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organizar suas emissões para que o sentido pretendido pelo aluno fosse realmente entendido
pelo interlocutor (professora). Assim, em enunciados compostos caracterizados com mais de
seis elementos, o aluno corria o risco de explicitar suas dúvidas quanto à relação entre os
constituintes, bem como ficaria mais evidente a não utilização de marcadores gramaticais para
delinear pausas intra e inter-enunciados, bem como sua conexão. No entanto, a utilização do
tabuleiro, na produção de enunciados extensos, facilitou, sobremaneira, que a intenção do
aluno realmente fosse explicitada e, assim, fosse delineado um enunciado com sentido frasal.
O exemplo 25 evidenciou um enunciado formado por seis elementos, sendo um
lingüístico (/ãhã/, correspondente a palavra Peter Pan) e cinco não-lingüísticos, constituídos,
principalmente, de símbolos gráficos. Tratou-se de um enunciado composto por elementos
desorganizados, mas que, diante do conteúdo da história, tinha sentido frasal; houve a
repetição da palavra lutar, talvez como estratégia para o aluno ser entendido pela professora,
ou mesmo, ressaltar que houve uma luta, em função do que o aluno considerou importante
para ser mencionado, não cabendo, assim, juízo. No mesmo exemplo foram emitidas duas
palavras com significado semelhante (zangado e bravo), podendo ter sido mencionada apenas
uma para se formar o enunciado com sentido frasal; assim, a repetição de um significado, por
meio de significantes diferentes, também pode ter sido uma estratégia adotada pelo aluno para
destacar as informações que julgava relevantes no momento da enunciação. Enfim, no
exemplo 25, o aluno construiu um enunciado com seis elementos cujo sentido frasal poderia
ter sido explícitado por meio de quatro, desconsiderando, assim, as duas palavras repetidas;
entretanto, o enunciado, embora composto, não se concretizou como completo, pois alguns
elementos poderiam ter sido evidenciados, como a justificativa da pessoa com quem Peter
Pan tinha lutado, visto que era um conteúdo da história contada.
O exemplo 26 foi constituído por dez elementos, sendo que quatro foram repetições de
palavras feitas pelo aluno. Independente do porquê de cada repetição, o aluno lançou mão de
nove elementos não-lingüísticos, principalmente símbolos gráficos, e de um elemento
lingüístico em sua enunciação. Ressalte-se que esta repetição de elementos lingüísticos e/ou
não-lingüísticos, naquele momento, tornou-se redundante, pois o sentido frasal poderia ser
atribuído por meio de um único elemento dos diversos repetidos. Assim, foi possível indagar
mais uma vez, então, o porquê de o aluno repetir tantas vezes o mesmo elemento, uma vez
que era a própria professora que detinha, em suas mãos, a história adequada ao conteúdo
pedagógico do aluno e, assim, mais do que qualquer outra pessoa naquele meio, conhecia a
história. No entanto, foi possível inferir, também pela interpretação do exemplo apresentado,
que a repetição daqueles elementos pode ter ocorrido simplesmente porque a professora,