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de natureza eminentemente predicativa e representativa, pela qual é possível
fazer uma asserção acerca de alguma coisa. Toda generalização presente numa
categoria implica numa idéia geral que, por sua vez, é “essencialmente
predicativa”, sendo da natureza de um único representamen (PEIRCE, 1974:37)
passível de ser atribuído a uma grande variedade de sujeitos.
Quando visto sob a ótica de uma categoria, um fenômeno será sempre
observado por intermédio de uma mediação que, por sua vez, estabelecerá um
preceito para a investigação a ser conduzida. No entanto, é importante reforçar
que, segundo a doutrina das categorias desenvolvida por Peirce, a terceiridade
se institui em correlação com o dado da experiência e, como tal, toda categoria
utilizada para a análise de um objeto deve levar em consideração um arranjo de
Um outro aspecto a ser considerado decorre do ponto de vista semântico,
pois tomados isoladamente, os termos manifestos numa proposição se
agrupam em categorias e, ditos sem enlace, eles podem expressar substância,
quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, situação, condição, ação e
paixão. Nessa acepção, ganha força o entendimento das categorias como
gênero dos predicados de uma proposição, uma vez que “as categorias não
são para Aristóteles somente termos sem enlace não analisáveis ulteriormente,
mas também diversos modos de falar do ser como substância, qualidade,
quantidade, etc., o que seria impossível se não estivesse articulado de acordo
com tais modos de predicação (FERRATER MORA, 2001: 80). Ainda que as
categorias estejam relacionadas “àquilo que é por si”, elas constituem o
fundamento de toda e qualquer forma de ordenação discursiva (BITTAR,
2003: 200). Nesse sentido, observa-se que a problemática das categorias em
Aristóteles também se ocupa da correspondência existente entre realidade e
discurso, ou seja, aos modos possíveis de falar sobre as coisas tal como elas
são. E, considerando a diversidade das naturezas que compõem o real, a
única forma possível de abordá-las seria por meio das figuras de predicação
que se encontram ordenadas em categorias. Desse modo, as categorias
também podem ser entendidas como classes generalíssimas (pois são gêneros
supremos) que permitem dispor e ordenar os predicados fundamentais das
coisas. Por outro lado, Kant formulou uma Doutrina Sistemática das
Categorias, entendendo-as como “conceitos puros do entendimento” que
formalizam o modo como conhecemos as coisas. Ou seja, a forma do
conhecimento é dada pelas categorias inatas da razão, que se referem a
priori aos objetos provenientes da experiência. Nesse caso, ocorre a dedução
transcendental das categorias, ao contrário da Doutrina das Categorias em
Peirce, que decorrem da experiência.