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“Olha, não tenho muita clareza não, eu acho que, do ponto de
vista psíquico (isso é o que me interessa), do ponto de vista psíquico não
tem muita diferença, embora, claro, hoje é uma questão que está na
ordem do dia; é a questão, digamos assim, do universo simbólico, fruto da
modernidade, das relações de classe, etc. e deve haver alguma diferença,
mas, do ponto de vista psíquico, até onde eu vejo (...)”
Embora no início tenham acorrido pacientes muito diversos, a
demanda também é composta por pessoas que não podem ser consideradas
como totalmente desprovidas de recursos econômicos ou culturais:
“(...) Faculdades de Medicina: tem muita gente de lá, e de
Faculdades de Psicologia; tem vindo muito estudante, pessoas que sabem
alguma coisa sobre análise, já ouviram falar, valorizam a Sociedade de
psicanálise; pessoas que precisam, mas não têm os meios, ou em
situações quase que marginais (...) Não seria bem a palavra (...) mas que
estão fora, com todo esse processo econômico (...)”
São apontadas certas diferenças de conotação mais sociológica:
“(...) são pessoas vinculadas a diferentes estratos de classe,
comparados com aqueles do nosso consultório. Às vezes, digamos assim,
a fenomenologia externa, os sintomas, as histórias ou as estórias que
aparecem, às vezes elas são muito dramáticas... Tocam-nos como seres
humanos, nos tocam do ponto de vista político, nos emocionam pela
miséria, mas eu acho que essa é outra questão. Do ponto de vista
psíquico, se a gente pretende oferecer uma atividade psicanalítica, acho
que não tem muita diferença. Agora, do ponto de vista da caracterização
da clientela, claro que também há certa diferença, mas não muita, porque
também, desde o começo (acho), procurou-se estimular ou privilegiar
certas áreas de encaminhamento, como faculdades, escolas de Psicologia,
etc., etc., o que não impede que apareçam muitas outras categorias, como