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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS
PÚBLICAS E FORMAÇÃO HUMANA
IARA ALMEIDA DO NASCIMENTO NASSARALLA
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE FACILITADORES
DE ERGONOMIA EM EMPRESA DE ENERGIA: RESPOSTAS DOS EGRESSOS
COMO FERRAMENTA AUXILIAR PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO
Rio de Janeiro
Dezembro 2007
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15
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS
PÚBLICAS E FORMAÇÃO HUMANA
IARA ALMEIDA DO NASCIMENTO NASSARALLA
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE FACILITADORES
DE ERGONOMIA EM EMPRESA DE ENERGIA: RESPOSTAS DOS EGRESSOS
COMO FERRAMENTA AUXILIAR PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO
TRABALHO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Políticas Públicas e Formação
Humana da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre
Orientador: Francisco de Paula Nunes
Sobrinho - Ph.D.
Rio de Janeiro
Dezembro,2007
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IARA ALMEIDA DO NASCIMENTO NASSARALLA
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE FACILITADORES DE
ERGONOMIA EM EMPRESA DE ENERGIA: RESPOSTAS DOS EGRESSOS COMO
FERRAMENTA AUXILIAR PARA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Políticas Públicas e Formação
Humana da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre
Aprovada em de de 2007
BANCA EXAMINADORA
Francisco de Paula Nunes Sobrinho, Ph.D. - Orientador
Prof º Zacarias Jaegger Gama, Dr.
Prof º. Antônio Renato Pereira Moro, Dr.
17
Este estudo é dedicado aos trabalhadores
que no seu dia-a-dia esperam uma mudança
no seu ambiente de trabalho para sentirem-
se mais humanizados.
18
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pela oportunidade de estar viva e rogando de saúde perfeita. A Jesus
pelo seu exemplo de Mestre, indicando a nós o caminho da verdade, nos livrando da alienação
moral.
Ao meu filho Matheus Henrique pelo seu sorriso estimulador. Tenho certeza de que sua
presença na minha vida é imprescindível para que eu nunca desista de lutar.
Ao meu amigo e companheiro Santos pelo seu carinho e dedicação.
Ao Professor Dr Francisco de Paula Nunes Sobrinho, pelos ensinamentos acadêmicos, apoio e
compreensão durante a trajetória da pesquisa. Agradeço ainda, a amizade, dedicação e
generosidade que lhe são próprias.
À Coordenação do Curso, Professores e Servidores do PPFH/UERJ meus agradecimentos
pela, convivência fraterna e oportunidades de aprendizado. Particularmente a grande amiga
Maria pelas suas palavras de incentivo e carinho. Em especial ao professor Gaudêncio
Frigotto pelos seus ensinamentos que me conduziram a reflexões sobre o Trabalho e o
Capitalismo.
À amiga Dr. Nadja pelas orientações sobre saúde do trabalhador. As amigas: Roberta, Sônia,
Cíntia e Gisele pela colaboração e sugestões. Ao professor Carlos Absalão pelo auxílio na
estatística.
Aos Dr s Zacarias Gama e Renato Moro, primeiro por aceitarem o convite de participação
como membros da Banca Examinadora e em segundo pelas valiosas contribuições.
Aos amigos da empresa de energia que me auxiliaram na inserção da pesquisa na
organização. Ao Dr Wilson por acreditar nos resultados, a Sandra a analista de sistemas pelos
ensinamentos de informática para incorporação do survey no sistema intranet. Ao Tomasini
pela atenção do RH. E em especial a Aparecida, minha gratidão pelo auxílio na coleta de
dados e a maneira solícita com que sempre fui atendida.
.
19
ABSTRACT
The present study aims at assessing the effectiveness of an Ergonomic Facilita tor T raining
Program, offered to employees and outsourced workers from an energy company. This
corporate educational program was originated from a previous ergonomic and diagnostic
study summarized in 2004 and it is based on current socio-professional policies that aim at
achieving the organizational work standards of the enterprise. Nineteen former students from
a Facilitator Course participated in the study. This number represents, approximately, 27,9%
from a total of 68 students who attended the course. The Facilitator Course evaluation data
provided by the former students were used to support and improve SEH endorsement
programs (security, environment and health), extracting from them recommendations for
course enhancement, for the development of skills based on corporative education, and for the
systematic humanization of work stations. Therefore, this study aims at reflecting about the
insertion of a company’s final decision-making process in the global economic scenario, the
qualification of its workers, and the impact of an Ergonomic Facilitator training course. In
order to comprehend the citizen-worker role in a better way, it is necessary to highlight
current aspects of Brazilian social and economical situations. The social effects of the
economic globalization, aggravated by the complexity of our work legislations induced
companies (from the industrial sector) to strategically concentrate their end activities,
choosing specialized workforces or transferring part of their productions to third parties.
These measures were taken in order to cut costs, to manage their productions in a better way,
and continue to be competitive. Enterprises from the energy sector, in specific, faced the
challenges of balancing their expanded activities with necessary personnel adjustments, the
introduction of new technologies in productive processes due to business growth, and the
development of SEH projects. The search for excellence, indeed, requires knowledge
management practices that will not only enhance intellectual capital of corporate
organizations, but also preserve the worker’s environment, security and health. The evaluation
of the effectiveness of the Ergonomic Facilitator Training Program, proposed in this project,
aims to reorient personnel development in the field as well as offer support to the EWA
(Ergonomic Work Analysis). It is expected that the results achieved in this experience will
impact the target organization of this research, in order to promote studies concerning the
correlation between the skills acquired by employees and the demands of working
environment. These results may also serve to identify the elements necessary to recast or
revitalize pedagogical actions and monitor programs of equivalent magnitude.
Keywords: former student’s evaluation; energy company; facilitators on Ergonomics
20
Resumo
A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a eficácia do Programa de Formação de
Facilitadores em Ergonomia, oferecido aos empregados e trabalhadores terceirizados de uma
empresa de energia. Trata-se de programa de educação corporativa, elaborado com base em
atuais políticas de formação sócio-profissional, para atender ao padrão de organização de
trabalho da empresa, e tem suas origens no desdobramento de um estudo e diagnóstico
ergonômico concluído em 2004. Como participantes da pesquisa, foram envolvidos 19
egressos do Curso de Facilitadores, o que corresponde a aproximadamente, 27,9% do
universo total de 68 alunos que freqüentaram as aulas ministradas. A pesquisa tomou por base
os dados de avaliação dos egressos do Curso de Facilitadores com a finalidade de promover a
valorização e o aprimoramento de programas direcionados para a formação de pessoas em
SMS (segurança, meio-ambiente e saúde), extraindo deles recomendações para o
aperfeiçoamento de cursos, para o desenvolvimento de pessoas com base na educação
corporativa e para a humanização sistemática de postos de trabalho. Assim, a inserção da
atividade finalística da empresa alvo da pesquisa no cenário globalizado da economia, a
qualificação dos trabalhadores objeto deste estudo e o impacto de um programa de formação
para Facilitadores em Ergonomia são os focos de reflexão desta pesquisa.Para uma
compreensão mais acurada da importância da formação do cidadão-trabalhador, faz-se
necessário realçar aspectos da atual conjuntura econômica e social brasileira. Os efeitos
sociais da globalização econômica agravados pela complexidade da nossa legislação
trabalhista induziram as empresas [do setor industrial] a estrategicamente se conL,A6EeqISIVTCIErq6SCCA,LEçqIATCIErq6SCCAACÇVtuait
s uasatiCidadeTTN,.SACVL,VEc66.SAÇAEfq6SCC,T,TAT6ISIVL,VEmqN6,S6L.6E,qN.S6C6qoptzndoporalternativasd drTSCTÇ6CCSVÇVl.l’?aàEsqN,SIVL,VEtqN6,S6LÇ,EãqISIVL,VEoqN.SL6Idaãt.Ec6SLÇAIV6I.SL6LAÇVEdqN,.SLICVEe.SAV6VIÇCqNISAC6L,EoqN.S.ICCC6TEpqN,S.,AIIErqNT.S6VA6EaqISIVqe pecializaoaoup
21
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Índice de realização sob o total de empregados previstos na Capacitação de
Facilitadores de Ergonomia ..........................................................................
60
Figura 2
Situação funcional na empresa ( contratado – próprio ) ............................... 60
Figura 3
Distribuição dos alunos respondentes segundo a escolaridade declarada .... 62
Figura 4
Regime de trabalho ....................................................................................... 63
Figura 5 Cargo na empresa ..........................................................................................
64
Figura 6 Avaliação da carga horária dos temas do curso ............................................ 66
Figura 7 Carga horária total do curso ..........................................................................
66
Figura 8 Cumprimento dos objetivos do curso ........................................................... 68
Figura 9 Comentários dos egressos em relação às mudanças de comportamento após
curso ..............................................................................................................
71
Figura 10 Sugestões para melhoria dos cursos de Facilitadores de Ergonomia ............
72
Figura 11 Modelo de Avaliação para Cursos de Formação ..........................................
75
22
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resumo das Questões e Resultados Esperados com Egresso .......................
53
Tabela 2
Resumo dos blocos e número de perguntas .................................................. 56
Tabela 3
Avaliação do curso: dimensões indicadores considerados.
Ascpectos/processos indicadores de eficácia ................................................
56
Tabela 4
Avaliação do curso: dimensões indicadores considerados.
Aspectos/processos indicadores de desempenho e indicadores de impacto
(parciais) ....................................................................................................... 57
Tabela 5
Indicador de Treinamento: TTE - Taxa de Treinamentos em Ergonomia .... 59
Tabela 6
Alunos egressos do curso de formação de facilitadores em Ergonomia
pesquisados e respondentes por módulos ..................................................... 61
Tabela 7
Identificação dos temas abordados ............................................................... 65
Tabela 8
Avaliação do material didático ..................................................................... 67
Tabela 9
Competências identificadas no cotidiano do facilitador ............................... 70
23
ACRÔNOMOS
ABERGO
24
ACRÔNOMOS
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PIB Produto Interno Bruto
PNAD Pesquisa Nacional de Amostra por domicílio
RAIS Relação Anual das Informações Sociais
RH Recursos Humanos
SENAR-PR. . Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do
Paraná
T&D Treinamento e Desenvolvimento
TTE Taxa de Treinamento em Ergonomia
UERJ- Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UN Unidades de Negócios (UN). ...
25
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
14
2 REFERENCIAL TEÓRICO
20
2.1
A FORMAÇÃO DO FACILITADOR EM ERGONOMIA
24
2.1.1 A sociedade capitalista e seu impacto sobre a formação do trabalhador
24
2.1.2 A precarização do trabalho e do saber
27
2.1.3 As novas competências para o trabalhador
34
2.2 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE FORMAÇÃO PARA O
TRABALHO
37
2.2.1.Avaliação dos egressos como ferramenta auxiliar para AET
40
2.3 O PROCESSO DE TRABALHO E A ERGONOMIA NA HISTÓRIA
DA HUMANIDADE
2.4 A IMPLEMENTAÇÃO DO CURSO DE FACILITADOR
43
46
3. MÉTODO
49
3.1 Participantes
49
3.2 Local
49
3.3 Instrumentos
50
3.4 Coleta de Dados
51
3.5 Procedimentos
57
3.5.1 Procedimentos Gerais
57
3.5.2 Procedimentos Específicos
58
4 RESULTADOS
59
26
SUMÁRIO
4.1 Dados documentais da empresa
59
4.2 Resultados do survey dos egressos
61
4.2.1 Bloco perfil do aluno
62
4.2.2 Bloco informação e divulgação
64
4.2.3 Bloco Motivação
65
4.2.4 Bloco Tema
65
4.2.5 Bloco Freqüência/Apoio Institucional
66
4.2.6 Bloco Avaliação
67
4.2.7
Bloco Sistema de Monitoramento
69
4.2.8 Bloco Impacto
69
4.2.9
Bloco Recomendações
71
5 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
73
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
77
7 ANEXOS
85
27
1 INTRODUÇÃO
O objeto do presente estudo é a eficácia de um curso de facilitadores em Ergonomia
1
oferecido aos empregados de uma empresa de energia. O objetivo geral da pesquisa foi avaliar
a eficácia de um Programa de Formação de Facilitadores em Ergonomia, oferecido pela área
de SMS (Segurança, Meio ambiente e Saúde) para a força de trabalho dessa empresa. Para
tanto, foram tomados como base os dados de avaliação de egressos, que, permitem identificar
e descrever, a partir dos trabalhadores, os benefícios decorrentes das ações de um programa
de treinamento em Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS), ou seja, a eficácia dessas
ações para os concluintes, bem como o impacto na organização e sua associação com as
demandas no ambiente de trabalho.
Em 1996, a empresa de energia pesquisada iniciou sua procura de saberes e tecnologia,
com a finalidade de reduzir ao máximo a probabilidade de risco de natureza ergonômica
2
.
Para isso, necessitava de um diagnóstico preciso da relação Homem-Trabalho nas suas
equipes. Foi assim realizado o projeto de pesquisa aplicada, através de parceria entre o Núcleo
de Pedagogia Institucional (NUPI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a
referida empresa. O processo diagnóstico foi desenvolvido em uma plataforma de exploração
de Petróleo offshore.
Foi realizada, então, a análise ergonômica de sete postos de trabalho localizados em
plataforma semi-submersível de produção de petróleo off shore, que utilizou procedimentos
próprios da Análise Ergonômica do Trabalho - AET, tais como construção de escalas de
avaliação, entrevistas, construção de escala de diagrama corporal, observação direta e
mapeamento de risco, para o levantamento de dados. Na fase diagnóstica preliminar, os
resultados apontaram desconformidades nas ações dos operadores e no processo de trabalho, o
que levou à recomendação de intervenções ergonômicas corretivas no sentido da redução dos
custos humanos nas estações de trabalho pesquisadas.
Em 2004, dando continuidade ao projeto de minimização de riscos ergonômicos, a
empresa alvo da presente pesquisa solicitou nova investigação para desenvolver um processo
1
A Ergonomia, segundo Laville (1977) ,"é o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do homem
28
diagnóstico das questões ergonômicas. Para este fim, indicou 3 (três) plataformas offshore de
exploração e produção de óleo e gás e duas unidades administrativas. O desdobramento desse
trabalho foi a implantação de um programa de Ergonomia na própria empresa.
Após pesquisa conclusiva foi sugerida à empresa a criação de um plano de ação,
utilizando os resultados do Diagnóstico da Demanda Ergonômica. Foi então estabelecido um
padrão com o programa de Ergonomia contendo orientações para sua implantação e gestão em
todas as unidades técnicas e administrativas. Para realização das ações ergonômicas em nível
local, recomendou-se a ampliação das equipes de Ergonomia, de modo a inserir neste
processo o trabalhador de forma direta; para tal, foi criado o Curso de Facilitadores em
Ergonomia em 2006.
O Curso de Formação de Facilitadores em Ergonomia teve como proposta o
envolvimento do trabalhador no processo de identificação dos riscos ergonômicos, buscando,
desta forma, transmitir saberes específicos e orientar sua aplicação.
De fato, as empresas investem cada vez mais na formação de seus trabalhadores,
atendendo às rápidas transformações tecnológicas, econômicas e sociais, caracterizadas pelo
atual cenário mundial (Deluiz ,1995
; Foray e Ludvall, Nielsen, 1996; Neves, 1994; Gil,
Paris,2001). Em um mundo organizado por sistemas, o profissional capacitado e competente é
aquele que domina os conteúdos de sua área profissional. Ele é avaliado por sua produtividade
e eficiência por saber “lidar cientificamente”
3
com os problemas da realidade e orientar as
necessárias mudanças. Geralmente, os cursos de formação para o trabalho deixam de incluir
os egressos dos cursos de aprimoramento e capacitação em suas preocupações ou projetos de
pesquisa e avaliação. Usar a opinião e a experiência desses egressos por meio de pesquisa
avaliativa é valorizar suas contribuições para reformulação ou revitalização de programas..
Possivelmente, ouvir os egressos de um Curso de Facilitadores de Ergonomia, com base
em resultados de um survey, é contribuir para o oferecimento de novos cursos afinados com a
realidade do trabalho. O uso dos resultados do survey dos egressos, como ferramenta para
AET, proporciona melhorias direcionadas a programas de formação para o trabalho. A
3
“lidar cientificamente” relaciona-se ao termo generalização, estudado na psicologia experimental, na área de
treinamento, desenvolvimento e educação (TD&E). Ford e Kraiger (1995) definem generalização como o grau
com que os comportamentos obtidos por meio de treinamentos são exibidos pelo egresso no trabalho e aplicados
a situações e condições diferentes daquelas de treinamento. Assim, a generalização é essencial para que possa
existir a aplicação do aprendizado no trabalho, pois o contexto de treinamento, na grande maioria das vezes, é
diferente do contexto de trabalho.
29
iniciativa sugere, portanto, elaborar programas mais próximos da realidade do mundo
profissional.
Dar voz a esses egressos é também valer-se de princípios básicos da Ergonomia que
contribuam para o planejamento, execução e avaliação de projetos de formação, além de
apontar sugestões e recomendações para o aperfeiçoamento dos cursos, instituições, recursos
e pessoal envolvido nesse empreendimento. Isto porque a Ergonomia se interessa pelo homem
em situações reais de trabalho (Lima, 1992) e estudos realizados no próprio local de trabalho
permite a apreensão dos fatores que caracterizam uma situação de trabalho real (Montmollin,
1984).
A Ergonomia, por meio do seu principal instrumento de pesquisa, a Análise Ergonômica
do Trabalho (AET)
4
, oferece ao analista condições necessárias para fins de observação,
registro e mensuração de eventos que ocorrem na atividade real de trabalho, inserida no
sistema sociotécnico, como um todo. A AET tem como objetivo, além da identificação da
atividade real do trabalho, a análise da demanda, das queixas e problemas do ambiente
laboral, estabelecendo uma comparação entre trabalh
30
Validade social da pesquisa
Nesta pesquisa, desde as fases de planejamento até a aplicação do survey com os
egressos, teve como eixo central a preocupação com a aplicabilidade dos resultados para
ações que finalmente beneficiassem os trabalhadores. Wolf (1978) propicia três questões
sobre a validade social na análise aplicada ao comportamento:
“Se o objetivo de um analista do comportamento é fazer algo socialmente
importante, deve, então, validar seu trabalho de acordo com pelo menos três
níveis: 1) O significado social dos objetivos (os objetivos comportamentais
específicos são os que a sociedade realmente deseja?); 2) A adequação
social dos procedimentos (os fins justificam os meios participantes,
consumidores e outros consideram os procedimentos de tratamento
aceitáveis?); 3) A importância social dos efeitos (consumidores estão
satisfeitos com os resultados?)”. (p.207)
Nesta perspectiva, o estudo teve como objetivo rastrear o percurso proposto pelo autor
acima citado, tanto quanto ao significado social dos objetivos, relacionado à eficácia do curso,
quanto à sua adequação social, se realmente as demandas organizacionais foram atendidas, e
ainda quanto à importância social dos impactos na unidade de trabalho. Tal abordagem
justifica-se pela busca de resultados de maior amplitude, quais sejam os comprometidos com
a formação de agentes condutores da cultura ergonômica para implementações de políticas
públicas visando um Brasil melhor, para empregados e empregadores que constroem a riqueza
nacional, Vidal (2003).
Desde a introdução da máquina no ambiente de trabalho e no ajuste do homem neste
ciclo, subordinados à máquina e ao capital, emergem condições inumanas de trabalho, que
produzem o agravamento e deterioração das condições de vida e de saúde do trabalhador,
ocasionando inúmeros malefícios físicos, mentais e sociais. (Mendes e Dias, 1991). Mas o que
se verifica na prática é a não consolidação de ações que beneficiem a saúde do trabalhador. O
surgimento de muitas doenças do trabalho leva ao afastamento cada vez maior de
trabalhadores, além de alto sofrimento humano com custos financeiros elevados,
representados pelo pagamento de indenizações. Segundo a Organização Internacional do
Trabalho (OIT), ocorrem cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e cerca de dois
31
milhões de mortes por ano em todo o mundo
5
. Cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB)
mundial são gastos com despesas relacionadas a doenças e acidentes de trabalho.
A situação agrava-se no processo produtivo com a automação industrial, que trouxe
benefícios, mas uma nova tabela de doenças profissionais e do trabalho, causadas pelo medo
de perder o emprego, pelo aviltamento salarial, pela carga excessiva de trabalho, pelo stress ,
pelo assédio moral e pela depressão, em face do pessimismo, da desilusão e da ausência de
perspectiva de melhoria de qualidade de vida. Seligmann & Silva,(1994) em diversos estudos
do desgaste mental de trabalhadores constatou que a “exploração dos sentimentos constitui
uma das formas de dominação” mais freqüentemente identificadas em seus estudos de campo
(p.161). A autora denomina de “técnicas de instrumentação dos sentimentos” essas estratégias
de dominação sutil e destaca o medo, a humilhação, a raiva reprimida e os sentimentos de
culpa e gratidão.
Barreto (2003) também mostra como os afetos são utilizados em situações de trabalho
como regulação/controle, contribuindo para o rebaixamento da potência de ação. Medo e
humilhação são destacados pela autora “O medo imobiliza, deixa-os [os trabalhadores]
inseguros. É um medo objetivo, causado por situações vivenciadas no espaço fabril de
isolamento, por desqualificações e desmoralizações. Por medo, suportam a dor e se entregam
mais intensamente à produção. Alienados de si próprios, desestruturados emocionalmente e
sentindo-se culpados, ficam mutilados e submetidos ao poder de um outro homem” (p.130).
A saúde, segundo a Constituição Federal (1988, artigo 196) é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.
Na Ergonomia o homem é conceituado não apenas como parte de um sistema, mas
como o mais importante componente do sistema tecnológico. Isso estabelece um diferencial
essencial em relação a outras disciplinas, ou seja, colocar como seu primordial objeto a
humanização no trabalho, que consiste no bem-estar do trabalhador, no que concerne a sua
saúde, segurança e adequação ao ambiente de trabalho (Barcelos,1997).
Formar pessoas para atuar em Ergonomia no Brasil, para dar conta de uma demanda
social vem sendo atendida de forma bastante precária.( Vidal,2003), A importância da
realização do Curso de Facilitadores em Ergonomia recai na ampliação de “olhares” mais
especializados para o reconhecimento de situações que contêm risco ergonômico e na
5
International Labour Organization. Safety in numbers: pointers for the global safety at work. Geneva; 2003
32
proposição de soluções objetivando o bem estar do trabalhador, através da implantação de
uma cultura voltada para a Ergonomia nas empresas, e também da capacitação de empregados
da força de trabalho para atuar como agentes multiplicadores dessa cultura.
Apresentação do Estudo
No primeiro tópico deste estudo será apresentado o levantamento de estudos que
serviram de referencial para o desenvolvimento deste trabalho, notadamente resultados de
pesquisas sobre processos de formação para o trabalho, incluindo-se autores que
contribuíram tanto para a construção das bases do referencial teórico como para o atual estado
da arte.
No segundo tópico será abordada a formação do Facilitador em Ergonomia e para uma
compreensão mais apurada do papel que se prescreve, hoje, para a educação na formação do
cidadão trabalhador, faz-se necessário pontuar aspectos que caracterizam a sociedade
brasileira na atual conjuntura: a sociedade capitalista e seu impacto sobre a formação do
trabalhador; a precarização do trabalho e do saber e as novas competências para o trabalhador.
O terceiro tópico será dedicado a avaliação de programas de formação para o trabalho, onde
serão apresentados modelos de avaliação de resultados, desde os mais tradicionais até os mais
modernos. Neste capítulo ainda corroborará a avaliação dos egressos como ferramenta
auxiliar para AET, a Ergonomia no processo de trabalho e a implementação do Curso de
Facilitadores. Nos tópicos seqüentes será demonstrado o método; os resultados; as discussões
e as conclusões.
33
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Sobre o tema formação para o trabalho, a literatura científica apresenta uma quantidade
significativa de estudos que versam sobre avaliação de resultados sobre desenvolvimento de
processos de formação para o trabalho (Wiemes-2006; de Pilati
& Abbad,2005; Savery &
Luks -2004 ; Silva, 2004; Freitas & Borges-Andrade, 2004 ; Andrade Pilati, 2002; Abbad &
Borges-Andrade - 2000 ;Barcelos -1997).
Em 1997, Barcelos apresentou um estudo intitulado “A Análise Ergonômica do
Trabalho, como Ferramenta para a Elaboração e Desenvolvimento de Programas de
Treinamento”, que teve como objetivo demonstrar como a análise ergonômica do trabalho
pode auxiliar na eficácia do treinamento, definindo os seus conteúdos de maneira a adaptá-los
à real atividade desenvolvida. A primeira etapa da fundamentação teórica consistiu em
levantamento e análise da bibliografia nacional e internacional em relação aos treinamentos e
programas de capacitação, normalmente oferecidos pelas empresas, em itens de interesse
desta pesquisa, como também sobre a utilização dos princípios da Ergonomia nesta questão.
A segunda etapa da investigação de Barcelos (1997) foi centrada em um estudo de caso,
desenvolvido no Setor de Caldeiras do Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina, no qual foi analisado o posto de trabalho de operação de caldeiras, utilizando-
se da metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho. O conteúdo do Treinamento de
Segurança na Operação de Caldeiras, constante da Norma Regulamentadora 13, do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), obrigatório a todos os operadores de caldeiras
também foi analisado.
A pesquisadora comparou o conteúdo constante no programa do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE) com as atividades realizadas pelos operadores, a fim de diagnosticar os
itens desnecessários e os faltantes. Finalizou com conclusões e comentários relativos a
treinamentos, de forma a torná-los mais adaptados à realidade:
“A Análise Ergonômica do Trabalho, por si só, não resolverá todos os
problemas existentes nos treinamentos. Ela poderá auxiliar no
reconhecimento da realidade do trabalho e dos trabalhadores, possibilitando
que os conteúdos possam ser adaptados a esta realidade. Porém, para que os
treinamentos sejam eficazes a necessidade de outros fatores serem
considerados, por exemplo: o instrutor, a realidade social, a continuidade no
programa de treinamento, o ambiente no qual ele será ministrado, os
recursos que serão utilizados, as avaliações prévias e posteriores, o material
instrucional (…)” (Barcelos 1997)
34
Abbad, Gama & Borges-Andrade ( 2000) desenvolveram, no período de um ano, no
Instituto Serzedello Corrêa (ISC) em Brasília, DF, um trabalho sobre as avaliações de reação
em participantes de 229 cursos oferecidos pelo ISC. Os cursos contavam com um número
médio de 18,11 (DP
6
= 5,70) participantes, sendo que as turmas menores eram compostas por
6 e as maiores por 35 servidores. Na maior parte dos cursos (94,3%), a carga horária total
média era de 17,9 horas (DP= 5,89) e a carga diária de 3,08 horas (DP= 0,36). O questionário
de avaliação de reações foi aplicado em todos os servidores que concluíram os cursos
anteriormente descritos. Esses resultados foram claros. forte relação entre reações e
impacto do treinamento no trabalho, porém uma avaliação adequada da eficácia do
treinamento, a longo prazo, não se pode restringir à avaliação das reações, porque fortes
preditores de impacto (e retenção) que pertencem a outros componentes, como suporte
organizacional e características da clientela. Além disso, variáveis explicativas de impacto
que se referem ao ambiente pós-treinamento, as quais são, provavelmente, mais bem avaliadas
pelo participante em seu retorno ao ambiente de trabalho.
Pilati (2002) em seu estudo explorou o papel do egresso no retorno ao trabalho e propôs
um conceito para o estudo do fenômeno pós-treinamento ao validar uma medida para sua
mensuração. Assim, foi realizada uma análise conceitual do fenômeno e uma escala para sua
mensuração. A escala foi aplicada em uma amostra de trabalhadores e os dados submetidos a
análises para aferição da estrutura latente. Os resultados corroboram com os pressupostos
teóricos da análise conceitual, mas devem ser realizados mais estudos para descrever mais
detalhadamente as características do fenômeno e relacioná-lo aos indicadores de resultado do
treinamento no trabalho.
Freitas & Borges-Andrade (2004) desenvolveram um método para identificar efeitos de
treinamento no desempenho dos indivíduos e da organização. Foi realizado no Banco do
Brasil, com 218 profissionais que fizeram um MBA em Marketing. Os dados foram coletados
por meio de entrevistas e questionários de auto e heteroavaliação. Nos questionários foi
avaliada a contribuição do treinamento para a melhoria do desempenho individual e
organizacional e o suporte à transferência de treinamento. Nas entrevistas foram levantados
indicadores de melhoria do desempenho organizacional para os maiores impactos percebidos
pelos respondentes. Os resultados indicaram que, para a maioria dos desempenhos individuais
e organizacionais, o impacto percebido do treinamento foi avaliado entre bom e ótimo. A
metodologia utilizada foi considerada adequada para a identificação de melhorias no
6
DP- Desvio Padrão
35
desempenho organizacional, percebido como o mais afetado pelo treinamento. Também
foram discutidas implicações metodológicas, teóricas e perspectivas futuras.
A pesquisa realizada por Freitas & Borges-Andrade (2004) aponta a organização como
fator crítico sobre os resultados positivos ou negativos no processo de treinamento, mostrando
resultados interdependentes à estratégia e estrutura organizacional, modelo de gestão, gestão
de recursos humanos e da tecnologia. Os autores esclarecem que tais fatores precisam estar
alinhados com os objetivos e conteúdos do treinamento para que este possa gerar os efeitos
desejados pela organização.
Nos estudos de Savery & Luks (2004) observa-se o tipo de decisão empresarial tomada
em relação a investimentos organizacionais em formação de trabalhadores, reflexo das
sociedades capitalistas. Na pesquisa foi analisada uma amostra de 3,8% empresas em pesquisa
desenvolvida na Austrália com os 10.000 empregados de pequenas e médias empresas,
envolvidos em quatro cursos, num período de quatro anos. Os resultados apontaram que o
investimento em programas de formação é importante estratégia para empresas que tenham a
produtividade como meta.
No Brasil a NBR ISO 10015 (2001) - Gestão da Qualidade, Diretrizes para Treinamento
apresenta as orientações básicas de treinamento, a qual a empresa possa desenvolver
competências essenciais, mas a maior orientação dada para treinamento é a sua avaliação,
para provar que é um investimento que proporciona bons resultados. Através da avaliação, o
treinamento torna-se eficiente e eficaz. Conforme a nova norma o treinamento precisa atingir
resultados e assegurar que o treinamento seja orientado para satisfazer as necessidades da
organização. Para as empresas não basta treinar; precisa fazer com que o treinamento
resultados. A norma ISO 10015, vem sendo implementada no Brasil pelas empresas
certificadas, por aquelas que pretendem ser certificadas e principalmente por aquelas que
estão implementando a chamada “Gestão por Competências”.
Silva (2004) no estudo sobre a gestão do conhecimento considerou que o conhecimento
pode existir em dois formatos, tanto na mente das pessoas, quanto em registros diversos. A
tecnologia da informação tem grande importância no acesso e na renovação dos
conhecimentos e a essência da idéia de “criação do conhecimento” utilizada na área de gestão
organizacional reside em pessoas poderem se encontrar e trocar experiências com outras
pessoas que têm ou trabalham com certos tipos de conhecimentos, e a importância da
tecnologia da informação é construir um suporte para que isso ocorra.
36
Wiemes (2006) apresentou uma proposta de foll ow-up (pós-treinamento), utilizando-se
da prática em Gestão do Conhecimento, coaching
7
. A pesquisa foi de natureza bibliográfica e
teve como objetivo propor instrumentos e métricas para as avaliações de resultados. O estudo
de follow-up sugeriu a extensão do processo de treinamento no intervalo temporal da
avaliação de reação/aprendizagem (sala de aula) e de competências (posto de trabalho). O
autor propôs, então, a aplicação de instrumentos e métricas para toda avaliação de resultados
(reação, aprendizagem e competências).
Pilati & Abbad (2005) apresentam uma pesquisa de análise fatorial confirmatória da
escala de impacto do treinamento no trabalho. O impacto do treinamento no trabalho, em
nível individual, é o principal indicador da efetividade de ações de treinamento. A
preocupação em mensurar esse nível de efeito pós-treinamento tem suas origens nos modelos
clássicos de avaliação de treinamento (Hamblin, 1978; Kirkpatrick, 1976). Esses teóricos
pressupunham que um dos objetivos do treinamento seria provocar uma modificação no
comportamento do treinado na execução das atividades atinentes às suas atribuições dentro da
organização. Esses conceitos têm sido relacionados e/ou renomeados de formas distintas por
diferentes autores. Por tanto, são fundamentais a análise e a comparação, sobre limites e
abrangências de tais conceitos. O estudo teve como objetivo testar a estrutura empírica de um
instrumento de impacto do treinamento no trabalho por meio de modelagem e de equações
estruturais. Participaram do estudo 2.966 funcionários de sete organizações, divididos em três
sub-amostras. Esses trabalhadores eram provenientes de mais de uma dezena de diferentes
categorias funcionais. Como forma de realizar uma validação cruzada, esse grande arquivo de
dados foi dividido, aleatoriamente, em três sub-bancos com aproximadamente 1.000 casos
cada. Com este número de componentes em cada um foi possível a manutenção de uma
variabilidade aceitável para a aplicação da técnica de AFC em cada uma das sub-amostras. Os
resultados das análises sugeriram re-especificações do modelo hipotético, e a análise cruzada
da estrutura foi corroborada nas três subamostras. Desta forma, concluíram os autores que
existe a necessidade de aprimoramento da medida. Entretanto, a proposta conceitual de
impacto do treinamento no trabalho foi confirmada. Medidas de avaliação de impacto em
amplitude são bastante úteis na comparação de efeitos de treinamentos diversos sobre o
comportamento dos seus participantes, uma vez que padroniza os indicadores de avaliação,
tornando-os genéricos e objetivos.
7
Coachin g é um processo estruturado que ajuda as pessoas a atingirem suas metas em suas vidas pessoais,
carreiras, empreendimentos ou organizações.
37
Com base nesses referenciais investigativos sobre o tema, a presente pesquisa i se
consolidar com o propósito de utilização de um survey dos egressos para avaliação da eficácia
do Curso de Formação dos Facilitadores em Ergonomia, promovido pela empresa de energia
que deu suporte ao estudo proposto.
2.1 A FORMAÇÃO DO FACILITADOR EM ERGONOMIA
2.1.1 A sociedade capitalista e seu impacto sobre a formação do trabalhador
Em uma sociedade onde a lógica é o capital, a educação tem sido conduzida de forma a
preparar técnica, social e ideologicamente o cidadão para o trabalho, atendendo, sobretudo, às
demandas do capital (Paulino, 1997). Para Sader
8
(2002), no reino do capital, a educação é ela
mesma uma mercadoria.
Segundo Kaplan e Norton (2001) a “mercadoria” na economia industrial era
representada por valores que as empresas criavam a partir dos ativos tangíveis, mediante a
transformação de matérias-primas em produtos acabados. Esse modelo pode ser verificado
com base em estudos do Bookings Institut e de 1982 e de estudos dez anos mais tarde:
“(…) o valor contábil dos ativos tangíveis representava 62% do valor de
mercado das organizações industriais. Dez anos mais tarde, o índice caiu
para 38% do valor de mercado das empresas. Estudos mais recentes
estimam que, em fins do século XX, o valor contábil dos ativos tangíveis
correspondia a apenas 10 a 15% do valor de mercado das empresas (…)”
Desse modo, de acordo com a ótica do capital, pode ser constatado, através de pesquisa
citada sobre a formação e resultados nas organizações, desenvolvida por Savery & Luks
(2004) na Austrália, que a formação dos trabalhadores é fortemente relacionada com lucro.
Esses pesquisadores recolheram dados do governo australiano com 10.000 matriculados em
pequenas e médias empresas, que estiveram envolvidos em quatro cursos durante um período
de quatro anos.
Durante os quatro anos de pesquisa foi analisada uma amostra de empresas
representadas por 3,8% e como resultado destacou-se a influência de decisões estratégicas
8
Prefácio por Emir Sader em MÉSZÁROS, Istvan. A ed ucação p ara além do ca pital. São Paulo: Istvan
Mézaros, 2005.
38
feitas no primeiro ano (como o aumento da produção), tais como a de tomar decisões sobre
questões como a formação dos trabalhadores.
Ao que parece, o vel de formação dos trabalhadores é um importante ponto de partida
para as empresas que desejam melhorar a sua produtividade. Empresas que tinham o objetivo
de aumentar a produção nos três anos seguintes foram mais suscetíveis ao envolvimento em
ações de formação, enquanto aquelas decididas a reduzir a sua produção tiveram redução nos
níveis de formação .
Com base nos resultados da pesquisa acima citada e fazendo-se uma análise do mundo
capitalista contemporâneo, é possível afirmar a existência de uma das maiores crises já
vivenciadas pelo sistema capitalista. Segundo Libâneo (2005) exige-se um novo perfil de
trabalhador, mais flexível e polivalente, o que provoca certa valorização da educação
formadora de novas habilidades cognitivas e de competências sociais e pessoais; a escola
assume uma postura mais compatível com os interesses do mercado.
De acordo com Souza (2005), o ritmo e a direção do desenvolvimento dos sistemas
educacionais no mundo contemporâneo são determinados pelo nível de desenvolvimento das
forças produtivas e das relações de produção, assim como o nível de alargamento dos
mecanismos de controle social sobre as decisões estatais. Para
Deluiz (1995) é a globalização
econômica que corresponde à globalização do mundo do trabalho e da questão social. Essa
nova ordem mundial de globalização da economia é caracterizada pelo pensamento único,
mais conhecida em sua fenomenologia como um renovado processo de domesticação
universal, garantindo e consolidando o processo de dominação, que ultrapassa os séculos e
que ainda hoje se configura como recolonização das mentalidades. (Sidekum, 2007).
No mundo do trabalho, podemos observar, registrado em alguns estudos, o processo de
apropriação da subjetividade da classe trabalhadora pelo capital. Paris (2001) em seu livro “O
Animal Cultural”, ao refletir sobre o domínio na indústria sobre a vida humana refere-se à
grande domesticação das massas como“ o triste espetáculo dos grandes e satisfeitos rebanhos
humanos que p ercorrem n osso mundo não só no t rabalho, mas no consum o que mold a nossos
hábitos.”
Como demonstra a história, sempre houve uma tentativa do capital gerenciar a força de
trabalho; na revolução industrial, a implantação do fordismo mostrou ser uma tentativa de
“dominação da consciência” da classe operária.
A socióloga Danièle Linhart (1999) revela que a estratégia da empresa flexível consiste
em “dominar a consciência dos trabalhadores”, induzindo la mentalité des pompiers
(“mentalidade dos bombeiros”): sempre prontos e em alerta para realizarem tarefas repetitivas
39
com a qualidade e a produtividade requeridas pelo capital. Ao refletir ainda com Dejours
(1999) sobre a forma de domínio auto-administrado:
“O ‘autocontrole’ à japonesa constitui um acréscimo de trabalho e um
sistema diabólico de dominação auto - administrado, o qual supera em
muito os desempenhos disciplinares que se podiam obter pelos antigos
meios convencionais de controle”.
Nas reflexões de Paris (2001), Linhart (1999) e Dejours (1999) sobre o autocontrole, o
Estado, com suas leis e instituições age sobre os indivíduos fazendo-os internalizar as regras
sociais e modificando hábitos, costumes, cultura e até mesmo a personalidade. Tal
autocontrole implica a monitoração constante do ambiente e controles externos como modo
de guiar a conduta: o comportamento é ajustado de acordo com as necessidades impostas
pelas percepções e interpretações que o indivíduo faz do ambiente externo. (Elias, 1982).
Segundo Humphrey (1982), ao decorrer dos anos 80 no sistema brasileiro de relações
industriais, o estilo de administração das companhias continuavam a ver a mão-de-obra como
dispensável e a principal função da gerência era a de controlar.
Na década de 90, uma estratégia observada pelas companhias foi à oferta de maiores
oportunidade de treinamento e promoções, mas pode ser uma parte importante do estímulo
aos trabalhadores para se comprometerem com os novos padrões de trabalho.
Os trabalhadores no Brasil estão acostumados a serem desvalorizados por seus
empregadores. A política de contratar e demitir, a gestão autoritária e a extrema divisão do
trabalho são sinais desta desvalorização. Evidencia-se atualmente nas Ciências Sociais um
contingente cada vez maior de autores que vêm se ocupando de estudar a incerteza, a falta de
projetos de vida, a desesperança e a precarização das condições de trabalho e de vida neste
fim de século (Sennett, 1999; Castels, 1998; Hobsbawn, 1995; Bihr, 1998). Esses autores
identificam processos de “vulnerabilidades de massa” e “desfiliação” (Castels, 1998) num
período “pós- proteções”, ou seja, depois da sociedade ocidental ter conhecido uma fase áurea
de desenvolvimento sócio-econômico (a era do Welfare State).
Em relação à pesquisa na empresa de energia observa-se que ao avaliar a eficácia do
Curso de Facilitadores em Ergonomia torna-se necessário refletir sobre a afinidade dos
facilitadores e gerência, no que se refere ao apoio gerencial para encaminhamentos de ações
ergonômicas. Quanto ao vínculo empregatício da força de trabalho, evidencia-se contratados
entre a massa de trabalhadores que fizeram o curso de facilitadores. É importante observar
40
que em situações de parceria empresarial pode ocorrer a precarização de direitos por parte dos
contratados. É importante refletir esses aspectos de relação empresa / contratados nas ações
organizacionais dentro das unidades no retorno desses egressos ao trabalho.
Pode-se perceber que, apesar de algumas expectativas otimistas sobre os efeitos do novo
paradigma industrial para os trabalhadores, diferentes tipos de relações profissionais ou de
organização do trabalho estão a encontrar espaços. Entre estes figuram alguns que
representam um aprofundamento efetivo da precariedade, por conta, entre outras coisas, da
crescente subcontratação/terceirização motivada pelo interesse das empresas em reduzir
custos.
Nesta acepção, como disse Bourdieu (1998): “a precariedade está em toda parte”, como
veremos no tópico a seguir.
2.1.2 A precarização do trabalho e do saber
É interessante notar, que o discurso atual, colocado hoje pelas elites capitalistas
brasileira e internacional, destaca a necessidade de uma formação geral, técnica e profissional
do trabalhador, no sentido de tornar o cidadão mais
41
trabalhadora, que pode ser caracterizada pela acentuada e acelerada informalização das
condições do emprego industrial, como, por exemplo, a intensa rotatividade da força de
trabalho, salários decrescentes, redução e flexibilização de direitos trabalhistas.
A terceirização tem se consolidado como uma tendência firme nas empresas brasileiras.
Após um primeiro momento em que se limitava às atividades como meio de manutenção de
equipamentos, limpeza, segurança, transporte e alimentação, vem se estendendo ao processo
produtivo dentro da própria planta industrial ou espaço físico.
Dentro do quadro da terceirização nas empresas do setor petroquímico, Druck (1995)
observou que no decorrer dos cinco anos de pesquisa nas empresas apareceram denúncias,
decorrentes de problemas ocasionados pela terceirização. Araújo (2001) em sua tese de
doutorado: “Paradoxos da modernização: terceirização e segurança em uma refinaria de
petróleo”, avaliou em que medida a terceirização praticada numa refinaria do Rio de Janeiro,
especialmente na área de manutenção, pode ser compatível com uma política efetiva em
segurança e saúde do trabalhador. Sua abordagem metodológica incluiu entrevistas
individuais/coletivas, história de vida e análise documental, envolvendo sindicalistas e
contratados indiretos. Ao mesmo tempo, procurou compor, a partir de várias fontes, a
perspectiva gerencial no tocante à questão. Os dados revelaram uma situação de intensa
"fratura social" no interior da refinaria, em função de uma grande diferença entre as condições
de vida e trabalho de contratados diretos e indiretos, que se expressa, inclusive, no modo
duplo de abordagem da segurança.
O número elevado de acidentes com contratados indiretos; a instabilidade dos contratos
de trabalho, que inviabiliza o acúmulo de experiência e o conhecimento profundo da
geografia dos riscos e outras não conformidades encontradas na pesquisa rebateram numa
precária formação em segurança, cujo aprendizado profissional é sustentado quase
exclusivamente na experiência, sendo raras as empreiteiras que ofereceram algum tipo de
treinamento profissional. Por outro lado, a vida profissional é partida, fragmentada,
acumulando sucessivos períodos de emprego e desemprego. Essa instabilidade impede até que
interesses individuais de aperfeiçoamento profissional possam tornar-se realidade. O trabalho
consome a tal ponto as energias físicas e psíquicas que, ao fim de uma jornada, não resta
nenhuma disposição ao trabalhador para estudar, seja porque os salários que recebem não
permitem custear o treinamento, ainda mais numa conjuntura em que o ensino gratuito,
especialmente o profissional, está se tornando cada vez mais raro.
Os estudos de Druck (1995) e posteriormente de Araújo (2001) demonstraram
claramente que, em uma sociedade onde a economia é baseada no conhecimento e onde
42
estruturas organizacionais que terceirizam seus serviços não investem no capital intelectual
desses ativos, há o risco de conseqüências drásticas, principalmente em ambientes onde
empregados próprios qualificados dividem o mesmo espaço de contratados, que, segundo
Stewart (1998).
“Sem uma cultura de trabalho em equipe, remuneração e recompensas que
os sustentem, “um jardim de conhecimentos será tão triste quanto um
playground construído ao lado de um prédio onde só moram idosos."
Tomando por base essa reflexão, a disponibilidade e o compartilhamento do
conhecimento dentro de uma empresa devem ser buscados por todos, e líderes devem
construir ambientes de confiança, oportunidade e respeito mútuo, ao gerenciar as
contribuições de todos os empregados para o sucesso organizacional.
A busca de excelência exige a gestão do conhecimento, de forma tal que se possa
potencializar o capital intelectual das organizações.
No capitalismo industrial, o conhecimento é fator essencial nesse modelo, tanto para
estimular a adaptação às rápidas mudanças nos mercados e nas condições técnicas, como
gerar inovações em produtos, processos e formas organizacionais. As empresas precisam de
novas tecnologias, principalmente considerando-se a grande rapidez da expansão do
conhecimento (Gil, 2001).
Machlup (1962)
9
, desenvolveu trabalhos sobre a economia do conhecimento e
informação, que demonstraram que, em 1958, nos Estados Unidos, as indústrias do
conhecimento respondiam em 29% do PIB. Em 1980, outros autores prosseguindo o caminho
de Machlup, comprovaram um ajuste no PIB na produção de conhecimento em 34% (Foray &
Ludvall,1996).
É notório o crescimento da participação de setores intensivos de conhecimento na
estrutura econômica de países industrializados. De acordo com indicadores da OCDE
10
(OECD Science Techology and Industry Outlook, 2000), os setores de atividade baseados
no conhecimento respondiam por cerca de 50% do valor adicionado total nos Estados Unidos,
na União Européia e na Austrália, em 1997.
Para Almeida & Quadros (2000), o mais importante não é somente ter acesso à
informação, representado por um conjunto de habilidades, mas fundamentalmente ter
9
Machlup foi o precursor histórico do termo EBC (Economia Baseada no Conhecimento).
43
capacidade para adquirir novas habilidades e conhecimentos (learn t o learn), que se
traduz na capacidade de aprender e de transformar o aprendizado em fator competitivo.
O conhecimento pode ser concebido em duas dimensões relevantes: a do conhecimento
tácito e a do explícito. O conhecimento cito, tão bem definido como pessoal, é difícil de ser
formulado, de ser transmitido e compartilhado com os outros. Podemos incluir nessa categoria
as conclusões, insights. É ligado as ações e experiências, assim como suas emoções, valores e
ideais. O indivíduo através desse conhecimento percebe o mundo em duas dimensões: a
técnica e a cognitiva., a primeira abrange a capacidade informal e difícil de definir ou
habilidades capturadas no termo
44
De acordo com a concepção nas conversões do conhecimento, Silva (2004) destaca
facilitadores de trabalho que permitem otimizá-lo com o conhecimento tácito e com o
conhecimento explícito. Um dos principais facilitadores para o trabalho nesse estilo de
conhecimento são as redes de trabalho que ligam pessoas experientes e preparadas para atuar
em grupo, interagindo assim através dos conhecimentos tácitos. Um dos principais
facilitadores para o trabalho com esse formato do conhecimento são as redes de trabalho que
ligam pessoas experientes e preparadas para atuar em grupo, interagindo basicamente por
meio de ampla troca de conhecimentos tácitos. A importância das redes de trabalho entre as
pessoas em uma organização foi apontada pelos resultados obtidos no pioneiro estudo de
Allen (1977), confirmados por pesquisas posteriores (Mcdermott, 1999; Gupta &
Govindarajan, 2000; Storck & Hill, 2000), evidenciando seu papel na troca de conhecimentos
(principalmente tácitos).
Essas redes também podem envolver pessoas de dentro e de fora da empresa na troca de
experiências e na busca de novas abordagens para problemas comuns, mantendo-se conforme
seus membros se identifiquem com o propósito do grupo (Lievrouw & Finn, 1996; Wenpin,
2000).
Outro importante facilitador de conversões entre conhecimentos tácitos é a capacidade
criativa (e de inovação) existente na empresa ligada à presença de talentos individuais e de
motivação fornecida pelo ambiente organizacional, para a proposição de idéias e soluções
originais, além do estímulo ao compartilhamento de experiências individuais no ambiente de
trabalho. Destacam-se nessa linha de abordagem diversos autores, como Senker (1995);
Cummings & Oldham (1997); Bond & Otterson (1998); Ghoshal & Nahapiet (1998).
Foray & Lundvall (1996) reconhecem que uma característica humana importante é a
capacidade de aprender novas qualificações e usá-las como propostas de ações, e que o
desenvolvimento de novas qualificações, assim como a transferência entre gerações dessas
habilidades, tem papel fundamental nas atividades econômicas em toda sociedade moderna
atual.
Outra consideração sobre enfoque da formação do facilitador na ótica de uma economia
baseada no conhecimento é a importância da educação, ou seja o vel de escolarização.
Lenhari e Quadros (2002) em suas pesquisas, ao discutirem a posição do Brasil na EBCs
citam o Livro Verde da Ciência e Tecnologia - MCT” (2001), que sustenta que a formação
de comunidades capacitadas e detentoras de conhecimento é um dos elementos fundamentais
para o posicionamento estratégico do Brasil no cenário competitivo internacional, seja em
setores privados ou públicos.
45
Dados do PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio) IBGE na década de
1990 demonstraram que houve um expressivo crescimento de trabalhadores com curso
superior em 48,8%, e dados com base na Relação Anual das Informações Sociais ( RAIS) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), também de 1990, revelaram que a participação de
trabalhadores com o curso superior no setor industrial aumentou de 3,9 %, em 1989, para
5,2% em 1999. Por outro lado, a indústria eliminou do seu quadro 48,1% dos trabalhadores
com o ensino fundamental incompleto.
Não caberá aqui aprofundar o aspecto social abordado anteriormente, mas mediante
esses dados é conveniente salientar que quando se coloca a educação na condição de
preparadora dessa nova mão-de-obra. Quando a educação é subordinada aos interesses do
mercado, o único objetivo é colocá-la a serviço das demandas de empregabilidade, o que não
significa criação de empregos e nem a garantia de receptividade no mercado de trabalho.
Conforme Gentili (1996):
“O sistema educacional deve promover o que os neoliberais chamam de
empregabilidade. Isto é, a capacidade flexível de adaptação individual às
demandas do mercado de trabalho. A função ‘social’ da educação esgota-se
neste ponto.”
Pode-se verificar que os trabalhadores do estilo taylorista/fordista não correspondem
mais ao novo modelo de produção, que demanda trabalhadores mais capacitados, o que em
tese exige, também, mais tempo de escolaridade e com mais qualidade, ou seja, a promoção
de melhores padrões educacionais para as classes trabalhadoras. Trata-se, de um retorno à
teoria do capital humano, porém vestido com uma nova “roupagem”, ou seja, a nova base
científica estruturada a partir da microeletrônica, informática, robótica, engenharia genética,
entre outros, o que indica mais investimentos na qualificação do trabalhador, que agora
necessita de uma formação geral. (Silva, 1995; Gentili 1996; Frigotto,1995).
Esse novo discurso sobre a qualificação profissional é apoiado por organismos
internacionais, como o Banco Mundial e a Comissão Econômica Para a América Latina e
Caribe (CEPAL)
11
, os quais têm trazido grandes influências para o governo em assuntos
relacionados à política educacional, o que podemos constatar com as abordagens sobre
educação básica e definição de parâmetros curriculares nacionais, bem como sobre reforma do
ensino técnico profissionalizante.
11
CEPAL - Centro de Estudos Parapsicológicos da América Latina
46
E assim o Estado flexibiliza o sistema educacional para que leis do mercado regulem,
sempre de acordo com as demandas do setor produtivo, como tão bem definido por Frigotto
(1995) :
“O resultado da atomização do mercado e das perspectivas pós-modernistas,
no plano político prático, não poderia ser mais perverso. Sob o conceitos de
autonomia, descentralização, flexibilidade, individualização, pluralidade,
poder local, efetiva-se uma brutal fragmentação do sistema educacional e do
processo de conhecimento”
Segundo Coombs (1971)
12
a educação, maior indústria de nossa época, tem grande
importância na criação de “capital humano”. Carlos Paris (2001) acrescenta que a
industrialização leva em conta o conhecimento como fator decisivo enquanto inovação,
direção e controle de todo o processo produtivo e comercial.
Esse fator decisivo promovido por uma gestão do conhecimento tem evidenciado um
grande investimento na formação e desenvolvimento dos talentos humanos. Algumas
empresas ao reconhecerem essa necessidade como ferramenta para o sucesso de seus negócios
estão implementando projetos de Educação Corporativa.
Segundo Guarrido (2006) a literatura sobre Educação Corporativa oferece enfoques
tradicionais, bem como apresenta uma conceituação em construção, o que configura uma
questão ainda não resolvida. Alguns autores possuem conceitos focados na preparação das
pessoas para o trabalho; outros vão além, propondo a Educação Corporativa vinculada à
aprendizagem organizacional, à educação dos empregados e à competitividade empresarial.
Alguns pesquisadores fazem diferenciação entre abordagens acadêmicas e corporativas, como
Educação Corporativa e Universidade Corporativa. Conforme observação de Eboli:
Educação Corporativa e Universidade Corporativa são conceitos
equivalentes. Constitui-se de um sistema de aprendizagem contínua cujo
objetivo principal é “aumentar o patamar da competitividade empresarial
por meio (...) do desenvolvimento e instalação de competências empresariais
e humanas críticas para a viabilização das estratégias de negócios”. Um
sistema de Educação Corporativa eficaz deve “efetivamente aumentar a
inteligência da empresa por meio da gestão de pessoas e da gestão do
conhecimento” (EBOLI, 2004a, pp. 30; 48; 54).
12
Coombs, La crisis mundial de la educación - citado por Carlos Paris em O Animal Cultural
47
Para Meister (1999) a aprendizagem é a questão mais importante das organizações onde
a Educação Corporativa torna-se um agente de mudanças ao desenvolver qualificações
baseadas nas competências. Não poderia ser diferente em tempos em que o processo
produtivo se apresenta sob uma base técnica superqualificada, exigindo não mais o
trabalhador especialista, mas um trabalhador polivalente, participativo, flexível, e portanto,
com elevada capacidade de abstração. Existe assim uma nova exigência de competências para
formação desse trabalhador mais “generalista”, construída por uma base mais geral de
educação .
Alguns autores citados neste estudo como Paris (2001), Gentili (1996), Sader (2002),
Bourdieu (1998), Frigotto (1995), Deluiz (1995), Ramos(2002) e outros são contrários a
submissão do sistema educacional as demandas de empregabilidade do neoliberalismo.
Outros autores têm afirmado que investimentos em Capital Intelectual trazem retornos
positivos a longo prazo, conforme verificado em Sveiby (1998), Edvinsson & Malone (1998),
Stewart (1998), Roos,Edvinsson & Dragonetti (1997) e Lev (2001).
Nesse sentido, p
ode se ressaltar que o investimento no capital intelectual em uma
sociedade de conhecimento faz parte das concepções e políticas de qualificação dos homens
de negócio. É a busca pela maximização de resultados, onde o segredo do sucesso e o
diferencial estão focados nas pessoas. O grande desafio passa a ser como encontrar e preparar
as pessoas que ajudarão a empresa a atingir suas metas? As empresas através do
mapeamento
13
e da identificação das competências vêm alcançando seus objetivos o plano
estratégico, mais uma vez,dos homens de negócios.
2.1.3 As novas competências para o trabalhador
Dentro desta perspectiva emerge o conceito de competência, baseada nos resultados
observáveis de ações de aprendizagem, como definida por Tanguy (1996).
“Competência é inseparável da ação e os conhecimentos teóricos e/ou
técnicos são utilizados de acordo com a capacidade de executar as decisões
que a ação sugere. A competência é a capacidade de resolver um problema
em uma situação dada. A competência baseia-se nos resultados”.
13
Segundo Leite et al (2001)um correto mapeamento das competências organizacionais agrega valor ao negócio
e contribui para a criação do seu diferencial competitivo. Devem-se identificar as áreas de conhecimento
necessárias ao negócio e alinhadas ao planejamento estratégico da organização.
48
No que se refere à qualificação, o que se torna visível é qualificação real do trabalhador
no seu posto de trabalho. Deluiz(1995), afirma que:
“Não se trata mais, portanto, de uma qualificação formal/qualificação
prescrita/qualificação do trabalhador para desenvolver tarefas relacionadas a
um posto de trabalho, definida pela empresa para estabelecimento das
grades salariais, ou pelos sistemas de formação para certificação ou
diplomação, onde as tarefas estavam descritas, codificadas e podiam ser
visualizadas, mas da qualificação real do trabalhador, compreendida como
um conjunto de competências e habilidades, saberes e conhecimentos, que
provêm de várias instâncias, tais como, da formação geral (conhecimento
científico), da formação profissional (conhecimento técnico) e da
experiência de trabalho e social (qualificações tácitas).”
Ramos (2002) com sua obra “A Pedagogia das Competências” considera que o uso da
noção de competência deve-se à necessidade de se expressarem claramente os objetivos de
ensino em termos de condutas e práticas observáveis. Essa associação estaria fundada sobre
uma homologia entre os objetivos operacionais de formação e os objetivos operacionais de
produção, alimentada por uma cultura psicológica dominada pelo behaviorismo de B. F.
Skinner
14
, apropriado pedagogicamente por B. S. Bloom e Mager.
Para Gardi (2004) o comportamento do observador muda após conduzir observações.
Os resultados de sua pesquisa fornecem evidência preliminar a favor do efeito do observador.
Em outras palavras, os dados indicam que em uma situação laboratorial, pessoas que
conduzem observações realmente desempenham tarefas de maneira mais segura como
resultado das observações realizadas. Um ponto que os dados sugerem, no entanto, é que este
efeito é mais pronunciado em alguns tipo de comportamentos que em outros. Os efeitos da
observação serão mais pronunciados quando o observador estiver julgando comportamentos
difíceis de julgar ou de desempenhar, tais como postura, levantamento e outros
comportamentos ergonomicamente relacionados. Um comportamento como o uso de
capacetes [hard hat] provavelmente produziria um pequeno efeito do observador, exatamente
porque o observador já sabe as regras do uso do capacete (use-o ou não o use).
Ver alguém usando o capacete não informações adicionais sobre como desempenhar
o comportamento seguro. Por outro lado, ver uma pessoa se posicionar de determinada
14
A autora se refere ao bechaviorismo radical, representado por Skinner. Apesar da estreita relação, análise de
comportamento e bechaviorismo são coisas diferentes. Análise de comportamento é uma abordagem psicológica;
bechaviorismo é um tipo de filosofia da ciência do comportamento (Moreira 2007)
49
maneira pode esclarecer bastante as definições discutidas durante o treinamento e, assim,
produz um maior efeito do observador.
A qualificação real dos trabalhadores é muito mais. O conjunto de competências posto
em ação em uma situação concreta de trabalho para resolver problemas e enfrentar situações
de imprevisibilidade e a mobilização da inteligência para fazer face aos desafios do trabalho
constituem características difíceis de ser observadas. A formação real dos trabalhadores têm
sido os desafios de pesquisadores, formadores e gerentes de recursos humanos das empresas.
Segundo Deluiz (1995), é importante questionar a visibilidade que o sistema de
certificação de competências tem para os atores sociais envolvidos: trabalhadores,
empresários, governo e saber o grau de participação e interferência dos envolvidos neste
sistema. Refletir sobre as vantagens e riscos da abordagem das competências, sua validação e
certificação é primordial. Como aspecto positivo a certificação tem, o reconhecimento dos
saberes dos trabalhadores, que são provenientes de várias fontes, validando-os
independentemente da forma como foram adquiridos (no sistema educacional formal, no
sistema de formação profissional ou na experiência profissional). Através do pensamento de
Deluiz verifica-se que dimensões de competências não reconhecidas ou não valorizadas o
visualizadas na organização do trabalho. A escolha de procedimentos e de técnicas de
avaliação para programas de formação constitui-se em empreendimento necessário, para
termos uma visibilidade mais próxima da realidade. Segundo Deluiz, é necessário que todo
processo de formação e seus resultados sirvam para reorientar outros programas de formação
que tenham como meta o processo de trabalho.
A norma NBR ISO 10015(2001), referenciada na introdução, apresenta a orientação
para que o treinamento seja eficiente e eficaz. Faz-se necessário avaliar o treinamento para
provar que é um investimento que proporciona bons resultados. O conteúdo da referida norma
enfatiza o treinamento como melhoria contínua e tem como objetivo ajudar as organizações a
tornarem seus programas de treinamento um investimento com retorno garantido. No Brasil, a
norma NBR ISO 10015 está sendo implantada em empresas certificadas, por aquelas que
pretendem ser certificadas e principalmente por aquelas que estão implementando a chamada
"Gestão por Competências". A norma 10015 fornece diretrizes que auxiliam as organizações a
identificar e analisar as necessidades de treinamento, projetar, planejar e executar o
treinamento, avaliar os resultados, monitorar e melhorar o processo de treinamento, de modo
a atingir seus objetivos. (Guimarães,2006)
50
2.2 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE FORMAÇÃO PARA O TRABALHO
Para O The Joint Committee on Standards Educational Evoluation (1981) “A avaliação
é o julgamento do valor ou mérito de um objeto”. Esta definição está centrada no valor e
implica que a avaliação sempre supõe juízo. Desde o momento em que a avaliação, em um
sentido ótimo, emprega procedimentos objetivos para obter uma informação segura e
imparcial, já está ligada a valorização. Com efeito, sua meta essencial é determinar o valor de
algo que está sendo julgado. De acordo com esta definição, “se um estudo não informa o quão
boa ou má é uma coisa, não se trata de uma avaliação.”
15
Segundo Perrenoud (1999) “o sistema tradicional de avaliação oferece uma diretriz, um
parapeito, um fio condutor; estrutura o tempo escolar, mede o ano, pontos de referência,
permite saber se um avanço na tarefa, portanto, se cumprimento do seu papel.”. Muitos
avaliadores sentem-se presos a modelos tradicionais ao considerá-lo seguro e garantido, uma
espécie de “faixa de segurança”. Existe uma situação conflitante vivenciada no saber e no
perceber que existe uma necessidade de superar a avaliação tradicional O que realmente é
importante é utilizar um modelo de avaliação, que seja mais formativo, menos seletivo,
mudando-se, assim, todo o modelo de avaliação e conseqüentemente o processo como um
todo. Um modelo de avaliação precisa ser estruturado com muito cuidado, pois deve permitir
uma salvaguarda às pressões e aos preconceitos sociais. No que se refere à aprendizagem,
para Silveira (2004), avalia-se não para julgar se conceitos foram adquiridos, mas sim para
tentar compreender melhor a atitude da pessoa em questão em relação a aplicabilidade desses
conceitos. Com essa abordagem delimitadora, deveríamos construir um referencial próprio
para cada situação ou pessoa avaliada (Gentner& Stevens, 1983).
Nunes Sobrinho (comunicação pessoal, 2004) tem defendido a abordagem referenciada
a critério, que começou a ser empregada em alguns sistemas educacionais
16
, com a função de
verificar se o estudante domina um critério específico ou atingiu um determinado padrão de
desempenho, sendo fundamentais objetivos institucionais completos e bem definidos. Para
Popham (1983) um teste referenciado a critério (TRC) é utilizado para avaliar uma situação
de aprendizagem na qual é verificado o domínio do individuo com respeito a uma habilidade e
15
The Join t Committee on standards Ed ucational Evoluation - Comitê americano formado por aproximadamente
200 pessoas relacionadas à prática profissional da avaliação, que realizaram o trabalho de criar, valorizar e
clarificar princípios amplamente compartilhados, com o fim de servir como base para avaliações sobre
programas educativos, 1981.
16
sobretudo nos Estados Unidos em meados da década de 60.
51
conhecimento qualquer. Os testes referenciados a critério proporcionam o acompanhamento
individual de cada participante.
Outro elemento importante é levar em conta a realidade de todo o processo educacional.
Conforme Gama (1996) :
“(…) precisa promover a dialogicidade em suas intervenções no campo da
educação (…). Precisa, enfim, promover a democracia (…). Devemos
apossar-nos da realidade escolar, bem como da realidade da comunidade em
que se situa a escola, de tal forma que a coloquemos a serviço da construção
de um mundo verdadeiro. Ou seja, é preciso que levemos mais a rio as
necessidades, os problemas e as preocupações da vida cotidiana, que se
desenrolam na esfera privada da escola e na esfera pública exterior a ela, e
que ajamos para a transformação da realidade existente”
Tomar conhecimento de toda realidade existente, promover o diálogo, é promover a
democracia. Em se tratando de educação nas empresas, reconhecer todo o contexto é como
uma maneira de apossar-se da verdade. É importante também que o processo de formação
contenha etapas e objetivos de aprendizagem claros, especificando assim uma lógica temporal
para as tarefas, pois, segundo Shepherd (1985) e Brown (1994), a aprendizagem não se faz de
uma vez, é preciso ter planos. É primordial analisar a tarefa necessária para uma
aprendizagem específica, e decompor essa tarefas de modo que todos compreendam a
construção das operações.
Com base nessa realidade, sugere-se que programas de formação lancem mão da
Ergonomia através da Análise Ergonômica do Trabalho, no sentido de reconhecer a realidade
do trabalho a que se destina o curso de formação pretendido. A AET pode colaborar também
para que o treinamento seja mais eficaz, definindo os seus conteúdos, de maneira a adaptá-los
à real atividade desenvolvida (Barcelos, 1997).
A avaliação de resultados de programas de formação é imprescindível à elaboração de
novos treinamentos. Encontram-se na literatura estudos tradicionais de avaliação de resultados
em T&D
17
(Treinamento e Desenvolvimento), alguns modelos de classificação de níveis
(Hamblin 1978; Kirkpatrick, 1994 ) assim como pesquisas mais avançadas (Abbad, Pilati &
Pantoja, 2003).
Foi apenas recentemente que a abordagem multinível, nos estudos de psicologia
organizacional (Klein & Kozlowski, 2000) começaram a influenciar as pesquisas envolvendo
17
T&D-.Atualmente a dupla T&D ( Treinamento e Desenvolvimento) vem sido substituída pelo conceito de
Educação Corporativa., já visto anteriomente ( Sobrinho e Nassaralla, 2004 )
52
outros níveis de mensuração, como, por exemplo, os valores estratégicos do conhecimento,
como o de Phillip (2003), que sugeriu um modelo com mais um nível; o de retorno de
investimento, a Metodologia ROI, ou Retorno de Investimento. O Processo Phillips ROI
engloba uma sistemática passo a passo para avaliação de resultados, com planejamento, coleta
de dados, análise dos dados e relatório. Esta abordagem balanceada de mensuração e
avaliação inclui técnicas de isolamento dos efeitos do programa ou solução, de conversão dos
dados em valores monetários e de identificação e operação de intangíveis.
Hamblin (1978) propôs que uma avaliação de treinamento deveria seguir cinco níveis:
(I) reação, que levanta atitudes e opiniões dos treinandos sobre os diversos aspectos do
treinamento, ou sua satisfação com o mesmo; (II) aprendizagem, que verifica se ocorreram
diferenças entre o que os treinandos sabiam antes e depois do treinamento, ou se os seus
objetivos instrucionais foram alcançados; (III) comportamento no cargo, que leva em conta o
desempenho dos indivíduos antes e depois do treinamento, ou transferência para o trabalho
efetivamente realizado; (IV) organização, que toma como critério de avaliação o
funcionamento da organização, ou mudanças que nela possam ter ocorrido em decorrência do
treinamento, e (V) valor final, que tem como foco a produção ou o serviço prestado pela
organização, o que geralmente implica em comparar custos do treinamento com os seus
benefícios.
A lógica do planejamento organizacional seria, desse modo, a de formular os objetivos
do nível de valor final e deles derivar os objetivos do nível seguinte, e assim por diante, até os
objetivos do nível I. Para alcançá-los, existiriam muitos possíveis tipos de ações, sendo que a
maioria delas não envolveria treinamento. Isso sugere, portanto, que T&D não deveriam ser
considerados panacéias para resolver todos os problemas organizacionais.
De acordo com Kirkpatrick (1994), existem quatro níveis em avaliação de treinamento
que, se aplicados em seqüência, são as formas mais eficazes de avaliação de resultados. Para o
autor, cada nível tem sua importância apesar de que à medida que se passa de um nível para o
seguinte, o processo se torna cada vez mais complexo e aumenta também o dispêndio de
tempo, mas, em compensação, a operação provê informações cada vez mais valiosas. O Nível
1, o de Reação, é bastante utilizado nas empresas nacionais, pois mensura-se a reação dos
participantes ao programa de treinamento. O Nível 2, de Aprendizagem
18
, avalia o
aprendizado de acordo com os objetivos específicos, que precisam estar bem determinados.
18
Aprendizagem ocorre quando um ou mais dos seguintes pontos aconteceu: alteração da forma de perceber a
realidade, aumento dos conhecimentos e melhoria das habilidades.
53
No Nível 3, Comportamento, Kirkpatrick define como a extensão da mudança de conduta e
de procedimento ocorridas em decorrência do treinamento. Por fim, o Nível 4, Resultados,
quando são avaliados os resultados obtidos pelos funcionários participantes do treinamento.
Tais resultados incluem aumento de produção, melhoria da qualidade, redução de custo,
redução de acidentes, aumento de vendas, redução de rotatividade de pessoal, aumento do
lucro ou do retorno do investimento.
O investimento com treinamento de pessoal estimula as organizações a buscar aferir
que tipo de resultado o treinamento traz para o perfil dos trabalhadores e se os recursos
investidos estão realmente surtindo o efeito desejado (Holton III, Bates, Seyler & Carvalho,
1997). Para compreender os fatores que indicam o impacto do treinamento no trabalho,
pesquisadores desenvolverem modelos para resultados de avaliação. (Abbad, 1999; Borges-
Andrade, 1982; Goldstein, 1993; Sallorenzo, 2000; Tannenbaum, Mathieu, Salas & Cannon-
Bowers, 1991).
Estudos mais atuais (Abbad, Borges-Andrade, Sallorenzo, Gama & Morandini, 2001;
Abbad, Gama & Borges-Andrade, 2000; Britto, Lima & Borges-Andrade, 2001; Holton III &
Cols., 1997; Lima, Borges-Andrade & Vieira, 1989; Roullier & Goldstein, 1993; Sallorenzo,
2000) têm apontado a importância do suporte organizacional à transferência de treinamento
como fator crítico para que o este provoque mudanças efetivas no trabalho.
Considerando-se esses estudos sobre avaliação admite-se que as empresas estão
desprendendo-se dos ativos tangíveis
19
e investindo mais profundamente em ativos
intangíveis.
20
Para Souza (1999), a avaliação deve ser planejada, conduzida e realizada tendo em
mente que seus resultados serão úteis para os interessados. Os resultados devem estar
disponíveis para todos e nenhum dado deve ser omitido, a para que se justifiquem os
esforços e recursos financeiros envolvidos no processo.
2.2.1 Avaliação dos egressos como ferramenta auxiliar para AET
O egresso na pesquisa é o profissional da força de trabalho, que, tendo pertencido a um
grupo de formação de facilitadores, foi reconhecido capacitado para “viabilizar a execução de
20
-‘Tangível, em nossa resposta, é aquilo que é palpável, material, como os carros e prédios de uma empresa;
intangível será o que não se toca, não se pesa, mas que tem uma força maior do que o tangível, tal como o nome
de uma empresa, sua logomarca, seu conceito no mercado”. Entrevista com Josiane Benedet na revista Mestre
01 de novembro de 2007 .
54
ações ergonômicas em sua gerência e atuar como seu representante junto a Comissão
Executiva de Ergonomia”
21
. Both (1999) descreve que a avaliação feita por egressos é um dos
componentes de fundamental importância, tendo em vista estarem percebendo a real
contribuição que o curso propiciou a eles para o desempenho de suas funções do dia-a-dia. Na
visão de Schwartzman e Castro (1991), o estudo de egressos recupera, de fato, várias questões
do estudo de alunos, particularmente as ligadas: à qualidade do ensino e adequação dos
currículos à situação profissional; à origem dos projetos profissionais e a sua consistência em
relação à situação profissional de fato.
Não é habitual incluir egressos de programas de treinamento em projetos de pesquisa
sobre avaliação de tais programas, nem é comum encontrar pesquisas que utilizem os relatos e
a experiência de egressos para avaliação dos cursos, através de pesquisa avaliativa,
valorizando suas contribuições para reformulação ou revitalização curricular. (Lousada &
Martins, 2005)
Existem variedades de pesquisas com egressos dentro do processo de avaliação de
instituições de ensino. (Souza, 1999; Saupe,1979). Essas avaliações, segundo Rothen ( 2006)
atendem a uma demanda de avaliação da qualidade de educação existente no Brasil. Na
história de avaliação institucional seguem duas vertentes: a da emancipação e a da regulação.
A primeira, com origem nas universidades na década de 1980, tem como vertente um ato
autônomo de prestar contas à sociedade; a outra utilizada como ferramenta para
gerenciamento e tomada de decisões das instituições escolares, tendo como base o Estado
como avaliador. A qualidade é considerada a diferença básica entre essas duas vertentes. Na
vertente regulatória, os técnicos das agências estatais definem o que é qualidade assim como
os indicadores a serem utilizados para aferi-la. Já na avaliação participativa e emancipatória a
definição da qualidade e dos indicadores tem como responsáveis os agentes do processo.
Na perspectiva da avaliação institucional encontram-se avaliações de egressos em
estudos, dentre os quais, o de Saupe (1979), que propôs e testou uma metodologia para
avaliação de cursos. Na época, o curso havia diplomado 169 (cento e sessenta e nove)
enfermeiros, mas somente 119 (cento e dezenove) foram considerados aptos a participarem do
estudo, face à exigência de terem, no mínimo, um ano de formados, que deveriam
evidenciar alguma prática profissional. Destes, foram localizados 109 (cento e nove), aos
quais foi enviado o instrumento de pesquisa, dos quais se obteve um retorno de 72 (setenta e
dois) questionários, e deles anulados três, restando uma amostra com representatividade de
21
Definição inclusa no padrão de implantação do programa de Ergonomia da empresa de energia
55
63,88%. A conclusão deste processo de avaliação apontou um discreto sucesso do curso, que
levou o autor recomendar avaliações periódicas com o fim de acompanhar o desenvolvimento
do mesmo. Ao completar seu jubileu de prata, em 1994, o curso de enfermagem da UFSC,
novamente procedeu a uma avaliação e novamente os egressos foram chamados a contribuir,
desta vez em vários níveis. A análise de suas sugestões encontra-se publicada em
"Enfermagem UFSC - 25 anos" (Ghiorzi, Ribeiro & Fenili,1995; Saupe & Nascimento, 1995;
Cardoso, Bruggemann & Santos, 1995).
Em 1995, Saupe realizou outro estudo, no qual egressos de dez cursos foram
convidados e estimulados a discorrerem sobre suas funções educativas e sobre a contribuição
dos cursos que freqüentaram para o desenvolvimento das mesmas. A realidade estudada
mostrou que , as comunidades envolvidas em programas de formação, necessitam de muito
investimento, são carentes de propostas inovadoras, mas também estão suficientemente
motivadas e interessadas em mudanças, avanços e até em transformações. As possibilidades
têm como ponto de partida esta mesma realidade, mas na perspectiva de sua superação.
56
participantes variou de ensino médio incompleto até pós-graduação. Participaram do estudo
2.966 funcionários de sete organizações, divididos em três subamostras. Os resultados das
análises sugeriram re-especificações do modelo hipotético, e a análise cruzada da estrutura foi
corroborada nas três subamostras. Desta forma, conclui-se que existe a necessidade de
aprimoramento da medida. Entretanto, a proposta conceitual de impacto do treinamento no
trabalho foi corroborada.
O instrumento apresentado por Abbad (1999) foi composto por doze itens, associados a
uma escala de concordância do tipo Li kert de cinco pontos. Essa escala foi inspirada no
trabalho de Lima e Cols. (1989), que definiram alguns indicadores de impacto do treinamento
no trabalho.
Esses resultados auxiliam na descrição dos fenômenos relacionados à mudança
individual provocada pelo treinamento, proporcionando aprimoramento dos modelos
explicativos do fenômeno. Além desse resultado empírico, a reflexão teórica sobre os
diferentes eventos de resultados de treinamento auxilia na melhor descrição desse fenômeno,
possibilitando que pesquisadores e profissionais nas organizações possam desenvolver
treinamentos e compreender melhor seu diferente efeito nos egressos.
Os estudos de Barcelos (1997), apresentados no referencial teórico, apontam como a
Ergonomia pode favorecer o planejamento, a execução e a avaliação dos treinamentos, ao
apresentar a Análise Ergonômica do Trabalho como contribuição para o diagnóstico da
situação real e para a elaboração dos treinamentos.
Conhecer a Ergonomia como meta do processo de trabalho e conhecer o papel do
facilitador como sujeito desse processo é o próximo tópico a ser discutido na presente
pesquisa.
2.3 O PROCESSO DE TRABALHO E A ERGONOMIA NA HISTÓRIA DA
HUMANIDADE
Ao refletir o processo de trabalho e a Ergonomia na história da humanidade o clássico
de Marx (1867) apresenta o labor como um processo realizado pelo homem e a natureza:
"O trabalho é um processo entre o homem e a Natureza, um processo em
que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu
metabolismo com a natureza (…). Ele e em movimento as forças naturais
pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mão, a fim de
apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida."
57
Ao transformar a natureza, ao transformar a si mesmo e ao mediar estas relações de
transformações, o trabalho passa por um processo composto por três fatores elementares: a
atividade humana, ou seja, o trabalho propriamente dito; o objeto do trabalho, que pode ter
sido fornecido pela própria natureza ou submetido ao trabalho por ser uma “matéria prima”;
e os instrumentos de trabalho, que servirão como condutores de sua atividade. No final desse
processo, o homem utilizou sua energia e força ao transformar, ao manter, ou ao produzir
bens úteis a sua sobrevivência. (Lima, 1988; Faleiros, 1992)
Segundo Marx (1867) o trabalho é uma atividade exclusivamente humana, que não
prescinde da idealização antecipada e do uso da imaginação, ao efetuar as transformações
cogentes na criação do objeto que será o produto de seu trabalho. Ao longo do tempo e
através da própria história do desenvolvimento da humanidade, o ser humano fez intervenções
sobre a natureza. Inicialmente desenvolvia suas atividades de trabalho relacionadas às suas
necessidades de sobrevivência. Individualmente ou em grupo lutava pela preservação da
própria espécie; por exemplo, a descoberta do fogo libertou o homem do seu universo de
produção, ampliando assim uma variedade de objetos que proporcionaram o início do
conforto. Numa contingência natural entre as tribos comunitárias primitivas, nasceu a divisão
e a organização do trabalho. A divisão de tarefas permitiu o afastamento de alguns indivíduos
das atividades manuais de produção e com isso a busca de novas matérias-primas e ao
aprimoramento de novas técnicas de produção.
Na modernidade, o trabalho é totalmente modificado. Os artesãos e agricultores passam
a ser incorporados na indústria do capitalismo nascente. Era a transformação do próprio
modo de produção mediante a subordinação do trabalho ao capital. Os trabalhadores passam
por um treinamento rigoroso e disciplinar para operar máquinas aceleradas. Eles agora
trabalham sob o controle do capitalista, a quem pertence seu trabalho, e num novo ambiente
físico. Havia uma necessidade de adequação do ritmo individual ao ritmo das máquinas.
Agora ele precisa apenas controlar em fragmentos o processo de produção. Como no filme
Tempos Modernos, de Chaplin, o trabalhador torna-se um especialista em apertar parafusos.
O século XIX é marcado pelo desenvolvimento industrial, somado ao êxodo rural, que
promoveram concentração populacional. A grande preocupação era adaptar o homem ao
trabalho. Segundo Dejours (1988), o trabalhador tinha que se adaptar a linha de produção
taylorista .
Na introdução da máquina no ambiente de trabalho, e no ajuste do homem neste novo
ciclo subordinado à máquina e ao capital, emergem condições inumanas de trabalho,
58
produzindo o agravamento das condições de vida e da saúde do trabalhador, ocasionando
inúmeros malefícios físicos, mentais e sociais.
Neste contexto, a Ergonomia surge com estudos mais sistematizados a partir da
revolução industrial, que, como vimos, agravou as condições precárias de trabalho necessárias
ao aumento de escala da produção. Para alguns autores, como ILIDA (1990), a Ergonomia
emergiu ainda na pré-história, quando o homem adapta os objetos e o ambiente às suas
necessidades, mas é inegável que teve seu grande desenvolvimento durante a II Guerra
Mundial, quando, pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a
tecnologia e as ciências humanas. Fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e
engenheiros trabalharam juntos para propor melhora da operacionalidade dos equipamentos
militares complexos e extremamente pesados.
O termo “Ergonomia” foi proposto e consagrado em 1857 pelo naturalista polaco
Woitej Yastembowski, quando publicou um artigo intitulado “Estudos de Ergonomia ou
Ciência do Trabalho”, baseado nas Leis Objetivas da Ciência sobre a Natureza. Ergonomia
deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, regras, leis]. Na historicidade, existem
épocas que contribuíram significativamente para a adequação do meio ambiente e dos objetos
às ações humana:
1. 1945-1960 É um período que enfatiza a supremacia do homem frente à máquina,
adaptando esta ao homem. Aparecem os primeiros conceitos em Ergonomia, mais ligada a
fisiologia, e ainda no final desse período, também ao aspecto físico-muscular. O interesse
neste ramo de conhecimentos cresceu rapidamente, em especial na Europa e nos Estados
Unidos da América. Na Inglaterra, cunhou-se o termo Ergonomia e fundou-se em 1949, a
59
“A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica
relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros
elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos
a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do
sistema.”
O trabalho nas empresas de energia é de extrema complexidade. A Ergonomia quando
implantada nessas empresas permite um diagnóstico preciso da relação homem-trabalho.
2.4 A IMPLEMENTAÇÃO DO CURSO DE FACILITADORES NA EMPRESA DE
ENERGIA
Os Facilitadores em Ergonomia tornam-se, assim, profissionais da força de trabalho,
responsáveis pela validação e pelo sucesso em nível local de um projeto de Ergonomia.
(Betiol e Tonelli- 2002).
Para uma atuação dos facilitadores dentro da organização é necessário que eles tenham
uma formação básica em Ergonomia, nos planos teórico e prático, e que a empresa tenha
disponível um contexto básico, necessário para dar continuidade à Ação Ergonômica.
Para Hudson (1995) a prática da Ergonomia é, essencialmente, um trabalho
interdisciplinar. O sucesso ao tratar a questão ergonômica na empresa se assemelha a um time
de futebol bem entrosado. E assim como no futebol, ninguém ganha o jogo da Ergonomia
sozinho. É necessário todo um trabalho de equipe. O jogo em questão é o da ERGONOMIA
contra o risco de natureza ergonômica que demanda a participação de pelo menos três
integrantes: o trabalhador experiente, o engenheiro ou técnico e o facilitador que entendam da
máquina e do processo.
Muitas doenças do trabalho e ocupacionais levam ao absenteísmo cada vez maior de
trabalhadores. Santana (2004) desenvolveu uma pesquisa com a equipe do Programa
Integrado em Saúde Ambiental e do Trabalhador do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba,
entre 2002 e 2004, com base nos acidentes e doenças de trabalho registrados na Bahia em
2000. Naquele ano, a Previdência concedeu 31 mil benefícios no estado. Os resultados da
pesquisa apontaram um dado preocupante: 62,8% de todos os problemas de saúde
ocupacionais que provocaram afastamento de funcionários se relacionaram a acidentes de
trabalho. Do total de benefícios concedidos, 7,3% destinaram-se a cobrir danos desse tipo de
acidente. Segundo os pesquisadores, os acidentes em 2000, na Bahia, trouxeram um gasto de
R$ 8,5 milhões e significaram mais de 500 mil dias de trabalho perdidos. Na verdade, esses
60
custos são maiores, pois o resultado verificado não contempla os gastos das empresas e dos
trabalhadores por conta dos acidentes, sem contar, é claro, o sofrimento das vítimas. Santana
(2004) acredita que identificar o custo dos acidentes, como faz a pesquisa, é essencial para
sensibilizar os empresários na prevenção do problema. Muitas vezes os empresários não têm
informação sobre o papel de medidas que evitam os acidentes.
O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou que o número total de acidentes do
trabalho em 1999 foi de 387.820; em 2000 foi de 363.868; e em 2001, o resultado parcelado é
de 339.645. Foi de 3.896 o número de óbitos em 1999, em virtude de acidentes de trabalho.
No ano de 2000, foi de 3094. Em 2001, um número parcelado de 2557 mortes.
Em cada ano, o governo gastou R$ 1,7 bilhão com licenças e indenizações. Segundo
Souto (2003) esse é um indicador desfavorável da qualidade de vida do trabalhador.
Custo financeiro elevado, com gastos com adoecimento dos trabalhadores levou o
Ministério da Previdência Social a criar mecanismos de controle e prevenção, com o objetivo
de reduzir o sofrimento humano e gasto com tratamentos de saúde e indenização, através dos
benefícios por incapacidade. Desta forma, as Empresas em geral implantaram os Serviços de
Medicina e Segurança, conforme o dimensionamento com base na NR 4 ( Norma
Regulamentadora nº 4)
23
A CLT decreto lei 5452 de de maio de 1943, modificada pela LEI 6514/77,
introduziu as ações de prevenção em nosso país, sendo as mais utilizadas as Normas
Regulamentadoras.
A NR 17( Norma Regulamentadora nº17)
24
, e o manual da NR 17, orienta o
reconhecimento dos critérios ergonômicos que possuem probabilidade de adoecimento dos
trabalhadores. Essa Norma está disponível no portal do Ministério do Trabalho e Emprego
fazendo parte da política de preservação da saúde e prevenção de acidentes, podendo ser
encontrada no livro manual de legislação Atlas 2006.
A partir da NR n.º17 empresas sentiram necessidade de diagnosticar suas demandas
ergonômicas mais especificamente em suas unidades, iniciando parcerias com universidades
com a finalidade de desenvolver um trabalho de pesquisa e correção das inconformidades.
O conhecimento responsável pela minimização do risco de natureza ergonômica foi
veiculado através da formação de facilitadores em Ergonomia, com base no conteúdo da NR
17 e no Manual de Implantação da NR 17, o qual será avaliado através da presente pesquisa
em uma das categorias de estudo.
23
NR 4-Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
24
NR-17- Ergonomia
61
Pretende-se também que os resultados da presente pesquisa sirvam também para
reorientar o processo de formação de recursos humanos, inserido justamente no esforço de
aprimorar os projetos em formação além de propor recomendações para o aperfeiçoamento
dos cursos, instituições , recursos e pessoal envolvidos. O investimento que as organizações
fazem com treinamento de pessoal é considerável, e a necessidade de aferir que tipo de
resultado o treinamento provoca na ocupação dos trabalhadores torna-se condição necessária
para avaliar se os recursos investidos estão realmente surtindo o efeito desejado (Holton III,
Bates, Seyler & Carvalho, 1997). Ouvir os egressos de um programa de treinamento, segundo
Biasoli-Alves (1995), trabalhando com relato oral, ajuda a recompor aspectos do cotidiano e
vem se mostrando uma estratégia de pesquisa mais rica no sentido de propiciar um trabalho de
avaliação. Tais egressos constituem-se em fontes importantes para investigação das
motivações, percepções, impacto e principalmente para atender ao objetivo de levantar dados,
tendo em vista subsídios para elaborar mudanças, implementar, reformar e redefinir
programas de formação.
Com base nesse referencial teórico existem teorias e pesquisas sobre resultados finais,
desempenho no trabalho, questionamentos sociais, políticos e metodológicos sobre avaliação.
Desta forma é importante que pesquisadores da área de avaliação procurem sempre explorar o
relato dos egressos como fonte de dados, pois se trata de uma técnica que oferece a
oportunidade do sujeito/ator se pronunciar, fazendo emergir o conhecimento do trabalho real
, induzindo a mudanças e inovações e permitindo a melhoria dos postos de trabalho. Sendo
assim, a pesquisa cumprio seu papel de validação social, contribuindo para futuros estudos
e experimentos.
62
3 MÉTODO
3.1 PARTICIPANTES
O universo de participantes do presente estudo corresponde a um total de 19 egressos do
Curso de Facilitadores, realizado no período de novembro de 2006 a fevereiro de 2007, na
empresa de energia que deu suporte a este projeto de pesquisa. Este número representa,
aproximadamente, 27,9 % do universo total de 68 alunos que freqüentaram o curso. Esses
participantes estão lotados em ambientes offshor e e ons hore e pertencem à força de trabalho
que executa atividades para o sistema da empresa de energia, incluindo-se empregados
próprios e contratados.
Os participantes do curso foram escolhidos diretamente por suas chefias, segundo as
funções desenvolvidas em SMS e suas habilitações, relacionados ao risco de natureza
ergonômica.
3.2 LOCAL
O projeto de pesquisa foi desenvolvido em um órgão de exploração e produção (E&P)
de uma Empresa de grande porte do ramo de energia, responsável direto pela presente
pesquisa, localização, identificação, desenvolvimento, produção e incorporação de reservas de
óleo e gás natural dentro do território nacional. O E&P está estruturado na forma de Unidades
de Negócios (UN). Cada UN é responsável pela gestão de um conjunto de concessões
exploratórias e de produções, instalações operacionais e administrativas, com apropriação de
receitas e custos e responsabilização por resultados.
A organização das UNs respaldou-se em critérios como localização geográfica,
semelhança geológica e estágio de desenvolvimento das concessões, além de infra-estrutura
disponível e porte. A pesquisa de egressos foi desenvolvida na unidade de negócios localizada
no Rio de Janeiro, através do sistema interno de comunicação da intranet, que permitiu,
através de um banco de dados, a localização de todos os egressos do Curso de Facilitadores.
A escolha de uso da intranet foi motivada pelo fato de grande parte das reservas brasileiras se
encontrarem em bacias marítimas, justamente onde estão lotados os egressos, na sua maioria.
63
3.3 INSTRUMENTOS
O instrumento utilizado para a avaliação do processo desenvolvido no curso de
Facilitadores em Ergonomia teve como fonte a Avaliação do Curso de Atualização em Gestão
Municipal na Área de Saúde IMS/UERJ/2002,
25
.A pesquisa teve como objetivo avaliar o
processo de implementação de políticas públicas e aprimorar os projetos em capacitação na
área da saúde e traçar recomendações para o aperfeiçoamento dos cursos, instituições,
recursos e pessoal envolvidos. A “Avaliação do Curso de Atualização em Gestão Municipal
na Área da Saúde” abrangeu um universo de 16 estados da Federação com alcance de 2.721
municípios, o que representou o envolvimento de 3.192 alunos, 665 instrutores e 27
coordenadores estaduais.
O projeto foi orientado por procedimentos técnico-metodológicos de avaliações
formativas e, por isto, buscou responder questões afetas ao conteúdo do curso avaliado assim
como fluxos e procedimentos concebidos para sua implementação. Contemplou o exame da
adequação entre os objetivos definidos para os cursos e o impacto decorrente de sua
implantação, buscando a correção de eventuais desvios, tanto no nível do desenho (conteúdo,
metas e recursos de implementação), quanto no plano de mecanismos concebidos para
atingirem seus beneficiários (métodos, recursos e procedimentos operacionais). Nesse sentido,
foi uma avaliação voltada para decisão e para o decision-maker, formulador de política
pública.
O “delineamento de pesquisa” da avaliação foi de natureza qualitativa, voltada para
avaliação de processo. O foco da avaliação foi dirigido para os condicionantes institucionais e
operacionais do desempenho dos cursos de capacitação e para as atividades através dos quais
são implantados e desenvolvidos, tratando de identificar os fatores e situações que facilitaram
ou dificultaram a consecução dos objetivos e metas programáticas. Isto é, os cursos foram
examinados através dos filtros dos indicadores de eficácia, eficiência técnica e eficiência
social.
Os cursos realizados foram avaliados por meio de questionários auto-aplicáveis,
postados para os Coordenadores Estaduais, Instrutores e Egressos. Na pesquisa do curso de
25
O Curso de Atualização em Gestão Municipal na Área de Saúde, parte de um dos componentes do Programa
Nacional de Capacitação de Gestores Municipais, é resultado de parceria entre o Ministério da Saúde, por meio
da Secretaria de Políticas de Saúde, com a colaboração do Conselho Nacional de Secretários Municipais de
Saúde CONASEMS, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde CONASS, da Organização
Pan-Americana da Saúde OPAS e da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
ABRASCO, desenvolvido à partir de 2001
64
Facilitadores em Ergonomia foi utilizado o modelo do s urvey dos egressos do Curso de
Atualização em Gestão Municipal na Área da Saúde,
Os questionários foram concebidos em 5 blocos de questões comuns (perfil,
informação/divulgação, motivação, impacto e recomendações) e outros 7 blocos específicos
para cada grupo. Contendo respectivamente nos questionários: 72 questões para os egressos,
75 para os instrutores e 84 para os Coordenadores Estaduais. O universo pesquisado dos
egressos abrangeu 3.192 , dos quais 678 (21,24%) responderam ao questionário.
No “delineamento da pesquisa” da avaliação foram apresentadas análises descritivas dos
resultados obtidos por bloco através de freqüência simples, para os cruzamentos das repostas
do s urvey dos coordenadores e dos instrutores, e inquérito dos egressos, segundo
agrupamentos resultantes do cluster.
3.4 COLETA DE DADOS
Como fontes de dados foram utilizados relatos verbais (Barbosa et Al, 2003;
Manzini,1995; De Rose,1997) dos participante, explorados através de um survey , como
instrumento de coleta de dados. Para avaliação do processo desenvolvido nos Cursos de
Facilitadores em Ergonomia foi realizado um inquérito (survey) com egressos via questionário
auto-aplicável na Intranet ( SPS - Lotus Notes ) da Empresa de Energia, postado para o
universo em estudo.
A elaboração do survey durante o processo de implantação atentou para a fidedignidade
do instrumento ao adaptá-lo no sistema intranet (SPSS- software de análise estatística - Lotus
Notes ).
Fidedignidade são formas, tecnicamente muito bem elaboradas, que outros
pesquisadores podem usar para os mesmos fins, obtendo resultados semelhantes. KIRK e
MILLER (1986) distinguem três tipos de fidedignidade: a primeira seria a fidedignidade
quixotesca que acontece quando o mesmo instrumento gera repetidamente a mesma
informação; a segunda refere-se à fidedignidade diacrônica, associada à estabilidade da
observação no tempo; e finalmente, a fidedignidade sincrônica, ou seja, aquela que inclui o
uso de diferentes instrumentos e medidas. A terceira modalidade tem maior relevância na
pesquisa qualitativa de fenômenos sujeitos à historicidade e dela resulta o uso de múltiplas
técnicas e instrumentos para analisar o mesmo fenômeno.
65
O survey constou de 88 questões o que ocasionou o desmembramento do questionário
em 4 módulos, que o sistema “Lotus Notes”
26
admitia 25 perguntas. Após alguns
meses, o survey foi implantado no sistema intranet da empresa e o curso foi avaliado pelos
egressos. A orientação da abordagem aos egressos através dos questionários pode ser
resumido nas tabelas que se seguem:
26
Lotus Notes- software de análise estatística implantado no sistema da empresa.
66
Tabela 1: Resumo das Questões e Resultados Esperados com Egresso
Módulo I, II, III e IV
Módulo I
Questões Resultados Esperados
Bloco 1 – Perfil do Egresso Caracterização do Egresso/Nível de
Afinidade com a Área de Ergonomia
1. Sexo. Distribuição por gênero
2. Idade. Distribuição por faixa etária
3. Grau de escolaridade. Nível de formação
4. Função Função que ocupa
5. Regime de Trabalho Regime de Trabalho: onshore / offshore
6. Participação em cursos de
aprimoramento
Conhecimento/experiência anterior
67
Módulo II
Bloco 5 – Freqüência / Apoio
Institucional
Quantidade / Qualidade e Adequação do
Apoio Logístico / Recursos
1 e 2. Carga horária dos temas
Suficiência de carga horária dos temas
3. Realização em outro município. Localização / acesso do curso
4até 18. Avaliação dos recursos que
apoiaram as atividades de capacitação
Identificação/qualificação da infra-
estrutura do curso/ apoio logístico
20. Recebimento de material
instrucional produzido pelo MS.
Apoio logístico / material instrucional MS
21Recebimento de material
instrucional produzido pelo RH
Apoio logístico/material instrucional
22. Momento do recebimento. Recebimento de material do RH /
adequação temporal
23. Utilização do material instrucional
produzido pelo RH.
Utilização do material produzido pelo RH
Módulo III
Bloco 6 – Avaliação Adequação / Suficiência / Qualidade /
Organização do Trabalho
1 até 10. Avaliação dos instrutores do
curso.
Adequação do instrutor
11 até 15. Avaliação do material
didático disponibilizado durante o
curso:
Análise de suficiência e
aplicabilidade/atualidade do material
instrucional
16. Adequação na distribuição de
textos para os temas propostos
Adequação da distribuição do material
didático
17. Avaliação dos textos em função
dos conteúdos abordados.
Adequação dos textos aos conteúdos
abordados
18. Avaliação do material didático
utilizado no curso.
Adequação do material ao curso
19. Avaliação da carga horária total
do curso.
Suficiência da carga horária
20. Cumprimento dos objetivos. Quantificação do cumprimento dos
objetivos
21. Dificuldades enfrentadas para
acompanhar adequadamente o curso.
Identificação de problemas/pontos críticos
68
Módulo IV
Bloco 7 – Sistema de Monitoramento
e Avaliação do Curso
Sistematicidade / Adequação e Eficácia
1. Existência de avaliação dos temas. Utilização de avaliação dos temas
2. Tipo de instrumento utilizado. Identificação/ adequação instrumento de
avaliação
3. Momento dei realização da
avaliação.
Identificação da fase da avaliação do aluno
4 até a 10. Auto-avaliação no
desempenho das atividades
desenvolvidas.
Avaliação do desempenho do aluno
Bloco 8 - Impacto Indução a Mudanças e Inovações na Gestão
/ Indução a Melhorias Institucionais /
Promoção de Autonomia
11. Opinião sobre a utilidade da
avaliação
Eficácia do instrumento de avaliação
12. Efeitos do curso. Identificação de mudanças (rotina diária,
visão do setor saúde, relações institucionais)
13. Identificação do tipo de mudança Identificação das competências de
Facilitador de Ergonomia
14. Ações em Ergonomia Identificação de área para ações
Ergonômicas
15. Principais mudanças que o curso
provocou.
Identificação de mudanças específicas
cognitivas/ qualificação/ de articulação de
parcerias
16. Efeitos do curso. Identificação de demandas ergonômicas
17. Identificação de demandas
ergonômicas por área
Conhecimento de áreas para uma ação
ergonômica
18. Apoio gerencial Respaldos para encaminhamentos de ações
ergonômicas
19. Ações que habitualmente fazia
antes de participar desta capacitação e
deixou de fazer.
Identificação de mudanças no processo de
trabalho / organização dos serviços /
promoção de autonomia
20. Ações que não fazia antes da
capacitação e passou a fazer.
Identificação de mudanças no processo de
trabalho / organização dos serviços /
promoção de autonomia
Bloco 9 - Recomendações Adequação de Cobertura / Métodos
21. Sugestões para melhorar o
desempenho de cursos de
capacitação.
Adequação de métodos para melhorar o
desempenho de cursos
Fonte: Avaliação do Curso de Facilitadores em Ergonomia
69
Tabela 2: Resumo dos blocos e número de perguntas
Blocos Números de Perguntas
Perfil 8
Informação e Divulgação 6
Motivação 2
Temas 9
Freqüência/Apoio Institucional 23
Avaliação 21
Sistema de Monitoramento e Avaliação 10
Impacto 10
Recomendações 1
Total de Perguntas 88
Fonte: Avaliação do Curso de Facilitadores em Ergonomia
Tabela 3: Avaliação do curso: dimensões e indicadores considerados Aspectos/processos
indicadores de eficácia
Dimensões dos cursos Aspectos/processos indicadores de
eficácia
Seleção/Perfil dos instrutores formação profissional; regime de
trabalho, Sistema de contratação
Divulgação/informação dos cursos Planejamento Suficiência;
qualidadeSuficiência; qualidade
Projeto institucional de ensino (conteúdos;
material didático; forma de avaliação e
metodologia desenvolvida)
Suficiência; qualidade; adequação;
regularidade; abrangência;
integralidade
Motivação Identificação do envolvimento
institucional com o curso
Apoio logístico Suficiência; regularidade;
adequação
Sistema de monitoramento e avaliação Sistematicidade; adequação e
eficácia
Fonte Avaliação do Curso de Formação de Facilitadores em Ergonomia
70
Tabela 4: Avaliação do curso: dimensões e indicadores considerado. Aspectos/processos
indicadores de desempenho e indicadores de impacto (parciais)
Dimensões do curso Aspectos/processos indicadores de desempenho
Desempenho/resultados dos
cursos
Coberturas, produção, integralidade; regularidade,
produtividade e qualidade dos cursos
Aspectos/processos indicadores de impacto (parciais)
Resultados indiretos e
desdobramentos
Indução à mudanças e inovações na gestão
Indução à melhorias das unidades
Promoção de autonomia
Fonte: Avaliação do Curso de Formação de Facilitadores em Ergonomia
3.5 PROCEDIMENTOS
3.5.1 Procedimentos gerais
Para a execução do trabalho de pesquisa, foram cumpridas as etapas essenciais,
conforme abaixo discriminadas:
Contatos com a Empresa e tentativas de contatos para apresentação do projeto e
escolha do curso a ser avaliado. ( outubro de 2005 – março de 2006).
Agendamento de reunião com a equipe de SMS para apresentação do projeto de
pesquisa, em março de 2006.
Apresentação do projeto e reforço dos objetivos e a validade social da pesquisa; após
a reunião, em 13 de abril, fui encaminhada para o departamento de Recursos
Humanos (RH) da empresa para um agendamento com a gerência para apresentação
do projeto e escolha do curso a ser avaliado.
Seleção do curso a ser avaliado. Foi escolhido o curso de Facilitadores em
Ergonomia, que estava em andamento ( maio de 2006 ) e era substancial para a
implantação do Programa de Ergonomia na empresa. Encaminhamento de uma carta
de autorização, contendo o plano de trabalho e cronograma para execução do projeto
na empresa .
Núncias do jurídico da Empresa para autorização do projeto. Após a análise do
projeto pelo departamento jurídico foi feito um acordo de confidencialidade entre a
Empresa e o pesquisador. ( setembro de 2006 )
Discussão da estrutura e cronograma do projeto com o SMS. Após várias reuniões
com o SMS, chegou-se a conclusão que seria melhor o envio do questionário pela
intranet, que através de um banco de dados seria possível localizar a lotação de
todos os egressos do curso de facilitadores e evitaria vários embarques em
plataformas offshore.
Análise da organização do trabalho, com a caracterização da organização e da
instituição implementadora do curso através de dados documentais.
71
Contato com a instituição implementadora do curso para apresentação do projeto.
Treinamento com a analista de sistema para conhecimento da plataforma,
estruturação e ajustes para incorporação do questionário no sistema intranet da
Empresa.
Ajuste no questionário, que teve que ser desmembrado em quatro módulos, pois o
sistema era limitado a 25 perguntas.
Incorporação do questionário no sistema da intranet da Empresa
3.5.2 Procedimentos específicos
Os procedimentos específicos para a coleta de dados se constituíram, durante a primeira
etapa, pelo acompanhamento da última turma durante o Curso de Facilitadores .
As informações extraídas de fontes de dados documentais, como o programa de
Ergonomia, o padrão de Ergonomia , a listagem de presença de todos os participantes com
matrícula( empregado próprio ou empregado contratado), lotação e sua freqüência no curso
colaboraram para o estudo estatístico .
A segunda etapa da coleta de dados foi realizada através do levantamento das
Avaliações produzidas durante o andamento do curso (pré-curso ,desenvolvimento e pós-
curso). Foi encaminhada pelo RH uma única avaliação a de pós – curso ( reação).
O questionário foi concebido em 5 blocos de questões comuns (perfil,
informação/divulgação, motivação, impacto e recomendações). Com a finalidade de permitir
uma abordagem quantitativa quantificação e tratamento estatístico, para a análise dos dados
qualitativos da pesquisa - optou-se pela elaboração de um número maior possível de questões
com opções fechadas de resposta.
Os resultados do survey apresentam os dados tabulados dos questionários por blocos de
questões. Utilizando-se dos dados obtidos, por intermédio da categorização das respostas dos
egressos, foram tratadas as questões mais relevantes para o estudo , de acordo com as
principais dimensões e indicadores propostos para avaliação. Levou-se em consideração
também os dados documentais da empresa.
Neste estudo, os resultados da avaliação de egressos do curso de capacitação servem
como ferramenta de avaliação e validação de resultados finais. De posse dos resultados da
pesquisa, será possível ao pesquisador avaliar como estão sendo preparados esses
profissionais escolhidos da força de trabalho para executarem suas atividades de facilitadores,
e como irão validar os objetivos do Programa. Portanto, defende-se neste trabalho a utilização
72
de uma ferramenta auxiliar para AET, a avaliação de egressos, para tornar os cursos de
facilitadores eficazes e mais próximos da realidade.
4. RESULTADOS
O objetivo da pesquisa foi avaliar a eficácia de um curso de formação de facilitadores
em Ergonomia. Nesse sentido, primeiramente serão apresentados dados documentais da
empresa de energia que servirão de base para conhecimento do processo de implantação do
programa de Ergonomia na etapa de formação da equipe especializada em Ergonomia. Em
seguida, serão abordados os resultados do sur vey dos egressos.
4.1 DADOS DOCUMENTAIS DA EMPRESA
A Tabela 5 apresenta indicadores para o primeiro ano de implantação do programa de
Ergonomia, aplicável em todas as gerências das unidades. Esse indicador faz parte de algumas
diretrizes propostas pelo padrão de Ergonomia da empresa.
Tabela 5: Indicador de Treinamento
TTE – Taxa de Treinamento em Ergonomia
Meta desafiadora 100%
Limite admissível 85 %
Medição trimestral
O indicador de treinamento: TTE Taxa de Treinamento em Ergonomia, é a relação
entre o número total de treinamentos planejados e o número total de treinamentos realizados
em Ergonomia. A tabela acima apresenta um limite admissível de treinamento durante o
primeiro ano de implantação do programa de Ergonomia de 85%, demonstrando controle
corporativo.
A seguir, o gráfico da Figura 1 demonstra o índice de realização sob o total de
empregados previstos na capacitação de facilitadores de Ergonomia revela ainda o índice de
47,5% de realização previsto para o primeiro treinamento dos facilitadores de Ergonomia. A
empresa tinha como meta formar 143 facilitadores de Ergonomia da força de trabalho, porém
73
68 fizeram o curso. Ao comparar o gráfico da Figura 1 com o gráfico da Figura 2 podemos
verificar que o limite admissível de treinamento ficou abaixo do nível esperado de 85%.
143
68
47,4%
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Empregados
que fizeram
o curso
Empregados
previstos
Índice
previsto
Figura 1 :Índice de realização sob o total de empregados previstos na capacitação de
Facilitadores de Ergonomia
O gráfico da Figura 2 apresenta a situação funcional na empresa dos empregados que
participaram do curso
0
10
20
30
40
50
Próprio
Contratado
Figura 2 :Situação Funcional na Empresa (Contratado – Próprio)
Quanto à situação funcional na empresa dos que fizeram o curso de facilitadores,
observamos, através da Figura 2, que a empresa solicitou a participação não dos
empregados próprios (69,1%) mas dos empregados contratados (30,8%).
No próximo tópico serão apresentados os resultados do survey da pesquisa .
74
4.2 RESULTADOS DO SURVEY DOS EGRESSOS
Os cursos realizados foram avaliados por meio de questionários auto-aplicáveis, através
do sistema interno de comunicação da intranet , que, através de um banco de dados permitiu
localizar todos os egressos do Curso de Facilitadores.
A Tabela 6 apresenta a o número de egressos e o percentual de resposta de acordo com
os módulos do survey
Tabela 6: Alunos egressos do curso de formação de facilitadores em Ergonomia pesquisados e
respondentes por módulos
Módulo Blocos Respondidos Número de
Alunos
Respondentes
% de
Respostas
Módulo I
1.
Perfil
2.
Informação e Divulgação ,
3.
Motivação
4.
Temas
19
27,94%
Módulo II 5.
.Freqüência / Apoio Institucional
10 14,70%
Módulo III 6.
Avaliação 12 17,64%
Módulo IV 7.
Sistema de Monitoramento e
Avaliação do Curso,
8.
Impacto
9.
Recomendações
12 17,64%
O questionário foi concebido em 9 blocos de questões (perfil, informação/divulgação,
motivação, temas, freqüência e apoio institucional, avaliação, sistema de monitoramento e
avaliação, impacto e recomendações). A seguir serão apresentadas análises descritivas dos
resultados obtidos por bloco através de freqüência simples.
75
4.2.1 Bloco Perfil do Aluno
O gráfico da Figura 3 apresenta a distribuição dos alunos respondentes segundo a
escolaridade declarada por bloco através de freqüência simples
Figura 3 Distribuição dos Alunos Respondentes Segundo a Escolaridade Declarada
Observa-se que 73.6% dos alunos são do sexo masculino, com predominância de 27,5%
nas faixas etárias entre 41 e 50 anos e de 17,5% na faixa entre 31 e 40 anos. Quanto ao nível
de escolaridade, observou-se que 29% declaram possuir o nível de ensino médio e, 7.5 % o
superior completo. Com relação aos que declararam titulação de pós-graduação /mestrado
(2.5 % dos respondentes), 5% são especialistas.
10
3
3
2
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
.
Ensino médio completo
Graduação incompleta
Graduação completa
Especialização completa
Pós-graduação (stricto sensu) Mestrado
76
A seguir, em relação ao regime de trabalho segue, a Figura 4, com os respectivos
resultados.
Figura 4 – Regime de Trabalho
6
13
0
0
2
4
6
8
10
12
14
Onshore
Offshore
Não
Respondeu
77
A seguir, na Figura 5 os egressos informam o cargo na empresa.
7
2
4
3
1
1
1
0
2
4
6
8
Técnico de Enfermagem Técnico Administrativo Operador
Técnico de Segurança Oficial de Náutica Técnico de Manutenção
Consultor Técnico
Figura 5: Cargo na empresa
As categorias profissionais mais referidas foram a dos técnicos em enfermagem e a dos
operadores (36,8% e 21 % respectivamente).
4.2.2 Bloco Informação e Divulgação
Os alunos tomaram ciência do curso por contato pessoal , DIP ( Documento Interno da
empresa de Energia ) e outros ( reuniões regionalizadas, contato telefônico , Internet).Em
relação ao momento de ciência do curso e o início de sua realização, 78,9 % referiram terem
sido informados semanas antes do início do mesmo, o que foi considerado suficiente para
78,9%.
Avaliaram como boas (52,6%) e regulares (36,8 %) as informações recebidas antes da
participação no curso. Dos 19 alunos, 84,2% informaram ter tido participação na divulgação
do curso junto a outros empregados.
78
4.2.3
79
Conforme os resultados apresentados na Tabela 8 os temas mais bem abordados foram
Introdução a Ergonomia O que é (e o que não é) uma AET”; Ergonomia Participativa
Bases II: Como vamos fazer Ergonomia e a Ergonomia Física Riscos I: “Um corpo que
trabalha” (94,7%) e o que não foi bem abordado foi o Revisão Ação IV: “Preparemos uma
palestra com que vimos no curso!”( 26,3%).
4.2.5 Bloco Freqüência/Apoio Institucional
A seguir, o gráfico a figura 6 revela a avaliação da carga horária e o gráfico da figura 7
apresenta a carga horário total do curso .
Figura 6 : avaliação das carga horária dos temas do curso
Figura 7: Carga horária total do curso
2
4
6
0
0
1
2
3
4
5
6
Excessiva
Suficiente
Insuficiente
Não Respondeu
2
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Necessitam de
uma carga horária
maior
Necessitam de
uma carga horária
menor.
Não Respondeu
8
80
Em relação à avaliação da carga horária utilizada na abordagem de alguns temas, o
gráfico da Figura 6 projeta a percepção da necessidade de uma carga horária maior. O gráfico
da Figura 7 indica que a carga horária total do curso foi considerada insuficiente. Esses dados
apontam a necessidade de uma avaliação da carga horária total do curso e da revisão da carga
horária dos temas propostos.
A infra-estrutura sala de aula, recursos materiais e audiovisuais ( 100%)}; iluminação,
sanitários ( 90%) ; ventilação, carteiras e cadeiras (80%); acústica e quadro/lousa, ( 70%}
disponível para as atividades de capacitação foi considerada suficiente em quantidade e
qualidade. O estudo verificou que o local de realização do curso foi considerado de fácil
acesso por 100% dos alunos que responderam o questionário.
4.2.6 Bloco Avaliação
Os alunos avaliaram como bom o desempenho do instrutor nos seguintes aspectos:
domínio dos conteúdos e para além destes (58,3%), clareza na exposição (66,6%) utilização
do tempo (58,3%), emprego de exemplos (75%), capacidade de síntese e de
comunicação(58,3%) pontualidade (50%), metodologia adotada (75%) e apresentação
(83,3%) .
A maioria (83,3%) considerou satisfatória a quantidade e a qualidade do material
didático disponibilizado durante o curso, apresentados na Tabela 8, quanto à suficiência de
qualidade e quantidade (atualidade / aplicabilidade):
Tabela 8: Avaliação do material didático
Avaliação do Material didático
Material didático disponibilizado para o curso
Satisfatório %
Insatisfatório %
Caderno de Slides 83,3% 8,3%
Caderno de exercícios 83,3% 16,65
Banco de fotos 100% 0%
CD 75% 16,6
Em relação ao material didático, a maioria considerou satisfatória a quantidade e a
qualidade dos cadernos de slides, cadernos de exercícios (83,3%) e 100 % apreciaram o banco
de fotos, pois apresentavam situações do cotidiano dos egressos. No que tange à qualidade do
CD, maioria pontuou como bom.
81
Consideraram também que o material didático utilizado foi: adequado aos objetivos do
curso (75%%), suficiente para apoiar o desenvolvimento das atividades e apto a despertar o
interesse dos alunos (66,6%) e atualizado e diversificado (41,6%). Com relação à metodologia
utilizada (aula expositiva, mesa redonda, trabalho em grupo, dinâmicas e exercícios para o
desenvolvimento dos temas), a maioria dos alunos considerou-a apropriada para as atividades
realizadas:. Já em relação à carga horária do curso, 57,7% consideraram-na suficiente e 35,3%
insuficiente.
O gráfico da Figura 8 apresenta uma avaliação sobre o cumprimento de um dos
objetivos do curso em sua quantificação:
Figura 8 Cumprimento dos objetivos do curso
No que concerne ao cumprimento dos objetivos da capacitação: Promover a
sensibilização par a facilitar Ações Ergonômicas como multiplicador na sua área de
atuação.” O curso os cumpriu parcialmente para 50 % dos participantes que responderam ao
questionário, e para 33% deles foram totalmente alcançados.
As principais dificuldades apontadas pelos alunos para o cumprimento das atividades
foram: falta do trabalhos práticos (40,9%); pouco tempo disponível para o curso (27,9%);
ausência de trabalho prático (27,6%) e déficit de conhecimento anterior dos temas (27,0%).
2
4
6
0
0
1
2
3
4
5
6
Não cumpriu
Cumpriu totalmente
Cumpriu
parcialmente
Não Respondeu
82
4.2.7 Bloco Sistema de Monitoramento
Verificou-se que os alunos passaram por processos de avaliação. Para 50% foram
avaliados ao final de cada tema e 41,6 % ao final do curso. Os principais instrumentos
utilizados foram o trabalho em grupo (83,3%) e a freqüência (50%).
Uma outra questão investigada foi a percepção dos alunos sobre seu o desempenho nas
principais atividades do curso. A maioria avaliou como excelente (75%)o seu desempenho
nos aspectos de assiduidade e pontualidade e bom na realização das atividades planejadas
(75%);compreensão dos objetivos do curso, trabalho de grupo, participação nas discussões
(66,6%) e entrosamento com os colegas (50%).
4.2.8 Bloco Impacto
Com o objetivo de conhecer os possíveis efeitos indiretos do curso, tanto para os
egressos como para a empresa de energia, foi incluído um bloco de questões denominado
impacto do curso. Foram apontadas as seguintes mudanças: na avaliação das demandas em
Ergonomia (75%) e no cotidiano de trabalho (50%).
Como revelam os dados da Tabela 9, na opinião dos pesquisados, um considerável
percentual de competências do Facilitador de Ergonomia no cotidiano do trabalho pôde ser
identificado pelos respondentes.
83
Tabela 9: Competências identificadas no cotidiano do facilitador
Competências do facilitador
Competências identificadas
no cotidiano do trabalho %
1.
Colaborar no processo de participação da força de
trabalho nas ações ergonômicas;
75%
2.
Viabilizar, junto a gerência, a implementação da
ação ergonômica proposta;
58,3%
3.
Receber as demandas ergonômicas levantadas pela
força de trabalho de sua gerência e encaminhá-las ao Grupo
Executivo;
50%
4.
Promover a sensibilização da força de trabalho para
a adoção de práticas de Ergonomia recomendadas;
50%
5.
Colaborar na realização das AETs priorizadas, na
sua Gerência, em conjunto com o especialista Interno ou
Consultor Externo e com os membros do Grupo;
33,35%
6.
Receber, avaliar, registrar e encaminhar à comissão
de Ergonomia as demandas em Ergonomia da sua gerência;
25%
7.
Programar, organizar e ministrar palestra básica de
Ergonomia, conforme treinamento recebido;
25%
8.
Reportar ao grupo as opiniões da força de trabalho
para a eficácia das transformações implementadas em sua
gerência.
25%
A competência mais identificada foi a de colaborar no processo de participação da força
de trabalho nas ações ergonômicas (75%) e as menos identificadas foram: receber, avaliar,
registrar e encaminhar à comissão de Ergonomia as demandas em Ergonomia da sua gerência;
programar, organizar e ministrar palestra básica de Ergonomia, conforme treinamento
recebido e reportar ao grupo as opiniões da força de trabalho para a eficácia das
transformações implementadas em sua gerência (25%).
Com relação à identificação de demandas ergonômicas, 100% dos informantes
responderam que haviam tido oportunidade de identificá-las em suas unidades, tanto na
área operacional (66,6 %) como na área administrativa (58,3 %).
Uma outra questão colocada foi relacionada às ações ergonômicas em áreas da
Ergonomia às quais o curso possibilitou uma melhor visão do conhecimento, evidenciada: na
84
Ergonomia física (83,3% ), na Ergonomia organizacional(58,3% ), na Ergonomia cognitiva
(33,3%). Apenas 16,6% dos respondentes declararam não ter percebido mudanças.
Na opinião da maioria dos respondentes (91,6%) existe apoio da gerência no que se
refere à encaminhamentos de demandas ergonômicas observadas na unidade.
4.2.9 Bloco Recomendações
No gráfico da Figura 9 podem ser verificados os comentários dos egressos em relação às
mudanças de perfil e comportamento após o curso.
4 4
1
3
0
2
4
Conhecimento das demandas ergonômicas
Conscientização do grupo de Trabalho
Buscar melhorias
Não houve mudanças
Figura 9 – Comentários dos egressos em relação
a mudança de comportamento após o curso
Na opinião dos respondentes o curso proporcionou uma mudança de comportamento
mais acentuada em relação ao conhecimento das demandas ergonômicas, à conscientização do
grupo de trabalho e à busca de melhorias.
No gráfico da Figura 10 estão registradas as sugestões para melhorar o desempenho de
cursos de capacitação, destacando-se, entre elas, o ensino à distância, a educação permanente
para todos os envolvidos nas ações ergonômicas e a maior sensibilização da força de trabalho
para os objetivos do curso, no sentido de promover o seu aprimoramento
85
Erro!
Figura 10: Sugestões para melhorar os cursos de facilitadores de Ergonomia
8
6
7
9
7
7
10
0
0 0
0
2
4
6
8
10
22 melhorar o desempenho
dos Cursos de Facilitadores é
importante:
Assinale quantas opções forem
necessárias. Caso marque o
número 9, justifique:
Maior sensibilização da força de trabalho sobre os objetivos do curso
Capacitação específica dos instrutores para essa modalidade de instrução
Expansão da capacitação para outros níveis
Estabelecimento de um processo de educação permanente para todos envolvidos nas
86
5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
A presente pesquisa teve como objetivo geral avaliar a eficácia de um programa de
formação de facilitadores em Ergonomia.
Identificar os resultados de tal iniciativa para uma política de implantação e
operalização de um programa de Ergonomia numa empresa de grande porte de energia é de
grande relevância para todas as gerências. Essa avaliação poderá auxiliar no reconhecimento
da realidade do trabalho, permitindo a visualização do impacto da capacitação desses
facilitadores na viabilização de execuções de ações ergonômicas nas unidades e, assim,
possibilitando a realização de cursos mais eficazes.
Os primeiros dados fornecidos pela empresa revelaram que, segundo o Programa de
Ergonomia oferecido pela própria organização, a meta desafiadora para treinamentos em
Ergonomia era de 100% e o limite admissível de 85%, com medição trimestral ; ao compará-
las com o índice de realização, sob o total de empregados previstos na capacitação de
facilitadores de Ergonomia, observa-se que os 47,5% de realização previsto para o primeiro
treinamento dos facilitadores de Ergonomia, ficou abaixo do admissível; observamos também
que foi realizado um único curso de Facilitadores de Ergonomia durante o ano de 2006.
Outro evento significativo foi o resultado do levantamento da situação funcional dos
trabalhadores que participaram do curso, cujos dados demonstraram que a empresa se
preocupou em capacitar não somente os próprios empregados, mas ainda os contratados.
Estudos de Druck ( 1995) e de Araújo (2001) realizados em empresas de energia apontaram
necessidade de treinamentos para os terceirizados, e, em 2006, dados fornecidos pela empresa
para a presente pesquisa sugerem que houve investimentos no capital intelectual desses
ativos.
Durante o Curso de Formação de Facilitadores em Ergonomia, objeto desta pesquisa,
observou-se a utilização de três instrumentos de avaliação: o levantamento da freqüência ;
trabalhos de grupo ao término de cada tema apresentado e avaliação de reação no final do
curso. A avaliação de reação constou no preenchimento de um formulário de avaliação dos
efeitos do curso nos empregados, levando em consideração os conteúdos, a metodologia, a
infra-estrutura e o desempenho do instrutor.
A falta de uma avaliação pré - curso impediu o aprofundamento da pesquisa, pois ao
não identificar–se os comportamentos de entrada dos participantes careceu-se de uma “linha
de base” como referência para confrontos de dados.
87
Para verificar a efetividade das políticas de capacitação, medindo, de alguma forma, a
aplicação de novos conhecimentos adquiridos através das atividades desenvolvidas pelo
Curso de Facilitadores em Ergonomia e a sua continuidade na prática profissional do egresso,
foi proposto à empresa uma avaliação pós-curso como modalidade de avaliação de eficácia .
É importante realçar que a pesquisa dos egressos após meses da saída do participante explora
a percepção dos participantes sem a contaminação típica da avaliação ainda durante o evento
no seu encerramento.
Segundo os indicadores de eficácia e suas dimensões (seleção / perfil, divulgação /
informação dos cursos, motivação, projeto institucional, sistema de monitoramento e
avaliação), o curso de formação de facilitadores em Ergonomia atendeu as necessidades da
função. Foi possível comprovar esta afirmativa analisando as respostas dos egressos.
Em relação à escolaridade dos participantes, os resultados da pesquisa apontaram que a
maior parte dos egressos possui o nível de ensino médio. Tal fato, pode apontar necessidades
de incentivos por parte da empresa de energia em relação à formação desses ativos ou pode
indicar, devido ao regime de trabalho offshore onde períodos de dias de trabalho no mar e
dias de descanso em terra se alternam –, desmotivação ou stress, decorrente do trabalho
confinado.
Um outro ponto investigado foi o que diz respeito à divulgação/informação , que os
egressos avaliaram ter sido suficiente para tomar conhecimento do curso, sem deixar de
recomendar, porém, para melhor desempenho dos futuros programas de treinamento, uma
maior sensibilização da força de trabalho sobre os objetivos do curso. A grande motivação
apontada para participar dessa capacitação foi a de aumentar o conhecimento em Ergonomia e
as principais razões alegadas para adesão das unidades foram a determinação de uma
liderança de área.
Na visão dos egressos o curso contou com boa infra-estrutura para a realização de suas
atividades. Não obstante, foi apontada a necessidade de uma reavaliação da carga horária total
do curso e de revisão da carga horária dos temas propostos. Uma das principais dificuldades
apontadas pelos alunos para o cumprimento das atividades, foi o pouco tempo disponível para
as atividades do Curso. Sugere-se, então, com essa finalidade, tomar como referência os
cursos ministrados pela AIE (Associação Internacional de Ergonomia).
Segundo os indicadores de desempenho (dimensões avaliadas: resultados dos cursos) e
o indicador de impacto / parciais (dimensões avaliadas: resultados indiretos e
desdobramentos) os resultados sugerem que houve mudanças na avaliação das demandas em
Ergonomia após o curso. As disciplinas às quais o curso possibilitou maior ampliação do
88
conhecimento foram evidenciadas na Ergonomia Física e na Ergonomia Organizacional,
localizadas nos setores operacional e administrativo. A competência mais desenvolvida pelos
egressos foi a de colaborar no processo de participação da força de trabalho nas ações
ergonômicas.
Partimos do pressuposto de que os egressos, na sua maioria, estavam encontrando
dificuldades no que se refere aos encaminhamentos de demandas ergonômicas observadas na
sua unidade. O resultado surpreendeu, pois na opinião dos 91,6% respondentes existe apoio
da gerência às ações em Ergonomia.
Entre as sugestões apontadas pelos egressos para a realização de outros processos de
capacitação, pode-se destacar o ensino à distância, a educação permanente para todos os
envolvidos nas ações ergonômicas e maior sensibilização da força de trabalho sobre os
objetivos do curso para melhorar os cursos de facilitadores de Ergonomia. .
A pesquisa contribuirá a estudos posteriores que tenha como objetivo avaliar a eficácia
de programas de curso de formação e o uso do survey de egressos como ferramenta auxiliar
para AET, Com base na literatura e na pesquisa de campo realizada, sugerem-se aos futuros
cursos de formação avaliações anteriores, simultâneas e posteriores à realização dos cursos.
Conforme o modelo da Figura 11 abaixo, instrumentos e métricas de avaliação podem ser
aplicados desde o planejamento do treinamento, onde o s urvey dos egressos aparece como
uma das ferramentas auxiliares para AET.
Figura 11. Modelo de avaliação para cursos de formação
Planejamento do Curso
1- Avaliação do
Ensino-Aprendizagem
2-Avaliação de Reação
3-Avaliação dos
Egressos
Resultados Conclusivos da Avaliação
Formas Multivariadas
de Pesquisa
AET
Avaliações Pré-
Curso
Avaliações
durante o curso
Avaliações Pós
- Curso
89
Fonte: Modelo de avaliação sugerido pela autora tendo como base o referencial teórico do
presente estudo.
A figura 11 apresenta o modelo de avaliação proposto pela autora contendo avaliações
preparatórias (pré-curso), de acompanhamento (durante-curso) e de revisão dos cursos (pós
curso), com base na avaliação de egressos como ferramenta auxiliar para AET.
Concluindo, a pesquisa poderá ter conseqüências para trabalhos na área de avaliação de
programas de treinamento, uma vez que traz evidências sobre a utilização de ferramenta
facilitadora desse propósito. A aplicação do survey dos egressos, como ferramenta auxiliar de
AET, proporciona planejamentos de programas de formação próximos da realidade do
trabalho dos facilitadores, produzindo cursos mais eficazes. Esse estudo também traz
conseqüências potenciais para os profissionais de recursos humanos (RH), pois abre espaço
conceitual e instrumental para o desenvolvimento de tecnologias facilitadoras da
implementação de ações de educação nas organizações.
A pesquisa tem relevância também entre os gestores que precisam conhecer qual o
efeito que determinada política produz quando implementada, mas a grande repercussão da
pesquisa é para a força de trabalho, que no seu cotidiano espera mudanças que reflitam mais
humanização do ambiente de trabalho.
90
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98
7 ANEXOS
ANEXO I
Carta de Apresentação
Curso de Treinamento de Facilitadores em Ergonomia
Avaliação de eficácia
Você foi indicado, dentre muitos empregados da empresa, para participar do Curso de
Facilitadores de Ergonomia, consideradas suas habilidades pessoais. Por conta desse
potencial, estamos interessados em saber qual a sua opinião a respeito do curso oferecido;
avaliando-o com vistas a outros investimentos em programas de Educação Continuada, com
objetivos similares.
Com esta finalidade elaboramos um questionário em quatro módulos, contendo:
Módulo I - 23 perguntas
Módulo II - 23 perguntas
Módulo III - 21 perguntas
Módulo IV
- 22 perguntas
São questões auto-explicativas, que abordam aspectos relevantes do processo ensino-
aprendizagem, característico do Curso de Facilitadores em Ergonomia. Procure responder
respeitando a seqüência, para facilitar o entendimento das perguntas posteriores.
Você terá o prazo de 04/12/2006 até 05/02/2007, para responder todo o questionário.
Serão mantidos o anonimato e o princípio do sigilo.
Suas opiniões e observações são fundamentais para o sucesso atual e futuro do
Programa de Ergonomia da UN-RIO.
Muito obrigado por sua colaboração!
UN-RIO/SMS
99
ANEXO 2
Survey
MÓDULO I
100
101
102
103
MODULO II
104
105
106
MODULO III
107
108
109
110
MODULO IV
111
112
113
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