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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde
Tese de Doutorado
EXPRESSÃO DE SURVIVINA EM TUMORES DO
ESTROMA GASTROINTESTINAL
SHEILA SCHUCH FERREIRA
Orientador: Prof. Dr. Bernardo Garicochea
Co-orientador: Prof. Dr. Vinícius Duval da Silva
Porto Alegre, julho de 2007.
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Rosária Maria Lúcia Prenna Geremia
Bibliotecária CRB10/196
F383e Ferreira, Sheila Schuch
Expressão de survivina em tumores de estroma gastrointestinal /
Sheila Schuch Ferreira; orient. Bernardo Garicochea; co-orient. Vinicius
Duval da Silva. Porto Alegre: PUCRS, 2007.
70f.: il. tab. graf.
Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em
Medicina e Ciências da Saúde. Área de concentração: Clínica Médica .
1. T
UMORES DO ESTROMA GASTROINTESTINAL
. 2. S
URVIVINA
. 3.
P
ROTEÍNAS INIBIDORAS DE APOPTOSE
.
4.
M
ARCADORES BIOLÓGICOS DE
TUMOR
.
5.
PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS
.
6.
AGENTES INDUTORES DA
ANGIOGÊNESE
.
7.
NEOPLASIAS GASTROINTESTINAIS
.
8.
IMUNOISTOQUÍMICA
.
9.
PROGNÓSTICO
.
10.
ESTUDOS DE COORTES
.
I. Garicochea, Bernardo. II.
Silva, Vinícius Duval da. III.Título.
C.D
.D. 616.99433
C.D.U. 616.33-006:577.27(043.2)
N.L.M. WI 149
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde
Tese de Doutorado
EXPRESSÃO DE SURVIVINA EM TUMORES DO
ESTROMA GASTROINTESTINAL
SHEILA SCHUCH FERREIRA
Orientador: Prof. Dr. Bernardo Garicochea
Co-orientador: Prof. Dr. Vinícius Duval da Silva
Tese para postular o Título de Doutor em
Clínica dica. Programa de s-Graduação
em Medicina e Ciências da Saúde,
concentração em Oncologia, Faculdade de
Medicina da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, julho de 2007.
“May I never see in the patient anything but a fellow creature in pain.
Grant me the strength, time and opportunity always to correct what I
have acquired, always to extend its domain; for knowledge is immense
and the spirit of man can extend indefinitely to enrich itself daily with
new requirements.
Maimonides, 1135-1204
AGRADECIMENTOS
Durante o período de execução deste trabalho pude contar com o auxílio de
inúmeras pessoas que se tornaram referências como colaboradores e amigos verdadeiros e
que, além da contribuição técnica e científica, confirmaram sua importância na minha vida.
Deste modo, gostaria de agradecer:
Ao Prof. Dr.Bernardo Garicochea, meu orientador, pelo incentivo para realização
deste trabalho, sugestões e pela confiança e carinho demonstrados;
Ao Prof. Dr.Vinicius Duval da Silva, meu co-orientador, pela acolhida
incondicional em um momento crítico deste trabalho, pela inestimável contribuição e
disponibilidade;
À Dra. Alice de Medeiros Zelmanowicz, pela amizade e importante colaboração na
análise estatística dos dados;
À Doutoranda Virgínia Nóbrega pela dedicação no auxílio na revisão de
prontuários e coleta de dados;
Ao bioquímico Tiago Giuliani, pela inestimável ajuda e capacidade profissional na
realização das análises imunoistoquímicas;
Às secretárias e demais funcionários do Laboratório de Anatomia Patológica;
Às minhas dedicadas secretárias Elaine Barbosa e Fernanda Martins que auxiliaram
na busca de dados e prontuários;
Aos funciorios da s-Graduação em Medicina, Ele Maurício e em especial à
nia pela simpatia e competência;
Aos meus colegas do Serviço de Oncologia do HSL-PUCRS: Dra. Fabiana Viola,
Dra. Fernanda Costa, Dra. Maria Helena Sostruznik,Dr.Alan Azambuja, Dr.Carlos Barrios Dr.
Sergio Lago pelo apoio, amizade e companheirismo durante as atividades do dia-a-dia e no
manejo de situações muitas vezes sofridas e delicadas;
Ao Hospital São Lucas da PUCRS, que nos últimos 15 anos se tornou uma
extensão da minha própria casa;
À minha mãe Maria Carmem Schuch Ferreira pelo exemplo de vitalidade, alegria e
compreensão e ao meu iro Fernando pelo carinho;
Ao meu namorado, Sergio Soares, meu melhor amigo, confidente e companheiro,
por sua alegria , espontaneidade e por seu amor;
Ao CNPQ, pelo auxílio financeiro para execução deste trabalho;
Aos pacientes e suas famílias que diariamente nos estimulam a aprimorar a arte do
cuidar e nos trazem ensinamentos constantes e exemplares.
RESUMO
Base Teórica:Os GIST são as neoplasias mesenquimais mais freqüentes do trato
gastrointestinal.Os fatores de prognóstico relevantes dos GIST são: o tamanho do tumor,
topografia e índice mitótico.Survivina é uma proteína inibidora da apoptose envolvida na
regulação do ciclo celular, normalmente expressa no núcleo de células pluripotenciais e
geralmente inexistente em tecido normais.Survivina possui alta expressividade em neoplasias
epiteliais.A expressão de survivina em GIST é desconhecida.
Métodos: Amostras teciduais de 43 GIST foram analisadas através de estudo
imunoistoquímico com método TMA e utilizando anticorpo monoclonal para survivina com a
técnica de avidina-biotina-peroxidase.O objetivo primário foi determinar a prevalência da
expressão de survivina nos GIST e definir sua associação com achados patológicos e evolução
clínica.A expressão de survivina foi considerada positiva quando mais de 10% das lulas
tumorais observadas em cinco campos de grande aumento apresentavam imunoreatividade.
Resultados: Survivina foi expressa em 31 (72%) das 43 amostras.A predominância da
expressão ocorreu no citoplasma enquanto que nenhuma reatividade nuclear foi encontrada.
Não houve associação entre a expressão de survivina e achados clínico-patológicos.Houve
uma tendência em favor da expressão de survivina e diminuição para tempo para progressão.
Conclusões:A prevalência de survivina em GIST é semelhante ao anteriormente demonstrado
em neoplasias epiteliais e mesenquimais.Os resultados do presente estudo sugerem que a
inibição da apoptose mediada por survivina pode se tornar um fator de prognóstico em GIST.
ABSTRACT
Background: Gastrointestinal stromal tumors are the most common mesenchymal tumors of
the gastrointestinal tract. The well-described prognostic factors are tumor size, digestive tract
localization and mitotic index.Survivin is an apoptosis inhibitor involved in cell cycle
regulation normally expressed in the nucleus of embryogenic and pluripotent stem cells, but
is usually absent in normal tissues. Survivin is aberrantly expressed in epithelial neoplasms.
The expression profile of survivin in GIST is unknown.
Methods: Tissue samples of 43 gastrointestinal stromal tumors specimens were analyzed by
immunohistochemistry using TMA method and monoclonal antibodies for survivin with the
avidin-biotin-peroxidades technique.The purpose was to determine the prevalence of survivin
expression and to define its association with clinical and pathologic features and the clinical
outcome.Expression of survivin was considered positive when more than 10% of observed
tumor cells in the microscopic field demostrated immunostaining.
Results:Survivin was expressed in 31 ( 72%) of 43 samples.Immunostaining ocurred in
cytoplasm and no nuclear expression was seen.The correlation between survivin expression
and clinical or pathologic features was not demonstrated.There is a trend in favor of survivin
expression and time to progression in our data.
Conclusions: The prevalence of survivin in GIST is similar to others studies previously
related.The results of present study suggest that the apoptosis inhibition mediated by survivin
has the potential to become an independent prognostic factor in GIST.
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS
AINE Anti-inflamatório não esteróide
ASCO Sociedade Americana de Oncologia Clínica
CIC Células intersticiais de Cajal
CGA Contagem por campo de grande aumento
COX-2 Ciclo-oxigenase – 2
CT Tomografia Computadorizada
DNA Ácido desoxirribonucléico
GIST Tumores do estroma gastrointestinal
HSL Hospital São Lucas
IHQ Imunoistoquímica
KIT Oncogene KIT
kDa KiloDaltons
m-RNA Ácido ribonucléico mensageiro
NCCN National Comprehensive Cancer Network
PCR Reação em cadeia da polimerase
PET Tomografia com emissão de pósitrons
PDGF Fator de crescimento derivado de plaquetas
PIA Proteína inibidora da apoptose
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
RECIST Response Evaluation Criteria in Solid Tumors
RT-PCR Reação em cadeia da polimerase em tempo real
SCF Stem cell factor
SMA Actina anti-músculo liso
S100 Proteína S-100
TGI Trato gastrointestinal
TK Tirosina quinase
VEGF Fator de crescimento vásculo –endotelial
LISTA TABELAS
Tabela 1. Sistema de consenso de graduação de risco (56)...............................................10
Tabela 2. Categorias de risco baseadas em tamanho, índice mitico e localização
anatômica (57) .................................................................................................10
Tabela 3 . Expressão de survivina em várias neoplasias..................................................... 26
Tabela 4. Características clínicopatológicas da população estudada ( n=43)..................... 38
Tabela 5. Características clínico-patológicas dos tumores sincrônicos.............................. 39
Tabela 6. Expressão de marcadores imunoistoquímicos...................................................40
Tabela 7. Achados imunoistoquímicos da população estudada.........................................43
Tabela 8. Expressão de survivina e características clínico-patológicas .............................44
LISTA FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Sinalização de KIT e PDGF em GIST (50).........................................................7
Figura 2. Localização e freqüência das mutações em KIT e PDGF (extrdo de
www.gistsupport.org).........................................................................................7
Figura 3. Vias de apoptose (extraído de www. imgenex.com). ........................................22
Figura 4. Blocos de parafina e TMA ...............................................................................33
Figura 5. Lâminas de TMA.............................................................................................34
Figura 4. Expressão imunoistoquímica de Survivina .......................................................41
Figura 5. Expressão imunoistoquímica de Ki 67..............................................................42
Figura 6. Expressão de Survivina e sobrevida .................................................................45
Figura 7. Expressão de survivina e sobrevida em doença localizada ................................46
Figura 8. Expressão de survivina e sobrevida livre de progressão....................................47
Figura 9. Expressão de survivina e chance de recidiva ....................................................47
Figura 10. Expressão de Ki 67 e sobrevida........................................................................48
Figura 11. Expressão de Ki 67 e sobrevida livre de progressão..........................................49
Figura 12. Expressão de Ki 67 e chance de recidiva ..........................................................49
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................................3
2.1 Epidemiologia dos GIST...............................................................................................3
2.2 GIST: Aspectos Clínicos...............................................................................................4
2.2.1 Sintomatologia dos GIST .......................................................................................5
2.2.2 GIST e ndromes Hereditárias ..............................................................................6
2.2.3 Patogênese .............................................................................................................6
2.2.4 Fatores de prognóstico ...........................................................................................9
2.2.5 Mutões de KIT e biologia dos GIST..................................................................11
2.3 Métodos Diagnósticos.................................................................................................12
2.4 Diagnóstico Patológico ...............................................................................................13
2.5 Tratamento da Doença Localizada ..............................................................................15
2.6 Tratamento da Doença Avançada................................................................................17
2.7 Avaliação de Resposta ao Tratamento Farmacológico.................................................20
2.8 Apoptose e Survivina..................................................................................................21
2.9 Características e Funções da Survivina........................................................................23
2.10 Expressão Tecidual de Survivina em Câncer .............................................................25
3 HIPÓTESE........................................................................................................................29
4 OBJETIVOS .....................................................................................................................30
5 MÉTODOS .......................................................................................................................31
5.1 Delineamento, População e Amostra...........................................................................31
5.2 Critérios de Inclusão ...................................................................................................31
5.3 Critérios de Exclusão ..................................................................................................32
5.4 Variáveis em estudo....................................................................................................32
5.5 Imunoistoquímica .......................................................................................................33
5.6 Análise Estatística.......................................................................................................35
6 RESULTADOS.................................................................................................................36
6.1 Caracterização da Amostra..........................................................................................36
6.2 Análise Imunoistoquímica...........................................................................................39
6.3 Expressão de Survivina...............................................................................................40
6.4 Expressão de Ki 67 .....................................................................................................42
6.5 Expressão de survivina e achados clínico-patológicos .................................................44
6.6 Expressão de survivina e sobrevida livre de doença em 3 anos....................................45
7. DISCUSSÃO....................................................................................................................51
8.CONCLUSÕES.................................................................................................................59
9 REFERÊNCIAS ................................................................................................................60
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e progressão neoplásica envolve desregulação seqüencial de
múltiplos reguladores do ciclo celular promovendo proliferação celular desordenada e
vantagem de sobrevida de células tumorais agressivas associadas a múltiplas alterações
genéticas cumulativas.Há evidências que a sobrevida prolongada de lulas geneticamente
instáveis e sua transformação no fenótipo maligno esteja associada à inibição progressiva da
apoptose.(1)
A apoptose é uma forma morfologicamente distinta de morte celular, geneticamente
regulada, e desempenha papel vital como mecanismo protetor contra o desenvolvimento de
neoplasias através da remoção de células portadoras de dano de DNA(2).A inibição da
apoptose confere vantagem de sobrevida em lulas com alterações genéticas e pode
promover a aquisição de mutações subseqüentes que estimulam a progressão tumoral e
também contribuem para resistência à radioterapia e quimioterapia.(3,4)
Survivina é um membro da família das proteínas inibidoras da apoptose,
abundantemente expressa durante a embriogênese e em tecidos tumorais e praticamente
inexistente em tecidos adultos normais, exceto em tecidos altamente proliferativos como o
parênquima testicular, timo e placenta(5).Os mecanismos reguladores da expressão de
survivina em células malignas ainda o estão suficientemente esclarecidos, porém estudos
em diversas linhagens tumorais têm demonstrado que a expressão desta proteína pode estar
associada à piora da sobrevida global.
(6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25)
Os tumores de estroma gastrointestinal (GIST) são as neoplasias mesenquimais mais
freqüentes do trato gastrointestinal e tipicamente caracterizados pela expressão
imunoistoquímica de KIT e PDGF.
Tradicionalmente, múltiplos parâmetros histológicos tais como índice mitótico,
tamanho tumoral, celularidade, presença de necrose e pleomorfismo têm sido utilizados para
se predizer o comportamento biológico dos GIST. ( 26,27,28,29,30,31,32)
Embora uma variedade de características clínico-patológicas possa afetar o
prognóstico, se faz necessário identificar marcadores moleculares sensíveis e específicos que
2
possam monitorar expressão de genes associados à apoptose e proliferação celular e
possivelmente capazes de se tornarem fatores prognósticos consistentes.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Epidemiologia dos GIST
Os tumores de estroma gastrointestinal ( GIST) são neoplasias mesenquimais pouco
freqüentes; representam aproximadamente 0,1 % a 3% de todas as neoplasias do trato
gastrointestinal (TGI) e possuem origem provável nas células de Cajal, localizadas no
interstício,com características neuromotoras e responsáveis pela motilidade do TGI.(28, 32)
De acordo com estudos populacionais se estima que a incidência de GIST seja de 10-
20 casos por milhão de habitantes.(33)
Nos Estados Unidos da América, houve um aumento na taxa de incidência, de 0,028
por 100.000 habitantes em 1992 para 0,688 para 100.000 habitantes no ano de 2002;
representando uma incidência estimada anual de 4320 casos (34,35).Nilsson e cols. relataram
a incidência de aproximadamente 14,5 casos por milhão na Suécia, enquanto que na Holanda
a incincia anual dos GIST apresentou acréscimo de 20,8 por milhão de habitantes em 1995
para 25,7 por milhão de habitantes em 2003.(36,37)
Previamente os GIST eram confundidos com leiomoiossarcomas intestinais pois
ambos m aparência microscópica semelhante; a utilização de um marcador
imunoistoquímico ( CD 117) para a proteína KIT contribuiu sobremaneira para a
diferenciação dos GIST de outras neoplasias fusiformes do TGI.( 37)
Em adição às taxas crescentes de incidência houve um marcado aumento de
sobrevida desde 2000, devido ao melhor entendimento da patobiologia dos GIST, do papel
central da mutações do KIT na patogênese dos GIST à introdução do inibidor de tirosina
quinase ( TK), imatinib, na prática cnica.(36 ,37)
A exata incidência de GIST no Brasil, assim como em outros países, é difícil
determinar uma vez que estes tumores recentemente foram reconhecidos como entidade
patológica distinta.(38).
Entretanto, devido a dificuldades de diagnóstico e de suspeição, se acredita que esta
neoplasia seja freqüentemente subdiagnosticada.
4
2.2 GIST: Aspectos Clínicos
Os GIST caracteristicamente ocorrem em indivíduos acima de 50 anos de idade; a
dia de idade varia de 55 a 65 anos.( 39)
São raros antes da idade de 40 anos e extremamente raros em crianças; a maioria dos
tumores identificados como GIST em crianças são na realidade tumores inflamatórios
miofibroblásticos. (28,29)
Apresentam distribuição semelhante entre os gêneros, enquanto que alguns estudos
apontam discreta predomincia masculina.(40)
Podem ser diagnosticados em qualquer localização do TGI ,porém aproximadamente
60% dos tumores ocorrem no estômago, 30% no intestino delgado, 5% no cólon e reto e 5%
no esôfago; raramente os GIST se desenvolvem no mesentério, omento e retroperitônio.(39)
O tamanho tumoral médio na apresentação é de 8 cm( 40, 41,42,43).
GIST comumente se apresentam como lesões solitárias; a multiplicidade é rara em
GIST esporádicos.
Tumores menores de 2 cm geralmente o assintomáticos e detectados
incidentalmente em endoscopias digestivas altas, exames radiológicos ou durante exploração
abdominal; considera-se que um terço dos GIST são descobertos ao acaso devido a cirurgias
abdominais realizadas para outras patologias.(44)
Os GIST podem coexistir com diferentes tipos de câncer de maneira sincrônica ou
metacrônica.A freqüência global de segundos tumores em diferentes séries varia de 4,5 a 33%
(média 13%); os carcinomas de TGI constituem o maior percentual( 47%).( 45)
Por exemplo, em estudo coordenado por Kawanowa, 100 espécimes
anatomopatólogicas de estômago de pacientes portadores de ncer strico submetidos à
gastrectomia total foram reanalisadas e demonstraram a presença de GIST em 35 % dos
casos; os tumores apresentavam diâmetro médio de 1,5 mm e somente 8% possuíam mutação
do KIT.(46)
5
2.2.1 Sintomatologia dos GIST
De maneira similar a outros sarcomas, os GIST tendem a deslocar ou comprimir
óros adjacentes sem apresentar invasão direta destas estruturas, portanto, podem adquirir
grandes volumes antes de se tornarem sintoticos. Um recente estudo populacional
demonstrou que aproximadamente 70% dos GIST são sintomáticos, 20% não o são e 10% são
detectados em autópsia.(37)
Os GIST sintomáticos de esôfago tipicamente se apresentam com disfagia e
ocasionalmente como massa mediastinal que no momento transoperario pode ser
identificada junto ao esôfago.( 44 )
A maior parte dos pacientes com GIST gástricos e de intestino delgado apresenta
sangramento digestivo devido á erosão da luz do TGI e outros sintomas o específicos, tais
como useas, vômitos, desconforto ou aumento da circunferência abdominal.
Infreqüentemente podem romper para a cavidade peritoneal causando hemorragia
intraperitonial grave.(37,47)
Os GIST colorretais podem se manifestar por sangramento retal, dor, perfuração
cólica ou obstrução intestinal.A maioria dos GIST colorretais são de alto risco, possuem
probabilidade significativa de desenvolverem doença metastática e estão associados com mau
prognóstico ; tais pacientes devem ser seguidos de maneira intensa por períodos de tempo
prolongados e considerados para terapia adjuvante com inibidores da TK.( 48)
O padrão de disseminação metastático dos GIST difere dos outros sarcomas de partes
moles.Os GIST freqüentemente metastatizam para o gado e cavidade abdominal e raramente
para linfonodos loco-regionais.Disseminação extra-abdominal envolvendo parênquima
pulmonar e ósseo é pouco freqüente, exceto em casos avançados.(28)
6
2.2.2 GIST e Síndromes Hereditárias
Sete por cento dos pacientes portadores de neurofibromatose tipo I desenvolvem
GIST; usualmente se manifestam com múltiplos tumores, mais freqüentes em jejuno e com
ausência de mutações em KIT ou PDGF.
O GIST familiar é uma doença genética infreqüente, do tipo autossômica dominante;
a maioria das famílias afetadas apresenta mutação no KIT na linhagem germinativa. Várias
outras mutações nos exons 8,11,13 e 17 de KIT e exon 12 de PDGF foram identificadas nos
GIST familiares.(49,50)Tendem a ocorrer em vários membros da mesma família, os quais
apresentam múltiplas neoplasias pririas, lesões multifocais e diagnóstico em idades mais
precoces que os GIST esporádicos.(51)GIST familiares apresentam como característica a
negatividade para expressão de CD 34.(47)Alguns achados adicionais incluem máculas
pigmentadas na pele do períneo, axila, mãos e face e mastocitose cutânea(urticária
pigmentosa).
A tríade de Carney é uma síndrome de etiologia indeterminada, ocorrendo
predominantemente em mulheres jovens( abaixo dos 35 anos) , caracterizada pela presea de
GIST gástricos multifocais, condroma pulmonar e paraganglioma extra-adrenal. Geralmente
possui melhor prognóstico que GIST esporádicos e não apresenta mutações em KIT ou
PDGF. ( 45,48)
2.2.3 Patogênese
O protooncogene KIT codifica a glicoproteína transmembrana KIT que funciona
como receptora para o ligante SCF ( stem cell factor) ; após esta interação, ocorre a ativação
destes receptores, dimerização e autofosforilação do KIT que ativa a cascata de sinalização
intracelular envolvida na tumorigênese, incluindo proliferação, adesão e diferenciação
celular.(49)
7
Figura 1. Sinalização de KIT e PDGF em GIST (50)
A expressão de KIT é observada nas células intersticiais de Cajal, e também em
células tronco hematopoiéicas, mastócitos, melanócitos, células de Leydig, espermatogônias
,células germinativas, células basais cutâneas e epiteliais da mama.( 52)
A mutação com ganho de função do KIT ocorre em 91-99% dos casos, resultando na
ativação da função tirosina quinase independentemente da ligação com SCF.
Figura 2. Localização e freqüência das mutações em KIT e PDGF (extraído de
www.gistsupport.org)
8
Os tios mais freqüentes de mutação são os exon 11( 70% ) , exon 9 ( 10% ) e
raramente os exons 13 e 17.O tipo de mutação é aparentemente relacionado ao prognóstico,
com deleções tendo comportamento mais agressivo em comparação com inserções e mutações
de ponto.( 53)
A mutação do exon 9 no domínio extracelular é descrita em 5 a 18% dos casos
,ocorrendo principalmente nos dons 501-502 e representada por duplicação-inserção.Está
associada com localização em intestino delgado e cólon direito e tem comportamento
biológico agressivo.( 48)
As deleções, inserções ou mutações de ponto no exon 11 ocorrem no donio
justamembrana.A freqüência desta mutação varia de 20 a 92% dependendo do método de
conservação do material ( congelado ou fixado em parafina) e da técnica utilizada para sua
identificação.
As mutações do exon 11 estão associadas à melhor taxa de sobrevida global,
sobrevida livre de recorrência e resposta ao uso do imatinib.(54)
A maioria das mutações do exon 11 estão localizadas entre os códons 559 e 560, com
deleções e inserções preferencialmente afetando códons 557-559 e mutações de ponto
afetando códons 559 e 560.
A mutação do exon 13 é rara, afeta códon 642 e ocorre em 0,8- 4,1% dos casos e está
relacionada à resistência ao tratamento com imatinib.
A mutação do exon 17 é ainda mais raro, apenas acometendo 0,6 % dos casos e
afetando códons 820 e 822 e tem mecanismo de ativão incerto.
As mutações no gene PDGF são observadas em 7-12% dos casos, ocorrendo mais
freqüentemente no exon 18 e raramente em exon 12 e 14.Estão associadas com o tipo
histológico epitelióide, localização gástrica e demonstram fraca ou nula imunoreatividade
para KIT, mas são funcionalmente similares ao mutante KIT.
As mutações do exon 18 ocorrem nos dons 842-849 e algumas delas estão
vinculadas à resistência considerável ao tratamento com imatinib; enquanto que as mutações
no exon 12, que envolvem os códons 561-571 estão associadas a alta taxa de resposta ao
imatinib.A mutação do exon 14 é rara e demonstra sensibilidade in vitro ao imatinib
comparável à observada em mutantes KIT exon 13.
9
Ao redor de 10% dos GIST não demonstram mutação detectáveis no KIT ou no
PDGF.( 53, 54,55)
2.2.4 Fatores de prognóstico
Tradicionalmente, os três fatores de prognóstico mais relevantes em GIST são a
topografia, tamanho tumoral e índice mitótico.
GIST com tamanhos maiores que 5 cm estão associados com prognóstico
desfavorável.O tio anatômico de origem está relacionado com o comportamento biológico;
pacientes com GIST originários no reto ou intestino delgado tem pior prognóstico
comparados com evoluções mais favoráveis de pacientes com GIST gástricos.Da mesma
forma, GIST que exibem número de mitoses igual ou maior que 5 mitoses por campo de
grande aumento estão associados com prognóstico desfavorável independentemente do sítio
de origem.(55)
As duas classificações de graduação de risco mais freqüentemente utilizadas são as
de Fletcher (56) e de Miettinem (57); enquanto que a primeira leva em consideração o
tamanho tumoral e índice mitótico, a segunda incorpora o tio de localização como fator
prognóstico independente.Os dois sistemas de classificação encontram-se detalhados nas
tabelas abaixo:
10
Tabela 1. Sistema de consenso de graduação de risco (56)
Tamanho tumoral ( cm) Contagem mitótica (CGA)
Muito baixo risco < 2 < 5/50
Baixo risco 2-5 < 5/50
Risco intermediário < 5 > 5 a < 10
> 5 ou < 10 < 5/50
Alto risco > 5 > 5/50
> 10 qualquer taxa mitótica
qualquer tamanho > 10 /50
Tabela 2. Categorias de risco baseadas em tamanho, índice mitótico e localização
anatômica (57)
Grupo Tamanho( cm ) Mitoses ( 50 CGA) Categoria de Risco
1 < 2 < 5 EST : benigno
ID : benigno
2 2-5 < 5 EST: potencial maligno muito baixo
ID: potencial maligno baixo
3A 5-10 < 5 EST: potencial maligno muito baixo
ID: potencial maligno
3B > 10 < 5 EST: potencial baixo a moderado
ID: potencial maligno
4 < 2 > 5 EST: incerto
ID: potencial maligno
5 2-5 > 5 EST: baixo a moderado
ID: potencial maligno
6 A > 5 > 5 EST: potencial maligno
6B > 10 > 5 ID:potencial maligno
Benigno : nenhuma morte relacionada ao tumor detectada
Potencial maligno muito baixo: < 3% de doença progressiva
Incerto: dados insuficientes
Potencial maligno baixo a moderado : 12 a 15% mortalidade relacionada ao tumor
Potencial maligno: 49 a 86% de mortalidade relacionada ao tumor.
Enquanto GIST de alto grau ou com disseminação intra e extra-abdominal estão
associados com altas taxas de morte relacionadas ao tumor (83%),estas taxas também são
descritas em 1,2 % nos pacientes com neoplasias de muito baixo risco, baixo risco e risco
intermediário.De acordo com estes dados, atualmente todos os GIST devem ser considerados
como tendo potencial maligno, com possível exceção de tumores muito pequenos( menores de
1 cm ).Entretanto, mesmo em tumores desta dimensão é possível detectar a mutação do
KIT ; deste modo o termo “ GIST benigno “ não deveria ser ainda utilizado.( 39, 53)
11
A ressecção incompleta é também fator preditivo de mau prognóstico; enquanto que
pacientes com margens microscópicas negativas a sobrevida em 5 anos varia de 34-63%,
ressecções macroscópicas incompletas têm sobrevida global em 5 anos de somente 8%. ( 58)
Fatores de prognóstico adversos independentes adicionais incluem gênero masculino,
histologia tumoral (epitelióide) e mutações em KIT excetuando as do exon 11.( 59)
2.2.5 Mutações de KIT e biologia dos GIST
Mutações KIT específicas também se correlacionam com comportamento clínico.
Não evidência, entretanto, que a progressão a partir de doença localizada para
doença metastática se origine a partir de mutações adicionais ou cumulativas em KIT.
Em estudo efetuado por Singer e cols., a sobrevida livre de recorrência em 5 anos foi
de 89% para aqueles com mutação missense” de exon 11 versus 40% para aqueles com
outras mutações em KIT e 0% para os que apresentavam mutação no exon 13 versus 51%
para todos ou outros.( 60 )
Entre os tumores com deleções no exon 11, aqueles envolvendo dons 562-579
demostravam maior taxa de metástases do que aqueles com deleções em códons 550-561.(58).
Pacientes com deleções no exon 11 dons 557-558 possuem pior sobrevida livre de
recorrência ( 23%)do que outros ( 74%).( 59)
Mutações no exon 9 são mais freqüentes em GIST francamente malignos (17%) do
que nos tumores de baixo risco( 3%).( 60 )
Semelhantemente às neoplasias epiteliais do TGI, os GIST também apresentam
expressão de enzimas envolvidas na proliferação celular ,como a Cox -2 ,que se encontra
expressa no citoplasma de 80- 92 % dos GIST ; este achado poderia sugerir o uso potencial
de AINE no tratamento. ( 61,62 )
Aberrações nos reguladores do ciclo celular é um achado freqüente, podem
representar um evento precoce e serem um fator contribuinte para a patogênese dos GIST.
12
GIST são mais freqüentemente associados ao fenótipo E2 F1 ( 92,9% ) , p 53
positivo(43%), e p16 e p21 negativos; a expressão de protnas pró-apoptóticas foi observada
em 92 e 100 % dos GIST.( 63,64,65 )
Steinert e cols. evidenciaram através de análise de 81 pacientes metastáticos e sem
exposição prévia ao imatinib que houve pior sobrevida global em pacientes que expressavam
níveis elevados de Bcl-2.( 66 )
Até o momento, se desconhece estudos envolvendo a expressão de proteínas
relacionadas aos mecanismos anti-apoptóticos e sua correlação com a sobrevida de pacientes
com GIST.
2.3 Métodos Diagnósticos
Os GIST costumam ser detectados incidentalmente como massa submucosa durante
a realização de endoscopia digestiva alta.
O emprego da ecoendoscopia pode ser útil em determinar a extensão de um tumor de
menor volume, entretanto, os achados radiológicos característicos dos GIST incluem lesões
grandes, heterogêneas e geralmente maiores que 5 cm de diâmetro.
Em estudos convencionais com bário, as lesões da submucosa se apresentam como
defeitos de enchimento, com ulceração central, eventualmente com extensão intraluminal e
raramente com calcificações.Alguns tumores podem ser contíguos com a parede do intestino
apenas através de um pedículo.
A ecografia demonstra massa altamente vascular com ecogenicidade mista e pode ser
útil para realização de procedimentos de biópsia por agulha fina ou core e no transoperatório
para avaliação de lesões hepáticas.(67)
Na tomografia computadorizada contrastada (CT) os GIST são massas heterogêneas
bem definidas com halo periférico marcado e de espessura variável, e freqüentemente
apresentando atenuação central, resultado de necrose, hemorragia ou transformação
cística.(68)
13
Extensão extra-gástrica pode ocorrer para o ligamento gastro-hepático, gastro-
esplênico ou cavidade do pequeno omento.Este achado diferencia os GIST de outros tumores
do estômago como linfoma ou adenocarcinoma, os quais não têm crescimento exotico
marcado e geralmente estão associados com linfadenomegalias, o que não é um achado usual
encontrado nos GIST.(69)
A utilização da CT de abmen pode ser apropriada tanto para se avaliar o tumor
primário quanto para se determinar a presença de metástases e é considerado o método de
imagem de escolha para planejamento cirúrgico.
A Ressonância Nuclear Magnética apresenta-se como método adjunto para se
determinar o tio de origem de tumores volumosos e acessar envolvimento de órgãos
adjacentes e vasos sangüíneos.Os componentes sólidos dos tumores apresentam baixo sinal na
seqüência em T1, alto sinal em T2 e intensificação da imagem após injeção de gadolíneo.
Os GIST geralmente demonstram intensa captação no 18F-fluoro-deoxiglicose PET (
PET) , assim como outras neoplasias intra-abdominais.A sensibilidade diagnóstica do PET e
CT tem se demonstrado comparável em 90% e pode ser aumentada combinando-se as duas
modalidades.(70)
2.4 Diagnóstico Patológico
GISTfoi inicialmente um termo descritivo proposto em 1983 por Mazur e Clark
para definir tumores o carcinomatosos intra-abdominais que não exibiam achados
morfoestruturais de lulas de sculo liso ou características imunoistoquímicas de células
neurais.(71)
Anteriormente ao ano de 2000 o havia critérios objetivos para classificação de
GIST; eram designados como leiomiomas, leiomioblastomas, leiomiossarcomas,
Schwannomas, ou tumores gastrointestinais neuro-autonômicos.(72,73 )
Recentemente, Kindblom e outros autores propuseram que a maioria dos tumores de
estroma se originariam a partir de células tronco mesenquimais que se diferenciariam no
14
fenótipo das células intersticiais de Cajal (CIC).As CIC, também conhecidas como células-
marcapasso, são uma populão de células que têm papel no controle da motilidade do
TGI.Todavia, estas células não são encontradas exclusivamente no TGI, também foram
descritas em outros órgãos como pâncreas, trato urinário, útero e tuba uterina, mama, coração,
e parede de vasos saníneos.(74)
As CIC expressam o protooncogene KIT e sua maturação depende da interação do
ligante SCF ao receptor KIT .(74,75)
Os GIST são freqüentemente diagnosticados somente após o exame patológico do
espécime ressecado.
Os achados macroscópicos típicos dos GIST incluem tumor circunscrito e lobulado
com supercie granular, e freqüentes áreas de hemorragia e necrose , alterações císticas e
predominante localização e crescimento extraluminal.
A maioria dos tumores são localizados na submucosa, muscular própria ou ambos e
apresentam 3 morfologias microscópicas distintas : fusiforme ( 70%), epitelióide (20%) ou
combinação destes dois subtipos.(39,74)
Em função do risco de ruptura tumoral, com conseqüentes disseminação tumoral e
hemorragia, o uso rotineiro de biópsia pré-operatória nos GIST é controverso.(36)
Estudos coordenados por Elliot e Wilimore-Payne, nos quais a coleta de tecido foi
realizada através de biópsia com agulha fina, concluíram que este método fornece espécime
quantitativa e qualitativamente adequado para fins diagnósticos utilizando técnicas de
imunoistoquímica ou avaliação molecular.(76,77)
Na análise imunoistoquímica, em contraste com tumores verdadeiramente originários
em musculatura lisa, os GIST são positivos para expressão do receptor de TK ( antígeno CD
117 ou KIT) em 95% dos casos.
KIT é o marcador mais sensível e específico para o diagnóstico de GIST, embora
também possa ser expresso em outras neoplasias como melanoma, sarcomas de células claras,
angiossarcomas, sarcoma de Ewing, tumor mielóide extra-medular, tumores germinativos de
testículo, especialmente seminomas e alguns carcinomas, notadamente carcinoma de
pequenaslulas de pulmão.( 78,79 )
15
Aproximadamente 60-70% dos GIST apresentam positividade para CD34, 30-40%
para actina anti-músculo liso( SMA), e 5% demonstram imunopositividade para protna S-
100.(6).( 39,41)
A positividade para SMA pode ser focal ou global e é inversamente relacionada com
a expressão de CD34, isto é, tumores SMA positivos são geralmente CD34 negativos e vice-
versa.
Hassan e cols. demonstraram , após análise de 300 espécimes de GIST de esôfago e
reto, alta positividade para CD34( acima de 90%), enquanto que os GIST de intestino delgado
apresentam menor positividade( 50%).(48)
Segundo Wang e cols. o marcador CD34 é considerado o melhor indicador do
fenótipo maligno dos GIST.(73)
A expressão de Desmina, proteína típica de lulas musculares lisas, esqueléticas e
cardíacas é raramente encontrada em GIST.(56)
Ocasionalmente podem apresentar expressão de citoqueratinas, o que pode dificultar
o diagnóstico histoquímico.(55)
2.5 Tratamento da Doença Localizada
A ressecção cirúrgica completa é a terapia padrão dos GIST localizados e permanece
como única alternativa de cura desta patologia.
A ressecção completa é atingida em aproximadamente 85 % dos pacientes com
doença localizada, entretanto a taxa de sobrevida global para pacientes com GIST que foram
submetidos à ressecção completa da doença primária com margens livres varia de 20-63% em
5 anos, com taxa de recorrência em torno de 50% .(39, 80)
Nas situações onde os GIST aderem a órgãos contíguos pode ser necessário a
ressecção em bloco, embora nesta situação não haja benefício aparente em margens amplas.
16
Linfadenectomia geralmente não é indicada, a menos que haja linfonodos regionais
aumentados, já que metástases linfonodais são raramente encontradas.(29,30 )
Uma vez que a ressecção linfonodal o é necessária para o manejo cirúrgico do
GIST, a laparoscopia poderia ser um método apropriado para tratamento destes tumores,
principalmente em GIST gástricos.(79)
Cirurgia laparoscópica também pode ser considerada uma opção adequada para
tumores com padrão de crescimento intragástrico.
A freqüência de complicações s-operatórias da laparoscopia é comparável à da
técnica cirúrgica convencional e a taxa de conversão para cirurgia a céu aberto é de 15%( 81).
É fundamental evitar ruptura acidental dos tumores durante o procedimento
laparoscópico pois a ruptura antes ou durante a execução deste é um fator prognóstico
estatisticamente significativo de má evolução.A ruptura tende a ocorrer em grandes tumores,
assim a laparoscopia estaria contraindicada em tumores volumosos.( 80)
Embora o National Comprehensive Cancer Network ( NCCN) - Clinical Practice
Guidelines for Optimal Management of Patients with GIST recomende que a técnica
laparoscópica deva ser limitada a tumores menores que 2 cm ,a remoção segura e completa
de GIST maiores, de até 8,5 cm foi relatada.( 81,82)
Não rotina estabelecida em termos de seguimento pós-operatório para pacientes
que são submetidos à ressecção de GIST primário; uma vez que o há estudo comprobatório
de que a detecção precoce da recorrência possa interferir de maneira positiva na
sobrevida.(39)
Nilsson e cols. recentemente demonstraram, em estudo piloto incluindo 23 pacientes
com GIST de alto risco submetidos á ressecção cirúrgica completa e tratados com imatinib
por 12 meses, um aumento significativo da sobrevida livre de recorrência ( 4% no grupo
tratado versus 67% ,comparando com grupo de controle histórico).( 83)
O uso de terapia adjuvante com inibidores de TK após a ressecção completa do GIST
primário está atualmente sendo avaliado por 4 estudos utilizando imatinib em doses usuais e
em diferentes regimes de duração de tratamento.
17
2.6 Tratamento da Doença Avançada
Classicamente os GIST apresentam resistência ao uso de drogas quimioterápicas
convencionais e ao emprego de radioterapia.
O desenvolvimento do inibidor de TK no ano de 2000 , mesilato de imatinib,
revolucionou o tratamento dos GIST.
Imatinib inibe seletivamente TK específicas, incluindo KIT, ABL, BCR-ABL e
PDGF e foi primeiramente utilizado em pacientes com Leucemia Mielóide Crônica ,neoplasia
hematológica produzida pela fusão dos genes BCR e ABL resultante da transferência de
material genético entre os cromossomos 9 e 22.(83)
O primeiro paciente portador de GIST metastático iniciou o tratamento com imatinib
em 2000 após ter falhado a diversas terapias e atingiu resposta radiológica excepcional
acompanhada por PET com virtual desaparecimento das lesões.(43)
Este achado estimulou a realização de diversos estudos clínicos que comprovaram a
excelente taxa de resposta dos pacientes com GIST metastáticos ao imatinib.
No atual momento, se considera que o uso de imatinib em GIST recidivados
apresente um benefício clínico( determinado pela taxa de resposta objetiva e permanência de
doença estável ) em mais de 85% dos pacientes.
Em pacientes com doença avançada, o imatinib produz taxa de resposta completa em
4-7% , parcial em 67% dos pacientes e permanência de doença estável em 18 a 30%, com
sobrevida livre de progressão em 1 ano de 73%.( 84,85,86,87 )
Atualmente a sobrevida de 2 anos de pacientes com doença metastática é em torno de
70%.Em contraste, antes da introdução do imatinib, a sobrevida média dos pacientes após
ressecção cirúrgica por GIST recorrente era de apenas 15- 20 meses.( 88)
A dose usualmente recomendada de imatinib é de 400 mg drios.
A dose diária de 800 mg está associada a aumento de sobrevida livre de progressão,
contudo acarreta maior toxicidade e encontra-se recomendada somente em pacientes que
apresentem sinais de progressão, produzindo estabilidade da doença em 29,4% dos pacientes
,com sobrevida média de 11,5 semanas.(83)
18
O uso de imatinib geralmente está associado a boa tolerância à medicação, com perfil
de toxicidade facilmente manejável e sem relato de mortalidade relacionada ao tratamento.
As toxicidades mais freqüentemente relatadas são anemia (92%), edema periorbitário
(69%), rash cutâneo ( 69%), fadiga (76% ) , náusea(57%), granulocitopenia (47%) , e diarréia
( 47%).(84)
Apesar de apresentar excelentes resultados com o tratamento, o imatinib não leva à
cura e em torno de 50% dos pacientes apresentam resistência à droga no período aproximado
de 2 anos.(89,90).Adicionalmente, 10-15% dos GIST são primariamente resistentes ao uso de
imatinib.
Os mecanismos da resistência ao imatinib são ainda pouco conhecidos embora o tipo
de mutação do KIT possa ser preditivo da evolução ao tratamento.Pacientes com mutação do
exon 11 têm maior probabilidade de resposta ao imatinib do que aqueles com mutação no
exon 9 ; pacientes sem mutação em KIT raramente respondem ao imatinib.(52).
A resistência também pode estar associada à diminuição de níveis séricos da droga
em função de maior depuração plasmática após maior tempo de exposição à droga e à
aquisição de nova mutações em KIT na vigência do tratamento.(52,92,93 )
A resistência primária ou secundária ao imatinib impulsionou o desenvolvimento de
novas drogas com funções inibitórias de TK.
Sunitinib é um inibidor multialvo de TK com atividades antitumorais e
antiangionicas.(94,95).Seus efeitos estão associados ao bloqueio de receptores de TK
sinalizados por KIT, PDGF e das 3 isoformas de receptores de VEGF.(95)
Em estudo prospectivo e randomizado, desenvolvido em 312 pacientes com GIST
avançado com falha ao imatinib , o sunitib demonstrou taxa de resposta completa de 2,9 %,
resposta parcial de 24,6 % e 42 % de doença estável.O tempo médio de sobrevida livre de
progressão foi de 27,3 semanas.
Efeitos adversos relacionados ao uso de sunitinib raramente levaram à
descontinuação do tratamento e foram facilmente manejáveis com redução de dose,
interrupção temporária da medicação ou tratamento médico de suporte.( 92).
Análises preliminares dos pacientes com doença resistente ao imatinib demonstram
que o sunitinib mostra maiores taxas de resposta antitumoral e benefício clínico em pacientes
19
com mutações primárias no exon 9 do KIT , comparados com aqueles com mutações
primárias no exon 11 do KIT.( 95,96)
Estudo multicêntrico em andamento, com resultados parciais apresentados no
encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica ( ASCO ) de 2006 ,avalia a
eficácia de nilotinib, droga planejada para uso em terceira linha de inibição de TK.Utilizando-
se doses variando de 200 mg a 800 mg diárias foi atingida taxa de estabilização de doença em
71 a 100% dos pacientes.( 96)
A cirurgia tradicionalmente desempenha papel paliativo no manejo de pacientes com
GIST localmente avançado ou metastático.Em pacientes que apresentam doença indolente e
volumosa, a cirurgia de citorredução pode oferecer alívio significativo da dor e dos sintomas
compressivos.( 97)
Em pacientes com GIST primário localmente avançado e que apresentam resposta ao
uso de imatinib ,tornando-se ressecáveis, a cirurgia está associada a alta taxa de ressecção
completa, e aumento de sobrevida livre de doença quando comparados a controles
históricos.(98)
A ressecção cirúrgica após terapia com imatinib ou sunitinib pode ser realizada com
intuito curativo em alguns pacientes com doença avançada que tenham apresentado resposta
ao tratamento, enquanto que pacientes que apresentam franca progressão de doença não
possuem nenhum benefício em ser submetidos a tentativas de ressecção.(87,95, 99,100)
Recentemente, Kobayashi e cols. avaliaram a eficácia de quimioembolização arterial
utilizando cisplatina em 110 pacientes com GIST avaado não elegíveis para ressecção
cirúrgica; foi demonstrado taxa de 14 % de resposta parcial e 74% de estabilização de doença
; a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 8,2 meses , com 77 % dos pacientes vivos
em 1 ano.Estes achados sugerem a utilização de quimioembolização como uma opção efetiva
e segura para pacientes com GIST metastático envolvendo o gado e com falha à terapia
sistêmica convencional. ( 100)
20
2.7 Avaliação de Resposta ao Tratamento Farmacológico
Diferentemente de outros tumores sólidos, os critérios de resposta da classificação
RECIST são considerados inadequados para avaliação de resposta nos GIST em virtude deste
sistema ser baseado fundamentalmente na redução do volume tumoral (critério de resposta
parcial requer diminuição de 30% no volume tumoral avaliado ).
A redução de volume nos GIST não se correlaciona apropriadamente com resposta
ao tratamento; as lesões podem permanecer estáveis após a terapia devido à substituição de
tumor por tecido fibroso e eventualmente podem até apresentar aumento de volume devido a
diminuição da densidade tumoral por edema ou hemorragia.
Segundo critérios de Choi, a resposta dos GIST ao tratamento medicamentoso ocorre
quando há redução na densidade radiológica das lesões em mais de 15% , degeneração stica
ou diminuão do volume tumoral em mais de 10% .(101)
Stroobants e cols. demonstraram que PET apenas 8 dias após o início do imatinib
prediz corretamente a resposta ao tratamento e precede em 7 semanas os resultados
semelhantes por CT. (70)
A resposta metabólica precoce verificada por PET foi associada a maior sobrevida
livre de progressão.(101)
Tanto PET como CT são considerados métodos confiáveis para a avaliação de
resposta ao imatinib (69,101).Após 30 dias de tratamento com imatinib a resposta é
acuradamente prevista em 85% casos usando PET e em 95% usando a combinação dos 2
todos , enquanto usando somente CT esta percentagem atinge somente 44%.(102,103)
Deste modo, considera-se o uso de PET importante para avaliação de resposta precoce ao
tratamento.(104)
Estudo realizado por Goh e cols. utilizando imatinib neoadjuvante em 23 pacientes
sugere que a resposta ao PET não se correlaciona adequadamente com resposta patológica;
esta foi acuradamente prevista somente em 26% dos casos.(105)
Embora extremamente útil na constatação de resposta precoce ao tratamento com
imatinib, este exame não substitui uso rotineiro de CT contrastada, que é mais acessível no
21
nosso meio e pode adequadamente avaliar resposta em aproximadamente 8 semanas; ressalta-
se ainda que 25 % dos pacientes apresentam resposta radiológica mais lenta ao imatinib e o
fato de não haver modificação do quadro radiológico não sugere mudança na abordagem
terapêutica.(106)
A mensuração de níveis séricos de KIT através da técnica de ELISA não se
correlacionou com a resposta ao tratamento; houve decréscimo da concentração de KIT
porém se acredita que esta diminuição esteja associada predominantemente a diminuição do
turnover “do KIT sérico e não ao reflexo da diminuição de volume tumoral.(52)
2.8 Apoptose e Survivina
O desenvolvimento e progressão das neoplasias envolve proliferação celular
desordenada causada por alterações genéticas que se acumulam com o passar do tempo.
evincias que a sobrevida prolongada de lulas geneticamente alteradas esteja associada à
inibição progressiva da apoptose.(1)
A apoptose designa um padrão de morte celular morfologicamente distinta da
necrose.(107,108) Na necrose observa-se destruição da membrana celular através de aumento
na pressão osmótica a partir do ambiente extra-celular(107). A apoptose é um processo
geneticamente regulado em que estímulos extranucleares induzem à condensação de
cromatina, degradação do DNA , “blebbing” da membrana, o que leva em última análise à
fragmentação irreversível da célula.(4,108). Representa um mecanismo protetor vital contra o
desenvolvimento câncer, através da remoção de lulas com dano severo do DNA.(2)
consistindo em uma das fuões celulares mais importantes para a manutenção da homeostase
de tecidos normais. (108,109)
Os principais efetores bioquímicos da apoptose são as proteases cisteína -aspartil-
serina, - as caspases - que são sintetizadas como zimógenos inativos ,porém uma vez
ativadas, sistematicamente e em um processo hierárquico, degradam o DNA e protnas vitais
constitucionais, resultando na perda irreversível da viabilidade celular.(8).As caspases são
classificadas como iniciadoras( caspases 8 e 9) e executoras ( caspases 3,6 e 7
22
).(3,4,5,6).Embora as características estruturais sejam compartilhadas entre as caspases
iniciadoras e executoras, sua ativação ou inibição são diferentemente reguladas.
Dependendo da origem do estímulo que provoca a ativação do processo de apoptose,
a mesma é desencadeada por duas vias distintas: intrínseca ou extrínseca , conforme ilustrado
abaixo:
Figura 3. Vias de apoptose (extraído de www. imgenex.com).
A via intrínseca é mediada pela mitondria e, em resposta ao estímulo apoptótico (
p.ex. ativação de oncogene ou dano ao DNA), várias proteínas são liberadas a partir do espaço
intermembrana da mitocôndria para o citoplasma.(3)Algumas destas proteínas incluem
citocromo c ,SMAC ( segundo ativador de caspase derivado de mitocôndria), DIABLO(
inibidor direto da apoptose ), Endo G( endonuclease G)e OMI /HTRA2 ( proteína A2
requerente de alta temperatura)(4,5).Entre estas proteínas pró-apoptóticas destaca-se o
23
citocromo c,liberado devido ao aumento da permeabilidade da membrana mitocondrial
externa. Uma vez liberado, o citocromo c liga-se à proteína APAF-1, ativando-a e induzindo
uma alteração conformacional que permite que esta se ligue ao ATP e forme um complexo
protéico chamado corpo apoptótico, ou apoptossomo, que medeia a ativação da caspase 9
,que por sua vez ativa a caspase efetora 3 ,desencadeando o processo apoptótico.(111)
A via extrínseca é iniciada mediante a interação de um ligante extracelular, como por
exemplo TNF ou FasL, com receptor da superfície celular , como TNF-R1 ou Fas.A
conexão destes ligantes ao receptores promove a ativação das caspases através da formação
de um complexo sinalizador de indução da morte ( DISC).A formação deste complexo leva à
ativação da caspase iniciadora 8 que subseqüentemente ativa a caspase executora 3. (110)
Adicionalmente , após a ativação de Fas e TNF-R1 é estabelecida uma preponderância de
proteínas pró-apoptóticas da família Bcl-2;com conseqüente aumento de permeabilidade da
membrana mitocondrial e liberação de ativadores das caspases como citocromo c e SMAC.(
111,112)
Outras proteínas regulatórias, pertencentes á família das proteínas inibidoras de
apoptose ( PIA) , foram implicadas neste processo.As PIA incluem ML-IAP, XIAP, cIAP1,
cIAP2 , NIAP,livina, apollon e survivina e possuem a capacidade de bloquear uma etapa
comum da cascata após a liberação do citocromo c mitocondrial pela inibição ou promoção da
degradação das caspases efetoras 3 e 7 e interferindo com a atividade e processamento da
caspase 9.( 4,112)
2.9 Características e Funções da Survivina
O gene, denominado Survivina, implicado no controle da progressão do ciclo celular,
foi identificado a partir de banco de genoma humano por Altieri em 1997.(113)Em contraste
com Bcl-2, Survivina o parece estar envolvido na regulação fisiológica da apoptose de
tecidos epiteliais mas é proeminentemente expresso em várias malignidades.
24
O gene Survivina humano consiste em 4 exons e 3 introns, está localizado na posão
telomérica do cromossomo 17 banda 25 e sua transcrição está ligada à progressão mitótica e
regulação do checkpoint” do fuso mitótico.(4,113)
A translação do mRNA survivina origina uma protna citoplasmática de 142
aminoácidos, com peso molecular de 16,5 kDa e usualmente expressa no desenvolvimento
embriônico mas indetectável em tecidos adultos normais, mesmo em queratinócitos da pele ,
região de altos índices mitóticos.(4,13)Também é fortemente responsável pela modulação da
angionese através de vários mecanismos incluindo ativação de VEGF , migração e invasão
celular através da ativação de Rac-1. (114)
Foram descritas 5 isoformas de survivina em humanos:
survivina wild type” : forma mais comum e que apresenta preferencialmente localização
citoplasmática; (114 ,115)
survivina -2B: gerada pela inserção de um exon alternativo (exon 2B) que apresenta perda da
capacidade antiapoptótica , também com localização citoplasmática;
survivina-deltaEx3 : originária da remoção do exon 3 resultando em mudança de fase de leitura
preferencialmente localizada no núcleo; (116)
survivina -3B : produto da introdução de um novo exon (exon 3B) resultando em mudança de fase de
leitura com término prematuro da proteína ;
survivina 2alfa : contém seqüências codificadoras a partir do exon 1 e 2 e um aminoácido adicional
antes do término.Esta última forma, recentemente descrita, é altamente expressa em tumores e parece
atenuar a atividade anti-apótótica de survivina e sensibilizar células à quimioterapia.(115)
A expressão de survivina está desregulada nas neoplasias por vários mecanismos
moleculares incluindo ganho de função do gene ( p. ex. em neuroblastoma) , metilação de
exon 1 Survivina( produzindo silenciamento no epitélio ovariano normal) , aumento da
atividade proliferativa exclusiva em células tumorais , alteração no fator transcricional NF-
kB anti-apoptótico durante a proliferação celular, aumento da atividade da via PI3K/Akt, e,
perda da função do p53.(4 ,118)
Endoh e cols. , através de RT-PCR, demonstraram que survivina hiper-regula a
atividade da telomerase aumentando a transcrição gênica da transcriptase reversa da
telomerase humana. (117)
O papel da survivina na biologia do câncer excede sua simples função na inibição da
apoptose;a superexpressão de survivina em câncer que está associada à perda de diferenciação
25
tecidual, pode permitir que células com defeito nos fusos ou centrômeros desalinhados
continuem no ciclo de divisão celular. (119,120)
2.10 Expressão Tecidual de Survivina em Câncer
Em geral, survivina apresenta uma distribuão tecidual diferente das outras PIA e
representa a principal PIA expressa em neoplasias Está presente no timo, placenta,células
tronco CD34 positivas , endométrio proliferativo e células do epitélio lico basal.(16).
Enquanto a expressão de survivina não ocorre em linhagens teciduais não
proliferativas de qualquer órgão, foi seletivamente expressa em 34-100% de tecidos
neoplásicos( incluindo cânceres de mama, pulmão, câncer colorretal, strico, fígado, bexiga,
rim, neuroblastoma, gliomas, sarcomas de partes moles , e neoplasias hematológicas ); altos
níveis de expressão foram considerados preditivos de progressão tumoral em termos de
sobrevida livre de doença e em sobrevida global (24). Foi seletivamente limitada ao núcleo e
citoplasma das lulas, e nenhuma imunoreatividade foi observada em linfócitos e outras
células do estroma.Os estudos mais recentes que avaliaram a expressão de survivina em
tumores epiteliais estão resumidos na tabela abaixo:
26
Tabela 3. Expressão de survivina em várias neoplasias
Autor N Neoplasia Método Expressão (Ref.)
Sarela, 2000 144 Cólon RT PCR 63,5% (1)
Sarela , 2002 52 Pâncreas IHQ 88% (12)
Yu, 2002 50 Gástrico RTPCR 68% (121)
Ikehara, 2002 79 Pulmão IHQ 41% (23)
Hofmann, 2002 24 Pulmão RTPCR 100% (24)
Takai, 2002 31 Endométrio IHQ 43,5% (122)
Ito, 2003 129 Tireóide IHQ 84% (119)
Lin, 2003 188 Cólon IHQ 63,2% (8)
Chen, 2004 52 Cólon PCR 67,3% (123)
Meng, 2004 79 Gástrico RTPCR 64% (9)
Knutsen, 2004 98 Reto IHQ 51% (16)
Qiao , 2004 42 Pâncreas IHQ 81,95% (13)
Li, 2004 80 Gástrico IHQ 76% (10)
Kami, 2004 52 Pâncreas IHQ 68% (14)
Oshita, 2004 72 Pulmão IHQ 49% (18)
Lu, 2004 48 Pulmão IHQ 83% (19)
Vischioni, 2004 53 Pulmão IHQ 40% (20)
Ku, 2004 88 Bexiga IHQ 58% (124)
Weikert, 2005 35 Testículo PCR 100% (120)
Monzó, 2005 83 Pulmão RTPCR 85,5% (21)
Ryan, 2006 420 Mama ELISA 90% (125)
Byun, 2007 85 Rim IHQ 79% (126)
RTPCR: reação em cadeia da polimerase em tempo real; PCR: reação em cadeia da polimerase;
IHQ:imunoistoquímica; ELISA: enzyme linked immunosorbent serology assay.
O nível de expressão de survivina parece estar relacionado à faixa etária; foi
demonstrado que em idosos portadores de ncer colorretal (acima de 70 anos) as taxas de
expressão de survivina foram maiores do que indivíduos igualmente portadores de câncer
colorretal abaixo desta faixa etária.(127)
A taxa de expressão de survivina costuma observar um gradiente crescente
conforme a evolução da neoplasia : em amostras de câncer colorretal foi descrita em 0% em
adenomas, 31,7% em displasias de baixo grau, 56,7% em displasias de alto grau e 63,2% em
carcinomas.(17, 18).
27
Estudos coordenados por Ito e Weickert correlacionaram a expressão de survivina
com grau de diferenciação tumoral e concluíram que níveis elevados de survivina estão
relacionados com maior indiferenciação dos tumores.(119,120)
Apesar de haver resultados contraditórios em considerar a expressão de survivina
como fator prognóstico, diversos estudos identificaram correlação com pior sobrevida livre de
doença, sobrevida global e recorrência local com a expressão de survivina em linhagens
tumorais distintas como ncer de esôfago, estômago ( 9,10,11 ,119) pâncreas( 12,13,14),
reto ( 16 ) , pulmão (18,19,20,21,22,23),bexiga( 124) e endométrio(122).
A expressão de survivina em tumores mesenquimais foi pouco estudada.
Caldas e cols. descreveram a expressão de survivina utilizando análise
imunoistoquímica em 63 pacientes portadores de rabdomiossarcoma com positividade de
80%.(128)
Estudo coordenado por Taubert em 2001, através de PCR em tempo real, identificou
m-RNA de survivina em 94 pacientes com sarcomas de partes moles; utilizando análise de
regressão de Cox, encontrou relação inversa entre o nível de mRNA de survivina e sobrevida
global( p=0,009 , RR =2,7).A expressão de transcritos de survivina foi detectada em 64% dos
pacientes e, neste estudo foi considerado um fator preditor independente de sobrevida.(129)
Em 2003, Kappler avaliou a expressão de survivina através de ELISA e Western blot
em amostras de sarcomas de partes moles.Altos níveis de survivina foram detectados em
extratos de tumores e lisados de lulas tumorais.Além de haver uma correlação significativa
entre os dois métodos, este estudo revelou altos níveis de survivina nos espécimes tumorais e
sugeriu valor preditivo negativo independente na taxa de sobrevida em pacientes com
sarcomas de partes moles.(130)
Diferentemente destes estudos anteriores, a expressão de survivina nuclear
demonstrada por imunoistoquímica em amostras tumorais de 40 pacientes portadores de
osteossarcoma foi associada à sobrevida prolongada, enquanto que a expressão citoplastica
o evidenciou correlação com a evolução clínica destes pacientes.(131)
Embora a expressão de survivina tenha sido detectada em rias linhagens tumorais,
até o momento, inexistem dados na literatura em relação à expressão de survivina em
sarcomas intestinais.
28
Assim, o objetivo primário deste estudo é a verificação da expressão de survivina em
amostras de tecido tumoral de pacientes portadores de GIST submetidos a tratamento
cirúrgico e identificar sua relação com achados cnico-patológicos e sobrevida livre de
doença em 3 anos.
29
3 HIPÓTESE
A hipótese deste estudo é que a expressão de survivina esteja relacionada com
achados cnicos e patológicos de pacientes com GIST e com a diminuição da taxa de
sobrevida livre de doença em 3 anos.
30
4 OBJETIVOS
1. Determinar a expressão imunoistoquímica de survivina em amostras de tecidos
obtidas de pacientes portadores de GIST submetidos á cirurgia com intuito curativo.
2. Correlacionar a expressão de survivina com achados clínicos e patológicos de
pacientes com GIST.
3. Avaliar a associação entre expressão de survivina e sobrevida livre de doença em 3
anos de pacientes com GIST.
31
5 MÉTODOS
5.1 Delineamento, População e Amostra
Foi desenvolvido estudo de observação, descritivo e analítico.Inicialmente, foi
realizado estudo transversal para determinar a prevalência da expressão imunoistoquímica de
survivina nas amostras tumorais.Em um segundo momento, procedeu-se estudo do tipo coorte
histórico com componentes contemporâneos para determinar a ocorrência dos desfechos
clínicos de interesse nos pacientes.
Foram revisados e analisados dados cnicos e anatomopatológicos de pacientes
submetidos a cirurgias efetuadas no período entre janeiro de 1998 e julho de 2006, a partir de
revisão de prontuário.Os dados epidemiológicos foram analisados mediante seguimento dos
pacientes no ambulatório de Oncologia do HSL-PUC, através de revisão de prontuário ou
mediante coleta de dados diretamente do paciente ou familiar.
A variável principal do estudo ( expressão de survivina ) foi analisada através da
expressão imunoistoquímica em blocos de parafina armazenados no Laboratório de Anatomia
Patológica do HSL- PUCRS.
5.2 Critérios de Inclusão
Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos de idade com diagnóstico
histopatológico e imunoistoquímico de GIST ( KIT ou PDGF positivos) submetidos á
ressecção cirúrgica com intuito curativo atendidos no período de janeiro de 1998 a julho de
2006 nos serviços de Cirurgia Geral e Cirurgia do Aparelho Digestivo do HSL PUCRS ou
pacientes encaminhados após a ressecção cirúrgica ao Serviço de Oncologia do HSL
PUCRS.
32
5.3 Critérios de Exclusão
Foram excluídos todos os pacientes que apresentavam uma ou mais das condições
abaixo listadas:
Pacientes submetidos previamente a tratamento radioterápico e/ou quimioterápico;
Pacientes com registros médicos insuficientes em relação aos dados epidemiológicos;
Espécimes de anatomia patológica inadequadas para análise patológica e
imunoistoquímica.
5.4 Variáveis em estudo
As variáveis analisadas em relação à expressão de survivina foram:
Idade ;
Gênero ;
Localização do tumor ;
Tamanho tumoral ;
Índice mitótico ;
Tempo para progressão de doença, definido como o tempo decorrido entre o
diagnóstico e o aparecimento de recorrência da doença ;
Sobrevida livre de doença em 3 anos.
33
5.5 Imunoistoquímica
As a ressecção tumoral, a totalidade da peça cirúrgica foi enviada ao Serviço de
Anatomia Patológica a fim de ser avaliada com todos convencionais utilizando coloração
de hematoxilina e eosina e subseqüentemente a análise imunoistoquímica com os reagentes
comercialmente disponíveis para KIT, CD34,Vimentina ,Desmina, Protna S-100, Actina,
Enolase neuroespecífica, Panqueratinas, Sinaptofisina, Cromogranina, PDGF e EGFR.
A técnica de imunoistoquímica foi realizada em tecidos fixados em formalina e
incluídos em parafina utilizando o método avidina-biotina peroxidase.Foram realizados cortes
histológicos com 3um de espessura em micrótomo rotativo Leica RT2150 e para montagem
dos espécimes em lâmina foi utilizada a técnica de arranjo em matriz de amostras teciduais(
TMA).Esta técnica permite a elaboração de um bloco de parafina contendo amostras tumorais
obtidas de dezenas de blocos de parafina originais, desta forma simplificando o trabalho e
diminuindo o custo da determinação da expressão do marcador.(132)
Figura 4. Blocos de parafina e TMA
34
GIST HE GIST HE GIST SURVIVIN GIST KI-67
Figura 5. Lâminas de TMA
As lâminas foram desparafinizadas em estufa histológica (De Leo) por 20 minutos
com temperatura de 69ºC, 2 incubações em xilol por 5 minutos cada, 5 incubações com álcool
etílico 99º por 2 minutos cada , lavagem em água corrente até remoção completa do álcool e
depois mantidas em tampão PBS.
A recuperação antigênica foi realizada utilizando tampão Tris/Edta pH 9.0 para
Survivina e tampão citratro pH 6.0 para Ki 67 por 20 minutos em microondas, a atividade da
peroxidase endógena foi bloqueada com solução de peróxido de hidrogênio a 5% em álcool
metílico com 2 incubações de 15 minutos cada e o bloqueio de ligações inespecíficas foi
realizado com leite em desnatado 10% em tampão PBS.
Os anticorpos foram diluídos em 1:100 para anti-survivina ( clone 12C4 do
laboratório Dako ) e 1:250 para anti-Ki 67 ( clone MM1 do laboratório Novocastra) usando
como diluente tampão PBS. As incubações com os anticorpos primários foi realizada em
incubadora BOD a 5ºC durante a noite.
Para detecção da reação antígeno-anticorpo foram utilizados anticorpo secundário
biotinilado e complexo avidina-HRP.
A marcação foi realizada utilizando como cromógeno a diamina benzidina (DAB,
DAKO). Por fim as lâminas foram contra-coradas utilizando hematoxilina de Harris,
desidratadas em uma série de álcool etílico 99º, clarificadas em xilol e montadas comlsamo
do Canadá.
A imunoexpressão de survivina foi avaliada em, no nimo, 5 campos de grande
aumento e foi considerada positiva quando a reatividade citoplasmática e/ou de membrana
35
com o anticorpo ocorria em 10% ou mais das lulas tumorais examinadas.Adicionalmente
foi utilizado escore de intensidade das células coradas, variando de 0 a +++; sendo que 0=
reatividade nula, + = reatividade fraca , ++ = reatividade moderada, e +++ reatividade forte.O
controle positivo utilizado foi tecido placentário e controle negativo tecido epitelial
circunjacente não neoplásico.
A análise do Ki 67 foi realizada segundo sistema de observação em 5 campos de
grande aumento e se levou em consideração a proporção de células tumorais coradas
verificadas em cinco campos de grande aumento.O escore de proporção variou de zero a três (
0 = sem mitoses ou não avaliável , 1= 0-5 mitoses , 2 = mais do que 5 e menos do que 10
mitoses e 3 = acima de 10 mitoses por campo ).
A leitura e interpretação de todas colorações realizadas para alise do índice
mitico através do marcador de proliferação celular Ki 67 e de survivina foi realizada em
observação simultânea e sob supervisão direta do patologista co-orientador.
5.6 Análise Estatística
A análise estatística dos dados foi descrita segundo as suas distribuições em
freqüências e proporções para as variáveis categóricas e em medidas de tendência central e
dispersão para as variáveis contínuas.Inicialmente foi determinada a prevalência da expressão
de survivina na população estudada.A correlação entre a expressão de survivina e os achados
clínico-patológicos foram estatisticamente analisados usando teste do qui-quadrado( x2).
A análise de sobrevida livre de recorrência foi calculada utilizando método de
Kaplan –Meier.
Em todos os casos os testes foram bicaudais e os valores de p de < 0,05 foram
considerados significativos.
Todas as análises estatísticas foram realizadas pelos programas Epiinfo e SPSS
versão 12.0 para Windows.
36
6 RESULTADOS
6.1 Caracterização da Amostra
No período de janeiro de 1998 a julho de 2006, 45 pacientes com diagnóstico de
GIST foram submetidos à ressecção cirúrgica com intuito curativo pelas equipes de Cirurgia
ou encaminhados ao Serviço de Oncologia do HSL –PUCRS.
Na primeira revisão 2 pacientes ( 4%) foram excluídos ; devido à impossibilidade
de análise do material anátomo-patológico ou ausência de dados do seguimento clínico.
Dos 43 pacientes incluídos, 7 (16 %) apresentavam doença avançada ao diagnóstico
trans-operatório (doença parcialmente ressecada ou com evidência de metástases hepáticas ou
peritoniais).
Quinze ( 34,8%) pacientes eram homens e 28 ( 65%) mulheres.
A idade ao diagnóstico variou de 22 a 83 anos ( mediana de 62 anos) , sendo que 24
( 55,8% ) eram maiores de 60 anos.
Oitenta e cinco por cento dos pacientes eram sintomáticos; o sintoma mais
comumente apresentado foi dor abdominal.
A localização predominante dos GIST ocorreu no estômago (51%), seguida de
tumores em intestino delgado (34,9 %), 4,7% em lon, e 7 % em mesentério.
O tamanho mediano dos tumores foi de 7,4 cm, variando de 0,4 a 30 cm.Somente em
um paciente não foi possível mensurar o tamanho da lesão, devido ao paciente ter se negado
a tratamento cirúrgico.
Dos 43 tumores, 18 % foram maiores que 2 cm e menores que 5 cm , 32 % foram
maiores que 5 cm e menores que 10 cm ,e 40 % foram maiores que 10 cm.Os tumores
maiores que 10 cm foram encontrados com freqüências semelhantes no estômago( 16%) e
intestino delgado ( 13%).Todos os tumores menores que 2 cm ( 7%) foram achados
incidentalmente durante o transoperatório.
37
A forma de apresentação macroscópica mais encontrada foi a nodular representando
88 % do total.
Os subtipos histológicos observados foram: 14 tumores fusiformes (32,5%)18
epitelióides( 41,8%) e 11( 25,5%) apresentando ambos os subtipos anteriores( mistos).
Quanto ao índice mitótico 55% das neoplasias foram avaliadas no laudo anátomo-
patológico inicial : 8 foram de alto grau e 13 de baixo grau.
Em 11 pacientes, submetidos à gastrectomia, foi realizada linfadenectomia no trans-
operario; a média de linfonodos retirados foi de 13 por paciente.Não houve envolvimento
destes por metástases de GIST, entretanto, dois pacientes portadores de câncer gástrico
sincrônicos apresentavam comprometimento linfonodal por células do tipo adenocarcinoma.
As margens cirúrgicas microscópicas estavam comprometidas em 5 espécimes,
indeterminadas em 2 e não foram avaliáveis em 2 espécimes; no restante das amostras as
margens foram livres.
As principais características clínicas e patológicas dos pacientes estudados estão
demonstradas na Tabela 4:
38
Tabela 4. Características clínico-patológicas da população estudada ( n=43)
Caso Idade Gênero
Topografia Tamanho(cm) Margens Prof.Inv. Macro Status Subtipo
1 83 M DELG 11,5 livres submuc nodular Primário F
2 57 F EST 2 comprom submuc nodular Primário F
3 73 F DELG 16 comprom submuc nodular Avançado F
4 72 F EST 10,7 livres serosa nodular Primário F
5 69 F EST 0,7 livres musc e sub
nodular Primário M
6 75 M CECO 9 livres serosa nodular Avançado E
7 60 F EST 10,6 livres serosa polipoide Primário F
8 69 M EST 20 livres serosa nodular Primário F
9 69 F DELG 6,2 livres serosa nodular Primário F
10 44 F EST 30 comprom serosa nodular Avançado E
11 26 M EST 3,6 livres serosa polipoide Multicêntrico F
12 62 M EST 3,5 livres NA nodular Primário E
13 69 F DELG 5 livres serosa nodular Primário E
14 56 F EST 2,5 livres serosa nodular Primário E
15 67 F EST 4,1 livres serosa nodular Primário M
16 67 F DELG 23,7 livres fígado nodular Primário E
17 52 F DELG 7,2 indeterm serosa nodular Primário E
18 79 F EST 10,8 livres serosa nodular Primário M
19 75 F EST 5 livres submuc nodular Primário E
20 80 F CECO 7,5 livres serosa nodular Primário E
21 61 M EST 24 comprom serosa nodular Avançado F
22 43 F RETRO 17 livres serosa nodular Primário F
23 46 F DELG 16,4 livres serosa nodular Primário E
24 62 M EST 1,1 livres serosa nodular Primário E
25 48 M DELG 3 livres serosa ulcerada Primário E
26 53 M EST 2,5 livres serosa ulcerada Primário F
27 31 F EST 6,5 livres musc e sub
nodular Primário E
28 81 F DELG 5,5 comprom serosa nodular Avançado E
29 47 M RETRO 28 livres serosa nodular Primário M
30 63 F DELG 5,2 livres serosa nodular Primário M
31 42 F ABD 17,8 comprom serosa nodular Primário M
32 78 F EST 8,3 livres serosa nodular Primário M
33 36 F DELG 5 livres submuc nodular Primário F
34 44 F EST 6,3 livres serosa nodular Primário E
35 56 F DELG 9,2 livres indeterm exofítica Primário E
36 62 M EST 4,2 livres serosa nodular Primário M
37 63 F EST 5 livres indeterm nodular Primário F
38 42 M DELG 13 livres serosa nodular Avançado M
39 83 M EST 13,9 livres serosa nodular Primário M
40 51 M EST 0,4 NA NA NA Primário F
41 79 F DELG 7,6 Livres serosa nodular Primário E
42 55 M EST 1,9 Livres serosa nodular Avançado E
43 22 F DELG 10,6 Livres serosa nodular Primário M
M= masculino ; F= feminino ; EST= estômago ; DELG= intestino delgado ; CECO= ceco;
RETRO=retroperitônio ;Prof. Inv.= profundidade de invasão; submuc= submucosa; musc= muscular ; F= fusiforme;
E = epitelióide ; M= misto.
39
Sete pacientes apresentavam tumores sincrônicos com o diagnóstico de GIST(
16%).Cinco tumores foram descobertos incidentalmente durante laparotomia realizada para
tratamento de outras neoplasias gastrointestinais.O diagnóstico de GIST em dois pacientes foi
realizado no momento do estadiamento sistêmico de câncer de mama e linfoma não
Hodgkin.O tamanho médio dos GIST encontrados foi de 3,5 cm e apresentaram distribuição
semelhante entre estômago e intestino delgado.
As características clínicas e patológicas dos pacientes que apresentaram neoplasias
sincrônicas estão na tabela abaixo:
Tabela 5. Características clínico-patológicas dos tumores sincrônicos
GIST Tumores sincrônicos
Idade nero Localização Tamanho
(cm)
Tipo Localização Tamanho
(cm)
1. 36 F Intestino
delgado
5,0 Adenocarcinoma
(T3N0M0)
Cólon 5,5
2. 52 M Gástrico 1,1 Adeno carcinoma
(T3N1M0)
Gástrico 10,2
3. 65 F Gástrico 0,7 Adenocarcinoma
(T3N1M0)
Gástrico 4,8
4. 65 F Gástrico 1,0 Ca epidermóide
(T3 N1M0)
Esôfago 5,0
5. 69 F Intestino
delgado
5,0 Adenocarcinoma
(T3N0M0)
Cólon 5,8
6. 79 F Intestino
delgado
7,6 Carcinoma ductal invasor
(T3N1M0)
Mama 6,2
7. 62 M Gástrico 4,2 Linfoma Não Hodgkin
tipo manto (IV)
- -
6.2 Análise Imunoistoquímica
A reatividade para KIT ocorreu em 93 % tumores e para CD34 em 55 %. Cinqüenta
e um por cento evidenciaram expressão para Vimentina, 23 % para Desmina, 37 % para
Proteína S-100, 48 % para Actina e 14 % para Enolase neuroespecífica.
Somente 11 % apresentaram imunoreatividade para Panqueratinas, 11 % para
Sinaptofisina, 25% para Cromogranina, 20% para EGFR e 9 % foram PDGF
40
imunoreagentes.Dos 4 pacientes que apresentaram expressão para PDGF 3 eram KIT
negativos.
O resumo dos achados imunoistoquímicos está descrito na tabela abaixo:
Tabela 6. Expressão de marcadores imunoistoquímicos
Expressão de marcadores imunoistoquímicos
POS
NEG
NÃO AVALIADOS
Total Percentual
Total Percentual
Total Percentual
KIT (43) 40 93%
3 7%
SMA ( 26) 21 48%
5 11%
39 17%
DESM (34) 10 23%
24 55%
9 20%
S100 ( 35) 16 37%
19 44%
8 18,60%
NSE(9) 3 6,5%
6 13%
34 79%
CD34 ( 34) 24 55%
10 23%
9 20%
CK (22) 5 11%
17 40%
21 48,80%
VIM( 23) 22 51,20%
1 2,30%
20 46,50%
PDGF(4) 4 9,30%
0
39 90,70%
SYN( 14) 5 11%
9 20,90%
29 67,40%
CROMO(14) 11 25,60%
3 7%
29 67,40%
EGFR(12) 9 20%
3 7%
31 72%
POS: positivo ; NEG: negativo; SMA: actina ; DESM : desmina; S-100: proteína S-100; NSE: enolase neuro-
específica; CK: citoqueratinas; VIM:vimentina ; PDGF: fator de crescimento derivado de plaquetas; SYN:
sinaptofisina; CROMO: cromogranina; EGFR: fator de crescimento epitelial
6.3 Expressão de Survivina
Foi identificada expressão para a survivina em 72% dos tumores, nos quais a maioria
das lulas tumorais observadas apresentavam imunoreatividade.A expressão foi detectada
predominantemente no citoplasma (41,9%) e membrana celular ( 35,5%) e em concomincia
nestas duas localizações em 22,6% das células tumorais, não sendo evidenciada nenhuma
positividade nuclear.
41
Em adição, entre as espécimes positivas, 20, 9% apresentavam baixa reatividade ao
anticorpo, 23,3% apresentavam reatividade moderada e 27,9% demonstravam forte
imunoreatividade ao anticorpo.
Ocorreu imunoexpressão em 64,7% dos homens e 86,7% das mulheres.
Nos pacientes com idade acima de 60 anos foi observada expressão em 83,3% e em
57,9% nos pacientes com 60 anos ou menos.
Não houve diferença na proporção de expressão quanto ao tio primário do tumor ou
relacionada ao subtipo histológico.
Houve imunoreatividade em 84,6% nos tumores menores que 7,5 cm e 55 % nos
tumores acima de 7,5 cm.
Figura 4. Expressão imunoistoquímica de Survivina
42
6.4 Expressão de Ki 67
O índice mitótico, avaliado através da expressão de Ki 67, foi classificado como alto
em 60 % , intermedrio em 16 % e baixo em 21 % das amostras, somente em 2 amostras não
foi possível analisar a proliferação celular por este método.
Dentre os pacientes com altos índices proliferativos, 52% demonstraram acima de 20
mitoses por campo de grande aumento.
Houve equivalência na expressão de survivina em todas as categorias de índice
mitico (70% de postitividade ) com exceção da classificação de baixa proliferação, onde
100% dos pacientes foram survivina negativos.
Figura 5. Expressão imunoistoquímica de Ki 67
43
Na tabela abaixo há a descrição de todos achados imunoistoquímicos da população
estudada.
Tabela 7. Achados imunoistoquímicos da população estudada
CASO
CKIT
SMA
DESM S 100 NSE
CD34 AE1/A3
VIM PDGF
SYN
CROMO
EGFR
Ki 67 SURV
1 POS
10-15 POS +++
2 POS POS
NEG NEG POS
POS 5-10 NEG
3 POS POS
POS POS POS POS POS POS POS POS POS > 20 POS +++
4 POS
NA POS +
5 POS POS
POS POS POS POS 10-15 POS++
6 POS
NEG POS NEG >20 POS+
7 POS POS
NEG NEG NEG NEG POS POS POS 10-15 NEG
8 POS
NEG NEG POS NEG 10-15 NEG
9 POS NEG
NEG NEG POS NEG POS NEG
NEG POS > 20 POS ++
10 POS
NEG NEG POS POS > 20 NEG
11 POS POS
POS POS POS POS POS POS POS POS 5-10 POS++
12 POS
NEG NEG POS NEG POS 15-20 POS +++
13 POS POS
NEG POS NEG NEG POS NEG
POS POS > 20 POS+++
14 POS NEG
NEG NEG NEG POS NEG
NEG 10-15 POS+
15 POS
0-5 POS+
16 POS POS
NEG NEG NEG NEG POS NEG
POS POS > 20 NEG
17 POS POS
POS POS
POS NEG POS POS NEG 10-15 POS+++
18 POS
NEG NEG POS 0-5 POS++
19 POS
10-15 POS+++
20 POS
NEG NEG POS
POS NEG 5 -10 POS+
21 POS NEG
NEG POS POS NEG POS NEG
POS POS > 20 POS++
22 NEG
POS 5 NEG
23 POS POS
NEG POS POS NEG POS NEG
POS POS 5 NEG
24 POS POS
POS POS POS NEG POS POS 4 POS+++
25 POS POS
NEG POS NEG
POS NEG POS 0-5 POS +
26 POS NEG
NEG NEG POS
POS NEG 15-20 POS++
27 POS POS
POS POS NEG NEG POS POS 5 POS+++
28 POS POS
POS POS POS POS POS POS POS > 20 POS+++
29 POS POS
NEG POS POS NEG
>20 POS+++
30 POS POS
POS POS NEG POS POS NEG
POS > 20 POS++
31 POS NEG
NEG POS POS
NEG POS >20 NEG
32 POS POS
NEG POS POS POS 15-20 POS+
33 NEG
POS 15-20 NEG
34 POS
NEG NEG NEG POS NEG
NEG 10-15 POS+++
35 POS
NEG NEG NEG NEG POS 5-10 NEG
36 POS NEG
NEG NEG POS
POS POS 5 -10 POS++
37 POS POS
NEG NEG NEG
POS >20 POS+
38 NEG
POS
POS NEG NEG NEG NEG POS > 20 POS++
39 POS
POS POS POS 5-10 POS+
40 POS POS
NEG NEG NEG
POS 10/15 NEG
41 POS
NEG NEG POS NEG NA POS+
42 POS POS
POS POS POS
POS 10/15 POS+++
43 POS POS
NEG NEG POS 5 NEG
44
6.5 Expressão de survivina e achados clínicos-patológicos
A expressão de survivina não foi relacionada significativamente com gênero,
topografia da lesão, subtipo histológico, localização celular ou índice mitótico.
Houve indicação de associação entre a expressão de survivina e idade, pom em
virtude do pequeno tamanho de amostra esta associação não atingiu significância
estatística.Em relação ao tamanho tumoral a associação atingiu nível de significância.
Os resultados das associações estão expostos a seguir:
Tabela 8. Expressão de survivina e características clínico-patológicas
Variável Categoria Total (%) Survivina p
NEG POS
Idade
< 60 19(44,2%) 42,1% 57,9% 0,06
>60 24 (55,8%) 16,7% 83,3%
Gênero
M 15 (34,9%) 13,3% 86,7% 0,11
F 28 (65,1%) 35,7% 64,3%
Localização
Gástrico 22 (51%) 27,3% 72,7% 0,86
Delgado 15(34,9%) 33,3% 66,7%
Retroperitônio 3 (7%) 33,3% 66,7%
Cólon 2 ( 4,7% ) 0 100%
Tamanho
< 2 5(11,9%) 40% 60% 0,02
2,1 -5 10 (23,8%) 10% 90%
5,1 -10 11 (26%) 9,1 % 90%
> 10 16 (38%) 50% 50%
Índice mitótico
0-5 9 (20%) 33,3% 66,7% 0,38
6-10 7 (16%) 29,6% 71,4%
> 11 26 (60%) 23,1% 76,9%
Nos sete pacientes que apresentavam doença avançada ao diagnóstico a expressão de
survivina não foi significativamente diferente dos pacientes com doença localizada.A maior
parte dos pacientes (70%) com doença avançada apresentava forte imunoreatividade ao
anticorpo e alto índice proliferativo (maior que 20 mitoses por campo).
No grupo de pacientes com GIST sincrônicos a outras neoplasias a expressão de
survivina foi observada em 72% dos espécimes, a maioria também apresentando alta
reatividade porém predomincia de com índices miticos intermediários.
Não houve correlação significativa entre a taxa de proliferação celular e os achados
clínicos e patológicos estudados.( p=0,22).
45
6.6 Expressão de survivina e sobrevida livre de doença em 3 anos
O tempo de acompanhamento ambulatorial dos 43 pacientes estudados variou de 5 a
111 meses.
A sobrevida global do total de pacientes estudados (incluindo pacientes com doença
metastática e segundos tumores primários) foi de 27 meses, não tendo sido demonstrada
diferença significativa entre os pacientes que apresentavam ou não a expressão de survivina,
conforme a figura abaixo:
0 20 40 60 80 100 120
Sobrevida
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Cum Survival
survivina
categorizado
negativo
positivo
negativo-
censored
positivo-
censored
Survival Functions
Figura 6. Expressão de Survivina e sobrevida
Excluindo-se da análise possíveis fatores de confusão ( presença de segundo tumores
primários , doença avançada ao diagnóstico e pacientes falecidos por outra causa) a sobrevida
mediana foi de 29 meses.Neste subgrupo, não foi demonstrada diferença estatisticamente
significativa em relação à expressão de survivina, conforme ilustra a figura abaixo:
p=0,74
46
0 20 40 60 80 100 120
Sobrevida
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Cum Survival
survivina
categorizado
negativo
positivo
negativo-
censored
positivo-
censored
Survival Functions
Figura 7. Expressão de survivina e sobrevida em doença localizada
Quando foi realizada análise de subgrupos, os pacientes portadores de doença
metastática tiveram sobrevida mediana de 16 meses, significativamente menor em relação aos
com doença localizada.
Os pacientes com segundo tumores primários apresentaram sobrevida mediana de 27
meses.Dentre este grupo de pacientes com tumores sincrônicos, quatro não apresentavam
sinais de progressão da doença epitelial ou mesenquimal, um apresentava recidiva do GIST e
dois haviam falecido devido á progressão da neoplasia não GIST ( linfoma não Hodgkin e
carcinoma epidermóide de esôfago).
O tempo mediano para recorrência para os pacientes com doença localizada foi de 11
meses, variando de 3 a 77 meses.
Os pacientes com imunoexpressão de survivina apresentaram sobrevida mediana
livre de progressão em 3 anos de 25 meses comparada a 36 meses nos pacientes com ausência
da expressão do marcador.Este dado representou um acréscimo de 30% na sobrevida livre de
doença, porém não atingiu significância estatística ( p= 0,08).
p=0,64
47
As curvas de tempo para progressão e chance de recorrência em relação á expressão
de survivina estão demonstradas a seguir :
0 20 40 60 80
TTP
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Cum Survival
survivina
categorizado
negativo
positivo
Survival Functions
Figura 8. Expressão de survivina e sobrevida livre de progressão
0 10 20 30 40 50 60 70
TTP
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Cum Hazard
survivina
categorizado
negativo
positivo
Hazard Function
Figura 9. Expressão de survivina e chance de recidiva
p=0,08
48
Em relação ao índice mitótico, categorizado em grupos de alta, intermedria e baixa
proliferação celular, não foi encontrada diferença significativa na sobrevida mediana livre de
progressão em 3 anos; o grupo com alta taxa apresentou sobrevida mediana livre de
progressão em 3 anos de 27 meses comparada a 30 meses nos pacientes com baixa e
intemediária taxa de proliferação.
Houve uma tenncia maior chance de recorrência nos pacientes com altas taxas de
proliferação quando comparados aos de proliferação baixa e intermediária, entretanto a
diferença entre estes dois grupos não atingiu significância estatística( p= 0,21).
Nos pacientes do grupo com alta taxa de proliferação celular o tempo mediano para
progressão foi de 3 meses ,diferentemente do grupo de baixa taxa de proliferação que foi de
14 meses.
As curvas de sobrevida, tempo para progressão e chance de recorrência estão
demonstradas abaixo :
0 20 40 60 80 100 120
Sobrevida
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Cum Survival
Ki67 Categorizado
alta
proliferação
baixa
proliferação
alta
proliferação-
censored
baixa
proliferação-
censored
Survival Functions
Figura 10. Expressão de KI67 e sobrevida
p=0,72
49
0 20 40 60 80
TTP
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Cum Survival
KI67 modificado
alta
proliferação
baixa
proliferação
proliferação
intermediária
Survival Functions
Figura 11. Expressão de Ki67 e sobrevida livre de progressão
0 5 10 15 20 25 30
TTP
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Cum Hazard
KI67 modificado
alta
proliferação
baixa
proliferação
proliferação
intermediária
Hazard Function
Figura 12. Expressão de Ki 67 e chance de recidiva
p=0,72
50
Ao final do estudo, em junho de 2007, havia 20 pacientes sem evidência de
progressão de doença, 3 haviam falecido pela neoplasia, 5 haviam falecido por causa não
neoplásica, e 15 estavam vivos com doença.
Dos 15 pacientes que apresentaram recidiva, 5 foram negativos para expressão de
survivina e 10 foram positivos.O tempo para recorrência entre os pacientes que não
demonstravam a expressão foi de 25 meses, enquanto que para os que apresentavam a
expressão de survivina foi de 11 meses.
Todos os pacientes que apresentaram recidiva ou com apresentação metastática ao
diagnóstico foram submetidos a tratamento com imatinib na dose de 400 mg diários, tendo
apresentado boa tolerância ao tratamento e perfil de toxicidade aceivel.Nenhum paciente
apresentou toxicidade que requeresse suspensão do imatinib.
A resposta ao tratamento medicamentoso foi avaliada através de revisão ambulatorial
mensal com anamnese, exame físico e utilizando-se tomografia computadorizada contrastada
de abdômen a cada 4 meses de tratamento.
No momento da análise, em junho de 2007, dos pacientes que estavam em uso de
imatinib ( incluindo os com doença avançada ao diagnóstico e os com recidiva da doença) 12
ainda estavam vivos, 3 apresentavam resposta radiológica completa, 3 resposta parcial , 4
com doença estável e 2 apresentavam progressão de doença.Dos pacientes que já se
apresentaram doença avançada ao diagnóstico, somente um havia falecido devido a
progressão da neoplasia, os demais apresentavam sobrevida mediana de 26 meses.
51
7. DISCUSSÃO
Os GIST, embora raros, constituem um importante grupo de tumores
gastrointestinais.Por muitos anos foram inadequadamente classificados como leiomiomas,
leiomioblastomas e leiomiossarcomas, baseando-se somente em achados histopatológicos.
A análise imunoistoquímica em conjunto com a microscopia eletnica no início dos
anos 70 subseqüentemente evidenciou achados miogênicos ou neurais que identificaram os
GIST como uma entidade patológica distinta.(71).
Entretanto, os GIST não apresentam uniformidade no seu comportamento biológico;
este depende fundamentalmente de parâmetros cnico-patológicos clássicos (topografia
anatômica, tamanho tumoral e atividade mitótica) e características moleculares (tipo de
mutação do receptor de TK, alterações cromossômicas, expressão de proteínas do ciclo
celular, ativação e controle de vias de sinalização intracelulares, amplificação ou perda de
genes) (53)
Além disto, foi encontrada relação entre algumas características patológicas e
alterações moleculares( por ex.: GIST de intestino delgado são associados com morfologia
epitelióide e mutação no exon 9 do KIT).Este achado reforça a necessidade da combinação de
critérios patológicos a achados moleculares visando otimizar o entendimento de sua história
natural e identificação de fatores prognósticos.
Anormalidades na expressão gênica são a base de muitos processos fisiológicos e
patológicos, tais como diferenciação celular, transformação maligna e controle da morte
celular programada(21).A apoptose exerce um papel importante na gênese tumoral de
neoplasias epiteliais, contudo, até o momento foi pouco estudada nos sarcomas intestinais.
Survivina pertence à família das proteínas inibidoras da apoptose e está envolvida
neste processo através da inibição da atividade das caspases e indução da mitose.É
proeminentemente expressa durante a embriogênese e em linhagens de células com altas taxas
de proliferação, indetectável na maioria dos tecidos diferenciados e abundantemente re-
expressa em várias malignidades.
Na maioria das neoplasias investigadas para a expressão de survivina ( incluindo
câncer de mama, pulmão, gástrico, bexiga, ncreas, sarcomas de partes moles) a alta
52
expressão desta proteína foi preditiva de progressão tumoral, em termos de sobrevida livre de
doença e sobrevida global, identificando informações prognósticas relevantes (3).
No presente estudo a prevalência da expressão de survivina foi analisada pela
primeira vez em GIST, mediante técnica de imunoistoquímica, e foi correlacionada com
evolução clínica.Adicionalmente foi feita descrição do perfil clínico e epidemiológico dos
pacientes portadores de GIST diagnosticados ou referenciados a hospital terciário.
A mediana de idade dos pacientes no presente estudo, 62 anos, foi similar ao relatado
na literatura (55-65 anos).Os GIST são raros em crianças e adultos jovens com apenas 60
casos relatados na literatura.Neste estudo, não se observou GIST antes dos 18 anos de idade,
nenhum dos pacientes tinha história familiar de GIST ou de outra neoplasia e nenhum
apresentava tríade de Carney’s.
Ocorreu predominância do gênero feminino (65%), discordante com outros centros,
pois a literatura relata equilíbrio entre os gêneros, às vezes com predominância masculina.
Os GIST podem se originar em qualquer topografia do TGI ; do esôfago ao reto.Na
presente análise, GIST foram mais usualmente encontrados no estômago, seguido de intestino
delgado e com freqüência semelhante no intestino grosso e retroperinio; estes achados
foram similares ao relatados na literatura.
Os GIST geralmente são diagnosticados como tumores circunscritos, encapsulados,
de aparência nodular, podendo atingir grandes volumes.A multiplicidade é um achado pouco
usual.Nesta análise, o tamanho tumoral mediano foi de 7,4cm, alcançando até 30 cm e não foi
observado nenhum tumor multicêntrico.
A média de ocorrência de tumores sincrônicos com GIST é descrita em torno de 13%
na literatura.(45)No presente estudo a prevalência encontrada de segundos tumores primários
foi 16%.Os tumores mais freqüentemente identificados, em concordância com estudos
precedentes, foram adenocarcinomas do TGI; dois pacientes apresentaram linfoma não
Hodgkin e câncer de mama.
A maior parte dos pacientes com tumores sincrônicos era assintomática em relação
ao GIST, os quais foram descobertos incidentalmente durante procedimentos cirúrgicos
destinados ao tratamento de outras neoplasias.A sobrevida mediana deste grupo não foi
diferente do restante da amostra, sendo que dois pacientes evoluíram ao óbito em função das
outras neoplasias diagnosticadas em estágio avançado e reconhecidamente com pior
53
prognóstico ( carcinoma epidermóide de esôfago em estágio cnico III e linfoma não Hodgkin
em estágio cnico IV).
A grande maioria dos GIST é associada com mutações do KIT; vários estudos
identificaram a presença destas mutações em outras neoplasias, incluindo tumores
germinativos, carcinoma de pequenas células de pulmão, melanoma, câncer de mama, lon e
ovário.Entretanto na maioria destes tumores o papel do KIT mutado não foi completamente
esclarecido, embora tenha sido relatado que atividade TK induziria proliferação celular e
transformação maligna em carcinoma de pequenas células de pulmão, câncer de mama e
ovário.(133)
Dois pacientes apresentaram tumores de lon concomitantes com GIST; e embora
as principais vias envolvidas na carcinogênese do câncer colorretal não tenham sido
identificadas em associação com o desenvolvimento dos GIST, vários estudos demonstraram
a expressão de KIT em tumores de lon.Por exemplo, Sanmarco e cols. relataram
expressão de KIT em acima de 30% em espécimes de câncer colorretal .( 133)
Ainda que a ocorrência sincrônica de GIST e outra neoplasia abdominal possa ser
apenas um fenômeno coincidente, o desenvolvimento destes tumores pode envolver agentes
carcinogênicos comuns.Estudo coordenado por Cohen demonstrou que a exposição
simultânea de nitrosoguanidina e ácido acetilsalissílico causa o desenvolvimento sincnico
de câncer gástrico e leiomiossarcoma.(134)
Os subtipos histológicos fusiforme, epitelióide e misto foram encontrados em
proporções semelhantes, em discordância da literatura, onde 70% dos GIST apresentam
características fusiformes. A maior identificação de tumores epitelióides e mistos poderia ser
explicada por um viés proveniente do pequeno número de casos recrutados neste estudo.
Todavia, é necessário que este dado seja verificado mais detalhadamente na seqüência de
casos que se apresentarem futuramente no nosso registro de GIST. A predominância
inesperada de um determinado tipo histológico poderia sinalizar a presença de um “cluster”
hereditário ou de uma maior prevalência de variante genética rara ( p. ex. maior freqüência de
alelos ou polimorfismos nesta população). É possível também que a exposição a agente
carcinogênico incomum possa predispor a um tipo específico de variante histológica de GIST.
Qualquer uma destas hipóteses, se confirmadas, seria de extrema utilidade na investigação da
etiologia e dos eventos iniciais na carcinogênese de GIST.
54
As características imunoistoquímicas de Ki 67 e survivina foram analisadas
utilizando-se técnica de micro-arranjo tecidual.
O arranjo em matriz de amostras teciduais ou TMA( tissue microarray) é uma técnica
descrita em 1998 e consiste na elaboração de um bloco de parafina contendo fragmentos de
amostras teciduais obtidas de dezenas ou centenas de blocos de parafina convencionais,
seguindo uma ordem pré-determinada. No nosso estudo, optamos pela técnica de TMA,
sempre que possível, baseando-se na praticidade de se avaliar um grande número de amostras
simultaneamente, na redução de custos e na diminuição da variabilidade inter-espécimes e
inter-observador.(132)
As demais análises de imunoexpressão foram realizadas utilizando-se metodologias
convencionais de imunoistoquímica. Em função do nosso estudo se tratar de uma avaliação
restrospectiva, a análise com marcadores convencionais havia sido realizada com intuito
diagnóstico; os marcadores adicionais ( p. ex. EGFR) foram acrescentados em um painel
imunoistoquímico de investigação de um grupo de estudos de GIST do HSL-PUCRS.
Preferencialmente, a análise de todos marcadores deveria ter sido feita seguindo a mesma
sistemática de análise imunoistoquímica, de maneira prospectiva, e por observadores
independentes na tentativa de se minimizar possíveis fatores de confusão.
Os achados imunoistoquímicos referentes à expressão de CD34, SMA, e CK foram
semelhantes aos habitualmente descritos em GIST, entretanto houve expressão aumentada de
Desmina e S-100. Estas características podem ser explicadas, em parte, pela metodologia da
técnica de imunoistoquímica utilizada( p.ex. diferenças na fixação do material ou reagentes)
ou pela interpretação das lâminas.
Em relação à expressão de CD 34 é importante salientar que, ao se realizar análise
deste subgrupo, foi constatada concomitância da expressão de survivina em relação a este
marcador, ou seja, todos os pacientes survivina-positivos também apresentavam
imunoreatividade para CD 34.Uma das possíveis razões para este achado está baseado no fato
que o efeito anti-apoptótico da survivina pode não estar apenas confinado ás células tumorais,
mas pode igualmente estar manifesto em células endoteliais, potencialmente induzindo
neoformação vascular.(125) No intuito de se estabelecer uma relação mais consistente entre
estas variáveis, estudos futuros avaliando o papel da angiogênese e expressão de survivina
serão desenvolvidos nesta amostra.
55
Altos índices mitóticos avaliados pela expressão de Ki 67 ( acima de 10 mitoses por
CGA) foram os mais habitualmente observados nesta amostra ; identificando maior
agressividade biológica tumoral e alta probabilidade de recidiva.Este achado pode refletir a
presença tumores volumosos; no entanto, como os dados foram coletados em hospital
terciário pode haver um vício de seleção de amostra, com análise de casos mais complexos.
No atual estudo, a prevalência da expressão de survivina foi observada em 72 % dos
espécimes tumorais. A alta freqüência desta expressão é semelhante à encontrada em estudos
anteriores em tumores epiteliais e mesenquimais.(
1,8,13,14,18,19,20,21,23,24,120,121,122,123,124,125,126).
A freqüência extremamente elevada de expressão de survivina não é surpreendente,
visto que, em outros tumores humanos, survivina está habitualmente expressa. É intrigante,
todavia, que um em cada quatro pacientes com GIST o expressa survivina. Estes pacientes
o apresentaram tumores com diferenças clínicas ou biológicas em relação aos que
expressavam survivina. As razões para que certos GIST possam prescindir da hiperexpressão
de survivina pode ter rias explicações, tais como, a ativação de subtipos de survivina (por
transcrição amala, por mutações, etc.) que não são detectados pelos anticorpos utilizados,
por ativação de intermediários a montante da via da survivina, ou ainda pela utilização de vias
completamente distintas de sobrevivência celular, independentes de survivina.
Houve predominância da expressão no citoplasma e membrana celular,e nenhuma
imunoreatividade nuclear foi observada , em concordância com análises imunoistoquímicas
precedentes.Não houve expressão em células do epitélio normal adjacente.
Survivina é normalmente expressa no núcleo, em células embriônicas ou
pluripotentes normais.A expressão em topografia anômala, como vista no nosso estudo,
poderia ser explicada por alterações na estrutura da proteína, seja por mutação, seja por
alteração pós-tradução, que extravasaria o compartimento nuclear, indo-se alojar em outros
tios, aos moldes do que ocorre com a proteína p53.Outra possibilidade seria a de que
inibidores naturais de survivina localizados no citoplasma estivessem desativados.De fato,
alterações em sistemas de ubiquinização são comuns em ncer e podem explicar a presença
aberrante de diversas proteínas.
Uma observação muito controversa, é a de que a localização subcelular de survivina
é dependente da linhagem tecidual podendo ter correlação com o prognóstico; enquanto a
localização citoplasmática, responsável pela inativação direta das enzimas efetoras da
56
apoptose estaria associada com piora do prognóstico em algumas neoplasias, ( p. ex. em
tumores gástricos, mama ,pulmão,cólon ) a expressão da survivina no núcleo, com prováveis
diferentes funções proteicas, pareceria afetar positivamente o prognóstico nestas mesmas
neoplasias.(3) Na medida em que nenhum caso do nosso estudo produziu reação positiva
nuclear, acreditamos que, pelo menos em GIST, a localização subcelular é tecido-dependente
e parece ser importante para a biologia do tumor, visto ser um fenômeno observado na vasta
maioria dos casos.
Houve uma tenncia em favor de a expressão ser mais observada em pacientes
idosos (acima de 60 anos). Estes achados provavelmente não atingiram nível de significância
devido ao pequeno número da amostra, entretanto são semelhantes aos relatados por Endo e
cols. em que a expressividade survivina foi consistentemente aumentada em pacientes
portadores de câncer colorretal acima de 70 anos.(127)Este resultado poderia estar
relacionado ao fato de que indivíduos mais idosos pudessem apresentar maior chance de
mutações que regulam a expressão de survivina resultando em inibição da apoptose através da
desregulação da homeostase, reconhecidamente afetada na idade avançada. Outra hipótese
seria a de que a expressão mais elevada em idosos poderia acenar para um padrão mais
indolente de doença, sendo que doenças muito agressivas que afetassem indivíduos mais
jovens teriam desfechos mais rápidos.
Algumas observações sobre variáveis clínicas da nossa população foram muito
interessantes.A expressão de survivina em tumores metastáticos não foi diferente à encontrada
em tumores localizados, bem como não houve diferença na expressão em pacientes portadores
de GIST e outras neoplasias sincrônicas.Além disso, a imunoexpressão de survivina foi
correlacionada significativamente com tamanho tumoral, e foi mais evidente em tumores
menores que 7,5 cm.No entanto, é extremamente relevante a observação que a expressão de
survivina também ocorre em tumores iniciais (menores que 2 cm).Tomados em conjuntos
estes dados poderiam indicar que a inibição da apoptose mediado pela survivina , assim com
a expressão de KIT , deve ser um achado precoce na tumorinese dos GIST e não uma
anormalidade adicional à desdiferenciação e progressão do tumor.Esta observação é muito
relevante pois sugere que a survivina pode constituir-se em alvo terapêutico importante no
tratamento de GIST.
Entre os pacientes KIT negativos e PDGF positivos a expressão de survivina foi
menor proporcionalmente em relação à amostra KIT positiva.Embora a proporção destes
57
pacientes seja muito pequena no nosso estudo, este achado de menor imunopositividade para
survivina e conseqüente menor inibição da via apoptótica poderia estar relacionado com
comportamento menos agressivo dos tumores com expressão de PDGF.(50)
No nosso estudo não houve relação entre a expressão de survivina e sobrevida global
da totalidade da população estudada, entretanto, pacientes com imunopositividade
apresentavam sobrevida mediana de 25 meses em contraste com os 36 meses entre os que não
apresentavam a expressão (ganho de sobrevida de 30%).Em análise do subgrupo dos
pacientes com doença inicial ao diagnóstico e expressão de survivina houve menor tempo
para recorrência, de 11 meses; enquanto que pacientes survivina-negativos apresentaram
tempo maior para recorrência, de 25 meses.Esta diferença entre os grupos não atingiu nível de
significância (p=0,08).
A identificação da expressão de survivina como fator de prognóstico, contribuindo
para aumento da agressividade do tumor e maior potencial para disseminação sistêmica
havia sido relatada anteriormente na literatura (1,8,13,14).
Existe uma forte tendência que indica que a expressão de survivina possa ser
relacionada com a sobrevida.É interessante ressaltar que como apenas 28% dos pacientes não
expressaram survivina, a casuística deveria ser consideravelmente maior para que a diferença
estatística pudesse ser atingida.No entanto, se consideraria fortemente a possibilidade de
avaliar a expressão por método quantitativo na tentativa de se observar se níveis variáveis de
expressão poderiam ser correlacionados a diferentes expectativas de sobrevida.
Um dos achados mais significantes da survivina é sua distribuição diferencial em
células malignas comparada com tecidos normais; uma vez que survivina não é identificada
em tecidos sadios, encontra-se hiper-expressa nas neoplasias e envolvida em processos
determinantes da progressão tumoral tem sido investigada como alvo potencial para a terapia
anti-neoplásica; p. ex., um dos mecanismos de ação da quimioterapia convencional é a
indução de apoptose através da participação das caspases, sendo assim, atuações terapêuticas
neste alvo poderia aumentar a sensibilidade à quimioterapia.(10)
Foi recentemente demonstrado que a supressão de survivina utilizando
oligonucletídeos anti-senso induz apoptoses in vivo e in vitro, representando uma alternativa
no manejo de tumores que expressam esta característica.(10,20)
58
Em conclusão, este estudo identificou a presença citoplasmática de survivina em
grande maioria dos casos de GIST analisados. A prevalência da expressão de survivina
observadas nestes tecidos foi semelhante à descrita em estudos prévios em neoplasias de
outras linhagens.
Survivina foi igualmente expressa em tumores iniciais e em tumores em estágio
avançado, sugerindo que este achado represente um evento precoce na tumorinese dos
GIST.
A expressão de survivina não foi associada às demais características cnico-
patológicas ( idade, gênero, localização tumoral, subtipo histológico e índice mitótico )
Embora os níveis estatísticos de significância não tenham sido atingidos, parece
haver uma tendência em favor da expressão de survivina relacionada à diminuição da
sobrevida livre de progressão nestes pacientes, identificando esta proteína como um potencial
marcador de prognóstico, sendo necessários estudos adicionais, com desenho prospectivo e
acompanhamento de desfecho, além de análises de sobrevida a longo prazo .
59
8.CONCLUSÕES
1) Setenta e dois por cento dos espécimes de GIST expressaram survivina enquanto esta
expressão não foi observada em células normais;
2) Não houve associação entre a expressão de survivina e as características cnico-
patológicas na amostra estudada;
3) Houve tendência de associação entre a expressão de survivina e sobrevida livre de
doença.
60
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