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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
TESE DE DOUTORADO
ESTADO NUTRICIONAL COMO PREDITOR DE MORTE, INFECÇÃO E
PERMANÊNCIA HOSPITALAR
MARIUR GOMES BEGHETTO
Orientadora: Prof
a
Drª Carísi Anne Polanczyk
Porto Alegre, outubro de 2007.
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EPIDEMIOLOGIA
TESE DE DOUTORADO
ESTADO NUTRICIONAL COMO PREDITOR DE MORTE, INFECÇÃO E
PERMANÊNCIA HOSPITALAR
MARIUR GOMES BEGHETTO
Orientador: Profª.Drª. Carísi Anne Polanczyk
A apresentação desta tese é exigência do Programa de
Pós-graduação em Epidemiologia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, para obtenção do título
de Doutor.
Porto Alegre, Brasil.
2007
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3
B416e Beghetto, Mariur Gomes
Estado nutricional como preditor de morte, infecção e
permanência hospitalar / Mariur Gomes Beghetto ; orient. Carísi Anne
Polanczyk. – 2007.
203 f. : il.
Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação Medicina:
Epidemiologia. Porto Alegre, BR-RS, 2007.
1. Estado nutricional 2, Tempo de internação 3. Infecção 4. Morte 5.
Hospitalização 6. Epidemiologia I. Polanczyk, Carisi Anne II. Título.
NLM: QU 145
Catalogação Biblioteca FAMED/HCPA
4
BANCA EXAMINADORA
Maria Cristina Barbosa e Silva, Programa de Pós Graduação de Saúde e Comportamento
da Universidade Católica de Pelotas.
Mário Reis Álvares da Silva, Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas:
Gastroenterologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Prof. Dr. Erno Harzheim, Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
Profª Carisi Polanczyk, Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (Orientadora).
5
MENSAGEM
"Se realmente entendemos o problema, a resposta virá
dele, porque a resposta não está separada do
problema”.(Jiddu Krishnamurti)
6
AGRADECIMENTOS
Aos Professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da
UFRGS pela acolhida, competência e dedicação;
à Profª Drª Carísi Polanczyk por ter sido incansável em nortear esta trajetória;
ao Serviço de Nutrologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, na figura de sua
chefia, profª Drª Elza Mello, e de suas colaboradoras, Nut. Carla Silveira e Drª Claudia
Gazal, pelo incentivo diário e por terem criado condições concretas;
ao Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIPE) do HCPA pela viabilidade financeira;
à colega e parceira Nut. Vivian Luft pelo empenho, comprometimento e parceria;
à Aline Fraga, Amanda Siegmann, Ana Elisa Copstein, Andréia Candal, Bibiana Manna,
Caroline Fortes, Francine Hill, Gabriela Koglin, Gabriela Salazar, Leonardo Stumm,
Michele Drehmer, Natália Schmidt, Roberta Ferlini, Scheila Ortolan, Tatiana Ederich,
pelo envolvimento e dedicação ao projeto;
ao Marcelo (esposo) e Rafael (filho), pelo apoio silencioso e incondicional,
meu reconhecimento e agradecimento a todos, de verdade!
7
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas e siglas..........................................................................................
Resumo ..........................................................................................................................
Abstract ..........................................................................................................................
Lista de Quadros …………............................................................................................
Lista de Tabelas ………….............................................................................................
Lista de Figuras ………….............................................................................................
1. APRESENTAÇÃO ....................................................................................................
2. INTRODUÇÃO .........................................................................................................
3. OBJETIVOS ..............................................................................................................
4. REFERÊNCIAS DA INTRODUÇÃO DA TESE .....................................................
5. ARTIGOS
5.1. Índice de massa corporal, albumina, contagem de linfócitos, Avaliação
Nutricional Subjetiva Global, antropometria do braço e perda de peso no
diagnóstico nutricional de adultos hospitalizados …………………………….
5.2. Triagem nutricional em adultos hospitalizados: Revisão da validação dos
métodos disponíveis ..........................................................................................
5.3. Accuracy of nutritional assessment tools for predicting adverse hospital
outcomes ...........................................................................................................
5.4. Avaliação nutricional: descrição da concordância entre avaliadores …….
5.5. Impacto de variáveis nutricionais na predição de morte, infecção e
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permanência hospitalar ......................................................................................
7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................
8. ANEXOS ...................................................................................................................
8.1. Projeto de pesquisa .....................................................................................
8.2. Instrumentos de coleta de dados .................................................................
8.3. Termo de consentimento .............................................................................
8.4. Termo de compromisso com a utilização de dados ……………………....
8.5. Manual descritivo de preenchimento de formulários …………………….
135
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171
191
195
196
197
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%PP Percentual de perda de peso
ANSG Avaliação Nutricional Subjetiva Global
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AC
Arm circumference
ASPEN
American Society of Parenteral and Enteral Nutrition
BMI
Body Mass Index
CB Circunferência do braço
CCI Coeficiente de correlação intraclasse
CL Contagem de linfócitos
CMB Circunferência muscular do braço
CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DC Densidade calórica
DEXA
Dual Energy X-Ray Absorptiometry
E Especificidade
ESPEN
European Society for Parenteral and Enteral Nutrition
FIPE Fundo de Incentivo à Pesquisa
HCPA Hospital de Clínicas de Porto Alegre
ICC
Intraclass correlation coefficient
IMC Índice de Massa Corporal
LOS
Legth of stay
LP Longa permanência
10
MAC
Muscular arm circumference
MNA
Mini Nutritional Assessment
MST
Malnutritional Screening Tool
MUST
Malnutritional Universal Screening Tool
NE Nutrição enteral
NHANES
National Health and Nutrition Examination Survey
NPT Nutrição parenteral total
NRI
Nutitional Risk Index
NRS
Nutritional Risk Screening
NSEq
Nutritional Screening Equation
NST
Nutritional ScreentingTtool
P10 Percentil 10
P5 Percentil 5
PA Peso atual
PCT Prega cutânea tricipital
PP Perda de peso
PPP Percentual de perda de peso
PU Peso usual
RC Razão de chances
S Sensibilidade
Se
Sensivity
SGA
Subjective Global Assessment
SNAQ
Short Nutritional Assessment Questionnaire
11
Sp
Specificity
SUS Sistema Único de Saúde
TN Terapia nutricional
TST
Ticeps skinfold tickness
UI Unidade de Internação
UP Úlcera de pressão
VO Via oral
VP Valor Preditivo
WL
Weigth loss
12
RESUMO
Diferentes métodos são empregados na avaliação nutricional de adultos hospitalizados,
sem que haja evidências de que identifiquem o acréscimo de risco para desfechos hospitalares
associados à desnutrição.
A acurácia dos métodos de avaliação nutricional empregados nas rotinas hospitalares
foram comparados em 434 adultos de um hospital geral universitário de alta complexidade no sul
do Brasil. A albumina sérica foi o método mais preditivo de morte (77%; IC
95%
: 69-86%) e
infecção hospitalar, (67%; IC
95%
: 61-74%), enquanto a contagem de linfócitos (60%; IC
95%
: 55-
65%) foi mais preditiva de longa permanência (LP). A albumina sérica <3,5 g/dL foi a única
variável independente associada aos 3 desfechos, sugerindo haver pouca contribuição no
emprego de outros métodos na predição de desfechos hospitalares.
A fim de derivar e validar um escore preditivo do risco de morte, infecção e longa
permanêcia, entre outubro de 2005 e junho de 2006, 1.503 adultos das unidades de internação do
mesmo hospital foram avaliados à admissão hospitalar. A coorte de derivação foi constituída por
1.002 pacientes e a de validação foi composta por 501 pacientes. Houve boa concordância
intraclasse (CCI>
0,86) e diferenças de pequena magnitude entre avaliadores para 102 pacientes
avaliados em duplicata. Houve menor concordância para métodos que requeriam experiência do
avaliador. Albumina < 3,5g/dL e presença de >
2 comorbidades crônicas, fizeram parte dos
escores de predição para os 3 desfechos e desnutrição (Avaliação Subjetiva Global) dos escores
de morte e LP. O escore derivado para predição de óbito [(>
2 comorbidades x 6,0) +
(albumina<3,5g/dL x 4,0) + (ASG C x 4,0) + (condição física prejudicada x 2,5)] mostrou-se
sensível e de baixa probabilidade pós-teste negativa na predição de óbito e desempenho
semelhante aos escores específicos na predição de infecção e LP. Em conclusão, o escore
13
derivado e validado para predizer óbito mostrou-se acurado na predição de desfechos
hospitalares.
14
ABSTRACT
Several methods have been applied for the assessment of nutrition status, even tough there
are not evidences defining the increment of risk for adverse hospital outcomes attributable to
malnutrition in hospitalized adults.
The accuracy of methods applied for the assessment of nutritional status was compared in
434 adults admitted in a tertiary care general hospital in southern Brazil. Serum albumin was the
best predictive method for death (C statististic: 77%; 95%CI: 69-86%) and infection (67%;
95%CI: 61-74%), while total lymphocyte count was the most predictive method for prolonged
length of hospital stay (LOS) (60%; IC
95%
: 55-65%). Serum albumin <3.5 g/dL was the only
variable independently associated to greater risk for these 3 outcomes, suggesting little
contribution of other methods in the prediction of hospital outcomes.
In order to develop and validate a predictive score for death, infection, and LOS, from
October/2005 to June/2006, 1503 adults were assessed at hospital admission. The derivation
cohort was constituted by 1002 patients, and the validation cohort by 501 patients. Satisfactory
agreement (ICC>0.86) and low mean differences were observed in 102 patients assessed in
duplicate. Lower agreement was verified for methods that demand greater experience by the
observer. The variables serum albumin <3,5g/dL and >
2 chronic comorbidities predicted the 3
outcomes, and malnutrition (Subjective Global Assessment) predicted death and LOS. The score
developed to predict death [(>
2 comorbidities x 6.0) + (albumin<3.5g/dL x 4.0) + (ASG “C” x
4.0) + (impaired physical condition x 2.5)] appeared to be sensitive and of low negative post-test
probability for death, and showed similar performance to predict infection and LOS compared to
the scores specifically developed for these outcomes (C statistic: 0.60, IC
95%
: 0.55-0.66 e 0.61,
15
IC
95%
: 0.58-0.65, respectively). In conclusion, a clinical-nutritional score developed and validated
to predict death was accurate in predicting hospital outcomes.
16
LISTA DE QUADROS
Página
Artigo 1
Quadro 1: Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) - ..............
43
Artigo 2
Quadro 1: Formato final do Malnutrition Screening Tool (MST) .........
61
Artigo 2
Quadro 2: Critérios para classificação nutricional estabelecidos no
Nutritional Risk Screenig (NRS) .........................................
69
17
LISTA DE TABELAS
Página
Artigo 3
Table 1: Patient characteristics and nutritional assessment parameters. Data
expressed in n (%), unless otherwise specified ...............................................
Table 2. Univariate predictors of death, infection and prolonged hospital
stay ...................................................................................................................
Table 3. Accuracy of nutritional parameters for LOS, infection and hospital
death, expressed in an area under the ROC curve (95%CI) …………………
Table 4. Multivariate logistic regression models for each outcome: (a)
hospital death, (b) infection, and (c) hospital stay 15 days ………………..
104
105
106
107
Artigo 4
Tabela 1 – Valores médios, desvios-padrão, correlação e diferença entre as
avaliações do observador de referência e do segundo observador, nas
diferentes medidas antropométricas …...........................................................
Tabela 2 – Concordância entre o observador de referência e observador 2 na
classificação do percentual de perda de peso (kappa = 0,74; p<0,001),
Índice de Massa Corporal (kappa = 0,98; P <0,001) e Avaliação Nutricional
Subjetiva Global (kappa = 0,46; IC
95%
: 0,31-0,60; P <0,001) ………………
127
128
18
Artigo 5
Tabela 1 – Comparação das características clínicas e parâmetros
nutricionais dos 1.002 pacientes da coorte de derivação, comparados aos
501 pacientes da coorte de validação. Dados expressos em n (%), ou
conforme especificado ……………………………………………………….
Tabela 2: Preditores clínicos e nutricionais univariados relacionados com
morte, infecção e permanência hospitalar, na coorte de derivação (n=1.002)
Tabela 3: Dias de hospitalização nos pacientes da coorte de derivação, de
acordo com os diferentes marcadores do estado nutricional. Dados
expressos em média±dp ...................................................................................
Tabela 4: Regressão logística multivariável para morte, infecção e longa
permanência hospitalar, na coorte de derivação. Dados expressos em RC
(IC
95%
) ………………………………………………………………………..
Tabela 5: Propriedades diagnósticas do “escore óbito” para predizer os
desfechos óbito (ponto de corte >
9), infecção (ponto de corte >5,0) e longa
permanência hospitalar (ponto de corte >
5,0), na coorte de validação …......
161
163
164
165
166
19
LISTA DE FIGURAS
Título Página
Artigo 2
Figura 1: Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) …………………..
72
Artigo 3
Figure 1: Malnutrition prevalence according to each nutritional assessment
parameter. BMI = body mass index; SGA = subjective global assessment;
WL = percentage of involuntary weight loss ………………………………...
108
Artigo 4
Figura 1: Proporção de pacientes em que houve concordância (%) entre os
avaliadores na classificação dos percentis (p5 e p10), definidos por
Frisancho et al (22), para circunferência do braço (CB), prega cutânea
tricipital (PCT) e circunferência muscular do braço (CMB) ………………...
Figura 2: Diferença entre observadores nas medidas antropométricas (eixo
Y), ao longo da média dos valores obtidos pelos dois observadores (eixo X).
As linhas pretas apontam a tolerância de 0,5Kg para peso atual (a) e peso
usual (b), 0,5cm para altura (c), circunferência do braço (d) e circunferência
muscular do braço (e), 2 a 10mm para prega cutânea tricipital (f), 1% para
perda de peso (g) e 0,5Kg/m
2
para o índice de massa corporal (h). As linhas
cinza indicam 1,96 desvios-padrão da média da diferença …………….
129
130
20
Figura 3: Concordância entre observadores. As linhas cinzas sinalizam
hipotética concordância perfeita (em ângulo de 45° entre os eixos),
enquanto as linhas pretas indicam a reta estimada para a concordância
encontrada neste estudo. Cada ponto representa um paciente avaliado pelo
aluno (A) e o observador de referência (B) ………………………………….
132
Artigo 5
Figura 1: Acurácia do escore de predição de óbito (contínuo) nas coortes de
derivação e validação ………………………………………………………..
Figura 2: Incidência de óbito, infecção e longa permanência hospitalar em
função do escore desenvolvido para predição de óbito hospitalar, nas coortes
de derivação e validação ……………………………………………………...
167
168
21
APRESENTAÇÃO
Este trabalho consiste na tese de doutorado intitulada “Estado nutricional como preditor
de morte, infecção e permanência hospitalar”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 15 de outubro de 2007. A
presente tese partiu da hipótese que a desnutrição constitui-se um fator de risco de alto impacto
sobre morte, infecção e permanência hospitalar e se propôs a: (a) revisar os métodos de avaliação
de estado nutricional mais freqüentemente empregados no nosso meio, assim como escores de
triagem nutricional disponibilizados na literatura, (b) avaliar a acurácia desses métodos no nosso
meio em predizer desfechos hospitalares clinicamente relevantes e (c) desenvolver e validar um
escore de risco para morte, infecção e permanência de adultos hospitalizados. Em uma primeira
etapa, foi realizada revisão da literatura, utilizando as bases de dados do Pubmed, Cochrane
Library e Scielo, a fim de identificar métodos de avaliação do estado nutricional e escores de
risco nutricional empregado nas rotinas hospitalares. Foram, também, avaliadas referências
citadas em publicações selecionadas e mantidos contatos com autores, quando textos completos
não estavam disponíveis para consulta. Foi verificado que muitos dos métodos utilizados
atualmente nas rotinas hospitalares, em diferentes centros por todo o mundo, datam de várias
décadas e que carecem de procedimento de validação, especialmente para seu emprego no
ambiente hospitalar. Ainda que de modo insipiente, escores para avaliação de risco nutricional
têm sido desenvolvidos, como tentativa de padronizar o início precoce da assistência nutricional.
Ainda assim, não há, no Brasil, um método ou escore adequadamente validado que possa ser
adotado isoladamente para o diagnóstico de desnutrição, ou para avaliação de risco para piores
desfechos clínicos, relacionados ao pior estado nutricional. Na etapa seguinte, a partir de dados já
22
disponíveis, foram avaliados o estado nutricional e a evolução de 434 adultos de especialidades
de clínica e cirurgia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre para desfechos hospitalares
clinicamente relevantes (morte, infecção e permanência hospitalar). Após ajuste para fatores de
confusão verificou-se que o nível sérico de albumina<3,5g/dL foi o marcador mais acurado para
estimar o risco nos 3 desfechos. Considerando-se a necessidade de se obter informações do
estado clínico e nutricional dos indivíduos o mais próximo à sua admissão hospitalar, com vistas
e elaboração e validação de um escore de predição de desfechos hospitalares clinicamente
relevantes, uma coorte de 1.503 adultos foi aleatoriamente constituída e subdividida em uma
coorte de derivação (n=1.002) e validação (n=501). A reprodutibilidade dos métodos de avaliação
do estado nutricional foi testada por 2 avaliadores independentes, em 102 pacientes da coorte de
derivação. Através de regressão logística múltipla foram identificadas as variáveis de risco para
os desfechos, que compuseram o escore de risco posteriormente validado na coorte de validação.
Desta forma, esta tese é apresentada em partes, conforme descrito a seguir:
I) Introdução e objetivos
II) Artigos:
1. Índice de massa corporal, albumina, contagem de linfócitos, Avaliação Nutricional
Subjetiva Global, antropometria do braço e perda de peso no diagnóstico nutricional de
adultos hospitalizados.
2. Triagem nutricional em adultos hospitalizados: Revisão da validação dos métodos
disponíveis
3. Estado nutricional e associação com desfechos hospitalares
4. Avaliação nutricional: descrição da concordância entre avaliadores
5. Impacto de variáveis nutricionais na predição de morte, infecção e permanência
hospitalar
23
III) Conclusões e considerações finais
Documentos de apoio, incluindo o projeto de pesquisa, instrumento de coleta de dados, termo
de consentimento e compromisso, parecer do Comitê de Ética em Pesquisa, estão apresentados no
final, na forma de anexos, respeitando a ordem de aparecimento nos artigos.
24
INTRODUÇÃO
Estima-se que cerca de 50% dos adultos hospitalizados apresente algum grau de
desnutrição, o que caracteriza esta como uma das comorbidades mais prevalentes em adultos
hospitalizados (CORREIA, 2003; EDINGTON, 2000; MELLO, 2003; WAITZBERG, 2001). A
desnutrição ocorre pela ação conjunta de diferentes fatores: sociais, clínicos, culturais (AKNER,
2001; NABER, 1997) e sua associação com maior morbidade e mortalidade, tempo de
hospitalização e custos hospitalares tem sido descrita (AZNARTE, 2001; BRAUNSCHWEIG,
2000; CHIMA, 1997; CORREIA, 2003; DE LUIS, 2006; KRUIZENGA, 2005; REILLY, 1988;
SCHNEIDER, 2004).
A identificação precoce de pacientes em risco para desfechos clínicos associados ao
estado nutricional possibilita que as equipes assistentes instituam a terapêutica nutricional mais
apropriada, visando minimizar o sinergismo entre a desnutrição e as complicações clínicas
(NABER, 1997). No Brasil, os procedimentos de terapia nutricional são regulamentados pelo
Ministério da Saúde, que considera estas ações como terapêuticas de alta complexidade. Neste
sentido, Unidades e Centros de referência em Alta Complexidade em Terapia Nutricional têm
sido designados pelos gestores, com a finalidade de assegurar a adoção das melhores práticas no
diagnostico e manejo de indivíduos, racionalizar a gestão de recursos, estabelecer estratégias de
vigilância clínica e epidemiológica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005;
BRASIL, 2006).
A avaliação do estado nutricional está presente nas rotinas de triagem e acompanhamento
de adultos hospitalizados, demandando o emprego de tempo e de outros recursos pelas
instituições. Muitos métodos estão disponíveis para esta finalidade, sendo a maior parte deles
datados de várias décadas (BAKER, 1982a ; BAKER, 1982b; BISHOP, 1981; BLACKBURN,
25
1977; FRISANCHO, 1974; FRISANCHO, 1981; KEYS, 1972; MARTON KI, 1981) e carecendo
de procedimento de validação, especialmente para seu emprego no ambiente hospitalar. Até o
momento, não foi estabelecida uma avaliação adequada da acurácia dos métodos aplicados à
beira do leito, o que pode ser parcialmente explicado pela falta de um único método que possa ser
adotado como padrão de referência. De igual modo, não está claro qual o acréscimo de risco para
desfechos hospitalares clinicamente relevantes deva ser atribuível à desnutrição e qual a
necessidade de instituição de protocolos de manejo e acompanhamento nutricional para adultos
hospitalizados. Baseados em recomendações de diferentes associações de especialidades (ADA,
1994; ASPEN, 2002; KONDRUP, 2003), tentativas de se estabelecer escores para avaliação de
risco nutricional têm sido implementadas. No entanto, não há, no Brasil, um método ou escore
adequadamente validado que possa ser adotado, isoladamente, como padrão, sendo recomendado,
neste cenário, o emprego de desfechos clínicos como referência (ASPEN, 2002). Neste sentido, a
presente tese se propõe a avaliar o desempenho dos diferentes métodos de avaliação do estado
nutricional empregados na rotina hospitalar em predizer desfechos clínicos, identificar o efeito
independente do estado nutricional sobre estes desfechos clinicamente relevantes e estabelecer
escore capaz de estimar o risco para estes desfechos.
26
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Elaborar e validar um escore de risco nutricional para a ocorrência de morte, infecção e
permanência hospitalar em adultos internados em um hospital geral, e avaliar o impacto do estado
nutricional sobre estes desfechos.
Objetivo Específico
Descrever a variação interobservadores na aferição de medidas de estado nutricional.
27
REFERÊNCIAS DA INTRODUÇÃO DA TESE
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Centros de Referência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional e suas aptidões e
28
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Oficial da União, Poder Executivo, de 31 de março de 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 224, de 23 de março
de 2006. Define Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional e
Centros de Referência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional e suas aptidões e
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30
ARTIGO 1 - REVISÃO
Índice de massa corporal, albumina, contagem de linfócitos, Avaliação Nutricional
Subjetiva Global, antropometria do braço e perda de peso no diagnóstico nutricional de
adultos hospitalizados
Body mass index, albumin, lymphocyte count, Subjective Global Nutritional Assessment, muscle
arm circumference, skinfold thickness and weight loss at hospitalized patients
Mariur Gomes Beghetto, Doutoranda em Epidemiologia pela UFRGS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
Enviado à Revista Brasileira de Nutrição Clínica em novembro de 2006.
31
Índice de massa corporal, albumina, contagem de linfócitos, Avaliação Nutricional Subjetiva
Global, antropometria do braço e perda de peso no diagnóstico nutricional de adultos
hospitalizados
Body mass index, albumin, lymphocyte count, Subjective Global Nutritional Assessment, muscle
arm circumference, skinfold thickness and weight loss at hospitalized patients
Índice de masa corporal, albúmina, recuento de linfocitos, Evaluación Nutricional Subjetiva
Global, antropometría del brazo y pérdida de peso en el diagnóstico nutricional de adultos
hospitalizados
Mariur Gomes Beghetto
1*
Bibiana Manna
2
Andréia Candal
2
Elza Daniel de Mello
3
Carisi Anne Polanczyk
4
1: Enfermeira, Mestre em Ciências Médicas: Endocrinologia, Metabologia e Nutrição Humana,
aluna de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Professora assistente do curso de graduação em enfermagem, nutrição e
fisioterapia (UNILASALLE). Membro da Comissão de Suporte Nutricional do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre.
2: Nutricionista.
3: Professora adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Chefe do Serviço de Nutrologia e Coordenadora da Comissão de Suporte Nutricional do
Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Médica Nutróloga, Pediatra e Gastropediatra.
4: Professora adjunta do Departamento de Medicina Interna, Professora dos Programas de Pós-
graduação em Cardiologia e Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Médica cardiologista Serviço de Cardiologia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre.
Mariur Gomes Beghetto. Rua Ramiro Barcelos 2350, sala 635. Porto Alegre, RS. CEP: 90035-
007
Fone: 51 2101 8109
Fax: 51 2101 8001
e-mail: mbeghetto@hcpa.ufrgs.br
32
RESUMO
Conhecer o estado nutricional de pacientes é de extrema relevância clínica em diferentes
momentos da hospitalização, visto que a partir do diagnóstico pode-se planejar, implementar e
acompanhar a terapêutica nutricional. Ao longo dos anos, métodos objetivos, como Índice de
Massa Corporal, percentual de perda de peso, antropometria do braço e testes laboratoriais, e
subjetivos, como a Avaliação Nutricional Subjetiva Global, foram incorporados às rotinas de
avaliação nutricional dos hospitais, sem que, no entanto, as limitações impostas pelos
procedimentos de derivação ou de validação destes métodos sejam questionados. De igual forma,
os parâmetros de “normalidade” estabelecidos podem não traduzir adequadamente o estado
nutricional de indivíduos no contexto hospitalar. Enquanto não se tem disponível métodos válidos
e reprodutíveis no nosso meio, reconhecer as limitações impostas por cada um dos métodos
atualmente empregados na prática clínica diária parece ser essencial para estimativas mais
apropriadas do estado nutricional.
ABSTRACT:
The knowledge of patients nutritional status has extremely clinical relevance in several
moments of hospitalization, since from the diagnosis is possible to plan, implement and follow
the nutritional intervention. Through years subjective (Subjective Nutritional Assessment) and
objective methods (Body Mass Index, percentage of weight loss, laboratory data) have been
included in hospital nutritional assessments routines. However, the limitations imposed by
derivations and validation procedures haven’t been questioned. The established “normality
parameters may not translate appropriate the nutritional status in hospital context. While there is
no valid and reproducible method available, the limitations recognition of each method applied at
clinical practice seems to be essential to achieve more appropriate nutritional status estimates.
33
RESUMEN:
Conocer el estado nutricional de pacientes es de extremada relevancia clínica en
diferentes momentos de la hospitalización, visto que a partir del diagnóstico se puede planificar,
implementar y dar seguimiento a la terapéutica nutricional. A lo largo de los años, métodos
objetivos y subjetivos han sido incorporados a las rutinas de evaluación nutricional de los
hospitales, sin que, en tal caso, las limitaciones impuestas a los procedimientos de derivación o
de validación de estos métodos sean cuestionados. De igual forma, los parámetros de
“normalidad” establecidos pueden no-traducir adecuadamente el estado nutricional de individuos
en el contexto hospitalario. Mientras, no haya disponible métodos válidos y reproductibles en
nuestro medio, reconocer las limitaciones impuestas por cada uno de los métodos actualmente
empleados en la práctica clínica diaria parece esencial para estimativas más apropiadas del estado
nutricional.
UNITERMOS: Avaliação nutricional, estado nutricional, peso corporal, índice de massa
corporal.
KEY WORDS: Nutritional assessment, nutritional status, body weight, body mass index.
UNITÉRMINOS: Evaluación nutricional, estado nutricional, peso corporal, índice de masa
corporal.
34
INTRODUÇÃO
A manutenção do estado nutricional adequado tem sido descrita como um importante
fator na preservação e recuperação da saúde. Ainda assim, muitos adultos hospitalizados
apresentam-se desnutridos
1,2
e as intervenções nutricionais dispensadas a eles estão longe do
ideal
3,4
. As manifestações clínicas secundárias a desnutrição podem atuar sobre diferentes órgãos
e sistemas, criando um ciclo de difícil manejo, não só aumentando a morbi-mortalidade
4-6
, tempo
2,6
e custo com a hospitalização
7,8
, como levando à piora na qualidade de vida
9
.
Em pacientes hospitalizados, a depleção nutricional, normalmente, é causada pela ação
conjunta de fatores como: doença de base, deficiência na ingestão, presença de co-morbidades,
efeitos colaterais de medicamentos, inatividade física
3,4
e negligência das equipes assistentes aos
aspectos nutricionais em detrimento de outros cuidados
6,10,11
. As diferenças clínicas entre os
pacientes e o grande número de métodos disponíveis para a avaliação do estado nutricional
predispõem a grande variabilidade observada nas taxas prevalência de desnutrição hospitalar
relatadas. Enquanto, por exemplo, o Índice de Massa Corporal (IMC)
12
e a albumina sérica
tendem a subestimar a prevalência de desnutrição
13
, a Avaliação Nutricional Subjetiva Global
(ANSG) parece superestimá-la
14
.
A despeito da disponibilidade de diferentes métodos, não existe um procedimento que
possa ser isoladamente empregado como padrão de referência para avaliação do estado
nutricional, para a totalidade dos adultos hospitalizados. Também não são claros os critérios para
a recomendação de um ou de outro método
15
. De fato, poucos dos métodos empregados na
prática clínica diária passaram por processo de validação e, ainda assim, em grupos selecionados
de pacientes. A presente revisão propõe-se a descrever alguns dos instrumentos de avaliação
35
nutricional freqüentemente adotados na prática clínica e apresentar considerações quanto ao seu
emprego para adultos hospitalizados.
METODOLOGIA
Entre dezembro de 2005 e julho de 2006 foi realizada uma revisão de literatura, com
vistas a identificar artigos originais de validação de métodos de avaliação nutricional. Os artigos
foram identificados nos registros da base de dados do Medline utilizando-se as seguintes
palavras-chave, e suas combinações, na estratégia de busca: #1: nutritional screening; #2:
nutritional assessment; #3: risk score; #4: method; #5: hospital inpatient; #6: validation; #7:
accuracy; #8: reproducibility; #9: predict; #10: clinical outcome. Referências citadas em estudos
encontrados na busca e em livros texto específicos de avaliação nutricional também foram
avaliadas. Não foi utilizado filtro para a busca de data, ou qualquer outro, visto que alguns
métodos de avaliação do estado nutricional foram publicados há muitas décadas. Quando
necessário, foram feitos contatos com os autores para aquisição de algumas publicações.
Foram avaliados os artigos que descreveram métodos de diagnóstico nutricional
freqüentemente empregados na prática clínica quanto ao seu objetivo inicial, procedimento de
derivação e validação do estudo e principais resultados. Dada a falta de acesso a alguns artigos
originais, artigos de revisão também foram avaliados.
DEFINIÇÃO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
O processo de avaliação nutricional envolve o exame detalhado de variáveis metabólicas,
nutricionais e funcionais, por profissionais experientes, sejam médicos, nutricionistas, ou
enfermeiros. Baseia-se no histórico, exame clínico e, quando indicado, investigação laboratorial.
36
Pressupõe a avaliação de compartimentos corporais, como músculos e tecido adiposo, uso de
medicamentos, hábitos alimentares e consumo de álcool, mastigação, deglutição, avaliação do
trato gastrintestinal, interpretação de exames laboratoriais, dentre outras variáveis
16
. A
interpretação do conjunto destas informações possibilita a emissão do diagnóstico nutricional.
Uma boa avaliação nutricional deve considerar aspectos subjetivos e objetivos, pois na avaliação
nutricional focada somente na função fisiológica, o quadro de desnutrição é tido como resultante
de ingestão inadequada de proteínas, calorias e/ou micronutrientes, sendo tratada apenas como
um marcador geral da doença
17
. Assim, a avaliação nutricional demanda investimento de tempo
e de outros recursos, identificando pacientes que já estão desnutridos, sinalizando para a
necessidade de adoção de intervenções que promovam a recuperação, ou minimizem a
deterioração do estado nutricional.
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
O estado nutricional de pacientes hospitalizados consiste no levantamento de dados
dietéticos, antropométricos, bioquímicos, imunológicos, clínicos e exames de imagem que
permitem estabelecer o diagnóstico nutricional. Diferentes métodos têm sido propostos, há
décadas, para esta finalidade: avaliação bioquímica do cabelo, teste de hipersensibilidade cutânea
tardia, calorimetria direta e indireta, medidas antropométricas (peso, altura, dobra triciptal,
circunferência muscular do braço e Índice de Massa Corporal - IMC), testes laboratoriais
(albumina sérica, transferrina e linfócitos), percentual de perda de peso e Avaliação Nutricional
Subjetiva Global (ANSG), sendo que, IMC, percentual de perda de peso e ANSG são mais
freqüentemente empregados. Na prática, a avaliação nutricional é feita utilizando alguns e não
todos os métodos disponíveis.
37
Índice de Massa Corporal (IMC)
A necessidade de um índice de peso corporal relativo é reconhecida desde o início da
antropometria, ou seja, no momento em que foi dada atenção para as dimensões corporais e suas
implicações biológicas e clínicas. O índice de massa corporal (IMC) tem longa história. Há quase
dois séculos Quetelet, o pioneiro em antropometria e estatística, foi o primeiro a calcular a razão
do peso em relação ao quadrado da estatura corporal (peso/altura
2
). No entanto, ele próprio não
estabeleceu a medida como expressão de composição corporal ou adiposidade. Apenas observou,
em adultos jovens, que esta razão era mais estável que a razão peso/altura³, ou simplesmente
peso/altura, especialmente com o aumento da estatura
18
. Ao longo dos séculos, diversos índices
de peso relativo têm sido usados. Em 1897 Livi publicou o Índice Ponderal, definido como o
peso elevado à terceira potência dividido pela estatura. Baseou-se na idéia de que não faria
sentido que o peso corporal, medida que equivale a volume, fosse representado pela simples
razão peso/altura. Mais tarde foi desenvolvido o Índice de Rohrer, ou seja, peso/estatura³, o qual
foi amplamente utilizado. Quase um século após, em 1971, Keys et al.
18
compararam os índices
de peso relativo citados acima à razão peso/altura², a partir de dados de peso, altura e composição
corporal de 7.426 homens de diversos países europeus, do Japão, da África do Sul e dos Estados
Unidos da América. Basearam-se no princípio de que um índice de peso aceitável, calculado a
partir de peso e altura, deveria depender o mínimo possível da altura, para que não fosse afetado
pela diferença de estatura de homens baixos e altos. Os sujeitos foram provenientes de estudos
prospectivos delineados para avaliar doença arterial coronariana, sendo incluídos somente
aqueles considerados livres de doenças coronarianas. Foi verificado que o índice ponderal é
menos aceitável que a razão peso/estatura e que a razão peso/altura² (IMC) satisfaz o pré-
requisito de que o índice deve depender o mínimo possível da altura, já que foi encontrada baixa
correlação com a mesma
18
.
38
Atualmente esta medida é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como
meio de definir o grau de emagrecimento e desnutrição em adultos
19
. A classificação, de acordo
com os valores de IMC, considera: desnutrição (IMC <18,5 Kg/m²), eutrofia (IMC: 18,5-24,99
Kg/m², sobrepeso (IMC: 25-29,99 Kg/m²), obesidade grau I (IMC: 30-34,99 Kg/m²), obesidade
grau II (IMC: 35-39,99 Kg/m²) e obesidade grau III (IMC: >40 Kg/m²).
Diversos estudos buscaram avaliar a relação entre IMC e ocorrência de desfechos clínicos
em adultos hospitalizados. Em um estudo onde 5.168 pacientes submetidos à cirurgia de
revascularização coronariana foram avaliados, de modo independente, indivíduos com IMC <20
Kg/m² apresentaram mais morte (OR: 2,0; IC
95%
: 1,2-3,6), acidente vascular cerebral (OR: 1,7;
IC
95%
: 1,0-2,9), insuficiência renal (OR: 2,0; IC
95%
: 1,2-3,5), pneumonia (OR: 2,2; IC
95%
: 1,3-3,8)
e reintervenção por sangramento (OR: 2,1; IC
95%
: 1,3-3,3)
20
.
Ainda que pacientes com desnutrição severa possam ser diagnosticados pelo emprego do
IMC, este método não permite identificar os estágios de desnutrição leve e moderada, privando
os pacientes de receber suporte nutricional precocemente. Cabe lembrar que o IMC não é um
bom critério diagnóstico do estado nutricional para pacientes hospitalizados, uma vez que avalia
todos os compartimentos corpóreos juntos e que sofre influência de fatores como ascite,
desidratação, falência renal, câncer e diálise
21
. De fato, o principal fator limitante no uso do IMC
é a retenção hídrica, que provoca falso ganho de peso, ocultando o real estado nutricional do
paciente.
Albumina
A utilização da albumina sérica como método de avaliação do estado nutricional é
amplamente difundida, especialmente em pacientes cirúrgicos, sendo seu baixo custo e facilidade
de obtenção, possíveis explicações para esta popularidade. A síntese da albumina ocorre apenas
39
nas células hepáticas, em quantidade aproximada de 15 gramas ao dia, podendo variar
significativamente durante o estresse fisiológico. A meia-vida aproxima-se dos vinte dias, com
degradação diária de 4%
22
. Apesar da concentração sérica poder ser afetada por fatores agudos
como trauma e estresse, o método é considerado melhor marcador de doença e de desnutrição,
por não depender de perda de peso, como os métodos antropométricos
23
. Baixos valores de
albumina sérica parecem estar correlacionados com aumento de complicações e desfechos
desfavoráveis
24
, ainda que o efeito isolado da hipoalbuminemia ainda não tenha sido
suficientemente demonstrado. De fato, o nível sérico da albumina, assim como de outras
proteínas, pode estar alterado na presença de muitas condições relacionadas à doença ou à
terapêutica instituída
25
. Talvez por isto, não haja consenso quanto à validade em utilizar os níveis
séricos de albumina
17,26
como parâmetro para o diagnóstico nutricional.
A associação entre albumina e frações HDL e LDL de colesterol, como marcadores do
estado nutricional, e morte, infecção e tempo de permanência hospitalar foi avaliado em amostra
de 2.989 pacientes de um serviço de cirurgia geral. Valores de albumina sérica e colesterol foram
avaliados em quintis. Pacientes com albumina 3,9 g/dL (menor quintil de distribuição)
apresentaram mais infecção nosocomial (OR: 1,9; IC95%: 1,2-2,9), mesmo após ajuste para as
outras variáveis. À medida que o nível sérico de albumina reduziu, as taxas de infecção
aumentaram. Quando avaliados riscos para infecções de acordo com o sítio de origem, foi
observada relação entre infecção no local da cirurgia e albumina 3,9 g/dL (OR: 1,7; IC95%%:
1,0-3,0). Pacientes com albumina sérica 3,9 g/dL evoluíram mais para morte (OR: 5,8;
IC95%%: 0,8-44,6). Pacientes no quintil mais baixo de albumina permaneceram mais tempo
hospitalizados (OR: 7,9; IC95%: 7,6-8,1). A baixa incidência de morte e infecção pode ter
afetado o poder da amostra para estas variáveis
27
.
40
Gibbs et al.
23
avaliaram a baixa albumina como preditora de morbi-mortalidade cirúrgica,
em 30 dias. A amostra de 54.215 pacientes, com média de idade de 61 anos, predominantemente
homens, foi selecionada de uma base de dados de 44 centros médicos norte-americanos.
Pacientes normoalbuminêmicos no período pré-operatório apresentaram menos morbidade (OR:
0,58%; IC95%: 0,56-0,60) e mortalidade (OR: 0,44; IC95%: 0,41-0,48) pós-operatória.
Conforme o nível de albumina sérica diminui (46 g/L para 21 g/dL), em todas as especialidades,
a taxa de mortalidade aumentou (de <10% para 65%)
23
.
A associação entre hipoalbuminemia (albumina <35 g/L) sobre a morbi-mortalidade foi,
também, avaliada, em um grupo de 2.321 pacientes, ao iniciarem uso de nutrição parenteral
(NP). Ao início da NP, 1.953 pacientes eram hipoalbuminêmicos. Hipoalbuminemia inicial foi
associada com aumento significativo de risco de infecção nosocomial e com mortalidade. Os
autores sugerem que a concentração sérica de albumina seja indicativa de depleção protéica,
refletindo o estresse metabólico associado com status de doenças específicas e que a evolução
clínica dos pacientes seja avaliada tendo a albuminemia inicial como base
28
.
A concentração sérica de albumina pode ser afetada por inflamação, infecção, edema ou
hemodiluição
29
. Em presença de inflamação ocorre a redução da síntese de albumina, aumento
na sua degradação e aumento nas perdas transcapilares. Doenças gastrointestinais aumentam as
perdas através do trato gastrointestinal
24
. Alterações crônicas presentes na doença hepática e
insuficiência cardíaca congestiva afetam a produção hepática de albumina e as taxas de perdas.
Em pacientes com insuficiência renal e submetidos à diálise, acredita-se que a inflamação tem um
impacto importante no decréscimo da albuminemia, uma vez que há importante redução na
síntese de proteínas e produção de proteínas de fase aguda
27
. Na doença grave, a permeabilidade
vascular aumenta drasticamente. As perdas do plasma para o espaço extravascular são
significativas e, devido a elas, até mesmo pequenas variações na porcentagem de trocas já são
41
suficiente para causar mudanças significativas nos valores plasmáticos da albumina
24
, limitando
sua utilização como marcador exclusivamente do estado nutricional.
Contagem de Linfócitos
A Contagem de Linfócitos (CL) tem sido descrita como um indicador útil de estado
nutricional e de desfechos clínicos. Pacientes com CL < 1500/mm³ são considerados desnutridos
e os pacientes com CL < 800/mm³ considerados gravemente desnutridos
30
. Correlação inversa
entre CL e morbi-mortalidade, em pacientes hospitalizados, foi demonstrada
31
.
A influência da idade sobre a CL também ainda não é totalmente conhecida
30
. Em estudo
com 161 idosos não hospitalizados, foi avaliada a utilidade da CL, classificada em 3 categorias,
como marcador de desnutrição: severamente baixa (<900/mm³), baixa (900-1499/mm³), normal
(1500/mm³). Não foi encontrada correlação entre CL e IMC (P = 0,244), albumina (P = 0,513),
colesterol total (P = 0,273) e Mini Nutritional Assessment (P = 0,557). Foi encontrada correlação
inversa e fraca, porém estatisticamente significativa, entre CL e idade (r = - 0,21; p <0,001).
Em estudo realizado para estabelecer métodos antropométricos e bioquímicos que
pudessem ser usados para detectar desnutrição hospitalar em pacientes submetidos a cirurgia
geral, a CL foi avaliada juntamente com peso, altura, circunferência muscular do braço, prega
cutânea triciptal e albumina, em 157 homens e mulheres. CL <1,5 x 10/L foi definida como
desnutrição. Linfocitopenia importante foi mais freqüente em homens >75 anos
32
.
Em um ambiente hospitalar, no entanto, a presença de linfopenia pode ser resultante de
diferentes intercorrências clínicas, presentes tanto em indivíduos nutridos, quanto desnutridos,
dificultando a interpretação da CL como marcador do estado nutricional em vigência de infecção,
sangramento, resposta aguda ao stress, por exemplo
33
. Neste sentido, a utilização da CL como
parâmetro de avaliação nutricional deve ser cautelosa.
42
Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG)
Com a finalidade de validar um método para diagnosticar o estado nutricional e identificar
pacientes em risco nutricional, em 1982, Baker JP et al.
25,34
conduziram um estudo onde foram
avaliados 59 adultos internados eletivamente para submeter-se a procedimento cirúrgico
gastrintestinal, em um hospital norte-americano. Dois examinadores independentes, através de
um novo instrumento constituído por histórico (perda de peso, edema, anorexia, vômito, diarréia,
diminuição da capacidade de alimentação por via oral e doenças crônicas) e exame físico dirigido
(icterícia, fissuras labiais, glossite, perda de gordura subcutânea, perda muscular e edema),
avaliaram e classificaram os pacientes em 3 categorias: nutridos (A), moderadamente desnutridos
ou suspeita de desnutrição (B) ou desnutridos severos (C). Todos os pacientes também foram
submetidos à avaliação objetiva do estado nutricional através de antropometria, percentual do
peso ideal, percentual de gordura corporal, índice creatinina-altura, hipersensibilidade cutânea e
valores de albumina e transferrina séricos, que foram revisados, nos prontuários, por um terceiro
investigador, no mesmo momento que identificava a presença ou ausência de infecção (de ferida
operatória e respiratória) e o número de dias de hospitalização. A concordância entre os
examinadores foi de 81% (IC
95%
: 58-86%). A incidência de infecção foi significantemente
associada com a presença de desnutrição (16% no grupo AA, 43% no grupo BB e 69% no grupo CC;
P <0.005) e da mesma forma, o uso de antibióticos (
20% no grupo AA, 29% no grupo BB e 75% no
grupo CC
; P <0,005). A média de dias de internação foi 18,4±2,4 no grupo AA, 25,4 ± 4,5 no
grupo BB e 48,6 ± 8,3 no grupo CC (P <0,001). Em 1984
35
, a acurácia deste teste em predizer
infecção hospitalar foi avaliada, tendo sido encontrado sensibilidade de 0,82 e especificidade de
0,72 para as categorias B e C do teste, mostrando-se sensível e específico para detectar
desnutrição, onde poucos pacientes bem nutridos recebem um diagnóstico falso-positivo de
desnutrição
26,35,36
.
43
Somente em 1987, Detsky et al.
37
padronizaram este método essencialmente clínico,
criando uma versão em forma de questionário, que chamaram Avaliação Nutricional Subjetiva
Global (ANSG). Resumidamente, a ANSG é um método subjetivo, que pode ser utilizado por
qualquer profissional de saúde, desde que treinado, subdividido em: (1) um breve histórico sobre
perda de peso, hábito alimentar, mudanças relacionadas ao trato gastrintestinal, capacidade
funcional e doença de base do indivíduo; (2) exame físico dirigido para perda de massa magra e
gorda e presença de edema e (3) escolha do diagnóstico nutricional. Não há pontuação numérica
na ANSG
17,36,37
.
A análise da história e o exame físico somam-se, subjetivamente, e os pacientes
são classificados em (A) nutridos, (B) suspeita de desnutrição ou moderadamente desnutridos, ou
(C) desnutridos (Quadro 1). Ao longo dos anos, a ANSG foi incorporada aos procedimentos de
avaliação em outros grupos de pacientes
1,6
, inclusive com tentativas de tornar este método um
escore pontuado
38,39
. Também, sua elevada correlação com outros métodos de avaliação do
estado nutricional foi demonstrada em pacientes cirúrgicos selecionados
25
.
Na prática clínica, a ANSG mostra-se um método simples, que pode ser realizado a beira
do leito e que exige poucos minutos para sua realização. No entanto, visto a subjetividade
envolvida, tem sua acurácia afetada pela experiência do profissional que está procedendo à
avaliação. Além disto, para acompanhamento nutricional, pode apresentar limitações associadas,
por exemplo, a perda de peso ainda não ter se refletido em alteração clínica ou a um ganho de
peso secundário à hiper-hidratação, e não à ingestão apropriada de outros nutrientes
37
. A
capacidade preditiva da ANSG para desfechos clínicos é afetada pelas características da
população avaliada, já que idade, perfil clínico e de gravidade podem confundir o efeito da
desnutrição
4,40
. Neste sentido, Jeejeebhoy
21
refere que a ANSG, por englobar uma variedade de
fatores, serviria como marcador do estado de saúde e não do estado nutricional dos indivíduos.
44
Quadro 1: Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG)
A- HISTÓRIA
1. Peso
Peso Habitual: Kg
Perdeu peso nos últimos 6 meses: ( ) Sim ( ) Não
Quantidade perdida: Kg
% de perda de peso em relação ao peso habitual : %
Nas duas últimas semanas: ( ) continua perdendo peso ( ) estável ( ) engordou
2. Ingestão alimentar em relação ao habitual
( ) sem alterações ( ) houve alterações
Se houve alterações, há quanto tempo: dias
Se houve, para que tipo de dieta:
( ) sólida em quantidade menor ( ) líquida completa
( ) líquida restrita ( ) jejum
3. Sintomas gastrointestinais presentes há mais de 15 dias
( ) Sim ( ) Não
Se sim,
( ) Vômitos ( ) Náuseas
( ) Diarréia (mais de 3 evacuações líquidas/dia) ( ) Inapetência
4. Capacidade funcional
( ) sem disfunção ( ) disfunção
Se disfunção, há quanto tempo: dias
Que tipo: ( ) trabalho sub-ótimo ( ) em tratamento ambulatórial ( ) acamado
5.Doença principal e sua correlação com necessidades nutricionais
Diagnóstico principal:
Demanda metabólica: ( ) baixo stress ( ) stress moderado ( ) stress elevado
B- EXAME FÍSICO:
(para cada item dê um valor: 0=normal, 1=perda leve, 2=perda moderada, 3=perda importante)
( ) perda de gordura subcutânea ( tríceps e tórax )
( ) perda muscular ( quadríceps e deltóides )
( ) edema de tornozelo
( ) edema sacral
( ) ascite
C- AVALIAÇÃO SUBJETIVA:
( ) Nutrido
( ) Moderadamente desnutrido ou suspeita de desnutrição
( ) Gravemente desnutrido
45
Medidas antropométricas do braço
As medidas antropométricas do braço estimam, de uma maneira objetiva, os vários
compartimentos que formam o organismo. A massa corpórea magra representa o peso corporal
menos a quantidade de tecido adiposo
41
. Visto que a maior reserva calórica do organismo
humano está no tecido adiposo, há dezenas de anos técnicas para sua mensuração têm sido
avaliadas e comparadas a outros marcadores do estado nutricional. Medidas antropométricas,
incluindo prega cutânea tricipital, dimensões ósseas e circunferência do braço podem ser
utilizadas em equações para predizer diretamente porcentagem de gordura ou densidade corporal
total. Um dos métodos mais utilizados para a obtenção de informação relacionada à quantidade
de gordura e sua distribuição no organismo é a medida de dobras (pregas) cutâneas. Este método
é baseado na hipótese de que as dobras do tecido adiposo subcutâneo refletem uma constante
proporção da massa gorda total. Assim, seria um método de potencial valor para monitoramento
clínico capaz de predizer desnutrição calórico protéica no paciente hospitalizado
42
.
A prega cutânea tricipital (PCT) indica as reservas calóricas armazenadas na forma de
gordura, enquanto a circunferência muscular do braço reflete as reservas de proteína muscular
43,44
. Este método fornece uma avaliação rápida, não invasiva e barata (acessível) da composição
corporal. Pode ser mensurado com o mínimo de equipamentos, tempo e esforço e, como
resultado, obtem-se um marcador do estado nutricional muito utilizado em estudos populacionais
45
. Sua realização requer, contudo, treinamento prolongado e supervisão para que se obtenham
resultados confiáveis
44
. A acurácia do método depende da experiência do aplicador, do tipo de
adipômetro e da equação utilizada para estimar a gordura corporal. Uma das maiores limitações
do método é a dificuldade do aplicador de localizar e medir corretamente as dobras. Um
treinamento padronizado das técnicas é necessário para se obter acurácia e precisão das medidas
46
46
. A dobra tricipital deve ser medida na parte posterior do braço não-dominante
41
, sobre o
músculo triciptal, no ponto médio entre o acrômio e o olécrano, pinçando-se a pele e o tecido
subcutâneo entre o polegar e o indicador, onde se aplica o adipômetro a 1 cm abaixo dos dedos
que pinçam a prega, com o braço relaxado, sendo a leitura feita após 2 a 3 segundos
44
. A
circunferência braquial (CB) é medida através de uma fita métrica não extensível com escala em
milímetros no ponto médio entre o acrômico e o olécrano no braço não-dominante
41
. A
circunferência muscular do braço para estimativa da massa muscular e reservas de gordura é feita
através das medidas da PCT e CB na equação
41
: CMB(cm) = CB(cm) – {¶ x [PCT (mm)/10]}.
A fim de classificar os escores da avaliação antropométrica do braço, através de estudos
populacionais, foram estabelecidas classificações de percentis, por sexo e idade
43,47
. Visto que os
padrões de referência podem mudar de acordo com o grupo étnico estudado, em estudo posterior,
feito no Caribe, foi observada diferença significativa na medida do tríceps entre indivíduos
dominicanos e ingleses, em ambos os sexos
48
. Portanto, recomenda-se que para uma correta
avaliação, tais normas sejam validadas, de acordo com o grupo populacional em questão.
Um estudo britânico com 158 pacientes admitidos em 4 diferentes centros médicos
verificou que o percentil <5 da CMB e PCT mostrou-se pouco sensível, altamente específico e de
baixo valor preditivo positivo em relação ao IMC <
18 e à categoria C da ANSG
49
.
Cabe ressaltar que algumas características clínicas dos sujeitos hospitalizados (edema,
paresia e/ou plegia, estado de hidratação, restrição ao leito, dentre outros), podem limitar o
emprego da técnica e a interpretação dos resultados.
Percentual de Perda de Peso
Ainda que a perda de peso involuntária seja uma queixa freqüente, é de difícil diagnóstico
50
. O mecanismo fisiopatológico preciso pelo qual a perda de peso ocorre ainda não é totalmente
47
conhecido
51
. No entanto, diversos fatores parecem estar envolvidos: ingestão calórica diminuída,
alterações no metabolismo energético, ou perda de calorias através da urina ou das fezes,
alterações no paladar e olfato, anorexia, odinofagia, náuseas, percepção alterada da saciedade,
secreções e contrações gastrintestinais anormais e demandas metabólicas aumentadas. Mais
freqüentemente, a perda involuntária de peso se dá em decorrência da presença de tumores
malignos, doenças endócrinas, neurológicas, causas sociais ou psicológicas
52
.
A utilização do percentual de perda de peso atual (%PP) em relação ao peso usual como
preditor do estado nutricional ganhou impulso na década de 70, após a publicação do estudo de
Blackburn GL et al.
41
, que objetivou identificar um procedimento de avaliação nutricional
clinicamente relevante e compreensível para o diagnóstico de Kwashiorkor e Marasmo. Neste
estudo, os autores descrevem como parâmetros ideais para caracterização do perfil nutricional:
peso, altura, taxa metabólica basal, peso ideal, prega cutânea triciptal, circunferência muscular do
braço, índice creatinina-altura, albumina sérica, transferrina, contagem total de linfócitos,
imunidade celular mediada (hipersensibilidade tardia), balanço nitrogenado, utilização protéica,
mudança de peso, ingestão calórica e IMC. Desde então, o %PP vem sendo empregado para
classificar os pacientes com nutridos ou desnutridos e, também, integrando questionários mais
amplos de avaliação do estado nutricional como a Avaliação Nutricional Subjetiva Global
53
e
escores como o Malnutrition Screening Tool
54
e Short Nutritional Assessment Questionnaire
55
,
dentre outros.
Tanto o baixo peso corporal quanto a perda involuntária de peso parecem estar associados
a maior morbidade e mortalidade
56
, especialmente na população idosa
57
.
Em presença de doença oncológica, a perda de peso é especialmente observada, podendo
ter impacto negativo sobre a evolução da doença. Em um estudo, onde 262 pacientes com perda
involuntária de peso foram avaliados, em um hospital da Espanha, dos 104 pacientes com
48
neoplasia, somente 8,7% sobreviveram por mais de 1 ano, enquanto que dentre os 158 pacientes
com outras causas de perda de peso a sobrevida por mais de um ano foi de 86% (P <0,001)
58
.
Uma das dificuldades para a adoção da perda de peso como método de diagnóstico do
estado nutricional reside na falta critérios claros para o estabelecimento de ponto de corte, em
números absolutos ou percentuais, para a classificação dos pacientes. Desta forma, diferentes
pontos têm sido adotados, como perda de peso >
5% em 6 meses, perda de peso >5% em 3 meses
ou perda de peso >
10% no último ano
59,60
. De modo geral, acredita-se que uma perda de peso
>5% em 1 mês, ou uma perda >10% em 6 meses devem ser consideradas significativas
41
. Ainda
assim, deve-se lembrar que pacientes magros, com uma menor reserva de massa corporal, estão
em maior risco para mortalidade ao perderem apenas uma pequena quantidade de peso
57
.
CONCLUSÃO
A importância de se estabelecer o diagnóstico nutricional de adultos hospitalizados é
indiscutível, visto a vigilância clínica e epidemiológica destes indivíduos depender da adoção de
método padronizado para esta finalidade. Entretanto, os métodos usualmente empregados
apresentam diferentes limitações, que devem ser reconhecidas. Sendo assim, até que instrumentos
sejam desenvolvidos e validados, cabe a cada instituição de saúde, considerando o perfil de seus
pacientes, eleger um método que contemple exeqüibilidade, custo, prognóstico e relevância
clínica.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE) do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pelo apoio financeiro e logístico à realização do trabalho.
49
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55
ARTIGO 2 - REVISÃO
Triagem nutricional em adultos hospitalizados: Revisão da validação dos métodos
disponíveis
Nutritional screening in hospital patients: A review of validation procedures.
Mariur Gomes Beghetto, Doutoranda em Epidemiologia pela UFRGS;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
Enviado à Revista de Nutrição (ISSN 1415-5273) em 27/10/2006.
Re-encaminhado à Revista de Nutrição (ISSN 1415-5273) em 20/08/2007.
56
Triagem nutricional em adultos hospitalizados: Revisão da validação dos métodos
disponíveis
Nutritional screening in hospital patients: A review of validation procedures.
Short title: Triagem nutricional hospitalar - Inpatients nutritional screening
Mariur Gomes Beghetto
1*
Bibiana Manna
2
Andréia Candal
2
Elza Daniel de Mello
3
Carisi Anne Polanczyk
4
1: Enfermeira, Mestre em Epidemiologia e aluna do Doutorado do Programa de Pós-graduação
em Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor assistente do curso
de graduação em enfermagem, nutrição e fisioterapia (UNILASALLE). Membro da Comissão de
Suporte Nutricional do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. End.: Rua Ramiro Barcelos, 2350 -
Sala 635. Porto Alegre, RS, Brasil. CEP: 90035-903
2: Nutricionista. End.: Rua Ramiro Barcelos, 2350 - Sala 635. Porto Alegre, RS, Brasil. CEP:
90035-903
3: Professora adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Chefe do Serviço de Nutrologia e Coordenadora da Comissão de Suporte Nutricional do
Hospital de Clinicas de Porto Alegre. Médica Nutróloga, Pediatra e Gastropediatra. End.: Rua
Ramiro Barcelos, 2350 - Sala 635. Porto Alegre, RS, Brasil. CEP: 90035-903
4: Professora adjunta do Departamento de Medicina Interna, Professora dos Programas de Pós-
graduação em Cardiologia e Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Médica do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clinicas de Porto Alegre. End.: Rua Ramiro
Barcelos, 2400 - 2º andar. Porto Alegre, RS, Brasil. CEP: 90035-903.
Mariur Gomes Beghetto.
Rua Ramiro Barcelos 2350, sala 635. Porto Alegre, RS. CEP: 90035-007
Fone: 51 2101 8659
Fax: 51 2101 8657
e-mail: mbeghetto@hcpa.ufrgs.br
57
RESUMO
O objetivo de um procedimento de triagem nutricional em adultos hospitalizados é
identificar indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrir-se, possibilitando uma intervenção
nutricional precoce, melhorar a alocação de recursos humanos e financeiros. Diferentes métodos
são apresentados na literatura para esta finalidade: Malnutrition Screening Tool (MST), Short
Nutritional Assessment Questionnaire (SNAQ©), Nutritional Risk Index (NRI), Nutrition Risk
Score (NRS), Nutritional Risk Screening (NRS), Mini Nutritional Assessment (MNA),
Malnutrition Universal Screening Tool (MUST), Nutritional Screening Tool (NST), Nutritional
Screening Equation (NSEq). No entanto, o emprego de muitos destes instrumentos está limitado
pela metodologia empregada na derivação e/ou validação dos mesmos, ou, ainda, pela seleção de
grupos específicos de pacientes, pouca praticidade ou necessidade de um especialista para seu
emprego. A ausência de um padrão de referência para o diagnóstico nutricional poderia justificar,
parcialmente, a variabilidade encontrada na metodologia empregada no desenvolvimento de cada
instrumento apresentado, ainda que desfechos clínicos relevantes possam balizar o procedimento
de derivação e validação. A presente revisão descreve os instrumentos de triagem nutricional
acima referidos e apresenta considerações quanto ao seu emprego para adultos hospitalizados não
selecionados.
UNITERMOS: Triagem nutricional, risco nutricional, escore de risco nutricional.
58
ABSTRACT:
The aim of nutritional screening procedures in hospital patients is to identify malnutrition
or the risk of its development, allowing early nutritional intervention and improving human and
financial resources. Several methods are presented for this purpose: Malnutrition Screening Tool
(MST), Short Nutritional Assessment Questionnaire (SNAQ©), Nutritional Risk Index (NRI),
Nutrition Risk Score (NRS), Nutritional Risk Screening (NRS), Mini Nutritional Assessment
(MNA), Malnutrition Universal Screening Tool (MUST), Nutritional Screening Tool (NST),
Nutritional Screening Equation (NSEq). However, these tools use is limited by the applied
method on derivation and/or validation or even by specific groups selection, short feasibility or
necessity of a specialist for it’s apply. The lack of a gold standard nutritional diagnosis could
justify, at least in part, the variability found in the applied method at the development of each
presented tool, even if significant clinical outcome could delimitate the derivation and validation
procedure. The present review describes the nutritional screening tools referred above and shows
concern about it’s apply in non-selected hospitalized adults.
KEY WORDS: Nutritional screening, nutritional risk, nutritional risk score.
59
INTRODUÇÃO:
A despeito da importância da manutenção do estado nutricional na preservação e
recuperação da saúde, a desnutrição hospitalar é um evento prevalente no nosso e em outros
meios
1,2
, contribuindo para aumento da morbi-mortalidade
3-5
, tempo
2;5
e custo com a
hospitalização
6;7
, e piora na qualidade de vida
8
. A ação da doença de base e de co-morbidades,
ingestão insuficiente, efeitos colaterais de medicamentos, inatividade física
3;9
, desconsideração
da importância dos cuidados nutricionais pelos profissionais de saúde
5;10;11
contribuem para a
desnutrição em adultos hospitalizados e sua identificação precoce permite a adoção do melhor
manejo nutricional.
A avaliação nutricional envolve o exame detalhado de variáveis subjetivas e objetivas por
profissionais experientes
12
que embasam o diagnóstico nutricional, demandando tempo e outros
recursos. Por outro lado, a triagem nutricional é o procedimento que busca identificar indivíduos
desnutridos ou em risco de desnutrir-se, com o propósito de verificar se uma avaliação nutricional
adicional, mais detalhada, é necessária
13
. A triagem nutricional identifica fatores que, se
presentes, colocam o paciente em risco para desnutrir-se e apresentar complicações relacionadas
à desnutrição
14
. Desta forma, a triagem nutricional sinaliza, precocemente, pacientes que
poderiam beneficiar-se de terapia nutricional. Neste sentido, deve ser um procedimento rápido,
executado pela equipe de saúde que realiza a admissão hospitalar, buscando identificar se o
paciente: (a) não é de risco, mas deve ser re-avaliado em intervalos regulares, (b) é de risco e
necessita seguir um plano nutricional, (c) é de risco, mas problemas metabólicos e funcionais
impedem a adoção de um protocolo padronizado, ou se (d) há dúvida se o paciente é de risco.
Nas duas últimas condições, há necessidade de referenciar o paciente para uma avaliação mais
detalhada, por um especialista
12
. Diferentes instrumentos têm sido propostos para avaliar o risco
60
nutricional. No entanto, o emprego de parte destes instrumentos apresenta limitações como: (a)
falta de validação, (b) uso exclusivo de critérios subjetivos, (c) inclusão de pacientes
selecionados, (d) pouca praticidade, (e) necessidade de avaliação por nutricionista. Neste sentido,
a presente revisão propõe-se a descrever diferentes instrumentos de triagem nutricional
disponíveis e apresentar considerações quanto ao seu emprego para adultos hospitalizados não
selecionados.
METODOLOGIA
Entre dezembro de 2005 e julho de 2006 foi realizada uma revisão de literatura, para
identificar artigos originais de validação de métodos de triagem nutricional na base de dados do
Medline, utilizando-se as palavras-chave: #1: nutritional screening; #2: nutritional assessment;
#3: risk score; #4: method; #5: hospital inpatient; #6: validation; #7: accuracy; #8:
reproducibility; #9: predict; #10: clinical outcome. Não foi utilizado filtro para a busca de data,
ou qualquer outro. Referências citadas em estudos encontrados na busca e em livros texto
específicos de avaliação nutricional também foram avaliadas. Quando necessário, foram feitos
contatos com os autores para aquisição de algumas publicações. Foram avaliados os artigos
originais que descreveram métodos de triagem nutricional quanto ao seu objetivo inicial,
procedimento de derivação e validação e principais resultados.
MÉTODOS DE TRIAGEM NUTRICIONAL
Malnutrition Screening Tool (MST) (Ferguson et al.)
15
O Malnutrition Screening Tool (MST)
15
originou-se de um questionário derivado da
revisão da literatura e da experiência dos autores, aplicado em 408 adultos internados em
diferentes especialidades de clínica e cirurgia de um hospital australiano, especialmente em
61
pacientes de ginecologia e cirurgia plástica (34,6% da amostra). Os autores atribuíram valores
entre 0 e 5 para as possíveis respostas categorizadas às 21 questões que versavam sobre: perda de
peso, apetite, patologia. A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) descrita por Detsky et
al. (categorias B e C) foi adotada como “padrão ouro” para o diagnóstico de desnutrição. A
ANSG e o questionário elaborado foram aplicados nas primeiras 48h da admissão e os pacientes
tiveram seu IMC calculado a partir do peso e altura corporal referidos. Prega tricipital e
circunferência muscular do braço foram aferidos e os resultados de testes laboratoriais (proteínas
totais, albumina, pré-albumina, contagem de linfócitos e de leucócitos totais e proteína-C reativa)
foram revisados nos prontuários. Várias combinações das 21 questões foram testadas e as
questões: “Você tem se alimentado menos por apresentar diminuição do apetite?” e “Você
apresentou perda de peso não intencional recentemente?”, a despeito de também integrarem o
instrumento de ANSG, foram identificadas como de maior sensibilidade e especificidade,
constituindo o Malnutritional Screening Tool (MST) (Quadro 1). Para cada questão do MST
foram atribuídos pontos que, quando somados, constituíam um escore. Os valores de escore >
2
foram escolhidos como ponto de corte para identificação de risco nutricional, por apresentarem
sensibilidade e especificidade de 93% em detectar desnutrição (categorias B e C da ANSG).
Quadro 1: Formato final do Malnutrition Screening Tool (MST).
Questões Pontuação
Você teve perda recente de peso?
Não
Não sabe
0
2
Se sim, de quanto (em Kg) foi a sua perda de peso?
1-5
6-10
11-15
>15
1
2
3
4
Você está comendo menos por redução do apetite?
Não
Sim
0
1
TOTAL
62
Posteriormente, os parâmetros objetivos de avaliação do estado nutricional foram
comparados nos grupos de pacientes classificados em risco nutricional (MST = 2 a 5) ou sem
risco de desnutrição (MST = 0 a 1), tendo sido identificadas diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos, com exceção dos valores de linfócitos e leucócitos totais. Em uma
amostra de 32 pacientes, a reprodutibilidade do instrumento foi testada por 3 diferentes duplas de
nutricionistas, sendo encontrada uma concordância interobservadores que variou entre 93%
(kappa=0,84) a 97% (kappa=0,93) das observações, em cada dupla de observadoras. Os autores
concluem que o MST é um instrumento fácil, simples, reprodutível e válido que pode ser
empregado por qualquer profissional de saúde, familiar ou pelo próprio paciente na admissão
hospitalar. Cabe considerar que o instrumento de ANSG, adotado como padrão de referência,
contém ambas as questões incluídas no MST. Sendo assim, seria esperado que estes fossem itens
identificados como de elevada sensibilidade e especificidade quando comparados à ANSG.
Short Nutritional Assessment Questionnaire (SNAQ©) (Kruizenga et al.)
16
O Short Nutritional Assessment Questionnaire (SNAQ©) foi desenvolvido e validado no
intuito de encontrar um mecanismo de triagem do estado nutricional que fosse válido e de rápida
aplicação. Para tanto, foram avaliados 588 adultos internados em diferentes especialidades de
clínica, cirurgia e oncologia do VU University Medical Center de Amsterdam. Na 1ª etapa, à
admissão hospitalar, 291 pacientes foram pesados, informaram sua altura corporal e responderam
a 26 questões que abrangiam sintomas e fatores de risco para desnutrição, provenientes de
questionários de qualidade de vida (EORTC-C30, EORTC H&Nn 35) e de outros instrumentos
de avaliação nutricional (Nutricia Nutritional Screening List, Mini Nutritional Assessment,
Subjective Global Assessment), além de outras questões sugeridas por nutricionistas. Foram
adotados os seguintes critérios para a classificação dos pacientes: (1) gravemente desnutridos
:
63
IMC <18,5Kg/m
2
ou perda de peso não intencional >5% no último mês ou >10% nos últimos 6
meses, (2) moderadamente desnutridos
: perda de peso entre 5 e 10% em 6 meses e IMC
>18,5Kg/m
2
e (3) bem nutridos: perda de peso <5% nos últimos 6 meses e IMC >18,5Kg/m
2
. A
capacidade de cada questão predizer desnutrição foi avaliada através de regressão logística
binomial, tendo sido utilizado como padrão de referência “presença de desnutrição” (categorias:
“gravemente desnutridos“ e “moderadamente desnutridos”). Esta etapa serviu para seleção de
variáveis que foram avaliadas através de modelo de regressão logística polinomial, onde as 3
classificações, já descritas, serviram de padrão de referência. O escore SNAQ© foi, então, obtido
utilizando-se os valores dos coeficientes de regressão encontrados, tendo sido estabelecidos seus
parâmetros de classificação a partir dos melhores pontos entre sensibilidade e especificidade. Das
26 questões iniciais, 4 foram mantidas no escore final: “Você perdeu mais que 6Kg em 6
meses?”, atribuído escore 3, (OR: 267,0; IC
95%
: 30,0-2376,2), “Você perdeu mais que 3Kg em 6
meses?”, atribuído escore 2, (OR: 37,7; IC
95%
: 12,5-113,6), “Você está reduzindo seu apetite há
1 mês ou mais?”, atribuído escore 1, (OR: 4,2; IC
95%
: 1,5-11,4) e “Você está utilizando
suplementos por via oral ou enteral no último mês?”, atribuído escore 1, (OR: 4,3; IC
95%
: 1,4-
19,9).
A coorte de validação foi constituída por outros 297 pacientes, avaliados por enfermeiras
à admissão hospitalar, utilizando o escore SNAQ©. Os pacientes foram classificados como
eutróficos (SNAQ© <2 pontos), moderadamente desnutridos (SNAQ© = 2 pontos) ou
gravemente desnutridos (SNAQ© >
3 pontos). Os pacientes classificados como moderadamente
desnutridos recebiam suplementação calórico-protéica e os classificados como gravemente
desnutridos, além da suplementação, recebiam atendimento pelo nutricionista. O
encaminhamento ao nutricionista foi qualificado, de forma subjetiva, pelo nutricionista que
realizou o atendimento como: “muito necessário”, “moderadamente necessário” ou
64
“desnecessário“. A acurácia e capacidade do SNAQ© em predizer desnutrição, conforme os
critérios estabelecidos na 1ª etapa, também foram avaliadas. A concordância entre enfermeira e
enfermeira (k = 0,69; IC
95%
: 0,45 – 0,94) e entre enfermeira e nutricionista (k = 0,91; IC
95%
: 0,8-
1,03) foi verificada através da avaliação em duplicata de 2 grupos de 47 pacientes. A área sob a
curva ROC encontrada, tanto quando utilizada a classificação “moderadamente desnutrido”
(SNAQ©>
2), quanto “gravemente desnutrido” (SNAQ©>3) foi de 0,85 (0,79-0,9). O SNAQ©
constitui-se de um escore validado em todas as suas etapas, onde a perda de peso, apetite e uso de
suplementos alimentares foram as variáveis mantidas na equação encontrada. No entanto, os
parâmetros adotados como padrão de referência na validação podem apresentar alta colinearidade
com as variáveis finais do modelo, já que tanto o percentual de perda de peso quanto o IMC
referem-se ao peso corporal dos indivíduos, e estas foram as questões de maior impacto no escore
final. Assim, a alta sensibilidade e especificidade parecem ser esperadas, já que a perda de peso é
contemplada tanto como variável independente, quanto dependente. Também, cabe observar que
mesmo sem ajuste do modelo final para variáveis clínicas e demográficas, os valores dos
intervalos de confiança dos OR do modelo final foram de grande variabilidade.
Nutritional Risk Index
Pelo menos 2 escores denominados Nutritional Risk Index estão disponibilizados na
literatura, ambos da década de 80
17;18
.
Nutritional Risk Index (Wolinsky et al.)
17
O Nutritional Risk Index foi desenvolvido na década de 80, a partir de 16 questões
derivadas do National Health and Nutritional Examination Survey (NHANES I), que avaliavam
restrição dietética, mudanças nos hábitos alimentares, mecanismos e morbidades que afetam a
65
ingestão. O objetivo foi desenvolver um escore de identificação de idosos em risco de
desenvolver condições clínicas relacionadas ao seu estado nutricional que levassem à elevada
utilização de Serviços de Saúde: consultas médicas, em emergências e hospitais e, portanto, a
identificar pessoas que se beneficiariam de avaliação diagnóstica adicional e de intervenções
nutricionais, de forma preventiva. Em 1982, um primeiro estudo de base populacional avaliou
401 idosos (idade >
65 anos) não hospitalizados, norte-americanos, em 3 momentos distintos:
inclusão (T1), após 4 meses (T2) e após 12 meses (T3), quanto a: percepção sobre sua saúde,
atividades de vida diária, auto-estima, utilização de serviços de saúde, dados demográficos e
medidas antropométricas, além das 16 questões derivadas do NHANES I que contemplavam:
restrição alimentar em decorrência de limitação clínica, problemas de mastigação, deglutição,
dentição, sintomas do trato gastrintestinal, perda de peso, cirurgia abdominal, anemia, fumo, uso
de medicamentos, dieta
17
. Os autores buscavam testar o instrumento quanto a sua consistência e
reprodutibilidade, comparando as freqüências de respostas nos 3 diferentes tempos de avaliação.
Para cada resposta afirmativa deveria ser somado 1 ponto. Os pacientes foram classificados como
baixo risco quando o somatório foi <
4 pontos, risco moderado quando o escore esteve entre 5 a 7
pontos e alto risco quando o escore foi >
8. Os autores concluíram que o NRI constituía-se de um
instrumento reprodutível e válido para a predição da utilização de Serviços de Saúde por idosos
não hospitalizados, ainda que apresentasse algumas limitações. A seguir, outro estudo foi
conduzido para avaliar se o NRI poderia substituir métodos de avaliação nutricional mais
complexos e caros
19
. Nesta ocasião, foram avaliados 377 homens não hospitalizados, com idade
>55 anos, predominantemente brancos, ao consultarem clínicos ou geriatras, do Veterans
Administration Medical Center, quanto a: antropometria, exames laboratoriais, recordatório
alimentar, dados demográficos, hábitos de vida, utilização de serviço de saúde, padrão
psicossocial e capacidade funcional. Indivíduos com IMC <20Kg/m
2
foram classificados como
66
“muito magros” e os com IMC >30 Kg/m
2
foram classificados como “obesos”. Valores
laboratoriais “anormais” (hemoglobina <14mg/dL, hematócrito <42%, contagem de linfócitos
<1.000 U/µL e albumina sérica <3,5mg/dL) geraram 1 ponto para cada resultado, assim como o
uso de medicamentos que interfiram no estado nutricional. Os resultados obtidos foram
semelhantes aos do estudo anterior, sendo encontrada uma consistência interna modesta e
concordância inter-observadores de 0,69. Os autores colocam limitações importantes à
generalização de seus achados como: amostra composta exclusivamente por indivíduos do sexo
masculino e usuários do sistema para veteranos, poucos não brancos e dificuldades com a
confiabilidade, dada a utilização de questionário auto-aplicável.
Nutrition Risk Index (Buzby et al.)
18
O estudo desenvolvido por Buzby et al.
18
objetivou avaliar a freqüência de complicações
e morte após cirurgias abdominais e torácicas, não cardíacas, no período perioperatório, e definir
marcadores de desnutrição para identificar pacientes elegíveis para submeter-se a terapia
nutricional parenteral perioperatória. Foram avaliados 368 pacientes do Veterans Affairs Medical
Center após laparotomia ou toracotomia eletiva, sendo excluídos os pacientes com expectativa de
sobrevida <90 dias, os que receberam nutrição parenteral (NP) nos 15 dias anteriores à inclusão,
ou submetidos a qualquer cirurgia nos 30 dias anteriores. À admissão, os pacientes foram
submetidos à avaliação nutricional laboratorial (albumina e pré-albumina) e antropométrica (peso
corporal, percentual de perda de peso em relação ao peso usual, percentual do peso ideal, prega
cutânea tricipital, circunferência muscular do braço). Após, ao longo da internação, foram
acompanhados para a ocorrência de complicações e evolução para óbito. Pacientes foram
considerados desnutridos quando apresentaram pelo menos 2 marcadores do estado nutricional
“anormais”. Todas combinações dos 7 marcadores do estado nutricional foram avaliadas quanto à
67
sensibilidade, especificidade e valor preditivo, sendo que 7 destas combinações apresentaram
melhor desempenho preditor (sensibilidade entre 54% e 61,3% e especificidade entre 66,8% e
71,1%). Para a escolha de quais métodos de avaliação do estado nutricional deveriam ser
incorporados ao escore, foi levado em consideração que a aferição de albumina e pré-albumina
são de mais fácil padronização e monitorização do que a Prega Cutânea Tricipital (PCT) e
Circunferência Muscular do Braço (CMB) e que só haveria necessidade de avaliar o peso
corporal através de uma das 3 variáveis: peso, percentual de perda de peso em relação ao peso
usual ou percentual do peso ideal. Após ajustes, a equação preditora de desfechos clínicos: morte,
sobrevivência com complicações ou sobrevivência livre de complicações, foi chamada de
Nutritional Risk Index [NRI = (1,519 × albumina sérica, g/l) + 41,7 × (peso atual/peso usual)]. Os
pacientes foram classificados de acordo com o valor de NRI obtido: (a) ausência de risco
: NRI
>100, (b): baixo risco: NRI = 97,5 a 100 e (c) risco moderado: NRI = 83,5 a 97,5. Desde então,
este índice vem sendo utilizado para avaliar indivíduos em diferentes condições e desfechos
clínicos
20;21
e acompanhar o impacto de intervenções nutricionais
22
.
Nutrition Risk Score (Reilly et al.)
23
O Nutrition Risk Score (NRS)
23
foi elaborado a partir de outros métodos utilizados: (1)
perda de peso (percentual e tempo), (2) IMC para adultos, percentil de peso para a altura para
crianças, (3) ingestão alimentar (apetite, capacidade de alimentação e absorção) e (4) fatores de
estresse (condições clínicas e requerimento nutricional). Cada uma destas informações foi
pontuada com valores entre 0 e 3, arbitrados pelos autores. O escore foi desenhado para que
refletisse o estado de desnutrição, fosse de fácil utilização, reprodutível e aplicável em todos os
pacientes adultos e pediátricos em 10 diferentes especialidades clínicas e cirúrgicas. Na etapa de
estudo piloto, 20 pacientes, selecionados de forma aleatória sistemática, foram avaliados por 10
68
nutricionistas, em duplicata. Cada paciente teve o valor de NRS calculado e correlacionado ao
valor do Nutritional Risk Index
24
e à impressão clínica da nutricionista (correlação de
Spearman). Os pacientes foram classificados em 3 categorias de risco nutricional: (1) baixo, (2)
médio e (3) alto, não tendo sido apresentados os pontos de corte para a categorização. No estudo
piloto, nas 40 avaliações efetivadas, foi encontrada correlação intermediária entre NRS e NRI (r=
0,68; p<0,001) e forte com a impressão dos nutricionistas (r= 0,83; p<0,001). Em uma segunda
etapa, 153 pacientes hospitalizados foram avaliados, respeitando a distribuição de internações por
especialidade do ano anterior, por 12 nutricionistas, com vistas a identificar se os pacientes eram
referenciados para terapia nutricional, ou monitorados, ou nenhuma ação era adotada. Para
verificar a correlação do NRS por enfermeiras, 19 pacientes também foram avaliados por estas
profissionais. A correlação entre nutricionistas e enfermeiros foi de 0,80 (p <0,001), mas para
todos os 19 pacientes o escore das enfermeiras excedeu ao das nutricionistas. Quase a totalidade
dos profissionais julgou que o NRS é de fácil aplicação, atingindo a um dos objetivos iniciais dos
autores. Mais recentemente, Corish et al.
25
, identificaram que tanto o Nutrition Risk Index
22
,
quanto o Nutrition Risk Score
23
, falham em identificar desnutrição (IMC<20Kg/m
2
e prega
tricipital ou circunferência muscular do braço <percentil 15) em muitos dos 359 pacientes
avaliados.
Nutritional Risk Screening (NRS-2002) (Kondrup et al.)
26
Este mecanismo de triagem nutricional foi desenvolvido a partir do conceito de que a
terapia nutricional é indicada para pacientes desnutridos e/ou para criticamente doentes, onde o
requerimento nutricional está aumentado
26
. Assim, um grupo de pesquisadores dinamarqueses
realizou uma análise retrospectiva de estudos desenhados para avaliar o benefício clínico da
terapia nutricional, onde os pacientes tiveram o estado de desnutrição e gravidade clínica
69
categorizada em: (a) ausente, (b) leve, (c) moderada e (d) grave. Utilizando uma pontuação
variável entre os valores 0 e 6, os pacientes foram classificados como “em risco”, quando
obtinham somatório >
3 pontos. A desnutrição foi diagnosticada a partir de variáveis mais
freqüentemente utilizadas em instrumentos de triagem: IMC, percentual de perda de peso,
mudança na aceitação da via oral e seu impacto clínico (Quadro 2).
Quadro 2: Critérios para classificação nutricional estabelecidos no Nutritional Risk Screening
(NRS) (Kondrup et al).
Deterioração do estado nutricional Gravidade da doença (grau de
estresse)
0: Ausente Estado nutricional normal Requerimento nutricional normal
1: Leve Perda de peso > 5% em 3 meses
OU
Aceitação da via oral entre 50 e
75% da estimativa de
requerimento há 1 semana
Fratura de quadril, pacientes
crônicos (especialmente os
cirróticos), DPOC, pacientes em
hemodiálise, diabetes,
oncológicos
2: Moderado Perda de peso > 5% em 2 meses
OU
IMC = 18,5 a 20,5 + piora das
condições gerais
OU
Aceitação da via oral entre 25 e
50% da estimativa de
requerimento há 1 semana
Cirurgia abdominal de grande
porte, AVC, pneumonia grave,
leucemia
3: Grave
Perda de peso > 5% em 1 mês (
15% em 3 meses)
OU
IMC < 18,5 + piora das condições
gerais
OU
Aceitação da via oral entre 0 e
25% da estimativa de
requerimento há 1 semana
Traumatismo craniano,
transplante de medula óssea,
pacientes críticos (APACHE
>
10)
Para o cálculo final do escore, os pontos obtidos na categoria relacionada ao estado
nutricional deviam ser somados aos da gravidade da doença. Quando o paciente apresentasse
70
idade >
70 anos, deveria ser adicionado um ponto ao escore, para efetuar uma correção para a
idade. Assim, para pacientes com somatório de pontos do que “escore ajustado para a idade” >
3,
foi recomendado o início de terapia nutricional. A análise da razão de probabilidade para efeito
positivo da intervenção nutricional, em relação a diferentes pontos de corte do escore, mostrou
que com o aumento do escore, houve maior benefício tanto da terapia nutricional enteral, quanto
parenteral, ainda que com muita variabilidade na precisão das estimativas.
Mini Nutritional Assessment (MNA) (Guigoz et al.)
27;28
A derivação e validação do Mini Nutritional Assessment (MNA) foi realizada em parceria
entre Toulouse University Hospital (France), University of New Mexico (EUA) e Nestlé Research
Center (Switzerland) em uma seqüência de 2 estudos
27;28
. No primeiro deles, foi procedida a
derivação do MNA, a partir de questões englobando medidas antropométricas (peso, altura e
perda de peso), avaliação global (estilo de vida, uso de medicamentos e mobilidade), dieta
(número de refeições, ingestão de alimentos e hidratação, autonomia para alimentar-se) e
avaliação subjetiva (autopercepção do estado nutricional e saúde), quando foram avaliados 105
idosos hospitalizados e 50 idosos participantes de atividades de Universidade para Terceira Idade.
Foram considerados nutridos os idosos com MNA >
24, em risco nutricional os com valores de
MNA entre 17 e 23,5 e desnutridos os que apresentaram MNA <17. Todos os idosos também
foram submetidos à avaliação nutricional completa: antropometria (IMC, circunferência braquial,
prega cutânea tricipital, circunferência muscular do braço, prega subescapular), bioquímica
(albumina, transferrina, pré-albumina, proteínas ligadas ao retinol, ceruloplasmina, proteína-C
reativa, glicoproteína alfa-1, colesterol, vitaminas A, D, E, B1, B6, B12, folato, cobre, zinco)
hematológica, avaliação dietética (recordatório de 3 dias combinado com inquérito de freqüência
alimentar) e avaliação funcional geriátrica (Mini-Mental, Activities of Daily Living). Em
71
comparação com o padrão de referência (avaliação nutricional completa), somente 2,2% dos
idosos foram mal classificados e o diagnóstico de desnutrição pelo MNA (MNA <17) mostrou-se
sensível, específico e preditivo (S = 96%, E = 98% e VP = 97%). Em um segundo estudo, 120
idosos doentes e 30 saudáveis foram avaliados através do MNA, antropometria e marcadores
bioquímicos, para a etapa de validação do escore. Foi encontrada concordância em 78% das
classificações dos idosos (categorias: “nutrido” e “desnutrido”). Dentre os demais idosos,
nenhum deles foi classificado como nutrido pelo padrão de referência e em risco ou desnutrido
pelo MNA. Estudos em outros grupos de pacientes, comparando o MNA a diferentes parâmetros
de avaliação do estado nutricional ou desfechos clínicos
29
, têm sido desenvolvidos.
Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) (Elia et al.)
30
O Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) foi desenvolvido pelo Malnutrition
Advisory Group of the Britsh Association for Parenteral and Enteral Nutrition com apoio de
entidades de diferentes associações de profissionais de saúde, como proposta de método de
triagem nutricional para adultos de todos os tipos de internação
30
. Tendo em vista a ausência de
padrão de referência para o diagnóstico de desnutrição e risco nutricional, os autores adotaram 3
critérios que refletissem a evolução do paciente: (1) perda não intencional de peso (passado), (2)
IMC (presente) e (3) efeito da doença aguda sobre a ingestão alimentar (futuro) (Figura 1).
72
Figura 1: Malnutrition Universal Screening Tool (MUST).
Os pacientes foram agrupados em 3 categorias: baixo, médio e alto risco de desnutrição,
sendo, posteriormente, as 2 últimas categorias unificadas. Utilizando 2 categorias para classificar
os pacientes quanto ao seu risco nutricional (“em risco” ou “livre de risco”), a concordância entre
o MUST e outros 7 instrumentos já disponíveis foi comparada: MEREC e Hickson & Hill, para
pacientes de gastroenterologia não hospitalizados (n=50); Nutritional Risk Score e Malnutritional
Screening Tool, em pacientes clínicos hospitalizados (n=75); MNA-SF, em pacientes idosos
clínicos e cirúrgicos hospitalizados (n=86); Avaliação Nutricional Subjetiva Global, em pacientes
clínicos hospitalizados e com idade <65 anos (n=50); Undernutritional Risk Score, em pacientes
de cirurgia geral, hospitalizados (n=52). A maior concordância foi encontrada entre MUST e
MEREC (k = 0,893 ± 0,077) e a menor entre MUST e Undernutritional Risk Score (k = 0,255 ±
0,101)
30
. Em todas as comparações com os demais métodos, o MUST foi adotado como padrão
73
de referência. Além disto, IMC, perda de peso e ingestão alimentar são, isoladamente ou em
conjunto, componentes dos 7 demais métodos avaliados.
Nutritional Screening Tool (NST)
Três escores denominados Nutritional Screening Tool estão descritos a seguir.
Nutritional Screening Tool (NST) (Laport et al.)
31
Laporte et al.
31
, com a finalidade de desenvolver um instrumento simples, sensível,
específico e com valores preditivos >80% para detectar desnutrição em pacientes adultos e
idosos, desenvolveram o Nutritional Screening Tool (NST). Foram avaliados 111 pacientes
agudamente doentes do Campbelltoon Regional Hospital (54 adultos e 57 idosos) e 49 idosos
cronicamente doentes do Village Campbellton Nursing Home, Canadá. Seguindo a recomendação
da American Dietetic Association, 9 variáveis relacionadas à antropometria, bioquímica,
dietética, clínica e estado funcional foram escolhidas para avaliar o risco de desnutrição e
pontuadas de 1 (desnutrição leve) a 3 (desnutrição grave). A partir do somatório dos pontos
obtidos em cada uma das 9 questões, o paciente foi classificado como sem risco (0 a 2 pontos),
risco leve (3 a 5 pontos), risco moderado (6 a 8 pontos) ou alto risco para desnutrição (>
9
pontos).
Os pacientes hospitalizados foram avaliados por um técnico em nutrição em até 72 horas
da admissão e os demais tinham o peso mensalmente anotado em seus prontuários. Duas
nutricionistas procederam avaliações nutricionais completas, após 24h da avaliação de triagem. A
partir da presença de 4 parâmetros anormais (indicadores antropométricos, bioquímicos ou
dietéticos), os pacientes foram classificados como: (1) nutridos, (2) levemente desnutridos, (3)
moderadamente desnutridos ou (4) gravemente desnutridos. Este diagnóstico nutricional foi
74
adotado como padrão de referência para a validação do escore. Após procedimento de regressão
logística, IMC, condições clínicas, albumina e percentagem de perda de peso foram as variáveis
significativamente associadas à predição de desnutrição (diagnóstico das nutricionistas). Visto
que a obtenção de histórico clínico é demorada, esta variável foi excluída da modelagem. Assim,
o modelo constituiu-se das variáveis IMC, albumina e perda de peso, sendo o escore 3
identificado como melhor ponto de corte para predizer desnutrição. Considerando que albumina
não é possível de ser coletada em muitos dos indivíduos e que em muitos outros não é possível
obter dados confiáveis sobre a história de perda de peso, modelos mantendo somente IMC e uma
destas variáveis foram avaliados, sendo o escore 2 o melhor ponto de corte para predizer
desnutrição. Para adultos hospitalizados, os modelos que incluíram IMC e percentual de perda de
peso (#1) ou IMC e albumina (#2) mostraram-se específicos (81,3% e 97,9%) e de elevado valor
preditivo (75,9% e 90,7%), mas não sensíveis (33,3%, em ambos modelos). Para idosos
hospitalizados, os modelos #1 e #2 mostraram-se sensíveis (78,6% e 92,9%), específicos (76,7%
e 83,7%) e de elevado valor preditivo (77,2% e 86,0), enquanto para idosos não hospitalizados o
modelo #1 mostrou-se sensível, específico e preditivo (85,5%, 75,9% e 79,6%, respectivamente).
Já o modelo #2, mostrou-se sensível (90,0%), mas pouco específico e preditivo (44,8% e 63,3%).
Não se deve deixar de considerar que as variáveis incluídas no modelo são as mesmas utilizadas
pelas nutricionistas para a emissão do diagnóstico nutricional de referência, o que pode
superestimar a acurácia do teste.
A fim de testar a concordância entre avaliadores, em uma etapa subseqüente
32
foram
avaliados 142 pacientes (72 agudamente doentes e hospitalizados e 70 cronicamente doentes e
residentes em clínicas geriátricas), através dos escores #1 (IMC e percentual de perda de peso) e
#2 (IMC e albumina sérica), por uma técnica em nutrição e uma enfermeira. Foi encontrada
concordância >
80,1% das avaliações, por ambos escores, entre técnico de nutrição e enfermeira
75
(k = 0,6 ± 0,07). Quando técnicos de nutrição repetiram a sua própria avaliação, a concordância
foi >
70,8% (k = 0,59 ± 0,07) para o escore nos idosos hospitalizados e >81,6% (k = 0,79 ± 0,06)
para os residentes em clínicas geriátricas.
Nutritional Screening Tool (NST) (Mackintosh e Hankey)
33
A concordância e reprodutibilidade do instrumento Nutritional Screening Tool (NST) foi
descrita por Mackintosh e Hankey
33
, ao avaliarem 70 idosos no momento da admissão no
Ayrshire, Brooksby, Garnock and Maybole Day Hospital, no Reino Unido. Os pacientes foram
avaliados e categorizados por enfermeiras quanto a: (a) peso
: sem perda de peso (escore = 0),
pouca mudança (escore = 1), baixo peso ou sobrepeso (escore = 2) e mudança recente importante
(escore = 3), (b) apetite
: bom (escore = 0), redução (escore = 1), regular (escore = 2) ou pouco ou
nenhum (escore = 3), (c) ingestão alimentar: >3 refeições/dia (escore = 0), substituição de
refeições por lanches (escore = 1), restrição de alimentos ou refeições não concluídas (escore = 2)
e falhas freqüente de refeições, precisando ser encorajado a comer (escore = 3), (d) ingestão
hídrica: >8 copos/dia (escore = 0), 6-7 copos/dia (escore = 1), 4-5 copos/dia (escore = 2) e < 3
copos/dia (escore = 3), (e) habilidade para comer: independente (escore = 0), problemas com
dentição e demora para comer (escore = 1), dificuldade para mastigar, deglutir ou preparar
refeições (escore = 2) e dificuldade importante para deglutir, sendo incapaz de alimentar-se
sozinho (escore = 3), e (f) condições clínicas
: não interferem na alimentação (escore = 0),
infecções repetidas e de curta duração, náuseas (escore = 1), reabilitação gastrintestinal,
constipação, tremores (escore = 2) e múltiplas doenças, câncer, sepsis, fraturas, úlceras de
pressão, tremores acentuados (escore = 3) . Pacientes com escore >
7 foram referenciados para
nutricionistas para avaliação adicional utilizando IMC e circunferência muscular do braço.
76
Foi encontrada forte correlação entre os escores de peso (r=0,94), apetite (r=0,92),
ingestão alimentar (r=0,86), habilidade para comer (r=0,90), condições clínicas (r=0,94) e
ingestão hídrica (r=0,77) entre os 2 grupos de profissionais, assim como concordância em cada
categoria avaliada (k >
0,77). Foi encontrada correlação negativa entre o NST e IMC, prega
tricipital, circunferência do braço e circunferência muscular do braço (r>0,34).
Nutritional Screening Tool (NST) (Burden et al.)
34
O Nutritional Screening Tool (NST)
34
é um instrumento de triagem nutricional
desenvolvido por um grupo de enfermeiras e nutricionistas, testado quanto a sua
reprodutibilidade em 100 pacientes, predominantemente mulheres (67%), internadas por motivos
clínicos, cirúrgicos e geriátricos no Withington Hospital, Reino Unido. Sujeitos que se
apresentavam inconscientes, confusos, restritos ao leito, ou incapazes de ter o peso aferido, foram
excluídos do estudo. Trata-se de um questionário, onde variáveis que influenciam o estado
nutricional (idade, nível de consciência, peso, ingestão alimentar, habilidade para alimentar-se,
condições clínicas e função intestinal) foram classificadas em 4 categorias, sendo a pontuação = 4
a de maior comprometimento.
De acordo com o somatório dos pontos obtidos em cada categoria, os pacientes foram
classificados em: risco mínimo (7 a 9 pontos), risco moderado (10 a 14 pontos) e desnutridos
(>
15 pontos). Nutricionistas também classificaram os pacientes como desnutridos quando IMC
<20Kg/m
2
, percentual de perda de peso em 3 meses >10%, circunferência muscular do braço
<percentil 15 e ingestão alimentar <25% do recomendado para 24 horas e estes parâmetros foram
adotados como referência para estimativa da acurácia do NST. Os autores encontraram
concordância de 95% interobservadores. Quando comparado a IMC, percentual de perda de peso,
circunferência muscular do braço e ingestão alimentar, a NST apresentou sensibilidade de 59%,
77
35%, 82% e 59% e especificidade de 92%, 86%, 86% e 86%, respectivamente. Pacientes com
escore >
10 (risco moderado e desnutridos), quando comparados ao diagnóstico de desnutrição
por qualquer um dos demais métodos adotados como de referência, apresentaram sensibilidade de
78%, especificidade de 52%, valor preditivo positivo de 74% e valor preditivo negativo de 57%.
Nutritional Screening Equation (NSEq) (Elmore et al.)
35
O estudo que avaliou a Nutritional Screening Equation (NSEq) foi realizado em 2 partes:
derivação e validação da equação para avaliação do estado nutricional de adultos internados em
hospitais de baixa complexidade
35
. A derivação ocorreu a partir de um instrumento com 7
questões que versavam sobre hospitalização prévia, local de moradia, idade, perda de peso,
distúrbios alimentares ou de absorção, diagnósticos clínicos e albumina sérica, respondido por
100 pacientes de especialidades de clínica e cirurgia, ou por seus familiares, orientados por
voluntários, no momento da admissão hospitalar no St Francis Hospital Center, Indianápolis.
Cada variável deveria ser pontuada com valores entre 1 e 6, conforme a impressão clínica do
profissional. Pacientes com somatório de pontos >
6 deveriam ser encaminhados para avaliação
nutricional completa. Os valores de albumina sérica disponíveis nos prontuários dos pacientes
também foram revisados (n=57) e, quando <35g/L, foram automaticamente pontuados com valor
= 6. De modo independente, os pacientes foram submetidos a uma avaliação nutricional
detalhada que incluiu histórico, exame clínico, medidas bioquímicas e antropométricas, que foi
adotada como parâmetro de referência na estimativa de sensibilidade e especificidade. Após
procedimento de regressão logística, foi derivada a equação: NSEq = 238,664 (albumina) +
0,07242 (contagem total de linfócitos) – 24,657 (percentual de perda de peso). Quando foi
avaliado o desempenho isolado do questionário (n=99) foi encontrada sensibilidade de 0,40 e
especificidade de 0,95. Ao ser avaliado o desempenho do questionário associado à albumina
78
sérica (n=58), houve aumento da sensibilidade (0,82) e redução da especificidade (0,65),
enquanto a NSEq (n=48) mostrou-se sensível (0,86) e específica (0,96). Na segunda etapa, 151
adultos clínicos e cirúrgicos do Community Hospital East, Indianápolis, foram avaliados por
técnicos em nutrição, seguindo o mesmo questionário da 1
a
etapa. Adicionalmente, a pré-
albumina dos pacientes foi testada. O questionário, quando isoladamente comparado à avaliação
nutricional completa (n=151), mostrou sensibilidade = 0,72 e especificidade = 0,84 e combinado
à pré-albumina (n=92), a sensibilidade foi 0,61 e a especificidade = 0,91. A NSEq (n=151)
apresentou sensibilidade = 0,93 e especificidade = 0,85, tendo redução de sensibilidade (0,58) e
aumento de especificidade (0,97) quando associados à pré-albumina (n=104). Os autores
sugerem que o custo adicional pela inclusão da pré-albumina a NSEq não está justificado, visto
seu pequeno impacto sobre as propriedades preditoras da equação.
CONCLUSÃO
A relação causal entre desnutrição e desfechos clínicos hospitalares ainda não é clara,
ainda que piores desfechos clínicos hospitalares sejam mais freqüentes em pacientes desnutridos.
De fato, a relação temporal entre estes eventos não é suficientemente conhecida, justificando a
avaliação do risco nutricional já no momento da admissão hospitalar. No entanto, até o momento,
não se dispõe de métodos suficientemente acurados para tal finalidade, dadas as limitações
impostas nos procedimentos de derivação e validação dos métodos existentes. Parece
inquestionável a necessidade de se estabelecer parâmetros de avaliação do estado nutricional de
pacientes hospitalizados para que se institua vigilância clínica e epidemiológica, antecipe
complicações e, especialmente, adote intervenções precoces. Neste cenário, iniciativas de
desenvolvimento e validação de escores são bem-vindas. O melhor método será aquele que
contemplar fácil acesso, baixo custo, bom prognóstico e relevância clínica para cada instituição.
79
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE) do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pelo apoio à realização da presente revisão.
80
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83
ARTIGO 3 - ORIGINAL
Accuracy of nutritional assessment tools for predicting adverse hospital outcomes
Acurácia dos métodos de avaliação nutricional em predizer desfechos clínicos hospitalares
Mariur Gomes Beghetto, Doutoranda em Epidemiologia pela UFRGS;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
Enviado ao International Journal of Clinical Practice em agosto de 2007.
84
Accuracy of nutritional assessment tools for predicting adverse hospital outcomes
Acurácia dos métodos de avaliação nutricional em predizer desfechos clínicos hospitalares
M. G. Beghetto, RN, MSc
1,2
V. C. Luft, RD, MSc
1,2
E. D. Mello, MD,ScD
1
C. A. Polanczyk, MD, ScD
2
1
Department of Nutrology of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre
2
Postgraduate Program in Epidemiology of the Federal University of Rio Grande do Sul, Brazil.
Disclosures
: All authors affirm there is no conflict of interest. The study received support by
grants from the Research and Events Support Fund (Fundo de Incentivo a Pesquisa e Eventos /
FIPE) of Hospital de Clínicas de Porto Alegre and CNPq (the Brazilian National Council for
Scientific and Technological Development).
Correspondence to
: Mariur G. Beghetto.
Ramiro Barcelos, 2350. Sala 635. Porto Alegre, RS. Brazil. Zip Code: 90035-003.
Phone: +55 51 21018199. Fax: +55 51 21018001. E-mail: mbeghetto@hcpa.ufrgs.br
85
ABSTRACT
Background and aims: The ability of nutritional status assessment methods to predict clinical
outcomes in hospitalized patients has not been completely evaluated. This study compared the
accuracy of traditionally used nutritional tools and parameters in predicting death, infection, and
length of hospital stay (LOS) in hospitalized adults.
Research Methods & Procedures: Patients admitted at clinical and surgical wards were
evaluated by body mass index, percentage of weight loss, Subjective Global Assessment,
albumin, lymphocyte count, and followed until discharge. Clinical outcomes considered were in-
hospital death, infection, and LOS. Overall accuracy of each method to predict these outcomes
was assessed from ROC curves and C-statistic.
Results: Among 434 patients evaluated, 51% had a prolonged LOS, 23% developed infection,
and 7.8% died during hospitalization. In univariate analysis, serum albumin was the strongest
predictive parameter for death (C-statistic: 0.77; 95%CI:0.69-0.86) and hospital infection (C-
statistic: 0.67; 95%CI:0.61-0.74). For longer stay, lymphocyte count (C-statistic: 0.60;
95%CI:0.55-0.65) emerged as the most predictive variable. After adjustment for non-surgical
hospitalization and cancer diagnosis, weight loss >5% (OR:1.58; 95%CI:1.06–3.35), and serum
albumin <3.5g/dL (OR:2.40; 95%CI:1.46–3.94) were associated to LOS. Albumin <3,5 g/dL was
the only independent variable related to infection (OR:5.01; CI9
95%
:3.06–8.18) and, for hospital
death, albumin <3,5 g/dL (OR:7.20; 95%CI:3.39–15.32) adjusted for age (OR:1.03; 95%CI:1.01–
1.06).
Conclusions: Nutritional assessment methods evaluated were weakly predictors of hospital
outcomes. Except for low serum albumin <3,5 g/dL, isolated use of these methods adds little
information in identifying the effect of nutritional status on clinically relevant outcomes.
86
KEY WORDS: nutritional status; malnutrition; inpatients; risk assessment; serum albumin.
What is already known about this topic?
Malnutrition is a prevalent syndrome in hospitalized patients, and it has been associated to
clinical complications. Different methods are implemented in hospital practices in order to
identify adults at risk for complications related to their nutritional status. Conversely, there is no
single method to be adopted as a gold standard for this purpose. Clinical and biochemical
parameters, therefore, should be adopted in the validation of nutrition diagnoses.
What does this article add?
Serum albumin, although not strongly related with clinical status, was the only
nutritional marker predictive of death, infection, and hospital stay. Other methods usually
implemented in clinical practice seem to add little information in identifying the impact of
nutritional status on clinically relevant outcomes, signalizing the need of new methods for this
purpose.
87
RESUMO
Introdução e objetivo: A capacidade dos diferentes métodos de avaliação nutricional em
predizer desfechos clínicos em pacientes hospitalizados não é completamente conhecida. O
objetivo deste estudo é comparar a acurácia de diferentes métodos rotineiramente empregados na
avaliação nutricional na predição de morte, infecção e longa permanência (LP) de adultos
hospitalizados.
Métodos: Pacientes admitidos em unidades de clínica e cirurgia foram avaliados por meio de
Índice de Massa Corporal, percentual de perda de peso, Avaliação Nutricional Subjetiva Global,
albumina sérica e contagem de linfócitos. No momento da alta, foram avaliados os desfechos:
morte, infecção e LP (permanência por 15 ou mais dias). A acurácia de cada método em predizer
estes desfechos foi avaliada através de curva ROC e Estatística-C.
Resultados: Dos 434 pacientes avaliados, 51% apresentou LP, 23% desenvolveu infecção e 7,8%
morreu durante a hospitalização. A análise univariável mostrou que o nível sérico de albumina foi
o marcador nutricional de maior associação com morte (Estatística-C: 0,77; IC
95%
:0,69-0,86) e
infecção hospitalar (Estatística-C: 0,67; IC
95%
:0,61-0,74). Contagem de linfócitos foi o marcador
mais preditivo de LP (Estatística-C: 0,60; IC
95%
:0,55-0,65). Após ajuste para hospitalização não-
cirúrgica e diagnóstico de câncer, perda de peso >5% (RC: 1,58; IC
95%
:1,06–3,35), e albumina
sérica <3.5g/dL (RC:2,40; IC
95%
:1,46–3,94) foram associadas à LP. Albumina <3,5 g/dL foi a
única variável associada, de modo independente, à infecção (RC:5,01; IC9
95%
:3,06–8,18) e, para
morte hospitalar, albumina <3,5 g/dL (RC:7,20; IC
95%
:3,39–15,32) ajustada para idade (RC:1,03;
IC
95%
:1,01–1,06).
Conclusão: Os métodos de avaliação nutricional avaliados mostraram-se fracos preditores de
desfechos hospitalares. Com exceção do nível sérico da albumina <3,5 g/dL, o uso isolado destes
88
métodos acrescenta pouca informação na predição de desfechos clínicos hospitalares de alta
relevância.
PALAVRAS-CHAVE: estado nutricional; desnutrição; pacientes hospitalizados; avaliação de
risco; albumina sérica.
89
INTRODUCTION
Malnutrition is a prevalent syndrome in hospitalized patients, corresponding to
approximately 50% of hospitalized adults worldwide (1-4). It has been associated with clinical
complications, increased morbidity and mortality (1,3), length of hospital stay (LOS) (4),
hospitalization costs (5) and poor quality of life (6).
Several methods, both subjective and objective, of greater or lesser complexity and costs,
are available for assessing nutritional status. In practice, body mass index, percentage of weight
loss, and subjective global assessment are those most frequently employed. Laboratory data, such
as lymphocyte count and serum albumin, despite the fact that may be altered by several acute
clinical conditions, are still implemented as parameters of nutritional status (7-10).
Unfortunately, there is no single method adopted as a standard reference to assess nutritional
status. The acceptance of such methods in clinical practice, for the whole spectrum of
hospitalized adults, is limited due to the lack of adequate validation studies, use of subjective
criteria (11), restriction to selected patient groups (12), low feasibility, and need for highly
trained personnel.
In the absence of validated parameters, the American Society of Parenteral and Enteral
Nutrition (ASPEN) recommends the use of clinical and biochemical parameters to confirm the
presence of malnutrition (13). More recently, assessment methods of nutritional status have been
developed and their ability to predict outcomes associated with malnutrition or the overall
individual health status has been increasingly studied (14-22). However, data on the influence of
the nutritional status on clinically relevant outcomes has been inconsistent and inconclusive.
The purpose of this study was to compare the accuracy of body mass index (BMI),
percentage of involuntary weight loss in 6 months (WL), subjective global assessment (SGA),
serum albumin and lymphocyte count in predicting death, infection and LOS in a heterogeneous
90
group of hospitalized adults.
MATERIALS AND METHODS
Patients
From existing databases that previously addressed the prevalence of malnutrition in adults
(patients older than 18 years of age) hospitalized at medical and surgical wards in a 749-bed
University Hospital, 434 patients were included in the present study (185 assessed in 2002 and
other 249 assessed in 2004). Patients from the intensive care units, bone marrow transplant unit,
with obstetric admission, those with amputated members, using casts, and those who could not
provide information on their clinical status nor be able to be submitted to anthropometric
methods were not enrolled in the original databases, therefore were not included in the present
study. The study was approved by the Research and Ethics Committee of the Institution.
Nutritional Assessment Methods
The nutritional assessment was performed during hospitalization and included the
following methods: BMI (23), WL (24), SGA (25), albumin and serum lymphocyte count.
Assessment was carried out by Nutrition university students, previously trained and under
supervision. The same research protocol and assessment routine was adopted for all patients. The
SGA was performed first, followed by measurement of body weight and height. Body weight was
measured using electronic platform scales with a maximum load of 200Kg and increments of
100g. Height measurements were taken by means of fixed anthropometers available at hospital
wards. Both scales and anthropometers are checked and certified on an annual basis by the
National Institute of Weights and Measurements.
91
Laboratory tests (albumin and serum lymphocyte count) were ordered at the discretion of
the medical teams, without interference from the investigators. For the lymphocyte count and for
serum albumin, only values obtained within 72 hours and 7 days from nutritional assessment
were included, respectively.
Hospital Outcomes
Three outcomes evaluated were in-hospital death, infection, and LOS, all collected from
review of electronic patients’ records. A prolonged LOS was defined as a hospitalization longer
than 15 days. Hospital infection was considered as being any infection acquired and diagnosed
during hospitalization, despite its site of origin. The hospital medical teams performed all
infection diagnoses and these data were obtained from the medical records. Patients with more
than one episode of infection were categorized as having ongoing infection, not taking into
account the site or severity of the episodes.
Data Analysis
Continuous and normally distributed data are presented as mean ± standard deviation
(SD), those without normal distribution as median and interquartile intervals, and categorical
ones as a percentage.
Some patients did not have albumin levels (n=205) or lymphocyte count (n=29)
measured within the studied period. For these patients, median levels in this sample, which
coincidently matched the lower reference values (3.5g/dL and 1500U/µL, respectively) were
included. According to SGA, patients were classified in three categories: a) well nourished, b)
moderately (or suspicion) malnourished, and c) severely malnourished, as described by Detsky et
al (11).
92
Other nutritional parameters were evaluated as continuous variables and stratified by
median values. Since most of these variables have established reference values for malnutrition,
they were dichotomized at the following cutoff points: BMI <18.5 Kg/m
2
, WL >5% in 6 months,
albumin <3.5 g/dL and lymphocytes 1500 U/µL. The results obtained using nutritional variables
dichotomized by median or reference values were similar. Dichotomization using reference
values was chosen in order to facilitate comparisons with other studies.
The accuracy of the different methods to predict death, infection and LOS was evaluated
by plotting ROC curves and by estimating the C-statistic. For each outcome a multivariate
logistic regression was performed using the "enter" method, including all those variables that in
the univariate analysis had a P value <0.25 (Wald's test). Variables that in the model presented p
values <0.05 (Wald's test) were retained, while those with a higher p value were removed, one at
each time. No significant interactions were identified among predictive variables and any
outcome. Pre-defined subgroups univariate analysis was carried out for the presence of cancer,
surgery patients, and age 65 years old. The linearity assumption of the function between
continuous variables and each outcome was also tested.
The initial hypothesis was that subjects classified according to SGA as malnourished
(suspicious or moderate, and severe) would present the worst clinical outcomes: death, infection
and LOS. Therefore, considering a value of α = 0.05 and comparing the frequencies obtained in
this study for death, infection, and hospital stay in malnourished and nourished patients, this
study has power of 85%, 75% and >95% for these outcomes, respectively.
All analyses were performed in the SPSS 10.0 statistical software and p values <0.05
(two-tailed) were considered statistically significant.
93
RESULTS
The study population consisted of 434 patients, 51% were male, and 36% were 65 years
or older. In 46% of patients, the underlying reason for hospitalization was surgical, and 39% were
diagnosed with cancer (Table 1). The average hospitalization length of stay was 15 days (P25: 8.8
– P75: 26), and 51% had been hospitalized for a period equal to or greater than 15 days, 23%
presented hospital infection, and 7.8% died.
Using different diagnostic criteria, a wide variability in malnutrition prevalence was
observed, ranging from 11% according to BMI <18.5Kg/m
2
to 57.4% for a lymphocyte count
1500U/µL (Figure 1).
In univariate analyses, age, cancer diagnosis, BMI <18.5Kg/m
2
, suspicious, moderate or
severe malnutrition defined by SGA, and serum albumin <3.5g/dL were associated with
increased hospital death. Severe malnutrition diagnosed by SGA, BMI <18.5Kg/m
2
, lymphocytes
1500 U/µL, WL >5% and serum albumin <3.5d/dL were associated with infection, whereas
hospitalization due to non-surgical reasons, cancer diagnosis, severe malnutrition by SGA, low
lymphocytes count, WL >5%, and serum albumin <3.5g/dL were associated to prolonged LOS
(Table 2). The individual predictive accuracy of each method to identify each outcome is
summarized in Table 3. Although most variables were statistically significant, overall values
showed a weak ability to predict each outcome.
Upon adjustment for confounding factors through multiple logistic regression, low serum
albumin (OR: 7.2; 95%CI: 3.4 – 15.3) adjusted by age was significantly associated to death,
whereas serum albumin <3.5 g/dL (OR: 5.0; 95%CI:3.1 –8.2) was the only independently
variable significantly associated to infection. As well, serum albumin <3.5 g/dL (OR: 2.40;
95%CI: 1.5 – 4.0), adjusted by hospitalization due to clinical reasons, cancer diagnosis and WL
94
>5%, was significantly associated to LOS (Table 4). Serum albumin <3.5mg/dL, adjusted for
confounding factors, presented superior accuracy for the prediction of death. However, the same
accuracy was not observed for the prediction of the other outcomes (infection and prolonged
length of hospital stay) (Table 4).
DISCUSSION
In the present study, low serum albumin, adjusted for other confounding variables, was
the nutritional assessment method with greatest accuracy in predicting death, infection, and
hospital stay in adults admitted to clinical and surgical wards.
Some studies point to malnutrition as a risk factor for death, infection and LOS. However,
many have not been planned to assess the predictive performance of the methods employed
(18,26-29) and the choice of method was exclusively under the judgment of the investigator. As
an example, in a study evaluating the efficacy of parenteral nutritional therapy to reduce post-
operative complications, SGA, albumin serum levels and Nutritional Risk Index (NRI) were the
methods selected for monitoring nutritional status of 395 malnourished patients submitted to
laparotomy and thoracotomy (26). In fact, both the SGA (27,30) and the NRI (31) are used to
assess the nutritional status and to predict hospital infection in non selected clinical and surgical
patients, despite the fact that they have been validated in single centers studies with restricted and
selected group of patients (11).
The absence of a consensus towards a gold standard and specific criteria for the
recommendation on the type of test to be used (13) predisposes to considerable variability in the
prevalence rates of hospital malnutrition. While BMI (32) and serum albumin tend to
underestimate the prevalence of malnutrition (33), SGA on the other hand seems to overestimate
95
it (34). The same is anticipated with the percentage of weight loss since it is an important
component within the instrument of SGA.
Albumin is probably the biochemical marker of nutritional status most often used,
especially in surgical patients, in spite of the limitation imposed by its long half-life (20 days) and
the fact that it is influenced by the presence of inflammatory diseases, or other severe clinical
conditions, such as trauma and stress (12) or other conditions related to the disease or even to the
therapeutic procedures (35). Perhaps for this reason there is not a consensus on the validity of the
use of serum albumin as a parameter for nutritional diagnosis (36-38). Despite of that, serum
albumin levels <3.5g/dL were associated to an increase in hospital complications, length of
hospitalization, and hospital mortality (12,39-41). In a study that assessed 12 patient strata,
pooled according to clinical characteristics, submitted to parenteral nutrition, Llop et al. (42)
found that a serum albumin below 3.5 g/dL at the onset of treatment was a predictor of kidney
and liver failure, hospital infection, and mortality in some of the 12 assessed subgroups.
The association between hypoalbuminemia and clinical outcomes in surgical patients is
more consistent in the literature. In Gibbs' study (12), among 54,215 subjects, in 54 U.S. tertiary
Veterans hospitals, serum albumin concentration proved to be the most accurate marker for
identifying 30-day mortality and morbidity post surgery. Other variables such as age, American
Society of Anesthesiologists Score (ASA), functional state and urgency have also been identified
as surgical risk factors, whereas other markers of the nutritional status have not been identified in
the presented models.
While assessing 96 patients submitted to elective urology and gynecology surgical
procedures, Anderson et al. (43) observed that low albumin had a sensitivity of 22% and a
specificity of 91% in predicting hospitalizations lasting more than 10 days, and a sensitivity of
10% and a specificity of 86% for complications. However, the small number of prolonged
96
hospitalizations and complications, and the selected clinical profile of patients raise difficulties in
generalizing these findings.
Comparison of the predictive performance between methods of nutritional status
assessment where one of them is selected as a gold standard is not an innovative approach
(30,34,44,45). The methodological consistency throughout development and validation of
isolated methods, or scores, for the assessment of the nutritional status must be critically
appraised before they can be used in clinical practice. In a recent review, Jones evaluated 44
different instruments used for screening and assessment of the nutritional status and confirmed
methodological inadequacies in almost all of them (46). The author suggests the use of available
instruments only if they had undergone methodological validation procedures (47,48), with
adaptation for the target population (49). Thus, there is still need for standardization of the
criteria for nutritional classification and for development and validation of easy-applicable,
accurate, low cost instruments.
In this study, 17% of patients were assessed after 15 or more days after admission. This
may had contributed to a worse nutritional status, as 50% of our patients presented weight loss
greater than 5%. In fact, It is possible that the markers of nutritional status and outcomes studied
had been influenced by the length of stay and by diagnostic and therapeutic interventions
performed during hospitalization (43,44,50). Even though patients in our study were assessed at
any given moment of the hospitalization (median = 6 days), in prior studies, a similar prevalence
of malnutrition has been described in the literature (5,9,51,52). Despite the high frequency of
missing values, the strategy of substituting it by the median value had already been used (53), as
in the present study. It is reasonable to assume that this replacement may have little effect on the
results, since only patients with serum albumin <3.5g/dL were classified as “malnourished” by
this biochemical criteria. It is reasonable to assume that this approach (imputing normal values
97
for missing albumin) is quite conservative, since we consequently consider all these patients as in
the control category for the calculation of the odds ration (despite the fact that we actually know
that some of them may have had the outcomes, diminishing the magnitude of the ratio). It is also
reasonable to assume that patients to whom physicians did not order the exam had better clinical
profile (more likely presenting values higher than 3.5g/dL, which would not modify the risk
found in the multivariate analysis since we considered albumin as a dichotomous variable).
Establishing a relationship between malnutrition and hospital death may be a difficult task
due to the enormous range of factors that contribute to such outcome. The presence of infection,
also influenced by malnutrition, may itself be a cause of hospital mortality. In order to understand
the contribution of each variable in this complex process and assess the role of changes in the
nutritional status due to hospitalization, it is important to design a study in which patients are
monitored and followed all the way from admission to discharge from the hospital.
CONCLUSION
The methods adopted for assessment of the nutritional status appeared to be weak
predictors of death, infection, and hospital stay. Except for low serum albumin, isolated use of
these methods adds little information in identifying the effect of nutritional status on clinically
relevant outcomes.
ACKNOWLEDGMENTS
Support by grants from the Research Events Support Fund (Fundo de Incentivo a Pesquisa
e Eventos / FIPE) of Hospital de Clínicas de Porto Alegre and CNPq (the Brazilian National
Council for Scientific and Technological Development).
98
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104
Table 1: Patient characteristics and nutritional assessment parameters. Data expressed in n (%),
unless otherwise specified.
N = 434
Age (years)
56.4 ± 16
a
Age 65 years
154 (35.5%)
Male gender 223 (51.4%)
Time of hospitalization before assessment (days) 6 (3-12)
b
Time of hospitalization before assessment
0-7 days
8-14 days
15-21 days
22 days
261 (60.1%)
98 (22.6%)
36 (8.3%)
39 (9%)
Non-surgical admission 233 (53.7%)
Cancer 169 (38.9%)
Nutritional variables
Subjective Global Assessment
Nourished
Suspicious/moderate malnutrition
Severe malnutrition
212 (48.8%)
83 (19.1%)
139 (32%)
Percentage of weight loss (%) -5 (-12.7 – -0.2)
b
Percentage of weight loss >5% 216 (49.8%)
Body Mass Index (Kg/m
2
) 23.9 (21.1 – 27.9)
b
Body Mass Index (Kg/m
2
)
<18,5
18.5 – 25
25
46 (11.1%)
207 (47.7%)
179 (41.2%)
Lymphocyte count (U/µL)
1500 (1060 – 1950)
b
Lymphocyte count <
1500U/µL
249 (57.4%)
Albumin (g/dL) 3.5 (3.5 – 3.6)
b
Albumin <3.5g/dL 99 (22.8%)
a
=
mean ± standard deviation; b = median (interquartile intervals).
Table 2. Univariate predictors of death, infection and prolonged hospital stay.
Death Infection LOS
Variable
OR (95%CI)
P
OR (95%CI)
P
OR (95%CI)
P
Age (years) 1.04 (1.01 – 1.07) <0.01 1.01 (0.99 – 1.02) 0.34 1.01 (0.99 – 1.02) 0.31
Male gender 1.22 (0.60 – 2.46) 0.59 1.24 (0.79 – 1.93) 0.35 0.99 (0.68 – 1.44) 0.95
Non-surgical admission 1.64 (0.80 – 3.41) 0.19 1.22 (0.78 – 1.91) 0.39 1.88 (1.28 – 2.76) <0.01
Cancer 2.41 (1.18 – 4.51) 0.02 1.43 (0.91 – 2.24) 0.12 1.69 (1.14 – 2.49) <0.01
SGA (A)
(B)
(C)
1.0
2.72 (0.99 – 7.51)
3.79 (1.60 – 8.99)
0.05
<0.01
1.0
1.55 (0.85 – 2.84)
1.98 (1.20 – 3.28)
0.16
<0.01
1.0
1.31 (0.79 – 2.18)
1.86 (1.20 – 2.86)
0.30
<0.01
BMI <18.5Kg/m
2
1.61 (1.45 – 7.64) <0.01 2.43 (1.30 – 4.55) <0.01 1.47 (0.80 – 2.69) 0.21
Lymphocytes 1500 U/µL
3.33 (0.76 – 3.89) 0.21 1.73 (1.09 – 2.76) 0.02 1.65 (1.13 – 2.43) 0.01
Weight loss >5% 1.95 (0.94 – 4.04) 0.07 1.75 (1.11 – 2.76) 0.02 1.88 (1.29 – 2.76) <0.01
Albumin <3.5g/dL 7.69 (3.65-16.22) <0.01 5.01 (3.06-8.18) <0.01 2.77 (1.71-4.47) <0.01
(A) well-nourished; (B) suspicious or moderate malnutrition; (C) severe malnutrition
Table 3. Accuracy of nutritional parameters for LOS, infection and hospital death,
expressed in an area under the ROC curve (95%CI).
Variable Death Infection LOS
Albumin (g/dL)
#
0.77 (0.69 – 0.86) * 0.67 (0.61 – 0.74) * 0.52 (0.46 – 0.57)
WL (%)
#
0.65 (0.55 – 0.75) * 0.59 (0.52 – 0.65) * 0.57 (0.51 – 0.62) *
SGA 0.65 (0.60 – 0.74)* 0.58 (0.52 – 0.65) * 0.57 (0.52 – 0.62) *
Lymphocytes (U/µL)
#
0.61 (0.51 – 0.72) * 0.61 (0.54 – 0.68) * 0.60 (0.55 – 0.65) *
BMI (Kg/m
2
)
#
0.55 (0.43 – 0.67) 0.59 (0.52 – 0.65) * 0.57 (0.51 – 0.62) *
* p<0.05;
#
continuous variables; LOS = length of stay; SGA = Subjective Global
Assessment; WL = percentage of weight loss; BMI = body mass index.
Table 4. Multivariate logistic regression models for each outcome: (a) hospital death,
(b) infection, and (c) hospital stay 15 days.
Model Death Infection Prolonged LOS
Age (years)
Albumin < 3.5 g/dL
Non-surgical admission
Cancer
Weight loss > 5%
1.03 (1.01 – 1.1)
7.2 (3.4 – 15.3)
5.0 (3.1 – 8.2)
2.4 (1.5 – 4.0)
2.1 (1.4 – 3.2)
1.7 (1.2 – 2.6)
1.6 (1.1 – 2.4)
C-statistic 0.79 (0.70-0.87)* 0.66 (0.60-0.73)* 0.68 (0.63-0.73)*
LOS = length of stay; * p<0.05
108
Figure 1. Malnutrition prevalence according to each nutritional assessment parameter.
BMI = body mass index; SGA = subjective global assessment; WL = percentage of
involuntary weight loss.
0
10
20
30
40
50
60
Malnutrition, %
BM I
<18.5kg/m ²
Albumin
<3.5g/dL
SGA severe
malnutrition
WL>5% Lymphocyte
1500U/uL
Nutritional assessment tools
109
ARTIGO 4 - ORIGINAL
Avaliação nutricional: descrição da concordância entre avaliadores
Nutrition assessment: the agreement between observers
Mariur Gomes Beghetto, Doutoranda em Epidemiologia pela UFRGS;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
Enviado à Revista Brasileira de Epidemiologia em abril de 2007.
Re-encaminhado à Revista Brasileira de Epidemiologia em agosto de 2007.
110
Avaliação nutricional: descrição da concordância entre avaliadores
Nutrition assessment: the agreement between observers
Mariur Gomes BEGHETTO ¹
Vivian Cristine LUFT ²
Elza Daniel de MELLO ³
Carisi Anne POLANCZYK
4
¹ Enfermeira. Professora assistente do curso de graduação em enfermagem, nutrição e
fisioterapia (UNILASALLE). Membro da Comissão de Suporte Nutricional do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre. Mestre em Ciências Médicas: Endocrinologia, Metabologia
e Nutrição Humana e aluna do Doutorado do Programa de Pós-graduação em
Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
² Nutricionista. Mestre em Epidemiologia e aluna do Doutorado do Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
³ Médica gastropediatra e nutróloga.Professora adjunta do Departamento de Pediatria da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Chefe do Serviço de Nutrologia e
Coordenadora da Comissão de Suporte Nutricional do Hospital de Clinicas de Porto
Alegre.
4
Médica cardiologista. Professora adjunta do Departamento de Medicina Interna,
Professora dos Programas de Pós-graduação em Cardiologia e Epidemiologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Endereço para correspondência:
Mariur Gomes Beghetto
Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
Rua Ramiro Barcelos 2350, sala 635
90035-007, Porto Alegre, RS
Fone: +55 51 2101 8199
Fax: +55 51 2101 8001
e-mail: [email protected].br
Fonte de financiamento: Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE-HCPA).
Número do processo: 05-353. Bolsa de doutorado CNPQ concedida através do
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da FAMED/UFRGS.
111
Resumo
Este estudo objetivou avaliar a concordância interobservadores de medidas
antropométricas e avaliação subjetiva do estado nutricional em adultos hospitalizados.
Pacientes internados em um hospital geral universitário tiveram: peso atual, peso usual,
altura, circunferência do braço, prega cutânea tricipital, percentual de perda de peso,
Índice de Massa Corporal, circunferência muscular do braço e Avaliação Nutricional
Subjetiva Global obtidos por avaliadores independentes. A concordância foi avaliada
pelo coeficiente kappa, teste t pareado e coeficiente de correlação intraclasse (CCI).
Foram avaliados 102 pacientes, com idade de 53±15 anos. Foi obtida boa correlação
entre observadores para todos métodos antropométricos (CCI>0,86) e diferenças médias
de pequena magnitude. As variáveis categorizadas mostraram concordância ótima para
o Índice de Massa Corporal (kappa=0,98; IC
95%
:0,95-1,0), fraca para a Avaliação
Nutricional Subjetiva Global (kappa=0,46; IC
95%
:0,31-0,60) e moderada para os
percentis 5 e 10 da circunferência do braço (kappa=0,78; IC95%:0,65-0,91),
circunferência muscular do braço (kappa=0,73; IC95%:0,54-0,92) e prega cutânea
tricipital (kappa=0,65; IC95%:0,48-0,82). Para muitos pacientes houve discrepâncias
clinicamente relevantes no percentual de perda de peso, na circunferência do braço,
prega cutânea tricipital e circunferência muscular do braço. Embora estatisticamente a
reprodutibilidade dos métodos antropométricos tenha sido boa, deve-se ser prudente ao
empregá-los no contexto hospitalar, visto as diferenças encontradas, em especial na
antropometria do braço e na Avaliação Nutricional Subjetiva Global.
Palavras-chave: Confiabilidade, Reprodutibilidade, Antropometria, Avaliação
nutricional, Estado nutricional.
112
Abstract
The aim of this study was to assess agreement between observers in performing
anthropometric measures and a subjective assessment of nutrition status in hospitalized
adults. In a general university hospital, patients had their current weight, usual weight,
height, arm circumference, triceps skinfold thickness, percent of weight loss, Body
Mass Index, muscle arm circumference, and Subjective Global Assessment obtained by
independent observers. Agreement was analyzed using Kappa coefficient, paired t test
and intraclass correlation coefficient. This sample was constituted by 102 patients,
whose mean age was 53±15 years. Good correlations (ICC>0.86) and low mean
differences between observers were obtained to all anthropometric measures. The
agreement in classifying patients into categories of Body Mass Index was very strong
(kappa=0.98; 95%CI:0.95-1.0), weak for Subjective Global Assessment (kappa=0.46;
95%CI:0.31-0.60) and moderate for the 5th and 10th percentiles of arm circumference
(kappa=0.78; 95%CI:0.65-0.91), muscle arm circumference (kappa=0.73; 95%CI:0.54-
0.92) and triceps skinfold thickness (kappa=0.65; IC95%:0.48-0.82). Several patients
had clinically relevant discrepancies in percent of weight loss, arm circumference,
triceps skinfold thickness and muscle arm circumference. Although anthropometric
methods statistically showed good reproducibility, we should be prudent in applying
these measures in the hospital setting, since discrepancies were observed, especially in
the arm anthropometry and Subjective Global Assessment.
Keywords: Reliability, Reproducibility, Anthropometry, Nutrition assessment,
Nutritional status.
113
Introdução
O diagnóstico nutricional de adultos hospitalizados deve apoiar-se em uma
lógica que seja capaz de descartar ou confirmar desnutrição, onde o raciocínio
probabilístico é o centro do processo decisório. Para tanto, diferentes métodos são
empregados, visando aumentar a probabilidade de se acertar o diagnóstico de
desnutrição nos indivíduos que de fato estão desnutridos e descartar a presença de
desnutrição nos indivíduos não desnutridos. Todo o processo, portanto, visa melhorar a
interpretação deste conjunto de informações, diminuindo a incerteza envolvida quando
se estabelece um diagnóstico, reduzindo os riscos de se intervir desnecessariamente em
indivíduos que não precisam receber tratamento e de se deixar de intervir em indivíduos
que deveriam receber tratamento
1,2
. Neste sentido, não somente um método deve ser
capaz de apontar para um mesmo diagnóstico quando repetido pelo mesmo
investigador, em diferentes oportunidades, mas de apontar para um mesmo diagnóstico,
quando empregado por diferentes investigadores
3
.
Métodos subjetivos e objetivos são empregados nas rotinas de avaliação
nutricional de adultos hospitalizados sem que, contudo, tenham passado por validação
apropriada para esta finalidade. A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) é
um método subjetivo, essencialmente clínico e em forma de questionário, sujeita,
portanto, ao treinamento do profissional que o aplica. A partir da impressão do
avaliador, os pacientes são classificados em uma das 3 categorias: (A) nutridos, (B)
moderadamente desnutridos ou suspeita de desnutrição ou (C) desnutridos severos. A
ANSG foi desenvolvida e validada a partir de um grupo de pacientes cirúrgicos
4,5
,
sendo, atualmente, empregada na avaliação nutricional de diferentes grupos de pacientes
clínicos e cirúrgicos
6-9
. Métodos antropométricos (como o índice de massa corporal,
prega cutânea tricipital e circunferência muscular do braço), desenvolvidos para avaliar
114
sujeitos saudáveis, são amplamente empregados, de forma isolada ou como integrantes
de escores, para a avaliação do estado nutricional de adultos hospitalizados
9-13
, ainda
que possam apresentar limitações quanto à concordância intra e interobservadores
3,14,15
.
Duerksen et al.
16
, ao empregarem a antropometria para avaliar 87 idosos
13
e Hasse et
al.
17
, ao empregarem a ANSG em indivíduos cirróticos candidatos a transplante,
encontraram apenas discreta concordância entre os observadores (kappa = 0,48 e < 0,5,
respectivamente).
Dentre as etapas de validação de métodos de avaliação nutricional, há
necesidade de se verificar a concordância entre os observadores, em cada contexto
hospitalar
3;15
. Sendo assim, o objetivo do presente estudo, que integra um projeto de
pesquisa maior, foi avaliar a concordância interobservadores na aferição de medidas
antropométricas e da Avaliação Nutricional Subjetiva Global, na avaliação do estado
nutricional de adultos hospitalizados.
Pacientes
Foram consecutivamente incluídos 102 adultos, internados por motivos
clínicos e/ou cirúrgicos nas unidades de internação de um hospital geral universitário de
alta complexidade da região sul do Brasil. Não foram incluídos pacientes internados no
centro de terapia intensiva, unidade de transplante de medula óssea, em uso de aparelho
gessado, submetidos à amputação de membro, e os que apresentaram impossibilidade de
informar sobre seu estado clínico ou de submeter-se aos métodos antropométricos de
avaliação do estado nutricional. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Instituição.
115
Métodos
A identificação dos pacientes potencialmente elegíveis foi realizada por meio do
sistema informatizado de gerenciamento de pacientes do hospital e, entre 29 de janeiro
e 23 de março de 2006, durante as primeiras 72 horas da internação hospitalar, foi
realizada avaliação nutricional por dois avaliadores independentes incluindo: a) peso
usual (PU), b) peso atual (PA), c) percentual de perda de peso em 6 meses (PPP), d)
altura corporal, e) índice de massa corporal (IMC), f) circunferência do braço (CB), g)
prega cutânea tricipital (PCT), h) circunferência muscular do braço (CMB) e i)
Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG). Cada paciente foi avaliado em
duplicata, por um nutricionista (avaliação adotada como padrão de referência) e por um
de 7 acadêmicos do curso de graduação em nutrição (avaliação em teste), previamente
treinados, sendo todos cegos para a avaliação oposta à sua. O mesmo protocolo de
pesquisa e a mesma rotina de avaliação foi adotada por todos avaliadores.
Primeiramente, o aluno perguntou ao paciente sobre o seu o PU e aplicou o instrumento
da ANSG
18
. A seguir, aferiu PA, altura corporal, CB
19
e PCT
20
. Após, a mesma
seqüência para obtenção dos dados antropométricos e ANSG foi procedida pela
nutricionista. Para aferição do peso foram utilizadas balanças eletrônicas tipo
plataforma, com capacidade para até 200 Kg e escala de 100g. Na aferição da altura
foram utilizados antropômetros fixos, disponíveis nas unidades de internação. Tanto as
balanças quanto os antropômetros são anualmente aferidos e certificados pelo Instituto
Nacional de Pesos e Medidas do Brasil. Para a verificação da circunferência do braço
foi utilizada fita métrica não extensível com escala em milímetros, marca Barlow® (W.
Germany, Brasil). Para a verificação da prega tricipital foi utilizado plicômetro Lange
Skinfold Calipter (βtechnology Incorporated Cambridge, Maryland, EUA). Todas as
medidas antropométricas foram realizadas em 3 tomadas e foi utilizado o valor médio.
116
Foram adotadas as seguintes equações para cálculo do PPP, IMC e CMB,
respectivamente: a) PPP
21
= [(PA – PU) / PU] x 100, b) IMC
22
= PA(Kg) / altura (m)
2
e c) CMB (cm)
23
= CB(cm) – [PCT(mm) x 0,314].
A concordância entre os avaliadores foi testada mediante a obtenção do
coeficiente kappa para as variáveis categóricas e do gráfico de Bland & Altman
24
e
gráfico proposto por Lin
25
para as variáveis contínuas. A fim de descrever as diferenças
entre os observadores, foi realizado teste t pareado (diferença entre as médias) e
coeficiente de correlação intraclasse, para as variáveis contínuas. Também, foram
avaliados os percentuais de concordância entre os avaliadores, estabelecendo o que
chamamos de “diferença clinicamente relevante”, considerando-se como aceitável uma
variabilidade inerente ao momento da avaliação e desempenho dos instrumentos
utilizados. Para tanto, aceitou-se diferenças de 500g para PU e PA, 0,5cm para altura,
0,5cm para CB, 2 a 10mm para PCT, 1% no PPP, 0,5Kg/m
2
no IMC e 0,5cm na CMB.
O limite aceitável de diferença entre observadores na aferição da PCT segue o protocolo
adotado pelo NHANES III
26
. A tolerância aumenta em 2mm a cada 10mm da espessura
da prega, ou seja: quando a prega mede de 0 a 10mm, o limite de tolerância da diferença
é 2mm; quando mede 10 a 20mm, diferenças de até 4mm são aceitáveis; se 20 a 30mm,
aceita-se diferenças de até 6mm; se 30 a 40mm, aceita-se 8mm de diferença; e se maior
que 40mm, aceita-se até 10mm de diferença.
As análises foram conduzidas no pacote estatístico SPSS 12.0 e valores de p <
0.05 (bicaudal) foram considerados estatisticamente significativos.
Resultados
Foram avaliados 102 pacientes com média de idade de 53±15 (19 a 88) anos,
sendo 59% do sexo feminino e 56% hospitalizados por motivos cirúrgicos. Para todos
117
os métodos, foi observada forte correlação para os valores obtidos entre os observadores
(CCI>0,86) e diferenças médias de mínima magnitude, do ponto de vista clínico, ainda
que para altura, PCT e CMB esta diferença seja estatisticamente significativa (Tabela
1).
Quando avaliada a concordância entre o observador de referência e o segundo
observador, considerando-se 4 categorias para o percentual de perda de peso (Tabela 2),
foi identificada moderada concordância entre os observadores (kappa = 0,74; IC
95%
:
0,63-0,85; P<0,001), e plena concordância nas duas categorias que agruparam pacientes
que perderam > 5% do peso corporal em 6 meses. Considerando-se a classificação do
IMC, também em 4 categorias (Tabela 2), foi identificada excelente concordância entre
os observadores (kappa = 0,98; IC
95%
: 0,95-1,0; P<0,001), quando somente um paciente
foi classificado de modo discordante (classificado como eutrófico pelo avaliador de
referência e como sobrepeso pelo avaliador 2). Em relação à ANSG, avaliada em 3
categorias (Tabela 2), foi obtida discreta concordância entre os observadores (kappa =
0,46; IC
95%
: 0,31-0,60; P<0,001). Ainda que nenhum paciente classificado como
desnutrido grave pela avaliadora de referência tenha sido classificado como nutrido pela
2ª avaliadora, 16 pacientes classificados como nutridos pela avaliadora de referência
foram erroneamente classificados com algum grau de desnutrição pela 2ª avaliadora
(Tabela 2).
Considerando-se os percentis usualmente adotados para classificação nutricional
a partir da antropometria do braço, verificou-se moderada concordância entre os
observadores para CB (kappa = 0,78; IC95%: 0,65 - 0,91; P <0,001), PCT (kappa =
0,65; IC95%: 0,48 - 0,82; P <0,001) e CMB (kappa = 0,73; IC95%: 0,54 - 0,92; P
<0,001). Na figura 1 está apresentada a proporção de concordância entre os avaliadores
ao classificar o estado nutricional dos pacientes, de acordo com os percentis definidos
118
por Frisancho et al.
27
, para CB, PCT e CMB. Para os 3 métodos, verificou-se que o
segundo avaliador tendeu a superestimar os valores obtidos pelo avaliador de referência,
classificando os pacientes em categorias de percentis acima da obtida pelo avaliador de
referência. Nota-se que na categoria do percentil >10, houve concordância para a quase
totalidade dos pacientes, também para os 3 métodos.
Os gráficos de Bland & Altman (Figura 2) e Lin (Figura 3) sinalizam para
grande concordância entre os observadores, especialmente para peso, altura, IMC e
perda de peso. No entranto, ao se estabelecer critérios estritos, definidos como
diferenças entre os observadores clinicamente não relevantes (até 500g, para PA e PU,
até 0,5cm para altura, CB e CMB, 2 a 10mm para PCT, 1% para PPP e 0,5Kg/m
2
para
IMC), o peso atual e altura corporal (Figura 2a, 2c e 2g) mostraram concordância para o
maior número de pacientes avaliados, enquanto que para CB, PCT e CMB (Figura 2d,
2e e 2h) foram identificados valores fora destes parâmetros em maior percentual de
pacientes.
Discussão
No presente estudo, encontrou-se alta concordância entre observadores treinados
ao empregarem métodos antropométricos de avaliação do estado nutricional (PA, PU,
altura, CB, PCT, CMB, PPP e IMC) em adultos hospitalizados não selecionados,
enquanto a concordância na ANSG mostrou-se discreta. Porém, diferenças estabelecidas
por nós como “clinicamente relevantes” foram identificadas em um grande percentual
de pacientes na antropometria do braço, PPP e ANSG.
Assim como no presente estudo, elevada concordância entre observadores no
emprego da antropometria foram anteriormente descritas
28
. Entretanto, algumas
considerações quanto à aplicação dos resultados estatísticos obtidos, sob o ponto de
119
vista de seu emprego clínico, são necessárias. O coeficiente de correlação expressa,
unicamente, a associação entre duas variáveis, não sendo, portanto, uma estatística
apropriada para avaliar precisão e acurácia entre medidas. A diferença média e sua
variabilidade expressam melhor o desempenho de cada método em relação à medida de
referência, sendo, entretanto, afetadas por valores outliers. Assim, torna-se necessário
avaliar a concordância entre os aferidores, para cada sujeito, sumarizando-se a
concordância de modo dicotômico (concordância/discordância), mesmo quando certa
margem de variabilidade é tolerada
29
. Isto parece claro quando analisamos a Figura 2
do presente estudo: quando adotados critérios estritos para a variabilidade esperada
(“clinicamente relevantes”) nota-se maior proporção de avaliações discordantes,
enquanto ao se aceitar a variabilidade da amostra avaliada (de dois desvios padrão), a
proporção de discordância é mínima.
Peso atual e altura foram as medidas onde em menor número de pacientes foram
identificadas diferenças “clinicamente relevantes” entre os avaliadores. De fato, estas
são as medidas antropométricas mais confiáveis em termos de reprodutibilidade
30
,
quando se assegura boa calibração e precisão dos instrumentos (balanças e
antropômetros) e treinamento da equipe
28
, como implementado na nossa metodologia.
Já em relação ao peso usual, grandes diferenças (>
5 kg) foram encontradas, o que
poderia ser explicado por essa medida depender substancialmente da memória do
paciente, como anteriormente demonstrado em grupos de indivíduos saudáveis e
predominantemente jovens do Reino Unido
31
e do Japão
32
, onde discrepâncias de até
10kg foram encontradas.
A concordância na ANSG foi testada em um grupo selecionado de adultos
submetidos à cirurgia eletiva do trato gastrintestinal, quando os autores encontraram
moderada concordância entre observadores (kappa: 0,78, IC95%: 0,62-0,94; P < 0,001)
120
e recomendam que se teste a concordância interobservadores em cada meio
18
. Note-se
que a ANSG sofre influência do viés recordatório relacionado ao peso usual e a todos os
demais itens integrantes da ANSG, assim como pela experiência dos avaliadores, o que
pode explicar a menor concordância entre observadores, no nosso estudo e no estudo de
Duerksen em um hospital universitário do Canadá
33
. Por outro lado, maior
concordância entre os observadores será identificada caso as categorias B e C da ANSG
sejam agrupadas, também no nosso estudo.
Burden et al.
34
, ao avaliar a antropometria do braço, encontraram maior
concordância entre observadores, quando envolveram somente 2 avaliadores e pacientes
provenientes de 4 unidades de internação em um hospital do Reino Unido. Ainda que no
presente estudo o amplo conhecimento do protocolo de aferição das medidas por parte
de todos avaliadores, como já descrito por Vegelin et al.
35
, possa ter contribuído para
melhorar a confiabilidade das medidas antropométricas, a acurácia da antropometria do
braço depende, também, de características clínicas dos sujeitos avaliados: presença de
edema, paresia e/ou plegia, estado de hidratação, restrição ao leito, dentre outros,
reforçando a necessidade de validação da concordância entre observadores, em
diferentes contextos
36
.
A precisão de índices nutricionais é diretamente afetada pelas medidas
antropométricas das quais derivam, o que explica a grande proporção de pacientes com
valores e categorias de IMC concordantes. Por outro lado, em mais pacientes foram
observados valores discordantes para o percentual de perda de peso e a circunferência
muscular do braço, quando considerados valores “clinicamente relevantes”, visto
derivarem de medidas de maior divergência (peso usual e circunferência total do braço e
prega cutânea, respectivamente)
30,37
. Mueller et al.
38
já haviam descrito que índices
compostos por diferentes medidas antropométricas são menos reprodutíveis que suas
121
medidas originárias, salientando que isto deve ser levado em consideração, tanto na
aplicação clínica quanto em investigações epidemiológicas.
De modo geral, há boa reprodutibilidade na classificação nutricional de adultos
hospitalizados, quando avaliadores treinados empregam métodos antropométricos e
perda de peso. Ainda assim, para parte dos pacientes, pode haver divergência no
diagnóstico nutricional, sugerindo a necessidade de que se valide o desempenho do
avaliador e interavaliadores no emprego de cada método, em cada contexto hospitalar.
122
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127
Tabela 1: Valores médios, desvios-padrão, correlação e diferença entre as avaliações do
observador de referência e do segundo observador, nas diferentes medidas
antropométricas.
Table 1: Mean values, standard deviations, correlation coefficients and differences
between observers for the anthropometric measures.
n
Observador
Referência
Observador 2 Diferença (IC
95%
) P# CCI Lin (IC
95%
)
PA (Kg) 96 68,5 ± 16,5 68,6 ± 16,4 0,13 (-,03 – 0,29) 0,10 0,999 0,999 (0,998 – 0,998)
PU (Kg) 100 70,6 ± 16,0 70,6 ± 14,8 0,07 (-,67 – 0,82) 0,84 0,971 0,970 (0,961 – 0,959)
Altura (cm) 85 162,1 ± 9,4 162,1 ± 9,4 -0,001 (-0,002 – 0,000) <0,01 0,999 0,999 (0,999 – 0,999)
CB (cm) 98 29,6 ± 5,1 29,5 ± 4,9 -0,11 (-0,31 – 0,09) 0,28 0,980 0,979 (0,973 – 0,972)
PCT (mm) 98 16,3 ± 9,0 17,8 ± 9,4 1,45 (0,64 – 2,27) <0,01 0,893 0,891 (0,858 – 0,851)
PPP (%) 96 -3,5 ± 9,36 -3,8 ± 10,1 -0,29 (-1,29 – 0,69) 0,55 0,874 0,840 (0,791 – 0,782)
IMC (Kg/m
2
) 82 26,3 ± 5,4 26,3 ± 5,4 0,06 (-0,01 – 0,13) 0,11 0,998 0,998 (0,997 – 0,997)
CMB (cm) 98 24,5 ± 3,5 23,9 ± 3,3 -0,57 (-0,91 – -0,23) <0,01 0,865 0,864 (0,822 – 0,814)
PA: Peso atual; PU: Peso usual; CB: Circunferência do braço; PCT: Prega cutânea
tricipital; PPP: Percentual de perda involuntária de peso; IMC: Índice de massa
corporal; CMB: Circunferência muscular do braço. CCI: Coeficiente de correlação
intraclasse; Lin – Coeficiente de correlação de concordância proposto por Lin
22
; #: teste
t pareado.
PA: actual weight; PU: usual weight; CB: arm circumference; PCT: triceps skinfold
thickness; PPP: percent of weight loss; IMC: body mass index; CMB: muscle arm
circumference; CCI: Intraclass correlation coefficient; Lin – Lin’s concordance
correlation coefficient
22
; #: paired t test.
128
Tabela 2: Concordância entre o observador de referência e observador 2 na classificação
do percentual de perda de peso (kappa = 0,74; P <0,001), Índice de Massa Corporal
(kappa = 0,98; P <0,001) e Avaliação Nutricional Subjetiva Global (kappa = 0,46;
IC
95%
: 0,31-0,60; P <0,001).
Table 2: Agreement between observers in classifying weight loss (kappa = 0,74; P
<0,001), Body Mass Index (kappa = 0,98; P <0,001) and Subjective Global Assessment
(kappa = 0,46; IC
95%
: 0,31-0,60; P <0,001).
Avaliação de referência
S/ perda, ou ganho 0 a 5% 5 a 10% >10%
S/ perda, ou ganho
24
6 0 0
0 a 5% 3
27
0 0
5 a 10% 2 1
10
0
>10% 0 6 0
17
PPP
Total 29 40 10 17
<18,5 18,5 – 24,9 25 – 29,9 >30
<18,5
6
0 0 0
18,5 – 24,9 0
28
0 0
25 – 29,9 0 1
29
0
>30 0 0 0
18
Observador 2
IMC
Total 6 29 29 18
Nutrido Desnutrição moderada Desnutrição grave
Nutrido
51
5 0
Desnutrição moderada 14
10
6
Desnutrição grave 2 4
10
ANSG
Total 67 19 16
PPP: Percentual de perda de peso (%); IMC: Índice de Massa Corporal (Kg/m
2
); ANSG:
Avaliação Nutricional Subjetiva Global.
PPP: percent of weight loss (%); IMC: Body Mass Index (Kg/m
2
); ANSG: Subjective
Global Assessment.
129
84
44
99
65
38
99
100
43
96
0
20
40
60
80
100
<p5 p5 a p10 p10
Concordância (%)
CB PCT CMB
Figura 1: Proporção de pacientes em que houve concordância (%) entre os avaliadores
na classificação dos percentis (p5 e p10), definidos por Frisancho et al (22), para
circunferência do braço (CB), prega cutânea tricipital (PCT) e circunferência muscular
do braço (CMB).
Figure 1: Proportion of agreement (%) between observers in classifying patients
according to the 5th and 10th percentiles (p5 and p10), defined by Frisancho et al (22),
for arm circumference (CB), triceps skinfold thickness (PCT) and muscle arm
circumference (CMB).
130
40 60 80 100 120
-6
-4
-2
0
2
4
6
Peso atual (kg)
Diferença entre observadores (kg)
a)
20 40 60 80 100 120
-15
-10
-5
0
5
10
15
Peso usual (kg)
Diferença entre observadores (kg)
b)
140 150 160 170 180 190
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Altura (cm)
Diferença entre observadores (cm)
c)
15 20 25 30 35 40 45
-3
-2
-1
0
1
2
3
Circunferência do braço (cm)
Diferença entre observadores (cm)
d)
10 20 30 40
-15
-10
-5
0
5
10
15
Prega cutânea tricipital (mm)
Diferença entre observadores (mm)
e)
15 20 25 30 35 40 45
-2
-1
0
1
2
Índice de massa corporal (kg/m
2
)
Diferença entre observadores (kg/m
2
)
g)
15 20 25 30
-4
-2
0
2
4
CMB (cm)
Diferença entre observadores (cm)
h)
-40 -20 0 20 40
-20
-10
0
10
20
Diferença entre observadores (%)
f)
Perda de peso (%)
CMB – Circunferência muscular do braço.
131
Figura 2: Diferença entre observadores nas medidas antropométricas (eixo Y), ao longo
da média dos valores obtidos pelos dois observadores (eixo X). As linhas pretas
apontam a tolerância de 0,5kg para peso atual (a) e peso usual (b), 0,5cm para altura
(c), circunferência do braço (d) e circunferência muscular do braço (e), 2 a 10mm para
prega cutânea tricipital (f), 1% para perda de peso (g) e 0,5Kg/m
2
para o índice de
massa corporal (h). As linhas cinzas indicam 1,96 desvios-padrão da média da
diferença.
Figure 2: Difference between observers in anthropometric measures (Y-axis), in
relation to the mean values obtained by the two observers (X-axis). Black lines point
the tolerance of 0.5kg for actual weight (a) and usual weight (b), 0,5cm for height (c),
arm circumference (d) and muscle arm circumference (e), 2 to 10mm for skinfold
thickness (f), 1% for weight loss (g) and 0,5Kg/m
2
for Body Mass Index (h). Gray lines
represent 1.96 standard deviations to the mean difference.
132
40 60 80 100 120
40
60
80
100
120
Peso atual (kg), B
Peso atual (kg), A
a)
40 60 80 100 120
40
60
80
100
120
Peso usual (kg), B
Peso usual (kg), A
b)
140 150 160 170 180 190
140
150
160
170
180
190
Altura (cm), B
Altura (cm), A
c)
15 20 25 30 35 40 45
15
20
25
30
35
40
45
CB (cm), B
CB (cm), A
d)
15 20 25 30 35
15
20
25
30
35
CMB (cm), B
CMB (cm), A
h)
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
Perda de peso (%), B
Perda de peso (%), A
f)
IMC (kg/m
2
), A
g)
01020304050
0
10
20
30
40
50
PCT (mm), B
PCT (mm), A
e)
15 20 25 30 35 40 45 50
15
20
25
30
35
40
45
50
IMC (kg/m
2
), B
A – Avaliação do aluno; B – Avaliação do nutricionista; CB – Circunferência do
braço. CMB – Circunferência muscular do braço; PCT – Prega cutânea tricipital;
IMC
Índice de massa cor
p
oral.
133
Figura 3: Concordância entre observadores
22
. As linhas cinzas sinalizam hipotética
concordância perfeita (em ângulo de 45° entre os eixos), enquanto as linhas pretas
indicam a reta estimada para a concordância encontrada neste estudo. Cada ponto
representa um paciente avaliado pelo aluno (A) e o observador de referência (B).
Figure 3: Agreement between observers
22
. Gray lines point a hypothetical perfect
agreement (45° between axes), while black lines indicate the estimated line for the
agreement found in this study. Each point represents a patient assessed by the student
(A) and the reference observer (B).
134
SUMMARY
The aim of this study was to assess agreement between observers (interobserver
reproducibility) in performing both objective (anthropometric) measures and a
subjective assessment of nutrition status in hospitalized adults. In a tertiary care
university hospital, patients had their current weight, usual weight, height, arm
circumference, triceps skinfold thickness, percent of weight loss, Body Mass Index,
muscle arm circumference, and Subjective Global Assessment obtained by independent
observers. Agreement was analyzed using Kappa coefficient, paired t test and intraclass
correlation coefficient. This sample was constituted by 102 patients, from both medical
and surgical wards, whose mean age was 53±15 years. Good correlations (ICC>0.86)
and low mean differences between observers were obtained to all anthropometric
measures. The agreement in classifying patients into categories of Body Mass Index
was very strong (kappa=0.98; 95%CI:0.95-1.0), weak for Subjective Global
Assessment (kappa=0.46; 95%CI:0.31-0.60) and moderate for the 5th and 10th
percentiles of arm circumference (kappa=0.78; 95%CI:0.65-0.91), muscle arm
circumference (kappa=0.73; IC95%:0.54-0.92) and triceps skinfold thickness
(kappa=0.65; 95%CI:0.48-0.82). In sum, satisfactory reproducibility was obtained for
the classification of nutritional status of hospitalized adults when trained observers
assessed anthropometric methods, weight loss and SGA. Nevertheless, for some
patients, divergence in the nutritional classification may occur, suggesting the need of
always assessing the performance of observers in the implementation of each method,
in each hospital context.
135
ARTIGO 5 - ORIGINAL
Impacto de variáveis nutricionais na predição de morte, infecção e
permanência hospitalar
Mariur Gomes Beghetto, Doutoranda em Epidemiologia pela UFRGS;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS)
Previsão de envio ao The American Journal of Medicine
136
Impacto de variáveis nutricionais na predição de morte, infecção e
permanência hospitalar
Mariur Gomes Beghetto
Vivian Cristine Luft
Elza Daniel de Mello
Carísi Anne Polanczyk
Serviço de Nutrologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Programa de Pós-
graduação em Epidemiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, Brasil.
Endereço para correspondência:
Mariur Gomes Beghetto
Rua Ramiro Barcelos 2350, sala 635.
Porto Alegre, RS, Brasil
CEP: 90035-03
* Este estudo contou com apoio do Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE) do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico.
137
RESUMO
Objetivo: Desenvolver e validar um escore de risco para a ocorrência de morte,
infecção e permanência hospitalar em adultos internados em um hospital geral, e avaliar
o impacto do estado nutricional sobre estes desfechos. Método: Entre outubro de 2005
e junho de 2006, adultos das unidades de clínica e cirurgia do HCPA foram
aleatoriamente incluídos e avaliados nas primeiras 72 horas da admissão para variáveis
clínicas e nutricionais. Foram considerados desfechos: morte, infecção, e LP (acima do
percentil 75 para a especialidade). De forma aleatória, 1002 pacientes constituíram a
coorte de derivação e 501 a coorte de validação. A partir de regressão logística
multivariável foram identificadas variáveis associadas, de forma independente, a cada
desfecho e os valores de RC obtidos, constituíram os pesos de escores de predição para
cada desfecho. O escore derivado para predição de óbito foi testado na predição de
infecção e permanência hospitalar. A acurácia do modelo de melhor predição para os 3
desfechos foi avaliada na coorte de validação. Resultados: Independente do método de
avaliação nutricional adotado, pacientes desnutridos apresentaram maior incidência dos
3 desfechos. Albumina <3,5g/dL (RC: 3,91; IC
95%
:1,94-7,86) e desnutrição suspeita ou
moderada (RC: 2,55; IC
95%
: 1,12-5,80) ou grave (ANSG) (RC: 4,44; IC
95%
:1,96-10,01),
ajustadas para variáveis clínicas, foram preditores de óbito. Pacientes com albumina
<3,5g/dL apresentaram maior risco independente para infecção (RC: 1,80; IC
95%
: 1,22-
2,64). Maior risco independente para LP foi verificado em pacientes com desnutrição
grave (RC: 1,87; IC
95%
: 1,26-2,78) e albumina <3,5g/dL,(RC: 1,34; IC
95%
: 1,00-1,82). O
aumento no valor dos escores mostrou-se relacionado com o risco de morte (RC: 1,22;
IC
95%
: 1,17-1,28), infecção (RC: 1,38; IC
95%
: 1,20-1,59) e LP (RC: 1,19; IC
95%
: 1,13-
1,26). Na coorte de validação foi verificado que pacientes cujo escore de predição do
óbito (“escore-óbito”)> 9,0 apresentaram maior risco para óbito (RC: 24,1; IC
95%
: 7,25-
138
80,2), enquanto os pacientes com “escore-óbito” > 5,0 apresentaram maior risco para
infecção (RC: 2,93; IC
95%
: 1,64-5,24) e longa permanência (RC: 2,15; IC
95%
: 1,39-3,34).
O “escore-óbito” mostrou-se sensível (S=0,91) e específico (E=0,70) na predição de
óbito, mas desempenho diagnóstico mais fraco na predição de infecção (S=0,75 e
E=0,50) e LP (S=0,68 e E=0,50). Conclusão: Variáveis clínicas e nutricionais foram
preditivas de desfechos hospitalares clinicamente relevantes, integrando um escore
aplicável na triagem de pacientes à hospitalização.
139
ABSTRACT
Aim: To develop and validate a score of risk to predict the occurrence of death,
infection and prolonged length of hospital stay in adult inpatients, in a general tertiary
care hospital, and to evaluate the impact of the nutritional status on these outcomes.
Method: From October/2005 to June/2006, patients hospitalized in clinical and surgical
wards of a general tertiary care hospital in southern Brazil were randomly included in
study, assessed in the first 72 hours after admission. Outcomes were: death, infection,
and prolonged length of hospital stay (LOS) (beyond the 75
th
percentile of the clinical
specialty). Selected by random, 1002 patients constituted the derivation cohort and other
501 constituted the validation cohort. Multivariate logistic regression was used to
identify variables independently associated to each of the three outcomes. Predictive
scores were obtained for each outcome and the score derived to predict death was also
tested to predict infection and prolonged length of hospital stay. The accuracy of the
best prediction model for the three outcomes was assessed in the validation cohort.
Results: Independently of the method used to assess the nutritional status, malnourished
patients presented greater incidence for the three outcomes. Serum albumin <3.5g/dL
(OR: 3.91; 95%CI:1.94-7.86) and moderate (OR: 2.55; 95%CI: 1.12-5.80) or severe
malnutrition (SGA) (OR: 4.44; 95%CI:1.96-10.1), adjusted to clinical variables, were
independent predictors of death. Patients with albumin <3,5g/dL presented greater
independent risk for infection (OR: 1.80; 95%CI: 1.22-2.64). Greater independent risk
for LOS was verified in severe malnourished patients (OR: 1.87; 95%CI: 1.26-2.78) and
in those presenting albumin <3.5g/dL (OR: 1.34; 95%CI: 1.00-1.82). An increase in the
specific scores values was associated to a greater risk of death (OR: 1.22; 95%CI: 1.17-
1.28), infection (OR: 1.38; 95%CI: 1.20-1.59), and LOS (OR: 1.19; 95%CI: 1.13-1.26).
In the validation cohort, patients with “death score” > 9.0 presented greater risk for
140
death (OR: 24.1; 95%CI: 7.25-80.2). Patients with “death score” > 5.0 presented greater
risk for infection (OR: 2.93; 95%CI: 1.64-5.24), and LOS (OR: 2.15; 95%CI: 1.39-
3.34). The “death score” appeared to be sensitive (Se=0.91) and specific (0.70) for the
prediction of death and moderate performance for the prediction of infection (Se=0.75
and Sp=0.50) and prolonged length of hospital stay (Se=0.68 and Sp=0.50).
Conclusion: Clinical and nutritional variables were predictive of clinically relevant
hospital outcomes, composing a score applicable in screening patients at admission.
141
INTRODUÇÃO
Em pacientes hospitalizados, a desnutrição, usualmente, é causada pela
combinação de fatores inerentes a condição do paciente e ao seu tratamento
1,2
, assim
como pela desatenção das equipes assistentes com o aspecto nutricional
3-5
. O risco
conferido isoladamente por cada um desses fatores não é suficientemente conhecido e,
por isto, não está clara a relação causal entre o estado nutricional e a piora clínica
2
. De
fato, a desnutrição hospitalar é um evento prevalente na nossa e em outras instituições
6,7
e, a despeito das diferenças clínicas entre os pacientes e do grande número de
métodos disponíveis para a avaliação do estado nutricional, está associada a maior
morbi-mortalidade
2,4,8
, aumento do tempo
2,4,7-9
e dos custos com a hospitalização
9-12
e
piora na qualidade de vida
13
dos pacientes, justificando o investimento em suporte
nutricional
14
.
A Avaliação Nutricional envolve o exame detalhado de variáveis subjetivas e
objetivas específicas, demandando tempo de profissionais experientes e outros recursos
para a confirmação do diagnóstico de desnutrição
15
. Por outro lado, a Triagem
Nutricional busca identificar fatores que colocam o paciente em risco para complicações
clinicas relacionadas à desnutrição
16
, sinalizando, precocemente, pacientes que
poderiam beneficiar-se de terapia nutricional. Diferentes instrumentos têm sido
propostos para esta finalidade: Malnutrition Screening Tool (MST)
17
, Short Nutritional
Assessment Questionnaire (SNAQ©)
18
, Nutritional Risk Index (NRI)
19
, Nutrition Risk
Score (NRS)
20
, Nutritional Risk Screening (NRS 2002)
21
, Mini Nutritional Assessment
(MNA)
22
, Malnutrition Universal Screening Tool (MUST)
23
, Nutritional Screening
Tool (NST)
24
, Nutritional Screening Equation (NSEq)
25
, entre outros.
A escolha do melhor instrumento de triagem nutricional deve considerar sua
aplicação em diferentes perfis clínicos de pacientes, validade, precisão e acurácia
142
preditiva, simplicidade e aplicabilidade por profissional não especialista, o que pode
limitar o emprego destes instrumentos para muitas instituições
26-30
. A ausência de um
único procedimento que possa servir como padrão de referência para o diagnóstico
nutricional pode justificar, parcialmente, a inclusão de diferentes variáveis preditivas em
cada um destes escores. Neste contexto, a American Society of Parenteral and Enteral
Nutrition (ASPEN) recomenda o emprego de desfechos clínicos relevantes como meio
de balizar o procedimento de derivação e validação
31
de escores, o que nem sempre tem
sido adotado. Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi desenvolver e validar um
escore de risco para a ocorrência de morte, infecção e permanência hospitalar em
adultos internados em um hospital geral, e avaliar o impacto do estado nutricional sobre
estes desfechos.
PACIENTES
Entre outubro de 2005 e junho de 2006, foi realizado um estudo observacional
prospectivo em um hospital geral universitário com 749 leitos na região sul do Brasil,
quando foram selecionados, de forma aleatória, pacientes maiores de 18 anos internados
nas unidades de clínica e cirurgia. Não foram incluídos os pacientes do Centro de
Terapia Intensiva (CTI), Unidade de Transplante de Medula Óssea, gestantes,
puérperas, amputados, em uso de aparelho gessado ou tração, com permanência no
Serviço de Emergência ou sala de recuperação pós-operatória por mais de 72 horas, os
que obtiveram alta hospitalar em período menor de 24 horas, pacientes com Síndrome
da Imunodeficiência Humana, e os que apresentaram impossibilidade de informar sobre
seu estado clínico ou de submeter-se aos métodos antropométricos de avaliação do
estado nutricional. Cada paciente foi incluído uma única vez, mesmo que tenha
apresentado re-internação no período do estudo. A identificação dos pacientes foi
143
obtida, diariamente, através do sistema informatizado de gerenciamento de pacientes do
hospital e a aleatorização foi procedida através da função “select cases” do software
estatístico SPSS 10.0, objetivando-se selecionar 60% das internações diárias.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição.
MÉTODO
A coleta dos dados foi precedida pelo treinamento dos auxiliares de pesquisa
quanto (a) convite e esclarecimento do paciente e obtenção de termo de consentimento,
(b) métodos empregados para triagem e avaliação do estado nutricional, (c)
preenchimento do protocolo de pesquisa. A função de auxiliares de pesquisa foi
desempenhada por acadêmicos do curso de nutrição, que foram treinados e
supervisionados por uma enfermeira e por uma nutricionista. O estudo foi precedido
pela realização de um estudo piloto, quando cada auxiliar de pesquisa avaliou 5
pacientes, sendo acompanhadas por uma das investigadoras principais.
Os pacientes foram avaliados nas primeiras 72 horas da admissão e a cada 7
dias, até a alta hospitalar, seguindo-se o mesmo protocolo. Informações demográficas,
clínicas (hospitalizações recentes, doença de base e comorbidades, infecção à admissão,
tratamentos, procedimentos e complicações) e dieta prescrita foram obtidas nos
prontuários e junto aos pacientes e seus familiares.
O estado nutricional foi avaliado através do percentual de perda de peso (PP)
32
,
Índice de massa Corporal (IMC)
33
, circunferência do braço (CB)
34
, prega tricipital
(PCT)
35
, circunferência muscular do braço (CMB)
36
, nível sérico de albumina,
contagem de linfócitos e Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG)
37
, conforme
descrito na literatura. O peso e a altura dos pacientes foram verificados através das
balanças tipo plataforma e estadiômetros disponíveis nas unidades de internação que são
144
anualmente aferidos quanto à sua calibração pelo Instituto Nacional de Metrologia
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). Pacientes acamados tiveram o peso
verificado através do equipamento Eleve® e sua altura, através de antropômetro para
pacientes acamados. Para a verificação da circunferência do braço foi utilizada fita
métrica não extensível com escala em milímetros, Marca Barlow® (W. Germany,
Brasil). Para a verificação da prega tricipital foi utilizado plicômetro Lange Skinfold
Calipter (βtechnology Incorporated Cambridge, Maryland, EUA). Todas as medidas
antropométricas foram realizadas em 3 tomadas e foi utilizado o valor médio. A
albumina sérica foi analisada pelo método colorimétrico do verde de bromocresol e a
contagem total de linfócitos foi analisada por citometria com luz branca e por
impedância volumétrica. Para a avaliação do nível de independência foram seguidos os
critérios propostos por Braden
38
onde, de modo subjetivo, o avaliador classifica o
paciente em uma de quatro categorias, para 4 domínios: condição física, estado mental,
atividade, mobilidade, incontinência. A presença de comorbidades crônicas
(vasculopatia, doença cerebrovascular, diabetes, insuficiência renal, doenças do tecido
conjuntivo, úlcera, hepatopatia, demência, DPOC, câncer, metástases, SIDA), presentes
na classificação proposta por Charlson
39-40
, também foram avaliadas.
Desfechos
Foram considerados desfechos (a) morte, (b) infecção e (c) longa permanência
hospitalar. Infecção hospitalar foi definida pela presença de qualquer infecção,
independente da topografia (urinária, de ferida operatória, respiratória, relacionada a
cateter venoso central, sepse, ou outras), adquirida e diagnosticada pela equipe
assistente no período de internação hospitalar. Foi considerada como longa permanência
a hospitalização, em dias, por período igual ou superior ao percentil 75 da especialidade
na qual o paciente internou.
145
Cálculo do tamanho da amostra
A amostra foi calculada a partir da incincia de morte de 8%, de infecção de
23% e de longa permanência hospitalar de 51%, identificadas em estudo piloto no nosso
meio. Assumindo a necessidade de 10 desfechos para cada variável mantida no modelo
de regressão logística multivariável
41
, estimamos uma amostra de 800 pacientes, para a
coorte de derivação e 400 pacientes para a coorte de validação do novo escore.
Análise dos dados
As análises foram conduzidas no pacote estatístico SPSS 10.0 e valores de p
<0.05 (bicaudal) foram considerados estatisticamente significativos. Inicialmente, foi
realizada análise descritiva dos dados, considerando-se a totalidade dos pacientes
avaliados (n=1.503). Neste momento, para pacientes sem valores válidos de albumina
(n=116) e linfócitos (n=41) foram inseridos os valores medianos da coorte de derivação
(3,7 g/dL e 1620 U/µL, respectivamente). Não foram imputados valores para os dados
faltantes das variáveis: percentual de perda de peso (n=31) e IMC (n=22). A seguir, de
modo aleatório, foi procedida a divisão do banco de dados, constituindo-se as coortes de
derivação (n=1.002) e de validação (n=501). Os dados contínuos e com distribuição
normal estão apresentados como média ± desvio padrão (DP), aqueles sem distribuição
normal, como mediana e intervalo interquartis, e os categóricos, em percentual. A
ANSG foi avaliada em 3 categorias: a) nutridos, b) moderadamente desnutridos ou com
suspeita de desnutrição e c) desnutridos grave, conforme descrito por Detski
42
. As
demais variáveis foram avaliadas de modo contínuo, seguindo-se a sua estratificação
nos quartis de distribuição da amostra. As variáveis também foram dicotomizadas, a
partir dos valores de referência para desnutrição estabelecidos na literatura, nos
146
seguintes pontos de corte: IMC < 18,5 Kg/m
2
, PP > 5% em 6 meses, albumina < 3,5
g/dL e linfócitos 1500 U/µL. Os resultados univariados obtidos com a dicotomização
das variáveis nutricionais nos quartis de distribuição, percentil 50 e nos valores de
referência foram semelhantes, optando-se pela dicotomização nos valores de referência,
para facilitar a comparação com outros estudos e sua aplicabilidade clínica.
Coorte de derivação
Para cada desfecho foi realizada regressão logística univariável, utilizando-se o
método de entrada manual, quando foram selecionadas todas as variáveis com valor P
<0,25 (teste de Wald) para inclusão no modelo de regressão logística multivariável.
Variáveis consideradas de relevância biológica foram incluídas no modelo de regressão
logística multivariável, independente do valor P obtido na análise univariável. Foram
mantidas no modelo as variáveis com valor P <0,05 (teste de Wald), sendo removidas,
uma a uma, a partir do maior valor P. Os valores preditos nos diferentes modelos
testados foram plotados, sendo obtidas curvas ROC, estatística-C e avaliada adequação
do modelo, através do teste de Hosmer-Lemeshow. Após a seleção do modelo de
melhor desempenho, foram elaborados os escores para validação, utilizando-se os
valores arredondados de cada razão de chances (RC), obtidas na regressão logística
múltipla. A escolha do ponto de corte do escore de predição de óbito levou em
consideração o balanço entre sensibilidade e especificidade. Seguindo-se o mesmo
procedimento, foram obtidos escores de predição de infecção e permanência hospitalar.
Foi avaliada a capacidade do “escore óbito” predizer infecção e permanência hospitalar,
tendo sido avaliados, previamente, os melhores pontos de corte para esses 2 últimos
desfechos.
147
Coorte de validação
A acurácia das equações derivadas em predizer morte, infecção e permanência
hospitalar foi avaliada através da construção de curvas ROC e da estimativa da
estatística C. Após, as propriedades preditivas dos escores, nos pontos de corte
escolhidos, foram calculadas utilizando-se o software Computer Programs for
Epidemiologic Analyses: PEPI v. 4.0.
RESULTADOS
No período do estudo, foram admitidos 5.307 pacientes nas unidades de
internação de clínica e cirurgia do HCPA. Destes, 2.497 não preencheram critérios de
elegibilidade (1.573 por permanência na emergência, ou sala de recuperação pós-
operatória por mais de 72 horas, 263 por alta em período menor de 24 horas, 235 por
SIDA, 212 por tratar-se de re-internação e terem previamente sido incluídos no estudo,
60 por uso de aparelho gessado ou tração, 40 por amputação de membro, 34 por recusa
à participação, 31 por serem gestantes ou puérperas, 29 por transferência para o CTI em
menos de 24 horas, 16 por limitação psiquiátrica e/ou neurológica para participação, 3
por apresentarem-se em mau estado geral e estágio terminal da sua doença base e 1 por
transexualismo).
Dos 2.810 pacientes potencialmente elegíveis, foram avaliados 1.503 pacientes
(53%). Dos pacientes avaliados, a média de idade foi 55,5±16,1 (19-94) anos, sendo
52,7% do sexo feminino. Cerca de 65% dos pacientes internou em alguma das
especialidades de cirurgia e 61% submeteu-se a algum procedimento cirúrgico durante a
hospitalização.
148
Quanto aos desfechos, 383 (25,5%) pacientes tiveram internação prolongada,
195 (13%) apresentaram infecção hospitalar e 82 (5,5%) evoluíram para óbito. Os 1.002
pacientes da coorte de derivação foram semelhantes aos 501 pacientes da coorte de
validação quando comparadas as características demográficas, clínicas e nutricionais
(Tabela 1).
Coorte de derivação
De modo geral, a análise univariável mostrou que pacientes em pior estado
nutricional apresentaram maior risco para óbito, infecção e longa permanência, ainda
que se tenha observado riscos de diferentes magnitudes (RC) para os métodos de
avaliação nutricional, em cada desfecho (Tabela 2). Enquanto contagem de linfócitos
1500U/µL (RC: 1,75; IC
95%
: 0,98-3,14) e prega cutânea (RC: 0,97; IC
95%
: 0,94-1,00)
foram os únicos marcadores do estado nutricional não associados ao risco de óbito,
somente perda de peso (RC: 1,66; IC
95%
: 1,13-2,44) e albumina < 3,5g/dL (RC: 1,83;
IC
95%
: 1,25-2,67) foram associados a infecção. Já para longa permanência, não foi
identificada associação, somente, entre suspeita de desnutrição ou desnutrição
moderada, avaliada pela ANSG (RC: 1,33; IC
95%
: 0,85-1,86), contagem de linfócitos <
1.500U/µL (RC: 0,95; IC
95%
: 0,72-1,26) e antropometria do braço (Tabela 2). Ainda
assim, pacientes com diagnóstico de desnutrição, a despeito do método para avaliação
do estado nutricional empregado, permaneceram por mais tempo hospitalizados (de 2,4
a 8,2 dias) (Tabela 3). Além dos marcadores do estado nutricional, diferentes variáveis
clínicas mostraram-se, de modo univariável, associados à morte, infecção e longa
permanência hospitalar, sendo algumas associadas aos 3 desfechos (presença de 2 ou
mais comorbidades pelo Escore de Charlson e albumina < 3,5g/dL, por exemplo),
enquanto outras estiveram associadas somente a um deles (Tabela 2).
149
Na análise multivariável, a presença de 2 ou mais comorbidades crônicas
(segundo critério de Charlson) e de albumina < 3,5g/dL foram identificados como
fatores independentes de risco para os 3 desfechos. Outros fatores mostraram-se
associados, de modo independente, a um ou dois dos desfechos. Enquanto pior estado
nutricional (diagnosticado pela ANSG) foi associado tanto a óbito quanto a
permanência, o uso de cateter venoso central nas primeiras 72 horas de hospitalização
mostrou-se o fator de risco exclusivamente para infecção. O risco para óbito foi,
também, ajustado para a presença de condição física prejudicada (conforme critérios de
Braden) e o risco de permanência para a presença outras comorbidades, além das
descritas por Charlson (Tabela 4). Os valores de RC, obtidos na regressão logística
múltipla, foram arredondados e compuseram as equações de predição, derivando
escores específicos para cada desfecho (Tabela 4).
O escore derivado para predição de óbito mostrou-se acurado na predição deste
desfecho (Estatística-C:0,87; IC
95%
: 0,83-0,91), enquanto a acurácia dos escores
derivados para a predição de infecção (Estatística-C:0,62; IC
95%
: 0,56-0,67) e longa
permanência hospitalar (Estatística-C:0,64; IC
95%
: 0,60-0,67) foi menor. Com o
incremento no valor de cada escore houve aumento no risco de morte (RC: 1,22; IC
95%
:
1,17-1,28), infecção (RC: 1,38; IC
95%
: 1,20-1,59) e longa permanência (RC: 1,19; IC
95%
:
1,13-1,26). Considerando elevada acurácia do escore para predição do óbito e com
vistas a se avaliar todos os desfechos através de um escore único (“escore-óbito”), o
mesmo foi avaliado na predição dos demais desfechos, tendo sido verificada pequena
redução de acurácia na predição de infecção (Estatística-C: 0,60; IC
95%
: 0,55-0,66) e
longa permanência (Estatística-C:0,61; IC
95%
: 0,58-0,65).
Para o estabelecimento do ponto de corte que representasse o melhor equilíbrio
entre sensibilidade e especificidade, diferentes pontos de corte foram testados. O
150
“escore-óbito” foi dicotomizado no valor >9,0 para se avaliar a predição de óbito,
enquanto para predição de infecção e longa permanência o “escore-óbito” foi
dicotomizado no valor >5,0. Pacientes com “escore-óbito” > 9,0 apresentaram maior
risco para óbito (RC: 21,7; IC
95%
: 8,5-55,4), enquanto os pacientes com “escore-óbito”
> 5,0 apresentaram maior risco para infecção (RC: 1,94; IC
95%
: 1,30-2,89) e longa
permanência (RC: 2,19; IC
95%
: 1,63-2,95).
Coorte de validação
A acurácia do “escore-óbito” > 9,0 na predição de óbito foi semelhante nas
coortes de derivação e validação (Figura 1). Do mesmo modo, houve semelhança nas
acurácias do “escore-óbito” > 5,0 na predição de infecção e longa permanência na
coorte de derivação (infecção: 0,58; IC
95%
: 0,53-0,63; permanência: 0,59; IC
95%
: 0,56-
0,63) e validação (infecção:0,62: IC
95%
: 0,55-0,69; permanência: 0,59: IC
95%
: 0,53-
0,65).
O “escore-óbito” > 9 mostrou-se um instrumento excelente na predição de óbito
(sensibilidade = 0,91 e especificidade = 0,70), enquanto o “escore-óbito” >5 mostrou-se
menos sensível e específico na predição de infecção e longa permanência (Tabela 5).
Estes desempenhos, corroborados pelos valores de probabilidade pós-teste negativa e de
Likelihood ratio negativa, sugerem que o “escore-óbito”, nos pontos de corte para cada
desfecho, possa ser útil no contexto de triagem de pacientes, para os 3 desfechos.
A Figura 2 mostra uma relação ascendente entre o aumento na incidência de
cada um dos 3 desfechos e o aumento nos valores do “escore-óbito”. Nota-se que o
“escore-óbito” apresentou desempenho semelhante entre as coortes (derivação e
validação) para os 3 desfechos (óbito: P=0,91; infecção: P=0,14 e longa permanência:
151
P=0,31). Do mesmo modo, as incidências de cada um dos desfechos, em cada um dos
estratos propostos para o “escore óbito”, foram comparáveis.
DISCUSSÃO
No presente estudo, pior estado nutricional, avaliado por diferentes métodos, foi
mais freqüente em pacientes que evoluíram para óbito, infecção e longa permanência
hospitalar, tendo os pacientes desnutridos cursado com 2,4 a 8,2 dias adicionais de
hospitalização. Pacientes com valores de albumina sérica < 3,5 g/dL e desnutrição,
diagnosticada através da ANSG, ajustados para as características clínicas (presença de 2
ou mais comorbidades crônicas e condição clínica) e do tratamento dos pacientes (uso
de cateter venoso central) à admissão hospitalar, mostraram-se como fatores
prognósticos independentes de desfechos hospitalares clinicamente relevantes,
especialmente para morte hospitalar. Neste cenário, o escore derivado para predizer
óbito mostrou-se acurado, podendo, também, ser empregado na predição de infecção e
permanência hospitalar, em um contexto de rastreamento de pacientes.
O mais importante achado do presente estudo refere-se à identificação do efeito
isolado da desnutrição, pela ANSG e albumina sérica < 3,5 g/dL, como variáveis
preditivas de desfechos hospitalares clinicamente relevantes. De fato, a ANSG é um
instrumento validado, que utiliza informações clínicas e exame físico dirigido, cuja
associação com desfechos hospitalares têm sido demonstrada em paciente com
diferentes características
37,42
. No entanto, a presença de dados não relacionados ao
estado nutricional pode confundir o efeito atribuível à desnutrição diagnosticada pela
ANSG sobre estes desfechos. Neste sentido, a utilização de análise multivariável
possibilita isolar o efeito de cada uma destas variáveis, demonstrando o efeito atribuível,
de forma independente, à desnutrição e cada um dos demais fatores
43
. Assim como no
152
presente estudo, outros investigadores já empregaram esta abordagem estatística. Em
um estudo que avaliou 709 adultos de 25 hospitais universitários, em 12 estados do
Brasil
44
, pacientes nutridos, pelo método da ANSG, ajustado para a ausência de
complicações clínicas e de câncer apresentaram menor tempo de hospitalização. Por
outro lado, os pacientes desnutridos, ajustado para a presença de câncer, idade > 60 anos
e tratamento clínico apresentaram maior risco para óbito hospitalar. Também, Chung et
al.
45
, ao avaliarem 153 adultos em diálise peritonial, verificaram que pacientes
desnutridos, conforme a ANSG, e com uma ou mais comorbidades crônicas
apresentaram risco de 3,3 vezes para morte em relação aos pacientes desnutridos sem
comorbidades. No entanto, à análise de regressão múltipla de Cox, a desnutrição não foi
identificada como um fator independente de risco para mortalidade, sugerindo que a
desnutrição possa ocorrer como efeito e não como causa de alterações no estado clínico.
Por outro lado, em concordância com o estudo desenvolvido por nós, Pirlich et al.
46
, em
um estudo multicêntrico que avaliou 1.886 pacientes na Alemanha, verificaram que
pacientes classificados como desnutridos pela ANSG permaneceram 4,6 dias a mais
hospitalizados (P<0,001), contribuindo com o aumento de 42% no tempo de
hospitalização.
Thomas et al.
47
, ao examinarem a relação entre o estado funcional, nutricional e
gravidade clínica de adultos hospitalizados, concluíram que estado funcional ou
gravidade clínica é fator prognóstico mais importante que a hipoalbunemia na predição
de morte hospitalar. Também Sullivan et al.
48
sugerem que há uma complexa inter-
relação entre estado nutricional, gravidade da doença, tratamento e desfechos clínicos
em pacientes hospitalizados, estando o nível sérico de albumina, por isto, associado a
outros marcadores de gravidade e de evolução clínica, mas não se mostrando como um
bom marcador de estado nutricional. O presente estudo não esgota esta discussão.
153
Apenas evidencia que não somente a presença de comorbidades e suas complicações,
mas também menores valores de albumina exercem efeito independente sobre desfechos
clínicos hospitalares de grande relevância, devendo-se observar todos estes aspectos à
admissão hospitalar, conforme já sinalizado por outros autores. Em uma revisão
sistemática que incluiu 10 estudos observacionais de adequada condução metodológica
49
, a albumina sérica mostrou-se preditiva de mortalidade tanto em populações de
indivíduos saudáveis, quanto em indivíduos com doenças associadas, tendo sido
observado aumento de 24 a 56% no risco de morte a cada 2,5g/L de redução de
albumina, nos estudos que trataram a albumina como uma variável contínua. Os autores
concluem que a concentração de albumina pode ser adotada como meio de quantificar o
risco basal para mortalidade, devendo ser ajustado para confundimento em presença de
doenças sistêmicas, terapia nutricional e estratégias anabolizantes. Lloop et al.
50
construíram diferentes modelos de regressão logística e identificaram aumento de risco
para infecção e morte hospitalar em adultos hipoalbuminêmicos com diferentes doenças
graves de elevado estresse metabólico. Utilizando ajuste multivariável para avaliação do
risco, De Luis et al
51
, em um estudo recente, mostraram que menor nível de albumina
sérica está associado a maior permanência hospitalar, identificando um aumento em 6,2
(3,2 – 8,9) dias de internação a cada redução em 1g/dL de albumina.
Provavelmente, o principal motivo para que o escore desenvolvido e validado,
no presente estudo, tenha se mostrado acurado na predição de risco para complicações
relacionadas à desnutrição, reside no fato de ter incluído variáveis de história, evolução,
exame clínico e resultados laboratoriais dos pacientes, conforme já recomendado
52,53
. A
European Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ESPEN)
15
, por sua vez,
recomenda que instrumentos de rastreamento sejam de rápida e simples aplicação. A
aplicação da ANSG requer poucos minutos
11
e a investigação para a presença de
154
comorbidades já integram a anamnese médica e de enfermagem na rotina de admissão
no nosso hospital. No entanto, somente para cerca de 10% dos pacientes são solicitados
determinações de albumina sérica, e a avaliação deste fator para a totalidade dos
pacientes repercutiria não somente em demanda de tempo, mas de recursos financeiros.
A integração do presente escore ao sistema eletrônico de gerenciamento hospitalar de
pacientes poderia minimizar algumas destas limitações, especialmente em pacientes
previamente atendidos ou em acompanhamento. Altura corporal e comorbidades
crônicas, uma vez diagnosticadas, são informações que não modificam entre os
atendimentos, e o uso eletrônico destes dados minimizariam o tempo empregado.
Grandes esforços são, atualmente, empregados no diagnóstico nutricional de todos os
pacientes admitidos na nossa instituição, sendo adotados, inclusive, testes que não se
mostraram acurados no presente estudo. Sendo assim, a sistematização deste escore,
poderá sinalizar pacientes para os quais os profissionais de nutrição devam empregar
recursos adicionais em diagnóstico e tratamento nutricional, hoje dispensado com igual
intensidade para todos pacientes.
CONCLUSÃO
Pior estado nutricional, estabelecido através da ANSG e da albumina sérica <
3,5 g/dL, em presença de comorbidades crônicas e de pior condição física estão
associados à ocorrência de morte, infecção e longa permanência hospitalar em adultos.
O emprego do escore derivado e validado a partir destas variáveis pode direcionar as
práticas de diagnóstico e intervenção nutricional nos adultos de especialidades clínicas e
cirúrgicas internados em hospitais gerais.
155
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161
Tabela 1 – Comparação das características clínicas e parâmetros nutricionais dos 1.002
pacientes da coorte de derivação, comparados aos 501 pacientes da coorte de validação.
Dados expressos em n (%), ou conforme especificado.
N = 1.002
(coorte derivação)
N = 501
(coorte validação)
P
Idade (anos)
56,0 ± 16,1
a
54,7 +
16,1
a
0,15
a
Sexo masculino 475 (47,4%) 236 (47,1%) 0,91
Admissão não cirúrgica 402 (40,1%) 177 (35,3%) 0,07
Infecção comunitária 118 (11,8%) 62 (12,4%) 0,74
Nº de comorbidades Charlson 0,90±0,93 0,96±0,98 0,21
D. Crônicas >
2 (Charlson) 209 (20,9%) 112 (22,4%) 0,51
Câncer 317 (31,6%) 173 (34,5%) 0,26
Metástases 34 (3,4%) 27 (5,4%) 0,06
Hospitalização nos últimos 6 meses 325 (32,4%) 185 (36,9%) 0,08
Escala de Braden 20 (17 - 20) 19 (17 - 20) 0,21
b
Escala de Braden >
16 219 (22,1%) 104 (21,1%) 0,68
ANSG 0,76
A 606 (60,5%) 293 (58,5%)
B 252 (25,1%) 132 (23,3%)
C 144 (14,4%) 76 (15,2%)
Percentual de perda de peso (%) -1,58 (-7,9 – 1,6) -1,52 (-8,1 – 1,1) 0,60
b
Percentual de perda de peso >5% 342 (34,1%) 171 (34,1%) 1,00
Índice de Massa Corporal (Kg/m
2
) 25,6 (22,6 – 29,0) 25, 7 (22,3 – 29,1) 0,73
b
Índice de Massa Corporal (Kg/m
2
) 0,62
<18,5 53 (5,3%) 32 (6,4%)
18,5 a 24,9 401 (40,0%) 192 (38,4%)
>
25 548 (54,7%) 276 (55,2%)
Linfócitos (U/µL) 1645 (1147 – 2190) 1690 (1185 – 2160) 0,58
b
Linfócitos <
1500 U/µL 440 (43,9%) 203 (40,5%) 0,71
Albumina (g/dL) 3,8 (3,3 – 4,1) 3,7 (3,2 – 4,1) 0,89
b
Albumina <3,5 g/dL 330 (32,9%) 174 (34,7%) 0,49
Desfechos
Óbito 48 (4,8%) 34 (6,8%) 0,11
Infecção hospitalar 126 (12,6%) 69 (13,8%) 0,51
Permanência hospitalar >15 dias 258 (25,7%) 116 (23,2%) 0,27
Longa permanência hospitalar 266 (26,5%) 117 (23,4%) 0,18
162
a – média + desvio padrão, teste t de Student; b – mediana (P25 – P75), teste Mann-Whitney
U, F – teste exato de Fisher. ANSG: Avaliação Nutricional Subjetiva Global; A: eutróficos; B:
suspeita de desnutrição ou desnutrição moderada; C: desnutrição grave.
163
Tabela 2: Preditores clínicos e nutricionais univariados relacionados com morte, infecção e
permanência hospitalar, na coorte de derivação (n=1.002).
Morte Infecção Permanência
RC (IC95%) RC (IC95%) RC (IC95%)
Idade 1,06 (1,03-1,08)** 1,00 (0,99-1,01) 1,01 (1,00-1,02)*
Sexo masculino 0,59 (0,32-1,09) 1,05 (0,72-1,52) 1,18 (0,89-1,56)
Paciente clínico 3,16 (1,71-5,83)** 0,70 (0,48-1,03) 0,98 (0,74-1,31)
Internação há 6m 2,17 (1,21-3,88)* 1,55 (1,06-2,28)* 1,60 (1,19-2,14)
Nº total de Charlson 2,34 (1,77-3,09)** 1,39 (1,15-1,67)** 1,46 (1,26-1,69)
D. Crônicas >
2 (Charlson) 7,95 (4,30-14,7) ** 1,70 (1,12-2,59)* 1,76 (1,27-2,44)**
Outras comorbidades 4,10 (1,46-11,52)* 1,35 (1,20-1,51)** 2,03 (1,42-2,88)**
Nº de procedimentos 0,68 (0,47-0,97)* 0,97 (0,83-1,14) 0,80 (0,70-0,92)*
ANSG A
B 3,67 (1,68-8,02)** 1,36 (0,88-2,11) 1,33 (0,85-1,86)
C 9,24 (4,34-19,65)** 1,64 (0,99-2,72) 2,22 (1,51-3,26)*
IMC < 18,5 Kg/m
2
2,94 (1,18-7,28)* 1,28 (0,59-2,79) 1,94 (1,09-3,42)*
Linfócitos 1500 U/µL
1,75 (0,98-3,14) 1,38 (0,95-2,01) 0,95 (0,72-1,26)
Perda de peso > 5% 2,84 (1,55-5,18)** 1,66 (1,13-2,44)* 1,77 (1,32-2,36)*
Albumina < 3,5 g/dL 6,01 (3,14-11,54)** 1,83 (1,25-2,67)* 1,51 (1,13-2,03)*
CB (em cm) 0,88 (0,82-0,94)** 1,00 (0,96-1,04) 0,97 (0,94-1,00)
PCT (em mm) 0,97 (0,94-1,002) 0,99 (0,98-1,01) 0,98 (0,97 – 1,00)
CMB (em cm) 0,85 (0,74-0,98)* 1,00 (0,95-1,06) 0,95 (0,90-1,00)
RC: Razão de Chances; ANSG: Avaliação Nutricional Subjetiva Global; A: eutróficos; B:
suspeita de desnutrição ou desnutrição moderada; C: desnutrição grave; IMC: Índice de Massa
Corporal; CB: Circunferência do Braço; PCT: Prega Cutânea Tricipital; CMB: Circunferência
Muscular do Braço. * P<0,05; ** P<0,001
Tabela 3: Dias de hospitalização nos pacientes da coorte de derivação, de acordo com os
diferentes marcadores do estado nutricional. Dados expressos em média±dp.
Dias de permanência Diferença (em dias) P
IMC < 18,5 Kg/m
2
20,2±23,1
IMC > 18,5 Kg/m
2
12,0±11,4
8,2 0,004*
ANSG C 18,7±19,8
A/B 11,6±11,1
7,1 <0,001*
Perda de peso > 5% 15,9±14,9
Perda de peso <
5% 10,7±10,5
5,2 <0,001*
Albumina < 3,5 g/dL 14,7±15,5
Albumina >
3,5 g/dL 11,6±11,4
3,1 <0,001*
Linfócitos 1500 U/µL
14,0±14,1
Linfócitos > 1500 U/µL
11,6±11,9
2,4 <0,001*
ANSG: Avaliação Nutricional Subjetiva Global; A: eutróficos; B: suspeita de desnutrição
ou desnutrição moderada; C: desnutrição grave;
IMC: Índice de Massa Corporal; *: Teste de
Mann-Witney.
Tabela 4: Regressão logística multivariável para morte, infecção e longa permanência hospitalar, na coorte de derivação. Dados expressos
em RC (IC
95%
).
Variáveis Morte Infecção Longa permanência
RC (IC
95%
) Peso da variável no
escore
RC (IC
95%
) Peso da variável
no escore
RC (IC
95%
) Peso da variável
na equação
>2 comorbidades (Charlson) 5,87 (3,07-11,21) 6,0 1,65 (1,08-2,53) 1,5 1,50 (1,07-2,10) 1,5
Albumina <3,5 g/dL 3,91 (1,94-7,86) 4,0 1,80 (1,22-2,64) 2,0 1,34 (1,00-1,82) 1,5
ANSG A
B
C
1,0
2,55 (1,12-5,80)
4,44 (1,96-10,06)
2,5
4,0
1,0
1,22 (0,86-1,71)
1,87 (1,26-2,78)
1,0
2,0
Cond física prejudicada 2,58 (1,26-5,28) 2,5
Uso de CVC 2,65 (1,33-5,27) 2,5
Outras comorbidades 1,87 (1,31-2,67) 2,0
Estatística C do modelo 0,85 (0,79-0,91)* 0,62 (0,56-0,67)* 0,64 (0,60-0,67)*
RC: Razão de Chances; ANSG: Avaliação Nutricional Subjetiva Global; A: eutróficos; B: suspeita de desnutrição ou desnutrição moderada; C:
desnutrição grave; Cond física prejudicada: Condição física prejudicada, conforme critério sugerido por Braden; CVC: cateter venoso central; *:
P<0,001
“escore óbito”= (>2 comorbidades (Charlson) x 6,0) + (Albumina <3,5 g/dL x 4,0) + (ANSG B x 2,5) + (ANSG C x 4,0) + (Cond física prejudicada x2,5)
“escore infecção”= (>
2 comorbidades (Charlson) x 1,5) + (Albumina <3,5 g/dL x 2,0) + (CVC x 2,5)
“escore longa permanência”= (>
2 comorbidades (Charlson) x 1,5) + (Albumina <3,5 g/dL x 1,5) + (ANSG B x 1,0) + (ANSG C x 2,0) + (outras comorbidades x 2,0)
Tabela 5: Propriedades diagnósticas do “escore óbito” para predizer os desfechos óbito (ponto de corte >9), infecção (ponto de corte >5,0)
e longa permanência hospitalar (ponto de corte >5,0), na coorte de validação.
Escore-óbito>9 em predizer
ÓBITO
Escore-óbito >5,0 em predizer
INFECÇÃO
Escore-óbito >5,0 em predizer
LP
Sensibilidade 0,91 (0,78 – 0,98) 0,75 (0,64 – 0,84) 0,68 (0,59 – 0,76)
Especificidade 0,70 (0,66 – 0,74) 0,50 (0,44 – 0,53) 0,50 (0,45 – 0,55)
Razão de probabilidades + 3,04 (2,55 – 3,62) 1,50 (1,25 – 1,74) 1,40 (1,16 – 1,6)
Razão de probabilidades - 0,12 (0,04 – 0,37) 0,49 (0,33 – 0,77) 0,63 (0,48 – 0,84)
Probabilidade pós-teste+ 0,18 (0,16 – 0,21) 0,19 (0,17 – 0,22) 0,30 (0,27 – 0,33)
Probabilidade pós-teste- 0,009 (0,003 – 0,027) 0,08 (0,05–0,11) 0,16 (0,13 – 0,21)
Estatística-C 0,81 (0,74-0,87) 0,58 (0,53-0,63) 0,59 (0,56-0,63)
LP – Longa permanência hospitalar.
0,00,20,40,60,81,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Coorte deriva
ç
ão: 0,87
(
0,83-0,91; P<0,001
)
Coorte valida
ç
ão: 0
,
85
(
0
,
79-0
,
91
;
P<0
,
001
)
Figura 1: Acurácia do escore de predição de óbito nas coortes de derivação e validação.
168
0
10
20
30
40
50
Escore óbito
Óbito (%)
Coorte de derivação: Incidência (%)
0.3 0.0 2.9 8.0 8.9 17.9 24.7
n óbitos
10497720
n indivíduos
376 170 136 112 79 39 81
Coorte de validação: Incidência (%)
0.6 1.3 1.5 13.0 10.2 31.8 27.3
n óbitos
11175712
n indivíduos
181796554492244
Semelhança entre coortes (valor p)*
1.00 0.67 0.91 0.46 0.36 0.36 0.92
033669912 1215 1518 18
0
10
20
30
40
50
Escore óbito
Infecção (%)
Coorte de derivação: Incidência (%)
8.2 10.6 18.4 11.6 11.4 20.5 24.7
n infecção
31 18 25 13 9 8 20
n indivíduos
376 170 136 112 79 39 81
Coorte de validação: Incidência (%)
7.2 10.1 15.4 31.5 12.2 27.3 20.5
n infecção
13 8 10 17 6 6 9
n indivíduos
181 79 65 54 49 22 44
Semelhança entre coortes (valor p)*
0.80 1.00 0.75 0.004 1.00 0.77 0.76
033669912 1215 1518 18
0
10
20
30
40
50
Escore óbito
Longa permanência (%)
Coorte de derivação: Incidência (%)
18.6 20.0 33.8 30.4 39.2 41.0 40.7
n longa permanência
70 34 46 34 31 16 33
n indivíduos
376 170 136 112 79 39 81
Coorte de validação: Incidência (%)
16.6 15.2 16.9 37.0 42.9 40.9 31.8
n longa permanência
30 12 11 20 21 9 14
n indivíduos
181796554492244
Semelhança entre coortes (valor p)*
0.65 0.46 0.02 0.50 0.82 1.00 0.43
033669912 1215 1518 18
Figura 2: Incidência de óbito, infecção e longa permanência hospitalar em função do
“escore óbito”, nas coortes de derivação e validação. * Teste qui-quadrado, por estratos
de 3 unidades do escore, para comparação das coortes de derivação e validação. O valor
P do teste qui-quadrado para heterogeneidade entre as coortes foi 0,91 para o desfecho.
169
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO
A despeito da interface entre o papel de marcador de estado nutricional e de
estado clínico desempenhado pela ANSG e albumina, pacientes considerados
desnutridos por estes 2 critérios apresentam maior risco independente para morte,
infecção e permanência hospitalar. O emprego destes métodos, como integrantes de um
escore validado possibilita a predição acurada de desfechos clínicos em um contexto de
rastreamento de pacientes.
Vários métodos de diagnóstico nutricional são empregados no momento da
admissão hospitalar na nossa Instituição, despendendo tempo e recursos humanos, sem
que, contudo, possam predizer adequadamente a evolução clínica dos pacientes. Com
exceção da dosagem de albumina sérica, a maior parte das questões envolvidas na
ANSG, escore de Charlson, escala de Braden, já integram os diferentes históricos
procedidos pelos diversos profissionais ao admitir o paciente. A integração destas
informações, na forma de um escore validado, pode sinalizar para a necessidade de
intervenções precoces e monitoramento contínuo reduzindo, possivelmente, os
desfechos clínicos avaliados.
Em conclusão, o “escore-óbito” configura como um instrumento válido e
reprodutível para a avaliação do risco de adultos hospitalizados evoluírem para morte,
infecção e longa permanência.
170
ANEXOS
1. Projeto de pesquisa
2. Instrumentos de coleta de dados
3. Termo de consentimento
4. Termo de compromisso com a utilização de dados
5. Manual descritivo de preenchimento de formulários
171
HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Impacto do estado nutricional sobre morte, infecção e permanência hospitalar em
adultos do HCPA
Mariur Gomes Beghetto
Vivian Cristine Luft
Elza Daniel de Mello
Carisi Anne Polanczyk
Porto Alegre, julho de 2005.
172
INTRODUÇÃO
Apesar da desnutrição ser um evento prevalente em cerca de 50% dos adultos
hospitalizados, em diferentes centros e no nosso meio [1-8], as intervenções nutricionais
dispensadas a esses pacientes estão longe do ideal [1;5;9]. Em pacientes hospitalizados,
a depleção nutricional, normalmente, é causada pela ação conjunta de uma doença
subjacente à deficiência na ingestão. O risco conferido por cada um desses fatores não é
conhecido e, por isto, não está esclarecida a relação existente entre doenças catabólicas
crônicas e desnutrição [5]. Co-morbidades, efeitos colaterais de medicamentos,
inapetência e inatividade física
são fatores que também podem contribuir para a
desnutrição [9]. Além disto, a falta de reconhecimento
pelas equipes de saúde quanto à
importância da manutenção do estado nutricional [2;7;8;10;11] e a desvinculação do
manejo nutricional da terapêutica global do paciente [12] são fatores que contribuem
para que, diariamente, os pacientes desnutram-se dentro dos hospitais, sem que medidas
preventivas sejam adotadas [13]. Neste contexto, as manifestações clínicas da
desnutrição sobre diferentes órgãos e sistemas [5;6;14-16] podem criar um ciclo de
difícil manejo, não só aumentando morbimortalidade [5-7;14-17], tempo [6-8;14;18] e
custo com a hospitalização [6], como levando à piora na qualidade de vida [19].
Independente dos esforços adotados em implementar práticas clínicas que
ofereçam as melhores condições de tratamento, com menor número possível de
intervenções e custos hospitalares [20-24], diariamente, diferentes condutas são
adotadas para o diagnosticar e manejar pacientes desnutridos, sem que esta diversidade
se relacione com os melhores desfechos clínicos, onerando os custos na área da saúde.
Com a finalidade de (a) implantar Unidades de Assistência e Centros de Referência de
Alta Complexidade em Terapia Nutricional, no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), (b) aperfeiçoar o sistema de informação referente à Assistência Nutricional e (c)
173
garantir aos pacientes em risco nutricional, ou desnutridos, uma adequada assistência
nutricional, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a Portaria
nº 131, em 08 de março de 2005 [25]. Com isto, os hospitais de atuação pelo SUS que
pratiquem Terapia Nutricional (TN) Parenteral e Enteral, deverão realizar triagem e
avaliação nutricional dos pacientes e implementar protocolos de indicação e
acompanhamento nutricional, reforçando as recomendações da legislação que precedeu
essa Portaria Ministerial [26;27].
Muitos métodos têm sido propostos para realizar a triagem e avaliação do estado
nutricional em pacientes hospitalizados. No entanto, não há um método único que possa
ser adotado, isoladamente, como padrão de referência, visto que (a) falta de validação,
(b) uso exclusivo de critérios subjetivos, (c) possibilidade de emprego somente em
grupos selecionados de pacientes, (d) pouca praticidade, (e) necessidade de avaliação
por especialista, limitam a adoção dos métodos para a totalidade dos pacientes adultos
hospitalizados. A padronização da emissão do diagnóstico nutricional possibilitaria a
implantação de um indicador nutricional para: (a) avaliar a qualidade assistencial global
praticada, dada a contribuição de diferentes profissionais de saúde para o desfecho
desnutrição, (b) atuar preventivamente, de forma precoce, (c) realocar recursos, (d)
estabelecer estratégias gerenciais e (e) implementar vigilância epidemiológica em
pacientes em risco nutricional e desnutridos. No entanto, a dificuldade que se impõe é,
justamente, a ausência de parâmetro de referência para a validação de triagem e
avaliação nutricional. Em ausência de parâmetros validados, a American Society of
Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) recomenda que sejam utilizados parâmetros
clínicos e bioquímicos para identificar a presença de desnutrição [28]. Ainda assim, a
validação de métodos de triagem e de avaliação nutricional tem sido realizada através
da comparação de métodos entre si.
174
As diferenças entre triagem e avaliação nutricional não são do entendimento de
todos os profissionais da equipe de saúde. A triagem nutricional é o procedimento que
busca identificar indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrir-se. O propósito deste
procedimento é o de verificar se uma avaliação nutricional adicional, mais detalhada, é
necessária [29]. A triagem nutricional identifica fatores que, se presentes, colocam o
paciente em risco para desnutrir-se e de apresentar complicações clínicas relacionadas à
desnutrição [30]. Desta forma, a triagem nutricional identifica, precocemente, pacientes
que poderiam beneficiar-se de terapia nutricional. Neste sentido, deve ser um
procedimento rápido, executado pela equipe de saúde que realiza a admissão hospitalar,
buscando identificar se o paciente (a) não é de risco, mas deve ser re-avaliado em
intervalos regulares, (b) é de risco e necessita seguir um plano nutricional, (c) é de risco,
mas problemas metabólicos e funcionais impedem a adoção de um protocolo
padronizado, ou se (d) há dúvida se o paciente é de risco. Nas duas últimas condições,
há necessidade de referenciar o paciente para uma avaliação mais detalhada, por um
especialista [31].
O processo de avaliação nutricional envolve o exame detalhado de variáveis
metabólicas, nutricionais e funcionais, por profissionais experientes, sejam médicos,
nutricionistas, ou enfermeiros. O estado nutricional de pacientes hospitalizados também
pode ser avaliado por uma variedade de métodos e consiste no levantamento de dados
dietéticos, antropométricos, bioquímicos, imunológicos, clínicos e exames de imagem,
que permitam estabelecer o diagnóstico nutricional. A interpretação do conjunto destas
informações possibilita a emissão do diagnóstico nutricional. Assim, a avaliação
nutricional demanda maior investimento de tempo e de outros recursos, identificando
pacientes que já estão desnutridos, implicando em uma intervenção de caráter
terapêutico e não mais de prevenção.
175
Diferentes métodos têm sido propostos, desde a década de 70, para esta
finalidade: avaliação bioquímica do cabelo, testes de hipersensibilidade cutânea tardia,
calorimetria direta e indireta, medidas antropométricas (peso, altura, dobra tricipital,
circunferência muscular do braço e Índice de Massa Corporal - IMC), testes
laboratoriais (albumina sérica, transferrina e linfócitos), percentuais de perda de peso e
Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG), sendo que, IMC, percentuais de perda
de peso e ANSG são mais freqüentemente empregados. Porém, na prática usual, a
avaliação nutricional é feita utilizando alguns e não todos os métodos disponíveis [13].
A antropometria é o método mais utilizado e inclui verificação de peso, altura,
dobras cutâneas, área muscular do braço e IMC. A classificação dos pacientes de acordo
com valores encontrados é baseada nas tabelas da Metropolitan Life Insurance
Company [32]. Entretanto, estas tabelas foram elaboradas a partir de estudos em
indivíduos americanos sadios, o que limita seu uso como um bom parâmetro para
indivíduos brasileiros doentes.
A medida das dobras cutâneas pode fornecer informações indiretas a respeito do
balanço energético, pois a maior reserva calórica do organismo está localizada no tecido
adiposo. No entanto, o estado de hidratação do paciente influencia a aferição [33] e o
rigor técnico da medida depende muito do observador e de sua experiência, limitando o
uso desta medida.
O IMC é definido através da divisão do peso corporal (em Kg) pelo quadrado da
altura (em metros) [34]. Esta medida é indicada pela OMS [35]
para definir grau de
emagrecimento e desnutrição em adultos. Um IMC entre 14 e 15 está associado à
significativa mortalidade [36]. Porém, o IMC não é um bom marcador do estado
nutricional para pacientes hospitalizados, uma vez que avalia todos os compartimentos
176
corpóreos juntos e que sofre influência de fatores como ascite, desidratação, falência
renal, câncer e diálise [36].
Parâmetros laboratoriais como albumina, transferrina e linfócitos na avaliação
do estado nutricional também são empregados. Entretanto, o nível sérico das proteínas e
a contagem de células podem estar alterados na presença de muitas condições da doença
ou da terapêutica instituída [36]. Além disto, não há consenso quanto à validade em
utilizar os níveis séricos de albumina e transferrina [3;17] como parâmetro para o
diagnóstico nutricional. De igual forma, a presença de linfopenia pode ser ocasionada
por muitos fatores clínicos [1] e, por isto, não é um parâmetro confiável para a avaliação
nutricional em pacientes hospitalizados.
A ANSG [37] é um método subjetivo, que pode ser utilizado por qualquer
profissional de saúde, desde que treinado. Não há pontuação numérica na ANSG
[17;37;38].
A análise da história e o exame físico somam-se subjetivamente e os
pacientes são classificados em nutridos, moderadamente desnutridos ou com suspeita de
desnutrição, ou desnutridos. Apesar da elevada correlação da ANSG com outros
métodos de avaliação do estado nutricional [36] e da sua acurácia para detectar infecção
em pacientes submetidos a cirurgia eletiva ter sido demonstrada [3;34;38], seu
desempenho em outros grupos de pacientes ainda não foi adequadamente avaliado.
Além disto, sua acurácia está associada à habilidade do profissional que aplica o
instrumento.
Técnicas para mensuração dos compartimentos ou componentes corporais são
capazes de verificar a composição corpórea dentro de cinco níveis de crescente
complexidade: atômico, molecular, celular, tecidual e corpo inteiro [39]. Absorção do
raio-x de dupla energia (DEXA - Dual Energy X-Ray Absorptiometry), impedância
bioelétrica tetrapolar, diluição de isótopos e ativação de nêutrons são exemplos de
177
técnicas atualmente disponíveis. A falta de estudos para validação e o alto custo destas
técnicas limitam seu uso na prática clínica usual [39].
Jones, em 2002, revisou 44 estudos que utilizaram instrumentos para triagem e
avaliação do estado nutricional e verificou que somente 1 deles preenchia critérios
suficientes de confiabilidade, validação, métodos estatísticos e amostragem. No entanto,
trata-se de um estudo em uma população específica de indivíduos com retardo mental,
onde Jones foi autora [40].
Neste contexto, ainda faz-se necessário estudar a associação entre os marcadores
do estado nutricional e desfechos clínicos, validando escore global ou específico para
subgrupos de adultos hospitalizados.
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Elaborar e validar um escore de risco nutricional para a ocorrência de
morte, infecção e permanência hospitalar em adultos internados no Hospital de Clínicas
de Porto Alegre (HCPA).
Objetivos específicos
• Descrever a variação inter observador na aferição de medidas de estado nutricional.
• Estabelecer o desempenho do escore em sub-grupos de pacientes:
Cirúrgicos;
Oncológicos;
Idosos (>65 anos).
178
DELINEAMENTO
Estudo de coorte.
PACIENTES
Serão incluídos adultos internados por até 72horas no HCPA, nas Unidades de
Internação (UI) de especialidades de clínica e cirurgia. Não serão incluídos pacientes
internados no centro de terapia intensiva (CTI), unidade de transplante de medula óssea,
em uso de aparelho gessado, submetidos à amputação de membro, e os que apresentem
impossibilidade de informar sobre seu estado clínico ou de submeter-se aos métodos
antropométricos de avaliação do estado nutricional. Também, não serão incluídos
pacientes internados na Unidade de Cuidados Mínimos, dada sua curta permanência no
hospital. O estado nutricional dos pacientes das UI que durante a hospitalização forem
transferidos para o CTI não será acompanhado, mas os pacientes serão seguidos até sua
saída do HCPA, para aferição dos desfechos.
179
MÉTODO
A coleta dos dados será precedida pelo treinamento dos auxiliares de pesquisa
quanto (a) a abordagem do paciente e obtenção de termo de consentimento, (b) métodos
empregados para triagem e avaliação do estado nutricional, (c) preenchimento do
protocolo de pesquisa. A função de auxiliares de pesquisa será desempenhada por
acadêmicos do curso de nutrição, que serão treinados e supervisionados por uma
enfermeira e por uma nutricionista.
O estudo será precedido pela realização de um estudo piloto e desenvolvido em
duas etapas: coorte de derivação e coorte de validação.
Estudo piloto
No estudo piloto, onde cada auxiliar de pesquisa irá avaliar 5 pacientes,
esperamos fazer ajustes necessários no instrumento de coleta de dados, sedimentar o
treinamento dos auxiliares de pesquisa e confirmar a estimativa do cálculo do tamanho
da amostra.
Coorte de derivação
Nesta etapa será testada a reprodutibilidade do instrumento, verificando-se a
concordância interavaliadores, através de avaliação em duplicata.
Todos os pacientes elegíveis serão avaliados, em até 72 horas da admissão na
UI, de forma independente, quanto ao estado nutricional, através de um questionário
(anexo 1) que levará em consideração: variáveis demográficas, doença de base e
comorbidades, tratamentos e procedimentos, marcadores nutricionais: (a) perda de peso,
180
(b) IMC, (c) circunferência do braço, circunferência muscular do braço e prega
tricipital, (d) mudança da aceitação da VO, (e) nível sérico de albumina, (f) contagem
de linfócitos e (g) ANSG (anexo 2).
O peso e a altura dos pacientes serão verificados através das balanças tipo
plataforma e estadiômetros, respectivamente, disponíveis nas unidades de internação do
HCPA. Pacientes acamados terão o peso verificado através do equipamento Eleve® e
sua altura, através de antropômetro para pacientes acamados, em validação no HCPA
(projeto de pesquisa Nº 04-501). Para a verificação da circunferência do braço,
circunferência muscular do braço e prega tricipital serão utilizados plicômetros Lange
Skinfold Calipter, βtechnology Incorporated Cambridge, Maryland. Todas as medidas
antropométricas serão realizadas em 3 tomadas e será utilizado o valor médio.
Serão considerados os resultados de linfócitos e albumina solicitados pelas
equipes assistentes. Para os pacientes que não tiverem estes exames, mas para os quais
foi coletada amostra de sangue para outros testes, será feita uma solicitação para que o
laboratório inclua a analise de linfócitos e albumina. Para os pacientes que não houver
amostra de sangue disponível, será feita uma solicitação para coleta destes exames.
A avaliação nutricional será repetida a cada 7 dias, até a alta hospitalar.
Desfechos
Serão identificados os percentuais de mudança no estado nutricional entre as
avaliações e verificada a capacidade dos métodos, isoladamente e agrupados, em
predizer (a) infecção, (b) longa permanência e (c) mortalidade hospitalar. Serão
considerados pacientes com longa permanência hospitalar os que apresentarem 15 ou
mais dias entre a data da admissão e da alta hospitalar. Qualquer infecção, independente
da topografia (urinária, de ferida operatória, respiratória, gastrointestinal, ou sepse),
181
adquirida e diagnosticada no período de internação hospitalar será considerada Infecção
Hospitalar. Para o desfecho morte serão computados, somente, os óbitos ocorridos
durante a internação hospitalar.
Cálculo do tamanho da amostra
A amostra foi calculada a partir da prevalência de morte de 8%, de infecção de
23% e de longa permanência hospitalar de 47%, obtidas no estudo “Permanência,
infecção e mortalidade hospitalar em pacientes desnutridos” (Nº 02-136), no nosso
meio, que avaliou estas variáveis. Assumindo a necessidade de 10 desfechos para a
inclusão de 1 variável no modelo de regressão logística multivariável [41], estimamos
uma amostra de 800 pacientes, com vistas a análise em estratos, descritos nos objetivos
específicos.
Para testar a concordância entre observadores, 100 pacientes serão avaliados
em duplicata.
182
Análise estatística
O banco de dados será formado no programa SPSS 10.0. A comparação entre
os grupos para as variáveis categóricas será feita utilizando-se o teste Qui-quadrado ou
teste exato de Fischer e para as variáveis contínuas, teste t de Student para àquelas com
distribuição normal e Teste de Wilcoxon para variáveis sem distribuição normal. Será
empregado teste de ANCOVA para avaliar as mudanças no estado nutricional dos
pacientes, durante o período de hospitalização. Serão calculadas as propriedades
preditoras diagnósticas e será construída curva ROC para cada um dos métodos
empregados para triagem e para diagnóstico nutricional e dos métodos agrupados. Para
estabelecer o escore derivado do instrumento de avaliação do estado nutricional, as
variáveis com valor de P<0,25, encontradas na análise univariável, serão incluídas em
um modelo de regressão logística múltipla. Permanecerão no modelo final, para cada
desfecho, as variáveis com valor de P<0,05. Através do valor de β encontrado, serão
elaborados os escores para validação.
Coorte de validação
Na segunda etapa será acompanhada uma coorte com 200 pacientes, para
validação das equações encontradas. Serão seguidos os mesmos critérios e
procedimentos adotados na coorte de derivação.
CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Trata-se de um estudo observacional, onde não são esperados riscos maiores que
os classificados como “mínimos” para os pacientes, tendo em vista que a verificação de
peso e altura corporal e a avaliação nutricional, já são procedimentos rotineiros na nossa
instituição para todos os pacientes, no período de admissão hospitalar e semanalmente.
183
Não serão modificadas as rotinas assistenciais e somente serão adotadas coletas de
sangue adicionais para os pacientes que não tiverem amostra sangüínea disponível no
laboratório. Para todos os pacientes será preenchido termo de consentimento livre e
esclarecido (anexo 3) e os investigadores assinarão termo de compromisso para a
utilização de dados (anexo 4).
184
CRONOGRAMA
Encaminhamento do Projeto GPPG: julho de 2005
Treinamento dos auxiliares de pesquisa: setembro de 2005
Estudo piloto: outubro a dezembro de 2005
Coleta de dados: março a dezembro de 2006
Digitação e conferência do banco de dados: janeiro a março de 2007
Análise dos dados: abril a julho de 2007
Divulgação dos resultados: dezembro de 2007
ORÇAMENTO
Os recursos financeiros serão solicitados ao Fundo de Investimento em
Pesquisa (FIPE) do HCPA.
Será utilizado material de escritório, tais como canetas, lápis, borracha,
grampeador, disquetes ou CDs para gravação de arquivos, papel tipo A4, cartucho para
impressora, entre outros. As fichas dos pacientes e as referências bibliográficas serão
armazenadas em pastas plásticas. A procura diária de artigos implicará na utilização da
internet (com fonte financeira própria e dependências do HCPA) como recurso de
atualização bibliográfica e uso de folhas A4 para impressão dos mesmos.
Estudo anterior (Nº 02-136), com pacientes com o mesmo perfil clínico,
identificou que cerca de 20% dos pacientes já faz coleta de sangue para albumina e 90%
coleta sangue para linfócitos. Para os demais pacientes, serão solicitados estes exames.
O custo unitário do exame de albumina é de R$: 1,65 e de linfócitos é de R$: 2,73.
Assim, o valor estimado para albumina é de R$ 3960,00 [1000 pacientes x R$: 1,65 x 3
semanas (baixa, 7 e 14 dias) – 20% (pacientes que já tem coleta deste exame)] e de R$:
185
819,00 para linfócitos [1000 pacientes x R$: 2,73 x 3 semanas (baixa, 7 e 14 dias) –
90% (pacientes que já tem coleta deste exame)], totalizando R$: 4779,00.
186
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189
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191
Instrumentos de coleta de dados
192
194
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
196
Termo de Compromisso para Utilização dos Dados
Título do Projeto:
Impacto do estado nutricional sobre morte, infecção e permanência hospitalar em
adultos do HCPA
Os autores do presente projeto de pesquisa se comprometem a manter o sigilo
dos dados coletados em prontuários e bases de dados referentes a pacientes atendidos no
Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Concordam, igualmente, que as informações serão
utilizadas única e exclusivamente com finalidade científica, preservando-se
integralmente o anonimato dos pacientes.
Porto Alegre, 12 de julho de 2005.
Autores do Projeto
Nome Telefones
Mariur Beghetto 2101-8199, 9955-0264
Vivian Luft 2101-8199
Elza Daniel de Mello 2101-8199
Carisi Anne Polanczyk 2101-8623
197
Manual para preenchimento da ficha de acompanhamento
Para cada campo (em negrito) da ficha de acompanhamento dos pacientes, preencher
conforme descrito.
Nome: Escrever o nome completo do paciente, sem abreviaturas.
Registro: número do prontuário do paciente
Leito: número e letra correspondente ao leito onde o paciente está internado. Constará
de 4 números e uma letra.
Idade: idade em anos completos
( ) masculino – assinalar se paciente do sexo masculino ( ) feminino - assinalar se
paciente do sexo feminino
Equipe médica: Escrever o nome do professor responsável pela equipe.
Especialidade: cirurgia geral (CIG), cirurgia vascular (CIV), medicina interna (MEI),
endocrinologia (END), gastroenterologia (GAS).
Admissão: data de internação do paciente.
Inclusão: data de inclusão do paciente no estudo.
assinalar ( ) Alta, quando o paciente tiver alta hospitalar e ( ) óbito, quando o
paciente evoluir para óbito durante a hospitalização. DATA: escrever a data da alta ou
óbito hospitalar.
Coletador: Nome do auxiliar de pesquisa que está coletando os dados do paciente.
Intern últimos 6 m: assinalar ( ) S, se paciente esteve hospitalizado nos últimos 6
meses e assinalar ( ) N se paciente não esteve hospitalizado nos últimos 6 meses.
Há quanto tempo: mês e ano da última hospitalização.
Motivo: por que o paciente foi hospitalizado; doença principal que ocasionou a
hospitalização.
Nº de dias: por quanto tempo paciente ficou hospitalizado.
INTERNAÇÃO ATUAL
Diagnóstico base: informar a(s) doença(s) que motiva(m) a internação.
Comorbidades: informar outra(s) doença(s) que motiva(m) a internação, mas que não é
(são) o principal motivo da hospitalização.
ANTECEDENTES
198
Doenças Crônicas
( ) DM: assinalar se o paciente for portador de diabetes. No espaço em branco,
escrever o nº de anos que o paciente informa ter recebido o diagnóstico
( ) HAS: assinalar se o paciente for portador de hipertensão arterial sistêmica. No
espaço em branco, escrever o nº de anos que o paciente informa ter recebido o
diagnóstico
( ) IRC: assinalar se o paciente for portador de insuficiência renal crônica. No espaço
em branco, escrever o nº de anos que o paciente informa ter recebido o diagnóstico
( ) DPOC: assinalar se o paciente for portador de doença pulmonar obstrutiva crônica.
No espaço em branco, escrever o nº de anos que o paciente informa ter recebido o
diagnóstico
( ) ICC: assinalar se o paciente for portado de insuficiência cardíaca congestiva. No
espaço em branco, escrever o nº de anos que o paciente informa ter recebido o
diagnóstico
INFECÇÃO
( ) respiratória: assinalar se paciente tiver apresentado infecção respiratória na
internação.
DATA: colocar a data do diagnóstico da infecção respiratória. Se paciente tiver
apresentado mais de uma infecção respiratória na internação, colocar todas as datas
de diagnóstico
( ) urinária: assinalar se paciente tiver apresentado infecção urinária na internação.
DATA: colocar a data do diagnóstico da infecção urinária. Se paciente tiver
apresentado mais de uma infecção urinária na internação, colocar todas as datas de
diagnóstico
( ) pele/tecidos: assinalar se paciente tiver apresentado infecção de pele/tecidos na
internação, geralmente descritas como infecção de ferida operatória (FO).
DATA: colocar a data do diagnóstico da infecção de pele/tecidos. Se paciente tiver
apresentado mais de uma infecção de pele/tecidos na internação, colocar todas as
datas de diagnóstico
( ) cateter: assinalar se paciente tiver apresentado infecção relacionada à cateter na
internação (infecção no local de inserção, flebite).
199
DATA: colocar a data do diagnóstico da infecção relacionada à cateter. Se paciente
tiver apresentado mais de uma infecção relacionada à cateter na internação, colocar
todas as datas de diagnóstico
SEPSE
( ) respiratória: assinalar se paciente tiver apresentado sepse respiratória na
internação.
DATA: colocar a data do diagnóstico da sepse respiratória. Se paciente tiver
apresentado mais de uma sepse respiratória na internação, colocar todas as datas de
diagnóstico
( ) urinária: assinalar se paciente tiver apresentado sepse urinária na internação.
DATA: colocar a data do diagnóstico da sepse urinária. Se paciente tiver
apresentado mais de uma infecção urinária na internação, colocar todas as datas de
diagnóstico
( ) pele/tecidos: assinalar se paciente tiver apresentado sepse de pele/tecidos na
internação, geralmente descritas como sepse de ferida operatória (FO).
DATA: colocar a data do diagnóstico da sepse de pele/tecidos. Se paciente tiver
apresentado mais de uma sepse de pele/tecidos na internação, colocar todas as datas
de diagnóstico.
( ) cateter: assinalar se paciente tiver apresentado sepse relacionada à cateter na
internação.
DATA: colocar a data do diagnóstico da infecção relacionada à cateter. Se paciente
tiver apresentado mais de uma infecção relacionada à cateter na internação, colocar
todas as datas de diagnóstico
Procedimentos: informar os procedimentos invasivo como cirurgias, drenagem de
tórax, sonda vesical, endoscopia, cateter venoso central, drenos, ou outros, indicando
data de inserção (início) e retirada (término) do procedimento.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Preencher a mesma seqüência de dados para as avaliações 1 a 4. PU e Altura serão
preenchidos somente na avaliação 1.
Data: preencher dia, mês e ano da avaliação.
200
ANSG: assinalar a classificação nutricional, de acordo com o resultado da avaliação
nutricional subjetiva global (formulário próprio).
PU: informe o peso Usual que o paciente informa ter.
PA: informe o peso que o paciente apresenta ao ser pesado na data da avaliação.
%PU/ meses: informe o percentual de perda de peso e o nº de meses em que houve a
perda adotando a seguinte fórmula: [(PU-PA)/PU] x 100.
Altura: informar a altura (em metros) aferida na data da avaliação.
CB: Circunferência do braço não dominante, ponto médio, medida com fita e expressa
em cm.
PTC: medida com adipômetro, são necessárias 3 medidas, e o resultado da média das
três é expresso em mm.
Albumina: será preenchida na sala. Avisar paciente que poderá haver coleta semanal.
Linfócitos: será preenchida na sala. Avisar paciente que poderá haver coleta semanal.
DIETA
Preencher a mesma seqüência de dados para admissão, 7 dias, 14 dias e 21 dias. Mais de
um item poderá ser assinalado para estas informações. Por exemplo: um paciente poderá
estar em uso de VO + NE, ou de VO + NP, ou de NE + NP.
VO: neste item deverá ser assinalada a alternativa que corresponde à dieta por via oral
prescrita pelo médico, quanto à sua consistência. Somente um item poderá ser
assinalado.
( ) NPO: assinalar se paciente tiver prescrição de Nada por Via Oral na data da
avaliação.
( ) normal
( ) branda
( ) pastosa
( ) líquida
( ) líquida clara
cal/d: copiar da folha de evolução nutricional, no prontuário, o total de calorias
oferecidas por dia.
gPtna/d: copiar da folha de evolução nutricional, no prontuário, o total de gramas de
proteínas oferecidas em 24 horas.
201
NE: neste item deverá ser assinalada a alternativa que corresponde à dieta por via
enteral prescrita pela nutricionista, quanto ao seu tipo genérico, densidade calórica
(DC), descrita na folha de evolução nutricional, no prontuário. Somente um item
poderá ser assinalado.
( ) polimérica
( ) oligomérica
( ) elementar
DC: assinalar a densidade calórica correspondente: DC: ( ) 1,0 ( ) 1,2 ( ) 1,5
Somente um item poderá ser assinalado.
cal/d: copiar da folha de evolução nutricional, no prontuário, o total de calorias
oferecidas por dia.
gPtna/d: copiar da folha de evolução nutricional, no prontuário, o total de gramas de
proteínas oferecidas em 24 horas.
NPT: assinalar somente se paciente tiver prescrição de Nutrição Parenteral.
cal/d: copiar da folha de evolução nutricional, no prontuário, o total de calorias
oferecidas por dia.
gPtna/d: copiar da folha de evolução nutricional, no prontuário, o total de gramas de
proteínas oferecidas em 24 horas.
CTI: informar se o paciente está internado no CTI na data da observação: (Sim) ou
(Não)
MEDICAMENTOS
Para cada avaliação (admissão, dia 7, dia 14, dia 21), listar todos os medicamentos em
uso efetivo na data de avaliação. Considerar como uso de medicamentos prescritos “se
necessário - SN” ou “conforme orientação médica - COM” somente quando checados
na prescrição.
UP – ÚLCERA DE PRESSÃO (escaras) Esta informação deverá ser copiadas das
evoluções médicas e de enfermagem do período de avaliação.
Este item deverá ser preenchido, somente, quando o paciente apresentar úlcera de
pressão. Informar a data de detecção da úlcera de pressão (UP).
202
Assinalar a localização da UP, informando se é à direita (D), esquerda (E) ou ambos (D
e E).
( ) calcâneo
( ) trocânter
( ) sacra
( ) outros – descrever a localização
Informar o grau entre I e IV da UP. O Grau da UP expressa a extensão, em termos de
gravidade, sendo grau I a de menor gravidade.
Os itens a seguir devem ser preenchidos para todos os pacientes, assinalando a
característica que melhor traduz a condição do paciente no momento da avaliação, em
cada um dos domínios avaliados.
Condição Física:
( 4 ) Bom
( 3 ) Regular
( 2 ) Ruim
( 1 ) Muito ruim
Estado Mental
( 4 ) Alerta
( 3 ) Apático
( 2 ) Confuso
( 1 ) Estupor
Atividade
( 4 ) Deambulante
( 3 ) Caminha com ajuda
( 2 ) Limitado à cadeira
( 1 ) Acamado
Mobilidade
( 4 ) Total
( 3 ) Ligeiramente
( 2 ) Muito limitado
( 1 ) Imóvel
Incontinência
203
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