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lhe propiciou grande desenvolvimento pessoal e intelectual e, em última instância, a
capacidade de construir as sociedades que conhecemos nos dias de hoje
2
.
Dada a intermitência da relação cognoscente entre o ser humano e os
objetos de seu mundo, essa temática sempre constituiu tema de estudos pelo homem –
são incontáveis as perspectivas de formulações a esse respeito.
Merece destaque a Teoria do Conhecimento, ou Gnoseologia – também
denominada equivocadamente de Epistemologia
3
–, cujo escopo é o estudo do
conhecimento humano em si, com foco nas condições cognoscitivas referentes ao sujeito
do ato do conhecimento.
Com o passar dos tempos e o avançar da Filosofia, o campo de estudo da
Teoria do Conhecimento passou a considerar também as indagações relativas às
características do objeto cognoscível, fazendo especulações pertinentes ao “ser enquanto
ser”, que é, sabidamente, campo de estudo da Ontologia ou transcedentia
4
.
Surge, então, a Ontognoseologia, resultado da junção dos planos de estudo
da Gnoseologia e da Ontologia. A nova ciência passou a representar as considerações
relativas ao sujeito e ao objeto do conhecimento analisados como um único ente, ou seja,
2
A esse respeito, convém observar a lição de PONTES DE MIRANDA: “O homem não está acima nem mesmo fora da
natureza; mas dentro della, como parte que é. A sua intelligencia é producto de condições assaz complexas de vida, do
mundo, que a rodeia; não é menos, nem mais inexplicável (ou explicável) do que a cellula, a geração ou a arvore que
sae da semente. Todavia, dentro da natureza, e não fora e muito menos acima, pode a intelligencia conhecer relações
entre as coisas que a cercam, ou entre ella e o mundo: tal conhecimento lhe enriquece o valor, com que lhe accelera os
movimentos, lhe dá o poder de abrir passagem onde não haveria sem o seu descobrimento, sem o seu acto de
conhecer”. Systema de sciencia positiva do direito. p. 3 (redação original).
3
Cf. ANDRÉ LALANDE: “Deve-se, pois, distinguir a epistemologia da teoria do conhecimento, se bem que ela
constitua a sua introdução e o seu auxiliar indispensável, devido ao fato de estudar o conhecimento em pormenor e a
posteriori na diversidade das ciências e dos objetos, antes de o fazer na unidade do espírito”. Vocabulário técnico e
crítico da filosofia. p. 313-314.
4
Cf. ANDRÉ LALANDE. Vocabulário técnico e crítico da filosofia. p. 767.