (ROGERS; BRUEN e MAYSTRE, 2000).
31
De acordo com Miranda e Almeida (2004) apresenta-se, a seguir, uma breve descrição
dos diferentes métodos da família ELECTRE. Em seguida, descreve-se com mais detalhes o
funcionamento do método ELECTRE Tri, utilizado na solução do problema estudado.
ELECTRE I
Indicado para problemas de escolha P.α. Busca selecionar um conjunto de alternativas
dominantes, eliminando alternativas superadas de acordo com um conjunto de pesos
atribuídos pelo decisor a cada objetivo do problema. O ELECTRE I busca reduzir o conjunto
de alternativas para o menor possível, por meio de índices de concordância e discordância que
medem a vantagem e a desvantagem relativa entre cada par de alternativas analisadas.
ELECTRE II
Indicado para problemas de ordenação P.. Busca, utilizando conceitos de
concordância e discordância, ordenar um conjunto de alternativas da melhor para pior. A
ordenação é encontrada por meio de duas pré-ordens construídas a partir das relações de
sobreclassificação forte e fraca. Após o modelo construído e encontradas as relações de
sobreclassificação, segue-se à etapa de investigação: ordenação das alternativas da melhor
para a pior.
Os métodos ELECTRE I e ELECTRE II envolvem apenas critérios verdade. Com o
desenvolvimento de novos tipos de modelagem de preferências, foram construídos os
métodos ELECTRE III, IV, IS e TRI, que inserem em sua estrutura modelagens de
preferências mais refinadas.
ELECTRE III
Indicado para problemas de ordenação P.. É aplicável na ocorrência de
pseudocritérios na modelagem. Tem por objetivo ordenar as alternativas da melhor para a
pior. A inserção de pseudocritérios na modelagem significa o tratamento do problema usando
limiares de preferência e indiferença.
ELECTRE IV
Indicado para problemas de ordenação P.. É aplicável onde ocorre a existência de
pseudocritérios. Seu objetivo é ordenar as ações sem introduzir qualquer ponderação
associada à importância relativa dos critérios. Ou seja, admite-se que não haja informação
suficiente ou perfeita a esse respeito.
32
ELECTRE IS
Indicado para problemas de escolha P.α. É aplicável na existência de pseudocritérios.
Trata-se de uma generalização do ELECTRE I que permite o uso de pseudocritérios.
ELECTRE TRI
Indicado para problemas de classificação P.. É aplicável onde ocorre a existência de
pseudocritérios. Seu objetivo é a alocação de alternativas em categorias pré-definidas.
A alocação de uma alternativa a” resulta da comparação de “a” com perfis
definidores dos limites das categorias. Trata-se de problemas que são modelados por uma
família de pseudocritérios, na qual os limiares de preferência e indiferença constituem as
informações intracritérios, representando as maiores diferenças possíveis capazes de preservar
a preferência ou a indiferença entre as alternativas sob determinado critério.
3.4.2.1 O Método ELECTRE Tri
O método ELECTRE foi apresentado inicialmente por Bernard Roy em um relatório
de pesquisa em 1966 e envolvia a análise sistemática da comparação de todos os possíveis
pares de alternativas, baseada no julgamento de um conjunto de critérios comuns entre elas.
Como resultado, obtém-se uma medida de grau de dominância de uma alternativa sobre as
outras (ROGERS; BRUEN e MAYSTRE, 2000).
Para a resolução do problema tratado neste trabalho é considerado a problemática de
classificação P., que consiste em formular o problema de decisão de tal forma que distribua
cada alternativa disponível para uma categoria predefinida. O método ELECTRE Tri,
destinado a este tipo de problemática, será descrito neste segmento do capítulo.
Descrição
O ELECTRE Tri (YU, 1992) é um método de classificação ordenada multicritério que
aloca cada alternativa disponível a uma das categorias, pré-definidas por algumas normas. A
alocação de uma alternativa resulta da sua avaliação sob diferentes critérios e da comparação
com os perfis definidos pelos limites de cada alternativa.
33
Os problemas tratados pelo ELECTRE Tri são modelados por uma família de
pseudocritérios, no qual os limites de preferência e indiferença constituem as informações
intracritérios.
Este método de alocação de alternativas explora o modelo de preferência do tomador
de decisão e é caracterizado por um número de parâmetros de acordo com informações
preferenciais fornecidas pelo tomador de decisão. Para a implementação deste método em
aplicações do mundo real, os valores dos parâmetros para avaliação das alternativas, tais
como o coeficiente de importância, devem ser fornecidos pelo tomador de decisão
(MOUSSEAU; SLOWINSKI e ZIELNIEWICZ, 2000).
No problema de classificação, cada alternativa é considerada independentemente uma
das outras, com o objetivo de determinar seu valor intrínseco através de formas de
comparação com normas ou referências. Os resultados desta valoração são expressos de forma
absoluta para cada alternativa, alocando-a ou não em uma categoria de determinado perfil
adequado a algumas normas.
O Método
Dado um conjunto de alternativas potenciais A = { A
1
, A
2
, A
3
, ... }, associam-se estas
alternativas a um conjunto de classes ordenadas Cl = { Cl
1
, Cl
2
, Cl
3
, ..., Cl
n
} considerando o
desempenho de A em confronto a um conjunto de critérios Cr = { Cr
1
, Cr
2
, Cr
3
, ..., Cr
m
}. São
construídos perfis (P
1
, P
2
, P
3
, ..., P
n-1
) com o objetivo de delimitar os limites superiores e
inferiores das classes.
O ELECTRE Tri classifica as alternativas a partir de duas etapas: construção de uma
relação de subordinação S das alternativas em relação ao enquadramento nas classes e;
exploração da relação S, através dos procedimentos de classificação.
A Relação de Subordinação
O objetivo da relação de subordinação é tornar possível a comparação de uma
alternativa A com um perfil P. Dizer que a alternativa A
n
subordina o perfil P
m
, significa que
A
n
é ao menos tão boa quanto o limite padrão P
m
.
Quando a alternativa A
1
é dita que subordina a alternativa A
2
, dado determinado nível
de conhecimento relacionado às preferências do tomador de decisão e à qualidade da
informação de todos os critérios disponíveis para cada alternativa, significa que existem
34
argumentos suficientes a favor da decisão que a alternativa A
1
é ao menos tão boa quanto a
alternativa A
2
.
O Processo da Classificação
Nesta fase, o desempenho que cada alternativa deve ser atribuído a uma categoria pré-
definida.
Estas categorias são limitadas por fronteiras compostas de elementos cujos valores
dependem da escala de julgamento utilizada. O desempenho das alternativas pode ser
representado em termos de padrões alfabéticos, número de estrelas, entre outras formas.
A seguir, apresenta-se no Quadro 1, uma analogia entre o padrão alfabético e o padrão
em estrelas.
Padrão Alfabético Padrão em Estrelas
A
B
C
D
E
Quadro 1 – Analogia entre o padrão alfabético e o padrão em estrelas.
Fonte: Adaptado de Freitas (1997).
Dois procedimentos de classificação são avaliados pessimista e otimista diferindo
entre si no modo com que cada alternativa é comparada com os perfis determinados para a
classificação.
Procedimento de classificação pessimista (regra conjuntiva)
A partir do exemplo da Figura 1, observa-se a classificação de três alternativas, A
1
, A
2
e A
3
, cada uma contando com cinco critérios para avaliação, Cr
1
, Cr
2
, Cr
3
, Cr
3
, e Cr
5
, com
seus respectivos pesos, w
1
, w
2
, w
3
, w
4
e w
5
. Neste procedimento, compara-se cada alternativa
aos perfis, P
1
, P
2,
P
3
e P
4
, delimitador das classes, A, B, C, D e E.
35
Classe A
A
1
A
3
A
3
A
1
Classe B
A
1
A
1
A
3
A
3
Classe C
A
2
A
2
A
2
A
3
Classe D
A
1
A
2
Classe E
A
2
Cr
5
(W
1)
(W
2)
(W
3)
(W
4)
(W
5)
Cr
1
Cr
2
Cr
3
Cr
4
P1
P2
P3
P4
Figura 1 – Exemplo de classificação dos critérios segundo suas avaliações.
Fonte : Elaboração própria.
Neste exemplo, a alternativa A
1
possui dois critérios subordinando o perfil P
1
, mais
dois critérios subordinando o perfil P
2
e mais um quinto subordinando o perfil P
4
. Já a
alternativa A
2
apresenta três critérios subordinando o perfil P
3
, mais um subordinando o P
4
e
um quinto que não subordina nenhum perfil. E por fim, a alternativa A
3
possui dois critérios
subordinando o perfil P
1
, mais dois subordinando o perfil P
2
e mais um quinto subordinando o
perfil P
3
.
Para calcular o índice de credibilidade das alternativas associadas aos perfis que,
relacionado com o parâmetro de corte
a alocará em determinada classe, é necessária sua
comparação com os perfis. No exemplo da equação (1), a seguir, a alternativa A
1
é comparada
com o primeiro perfil (P
1
). O resultado dessa equação seum valor que, comparado com o
parâmetro
revelará se a alternativa A
1
será classificada acima do perfil P
1
(classe A) ou
não. Neste caso, sendo o resultado da equação (1) maior que o parâmetro
escolhido, esta
alternativa será alocada na classe A.
A pergunta feita nesta análise é a seguinte: a alternativa A subordina o perfil P em
quais critérios?
( )
+
+
+
+
1
5
54321
11
}
1
*
w
0
*
w
0
*
w
0
*
w
1
*
w
{
w
PA
(1)
36
Caso contrário, a comparação da alternativa com os perfis seguintes continua, até que
o resultado da equação supere o parâmetro de corte
escolhido. As equações (2), (3) e (4)
demonstram a análise de comparação da alternativa A
1
com os demais perfis.
( )
+
+
+
+
1
5
54321
21
}
1
*
w
0
*
w
1
*
w
1
*
w
1
*
w
{
w
PA
(2)
( )
+
+
+
+
1
5
54321
31
}
1
*
w
0
*
w
1
*
w
1
*
w
1
*
w
{
w
PA
(3)
( )
+
+
+
+
1
5
54321
41
}
1
*
w
1
*
w
1
*
w
1
*
w
1
*
w
{
w
PA
(4)
Nota-se que o resultados dessas equações aumenta, uma vez que analisamos perfis
mais inferiores que tendem a serem subordinados por cada vez mais critérios. Pode ocorrer
ainda de um critério não subordinar nenhum perfil, localizando, neste caso, abaixo do perfil
P
4
.
Procedimento de classificação otimista (regra disjuntiva)
A partir do exemplo da Figura 1, observa-se a classificação de três alternativas, A
1
, A
2
e A
3
, cada uma contando com cinco critérios para avaliação, Cr
1
, Cr
2
, Cr
3
, Cr
3
, e Cr
5
, com
seus respectivos pesos, w
1
, w
2
, w
3
, w
4
e w
5
. Neste procedimento, compara-se cada perfil, P
1
,
P
2,
P
3
e P
4
, delimitador das classes, A, B, C, D e E, com cada alternativa.
Neste caso, o perfil P
1
subordina a alternativa A
1
em três critérios e o perfil P
2
a
subordina em um critério. Existem dois critérios que não são subordinados por nenhuma
alternativa. Para a alternativa A
2
temos que os perfis P
1
e P
2
subordinam todas as cinco
alternativas, o perfil P
3
subordina duas alternativas e o perfil P
4
subordina uma alternativa. E
37
finalmente, para a alternativa A3, o perfil P1 subordina três alternativas e o perfil P2
subordina uma alternativa.
Nos mesmos moldes do procedimento anteriormente descrito, calcula-se o índice de
credibilidade que deverá ser comparado com o parâmetro
para alocar as alternativas em
classes.
A pergunta feita nesta análise é a seguinte: o perfil P subordina a alternativa em quais
critérios?
( )
+
+
+
+
1
5
54321
11
}
0
*
w
1
*
w
1
*
w
1
*
w
0
*
w
{
w
AP
(5)
( )
+
+
+
+
1
5
54321
12
}
0
*
w
1
*
w
1
*
w
1
*
w
0
*
w
{
w
AP
(6)
4 A PROBLEMÁTICA DA COMERCIALIZAÇÃO DE GÁS NATURAL
Este capítulo trata da descrição de algumas especificidades pertinentes à
comercialização do gás natural que se relacionam com a tomada de decisão de escolha do
melhor tipo de suprimento para atendimento da sua demanda.
4.1 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
O gás natural é um combustível que tem apresentado um elevado e constante
crescimento de demanda em termos mundiais. No Gráfico 1, a seguir, demonstra-se a
trajetória de consumo médio anual deste energético pelos países, desde 1965 até 2006,
partindo de cerca de 2 bilhões de m
3
/dia alcançando quase 8 bilhões de m
3
/dia.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
Bi m³/dia
Gráfico 1 – Consumo histórico de gás natural pelos países.
Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2007.
39
No Brasil, sua oferta ganhou força a partir do início da importação do produto da
Bolívia, em meados de 1999. A partir do Gráfico 2, a seguir, pode-se observar a crescente
participação da importação do gás natural no total ofertado ao mercado brasileiro.
Gráfico 2 – Volume histórico de gás natural ofertado ao mercado brasileiro.
Fonte: ANP - Boletim Mensal do Gás (dez/2006).
O país, de clima tropical, sempre teve o segmento industrial como o maior consumidor
de gás natural, conforme é demonstrado no Gráfico 3. A demanda neste segmento é
influenciada principalmente pela taxa de crescimento econômico e pela competitividade entre
o preço do gás natural e dos seus combustíveis competidores, fatores que podem ser
estimados com relativa facilidade (SILVA, 2003).
-
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
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Dez
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Mar
Abr
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Jun
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Mai
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Set
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Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Milhões de m³/dia
Industrial Automotivo Residencial Comercial Cogeração Geração Elétrica Outros
Gráfico 3 – Consumo histórico de gás natural no Brasil por segmento.
Fonte: Revista Brasil Energia (vários anos).
40
Este cenário se modificou a partir de uma crise de subinvestimento no suprimento de
energia elétrica no Brasil, iniciada nos anos 80. O modelo institucional do setor vigente na
época entrou em processo de esgotamento, culminando na crise de oferta de energia em 2001.
Isso gerou a necessidade emergencial de expansão da capacidade geradora de energia do país.
Como solução, adotou-se um novo comando empresarial, atingido por meio da privatização, e
a introdução maciça de uma nova alternativa tecnológica, baseada na geração térmica a gás
natural (PIRES, 2000).
A preferência pela utilização do gás natural nas usinas ainda foi incentivada devido ao
cenário de oferta abundante de gás natural boliviano, que poderia ser disponibilizado por meio
da construção do gasoduto Bolívia-Brasil, conhecido também como Gasbol
2
, e ao elevado
apelo ambiental do combustível (FREITAS, 2004).
A energia elétrica produzida pelas usinas termelétricas movidas a gás, no novo
modelo, teria, na época, um papel de complementar à geração do sistema nacional, cujo
parque é baseado em usinas hidrelétricas, que possuem um custo operacional de geração
inferior.
Devido à implementação desses projetos, a demanda total pelo gás natural passou a ter
uma parcela dependente de uma importante variável estocástica, a energia natural afluente,
gerada pelas chuvas nos reservatórios hidrelétricos. Isso ocorre porque, dependendo da
geração efetiva de energia elétrica das usinas hidrelétricas, seria necessário variar a
quantidade de gás natural para geração de energia complementar das suas termelétricas.
A seguir, no Gráfico 4, apresenta-se a evolução da capacidade instalada de geração de
energia elétrica pelas diferentes formas de produção. Observa-se o crescimento da
participação das termelétricas na geração de energia elétrica total.
2
O Gasoduto Bolívia-Brasil Gasbol - possui ao todo 3.150 km de extensão trazendo gás da Bolívia e passando
pelos estados de MS, SP, PR, SC e RS. O trecho norte, até Campinas, foi inaugurado em 1999 e o trecho sul,
até Canoas (RS), em 2000. Sua capacidade máxima de transporte diário é de 30 milhões de m
3
de gás natural.
41


Gráfico 4 – Histórico da capacidade instalada de geração de energia elétrica no Brasil.
Fonte: MME – Ministério das Minas e Energia.
A seguir, no Gráfico 5, observa-se um breve histórico acompanhado da projeção, por
tipo de energético, da capacidade térmica no Brasil, segundo o Plano Decenal do MME -
1999/2008.
Gráfico 5 – Acréscimo à capacidade térmica projetada por tipo de energético.
Fonte: Revista Economia e Energia, 2000.
Paralelamente a essas mudanças, uma nova forma de comercialização do gás natural
tem elevado seu volume de transações no mundo: a comercialização por meio do Gás Natural
Liquefeito GNL
3
. A alternativa de comercialização pelo GNL pode promover maior
3
O Gás Natural Liquefeito - GNL é o gás natural na forma líquida, reduzido de tamanho, podendo ser
transportado de forma mais flexível, por navios.
42
flexibilidade para atendimento a novas demandas, cuja oferta por meio dos dutos tem sido
inviabilizadas por motivos econômicos ou técnicos.
O Gráfico 6 apresenta os maiores países importadores de gás natural em 2006 por
meio do modal GNL.
Japão
38%
Espanha
12%
França
7%
EUA
8%
Taiwan
5%
Outros
14%
Coréia do Sul
16%
Gráfico 6 – Participação dos principais países na importação do GNL em 2006.
Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2007.
No Gráfico 7, a seguir, pode-se observar o histórico do crescimento do volume
comercializado de GNL na bacia do Atlântico, desde a década de 80, e sua projeção, realizada
pela consultoria Poten & Partners, em 2005, até 2015.
Gráfico 7 – Histórico da comercialização mundial de GNL (em bilhões de m
3
).
Fonte: BG Group, 2005.
43
O fator flexibilidade era tratado nos termos dos contratos de fornecimento por
gasodutos, através das cláusulas de Take-or-Pay (TOP)
4
e Ship-or-Pay (SOP)
5
, embora com
outro objetivo principal. Estas cláusulas contratuais existem quando um mercado não é
suficientemente desenvolvido em termos de concorrência e volume de transações e, dessa
forma, os elos da cadeia de produção e de transporte por meio de gasodutos necessitam de
garantia de receitas mínimas para o retorno do seu elevado investimento fixo. A partir do TOP
e do SOP, alguma variação dos volumes é permitida e, considerando que as principais
demandas de gás natural no Brasil possuíam historicamente um perfil pouco sazonal. Esta
pequena flexibilidade proporcionada já era suficiente para suprir as necessidades do mercado.
O prazo no atendimento à demanda é um fator que também deve ser tratado em
conjunto com o critério flexibilidade devido ao fato de que maiores variações na flexibilidade
da oferta do produto podem provocar um maior tempo no atendimento da sua demanda. Como
exemplo, pode-se observar um caso de funcionamento de contratação de GNL, quando uma
carga de suprimento precisa ser realocada para atender a variação de um consumo.
Outro fator bastante importante que deve ser considerado na análise do suprimento de
gás natural é a variação da sua qualidade nos diversos suprimentos existentes. Este fator pode
comprometer o consumo final pelo processo industrial ou pela geração de energia nas
termelétricas, de forma diferenciada. Quando se considera a avaliação do suprimento de
diferentes bacias produtoras, podem-se encontrar especificidades do gás natural que alterem
sua composição, gerando uma quantidade de energia menor. Quando o gás natural é usado
como insumo na produção de outros produtos, as conseqüências de uma modificação na sua
qualidade podem ser grandes.
Todos os fatores descritos anteriormente podem ser tratados pelo problema de
otimização dos custos, uma vez que menor flexibilidade, prazos de atendimento e qualidade
podem ser resumidas como uma restrição ou incremento de processos que possam adequar a
fonte de suprimento à demanda requerida. Um exemplo seria a instalação de unidades de
processamento e de armazenamento do gás natural nas proximidades do mercado consumidor.
O problema é que o modelo tradicional, além de tratar desses fatores com um mesmo
nível de importância, o compreende outros fatores, intrinsecamente subjetivos e também
4
A cláusula de Take or Pay (TOP) representa o compromisso do comercializador de garantir uma receita
mínima para o produtor. Essa cláusula também se aplica a contratos entre o comercializador e as companhias
distribuidoras.
5
A cláusula de Ship or Pay (SOP) representa o compromisso do comercializador de garantir uma receita mínima
para o transportador. Essa cláusula também se aplica a contratos entre o comercializador e as companhias
distribuidoras.
44
decisivos neste tipo de transação comercial: a renegociação das cláusulas contratuais e as
questões estratégicas envolvidas na decisão.
As principais reservas de s natural, com potencial econômico de produção, não se
encontram localizadas em países desenvolvidos, detentores de equilíbrio econômico-
financeiro e social. Os países emergentes são os maiores detentores destas reservas,
provocando um relativo risco em relação à manutenção do suprimento do produto.
O Gráfico 8, a seguir, apresenta os maiores países exportadores de gás natural em
2006, através do modal GNL.
Catar
15%
Indonésia
14%
Outros
29%
Nigéria
8%
Argélia
12%
Austrália
9%
Malásia
13%
Gráfico 8 – Participação dos principais países na exportação do GNL em 2006.
Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2007.
As especificações nos termos dos contratos podem mitigar os riscos da
comercialização, porém não são completas no que tange a expurgação das incertezas políticas
existentes, tais como mudanças na regulação, mudanças institucionais, entre outras. Além
disso, a incerteza do futuro ambiente de mercado implica, na maior parte das negociações, na
necessidade de renegociação dos termos do contrato. Algumas fontes de suprimento serão
mais abertas a essas mudanças que outras, além do risco do próprio país em questão.
O problema da escolha das fontes de suprimento, no caso da existência de diversos
critérios a serem avaliados, considerando restrições na capacidade de fornecimento, é de
importância fundamental para o desempenho de uma comercializadora de qualquer produto.
45
4.2 DECISÕES DE SUPRIMENTO
Decisões de expansão de capacidade de um sistema de suprimento de gás natural, além
de serem relacionadas a elevados custos de investimentos, acabam por definir a configuração
do sistema por um longo período (CAPROS et al., 1988).
Na existência de um mercado totalmente liberalizado e competitivo, onde vários
agentes podem concorrer livremente em preços e condições comerciais, observando as regras
da concorrência e demais regulamentos associados, o preço funcionaria como um mecanismo
de ajuste para equilibrar a oferta e a demanda nos mercados. Em regime de mercado, os
preços são estabelecidos e atualizados de acordo com a política comercial de cada agente,
livremente praticada.
Na ausência de um mercado plenamente liberalizado, o agente comercializador pode
surgir tendo como papel de direcionador dos investimentos de suprimento de gás natural para
o mercado. Essa função é alcançada através das decisões de compra do produto, contratação
do seu transporte e sua venda às distribuidoras de gás, formatados através de contratos com
estes agentes da cadeia. Alcançar a eficiência no suprimento da demanda de gás natural torna-
se a principal questão para o sucesso da indústria.
Neste papel, o comercializador do gás natural se relaciona com todos os agentes da
cadeia: produtor, importador, processador, transportador e distribuidor, sendo este último, o
responsável por se relacionar com os consumidores finais (Figura 2).
Figura 2 – Estrutura da indústria de gás natural.
Fonte: Petrobras.
46
Para assegurar o melhor funcionamento dessa cadeia, o comercializador tem como
objetivo principal definir o mix ótimo de suprimento possível, aquele que busca a
complementaridade entre as possibilidades de oferta existentes, otimizando a renda do
sistema.
Para cuidar desta problemática da definição do melhor mix de suprimento possível,
várias soluções foram desenvolvidas envolvendo os critérios considerados importantes nesta
solução. A abordagem mais utilizada é a modelagem através de ferramentas quantitativas,
baseada num único critério de decisão: a minimização do custo. Entre esses sistemas,
destacamos a programação linear, a programação linear inteira mista, a programação inteira e
a programação dinâmica.
A Programação Linear busca a resolução do problema de alocação de recursos
escassos para atividades que “competem” entre si, e cujo modelo é representado por meio de
equações lineares. A resolução do problema busca encontrar os valores das variáveis de
decisão do modelo de forma a maximizar ou minimizar sua função objetivo, respeitando um
sistema de restrições. A aplicação dessas restrições provê um conjunto de soluções viáveis. A
solução ótima é encontrada a partir da aplicação de um método de resolução, sendo que o
mais utilizado é o Símplex, um procedimento algébrico, que, por aproximações sucessivas, vai
melhorando a solução ótima por meio de um processo iterativo, de várias tentativas, até que a
melhor solução seja encontrada.
A Programação Linear Inteira Mista deve ser aplicada em problemas cujas algumas de
suas variáveis de decisão somente possam assumir valores inteiros. Uma variação desta
técnica é a Programação Linear bivalente, onde algumas, ou mesmo todas as variáveis de
decisão, assumem os valores zero ou um. Deve-se atentar que nesta abordagem o incremento
do número de variáveis pode tornar o problema intratável do ponto de vista do tempo
computacional.
a Programação Dinâmica, baseia-se na divisão do problema original em
subproblemas, cada qual envolvendo apenas poucas variáveis. O problema original é então
otimamente resolvido, usando a solução ótima dos subproblemas.
47
4.3 REGULAÇÃO E O PAPEL DO AGENTE COMERCIALIZADOR
Economistas, desde Adam Smith
6
, argumentam que a competição nos mercados não
apenas provê incentivos para as firmas minimizarem seus custos de produção, mas também
pode conter os preços praticados, garantindo que os consumidores irão satisfazer suas
necessidades ao menor custo. Em monopólios naturais
7
, este comportamento não é observado.
Neste caso as firmas não enfrentam competição efetiva e sofrem baixa pressão para cortar os
custos ou manter os preços baixos. Caso competidores entrem nesta indústria, elevando o
número de firmas de forma não econômica, acabam por elevar os custos e os preços
praticados. Nesta situação, o mercado falha em satisfazer as necessidades do consumidor ao
menor preço. É esta falha de mercado que justifica a regulação ou a participação direta do
Estado na posse da firma (NEWBERY, 2000).
A substituição do Estado pela iniciativa privada na operação dos setores de infra-
estrutura vem exigindo o desenvolvimento de novos marcos regulatórios para garantir
investimentos necessários, promover o bem-estar dos consumidores e usuários e aumentar a
eficiência econômica. Em países onde o mercado ainda não se encontra totalmente
liberalizado, o mecanismo dos preços não provê a alocação ótima da sua oferta. Torna-se
então necessária a participação de um agente coordenador: o comercializador.
O comercializador, por lidar com elevado volume de gás natural comprado das fontes
de suprimento e contratado de transporte, pode obter algumas vantagens não alcançadas pelas
companhias distribuidoras, caso elas fossem realizar tal compra por elas mesmas. Devido à
elevada escala de volume comercializado, o agente comercializador pode obter menores
custos no atendimento aos seus clientes, comprando a um preço unitário mais baixo. Além
disso, existe a possibilidade de planejar o atendimento aos diferentes perfis de consumo
existentes, que possuem elevações e quedas de demanda em períodos complementares. A
partir da compra do produto de diferentes fontes de suprimento, o comercializador atinge
maior segurança no abastecimento da sua demanda do que um outro agente. Isso permite
mitigar riscos econômicos e políticos, tais como variações elevadas nos preços ou mudanças
relevantes da regulação nos países fornecedores.
6
Adam Smith (1723 - 1790) economista e filósofo escocês, considerado o mais importante teórico do
liberalismo económico. Autor de "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", sua
obra mais conhecida, procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que,
movidos apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), promoviam o crescimento econômico e a
inovação tecnológica.
7
Uma indústria é considerada monopólio natural caso uma firma possa produzir a quantidade de produto
necessário a um custo social inferior ao de duas ou mais firmas.
48
No que tange o aspecto de flexibilização do suprimento, a cláusula de TOP pode ser
ajustada pelo agente comercializador para coordenar os custos de investimento em produção
com as necessidades do mercado. O comercializador pode, através da sua gama de
fornecedores, criar a melhor combinação dessas obrigações para as diferentes necessidades
dos seus mercados atendidos. Outra cláusula que restringe a flexibilidade do suprimento é o
SOP, que, da mesma forma que ocorre com a de TOP, pode ser adequada pelo
comercializador para compensar os custos de investimento no transporte das diversas fontes
de suprimento com as específicas necessidades dos seus mercados.
Ainda existe, nos contratos de fornecimento de gás natural entre a comercializadora e
as companhias distribuidoras, a cláusula de deliver-or-pay (DOP), que, de forma similar às
cláusulas de TOP e de SOP, representa o compromisso do comercializador de garantir uma
receita mínima para o distribuidor, pela obrigação de entrega do produto. Esta cláusula é, por
sua vez, repassada pelo comercializador para o produtor e para o transportador. A garantia de
entrega, coordenada por toda a cadeira de suprimento do produto, é mais uma vantagem da
existência do agente comercializador.
A elevada escala de volume comprado e vendido pelo agente comercializador em
conjunto com a possível diversificação das suas fontes de suprimento, além de permitir o
melhor funcionamento da cadeia, possibilita a venda do produto de forma diferenciada.
Modalidades contratuais específicas proporcionam o atendimento de forma mais eficiente às
diferentes demandas do produto, tais como a venda do produto com diferentes níveis de
flexibilidade.
4.4 ESPECIFICAÇÃO DO PRODUTO PARA COMERCIALIZAÇÃO
Por definição, o gás natural é “todo hidrocarboneto que permanece em estado gasoso
nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos
ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros” (Lei 9.478/97, art. 6o,
II). Ou seja, o gás natural é um composto extraído de bacias sedimentares, sendo encontrado
associado ou não ao petróleo.
No Brasil, a Portaria ANP n. 104, de oito de julho de 2002 (DOU de 09/07/2002),
estabelece a especificação do gás natural, de origem nacional ou importada, a ser
comercializado em todo o território nacional, conforme apresentado no Quadro 2.
49
LIMITE (2) (3) MÉTODO
CARACTERÍSTICA (1)
UNIDADE
Norte Nordeste
Sul, Sudeste,
Centro-
Oeste
ASTM ISO
Poder calorífico superior
(4)
kJ/ m³
kWh/m³
34.000 a
38.400
9,47 a 10,67
35.000 a 42.000
9,72 a 11,67
D 3588 6976
Índice de Wobbe (5) kJ/m³ 40.500 a
45.000
46.500 a 52.500 6976
Metano, mín. % vol. 68,0 86,0 D 1945 6974
Etano, máx. % vol. 12,0 10,0
Propano, máx. % vol. 3,0
Butano e mais pesados,
máx.
% vol. 1,5
Oxigênio, máx. % vol. 0,8 0,5
Inertes (N2 + CO2 ), máx. % vol. 18,0 5,0 4,0
Nitrogênio % vol.
Anotar
2,0
Enxofre Total, máx.
mg/m
3
70
D 5504
6326-
2
6326-
5
Gás Sulfídrico (H2S),
máx.(6)
mg/m
3
10,0 15,0 10,0 D 5504
6326-
2
6326-
5
Ponto de orvalho de água
a 1atm, máx.
ºC –39 –39 –45 D 5454
Quadro 2 – Especificação do gás natural.
Fonte: ANP (2007).
(1) O gás natural deve estar tecnicamente isento, ou seja, não deve haver traços visíveis de partículas sólidas e
partículas líquidas.
(2) Limites especificados são valores referidos a 293,15K (20ºC) e 101,325kPa (1atm) em base seca, exceto
ponto de orvalho.
(3) Os limites para a região Norte se destinam às diversas aplicações exceto veicular e para esse uso específico
devem ser atendidos os limites equivalentes à região Nordeste.
(4) O poder calorífico de referência de substância pura empregado neste Regulamento Técnico encontra-se sob
condições de temperatura e pressão equivalentes a 293,15K, 101,325kPa, respectivamente em base seca.
(5) O índice de Wobbe é calculado empregando o Poder Calorífico Superior em base seca. Quando o método
ASTM D 3588 for aplicado para a obtenção do Poder Calorífico Superior, o índice de Wobbe deverá ser
determinado pela fórmula constante do Regulamento Técnico.
(6) O gás odorizado não deve apresentar teor de enxofre total superior a 70mg/m³.
A qualidade do gás natural da fonte de suprimento é um item muito importante a ser
avaliado, porque a compra fora dos padrões para o consumo nos mercados gera necessidade
de investimentos adicionais em processamento, entre outros.
50
4.5 A CADEIA DA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL
A cadeia da indústria do gás natural possui forte interdependência entre seus
segmentos, fazendo com que a ação não coordenada de uma das partes repercuta em todos os
seus elos. Ela pode ser dividida em uma parte chamada upstream”, referente a toda parte do
suprimento ou oferta do energético, e em uma outra parte conhecida como downstream”,
referente aos componentes da sua demanda. O primeiro segmento é formado pelas etapas de
exploração, produção, processamento, transporte e distribuição do energético e o segundo é
composto pelos diversos consumidores deste energético.
4.5.1 Exploração e Produção
A etapa da exploração corresponde ao conjunto de operações ou atividades destinadas
a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de jazidas do energético. Trata-se
de uma etapa onde os investimentos realizados são bastante elevados e que, confrontando-se
com as incertezas intrínsecas ao processo, de significativo risco.
Hoje, as reservas de gás natural no mundo encontram-se mais concentradas nos países
do Oriente Médio. A partir da Figura 3, a seguir, observa-se a distribuição das reservas
provadas ao longo dos anos de 1986, 1996 e 2006.
Figura 3 – Distribuição das reserves provadas de gás natural em 1986, 1996 e 2006.
Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2007.
51
O gás natural pode ser encontrado na natureza associado e o-associado ao petróleo.
Nos reservatórios que armazenam o gás podem existir acumulações de petróleo, de onde se
diz que o gás está associado ao petróleo. Podem existir também campos onde se encontre
pouco ou nenhum óleo, que é conhecido como um reservatório não associado ao petróleo.
O fato de o gás natural encontrar-se associado ao petróleo provoca uma dependência
da produção do gás à produção do óleo, uma vez que neste tipo de campo, não se pode
produzir um produto sem produzir o outro. Dessa forma, isto se traduz numa oferta de gás
natural inflexível, ou seja, que pode não depender apenas de parâmetros pertencentes à sua
própria cadeia. no caso dos campos de s não associados ao petróleo, esta dependência
não existe, e pode-se considerar que esta oferta é flexível, podendo se adequar às
particularidades da demanda do gás natural.
No Brasil, todos os direitos de exploração e produção pertencem à União, cabendo sua
administração a ANP. Estas atividades são exercidas mediante contratos de concessão,
precedidos de licitação de empresas que atendam aos requisitos técnicos, econômicos e
jurídicos estabelecidos pela agência reguladora. A empresa concessionária terá a obrigação de
explorar, por sua conta e risco a área licitada e, em caso de êxito, produzir o energético. A
empresa possuirá a propriedade do bem, depois de extraído, pagando os encargos relativos aos
tributos incidentes e participações legais ou contratuais correspondentes.
4.5.2 Processamento
Esta etapa ocorre nas unidades de processamento de gás natural (UPGNs), tendo como
função a separação e o fracionamento dos componentes do gás natural “rico”, como é
encontrado ao ser extraído. Este processo dá origem a vários produtos: etano, GLP (propano e
butano) e componentes C5+ (principalmente gasolina natural). Dessa forma, o gás natural
processado, ou “pobre”, que sobra do processo e que é formado essencialmente de metano,
torna-se padronizado na sua composição para o consumo final e para o processo de
liquefação.
No Brasil, essa atividade pode ser exercida por qualquer empresa, por meio de
autorização da ANP, quando comprovado os requisitos técnicos, econômicos e jurídicos e
atendidas as exigências quanto à proteção ambiental e à segurança industrial e das
populações, para a construção e operação das UPGNs.
52
4.5.3 Armazenamento
A estocagem subterrânea de gás natural permite a armazenagem do produto em
instalações diferentes dos campos produtores. Com exceção do GNL, esta é a única técnica
atualmente utilizada para este fim.
Existem quatro tipos de estruturas utilizadas para estocagem de gás natural: campos de
produção de petróleo exauridos ou depletados, aqüíferos, cavidades salinas e minas
abandonadas. Sua utilização começou em 1915, em Ontário (Canadá), a partir de um teste,
embora a primeira estrutura de estocagem tenha começado a operar no ano seguinte, em
Buffalo-NY (EUA), em um campo depletado. O primeiro armazenamento aqüífero veio a ser
utilizado somente trinta anos mais tarde, em Kentucky (EUA). Em 1961, em Michigan
(EUA), foi inaugurada a primeira instalação do gênero em uma salina. Finalmente, em 1963,
no Colorado (EUA) foi iniciada a primeira estocagem subterrânea desenvolvida em uma mina
abandonada.
O Quadro 3, a seguir, relaciona a quantidade e a capacidade de estocagem de gás
natural existente até o ano de 2003 nos países do mundo.
Quadro 3 Quantidade de estocagens existentes no mundo até 2003 e respectivos volumes de gás útil
(em bilhões de m
3
).
Fonte: Goraieb, Iyomasa, Appi (2005).
A atividade de estocagem pode ser relacionada a uma série de objetivos, segundo
Goraieb, Iyomasa e Appi (2005):
53
Regulação sazonal: principalmente no hemisfério norte, a utilização do gás natural
para aquecimento residencial durante o inverno ocupa uma faixa importante da
demanda pelo produto. Desta forma, esta demanda acaba por apresentar um perfil
sazonal marcante, com alto consumo no inverno e baixo no verão. Sendo assim,
estocar gás natural durante o verão confere ao comprador vantagem, pois poderá
comprar o produto na época de baixa demanda, com preços mais atrativos,
garantindo o seu suprimento;
Atendimento de pico ou emergencial (peakshaving): fora a sazonalidade, há
eventos relacionados tanto a picos de demanda quanto a paradas pontuais no
fornecimento, cujos riscos podem ser mitigados através da utilização de uma
estocagem de gás natural;
Reservas estratégicas: a geopolítica do setor de petróleo e gás é permeada por
instabilidades no relacionamento entre os países envolvidos na comercialização
dos produtos. Ter uma reserva estratégica confere ao comprador um seguro contra
eventuais paradas no fornecimento;
Estocagem da produção: principalmente quando se trata de produção de gás
natural associado à produção de petróleo, o primeiro fica relegado a um papel
secundário, por seu menor valor comercial. Sendo assim, mesmo que não haja
demanda que justifique a extração do gás natural, inevitavelmente ele será
produzido, ocorrendo, normalmente, uma parcela de reinjeção e uma de queima. A
Figura 4, a seguir, demonstra um período de oscilação da queima de gás natural
nos poços de produção nacional;
54
Figura 4 – Queima de gás natural no Brasil (em mil m
3
/dia).
Fonte: ANP (2007).
Otimização logística e confiabilidade: com uma estocagem subterrânea de gás
natural é possível realizar uma otimização no dimensionamento dos dutos de
transporte, seja do produtor ao distribuidor, seja deste para o consumidor, pois
atenua o efeito dos picos e vales de produção e de demanda pelo produto, fazendo
com que, por meio da malha de transporte, seja carregado um volume com perfil
mais homogêneo;
Apoio ao comércio de GNL: o intervalo de tempo necessário para efetivação do
pedido, embarque e desembarque de cargas de GNL, costuma ser relativamente
grande na comercialização do gás natural, fazendo com que o mercado
interruptível seja impraticável para picos de demanda de curto prazo, forçando,
assim, o comprador a assumir parcelas de contratos firmes com planejamento
prévio de suprimento. A estocagem subterrânea de gás natural auxilia o comprador
na tarefa de planejar seu mix de compra de cargas firme e interruptível, trazendo
maiores ganhos globais.
4.5.4 Transporte
As reservas de gás estão espalhadas por diversos países no mundo (Figura 03). Para
chegar até o seu consumidor final, o s natural, depois de processado, passa pela etapa do
transporte.
55
Existem dois principais meios de transporte de gás à longa distância: os gasodutos, que
transportam o gás no seu estado natural, o gasoso, e os navios metaneiros, que transportam o
gás resfriado, no estado líquido.
O gás natural na sua forma liquefeita, GNL Gás Natural Liquefeito, como é
conhecido, é uma forma alternativa para o seu transporte. Na liquefação, o gás é resfriado a
-162ºC, fazendo com que o energético passe para o estado líquido, diminuindo seu volume em
cerca de 600 vezes.
Os navios metaneiros são especialmente construídos para o armazenamento do gás em
sua forma líquida. Dispõem de grandes reservatórios capazes de manter a temperatura do gás
durante o transporte. Nesse processo, ocorrem perdas, que podem variar de 1% a 3% do
volume inicial, dependendo da distância a ser percorrida, além do próprio consumo de gás que
é empregado como combustível para o navio.
Além de navios, o GNL pode também ser transportado por pequenos tanques, por
meio de caminhões. Esses carregamentos são geralmente utilizados para suprir demandas de
pico, temporárias ou isoladas, quando o custo de desenvolvimento de um gasoduto torna a
oferta do gás demasiado onerosa. Após chegar ao seu destino final, o GNL deve ser
novamente transformado em seu estado gasoso para o consumo.
A opção do GNL é uma escolha economicamente eficiente para as situações onde os
mercados e as reservas estão separados por grandes distâncias.
A etapa do transporte de gás leva o energético aos city-gates estaduais, que são os
pontos de entrega para o início da última etapa upstream da cadeia do gás natural, a
distribuição. É na etapa da distribuição, que pode ser feita por meio de redes de dutos com
pressão e diâmetro inferiores ao dos dutos de transporte ou na forma de s natural
comprimido (GNC), dentro de cilindros, que o gás natural chega até o seu consumidor final.
São nas etapas de transporte e distribuição onde se concentra a maior parte dos custos fixos da
cadeia, assim como as economias de escala, principalmente no caso dos dutos. Dessa forma,
investimentos em transporte e distribuição por meio de gasodutos são intensivos em capital,
possuindo longo prazo de maturação do investimento.
A Figura 5, a seguir, demonstra a relação entre maiores distâncias transportadas e o
custo respectivo desse transporte ser realizado por meio de GNC e de GNL.
56
Figura 5 – Relação custo x distância no transporte de gás natural (R$/m
3
).
Fonte: Perrut (2005).
No Brasil, qualquer empresa pode receber autorização na ANP para construir
instalações e efetuar qualquer modalidade de transporte do energético, seja para suprimento
interno ou para importação e exportação, assim como, facultar-se-á a qualquer interessado o
uso dos dutos de transporte mediante remuneração adequada ao titular das instalações.
Com o aumento da escala na indústria de GNL e avanços tecnológicos, os custos para
o transporte do produto reduziram-se ao longo do tempo. O GNL importado compete
diretamente com o preço do gás natural produzido localmente, sendo que o preço do Henry
Hub baliza os contratos de curto-prazo. Por isso, as transações com GNL são expostas a um
nível significativo de risco, dado o elevado grau de volatilidade do preço do gás no mercado
americano.
A elevada especificidade dos ativos envolvidos e a existência de riscos associados ao
desenvolvimento do mercado do gás natural implicam na necessidade do desenvolvimento
integrado da cadeia da oferta com a da demanda. O planejamento da expansão da oferta deste
energético, que possui opções de logística com diferentes modulações, deve ser coordenado
com as diferentes características de demanda existente.
Dessa forma, o transporte de gás natural pode ser classificado em flexível e não
flexível. O transporte do combustível por gasodutos, considerado o flexível, torna-se mais
indicado para o atendimento de uma demanda firme. Isso ocorre porque o investimento
realizado na sua construção não pode ser deslocado nem flexibilizado em capacidade com
facilidade.
57
Já o transporte do gás natural envasado, na sua forma comprimida (GNC) ou liquefeita
(GNL), é realizada através de carretas ou navios metaneiros, o que proporciona maior
flexibilidade a variações na demanda, até porque, a maior parte da oferta de GNL é
comercializada no mercado spot, de curto prazo (REAL, 2005). Esse tipo de transporte pode
ser classificado como um transporte do tipo flexível.
4.6 CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA
Dependendo da localização do consumo de gás natural, sua demanda possui elevada
variabilidade, sendo o fator climático seu maior influente especialmente em países de climas
mais frios e com grande participação de consumidores usuários de aquecimento. Nestes
mercados, a projeção de demanda de curto prazo leva em conta o fator climático, de grande
variabilidade. no longo prazo, fatores como crescimento populacional, atividade industrial
e competitividade do preço do gás com seus combustíveis substitutos são os principais
determinantes da projeção de demanda (GULDMANN e WANG, 1999).
O gás natural pode ser consumido de diversas formas, sendo que os principais
mercados consumidores são: industrial, veicular, geração de energia elétrica, comercial e
residencial, este último com grande participação em alguns países de clima frio. Possui como
principais concorrentes o óleo combustível, o GLP, a lenha, o diesel e, no caso do mercado
veicular, a gasolina. O gás natural ainda pode ter uso não energético, o que ocorre quando é
consumido na indústria petroquímica como insumo na produção nafta, por exemplo.
Normalmente, o mercado do gás natural cresce acima do crescimento da economia
quando está capturando o mercado de seus substitutos, devido a uma maior competitividade
de seu preço com o de seus concorrentes. São os preços relativos que motivarão os
consumidores a converter seus equipamentos ou ampliar sua produção, utilizando o gás
natural em detrimento a outros combustíveis.
Raramente a decisão de investimento em capacidade será exatamente igual à
expectativa de demanda futura, porém este é o ponto inicial no planejamento de seu
investimento. A projeção de demanda é o fator de maior influência e que direciona o
investimento no nível de capacidade.
Devido às suas diferentes características de consumo, a demanda por gás natural pode
apresentar um perfil de demanda do tipo “firme”, com quantidades e prazos de consumo fixos
58
e conhecidos antecipadamente, ou um perfil de demanda do tipo “não firme”, quando existe
incerteza sobre a quantidade e o prazo a ser demandado.
4.6.1 Demanda do Tipo “Firme”
A demanda do gás natural para uso combustível nas indústrias, comércio, residências,
veículos ou como matéria-prima é considerada uma demanda do tipo “firme” do s natural,
devido a sua relativa baixa oscilação no tempo.
O principal fator influente na projeção deste tipo de demanda é o preço relativo da sua
energia em relação à dos seus concorrentes. Basicamente, é a percepção da maior
competitividade de longo prazo do gás natural que irá moldar seu consumo futuro. A
competitividade a ser analisada deve ser a de longo prazo devido às características de longa
maturação dos investimentos na sua oferta. Outro fator que influencia na projeção desse perfil
de demanda é o crescimento da produção física da região, uma vez que o gás, no seu uso
combustível, será requerido em maior quantidade.
Ou seja, é a partir da projeção da competitividade dos preços dos energéticos que se
torna possível conhecer o percentual do mercado de energia demandado pela economia que
será capturado pelo gás natural. Para quantificar a projeção de demanda de longo prazo, resta
somente projetar o crescimento da economia, que dirá enfim, o quanto de energia a região em
estudo demandará.
Os fatores que influenciam a demanda pelo gás natural do tipo “firme” são de relativa
fácil previsão, já que são determinadas por fatores de pouca variabilidade.
4.6.2 Demanda do Tipo “Não Firme”
No caso brasileiro, a demanda do gás natural para geração de energia elétrica nas
usinas termelétricas é considerada uma demanda do tipo “não firme”. Uma demanda pode ser
considerada como do tipo “não firme” quando apresenta baixa previsibilidade na sua projeção
de consumo. Este perfil de demanda provoca a necessidade de um investimento diferenciado
em infra-estrutura que seja capaz de atender a oscilação de consumo de forma rentável.
Para entender o perfil “não firme” da demanda termelétrica do gás natural no Brasil,
torna-se necessário a compreensão dos mecanismos existentes na indústria de energia elétrica
59
que prevê a produção de energia elétrica deste tipo de usina complementar ao sistema de
geração hidrelétrico, garantindo o fornecimento de acordo com a demanda no país.
O sistema elétrico brasileiro é de base hídrica, conforme pode ser observado na Figura
6, a seguir. O país é o segundo maior produtor de hidroeletricidade mundial (Quadro 4), sendo
responsável por cerca de 11% do total deste tipo de energia gerada no mundo (Quadro 5).
Figura 6 – Produção de energia elétrica no Brasil em 2005
Fonte: MME – Ministério das Minas e Energia (2007)
País
(baseado nos
10 principais
produtores)
% de hidro
do total
dom éstico
de
geração
etrica
Noruega 98,8
Brasil
82,8
Venezuela 71,0
Canadá 57,0
Suécia 39,6
Rússia 18,9
China 16,1
Índia 12,7
Japão 8,8
EUA 6,5
Dem ais países
14,2
M undo
16,1
Quadro 4 – Principais países e suas participações na geração de energia hidroelétrica sob o total
de geração elétrica em 2004.
Fonte: Adaptado de IEA - Key World Energy Statistics, 2006.
60
Produtores TWh
% do
total
mundial
China 354 12,6
Canadá 341 12,1
Brasil
321
11,4
EUA 271 9,7
Rússia 176 6,3
Noruega 109 3,9
Japão 94 3,3
Índia 85 3,0
Venezuela 70 2,5
Suécia
60
2,1
Demais países
927
33,1
Mundo
2.808
100,0
Capacidade
Instalada
(baseado na
produção)
GW
EUA 99
China 86
Canada 67
Brasil
59
Japão 46
Rússia 44
Índia 30
Noruega 28
França 25
Suécia
16
Demais países
307
Mundo
807
Quadro 5 – Participação dos países na produção e na capacidade instalada de geração de
hidroeletricidade em 2004.
Fonte: IEA - Key World Energy Statistics, 2006.
Este papel complementar de geração de energia para o sistema das usinas termelétricas
movidas a gás natural gera uma dependência da sua demanda em relação à geração das usinas
hidrelétricas, e, dessa forma, o torna dependente da incerteza da energia natural afluente
(ENA)
8
. Isso provoca uma demanda bastante variável e de difícil previsão.
A seguir serão descritas algumas informações sobre a organização do sistema elétrico
brasileiro, que são necessárias para explicar o papel de complementaridade desempenhado
pela energia termelétrica movida a gás natural.
Sustentado pelas Leis 10.847 e 10.848, de 15 de março de 2004; e pelo Decreto
5.163, de 30 de julho de 2004, o Governo Federal lançou as bases de um novo modelo para
o Setor Elétrico Brasileiro. Foram instituídos dois ambientes para celebração de contratos de
compra e venda de energia elétrica: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o
Ambiente de Contratação Livre (ACL).
Participam do ACR agentes de geração e de distribuição de energia elétrica através de
contratos bilaterais livremente negociados de compra e venda de energia elétrica, conforme
regras e procedimentos de comercialização específicos. Os leilões de energia fazem parte
deste ambiente, por onde são atendidos os mercados das distribuidoras, de grande volume e
8
Quantidade de energia que poderia ser gerada das vazões naturais de cada bacia considerando a produtibilidade
das hidrelétricas localizadas em cada bacia, não considerando a regularização das vazões pelos reservatórios.
61
importância. Esse é o mercado dos consumidores cativos que tem as tarifas ainda reguladas e
repasse limitado de custos.
O funcionamento dos leilões ocorre da seguinte forma: o regulador do setor agrega a
demanda de todas as distribuidoras do país para vários anos e organiza um leilão que pretende
comprar a energia necessária para atender a essa demanda com o menor custo possível. Por
outro lado, as distribuidoras, declarando suas demandas, são obrigadas a contratar toda a
energia necessária para atendê-las.
Os preços são definidos ao longo do leilão, no qual os agentes vendedores de energia
fazem propostas de venda de energia seguindo as regras estabelecidas. São escolhidos então
os vendedores necessários para atender a demanda e que são capazes de oferecer os menores
preços no leilão.
no ACL participam os agentes de geração, agentes de comercialização,
importadores e exportadores e consumidores livres de energia elétrica através de operações de
compra e venda de energia elétrica entre agentes vendedores e agentes de distribuição,
precedidas de licitação, ressalvados os casos previstos em lei, conforme regras e
procedimentos de comercialização específicos.
A diferença entre a energia que foi consumida e a que foi contratada é contabilizada na
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), valorada ao Preço de Liquidação
das Diferenças (PLD). Este preço possui variação semanal e tem como base o custo marginal
de operação do sistema como um todo.
A geração termelétrica, com seu papel complementar às hidrelétricas do sistema
brasileiro, representa um fator de segurança energética ao Sistema Interligado Nacional (SIN),
mitigando a variabilidade da oferta hidrelétrica e permitindo a otimização hidro-térmica. Dada
a variabilidade da oferta hidrelétrica e a correlação de regime hidrológico das bacias, sempre é
possível a ocorrência de uma conjunção de hidrologias desfavoráveis, afetando a segurança
energética, para a qual uma solução na mitigação do risco de racionamento é o aumento da
participação térmica na oferta.
Existem três situações onde pode ocorrer o despacho das usinas termelétricas:
despacho por rito ou pilha, despacho por inflexibilidade e despacho técnico. O despacho
por pilha ocorre quando a seqüência de despachos se pelas termelétricas de menor valor
declarado. O despacho por inflexibilidade é de iniciativa da própria termelétrica, ocorrendo
normalmente quando existem contratos de compra do gás natural contendo cláusulas de TOP,
ou no caso de testes de equipamentos. O despacho técnico ocorre por determinação do
operador técnico do sistema, visando melhorias das suas condições de segurança e técnica.
62
4.7 FORMAÇÃO DOS PREÇOS
A unidade de referência de valor mais comumente usada na precificação do gás
natural é o US$/mmbtu
9
, unidade de medida de energia britânica. Hoje, ainda não existe um
preço de referência internacional para o gás natural uma vez que a construção de um mercado
internacional está em andamento, a partir da expansão da cadeia de GNL. O crescimento dos
fluxos de GNL possibilitará uma maior integração entre os mercados consumidores
continentais formatando aos poucos um valor unificado de referência para o produto.
A precificação do gás natural de venda para os consumidores no mercado mundial
depende, principalmente, da duração dos contratos. Os preços dos contratos de longo prazo
podem ser fixos, indexados aos preços dos mercados spot ou futuro, ou relacionados ao preço
de combustíveis alternativos ou da eletricidade.
Por ser o principal mercado mundial, o mercado norte-americano vêm balizando nos
últimos anos os preços do gás comercializados na Bacia Atlântica. Seu principal valor de
referência para o GNL é o preço praticado no Henry Hub, estação de entrega de gás para
distribuidora local, cotado e negociado na bolsa de mercadorias de Nova Iorque (NYMEX).
O GNL importado compete diretamente com o preço do s natural produzido
localmente nos campos continentais ou marítimos e com o gás natural importado via
gasodutos. A diferença é que os contratos de curto prazo de GNL têm, normalmente, na
comercialização no eixo do Atlântico, seu preço baseado no Henry Hub expondo as suas
transações, desta forma, a um significativo nível de risco, dado o atual elevado grau de
volatilidade do preço do gás no mercado americano.
Devido ao crescimento da demanda de gás natural e da oferta não ter acompanhado
este crescimento no prazo, o preço do Henry Hub tem mudado de patamar nos últimos anos.
Porém, as perspectivas de expansão do mercado e seu preço elevado geram oportunidades de
instalação de novos terminais de regaseificação.
Na Europa, os preços do GNL são, na sua maior parte, relacionados aos preços dos
combustíveis substitutos e estão se aproximando às tendências de variação do preço do gás no
mercado spot europeu, cotado nos centros de consumo e distribuição assim como o
americano. O principal hub europeu é o Zeebrugge.
A Figura 7, a seguir, mostra o histórico dos preços médios do gás natural praticados
nos principais hubs comercializadores de gás natural dos países.
9
mmBtu: Milhão de BTU (British Thermal Unit), unidade de energia britânica.
63
Figura 7 – Preços médios do Gás Natural.
Fonte: IEA - Key World Energy Statistics, 2006.
4.8 TERMOS DOS CONTRATOS E SUA FLEXIBILIZAÇÃO
No início do desenvolvimento da indústria do gás natural, o pequeno número de
ofertantes e demandante provocavam uma forte interdependência entre eles. Para contornar os
elevados custos de transação inerentes, a indústria tendeu a adotar a integração vertical entre
os agentes da sua cadeia ou contratos de longo prazo garantindo, assim, o retorno dos
elevados investimentos. Estes contratos de comercialização de gás natural, além do seu prazo
elevado, possuem cláusulas específicas com o objetivo de permitir o gerenciamento da
incerteza quanto às prováveis variações da renda, tais como: fixação dos preços pelos custos
da cadeia ou por netback
10
; cláusulas que permitem renegociação periódica; cláusulas de
TOP, SOP e DOP.
Os contratos de longo prazo podem ser mais ou menos flexíveis sobre várias
dimensões, tais como preços e reajustes, quantidades contratadas, penalidades, etc. Uma
cláusula de adaptação eficiente deveria comportar dois objetivos principais, que são
conflitantes: eliminar a liberdade de os agentes se comportarem de forma oportunista e manter
o máximo grau de flexibilidade para que se possa responder às contingências que surgem ao
longo da transação.
10
Valor do gás vendido ao cliente no ponto de consumo, descontados os custos de transporte e de produção.
64
Existem hoje, no mercado brasileiro, vários tipos de contratos entre a comercializadora
com as companhias distribuidoras de gás, conforme anteriormente citados (PETROBRAS,
2007):
Gás natural firme: Também conhecido como inflexível, é o tipo “tradicional” de
contrato de fornecimento. Este tipo de contrato cria um compromisso de compra
do gás natural com pagamento pela distribuidora de uma quantidade mínima do
produto, correspondente ao percentual de TOP, e de uma parcela fixa do seu
transporte, correspondente ao percentual de SOP, ao comercializador. Por outro
lado, o comercializador possui a obrigatoriedade de entregar para as distribuidoras
uma quantidade fixa correspondente ao percentual de DOP. Este tipo de contrato é
dedicado, principalmente, a clientes que apresentam demanda com pouca variação
do seu volume contratado.
Gás natural flexível: Esta modalidade contratual é dedicada ao cliente
biocombustível, que pode ser obrigado a usar um insumo alternativo, como o óleo
combustível, em vez de gás, dependendo da disponibilidade da comercializadora.
Este energético substituto será entregue pelo próprio comercializador, em
momentos em que lhe for mais interessante esta troca.
Gás natural interruptível: Neste tipo de contrato o comercializador não garante a
manutenção do suprimento total do gás natural à distribuidora, podendo suspender
o fornecimento sob condições contratuais e o cliente fica responsável pelo
substituto.
Gás natural preferencial: Estes contratos são dedicados a demandas que, além de
apresentar elevada flutuação de volume, não podem ser substituídas por outro
energético. Esta modalidade de contrato permite ao comprador do gás consumir o
produto somente quando este o é necessário, não sendo onerado por não ter usado
nos demais períodos. Podemos enquadrar neste tipo de demanda o abastecimento
através da estrutura de transporte flexível do GNL, que permite ao s natural ser
transportado, de forma condensada, a longas distâncias, sem a necessidade de
construção da infra-estrutura fixa dos gasodutos. Casos que apresentam elevada
65
flutuação do seu volume demandado não devem ser abastecidos por gasodutos,
uma vez que a infra-estrutura de oferta construída tenderá a ficar parte do tempo
ociosa, não remunerando adequadamente seus investimentos fixos.
Em alguns contratos as condições de preços são fixas por toda a sua validade. Outros
contratos prevêem instrumentos de renegociação dos preços como forma de adaptação quando
ocorrem mudanças de cenários. Experiências com contratos de longo prazo com cláusulas de
TOP no Reino Unido e nos EUA indicam que obrigações contratuais podem ter um elevado
custo para as companhias envolvidas quando circunstâncias, tais como a estrutura regulatória,
mudem substancialmente, sem que haja previsão no contrato sobre renegociações (IEA,
2002).
4.9 QUESTÕES ESTRATÉGICAS
No caso das transações internacionais as incertezas associadas são maiores porque
existe um maior risco de que modificações não previstas no arcabouço regulatório de um dos
países envolvidos afetem o equilíbrio de contratos de longo prazo. A heterogeneidade do
ambiente regulatório e no ritmo de implementação das reformas entre os países para causar
problemas na integração energética.
Além disso, ainda existe o risco político, que também é maior neste tipo de transação.
Problemas políticos de ambos os lados podem mudar os parâmetros da transação de forma
imprevista.
Existe ainda o risco econômico não administrado, que corresponderia a variações
imprevistas no preço dos combustíveis concorrentes em função da volatilidade do câmbio e
do contexto de liberalização dos preços desses combustíveis.
A Figura 8, a seguir, mostra as maiores importações e exportações de gás natural,
através de gasodutos ou GNL, entre os países em 2006.
66
Figura 8 – Maiores movimentações de gás natural entre os países em bilhões de m
3
.
Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2007.
5 ETAPAS E MODELAGEM DO PROBLEMA
Este capítulo descreve as etapas da modelagem do método ELECTRE Tri assim como
a sua aplicação num estudo de caso. As etapas da modelagem foram adaptadas a partir do
trabalho de Costa, Soares e Oliveira (2004).
5.1 ETAPAS DA MODELAGEM
A seguir, descrevem-se as etapas da modelagem a ser seguida com o objetivo da
resolução do problema através do método ELECTRE Tri.
Definição do Problema
Esta etapa tem como objetivo identificar e caracterizar o problema. Serão definidos os
diferentes tipos de demandas a serem estudadas e suas possíveis fontes de suprimento capazes
de atendê-las. Esta metodologia visa agregar as fontes de suprimento analisada em classes
definidas à priori. A partir dessa classificação será possível a observação do nível de
atendimento de cada fornecedor às exigências de cada tipo de sua demanda.
A partir da Figura 9, a seguir, tem-se um exemplo de classificação proposta como
resultado da metodologia. A figura ilustra que a partir dos tipos de suprimento selecionados
como possíveis de atendimento do energético (como, por exemplo, fontes de suprimento A,
B, C, D, E e F), a metodologia as alocará em classe pré-definidas de satisfação aos requisitos
da demanda a ser atendida (como, por exemplo, as classes primeira, segunda, terceira, quarta
e quinta).
68
Figura 9 – Exemplo hipotético de classificação das fontes de suprimento.
Fonte: Adaptado de Mousseau, Slowinski e Zielniewicz (2000).
Definição das Alternativas
Esta etapa tem como objetivo a definição das alternativas que serão analisadas no
estudo. Busca-se identificar o objeto de análise, ou seja, as alternativas de suprimentos de gás
natural que serão avaliadas, sob a ótica do mercado em foco.
Definição dos Critérios
Esta etapa tem como objetivo descrever os critérios considerados na avaliação das
alternativas de suprimento em estudo. Estes critérios são considerados os fatores críticos de
avaliação do grau de atendimento das necessidades da demanda.
Identificação do facilitador
O método prevê a necessidade de um conhecedor do processo de modelagem para
auxiliar o avaliador na definição dos critérios, pesos, julgamentos das alternativas e demais
variáveis necessárias à modelagem do problema.
Identificação do Avaliador
O método prevê a necessidade de um especialista do problema em estudo de forma a
definir e quantificar os critérios que melhor refletem a tomada de decisão.
Fontes de
Suprimento
Classificação
D
B
F
C
A
E
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
B
D F
C
A E
69
Descrição da Coleta de Dados
De forma a melhor organizar e orientar o processo de coleta de dados deve-se definir
os meio pelos quais ela será realizada, seja, por exemplo, através de um questionário de apoio
nas entrevistas pessoais, respostas via recebimento de e-mails através da Internet, etc.
Definição da Escala de Importância (peso) dos Critérios
Nesta etapa especifica-se a escala para se realizar os julgamentos dos pesos de cada
critério. O peso está associado à percepção do comercializador de gás em relação à
importância ou influência do critério no grau de competitividade da alternativa de suprimento
no atendimento à demanda.
Atribuição dos Pesos dos Critérios
Esta etapa tem como objetivo estabelecer pesos associados a cada critério, com o
auxílio da escala de julgamentos anteriormente definida.
Definição da Escala de Julgamento dos Critérios
Nesta etapa especifica-se a escala de julgamentos dos desempenhos de cada alternativa
de suprimento à luz de cada critério. Pode ser construída uma escala diferenciada para cada
critério.
O Quadro 6 contempla um exemplo dos valores que podem ser definidos para a
avaliação do grau de satisfação geral dos critérios em relação ao atendimento dos requisitos
da demanda.
Avaliação Pontuação
Muito acima da média esperada 2
Pouco acima da média esperada 1
Em torno da média esperada 0
Pouco abaixo da média esperada -1
Muito abaixo da média esperada -2
Quadro 6 – Exemplo de pontuação dos critérios em relação ao grau de atendimento.
Fonte : Elaboração própria.
70
Identificação das Classes de Equivalência e seus Limites
Esta etapa tem o objetivo de identificar as classes de equivalência juntamente com
seus respectivos limites ao estabelecer “classes-padrão” de satisfação. Estas classes, também
conhecidas como “perfis”, são definidas por limites superiores e inferiores.
A figura 10 a seguir, demonstra um exemplo de como os “perfis” delimitam as classes
onde serão enquadradas as alternativas.
Figura 10 – Exemplo de delimitação das classes a partir dos perfis escolhidos.
Fonte : Elaboração própria.
Emissão de Julgamento de Valor
Esta etapa tem o objetivo de emitir julgamento de valor, avaliando-se o desempenho
das alternativas de suprimento, à luz de cada critério. Esta etapa deverá ser efetuada por
especialista(s) que tenha(m) conhecimento profundo sobre o comportamento do suprimento
de gás natural.
Neste processo, o avaliador emite julgamento de valor baseado nas escalas definidas
de pesos e de julgamento dos critérios.
Processamento dos Dados
Nesta etapa é executado o algoritmo de classificação do ELECTRE Tri onde se obtém
a classificação das alternativas de suprimento analisadas em uma das classes-padrão
construídas previamente. Os resultados, baseados no método de subordinação, podem ser
baseados em duas formas de classificação: pessimista (mais exigente) e otimista (menos
exigente), conforme descritas a seguir:
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
Perfil 1
Perfil 2
Perfil 3
Perfil 4
71
Classificação pessimista (mais exigente): Uma alternativa é classificada em uma
determinada classe se apresentar um desempenho pelo menos tão bom quanto o
perfil imediatamente superior a este em um determinado número de critérios
(classificação de cima para baixo).
Classificação otimista (menos exigente): Uma alternativa é classificada em uma
determinada classe se apresentar um desempenho imediatamente inferior ao perfil
desta classe em um determinado número de critérios (classificação de baixo para
cima).
Análise dos Resultados
De posse dos resultados individuais de fonte de suprimento à luz dos critérios
considerados, avalia-se sua classificação, analisando-se, inclusive, o grau de credibilidade
destes resultados.
5.2 APLICAÇÃO DO MODELO EM ESTUDO DE CASO
Objetivando ilustrar a aplicação da metodologia proposta, apresenta-se, dividido nas
etapas descritas anteriormente, um estudo de caso sobre o problema.
Por motivo de confidencialidade, as descrições das fontes de suprimento foram
substituídas por letras assim como determinados valores relacionados às suas características
analisadas foram modificados.
Definição do Problema
O mercado consumidor de gás natural delimitado na análise pertence à região do
estado do Rio de Janeiro, Brasil. O volume projetado como demanda desse mercado é
baseado no seu consumo médio diário realizado no ano de 2006.
A região metropolitana
11
do Rio de Janeiro é atendida pela concessionária de
distribuição de gás natural CEG Companhia do Estado do Rio de Janeiro, assim como o
11
Municípios da área CEG: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí,
Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Mangaratiba, Niterói, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São
Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica, Tanguá .
72
interior do estado é atendido pela CEG-Rio
12
. A Figura 11 e a Figura 12 apresentam alguns
dados econômicos sobre as empresas CEG e CEG-Rio, respectivamente.
Figura 11 – Dados econômicos CEG.
Fonte: CEG (2007).
Figura 12 – Dados econômicos CEG.
Fonte: CEG (2007).
12
Municípios da área CEG-Rio: Regiões Norte e Noroeste Fluminense, Baixada Litorânea, Médio Paraíba,
Região Serrana, Centro Sul e Baía de Ilha Grande, que englobam 72 municípios do interior do estado do Rio.
73
A parcela deste mercado, que é analisada neste trabalho, apresenta sua demanda
dividida em uma parte do tipo firme e outra do tipo não-firme. Dessa forma, existe uma
demanda praticamente ininterrupta e com crescimento previsível e outra apresentando um
comportamento oscilante e não previsível. Neste estudo, a parcela da demanda do tipo firme é
composta pelo segmento de consumo não termelétrico e a do tipo não firme, do segmento
termelétrico.
A partir deste perfil de demanda, pode-se definir um piso mínimo e um teto máximo
possível de volume a ser fornecido para o período em análise. O volume demandado não-
firme oscilará entre estes limites, podendo assumir qualquer valor entre as linhas de demanda
mínima e de demanda máxima. A seguir, o Gráfico 9 ilustra este comportamento da demanda.
0
5
10
15
20
25
30
35
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10
MMm³/dia
Demanda Máx Não Firme
Demanda Firme
Exemplo de posvel Demanda Total
Gráfico 9 – Exemplo de Perfil da demanda do mercado em estudo.
Fonte: Elaboração própria.
O objetivo deste trabalho é a classificação de algumas alternativas de suprimento em
grupos que atendam de diferentes formas a demanda em estudo, orientando uma melhor
decisão pela escolha. Esta classificação se dará de acordo com critérios de avaliação e
classificação pré-definidos, onde as opções de suprimento serão alocadas em grupos que
atendem mais ou menos às necessidades da demanda.
Como o perfil da demanda em estudo é composto de duas partes bastante diferentes, o
problema foi dividido em dois: o atendimento à demanda do tipo firme e o atendimento à
demanda do tipo não-firme, buscando dois resultados de classificação diferenciados.
74
A Figura 13, a seguir, exemplifica o tipo de classificação a ser alcançada como
resultado deste trabalho. O problema é dividido em dois, onde a parte da demanda não-firme
recebe uma classificação diferente da demanda firme, de acordo com as suas respectivas
especificidades.
Figura 13 – Exemplo hipotético de classificação das fontes de suprimento propostas.
Fonte: Elaboração própria. Adaptado de Mousseau et al. (1999).
Definição das Alternativas
Foram consideradas seis combinações de fonte de suprimento e transporte de gás
natural para análise de atendimento a esta demanda. Estas alternativas de fornecimento foram
escolhidas por serem consideradas factíveis, numa avaliação prévia, para atender o
suprimento da região em estudo.
As alternativas de fornecimento em análise foram aqui denominados por letras onde
foram fornecidas algumas informações genéricas sobre suas características, descritas a seguir:
Alternativa AG (Campo nacional Associado, Gasoduto):
Produção de campo nacional de gás natural, associado ao petróleo;
Transporte via gasoduto.
Alternativa NAG (Campo nacional Não Associado, Gasoduto):
Produção de campo nacional de gás natural, não associado ao petróleo;
Transporte via gasoduto.
Fontes de
Suprimento
Classificação
para Não Firme
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
A
D
B
C
E
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
CLASSE
B
A
E
D
C
Classificação
para Firme
D
B
F
C
A
E
75
Alternativa IG (Importação, Gasoduto):
Importação do país “P”;
Transporte via gasoduto.
Alternativa ILF (Importação, gás Liquefeito (GNL), Firme):
Importação do país “Q”;
Transporte via GNL em base de suprimento “firme”.
Alternativa ILNF (Importação, gás Liquefeito (GNL), Não Firme):
Importação do país “Q”;
Transporte via GNL em base de suprimento “não firme” ou flexível.
Definição dos Critérios
Os critérios foram definidos a partir da revisão bibliográfica tratada no segundo
capítulo e da análise dos tópicos detalhados no quarto capítulo, onde é descrita a problemática
da comercialização do gás natural, destacando os principais fatores que influenciam as
decisões de suprimento.
Esta análise foi apresentada ao especialista do estudo que ratificou os critérios
anteriormente definidos, e que desta forma, serão considerados neste estudo: Custo de
Atendimento, Ajuste nos Termos do Contrato, Prazo de Atendimento, Flexibilidade de
Volume, Qualidade e Questões Estratégicas.
Estes critérios estão a seguir detalhados assim como sua forma de avaliação.
Custo de Atendimento
A premissa básica adotada para o critério custo de atendimento refere-se a
consideração do mercado em análise estar localizado em um país importador de gás natural e,
dessa forma, ter o seu custo oportunidade baseado na sua paridade de importação.
Para cada fonte de suprimento, determina-se a melhor alternativa de venda do gás
natural. Calcula-se o valor médio esperado unitário, em US$/mmBtu, do atendimento do
produto a partir das fontes de suprimento que adicionando aos respectivos custos de transporte
para levar o produto até a distribuidora de gás natural, determinam o custo mínimo a partir de
cada fonte de suprimento.
Os custos de oportunidade dos produtores foram estabelecidos com base na alternativa
de exportação para o mercado americano ao preço do gás natural spot no Henry Hub. O
76
mercado americano foi o escolhido devido a ser o maior mercado consumidor atual mundial
de gás natural e, por sua vez, consumidor de última instância do produto.
Os valores médios referentes à cadeia de GNL, tais como custo médio de liquefação,
regaseificação e shipping
13
de GNL, foram obtidos a partir de casos genéricos estudados por
Roe, (2001). As distâncias entre os portos para o transporte do gás natural na forma de GNL
foram obtidos no site de Internet <www.searates.com>.
Os valores para a análise das fontes de suprimento foram baseados nos preços
estimados do gás natural de longo prazo vendidos na modalidade spot no Henry Hub e
projetados pela EIA Energy Information Administration, fornecedor das estatísticas oficiais
de energia dos EUA. A seguir, no Gráfico 10, observam-se estes valores históricos e suas
projeções, que serviram como base para comparação dos custos de suprimento aqui
analisados.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
US$/mmBtu
6,08
8,60
7,07
7,23
7,17
6,60
6,28
5,83
5,66
5,49
5,52
5,46
5,56 5,78
5,68
5,62
5,71 5,71 5,85
5,98
6,15 6,14 6,17
6,25
6,39
6,48
6,52
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
201
0
201
1
201
2
201
3
201
4
201
5
201
6
201
7
201
8
201
9
20
20
20
21
20
22
20
23
20
24
20
25
20
26
20
27
20
28
20
29
20
30
Gráfico 10 – Histórico e projeção do preço do gás natural comercializado no Henry Hub (US$ de
2005).
Fonte: EIA Natural Gas Forecast 2007.
Prazo de Atendimento
Este critério tem como objetivo avaliar o tempo transcorrido, de cada fonte de
suprimento, incluindo o tempo do seu transporte, entre a data de solicitação do produto e a
data de quando ele é efetivamente disponibilizado às distribuidoras de gás natural.
13
Shipping é um termo usado pela indústria do GNL e refere-se ao seu transporte em mar.
77
Flexibilidade no Suprimento
O critério flexibilidade da demanda significa o grau de variação do volume permitido
ou negociado pelas fontes de suprimento, objetivando a manutenção do fornecimento em
virtude de flutuações na demanda.
Neste caso, o tipo de campo de produção que o gás está sendo comprado influenciará
este critério. Sendo campo de gás associado ao petróleo, este necessitará de uma venda do tipo
firme, de forma a o prejudicar a produção do óleo. Sendo campo de gás não associado ao
petróleo, sua produção poderá tornar-se mais flexível. Esta produção, porém, nunca poderá
ser totalmente flexível, uma vez que, devido aos elevados investimentos realizados na sua
exploração e para a sua produção, torna-se necessário que o campo mantenha uma
determinada taxa de produção constante de forma a permitir o retorno deste investimento.
Esse grau de flexibilização da demanda também pode ser quantificado através das
cláusulas de TOP e SOP.
Ajuste nos Termos do Contrato
Neste critério considera-se a flexibilidade do fornecedor na negociação de reajustes
nos termos dos contratos. Os termos de um contrato de fornecimento de gás natural são
baseados em um determinado cenário de crescimento da economia e de preços relativos de
longo prazo, visualizados na época da sua formatação. Este cenário, que depende também de
outras variáveis igualmente mutáveis, pode sofrer variações consideráveis, provocando
elevadas perdas financeiras para o comercializador ou para o fornecedor. O critério tem como
objetivo demonstrar a capacidade de resposta da fonte de suprimento a se adequar mudanças
no ambiente pós-contratação.
Entre os principais termos de um contrato de suprimento de gás entre os fornecedores
e os agentes comercializadores, podem-se citar: preços, volumes, percentuais de flexibilidade
da demanda contratada, entre outros.
Como se trata de um critério subjetivo, sua valoração se daatravés da emissão de
julgamentos pessoais de especialistas.
Qualidade do Produto
Este critério indica variações das especificações existentes para o gás natural próprio
para comercialização nacional em relação ao fornecido pelas diferentes fontes de suprimento.
Os valores estabelecidos como padrão de qualidade, a ser observada pelas fontes de
suprimento, são os que constam na Portaria ANP n.104, de oito de julho de 2002. Esta
78
portaria estabelece a especificação do gás natural a ser comercializado em todo o território
nacional.
Questões Estratégicas
Este critério trata da configuração política em vigor no país onde a empresa da fonte
de suprimento está instalada e sua expectativa de variação.
Os principais parâmetros influentes na decisão de classificação das fontes de
suprimento e que serão relacionados neste critério são:
Regulação atual do sistema e expectativas de variações;
Risco país;
Valores culturais: respeito a contratos, Instituições fortes;
Possibilidade de diversificação das fontes de suprimento.
Como se trata de um critério subjetivo, sua avaliação se dará através de julgamento
pessoal de especialistas da área.
Identificação do Facilitador
De forma a auxiliar o avaliador na definição dos parâmetros a serem usados na
modelagem, tornou-se necessária a presença de um conhecedor tanto do problema quanto da
modelagem do método ELECTRE. O facilitador escolhido foi o próprio autor do presente
trabalho.
Identificação do Avaliador
Para o desenvolvimento do processo de avaliação foi entrevistado um especialista no
mercado em análise, para a realização das seguintes etapas da modelagem:
Definição dos critérios;
Atribuição dos pesos dos critérios;
Emissão do julgamento de valor dos critérios.
O especialista ocupa função gerencial na gerência executiva de comercialização de gás
natural e energia da Petrobras, tendo o seguinte perfil:
Função: Gerente de Avaliação de Mercado de Desenvolvimento de Mercado
Formação acadêmica: Engenheiro Eletricista. Mestrado em Processamento e
Análise de Sinais.
79
A definição dos critérios foi realizada a partir da revisão bibliográfica analisada no
trabalho. Os critérios sugeridos foram apresentados para o especialista em reunião e por ele
ratificada.
Descrição da Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada através de entrevista individual onde foram
demonstrados, para apreciação do avaliador, um formulário de apoio. No formulário estão
apresentadas as alternativas disponíveis, os critérios e sugestões de valores para os pesos e
valores atribuídos aos critérios.
Definição da Escala de Importância (peso) dos Critérios
A escala de julgamentos adotada neste trabalho foi baseada na escala de Likert (1971)
que prevê que o consumidor constrói níveis de aceitação dos produtos e serviços, conforme
suas experiências e influências sociais. Rensis Likert, em 1932, elaborou esta escala para
medir esses níveis. As escalas de Likert, ou escalas Somadas requerem que os entrevistados
indiquem seu grau de concordância ou discordância com declarações relativas à atitude que
está sendo medida. A escala de Likert apresenta uma série de cinco proposições, das quais o
inquirido deve selecionar uma, podendo estas ser: concorda totalmente, concorda, sem
opinião, discorda, discorda totalmente. É efetuada uma cotação das respostas que varia de
modo consecutivo: +2, +1, 0, -1, -2 ou utilizando pontuações de 0 a 4, onde as declarações de
concordância devem receber valores positivos ou altos enquanto as declarações das quais
discordam devem receber valores negativos ou baixos.
O 0 representa a escala verbal e o peso numérico associado ao nível de concordância
usado no trabalho.
Escala Verbal Valor Numérico
Extremamente importante 4
Muito Importante 3
Importante 2
Pouco importante 1
Sem influência 0
Quadro 7 – Escala para julgamento da importância dos critérios.
Fonte: Likert (1971).
80
Atribuição dos Pesos dos Critérios
Os pesos foram definidos através de julgamentos de valor obtido por meio da revisão
de literatura sobre o assunto e acordados em entrevista com o especialista, na etapa da coleta
de dados. Para a atribuição dos pesos foram utilizados valores proporcionais à importância de
cada critério no atendimento global da demanda em análise, se comparando com os demais
critérios avaliados.
O Quadro 8, a seguir, demonstra os pesos estabelecidos pelo especialista para os
critérios em relação ao suprimento de uma demanda de gás natural do tipo firme e não-firme.
Peso
Critério Descrição
Firme Não Firme
Cr1 Custo de Atendimento 4 2
Cr2 Prazo de Atendimento 2 4
Cr3 Flexibilidade no Suprimento 0 4
Cr4 Ajuste nos Termos do Contrato 3 3
Cr5 Qualidade do Produto 3 1
Cr6 Questões Estratégicas 3 4
Quadro 8 – Pesos atribuídos aos critérios por tipo de demanda analisada.
Fonte: Elaboração própria.
Definição da Escala de Julgamento dos Critérios
A seguir são apresentadas tabelas com a especificação da escala para julgamento dos
critérios e a formação dos seus respectivos valores.
Escala de julgamento de “Custo de Atendimento”
A escala de julgamento para o critério “Custo de Atendimento” teve como base de
formação o histórico e da projeção dos preços médios do gás natural vendido no Henry Hub,
preços referenciais nas transações do produto no eixo Atlântico, observados no 0. A partir
destes valores as fontes de suprimento serão classificadas acima ou abaixo destes valores
meios.
O Quadro 9 e o Quadro 10, descrevem os valores a serem utilizados neste critério no
julgamento das fontes de suprimento firme e não-firme, respectivamente.
81
Quadro 9 – Escala para julgamentos à luz de “Custo de Atendimento” para o suprimento firme.
Fonte: Elaboração própria.
Quadro 10 – Escala para julgamentos à luz de “Custo de Atendimento” para o suprimento não-firme.
Fonte: Elaboração própria.
Escala de julgamento de “Prazo de Atendimento”
A escala de julgamento para o critério “Prazo de Atendimento” teve como base de
formação os prazos médios de atendimento do produto factíveis, de acordo com a localização
de cada fonte de suprimento bem como o seu modal de transporte a ser utilizado.
Dessa forma, as fontes de suprimento serão classificadas da melhor forma que se
enquadre em cada escala de julgamento.
O Quadro 11 descreve os valores a serem utilizados neste critério no julgamento das
fontes de suprimento.
Quadro 11 – Escala para julgamentos à luz de “Prazo de Atendimento”.
Fonte: Elaboração própria.
82
Escala de julgamento de “Flexibilidade no Suprimento”
A escala de julgamento para o critério “Flexibilidade no Suprimento” teve como base
de formação as taxas de flexibilidade média da oferta esperada de acordo com os tipos de
suprimento existentes.
A estimativa do custo da sua flexibilidade foi valorado no critério “Custo de
Atendimento” diferenciando o atendimento de uma demanda não-firme, porém, como se trata
de uma previsão estimada de acordo com parâmetros que podem não se realizar, este critério
“Flexibilidade no Suprimento” tem papel complementar na quantificação destes custos,
atribuindo pontuação genérica para os tipos de suprimento analisados.
Dessa forma, as fontes de suprimento serão classificadas da melhor forma que se
enquadre em cada escala de julgamento.
O Quadro 12, a seguir, descreve os valores a serem utilizados neste critério no
julgamento das fontes de suprimento.
Quadro 12 – Escala para julgamentos à luz de “Flexibilidade no Suprimento”.
Fonte: Elaboração própria.
Escala de julgamento de “Ajuste nos Termos do Contrato”
Como o critério “Ajuste nos Termos do Contrato” requer uma avaliação subjetiva, a
formação da sua escala de julgamento tomou como base descrições de tipos de situações
observadas nas renegociações dos contratos após a sua assinatura.
Dessa forma, as fontes de suprimento serão classificadas da melhor forma que se
enquadre em cada escala de julgamento.
O Quadro 13 descreve os valores a serem utilizados neste critério no julgamento das
fontes de suprimento.
83
Quadro 13 – Escala para julgamentos à luz de “Ajustes nos Termos do Contrato”.
Fonte: Elaboração própria.
Escala de julgamento de “Qualidade do Produto”
A escala de julgamento para o critério “Qualidade do Produto” teve como base de
formação os padrões de qualidade estabelecidos pela ANP para a comercialização do gás
natural no Brasil.
Dessa forma, as fontes de suprimento serão classificadas da melhor forma que se
enquadre em cada escala de julgamento.
O Quadro 14, a seguir, descreve os valores a serem utilizados neste critério no
julgamento das fontes de suprimento.
Quadro 14 – Escala para julgamentos à luz de “Qualidade do Produto”.
Fonte: Elaboração própria.
Escala de julgamento de “Questões Estratégicas”
Como o critério “Questões Estratégicas” requer uma avaliação subjetiva, a formação
da sua escala de julgamento tomou como base descrições de tipos de situações possíveis em
relação a questões políticas e regulatórias que agreguem as demais situações descritas sobre
este critério anteriormente.
Dessa forma, as fontes de suprimento serão classificadas da melhor forma que se
enquadre em cada escala de julgamento.
84
O Quadro 15 descreve os valores a serem utilizados neste critério no julgamento das
fontes de suprimento.
Quadro 15 – Escala para julgamentos à luz de “Questões Estratégicas”.
Fonte: Elaboração própria.
Identificação das Classes de Equivalência e seus Limites
As classes de desempenho que servirão de padrões para classificar as fontes de
suprimento sob análise foram definidas por limites superiores e inferiores, também
denominados “perfis”. A seguir, no Quadro 16, seguem os valores dos limites adotados para
cada classe, que foram definidos de acordo com a escala apresentada anteriormente. Estes
valores e os perfis que limitam as classes são ilustrados pela Figura 14.
Classes de
Satisfação
Descrição das Classes
Limite
Superior
Limite
Inferior
A Muito Alta - 1,5
B Alta 1,5 0,5
C Média 0,5 -0,5
D Baixa -0,5 -1,5
E Muito Baixa -1,5 -
Quadro 16 – Classes de equivalência.
Fonte: Elaboração própria.
85
Figura 14 – Exemplo de delimitação das classes a partir dos perfis escolhidos.
Fonte : Elaboração própria.
Emissão de Julgamento de Valor
Neste item serão explicitadas as análises de desempenho das fontes de suprimento para
cada critério.
Análise da fonte de suprimento “AG”
Custo de Atendimento
O custo oportunidade do gás na alternativa AG, uma estimativa de valor para o seu
contrato de fornecimento, está associado a sua opção de exportação para o mercado
americano.
Contemplando uma estimativa de preço de longo prazo para o gás natural no Henry
Hub, EUA, de US$ 6.50/mmbtu, conforme expectativa da EIA explicitada no Gráfico 10, os
custos médios para se levar o gás produzido no mercado em análise brasileiro até a sua venda
no mercado americano por este valor, o descontados. O Quadro 17, a seguir, demonstra o
cálculo desses valores.
O custo oportunidade de exportação desse gás do Brasil deve ser comparado com o
seu custo de produção, uma vez que, sendo este último menor, não existe esta oportunidade de
exportação.
CLASSE
A
CLASSE
C
CLASSE
B
CLASSE
D
CLASSE
E
1,5
0,5
-
0,5
-
1,5
86
Quadro 17 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa AG.
Fonte : Elaboração própria.
Foi considerado um custo médio de produção de US$ 5.70/bbl, que equivale a US$
1.05/mmbtu
14
. Como este valor está abaixo da estimativa do custo oportunidade de
exportação desse gás para o mercado americano, então o seu valor, assim como a expectativa
do preço contratual, pode ser estimada pelo custo oportunidade, ou seja, US$ 4.03/mmbtu.
Uma vez que a estimativa refere-se a uma análise de custo médio anual, deve-se
considerar a expectativa de consumo do produto ao longo do período, que difere em se
tratando de uma demanda do tipo firme para uma demanda do tipo não-firme. Uma demanda
do tipo firme apresenta um consumo constante do volume contratado, representando uma
remuneração da fonte supridora nos mesmos termos. Considerando um consumo não-firme, a
remuneração da venda do gás natural deve ser maior o suficiente para que, quando
consumido, remunere o período que não houve consumo.
Considerando estes casos, o custo esperado de atendimento do gás natural deve ser
associado ao seu consumo projetado. No caso do consumo firme, o custo médio é constante
ao longo do período, sendo sempre remunerado. para o consumo do tipo não firme, este
valor estimado deve ser relacionado com a expectativa de despacho anual das termelétricas,
que no caso, representaria o tempo que este gás seria consumido. A expectativa de despacho
termelétrico anual, considerada neste trabalho, foi de 18%, que se refere à média do despacho
médio apurada dos anos de 2002 a 2005 sobre a capacidade termelétrica a gás natural
instalada no país nestes períodos. A Tabela 1, a seguir demonstra estes valores.
14
Custo médio de extração da Petrobras em 2005 em Petrobras (2007).
87
Tabela 1 – Média do consumo de gás natural sobre a capacidade instalada de termelétricas nos anos de
2002 até 2005.
Fonte : BEN (2003, 2004, 2005 e 2006) e Revista Brasil Energia (vários períodos).
Dessa forma, a estimativa de custo oportunidade calculada anteriormente para um
consumo do tipo não firme, foi dividida por 18%, de forma a melhor determinar o real valor
percebido por uma fonte de suprimento do tipo associado.
A seguir, no Quadro 18, seguem os cálculos dos valores correspondentes ao custo
médio de atendimento da alternativa AG, para os atendimentos do tipo firme e não firme.
Quadro 18 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa AG.
Fonte : Elaboração própria.
Prazo de Atendimento
Como se trata de um suprimento firme através de gasoduto, o gás natural é fornecido
de forma contínua, salvo problemas de ordem operacional e paradas programadas.
Flexibilidade no Suprimento
Como se trata de um suprimento do tipo firme, sua flexibilidade é reduzida, atendendo
a variação de demanda, porém a um custo elevado, ou, simplesmente não flexibilizando a
demanda, uma vez que a produção do gás natural do tipo associado não a permite.
88
Ajustes nos Termos do Contrato
Critério de análise subjetiva, a alternativa AG foi considerada como de negociação
demorada, com intenso desgaste entre as partes para a realização de ajustes nos contratos
assinados. Tal escolha relaciona-se ao fato de tratar-se de uma fonte de suprimento de gás
associado, cuja alteração na forma de consumo ou demais cláusulas pode acarretar em perdas
nos outros contratos de venda de óleo já acordados, por exemplo.
Qualidade do Produto
Esta alternativa foi classificada como um suprimento com necessidade de gastos
adicionais com processamento devido ao tipo de gás existente na bacia em análise.
Questões Estratégicas
Critério subjetivo, esta alternativa foi classificada como de médio risco de quebra de
contrato ou de mudança na regulação de acordo com o perfil histórico do seu país e suas
perspectivas futuras de risco.
Análise da fonte de suprimento “NAG”
Custo de Atendimento
A metodologia para o cálculo do custo médio de atendimento da alternativa NAG é a
mesma da anterior, ou seja, cálculo da estimativa do custo oportunidade do supridor. Como o
gás vendido no mercado spot americano, mais especificamente no Henry Hub, é valorado da
mesma forma tanto para uma venda do tipo firme quanto para uma venda do tipo flexível, a
estimativa do custo oportunidade da alternativa NAG é igual ao da alternativa AG, conforme
Tabela 2, a seguir.
89
Tabela 2 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa NAG
Fonte : Elaboração própria.
No entanto, este cálculo difere para a estimativa do seu custo médio esperado. No caso
de um campo de gás natural não associado ao petróleo, a produção de gás natural, conforme
observada no capítulo cinco, não é principalmente influenciada pelo mercado do óleo,
podendo obedecer à sua demanda específica. Um campo médio de gás natural, sendo exaurido
de forma contínua operando com sua produção máxima, teria um determinado tempo de vida.
No caso de um campo não associado, esta demanda pode ser flexibilizada, produzindo a uma
taxa menor, conforme a necessidade do cliente, e, desta forma, aumentando seu tempo de
vida.
Desta forma, ao utilizar o percentual de despacho esperado anual, considerado na
análise da alternativa anterior, num campo com vida de produção esperada máxima de 4 anos,
teria seu tempo de produção elevado. Para que o s mantenha o mesmo valor da venda do
produto em menor prazo, a partir da variação de prazo de produção, descontou-se os volumes
considerando uma taxa de 12% a.a., encontrando, desta forma, a taxa pela qual a estimativa de
custo oportunidade deve ser multiplicada de forma a encontrar o valor do gás de produção não
associada para a venda de forma não-firme.
90
Tabela 3 – Cálculo da taxa de valorização necessária para consumo não firme de campo não associado
Fonte : Elaboração própria.
A partir das premissas adotadas na análise da Tabela 3, observamos a necessidade de
uma taxa de 225% sobre o valor do gás com uso não firme para que ele seja remunerado da
mesma forma que o gás de uso firme.
Dessa forma, os valores adotados para estimar o critério custo de atendimento na
alternativa NAG, são os da Tabela 4, a seguir.
Tabela 4Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa NAG
Fonte: Elaboração própria.
Prazo de Atendimento
Como se trata de um suprimento firme através de gasoduto, o gás natural é fornecido
de forma contínua, salvo problemas de ordem operacional e paradas programadas.
Flexibilidade no Suprimento
Como se trata de um suprimento do tipo não-firme, sua flexibilidade é elevada,
atendendo a variações de demanda. Isso é possível devido à premissa de se tratar de um
91
campo não associado, cuja alteração do nível de produção acarreta em penalidades
financeiras, na sua maioria.
Ajustes nos Termos do Contrato
Na análise subjetiva foi considerado como de existência de negociação, porem com
determinado desgaste nas relações. Tal análise refere-se ao fato de o supridor em questão é de
um campo não associado, cuja alteração nos termos não provoca perdas em contratos
realizado de derivados do petróleo, por exemplo, mas em sua própria expectativa de
exploração e venda do produto.
Qualidade do Produto
Esta alternativa foi classificada como um suprimento com necessidade de gastos
adicionais com processamento devido ao tipo de gás existente na bacia em análise.
Questões Estratégicas
Critério subjetivo, esta alternativa foi classificada como de médio risco de quebra de
contrato ou de mudança na regulação de acordo com o perfil histórico do seu país e suas
perspectivas futuras de risco.
Análise da fonte de suprimento “IG”
Custo de Atendimento
Partindo da mesma metodologia de estimativa do custo oportunidade do gás natural
para o seu supridor, tem-se do preço do gás no mercado americano e a oportunidade do país P
exportar para este mercado.
Considerando as variáveis descritas na Tabela 5, e um custo de transporte por
gasoduto do país P até o seu porto mais próximo, pode-se calcular o seu trecho proporcional
ao do transporte dentro do Brasil de US$ 1,20/mmbtu (PIRES e SCHECHTMAN, 2006).
Chega-se então a um valor para o desconto da oportunidade de exportação para o mercado
americano de US$ 1,38/mmBtu.
Comparando o valor da oportunidade com o custo de produção do gás, considerado
neste caso o mesmo que o nacional, chega-se a um valor superior para o primeiro, sendo este
utilizado para dar o valor desta alternativa.
92
Tabela 5 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa IG
Fonte : Elaboração própria.
Como esta alternativa de suprimento possui um contrato do tipo firme com cláusula de
TOP e SOP de 80% e 100%, respectivamente, o custo médio de suprimento deve ser valorado
de forma a refletir estes custos por um consumo menor que o esperado, no caso da alternativa
não-firme. Considerando um TOP sobre o preço do produto e um SOP sobre o preço do seu
transporte, calcula-se o incremental de custos que o consumo não-firme desta alternativa de
suprimento supõe. A Tabela 6, a seguir, demonstra estes valores.
Tabela 6 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa IG
Fonte : Elaboração própria.
Dessa forma, os valores adotados para quantificar o critério custo de atendimento na
alternativa IG são os da Tabela 7, a seguir.
93
Tabela 7 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa IG
Fonte : Elaboração própria.
Prazo de Atendimento
Como se trata de um suprimento firme através de gasoduto, o gás natural é fornecido
de forma contínua, salvo problemas de ordem operacional e paradas programadas.
Flexibilidade no Suprimento
Como se trata de um suprimento do tipo firme, sua flexibilidade é reduzida, atendendo
a variação de demanda, porém a um custo elevado, no caso, o do TOP e SOP. Como a
premissa é de uma produção a partir de um campo não associado esta flexibilidade é
permitida.
Ajustes nos Termos do Contrato
A análise subjetiva deste critério retornou que a fonte de suprimento não é aberta a
negociações para ajusto nos termos do contrato. Esta escolha deveu-se a experiências
passadas de relacionamento com o produtor em questão.
Qualidade do Produto
Esta alternativa foi classificada como um suprimento com qualidade variável,
irregular. Este tipo de gás necessita de gastos mais elevados devido a necessidade de
monitoramento contínuo da sua qualidade, que pode, por exemplo, apresentar uma quantidade
de energia maior ou menor do que a regulada para comercialização pela ANP. Este gás
importado foi assim classificado devido ao tipo de supridor em análise apresentar estas
características.
94
Questões Estratégicas
Critério subjetivo, esta alternativa foi classificada como de muito alto risco de quebra
de contrato ou de mudança na regulação de acordo com o perfil histórico do seu país e suas
perspectivas futuras de risco.
Análise da fonte de suprimento “ILF”
Custo de Atendimento
A estimativa de custo médio de atendimento desta alternativa foi calculado de forma a
manter a mesma remuneração para o país exportador Q que ele ganharia exportando GNL
para o mercado americano. A diferença básica de custo é relacionada à variação de distâncias
entre o país Q e o mercado americano e o país Q e o mercado brasileiro em análise neste
estudo.
A Tabela 8, a seguir, demonstra o cálculo do custo oportunidade da alternativa ILF.
Tabela 8 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa ILF
Fonte : Elaboração própria.
De forma análoga à alternativa AG, de produção de gás associado, a estimativa de
custo oportunidade calculada anteriormente para um consumo do tipo não firme, foi dividida
por 18%, de forma a melhor determinar o real valor percebido por uma fonte de suprimento
do tipo firme. Estas premissas foram adotadas a partir da suposição de uma produção a partir
de um campo associado, uma vez que o suprimento é realizado de forma firme.
95
A seguir, na Tabela 9, seguem os cálculos dos valores correspondentes ao custo médio
de atendimento da alternativa ILF, para os atendimentos do tipo firme e não firme.
Tabela 9 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa ILF
Fonte : Elaboração própria.
Prazo de Atendimento
Apesar de se tratar de um suprimento na forma de GNL, que requer um tempo maior
de transporte da fonte produtora até o mercado consumidor, o gás natural é fornecido de
forma contínua, uma vez que seu suprimento é do tipo firme.
Flexibilidade no Suprimento
Como se trata de um suprimento do tipo firme, sua flexibilidade é reduzida, atendendo
a variação de demanda, porém a um custo elevado, ou, simplesmente não flexibilizando a
demanda, uma vez que sua forma de atendimento à demanda contratada não a permite desvio
de carga de GNL num curto prazo, provocando perdas extras.
Ajustes nos Termos do Contrato
Na análise subjetiva, foi classificada como um suprimento de negociação flexível e
aberta a novas propostas. Foi enquadrado nesta categoria por tratar-se um fornecimento com
outras possibilidades de clientes. Volumes descontratados podem ser facilmente renegociados
com o mercado americano, por exemplo.
Qualidade do Produto
Esta alternativa foi classificada como um suprimento de acordo com o padrão ANP,
não necessitando, portanto, de gastos adicionais com seu processamento. Este gás importado
foi assim classificado devido ao tipo de supridor em análise apresentar estas características.
96
Questões Estratégicas
Critério subjetivo, esta alternativa foi classificada como de muito alto risco de quebra
de contrato ou de mudança na regulação de acordo com o perfil histórico do seu país e suas
perspectivas futuras de risco.
Análise da fonte de suprimento “ILNF”
Custo de Atendimento
A diferença desta alternativa para a anterior ILF corresponde à possibilidade do
suprimento ser flexível. Como neste caso o supridor deve estar preparado para o fornecimento
não firme, ele deixa uma quantidade suficiente de carga de GNL parada para poder atender o
consumo quanto este for solicitado. Apesar do diferencial de frete ganho com a opção do
menor trajeto entre o país exportador Q e o mercado consumidor em análise, a fonte supridora
não poderá conceder um desconto devido a necessidade desta carga adicional. Para sua
adequada remuneração dos custos, a fonte supridora deverá exigir uma valoração do seu
produto no mercado em análise igual ao do mercado referencial americano.
Desta forma, o custo oportunidade do gás natural no mercado em análise para a
alternativa ILNF é o mesmo do preço referencial do Henry Hub no mercado americano,
conforme Tabela 10 a seguir.
Tabela 10 – Cálculo do custo oportunidade para a alternativa ILNF
Fonte : Elaboração própria.
Tanto para o suprimento firme quanto para o suprimento não firme o mercado
americano spot remunera o gás natural da mesma forma. Sendo assim, o custo médio de
atendimento de ambos é igual.
Os valores adotados para quantificar o critério custo de atendimento na alternativa
ILNF são os da Tabela 11, a seguir.
97
Tabela 11 – Valores adotados para o custo médio de atendimento da alternativa ILNF
Fonte : Elaboração própria.
Prazo de Atendimento
Como se trata de um suprimento não-firme de GNL, o supridor fica a espera de uma
ordem de operação a partir da qual ele direciona um navio para o mercado consumidor. Seu
prazo estimado é compatível com o tempo de frete entre os países.
Flexibilidade no Suprimento
Como se trata de um suprimento do tipo não firme, sua flexibilidade é elevada,
atendendo a variações de demanda. Não existem, neste caso, perdas financeiras para o
atendimento não firme em relação ao firme, uma vez que a estrutura do fornecimento deste
tipo de gás já foi preparada para o consumo não contínuo e não previsível.
Ajustes nos Termos do Contrato
Após a análise subjetiva deste critério, a alternativa de suprimento ILNF foi
enquadrada como de alta flexibilidade e abertura a negociações. Ele é tido como de maior
flexibilidade que o ILF devido ao seu não estabelecimento de quantidades firmes.
Qualidade do Produto
Este gás importado foi assim classificado devido ao tipo de supridor em análise
apresentar estas características.
Questões Estratégicas
Critério subjetivo, esta alternativa foi classificada como de muito alto risco de quebra
de contrato ou de mudança na regulação de acordo com o perfil histórico do seu país e suas
perspectivas futuras de risco.
98
O Quadro 19 e o Quadro 20, a seguir, apresentam os desempenhos que foram
atribuídos a cada fonte de suprimento à luz de cada critério considerado, para a demanda do
tipo firme e para a demanda do tipo não firme, respectivamente.
Desempenho dos Fornecedores para a Demanda do Tipo Firme
Critério
AG NAG IG ILF ILNF
Cr1
Custo de Atendimento 2 2 1 0 0
Cr2
Prazo de Atendimento 2 2 2 2 0
Cr3
Flexibilidade do Suprimento -1 1 0 -1 2
Cr4
Ajuste nos Termos do Contrato -1 0 -2 1 2
Cr5
Qualidade do Produto 1 1 0 2 2
Cr6
Questões Estratégicas 0 0 -2 -2 -2
Quadro 19 – Desempenho das fontes de suprimento para a demanda firme.
Fonte: Elaboração própria.
Desempenho dos Fornecedores para a Demanda do Tipo Não Firme
Critério
AG NAG IG ILF ILNF
Cr1
Custo de Atendimento -1 1 1 -2 2
Cr2
Prazo de Atendimento 2 2 2 2 0
Cr3
Flexibilidade do Suprimento -1 1 0 -1 2
Cr4
Ajuste nos Termos do Contrato -1 0 -2 1 2
Cr5
Qualidade do Produto 1 1 0 2 2
Cr6
Questões Estratégicas 0 0 -2 -2 -2
Quadro 20 – Desempenho das fontes de suprimento para a demanda não firme.
Fonte: Elaboração própria.
Processamento dos Dados
Os pesos atribuídos aos critérios, assim como os julgamentos de valores acordados
com o especialista, foram processados através do algoritmo de classificação do ELECTRE Tri
considerando diversos planos de corte (grau de credibilidade).
Nos quadros a seguir seguem os resultados das classificações para o atendimento do
suprimento da demanda do tipo firme e do tipo não firme, adotando um grau de credibilidade
α de 0,5; 0,75 e 1, com o intuito de realizar uma análise de sensibilidade nos resultados. Para
99
cada tipo de demanda avaliada são apresentadas duas classificações: uma otimista – ou menos
exigente e uma pessimista ou mais exigente. Como o problema analisado busca uma
solução do ponto de vista do comprador, considera-se adequada a ordenação mais exigente.
Resultados para o mercado firme
O Quadro 21, a seguir, apresenta a classificação encontrada das fontes de suprimento
para atendimento a uma demanda do tipo firme, considerando um grau de credibilidade de
0,5. O algoritmo ELECTRE Tri aloca as alternativas de suprimento AG, NAG e ILF como
classe B e aloca as alternativas IG e ILNF numa classe inferior a esta, a classe C.
Quadro 21 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda firme (λ = 0,5).
Fonte: ELECTRE Tri.
O Quadro 22, a seguir, apresenta a classificação encontrada das fontes de suprimento
para atendimento a uma demanda do tipo firme, considerando um grau de credibilidade de
0,75. O algoritmo ELECTRE Tri classifica as alternativas de suprimento AG, NAG, ILF e
ILNF como classe C e classifica a alternativa IG duas classes abaixo desta, na classe E.
100
Quadro 22 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda firme (λ = 0,75).
Fonte: ELECTRE Tri.
O Quadro 23, a seguir, apresenta a classificação encontrada das fontes de suprimento
para atendimento a uma demanda do tipo firme, considerando um grau de credibilidade de 1.
O algoritmo ELECTRE Tri aloca a alternativa NAG, na classe C, aloca a alternativa AG na
classe D e as demais, IG, ILF e ILNF na classe E.
Quadro 23 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda firme (λ = 1).
Fonte: ELECTRE Tri.
A partir do Quadro 24, a seguir, que apresenta a matriz de credibilidade dessas
alternativas de suprimento, pode-se observar os resultados que provocaram as classificações
anteriormente discutidas. A Figura 15, em seguida, apresenta em forma de área, o quanto que
cada alternativa “ocupa” em cada classe.
101
Quadro 24 – Matriz de Credibilidade das alternativas de suprimento para a demanda firme.
Fonte: ELECTRE Tri.
Classe A
Classe B
Classe C
Classe D
Classe E
ILNF
AG
NAG
IG
ILF
P1
P2
P3
P4
Figura 15 – Área das classes ocupada pelo resultado das alternativas (demanda firme).
Fonte: ELECTRE Tri.
Resultados para o mercado não firme
O Quadro 25, a seguir, apresenta a classificação encontrada das fontes de suprimento
analisadas para atendimento a uma demanda do tipo não firme, considerando um grau de
credibilidade de 0,5. O algoritmo ELECTRE Tri classifica a alternativa ILNF na classe A, a
alternativa NAG na classe B, as alternativas AG e IG na classe C e a alternativa ILF na
classe D.
102
Quadro 25 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda não firme (λ = 0,5).
Fonte: ELECTRE Tri.
O Quadro 26, a seguir, apresenta a classificação encontrada das fontes de suprimento
para atendimento a uma demanda do tipo não firme, considerando um grau de credibilidade
de 0,75. O algoritmo ELECTRE Tri classifica as alternativas NAG e ILNF na classe C, a
alternativa AG na classe D e as alternativas IG e ILF na classe E.
Quadro 26 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda não-firme (λ = 0,75).
Fonte: ELECTRE Tri.
O Quadro 27, a seguir, apresenta a classificação encontrada das fontes de suprimento
para atendimento a uma demanda do tipo não firme, considerando um grau de credibilidade
de 1. O algoritmo ELECTRE Tri classifica as alternativas NAG na classe C, a alternativa AG
na classe D e as alternativas IG, ILF e ILNF na classe E.
103
Quadro 27 – Classificação das alternativas de suprimento para a demanda não firme (λ = 1).
Fonte: ELECTRE Tri.
A partir do Quadro 28, a seguir, que apresenta a matriz de credibilidade dessas
alternativas de suprimento, pode-se observar os resultados que provocaram as classificações
anteriormente discutidas. A Figura 16, em seguida, apresenta em forma de área, o quanto que
cada alternativa “ocupa” em cada classe.
Quadro 28 – Matriz de Credibilidade das alternativas de suprimento para a demanda não-firme.
Fonte: ELECTRE Tri.
104
Classe A
Classe B
Classe C
Classe D
Classe E
ILF
ILNF
AG
NAG
IG
P1
P2
P3
P4
Figura 16 – Área das classes ocupada pelo resultado das alternativas (demanda não-firme).
Fonte: ELECTRE Tri.
Análise dos Resultados
Para a demanda do tipo firme, a alternativa NAG ocupou melhor posição que as
demais durante a análise de sensibilidade de variação do grau de credibilidade de 0,5, 0,75 e
1, sendo alocada nas classes B, C e C, respectivamente. Observando-se a Figura 15, formada a
partir da matriz de credibilidade, nota-se que a alternativa NAG é a que ocupa a maior área
nas classes mais elevadas, justificando, desta forma, o seu melhor posicionamento na
classificação do ELECTRE Tri.
Para a demanda do tipo não firme, a alternativa ILNF ocupou a melhor posição,
isolada na classe A, ao utilizar-se um grau de credibilidade de 0,5. Este posicionamento pode
ser justificado observando-se a área ocupada desta alternativa na Figura 16. Apesar da
alternativa ILNF ocupar uma área significativamente maior que as demais, na classe A, ela
apresenta uma pequena distribuição dos seus resultados nas classes C e E. Dessa forma, ao
elevar-se o grau de credibilidade para 0,75, a alternativa NAG alcança o mesmo
posicionamento que a ILNF, agora na classe C. Da mesma forma, ao elevar-se o grau de
credibilidade para 1, a alternativa NAG passa a ganhar da ILNF, com as posições nas classes
C e E, respectivamente.
Estes resultados são bastante consistentes uma vez que se entende que demanda firmes
são melhores supridas por ofertas firmes e demandas não firmes são melhores supridas por
ofertas que possibilitem flexibilidade no atendimento.
105
Para o atendimento a uma demanda do tipo firme, em que a flexibilidade do
suprimento não é fator de influência, a alternativa NAG ganha da alternativa AG devido ao
critério de ajuste dos termos do contrato. A outra alternativa com abastecimento através de
gasodutos, a IG, perde para ambas uma vez que apresenta baixa pontuação no critério
“questões estratégicas”. As alternativas com abastecimento por meio de navios de GNL, ILF e
ILNF, não obtém uma classificação boa uma vez que obtiveram pontuação baixa em
“questões estratégicas” e “custo de atendimento”, em comparação com as demais.
Para o atendimento da demanda do tipo não firme, a alternativa ILNF se sobressai a
NAG nos critérios “custo de atendimento”, “flexibilidade do suprimento”, “ajuste nos termos
do contrato” e “qualidade do produto”. A alternativa ILNF apresenta, a princípio, a melhor
classificação, porém acaba perdendo pontos em critérios importantes com elevado peso, tais
como “prazo de suprimento” e “questões estratégicas”. A elevada pontuação destes critérios
nas alternativas NAG e AG, fazem com que elas assumam melhor posição ao variar o grau de
credibilidade da classificação.
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
6.1 CONCLUSÕES
A abordagem para classificação do desempenho dos tipos de suprimentos de gás
natural para determinado mercado classifica as alternativas em classes ordenadas de
referência, alocando em classes mais altas aquelas que apresentam melhor desempenho em
um maior número de critérios.
Esta metodologia difere da média ponderada e de outros métodos de agregação que
utilizam um sistema compensatório, permitindo identificar incomparabilidades ou
inconsistências não detectáveis pelos outros métodos. Está fundamentada em métodos e
algoritmos matemáticos desenvolvidos para tratar com problemas que envolvam a
subjetividade.
Pela visualização da Figura 15 e da Figura 16 pode-se estimar o enquadramento de
cada alternativa na satisfação das necessidades de demanda dos tipos firme e não firme. Uma
forma de preparar um estudo mais detalhado pode ser o da desclassificação de alternativas
que ocupem qualquer posição na classe E. Em ambos os casos das classificações para o
atendimento a demanda do tipo firme e não firme, as alternativas IG, ILF e ILNF seriam
deixadas de lado num estudo decisivo. Isso significa que existem critérios que são
extremamente ruins nestas alternativas podendo prejudicar o relacionamento futuro de um
possível contrato, caso estes sejam escolhidos.
A análise dos resultados a partir desta metodologia permite observar o grau de
influência de cada critério na classificação final das alternativas. Isso é interessante uma vez
que é possível precisar os valores atendidos por cada alternativa e, dessa forma, selecionar ou
buscar as que melhor atendam as necessidades do tomador de decisão.
107
6.2 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
Num contexto de déficit de suprimento e de logística de atendimento do gás, onde a
demanda encontra-se superior a oferta, torna-se necessário um estudo não apenas de
classificação das futuras novas fontes de suprimento, mas de priorização das diversas
demandas de gás que devem ser supridas, considerando, neste caso, como critérios para
ponderação, as conseqüências quantitativas e qualitativas de cortes de fornecimento nos
segmentos de demanda do combustível.
Outro estudo visando o melhor desempenho no atendimento do mercado consumidor é
o da análise multicritério de gerenciamento do suprimento através do auxílio de alternativas
de armazenamento do combustível em épocas de menor demanda para uso em épocas de
demanda superior a oferta.
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GLOSSÁRIO
Agente do Mercado
Agente de Comercialização
de Energia Elétrica
Agente de Distribuição de
Energia Elétrica
Agente de Geração de
Energia Elétrica
Agente de Transmissão de
Energia Elétrica
Ambiente de Contratação
Livre (ACL)
Ambiente de Contratação
Regulada (ACR)
ANEEL – Agência Nacional
de Energia Elétrica
Pessoa jurídica ou empresas reunidas em consórcio que
atuem na geração, distribuição, comercialização,
importação ou exportação de energia elétrica, bem como
clientes livres que participem da CCEE.
Titular de autorização, concessão ou permissão para fins
de realização de operações de compra e venda de energia
elétrica.
Titular de concessão ou permissão de serviços e
instalações de distribuição para fornecer energia elétrica
a consumidor exclusivamente no Ambiente de
Contratação Regulada.
Titular de concessão ou autorização para fins de geração
de energia elétrica, como serviço público, autoprodução
ou produção independente.
Titular de concessão para a prestação de serviços de
transmissão no Sistema Interligado Nacional, sendo
proprietária dos ativos correspondentes e
disponibilizando a utilização destes para o Operador
Nacional do Sistema Elétrico.
Segmento do mercado no qual se realizam as operações
de compra e venda de energia elétrica, objeto de
contratos bilaterais livremente negociados, conforme
regras e procedimentos de comercialização específicos.
Segmento do mercado no qual se realizam as operações
de compra e venda de energia elétrica entre agentes
vendedores e agentes de distribuição, precedidas de
licitação, ressalvados os casos previstos em lei, conforme
regras e procedimentos de comercialização específicos.
Autarquia criada pela Lei 9.427/1996, vinculada ao
Ministério de Minas e Energia - MME, sucedendo ao
antigo DNAEE, com finalidade básica de regular e
fiscalizar as atividades setoriais de energia elétrica.
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ANP Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis
Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE)
Capacidade Instalada
City-Gate
Comitê de Monitoramento
do Setor Elétrico (CMSE)
Concessão
Concessão para distribuição
de gás natural
Contrato Bilateral de
Energia Elétrica
Autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia
MME, com finalidade de promover a regulação, a
contratação e a fiscalização das atividades econômicas
integrantes da indústria do petróleo, de acordo com o
estabelecido na Lei 9.478, de 06/08/97, regulamentada
pelo Decreto 2.455, de 14/01/98, nas diretrizes
emanadas do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE).
Instituição que atua sob autorização do Poder
Concedente e regulação e fiscalização da ANEEL, com
finalidade de viabilizar as operações de comercialização
de energia elétrica no mercado de curto prazo e efetivar a
contabilização e a liquidação de operações.
Potência máxima em regime contínuo para a qual a
instalação foi projetada.
Estação de medição que pode dispor de regulagem de
pressão, na qual uma rede de distribuição recebe gás de
um sistema de transporte. Também conhecido como
ponto de entrega ou transferência, no qual o gás passa de
uma linha principal de transporte para um sistema de
distribuição local.
Instituição com a função de avaliar permanentemente a
segurança do suprimento de energia elétrica.
Licença obtida junto à União, detentora dos direitos de
exploração de recursos e serviços, por tempo limitado e
cláusulas específicas, após a qual termos envolvidos no
contrato retornam à União.
Refere-se a uma região concedida ao operador pelo
governo, titular do serviço, durante um período
determinado e sob certas condições estabelecidas pelo
titular, que permitem ao operador conduzir as atividades
de exploração e/ou desenvolvimento. O contrato de
concessão garante ao operador direitos especificados por
lei.
Documento comercial resultante de acordo entre agentes
do mercado, tendo por objeto estabelecer preços e
volumes para as transações de compra e venda de energia
elétrica em intervalos de tempo determinados.
115
Custo Marginal de Operação
Deliver-or-pay (DOP)
Energia Natural Afluente
(ENA)
Energia Armazenada
Empresa de Pesquisa
Energética (EPE)
Estação de Compressão
Gasoduto de Transporte
Gás Transportation
Agreement (GTA)
Hub
Malha de Gás Natural
Custo por unidade de energia produzida para atender a
um acréscimo de carga no sistema.
Cláusula contratual na qual o fornecedor assume a
obrigação de entregar certa quantidade de gás contratada.
Quantidade de energia que poderia ser gerada das vazões
naturais de cada bacia, considerando a produtibilidade
das hidrelétricas localizadas em cada bacia, não
considerando a regularização das vazões pelos
reservatórios.
Energia elétrica passível de ser produzida a partir de um
volume de água armazenada em um reservatório.
Empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia que
tem como finalidade prestar serviços na área de estudos e
pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor
energético, tais como energia elétrica, gás natural,
petróleo e seus derivados, carvão mineral, fontes
energéticas renováveis e eficiência energética, dentre
outras. Responsável pelo planejamento do setor elétrico
de longo prazo.
Equipamento que movimenta o gás através de dutos de
transporte ou de armazenagem, através da geração de
diferenciais de pressão. A maioria dessas estações usa
parte do gás escoado como combustível para os
compressores.
Tubulação cuja finalidade é transportar o gás de uma
fonte para um ou mais centros de distribuição, ou
destinado à interligação de fontes de suprimento. Difere
das demais tubulações por trabalhar em pressões mais
altas e por apresentar grandes distâncias entre suas
derivações.
Contrato de capacidade de transporte de um gasoduto.
Localidade geográfica na qual um grande número de
compradores e vendedores negociam o gás e o entregam
fisicamente.
Layout de um sistema de distribuição de gás em uma
localidade.
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Mercado de curto prazo de
energia elétrica
Ministério de Minas e
Energia (MME)
Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS)
Preço de Liquidação de
Diferenças (PLD)
Rede de Distribuição de Gás
Natural
Rede de Distribuição de
Energia Elétrica
Rede de Transmissão de
Energia Elétrica
Segmento administrado pela CCEE, no qual são
comercializadas as diferenças entre as quantidades de
energia elétrica contratadas e as quantidades de energia
gerada ou consumida. Para os vendedores é considerada
a diferença entre as quantidades de energia
disponibilizada no sistema e a energia vendida mediante
contratos. Para os compradores é considerada a diferença
entre as quantidades de energia utilizada e comprada
mediante contratos.
Ministério cuja competência abrange as áreas de
geologia, recursos minerais e energéticos;
aproveitamento da energia hidráulica; mineração e
metalurgia e petróleo, combustível e energia elétrica,
inclusive nuclear.
Pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos,
que opera mediante autorização da ANEEL. Responsável
pela coordenação e controle da operação de geração e da
transmissão de energia elétrica do SIN, deve também
garantir o livre acesso aos sistemas de transmissão e
administrar os respectivos contratos.
Preço praticado nas compras e vendas do mercado de
curto prazo que não são cobertas por contratos bilaterais.
Divulgado pela CCEE, o PLD é apurado com base no
custo marginal de operação (CMO), limitado por preços
mínimo e máximo. Para o seu cálculo, a CCEE utiliza os
mesmos dados de entrada e os mesmos modelos
computacionais utilizados pela ONS, sem considerar,
entretanto, as eventuais restrições de transmissão internas
aos submercados e as unidades geradoras térmicas em
teste.
Tubulação de distribuição, estação de controle de
pressão, válvulas, equipamentos operados por uma
companhia de gás, para levar gás desde os pontos de
suprimento ou de fabricação até os medidores dos
consumidores.
Rede destinada à distribuição de energia elétrica no
interior de uma região delimitada. Conjunto de linhas,
transformadores e outros equipamentos utilizados para
distribuição de energia elétrica aos consumidores finais.
Conjunto de linhas de transmissão e subestações
utilizadas para o transporte de energia.
117
Serviço Firme
Serviço Interruptível
Ship-or-pay (SOP)
Sistema Interligado
Nacional (SIN)
Submercados
Take-or-pay (TOP)
Serviço de transporte ou venda de gás natural não sujeito
à interrupção não planejada.
Serviço de transporte ou venda de gás natural sujeito à
interrupção a critério do transportador. As tarifas para
serviços interruptíveis são inferiores àquelas praticadas
para serviço firme.
Cláusula incluída nos contratos de transporte de gás
natural segundo a qual o carregador, para quem está
sendo feito o transporte, é obrigado a pagar pelo
transporte do gás, mesmo caso não seja transportado.
Conjunto de subestações e linhas de transmissão
utilizadas para o transporte de grandes blocos de energia
elétrica e para a otimização do sistema interligado.
Subdivisões do sistema interligado correspondentes às
áreas de mercado, para as quais a CCEE estabelecerá
preços diferenciados e cujas fronteiras são definidas em
função da presença e duração de restrições relevantes de
transmissão.
Cláusula contratual na qual o comprador assume a
obrigação de pagar por uma certa quantidade de gás
contratada, independente de retirá-la.
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