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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
FÁBIO ROGÉRIO CARVALHO FRÉSCA
Estudo da geração de resíduos sólidos domiciliares no município de São
Carlos, SP, a partir da caracterização física
.
São Carlos
2007
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FÁBIO ROGÉRIO CARVALHO FRÉSCA
ESTUDO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
DOMICILIARES NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, SP, A
PARTIR DA CARACTERIZAÇÃO FÍSICA.
Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Ciências da Engenharia
Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Valdir Schalch
São Carlos
2007
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Fábio Rogério Carvalho Frésca
Dissertação apresentada à Escola de Engenharia
de São Carlos, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Ciências da
Engenharia Ambiental.
Área de concentração: Ciências da Engenharia
Ambiental.
Aprovada em:
Banca Examinadora
_______________________________________________________ __________________
Prof. Assoc. VALDIR SCHALCH (Orientador)
(Escola de Engenharia de São Carlos/USP)
_______________________________________________________ __________________
Prof. Dr. WELLINGTON CYRO DE ALMEIDA LEITE
(UNESP/Guaratinguetá)
_______________________________________________________ __________________
Prof. Dr. MARCUS CEZAR AVEZUM ALVES DE CASTRO
(UNESP/RIO CLARO)
______________________________________________
Prof. Titular MARCELO PEREIRA DE SOUZA
Coordenador da Área de Ciências da Engenharia Ambiental
______________________________________________
Prof. Assoc. GERALDO ROBERTO MARTINS DA COSTA
Presidente da Comissão de Pós-Graduação
Dedico este trabalho a meus pais, Luiz e Maria José,
meu irmão Eduardo e a minha noiva Cristiane,
pelo apoio e compreensão.
AGRADECIMENTOS
A Cristiane, minha noiva, meus pais, Luiz e Maria José e meu irmão pelo apoio nos
momentos mais difíceis desta jornada.
Aos amigos Érica Pugliesi e Juliano Costa Gonçalves, pelo apoio e disponibilidade oferecida
durante esta jornada.
Ao prof. Valdir Schalch, pela amizade e orientação.
Aos prof. Marcus Avezum e Cyro Leite, pelas contribuições na qualificação.
Aos companheiros, Tássio Francisco Lofti Matos e Jaqueline Bória, pelo compartilhamento
dos momentos de dificuldades, de aprendizado e sucesso no desenvolvimento desta pesquisa.
A todos que participaram e apoiaram as caracterizações realizadas no aterro
Sanitário, em especial a Érica Pugliesi, Luciana Massukado, Anne Cardoso e o Heitor do
grupo de resíduos, o Dalóia do USP recicla, e, a Taís, o Gustavo e o Vitor Matos.
Ao Ronan Contrera, pelo apoio do laboratório de análise de chorume.
Ao Laboratório de Resíduos Químicos da USP/SC, em especial a Drª. Leny Borghesan, pela
disponibilidade da balança KLD e as máscaras semifaciais. Ao CDCC/USP, em especial ao
Paulo Rufino, pela disponibilidade da balança Sony e material bibliográfico para consultas.
Ao técnico Osvaldo de Andrade do laboratório de informática da Arquitetura, pela
disponibilidade do “Nobreak”.
A todos do aterro sanitário de São Carlos, pelo apoio, e, em especial ao Miguel Venditi e o
Marcelo Venditi.
A minha sogra, Maria Carolina, pelo auxílio na elaboração do trabalho.
Aos catadores das cooperativas, pelo auxílio nas caracterizações realizadas no aterro, em
especial ao Jonas e Isabel, da Cooletiva, e a Cilene da Coopervida.
As cooperativas Cooletiva, Coopervida e Ecoativa, pela adesão e apoio na realização das
caracterizações na coleta seletiva.
A CAPES, pelo financiamento da pesquisa e concessão de bolsas.
A empresa Vega, na pessoa do Marcelo, Osmar e André pelas informações e programação dos
caminhões coletores.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável Ciência e Tecnologia, na pessoa do
Paulo Mancini e o Paulo Shiroma, pelo apoio e disponibilidade de informações.
RESUMO
FRÉSCA, F. R. C. (2007). Estudo da Geração dos Resíduos Sólidos Domiciliares no
Município de São Carlos, SP, a partir da Caracterização Física. Dissertação de Mestrado.
Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. 2007.
O desenvolvimento tecnológico, o crescimento industrial, o acelerado processo de
urbanização e o crescimento populacional transformaram o espaço geográfico brasileiro.
Somado à mudança de hábitos e de consumo acarretou e vem acarretando diversos problemas
ambientais. O incentivo à troca e o investimento em produtos descartáveis, levaram a um
aumento significativo da geração de resíduos sólidos. Tratar e dar um destino adequado à
grande quantidade de resíduos tem sido um grande desafio às autoridades brasileiras. Para que
haja melhor gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos é preciso conhecer o que tem sido
gerado, ou seja, qual a quantidade e que tipo de material é descartado. Para bem conhecer essa
produção, a melhor maneira é fazer um estudo da geração e composição gravimétrica dos
resíduos sólidos através de sua caracterização física. Portanto, a proposta deste trabalho foi
fazer um levantamento da geração dos resíduos sólidos domiciliares no Município de São
Carlos. Essa investigação levou em conta não apenas os resíduos que chegam ao aterro
sanitário através da coleta convencional, mas também os que chegam às centrais de triagem
através da coleta seletiva, utilizando-se como instrumento principal a sua caracterização
física. Na coleta convencional, o número de amostragem compreendeu todos os setores, sendo
a massa da amostra obtida por quarteamento. Foi feito uma caracterização no inverno e outra
no verão. Destacam-se, nos resultados, o percentual de resíduos sólidos domiciliares, em
massa: matéria orgânica (59,08%), papel e papelão (6,44%), tetra pak (0,94%), vidro (1,67%),
metal e alumínio (1,31%), plásticos 10,47% (2,84% de plásticos rígidos e 7,63%de plásticos
filmes) e outros (20,09%). Observou-se que o percentual de materiais que poderiam ser
reintroduzidos no mercado e estão sendo depositados no aterro sanitário, ainda é elevado,
considerando a que a coleta seletiva foi introduzida no município em 2002. Na coleta seletiva
destacam-se: o papel e papelão, com 47,41%; seguido pelos plásticos, com 21,60% (rígidos -
17,95% e filmes - 3,65%); vidro, 12,25%; metal e alumínio, 7,63% (lata - 1,54% e geral -
6,10%); rejeitos, 5,79% e tetra pak, 5,30%.
Palavras-Chaves: resíduo sólido domiciliar, caracterização física e geração de resíduos.
ABSTRACT
FRÉSCA, F.R.C. (2007). Study of the Generation of the Solid Household Waste in the City of
They are Carlos, SP, from the Physical Characterization. Master's degree Dissertation. São
Carlos School of Engineering. The University of São Paulo. 2007
The technological development, the industrial growth, the sped up process of urbanization and
the population growth had transformed geographic the space Brazilian. Added to the change
of habits and consumption it caused and it comes causing diverse ambient problems. The
incentive to the exchange and the investment in dismissable products, had led to a significant
increase of the generation of solid wastes. To treat and to give an adequate destination to the
great amount of wastes have been a great challenge to the Brazilian authorities. So that it has
better management and management of the solid wastes are necessary to know what he has
been generated, that is, which the amount and that type of material is discarded. To know this
production well, the best way is to make a study of the generation and gravimetrical
composition of the solid wastes through its physical characterization. Therefore, the proposal
of this work was to make a current survey of the generation of the household waste in the City
of Is Carlos. This inquiry will not only take in account the wastes that arrive at it fill with
earth bathroom through the conventional collection, but also the ones that they arrive at the
central offices of selection through the selective collection, using itself as main instrument its
physical characterization. They stand out, in the results, the percentage of household wastes,
in mass: organic matter (59,08%), paper and cardboard (6,44%), tetra pak (0,94%), glass
(1,67%), metal and aluminum (1,31%), plastics 10,47% (2,84% of rigid plastics and 7,63%de
plastics films) and other (garbage) (20,09%). it was Observed that the percentage of materials
that could be returned in the market and they are being deposited in the sanitary landfill, it is
still high, considering what the selective collection was introduced in the municipal district in
2002. In the selective collection they stand out: the paper and cardboard, with 47,41%;
following for the plastics, with 21,60% (rigid - 17,95% and films - 3,65%); glass, 12,25%;
metal and aluminum, 7,63% (can - 1,54% and general - 6,10%); garbage, 5,79% and tetra pak,
5,30%.
Keyword: household waste, physical characterization and generation of waste.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Classificação dos resíduos sólidos em função de sua fonte geradora ..................... 30
Figura 2 – Classificação dos resíduos sólidos domiciliares em função dos grupos dos materiais
que o compõe. ........................................................................................................................... 31
Figura 3 – Municípios com programas de coleta seletiva no Brasil (1994 a 2006) ................. 35
Figura 4 – Disposição Final dos resíduos sólidos domiciliares no Brasil. ............................... 39
Figura 5 Localização do município de São Carlos em relação à América do Sul, Brasil, São
Paulo e Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São Paulo. .............................. 43
Figura 6 Mapa de distribuição da população, quanto à renda, no município de São Carlos,
SP. Fonte: Adaptado de – Censo 2000 - IBGE (2000) ............................................................ 51
Figura 7 – Percentual da composição gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares do
município de São Carlos/SP (1989). ........................................................................................ 55
Figura 8 Vista aérea localização do aterro sanitário de São Carlos, SP destacando a
estradas de acesso. .................................................................................................................... 59
Figura 9 - Situação em maio de 2006. ...................................................................................... 60
Figura 10 - Situação em junho de 2007. ................................................................................... 60
Figura 11 - Coleta Convencional dos resíduos sólidos domiciliares do município de São
Carlos, SP. (Obs: Sem Escala).................................................................................................. 72
Figura 12 Metodologia para caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares
misturados. ................................................................................................................................ 79
Figura 13 – Mapa dos bairros de cobertura da coleta seletiva. (Obs: Sem Escala) .................. 82
Figura 14 – Áreas de cobertura das cooperativas. (Obs: Sem Escala) ..................................... 83
Figura 15 Metodologia para caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares
separados. ................................................................................................................................. 86
Figura 16 – Esquema da metodologia (coleta convencional e seletiva) ................................... 87
LISTA DE FOTOS
Foto 1 – Aterro controlado em operação no município de São Carlos, SP (1993) .................. 56
Foto 2 – Desmoronamento do aterro controlado no município de São Carlos, SP. (1999) ..... 56
Foto 3 – Desmoronamento do aterro controlado no município de São Carlos, SP. (2006) ..... 57
Foto 4 – Geração do chorume do aterro controlado no município de São Carlos, SP. (1999). 57
Foto 5 – Recalque do aterro controlado no município de São Carlos, SP. (2006) ................... 58
Foto 6 Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP e sua posição em
relação à mancha urbana. Fonte: Cedida pelo Sr. Miguel Venditi – operador de trator do aterro
sanitário, final de 2003. ............................................................................................................ 61
Foto 7 Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP - Lagoas de chorume
e operação na primeira ampliação do aterro sanitário. Fonte: Cedida pelo Sr. Miguel Venditi –
operador de trator do aterro sanitário, início de 2004............................................................... 62
Foto 8 Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP Início das obras
para segunda ampliação e operação na antiga área do aterro sanitário. Fonte: Cedida pelo Sr.
Miguel Venditi – operador de trator do aterro sanitário, final de 2004. ................................... 62
Foto 9 Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP Nova lagoa de
chorume, operação na segunda ampliação. Fonte: Vega Engenharia Ambiental, início de
2007. ......................................................................................................................................... 63
Foto 10 - Caminhão utilizado para a coleta seletiva (porta-a-porta). ....................................... 67
Foto 11 - Barracão de triagem de materiais recicláveis de uma das cooperativas existentes em
São Carlos/SP. .......................................................................................................................... 67
Foto 12 Monte de aproximadamente 10 toneladas, depositado diretamente no chão do aterro
sanitário do município de São Carlos, SP. (2005). ................................................................... 74
Foto 13 – Resíduos misturados e espalhados, com ajuda de uma pá carregadeira................... 74
Foto 14 – Materiais mais grossos retirados do monte principal (2005). .................................. 74
Foto 15 Resíduos sólidos domiciliares, retirados do monte principal, sendo colocados sobre
a lona plástica, e os sacos plásticos sendo rasgados (2005). .................................................... 75
Foto 16 – Mistura manual dos resíduos sólidos domiciliares (2005). ...................................... 75
Foto 17 Resíduos sólidos espalhados sobre a lona plástica para o início do quarteamento
(2005). ...................................................................................................................................... 76
Foto 18 - Materiais sendo separados em montes (2005). ......................................................... 76
Foto 19- Processo de quarteamento. ......................................................................................... 76
Foto 20 – Processo de quarteamento - materiais sendo desprezados (2005). .......................... 77
Foto 21 – Plástico duro e alumínio sendo separados de outros materiais (2005). ................... 78
Foto 22 – Material colocado em saco branco leitoso e pesado na balança (2005). ................. 78
Foto 23 – Mesa ou Bancada para separação, localizada na cooperativa Cooletiva. Fonte:
Prefeitura Municipal de São Carlos, SP (2005). ...................................................................... 85
Foto 24 - Material sendo pesado, após a sua separação – Coopervida (2005). ....................... 85
Foto 25 - Material sendo pesado, após a sua separação – Coopervida (2005). ....................... 85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição percentual média do resíduo sólido domiciliar (Brasil e EUA) ......... 31
Tabela 2 - Caracterização física, em porcentagem de peso, dos RSD de algumas cidades
brasileiras. ................................................................................................................................. 41
Tabela 3 - Dados geográficos e estatísticos do município de São Carlos, SP .......................... 46
Tabela 4 - Faixa de idade da população residente do município de São Carlos, SP ................ 47
Tabela 5 - População residente por raça, sexo e área do município de São Carlos, SP ........... 48
Tabela 6 - Dados gerais das atividades econômicas por faixas de pessoal ocupado total do
município de São Carlos, SP .................................................................................................... 49
Tabela 7 - Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) a preço de mercado e o Produto Interno
Bruto Per Capita do município de São Carlos, SP ................................................................... 49
Tabela 8 - Indicadores de renda, pobreza e desigualdade do município de São Carlos, SP, e do
Estado de São Paulo, em 1991 e 2000 ...................................................................................... 52
Tabela 9 - Porcentagem de renda apropriada por extratos da população, 1991 e 2000 ........... 53
Tabela 10 - Evolução mensal do preenchimento e estimativa de vida útil da célula ............... 60
Tabela 11 Massa encaminhada ao aterro sanitário municipal de São Carlos,SP de RSD, por
mês, no ano de 2002 à 2006. .................................................................................................... 64
Tabela 12 Massa comercializada de materiais recicláveis, por mês, da coleta seletiva do
município de São Carlos, SP, em 2005 e 2006. ........................................................................ 66
Tabela 13 – Coleta convencional de São Carlos: Setores, bairros, freqüência e turno ............ 69
Tabela 14 - Programação final da caracterização do RSD da coleta convencional ................. 73
Tabela 15 – Coleta seletiva de São Carlos: Região/cooperativa, bairros e freqüência. ........... 81
Tabela 16 - Programação final da caracterização do RSD da coleta seletiva ........................... 84
Tabela 17 Registros das temperaturas nos dias de geração do RSD, por setor caracterizado
da coleta convencional.............................................................................................................. 89
Tabela 18 Logística da coleta convencional - Número de bairros coletados e não coletados,
massa coletada, por setor e estação climática. .......................................................................... 90
Tabela 19 Registro das massas coletadas e da amostra significativa (quarteada), por setor da
coleta convencional e por estação ............................................................................................ 91
Tabela 20 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares do município de São
Carlos, SP. ................................................................................................................................ 94
Tabela 21 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional - matéria orgânica. ................................................................................... 96
Tabela 22 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional – papel e papelão. .................................................................................... 98
Tabela 23 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional – tetra pak. ............................................................................................... 99
Tabela 24 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional – vidro. .................................................................................................. 100
Tabela 25 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional – metal e alumínio. ................................................................................ 101
Tabela 26 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional – plástico. .............................................................................................. 103
Tabela 27 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da
coleta convencional – outros. ................................................................................................. 105
Tabela 28 - Registros das temperaturas nos dias de geração dos materiais recicláveis coletados
pelas cooperativas da coleta seletiva ...................................................................................... 108
Tabela 29 - Logística da coleta seletiva - Número de bairros coletados e não coletados, massa
coletada, por cooperativa e estação climática. ....................................................................... 109
Tabela 30 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares (RSD) presentes na
coleta seletiva de São Carlos, SP, no inverno. ....................................................................... 111
Tabela 31 - Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares (RSD) presentes na
coleta seletiva de São Carlos, SP, no verão. .......................................................................... 112
Tabela 32 - Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares do município de São
Carlos, SP (1989 e 2007). ...................................................................................................... 115
Tabela 33 Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares do município de São
Carlos, SP, destacando os materiais passíveis de recicláveis, outros e matéria orgânica. ..... 117
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS
%. Porcentagem;
Kg Quilograma;
Km Quilometro;
Km2 Quilometro quadrado;
m Metro;
m3 Metro cúbico;
NBR Norma brasileira regulamentada;
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas;
ºC Grau Celsius;
p. Página;
RSD Resíduo sólido domiciliar;
SMDS Secretaria municipal de desenvolvimento sustentável, ciência e
tecnologia;
PMSC Prefeitura Municipal de São Carlos;
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental;
CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem;
t. Tonelada.
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................................................... xi
ABSTRACT ......................................................................................................................................................... xiii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................... xv
LISTA DE FOTOS .............................................................................................................................................. xvii
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................... xix
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS ..................................................................................................................... xxi
SUMÁRIO ......................................................................................................................................................... xxiii
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 25
2
OBJETIVOS ................................................................................................................................................ 27
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................27
2.2 Objetivo Específico ................................................................................................................27
3
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................... 28
3.1 Geração, definição e classificação dos resíduos sólidos. .......................................................28
3.2 Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos .....................................................................32
3.3 Sistema de Coleta e Transporte; Tratamento e Disposição Final do Resíduo Sólido
Domiciliar. .........................................................................................................................................33
3.3.1
Sistema de Coleta e Transporte do Resíduo Sólido Domiciliar .................................................. 33
3.3.2
Tratamento do Resíduo Sólido Domiciliar .................................................................................. 35
3.3.3
Disposição Final do Resíduo Sólido Domiciliar ......................................................................... 37
3.4 Caracterização Física do Resíduo Sólido Domiciliar .............................................................40
3.5 Caracterização da área de estudo - Município de São Carlos, SP ..........................................42
3.6 História do Município de São Carlos, SP ...............................................................................43
3.7 Economia do Município de São Carlos, SP ...........................................................................44
3.8 População do município de São Carlos, SP ...........................................................................45
3.9 Distribuição da renda no município de São Carlos, SP ..........................................................50
3.10 Geração dos Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD) no município de São Carlos, SP. ..........54
4
MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................................ 68
4.1 Coleta convencional ...............................................................................................................69
4.2 Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional ..................73
4.3 Coleta Seletiva .......................................................................................................................80
4.4 Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares da coleta seletiva ...........................84
4.5 Tratamento dos dados ............................................................................................................ 86
5
RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................................................ 88
5.1 Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional ............................ 88
5.2 Qualificação da Amostra ....................................................................................................... 88
5.3 Caracterização Física dos Resíduos Sólidos .......................................................................... 93
5.4 Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares da coleta seletiva ................................... 106
5.4.1
Qualificação da massa coletada ................................................................................................. 106
5.5 Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares ..................................................... 110
5.6 Extrapolação dos Resultados ............................................................................................... 114
6
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 118
7
SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................................................................... 120
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................. 121
APÊNDICE A – Prospecto de divulgação do sistema de coleta seletiva ............................................................. 125
APÊNDICE B – Relação de bairros caracterizados ............................................................................................. 127
25
1 INTRODUÇÃO
No século XX, o Brasil experimentou rápidas e profundas mudanças estruturais, como,
por exemplo, os processos de crescimento populacional, de urbanização, de metropolização,
de conurbação, de industrialização e de transformação de hábitos de consumo. Esses
processos, em conjunto, possibilitaram a chamada “modernização” da sociedade brasileira,
gerando grandes conflitos e enormes quantidades de resíduos sólidos, restos da produção e do
consumo.
A geração de resíduos se agrava ainda mais quando se pensa em hábitos de consumo
calcados na ‘cultura do supérfluo’, o uso e a produção de objetos descartáveis que
rapidamente se tornam inúteis ao indivíduo e se transformam, então, em resíduos sólidos. No
contexto de um país intensamente urbanizado, tem sido um desafio às autoridades dar um
tratamento e uma disposição final adequada aos grandes volumes de resíduos produzidos, em
especial, os resíduos sólidos domiciliares (RSD).
Quando os RSD são depositados de forma inadequada, cria-se uma série de problemas
ambientais, tais como a poluição do solo, da água e do ar. A maior parte dos municípios
brasileiros tem depositado seus resíduos a céu aberto, em lixões, o que causa um grande
impacto ao meio ambiente, principalmente para os corpos d’água.
Sob esse ponto de vista, o grande dilema contemporâneo dos resíduos sólidos
domiciliares está relacionado com o aumento da sua geração, sua coleta e transporte,
tratamento e disposição final, de forma a minimizar os impactos ambientais. Dilema esse que
tem consumido elevada dose de recursos humanos, tecnológicos e financeiros. Dito isso,
torna-se imprescindível a existência de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos gerados,
sempre levando em conta a especificidade do lugar. A gestão dos RSD está ligada a um
“conjunto de ações, procedimentos e controles; e recursos humanos, financeiros e materiais
organizados cuja finalidade é controlar os impactos ao meio ambiente” (PUGLIESI, 2006, p.
4). A Gestão dos RSD está comprometida com uma série de princípios, que são:
“i) proteção dos recursos naturais e do meio ambiente para as gerações futuras; ii) redução de
desperdícios (de matéria-prima, energia, água, combustíveis) reaproveitamento e reciclagem;
iii) melhoria de qualidade de vida e trabalho (...) por meio de (a) uma maior conscientização da
necessidade de preservação ambiental, (b) de um ambiente de trabalho mais limpo, organizado
e agradável e (c) de redução da quantidade de resíduos no meio ambiente; e, por fim, iv)
melhoria da imagem da instituição perante a população”
(PUGLIESI, 2006 p. 4).
26
O gerenciamento do resíduo sólido domiciliar, por sua vez, “compreende o conjunto
de todas as atividades envolvidas desde a geração dos resíduos até sua disposição final”
(PUGLIESI, 2006, p. 4). Desta forma, é preciso buscar parceiros, especialmente junto às
lideranças da sociedade e das entidades importantes na comunidade, buscar novas alternativas
tecnológicas, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais decorrentes da geração de
resíduos e facilitar o mercado dos recicláveis.
Isso significa que a gestão e gerenciamento são instrumentos importantes para que o
impacto ambiental causado pelos resíduos sólidos seja cada vez menor. Porém, para que a
gestão e gerenciamento funcionem, é fundamental conhecer as características dos RSD
gerados. O estudo da origem e composição dos resíduos de um município permite melhor
estabelecer os procedimentos para a coleta (convencional ou seletiva), o transporte, o
tratamento e sua disposição final. Trata-se, tão somente, do primeiro passo em direção à
gestão dos resíduos, que permite uma visão integrada do dilema em questão.
Diante deste contexto, este trabalho se propôs a estudar a geração dos RSD no
município de São Carlos, SP, levando-se em conta a coleta convencional e a coleta seletiva,
usando como instrumento principal a caracterização física para subsidiar a ação, a intervenção
e a reflexão política sobre o tema.
Este trabalho foi realizado em parceria com outros projetos de pesquisa do NEPER
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Resíduos Sólidos/SHS/EESC/USP, os quais têm seus
objetivos focados na caracterização de resíduos sólidos poliméricos e perigosos que,
juntamente com o presente trabalho, irão compor o diagnóstico final dos resíduos
provenientes das coletas convencional e seletiva de São Carlos, SP.
Sob esta perspectiva, essa pesquisa possui a seguinte pergunta norteadora: Quais as
características (composição gravimétrica e origem) dos Resíduos Sólidos Domiciliares do
município de São Carlos, SP?
27
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a geração de resíduos sólidos domiciliares no município de São Carlos, SP.
2.2 Objetivo Específico
Caracterizar fisicamente os resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos, SP,
oriundos da coleta convencional (regular) e a coleta seletiva;
Relacionar os resultados obtidos nos setores amostrados, em função dos aspectos sócio-
econômicos;
Quantificar os resíduos sólidos recicláveis – papel/papelão, plástico, metal e alumínio,
vidro, embalagem longa vida e resíduos facilmente degradáveis coletados e destinados no
aterro sanitário do município de São Carlos, SP;
Quantificar os resíduos sólidos recicláveis - papel/papelão, plástico, metal e alumínio, vidro
e embalagem longa vida coletados pelo Programa de Coleta Seletiva do município de São
Carlos, SP;
Avaliar a influência do programa de coleta seletiva na composição dos RSD dispostos no
aterro sanitário municipal.
28
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Geração, definição e classificação dos resíduos sólidos.
A geração dos resíduos sólidos tem sido um problema para as civilizações,
evidenciado a partir do abandono da vida nômade pelo homem. Segundo Sartori (1995, p. 7),
“o ato de jogar fora alguma coisa acompanha o homem aonde quer que ele vá, desde os
primórdios da civilização”.
Na segunda metade do século XX, com o rápido crescimento populacional, com o
desenvolvimento tecnológico, com a intensificação da industrialização e com o investimento
em marketing houve uma grande mudança nos hábitos de consumo da população e produção.
De acordo com Leite (2003, p. 35),
Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o acelerado
desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade permitiu a
introdução constante, e com velocidade crescente, de novas tecnologias e de
novos materiais que contribuem para a melhoria da performance técnica para
a redução de preços e do ciclo de vida útil de grande parcela dos bens de
consumo duráveis e semiduráveis. Esses materiais, essas tecnologias e a
obsolescência mercadológica planejada permitem a satisfação dos conceitos
de diferenciação entre as empresas no mercado. O acelerado ímpeto de
lançamento de inovações no mercado cria um alto nível de obsolescência
desses produtos e reduz seu ciclo de vida, com clara tendência à
descartabilidade.
O crescimento da população gerou um crescimento na geração dos resíduos, porém a
mudança nos hábitos de consumo tem levado a um aumento ainda maior da sua geração. A
sociedade atual investe cada vez mais em produtos descartáveis, produtos estes que se tornam
rapidamente inúteis e indesejáveis para o indivíduo e, assim, rapidamente se tornam resíduos.
Além disso, o atual padrão de consumo estabelecido é hedonista (sente-se prazer em
comprar), cultua o moderno (necessidade de comprar o último avanço tecnológico) e é
calcado na absolescência dos produtos. Sendo assim, qualquer aumento no padrão de renda,
aumenta o padrão de consumo e, conseqüentemente, aumenta a geração de resíduo. Isto
significa que existe uma correlação entre renda e resíduos sólidos domiciliares no país.
Existe, dessa forma, um novo regime de acumulação das empresas, baseado na
pesquisa e desenvolvimento enquanto estratégia concorrencial cria novas necessidades de
consumo, utiliza novos materiais (como polímeros e embalagens longa vida) e produz em
grande escala, visando o barateamento dos produtos. Assim, em uma sociedade de consumo
em massa, a produção é realizada em grande quantidade.
29
Para Leite (2003, p. 36), existem sinais que mostram esse aumento no consumo, como
lançamento de novos produtos. Em 1970, foram lançados, nos Estados Unidos, cerca de 1.365
novos produtos, enquanto que em 1994 foram lançados 20.076; aumento da geração de
resíduos domésticos - em 1985, a cidade de São Paulo gerava cerca de 4.450 toneladas/dia de
resíduos, enquanto que em 2000, alcançou a marca de 16 mil toneladas/dia; aumento
significativo na produção de computadores, com crescente consumo de tinta e papel, além da
geração de resíduos industriais; aumento da produção de materiais plásticos - em 1996 a
produção mundial de plástico era de 6 milhões de toneladas/ano, e esta marca, em 2000,
passou para 120 milhões de toneladas/ano, e ainda o aumento da produção de automóveis e
outros automotores.
É importante ressaltar que o que vai transformar algum material em resíduo sólido,
mais popularmente conhecido como lixo, é o fato de seu proprietário ou produtor considerá-lo
como inútil ou indesejável, ou ainda, sem valor de uso.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 10.004, 2004),
os resíduos sólidos são definidos como:
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica (domiciliar), hospitalar, comercial, agrícola, de
serviço e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes
de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos,
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto
ou corpos de água, ou exijam, para isso, soluções técnicas e econômicas
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Ainda de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT - NBR
10.004, 2004), os resíduos sólidos são classificados em função da periculosidade em:
a) Resíduos classe I Perigosos São todos os resíduos que podem apresentar riscos à saúde
pública e ao meio ambiente;
b) Resíduos classe II – Não perigosos;
Os resíduos, classe II, são ainda subdivididos em duas classes:
Resíduos classe II A Não inertes São todos os resíduos não enquadrados na classe I
Perigosos ou classe II B Inertes e que podem apresentar propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;
Resíduos classe II B – Inertes São todos os resíduos que submetidos a um contato
dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, conforme ABNT (NBR 10.006, 2004)
não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados, de acordo com padrões desta Norma.
30
Os resíduos sólidos também podem ser classificados em função de sua fonte geradora,
de acordo com o observado na Figura 01.
Figura 1 – Classificação dos resíduos sólidos em função de sua fonte geradora
Fonte: SCHALCH (1992), modificado.
De acordo com Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 8.419,
1992), os resíduos sólidos urbanos são definidos como: “resíduos sólidos gerados num
aglomerado urbano, excetuados os resíduos industriais perigosos, hospitalares sépticos e de
aeroportos e portos”.
Destacando o resíduo sólido domiciliar, segundo CEMPRE, Lixo Municipal Manual
de gerenciamento integrado, 2000, p. 29:
Aquele originado na vida diária das residências, constituído por restos de
alimentos (cascas de frutas, verduras, sobras etc.), produtos deteriorados,
jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas
descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contêm, ainda, alguns
resíduos que podem ser tóxicos.
A figura 02 apresenta uma classificação deste, em função dos grupos de materiais que
o compõem.
31
Figura 2 – Classificação dos resíduos sólidos domiciliares em função dos grupos dos materiais
que o compõe.
Uma característica importante dos resíduos sólidos domiciliares gerados no Brasil é a
composição: predominante de materiais orgânicos, ou seja, substâncias provenientes de
animais e vegetais, diferentemente de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, em que
a proporção de materiais descartáveis como plástico, papel, papelão, vidro e metal é
maior.
Conforme Philippi Apud. CEMPRE, Lixo Municipal – Manual de gerenciamento
integrado, 2000, p. 37, a composição física dia dos resíduos municipais do Brasil e dos
Estados Unidos são:
Tabela 1 – Composição percentual média do resíduo sólido domiciliar (Brasil e EUA)
Fonte: Philippi Júnior Apud. CEMPRE, Lixo Municipal – Manual de gerenciamento integrado
32
A grande quantidade da matéria orgânica no resíduo sólido domiciliar brasileiro,
52,5%, influi diretamente na disposição final dos aterros sanitários, pois em sua
decomposição gera o chorume e gases e que podem causar um grande impacto ao meio
ambiente, assim torna-se fundamental o estudo da gestão e gerenciamento dos RSD. Em
países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, a geração da matéria orgânica é inferior,
porém, cabe ressaltar que os dados de Philippi são passíveis de contestação, seja qual for a
localidade, é impossível que não exista a geração da matéria orgânica.
3.2 Gestão e Gerenciamento dos Resíduos Sólidos
O progresso econômico e o desenvolvimento industrial aumentaram as quantidades de
resíduos geradas, e para se obter um equilíbrio é preciso que estes sejam reintroduzidos no
ciclo de produção, sob a forma de matéria-prima. O meio ambiente vem nos dando sinais da
sua incapacidade de armazenar todos os resíduos gerados e ainda a matéria-prima não são
inesgotáveis, desta forma as políticas de gerenciamento dos resíduos sólidos tornam-se
fundamentais para o melhoramento da qualidade de vida da população e promover o
crescimento sustentável das cidades.
Desta forma, as ações na gestão e no gerenciamento precisam ser articuladas e
comprometidas entre si, porém devemos destacar a importância de se considerar as questões
econômicas e sociais envolvidas no cenário e a elevação da urbanização, pois são os
principais causadores do aumento da problemática do gerenciamento dos resíduos. Para
equacionar os problemas principais, é preciso que haja a participação efetiva da sociedade
para reduzir os descartes, reaproveitar e enviar os resíduos para reciclagem antes de
encaminhar aos aterros sanitários, e, também, é necessário exigir dos empresários que
estabeleçam programas de redução da geração dos resíduos e a máximo aproveitamento dos
materiais recicláveis e, ainda, a disposição dos resíduos de forma mais sanitária e
ambientalmente adequada.
Para que se tenha um gerenciamento integrado dos resíduos, é preciso buscar
continuamente os parceiros, especialmente junto às lideranças da sociedade e das entidades
importantes na comunidade; é preciso identificar as alternativas tecnológicas necessárias a
reduzir os impactos ambientais decorrentes da geração de resíduos, facilitando o mercado dos
recicláveis e valorizando os materiais recicláveis, buscando um valor econômico positivo,
como já ocorre com o alumínio.
33
Desta forma, é preciso desenvolver políticas, sistemas e arranjos de parcerias de modo
a tratar de forma específica os resíduos recicláveis, tais como: papel, metais, plásticos vidros
entre outros.
Também é preciso dar uma importância maior aos resíduos orgânicos, pois são os
responsáveis pela maior porção dos resíduos que chegam aos aterros sanitários brasileiros e
são passíveis de serem transformados em composto orgânico, para enriquecer o solo agrícola.
A seguir iremos analisar os principais sistemas de coleta, tratamento e disposição final
dos resíduos sólidos domiciliares e os problemas ambientais enfrentados pelos municípios
brasileiros.
3.3 Sistema de Coleta e Transporte; Tratamento e Disposição Final do Resíduo Sólido
Domiciliar.
3.3.1 Sistema de Coleta e Transporte do Resíduo Sólido Domiciliar
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – NBR 12.980, 1993),
coleta e transporte, é o ato de recolher e transportar resíduos sólidos de qualquer natureza,
utilizando veículos e equipamentos apropriados para tal fim”.
Portanto, a coleta e o transporte do resíduo sólido domiciliar definem-se como a
remoção do resíduo acondicionado até a unidade de tratamento ou a disposição final,
podendo ocorrer de duas maneiras: a convencional e a seletiva.
A coleta e o transporte do resíduo sólido constituem o contato mais direto entre
gerador e o prestador de serviço, e por isso, representa a etapa mais suscetível à crítica dos
moradores e acidentes.
Na coleta convencional, os resíduos sólidos são coletados porta-a-porta, na qual os
veículos de coleta, em sua maioria compactadores, passam em todas as residências coletando
os resíduos sem a sua separação. Após a coleta, os resíduos são levados diretamente à área de
disposição final para serem aterrados.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 12980,
1993) a coleta seletiva é a “coleta que remove os resíduos previamente separados pelo
gerador, tais como: papéis, latas, vidros e outros”. Segundo Vilhena (1999, p. 6), “estes
materiais, após um pré-beneficiamento são, então, vendidos às indústrias recicladoras ou aos
sucateiros”. A diferença entre elas é que a coleta convencional não exige segregação na fonte
dos materiais coletados enquanto a seletiva pode requerer a separação em diversas frações
(MASSUKADO, 2004, p. 16).
34
A coleta seletiva, de acordo com Vilhena (1999, p. 15) pode ocorrer de duas
maneiras: a coleta de porta-a-porta e os chamados PEV’s (Postos de Entrega Voluntária).
A coleta de porta-a-porta é semelhante à coleta convencional, pois passarão em todas
as casas coletando os resíduos, mas com pequenas diferenças que a caracterizam como uma
coleta seletiva. Os caminhões não devem ser compactadores e têm que passar em dias e
horários diferentes da coleta convencional, o resíduo precisa ser pré-selecionado. Em sua
maioria são separados em material úmido (matéria orgânica), que na maioria das cidades são
coletados pela coleta convencional e em material seco (plástico, vidro, embalagem longa vida
(tetra pak), papel e papelão, metais, etc.) e são coletados e levados para as centrais de
triagem.
Este sistema de coleta depende da cooperação da população que deve realizar a
“triagem” dos materiais recicláveis a serem encaminhados para a coleta seletiva.
As coletas seletivas em Ponto de Entrega Voluntárias (PEV’s) são pontos fixos pré-
determinados, onde o cidadão leva o material de forma voluntária. Geralmente os materiais
são separados de forma mais adequada, isto é, são colocados em recipientes específicos,
segundo a Resolução CONAMA, número 275, de 25 de abril de 2001.
A coleta seletiva tem que fazer parte da gestão e do gerenciamento do RSD municipal
e este deve estar integrado à coleta convencional.
Infelizmente, são poucos os municípios que realizam coleta seletiva de seus resíduos
sólidos domiciliares e os destinam para a reciclagem. De acordo com uma pesquisa realizada
pela Ciclosoft do CEMPRE (2006), existiam, no Brasil, apenas 327 programas de coleta
seletiva nos municípios brasileiros (figura 3), enquanto que nos Estados Unidos, segundo
Leite (2003, p. 38), existiam cerca de quatro mil programas de coleta seletiva. Em 1996, a
quantidade de resíduos sólidos domiciliares enviados para os aterros sanitários americanos
reduziu-se de 208 mil toneladas para 152 mil toneladas, havendo assim um impacto
significativo na coleta convencional. É preciso ressaltar que esta discrepância deve ser ainda
maior, já que os dados da Ciclosoft são de 2006 e os dados de Leite são de 2003.
Nota-se na figura 03, um aumento no número de municípios que estão implantando
programas de coleta seletiva, porém, na realidade, nota-se muitas dificuldades de implantação
e manutenção destes programas.
35
Figura 3 – Municípios com programas de coleta seletiva no Brasil (1994 a 2006)
Fonte: Pesquisa Ciclosoft 2006 –CEMPRE, 2006
De acordo com CEMPRE (Ciclosoft - 2006), cerca de 25 milhões de brasileiros tem
acesso a programas de coleta seletiva, 43,5% dos programas tem relação direta com
cooperativas de catadores e, em sua maioria, concentra-se nas regiões sudeste e sul do país.
Além de programas oficiais, apoiados pelo poder público, a coleta seletiva é também
praticada por catadores autônomos de recicláveis, seja nas ruas ou em lixões, em condições
sub humanas, reaproveitando materiais que seriam enterrados.
Com relação ao tipo de transporte, podem ser de diversos tipos, como carroça manual,
carroça com tração animal, trator com reboque, caminhão baú, caminhão basculante,
caminhão compactador, entre outros. A escolha do veículo coletor depende de diversos
critérios, como: tipo de resíduo, quantidade gerada, custos dos equipamentos, custos de
operação e manutenção, características das vias (largura pavimentação e declividade),
densidade populacional e densidade de tráfego.
A responsabilidade pela coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos
domiciliares é do poder público municipal e, em sua maioria, vem fazendo de forma incorreta,
desperdiçando recursos e poluindo o meio ambiente. Isso significa que a caracterização física
dos resíduos domiciliares é fundamental enquanto subsídio à gestão e ao gerenciamento dos
resíduos sólidos domiciliares.
3.3.2 Tratamento do Resíduo Sólido Domiciliar
De acordo com Ferreira e Zanta Apud. Massukado (2004, p. 25);
O tratamento dos resíduos são ações corretivas que podem trazer como
benefícios a valorização de resíduos, ganhos ambientais com a redução do
uso de recursos naturais e da poluição, geração de emprego e renda e
aumento da vida útil de locais de disposição final.
36
Os principais tipos de tratamento aplicados aos RSD são: a incineração, a
compostagem e a reciclagem.
Incineração: para Barros (1995, p. 203) “é um processo de redução de peso (em até
70%) e de volume (em até 90%) do lixo através de combustão controlada, de 800 a 1000 ºC,
visando à disposição final”. Para CEMPRE, Lixo Municipal – Manual de gerenciamento
integrado, 2000, p. 205 e 206, a desvantagem da incineração está no seu alto custo, na
exigência de mão de obra qualificada e a presença de materiais nos resíduos que geram
compostos tóxicos e corrosivos. Por outro lado, a vantagem esta a redução drástica da massa e
volume a ser descartada, recuperação de energia e esterilização dos resíduos. Vale lembrar
que em um processo de incineração controlado, a emissão de compostos tóxicos é monitorada.
Para Massukado (2004, p. 34), “no contexto brasileiro, a incineração não é muito
indicada devido ao alto teor de água presente no RSD, o que significa um baixo poder
calorífico e porque também ainda não se tem problema significativo de escassez de locais
para se dispor o resíduo”.
Reciclagem: segundo CEMPRE, Lixo Municipal Manual de gerenciamento
integrado, 2000, p. 81 “é o resultado de uma série de atividades, pela qual, materiais que se
tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem
usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos”. De acordo com a mesma
publicação, a reciclagem pode trazer vários benefícios:
- Diminuição da quantidade de lixo a ser aterrada;
- preservação de recursos naturais;
- economia de energia;
- diminuição de impactos ambientais, e
- novos negócios.
Desta forma a reciclagem é um ótimo instrumento de gestão, porém antes de qualquer
investimento é preciso conhecer as tecnologias empregadas e o mercado do material em
questão. Segundo Matos (2006, p. 29), “a reciclagem, entendida como a utilização dos
resíduos sólidos como insumo para a produção de um novo produto, necessita de tecnologia
apropriada, bem como mercado para assimilação deste novo material”.
De acordo com Massukado (2004, p. 31), “a reciclagem promove, também, o
desenvolvimento da consciência ambiental e incentiva as atividades envolvidas nesta
atividade, incluindo a implantação de micro empresas recicladoras com conseguinte aumento
do nível de mão de obra economicamente ativa”.
37
Compostagem: de acordo com CEMPRE, Lixo Municipal Manual de
gerenciamento integrado, 2000, p. 93, a compostagem;
É processo biológico de decomposição da matéria orgânica contida em
restos de origem ou vegetal. Esse processo tem como resultado final um
produto o composto orgânico que pode ser aplicado ao solo para
melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente.
De acordo com a mesma publicação, a vantagem da compostagem está na redução de
50% dos resíduos destinados ao aterro, economia de aterro, aproveitamento agrícola da
matéria orgânica, reciclagem de nutrientes para o solo, processo ambientalmente seguro,
eliminação de patógenos e economia de tratamento de efluentes.
No Brasil, o sistema de compostagem é bastante atrativo, uma vez que a maior parte
dos resíduos sólidos domiciliares é constituída de matéria orgânica.
3.3.3 Disposição Final do Resíduo Sólido Domiciliar
No Brasil, as formas de disposição final mais comumente adotadas têm sido aquelas
em que os resíduos são aterrados sem tratamento prévio: lixão, aterro controlado e aterro
sanitário.
A busca por novas áreas para disposição final dos resíduos tem se intensificado, uma
vez que a quantidade e o volume dos resíduos gerados é uma crescente.
Os lixões e os aterros controlados são formas inadequadas de confinamento dos
resíduos sólidos. A disposição final do resíduo sólido domiciliar sem qualquer forma de
tratamento ou recobrimento é denominada de lixão. Destaca-se como sendo a forma mais
prejudicial ao homem e ao meio ambiente, mas, entretanto, é a mais usada, mesmo sendo uma
forma irregular de disposição (figura 04).
Para CEMPRE, Lixo Municipal Manual de gerenciamento integrado, 2000, p. 251,
lixão: “é a forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos municipais, que se
caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou
à saúde pública”.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – NBR 8849,
1985) o aterro controlado é uma:
Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU) no solo, sem
causar danos ou riscos à saúde pública, e a sua segurança, minimizando os
impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos (RS), cobrindo-os com uma camada de material
inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
A disposição final de resíduos em aterro controlado minimiza o impacto ambiental,
uma vez que ocorre a compactação e faz a cobertura do resíduo, porém peca pela falta de
38
tratamento do chorume e gases, ausência de controle de entrada e saída de resíduos, pela falta
do sistema de drenagem e pela não impermeabilização do solo entre outros fatores.
A disposição final dos resíduos de forma inadequada lixões e aterro controlado é
responsável por vários impactos ambientais e de saúde pública.
É preciso destacar que, tanto no lixão como no aterro controlado, a presença de
catadores representa um risco à saúde destes trabalhadores. Além disso, estas formas de
destinação final geralmente não obedecem aos critérios técnicos para a escolha da área, e não
qualquer cuidado quanto aos gases produzidos e ao chorume. Assim representam uma
fonte permanente de poluição.
Chorume é um “líquido produzido pela decomposição da matéria orgânica contida nos
resíduos sólidos, particularmente quando dispostos em aterros. Apresenta elevado potencial
poluidor e tem como características a cor negra e o mau cheiro” (GADOTTI, 1997 p. 17). O
chorume leva à poluição e à contaminação do solo, da vegetação, do ar e das águas
superficiais e subterrâneas. Além disto, pode causar problemas à saúde por funcionar como
criadouro de insetos e vetores na medida em que pode ficar depositado na superfície do solo.
O Aterro Sanitário é a forma mais adequada de disposição final dos resíduos sólidos
domiciliares, pois segue critérios de engenharia e normas operacionais específicas. Conforme
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 8419, 1992) o aterro sanitário é
uma:
Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos
à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais,
método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos
sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível,
cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de
trabalho, ou a intervalos menores, se necessário.
Assim, a disposição final dos resíduos, na forma de aterros sanitários, é considerada
adequada do ponto de vista sanitário, pois os resíduos ficam confinados. Entretanto, sob o
aspecto ambiental existem restrições pelo fato de os materiais não serem reaproveitados, o
que significa desperdício de matérias-primas e de recursos naturais.
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada em 2000, pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em levantamentos realizados nas
prefeituras municipais e empresas prestadoras de serviços, revelou uma tendência de melhoria
da situação de disposição final dos resíduos coletados no país nos últimos anos. Em 2000, o
resíduo sólido domiciliar diariamente produzido no Brasil chegava a 125 mil toneladas, da
qual 47,1% destinados aos aterros sanitários, 22,3% aos aterros controlados e 30,5% aos
39
lixões. Em número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6 % utilizavam lixões;
13,8 %, aterros sanitários; e 18,4 %, aterros controlados; sendo que 5% dos municípios não
informaram para onde iriam seus resíduos. Em 1991, a Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico (PNSB) mostrava que o percentual de municípios que depositavam seus resíduos em
aterros sanitários era de apenas 10,7%, e o restante era destinado para lixões ou aterro
controlado, como podemos observar na figura 04.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Lixão
At. Controlado
At. Sanitário
1991
2000
Figura 4 – Disposição Final dos resíduos sólidos domiciliares no Brasil.
Fonte: IBGE, 2000
A análise dos dados demonstra uma melhora, mas ainda é muito significativo o
número de municípios que dispõem seus resíduos a céu aberto, em lixões, sem critério
técnico. Assim, inicialmente, é preciso investir na transformação de lixões em aterros
controlados e na construção de novos aterros sanitários nos municípios brasileiros. Outros
pontos estratégicos concentram-se na prevenção da poluição (P
2
), educação ambiental,
empregando o princípio dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) e em tratamento dos
resíduos sólidos. Tudo isso tem como objetivo diminuir a quantidade de resíduos que irá para
os aterros sanitários.
O Estado de São Paulo, a partir da Lei nº 12.300, de 16 de março de 2006, tornou-se o
primeiro estado do país a instituir uma Política Estadual de Resíduos Sólidos, definindo
princípios e diretrizes para atuações e intervenções no segmento, que procuram aglutinar
questões atuais da gestão integrada dos resíduos sólidos, além de estabelecer um elo com as
políticas estaduais de saneamento, de recursos hídricos, de saúde pública e de meio ambiente.
O projeto dispõe sobre: a) A criação do Sistema Declaratório, um instrumento pelo qual será
40
possível fazer o mapeamento, o planejamento e o controle dos resíduos gerados. Com isso,
abre-se caminho para o fim de aterros e lixões clandestinos e de empresas coletoras o
credenciadas; b) A inserção de catadores, associações e cooperativas no processo de coleta,
separação e comercialização dos resíduos urbanos recicláveis; c) Promover a educação
ambiental para geradores e o consumidor final, no sentido de estimular a reutilização, a
reciclagem e a redução dos resíduos; d) Propõe a criação do Fundo Estadual de Resíduos
Sólidos para financiar projetos de reciclagem nos municípios e promover a participação da
sociedade, com a possibilidade de conceder incentivos fiscais e tributários, além de fomentar
a pesquisa e a implementação de novas tecnologias ecologicamente corretas.
3.4 Caracterização Física do Resíduo Sólido Domiciliar
Para haver melhor gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares dos
municípios brasileiros, primeiramente, é preciso conhecer o que é gerado. Para isto, a
caracterização física do mesmo é de primordial importância.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 10007, 2004) a
caracterização é a “determinação dos constituintes e de suas respectivas porcentagens em peso
e volume, em uma amostra de resíduos sólidos, podendo ser físico, químico e biológico”.
Para Gomes (1989, p. 46), “caracterizar o lixo de uma localidade, ou determinar a
composição física dos resíduos produzidos por uma população é uma tarefa árdua, mas de
primordial importância para qualquer projeto na área de resíduos sólidos”.
Castro (1996, p. 35) reporta que “a composição gravimétrica dos resíduos sólidos
domiciliares é a primeira e mais importante etapa para qualquer trabalho referente a tais
resíduos, quer seja no planejamento da limpeza urbana, na orientação e determinação do
sistema mais adequado para o tratamento e disposição”.
De acordo com Mancini (2001, p. 11);
Independente de a coleta ser comum ou seletiva, estudos sobre a composição
percentual dos resíduos sólidos urbanos são muito importantes para os
aspectos sanitário e social e podem fornecer a idéia de quanto material pode
ser separado de cada resíduo, de modo a verificar a viabilidade econômica
do processo.
Portanto, os resultados servirão de base para que as autoridades tomem suas decisões
referentes aos tipos de coleta, de transporte, de tratamento e de disposição final de seus
resíduos sólidos domiciliares. Para melhor se conhecer detalhes da geração dos resíduos
sólidos domiciliares, a caracterização física precisa ser feita em cada município, determinando
os diferentes componentes e a participação destes na massa total de resíduos
.
41
Segundo Gomes (1989, p. 47);
(...) usar no planejamento dados da composição física de outra cidade
somente poderá ser útil se as cidades, em questão, possuírem características
muito semelhantes, mesmo assim esses dados devem ser utilizados na
fase preliminar; posteriormente, para o projeto ser colocado em prática, é
preciso ter em mãos os resultados da caracterização física da cidade em
questão.
Para Sartori (1995, p. 28), a geração dos resíduos sólidos é típica da comunidade que
gera, pois diversos são os fatores interferentes: característica sócio-econômica, clima, estações
do ano, eficiência na coleta, tipo de coleta; freqüência, hábitos e costumes; graus de
desenvolvimento, disciplina e controle nos pontos de produção; grau de industrialização,
política e economia; nível educacional, número de habitantes, sazonalidade e mais.
De acordo com Gomes (1989, p. 47);
O lixo varia em função das características da cidade e com as suas mudanças
climáticas e sazonais. Varia também com as alterações que ocorrem com a
população que a produz, ou seja, os resíduos diferem de composição, em
razão dos hábitos e padrões de vida da cidade. Mudanças na política
econômica de um país também são causas para a variação na massa de lixo
de uma população. Outro fator, também ligado à população, diz respeito aos
tratamentos domiciliares que são adotados nos resíduos antes da coleta. Está
se referindo, por exemplo, ao caso de ser realizada uma pré-seleção do lixo.
A seguir apresentamos a caracterização física da coleta convencional dos resíduos
sólidos domiciliares de diversas cidades brasileiras.
Tabela 2 - Caracterização física, em porcentagem de peso, dos RSD de algumas cidades
brasileiras.
CIDADE
ANO
PUBLICAÇÃO
PLÁSTICO
VIDRO METAL
PAPEL
MATÉRIA
ORGÂNICA
OUTROS
São Carlos (SP)
1989 8,50 1,40 5,40 21,30 56,70 6,70
Juiz de For a
(MG)
1990 10,78 1,36 3,23 14,60 68,12 1,91
Manaus (AM) 1992 8,62 2,18 4,31 18,94 58,69 7,26
Curitiba (PR) 1993 6,00 2,00 2,00 3,00 66,00 21,00
Rio de Janeiro
(RJ)
1993 15,00 3,00 4,00 23,00 22,00 33,00
Araraquara (SP)
1996 12,10 0,84 2.80 2,10 82,16 -
Fortaleza (CE) 1999 20,00 5,00 5,00 5,00 45,00 20,00
Botucatu (SP) 2000 8,37 1,90 3,85 7,61 74,17 4,01
Caixias do Sul
(RS)
2003 14,62 2,42 2,49 11,82 45,97 22,68
Fonte: Zanin e Mancini (2004, p. 66)
42
Para CEMPRE, Lixo Municipal Manual de gerenciamento integrado, 2000, p. 30 e
31, “o gerenciamento integrado do lixo municipal deve começar pelo gerenciamento de todas
as características deste, pois vários fatores influenciam neste aspecto”, destacando:
Número de habitante por município;
poder aquisitivo da população;
condições climáticas;
hábitos e costumes da população, e
nível educacional.
Outro importante fator que causa alteração na geração dos resíduos sólidos é o dia da
semana; nos feriados e nos finais de semana são maiores os volumes de resíduos gerados.
O estudo da geração dos resíduos sólidos permite criar uma base de dados que
subsidiará as decisões referentes à gestão e ao gerenciamento dos resíduos sólidos
domiciliares no município de São Carlos, SP.
3.5 Caracterização da área de estudo - Município de São Carlos, SP
O município de São Carlos localiza-se na região central do Estado de São Paulo, a 230
km da Capital do estado, entre os paralelos - 22º de Latitude Sul e 47º de Longitude Oeste, é
composto de dois distritos: Santa Eudóxia e Água Vermelha, com uma área de 1.141 km
2
,
com uma área urbana de 68,45 km
2
, uma densidade demográfica de 188,44 hab/km
2
(IBGE,
2005) e fazendo divisa com 11 municípios: ao Norte-Nordeste, Luiz Antônio; a Leste, com
Descalvado; a Sudeste, Analândia; ao Sul, limita-se com Itirapina e Brotas; a Sudoeste, com
Ribeirão Bonito; a Oeste, com Ibaté e Araraquara, e finalmente a Noroeste, Américo
Brasiliense, Santa Lúcia e Rincão.
A população de São Carlos é de 216.840 habitantes (SEADE, 2007), apresentando
uma taxa de crescimento populacional médio de 1,99% a.a. (2000 a 2006), está a 856 metros
acima do nível do mar (IBGE, 2005) e pertence a duas Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hídricos: a UGRHI-13, referente à bacia Tiête/Jacaré; e a UGRHI-09, da bacia
Mogi-Guaçu (figura 05).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2005), o clima
é subquente úmido, com baixa umidade por três meses, com uma temperatura agradável
durante todo o ano.
Atualmente, o município é conhecido como a capital da tecnologia devido ao conjunto
de empresas e as universidades presentes.
43
Figura 5 – Localização do município de São Carlos em relação à América do Sul, Brasil, São
Paulo e Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São Paulo.
Fonte: http://www.rededasaguas.org.br.(2004).
3.6 História do Município de São Carlos, SP
De acordo com a Prefeitura Municipal de São Carlos (2006), a história do município
de São Carlos inicia-se com a demarcação da Sesmaria do Pinhal, em 1831, sendo que
inicialmente a região era habitada pelos índios Guaianazes.
São Carlos foi fundado em 04 de novembro de 1855, dia de São Carlos Borromeu,
padroeiro da cidade, por iniciativa de Antonio Carlos de Arruda Botelho (Conde do Pinhal),
sendo que em 1865, o povoado seria elevado a categoria de vila.
Em 1874, a vila contava com 6.897 habitantes, e após ser elevado à categoria de
município, em 1880, contava com uma população de 16.104 habitantes e com uma boa infra-
estrutura urbana.
Os fatores que influenciaram na fundação e desenvolvimento do município foram o
crescimento do plantio do café na região e a instalação da Companhia Ferroviária, que
propiciou um sistema eficiente para escoar a produção para o porto de Santos.
44
Nas últimas décadas do século XIX ocorreu o fenômeno social que mais influência a
região central do Estado de São Paulo, o município foi um dos principais pólos atrativos de
imigrantes do Estado. As grandes maiorias dos imigrantes eram originárias das regiões
setentrionais da Itália. Os imigrantes vinham para trabalhar nas lavouras de café e, graças às
suas habilidades, atuavam também na manufatura e no comércio.
Em 1908, o nome do município foi simplificado de São Carlos do Pinhal para São
Carlos.
3.7 Economia do Município de São Carlos, SP
A economia do município cresceu bastante em função do crescimento da lavoura do
café na região. No final do Século XIX, houve uma grande transformação no município após
a chegada dos imigrantes, que vinham para trabalhar nas lavouras do café (Prefeitura
Municipal de São Carlos, 2006).
Os fazendeiros aplicavam os lucros obtidos com o café na constituição de várias
empresas em São Carlos, como: bancos, companhias de luz elétrica, de bondes, telefones,
sistemas de água e esgoto, teatro, hospitais e escolas, fortalecendo a infra-estrutura urbana e
criando condições para a industrialização.
Com a crise de 1929, a lavoura do café entrou em decadência, os imigrantes deixaram
o meio rural e deslocaram-se para o meio urbano em busca de emprego como operários nas
oficinas, no comércio, na prestação de serviços, nas fábricas de artefatos de madeiras e
cerâmicas e na construção civil.
Na década de 40, a indústria se consolidou como a principal atividade econômica da
região. Nas cadas de 50 e 60, a indústria solidifica-se com a instalação de fábricas de
geladeiras, compressores, tratores e uma grande quantidade de empresas pequenas e médias,
fornecedoras de produtos e serviços. Atualmente, São Carlos tem um perfil industrial ativo,
mas em contrapartida, o setor agrícola mantém-se ativo, com a produção de cana de açúcar e
laranja, entre outros produtos.
O destaque do município de São Carlos é a sua vocação para a pesquisa de ponta e alta
tecnologia. De acordo com SEBRAE, 2007, são 5.011 empresas distribuídas em 512
indústrias, 3.091 estabelecimentos comerciais, 1.378 prestadores de serviços e 30
empreendimentos agrícolas, gerando 47.037 empregos formais no município e uma população
economicamente ativa estimada em 114.520 habitantes, segundo o Relatório Anual de
Atividades da Subdelegacia Regional do Trabalho de São Carlos (Ministério do Trabalho e
Emprego, 2002). Os destaques estão nas fábricas de compressores (Tecumseh), lápis e canetas
45
(Faber Castell), têxtil (Tapetes e Toalhas São Carlos), eletrodomésticos (Latina e
Prosdócimo/Electrolux), indústrias alimentícias (Hero e Frutil) e a automobilística
(Volkswagen).
São grandes empresas e centros tecnológicos que cresceram em torno de duas grandes
universidades: Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Carlos
(UFSCAR). Além das duas universidades, o município de São Carlos possui duas unidades de
pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), um Centro universitário
(UNICEP) e uma faculdade integrada (FADISC).
A cidade possui ainda cinco Centros Comerciais, além das unidades de serviço do
SENAI, SESI, SESC e SEBRAE. O funcionamento de aproximadamente 40 agências
bancárias; 26 estabelecimentos de hospedagem, distribuídos em hotéis e pousadas; 15
agências de viagem e turismo; sete locadoras de veículos (automóveis e aeronaves); 18
auditórios/anfiteatros; com 18 empresas do setor de informação e comunicação, distribuídas
entre emissoras de TV, jornais, rádios e TV a cabo; e 33 agências imobiliárias que por sua
vez, é um indicativo da importância desses segmentos empresariais, com uma forte vocação
para o desenvolvimento das atividades voltadas para o Turismo Científico e Tecnológico,
Empresarial, Histórico e Ecológico.
Infelizmente, o crescimento acelerado do município de São Carlos não foi
acompanhado por investimentos em saneamento, e as conseqüências são os problemas
ambientais causados, principalmente pelo não tratamento do esgoto doméstico e dos resíduos
sólidos. O município iniciou no ano de 2006 as obras para canalização e construção da
estação de tratamento de esgoto.
A seguir iremos analisar a geração do resíduo lido domiciliar no município de São
Carlos, SP.
3.8 População do município de São Carlos, SP
Com o objetivo de conhecer melhor a cidade de São Carlos, destaca-se a seguir dados
que caracterizam o município. A população estimada de São Carlos, SP, é de 216.840
habitantes (SEADE, 2007), porém nota-se na tabela 02, que de acordo com o censo 2000 a
população real foi de 192.998 habitantes. Sendo que deste total, 95,04% (183.433 hab)
residem na área urbana e 4,96% (9.565 hab) reside na área rural, o que confirma a
característica dos municípios brasileiros de alta concentração no meio urbano.
46
Tabela 3 - Dados geográficos e estatísticos do município de São Carlos, SP
Fonte: Censo 2000 (IBGE)
Ao longo dos anos, o crescimento demográfico no país tem diminuído o ritmo, razão
relacionada com a urbanização, a industrialização e o incentivo à redução da natalidade. No
município de São Carlos não foi diferente, nota-se na tabela 03 uma taxa de crescimento
demográfico anual de 2,40 %. Com relação à pirâmide etária brasileira, como nos países em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos, observa-se um número muito grande de jovens e um
número pequeno de idosos, porém este quadro já vem mudando, com a diminuição no número
de jovens e um aumento na quantidade de pessoas idosas.
Na tabela 04 destaca-se a faixa de idade da população residente no município de São
Carlos, SP e pode-se notar que apenas 10% da população do município tem idade acima dos
60 anos e que aproximadamente 70% da população tem idade abaixo de 40 anos. Podemos
observar também que 65% da população do município se encontra entre 18 a 70 anos de idade
(idade economicamente ativa), indicando desta forma um número bastante grande de mão-de-
obra.
47
Tabela 4 - Faixa de idade da população
residente do município de São Carlos, SP
Fonte: Censo 2000 (IBGE, 2000)
Com relação ao sexo, a população no município tem um número maior de mulheres na
área urbana, enquanto que na área rural o número maior é de homens. Os dados podem ser
observados na tabela 05.
48
Tabela 5 - População residente por raça, sexo e área do município de São Carlos, SP
Fonte: Censo 2000 (IBGE, 2000)
Nota-se, na tabela 06, que apenas 26,85% (51.816 hab) da população são carlense tem
ocupação formal em atividades econômicas. Com relação ao número de empresas, somam-se
7.996 empresas formais, dentre as quais se destacam o comércio (53,10 %), a indústria
(11,32%), atividades imobiliárias (11,03%), alojamento e alimentação (7,97%). Observa-se
também que em virtude do município possuir pólos tecnológico, industrial e universitário bem
desenvolvidos, o número de habitantes de ocupação formal tem uma maior participação na
indústria (33,69 %), no comércio (25,36 %), na administração pública (5,15%) e na educação
(5,14%).
49
Tabela 6 - Dados gerais das atividades econômicas por faixas de pessoal ocupado total do
município de São Carlos, SP
Fonte: Censo 2000 (IBGE, 2000)
Na tabela 07, o PIB do município e observa-se um valor significativo, comparado a
outros municípios brasileiros. Enquanto que a média nacional, em 2003, foi de $8.694,00, no
município de São Carlos foi de $11.951,00.
Tabela 7 - Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) a preço de mercado e
o Produto Interno Bruto Per Capita do município de São Carlos, SP
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
(2005)
50
3.9 Distribuição da renda no município de São Carlos, SP
Existe uma correlação entre a geração de resíduos sólidos domiciliares e o vel de
renda da população. A composição e o volume de RSD são diretamente influenciados pela
renda. Dito isto, é necessário verificar a distribuição espacial da renda no município de São
Carlos, SP.
Em relação à distribuição de renda, três indicadores são comumente utilizados para
montar um perfil básico. Esses indicadores são: renda per capita média; proporção de pobres e
o índice de Gini. A renda per capita média permite uma primeira aproximação da distribuição
da riqueza no município de São Carlos. A proporção de pobres apresenta um refinamento do
indicador anterior ao mostrar a proporção de pessoas com renda inferior a R$ 75,50
equivalente a metade do salário mínimo vigente em agosto de 2000. Por fim, o índice de Gini
permite avaliar a desigualdade da apropriação da renda, de forma que, quanto mais próximo
de zero, menor a desigualdade; e quanto mais próximo de um, maior a desigualdade.
A figura 06 apresenta a malha urbana do município de São Carlos destacando, por
cores, a distribuição de classes de renda da população urbana residente.
51
Figura 6 – Mapa de distribuição da população, quanto à renda, no município de
São Carlos, SP.
Fonte: Adaptado de – Censo 2000 - IBGE (2000)
52
Analisando a figura 06, podemos afirmar que as manchas de cor vermelha destacam os
bairros de baixa renda, como: Cidade Aracy, Loteamento social Antenor Garcia, Loteamento
social Presidente Collor, Jardim dos Coqueiros, Jardim Santa Maria II, São Carlos V, Arnon
de Melo, dentre outros. Fazendo um paralelo com relação aos setores de coleta dos resíduos
sólidos domiciliares, desenvolvido pela Empresa Vega Engenharia Ambiental, como será
visto a seguir, a mancha vermelha faz parte dos setores 08, 11 e 13 da coleta convencional.
As manchas de cores amarelas e rosas constituem os bairros mais tradicionais e com a
maior parte dos bairros da cidade. Destaca-se Centro, Vila Monteiro, Jardim Cardinalli, Solar
dos Engenheiros, Cidade Jardim, dentre outros. Os bairros desta região são constituídos por
população de média e média-alta renda. Estes bairros possuem, além de residências, outras
atividades de influência, como o comércio, universidades e os clubes.
A mancha roxa corresponde basicamente aos bairros de alta renda do município,
destacando; Parque Faber I e II, Parque Santa Mônica, Jardim Bethânia, dentre outros. Estes
bairros localizam-se em área de expansão urbana e compõem grande parte do setor 5 da coleta
convencional.
A tabela 08 apresenta os indicadores de renda, pobreza e desigualdade do município
de São Carlos, SP, e do Estado de São Paulo, em 1991 e 2000.
Tabela 8 - Indicadores de renda, pobreza e desigualdade do município de São Carlos, SP,
e do Estado de São Paulo, em 1991 e 2000
São Carlos Estado de S. Paulo
1991 2000 1991 2000
Renda per capita Média (R$ de 2000)
400.1 456,3 382,9 442,7
Proporção Pobre (%) 6,3 8,3 12,9 14,4
Índice de Gini 0,5 0,52 0,56 0,59
Fonte: IPEA, 2004
.
A renda per capita média do município de São Carlos cresceu 14,04% entre 1991 e
2000, passando de R$ 400,1 para R$ 456,25. Este crescimento ficou abaixo do crescimento do
Estado de São Paulo, pois, no mesmo período a renda per capita média cresceu 15,60%,
passando de R$ 382,93 em 1991 para R$ 442,67 em 2000. No município de São Carlos, SP, a
pobreza cresceu cerca de 32,22% passando de 6,3% em 1991 para 8,3% em 2000. no
Estado de São Paulo o crescimento da pobreza foi inferior ao de São Carlos. No Estado, a
pobreza cresceu 11,77%, passando de 12,9% em 1991 para 14,4% em 2000. Quanto ao índice
de Gini, em São Carlos, passou de 0,50 em 1991 para 0,52 em 2000, enquanto que o Estado
53
de São Paulo apresentou 0,56 em 1991 e 0,59 em 2000. Houve, portanto, um aumento da
desigualdade de distribuição de renda tanto no município de São Carlos quanto no Estado de
São Paulo. Mesmo assim, o município apresenta patamares de renda per capita média maior
do que a média estadual e menor proporção de pobres. Porém, o crescimento da proporção de
pobres é bastante preocupante.
Outra medida de desigualdade bastante comum é a quantidade que um determinado
percentual da população consegue apropriar da renda gerada. A tabela 08 apresenta a
porcentagem de renda apropriada por extratos da população, entre 1991 e 2000.
Tabela 9 - Porcentagem de renda apropriada por extratos da população, 1991 e 2000
São Carlos Estado de S. Paulo
1991 2000 1991 2000
20% mais pobres 4.6 3,7 3,2 2,5
40 % mais pobres 12,8 11,4 10,2 8,7
60 % mais pobres 25 23,5 21,3 18,9
80 % mais pobres 43,7 42,9 39,8 36,5
20 % mais ricos 56,3 57,1 60,2 63,5
Fonte: IPEA, 2004
.
Os dados da tabela 09 permitem perceber que está havendo um decréscimo na
quantidade de renda apropriada pelos 20% mais pobres, tanto no município de São Carlos
(0,9%) quanto no Estado de São Paulo (0,7%), entre os anos de 1991 e 2000. Essa tendência
de decréscimo está presente em todas as outras categorias, com exceção dos 20% mais ricos.
Os 20% mais ricos aumentaram sua participação na renda total no município de São Carlos
em 0,8%, e no Estado de São Paulo em 3,2%, entre os anos de 1991 e 2000. Isto demonstra,
outra vez, uma tendência de concentração de renda nos estratos mais ricos da população,
enquanto, por outro lado, o restante da população tem perda de renda e, conseqüentemente, de
poder aquisitivo. Mesmo assim, é preciso ressaltar que essa tendência de concentração de
renda é mais suave no município de São Carlos em comparação com o Estado de São Paulo.
54
3.10 Geração dos Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD) no município de São Carlos, SP.
Antes de 1980, a coleta e destino final dos resíduos eram de responsabilidade da
Prefeitura Municipal. O local utilizado era uma área distante da cidade, localizado próximo ao
Posto Castelo, na Rodovia Washington Luiz (sentido São Carlos/São Paulo, km 221), no Sítio
Santa Madalena, localizado no Km 2 da antiga estrada vicinal entre São Carlos e Analândia.
A forma utilizada para a disposição final era o “lixão”. Não houve qualquer critério ou
preocupação ambiental para a escolha da área, o resíduo era depositado a céu aberto, o que
levava à proliferação de insetos e roedores, à contaminação do solo e das águas superficiais e
subterrâneas devido à produção de “chorume” e à contaminação da atmosfera com gases
(entrevista realizada ao Sr. Miguel Venditi, operador de trator do aterro sanitário de São
Carlos, SP).
Em 1980, a empresa Vega Sopave (atualmente Vega Engenharia Ambiental), por meio
de processo licitatório, passou a administrar a coleta e o destino final dos resíduos sólidos
domiciliares do município de São Carlos, SP e o faz até os dias atuais. Com as exigências da
legislação, em 1988, o lixão foi transformado em um aterro controlado (GADOTTI, 1997, p.
50). Os resíduos a céu aberto foram recobertos com terra para impedir, principalmente, a
proliferação de insetos e de roedores. Não houve a preocupação com a queima dos gases e
com a coleta do chorume, que continuou e continua como fonte de poluição e contaminação
do solo, do ar e das águas subterrâneas e superficiais da área.
No final da década de 80, Gomes em dissertação de mestrado apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, com o título “Estudo da
Caracterização Física e da Biodegradabilidade dos Resíduos Sólidos Urbanos em Aterro
Sanitário”, pela primeira e única vez, analisou a composição e geração dos resíduos sólidos
domiciliares do município de São Carlos, SP, que chegavam ao aterro controlado.
A figura 07 destaca a composição média dos referidos resíduos sólidos domiciliares
transportados ao aterro.
55
21,3
1,4
8,5
5,4
1,3
3,4
2,3
56,7
MATÉRIA ORGÂNICA
PAPEL/PAPELÃO
VIDRO
PLÁSTICO
ALUMÍNIO E METAL
INERTES
TRAPOS
MADEIRA/COURO
Figura 7 – Percentual da composição gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares do
município de São Carlos/SP (1989).
Fonte: Gomes, 1989
Nota-se na figura 07, somando-se os materiais passíveis de reciclagem como papel e
papelão; plásticos; alumínio e metal e os vidros; e a matéria orgânica, passível de serem
transformadas em composto orgânico, perfazia um total de 93,3%. Sendo que neste período
não existia nenhum programa de coleta seletiva para o município de São Carlos, este foi
implantada no ano de 2002.
A área foi utilizada por 17 anos até outubro de 1996 (GADOTTI, 1997, p. 50), e a
partir daí a responsabilidade voltou a ser da Prefeitura Municipal de São Carlos (PMSC),
apenas para sua manutenção e não mais como destino final dos resíduos sólidos domiciliares.
Atualmente, o grande problema desta área são os desmoronamentos e a proximidade com o
córrego São José, um dos afluentes do Ribeirão Feijão que, por sua vez, abastece grande parte
da cidade. Segundo o SAAE, a qualidade da água captada na estação do Ribeirão Feijão
indica que não está contaminada pelo chorume do antigo aterro controlado. A seguir seguem
algumas fotos do antigo aterro controlado.
56
Foto 1 – Aterro controlado em operação no município de São Carlos, SP (1993)
Fonte: Gadotti, 1997
Foto 2Desmoronamento do aterro controlado no município de SÃO CARLOS, SP.
(1999)
57
Foto 3Desmoronamento do aterro controlado no município de SÃO CARLOS, SP.
(2006)
Foto 4Geração do chorume do aterro controlado no município de SÃO CARLOS, SP.
(1999)
58
Foto 5 – Recalque do aterro controlado no município de São Carlos, SP. (2006)
De acordo com a CETESB (2006), a partir de novembro de 2006 o aterro controlado
foi considerado uma área contaminada, local onde comprovadamente a contaminação o
solo e as águas subterrâneas.
No final de 1994, a Empresa Vega Engenharia Ambiental juntamente com a PMSC
passaram a utilizar uma nova área, pois a antiga estava saturada. Desta vez, a forma utilizada
para a disposição final foi um aterro sanitário. O aterro sanitário foi projetado para receber os
resíduos sólidos de origem domiciliar, coletados pelos serviços de coleta regular do
município. Estes resíduos apresentam materiais orgânicos putrescíveis passíveis de serem
degradados biologicamente, materiais passíveis de reciclagem como plástico, vidro, metal,
papel e ainda materiais perigosos como pilhas, baterias, tintas, solventes, lâmpadas, entre
outros. Segundo a PMSC, os resíduos de origem industrial ou comercial que apresentam
potencial periculosidade não são recebidos para disposição final no aterro sanitário. Resíduos
de origem comercial podem ser recebidos até o volume de 100 L; de construção civil até o
volume de 50 L e alguns resíduos especiais como animais mortos de pequeno porte, restos de
móveis e colchões e ainda resíduos provenientes de serviços de varrição - poda e capina. O
novo local para disposição dos resíduos sólidos domiciliares localiza-se na Fazenda Guaporé,
no município de São Carlos, distando aproximadamente 15 km do centro da cidade e 7,8 km
59
do entroncamento da Rodovia Washington Luiz (SP-310) com a Rodovia Ribeirão Preto - São
Carlos (SP-318). Possui acesso pela Rodovia Washington Luiz, na altura do km 243, por meio
de uma estrada de terra vicinal (Figura 09). A área total do aterro é de 10,63 hectares.
Figura 8 – Vista aérea – localização do aterro sanitário de São Carlos, SP
destacando a estradas de acesso.
Fonte: Google Earth
Segundo Moretti Apud. Mancini (1999, p. 26), após o início das operações no aterro
sanitário, foi interditado pela CETESB em função de obras de drenagem mal feitas, assim a
antiga área voltou a ser utilizada até o final de 1996, até que os problemas do aterro sanitário
fossem sanados.
No aterro sanitário foram tomadas medidas de engenharia sanitária para a proteção do
meio ambiente, tais como: impermeabilização do solo com argila compactada e/ou manta,
recobrimento diário dos resíduos, queima de gases e recolhimento do chorume em lagoas de
contenção. Atualmente, os principais problemas que a PMSC e a Empresa Vega Engenharia
Ambiental enfrentam no aterro sanitário é a geração chorume, pois as lagoas servem apenas
como depósito, assim, em períodos de alta pluviosidade os líquidos percolados são levados
para tratamento em estações de tratamento de esgoto da região. Outro problema enfrentado no
aterro sanitário está no crescimento da malha urbana e no limite de sua capacidade. De acordo
com Moretti Apud. Mancini (1999, p. 26) o aterro sanitário inicialmente teria vida útil de dois
60
Figura 9 - Situação em maio de 2006.
Fonte: VEGA Engenharia Ambiental
Figura 10 - Situação em junho de 2007.
Fonte: VEGA Engenharia Ambiental
anos e meio (30 meses), mas é explorado até os dias atuais (2007), para isto foram construídas
células acima da superfície do terreno (figura 09 e 10).
Assim, a situação da disposição final dos resíduos é preocupante, pois em um curto
prazo a área existente estará saturada.
De acordo com levantamentos topográficos planialtimétricos, realizados pela empresa
Vega Engenharia Ambiental, no ano de 2006, pode-se calcular a capacidade volumétrica
disponível e projetar a vida útil do atual aterro sanitário. Desta forma a capacidade
volumétrica estimativa foi de aproximadamente 77.000 e o término de sua vida útil foi em
meados de junho de 2007. (Tabela 10).
Tabela 10 - Evolução mensal do preenchimento e estimativa de vida útil da célula
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
Jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
Volume
aterrado
no mês
(m3)
7.802
6.145
6.201
4.915
6.136
10.020
7.713
5.673
4.900
5.200
5.100
5.050
5.000
Volume
disponível
(m3)
77.000
69.198
63.053
56.852
51.937
45.801
35.781
28.068
22.395
17.495
12.295
7.195
2.145
-2.855
Fonte: Vega Engenharia Ambiental, 2006
De acordo com a Prefeitura Municipal de São Carlos (PMSC), foi encaminhado aos
órgãos responsáveis o projeto de uma nova ampliação do atual aterro sanitário, que os
estudos de uma nova área para a construção de um novo aterro sanitário ainda estão em
andamento.
61
Segundo dados do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares do Estado de
São Paulo, no ano de 2006, o aterro sanitário de São Carlos obteve nota 9.0 (nove), o que
significa estar operando em condições adequadas.
Ainda, segundo a PMSC, a área disponível para ampliação do aterro é de 10.000 m
2
e
a sua ampliação será de 150.000 m
3
, levando-se em conta que são dispostos, em média, 6.000
m
3
mensais, cerca de 145 t/dia, na operação do aterro, a estimativa de sobrevida mínima do
aterro atual a partir do início da operação da nova célula é de 25 meses.
No entorno do aterro sanitário, nota-se a presença de plantação de cana-de-açúcar e
pastagens, e nas proximidades do empreendimento encontram-se dois cursos d’água com
pequena vazão: o Córrego Galdino (500 m de distância) e o Córrego da Fazenda, ambos
afluentes do rio Chibarro, o qual é afluente do rio Jacaré-Guaçu.
A seguir algumas fotos do atual aterro sanitário do município de São Carlos e suas
alterações.
Foto 6 – Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP e sua posição em relação
à mancha urbana.
Fonte: Cedida pelo Sr. Miguel Venditi – operador de trator do aterro sanitário, final
de 2003.
62
Foto 7 – Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP - Lagoas de
chorume e operação na primeira ampliação do aterro sanitário.
Fonte: Cedida pelo Sr.
Miguel Venditi – operador de trator do aterro sanitário, início de 2004.
Foto 8 – Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP – Início das
obras para segunda ampliação e operação na antiga área do aterro sanitário.
Fonte:
Cedida pelo Sr. Miguel Venditi – operador de trator do aterro sanitário, f
inal de 2004.
63
Foto 9 – Vista aérea do aterro sanitário do município de São Carlos, SP – Nova lagoa de
chorume, operação na segunda ampliação.
Fonte: Vega Engenharia Ambiental, início de 2007.
Além de um aterro sanitário, a PMSC desenvolve diversos programas e ações que
visam à proteção do meio ambiente.
A coleta convencional é regular em toda área urbana, inclusive nos distritos de Água
Vermelha e Santa Eudóxia. De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Sustentável e Ciência Tecnologia (SMDS), o município de São Carlos tem como
recolhimento médio, diário, aproximadamente 145 t de resíduos sólidos domiciliares (2006).
Nota-se na tabela 11 a massa coletada de resíduos sólidos domiciliares
, por mês, da coleta
convencional do município de São Carlos, SP, no ano de 2002 a 2006.
64
Tabela 11 – Massa encaminhada ao aterro sanitário municipal de São
Carlos,SP de RSD, por mês, no ano de 2002 à 2006.
Mês/Ano
RSD (TONELADAS)
2002 2003 2004 2005 2006
Janeiro
4.789,54 4.500,69 4.383,53 4.571,45 4.793,99
Fevereiro
3.931,64 3.987,95 3.812,20 3.917,72 4.158,80
Março
4.186,27 3.979,32 4.141,39 4.214,75 4.604,47
Abril
4.178,43 3.834,36 3.862,43 3.970,63 4.086,85
Maio
4.021,56 3.751,15 3.793,97 3.963,71 4.334,26
Junho
3.791,44 3.586,88 3.901,33 3.812,62 4.049,65
Julho
4.096,27 2.987,71 3.937,89 3.779,71 4.066,35
Agosto
4.170,98 3.529,63 3.916,28 4.066,42 4.301,68
Setembro
3.874,50 3.747,05 3.889,57 3.929,89 4.114,54
Outubro
4.278,91 3.847,34 3.800,44 4.170,64 4.363,85
Novembro
4.051,54 3.748,31 3.913,14 4.170,81 4.408,21
Dezembro
4.747,02 4.718,30 4.465,93 4.711,77 5.106,53
TOTAL
50.118,10
46.218,69 47.818,10
49.280,12
52.389,18
Média
4.176,51 3.851,56 3.984,84 4.106,68
Ton/dia
139,2 128,4 132,8 136,9 145,5
Fonte: SMDS (2006)
Observa-se que de 2002 para 2003, ocorreu uma queda dos RSD encaminhados ao
aterro sanitário municipal, de 50.118,10 toneladas para 46.218,69 toneladas. A queda ocorreu,
possivelmente, pela cobrança, por parte da prefeitura municipal, de terceiros, que
encaminhavam seus resíduos ao aterro sanitário. De 2003 a 2006 houve um aumento
gradativo, 46.218,69 (2003), 47.818,10 (2004), 49.280,12 (2005), 52.389,18 (2006). Ressalta-
se também que os períodos de pico da geração de resíduos ocorrem nos meses de janeiro e
dezembro, a exemplo das demais cidades brasileiras, em decorrência das festividades da
época. Cabe acrescentar que os dias de maior geração, durante a semana, são segundas e
terças-feiras, em função dos finais de semana e da ausência do serviço de coleta aos domingos
(PMSC).
Em 2005, ano da realização da caracterização descrita neste trabalho (coleta
convencional e seletiva), houve uma geração média mensal de 4.106,98 toneladas e média
diária de 136,9 toneladas (SMDS, 2006).
O custo médio da coleta convencional dos resíduos sólidos domiciliares é, em média,
de R$ 99,57 por tonelada coletada (PMSC, 2005).
Ainda, segunda a SMDS, desenvolve outros programas municipais, como: Programa
Futuro Limpo, que consiste em estimular a redução e controle dos resíduos gerados no
município, destacando ações que visam à redução dos resíduos de papel gerados dentro da
65
administração municipal e, principalmente, o programa de Coleta seletiva de materiais
recicláveis na área urbana, que é realizada por três cooperativas de catadores e a Criação do
Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – CODEMA/SC.
De acordo com Paulo Mancini, diretor do Dep. de Política Ambiental da Prefeitura
Municipal de São Carlos, a primeira experiência em coleta seletiva no município de São
Carlos ocorreu em 1985, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Em 1993 o
programa desenvolvido pela UFSCAR firmou uma parceria com a APASC, gerenciando os
resíduos de toda a universidade e da população, que voluntariamente levavam seus resíduos
descartáveis ao local.
Com o início das operações do aterro sanitário de São Carlos, em 1994, na Fazenda
Guaporé, como foi visto anteriormente, houve a transferência dos catadores que operavam no
antigo lixão e aterro controlado, causando deste então vários problemas para a gestão do
aterro. Houve pressão por parte da sociedade, do Ministério Público, CETESB, e da própria
empresa terceirizada, Vega Engenharia Ambiental, para remover os catadores.
Em 2001 foi iniciado diálogo com catadores que estavam trabalhando no aterro, e num
primeiro momento conseguiu-se que parte do pessoal se interessasse no programa de coleta
seletiva. A primeira ação foi uma visita à Cooperativa de Batatais, que foi fundamental para
sensibilizar uma parte deles, formando então, o primeiro grupo de coooperados. Desta forma,
em junho de 2002, foi lançado o Programa Municipal de Coleta Seletiva no município, com a
criação da Cooperativa Ecoativa e com um projeto piloto no bairro da Vila Nery, que
posteriormente se expandiu.
Depois de formado o primeiro grupo Ecoativa, a pressão para impedir a entrada de
catadores no aterro foi intensificada por parte da CETESB e do Ministério Público. Foi então
constituído mais um grupo, Coorpervida, que passou a atender a região do bairro Santa
Felícia, Cidade Jardim, localizado mais a oeste da cidade. Neste processo foi importante a
colaboração de organizações civis e de empresas, como, Vega Engenharia Ambiental e a
Indústria de Papel de São Carlos.
Por fim, o terceiro grupo se formou a partir de uma demanda de catadores do Jardim
Gonzaga, zona sul, buscando soluções junto ao Poder Público para formar esta terceira
cooperativa, a Cooletiva. Teve intensa colaboração da PROHAB que cedeu espaço para a
implantação da terceira central de triagem de resíduos. A partir deste momento, ficou
estritamente proibida a entrada de catadores no aterro sanitário de São Carlos.
66
Atualmente, a coleta seletiva abrange 60% do território municipal, com previsão de
expansão para os próximos anos. Segundo a SMDS, as cooperativas de São Carlos têm como
comercialização média, mensal, aproximadamente 63 toneladas (tabela 12).
Nota-se na tabela 12 a massa coletada de resíduos sólidos domiciliares, por mês, da
coleta seletiva do município de São Carlos, SP, no ano de 2005 e 2006.
Tabela 12 Massa comercializada de
materiais recicláveis, por mês, da
coleta seletiva do município de São
Carlos, SP, em 2005 e 2006.
Mês/Ano
Materiais Recicláveis
Toneladas
2005 2006
Janeiro 80
58,4
Fevereiro 62,36
80,37
Março 67,27
61,53
Abril 54,17
62,05
Maio 54,04
53,48
Junho 56,60
73,64
Julho 61,21
61,68
Agosto 56,72
67,37
Setembro 65,48
64,85
Outubro 52,01
61,4
Novembro 58,11
72,56
Dezembro 77,26
44,39
Total 745,23 761,72
Média
62,10 63,48
Fonte: SMDS (2006)
Observa-se que em 2005 e 2006, ocorreu um aumento dos materiais recicláveis
encaminhados às cooperativas, de 745,23 toneladas para 761,72 toneladas.
Em 2005, ano da realização da caracterização, tanto para coleta convencional quanto
seletiva, notou-se uma geração média mensal de 62,10 toneladas.
Dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável no ano de 2005
apontam que a coleta seletiva teve um custo médio de R$ 205,28 por tonelada coletada e
comercializada, diferente da coleta convencional descrita anteriormente, de R$ 99,57 por
tonelada, considerando apenas os custos com coleta e transporte dos resíduos.
Assim, é preciso fazer com que os resíduos sejam coletados de forma seletiva, para
que os resíduos encaminhados ao aterro sanitário sejam os resíduos últimos, não havendo
possibilidade de tratamento. Considerando-se, ainda, a crescente escassez de áreas e as
67
exigências cada vez mais rígidas por parte da legislação, no que diz respeito às medidas de
proteção ambiental a serem tomadas, os aterros sanitários estão deixando de ser alternativa
barata como forma de destinação final.
A seguir, fotos da coleta seletiva no município de São Carlos.
Foto 10 - Caminhão utilizado para a coleta seletiva (porta-a-porta).
Fonte: PMSC (2007)
.
Foto 11 - Barracão de triagem de materiais recicláveis de uma das cooperativas
existentes em São Carlos/SP.
Fonte: PMSC (2007).
68
4 MATERIAIS E MÉTODOS
O capítulo descreve a sistemática de obtenção de dados para o desenvolvimento do
trabalho. Este trabalho assume uma pesquisa conjunta entre a pesquisa histórica, bibliográfica
e exploratória. O estudo histórico possibilita a reconstituição do desenvolvimento de um fato
ou de um organismo social. O estudo exploratório pretende descrever e analisar, através de
um amplo esforço de investigação de campo, os fenômenos sociais aqui abordados. Por fim, a
pesquisa bibliográfica pretende situar o estado da arte do tema aqui proposto. Nesse trabalho,
duas variáveis são centrais. São elas:
a) Origem dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional e da coleta
seletiva;
b) Peso dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional e da coleta seletiva.
Podemos organizar os instrumentos de coleta de dados da seguinte forma:
1) Levantamento Bibliográfico: Implica na identificação de referências que possam nos
auxiliar no curso da pesquisa, dentre as quais podemos destacar: estudos relacionados à
geração, coleta (convencional e seletiva), caracterização, tratamento e disposição final de
Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD).
2) Coleta de dados primários: caracterização e diário de campo. A caracterização física tem
como objetivo principal estabelecer as respectivas percentagens em peso e volume dos
constituintes dos resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos, SP, tanto os que
chegam ao aterro sanitário, através da coleta convencional, como os que chegam às centrais
de triagem, por coleta seletiva. Por fim, o diário de campo auxilia na anotação das demais
informações que julgarmos procedentes para os objetivos deste trabalho.
3) Coleta de dados secundários: Utilizada a documentação – como base de dados, relatórios e
publicações dos órgãos públicos responsáveis pela coleta, pelo transporte e pela disposição
final de RSD no Brasil; os dados oficiais - como censos e estatísticas estaduais; e, os arquivos
da empresa responsável pela coleta, transporte e disposição dos resíduos sólidos domiciliares
no município de São Carlos, SP.
Este trabalho foi dividido em quatro etapas metodológicas complementares, que são:
1
ª
Etapa: diagnóstico inicial das condições de coleta e disposição final dos RSD. Este
diagnóstico foi a base para o planejamento da coleta de dados para a análise;
2
a
Etapa: leitura de bibliografia sobre geração, coleta, caracterização, tratamento,
disposição final, gerenciamento e gestão de resíduos sólidos domiciliares;
69
3
ª
Etapa: caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares de acordo com o
processo de amostragem e metodologia que serão descritos nas próximas seções; e,
4
ª
Etapa: formulação das conclusões e apresentação dos resultados.
Nos próximos itens, as características da coleta convencional e seletiva no município
de São Carlos, SP.
4.1 Coleta convencional
O sistema de coleta convencional dos resíduos sólidos domiciliares do município de
São Carlos, SP (Tabela 13 e Figura 11) desenvolvido pela Empresa Vega Engenharia
Ambiental dividiu o município em quinze setores que abrangem toda a área urbana do
município de São Carlos e os distritos de Santa Eudóxia e Água Vermelha. Nosso processo de
amostragem trabalhou com os resíduos sólidos domiciliares da população da área urbana.
Como unidade amostral foi definido cada setor estabelecido pela Empresa Vega Engenharia
Ambiental e o tamanho da amostra foi determinado como duas coletas para cada setor, o que
perfaz 30 coletas durante o ano. Definiu-se fazer as coletas em duas campanhas ao longo do
ano, 15 coletas no período de junho a setembro, de 2005, e 15 coletas no período de outubro a
dezembro, do mesmo ano, com o propósito de verificar se existem diferenças sazonais
significativas.
Para a caracterização física de cada setor, a escolha do setor foi aleatória até completar
os 15 setores e o segundo ciclo foi realizado do mesmo modo. Notam-se na tabela 14 os dias
que as caracterizações físicas foram realizadas.
Tabela 13
Coleta convencional de São Carlos: Setores, bairros, freqüência e turno
SETOR BAIRRO
COLETA
FREQUÊNCIA TURNO
1
Vila Prado; Bela Vista; Boa Vista;
Vila Pelicano; Vila Palmares;
Conj. Habitacional Silvio Vilari;
Jardim São Carlos.
Diário / Segunda a Sábado Noturno
2
Vila Nery; Vila Monteiro;
Vila Monteiro Gleba II; Centreville;
Parque Anhambi; Jardim Citelli;
Vila Faria; Vila Rancho Velho e
Condomínio Dom Bosco.
Diário / Segunda a Sábado Noturno
3
São Carlos Clube; Jardim Betânia
Parque São Vicente de Paula;
Vila Elisabeth; Jardim Macarenco;
Vila Costa do Sol; Chácara Paraíso;
Vila Laura.
Diário / Segunda a Sábado Noturno
70
Tabela 12 –
Coleta convencional de São Carlos: Setores, bairros, freqüência e turno.
Continuação
4
Jardim Paraíso; Parque Santa Mônica;
USP – Campus I; Pq. Arnold Schimid;
Solar dos Engenheiros;
Vila São Gabriel; Pq. Estância Suíça;
Jardim Real; Santa Maria I;
Vila Jacobucci; Vila N. Sa. de Fátima;
Vila Vista Alegre.
Alternado / Segunda, Quarta e
Sexta
Noturno
5
Parque Faber I e II; Jardim Gibertoni;
Jardim Paulista; Jardim Ricetti;
Vila Carmem; Bicão; Jd. São Paulo;
Vila Irene; Vila Alpes; Vila Marcelino
Jd. Mercedes; Loteamento D’Aquino;
Jardim Mara Alice.
Alternado / Terça, Quinta e Sábado Noturno
6
Recreio dos Bandeirantes;
Jd. Botafogo; Cj. Hab. COHAB;
Bicão; Jd. das Torres; Jd. Medeiros;
Jardim Boa Vista II.
Alternado / Terça, Quinta e Sábado Diurno
7
Jd. Beatriz; Mirante da Bela Vista;
Jd. Santa Tereza; COHAB Belvedere;
Jd. Martinelli; Jd. das Rosas;
Vila Sônia; Jd. Gonzaga;
Jd. Pacaembu; Vila Monte Carlo;
Vila Conceição;
Vila Santa Madre Cabrini.
Alternado / Terça, Quinta e Sábado Diurno
8
Loteamento Social Antenor Garcia;
Loteamento Social Presidente Color;
Cidade Aracy; CEAT
Alternado / Terça, Quinta e Sábado
Diurno
9
Vila Izabel; Jd. Cruzeiro do Sul;
Vila Morumbi; Pq. São José;
Recreio São Judas Tadeu;
Jd. Maracanã;
Pq. Ind. Miguel Abdelnur;
Empreendimentos Nova São Carlos
Alternado / Terça, Quinta e Sábado Diurno
10
Jd. Nova São Carlos; Castelo Branco;
Vila Monteiro; Jd. Taithi; Jd. Sabará;
Portal do Sol; Azulville I e II;
Jd. D. Francisca; Jd. Cresci;
Jd. Cardinalli; Jd N. Sa. Aparecida;
Pq. dos Timboris; Pq. Douradinho;
Jd. Tangará; Jd. São Rafael.
Alternado / Terça, Quinta e Sábado Diurno
11
Maria Estela Fagá; Itamarati;
Jd. Munique; Jd. Santa Maria II;
Pq. Primavera; Jd. Veneza;
Residencial Américo A. Margarido;
Jd. dos Coqueiros;
Constantino Amstalden, Pq. Belvedere
Country Clube; Jd. São João Batista;
Vila São José; Chácara São Caetano.
Alternado / Segunda, Quarta e
Sexta-feira
Diurno
12
UFSCar; Jd. Jóquei Clube;
Vila Pq. Industrial; Jd. Guanabara;
Pq. Delta; Jd. Hikare;
Jd. Nova Santa Paula; Jd. Paulistano;
Cidade Jardim; Vila Celina.
Alternado / Segunda, Quarta e
Sexta-feira
Diurno
71
Tabela 12 –
Coleta convencional de São Carlos: Setores, bairros, freqüência e turno. Final
13
Parque Fer; Cond. Res. Montreal;
Jd. Ipanema; Jd. Santa Helena;
Vila Marigo; Vila Mariana; Cidade
Jardim; Santo Eudoxia e Água Vermelha
.
Alternado / Segunda, Quarta e
Sexta-feira
Diurno
14
São Carlos I, II, III, IV, V;
Residencial Parati; Jd. Acapulco;
Santa Angelina; Pq. Iguatemi
Santa Felícia
Alternado / Segunda, Quarta e
Sexta-feira
Diurno
15
Jd. Centenário; Santa Paula;
Santa Marta; Jd. Bandeirantes;
Morada dos Deuses; Santa Felícia;
Planalto Paraíso; Jd. Alvorada;
Pq. Paraíso; Res. M. Romeu Tortorelli
Alternado / Segunda, Quarta e
Sexta-feira
Diurno
Fonte: Adaptado de Vega Engenharia Ambiental, 2005.
72
Figura 11 - Coleta Convencional dos resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos,
SP. (Obs: Sem Escala).
Fonte: Vega Engenharia Ambiental, 2005
73
Tabela 14 - Programação final da caracterização do RSD da
coleta convencional
Setor
DATAS DA CARACTERIZAÇÃO
Inverno Verão
Data Turno
Data Turno
1 3/6/05 Manhã
21/10/05 Manhã
2 17/6/05 Manhã
7/10/05 Manhã
3 19/8/05 Tarde 25/11/05 Manhã
4 22/9/05 Tarde 17/11/05 Manhã
5 16/9/05 Tarde 18/11/05 Manhã
6 25/8/05 Tarde 13/10/05 Tarde
7 11/8/05 Tarde 6/10/05 Tarde
8 15/9/05 Manhã
27/10/05 Tarde
9 8/9/05 Manhã
20/10/05 Tarde
10
1/9/05 Tarde 24/11/05 Tarde
11
24/6/05 Manhã
16/11/05 Tarde
12
12/8/05 Tarde 11/11/05 Tarde
13
1/7/05 Tarde 14/10/05 Tarde
14
2/9/05 Tarde 30/11/05 Tarde
15
5/8/05 Tarde 23/11/05 Tarde
Depois de determinado o setor, a carga do caminhão que realizou a primeira rota do
setor foi segregada em uma área determinada. Anotou-se o peso da carga do caminhão
(determinado na entrada do aterro sanitário), a temperatura ambiente e os bairros de coleta
que compõem o setor e deu início a caracterização física.
A próxima seção apresenta os procedimentos metodológicos relacionados à
caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional.
4.2 Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional
Em virtude do volume de resíduos sólidos gerados por setor, será necessária a adoção
de um procedimento para obtenção de amostra significativa, que teve fundamentação em
Gomes (1989), no IPT/CEMPRE (2000) e na ABNT (NBR 10.007, 2004).
O caminhão escolhido descarregou os resíduos e foram depositados formando um
monte de aproximadamente 10 toneladas, como se pode observar na foto 12.
74
Foto 12 – Monte de aproximadamente 10 toneladas, depositado diretamente no chão do aterro
sanitário do município de São Carlos, SP. (2005).
Deste total foram espalhados e misturados todos os resíduos, manualmente e com a
ajuda de uma carregadeira (Foto 13), retirando os resíduos de maior volume (Foto 14) e
registrando-os. Posteriormente, foram escolhidos pontos aleatórios, que serviram para compor
a amostra composta (soma de parcelas individuais do resíduo estudado, obtida em pontos,
profundidades e/ou instantes diferentes, por meio dos processos de amostragem. Estas
parcelas foram misturadas de forma a se obter uma amostra homogênea – ABNT/NBR 10007,
2004).
Foto 14 – Materiais mais grossos retirados
do monte principal (2005).
Foto 13 – Resíduos misturados e espalhados,
com ajuda de uma pá carregadeira.
75
Formou-se um monte de 400 kg sobre a lona plástica. Manualmente os sacos plásticos
foram rasgados, os resíduos misturados e espalhados na lona plástica (Fotos 15, 16 e 17),
tornando-se uma amostra homogênea (Amostra obtida pela melhor mistura possível das
alíquotas dos resíduos - ABNT/NBR 10007, 2004).
Foto 15 – Resíduos sólidos domiciliares, retirados do monte principal, sendo colocados
sobre a lona plástica, e os sacos plásticos sendo rasgados (2005).
Foto 16 – Mistura manual dos resíduos sólidos domiciliares (2005).
76
Foto 17 – Resíduos sólidos espalhados sobre a lona plástica para o início do quarteamento
(2005).
Depois de bem misturados, foram separados quatro montes de aproximadamente 100
kg cada. Para cada monte, foi feita a mistura manual novamente. Para cada monte de 100 kg,
foi feito o processo de quarteamento, separando-os em quatro montes e desprezando metade,
ficando oito montes de 25 kg (Foto 18, 19 e 20).
Foto 18 - Materiais sendo separados em montes
(2005).
Foto 19- Processo de quarteamento.
77
Foto 20 – Processo de quarteamento - materiais sendo desprezados (2005).
Após o processo de quarteamento foram misturados manualmente todos os resíduos,
formando um monte de 200 kg. Esta quantidade é suficiente para a análise com precisão
equivalente ao de amostras maiores, ou seja, uma amostra representativa (parcela do resíduo a
ser estudada, obtida através de um processo de amostragem, e que, quando analisada,
apresenta as mesmas características e propriedades da massa total do resíduo).
Segundo Klee apud ZENG, 1986, p. 64:
[...] quando os pesos da amostra diminuem abaixo de aproximadamente 91
kg, aumenta, rapidamente, a discrepância na amostra de lixo, mas que acima
de aproximadamente 140 kg, a discrepância aumenta lentamente [...]
recomenda um peso de amostra entre 91 e 140 kg.
O intervalo, de 91 a 140 kg, para o peso das amostras de resíduos sólidos é
recomendado, também, pela American Society For Testing And Materials (ASTM), ASTM
(2003). Como podemos notar, na pesquisa, foi adotada a massa de aproximadamente 200 kg.
O total de 200 kg de resíduos sólidos domiciliares, que restaram, foi espalhado na
lona plástica para serem separados em matéria orgânica (restos de alimentos, folhas vegetais e
outros materiais orgânicos encontrados), papel e papelão (derivados da celulose), plásticos
filme, plástico duro, alumínio e metal, vidro, embalagem longa vida (“tetra pak”) e outros
(Foto 21). Depois que o material foi separado, foi colocado em sacos brancos leitosos para ser
78
pesado (Foto 22). Após a pesagem foi feito o cálculo da porcentagem sobre o peso total e,
assim, obtivemos a porcentagem de cada material coletado.
Foto 21 – Plástico duro e alumínio sendo separados de outros materiais (2005).
Foto 22 – Material colocado em saco branco leitoso e pesado na balança (2005).
A seguir a Figura 12, que apresenta a metodologia empregada para a caracterização
física dos resíduos sólidos domiciliares que chegam ao aterro sanitário (Figura 12).
79
Monte de 10 toneladas
Descarga
Mistura do conteúdo
Retirada dos materiais
mais grossos
Escolha de pontos,
aleatórios, para
retirada de 400 kg e
depósito sobre uma
lona plástica
Desensacamento dos
resíduos
Conteúdo
espalhados sobre
a lona plástica
Mistura do conteúdo
(400kg) até a sua
homogeneização
Separar em quatro
montes de 100kg
Quarteamento de
cada monte de 100kg
Quarteamento
Retirado
Mantido
Nova mistura para
formar um monte
Monte de 200kg
Separação
Pesagem
-Matéria Orgânica
-Papel e Papelão
-Vidro
-Plástico filme e duro
-Metal e Alumínio
-Tetra pak
-Rejeitos
Monte de 10 toneladas
Descarga
Mistura do conteúdo
Retirada dos materiais
mais grossos
Escolha de pontos,
aleatórios, para
retirada de 400 kg e
depósito sobre uma
lona plástica
Desensacamento dos
resíduos
Conteúdo
espalhados sobre
a lona plástica
Mistura do conteúdo
(400kg) até a sua
homogeneização
Separar em quatro
montes de 100kg
Quarteamento de
cada monte de 100kg
Quarteamento
Retirado
Mantido
Nova mistura para
formar um monte
Monte de 200kg
Separação
Pesagem
-Matéria Orgânica
-Papel e Papelão
-Vidro
-Plástico filme e duro
-Metal e Alumínio
-Tetra pak
-Rejeitos
Figura 12 – Metodologia para caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares
misturados.
80
4.3 Coleta Seletiva
Com base no programa de coleta seletiva desenvolvido pela PMSC, que dividiu a área
urbana (60%) em três regiões, sendo que cada região ficou sob a responsabilidade de uma
cooperativa de catadores, e ainda, compreende um conjunto de bairros. Assim, os catadores,
de cada cooperativa, coletam uma vez por semana os materiais recicláveis em cada bairro,
dentro de sua região de domínio, que é dividida por setor (Tabela 15 e Figura 13 e 14).
Similarmente à coleta convencional, a unidade amostral foi definida para cada setor
que foi estabelecido pela Prefeitura Municipal de São Carlos, SP, e o tamanho da amostra
foram determinados como duas coletas para cada setor, o que perfaz 26 coletas durante o ano.
Definiu-se fazer as coletas em duas campanhas ao longo do ano, 13 coletas no período de
junho a setembro e 13 coletas no período de outubro a dezembro, com o propósito de verificar
se existem diferenças sazonais significativas, da mesma forma que foi realizada para coleta
convencional. Notam-se na tabela 16 os dias que as caracterizações físicas foram realizadas.
A diferença para a coleta convencional está na caracterização, feita na massa total dos
materiais recicláveis coletados. Houve necessidade de mudança no procedimento de triagem
das cooperativas durante a caracterização, com o intuito harmonizar os parâmetros, pois as
cooperativas têm um procedimento de triagem no qual não importa a quantidade e origem, por
tipo de resíduos, gerados diariamente.
Para a caracterização física de cada setor, a escolha do setor foi aleatória até completar
os 13 setores. O segundo ciclo foi realizado de mesmo modo.
81
Tabela 15
Coleta seletiva de São Carlos: Região/cooperativa, bairros e freqüência
.
REGIÃO/COOPERATIVA BAIRRO FREQUÊNCIA
Coopervida
Centro; Jd. Betânia; Pq. Santa Mônica
Jardim Paraíso.
Segunda-feira
Jardim Lutfalla; Solar dos Engenheiros;
Pq. Arnold Schindt; Chácara Casalle
Cidade Jd.; Jd. Santa Paula;
Jd. Centenário; Jd. Bandeirantes.
Terça-feira
Jd. Paulistano;Pq. Delta; Jd. Acapulco.
Vila Parque Industrial;Jd. Hikare;
Nova Santa Paula Pq. Santa Marta;
Quarta-feira
Planalto Paraíso; Jd. Alvorada;
Santa Felícia (até Av. Bruno Ruggiero).
Quinta-feira
Ecoativa
Centro; Jd. Brasil; Jd. Cardinalli;
Vila Rancho Velho; Vila Santo Antônio
Segunda-feira
Vila Faria; Vila Max; Vila Nery
Chácara do Pq.; Pq. Sabará;
Rs. Américo Alves Margarido.
Terça-feira
Vila Deriggi; Vila Arnaldo;
Vila Albertini; Chácara Parolo.
Quarta-feira
Vila Elisabeth; Vila Laura; Tijuco Preto.
Chácara Bataglia; Chácara Paraíso;
Jardim Macarenco; Vila Costa do Sol;
Quinta-feira
Cooletiva
Jardim Cruzeiro do Sul; Jd. Pacaem
Segunda-feira
Vila Prado; Bela Vista; Lagoa Serena Terça-feira
Boa Vista; Jd. Beatriz; Jd. Medeiros
Boa Vista II
Quarta-feira
Vila Monteiro; Jd. Ricetti;
Vila Marcelino
Quinta-feira
Jd. Botafogo; Jd. das Torres; Jd. Bicão
Vila Carmem; Pq. Faber I
Sexta-feira
Fonte: Prefeitura Municipal de São Carlos, SP (2005).
82
Figura 13Mapa dos bairros de cobertura da coleta seletiva. (Obs: Sem Escala)
Fonte: Prefeitura Municipal de São Carlos, SP (2005).
83
Figura 14 – Áreas de cobertura das cooperativas. (Obs: Sem Escala)
Fonte: Prefeitura Municipal de São Carlos, SP (2005).
84
Tabela 16 - Programação final da caracterização do RSD da coleta seletiva
COOPRATIVAS
DATAS DA CARACTERIZAÇÃO
Inverno Verão
Data Turno Data Turno
ECOATIVA
13/9/05
Tarde/Noite
13/12/05
Tarde/Noite
14/9/05
Tarde/Noite
14/12/05
Tarde/Noite
15/9/05
Tarde/Noite
15/12/05
Tarde/Noite
16/9/05
Tarde 16/12/05
Tarde
COOPERVIDA
20/9/05
Tarde/Noite
21/9/05
Tarde/Noite
22/9/05
Tarde/Noite
23/9/05
Tarde
COOPERVIDA
27/9/05
Tarde
28/9/05
Tarde
29/9/05
Tarde
30/9/05
Tarde
3/10/05
Tarde
Depois de determinado o setor, a carga do caminhão foi segregada em uma área
determinada, na central de triagem para a realização da caracterização física. A próxima seção
apresenta os procedimentos metodológicos relacionados à caracterização física dos resíduos
sólidos domiciliares da coleta seletiva.
4.4 Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares da coleta seletiva
O material que chega à área de triagem é colocado sobre a bancada para sua separação
(Foto 23), este será separado em papel e papelão (derivados da celulose), plástico filmes,
plástico duro, alumínio e metal, vidro, embalagem longa vida (“tetra pak”) e rejeitos. O
material separado é colocado em sacolas e pesado separadamente (Foto 24 e 25). Após a
pesagem foi feito o cálculo da porcentagem sobre o peso total e, assim, obtivemos a
porcentagem de cada material coletado.
Para esta atividade, também foram levada em conta duas campanhas ao longo do ano,
de junho a setembro e de outubro a dezembro, como foi considerado na coleta convencional.
85
Foto 23 – Mesa ou Bancada para separação, localizada na cooperativa Cooletiva.
Fonte:
Prefeitura Municipal de São Carlos, SP (2005).
Apresentamos, a seguir, a metodologia empregada para a caracterização física dos
resíduos sólidos domiciliares que chegam à central de triagem (Figura 15).
Foto 25 - Material sendo pesado, após a sua
separação – Coopervida (2005).
Foto 24 - Material sendo pesado, após a sua
separação – Coopervida (2005).
86
Figura 15 – Metodologia para caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares separados.
A próxima seção apresenta os procedimentos de análise e tratamento dos dados,
levando em consideração as duas coletas, seletiva e convencional.
4.5 Tratamento dos dados
Os dados foram calculados separadamente, por tipo de coleta (convencional e
seletiva), e posteriormente foi feita sua extrapolação para os valores globais para o município.
A Figura 16 simplifica e esquematiza a metodologia empregada.
Descarga
Monte
O conteúdo espalhado
sobre a bancada
Separação
Pesagem
- Papel e
Papelão
- Vidro
- Plástico
filme e duro
- Metal e
Alumínio
- Embalagem
Longa vida
- Rejeito
87
ÁREA URBANA
C
O
L
E
T
A
S
E
L
E
T
I
V
A
C
O
L
E
T
A
C
O
N
V
E
N
C
I
O
N
A
L
Base Amostral
Ciclo Semanal
100% Área Urbana
Base Real
Ciclo Semanal
60% Área Urbana
Resultado Individual Resultado Individual
Resultado Global
Conciliação dos Dados
Inferência Estatística
Figura 16 – Esquema da metodologia (coleta convencional e seletiva)
Com as informações extraídas, foi possível estabelecer comparações com a última
caracterização feita em 1989, por Gomes, avaliar a influência da coleta seletiva na coleta
convencional, quantificar os resíduos sólidos recicláveis dispostos no aterro sanitário -
papel/papelão, plásticos, metal e alumínio, vidro, embalagem longa vida e resíduos facilmente
degradáveis - quantificar os resíduos sólidos recicláveis - papel/papelão, plásticos, metal e
alumínio, vidro e embalagem longa vida - encaminhados para o Programa de Coleta Seletiva
“Futuro Limpo” do município de São Carlos, SP,e avaliar os resultados obtidos nos setores
amostrados, em função dos aspectos sócio-econômicos.
88
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O capítulo em questão visa à apresentação didática dos resultados da caracterização
física dos resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos, SP, levando em
consideração a coleta convencional, resíduos que são coletados por caminhões compactadores
e são enviados ao aterro sanitário municipal; e a coleta seletiva, materiais recicláveis que são
coletados em caminhões sem compactação e são enviados as cooperativas. Para finalizar,
apresentamos uma extrapolação dos dados e constituição dos valores globais entre as duas
caracterizações.
5.1 Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional
Os resultados da caracterização são apresentados a seguir, porém antes serão
apresentados os dados referentes à qualificação da amostra, como os registros da temperatura,
da logística da coleta e da preparação da amostra.
5.2 Qualificação da Amostra
A decisão em realizar a caracterização física para cada setor e levar em conta as
estações climáticas, inverno e verão, gerou um conjunto de informações que qualificam as
amostras. Estas informações, para melhor entendimento, foram organizadas em três blocos:
Registros da temperatura Compreende os registros das temperaturas média das
mínimas; média das máximas; e média - em graus Celsius (ºC) - nos dias de geração
dos resíduos sólidos domiciliares coletados. Estes resultados são apresentados na
tabela 17;
Logística da coleta Compreende os registros dos bairros, por setor, que foram
efetivamente coletados pelo caminhão coletor, cuja massa foi utilizada na
caracterização. A tabela 18 apresenta estes registros;
Preparação da amostra Compreende os registros, por setor, da massa total do
caminhão coletor e da massa quarteada, referente à amostra significativa utilizada na
caracterização, conforme tabela 19.
89
Tabela 17 – Registros das temperaturas nos dias de geração do RSD, por setor caracterizado da coleta convencional.
SETOR
TEMPERATURAS (ºC)
INVERNO VERÃO DIFERENÇA / ESTAÇÕES
Data
Mínima Máxima Média Data Mínima Máxima Média Mínima Máxima Média
1
02/06/05
9 22 14
20/10/05
14 28 21 5 6 7
2
16/06/05
9 21 13
6/10/05
13 27 19 4 6 6
3
18/08/05
11 23 17
24/11/05
17 30 23 6 7 6
4
21/09/05
12 25 18
16/11/05
16 29 22 4 4 4
5
15/09/05
12 24 17
17/11/05
17 29 22 5 5 5
6
24/08/05
11 24 17
12/10/05
14 27 20 3 3 3
7
10/08/05
10 23 16
5/10/05
13 27 19 3 4 3
8
14/09/05
12 24 17
26/10/05
15 28 21 3 4 4
9
07/09/05
12 24 17
20/10/05
14 28 21 2 4 4
10
31/08/05
11 24 17
23/11/05
17 30 23 6 6 6
11
23/06/05
9 21 13
15/11/05
16 29 22 7 8 9
12
11/08/05
10 23 16
10/11/05
16 29 22 6 6 6
13
30/06/05
9 21 13
13/10/05
14 27 20 5 6 7
14
01/09/05
11 24 17
29/11/05
17 30 23 6 6 6
15
04/08/05
9 23 15
22/11/05
17 29 22 8 6 7
Média
10,5 23,1 15,8
15,3 28,5 21,3 4,9 5,4 5,5
Desvio Padrão
1,25 1,28 1,74
1,54 1,13 1,35 1,68 1,35 1,68
Fonte: Canaldotempo.com (2005), disponível em http://br.weather.com
90
Tabela 18 – Logística da coleta convencional - Número de bairros coletados e não coletados, massa coletada, por setor e estação climática.
SETOR
COLETA CONVENCIONAL - BAIRROS COLETADOS
INVERNO VERÃO
Data
Não coletado
Coletado
Data Não coletados
Coletados
Total
Parcial
Massa (kg) Total
Parcial Massa (kg)
1
02/06/05
3 2 3 10.310
20/10/05
2 6 0 12.080
2
16/06/05
8 1 5 10.810
6/10/05
10 3 1 8.810
3
18/08/05
8 4 2 9.460
24/11/05
6 5 3 11.240
4
21/09/05
6 11 1 11.040
16/11/05
7 10 1 9.970
5
15/09/05
3 11 3 10.100
17/11/05
4 13 0 10.800
6
24/08/05
3 6 2 11.310
12/10/05
3 7 1 9.970
7
10/08/05
3 8 1 11.460
5/10/05
2 9 1 10.570
8
14/09/05
1 2 1 11.680
26/10/05
1 2 1 10.850
9
07/09/05
1 7 0 11.320
20/10/05
4 3 1 11.240
10
31/08/05
3 14 0 12.140
23/11/05
3 13 1 11.850
11
23/06/05
6 6 3 10.180
15/11/05
9 6 0 10.230
12
11/08/05
3 7 0 10.130
10/11/05
7 3 0 10.980
13
30/06/05
8 10 1 7.210
13/10/05
12 7 0 6.140
14
01/09/05
3 4 3 11.680
29/11/05
2 4 4 10.970
15
04/08/05
4 8 1 10.920
22/11/05
4 8 1 11.710
Total
63 101 26 159750
76 99 15 157410
Fonte: Vega Engenharia S/A (2005)
No apêndice B é apresentada a relação de todos os bairros, coletados e não coletados, por setor.
91
Tabela 19 – Registro das massas coletadas e da amostra significativa (quarteada), por setor da coleta convencional e por estação
SETOR
MASSAS
INVERNO VERÃO
Caminhão –
Total
coletado (kg)
Amostra quarteada
Caminhão -
Total coletado
Amostra quarteada
Massa (kg) %
Variação /
200 kg (%)
Massa (kg) %
Variação /
200 kg (%)
1
10.310 103,47 1,00 -48,27% 12.080 177,19 1,47 -11,41%
2
10.810 275,37 2,55 37,69% 8.810 235,31 2,67 17,66%
3
9.460 221,20 2,34 10,60% 11.240 225,28 2,00 12,64%
4
11.040 222,46 2,02 11,23% 9.970 207,72 2,08 3,86%
5
10.100 227,11 2,25 13,56% 10.800 213,65 1,98 6,83%
6
11.310 235,96 2,09 17,98% 9.970 222,68 2,23 11,34%
7
11.460 213,25 1,86 6,63% 10.570 205,89 1,95 2,94%
8
11.680 288,20 2,47 44,10% 10.850 201,33 1,86 0,67%
9
11.320 180,95 1,60 -9,53% 11.240 220,24 1,96 10,12%
10
12.140 220,02 1,81 10,01% 11.850 219,98 1,86 9,99%
11
10.180 312,71 3,07 56,36% 10.230 201,18 1,97 0,59%
12
10.130 189,37 1,87 -5,32% 10.980 208,22 1,90 4,11%
13
7.210 226,04 3,14 13,02% 6.140 219,16 3,57 9,58%
14
11.680 215,94 1,85 7,97% 10.970 203,43 1,85 1,72%
15
10.920 248,54 2,28 24,27% 11.710 215,65 1,84 7,83%
Média 10.650,00 225,37 2,15 12,69% 10.494,00 211,79 2,08 5,90%
Desvio
Padrão
1.203,93 48,66 0,54 24,33% 1.464,99 13,67 0,48 6,84%
92
No período de realização da caracterização dos resíduos sólidos domiciliares, os registros
de temperatura têm, conforme a tabela 17, os seguintes pontos a destacar:
No período de inverno, a temperatura média mínima foi de 13 ºC e a dia máxima de
18 ºC. A maior parte dos setores, cerca de 70%, foi caracterizado com temperatura média
entre 16 ºC e 18 ºC, acima da média de todos os setores que foi de 15,8 ºC;
No período de verão, a temperatura média mínima foi de 19 ºC e a média máxima de 23
ºC. Por volta de 53% dos setores foram caracterizados com temperatura média acima de
22 ºC, superior, portanto, da média de todos os setores que foi de 21,3 ºC. Esses registros
indicam que não houve variações significativas;
Em relação à diferença de temperatura entre as estações, os registros mostram que a
média foi de 5,5 ºC, mínima de 3 ºC e máxima de 9 ºC;
As médias e os desvios-padrão, nas duas estações e nas diferenças, indicam
regularidade de ocorrência.
Os registros da logística da coleta convencional, na tabela 18, mostram que o nível de
abrangência do número de amostras caracterizadas foi significativo, com base nos destaques
seguintes:
Todos os setores foram caracterizados nas duas estações climáticas;
No inverno, dos 190 bairros previstos, conforme tabela 13, p. 69, cerca de 67% tiveram
seus resíduos sólidos domiciliares coletados e caracterizados;
No verão, dos 190 bairros previstos, conforme tabela 13, p. 69, 60% tiveram seus
resíduos sólidos domiciliares coletados e caracterizados;
Os resultados referentes às amostras significativas, presentes na tabela 19, indicam o
atendimento das condições previstas no capítulo materiais e métodos e podemos destacar:
Houve variação da massa da amostra quarteada em relação ao padrão de 200 kg,
entretanto todas as massas ficaram dentro do parâmetro, de 91 kg a 140 kg, referido na
seção “Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares da coleta convencional” do
capítulo materiais e métodos;
As massas das amostras quarteadas, no período de verão, apresentam uma variação
menor em relação ao padrão de 200 kg e comparada com as massas do inverno;
Os percentuais médios das amostras quarteadas, nas duas estações, em relação à massa
coletada, apresentam valores próximos, sendo 2,15% no inverno e 2,08% no verão;
93
O desvio-padrão, nas duas estações, apresenta-se abaixo da média das massas,
indicando regularidade.
5.3
Caracterização Física dos Resíduos Sólidos
Os resultados da caracterização física, mássica, dos resíduos sólidos domiciliares (RSD)
de São Carlos, SP, são apresentados em tabelas.
A tabela 20 apresenta o resultado da caracterização sica dos resíduos lidos
domiciliares, no município de São Carlos, quanto à sua participação mássica, dividindo em
matéria ornica, papel e papelão, tetra pak (embalagem longa vida), vidro, metal e alumínio,
plásticos e outros.
As tabelas 21 a 27 apresentam os resultados da caracterização do resíduo sólido domiciliar
por tipo de material e estações climáticas (inverno e verão).
Os resultados da caracterização física são importantes para se conhecer o potencial de
reutilização destes materiais, que estão sendo enterrados no aterro sanitário de São Carlos/SP.
94
Tabela 20 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos, SP.
Setor
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES – COLETA CONVENCIONAL
Matéria Orgânica
Papel e Papelão
Tetra Pak
Vidro
Metal e Alumínio
Plástico Rígido
Plástico Filme
Outros
1 67,10% 4,90% 0,93% 2,20%
1,89% 3,27% 9,21 12,42%
2 54,95% 11,14% 0,87% 1,35%
1,59% 4,01% 7,41 20,96%
3 47,24% 9,49% 0,82% 2,47%
1,22% 3,41% 7,88 26,30%
4 60,82% 6,43% 0,57% 1,51%
1,66% 3,31% 9,69 17,63%
5 51,76% 6,17% 0,96% 1,56%
1,36% 4,20% 6,76 22,30%
6 72,41% 3,52% 0,87% 1,13%
1,07% 2,00% 7,07 12,57%
7 63,72% 4,01% 1,13% 0,81%
1,38% 2,18% 6,20 20,82%
8 61,95% 2,73% 1,34% 0,69%
1,26% 2,15% 6,73 24,17%
9 53,96% 8,66% 0,87% 2,39%
1,01% 2,13% 7,18 23,40%
10 57,20% 5,95% 1,54% 2,45%
1,54% 2,74% 9,39 20,11%
11 68,08% 4,07% 0,77% 1,01%
1,08% 1,94% 6,32 17,81%
12 42,55% 9,22% 1,03% 2,75%
1,19% 3,34% 6,95 23,60%
13 62,33% 8,23% 0,77% 1,56%
1,44% 3,39% 6,70 17,34%
14 57,21% 6,49% 0,95% 0,93%
1,03% 2,31% 9,36 22,87%
15 64,97% 5,58% 0,67% 2,30%
0,90% 2,23% 7,63 17,01%
Média
59,08%
6,44%
0,94%
1,67%
1,31%
2,8
4
%
7,63%
2
0
,
09
%
Desvio
Padrão
8,10% 2,46% 0,25% 0,69%
0,28% 0,76% 1,20% 4,26%
95
Os resultados da participação mássica dos resíduos sólidos domiciliares, apresentados na
tabela 20, indicam que:
Dos RSD encaminhados ao aterro sanitário de São Carlos, o destaque foi para os
materiais orgânicos, com 59,08%, seguido pelos plásticos, com 10,47% (rígido - 2,84% e
filmes 7,63%), papel e papelão (6,44%), vidro (1,67%), metal e alumínio (1,31%) e o
tetra pak, com 0,94%, materiais estes, passíveis de recicláveis. Também, observa-se a
presença dos materiais denominados de outros, com 20,09% que, em virtude da presença
de todos os tipos de materiais e a sua homogeneização, não podem ser aproveitados para
mais nada;
Apesar da presença de todos os tipos de materiais, uma grande parcela dos chamados
outros é representada pelos rejeitos, principalmente pela presença de fraldas, borrachas,
madeiras, panos e tecidos; e o restante são materiais que, em função da homogeneização,
é impossível separar. Desta forma, devemos destacar que a maior dificuldade enfrentada
durante a caracterização física foi a separação dos pequenos materiais, da matéria
orgânica e os chamados rejeitos;
Assim, cerca de 80% dos resíduos sólidos encaminhados para o aterro sanitário de São
Carlos são passíveis de reaproveitamento, seja via reciclagem (20%) ou compostagem
(60%);
Levando em consideração os índices por setores e por materiais, observou-se:
- A matéria orgânica registrou o maior índice no setor 06, com 72,41%; e o menor
índice no setor 12, com 42,55%;
- O papel e papelão registraram o maior índice no setor 02 (11,14%); e o menor índice
no setor 08 (2,73%);
- O tetra pak registrou o maior índice no setor 10 (1,54%); e o menor índice no setor
04 (0,57%);
- O vidro registrou o maior índice no setor 12 (2,75%); e o menor índice no setor 08
(0,69%);
- O metal e o alumínio registraram o maior índice no setor 01 (1,89%); e o menor
índice no setor 15 (0,90%);
96
- Os plásticos rígidos apresentaram o maior índice no setor 05 (4,20%); e o menor
índice no setor 11 (1,94%); os plásticos filmes representaram o maior índice no
setor 4 (9,69%); e o menor índice no setor 07 (6,20%);
- Os outros registraram o maior índice no setor 03 (26,30%); e o menor índice no setor
01 (12,42%).
Com relação ao alumínio e metal, observa-se uma baixa representatividade na
quantidade global, devido, principalmente, ao mercado existente para este tipo de resíduo.
Desta forma, este resíduo é desviado do aterro sanitário tanto pela coleta seletiva existente
no município, quanto pela ação dos catadores autônomos;
Tabela 21 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta
convencional - matéria orgânica.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (MATÉRIA ORGÂNICA) – COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO Média (%)
Amostra Matéria Orgânica Amostra Matéria Orgânica
Matéria Orgânica
Massa (kg)
Massa (kg)
% Massa (kg)
Massa (kg)
%
1
103,47
73,50
71,04%
177,19
111,91
63,16%
67,10%
2
275,37 170,00 61,74% 235,31 113,32 48,16% 54,95%
3
221,20
101,00
45,66%
225,28
110,00
48,83%
47,24%
4
222,46 109,45 49,20% 207,72 150,49 72,45% 60,82%
5
227,11 118,74 52,28% 213,65 109,45 51,23% 51,76%
6
235,96
181,94
77,11%
222,68
150,78
67,71%
72,41%
7
213,25 137,24 64,36% 205,89 129,89 63,09% 63,72%
8
288,20
175,06
60,74%
201,33
127,15
63,16%
61,95%
9
180,95 111,32 61,52% 220,24 102,19 46,40% 53,96%
10
220,02 136,67 62,12% 219,98 115,01 52,28% 57,20%
11
312,71 225,25 72,03% 201,18 129,02 64,13% 68,08%
12
189,37 54,03 28,53% 208,22 117,80 56,57% 42,55%
13
226,04
140,81
62,29%
219,16
136,70
62,37%
62,33%
14
215,94 137,8 63,81% 203,43 102,94 50,60% 57,21%
15
248,54
170,22
68,49%
215,65
132,52
61,45%
64,97%
Média 225,37 136,20 60,06% 211,79 122,61 58,11% 59,08%
Desvio Padrão
48,66
44,25
12,11%
13,67
15,58
8,02%
8,10%
97
A tabela 21 apresenta a caracterização mássica dos resíduos sólidos domiciliares,
destacando a matéria orgânica e estações climáticas, inverno e verão, indicando que:
Na estação de inverno apresentou índice médio de 60,06%, enquanto que no verão o
índice médio foi de 58,11%, indicando uma diferença muito pequena entre as estações,
mesmo que a diferença média da temperatura tenha sido de 5,5 ºC, como observamos na
tabela 17, concluindo desta forma, que a temperatura pouco influenciou na geração da
matéria orgânica, contrariando a bibliografia básica;
Na média geral, a matéria orgânica apresentou um índice de 59,08%, em massa, que
ainda está sendo encaminhada para o aterro sanitário, índice elevado se levar em
consideração que a matéria orgânica é o material responsável pela geração do gás metano
e chorume nos aterros sanitários. Devemos fazer uma ressalva, são poucos os municípios
brasileiros que aproveitam a matéria orgânica gerada;
No inverno, o maior índice foi registrado no setor 06, com 77,11%; e o menor índice se
deu no setor 12, com 28,53%. A pequena quantidade de matéria orgânica no setor 12 é
explicada pela passagem do caminhão de coleta no parque industrial e notou-se a presença
grande de matérias e rejeitos, como luvas cirúrgicas, copos plásticos, papel higiênico,
papel picado, levando a dedução de ser de uma empresa e dificultando a coleta da
amostragem. No verão, o maior índice foi observado no setor 04, com 72,45%; e o menor
índice foi registrado no setor 02, com 48,16%;
Na média geral, tiveram maior índice no setor 06, com 72,41%; e o menor índice no
setor 12, com 42,55%, destinados ao aterro sanitário.
98
Tabela 22 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta
convencional – papel e papelão.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (PAPEL E PAPELÃO)
-
COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO Média (%)
Amostra
Papel e Papelão
Amostra
Papel e Papelão
Papel e Papelão
Massa (kg)
Massa (kg)
%
Massa (kg)
Massa (kg)
%
1
103,47
3,20
3,09%
177,19
11,89
6,71%
4,90%
2
275,37 30,90 11,22% 235,31 26,04 11,07% 11,14%
3
221,20 26,01 11,76% 225,28 16,29 7,23% 9,49%
4
222,46 15,77 7,09% 207,72 12,00 5,78% 6,43%
5
227,11 14,05 6,19% 213,65 13,15 6,15% 6,17%
6
235,96
6,43
2,73%
222,68
9,59
4,31%
3,52%
7
213,25 9,13 4,28% 205,89 7,68 3,73% 4,01%
8
288,20 5,89 2,04% 201,33 6,86 3,41% 2,73%
9
180,95
13,72
7,58%
220,24
21,46
9,74%
8,66%
10
220,02
15,23
6,92%
219,98
10,97
4,99%
5,95%
11
312,71 5,44 1,74% 201,18 12,89 6,41% 4,07%
12
189,37 23,93 12,64% 208,22 12,07 5,80% 9,22%
13
226,04 25,51 11,29% 219,16 11,34 5,17% 8,23%
14
215,94 16,07 7,44% 203,43 11,26 5,54% 6,49%
15
248,54
14,08
5,67%
215,65
11,83
5,49%
5,58%
Média 225,37 15,02 6,78% 211,79 13,02 6,10% 6,44%
Desvio Padrão
48,66 8,41 3,65% 13,67 4,96 2,05% 2,46%
A tabela 22 apresentou a caracterização mássica dos resíduos sólidos domiciliares,
destacando o papel e papelão e as estações climáticas (inverno e verão), indicando que:
Na estação de inverno o papel e papelão apresentaram índice médio de 6,78%, enquanto
que no verão, o índice médio foi de 6,10%, indicando uma diferença muito pequena entre
as estações, como observado na matéria orgânica;
Na média geral, o papel e papelão apresentou um índice de 6,44%, em massa, que ainda
está sendo encaminhado para ao aterro sanitário;
No inverno, o maior índice foi registrado no setor 12, com 12,64%, como explicado
anteriormente; e o menor índice se deu no setor 11, com 1,74%, enquanto que no verão o
maior índice foi observado no setor 02, com 11,07%; e o menor índice foi registrado no
setor 08, com 3,41%;
99
Na média geral, tiveram maior índice no setor 02, com 11,14%; e o menor índice no
setor 08, com 2,73%, destinados ao aterro sanitário.
Tabela 23 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta
convencional – tetra pak.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (TETRA PAK)
COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO Média (%)
Amostra Tetra Pak Amostra Tetra Pak
Tetra Pak
Massa (kg) Massa (kg) % Massa (kg) Massa (kg) %
1
103,47 1,245 1,20%
177,19 1,18 0,67%
0,93%
2
275,37 1,27 0,46%
235,31 3,00 1,27%
0,87%
3
221,20 1,45 0,66%
225,28 2,20 0,98%
0,82%
4
222,46
0,92
0,41%
207,72
1,50
0,72%
0,57%
5
227,11 2,00 0,88%
213,65 2,23 1,04%
0,96%
6
235,96 2,04 0,86%
222,68 1,97 0,88%
0,87%
7
213,25
2,35
1,10%
205,89
2,40
1,17%
1,13%
8
288,20
3,48
1,21%
201,33
2,95
1,47%
1,34%
9
180,95 1,51 0,83%
220,24 2,00 0,91%
0,87%
10
220,02 3,75 1,70%
219,98 3,02 1,37%
1,54%
11
312,71 1,99 0,64%
201,18 1,80 0,89%
0,77%
12
189,37 2,10 1,11%
208,22 1,96 0,94%
1,03%
13
226,04
1,99
0,88%
219,16
1,45
0,66%
0,77%
14
215,94 2,35 1,09%
203,43 1,65 0,81%
0,95%
15
248,54 1,66 0,67%
215,65 1,44 0,67%
0,67%
Média 225,37 2,01 0,91%
211,79 2,05 0,96%
0,94%
Desvio Padrão
48,66 0,78 0,33%
13,67 0,59 0,26%
0,25%
A tabela 23 apresentou a caracterização mássica dos resíduos sólidos domiciliares,
destacando o tetra pak (embalagem longa vida) e as estações climáticas, inverno e verão,
indicando que:
Na estação de inverno apresentou índice médio de 0,91%, enquanto que no verão o
índice médio foi de 0,96%, indicando uma pequena diferença entre as estações, não sendo
diferente dos outros materiais vistos anteriormente;
Na média geral, o tetra pak apresentou um índice de 0,94%, em massa, que ainda está
sendo encaminhado ao aterro sanitário;
100
No inverno o maior índice foi registrado no setor 10, com 1,70%; e o menor índice foi
registrado no setor 04, com 0,41%, enquanto que no verão o maior índice se deu no setor
10, com 1,37%; e o menor índice foi registrado no setor 13, com 0,66%;
Na média geral, tiveram maior índice no setor 10, com 1,54%; e o menor índice
registrado foi no setor 04, com 0,57%.
Tabela 24 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta
convencional – vidro.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (VIDRO)
COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO Média (%)
Amostra Vidro Amostra Vidro
Vidro
Massa (kg)
Massa (kg)
%
Massa (kg)
M
assa (kg)
%
1
103,47
2,90
2,80%
177,19
2,83
1,60%
2,20%
2
275,37 3,50 1,27% 235,31 3,36 1,43% 1,35%
3
221,20 6,53 2,95% 225,28 4,46 1,98% 2,47%
4
222,46
2,30
1,03%
207,72
4,11
1,98%
1,51%
5
227,11 3,43 1,51% 213,65 3,46 1,62% 1,56%
6
235,96 2,16 0,92% 222,68 3,01 1,35% 1,13%
7
213,25 1,58 0,74% 205,89 1,83 0,89% 0,81%
8
288,20 1,42 0,49% 201,33 1,77 0,88% 0,69%
9
180,95
3,96
2,19%
220,24
5,72
2,60%
2,39%
10
220,02
5,18
2,35%
219,98
5,59
2,54%
2,45%
11
312,71 4,79 1,53% 201,18 1,00 0,50% 1,01%
12
189,37 5,70 3,01% 208,22 5,18 2,49% 2,75%
13
226,04
3,35
1,48%
219,16
3,59
1,64%
1,56%
14
215,94 2,94 1,36% 203,43 1,00 0,49% 0,93%
15
248,54 2,54 1,02% 215,65 7,72 3,58% 2,30%
Média 225,37 3,49 1,64% 211,79 3,64 1,70% 1,67%
Desvio Padrão
48,66 1,50 0,82% 13,67 1,89 0,86% 0,69%
A tabela 24 apresentou a caracterização mássica dos resíduos sólidos domiciliares,
destacando o vidro e as estações climáticas, inverno e verão, indicando que:
Na estação de inverno apresentou índice médio de 1,64%, enquanto que no verão o
índice médio foi de 1,70%, indicando uma pequena diferença como observado nos itens
anteriores;
101
Na média geral, o vidro apresentou um índice de 1,67%, em massa, que ainda está
sendo encaminhado para ao aterro sanitário;
No inverno o maior índice foi registrado no setor 12, com 3,01%; e o menor índice foi
registrado no setor 08, com 0,49%, enquanto que no verão o maior índice se deu no setor
15, com 3,58%; e o menor índice foi registrado no setor 11, com 0,50%;
Na média geral, tiveram maior índice no setor 12, com 2,75%; e o menor índice
registrado foi no setor 08, com 0,69%.
Tabela 25 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta
convencional – metal e alumínio.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (METAL E ALUMÍNIO) - COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO Média (%)
Amostra Metal e Alumínio Amostra Metal e Alumínio
Metal e Alumínio
Massa (kg) Massa (kg) % Massa (kg) Massa (kg) %
1
103,47 1,77 1,71% 177,19 3,65 2,06% 1,89%
2
275,37
2,60
0,94%
235,31
5,28
2,24%
1,59%
3
221,20 3,31 1,50% 225,28 2,14 0,95% 1,22%
4
222,46 3,51 1,58% 207,72 3,63 1,75% 1,66%
5
227,11 2,80 1,23% 213,65 3,19 1,49% 1,36%
6
235,96
2,47
1,05%
222,68
2,42
1,09%
1,07%
7
213,25 3,56 1,67% 205,89 2,26 1,10% 1,38%
8
288,20
4,27
1,48%
201,33
2,08
1,03%
1,26%
9
180,95
0,96
0,53%
220,24
3,29
1,49%
1,01%
10
220,02 2,51 1,14% 219,98 4,25 1,93% 1,54%
11
312,71 3,42 1,09% 201,18 2,13 1,06% 1,08%
12
189,37 2,12 1,12% 208,22 2,64 1,27% 1,19%
13
226,04 2,77 1,23% 219,16 3,63 1,66% 1,44%
14
215,94
2,65
1,23%
203,43
1,68
0,83%
1,03%
15
248,54
2,53
1,02%
215,65
1,67
0,77%
0,90%
Média 225,37 2,75 1,23% 211,79 2,93 1,38% 1,31%
Desvio Padrão
48,66
0,81
0,31%
13,67
1,03
0,46%
0,28%
A tabela 25 apresentou a caracterização mássica dos resíduos sólidos domiciliares,
destacando o metal e alumínio e as estações climáticas, inverno e verão, indicando que:
Devemos salientar que a porcentagem do alumínio, representada principalmente pelas
latinhas de refrigerante e cerveja, que chega ao aterro sanitário municipal são bastante
pequenas, desta forma foi decidido colocar em proporção conjunta com o metal;
102
Na estação de inverno apresentou índice médio de 1,23%, enquanto que no verão o
índice médio foi de 1,38%, indicando uma pequena diferença entre as estações;
Na média geral, o metal e alumínio apresentaram um índice de 1,31%, em massa, que
ainda está sendo encaminhado para ao aterro sanitário;
No inverno o maior índice foi registrado no setor 01, com 1,71%; e o menor índice foi
registrado no setor 09, com 0,53%, enquanto que no verão o maior índice se deu no setor
02, com 2,24%; e o menor índice foi registrado no setor 15, com 0,77%;
Na média geral, tiveram maior índice no setor 01, com 1,89%; e o menor índice
registrado foi no setor 15, com 0,90%.
103
Tabela 26 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta convencional – plástico.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (PLÁSTICOS) – COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO Média
Amostra
Plástico
Rígido Plástico Filme Amostra
Plástico
Rígido Plástico Filme
Plástico Filme
Plástico
Rígido
Massa
(kg)
Massa
(kg) %
Massa
(kg) %
Massa
(kg)
Massa
(kg) %
Massa
(kg) %
Massa
(kg) %
Massa
(kg) %
1
103,47 3,72 3,60%
8,27 8,00% 177,19 5,19 2,93%
13,27
10,42
14,91
9,21
6,3 3,27
2
275,37 9,21 3,35%
17,92 6,51% 235,31 10,99 4,67%
8,58
8,32
22,21
7,41
14,7 4,01
3
221,20
7,97
3,61%
13,26
5,99%
225,28
7,24
3,21%
14,77
9,77
20,65
7,88
11,6
3,41
4
222,46 6,75 3,04%
23,72 10,66%
207,72 7,45 3,59%
10,67
8,72
29,06
9,69
10,5 3,31
5
227,11 8,27 3,64%
8,63 3,80% 213,65 10,18 4,77%
10,58
9,72
13,92
6,76
13,4 4,20
6
235,96 5,27 2,23%
14,71 6,23% 222,68 3,92 1,76%
13,69
7,91
21,56
7,07
7,2 2,00
7
213,25 6,40 3,00%
12,65 5,93% 205,89 2,77 1,35%
10,56
6,48
17,93
6,20
7,8 2,18
8
288,20 5,90 2,05%
18,69 6,48% 201,33 4,53 2,25%
9,53
6,99
23,46
6,73
8,2 2,15
9
180,95 4,37 2,42%
11,75 6,49% 220,24 4,07 1,85%
13,27
7,87
18,39
7,18
6,4 2,13
10
220,02 6,29 2,42%
15,27 6,49% 219,98 6,74 3,07%
20,30
12,29
25,42
9,39
9,7 2,74
11
312,71 5,10 1,63%
17,86 5,71% 201,18 4,53 2,25%
9,41
6,93
22,57
6,32
7,4 1,94
12
189,37
6,2
5
3,30%
8,15
4,30%
208,22
7,03
3,38%
12,96
9,60
14,63
6,95
9,8
3,34
13
226,04 6,72 2,98%
11,73 5,19% 219,16 8,35 3,81%
9,63
8,20
16,55
6,70
10,9 3,39
14
215,94 4,32 2,00%
18,42 8,53% 203,43 5,32 2,62%
15,40
10,19
26,12
9,36
7,0 2,31
15
248,54 5,35 2,15%
15,21 6,12% 215,65 5,00 2,30%
14,89
9,14
22,66
7,63
7,9 2,23
Média 225,37 6,13 2,76%
14,42 6,43% 211,79 6,22 2,92%
12,50 8,84 20,67 7,63 9,24 2,84
Desvio Padrão
48,66
1,53
0,67%
4,44
1,67%
13,67
2,35
1,01%
3,11
1,55
4,52
1,20
2,56
0,76
104
A tabela 26 apresentou os resultados da caracterização mássica dos resíduos sólidos
domiciliares, destacando os plásticos e as estações climáticas, inverno e verão, indicando que:
Na estação de inverno, os plásticos gidos apresentaram índice médio de 2,76% e os
plásticos filmes de 6,43%, perfazendo um total de 9,19% da massa dos RSD, enquanto
que no verão os plásticos rígidos apresentaram índice médio de 2,92% e os plásticos
filmes de 8,84%, perfazendo um total de 11,76% da massa dos RSD e indicando uma
diferença pequena entre as proporções como observado nos itens anteriores;
Na média geral, os plásticos apresentaram um índice de 10,47%, em massa, que ainda
estão sendo encaminhados para o aterro sanitário do município, sendo que os plásticos
rígidos têm parcela de 2,84%, enquanto que os plásticos filmes têm uma maior
participação, com 7,63%;
Os plásticos rígidos tiveram um maior índice, nas estações (inverno e verão), registrado
no setor 05, com 3,64% e 4,77% respectivamente e, no inverno, o menor índice foi de
1,63%, gerado no setor 11, enquanto que no verão foi registrado no setor 07, de 1,35% da
massa de RSD. Os resíduos de plásticos rígidos são constituídos, basicamente, das
embalagens de uso domiciliar;
Para os plásticos filmes tiveram um maior índice, nas estações, registrado no setor 04 e
10, com 10,66% e 12,29% da massa de RSD, enquanto que os menores índices foram
registrados nos setores 05 e 07, com 3,80% e 6,48% da massa de RSD, respectivamente.
Os resíduos de plásticos filmes são constituídos, basicamente, das sacolinhas de
supermercados, pois estas, em sua maioria, são utilizadas para o acondicionamento dos
RSD.
105
Tabela 27 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares de São Carlos, SP, da coleta
convencional – outros.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIÁRES (OUTROS) - COLETA CONVENCIONAL
SETOR
INVERNO VERÃO
Média
(%)
Amostra Outros Amostra Outros
Outros
Massa
(kg)
Massa
(kg) %
Massa
(kg)
Massa
(kg) %
1
103,47 10,00 9,66% 177,19 26,90 15,18%
12,42%
2
275,37 40,00 14,53%
235,31 64,45 27,39%
20,96%
3
221,20 51,40 23,24%
225,28 66,15 29,36%
26,30%
4
222,46 59,59 26,79%
207,72 17,60 8,47% 17,63%
5
227,11 51,90 22,85%
213,65 46,45 21,74%
22,30%
6
235,96 20,07 8,51% 222,68 37,05 16,64%
12,57%
7
213,25 39,95 18,73%
205,89 47,16 22,91%
20,82%
8
288,20 73,07 25,35%
201,33 46,29 22,99%
24,17%
9
180,95 33,10 18,29%
220,24 62,80 28,51%
23,40%
10
220,02 34,46 15,66%
219,98 54,02 24,56%
20,11%
11
312,71 48,85 15,62%
201,18 40,25 20,01%
17,81%
12
189,37 56,30 29,73%
208,22 44,70 21,47%
23,60%
13
226,04 33,15 14,67%
219,16 43,87 20,02%
17,34%
14
215,94 30,93 14,32%
203,43 63,91 31,42%
22,87%
15
248,54 35,85 14,42%
215,65 42,24 19,59%
17,01%
Média 225,37 41,24 18,16% 211,79 46,92 22,02% 20,09%
Desvio Padrão
48,66 16,02 6,21% 13,67 13,91 5,95% 4,26%
A tabela 27 apresentou a caracterização mássica dos resíduos sólidos domiciliares,
destacando os chamados outros e as estações climáticas, inverno e verão, indicando que:
Devemos reforçar que a representatividade do que foi chamado de outros no trabalho.
Em primeiro momento, o objetivo era de separar apenas os rejeitos, representados
principalmente pelas fraldas descartáveis, porém durante a realização do trabalho
podemos observar que um determinado momento, em função da homogeneização dos
materiais, tornou impossível a separação de todos os tipos de materiais, desta forma os
outros são representados principalmente pelos rejeitos, porém notamos a presença de
outros tipos de materiais, como papel, plástico, vidro, matéria orgânica entre outros;
Na estação de inverno apresentou índice médio de 18,16%, enquanto que no verão o
índice médio foi de 22,02%, indicando uma pequena diferença entre as estações;
106
Na média geral, apresentou um índice de 20,09%, em massa, que ainda estão sendo
encaminhados para o aterro sanitário do município;
No inverno o maior índice foi registrado no setor 12, com 29,73%, como descrito,
pela passagem do caminhão de coleta no parque industrial e a grande presença de rejeitos,
como luvas cirúrgicas, papel higiênico entre outros; e o menor índice foi registrado no
setor 06, com 8,51%, enquanto que no verão o maior índice se deu no setor 14, com
31,42%; e o menor índice foi registrado no setor 04, com 8,47%;
Na média geral, tiveram maior índice no setor 03, com 26,30%, e o menor índice
registrado foi no setor 01, com 12,42%;
Todos os desvios-padrão (tabelas 21 à 27) estão bem abaixo da média, indicando
regularidade de geração dos resíduos em todo período da caracterização.
5.4
Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares da coleta seletiva
Os resultados da coleta seletiva são apresentados em duas seções. Primeiramente são
apresentados os dados referentes à qualificação da massa coletada, como os registros da
temperatura, a logística da coleta e a massa total coletada, e, em seguida, os dados da
caracterização mássica dos RSD.
5.4.1
Qualificação da massa coletada
A caracterização realizada para cada cooperativa gerou um conjunto de informações que
qualificam a amostra. Estas informações, como feitas para coleta convencional, foram
organizadas em três blocos:
Registros da temperatura Compreende os registros das temperaturas média das
mínimas; média das máximas; e média - em graus Celsius (ºC), nos dias de geração dos materiais
recicláveis. Estes resultados estão na tabela 28;
Logística da coleta Compreende os registros dos bairros, por dia da semana, que
foram coletados efetivamente por cada cooperativa, cuja massa foi utilizada na caracterização. Na
tabela 29 são apresentados estes registros;
Massa total coletada Compreende os registros, por cooperativa, da massa total
coletada em cada dia da semana de referência. A tabela 29 apresenta estes resultados.
Cabe, neste momento, justificar a não realização da caracterização dos materiais
recicláveis nas cooperativas Coopervida e Cooletiva, na estação climática do verão, conforme
107
observado na tabela 16, pg. 73, pois não foi possível contar com a adesão e colaboração dos
cooperados. De acordo com os cooperados, isso não foi possível por causa do número reduzido
de trabalhadores e o aumento da massa coletada no mês de dezembro. Desta forma, os resultados
de inverno envolvem todas as cooperativas, e no verão a média é apresentada somente com a
caracterização da cooperativa Ecoativa.
108
Tabela 28 - Registros das temperaturas nos dias de geração dos materiais recicláveis coletados pelas cooperativas da coleta seletiva
COOPERATIVAS
DIA DE
COLETA
Inverno Verão Diferença
Data Mínimo
Máximo
Média
Data Mínimo
Máximo
Média
Mínimo
Máximo
Média
ECOATIVA
Segunda
13/9/05
12 24 17 13/12/05
17 31 23 5 7 6
terça
14/9/05
12 24 17 14/12/05
17 31 23 5 7 6
Quarta
15/9/05
12 24 17 15/12/05
17 31 23 5 7 6
Quinta
16/9/05
12 24 17 16/12/05
17 31 23 5 7 6
COOPERVIDA
Segunda
20/9/05
12 24 17
terça
21/9/05
12 24 17
Quarta
22/9/05
12 24 17
Quinta
23/9/05
12 24 18
COOPERVIDA
Segunda
27/9/05
12 25 18
terça
28/9/05
12 25 18
Quarta
29/9/05
12 25 18
Quinta
30/9/05
13 26 18
Sexta
3/10/05
13 26 18
Média
12,2 24,5 17,5 17,0 31,0 23,0 5,0 7,0 6,0
Desvio padrão
0,38 0,78 0,52 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fonte: Canaldotempo.com (2005), disponível em http://br.weather.com
109
Os registros de temperatura presentes na tabela 28, apresentam os seguintes destaques:
No período de inverno, a temperatura média mínima foi de 12 ºC e a dia máxima de
26 ºC. O período de geração dos resíduos caracterizados teve variação de temperatura
média entre 17 ºC e 18 ºC, em torno da média geral de 17,5 ºC;
No período de verão, a temperatura média mínima foi de 17 ºC e a média máxima de 31
ºC. O período de geração dos resíduos caracterizados teve temperatura média de 23 ºC,
sendo igual a média geral;
Em relação à diferença de temperatura entre as estações, os registros mostram que a
média foi de 6 ºC a 5 ºC e a máxima de 7 ºC;
A elevação de temperatura registrada no período de verão é suficiente para alterar o
hábito alimentar e de consumo da população;
As médias e os desvios-padrão, nas duas estações e nas diferenças, indicam uma
regularidade de ocorrência.
Tabela 29 - Logística da coleta seletiva - Número de bairros coletados e não coletados, massa
coletada, por cooperativa e estação climática.
COLETA SELTIVA – BAIRROS COLETADOS
COOPERATIVA
INVERNO VERÃO
Não
coletado
Coletado
Não
coletados
Coletados
Total
Parcial
Massa
(kg) Total
Parcial
Massa
(kg)
Cooletiva
0 17 0 4.310
0 17 0 6.450
Coopervida 0 21 0 6.560
0 21 0 8.290
Ecoativa 0 22 0 6.040
0 22 0 7.210
TOTAL
0 60 0 16.910
0 60 0 21.950
No apêndice B é apresentada a relação de todos os bairros, coletados e não coletados, por setor.
Os registros da logística da coleta seletiva, na tabela 29, mostram que o nível de
abrangência do número de amostras caracterizadas foi significativo, com base nos destaques
seguintes:
Todos os bairros foram coletados nas duas estações climáticas;
No inverno, dos 60 bairros previstos, conforme tabela15, p. 81, 100% tiveram seus
materiais recicláveis coletados e caracterizados;
110
No verão, dos 60 bairros previstos, conforme tabela 15, p. 81, 100% tiveram seus
materiais recicláveis coletados, mas somente cerca de 37% foram caracterizados. Estes
bairros pertencem à rota de coleta da cooperativa Ecoativa, a única que foi caracterizada
neste período;
No período de inverno, verificou-se uma produção menor da massa coletada (16.910,00
kg) em relação ao verão (21.950,00 kg). O percentual de crescimento foi da ordem de
30%. Estas massas referem-se à coleta de uma semana em cada estação climática e o total
das cooperativas.
5.5
Caracterização Física dos resíduos sólidos domiciliares
Os resultados da caracterização física, mássica, dos RSD presentes nos materiais recicláveis
da coleta seletiva de São Carlos, SP, são apresentados de forma sintética nas tabelas seguintes:
As tabelas 30 e 31 apresentam os resultados da caracterização dos RSD quanto à
participação mássica de resíduos plásticos, rígidos e filmes, vidro, tetra pak, metal (lata e geral),
papel (misto e branco) e papelão e rejeitos, por estação climática e por cooperativa.
111
Tabela 30 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares (RSD) presentes na coleta seletiva de São Carlos, SP, no inverno.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES (RSD) – COLETA SELETIVA
COOPERATIVA
DIA DE COLETA
INVERNO
Amostra
Plástico
Vidro Tetra Pak
Metal e Alumínio
Papel e Papelão Rejeitos
Rígido Filme Lata Geral
Massa
(kg)
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Ecoativa
2f 2.590,00 346,17 13,37% 63,31 2,44% 378,25 14,60% 147,19 5,68% 42,73 1,65% 517,54 19,98% 979,66 37,82% 115,15 4,45%
3f 1.140,00 173,60 15,23% 47,26 4,15% 204,46 17,94% 55,94 4,91% 22,18 1,95% 76,19 6,68% 505,37 44,33% 55,00 4,82%
4f 1.370,00 217,93 15,91% 43,27 3,16% 181,50 13,25% 63,31 4,62% 16,88 1,23% 123,46 9,01% 583,56 42,60% 140,09 10,23%
5f 940,00 163,85 17,43% 26,72 2,84% 129,16 13,74% 36,52 3,89% 15,14 1,61% 80,17 8,53% 486,35 51,74% 2,09 0,22%
Média 1510,00 225,39 15,48% 45,14 3,15% 223,34 14,88% 75,74 4,77% 24,23 1,61% 199,34 11,05% 638,74 44,12% 78,08 4,93%
Desvio Padrão 741,13 83,89 1,69% 15,03 0,73% 107,97 2,11% 48,96 0,74% 12,69 0,29% 213,21 6,04% 231,14 5,78% 61,99 4,10%
Coopervida
2f 2.660,00 406,52 15,28% 68,36 2,57% 418,08 15,72% 105,60 3,97% 35,49 1,33% 110,79 4,17% 1390,13 52,26% 125,03 4,70%
3f 1.910,00 350,76 18,36% 83,85 4,39% 322,81 16,90% 102,01 5,34% 29,35 1,54% 99,22 5,19% 775,60 40,61% 146,40 7,66%
4f 1.350,00 279,34 20,69% 66,16 4,90% 124,97 9,26% 88,21 6,53% 19,38 1,44% 76,18 5,64% 626,84 46,43% 68,92 5,11%
5f 640,00 105,90 16,55% 21,18 3,31% 69,69 10,89% 46,46 7,26% 8,88 1,39% 46,46 7,26% 317,72 49,64% 23,71 3,70%
Média 1640,00 285,63 17,72% 59,89 3,79% 233,89 13,19% 85,57 5,78% 23,28 1,42% 83,16 5,57% 777,57 47,24% 91,02 5,29%
Desvio Padrão 855,84 130,64 2,35% 26,98 1,05% 163,97 3,69% 27,13 1,44% 11,67 0,09% 28,38 1,29% 450,71 5,02% 55,51 1,69%
Cooletiva
2f 600,00 129,25 21,54% 23,77 3,96% 78,51 13,09% 58,81 9,80% 2,50 0,42% 59,43 9,91% 167,66 27,94% 80,07 13,35%
3f 1.070,00 193,88 18,12% 41,45 3,87% 116,30 10,87% 90,58 8,47% 9,21 0,86% 82,14 7,68% 374,62 35,01% 161,82 15,12%
4f
1.130,00 222,25 19,67% 33,53 2,97% 189,18 16,74% 51,23 4,53% 8,86 0,78% 93,64 8,29% 454,29 40,20% 77,02 6,82%
5f 860,00 135,10 15,71% 20,17 2,35% 88,93 10,34% 34,38 4,00% 8,25 0,96% 31,63 3,68% 466,65 54,26% 74,89 8,71%
6f 650,00 114,25 17,58% 13,17 2,03% 122,26 18,81% 38,90 5,98% 5,57 0,86% 53,61 8,25% 252,83 38,90% 49,41 7,60%
Média 862,00 158,95 18,5% 26,42 3,03% 119,04 13,97% 54,78 6,56% 6,88 0,78% 64,09 7,56% 343,21 39,26% 88,64 10,32%
Desvio Padrão 239,10 46,57 2,2% 11,16 0,87% 43,26 3,70% 22,24 2,51% 2,83 0,21% 24,41 2,32% 129,95 9,65% 42,70 3,69%
Média Geral 1.300,77 218,37 17,34% 42,48 3,30%
186,47 14,01% 70,70 5,77% 17,26 1,23%
111,57 8,02% 567,79 43,21% 86,12 7,11%
Desvio Padrão Geral
687,50 98,72 2,34% 22,15 0,88% 115,57 3,09% 33,70 1,83% 12,25 0,43% 124,66 4,06% 327,31 7,60% 48,69 4,05%
112
Tabela 31 - Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares (RSD) presentes na coleta seletiva de São Carlos, SP, no verão.
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES (RSD) – COLETA SELETIVA
COOPERATIVA
DIA DE COLETA
Amostra
VERÃO
Plástico
Vidro Tetra Pak
Metal
Papel e Papelão Rejeitos
Rígido Filme Lata Geral
Massa
(kg)
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Massa
(kg)
%
Ecoativa
2f
2.710,00 592,45
21,86%
96,90
3,58%
218,71
8,07%
127,35
4,70%
27,68
1,02%
168,87
6,23%
1331,63
49,14% 146,41 5,40%
3f
1.570,00 297,83
18,97%
76,77
4,89%
172,73
11,00%
83,62
5,33%
68,54
4,37%
0,00
0,00%
795,96
50,70% 74,55 4,75%
4f
1.670,00 328,56
19,67%
69,02
4,13%
162,25
9,72%
72,65
4,35%
16,95
1,01%
62,96
3,77%
912,98
54,67% 44,63 2,67%
5f
1260,00 172,89
13,72%
43,52
3,45%
166,08
13,18%
62,87
4,99%
12,09
0,96%
84,63
6,72%
654,08
51,91% 63,84 5,07%
Média 1802,50 347,93 18,56% 71,55 4,01% 179,94 10,49% 86,62 4,84% 31,32 1,84% 79,12 4,18% 923,66 51,60% 82,36 4,47%
Desvio Padrão 629,68 176,37 3,45% 22,08 0,65% 26,21 2,16% 28,44 0,42% 25,66 1,68% 69,78 3,07% 291,85 2,34% 44,46 1,23%
Coopervida
2f
3.330,00
3f
2.310,00
4f
1.820,00
5f
830,00
Média 2072,50
Desvio Padrão
1040,08
Cooletiva
2f
1.030,00
3f
1.630,00
4f
1.560,00
5f
1.260,00
6f
970,00
Média 1290,00
Desvio Padrão 299,75
Média Geral 1.688,46 347,93 18,56% 71,55 4,01%
179,94 10,49% 86,62 4,84% 31,32 1,84%
79,12 4,18%
923,66 51,60% 82,36 4,47%
Desvio Padrão Geral
720,53 176,37 3,45% 22,08 0,65% 26,21 2,16% 28,44 0,42% 25,66 1,68% 69,78 3,07% 291,85 2,34% 44,46 1,23%
113
Os resultados da participação mássica dos RSD, apresentados nas tabelas 30 e 31,
indicaram que:
A maior quantidade de massa coletada, no inverno, foi realizada na cooperativa
Coopervida (6.560,00 kg), seguida da Ecoativa (6.040,00 kg) e da Cooletiva (4.310,00
kg); no verão, não é diferente, a Coopervida (8.290,00 kg), seguida da Ecoativa (7.210,00
kg) e da Cooletiva (6.450,00 kg), isso ocorre devido a diversos fatores, como: falta de
organização, tempo de permanência no mercado, falta de qualificação dos coletores,
localização dos setores, entre outros fatores;
A quantidade de massa coletada no inverno foi de 16.910 kg, enquanto que no verão foi
de 21.950 kg, indicando um pequeno aumento na coleta na estação mais quente;
No inverno, os índices médios dos materiais coletados nas cooperativas são: plásticos
rígidos, 17,34%; plásticos filmes, 3,30%; perfazendo um total de 20,64%; vidro, 14,01;
tetra pak, 5,77%; metal e alumínio, com 9,25%; papel e papelão, 43,21% e rejeitos, com
7,11%;
No verão, os dados da caracterização foram somente da Ecoativa e os índices médio dos
materiais foram: plásticos gidos, 18,56%; plásticos filmes, 4,01%; perfazendo um total
de 22,57%; vidro, 10,49%; tetra pak, 4,84%; metal e alumínio, 6,02%; papel e papelão,
51,60% e rejeitos, com 4,47%;
Levando em consideração as estações climáticas, inverno e verão, o destaque foi para o
papel e papelão, com 47,41%; seguido pelos plásticos, com 21,60% (rígidos - 17,95% e
filmes - 3,65%); vidro, 12,25%; metal e alumínio, 7,63%; rejeitos, 5,79% e tetra pak,
5,30%;
Observa-se que os índices de participação dos plásticos gidos e filmes sofrem uma
inversão de geração em relação à coleta convencional, ou seja, na coleta seletiva, os
plásticos rígidos têm maior incidência que os filmes, em função de seu valor de mercado,
valorizando os plásticos rígidos e desvalorizando os plásticos filmes, ainda, os plásticos
filmes, em sua maioria, são utilizados para o acondicionamento dos RSD, facilitando o
seu encaminhamento ao aterro sanitário;
Da porção total do metal e o alumínio (7,63%), uma pequena parcela, 1,54% são
representadas pelas latinhas de alumínio, em função de seu valor de mercado, desta
forma, a maior parte são coletadas por coletores autônomos;
114
Os desvios-padrão estão abaixo da média, indicando regularidade de geração dos
resíduos em todo período da caracterização, sobretudo no inverno, quando teve a
participação das três cooperativas.
5.6
Extrapolação dos Resultados
A extrapolação dos resultados tem como objetivo apresentar a grandeza dos valores
absolutos, dos RSD coletados e enviados ao aterro sanitário e as cooperativas no município de
São Carlos, SP, por meio de simulações entre os resultados dos diversos índices obtidos.
Considerando-se a massa efetivamente coletada de RSD na coleta convencional, presente
na tabela 11, p. 63, e os índices das tabelas 21 a 27, p. 96 a 105, pode-se estimar que:
Em 2005, ano da realização da caracterização física, a massa total depositada no aterro
sanitário municipal foi de 49.280,12 toneladas, sendo, aproximadamente, 29.100
toneladas de matéria orgânica; 3.170 toneladas de papel e papelão; 464 toneladas de tetra
pak; 823 toneladas de vidro; 645 toneladas de metal e alumínio; 1400 toneladas de
plástico rígido; 3.760 toneladas de plástico filme e 9.918 toneladas dos outros. Assim, em
2005,
39.360 toneladas de materiais que poderiam ser aproveitado, estão sendo enterrados no
aterro sanitário municipal de São Carlos;
Nos meses de junho a setembro (inverno), a média mensal dos RSD que chegaram ao
aterro sanitário foi de 3.897 toneladas, sendo 2.343 toneladas de matéria orgânica, 264
toneladas de papel e papelão, 36 toneladas de tetra pak, 64 toneladas de vidro, 109
toneladas de plástico gido, 252 toneladas de plástico filme, 48 toneladas de metal e
alumínio e 780 toneladas dos chamados outros;
Nos meses de outubro a dezembro (verão), a média mensal dos RSD que chegaram ao
aterro sanitário foi de 4.351 toneladas, sendo 2.531 toneladas de matéria orgânica, 266
toneladas de papel e papelão, 42 toneladas de tetra pak, 74 toneladas de vidro, 127
toneladas de plástico gido, 258 toneladas de plástico filme, 60 toneladas de metal e
alumínio e 993 toneladas dos chamados outros;
Volto a salientar que os chamados outros são representados principalmente por rejeitos,
porém em função da sua homogeneização existe a presença de todos os tipos de materiais.
115
Considerando-se a massa efetivamente coletada de RSD na coleta seletiva, presente na
tabela 12, p. 66, e os índices das tabelas 29 e 30, p. 109 e 111, pode-se estimar que:
Em 2005, ano da realização da caracterização física, a massa total comercializada nas
cooperativas de São Carlos foi de 748,23 toneladas, sendo que a maior parte das vendas,
376 toneladas foram responsáveis pelo papel e papelão; 172 toneladas pelos plásticos
(rígidos e filmes); 97 toneladas pelos vidros; 61 toneladas pelos metais e alumínio; 42
toneladas pelo tetra pak. Desta forma, cerca de 50% dos materiais comercializados pelas
cooperativas são de papel e papelão, material cujo valor de comercialização é baixo. Esta
comparação não pode ser realizada mensalmente, pois as cooperativas, muitas vezes,
armazenam materiais para comercialização futura, aguardando um maior volume de
materiais e/ou melhora no preço de mercado.
A tabela 32 faz um paralelo entre a caracterização realizada por Gomes, em 1989, e a
caracterização realizada no trabalho e podemos observar que:
Tabela 32 - Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos, SP
(1989 e 2007).
TIPOS DE RESÍDUOS GOMES, 1989 FRÉSCA, 2007
Matéria Orgânica
56,70% 59,08%
Papel e Papelão
21,30% 6,44%
Plásticos
8,50% 10,47%
Metal e Alumínio
5,40% 1,31%
Vidro
1,40% 1,67%
Tetra Pak - 0,94%
Rejeitos/Outros
6,70% 20,09%
Mesmo com o aumento na geração e consumo dos materiais passíveis de reciclagem,
como no caso dos plásticos, notou-se que tanto 1989 como em 2005 a maior parcela fica
para matéria orgânica, com 56,70% e 59,08%, respectivamente. Desta forma podemos
afirmar que no município de São Carlos, dos RSD encaminhados ao aterro municipal, a
maior parcela fica para a matéria orgânica, ocasionando diversos problemas ambientais;
Uma queda na disposição final do papel e papelão, de 21,30% para 6,44%, na qual,
pode ser explicado pela coleta seletiva destes materiais, tanto pelas cooperativas como
coletores informais. Cerca de 50% dos materiais vendidos nas cooperativas de São Carlos
são papel e papelão. Esta queda também pode ser explicada pela substituição deste tipo de
116
material por novas tecnologias, como computadores, a utilização da internet, entre outros
fatores;
Queda na disposição final do alumínio e metal, de 5,4% para 1,31%, explicado pela
coleta seletiva destes materiais, destacando-se a coleta informal, pelo seu alto valor de
mercado, principalmente para o alumínio. Observou-se que as cooperativas
comercializam um volume pequeno destes materiais, em função da coleta informal;
Aumento discreto na disposição final do vidro, de 1,40% para 1,67%; e dos plásticos,
de 8,5% para 10,47%.
Em função da introdução e expansão de mercado para embalagens longa vida (tetra
pak) na década de 90, notou-se o aparecimento deste material na disposição final dos RSD
municipais, com 0,94%;
Os 20,09% dos chamados outros, no trabalho atual, foi destaque e isso pode ser
explicado pelo volume e número de setores caracterizado e em função da dificuldade na
separação dos materiais de pequeno porte dos rejeitos;
117
Tabela 33 – Caracterização mássica de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos,
SP, destacando os materiais passíveis de recicláveis, outros e matéria orgânica.
Setor
Matéria
Orgânica e
Outros
Materiais
Recicláveis
1 79,52% 20,92%
2 75,91% 24,04%
3 76,16% 23,69%
4
78,45%
21,38%
5 81,27% 18,63%
6
84,98%
14,78%
7
84,54%
15,03%
8 86,12% 13,78%
9
78,46%
21,32%
10 77,31% 22,52%
11 85,89% 14,06%
12 76,91% 22,79%
13
79,67%
20,18%
14 80,08% 19,76%
15
81,98%
18,20%
Avaliando os resultados obtidos nos setores amostrados (tabela 33 e tabela 13, p. 69), em
função dos aspectos sócio-econômicos, podemos afirmar que:
Em função das coletas de amostragem ter como base as coletas feitas pela a empresa de
coleta do município, que não levaram em consideração os aspectos sócio-econômicos e
sim as distâncias percorridas pelos caminhões, existe uma dificuldade em caracterizar os
setores em classe média, baixa ou alta. O único setor tipicamente de classe baixa que
podemos destacar é o setor 08, com a coleta dos bairros Antenor Garcia, Presidente Collor
e Cidade Aracy;
Para os materiais passíveis de reciclagem, como o plástico, vidro, papel/papelão,
metal/alumínio e tetra pak, a menor porcentagem (13,78%) foi para o setor 08, bairro
tipicamente de classe baixa.
118
6 CONCLUSÃO
O maior inconveniente no acondicionamento dos RSD nos aterros sanitários brasileiros é
a geração do chorume e do gás metano, em função da decomposição da matéria orgânica, desta
forma, é preciso gerar menos e aproveitar mais a matéria orgânica gerada, mas infelizmente não é
isto que vem acontecendo.
Dos resíduos sólidos domiciliares (RSD)
encaminhados ao Aterro
Sanitário Municipal de São Carlos, SP, verificou-se que a maior porcentagem foi representada
pela matéria orgânica, com 59,08% e o maior problema enfrentado pelo poder publico é a
geração do chorume, pois não existe um tratamento adequado no município, o chorume é
simplesmente armazenado em lagoas de contenção e quando necessário o levados à estação de
tratamento de esgoto de Araraquara. Na seqüência, o destaque foi para os plásticos, com 10,47%,
sendo que a maior porcentagem é de plásticos filmes, representados principalmente pelas
sacolinhas de supermercados, que são utilizados para o acondicionamento dos RSD. Com relação
aos materiais comercializados nas cooperativas de São Carlos, observou-se o inverso, a maior
parcela é de plásticos rígidos, em função de seu valor de mercado. O papel e papelão destacaram-
se pela sua baixa porcentagem (6,44%), que em caracterização realizada no município de São
Carlos, no ano de 1989, a porcentagem foi de 21,30%. Este diferencial está na introdução da
coleta seletiva no município de São Carlos, a partir de 2002, que atualmente quase 50% dos
materiais comercializados nas cooperativas são de responsabilidade do papel e papelão, pela
coleta informal deste material e pela introdução de novas tecnologias. Com relação ao metal e
alumínio, observou-se uma pequena porcentagem (1,31%), ou seja, a maior parcela deste material
está sendo coletada, principalmente por coletores autônomos, que nas cooperativas o valor
também foi baixo e a coleta deste material é alto. Ainda, determinou-se a porcentagem dos vidros
(1,67%), percentual baixo, levando-se em consideração que este material está sendo desviado na
coleta informal e seletiva e estão sendo substituídos pelas embalagens plásticas, como por
exemplo, as embalagens de requeijão, maionese etc. O tetra pak surge com 0,94%, após o inicio
de seu uso como embalagem na década de 90, e espera-se sua expansão em função de novas
tecnologias para separação dos materiais (plástico, papel e alumínio) e assim facilitando a sua
comercialização. Também em função da homogeneização dos RSD, encaminhados ao aterro
sanitário municipal, devido à coleta ser feita por caminhões compactadores, notou-se uma
119
dificuldade na separação dos materiais de pequeno porte. E em função, disto determinou uma
grande porcentagem dos outros, com 20,09%, porém a maior parcela dos outros é representada
pelos rejeitos.
No período de realização da caracterização física dos RSD, na coleta convencional,
registrou-se uma temperatura média de 15,8 ºC, no período de inverno; e de 21,3 ºC, no verão.
No período de caracterização física da coleta seletiva, a temperatura média de inverno foi de 17,5
ºC e a temperatura média de verão foi de 23 ºC. As diferenças de temperatura entre as estações
tiveram registro de 5,5 ºC e 6 ºC, nas coletas, convencional e seletiva, respectivamente.
Comparando os materiais que chegaram ao aterro sanitário municipal e as estações
climáticas (inverno e verão) observou-se que apesar da diferença na média da temperatura ser
superior a cinco graus Celsius não foi suficiente para alterar os hábitos de costume da população,
desta forma podemos afirmar que não houve uma influência das estações climáticas na geração
por tipo de material.
Com relação a influência do poder aquisitivo na geração dos RSD, como a unidade
amostral foi definido para cada setor estabelecido pela empresa de coleta e esta setorização teve
com base a distância percorrida e não o poder aquisitivo, houve uma dificuldade em caracterizar
os setores em classe alta, média e baixa. O destaque maior foi no setor 08, com bairros
tipicamente de baixa renda e pela não abrangência da coleta seletiva neste setor, com o menor
valor dos materiais passíveis de reciclagem.
Também, observou-se os esforços do poder público municipal de São Carlos, SP, no
desenvolvimento de políticas, com o objetivo de amenizar os problemas ambientais municipais.
A coleta convencional atinge 100% a área urbana, inclusive nos distritos de Santa Eudóxia e
Água Vermelha, utilizando caminhões compactadores de qualidade e ainda os RSD coletados são
dispostos em um aterro sanitário estruturado, porém o aterro está no limite de sua capacidade.
Também, a partir de meados de 2002, a coleta seletiva de materiais recicláveis vem sendo
realizada por três Cooperativas e, atualmente, atinge 60% da área urbana, mas, no entanto, é
preciso amenizar os índices de materiais recicláveis que ainda estão sendo depositados no aterro
sanitário e, para isso, é necessária uma reestruturação da coleta seletiva através de uma
reorganização das cooperativas e coletores informais, investimentos em treinamento, tecnologia,
publicidade, educação ambiental e, depois de reestruturado, ampliar a área de coleta. Ainda é
120
preciso que o poder público invista em tecnologias para o aproveitamento da matéria orgânica,
pois a maior parte dos RSD encaminhados ao aterro sanitário é composta de matéria orgânica.
7 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
Em função da experiência adquirida na elaboração do trabalho, o capítulo tem como
objetivo oferecer sugestões para trabalhos futuros.
Necessidade de avaliar o impacto da coleta informal, tanto para coleta convencional,
quanto para a coleta seletiva. Dar ênfase a coleta seletiva, considerando que as únicas
informações da coleta informal são de 1997 e 1998, conforme Mancini (1999), e a coleta
seletiva foi implementada no município de São Carlos, em 2002;
Realizar estudos de desempenho tecnológico, com o objetivo de uma valorização dos
materiais coletados pelas cooperativas;
Realizar estudos quanto à estrutura de funcionamento e as relações cooperativistas das
cooperativas da coleta seletiva de São Carlos, SP, pois notou-se algumas dificuldades de
ordem funcional e motivacional das organizações;
Realizar caracterização dos materiais recicláveis, em período de verão, nas três
cooperativas de catadores, considerando que a caracterização na coleta seletiva foi
incompleta;
Realizar também a caracterização volumétrica dos resíduos sólidos domiciliares, sendo
útil para o dimensionamento do aterro sanitário, e projetar a vida útil do mesmo.
Considerando a disposição elevada de matéria orgânica no aterro sanitário de São
Carlos, SP, realizar estudos da geração no município, de reaproveitamento e aplicação
destes materiais.
Em futuras caracterizações físicas, independente do tamanho do município, levar em
consideração a geração de fraldas descartáveis, devido ao grande volume gerado e
inexistência de trabalhos correlacionando às características de degradabilidade.
Avaliar a percepção ambiental da população com relação aos RSD para aprofundar os
estudos da influência dos fatores sócio-econômicos na geração de resíduos, identificando
a relação dos hábitos de consumo e conscientização ambiental no descarte e
encaminhamento para a reciclagem.
121
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125
APÊNDICE A – Prospecto de divulgação do sistema de coleta seletiva
126
127
APÊNDICE B – Relação de bairros caracterizados
Tabela 33 – Relação de bairros caracterizados da coleta convencional
128
Tabela 33 – Ralação de bairros caracterizados da coleta convencional. Continuação.
Tabela 33 – Relação de bairros caracterizados da coleta convencional. Continuação.
129
130
Tabela 33 – Ralação de bairros caracterizados da coleta convencional. Continuação.
131
Tabela 33 – Relação de bairros caracterizados da coleta convencional. Continuação.
132
Tabela 33 – Relação de bairros caracterizados da coleta convencional. Final
Tabela 34 – Relação de bairros caracterizados da coleta seletiva
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Tabela 34 – Relação de bairros caracterizados da coleta seletiva. Final.
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