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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Campus de Rio Claro
CARACTERIZAÇÃO COMPARATIVA DE CAULINS PARA
FORMULAÇÕES DE ENGOBES E ESMALTES CERÂMICOS
Damaris Miyashiro Kumayama
Orientador: Prof. Dr. Antenor Zanardo
Dissertação de Mestrado elaborada para o
Curso de Pós-Graduação em Geologia
Regional para obtenção do Título de Mestre
em Geologia Regional
Rio Claro (SP)
2007
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Comissão Examinadora
________________________________
Prof Dr Antenor Zanardo
________________________________
Prof
a
. Dr
a
Maria Margarita Torres Moreno
________________________________
Geól. Dr José Francisco Marciano Motta
_____________________
Aluna: Damaris Miyashiro Kumayama
Rio Claro 07, de dezembro de 2007
Resultado: APROVADA
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A Meus Pais Hideo Kumayama
e Ana Atsuko Miyashiro Kumayama.
À minha irmã Tatiana Miyashiro Kumayama
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar ao meu orientador Professor Dr Antenor Zanardo pela grande
contribuição na dissertação e nesta vida de mestrado e na graduação. Pelo incentivo e as vezes
pelas exigências que só fizeram com que o trabalho fosse se desenvolvendo e crescendo. A
Professora Dra Maria Margarita Torres Moreno e ao Professor Dr Jairo Roberto Jiménez
Rueda pela contribuição ao trabalho e pelas críticas.
Agradeço ao IPT pelo apoio nos ensaios cerâmicos que foram realizados nos
laboratórios da entidade. Agradeço aos geólogos Marsis Cabral Jr e Francisco Marciano
Motta pelo grande apoio no mestrado e os mil incentivos para prosseguir com os estudos do
mestrado.
Aos colegas de seção do IPT Édson, Tanno, Carlos Nei, Lúcia, Silmara, Isabel, Obata,
Ayrton, Amilton, Cíntia, Adão e aos outros colegas do IPT Marcele Nicolau, Edilene,
Elidiana, Kátia, Juliana, Carolina, Alessandra e Renata.
Agradeço a CAPES pelo apoio inicial no mestrado sendo por um ano e meio bolsista
deste órgão.
Agradeço sobretudo a meus pais Ana Atsuko Miyashiro Kumayama e Hideo
Kumayama, além da minha estimada irmã Tatiana Miyashiro Kumayama sem os quais não
prosseguiria neste estudo e neste mestrado. A sempre amiga Tânia Sayuri Nomura e aos
sempre amigos Alice Rumi Honda, Miriam Sayuri Sassaki, Ana Paula Casasanta, Andressa
Slemer Fontana, Patrícia Domingues, Patrícia Carla, Fabíola Cristina Gobbo, Heitor Murillo
Ribeiro, Rogério Barbosa, João Hirama, Marcos Palazon.
Agradeço às amigas Ediléa Dutra Pereira, Juliana Broggio Basso, Ana Cândida ,
Carolina Del Roveri, que ajudou nos contatos com empresas e pelo incentivo, ao técnico de
laboratório de cerâmica Leandro Marques, aos colegas de pós Gislene e Sérgio, ao colega de
pós Rogers Rocha, que ajudou muito nos contatos com algumas empresas. As sempre amigas
Raquel Gardenal Ometto, Claudia Kuen Rae Chow e Carolina Monteiro de Carvalho.
As empresas Ferro Enamel, Johnson Matthey e Esmaltec pela oportunidade de visitas
em seus estabelecimentos.
Aos colegas de pós meu muito obrigado pela descontração nas festas de defesa e festas
da pós. Aos amigos Mayra, Jean, Liliane, Magnólia, Martha, Paula, Julião, Susana, Norton,
Andréa, Daniel, Humberto, Mirna, Isaura, Lizandra, Leiliane , Simone e Sueli.
Agradeço a Deus acima de tudo.
"A perseverança não é uma longa corrida; ela é muitas corridas curtas, uma
depois a outra."
--Walter Elliott--
Existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que
lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam muitos anos
e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Estes
são os imprescindíveis."
-- Bertolt Brechet--
RESUMO
O crescente mercado brasileiro na área de revestimentos cerâmicos e a necessidade de
conhecer melhor as propriedades dos esmaltes e engobes motivaram este estudo, com o
objetivo de fazer uma análise comparativa da matéria-prima caulim para engobes e esmaltes.
Com intuito de caracterizar os caulins de diferentes procedências geológicas e observar
diferenças de comportamento nas suspensões de engobes e esmaltes foram feitos ensaios de
viscosidade, cor de queima, microscopia eletrônica de varredura, microscopia óptica e
colorimetria. Este estudo também possibilita formular melhor engobes e esmaltes tendo em
vista suas características físico - químicas. Os caulins apresentam diferenças quanto à
granulometria, viscosidade e mineralogia. A partir deste estudo constatou-se que a
procedência geológica do caulim influi em suas propriedades, sendo os pegmatíticos, já bem
aceitos no mercado, os que têm melhores propriedades, incluindo alvura
PALAVRAS CHAVE: CAULIM, CERÂMICA, ESMALTE, ENGOBE, GEOLOGIA.
ABSTRACT
The Brazilian increase business on ceramic tile and the need of better knowing at the
proprieties of ceramic enamels and engobes provided this study, with the objetive of doing
comparative analyzes of kaolin for engobes and enamels. At this paper were done assays of
reology( viscosity), burned color, sweepings electronic microscopy, optical microcopy and
colorimetric assays, to the characterization of different geological origin of the kaolins. This
study helps the best formulation of engobes and enamels with the characteristics physicist-
chemical. Observing this paper that the different geological origin modify its proprieties, the
pegmatite ones have the best proprieties and they have already accepted in the market. This
study show differences in kaolin since viscosity to mineralogy.
KEYS WORDS: KAOLIN, CERAMIC, ENAMEL, ENGOBE, GEOLOGY
SUMÁRIO
Pags
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................13
2 OBJETIVOS...................................................................................................................15
3 MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................15
3.1 Pesquisa bibliográfica................................................................................................................................15
3.2 Visita a indústria de fritas e esmaltes.........................................................................................................16
3.3 Amostragem de caulins...............................................................................................................................16
3.4 Etapas laboratoriais...................................................................................................................................17
Análises químicas ........................................................................................................................................ 17
Análises mineralógicas ................................................................................................................................ 18
Análises granulométricas............................................................................................................................. 18
Ensaios cerâmicos........................................................................................................................................ 18
4 CAULIM–ASPECTOS GEOLÓGICOS E TÉCNICO-ECONÔMICOS.................21
4.1 Geologia dos depósitos primários de caulim..............................................................................................23
4.2 Depósitos secundários de caulim ...............................................................................................................25
4.3 Diagênese...........................................................................................................................................26
4.4 Geologia dos caulins utilizados nas formulações de engobes e esmaltes..........................................28
4.4.1 Caulim Horii................................................................................................................................. 28
4.4.2 Caulim Pântano Grande................................................................................................................. 28
4.4.3 Caulim Mariana Pimentel.............................................................................................................. 28
4.4.4 Caulim 151- Borborema-Seridó ....................................................................................................29
4.4.4 Argila Caulinítica São Simão ........................................................................................................30
4.5 Exemplo de beneficiamento do caulim...............................................................................................30
5 SETOR DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS........................................................32
5.1 Os setores cerâmicos e os materiais cerâmicos..........................................................................................32
5.2 Produção brasileira de revestimentos cerâmicos e inserção no mercado internacional...........................34
6 MATÉRIAS-PRIMAS E CARACTERÍSTICAS DO ACABAMENTO DOS
REVESTIMENTOS CERÂMICOS .....................................................................................37
6.1 Aditivos empregados em esmaltes e engobes..............................................................................................39
7 MATÉRIAS-PRIMAS PARA COMPOSIÇÃO DOS ESMALTES E ENGOBES
CERÂMICOS.........................................................................................................................40
7.1 Sílica...........................................................................................................................................................40
7.2 Feldspatos e outras fontes de álcalis..........................................................................................................41
7.3 Boro/Boratos ..............................................................................................................................................42
7.4Outros fundentes..........................................................................................................................................42
7.5 Zircão ou Zirconita e Zircônia ...................................................................................................................43
7.6 Talco...........................................................................................................................................................44
7.8 Óxido de Zinco............................................................................................................................................45
7. 9 Óxidos Alcalinos Terrosos.........................................................................................................................46
7.10 Óxido de Chumbo.....................................................................................................................................47
8 CAULINS UTILIZADOS E ARGILAS CAULINÍTICAS.........................................48
9 DADOS FORNECIDOS POR EMPRESAS (FORMULAÇÕES).............................49
10 RESULTADOS ANALÍTICOS.................................................................................50
10.1 Granulometria..........................................................................................................................................50
10.2 Mineralogia/difratometria........................................................................................................................53
10.2.1 Difratometria dos Aditivos....................................................................................................................53
10.2.2 Caulins...................................................................................................................................................57
10.2.3 Mineralogia por Microscopia óptica.....................................................................................................66
10.2.4 Microscopia eletrônica de varredura....................................................................................................71
10.3 Viscosidade/Curva de defloculação..........................................................................................................74
10.4 Fusibilidade..............................................................................................................................................79
10.5 Colorimentria ...........................................................................................................................................80
10.6 Análise Química .......................................................................................................................................82
11 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................................................83
12 CONCLUSÃO.............................................................................................................87
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................88
14 REFERÊNCIAS CONSULTADAS..........................................................................92
15 APÊNDICES...............................................................................................................93
APÊNDICE I ....................................................................................................................................................94
APÊNDICE II.................................................................................................................................................101
APÊNDICE III................................................................................................................................................104
APÊNDICE IV................................................................................................................................................108
ÍNDICE DE FIGURAS
Págs
Figura 1: Eixos ortogonais de colorimetria. ............................................................................19
Figura 2: Localização das principais jazidas de caulim no Brasil ..........................................23
Figura 3: Diagrama de estabilidade da caulinita e dickita.......................................................27
Figura 4: Representação da caulinita e halloysita ...................................................................27
Figura 5: Estratigrafia do Pré-Cambriano da Paraíba..............................................................29
Figura 6: Diagrama simplificado do beneficiamneto de caulim ............................................31
Figura 7: Esquema revestimento cerâmico-engobe-esmalte. ..................................................33
Figura 8: Produção Brasileira de revestimentos......................................................................35
Figura 9: Principais produtores mundiais de revestimento . ...................................................35
Figura 10: Mapa dos produtores de revestimentos cerâmicos do Brasil.................................36
Figura 11: Esquema do esmalte, engobe e suporte..................................................................38
Figura 12: Aspecto de cristais em esmalte contendo zinco ....................................................46
Figura 13 : Quadro contendo argilas plásticas pré-selecionadas com as respectivas cores de
queima. .............................................................................................................................48
Figura 14: Gráfico de distribuição granulométrica dos caulins de pelito RS 47 e RS 49 de
anortosito. .........................................................................................................................52
Figura 15: Gráfico de distribuição granulométrica do caulim ESM de pegmatito..................52
Figura 16: Gráfico de distribuição granulométrica dos caulins DA 151 de pegmatito, DA 153
de pegamtito e DA 154 de granito....................................................................................52
Figura 17: Difratograma da Albita ..........................................................................................54
Figura 18: Difratograma do quartzo........................................................................................55
Figura 19: Difratograma do talco ............................................................................................56
Figura 20: Difratograma do caulim 151.........................................................................57
Figura 21: Difratograma do caulim 151 queimado..................................................................58
Figura 22: Difratograma do caulim 153..................................................................................59
Figura 23: Difratograma do caulim 153 queimado .................................................................60
Figura 25: Difratograma do caulim 154 queimado. ................................................................62
Figura 27: Difratograma do caulim ESM queimado...............................................................64
Figura 28:Difratograma do caulim 47.....................................................................................65
Figura 29: Grãos de quartzo observado com nicóis cruzados( caulim RS 47). ......................66
Figura 30: Grão de caulinita no centro e grãos de quartzo( caulim RS 47)............................66
Figura 31: Grãos de quartzo na lâmina do caulim RS 47........................................................67
Figura 32: Grão de quartzo recoberto por grãos de caulinita (caulim RS 47).........................67
Figura 33: Caulim 154 com pequena porcentagem de biotita.................................................68
Figura 34: Alteração de mineral máfico no caulim RS 49......................................................68
Figura 35: Folha de caulinita no caulim 151...........................................................................69
Figura 36: Folha de caulinita no caulim 153...........................................................................69
Figura 37: Folha de caulinita no caulim ESM.........................................................................70
Figura 38: Muscovitas ocorrendo no caulim ESM..................................................................70
Figura 39: Elementos do grão do caulim RS 49- Ponto 2.......................................................71
Figura 40: Outro detalhamento do MEV do caulim RS 49 do anortosito Capivarita. ............71
Figura 41: Elementos do grão do caulim RS 49 - Ponto2.......................................................72
Figura 42: Elementos do grão do caulim RS 49 - Ponto 3......................................................73
Figura 43: Microscopia eletrônica de varredura do caulim.....................................................73
Figura 44: Microscopia eletrônica de varredura do caulim 153..............................................74
Figura 45: Curva de defloculação do caulim 151....................................................................75
Figura 46: Curva de defloculação do caulim 153....................................................................75
Figura 47: Curva de defloculação do caulim 154....................................................................75
Figura 48: Curva de defloculação do caulim ESM. ................................................................76
Figura 49: Curva de defloculação do caulim 49......................................................................76
Figura 50: Curva de defloculação do engobe com o caulim RS 47. .......................................76
Figura 51: Curva defloculação do esmalte 151.......................................................................77
Figura 52: Curva de defloculação do esmalte 153 ..................................................................77
Figura 53: Curva de deflocualção do esmalte 154 ..................................................................78
Figura 54: Curva de defloculação do esmalte ESM................................................................78
Figura 55: Curva de defloculação do esmalte RS 49 ..............................................................78
Figura 56:. Curva de defloculação do esmalte RS 47 .............................................................79
Figura 57: Pastilhas fundidas de esmaltes cerâmicos queimados a 1050°C.. .........................80
Figura 58: Corpos de prova de caulim(70%)+ albita(30%) queimados a 1150ºC. .................80
Figura 59: Detalhamento do MEV do caulim 153 ................................................................109
Figura 60: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto1.........................................................109
Figura 61: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto 2........................................................110
Figura 62: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto 3........................................................110
Figura 63: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto 4........................................................110
Figura 64: Detalhamento do caulim ESM de pegmatito .......................................................111
Figura 65: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 1......................................................111
Figura 66: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 2......................................................111
Figura 67: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 3......................................................112
Figura 68: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 4......................................................112
Figura 69: Elementos do ponto do caulim ESM - Ponto 5....................................................112
Figura 70: Elementos da região do caulim ESM - Região 6.................................................113
Figura 71: Detalhamento do caulim RS 47 de pelito da Formação Rio do Sul.....................113
Figura 72: Elementos do grão do caulim 47- Ponto 1...........................................................114
Figura 74: Elementos do Grão do caulim 47 - Ponto 3.........................................................114
Figura 75: Elementos do grão do caulim 47 - Ponto 4..........................................................115
Figura 76: Elementos do grão do caulim 47 - Ponto 5..........................................................115
Figura 77: Detalhamento do MEV do caulim 154, caulim de granito. .................................116
Figura 78: Elementos da região do caulim 154 - Região 1. ..................................................116
Figura 79: Elementos do grão do caulim 154 - Ponto 2........................................................117
Figura 80: Elementos do grão do caulim 154 - Ponto 3........................................................117
Figura 81: Elementos do grão do caulim 154 - Ponto 4........................................................117
Figura 82: Elementos da região do caulim 154 - Região 5. ..................................................118
ÌNDICE DE TABELAS
Pags
Tabela 1: Setores cerâmicos ....................................................................................................32
Tabela 2 Viscosidades ótimas para aplicação em peças monoporosas....................................37
Tabela 3: Amostras de referência:...........................................................................................48
Tabela 4: As amostras exploratórias as quais foram caracterizadas para comparação, são:...48
Tabela 5: Formulação de engobe.............................................................................................50
Tabela 6: Formulação de esmalte transparente........................................................................50
Tabela 7: Resultados do ensaio de colorimetria ......................................................................81
Tabela 8: Comparação da amostra caulim de mais alvura e os outros caulins........................81
Tabela 9: Análise química dos caulins ....................................................................................82
Tabela 10: Percepção da diferença de cor com base no ΔE ....................................................84
Tabela 11: Síntese dos ensaios realizados:..............................................................................86
Tabela 13: Análise Química da Frita e talco .........................................................................103
Tabela 14: Viscosidade do engobe do caulim 153 ................................................................105
Tabela 15: Viscosidade do engobe do caulim 154 ................................................................105
Tabela 16: Viscosidade do engobe do caulim 151 ................................................................105
Tabela17: Viscosidade do engobe do caulim ESM...............................................................105
Tabela 18: Viscosidade do engobe do caulim RS 49 ............................................................106
Tabela 19: Viscosidade do esmalte 151 ................................................................................106
Tabela 21: Viscosidade do engobe do caulim RS 47 ............................................................106
Tabela 20: Viscosidade do esmalte do caulim 154................................................................106
Tabela 22: Viscosidade do esmalte 153 ................................................................................106
Tabela 23: Viscosidade do esmalte do caulim ESM ............................................................106
Tabela 24: Viscosidade do esmalte RS 47.............................................................................107
Tabela 25:Viscosidade do esmalte RS 49..............................................................................107
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 13
Damaris Miyashiro Kumayama
1 INTRODUÇÃO_____________________________________
O presente estudo foi motivado pela necessidade de ampliação dos horizontes das
pesquisas realizadas no âmbito da Linha de Pesquisa “Qualidade em Cerâmica”, o que almeja
ampliar os conhecimentos de todas as matérias-primas, naturais e artificiais, utilizadas na
produção de revestimentos cerâmicos no Pólo de Santa Gertrudes.
A linha de Pesquisa “Qualidade em cerâmica”, inicialmente “Qualidade em Cerâmica
Vermelha”, foi desenvolvida a partir de 1996 pelo Departamento de Petrologia e Metalogenia
do IGCE/UNESP - Rio Claro, com a realização do projeto “Qualidade em Cerâmica
Vermelha” financiado pela FAPESP (Processo nº. 95/6166-5), tendo como mentor e
coordenador o saudoso Prof. Dr. José Vicente Valarelli. A implantação foi motivada pela
presença, na região, do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes, na época importante aglomerado
industrial com crescimento vertiginoso, hoje o maior das Américas, contando com mais de 40
indústrias de revestimentos cerâmicos e, também, do anseio de alguns pesquisadores em atuar
em ciências aplicadas.
Está inserida no Grupo Acadêmico Metalogênese e objetiva a elaboração de estudos
geológicos, estratigráficos, cartográficos, petrológicos, mineralógicos, prospectivos,
tecnológicos e ambientais, para a caracterização das ocorrências, das jazidas ou minas de
matérias-primas, quanto as suas composições, cubagens e propriedades das matérias-primas
mais adequadas aos processos de fabricação, com qualidade desejada dos produtos e cuidados
com o meio ambiente. Também, almeja integrar as atividades técnico-científicas, entre a
UNESP/ Rio Claro, empresas de fabricação do setor cerâmico da região e a comunidade
empresarial representada, sobretudo, por Associações e Sindicatos de Mineradores e
Ceramistas, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a comunidade em
geral, a fim de contribuir para a otimização dos diferentes aspectos que constituem a produção
cerâmica, e a formação de recursos humanos técnico-científico de alto nível pela parceria
Universidade-Empresa-Sociedade.
Com o acúmulo de conhecimento sobre as matérias primas utilizadas para a confecção
do suporte, surgiu a necessidade de conhecer também as matérias-primas utilizadas no
acabamento do revestimento cerâmico, engobe e esmalte. Por serem produtos minerais ou
materiais manufaturados a partir de minerais, o conhecimento da natureza e função dos
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 14
Damaris Miyashiro Kumayama
mesmos no produto final é de grande importância para a área das Geociências e da
Engenharia de Materiais. Cabe ressaltar que diversos insumos minerais utilizados no
acabamento são importados de outros países, uma vez que o Brasil carece de tecnologia de
processamento de minerais industriais.
Os recursos minerais não metálicos, em especial os de menores valores agregados,
empregados na construção civil, indústrias cerâmicas (estrutural, de revestimento, mesa,
artística, etc.) ainda não recebem a devida atenção dos Cursos de Geologia. Por outro lado, a
parte do conhecimento técnico-científico atribuído à área de Mineralogia Aplicada ou
Técnica, não foram contemplados de maneira satisfatória pelos Cursos de Geologia e
Engenharia de Materiais de nosso pais, constituindo-se em setor altamente carente de recursos
humanos.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 15
Damaris Miyashiro Kumayama
2 OBJETIVOS____________________________________________________________
Este trabalho tem como objetivo geral qualificar e entender as propriedades que
enobrecem o emprego do caulim nas formulações de esmaltes cerâmicos e engobe. Para tal
finalidade, efetuou-se um estudo comparativo entre caulins com ótima aceitação pelo
mercado, fornecidos por empresas consumidoras, e materiais cauliníticos de procedência
geológica distinta, a fim de conhecer as características destes para melhor emprego nas
formulações.
Como objetivos específicos, o trabalho visa: a) caracterizar os caulins de referência, já
utilizados pela indústria cerâmica de fritas e esmaltes e analisar o seu comportamento físico e
químico, a fim de fornecer subsídios técnicos científicos para a formulação de esmaltes e
engobes; e b) realizar pesquisa exploratória por meio de seleção, ensaios e análises
laboratoriais, para o uso de novos caulins brasileiros no segmento enfocado.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
___________________________________________
Para a consecução dos objetivos propostos a pesquisa envolveu trabalhos de gabinete,
campo e laboratório; divididas nas seguintes etapas.
3.1 Pesquisa bibliográfica
Foi efetuada uma revisão bibliográfica relacionada aos temas de interesse, a saber:
características sobre matérias-primas cerâmica (ZANDONADI, 1998;SÃO PAULO, 1998,
DNPM, 2006), mineralogia e geologia dos depósitos de caulins (LUZ, 2005;CHAPMAN
AND HALL, 1995, CHIEFLANE, 1995; DNPM, 2006, FORMOSO, 1973), mercado
internacional e brasileiro (ANFACER, 2007), métodos analíticos de caracterização cerâmica
de caulim e suas relações com engobe e esmalte (EPPLER, 2002).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 16
Damaris Miyashiro Kumayama
3.2 Visita a indústria de fritas e esmaltes
Visando conhecer o processo de fabricação in loco e obter amostras de caulim do
processo atual de produção, realizaram-se visitas a três empresas de esmaltes e pigmentos,
localizadas próximas às indústrias de cerâmica de revestimento, que constituem o Pólo
Cerâmico de Santa Gertrudes e de Mogi-Guaçu. Essas empresas, também conhecidas como
colorifícios, produzem importantes materiais para acabamento dos revestimentos cerâmicos,
destacando-se as fritas cerâmicas, as quais são manufaturadas com matérias-primas
selecionadas, que são moídas, passando por processo de fusões em um forno e depois
solidificadas ao cair em um recipiente com água, sofrendo um choque térmico e, estilhaçando-
se em pequenos fragmentos vítreos. As fritas apresentam composição química adequada para
evitar, na mistura do esmalte final, materiais muito solúveis que causem problemas
ambientais e de durabilidade dos esmaltes.
Além das fritas os colorifícios fazem formulações para o acabamento das peças de
revestimentos cerâmicos, desenvolvem designer, preparam alguns tipos de pigmentos ou
simplesmente adicionam o pigmento, produzido por outras empresas, nas formulações de
acordo com as necessidades dos clientes, ou seja, as indústrias de revestimentos cerâmicos.
3.3 Amostragem de caulins
As visitas realizadas na etapa anterior serviram para a coleta de amostras dos caulins de
referência para a presente pesquisa, bem como informações sobre a origem desses materiais.
Além dos caulins de referência, foi feita uma seleção adicional de materiais do Projeto
“Estudo da tipologia e caracterização geológico-tecnológica de depósitos de argilas plásticas e
o desenvolvimento de massas para cerâmica branca” (Processo Fapesp 03/13762-4). Nesse
projeto, em desenvolvimento no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, com participação dessa
autora, foram selecionadas duas amostras adicionais de caulim, de um universo de mais de 30
diferentes depósitos de argilas plásticas e caulins. Para a seleção foram priorizados os
aspectos geológicos (outras tipologias) e tecnológicos (por exemplo, cor de queima).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 17
Damaris Miyashiro Kumayama
3.4 Etapas laboratoriais
No laboratório buscou-se a caracterização das diferentes matérias-primas selecionadas
para o estudo, bem como das formulações obtidas, utilizando-se da difração e fluorescência de
raios X, microscopia óptica e eletrônica, estudos granulométricos, reológicos e tecnológicos.
As formulações utilizadas nos experimentos foram baseadas nas composições de
esmaltes das empresas visitadas. Na caracterização do material foram realizados ensaios das
principais propriedades e características dos mesmos, tais como viscosidade, cor de queima,
fusibilidade e distribuição granulométrica.
Os ensaios e análises foram realizados em laboratórios da Universidade Estadual
Paulista (UNESP) - Departamento de Petrologia e Metalogenia (DPM), do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e da Escola Politécnica (Poli)-
Universidade de São Paulo (USP), sendo que alguns deles foram realizados diretamente pela
mestranda, enquanto para outros recorreu-se a serviços técnicos especializados. No conjunto,
os ensaios e determinações realizadas foram assim agrupados:
Análises químicas
Foram realizadas análises químicas para a determinação dos óxidos maiores e
menores. O método utilizado para a determinação foi a fluorescência de raios X, que
identifica os elementos maiores e menores pela da excitação atômica dos elementos, e
comparação com um espectro padrão.
Por esse método foram analisados os elementos químicos (SiO
2
, TiO
2
, Al
2
O
3
, ferro
total na forma de Fe
2
O
3
, MnO, MgO, CaO, Na
2
O, K
2
O, P
2
O
5
) e os traços (Ba, Rb, Sr, Y, Zr,
Nb, Ni, Cu e Cr). Segundo Nardy et al. (1997), para a análise dos elementos maiores foram
utilizadas amostras fundidas em tetra/metaborato de lítio, e, para os traços, amostras
prensadas, empregando-se um espectrômetro seqüencial da marca Philips, modelo PW 2400,
com tubo de ródio e potência máxima de 3.000 W. sample changer.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 18
Damaris Miyashiro Kumayama
Análises mineralógicas
Nesta etapa foi analisada a composição mineralógica das amostras selecionadas, por
difração de raios X. Para este estudo as amostras foram pipetadas segundo método que consta
em Suguio (1973), para separar diferentes frações granulométricas de acordo com a
velocidade de decantação segundo a lei de Stokes. Pra o ensaio de microscopia eletrônica de
varredura (MEV), neste experimento a amostra foi preparada colocando-se um pouco de pó
sobre uma fita adesiva de cobre, para dispor a amostra num suporte, o excesso de material foi
esborrifado e posteriormente a amostra foi colocada numa campana à vácuo (Fine coat Jecol
1100, Sputtering Device), para fazer uma deposição de ouro em 8 segundos perfazendo 10nm
de camada. O equipamento utilizado para microscopia eletrônica de varredura foi o JSM 6300
Scanning Microscope.
Adicionalmente foram observadas algumas amostras de caulins em microscópio
petrográfico. Para tal finalidade, o material desagregado foi disposto sobre lâmina de vidro e
coberto por lamínula de vidro e por capilaridade introduzido um líquido de índice de refração
conhecido (n= 1,54 aproximadamente), que envolveu os minerais diminuindo o contraste.
Análises granulométricas
Para verificar a distribuição de tamanhos de partículas foram realizados ensaios de
granulometrias com o equipamento Malvern, modelo Mastersizer S long bed Ver. 2.19, o qual
permite realizar medidas de tamanho de partículas no intervalo de 0,05µm a 3,50mm no LCT
da Escola Politécnica da USP. O material para análise foi disperso em água deionizada, e
posteriormente feito um alinhamento do feixe laser e detector e a análise da distribuição é
feita em três séries de 10 determinações, são 10 determinações em mil campos. Depois é
determinada uma média de tamanho de partículas considerando o conjunto de medidas
selecionadas.
Ensaios cerâmicos
Com parte das amostras dos caulins coletados foram conformados corpos-de-prova
(70% caulim e 30% albita, para abaixar a temperatura de queima) para ensaios de cor de
queima, por colorimetria. A albita foi acrescentada ao caulim para diminuir a temperatura de
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 19
Damaris Miyashiro Kumayama
sinterização. Este ensaio foi realizado no laboratório do Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
no Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura, Laboratório de Materiais de Construção
Civil. Foi utilizado um espectrocolorímetro “Color Guide Sphere d/8º Spin” de fabricação da
Byk Gardner, com observador padrão D65 e ângulo de abertura 10º.
As cores são definidas em termos de três coordenadas de cor denominadas “L*”, “a*” e
b*”, que são representadas sobre três eixos ortogonais entre si (Figura 1). A coordenada L* é
uma indicação de claro e escuro, a* é uma indicação da cromacidade na direção verde (valor
negativo) para vermelho (valor positivo) e b* na direção azul (valor negativo) para amarelo
(valor positivo)
Figura 1: Eixos ortogonais de colorimetria. (Colour Management Consultancy, acesso em 02-
07- 2007).
Além destes, com as formulações cedidas pela indústria de esmaltes e fritas foram feitas
pastilhas para verificar a fusibilidade a 1050ºC.
Foram elaboradas curvas de defloculação de engobes e esmaltes com formulações
baseadas nas já utilizadas pelas empresas. O controle reológico da barbotina foi realizado em
Viscosímetro Brokfield (RV Spindle set-Middleboro, MA-02346 USA), para tal elaboraram-
se curvas de defloculação de esmaltes com os diferentes caulins. A mistura e moagem foi feita
em moinho de bolas com três quilos de carga de bolas e 300g de massa para 300ml de água
para os engobes e 300g de massa para 250ml de água para os esmaltes.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 20
Damaris Miyashiro Kumayama
Foi utilizada a mesma formulação para curva de defloculação do engobe e outra
formulação para o esmalte com as diversas amostras de caulim. O defloculante foi adicionado
com concentração de 0,85% para 100ml de água, enquanto que a concentração CMC utilizada
foi de 0,3%.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 21
Damaris Miyashiro Kumayama
4 CAULIM–ASPECTOS GEOLÓGICOS E TÉCNICO-ECONÔMICOS__________
O termo caulim possui uma conotação dupla. É empregado tanto para denominar a rocha
ou sedimento que contém o argilomineral caulinita, como o produto mineral resultante do seu
beneficiamento (LUZ et al., 2005).
Segundo Grini (1958, apud LUZ et al., 2005), caulim é uma rocha de granulometria fina
constituída de material argiloso, normalmente com baixo teor de ferro, de cor branca ou quase
branca.
Em decorrência de suas propriedades físicas e químicas, o caulim é um mineral
industrial versátil com aplicação em uma grande variedade de produtos.
IPT (1981) relaciona mais de dez segmentos industriais que fazem uso de materiais
cauliníticos, destacando-se os seguintes setores: papel e celulose, cerâmica, tintas e vernizes,
produtos farmacêuticos, materiais de fricção, minas para lápis.
No setor cerâmico o caulim é empregado principalmente na produção de cerâmica
branca, na produção de louças sanitárias, refratários, revestimentos via úmida, porcelana
elétrica. Além de compor as massas de cerâmica branca, o caulim constitui matéria-prima
essencial nos produtos de acabamento: engobe e esmalte.
No caso de engobes e esmaltes a adição de caulim deve-se principalmente à sua
capacidade de manter a estabilidade da suspensão aquosa das partículas (barbotina). Em
virtude do tamanho das partículas o caulim aumenta a coesão entre as partículas da frita no
esmalte e também propicia a adesão entre a camada de esmalte e da camada de engobe.
Depósitos de caulim de interesse econômico apresentam ampla distribuição geográfica,
classificando-se em dois tipos, conforme sua origem. Os caulins primários são produtos de
alteração hidrotermal ou intempérica de rochas cristalinas, com grande quantidade de
feldspatos em sua composição. Os secundários ocorrem a partir da erosão e deposição dos
depósitos primários em grandes bacias, podendo ocorrer processos de enriquecimento pós-
deposição (DNPM, SUMÁRIO MINERAL, 2005).
Segundo o DNPM (SUMÁRIO MINERAL, 2005), as reservas de caulim são
abundantes, com destaque para o tamanho e qualidade das de caulim secundário encontradas
nos Estados Unidos e Brasil e das de caulim primário do Reino Unido, localizadas no
sudoeste da Inglaterra.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 22
Damaris Miyashiro Kumayama
Das reservas brasileiras classificadas como medidas e indicadas, 97% encontram-se na
região norte do país, nos estados do Pará, Amapá e Amazonas, cabendo ressaltar, por sua
extensão, as tituladas pela empresa Mineração Horboy Clays Ltda., de Manaus, AM (DNPM,
SUMÁRIO MINERAL, 2005).
As estatísticas internacionais sobre caulim são bastante imprecisas e incompletas,
indicando um mercado produtor muito concentrado e competitivo, que reluta divulgar
informações mais detalhadas sobre reservas, produção e características tecnológicas dessas
matérias-primas. Seis países, Estados Unidos, República Tcheca, Brasil e Reino Unido, são
responsáveis por 61,8% do total produzido, todos mantendo produções anuais acima de 2
milhões de toneladas. Outros produtores, com importância regional, são Alemanha, México,
Turquia e Ucrânia, entre outros (DNPM, SUMÁRIO MINERAL, 2005).
A seguir são ilustradas as principais jazidas de caulim no Brasil( Figura 2), segundo
Santos et al. (1998).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 23
Damaris Miyashiro Kumayama
Figura 2: Localização das principais jazidas de caulim no Brasil (SANTOS et al.., 1998,
modificado)
4.1 Geologia dos depósitos primários de caulim
Nos depósitos primários o caulim é um produto de mudança química (caulinização) que
afeta uma fase precursora, comumente feldspatos ou muscovita. Essa alteração dos minerais
primários pode ser produto do intemperismo supérgeno (hidrólise), em especial em condições
de clima quente e úmido, em terrenos bem drenados (altos topográficos ou estruturais) ou
hidrotermal de baixa temperatura, neste caso normalmente aparecendo dickita e/ou halloysita.
Alguns minerais presentes dentro da rocha, como quartzo e turmalina, podem resistir ao
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 24
Damaris Miyashiro Kumayama
processo de caulinização, assim como outros minerais a exemplo da biotita podem decompor
em produtos contaminantes. Neste caso a decomposição da biotita ou de outro silicato instável
com ferro (anfibólio, piroxênio, etc.) pode gerar como produto argilominerais com ferro e/ou
óxido de ferro e hidróxidos, os quais colorem o caulim e reduzem seu valor econômico.
Os depósitos de caulim “in situ” são conhecidos como “china clay”, e o nome Kaolin é
devido a origem histórica do Depósito de Kao Lin na China, traduzindo o nome significa
“Colina Branca” (White Hill ).
Um dos processos de caulinização, que pode ser representado pela equação:
2(Na, K)Al Si
3
O
8
+H
2
O + 2H
+
= Al
2
Si
2
O
5
(OH)
4
+ 4SiO
2
+ 2(Na, K)
+
feldspato água caulinita sílica amorfa
4.1. 1 Ambiente de alteração
A alteração de rochas feldspáticas, especialmente em climas tropicais, produz caulins
pela liberação e remoção dos álcalis e sílica. A alteração envolve fluídos meteóricos de baixa
temperatura (até 40°C) e geralmente ocorre perto da superfície. Os perfis de alteração
dependem da topografia, fatores climáticos e das condições da zona insaturada. As zonas de
alteração podem estender-se até pouco mais de 100m.
4.1.2 Hidrotermal
Alterações hidrotermais em rochas com alumino silicatos são amplamente aceitas como
um mecanismo de formação da caulinita, halloysita e/ou dickita. Em alguns como há alteração
hidrotermal de difícil de identificação, pois estas são afetadas em um estágio inicial pela
percolação de fluídos quentes, normalmente de natureza ácida, e posteriormente também são
afetados pela alteração supérgena. Este tipo de caulinita, segundo Motta et al. (2004), é mais
comum no exterior nas jazidas da Inglaterra, Nova Zelândia e no Japão, no Brasil não são tão
importantes, ou onde existem foram sobrepostos por processos de intemperismo supergênico,
que teria descaracterizado a natureza hidrotermal de baixa temperatura.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 25
Damaris Miyashiro Kumayama
Um tipo de caulim associado a atividade hidrotermal formado pela caulinização de
rochas ácidas vulcânicas durante o estágio de declínio da atividade vulcânica em solfatara.
Neste caso, o material original pode ter sido vidro vulcânico, e o produto caulinizado
incluindo grãos finos de minerais de sílica e alunita (KAL
3
(SO
4
)
2
(OH)
6
), reflete sua formação
com a presença de sulfatos de origem vulcânica.
A caulinita é instável acima de 300°C, temperatura em que dá origem a pirofilita ou
sericita e mesmo feldspados, com a perda de água e adição de sílica e álcalis, em especial
potássio e sódio. A formação de caulinita pode ser diretamente a partir da alteração dos
feldspatos alcalinos e de outros minerais contendo alumínio, da cristalização de um material
plasmático rico em alumina e sílica (alofano) resultante da destruição das estruturas cristalinas
dos minerais aluminosos; da reação da sílica do material plasmático com gibbsita originada
inicialmente no processo de intemperismo sobre os feldspatos (Zanardo, informação oral), ou
através da presença de muscovita/sericita (ou illita) como produto intermediário, como
expresso pela reação abaixo:
3KAl Si
3
O
8
+ 2H
+
= KAl
3
Si
3
O10(OH)
2
+ 6SiO
2
+2K
+
ortoclásio muscovita/illita quartzo
2KAl
3
Si
3
O
10
(OH)
2
+2H
+
+3H
2
O=3Al
2
Si
2
O
5
(OH)
4
+2K
+
Muscovita/illita caulinita
4.2 Depósitos secundários de caulim
Estes depósitos são formados por processos sedimentares nos quais as rochas
caulinizadas, a exemplo de granitos, gnaisses, migmatitos, xistos, anortositos, arcósios,
grauvacas, folhelhos, tufos, xistos, etc. constituem a fonte primária.
A erosão das fontes primárias seguida do transporte da argila para o lugar onde é
depositada e preservada são fatores essenciais para a formação do depósito de caulim. Estes
caulins são detríticos, produtos da erosão dos mantos de alteração (intemperismo),
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 26
Damaris Miyashiro Kumayama
transportados, selecionadas e sedimentados, dominantemente pela água, em ambientes
adequados dos sistemas continentais, costeiro ou marinho.
O ambiente de deposição pode ser fluvial/lacustre como os do Noroeste da Inglaterra
(“ball clays”) e os caulins do Cretáceo da Geórgia, ou deltáico (como os caulins Terciários da
Geórgia).
Estes depósitos são comuns na Geórgia (EUA); Rio Jarí-AP e Rio Capim - PA (norte do
Brasil); oeste da Alemanha; e Guadalajara (Espanha) (LUZ et al., 2005).
Um aspecto que interfere na qualidade do caulim, além da natureza da fonte, história da
mesma, do meio de transporte e ambiente de deposição é a evolução diagenética. Em razão
desse fato, abaixo será abordado superficialmente a diagênese.
Esse caulim normalmente exibe granulação mais fina que o de origem primária, maior
superfície específica e maior plasticidade em função da granulometria e, principalmente, da
maior quantidade de matéria orgânica. Pela presença de matéria orgânica exibe coloração
cinza a negra e cor de queima branca, pois o ambiente anaeróbico gerado pela matéria
orgânica reduz o ferro possibilitando a sua remoção do sistema.
4.3 Diagênese
Evidências consideráveis, obtidas principalmente de pesquisas relacionadas com
exploração de petróleo em rochas areníticas feldspáticas de rochas reservatório, demonstraram
que o caulim é um produto diagenético comum, resultante da alteração de feldspatos durante a
compactação da sedimentação. A formação diagenética do caulim libera sílica e modifica a
composição dos fluídos dos poros. O início da diagênese inicia onde termina a alteração e se
estende até uma profundidade de 5 km em temperatura acima de 200°C, quando se adentra ao
campo das rochas metamórficas (fácies zeolítica ou anquimetamorfismo). Foi notado que um
polítipo, a dickita, substitui a caulinita como fase estável na profundidade de 3100m-3200m, e
a uma temperatura de 110°C a 130°C. A Figura 3 mostra o campo de estabilidade da caulinita
e dickita. Este mineral pode ser indicativo de alta temperatura, mas as temperaturas da
caulinita não são confinadas abaixo de 110°C. A maior temperatura da caulinita e seus
polimorfos é aproximadamente 300°C.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 27
Damaris Miyashiro Kumayama
Figura 3: Diagrama de estabilidade da caulinita e dickita. (INDUSTRIAL MINERALS -
DAC Manning, 1995).
A Figura 4 apresenta a forma da caulinita, que constitui delgadas placas ou folhas
pseudo-hexagonais, associada a uma variedade polimórfica denominada de halloysita, em que
a estrutura em folha 1:1 (T-O) encontra-se enrolada gerando forma tubular.
Caulinita
H
alo
is
it
a
Figura 4: Representação da caulinita e halloysita, no processo de alteração da caulinita
(INDUSTRIAL MINERALS - DAC Manning, 1995).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 28
Damaris Miyashiro Kumayama
4.4 Geologia dos caulins utilizados nas formulações de engobes e esmaltes
4.4.1 Caulim Horii
O caulim Horii tem origem primária, com jazida situada na região de Mogi das Cruzes.
Este depósito tem origem em intensa alteração supergênica de rochas graníticas,
migmatíticas e gnáissicas, que constitui os terrenos cristalinos de idade pré-cambriana
atribuída ao Grupo São Roque (SANTOS et al., 1998). Estes caulins são relativamente
ricos em ferro e a sua extração se dá por desmonte hidráulico, sendo a polpa resultante
bombeada para lavadores rotativos e depois a retirada de areia por sedimentação.
4.4.2 Caulim Pântano Grande
A jazida de caulim de Várzea do Capivarita está situada no município de Pântano
Grande, Rio Grande do Sul. Esse caulim também resultou da alteração supérgena, neste caso
sobre anortositos (anortosito Capivarita) (ROS e HOLZ, 2000). O anortosito Capivarita é um
labradorita anortosito, excepcionalmente andesina anortosito e bytownita anortosito, o
piroxênio que compõe o anortosito é o diopsídio e não constitui mais que 5% em volume.
Ainda possui hornblenda e a biotita aparece como inclusões no plagioclásio. A clorita é um
máfico comum neste anortosito. Este caulim, ainda preserva a estrutura da rocha original, o
que leva a ter caráter residual, como já foi citado anteriormente. O fraturamento da rocha
permitiu a circulação de água para a alteração da rocha, com forte remoção dos elementos
químicos mais móveis a exemplo do potássio, cálcio, sódio, magnésio e parte da sílica
(FORMOSO, 1973).
4.4.3 Caulim Mariana Pimentel
O caulim proveniente do município de Mariana Pimentel (RS), também é de origem
residual, porém desenvolvido sobre rochas sedimentares de estrutura rítmica, de origem
glaciolacustre, pertencente à Formação Rio do Sul (Grupo Itararé). Essas rochas sedimentares
de granulometria fina, compostas por quartzo, argilominerais e feldspatos detríticos foram
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 29
Damaris Miyashiro Kumayama
submetida a forte intemperismo químico, que removeu quase a totalidade dos álcalis e parte
significativa de ferro e sílica, resultando na concentração de alumina e conseqüente geração
de caulinita.
4.4.4 Caulim 151- Borborema-Seridó
Outro caulim utilizado neste trabalho é um caulim proveniente da Província Pegmatítica
Borborema – Seridó (Paraíba). Esta matéria-prima resulta do intemperismo de corpos
pegmatíticos, normalmente litíferos, intimamente associados ou não a stocks ou batólitos
graníticos encaixados em terrenos pré-cambrianos, compostos principalmente por micaxistos
com intercalações de quartzitos e gnaisses, englobados na unidade geológica denominada de
Grupo Seridó e em menores proporções em gnaisses e migmatitos do Complexo Gnáissico-
Migmatitico (MORAES e HECHT, 1997).
Este caulim é do tipo primário e decorre da alteração de pegmatitos ricos em feldspato e
a maioria das ocorrências está encaixada no quartzito da Formação Equador (SOUZA, 1998),
sendo o contexto estratigráfico da região esquematizado na Figura 5. Os mesmos autores
relatam a ausência de halloysita nos caulins desta província.
Figura 5: Estratigrafia do Pré-Cambriano da Paraíba, localizando a Formação Equador
encaixante de caulins, segundo Dantas e Caúla (1982, apud SOUZA 1998)
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 30
Damaris Miyashiro Kumayama
4.4.4 Argila Caulinítica São Simão
Uma das matérias-primas utilizadas nas formulações é uma argila “ball clay” de São
Simão. Estes depósitos situam-se na bacia aluvial do ribeirão Tamanduá, no nordeste do
estado de São Paulo, no domínio da Bacia do Paraná. Estes depósitos seriam resultado do
retrabalhamento de arenitos mesozóicos profundamente alterados em uma fase quente e
úmida. Os corpos são constituídos, na sua quase totalidade, por caulinita finamente dividida,
e com uma distribuição granulométrica bimodal (TANNO et al.., 1997).
Exemplo de beneficiamento do caulim
Existem dois processos de beneficiamento de caulim, via seca e via úmida. O processo
via seco é utilizado quando o caulim já apresenta alvura e distribuição granulométrica
adequada, bem como baixo teor de quartzo.
O processo mais comum é o de via úmida que envolve as etapas de dispersão,
desareiamento, fracionamento em hidrociclones e centrífuga, separação magnética, secagem e
filtragem (Figura 6)
O beneficiamento do caulim, sempre necessário devido à qualidade de granulometria e a
alvura que enobrece o seu uso nas empresas, não só de revestimentos, como nas empresas de
papel, farmacêutica e de cosméticos, entre outras, é realizado como mostra o fluxograma
abaixo
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 31
Damaris Miyashiro Kumayama
Figura 6: Diagrama simplificado do beneficiamneto de caulim via úmida (LUZ et al., 2005).
O caulim é amplamente utilizado no setor de revestimentos cerâmicos, além de outros
setores da indústria cerâmica e para ilustrar sua aplicação torna-se necessário entender seu
contexto industrial e no setor cerâmico.
Dispersão/Desagregação
Caulim Bruto
Desareamento
Rejeito
>0
,
25mm
Fracionamento Granulométrico
Produto Grosso Produto Fino
Rejeito
Delaminação
Floculação Seletiva
Flotação
Separação Magnética
Lixiviação redutora
Lixivi
ação
O
xi
da
nt
e
Filtragem
Secagem
Redispersão
Transporte
Big bag ou granel
Calcinação
Transporte
(polpa)
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 32
Damaris Miyashiro Kumayama
5 SETOR DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS____________________________
5.1 Os setores cerâmicos e os materiais cerâmicos
Materiais cerâmicos são produtos obtidos pelo aquecimento (queima) de bens minerais
processados a partir de uma única matéria-prima ou da mistura de várias conformadas ou não.
As matérias-primas são explotadas, selecionadas, beneficiadas e/ou blendadas de acordo com
as necessidades de processamento industrial ou dos produtos pretendidos, viabilidade de
custo, toxidades e impactos ambientais.
São Paulo (1992) reúnem os produtos cerâmicos em oito grupos:
Tabela 1: Setores cerâmicos
Grupo Setor
1 Cerâmica estrutural ou vermelha
2 Cerâmica Branca
3 Cerâmica de revestimento
4 Refratários
5 Refratários isolantes
6 Cerâmicas especiais
7 Cimento
8 Vidro
Nesses setores os principais consumidores de esmaltes e pigmentos são os do grupo 2
(Cerâmica Branca) e 3 (Cerâmica de revestimento). Neste estudo será mostrado somente o
setor de revestimentos. A seguir a Figura 7 que ilustra o corpo cerâmico esmaltado.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 33
Damaris Miyashiro Kumayama
Figura 7: Esquema revestimento cerâmico-engobe-esmalte (BIFFI, 2002).
Conforme as matérias-primas utilizadas nesses dois setores, as massas cerâmicas podem
ser classificadas como massa simples (ou natural) e composta (ou artificial), conforme
Emiliani, Corbara (1999):
Massa Simples ou natural: refere-se à massa formada por uma só matéria-prima, que
encerra em si mesma as necessárias proporções entre os minerais que permitam a manufatura
da peça cerâmica desejada. Incluem-se aqui as massas formadas só de argila podendo conter,
às vezes, a mistura de mais de uma argila. Ex.: massas feitas com argilas para fabricação de
telhas, tijolos e revestimentos.
Neste caso, pode ser incluído o revestimento cerâmico produzido, pela grande maioria
das indústrias que constituem o Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes, que utilizam matérias-
primas extraídas da Formação Corumbataí. Essas indústrias utilizam matérias-primas com
diferentes graus de plasticidade, normalmente causada por magnitudes de intemperismo
diferentes, mostrando-se que as mais alteradas são as mais plásticas, provenientes da mesma
mina ou de minas diferentes, porém da mesma região. A secagem é feita basicamente em
pátios amplos, utilizando a energia solar e a moagem ou desagregação é realizada a seco,
utilizando moinhos de martelos e/ou pendulares.
Esmalte
Engobe
Suporte
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 34
Damaris Miyashiro Kumayama
Massa composta ou artificial: é denominada quando ocorre mistura de diversas
matérias-primas na massa. Trata-se das massas triaxiais de cerâmica branca, de revestimentos
via úmida, etc. Este tipo de indústria utiliza argilas cauliníticas, especialmente, do tipo ball
clay, para a manufatura da base cerâmica (biscoito) e o mesmo tipo de caulim ou de outra
origem na constituição do engobe e do esmalte.
Materiais de acabamento: existem alguns produtos que conferem um acabamento ao
corpo cerâmico, são eles os esmaltes e os pigmentos ou corantes. As indústrias que fabricam
estes produtos consomem caulins que devem ter alta qualidade, com teores muito baixos de
ferro e estão agrupadas nos colorifícios intimamente ligadas ao setor de revestimentos, que
também são consumidoras de caulins,
Entre os diversos segmentos cerâmicos que empregam materiais de acabamento
(esmaltação), a indústria de revestimento é que tem apresentado maior dinamismo.
Constituindo o ramo cerâmico de referência para o estudo deste projeto de pesquisa. A seguir
é apresentado, de maneira sucinta, o panorama de mercado do setor de revestimentos.
5.2 Produção brasileira de revestimentos cerâmicos e inserção no mercado internacional
O Brasil apresenta uma produção crescente em revestimentos, como demonstra a Figura
8, sendo o quarto na produção mundial (Figura 9). Isto salienta a importância do estudo de
matérias-primas para o setor em crescimento, sendo que as matérias-primas devem estar
próximas aos lugares de consumo, sobretudo aquelas com maior volume de consumo. Na
região de Rio Claro, onde se encontra o principal pólo brasileiro de revestimento cerâmico, há
um aporte grande de matérias–primas para o suporte dos revestimentos e encontram-se
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 35
Damaris Miyashiro Kumayama
também empresas especializadas de colorifícios e fritas para acabamento dos revestimentos.
Figura 8: Produção Brasileira de revestimentos segundo Anfacer (2007)
Figura 9: Principais produtores mundiais de revestimento segundo Anfacer (2007).
A produção brasileira se concentra em algumas regiões, onde ocorrem depósitos de
matéria-prima com qualidades para a fabricação da base do revestimento cerâmico (biscoito),
como mostra o mapa de distribuição dos aglomerados produtivos de cerâmica no Brasil
(Figura 10).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 36
Damaris Miyashiro Kumayama
R N
R N
R N
R N
R N
R N
R N
R N
R N
R N
A L
A L
A L
A L
A L
A L
A L
A L
A L
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S E
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A M
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M S
M S
M S
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M S
M S
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1 - Teresina - PI
2 - Fortaleza - CE
3 - Aracati - CE
4 - Crato - CE
5 - Mossoró - RN
6 - João Pessoa - PB
7 - Ipojuca - PE
8 - Recife - PE
9 - Satuba - AL
10 - Mace - AL
APLs
APLs
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APLs
APLs
APLs
APLs
1 - Santa Gertrudes
2 - Criciúma
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Fonte: Elaborado por IPT
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
UNIDADES CERÂMICAS
* uma planta instalada e outra em implantão
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Outros Aglomerados
Produtivos
Produtivos
Produtivos
Produtivos
Produtivos
Produtivos
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1 - Mogi Guaçu
2 - Grande São Paulo
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0 275 550 Km
11 - Sergipe
12 - Dias Dvila * - BA
13 - Candeias - BA
14 - Camari - BA
15 - Apolis - GO
16 - Várzea da Palma - MG
17 - Governador Valadares - MG
18 - Pará de Minas - MG
19 - Ibitiré - MG
20 - Serra - ES
21 - Curitiba - PR
22 - Campo Largo - PR
23 - São Mateus - PR
24 - Pelotas - RS
25 - Eldorado do Sul - RS
26 - São Leopoldo - RS
27 - Porto Alegre - RS
28 - Charqueadas - RS
5
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Figura 10: Mapa dos produtores de revestimentos cerâmicos do Brasil (CABRAL JR e
SERRA, 2006).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 37
Damaris Miyashiro Kumayama
6 MATÉRIAS-PRIMAS E CARACTERÍSTICAS DO ACABAMENTO DOS
REVESTIMENTOS CERÂMICOS_____________________________________
A parte superior desses revestimentos cerâmicos é manufaturada a partir de uma massa
composta por quartzo, materiais fundentes, caulim, fritas (vidro), pigmentos e outros materiais
na dependência dos efeitos pretendidos, relativos à cor e opacidade. De modo geral, a cor
pode ser definida como uma manifestação física da luz modificada e conseqüentemente a
resposta dos seres humanos ao estímulo físico-psicológico provocado.
Um corante (pigmento) cerâmico é definido como um composto geralmente calcinado,
de um ou mais óxidos metálicos coloridos, que quando adicionado a um esmalte confere a
peça cerâmica uma coloração uniforme pela formação de um filme vítreo colorido.
Os materiais utilizados para acabamento nos revestimentos são os esmaltes e os
pigmentos, como já foi citado, mas ainda é utilizada uma camada intermediária ,chamada de
engobe, entre o esmalte e suporte.
O engobe é utilizado para permitir uma melhor interação físico-química da peça e do
esmalte. Além disso o engobe pode esconder a cor da peça cerâmica caso esta seja muito
escura, dando um melhor acabamento visual a peça.
Oliveira e Labrincha (2002), fizeram estudos de engobes e esmaltes para monoporosas,
definindo viscosidades ótimas para aplicação por campânula:
Tabela 2: Viscosidades ótimas para aplicação em peças monoporosas:
Tipo de vidrado Densidade (g/l)
Engobe 1870-1900
Opaco 1840-1860
Cristalino 1780-1800
Mate 1840-1860
Existem vários estudos sobre o acordo massa-esmalte, El-Defrawi et al.. (1994) cita um
equipamento chamado de Sensor para micro-análise (EPMA), que é utilizado para estudo da
micro-química e microestrutura do vidro e sua interação com o corpo cerâmico.
Os autores descrevem que a superfície do esmalte não somente depende do tipo de
esmalte, mas também do corpo cerâmico e sua interação durante a queima. A camada entre o
esmalte e o corpo cerâmico permite que o esmalte resista mais ao choque térmico.
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 38
Damaris Miyashiro Kumayama
Os vidros geralmente contêm bolhas e camadas interfaciais, as quais, se suficientemente
numerosas, podem influenciar em suas propriedade (EL-DEFRAWI et al.., 1994). Os mesmos
autores afirmam que a capacidade de cobertura e a viscosidade dos esmaltes controlada pela
sua tensão superficial, ângulo de contato, viscosidade e opacidade. Esmaltes opacos podem ter
uma quantidade razoável de material opaco finamente distribuído e uma notável diferença no
índice de refração. O Zircão (ZrSiO
4
), ZrO
2
, ZnO, TiO
2
e SnO
2
são utilizados como
opacificantes. O ZrSiO
4
já foi comprovado, por estes autores, como agente opacificante,
especialmente na presença de ZnO arranjado com SiO
2
/Al
2
O
3
. No experimento os autores
utilizaram corpos de prova com FeO de 2,63 a 4,51. Utilizando o Sensor para micro-análise
(EPMA), neste trabalho constatou-se que o engobe auxilia na resistência superficial , e a
mistura de 5,0% a 8,0% de B
2
O
3
, leva a uma superfície brilhante. A Figura 11 abaixo mostra
o aspecto do sistema suporte-engobe-esmalte
Figura 11: Esquema do esmalte, engobe e suporte (BIFFI, 2002)
Esmalte
Engobe
Suporte
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 39
Damaris Miyashiro Kumayama
6.1 Aditivos empregados em esmaltes e engobes
Os aditivos são utilizados para acertar as propriedades requeridas no esmalte, como
viscosidade e pega do esmalte com o corpo cerâmico, destacando-se o ligante
carboximetilcelulose (CMC).
O CMC encontrado em pó ou em solução é um sal orgânico sódico ou cálcico; solúvel
em água, usado em esmaltes, engobes, cones pirométricos, ligantes para refratários
(argamassas), abrasivos e argilas para cerâmica estrutural, considerado lubrificante, umectante
e plastificante. O uso em esmaltes tem por função aglutinar, espessar e dispersar (0,1% a
0,5%)e em conseqüência aumenta a viscosidade, pois funciona como colóide estabilizante. Os
tipos de CMC são de alta, média e baixa viscosidade. O uso de CMC nas massas aumenta a
vida útil dos moldes de gesso e resistência das peças moldadas por processo de colagem,
utilizado geralmente para louças de mesa.
O CMC aumenta a consistência da massa crua e incrementa sua aderência ao suporte.
Sua utilização modifica as características da suspensão, promovendo um comportamento
pseudoplástico e incrementando sua viscosidade, em conseqüência de sua dissolução no meio
aquoso (MORENO et al.., 2002)
Os defloculantes são compostos que interagem ativamente com a barbotina, tornando-a
fluida. O defloculante utilizado para engobes e esmalte, neste trabalho, foi o tripolifosfato de
sódio (Na
5
P
3
O
10
)-(TPF).
Ao se dissolver os defloculantes em meio aquoso, há uma dissociação entre os ânions
correspondentes (tripolifosfato ou hexametafosfato) e o cátion Na
+
. O efeito do defloculante é
produzido, então, como conseqüência de duas causas: por um lado, um efeito eletroestérico ao
adsorver o ânion sobre a superfície das partículas sólidas em suspensão, separando-as; por
outro lado, a formação de um complexo com Ca
+
(e possivelmente o resto de alcalinos
terrosos) que o elimina como cátion livre na solução (MORENO et al.., 2002).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 40
Damaris Miyashiro Kumayama
7 MATÉRIAS-PRIMAS PARA COMPOSIÇÃO DOS ESMALTES E ENGOBES
CERÂMICOS____________________________________________________
Além do caulim outras matérias-primas são utilizadas nas formulações de engobes e
esmaltes cerâmicos. Neste capítulo descrevem-se rapidamente essas matérias-primas e suas
propriedades.
A escolha da matéria-prima para o acabamento da peça cerâmica, neste caso o
revestimento, é de suma importância. Richard A. Eppler (2002) descreve os óxidos que
compõem a formulação dos esmaltes.
7.1 Sílica
A sílica (SiO
2
) é a base dos esmaltes e é necessária em concentração suficiente para
manter a estrutura do vidro, mas tem como limitação a taxa de fusão (EPPLER, 2002). A
forma estável existente na natureza é o Quartzo α e ocorre tanto em rochas metamórficas
como quartzito, em magmáticas a exemplo dos granitos e em sedimentares como arenitos.
Compõem a grande maioria das rochas magmáticas e metamórficas e perfaz cerca de 12% do
volume da crosta terrestre. É importante para indústria cerâmica são as transformações
térmicas da sílica.
a) quartzo α para quartzo β (573°C-870°C);
b) tridimita αpara tridimita β (870°C1470°C);
c) cristobalita α para cristobalita β (estáveis apenas acima de 1470ºC).
As transformações de baixa temperatura (α) e de alta temperatura (β) são reversíveis e
muito violentas (requerem pouca energia para ocorrer) apesar de não haver ruptura nas
ligações e distribuição dos átomos. Estas transformações são na realidade alterações nos
ângulos de ligações dos tetraedros e um pequeno ajuste de distância interatômica. Por isso são
chamadas transformações deslocativas, de inversão ou enaciotrópicas. Nestas transformações
ocorre variação de volume (o volume diminui significativamente na passagem de (β) para
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 41
Damaris Miyashiro Kumayama
(α)) e, devido à sua reversibilidade e rapidez, podem ocasionar ruptura da peça cerâmica
durante a queima, principalmente, no resfriamento das mesmas.
O quartzo em cerâmica, no suporte cerâmico, ajuda na formação da fase vítrea, além de
diminuir a contração de secagem e queima. O difratograma da Figura 18 mostra a pureza do
quartzo utilizado na formulação de engobe e esmalte.
O quatzo empregado no setor cerâmico é proveniente de fontes sedimentares (areias
quartzosas, por exemplo arenitos eólicos da Formação Botucatu) e rochas metamórficas (
quartzitos) ricas em SiO
2
e com baixo teor de Fe
2
O
3
.
7.2 Feldspatos e outras fontes de álcalis
Os feldspatos são constituintes essências das fritas, esmaltes e engobes excetuando os
engobes de baixo, aplicado na parte inferior do revestimento evitando impregnação nos rolos
dos fornos. Para o acabamento necessita-se de produtos com baixíssimos teores de ferro e de
outras impurezas, que produzem cor ou liberação de gases, razão pela qual, os feldspatos para
o acabamento são quase todos provenientes de pegmatitos. A granulação dos pegmatitos
facilita o beneficiamento, a exemplo do que ocorre nas províncias pegmatíticas da região de
Araçuaí e da Borborema.
Segundo Eppler (2002), é preferível utilizar os sódicos ao invés dos potássicos para
queimas em cone 1 (1109°C), sendo que para louças sanitárias é aceita a utilização dos
potássicos devido à alta viscosidade. Para alcançar a quantidade de álcalis desejada, ainda
podem ser utilizadas a nefelina sienito, porém em concentrações menores devido à grande
quantidade de álcalis. A muscovita pode ser utilizada para ajustar a razão alumina/sílica. Os
minerais de lítio, espodumênio e petalita, também podem ser utilizados, sendo efetivos em
temperaturas baixas como 1000°C, quando o lítio for apropriado na formulação.
No Brasil as reservas (medidas + indicadas) oficialmente conhecidas são da ordem de
171,3 milhões de toneladas, destacando-se o estado de Minas Gerais (com 53,1% dessas
reservas) e o estado de São Paulo (37,4%). Os estados da Bahia, Ceará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina são tamm detentores de
reservas de feldspato (DNPM, SUMÁRIO MINERAL, 2005).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 42
Damaris Miyashiro Kumayama
Segundo o DNPM no Sumário Mineral (2005), a produção mundial de feldspato em
2004 atingiu 11,0 milhões de toneladas e os maiores produtores foram a Itália (22,7%), a
Turquia (17,3%), os Estados Unidos (7,2%), a Tailândia (7,1%) e a França (6,1%).
Os feldspatos em cerâmica ajudam na estruturação dos compostos e, dependendo da
composição, os mais alcalinos diminuem a temperatura de sinterização.
Como fundentes ainda são utilizadas fritas, que constituem vidros pré-fundidos e
“estilhaçados”; carbonato de sódio artificial produzido pela reação de halita com carbonato de
cálcio, denominado de barrilha e hidróxido de sódio denominado de soda ou soda cáustica.
A sua função é abaixar o ponto de fusão e sinterização, além de contribuir com a
estabilidade e resistência dos vidrados.
Neste trabalho o feldspato utilizado na composição de esmaltes foi a albita, que possui
composição sódica como é visto no difratograma da Figura 17.
7.3 Boro/Boratos
Outro elemento muito utilizado na produção das fritas que compõem os esmaltes e
esmaltes é óxido de boro (B
2
O
3
), pelo fato de abaixar o ponto de fusão e diminuir a
viscosidade, porém o seu uso é limitado pelo aparecimento de bolhas e considerações devido
a durabilidade, uma vez que diminui a resistência mecânica e química do acabamento
(EPPLER, 2002). Este insumo é importado, uma vez que não é produzido no Brasil.
Outros fundentes
Outra categoria de fundentes corresponde a materiais que não possuem baixo ponto de
fusão, mas são facilmente atacados pelo fundido na temperatura de queima e, uma vez
dissolvidos, contribuem para as reações que formam o produto final. Um exemplo desta
categoria é a wollastonita, que em temperaturas acima de 1050º-1100ºC, é facilmente atacada
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 43
Damaris Miyashiro Kumayama
pelos óxidos fundidos. Um material alternativo para a wollastonita é a calcita ou carbonato de
cálcio, necessitando porém para tal mistura teores maiores de sílica; e além disso, a
temperatura de selamento deve ser superior a 900°C, devido à liberação do dióxido de
carbono. A dolomita pode ser utilizada em esmaltes que toleram MgO, pois este óxido é
quase tão lento quanto refratário no que se refere à taxa de dissolução, muito embora uma vez
dissolvido, contribua substancialmente para a redução da viscosidade do fundido. Estas duas
matérias primas são raramente usadas.
7.5 Zircão ou Zirconita e Zircônia
A adição de zircônia (ZrO
2
) é limitada por sua solubilidade, a menos que se queira um
esmalte opaco. Existe uma concentração ótima de alumina (Al
2
O
3
) para a “brancura” do
esmalte, abaixo da qual ocorre a cristalização. Podendo ser útil para esmaltes mates e
acetinados (EPPLER, 2002).
O Zircão é um mineral de peso específico de 4 a 4,7, dureza 7,5, que se cristaliza no
sistema tetragonal, formando prismas fechados por pirâmides. É altamente refratário, com
ponto de fusão elevado, muito resistente ao ataque de escórias ácidas, mas pouco resistente a
escória básicas e ao óxido de ferro. Também é resistente ao choque térmico e ao desgaste pelo
atrito.
O mineral zirconita (ou zircão) é a principal fonte de zircônio, que também é encontrado
em ocorrências de baddeleyta (óxido de zircônio) e de caldasito ou zirkita (mistura de óxido e
silicato de zircônio). No Brasil, as reservas brasileiras de minério de zircônio referem-se a
zirconita e a baddeleyta/caldasito, o primeiro, encontrado na região de Peixe (TO) associado a
rochas alcalinas e em sedimentos arenosos costeiros em associação com outros minerais
pesados, em especial ilmenita e monazita. Já o segundo ocorre nas proximidades da cidade de
Poços de Caldas (MG), associado às intrusivas alcalinas do final do mesozóico.
Representando 3,2% do total mundial, as reservas brasileiras oficialmente reconhecidas pelo
DNPM somam 2.226 mil toneladas e estão distribuídas nos seguintes Estados: Amazonas,
Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e Tocantins (DNPM, SUMÁRIO MINERAL,
2005).
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 44
Damaris Miyashiro Kumayama
Líder no mercado mundial, a Austrália é detentora de 43,4% das reservas e liderou a
produção mundial em 2004 (DNPM, SUMÁRIO MINERAL, 2005), todavia como este pais
vem evidenciando que as reservas estão se exaurindo o preço deste insumo está em alta,
existindo possibilidade de falta deste produto no mercado mundial nos próximos anos.
A produção brasileira de concentrado de zircônio tem sido efetuada por duas
empresas: Millennium Inorganic Chemicals do Brasil S.A., no Município de Mataraca, na
Paraíba, e Indústrias Nucleares do Brasil S.A. - INB, na Usina de Buena, município de São
Francisco de Itabapoana, no Rio de Janeiro. A empresa MITO - Mineração Tocantins Ltda.
está em fase de pesquisa e solicitou guia de utilização ao DNPM para comercializar minério
de zircônio
O Zircão, em função do seu alto índice de refração e refratariedade, atua nos esmaltes e
esmaltes cerâmicos como opacificante.
7.6 Talco
Um mineral utilizado na formulação de engobes e na produção de alguns tipos de fritas
é o talco, que é um mineral de cor branca ou esverdeada de pequena dureza (1) e, quando
riscado com a unha, produz um pó, o qual dá a sensação de untosidade. É constituído por
silicato de magnésio hidratado, de fórmula 4SiO
2
. 3MgO. H
2
O, contendo freqüentemente
pequenas impurezas de outros silicatos. Apresenta estrutura lamelar ou fibrosa ou, ainda, em
massas compactas, forma a rocha que se dá o nome de esteatito. O difratograma da Figura 19
mostra a pureza do mineral de talco utilizado na formulação do engobe.
No ano 2004, em relação a 2003, é registrado o incremento na produção de talco de
8,7%, e de 15,2%, quando comparado a 2002. Estes dados demonstram a tendência de
estabilização crescente da produção, oriunda não só da demanda reprimida, como do
crescimento econômico registrado no país, no ano anterior. (DNPM, SUMÁRIO MINERAL,
2005). Segundo o DNPM no Sumário Mineral (2005), o aumento significativo da produção é
registrado pela Magnesita S. A – Brumado, no estado da Bahia, que passou a ser o principal
produtor nacional, já nos estados do Paraná e São Paulo os níveis de produção mantiveram-se
estáveis. Esta variabilidade regional de produção se relaciona com a qualidade e aplicação do
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 45
Damaris Miyashiro Kumayama
talco utilizado pelo mercado consumidor, visto que àquele oriundo da Bahia apresenta maior
alvura e pureza, enquanto o oriundo da região sul se aplica predominantemente à indústria
cerâmica.
7.8 Óxido de Zinco
O óxido de zinco (ZnO) é outro insumo bastante utilizado na composição das fritas ou
do esmalte e com tendência de aumento. Este apresenta, em alguns casos, limitação de uso
devido à sensibilidade com alguns pigmentos (EPPLER, 2002). Este insumo provém do
beneficiamento da esfalerita (ZnS), willemita (Zn
2
SiO
4
) e hemimorfita
(Zn
4
Si
2
O
7
(OH)
2
.2H
2
O), que são extraídas, principalmente no oeste mineiro na região de
Vazantes, Paracatu e Morro Agudo.
Segundo Eppler (2002), o óxido de zinco (ZnO) é atacado e dissolvido pelos óxidos
fundidos a velocidades razoáveis em temperaturas aproximadamente superiores a 1050°C,
diminuindo a viscosidade e aumentando o poder de dissolução do fundido.
O zinco é um metal branco, de peso específico 7,1; que funde a 419°C e volatiliza a
930°C, o que facilita sua obtenção com elevada pureza.
As reservas mundiais de zinco (medidas e indicadas), em metal contido, são da ordem
de 460 milhões de toneladas, destacando-se a China (com 20% dessas reservas), os Estados
Unidos (19,6%), a Austrália (17,4%) e o Canadá (6,7%). As reservas brasileiras representam
1% das reservas mundiais, existindo ainda no país reservas inferidas superiores a 3,0 milhões
de toneladas (DNPM, SUMÁRIO MINERAL, 2005).
Cerca de 82,9% das reservas brasileiras estão localizadas nos municípios de Vazante e
Paracatu, ambos na região noroeste do estado de Minas Gerais. O minério existente nos
depósitos de Vazante é oxidado, constituído de willemita e hemimorfita ou calamina, com
teores de zinco variando entre 16% e 39%. O minério de Paracatu é do tipo sulfetado,
esfalerita, com teores de zinco entre 5% e 5,2%. Os demais estados que possuem reservas de
zinco, com suas respectivas participações e teores médios, são os seguintes: Rio Grande do
Sul, com 8,7% das reservas e teor médio de 1,8%; Mato Grosso do Sul, com 2.5% e teor
médio de 8,1%; Bahia, com 2,3% e teor médio de 4,6%; Paraná, com 2,6% e teor médio de
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 46
Damaris Miyashiro Kumayama
2,1% e Pará, com 1% das reservas e teor médio de 1% (DNPM, SUMÁRIO
MINERAL,2005).
Na indústria de esmaltes para produtos cerâmicos é utilizado como fundente, isto é, par
abaixar a temperatura de fusão da mistura.
O óxido de zinco é um fundente muito ativo em alta temperatura. Quando usado em
excesso em um esmalte com baixo teor de alumina e resfriado lentamente, o zinco irá
produzir cristais, como mostra a Figura 12. O zinco e a sílica proveniente do quarto,
feldspatos e/ou de outro silicato tem grande afinidade, dando origem rápida ao silicato de
zinco (Zn
2
SiO
4
). Em seu estado natural, este ingrediente é conhecido como willemita.
Aumentando a porcentagem de zinco, aumenta a quantidade de cristais. Entretanto, óxido de
zinco em excesso numa fórmula de esmalte produz tanto cristal que torna o esmalte mate, ou
seja, com coloração branca acetinada (Figura 12) (PIMENTA, 2007).
Figura 12: Aspecto de cristais em esmalte contendo zinco (PIMENTA, 2007)
7. 9 Óxidos Alcalinos Terrosos
Óxidos de alcalinos terrosos (CaO, MgO, SrO) não devem ser utilizados em esmaltes a
serem queimados a temperaturas menores que cone 1 (1093°C). Para temperaturas maiores
que esta a concentração destes óxidos é determinada pelo brilho desejado. Particularmente
não se recomenda o uso de magnésia (MgO) em teores maiores do que os usuais níveis de
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 47
Damaris Miyashiro Kumayama
impureza (contidas em outras matérias primas) (EPPLER, 2002). As principais fontes de CaO
são os calcários e mármores, rochas comuns no território brasileiro; do MgO é a magnesita e
os mármores e calcários magnesianos (dolomíticos), que são mais comuns que os calcíticos; e
do SrO os minerais estroncianita (SrCO
3
) e celestita (SrSO
4
), minerais encontrados em
associação com calcários, mármores e veios hidrotermais.
7.10 Óxido de Chumbo
Os óxidos de chumbo (PbO, Pb
3
O
4
ou PbO
2
– litargita/massicoto, mínio e plattenerita)
constitui-se em um insumo que foi muito utilizado na composição dos esmaltes, porém na
atualidade por problemas ambientais a sua utilização foi praticamente suprimida. Esse
produto além de abaixar bastante o ponto de fusão empresta ao esmalte um brilho intenso.
Segundo Eppler (2002) o bissilicato de chumbo pode ser utilizado como fundente em
pigmentos vítreos a temperaturas tão baixas como 600°C. Os óxidos naturais são raros
enormalmente são produzidos a partir da galena (PbS).
O óxido de chumbo tendo em vista sua toxidade não vem sendo mais empregado pelos
colorifícios brasileiros
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 48
Damaris Miyashiro Kumayama
8 CAULINS UTILIZADOS E ARGILAS CAULINÍTICAS_____________________
Os caulins utilizados foram selecionados conforme a cor de queima e diferença de
proveniência para observar o comportamento nas formulações. As amostras de referências
(Tabela 3) foram coletadas em empresas que produzem fritas, ou fazem formulações de
esmalte (amostras Premium), enquanto que as amostras exploratórias (Tabela 4) foram
selecionadas pela cor de queima e gênese.
Tabela 3: Amostras de referência:
Amostras Contexto Geológico
DA 151 Caulim de Pegmatito
DA153 Caulim de Pegmatito
DA 154 Caulim de Granito
Amostras de Referência
DA ESM Caulim de Pegmatito
Tabela 4: As amostras exploratórias as quais foram caracterizadas para comparação, são:
RS-47-Mariana Pimentel- Pelito
da Bacia do Paraná
AMOSTRAS
EXPLORATÓRIAS
Seleção com base em:
Diferente contexto geológico
Características mineralógicas e
granulométricas
Propriedades cerâmicas (cor de
queima)
RS49- Pântano Grande – Caulim
de Anortosito
A Figura 13 traz argilas plásticas cauliníticas, de algumas minas ou jazidas brasileiras,
que foram selecionadas segundo suas cores de queima clara.
Figura 13: Quadro contendo argilas plásticas pré-selecionadas com as respectivas cores de
queima.
Argilas mais claras
32 - A-Apiaí P04
47- Mariana Pimentel
36 - Alto Tietê
49 - Pantano Grande
42- Campo Largo
18 - São Simão
44 - Campo Alegre
32 47 36 49 42 18 44
Caracterização comparativa de caulins para formulações de engobes e esmaltes cerâmicos 49
Damaris Miyashiro Kumayama
9 DADOS FORNECIDOS POR EMPRESAS (FORMULAÇÕES)_____________
Além do caulim o esmalte e o engobe são resultados de uma mistura de matérias-primas
já citadas (massa artificial, ou seja, resultado de uma mistura de matérias-primas). As
formulações dos esmaltes e engobes foram feitas com base nas formulações fornecidas pelas
indústrias de fritas e pigmentos da Região de Mogi Guaçu (SP). Segue-se abaixo algumas
formulações de empresas:
Engobe
Fita Branca: 25%-35%
Argila Caulinítica: 10%-20%
Argila Plástica: 5%-10%
Feldspato: 15%-20%
Quartzo:15%-20%
Zirconita:5%-10%
Talco:0%-5%
TPF: 0,3%
Esmalte
Frita Transparente: 80%-90%
Caulim: 5%-10%
Albita: 5%-10%
Quartzo: 0%-5%
CMC: 0,3%
TPF: 0,3%
Formulação de esmalte de outra empresa de fritas e pigmentos:
Frita: 92%
Caulim: 8%
Outra formulação de esmalte mate da empresa na região de Americana (SP):
Frita: 85%
Caulim: 4%
Zinco: 3%
Alumina: 8%
Formulação de esmalte e corante, segundo empresa da região de Americana (SP):
96% de esmalte para 4% de corante
Para cada litro de água dilui-se 8,5g de CMC.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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50
10 RESULTADOS ANALÍTICOS________________________________________
Neste trabalho foram preparados engobe e esmalte transparente, com base nas
formulações existentes no mercado, fornecido por empresas do ramo.
As tabelas 5 e 6 trazem respectivamente a formulação do engobe e do esmalte
transparente utilizado nos testes laboratoriais.
Tabela 5: Formulação de engobe
Engobe Porcentagem Massa(g)
Frita Branca 30% 90g
Caulim 20% 60g
Argila São Simão 10% 30g
Feldspato 15% 45g
Quartzo 20% 60g
Zirconita 2,5% 7,5g
Talco 2,5% 7,5g
Tabela 6: Formulação de esmalte transparente
Esmalte Porcentagem % Massa
Frita transparente 80% 240g
Caulim 5% 15g
Albita 10% 30g
Quartzo 4,7% 14,1
CMC 0,3% 0,9
TPF 0.85g/100ml H
2
O
10.1 Granulometria
Um dos parâmetros de grande importância para o entender o comportamento
tecnológico de uma matéria-prima cerâmica é a distribuição granulométrica, fator que
interfere na reologia das barbotinas, plasticidade da massa, resistência a verde e queimada e
sinterização. A granulometria das amostras estudadas apresenta uma variação significativa
associável a aspectos genéticos e evolutivos do depósito. Para ilustrar a variação
granulométrica foram selecionadas algumas amostras de origens e contextos geológicos
diferentes, que estão relacionadas a seguir: Na Figura 14 estão representadas as variações
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
51
encontradas nas amostras RS 47 (caulim proveniente de pelito da Bacia do Paraná) e RS 49
(proveniente de anortosito do Rio Grande do Sul); na Figura 15 da amostra DAESM (amostra
de pegmatito) e; na Figura 16 das amostras DA-151 (caulim de pegmatito), DA-153 (caulim
de pegmatito) e DA-154 (caulim de granito).
Dentre as amostras analisadas a que apresentou maior variação granulométrica (colóide
a areia média) e comportamento nitidamente bimodal (com pico granulométrico ao redor de
2,65μm e ao redor de 222,28μm), Figura 14,foi à amostra proveniente de alteração dos
sedimentos da Formação Rio do Sul (RS 47), refletindo a grande variedade granulométrica
dos sedimentos, onde o pico mais correspondente a granulação mais fina, representa a
distribuição granulométrica dos argilominerais e o outro dos clastos representados
dominantemente por quartzo.
A amostra que apresentou a menor variação e maior simetria, na distribuição
granulométrica (média ao redor de 7,07μm), foi a proveniente da alteração de anortosito
(RS49) (Figura 14), aspecto que pode ser atribuído a natureza mineralógica e granulométrica
do protólito, que é praticamente monominerálico, constituído por cerda de 90% de
plagioclásio cálcico e eqüigranular de granulação média.
Nos histogramas referentes a protólitos pegmatíticos (Figuras 15 e 16) pode ser
observada uma certa similaridade na distribuição granulométrica (amostras DAESM, 151 e
153), porém as diferenças entre elas são perceptíveis, a amostra DAESM possui
granulometria média ao redor de 6,45μm; a 151 é semelhante tanto na distribuição
granulométrica na qual a média é de 10,16μm, como na distribuição granulométrica ampla
entre 0,5μm e 300μm, sem formar picos, enquanto que na amostra 153 a granulação média
fica ao redor de 10μm, apresentando granulação nitidamente superior à das outras duas. Já a
amostra 154 (Figura 16) proveniente de granito apresenta granulação bem maior (granulação
média da ordem de 18,56 μm) que as de pegmatito e assimetria com pico deslocado para a
fração de granulometria maior, enquanto as de pegmatito apresentam leve assimetria com
deslocamento do pico para a granulometria menor, ou seja, a granulometria menor constitui o
maior volume da amostra ao passo em que na matéria-prima proveniente do granito a fração
mais grossa predomina sobre a fina.
Os gráficos integrais de granulometria podem ser observados no Anexo I.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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52
Figura 14: Gráfico de distribuição granulométrica dos caulins de pelito RS 47 e RS 49 de
anortosito.
Figura 15: Gráfico de distribuição granulométrica do caulim ESM de pegmatito.
Figura 16: Gráfico de distribuição granulométrica dos caulins DA 151 de pegmatito, DA 153
de pegmatito e DA 154 de granito
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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53
10.2 Mineralogia/difratometria
A caracterização mineralógica é um aspecto fundamental para o entendimento das
condições em que foi gerada a argila em foco, bem como do comportamento tecnológico
desta. Devido a natureza granulométrica desse material a caracterização foi baseada
essencialmente em análises de difração de raios X, com apoio da análise química (elementos
maiores) por fluorescência de raios X e de microscopia óptica convencional.
10.2.1 Difratometria dos Aditivos
Foram realizadas análises de difração de raios X para algumas das matérias-primas
utilizadas juntamente com o caulim, na composição de formulações de esmaltes e engobes, ou
seja, albita (Figura 17), quartzo (Figura 18) e Talco (Figura 19). As difrações mostram que
estes materiais podem ser considerados puros, aspecto imprescindível para obter propriedades
mais uniformes nas formulações.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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54
Figura 17: Difratograma da Albita
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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55
Figura 18: Difratograma do quartzo
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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56
Figura 19: Difratograma do talco
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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57
10.2.2 Caulins
As Figuras 20 a 28 referem-se aos resultados das análises de difração de raios X dos
diferentes caulins estudados.
Os difratogramas mostram que os caulins utilizados são relativamente puros, sendo que
alguns contêm certa quantidade de muscovita/illita e em maior freqüência indícios da
presença de minerais do grupo da esmectita/montmorillonita e/ou interestratificados com
baixa cristalinidade, em função dos picos abertos ou interferência positiva entre 2 theta 4
0
e
8
0
.
Esses materiais quando queimados a 500
0
, por quatro horas, mostram total perda da
estrutura cristalina da caulinita, gerando metacaulinita. O potássio detectado nas análises
químicas e microscopia eletrônica (EDS) resulta da presença de muscovita e/ou illita e mais
raramente biotita, enquanto a pequena quantidade de ferro deve provir de películas de
hidróxidos de ferro, biotita ou minúsculos cristais de hematita intercrescido com o caulim,
podendo também estar substituindo o alumínio na estrutura do filossilicato.
Figura 20: Difratograma do caulim 151, no qual podem ser observado os picos de caulinita e
muscovita bem formados
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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58
Figura 21: Difratograma do caulim 151 queimado, mostrando perda da estrutura cristalina
apresentando somente pico de quartzo.
Na Figura 21 é observado pico de quartzo no caulim separado por pipetagem nas três
primeiras porções.
O difratograma do caulim 153 de proveniência de pegmatito mostra picos bem definidos
de caulinita e uma desestruturação da caulinita quando queimado a 500°C (Figura 22 e 23).
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
59
Figura 22: Difratograma do caulim 153, Podem ser observados picos de caulinita bem
formados
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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60
Figura 23: Difratograma do caulim 153 queimado. Houve perda da estrutura da caulinita
observa-se o pico do quartzo.
O caulim 154 ( Figuras 24 e 25) mostra picos de illita ou muscovita, fato condizente
com sua análise química sua maior quantidade de ferro reflete a presença de impurezas como
películas de limonita/goethita, pontuações de hematita e/ou magnetita, sendo que parte deste
ferro, senão a totalidade pode estar ocupando o local do alumínio na estrutura dos
filossilicatos (micas, caulim, interestratificados de baixa cristalinidade, etc.), aspecto
relativamente comum para caulins provenientes da alteração de granitos, a exemplo deste
(Horii). Esse caulim, quando queimado a 500º C diferente dos outros por apresentar picos de
illita/muscovita/sericita e quartzo.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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61
Figura 24: Difratograma do caulim 154.Observa-se neste difratograma os picos de
caulinita e illita, podendo ser de muscovita/sericita.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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62
Figura 25: Difratograma do caulim 154 queimado. Este caulim perde a estrutura cristalina
mas ainda podem ser observados picos de quartzo, illita e muscovita.
O caulim ESM apresenta na formulação muscovita/illita e caulinita com picos bem
definidos, e ao ser queimado a 500ºC também perde a cristalinidade. Apresentando apenas
resquícios de pico de quartzo ( Figuras 26 e 27).
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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63
Figura 26: Difratograma do caulim ESM.Podendo neste difratograma serem observados
picos de caulinita e muscovita
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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64
Figura 27: Difratograma do caulim ESM queimado. Como nos demais caulins houve a perda
da estrutura cristalina.
No difratograma do caulim RS 47 foram encontrados picos de quartzo, caulim e mica
Como pode ser observado no difratograma. A análise química no apêndice II mostra grande
quantidade de SiO
2
no caulim 47 (Figura 28).
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
65
Figura 28:Difratograma do caulim 47. Observa-se apenas a fração total do caulim RS
47, no qual foi observado Quartzo, fedspato e caulinita, alem de clorita em traços.
O difratograma acima mostra que a caulinta está bem cristalizada pela grande
organização dos picos do caulim.
O difratograma do caulim 49 mostrou picos de caulinita, quartzo, fedspato e
argilomineral de 14
a
Nos difratogramas das amostras pipetadas observou-se pouca diferença nos
difratogramas sobrepostos, existe uma diferença na parte amorfa, no início dos difratogramas
ou presença de interestratificados nas primeiras porções pipetadas. A mineralogia nas partes
separadas é praticamente a mesma das primeiras frações. Não foi observada a diferença de
dickita e caulinita nestas separações.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
66
10.2.3 Mineralogia por Microscopia óptica
Nas Micrografias a seguir podem ser observados grande quantidade de grãos de quartzo,
refletindo a análise química (Tabela 9) que indica cerca de 80% de SiO
2
, bem como a
distribuição granulométrica apresentada na Figura 14.
Figura 29: Grãos de quartzo observado com nicóis cruzados( caulim RS 47).
Figura 30: Grão de caulinita no centro e grãos de quartzo( caulim RS 47).
Na Figura 30 observa-se um leque de caulinta ao centro bem formado rodeado de grãos
de quartzo, demostrando a grande quantidade de quartzo do caulim 47( Mariana Pimentel
proveniente de pelitos da Formação Rio do Sul). A grande quantidade de quartzo do caulim
quartzo
caulinita
quartzo
800
μ
m
800
μ
m
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
67
bruto levou a amotra a um peneiramento o que não ocorreu com as fornecidas por empresas,
as quais provavelmente já foram beneficiadas. As Figuras 31 e 32 mostram o mesmo caulim ,
os grãos de quartzo e caulinita apresenta-se até tamanho silte de granulometria.
Figura 31: Grãos de quartzo na lâmina do caulim RS 47 (Mariana Pimentel-RS).
Figura 32: Grão de quartzo recoberto por grãos de caulinita (caulim RS 47).
A seguir na Figura 33 a presença de cristais de biotita mostrando impurezas de minerais
ferrosos, que dá cor ao caulim Horii, além de apresentar películas ferruginosas.
quartzo
caulinita
quartzo
800
μ
m
800
μ
m
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
68
Figura 33: Caulim 154 – Horii/SP - com pequena porcentagem de biotita
Na Figura 34 podem ser observadas alteração de máficos no caulim proveniente de
pegamtito o que colore o caulim sendo que este elemento( magnésio) é observado nas EDSs
do caulim na microscopia de varredura.
Figura 34: Alteração de mineral máfico no caulim RS 49-Pantano Grande- proveniente de
anortosito.
Nas Figuras 35 e 36 seguem leques de caulinitas ,uma estrutura “arcodeon” de cristais
bem formados na fração silte.
Minerais máficos alterados
Biotita
600
μ
m
400
μ
m
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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69
Figura 35: Folha de caulinita no caulim 151-Pegmatito/ Borborema- Seridó-Paraíba.
Figura 36: Folha de caulinita no caulim 153 (pegmatítico)
Caulinita
caulinita
400
μ
m
80
μ
m
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
70
Figura 37: Folha de caulinita no caulim ESM (pegmatítico)
Na Figura 38 presença de muscovitas refletindo a análise química e de microscopia
eletrônica de varredura, enrriquecendo o caulim de potássio.
Figura 38: Muscovitas ocorrendo no caulim ESM.
muscovita
Caulinita
80
μ
m
80
μ
m
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
71
10.2.4 Microscopia eletrônica de varredura
Nas análises de microscopia de varredura praticamente foram detectadas caulinitas,
como pode ser observado nos gráficos a composição de elementos é praticamente silício e
alumínio; sendo que em alguns casos foi detectada a presença do elemento potássio que pode
ser proveniente de muscovita/sericita/illita.
A mostra RS 47 apresenta grande quantidade de silício concordando com sua análise
química tendo por volta de 80% de óxido de silício, mostrando grande quantidade de quartzo,
como também pôde ser visto na microscopia óptica.
O caulim RS 49 ( Figuras 39, 40, 41 e 42) apresentou Mg que pode ser proveniente da
alteração da rocha fonte que possuía diopsído (clinopiroxênio) ou opacos e/ou pseudomorfos
de minerais máficos que continham ferro que são observados em lâminas em microscopia
óptica com microscópio petrográfico. O potássio pode ser proveniente de
muscovita/illita/sericita.
Figura 39: MEV do caulim RS 49 do anortosito Capivarita, seleção de alguns pontos para
observar composição
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
72
Figura 40: Elementos do grão do caulim RS 49- Ponto 2.
Figura 41: Elementos do grão do caulim RS 49.
A EDS acima mostra composição de alumino e silício provenientes de caulinita, além de
potásso proveniente de mica muscovita/illita/sericita e a presença de magnésio dos máficos
alterados observados em microscopia óptica.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
73
Figura 42: Elementos do grão do caulim RS 49 - Ponto 3
A estrutura da caulinita, na Figura 43, muito bem cristalizada na forma de “arcodeon
apresenta grãos na fração silte.
Figura 43: Microscopia eletrônica de varredura do caulim 151- Folhas de caulintas- caulim
de pegmatito.Província Borborema-Seridó.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
74
Figura 44: Microscopia eletrônica de varredura do caulim 153-caulim de pegmatito.
10.3 Viscosidade/Curva de defloculação
O engobe bem como o esmalte são aplicados na forma de barbotina, daí a necessidade
de uma perfeita caracterização reológica dos caulins ou argilas utilizadas na composição.
Como já foi colocado anteriormente, neste trabalho não foi realizada uma caracterização
completa da reologia, apenas foram confeccionadas as curvas de defloculação apresentadas
nas Figuras abaixo (Figuras 45 a 56).
As curvas de Defloculação dos engobes foram obtidas com TPF 0,85%. A % de sólidos
utilizada em engobes foi de 50% e nos esmaltes de 54,55% de sólidos moídos com água e
passados em peneira de # 200(ABNT). A massa de sólidos para engobes foi de 300g para
300ml de água e de esmalte de 300g para 250ml de água. A concentração de defloculante foi
de 0,85g para 100 ml de água, as gotas com valor por volta de 0,01ml. Esta quantidade foi
escolhida para ter uma melhoria no sistema de retirada do material do moinho.
A seguir estão ilustrados os gráficos da curva de defloculação dos engobes, utilizando
formulação da Tabela 5 (engobes) e Tabela 6( esmaltes):
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
75
Engobe do Caulim 151
0
50
100
0 5 10 15 20
Defloculante (gotas)
Viscosidade (cP)
Figura 45: Curva de defloculação do caulim 151.
Engobe do Caulim 153
0
100
200
300
0 10203040
Defloculante (gotas)
Viscosidade (cP)
Figura 46: Curva de defloculação do caulim 153.
Engobe do Caulim 154
0
50
100
0 5 10 15
Defloculante (gotas)
Viscosidade (cP)
Figura 47: Curva de defloculação do caulim 154.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
Damaris Miyashiro Kumayama
76
Engobe do Caulim ESM
0
100
200
300
0 5 10 15 20 25 30
Defloculante (gotas)
Viscosidade (cP)
Figura 48: Curva de defloculação do caulim ESM.
Engobe do Caulim 49
0
50
100
150
0 5 10 15
Defloculante (gotas)
Viscosidade (cP)
Figura 49: Curva de defloculação do caulim 49.
Figura 50: Curva de defloculação do engobe com o caulim RS 47.
Como foi observado nos gráficos anteriores os caulins 151 e154 atingem uma assintótica
na curva de defloculação com 5 gotas de defloculante, assim como o caulim ESM, enquanto o
caulim 49 atinge uma assintótica com menos de 3 gotas de defloculante. O caulim 153 atinge
esta assintótica com 10 gotas de defloculante. Assim o caulim 49 de anortosito é mais fácil de
deflocular enquanto que o caulim 153 de pegmatito mais difícil de deflocular.
Engobe do Caulim RS 47
0
5
10
15
20
25
02468
Defloculante (gotas)
viscosidade (cP)
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A seguir seguem as curvas (Figuras 51 a 56) de viscosidade dos esmaltes. Os esmaltes
apresentam comportamento de diminuição da viscosidade conforme se aumenta o
defloculante. Quando atinge um valor crítico a viscosidade aumenta, mas em alguns casos
volta a cair novamente e não atingem uma assintótica como nos engobes. Isto pode ocorrer
por desequilíbrio de cargas sendo que os esmaltes são formulados com grande quantidade de
fritas (que contem grande quantidade de sódio).
A seguir seguem as curvas de defloculação dos esmaltes elaborados com os diferentes
caulins .
Figura 51: Curva defloculação do esmalte 151
Figura 52: Curva de defloculação do esmalte 153
Esmalte do Caulim 153
0
20
40
60
02468
Defloculante gotas
Viscosidade (cP)
Esmalte do Caulim 151
0
20
40
60
80
051015
Defloculante gotas
Viscosidade (cP)
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Figura 53: Curva de deflocualção do esmalte 154
Figura 54: Curva de defloculação do esmalte ESM
Esmalte RS 49
0
20
40
60
024681012
Defloculante (gotas)
Viscosidade (cP)
Figura 55: Curva de defloculação do esmalte RS 49
Esmalte ESM
0
20
40
60
0 5 10 15
Defloculante gotas
Viscosidade ( cP)
Esmalte 154
52
54
56
58
60
62
0123456
Defloculante gotas
Viscosidade (cP)
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79
Figura 56:. Curva de defloculação do esmalte RS 47
Segundo Gomes et al. (2005), em virtude das elevadas energias superficiais que
apresentam os pós cerâmicos em meio liquido, as forças de Van der Walls atuam no sentido
de desestabilização do sistema de suspensão, pela formação de aglomerados. Com o objetivo
de eliminar este fator, utilizam-se os defloculantes, que visa neutralizar a reatividade entre as
partículas. Nos gráficos acima se observa a oscilação da viscosidade. A viscosidade sobe
porque formam-se aglomerados com o excesso de defloculante o que reduz a carga das
partículas em suspensão. O comportamento é diferenciado porque também depende da área
superficial das partículas em contato com a água da suspensão. Pode voltar a aumentar por
efeito de mudança de carga das partículas
10.4 Fusibilidade
Segue abaixo o ensaio de fusibilidade, feito com pastilhas dos esmaltes (Figura 57). Os
esmaltes com fritas sem zinco entraram em total fusão, enquanto os com zinco formaram um
fundido esbranquiçado, que contém microcritais de silicato de zinco, e apresenta viscosidade
maior não escorrendo na placa. A Figura 12 mostra o aspecto de cristais em esmalte contendo
zinco(PIMENTA, 2007). Como pode ser observada na análise química das fritas( tabela 13 no
apêndice II), as sem zinco contém maior quantidade de sódio, o que influi na fusibilidade
abaixando o ponto de fusão.
Esmalte do Caulim RS 47
0
100
200
300
0 5 10 15 20 25
Defloculante (gotas)
viscosidade(cP)
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Figura 57: Pastilhas fundidas de esmaltes cerâmicas queimadas a 1050°C com 3 horas de
patamar observam-se a diferença de fusibilidade das pastilhas de fritas.
10.5 Colorimentria
Figura 58: Corpos de prova de caulim (70%)+ albita (30%) queimados a 1150ºC. Observa-se
a diferença já na queima a 1150ºC dos diferentes tipos de caulins
Na tabela a seguir pode-se observar a alvura dos caulins quanto maior a constante L*
mais alvo o caulim. O caulim ESM proveniente de pegmatito é o mais alvo, seguido do 153 e
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81
151. Os demais seguem respectivamente a alvura RS 47 (Mariana Pimentel de pelito da
Formação Rio do Sul), 154 (Granito) e RS 49 (anortosito Capivarita).
Tabela 7: Resultados do ensaio de colorimetria
Colorimetria
151 corpos de prova L* a* b*
1 94,38 0,8 4,01
2 94,4 0,8 4,12
Média 94,39 0,8 4,07
153 corpos de prova L* a* b*
1 95,04 0,68 4,42
2 93,72 0,69 4,52
Média 94,38 0,69 4,47
154 corpos de prova L* a* b*
1 90,23 1,53 5,1
2 90,25 1,53 5,18
Média 90,24 1,53 5,14
ESM corpos de prova L* a* b*
1 94,78 0,5 4,08
2 94,89 0,48 4,21
Média 94,83 0,49 4,15
RS 47 corpos de prova L* a* b*
1 92,29 1,15 5,32
2 91,15 1,07 5,28
Média 91,72 1,11 5,3
RS49 corpos de prova L* a* b*
1 89,88 1,37 8,35
2 89,5 1,34 8,46
Média 89,69 1,36 8,4
A seguir segue uma comparação da amostra mais branca para a de menor alvura.
Tabela 8: Comparação da amostra caulim de mais alvura e os outros caulins.
Diferença das coordenadas de cor
Amostras
ΔL* Δa* Δb* ΔE
ESM-151 -0,45 0,31 -0,08 0,5
ESM-153 -0,46 0,2 0,33 0,6
ESM-154 -4,6 1,04 1 4,8
ESM-RS47 -3,12 0,62 1,16 3,4
ESM-RS49 -5,15 0,87 4,26 6,7
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10.6 Análise Química
Tabela 9: Análise química dos caulins
amostra SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 LOI Soma
DMC-151 47,81 0,00 37,00 0,36 0,01 0,21 0,04 0,39 1,11 0,16 12,92 100,01
DMC-153 47,50 0,01 37,23 0,47 0,01 0,17 0,06 0,21 0,76 0,12 13,47 100,00
DMC-154 46,51 0,08 37,62 1,07 0,03 0,24 0,02 0,20 1,24 0,06 12,95 100,01
D ESM 47,34 0,02 37,51 0,48 0,01 0,20 0,05 0,29 0,76 0,07 13,27 100,01
RS-47 80,37 0,57 13,6 0,17 0,01 0,03 0,03 0,06 0,22 0,04 4,94 100,04
RS-49 50,33 0,11 32,96 0,72 0,01 1,46 0,51 0,07 1,31 0 12,56 100,03
Observando a análise química juntamente com a óptica visualiza-se a diferença dos
caulins quanto, por exemplo, quantidade de ferro sendo maior no caulim RS 49, que como
pode ser observado também na óptica possui minerais máficos alterando para óxido de ferro e
visualmente o caulim 154 já tem coloração rosada. A grande quantidade de sílica é observada
no caulim RS 47, também pode ser visualizada esta sílica na microscopia óptica e na
Microscopia eletrônica de varredura, com grandes picos de SiO
2
.
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11 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS____________________________________
Os caulins de diferentes origens geológicas mostram grandes diferenças quanto a
distribuição granulométrica, bem como diferenças na mineralogia e proporção mineralógica,
refletindo nas propriedades tecnológicas dos mesmos.
O caulim gerado por alteração de anortosito apresenta uma distribuição granulométrica
“mais normal”, em função da natureza da rocha, que não contém quartzo e é composto
basicamente por plagioclásio cálcico (labradorita), aspecto que possibilita a geração de
cristais de caulinita similares, com distribuição granulométrica mais estreita, ficando as
impurezas em função dos minerais máficos presentes e de particularidades da evolução
intempérica.
Caulins de origem sedimentares como os de Mariana Pimentel (RS47) apresentam
grande variação na granulometria e mostram grande quantidade de quartzo, refletindo na
quantidade elevada de sílica da análise química, pois sedimentos depositados em bacias, a
exemplo da do Paraná, resultam da alteração de diversas rochas, não sendo monominerálicas,
contendo muscovita, quartzo, feldspato e argilominerais, a exemplo da caulinita que,
normalmente, provém de várias fontes de evoluções intempéricas diferentes, além de existir a
possibilidade de formação desta fase mineral durante a diagênese, bem como durante o
intemperismo superimposto.
Os caulins de pegmatito apresentam distribuição com certa uniformidade indo de 1 a
100μm, em função de particularidades texturais, mineralógica e evolução do processo de
alteração. O caulim de granito apresenta concentração e uma curva normal, com elevada
concentração entre 10 e 100μm. Estes caulins numerados de 151, 153, 154 e ESM já são
utilizados em formulações pelas empresas com bons resultados .
O caulim 47 passou por uma etapa de peneiramento em malha 200 (abertura 75μm) para
melhorar a distribuição granulométrica, comportando-se bem reologicamente (viscosidade)
apenas após este peneiramento, pois anteriormente o caulim no engobe formulado e moído
com água apresentou certa dificuldade de mistura devido à grande quantidade de quartzo em
granulometria areia fina a média.
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Analisando-se a viscosidade dos esmaltes o caulim RS 49 foi o que apresentou baixa
viscosidade com a mesma quantidade de água que os outros esmaltes e mesma formulação.
Esta diferença pode ser devida à distribuição dos grãos mais normal enquanto as outras
mostraram-se com variação relativamente maior entre 1 e 100μm.
As viscosidades dos engobes vão diminuindo até atingir uma assintótica diferente dos
esmaltes, os quais têm grande porcentagem de fritas. Os engobes apresentam menor viscosida
comparando-se aos esmalte. O engobe RS 47 após peneiramento na malha 200 apresentou
uma maior viscosidade comparando a este antes do peneiramento, verificando que
anteriormente apresentava dificuldade em ficar em suspensão por influencia de grãos de
quartzo, como pode ser observado no iten 10.2, grande quantidade de sílica.
Os caulins provenientes de pegmatitos (151,153,ESM) apresentam maior alvura como
pode ser observado no ensaio de colorimetria, tabela 7, em função da natureza mineralógica
(menor quantidade de minerais com ferro). Enquanto que o caulim 154 apresenta menor
alvura, a olho nu este já apresenta coloração rosada. Comparando-se a alvura entre os caulins
estudados o mais branco é o ESM, neste caso foram feitas comparações de tonalidade do
caulim ESM com os demais, como é observado na tabela 8. O laboratório do IPT, onde foi
realizado o ensaio forneceu uma tabulação de percepção de cor com base no ΔE. Tabela
baseada segundo norma ABNT 13.818/97, esta norma não é específica pra materiais
cerâmicos.
Tabela 10: Percepção da diferença de cor com base no ΔE
Diferença ΔE
Percepção da diferença de cor
Até 0,2 Não perceptível
0,2-0,5 Muito fraca
0,5-1,5 Fraca, porém perceptível
1,5-3,0 Perceptível
3,0-6,0 Muito perceptível
6,0-12 Forte
Acima de 12,0 Muito forte
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85
Como pode ser observado na Tabela 10 o caulim RS 49 (anortosito Capivarita)
apresenta em relação ao caulim mais alvo( ESM) apresenta índice de percepção forte, e o 154
de granito muito perceptível, assim como o RS 47. Os demais caulins (153 e 151-
pegmatíticos) apresentam índice fraco, porém perceptível.
Nas difrações os caulins apresentam composição congruente com as análises químicas
com caulinita e muscovita. Além de apresentarem sódio que pode ser produto da alteração de
feldspatos no caso dos caulins 151, 153, 154 e ESM. Os outros dois caulins apresentam pouca
quantidade de sódio, no caulim 47, isto pode ser devido à origem sedimentar que lixivia o
sódio enquanto que o caulim 49 de origem anortosítica com maior quantidade de óxido de
cálcio e sódio.
A Figura 57 mostra a diferença da reação de caulins com a frita, notando-se nos caulins
que foram formulados com frita contendo zinco uma cristalização, ocasionada pelo
resfriamento lento.
Quanto à microscopia eletrônica de varredura (MEV), os elementos encontrados nos
grãos (dados visíveis em gráficos EDS e juntamente com as MEVs), têm-se composições de
aluminio, silício, oxigênio e potássio, indicando composição caulinítica. O caulim RS 49
apresentou magnésio (Mg), podendo este ser residual do diopsídio da rocha fonte, conforme
composição do anortosito Capivarita que consta em Formoso, 1973.
A seguir é ilustrada uma tabela síntese dos ensaios realizados.
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Tabela 11: Síntese dos ensaios realizados:
Os pontos de viscosidade relacionados acima são aqueles antes da inflexão da curva ou
já quando a suspensão fica mais constante. Observa-se que o caulim ESM possui maior alvura
e o caulim RS 49 a menor alvura, entre as amostras estudadas.
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12 CONCLUSÃO_____________________________________________________
O estudo demonstrou que mesmo caulins de gênese similar, no caso caulins de origem
primária, resultantes de alteração in situ basicamente de minerais feldspáticos podem ter
propriedades físico-químicas e conseqüentemente tecnológicas diferenciadas. Este fato
decorre da influência das características da rocha mãe no processo de alteração, entre outras -
dimensões dos cristais, textura da rocha e presença de outros minerais ferrosos que podem
influenciar na alvura dos caulins.
Os caulins com distribuição mais ampla de granulometria são aqueles utilizados nas
formulações já consagradas (caulins pegmatíticos). Os caulins pegmatíticos são bem mais
alvos, comparando com o proveniente de granitos (este contém ferro que reduz a alvura
devido ao grau de oxidação que confere uma coloração avermelhada) e de anortositos (este
contém magnésio, o qual é substituído pelo ferro colorindo o caulim). Isto pode ser observado
na microscopia óptica que apresentou grãos impregnados com ferro, provavelmente pela
alteração de minerais máficos.
Quanto à viscosidade, nas formulações de engobe, foi constatado que os caulins de
granulometria mais fina tendem a apresentar menor viscosidade, merecendo destaque o
caulim RS 47 , após peneiramento, de alteração de rocha sedimentar. Já nos esmaltes, esta
relação não é tão evidente.
No teste de fusibilidade de vidrados os caulins misturados com frita contendo maior
quantidade de sódio fundiram mais rápido do que com a frita contendo menos álcalis, sendo
que o sódio tem um grande poder de fusibilidade (diminui a temperatura de fusão). Nas
microscopias eletrônicas de varredura, observou-se que a composição dos caulins
praticamente cauliníticas, condizendo com a análise química. A presença de magnésio no
caulim RS 49 é devido à presença de máficos em alteração como observado na microscopia
óptica, e na análise química.
Os estudos permitem também deduzir que os dois caulins estudados – RS 47 e RS 49-,
que não são ainda empregados em colorifícios, têm potencial para serem utilizados nas
formulações de esmaltes, em especial o caulim RS 49, e engobes (caulim RS 47),
recomendando-os para ensaios complementares em laboratório e escala piloto.
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88
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS___________________________________
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82, março/dezembro; 1990.
WILSON, I. R.; SANTOS , H. S..; SANTOS, P. S.; Caulins brasileiros: Alguns aspectos da
geologia e da mineralogia; Cerâmica, ISSN 0366-6913, vol. 44 n. 287-288, São Paulo
May/June/July/Aug. 1998.
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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93
15 APÊNDICES
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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94
APÊNDICE I
GRANULOMETRIA
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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95
1-Caulim proveniente de pelito da Formação Rio do Sul-RS
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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96
2-Caulim proveniente de anortosito (Anortosito de Capivarita) RS
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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97
3-Caulim proveniente de pegmatito
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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98
4-Caulim proveniente de pegmatito da Província Borborema -Seridó
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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99
5-Caulim proveniente de pegmatito
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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100
6-Caulim proveniente de Granito (Caulim Horii)
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101
APÊNDICE II
ANÁLISE QUÍMICA
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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102
RELATÓRIO DE ANÁLISES QUÍMICAS
.Material Entregue Declarado CAULIM.
Natureza Do Trabalho : MAIORES.
Referência : LABOGEO 9545a9548.
Resultados
Tabela 12: Análise Química
amostra SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 LOI Soma
DMC-151 47,81 0,00 37,00 0,36 0,01 0,21 0,04 0,39 1,11 0,16 12,92 100,01
DMC-153 47,50 0,01 37,23 0,47 0,01 0,17 0,06 0,21 0,76 0,12 13,47 100,00
DMC-154 46,51 0,08 37,62 1,07 0,03 0,24 0,02 0,20 1,24 0,06 12,95 100,01
D ESM 47,34 0,02 37,51 0,48 0,01 0,20 0,05 0,29 0,76 0,07 13,27 100,01
RS-47 80,37 0,57 13,6 0,17 0,01 0,03 0,03 0,06 0,22 0,04 4,94 100,04
RS-49 50,33 0,11 32,96 0,72 0,01 1,46 0,51 0,07 1,31 0 12,56 100,03
RIO CLARO 02 DE JULHO 2006
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103
Material Entregue Declarado FRITA E TALCO
Natureza Do Trabalho : MAIORES.
Referência : LABOGEO 9372a9375.
Resultados
Tabela 13: Análise Química da Frita e talco
amostra SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 LOI Soma
BR-Zr 69,14 0,09 8,34 0,19 0,01 2,56 11,59 6,58 0,91 0,25 0,34 100,00
TR-C-Zn 63,27 0,03 11,92 0,14 0,01 1,10 13,79 4,21 4,96 0,12 0,43 100,00
TR-S-Zn 61,68 0,14 6,62 0,88 0,02 1,17 11,91 12,06 3,94 0,14 1,47 100,00
TALCO 62,97 0,00 0,41 0,10 0,06 31,69 0,02 0,09 0,01 0,01 4,64 100,00
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104
APÊNDICE III
TABELA DE DEFLOCULAÇÃO
DEFLOCULANTE
TRIPOLIFOSFATO DE SÓDIO (NA
5
P
3
O
10
)-(TPF)-0,85%
Caracterização comparativa de caulins para folrmulações de engobes e esmaltes cerâmicos
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105
Tabela 14: Viscosidade do engobe do caulim 153
Engobe do Caulim 153
defloculante(gotas) viscosidade(cP)
sem defloculante 252
1 200
2 146
3 120
4 92
5 68
6 48
7 42
8 32
9 22
10 16
12 12
14 8
18 6
20 4
25 4
30 4
Tabela 15: Viscosidade do engobe do caulim 154
Engobe do Caulim 154
defloculante(gotas) viscosidade(cP)
sem 186
2 80
3 56
4 46
5 36
6 32
7 30
8 26
9 26
11 28
13 26
Tabela 16: Viscosidade do engobe do caulim 151
Engobe do Caulim 151
defloculante(gotas) viscosidade(cP)
sem 138
1 94
2 68
3 56
4 42
5 30
6 26
7 16
8 14
9 16
10 12
11 12
12 8
14 12
15 6
Tabela17: Viscosidade do engobe do caulim ESM
Engonbe do Caulim ESM
defloculante(gotas) viscosidade(cP)
sem 306
1 270
2 204
4 114
5 76
6 60
7 48
8 40
10 30
11 28
12 28
15 24
17 22
21 18
25 20
28 14
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106
Tabela 18: Viscosidade do engobe do caulim RS 49
Engobe do Caulim 49
defloculante(gotas) viscosidade(cP)
sem 204
1 112
2 56
3 52
4 46
5 44
6 40
7 42
8 40
10 36
13 36
14 34
Tabela 21: Viscosidade do engobe do caulim RS 47
Engobe do Caulim RS 47
Defloculante (gotas) Viscosidade (cP)
sem defloculante 20
2 14
5 12
8 7
10 6
11 6
Tabela 19: Viscosidade do esmalte 151
Esmalte do caulim 151
Defloculante ( gotas) Viscosidade (cP)
sem defloculante 58
1 46
2 46
3 42
5 42
6 32
7 32
8 34
9 32
11 26
12 22
Tabela 20: Viscosidade do esmalte do caulim 154
Esmalte do Caulim 154
Defloculante (gotas) Viscosidade (cP)
sem defloculante 60
1 58
3 54
5 56
7 60
Tabela 22 Viscosidade do esmalte 153
Esmalte do Caulim153
Defloculante (gotas) Viscosidade (cP)
ssem defloculante 54
1 46
2 36
3 36
4 36
5 30
6 42
Tabela 23: Viscosidade do esmalte do caulim ESM
Esmalte do Caulim ESM
Defloculante (gotas) Viscosidade (cP)
sem defloculante 56
1 52
2 50
3 50
4 42
5 48
8 44
9 42
11 40
12 42
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107
Tabela 24: Viscosidade do esmalte RS 47
Esmalte do Caulim RS47
Defloculante (gotas) Viscosidade (cP)
sem defloculante 238
1 228
2 208
3 200
4 194
5 184
6 170
8 160
10 154
11 144
12 128
14 120
16 116
18 98
22 80
25 72
29 64
33 54
37 58
39 60
Tabela 25:Viscosidade do esmalte RS 49
Esmalte do Caulim RS 49
Defloculante (gotas) Viscosidde (cP)
sem defloculante 42
2 40
4 38
6 42
8 36
10 34
11 32
15 28
16 24
20 28
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108
APÊNDICE IV
MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA
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109
Figura 59: Detalhamento do MEV do caulim 153
Figura 60: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto1. Picos de potássio indicando presença
de muscovita/illita/sericita.
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110
Figura 61: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto 2. A composição indica caulinita( Al,
Si) e muscovita/illita /sericita(K)
Figura 62: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto 3- Pico de potássio indicando uma
mineralogia de muscovita/sericita/illita além da caulinita
Figura 63: Elementos do grão do caulim 153 - Ponto 4
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111
Figura 64: Detalhamento do caulim ESM de pegmatito
Figura 65: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 1- composição destes elementos indica
caulinita
Figura 66: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 2- composição destes elementos indica
caulinita
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112
Figura 67: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 3. Composição destes elementos indica
caulinita
Figura 68: Elementos do grão do caulim ESM - Ponto 4. Composição destes elementos indica
caulinita
Figura 69: Elementos do ponto do caulim ESM - Ponto 5. A composição destes elementos
indica caulinita e além desta pouca muscovita/sericita/illita, indicada pelo pico de potássio
(K)
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113
Figura 70: Elementos da região do caulim ESM - Região 6.
Figura 71: Detalhamento do caulim RS 47 de pelito da Formação Rio do Sul
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114
Figura 72: Elementos do grão do caulim 47- Ponto 1. Grande quantidade de Silício indicando
grão de quartzo.
Figura 73: Elementos do grão do caulim 47 - Ponto 2. Grande quantidade de silício indicando
quartzo.
Figura 74: Elementos do Grão do caulim 47 - Ponto 3. Grão de Quartzo.
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115
Figura 75: Elementos do grão do caulim 47 - Ponto 4.
Figura 76: Elementos do grão do caulim 47 - Ponto 5.
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116
Figura 77: Detalhamento do MEV do caulim 154, caulim de granito.
Figura 78: Elementos da região do caulim 154 - Região 1-composição indica caulinita.
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117
Figura 79: Elementos do grão do caulim 154 - Ponto 2
Figura 80: Elementos do grão do caulim 154 - Ponto 3
Figura 81: Elementos do grão do caulim 154 - Ponto 4
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118
Figura 82: Elementos da região do caulim 154 - Região 5- Picos de potássio indicando
presença de muscovita/illita/sericita.
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