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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO
Área de Concentração: Gestão de Negócios
FERNANDA YUMI TSUJIGUCHI
COOPERAÇÃO E INOVAÇÃO NA REDE DE EMPRESAS DE
SOFTWARE DE LONDRINA
Londrina
2007
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FERNANDA YUMI TSUJIGUCHI
COOPERAÇÃO E INOVAÇÃO NA REDE DE EMPRESAS DE
SOFTWARE DE LONDRINA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração Mestrado da
Universidade Estadual de Londrina e
Universidade Estadual de Maringá, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre.
Orientadora: Profª Drª Marcia Regina Gabardo
da Camara
Londrina
2007
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FERNANDA YUMI TSUJIGUCHI
COOPERAÇÃO E INOVAÇÃO NA REDE DE EMPRESAS DE
SOFTWARE DE LONDRINA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Administração, Universidade
Estadual de Londrina e Universidade Estadual
de Maringá, para obtenção do título de Mestre.
COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________
Profa. Dra. Marcia Regina Gabardo da Camara
Orientadora - PPA/UEL
_____________________________________
Prof. Dr. Luiz Antonio Felix
Membro PPA/UEL
_____________________________________
Profa. Dra. Marcia Gonçalves Pizzaia
Convidada - ECO/UEL
Londrina, 09 de novembro de 2007.
A você mãe, que dedicou toda
sua vida a seus filhos,
dedico-lhe este trabalho.
AGRADECIMENTOS
A querida professora doutora Marcia Regina Gabardo da Camara pelo apoio constante, braço
amigo e profissionalismo na condução deste trabalho.
A minha família pela confiança e motivação em mais esta etapa.
As queridas amigas Andréa Moreti, Dra. Zenir Pascuti, Eleanor Teruya, Denise Miyabe e
Emília Yokobori que sempre estiveram ao meu lado nessa caminhada.
A todo o corpo docente do PPA pelo aprendizado permanente e ao Chico (secretário do PPA)
pela amizade e apoio.
Aos meus inesquecíveis amigos do mestrado pelas trocas de experiências e pelas boas
lembranças que levo para sempre.
Aos empresários de software da cidade de Londrina que contribuíram enormemente com a
realização deste trabalho.
Tudo posso Naquele que me fortalece
Filipenses 4:13
TSUJIGUCHI, Fernanda Yumi. Cooperação e inovação na rede de empresas de software
de Londrina. 2007. Dissertação de Mestrado Programa de Pós - Graduação em
Administração, Universidade Estadual de Londrina, Universidade Estadual de Maringá, 2007.
RESUMO
A pesquisa analisa os impactos das ações de cooperação voltadas ao incremento da atividade
produtiva e inovativa na dinâmica competitiva da rede de empresas de software de Londrina.
A análise partiu da identificação das ações de cooperação existentes nas empresas de
software, verificando-se parcerias, alianças estratégicas e contratos de cooperação e relações
de subcontratação entre as empresas da rede e demais agentes. Caracteriza o processo de
aprendizado coletivo para capacitação produtiva e inovativa e identifica as inovações
introduzidas pela amostra e os impactos relativos ao aprendizado e a inovação. Os impactos
econômicos das ações de cooperação foram obtidos por medidas subjetivas de aumento do
faturamento, retorno do investimento e lucro líquido de projetos cooperados. A pesquisa é
caracterizada como quantitativa, descritiva e explicativa envolvendo 26 empresas de software
de Londrina. O instrumento de coleta de dados segue o modelo de questionário empregado
pela Redesist (2003) composto de escalas ordinais em que é possível indicar a intensidade,
formalidade e localização em que ocorrem as relações de cooperação. Os principais resultados
apontam: i) maior número de parcerias, alianças estratégicas e contratos de cooperação e
relações de subcontratação entre as empresas no âmbito da cidade de Londrina para produzir e
comercializar softwares; ii) a área de P&D e/ou produção e clientes são as principais fontes de
informação para incremento da atividade inovativa e produtiva; iii) as empresas apresentam
alto grau de introdução de inovações, mas restrito ao mercado interno; e vi) indicação de
resultado favorável como aumento de faturamento, lucro líquido e retorno do investimento
das empresas em projetos cooperados. Verificou-se que a rede de empresas de software de
Londrina está mais voltada a cooperar para produzir e comercializar produtos e serviços.
Palavras-Chave: Cooperação. Inovação. Rede de empresas. Dinâmica competitiva e setor de
software.
TSUJIGUCHI, Fernanda Yumi. Cooperation and innovation in the software net’s
companies of Londrina. 2007. Master Dissertation Post Graduation Program in
Administration, State University of Londrina, State University of Maringá, 2007.
ABSTRACT
The research analyzes the impacts of cooperation actions oriented to the improvement of the
productive and innovative activity in the competitive dynamic of the software net‟s
companies of Londrina. The analyze started identifying the actions of cooperation exists in
the software companies, verifying partners, strategic alliances and contracts of cooperation
and subcontracting relations between companies of the net and other agents. Characterize the
collective learning process for productive and innovative capacity and identify the innovations
introduced by the sample and the impacts relative of the learning and the innovation. The
economic impacts of the cooperation actions are obtained through subjective measures of
invoicing growth, net profit and return of the investment of cooperated projects. The research
is characterized like quantitative, descriptive and explicative involving 26 companies of
software of Londrina. The instrument of date collect follows the Redesist (2003)
questionnaire composed of ordinal scales in which is possible to indicate the intensity,
formalization and the localization that occur the relations of cooperation. The main results
appointed: i) mayor number of partners, strategic alliances and contracts of cooperation and
relations of sub contraction between companies in Londrina city to produce and
commercialize softwares; ii) the R&D and/or production area and clients are the main fonts of
information to the increment of innovative and productive activity; iii) the companies present
high level of innovation introduction, but restricted to the indoor market; and vi) there is
indication of positive result like invoicing growth, net profit and return of the investment of
cooperated projects. Verified that the software net‟s companies of Londrina is more oriented
to cooperate for producing and commercialize products and services.
Key Words: Innovation. Cooperation. Net of companies. Competitive dynamic and
software‟s sector.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Taxonomia das inovações ................................................................................. 31
Figura 2 - Rede topdown ou estilo japonês ....................................................................... 50
Figura 3 - Grau hierárquico das alianças estratégicas ....................................................... 54
Figura 4 - Rede flexível de empresas ................................................................................ 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Inovações praticadas pelas empresas do APL de software de Londrina
em produtos/serviços e processos entre 2003 e 2005 ......................................... 110
Tabela 2 - Tamanho de acordo com o faturamento anual ................................................... 111
Tabela 3 - Ano de fundação ................................................................................................. 112
Tabela 4 - Tipo de gestão..................................................................................................... 112
Tabela 5 - Escolaridade dos sócios ...................................................................................... 112
Tabela 6 - Escolaridade dos funcionários ............................................................................ 113
Tabela 7 - Ramo de atuação da empresa (produto) ............................................................. 113
Tabela 8 - Tipos de software ............................................................................................... 114
Tabela 9 - Ramo de atuação da empresa (serviço) .............................................................. 114
Tabela 10 - Outros serviços de software................................................................................ 115
Tabela 11 - Gastos com P&D sobre faturamento em 2006 ................................................... 115
Tabela 12 - Gastos com atividades inovativas sobre faturamento em 2006 .......................... 116
Tabela 13 - Fontes de financiamento - percentual investido ................................................. 116
Tabela 14 - Fontes de financiamento terceiros ................................................................... 117
Tabela 15 - Tipo de atividade x localização dos parceiros .................................................... 119
Tabela 16 - Tipo de relação subcontratação ....................................................................... 119
Tabela 17 - Subcontratação x porte da empresa x setor ........................................................ 120
Tabela 18 - Interação x formalização x localização .............................................................. 122
Tabela 19 - Grau de utilização das formas de cooperação .................................................... 123
Tabela 20 - Avaliação dos resultados das ações conjuntas.................................................... 124
Tabela 21 - Fontes de informação x formalização x localização........................................... 126
Tabela 22 - Avaliação dos resultados do aprendizado........................................................... 127
Tabela 23 - Inovações realizadas pelas empresas de software de Londrina em
produtos/processos e inovações organizacionais ................................................ 129
Tabela 24 - Impactos da introdução das inovações nas empresas de software ..................... 130
Tabela 25 - Atividades inovativas realizadas pelas empresas de software ........................... 131
Tabela 26 - Faturamento de projetos cooperados x faturamento anual ................................. 132
Tabela 27 - Faturamento das empresas x projetos cooperados.............................................. 132
Tabela 28 - Competitividade das empresas (inovação) x aprendizado.................................. 134
Tabela 29 - Impactos da inovação x desempenho das empresas ........................................... 135
Tabela 30 - Desempenho das empresas x parcerias, alianças estratégicas e contratos
de cooperação ..................................................................................................... 136
Tabela 31 - Desempenho das empresas x ações cooperadas ................................................. 137
Tabela 32 - Porte das empresas da amostra segundo Sebrae e OIT ...................................... 161
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Tipologia de redes de firmas na perspectiva da Teoria Econômica.................... 47
Quadro 2 - Tipologia de redes de acordo com Hoffmann (2005) e Marcon e Moinet
(2001) ................................................................................................................. 48
Quadro 3 - Tipos de alianças estratégicas do domínio comercial ......................................... 53
Quadro 4 - Tipos de alianças estratégicas do domínio técnico/produção ............................. 54
Quadro 5 - Características, diferenças e similaridades de produtos de software
(pacote e sob encomenda) .................................................................................. 77
Quadro 6 - Características dos serviços em software: tipos e vantagens .............................. 80
Quadro 7 - Características técnicas produtivas na rede de empresas de software de
Londrina ............................................................................................................. 88
Quadro 8 - Síntese da operacionalização das variáveis redes de empresas ....................... 98
Quadro 9 - Síntese da operacionalização das variáveis aprendizado coletivo ................... 99
Quadro 10 - Síntese da operacionalização das variáveis inovação .................................... 100
Quadro 11 - Síntese da operacionalização das variáveis desempenho ............................... 100
Quadro 12 - Relações entre as questões de pesquisa, os objetivos geral e específicos,
constructos, autores e blocos relacionados às perguntas do questionário ........ 101
Quadro 13 - Cursos superiores de graduação na área de informática em Londrina -
2006 .................................................................................................................. 109
Quadro 14 - Análise comparativa estudos selecionados: porte, fundação, origem
de capital e perfil dos profissionais .................................................................. 138
Quadro 15 - Análise comparativa estudos selecionados: financiamento,
associações e outsourcing ................................................................................. 130
Quadro 16 - Análise comparativa estudos selecionados: características das relações
de subcontratação e cooperação formal e informal .......................................... 140
Quadro 17 - Análise comparativa estudos selecionados: aprendizado, inovação e
vantagem competitiva ....................................................................................... 141
Quadro 18 - Análise comparativa estudos selecionados: indicadores de inovação ........... 142
Quadro 19 - Análise comparativa estudos selecionados: aprendizado, inovações
e associações enquanto estratégias de redução de custos ................................. 143
Quadro 20 - Porte de empresas segundo Sebrae e OIT ......................................................... 160
Quadro 21 - Síntese de alguns estudos sobre aglomerações ................................................. 162
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADETEC Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
EBIT Empresas de Base de Inovação Tecnológica
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MPME’s Micro, Pequenas e Médias Empresas
OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
PNB - Produto Nacional Bruto
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEPIN - Secretaria de Planejamento de Informática
SEPL - Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral
SOFTEX Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
VC Venture Capital
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Tema e Problema de Pesquisa ................................................................................... 16
1.2 Objetivo Geral e Objetivos Específicos ..................................................................... 17
1.3 Justificativa Relevância Teórico - Prática .............................................................. 18
1.4 Estrutura da Dissertação ............................................................................................ 20
2 ELEMENTOS TEÓRICOS PARA A ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE
SOFTWARE ............................................................................................................ 21
2.1 Teoria Evolucionista: Origens, Princípios Básicos e Evolução ............................... 21
2.1.1 Princípios e Conceitos Schumpeterianos ................................................................... 24
2.1.2 Abordagem Evolucionária ......................................................................................... 27
2.1.2.1 Pressupostos da Abordagem Evolucionária e os Aspectos da Inovação e da
Competitividade ........................................................................................................ 27
2.1.2.2 Determinantes do Processo Inovador e os Tipos de Inovação .................................. 31
2.1.2.3 Cooperação Tecnológica e o Aprendizado Coletivo ................................................. 37
2.2 Redes de Empresas .................................................................................................... 43
2.2.1 Conceito de Redes ..................................................................................................... 44
2.2.2 Características e Tipologia de Redes de Empresas ................................................... 45
2.2.3 Perspectivas Conceituais de Redes de Empresas ...................................................... 49
2.2.3.1 Redes de Subcontratação ........................................................................................... 49
2.2.3.2 Alianças Estratégicas ................................................................................................. 52
2.2.3.3 Redes Horizontais ...................................................................................................... 55
2.2.3.4 MPME's e Inovação ................................................................................................... 58
3 SETOR DE SOFTWARE ........................................................................................ 63
3.1 Cenário Internacional e Nacional do Setor de Software ............................................ 63
3.2 A Indústria Brasileira de Software............................................................................. 68
3.3 Caracterização da Indústria de Software ................................................................... 70
3.4 Classificação do Software e Dinâmica Competitiva .................................................. 73
4 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................ 82
4.1 Delineamento da Pesquisa Modelo Conceitual ......................................................... 82
4.2 Questões de Pesquisa ................................................................................................. 83
4.3 População e Amostra ................................................................................................. 84
4.4 Operacionalização das Variáveis ............................................................................... 86
4.5 Instrumento de Coleta de Dados .............................................................................. 102
4.6 Tabulação e Análise dos Dados ............................................................................... 104
4.7 Limitações da Pesquisa ............................................................................................ 104
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA REDE DE EMPRESAS DE SOFTWARE
DE LONDRINA ..................................................................................................... 106
5.1 A Rede de Empresas de Software de Londrina ........................................................ 106
5.2 Caracterização da Amostra e Análise dos Resultados Obtidos ................................. 111
5.3 Cooperação Técnica/Produtiva na Rede de Empresas de Software de Londrina ..... 117
5.4 Cooperação Produtiva/Tecnológica na Rede de Empresas de Software de
Londrina .................................................................................................................. 121
5.5 Aprendizado Coletivo das Empresas de Software de Londrina... ............................. 124
5.6 Inovação das Empresas de Software de Londrina .................................................... 127
5.7 Competitividade das Empresas de Software de Londrina ........................................ 131
5.8 Relação entre Aprendizado a partir de Fontes Internas e Externas a Empresa e
Inovação na Rede de Empresas de Software de Londrina ....................................... 133
5.9 Relação entre Inovação e Impactos na Rede de Empresas de Software
de Londrina ............................................................................................................... 134
5.10 Relação entre Parcerias, Alianças Estratégicas ou Contratos de Cooperação e
Diminuição de Custos na Rede de Empresas de Software de Londrina .................. 135
5.11 Relação entre Formas de Cooperação e Impactos na Rede de Empresas de
Software de Londrina ............................................................................................... 136
5.12 Análise Comparativa Estudo Atual e Outros Estudos ............................................ 137
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 144
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 150
APÊNDICES ........................................................................................................................ 159
Apêndice 1 - Classificação de Micro e Pequena Empresa de Acordo com o Número
de Funcionários .......................................................................................................... 160
Apêndice 2 Síntese de Alguns Estudos sobre Aglomerações Produtivas ............... 162
Apêndice 3 Estudos Recentes sobre Aglomerações de Software ........................... 164
ANEXOS .............................................................................................................................. 165
Anexo 1 - Relação das Empresas de Software Identificadas de Londrina 2007 ........ 166
Anexo 2 - Questionário de Pesquisa ........................................................................... 170
1 INTRODUÇÃO
O acirramento da concorrência e a crescente internacionalização da economia e a
busca pela manutenção e sobrevivência face às incertezas e complexidade ambientais têm
conduzido empresas e organizações a uma constante revisão e reestruturação das suas formas
de atuação para se adequar à nova realidade de mercado.
O advento das Tecnologias da Informação e Comunicação TIC‟s - também tem
contribuído para a reorganização da estrutura produtiva, revolucionando as bases das relações
empresariais. As mudanças radicais nas formas de produção e comercialização baseadas na
microeletrônica e nas novas TIC‟s têm gerado o afastamento do modelo de produção em larga
escala rumo a especialização flexível de produção e intensiva em conhecimento (CASTELLS,
1999).
O mundo tem experimentado novas formas de produção industrial e de gestão da
atividade empresarial, gerando a configuração de novos arranjos estruturais na divisão do
trabalho e nas relações econômicas. As transformações econômicas, políticas e tecnológicas e
a necessidade de sobrevivência das empresas em um contexto de forte concorrência e
ambivalências do mercado, são fatores determinantes para a formação da rede (LIMA FILHO
et al., 2006). Como dizem Olave e Amato Neto (2001), essa configuração em rede se por
meio da cooperação.
As redes de empresas são formadas com o objetivo de reduzir incertezas e riscos a
partir da organização das atividades econômicas através da coordenação e da cooperação
(LEON, 1998). A análise das variadas formas de cooperação produtiva e tecnológica entre
empresas tem propiciado uma maior compreensão de como se pode alcançar um melhor
desempenho competitivo centrado não na empresa individual, mas principalmente na
investigação das relações entre as empresas e as demais instituições (BRITO, 2002).
Outro aspecto discutido como alicerce estratégico para a viabilidade econômica das
redes é a temática da inovação. A rede promove um ambiente favorável ao compartilhamento
de informações, conhecimentos, habilidades e recursos essenciais para os processos de
inovação (BALESTRIN; VARGAS, 2004). O próprio processo inovativo é considerado um
sistema integrado em rede (ROTTHWELL, 1995).
Para Lemos (2001), a inovação é uma das forças dinâmicas que elevam a capacidade
competitiva das empresas. A competitividade e o sucesso das empresas dependem cada vez
mais do potencial inovativo, sendo considerado fator crucial de sucesso de empresas e países.
A inovação é uma ação conjunta e cooperada de diversos atores internos e externos à
organização (RICHARDSON, 1972). Os modelos organizacionais que contemplam a
interação e a atuação conjunta dos mais variados agentes, como as redes de empresas, arranjos
e sistemas produtivos, estão se tornando os mais adequados para promover a aquisição,
geração e difusão de conhecimentos e inovações (CASSIOLATO; LASTRES, 2004).
A fim de ampliar seu potencial inovativo, nas redes de cooperação observa-se também
a tendência à criação e circulação de conhecimentos em seu interior, propiciando um processo
de aprendizado coletivo, reforçando as competências tecnológicas das empresas (BRITO,
2001). O processo de aprendizado é o meio pelo qual um agente econômico cria
conhecimento e desta forma, a sua performance está diretamente associada à maneira como as
capacitações de agentes e instituições são desenvolvidas e adaptadas às mudanças do
ambiente econômico (TORRES; ALMEIDA; TATSCH, 2004).
O conhecimento se tornou a mola propulsora da economia moderna, e mesmo que a
empresa continue sendo o espaço central do processo inovador, a importância de formas
coletivas de aprendizado (redes de interação) e cumulatividade existente neste processo
tornaram-se fatores críticos de sucesso e de competitividade das empresas (SAMPAIO;
SCATOLIN, 2004). Schumpeter (1982) reforça que as estratégias baseadas na inovação se
constituem de fonte de vantagens competitivas para as empresas de alta intensidade
tecnológica.
As empresas de software, intensivas em conhecimento
1
, participam do mesmo modo
de um setor dinâmico e de constantes mutações. Nos setores de alta tecnologia - a indústria de
software, inclusive - a competição é acirrada, o que demanda alta velocidade na introdução
de inovações técnicas (MELO; BRANCO, 1997). Mesmo com o predomínio de grandes
corporações em escala mundial, as redes de empresas são reconhecidas como recurso
estratégico de competitividade para que as micro, pequenas e médias empresas conjuguem
esforços e possam competir de forma mais equilibrada com as grandes (LIMA FILHO et al.,
2006).
1
As empresas de software são consideradas empresas intensivas em conhecimento, de base tecnológica. A definição de
empresas de base tecnológica depende segundo Vieira (1998) do tipo de atividade desenvolvida. São consideradas empresas
de base tecnológica as empresas intensivas em tecnologia envolvidas com as seguintes atividades: novos materiais,
informática (software), instrumentação, eletrônica e mecânica de precisão.
O presente trabalho se desenvolve a partir dos fundamentos, conclusões e
recomendações do estudo Identificação, Caracterização, Construção de Tipologia e Apoio na
Formulação de Políticas para os Arranjos Produtivos Locais (APL‟s) do Estado do Paraná
gerados no período de maio a setembro de 2005, coordenado pelo Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social IPARDES (2005). Conforme Camara et al. (2006a),
este estudo fornece subsídios metodológicos para considerar o conjunto de empresas de
software do município de Londrina como sendo uma rede de empresas em estágio de
desenvolvimento e que apresenta esforços inovativos e cooperativos, visando ganhos de
competitividade.
Além disso, o presente trabalho vem a atualizar alguns resultados do trabalho realizado
por Camara et al. (2006a) no que diz respeito: às inovações introduzidas pelas empresas de
software nos últimos anos (2005 a 2007) bem como os impactos produzidos. O estudo inova
ao discutir o processo de aprendizado das empresas para incremento da capacidade produtiva
e inovativa e por fim, contribui com informações relativas as ações de cooperação existentes
na rede de empresas de software de Londrina, bem como os impactos dessas ações conjuntas
na competitividade das empresas.
1.1 Tema e problema da pesquisa
O interesse pelo estudo sobre redes de empresas, cooperação, aprendizado, inovação e
indústria de software no Brasil tem sido pauta corrente de discussões nas esferas
governamental (BRASIL, 2002; IPARDES, 2005) e privada, tanto nos espaços acadêmicos
(LASTRES; CASSIOLATO, 2003; LASTRES; LEMOS; VARGAS, 2000) quanto do setor
produtivo (SOFTEX, 2003), tendo em vista principalmente, as implicações desses temas na
dinâmica competitiva de diversos segmentos econômicos.
A revisão crítica da literatura sobre essas temáticas permitiu a compreensão da
relevância das redes em ambientes competitivos, principalmente por facilitar a sinergia de
esforços entre empresas e outros agentes na direção de objetivos comuns. Sustentado por este
cenário, o tema de pesquisa deste trabalho pode ser assim enunciado: Cooperação e Inovação
na Rede de Empresas de Software de Londrina.
O problema de pesquisa que se pretende analisar é: Qual o impacto das ações de
cooperação voltadas ao incremento da atividade produtiva e inovativa na dinâmica
competitiva das empresas da rede de software de Londrina?
1.2 Objetivo geral e objetivos específicos
O presente estudo tem por objetivo geral: Analisar o impacto das ações de cooperação
voltadas ao incremento da atividade produtiva e inovativa, na dinâmica competitiva das
empresas da rede de software de Londrina. Para alcançar o objetivo geral deste trabalho,
apresentam-se os objetivos específicos.
o Objetivos Específicos
a) Descrever a perspectiva conceitual evolucionária;
b) Apresentar o contexto político e econômico internacional e nacional do setor de
software;
c) Verificar a presença do processo inovativo e identificar novos produtos,
processos e inovações organizacionais da rede de empresas de software de
Londrina;
d) Identificar o processo de aprendizado coletivo da rede de empresas de software
de Londrina para incremento da atividade produtiva e inovativa;
e) Identificar as ações de cooperação voltadas para o incremento da atividade
produtiva e inovativa da rede de empresas de software de Londrina;
f) Verificar os impactos da cooperação produtiva e tecnológica nas empresas da
rede de software de Londrina;
g) Sumarizar a evolução da indústria de software, as características da indústria em
termos de competitividade tendo como base os tipos de software existentes e
alguns resultados do trabalho realizado sobre as empresas de software de
Londrina no que tange aos aspectos da cooperação para produção e inovação; e
h) Identificar e discutir as características do grupo de empresas selecionadas e
inferir o grau de evolução da rede de empresas de software na aglomeração de
Londrina.
1.3 Justificativa e relevância teórico prática
Devido a uma história de desenvolvimento recente, que acompanha a indústria de
computadores, em especial a partir da década de 1990, o setor de software no Brasil ainda é
pouco conhecido (MELO; BRANCO, 1997). Estudos gerados por Gutierrez e Alexandre
(2004), Melo e Branco (1997), Kubota (2005), Roselino (2006) e Softex (2003), são alguns
exemplos de trabalhos realizados. Entretanto, o foco de pesquisa se concentra sobre as
características da indústria de software em relação ao Brasil e ao panorama internacional.
No Brasil, participação maciça de pequenas empresas no setor de software quando
comparado ao quadro internacional. A análise de aglomerações de software também é recente
(ANGELI, 2007; CAMARA et al., 2006a, 2006b; SAMPAIO, 2006; SAMPAIO;
SCATOLIN, 2004). Em geral, tais estudos
2
têm reforçado a importância das pequenas
empresas em redes como os arranjos produtivos locais. Nesta linha de pensamento, uma das
justificativas para realização desta pesquisa é escassez de trabalhos voltados as temáticas
redes de empresas, ações de cooperação e inovação em empresas de software no Brasil, o que
vem a colaborar no plano teórico, com a ampliação do campo de estudo em questão.
A escolha da indústria de software se justifica pelo fato de sua evolução recente: antes
dos anos 1990, em um contexto de substituição de importações estimulando o mercado
doméstico e outra após a década de 1990, o que configurou um cenário de competição global
orientado para o mercado, sendo relevante o entendimento das forças competitivas que
sustentam e alavancam o desenvolvimento do setor no país (ARAÚJO, 2003).
Somado a estes fatores, outro aspecto a ser ressaltado como preponderante para a
presente pesquisa, é o software ser uma das opções estratégicas da Política Industrial e de
Comércio Exterior PITCE - lançada em 2003 pelo governo federal para estimular maior
inserção do Brasil no cenário mundial. A política busca alavancar a eficiência econômica do
país, estimulando setores dinâmicos geradores de vantagens competitivas, que possuem maior
capacidade de inovação, os chamados segmentos portadores de futuro, como o software
(BRASIL, 2002).
Justifica-se ainda a realização de uma investigação aprofundada sobre a rede de
empresas no setor de software de Londrina dado que o estudo prévio de mapeamento de
arranjos produtivos localizados no Paraná, feito pelo IPARDES (2005), identificou a cidade
2
Ver apêndice 3 (quadro 17) que apresenta uma síntese de trabalhos recentes sobre aglomerações de software.
como importante aglomeração de empresas do segmento. Ademais, a pesquisa realizada por
Camara et al. (2006a) identificou a existência de cooperação, mas não detalhou as
especificidades da rede no que tange a produção e inovação e seus impactos sobre níveis de
competitividade dessas empresas.
Conseqüentemente, a presente investigação beneficiará o setor no sentido de
apresentar o nível de cooperação existente entre empresas e demais agentes, possibilitando a
revisão de políticas e estratégias de atuação da rede de empresas de software de Londrina em
termos de produção e inovação, com vistas à manutenção dos níveis de competitividade ao
nível nacional e internacional. Além disso, acredita-se que os resultados do trabalho
possibilitarão aos agentes envolvidos (estudiosos, empresários, governo, universidades entre
outros) visualizarem ações que promovam espaços para a interação e o aprendizado coletivo a
fim de capacitá-los tecnologicamente e incrementar a atividade produtiva e inovativa da rede.
O estudo pretende colaborar no campo teórico da administração para a avaliação da
evolução dos estudos recentes sobre redes de empresas em diferentes perspectivas conceituais
- economia e administração. No que diz respeito à inovação, a pesquisa pretende adicionar
contribuições à área de administração sob a perspectiva evolucionária (DOSI, 2005;
FREEMAN, 1995; MALERBA, 2002; NELSON; WINTER, 2005), base conceitual da
economia, visando o aperfeiçoamento da compreensão sobre ações de cooperação e processos
de aprendizado existente em redes de empresas.
Do ponto de vista da prática administrativa, o estudo sinaliza no sentido de revelar o
funcionamento da cooperação para a produção e inovação em rede de empresas de software,
cujas boas práticas poderão ser adotadas por outras aglomerações produtivas. A rede como
inovação organizacional, serve a área da administração como recurso analítico para diversas
formas de atuação das empresas (OLAVE; AMATO NETO, 2001). Por fim, a pesquisa se
releva importante pelo caráter interdisciplinar entre a Administração e a Economia,
promovendo um avanço dos estudos conjuntos nos dois campos do conhecimento.
1.4 Estrutura da dissertação
O trabalho está estruturado em seis capítulos. Neste capítulo 1 introdutório
contextualiza-se o tema e o problema da pesquisa, em seguida, apresentam-se os objetivos
geral e específicos do processo de investigação e por fim, a justificativa - relevância teórica e
prática da dissertação para os campos da Administração e da Economia bem como suas
contribuições para o setor de software.
O capítulo 2 compreende alguns elementos conceituais do trabalho. Primeiramente é
desenvolvido o referencial da abordagem evolucionária no que tange aos aspectos da
inovação e da competitividade. A perspectiva evolucionária discute origens e princípios da
teoria evolucionista e a contribuição de Joseph Schumpeter no que diz respeito à inovação e à
concorrência. O capítulo aprofunda o debate sobre os aspectos da inovação e seus
desdobramentos tais como: os determinantes do processo inovador e os tipos de inovação e a
cooperação tecnológica no âmbito dos processos de aprendizado para o entendimento da
dinâmica da cooperação da rede de empresas de software de Londrina. Em um segundo
momento, apresentam-se as visões multidisciplinares da temática de redes de empresas
contemplando aspectos produtivos e inovativos servindo de fundamento para análise da
indústria de software de Londrina.
O capítulo 3 apresenta o contexto político e econômico (internacional e nacional) do
setor de software bem como a configuração da indústria brasileira de software, abrange
também as características do segmento em termos de competitividade tendo como base os
tipos de software existentes.
O capitulo 4 discorre sobre a metodologia utilizada na execução deste processo de
investigação. Neste capítulo é apresentado o delineamento da pesquisa, a operacionalização
das variáveis, a população e amostra pesquisada, a técnica de coleta de dados (questionário) e
de que forma os dados coletados são tratados. Apresenta-se ainda, a articulação das questões
de pesquisa com os objetivos específicos, conceitos-chave e autores e por fim, as limitações
da pesquisa.
O capítulo 5 compreende a apresentação da rede de empresas de software de Londrina
e a análise dos resultados obtidos com o presente estudo. O capítulo 6 apresenta as
considerações finais do trabalho quanto aos objetivos e sugestões para pesquisas futuras.
2 ELEMENTOS TEÓRICOS PARA A ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE SOFTWARE
Os elementos conceituais do presente capítulo permitirão analisar os impactos das
ações de cooperação voltadas aos esforços produtivos e inovativos na rede de empresas de
software de Londrina com vistas ao entendimento da dinâmica competitiva da rede. Desta
forma, para atingir o objetivo (a) e descrever a perspectiva conceitual evolucionária, a seção a
seguir apresenta alguns elementos evolucionários no que tange aos aspectos da inovação e da
competitividade.
A discussão analítica parte das origens e princípios da visão evolucionista e das
contribuições das obras de Schumpeter (1982, 1984), que tratam a inovação como a mola
propulsora da mudança econômica e como elemento fundamental da dinâmica competitiva.
Em seguida, na seção posterior discorrer-se sobre a visão evolucionária e seus
desdobramentos analíticos sobre a dinâmica da inovação.
2.1 Teoria evolucionista: origens, princípios básicos e evolução
Enquanto a sociedade tem conduzido debates a respeito da dinâmica econômica
mundial e os desenvolvimentos da sociedade capitalista, muito se tem discutido sobre os
rumos da ciência contemporânea. Capra (2006) afirma que a ciência contemporânea vem
experimentando ao longo dos tempos a ocorrência de uma profunda mudança de paradigma:
de uma visão de mundo mecanicista para uma visão holística
3
ou ecológica
4
. Reafirma o autor
que as instituições estariam passando por uma crise de percepção com uma visão obsoleta
para lidar com um mundo globalmente interligado.
Kuhn (2005, p.116) postula que a transição para um novo paradigma não pode ser um
processo acumulativo por meio da articulação com o velho paradigma, mas um processo de
“reconstrução da área de estudo a partir de novos princípios, reconstrução que altera algumas
3
A visão de mundo holística compreende o mundo com um todo integrado, entretanto não é atualmente considerada a mais
apropriada para descrever o surgimento de novos paradigmas científicos no campo da ciência (CAPRA, 2006).
4
A concepção ecológica concebe a interdependência de todos os fenômenos. “[...] o fato de que, enquanto indivíduos e
sociedades, estamos todos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses
processos)”. O termo ecológico foi empregado pela primeira vez pelo norueguês Arne Naess na década de 70 que fazia
distinção entre “ecologia rasa” e “ecologia profunda”. A visão de ecologia rasa concebe os seres humanos localizados fora ou
acima da natureza enquanto que a ecologia profunda entende o mundo como uma rede de fenômenos interdependentes e
interconectados (CAPRA, 2006, p.25).
das generalizações teóricas mais elementares do paradigma, bem como de seus métodos e
aplicações”. Um processo ao qual ele mesmo denominou de mudança de paradigma ou
revoluções científicas em que as práticas científicas são dirigidas por novas regras e onde os
cientistas lidam e vêem sob uma perspectiva nova e diferente as mesmas coisas. Todavia, essa
mudança de paradigmas seria perceptível em várias disciplinas científicas, mas não ocorreria
no mesmo ritmo e da mesma maneira em cada uma delas (CERQUEIRA, 2000). Isto pode ser
observado na Ciência Econômica, como conseqüência da evolução das abordagens
tradicionais, neoclássicas à visão evolucionária do comportamento das firmas.
A respeito das abordagens econômicas convencionais do século XVIII, ao intentar
incorporar noções da física e modelos mecanicistas e métodos reducionistas às ciências
sociais, demonstram um comportamento simplista ao tentar compreender a complexidade dos
sistemas econômicos reduzindo-os às suas unidades básicas. Para Britto (1999), na Teoria
Ortodoxa o mercado tem papel central na análise dos mecanismos das atividades econômicas.
É o mercado que viabiliza a minimização dos custos e a maximização dos lucros por meio de
inputs e outputs no processo produtivo. O mercado é tido como instância única de
coordenação. As firmas são consideradas uma “caixa preta” supostamente homogênea, do
ponto de vista tecnológico, e os agentes são eficientes. A lógica de operação na teoria
ortodoxa está na criação e reforço de externalidades
5
positivas relacionadas a padrões
técnicos. No caso das redes de firmas, a natureza desse tipo de arranjo se baseia na
normalização estabelecida intra-rede em que a compatibilização de componentes e
tecnologias.
O pensamento econômico neoclássico do século XIX veio a consolidar o reducionismo
presente nas abordagens convencionais ao defender uma análise focada nas escolhas
individuais voltadas à maximização de utilidades, ao considerar unicamente as forças de
oferta e demanda.
Britto (1999) afirma que na Teoria dos Custos de Transação, as transações entre os
agentes são a unidade de análise. Essa teoria busca um avanço nas visões tradicionais
aprofundando o estudo do comportamento das firmas voltando-se à abertura da firma a
relacionamentos externos. Neste caso, o mercado é estável e normalizável e instância
particular juntamente com a firma na coordenação das atividades econômicas. A lógica da
operação está na coordenação de transações sistemáticas através de arranjos contratuais
5
No conceito de redes, as externalidades são geradas pelo consumo de bens ou fatores por um maior número de agentes. Em
outras palavras, as escolhas individuais dos agentes são afetadas pelo conjunto de escolhas dos demais agentes relativas
aquele bem ou fator (BRITTO, 1999, p.54).
voltadas a eficiência nas formas organizacionais e institucionais refletindo na conduta dos
agentes. Os agentes ao longo do tempo ajustam as estruturas organizacionais com o objetivo
de minimizar os custos de transação criando estruturas de governança específicas.
Para Freeman (1999) estas teorias empregam um conjunto de procedimentos
matemáticos rigorosos para medir e interpretar os fatos econômicos, desprezando qualquer
possibilidade de que o mercado possa criar, a partir de si mesmo qualquer força que
prejudique seu funcionamento. Essa visão mecanicista entende que o sistema econômico
teoricamente funciona de forma eficiente, num estado de equilíbrio permanente, desprezando
seus processos de rupturas ao longo de sua trajetória.
Como aponta Capra (2006), o mundo concebido como uma máquina, um mecanismo,
estaria dando lugar a um modo de pensar em termos de relações, conexões e contexto, ao que
ele considerou como características chave do pensamento sistêmico. O pensamento
sistêmico foca-se na análise da mudança das partes para o todo, assim como ocorre no
processo de compreensão dos organismos vivos. Entende-se que essas partes surgem de
relações sistêmicas organizadas, em que cada nível sistêmico apresenta níveis diferentes de
complexidade. O pensamento sistêmico é também contextual à medida que intenta explicar
fenômenos em sua relação com o ambiente.
Outra característica da visão sistêmica é o pensamento em rede: a realidade é
concebida como uma rede de relações e de acontecimentos inter-relacionados. Como afirma
Capra (2006), a concepção mecanicista compreende que o mundo é um conjunto de objetos,
que interagem e se relacionam uns com os outros num plano secundário. Entretanto, como
defende este mesmo autor, para o pensador sistêmico essas relações são fundamentais.
As abordagens teóricas tradicionais e neoclássicas se mostraram insuficientes para
tratar os processos de mudança que permeiam a economia como um todo. A economia
evolucionária sistêmica e dinâmica surge como uma nova vertente para lidar com os ímpetos
das mudanças tecnológicas, avanços técnicos, processo inovativo influindo no comportamento
das firmas e na transformação estrutural dos sistemas econômicos (NELSON; WINTER,
2005; NELSON, 2005; ROSENBERG, 2005).
Os economistas evolucionários buscam uma sistematização conceitual defendendo
simultaneamente uma perspectiva holística, sistêmica e evolucionária. A visão de Freeman
(1988) é holística, no sentido de que a totalidade apresenta um comportamento que não pode
ser deduzido meramente pela agregação de suas partes constitutivas, e as partes não podem
ser entendidas individualmente separadas das relações que mantém umas com as outras e que
constituem a totalidade; é sistêmica e evolucionária, porque o sistema sócio-econômico sob
investigação está em constante estado de mudança qualitativa, na medida em que seus
elementos constitutivos alteram seu comportamento em relação aos demais e ao ambiente
extra-sistêmico.
Em um cenário caracterizado pela ocorrência de uma série de acontecimentos na
economia mundial como o surgimento de blocos econômicos, comportamento inovador,
mudanças nos padrões tecnológicos e nas relações entre nações, firmas, organizações e
indivíduos demonstraram a insuficiência da análise estanque e reducionista do arcabouço
conceitual convencional, promovendo o surgimento de uma nova abordagem dinâmica dos
fenômenos econômicos, a economia evolucionária.
Para compreender a abrangência e as raízes do pensamento evolucionário, recurso
conceitual que fundamenta parte deste trabalho, discorrer-se primariamente sobre a
contribuição de Joseph Alois Schumpeter destacando os textos Capitalismo, Socialismo e
Democracia (1984) e A Teoria do Desenvolvimento Econômico (1982) e seus
desdobramentos, que deram impulso aos desenvolvimentos evolucionários.
2.1.1 Princípios e conceitos schumpeterianos
Nesta seção serão analisadas as contribuições de Schumpeter no que se refere ao
reconhecimento da inovação como força impulsionadora da mudança econômica bem como
fonte de vantagem competitiva.
Schumpeter (1984), tendo como referência sua obra Capitalismo, Socialismo e
Democracia, é considerado um dos mais revolucionários teóricos do sistema econômico.
Rosenberg (1994) reforça essa afirmação, ao declará-lo (Schumpeter) um radical que rejeitou
a teoria neoclássica econômica, que procura caracterizar estados de equilíbrio e que trata a
tecnologia como variável exógena ao desenvolvimento da realidade capitalista.
A concepção neoclássica econômica serviu de referencial analítico para a análise de
Schumpeter, a qual concebe a vida econômica sob a perspectiva do fluxo circular que é
orientado para uma posição de equilíbrio. Ou seja, desenvolvendo-se através de um processo
contínuo de adaptação aos dados existentes, produzindo rendimentos constantes ao longo do
tempo (NELSON; WINTER, 2005; NELSON, 2005; ROSENBERG, 2005; SCHUMPETER,
1984).
A visão de Schumpeter (1982) parte da análise de uma economia relativamente
estável, sem interferências significativas de variáveis
6
que possibilitem a transformação e o
desenvolvimento econômico (ROSENBERG, 1994). O que Schumpeter contestava era o
caráter excludente da visão neoclássica de equilíbrio ao negligenciar desequilíbrios
persistentes, incertezas e instabilidade do sistema econômico. Schumpeter sugeriu que a
essência do capitalismo recai não nas forças de equilíbrio como o a análise do sistema
estacionário, mas na inevitável tendência do sistema se afastar do equilíbrio e se desequilibrar.
“A análise de equilíbrio falha ao capturar a essência da realidade capitalista” (ROSENBERG,
1994, p.49).
Para Rosenberg (1994), Schumpeter tentou construir um modelo teórico do processo
de mudança econômica no tempo ou responder a questão de como o sistema econômico
gerava a força que incessantemente o transformava. Esse era o desenvolvimento sujeito a
rupturas e afastado do equilíbrio, o capitalismo como um processo evolutivo. Schumpeter
(1984) propôs uma mudança evolucionária motivada não apenas por questões externas a vida
econômica, mas que viriam de dentro da organização capitalista.
O capitalismo, então, é, pela própria natureza, uma forma ou um método de
mudança econômica, e não apenas nunca está, mas nunca pode ser, estacionário. [...]
se me permitem o termo biológico que incessantemente revoluciona a estrutura
econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha, incessantemente
criando uma nova. Esse processo de Destruição Criativa é o fato essencial acerca do
capitalismo [...] (SCHUMPETER, 1982, p.112-3).
A análise de Schumpeter (1984) demonstra que a economia capitalista se comporta
como se estivesse desprovida de sua característica essencial, as atividades inovativas forças
endógenas propulsoras da mudança econômica e fonte de vantagem competitiva. Seu
pensamento se fundamenta em processo de mudança qualitativa do sistema econômico,
espontânea e descontínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca
para sempre o estado de equilíbrio previamente existente (grifo nosso).
O sistema capitalista se inicia e é mantido pela empresa capitalista. Segundo
Schumpeter (1984), ela permite a realização de novas combinações ou atividades inovativas:
introdução de novos bens de consumo, novos métodos de produção, novos mercados, novas
fontes de oferta de matérias-primas ou de bens semifaturados e novas formas de organização
industrial. As características dessas novas combinações estão relacionadas à compreensão dos
6
As variáveis aos quais Schumpeter se refere tais como os efeitos das grandes guerras e revoluções bem como a abertura de
novos mercados, processo de mutação industrial e novas formas organizacionais, mudanças na política comercial, econômica
e social ou o gosto dos consumidores seriam considerados dados “naturais” aos quais a vida econômica se adaptaria. O fluxo
circular estaria condicionado por circunstâncias dadas do ambiente (SCHUMPETER, 1982).
fenômenos econômicos: (a) novas combinações empreendidas por empresas novas; e (b)
emprego de recursos diferentes e que são aplicados de uma forma diferente para criar coisas
novas, sendo que a este último fator, ele endereça sua análise sobre o papel do empresário
(grifo nosso).
Como agente responsável pela introdução dessas inovações ou novas combinações: os
empresários são concebidos como aqueles que levam a cabo combinações dos fatores
disponíveis, através do processo de destruição criativa. Entende-se que a inserção de
inovações pelo empresário, segundo a ótica schumpeteriana, está relacionada à
competitividade com o objetivo de conquistar vantagens comparativas (SCHUMPETER,
1982).
A concorrência na economia capitalista é vista como um processo evolutivo e,
portanto, dinâmico, orientado por forças endógenas ao sistema econômico, como as inovações
que surgem da necessidade e busca das empresas por novas oportunidades em sua interação
competitiva. Uma concorrência que comanda uma vantagem decisiva de custo ou qualidade e
“que atinge não a fímbria dos lucros e das produções das firmas existentes, mas suas
fundações e suas próprias vidas” (SCHUMPETER, 1984, p.114). A visão schumpeteriana
entende a inovação como elemento fundamental do processo de desequilíbrio da competição o
que orienta a economia e as firmas para níveis mais altos de resultados (ROSENBERG,
1994).
A prática capitalista promove resultados diferenciados como o desaparecimento da
concepção tradicional no modus operandi da concorrência. Schumpeter (1984) considera não
mais a predominância da concorrência de preços definida dentro de um padrão rígido de
condições que invariam como métodos de produção e de formas de organização. A
concorrência schumpeteriana concentra-se na valorização dos ativos de capital (POSSAS,
2002). Ela traz consigo uma visão dinâmica e evolucionária do sistema capitalista, ao mesmo
tempo em que a economia se desenvolve ao longo do tempo e através de um processo
contínuo de difusão e introdução de inovações como: mudanças de produtos, formas
organizacionais e inserção em novos mercados, que afetam diretamente a dinâmica do espaço
econômico.
A visão de concorrência schumpeteriana está embasada na busca incessante pela
diferenciação por meio de estratégias deliberadas com vistas a conquistar vantagens
competitivas que gerem lucros de monopólio e no processo de criação de espaços e
oportunidades econômicas, via interação de forças endógenas ao processo de concorrência
(POSSAS, 2002). Além disso, na visão schumpeteriana, a concorrência considera alguns
elementos essenciais definindo resultados competitivos como a existência de uma diversidade
de fatores microeconômicos do ambiente, a diferenciação dos agentes e múltiplos
instrumentos e os ambientes de concorrência influindo no processo.
A unidade de análise na concorrência schumpeteriana é a empresa, tida como a que
toma decisões e incorpora para si os ganhos e o mercado é considerado como o espaço de
interação competitiva que define a orientação estratégica da empresa e que apresenta as
condições ambientais que podem condicionar ou não a estrutura industrial.
Neste sentido, pode-se verificar que as contribuições gerais de Schumpeter no que
dizem respeito à inovação e a concorrência servem de pressupostos importantes para o
delineamento das abordagens que se seguiram pelos evolucionários a partir de uma nova
perspectiva de entendimento da economia moderna que é analisada na próxima seção.
2.1.2. Abordagem evolucionária
2.1.2.1 Pressupostos da abordagem evolucionária e os aspectos da inovação e da
competitividade
A inspiração dos economistas evolucionários tem suas origens na biologia. A partir de
alguns princípios da obra de Darwin, desenvolveram um conjunto de conceitos e esquemas
teóricos para lidar com problemas associados às mudanças qualitativas em contraponto às
teorias convencionais. Para Cerqueira (2000), na economia evolucionária os fenômenos
econômicos são encarados como uma organização de seres vivos inter-relacionados.
Nelson e Winter (2005) reconhecem que o termo evolucionário faz analogia a termos
essenciais da biologia como o de seleção natural econômica, em que os ambientes de mercado
definem as firmas que terão sucesso ou não, e conseqüentemente as que estarão aptas a
sobreviver e crescer. Essa concepção de evolução por seleção, os evolucionários denominam
de processo de “genética organizacional” ou de adaptação pela qual ocorre a transmissão das
características organizacionais originadas pelas respostas às variações do ambiente ao longo
do tempo
7
.
7
O foco das análises evolucionárias concentra-se em processos progressivos de mudança a longo prazo (NELSON;
WINTER, 2005).
Na abordagem evolucionária, as firmas são entidades comportamentais que estão
alertas à diversidade de estímulos do ambiente, gerando diferentes respostas, escolhendo desta
maneira, as melhores e excluindo as que não se mostram adequadas à função competitiva
(NELSON; WINTER, 2005). Schumpeter denominou de novas combinações do processo de
desenvolvimento da concorrência; na visão evolucionária, “as novas combinações significam
a eliminação competitiva do velho” (NELSON; WINTER, 2005, p. 402).
A inovação é reconhecida não como um produto da tomada de decisões que possa ser
descrita e analisada de forma racional. Para Schumpeter (1984), a natureza do processo de
inovação compreende a drástica ruptura das rotinas existentes e é algo que não pode ser
reduzido a cálculos. A inovação envolve a criação de conhecimento e não deveria ser
antecipada por teóricos de uma maneira puramente formal. Na visão de Schumpeter, para o
comportamento racional é mais importante um mundo de rotinas e repetição de eventos
similares; ao contrário, a inovação pode promover, criar e modelar novos gostos e tecnologias
de formas inesperadas (ROSENBERG, 1994).
Os evolucionários realizam uma abordagem mais ampla ao desvendar as
“características guardadas” dentro daquilo que eles denominaram de a “caixa preta
8
”,
capacidades organizacionais das firmas (ROSENBERG, 2005), onde os insumos e produtos
fluiriam sem nenhuma explicação dos fatores subjacentes ao processo de mudança
econômica.
A corrente evolucionária privilegia as capacidades ou competências organizacionais
das firmas. Para Nelson e Winter (2005), a representação das capacidades organizacionais
está intimamente atrelada ao estado de conhecimento que a firma possui, isto é, o conjunto
produtivo composto de atividades que a firma sabe operar. Em outras palavras, sua
capacidade de realizar algo ou de maneira melhor, um conhecimento tecnológico que pode ser
articulável. Britto (1999) afirma que as organizações são repositórias de conhecimentos e
competências específicas.
Esse conhecimento compreende um sistema de relações coordenadas entre essas
mesmas tarefas com vistas a um melhor desempenho produtivo. Esse estado de conhecimento
estaria sujeito a descontinuidades e mudanças proveniente de escolhas deliberadas e que pode
se expandir à medida que outros aprendem de forma eficiente com base no que outros
fizeram, um processo acumulativo.
8
Segundo Freeman (1994), no que tange as teorias neoclássicas de crescimento econômico, o estudo das inovações ficaram a
cargo de engenheiros e historiadores e não de economistas, relegando a análise da influência do papel inovativo a meros
modelos matemáticos como simples função agregada ao processo produtivo não considerando também as inovações
organizacionais.
As competências ou capacidades organizacionais são definidas como: a aplicabilidade
e efetividade de procedimentos para resolução de problemas, habilidade no emprego e
aplicação de conhecimento externo, domínio de tecnologias e da produção e compreensão das
demandas e necessidades dos usuários (DOSI; MALERBA, 1996). Na visão evolucionária, as
firmas são organizações dotadas de competências específicas definidas por rotinas
organizacionais, que evoluem ao longo do tempo como resultado de processos de aprendizado
coletivo e em decorrência de mudanças adaptativas frente às condições ambientais (BRITO,
1999).
O programa teórico evolucionário reconhece que as firmas são orientadas para o lucro,
buscando um caminho diferente para aperfeiçoá-lo, tendo como fatores norteadores: as
capacidades ou competências e as regras de decisão que as firmas adquirem e que se
transformam ao longo do tempo, por meio da deliberação ou através da busca por soluções a
problemas existentes, ou que surgem no decorrer de sua evolução (NELSON; WINTER,
2005).
As regras de decisão implementadas pelas firmas, segundo os evolucionários são
caracterizadas como rotinas constituídas de padrões comportamentais que são previsíveis e
regulares compreendendo desde rotinas técnicas bem definidas dentro do escopo da
organização a estratégias empresariais adotadas no modo de atuação no mercado. “Essas
rotinas assumem a função que os genes apresentam na teoria evolucionária biológica”; em
outras palavras, isto quer dizer que as rotinas geradas hoje trazem consigo muitas das
consideradas (selecionadas) melhores anteriormente e que, ao longo do tempo, vão se
aprimorando num processo acumulativo (NELSON; WINTER, 2005, p.33).
Os evolucionários procuram compreender como os ativos de capital se transformam no
decorrer do tempo (FREEMAN, 1994). Procuram entender a interdependência das novas
habilidades e tecnologias no processo de definição das mudanças técnicas e institucionais que
favoreçam o processo inovativo como um todo.
Apesar dos estudos dos evolucionários terem se concentrado basicamente nas
organizações grandes e complexas, a temática da inovação tem se estendido para outros
campos de estudo, dado o caráter incerto do processo inovativo e dos seus impactos
econômicos. Acrescenta-se ainda, as implicações da inovação na estrutura das organizações e
instituições sejam elas macro ou pequenas e nos sistemas de relações existentes em redes de
firmas e na sua interação com o ambiente.
Portanto, a inovação assume papel central nas discussões evolucionárias sobre a
dinâmica capitalista e a reconhece como fator chave no estabelecimento das forças
competitivas colaborando e estimulando a definição de decisões empresariais que levam
melhores estruturas a sobreviver no mercado. Sendo assim, a abordagem evolucionária centra-
se na análise dos efeitos das mudanças em condições de mercado e promovidas por inovações
endógenas (NELSON; WINTER, 2005).
No enfoque evolucionário, a inovação é fator determinante do processo dinâmico da
economia e fundamental na definição de parâmetros e manutenção dos níveis de
competitividade econômica. A abordagem evolucionária da competição compreende que na
realidade capitalista o tipo de competição baseada em preço não é o que sustenta o sistema
9
,
mas a competição de uma nova commodity, a tecnologia.
A perspectiva evolucionária se concentra na análise dinâmica da mudança econômica
na organização e no nível industrial especialmente em áreas e setores onde a perfomance
inovativa é elemento essencial na corrida competitiva. A análise é da dinâmica da
concorrência baseada na inovação (DOSI, 2005; NELSON; WINTER, 2005).
A transformação tecnológica pode ao mesmo tempo impulsionar a uma mudança
estrutural, bem como também criar novas indústrias e afetar diretamente as regras da
concorrência (PORTER, 1989). Entretanto, a inovação tecnológica como vantagem
competitiva para as empresas de alta tecnologia não garante a rentabilidade. O autor considera
a competitividade pela exploração das atividades de inovação tecnológica e relaciona
tecnologia a vantagem competitiva.
Isso reforça o caráter dinâmico da visão dos economistas evolucionários, que têm suas
origens em pesquisas empíricas sobre o papel das inovações tecnológicas e transformações
institucionais em diferentes lugares do mundo que demonstram a clara inadequação dos
referenciais convencionais à realidade de mercado.
Na seção a seguir, são apresentados os determinantes do processo inovador bem como
os tipos de inovação sob a perspectiva do programa teórico dos evolucionários.
9
Este argumento refaz o caminho trilhado pelas firmas norte-americanas que empregavam métodos de produção em massa,
onde a partir da crise da década de 1970, o modo de produção flexível começou a se tornar uma forma de atuação mais
eficiente. A economia americana refletiu em boa parte a perspectiva macroeconômica de que as firmas estariam modelando o
ambiente sem se considerar as características que de fato as diferiam, as forças endógenas (NELSON; WINTER, 2005).
2.1.2.2 Determinantes do processo inovador e os tipos de inovações
Para atingir o objetivo (c) verificar a presença do processo inovativo e identificar
novos produtos, processos e inovações organizacionais da rede de empresas de software de
Londrina apresentam-se nesta seção, alguns elementos que contribuem para a ocorrência do
processo inovador bem como dos tipos de inovação existentes.
A era do conhecimento evidencia o papel da inovação como recurso imprescindível e
força dinâmica na definição de parâmetros de mudanças tecnológicas e organizacionais na
corrida competitiva (CAMPOS, 2003; CASTELLS, 1999; LEMOS, 2001).
Na concepção schumpeteriana, a invenção é vista como uma idéia para ser incorporada
a um produto, processo ou um sistema aperfeiçoado, o que não necessariamente leva a
inovações técnicas. Uma inovação, no sentido econômico, apenas se caracteriza com a
primeira transação comercial (FREEMAN, 1982, p.22). As inovações realizadas por firmas ou
indivíduos são novas criações com significado econômico (EDQUIST, 2001).
As inovações abrangem produtos físicos e serviços e processos tecnológicos ou
organizacionais; apenas produtos e processos tecnológicos são considerados inovações
materiais, e os serviços e processos organizacionais são tidos como bens intangíveis
(EDQUIST, 2001). As inovações são apresentadas na figura 1.
Figura 1 Taxonomia das Inovações
Fonte: Edquist (2001)
As inovações tecnológicas (produtos e processos) emergem de processos complexos
cuja emergência, difusão e translação de conhecimentos científicos e tecnológicos se voltam
para a criação de novos produtos e processos produtivos (EDQUIST, 1997). A inovação
tecnológica de produto e processo significa a utilização do conhecimento sobre novas formas
de produzir e comercializar bens e serviços e a inovação organizacional está relacionada à
introdução de novos meios de organizar a produção, distribuição e comercialização de bens e
serviços (CASSIOLATO; LASTRES, 2004).
duas teorias que discutem os fatores que impulsionam a inovação. A teoria da
indução pela demanda (demand pull) onde são as forças de mercado que determinam a
mudança técnica e a teoria do impulso pela tecnologia (technology push) (DOSI, 2005).
Na teoria da indução pela demanda, o processo inovativo é conduzido pela demanda
de mercado onde as inovações são „induzidas‟ ou „desencadeadas‟ em respostas as
necessidades dos consumidores, definindo uma relação sistemática entre preços e quantidades
(ROSENBERG; MOWERY, 2005).
Algumas necessidades dos consumidores são satisfeitas por determinados bens de
consumo e bens intermediários existentes no mercado, mas cada nova necessidade surgirá a
partir de uma satisfeita (DOSI, 2005). É por intermédio dos consumidores que se obtém o
padrão de demanda, ou seja, preferências por determinados tipos de bens que atendam a
função de utilidade, dentro da possibilidade orçamentária que esses mesmos consumidores
possuem. Neste momento, é possível ver a atuação dos produtores ao acompanhar o
movimento da demanda e dos preços e definir as “dimensões da utilidade” com base na
melhor e maior necessidade dos consumidores; e é a partir deste ponto que se inicia o
processo de inovação. O autor reforça que as firmas bem sucedidas são aquelas que irão trazer
ao mercado novos bens ou bens aperfeiçoados, permitindo que o próprio „mercado‟ monitore
a aptidão das firmas em satisfazer às necessidades dos consumidores.
Rosenberg e Mowery (2005) e Dosi (2005) criticam os modelos de indução pela
demanda ao reconhecer as fragilidades de se sustentar a priori em que direção o mercado está
induzindo as inovações, com base no fluxo de preços e quantidades, e o movimento do avanço
técnico com base em um conjunto de escolhas dadas e de resultados previsíveis. Isto significa
que:
„indução pela demanda‟ parece ser um conceito passivo e mecânico de „reatividade‟
às mudanças tecnológicas sob as condições de mercado; não como definir por
que e quando de certos desenvolvimentos tecnológicos em vez de outros bem como
o tempo em que ocorrem; desconsideram as mudanças ao longo do tempo, a
capacidade de invenção que surge a partir das interações com um mercado mutante”
(DOSI, 2005, p.35).
Nesta linha de raciocínio, pode-se considerar a inovação incremental, cujo processo
contínuo de inovações acontece em qualquer atividade industrial ou de serviços e é
dependente de pressões de demanda, influências sócio-culturais, oportunidades e trajetórias
tecnológicas. Costumam ser iniciadas por invenções e sugestões de engenheiros (learning by
doing) e outros diretamente comprometidos com o processo produtivo e pelas iniciativas e
propostas de usuários (learning by using) (FREEMAN; PEREZ, 1988).
As inovações incrementais compreendem: o melhoramento de um processo produtivo
por meio da organização, da modificação nos inputs usados e modificações na escala;
diferenciação de produto no nível horizontal (mudança nas características do produto para
conquista de um novo segmento de mercado); e no nível vertical (melhoramento da qualidade
por meio da mudança física das propriedades do produto ou incremento da sua confiabilidade,
desempenho ou integração) (MALERBA, 1992). Os impactos econômicos das inovações
incrementais levam à expansão da demanda existente e ao aumento do valor agregado
(FREEMAN: PEREZ, 1988). Elas contribuem para a utilização mais eficiente de fatores de
produção, mas geralmente não refletem esforços deliberados de P&D.
A inovação incremental pode significar a introdução de qualquer tipo de mudança ou
melhoria realizada em um produto, processo ou tipo de organização da produção dentro de
uma empresa (LEMOS, 2001). Para a autora, muitas das inovações incrementais são
imperceptíveis para o consumidor, mas podem promover um aumento da eficiência técnica e
da produtividade, redução de custos, aumento de qualidade e mudanças que possibilitem a
ampliação das aplicações de um produto ou processo.
Contrária à visão da indução pela demanda, a teoria do impulso pela tecnologia
(technology push) reconhece a incerteza inerente à inovação associada à mudança e
complexidade ambiental, o que significa dizer que um movimento dinâmico de
realimentação entre o ambiente econômico e as mudanças tecnológicas (DOSI, 2005).
Os fatores condicionantes do impulso pela tecnologia que influem no processo de
inovação são: i) o crescente aprimoramento dos insumos científicos (equipamentos, máquinas,
capital, matéria-prima, mão-de-obra) no processo de inovação; ii) complexas atividades de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) vistas como atividades de longo prazo; iii) intermediação
das atividades de patenteamento; iv) surgimento de inovações e aperfeiçoamentos através do
aprendizado tecnológico; v) formalização institucional das atividades inovativas; vi) a
complexidade intrínseca ao processo de mudança técnica que é inerente ao estado-da-arte das
tecnologias em uso e a co-relação direta com os avanços tecnológicos; e vii) a possibilidade
de se conhecer trajetórias de mudanças tecnológicas e econômicas com base em algumas
regularidades presentes na evolução das tecnologias (DOSI, 2005).
Nesta situação, encontram-se as inovações radicais (FREEMAN; PEREZ, 1988). As
inovações radicais compreendem empreendimentos que surgem da pesquisa deliberada e
atividades de desenvolvimento que partem de universidades e laboratórios governamentais,
sendo caracterizados por movimentos descontínuos. Compreendem novas linhas de produção
e modificações na estrutura industrial e pela criação de novos tipos de demanda. Esse tipo de
inovação compreende um processo que conta com mecanismos complexos de feedback e de
relações interativas entre ciência, tecnologia, aprendizado, produção, política e demanda
(learning by interacting) (EDQUIST, 1997).
As inovações tecnológicas ou organizacionais podem também corresponder à
combinação de elementos existentes (EDQUIST, 1997). As mudanças de sistemas
tecnológicos provocam impactos de longo alcance e abarcam desde inovações incrementais e
radicais a inovações organizacionais e gerenciais, atingindo mais do que uma firma e até
mesmo influindo nas várias esferas da economia, dando impulso à geração de novos setores
(FREEMAN; PEREZ, 1988).
A inovação é um processo não linear que pode envolver, inclusive simultaneamente,
conhecimentos resultantes da contratação de recursos humanos, da realização de atividades de
treinamento e de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e demais atividades e experiências
acumuladas pela empresa, a partir de sua própria atuação, e da interação com outros agentes e
com o ambiente que a cerca (LASTRES; CASSIOLATO, 2004).
O processo inovativo não acontece isoladamente, ou seja, na busca por inovações as
firmas procuram estabelecer relações e interagir com outras organizações, pois podem utilizar
informações e conhecimentos que se localizam também fora de seu ambiente. O processo de
inovação é, portanto, um processo interativo realizado com a contribuição de variados agentes
sócio-econômicos que possuem diferentes tipos de informações e conhecimentos e que
possibilitam novos ganhos (LEMOS, 2001).
Isto significa que, dada a incerteza associada aos resultados tecnológicos e econômicos
inerente às atividades inovativas, a abordagem evolucionária proposta por Nelson e Winter
(2002) introduz noções básicas de busca (search) de inovações, precedidas pelas empresas a
partir de estratégias deliberadas e de seleção (selection) realizada pelo mercado, ambiente de
seleção e secundariamente por outras instituições, daquelas inovações que propiciam
melhores resultados econômicos.
um paralelo nesse processo de avanço técnico entre os elementos da incerteza na
evolução tecnológica e a seleção sistemática que muitos ambientes de mercado produzem.
Essa concepção de seleção de mercado sistematizada alia-se à perspectiva de ciclo de vida das
tecnologias. De fato, à medida que uma tecnologia surge, a mesma está sujeita a uma sucessão
de variáveis. Neste cenário, os evolucionários caracterizam o avanço técnico como um
processo evolucionário, onde novas alternativas tecnológicas competem entre si em uma
dinâmica seletiva e com práticas predominantes definindo perdedores e ganhadores
(NELSON, 1994).
A existência de aparatos institucionais para determinadas tecnologias permite
diferentes possibilidades de desenvolvimento. Há um processo de busca incerto, com diversas
organizações, firmas e indivíduos „apostando‟ em diferentes soluções tecnológicas.
Naturalmente, esses „atores‟ assumem riscos porque existem mercados que oferecem grandes
recompensas (isto é, lucros) como resultado do sucesso comercial. O mercado funciona como
um sistema de recompensas e penalidades, verificando e selecionando entre diversas
alternativas (DOSI, 2005, p.51).
A trajetória resultante da própria evolução temporal da indústria, que vai se
transformando endogenamente por meio das inovações e de sua seleção pelo mercado, a
configuração ou a estrutura da indústria em termos de produtos, tecnologias, participações e
concentração de mercado é o principal objeto de análise dos evolucionários (NELSON;
WINTER, 2002). Na seleção de mercado, análoga à seleção ambiental das mutações a que se
referem os autores, o reconhecimento da influência do ambiente econômico e social no
desenvolvimento tecnológico.
Nos limites de uma dada trajetória tecnológica, os atores estão alertas à sinalização do
ambiente econômico ao buscar respostas alternativas, pressionando outros campos do avanço
técnico; porém, não garante uma mudança de uma dada trajetória existente, mas pode
promover condições e possibilidades distintas no mercado (DOSI, 2005).
As teorias evolucionárias apresentam um quadro de análise qualitativa, ao delinear
uma melhor compreensão dos fenômenos econômicos, como a emergência das novas
tecnologias, novas formas de organização e novas instituições ao que eles denominaram de
co-evolução da tecnologia e estrutura industrial (NELSON, 1994; NELSON; WINTER,
2005).
A economia industrial tem empenhado esforços para definir um quadro analítico
adequado para entendimento das questões relativas aos retornos econômicos advindos das
atividades inovativas (DOSI, 2005). Isto reforça que além de buscar o entendimento do
comportamento das firmas, capacidades e limites para adaptação em ambientes de mudanças,
a abordagem evolucionária destina maior atenção às implicações do avanço tecnológico e
seus impactos sobre o crescimento econômico e a competitividade das empresas (NELSON,
1994). Entretanto, essas relações complexas não são lineares e segundo Edquist (1997, p.19)
não é possível se conhecer o suficiente sobre essas relações, logo “é importante estar apto a
capturar essas interdependências no trabalho empírico que inclui o desenvolvimento de
conceitos e indicadores que relacionam cada elemento”.
Em resumo, esta seção apresentou as principais contribuições teóricas quanto aos tipos
de inovação e os fatores que determinam o processo inovador: quanto ao tipo, para Edquist
(2001), as inovações técnicas podem ser produtos e processos tecnológicos e os serviços e
processos organizacionais são considerados inovações, mas tidos como bens intangíveis.
Quanto aos fatores determinantes da inovação: Rosenberg e Mowery
·
(2005, p.290)
consideram o impulso pela demanda em que as inovações são induzidas pelos padrões da
demanda; ou seja, forças de mercado e categorias de necessidades dos consumidores, gerando
novos bens ou aperfeiçoados, como as inovações incrementais. Para Malerba (1992) a
inovação incremental é tida como um processo contínuo de inovações em qualquer atividade
industrial ou de serviços. Para Lemos (2001), compreende a introdução de melhorias em um
produto, processo ou organização da produção, sem alterar a estrutura industrial, gerando
maior eficiência, produtividade e qualidade, redução de custos e ampliação das aplicações de
um produto ou processo.
Outro fator considerado como determinante da inovação descrita nessa seção foi
quanto ao impulso pela tecnologia, que reconhece a incerteza aliada à inovação em que há um
processo de realimentação entre ambiente e as mudanças tecnológicas (DOSI, 2005). Neste
caso, situam-se conforme Freeman e Perez (1988), as inovações radicais, que contam com
aprimoramento dos insumos como equipamentos, máquinas, capital, matéria-prima, mão-de-
obra; atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D); patenteamento e inovações a partir do
aprendizado tecnológico. Para estes mesmos autores, podem incluir o desenvolvimento de um
novo produto, processo ou forma de organização da produção. As inovações radicais
geralmente envolvem esforços deliberados de P&D, compreendem novas linhas de produção,
provocam modificações na estrutura industrial, criação de novos tipos de demanda e podem
gerar novas empresas, setores, bens e serviços, reduzir custos e aperfeiçoar produtos
existentes.
Após a apresentação dos determinantes do processo inovador e os tipos de inovação,
na seção a seguir, será apresentado o processo de aprendizado coletivo como alicerce para
análise da cooperação tecnológica na rede de empresas de software de Londrina.
2.1.2.3 Cooperação tecnológica e o aprendizado coletivo
Para atingir o objetivo (d) e identificar o processo de aprendizado coletivo da rede de
empresas de software de Londrina para incremento da atividade produtiva e inovativa; o
objetivo (e), identificar as ações de cooperação voltadas para o incremento da atividade
produtiva e inovativa da rede de empresas de software de Londrina; e (f) identificar os
impactos da cooperação tecnológica na competitividade da rede de empresas de software de
Londrina desenvolve-se o presente item. O item discutirá as principais contribuições teóricas
para a análise do aprendizado, das ações cooperativas e da densidade da rede produtiva e
inovativa em Londrina. O item articula contribuições de linhas de pensamento, sendo
orientada para a compreensão dos elementos fundamentais do processo de aprendizado, que
influem no processo de produção e inovação e nos níveis de competitividade das empresas.
O conhecimento tem sido considerado critério fundamental para a performance
econômica nos últimos anos. Neste cenário, o interesse pelo fenômeno do aprendizado tem
crescido, à medida que é considerado uma fonte geradora e difusora de conhecimentos.
Do ponto de vista dinâmico, o incremento da competitividade no âmbito das redes de
empresas envolve o aprimoramento do potencial inovativo de seus membros. A cooperação
tecnológica se concretiza por meio de processos de aprendizado coletivo, pois é por meio
deste que a geração e circulação de conhecimentos, ampliando-se o potencial inovativo da
rede (BRITTO, 2002).
O conceito de aprendizado se refere a um processo acumulativo em que organizações
adquirem e ampliam o estoque de conhecimentos e buscam o aprimoramento de suas
habilidades a fim de desenvolver, produzir e comercializar bens e serviços (REDESIST,
2005). Torres, Almeida e Tatsch (2004) afirmam que a forma pela qual cada agente
econômico adquire conhecimento é baseada na cooperação que acontece sob distintas formas
de interação.
Malerba (1992) destaca quatro características para analisar o fenômeno do
aprendizado tecnológico: i) é um “processo orientado” realizado no interior da firma que
envolve um custo específico e direciona a capacitação dos agentes; ii) é constituído por
intermédio de fontes internas e externas às firmas; iii) é considerado um processo cumulativo
de conhecimentos e intertemporal, o que significa que a firma constantemente amplia suas
capacitações distintamente de outros agentes; e iv) é produzido não somente via inovações
incrementais por meio da eficiência produtiva de processos, mas também possibilita a
identificação de oportunidades produtivas e tecnológicas como as inovações radicais e a
expansão para novos mercados.
O aprendizado é um processo de constituição de novas competências e obtenção de
vantagens competitivas, o qual, pela repetição, experimentação e busca de novas fontes de
informação capacita tecnologicamente as firmas e incrementa as atividades produtivas e
inovativas (CAMPOS et al., 2002, grifo nosso). Para Torres, Almeida e Tatsch (2004) e Britto
(1999) existem os processos de aprendizado em que há:
o o acúmulo de conhecimentos, experiências e práticas acumuladas que circunscreve
diretamente as atividades de produção (learning by doing);
o a exploração do uso de determinado produto ou serviço, sendo este e o primeiro,
processos que ocorrem no interior das firmas e relacionados à eficiência produtiva
(learning by using); e
o a interação com outros agentes como fornecedores, clientes, governo entre outros
acontece externamente à firma, o chamado learning by interacting, que possibilita
novas possibilidades tecnológicas e eleva o potencial inovativo.
O learning by doing e learning by using concentram suas análises nos processos
internos de aprendizado das firmas, e a abordagem learning by interacting transfere o foco
para os processos entre firmas e entre estas e outras organizações (VILLASCHI FILHO;
CAMPOS, 2002). Para que as organizações possam resolver problemas, inovar e responder
aos estímulos do ambiente, elas precisam de informações que venham de fora para dentro
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Desta maneira, estão mais habilitadas a criar novos
conhecimentos de dentro para fora e nesse processo recriar seu meio. Segundo a visão
evolucionária, no processo de aprendizado, o feedback para indivíduos e organizações pode
servir como um poderoso meio ao enfrentar desafios mais complexos.
No caso do aprendizado por interação, este se vincula a três aspectos importantes: i) o
contato sistemático e o intercâmbio de informações permite conhecer as necessidades dos
clientes; ii) o conhecimento das competências dos fornecedores e conseqüente combinação de
tecnologias possibilita melhor atender às necessidades dos clientes; e iii) os feedbacks dos
clientes/usuários pelo uso de produtos e serviços favorecem a identificação de lacunas e
resolução de problemas. Isto se em uma rede de interação envolvendo a agregação de
aprendizado de cada agente individual, um pool de conhecimentos (gerenciais, comerciais,
mercadológicos, tecnológicos, entre outros), possibilitando uma aglutinação de competências
(BRITTO, 2001). Essas possibilidades de conhecimento não aumentam a eficiência
produtiva (inovações incrementais), mas colaboram para a ampliação da variedade de novos
produtos, processos e serviços (inovações radicais) e até a geração de novos setores e
demandas.
dois tipos de aprendizado ao nível da rede de firmas e seus impactos na
competitividade dos agentes (BRITTO, 2001). No aprendizado do tipo informal há, o
intercâmbio sistemático de informações e conhecimentos e a transferência de tecnologias
entre os integrantes da rede possibilita diminuir as lacunas do processo inovativo. O grau de
interação entre os agentes ultrapassa as relações bilaterais, pois possibilita a socialização do
processo de aprendizado em diferentes níveis hierárquicos (learning by doing e learning by
using), impactando diretamente o nível de capacitação dos agentes .
No aprendizado do tipo formal observa-se a criação intencional de conhecimento
tecnológico compreendendo esforços deliberados de P&D em que os agentes se unem para
criar novas tecnologias. São constituídos de projetos particulares com responsabilidades
definidas de cada agente, contemplam uma certa divisão do trabalho quanto a atividades de
P&D possibilitando a divisão de resultados elevando o potencial inovativo do arranjo.
Quanto aos impactos relativos aos mecanismos informais e formais de aprendizado,
os processos informais de aprendizado promovem um equilíbrio nos padrões cnicos
produtivos dos agentes ligados à rede, principalmente quanto à capacitação dos recursos
humanos; possibilitam a troca de informações relativas a processos operacionais e produtivos
devido ao intercâmbio de modernas técnicas organizacionais e colaboram com a definição de
padrões de controle de qualidade e normas técnicas (BRITTO, 2001, grifo nosso).
No caso dos processos formais de aprendizado, os impactos destacados são: redução
dos riscos relativos à atividade inovativa; interação sistemática que possibilita a melhor
identificação de áreas tecnológicas mais promissoras e, conseqüentemente; elevação dos
níveis de produtividade das atividades de P&D e ampliação da especialização do arranjo
(BRITTO, 2001, grifo nosso). O aprendizado, como um processo, permite por meio da
repetição e experimentação, o desempenho mais ágil das tarefas em que as firmas conseguem
se desenvolver melhor e mais rápido (TEECE, 2005; TEECE; PISANO, 1994). Desta forma,
possibilita o surgimento de novas oportunidades de produção.
No aprendizado, as habilidades organizacionais e individuais são criadas a partir de
um processo coletivo e social e envolvem a existência de códigos de comunicação
compartilhados e de busca coordenados (TEECE, 2005). O conhecimento organizacional
gerado a partir de uma atividade pode ter origem em rotinas ou de uma nova lógica da
organização para resolução de problemas mais complexos.
A cooperação e as parcerias servem de caminho para a criação de conhecimento
organizacional, possibilitando visualizar desvios, ajustando processos e necessidades. O
aprendizado tem a tendência de ser local, pois está ligado ao que está presente na vizinhança
tendo desta maneira, oportunidades específicas de aprendizado quanto às transações e
produção (TEECE, 1988).
Para Torres, Almeida e Tatsch (2004), na discussão evolucionária, os processos de
aprendizado perpassam as ações de cooperação e interação, resultando na constituição de um
espaço econômico próprio. A complexidade das relações e o grau de cooperação entre os
agentes, bem como os vínculos com outras organizações e empresas assumem um caráter
local e papel relevante na análise do fenômeno do aprendizado. Esses espaços com um
aparato institucional particular condicionam a forma como se a geração de conhecimentos
tácitos e codificados. São processos de aprendizagem através de intensas interações
mediatizadas por instituições.
O aprendizado tem caráter dinâmico sendo considerado um processo permeado por
avaliações, feedbacks e julgamentos com parâmetros bem estabelecidos, configurando uma
estrutura cognitiva significativa (TEECE; PISANO, 1994). Essa dinâmica habilita as firmas a
reconhecer as relações de causa e efeito nos relacionamentos e assim, determinar caminhos e
alternativas mais adequadas a serem percorridas.
Os estudos das características do processo de aprendizado contemplam ainda a
natureza tácita e codificada do conhecimento. Para Polanyi (1966), o conhecimento tácito está
atrelado a expertise quanto à realização de determinada atividade e a codificação desse
conhecimento se torna complexa quando o interlocutor não é conhecido.
O conhecimento tácito é de alto valor para a organização; dinâmico e interdependente,
ele reside na cabeça das pessoas, portanto dificilmente poderá ser formulado e comunicado
(NONAKA; TOYAMA; KONNO, 2002 apud BALESTRIN; FAYARD, 2003). Pode ser
compreendido somente por pessoas que vivenciam as mesmas experiências de vida; em outras
palavras, é facilitado num ambiente em que indivíduos possuem um grau de ligações sociais e
culturais bastante representativos. Desta forma, as aglomerações ou a rede de empresas
compreendem locais propícios à geração do conhecimento tácito (HANSEN, 2003).
As redes de firmas assumem um papel importante, pois facilitam a codificação de
conhecimentos relativos a quadro cognitivos e campos técnico-científicos distintos. Em
muitos casos, os fluxos informacionais estão atrelados a relacionamentos interpessoais entre
indivíduos e grupos, possibilitando transmitir com maior efetividade conhecimentos tácitos
que são codificados no âmbito da rede (BRITTO, 2001). No caso da transferência de
conhecimento tácito, o contexto social é determinante para que isto aconteça, permitindo o
contato face-a-face e o compartilhamento de códigos comuns de comunicação e de
convenções e normas (CAMPOS et al., 2002).
Paralelo ao conhecimento tácito, o conhecimento codificado (ou explícito), o
conhecimento transmissível em linguagem formal e sistemática que pode ser
expresso por meio de palavras e números e, portanto, comunicado e compartilhado
na forma de dados, fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios
universais (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.65).
A diferença entre o conhecimento tácito e codificado é que o segundo não demanda
que os agentes envolvidos façam parte de um quadro social comum, o que facilita sua
disseminação. O conhecimento tácito é pessoal e específico ao local, o que dificulta sua
disseminação e comunicação para fora de seu contexto (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Quanto mais tácito for o conhecimento para desencadear o processo inovativo, maior será a
necessidade de criação de canais de comunicação que favorecem o intercâmbio sistemático de
informações e conhecimentos entre os membros da rede (BRITTO, 2001).
Ambas as formas de conhecimento (tácito e codificado) são importantes para o
desenvolvimento local (HANSEN, 2003). Uma vez que o conhecimento codificado (obtido
através de pesquisas cientificas, por exemplo) é adicionado ao conhecimento tácito (obtido
localmente através da experiência, observação ou conversas informais), as possibilidades de
que as informações compartilhadas localmente sejam reutilizadas de forma diferenciada
ampliam-se. Entretanto, para que o conhecimento tácito seja comunicado e compartilhado
numa empresa ou região, é necessária a conversão deste em palavras ou números de forma
que as pessoas possam compreender.
É precisamente durante esse tempo de conversão passagem do conhecimento
codificado para tácito e sua re-codificação que, de acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), o
conhecimento organizacional é criado. “[...] A codificação é, portanto, uma condição para a
produção e acumulação de conhecimento, como também para a geração de novas
oportunidades cognitivas” (HANSEN, 2003, p.19).
Para Lastres e Cassiolato (2004), são considerados conhecimentos tácitos: i) saberes
sobre o processo produtivo que não estão disponíveis em manuais; ii) saberes gerais e
comportamentais; iii) capacidade para resolução de problemas não codificados; e iv)
capacidade para estabelecer vínculos entre situações e interagir com outros recursos humanos.
O aprendizado interativo é a principal forma de transmissão de conhecimento tácito.
Nas redes de empresas, em aglomerações de empresas e em arranjos e sistemas
produtivos e inovativos, geralmente verificam-se processos de geração, compartilhamento e
socialização de conhecimentos, por parte de empresas, organizações e indivíduos,
particularmente de conhecimentos tácitos, ou seja, aqueles que não estão codificados, mas que
estão implícitos e incorporados em indivíduos, organizações e até regiões. Para a Redesist
(2005), o conhecimento codificado compreende um conjunto de conhecimentos que podem
ser transmitidos através da comunicação formal entre os atores, mas cuja decodificação requer
conhecimentos tácitos prévios.
A caracterização e a avaliação dos fluxos de conhecimento e dos processos de
cooperação tornam possível um aprofundamento do aprendizado interativo (learning by
interacting) e no fortalecimento da capacitação produtiva e inovativa (BRITTO, 2004). Os
processos interativos de aprendizado voltados à inovação se concretizam em diferentes graus
e partem de diferentes fontes de conhecimento (fontes internas e externas). De um lado, os
agentes econômicos e sociais participam mais com o conhecimento tácito enquanto que outros
contribuem com o conhecimento codificado. Aprender para inovar engloba práticas
interativas com diversas dimensões e diferentes tipos de instituições e agentes, envolvendo
conhecimentos de natureza distintas e cujo objeto (a própria inovação) também é um
condicionante dessas práticas (VILLASCHI FILHO; CAMPOS, 2002).
Em suma, os estudos empíricos evolucionários voltados ao sucesso ou insucesso da
inovação evidenciaram o papel acumulativo da atividade inovativa ao demonstrar a relevância
das inovações incrementais e radicais ao serem realizadas a partir de processos de
aprendizado que se desenvolveram a partir de inputs provenientes de várias fontes internas e
externas à firma, bem como da sua difusão dentro e fora de alguns países (FREEMAN, 1994).
Por fim, conforme Lastres e Cassiolato (2004) o programa teórico evolucionário tem
como base: i) conhecimento é a base do processo inovativo e sua criação, uso e difusão
alimentam a mudança econômica, constituindo-se em importante fonte de competitividade; ii)
o aprendizado é o mecanismo chave no processo de acumulação de conhecimentos; iii) a
empresa é considerada o ponto mais importante neste processo; porém o processo de inovação
é geralmente interativo, contando com a contribuição de vários agentes que são dotados de
diferentes tipos de informações e conhecimentos, dentro e fora da empresa; e iv) os processos
de aprendizado, capacitação e inovação são influenciados e influenciam os ambientes sócio-
econômico-políticos onde se realizam.
Portanto, é essencial a compreensão dos fatores determinantes bem como o
reconhecimento do papel do aprendizado sobre o processo inovativo ao reconhecer a
interação e as trocas de conhecimentos e sua colaboração para o desenvolvimento deste
trabalho.
A seguir, apresenta-se o referencial analítico sobre as perspectivas conceituais sobre
redes de empresas e suas características cooperativas voltadas à produção e a inovação que
subsidiam o presente trabalho.
2.2. Redes de empresas
Para atingir os objetivos (e) identificar as ações de cooperação voltadas para o
incremento da atividade produtiva e inovativa da rede de empresas de software de Londrina e
(f) identificar os impactos da cooperação produtiva e tecnológica na competitividade da rede
de empresas de software de Londrina, esta seção apresenta o conceito de redes bem como as
principais perspectivas conceituais existentes sobre a temática de redes de empresas.
A abordagem inicial compreenderá: i) o conceito de redes e tipologia de redes de
empresas; ii) redes de subcontratação; ii) alianças estratégicas; iii) redes horizontais e; iv)
MPME‟s e a inovação. As principais contribuições destas distintas, porém complementares
perspectivas, no que diz respeito às relações de cooperação entre empresas e agentes, servirão
de sustentação e referencial analítico para fundamentação do presente processo de
investigação.
2.2.1. Conceito de rede
O estudo das diversas formas de cooperação produtiva e tecnológica tem colocado em
evidência a importância da perspectiva conceitual de redes para analisar não apenas o
desempenho da empresa individual, mas as relações entre estas e demais instituições na sua
interação competitiva.
Marcon e Moinet (2001) indicam que nos estudos anglo-saxões, a referência à
concepção de rede está muito ligada à noção de sistema, uma perspectiva dinâmica, que
considera uma rede que trabalha, networking. A concepção inglesa conduz a noção de projeto
comum, aos quais atores estão ordenadamente agrupados e que trabalham em conjunto para
formar um sistema, um dispositivo inteligente, em outras palavras, o todo é tido como
essencialmente superior às partes.
No campo organizacional, o termo rede designa um conjunto de pessoas ou
organizações interligadas direta e indiretamente (CASTELLS, 1999). Os atores sociais, na
condição de nós da rede, possuem maior intensidade e interação. A participação na rede
permite otimizar o uso do espaço e do tempo à medida que essas relações forem sendo
intensificadas. Para Britto (2002, p.347), o conceito de redes de empresas compreende
arranjos interorganizacionais com base em vínculos sistemáticos, na maioria das vezes de
caráter cooperativo, entre empresas formalmente independentes, que promovem uma forma
particular de coordenação das atividades econômicas.
No caso das ciências sociais, o conceito de rede oferece condições de se compreender
as estruturas do sistema de relações que ligam os diferentes agentes e sua forma de operação
que possibilita a reprodução, fortalecimento e alguma transformação ao longo do tempo
(BRITTO, 2002). A perspectiva de redes de empresas tem servido de recurso analítico para
compreensão do complexo ordenamento das inter-relações entre empresas e outras
organizações, sendo alvo de crescente interesse de pesquisas em áreas como economia,
sociologia e administração demonstrando a existência de convergência entre diferentes
escolas de pensamento.
A perspectiva de rede tem se aplicado a diversas formas de relações de cooperação
entre empresas. Dentre os casos das redes de empresas destacam-se: alianças estratégicas,
relações de terceirização e subcontratação, distritos industriais, consórcios, arranjos e sistemas
produtivos locais entre outros (BRITTO, 2002; CASAROTTO; PIRES, 2001;
CASSIOLATO; LASTRES, 2004).
2.2.2. Características e tipologia de redes de empresas
O conceito de rede na teoria econômica é empregado sob duas perspectivas: na
primeira delas o estudo da rede busca compreender a dinâmica de comportamento de
diferentes mercados e o foco de análise está nas estruturas da rede (BRITTO, 2002). A análise
foca o surgimento de rendimentos crescentes ao longo da trajetória de transformação dos
diversos mercados em rede e valoriza a interdependência e interação das unidades produtivas
presentes na rede, como por exemplo as indústrias em rede.
Essa análise microeconômica se concentra nas externalidades em rede, que são
reflexos dos efeitos diretos e indiretos das decisões de agentes que atuam nesses mercados. As
externalidades podem denominar-se:
i) técnicas a interdependência entre os agentes pode levar a modificações nas
características de funções de produção;
ii) pecuniárias pode levar a mudanças nos preços das estruturas e de custo das
empresas;
iii) tecnológicas podem modificar a adoção e difusão de inovações no interior do
mercado onde a rede atua; e
iv) de demanda - a demanda de bens oferecidos por cada unidade é afetada por
modificações na demanda de outras unidades.
Esse tipo de rede configura um conjunto de unidades produtivas independentes que se
complementam e usufrui economias de escala com redução de custos devido as externalidades
geradas em rede. As externalidades fortalecem a interdependência entre as diversas cadeias
produtivas existentes no arranjo produtivo que juntos buscam consolidar e fortalecer sua
atuação no mercado e o potencial competitivo. A análise busca entender como determinada
rede de relações afeta as decisões tomadas pelos agentes econômicos (produtores e
consumidores) em mercados específicos e pode configurar instituições particulares ou
públicas na coordenação das atividades econômicas.
As principais características desse tipo de rede de empresas são (BRITTO, 2002):
o elevado grau de compatibilidade e complementariedade técnica entre os agentes e
as atividades por eles realizadas;
o elevado grau de integração das atividades produtivas ao nível da rede, devido as
externalidades técnicas, pecuniárias e de demanda e externalidades tecnológicas
que possibilitam ganhos relativos ao progresso técnico devido a
complementariedade de competências; e
o consolidação de uma infra-estrutura particular, o que implica certa
irreversibilidade quanto aos investimentos realizados por agentes a que eles se
integram.
O enfoque da segunda abordagem de redes recai sobre as características estruturais da
rede, nos seus processos de estruturação e transformação a partir de estímulos internos e
externos. Essas estruturas estão associadas a mecanismos de operação específicos e são
responsáveis pela geração de estímulos endógenos indutores de processos adaptativos frente à
evolução do ambiente. Pressupõe desta maneira, que o ambiente está institucionalmente
estruturado em função da densidade de vínculos produtivos e tecnológicos estabelecidos entre
empresas e instituições.
A análise contempla a dimensão social das relações entre empresas e sua influência no
ambiente econômico e sobre o padrão de conduta dos agentes. Privilegia um recorte meso-
econômico da dinâmica industrial buscando compreender o papel desempenhado por
subsistemas ligados à estrutura da rede. Há relativa autonomia em relação às fontes externas,
certo grau de auto-organização e capacidade endógena de autotransformação o que lhe
confere um caráter essencialmente dinâmico. O quadro 1 sintetiza as contribuições de Britto
no que tange à literatura de rede. A tipologia de redes a partir de Britto (1999, 2002) sinaliza
elementos fundamentais e suas características: a) externalidades em rede, b) sistemática de
relações, c) impactos da cooperação entre agentes, d) características estruturais e subsistemas
ligados à rede, e) sistemática de relações, e f) impactos da cooperação entre agentes.
Abordagem
Econômica
Tipologia de Redes
Externalidades
em rede
(micro-
econômico)
- rendimentos crescentes;
- alto grau de compatibilidade e complementaridade técnica entre os agentes e as atividades
por eles realizadas;
- elevado grau de integração e interdependência das atividades produtivas ao nível da rede,
devido as externalidades técnicas, pecuniárias e de demanda;
- externalidades tecnológicas possibilitam ganhos relativos ao progresso técnico devido à
complementaridade de competências; e
- consolidação de infra-estrutura particular, o que implica certa irreversibilidade quanto aos
investimentos realizados por agentes com os quais se integram.
Sistemática de
relações
- compatibilidade técnica e complementariedade de ativos;
- eficiência estática baseada na maximização de funções objetivo e ajustes organizacionais;
e
- relações mercantis que induzem a confiança mútua, mitigando oportunismo e facilitando
adaptações.
Impactos da
cooperação entre
agentes
- definição de normas e padrões; e
- criação de normas de conduta, redução do oportunismo e ajustamento de contratos;
Características
estruturais e
subsistemas
ligados à rede
(meso-
econômico)
- processos de estruturação e transformação a partir de estímulos internos e externos;
- estruturas com mecanismos de operação específicos e responsáveis pela geração de
estímulos endógenos indutores de processos adaptativos frente à evolução do ambiente;
- ambiente institucional estruturado em função da densidade de vínculos produtivos e
tecnológicos estabelecidos entre empresas e instituições;
- contempla a dimensão social das relações entre empresas e sua influência no ambiente
econômico e sobre o padrão de conduta dos agentes;
- existência de subsistemas ligados à estrutura da rede; e
- relativa autonomia em relação às fontes externas, certo grau de auto-organização e
capacidade endógena de autotransformação, conferindo uma característica dinâmica.
Sistemática de
relações
- eficiência dinâmica associada à criação de recursos e inovação;
- relações baseadas em vínculos produtivos e tecnológicos voltados ao aprendizado e a
inovação; e
- complementariedade de competências tendo como base o conhecimento para inovar.
Impactos da
cooperação entre
agentes
- aglutinação de competências;
- aprofundamento do aprendizado reforçando o potencial para inovar; e
- exploração de oportunidades tecnológicas.
Quadro 1 Tipologia de Redes de Firmas na Perspectiva da Teoria Econômica
Fonte: desenvolvido pela autora com base em Britto (2002, 1999).
Hoffmann (2005) acrescenta também alguns indicadores que possibilitam conhecer
como as redes estão estruturadas, sugerindo uma tipologia alternativa. O primeiro indicador
das redes de empresas é a sua direcionalidade. A direcionalidade define a direção das relações
entre as partes. Neste caso, as redes podem ser verticais e horizontais. As redes verticais são
aquelas nas quais os processos são realizados por empresas distintas, em uma dimensão de
hierarquia. As redes horizontais são aquelas estabelecidas entre empresas que se
comprometem em termos de produtos e/ou mercados em uma dimensão de cooperação
(HOFFMANN, 2005, MARCON; MOINET, 2001).
Quanto ao nível de formalização das redes, estas podem ser estruturas formalizadas e
informais. As estruturas formalizadas têm como base o escopo contratual em que há o
estabelecimento de mecanismos formais para gerir regras de conduta dos agentes. As redes
informais têm alicerce não contratual e como fundamento a confiança gerada entre os
membros empregando sanções às empresas que violam as normas do grupo. Este último tipo
de configuração de rede permite encontros informais entre os atores econômicos que trocam
experiências e informações, favorecendo um ambiente de cooperação e relações
interempresariais mais estruturadas (HOFFMANN, 2005, MARCON; MOINET, 2001).
Para Hoffmann (2005), as redes podem ser dispersas ou aglomeradas: as redes
dispersas são aquelas que interagem por meio de um processo de logística avançado, que
permite superar distâncias. As redes aglomeradas se caracterizam por manterem relações que
podem estender além daquelas puramente comerciais, tendo suporte de universidades, centros
de tecnologia e instituições governamentais e se restringem a um território específico. No que
se refere à decisão de poder da rede, esta pode ser definida como rede orbital, em que existe
um centro de poder com empresas circundantes ao redor e a rede não orbital em que cada
empresa tem a mesma capacidade de tomada de decisões.
É possível classificar conforme Hoffmann (2005) e Marcon e Moinet (2001) as redes
como: redes verticais a dimensão da hierarquia; redes horizontais a dimensão da
cooperação; redes formais a dimensão contratual; e redes informais a dimensão da
conivência. O quadro 2 apresenta uma segunda tipologia de redes desenvolvida a partir dos
indicadores propostos por estes autores.
Indicadores
Tipologia de Redes
Direcionalidade
Verticais as atividades são realizadas por empresas distintas em uma dimensão de
hierarquia.
Horizontais - são aquelas estabelecidas entre empresas que se comprometem em termos
de produtos e/ou mercados em uma dimensão de cooperação.
Formalização
Estruturas Formalizadas - têm como base o escopo contratual.
Estruturas Informais não Contratuais - tem como fundamento a confiança gerada entre os
membros e emprega sanções às empresas que violam as normas do grupo.
Dispersão
Dispersas - são aquelas que interagem por meio de um processo de logística avançado,
que permite superar distâncias.
Aglomeradas - elas mantêm relações que podem se estender além daquelas puramente
comerciais, tendo suporte outras organizações e se restringem a um território específico.
Poder de decisão
Orbital - existe um centro de poder com empresas circundantes ao redor.
Não orbital - cada empresa tem a mesma capacidade de tomada de decisões.
Quadro 2 Tipologia de Redes de acordo com Hoffmann (2005) e Marcon e Moinet (2001):
Fontes: adaptado de Marcon e Moinet (2001) e desenvolvido com base em Hoffmann (2005)
Esses indicadores servem de subsídio para compreensão da configuração em rede. A
próxima seção discorrerá sobre as perspectivas conceituais sobre redes de empresas e suas
contribuições no campo das ações de cooperação voltadas a produção e inovação.
2.2.3. Perspectivas conceituais das redes de empresas
Nesta subseção serão apresentados alguns desdobramentos e abordagens sobre a
temática de redes de empresas contemplando rede verticais e redes horizontais no que diz
respeito às ações de cooperação voltadas aos esforços produtivos e inovativos entre empresas
e demais atores, conseguindo-se assim, subsidiar a análise para alcance dos objetivos do
trabalho.
2.2.3.1 Redes de subcontratação
O advento das Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC e a dinâmica da nova
competição propiciaram ao longo das últimas décadas uma reorganização da divisão do
trabalho e das relações entre países e organizações. O modelo de empresa integralmente
verticalizada ficou muito rígido e dispendioso para as características da nova economia. O
sistema produtivo flexível na produção, no gerenciamento e no marketing e em outras áreas
surgiu como uma possível resposta para superar essa rigidez.
Nessa situação, encontram-se as redes verticais ou de subcontratação. Elas surgem a
partir de processos de desverticalização de grandes empresas, que são induzidas por estímulos
tecnológicos e competitivos (BRITTO, 2002). Nessas redes verticais, os processos de
produção são realizados por empresas distintas e o objetivo desse tipo de rede é atingir a
eficiência coletiva de processos (HOFMANN, 2005). As empresas adotam estratégias de
especialização, concentrando-se na competência essencial terceirizando processos que não
agregam valor ao seu produto (PRAHALAD; HAMEL, 2005).
Nesse tipo de rede, há uma repartição de tarefas entre o contratante e as empresas
subcontratadas e intensificação da cooperação técnica e do intercâmbio de informações entre
os agentes. Botelho (1999) acrescenta que os processos de desverticalização das atividades
produtivas reduziram sobremaneira os custos de transação interfirmas. As relações de
subcontratação promovem a flexibilidade produtiva, diminuição dos custos e se abre
possibilidades para a geração de novos espaços para atuação das micro e pequenas empresas
(BRITO, 2002).
Sengenberger e Pike (2002) reforçam que a reestruturação industrial fundamentada na
desintegração organizacional demonstra a expressiva decomposição da divisão do trabalho
entre as diferentes firmas e de portes distintos. A descentralização da produção pode também
ocorrer quando grandes empresas são divididas em unidades e estabelecimentos menores ou
com a criação de subsidiárias. A rede permite maior diferenciação dos componentes do
trabalho e capital da unidade de produção, a flexibilidade está no processo e não no produto.
Devido ao aumento da terceirização da produção e serviços aponta para a
decomposição das grandes empresas e na criação e geração de empresas pequenas
independentes, mas ambas compartilhando a receita dos negócios (SENGENBERGER; PIKE,
2002). A integração de competências no âmbito das redes e o fortalecimento das relações
interativas requerem a proximidade espacial entre os agentes como forma de estimular a
organização de subsistemas locais (BRITTO, 2002).
Para Casarotto e Pires (2001), pode haver uma relação de rede topdown, em que uma
pequena empresa pode atuar como fornecedora de uma outra maior, sem influir no futuro
desta como pode ser observado na figura 2.
Figura 2 - Rede topdown ou estilo japonês
Fonte: Casarotto e Pires (2001), adaptado pela autora
As relações de subcontratação podem ser classificadas como relações de: primeiro
nível (baseadas em relações mais cooperativas) e de segundo nível cuja relação se baseia em
aspectos puramente mercantis (BRITTO,2002). No primeiro caso, o subcontratado realiza
funções completas e atividades de concepção com autonomia para desenvolver o produto de
acordo com suas competências e adequando-se a especificação de resultados e normas
definidas pelo contratante. Como o contato costuma ser mais prolongado, há possibilidades de
interação e aprendizado, pois o conteúdo de informações que circula pela rede é mais denso e
sofisticado. Tem como resultados a compatibilização de padrões técnicos produtivos e
integração de competências tecnológicas e organizacionais.
No segundo caso, as relações de segundo nível são particularizadas e os agentes se
aproximam por fatores mercantis tradicionais. O subcontratado realiza tarefas mais restritas,
incluindo a obtenção de componentes que atenda aos requisitos técnicos impostos pelo
contratante. Neste caso, facilidade na substituição dos subcontratados pela contratante
devido à necessidade de flexibilidade operativa. Como os subcontratados não participam de
funções de concepção, as atividades possuem um baixo nível de competência e baixo grau de
interação e fluxo de informações restrito.
As vantagens das empresas de menor porte associadas às grandes empresas na forma
de subcontratação são: potencial para geração de novos produtos/serviços, acesso a recursos e
a mercados (especialmente externo) e acesso indireto aos ativos intangíveis das grandes
empresas (marcas e programas de treinamento), entre outros. Na via oposta, das vantagens das
grandes empresas associadas a pequenas, encontra-se o acesso a tecnologias especializadas
desenvolvidas pelas pequenas empresas, a diminuição de riscos e de custos relativos à
terceirização das atividades (BOTELHO, 1999).
Para Castells (1999), a fim de buscar maior competitividade e produtividade no novo
paradigma tecnológico e na economia global, as formas organizacionais industriais, tais como
a empresa verticalmente integrada e a pequena empresa independente se mostraram incapazes
de executarem sozinhas suas tarefas, buscando novas alternativas para atuar sob as novas
condições estruturais de produção e mercados. As relações de subcontratação estão
caminhando em direção a cooperação tecnológica não tendo mais a redução de custos como
estímulo principal, mas a dependência de fornecedores especializados e capacitados
tecnologicamente (BOTELHO, 1999).
2.2.3.2 Alianças estratégicas
As alianças estratégicas englobam acordos formais e informais entre empresas e
permitem o intercâmbio de informações e aglutinação de competências (BRITTO, 2002).
Geralmente são arranjos cooperativos em estágio pré-competitivo que favorecem aos agentes
exploração de oportunidades tecnológicas e mercadológicas. Com o tempo tendem a
estabelecer relações mais estáveis como forma de aumentar a eficiência operacional.
Para Klotzle (2002), nas alianças estratégicas, as empresas buscam dividir recursos e
competências e a redução de custos operacionais. Teece (1992) define alianças estratégicas
como sendo acordos em que os parceiros se comprometem a atingir um objetivo comum pela
aglutinação de capacidades e recursos sob certo grau de coordenação estratégica e operacional
das atividades e pode compreender: atividades de P&D conjuntas; transferência de tecnologia;
concessão de direitos exclusivos para produzir e vender e acordos de cooperação na área de
marketing.
As alianças, segundo Ribault, Martinet e Lebidois (1995), podem envolver ainda
empresas grandes, médias e pequenas que se unem para atuar em mercados específicos frente
à concorrência isolada. As alianças podem englobar: i) alianças oportunísticas ou joint
ventures para constituição de um novo negócio ou ampliar um existente (KANTER, 1990).
Neste caso, as organizações vêem uma oportunidade para obterem algum tipo de vantagem
competitiva imediata; e alianças de parcerias que envolvem parceiros (stakeholders
fornecedores, funcionários e consumidores) no processo de negócios (business process) nos
diferentes estágios de criação de valor. Neste tipo de entrelaçamento a divisão de recursos
e competências e redução de custos operacionais.
Eiriz (2001) propõe uma tipologia de alianças estratégicas tendo como base as
atividades realizadas pelas empresas, seus principais clientes, fornecedores e empresas do
mesmo setor. Identifica três tipos de cooperação: comercial, técnico ou de produção e
financeiro. As alianças estratégicas no âmbito comercial envolvem atividades de compra,
marketing, vendas e distribuição de produtos e serviços pós-venda.
O quadro 3 apresenta as características de cada tipo de aliança no domínio comercial.
São alianças entre grupos de exportadores, acordos de distribuição, acordos de representação,
central de compras, franquias e assistência comercial.
Domínio Comercial
Grupo de
exportadores
Conjunto de empresas do mesmo setor que cooperam entre si para desenvolvimento dos mercados externos.
A cooperação ocorre em diferentes atividades: realização de estudos nos mercados externos, participação
conjunta em feiras, publicidade, entre outras. Além das economias de escala desenvolvidas, uma das suas
principais vantagens é a possibilidade do grupo poder oferecer uma gama de produtos mais larga.
Acordo de
distribuição
Estabelece-se geralmente entre uma empresa produtora de bens finais e outra empresa que possui domínio
ou presença nas redes de distribuição do produto ao consumidor final. Neste caso, o distribuidor acede ao
produto do produtor e este acede a um ou vários canais de distribuição.
Acordo de
representação
Verifica-se quando uma empresa se torna a representante dos produtos e marcas da outra empresa para
determinado mercado. O acordo de representação distingue-se da franquia porque envolve um menor nível
de integração entre os aliados. Ou seja, ao contrário da franquia, o acordo de representação nem sempre
obriga à exclusividade da marca e, por outro lado, pode incluir ou não a distribuição do produto.
Central de
compras
A aliança estratégica estabelece-se como forma de facilitar o acesso das empresas participantes aos seus
inputs fundamentais. Por norma, as empresas são do mesmo setor e possuem as mesmas necessidades de
matérias-primas ou outras. Através da cooperação na compra, elas podem desenvolver economias de escala
e adquirir maior poder negocial junto dos fornecedores com repercussões não em termos de preços mas
também qualidade, condições de pagamento e condições de entrega.
Franquia
Ocorre quando uma empresa (franqueador) concede a outra (franqueado) o direito de explorar uma marca,
produto ou técnica de sua propriedade num determinado mercado mediante determinadas condições
contratuais. Estas condições envolvem contrapartidas financeiras e o cumprimento de procedimentos de
gestão e políticas de marketing.
Assistência
comercial
Ocorre quando uma empresa estabelece um acordo no sentido de poder externalizar a definição e, sobretudo,
a implementação das suas políticas de marketing. Deste modo, a empresa concentra as suas competências
em outras atividades, como, por exemplo, a inovação tecnológica dos processos de produção e
desenvolvimento de novos produtos, deixando ao parceiro a tomada de algumas decisões comerciais.
Quadro 3 Tipos de alianças estratégicas do domínio comercial
Fonte: adaptado de Eiriz (2001)
O quadro 4 apresenta as características das alianças no âmbito técnico produtivo. No
domínio técnico ou de produção as alianças estão orientadas para atividades de produção,
gestão de recursos humanos e pesquisa e desenvolvimento. As principais alianças estratégicas
voltadas para o domínio técnico e produtivo são: consórcio, formação e/ou assistência técnica,
subcontratação, acordo de produção conjunta, acordo de pesquisa e desenvolvimento e
licenciamento de patentes. O domínio financeiro envolve alianças na esfera do capital e do
grau de interação entre os parceiros (geralmente engloba participação acionária ou fusões e
aquisições).
Domínio Técnico/Produção
Consórcio
Esta modalidade estabelece-se entre duas ou mais empresas que possuem capacidades e competências
susceptíveis de poderem ser complementadas no desenvolvimento de um projeto técnico de grande
envergadura e duração no tempo (por exemplo, construção de uma auto-estrada ou ponte). O consórcio
pode ou não se manter para além da realização de um projeto. Muitas vezes, o sucesso de um projeto
motiva os parceiros para novos projetos e aprofundamento da relação.
Formação
e/ou assistência
técnica
Ocorrem com maior freqüência em setores em que a base tecnológica é importante. Neste caso,
estabelece-se um acordo entre duas ou mais empresas através do qual poderão ser ultrapassadas
determinadas lacunas tecnológicas. Essas lacunas podem resultar da formação da mão-de-obra que não
apresenta as qualificações e competências desejáveis ou de dificuldades de desempenho no equipamento
de produção ou nos produtos.
Subcontratação
É um tipo de aliança estratégica através do qual uma empresa (contratante) subcontrata a outra
(subcontratada) uma parte do seu processo de produção. Deste modo, as operações desenvolvidas por
cada um dos parceiros são diferentes.
Acordo
de produção
conjunta
Verifica-se quando duas ou mais empresas produzem conjuntamente os mesmos produtos para satisfazer
necessidades de mercado às quais não conseguiriam responder individualmente por falta de capacidade.
Este tipo de aliança estratégica distingue-se da subcontratação pelo fato das empresas desenvolverem as
mesmas atividades e, por isso, estarem presente na mesma fase do sistema de negócios. Ou seja, as
operações desenvolvidas pelos parceiros são iguais.
Acordo de
pesquisa e
desenvolvimento
Verifica-se particularmente em sectores onde a atividade de investigação e desenvolvimento de novos
produtos e processos assume um peso muito importante. Essa importância é visível na elevada
percentagem de custos totais que são afetos à atividade de investigação e desenvolvimento. Esses custos
são sobretudo custos fixos e, por isso, as empresas desenvolvem este tipo de alianças para poderem
repartir os custos fixos. Por outro lado, podem desenvolver competências técnicas mais facilmente e
responder ao mercado mais adequada ou rapidamente com novos produtos.
Licenciamento
de patentes
Aliança estratégica através da qual uma empresa (concessionária) concede a outra (licenciada) os direitos
de exploração de uma patente, produto ou processo de fabricação mediante uma compensação geralmente
de caráter financeiro.
Quadro 4 Tipos de alianças estratégicas do domínio técnico/produção
Fonte: adaptado de Eiriz (2001)
também os acordos cooperativos formais e informais baseados em alianças
estratégicas que têm como alicerce a colaboração entre os agentes dispersos da ótica espacial,
e estabelecem vínculos e práticas cooperativas o hierarquizadas tendo como fundamento o
intercâmbio de informação e reciprocidades das ações, como as redes de cooperação
(GAROFOLI, 1993 apud BRITTO, 2002).
Faulkner (1992) considera uma aliança estratégica como uma forma de organização
das atividades em um maior grau de integração do que outras formas de cooperação entre os
agentes. Lorange e Ross (1996) propõem uma escala hierárquica das alianças estratégicas
como pode ser observado na figura 3:
Figura 3 Grau hierárquico das alianças estratégicas
Fonte: Extraído de Lorange e Ross (1996, p.15)
As alianças estratégicas incrementam as estratégicas competitivas das empresas
participantes do arranjo e isto seria alcançado por meio do intercâmbio mútuo e benéfico de
tecnologias, qualificações ou produtos (YOSHINO; RANGAN, 1996). As características
principais dessas alianças são: i) a conservação da independência das firmas depois da
formação da aliança; ii) o compartilhamento dos benefícios e o controle do desempenho das
tarefas combinadas apontado como o traço mais distintivo das alianças e complicador da
gestão; e iii) a continuidade na contribuição por parte das firmas parceiras nas áreas
estratégicas cruciais do arranjo.
O caráter estratégico das ligações entre os pontos da rede em alianças estratégicas,
compreendendo cooperação e competição é sua principal característica (NARULA;
HAGESOORN, 1999). O aspecto estratégico deste tipo de arranjo cooperativo associa-se aos
objetivos estratégicos das firmas envolvidas que influenciam de forma determinante a
conformação da estrutura do arranjo interorganizacional e a relação deste com o ambiente em
que está inserido.
2.2.3.3 Redes horizontais
A atuação conjunta e cooperada entre empresas de menor porte tem evidenciado a
configuração em rede como estratégia para a eficiência produtiva e a competitividade. No
caso das redes horizontais com predomínio de empresas de menor porte, as empresas
competem em termos de produtos e/ou mercados específicos (HOFMANN, 2005). O
propósito deste tipo de configuração em rede reside nos ganhos obtidos pela união das partes.
As redes horizontais são constituídas por empresas concorrentes que optam por cooperar
dentro de certo domínio, preservando a independência ou a liberdade de algumas ações
estratégicas de seus membros (OLAVE; AMATO NETO, 2001).
Nas redes horizontais prevalece a dimensão das relações de cooperação interfirmas,
resguardando a independência de cada uma das empresas, que optam por coordenar atividades
específicas de forma conjunta e pode atender aos seguintes objetivos: criação de novos
mercados, gestão de riscos e custos relativos a P&D, aprimoramento da qualidade de
produtos, defesa de interesses, ações de marketing e comercialização (MARCON; MOINET,
2001).
Para Balestrin e Vargas (2004), as redes horizontais têm como características
principais: a) formada por um grupo de PME‟s; b) aglomeração das PME‟s que se situam
geograficamente próximas; c) as PME‟s operam em um segmento específico de mercado; d)
as relações entre as as PMEs são horizontais e cooperativas, prevalecendo mútua confiança; e)
a rede é formada por um indeterminado período de tempo; e g) a coordenação da rede é
exercida a partir de mínimos instrumentos contratuais que garantam regras básicas de
governança.
Uma empresa pode estar presente tanto em redes verticais como horizontais
(HOFFMANN, 2005). As redes de pequenas e médias empresas das joint ventures e outras
formas de alianças estratégicas entre grandes empresas podem ser diferenciadas com base em
três dimensões essenciais (HUMAN; PROVAN, 1997 apud BALESTRIN; VARGAS, 2004,
p.211-2):
As redes de PME‟s propiciam um ambiente interativo de atividades e relações entre
os agentes, mesmo estando independentes em ações conjuntas. Existe uma sinergia
de ações viabilizadas por interações coordenadas de dez, vinte ou mais empresas
individuais com vistas a objetivos comuns, enquanto as joint ventures são
geralmente formadas por duas grandes empresas.
As redes de PME‟s configuram uma interdependência complexa por meio de inputs
e outputs entre os membros da rede e a coordenação do processo é realizada pelas
próprias empresas. A coordenação é geralmente menos formal e facilitada pela
dinâmica de interação dos próprios agentes ao contrário das joint ventures em que a
coordenação ocorre por meio de contratos formais.
A proximidade geográfica é importante, pois a possibilidade de combinar
competências centrais para atingimento de objetivos comuns. No caso das joint
ventures não existe necessidade de proximidade geográfica.
A associação em forma de redes de empresas favorece a atividade de cada uma das
integrantes do arranjo sem necessariamente haver laços financeiros que as unem (RIBAULT;
MARTINET; LEBIDOIS, 1995). As empresas complementam-se em termos técnicos
(produtivos), comerciais (redes de distribuição) e também podem se apoiar no sentido de criar
uma central de compras que beneficie o arranjo. Para Marcon e Moinet (2001), essas redes se
constituem sob a dimensão da cooperação de seus membros, que escolhem a formalização
flexível para melhor adaptar a natureza de suas relações.
Casarotto e Pires (2001) destacam que a sinergia nas redes de empresas é favorecida
por mecanismos de interação, tais como: os consórcios de empresas, cadeias de fornecedores
de grandes empresas entre outros; entidades representativas da classe empresarial e
instituições de suporte financeiro e por fim; outras organizações no entorno do arranjo como
instituições de ensino, governo e empresas em geral. A figura 4 apresenta uma rede flexível.
Figura 4 Rede Flexível de Empresas
Fonte: Casarotto e Pires (2001) adaptado pela autora
Para Coro (2002), as pequenas empresas estruturadas em rede estão mais aptas a
participar de processos de decomposição de processos produtivos e são mais flexíveis, em
resposta às incertezas do ambiente econômico cambiante. Essas redes flexíveis possibilitam
agregar valor, incorporando a inovação tecnológica a uma variedade de produtos, sendo fator
distintivo na busca por vantagens competitivas.
Ebers e Jarillo (1998) reforçam que por intermédio das redes uma empresa está apta a
obter e sustentar vantagem competitiva a partir: i) aprendizado mútuo sustentando
desenvolvimento de produtos; ii) coespecialização em que as empresas se tornam lucrativas
em novos nichos de mercado; iii) melhor fluidez informacional, favorecendo o fluxo de
recursos entre empresas e reduzindo incertezas nas relações; e iv) economias de escala como
reflexo de investimentos conjuntos em P&D, desenvolvimento de produtos, entre outros.
Para Castells (1999), as micro, pequenas e médias empresas estão mais habilitadas a
tomar a iniciativa para estabelecer relações de cooperação entre si, com vistas a ganhos de
competitividade, apresentam maiores possibilidades de explorar novos nichos de mercados e
também viabilizar a comercialização de inovações.
Segundo Ribault, Martinet e Lebidois (1995), as vantagens associadas à configuração
em rede compreendem: i) cada empresa pode aprofundar uma especialização. É no nível da
rede que torna possível a perenidade de todo o know how das atividades; ii) as empresas da
rede desta maneira são um reflexo da atividade econômica da própria rede; e iii) as empresas
por escolherem-se por afinidade podem se constituir de uma rede profundamente original
relativo às empresas concorrentes, conferindo a si mesmas um elevado grau de exclusividade.
Os desafios impostos pela nova dinâmica econômica, tecnológica e competitiva têm
evidenciado a importância do desenvolvimento local como alternativa para a
autosustentabilidade de países e regiões (SENGENBERGER; PIKE, 2002). Este cenário de
discussões indica as redes de pequenas empresas como alternativa viável para geração de
empregos e renda. Revela ainda seu papel decisivo na promoção de inovações e na difusão e
transferência de tecnologias renovando a perspectiva de organização industrial e social.
2.2.3.4 MPME‟s e a inovação
A inovação tem sido pauta corrente de discussões na esfera nacional e internacional
principalmente devido ao seu caráter promotor de crescimento econômico. que se ressaltar
neste sentido, as atenções dadas pelos países membros da Organização para Cooperação
Econômica e Desenvolvimento - OCED (2000 apud LEMOS, 2001) quanto às recomendações
de políticas públicas que privilegiem as MPME‟s dada sua relevância em termos de
desempenho competitivo e possibilidades de flexibilidade e cooperação no âmbito da
inovação.
Lemos (2001) afirma que nas MPME‟s é possível verificar formas de inovar distintas
das grandes empresas devido às particularidades dessas empresas tais como: flexibilidade
organizacional e estruturas menos hierárquicas e burocratizadas. Para OCDE (2000 apud
LEMOS, 2001), essa flexibilidade facilita a tomada de decisões e alterações no processo
produtivo, o que favorece as atividades inovativas. Para Botelho (1999), setores de alta
intensidade tecnológica apresentam inúmeras oportunidades tecnológicas e estrutura de
demandas diferenciadas gerando nichos de mercados favorecendo a atuação de MPME‟s.
As pequenas empresas inovadoras são particularmente especializadas em estratégicas
tecnológicas e se concentram em inovações e produtos para produtores específicos como
máquinas, ferramentas, instrumentos científicos, químicos ou software (PAVITT, 1992). Sua
força estratégica está na habilidade de combinar tecnologia com necessidades específicas do
cliente. As tarefas estratégicas-chave estão em achar e manter um nicho estável de produtos e
tirar benefícios sistematicamente da experiência dos usuários.
Por outro lado, muitas das MPME‟s atuam num âmbito restrito de inovações
tecnológicas, estando sua capacidade de inovação restrita ao próprio ambiente de produção
seja na agregação de inovações provenientes de outras empresas e segmentos ou na
implementação informal de atividades de P&D (LEMOS, 2001). Somado a este cenário, as
empresas menores têm maiores dificuldades de obtenção de crédito consideram o risco da
atividade inovadora relativamente elevado (LA ROVERE, 2001). as grandes empresas m
maior acesso a crédito e economias de escala em P&D, tendo portanto maiores chances de
desenvolver e implementar o que se tornará a tecnologia dominante em uma indústria.
A obsolescência de máquinas e equipamentos, a administração inadequada e a
dificuldade de comercialização em novos mercados limitam significativamente o desempenho
competitivo dessas empresas. A aquisição de novo maquinário é muitas vezes limitada devido
a dificuldade que estas empresas encontram em obter crédito, o que inibe esforços de
atualização tecnológica. A baixa qualificação profissional é outro fator responsável também
pelas dificuldades que MPME‟s têm em conquistar novos mercados. Essas limitações se
intensificam quando estas empresas atuam isoladas no mercado ao invés de participarem de
redes de empresas (LA ROVERE, 2001). O estabelecimento de laços de cooperação entre as
MPME‟s permite às empresas a obtenção de ganhos de escala e escopo ao gerar
externalidades positivas. Isto se torna importante porque no novo paradigma tecno-
econômico necessidade de intenso investimento em conhecimento, que por sua vez
depende de processos de aprendizado interativos (LEMOS, 1999).
No universo heterogêneo
10
das MPME‟s, é crucial a existência de programas que
estimulem e promovam arranjos de empresas que levem a processos de aprendizado
interativo, em busca da constituição de ambientes propícios à promoção de inovações
(LEMOS, 2001). a necessidade de se estabelecer o intercâmbio e a difusão de
conhecimentos tecnológicos, a fluidez nas trocas de experiências em gestão e novos processos
técnicos, a interação com outros agentes como universidades, centros de pesquisa e
laboratórios e instituições de suporte e apoio financeiro que venham a subsidiar essas ações.
Essa dinâmica impulsionada pela inovação não se restringe apenas à obtenção da informação
10
Os fatores que caracterizam o universo das MPME‟s como heterogêneo diz respeito a estrutura, dinamismo e a amplitude
de mercado dessas para atuar em nível local, nacional e internacional. Além disso, segundo Lemos (2001) essas empresas
apresentam maior ou menor capacidade de angariar recursos e maior flexibilidade para empreender o aprendizado
interempresa desenvolvendo novos produtos, processos e serviços na interação com outras empresas e também instituições.
ou incorporação do conhecimento nem na posse de um dado conjunto de habilidades, mas na
capacidade dessas empresas em articulá-los e revitalizá-los em prol da inovação.
Um local compartilhado pelos agentes possibilita a constituição de um ambiente
estruturador ao abarcar aspectos cognitivos, organizando um espaço interativo de aprendizado
não contemplado pela proximidade geográfica, mas também pelos laços institucionais,
culturais entre os diversos atores dos sistemas criados nessa interação (CAMPOS, 2003). Na
visão evolucionária, o conhecimento, mais do simples informação, carrega consigo aspectos
tácitos advindos dos indivíduos, empresas e outras instituições, constituídos por meio das
rotinas e hábitos construídos no âmbito no processo inovativo.
Lemos (2001) apresenta análises que focam no desempenho positivo de grupos de
pequenas empresas apresentando alto grau de cooperação e promovendo efeitos coletivos
sinérgicos. Destacam-se: i) pequenas empresas localizadas em arranjos de setores tradicionais;
ii) conglomerado de pequenas empresas intensivas em tecnologia, interagindo de forma
dinâmica; e iii) as redes de pequenas empresas atuando com grandes e médias empresas como
nos casos de subcontratação e alianças estratégicas anteriormente apresentados neste trabalho.
Mylteka e Farinelli (2005) apresentam uma tipologia em termos de transformação de
arranjos de empresas. Este tipo de classificação contempla atores envolvidos e suas
competências, natureza e intensidade das interações e o grau de desenvolvimento no
aglomerado com o decorrer do tempo. Os tipos de aglomerados podem ser: aglomerados
informais, organizados e inovadores.
Os aglomerados informais são constituídos por micro e pequenas empresas com baixo
cunho tecnológico e capacidade de gerenciamento. Apresentam mão-de-obra de baixa
qualificação, infra-estrutura inadequada, ausência de suporte financeiro e poucas inovações.
As relações de coordenação e cooperação são menos densas e intensas, havendo pouca
confiança, elevada competição e inexpressiva troca de informações.
Nos aglomerados organizados observa-se a presença de pequenas e médias empresas
com níveis de competência representativos. Verifica-se a presença da cooperação e o trabalho
em rede entre as empresas membro do arranjo. As empresas são rápidas ao responder aos
estímulos de mercado ao adaptar tecnologias e desenvolver novos produtos e processos,
tornam-se assim, mais competitivas e com maior capacidade para exportar. Entretanto,
segundo os autores, o aglomerado não está suficientemente preparado para implementar
processos de melhoria contínua o que restringe a geração de inovações significativas. A
competição é intensa e a cooperação existe, mas de forma não sustentada.
Os aglomerados inovadores são constituídos por pequenas, médias e grandes
empresas, mão-de-obra qualificada e apresentam alta capacidade inovativa e contínuo
processo de introdução de inovações. Os níveis de exportação são altos com presença
marcante no mercado internacional. A confiança predomina no seio do arranjo que conta com
infra-estrutura adequada com a participação ativa do Estado e do governo local no apoio ao
desenvolvimento e coordenação desse tipo de aglomerado.
Para Britto (2002), o reforço da competitividade por meio da consolidação desses
arranjos compreende o esforço inovativo de todos os agentes que as compõem. As
transformações das práticas inovativas durante todo seu curso de vida tornam o processo
inovador, um sistema integrado em rede (ROTTWELL, 1995). A inovação é uma atividade
conjunta e cooperada que congrega esforços de atores internos e externos a organização,
como empresas, fornecedores, além de outras instituições de caráter público ou privado. O
caráter complementar do desenvolvimento da tecnologia que demanda a combinação de
habilidades e conhecimentos no processo de inovação é reforçado, o que limitaria
significativamente a empresa isolada.
Dada a heterogeneidade das MPME‟s e do entorno que as circunscreve, a própria
literatura reconhece a dificuldade em delimitá-las como um tipo específico a ser analisado e,
conseqüentemente classificá-las de forma consensual em termos de um conjunto de empresas
(LEMOS, 2001). O estudo sobre as redes de empresas e suas multifaces tem sido considerado
a forma mais completa para lidar com as incertezas do ambiente, com a forte concorrência
bem como no enfrentamento das mudanças tecnológicas, econômicas e sociais (LEMOS,
2001; CORO, 2002).
A abordagem das redes de empresas ou aglomerações se desenvolveu e ganhou novas
terminologias, tendo como foco principal a cooperação e competição não existindo uma
unanimidade de conceitos. As definições de redes de empresas, arranjos e sistemas produtivos
e inovativos locais, aglomerados
11
, clusters, milieu innovateur e as tradicionais abordagens
sobre distritos industriais, tem dado luz ao desenvolvimento recente sobre o tema. Esses tipos
de arranjos podem lançar mão das várias contribuições e visões tomando-se o cuidado ao
reconhecer diferenças específicas de cada um sendo necessário analisá-las ao caso empírico
em estudo (LEMOS, 2001).
Por fim, esta seção oferece subsídios teóricos e metodológicos para atingir os
objetivos: identificar as ações de cooperação voltadas para o incremento da atividade
11
Ver apêndice 2 com a síntese de alguns estudos sobre aglomerações produtivas (quadro 21).
produtiva e inovativa da rede de empresas de software de Londrina; e identificar os impactos
da cooperação produtiva e tecnológica na competitividade da rede de empresas de software de
Londrina.
No capítulo seguinte serão destacados o contexto internacional e nacional da indústria
de software, aspectos da indústria brasileira e as características da mesma em termos de
competitividade tendo como base os tipos de software existentes.
3 O SETOR DE SOFTWARE
O presente capítulo visa atingir os objetivos (b) e apresentar o contexto político e
econômico internacional e nacional do setor de software e (g) apresentar um sumário da
evolução da indústria de software e suas características em termos de competitividade, tendo
como base os tipos de software existentes.
3.1 Cenário internacional e nacional do setor de software
Os Estados Unidos - país líder mundial do setor de Tecnologia da Informação e
Comunicação (TIC), onde se concentra o maior número de empresas de alta tecnologia do
mundo e se encontra a aglomeração de empresas localizadas na região da Califórnia, no
chamado Vale do Silício - têm servido de parâmetro para medir o mercado e o cenário
industrial do setor de software.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Brasil (2002), os Estados Unidos representam quase 35% dos gastos globais e experimentou
um crescimento de 70% entre 1992 e 1999, atingindo US$ 762 bilhões
12
. O setor de TI norte
americano também é o maior exportador mundial, representando 29% das exportações. Cerca
de 10,4 milhões de pessoas estão empregadas no setor, sendo que 85% delas trabalham em
pequenas empresas. Quase 14.000 empresas empregam 50 ou mais empregados.
Em 1999, o mercado latino-americano de TI foi avaliado em US$ 26,7 bilhões e o
Brasil dominava quase 50% do mercado. Com um mercado de Tecnologia da Informação
estimado em US$ 15 bilhões, incluindo-se hardware, software e serviços, o Brasil é
considerado um dos 5 melhores mercados mundiais de software, o qual movimentou US$1,5
bilhão em 1999. Na área de software, foi movimentado no Brasil US$ 1,8 bilhão em 2001,
segundo dados da International Data Corporation IDC (BRASIL, 2002).
Para o Softex (2003), no período de menos de duas décadas o Brasil tornou-se o
sétimo mercado mundial de software. O mercado de software foi estimado em U$ 7,7 bilhões,
tendo dimensão semelhante aos mercados da China e Índia, representando 1,5% do Produto
12
Entre 1992 e 1999, a área de Tecnologia da Informação e Comunicação TIC obteve um crescimento anual de 7,8% contra
7,5% no resto do mundo.
Nacional Bruto Brasileiro no ano de 2001. No Brasil, verifica-se um quadro de presença
maciça participação de pequenas empresas semelhante ao internacional, com empresas
constituídas a partir da iniciativa de profissionais de nível superior que, em função da
inexistência de barreiras à entrada em boa parte dos segmentos, optam por deixar empregos
anteriores para abrir suas empresas (MELO; BRANCO, 1997).
Existem no país diversos movimentos e estímulos para que estudantes de graduação e
pós-graduação montem seus próprios negócios, como pode ser ratificado com as iniciativas
encabeçadas pelo Projeto Gênesis e apoiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico CNPq - e pela Sociedade para Promoção do Software Brasileiro
Softex, sendo que ambas fomentam a criação de empreendimentos dessa espécie.
As ações voltadas ao desenvolvimento do setor de software brasileiro têm colaborado
para um quadro de franco crescimento nos últimos anos como pode ser ratificado com os
dados do Brasil (2002), em que as exportações no Brasil ultrapassam US$ 100 milhões.
Para apoiar o segmento e fortalecer a produção das empresas voltadas para as exportações, em
novembro de 2003, ministérios do governo federal lançaram a nova Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio Exterior PITCE.
Conforme Kubota (2005, p.7), esta política está focada no aumento da eficiência da
estrutura produtiva, da capacidade de inovação das empresas brasileiras e das exportações. O
intuito é fazer com que haja maior inserção do país no comércio internacional, estimulando os
setores em que o Brasil tem maior capacidade de desenvolver vantagens competitivas.
Todavia, é sabido que as multinacionais predominam no comércio internacional de tecnologia
da informação e comunicação - especialmente porque estão presentes em várias partes do
mundo e numa relação intrafirmas, o que inibe de certa maneira a entrada de empresas
brasileiras sozinhas na disputa internacional. Em decorrência disso, observa-se a necessidade
do Brasil em constituir sistemas empresariais mais sofisticados com maior potencial de
competitividade e que estejam em nível de igualdade no plano da concorrência e dos padrões
de qualidade das grandes corporações internacionais.
O uso eficiente dos diferentes instrumentos de política de estímulos voltados para
acelerar a produção e a inovação em setores dinâmicos, como o software, requer previamente
a identificação e fortalecimento de novos sistemas empresariais, como as redes de empresas,
os arranjos produtivos locais, sistemas inovativos locais discutidos anteriormente neste
trabalho. A PITCE está orientada entre outras ações a: promover a capacidade inovadora das
empresas via concepção, projeto e desenvolvimento de produtos e processos e estimular o
incremento de atividades portadoras de futuro, como o software. (BRASIL, 2007b).
Segundo Kubota (2005), o software requer ações estratégicas da PITCE, pois é um
segmento dinâmico da economia que propicia a introdução de inovações na indústria e no
setor empresarial, estando presente nos variados equipamentos de produção e de
gerenciamento de negócios, além de ser forte impulsionador para a formação de mão-de-obra
altamente qualificada. Trata-se de um setor que possui um papel central no cenário de
convergência das tecnologias da informação e comunicação, contribuindo para geração de
inovações nas mais variadas áreas de atuação: medicina, educação, gestão empresarial,
telecomunicações, entre outras.
A indústria brasileira de software enfrenta algumas dificuldades nos âmbitos interno e
externo. De acordo com Kubota (2005), uma delas é o baixo nível de internacionalização das
empresas, pois as empresas brasileiras de software não emitiram ações no mercado norte-
americano - ao contrário do que ocorre com as melhores companhias indianas, irlandesas e,
principalmente, israelenses
13
. Os custos do mercado de ações no Brasil são restritivos para as
pequenas empresas. Ribeiro e Badin (2001), afirmam que no Brasil, as grandes empresas têm
maior acesso ao mercado de capitais para poder crescer ao contrário das pequenas que têm
muitas dificuldades para obter recursos financeiros, isto porque a negociação em bolsa de
valores está restrita principalmente às grandes empresas (apud SOUSA, 2006).
Por outro lado, o estudo de Souza (2006) sinaliza o Venture Capital” (VC),
conhecido no Brasil como “Capital de Risco” na modalidade de “Capital Empreendedor”
como uma iniciativa que privilegia financiamento de empresas de base de inovação
tecnológica (EBIT). Este tipo de investimento concentra-se em setores em que grandes
perspectivas de retornos financeiros elevados, sem necessidade de contrapartidas quanto às
garantias, mas que envolvem alto risco. O VC não se restringe apenas a dispor de recursos
financeiros à nova empresa, mas compreende uma fonte de competências técnicas e gerenciais
à nova empresa.
Essa parceria entre investidores e empreendedores serve como alternativa para dar
suporte ao crescimento e desenvolvimento dessas pequenas empresas. Amplia as
possibilidades de sucesso e de compartilhamento do risco do negócio, freqüentemente elevado
nos primeiros momentos do ciclo de vida, e permite profissionalizar procedimentos e
relacionamentos. O Venture Capital ainda é um enigma para a grande parte do mercado
brasileiro (REZENDE; NOGUEIRA, 2003). Ribeiro e Badin (2001) apresentam alguns
13
O mercado israelense de Venture Capital (VC) é extremamente desenvolvido e com fortes conexões com o mercado norte-
americano.
limitadores que inibem a participação de investidores no país: imaturidade do mercado de
capitais; falta de transparência nos dados das empresas e excesso de burocracia em relação ao
acesso ao mercado de capitais (apud SOUSA, 2006). Kubota (2005) reforça que o mercado e
a cultura de venture capital ainda são pouco desenvolvidos no país, e praticamente inexiste a
figura dos angels, investidores individuais que financiam as firmas de base tecnológica em
seus primeiros passos. Um setor de transformações rápidas, intensivo em tecnologia e com a
presença de empresários novos, ainda é encarado pela cultura do país com grande
desconfiança e considerado de alto risco.
Rezende e Nogueira (2003) afirmam que no Brasil a escassez de crédito está associada
às percepções de risco elevado, fator que torna fundamental o desenvolvimento da atividade
de Capital Empreendedor como mecanismo de promoção da inovação e da ampliação da
participação das empresas de pequeno e médio porte no PIB (apud SOUZA, 2006).
De acordo com Sousa (2006), a melhoria esperada das condições macro-econômicas e
o aumento do mercado acionário põem em evidencia a indústria de Capital Empreendedor no
Brasil com muitas oportunidades para se desenvolver. Segundo o mesmo autor, o aporte de
Capital Empreendedor em pequenas empresas de base tecnológica demonstra a necessidade
de uma ação política que unifique esforços de empresas, agentes do mercado financeiro e
entidades governamentais entre outros para viabilizar programas de crédito subsidiados que
levem em conta contrapartidas do setor privado.
Neste sentido, esforços nacionais podem ser observados como as iniciativas
encabeçadas pelo governo federal através da FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos no
sentido de incentivar o empreendedorismo e participação de investidores (venture capital) em
empreendimentos emergentes como as pequenas empresas de base tecnológica. Uma dessas
ações é viabilizada pelo Portal Capital de Risco Brasil que integra o Projeto INOVAR, uma
iniciativa, que tem o objetivo de desenvolver uma estrutura institucional para o
desenvolvimento do capital de risco no Brasil voltado as empresas de base tecnológica
(BRASIL, 2007c).
Para Kubota (2005), outra dificuldade para o crescimento das micro e pequenas
empresas de software se deve à escassez de recursos para investimentos na atualização de
novas tecnologias e quase que inexistência de capital de giro para as empresas de software. Os
rigorosos requisitos do sistema financeiro bancário, ao exigir garantias concretas que
assegurem o financiamento inibem esforços de atualização tecnológica. Garantias essas, quase
que inexistentes nessas micro e pequenas empresas, dada a existência de um baixo nível de
imobilizado. A alta carga tributária e os impostos sobre o setor de serviços inibem
expressivamente a geração de novas empresas no país e que acarretam a mortalidade de
muitas empresas país afora. No Brasil, as empresas de software e os distribuidores ainda se
deparam com empecilhos para financiar seu crescimento, talvez, devido à falta de
conhecimento quanto ao produto e ao potencial desses mercados e com certeza pela ausência
das garantias reais tradicionais (MELO; BRANCO, 1997).
O setor de software brasileiro, além das dificuldades como barreiras à entrada no
mercado internacional e acesso ao financiamento bastante limitado, encontra na falsificação -
pirataria - um outro dificultador para o desenvolvimento dos negócios. Como parte do
processo de desenvolvimento das atividades de software, necessidade de medidas que
sustentem o mercado nacional e a competitividade do setor, refletindo a importância da
propriedade intelectual no cenário internacional e local. Para Andrade et al. (2007), a proteção
do software tem gerado muitas polêmicas e pressões internacionais; o Brasil tem sido
questionado e a comunidade internacional tem exigido ações e atitudes efetivas que venham a
proteger não somente o capital intelectual, mas também o mercado da prostituição de
programas de software.
Os fatores críticos de sucesso das empresas de software compreendem, além de um
bom produto, uma liderança capaz de gerenciar uma equipe, ações de marketing e parcerias,
sendo que a última muitas vezes está atrelada a sua própria necessidade de sobrevivência. As
empresas de software, como prestadoras de serviços, precisam gerenciar o relacionamento
com os clientes de forma prolongar a relação no longo prazo, de forma a garantir demandas
(KUBOTA, 2005).
O setor de software encontra-se em estágio bastante embrionário, enfrentando
dificuldades tanto no âmbito interno quanto externo, com barreiras de entrada em nível
internacional e obstáculos para alavancar o negócio no próprio país. São desafios setoriais que
devem ser vencidos pelos diversos atores do segmento - governo, empresários, universidades
e institutos de pesquisa e demais agentes locais que necessitam de articulação e ações de
cooperação que venham a apoiar o setor.
O setor de software é concebido como um segmento estratégico da economia, logo
políticas de apoio à indústria e a articulação conjunta das empresas de software para
proporcionar suporte nos primeiros anos de vida da empresa podem permitir a alavancagem
da indústria internamente e na esfera internacional. Por fim, acredita-se que a indústria
brasileira de software seja capaz de competir em escala internacional e como conseqüência,
inserir a marca Brasil no cenário mundial como pólo de desenvolvimento. Após a
apresentação do cenário político e econômico internacional e nacional da indústria de
software, discutir-se-á a evolução recente no Brasil.
3.2 A indústria brasileira de software
A trajetória da indústria brasileira do software possui uma história muito recente. O
mercado brasileiro se caracteriza pela presença de produtos e serviços sofisticados e criativos
e profissionais qualificados, mas a indústria ainda necessita de uma estratégia industrial
adequada, para disseminar a imagem do software de alta qualidade reconhecida no mercado
internacional e pela eliminação de entraves à obtenção de financiamentos as micro, pequenas
e médias empresas.
Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, (BRASIL, 2007a)-, o cenário nacional
para a área de software é bastante promissor. Até os anos 90, prevaleceu no Brasil, a Indústria
de Tecnologias da Informação, em seus segmentos de Hardware, Software e Serviços
Técnicos de Informática que contribuíram em 2000, com uma geração de riquezas de US$ 15
bilhões anuais (cerca de 2,5% do Produto Interno Bruto PIB), tendo crescido a uma taxa
anual média de 13% entre 1993 e 1999.
O surgimento da atividade de desenvolvimento de software está estreitamente
relacionado com a evolução da tecnologia da computação (GUTIERREZ; ALEXANDRE,
2004). Há dois momentos marcantes para a indústria de software nacional: antes da década de
90 e outra a partir desta, destacando um cenário de competitividade global e crescente
abertura econômica.
O desenvolvimento de ações na esfera governamental voltada ao segmento de software
no Brasil, ainda em estágio inicial na década de 1970 foi marcado por uma política de reserva
de mercado para o setor de informática, instituída pela Lei 7.232/84 (BRASIL, 2007d). Essa
política previa a proibição de atuação de empresas de capital estrangeiro em determinados
segmentos do mercado, pela anuência prévia para as importações dos bens de informática e
pelo controle de cotas de importação (ARAÚJO, 2003). O principal foco da política sob a Lei
7.232/84 era o de reservar parcelas do mercado interno para as empresas brasileiras que
realizavam desenvolvimento de tecnologias no país (RUIZ, 2001).
Segundo os estudos do Softex (2003), este cenário demonstra que as políticas
industriais brasileiras voltaram-se para a reserva de mercado para o hardware especificamente
para os minicomputadores e em seguida os microcomputadores. A política visava o
desenvolvimento tecnológico local a partir da proteção da indústria nacional através de
barreiras à importação de tecnologias e estimulava a empresa brasileira a crescer e inovar.
No início da década de 90, com o final da reserva de mercado, essa política foi
substituída por uma de incentivos à produção interna, sem restrições ao capital estrangeiro
nem às importações (ARAÚJO, 2003, p.43). Essa política foi instituída pela Lei 8.248/91
(BRASIL, 2007e), cujos objetivos eram “o estabelecimento de mecanismos alternativos para
preservar a produção local e as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D na Indústria
de Informática” (SOFTEX, 2003, p. 19). Ela concedia diversos benefícios e, em contrapartida,
as empresas deveriam investir em atividades de P&D no Brasil, 5% do seu faturamento bruto
no mercado interno decorrente da comercialização de bens e serviços de informática
(deduzidos os tributos decorrentes de tais comercializações) (ARAÚJO, 2003, p.43). A Lei
8.248/91 foi modificada, em 2001, pela Lei 10.176/01 (BRASIL, 2007f) que mantém a
mesma base da lei anterior, mas que modificou percentuais dos investimentos em P&D.
O panorama brasileiro a partir dos anos 90 oferecia incentivos à produção nacional de
produtos estratégicos com redução do imposto de renda, do imposto sobre importação dos
insumos, em especial no caso do setor de hardware e concessões como a isenção do Imposto
sobre Produtos Industrializados - IPI na venda de produtos finais. Verificou-se o surgimento
de empresas locais que chegaram a ocupar uma expressiva fatia do mercado nacional,
próxima de 50% (ARAÚJO, 2003).
A partir da década de 1990, houve a liberalização das importações, visando a maior
integração da economia brasileira no cenário do comércio internacional, especialmente com a
pressão dos Estados Unidos para a abertura do comércio de informática. Na indústria de
informática, a reserva de mercado foi abandonada em 1992 e substituída por uma política
mais orientada ao mercado. Esta mudança foi provocada pelo receio de que a não difusão da
Tecnologia da Informação, nos mais variados setores econômicos, acabasse por restringir o
aumento da competitividade interna e externa (SOFTEX, 2003).
Durante todo o período, as ações públicas privilegiaram o hardware e a indústria de
software teve pouca atenção. A indústria de software só foi beneficiada de forma indireta com
a institucionalização, no Ministério da Ciência e Tecnologia MCT, do Programa Nacional
de Software para Exportação que foi posteriormente denominado de Programa para Promoção
da Excelência do Software Brasileiro Softex (ARAÚJO, 2003). Atualmente, verifica-se a
existência de pólos desenvolvedores de software em todas as regiões do país, mas a maior
concentração de empresas se localiza no Sudeste, e, em seguida, no Sul do país.
Após 2001, a institucionalização de políticas por parte dos órgãos governamentais e de
programas de apoio à indústria de software favoreceu a configuração de um mercado mais
promissor. A indústria brasileira de software movimentou cerca de US$ 7,7 bilhões em 2001
(1,5% do Produto Nacional Bruto - PNB), empregando 160 mil pessoas e o setor de
informática obteve uma receita operacional líquida de R$ 20,1 bilhões em 2002 (KUBOTA,
2005).
A Secretaria de Planejamento de Informática SEPIN, vinculada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), vem desenvolvendo uma política nacional de software, que
incentiva a formação da mão-de-obra e de empresas brasileiras de alto nível, estimulando a
compra de software nacional pelo governo (implementando ações de apoio como a criação do
Fundo Verde e Amarelo) e a aplicação dos recursos da Lei de Informática.
Para apoiar a produção e o comércio de software brasileiro, o Programa Softex criou
uma organização social de interesse público OSCIP, a partir da iniciativa de empresários do
setor e estudiosos da área para buscar desenvolver o segmento no país. Os chamados agentes
Softex estão localizados em algumas regiões do país e suas ações compreendem a promoção
da competitividade da indústria de Software, Internet e Comércio Eletrônico e a qualificação
de recursos humanos para o setor. Por intermédio dos agentes Softex, a organização promove
ações tecnológicas e de mercado para capacitar as empresas de software das regiões onde
estão localizados. Além disso, possui alguns escritórios fora do país para possibilitar a
abertura de canais para as empresas brasileiras no exterior (SOFTEX, 2007).
A seguir, serão apresentadas as especificidades da indústria de software bem como
suas características principais para que se possa compreender a dinâmica competitiva da rede
de empresas de software de Londrina quanto às ações de cooperação e inovação existentes
entre empresas e outros agentes.
3.3 Caracterização da indústria de software
O século XXI descortinou um novo cenário econômico mundial. A revolução das
Tecnologias da Informação e Comunicação TIC - tem provocado mudanças profundas e
significativas nos modos de produção e nas relações econômicas e sociais. As TIC‟s,
intensivas em conhecimento, passam a ser diferenciais de vantagem competitiva para
empresas e mercados, ao incorporar novas técnicas e processos no desenvolvimento de
produtos inovadores e de qualidade superior.
A informatização tem possibilitado transportar e disponibilizar informações em pouco
tempo para um grande número de pessoas e negócios sem precedentes na história da ciência e
dos avanços tecnológicos. As TIC‟s transformaram a maneira como os clientes, fornecedores
e as companhias interagiam, acirrando a competição entre vendedores e aumentando o acesso
de clientes a potenciais fornecedores (BRASIL, 2002).
Como integrante do tripé da tecnologia da informação e comunicação - software,
hardware (equipamentos) e prestação de serviços (assistência técnica), as atividades de
software, que têm como principal matéria-prima o conhecimento, são centrais no atual
paradigma tecnológico - baseado na microeletrônica e nas TIC‟s (SAMPAIO; SCATOLIN,
2004).
Para Gutierrez e Alexandre (2004, p.6), “o principal insumo da indústria de software é
o conhecimento humano, o presente e o acumulado”. O software é constituído de um conjunto
organizado de informações composto de uma seqüência lógica e sistematizada de comandos,
cujo processo de desenvolvimento inclui a codificação e síntese do conhecimento socialmente
produzido (ROSELINO, 2006).
A produção de software é a conversão do conhecimento e das práticas sociais em
formato digital, possibilitando o seu manuseio, disseminação e controle de forma codificada
(EICHEN, 2002 apud ROSELINO, 2006).
Ao contrário dos bens manufaturados, a produção de software por ser um bem
intangível, emprega trabalho altamente qualificado, especialmente intelectual, sendo
caracterizado usualmente como um serviço. Em termos mercadológicos e na forma de
comercialização, o software pode ser vendido como produto de prateleira e pode ser definido
como um produto imaterial (produto/serviço). Como insumo tecnológico participa de etapas
de cadeias produtivas, é fundamental na definição de parâmetros de competitividade em
diversos ramos econômicos. O software interage e comanda diretamente a operação de bens
materiais, como ferramentas pessoais de trabalho (computadores) e bens intermediários
(máquinas industriais), o que reflete seu caráter transversal (ROSELINO, 2006).
Roselino e Gomes (2003) apontam uma dupla origem para as atividades de software:
por um lado ele desenvolve-se a partir da criação de novas aplicações que surgem com o
próprio desenvolvimento desta tecnologia e por outro, novas possibilidades colocam-se
quando outras atividades preexistentes passam a permitir a incorporação das tecnologias de
informação.
O setor de software exige mão-de-obra qualificada e apresenta um quadro de pessoal
com capacidade altamente criativa, pois seu processo demanda alto custo de concepção
(design). Na condição de segmento de alta tecnologia, o setor caracteriza-se pela alta
velocidade na introdução de inovações cnicas, exigindo contínuo desenvolvimento de
produtos e flexibilidade. Apesar da forte concorrência e devido ao baixo investimento em
capital fixo e custos de reprodução, seus mercados estão longe da saturação (GUTIERREZ;
ALEXANDRE, 2004; MELO; BRANCO, 1997; ROSELINO, 2006; SOFTEX, 2003).
Para Gutierrez e Alexandre (2004, p.34), a indústria de software está em constante
mudança.
As intermitentes inovações ocorridas tanto intra-indústria quanto em outros setores
de tecnologia (por exemplo, microeletrônica e telecomunicações) geram a todo o
momento novos mercados e oportunidades para empresas do setor. Essa forte
dinâmica cria um ambiente propício ao surgimento de novas empresas. Isso,
associado à baixa necessidade de capital, explica o grande número de empresas de
pequeno e médio portes prevalecente nessa indústria em todo o mundo.
Para Roselino (2006, p.35), a indústria de software é composta por empresas públicas
e privadas que atuam no desenvolvimento e comercialização de produtos e serviços de
software, o que remete a existência de distintas empresas atuando em dinâmicas
diferenciadas. Segundo o autor “a classificação desses segmentos como a caracterização das
empresas de software pode ser feita a partir de diferentes tipologias”.
A estrutura da indústria de software se caracteriza pela presença de grandes
corporações que dominam os principais segmentos de mercado, ao mesmo tempo em que se
multiplicam espaços para o surgimento de um grande número de firmas marginais, as
pequenas e médias empresas (NEVES; PINTO, 2003). As barreiras à entrada nesses
segmentos não são elevadas, permitindo a proliferação de MPE‟s; porém, reconhece-se a
existência de barreiras ao crescimento significativas, de modo que as grandes empresas
dominam os principais mercados.
Sempre a possibilidade da existência de micro e pequenas empresas em contextos
locais, que tenham como objetivo atender nichos de mercados não visados pelas grandes
corporações bem como que busquem atender mercados cujas demandas são particularizadas
de acordo com as necessidades dos usuários demandantes do software. Para Neves e Pinto
(2003), a restrição ao crescimento das micro e pequenas empresas é fruto da falta de capital
financeiro de fomento bem como as desvantagens competitivas em nichos de mercado onde
são fundamentais grandes aportes financeiros para promoção de vendas e estabelecimento de
marca de produtos. Para Melo e Branco (1997), devido a um histórico muito breve da
indústria de software no Brasil, pouco se conhece do setor, não existindo estatísticas
consistentes.
Nesta linha de desenvolvimento, para que se possa contribuir para melhor
entendimento da dinâmica da rede de empresas de software de Londrina, partir-se-á da
apresentação dos modelos de negócios de empresas de software, sejam os implementados
pelas grandes corporações ou pequenas e médias empresas do setor e sua dinâmica
competitiva.
3.4 Classificação do software e dinâmica competitiva
Roselino (2006) caracteriza a produção ou o desenvolvimento do software como um
produto desenvolvido a partir de um processo de concepção ou design (normalmente coletivo
de P&D), baseado primariamente em “habilidades artesanais” e conhecimentos tácitos dos
recursos humanos envolvidos, em processos não automatizáveis. A característica
“manufatureira”, intensiva em mão-de-obra está relacionada exclusivamente à atividade de
elaboração da primeira unidade do software a partir do qual se podem reproduzir cópias totais
no caso de software pacote, ou de partes do programa nos casos de softwares sob encomenda.
Ao contrário da produção manufatureira de atividades lineares, o desenvolvimento de
um software compreende um processo incremental numa dinâmica de retroalimentação ligada
as etapas anteriores do processo. Segundo Arora e Gambardella (2004 apud ROSELINO,
2006) o processo de produção de software envolve três etapas: engenharia de software
(abrangendo a análise de alto nível e o design), a de codificação e a de testes.
Como a indústria de software envolve alta tecnologia e compreende um processo
intensivo em conhecimento, ou seja, alta qualificação profissional, os estágios do processo de
produção demandam níveis de qualificação diferenciados. No caso da fase de análise e design
exige-se maior experiência e qualificação do profissional e na etapa de codificação e testes, o
trabalho operacional em si é mais requisitado e menos qualificado (HEEKS, 1998 apud
ROSELINO, 2006).
As etapas de análise e design compreendem as tarefas mais complexas do processo de
produção do software e proporcionam mais amplas estratégias para o negócio, apresentam
maior conteúdo tecnológico além de potencial inovativo. Neste estágio, o conhecimento tácito
do responsável, geralmente um analista de sistemas, um profissional mais qualificado, ganha
importância devido não a expertise técnica, mas também à vivência profissional associada
à experiência empresarial.
No caso de uma atividade mais simples como no caso da codificação, o processo de
produção de software não leva em conta a criatividade, o conhecimento organizacional ou a
relação com o usuário. O processo é mais rotineiro caracterizado por tarefas que demandam
um desenvolvedor com qualificação de nível técnico e com conhecimento genérico. Essa
escala hierarquizada oferece condições para uma melhor compreensão dos elementos que
definem a divisão do trabalho na indústria de software (ROSELINO, 2006).
O software como uma seqüência lógica de instruções codificadas na linguagem de
computador é constituída por um conjunto de instruções, chamados de programas, que é lido e
processado por microprocessadores, transmitindo comandos executados pelo hardware
(equipamentos) pode ser classificado de acordo com as seguintes categorias: vertical e
horizontal, pacote, sob encomenda e embarcado (GUTIERREZ; ALEXANDRE, 2004).
Quanto à forma de comercialização dos produtos de software, os softwares podem ser:
software pacote é padronizado e destinado a um grupo extenso de clientes e o nível de
competitividade do produto é mensurado com base na capacidade de atendimento (técnica) as
necessidades dos usuários e conseqüente comercialização em massa. Seu investimento no
desenvolvimento e lançamento é grande e o retorno do produto dependerá da aceitação no
mercado e pouca interação entre a empresa de software e o potencial usuário (MELO;
BRANCO, 1997; ROSELINO, 2006).
No software sob encomenda a venda é realizada antes do desenvolvimento e é
desenvolvido com base nas necessidades especificadas por um cliente e poderá em muitos
casos atender a uma parcela maior de clientes. Uma vantagem competitiva do software sob
encomenda é o conhecimento que se tem das atividades de desenvolvimento e as necessidades
que acabam sendo personalizadas aos usuários, pois a interação entre desenvolvedor e aquele
é intensa. Neste caso, os riscos de mercado diminuem, pois os custos recaem no processo de
desenvolvimento e não na comercialização (MELO; BRANCO, 1997; ROSELINO, 2006).
Nesta mesma modalidade, encontra-se o software customizado em que a maioria dos módulos
é desenvolvida antes do lançamento e permite adaptações, havendo forte interação entre
desenvolvedor e usuário.
No que se refere à dinâmica desses mercados do software pacote e sob encomenda são
fatores determinantes os retornos crescentes de escala e as externalidades em rede. Para
Gutierrez e Alexandre (2004, p.29) o software pacote apresenta custos de reprodução e
distribuição ínfimos. O desenvolvimento não envolve um processo fabril e sua reprodução
implica na replicação de linhas de código. Os altos custos fixos (concepção e design) tornam
o retorno de escala um fator crítico para a sustentabilidade de uma empresa desenvolvedora
do software produto, pois amortizados os custos de desenvolvimento, os ganhos são elevados.
Os ganhos são revertidos em investimentos em P&D para melhoria e aperfeiçoamento do
produto (atualizações e novas versões), permitindo a manutenção de sua competitividade.
Para as empresas, o desenvolvimento do software produto possibilita ampla
participação nos mercados, mas requer reforços às suas posições, gerando vantagens em favor
de empresas com posições oligopolistas, ou mesmo monopolistas em alguns segmentos. A
vantagem inicial da empresa de produto tende a aumentar na medida em que a empresa
conquista um número maior de usuários (software pacote) e incrementa o programa,
comercializado-o em versões sucessivas, agregando funções e características mais complexas,
difíceis de serem imitados por potenciais concorrentes, sem incorrer em elevados custos de
desenvolvimento (software sob encomenda). As rendas obtidas pela conquista de maiores
fatias de mercado favorecem a capacidade de investimento em inovações sucessivas,
promovendo um reforço à sua posição dominante.
Outro fator que caracteriza a dinâmica da indústria de software são as externalidades
em rede, que reforçam a competitividade das empresas estabelecidas com sólidas posições
de mercado. Para Roselino (2006, p.12) essas vantagens da empresa quanto à definição de um
padrão são obtidas de acordo com o “grau crescente de adoção”. O potencial de mercado do
software seria determinado por fatores externos às suas características técnicas ou
funcionalidades e as vantagens competitivas se baseiam na adoção, por parte de uma ampla
base de usuários, de uma determinada solução tecnológica.
Conforme Gutierrez e Alexandre (2004), o sucesso da inovação depende de sua
habilidade em conseguir um número de participantes suficiente para dar suporte ao produto,
ou seja, quanto maior o número de usuários maiores serão os benefícios gerados. Por isso, o
sucesso de uma empresa de produto está relacionado a sua habilidade em captar conhecimento
durante o processo de desenvolvimento do software.
O êxito ou insucesso mercadológico de um software estaria correlacionado à opção
tecnológica adotada pela empresa e ao segmento para o qual se destina. Para o autor isto
significa que quando alguém se integra à rede, ela fica melhor e maior, beneficiando a si
próprio e aos demais integrantes. Esse efeito é auto-alimentado na medida em que a expansão
da base de usuários faz com que um número maior de pessoas acredite em benefícios de se
adotar o sistema, gerando um ciclo virtuoso de crescimento (ROSELINO, 2006).
Para Gutierrez e Alexandre (2004, p.30), a economia de rede ergue enormes barreiras
à entrada, consolidando padrões de fato. Entretanto conforme Roselino (2006), a relevância
desse fator varia de acordo com o segmento; o principal elemento determinante da intensidade
das externalidades de rede é o grau de interatividade característico a cada tipo de aplicação.
Quanto à inserção no mercado, podem ser classificados ainda como horizontal e
vertical. O software horizontal é de uso geral, como por exemplo, os sistemas operacionais
que exigem essencialmente conhecimentos básicos de informática e são distribuídos em larga
escala e a preferência dos consumidores recai na marca e reputação das empresas. O software
vertical agrega além dos conhecimentos de informática, conhecimentos específicos da
atividade ou negócio do usuário, pois são direcionados a segmentos únicos como o setor
agrícola, da saúde, educação ou ao uso doméstico, como por exemplo, os jogos de
computador (MELO; BRANCO, 1997; ROSELINO, 2006).
Por fim, o software embarcado que não é vendido separadamente e está incorporado a
outros produtos como máquinas, celulares, equipamentos de automação industrial entre
outros. É um tipo de software desenvolvido nas indústrias do complexo eletrônico intensivos
em tecnologia da informação (MELO; BRANCO, 1997; ROSELINO, 2006).
No que diz respeito às diferenças entre produtos e serviços de software, Softex (2003)
afirma que: em termos econômicos, os produtos de software apresentam custos marginais
ínfimos e ganhos de escala crescentes. A gestão e a relação com o mercado são voltados ao
atendimento das necessidades de um grupo ou grupo de clientes em que a licença de
utilização e as atividades de desenvolvimento estão focadas nos requisitos dos clientes finais
do produto. O software de pacote requer altos investimentos em pesquisa de mercado,
inovação tecnológica, marketing antes da comercialização, gerando grandes incertezas quanto
aos resultados do produto. Por outro lado, grandes ganhos à medida que conquista uma
base representativa de clientes quando não há a necessidade de incrementos.
As características e diferenças entre os produtos de software pacote e encomenda
podem ser observadas no quadro 5 .
PRODUTOS DE SOFTWARE
Forma de
Comercialização
Software Pacote
- padronizado;
- destinado a um grupo extenso de clientes;
- a competitividade é mensurada com base na capacidade técnica de
atendimento as necessidades dos usuários e conseqüente
comercialização em massa;
- investimento no desenvolvimento e lançamento é grande e o
retorno do produto dependerá da aceitação no mercado; e
- pouca interação entre a empresa de software e o potencial usuário.
Software sob
Encomenda
Software
Customizado
- personalizado e desenvolvido com base nas necessidades
especificadas pelo cliente;
- venda é realizada antes do desenvolvimento;
- destinado a um cliente ou uma parcela maior de clientes;
- competitividade reside no conhecimento que se tem das atividades
de desenvolvimento e as necessidades que acabam sendo
personalizadas aos usuários resultando em melhoria do produto;
- a interação entre desenvolvedor e usuário é intensa;
- os riscos de mercado diminuem, pois os custos recaem no processo
de desenvolvimento e não na comercialização; e
- no caso do software customizado - a maioria dos módulos é
desenvolvida antes do lançamento e permite adaptações, havendo
forte interação entre desenvolvedor e usuário.
Inserção no
Mercado
Software
Horizontal (pode
incluir o software
pacote)
- de uso geral (como por exemplo, os sistemas operacionais);
- exigem essencialmente conhecimentos básicos de informática;
- distribuídos em larga escala; e
- a preferência dos consumidores recai na marca e reputação das
empresas.
Software Vertical
(sob encomenda)
- agrega além dos conhecimentos de informática, conhecimentos
específicos da atividade ou negócio do usuário; e
- direcionados a segmentos únicos como o setor agrícola, da saúde,
educação ou ao uso doméstico, como por exemplo, os jogos de
computador.
Software
Embarcado
- não é vendido separadamente;
- incorporado a outros produtos como máquinas, celulares,
equipamentos de automação industrial entre outros; e
- desenvolvido nas indústrias do complexo eletrônico, intensivos em
tecnologia da informação.
Vantagens dos
Produtos
Software Sob Encomenda e/ou Customizado e Pacote
- apresentam custos marginais (de reprodução) ínfimos e ganhos de escala crescentes;
- gestão e a relação com o mercado são voltados ao atendimento das necessidades de
um grupo ou grupo de clientes;
- há ganhos com a licença de utilização e as atividades de desenvolvimento estão
focadas nos requisitos dos clientes finais do produto;
- apresentam lucros de monopólio mesmo que precários; e
- no caso do software de pacote, o mesmo requer altos investimentos em pesquisa de
mercado, inovação tecnológica, marketing antes da comercialização, gerando grandes
incertezas quanto aos resultados do produto. Por outro lado, há grandes ganhos à
medida que conquista uma base representativa de clientes quando não a
necessidade de incrementos, pelos efeitos das externalidades em rede.
Quadro 5 Características, Diferenças e Similaridades de Produtos de Software (Pacote e Sob
Encomenda).
Fonte: desenvolvido pela autora com base em Melo Branco (1997), Roselino (2006) e Gutierrez e Alexandre (2004).
Para Gutierrez e Alexandre (2004), o software pode ser enquadrado ainda como
serviços de software. No caso dos serviços de software, estes agregam as atividades TIC -
Tecnologia da Informação e Comunicação em que a junção das atividades de informática e
telecomunicações. As atividades dos serviços em TIC envolvem consultoria, desenvolvimento
de aplicativos (software sob encomenda), integração, treinamento, suporte técnico e
manutenção, entre outros.
Quanto ao método de compra os serviços podem ser caracterizados como serviços
discretos que englobam aqueles prestados em um espaço de tempo curto e predeterminado e
os contratos são simplificados, ficando o cliente responsável pelo projeto, e o outsourcing,
que envolve a transferência de parte da responsabilidade sob o gerenciamento para o provedor
de serviços e as relações contratuais são de longo prazo. O outsourcing apresenta duas
categorias: outsourcing convencional em que a terceirização de uma atividade específica
da área de TI ou a gestão e manutenção de aplicativos e o business process outsourcing em
que se estabelece um contrato com uma empresa externa para assumir um processo ou uma
função do negócio (GUTIERREZ; ALEXANDRE, 2004).
Há uma tendência mundial do outsourcing/offshore, um movimento que pode ser
observado principalmente nos Estados Unidos
14
e em menor escala na Europa e no Japão. As
grandes empresas estão terceirizando atividades antes críticas dentro da empresa, o que se
constitui num amplo campo de oportunidades de atuação de pequenas e médias empresas
(SOFTEX, 2003).
No caso dos serviços de software, a relação com o mercado e o tipo de gestão é
constituída com base na interação com o cliente quando do desenvolvimento de projetos que
são únicos. ainda grande aproveitamento das competências, habilidades da empresa e
profissionais geradas através do projeto e os requisitos são definidos pelo cliente e a eficiência
está voltada ao processo (SOFTEX, 2003). Os serviços de software se classificam em serviços
de baixo valor e de alto valor adicionado.
Os serviços de software de baixo valor possuem menos densidade tecnológica e as
atividades de desenvolvimento compreendem rotinas repetitivas ou funções que não
dependem de significativos conhecimentos (ROSELINO, 2006). Os serviços de baixo valor se
constituem de tarefas simples e especificadas pelo cliente o que representa uma fácil divisão
no trabalho. Compreendem a manutenção de software e a geração de código e a gestão é
voltada à eficiência do processo. A competição entre empresas é baseada em preço e entre
empresas locais o que permite forte interação com o cliente no caso da manutenção do
14
Segundo o estudo coordenado pelo Softex (2003), nos Estados Unidos o mercado de outsourcing vem crescendo a uma
taxa de 25% ao ano e na Europa, segundo o Gartner Group, a perspectiva era que os gastos com outsourcing (2002 2005)
dobrariam nesse período.
software, pois envolvem conhecimentos mais básicos de programação, pois as tarefas
costumam ser simples e bem especificadas.
Os serviços de baixo valor são definidos pela ausência de padrões tecnológicos
dominantes devido ao conteúdo pouco intensivo em conhecimentos específicos, o que resulta
em menores possibilidades de diferenciação dos produtos/serviços (AMICCI, 2004 apud
ROSELINO, 2006). A competitividade depende do custo de desenvolvimento atrelado ao
custo da mão-de-obra.
Os serviços de alto valor e o software sob encomenda são caracterizados por tarefas
mais complexas do processo de desenvolvimento do software que englobam conhecimentos
de engenharia de software e análise de sistemas. As atividades englobam design de alto nível
envolvendo projetos e modelagem de arquitetura de soluções em aplicações de software,
assim como de bancos de dados complexos.
As atividades dos serviços de alto valor compreendem conhecimentos e capacidades
mais amplas, englobam desde o contato com o cliente no levantamento da análise dos
requisitos até as facetas do mundo dos negócios e apresentam uma relativa incerteza quanto
aos resultados econômicos, revelando clara divisão das responsabilidades no desenvolvimento
do processo (SALATTI, 2004 apud ROSELINO, 2006). A subcontratação incrementa a
incerteza associada às atividades de P&D e seus efeitos, indicando a partilha de
responsabilidade na definição do sistema (análise de requisitos). O cliente deve avaliar a
reputação do fornecedor (SOFTEX, 2003). Há oportunidades para empresas locais e
pequenas, mas o mercado é igualmente dominado por multinacionais de consultoria de
sistemas.
Segundo Rocha (1998, p.3 apud ROSELINO, 2006, p.40) as empresas de software
sob encomenda têm na imagem de confiabilidade, na interação com o usuário e na
sofisticação dos mercados locais as suas características mais marcantes. O que demanda uma
estreita interação entre as partes”. Em termos de vantagem competitiva, nos serviços de alto
valor, os efeitos em rede não estão presentes e a concorrência por preço não é importante, pois
na maioria das vezes, o software sob encomenda é direcionado a um grupo específico e
restrito de usuários.
Para Roselino (2006), nos serviços de alto valor, os ganhos de escala são importantes,
uma vez que são cada vez mais intensas as práticas de componentização e reuso de módulos
ou partes de programas. As empresas estabelecidas tendo uma base de clientes extensa
constróem vantagens competitivas associadas ao portfólio de partes e módulos reutilizáveis
que pode dispor em sua “biblioteca” de componentes. As técnicas de reuso permitem ganhos
expressivos nos custos finais do software a ser desenvolvido e no encurtamento do prazo de
desenvolvimento. O quadro 6 apresenta uma síntese dos serviços de software e suas
características.
SERVICOS DE SOFTWARE
Classificação: consultoria, desenvolvimento de aplicativos (software sob encomenda), integração, treinamento,
suporte técnico e manutenção.
MÉTODO DE COMPRA
AGREGAÇÃO DE VALOR
Serviços Discretos
Serviços de Baixo Valor
- espaço de tempo curto e
predeterminado;
- contratos simplificados;
- cliente responsável pelo
projeto.
- menor densidade tecnológica;
- as atividades de desenvolvimento são rotinas repetitivas ou funções que não
dependem de significativos conhecimentos;
- tarefas simples e especificadas pelo cliente;
- fácil divisão no trabalho;
- incluem geralmente manutenção de software e geração de código;
- a gestão é voltada à eficiência do processo;
- competição entre empresas é baseada em preço e entre empresas locais;
- permite forte interação com o cliente no caso da manutenção do software;
- ausência de padrões tecnológicos dominantes devido ao conteúdo pouco
intensivo em conhecimentos específicos;
- menores possibilidades de diferenciação dos produtos/serviços; e
- competitividade recai no custo do desenvolvimento vinculado ao custo da
mão-de-obra.
Outsourcing
Serviços de Alto Valor e Software sob Encomenda
- transferência de parte da
responsabilidade sob o
gerenciamento para o
provedor de serviços;
- relações contratuais de
longo prazo.
TIPOS:
- outsourcing convencional
terceirização de uma
atividade específica.
- business process
outsourcing : contrato com
empresa externa para
assumir processo ou função
do negócio.
- tarefas mais complexas do processo de desenvolvimento do software e
conhecimentos de engenharia de software e análise de sistemas;
- atividades de design de alto nível abrangendo projetos e modelagem da
arquitetura de soluções em aplicações de software: bancos de dados
complexos;
- relativa incerteza quanto aos resultados econômicos e clara divisão das
responsabilidades no desenvolvimento do processo;
- incerteza quanto a P&D que é subcontratada, pois a partilha de
responsabilidade na definição do sistema (análise dos requisitos);
- maiores riscos para o cliente quanto à avaliação do fornecedor, sendo
importante a reputação do mesmo;
- gera oportunidades para empresas menores locais;
- geralmente dominado por multinacionais de consultoria de sistemas;
- imagem de confiabilidade, interação com o usuário e sofisticação dos
mercados locais demanda uma estreita interação entre as partes;
- efeitos em rede não estão presentes;
- concorrência por preço não é importante; e
- software sob encomenda é direcionado para grupo específico e restrito de
usuários.
Vantagens dos Serviços
- relação com o mercado e o tipo de gestão é constituída com base na
interação com o cliente quando do desenvolvimento de projetos únicos;
- grande aproveitamento das competências, habilidades da empresa e
profissionais geradas através do projeto e requisitos definidos pelo cliente;
e
- a eficiência está voltada ao processo e a qualidade do produto.
Quadro 6 Características dos serviços em software: tipos e vantagens
Fonte: Desenvolvido pela autora com base em Roselino (2006)
Para Melo e Branco (1997), os fatores determinantes para o aumento da capacidade
competitiva das pequenas empresas de software se concentram com base em tipos de
estratégia: i) a estratégia de nicho especialização no atendimento às necessidades específicas
de um determinado grupo de clientes. Através dessa opção, as empresas acumulam
conhecimentos e capacitações pelo desenvolvimento de produtos que desempenhem funções
específicas; e ii) a estratégia de interstício - diferenciação de produtos em mercados deixados
pelas grandes corporações, cujas linhas de produtos não podem ser amplas o bastante para
disponibilizar uma variedade de produtos.
O setor de software oferece grandes oportunidades de negócios através de uma
perspectiva ampla de possibilidades tecnológicas, favorecendo o desenvolvimento de novas
aplicações e reconhecimento e exploração de novos nichos de mercado. Grande parte das
empresas desenvolvedoras de software concentra seu modelo de negócios na linha de
produtos, mas conforme constatação desse mesmo trabalho, é a linha de serviços que tem
garantido maiores ganhos financeiros e maiores possibilidades de comercialização. Como
linhas de negócios têm-se os softwares embarcados/componentes de software e serviços de
alto valor agregado e em seguida, os produtos customizáveis (SOFTEX, 2003).
A partir da classificação do software para entendimento de sua dinâmica competitiva,
o capítulo seguinte apresenta a metodologia de pesquisa utilizada para realização do trabalho.
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente capítulo apresenta os procedimentos metodológicos para desenvolvimento
da pesquisa. Inicia-se com o delineamento da pesquisa e modelo conceitual e em seguida,
apresentam-se os constructos e as variáveis do estudo científico bem como os indicadores
empregados. Em seguida, apresentam-se a população e amostra da pesquisa, o instrumento
utilizado para coleta de dados e a análise estatística empregada no estudo.
4.1 Delineamento da pesquisa e modelo conceitual
O presente trabalho se desenvolve a partir da perspectiva de pesquisa quantitativa,
que é utilizada em estudos descritivos a fim de descobrir e classificar a relação entre variáveis
e a relação de causalidade entre fenômenos. Possibilita evitar distorções de análise e
interpretação e uma margem de segurança quanto às inferências através da precisão de
resultados (RICHARDSON, 1999).
Em um primeiro momento, a metodologia de pesquisa para desenvolvimento do tema
deste trabalho baseou-se no diagnóstico das empresas de software de Londrina, uma pesquisa
de caráter exploratório, cujo método empregado foi o survey ou levantamento das empresas
de software de Londrina e sua interação com o meio ambiente realizado por Camara et al.
(2006a).
A presente pesquisa, cuja natureza é descritiva, busca sistematizar os conhecimentos
e aprofundar a análise das atividades produtivas e inovativas no que tange às ações de
cooperação da rede de empresas de software de Londrina (TRIVIÑOS, 1987; VERGARA,
2003).
Para Cooper e Schindler (2003) e Triviños (1987), os estudos exploratórios subsidiam
uma pesquisa descritiva e possibilitam identificar novos problemas e o surgimento de novas
pesquisas. Para Richardson (1999), os estudos descritivos são empregados quando se busca
um melhor entendimento do comportamento de diversos fatores e elementos que influem
sobre determinado fenômeno.
Quanto ao objetivo do estudo, a pesquisa é caracterizada como descritiva, pois
“pretende descobrir quem, o que, onde, quando ou quanto” ocorrem as ações de cooperação,
inovação e aprendizado voltadas ao incremento da atividade produtiva e inovativa da rede de
empresas de software de Londrina. Procura conhecer com exatidão as características dos
fatos, de determinada população ou fenômenos e possibilita fazer correlações entre variáveis
sendo considerado descritivo e também correlacional. A pesquisa descritiva demanda do
pesquisador várias informações do que se deseja pesquisar (RICHARDSON, 1999;
TRIVIÑOS, 1987; VERGARA, 2003).
Embora não busquem explicar os fenômenos, as pesquisas descritivas servem também
de base para uma pesquisa de cunho explicativa (VERGARA, 2003). A presente pesquisa é
explicativa porque objetiva identificar os fatores que colaboram para a ocorrência das ações
de cooperação voltadas ao incremento da atividade produtiva e inovativa e como elas
impactam na competitividade das empresas da rede de software de Londrina.
O presente trabalho é considerado quanto aos fins também como estudo formal. “O
estudo formal começa onde a exploração termina começa com uma hipótese ou questão de
pesquisa e envolve procedimentos precisos e especificação de fontes de dados” (COOPER;
SCHINDLER, 2003, p.128). Triviños (1987, p.105) afirma que “as hipóteses, em geral,
pertencem ao campo dos estudos experimentais.”
Para se definir as questões de pesquisa, partiu-se da pergunta inicial do trabalho: Qual
o impacto das ações de cooperação voltadas ao incremento da atividade produtiva e
inovativa na dinâmica competitiva das empresas da rede de software de Londrina?
Desta maneira, a partir da questão de pesquisa, outras questões foram elaboradas como
auxílio.
4.2 Questões de pesquisa
Existem ações de cooperação entre empresas e demais agentes da rede de software de
Londrina voltadas a esforços produtivos e inovativos? Se sim, quais são, em que
intensidade ocorrem, com quem e onde?
É possível afirmar a presença do processo inovativo na rede de empresas de software de
Londrina?
Verificando-se a existência de processo inovativo, como são classificadas as inovações?
Como se desenvolve o processo de aprendizado coletivo da rede de empresas de software
de Londrina para incremento da atividade produtiva e inovativa?
É possível afirmar que impactos da cooperação produtiva/tecnológica na
competitividade da rede de empresas de software de Londrina? Como podem ser
analisados esses impactos?
Quanto aos meios, o trabalho é considerado como pesquisa de campo. Para Vergara
(2003) a pesquisa de campo compreende “investigação empírica realizada no local onde
ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”. Desta maneira,
o trabalho de investigação teve como lócus, a rede de empresas de software de Londrina. A
pesquisa foi realizada nas empresas, onde não houvesse interferências no andamento e
interrupção quando da realização do trabalho. A pesquisa de campo pode incluir entrevistas,
aplicação de questionários, testes e observação participante ou não. No caso deste trabalho,
foi empregado um questionário que será explicitado mais à frente.
No que se refere ao tempo, o presente estudo ainda é considerado como transversal.
Para Richardson (1999) e Cooper e Schindler (2003), nos estudos de corte transversal, os
dados são coletados em um ponto no tempo, com base em uma amostra selecionada para
descrever uma população nesse determinado momento. As articulações da rede de empresas
de software de Londrina estão em processo de desenvolvimento desde 2006 (VRSYS, 2007).
A realização da pesquisa de campo envolveu a replicação de questionários no período de
julho a agosto de 2007. Richardson (1999) reforça que o corte transversal tem em vista que os
dados são coletados num único momento.
4.3 População e amostra
Para Hair et al. (2005), população corresponde a um conjunto de portadores de ao
menos uma característica comum, considerada população estatística ou universo estatístico.
Segundo Vergara (2003, p.50), o termo população é definido em trabalhos científicos como
"um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem
características que serão objeto de estudo". Malhotra (2006) caracteriza uma população como
o agregado, ou soma, de todos os elementos que compartilham algum conjunto de
características comuns.
A população foi definida considerando as seguintes características: micro, pequenas,
médias e grandes empresas, cujas atividades compreendem o desenvolvimento de programas
de computador (software) e prestação de serviços de consultorias e assessorias em informática
e análise de sistemas e programação. Estas definições seguem a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas CNAE de 2007.
Com base no cruzamento dos levantamentos realizados no cadastro das empresas de
informática da Prefeitura Municipal de Londrina de 30 de abril de 2007, da Plataforma de
Tecnologia da Informação Platin/Adetec Núcleo Softex do Norte do Paraná, da
Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da Universidade Estadual de
Londrina INTUEL foi obtido um total de 115 empresas da área de informática (anexo 1).
Durante a identificação das empresas nos cadastros, alguns problemas surgiram com
relação à população:
Junto à Prefeitura Municipal de Londrina verificou-se: i) cadastro confuso, contendo
empresas de informática e de comunicação (publicidade); ii) inexistência de telefones de
contato; iii) endereços de contato incorretos; iv) empresas que constavam no cadastro
pertenciam a outro ramo de atividade (por exemplo: comércio de suprimentos de informática);
v) algumas empresas encerraram suas atividades no ano; e vi) empresas que apareciam mais
de uma vez na listagem.
A Plataforma de Tecnologia da Informação estava atualizando o cadastro de empresas
no período do levantamento, constando cerca de 24 empresas associadas a Platin -
Adetec/Núcleo Softex, também cadastradas na PML, e que afirmaram fazer parte da rede de
empresas de software de Londrina.
Na Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL - INTUEL
foram identificadas 4 empresas que desenvolvem programas de computador e que
confirmaram participar da rede de empresas e/ou serem associadas a Platin/Adetec, também
com cadastro junto a Prefeitura de Londrina.
Para evitar falhas na definição da amostra e possibilitar a realização do trabalho de
pesquisa, adotou-se a amostra intencional ou por julgamento. Para Hair et al. (2005), neste
tipo de amostragem não probabilística, o pesquisador seleciona elementos da amostra por
conveniência. Não uma margem de segurança que permita generalizar os resultados para a
população-alvo, mas a amostra por julgamento pode ser uma alternativa para viabilizar
pesquisas em algumas situações. Suas vantagens são: conveniência, rapidez e custo baixo.
Desta forma, a amostra foi selecionada com base em algumas características comuns às
empresas: i) especializadas em desenvolvimento de softwares e prestação de serviços de
consultorias; ii) empresas cadastradas na Prefeitura de Londrina; iii) vínculos com a
Plataforma de Tecnologia da Informação PLATIN/ADETEC e associados Softex; iv)
participação nas atividades do aglomerado de empresas de software de Londrina; v) membros
de centros de tecnologia como a Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica
da UEL INTUEL e do Centro Tecnológico de Londrina CTEC; e vi) a aceitação para
participar da pesquisa, totalizando 26 empresas selecionadas.
4.4 Operacionalização das variáveis
A partir da revisão analítica, são apresentados os conceitos chave que orientaram o
processo de investigação como forma de evitar possíveis interpretações indesejáveis por parte
dos entrevistados no decorrer da pesquisa.
Na pesquisa quantitativa, a variável segundo Triviños (1987) e Kerlinger (1980), é
algo que varia e compreende os aspectos observáveis de um fenômeno e assumem valores
distintos e por isso, deve ser possível de mensurar. Para Triviños (1987), as variáveis se
referem a conceitos que são formulados precisamente e para tanto, o pesquisador deve
operacionalizar os conceitos ou constructos, dando-lhes sentido e conteúdo prático.
Gil (2003) afirma que muitos conceitos ou variáveis utilizados nos levantamentos
sociais são empíricos, em outras palavras, fatos ou fenômenos que são facilmente observáveis
e mensuráveis. Em alguns estudos, os fatos ou fenômenos não são passíveis de observação
imediata e mensuração. De acordo com o autor, torna-se necessário operacionalizar esses
conceitos ou variáveis para torná-los possíveis de mensuração. Para isso é preciso definir a
variável teoricamente e depois fazer referência aos indicadores da variável, ou seja, os
elementos que possibilitarão identificá-la de maneira prática.
Com vistas à compreensão do presente estudo, apresentam-se os constructos, variáveis
e indicadores relacionados para a realização da pesquisa.
- Constructo 1: Redes de Cooperação Técnica Produtiva
Para Britto (2002, p.347), os estudos sobre redes de empresas têm possibilitado uma
maior compreensão dos complexos relacionamentos existentes entre empresas e demais
instituições. Possibilita conhecer a “[...] densidade de relacionamentos cooperativos entre os
agentes, reforçando a interdependência entre suas respectivas competências [...]”.
Britto (2002) acrescenta ainda que as redes de empresas se constituem de arranjos
sofisticados interindustriais com características próprias capazes de responder aos estímulos
do ambiente, pois está estruturado institucionalmente devido às relações tecnológicas e
produtivas formais e informais estabelecidas entre empresas e instituições. Lemos (2001)
afirma que os estudos sobre as terminologias de redes de empresas ganharam novos formatos
porém, não existindo uma unanimidade de conceitos.
Para Britto (2002), na cooperação técnico-produtiva, o sistema de divisão do trabalho
e a especialização produtiva das empresas e agentes envolvidos no ambiente da rede levam
em conta a eficiência operacional e a flexibilidade produtiva. Neste tipo de arranjo, quanto
mais complexa a logística de funcionamento interno da rede, maior será a demanda por uma
coordenação eficaz e de compatibilização nos níveis de desempenho cnico-produtivo entre
os diversos agentes integrados em rede, para responder às ambivalências do ambiente.
São consideradas as seguintes características para identificar a cooperação técnica-
produtiva em rede: (1) produtos/serviços gerados na rede; (2) processos de produção, ou seja,
o sistema de distribuição de tarefas e a especialização produtiva das empresas e agentes
viabilizando a integração das tecnologias desenvolvidas; e (3) coordenação coletiva (estrutura
de poder e a hierarquia funcional da rede das atividades tecno-produtivas incluindo também o
compartilhamento de procedimentos para capacitação técnica e processos de controle de
qualidade e normalização. O quadro 7 apresenta um resumo das características da rede de
empresas de software de Londrina.
(1) Produtos e Serviços de Software
(2) e (3) Divisão do Trabalho e Coordenação
Software pacote, sob encomenda ou customizado,
embarcados, consultorias, desenvolvimento de
aplicativos, integração de sistemas, treinamento,
suporte técnico, manutenção, engenharia de software e
análise de sistemas entre outros (ROSELINO, 2006,
MELO; BRANCO; 1997).
Serviços de curto prazo e contratos simplificados e
outsourcing (ROSELINO, 2006).
Coordenação das atividades técnico-produtivas
que inclui:
a) ações coletivas bilaterais de caráter horizontal,
pares de empresa que realizam a mesma
atividade;
b) ações coletivas bilaterais de caráter vertical
envolvendo duas empresas na cadeia
produtiva;
c) ações coletivas multilaterais de caráter
horizontal, com um conjunto de empresas
similares para articular uma tarefa;
d) ações coletivas multilaterais de caráter vertical
com diferentes empresas localizadas em
diferentes pontos da cadeia produtiva para
atingir um objetivo comum (BRITTO, 2002).
Quadro 7 Características técnicas produtivas na rede de empresas de software de Londrina
Fonte: desenvolvido pela autora conforme Britto (2002)
Para caracterizar o constructo redes de cooperação técnica-produtiva, foram definidas
as seguintes variáveis:
Variável 1.1. Parcerias, alianças estratégicas ou contratos de cooperação
As alianças estratégicas englobam acordos formais e informais entre empresas e
permitem o intercâmbio de informações e aglutinação de competências (BRITTO, 2002).
Teece (1992) assinala que nas alianças estratégicas, os acordos entre os parceiros estão sob
certo grau de coordenação estratégica e operacional das atividades e pode compreender:
atividades de P&D conjuntas; transferência de tecnologia; concessão de direitos exclusivos
para produzir e vender; e acordos de cooperação na área de marketing.
Para Johanson e Mattsson (1993), as alianças estratégicas ocorrem quando duas ou
mais empresas se unem para atingir objetivos comuns. As alianças segundo Ribault, Martinet
e Lebidois (1995) podem envolver empresas grandes, médias e pequenas que se unem para
atuar em mercados específicos frente à concorrência isolada. Os parceiros em uma aliança
estratégica buscam vantagens na ação cooperativa individual e coletiva e pode ocorrer nos
domínios: comercial, técnico ou de produção e financeiro (EIRIZ, 2001).
Os indicadores que possibilitam a identificação de alianças estratégicas, parcerias e
contratos de cooperação foram então definidas com base no modelo de questionário aplicado
por Camara et al. (2006a) às empresas de software:
Outsourcing de processos de negócios (BPO);
Outsourcing de atividade de TI/gestão e manutenção de aplicativos (ASP);
Outsourcing avançado (gestão de P&D);
Desenvolvimento;
Comercialização no mercado interno;
Exportação;
Qualificação de mão de obra; e
Obtenção de certificações.
Variável 1.2. Subcontratação
Para Britto (2002), as redes de subcontratação surgem a partir de processos de
desverticalização de grandes empresas, que são induzidas por estímulos tecnológicos e
competitivos. Hoffmann (2005) acrescenta que nessas redes verticais os processos de
produção são realizados por empresas distintas e o objetivo desse tipo de rede é atingir a
eficiência coletiva de processos.
De acordo com Botelho (1999), por intermédio das relações de subcontratação as
empresas alcançam a flexibilidade produtiva, diminuem custos e possibilitam espaços para
atuação de micro, pequenas e médias empresas. Neste tipo de rede, Britto (2002) afirma que
uma repartição de tarefas entre o contratante e as empresas subcontratadas e intensificação
da cooperação técnica e do intercâmbio de informações entre os agentes.
As vantagens associadas das empresas de menor porte associadas as grandes empresas
na forma de subcontratação são: potencial para geração de novos produtos/serviços, acesso a
recursos e a mercados (especialmente externo) e acesso indireto aos ativos intangíveis das
grandes empresas (marcas e programas de treinamento), entre outros. As vantagens das
grandes empresas associadas a pequenas encontram-se: acesso a tecnologias especializadas
desenvolvidas pelas pequenas empresas, diminuição de riscos e custos relativos a
terceirização das atividades.
Os indicadores que possibilitam determinar os níveis de subcontratação presentes na
rede de empresas de software de Londrina seguem o modelo de questionário da Redesist
(2003) e são os seguintes:
Subcontratada de empresa da rede;
Subcontratada de empresa fora da rede;
Subcontratante de empresa da rede; e
Subcontratada de empresa fora da rede.
- Constructo 2: Redes de Cooperação Produtiva Tecnológica
Em ambiente de acirrada concorrência, Amato Neto (2000) afirma que nas redes de
cooperação entre empresas é possível atender necessidades que isoladas não seriam possíveis.
A cooperação promove a combinação de competências e know how de outras empresas; a
divisão de ônus em pesquisas tecnológicas; a maior qualidade e diversificação de produtos; o
fortalecimento do poder de compra; o aumento da capacitação competitiva para inserção no
mercado externo e a divisão de riscos e a redução de custos conjuntos de transação.
A cooperação tecnológica implica uma perspectiva dinâmica da rede, ou seja, de
aprendizado coletivo dos membros da rede através do qual ocorre a criação e a circulação de
informação, conhecimentos e competências comerciais, gerenciais, mercadológicos e
tecnológicos entre outros tornando-se mais competitiva à medida que aumenta sua
capacidade inovativa (BRITTO, 2002). As variáveis utilizadas para identificar a cooperação
produtiva e tecnológica são:
Variável 2.1. Formas de Cooperação Produtiva Tecnológica
Para a Redesist (2003), a cooperação significa trabalho em comum, envolvendo
relações de confiança mútua e coordenação das atividades entre os agentes. A cooperação
produtiva e tecnológica em APL‟s ou nas redes de empresas compreende: i) intercâmbio de
informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas com clientes, fornecedores,
concorrentes entre outros; ii) interação envolvendo empresas e outras instituições por meio de
programas comuns de treinamento, realização de eventos/feiras, cursos, seminários entre
outros; e iii) integração de competências por meio de projetos conjuntos incluindo desde a
melhoria de produtos e processos até pesquisa e desenvolvimento entre empresas e destas com
outras instituições.
Segundo Torres, Almeida e Tatsch (2004), a cooperação pode ser: i) cooperação
formal - a interação entre os agentes não é regular, mas também tem um propósito e um
resultado esperado para a interação. Os agentes além de buscar um benefício mútuo nas
interações definem um método e um objetivo a ser alcançado; e ii) cooperação informal - não
se têm bem definido o objetivo e o propósito da interação. A cooperação pode ser recorrente,
com expectativa de futuras repetições, mas sem um escopo delimitado em seu objetivo e
método. Neste caso, os agentes interagem com freqüência e têm clareza do benefício
recíproco da cooperação; no entanto, estas interações voltadas a diversos fins ocorrem sem, no
entanto, cristalizarem-se em um projeto específico.
De acordo com a Redesist (2003), os indicadores que possibilitam identificar as
formas de cooperação são:
Compra de insumos e equipamentos;
Venda conjunta de produtos;
Desenvolvimento de produtos/serviços e processos;
Design de produtos;
Capacitação de recursos humanos;
Obtenção de financiamento;
Reivindicações políticas, apoio financeiro, outros para a rede;
Participação conjunta em feiras/eventos e outros;
Processos de controle de qualidade e certificação;
Exportação de produtos;
Centros de tecnologia como as incubadoras por exemplo; e
Fóruns de discussão.
Variável 2.2. Resultados da Cooperação Produtiva Tecnológica
Para Redesist (2003), a cooperação significa relações de confiança mútua e
coordenação, em níveis diferenciados entre os atores. Nas redes de empresas identificam-se a
cooperação produtiva visando a obtenção de economias de escala e de escopo, a melhoria dos
índices de qualidade e produtividade e a cooperação inovativa, que resulta na diminuição de
riscos, custos, tempo e, principalmente, no aprendizado interativo, dinamizando o potencial de
criação de capacitações produtivas e inovativas. Desta forma, os indicadores que possibilitam
avaliar os resultados das ações de cooperação produtiva e tecnológica são:
Melhoria na qualidade dos produtos;
Desenvolvimento de novos produtos;
Melhorias nos processos produtivos;
Melhoria nas condições de fornecimento de produtos;
Melhor capacitação de recursos humanos;
Melhorias nas condições de comercialização;
Introdução de inovações organizacionais;
Novas oportunidades de negócio;
Promoção de nome/marca da empresa no mercado nacional; e
Maior inserção da empresa no mercado externo.
- Constructo 3: Aprendizado Coletivo
Na concepção de Campos et al. (2002), o aprendizado é um processo de repetição,
experimentação, busca de fontes de informação, o que capacita as empresas e estimula suas
atividades produtivas e inovativas na construção de novas competências e obtenção de
vantagens competitivas.
Para Britto (2002) existem quatro formas de aprendizado em rede de empresas: criação
de conhecimentos tecnológicos desenvolvidos em cooperação intencionais ou formais;
circulação de conhecimentos tecnológicos um processo de caráter informal; coordenação das
competências dos membros em rede; e a difusão de novas tecnologias na rede.
São os mecanismos formais de aprendizado que possibilitam a criação de
conhecimentos tecnológicos intencionalmente desenvolvidos em cooperação no âmbito da
rede (BRITTO, 2001). Este tipo de mecanismo remete a certa divisão do trabalho quanto às
atividades de P&D realizadas na rede de empresas em direção a áreas mais promissoras como
abordada, mas também envolvem outros tipos de agentes em projetos cooperados.
os processos informais de aprendizado no interior da rede possibilitam a
consolidação de um pool de informações e conhecimentos que são repartidos e socializados
entre os membros da rede, pois propicia a compatibilização das tecnologias desenvolvidas e
procedimentos para formação de recursos humanos. Além disso, procedimentos operacionais
quanto à organização dos processos produtivos associados a modernas técnicas
organizacionais até a definição de padrões de controle de qualidade e de normalização técnica
(BRITTO, 2001).
Variável 3.1. Fontes de Aprendizado
Para Malerba (1992), o processo de aprendizado abrange quatro características:
orientação, envolvendo custos relacionados aos esforços de capacitação; existência de fontes
do conhecimento internas e externas; natureza intertemporal e cumulativa; e geração de
inovações incrementais e exploração de oportunidades produtivas e tecnológicas.
De acordo com a Redesist (2005), as formas de aprendizado são importantes para a
inovação e desenvolvimento das capacitações produtivas, tecnológicas e organizacionais. Para
operacionalizar a variável fontes de aprendizado, considerar-se-ão:
Fontes internas experiência própria, na produção no contato com engenheiros e
técnicos e na busca por soluções nas unidades de P&D como na área de vendas e
marketing (learning by doing); e
Fontes externas pelos processos de compra, cooperação e interação com clientes,
fornecedores de matérias primas, equipamentos e componentes; concorrentes,
licenciadores, licenciados, consultores, sócios, prestadores de serviços, órgãos de
apoio (learning by interacting).
Variável 3.2. Resultado dos Processos de Aprendizado
Para Britto (2001), os mecanismos informais e formais de aprendizado possibilitam
um incremento das capacitações dos agentes. Os mecanismos informais possibilitam o
equilíbrio nos padrões técnicos produtivos dos agentes ligados à rede, capacitação dos
recursos humanos; possibilita a troca de informações relativas a processos operacionais e
produtivos devido ao intercâmbio de modernas técnicas organizacionais e colabora com a
definição de padrões de controle de qualidade e normas técnicas. No caso dos processos
formais de aprendizado, os impactos que se destacam são: redução dos riscos relativos à
atividade inovativa; interação sistemática que possibilita a melhor identificação de áreas
tecnológicas mais promissoras, elevação dos níveis de produtividade das atividades de P&D e
ampliação da especialização do arranjo.
De acordo com a Redesist (2003), os indicadores que possibilitam avaliar os resultados
dos processos de aprendizado são melhores em:
Utilização de técnicas produtivas, equipamentos, insumos e componentes;
Capacitação para realização de modificações e melhorias em produtos e processos;
Capacitação para desenvolver novos produtos e processos; e
Conhecimento sobre as características dos mercados de atuação da empresa;
Capacitação administrativa.
- Constructo 4: Inovação
Para Edquist (2001) as inovações empreendidas por empresas ou pessoas
compreendem novas criações com significado econômico e incluem: produtos físicos e
serviços e processos tecnológicos e organizacionais, sendo que apenas os produtos e
processos tecnológicos são tidos como inovações materiais e os serviços e processos
organizacionais bens intangíveis. Para a Redesist (2005), existem dois tipos de inovação: a
inovação radical que é o desenvolvimento de um novo produto, processo ou uma nova forma
de organização da produção e a inovação incremental que compreende a melhoria de um
produto, processo ou organização da produção na empresa, sem alterar a estrutura industrial.
Para caracterizar o conceito de inovação seguiu-se a classificação da Redesist (2003).
Variável 4.1. Inovação de Produtos
Para a Redesist (2003), um novo produto que inclui um bem ou serviço industrial é um
produto novo para a empresa ou para o mercado e cujas características tecnológicas ou uso
previsto diferem significativamente de todos os produtos que a empresa produziu. Os tipos
de inovações de produtos considerados pela Redesist são:
Produto novo para a empresa, mas existente no mercado;
Produto novo para o mercado nacional; e
Produto novo para o mercado internacional.
Variável 4.2. Inovação de Processos
Inovação de processos significa novos processos de produção para a empresa ou para o
setor e abrangem a introdução de novos métodos, procedimentos, sistemas, máquinas ou
equipamentos que diferem substancialmente daqueles previamente utilizados pela empresa
(REDESIST, 2003). São duas as inovações de processo que podem estar presentes na rede
empresas de software de Londrina:
Processos tecnológicos novos para a empresa, mas já existente no setor; e
Processos tecnológicos novos para o setor de atuação.
Variável 4.3. Inovações Organizacionais
Para a Redesist (2003) inovação organizacional compreende a introdução de novos
meios de organizar a produção, distribuição e comercialização de bens e serviços. Dessa
forma, os indicadores selecionados para identificar as inovações organizacionais da rede
empresas de software de Londrina são:
Implementação de técnicas avançadas de gestão;
Implementação de significativas mudanças na estrutura organizacional;
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de comercialização; e
Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a atender normas de
certificação (CMM, MPS-BR, ISO, outros).
Variável 4.4. Atividades Inovativas
As atividades inovativas são todas as etapas necessárias para o desenvolvimento de
produtos ou processos novos ou melhorados (REDESIST, 2003) e podem incluir as seguintes
ações:
Pesquisa e desenvolvimento (P&D) na empresa;
Aquisição externa de P&D;
Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram em significativas
melhorias tecnológicas de produtos/processos ou que estão associados aos novos
produtos/processos;
Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças ou acordos de transferência de
tecnologia tais como patentes, marcas, segredos industriais);
Programa de treinamento orientado à introdução de produtos/processos
tecnologicamente novos ou significativamente melhorados;
Programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional, tais como:
qualidade total, reengenharia de processos administrativos, desverticalização do
processo produtivo, métodos de “just in time”, etc; e
Novas formas de comercialização e distribuição para o mercado de produtos novos
ou significativamente melhorados.
- Constructo 5: Competitividade com Projetos Cooperados
Para Nicoluci et al. (2006), os processos lucrativos das redes de empresas apresentarão
características distintas a cada tipo de rede e estágio evolutivo ao longo de determinado
período e mercado de atuação. Para verificar o impacto produzido pelas relações de
cooperação técnica, produtiva e tecnológica da rede de empresas de software de Londrina
foram sugeridas duas variáveis quantitativas para definir retornos econômicos dos projetos e
ações de cooperação existentes na rede em estudo: faturamento e rentabilidade.
Variável 5.1. Faturamento
Para Matarazzo (2003, p.67) “o faturamento representa o ingresso bruto de recursos
externos provenientes das operações normais de venda a prazo ou a vista, no mercado
nacional e exterior, de produtos, mercadorias ou serviços”. Portanto, o indicador utilizado
para avaliar os impactos da cooperação produtiva e tecnológica na competitividade da rede de
empresas de software de Londrina em relação às ações de cooperação é:
Crescimento do faturamento em relação a projetos cooperados.
Variável 5.2. Rentabilidade
De acordo com Assaf Neto (2003), os indicadores de rentabilidade visam avaliar os
resultados auferidos por uma empresa em relação a determinados parâmetros que melhor
revelem suas dimensões. Um dos resultados normalmente empregado é o lucro líquido, que é
utilizado para o cálculo do retorno sobre o investimento, que por sua vez avalia o retorno
produzido pelo total dos recursos aplicados por acionistas. Sendo assim, os indicadores
selecionados para avaliar os impactos das ações cooperadas da rede de empresas de software
de Londrina são:
Lucro líquido; e
Retorno do investimento.
Os quadros 8, 9, 10 e 11 apresentam um resumo da operacionalização das variáveis,
mostrando os constructos e os respectivos indicadores.
Constructos
Variáveis
Indicadores
Autores
1
Redes de
Cooperação
cnica
Produtiva
Redes de
Cooperação
Produtiva
Tecnológica
1.1
Parcerias, Alianças
Estratégicas, Contratos de
Cooperação
1.1.1
Outsourcing de processos de negócios (BPO)
Britto (2002,
1999); Hoffmann
(2005); Marcon e
Moinet (2001);
Botelho; Ribault et
al. (1995); Eiriz
(2001)
Garofoli (1993)
Lorange e Ross
(1996)
Balestrin e Vargas
(2004); Human e
Provan (1997);
Casarotto e Pires
(2001)
Redesist (2003)
1.1.2
Outsourcing de atividade de TI/gestão e manutenção de
aplicativos. (ASP)
1.1.3
Outsourcing avançado (gestão de P&D)
1.1.4
Desenvolvimento
1.1.5
Comercialização no mercado interno
1.1.6
Exportação
1.1.7
Qualificação de mão de obra
1.1.8
Obtenção de certificações
1.2
Subcontratação
1.2.1
Subcontratada de empresa da rede
1.2.2
Subcontratada de empresa fora da rede
1.2.3
Subcontratante de empresa da rede
1.2.4
Subcontratada de empresa fora da rede
1.3
Formas de Cooperação
1.3.1
Compra de insumos e equipamentos
1.3.2
Venda conjunta de produtos
1.3.3
Desenvolvimento de produtos/serviços e processos
1.3.4
Design de produtos
1.3.5
Capacitação de recursos humanos
1.3.6
Obtenção de financiamento
1.3.7
Reivindicações políticas, apoio financeiro, outros para a
rede
1.3.8
Participação conjunta em feiras/eventos e outros
1.3.9
Processos de controle de qualidade e certificação
1.3.10
Exportação de produtos
1.3.11
Centros de tecnologia como as incubadoras por exemplo
1.3.12
Fóruns de discussão
1.4
Resultados da Cooperação
1.4.1
Melhoria na qualidade dos produtos
1.4.2
Desenvolvimento de novos produtos
1.4.3
Melhorias nos processos produtivos
1.4.4
Melhoria nas condições de fornecimento de produtos
1.4.5
Melhor capacitação de recursos humanos
1.4.6
Melhorias nas condições de comercialização
1.4.7
Introdução de inovações organizacionais
1.4.8
Novas oportunidades de negócio
1.4.9
Promoção de nome/marca da empresa no mercado
nacional
1.4.10
Maior inserção da empresa no mercado externo
Quadro 8 Síntese da Operacionalização das Variáveis Redes de Empresas
Fonte: Desenvolvido pela autora
1
Constructos
Variáveis
Indicadores
Autores
2
Aprendizado
Coletivo
2.1
Fontes de Aprendizado
2.1.1
Departamento de P&D e/ou área de produção
Britto (2001);
Torres, Almeida
e Tatsch (2004);
Cassiolato e
Lastres (2004);
Redesist (2005)
2.1.2
Área de vendas, marketing
2.1.3
Fornecedores (equipamentos, materiais)
2.1.4
Clientes / Usuários
2.1.5
Visitas a outras empresas do setor de software
2.1.6
Funcionários que trabalham em outras empresas
2.1.7
Concorrentes
2.1.8
Consultores especializados
2.1.9
Universidades e Institutos de pesquisa
2.1.10
Incubadoras de empresas
2.1.11
Centros de capacitação profissional, de assistência
técnica e de manutenção
2.1.12
Instituições de testes e certificações
2.1.13
Licenças, registro de software, patentes
2.1.14
Conferências, seminários, cursos, workshops e
publicações especializadas
2.1.15
Feiras, exibições, livrarias
2.1.16
Ocasiões sociais (clubes, restaurantes, bares etc)
2.1.17
Assoc. empresariais locais (cons. de exportação)
2.1.18
Catálogos, revistas e Sites (Internet)
2.2
Resultados do Aprendizado
2.2.1
Melhor utilização de técnicas produtivas,
equipamentos, insumos e componentes
2.2.2
Maior capacitação para realização de modificações e
melhorias em produtos e processos.
2.2.3
Melhor capacitação para desenvolver novos produtos e
processos
2.2.4
Maior conhecimento sobre as características dos
mercados de atuação da empresa
2.2.5
Melhor capacitação administrativa
Quadro 9 Síntese da Operacionalização das Variáveis Aprendizado Coletivo
Fonte: Desenvolvido pela autora
Constructos
Variáveis
Indicadores
Autores
3
Inovação
3.1
Inovação de Produto
3.1.1
Produto novo para a empresa, mas existente no mercado.
Edquist
(2001);
Malerba
(1992);
Freeman e
Perez (1988);
Cassiolato e
Lastres (2004);
Lemos (2001);
Redesist
(2005)
3.1.2
Produto novo para o mercado nacional.
3.1.3
Produto novo para o mercado internacional.
3.2
Inovação de Processo
3.2.1
Processos tecnológicos novos para a empresa, mas já existente no
setor.
3.2.2
Processos tecnológicos novos para o setor de atuação.
3.3
Inovações
organizacionais
3.3.1
Implementação de técnicas avançadas de gestão.
3.3.2
Implementação de significativas mudanças na estrutura
organizacional.
3.3.3
Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de
comercialização.
3.3.4
Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a
atender normas de certificação (ISSO 9000, ISSO 14000, etc).
3.4 Atividades
inovativas
3.4.1
Pesquisa e desenvolvimento (P&D) na empresa.
3.4.2
Aquisição externa de P&D.
3.4.3
Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram em
significativas melhorias tecnológicas de produtos/processos ou
que estão associados aos novos produtos/processos
3.4.4
Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças ou acordos
de transferência de tecnologia tais como patentes, marcas,
segredos industriais).
3.4.5
Programa de treinamento orientado à introdução de
produtos/processos tecnologicamente novos ou significativamente
melhorados.
3.4.6
Programas de gestão da qualidade ou de modernização
organizacional, tais como: qualidade total, reengenharia de
processos administrativos, desverticalização do processo
produtivo, métodos de “just in time”, etc.
3.4.7
Novas formas de comercialização e distribuição para o mercado
de produtos novos ou significativamente melhorados.
Quadro 10 Síntese da Operacionalização das Variáveis Inovação
Fonte: Desenvolvido pela autora
Constructos
Variáveis
Indicadores
Autores
4
Competitividade
com Projetos
Cooperados
4.1
Faturamento
4.1.1
Crescimento do faturamento
Assaf Neto (2003);
Matarazzo (2003)
4.2
Rentabilidade
4.2.1
Lucro líquido
4.2.2
Retorno do investimento
Quadro 11 Síntese da Operacionalização das Variáveis Desempenho
Fonte: Desenvolvido pela autora.
O quadro 12 a seguir articula as relações entre as questões de pesquisa, os objetivos
geral e específicos, constructos, autores e blocos relacionadas às perguntas do questionário.
2
Questões de
pesquisa
Objetivos Específicos
Constructos
Autores
Questionário
Existem ações de
cooperação entre
empresas da rede de
software de Londrina e
demais atores voltadas a
esforços produtivos e
inovativos?
Se sim, quais são, em
que intensidade ocorrem,
com quem e onde?
Identificar as ações de cooperação da rede
de empresas de software de Londrina
voltadas para o incremento da ação
produtiva e inovativa da rede de empresas
de software de Londrina.
Redes de
Cooperação
Técnica
Produtiva;
Redes de
Cooperação
Produtiva
Tecnológica
Britto (2002, 1999);
Hoffmann (2005);
Marcon e Moinet
(2001); Botelho;
Ribault et al.
(1995); Eiriz (2001)
Garofoli (1993)
Lorange e Ross
(1996)
Balestrin e Vargas
(2004); Human e
Provan (1997);
Casarotto e Pires
(2001)
Redesist (2003)
Blocos 1 e 2
(1
a
, 2
a
e 3
a
partes)
Como se desenvolve o
processo de aprendizado
coletivo para incremento
da atividade produtiva e
inovativa da rede de
empresas de software de
Londrina?
Identificar o processo de aprendizado
coletivo da rede de empresas de software de
Londrina para incremento da atividade
produtiva e inovativa.
Aprendizado
Coletivo
Britto (2001);
Torres, Almeida e
Tatsch (2004);
Cassiolato e Lastres
(2004); Redesist
(2005)
Bloco 3
É possível afirmar a
presença do processo
inovativo na rede de
empresas de software de
Londrina?
Verificando-se a
existência de processo
inovativo em rede, como
são classificadas as
inovações?
Verificar a presença do processo inovativo e
identificar novos produtos, processos e
inovações organizacionais da rede de
empresas de software de Londrina.
Inovação
Edquist (2001);
Malerba (1992);
Freeman e Perez
(1988); Cassiolato e
Lastres (2004);
Lemos (2001);
Redesist (2005)
Bloco 4
É possível afirmar que
há impactos das ações de
cooperação na
competitividade da rede
de empresas de software
de Londrina? Como
podem ser analisados
esses impactos?
Identificar os impactos das ações de
cooperação na competitividade da rede de
empresas de software de Londrina.
Inovação
Competitividade
Schumpeter (1984);
Possas (2002); Dosi
(2005); Nelson e
Winter (2005);
Assaf Neto (2003);
Matarazzo (2003)
Blocos:
2 (4
a
parte)
3 (2
a
parte)
4 (1
a
e 2
a
parte)
5
Quadro 12 Relações das relações entre as questões de pesquisa, os objetivos geral e específicos,
constructos, autores e blocos relacionadas às perguntas do questionário.
Fonte: Desenvolvido pela autora.
4.5 Instrumento de coleta de dados
Para a realização da pesquisa optou-se pelo emprego do questionário como
instrumento de coleta de dados. De acordo com Richardson (1999, p.189), os questionários
objetivam descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social. O
questionário permite a medição das variáveis colocadas para compreensão do fenômeno,
objeto de estudo. Permite delinear de forma objetiva, características de um determinado grupo
social o que beneficia não apenas o pesquisador, mas também pode colaborar com outros
especialistas, planejadores, administradores. O questionário não fica restritos ao número exato
de questões, muito menos a um tema em específico e oferece a flexibilidade para que o
pesquisador possa conhecer aquilo que se pretende investigar.
Os questionários se classificam ainda de acordo com o tipo de pergunta que é feita ao
pesquisado e pelo modo de aplicação do questionário (RICHARDSON, 1999, p.190). Para o
objetivo deste estudo, elaborou-se um questionário com perguntas fechadas, com uma média
de uma hora de duração, para que não provocasse o desgaste do pesquisado.
Quanto à classificação dos questionários com base no modo de aplicação, o
instrumento foi aplicado pelo contato direto e dirigido aos sócios proprietários das empresas e
no caso de ausência destes, para os responsáveis pela área de projetos cooperados. O
pesquisador fez a aplicação do questionário face a face com o pesquisado. Para Richardson
(1999), no contato direto, o pesquisador pode explicar e discutir os objetivos da pesquisa,
esclarecer dúvidas, corre-se menos risco do entrevistado ficar sem responder o questionário
por completo ou deixar questões sem responder.
O instrumento para coleta dos dados baseia-se no modelo de questionário da Redesist
(2003) e de Camara et al. (2006a) que têm dedicado esforços para estudos relativos às
aglomerações produtivas localizadas, como os Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos
Locais SPIL‟s em nível Brasil e local.
O questionário
15
utilizado na pesquisa é dividido em cinco blocos: a parte introdutória
busca identificar algumas características das empresas de software do município de Londrina
em termos de tamanho de acordo com o faturamento, ano de fundação, capital da empresa,
tipo de gestão e escolaridade dos sócios e funcionários e a área de atuação das empresas em
termos de produtos e serviços de software.
15
O questionário pode ser consultado no anexo 2
O primeiro bloco visa identificar os tipos de parcerias existentes entre empresas e
outros agentes quanto às atividades de desenvolvimento e serviços de software e a ocorrência
em quatro situações: em nível da rede, estado do Paraná, em outros estados do Brasil ou no
exterior. Aos entrevistados é dada a possibilidade de indicar as quatro opções. Além disso,
esta parte prevê relações de subcontratação das empresas sendo solicitado ao entrevistado a
indicação de quatro alternativas, sendo a empresa: subcontratada de empresa da rede ou fora
da rede e/ou subcontratante de empresa da rede ou fora dela com a indicação do porte
(micro/pequena e/ou média e grande).
O segundo bloco é dividido em três partes e visa aprofundar as questões relativas ao
tema da pesquisa: uma pergunta introdutória em que se busca verificar a existência de
atividades cooperativas entre empresas e outras organizações nos três últimos anos (2005 a
2007). A primeira parte identifica o nível de intensidade na interação com parceiros no se que
refere as ações de cooperação existentes entre as empresas e demais agentes numa escala
ordinal de 4 pontos, variando de nenhuma a alta intensidade, indica o nível de formalização
desses relacionamentos se formal ou informal ou os dois casos, e a localização dos parceiros e
de outros agentes (rede, Paraná, Brasil ou exterior) sendo possível apontar mais de uma
opção. A segunda parte identifica o grau de utilização de algumas formas de cooperação com
uma escala avaliativa que vai de nenhuma a alta utilização. Por fim; na terceira parte, solicita
aos entrevistados uma avaliação dos resultados obtidos com as ações conjuntas que mede o
grau de importância em uma escala de 4 pontos, variando de nenhuma a alta importância.
O terceiro bloco, que trata dos processos de aprendizado da rede de empresas de
software de Londrina, está dividido em duas partes: i) visa descrever as fontes internas e
externas de aprendizado coletivo com indicação do grau de importância de cada fonte numa
escala de 4 pontos, variando de nenhuma a alta importância, também nos três últimos anos
(2005 a 2007), indica se o mecanismo de aprendizado é formal ou informal com a opção pelas
duas alternativas e a aponta a localização das fontes, se em nível da rede, estado do Paraná,
Brasil ou exterior e por fim; ii) identifica-se o impacto resultante dos processos de
aprendizado no nível de capacitação produtiva e tecnológica das empresas indicando o grau
de importância em uma escala de 4 pontos, que varia de nenhuma a alta importância.
O quarto bloco também dividido em quatro partes identifica: i) os tipos de inovação
introduzidos pelas empresas da rede por intermédio da verificação de inovações de produtos,
processos e inovações organizacionais; ii) os impactos dos esforços inovativos por uma escala
ordinal de 4 pontos que varia de nulo a alto impacto; iii) as atividades inovativas
empreendidas pelas empresas por uma escala ordinal de 3 pontos que varia de nulo a alto
desenvolvimento da atividade inovativa, sendo que a este último foi adicionado a opção
inexistência de atividade; e iv) consta no questionário uma questão relativa ao percentual
investido em atividades de inovação sobre o faturamento no último ano bem como as fontes
de financiamento recorridas pelas empresas.
Por fim, o último bloco é constituído por dois indicadores quantitativos para medir a
competitividade das empresas da rede em projetos cooperados como: crescimento do
faturamento, lucro líquido e retorno do investimento. Neste bloco a mensuração é realizada
subjetivamente através de uma escala de 3 pontos, variando de 1 (diminuiu) a 3 (aumentou).
Os entrevistados foram solicitados a dar sua opinião sobre o desempenho da sua empresa em
relação a projetos cooperados, levando-se em conta o desempenho alcançado nos últimos três
anos (2005 e 2007).
Para Malhotra (2006), um questionário não deve ser aplicado em uma pesquisa de
campo sem antes a aplicação de um pré-teste. O pré-teste deste questionário foi realizado com
3 empresas de software de Londrina com o objetivo de identificar o entendimento do mesmo e
a necessidade de possíveis correções. Após a realização do pré-teste, foram adicionados com
base no modelo da Redesist (2003) cabeçalhos explicativos em cada bloco do questionário
para auxiliar durante a aplicação e explicitação de conceitos aos entrevistados como pode ser
observado no anexo 2.
4.6 Tabulação e análise dos dados
A tabulação dos dados coletados junto as 26 empresas foi realizada com o auxílio da
planilha eletrônica do Microsoft Excel e com o software estatístico SPSS versão 12.0.
4.7 Limitações da pesquisa
Uma das principais limitações da pesquisa que restringiu o campo de análise foi
quanto à existência de apenas micro e pequenas empresas que foram selecionadas para a
amostra. Além disso, os cadastros disponíveis, muito dinâmicos e ao mesmo tempo confusos
impossibilitaram uma seleção amostral mais aprimorada.
Um segundo limitador foram o caráter mutante e a complexidade e variedade de
classificações possíveis e existentes sobre o setor de software, o que dificultou análises mais
apuradas em termos de processo produtivo nas empresas.
Uma terceira dificuldade foi a rotatividade de empresas no aglomerado de software de
Londrina sendo que a pesquisa ficou limitada à medida que não será possível generalizar os
resultados para o universo total de empresas de software de Londrina.
Outra limitação foi quanto à definição da atividade econômica principal das empresas,
pois algumas delas possuíam mais de um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ
informando códigos distintos, o que impediu uma caracterização mais precisa das empresas
em termos de atividade econômica.
Acredita-se também que a complexidade do conteúdo da pesquisa se tornou um fator
limitante principalmente pela restrição cognitiva dos respondentes para compreensão total das
temáticas abordadas no estudo, o que pode gerar um viés na pesquisa.
As medidas subjetivas para medir indicadores de desempenho podem o revelar de
fato a realidade das empresas no âmbito dos impactos das ações de cooperação.
Por fim, as tentativas de correlacionar variáveis do trabalho para realizar testes
estatísticos não obtiveram resultados satisfatórios tendo em vista o não atingimento de níveis
de correlação necessários.
No próximo capítulo serão apresentados e analisados os resultados da pesquisa que
contribuíram para analisar os impactos das ações de cooperação voltadas ao incremento da
atividade produtiva e inovativa na dinâmica competitiva da rede empresas de software de
Londrina.
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA REDE DE EMPRESAS DE SOFTWARE DE
LONDRINA
O presente capítulo apresenta e analisa a luz do referencial analítico os principais
resultados obtidos com a rede de empresas de software de Londrina.
5.1 A rede de empresas de software de Londrina
Em setembro de 2005, o Relatório “Identificação, Caracterização, Construção de
Tipologias e Apoio na Formulação de Políticas para os Arranjos Produtivos Locais (APL‟s)”
(terceira e quarta etapas) desenvolvido pela Secretaria de Estado de Planejamento e
Coordenação Geral (SEPL), Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
(IPARDES) e pelas Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) identificou o
aglomerado de empresas de software de Londrina como um potencial arranjo produtivo local,
tendo como base os objetivos definidos pelo “Programa de Apoio aos Arranjos Produtivos
Locais da Rede APL Paraná” e do “Programa de Desenvolvimento da Produção do Governo
do Estado do Paraná”. Os objetivos deste programa são: a) geração de renda e emprego; b)
redução dos desequilíbrios regionais; c) aproveitamento de potencialidades e vocações locais;
e d) aumento da competitividade empresarial (IPARDES, 2005).
O relatório apresenta o setor com expressiva importância para a região, sendo
classificado como vetor avançado (VA). Estas aglomerações, segundo a metodologia
elaborada pela equipe coordenadora do trabalho recebem esta classificação porque, via de
regra, encontram-se diluídos num tecido econômico muito maior e mais diversificado, ou seja,
embora sejam importantes para o setor, mas o desenvolvimento econômico regional não
depende deles de uma forma tão pronunciada. Geralmente são encontrados em regiões com
grandes aglomerações urbanas e estrutura industrial mais diversificada (IPARDES, 2005).
Conforme Camara et al. (2006b) e IPARDES (2005), mesmo com a diversidade
industrial da cidade de Londrina, a indústria de software londrinense não tem importância
representativa em nível local, mas é destaque no âmbito estadual, ficando em segundo lugar,
perdendo apenas para a cidade de Curitiba.
O estudo realizado por Camara et al. (2006a) procurou identificar as principais
características do aglomerado de empresas de software de Londrina a partir de uma amostra
representativa de 25 empresas. As empresas atuam desde o desenvolvimento de softwares à
prestação de serviços em áreas diversas. Identificou-se a existência de relações de cooperação
em forma de parcerias com outras empresas desde o desenvolvimento conjunto de produtos e
serviços ao compartilhamento dos ganhos advindos dessas interações. Demonstrou ainda, a
existência de elos produtivos multilaterais e horizontais destacando-se o suporte institucional
de universidades da localidade.
Os principais resultados encontrados por Camara et al. (2006a) sinalizam: número
elevado de parcerias (85%) entre empresas para desenvolvimento de produtos,
comercialização no mercado interno e externo e para qualificação de recursos humanos e
certificação de produtos; relações e interações estabelecidas por meio de entidades de classe,
sindicatos ou associações sociais (60%) e; relacionamento com órgãos governamentais para
obtenção de recursos públicos voltados a investimentos em melhoramentos de produtos,
compras de equipamento e geração de negócios e relações com instituições de ensino e
pesquisa no caso das atividades de P&D das empresas residentes em incubadoras. Por fim,
verificou-se a ocorrência de implementação de inovações de produtos e serviços e processos
tecnológicos (61 inovações).
A cidade de Londrina é um espaço geográfico comum às empresas que fazem parte da
rede de empresas de software e que contempla sistemas de relações nos variados níveis sejam
internos ou com o ambiente local e mais amplo. Analisou-se a estrutura coletiva de ações dos
atores e comportamento das empresas que não são tidas isoladamente, mas em conjunto com
as demais e outros agentes para entendimento das ações de cooperação voltadas aos esforços
produtivos e inovativos dessas mesmas empresas.
As fontes de informação das empresas para o desenvolvimento de inovações são:
catálogos, revistas especializadas, informações obtidas do contato com o cliente, benchmark
de produtos e serviços bem como as universidades e centros de pesquisa existentes na região
conforme. O gráfico 1 apresenta as relações de parceria para o desenvolvimento de
produtos/serviços.
Comercialização-
Exterior
1%
Comercialização-BR
6%
Qualificação MDO
2%
Desenvolvimento
34%
Outsourcing
54%
Certificação
3%
Gráfico 1 - Relações de parcerias realizadas pelas empresas para o desenvolvimento
de produtos /serviços
Fonte: Camara et al. (2006a).
Mais de 70% das parcerias se desenvolvem dentro do conjunto de empresas e a grande
minoria no estado do Paraná, no país ou no exterior na forma de subcontratantes ou
subcontratadas ou nos moldes de outsourcing convencional. Todavia, um dado importante a
ser destacado foi o relato quanto à falta de comunicação e transparência nas relações de
parcerias que acabaram por gerar resultados não muito satisfatórios quanto às atividades de
outsourcing, desenvolvimento e comercialização no mercado externo. Sendo que as mais
proveitosas em termos de resultados teriam sido aquelas voltadas à certificação e qualificação
de mão de obra (CAMARA et al., 2006a).
No que tange as relações interempresariais e de cooperação, as empresas de software
de Londrina estabelecem formas de comunicação no âmbito técnico ao trocarem idéias e
sobre as dificuldades ocasionalmente (60%) e apenas 20% delas estabelecem contatos com
freqüência, em ambos os casos o contato se desenvolve em torno de questões de mercado e
novas tecnologias. Na esfera social, observou-se a existência de interação de grande parte das
empresas (21 casos) propiciada por instituições de caráter associativo (ADETEC) e
representativo na localidade (SEBRAE). Além disso, o estudo identificou que as empresas da
rede utilizam recursos financeiros próprios (80%) e outras fontes de financiamento tais como
bancos públicos, agências de fomentos e programas governamentais e de caráter misto para
expansão ou modernização da empresa.
Outro dado importante identificado foi a presença marcante de grande número de
instituições de ensino com cursos voltados a qualificação dos profissionais das empresas de
software como pode ser atestado no quadro a seguir:
Nome do
Curso e
Faculdade
Descrição
Ciência da
Computação
Curso
Superior de
Tecnologia em
Processamento
de Dados
Engenharia da
Computação
Sistemas de Informação
Diploma
Conferido
UEL
Bacharel
UNOPAR
Tecnólogo
UNOPAR
Bacharel
Metropolitana
DESATIVADO
Bacharel
PUCPR
Bacharel
UNIFIL
Bacharel
Data de início
do
funcionamento
04/03/1991
05/02/1990
01/09/1997
01/04/2001
18/02/2002
31/07/2001
Prazo para
integralização
do curso
4 anos
3 anos
4,5 anos
4 anos
4 anos
4 anos
Carga Horária
Mínima do
Curso
3.642
horas/aula
2.400
horas/aula
3.600
horas/aula
3.224 horas/aula
3.384
horas/aula
3.060
horas/aula
Regime Letivo
Anual
Semestral
Anual semestral
semestral
semestral
anual
Oferta
Integral
noturno
Matutino,
Noturno
noturno
noturno
noturno
Vagas
Autorizadas
40
180
Diurno: 90
Noturno: 140
-
60
100
Quadro 13 Cursos superiores de graduação na área de informática em Londrina 2006
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais INEP (2006) apud CAMARA et al. (2006a).
Neste cenário e com base nos resultados alcançados, coloca-se em evidência um fato
importante que colabora ao subsidiar o presente trabalho. Segundo opinião de membros da
Platin Plataforma de Tecnologia da Informação localizada na Associação do
Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região - Adetec - demais instituições de ensino
entrevistadas existe uma fraca interação entre universidade e as empresas (CAMARA et al.,
2006a). Entretanto, estes agentes não revelaram o grau de intensidade dos níveis de interação,
demandando um estudo mais aprofundado no que tange aos esforços cooperativos voltados à
produção e inovação.
No que tange ainda ao aspecto da inovação, segundo Camara et al. (2006a), algumas
inovações foram introduzidas pelas empresas no período de 2003 a 2005. A tabela 1 apresenta
os resultados encontrados.
Tabela 1 Inovações praticadas pelas empresas do APL de software de Londrina em produtos/
serviços e processos entre 2003 e 2005.
Inovações
Realiza Inovações
Produto/ serviço
Número
(%)
1. Inovações de produto/serviços
23
92
2. Produto novo para empresa, mas existente no mercado
20
80
3. Processos tecnológicos novos para a empresa, mas já existente no setor
18
72
4. Produto novo para o mercado nacional
11
44
5. Processos tecnológicos novos para o setor
11
44
6. Produto novo para o mercado internacional
7
28
Importância
Alta
Média
Baixa
Nula
1. Ampliação da qualidade dos produtos/serviços
18
4
1
2
2. Permitiu manter participação nos mercados de atuação
14
7
1
3
3. Aumento de produtividade
13
7
1
4
4. Ampliação da gama de produtos serviços
12
8
2
3
5. Permitiu que a empresa abrisse novos mercados
10
5
2
8
6. Aumento de participação no mercado interno
9
12
1
2
7. Aumento de participação no mercado externo
0
4
2
19
Fonte: Pesquisa de campo (CAMARA et al., 2006a).
As empresas neste período lançaram novos produtos e serviços no mercado (23) bem
como implementação de processo inovador para o setor (11) e o mercado nacional (11) e
internacional (07) demonstrando um elevado potencial e capacidade de inovação das
empresas (grifo nosso). Além disso, verificou-se grande introdução de produtos novos pela
empresa, mesmo existindo no mercado (20) e introdução de processos tecnológicos novos
para a empresa, mesmo havendo no setor (18), demonstrando de certa maneira (grifo nosso),
processos de imitação e propensão a assumir riscos respectivamente (CAMARA et al.,
2006a).
Esses resultados permitiram diagnosticar a existência de uma rede de empresas. A
presente pesquisa aprofunda a análise das inovações introduzidas pelas empresas de software
bem como os impactos produzidos; a discussão do processo de aprendizado das empresas para
incremento da capacidade produtiva e inovativa e por fim, contribui com informações
relativas às ações de cooperação existentes na rede de empresas de software de Londrina e os
impactos das ações conjuntas na competitividade das empresas, no período entre 2005 e 2007.
5.2 Caracterização da amostra e análise dos resultados obtidos
Para realização deste trabalho foram entrevistadas 26 empresas de software de
Londrina sendo que 18 delas (69%) também participaram do trabalho de Camara et al. (2006).
As empresas da amostra foram caracterizadas conforme o tamanho (de acordo com o
faturamento anual), ano de fundação, capital da empresa, tipo de gestão, escolaridade dos
sócios e funcionários e o ramo de atividade. Também foram analisados, os dados relativos a
investimentos em P&D e atividades inovativas realizadas pelas empresas de software no ano
de 2006. As informações obtidas correspondem à parte introdutória e a quarta parte do bloco
4 do questionário.
Como apontado pela literatura, na indústria de software, tanto no âmbito nacional
quanto internacional verifica-se um cenário de presença maciça de micro e pequenas
empresas e a rede de empresas estudada confirma o cenário caracterizado por Melo e Branco
(1997).
De acordo com a tabela 2, das 26 empresas pesquisadas, 34,6% delas são micro
empresas e 65,4% são de pequeno porte conforme a faixa de faturamento anual. O porte das
empresas de acordo com o número de funcionários também pode ser consultado na tabela 32
do apêndice I.
Tabela 2 Tamanho de acordo com o faturamento anual
Faixa de Faturamento Anual (em R$)
f
%
Tamanho
Até 108.000
7
26,9
Micro
De 108.001 a 216.000
2
7,7
De 216.001 a 576.000
7
26,9
Pequena
De 576.001 a 1.200.000
2
7,7
De 1.200.001 a 1.440.000
1
3,8
De 1.440.001 a 1.800.000
1
3,8
De 1.800.001 a 10.500.000
6
23,1
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (julho, 2007)
Com relação ao ano de fundação das empresas, observa-se que boa parte da amostra
pesquisada foi constituída após a década de 1990. A tabela 3 demonstra esse dado com 58%
das empresas constituídas após o ano de 2000 acompanhadas de 23% entre 1990 e 1999.
Tabela 3 Ano de fundação
Período
f
%
Entre 1970 e 1979
1
4
Entre 1980 e 1989
4
15
Entre 1990 e 1999
6
23
De 2000 até 2005
15
58
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Outro dado verificado junto a amostra pesquisada foi quanto a origem do capital das
empresas. Todas as empresas entrevistadas (100%) são constituídas de capital nacional.
No que se refere ao tipo de gestão das empresas selecionadas para a amostra, a tabela 4
apresenta os resultados obtidos. Verifica-se a presença de uma variedade quanto às formas de
administração com destaque para uma gestão compartilhada envolvendo mais de dois sócios
com 30,7% do total, acompanhadas de 23,1% das empresas que afirmaram desenvolver uma
administração profissional, 19,2% apresentam gestão familiar e 19,2% declararam serem
dirigidas pelo sócio majoritário.
Tabela 4 Tipo de gestão
Descrição
f
%
Familiar
5
19,2
Profissional
6
23,1
Dirigida pelo sócio majoritário
5
19,2
Outros: Compartilhada entre os sócios
8
30,7
Outros: Coordenador cotista
1
3,8
Outros: Dirigida por holding c/ 1 gerente
1
3,8
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Com relação ao nível de escolaridade dos sócios, proprietários e responsáveis das
empresas pesquisadas, observa-se que do total de pessoas envolvidas na gestão das empresas
de software de Londrina 77% possui nível superior completo e pós-graduação (3
o
grau). Esses
dados podem ser verificados na tabela 5:
Tabela 5 Escolaridade dos sócios
Descrição
f
%
2
o
grau*
9
23
3
o
grau
30
77
Total
39**
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
* Estão incluídos 6 sócios/responsáveis com superior incompleto
**Número obtido com o somatório de todos os sócios-proprietários e
responsáveis pelas empresas.
No que se refere ao nível de escolaridade dos funcionários das empresas, a tabela 6
mostra um percentual similar ao anterior com 81,4% de todo o pessoal possuindo terceiro
grau completo (incluindo-se também pós-graduação).
Este resultado de presença marcante de pessoal com nível superior completo e pós-
graduado reflete em ambos os casos (responsáveis pelo negócio e funcionários das empresas
de software de Londrina), conforme destacado por Gutierrez e Alexandre (2004), Melo e
Branco (1997), Roselino (2006), Sampaio e Scatolin (2004) e Softex (2003) acerca da
indústria de software. Como o conhecimento é a matéria-prima principal no setor de software,
ele demanda mão-de-obra qualificada e apresenta um quadro de pessoal altamente
qualificado.
Tabela 6 Escolaridade dos funcionários
Descrição
f
%
2
o
grau*
63
18,6
3
o
grau
276
81,4
Total
339*
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
* Estão incluídos 33 funcionários com superior incompleto.
*Número obtido com o somatório de todos os funcionários das empresas.
No que se refere à atividade produtiva das empresas, do total das empresas da amostra,
65% delas indicaram um percentual de 10 a 50% dedicados as atividades de desenvolvimento
de produtos de software. A tabela 7 apresenta esses resultados sobre o percentual de
desenvolvimento de software nas empresas pesquisadas.
Tabela 7 Ramo de atuação da empresa (produto)
Produto de Software (em %)
f
%
De 10 a 50%
17
65
De 60 a 100%
9
35
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Em relação aos tipos de software produzidos, das 26 empresas pesquisadas, 35,6%
apontaram desenvolver o software pacote compreendendo as áreas: administrativa, contábil,
saúde, automação comercial de lojas, agronegócio, indústria, comércio, propaganda e
publicidade, gestão empresarial, revenda de veículos e distribuidora de peças, representação
comercial e segmento de pneus, transportes e processos de qualidade.
O dado que mais se destaca dentre as opções de software produzido pela empresa é
que 61,5% das empresas indicaram o software sob encomenda ou customizado como o tipo
desenvolvido compreendendo as seguintes áreas: comércio, indústria e serviços, contábil,
folha de pagamento, escrituração fiscal, gestão empresarial, transporte de cargas e logística de
armazenagem, saúde, indústria de alimentos e medicamentos, jogos eletrônicos, imóveis,
treinamentos, laboratório de análises clínicas, postos de gasolina, lojas de conveniência e
aplicações web.
A partir deste quadro é possível identificar a forma predominante de atuação da rede
de empresas de software de Londrina no que se refere à produção e os tipos de software
desenvolvidos pelas empresas deste estudo. A tabela 8 apresenta os resultados obtidos com os
tipos de software.
Tabela 8 Tipo de software
Tipo
f
%
Software pacote
9
35,6
Software sob encomenda ou customizado
16
61,5
Software embarcado
1
3,8
Outros: ERP
6
23,1
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
No que se refere ao percentual relativo aos serviços de software realizados pelas
empresas, os resultados apontam que a maioria das empresas, 73% delas, concentram de 46 a
90% de suas atividades em serviços de software. A tabela 9 apresenta os percentuais de
atuação das empresas em termos de serviços.
Tabela 9 Ramo de atuação da empresa (serviço)
Serviços de Software (em %)
f
%
De 1 a 45
7
27
De 46 a 90
19
73
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Para Roselino (2006), os serviços de software envolvem atividades de Tecnologia da
Informação e Comunicação, unindo informática e telecomunicações. Esses serviços incluem:
consultoria, desenvolvimento de aplicativos (software sob encomenda), integração de
sistemas, treinamento, suporte técnico e manutenção, entre outros. Para a indicação dos tipos
de serviços prestados pelas empresas da amostra pesquisada foi dada a opção de múltipla
escolha. Os dados que mais se destacam se referem às atividades de consultoria (81%),
treinamento (81%) e suporte técnico (85%).
De acordo com relato dos entrevistados e observações feitas durante a aplicação do
questionário, esses serviços estariam vinculados ao desenvolvimento do próprio produto, o
próprio software. Essa aglutinação dos conceitos e práticas, desenvolvimento de produto ou
prestação de serviços em software, revela a complexidade do setor como afirma Roselino
(2006, p.35): o “caráter heterogêneo das atividades desenvolvidas no interior da indústria de
software permite uma série de tipologias distintas que podem se combinar de diferentes
formas, resultando em complexas taxonomias possíveis”. A tabela 10 mostra os resultados
coletados referentes a cada opção de serviços em software.
Tabela 10 Outros serviços de software
Descrição
f
%
Consultoria
21
81
Engenharia de Software
10
38
Análise de Sistemas
17
65
Desenvolvimento de Aplicativos
15
58
Integração de Sistemas
18
69
Treinamento
21
81
Suporte Técnico
22
85
Manutenção
20
77
Outros
6
23
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Como parte final da caracterização da amostra, no que se refere aos investimentos em
P&D e atividades inovativas em relação ao faturamento realizados no último ano (2006) pelas
empresas entrevistadas, observa-se na tabela 11 que 17 empresas apontaram a 40% de
investimentos realizados em Pesquisa e Desenvolvimento P&D em 2006 sobre o
faturamento.
Tabela 11 Gastos com P&D sobre faturamento em 2006
Gastos com P&D em %
f
%
0 a 19
14
53,8
20 a 39
3
11,5
40 ou mais
6
23,1
Não responderam
3
11,5
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Com relação a investimentos realizados pelas empresas pesquisadas em atividades
inovativas em 2006, observa-se que 14 empresas aplicaram de 1 a 20% de recursos
representando 58,8% da amostra total. A tabela 12 apresenta os dados relativos a gastos com
atividades inovativas em 2006.
Tabela 12 Gastos com atividades inovativas sobre faturamento em 2006
Gastos em %
f
%
1 a 19
14
58,8
20 a 39
5
19,2
40 ou mais
5
19,2
Não responderam
2
7,7
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
No que se refere às fontes de financiamento, destaca-se em muitos casos, que as
empresas empregam recursos próprios para investir em atividades inovativas. Isto pode ser
confirmado pelo que apresenta a tabela 13 com todas as empresas utilizando-se de fontes
próprias com grau variado de percentuais investidos sendo que a maior ênfase está entre 80 a
100% de investimento.
Tabela 13 Fontes de financiamento - percentual investido
Recursos Próprios em %
f
%
20 a 39
2
7,7
40 a 59
3
11,5
60 a 79
3
11,5
80 a 100
18
69,2
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
A tabela 14 revela que grande parte das empresas entrevistada, 76,9 % da amostra, não
demonstra recorrer a recursos públicos como financiadoras (FINEP), bancos públicos
(BNDES, Banco do Brasil), instituições de apoio (Sebrae) e 88,5% das empresas também não
buscam ou recebem recursos de terceiros privados para investir em atividades inovativas.
Esses dados revelam a expressiva ausência de participação de entidades financeiras que
poderiam auxiliar na alavancagem dessas empresas. Este quadro evidencia a necessidade de
uma articulação entre empresários e órgãos governamentais no sentido de buscar um esforço
múltiplo e buscar maior apoio financeiro para potencializar os negócios, especialmente no que
se refere à inovação.
Tabela 14 Fontes de financiamento - terceiros
Recursos Públicos
f
%
Recursos Privados
f
%
Sim
6
23,1
Sim
3
11,5
Não
20
76,9
Não
23
88,5
Total
26
100
Total
26
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
As características apresentadas caracterizam sumariamente o perfil das empresas
pesquisadas. São micro e pequenas empresas; na maioria empresas jovens constituídas a partir
do ano de 2000 e não possuem um tipo específico de gestão, verificando-se maior destaque
para uma administração compartilhada. O grau de escolaridade do pessoal
(proprietários/responsáveis pelas empresas e funcionários) envolvido com o setor é
predominantemente de alta qualificação - terceiro grau (superior completo e pós-graduação), e
prevalecem nessa rede: softwares sob encomenda e serviços em softwares relacionados ao
próprio produto em áreas diversas. A grande maioria das empresas utiliza-se de recursos
próprios e não de terceiros (públicos e privados) para realizar investimentos em P&D e
atividades inovativas. Os resultados encontrados confirmam as evidências do trabalho
exploratório de Camara et al. (2006a), e também o que a literatura apresenta sobre o setor.
Ao delinear esse perfil, atinge-se o objetivo “h” desta pesquisa, que é caracterizar as
empresas selecionadas da rede de empresas de software de Londrina.
5.3 Cooperação técnica/produtiva na rede de empresas de software de Londrina
Para identificar ações de cooperação no âmbito técnico/produtivo existentes na rede de
empresas de software de Londrina foi utilizado o bloco 1 com base no modelo de questionário
da Redesist (2003). Em seguida, apresentam-se os resultados coletados do constructo
referente à cooperação técnica/produtiva presente na rede de empresas de software de
Londrina nesses três últimos anos (2005/2007).
Foi introduzida inicialmente uma questão relativa a existência de parcerias, alianças
estratégicas ou contratos de cooperação com outras empresas ou agentes. Para responder a
essa questão, foi apresentado o conceito da parceria como sendo o desenvolvimento de
produtos ou serviços com responsabilidades divididas e ganhos compartilhados.
Do total de empresas pesquisadas, 77% (20 empresas) afirmaram possuir algum tipo
de parceria, aliança estratégica ou contratos de cooperação. No que se refere ao tipo de
atividade desenvolvida em parceria pela empresa e a localização do parceiro, foi dada a opção
para múltiplas escolhas (atividade e localização) em ambos os casos conforme pode ser
observado no questionário (anexo 2).
Das empresas que afirmaram a existência de parceria, alguns dados se destacam. Ao
nível da rede (município de Londrina), 45% das empresas indicaram parcerias para
comercialização no mercado interno, 40% em atividades de desenvolvimento, 40% para
obtenção de certificações e 30% para qualificação de mão-de-obra. Na esfera estadual, 20%
das empresas apontaram parcerias também em desenvolvimento e 20% em atividades de
comercialização no mercado interno. No Brasil, o dado que mais se destaca é o de
comercialização no mercado interno com 40% das empresas, e por último, 10% das empresas
declararam possuir parcerias com agentes de origem estrangeira também para assumir uma
função do negócio. Realizando uma análise geral desses resultados, observa-se em todos os
casos, a predominância de parcerias voltadas a desenvolvimento e comercialização de
produtos/serviços das empresas.
Ao nível municipal, destacaram-se os dados relativos à comercialização no mercado
interno, desenvolvimento e obtenção de certificações. Em Londrina, foram identificadas seis
empresas que se associaram com outra empresa de software da cidade para viabilizar a
comercialização de produtos em vários estados do país. Também nos anos de 2006 e 2007, foi
iniciado um trabalho conjunto coordenado pelo agente Softex local para realização de
treinamentos e obtenção de certificação do MPS-BR.
Um dado a ser ressaltado dos resultados é a existência de duas empresas que realizam
atividades de business process outsourcing em que se estabelece um contrato com uma
empresa externa para assumir um processo ou uma função do negócio. Neste caso, as duas
empresas da rede prestam serviços para uma empresa multinacional para viabilizar a
comercialização dos produtos no Brasil.
Em nível da rede, os resultados revelam a concentração de atividades conjuntas
(comercialização no mercado interno, desenvolvimento e obtenção de certificações), e
também no estado do Paraná e no Brasil, sem forte participação de nenhum deles. Os dados
corroboram a configuração das alianças estratégicas, ou seja, como diz Garofoli (1993) esses
acordos cooperativos formais e informais têm como base a colaboração entre os agentes que
podem estar dispersos da ótica espacial. Esses resultados podem ser observados na tabela 15,
a qual está indicando o tipo de atividade e a localização dos parceiros.
Tabela 15 Tipo de atividade x localização dos parceiros
Descrição
Rede
PR
BR
Exterior
f
%
f
%
f
%
f
%
Outsourcing de Processo de Negócios
-
-
-
-
2
10
2
10
Outsourcing de TI
3
15
2
10
3
15
-
-
Outsourcing Avançado (P&D)
-
-
1
5
2
10
-
-
Desenvolvimento
8
40
4
20
4
20
-
-
Comercialização no Mercado Interno
9
45
4
20
8
40
-
-
Exportação
1
5
-
-
1
5
1
5
Qualificação de Mão de Obra
6
30
1
5
1
5
1
5
Obtenção de Certificações
8
40
-
-
-
-
-
-
Outros
2
10
1
5
-
-
-
-
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Mesmo não existindo parcerias, alianças estratégicas ou contratos de cooperação, foi
questionado se a empresa atua como subcontratante ou subcontratada de outras empresas
através de contrato ou acordo de fornecimento regular e contínuo de módulos ou componentes
de programas e/ou outsourcing convencional. Do total das empresas pesquisadas, 69% (18
empresas) afirmaram relações de subcontratação. A tabela 16 apresenta os resultados
referentes ao tipo de relação existente entre empresas com outras empresas e organizações
dentro e fora da rede (Londrina).
Tabela 16 Tipo de relação subcontratação
Descrição
f
%
Subcontratante e Subcontratada
11
45,9
Subcontratante
3
12,5
Subcontratada
4
16,7
Nenhum dos dois
6
25
Total
24*
100
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
* 2 empresas não responderam
Os resultados da pesquisa indicam que a maior parte das empresas - 67% ou 12 - é
subcontratada por empresas de médio e grande porte em especial de origem local (Londrina)
ou fora da cidade. Do lado oposto, destaca-se que as empresas da rede selecionada para a
pesquisa também assumem o papel de subcontratantes (7) de micro e pequenas empresas da
própria cidade de Londrina.
Desta forma, é possível observar um alto nível de subcontratação existente na rede de
empresas de software de Londrina. Segundo Britto (2002) elas são as chamadas relações de
primeiro nível em que se constituem relações mais cooperativas.
Como essas empresas da rede de software de Londrina são subcontratadas de empresas
de maior porte e de áreas como telecomunicações, tecnologia da informação, hospitais,
indústria de eletrônicos e laboratórios de análises clínicas. Pode-se inferir neste caso,
conforme a caracterização de Britto (2002), de que as empresas na condição de
subcontratadas realizam funções mais complexas de desenvolvimento e concepção, com
relativa autonomia para desenvolver o produto com base em suas competências, adequando-se
à especificação de resultados e normas definidas pelo contratante.
Acredita-se de acordo com Botelho (1999) de que nas relações de subcontratação as
empresas da rede (menor porte) estão associadas a essas grandes empresas com vistas a obter
vantagens como a geração de novos produtos/serviços, acesso a recursos e a mercados e
acesso indireto aos ativos intangíveis das grandes empresas (marcas e programas de
treinamento), entre outros. Por outro lado, as grandes empresas associadas a pequenas
encontram vantagens como acesso a tecnologias especializadas desenvolvidas pelas pequenas
empresas, diminuição de riscos e custos relativos à terceirização das atividades. A tabela 17
indica as relações de subcontratação existentes, porte das empresas envolvidas e o setor de
atuação das subcontratantes e subcontratadas.
Tabela 17 Subcontratação x porte da empresa x setor
Relação
Porte das Empresas
Setor
micro e
pequena
média e
grande
Subcontratada de empresa da rede*
2
8
Telecomunicações; software; TI;
consultoria e integração de sistemas;
hospitais.
Subcontratada de fora da rede
1
4
Eletrônicos; laboratórios de análises
clínicas
Subcontratante de empresa da rede
7
5
Desenvolvimento e manutenção;
centrais de atendimento;
programação, arte e web; software;
TI.
Subcontratante de empresa fora da rede
4
5
Centrais de atendimento; design e
música; TI; integração de sistemas;
laboratórios de análises clínicas.
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
* Entende-se rede como empresas e organizações localizadas na cidade de Londrina.
Esta parte inicial da análise dos resultados possibilitou atingir o objetivo “e” da
pesquisa que é identificar as ações de cooperação voltadas para o incremento da atividade
produtiva e inovativa da rede de empresas de software de Londrina.
5.4 Cooperação produtiva/tecnológica na rede de empresas de software de londrina
Para verificar a existência de envolvimento das empresas com atividades cooperativas
no âmbito produtivo e tecnológico nos três últimos anos (2005 a 2007) foi utilizado o bloco 2
(anexo 2) tendo como referência o modelo de questionário da Redesist (2003)
16
. A seguir
apresenta-se a análise dos resultados coletados referente à cooperação produtiva/tecnológica
na rede de empresas de software de Londrina nesses três últimos anos.
De acordo com a amostra (26 empresas), 92% (24) delas afirmaram ter participado nos
três últimos anos (2005 a 2007) em ações de cooperação formais ou informais com outras
empresas ou organizações o que vai de encontro ao que afirma Britto (2002) sobre as redes de
empresas que se estrutura por relações tecnológicas e produtivas formais e informais
estabelecidas entre empresas e instituições. Há, como dizem Human e Provan (1997) apud
Balestrin e Vargas (2004), sinergia de ações viabilizadas por interações entre 20 ou mais
empresas de software de Londrina orientadas a atingir objetivos comuns.
Com relação às ações de cooperação relativas aos três últimos anos (2005 a 2007), a
tabela 18 identifica o nível de intensidade da interação (alta/média e baixa boa interação e
nenhuma interação ruim) das empresas pesquisadas com outras empresas ou organizações,
mostra ainda se a cooperação é formal, informal ou mista e aponta a localização do parceiro.
De acordo com os dados levantados, 100% da amostra (26 empresas) destacaram boa
intensidade de interação com clientes da cidade de Londrina, estado do Paraná e também com
outros estados do país, perpassando relações de caráter formal (contratual) e misto. De acordo
com a pesquisa, acredita-se que existam relações contratuais para a comercialização e
desenvolvimento de produtos/serviços.
Outro dado que se destaca é que 96% do total da amostra demonstraram boa interação
com outras empresas de software de Londrina e também do estado, prevalecendo relações
mais informais nesses três últimos anos (2005 a 2007). Estes resultados podem demonstrar
16
O bloco é dividido em 4 partes: a) a primeira é uma pergunta introdutória para verificar o envolvimento das empresas em
atividades cooperativas nos três últimos anos; b) a segunda parte busca identificar o nível de intensidade da interação com
outras empresas e organizações, cujos indicadores seguem uma escala de 4 pontos, variando de nenhuma a alta interação
acompanhada ainda pela indicação do nível de formalização dessa cooperação com a opção formal, informal e adicionada ao
questionário a opção “mista” e pela localização dos parceiros em quatro instâncias (rede Londrina, Paraná, Brasil ou
exterior) com a opção de múltiplas escolhas; c)a terceira parte verifica o grau de utilização de formas de cooperação adotadas
pelas empresas. A mensuração dos indicadores para o grau de utilização seguiu uma escala de 4 pontos, variando de nenhuma
a alta utilização ; e d) a última parte do bloco identifica o grau de importância atribuído pelas empresas aos resultados das
ações conjuntas de acordo. O grau de importância foi mensurado através também de uma escala de 4 pontos, variando de
nenhuma a alta importância para cada resultado.
que nessa rede de empresas a coordenação das atividades pode estar sendo realizada pelas
próprias empresas, coordenação menos formal, pois é facilitada pela dinâmica de interação
dos próprios agentes.
Por outro lado, verificou-se um nível ruim de intensidade de interações com outras
organizações tais como: universidades, institutos de pesquisa (IAPAR, TECPAR etc),
incubadoras de empresas (INTUEL), centros de qualificação profissional (CIEE, Epesmel,
Platin), instituições de testes e certificações, entidades de representação (ASSESPRO, Softex)
e sindicais, órgãos de apoio e promoção (SEBRAE, Adetec, Sistema FIEP, CITS) e entidades
financeiras (FINEP, CEF, BNDES, BRDE), o que demonstra pouca abertura das empresas a
estabelecer relacionamentos com outras organizações externas que possibilitem melhor
capacitá-las produtiva e tecnologicamente. Uma informação a ser destacada é que algumas
empresas indicaram que a cooperação com as universidades locais (Londrina) se restringe a
cessão de softwares para alguns departamentos para uso e avaliação do produto
(administração, economia e contabilidade), acompanhadas da existência de convênios para
campo de estágio e para ministrar palestras sobre o setor.
Os resultados quanto ao nível da intensidade na interação das empresas pesquisadas
com outros agentes, grau de cooperação, nível de formalização dessas relações e localização
dos parceiros podem ser observados na tabela 18:
Tabela 18 Interação x formalização x localização
Descrição
Intensidade da Interação em %
Formalização em %
Localização em %
Alta
Média
Baixa
Nenhuma
Formal
Misto
Informal
R
PR
BR
E
Fornecedores
27
31
34
8
50
4
38
38
30
46
7
Clientes
69
27
4
-
46
27
27
77
88
77
7
Concorrentes
8
11
31
50
8
4
38
31
19
19
-
Outras Empresas de Software
31
31
34
4
27
19
50
69
42
23
-
Consultores Especializados
19
39
27
15
38
8
38
50
35
31
-
Universidades
23
23
19
35
54
4
8
62
23
15
-
Incubadoras de Empresas
12
12
15
61
23
8
8
35
-
4
-
Institutos de Pesquisa
4
4
15
77
8
-
11
12
12
4
-
Centros de Capacitação
8
19
35
38
46
-
15
62
4
7
-
Instituições de Testes de Certificação
16
19
19
46
50
4
-
19
15
27
-
Entidades de Representação
12
15
15
58
27
-
15
11
-
30
-
Entidades Sindicais
-
8
34
58
19
-
23
38
-
4
-
Órgãos de Apoio e Promoção
8
34
34
24
50
8
19
65
35
12
-
Agentes Financeiros
19
12
15
54
46
-
-
12
4
31
-
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
A parte seqüencial desta parte de cooperação produtiva e tecnológica corresponde às
formas de cooperação empregadas pelas empresas nos três últimos anos (2005 a 2007), cujos
resultados foram obtidos segundo a indicação do grau de utilização variando de nenhuma a
alta utilização. Na análise não foi considerado se a cooperação é gratuita ou estabelecida por
relações contratuais. Foi considerado grau alto/médio/baixo como sendo grau bom e nenhum
grau de utilização de ações de cooperação como sendo ruim.
A pesquisa aponta que houve 58% de grau bom de utilização da cooperação em
processos de controle de qualidade e certificação e 69% em desenvolvimento de produtos e
serviços. Porém, o que mais predomina nesta parte da pesquisa é que a grande maioria das
formas de cooperação apresentadas aos respondentes não é utilizada pelas empresas, dando
especial destaque a: 77% das empresas que não cooperam para exportar produtos; 69% das
empresas não buscam a cooperação com outras empresas e agentes para obter financiamentos,
e 62% delas não reivindicam políticas e apoio financeiro para a rede. A tabela 19 apresenta os
dados referentes às formas de cooperação utilizadas e não utilizadas pelas empresas nos
últimos anos de 2005 a 2007 de acordo com o grau de utilização.
Tabela 19 Grau de utilização das formas de cooperação
Descrição
Grau de Utilização em %
Alta
Média
Baixa
Não relevante
1. Compra de insumos e equipamentos
15
15
4
66
2. Venda conjunta de produtos
19
8
23
50
3. Desenvolvimento de produtos/serviços e processos
19
27
23
31
4. Capacitação de recursos humanos
15
18
15
50
5. Obtenção de financiamento
4
19
8
69
6. Reivindicações políticas, apoio financeiro para a rede
19
8
11
62
7. Participação conjunta em feiras/eventos e outros
15
23
12
50
8. Processos de controle de qualidade e certificação
23
23
12
42
9. Exportação de produtos
-
13
12
77
10. Centros de tecnologia como as incubadoras por exemplo
19
12
15
54
11. Fóruns de discussão
8
23
31
38
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Com relação ao grau de importância atribuído aos resultados das ações conjuntas
utilizadas pela amostra pesquisada adotou-se para a análise os conceitos de alta/média/baixa
como sendo importância significante.
As empresas indicaram importância significante em 100% para a melhoria na
qualidade dos produtos; 89% para a melhoria nos processos produtivos; 89% nas condições de
comercialização e 92% a novas oportunidades de negócio.
Por outro lado, com base nos resultados ressalta-se que 80% indicaram como não
tendo importância os resultados das ações conjuntas para maior inserção da empresa no
mercado externo. A tabela 20 apresenta a avaliação das empresas quanto aos resultados das
ações conjuntas implementadas nos três últimos anos (2005 a 2007).
Tabela 20 Avaliação dos resultados das ações conjuntas
Resultados das Ações Conjuntas
Grau de Importância em %
Alta
Média
Baixa
Nenhuma
1. Melhoria na qualidade dos produtos
46
42
12
-
2. Desenvolvimento de novos produtos
23
42
12
23
3. Melhorias nos processos produtivos
46
39
4
11
4. Melhoria nas condições de fornecimento de produtos
23
27
19
31
5. Melhor capacitação de recursos humanos
19
31
31
19
6. Melhorias nas condições de comercialização
27
43
15
15
7. Introdução de inovações organizacionais
19
31
27
23
8. Novas oportunidades de negócio
31
42
19
8
9. Promoção de nome/marca da empresa no mercado nacional
31
23
31
15
10. Maior inserção da empresa no mercado externo
4
8
8
80
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Esta parte seqüencial da análise dos resultados colabora para atender ao objetivo “e”
da pesquisa que é identificar as ações de cooperação voltadas para o incremento da atividade
produtiva e inovativa da rede de empresas de software de Londrina.
5.5 Aprendizado coletivo das empresas de software de Londrina
Para descrever o processo de aprendizado das empresas selecionadas da rede de
software de Londrina, as questões estão dispostas no bloco 3 do questionário e também foram
baseadas no modelo de pesquisa da Redesist (2003). Este bloco foi dividido em duas partes: a
primeira identifica as fontes de informação para o aprendizado, acompanhadas do nível de
formalização desse processo (formal/informal e misto) e da localização das fontes; e a
segunda parte identifica o grau de importância dado aos resultados dos processos de
aprendizado por parte das empresas nesses três anos de 2005 a 2007 para capacitação
produtiva e tecnológica.
As micro e pequenas empresas de software selecionadas do município de Londrina
recorrem para o incremento da atividade produtiva e inovativa de fontes internas (learning by
doing) à empresa, indicando 100% de boa importância ao departamento de P&D e/ou área de
produção.
Os mecanismos informais do aprendizado são os que prevalecem no processo de
aprendizado dentro das empresas de software selecionadas, o que indica conforme Britto
(2001) que as empresas buscam um equilíbrio nos padrões técnicos produtivos no que se
refere à capacitação dos recursos humanos, promovendo a troca de informações de processos
operacionais e produtivos e de técnicas organizacionais, contribuindo com a definição de
padrões de controle de qualidade e normas técnicas.
No que se refere a fontes externas de informação e aprendizado, as empresas
destacaram com 100% de boa importância aos clientes/usuários do produto concentrando-se
com valores equivalentes ao nível local, estadual e nacional. Os dados reforçam a
predominância de desenvolvimento de softwares sob encomenda na rede de empresas de
software de Londrina estudada, em que segundo Roselino (2006) e Melo e Branco (1997)
intensa interação produtor/usuário no processo de desenvolvimento. De acordo com Torres,
Almeida e Tatsch (2004) e Britto (2001), por intermédio do learning by using, as empresas
interagem com usuários para elevar os níveis de capacitação produtiva, tecnológica e
organizacional das empresas. Afirmam ainda que através do feedback dos clientes/usuários é
possível identificar desvios, resolver problemas de produtos e processos, explorar
oportunidades tecnológicas e até provocar a geração de novos setores.
Outras fontes externas de aprendizado também foram destacadas como outras
empresas de software (locais), consultores especializados (locais e Brasil) e concorrentes,
conferências, seminários, cursos, workshops e publicações especializadas, feiras e exibições
(nível Brasil). As fontes citadas tiveram papel relevante nos três últimos anos (2005 a 2007)
para elevar a capacitação produtiva e inovativa das empresas. Quanto aos mecanismos de
aprendizado, observa-se que com outras empresas de software e concorrentes prevalecem os
mecanismos informais, ou seja, voltados ao equilíbrio de padrões produtivos, e eventos e
consultores especializados predominaram mecanismos formais de aprendizado.
Quanto a este último dado, isto demonstra de acordo com Britto (2001) que as
empresas da rede estão empreendendo esforços deliberados de P&D, recorrendo a fontes de
informação como os clientes, consultores e eventos especializados a fim de criar novas
tecnologias. Isto pode revelar a existência de projetos particulares de P&D nas empresas com
certa divisão do trabalho e divisão de resultados. De acordo com o autor, essa prática
contribui para elevar o potencial inovativo do arranjo, com a melhor identificação de áreas
tecnológicas mais promissoras e conseqüentemente, elevar os níveis de produtividade das
atividades de P&D e ampliar a especialização do arranjo. Por fim, outra fonte de informação
que apresentou 100% boa importância foi o uso da Internet como meio de informação,
abrangendo desde a escala local até internacional.
Conforme Britto (2001), numa rede de interação há a possibilidade de agregar durante
o processo de aprendizado um pool de conhecimentos (gerenciais, comerciais,
mercadológicos, tecnológicos, entre outros), de cada agente individual, promovendo uma
aglutinação de competências. Essas possibilidades de conhecimento não só aumentam a
eficiência produtiva (inovações incrementais), mas colaboram para a ampliação da variedade
de novos produtos, processos e serviços (inovações radicais) e até a geração de novos setores
e demandas.
Os resultados também revelam um nível de importância ruim dado às universidades
(locais e nacionais) e institutos de pesquisa (IAPAR Instituto Agronômico do Paraná,
Embrapa), centros de capacitação profissional (CIEE, Platin na promoção de treinamentos e
cursos não voltados à certificação, mas que abrangem outras áreas da empresa), instituições
de testes e certificações e incubadoras locais (INTUEL) como fontes de informação para o
aprendizado. A tabela 21 apresenta o que foi obtido com relação às fontes de informação
recorridas pelas empresas, grau de formalização dos processos de aprendizado e localização
dessas fontes.
Tabela 21 Fontes de informação x formalização x localização
Descrição
Grau de Importância
Formalização
Localização
Alta
Média
Baixa
Nenhuma
Formal
Misto
Informal
R
PR
BR
E
Fontes Internas
1. Departamento de P&D e/ou produção
77
15
8
-
23
27
40
2. Área de vendas, marketing
38
27
27
8
19
27
46
Fontes Externas
3. Fornecedores (equipamentos, materiais)
23
15
35
27
15
15
42
35
31
42
-
4. Clientes / Usuários
77
23
-
-
31
38
31
81
81
77
7
5. Outras empresas do setor de software
35
31
15
19
15
4
61
54
27
42
-
6. Concorrentes
19
50
19
12
4
4
81
35
42
73
12
7. Consultores especializados
38
27
23
12
38
19
31
50
15
50
-
Universidade e Outras Instituições de Pesquisa
8. Universidades e Institutos de pesquisa
19
11
31
39
23
11
27
50
7
15
-
9. Incubadoras de empresas
8
8
27
57
19
11
11
42
-
-
10. Centros de capacitação profissional, de
assistência técnica e de manutenção
11
19
39
31
50
4
15
50
23
27
-
11. Instituições de testes e certificações
27
15
4
54
38
4
4
4
19
23
-
Outras fontes de informação
12. Licenças, registro de software, patentes
7
4
8
81
15
-
4
4
4
14
4
13. Conferências, seminários, cursos,
workshops e publicações especializadas
31
34
27
8
46
23
23
46
27
69
7
14. Feiras, exibições e livrarias
31
27
15
27
31
15
27
27
31
62
7
15. Ocasiões sociais (clubes, restaurantes,
bares etc)
23
15
23
39
8
-
54
46
31
31
-
16. Assoc. empresariais locais (cons. de
exportação)
7
23
35
35
31
4
31
62
15
7
-
17. Catálogos, revistas e Sites (Internet)
54
35
11
-
12
23
65
73
77
92
96
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Como forma de avaliar os processos de aprendizado das empresas de software de
Londrina selecionadas para compor a rede, verificou-se o grau de importância destinado a
cada resultado percebido pelos respondentes para capacitação produtiva e tecnológica das
empresas. Foi considerado como alto/médio/baixo grau de importância como sendo bom e
nenhuma como sendo ruim.
As avaliações das empresas quanto ao grau de importância destinado a todos os
resultados dos processos de aprendizado obtiveram percentual acima de 90%, considerado
como um bom resultado. Esses dados podem ser observados na tabela 22. Além disso, essas
avaliações das empresas podem corroborar os resultados da importância das fontes de
informação (clientes/P&D e produção/outras empresas de software entre outros) citadas
anteriormente para elevar os níveis de qualificação e capacitação produtiva e tecnológica das
empresas da rede em estudo.
Tabela 22 Avaliação dos resultados do aprendizado
Resultados do Aprendizado
Grau de Importância em %
Alta
Média
Baixa
Nenhuma
1. Melhor utilização de técnicas produtivas, equipamentos, insumos e
componentes
35
50
15
-
2. Maior capacitação para realização de modificações e melhorias em produtos
e processos.
35
46
19
-
3. Melhor capacitação para desenvolver novos produtos e processos.
39
42
15
4
4. Maior conhecimento sobre as características dos mercados de atuação da
empresa
39
46
11
4
5. Melhor capacitação administrativa
19
62
15
4
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Apresentadas as principais fontes de informação para o aprendizado das empresas
selecionadas para compor a rede em estudo, atinge-se o objetivo “d” da pesquisa que é
identificar o processo de aprendizado coletivo da rede de empresas de software de Londrina.
5.6 Inovação das empresas de software de Londrina
Para identificar as inovações introduzidas pelas empresas selecionadas da rede de
software de Londrina, as questões estão dispostas no bloco 4 do questionário seguindo-se o
modelo de pesquisa da Redesist (2003). O bloco foi dividido em quatro partes: a primeira
identifica as inovações realizadas pelas empresas, a segunda busca identificar o impacto
resultante dessas inovações e a terceira identifica as atividades inovativas implementadas
pelas empresas nesses três anos de 2005 a 2007. A última parte relativa a investimentos em
P&D e atividades inovativas já foi anteriormente apresentada no trabalho.
Os indicadores 1 (introdução de produtos/serviços novos para a empresa, mas
existente no mercado) e 2 (introdução de produtos/serviços novos para o mercado nacional)
revelam o potencial inovativo das empresas de software selecionadas para a amostra com 69%
em ambos os casos. Com relação aos resultados do trabalho realizado por Camara et al.
(2006a), as empresas da amostra revelaram a continuidade do esforço inovativo dado nos três
últimos anos.
Quanto ao indicador 3 (introdução de produtos/serviços novos para o mercado
internacional), as empresas da rede em estudo indicaram 11% de inovações nos três últimos
anos (2005 a 2006). O resultado reflete a pouca inserção das empresas de software de
Londrina no mercado externo e conseqüentemente, nos níveis de exportação.
No caso dos indicadores 4 (introdução de processos tecnológicos novos para a
empresa, mas já existente no setor) com 81% e 5 (introdução de processos tecnológicos novos
para o setor de atuação) com 77%, refletem o esforço inovativo das empresas para
incrementar o processo produtivo e inovativo nos anos de 2005 a 2007. Com referência ao
trabalho de Camara et al. (2006a), o resultado da amostra de empresas revelou incremento nos
esforços de introduzir tecnologias de processos novos no mercado.
Quanto ao indicador 6 (implementação de técnicas avançadas de gestão), 35% das
empresas aplicaram alguma forma diferenciada de gestão empresarial, entretanto,
relacionando-se aos indicadores anteriores deste trabalho, observa-se um percentual inferior.
Esses resultados podem confirmam os estudos sobre uma das dificuldades encontradas para o
crescimento da indústria de software brasileira, ou seja, o alto nível de qualificação técnica
dos profissionais do setor acaba limitando maiores esforços para uma administração mais
profissional.
Quanto ao indicador 8 (implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou
práticas de marketing) com 39% da amostra pesquisada e o indicador 9 (implementação de
mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de comercialização), identificou-se que
50% do total das empresas adotaram alguma forma diferenciada na forma de vender e
promover a marca da empresa e de seus produtos no mercado.
Os resultados do indicador 7 (implementação de significativas mudanças na estrutura
organizacional) apontaram 58% de mudanças na estrutura das empresas, um retrato da própria
estrutura das micro e pequenas empresas, que são flexíveis, enxutas e menos burocráticas o
que facilita as atividades inovativas.
No que se refere ao indicador 10 (implementação de novos métodos e gerenciamento,
visando a atender normas de certificação MPS-BR, CMM, ISO, etc) obteve-se um total de
46% da amostra, 12 empresas. Neste caso, uma informação a ser relatada é que cerca de seis
empresas da rede pesquisada participaram da ão coletiva para implementar o programa de
certificação MPS-BR, sendo que apenas duas empresas obtiveram o certificado de MPS-BR
nível 6. A tabela 23 mostra as inovações realizadas pelas empresas nos últimos anos de 2005 a
2007.
Tabela 23 Inovações realizadas pelas empresas de software de Londrina em produtos/processos e
inovões organizacionais.
Descrição
Inovações
f
%
1. Introdução de produtos/serviços novos para a empresa, mas existente no mercado.
18
69
2. Introdução de produtos/serviços novos para o mercado nacional.
18
69
3. Introdução de produtos/serviços novos para o mercado internacional.
3
11
4. Introdução de processos tecnológicos novos para a empresa, mas já existente no setor.
21
81
5. Introdução de processos tecnológicos novos para o setor de atuação
20
77
6. Implementação de técnicas avançadas de gestão.
9
35
7. Implementação de significativas mudanças na estrutura organizacional
15
58
8. Implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de marketing
10
39
9. Implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de
comercialização
13
50
10. Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a atender normas de
certificação (MPS-BR, CMM, ISO, etc).
12
46
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Para fazer a análise dos impactos percebidos pelas empresas quanto à introdução
dessas inovações nos anos de 2005 a 2007 será considerado o impacto alto/médio/baixo como
sendo bom e nenhum impacto como sendo ruim.
No que se refere aos impactos produzidos pela introdução das inovações nas empresas
selecionadas para a pesquisa nesses três últimos anos (2005 a 2007), destaca-se que 100%
delas indicaram impacto bom tendo como resultado o aumento da qualidade dos produtos e
serviços das empresas, seguido de 92% de impacto bom quanto a manter participação das
empresas nos mercados de atuação, 96% de aumento da produtividade e 89% de aumento na
participação no mercado interno.
Esses dados revelam que mesmo havendo percentuais similares como aumento da
qualidade e produtividade das empresas e, conseqüente manutenção nos mercados de atuação,
todavia uma ampliação inferior de oferta de novos produtos e serviços. Isto pode
demonstrar que as inovações introduzidas pelas empresas da rede pesquisada se restringem
mais ao campo incremental em termos de desenvolvimento de produtos e serviços em
software, mesmo porque as fontes para incremento da atividade produtiva e inovativa da rede
em estudo se restringem mais ao âmbito interno (P&D e produção) e externo (com
predomínio dos clientes/usuários do software).
Os resultados identificados quanto aos impactos dessas inovações nas empresas de
software selecionadas para pesquisa estão em acordo com o que Freeman e Perez (1988)
reconhecem das inovações incrementais, que levam a expansão da demanda existente e ao
aumento do valor agregado (aumento da qualidade). Além disso, essas inovações geralmente
não refletem esforços deliberados de P&D como pode ser ratificado pelos resultados, pois
poucos são os agentes que atuam como fonte de aprendizado (consultores) e que comparecem
em eventos especializados.
Isto também pode explicar os 84% da amostra pesquisada que afirmaram não existir
impactos da introdução de inovações para aumentar a participação no mercado externo. Essa
fraca participação das empresas no mercado internacional, pode refletir a inexistência de
inovações radicais, como a criação de novas linhas de produção e de novos tipos de demanda.
Acredita-se que a pouca utilização por parte da amostra pesquisada de fontes de aprendizado
como universidades, institutos de pesquisa entre outros agentes externos sejam determinantes
para diminuir as possibilidades de geração de novos produtos e serviços e conseqüente
inserção das empresas de software de Londrina no cenário internacional. Os resultados quanto
ao impacto da introdução de inovações pode ser verificado na tabela 24 a seguir:
Tabela 24 Impactos da introdução das inovações nas empresas de software
Impacto Resultante da Introdução de Inovações
Alta
Média
Baixa
Não relevante
1. Aumento da produtividade
39
42
15
4
2. Ampliação da gama de produtos/serviços ofertados
35
23
23
19
3. Aumento da qualidade dos produtos/serviços
62
27
11
-
4. Permitiu manter participação nos mercados de atuação
46
38
8
8
5. Aumento da participação no mercado interno
35
35
19
11
6. Aumento da participação no mercado externo
4
8
4
84
7. Permitiu que a empresa abrisse novos mercados
19
31
15
35
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Para analisar o nível de implementação das atividades inovativas realizadas pelas
empresas nos três últimos anos (2005 a 2007), destaca-se as atividades de P&D realizadas na
própria empresa com 85% das empresas (fonte de aprendizado predominante no âmbito
interno) e 81% afirmam ter adquirido máquinas e equipamentos visando a melhoria
tecnológica de produtos processos existentes ou para a geração de novos (introdução de
processos tecnológicos novos para a empresa, mas já existente no setor). Os resultados podem
ser observados na tabela 25.
Tabela 25 - Atividades inovativas realizadas pelas empresas de software
Descrição
Alto
Médio
Baixo
Inexiste
1. Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) realizadas na
própria empresa.
27
35
23
15
2. Aquisição externa de P&D (consultorias)
15
27
27
31
3. Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram em
significativas melhorias tecnológicas de produtos/processos ou que
estão associados aos novos produtos/processos
35
23
23
19
4. Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças ou acordos de
transferência de tecnologia tais como registros de software).
23
23
31
23
5. Programa de treinamento orientado à introdução de
produtos/processos tecnologicamente novos ou significativamente
melhorados.
23
27
19
31
6. Programas de gestão da qualidade ou de modernização
organizacional
27
15
31
27
7. Novas formas de comercialização e distribuição para o mercado,
envolvendo produtos novos ou significativamente melhorados.
8
42
23
27
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Os resultados referentes às inovações introduzidas pelas empresas de software
selecionadas para este trabalho atendem ao objetivo “c” da pesquisa que é identificar a
existência do processo inovativo e os tipos de inovação. Além disso, estes resultados
constituem de elementos que colaboram com a análise dos impactos das ações de cooperação
na dinâmica competitiva da rede em estudo.
5.7 Competitividade das empresas de software de Londrina
A avaliação do desempenho das empresas de software de Londrina foi relacionada ao
faturamento de projetos cooperados sob faturamento da empresa nos três últimos anos (2005 a
2007) e definida com base na indicação de intervalos percentuais. Do total da amostra
pesquisada, 42% das empresas responderam que o faturamento de projetos cooperados nos
últimos anos representou um percentual de 1 a 20% sob os rendimentos da empresa, não
havendo indicação de resultados desfavoráveis quanto à participação em projetos cooperados.
Esses dados podem ser observados na tabela 26.
Tabela 26 Faturamento de projetos cooperados x faturamento anual
* Essas empresas não souberam ou não quiseram responder
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
Os resultados revelam que 58% das empresas afirmaram ter aumentado o faturamento,
42% apontou que houve aumento do lucro líquido e 50% delas declaram que houve um
aumento no retorno do investimento de projetos cooperados com relação aos três últimos anos
(2005 a 2007). Em ambos os casos, há predomínio de manutenção ou crescimento dos
indicadores econômicos, demonstrando um desempenho positivo das empresas não existindo
avaliações que reflitam a diminuição ou desvantangem em participar de projetos cooperados.
A tabela 27 mostra os indicadores de desempenho das empresas pesquisadas em termos de
crescimento do faturamento, lucro líquido e retorno do investimento. O desempenho das
empresas faz parte do bloco 5 do questionário.
Tabela 27 - Faturamento das empresas x projetos cooperados
Indicadores
Aumentou
Permaneceu
%*
1. Crescimento do faturamento
58
27
2. Lucro líquido
42
42
3. Retorno do investimento
50
35
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
este percentual foi realizado com base em 22 empresas que responderam a questão, que consideraram
não apenas a existência de parcerias, alianças estratégicas e contratos de cooperação, mas também outras
atividades cooperativas estabelecidas com outras empresas e agentes.
Esses resultados (faturamento geral e desempenho das empresas com relação a
projetos cooperados) colaboraram para atingir o objetivo “e” do trabalho que é identificar os
impactos da cooperação produtiva e tecnológica nas empresas da rede de software de
Londrina.
Faixa de Faturamento
f
%
1-20
11
42
21-40
4
15
41-60
-
-
61-80
1
5
Não tem*
10
38
Total
26
100
5.8 Relação entre aprendizado a partir de fontes internas e externas a empresa e
inovação na rede de empresas de software de Londrina.
O referencial teórico possibilita dizer que existe relações entre fontes de informação
para o aprendizado e a realização de inovações pelas empresas. Para verificar a existência de
relações entre as variáveis fontes de aprendizado e inovação com os respectivos indicadores,
selecionou-se da análise descritiva dos resultados (departamento de P&D) a fonte que mais se
destacou no âmbito interno às empresas e outras duas (clientes e universidades) que teve
muita e pouca representatividade respectivamente como fonte externa de aprendizado. O
objetivo foi verificar a influência dessas na geração de inovações por parte das empresas.
Com base nos resultados do cruzamento fontes de informação (P&D e/ou produção,
clientes/usuários e universidades) e inovações, observa-se na tabela 28 que a alta importância
dada às fontes de aprendizado influencia a quantidade de inovações empreendidas pelas
empresas em foco. Quanto mais importante a área de P&D e/ou produção e clientes/usuários
do software como fonte de aprendizado, maior o número de inovações introduzidas e no caso
das universidades (outro agente externo), a quantidade foi bastante inferior em termos de
importância para geração de inovações.
Acredita-se que as inovações empreendidas pela amostra em termos principalmente do
software sob encomenda estejam impactando o sucesso e desempenho das empresas, por
buscarem maior e mais conhecimento durante o processo de desenvolvimento do software
como forma de incrementar o produto.
Um dos impactos da cooperação produtiva e tecnológica em nível da rede talvez esteja
vinculado à intensa interação com a área de P&D e/ou produção e clientes/usuários do
software como fonte alimentadora de informações e conhecimentos, visando a geração de
inovações incrementais e reforçando a posição de mercado dessas empresas.
Tabela 28 - Competitividade das Empresas (Inovão) x Aprendizado
Inovações
P&D e/ou
Produção
Clientes/
Usuários
Universidades
INTERACAO
Alta
Alta
Alta
1. Introdução de produtos/serviços novos para a empresa, mas
existente no mercado.
14
14
5
2. Introdução de produtos/ serviços novos para o mercado
nacional.
16
16
5
3. Introdução de produto / serviço novo para o mercado
internacional
3
3
1
4. Introdução de processos tecnológicos novos para a empresa,
mas já existente no setor.
17
16
4
5. Introdução de processos tecnológicos novos para o setor de
atuação
15
15
3
6. Implementação de técnicas avançadas de gestão.
7
6
3
7. Implementação de significativas mudanças na estrutura
organizacional
12
12
4
8. Implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou
práticas de marketing
8
8
2
9. Implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou
práticas de comercialização
11
13
5
10. Implementação de novos todos e gerenciamento, visando
atender normas de certificação (MPS-BR, CMM,ISO, outros).
10
8
2
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
5.9 Relação entre inovação e impactos na rede de empresas de software de Londrina.
O referencial analítico possibilita dizer que existe relações entre inovação e a geração
de rendimentos para as empresas para manutenção dos níveis de competitividade.
Com base na relação entre inovações realizadas pelas empresas da amostra pesquisada
e o desempenho com base em indicadores econômicos, os resultados indicaram que houve
melhoria nos indicadores ou estagnação dos mesmos.
Pode-se observar na tabela 29 que a introdução de inovações possibilitou um
crescimento do faturamento e retorno do investimento com percentuais acima de 40%, porém
não muito significativos. As inovações relacionadas a produtos/serviços novos no mercado
externo, implementação de técnicas avançadas de gestão, de marketing e comercialização e
dos novos métodos de gerenciamento e atendimento as normas de qualidade e certificação
apresentaram índices inferiores, talvez pelo caráter intangível dessas inovações.
Quanto ao lucro líquido, verifica-se que os índices também foram inferiores,
principalmente quanto à introdução de processos tecnológicos novos para a empresa, mas
existente no setor e novos para o setor de atuação e novos métodos de gerenciamento e no que
se refere às normas de qualidade e certificação dessas empresas.
Tabela 29 Impactos da inovão x desempenho das empresas em %
Inovações
Faturamento
Lucro
Líquido
Retorno do
Investimento
Aumentou
Aumentou
Aumentou
1. Introdução de produtos/serviços novos para a empresa, mas
existente no mercado.
45
41
45
2. Introdução de produtos/ serviços novos para o mercado
nacional.
50
45
45
3. Introdução de produto / serviço novo para o mercado
internacional
4,5
4,5
4,5
4. Introdução de processos tecnológicos novos para a empresa,
mas já existente no setor.
50
36
41
5. Introdução de processos tecnológicos novos para o setor de
atuação
45
36
41
6. Implementação de técnicas avançadas de gestão.
23
23
23
7. Implementação de significativas mudanças na estrutura
organizacional
45
41
45
8. Implementação de mudanças significativas nos conceitos
e/ou práticas de marketing
27
27
27
9. Implementação de mudanças significativas nos conceitos
e/ou práticas de comercialização
36
36
36
10. Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando
atender normas de certificação (MPS-BR, CMM,ISO,
outros).
32
18
23
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
5.10 Relação entre parcerias, alianças estratégicas ou contratos de cooperação x
diminuição de custos na rede de empresas de software de Londrina.
A base conceitual do presente trabalho possibilita dizer que ligações entre a
configuração em redes de empresas e a presença de rendimentos ao longo da sua trajetória de
transformação.
Desta forma, os resultados do cruzamento participação das empresas da amostra
pesquisada em redes de parcerias, alianças estratégicas e contratos de cooperação com os
indicadores econômicos revelam também que não houve indicação de diminuição das rendas
nas empresas nos três últimos anos (2005 a 2007). A pesquisa mostra que 60% (12) delas
conseguiram um aumento do faturamento em projetos cooperados, demonstrando desta forma,
vantagens obtidas pelas empresas em associação com outras empresas e organizações.
Para Klotzle (2002) nas alianças estratégicas, as empresas buscam dividir recursos e
competências e a redução de custos operacionais o que vai de encontro ao que resultado
obtido com as empresas da amostra pesquisada que apresentam um aumento do lucro líquido
com 45% (9) delas e 50% (10) consideram que o retorno do investimento em projetos
cooperados aumentou nos últimos anos. Os resultados revelam que o lucro aumentou e
conseqüentemente o retorno sobre o investimento feito pelos participantes (empresas da
amostra) dessas parcerias, alianças ou contratos de cooperação foram positivos.
A pesquisa demonstra que associação das empresas contribui com um desempenho
superior das empresas, mas não significativo em termos de arranjos cooperativos como pode
ser observado na tabela 30 .
Tabela 30 - Desempenho das empresas x parcerias, alianças estratégicas e contratos de cooperação
Indicador
Faturamento
Lucro Líquido
Retorno do investimento
Parcerias
Aumentou
Permaneceu
Aumentou
Permaneceu
Aumentou
Permaneceu
SIM
12
5
9
8
10
7
NÃO
3
2
2
3
3
2
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
5.11 Relação entre formas de cooperação e impactos na rede de empresas de software de
Londrina.
Para reforçar o resultado quanto aos impactos da cooperação técnica/produtiva na rede
de empresas de software em estudo, optou-se pelo cruzamento das variáveis formas de
cooperação e os indicadores de desempenho selecionados (faturamento, lucro líquido e
retorno do investimento). Além disso, esses resultados subsidiaram a caracterização da rede
em estudo atingindo-se o objetivo “f” e “h” da presente pesquisa.
A análise das tabelas 30 e 31 permite concluir que houve indicação de aumento de
faturamento, do lucro líquido e do retorno do investimento em atividades como venda
conjunta de produtos, desenvolvimento de produtos e serviços, capacitação de recursos
humanos e processos de controle de qualidade e certificação. Este dado colabora a dizer que
essas mesmas ações cooperativas são aquelas encontradas na análise descritiva das atividades
que são realizadas em parcerias, alianças estratégicas e contratos de cooperação. Desta forma,
pode-se dizer que a configuração da rede em estudo está voltada à eficiência operacional e
também para a redução de custos relacionados à atividade produtiva das empresas de software
e também quanto a equalização de normas técnicas e padrões de processos.
Por outro lado, indícios de que houve alguns resultados expressivos da cooperação
para obtenção de financiamento, reivindicações políticas, participação em feiras, eventos e
fóruns de discussão e atividades de exportação. O resultado pode estar aliado ao que foi
identificado na análise descritiva da pesquisa, ou seja, grande parte da interação com outros
agentes é realizada com outras empresas da cidade de Londrina, o que pode ter contribuído
com um desempenho superior das empresas pesquisadas.
Tabela 31 Impactos (indicadores econômicos) x ações cooperadas
Forma de Cooperação
Uso da
Cooperação
IMPACTOS Indicadores Econômicos
Faturamento
Lucro Líquido
Retorno do Investimento
Aumentou
Mesmo
Aumentou
Mesmo
Aumentou
Mesmo
Compra de insumos e equipamentos
Nenhuma
35
15
23
27
31
19
Alguma
23
3
19
15
19
15
Venda conjunta de produtos
Nenhuma
23
15
15
23
19
19
Alguma
35
11
27
19
31
15
Desenvolvimento de produtos/serviços
Nenhuma
11
7
7
11
11
7
Alguma
12
19
35
31
38
27
Capacitação de recursos humanos
Nenhuma
31
11
19
23
27
15
Alguma
27
15
23
19
27
19
Obtenção de financiamento
Nenhuma
11
19
27
35
35
27
Alguma
15
7
14
7
15
7
Reivindicações políticas
Nenhuma
10
15
27
27
35
19
Alguma
19
11
15
15
15
15
Participação conjunta em feiras e
eventos
Nenhuma
35
15
19
31
27
23
Alguma
23
11
23
11
23
11
Processos de controle de qualidade e
certificação
Nenhuma
23
15
19
19
23
15
Alguma
35
11
23
23
27
19
Exportação de produtos
Nenhuma
10
27
27
10
35
31
Alguma
19
-
15
4
15
4
Centros de tecnologia
Nenhuma
10
11
27
23
31
19
Alguma
19
15
15
19
19
15
Fóruns de discussão
Nenhuma
23
11
15
19
19
15
Alguma
35
15
27
23
31
19
Fonte: Pesquisa da autora (2007)
5.12 Análise Comparativa Estudo Atual e Outros Estudos
Nesta seção, é apresentado um quadro de análise comparando alguns resultados de
trabalhos anteriores sobre temáticas de redes de empresas, inovação, aprendizado, ações de
cooperação e seus impactos e a área de software com os resultados obtidos e observados na
rede pesquisada.
Nota-se que muitos resultados deste trabalho confirmam estudos anteriores sobre a
indústria de software, esforços inovativos, configuração de rede e os resultados
proporcionados neste tipo de arranjo, entre outros. De modo geral, a rede londrinense
apresenta baixa presença de ações coletivas, alta introdução de inovações, e as fontes de
informação e aprendizado entre as empresas e outros agentes também se mostraram limitados
na rede. Dos quadros 14 ao 19, apresenta-se um paralelo entre a literatura pesquisada e os
resultados da rede.
O quadro 14 apresenta um perfil sintético da indústria de software, contemplando
estudos selecionados sobre o porte das empresas no Brasil, período de fundação no país,
origem do capital e o perfil predominante dos profissionais que atuam nas empresas do setor,
sendo corroborados pelos resultados obtidos com a presente pesquisa.
Item
Estudos selecionados
Melo e Branco (1997), Botelho (1999) e Gutierrez e Alexandre
(2004)
Tsujiguchi (2007)
Porte das Empresas
de Software no
Brasil
- quadro nacional semelhante ao internacional: presença de
micro e pequenas empresas;
- setores de alta intensidade tecnológica geram nichos de
mercados que favorecem a atuação de MPME‟s.
- baixa necessidade de capital e poucas barreiras à entrada
existentes na indústria de software favorecem MPME‟s.
- todas as empresas
da amostra são de
micro e pequeno
porte.
Gutierrez e Alexandre (2004), Araújo (2003) e Softex (2003)
Fundação das
Empresas no Brasil
- o surgimento de empresas de software no Brasil ocorreu
paralelo a indústria de computadores na década de 1990;
- estímulo do governo federal para o setor de software neste
período.
- maioria das
empresas foi
constituída após
1990.
Kubota (2005) e Souza (2006)
Origem do Capital
- origem do capital das empresas no Brasil é nacional;
- baixo nível de participação de capital estrangeiro nas empresas
de software brasileiras;
- as empresas nacionais enfrentam dificuldades no âmbito
externo não emissão de ações no mercado brasileiro, pois é
restrito às grandes empresas.
- todas as empresas
da amostra
entrevistada são
constituídas de
capital nacional.
Gutierrez e Alexandre (2004), Melo e Branco (1997),
Roselino (2006), Sampaio e Scatolin (2004), Softex (2003) e
Vieira (1998)
Perfil dos
Profissionais
- conhecimento é a matéria-prima;
- demanda mão-de-obra altamente qualificada e criativa para
concepção (design) e desenvolvimento de produtos;
- empresas de software, de base tecnológica são consideradas
empresas intensivas em conhecimento.
- funcionários e
sócios-proprietários
altamente
qualificados:
terceiro grau
completo e
especialização.
Quadro 14 - Análise Comparativa Estudos selecionados: porte, fundação, origem de capital e perfil
dos profissionais
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
O quadro 15 demonstra que os resultados obtidos com este trabalho ratificam o cenário
nacional a despeito da escassa participação de fontes de financiamento (terceiros públicos e
privados) e da dificuldade encontrada por essas empresas de micro e pequeno porte em obter
apoio financeiro para atividades de inovação. Os resultados desta pesquisa sobre atividades de
outsourcing no Brasil também estão alinhados a outros estudos sobre o segmento, ou seja,
confirmam a existência de relações de terceirização entre empresas nacionais e
multinacionais. Por fim, os dados obtidos no que se refere a parcerias, alianças estratégicas e
contratos de cooperação corroboram a literatura existente sobre as temáticas abordadas.
Item
Estudos selecionados
Kubota (2005), La Rovere (2001), Melo e Branco (1997),
Neves e Pinto (2003) e Sousa (2006).
Tsujiguchi (2007)
Financiamento de
Micro e Pequenas
Empresas de Software
- Brasil: rigorosos requisitos bancários para MPE‟s de software:
exigência de garantias concretas elevadas, dado o baixo nível de
imobilizado das empresas de software;
- MPE‟s têm dificuldades em obter de crédito para a inovação;
- alto risco da atividade inovadora inibe busca de recursos de
terceiros;
- MPE‟s e distribuidores encontram dificuldades para financiar
crescimento - falta de conhecimento do produto e potencial do
mercado;
- falta de capital financeiro de fomento restringe o crescimento de
MPE‟s, ocasionando dificuldades competitivas em nichos de
mercado onde são necessários grandes aportes financeiros para a
área de marketing, promoção de vendas e estabelecer a marca de
produtos;
- pouco desenvolvimento da cultura de venture capital no país;
- mercado caracterizado por mudanças rápidas e constantes, com
presença de empresários novos: desconfiança e alto risco.
- maioria das empresas
utiliza de recursos próprios
para investir em atividades
inovativas;
- pouca participação de
recursos de terceiros
públicos e privados no
esforço de atualização
tecnológica das empresas.
- ausência de VC.
Gutierrez e Alexandre (2004) e Softex (2003)
Outsourcing no Brasil
- envolve a transferência de parte da responsabilidade sob o
gerenciamento para o provedor de serviços e as relações
contratuais são de longo prazo;
- mesmo que em mero inferior, uma tendência mundial das
grandes empresas em terceirizar atividades críticas dentro da
empresa correspondendo a um amplo espaço de oportunidades
para pequenas e médias empresas.
- presença de relação de
business process
outsourcing com empresas
estrangeiras;
- duas empresas atuam como
revendedoras de produtos de
software de uma
multinacional.
- muitas empresas fazem
outsourcing nacional.
Britto (2002), Klotzle (2002), Teece (1992), Ribault, Martinet
e Lebidois (1995), Eiriz (2001) e Garofoli (1993)
Caracterização das
Redes em Parcerias,
Alianças Estratégicas
e Contratos de
Cooperação
- busca pela divisão de recursos e competências e redução de
custos operacionais;
- atividades de P&D conjuntas; transferência de tecnologia;
concessão de direitos exclusivos para produzir e vender e acordos
de cooperação na área de marketing;
- empresas grandes e MPE‟s se unem para atuar em mercados
específicos frente à concorrência isolada;
- parceiros (stakeholders fornecedores, funcionários e
consumidores) no processo de negócios (business process);
- alianças de cunho comercial, técnico/ produção e financeiro;
- colaboração entre os agentes dispersos da ótica espacial.
- mero expressivo de
parcerias: desenvolvimento,
comercialização, obtenção
de certificação e
qualificação de mão-de-
obra;
- atividades conjuntas: nível
local, estadual e nacional.
Quadro 15 - Análise Comparativa Estudos selecionados: financiamento, associações e outsourcing
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
O quadro 16 apresenta as características das relações de subcontratação encontradas
nos estudos selecionados para fazer a análise comparativa como o presente trabalho. Além
disso, observa-se que os resultados desta pesquisa também ratificam o que as abordagens
anteriores sobre redes de empresas apresentam como conceitos de cooperação formal e
informal entre empresas configuradas em rede.
Item
Estudos selecionados
Britto (2002), Hofmann (2005), Botelho (1999) e
Sengenberger e Pike (2002)
Tsujiguchi (2007)
Características
de Relações de
Subcontratação
- grandes empresas e desverticalização: repartição de tarefas
entre o contratante e as empresas subcontratadas;
- produção realizada por empresas distintas e de portes distintos:
objetivo é a eficiência coletiva de processos e redução dos
custos de transação interfirmas;
- possibilidades de novos espaços para a geração de MPE‟s;
- relações de primeiro nível (relações mais cooperativas -
funções completas e atividades de concepção com autonomia
para desenvolver o produto de acordo com as especificações do
contratante);
- compatibilização de padrões técnicos produtivos e integração
de competências tecnológicas e organizacionais;
- vantagens das MPE‟s associadas às grandes empresas: geração
de novos produtos/serviços, acesso a recursos e a mercados
(externo) e acesso indireto a ativos intangíveis das grandes
empresas (marcas e programas de treinamento);
- vantagens das grandes empresas associadas a MPE‟s: acesso a
tecnologias especializadas, diminuição de riscos e custos
relativos à terceirização de atividades.
- alto grau de relações
de subcontratação entre
empresas e outros
agentes;
- maior parte das
empresas é
subcontratada de
empresas de médio e
grande porte da cidade
de Londrina ou fora
dela;
- relações de
subcontratação de
primeiro nível
compreendendo
relações mais
cooperativas.
Human e Provan (1997) apud Balestrin; Vargas, (2004),
Britto (2002), Redesist (2003)
Cooperação
Formal e
Informal
- cooperação formal - interação não só regular, mas com
objetivos e resultados esperados da interação. Além de alcançar
um benefício mútuo nas interações, os agentes definem um
método e um objetivo a ser alcançado;
- cooperação informal sem objetivo e propósito bem definidos
da interação. Pode ser recorrente com futuras repetições. Neste
caso, os agentes interagem com freqüência e tem clareza do
benefício recíproco da cooperação, no entanto estas interações
ocorrem por diversos fins sem, no entanto, cristalizarem-se em
um projeto específico;
- sinergia de ações viabilizadas por interações entre 20 ou mais
empresas de software de Londrina orientadas a atingir objetivos
comuns;
- redes de empresas que se estrutura por relações tecnológicas e
produtivas formais e informais estabelecidas entre empresas e
instituições.
- grande participação
das empresas em ações
cooperativas formais e
informais com outras
empresas e
organizações;
- mais de 20 empresas
afirmaram participar de
ações de cooperação;
- cooperação formal
com clientes:
desenvolvimento e
comercialização de
produtos;
- cooperação informal
com outras empresas de
software para trocas de
informações;
- baixa cooperação com
outros agentes externos.
Quadro 16 - Análise Comparativa Estudos selecionados: características das relações de
subcontratação e cooperação formal e informal
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
O quadro 17 apresenta os resultados obtidos sobre os processos de aprendizado (fontes
internas e externas de conhecimento), e realiza uma análise comparativa com estudos
anteriores acerca dos possíveis impactos que estão sendo propiciados pelo aprendizado para
as empresas da rede pesquisada. Além disso, o trabalho atual pode confirmar a inovação como
vantagem competitiva das empresas de software de Londrina, tendo em vista que a própria
literatura a reconhece como diferencial nas empresas de alta intensidade tecnológica.
Item
Estudos selecionados
Torres, Almeida e Tatsch (2004) e Britto
(2001;1999)
Tsujiguchi (2007)
Aprendizado
X
Resultados
- fontes internas - o acúmulo de conhecimentos,
práticas e experiências das empresas provem do
pessoal da área de produção de software como
engenheiros e técnicos como fonte alimentadora;
- eficiência produtiva de processos e
implementação de mudanças técnicas;
- através das fontes internas as empresas buscam
um equilíbrio nos padrões técnicos produtivos no
que se refere à capacitação dos recursos humanos,
promovendo a troca de informações de processos
operacionais e produtivos e de técnicas
organizacionais e contribuindo com a definição de
padrões de controle de qualidade e normas técnicas;
- fontes externas - as empresas interagem com
usuários para elevar os níveis de capacitação
produtiva, tecnológica e organizacional das
empresas. Com isso, é possível identificar desvios,
resolver problemas de produtos e processos e
explorar oportunidades tecnológicas e até
identificar e possibilitar a geração de novos setores.
- aprendizado informal com o
pessoal da área de P&D e produção,
e outras empresas de software e
concorrentes: empresas buscam
equilíbrio nos padrões técnicos
produtivos no que se refere à
capacitação dos recursos humanos,
promovendo a troca de informações
de processos operacionais e
produtivos e de técnicas
organizacionais e contribuindo com
a definição de padrões de controle
de qualidade e normas técnicas;
- aprendizado formal com
clientes/usuários do software,
eventos e consultores revela esforço
deliberado de P&D das empresas
para criar novas tecnologias.
Schumpeter (1982), Camara et al. (2006) e
Redesist (2003)
Inovação de
Produto e
Processo como
Vantagem
Competitiva
- estratégias baseadas na inovação se constituem de
fonte de vantagens competitivas para as empresas
de alta intensidade tecnológica;
- grau significativo de introdução de inovações
pelas empresas de software de Londrina nos anos
anteriores;
- produto novo para a empresa, mas existente no
mercado;
- produto novo para o mercado nacional;
- produto novo para o mercado internacional;
- processos tecnológicos novos para a empresa, mas
já existente no setor; e
- processos tecnológicos novos para o setor de
atuação.
- alto índice de inovações (produtos
novos) para a empresa e no mercado
nacional;
- pouca inserção no cenário
internacional;
- continuidade do esforço inovativo
das empresas , avanços em relação
ao estudo de Camara et al. (2006);
- aquisição de maquinário pelas
empresas existente no setor e para o
setor de atuação;
- incremento contínuo do esforço de
atualização tecnológica ;
- empresas de software são
competitivas: alto índice de
introdução de inovações nas
empresas.
Quadro 17 - Análise Comparativa Estudos selecionados: aprendizado, inovação e vantagem
competitiva
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
Os resultados do quadro 18 confirmam o que estudos anteriores tratam em termos de
implementação de inovações organizacionais em micro e pequenas empresas, e da existência
de atividades inovativas nas empresas da rede de software de Londrina.
Item
Estudos selecionados
Redesist (2003), Ruiz (2001), Kubota (2005), Lemos
(2001) e OCDE (2000) apud Lemos (2001)
Tsujiguchi (2007)
Inovações
Organizacionais
em MPE’s
- implementação de técnicas avançadas de gestão e
significativas mudanças na estrutura organizacional;
- mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de
comercialização;
- implementação de novos métodos e gerenciamento,
visando a atender normas de certificação (CMM, MPS-
BR, ISO, outros);
- fatores críticos de sucesso das empresas de software:
bom produto e liderança empresarial capacitada a
administrar uma equipe, ações de Marketing que
possibilitem a manutenção e sobrevivência das empresas;
- as empresas de software necessitam gerenciar o
relacionamento com os clientes de forma que se fa
perdurar o mais longo tempo possível garantindo
demandas;
- flexibilidade encontrada nas micro, pequenas e médias
empresas promove maiores condições para a realização de
atividades inovativas;
- o alto nível de qualificação técnica dos profissionais
dessa área os limita em algumas atividades no âmbito
empresarial.
- baixo índice de inovações
na gestão empresarial;
- relativa realização de
mudanças na estrutura
organizacional das empresas,
o que favorece maior
capacidade de flexibilidade
organizacional e estruturas
menos hierárquicas e
burocratizadas e que
favorece as inovações;
- relativa inserção de
inovações quanto aos
conceitos e /ou práticas de
comercialização e normas de
certificação;
- baixa ocorrência de
inovações nos conceitos e/ou
praticas de marketing, , o que
pode retardar o crescimento e
desenvolvimento das
empresas.
Redesist (2003)
Atividades
Inovativas
- Pesquisa e desenvolvimento (P&D) na empresa;
- Aquisição externa de P&D;
- Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram
em significativas melhorias tecnológicas de
produtos/processos ou que estão associados aos novos
produtos/processos;
- Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças ou
acordos de transferência de tecnologia tais como patentes,
marcas, segredos industriais);
- Programa de treinamento orientado à introdução de
produtos/processos tecnologicamente novos ou
significativamente melhorados;
- Programas de gestão da qualidade ou de modernização
organizacional: qualidade total, reengenharia de processos
administrativos, desverticalização do processo produtivo,
métodos de just in time”, etc; e
- Novas formas de comercialização e distribuição para o
mercado de produtos novos ou significativamente
melhorados.
- existência de atividades
inovativas nas empresas da
rede de software de
Londrina;
- relativa importância das
atividades de P&D dentro da
empresa como fonte
alimentadora para atividades
inovativas;
- aquisição de máquinas e
equipamentos como reforço
a atualização tecnológica.
Quadro 18 - Análise Comparativa Estudos selecionados: indicadores de inovação
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
A presente pesquisa também confirma a importância das fontes de informação para o
aprendizado, sejam as internas e externas às empresas na geração de inovações
(principalmente incrementais). Ratifica ainda o que aborda a literatura sobre os impactos das
atividades cooperadas como estratégia para a redução de custos para as empresas
configuradas em rede. Essas informações podem ser observadas na tabela 19.
Item
Estudos selecionados
Freeman e Perez (1988)
Tsujiguchi (2007)
Aprendizado e
os Tipos de
Inovações
- inovações incrementais, que levam a
expansão da demanda existente e ao aumento
do valor agregado (aumento da qualidade);
- inovações radicais - surgem da pesquisa
deliberada e atividades de desenvolvimento
que partem de universidades e laboratórios
governamentais e na interação com outros
agentes, criando novas linhas de produção e
modificações na estrutura industrial e criação
de novos tipos de demanda.
- percentuais similares como aumento da
qualidade e produtividade das empresas e
conseqüente manutenção nos mercados
de atuação, e uma ampliação inferior de
oferta de novos produtos e serviços;
- inovações incrementais tendo como
fonte de aprendizado principalmente as
fontes internas (P&D e produção) e
externa (clientes);
- inovações incrementais geralmente não
refletem esforços deliberados de P&D
como pode ser ratificado pelos
resultados, pois poucos são os agentes
que atuam como fonte de aprendizado
(consultores) e que comparecem em
eventos especializados;
- pouca utilização por parte da amostra
pesquisada de fontes de aprendizado
como universidades, institutos de
pesquisa entre outros agentes externos
sejam determinantes para diminuir as
possibilidades de geração de novos
produtos e serviços e conseqüente
inserção das empresas de software de
Londrina no cenário internacional.
Britto (2002) e Klotzle (2002)
Parcerias,
Alianças e
Contratos de
Cooperação e
Redução de
Custos
- redes que configuram interdependência de
unidades produtivas em que
complementaridade podem explorar
economias de escala com redução de custos
devido as externalidades geradas em rede; e
-externalidades aprimoram a interdependência
entre as diversas forças produtivas no arranjo
que juntas buscam consolidar e fortalecer sua
atuação no mercado e o potencial competitivo;
- nas alianças estratégicas as empresas buscam
dividir recursos e competências e a redução de
custos operacionais.
- a pesquisa mostra que 60% (12) delas
conseguiram um aumento do faturamento
em projetos cooperados, demonstrando
desta forma, vantagens obtidas pelas
empresas em associação com outras
empresas e organizações; e
- os resultados revelam que o lucro
aumentou e conseqüentemente o retorno
sobre o investimento feito pelos
participantes (empresas da amostra)
dessas parcerias, alianças ou contratos de
cooperação foram positivos.
- os indicadores econômicos colaboram a
dizer que as empresas estão buscando
reduzir os custos de transação nas
atividades realizadas em parceria com
outras empresas e agentes.
Quadro 19 Análise Comparativa Estudos selecionados: aprendizado, inovações e associações
enquanto estratégias de redução de custos
Fonte: desenvolvido pela autora (2007)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo apresenta as considerações finais da pesquisa que finalizam o trabalho
caracterizando a rede em estudo com base na análise dos resultados realizada anteriormente.
O capítulo apresenta as principais considerações no que se refere aos objetivos propostos para
a pesquisa; e são feitas algumas sugestões para futuras pesquisas.
Este trabalho teve como objetivo geral analisar os impactos das ações de cooperação
voltadas ao incremento da atividade produtiva e inovativa na dinâmica competitiva da rede de
empresas de software de Londrina.
Quanto ao objetivo específico “h”, que é identificar e discutir as características do
grupo de empresas selecionadas, tem-se: o perfil das empresas pertencentes a esta rede
compreende: micro e pequenas empresas; jovens em sua maioria, pois foram constituídas a
partir dos anos 2000. Caracterizam-se pela propriedade nacional, o pessoal responsável pelas
empresas e funcionários apresentam terceiro grau completo e pós-graduação. Predomina na
rede em estudo, o desenvolvimento de softwares sob encomenda e a maioria das empresas
recorreu no ano de 2006 a recursos próprios e em menor grau de fontes públicas e privadas
para investir em P&D e atividades inovativas. Um fator a ser ressaltado neste resultado, é a
ausência representativa de recursos de terceiros (públicos e privados) nessas pequenas
empresas, o que reflete ainda um desequilíbrio entre políticas de apoio e ações práticas que
estejam alinhados aos interesses do segmento a fim de alavancar o setor no país e fora dele.
Resultado que ratifica estudos anteriores sobre o setor, e que demonstra a necessidade
explícita de maior envolvimento e comprometimento de agentes públicos e privados que
busquem o alinhamento entre discurso político e ações efetivas e que favoreçam as empresas
do setor de software. Uma alternativa para melhorar este panorama é a concretização de ações
com maior destinação de recursos financeiros, que contemplem e conjuguem esforços de
outros agentes, como universidades, institutos de pesquisa e incubadoras de empresas que
potencializem os canais de produção e comercialização com o setor produtivo.
No que se refere ao objetivo “e”, que é identificar as ações de cooperação voltadas
para o incremento da atividade produtiva e inovativa da rede de empresas de software de
Londrina, a pesquisa obteve: As ações de cooperação existentes na rede correspondem a
desenvolvimento, comercialização no mercado interno, capacitação de recursos humanos e
obtenção de certificação em forma de parcerias, alianças estratégicas e contratos de
cooperação. Além disso, verificou-se que uma parcela representativa das empresas
pesquisadas possui relações de subcontratação (subcontratadas) de empresas de médio e
grande porte, o que evidencia um alto nível de relações formalizadas e hierárquicas entre as
empresas.
No que tange ao objetivo “c”, que é verificar a presença do processo inovativo e
identificar novos produtos, processos e inovações organizacionais da rede de empresas de
software de Londrina foi identificada a existência de processo inovativo realizado nos três
últimos anos de 2005 a 2007 nas empresas selecionadas para compor a amostra. Quanto aos
tipos de inovação, as empresas estão mais direcionadas para lançamentos de produtos/serviços
novos para a empresa e também para o mercado nacional. Resultado que revela o potencial
inovativo dessas empresas e que demonstra a predominância de produtos/serviços voltados ao
mercado doméstico, com maior introdução de inovações no mercado nacional do que no
mercado internacional. Para inserir a marca do software brasileiro no exterior, as entidades
citadas no trabalho podem por meio de maior representação política, fazer novas
reivindicações em termos de alocação de recursos para a área de software com vistas a elevar
o patamar de exportação do produto. Além disso, sugere-se estender o intercâmbio com outros
países a fim de demonstrar o potencial criativo do produto brasileiro e os retornos econômicos
possíveis, impactando diretamente na criação, qualidade e comercialização de novos produtos
e serviços.
O estudo revela ainda altos índices de introdução de processos tecnológicos novos
para a empresa, mas existente no setor e para o setor de atuação (máquinas e
equipamentos), refletindo o esforço tecnológico para geração de significativas melhorias
tecnológicas de produtos/processos ou que estão associados aos novos produtos/processos nos
anos de 2005 a 2007. Esse dado reflete ainda e também, a aquisição de maquinário realizada
em grande parte apenas com recursos das próprias empresas, sem participação do governo ou
de terceiros privados nesses empreendimentos.
Quanto às inovações na área de gerenciamento empresarial dessas empresas e
identificadas na pesquisa, verificou-se a pouca implementação de técnicas avançadas de
gestão, e de mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de marketing e de
comercialização. Dados que estão aliados aos estudos dos fatores que inibem o crescimento
da indústria de software brasileira. Isto porque o alto nível de qualificação técnica dos
profissionais dessa área segundo Ruiz (2001), limita atividades de cunho empresarial,
demandando programas de capacitação empresarial ofertados pelo governo e também que
partam da ação conjunta dos próprios empresários a fim de incrementar o processo produtivo
e inovativo. Estas atividades podem ter como resultado, a garantia de demandas e criação de
novas, que possibilitem a manutenção e sobrevivência dessas empresas no mercado.
Ainda no que se refere às inovações empreendidas pelas empresas da amostra, a
pesquisa ratifica os estudos que afirmam a existência de flexibilidade organizacional e a
ausência de burocracia excessiva presentes nas MPME‟s. Essa configuração das MPME‟s
pode estar favorecendo a implementação de significativas mudanças na estrutura
organizacional e no processo produtivo, beneficiando os esforços inovativos. Outro dado
importante se refere aos novos métodos para atender normas de certificação (MPS-BR, CMM,
ISO), o que demonstra a preocupação das empresas de software de Londrina em implementar
programa qualidade e de certificação para manter os níveis de competitividade, agregar valor
ao produto e ganhar fatias maiores de mercado.
No objetivo “d”, identificar o processo de aprendizado coletivo da rede de empresas de
software de Londrina para incremento da atividade produtiva e inovativa verificou-se que: a
grande parte das empresas recorre em grau elevado às fontes internas (P&D e/ou produção) e
externas (clientes) para elevar a capacidade produtiva e inovativa das empresas. Desta forma,
como boa parte das empresas focam suas atividades no desenvolvimento do software sob
encomenda, acredita-se que as inovações sejam incrementais, pois as fontes de aprendizado
perpassam predominantemente a esfera da produção e o contato com usuários do produto.
Neste aprendizado com o pessoal de produção, os mecanismos são predominantemente
informais, ou seja, as empresas estão buscando equilibrar padrões técnicos produtivos,
capacitar recursos humanos, por meio dos fluxos e trocas de informações de processos
operacionais e produtivos e de técnicas organizacionais. No caso dos clientes/usuários
prevalecem os mecanismos formais de aprendizado. Pode-se dizer que existam esforços mais
estruturados por parte das empresas no sentido de deliberar ações que promovam não o
melhoria de produtos, processos técnicos e gerenciais como também, buscar identificar de
novas oportunidades de negócios para beneficiar seus próprios clientes.
Além disso, o estudo demonstrou a importância num plano secundário de outras fontes
externas de informação: i) mecanismos informais de aprendizado na relação com outras
empresas de software (locais) e concorrentes, e ii) processos de aprendizado formais com
consultores especializados (locais e Brasil), participação em conferências, seminários, cursos,
workshops e publicações especializadas e feiras (nível Brasil) para melhor a capacitação
produtiva e inovativa das empresas. Este último demonstra que as empresas estão buscando
de forma sistemática empreender ações intencionais de P&D para criar novas tecnologias.
A pesquisa possibilitou diagnosticar que pouca interação e cooperação das
empresas com outros agentes externos, o que capacita a dizer que as empresas de software de
Londrina selecionadas para compor a rede estão pouco alertas à diversidade de fontes de
informações existentes e das possibilidades que possam existir para elevar a sua capacitação
produtiva e inovativa.
Como a participação de agentes externos ainda é pequena como fonte alimentadora de
aprendizado para as empresas de software de Londrina, acredita-se que a necessidade de
empresários e lideranças locais envolvidos com o setor em buscar maior representatividade
política e setorial em nível nacional e internacional. Isto pode ser concretizado em forma de
parcerias com o setor privado, universidades, outras entidades a fim de gerar novos espaços
de interação e trocas de conhecimentos entre empresas e outros segmentos setoriais, políticos
e econômicos.
Em relação ao objetivo “f”, que é verificar os impactos da cooperação produtiva e
tecnológica nas empresas da rede de software de Londrina, em termos econômicos, mesmo
adotando-se medidas subjetivas, os resultados evidenciaram um desempenho positivo com
rendas superiores. No que se refere aos impactos da cooperação produtiva/tecnológica, o
estudo demonstrou que as ações em nível de parcerias, alianças estratégicas e contratos de
cooperação é o que tem gerado um melhor desempenho com o acréscimo do faturamento,
lucro líquido e retorno sobre o investimento. Mesmo sendo pouco significativos para as
empresas, não houve no trabalho qualquer indicação de resultado desfavorável quanto a
participação em projetos cooperados, o que reforça um campo rentável e promissor para os
atuais e futuros empreendimentos cooperados para essas empresas.
Por fim, quanto ao objetivo “h”, que é inferir o grau de evolão da rede de empresas
de software na aglomeração de Londrina, a rede estudada é: composta de micro e pequenas
empresas aglomeradas na cidade de Londrina, pois foi verificado a presença de laços de
cooperação entre as empresas locais (HOFFMANN, 2005; HUMAN; PROVAN, 1997);
estática, pois mais voltada à eficiência produtiva e operacional por intermédio de ações de
cooperação (parcerias, alianças estratégicas, contratos de cooperação e relações de
subcontratação) numa dimensão de hierarquia envolvendo atividades de desenvolvimento,
comercialização, qualificação de mão-de-obra e equalização de normas e padrões técnicos
(BRITTO, 2002, HOFFMANN, 2005); representativa interação informal entre as empresas de
software especialmente de Londrina demonstrando o caráter horizontal da rede em que
trocas de informação sem demonstrar uma estrutura formalizada nos relacionamentos
(HOFFMANN, 2005, MARCON; MOINET, 2001); voltada a inovações incrementais
baseadas primariamente no contato com pessoal da esfera produtiva e no relacionamento
estabelecido com os clientes, usuários do software (FREEMAN; PEREZ, 1988, LEMOS,
2001); pouca interação com agentes externos (universidades, institutos de pesquisa, entidades
de representação e sindicais, entre outros), o que diminui maiores possibilidades de trocas de
informações e conhecimentos (aprendizado interativo) como forma de elevar o nível de
especialização dos agentes e conseqüentemente seu potencial inovativo e sua competitividade
(BRITTO, 2001); não orbital, ou seja, pelos resultados observou-se que cada empresa tem a
mesma capacidade de tomada de decisões (interação com outras empresas de software) como
definições para a configuração em rede de empresas (HOFFMANN, 2005).
Apesar das limitações quanto ao pouco número de empresas para compor a amostra, o
que restringiu o campo de análise, e também a rotatividade das empresas na rede de software,
a pesquisa colaborou para aprofundar os conhecimentos da indústria de software da cidade de
Londrina no que diz respeito às ações de cooperação para elevar a capacidade de produção e
de inovação das empresas e seus reflexos sobre a dinâmica competitiva da rede.
Contribuiu para a abertura de novas áreas a serem estudadas em empresas de software
como a relação de fontes de aprendizado com inovação, ações de cooperação e tipos de redes
de empresas voltadas à eficiência produtiva e direcionadas à inovação.
As contribuições teóricas e práticas deste estudo servem de base para a continuidade
de trabalhos que tratem da influência das ações conjuntas na configuração de redes de
cooperação produtiva e tecnológica. Além disso, oferece subsídios teóricos para entendimento
da inovação como estratégica para o aumento da competitividade de empresas e de agentes
envolvidos nesse processo.
Sugerem-se pesquisas futuras que subsidiem ações efetivas de órgãos públicos como
bancos, entidades de fomento, entidades de apoio e promoção ao setor entre outros a destinar
maior atenção em termos de capacitação empresarial e incentivos financeiros às empresas de
software. O software e sua aplicação multifacetada como produto, serviço ou incorporado a
outros equipamentos propicia a eficiência e competitividade de variados segmentos
produtivos. Neste sentido, ganham relevância os lançamentos constantes de editais públicos e
incentivos financeiros que contemplem a forma associada de micro e pequenas empresas
(economias de escala) para obter financiamento, possibilitando diminuir riscos quando da
realização de esforços tecnológicos.
Os resultados da pesquisa servem de subsídio para que outros agentes definam
estratégias de ação visando maior integração de competências e variados espaços de interação
(eventos, rodas de negócios, projetos de pesquisa e desenvolvimento) solidificando um
processo de aprendizado coletivo. A maior distribuição do conhecimento entre os
participantes desse processo favorece o potencial inovativo da rede, seja na geração de
inovações incrementais, e também radicais e na criação de novas demandas que favorecem o
desenvolvimento do setor.
Por fim, espera-se que os resultados deste trabalho contribuam com as ações dos
empresários londrinenses do setor no sentido de estabelecer novas formas de atuação na
relação com agentes locais, e que ultrapassem o espaço interno e externo de relações bilaterais
(funcionários e clientes). Acredita-se que o estabelecimento de uma maior cooperação entre
empresas e outros agentes facilitará processos de aprendizado e o processo inovativo em nível
regional, nacional e internacional.
Para pesquisa teórica, sugere-se uma pesquisa qualitativa para identificar os fatores
que levam os empresários da rede em estudo e agentes locais a cooperar ou não (esfera
produtiva e tecnológica) com outras empresas e agentes e descobrir desta maneira, os aspectos
sociais, subjetivos envolvidos nesse processo; um estudo de caso da rede de seis empresas
(identificadas nessa pesquisa) de software londrinenses associadas a uma outra da cidade para
viabilizar a comercialização dos produtos/serviços para verificar os níveis de cooperação
intra-rede, o grau de inovação existente e sua conseqüente estruturação como um subsistema
produtivo específico localizado na rede de empresas de software de Londrina; e uma pesquisa
muti-casos sobre as empresas exportadoras de software e outra das que mantém relações de
cooperação com universidades da cidade de Londrina com vistas a compreender a dinâmica
competitiva dessas empresas e sua contribuição ao setor e ao desenvolvimento local.
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estado de São Paulo Brasil: NT. 26/99. 1998. Rio de Janeiro: UFRJ. Instituto de
Economia; Redesist.
VILLASCHI FILHO, A.F; CAMPOS, R.R. Sistemas/arranjos produtivos localizados:
conceitos históricos para novas abordagens. In: CASTILHOS, CLARICE C. Programa de
apoio aos sistemas locais de produção: a construção de uma política pública no Rio Grande do
Sul. Porto Alegre: FEE,SEDAI, 2002.
VRSYS SISTEMAS. Londrina (PR) oficializa APL de Tecnologia da Informação.
Disponível em: < http://www.vrsys.com.br/noticias.php?codnoticia=43&desl=7 >. Acesso
em: 24 jun. 2007.
YOSHINO, M.; RANGAN, U S. Alianças estratégicas: uma abordagem empresarial à
globalização. São Paulo: Makron Books, 1996.
APÊNDICES
Apêndice 1 - Classificação de Micro e Pequena Empresa de Acordo com o mero de
Funcionários
Como entidades de fomento e de pesquisa, o Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE ao
levantarem e organizarem informações sobre o porte das empresas e conseqüente geração de
dados estatísticos (taxas de mortalidade de empresas nascentes, níveis de geração de emprego
e renda, entre outros), não consideram em suas análises, a quantificação dos valores das
receitas das empresas, mas classificam o porte das mesmas de acordo com o número de
funcionários (MUNHON, 2007).
Munhon (2007) acrescenta que, apesar destes trabalhos não contemplarem as
características qualitativas das micro e pequenas empresas, a classificação do Sebrae (2003) é
muito utilizada por ser a única disponível no país em bases de dados estruturados. Isto porque
segundo o autor, não existe fonte oficial sobre faturamento das empresas e as informações
qualitativas não são facilmente identificadas e consolidadas.
a Organização Internacional do Trabalho - OIT, também leva em conta, mas de
forma diferenciada dos demais, apenas o número de funcionários para definir o tamanho das
empresas:
SEBRAE
Microempresa
EPP - Empresa de Pequeno Porte
Comércio e Serviços:
até 09 funcionários
Comércio e Serviços:
10 a 49 funcionários
OIT
Muito Pequenas
Pequenas
Médias
Grandes
Número de
Funcionarios
Até 20
De 21 até 100
De 101 a 499
Acima de 500
Quadro 20 Porte de empresas segundo Sebrae e OIT
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC (2007) e adaptado da OIT Organização
Internacional do Trabalho (2007).
De acordo com a classificação do Sebrae e da OIT, o porte das empresas de software
de Londrina selecionadas para compor a amostra pode ser consultado na tabela 32.
Tabela 32 Porte de empresas da amostra segundo Sebrae e OIT
SEBRAE
TAMANHO
Micro
Pequena
1 a 9
11
10 a 49
9
OIT
TAMANHO
Muito
Pequenas
Pequena
Até 20
17
De 21 a 100
9
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
Apêndice 2 Síntese de Alguns Estudos sobre Aglomerações Produtivas
Autores e Abordagens
Descrição
List (1841) apud Freeman (1995)
Sistemas Nacionais de Política
Econômica da Alemanha
Reconheceu a relevância da importação de tecnologia e o desenvolvimento técnico
doméstico dando grande ênfase ao papel do estado na definição de políticas
industriais e na economia.
Lundvall (1992) apud Freeman
(1994); Nelson (2005)
Sistemas Nacionais de Inovação
Complexa relação de instituições e políticas que influenciam o processo inovativo em
qualquer economia nacional.
Teoria baseada no processo de aprendizado e a interação usuário-produtor (learning
by interacting).
Considera a estrutura econômica e institucional influenciando o processo de
aprendizado, a busca e exploração das inovações, sendo o sistema produtivo, o
marketing e as finanças subsistemas em que o aprendizado se desenvolve.
Carlsson; Stankiewicz (1995) apud
Edquist (1997)
Sistemas Tecnológicos
Compreendem uma rede de agentes interagindo em uma área econômica/industrial
específica sob uma infraestrutura institucional particular envolvidas na geração,
difusão e utilização da tecnologia.
Malerba (2002)
Sistemas Setoriais de Inovação e
Produção
Complementa a abordagem dos sistemas nacionais de inovação. O foco está nos
limites nacionais, nas organizações e instituições e nos sistemas regionais/locais de
inovação cujo foco está na região e também sobre os sistemas tecnológicos em que o
foco está nas redes de agentes para a geração difusão e utilização de tecnologias.
Redesist
17
(2003; 2005)
Arranjos Produtivos Locais e
Sistemas Produtivos e Inovativos
Locais
SPIL‟s - Conjuntos de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um
mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que apresentam
vínculos expressivos de interação, cooperação e aprendizagem.
APL‟S - Sistemas fragmentados e que não apresentam significativa articulação entre
os agentes. Considera as especificidades locais; competitividade das empresas não é
restrita a um único setor, relacionado a atividades ao longo de toda a cadeia produtiva
e a uma série de atividades intersetoriais, ligadas à geração, aquisição e difusão de
conhecimentos. A dimensão territorial constitui recorte específico de análise e de
ação política; levando ao compartilhamento de visões e valores econômicos, sociais e
culturais, para o dinamismo local e a diversidade de vantagens competitivas em
relação a outras regiões.
Mytelka e Farinelli (2005)
Aglomerados
- Aglomerados informais micro e pequenas empresas; baixo cunho tecnológico e
capacidade de gerenciamento; mão-de-obra de baixa qualificação; infra-estrutura
inadequada; ausência de suporte financeiro; poucas inovações; relações de
coordenação e cooperação menos densas e intensas; pouca confiança; elevada
competição; e inexpressiva troca de informações.
- Aglomerados organizados - pequenas e médias empresas; nível de competência
representativo; presença de cooperação e trabalho em rede entre as empresas membro
do arranjo; empresas rápidas ao responder aos estímulos de mercado; maior
capacidade para exportar; não está suficientemente preparado para implementar
processos de melhoria contínua; competição intensa e a cooperação existe de forma
não sustentada.
- Aglomerados inovadores - pequenas, médias e grandes empresas, mão-de-obra
qualificada; alta capacidade inovativa e contínuo processo de introdução de
inovações; alta exportação e presença marcante no mercado internacional; confiança
predomina no arranjo; infra-estrutura adequada; participação ativa do Estado e do
governo local.
Quadro 21 - Síntese de Alguns Estudos sobre Aglomerações
Fonte: Desenvolvido pela autora com base na literatura pesquisada (2007)
Continua...
17
A RedeSist Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais - é uma rede de pesquisa interdisciplinar sediada no Instituto de Economia
da UFRJ, que tem como objetivo a pesquisa em aglomerações e desenvolvimento local.
...Continuação
Autores e Abordagens
Descrição
Markussen (1995)
Distritos Industriais
- Distritos Industriais Marshallianos e a variante italiana economia baseada em
pequenas firmas com origem, propriedade e decisões sobre investimentos e produção
de base local. Mercado de trabalho flexível e qualificado, atividades que refletem a
identidade cultural e capacitação industrial compartilhada.
- Distritos industriais centro radiais (Hub and Spoke) - comportam certa quantidade
de empresas ou unidades industriais que desempenham papel central, com
fornecedores circundantes. Economias de escala e espoco relativamente altos.
Alianças estratégicas podem ocorrer com parceiros fora do distrito.
- Plataformas satélites - planta produtiva distribuída em outros países na forma de
subsidiárias. Normalmente organizadas fora dos grandes centros urbanos por
governos nacionais ou estaduais. Busca pelo rebaixamento dos custos dos negócios.
- Distritos ancorados pelo Estado organizados- compreendem atividades não
lucrativas ou públicas, como apoio de uma universidade, centro de pesquisa ou
laboratórios ligados ao setor bélico. Atividades estatais de grande escala se
desenvolvem mais com base nessas instituições mais do que as empresas privadas ali
localizadas. Transferência de tecnologias com universidades e centros de pesquisa
favorecendo as atividades de lobbying nesse tipo de arranjo.
Quadro 21 - Síntese de Alguns Estudos sobre Aglomerações
Fonte: Desenvolvido pela autora com base na literatura pesquisada (2007)
Apêndice 3 Estudos Recentes sobre Aglomerações de Software
Estudos Recentes sobre Aglomerações de Software
Tipo de Estudo
Autores
Estudo Exploratório e de campo;
Estudo sobre as condições e o crescimento das empresas de software de
Curitiba; e
Foco do estudo: especificidades determinantes da dinâmica competitiva do
setor de software; origem e desenvolvimento das atividades de software em
Curitiba; caracterização do APL de software de Curitiba; delimitação e
caracterização da estrutura produtiva do APL; organização institucional; e
resultados preliminares da pesquisa de campo.
Scatolin, Sampaio (2004)
Estudo exploratório e de campo:
Estudo do desenvolvimento da aglomeração produtiva de software da
cidade de Curitiba Pr; e análise dos elementos sistêmicos do processo de
inovação e a dimensão local; e
Foco do estudo: localização da produção no espaço geográfico; contexto
histórico e específico da aglomeração; vínculos produtivos com empresas e
agentes; e implicações no processo inovativo.
Sampaio (2006)
Estudo exploratório e de campo;
Diagnóstico do arranjo produtivo de software de Londrina-Pr,
identificando as potencialidades e limitações, para propor políticas
públicas para incrementar o desenvolvimento da aglomeração; e
Foco do estudo: caracterizão das empresas, as atividades produtivas e
inovativas, os determinantes e barreiras à ação inovadora e à atividade
exportadora no APL, a existência dos elos horizontais, verticais e
multilaterais, o grau de desenvolvimento da governança e as sugestões de
políticas públicas, de forma a acelerar a ação inovativa e o
desenvolvimento do APL.
Camara et al. (2006)
Pesquisa histórico-empírica e de campo;
Estudo da evolução e transformações do aglomerado de empresas de
software de Maringá e do processo de institucionalização do embrião de
APL - Arranjo Produtivo Local - de software da cidade de Maringá no
noroeste do Paraná entre os anos de 1998 e 2007; e
Foco do estudo: caracterização do processo de formação do embrião de
APL de software de Maringá; identificação do perfil empreendedor dos
atores deste processo através do CEI Carland Entrepreneurship Index; e
identificação das políticas públicas realizadas durante o processo de
formação do embrião de APL de software.
Angeli (2007)
Quadro 22 Estudos Recentes sobre Aglomerações de Software
Fonte: Desenvolvido pela autora (2007)
ANEXOS
Anexo 1 Relação das Empresas de Software Identificadas de Londrina, 2007
No
EMPRESA
ENDEREÇO
TELEFONE
1
A F P Informática Ltda
Rua: Almirante Tamandaré, 98
3342-7142
2
Adail Roberto Nogueira Informática
Rua: Canudos, 141
3325-2939
3
Adriano e Silva Sistemas de Informática Ltda
Rua: Guadalajara, 88
3339-1054
4
Agropec SS Ltda
Av.: Rio de Janeiro, 1500
3324-1742
5
Alexandre Boso Dias
Rua: Pio XII, 97
30255100
6
Alis Informática Ltda
Rua: Santa Cecília, 214
3337-0784
7
Altatech Soluções em Tecnologia Ltda
R. Senador Souza Naves, 282
2105-1002
8
Altoga Alternativas em Organização Gestão e Aprendizagem Ltda
Rua: Mato Grosso, 299
9
Antonio Carlos Verceze
Rua: China, 285
3343-4483
10
Apexsys Soluções em Tecnologia e Informática Ltda
Av.: Das Maritacas, 1156
11
Apkomp Brasil Informática Ltda
Rua: Raja Gabaglia, 1075
3026-5992
12
Arandu Sistemas Ltda
Rua: Joaquim Távora, 173
13
Art Servicos de Software SS Ltda
Rua: Pequim, 56
3339-0538
14
Asanome Scucuglia e Serra Ltda
Rua: Pedro Marcos Prado, 294
15
Astersoft Sistemas Ltda
Rua: Senador Souza Naves, 282
3025-6071
16
Audare Informática SS Ltda
Rua: Piauí, 399
3321-0099
17
Automatiza Consultoria e Sistemas Ltda
Rua: Alagoas, 792
18
BCR Serviços de Informática SC Ltda
Rua: Mandaguaçu, 310
3325-5293
19
Bottacin Mendes e Borsato Ltda
Rua: Santa Catarina, 50
3026-1056
20
BSI Tecnologia Ltda
Rua: Pernambuco, 390
21
Caio Eduardo Informática Ltda
Rua: Pará, 971
22
Carlos Augusto Ferreira Barbosa e Cia Ltda
Rua: Elvis Presley, 111
3348-8822
23
Carlos Eduardo Penteriche e Cia Ltda
Rua: Jacarandá, 712
3338-5768
24
Ceprodac S/C Ltda
Av. Rio de Janeiro, 1339
3356-8180
25
Cett Consultoria Empresarial e Eventos Técnicos SS Ltda
Rua: Bem Te Vi, 415
3337-8287
26
Cláudio Teles Lupi
Rua: Goiás, 559
3027-1491
27
Concept Assessoria E Desenvolvimento de Sistemas SS Ltda
Av.: Rio de Janeiro, 1500
28
Constroifacil Comercial Ltda Me
Rua: Recife, 108
3324-2258
29
Consystem Consultoria e Sistemas SC Ltda
Rua: Porto Alegre, 653
3336-1817
30
Cristiano de Luca
Rua: Francisco G Couto, 275
3339-9146
Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina - Sistema Municipal de Tributação, Adetec Platin e INTUEL (2007).
Continua...
Anexo 1 Relação das Empresas de Software Identificadas de Londrina, 2007
...Continuação
No
EMPRESA
ENDEREÇO
TELEFONE
31
Daniel J A Rodrigues Junior Softwares
Rua: Florianópolis, 57
32
Danilo Tadayuki Nabeshima
Av.: Pres J Kubitscheck, 2727
33
Desenvol Informática Ltda
Rua: Santa Catarina, 50
34
Digitum Consultoria E Sistemas SS Ltda
Av.: São Paulo, 774
3334-3737
35
Direct System Tecnologia da Informação Ltda
Av.: Higienópolis, 1505
36
DTSL Sistema E Serviços de Informática SA
Av.: Higienópolis, 583
3028-4549
37
E Componentes Tecnologia da Informação Ltda
Av.: Santos Dumont, 505
3372-7072
38
Educatech E-Learning Solutions Educação à Distância Ltda
Rod. Celso Garcia Cid, 380
39
Emerson G. Feitosa Tecnologia em Informática
Av. Higienópolis, 1850, sala 08 -
3026-4166
40
Exactus Software Ltda
Av.: Santos Dumont, 505
3372-7000
41
Expertu Comércio Virtual e Marketing Ltda
Rua: Paranaguá, 921
3028-8580
42
Felix Consultoria em Sistemas SS Ltda
Rua: Santos, 248
3324-3990
43
Fonteque Consultoria E Sistemas SS Ltda
Rua: Vasco da Gama, 277
44
Gelt Tecnologia e Sistemas Ltda
Av. Castelo Branco, 570
3375-3130
45
Genesis Consultoria em Sistemas SS Ltda
Praça.: Sete de Setembro, 140
46
Gotardi e Santos Informática Ltda
Av.: Paraná, 85
47
Guenka Desenvolvimento de Software Ltda Me
Rua: Delfim Moreira, 45
3029-5252
48
H C Yuen Desenvolvimento de Software
Rua: Açungui, 322
49
H F Desenvolvimento de Software Ltda
Rua: Tibagi, 152
3329-1025
50
Headship Desenvolvimento, Cursos e Informática Ltda
Rua: Leontina da C Gayon, 100
51
Hirota Informática Ltda
Rua: Alagoas, 1284
3356-4743
52
HLF Informação E Design Ss Ltda
Rua: Paranaguá, 906
3324-1574
53
Hub System Software Ltda
Rua: Espírito Santo, 653
3026-7661
54
Hugo Leonardo Adames Carrijo e Cia Ltda
Rua: Yku Yamato, 0
55
Infobiz Software Ltda
Rua: Santos, 253
3344-1787
56
Infocanal Soluções Tecnológicas em Informática Ltda
Rua: Piauí, 399
57
Infoencia Desenvolvimento de Sistemas Ltda
Av.: Santos Dumont, 505
3372-7700
58
Ishii e Cia SS Ltda
Rua: Benjamin Constant, 1985
3337-9856
Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina - Sistema Municipal de Tributação, Adetec Platin e INTUEL (2007).
Continua...
Anexo 1 Relação das Empresas de Software Identificadas de Londrina, 2007
...Continuação
No
EMPRESA
ENDEREÇO
TELEFONE
59
Iurico Tamanaha Consultoria Ltda
Rua: Morretes, 82
60
Jabur Informática SA
Rua: Piauí, 399
3294-8797
61
Jucielito Chagas de Paula
Rua: Jacarezinho, 694
3343-4052
62
Ldgames Produtora de Softwares Ltda
R. Guararapes, 229
3344-1112
63
Londana Tecnologias de Informação e Educação Ltda
Rua: Mato Grosso, 299
3344-0350
64
Lonsoft SC Ltda
Rua: Sorocaba, 190
3328-3430
65
Lopes e Belisário Ltda
Rua: Serra da Jurema, 96
3328-0420
66
Mabtec Tecnologia em Sistemas Ltda
R. Porto Alegre, 653
3302-2222
67
Marcelo Delamuta
Rua: Eduardo Kisser, 41
3025-7009
68
Marcelo Musetti
Rua: Andirá, 77
3323-9256
69
Marcio Pardo Red Foot Software Ss Ltda
Av.: São João, 2446
3334-0011
70
Marisa Barreto Consultoria SS Ltda
Rua: Jonathas Serrano, 410
3327-5276
71
Marlon Maikel Ferreira E Cia Ltda
Rua: Isaura Marques Pereira, 563
3338-2824
72
Mehta Plan Sistemas Ltda
Rua: Jorge Velho, 814
3326-8087
73
Meta Tecnologia em Software Ltda
Av.: Maringá, 813
3028-7228
74
Milan e Ursi Ltda
Rua: Deputado Nilson Ribas, 863
3348-0350
75
Mondeal Software Ltda
Rua: João Pessoa, 90
3336-3640
76
Moonwalker Desenvolvimento Serviços de Informática S/S Ltda
Av.: Da Saudade, 186
77
Moreira Lima e Hasckel Ltda.
Av.: Tiradentes, 501
3525-1707
78
Munhan e Munhon Ltda Me
Rua: Barão de Loreto, 28
3342-2009
79
N C Ribeiro Informática
Rua: Brasil, 862
3344-2628
80
NBR Tecnologia e Consultoria em Informática SS Ltda
Rua: Nevada, 692
3327-6006
81
NeoT Tecnologia da Informação Ltda
Av. Higienópolis, 1601 Eurocentro
3326-8004
82
Neves e Galheiro Ltda
Rua: Olavo Bilac, 562
83
Nextplan Soluções em Tecnologia Ltda
Av.: Paraná, 54
3323-0755
84
Paulo Eduardo Gonçalves Junior e Cia Ltda
Rua: Serra da Canastra, 573
3338-2577
85
Picoli e Belo Informática e Assistência Técnica Ltda
Rua: Isaura Marques Pereira, 190
3338-7331
86
Plenos Desing e Consultoria Ltda
Rua: Raposo Tavares, 733
3324-6187
Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina - Sistema Municipal de Tributação, Adetec Platin e INTUEL (2007).
Continua...
Anexo 1 Relação das Empresas de Software Identificadas de Londrina, 2007
...Continuação
No
EMPRESA
ENDEREÇO
TELEFONE
87
Prado e Prado SS Ltda
Rua: Vitória, 29
88
Pro Gov Assessoria Publica Ltda
Rua: Jonas Barbosa Leite, 325
3347-5065
89
Project Software SC Ltda
Rua: Jorge Velho, 500
90
Publisystem Informática e Sistema Sc Ltda
Rua: Hungria, 279
3027-2318
91
Quaggio e Correa Tecnologia da Informação Ltda
Rua: Lima, 184
3337-2748
92
Qualisoft Desenvolvimento de Sistemas de Informática Ltda
Rua: Senador Souza Naves, 653
9994-6904
93
Rafael Mendes de Carvalho Consultoria e Desenvolvimento de Software
Rua: Da Lapa, 312
3347-5117
94
RF Brasil Sistema e Mídias Ltda
Rua: Guaporé, 888
95
S E V Consultoria em Sistemas SS Ltda
Rua: China, 225
3341-5886
96
Sagha Sofware Ltda
Rua: Pernambuco, 390
3344-6404
97
Sakamoto e Sakamoto SC Ltda
Rua: Raposo Tavares, 695
3336-6898
98
Sdweb Design SS Ltda
Rua: Senador Souza Naves, 1255
3325-2605
99
Simone de Fátima Nakajima e Cia Ltda
Rua: Bauru, 270
3328-0536
100
Softbr Tecnologia e Informação Ltda
Rua: Quintino Bocaiúva, 180
3321-4655
101
Softworks Sistemas Ltda
Rua: Jose Miguel Arias, 119
3321-7674
102
Takeda Informática Ltda
Rua: Alfredo Battini, 155
103
Taramelli e Taramelli Ltda
Rua: Piauí, 191
104
Tavol Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas Ltda
R. Lucídio de Held, 199
3347-0619
105
TI Solution Desenvolvimento de Software Ltda
Rua: Goiás, 33
106
Trino Tecnologia Ltda
Av. Higienópolis, 32 Sala 1802
3374-7474
107
Tuning Systens Informática SS Ltda
Rua: Fortaleza, 192
3323-1702
108
Tzm Informática e Telecomunicações Ltda
Rua: Joaquim Figueira Jr, 50
109
Uniware Consultoria e Comércio de Equipamentos para Informática Ltda
R: Bartolomeu Bueno, 247
3028-8556
110
Vanessa Marques de Lima e Cia Ltda
Rua: Dep Fernando Ferrari, 953
111
Volnei Alves Galvagni e Cia Ltda Me
Av.: São João, 277
3028-8755
112
Volpato e Yoshida Consultoria Ltda
Rua: Rio Grande do Norte, 1216
3337-3363
113
VRSys Sistemas Ltda
Rod. Celso Garcia Cid, 0
3371-5812
114
Weblance Leilões S/S Ltda
Av.: Rio de Janeiro, 221
115
WK Consultoria e Comércio de Software Ltda
Av.: Paraná, 453
Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina - Sistema Municipal de Tributação, Adetec Platin e INTUEL (2007).
Anexo 2 Questionário de Pesquisa
QUESTIONÁRIO
CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
1 Nome da empresa: ____________________________________________________________________________________________
2 Razão social: _______________________________________________________________________________________________
3 Endereço completo: _________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
4 Londrina, Cep: ______________________________________________________________________________________________
5 Tamanho de acordo com faturamento
1. Faixa de faturamento da empresa (em R$)
2. Porte da empresa
A. ( ) Até 108.000
Micro
B. ( ) De 108.001 a 216.000
C. ( ) De 216.001 a 576.000
Pequena
D. ( ) De 576.001 a 1.200.000
E. ( ) De 1.200.001 a 1.440.000
F. ( ) De 1.440.001 a 1.800.000
G. ( ) De 1.800.001 a 10.500.000
H. ( ) De 10.500.001 a 60.000.000
Média
I. ( ) Acima de 60.000.001
Grande
6 Telefone ( ) _______________________ Fax ( ) ___________________________________________________________
7 Site: www.__________________________________________________________________________________________________
8 E-mail de contato: ____________________________________________________________________________________________
9 Nome completo do entrevistado: _________________________________________________________________________________
10 Cargo/função: _______________________________________________________________________________________________
11 Ano de fundação da empresa: ___________________________________________________________________________________
12 Código da atividade da empresa (segundo código da CNAE) __________________________________________________________
13 Origem do capital (%) - Total: 100%
A. ( ) Nacional
B. ( ) Estrangeiro
14 Tipo de sociedade:
A.( ) Individual B.( ) Sociedade limitada C.( ) Sociedade anônima
15 Número de sócios: __________________________________________________________________________________________
16 Tipo de gestão:
A. ( ) Familiar B. ( ) Profissional
C. ( ) Dirigida p/ sócio majoritário D. ( ) Outro (descreva) _____________________________________
17 Escolaridade do atual proprietário ou do sócio majoritário: (usar tabela abaixo)
A. Analfabeto
B. Ensino fundamental incompleto
C. Ensino fundamental completo
D. Ensino médio incompleto
E. Ensino médio completo
F. Téc nível médio ou pós-médio
G. Superior incompleto
H. Superior completo
I. Pós-graduado
18 Numero total de funcionários __________________________________________________________________________
19 Escolaridade dos funcionários:
A . Analfabeto
B . Ensino fundamental incompleto
C . Ensino fundamental completo
D . Ensino médio incompleto
E . Ensino médio completo
F . Téc nível médio ou pós-médio
G . Superior incompleto
H . Superior completo
I . Pós-graduado
20 Indique o percentual de atuação do ramo da empresa para cada item abaixo:
A. ( ) Desenvolvimento de software (______).
B. ( ) Serviços de software (______).
21 Indique os tipos de software produzidos pela empresa e respectivas áreas:
C. ( ) Software pacote. Áreas: ___________________________________________________________________________
D. ( ) Software sob encomenda ou customizado. Áreas: _______________________________________________________
E. ( ) Software embarcado. Áreas:________________________________________________________________________
F. ( ) Outros. Áreas: ___________________________________________________________________________________
22 Além do desenvolvimento de softwares, assinale os serviços prestados pela empresa:
A. ( ) Consultoria
B. ( ) Desenvolvimento de aplicativos
C. ( ) Integração de sistemas
D. ( ) Treinamento
E. ( ) Suporte técnico
F. ( ) Manutenção
G. ( ) Engenharia de software
H. ( ) Análise de sistemas
I. ( ) Outros. Qual: ________________________________________________________________________________________
BLOCO 1- ATIVIDADE PRODUTIVA DE DESENVOLVIMENTO E SERVIÇOS DE SOFTWARE
23 Existem relações de parcerias, alianças estratégicas ou contratos de cooperação com outras empresas da rede? Por parceria
entende-se o desenvolvimento conjunto de um produto/serviço com responsabilidades divididas entre os parceiros e ganhos
compartilhados:
A.( ) Não Passe para a questão 27 B.( ) Sim
24 Indique o tipo e a localização das empresas parcerias:
Parceria, Alianças e Contratos de Cooperação
Rede - R
PR
Brasil - BR
Exterior - E
A. Outsourcing de processos de negócios (BPO)
B. Outsourcing de atividade de TI/gestão e manutenção de aplicativos. (ASP)
C. Outsourcing avançado (gestão de P&D)
D. Desenvolvimento
E. Comercialização no mercado interno
F. Exportação
G. Qualificação de mão de obra
H. Obtenção de certificações
I. Outros. Especifique:
25 A empresa atua como subcontratante ou subcontratada de outras empresas através de contrato ou acordo de fornecimento regular e
continuo de módulos ou componentes de programas e/ou outsourcing convencional?
A. ( ) Subcontratante
B. ( ) Subcontratada
C. ( ) Nenhum dos dois - Passe para o próximo bloco (2)
26 Caso a resposta anterior seja afirmativa, indique 1 micro e pequenas e 2 médias e grandes:
Sua empresa é:
Porte da empresa
subcontratante
Setor
A. ( ) Subcontratada de empresa da rede
(1) (2)
B. ( ) Subcontratada de empresas fora da rede
(1) (2)
Sua empresa é:
Porte da empresa
subcontratada
Setor
A. ( ) Subcontratante de empresa da rede
(1) (2)
B. ( ) Subcontratante de empresa fora da rede
(1) (2)
BLOCO 2 COOPERAÇÃO NA REDE DE EMPRESAS DE SOFTWARE
Cooperação significa trabalho em comum, envolvendo relações de confiança mútua e coordenação das atividades entre os agentes. A
cooperação nos APL‟s ou nas redes de empresas compreende:
- Intercambio de informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas com clientes, fornecedores, concorrentes entre outros.
- Interação envolvendo empresas e outras instituições por meio de programas comuns de treinamento, realização de eventos/feiras, cursos,
seminários entre outros.
- Integração de competências por meio de projetos conjuntos incluindo desde a melhoria de produtos e processos até pesquisa e
desenvolvimento entre empresas e destas com outras instituições.
Cooperação Formal - a interação entre os agentes não só é regular, mas também tem um propósito e um resultado esperado para a interação.
Nesta situação, os agentes além de buscar um benefício mútuo nas interações define-se um método e um objetivo a ser alcançado.
Cooperação Informal - não se têm bem definido o objetivo e o propósito da interação. A cooperação pode ser recorrente, com expectativa
de futuras repetições, mas sem no entanto ter um escopo delimitado, em seu objetivo e método. Neste caso os agentes interagem com
freqüência e tem clareza do benefício recíproco da cooperação, no entanto estas interações correm por diversos fins sem no entanto
cristalizarem-se em um projeto específico.
27 Durante os últimos três anos 2005 a 2007 sua empresa esteve envolvida em atividades cooperativas, formais ou informais, com outra
(s) empresa ou organização?
A. ( ) Sim
B. ( ) Não
28 Em caso afirmativo, quais dos seguintes agentes desempenharam papel importante como parceiros durante os últimos três anos,
2005 a 2007? Favor indicar o grau de interação utilizando a escala, em que 1 (BAIXA), 2 (MÉDIA), 3 (ALTA) e 0 (NÃO EXISTIU).
Indicar a formalização utilizando 1 (Formal) e 2 (Informal). Quanto à localização utilizar 1 quando localizado na rede, 2 no estado, 3
no Brasil e 4 no exterior.
Agentes
Intensidade
Formalização
Localização
1. Empresas NE B M A F I R PR BR E
A. Fornecedores (equipamentos, materiais)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
B. Clientes
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
C. Concorrentes
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
D. Outras empresas do setor de software
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
E. Consultores especializados
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
2. Universidades e Institutos de Pesquisa
F. Universidades
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
G. Incubadoras de empresas
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
H. Institutos de pesquisa (IAPAR, TECPAR, etc)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
I. Centros de capacitação profissional (Platin, Epesmel,CIEE,
Senai, Senac)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
J. Instituições de testes e certificações
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
3. Outros agentes
K. Representação (Assespro, Softex etc)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
L. Entidades sindicais
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
M. Órgãos de apoio e promoção (Adetec, FIEP, Sebrae)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
N. Agentes financiadores (FINEP, CEF, BNDES, BRDE etc)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
29 Qual o grau de utilização das seguintes formas de cooperação realizadas durante os últimos três anos 2005 a 2007 com outras
empresas e agentes da rede? Favor indicar o grau de utilização seguindo a escala em que, 1 é baixa utilização, 2 é média utilização e
3 é alta utilização. Coloque 0 se não houve utilização pela empresa.
Descrição
Grau de Utilização
NE B M A
A. Compra de insumos e equipamentos
(0)
(1)
(2)
(3)
B. Venda conjunta de produtos
(0)
(1)
(2)
(3)
C. Desenvolvimento de produtos/serviços e processos
(0)
(1)
(2)
(3)
D. Design de produtos
(0)
(1)
(2)
(3)
E. Capacitação de recursos humanos
(0)
(1)
(2)
(3)
F. Obtenção de financiamento
(0)
(1)
(2)
(3)
G. Reivindicações políticas, apoio financeiro, outros para a rede
(0)
(1)
(2)
(3)
H. Participação conjunta em feiras/eventos e outros
(0)
(1)
(2)
(3)
I. Processos de controle de qualidade e certificação
(0)
(1)
(2)
(3)
J. Exportação de produtos
(0)
(1)
(2)
(3)
K. Centros de tecnologia como as incubadoras por exemplo
(0)
(1)
(2)
(3)
L. Fóruns de discussão
(0)
(1)
(2)
(3)
M. Outras: especificar
(0)
(1)
(2)
(3)
30 Caso a empresa tenha participado de alguma forma de cooperação com agentes locais, como avalia os resultados das ações
conjuntas. Favor indicar o grau de importância utilizando a escala, onde 1(baixa), 2 (média), 3 (alta) e 0 (se não for relevante ou não
existente) para a sua empresa.
Descrição
Grau de Importância
NE B M A
A. Melhoria na qualidade dos produtos
(0)
(1)
(2)
(3)
B. Desenvolvimento de novos produtos
(0)
(1)
(2)
(3)
C. Melhorias nos processos produtivos
(0)
(1)
(2)
(3)
D. Melhoria nas condições de fornecimento de produtos
(0)
(1)
(2)
(3)
E. Melhor capacitação de recursos humanos
(0)
(1)
(2)
(3)
F. Melhorias nas condições de comercialização
(0)
(1)
(2)
(3)
G. Introdução de inovações organizacionais
(0)
(1)
(2)
(3)
H. Novas oportunidades de negócio
(0)
(1)
(2)
(3)
I. Promoção de nome/marca da empresa no mercado nacional
(0)
(1)
(2)
(3)
J. Maior inserção da empresa no mercado externo
(0)
(1)
(2)
(3)
K. Outras: especificar
(0)
(1)
(2)
(3)
BLOCO 3 APRENDIZADO COLETIVO DAS EMPRESAS DA REDE
Nas redes de empresas, o aprendizado coletivo é considerado um processo através do qual a empresa amplia seus conhecimentos para
aperfeiçoar seus processos para desenvolver, produzir e comercializar bens e serviços. Possibilita ampliar a capacidade produtiva e inovativa
da empresa. As formas de aprendizado são:
A partir de fontes internas à empresa como por exemplo: a empresa aprende com experiência própria, no processo de produção,
comercialização e uso, na busca por soluções técnicas nas unidades de pesquisa e desenvolvimento.
A partir de fontes externas à empresa como por exemplo: interação com fornecedores, concorrentes, clientes, usuários, consultores,
sócios, universidades, institutos de pesquisa, prestadores de serviço, agencias, órgãos de apoio, etc.
31 Indique dentre os itens abaixo os que desempenharam papel importante como fonte de informação para o aprendizado da empresa
durante os últimos três anos (2005 a 2007). Indique o grau de importância da fonte utilizando a escala: 1 (baixa), 2 (média), 3 (alta) e
zero caso não seja relevante. Indique a formalização utilizando 1 (formal) e 2(informal). Indique a localização utilizando 1 para
quando localizado na rede, 2 no Paraná, 3 no Brasil e 4 no exterior.
Grau de Importância
Formalização
Localização
1. Fontes Internas NE B M A F I
R PR BR E
A. Departamento de P&D e/ou área de produção
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
B. Área de vendas, marketing
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
2. Fontes Externas
C. Fornecedores (equipamentos, materiais)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
D. Clientes / Usuários
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
E. Visitas a outras empresas do setor de software
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
F. Funcionários que trabalham em outras empresas
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
G. Concorrentes
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
H. Consultores especializados
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
3. Universidades e outros institutos de pesquisa
I. Universidades e Institutos de pesquisa
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
J. Incubadoras de empresas
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
K. Centros de capacitação profissional, de assistência técnica
e de manutenção
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
L. Instituições de testes e certificações
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
4. Outras fontes de informão
M. Licenças, registro de software, patentes
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
N. Conferências, seminários, cursos, workshops e publicações
especializadas
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
O. Feiras, exibições, livrarias
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
P. Ocasiões sociais (clubes, restaurantes, bares etc)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
Q. Assoc. empresariais locais (cons. de exportação)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
R. Catálogos, revistas e Sites (Internet)
(0) (1) (2) (3)
(1) (2)
(1) (2) (3) (4)
32 Como resultado dos processos de aprendizado, como melhoraram as capacitações da empresa? Favor indicar o grau de importância
utilizando a escala, em que 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância. Coloque 0 se não for relevante para a
sua empresa.
Descrição - resultado dos processos de aprendizado
Grau de Importância
NE B M A
A. Melhor utilização de técnicas produtivas, equipamentos, insumos e componentes
(0)
(1)
(2)
(3)
B. Maior capacitação para realização de modificações e melhorias em produtos e processos.
(0)
(1)
(2)
(3)
C. Melhor capacitação para desenvolver novos produtos e processos
(0)
(1)
(2)
(3)
D. Maior conhecimento sobre as características dos mercados de atuação da empresa
(0)
(1)
(2)
(3)
E. Melhor capacitação administrativa
(0)
(1)
(2)
(3)
BLOCO 4 INOVAÇÃO NA REDE
INOVAÇÕES DE PRODUTOS, PROCESSOS E INOVAÇÕES ORGANIZACIONAIS
Inovação de produto é um produto novo (bem ou serviço) para sua empresa ou para o mercado e cujas características fundamentais diferem
significativamente de todos os produtos que a empresa produziu. Ou a significativa melhoria tecnológica de um produto (bem ou
serviço) significa que há um aumento substancial na performance de um produto já existente da empresa. Por exemplo: o software enquanto
um produto complexo pode ser aperfeiçoado via mudanças parciais de um dos componentes ou subsistemas.
Inovação de processo refere-se a processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado, que envolve a introdução de tecnologia
nova de produção ou significativamente aperfeiçoada. Estes novos métodos podem envolver introdução de novos métodos, procedimentos,
sistemas, máquinas e equipamentos que diferem substancialmente daqueles utilizados pela empresa.
33 Este bloco trata do potencial inovativo da rede de empresas de software de Londrina. Para tanto, precisamos conhecer as inovações
produzidas por sua empresa nos últimos 3 anos (2005 a 2007), relacionadas à introdução de produtos, processos e inovações
organizacionais. Legenda: Sim = 1 e Não = 2
Descrição
1. Inovações de Produto
A. ( ) Introdução de produtos/serviços novos para a empresa, mas existente no mercado.
B. ( ) Introdução de produtos/ serviços novos para o mercado nacional.
C. ( ) Introdução de produto / serviço novo para o mercado internacional.
2. Inovações de Processos
A. ( ) Introdução de processos tecnológicos novos para a empresa, mas já existente no setor.
B. ( ) Introdução de processos tecnológicos novos para o setor de atuação
3. Realização de mudanças organizacionais (inovações organizacionais)
A. ( ) Implementação de técnicas avançadas de gestão.
B. ( ) Implementação de significativas mudanças na estrutura organizacional
C. ( ) Implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de marketing
D. ( ) Implementação de mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de comercialização
E. ( ) Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando atender normas de certificação (MPS-BR, CMM,ISO, outros).
34 Avalie a importância do impacto resultante da introdução de inovações no período de 2005 a 2007. Indique o grau de importância
utilizando a escala em que 1 é baixa importância, 2 é média importância e 3 é alta importância e 0 se não for relevante para a empresa.
Impacto
Alto
Médio
Baixo
Nulo
A. Aumento da produtividade
3
2
1
0
B. Ampliação da gama de produtos/serviços ofertados
3
2
1
0
C. Aumento da qualidade dos produtos/serviços
3
2
1
0
D. Permitiu manter participação nos mercados de atuação
3
2
1
0
E. Aumento da participação no mercado interno
3
2
1
0
F. Aumento da participação no mercado externo
3
2
1
0
G. Permitiu que a empresa abrisse novos mercados
3
2
1
0
35 Indique o tipo de atividade inovativa sua empresa desenvolveu nos anos de 2005 a 2007? Utilize a escala abaixo para responder:
1 = NE - NÃO EXISTIU ATIVIDADE INOVATIVA (INEXISTÊNCIA DA ATIVIDADE)
2 = B - O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE FOI BAIXO
3 = M - O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE FOI MÉDIO
4 = Á - O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE FOI ALTO
Descrição
NE
B
M
A
A. Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) realizadas na própria empresa
1
2
3
4
B. Aquisição externa de P&D (consultorias)
1
2
3
4
C. Aquisição de máquinas e equipamentos que implicaram em significativas melhorias tecnológicas de
produtos/processos ou que estão associados aos novos produtos/processos
1
2
3
4
D. Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças ou acordos de transferência de tecnologia tais como
patentes, marcas).
1
2
3
4
E. Programa de treinamento orientado à introdução de produtos/processos tecnologicamente novos ou
significativamente melhorados.
1
2
3
4
F. Programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional, tais como: qualidade total, reengenharia
de processos administrativos, desverticalização do processo produtivo, métodos de “just in time, etc.
1
2
3
4
G. Novas formas de comercialização e distribuição para o mercado, envolvendo produtos novos ou
significativamente melhorados.
1
2
3
4
Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) realizadas na própria empresa: Compreende o trabalho criativo, empreendido de
forma sistemática, com o objetivo de aumentar o acervo de conhecimentos e o uso destes conhecimentos para desenvolver novas aplicações,
tais como produtos ou processos novos ou tecnologicamente aprimorados.
Aquisição externa de P&D: Compreende as atividades descritas acima, realizadas por outra organização (empresas ou instituições
tecnológicas) e adquiridas pela empresa.
Aquisição de máquinas e equipamentos: Compreende a aquisição de máquinas, equipamentos, hardware, especificamente utilizados na
implementação de produtos ou processos novos ou tecnologicamente aperfeiçoados.
Aquisição de outras tecnologias: Compreende os acordos de transferência de tecnologia originados da compra de licença de direitos de
exploração de patentes e uso de marcas, aquisição de know-how, software e outros tipos de conhecimentos técnico-científicos de terceiros.
Treinamento: Compreende o treinamento orientado ao desenvolvimento de produtos/processos tecnologicamente novos ou
significativamente aperfeiçoados e relacionados às atividades inovativas da empresa, podendo incluir aquisição de serviços técnicos
especializados externos.
Novas formas de comercialização: Compreende as atividades (internas ou externas) de comercialização, diretamente ligadas ao lançamento
de um produto tecnologicamente novo ou aperfeiçoado, podendo incluir: pesquisa de mercado, teste de mercado e publicidade para o
lançamento.
36 Informe os gastos despendidos para desenvolver atividades de inovação:
A. ( ) Gastos com atividades inovativas sobre faturamento em 2006 ______ (%)
B. ( ) Gastos com P&D sobre faturamento em 2006 ______ (%)
C. ( ) Fontes de financiamento para as atividades inovativas (em%)
1. ( ) Próprias _____ (%)
2. ( ) Terceiros - Públicos (FINEP, BNDES, SEBRAE, BB, etc) _____ (%)
3. ( ) Terceiros - Privados _____ (%)
BLOCO 5 RESULTADOS DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO
37 Considerando os resultados entre: faturamento geral e faturamento de projetos cooperados nos últimos três anos.
A. ( ) Qual este percentual aproximado?
B. ( ) Não temos.
38 Considerando a relação sua empresa x projetos cooperados desenvolvidos nos últimos três anos, avalie o efeito nos resultados dos
seguintes indicadores econômicos / financeiros:
Indicador
A - aumentou
D - diminuiu
M = permaneceu o mesmo
A.Faturamento
A
D
M
B.Lucro Líquido
A
D
M
C.Retorno do Investimento
A
D
M
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