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FATORES DE RISCO PAR
A O DESENVOLVIMENTO
DO
SOBREPESO E OBESIDAD
E EM ADOLESCENTES DE
DIFERENTES
CONDIÇÕES SOCIO
-
ECONÔMICA
S
RÔMULO ARAÚJO FERNAN
DES
L
ONDRINA
2007
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ii
RÔMULO ARAÚJO FERNAN
DES
FATORES DE RISCO PAR
A O DESENVOLVIMENTO
DO
S
OBREPESO E OBESIDADE
EM ADOLESCENTES DE
DIFERENTES
CONDIÇÕES SOCIO
-
ECONÔMICAS
Dissertação
de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação Associado em
Educação Física UEM-UEL, como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre.
Orientador: Prof.
Dr. Arli Ramos de Oliveira.
L
ONDRINA
2007
ads:
iii
RÔMULO ARAÚJO FERNAN
DES
FATORES DE RISCO PAR
A O DESENVOLVIMENTO
DO
SOBREPESO E OBESIDAD
E EM ADOLESCENTES DE
DIFERENTES
CONDIÇÕES SOCIOECONÔ
MICAS
Dissertação
de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação Associado em
Educação Física UEM-UEL, como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Arli Ramos de Oliveira
Universidade Estadual de Londrina
_____________________
___________________
Prof. Dr. Jefferson Rosa Cardoso
Universidade Estadual de Londrina
________________________________________
Prof. Dr. Ismael Forte Freitas Júnior
Universidade Estadual Paulista
Londrina, ___ de _______________ de 2007.
iv
DEDICATÓRIA
A Deus e a Nossa Senhora de
Aparecida
, me
us
eterno
s companheiros
e protetor
es
.
Aos meus pais Roberval e Maria das
Graças, meus irmãos Rodrigo e
Rosangela, que sempre me apoiaram e
confiaram em minhas decisões.
Com muito amor e carinho.
v
AGRAD
ECIMENTOS
Ao Professor Arli Ramos de Oliveira, pela maravilhosa oportunidade que
me
foi concedida e,
acima de tudo, pela
confiança e respeito depositados em minha pessoa e trabalho.
Aos professores Jefferson Rosa Cardoso e Ismael Forte Freitas Júnior, primeiramente por
aceitare
m prontamente o desafio de compor esta banca. Ao professor Jefferson, por
me
ensinar que estatística não é uma barreira, mas sim uma ferramenta
. Também
por
ser exemplo
tão sólido e irreverente do que é um profissional apaixonado p
or
sua profissão e docência
acadêmica. Ao professor Ismael, por ter
me guiado
ao longo d
a
graduação
e
por
ensina
r
lições
importantes.
Mas
acima de tudo, por permitir que eu adentrasse em sua família (
CELAPAM),
motivo de
eterno
orgulho para mim. Agradeço tamb
ém
aos professores Miguel Arruda
(UNICAMP) e Dartagnan Pinto Guedes (UEL) por aceitarem participar como membros
suplentes da B
anca
Examinadora deste
trabalho.
Aos
meus
grandes amigos de república, Luiz Augusto “Lulão” e Luís Alberto “Gobbo”, pela
amizade,
apoio e respeito demonstrados ao longo desses dois anos. Meus sinceros
agradecim
entos, pois melhorar e evoluir como pessoa e como acadêmico foi requisito básico
para poder andar ao lado de ambos.
Aos meus companheiros de M
estrado
em Londrina: Márcio, Nilo, Paty, Lúcio, Cássio, Netto,
Diego e
Professor
Fábio Nakamura, pela amizade e por me ensinarem muito sobre o que é ser
um aluno de pós
-
graduação.
Aos meus amigos de UEL, Juliano, Gabriel, Mathias, Marcelo Romanzini, Mariana, Milena,
Maria, Dani, Juliana, Naty, Fer e Vanessa, pela força e amizade que possibilitaram a travessia
e conclusão desta importante fase da minha vida.
Aos meus pais de Londrina, Enio e Denise, pela maneira amorosa e repleta de ternura que me
acolheram,
fazendo
-me sentir entre familiares e amenizando assim a saudade de casa. Em
vi
especial ao Professor Ênio Ricardo Vaz Ronque, que sempre foi e continua sendo um
referencial do que eu pretendo ser como pessoa e profissional. Obrigado
, Enio!
Aos meus pais e irmã de Assis, Roberto, Helena
e
Otávia, pelo grande carinho e amor em
mim depositados. Aos grandes amigos de Presidente Prudente, Manuel, Japonês, Guimão e
David
, pela magnífica e indissolúvel amizade construída nesses últimos seis anos. Aos
companheiros de laboratório (CELAPAM) e profissão, Clara, Camila, Denise, Aline, Jamile,
Kelly, Igor, Maurício e Melina, pela enorme
amizade
e significativa ajuda nas coletas de
dados de minha Dissertação:
sem vocês este trabalho não ser
ia concretizado!
Muito obrigado.
Aos
meus amigos da Academia E
nsaio,
pela amizade que me proporcionou um enorme
aprendizado enquanto pessoa e profissional, mas acima de tudo, por me ensinarem a valorizar
muito mais esta estadia em Londrina.
Agradeço a todos os funcionários e professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL)
pela ajuda fornecida sempre que solicitada. A
gradeço
também de maneira especial à
Coo
rdenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pela bolsa de
M
estrado fornecida entre os meses de julho e dezembro
do ano de 2007
.
A t
odas essas pessoas meus mais sinceros agradecimentos.
vii
FERNANDES, Rômulo Araújo. Fatores de risco para o desenvolvimento do sobrepeso e
obesidade em adolescentes de diferentes
condições
socio
-e
conômic
as. 2007, 54
p.
Dissertação
de
Mestrado
.
Universid
ade Estadual de Londrina
.
Londrina
Paraná.
RESUMO
O rápido crescimento
na ocorrência
do
excesso de peso entre populações jovens constitui uma
grande preocupação para profissionais da área da saúde e precisa ser acompanho de perto.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi a
nalisar
a associação entre o excesso de peso e
diferentes
fatores de risco comportamentais/
familiares
entre adolescentes de
diferentes
condições
socioeconômica
s.
E
studo
descritivo
/analítico
de delineamento transversal.
A
amostra
foi
com
posta por 1779
adolescentes
de ambos os
gêneros
(11 a 17 anos)
.
Para o
cálc
ulo do Índice de Massa Corporal
foram aferidas a massa corporal e a estatura
.
A condição
socioeconômica
, atividade física habitual, comportamentos sedentários, inadequada ingestão
alimentar e
os
fatores de risco familiares
foram
avaliados por meio de questionários. V
alores
medianos e diferenças interquartil
icas
foram
utiliza
dos como estatística descritiva. O T
este
U
de
Mann-
Whitney
estabeleceu
comparações entre os gêneros e o Í
ndice
Kappa
analisou a
concordância dos
questionários
utilizados. O Teste Q
ui
-
quadrado
(E
xato de
Fisher
, quando
necessário)
indicou
a existência de associações entre as variáveis analisadas, e
quando
confirmada
s essas associações, a
regressão
de
Poisson
indicou
a
magnitude
das mesmas. A
significância estatística
foi
fixada em 5%. A prevalência total de excesso de peso foi igual a
22,
9% e diferiu entre as condições socioeconômicas (26,3% na maior e
16,7
% na menor). Em
todas as condições socioeconômicas analisadas, o excesso de ambos os pais
associou
-
se
com
excesso de peso dos adolescentes (CSEA: RP
=
2,02
[1,
21
;
3,39
]; CSEM: RP
=
1,85
[1,
27
;
2,68
]; CSEB: RP
=
3,33 [1,52;
7,31
])
. Para as outras variáveis, dependendo da condição
socioeconômica analisada, as associações apresentaram variabilidade. C
onclui
-
se
que a
prevalência de excesso de peso é mais alta entre os adolescentes de maior condição
socioeconômica
, entretanto, é alta também entre os adolescentes de menor condição
socioeconômica.
Esses resultados sugerem que as estratégias de combate à obesidade devem
focar não apenas o adolescente, mas também o cleo familiar onde ele está inserido, e
dependendo
do meio onde é analisado, o excesso de peso adquire características próprias.
Palavras
-
chaves:
obesidade, fatores de
risco,
adolescentes, fatores socioeconômicos,
Brasil
.
viii
FERNANDES, Rômulo Araújo. Risk factors
to
overweight and obesity development i
n
adolescents
from
different socio
-
economic
conditions
. 2007, 5
4
p.
Master’s
Dissertation
.
State
University
of Londrina
.
Lon
drina
Paran
a,
Brazil
.
ABSTRACT
Among you
th
populations, the rapid overweight increase is a reason for a great concern to
hea
lth professionals and needs to be followed closely. Therefore, the purpose of this study
was to analyze the association betwe
en
overweight and both behavioral/family risk factors
among adolescents from different socioeconomic conditions. This study presents a
Descriptive/analytic method and a
cross
-sectional design. The sample involved 1779
adolescents of both genders
(
11 to 17 yea
rs old
). It was measured the body ma
ss and height to
calculate the Body Mass I
ndex
(BMI)
. The socioeconomic condition, physical act
ivity,
sedentary behaviors, inadequate food intake and family risk factors were assessed through
questionnaires. Both median scores and interquartile range were used as descriptive statistic.
The Mann-Whitney U T
est
established comparisons on gender, and the Kappa Index assessed
the agreement level of the used que
stionnaires
. The Chi-Square Test (Fisher’s Exact T
est,
when necessary) analyzed the existence of associations among the variables, and when
confirmed its existences, the
Poisson
regression indicate its
magnitude
. The significance level
was
set at 5%. The total overweight rate was 22.9% and was different among the
socioec
onomic conditions (2
3.6
% in highest and
16.7
% in the lowest socioeconomic
condition).
In all socioeconomic conditions, the
parent
’s overweight was associated with
adolescent’s overweight (H-
SES
:
PR
=
2.02
[1.
21
;
3.39
];
M-
SES
:
PR
=
1.85
[1.
27
;
2.68
];
L-
SES
:
PR
=
3.33
[1
.
52
;
7.31
])
. For the other variables, among the socioeconomic conditions, the
associations were different. The results indicated that the overweight rate was higher in the
highest socioeconomic condition, however, even in the lowest socioeconomic condition, the
overweight was still high. The intervention strategies must be focused on both adolescent and
the
family nucleus. Furthermore, the overweight presented different characteristics according
to where it was analyzed in the environment
.
Key words
: O
verweight
,
risk factors,
adolescents,
socioeconomic factors,
Brazil
ix
LISTA DE ANEXOS
P
ÁGINAS
Anexo 1
-
Termo de Consentimento Livre e E
sclarecido.
50
Anexo
2 -
Questionário de atividade física
dos
adolescentes.
51
Anexo
3 -
Questionário
de condiç
ão
socio
-
econômica
preenchido pelos
adolescentes.
52
Anexo 4
-
Questionário preenchido pelos pais dos adolescentes.
53
Anexo 5
-
Termo de A
provação do Comitê de Ética em Pesquisa.
54
x
LISTA DE FIGURAS
P
ÁGINAS
Figura 1
-
Prevalência
de sobrepeso e obesidade entre adolescentes de acordo
com a condição
socio
-
econômica
. 29
xi
LISTA DE TABELAS
P
ÁGINAS
Tabela 1
- Características gerais dos adolescentes analisados de acordo com o
sexo.
28
Tabela 2
- Associação entre fatores de risco familiares e a presença do S/O
entre adolescentes de CSEA.
30
Tabela 3
- Associação entre fatores de risco familiares e a presença do S/O
entre adolescentes de CSEM.
31
Tabela 4
- Associação entre fatores de risco familiares e a presença do S/O
entre adolescentes de CSEB.
32
Tabela 5
- Associação entre fatores de risco comportamentais e a presença do
S/O entre adolescentes de CSEA.
33
Tabela 6
- Associação entre fatores de risco comportamentais e a presença do
S/O entre adolescen
tes de CSEM.
34
Tabela 7
- Associação entre fatores de risco comportamentais e a presença do
S/O entre adolescentes de CSEB.
35
Tabela 8
- Regressão de Poisson para a associação entre S/O e fatores de risco
comportamentais/familiares entre adolescentes de diferentes classes
socioeconômicas
. 36
xii
LISTA DE SIGLAS
cm
Centímetro
CSE
Condição Socioeconômica
CSEA
Condição Socioeconômica Alta
CSEM
Condição Socioeconômic
a Média
CSE
B
Condição Socioeconômica Baixa
ENDEF
Estudo Nacional sobre Desp
esa Familiar
IMC
Índice de Massa Corporal
IOTF
International Obesity Task Force
k
Índice Kappa
kg
Quilograma
K-S
Teste de Ko
l
mogorov
-
Smirnov
m
Me
tro
RP
Razão de
Prevalência
P
Significância Estatística
PNSN
Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição
PPV
Pesquisa sobre Padrão de Vida
SM
Síndrome Metabólica
UNESP
Universidade Estadual Paulista
2
Teste Qui
-
quadrado
xiii
SUMÁRIO
P
ÁGINAS
1
INTRODUÇÃO
.....................
........................................
.......
....................
..........
1
1.1
J
USTIFICATIVA
..
.....
..........
........................................
...................
................
3
1.2
O
BJETIVOS
.................
................................................................................
...
4
1.2.1
Objetivo Geral
.................
...
...........................................................................
4
1.2.2
Objetivos Específicos
.........
...
........................................................................
4
1.3
Hipóteses
.......
..........................
....
.....................................................................
5
2
REVISÃO DA L
ITERATURA
.......................
....................
.
....................
.........
6
2
.1
Etiologia da Obesidade
....................................................................................
6
2
.2
Valores Críticos para Índice de Massa Corporal
...
..........................................
7
2
.3
Prevalência de Sobrepeso e Obesidade no Brasil
............................................
10
2.4
Comportamentos
/Fatores
de Risco Relacionados
à
Obesidade
..
......................
12
2.4
.1
Hábitos Alimen
tares
......................................................................................
13
2.4
.2
Atividade Física Habitual
..............................................................................
14
2.4
.3
Fator de Risco Familiar
..............
...................................................................
17
2.4
.4
Obesidade e
Condição
Socio
-
econômica
(CSE) .
..........................................
18
3
MÉTODOS
..
....................
........................................
..............
.
....................
..........
20
3
.1
Delineamento, Local do Estudo e Participantes
..
............................................
20
3
.2
Cálculo do Tamanho da Amostra e Critérios de
Inclusão no Estudo
..
............
21
3
.3
Procedimento
s
da Coleta dos
Dados
.............
.........................
....
....................
22
3.3
.1
Variáveis Analisadas
.....................................................
................................
23
3.3
.2
Fatores de Risco Comportamentais
..
.........................
....................................
24
3.3
.3
Fatores de Risco Familiares
..........................................
.........
....................... 25
3.3
.4
Condição
Socio
-
econômic
a
.......
.......................................................
.
............
26
3.4
Tratamento Estatístico
.....................................................................................
26
4
RESULTADOS
..........
....
.....
..................................................
...............................
28
5
DISCUSS
ÃO
...................................
..............................
.......................................
37
6
CONCLUSÕES
.
...................................................................................................
42
REFERÊNCIAS
..
...............
........................................
................
....................
..........
43
ANEXOS
........................
............................................................
....................
.........
50
1
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, no que se refe
re à prevalência de sobrepeso/obesidade (S/O) até a
presente data, apenas três levantamentos populacionais representativos foram conduzidos
(ENDEF: Estudo Nacional sobre Despesa Familiar; PNSN: Pesquisa Nacional sobre Saúde e
Nutrição; PPV: Pesquisa sobre Padrão de Vida), sendo todos realizados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estes três levantamentos foram realizados
utilizando
a mesma forma de estratificação e seleção da amostra, além de seguirem
procedimentos metodológicos similares para a coleta de variáveis como: massa corporal,
estatura, renda familiar, entre outras. Tais levantamentos são as evidências mais sólidas sobre
o crescimento da prevalência de S/O na população jovem brasileira
1
.
Este crescimento observado no Brasil não é um fenômeno isolado, uma vez
que, nas últimas três décadas, em populações jovens de diferentes países também se m
observado um rápido crescimento na prevalência de S/O
1
. No Brasil, este fato entre crianças e
adolescentes constitui uma grande preocupação entre profissionais da área da saúde, uma
vez que durante a infância e a adolescência estima-se que aproximadamente dois entre 10
jovens obesos são portadores da síndrome metabólica (SM)
2,3
. Além disso, evidências têm
indicado que crianças e adolescentes obesos apresentam maiores chances de se tornarem
adultos obesos
4
e vir a desenvolver doenças cardiovasculares na vida adulta
5
.
Entre populações jovens, a investigação do S/O e de seus fatores de risco
constitui uma tarefa de alta complexidade, uma vez que envolve o controle de variáveis de
natureza comportamental, que podem apresentar grandes diferenças entre si nos diversos
grupos populacionais. Nesse sentido, duas variáveis comportamentais relacionadas ao
desenvolvimento do S/O recebem especial atenção: a prática habitual de atividades físicas
(prática insuficiente de atividades físicas) e a ingestão alimentar (inadequada ingestão
2
alimentar)
5
. Outro fato que torna mais complexa a análise do comportamento dessas variáveis
entre crianças e adolescentes, é que elas são influenciadas de forma significativa por fatores
de risco familiares como: S/O dos pais, tamanho da família, escolaridade materna e
inatividade física dos pais
6-
12
.
Somando
-se a essa origem multifatorial do S/O, observa-se que em países
industrializados, o seu desenvolvimento é mais acentuado nas populações de condição
socio
-
econômica
(CSE) mais baixa, enquanto que nos países em processo de industrialização, como
é o caso do Brasil, embora se observe uma taxa de crescimento mais acentuada na CSE mais
baixa, a maior ocorrência ainda se dá nos estratos socioeconômicos mais elevados
1
.
Analisando este quadro, observa-se que o crescimento do S/O em diferentes
classes
socio
-
econômica
s representa um fenômeno distinto em cada uma delas. No ent
anto,
até a presente data, uma quantidade limitada de estudos nacionais analis
ou
, de forma
separada, a interação entre fatores de risco e a presença do S/O em adolescentes brasileiros de
diferentes CSE. Um entendimento mais aprofundado sobre o desenvolvimento da obesidade e
de seus fatores de risco em diferentes condições
socio
-
econômica
s pode propiciar um corpo
de conhecimento com informações relevantes sobre onde e como intervir, visando assim à
elaboração de estratégias de intervenção mais eficazes no seu combate. Sendo assim, o
objetivo do presente estudo foi analisar de forma distinta as possíveis associações entre a
presença/ausência do sobrepeso/obesidade e diferentes fatores de risco familiares e
comportamentais em adolescentes de condição
socio
-
econ
ômica
alta (CSEA), condição
socio
-
econômica
média (CSM) e condição
socio
-
econômica
baixa (CSEB).
3
1.1 JUSTIFICATIVA
A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal, está
associada ao desenvolvimento de inúmeras doenças
13
, aumento nos gasto
s públicos destinados
ao seu tratamento
14
-
19
, e conseqüentemente, é responsável por uma significativa diminuição na
expectativa de vida do indivíduo obeso
15
. Além disso, a obesidade infantil é influenciada pelo
excesso de peso dos pais
6,7
e
pode
se manter
até a vida adulta
4
.
Estratégias de prevenção ao desenvolvimento da obesidade devem ser
instaladas no meio escolar e/ou comunitário, visando abranger o maior mero de indivíduos
possível. No entanto, o sucesso da intervenção está intimamente atrelado ao corpo de
conhecimento que vai sustentá-la. Compreender de forma mais ampla o comportamento dos
principais fatores de risco para o desenvolvimento do S/O
é
fator determinante para o sucesso
de qualquer estratégia de ação.
Com base em informações disponíveis na literatura, que indicam uma maior
prevalência de S/O nos estratos socioeconômicos mais elevados
1,20
-
22
, é de fundamental
importância buscar compreender, nesta população, que variáveis agem de forma mais
significativa no desenvolvimento deste fenômeno.
To
rna
-se relevante identificar, nos demais estratos socioeconômicos, os
possíveis fatores de proteção para o desenvolvimento do S/O, não para profissionais da
área da saúde de Presidente Prudente e região, mas também para os profissionais das
diferentes regiões do Estado de São Paulo, na elaboração de campanhas de combate ao rápido
crescimento dessa importante desordem nutricional.
4
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O propósito deste estudo foi analisar as associações entre a
presença/ausência do sobrepeso/obesidade e fatores de risco familiares e comportamentais em
adolescentes de diferentes condições
socio
-
econômica
s.
1.2.2 Objetivos Específicos
a)
Estabelecer valores de prevalência para o sobrepeso/obesidade entre
os
escolares da cidade de Presidente
Prudente
SP.
b)
Identificar, de acordo com as diferentes condições
socio
-
econômica
s,
possíveis particularidades nas associações entre a presença/ausência do
S/O e seus fatores de risco.
c)
Estabelecer comparações entre os gêneros no que se refere à condição
socio
-
econômica
e ocorrência do sobrepeso/obesidade.
5
1.3 H
IPÓTESES
Com base no delineamento e objetivos do presente estudo, e
stabelec
eu
-
se
as
seguintes hipóteses:
a)
Não diferença quanto à prevalência do sobrepeso/obesidade entre os
estratos
socio
econômico
s
analisados.
b)
Nas diferentes condições
socio
-
econômica
s analisadas, não diferença
nas
associaç
ões entre a presença do sobrepeso/obesidade e os diferentes
fatores de risco comportamentais e familiares.
6
2 REVISÃO DA LITERAT
URA
O
referencial teórico deste estudo indica a necessidade de discutir os seguintes tópicos:
A etiologia da obesidade, os valores críticos para o Índice de Massa Corporal (IMC), a
prevalência de sobrepeso/obesidade no Brasil, os comportamentos e fatores de risc
o
relacionados ao desenvolvimento da obesidade (hábitos alimentares e atividade física
habitual)
e fatores de risco familiares (obesidade e condição
socio
-
econômica
).
2.1 Etiologia da Obesidade
A obesidade é definida como uma desordem nutricional caracterizada pelo
excesso de tecido adiposo. Tal excesso é decorrente, na grande maioria das vezes, de um
desequilíbrio entre a quantidade de energia ingerida e a quantidade de energia despendida
com a realização de atividades físicas
5,12
.
Denomina
-se balanço energético positivo a situação onde o aporte calórico
decorrente da ingestão de nutrientes é superior ao gasto energético originado pela prática de
atividades físicas; consequentemente, o balanço energético negativo caracteriza a situação
contrária, onde o gasto energético decorrente da prática de atividades físicas é superior
5,12
. A
manutenção de um estado de balanço positivo por longos períodos de tempo, acarreta no
armazenamento dessa energia excedente por parte do organismo, sob a forma de gordura
corpora
l.
O balanço energético positivo, que está relacionado à adoção de um estilo
de vida característico de países industrializados (menor prática de atividade física e maior
consumo de alimentos industrializados), tem sido apontado como um dos agentes de maior
influência no desenvolvimento da obesidade
5
. No entanto, a análise desse relacionamento
entre desequilíbrio energético e desenvolvimento da obesidade é de extrema complexidade,
7
uma vez que envolve o controle de variáveis de natureza comportamental, como é o caso da
ingestão alimentar e da prática habitual de atividades físicas
5
.
Essa relação torna-se ainda mais complexa quando é analisada em
populações compostas por crianças e adolescentes, uma vez que estes se encontram sob forte
influência de fatores relacionados à mudança e/ou adoção de comportamentos e crescimento
físico (maturação). Logo, tal fase do desenvolvimento humano é decisiva na adoção de
comportamentos relacionados à saúde. Nesse sentido, estudos de coorte retrospectiva m
indicado que a adoção de um estilo de vida
ativo
fisicamente durante a adolescência tende a
se perpetuar com o avançar da idade, favorecendo a adoção de um estilo de vida mais ativo
fisicamente durante a fase adulta
23
-
25
. Além disso, evidências encontradas na literatura
indi
cam que jovens obesos têm quase 80% a mais de chance de serem obesos na vida adulta
4
.
Tais resultados apresentados sugerem que, no que se refere à etiologia da
obesidade, a infância e a adolescência devem ser os focos principais de ações que visem
prevenir a adoção de comportamentos de risco ao seu desenvolvimento. Para tanto, na
identificação da obesidade torna-se relevante à caracterização dos valores críticos de massa
corpórea dos indivíduos analisados.
2.2 Valores Críticos para Índice de Massa Corporal
Devido à forte relação existente entre valores elevados de gordura corporal e
o desenvolvimento da Síndrome Metabólica (SM), a avaliação do estado nutricional por meio
de valores de gordura corporal é o método mais eficiente na identificação da obesidade. No
que se refere à avaliação dos diferentes componentes da composição corporal, a ciência
moderna evoluiu bastante e elaborou instrumentos relativamente precisos para identificá-
8
los
, tais como: a absortometria radiológica de dupla energia, a pesagem hidrostática e a
ressonância magnética. Contudo, a utilização desses métodos é limitada em estudos
epidemiológicos, principalmente devido ao elevado custo das análises.
Diante dessas limitações, outros todos mais antigos apresentam maior
aplicabilidade.
Na literatura nacional e internacional, pode-se encontrar um mero
considerável de estudos que utilizam métodos de campo para indicação do estado
nutricional
1,3,7
-
11,15,17,18,20
-
22
. Dentre esses, a antropometria é a técnica mais empregada para se
indicar
a presença de elevados valores de gordura corporal. Para a indicação do estado
nutricional, o Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos métodos de campo mais conhecidos
e é amplamente utilizado em todo o mundo, devido à sua facilidade de aplicação em grandes
populações, fácil treinamento de profissionais para a realização das medidas de peso e
estatura, menor erro de medida, e acima de tudo, por sua forte relação com a gordura corporal
em diferentes
idades
26,27
.
Os altos valores de correlação observados entre IMC e gordura corporal são
um bom indicativo da viabilidade de aplicação do método em questão, entretanto, por si só,
estes valores não apresentam a eficiência do método, no caso o IMC, na indicação do excesso
de gordura corporal. Para este fim, deve-se recorrer a outras técnicas estatísticas mais
específicas, como é o caso da curva ROC e seus respectivos parâmetros: sensibilidade e
especificidade. A análise da sensibilidade e da especificidade está diretamente relacionada ao
desempenho, ou acurácia de um teste. Sensibilidade é a capacidade de um instrumento em
reconhecer os casos verdadeiros positivos e especificidade é a capacidade de um instrumento
reconhecer os casos verdadeiros negativos.
Entre crianças e adolescentes, estudos como o desenvolvido por P
ietrobelli
et al.
26
indicaram a existência de significativa relação positiva dos valores médios de IMC
com o percentual de gordura corporal avaliado por métodos mais precisos, ou seja, quanto
9
maior o IMC, maior a quantidade de gordura corporal. Ainda entre crianças e adolescentes,
Mei et al.
27
indicaram que o IMC, quando comparado a outros indicadores antropométricos
amplamente empregados em grandes levantamentos populacionais, é mais eficiente em
indicar o correto estado nutricional (indica com maior efici
ência a presença da obesidade). No
entanto, mesmo diante da ampla utilização do IMC em estudos epidemiológicos, um fato
importante limita comparações entre estudos de diferentes países, que é a ausência de valores
críticos ou pontos de corte, que sejam adotados internacionalmente e que não estejam sujeitos
a críticas.
Na literatura internacional, a primeira tentativa de se construir valores
críticos para IMC específicos para crianças e adolescentes foi elaborado por Must et al.
28
. A
referida proposta foi apresentada em tabela de percent
il
(percentil 85 = sobrepeso e percentil
95
= obesidade) e desenvolvida com base em dados da população norte
-
americana.
No entanto, mesmo sendo recomendada para a indicação do S/O por
instituições como a Organização Mundial da Saúde, a tabela proposta por Must et al.
28
apresenta a limitação de ter sido desenvolvida em uma população em que a elevada
prevalência de S/O constitui um grave problema de saúde pública
1
, fato que limita
comparações com dados de diferentes países, uma vez que, estes elevados valores críticos de
IMC podem subestimar a prevalência em outras populações cujo valor do IMC seja inferior.
Na tentativa de construir uma classificação para S/O entre crianças e
adolescentes que fosse adotada mundialmente, o Grupo de Trabalho em Obesidade Infantil
(International Obesity Task Force IOTF)
29
, apresentou valores de referência (de 2 a 20
anos), cujas curvas de IMC foram construídas com base em levantamentos representativos da
população de seis países (Brasil [PPV], Nova Zelândia, Inglaterra, China, Estados Unidos e
Singapura) e estão relacionados a valores críticos de grande aceitação para a identificação do
S/O e risco para o desenvolvimento de doenças crônicas entre populações adultas.
10
Tal classificação, em virtude de sua característica internacional e também
por apresentar considerável eficiência em indicar corretamente a presença do S/O
30
(baseado
em valores de gordura corporal) tem recebido boa aceitação por parte de pesquisadores de
diferentes regiões do mundo. A seguir, será discutida a prevalência do sobrepeso e obesidade
no Brasil.
2.3 Prevalência de Sobrepeso e Obesidade no Brasil
No Brasil, no que se refere à prevalência de S/O, até a presente data, apenas
três levantamentos populacionais representativos foram conduzidos em território nacional,
sendo todos realizados pelo IBGE. O primeiro levantamento, denominado de ENDEF, foi
realizado entre os anos de 1974 e 1975 englobando amostras de todas as regiões do país,
exceto aquelas de localidades rurais da região Nordeste do Brasil. O segundo levantamento,
denominado de PNSN, foi realizado no ano de 1989 e englobou a mesma amostra do ENDEF.
O terceiro, denominado de PPV foi conduzido entre os anos de 1996 e 1997, e englobou
populações residentes nos centros urbanos e localidades rurais das regiões Nordeste e Sudeste
do país.
Os três levantamentos foram realizados utilizando à mesma forma de
estratificação e seleção da amostra, além de seguirem procedimentos metodológicos similares
para a coleta de variáveis como: massa corporal, estatura, renda familiar, entre outras. Tais
levantamentos são as evidências mais sólidas sobre o crescimento da prevalência de S/O na
população jovem brasileira, e serviram como base para muitas publicações científicas que
relataram a tendência de crescimento da mesma
1,31
e, também para construção de tabelas de
referência para a sua identificação na população brasileira
32,33
.
11
Na década de 70, dados do ENDEF indicavam que para crianças (seis a nove
anos) e adolescentes (10 a 18 anos) uma prevalência de desnutrição de 12,3% e 16,1%,
respectivamente. Prevalência essa, que era superior aos casos de S/O que estavam presentes
em 4,9% das crianças e 3,7% dos adolescentes
1
. Na década de 90 (PPV), observou-se uma
modificação neste quadro, onde, a prevalência total de S/O (seis a 18 anos) que era de 4,1%
na década de 70, triplicou, e alcançou 13,9% em 1997 (crianças: 17,4% e adolescentes
12,6%). Somando-se a este crescimento nos casos de S/O, a desnutrição diminuiu de 14,8%
em 1974-75 para 8,6% em 1997 (crianças: 6,1% e adolescentes 9,6%). Esta dramática
mudança do quadro de desnutrição para o de excesso de peso é denominada de “transição
nutricional”.
De fato, o aumento na ocorrência dos casos de S/O na população jovem
brasileira constitui realidade e está diretamente relacionado às profundas mudanças ocorridas
na economia do país iniciadas na década de 70 e existentes até a presente data. Ao longo das
últimas décadas, a população brasileira tem presenciado uma substancial mudança na
estrutura econômica do país, que caminhou de uma economia predominantemente agrícola,
para uma economia em crescente processo de industrialização.
Em virtude da chegada de investimentos externos, avanços econômicos,
tecnológicos e a decorrente globalização; observa-se desde então a adoção de um estilo de
vida tipicamente ocidentalizado, onde predominam o consumo de alimentos industrializados
de alto valor energético e a diminuição drástica da prática habitual de atividades físicas
(sedentarismo), comportamentos estes, que est
ão relacionados ao desenvolvimento do S/O.
Para compreender o desenvolvimento da obesidade torna-se necessário
analisar os comportamentos e fatores de risco envolvidos nesse processo.
12
2.4 Comportamentos/Fatores de Risco Relacionados
à
Obesidade
A litera
tura especializada tem apontado que, por meio de suas influências no
balanço energético, duas variáveis de natureza comportamental estão fortemente atreladas ao
desenvolvimento da obesidade. Essas duas variáveis são: os hábitos alimentares inadequados
e a
prática insuficiente de atividades físicas.
Hábitos alimentares inadequados, sejam eles relacionados à quantidade
(consumo excessivo de alimentos) ou proporção de consumo (consumo excessivo de
gorduras, baixo consumo de frutas e verduras) de determinados alimentos, acarretam um
maior acúmulo de gordura corporal e estão associados ao desenvolvimento da obesidade e
comorbidades a ela relacionadas.
A prática insuficiente de atividades físicas age de forma direta no
desenvolvimento da obesidade, uma vez que afeta de forma significativa o balanço
energético, e assim como os hábitos alimentares inadequados, está associada ao
desenvolvimento de doenças (hipertensão, diabetes tipo 2, etc.) e absenteísmo.
Entre populações jovens, é forte a influência do meio familiar no
comportamento da prática habitual de atividades físicas e ingestão alimentar e, em
conseqüência, no desenvolvimento da obesidade. Nesse sentido, uma melhor compreensão do
comportamento isolado destas variáveis, bem como o de suas possíveis interações,
é
fundamental na idealização e elaboração de campanhas eficientes de combate à obesidade.
13
2.4.1 Hábitos Alimentares
Denomina
-se de alimentação o processo que se identifica com a seleção e a
ingestão de produtos que, de acordo com a disponibilidade e as preferências de paladar,
procuram atender às necessidades orgânicas manifestadas pela fome
12
. Os alimentos são
produtos obtidos da natureza, seja de procedência animal ou vegetal, consumidos para
fornecer substrato para a produção de energia, manutenção e construção de tecidos, além da
regulação metabólica
12
.
Os alimentos são constituídos de nutrientes, que por sua vez, se subdividem
em macronutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas, fibras vegetais e água) e
micronutrientes (vitaminas e minerais). No que se refere às funções dos micronutrientes e
macronutrientes no organismo humano, as gorduras, carboidratos e proteínas são
denominadas de nutrientes energéticos; a água e as vitaminas de nutrientes reguladores; e os
minerais, vitaminas e proteínas de
nutrientes construtores
12
.
Em relação aos hábitos alimentares da população brasileira, estudos têm
reportado que em décadas anteriores existia entre a população brasileira um grande consumo
de alimentos não industrializados e de menor aporte calórico, como: grãos (feijões, milho,
etc.), frutas, legumes e verduras
1,31
. Entretanto, em decorrência do recente processo de
industrialização sofrido pela economia brasileira, a grande disponibilidade e consumo de
alimentos industrializados, que apresentam um maior valor energético e atraem populações
jovens em decorrência de seu paladar agradável, fácil acesso por parte dos mesmos e, acima
de tudo, por seu baixo custo
34
, tem aumentado entre os jovens brasileiros
1,20,22,31,35
.
O excesso de gordura corporal origina-
se
de um desequilíbrio entre a
energia ingerida na forma de alimentos e a energia gasta com a prática de atividades físicas.
Evidências
35
têm indicado que um consumo excessivo de nutrientes energéticos (gorduras,
14
carboidratos e proteínas), que são os responsáveis pelo fornecimento de energia para o
organismo humano, está relacionado como desenvolvimento da obesidade. No entanto,
outras
36
sugerem que não a quantidade, mas sim a proporção (consumo excessivo de gorduras)
ou a falta da ingestão de alguns desses nutrientes, como é o caso das fibras alimentares, que
está relacionada ao desenvolvimento do S/O entre populações jovens.
Duas possíveis explicações podem ser apresentadas para justificar essa
pouca clareza da literatura sobre a real associação entre alimentação e estado nutricional. A
primeira refere-se ao fato de que são variados e significativamente distintos os instrumentos
de medida utilizados nos estudos. As formas mais simples de medida são baseadas em
inquéritos alimentares e registros dietéticos, que analisam comportamentos relacionados à
ingestão alimentar; e a mais sofisticada, é a bomba calorimétrica que analisa a energia térmica
gerada pela combustão dos alimentos
12
. A segunda explicação refere-se ao fato de que a
ingestão alimentar, assim como a prática habitual de atividades físicas, é uma variável de
natureza comportamental, e consequentemente, difere entre diferentes grupos populacionais,
desde a seleção dos alimentos até a sua forma de preparação.
A escolha pela técnica de medida para a avaliação dos hábitos alimentares
deve ser baseada nos recursos disponíveis, nos objetivos estabelecidos no estudo e no respeito
às características específicas da população analisada. O próximo tópico aborda a influência da
atividade física habitual (AFH) no des
envolvimento do sobrepeso/obesidade.
2.4.2 Atividade Física Habitual
Atividade física pode ser definida como todo movimento corporal realizado
de forma consciente por musculatura esquelética que acarreta uma demanda energética
15
superior aos níveis de rep
ouso
37
. A atividade física habitual constitui todas as atividades
físicas realizadas por um indivíduo ou grupo populacional dentro de um determinado período
de tempo (dias, meses, anos, etc.). Tal como os hábitos alimentares, a atividade física habitual
co
nstitui uma variável de natureza comportamental de difícil controle. Uma prova disso é a
grande quantidade de metodologias (número de passos ou movimentos corporais efetuados,
tempo de realização das atividades físicas e gasto energético decorrente da mesma) e
instrumentos (utilização de isótopos marcados, câmaras calorimétricas, sensores de
movimento e questionários) que são empregados para a sua avaliação
5
.
Dados da população brasileira referentes à prática habitual de atividades
físicas são escassos. Dentre os poucos estudos representativos encontrados sobre tal temática,
pode
-se citar o desenvolvido por Hallal et al.
38
indicando que a prevalência de prática
insuficiente de atividades físicas na população adulta brasileira ultrapassa o índice de 40%.
Tal
informação é de grande relevância e gera grande preocupação, uma vez que em países
como os Estados Unidos da América (EUA), que passou por este processo de
industrialização em que se encontra o Brasil, a prática insuficiente de atividades físicas entre
adultos tem sido associada a grandes prejuízos econômicos decorrentes do absenteísmo e
afastamentos remunerados
14
. Complementando essas informações, estudos têm indicado que
os indivíduos adultos situados nos mais altos escores de prática de atividade física apresentam
proteção quanto ao desenvolvimento de doenças crônicas
39
.
Entre populações jovens, de acordo com a recente revisão sistemática da
literatura realizada por Tassitano et al.
40
, um total de 21 artigos nacionais abordaram a
questão. Entretanto, o mesmo trabalho indica que importantes limitações são observadas
nesses estudos como o variado número de critérios utilizados para classificar os sujeitos como
sendo ativos ou inativos fisicamente. Essa grande variedade acarreta uma elevada variação na
16
pre
valência de prática insuficiente de atividades físicas observadas, que oscilou de 39% a
93,5%.
A despeito das controvérsias acerca da classificação da quantidade de
atividade física habitual necessária para ser classificado como suficientemente ou
insufici
entemente ativo, alguns estudos de coorte retrospectiva como o realizado por Azevedo
et al.
24
têm apresentado fortes evidências indicando que indivíduos envolvidos com a prática
esportiva durante a adolescência
tornam
-
se
adultos mais ativos fisicamente
25
.
Diante da grande importância que a prática insuficiente de atividades físicas
tem adquirido na sociedade moderna, um grande número de recomendações sobre a
quantidade adequada de prática habitual de atividades físicas têm sido criadas
41
. Em
decorrência do grande número de metodologias utilizadas, mesmo a classificação do que é ser
suficientemente ativo ou insuficientemente ativo é controversa, uma vez que as
recomendações de prática de atividades físicas para adultos (mínimo de 150 minutos de
atividades físicas de intensidade moderada à vigorosa por semana) são distintas daquelas
elaboras para crianças e adolescentes (mínimo de 300 minutos de atividades físicas de
intensidade moderada à vigorosa por semana). E no que se refere ao controle da massa
corporal (
obesidade), a eficiência dessas recomendações tem sido questionada
41
.
Estudos recentes como os realizados por Ekelund et al.
42
e Fernandes et al.
43
têm reportado que comportamentos relacionados ao sedentarismo (assistir televisão, uso de
computador, períodos de sono durante o dia, etc.) e aqueles relacionados à prática de
atividades físicas de maior intensidade são fenômenos independentes
44
e influenciam o
desenvolvimento do excesso de tecido adiposo de forma distinta
42
-
44
. Torna-se relevante à
necessidade
de intervenções de caráter preventivo objetivando a conscientização por parte das
populações jovens e também de suas estruturas comunitárias e familiares, sobre a importância
de ser ativo fisicamente e de evitar a adoção de comportamentos sedentários ao longo de toda
17
a vida. Outro fator de risco no desenvolvimento de sobrepeso/obesidade refere
-
se ao ambiente
familiar.
2.4.3 Fator de Risco Familiar
Entre crianças e adolescentes, a adoção de comportamentos de risco e ou
proteção ao desenvolvimento da obesidade está intimamente atrelado ao comportamento
adotado por seus pais. A existência dessa associação pode ser observada em estudos como o
desenvolvido por Mendes et al.
6
, que observou a existência de associação entre a prática
habitual de atividades físicas dos pais e a de seus respectivos filhos. O mesmo estudo, assim
como outros
6,7,12,45
, observou também a existência de associações entre o uso de tabaco e o
excesso de massa corporal entre pais e filhos (pais fumante/obesos e filhos fumantes/obesos).
Esta
associação é facilmente justificável, uma vez que durante as primeiras
fases do desenvolvimento humano, os comportamentos dos indivíduos responsáveis por sua
criação exercem grande influência na aquisição de hábitos e adoção de atitudes por parte do
jovem.
Esta relação entre meio familiar e desenvolvimento da obesidade sofre forte
influência de aspectos socioeconômicos, onde variáveis como: maior renda familiar, maior
grau de instrução dos responsáveis, tempo de amamentação, ser filho único e estudar em
col
égio particular, influenciam no desenvolvimento desse fenômeno
6,7,45
. Logo, se o objetivo
é estabelecer estratégias eficientes de prevenção ao desenvolvimento da obesidade entre
crianças e adolescentes, é imprescindível que estas estratégias alcancem a estrutura familiar
onde o jovem em questão está inserido.
18
Outro fator de risco importante relaciona-se à condição
socio
-
econômica
de
crianças e jovens.
2.4.4 Obesidade e Condição
Socio
-
econômica
(CSE)
No que se refere à relação entre CSE e obesidade, especialmente na
realidade brasileira, levantamentos como o analisado por Wang et al.
1
têm indicado que a
prevalência de S/O entre populações jovens é superior nos estratos socioeconômicos mais
elevados. Este quadro difere-se da realidade observada em países industrializados como é o
caso dos EUA, onde a maior prevalência de S/O é observada nos estratos socioeconômicos
mais baixos
1
. No Brasil, dados como os apresentados por Veiga et al.
31
indicam que no
decorrer das últimas décadas o crescimento do S/O se tanto no mais alto como na mais
baixa CSE.
A maior prevalência de S/O observada entre crianças e adolescentes
classificados como sendo de mais alta CSE, de acordo com alguns especialistas é justificada
pelo maior acesso por parte destes jovens a bens de consumo e comportamentos relacionados
à inatividade física
1,22,31
. Tal característica é observada em inúmeros países em processo de
industrialização, como constatado pelos dados apresentados por Prista et al.
46
referentes à
população de Moçambique. Dados recentes da população brasileira indicam que essa
interação entre maior CSE e maior ocorrência de obesidade ocorre tanto nas regiões mais
ricas do país como observado por Costa et al.
47
na cidade de Santos - SP, como nas mais
pobres, conforme observado por Campo
s et al.
22
na cidade de Fortaleza
-
CE.
Mesmo diante da influência da CSE no desenvolvimento do S/O, lacunas
são encontradas na literatura nacional, carente de informações referentes à influência da CSE
19
em reconhecidos fatores de risco para o desenvolvimento do S/O, tais como a atividade física
habitual e os hábitos alimentares. Tais informações são de grande relevância para nortear
ações públicas no combate ao crescimento do S/O infantil e, uma vez que no Brasil, o
governo federal anualmente destina um grande montante de seus recursos para o combate da
desnutrição, e fomenta com menor gama de recursos ações destinadas ao combate do enorme
problema de saúde pública que é o significativo aumento nos casos de S/O.
Em resumo, observa-se que diferentes fatores de risco devem ser
controlados, especialmente a atividade física habitual e o contexto familiar, para a análise do
sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes.
20
3 MÉTODOS
3.1 Delineamento, Local do Estudo e Participantes
A presente pesquisa utilizou um delineamento transversal, com
características descritivas e analíticas, sendo conduzida durante o segundo semestre do ano de
2007 na cidade de Presidente Prudente SP. Referida cidade é a maior em número de
habitantes da região oeste do estado de São Paulo (~200.000 habitantes) e é também local de
trabalho e estudo de pessoas que residem em muitos municípios vizinhos. Segundo dados da
Secretaria Municipal de Ensino, a cidade de Presidente Prudente tem aproximadamente
37.000 alunos (dados do ano de 2006) regularmente matriculados na rede estadual e privada
de ensino (ensino fundamental e médio). Desse total, 14.089 alunos encontram-
se
matriculados entre a e a séries, e 9479 nos três anos do ensino médio, sendo que uma
parcela próxim
a a 30% desses escolares está matriculada na rede privada de ensino.
A amostra do presente estudo foi composta por escolares com idade
compreendida entre 11 e 17 anos (5ªsérie do ensino fundamental ao 3ºano do ensino médio),
estando todos regularmente matr
iculados na rede pública e privada de ensino da cidade. Para a
seleção da amostra, durante um primeiro momento da pesquisa, foram levantados
dados
referentes à quantidade de unidades escolares (n= 118) e número de alunos em cada uma das
mesmas. Os dados indicaram que das 118 escolas da cidade, 36 atendiam escolares de todos
os grupos etários analisados (11 a 17 anos) e, dentre essas escolas, aquela que apresentava o
menor número de escolares na faixa etária analisada
abrigava
aproximadamente
um total de
300
alunos. Sendo assim, considerando o número mínimo de alunos detectado nas unidades
escolares (n= 300) e respeitando a distribuição dos mesmos nas duas redes de ensino (~30%
21
na rede privada), dentro do universo de escolas que atendiam todas as exigências para a
inclusão no estudo (n= 36), seis instituições de ensino (número mínimo de 1800 escolares),
sendo quatro públicas
(~66
%)
e duas privadas (~33%) foram selecionadas de forma aleatória
para a realização do estudo.
3.2 Cálculo do Tamanho da Amostra e Cr
itérios de Inclusão no Estudo
O cálculo do tamanho da amostra necessário para a realização do estudo foi
efetuado por meio de uma equação para a estimativa de parâmetros populacionais. O tamanho
da amostra de 1.779 alunos foi calculado para detectar uma prevalência esperada de S/O igual
a 28,6%
21
, com um erro amostral de 2,1% e significância estatística de 5%. Com base em
informações fornecidas por um estudo previamente realizado
21
, que indicou perdas amostrais
de 12,5%, planejou-se coletar as informações referentes à no mínimo 2.001 escolares de
ambos os sexos. A amostra de 1.779 escolares corresponde a uma fração superior a 7% do
número total de escolares de 11 a 17 anos matriculados no município.
Anteriormente à coleta dos dados, todos os escolares matriculados nas seis
escolas selecionadas foram convidados a participar do estudo, sendo enviado aos pais e/ou
responsáveis legais, um termo de consentimento solicitando permissão para a participação dos
sujeitos na pesquisa. Os critérios para a inclusão dos jovens na amostra do estudo foram
baseados em três informações:
a)
Estar devidamente matriculado em uma das seis instituições de ensino
em questão;
22
b)
Não apresentar nenhum tipo de doença metabólica diagnosticada
,
necessidade especial que interferisse no result
ado e
estar em processo de
gestação;
c)
Retornar com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
devidamente assinado.
O estudo seguiu todas as diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa
com seres humanos (lei 196/96) e foi aprovado pelo Comitê de Éti
ca em Pesquisa Envolvendo
Seres Humanos da Universidade Estadual de
Paulista
– U
NESP
(Campus de Presidente
Prudente)
, protocolado sob no.
087
/200
6 (ANEXO A)
.
3.3 Procedimento da Coleta dos Dados
Em cada uma das seis unidades escolares selecionadas, após a aprovação
dos respectivos diretores, a coleta dos dados foi composta por três ou mais visitas à unidade.
Na primeira visita, dentro das salas de aula, os avaliadores entraram em contato com os
alunos, explicaram os objetivos/métodos do estudo e distribuíram os termos de consentimento
para os alunos que demonstraram o interesse em participar da pesquisa.
Durante a segunda visita à unidade escolar, os termos de consentimentos
foram recolhidos. As avaliações foram iniciadas na terceira visita e incluíram apenas os
escolares que retornaram com o termo de consentimento devidamente assinado.
23
3.3.1 Variáveis Analisadas
Todas as medidas antropométricas foram realizadas em uma sala reservada
dentro da própria unidade escolar e as informações
foram anotadas em
uma ficha de avaliação
(ANEXO B)
.
A massa corporal foi aferida com a utilização de uma balança mecânica da
marca Filizola, com precisão de 0,1 kg e capacidade máxima de 150 kg. Os avaliados
permaneceram descalços, posicionados em pé, no centro da plataforma da balança e vestindo
roupas leves. A estatura foi aferida com a utilização de um estadiômetro fixo de madeira com
precisão de 0,1 cm e extensão máxima de dois metros. Os avaliados permaneceram na posição
ortostática, descalços, voltados de costas para a superfície vertical do aparelho e olhando para
frente
, com os membros superiores relaxados ao lado do tronco, com as palmas das mãos
voltadas para as coxas; os calcanhares permaneceram unidos, tocando a parte vertical do
estadiômetro e as bordas mediais afastadas. A parte móvel do estadiômetro foi conduzida até
tocar o vértex e comprimir o cabelo
48
.
Com a utilização dos valores de massa corporal e estatura foi calculado o
IMC. Para tanto, o valor do IMC foi obtido por meio da seguinte equação:
IMC (kg/m
2
)
= Massa corporal (kg) / Estatura (m)
2
De posse dos valores de IMC, e por meio da utilização dos valores críticos
de referência específicos para sexo e idade propostos por Cole et al.
28
, cada sujeito da amostra
foi classificado segundo seu respectivo estad
o nutricional: eutrofia, sobrepeso ou obesidade.
24
3.3.2 Fatores de Risco
Comportamentais
No presente estudo, os fatores de risco comportamentais analisados foram: a
prática insuficiente de atividades físicas e comportamentos relacionados a uma inadequada
ingestão alimentar. No decorrer da realização de toda a pesquisa, o preenchimento dos
questionários (atividade física e ingestão alimentar) foi realizado dentro da sala de aula com o
auxílio de um único avaliador, que efetuou uma breve explicação sobre a
sua forma correta de
preenchimento e respondeu as questões levantadas pelos alunos. Não foi permitida a
comunicação entre os avaliados durante o processo de preenchimento.
As informações referentes à prática habitual de atividades físicas foram
levantadas
com a utilização do questionário de auto-preenchimento desenvolvido por Baecke
et al.
49
(ANEXO B). Foram considerados suficientemente ativos os jovens que declararam
estar engajados (período mínimo de três meses antes da avaliação) em algum programa de
ati
vidades esportivas de intensidade moderada e/ou vigorosa, e que despendiam nessa tarefa,
no mínimo, de três a quatro horas semanais. Além disso, foram analisados comportamentos
relacionados à prática insuficiente de atividades físicas durante os horários destinados ao
lazer.
Os hábitos relacionados à ingestão alimentar foram coletados por meio de
um instrumento desenvolvido especificamente para o estudo (ANEXO C). Ele foi composto
por quatro perguntas, onde os avaliados responderam com que freqüência semanal (nenhum
dia; 1 a 2 dias; 3 a 5 dias; ou todos os dias da semana) consumiram determinados tipos de
alimentos (legumes e verduras; doces, salgados e refrigerantes; frutas; frituras) na semana
anterior à realização da avaliação. Para as opções “legumes e verduras” e “frutas”, foram
considerados fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade a resposta “nenhum dia”,
25
para os alimentos “doces, salgados e refrigerantes” e “frituras” foi considerada a resposta
“todos os dias da semana”.
Com o objetivo de se avaliar a consistência das informações fornecidas por
ambos os instrumentos, duas semanas após a coleta dos dados, uma pequena parcela da
amostra, previamente selecionada de forma aleatória preencheu novamente os questionários,
sendo analisado o
grau
d
e concordância das respostas.
3.3.3 Fatores de Risco Familiares
As informações referentes aos fatores de risco familiares para o
desenvolvimento do S/O foram obtidas por meio de um
terceiro
questionário
(ANEXO D). O
mesmo foi preenchido em casa pelos próprios pais/responsáveis dos jovens avaliados. O
instrumento foi entregue aos escolares dentro da sala de aula e recolhido no dia seguinte à
entrega. Foram analisados os comportamentos de risco familiares: S/O do pai e da mãe (IMC
=25kg/m
2
), grau de instrução do pai e da mãe (curso de nível superior completo), mero de
filhos (possuir até dois primogênitos
, considerando o adolescente analisado
) e o tipo de escola
em que o filho está matriculado (escola particular).
Devido ao fato da massa corporal e estatura serem reportadas pelos adultos
em seu próprio domicílio e sem a presença de um avaliador durante o processo de
preenchimento, com o intuito de se analisar a consistência dos dados reportados, uma semana
após a entrega do material,
trinta
pais/responsáve
is foram selecionados de forma aleatória e
convidados
a comparecer à escola
para
serem avaliados
e
novamente
preencher
o
questionário
.
26
3.3.4 Condição
Socio
-
econômica
Na determinação da CSE das famílias, foram empregados os “Critérios de
Classificação Econômica do Brasil” estabelecidos no ano de 1.977 pela Associação Brasileira
de Antropologia e Associação Nacional de Empresas de Pesquisa, de acordo com o banco de
dados de um levantamento realizado no ano de 1993 pelo Instituto Brasileiro de Opinião
Públi
ca e Estatística (IBOPE)
50
.
O questionário que foi preenchido pelo próprio escolar em sala de aula e
com o auxílio de um avaliador, levando em consideração o grau de instrução do pai e da mãe,
a presença/quantidade de determinados cômodos e bens de consumo no domicílio (televisor
em cores, videocassete, rádio, banheiro, automóvel, aspirador de pó, máquina de lavar,
empregada mensalista, geladeira e freezer), e estabelece as seguintes classificações para CSE:
A
1
, A
2
, B
1
, B
2
, C, D e E
(ANEXO C)
.
Após a classificação dos sujeitos por meio do instrumento de medida da
CSE, a amostra foi novamente subdividida em: condição
socio
-
econômica
alta (CSEA)
composta pelas categorias A
1
e A
2
, condição
socio
-
econômica
média (CSEM) pelas
categorias B
1
e B
2
, e condição
socio
-
econômica
baixa (CSEB) englobando as categorias C, D
e E (anexos
-
modelo).
3.4 Tratamento Estatístico
O Teste de Kol
mogorov
-Smirnov (K-S) foi utilizado para analisar a
distribuição das variáveis numéricas analisadas (idade, massa corporal, estatura e IMC). Com
27
base
nos parâmetros fornecidos pelo T
este
K-S optou-se pela utilização de estatística não-
paramétrica para o tratamento das mesmas. Sendo assim, como formas de estatística
descritiva foram empregadas: valores de mediana (tendência central) e diferença interquartil
(dispersão). O teste U de Mann-Whitney foi utilizado para estabelecer comparações entre os
gêneros masculino e feminino.
A prevalência foi calculada levando em consideração o número de
indivíduos com a indicação positiva para a presença do S/O dividido pelo número total de
indivíduos estudados.
O Índice Kappa (
k
) analisou a concordância das informações fornecidas
pelos questionários em ambos os momentos analisados. O Teste Qui-quadrado (
2
)/Exato de
Fisher foram utilizados para comparar proporções e verificar a existência de associação entre
a presença/ausência do excesso de peso (variável resposta) com os fatores/comportamentos de
risco (variáveis independentes). As variáveis que apresentaram significância estatística
no
modelo univariado foram utilizadas n
a
regressão
de Poisson com ajuste robusto da variância
.
Neste procedimento, os resultados mais significantes foram selecionados e fizeram parte do
modelo final. A magnitude da associação foi calculada por meio da Razão de
Prevalência
com
seus respectivos intervalos de confiança de 95%
(RP [
IC
95%
]
).
Valores de P inferiores a 5% foram considerados estatisticamente
significativos.
28
4 RESULTADOS
Foram distribuídos 2250 termos de consentimento para os alunos que
manifestaram interesse em participar do estudo. Desse total de alunos, 1925 retornaram com
os mesmos preenchidos. Entretanto, desses 1925 termos de consentimento, 142 foram
excluídos por apresentar algum tipo de irregularidade, restando 1783. Durante a análise dos
dados, quatro alunos foram excluídos por não apresentar todos os dados necessários, restando
1779 alunos. No que se refere aos questionários aplicados na amostra, os valores do Índice
Kappa (k) indicaram que para os adultos (n= 30) o estado nutricional (IMC
=25kg/m
2
)
apr
esentou elevada concordância entre os valores reportados pelos pais e os coletados pelos
pesquisadores (k= 0,85). para os adolescentes (n= 170), as informações referentes aos
questionários aplicados apresentaram moderada concordância (k= 0,75 a k=
0,79)
. Na Tabela
1 são apresentadas as características antropométricas e
socio
-
econômica
s dos adolescentes
analisadas de acordo com o sexo.
Tabela 1. Características gerais dos adolescentes analisados de acordo com o sexo (Presidente
Prudente
-
SP, 2007).
Caract
erísticas Gerais
Masculino
Feminino
P
Amostra total (
n)
824
955
0,002
Idade (anos: Mediana [DI])
13,8 (3,2) 13,7 (2,8)
0,817
Peso (kg: Mediana [DI])
54,7 (21,2) 49,5 (14,1)
0,001
Estatura (m: Mediana [DI])
1,65 (0,20) 1,59 (0,10)
0,001
IMC (kg/m
2
: Med
iana [DI])
20,1 (5,1) 19,7 (4,8)
0,139
CSEA (%)
30,3
26,3
CSEM (%)
49,6
49,2
0,011
CSEB (%)
20,1
24,5
IMC= Índice de Massa Corporal; DI= diferença
interquartil
29
A amostra analisada foi composta por 46,3% de adolescentes do
gênero
masculino e 53,7% do sexo feminino. Nas comparações estabelecidas entre os
gêneros
, não
foram observadas diferenças estatísticas apenas para as variáveis: idade cronológica e IMC.
Além disso, quando foi analisada a existência de associação linear entre grupos etários (11 -
17
anos) e CSE, foram observados valores significativos apenas para o sexo masculino, mas
não para o feminino (Masculino:
2
= 16,138;
P
= 0,001 e Feminino:
2
= 0,807;
P
= 0,369).
A prevalência total de S/O observada foi de 22,9% (sobrepeso= 16,8% e
obesidade= 6,1%), diferindo entre os
gêneros
(Masculino= 26,7% e Feminino= 19,6%; P
=
0,001), grupos etários (
P
= 0,003) e CSE (CSEA=
26,3%, CSEM= 23,8% e CSEB= 16,7%;
P
=
0,001). A prevalência de S/O de acordo com as diferentes CSE é apresentada na Figura 1.
83,3
76,2
73,7
12,4
18
18
4,3
5,8
8,3
0
20
40
60
80
100
CSEB CSEM CSEA
%
Eutrofia Sobrepeso Obesidade
Figura 1. Prevalência de sobrepeso e obesidade entre adolescentes de acordo
com a condição
socio
-
econômica
, Presidente Prudente
-
SP, 2007 (
n
=1779).
30
A regressão de Poisson indicou que a ocorrência de S/O
foi
superior nos
adolescentes pertencentes à CSEA
(R
P
=1,
57
[1,
16
-
2,11
]). O primeiro grupo de fatores de
risco analisados foi denominado de “fatores de risco familiares”, que envolveu as seguintes
variáveis: menor número de irmãos, tipo de escola, excesso de peso e escolaridade dos pais. O
segundo grupo de fatores de risco analisados foi denominado de “fatores de risco
comportamentais” e englobou as variáveis: hábitos alimentares, envolvimento com atividades
esportivas e comportamentos sedentários durante horários de lazer. A CSEA agrupou os
adolescentes presentes nas duas mais altas classificações para CSE. A Tabela 2 apresenta os
valores de associação entre a presença de S/O e os fatores de risco familiares para os
adolescentes do grupo CSEA.
Tabela 2.
Associações
entre fatores de risco familiares e a presença do S/O entre adolescentes
de CSEA (Presidente Prudente
SP, 2007,
n
=1779).
Fatores de Risco
2
P
Nº de irmãos
=2 irm
ã
os
Ref
0/1 irmão
0,100
0,751
Tipo de Escola
Escola Pública
Ref
Escola Privada
7,599
0,006
Escolaridade
Pais sem NS
Ref
Pai NS
0,079
0,779
Mãe NS
0,719
0,397
S/O dos Pais
Pai
0,622
0,430
Mãe
5,922
0,015
Ambos
5,921
0,015
2
= Teste qui-quadrado; CSEA=
condição
socio
-
econômica
alta; Ref.= referência; S/O= sobrepeso e obesidade;
NS= Nível superior completo.
31
Nos adolescentes de CSEA, dentre os diferentes fatores de risco familiares,
observou
-se associação do S/O com o tipo de escola (S/O em escola pública: 19,6% e escola
privada: 31%) e com excesso de peso da mãe e de ambos os pais. o grupo CSEM agrupou
os adolescentes presentes nas classificações de CSE intermediárias entre a CSEA e CSEB. Na
Tabela 3 são apresentados
os
valo
res referentes às associações observadas entre a
presença/ausência do S/O e os diferentes fatores de risco familiares envolvidos no estudo para
esses adolescentes.
Tabela 3. Associação entre fatores de risco familiares e a presença do S/O entre adolescent
es
de CSEM (Presidente Prudente
SP, 2007,
n
=1779).
Fatores de Risco
2
P
Nº de irmãos
=2 irm
ãos
Ref
0/1 irmão
4,037
0,045
Tipo de Escola
Escola Pública
Ref
Escola Privada
17,466
0,001
Escolaridade
Pais sem NS
Ref
Pai NS
1,810
0,179
Mãe NS
0,006
0,940
S/O dos Pais
Pai
9,751
0,002
Mãe
17,554
0,001
Ambos
12,602
0,001
2
= teste qui-quadrado; CSEM=
condição
socio
-
econômica
média; Ref.= referência; S/O= sobrepeso e
obesidade;
NS= nível superior completo.
Os resultados apontaram associação significativa entre o S/O dos
adolescentes analisados e uma menor quantidade de irmãos (S/O- 0/1irmão: 26,2% e
=2
32
irmãos: 20,1%); novamente com o tipo de escola (S/O
-
escola pública: 15,7% e escola privada:
29%), e com excesso de peso do pai, mãe e ambos os pais. A CSEB agrupou os adolescentes
pertencentes
às três menores classificações para CSE (C, D e E), e os resultados das
associações observadas entre a presença do S/O e os fatores de risco familiares para os jovens
situados nesse grupo são expostas na Tabela 4.
Tabela 4. Associação entre fatores de risco familiares e a presença do S/O entre adolescentes
de CSEB (Presidente Prudente
SP, 2007,
n
=1779).
Fatores de Risco
2
P
Nº de irmãos
=2 irm
ãos
Ref
0/1 irmão
0,567
0,451
Tipo de Escola
Escola Pública
Ref
Escola Privada
*
1,000
Escolaridade
Pais sem NS
Ref
Pai NS *
1,000
Mãe NS
*
1,000
S/O dos Pais
Pai
1,054
0,304
Mãe
20,846
0,001
Am
bos
13,756
0,001
2
= Teste qui-quadrado; *= Teste exato de Fisher; CSEB=
condição
socio
-
econômica
baixa; Ref.= Referência;
S/O= sobrepeso e obesidade; NS= Nível superior completo.
Para os jovens em questão, o Teste qui-quadrado indicou a existência de
associação entre
o
S/O dos adolescentes e excesso de peso da mãe e de ambos os pais
(adolescentes com excesso de peso e ambos os pais com S/O: 29,6%
,
contra adolescentes com
33
excesso de peso e um/nenhum dos pais com S/O: 8,1%). A Tabela 5 apresenta as associações
entre a presença/ausência do S/O e as diferentes variáveis comportamentais analisadas entre
os jovens do grupo CSEA.
Tabela 5. Associação entre fatores de risco comportamentais e a presença do S/O entre
adolescentes de CSEA (Presidente Prudente
SP
, 2007,
n
=1779).
Fatores de Risco
2
P
Hábitos Alimentares
Consumo
=5dias
Ref
Doces (7dias)
0,094
0,759
Frituras (7dias)
0,196
0,658
Consumo
=1dias
Ref
Leg/Verd (0dias)
0,000
1,000
Frutas (0dias)
3,998
0,049
Prática de Esportes
Não
Ref
Sim
0,001
0,970
Atividades de Lazer
Nunca praticar
Ref
TV (
fazer uso
)
0,415
0,520
Praticar
Ref
Esporte (nunca)
0,012
0,911
Caminhar (nunca)
0,616
0,432
Bicicleta (nunca)
0,606
0,436
2
= Teste qui-quadrado; CSEA=
condição
socio
-
ec
onômica
alta; Ref.= Referência; S/O= sobrepeso e obesidade;
Doce= doces, salgadinhos e refrigerantes; Leg/Verd= legumes e verduras; TV= televisão.
Os resultados encontrados indicaram associação entre S/O e consumo
reduzido de frutas. Entre os adolescentes do grupo CSEM não foram observadas associações
34
significativas entre o S/O e nenhum dos fatores de risco comportamentais analisados (Tabela
6).
Tabela 6. Associação entre fatores de risco comportamentais e a presença do S/O entre
adolescentes de CSEM (Pre
sidente Prudente
SP, 2007,
n
=1779).
Fatores de Risco
2
P
Hábitos Alimentares
Consumo
=5dias
Ref
Doces (7dias)
3,623
0,057
Frituras (7dias)
0,011
0,918
Consumo
=1dias
Ref
Leg/Verd (0dias)
0,775
0,379
Frutas (0dias)
2,358
0,125
Prática
de Esportes
Não
Ref
Sim
0,595
0,441
Atividades de Lazer
Nunca praticar
Ref
TV (fazer uso)
1,359
0,244
Praticar
Ref
Esporte (nunca)
0,004
0,947
Caminhar (nunca)
2,912
0,088
Bicicleta (nunca)
0,245
0,620
2
= Teste Qui-quadrado; CS
EM=
condição
socio
-
econômica
média; Ref.= Referência; S/O= sobrepeso e
obesidade; Doce= doces, salgadinhos e refrigerantes; Leg/Verd= legumes e verduras; TV= televisão.
Na Tabela 7 são expostas as associações observadas entre as variáveis
comportamentais
envolvidas no estudo e a presença do S/O entre os adolescentes de CSEB.
Foram identificadas associações estatisticamente significativas entre o S/O e as variáveis:
consumo excessivo de frituras e nunca andar de bicicleta durante horários de lazer.
35
Tabela
7. Associação entre fatores de risco comportamentais e a presença do S/O entre
adolescentes de CSEB (Presidente Prudente
SP, 2007
n
=1779).
Fatores de Risco
2
P
Hábitos Alimentares
Consumo
=5dias
Ref
Doces (7dias)
0,685
0,408
Frituras (7dias)
7,159
0,007
Consumo
=1dias
Ref
Leg/Verd (0dias)
0,000
1,000
Frutas (0dias)
0,609
0,435
Prática de Esportes
Não
Ref
Sim
0,213
0,645
Atividades de Lazer
Nunca praticar
Ref
TV (fazer uso)
1,315
0,252
Fazer Uso
Ref
Esporte (nunc
a)
0,000
1,000
Caminhar (nunca)
0,526
0,468
Bicicleta (nunca)
4,257
0,039
2
= Teste Qui-quadrado; CSEB=
condição
socio
-
econômica
baixa; Ref.= Referência; S/O= Sobrepeso e
obesidade; Doce= doces, salgadinhos e refrigerantes; Leg/Verd= legumes e verdur
as; TV= Televisão.
Na Tabela 8, são apresentados os modelos de regressão de Poisson
que
foram elaborados para cada uma das CSE com base nos fatores de risco comportamentais e
familiares que apresentaram valores de significância para
2
inferiores a 5%.
Em
análise
adicional, o gênero foi tratado como possível variável de confusão e observou-se a existência
de uma associação dessa variável com o S/O
apenas
entre os adolescentes da CSEA (
2
=
4250;
P= 0,039), sendo assim, na CSEA ele também foi inserido no modelo final
de
36
regressão.
Com exceção das variáveis, consumo reduzido de frutas no grupo CSEA e
0/1
irmãos no grupo CSEM, todas as variáveis mantiveram sua significância
estatística
quando
analisadas nos modelos
finais de regressão.
Tabela 8. R
egressão
de Poisson para a associação entre S/O e fatores de risco
comportamentais/familiares entre adolescentes de diferentes classes
socio
-
econômica
s (Presidente Prudente
SP, 2007,
n
=1779).
Fatores de
Risco
Estimativa
Erro Padrão
2
P
RP [
IC
95%
]
CSEA
Gênero (masculino)
0,517
0,262
3,892
0,049
1,67
[
1,00
;
2,80
]
Escola particular
0,642
0,267
5,786
0,016
1,90
[
1,12
;
3,20
]
Frutas (0dias)
0,590
0,362
2,659
0,103
1,80
[
0,88
;
3,66
]
S/O dos pais (Ambos)
0,707
0,263
7,219
0,00
7
2,02
[
1,21
;
3,39
]
CSEM
Escola particular
0,674
0,236
8,135
0,00
4
1,96
[
1,23
;
3,11
]
0/1 irmão
0,207
0,199
1,082
0,298
1,23
[
0,83
;
1,81
]
S/O dos pais (Ambos)
0,616
0,190
10,486
0,001
1,85
[
1,27
;
2,68
]
CSEB
Fritura (7dias)
0,860
0,46
0
3,463
0,049
2,36
[
1,00
;
5,85
]
Bicicleta (nunca)
0,817
0,410
3,965
0,046
2,
26
[
1,01
;
5,05
]
S/O dos pais (Ambos)
1,205
0,400
9,064
0,003
3,33
[
1,52
;
7,31
]
CSEA= Classe
socio
-
econômica
alta; CSEM= Classe
socio
-
econômica
média; CSEB= Classe
socio
-
econômica
baixa; S/O= sobrepe
so e obesidade; R
P
= Razão de
Preval
ência
; IC
95%= Intervalo de confiança de 95%;
37
5 DISCUSSÃO
A prevalência total de S/O observada nos adolescentes analisados (22,9%)
foi superior aos 15% observados por Ekelund et al.
42
entre adolescentes de diferentes países
do continente europeu (9-
16 anos) e superior também, aos 12,6% observados por Wang et al.
1
entre adolescentes brasileiros residentes nas regiões Nordeste e Sudeste (10-18 anos). Por
outro lado, foi similar a algumas informações disponíveis de cidades da região Sul do país
(24,8% e 25,9%)
8,9
e um pouco inferior a escolares da rede privada da própria cidade
analisada (28,6%; 10
-
17 anos)
21
.
No que se refere à realidade brasileira, independentemente da ocorrência de
S/O estar aumentando de forma mais acentuada nas populações de menor renda
31,51
, no
presente estudo, e também observado em cidades como Pelotas-
RS
8
, Capão da Canoa-
RS
7
,
Campina Grande-
PB
52
e Fortaleza-
CE
22
, a maior prevalência de S/O foi observada nos
adolescentes pertencentes à CSEA. Entretanto, em concordância com os achados de Monteiro
et al.
51
, os resultados do presente estudo indicam que mesmo na CSEB a taxa de S/O é
elevada (16,7%), apresentando-se superior aos 6,9%
1
observados entre a população brasileira
(crianças e adolescentes) de mesma faixa de renda na década de 90. Estas informações
evidenciam a necessidade da realização de campanhas públicas que não deixem de considerar
a interação “CSE e S/O” e ofereçam maior suporte para ações visando um combate mais
eficiente ao desenvolvimento do S/O em populações de diferentes condições
socio
-
econômica
s.
Os dados analisados indicaram que em todas as CSE analisadas, o
envolvimento com a prática esportiva em horários de lazer não apresentou associação com a
presença do S/O, sendo esta ausência de associação, similar aos resultados observados em
estudos anteriores
7,11,52
. Analisando uma amostra composta por adolescentes europeus,
38
Ekelund et al.
42
, em análise transversal, indicaram que uma maior prática habitual de
atividades físicas não se relaci
ona de forma inversa com a adiposidade corporal, mas sim com
fatores de risco metabólicos e hemodinâmicos. Também em concordância com os achados do
presente estudo, os mesmos autores observaram que não a atividade física, mas sim
comportamentos relacionados à inatividade sica apresentam relação com uma maior
adiposidade corporal
8,16,43
-
45
, indicando assim que ambos os fatores: atividade e inatividade
física são fenômenos dissociados
53
e influenciam a composição corporal de formas
independente
s.
Analisando
tais informações, verifica-se que as políticas públicas
direcionadas ao combate da obesidade devem focar não apenas o engajamento dos
adolescentes em práticas esportivas, mas também a diminuição do tempo despendido pelos
mesmos em atividades sedentárias, bem como a redução da ingestão alimentar durante a
realização dessas tarefas. Nesse sentido, uma vez que a inatividade física associou-se ao S/O
apenas entre os adolescentes do grupo de menor renda, cabe investigar que variáveis
potencializam o desenvolvimento deste fenômeno. Uma possível explicação para esta
associação ter sido observada apenas na CSEB alicerça-se em fatores ambientais, uma vez
que maiores taxas de violência e menor disponibilidade/acesso a locais públicos e ou privados
para a prática de atividades de lazer cria uma ambiente propício para o desenvolvimento de
hábitos de vida sedentários.
Característica comum em todas as CSE estudadas refere-se à significativa
associação do excesso de peso de ambos os pais com a presença do S/O entre os adol
escentes
analisados. Estes resultados são similares a outras observações encontradas na literatura
7-
11,45,54
e refletem a importante contribuição dos pais, independentemente da CSE, seja por
fatores genéticos ou comportamentais, no desenvolvimento do S/O entre seus filhos. Nessa
direção, os resultados indicando que, também em todas as CSE, o excesso de peso da mãe está
39
associado com o S/O dos adolescentes, confirma
ndo
a maior e decisiva influência materna no
desenvolvimento e ou proteção ao desenvolvimento do S/O entre seus filhos e indica
a
existência de
uma forte influência ambiental nesta associação
.
Em investigações anteriores, Lima et al.
35
e Vitolo et al.
36
indicaram que
crianças e adolescentes obesos apresentam consumo insuficiente de fibras alimentares. Entre
os adolescentes analisados, na CSEA o baixo consumo de frutas (importante fonte de fibra
alimentar) foi associado à presença do S/O no modelo univariado, entretanto, perdeu sua
significância estatística no modelo final de regressão.
Além disso, em similaridade com outras observações encontradas na
literatura
16,35
, o consumo diário de frituras (importante fonte de gorduras) também foi
associado a presença do excesso de peso (CSEB). Tais associações assemelham-
se aos relatos
encontrados na literatura, que evidenciam o desconhecimento por grande parte dos
adolescentes sobre o que seria a composição ideal de uma dieta
55
. Somando-se a isso, o fato
de alimentos com alta densidade energética (frituras) serem mais baratos e saborosos
34
justifica a associação observada entre S/O e consumo diário de frituras entre os adolescentes
da CSEB.
Na CSEA, ser do gênero masculino também se associou com o S/O. Estas
informações são similares com os dados observados para a população adulta brasileira, onde,
diferentemen
te do observado para o sexo masculino (aumento em todos os grupos), mulheres
situadas nos mais altos grupos de renda familiar apresentaram diminuição na ocorrência de
S/O entre os anos de 1989 e 1997
57
. Estas informações evidenciam a existência de influênc
ia
da interação “gênero/CSE” no desenvolvimento da obesidade já durante a adolescência.
Nos adolescentes pertencentes as duas CSE mais elevadas, o âmbito escolar
demonstrou ser um importante fator de risco associado à presença do S/O. Estudos anteriores
in
dicaram a mesma associação entre crianças e adolescentes brasileiros
47,54,56
e a
tribuíram
40
esse fato o maior poder aquisitivo apresentado por esses jovens, que por sua vez teriam um
maior acesso a alimentos industrializados (doces, salgados e refrigerantes), consumidos com
freqüência dentro da própria escola
52
.
Em contrapartida, Veugelers e Fitzgerald
58
evidenciaram que o meio
escolar, diante da instalação de campanhas bem estruturadas de combate ao excesso de peso e
inatividade física
pode
torna
r-se um importante meio de formação de hábitos saudáveis entre
crianças/adolescentes e diminuir a ocorrência desses dois eventos. Sendo assim, em
decorrência de sua forte influência sobre a formação de hábitos de vida entre os jovens,
dependendo das oportunidades oferecidas aos estudantes, o meio escolar pode caracterizar-
se
como um importante agente de combate e/ou promoção da obesidade.
Os resultados apresentados devem servir de alerta para pais e entidades
locais responsáveis sobre o perigo real que o excesso de peso representa para a saúde dos
jovens da cidade. Além disso, podem servir como suporte para futuras ações de combate ao
desenvolvimento do S/O promovidas pelo Poder Público, uma vez que indica
tanto
locais
como
agentes que se encontram associados ao desenvolvimento deste fenômeno entre os
escolares da cidade. Sendo assim, sugere-se a realização de futuros estudos, em cidades
vizinhas e, também em outras regiões do
país
, com objetivos semelhantes e estruturados com
base em coortes longitudinais, para que forneçam um corpo de conhecimento mais amplo e
sólido sobre os diferentes agentes associados ao desenvolvimento do S/O entre populações
pediátricas
de diferentes CSE
.
A maior limitação metodológica do presente estudo é caracterizada pelo seu
delineamento transversal, fato este que possibilita a análise de associações, mas inviabiliza o
estabelecimento de relações de causalidade. Entretanto, as observações evidenciadas
assemelham
-se com outros relatos encontrados na literatura, e indicam que, com exceção do
sobrepeso dos pais, nas diferentes CSE analisadas foram observadas associações distintas
41
entre fatores de risco e a presença do S/O. Isso sugere que a obesidade, em decorrência de sua
origem multifatorial, deve ser combatida de forma diferenciada entre as d
iferent
es CSE, e que
este combate deve
focar as estruturas familiares onde estes jovens estão inseridos.
42
6 CONCLUSÕES
Entre as diferentes CSE analisadas, as prevalências de S/O observadas
oferecem suporte para a indicação de que a ocorrência deste evento é superior entre os
adolescentes de maior condição
socio
-
econômica
, resultado esse que rejeita a primeira
hipótese
do
estudo
.
Os resultados encontrados possibilitam concluir que independente da CSE,
o núcleo familiar, caracterizado pe
lo excesso de peso de ambos os pais e
/ou
apenas o materno,
constitui
u o principal fator de risco associado à presença do S/O entre
os
adolescentes
analisados
. Além disso, o fato do excesso de peso materno, diferentemente do paterno, ter
se
associado
com o S/O dos adolescentes em todas as CSE indica que esta relação é fortemente
influenciada por fatores ambientais.
Pode
-se também inferir que as associações do S/O com os diferentes fatores
de risco comportamentais analisados variaram consideravelmente entre as CSE envolvidas no
estudo, indicando que este fenômeno adquire características próprias, dependendo dos
diferentes contextos onde é analisad
o, rejeitando assim a segunda hipótese do estudo.
Os resultados encontrados permitem indicar que ações de combate à
obesidade, visando uma maior efetividade e eficiência, precisam ser instauradas em meio
escolar e não envolver apenas o estudante, mas também a estrutura familiar onde o mesmo
está inserido. Além disso, estas ações devem estimular entre os adolescentes a promoção de
hábitos alimentares saudáveis e a diminuição do tempo despendido em atividades sedentárias.
43
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