Secretário da Administração Penitenciária de São Paulo desde 1999,
Nagashi Furukawa diz que a única forma de conter a guerra entre as
facções é isolar os líderes em presídios de segurança máxima, separar os
grupos e colocar os detentos "neutros" em unidades menores, sem
influência das organizações criminosas. ("Para Planalto, Rio optou por 'alto
risco'",
FSP
, 02/06/2004, p. C4)
Para o defensor público Alexandre Paranhos, que em 11 de abril deste ano
vistoriou Benfica, um dos problemas do sistema carcerário é justamente
essa mistura. "Em Benfica, o pessoal do TC dizia ter medo porque o CV
tinha muito mais presos".
(...)
O presidente da ONG (organização não-governamental) Conselho da
Comunidade, Marcelo Freixo, que também vistoriou a prisão, previu uma
tragédia em Bangu 3: "Misturar facções não enfraquece nenhuma delas.
Pelo contrário, aumenta as rivalidades. É uma disputa sanguinária por
espaço. Aconteceu em Benfica um massacre anunciado. Alertamos para
Bangu 3, onde estão os principais líderes das facções. Nova matança pode
acontecer". ("Rio mistura facções em nove presídios",
FSP
, 04/06/2004, p.
C4)
À tarde, os presos escreveram uma carta listando reivindicações, como o
fim da mistura de presos de facções criminosas rivais numa mesma
unidade. Em faixas mostradas através das grades, eles avisaram: "A
próxima vai ser em Bangu III" - presídio que, como O GLOBO mostrou em
reportagem publicada há uma semana, já abriga internos de duas facções
rivais, separados por uma parede de aço. ("Refém é morto pelas costas",
OG
, 31/05/2004, p. 10)
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), Wanderley Rebello Filho, também foi impedido de entrar na
Casa de Custódia. Wanderley Rebello, que foi do Conselho Penitenciário
até 1994, disse que a OAB também entrará na Justiça e pedirá a interdição
da casa de custódia, já que as ordens dadas pela PM ontem foram
arbitrárias e o local onde a administração penitenciária misturou presos de
facções criminosas rivais é muito frágil.
- Houve omissões graves do governo. Essa rebelião foi anunciada desde o
dia em que misturaram facções naquele lugar - afirmou. ("Entidades
barradas irão à Justiça",
OG
, 02/06/2004, p. 14)
O deputado federal Mário Heringer (PDT-MG), presidente da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, criticou ontem a decisão do
governo do estado de misturar facções criminosas rivais dentro de um
mesmo presídio. Em visita à Casa de Custódia de Benfica, ele atacou as
autoridades afirmando que tal atitude facilita ações como a que resultou na
chacina de sábado passado.
- Essa postura é uma omissão premeditada para gerar até mesmo fatos
como o de sábado - acusou o deputado.
Heringer acrescentou que as facções criminosas, soltas nas ruas, são
responsáveis por seus crimes. Mas grupos custodiados pelo estado têm de
ser separados para evitar barbáries como a de Benfica. ("Deputado critica
mistura de facções na prisão",
OG
, 05/06/2004, p. 18)
Praia de Botafogo, dia 5 de julho de 2003, por volta das 10h: com fome e
desarmado, o morador de rua Carlos Alberto Alvarenga, de 22 anos,
passava pela Praia de Botafogo quando decidiu praticar um assalto. Contou
que primeiro pediu dinheiro a uma mulher que passava pelo local naquele
momento, mas, como não foi atendido, exigiu: "Me dá todo o seu dinheiro".
A vítima, uma diarista, entregou tudo que tinha na bolsa, R$ 52. Preso em