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COMPARAÇÃO ENTRE SEQUÊNCIAS DE SOLDAGEM PROGRESSIVA E PASSO
REVERSO ATRAVÉS DE ANÁLISE NURICA E EXPERIMENTAL
Carlos Alexandre de Araújo
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
OCEÂNICA.
Aprovada por:
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
SETEMBRO DE 2007
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i
ARAÚJO, CARLOS ALEXANDRE DE
Comparação entre seqüências de soldagem
progressiva e passo reverso através de análise
numérica e experimental [Rio de Janeiro]
2007
XVIII, 180 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,
M.Sc., Engenharia Oceânica, 2007)
Dissertação - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Soldagem
2. Tensões Residuais
3. Distorções
4. Elementos Finitos
I. COPPE/UFRJ II.tulo (série)
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ii
DEDICATÓRIA
Esta dissertação é dedicada à minha família, pelo apoio e compreensão, e à
minha filha, Ana Beatriz.
À Pedagoga Renata Coelho de Araújo que, trilhando comigo um caminho de
companheirismo e amor, permitiu-me vislumbrar a verdadeira imensidão do amor
humano.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao meu grande amigo e colaborador, o Engenheiro Naval e Oficial de Marinha,
Capitão-de-Corveta Teilor Maciel Kopavnick (MSc.), pela sua preciosa e inigualável
ajuda no desenvolvimento deste trabalho, pois sem o seu apoio não seria possível a
realização do mesmo.
Ao Professor Doutor Júlio Cyrino – meu orientador, pelo alto grau de
competência, profissionalismo e motivação apresentados, como também pela amizade,
confiança e paciência depositadas ao longo do desenvolvimento desta dissertação e em
todos os momentos de estimável ajuda e companheirismo.
Ao meu orientador no Centro de Projetos de Navios (CPN), Engenheiro Naval e
Oficial de Marinha, Capitão-de-Fragata (EN) Gustavo.
Aos senhores membros da banca, pela inestimável ajuda na avaliação do
presente trabalho.
Ao Centro de Projetos de Navios (CPN), pela oportunidade e confiança em mim
depositada na execução dessa missão.
À Marinha do Brasil (MB), pela minha formação profissional e por esta
oportunidade ímpar em minha carreira.
À Universidade de São Paulo (USP), pela minha excelente formação acadêmica
que muito me auxiliou na execução do presente trabalho.
Aos meus pais, pelo incentivo e apoio irrestrito ao longo de minha vida.
Aos meus avôs maternos, com muitas saudades, todo o meu amor pelo que hoje
sou.
À minha esposa Renata, razão do meu viver.
À minha família, agora mais numerosa com o nascimento de nossa filha, Ana
Beatriz, luz a iluminar a minha vida!
Enfim, a Deus, por todas as oportunidades que tive e por tudo que hoje sou.
iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
COMPARAÇÃO ENTRE SEQUÊNCIAS DE SOLDAGEM PROGRESSIVA E
PASSO REVERSO ATRAVÉS DE ANÁLISE NUMÉRICA E EXPERIMENTAL
Carlos Alexandre de Araújo
Setembro/2007
Orientador: Prof. Dr. Julio César Ramalho Cyrino
Programa: Engenharia Naval e Oceânica
Este trabalho desenvolve uma análise numérico-experimental comparativa entre
o comportamento termo-estrutural oriundo da Seqüência de Soldagem Progressiva e da
Seqüência de Soldagem em Passo Reverso aplicadas sobre o aço de alta resistência
estrutural HY80, tipicamente usado na estrutura de casco resistente de submarinos
convencionais produzidos pela Marinha do Brasil (MB). Inicialmente foram realizados
ensaios de dois corpos de prova, cada um formado por duas placas espessas de HY80,
de tal forma a se reproduzir, experimentalmente, as duas seqüências de soldagem e, com
isso, obter cada campo térmico e de distorções nas placas. A seguir, foram gerados dois
modelos numéricos termomecânicos pelo Método dos Elementos Finitos (MEF)
representativos dos corpos de prova ensaiados. Estes modelos foram sistematizados e
compilados por meio do código ANSYS MECHANICAL, considerando-se a variação
das propriedades do aço HY80 com a temperatura. Este código, dentre outras funções,
permite obter a solução numérica para modelos termomecânicos não-lineares e
transirios. Com o uso da “Ferramenta de Nascimento e Morte de Elementos” e da
“Análise de Campo Acoplada Indireta”, foi possível modelar o processo de deposição
de metal de solda e se obter a solução numérica para o campo térmico, para tensões
residuais longitudinais e transversais, além das distorções resultantes nas placas. Em
vista da complexidade do problema, o procedimento de análise proposto mostrou-se
satisfatório para se avaliar as distribuições de temperaturas, de tensões residuais e as
distorções nos dois corpos de prova ensaiados.
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Structures (M.Sc.)
COMPARISON BETWEEN PROGRESSIVE AND BACKSTEP WELDING
SEQUENCES BY NUMERICAL AND EXPERIMENTAL ANALYSIS.
Carlos Alexandre de Araújo
September/2007
Advisor: Prof. Dr. Julio César Ramalho Cyrino
Department: Naval and Ocean Engineering
This work presents a comparative numerical and experimental analysis between
the thermo structural behavior from the progressive welding sequence and the back step
welding sequence applied to the HY-80 high strength structural steel, typically used in
the structure of conventional submarine pressure hulls produced by the Brazilian Navy
(MB). Initially, it was made assays of test bodies composed by two flat plates in HY-80,
in such a way that to reproduce the two welding sequences and to obtain experimental
thermal field. Later, it was generated two thermal-structural numerical models by the
Finite Element Method (FEM) representatives of the test bodies assayed. These models
were modeled and compiled by means of the ANSYS
©
MECHANICAL Code,
considering the mechanical properties of HY-80 varying in function of temperature.
This code, beyond other functions, permits to obtain the numerical solution to the non-
linear transient thermal-structural models. By using of the “Birth and Death Elements
Tool” and the “Non-Direct Coupled-Field Analysis, it was possible to model the
welding deposition process and to obtain the numerical solution to the thermal field, the
transversal and longitudinal residual stresses, beyond the distortions resulting on the
plates. In spite of the complexity of the problem, the analysis procedure showed in this
study was satisfactory to evaluate the distributions of temperatures, residual stresses and
distortions in the test bodies assayed.
vi
ÍNDICE DO TEXTO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................1
1.1 C
ONSIDERAÇÕES INICIAIS....................................................................1
1.2 I
MPORTÂNCIA DO ESTUDO ...................................................................1
1.2.1 No cenário de defesa nacional........................................................1
1.2.2 No cenário de prospecção de petróleo em águas profundas............4
1.2.3 Na construção, adaptação e reparo de sistemas navais de superfície
.......................................................................................................4
1.3 O
BJETIVOS DO TRABALHO ................................................................... 6
1.4 E
STRUTURA DO TRABALHO .................................................................8
2 SOLDAGEM DO AÇO HY-80............................................................. 10
2.1 C
ONSIDERAÇÕES SOBRE SOLDAGEM .................................................. 10
2.1.1 Soldagem por fusão...................................................................... 10
2.2 O
RIGEM DO AÇO HY-80.................................................................... 11
2.2.1 Aplicações do aço HY80 em submarinos ...................................... 13
2.2.2 Soldabilidade do HY80.................................................................14
2.3 B
ASE TEÓRICA EM TENSÕES RESIDUAIS..............................................17
2.3.1 Definição de tensão residual ........................................................17
2.4 C
ONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................18
3 FASE PRELIMINAR: APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E
DESCRÃO DO EXPERIMENTO .......................................................................20
3.1 C
ONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................. 20
3.1.1 Processos de soldagem manual com eletrodos revestidos (SMAW -
Shielded Metal Arc Welding)............................................................................... 21
3.2 E
FICIÊNCIA TÉRMICA DO PROCESSO DE SOLDAGEM MANUAL SMAW.. 22
3.3 C
ONSUMÍVEIS PARA SOLDAGEM DO HY80......................................... 23
3.4 A
PORTE TÉRMICO E TEMPERATURAS.................................................. 25
3.4.1 Monitoração do aporte térmico....................................................25
3.4.2 Monitorão de temperaturas ...................................................... 26
3.5 G
EOMETRIA DOS CORPOS DE PROVA...................................................27
3.5.1 Tipo de junta adotado ..................................................................27
vii
3.5.2 Geometria do chanfro da união.................................................... 27
3.6 C
OMPARATIVO ENTRE AS DUAS SEQÜÊNCIAS DE SOLDAGEM ............... 28
3.6.1 Seqüências de soldagem............................................................... 28
3.6.2 Seqüência de deposão dos cordões ............................................ 30
3.6.2.1 Seqüência de deposição das camadas e geometria dos cordões .
.............................................................................................. 30
3.6.2.2 Seqüência de deposição dos cordões...................................... 32
3.7 D
ESCRIÇÃO E APRESENTÃO DO EXPERIMENTO................................ 34
3.7.1 Corpos de prova........................................................................... 34
3.7.2 Preparação dos corpos de prova.................................................. 37
3.7.2.1 CP1 – Soldagem progressiva ................................................. 37
3.7.2.2 CP2 – Soldagem em passo reverso ........................................ 40
3.8 A
NÁLISE DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS ...................................... 43
3.8.1 Campo de Temperaturas Experimental......................................... 43
3.8.1.1 CP1 – Soldagem progressiva versus CP2 – Soldagem em passo
reverso ..............................................................................................44
3.8.1.2 Dispersão dos dados das amostras de temperaturas .............. 47
3.8.2 Distoões experimentais obtidas................................................. 47
3.8.2.1 CP1 – Soldagem progressiva “versus” CP2 – Soldagem em
passo reverso ..............................................................................................47
4 ANÁLISE TERMOMECÂNICA PELO MÉTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS .......................................................................................... 54
4.1 A
NÁLISE TERMOMECÂNICA E MODELO TERMOMECÂNICO ................. 54
4.2 P
ROBLEMA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR NA SOLDAGEM .................. 56
4.2.1 Modelo Térmico........................................................................... 56
4.2.2 Transmissão de calor por Condução - Lei de Fourier para
Condução ..................................................................................................... 57
4.2.2.1 Condução de calor unidimensional em regime transitório .....57
4.2.2.2 Condução de calor tridimensional em regime transitório.......59
4.2.3 Condições Iniciais........................................................................ 61
4.2.4 Condições de contorno................................................................. 61
4.2.4.1 Transferência de calor por convecção e radiação.................. 61
viii
4.2.4.2 Transferência por Convecção – Lei de Newton do Resfriamento
.............................................................................................. 63
4.2.4.3 Transferência por Radiação – Lei de Stefan-Boltzmann......... 67
4.3 C
AMPO DE TEMPERATURAS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
(MEF) ........................................................................................................ 70
4.3.1 Método dos Elementos Finitos (MEF) .......................................... 70
4.3.2 Modelo em elementos finitos para o campo de temperaturas ........ 71
4.3.3 Equações matriciais fundamentais para a aplicação do MEF à
análise térmica.................................................................................................... 72
4.3.3.1 Equação de Governo ............................................................. 72
4.3.3.2 Condição Inicial e de Contorno............................................. 72
4.3.3.3 Formulação Variacional........................................................ 74
4.4 A
NÁLISE DO MODELO MECÂNICO....................................................... 76
4.4.1 Equações do Modelo Mecânico.................................................... 78
4.4.1.1 Equações de Equilíbrio..........................................................78
4.4.1.2 Equações Constitutivas..........................................................78
4.4.1.3 Análise Incremental............................................................... 80
5 GERAÇÃO DOS MODELOS NUMÉRICOS...................................... 83
5.1 P
ROCEDIMENTO GERAL PARA GERAÇÃO DOS MODELOS NURICOS.... 83
5.2 M
ODELO EM ELEMENTOS FINITOS PELO CÓDIGO ANSYS................... 83
5.3 S
ELEÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE TÉRMICA E ANÁLISE
ESTRUTURAL
........................................................................................................ 85
5.3.1 Descrição dos Elementos .............................................................85
5.3.2 Carregamento dos nós..................................................................86
5.3.3 Fuões de Forma ....................................................................... 86
5.4 G
ERAÇÃO DA MALHA, CONTROLE DE DENSIDADE E MAPEAMENTO DA
MALHA
........................................................................................................ 88
5.4.1 Malha para os cores de solda................................................... 89
5.4.2 Malha para as chapas.................................................................. 91
5.5 A
PLICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO AOS MODELOS ................91
5.5.1 Restrõesrmicas ......................................................................91
5.5.1.1 Convecção............................................................................. 91
5.5.1.2 Radiação ............................................................................... 92
ix
5.6 P
ROPRIEDADES DO MATERIAL HY80 A SEREM INCORPORADAS NO
MODELO
........................................................................................................ 93
5.6.1 Propriedades mecânicas à temperatura ambiente ........................93
5.6.2 Modelo de Bilinearidade do HY80 à temperatura ambiente.......... 95
5.6.3 Propriedades mecânicas do aço HY80 em função da temperatura 98
5.6.3.1 Modelo para Tensão Limite de Escoamento........................... 99
5.6.3.2 Modelo adotado para o Módulo de Young (ou Módulo de
Elasticidade) ............................................................................................ 100
5.6.3.3 Modelo para o Coeficiente de Poisson................................. 101
5.6.3.4 Módulo Tangente................................................................. 103
5.6.3.5 Coeficiente de Dilatação Térmica Linear............................. 105
5.6.3.6 Condutividade Térmica........................................................ 106
5.6.3.7 Modelo para Calor Específico ............................................. 107
5.6.3.8 Modelo para Entalpia.......................................................... 109
5.6.4 Consolidação das Propriedades Físicas..................................... 112
5.7 A
NÁLISE TÉRMICA.......................................................................... 114
5.7.1 Metodologia de Carregamento Térmico Nodal........................... 114
5.7.2 Ferramenta de Nascimento e Morte ........................................... 114
5.7.3 A estratégia utilizada para a imposição de temperaturas ........... 115
5.7.4 Estratégia para a Seqüência Progressiva ................................... 117
5.7.5 Estratégia para a Seqüência em Passo Reverso.......................... 119
5.8 A
NÁLISE MECÂNICA ....................................................................... 121
5.8.1 Metodologia de transformação do carregamento térmico nodal em
tensões e deformações....................................................................................... 121
5.8.2 Restrões menicas ................................................................. 122
5.8.3 Considerações finais .................................................................. 123
6 ANÁLISE DAS SOLUÇÕES OBTIDAS ........................................... 124
6.1 C
ONSIDERAÇÕES INICIAIS................................................................ 124
6.2 V
ALIDAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO NUMÉRICO.................................... 124
6.2.1 Correlação entre o modelo numérico versus ensaios.................. 124
6.2.2 Coeficiente de Correlação de Pearson ....................................... 125
6.2.3 Resultados para CP1.................................................................. 126
6.2.4 Resultados para CP2.................................................................. 131
x
6.3 P
ARÂMETROS PARA COMPARAÇÃO DE TENSÕES RESIDUAIS DURANTE OS
PASSES DE DEPOSIÇÃO
............................................................................................ 135
6.4 A
NÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS TENSÕES RESIDUAIS OBTIDAS...... 136
6.4.1 Durante a deposão dos cordões............................................... 136
6.4.2 Ao final da deposão dos cores ............................................. 146
6.5 A
NÁLISE COMPARATIVA ENTRE TENSÕES RESIDUAIS LONGITUDINAIS
SZ(X) ...................................................................................................... 148
6.6 A
NÁLISE COMPARATIVA ENTRE TENSÕES RESIDUAIS TRANSVERSAIS
SX(Z) ...................................................................................................... 152
6.7 D
ISTORÇÕES DOS CORPOS DE PROVAS.............................................. 157
6.7.1 Análise comparativa entre as distorções de CP1 e CP2.............. 158
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS
TRABALHOS ......................................................................................................... 162
7.1 C
ONCLUSÕES.................................................................................. 162
7.2 R
ECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ................................ 164
8 BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 166
9 ANEXOS.............................................................................................. 171
9.1 ANEXO
1 - DADOS EXPERIMENTAIS DE TEMPERATURA OBTIDOS PARA A
SEQÜÊNCIA PROGRESSIVA DO
CP1.......................................................................... 171
9.2 ANEXO
2 - DADOS EXPERIMENTAIS DE TEMPERATURA OBTIDOS PARA A
SEQÜÊNCIA EM PASSO REVERSO DO
CP2 ................................................................. 175
9.3 ANEXO
3 - DADOS EXPERIMENTAIS PARA AS DISTORÇÕES TOTAIS DOS
CP ...................................................................................................... 179
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Moderno submarino convencional (Fonte: www. Segurança&Defesa.htm). .2
Figura 2 – Construção modular de submarinos (BURCHER e RYDILL, 1994). ............3
Figura 3 – Níveis de modelagem em elementos finitos para navios. ..............................5
Figura 4 - Posição longitudinal das regiões do casco resistente mais sujeitas à falha
por fadiga. (BUELTA, 1984). ...................................................................................7
Figura 5 – Procedimento geral de análise pelo MEF dos modelos, segundo o código
ANSYS. .........................................................................................................................8
Figura 6 - (a) Representação esquemática da soldagem por fusão; (b) Macrografia de
uma junta soldada em topo (MODENESI e MARQUES, 2000).................................... 10
Figura 7 – Uso de aços de alta resistência pela U.S. NAVY na construção de cascos
resistentes de submarinos e submersíveis (MASUBUCHI, 1980)................................. 13
Figura 8 – Diagrama de Graville para soldabilidade de aços de alta resistência (DEF
STAN 02-874 ISS 1, 2004)........................................................................................... 15
Figura 9 – Susceptibilidade à ocorrência de trincamento na ZTA para vários aços
utilizados na indústria naval militar (WILSON apud GORNI e MEI, 2003)................. 16
Figura 10 - Tensões residuais de origem mecânica desenvolvidas junto à superfície de
uma peça sendo esmerilhada (MODENESI, 2001). ..................................................... 17
Figura 11 – Equipamento para soldagem manual SMAW (MODENESI e MARQUES,
2000). .........................................................................................................................21
Figura 12 – Representação esquemática do processo de soldagem SMAW (MODENESI
& MARQUES, 2000)................................................................................................... 22
Figura 13 – Retificadores LHF 400 offshore 220/440/550 V, 60 Hz para soldagem de
eletrodos revestidos em corrente contínua (Fonte: http://www.esab.com.br/literatura,
2006). .........................................................................................................................26
Figura 14 – Termômetros de Infravermelhos de Mão FLUKE 62 (Fonte:
http://www.fluke.com.br/brpt/products)....................................................................... 26
Figura 15 – Elementos da junta soldada em topo (FORTES e ARAÚJO, 2004)........... 27
Figura 16 – Geometria do chanfro “V” dos corpos de prova, com contra-chapa de
retenção...................................................................................................................... 28
Figura 17 – Seqüências de soldagem (i: início da solda; f: final da solda).................. 29
xii
Figura 18 – Ilustração de como se evitar trincas pela manipulação apropriada de
eletrodos (EASTERLING, 1983)................................................................................. 30
Figura 19 – Ilustração de como se evitar trincas pela manipulação apropriada de
eletrodos, para cada uma das configurações idéias de deposição: (a) Horizontal,; (b)
Vertical (EASTERLING, 1983)...................................................................................31
Figura 20 – Técnica de tecimento de solda (OKUMURA e TANIGUCHI, 1982). ........31
Figura 21 – Solidificação do metal depositado (OKUMURA e TANIGUCHI, 1982) ... 31
Figura 22 – Classificação das seqüências de deposição do cordão de solda
(OKUMURA e TANIGUCHI, 1982). ........................................................................... 32
Figura 23 – Técnicas de início da deposição do cordão de solda. ............................... 33
Figura 38 – Esquemático das seções transversais dos cordões depositados. ............... 34
Figura 25 – Representação dos corpos de prova......................................................... 34
Figura 26 – Fotografia dos corpos de prova (CP1 e CP2). ......................................... 35
Figura 27 - Soldagem do corpo de prova. ................................................................... 36
Figura 28 – p-aquecimento dos corpos de prova...................................................... 36
Figura 29 – Seqüências de soldagem progressiva. ...................................................... 37
Figura 30 – Deposição do primeiro cordão (cordão 1 ) do passe de raiz, segundo a
seência progressiva................................................................................................. 38
Figura 31 – Final da deposição dos cordões 1, 2 e 3 do passe de raiz, segundo a
seência progressiva................................................................................................. 38
Figura 32 – Início da deposição do cordão 1 do passe de reforço, segundo a seqüência
progressiva. ................................................................................................................ 39
Figura 33 – Início da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a
seência progressiva................................................................................................. 39
Figura 34 – Final da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a
seência progressiva................................................................................................. 40
Figura 35 – Seqüências de soldagem em passo reverso............................................... 40
Figura 36 – Deposição dos cordões do passe de raiz, segundo a seqüência em passo
reverso........................................................................................................................ 41
Figura 37 – Final da deposição dos cordões do passe de reforço, segundo a seqüência
em passo reverso......................................................................................................... 41
Figura 38 – Início da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a
seência em passo reverso. ....................................................................................... 42
xiii
Figura 39 – Final da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a
seência em passo reverso. ....................................................................................... 43
Figura 40 – Modelo de chapa mapeada para os corpos de prova................................ 43
Figura 41 – Soldagem progressiva versus soldagem passo reverso – passe de raiz. .... 44
Figura 42 – Soldagem progressiva versus soldagem passo reverso – passe de reforço.
................................................................................................................................... 45
Figura 43 – Soldagem progressiva versus soldagem passo reverso – passe de
enchimento.................................................................................................................. 46
Figura 44 – Marcação na chapa mapeada do plano de referência de medições de
empeno. ......................................................................................................................48
Figura 45 – Marcação na chapa mapeada do plano de referência de medições de
empeno. ......................................................................................................................48
Figura 46 – Comparação entre as distorções obtidas para o CP1 e CP2, segundo o eixo
y e por pontos mapeados............................................................................................. 49
Figura 47 – Detalhe das distorções obtidas para o CP1 E CP2, segundo o eixo y e por
pontos mapeados (à esquerda – CP1; à direita, CP2). ................................................ 50
Figura 48 – Diferença máxima entre distorções obtidas no CP1 e no CP2, segundo o
eixo y e por pontos mapeados......................................................................................50
Figura 49 – Distorções transversais experimentais (direção x) de CP1 e CP2. ........... 51
Figura 50 – Distorções longitudinais experimentais (dirão z) de CP1 e CP2........... 52
Figura 51 – Diagrama de fluxo representativo do modelo termomecânico de análise de
tensões residuais e distorções (TENG et al., 2003)...................................................... 55
Figura 52 – Modelo rmico. .....................................................................................56
Figura 67 – Volume elementar para a análise da condução de calor unidimensional
(HOLMAN, 1983). ...................................................................................................... 58
Figura 54 – Volume elementar para a análise da condução de calor tridimensional
(HOLMAN, 1983). ...................................................................................................... 59
Figura 55 – Transferência de calor por condução, convecção e radiação combinados
(HOLMAN, 1983). ...................................................................................................... 62
Figura 56 – Equações simplificadas para a convecção natural de várias superfícies
para o ar à pressão atmosférica (HOLMAN, 1983)..................................................... 66
Figura 57 – Estimativa da emissividade efetiva em função da temperatura para o HY80.
................................................................................................................................... 70
Figura 58 – Discretizando um domínio em elementos finitos (BATHE, 1996).......... 71
xiv
Figura 59 – Formulação do modelo térmico pelo MEF............................................... 73
Figura 60 – Formulação do modelo mecânico pelo MEF............................................ 77
Figura 61 – Isométrico do corpo de prova, segundo modelo elaborado pelo código
ANSYS. ....................................................................................................................... 83
Figura 62 - Análise numérica termo-estrutural por meio do Método dos Elementos
Finitos (MEF) edigo ANSYS. ................................................................................. 84
Figura 63 - Sólido de oito nós da biblioteca ANSYS 10.0 MECHANICAL (SOLID70)
(Fonte: ANSYS TUTORIAL)........................................................................................ 85
Figura 64 – Output dado pelo elemento SOLID45 da biblioteca do ANSYS
MECHANICAL (Fonte: ANSYS TUTORIAL)...............................................................86
Figura 65 – Elemento SOLID70 de oito nós em forma de paralelepípedo (Cf. ANSYS
10.0 Tutorials). ........................................................................................................... 87
Figura 66 – Malha gerada para modelo 3-D dos corpos de prova CP1 e CP2. ........... 89
Figura 67 – Detalhe da malha gerada para modelo 3-D dos corpos de prova CP1 e
CP2.............................................................................................................................90
Figura 68 – Coeficiente de convecção em função da temperatura para o aço ANSI 308L
obtido por RODEIRO (2002). .....................................................................................91
Figura 69 – Coeficiente de convecção aplicado ao modelo numérico..........................92
Figura 70 – Emissividade do HY80 em função da temperatura estimada pelo ANSYS. 93
Figura 71 – HY80 como um material elástico com encruamento linear (material
bilinear)...................................................................................................................... 96
Figura 72 – Comportamento bilinear do HY80 à temperatura ambiente, segundo o
digo ANSYS............................................................................................................. 98
Figura 73 – Tensão limite de escoamento e limite de resistência em função da
temperatura para o aço HY80................................................................................... 100
Figura 74 – Módulo de Elasticidade do HY80 para diversas temperaturas. .............. 101
Figura 75 – Coeficiente de Poisson em função da temperatura para o aço HY80...... 102
Figura 76 – Propriedades mecânicas em função da temperatura, segundo BERGLUND
et al. (2003) .............................................................................................................. 102
Figura 77 – Propriedades mecânicas consolidadas em função da temperatura......... 103
Figura 78 - Variação do Módulo Tangente em função da temperatura para o aço HY80
................................................................................................................................. 104
Figura 79 – Curva tensão x deformação para o aço HY80 em função da temperatura
................................................................................................................................. 105
xv
Figura 80 – Expansão térmica linear em função da temperatura para o aço HY80... 106
Figura 81 – Condutibilidade térmica estimada para o aço HY80 a partir do ANSYS. 107
Figura 82 - Calor específico estimado para o aço HY80 pelo ANSYS........................ 108
Figura 83 – Propriedades mecânicas de aços martensíticos variando com a
temperatura (BIRK-S
RENSEN, 1999). ................................................................... 109
Figura 84 – Influência do calor latente na entalpia (RODEIRO, 2002)..................... 110
Figura 85 – Entalpia do HY80 em função da temperatura estimada pelo ANSYS. ..... 112
Figura 86 – Estimativa das propriedades mecânicas do HY80 em função da
temperatura. ............................................................................................................. 113
Figura 87 – Dependência das propriedades de aços com a temperatura, segundo
estudos realizados por SHIBAHARA et al. (2000). .................................................... 113
Figura 88 – Histórico de temperaturas num processo de soldagem (BERGLUND,
2003). ....................................................................................................................... 115
Figura 89 – Gfico representativo da imposição de temperaturas. .......................... 116
Figura 90 – Soldagem Progressiva: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe
de raiz, com respectivo campo térmico...................................................................... 117
Figura 91 - Soldagem Progressiva: ativação da segunda camada do cordão 1 do passe
de raiz, com respectivo campo térmico...................................................................... 117
Figura 92 - Ativação da terceira camada do cordão 1 do passe de raiz, com respectivo
campo térmico. ......................................................................................................... 118
Figura 93 - Soldagem Progressiva: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe
de reforço, com respectivo campo térmico. ............................................................... 118
Figura 94 - Soldagem Progressiva: ativação da segunda camada do cordão 1 do passe
de reforço, com respectivo campo térmico. ............................................................... 119
Figura 95 - Soldagem Progressiva: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe
de enchimento, com respectivo campo térmico.......................................................... 119
Figura 96 - Soldagem Passo Reverso: ativação da primeira camada do cordão 1 do
passe de raiz, com respectivo campo térmico para o CP2. ........................................ 120
Figura 97 - Soldagem Passo Reverso: ativação da primeira camada do cordão 1 do
passe de reforço, com respectivo campo térmico....................................................... 120
Figura 98 - Soldagem Passo Reverso: ativação da segunda camada do cordão 1 do
passe de reforço, com respectivo campo térmico....................................................... 121
Figura 99 - Soldagem Passo Reverso: ativação da primeira camada do cordão 1 do
passe de enchimento, com respectivo campo térmico. ............................................... 121
xvi
Figura 100 – Fluxograma seqüencial da análise acoplada. ...................................... 122
Figura 101 – Geração de malha tetraédrica para os corpos de prova e os cordões de
solda......................................................................................................................... 123
Figura 102 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1 para o
passe de raiz, com r=+0,78....................................................................................... 127
Figura 103 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1 para o
passe de reforço com r=+0,56.................................................................................. 128
Figura 104 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1 para o
passe de enchimento com r=+0,66............................................................................ 129
Figura 105 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1......... 130
Figura 106 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2 para o
passe de raiz, com r=+0,83....................................................................................... 131
Figura 107 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2 para o
passe de reforço, com r=+0,97. ................................................................................ 132
Figura 108 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2 para o
passe de enchimento, com r=+0,73........................................................................... 133
Figura 109 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2......... 134
Figura 110 - Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz, com
respectivos campos térmicos de CP1 e CP2. ............................................................. 137
Figura 111 - Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz, com
respectivos campos de tensões equivalentes de Von Mises para CP1 e CP2. ............. 138
Figura 112 – Detalhe da Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz,
com respectivo campo de tenes transversais SX(x,y,z) para CP1 e CP2. ................ 139
Figura 113 – Detalhe da Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz,
com respectivo campo de tensões longitudinais SZ(x,y,z) para o CP1 e CP2............. 140
Figura 114 – Campo térmico no instante final da deposição do cordão 1 (t-=60s) do
passe de raiz para CP1 e CP2................................................................................... 142
Figura 115 - Tensões equivalentes de Von Mises no instante final do resfriamento da
deposição do cordão 1 (t-=120s) do passe de raiz para CP1 e CP2. ......................... 143
Figura 116 - Instante final da deposição do cordão 1 com resfriamento (t=120s) do
passe de raiz para CP1 e CP2 - tensões SX na direção transversal. .......................... 144
Figura 117 - Instante final da deposição do cordão 1 com resfriamento (t=120s) do
passe de raiz para CP1 e CP2: tensões SZ na dirão longitudinal.......................... 145
xvii
Figura 118 - Resultados para tensões de Von Mises para CP1 ao final da soldagem do
último cordão e após resfriamento da estrutura até 25
o
C.......................................... 146
Figura 119 - Resultados para tensões de Von Mises para CP2 ao final da soldagem do
último cordão e após resfriamento da estrutura até 25
o
C.......................................... 147
Figura 120 - Resultados das tensões SZ para o CP1. ................................................ 148
Figura 121 - Resultados das tensões SZ para o CP2. ................................................ 149
Figura 122 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=0 ao longo da
transversal para CP1................................................................................................ 150
Figura 123 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=0 ao longo da
transversal para CP2................................................................................................ 151
Figura 124 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=6mm ao longo da
transversal para CP1................................................................................................ 151
Figura 125 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=6mm ao longo da
transversal para CP2................................................................................................ 152
Figura 126 - Resultados das tensões SX para o CP1................................................. 153
Figura 127 - Resultados das tensões SX para o CP2................................................. 154
Figura 128 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=0 ao longo da
longitudinal para CP1............................................................................................... 155
Figura 129 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=0 ao longo da
longitudinal para CP2............................................................................................... 156
Figura 130 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=6mm ao longo da
longitudinal para CP1............................................................................................... 156
Figura 131 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=6mm ao longo da
longitudinal para CP2............................................................................................... 157
Figura 132 – deformações residuais resultantes nos corpos de prova CP1 e CP2. .... 158
Figura 133 - Rotação esperada no plano das placas durante a soldagem (MODENESI,
2001). ....................................................................................................................... 158
Figura 134 - Deslocamentos totais da estrutura USUM para a primeira deposição de
solda na raiz de CP2................................................................................................. 159
Figura 135 – Deslocamentos totais do CP1 e do CP2 ao final da soldagem.............. 160
xviii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Composição química dos aços martensíticos HY80 e HY100 dada pela MIL–
S – 1621K (SH) apud KOPAVNICK (2006)................................................................. 15
Tabela 2 – Eficiências térmicas dos diferentes processos de soldagem (ALMENDRA et
al., 1997 apud RODEIRO, 2002).................................................................................23
Tabela 3 – Temperatura de pré-aquecimento e de interpasses e de aporte de calor
(MIL-STD-16216 SH apud SÁ, 1999).......................................................................... 25
Tabela 4 – Dimensões dos corpos de provas. .............................................................. 28
Tabela 5 – Descrição dos passes dos cordões no chanfro............................................ 29
Tabela 6 – Dados de emissividade para aços inoxidáveis (HOLMAN, 1983)............... 69
Tabela 7 - Elementos por passe de deposição.............................................................. 90
Tabela 8 – Distribuição de elementos por passe de deposão..................................... 90
Tabela 9 – Propriedades mecânicas dos aços HY80 e HY80 dada pela MIL – S – 1621K
(SH) apud KOPAVNICK (2006).................................................................................. 94
Tabela 10 - Propriedades mecânicas e tecnológicas do aço HY80 (GL-M550), segundo
a Germanischer Lloyd (2006)...................................................................................... 94
Tabela 11 – Propriedades mecânicas do aço HY80 à temperatura ambiente (JABER,
2000; MATWEB, 2006)............................................................................................... 95
Tabela 12 – Propriedades mecânicas do aço HY80 à temperatura ambiente adotadas
para o presente estudo. ............................................................................................... 95
Tabela 13 – Valores do coeficiente de correlação para CP1 e CP2........................... 126
Tabela 14 – Máximas tenes SZ .............................................................................. 149
Tabela 15 – Máximas tenes SX .............................................................................. 154
1
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações iniciais
O problema tratado pelo presente estudo é o do efeito de dois tipos de
seqüências de soldagem aplicados a dois corpos de prova em aço HY80.
O processo de soldagem aplicado ao HY80 envolve uma série de
particularidades, como o controle da temperatura de pré-aquecimento e da temperatura
de interpasses, devido à formação de hidrogênio molecular e outras imperfeições na
poça de fusão do metal consuvel, além das distorções resultantes na estrutura soldada.
Esses problemas podem propiciar a ocorrência de falhas por fratura frágil, por diversos
mecanismos de flambagem e fadiga.
1.2 Importância do estudo
1.2.1 No cenário de defesa nacional
Os submarinos vêm desenvolvendo papel relevante ao longo da história dos
combates navais como plataforma de combate, principalmente neste último século, onde
houve uma grande evolução e um grande desenvolvimento tecnológico desses sistemas.
Tal fato pode ser comprovado pela importância que este sistema demonstrou ao longo
das duas grandes guerras mundiais, sendo responvel por mudanças expressivas nas
ticas navais.
Um famoso exemplo é o emprego dos comboios para proteção da frota
mercante, instituído após enormes perdas sofridas por parte dos aliados, perdas estas
ocasionadas pelos sucessivos sucessos dos ataques parte dos temíveis submarinos
alemães.
Desde o fim da II Grande Guerra, grandes inovações tecnológicas se sucederam,
a ponto da máquina ser superior ao homem no que diz respeito a suportar o tempo
submerso. O mundo contemplava, então, a propulsão nuclear nos submarinos, que
passou então a ser considerada uma arma quase invulnerável, pois esta propulsão
acabava com a necessidade de ida a superfície para recarregar das baterias, até então
fator limitante na operação do submarino.
2
O moderno submarino convencional (Figura 1) pode permanecer completamente
submerso por muito mais tempo que aquele das grandes guerras, sendo que os nucleares
podem permanecer por semanas, onde apenas a fadiga da tripulação influencia o tempo
de operação deste meio.
Figura 1 - Moderno submarino convencional (Fonte: www. Segurança&Defesa.htm).
Se o submarino foi uma arma perigosa nas duas guerras mundiais, nos dias
atuais ele é muito mais poderoso, e a tendência atual aponta um cenário em que a guerra
submarina dominará qualquer guerra futura.
Neste escopo, desde 1986 a Marinha do Brasil (MB) vem desenvolvendo
tecnologia própria tanto para projeto como para fabricação de submarinos e escolheu a
Nuclebras Equipamentos Pesados S.A. (NUCLEP) para desenvolver a tecnologia de
fabricação de cascos resistentes, visando a produção em série de submarinos da classe
IKL-1400 de origem alemã. Desta forma, a NUCLEP, segundo a metodologia de
construção modular, desenvolveu processos próprios altamente sofisticados de
soldagem e de fabricação, construiu dispositivos, equipamentos e protótipos, alcançando
a meta “rejeição zero” durante todo o processo fabril do casco resistente.
As grandes vantagens deste método são a rapidez de construção e os custos
totais menores do que no caso da construção tradicional, mas em compensação exige
um nível de coordenação e precisão de construção dos blocos muito maior do que no
caso anterior (FONSECA, 2002).
3
Figura 2 – Construção modular de submarinos (BURCHER e RYDILL, 1994).
Em outubro de 1992, os cascos de três submarinos foram embarcados para o
AMRJ (Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro), através do Terminal Portuário da
NUCLEP. O resultado de todo esse trabalho foi o lançamento, em novembro de 1993,
do Submarino Tamoio, o primeiro de fabricação nacional, sendo batizado, em 1997.
Com o sucesso da construção do Submarino Tamoio, o Brasil entrou para o seleto grupo
de países que detêm a tecnologia de construção de submarinos.
Com o inicio dos estudos sobre o projeto do primeiro submarino de propulsão
nuclear, surgiu a oportunidade para o desenvolvimento de um extenso programa de
pesquisas, envolvendo o projeto e a fabricação de estruturas soldadas de submarinos,
inicialmente em aços estruturais martensíticos da família HY, do tipo HY80 e,
presentemente, em aços do tipo HY100 e HY130.
A soldagem de aços de alta resistência desse tipo deve ser muito mais cuidadosa
do que a de aços comuns, considerando-se o elevado grau de dificuldade para prevenir
as imperfeições na soldagem destes materiais daqueles, quando comparado a aços
comuns e de menor resistência.
Assim sendo, o presente estudo representa uma pequena contribuição para
possíveis estudos sobre modelagem numérica da soldagem de seções cilíndricas e
penetrações do casco de submarinos militares convencionais e nucleares.
4
Não obstante, não se deve esquecer a importância estratégica militar abordada
não pode ser desacoplada da importância que as tecnologias envolvidas no projetos
desses sistemas representam para a economia do país. Tecnologias geradas em um
cenário podem ser perfeitamente aplicáveis em outro, por exemplo, em sistemas
técnicos ligados à exploração de petróleo On-Shore e Off-Shore. Pode-se afirmar, sob
este ponto de vista, que a ciência não vê fronteiras entre sistemas.
1.2.2 No cenário de prospecção de petróleo em águas profundas
Para os países em desenvolvimento, torna-se estrategicamente imprescinvel a
aquisição e o domínio das diversas tecnologias aindao plenamente desenvolvidas em
projetos sistêmicos de alta complexidade, em especial a retenção do logos “científico
tecnológico – metodológico” dos processos de soldagem relativos à construção de
sistemas submarinos e de exploração de águas profundas na busca de petróleo.
Neste contexto, o aumento da demanda por aparelhamento e reparo de
plataformas de prospecção Off-Shore envolvem diversos processos de soldagem e,
inevitavelmente, controle dos níveis de tensões residuais e distorções da estrutura
soldada.
De forma análoga ao casco resistente de submarinos, é desejável que sistemas
submarinos apresentem baixo nível de tensões residuais e distorções oriundas do
processo de soldagem. Também para esse sistema os controles de circularidade e de
tensões residuais podem ser incorporados aos critérios de projeto, de tal forma que se
obtenha um sistema com mínimas propenes a falha estrutural.
Outrossim, o presente trabalho pode ser aplicado à análise estrutural desses tipos
de vasos de pressão, por meio da simulação numérica dos diversos procedimentos de
soldagem do casco e do seu tampo, por exemplo, para avaliação do comportamento dos
sistemas quanto à mecânica da fratura e aos femenos de flambagem.
1.2.3 Na construção, adaptação e reparo de sistemas navais de supercie
O Brasil já teve uma pujante indústria de construção naval, tendo produzido, no
início da década de 80, cerca de um milhão de TPB - toneladas de porte bruto/ano, o
equivalente a aproximadamente 30 navios/ano, gerando 40.000 postos de trabalho, além
de uma longa história de exportões de navios, inclusive com prêmios de
classificadoras internacionais. Soma-se a isso, um potencial de demanda de novos
5
navios estimado em 45 milhões de TPB/ano, pelo envelhecimento e não atendimento as
novas regras de segurança e meio ambiente pela frota internacional existente.
É estratégico, então, envidar esforços tecnológicos para tornar esta opção viável
para o mercado nacional, no sentido de atender a demanda por novos sistemas e / ou
adequação dos já existentes às novas regras de mercado.Isto necessariamente envolve o
desenvolvimento de tecnologia, principalmente quanto à construção e reparo desses
meios flutuantes de superfície.
Quase todo o projeto estrutural de embarcações é concebido a partir de
soldagem, desde a construção modular das seções do casco e união com as demais
seções, até a fixação de componentes menores.
Logo, ferramentas computacionais (como o código ANSYS, por exemplo) que
se baseiem no Método dos Elementos Finitos (MEF) para a solão dos problemas de
engenharia de soldagem, podem ser perfeitamente aplicáveis para se validar análises da
conformidade do projeto às normas das Sociedades Classificadoras.
Figura 3 Níveis de modelagem em elementos finitos para navios.
6
Neste sentido, o presente trabalho procurou demonstrar que a modelagem
proposta para a união de chapas de aço HY80 pode ser perfeitamente aplicável à análise
de soldagem de qualquer aço, bastando para isso conhecerem-se as condições de
contorno do problema e as características inerentes do material, do consumível e do
processo de soldagem.
1.3 Objetivos do trabalho
O objetivo principal do presente trabalho foi o de analisar experimentalmente e
numericamente duas seqüências de soldagem tipicamente usadas em diversos processos
de soldagem: a primeira sendo a Soldagem Progressiva (Progressive Welding) e a
segunda, a Soldagem em Passo Reverso (Backstep Welding).
Esta análise baseia-se na elaboração de modelos numéricos pelo código ANSYS,
de tal forma a se reproduzir os ensaios realizados com dois corpos de prova em de alta
resistência estrutural HY80, e se obter o comportamento termo-estrutural desse aço sob
as duas seqüências de soldagem.
O aço HY80 é utilizado pela Marinha (MB) do Brasil, segundo a filosofia de
projeto adotada pelo estaleiro alemão HDW (Howaldt Deutsche Werft), na construção
de vasos de pressão como casco resistente típico de um submarino militar convencional.
Numa primeira fase dos estudos, foram realizados ensaios em dois corpos de
prova em aço HY80 na oficina de construção do casco no Arsenal de Marinha do Rio de
Janeiro (AMRJ) para as duas seqüências de soldagem, de tal forma a se obter,
experimentalmente, os campos térmicos e as distorções resultantes sobre cada corpo de
prova.
Posteriormente, numa segunda fase dos estudos, procurou-se validar o campo de
temperaturas experimental obtido com o numérico resultante do desenvolvimento de
dois modelos numéricos usados para a análise termo-estrutural desse aço sob processo
de soldagem, usando-se técnicas do Método dos Elementos Finitos (MEF),
sistematizadas por meio do código ANSYS MECHANICAL
®
, vero 10.0.
Este código, dentre outras funções, permite se obter a solução numérica para
modelos termomecânicos não-lineares e transitórios. Com o uso de sua ferramenta de
nascimento e morte de elementos (Birth and Death Elements), foi possível modelar, por
exemplo, o processo de deposição de metal de solda no chanfro compreendido entre as
placas que compõem os corpos de prova para ambas as seqüências de soldagem.
7
Em termos de aplicações aos projetos de submarinos na Marinha do Brasil
(MB), os conhecimentos advindos do presente estudo poderão auxiliar à metodologia do
projeto de concepção estrutural de cascos resistentes de submarinos desenvolvidos pelo
Centro de Projetos de Navios (CPN), fornecendo ao projeto do sistema como um todo
um maior grau de confiabilidade estrutural ainda em sua fase de concepção.
Considerando-se os corpos de prova como um elemento diferencial da região de
união do casco, por exemplo, é possível avaliar-se, localmente, tenes e deformações
resultantes sobre a estrutura.
Além disso, poderá ser possível avaliar os processos de soldagem de outras
regiões críticas de cascos resistentes de submarinos da classe IKL em HY80 ou em
HY100, quanto aos níveis de tensões residuais e distorções, a partir da metodologia de
análise proposta. Tais regiões críticas seriam: a soldagem do anel de transição reforçado
usado na união cone-cilindro e de peças de penetração no casco, dentre outras.
Figura 4 - Posição longitudinal das regiões do casco resistente mais sujeitas à falha por
fadiga. (BUELTA, 1984).
8
1.4 Estrutura do trabalho
A abordagem do problema está focada basicamente para o desenvolvimento de
dois modelos numéricos em linguagem APDL (ANSYS Parametric Design
Language) e envolve quatro principais etapas a serem cumpridas, segundo o diagrama
esquemático da Figura 5 abaixo:
FEM - Procedimento Geral de Análise
Decisões preliminares:
Qual o tipo de análise a ser feita?
O que modelar?
Qual o tipo de elemento a ser usado?
Pré-processamento:
Definir do material de base e procedimentos de soldagem.
Criar ou importar a geometria do modelo.
Definir a geometria e refinamento da malha em Elementos Finitos
Solução:
Aplicar carregamentos e condições de contorno.
Rodar o programa e obter a solução inicial para os modelos.
Pós-Processamento
Rever os resultados obtidos.
Criticar a validade das soluções.
Comparar os resultados obtidos.
Figura 5 Procedimento geral de análise pelo MEF dos modelos, segundo o código ANSYS.
Para isso, a seguinte estrutura do trabalho foi desenvolvida, abrangendo os
seguintes tópicos principais:
Capítulo 1 – Introdução, abordada no presente capítulo;
Capítulo 2 – Aspectos teóricos relevantes em soldagem, em tensões residuais
oriundas da soldagem e as características principais do aço HY80 ;
Capítulo 3 – Fase de apresentação do problema: descrição do experimento; de
análise dos resultados experimentais relativos ao campo de temperaturas experimental; e
distorções experimentais obtidas;
Capítulo 4 – Análise termomecânica pelo Método dos Elementos Finitos (MEF),
envolvendo o equacionamento termomecânico do problema de calor, sob o ponto de
vista da tridimensionalidade e transitoriedade da união por soldagem, segundo o MEF;
Capítulo 5 – Fase de Pré-processamento: geração dos modelos numéricos
tridimensionais, para a reprodução do experimento com os corpos de prova. O cálculo
de temperaturas, tensões residuais e distorções foram feito com base no Método dos
Elementos Finitos (MEF), sistematizados pelo código ANSYS. Além disso, abordou
9
uma análise das propriedades do material HY80 a serem incorporadas no modelo, bem
como a metodologia de carregamento térmico nodal, envolvendo necessariamente a
ferramenta de nascimento e morte do código ANSYS
na simulação da deposição dos
cordões de solda para cada seqüência de soldagem; e
Capítulo 6 – Fase de Pós-processamento do modelo pelo ANSYS: por meio de
correlação estatística, foram validados os resultados numéricos em confronto com os
dados experimentais de temperaturas. Com isso, as tensões residuais puderam ser
avaliadas, bem como se comparou o campo distorcional numérico gerado pelos modelos
com os experimentais.
Capítulo 7 – Conclusões e Recomendações para trabalhos futuros; e
Capítulo 8 – Bibliografia consultada e utilizada oriunda da pesquisa
bibliográfica realizada.
Finalizando, os Anexos englobam dados experimentais de temperatura e
distorções obtidas para os dois corpos de prova.
10
CAPÍTULO II
2 SOLDAGEM DO AÇO HY-80
2.1 Considerações sobre soldagem
2.1.1 Soldagem por fuo
Classicamente, a soldagem é considerada como um método de união em que o
processo de junção de metais é feito por fusão dos elementos a serem unidos. Deve-se
ressaltar que não só metais são soldáveis e que é possível soldar metais sem fusão.
Segundo a American Welding Society (AWS), a soldagem seria a operação
metalúrgica que visa obter a coalescência localizada produzida pelo aquecimento até
uma temperatura adequada, com ou sem aplicação de pressão e de metal de adição.
Ainda: a soldagem seria o processo de união de materiais baseado no estabelecimento,
na região de contato entre os materiais que estão sendo unidos, de forças de ligação
química de natureza similar às atuantes no interior dos próprios materiais.
Pode-se dizer, então, que a soldagem é a operação metalúrgica que visa à união
de duas ou mais peças, assegurando, na junta soldada, a continuidade de propriedades
físicas, químicas e metalúrgicas (MODENESI e MARQUES, 2000). Este conceito está
representado de forma sucinta na Figura 6.
Figura 6 - (a) Representação esquemática da soldagem por fuo; (b) Macrografia de uma
junta soldada em topo (MODENESI e MARQUES, 2000).
11
Atualmente a soldagem por fusão pode ser considerada como um processo de
fabricação de estruturas metálicas bastante confiável. Por outro lado, não se devem
desprezar os efeitos termomecânicos relativos ao extremo calor localizado na região de
soldagem seguido de um rápido resfriamento.
Durante esse processo, surgem tensões residuais e distorções, tanto na solda
quanto no material de base. Para o presente estudo, o material de base utilizado é o aço
estrutural HY80, tipicamente usado na fabricação do casco resistente de um submarino
convencional de ataque da Marinha do Brasil (MB), como já abordado.
OKUMURA e TANIGUCHI (1982) são catericos em afirmar que o
desempenho de uma estrutura soldada é função do desempenho de cada junta nela
existente. Assim, a escolha do material de base de alta resistência mecânica como o
HY80, associado a excelentes características de soldabilidade e seqüências de deposição
e soldagem é um dos objetivos do projeto de soldagem de estruturas altamente
solicitadas de submersíveis.
2.2 Origem do aço HY-80
Baseado no aço Krupp (temperado e revenido) usado na construção dos
primeiros submarinos alemães e que continha baixos teores de Ni e Cr, fizeram-se
alterações nos teores de C e Ni, além da adição de Mo, e chegou-se ao que parecia ser
uma formulação bastante atraente para a obtenção das propriedades mecânicas
desejadas para aplicação em submersíveis.
Assim, surge nos Estados Unidos em 1951, a primeira formulação dos aços da
família HY, ou seja, aços martensíticos de alto limite de escoamento (nonimo 551
MPa), surgindo posteriormente os aços HY80 (com 690Mpa para limite de ruptura) e
HY130 (com 890 Mpa para limite de ruptura) (CENO/USP, 1996).
Os aços da série HY são aços martenticos que podem ser produzidos em forno
aberto com aquecimento a óleo ou em forno elétrico a arco, sendo totalmente acalmados
com alumínio. Sofrem refino de grão e são desgaseificados a vácuo, tendo suas
propriedades mecânicas como tenacidade e alto limite de escoamento atingidas via
tratamento térmico de têmpera em água, a partir de 900
0
C, e revenimento entre 600 e
650
0
C. Exige-se que, depois de tratado, o aço não apresente, em qualquer chapa de lote,
um teor de martensita inferior a 80% na região média da chapa.
12
Durante sua história, o HY80 sofreu imeras variações em sua composição
básica, conseguindo-se assim, melhorias substanciais na soldabilidade e aumento da
resistência mecânica, surgindo assim, seus descendentes, o HY100 e HY130.
Sendo o esforço necessário para conformação altamente relacionado com o seu
limite de escoamento, conclui-se que os aços HY80/100/130 oferecem maior
dificuldade aos processos conformativos, o que exige o emprego de grande capacidade
de carga e o uso de ferramental especial, para serem conformadas.
Com relação à soldagem, um dos problemas mais sérios que aços temperados e
revenidos apresentam é o desenvolvimento de trincas na zona afetada para o calor.
Durante o processo de soldagem, as regiões adjacentes às soldas sofrem um
aquecimento a temperaturas acima da crítica, por um período de tempo capaz de
provocar a parcial ou total austenização da região. Com o resfriamento rápido ocorre a
formação de martensita não revenida e extremamente frágil, propiciando o
aparecimento de trincas devido basicamente ao fenômeno de formação de hidrogênio
molecular a temperaturas inferiores a 100
o
C e, conseqüentemente, alta propensão à
fratura frágil.
Como o aço HY80 é um material cujas propriedades mecânicas são obtidas em
função da adição de elementos de liga em sua composição química através do
tratamento térmico de têmpera e revenimento ao final dos estágios de laminação,
ressalta-se a necessidade de adotar-se um procedimento de soldagem bastante rigoroso
para esse material, de forma a se evitar a deterioração do tratamento térmico do
material, o que reduziria significativamente a sua resistência à fratura frágil
(CENO/USP, 1996).
Para que estas trincas e outros pequenos defeitos inerentes sejam reduzidos,
adotam-se na prática as seguintes medidas visando evitar estes defeitos ou compensar
seus efeitos nocivos às propriedades mecânicas do HY80:
a) Controle das temperaturas de pré-aquecimento e de interpasses acima de
149
o
C;
b) Adoção de um material de adição (consumível) que possua características de
resistência e tenacidade um pouco superiores a do material base; e
c) Utilização de eletrodos e técnicas de soldagem apropriadas, como o pré-
aquecimento das juntas, comum nas soldagens de submarinos.
13
Estudos realizados mostraram que o aço HY80 apresenta bom comportamento
em relação à corrosão generalizada na água do mar e processo de fadiga. O mesmo
comportamento é encontrado com relão à corrosão sob tensão, conforme indicado por
diversos ensaios realizados com esse material. Além disso, a resistência à corrosão é, na
prática, também aumentada através de pintura com tinta anti-corrosiva e utilização de
anodos de sacrifício (KOPAVNICK, 2006).
2.2.1 Aplicações do aço HY80 em submarinos
Usualmente os submarinos militares empregam o aço da série HY como material
de seu casco resistente, devido à grande evolução dos aços utilizados na fabricação de
veículos submersíveis após a Segunda Guerra Mundial.
MASUBUCHI (1980) relata que esse acréscimo no limite de escoamento dos
aços estruturais da família HY foi feito no atendimento à demanda de construção de
submarinos pela U.S. NAVY (Figura 7).
Figura 7 Uso de aços de alta resistência pela U.S. NAVY na construção de cascos
resistentes de submarinos e submersíveis (MASUBUCHI, 1980).
Durante a Segunda Guerra Mundial e ao longo da década de cinqüenta, os
submarinos militares norte-americanos tiveram seu casco resistente fabricado em aço
HTS (High Tensile Steel).
Posteriormente, com a necessidade de operação dos submarinos a maiores
profundidades, o casco resistente dos mesmos passou a ser fabricado emo HY80,
material que ainda é utilizado em diversos submarinos, incluídos os da classe IKL-1400,
14
constrdo em parceria com a HDW (Howaldt Deutsche Werft) alemã e operado pela
Marinha do Brasil.
Alguns anos depois, a U.S. NAVY começou a utilizar oo HY80 com limite de
escoamentonimo de 551MPa e atualmente, os aços HY100 e HY130 são os materiais
básicos para a fabricação de cascos resistentes de submarinos pela marinha norte-
americana (MASUBUCHI, 1980).
Tradicionalmente chapas grossas temperadas e revenidas de aços HY80 e
HY100 - especificadas de acordo com a norma MIL-S-16216 -o utilizadas em
aplicações navais militares críticas, como áreas de conveses altamente solicitados do
ponto de vista mecânico, cascos submetidos à pressão e paredes de tanques em
submarinos convencionais. As o tratamento térmico de têmpera e revenimento, esses
materiais atingem limites de escoamento da ordem de 551 ou 690 MPa, respectivamente
(GORNI & MEI, 2003).
A norma militar MIL-STD-16216J (SH) (1981), que trata de aços estruturais de
alta resistência, classifica o aço HY80 como sendo adequado para uso em estruturas
críticas, tais como aquelas empregadas em submarinos, onde se requer uma combinação
ótima de alta resistência mecânica e elevada tenacidade estática e dinâmica, porém com
uma soldabilidade que exige um rigoroso controle.
2.2.2 Soldabilidade do HY80
A indicação do grau de soldabilidade do HY80 pode ser dada em termos da
porcentagem de carbono existente e, mais especificamente, em termos do valor da
Porcentagem de Carbono Equivalente (CEV – Carbon Equivalent Value), dada pela
DEF STAN 02-874 ISS 1 (que trata do roteiro de testes para certificação de novos
cascos de submarinos em aço HY80) da seguinte forma:
++
+
+
+
+
+=
5
%%%
15
%%
6
%%
%
VMoCrCuNiSiMn
CCEV
(2.1)
A Tabela 1 mostra dois tipos de aços de alta resistência da família dos aços HY
(HY80 e HY100) e suas respectivas composições químicas em função da espessura.
15
Tabela 1 - Composição química dos aços martensíticos HY80 e HY100 dada pela MIL– S
1621K (SH) apud KOPAVNICK (2006).
Para o aço HY80, o valor de CEV é de aproximadamente 0,86 para um
percentual de carbono na liga em torno de 0,14%. Este valor pode ser observado pelo
Diagrama de Graville (plotagem de %C versus CEV), conforme a Figura 8.
Figura 8 – Diagrama de Graville para soldabilidade de aços de alta resistência (DEF STAN
02-874 ISS 1, 2004).
16
Assim, quanto maior for o carbono equivalente, menor se a soldabilidade do
o, e mais lentamente deverá ser feito o resfriamento do conjunto. Com isso, um maior
controle das temperaturas de pré-aquecimento e interpasses é exigido, visando o
controle do hidrogênio molecular gasoso liberado na soldagem do HY80. Este
hidrogênio diluído na poça de fusão provoca a formação de imperfeições (porosidades)
na solda, aumentando propensão à falha da junta soldada.
Outro fator que determina a soldabilidade de aços é o grau de imunidade que a
zona termicamente afetada - ZTA (Heat Affected Zone - HAZ) apresenta contra o
trincamento a frio na forma retardada, como no que ocorre abaixo do cordão de solda.
De forma geral, a suscetibilidade da ZTA de um dado aço ao trincamento
depende tanto de sua composição química como da maneira como ele foi soldado. Este
relacionamento pode ser visto esquematicamente na Figura 9.
Figura 9 Susceptibilidade à ocorrência de trincamento na ZTA para vários aços
utilizados na instria naval militar (WILSON apud GORNI e MEI, 2003).
Observa-se neste gráfico que o aço HY80 pode sofrer trincamento sob quaisquer
condições de soldagem e o caminho a ser seguido para se minimizar este problema é
reduzir ao máximo o teor de carbono do material, o que leva a um endurecimento do
material.
Praticamente todos os mecanismos de endurecimento envolvidos nosos
temperados, revenidos e normalizados são função de seu teor de carbono. Logo, a
questão crucial passa a ser como conseguir suficiente resistência mecânica numa liga
17
que apresente teor de carbono baixo o suficiente para assegurar fácil usinabilidade e
boas propriedades no cordão de solda (WILSON, 1988 apud GORNI e MEI, 2003).
A busca de soluções para este problema levou ao desenvolvimento de ligas
alternativas que apresentassem melhor soldabilidade que os aços da família HY, mas
sem sacrifício da resistência mecânica ou tenacidade, dando origem às famílias de aços
HLES, cuja análise foge ao escopo do presente trabalho.
2.3 Base teórica em tensões residuais
2.3.1 Definição de tensão residual
As tensões residuais podem ser definidas como aquelas tensões ainda
remanescentes nos materiais, após a manufatura ou processo de fabricação, mesmo não
existindo esforços externos ou gradientesrmicos após o fim desses processos
(KANDIL et al., 2001).
De forma análoga, MODENESI (2001) define tensões residuais como aquelas
que permanecem na peça quando todas as solicitações externas são removidas. Essas
tensões aparecem freqüentemente em peças submetidas a diferentes processamentos
térmicos ou mecânicos (fundição, soldagem, laminação, forjamento, usinagem,
dobramento, têmpera, etc.). Uma das principais causas de seu aparecimento é a
ocorrência, ao longo de uma seção da peça, de deformações plásticas não uniformes, o
que pode ser causado por efeitos mecânicos ou térmicos.
Como exemplo de tensões residuais de origem mecânica, pode-se citar o
aparecimento de tensões residuais próximo da supercie de uma peça submetida
processos como o esmerilhamento ou jateamento com granalhas que causam o
escoamento plástico do material próximo da supercie (Figura 10).
Figura 10 - Tensões residuais de origem mecânica desenvolvidas junto à superfície de uma peça
sendo esmerilhada (MODENESI, 2001).
18
No presente estudo, considerou-se a hipótese de que as placas dos corpos de
prova estão isentas de tensões residuais de origem mecânica anteriores à soldagem,
existindo somente tensões residuais de origem térmica.
Segundo KANDIL et al. (2001), as tensões residuais de origem térmica são
freqüentemente conseqüências da distribuição não uniforme de calor ou operões de
resfriamento não controladas. As tensões residuais térmicas também podem ser
desenvolvidas na estrutura como conseqüência das diferentes fases ou constituintes que
se formam na poça de fusão. As causas químicas surgem devido ao desenvolvimento de
mudanças de volume associadas às reações químicas e precipitação, o que não foi
considerado no presente trabalho.
As soldagens adotadas para os corpos de prova caracterizam-se pelo aporte
térmico localizado no chanfro de união das chapas, permanecendo o restante, ou seja,
regiões ao longe, em temperaturas muito inferiores. As regiões aquecidas do chanfro,
incluindo-se a poça de fusão e a zona termicamente afetada (ZTA) tendem a se dilatar,
mas esta dilatação é dificultada pelas partes submetidas a temperaturas menores, o que
resulta no desenvolvimento de deformações elásticas e plásticas no aço aquecido. Como
conseqüência, ao final do processo de soldagem, tensões internas (tensões residuais) e
mudanças permanentes de forma e de dimensões (distorções por falta de circularidade
do casco do submarino, por exemplo) podem ocorrer na circunferência de união das
seções em aço HY80 (MODENESI, 2001).
Tanto essas tensões residuais e distorções podem afetar de modo importante, a
utilidade e o desempenho da estruturas de sistemas submarinos como um todo, sendo
fundamental o conhecimento de suas características e de medidas para a sua prevenção
e controle.
A seleção da seqüência de soldagem mais apropriada é, neste sentido, um
problema de grande relevância prática. Entretanto, a acurácia na previsão das tenes
residuais e distorções é extremamente difícil devido ao complexo comportamento
térmico e mecânico em soldagem do aço HY80, incluindo altos gradientes localizados
de temperatura, dependência das propriedades mecânicas do material com a temperatura
e movimento da fonte de calor.
2.4 Considerações finais
As tensões residuais e distorções oriundas da soldagem do HY80 são de extrema
relevância na avaliação dos modos de falha que determinada estrutura pode apresentar.
19
Validar os resultados numéricos a partir dos dados de tensões e distorções
experimentais advindos dos ensaios dos corpos de prova, segundo a seqüência
progressiva e de passo reverso, é neste sentido, um problema de extrema relevância
prática no projeto estrutural.
Desta forma, o capítulo seguinte tratará dessas informações experimentais
obtidas ensaios, para posterior modelagem numérica baseada no Método dos Elementos
Finitos (MEF) e sistematizadas pelo código ANSYS em sua linguagem APDL.
20
CAPÍTULO III
3 FASE PRELIMINAR: APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E
DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO
3.1 Considerações iniciais
Em termos de posição de soldagem, a plana é, inegavelmente, a mais favorável
dentre as usualmente empregadas, permitindo a execução de juntas altamente eficientes,
em tempos extremamente curtos.
OKUMURA e TANIGUCHI (1982) estabelecem que é conveniente, sempre que
possível, tentar executar as juntas soldadas de uma estrutura em posição plana, através
de análise cuidadosa de todas as uniões nela existentes e do estudo adequado da
seqüência e dos dispositivos de soldagem.
Isto se torna extremamente difícil para a extrapolação do modelo de placas para
o caso do casco resistente cilíndrico de submarinos, por exemplo, que exigem soldas
circunferenciais (não planas, sobre-cabeça, etc.) em que pesem outras variáveis
envolvidas no processo de soldagem, como por exemplo, a curvatura das chapas do
casco.
No presente estudo, os corpos de prova foram soldados na posição plana. Esta
simplificação foi adotada devido à grande curvatura do casco quando comparada ao
comprimento típico conseguido pela deposição de um cordão de solda pelo processo de
eletrodos revestidos, na posição mais baixa do casco (quilha). Para essa dimensão típica,
o casco pode ser considerado quase plano, o que valida a soldagem plana horizontal
local executada sobre os corpos de prova.
Assim sendo, as seqüências de soldagem experimentais analisadas foram a
Soldagem Plana Progressiva (Progressive Welding) e a Soldagem Plana em Passo
Reverso (Backstep Welding), aplicadas a dois corpos de prova em aço HY80, na
obtenção do campo de temperaturas experimental.
Objetivando o entendimento sobre de que forma ocorre a união das seções do
casco resistente e, ao mesmo tempo, fornecer os subsídios básicos para a execução dos
ensaios com os corpos de prova, serão agora discutidos alguns aspectos básicos que
21
norteiam a soldagem realizada, bem como fornecer os parâmetros (ou condições de
contorno) a serem obedecidos na realização dos ensaios e avaliação de temperaturas.
3.1.1 Processos de soldagem manual com eletrodos revestidos (SMAW - Shielded
Metal Arc Welding)
MODENESI e MARQUES (2000) estabelecem uma divisão didática entre os
diversos processos de soldagem por fusão em subgrupos, por exemplo, de acordo com o
tipo de fonte de energia usada para fundir peças. Dentre esses, os processos de soldagem
por fusão do consumível no arco elétricoo os de maior importância industrial na
atualidade.
Devido à tendência de reação do material fundido com os gases da atmosfera, a
maioria dos processos de soldagem por fusão utiliza algum meio de proteção para
minimizar estas reações. Atualmente existem mais de cinqüenta diferentes processos de
soldagem que apresentam utilização industrial, porém o processo de soldagem
considerado no presente estudo será o da soldagem manual com eletrodos revestidos
(SMAW - Shielded Metal Arc Welding).
A soldagem manual SMAW é um processo no qual a coalescência (união) dos
metais é conseguida pelo aquecimento destes com arco voltaico estabelecido entre um
eletrodo especial revestido e a peça. A Figura 11 representa esquematicamente este
processo.
Figura 11 – Equipamento para soldagem manual SMAW (MODENESI e MARQUES,
2000).
O eletrodo (também chamado de consuvel), nesse processo, é formado por um
núcleo metálico (“alma”), com 250 a 500 mm de comprimento, revestido por uma
camada de minerais (argila, fluoretos, carbonatos, etc.) e/ou outros materiais (celulose,
ferro ligas, etc.), com um diâmetro típico total entre 2 e 8mm. A alma do eletrodo
conduz corrente elétrica e serve como metal de adição.
22
O revestimento gera escória e gases, os quais protegem da atmosfera a região
que está sendo soldada, ao mesmo tempo em que estabilizam o arco, podendo ainda
conter elementos que são incorporados à solda, influenciando sua composição química e
características metalúrgicas.
A Figura 12 representa esquematicamente este processo.
Figura 12 Representação esquemática do processo de soldagem SMAW (MODENESI &
MARQUES, 2000).
No presente estudo, considerou-se ainda a hipótese de que o consumível
depositado e o material de base possuem as mesmas propriedades mecânicas após o
resfriamento da poça de fusão, sendo este um fator bastante facilitador da modelagem
numérica do problema, bem como foram desconsideradas as tensões residuais oriundas
de transformações químicas na poça de fusão.
3.2 Eficiência térmica do processo de soldagem manual SMAW
A eficiência térmica do processo de soldagem do HY80 depende da penetração
da solda, do gás de proteção entre outros fatores e, desse modo, é muito difícil
determinar o valor exato para essa eficncia.
A existência da eficiência do arco está relacionada às diversas perdas de calor
presentes nos diversos processos de soldagem, ou seja, nem toda a energia elétrica é
transferida para a peça em forma de calor. Frações dessa energia são transferidas para o
meio através de radiação, da convecção, ou por condução para outras partes do
elemento estrutural.
Um meio de se determinar a eficiência térmica de cada processo de soldagem é
através do ensaio de calorimetria, o qual consiste em medir a variação de temperatura de
23
um recipiente com água após a imersão de um corpo de prova recém soldado.
Evidentemente, os métodos empíricos para determinação de eficiência térmica do
processo de soldagem podem estar sujeitos a algumas incertezas inerentes ao método
(RODEIRO, 2002).
Na Tabela 2, estão relacionadas as eficiências térmicas dos principais processos
de soldagem.
Tabela 2 – Eficiências térmicas dos diferentes processos de soldagem (ALMENDRA et al.,
1997 apud RODEIRO, 2002).
Vale salientar que o processo de soldagem determinado pela norma MIL 10018-
M1 (MIL-E-22200/10 (1987), recomendado pelo estaleiro HDW e adotado no AMRJ na
soldagem da união cilindro-cilindro do casco resistente em HY80 é o de Eletrodos
Revestidos (SMAW - Shielded Metal Arc Welding).
Dessa forma, adotou-se para a eficiência térmica na soldagem do HY80 o valor
η=90% para os ensaios realizados com os corpos de prova.
3.3 Consumíveis para soldagem do HY80
Alguns cuidados especiais devem ser tomados durante a soldagem do HY80, tais
como: controle do grau de restrição da junta, a realização de pré-aquecimento, controle
da temperatura de interpasses, especificação do tipo de deposição, dentre outros fatores
(SÁ, 1999).
Os consumíveis para a soldagem do HY80 devem ser de baixo hidrogênio
devido à suscetibilidade a trincas a frio, bem como devem permitir obter um metal de
solda com resistência mecânica similar ou superior à do metal de base. As altas
temperaturas atingidas no arco elétrico de soldagem podem causar a dissociação da
24
molécula de hidrogênio, do vapor de água e dos componentes que contém hidrogênio.
Este hidrogênio, então, pode ser introduzido no coro de solda. O hidrogênio que se
encontra presente no metallido como hidrogênio atômico só se transforma em
hidrogênio molecular em temperaturas abaixo de 100º C (HRIVÑÁK apud, 1999).
Desta forma, a seleção do material de consumo do processo de soldagem
SMAW deve se efetuada com o máximo critério, para assegurar a qualidade requerida
para a junta soldada.
Para alcançar esse objetivo, considera os consumíveis de soldagem especificados
pela norma MIL 10018-M1 (1987) (equivalente à norma MIL-E-22200/10) para
aplicações em aço HY80, com as seguintes características:
a) Nome comercial: SHNiK90;
b) Fabricante: THYSSEN;
c) Diâmetros: 2,50, 3,25 e 4,00mm;
d) Corrente de soldagem: Contínua (CC); e
e) Polaridade: Inversa (+).
Esta norma tem por objetivo qualificar a soldagem de chapas de HY80 de 4,8 a
46mm de espessura, em juntas de topo, utilizando consumíveis de soldagem do tipo
SHNiK90. Dessa forma, durante a realização dos ensaios com os corpos de provas, ora
denominados: CP1 – Soldagem Progressiva e CP2 – Soldagem em Passo Reverso,
foram utilizados os mesmos consumíveis recomendados em norma.
Adotou-se a hipótese de que o material de consumo é o mesmo para os dois
corpos de prova e que foi depositado pelo mesmo processo de soldagem. Além disso,
considera-se que os cordões depositados apresentam as mesmas propriedades
termomecânicas do HY80, durante a soldagem e após o resfriamento da poça de fusão.
Isto implica em ter-se um modelo composto de um único material, o que facilita
bastante a análise numérica.
É razoável adotar tal hipótese, uma vez que a análise é feita em termos relativos,
onde para as duas seqüências de soldagem utilizou-se, por hitese, o mesmo tipo de
eletrodo e o mesmo processo de soldagem.
25
3.4 Aporte térmico e temperaturas
3.4.1 Monitoração do aporte térmico
Para a soldagem dos aços HY80 pelo processo SMAW e para chapas de
espessura maior ou igual a 12,5mm de HY80, como o caso do caso resistente de
submarinos IKL (cuja espessura típica é de g=23mm), o aporte térmico não pode
ultrapassar a 2,17J/mm, segundo o preconizado pela MIL-STD-16216 SH apud
(1999).
Tabela 3Temperatura de pré-aquecimento e de interpasses e de aporte de calor (MIL-
STD-16216 SH apud, 1999).
g – espessura (mm) T
pa
(
o
C) T
ip
(
o
C) AC
máx
(KJ/mm)
g 28,6 93 149 2,17
12,7 g 28,6 52 149 2,17
g 12,7 16 149 1,77
Sendo:
T
pa
– Temperatura de pré-aquecimento;
T
ip
– Temperatura de interpasses;
AC
x
– Aporte de calor máximo.
O cálculo do aporte térmico ACmáx, em KJ/mm, é realizado da seguinte
maneira:
mm
KJ
V
UI
AC
máx
17,2
1000
60..
×
×
=
η
(3.1)
Onde:
η - eficiência térmica do processo de soldagem;
I – corrente elétrica (em Ampères – A);
U – tensão elétrica (em Volts – V); e
V - velocidade de soldagem (em cm/min) ou da fonte de calor.
Foi adotado o mesmo parâmetro para a soldagem dos corpos de prova em HY80,
bem como a temperatura máxima de soldagem a temperatura de fusão de 1424
o
C, típica
do processo de soldagem SMAW para esse aço.
É importante realçar que, durante os ensaios, o controle do aporte térmico é de
fundamental importância para a realização da solda sem a ocorrência de picos de calor
indesejáveis e detrimentais ao HY80. Isto é conseguido por meio do monitoramento da
26
corrente I e da voltagem V do equipamento retificador ESAB
®
LHF 400, utilizado para
promover a abertura do arco de soldagem.
Figura 13 – Retificadores LHF 400 offshore 220/440/550 V, 60 Hz para soldagem de
eletrodos revestidos em corrente contínua (Fonte: http://www.esab.com.br/literatura, 2006).
3.4.2
Monitoração de temperaturas
A monitoração de temperaturas foi realizada a partir de Termômetros de
Infravermelhos de Mão FLUKE
®
Série 60, que apresenta as seguintes características:
a)
Mira laser de desvio de um só ponto;
b)
Precisão da sua classe: + 1% da leitura;
c)
Retém as leituras de temperatura durante 7 segundos;
d)
O visor duplo apresenta as medições atual e máxima, simultaneamente; e
e)
Ampla gama de temperaturas, de -30 °C a 500 °C.
Figura 14 Termômetros de Infravermelhos de Mão FLUKE 62 (Fonte:
http://www.fluke.com.br/brpt/products).
No procedimento de monitoração de temperaturas, somente uma das chapas dos
corpos de prova CP1 e CP2 foi monitorada, sendo mapeados segundo 21 pontos. A
partir desses pontos foram também realizadas medições de empeno da placa livre.
27
3.5 Geometria dos corpos de prova
3.5.1
Tipo de junta adotado
Segundo OKUMURA e TANIGUCHI (1982), a junta em topo é o que apresenta
maior eficiência em termos de penetração total e com penetração parcial.
A Figura 15 representa uma junta de topo genérica e seus principais elementos, e
é a que foi adotada para a realização dos ensaios.
Figura 15 – Elementos da junta soldada em topo (FORTES e ARAÚJO, 2004).
3.5.2
Geometria do chanfro da união
O formato do chanfro tem grande influência no comportamento, na eficncia e
na confiabilidade da junta de topo, de modo que a seleção de sua geometria deve ser
efetuada de acordo com o tipo de aplicação que se deseja.
Muitas vezes, as dimensões e o formato do chanfro são ligeiramente
modificados para adaptar-se ao tipo de aplicação da estrutura. Os tipos de chanfros para
juntas de topo são padronizados pela AWS (American Welding Society), pelas normas
inglesas BS (British Standart), pela JSSC (normas da Associação Japonesa de
Construtores de Estruturas de Aço), e pela norma americana MILITARY STANDART
(MIL – STD 22D) (OKUMURA e TANIGUCHI, 1982).
No presente estudo, adotar-se-á a junta de topo, onde a geometria do chanfro
para os corpos de provas deve estar de acordo com a norma MIL-STD-22D (que trata
do projeto de juntas soldadas de vasos de pressão como o submarino e qualificação de
soldadores), ou seja, em “V”.
28
No caso do chanfro dos corpos de prova, este tem como subsídio da NUCLEP
(1991), por meio de sua publicação “Caderno de Solda”, diferindo deste apenas nas
tolerâncias do gap (abertura da raiz), conforme dado pela Figura 16 abaixo:
Figura 16 – Geometria do chanfro “V” dos corpos de prova, com contra-chapa de retenção.
Para os dois corpos de prova a serem ensaiados, tem-se as seguintes dimenes
dadas pela tabela abaixo:
Tabela 4 – Dimensões dos corpos de provas.
Corpo
de
Prova
Chapas Comprimento Largura Espessura GAP
Ângulo do
Bissel
Contra-
chapa
Chapa 1 300mm 150mm 23mm 4mm 45º 5mm
CP1
Chapa 2 300mm 150mm 23mm 4mm 45º 5mm
Chapa 1 300mm 150mm 23mm 4mm 45º 5mm
CP2
Chapa 2 300mm 150mm 23mm 4mm 45º 5mm
3.6 Comparativo entre as duas seqüências de soldagem
3.6.1
Seqüências de soldagem
Foram consideradas duas seqüências de soldagens: Progressiva (Corpo de Prova
1 – CP1) e em Passe Reverso (Corpo de Prova 2 – CP2).
A Figura 17 exemplifica a diferença entre as duas seqüências adotadas:
29
17
123z
x
123z
x
CP1 – SOLDAGEM
PROGRESSIVA
CP2 SOLDAGEM
PASSO REVERSO
ififif
ififif
Figura 17 – Seqüências de soldagem (i: início da solda; f: final da solda).
Note que a diferença sica entre uma seqüência e outra é a seguinte: na
Soldagem Progressiva, o final da deposição de um cordão coincide com o início da
deposição de outro cordão; na Soldagem em Passo Reverso, o final de uma deposição
nunca coincide com o final da deposição anterior. Em termos práticos, significa dizer
que, para a Soldagem em Passo Reverso, a concentração de calor em um ponto pode ser
de magnitude menor do que na Soldagem Progressiva.
Em termos de diferenciação entre um cordão e outro no processo de deposição
adotado, é possível agrupar os cordões nas seguintes categorias:
Tabela 5 – Descrição dos passes dos cordões no chanfro.
PASSE CORDÕES
RAIZ 1
REFORÇO 2,3
ENCHIMENTO 4,6,5
Toda a soldagem experimental realizada em cada um dos corpos de provas CP1
e CP2 foram formadas por 1 passe de raiz, 2 passes de reforço e 3 passes de
enchimento. Cada cordão foi dividido em 10 camadas transversais, onde a deposição
total, por exemplo, para o passe de raiz, apresenta 10 camadas. Isto é valido também
para cada um dos demais cordões de reforço e enchimento e essa lógica adotada tende a
facilitar a elaboração do modelo numérico em elementos finitos pelo código ANSYS.
30
3.6.2
Seqüência de deposição dos cordões
Na execução da junta soldada, deve-se distinguir entre a seqüência de deposição
das camadas para a formação de um cordão de solda e a seqüência de deposição dos
cordões ao longo do comprimento do chanfro para a formação da junta completa pelo
processo SMAW.
3.6.2.1
Seqüência de deposição das camadas e geometria dos cordões
Para se produzir bons cordões de solda, EASTERLING (1983) propõe uma
manipulação adequada do eletrodo, conforme esquematizado na Figura 18 e na Figura
19. Nota-se que os círculos tracejados representam a seção do eletrodo e que as setas
representam a trajetória a ser seguida para a formação de um cordão sem crateras,
reduzindo-se, dessa forma, o risco de formação de trincas por descontinuidades do
material.
Figura 18 Ilustração de como se evitar trincas pela manipulação apropriada de eletrodos
(EASTERLING, 1983).
31
Figura 19 Ilustração de como se evitar trincas pela manipulação apropriada de eletrodos,
para cada uma das configurações idéias de deposição: (a) Horizontal,; (b) Vertical
(EASTERLING, 1983).
Complementando, OKUMURA e TANIGUCHI (1982) estabelecem para o caso
de tecimento do cordão de solda, a largura da faixa de manipulação do eletrodo não
deve ultrapassar a três diâmetros do eletrodo, conforme é mostrado na Figura 20.
Figura 20 – Técnica de tecimento de solda (OKUMURA e TANIGUCHI, 1982).
Figura 21 – Solidificação do metal depositado (OKUMURA e TANIGUCHI, 1982)
Considerou-se nos ensaios os consumíveis de soldagem especificados pela
norma MIL 10018-M1 para aplicações em aço HY80 de diâmetro máximo de 4mm.
Desta forma, adotou-se para a modelagem do depósito de um cordão de solda a largura
máxima como a de 3 vezes a do diâmetro do eletrodo, ou seja, 12mm, de tal forma que a
largura máxima do cordão seja suficiente para o preenchimento de todo o chanfro do
32
passe de raiz, dado pelas configurações acima, bem como se adotou a altura máxima de
cada cordão como sendo de 3mm.
3.6.2.2
Seqüência de deposição dos cordões
Com relação à seqüência de deposição dos cordões de soldagem, OKUMURA e
TANIGUCHI (1982) estabelecem a seguinte classificação:
a)
Seqüência tipo multipasses ou passes corridos, onde o primeiro passe é feito
ao longo de todo o comprimento da junta, sendo posteriormente executados
os demais passes, seqüencialmente, ao longo do seu comprimento; e
b)
Seqüência por bloco, onde uma parte do comprimento da junta, ou bloco, é
soldado completamente, sendo posteriormente soldados os demais blocos.
A Figura 22 contém exemplos de seqüências e progressões empregadas na
prática.
Figura 22 Classificação das seqüências de deposição do cordão de solda (OKUMURA e
TANIGUCHI, 1982).
33
Nos ensaios, utilizou-se a seguinte classificação a partir do passe de raiz até o
passe de reforço e de enchimento:
a)
Classificação pela direção de soldagem: seqüência corrida para CP1 e CP2;
b)
Classificação pela direção de soldagem e pela direção de progressão: passes
progressivos (seqüência progressiva - CP1) e passes a ré ou em retrocesso
(seqüência em passe reverso – CP2); e
c)
Classificação pela seqüência de deposição: deposição por passes corridos
para CP1 e CP2.
Cada passe na formação de uma camada de cordão depositado, desde a abertura
do arco voltaico, passando pela formação do início do cordão até o fim do cordão, foi
feito de maneira contínua, sem interrupções do arco. Cada cordão depositado é formado
por uma série de camadas, de tal forma que seu comprimento total representa 1/3 do
comprimento total do chanfro de 300mm do CP1 e CP2, ou seja, cada cordão
depositado apresenta 100mm de comprimento.
Figura 23 – Técnicas de início da deposição do cordão de solda.
Na seqüência corrida de deposição do cordão, a soldagem se inicia em uma
extremidade da junta e prossegue de modo contínuo até a outra extremidade do cordão.
Este tipo de seqüência apresenta uma taxa de deposição bastante alta, porém provoca
uma distribuição assimétrica de tensões residuais, acarretando na ocorrência de grandes
distoões. A extremidade de início e fim depende da seqüência adotada.
Em termos de volume de deposição de material de solda para cada passo de
soldagem no chanfro estipulado, adotou-se a hipótese de que determinada camada
posterior é adicionada e distribuída uniformemente sobre a superfície superior da
camada inferior já depositada. Este método é bastante eficiente para a redução do tempo
computacional para a análise térmica e mecânica, especialmente para o caso de cilindros
espessos (CHANG e TENG, 2004).
Com isso, a seção transversal dos cordões apresenta a seguinte aparência:
34
ENCHIMENTO
REFORÇO
RAIZ
CONTRA-CHAPA
Figura 24 – Esquemático das seções transversais dos cordões depositados.
Esta mesma estratégia foi adotada para a montagem do modelo numérico.
Quanto à modelagem em elementos finitos pelo código ANSYS
dos cordões de
solda, é necessário, inicialmente, gerar-se todos os elementos fisicamente presentes no
cordão completo (raiz, reforço e enchimento) de uma só vez, visto que as ordens das
matrizes de condutibilidade e de calor específico não podem ser aumentadas ao longo
da solução.
3.7 Descrição e apresentação do experimento
3.7.1
Corpos de prova
Durante a análise experimental foram ensaiados dois corpos de provas em
HY80, CP1 para a soldagem progressiva e CP2 para a soldagem em passo reverso. Cada
CP é formado por duas chapas, cujas dimensões principais são 300mmx150mmx23mm.
Figura 25 – Representação dos corpos de prova.
x
y
z
Chapa
Chapa mapeada
35
Uma das chapas é mapeada, sendo as medições de temperaturas e distorções
feitas sobre a mesma. Os corpos de prova apresentam uma abertura (gap) entre chapas
de 4mm, com ângulo de bissel de 45º , sendo usada na base das chapas uma contra-
chapa de retenção de solda de dimensões 300mmx15mmx5mm em HY80.
Figura 26 – Fotografia dos corpos de prova (CP1 e CP2).
A solda foi realizada ao longo dos comprimentos dos chanfros, sendo
considerado que as dimensões dos corpos de prova são suficientes para o
desenvolvimento integral do campo de temperaturas e de distorções, bem como das
tensões residuais transversais (eixo X) e longitudinais (eixo Z), segundo o experimento
análogo realizado por SOUZA (1989).
Os corpos de prova foram construídos de material cortados à plasma de chapas
maiores acima dos valores especificados para posteriormente serem usinados até as
dimensões especificadas. Segundo SOUZA (opus cit.), este procedimento evitaria a
existência indevida de tensões residuais oriundas do processo de corte à plasma.
Os corpos de prova foram preparados na Oficina de Construção de Submarinos
(AMRJ-249) do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) e o aço utilizado na
fabricação destas peças foi o aço estrutural HY80.
O processo de soldagem utilizado nas seqüências de soldagem foi o SMAW
(eletrodo revestido), sendo utilizada a soldagem manual.
36
Figura 27 - Soldagem do corpo de prova.
O eletrodo utilizado foi o de nome comercial SHNiK90 / AWS E-7018 -
fabricante THYSSEN, de diâmetro 4mm. Este eletrodo apresenta revestimento de baixo
hidrogênio, podendo ser utilizado em soldagem com corrente contínua (CC) com
polaridade inversa (eletrodo positivo), e em soldagem plana e horizontal (como é o
caso), onde a solda executada com este eletrodo apresenta excelentes propriedades
mecânicas.
Foi utilizado um maçarico manual para a manutenção da temperatura de pré-
aquecimento e de interpasses em torno de 149º C durante os dois ensaios realizados, a
fim de se evitar a formação de hidrogênio molecular na poça de fusão. Com isso,
procurou-se reproduzir, de maneira mais fiel, o procedimento correto da soldagem desse
tipo de material na qualificação técnica de soldadores.
Figura 28 – pré-aquecimento dos corpos de prova.
37
3.7.2
Preparação dos corpos de prova
Os corpos de prova foram posicionados em bancada com a contra-chapa de
contenção posicionada no meio do gap para evitar o fluxo de metal líquido para a parte
inferior das chapas. A seguir, uma das chapas foi fixada e isolada da bancada por meio
de mordentes, de tal forma que a monitoração de temperaturas para as duas seqüências
pudesse ser realizada na outra chapa (chapa mapeada).
3.7.2.1
CP1 – Soldagem progressiva
Foi realizada a deposição de metal no chanfro do CP1, segundo a soldagem
progressiva. Já foi visto que a sua principal características é que o final da deposição de
um cordão coincide com o início da deposição de outro cordão. Em termos práticos,
significa dizer que, para a soldagem progressiva, espera-se uma concentração de calor
em um ponto com magnitude maior do que na soldagem em passo reverso.
123-z
x
CP1 – SOLDAGEM
PROGRESSIVA
ififif
Figura 29 – Seqüências de soldagem progressiva.
Assim sendo, foi iniciado o passe de raiz formado por três cordões de 100mm,
ou seja, 1/3 do comprimento total do chanfro segundo o eixo z. Cada coro levou, em
média, 60 segundos para sua total deposição, e obedeceu a seqüência progressiva, ou
seja, o início de um novo cordão coincidiu com o final do cordão anterior. As
temperaturas foram mapeadas ao final de cada deposição de coro no passe de raiz.
38
Figura 30 – Deposição do primeiro cordão (cordão 1 ) do passe de raiz, segundo a
seqüência progressiva.
A cada deposição de um cordão completo, não se permitiu, por meio da ação de
maçarico manual, que a temperatura de interpasses fosse inferior a 149º C, exigida por
norma. O tempo entre a deposição de um cordão e outro foi função da habilidade do
soldador. Ao final da deposição dos três cordões, computou-se um tempo médio de 180
segundos para se completar o passe de raiz do experimento.
Figura 31 – Final da deposição dos cordões 1, 2 e 3 do passe de raiz, segundo a seqüência
progressiva.
39
Em seguida, foi iniciado o passe de reforço composto por 6 cordões depositados
ao longo do chanfro. Da mesma forma, cada cordão levou, em média, 60 segundos para
sua total deposição, e obedeceu a seqüência progressiva e as temperaturas foram
mapeadas ao final de cada deposição de cordão no passe de reforço.
Figura 32 – Início da deposição do cordão 1 do passe de reforço, segundo a seqüência
progressiva.
Finalizando o experimento para o primeiro corpo de prova (CP1), foi realizada a
deposição dos 3 cordões do passe de enchimento, partindo-se de um dos lados internos
do chanfro.
Figura 33 – Início da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a seência
progressiva.
40
Da mesma forma, cada cordão levou, em média, 60 segundos para sua total
deposição, e obedeceu a seqüência progressiva e as temperaturas foram mapeadas ao
final de cada deposição de cordão no passe de reforço.
Figura 34 – Final da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a seqüência
progressiva.
3.7.2.2
CP2 – Soldagem em passo reverso
De forma análoga ao procedimento adotado para a soldagem de CP1, foi
realizada a deposição de metal no chanfro do CP2, segundo a soldagem em passo
reverso. Relembra-se que a sua principal características é que o final da deposição de
um cordão nunca coincide com o início da deposição de outro cordão. Em termos
práticos, significa dizer que, para a soldagem em passo reverso, a concentração de calor
em um ponto é de magnitude menor do que na soldagem progressiva.
123-z
x
CP2 – SOLDAGEM
PASSO REVERSO
ififif
Figura 35 – Seqüências de soldagem em passo reverso.
Assim sendo, foi iniciado o passe de raiz formado por 3 cordões de 100mm, ou
seja, 1/3 do comprimento total do chanfro segundo o eixo z. Cada cordão levou, em
41
média, 60 segundos para sua total deposição, e obedeceu a seqüência em passo reverso,
ou seja, o icio de um novo cordão não coincide com o final do coro anterior. As
temperaturas foram mapeadas ao final de cada deposição de coro no passe de raiz.
Figura 36 – Deposição dos cordões do passe de raiz, segundo a seqüência em passo reverso.
Da mesma forma que na soldagem progressiva, a cada deposição de um coro
completo, não se permitiu, por meio da ação de maçarico, que a temperatura de
interpasses fosse inferior a 149º C.
O tempo entre a deposição de um cordão e outro também foi função da
habilidade do soldador e, ao final da deposição dos três cordões, computou-se um tempo
médio de 180 segundos para se completar o passe de raiz do experimento.
Figura 37 – Final da deposição dos cordões do passe de reforço, segundo a seqüência em
passo reverso.
42
Na seqüência, foi iniciado o passe de reforço composto por 6 cordões
depositados ao longo do chanfro. Da mesma forma, cada cordão levou, em média, 60
segundos para sua total deposição, e obedeceu a seqüência em passo reverso, ou seja, o
início de um novo cordão não coincide com o final do cordão anterior. As temperaturas
foram mapeadas ao final de cada deposição de cordão no passe de reforço.
Finalizando o experimento para CP2, foi realizada a deposição dos 3 cordões do
passe de enchimento, partindo-se de um dos lados internos do chanfro.
Figura 38 – Início da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a seência
em passo reverso.
Verificou-se que a habilidade do soldador proporcionou que cada cordão
levasse, em média, 60 segundos para sua total deposição na seqüência em passo reverso,
sendo que as temperaturas foram levantadas ao final de cada deposição de cordão no
passe de reforço.
43
Figura 39 – Final da deposição dos cordões do passe de enchimento, segundo a seqüência
em passo reverso.
3.8 Análise dos resultados experimentais
3.8.1
Campo de Temperaturas Experimental
A monitoração de temperaturas foi realizada a partir de Termômetros de
Infravermelhos de Mão FLUKE
®
Série 60, a partir de 21 pontos pré-determinados sobre
a chapa mapeada dos dois corpos de prova, além das extremidades A e B, conforme o
esquema da Figura 40.
10mm
40mm
50mm
50mm
50mm
50mm
40mm
10mm
300mm
15mm 40mm 40mm
135mm
40mm
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
A
B
Figura 40 – Modelo de chapa mapeada para os corpos de prova.
44
3.8.1.1
CP1 – Soldagem progressiva versus CP2 – Soldagem em passo reverso
Os valores de temperatura e controle de aporte térmico para as seqüências de
soldagem progressiva e passo reverso encontram-se respectivamente nos ANEXOS 1 e
2.
Esses dados foram compilados em planilha eletrônica, cujas representações
gráficas da distribuição de temperaturas versus pontos de mapeamento podem ser
visualizadas e comparadas conforme a Figura 41, Figura 42 e Figura 43 abaixo:
PASSO REVERSO - RAIZ
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
123456789101112131415161718192021
PONTOS
Temperaturas (
o
C)
RAIZ 1 RAIZ 2 RAIZ 3
PROGRESSIVA - PASSE DE RAIZ
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
PONTOS
Temperaturas (
o
C)
RAIZ 1 RAIZ 2 RAIZ 3
Figura 41 – Soldagem progressiva versus soldagem passo reverso – passe de raiz.
45
PROGRESSIVA - PASSE DE REFORÇO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS
Temperaturas (
o
C)
REFORÇO 1 REFORÇO 2
REFORÇO 3 REFORÇO 4
REFORÇO 5 REFORÇO 6
PASSO REVERSO - REFORÇO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS
Temperaturas (oC)
REFORÇO 1 REFORÇO 2
REFORÇO 3 REFORÇO 4
REFORÇO 5 REFORÇO 6
Figura 42 – Soldagem progressiva versus soldagem passo reverso passe de reforço.
46
PROGRESSIVA - PASSE DE ENCHIMENTO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS
Temperaturas (
o
C)
ENCHIMENTO 1 ENCHIMENTO 2
ENCHIMENTO 3 ENCHIMENTO 4
ENCHIMENTO 5 ENCHIMENTO 6
ENCHIMENTO 7 ENCHIMENTO 8
ENCHIMENTO 9
PASSO REVERSO - ENCHIMENTO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS
Temperaturas (oC)
ENCHIMENTO 1 ENCHIMENTO 2
ENCHIMENTO 3 ENCHIMENTO 4
ENCHIMENTO 5 ENCHIMENTO 6
ENCHIMENTO 7 ENCHIMENTO 8
ENCHIMENTO 9
Figura 43 Soldagem progressiva versus soldagem passo reverso – passe de enchimento.
47
3.8.1.2
Dispersão dos dados das amostras de temperaturas
Uma boa estimativa para se avaliar o quanto os pontos monitorados apresentam
uma boa ou má dispersão entre si é através do cálculo do desvio padrão da amostra.
Em probabilidade e estatística, o desvio padrão é a medida mais comum da
dispersão estatística. O desvio padrão define-se como a raiz quadrada da variância. É
definido desta forma de maneira a dar uma medida da dispersão que seja um número
não negativo e que use as mesmas unidades de medida que os dados experimentais
levantados.
Logo, o desvio padrão de uma variável aleatória X como sendo as temperaturas
medidas nos 21 pontos da placa mapeada é definido como:
()()
[]
()
(
)
2
2
2
() XEXEXEXE ==
σ
(3.2)
Onde E(X) é o valor esperado de X.
Se uma variável aleatória X toma os valores x
1
,...,x
N
(que são números reais)
com igual probabilidade, então seu desvio padrão pode ser computada como segue.
Primeiro, a média de X,
, é definida como:
=
+++
==
N
i
N
i
N
xxx
x
N
x
1
21
1
K
(3.3)
Depois, o desvio padrão simplifica-se em:
=
=
N
i
i
xx
N
1
2
)(
1
σ
(3.4)
Desta forma, a cálculo do desvio padrão das amostras para o CP1 gerou 15,90ºC
(soldagem progressiva) e para o CP2 em 14,68ºC (soldagem em passo reverso), o que
representa um desvio padrão das amostras de temperatura para a soldagem progressiva
superior em 8,3% a do passo reverso, indicando que os dados de CP1 são mais dispersos
que os de CP2.
3.8.2
Distorções experimentais obtidas
3.8.2.1
CP1 – Soldagem progressiva “versus” CP2 – Soldagem em passo reverso
Os valores de e passo reverso encontram-se no ANEXO 3.
Os empenos foram medidos a partir de um plano de referência, tomado em
relação à chapa engastada, conforme pode ser visualizado na Figura 44.
48
Figura 44 – Marcação na chapa mapeada do plano de referência de medições de empeno.
Figura 45 – Marcação na chapa mapeada do plano de referência de medições de empeno.
49
Os valores distorcionais medidos foram compilados em planilha eletnica, cujas
representações gráficas da distribuição de temperaturas versus pontos de mapeamento
podem ser visualizadas e comparadas conforme as figuras abaixo:
DISTRIBUIÇÃO DE EMPENOS POR PONTOS
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
01234567891011121314151617181920212223
PONTOS
EMPENOS (mm)
PROGRESSIVA
PASSO REVERSO
Figura 46 – Comparação entre as distorções obtidas para o CP1 e CP2, segundo o eixo y e
por pontos mapeados.
Do gráfico acima, depreende-se que:
a) O comportamento distorcional total para as duas seqüências de soldagens
apresenta um comportamento gráfico similar, porém apresentando uma diferença
significativa de empeno entre as duas seqüências;
b) Observa-se que, para o CP1 (seqüência progressiva), o nível de distorções é
bem maior do que para o CP2 (seqüência em passo reverso);
c) Quanto mais próximo do final da soldagem, para ambos os casos, maior o
nível de distorções obtido. Isto pode ser devido, basicamente, ao acúmulo de aporte
térmico a cada passe de deposição dos cordões de solda; e
d) Calculando-se o desvio padrão (DP) das duas amostras de dados, obteve-se
que, para o CP1, DP1=2,79mm, enquanto que para o CP2, DP2=2,47mm, valor este
11,3% inferior ao primeiro, o que indica uma maior dispersão de dados para o CP1.
Em termos experimentais, há um provável indicativo de um campo de
temperaturas bem mais comportado para o CP2 do que para o CP1, o que acarretou um
menor nível de distorções totais, como pode ser verificado pelas fotos abaixo com os
corpos de prova à temperatura ambiente de 25º C no final dos experimentos.
50
Figura 47 – Detalhe das distorções obtidas para o CP1 E CP2, segundo o eixo y e por
pontos mapeados (à esquerda – CP1; à direita, CP2).
Vale salientar que a maior diferença de 3,26mm entre distorções obtidas
experimentalmente ocorreu no ponto 20, conforme representado no gráfico abaixo:
DIFERENÇAS DE EMPENOS POR PONTOS
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
PONTOS
DIFERENÇAS (mm)
DIFERENÇAS
Figura 48 – Diferea máxima entre distorções obtidas no CP1 e no CP2, segundo o eixo y
e por pontos mapeados.
51
Foram levantados também os gficos representativos das distorções
transversais, segundo os pontos mapeados e dados abaixo:
EMPENO TRANSVERSAL 1-8-15
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
1815
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PR OGRESS IVA
PASSO REVERSO
EMPENO TRANSVERSAL 2-9-16
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
2916
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PROGRESSIVA
PASSO REVERS O
EMPENO TRANSVERSAL 3-10-17
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
31017
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PROGRESSIVA
PASSO R EVERSO
EMPENO TRANSVERSAL 4-11-18
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
41118
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PROGR ESSIVA
PASSO REVERSO
EMPENO TRANSVERSAL 5-12-19
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
51219
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PROGRESSIV A
PASSO REV ERSO
EMPENO TRANSVERSAL 6-13-20
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
61320
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PROGR ESSIVA
PASSO REVERSO
EMPENO TRANSVERSAL 7-14-21
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
71421
PONTOS
EMPENOS (mm
)
PROGR ESSIV A
PASSO REVERSO
Figura 49 – Distorções transversais experimentais (direção x) de CP1 e CP2.
Por eles, depreende-se que, em termos transversais (ao longo da direção x), o
comportamento distorcional é bastante similar para as duas seências de soldagem
ensaiadas. Isto significa dizer que, para ambas as seqüências, o comportamento
preponderante da chapa mapeada foi o de translação praticamente uniforme na direção
de y.
Foram levantados também os gráficos que representam o comportamento
distorcional da chapa mapeada ao longo da direção longitudinal, ou seja, na direção do
comprimento do chanfro (direção z), conforme mostrado abaixo:
52
EMPENO LONGITUDINAL 1-7
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
1234567
PONTOS
EMPENOS (mm
PROGRESSIVA
PASSO REVERSO
EMPENO LONGITUDINAL 8-14
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
8 9 10 11 12 13 14
PONTOS
EMPENOS (mm
PROGRESSIVA
PASSO REVERSO
EMPENO LONGITUDINAL 15-21
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
15 16 17 18 19 20 21
PONTOS
EMPENOS (mm
PROGRESSIVA
PASSO REVERSO
Figura 50 Distorções longitudinais experimentais (direção z) de CP1 e CP2.
Por eles, depreende-se que:
a) Diferentemente do comportamento transversal, o comportamento distorcional
longitudinal apresentou difereas significativas entre as duas seqüências de soldagem;
b) Para a seqüência progressiva (CP1), nota-se um comportamento muito mais
irregular que o apresentado na seqüência de soldagem em passo reverso (CP2). Tal fato
pode ser verificado a partir de um número maior de mudanças de concavidade da curva
em CP1; e
c) A distorção apresentada nos pontos extremos da chapa é muito mais
acentuada, indicando uma tendência de rotação da chapa mapeada em torno do eixo
transversal x muito maior para a seqüência progressiva (CP1), o que não ocorre para a
seqüência em passo reverso (CP2).
A partir das diversas conclusões levantadas, pode-se afirmar que,
experimentalmente, a seqüência de soldagem em passo reverso (Backstep Welding)
analisada por meio do CP2 apresentou um nível de distorções totais menor que a
seqüência progressiva (Progressive Welding), analisada por meio do CP1.
53
Isto pode ter sido devido basicamente à distribuição de temperaturas (campo
rmico) ao longo dos pontos mapeados, que é função do aporte térmico diferenciado
para cada seqüência de soldagem.
Há uma dispersão menor para a seqüência de soldagem em passo reverso,
quando comparada à seqüência progressiva, verificada pelo cálculo do desvio padrão
das amostras para o CP1 e para o CP2, o que representa um desvio padrão das amostras
de temperatura para a soldagem progressiva superior em 8,3% a do passo reverso.
Verifica-se, então, o primeiro indicativo de um campo de temperaturas bem mais
comportado para o CP2 do que para o CP1, o que acarretou em um menorvel de
distorções.
A seguir será desenvolvido o modelo numérico em elementos finitos pelo código
ANSYS para as duas seqüências de soldagem, que objetiva a verificação da aderência
entre a análise experimental executada e o modelo numérico, bem como obter pelos
modelos desenvolvidos um comparativo entre as tensões residuais transversais e
longitudinais oriundas do campo térmico numérico a ser validado pelo campo térmico
experimental obtido nos ensaios.
Este modelo numérico deverá reproduzir as condições de ensaio para que os
resultados experimentais de temperaturas e distorções totais possam ser confirmados ou
não.
54
CAPÍTULO IV
4 ANÁLISE TERMOMECÂNICA PELO MÉTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS
4.1 Análise Termomecânica e Modelo Termomecânico
Para se determinar os mecanismos que estão envolvidos nos processos de
soldagem dos corpos de prova CP1 e CP2, dois tipos diferenciados de análises são
requeridos: análise térmica da condução de calor através da chapa e análise termo-
elastoplástica no metal de base e do material consumível, submetidos a condições de
contorno térmicas e estruturais.
Dentre os fatores que afetam a soldagem dos corpos de prova, os mais
significativos são: o aporte de calor, a velocidade de movimento da fonte térmica e a
espessura da chapa a ser soldada. Fatores secundários que podem também afetar os
mecanismos do processo de soldagem são: a geometria da linha de calor de solda, a
distribuição do aporte de calor, a curvatura inicial da chapa e as tensões residuais
anteriores à soldagem, advindas de processos de corte e conformação mecânica (BIRK-
SRENSEN, 1999).
Os mecanismos básicos envolvidos no processo de soldagem abordados no
presente estudo envolvem a análise das tensões residuais e distorções da soldagem de
placas planas, cujo material é o aço HY80.
As tensões e deformações de origem térmica podem ser calculadas segundo o
Método dos Elementos Finitos (MEF) e pela aplicação do modelo termomecânico
adotado por TENG et al. (2003), TENG & CHANG (1998) e CHANG & TENG (2004)
aos modelos dos corpos de prova CP1 e CP2.
A Figura 51 mostra o escopo do modelo adaptado para o presente estudo.
55
Equação de
Governo
Condições de
Contorno
Equação de Governo do Modelo
em Elementos Finitos
Campo de
Temperaturas
Equações de
Equilíbrio
Equações de
Compatibilidade
Equações
Termoelastoplásticas
Equações Básicas
do Modelo em
Elementos
Finitos
Campo de
Deslocamentos e
Tensões
Análise do
Modelo
Térmico
Análise do
Modelo
Mecânico
Figura 51 Diagrama de fluxo representativo do modelo termomecânico de análise de
tenes residuais e distorções (TENG et al., 2003).
Durante cada passo de soldagem dos corpos de prova, as tensões devido à
temperatura são calculadas a partir da distribuição de temperaturas dada inicialmente
pelo modelo termomecânico. As tensões residuais para cada incremento de temperatura
são, então, adicionadas ao ponto nodal da malha de elementos finitos, de tal forma que
se tenha a atualização do comportamento do modelo antes do próximo incremento de
temperatura.
Durante cada passe de soldagem e para cada seqüência de soldagem, a
distribuição de temperaturas deve ser calculada a partir do modelo térmico. Esta
investigação simula o incremento do carregamento de calor no processo de soldagem
adotado, via a curva de ciclo térmico do metal de base HY80 aplicada aos nós de cada
elementos dos modelos.
56
4.2 Problema de transferência de calor na soldagem
4.2.1
Modelormico
O problema da determinação do campo de temperaturas durante a soldagem dos
corpos de prova é basicamente um problema de transferência de calor. Existem, a
priori, três modos de transferência de calor envolvidos no processo de soldagem: a
condução, a convecção e a radiação. A condução pode ser compreendida como uma
troca interna de energia entre partes de um corpo que possuam entre si um gradiente de
temperaturas. A convecção é uma troca de energia entre um corpo e o fluido que o
cerca e a radiação é uma transferência de energia de um ou mais corpos através de
ondas eletromagnéticas (HOLMAN, 1983).
Para a solução das temperaturas durante a soldagem do HY80, pode-se
considerar que o femeno é tratado igualmente para as duas seqüências, num processo
de condução de calor através do metal de base e sob determinadas condições de
contorno de convecção e radiação, seguindo o seguinte modelo térmico:
Equação de
Governo
Condições de
Contorno
Equação de Governo do Modelo
em Elementos Finitos
Campo de
Temperaturas
Análise do Modelo Mecânico
Análise do Modelo Térmico
Figura 52 – Modelo Térmico.
57
4.2.2
Transmissão de calor por Condução - Lei de Fourier para Condução
Quando existe um gradiente térmico num corpo devido a um aporte térmico,
verifica-se experimentalmente que ocorre uma transferência de energia da região de alta
temperatura para a região de baixa temperatura. Diz-se que a energia é transferida por
condução e que a taxa de transferência de calor por unidade de volume é proporcional
ao gradiente normal de temperaturas, caracterizada pela Lei de Fourier Generalizada
expressa por:
n
tzyxT
k
A
tzyxq
n
condução
=
),,,(
.
),,,(
(4.1)
Onde:
A
tzyxq
condução
),,,(
- Taxa de transferência de calor por unidade de área A.
n
k – condutividade térmica na direção n; e
n
tzyxT
),,,(
- gradiente de temperaturas na direção n, em função do tempo t.
O problema a ser tratado é o da determinação da equação básica que governa a
transferência de calor através do corpo utilizando-se a Equação de Fourier como ponto
de partida.
Se o problema for unidimensional e se es em regime permanente, isto é, a
temperatura não varia com o tempo, basta integrar a Equação de Fourier e substituir os
valores apropriados nas quantidades desejadas. Entretanto, se a temperatura for aplicada
a um lido tridimensional, variar no tempo e se fontes de calor (aporte térmico)
existirem, como é o caso da soldagem do HY80, o regime não é mais permanente e a
condução de calor no corpo é multidimensional em regime transitório.
4.2.2.1
Condução de calor unidimensional em regime transitório
Considere o caso geral de condução unidimensional em regime transitório, onde
a temperatura varie com o tempo e fontes de calor ocorrem no interior do corpo soldado.
58
Figura 53 Volume elementar para a análise da condução de calor unidimensional
(HOLMAN, 1983).
Para o elemento de espessura dx, o seguinte balanço de energia pode se feito:
Energia conduzida para dentro da face esquerda + calor gerado no interior do
elemento = variação de energia interna + energia conduzida para fora da face
direita.
Estas quantidades de energia são dadas pelas seguintes expressões:
a)
Energia conduzida para dentro da face esquerda:
=
x
T
kAq
xx
.
(4.2)
b) Calor gerado no interior do elemento:
dxAqdxAtxq ...).,(
=
(4.3)
c) Variação de energia interna:
dx
t
txT
AC
p
),(
..
ρ
(4.4)
d) Energia conduzida para fora da face direita:
dxx
xx
dxx
xdxx
dx
x
T
k
x
T
kA
x
T
kAq
+
+
+
+
=
=
(4.5)
Onde:
ρ
- densidade do material;
p
C - calor específico;
59
),( txTT =
- temperatura; e
x
k – Condutividade térmica na direção x.
Logo, a combinação dessas relações fornece:
dxx
xxpx
dx
x
T
k
x
T
kA
t
txT
ACdxAq
x
T
kA
+
+
=+
),(
....
ρ
(4.6)
t
txT
Cdxq
x
T
k
x
px
=+
),(
.
ρ
(4.7)
Esta é a equação da condução de calor unidimensional em regime transirio.
4.2.2.2
Condução de calor tridimensional em regime transitório
Para tratar do fluxo de calor em mais de uma dimensão, deve-se considerar o
calor conduzido para dentro e para fora do volume elementar em todas as direções
coordenadas.
Figura 54 Volume elementar para a análise da condução de calor tridimensional
(HOLMAN, 1983).
O balanço de energia conduz:
dt
dE
qqqqqqq
dzzdyydxxgerzyx
+++=+++
+++
(4.8)
Sendo as quantidades de energia dadas por:
x
tzyxT
dydzkq
xx
=
),,,(
(4.9)
60
dydzdx
x
tzyxT
k
xx
tzyxT
kq
xxdxx
+
=
+
,,,(),,,(
(4.10)
y
tzyxT
dxdzkq
yy
=
),,,(
(4.11)
dxdzdy
y
tzyxT
k
yy
tzyxT
kq
yydyy
+
=
+
,,,(),,,(
(4.12)
z
tzyxT
dxdykq
zz
=
),,,(
(4.13)
dxdydz
z
tzyxT
k
zz
tzyxT
kq
zzdzz
+
=
+
,,,(),,,(
(4.14)
dxdydztzyxQq
ger
),,,(
=
(4.15)
dxdydz
q
tzyxQ
ger
=
),,,(
(4.15a)
Que é o calor gerado por unidade de volume.
t
tzyxT
dxdydzC
dt
dE
p
=
),,,(
ρ
(4.16)
Assim, a equação geral tridimensional da condução de calor em regime
transitório fica:
t
tzyxT
CQ
z
T
k
zy
T
k
yx
T
k
x
pzyx
=
+
+
+
),,,(
ρ
(4.17)
Se a condutividade térmica
n
k é constante ao longo das dimensões espaciais x, y
e z:
t
tzyxT
CQ
z
T
k
y
T
k
x
T
k
pzyx
=
+
+
+
),,,(
2
2
2
2
2
2
ρ
(4.18)
Ou ainda, na forma reduzida:
t
tzyxT
T
QTkTC
p
=
=
),,,(
0)(
ρ
(4.19)
A equação (4.19) é a equação diferencial que governa a condução de calor em
um corpo sólido em regime transirio, e é a equação analítica que governa o problema
de soldagem dos corpos de prova CP1 e CP2. A solução anatica geral dessa equação é
obtida a partir das condições iniciais e de contorno do problema.
61
4.2.3
Condições Iniciais
Os conceitos de fonte instantânea e fonte fixa de calor são comumente usados na
teoria de condução de calor. Por esses conceitos, o calor é transferido instantaneamente
no tempo t=0, em um meio infinito com temperatura inicial T
o
.
Para a condição inicial, foi imposta uma temperatura inicial de soldagem do
HY80 como a de pré-aquecimento da chapa, ou seja:
),,()0,,,(
0
zyxTzyxT
=
(4.20)
Logo:
CzyxT
o
149),,(
0
=
4.2.4
Condições de contorno
4.2.4.1
Transferência de calor por convecção e radiação
O mecanismo físico da convecção está relacionado à condução através da fina
película de fluido adjacente à superfície de transferência de calor, no caso de Convecção
Natural.
A Lei de Fourier já vista, é aplicável tanto na Condução quanto na Convecção
Natural, embora a mecânica dos fluidos deva ser empregada nos problemas de
convecção para estabelecer os gradientes de temperatura no local da soldagem.
A transferência de calor por Radiação envolve um mecanismo físico diferente
dos anteriores: a propagação eletromagnética de energia. Para o estudo desse tipo de
transferência de energia, quando o metal de base é o HY80, é necessário o
conhecimento das propriedades de radiação desse material a uma dada temperatura.
Quando se considera um modelo em que estão presentes os três modos de
transferência de calor, o calor conduzido pela placa de HY80 é removido pela superfície
por convecção e por radião (HOLMAN, 1983).
62
Figura 55 Transferência de calor por condução, convecção e radiação combinados
(HOLMAN, 1983).
Pelo Princípio da Conservação da Energia aplicada às transferências de calor que
ocorrem nas chapas de HY80 submetida ao processo de soldagem de eletrodo revestido
(SMAW), o calor conduzido através da chapa é removido pela superfície por uma
combinação de convecção e radiação.
Um balanço de energia resulta:
)()( radiaçãoremovidaconvecçãoremovidaconduzida
EEE
+
=
(4.21)
n
tzyxT
AktzyxqE
nconduçãoconduzida
==
),,,(
..),,,( (4.22)
+
+
=
z
T
k
y
T
k
x
T
kAE
zyxconduzida
.
(4.23)
)(
)(
=
= TTAhqE
Pconvconvecçãoconvecçãoremovida
(4.24)
)(..
44
)( SprGradiaçãoradiaçãoremovida
TTAhFFqE ==
(4.25)
Logo, o balanço energético fica:
0)(..)(
44
=++
+
+
SprGPconvzyx
TThFFTTh
z
T
k
y
T
k
x
T
k
(4.26)
Onde:
conv
h
- Coeficiente de convecção;
P
T
- Temperatura superficial da placa;
T
- Temperatura do fluido (ar ambiente);
S
T
- Temperatura do ambiente;
F
- Função de emissividade;
63
G
F - Função “fator de forma” geométrico; e
r
h
- Coeficiente de radião.
Dessa forma, para a aplicação da condição de contorno ao problema de
soldagem em análise para a obtenção de sua solução analítica, faz-se necessário
determinar-se o coeficiente de convecção do modelo
conv
h e o coeficiente de radiação
r
h
.
A determinação desses coeficientes pode ser feita da vários modos, desde o mais
simples, baseado em coeficientes e fórmulas empíricas até uma modelagem numérica
refinada do fenômeno de transporte de calor e massa.
4.2.4.2
Transferência por Convecção – Lei de Newton do Resfriamento
O fluxo de calor decorrente da transmissão de calor por convecção é dado pela
Lei de Newton do Resfriamento. Para a chapa de HY80 a uma dada temperatura
superficial Tp, envolto no ar atmosférico à pressão ambiente existente na oficina de
soldagem de CP1 e CP2 à temperatura T
, a transferência de calor por convecção sobre
a chapa, por unidade de volume, é dada por:
)(
=
TThQ
Pconvconvecção
(4.27)
conv
h
- Coeficiente de transmissão de calor por convecção;
P
T
- Temperatura na chapa de HY80 durante a soldagem SMAW à pressão
atmosférica local; e
T
- Temperatura do fluido quiescente (ambiente ou ao longe) à pressão
atmosférica existente na oficina de soldagem;
O fenômeno de convecção foi considerado por RODEIRO (2002) em seus
estudos sobre a soldagem do tipo Ring Weld (remendo em anel) como um fenômeno de
convecção livre, o que significa dizer que o fluido (ar ambiente) simplesmente se
movimenta devido à mudança de empuxo provocada pelo aquecimento. Esta mesma
hipótese será adotada no presente estudo para a soldagem dos corpos de prova.
Neste escopo, a determinação do coeficiente de convecção
conv
h pode ser
efetuada por meio de formulações empíricas e números adimensionais, conforme
preconizado por HOLMAN (1983). Segundo este autor, os números adimensionais
necessários para a estimativa do coeficiente de convecção são: o número de Grashof
(Gr), o número de Prandt (Pr), o número de Rayleigh (Ra) e o número de Nusselt (Nu),
64
onde para um comprimento característico para análise dos adimensionais de convecção
L , tem-se:
()
2
3
.
ν
β
LTTG
Gr
p
L
=
(4.28)
λ
ν
=Pr (4.29)
Pr
×
=
LL
GrRa
(4.30)
()
λν
β
.
3
LTTG
Ra
p
L
=
(4.31)
)1010(54,0
744/1
=
LLL
RaRaNu
(4.32)
)1010(15,0
1173/1
=
LLL
RaRaNu
(4.33)
G
- aceleração da gravidade;
λ
- Difusibilidade térmica, dada por:
ρ
λ
×
=
p
C
k
(4.34)
ρ
- Densidade do material;
p
C
- Calor específico do material;
ν
- Viscosidade cinemática do fluido; e
β
- Coeficiente de expansão térmica bidimensional;
Analogamente ao coeficiente de dilatação linear α (ou coeficiente de expansão
térmica linear), podemos definir os coeficientes de dilatação superficial, β, e
volutrico γ.
Nos sólidos isotrópicos, a variação percentual no comprimento é a mesma em
todas as dimensões e, com muito boa aproximação, β = 2α e γ = 3α. Por exemplo, para
a dilatação de uma superfície retangular do elemento, cuja área passa de A
o
= L
1o
L
2o
para
A = L
1
L
2
, temos:
)
Δ
+ (1)Δ+=
2
TT (1L A
1o
α
α
ο
L
(4.35)
]TT2 [1L A
22
1o
Δ + Δ+=
2
αα
ο
L
(4.36)
]T2 [1L A
1o
Δ+
2
α
ο
L
(4.37)
Onde o termo em α
2
foi desprezado frente aos outros dois já que α
2
<< α <<1.
Assim, teremos:
65
]T [1 A
0
Δ
+
β
A
(4.38)
E, dessa forma, tem-se:
α
β
2
(4.39)
Uma demonstração análoga pode ser feita para mostrar que γ = 3α. Dessa forma,
se considerarmos a hitese de que o aço HY80 é isotrópico, é valida a relação
α
β
2
para esse material.
Adotando-se a geometria de sólidos retangulares para representar os cordões de
solda depositados durante o experimento, pode-se adotar a análise de KING (1932)
apud HOLMAN (1983) sobre a transferência de calor em placas, cilindros, esferas e
blocos. Nesta análise, adota-se a dimensão característica L para blocos retangulares sob
convecção natural através da seguinte expressão:
vh
LLL
111
+=
(4.40)
Onde:
h
L - Comprimento característico horizontal da placa. Para as placas mapeadas
dos corpos de prova, tem-se:
h
L = 0,300m;
v
L - Comprimento característico vertical da placa. Para ao comprimento
característico vertical do sólido retangular aproximado da deposição total
mgL
v
023,0== , espessura da placa do corpo de prova ou da chapa do casco resistente.
Logo:
mLm
L
21
10137,281,46
023,0
1
300,0
11
×==+=
, que é o comprimento
característico adotado para o cálculo do coeficiente de convecção sobre as chapas dos
corpos de prova.
A Figura 56 apresenta equações simplificadas para a determinação do
coeficiente de transferência de calor por convecção entre vários tipos de superfícies em
regime laminar.
66
Figura 56 Equações simplificadas para a convecção natural de várias superfícies para o
ar à pressão atmosférica (HOLMAN, 1983).
As formulações apresentadas acima são válidas para placas planas horizontais
com a supercie quente voltada para cima, como no caso da soldagem dos corpos de
prova CP1 e CP2. Dessa forma, temos para o aço HY80 sofrendo o processo de
soldagem ao longo do chanfro de 300mm de comprimento:
G
= 9,81m/s
2
;
α
= 11,5x10
-6
/
o
C;
α
β
2=
= 23x10
-6
/
o
C;
p
T =1424
o
C (Temperatura máxima alcançada na soldagem do HY80); e
T
=25
o
C (Temperatura ambiente à pressão atmosférica local);
Por hipótese de material isotrópico para o HY80, adotar-se-á:
C
m
s
J
49,73
C
m
49,73W
k
oo
×
=
×
===== kkkk
zyx
E, da mesma forma, Cp = 473J/Kg
o
C e ρ=7860Kg/m
3
à temperatura ambiente
da oficina.
Logo:
67
s
m
CKg
J
C
k
o
p
2
5
3
o
103376,1
m
Kg
7860
473
Cm
s
J
49,73
×=
×
×
×
=
×
=
ρ
λ
ν
=16,84x10
-6
m
2
/s; e
h
L = 0,300m.
Então:
()
7
2
5
2
6
33
6
2
3
1078,3
103376,11084,16
300,0)251424(
1023
81,9
.
×=
×××××
×××
×
×
=
=
s
m
s
m
mC
Cs
m
LTTG
Ra
o
o
hp
L
λν
β
Verifica-se que o número de Rayleigh está no intervalo )1010(
94
L
Ra , o que
permite utilizar a seguinte formulação para determinação de
conv
h :
4/1
32,1
Δ
=
L
T
h
conv
(4.41)
=Δ TTT
p
(4.42)
Logo:
4/1
2
10137,2
251424
32,1
×
=
conv
h
C
m
W
h
o
conv
×
=
2
21
BIRK-SRENSEN (1999) assume as perdas de calor por convecção como
25W/m
2
.°C, o que demonstra que o coeficiente de convecção calculado pelas
formulações está com sua ordem de grandeza coerente. Este valor leva apenas em
consideração as perdas de calor para o meio ambiente por convecção natural em regime
laminar, durante o processo de soldagem para o segmento previamente definido. Deve-
se considerar, agora, o efeito das perdas por radiação no processo de soldagem.
4.2.4.3
Transferência por Radiação – Lei de Stefan-Boltzmann
Segundo HOLMAN (1983), a radiação térmica é apenas um dos métodos
existentes de radiação eletromagnética. Qualquer que seja o tipo de radiação, a sua
velocidade de propagação é igual à velocidade da luz c = 3,0x10
10
cm/s. Esta velocidade
é igual ao produto do comprimento de onda pela freqüência de radiação, ou seja:
radonda
fc .
λ
= (4.43)
68
Onde:
onda
λ
- comprimento de onda; e
rad
f - freqüência de radião.
A propagação de radiação térmica ocorre na forma de quanta discretos, cada
quantum tendo uma energia de:
rad
fE .
χ
= (4.44)
Onde sJ.10625,6
34
×=
χ
é a constante de Planck.
Uma interpretaçãosica da propagação da radião seria a de considerar cada
quantum como sendo uma partícula com energia, massa e quantidade de movimento, da
mesma forma que se considera as moléculas de um gás. Assim, de certo modo, a
radiação pode ser considerada como um “gás de fótons”, que flui de um lugar para
outro.
Considerando a radiação como ums, HOLMAN aplica os princípios da
termodinâmica e estatística quântica na obtenção de uma expressão para a densidade de
energia de radiação por unidade de volume e por unidade de comprimento de onda
n
μ
na forma:
1)
.
.
exp(
...8
5
=
SBonda
onda
n
c
c
σλ
χ
λχπ
μ
(4.45)
Onde
428
./10669,5 KmW
SB
×=
σ
é a Constante de Stefan-Boltzmann.
Quando a densidade de energia é integrada em todos os comprimentos de onda,
a energia total emitida é proporcional à quarta potência da temperatura absoluta T, ou
seja:
4
.. TdE
SBondann
σλμ
==
(4.46)
Que é a Lei de Stefan-Boltzmann.
O poder emissivo E de um corpo é definido como a energia emitida pelo corpo
por unidade de área e por unidade de tempo. A relação entre o poder emissivo E de um
corpo e o poder emissivo de um corpo negro E
n
à mesma temperatura é definida como a
sua emissividade
. Um corpo negro pode ser considerado como aquele que absorve
toda a radiação incidente sobre o mesmo.
Desta forma, tem-se:
69
n
E
E
∈=
(4.47)
Para uma dada temperatura do corpo
T
, em graus Kelvin (°K), o calor por
radiação
S
T
transmitido pela fonte térmica para o meio exterior à temperatura
T , por
unidade de volume, obedece à Lei de Stefan-Boltzmann, dada por:
))()(.(.).(.
22244
++==
TTTTTTTTQ
pppefSBpefSBradiação
εσεσ
(4.48)
Onde:
ef
ε
- Emissividade efetiva da chapa de HY80;
P
T - Temperatura superficial da placa; e
S
T
- Temperatura do ambiente.
Fatorando-se os termos de 4ª. Potência da temperatura tem-se:
))()(.(.).(.
22244
++==
TTTTTTTTQ
pppefSBpefSBradiação
εσεσ
(4.49)
Donde se tira a expressão para o coeficiente de transmissão de calor por
radiação:
))(.(.
22
SpSpefSBr
TTTTh
++=
εσ
(4.50)
A emissividade de uma substância varia significativamente com o comprimento
de onda da radiação emitida, a temperatura e com as condições da supercie. Para o
problema de soldagem proposto, é importante estimar-se de que forma a emissividade
varia com a temperatura.
Na preparação da junta a ser soldada em HY80, a norma MIL-STD-22D e a
American Welding Society
(AWS) recomendam que o chanfro e suas bordas, numa
distância de 25mm, devem estar livres de tintas, óleos, graxas, umidade, impurezas,
oxidação, galvanização e escórias, caso contrário, a soldagem não deve ser executada.
Dessa forma, estimam-se as condições para a emissividade efetiva, para uma
dada faixa de temperatura. Para aços inoxiveis, HOLMAN (1983) estabelece os
seguintes dados:
Tabela 6 – Dados de emissividade paraos inoxidáveis (HOLMAN, 1983).
o Inoxidável Temperatura (
o
C) Emissividade
Polido 100 0.074
Tipo 301 232 - 940 0.54 – 0.63
70
Adotou-se a hipótese de que a emissividade do aço HY80 comporta-se de forma
semelhante que a de aços inoxidáveis. Desta forma, levantou-se o gráfico da variação de
emissividade com a temperatura desde 38º C até o limite de fusão de 1424º C.
Emissividade do HY80
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
38 260 560 1300 1424
Temperatura (
o
C)
Emissividade
emissividade
Figura 57 – Estimativa da emissividade efetiva em função da temperatura para o HY80.
4.3 Campo de Temperaturas pelo Método dos Elementos Finitos (MEF)
4.3.1
Método dos Elementos Finitos (MEF)
Nos problemas de engenharia em que a solução analítica se torna difícil, a
utilização de um método numérico de aproximação para a solução analítica se faz
necessário. Um dos métodos mais utilizados é o Método dos Elementos Finitos (MEF),
que pode ser utilizado nos problemas de engenharia que envolve a transferência de
calor, análise de tensão, eletromagnetismo e fluxo de fluido entre outros (SILVA, 2003).
O Método dos Elementos Finitos é um procedimento numérico para solucionar
vários problemas na engenharia. Neste método, o domínio é dividido (discretizado) em
elementos finitos. O meio considerado é separado por regiões ou elementos ligados
entre si por pontos nodais. Os graus de liberdade de cada ponto nodal para problemas
estruturaiso, por exemplo, os deslocamentos. Em problemasrmicos, os graus de
liberdade são as temperaturas a serem determinadas.
Na Figura 58 pode-se observar um corpo discretizado em elementos finitos
segundo conceito de alguns pesquisadores como BATHE (1996).
71
Figura 58 – Discretizando um domínio em elementos finitos (BATHE, 1996).
O objetivo do MEF na análise termomecânica proposta é, a partir de uma
interpolação proposta, encontrar uma solução aproximada para o campo de temperaturas
teórico que solucione o problema de soldagem proposto.
4.3.2
Modelo em elementos finitos para o campo de temperaturas
O problema da determinação do campo de temperaturas durante a soldagem do
HY80 foi considerado transitório e não linear, segundo a mesma hitese adotada por
RODEIRO (2002).
Devido à enorme complexidade do fenômeno de soldagem envolvido, torna-se
impraticável e muitas vezes impossível resolvê-lo de um modo analítico, como já visto.
Desta forma, o Método dos Elementos Finitos (MEF) torna-se uma opção de ferramenta
numérica robusta para a solão de problemas de engenharia dessa natureza e dessa
magnitude, seja no campo da análise térmica das duas seqüências de soldagem, bem
como na análise das tensões residuais e distorções resultantes do ensaio com os corpos
de prova.
A seguir serão apresentadas as equações fundamentais da análise térmica,
juntamente com características particulares do MEF para a solução do campo de
temperaturas durante os processos de soldagem dos corpos de prova, relativos às duas
seqüências em análise.
72
4.3.3
Equações matriciais fundamentais para a aplicação do MEF à análise térmica
4.3.3.1
Equação de Governo
A Lei de Fourier por balanço de energia, em sua forma analítica, pode ser
expressa por:
t
tzyxT
CQ
z
T
k
zy
T
k
yx
T
k
x
pzyx
=
+
+
+
),,,(
ρ
(4.21)
t
tzyxT
CQ
z
T
k
y
T
k
x
T
k
pzyx
=
+
+
+
),,,(
2
2
2
2
2
2
ρ
(4.22)
Reorganizando os termos na forma matricial, tem-se:
),,,(
),,,(
tzyxQ
z
T
k
zy
T
k
yx
T
k
xt
tzyxT
C
zyx
+
+
+
=
ρ
QqL
t
T
C
T
p
=+
}{}{
ρ
(4.51)
Onde:
{}
q - Vetor fluxo de calor por condução.
{}
+
+
=
z
T
k
y
T
k
x
T
kq
zyx
(4.52)
{}
L
- Vetor coluna gradiente.
{}
=
z
y
x
L
(4.53)
E seu transposto:
{}
=
zyx
L
T
(4.54)
),,,( tzyxQQ
=
- Calor gerado pela soldagem (aporte térmico), por unidade
de volume.
4.3.3.2
Condição Inicial e de Contorno
A condão inicial é expressa por
CzyxTzyxT
o
149),,()0,,,(
0
== , que é, por
hipótese, a temperatura de pré-aquecimento do metal de base HY80.
73
A condição de contorno do problema para as três seqüências de soldagem sob
convecção é expressa por:
)(
=
TThQ
Pconvconvecção
(4.55)
conv
h
- Coeficiente de transmissão de calor por convecção;
P
T - Temperatura na chapa de HY80 durante a soldagem SMAW à pressão
atmosférica local; e
T - Temperatura do fluido quiescente (ambiente ou ao longe) à pressão
atmosférica existente na oficina de soldagem.
E na sua forma matricial:
{} {}
).(.
=
TThq
conv
T
η
(4.56)
Onde:
{}
=
z
y
x
N
N
N
η
(4.57)
É o vetor unitário normal à supercie de transferência de calor e
x
N
,
y
N
e
z
N
os co-senos diretores relativos a cada uma das superfícies por onde há o fluxo de calor.
A equação (4.51) é a equação diferencial matricial que governa a condução de
calor em um corpo sólido. A solão geral dessa equação é obtida a partir das condições
iniciais e de contorno do problema, conforme a análise do modelo térmico abaixo:
Figura 59 – Formulação do modelo térmico pelo MEF.
74
4.3.3.3
Formulação Variacional
De acordo com BATHE (1996), utilizando-se a formulação variacional é
possível escrever a equação (4.51) e suas respectivas condições de contorno na forma
abaixo:
=
+
dQdqL
t
T
C
T
p
}{}{
ρ
(4.58)
Aplicando o variacional em relação à temperatura T:
=
+
dQTdqL
t
T
CT
T
p
δρδ
}{}{
(4.59)
O vetor do fluxo térmico por condução pode ser escrito como:
{}
[]
{}
TLDq ...= (4.60)
Onde
[]
D - Matriz das condutividades térmicas.
Logo:
{} ( )
[]
{}()
++=
+
∫∫
dQTdSTThTdSqTdTLDTL
t
T
TC
S
conv
S
T
p
..).(.........
32
32
δδδδδρ
(4.61)
Onde:
- Volume de controle do elemento diferencial;
δ
T – Temperatura virtual ou variacional da temperatura;
S
2
– Superfície com fluxo de calor q imposto por condução;
S
3
– Superfície com convecção aplicada;
conv
h
- Coeficiente combinado de convecção-radiação; e
q
– Fluxo de calor por condução.
Discretizando o meio contínuo em elementos finitos, assumindo uma variação
polinomial de temperaturas através de cada elemento e uma continuidade do campo de
temperaturas dentro do elemento e ao longo dos seus limites, pode-se escrever as
incógnitas (temperaturas) como se segue:
{}{}
e
T
TNT
.
=
(4.62)
Onde:
{}
T
N
- vetor coluna das funções de forma; e
{}
e
T
- vetor com as temperaturas nodais.
75
Agora é possível calcular os gradientes térmicos bem como os fluxos térmicos
em cada elemento que comem o meio discretizado. Assim, o vetor do gradiente
térmico fica:
{}
[]
{}
e
TBa =
(4.63)
Onde:
[]
{}
[]
NLB
T
.
=
(4.64)
Sendo
[]
B - matriz gradiente (ou fluxo) térmico – temperatura nodal e
[]
N -
matriz das funções de forma.
Substituindo a variação das temperaturas assumidas na equação (4.62),
juntamente com as temperaturas virtuais, vem:
{}{}
[][][]
{} {} {}{}{} {}
++=
=
+
dNQdSTNNhdSNhTdSqN
TdBDBTdNNC
e
T
S
conv
S
conv
S
e
T
e
T
..........
........
332
332
ρ
(4.65)
Simplificando a equação (3.99), vem:
[]
[
][ ]
()
{}
{}{}{ }
int
..
gerconvcond
e
convdif
e
QQQTKKTC ++=++
(4.66)
Onde:
[C] – Matriz de calor específico;
[]
[
][ ]
= dNNCC
T
p
...
ρ
(4.67)
[
]
dif
K
- Contribuições à condutividade térmica devido ao processo de
transferência de massa por difusão. Quando existe um gradiente de concentração em
uma mistura de gases ou líquidos, como no processo de soldagem de metais, ocorre uma
transferência de massa em escala microscópica, como resultado da difusão de regiões de
alta concentração para regiões de baixa concentração (HOLMAN, 1983). Este
fenômeno microscópico não será considerado na análise do MEF para a soldagem do
HY80.
Logo:
[
]
0
=
dif
K
(4.68)
[
]
conv
K
- Contribuições à condutividade térmica devido ao processo de
transferência de calor por convecção. Neste caso, tem-se:
76
[]
[] [][][]
== dBDBKK
T
conv
...
(4.69)
{
}
int,, gerconvcond
Q
- Contribuição à taxa de calor nodal devido à condução,
convecção e à geração de calor interno (aporte de calor).
{
}
{
}
{
}
{
}
e
gerconvcond
FQQQ =++
int
(4.70)
{} {}
{
}
{
}
{
}
{
}{}
++= dNQdSTNNhdSNhTdSqNF
e
T
S
conv
S
conv
S
e
..........
332
332
(4.71)
Donde se obtém a equação geral do modelo térmico do MEF (Equação de
Governo), em sua forma matricial:
[] []
{} { }
),(.)(.)( tTFTTKTTC
eee
=+
(4.72)
Com os conceitos apresentados, fica mais claro como o problema de
transferência de calor pode ser resolvido utilizando-se o MEF. O campo de temperaturas
{}
e
T
obtido pela análise do modelo térmico deve ser inserido na análise do modelo
mecânico, como tratado a seguir.
4.4 Análise do modelo mecânico
A análise mecânica pelo MEF permitirá determinar as tensões residuais e
distoões presentes em cada uma das duas seqüências de soldagem dos corpos de
provas CP1 e CP2. Para tanto, se utilizado o campo de temperaturas obtido da alise
do modelo térmico por meio dodigo ANSYS. Adotou-se a mesma hipótese de
RODEIRO (2002), para a qual a tensão residual resultante do campo térmico não
acarreta mudança de temperatura, mas sim o inverso.
77
Figura 60 – Formulação do modelo mecânico pelo MEF.
Durante todo o processo de soldagem, um complexo campo de temperaturas se
desenvolve em função da posição da fonte móvel de calor e do tempo, ou seja, da
velocidade V da fonte. Este campo de temperaturas é transitório e provoca tensões
térmicas transitórias que por sua vez geram deformações e distorções, onde o campo de
deformações gerado pelas tensões térmicas pode conter deformações inelásticas ou
plásticas.
Nos processos de soldagem, após se atingir o equilíbrio térmico, as deformações
inelásticas são as responsáveis pelas tensões residuais no corpo soldado e, ao contrário,
se as deformações desenvolvidas durante a soldagem forem elásticas, não haverá
tensões residuais e distorções. As possíveis deformações causadas pela solidificação não
serão considerados na análise desse modelo para as duas seqüências de soldagem.
Na análise mecânica, o histórico de temperaturas é obtido da análise térmica,
sendo esta um dado de entrada extremamente importante na análise estrutural completa
do modelo termomecânico em termos de carregamento térmico. Deformações e tensões
térmicas podem ser calculadas a cada incremento de tempo, e o estado final das tensões
residuais será acumulado pelas deformações e tensões térmicas resultantes, de acordo
com a implementação do Método dos Elementos Finitos por meio de rotinas
matemáticas existentes no código ANSYS
.
Durante cada passe de solda e para cada seqüência analisada, tensões térmicas
são calculadas pela distribuição de temperaturas determinada pelo modelo térmico,
configurando o carregamento térmico nodal. Tensões residuais em cada incremento de
78
temperatura são adicionadas em cada ponto nodal da malha para se atualizar o
comportamento do modelo antes do próximo incremento de temperatura.
Relembra-se que o material HY80 segue o critério de escoamento de Von Mises
e lei de fluxo cinemático para encruamento do material, mesma hipótese adotada por
CHANG e TENG (2004) para o aço A36. Foi assumida a hitese de material
isotrópico para o HY80, com comportamento bilinear.
4.4.1
Equações do Modelo Mecânico
Dois tipos básicos de equações são usados na definição do modelo mecânico: as
equações de equilíbrio e as equações constitutivas, consideradas da forma que se segue.
4.4.1.1
Equações de Equilíbrio
Em geral, as tensões residuais existem sem a aplicação de esforços externos.
Uma vez que as tensões residuais existem na ausência de uma solicitação externa, o
sistema é auto-equilibrado e a força e o momento (M) resultantes devido a essas
tensões, em uma dada seção da peça
dA
, devem ser nulos, isto é:
=
A
dA 0.
σ
(4.73)
=
A
dM 0
(4.74)
Estas equações representam a condição de equilíbrio de forças e momentos. A
seguir será apresentado o equacionamento fundamental de um problema de tensões
residuais em estado plano de tensões, a partir da abordagem dada por RODEIRO
(2002), TENG e CHANG (1998) e SOUZA (1989), segundo a seguinte notação indicial:
0
,
=+
jjij
f
σ
(4.75)
Onde:
jiij
σ
σ
=
(4.76)
Sendo
jiij
σ
σ
=
o tensor de tensões e
j
f
são as forças de contato de corpo.
4.4.1.2
Equações Constitutivas
O modelo termo-elastoplástico adotado é baseado no critério de escoamento de
Von Mises e na regra de deformação com encruamento cinemático para material
bilinear é considerada. Dessa forma, as relações de tensão-deformão podem ser
escritas da seguinte forma:
79
{}
{
}
{
}
{
}
dTCdDd
thep
..
=
εσ
(4.77)
{
}
{
}
{
}
peep
DDD +=
(4.78)
Onde:
{
}
e
D
- matriz de rigidez elástica;
{
}
p
D
- matriz de rigidez plástica;
{
}
th
C
- matriz de rigidezrmica;
{}
ε
d - matriz de incremento de deformação; e
dT
- incremento de temperatura.
De acordo com o Princípio dos Trabalhos Virtuais e com o Teorema da
Divergência, as equações de equilíbrio e as equações constitutivas podem ser reescritas
na seguinte forma matricial:
{}{} {}{}
{
}
{
}
+=
dfudAPud
T
A
TT
......
δδσδε
(4.79)
Onde:
{}
[]
{}
e
UB
.
=
ε
(4.80)
{}
[]
{}
e
UB
δ
δε
.
=
(4.81)
{}
[]
{}
e
UNu
.
=
(4.82)
[] [][ ]
NLB .=
(4.83)
Sendo:
{}
P
- vetor de forças de superfície;
{}
f
- vetor de forças de corpo;
{}
u
- vetor de deslocamentos;
{}
ε
- vetor de forças de deformações;
{}
e
U
- vetor de deslocamentos nodais;
[]
B
- matriz de deformação-deslocamento;
[]
N
- matriz das funções de forma; e
[]
L
- matriz do operador diferencial.
Substituindo as equações, tem-se:
[]
{} {}
[]
{}
e
T
UKRdB ... ==
σ
(4.84)
80
{}
[]
{}
e
UKR
.
=
(4.85)
Onde:
{}
[]
{
}
[]
{
}
+=
dfNdAPNR
T
A
T
....
(4.86)
É a matriz de equilíbrio nodal das forças externas e
{}
[]
{
}
[]
=
dBDBK
e
T
...
(4.87)
A matriz de rigidez.
Assumiu-se para as equações acima que o modelo é linear elástico.
4.4.1.3
Análise Incremental
A partir do momento em que as funções dos deslocamentos nodais são não-
lineares na análise elastoplástica, é necessário que os cálculos sejam feitos a partir de
uma análise incremental. Para essa análise incremental, o carregamento {
R
} no passo
(
m+1
) pode ser expresso da seguinte forma:
{} {} { }
RRR
mm
Δ+=
+
1
(4.88)
De acordo com HEDBLOM (2002), o procedimento de um problema
tipicamente interativo e dessa natureza se inicia no Princípio dos Trabalhos Virtuais
aplicado em um instante
t
m+1
, e integrado na configuração geométrica corrente dos
elementos finitos para os modelos de soldagem analisados. Este fato implica na solão
de um sistema de equações não lineares.
O resíduo {
Δ
R
} deverá atender a um valor de tolerância estipulado pelo critério
de convergência, ou seja, um valor próximo a zero, uma vez que o cálculo do
carregamento {R} (matriz de equilíbrio de forças externas aplicadas sobre o nó) é
aproximado e iterativo.
Se as soluções para
m
{U
e
},
m
{σ
e
},
m
{ε
e
}
no tempo
t
m
forem assumidas como
conhecidas, as soluções no instante
t
m+1
podem ser obtidas da seguinte forma:
{}{}{ }
ee
m
e
m
UUU Δ+=
+
1
(4.89)
{}{}{ }
ee
m
e
m
σσσ
Δ+=
+
1
(4.90)
De acordo com a equação (4.114) aplicada na (4.128):
[]
{} {}{}
[
]
{
}
Δ+∀=Δ
dBRRdB
e
m
Tm
e
T
....
σσ
(4.91)
Substituindo a equação (4.84) na equação (4.91), tem-se:
81
[]
{} {}
RdB
e
T
Δ=Δ
..
σ
(4.92)
O modelo termo-elastoplástico para o material de base (HY80), baseado no
Critério de Von Mises e pela regra de deformação por encruamento cinemático, as
relações entre tensões e deformações do modelo podem ser escritas da seguinte forma:
{}
{
}
[]
{}
{
}
[
]
{
}
e
th
e
ep
e
TMCUBD ΔΔ=Δ
....
σ
(4.93)
{
}
{
}
{
}
peep
DDD +=
(4.94)
Onde:
{}
e
σ
Δ
- matriz de incrementos de tensões aplicadas nodais do elemento;
{}
e
ε
Δ
- matriz de incrementos de deformações nodais do elemento;
{}
e
TΔ
- matriz de incrementos de temperaturas nodais do elemento;
{
}
e
D
- matriz de rigidez elástica;
{
}
p
D
- matriz de rigidez plástica;
{
}
th
C
- matriz de rigidez térmica; e
[]
M - matriz de funções de forma.
Dessa forma, tem-se:
{}{ } {}{ }
{
}
RTKUK
e
m
e
m
Δ=ΔΔ
++
..
2
1
1
1
(4.95)
Onde:
{}
[
]
{}
[]
=
+
dBDBK
ep
Tm
...
1
1
(4.96)
{}
[
]
{}
[]
=
+
dMCBK
th
Tm
...
2
1
(4.97)
O incremento de deslocamentos {
Δ
U
e
} e o incremento de tensões {
Δ
σ
e
} podem
ser obtidos das equações (4.93) e (4.95). Com esses resultados, o deslocamento {
U
e
} e
as tensões {
σ
e
} podem ser obtidos das equações (4.89) e (4.90).
O processo de solução se inicia para
m
=0, computando-se assim os vetores de
deslocamentos e as tensões e deformações correspondentes
{
}{} {}
e
inicial
ee
UUU ==
01
e
{}{} {}
e
inicial
ee
σσσ
==
01
.
Para o próximo incremento, o contador de interações assume
m
=1 e os novos
deslocamentos e tensões são estimadas. Esse processo iterativo é realizado até que o
critério de convergência seja satisfeito, ou seja, o resíduo {
Δ
R
} deverá atender a um
82
valor de tolerância estipulado pelo critério de convergência (um valor próximo a zero),
uma vez que o cálculo do carregamento {
R
} (matriz de equilíbrio de forças externas
aplicadas sobre o nó).
Para a alise de um campo térmico simpleso linear, o código ANSYS
freqüentemente usa o algoritmo iterativo de
Newton-Raphson Full
, e é o que foi o usado
na análise de convergência do modelo numérico dos corpos de prova.
83
CAPÍTULO V
5 GERAÇÃO DOS MODELOS NUMÉRICOS
5.1 Procedimento geral para geração dos modelos numéricos
Esse procedimento envolve a aplicação do código ANSYS à simulação das duas
seqüências de soldagem, visando analisar o campo térmico numérico, os níveis de
tensões residuais longitudinais, transversais e distorções resultantes dos modelos, de tal
forma a compará-los com os resultados experimentais.
A análise se deu a partir da geração de dois modelos tridimensionais em
linguagem APDL (ANSYS
Parametric Design Language
): um modelo para Soldagem
Progressiva (CP1) e outro para Soldagem em Passo Reverso (CP2), tendo por base os
corpos de prova ensaiados. Cada modelo procurou reproduzir o seu respectivo ensaio,
de tal forma que os dados experimentais obtidos para temperatura e distorção fossem
coerentes com os dados advindos dos modelos numéricos.
5.2 Modelo em Elementos Finitos pelo código ANSYS
A Figura 61 abaixo mostra uma vista isométrica dos corpos de prova. Esta foi a
geometria gerada para o metal de base para a simulação das duas seqüências de
soldagem dos corpos de prova.
Figura 61 – Isométrico do corpo de prova, segundo modelo elaborado pelo código ANSYS.
84
Os programas gerados para CP1 e CP2 contêm os
inputs
necessários para análise
termomecânica das seqüências de soldagem.
Inicialmente, na fase de pré-processamento (/PREP7), os dois modelos
geométricos tridimensionais foram gerados, ambos contendo a geometria das placas e a
geometria dos cordões a serem depositados. A seguir foi gerada e refinada a malha com
o elemento SOLID70 e atribuída propriedades mecânicas e térmicas relativas ao HY80,
variando com a temperatura.
Na fase de solão (/SOL), foi feita a simulação da deposição dos cordões de
solda ao longo do chanfro por meio da ferramenta de nascimento e morte de elementos
e, concomitantemente à ativação de cada elemento foi aplicado o carregamento térmico
nodal a cada nó do referido elemento.
Com isso foi gerado um arquivo de resultados do tipo “FILE.RTH” com o
campo térmico resultante ao final de toda deposição. Este será o arquivo de
input
para a
análise termo-estrutural acoplada indireta, que utiliza o elemento SOLID45 em
substituição ao SOLID70.
Tem-se, então, de forma resumida, a seguinte seqüência para a geração dos
modelos de análise por elementos finitos:
Análise pelo MEF – Código ANSYS
Geração dos modelos geométricos 3D
Geometria das placas
Geometria dos cordões
Adoção do elemento SOLID70
Modelo para o material HY-80
Geração e refino da malha
Aplicação do carregamento térmico nodal
Aplicação da ferramenta de nascimento e morte
Obtenção do campo térmico
Execução da Análise Acoplada
Leitura do carregamento térmico
Transformação de elemento SOLID70 para SOLID45
Obtenção do carregamento estrutural
Tensões e distorções
Figura 62 - Análise numérica termo-estrutural por meio do Método dos Elementos Finitos
(MEF) e Código ANSYS.
85
5.3 Seleção dos elementos para análise térmica e análise estrutural
5.3.1
Descrição dos Elementos
O elemento SOLID70 da biblioteca ANSYS possui a capacidade de reproduzir o
fenômeno de transferência de calor por condução tridimensional (3-D) nos problemas
de placas espessas e em regime transirio. O elemento tem oito nós com uma única
incógnita nodal, sendo esta incógnita a temperatura em cada nó.
O elemento é aplicável a uma análise térmica 3-D do processo de soldagem da
união das seções, onde se considera a análise térmica como de estado quase-estático ou
de transiente de temperaturas e pode também ser usado em casos de análise de
problemas de transporte de massa e fluxo de calor oriundo de um campo térmico de
fonte térmica que se move com velocidade constante por hipótese.
Figura 63 - Sólido de oito nós da biblioteca ANSYS 10.0 MECHANICAL (SOLID70)
(Fonte: ANSYS TUTORIAL).
Este elemento foi tamm utilizado por permitir a utilização da propriedade de
ativação e desativação de elementos (
Birth And Death Elements)
, bem como a aplicação
de propriedades físicas não-lineares relativas a metais. Nota-se que esse elemento pode
ser usado em malhas que gerem elementos prismáticos, tetraédricos e piramidais.
Já o elemento SOLID45 pode ser usado na modelagem de estruturas sólidas 3-D,
possuindo geometria semelhante ao SOLID70, sendo formado por oito nós com três
graus de liberdade cada: translação nas direções x, y e z. Vale salientar tamm que,
durante a análise acoplada, o programa seleciona automaticamente o elemento estrutural
86
(SOLID45) equivalente ao elemento térmico SOLID70 através do comando “ETCHG”
(
Element Type Change
).
O
input
sobre o elemento SOLID45 seria o campo térmico advindo do
carregamento térmico nodal aplicado ao elemento SOLID70. Os
outputs
gerados pelo
elemento SOLID45 seriam as tensões SX, SY, SZ, SEQV, etc., de origem térmica, bem
como campo térmico e deslocamentos UX, UY, UZ, USUM, etc., dentre outras
propriedades.
Figura 64 – Output dado pelo elemento SOLID45 da biblioteca do ANSYS MECHANICAL
(Fonte: ANSYS TUTORIAL).
5.3.2
Carregamento dos nós
Os carregamentos térmicos pelo código ANSYS são definidos de duas maneiras:
carregamento nos nós e no elemento. O carregamento térmico nodal é definido
diretamente sobre os nós dos elementos, e não estão diretamente relacionados ao
carregamento térmico sobre os elementos.
O carregamento sobre o elemento é feito por meio das supercies de
carregamento térmico. Os
inputs
para o fluxo de calor por condução, por convecção e
por radiação são realizados a partir das supercies de carregamento, segundo a ordem
de numeração mostrada na Figura 63.
5.3.3
Funções de Forma
A Figura 65 abaixo representa geometria em forma de paralelepípedo para os
elementos SOLID70 e SOLID45, formados por oito nós na formulação isoparamétrica.
87
Figura 65 – Elemento SOLID70 de oito nós em forma de paralelepípedo (Cf. ANSYS 10.0
Tutorials).
A idéia principal da formulação de elementos finitos isoparamétricos é
estabelecer diretamente a relação entre as temperaturas em qualquer ponto do elemento
e as temperaturas nodais do elemento SOLID70, a partir do carregamento térmico
devido ao processo de soldagem.
Para o elemento SOLID45, na formulação de elementos finitos isoparamétricos,
é necessário estabelecer diretamente a relação entre os deslocamentos em qualquer
ponto do elemento e os deslocamentos nodais do elemento a partir do carregamento
térmico aplicado ao SOLID70.
O procedimento básico na formulão do elemento isoparamétrico é expressar as
coordenadas de todos os pontos do elemento e as suas temperaturas e deslocamentos
como funções de interpolação num sistema de coordenadas naturais. Logo, para os
elementos tridimensionais dados, as interpolõeso dadas por:
i
i
i
xhx .
=
(5.1)
i
i
i
yhy .
=
(5.2)
i
i
i
zhz .
=
(5.3)
Onde x, y, z são as coordenadas de qualquer ponto do elemento, referido a um
sistema local de coordenadas e x
i
, y
i
, z
i ,
i=I,J,K,L,M,N,O,P são as coordenadas dos nós
do elemento.
Da mesma maneira, considere-se que os deslocamentos em qualquer ponto do
elemento são interpolados por:
88
i
i
i
uhu .
=
(5.4)
i
i
i
vhv .
=
(5.5)
i
i
i
whw .
=
(5.6)
As funções de interpolão h
i
são definidas num sistema de coordenadas naturais
do elemento, no qual cada uma das variáveis r,s e t podem assumir valores entre -1 e +1.
A propriedade fundamental das funções h
i
é que seus valores no sistema de coordenadas
naturais é igual a 1(um) para o nó i e 0 (zero) para os outros nós.
Tanto para o elemento SOLID70 com para o SOLID45 as funções h
i
,
i=I,J,K,L,M,N,O,P são assumidas lineares, de tal forma que:
h
I
= (1-s)(1-t)(1-r)
(5.7)
h
J
= (1+s)(1-t)(1-r)
(5.8)
h
K
= (1+s)(1+t)(1-r)
(5.9)
h
L
= (1-s)(1+t)(1-r)
(5.10)
h
M
= (1-s)(1-t)(1+r)
(5.11)
h
N
= (1+s)(1-t)(1+r)
(5.12)
h
O
= (1+s)(1+t)(1+r)
(5.13)
h
P
= (1-s)(1+t)(1-r)
(5.14)
5.4 Geração da malha, controle de densidade e mapeamento da malha
A premissa fundamental do Método dos Elementos Finitos (MEF) baseia-se no
fato de que quanto maior o número de elementos da malha (quanto maior a densidade),
a solução obtida tenderá ser a mais próxima da solução real. Entretanto, o tempo de
solução e os recursos computacionais aumentam significativamente com o aumento do
número de elementos. Além disso, a densidade da malha é usualmente determinada
pelos gradientes térmicos advindos da análise térmica. Uma malha refinada é
geralmente requerida para grandes gradientes térmicos.
Em relação à geometria dos elementos gerados, o elemento SOLID70 é capaz de
produzir formas piramidais e tetraédricas, com baixo nível de distorção de elementos,
implicando na geração preferencial de uma malha tetraédrica para este tipo de elemento.
Outrossim, a análise proposta foi voltada para o meio termo de boa acurácia na
obtenção da solução, sob velocidade de processamento compatível com os recursos
computacionais disponíveis: Processador AMD Semprom - 1600MHz / System BIOS
89
512 Mb/ Screen Resolution 1024 x 768 32 bit / Hard Disk 160 Gb, com sistema
operacional Windows XP™ para suporte do código ANSYS™ MECHANICAL 10.0.
Para essa capacidade computacional, foi gerada a malha representada na Figura
66, incluindo-se as chapas do metal de base e todos os cordões a serem depositados
durante a simulação por nascimento e morte e do carregamento térmico nodal.
Figura 66 – Malha gerada para modelo 3-D dos corpos de prova CP1 e CP2.
5.4.1
Malha para os cordões de solda
A malha gerada para a modelagem dos cordões depositados apresenta as
seguintes características: foi atribuída uma malha do tipo mapeada (
mapped
) com
geração de elementos tetraédricos, com definição de tamanho de elemento ESIZE =
0.01. Com isso, gerou-se 30 camadas transversais ao chanfro de 10mm de largura e, 10
camadas para cada cordão depositado em função do passe de raiz, reforço e enchimento,
perfazendo um comprimento de 100mm por cordão.
90
Figura 67 – Detalhe da malha gerada para modelo 3-D dos corpos de prova CP1 e CP2.
Os elementos pertencentes ao chanfro estão distribuídos pelas duas placas,
conforme a numeração abaixo:
Tabela 7 - Elementos por passe de deposição.
PASSE
ELEMENTO
INICIAL
ELEMENTO
FINAL
RAIZ 91 180
REFORÇO 1 90
ENCHIMENTO 181 270
A Tabela 8 representa a distribuição de elementos por passe de soldagem no
chanfro dos CP, conforme a malha mapeada gerada pelo código ANSYS.
Tabela 8 – Distribuão de elementos por passe de deposição.
PASSE RAIZ
CAMADAS 1 2 3
151 152 ... 160 161 162 ... 170 171 172 ... 180
121 122 ... 130 131 132 ... 140 141 142 ... 150
ELEMENTOS
91 92 ... 100 101 102 ... 110 111 112 ... 120
PASSE REFORÇO
CAMADAS 1 2 3
61 62 ... 70 71 72 ... 80 81 82 ... 90
31 32 ... 40 41 42 ... 50 51 52 ... 60
ELEMENTOS
1 2 ... 10 11 12 ... 20 21 22 ... 30
PASSE ENCHIMENTO
CAMADAS 1 2 3
241 242 ... 250 251 252 ... 260 261 262 ... 270
211 212 ... 220 221 222 ... 230 231 232 ... 240
ELEMENTOS
181 182 ... 190 191 192 ... 200 201 202 ... 210
91
5.4.2
Malha para as chapas
A malha gerada para a modelagem das chapas apresenta as seguintes
características: foi atribuída uma malha do tipo varredura (
sweep
) com geração de
elementos tetraédricos, com definição de tamanho de elemento ESIZE = 0.005, metade
do valor atribuído para os elementos dos cordões. A redução do tamanho deveu-se ao
fato de que, para elementos com ESIZE = 0.01, ocorria grande distorção dos elementos
gerados.
No seu total, foram gerados 10170 elementos com 12617 nós, sendo assim
distribuídos: elementos de 1 a 270 pertencem à soldagem e são os que serão carregados
termicamente através da imposição de temperatura de soldagem de 1424º C (fusão do
HY80) a cada um de seus nós e em função da seqüência de deposição adotada.
5.5 Aplicação das condições de contorno aos modelos
5.5.1
Restrições térmicas
5.5.1.1
Convecção
A condição de contorno por convecção à temperatura de película de 25º C para o
ar ambiente foi atribuída ao modelo através de comandos em APDL do ANSYS. Neste
caso, considerou-se a hipótese de que o coeficiente de convecção é constante com a
temperatura, a partir da análise feita por RODEIRO (2002) para o processo de soldagem
ring-weld
, onde se calculou diversos valores de h até a temperatura da chapa de 1827º C
para o aço ANSI 308L.
Figura 68 – Coeficiente de convecção em função da temperatura para o aço ANSI 308L
obtido por RODEIRO (2002).
92
Pelo gráfico acima, é possível verificar que o coeficiente de convecção obtido
para esse aço não varia muito dentro da faixa de temperaturas esperadas na soldagem
ring-weld
.
Para o modelo em aço HY80, adotou-se a mesma hitese, ou seja, que o valor
médio de
C
m
W
h
o
conv
×
=
2
21 anteriormente calculado também não varia muito na faixa
de 540º C a 1424º C . Portanto, este valor de coeficiente de convecção médio será
aplicado à superfície quente dos modelos voltado para cima.
O modelo assume as condições dadas pela Figura 69:
Figura 69 Coeficiente de convecção aplicado ao modelo numérico.
5.5.1.2
Radiação
A condição de contorno por radiação para diversas foi atribuída ao modelo
através de comandos em APDL. Para o modelo de emissividade, adotou-se a hipótese
de que a do aço HY80 comporta-se de forma semelhante que emissividade de aços
inoxidáveis.
Desta forma, incorporou-se a emissividade aos modelos para a geração do
gráfico representativo da variação de emissividade com a temperatura, desde 38º C até o
limite de fusão de 1424º C.
93
Figura 70 – Emissividade do HY80 em função da temperatura estimada pelo ANSYS.
5.6 Propriedades do material HY80 a serem incorporadas no modelo
5.6.1
Propriedades mecânicas à temperatura ambiente
Por ser o HY-80 um material de emprego estratégico em submarinos militares,
muitas das informações necessárias à elaboração dos modelos não se encontram
disponíveis com facilidade.
A seguir é apresentada uma série de tabelas de dados conseguidos após consulta
a diversas fontes sobre esse material, que foram reunidas a fim de servirem de
referência para a composição de uma tabela única de consolidação das propriedades
mecânicas desse aço à temperatura ambiente.
94
Tabela 9 – Propriedades mecânicas dos aços HY80 e HY80 dada pela MIL – S – 1621K
(SH) apud KOPAVNICK (2006).
A
Germanischer Lloyd
em sua norma GL 2003 II - Part 1 (
Section 2: Steel
Plates, Strips, Sections and Bars
) estabelece as seguintes propriedades para aços
estruturais temperados de graus GL-M550 (15NiCrMo10-6, WL 1.6780, HY-80), GL-
M700 (16NiCrMo12-6, WL 1.6782, HY-100) e GL-M900 (HY-130), resumidas em sua
tabela 2.2 (Tabela 10):
Tabela 10 - Propriedades mecânicas e tecnológicas do aço HY80 (GL-M550), segundo a
Germanischer Lloyd (2006).
Segundo JABER (2000), pode-se assumir também que o HY80 apresenta as
seguintes propriedades mecânicas à temperatura ambiente:
95
Tabela 11 Propriedades mecânicas do aço HY80 à temperatura ambiente (JABER, 2000;
MATWEB, 2006).
PROPRIEDADES DO HY80 À TEMPERATURA
AMBIENTE
VALORES
Densidade (
Density
)
ou massa específica(
Specific Mass
)
ρ
= 7,86g/cm
3
=7860 kg/m
3
Tensão Limite de Escoamento (
Tensile Strength Yield
)
σ
esc
= 551Mpa
Módulo de Elasticidade (
Modulus of Elasticity
) E = 205Gpa
Coeficiente de Poisson (
Poisson’s Ratio
) no regime elástico
υ
e
= 0,30
Calor Específico (
Specific Heat
) Cp = 473 J/Kg
o
C
Condutividade Térmica (
Thermal Condutance
) k = 49,73 W/m.
o
C
Coeficiente de Dilataçãormica Linear
α
= 1,15x10
-5
/
o
C
Dessa forma, a Tabela 12 representa a consolidação das propriedades mecânicas
do aço HY80, estimadas pela análise das referências consultadas e adotados para o
presente estudo:
Tabela 12 – Propriedades mecânicas do aço HY80 à temperatura ambiente adotadas para
o presente estudo.
PROPRIEDADES DO HY80 (ASTM A543, GL-M700) À
TEMPERATURA AMBIENTE
VALORES
Densidade (
Density
)
ou massa específica(
Specific Mass
)
ρ
= 7,86g/cm
3
=7860 kg/m
3
Tensão Limite de Escoamento (
Tensile Strength Yield
)
σ
esc
= 552Mpa=552N/mm
2
Tensão de Ruptura
σ
Rup
= 686Mpa=686N/mm
2
Módulo de Elasticidade (
Modulus of Elasticity
)
E = 205Gpa=205x10
5
N/mm
2
E = 2,05x10
11
Pa
Coeficiente de Poisson (
Poisson’s Ratio
) no regime elástico
υ
e
= 0,28
Calor Específico (
Specific Heat
) Cp = 473J/Kg
o
C
Condutividade Térmica (
Thermal Condutance
) k = 49,73W/m.
o
C
Coeficiente de Dilataçãormica Linear
α
= 1,15x10
-5
/
o
C
Ponto de fusão (
peak temperature
do ciclo térmico ou
Melting Point
)
2595
o
F ou 1424
o
C
Alongamento 20%
Redução de área seccional 50%
5.6.2
Modelo de Bilinearidade do HY80 à temperatura ambiente
Adotou-se a hipótese de bilinearidade do aço HY80, sendo um material
caracterizado da seguinte forma pelo código ANSYS:
a) Propriedades estruturais lineares à temperatura ambiente: STRUCTURAL /
LINEAR STATIC / LINEAR ISOTROPIC;
96
b) Módulo de elasticidade (ou de Young): EX= 205000 MPa = 205E+9 Pa;
c) Coeficiente de Poisson: PRXY= 0.28;
d) Propriedades estruturais não-lineares à temperatura ambiente:
STRUCTURAL - NON LINEAR - INELASTIC - RATE INDEPENDENT –
KINEMATIC HARDENING PLASTICITY - MISES PLASTICITY – BILINEAR.
Ou seja, adotou-se a hitese de que o HY80 apresenta um comportamento não-
linear inelástico, com taxa de deformação independente do tempo e com efeitos não
lineares de encruamento plástico cinemático, segundo o critério de escoamento de Von
Mises para a curva tensão x deformação bilinear, conforme pode ser observado abaixo.
Figura 71 HY80 como um material elástico com encruamento linear (material bilinear).
Esta abordagem também foi utilizada por PAPAZOGLOU (1981) para a
caracterização do aço HY130, em um estado de tenes residuais causadas por
soldagem, e considerou-se que esta hipótese seja aceitável para oo HY80.
A curva bilinear do material é composta por dois segmentos de reta. O primeiro
segmento de reta representa a porção elástica da curva e sua inclinação é caracterizada
pelo Módulo de Young (ou Módulo de Elasticidade) E do material. O segundo
97
segmento de reta representa a porção elasto-plástica da curva, e é representada pelo
Módulo Tangente E
t
do material. O ponto de encontro dos dois segmentos define o
valor da tensão de escoamento do material σ
esc
.
Para o material HY80, pode-se definir, por meio do código ANSYS, a curva do
comportamento bilinear do material. Para isso, é necessário determinar σ
esc
e o módulo
tangente E
t
à temperatura ambiente.
Da figura acima, depreende-se que:
escrup
escrup
t
E
εε
σ
σ
=
(5.15)
Como:
esc
σ
- Tensão de escoamento = 552Mpa;
esc
ε
- Deformação de escoamento;
E
esc
esc
σ
ε
=
(5.16)
E
- Módulo de Young (Módulo de Elasticidade) = 205000 MPa;
205000
552
=
esc
ε
=2,693x10
-3
=0,2693%
rup
σ
- Tensão de ruptura = 686 MPa; e
rup
ε
- Deformação de ruptura = 0,20 = 20%.
Logo:
3
10693,220,0
552686
=
x
E
t
= 679,14MPa.
A partir dos valores da tensão de escoamento e do módulo tangente, é possível
obter uma estimativa da curva do comportamento bilinear do HY80.
98
Figura 72 Comportamento bilinear do HY80 à temperatura ambiente, segundo o código
ANSYS.
5.6.3
Propriedades mecânicas do aço HY80 em função da temperatura
O problema da determinação das tensões residuais envolve um campo de
temperaturas não uniforme e com valores muito elevados, chegando à temperatura de
fusão (
melt temperature
) durante o ciclo térmico de soldagem.
Infelizmente, as propriedades mecânicas do HY80 variam com a temperatura e
essa variação é extremamente importante para a determinação do campo de tensões
residuais e distorções resultantes na soldagem do casco.o obstante, a obtenção das
propriedades mecânicas do HY80 em elevadas temperaturas é muito difícil de ser
realizada e este fato torna a análise de tensões residuais e distorções bastante
complicada.
Realça-se que não se deve esquecer que o material do eletrodo a ser utilizado
não é HY80, e que também as suas propriedades variam em função da temperatura, o
que aumenta ainda mais a complexidade do problema. Desta forma, para fins de
simplificação do modelo de simulação das duas seqüências de soldagem, adotar-se-á a
99
hipótese de que o material depositado apresenta as mesmas propriedades mecânicas do
HY80, durante a soldagem e após o resfriamento da poça de fusão.
Isto implica em ter-se um modelo composto de um único material, o que facilita
bastante a análise numérica. É razoável adotar tal hitese, haja vista que a análise é
feita em termos relativos, eo em termos absolutos, onde para as duas seqüências de
soldagem utilizou-se, por hipótese, o mesmo tipo de eletrodo e o mesmo processo de
soldagem, como já abordado.
5.6.3.1 Modelo para Tensão Limite de Escoamento
Devido a não disponibilidade de informações relativas ao HY80, estimou-se
algumas das suas propriedades mecânicas variando em função da temperatura a partir de
modelos existentes para estimativa das propriedades de aços variando em função da
temperatura.
Desta forma, BORING (1979) propõe a seguinte equação para calcular a tensão
de escoamento de aços em função da temperatura.
{
}
2
)]([89,1)(.78,01).()(
TTTT
escesc
θθσσ
=
, para 63,0)(
<
T
θ
(5.17)
Onde:
)(
T
esc
σ
- Tensão de escoamento a uma dada temperatura;
)(
T
esc
σ
- Tensão de escoamento à temperatura ambiente;
1000
20
)(
=
T
T
θ
(5.18)
T
- Temperatura do material em graus Celsius.
O gráfico da Figura 73 apresenta a redução do limite de escoamento e limite de
ruptura para o HY80 em relação às respectivas propriedades mecânicas em relação à
temperatura ambiente em oficina de 20
o
C.
100
Tensão de Escoamento HY80
0
100
200
300
400
500
600
20
80
14
0
20
0
26
0
320
380
440
5
0
0
5
6
0
6
2
0
67
0
7
3
0
79
0
85
0
91
0
97
0
103
0
109
0
115
0
1210
1270
13
3
0
13
9
0
Temperatura (
o
C)
Tensão Escoamento (Mpa)
Figura 73 Tensão limite de escoamento e limite de resistência em função da temperatura
para o aço HY80.
5.6.3.2 Modelo adotado para o Módulo de Young (ou Módulo de Elasticidade)
De forma semelhante ao adotado para a tensão de escoamento, BORING (1979)
propõe a seguinte equação para calcular o Módulo de Elasticidade de aços em função da
temperatura.
{
}
2
)]([04,21).()(
TTETE
θ
=
(5.19)
Onde:
)(
TE
- Módulo de Young para a temperatura ambiente T
= 20
o
C; e
)(TE
- Módulo de Young para uma dada temperatura T.
Desta forma, é possível se estabelecer a variação do módulo de elasticidade do
HY80 em função da temperatura.
101
Figura 74 – Módulo de Elasticidade do HY80 para diversas temperaturas.
5.6.3.3 Modelo para o Coeficiente de Poisson
Para a varião do Coeficiente de Poisson, foi utilizada a mesma hipótese usada
por RODEIRO (2002), proposta por FRIEDMAN
apud
PAPAZOGLOU (1981), que
estabelece a existência de uma constante B que é uma relação entre o Módulo de Young
(E) e o Coeficiente de Poisson (υ), para uma dada temperatura.
)](21[3
)(
T
TE
B
ν
=
(5.20)
Para a temperatura ambiente de 20
o
C:
)](21[3
)(
=
T
TE
B
ν
(5.21)
Logo:
]28,021[3
205000
x
B
=
e
155303=B
MPa
Desta forma, a determinação da variação do Módulo de Poisson com a
temperatura, na verdade será dada em função do Módulo de Young do HY80, ou seja:
102
B
TE
TET
6
)(
2
1
)]([)(
==
ν
ν
(5.22)
Assim sendo, é possível se estabelecer a variação do módulo de Poisson do
HY80 em função da temperatura.
Figura 75 – Coeficiente de Poisson em função da temperatura para o aço HY80.
BERGLUND
et al
. (2003) estabelecem o seguinte comportamento típico para os
modelos de Tensão de Escoamento (σ
y
), Módulo de Elasticidade (E) e Coeficiente de
Poisson (ν) de aços martensíticos como o HY80:
Figura 76 – Propriedades menicas em função da temperatura, segundo BERGLUND et
al. (2003)
103
Estimou-se que o aço HY80 comporta-se da seguinte maneira:
Propiedades Mecânicas do HY80
0
100
200
300
400
500
600
2
0
100
1
8
0
2
6
0
3
4
0
4
20
500
580
6
5
0
7
3
0
8
10
890
970
1050
11
3
0
12
1
0
1
2
90
1
3
70
Temperatura (
o
C)
Propriedades Mecânicas
Tensão de Escoamento [MPa]
Módulo de Young x EXP(-3) [GPa]
Coeficiente de Poisson X EXP(3)
Figura 77 – Propriedades mecânicas consolidadas em função da temperatura.
Comparando-se os dois gráficos, confirma-se o comportamento análogo entre as
curvas, o que valida a estimativa feita para os modelos de Tensão de Escoamento,
coeficiente de Poisson e Módulo de Elasticidade (ou de Young)
.
Note que as escalas
para cada propriedade são diferentes, de tal forma a permitir a representação em um
mesmo gráfico (Tensão Escoamento x 1; Módulo de Young x 10
-3
; Coeficiente de
Poisson x 10
3
).
5.6.3.4 Módulo Tangente
A variação do Módulo Tangente (E
t
) com relação à temperatura foi assumida
proporcional à variação do Módulo de Young (E), segundo a mesma hitese adotada
por RODEIRO (2002), o qual assume a seguinte equação proposta por PAPAZOGLOU
(1981) para a determinação de E
t
em uma temperatura qualquer:
)(
)(
).()(
=
TE
TE
TETE
tt
(5.23)
Onde:
)(
TE
t
- Módulo Tangente para uma dada temperatura T;
)(
TE
t
- Módulo Tangente para a temperatura ambiente T
;
104
)(
TE - Módulo de Young para a temperatura ambiente T
; e
)(TE - Módulo de Young para uma dada temperatura T.
Esta relação foi usada para a determinação dos valores de E
t
para cada
temperatura. O módulo tangente para o HY80 à temperatura ambiente foi estimado
através da relação:
escrup
escrup
t
E
εε
σ
σ
=
(5.24)
Desta forma, )(
TE
t
= 679,14 MPa.
Logo, para diversas temperaturas:
)(%.313,0)(.00313,0)(.10313,3)(.
205000
14,679
)(
3
TETETExTETE
t
====
(5.25)
O gráfico mostrado na Figura 78 apresenta uma estimativa da variação do
dulo Tangente em função da temperatura para o aço HY80.
Módulo Tangente HY80
0
100
200
300
400
500
600
700
20
80
140
2
00
26
0
32
0
380
440
500
560
6
20
67
0
730
790
850
910
9
70
1
030
10
90
115
0
1210
1270
1330
1
390
Temperatura (
o
C)
Módulo Tangente (MPa)
Figura 78 - Variação dodulo Tangente em função da temperatura para o aço HY80
É possível, então, estabelecer-se a variação do limite de escoamento do HY80
como material bilinear em função da temperatura, através da curva tensão x deformação
do material.
105
Figura 79 – Curva tensão x deformação para o aço HY80 em função da temperatura
5.6.3.5 Coeficiente de Dilatação Térmica Linear
BORING (1979) propõe a seguinte equação para calcular o coeficiente de
dilatação térmica (α) em função da temperatura:
[]
6
100019,0)()(
×+= TTT
αα
, para
63,0)(
<
T
θ
(5.26)
Onde:
1000
20
)(
=
T
T
θ
(5.27)
T
- Temperatura do material.
)(
T
α
- Coeficiente de dilatação térmica à temperatura ambiente.
Desta forma, é possível se estabelecer a variação do coeficiente de dilatação
térmica do HY80 em função da temperatura.
106
Figura 80 – Expansão térmica linear em função da temperatura para o aço HY80.
5.6.3.6 Condutividade Térmica
A condutividade térmica do HY80 será tratada como variável com a temperatura
e de propriedades isotrópicas de material, sendo mais evidenciada essa dependência
para o metal de adição da poça de fusão e na zona termicamente afetada (ZTA), devido
às altas temperaturas desenvolvidas nos cordões de solda e em suas proximidades.
A condutividade térmica para aços, em função da temperatura, pode ser
aproximada pelas seguintes expressões (ZHAO
et al
., 2004):
+
=
KTKT
KTKT
KTKT
KTKT
Tk
17981768,1797,099,349
17681082,0097,0192,15
1082851,0488,0542,78
851578,0278576,0719,60
)(
(5.28)
Onde
Km
W
k
.
][
=
.
Como:
273)()(
+= CTKT
o
(5.29)
Tem-se:
107
+
=
CTCT
CTCT
CTCT
CTCT
Tk
oo
oo
oo
oo
15251495,1797,093,300
1495809,0097,0840,17
809578,0488,0219,65
57820,0278576,073,49
)( (5.30)
Onde
C
m
W
k
o
.
][ = .
A condutividade do material depositado e do metal de base HY80 será
considerada a mesma, devido à hitese anteriormente adotada.
A curva que descreve a relação entre condutibilidade térmica e a temperatura
pelo código ANSYS, para uma dada faixa de temperaturas, é dada conforme a figura
abaixo, já nas unidades utilizadas no modelo de elementos finitos.
Figura 81 Condutibilidade térmica estimada para o aço HY80 a partir do ANSYS.
5.6.3.7 Modelo para Calor Específico
De uma maneira análoga à obtenção da condutibilidade térmica em função da
temperatura, a variação do calor específico para aços, em função da temperatura, pode
ser aproximada pelas seguintes expressões (ZHAO et al., 2004):
108
+
+
×+
=
TKT
KTK
KTKT
KTKT
KTTT
C
p
1379,21,034,354
13791100,644
11001023,2,1011873
1023973,7,1110539
973,1089,6335,076,513
24
(5.31)
Onde
Kkg
J
C
p
×
=][
.
Em graus Celsius:
+
+
×++
=
TCT
CTC
CTCT
CTCT
CTTT
C
o
oo
oo
oo
o
p
1106,21,067,411
1106827,644
827750,2,1040,9088
750700,7,119,7344
700,1089,60412,066,473
24
(5.32)
Onde
Ckg
J
C
o
p
×
=][
.
Dessa forma, obtém-se o comportamento de Cp em função da temperatura:
Figura 82 - Calor específico estimado para o aço HY80 pelo ANSYS.
109
BIRK-SRENSEN (1999) estabelece o seguinte comportamento típico para os
modelos de Tensão de Escoamento (σ
y
), Módulo de Elasticidade (E), Coeficiente de
Poisson (ν), Condutividade Térmica (k) , Expansão Térmica Linear (α) e Calor
Específico (C) de aços martensíticos como o HY80:
Figura 83 Propriedades mecânicas de aços martensíticos variando com a temperatura
(
BIRK-SRENSEN, 1999).
Da mesma forma que a condutibilidade térmica, o calor específico será
introduzido ao modelo de elementos finitos, porém esta propriedade somente será
atribuída ao metal de base que não sofre fusão.
Para a região do HY80 onde ocorre mudança de fase, o calor latente de
solidificação deverá ser considerado e será introduzido no modelo através da entalpia.
5.6.3.8
Modelo para Entalpia
Na análise de distribuição de temperaturas durante a soldagem, devem ser
consideradas as mudanças de fase sólido-líquido. Uma das causas para a introdução de
tensões e distorções residuais pela soldagem advém das diversas transformações de fase
do material, que ocorrem durante o processo de resfriamento. Estas transformações são
acompanhadas por um aumento do tamanho de grão, fazendo com que ocorram tensões
residuais de compressão na região do material que sofreu transformações de fase e
tensões residuais de tração nas demais regiões (SOUZA, 1989).
Durante essas mudanças de fase, ocorre liberação ou absorção de energia,
influindo, portanto, no balanço de energia e, conseentemente, na distribuão de
temperaturas durante a soldagem. Para o Método dos Elementos Finitos (MEF), as
110
mudanças de fases podem ser modeladas através da entalpia, que depende da
temperatura, o que torna o problema não linear, dificultando a obtenção dos resultados.
A equação que segue ilustra como o fenômeno é considerado na modelagem em
elementos finitos do modelo termomecânico.
= dTCH
p
..
ρ
(5.33)
Onde:
H
- Entalpia;
ρ
- Densidade do material;
p
C
- Calor específico do material;
De acordo com a equação (5.30), a entalpia depende do calor específico do
material e de sua densidade. Tanto a densidade quanto o calor específico dependem da
variação de temperatura. Desta forma, torna-se necessário obter-se o calor específico e a
densidade em função da temperatura.
Neste estudo, adotar-se-á a hipótese de se considerar a densidade constante em
relação à temperatura, restando apenas a determinação do calor específico ao longo da
temperatura até o ponto de liquidus. Para isso, é necessário obter o calor latente de
solidificação para o HY80, a temperatura de liquidus (T
L
) e a temperatura de solidus
(T
S
).
Como o HY80 não é uma subsncia pura, ele não apresenta um ponto de fusão
definido, ou seja, durante a faixa de temperatura, há uma mistura de fase líquida com a
fase sólida, sendo delimitada pela temperatura de liquidus e de solidus. A Figura 84
ilustra melhor o fenômeno.
Figura 84 – Influência do calor latente na entalpia (RODEIRO, 2002).
111
Da equação (5.32), tem-se:
+
+
×++
=
TCT
CTC
CTCT
CTCT
CTTT
TC
o
oo
oo
oo
o
p
1106,21,067,411
1106827,644
827750,2,1040,9088
750700,7,119,7344
700,1089,60412,066,473
)(
24
(5.34)
Onde
Ckg
J
C
o
p
×
=][
.
Logo, para o HY80, tem-se, para a estimativa da entalpia do HY80 com
3
7860
m
kg
=
ρ
, constante com a temperatura por hitese:
== dTTCdTTCTH
pp
).().(.)(
ρρ
(5.35)
+
+
+
++
+×++
×=
dTT
dT
dTT
dTT
dTTT
m
kg
TH
T
T
T
T
T
)21,067,411(
)644(
)2,1040,9088(
)7,119,7344(
).1089,60412,066,473(
7860)(
1106
827
750
700
20
24
3
(5.36)
+×+
+×
+×
++×+
+
×
++×
×
++
×=
)1106
2
21,0
110667,411()
2
21,0
67,411[(
)827644()644[(
)750
2
2,10
75040,9088()
2
2,10
40,9088[(
)700
2
7,11
7009,7344()
2
7,11
9,7344[(
)]20
3
1089,6
20
2
0412,0
2066,473(
)
3
1089,6
2
0412,0
66,473[(
7860)(
22
22
22
3
4
2
3
4
2
3
TT
T
TT
TT
TTT
m
kg
TH
(5.37)
112
Onde
3
)]([
m
kJ
TH = .
Desta forma, é possível estimar o comportamento da entalpia em função da
temperatura, permitindo dessa maneira que o calor latente de solidificação seja
considerado durante a análise de transferência de calor do processo de soldagem.
A curva de entalpia será o dado de entrada para a análise de transferência de
calor para o metal depositado que sofre fusão, ou seja, para o cordão de solda
depositado. Para o metal de base, considerou-se que o mesmo não sofre fusão, não
existindo a necessidade para a estimativa de entalpia fora da poça de fusão.
Figura 85 – Entalpia do HY80 em função da temperatura estimada pelo ANSYS.
5.6.4 Consolidação das Propriedades Físicas
A seguir estão agrupadas todas as propriedades do HY80 necessárias para a
análise de transferência de calor durante a soldagem dos corpos de prova, tanto à
temperatura ambiente como em função da temperatura.
113
Propiedades Mecânicas do HY80
0
100
200
300
400
500
600
700
20
100
180
260
340
420
500
580
650
730
810
890
970
1050
1130
1210
1290
13
70
Temperatura (
o
C)
Propriedades Menicas
Tensão de Escoamento
Módulo de Young
Expansão Térmica
Módulo Tangente
Módulo de Poisson
Condutividade Térmica
Figura 86 – Estimativa das propriedades mecânicas do HY80 em função da temperatura.
Em termos comparativos, SHIBAHARA et al. (2000) obtiveram em seus
estudos as seguintes curvas de dependência de propriedades mecânicas de aços sob
processo de soldagem TIG (ou Gas Tungsten Arc Welding - GTAW), em função da
temperatura, muito semelhantes às obtidas para o HY80 no processo SMAW.
Figura 87 – Dependência das propriedades de aços com a temperatura, segundo estudos
realizados por SHIBAHARA et al. (2000).
Com as propriedades físicas do HY80 estimadas, é possível iniciar-se a análise
do modelo térmico, por meio da inclusão dessas propriedades consolidadas no código
ANSYS em linguagem APDL.
114
5.7 Análise Térmica
5.7.1 Metodologia de Carregamento Térmico Nodal
A modelagem do aporte de calor proposta parte da iia de que o calor gerado
com o arco elétrico segundo uma determinada eficiência é responsável pela fusão do
material consumível depositado.
Logo, pode se modelar o aporte de calor impondo-se a certa quantidade de
material consumível depositado à temperatura de liquidus em 1424º C e assim, no
próximo passo de deposição, o material consumível depositado anteriormente é deixado
esfriar livremente sob convecção natural, até a temperatura de pré-aquecimento da
chapa de 149º C.
Com este tipo de abordagem fica evidente o cuidado que se deve ter durante a
modelagem geométrica do perfil do cordão, pois a quantidade de metal depositado por
passo de deposição
é
parâmetro fundamental para a quantidade de calor adicionada ao
corpo a ser soldado. Como o perfil do cordão definido, o modelo geométrico pode então
ser produzido e preparado para as necessidades de modelagem da deposição de material
fundido.
Fica evidente também, quanto à modelagem do cordão de solda, que é
necessário inicialmente gerar todos os elementos presentes no cordão de uma vez, visto
que as
ordens das matrizes de condutibilidade e de calor específico não podem ser
aumentadas ao longo da solução.
5.7.2
Ferramenta de Nascimento e Morte
O modelo no presente estudo adota a técnica de elementos de nascimento e
morte (Birth And Death Elements) para simular os mecanismos de deposição de solda
no chanfro dos corpos de prova CP1 e CP2 em HY80, para cada uma das seqüências de
soldagem analisadas: Modelo para Soldagem Progressiva (Progressive Welding),
Modelo para Soldagem em Passo Reverso (Backstep Welding).
Todos os elementos de um determinado modelo devem ser previamente criados,
incluindo a geometria do cordão de cada passe de solda a ser simulado a partir do
“nascimento” de cada elemento até os últimos estágios da simulação.
O método proposto não remove os elementos do modelo, somente os desativa e
os considera “mortos” (comando “EKILL” – Element Kill) antes do início da simulação
da deposição de solda no chanfro. Isto é conseguido a partir do momento em que o
115
método desativa os elementos através da multiplicação de sua rigidez por um fator de
redão bastante severo, muito pximo de zero, pomo nulo, pelo comando
ESTIF,1.0E-6” do código em linguagem APDL.
Embora tenhamos elementos próximos de zero compondo a matriz de rigidez e o
vetor de carregamento, estes elementos não desaparecem, compondo a lista dos
elementos do modelo. Similarmente, massa, calor espefico e outros são também
reduzidos ao “quase zero” a partir do comando de desativação sobre um determinado
elemento da malha. Desta forma, os elementos desativadoso, então, excldos de
todas as operões com o modelo.
Uma deformação de um elemento é também reduzida a “quase zero” a partir do
momento em que o elemento está “morto” (ou desativado). Similarmente, quando os
elementos “nascem, eleso são realmente adicionados à malha, mas simplesmente
reativados, poisjá se encontravam inclusos.
Quando o elemento é reativado (comando “EALIVE” – Element Alive), sua
rigidez, massa, carregamento, etc., retorna ao seu valor original total. Deformações
térmicas são computadas, então, para cada novo elemento reativado, de acordo com o
passo de carregamento térmico aplicado.
5.7.3
A estratégia utilizada para a imposição de temperaturas
A estratégia utilizada para a imposão de temperaturas nodais está relacionada
com o tempo de execução da solda e o tamanho aproximado da poça de fusão.
BERGLUND (2003) estabelece a seguinte configuração para o histórico da imposição
de temperaturas num processo de soldagem:
Figura 88 – Histórico de temperaturas num processo de soldagem (BERGLUND, 2003).
116
Verificou-se durante o experimento de soldagem dos corpos de prova que o
tempo médio de deposição do cordão 1 (um) do passe de raiz foi de 60 s. O tempo
médio de deposição de uma cama de cordão foi considerado 1/10 do tempo total de
deposição de um cordão, ou seja, 6s.
Dessa forma, o tempo de deposição de 1 (uma) camada, qualquer que seja o
passe (raiz, reforço ou enchimento), tanto para o CP1 quanto para o CP2
é
denominado
t
d
, e vale 6s. Este foi o tempo de um carregamento térmico nodal (Loadstep) para a
análise transiente do problema.
Assim sendo, a aplicação das temperaturas nos nós do elemento SOLID70 se
dará da seguinte forma: após a imposição da temperatura inicial de 149°C (temperatura
de pré-aquecimento), a primeira porção de material depositado é ativada (primeira
camada) no primeiro loadstep e todos os nós correspondentes têm a sua temperatura
imposta em função do tempo de acordo com o gráfico mostrado na Figura 89:
T
pa
=149
o
C
t
d
/2
t
d
Tempo (s)
Temperatura
(
o
C)
t
r
T
s
=1424
o
C
Figura 89 Gráfico representativo da imposição de temperaturas.
Após atingir o instante t
d
, a primeira parte depositada do coro é deixada em
condição livre para resfriamento até 149º C durante um tempo t
r
, e após a deposição da
última porção de material fundido para cada cordão depositado, o modelo é deixado
resfriar até que entre em equilíbrio térmico com a temperatura de pré-aquecimento de
149º C.
Para esta alise foram considerados 60s até que se atinja o equilíbrio térmico da
deposição de cada coro de cada passe executado (raiz, reforço e enchimento).
117
5.7.4
Estratégia para a Seqüência Progressiva
As seguintes figuras representam o modelo numérico de imposição de
temperaturas para a deposição da primeira camada de solda, segundo a seqüência
progressiva.
Figura 90 – Soldagem Progressiva: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de
raiz, com respectivo campo térmico.
Uma vez terminada a primeira deposição (instante t
d
), a segunda deposição de
camada de consumível se inicia utilizando o mesmo processo de carregamento
incremental, porém apenas com os nós que não fazem parte da interface com os
elementos já carregados.
Figura 91 - Soldagem Progressiva: ativação da segunda camada do cordão 1 do passe de
raiz, com respectivo campo térmico.
118
Figura 92 - Ativação da terceira camada do cordão 1 do passe de raiz, com respectivo
campo térmico.
Assim, os carregamentos vão sendo aplicados até que a última porção de
material depositado no passe de raiz seja ativada pela ferramenta Birth and Death, e
tenha sua temperatura imposta de acordo com a explanação acima.
Logo, para o início da deposição do passe de reforço para esta seqüência de
soldagem e as subseqüentes deposições, obtém-se:
Figura 93 - Soldagem Progressiva: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de
reforço, com respectivo campo térmico.
119
Figura 94 - Soldagem Progressiva: ativação da segunda camada do cordão 1 do passe de
reforço, com respectivo campo térmico.
Ao final da deposição do passe de reforço, inicia-se a deposição do cordão de
enchimento, segundo as figuras abaixo, terminando assim a deposição de solda segundo
a seqüência progressiva.
Figura 95 - Soldagem Progressiva: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de
enchimento, com respectivo campo térmico.
5.7.5 Estratégia para a Seqüência em Passo Reverso
As seguintes figuras representam, de forma análoga à estratégia adotada para a
seqüência progressiva, o modelo numérico de imposição de temperaturas para a
seqüência em passo reverso.
120
Figura 96 - Soldagem Passo Reverso: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de
raiz, com respectivo campo térmico para o CP2.
Uma vez terminada a primeira deposição (instante td), a segunda deposição se
inicia utilizando a mesma abordagem de carregamento incremental, porém apenas com
os nós que não fazem parte da interface com os elementos já carregados. Esta mesma
abordagem foi feita para o CP1.
Assim, os carregamentos vão sendo aplicados até que a última porção de
material depositado seja ativada pela ferramenta Birth and Death, e tenha sua
temperatura imposta de acordo com a explanação acima.
Figura 97 - Soldagem Passo Reverso: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de
reforço, com respectivo campo térmico.
121
Figura 98 - Soldagem Passo Reverso: ativação da segunda camada do cordão 1 do passe de
reforço, com respectivo campo térmico.
Figura 99 - Soldagem Passo Reverso: ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de
enchimento, com respectivo campo térmico.
Vale salientar que os modelos calculam a cada deposição de camada e de forma
iterativa, além do carregamento rmico nodal, os resultados de tensões e distorções
resultantes via análise de campo acoplada, a ser descrita mais a frente.
5.8 Análise Mecânica
5.8.1 Metodologia de transformação do carregamento térmico nodal em tensões e
deformações
A metodologia baseou-se na Análise de Campo Acoplada do código ANSYS
(Coupled-Field Analysis). Esta análise “multi-sica” ou “multidisciplinar” é baseada
numa combinação de duas ou mais disciplinas de engenharia diferentes entre si (ou
campos físicos distintos), que interagem entre si para se solucionar um problema geral
122
de engenharia, como é o caso da análise térmica e da análise mecânica envolvida no
processo de soldagem do HY80.
Como o input para a análise mecânica (análise 2) depende dos resultados da
análise térmica (análise 1), diz-se que a análise é acoplada.
Figura 100 – Fluxograma seqüencial da análise acoplada.
A seguir é apresentada a seqüência básica adotada em linguagem APDL que
tornou possível a solução da análise acoplada do problema de soldagem proposto:
a) Mudar o tipo de elemento térmico SOLID70 para o estrutural equivalente
(SOLID45), a partir do comandoETCHG”;
b) Aplicar as propriedades do material HY80 em função da temperatura: Módulo
de Young (EX), Coeficiente de Poisson (PRXY) e Coeficiente de Expansão Térmica
Linear (ALPX); e
c) Ler os carregamentos térmicos nodais aplicados aos elementos SOLID70 e
transformá-los em carregamentos tensionais por meio do comando “LREAD” aplicado
ao elemento SOLID45.
5.8.2
Restrições mecânicas
Ao modelo foram aplicadas condões de contorno de apoio noss extremos de
cada placa por meio das restrições de seus keypoints ou pontos nodais. Com isso,
consegui-se dar estabilidade mecânica ao modelo.
123
Figura 101 – Geração de malha tetraédrica para os corpos de prova e os cordões de solda.
5.8.3 Considerações finais
Os resultados para a análise mecânica dos modelos correspondem basicamente
às tensões residuais e distorções de origem térmica na soldagem dos corpos de prova
CP1 e CP2, segundo a seqüência de soldagem inerente a cada modelo.
Assim sendo, as tensões residuais obtidas para cada corpo de prova podem ser
agrupadas da seguinte forma: tensões residuais na direção do eixo transversal (SX),
tensões residuais na direção do eixo longitudinal (SZ) e tensões residuais equivalentes
de Von Mises (SEQV).
As distorções dos corpos de prova podem ser agrupadas em termos de
deslocamentos equivalentes totais (USUM) para comparação com os resultados
experimentais obtidos, já que a distorção resultante do experimento deu-se segundo o
resultado do movimento dos corpos de prova em relação aos eixos longitudinal (UZ),
transversal (UX) e perpendicular às placas (UY).
A análise dos resultados originados pelos modelos será discutida no próximo
capítulo.
124
CAPÍTULO VI
6 ANÁLISE DAS SOLUÇÕES OBTIDAS
6.1 Considerações iniciais
Neste capítulo, os modelos numéricos foram validados pela comparação entre o
campo térmico obtido experimentalmente e o campo térmico obtido numericamente.
Isto foi feito, a priori, a partir da análise do “Coeficiente de Correlação de Pearson” para
as amostras dos 21 (vinte e um) pontos mapeados na placa.
Considerou-se que as tensões residuais numéricas obtidas sejam válidas para o
campo térmico numérico validado. Isto equivale a se estabelecer a hipótese de que o
campo térmico numérico gera tensões residuais de origem térmica sobre os corpos de
prova, que são representativas de tenes térmicas experimentais. Esta hipótese deve ser
confirmada em futuros trabalhos para obtenção de tensões residuais em corpos de prova,
o que foge ao escopo do presente estudo.
Da mesma forma, as distorções obtidas experimentalmente mostraram-se
compatíveis para cada modelo numérico desenvolvido.
6.2 Validação do campo térmico numérico
6.2.1 Correlação entre o modelo numérico versus ensaios
As comparações apresentadas para temperaturas foram efetuadas com base na
monitoração dos 21 pontos mapeados para as duas seqüências de soldagem e a partir da
seleção de 21 nós de cada modelo, que reproduzissem a posição geométrica dos pontos
monitorados. Os pontos nos modelos equivalentes aos pontos mapeados nos
experimentos foram escolhidos de forma que as temperaturas nodais obtidas possam ser
comparadas com as temperaturas experimentais.
Não obstante, ensaios com maior número de pontos mapeados trariam um maior
grau de representatividade da amostra, porém apresentaria uma dificuldade
experimental muito maior na sua execução.
A verificação de quão os dados estão próximos ou não, segundo uma
dependência linear, pode ser dada pela alise de correlação estatística entre as duas
amostras de 21 pontos, conforme é dado a seguir.
125
6.2.2
Coeficiente de Correlação de Pearson
Em estatística descritiva, o “Coeficiente de Correlação de Pearson” aplicado à
análise de temperatura numérico e experimental, também chamado de "Coeficiente de
Correlação Produto-Momento" ou simplesmente de "r de Pearson" mede o grau da
correlação (e a direção dessa correlação - se positiva ou negativa) entre duas variáveis
de escala métrica (intervalar ou de rácio). Neste caso, as variáveis sáo as temperaturas
obtidas experimentalmente e as temperaturas geradas pelos modleos numéricos.
Este coeficiente, normalmente representado pela letra "r" assume apenas valores
entre -1 e 1, da seguinte forma:
a) r= 1 significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis isto é, se
uma aumenta, a outra sempre aumenta;
b) r= -1 Significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis, isto é,
se uma aumenta, a outra sempre diminui; e
c) r= 0 Significa que as duas variáveis o dependem linearmente uma da outra.
No entanto, pode existir uma outra dependência que seja "não linear". Assim, o
resultado r=0 deve ser investigado por outros meios.
Dessa forma, sejam as variáveis aleatórias X e Y que representam,
respectivamente, o campo térmico numérico obtido para 21 nós do modelo pelo
ANSYS, e o campo rmico experimental obtido dos ensaios dos corpos de prova para
os 21 pontos mapeados. Estas variáveis podem ser representadas da seguinte forma:
21,,..,2,1),,...,,(
21
=
== nnixxxXX
i
(6.1)
21,..,2,1),,...,,(
21
=
== nniyyyYY
i
(6.2)
Calcula-se o coeficiente de correlão de Pearson segundo a seguinte fórmula:
(
) ()
() ()
==
=
=
n
i
i
n
i
i
n
i
ii
yyxx
yyxx
r
1
2
1
2
1
(6.3)
Onde x
1
, x
2
, ..., x
n
e y
1
, y
2
, ..., y
n
são os valores medidos de ambas as variáveis.
()
=
=
n
i
i
x
n
x
1
1
(6.4)
()
=
=
n
i
i
y
n
y
1
1
(6.5)
São as médias aritméticas de ambas as variáveis.
126
Para as amostras obtidas de forma numérica e experimental compiladas em
planilha eletrônica do Microsoft Excell
®
, obtiveram-se os dados para r de acordo com a
tabela abaixo:
Tabela 13 Valores do coeficiente de correlação para CP1 e CP2.
CP1 – PROGRESSIVA CP2 – PASSO REVERSO
RAIZ REFORÇO ENCHIMENTO RAIZ REFORÇO ENCHIMENTO
r +0,78 +0,56 +0,66 +0,83 +0,97 +0,73
r
médio
+0,66 +0,84
Não se obteve valores de r próximos a +1 devido às incertezas envolvidas na
obtenção dos dados experimentais. O maior valor médio de r para CP2 pode ter sido
originado de um campo melhor comportado do que em CP1, porém faltaram dados mais
concretos para se confirmar essa hipótese. Pelos valores obtidos, considerou-se que há
uma boa correlação entre os campos térmicos para as duas seqüências de soldagem.
6.2.3
Resultados para CP1
Os gráficos que seguem apresentam os resultados dados pelodigo ANSYS
para o campo térmico numérico em comparação ao experimental desenvolvido no CP1
– soldagem progressiva, nos diversos cordões de solda depositados.
Para os cordões depositados no passe de raiz, tem-se:
127
CP1 - PASSE DE RAIZ
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
MODELO
EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO NO PASSE DE RAIZ
y = 3,0582x - 228,46
R
2
= 0,6066
0
50
100
150
200
120 122 124 126 128 130 132
Modelo (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 102 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1 para o passe
de raiz, com r=+0,78.
Para os cordões depositados no passe de reforço, tem-se:
128
CP1 - PASSE DE REFORÇO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
MODELO
EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO NO PASSE DE REFORÇO
y = 2,2278x - 144,66
R
2
= 0,4648
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
120 122 124 126 128 130 132 134
Modelo (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 103 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1 para o passe
de reforço com r=+0,56.
Para os cordões depositados no passe de enchimento, tem-se:
129
CP1 - PASSE DE ENCHIMENTO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
MODELO
EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO NO PASSE DE ENCHIMENTO
y = 1,7287x - 92,946
R
2
= 0,516
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
126 128 130 132 134 136 138
Modelo (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 104 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1 para o passe
de enchimento com r=+0,66.
Agrupando todos os cordões depositados em CP1, tem-se:
130
CP1 - SOLDAGEM PROGRESSIVA
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
RAIZ MODELO
RAIZ EXPERIMENTO
REFORÇO MODELO
REFORÇO EXPERIMENTO
ENCHIMENTO MODELO
ENCHIMENTO EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO PARA CP1
y = 3,0582x - 228,46
y = 2,2278x - 144,66
y = 1,7287x - 92,946
0
50
100
150
200
115 120 125 130 135 140
Modelo (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 105 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP1.
131
Comparando os resultados numéricos com os experimentais para CP1, conclui-
se que os resultados obtidos durante o ensaio de temperaturas foram bastante
satisfatórios.
6.2.4
Resultados para CP2
Os gráficos que seguem apresentam os resultados para o CP2 – soldagem em
passo reverso.
CP2 - PASSE DE RAIZ
0
20
40
60
80
100
120
140
123456789101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
MODELO
EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO NO PASSE DE RAIZ
y = 0,884x + 14,627
R
2
= 0,6877
0
50
100
150
200
60 70 80 90 100 110 120 130
Modelo Numérico (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 106 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2 para o passe
de raiz, com r=+0,83.
132
CP2 - PASSE DE REFORÇO
120
122
124
126
128
130
132
134
136
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
MODELO
EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO NO PASSE DE REFORÇO
y = 0,9687x + 6,3788
R
2
= 0,9492
0
50
100
150
200
120 125 130 135 140
Modelo Numérico (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 107 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2 para o passe
de reforço, com r=+0,97.
133
CP2 - PASSE DE ENCHIMENTO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
MODELO
EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO NO PASSE DE ENCHIMENTO
y = 1,9443x - 119,43
R
2
= 0,5327
0
50
100
150
200
120 125 130 135 140
Modelo (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 108 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2 para o passe
de enchimento, com r=+0,73.
Agrupando todos os cordões depositados em CP2, tem-se:
134
CP2 - SOLDAGEM PASSO REVERSO
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021
PONTOS MAPEADOS
TEMPERATURAS (
o
C)
RAIZ MODELO
RAIZ EXPERIMENTO
REFORÇO MODELO
REFORÇO EXPERIMENTO
ENCHIMENTO MODELO
ENCHIMENTO EXPERIMENTO
CORRELAÇÃO PARA CP2
y = 0,884x + 14,627
y = 0,9687x + 6,3788
y = 1,7287x - 92,946
0
50
100
150
200
50 70 90 110 130 150
Modelo (Xi)
Experimento (Yi)
Figura 109 – Comparação entre o resultado numérico e experimental do CP2.
Comparando os resultados numéricos com os experimentais para CP2, conclui-
se que os resultados obtidos foram bastante satisfatórios.
135
A partir dos modelos térmicos gerados e submetidos às condições térmicas e
mecânicas de contorno, foi dado o tratamento de solução dos modelos para as tensões
residuais resultantes, para cada seqüência de soldagem, por meio da análise de campo
acoplada. Dessa forma, o aceite, com certo grau de precisão, de que as tensões residuais
obtidas numericamente podem representar o comportamento real dos corpos de prova
CP1 e CP2, deve ser baseado na hipótese de que se os campos térmicos estão
correlacionados, ou seja, o campo térmico numérico representa, com certa precisão, o
campo térmico experimental obtido pelos ensaios, e esta validação foi feita com base
estatística pelo cálculo do coeficiente de Pearson para as 21 amostras experimentais
versus 21 amostras numéricas.
6.3
Parâmetros para comparação de tensões residuais durante os passes de
deposição
Para que seja possível se comparar as tensões residuais resultantes das duas
seqüências de soldagem implementadas no presente trabalho, deve ser considerado,
basicamente, o seguinte:
1) O campo térmico numérico dos modelos é validado pelo campo térmico
experimental obtido nos ensaios;
2) As regiões dos modelos que mais estariam propensas a falhas devido ao
carregamento termo-estrutural aplicado seriam a do chanfro (onde foi feita a deposição
de solda) e na zona termicamente afetada do metal de base (ZTA), circunvizinha ao
chanfro;
3) O processo de soldagem proporciona aparecimentos de imperfeições de solda
durante a fusão (inclusões, bolhas por formação de H
2
, etc.);
4) Os modos de falha do material podem ocorrer pelos seguintes mecanismos:
a) Propagação instável de trincas submetidas a tensões totais de natureza
trativa (tensão aplicada somada às tensões residuais de soldagem pela hipótese
de superposição de efeitos);
b) Falha por flambagem, devido à carga compressiva total (tensão
aplicada somada às tensões residuais de soldagem pela hitese de superposição
de efeitos) e distorções geométricas na estrutura;
c) Falha por propagação instável de trincas, devido ao aumento do fator
de intensificação de tensões K, nos modos I, II ou III;
136
5) A natureza direcional e posicional das imperfeições por soldagem é
basicamente aleatória. Considerou-se, neste caso, que podem a existir tanto de trincas
superficiais quanto internas distribuídas ao longo das direções transversais (X) e
longitudinais (Z), com diferentes geometrias entre si. Com isso, dependendo do modo
de falha considerado, devem ser avaliadas as tensões residuais trativas resultantes na
direção longitudinal (SZ) e transversal (SX), ao longo de cada uma das direções X e Z
(fratura frágil e fadiga), bem como tensões residuais compressivas resultantes na direção
longitudinal (SZ) e transversal (SX), ao longo de cada uma das direções X e Z
(flambagem); e
6) Em termos de ordem de magnitude, deve ser avaliado se as tensões
equivalentes de Von Mises (SEQV) resultantes encontram-se dentro da ordem de
escoamento do material. Esta prerrogativa foi enfatizada por SOUZA (1989) e outros
pesquisadores como MASUBUSHI (1980) em seus estudos sobre tensões residuais de
soldagem.
6.4
Análise comparativa entre as tensões residuais obtidas
6.4.1 Durante a deposição dos cordões
A Figura 110 representa o campo térmico numérico para CP1 – Seqüência
Progressiva e CP2 – Seqüência em Passo Reverso, oriundo da deposição da primeira
camada do passe de raiz a 1424
o
C , até a temperatura de pré-aquecimento de 149
o
C.
Este resfriamento só é imposto ao final de toda a deposição do coro do passe de raiz.
137
Figura 110 - Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz, com respectivos
campos térmicos de CP1 e CP2.
Nota-se, também, distorção em ambas estruturas no plano XZ, mais intensa e no
sentido de abertura das placas para CP1 e menos intensa e com o sentido de fechamento
das placas para CP2.
138
Por meio da ferramenta de nascimento e morte de elementos e pela análise de
campo acoplada, obtém-se o carregamento estrutural resultante para os modelos
numéricos nesse passe de deposição inicial.
O campo tensional equivalente de Von Mises para CP1 – seqüência progressiva
e CP2 – seqüência em passo reverso, oriundo da deposição da primeira camada do passe
de raiz, está representado na Figura 111.
Figura 111 - Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz, com respectivos
campos de tensões equivalentes de Von Mises para CP1 e CP2.
139
Nota-se que a ordem das tensões residuais é de 60 Mpa para ambos os modelos
no início da deposição, sendo a tensão limite de escoamento do HY80 de 552Mpa.
O campo tensional transversal tridimensional SX(x,y,z) para CP1 – seqüência
progressiva e CP2 – seqüência em passo reverso, oriundo da deposição da primeira
camada do passe de raiz, está representado na Figura 112.
Figura 112 – Detalhe da Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz, com
respectivo campo de tensões transversais SX(x,y,z) para CP1 e CP2.
140
Nota-se também que a ordem das tensões residuais é de 60 Mpa para ambos os
modelos no início da deposição, sendo a tensão limite de escoamento do HY80 de
552Mpa. O campo tensional longitudinal tridimensional SZ(x,y,z) para CP1
Seqüência Progressiva e CP2 – Seqüência em Passo Reverso, oriundo da deposição da
primeira camada do passe de raiz, está representado na Figura 113.
Figura 113 – Detalhe da Ativação da primeira camada do cordão 1 do passe de raiz, com
respectivo campo de tensões longitudinais SZ(x,y,z) para o CP1 e CP2.
141
Nota-se que a ordem das tensões residuais é de 54 Mpa para ambos os modelos
no início da deposição, sendo a tensão limite de escoamento do HY80 de 552Mpa.
Para esses campos de tensões, observam-se a partir do centro dos cordões e na
direção transversal X tensões de natureza trativa seguidas de tensões compressivas,
voltando a se tornarem trativas conforme X aumenta. O mesmo comportamento também
ocorre na direção Z. Este comportamento tensional é coerente com os resultados obtidos
por TENG et al. (2003).
Assim sendo, uma vez terminada a deposição da primeira camada, a segunda
deposição se inicia utilizando a mesma abordagem de carregamento incremental, porém
apenas com os nós que não fazem parte da interface com os elementos já carregados.
Isto se repete até a décima camada de deposição, completando o primeiro cordão do
passe de raiz.
No decorrer do processo de deposição, as seguintes figuras representam os
resultados do campo térmico tridimensional, de tensões equivalentes de Von Mises
SEQV(x,y,z) e de tensões longitudinais SZ(x,y,z), transversais SX(x,y,z) para os
modelos numéricos CP1 e CP2 na deposição final do primeiro coro do passe de raiz.
142
Figura 114 – Campo térmico no instante final da deposição do cordão 1 (t-=60s) do passe
de raiz para CP1 e CP2.
143
Figura 115 - Tensões equivalentes de Von Mises no instante final do resfriamento da
deposição do cordão 1 (t-=120s) do passe de raiz para CP1 e CP2.
144
Figura 116 - Instante final da deposição do cordão 1 com resfriamento (t=120s) do passe de
raiz para CP1 e CP2 - tensões SX na direção transversal.
145
Figura 117 - Instante final da deposição do cordão 1 com resfriamento (t=120s) do passe de
raiz para CP1 e CP2: tensões SZ na direção longitudinal.
146
Para esses campos de tensões, observam-se a partir do centro dos cordões e na
direção transversal X tensões de natureza trativa seguidas de tensões compressivas,
voltando a se tornarem trativas conforme X aumenta. O mesmo comportamento também
ocorre na direção Z. Este comportamento tensional é também coerente com os
resultados obtidos por TENG et al. (2003).
6.4.2
Ao final da deposição dos cordões
No final da deposição de todos os passes relativos às duas seqüências de
soldagem, obtém-se o comportamento estrutural dos modelos em termos de tensões
residuais equivalentes de Von Mises. Em termos de ordem de magnitude de tensões
residuais, observa-se uma elevação dos níveis tensionais em função do aumento do
número de cordões depositados, o que é esperado.
Figura 118 - Resultados para tensões de Von Mises para CP1 ao final da soldagem do
último cordão e após resfriamento da estrutura até 25
o
C.
147
Figura 119 - Resultados para tensões de Von Mises para CP2 ao final da soldagem do
último cordão e após resfriamento da estrutura até 25
o
C.
Em relação às tensões máximas obtidas, observa-se que:
a)
O nível de tensões residuais equivalentes de Von Mises obtidas para as duas
seqüências de soldagem à temperatura final de resfriamento de 25
o
C foram:
Soldagem progressiva = 549Mpa e Passo Reverso = 490Mpa. Com as tensões de
escoamento para oo HY80 temperatura de 25
o
C é de 552 Mpa, conclui-se
que, para ambas as seqüências de soldagem, as tensões residuais obtidas foram
da ordem do limite de escoamento do material;
b)
O nível máximo de tensão equivalente de Von Mises para a seqüência de
soldagem progressiva foi superior ao observado para a seqüência em passo
reverso; e
c)
Os pontos onde ocorrem as máximas trões (pontos MX), para ambas as
seqüências, estão tipicamente localizados na transição da rampa do chanfro de
45
o
de ângulo de bissel e a última camada depositada (cordão de enchimento).
Este tipo de resultado é o esperado e devido, sobretudo, à mudança de
geometria.
148
Note que a região do chanfro a que sofre fusão e, conseqüentemente, ser a mais
propensa a imperfeições de soldagem e à propagação instável de trincas, o que é
agravado pela mudança de inclinação. Desta forma, devem ser analisadas tensões
transversais e longitudinais em pontos nodais pertencentes à região da poça de fusão.
6.5
Análise comparativa entre tensões residuais longitudinais SZ(X)
Para CP1, o campo tridimensional de tensões residuais longitudinais SZ(x,y,z)
ao final da soldagem é de compressão nas extremidades nas placas e de tração na região
próxima ao centro do chanfro no final da deposição.
Figura 120 - Resultados das tensões SZ para o CP1.
De forma análoga, para CP2, o campo tridimensional de tensões residuais
longitudinais SZ(x,y,z) obtido ao final da soldagem indicam tenes tipicamente de
compressão nas extremidades e no centro das placas e de tração na região circunvizinha
ao centro do chanfro onde os cordões foram depositados.
149
Figura 121 - Resultados das tensões SZ para o CP2.
Pode-se dizer que o comportamento observado é coerente com esse tipo de
soldagem em placas e os resultados de distribuição de tensões residuais obedecem ao
padrão obtido por MASABUSHI (1980) e TENG et al. (2003).
Em termos de ordens de magnitude das tensões residuais nos modelos, foram
observados os seguintes níveis de tensões residuais longitudinais:
Tabela 14 – Máximas tensões SZ .
Modelo Máxima Tração SZ Máxima Compressão SZ
CP1 648Mpa 126MPa
CP2 638Mpa 182MPa
Globalmente, conclui-se que as máximas tensões obtidas são da ordem do limite
de escoamento do material e que CP1 apresenta, ligeiramente, maiores níveis de tensão
trativa do que CP2. Com isso, pode-se inferir que a soldagem progressiva (CP1) mostra-
se ligeiramente pior em termos de falhas por fratura frágil (com propagação instável de
150
trincas sob tensões trativas no HY80) ou por fadiga (devido ao aumento do fator de
intensificação de tensões), quando comparada à seqüência em passo reverso (CP2).
Em contrapartida, CP2 apresenta maiores níveis de tensões compressivas quando
comparado a CP2. Com isso, pode-se inferir tamm que a soldagem em passo reverso
(CP2) mostra-se ligeiramente pior em termos de falha por flambagem do HY80 devido
à maior magnitude de tenes compressivas, agravadas pela existência de imperfeições
geométricas (distorções de soldagem).
Localmente, os resultados nodais para tensões SZ(X) no plano Y=0 e ao longo
da transversal X para CP1 – Soldagem Progressiva e para CP2 – Soldagem em Passo
Reverso são apresentados a seguir:
Figura 122 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=0 ao longo da transversal
para CP1.
151
Figura 123 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=0 ao longo da transversal
para CP2.
Comparativamente, os resultados nodais para tensões SZ(X) no plano Y=6mm,
(interno à placa) e ao longo da transversal X para CP1 – Soldagem Progressiva e para
CP2 – Soldagem em Passo Reverso são apresentados a seguir:
Figura 124 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=6mm ao longo da
transversal para CP1.
152
Figura 125 – Tensões residuais longitudinais SZ(X) no plano Y=6mm ao longo da
transversal para CP2.
Pode-se, então, concluir que:
a)
O comportamento gfico de SZ(X) é confirmado pelos resultados obtidos por
TENG et al. (2003), o que valida os modelos numéricos desenvolvidos para CP1
e CP2 para esse campo;
b)
Ao longo dos planos Y=0 (plano da face inferior das placas) e Y=6mm (plano
interno às chapas), observa-se que praticamente não há variação do
comportamento gráfico das tensões residuais longitudinais SZ(X) para ambos os
corpos de prova, conforme o esperado; e
c)
Observa-se, um aumento significativo dos picos de tensões trativas no plano
interno Y=6mm quando comparado ao plano Y=0. Daí a importância de se
analisar as tenes internas em função dos defeitos internos que possam surgir
no interior do material na zona de fusão ou na zona termicamente afetada.
6.6
Análise comparativa entre tensões residuais transversais SX(Z)
Para o campo tridimensional de tensões residuais transversais SX(x,y,z)
advindas dos modelos numéricos, observam-se para CP1 ao longo da direção x tensões
residuais de compressão nas extremidades das placas e de tração na região do centro do
chanfro onde os cordões foram depositados.
153
Figura 126 - Resultados das tensões SX para o CP1.
Para o campo de CP2, as tensões residuais transversais são tipicamente de
compressão no centro das placas e de tração na região circunvizinha ao centro do
chanfro onde os cordões foram depositados.
154
Figura 127 - Resultados das tensões SX para o CP2.
Pode-se dizer que o comportamento observado é coerente com esse tipo de
soldagem em placas e os resultados de distribuição de tensões residuais obedecem ao
padrão obtido por MASABUSHI (1980) e TENG et al. (2003).
Em termos de ordens de magnitude, foram observados os seguintes níveis de
tensões residuais longitudinais:
Tabela 15 – Máximas tensões SX
Modelo Máxima Tração SX xima Compressão SX
CP1 320MPa 528MPa
CP2 314MPa 435MPa
Globalmente, conclui-se que as máximas tensões obtidas são da ordem do limite
de escoamento do material e que CP1 apresenta, ligeiramente, maiores níveis de tensão
trativa do que CP2. Com isso, pode-se inferir que a soldagem progressiva (CP1) mostra-
se ligeiramente pior em termos de falhas por fratura frágil (com propagação instável de
155
trincas sob tensões trativas no HY80) ou por fadiga (devido ao aumento do fator de
intensificação de tensões), quando comparada à seqüência em passo reverso (CP2).
Da mesma forma, CP1 apresenta maiores veis de tensões compressivas quando
comparado a CP2. Com isso, pode-se inferir também que a soldagem progressiva (CP1)
apresenta-se ligeiramente pior em termos de falha por flambagem do HY80 devido à
maior magnitude de tensões compressivas, agravadas pela existência de imperfeições
geométricas (distorções de soldagem).
Localmente, os resultados nodais para tensões SX(Z) ao longo da direção
transversal para o plano Y=0, no centro do chanfro para CP1 – Soldagem Progressiva e
para CP2 – Soldagem em Passo Reverso são apresentados a seguir:
Figura 128 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=0 ao longo da longitudinal
para CP1.
156
Figura 129 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=0 ao longo da longitudinal
para CP2.
Comparativamente, os resultados nodais para tensões SX(Z) ao longo da direção
transversal para o outro plano Y=6mm, no centro do chanfro para CP1 Soldagem
Progressiva e para CP2 – Soldagem em Passo Reverso são apresentados a seguir:
Figura 130 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=6mm ao longo da
longitudinal para CP1.
157
Figura 131 – Tensões residuais transversais SX(Z) no plano Y=6mm ao longo da
longitudinal para CP2.
Pode-se, então, concluir que:
a)
O comportamento gráfico SX(Z) é confirmado pelos resultados obtidos por
TENG et al. (2003) ao longo da metade do chanfro, o que valida os modelos
numéricos desenvolvidos para CP1 e CP2 para esse campo; e
b)
Ao longo dos planos Y=0 (plano da face inferior das placas) e Y=6mm (plano
interno às chapas), observa-se que praticamente não há variação do
comportamento gráfico das tensões residuais longitudinais SX(Z) para ambos os
corpos de prova, conforme o esperado.
6.7
Distorções dos corpos de provas
Durante a soldagem dos corpos de prova, ocorrem tensões residuais
longitudinais ao longo da solda (eixo z) e transversais ou perpendiculares à solda (eixo
x). Quando ocorre o resfriamento da solda, os corpos de prova devem apresentar
deformações permanentes, devidas basicamente ao formato da junta de topo em V
adotado e conforme esquematizado na figura abaixo:
158
Figura 132 – deformações residuais resultantes nos corpos de prova CP1 e CP2.
Durante a soldagem das placas de HY80, verificou-se experimentalmente a
ocorrência de distoão rotacional no plano XZ, tanto para CP1 quanto para CP2. Este
comportamento distorcional foi também observado durante a simulação numérica dos
modelos, sendo o comportamento típico de “abertura do chanfro” para CP1 e, de modo
inverso, o de “fechamento do chanfro” para CP2 (Figura 133).
Figura 133 - Rotação esperada no plano das placas durante a soldagem (MODENESI,
2001).
6.7.1 Análise comparativa entre as distorções de CP1 e CP2
Para essa análise, o parâmetro de comparação considerado foi o deslocamento
total medido no experimento e os deslocamentos numéricos totais USUM de CP1 e
CP2. Geraram-se, então, gráficos representativos dos deslocamentos totais
tridimensionais USUM(x,y,z) para a avalião e comparação dos resultados numéricos
com os resultados experimentais obtidos. Foram obtidas as seguintes soluções nodais
para a primeira camada depositada:
159
Figura 134 - Deslocamentos totais da estrutura USUM para a primeira deposição de solda
na raiz de CP2.
Ao longo do carregamento térmico até a última camada depositada, obtém-se a
seguinte configuração de deslocamentos finais para CP1 e CP2:
160
Figura 135 – Deslocamentos totais do CP1 e do CP2 ao final da soldagem.
161
Do que foi visto, pode-se afirmar que:
a) Houve uma maior distorção numérica final em uma das extremidades do CP1,
da ordem de 12,70mm. O ensaio experimental para CP1 indicou uma distorção
experimentalxima de 12,82mm, e para esse modelo, as distorções experimentais e
numéricas são compatíveis entre si;
b) Houve uma maior distorção numérica em uma das extremidades do CP2, da
ordem de 5,94mm, bem inferior ao obtido para CP1. O ensaio com CP2 indicou uma
distorção experimental máxima de 10mm e, para esse modelo, as distorções
experimentais e numéricas são compatíveis entre si sendo, porém as diferença entre
experimental e numérico maior que para CP1;
c) Comparando-se CP1 com CP2 em termos experimentais, já foi verificado que
a seqüência progressiva (CP1) apresentou maiores distorções experimentais do que a
seqüência de passo reverso (CP2); e
d) Comparando-se CP1 com CP2 em termos numéricos, os resultados para as
distorções numéricas confirmam os valores obtidos nos ensaios experimentais, ou seja,
a soldagem progressiva (CP1) apresenta, de forma significativa, maiores níveis de
distorções totais do que a soldagem em passo reverso (CP2).
162
CAPÍTULO VII
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS
TRABALHOS
7.1
Conclusões
Ao final do presente estudo, algumas conclusões podem ser enfatizadas. Estas
são as seguintes:
1) Na primeira fase do estudo, foram realizados ensaiados de soldagem de dois
corpos de prova em aço HY80, segundo as duas seqüências de soldagem, de tal forma a
se avaliar, comparativamente, o campo térmico experimental e as distorções obtidas
para os dois ensaios. Verificou-se, nesta fase, que a seqüência de soldagem progressiva
aplicada a placas planas espessas apresentou um maior nível de distorções
experimentais quando comparada à seqüência em passo reverso.
2) Numa segunda fase, geraram-se modelos numéricos representativos dos
corpos de prova CP1 e CP2 usando-se técnicas do Método dos Elementos Finitos
(MEF), sistematizadas por meio do código ANSYS MECHANICAL. Este código,
dentre outras funções, permitiu obter a solução numérica para modelos termomecânicos
não-lineares e transitórios e de análise de campo acoplada. Com o uso da ferramenta de
nascimento e morte de elementos (Birth and Death Elements), foi possível modelar e
reproduzir o processo de deposição de metal de solda no chanfro, segundo as condições
dos ensaios dos corpos de prova, para ambas as seqüências de soldagem e,
conseqüentemente, obter-se numericamente o campo de temperatura e o campo de
tensões residuais associadas à região analisada;
3) Numa fase final do trabalho, validou-se o campo de temperaturas numérico
por meio de correlação estatística entre modelo e experimento e verificou-se que o
campo térmico numérico apresenta-se correlacionado com o campo térmico
experimental, para ambos os modelos;
4) Adotou-se a hitese de que se o campo térmico numérico é válido, as tensões
residuais e distorções obtidas também o são. Verificou-se, então, pelos resultados
numéricos que a soldagem em passo reverso apresenta tipicamente menores níveis de
tensões residuais que a seqüência de soldagem progressiva;
163
5) A abordagem para a solução do problema térmico de soldagem horizontal nas
chapas planas dos corpos de prova em HY80 mostrou-se exeqüível para aplicações em
problemas de engenharia de estruturas. Conhecendo a geometria do coro depositado,
o material envolvido e o procedimento de soldagem adotado (tipo de soldagem,
seqüência, controle do aporte térmico, etc.), é possível determinar numericamente o
campo de temperaturas com uma boa correlação com os resultados dos ensaios de
temperaturas;
6) Nos modelos numéricos desenvolvidos para CP1 e CP2, adotou-se uma série
de simplificações de ordem térmica (coeficiente de convecção constante com a
temperatura, densidade constante com a temperatura), mecânica e metalúrgica (mesmas
propriedades para o material de base HY80 e para o metal depositado) sobre os
materiais envolvidos na soldagem e, apesar disso, os resultados numéricos para o campo
de temperaturas apresentaram-se correlacionados com os ensaios realizados;
7) Considerou-se que o comportamento mecânico do aço HY80 é o mesmo,
tanto na compressão como em tração, o que não ocorre na realidade, complicando ainda
mais o tratamento matemático dado ao material em uma análise de tensões residuais.
Verificou-se que tal simplificação não compromete sobremaneira os resultados obtidos
quando a análise é feita em termos relativos (comparação entre duas seqüências de
soldagem) e não em termos absolutos;
8) Considerou-se que as curvas de propriedades do material em função da
temperatura propostas para esse aço representam aproximações em função de
formulações genéricas existentes para aços e, a priori, mostraram-se satisfatórias para o
resultado final da análise;
9) Os elementos SOLID70 (térmico 3-D) e SOLID45 (estrutural 3-D) da
biblioteca ANSYS mostraram-se eficazes na determinação do campo térmico, do campo
tensional e do campo distorcional, respectivamente, para uma malha mapeada com
baixo nível de distorção de elementos;
10) A análise proposta foi voltada para o meio termo de boa acurácia na
obtenção da solução, sob velocidade de processamento compatível com os recursos
computacionais disponíveis: Processador AMD Semprom™ - 1600MHz / System BIOS
512 Mb/ Screen Resolution 1024 x 768 32 bit / Hard Disk 160 Gb, com sistema
operacional Windows XP™ para suporte do código ANSYS™ MECHANICAL 10.0.
164
Esta configuração permitiu a obtenções de soluções termo-estruturais acopladas (análise
de campo acoplada) com tempo médio de execução de 8 horas para cada modelo;
11) Em vista da complexidade do problema, o procedimento de análise proposto
mostrou-se satisfatório para avaliar a distribuição de temperaturas, de tensões residuais
e distorções nos dois corpos de prova ensaiados. A utilização desse procedimento no
projeto de juntas soldadas de estruturas de sistemas oceânicos (submarinos, plataformas
simulador de águas profundas, por exemplo) pode representar uma evolução no sentido
de se aumentar a confiabilidade dessas estruturas quanto a falhas;
12) Em termos de aplicações aos projetos de submarinos na Marinha do Brasil
(MB), os conhecimentos advindos do presente estudo poderão auxiliar à metodologia do
projeto de concepção estrutural de cascos resistentes de submarinos desenvolvidos pelo
Centro de Projetos de Navios (CPN), fornecendo ao projeto do sistema como um todo
um maior grau de confiabilidade estrutural ainda em sua fase de projeto de concepção; e
13) O processo de soldagem tipicamente adotado pela Marinha (MB) do Brasil,
segundo a filosofia de projeto adotada pelo estaleiro alemão HDW (Howaldt Deutsche
Werft), na construção do casco resistente cilíndrico típico de um submarino militar
convencional é o da Soldagem Circular em Passo Reverso, devido, basicamente
apresentar, em termos práticos, menores níveis de distorções de chapas e melhor
controle de circularidade do casco. Tal fato pode corroborar, então, os resultados
obtidos para a Soldagem Plana em Passo Reverso.
7.2
Recomendações para futuros trabalhos
O desenvolvimento do presente estudo revelou alguns tópicos de pesquisa
passíveis de serem realizados em futuros estudos. Alguns desses tópicos são:
1) No presente estudo, a monitoração de temperaturas foi realizada a partir de
Termômetros de Infravermelhos de Mão FLUKE
®
Série 60, que não apresentam
armazenagem eletnica das temperaturas just in time. Para uma maior precisão das
medidas de temperaturas, recomenda-se a instrumentação do experimento por
termopares do tipo K”, por exemplo, em virtude da faixa de temperaturas esperadas e
armazenadas no mesmo instante da incidência do aporte térmico de soldagem;
2) Realização de ensaios específicos para a determinação mais precisa das
propriedades de tração, compressão, condutividade térmica, calor específico, entalpia e
densidade do HY80 em função da temperatura, pois as informações relativas a esse
165
material são tratadas como secretas pelas diversas marinhas que dominam a sua
tecnologia de fabricação;
3) Avaliação dos processos de soldagem de regiões críticas de cascos resistentes
de submarinos da classe IKL em aço HY80 ou em aço HY100, com níveis de tensões
residuais e distorções reduzidos, por meio da modelagem numérica desenvolvida. Tais
regiões críticas seriam: a soldagem circunferencial de união de seções do casco
resistente, a soldagem do anel de transição reforçado usado na união cone-cilindro e de
peças de penetração no casco;
4) Avaliação de tensões residuais ao longo de espessura dos corpos de prova
(SY), de tal forma a se como estruturas de paredes espessas (vasos de pressão de
reatores nucleares e casco resistente de submarinos) se comportam quanto à Mecânica
da Fratura.
166
CAPÍTULO VIII
8 BIBLIOGRAFIA
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171
9 ANEXOS
9.1
ANEXO 1 - Dados experimentais de temperatura obtidos para a seqüência
progressiva do CP1
SEQUÊNCIA DE SOLDAGEM: PROGRESSIVA ("PROGRESSIVE WELDING")
PARÂMETROS DE SOLDAGEM
ACMÁX 2,17 kJ/mm TAMB 25,4
o
C
η REF
90% TCHAPA 27,4
o
C
g 23 mm TRESFRI 3000 s
TPA 52
o
C TPA exp 52
o
C
TIPmáx 149
o
C
MAT HY80
Soldagem: Eletrodo Revestido (SMAW)
Tipo Eletrodo: AWS E10018
Diâmetro: 4 mm
Fabricante: THYSSEN GROUP
PASSE: RAIZ
CORDÃO Amp (A) Volt (V) Tempo (s) Comp (mm) Vel (mm/s) AC (kJ/mm)
1 170 40 58 10 0,172 2,13
2 160 35 70 10 0,143 2,12
3 145 37 73 10 0,137 2,11
PASSE: REFORÇO
CORDÃO Amp (A) Volt (V) Tempo (s) Comp (mm) Vel (mm/s) AC (kJ/mm)
1 148 38 44 10 0,227 1,34
2 148 40 49 10 0,204 1,57
3 135 40 44 10 0,227 1,28
4 170 40 48 10 0,208 1,76
5 140 40 49 10 0,204 1,48
6 135 40 70 10 0,143 2,04
PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO Amp (A) Volt (V) Tempo (s) Comp (mm) Vel (mm/s) AC (kJ/mm)
1 148 38 48 10 0,208 1,46
2 148 39 49 10 0,204 1,53
3 135 41 46 10 0,217 1,37
4 132 44 52 10 0,192 1,63
5 140 45 49 10 0,204 1,67
6 135 40 50 10 0,200 1,46
7 130 42 60 10 0,167 1,77
8 160 35 51 10 0,196 1,54
9 135 37 78 10 0,128 2,10
mm
KJ
V
UI
AC
máx
17,2
1000
60..
×
×
=
η
172
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: RAIZ PASSE: RAIZ PASSE: RAIZ
CORDÃO: 1 CORDÃO: 2 CORDÃO: 3
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 151 1 144 1 153
2 159 2 148 2 155
3 146 3 160 3 157
4 134 4 162 4 176
5 128 5 142 5 180
6 124 6 153 6 185
7 124 7 140 7 187
8 149 8 150 8 153
9 146 9 152 9 155
10 140 10 154 10 153
11 134 11 147 11 151
12 128 12 127 12 153
13 128 13 117 13 151
14 123 14 113 14 130
15 133 15 158 15 145
16 132 16 159 16 147
17 128 17 156 17 147
18 126 18 145 18 146
19 118 19 135 19 139
20 117 20 124 20 131
21 114 21 110 21 131
Time MED (s) 110 110 110
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO
CORDÃO: 1 CORDÃO: 2 CORDÃO: 3
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 148 1 173 1 173
2 149 2 176 2 174
3 157 3 178 3 184
4 164 4 182 4 194
5 170 5 164 5 164
6 166 6 155 6 155
7 151 7 144 7 144
8 166 8 162 8 162
9 151 9 166 9 166
10 155 10 166 10 166
11 158 11 162 11 162
12 160 12 157 12 157
13 167 13 158 13 158
14 158 14 149 14 150
15 156 15 149 15 151
16 144 16 151 16 151
17 150 17 151 17 150
18 153 18 151 18 150
19 157 19 153 19 148
20 158 20 153 20 147
21 155 21 148 21 146
Time MED (s) 112 112 112
173
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO
CORDÃO: 4 CORDÃO: 5 CORDÃO: 6
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 150 1 150 1 137
2 130 2 147 2 133
3 141 3 148 3 144
4 140 4 153 4 157
5 140 5 135 5 161
6 136 6 131 6 165
7 132 7 116 7 150
8 142 8 143 8 136
9 145 9 144 9 140
10 143 10 145 10 141
11 140 11 138 11 141
12 138 12 130 12 139
13 120 13 120 13 136
14 114 14 101 14 118
15 135 15 124 15 130
16 136 16 135 16 133
17 134 17 134 17 155
18 136 18 131 18 133
19 137 19 125 19 128
20 135 20 123 20 125
21 111 21 103 21 115
Time MED (s) 110 112 125
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO: 1 CORDÃO: 2 CORDÃO: 3
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 125 1 133 1 124
2 115 2 122 2 116
3 123 3 139 3 127
4 137 4 141 4 141
5 139 5 131 5 139
6 141 6 130 6 139
7 109 7 107 7 128
8 124 8 127 8 122
9 128 9 129 9 127
10 130 10 131 10 130
11 135 11 131 11 132
12 137 12 129 12 129
13 141 13 130 13 130
14 98 14 108 14 109
15 118 15 121 15 116
16 122 16 122 16 121
17 127 17 125 17 126
18 131 18 125 18 123
19 133 19 123 19 123
20 134 20 114 20 123
21 115 21 106 21 105
Time MED (s) 125 125 130
174
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO: 4 CORDÃO: 5 CORDÃO: 6
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 129 1 141 1 133
2 130 2 143 2 139
3 129 3 151 3 146
4 134 4 152 4 150
5 137 5 138 5 148
6 139 6 131 6 150
7 135 7 128 7 144
8 120 8 132 8 132
9 122 9 133 9 135
10 126 10 134 10 138
11 129 11 132 11 139
12 130 12 128 12 134
13 135 13 130 13 132
14 123 14 121 14 126
15 114 15 120 15 126
16 117 16 122 16 129
17 120 17 124 17 131
18 123 18 123 18 130
19 123 19 116 19 124
20 123 20 117 20 125
21 118 21 117 21 121
Time MED (s) 64 81 68
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO: 7 CORDÃO: 8 CORDÃO: 9
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 130 1 147 1 131
2 129 2 141 2 133
3 133 3 151 3 142
4 142 4 156 4 150
5 148 5 139 5 153
6 152 6 136 6 150
7 144 7 119 7 148
8 125 8 138 8 131
9 128 9 139 9 136
10 132 10 140 10 139
11 137 11 138 11 140
12 140 12 135 12 137
13 144 13 136 13 136
14 140 14 112 14 112
15 120 15 128 15 116
16 124 16 132 16 129
17 128 17 133 17 133
18 132 18 132 18 134
19 133 19 132 19 131
20 135 20 133 20 128
21 122 21 110 21 115
Time MED (s) 60 90 78
175
9.2
ANEXO 2 - Dados experimentais de temperatura obtidos para a seqüência
em passo reverso do CP2
SEQUÊNCIA DE SOLDAGEM: PASSO REVERSO ("BACKSTEP WELDING")
PARÂMETROS DE SOLDAGEM
ACMÁX 2,17 kJ/mm TAMB 25,4
o
C
η REF
90% TCHAPA 27,4
o
C
g 23 mm TRESFRI 3000 s
TPA 52
o
C TPA exp 52
o
C
TIPmáx 149
o
C
MAT HY80
Soldagem: Eletrodo Revestido (SMAW)
Tipo
Eletrodo: AWS E10018
Diâmetro: 4 mm
Fabricante: THYSSEN GROUP
PASSE: RAIZ
CORDÃO Amp (A) Volt (V) Tempo (s) Comp (mm) Vel (mm/s) AC (kJ/mm)
1 169 40 45 10 0,222 1,64
2 160 35 50 10 0,200 1,51
3 145 37 52 10 0,192 1,51
PASSE: REFORÇO
CORDÃO Amp (A) Volt (V) Tempo (s) Comp (mm) Vel (mm/s) AC (kJ/mm)
1 148 38 55 10 0,182 1,67
2 148 40 54 10 0,185 1,73
3 135 40 44 10 0,227 1,28
4 142 40 60 10 0,167 1,84
5 140 40 48 10 0,208 1,45
6 135 40 40 10 0,250 1,17
PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO Amp (A) Volt (V) Tempo (s) Comp (mm) Vel (mm/s) AC (kJ/mm)
1 148 38 48 10 0,208 1,46
2 148 39 49 10 0,204 1,53
3 135 41 46 10 0,217 1,37
4 132 44 52 10 0,192 1,63
5 140 45 49 10 0,204 1,67
6 135 40 50 10 0,200 1,46
7 130 42 60 10 0,167 1,77
8 160 35 51 10 0,196 1,54
9 135 37 78 10 0,128 2,10
mm
KJ
V
UI
AC
máx
17,2
1000
60..
×
×
=
η
176
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: RAIZ PASSE: RAIZ PASSE: RAIZ
CORDÃO: 1 CORDÃO: 2 CORDÃO: 3
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 122 1 112 1 118
2 119 2 115 2 121
3 115 3 120 3 127
4 116 4 123 4 133
5 123 5 126 5 131
6 124 6 131 6 124
7 107 7 113 7 112
8 123 8 113 8 110
9 121 9 114 9 114
10 117 10 115 10 119
11 117 11 116 11 121
12 120 12 120 12 122
13 121 13 123 13 120
14 98 14 95 14 106
15 119 15 110 15 105
16 117 16 109 16 107
17 115 17 110 17 110
18 114 18 110 18 113
19 116 19 112 19 114
20 119 20 115 20 115
21 100 21 101 21 94
Time MED (s) 90 70 60
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO
CORDÃO: 1 CORDÃO: 2 CORDÃO: 3
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 135 1 124 1 125
2 136 2 127 2 127
3 132 3 128 3 134
4 130 4 131 4 138
5 128 5 134 5 137
6 122 6 135 6 132
7 115 7 115 7 115
8 122 8 119 8 117
9 121 9 120 9 121
10 122 10 121 10 122
11 121 11 122 11 125
12 120 12 123 12 125
13 117 13 124 13 125
14 104 14 104 14 110
15 110 15 110 15 110
16 112 16 112 16 113
17 114 17 114 17 115
18 114 18 114 18 116
19 113 19 114 19 116
20 113 20 114 20 116
21 99 21 97 21 95
Time MED (s) 60 58 40
177
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO PASSE: REFORÇO
CORDÃO: 4 CORDÃO: 5 CORDÃO: 6
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 136 1 129 1 144
2 136 2 137 2 146
3 136 3 145 3 156
4 142 4 150 4 158
5 149 5 158 5 156
6 141 6 154 6 154
7 125 7 134 7 130
8 121 8 122 8 125
9 124 9 126 9 130
10 125 10 127 10 138
11 126 11 132 11 142
12 127 12 137 12 143
13 124 13 140 13 141
14 108 14 126 14 122
15 113 15 114 15 110
16 115 16 117 16 121
17 116 17 120 17 127
18 117 18 122 18 127
19 118 19 123 19 130
20 118 20 124 20 131
21 108 21 104 21 121
Time MED (s) 50 48 40
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO: 1 CORDÃO: 2 CORDÃO: 3
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 150 1 137 1 139
2 148 2 140 2 142
3 147 3 144 3 152
4 148 4 148 4 155
5 145 5 150 5 152
6 140 6 152 6 147
7 133 7 126 7 125
8 140 8 133 8 130
9 142 9 137 9 136
10 141 10 137 10 141
11 140 11 139 11 142
12 138 12 139 12 142
13 135 13 139 13 140
14 125 14 116 14 116
15 128 15 125 15 125
16 131 16 129 16 128
17 133 17 130 17 131
18 132 18 130 18 132
19 130 19 130 19 131
20 130 20 130 20 132
21 103 21 120 21 110
Time MED (s) 57 55 44
178
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO: 4 CORDÃO: 5 CORDÃO: 6
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 148 1 136 1 150
2 150 2 145 2 147
3 150 3 159 3 149
4 156 4 161 4 153
5 161 5 156 5 144
6 156 6 161 6 143
7 132 7 151 7 132
8 135 8 131 8 132
9 139 9 137 9 139
10 139 10 140 10 143
11 140 11 144 11 147
12 141 12 148 12 144
13 137 13 149 13 143
14 125 14 138 14 122
15 126 15 125 15 124
16 131 16 129 16 130
17 133 17 132 17 137
18 132 18 135 18 137
19 130 19 137 19 137
20 130 20 138 20 137
21 117 21 127 21 110
Time MED (s) 45 50 54
TEMPERATURAS: MAPEAMENTO DOS PONTOS
PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO PASSE: ENCHIMENTO
CORDÃO: 7 CORDÃO: 8 CORDÃO: 9
PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C) PONTOS TEMP(
o
C)
1 154 1 146 1 154
2 151 2 155 2 161
3 151 3 158 3 167
4 158 4 161 4 168
5 158 5 163 5 162
6 147 6 162 6 156
7 133 7 142 7 127
8 143 8 137 8 138
9 144 9 139 9 144
10 143 10 143 10 150
11 143 11 145 11 150
12 140 12 148 12 150
13 136 13 149 13 147
14 115 14 132 14 136
15 133 15 128 15 130
16 134 16 132 16 134
17 135 17 134 17 138
18 134 18 135 18 139
19 131 19 135 19 139
20 130 20 135 20 139
21 117 21 126 21 128
Time MED (s) 54 44 46
179
9.3
ANEXO 3 - Dados experimentais para as distorções totais dos CP
PROGRESSIVA PASSO REVERSO
PONTOS Yi (mm) Yi (mm) DIF(mm) DIF (%)
1 5,04 3,72 1,32 26,19%
2 5,58 3,84 1,74 31,18%
3 5,60 3,80 1,80 32,14%
4 5,94 4,00 1,94 32,66%
5 6,28 3,90 2,38 37,90%
6 5,74 3,90 1,84 32,06%
7 5,98 3,90 2,08 34,78%
8 8,72 7,10 1,62 18,58%
9 8,78 7,00 1,78 20,27%
10 9,04 7,10 1,94 21,46%
11 9,34 7,00 2,34 25,05%
12 9,52 6,90 2,62 27,52%
13 9,16 6,56 2,60 28,38%
14 9,26 6,66 2,60 28,08%
15 11,64 9,78 1,86 15,98%
16 11,94 10,00 1,94 16,25%
17 12,02 10,00 2,02 16,81%
18 12,56 9,86 2,70 21,50%
19 12,82 9,58 3,24 25,27%
20 12,74 9,48 3,26 25,59%
21 12,66 9,62 3,04 24,01%
DP 2,79 2,47 0,32 11,30%
DIA 8,78 6,64 2,14 24,32%
EMPENOS EM Y: TRANSVERSAL
PROGRESSIVA PASSO REVERSO
PONTOS Yi (mm) Yi (mm) DIF(mm) DIF (%)
1 5,04 3,72 1,32 26,19%
8 8,72 7,10 1,62 18,58%
15 11,64 9,78 1,86 15,98%
2 5,58 3,84 1,74 31,18%
9 8,78 7,00 1,78 20,27%
16 11,94 10,00 1,94 16,25%
3 5,60 3,80 1,80 32,14%
10 9,04 7,10 1,94 21,46%
17 12,02 10,00 2,02 16,81%
4 5,94 4,00 1,94 32,66%
11 9,34 7,00 2,34 25,05%
18 12,56 9,86 2,70 21,50%
5 6,28 3,90 2,38 37,90%
12 9,52 6,90 2,62 27,52%
19 12,82 9,58 3,24 25,27%
6 5,74 3,90 1,84 32,06%
13 9,16 6,56 2,60 28,38%
20 12,74 9,48 3,26 25,59%
7 5,98 3,90 2,08 34,78%
14 9,26 6,66 2,60 28,08%
21 12,66 9,62 3,04 24,01%
180
EMPENOS EM Y: LONGITUDINAL
PROGRESSIVA PASSO REVERSO
PONTOS Yi (mm) Yi (mm) DIF(mm) DIF (%)
1 5,04 3,72 1,32 26,19%
2 5,58 3,84 1,74 31,18%
3 5,60 3,80 1,80 32,14%
4 5,94 4,00 1,94 32,66%
5 6,28 3,90 2,38 37,90%
6 5,74 3,90 1,84 32,06%
7 5,98 3,90 2,08 34,78%
8 8,72 7,10 1,62 18,58%
9 8,78 7,00 1,78 20,27%
10 9,04 7,10 1,94 21,46%
11 9,34 7,00 2,34 25,05%
12 9,52 6,90 2,62 27,52%
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DP 2,79 2,47 0,32 11,30%
DIA 8,78 6,64 2,14 24,32%
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