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Quando falamos do envolvimento do segmento educativo por sua excelência,
procuramos excluir aqueles que vieram por reconhecer na educação uma maneira de
reproduzir e manter o sistema capitalista – o que é diferente de manter-se nele, já
que todos assim o fazemos, pois hoje é uma condição de sobrevivência – de maneira
a, não apenas precarizar o ensino como um todo, mas também os seus profissionais:
No Capitalismo, só é produtivo o trabalhador que produz mais-valia para o
capitalista, servindo assim, a auto-expansão do capital. Utilizando um
exemplo fora da esfera da produção material: um mestre-escola é um
trabalhador produtivo quando trabalha não só para desenvolver a mente
das crianças, mas também para enriquecer o dono da escola.Que este
invista seu capital numa fábrica de ensinar em vez de numa de fazer
salsicha, em nada modifica a situação. (MARX apud SOUZA e FERREIRA,
epígrafe, 2000:5)
Na nossa discussão, falamos em específico dos cursos oferecidos pelos IESs
(Instituições de Ensino Superior):
O CNE, ao regulamentar os Institutos Superiores de Educação, ignorou
essa trajetória e regulamentou a formação de professores de educação
infantil e de 1
a
a 4
a
série no Curso Normal Superior, criando o clima propício
para que, posteriormente, fosse regulamentada a formação de professores
para esses níveis de ensino exclusivamente no Curso Normal Superior, tal
como estabelece o Parecer 970/99, da Câmara de Educação Superior,
aprovado em 10/11/1999, com apenas sete (dos doze) conselheiros
presentes e um voto em contrário, declarado em separado pelo conselheiro
Jacques Velloso. Sua aprovação foi antecedida de muita mobilização em
nível nacional, de amplos setores da área educacional. Centenas de
instituições, entidades, conselhos de cursos e educadores enviaram
manifestação ao Conselho Nacional, entre a reunião de outubro e a reunião
de novembro do CNE, rejeitando o parecer e solicitando audiência pública
para o trato dessa questão. A constatação de que não foi introduzida
qualquer modificação na minuta originalmente apresentada à Câmara de
Ensino Superior e a insensibilidade diante das centenas de manifestações
de todo o país são dados reveladores da força dos interesses que orientam
a definição das políticas educacionais em nosso país e das concepções que
informam as propostas de formação de professores. (FREITAS, 1999: 26).