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letra, alterando a ordem, sempre que necessário e de acordo com a necessidade da
classe.
DÓRIA, Antonio de Sampaio. Formação da linguagem. Educação, São Paulo, v. 7,
n. 1/2, p. 15-44, abr./maio. 1929.
Neste artigo, o autor apresenta considerações sobre a que visa a linguagem, qual o
seu fim e quais seus elementos constitutivos, além de citar e explicar alguns tipos de
exercícios utilizados na formação da linguagem, os quais classificou em três seções,
a saber: exercícios alfabetizantes, exercícios de assimilação e exercícios de
aplicação. Quanto aos exercícios alfabetizantes, Sampaio Dória considera que
esses exercícios constituem o aprendizado da leitura e da escrita e esse
aprendizado deve ser simultâneo. O autor apresenta sua posição sobre o ensino da
escrita e da leitura, na qual ensinar a ler não é ensinar a articular sons, mas ensinar
a perceber realidades mediantes palavras escritas, e ensinar escrever é ensinar a
representar, em palavras grafadas, realidades ausentes, se diferencia, portanto, do
simples rabisco. Nessa concepção, a palavra ou a frase curta é a forma de sentido,
ou seja, não se deve iniciar o ensino da leitura por meio de letras ou sílabas, porque
elas não indicam nenhuma realidade, nenhum sentido. O autor adverte que pensar
na seqüência letras, sílabas, palavras e sentenças é errôneo, pois a linguagem não
admite a consciência dos sons ou formas, se não forem associadas às idéias.
WAGNER, José Amaral. Apontamentos para uma aula de calligraphia. Educação,
São Paulo, v. 7, n. 1/2, p. 141-144, abr./maio. 1929.
O autor destina os apontamentos do artigo para os normalistas, futuros mestres, que
têm a missão de ensinar a leitura e a “arte de dizer” para a população escolar.
Considera que o Brasil, sendo imenso de território, rico em belezas naturais, atrai os
estrangeiros que aqui buscam realizar seus sonhos. Conseqüentemente, essa
aglomeração de raças resulta numa variedade de línguas que se mesclam, se
chocam, viciam-se, deturpam-se no falar quotidiano da população que, em geral, é
“ignorante das boas normas de dizer”. Aponta que se existem os defeitos prosódicos
e fonéticos na fala da população, cabe ao professor dar oportunidades para as
crianças aprenderem a se expressar melhor, no sentido de persuadir e alcançar uma
influência imediata naqueles que ouvem, caso contrário quem fala nunca conseguirá
a atenção do ouvinte. Conclui que é indispensável saber falar bem, conhecer a arte
de dizer, para interpretar os pensamentos com clareza, verdade e beleza.
GALHANONE, Luiz. O methodo Decroly (notas do livro de L. Dalhem). Educação,
São Paulo, v. 7, n. 1/2, p. 183-186, abr./maio. 1929a.
O autor oferece informações sobre o programa de ensino nas escolas belgas, onde
se aplica o método Decroly, e sobre os cinco centros de interesses em torno dos
quais o método é aplicado, a saber: o menino e a escola; a alimentação; o vestuário;
a rua; e a casa paterna. Informa, ainda, que esses centros de interesses são
subdivididos a outros tantos assuntos, como, por exemplo, a alimentação em, os
legumes, os frutos e os animais. Na segunda parte do texto, o autor oferece modelos
de lições para o primeiro ano escolar, cujos exercícios devem girar em torno do
centro de interesse “o menino e a escola”. Esses exercícios consistem em atividades
de observação do ambiente escolar; expressão por meio de linguagem gráfica;
leitura de sentenças sugeridas pelo professor; jogo envolvendo os desenhos e
sentenças correspondentes; escrita, por parte do professor no quadro negro, e por
parte dos alunos em papel sem pauta, imitando o professor; cópia das palavras