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Para Ming (2005), a APA da Serra da Mantiqueira é uma importante
área de conservação na região sudeste brasileira, envolvendo formações vegetais e
ecossistemas associados ao Domínio da Mata Atlântica como Floresta Ombrófila Densa
Sub-Montana a Alto-Montana, além de áreas com Campos de Altitude, apresentando uma
vegetação com alta heterogeneidade florística e estrutural, devido à variedade de altitudes,
climas e outros fatores ambientais. Segundo Correa (2006), na referida APA também
persistem formas de cultura tradicional de grande interesse e diversidade, sociedades que
vivem segundo tradições indígenas e ibéricas de enorme importância cultural e antropológica.
O clima, de acordo com Köppen, é classificado como subtropical de
altitude, úmido a super-úmido. A temperatura média anual oscila entre 12
o
a 18
o
C, chegando
próximo de zero no inverno (Fravin, 1983), fator que contribui para atrair o interesse turístico
pela região.
Segundo Neves (2004), em Campos do Jordão, um dos principais
centros receptores turísticos da região da Serra da Mantiqueira, a ocupação do solo tem sido
responsável pelas transformações na área, sendo esse processo associado à dinâmica
demográfica do município. Grandes áreas de preservação permanente, como maciços
florestais, foram suprimidas devido à expansão demográfica. Atribui-se esse fato ao histórico
processo de ocupação do município e posterior expansão da construção civil decorrente do
desenvolvimento turístico que trouxeram, assim, conseqüências impactantes ao meio ambiente
local. A ameaça também se dá ao patrimônio étnico e cultural, ou seja, as comunidades
tradicionais, que por séculos convivem com o ambiente local, retirando da mata e seus
ecossistemas associados, sem destruí-los, os recursos básicos para sua vida. Este patrimônio é
composto de conhecimentos sobre a floresta e seus ciclos, o valor de suas madeiras, fibras,
folhas e frutos, a variedade de suas plantas medicinais e um conjunto excepcional de ritos,
mitos e manifestações artísticas que corre risco de desaparecimento, junto com essas
comunidades, cada vez mais ameaçadas em seus locais e restritas em suas atividades.
Assim, estratégias que contemplem a conservação de ecossistemas
tropicais, como a Floresta Atlântica, devem agregar aspectos econômicos, sociais e culturais
concretos, tais como manutenção e regularização dos mananciais hídricos que abastecem as
grandes cidades, conservação da diversidade existente para uso futuro (especialmente espécies de