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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE MARÍLIA
Faculdade de Filosofia e Ciências
FRANCIANE TEIXEIRA DE OLIVEIRA
ESTUDO DO MOBILIÁRIO ESCOLAR DURANTE O DESEMPENHO DE
ATIVIDADES LÚDICAS POR ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL
ESPÁSTICA
Marília
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE MARÍLIA
Faculdade de Filosofia e Ciências
FRANCIANE TEIXEIRA DE OLIVEIRA
ESTUDO DO MOBILIÁRIO ESCOLAR DURANTE O DESEMPENHO DE
ATIVIDADES LÚDICAS POR ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL
ESPÁSTICA
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação, da Faculdade de Filosofia e
Ciências, Unesp, Campus de Marília, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de mestre em
Educação.
Área de concentração: Ensino na Educação Brasileira.
Linha de pesquisa: Educação Especial no Brasil
Orientadora: Drª Lígia Maria Presumido Braccialli
Marília
2007
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Ficha catalográfica elaborada pelo
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação – UNESP – Campus de Marília
Oliveira, Franciane Teixeira de.
O48e Estudo do mobiliário escolar durante o desempenho
de atividades lúdicas por alunos com paralisia cerebral
espástica /
Franciane Teixeira de Oliveira. – Marília, 2007.
100 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de
Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, 2007.
Bibliografia: f. 84-93.
Orientadora: Profª. Drª. Lígia Maria Presumido Braccialli.
1.Educação especial. 2. Paralisia cerebral. 3. Mobiliário 4.
Adaptação. I. Autor. II. Título.
CDD 371.9
FRANCIANE TEIXEIRA DE OLIVEIRA
ESTUDO DO MOBILIÁRIO ESCOLAR DURANTE O DESEMPENHO DE
ATIVIDADES LÚDICAS POR ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL
ESPÁSTICA
Dissertação para obtenção do título de Mestre em Educação.
Banca Examinadora
1) Dra. Dirce Shizuko Fujisawa
Departamento de Fisioterapia/ UEL – Londrina-PR
___________________________________________________
2) Dr. Eduardo José Manzini
Departamento de Educação Especial / Unesp-Marília-SP
___________________________________________________
3) Dra. Lígia Maria Presumido Braccialli
Orientadora, Departamento de Educação Especial / Unesp- Marília-SP
_____________________________________________________
Data da aprovação: ___/____/_____
Dedico este trabalho aos meus pais Fátima e Paulo, pelo
simples fato de existirem e por serem a razão de minha
existência. Amo vocês!
Dedico, também, a todos os indivíduos deficientes que nos
contagiam com sua alegria de viver!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, que tem me guiado por toda a vida e tem me dado
forças, acima de tudo, para que eu alcance todos os objetivos da minha vida.
À professora e amiga Lígia Maria Presumido Braccialli, pelos seus ricos
ensinamentos, profissionais, de pesquisa, e de vida, não só durante a realização deste trabalho,
mas durante todos esses anos que pude estar ao lado dela, com grande satisfação. Agradeço à
ela pela oportunidade e confiança para o desenvolvimento deste trabalho. Obrigada por tudo!
À meus pais, que sempre estiveram do meu lado, em todas as horas, sempre dispostos
em me ajudar no que era preciso em tudo. Serei eternamente grata à vocês!!
Ao Eliezer, pelo incentivo.
Aos participantes desta pesquisa, meu profundo agradecimento, pois sem vocês este
trabalho não seria realizado.
À Professora Dirce e Professor Eduardo, pelas ricas contribuições no exame de
qualificação, imprescindíveis para a finalização deste trabalho.
À Andréia, Ana Carla, Paula e às meninas do curso de fisioterapia da Unesp, pela
ajuda na coleta dos dados.
Ao Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais pelas dicas, sugestões e
auxílio na realização deste trabalho.
À CAPES / PROESP/ SEESP / MEC, CNPq, Fundo de Pesquisa, pelo auxílio
financeiro à esta pesquisa.
À todos os professores, pesquisadores e profissionais que, direta ou indiretamente,
contribuíram com este trabalho, seja com sugestões ou com seus artigos científicos que me
foram enviados.
À todas as amigas, pelo companheirismo, pelas horas de descontração, incentivo e, a
cima de tudo, pela nossa amizade.
RESUMO
A aprendizagem de alunos com deficiência física não depende somente de um programa de
ensino adequado, mas também da disponibilidade de recursos pedagógicos e mobiliários
adaptados. No entanto, controvérsias sobre qual é o melhor tipo de mobiliário adaptado
que pode ser usado para alunos com deficiência física. Por isso, este trabalho objetivou
analisar o desempenho de alunos com paralisia cerebral espástica durante a realização de
atividades em dois tipos de assentos, e a sua relação com a distribuição de pressão.
Participaram do estudo onze alunos com paralisia cerebral espástica, de 7 a 28 anos e, que
tinham habilidades em pelo menos um dos membros superiores. Foi utilizado um protocolo de
tarefas de controle motor de membros superiores, a fim de verificar se o assento utilizado na
cadeira influenciava ou não no desempenho manual desses alunos, e se a pressão e a área de
contato no assento da cadeira se modificavam. A coleta de dados realizou-se em duas
situações experimentais: 1) com o aluno sentado na cadeira com assento fixo de lona; 2) com
o aluno sentado na cadeira com o assento de madeira. A ordem de uso dos assentos foi
aleatória, assim como a efetivação das atividades propostas. A análise dos dados foi feita
qualitativamente e constou de: pontuação das atividades realizadas pelos participantes nos
dois assentos; média do pico de pressão e da área de contato em ambos os assentos, tanto na
postura estática, quanto durante a realização das tarefas. Foi analisado o desempenho dos
alunos, por meio de atividades e sua relação com a distribuição da pressão, nos dois tipos de
assentos. Portanto, verificou-se que as atividades sofreram influência pelo tipo de assento
usado, porém, não houve um padrão de influência estabelecido. Foram encontrados, também,
diferenças no pico de pressão e na área de contato, durante as atividades: o pico de pressão foi
maior no assento de madeira e a área de contato foi maior no assento de lona, com exceção de
alguns participantes.
Palavras-chaves: Educação Especial. Paralisia Cerebral. Mobiliário. Adaptação.
ABSTRACT
The learning of cerebral palsy students doesn´t only depend on an appropriate teaching
methodology but also on the availability of pedagogical resources and adapted furniture.
Although there are some controversies about the best adapted furniture that can be used with
physical deficient students. This research aimed to analyse the performance of students with
spastic cerebral palsy during the activities in two types of seat and its relation with the
pressure distribution. Participated in this study eleven students with spastic cerebral palsy,
between 7 and 28 years old and with manual ability in at least one of the superior members. It
was utilized a protocol with motor control tasks of the superior members to verify if the
utilized seat influenced or not in the manual performance of these students and if the pressure
and the contacted area in the seat of the chair changed. The data collecting was carried out in
two experimental situations: 1) the student was sat down on the canvas seat; 2) the student
was sat down on the wood seat. The order was randomly as well as the carrying out of the
proposed tasks. The data analysis was qualitative and consisted of punctuation of activities
carried out by the participants in both seats; average of the pressure peak and the contacted
area in both seats in the static posture and while carrying out the tasks. It was analysed the
performance of the students through of the activities and its relation with the pressure
distribution in both seats. Therefore it was verified that the activities suffered influence by the
type of utilized seat, however there was not an established influence pattern. It was also found
differences in the pressure peak and the contacted area during the achievement of the
activities: the pressure peak was higher in the wood seat, and the contacted area was higher in
the canvas seat with exception of some participants.
Key words: Special Education. Cerebral Palsy. Furniture. Adaptation.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Caracterização dos participantes do estudo quanto à idade, gênero, distribuição
topográfica da paralisia cerebral, grau da GMFCS e membro superior que usou nas atividades
33
Quadro 2 - Protocolo de Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores 35
Quadro 3 - Adaptação das Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores
(McCLENAGHAN; THOMBS; MILNER, 1992) 37
LISTA DE TABELAS
Tabela 1Pontuação das atividades de dar toques com os dedos linear e em curva 49
Tabela 2 – Pontuação da atividade de pegar bolinhas de gude 50
Tabela 3 – Pontuação da atividade do prendedor de roupa 50
Tabela 4 – Pontuação da atividade de pressionar com o polegar 50
Tabela 5 – Pontuação da atividade do traçado com o lápis 51
Tabela 6 – Pontuação total das seis atividades dos participantes nos assentos de lona e
madeira 52
Tabela 7 Comparação do pico de pressão dos participantes em mmHg, na forma de retrato,
nos assentos de lona e madeira 72
Tabela 8 Comparação da área de contato dos participantes em cm
2
, nos assentos de lona e
madeira, na forma estática 73
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cadeira construída para o estudo com regulagem para apoio de pés, abdutor e com
assento de lona e de madeira 34
Figura 2 - Cadeira construída para o estudo com vista lateral da regulagem do encosto e com a
bandeja, assento de madeira e encosto separados 35
Figura 3 - Sensor de Mapeamento de pressão da marca Tekscan 39
Figura 4 - Mapa modelo 5330 do sensor de mapeamento de pressão Conformat da Tekscan
utilizado no estudo (TEKSCAN, 2004) 40
Figura 5 - Software de análise do sensor de mapeamento de pressão (Conformat) 41
Figura 6 - Saco plástico do vácuo com cânula onde a bomba é conectada e, colocação do
sensor dentro do saco do vácuo 44
Figura 7 - Bomba de vácuo que é ligada ao saco plástico, vista frontal e lateral e, cânula de
ligação entre a bomba e o saco do vácuo 44
Figura 8 - Interface do sensor, ao lado esquerdo da foto, com saída USB para o computador
44
Figura 9 - Medidor localizado em cima da bomba de vácuo 45
Figura 10 - Válvula que regula o medidor da bomba 45
Figura 11 - Tela de calibração do software 46
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Comparação do desempenho do participante P1 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 55
Gráfico 2 - Comparação do desempenho do participante P2 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 56
Gráfico 3 - Comparação do desempenho do participante P3 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 57
Gráfico 4 - Comparação do desempenho do participante P4 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 58
Gráfico 5 - Comparação do desempenho do participante P5 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 59
Gráfico 6 - Comparação do desempenho do participante P6 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 60
Gráfico 7 - Comparação do desempenho do participante P7 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 61
Gráfico 8 - Comparação do desempenho do participante P8 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 62
Gráfico 9 - Comparação do desempenho do participante P9 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira 63
Gráfico 10 – Comparação do desempenho do participante P10 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira 64
Gráfico 11 – Comparação do desempenho do participante P11 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira 65
Gráfico 12 – Desempenho dos 11 participantes na atividade de dar toques com os dedos linear
nos assentos de lona e madeira 66
Gráfico 13 Desempenho dos 11 participantes na atividade de dar toques com os dedos em
curva nos assentos de lona e madeira 67
Gráfico 14 Desempenho dos 11 participantes na atividade de pegar bolinhas de gude nos
assentos de lona e madeira 68
Gráfico 15 – Desempenho dos 11 participantes na atividade do prendedor de roupa, nos
assentos de lona e madeira 69
Gráfico 16 Desempenho dos 11 participantes na atividade de pressionar com o polegar, nos
assentos de lona e madeira 70
Gráfico 17 – Desempenho dos 11 participantes na atividade do traçado com o lápis nos
assentos de lona e madeira 71
Gráfico 18 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos linear, nos assentos de lona e madeira 74
Gráfico 19 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos linear, nos assentos de lona e madeira 74
Gráfico 20 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos em curva, nos assentos de lona e madeira 75
Gráfico 21 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos em, curva, nos assentos de lona e madeira 76
Gráfico 22 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de pegar bolinhas de gude, nos assentos de lona e madeira 76
Gráfico 23 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de pegar bolinhas de gude, nos assentos de lona e madeira 77
Gráfico 24 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade do prendedor de roupa, nos assentos de lona e madeira 77
Gráfico 25 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade do prendedor de roupa, nos assentos de lona e madeira 78
Gráfico 26 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de pressionar com o polegar, nos assentos de lona e madeira 78
Gráfico 27 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de pressionar com o polegar, nos assentos de lona e madeira 79
Gráfico 28 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade do traçado com o lápis, nos assentos de lona e madeira 79
Gráfico 29 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade do traçado com o lápis, nos assentos de lona e madeira 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
2 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS 16
2.1 A deficiência física e a escola 16
2.2 Conceituação e classificação da paralisia cerebral 17
2.3 A postura sentada e o mobiliário adequado 18
2.4 A postura sentada e o mobiliário adequado na paralisia cerebral 22
2.5 Sistemas de mapeamento de pressão no assento de mobiliários 26
3 OBJETIVOS 30
3.1 Objetivo geral 30
3.2 Objetivos específicos 30
4 MÉTODO 31
4.1 Procedimentos Éticos 31
4.2 Procedimentos para realização do estudo 31
4.3 Participantes 31
4.4 Local 33
4.5 Equipamentos e materiais 33
4.6 Confecção da cadeira do estudo 34
4.7 Instrumentos para coleta de dados 35
4.7.1 Adaptação das Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores 35
4.8 Sistema de mapeamento de pressão Conformat da Tekscan 39
4.9 Preparação do ambiente de coleta 41
4.9.1 Estudos prévios 41
4.9.2 Elaboração da ficha de avaliação 42
4.9.3 Calibração do sensor de mapeamento de pressão 43
4.9.4 Montagem do ambiente de coleta 47
4.10 Situação experimental 48
4.11 Procedimento para análise de dados 49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 52
5.1 Desempenho total nas atividades dos 11 participantes do estudo nos assentos de lona e
madeira 52
5.2 Desempenho nas seis atividades de cada participante nos assentos de lona e madeira 55
5.3 Desempenho dos 11 participantes em cada atividade nos assentos de lona e de madeira 65
5.4 Média do pico de pressão e da área de contato, na postura estática e durante a realização
das atividades dos 11 participantes, nos assentos de lona e madeira 72
6 CONCLUSÃO 82
REFERÊNCIAS 84
ANEXOS 94
APÊNDICES 98
14
1 INTRODUÇÃO
O intuito deste trabalho surgiu a partir de visitas às escolas que possuíam alunos com
deficiência física matriculados no ensino regular. Nessas visitas, foi observado que os alunos
permaneciam sentados tanto em cadeiras escolares com assento de madeira, quanto em
cadeiras de rodas com assento de lona. Também se verificou que, tais alunos não eram
mudados de postura, ao longo do período em que permaneciam na sala de aula.
A postura sentada é mantida e reforçada, porque potencializa as habilidades motoras e
visuais de alunos deficientes físicos. Além disso, para efetivar a modificação de postura
desses alunos, gasta-se um tempo grande, principalmente nas atividades em sala de aula. Nem
sempre os professores têm conhecimentos técnicos em relação ao mobiliário adequado para
alunos com deficiência física e orientação de profissionais especializados. Assim, os
professores adaptam os mobiliários como podem. Geralmente, utilizam cadeiras de rodas de
ferro com assento de lona, colocam almofadas no assento e no encosto ou usam cadeiras de
madeira comuns, com faixas abdominais, e mesas com recorte, dispositivos que,
freqüentemente, não estão adequados às características dos alunos (BRACCIALLI;
MANZINI; AIRES, 2003).
Portanto, diante da situação observada e relatada na literatura, surgiu o problema: o
assento da cadeira realmente influencia o desempenho de membros superiores, em atividades
escolares de alunos com deficiência física? Que tipo de assento favorece o desempenho de
alunos, durante as atividades escolares? Qual a relação da distribuição de pressão no assento
com o desempenho de membros superiores de crianças com paralisia cerebral?
A postura adequada de alunos, principalmente, de deficientes físicos, parece favorecer
um melhor aprendizado. É necessário um posicionamento correto, com o uso de um
mobiliário adaptado, a fim de que a postura não influencie nas atividades pedagógicas
realizadas na escola (BRACCIALLI; MANZINI, 2003).
A cadeira escolar deve proporcionar ao aluno segurança, conforto, estabilidade, para
que supra suas dificuldades e potencialize suas habilidades (BRACCIALLI, 2000).
A postura sentada adequada favorece o controle postural, a estabilização postural,
permite a normalização do tônus e a acomodação e aumenta o potencial do indivíduo
(BRACCIALLI; MANZINI; VILARTA, 2001).
Por conseguinte, em relação ao mobiliário ideal, sabe-se que ele deve ser regulável
individualmente. Além disso, a cadeira deve ter encosto baixo, apoio convexo em região
15
lombar, órtese abdutora de coxa com fixação de joelho e apoio para os pés (MYHR et al.,
1995; RATLIFFE, 2000; BRACCIALLI; MANZINI, 2003). Deve-se, ainda, ter mesa para
apoio e realização de atividades, com regulagem de altura e recorte em semicírculo
(BRACCIALLI; MANZINI, 2003).
Na literatura, também são encontrados estudos sobre mobiliários, em relação a
mudanças de inclinação de assento e encosto e desempenho de membros superiores;
mudanças na inclinação do assento e mudanças na inclinação da mesa, relacionadas ao
desempenho manual e à melhor postura de indivíduos com paralisia cerebral.
Quanto à flexibilidade do assento, pesquisas com indivíduos com alterações motoras
apontaram que, quanto mais rígido o assento, maior a pressão exercida no assento.
Com respeito à distribuição de pressão nos assentos, no desempenho de membros
superiores de indivíduos com paralisia cerebral, tem-se a idéia de que, quanto maior a
estabilidade postural do aluno, melhor deverá ser o desempenho funcional de membros
superiores.
No entanto, a literatura aponta para a necessidade de realização de estudos para
verificar se o material utilizado no tipo de assento da cadeira escolar interfere no desempenho
de membros superiores, e na pressão exercida em alunos com paralisia cerebral, o que será
mostrado neste trabalho.
16
2 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
Neste capítulo, será efetuada uma revisão de literatura sobre deficiência física e a
escola; conceituação e classificação da paralisia cerebral; a postura sentada e o mobiliário
adequado; a postura sentada e o mobiliário adequado na paralisia cerebral; e os sistemas de
mapeamento de pressão, no assento de mobiliários.
2.1 A deficiência física e a escola
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, encontra-se a seguinte definição de
deficiência física:
Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de
mobilidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões
neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou, ainda, de malformações congênitas
ou adquiridas (BRASIL, 1998, p. 26).
Devido às limitações motoras, encontradas nos alunos com deficiência física, a
educação desses indivíduos torna-se um desafio para os professores. Apesar dessas limitações,
a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) preconiza que alunos com necessidades
educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deve acomodá-los dentro de
uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades.
A adaptação de mobiliário para essa clientela é um item muito importante, visto que a
boa postura pode auxiliar no desempenho escolar desses alunos. Um mobiliário adaptado
favorece o controle postural, estabilidade, e favorece o controle de movimentos de
membros superiores.
A postura na cadeira escolar pode contribuir no desempenho acadêmico e
comportamento dos alunos. Diante dessa situação, a cadeira exerce papel de grande
importância na escola (NUNES, 1985). Por isso, é de grande valia que as crianças estejam
bem posicionadas, durante o longo período escolar, principalmente, aquelas com deficiência
física.
Como os participantes deste trabalho são indivíduos deficientes físicos, mais
especificamente com diagnóstico de paralisia cerebral, é conveniente que se conceitue a
paralisia cerebral.
17
2.2 Conceituação e classificação da paralisia cerebral
A paralisia cerebral (PC) tem sido definida por vários autores, ao longo dos anos
(BOBATH; BOBATH, 1989; SOUZA; FERRARETO, 1998; BAX, 2000; LEVITT, 2001;
LEBIEDOWSKA et al., 2004; SCHWARTZMAN, 2004; GAUZZI; FONSECA, 2004;
ROSENBAUM et al., 2005).
Para todos esses autores, existe um consenso no que se refere à circunstância de a
paralisia cerebral ser definida como um grupo de desordens do desenvolvimento do
movimento e da postura, que causa limitações de atividades e dos movimentos voluntários;
são atribuídas a distúrbios não progressivos que ocorreram no cérebro fetal ou infantil. As
desordens motoras da paralisia cerebral, freqüentemente, estão acompanhadas por alterações
sensoriais, na cognição, comunicação, percepção, comportamento e/ou crises convulsivas.
A paralisia cerebral pode ser classificada de acordo com sua distribuição topográfica,
qualidade de tônus e severidade do comprometimento (BOBATH; BOBATH, 1989).
Em relação à distribuição topográfica, é divida em: quadriplegia, diplegia, hemiplegia
e monoplegia (SOUZA, 1998).
Na quadriplegia, todo o corpo é afetado. O controle da cabeça é deficiente e
comprometimento da fala e da coordenação ocular. Os indivíduos quadriplégicos espásticos
podem apresentar simetria de comprometimento de membros superiores e inferiores, bem
como assimetria de postura e movimento (BOBATH; BOBATH, 1989).
Na diplegia, o comprometimento de todo o corpo, mas os membros inferiores são
mais afetados. Os indivíduos com esse quadro, geralmente, têm bom controle de tronco e
cabeça e comprometimento de moderado a leve em membros superiores (SOUZA, 1998).
Na hemiplegia, somente um hemicorpo está comprometido. As crianças são, em geral,
do tipo espástico, contudo, algumas podem desenvolver atetose distal (GAUZZI; FONSECA,
2004).
Nos casos de monoplegia, somente um membro está afetado, seja ele superior, seja
inferior (BOBATH; BOBATH, 1989).
Quanto à qualidade do tônus muscular ou do movimento, a paralisia cerebral pode ser
classificada em: espástica, discinética e atáxica (SOUZA; FERRARETO, 1998; RATLIFFE,
2000).
A paralisia cerebral espástica é o tipo mais comum de paralisia cerebral e incide em
75% dos casos. A espasticidade pode predominar em alguns grupos musculares e, em outros
18
não, o que contribui para o aparecimento de deformidades articulares nesses indivíduos
(BOBATH; BOBATH, 1989).
A espasticidade pode ser definida como hipertonia, hipersensibilidade aos estímulos
sensoriais, clônus, reflexos tendíneos profundos hiperativos e postura ou movimento anormal
dos membros (RATLIFFE, 2000; GAUZZI; FONSECA, 2004). Costuma ser causada por
lesões que interrompem as vias descendentes do córtex ou do tronco encefálico (KANDEL;
SCHWARTZ; JESSEL, 2003).
Na paralisia cerebral espástica, circuitos neurais que modulam o tônus estão
comprometidos, o que provoca mudanças nas propriedades elétricas intrínsecas dos
neurônios. também alterações estruturais permanentes nas propriedades mecânicas
intrínsecas dos tecidos musculares (IWABE; PIOVESANA, 2003).
Assim, alunos que apresentam quadro de espasticidade, freqüentemente, têm postura
anormal, de modo que essa situação dificulta a aquisição da postura sentada adequada.
A paralisia discinética pode aparecer de 14% a 20 % dos casos (SCHWARTZMAN,
2004). Esse tipo de paralisia cerebral caracteriza-se por movimentos e posturas anormais,
decorrentes da coordenação motora ineficiente e alterações na regulação do tônus muscular
(GAUZZI; FONSECA, 2004). Esses indivíduos podem ter lesões em cleos da base, o que
leva ao aparecimento de movimentos involuntários (SOUZA, 1998).
A paralisia cerebral atáxica é um tipo raro e tem como característica a incoordenação
de movimentos de origem cerebelar. É mais freqüente que esse tipo venha associado com
outro tipo de paralisia cerebral, como o espástico (BOBATH; BOBATH, 1989).
Portanto, diante dos comprometimentos que as crianças com paralisia cerebral podem
apresentar, tornam-se necessários ajustes na postura sentada.
2.3 A postura sentada e o mobiliário adequado
O sentar é uma postura adotada no dia-a-dia, na qual as estruturas primárias de
sustentação e suporte do corpo são: a coluna vertebral, o quadril e, os membros inferiores
(DUTRA; BASTOS, 2005).
A coluna vertebral é o eixo do corpo e concilia dois mecanismos contraditórios para a
sua sustentação adequada: a rigidez e a elasticidade. A rigidez se pela estrutura óssea e a
elasticidade pelos ligamentos e músculos que se inserem nos ossos, para dar mobilidade à
estrutura (KAPANDJI, 2000b).
19
A estrutura da coluna vertebral que sustenta o corpo é muito delicada e pode estar
sujeita a várias deformações, principalmente devido à postura sentada (VIDAL, 2002).
Nessa postura, a pressão dos discos intervertebrais é mais alta do que nas posturas em
e deitada. A postura sentada com o tronco anteriorizado é a que exerce maior pressão em
região lombar, ou seja, é considerada a pior postura a ser adotada por um indivíduo. No sentar
com cifose torácica e lombar e na postura ereta, é obtido um nível baixo de pressão em região
lombar e cervical. A postura sentada com encosto diminui, consideravelmente, a pressão em
região lombar (ANDERSSON et al.,1974).
Assumida principalmente nas condições de trabalho, a postura sentada causa maior
carga à coluna vertebral do que em relação à postura em (MORO, 1993), por isso, é
considerada a mais prejudicial à coluna. Isto se deve ao fato de que, na postura sentada, ocorre
retificação ou inversão da curvatura lombar, o que aumenta a pressão intradiscal
(BRACCIALLI, 2000).
Em função da exigência postural, ao realizar as atividades em sala de aula, na postura
sentada, os alunos inclinam o tronco à frente, o que gera carga compressiva danosa à coluna
vertebral. Essa pressão excessiva, mantida por longo período de tempo sobre os ossos em
formação de uma criança, poderá levar a transformações posturais permanentes (MORO,
2000).
Dessa maneira, torna-se importante a postura adequada na escola, assim como o uso de
mobiliário adequado, uma vez que os alunos permanecem cerca de cinco a seis horas por dia
sentados (REIS et al., 2002; BRACCIALLI; MANZINI; AIRES, 2003).
A postura sentada prolongada na escola sofre influência direta do mobiliário utilizado.
O mobiliário escolar inadequado é o principal causador de alterações na coluna vertebral,
membros inferiores e membros superiores (MANDAL,1984).
Uma carga estática excessiva, como ocorre na postura sentada prolongada, pode afetar
cápsulas, ligamentos e tendões, o que causa dores e desvios posturais (GRANDJEAN;
HÜNTING, 1977).
Grande parte das modificações posturais ocorre no período escolar, devido à postura
sentada que perdura por várias horas. A postura sentada é a mais desfavorável e, também, a
mais perigosa de todas as posturas de descanso (SCHEDE, 1971).
Cadeiras mal projetadas, com altura e profundidade de assento e de encosto maior ou
menor do que necessário, podem gerar vários ajustes posturais, os quais são responsáveis por:
dormência nos membros, dificuldades no retorno venoso, dores lombares, aceleração do
20
processo degenerativo do disco intervertebral, desgaste das vértebras e, conseqüentemente,
fadiga muscular durante a realização das atividades (BRACCIALLI, 2000).
Geralmente, as mobílias escolares não atendem às diferentes faixas etárias, e, assim,
não permitem que as crianças fiquem em posição confortável. Tal situação contribui para que
o ambiente escolar favoreça o surgimento do estresse, dores no corpo e, em decorrência,
prejudique o rendimento escolar (MORO, 1993; ZACHÊO; CAROMANO, 2003).
As atividades desenvolvidas na escola colaboram com a instalação de maus hábitos
posturais, principalmente, na adolescência, que é a fase em que se inicia o crescimento
acelerado do sistema esquelético. Esse crescimento, muitas vezes, não é acompanhado pelo
sistema muscular, o que pode desencadear vários desvios posturais (VIDAL, 2002).
Durante o período da infância e puberdade, o aluno usa uma carteira escolar que, na
maioria das vezes, é prejudicial à coluna vertebral. As carteiras são duras, desconfortáveis,
todas do mesmo tamanho, o que não diferencia a diversidade de altura entre os alunos e o seu
rápido crescimento, nessa fase de vida. Isso faz com que os alunos tenham predisposição a
vícios posturais, além de se sentirem cansados, com dores musculares, irritados e, desse
modo, prejudicados em relação ao aprendizado (REIS et al., 2002; VIDAL, 2002).
O design pobre da mobília em que os alunos ficam tanto tempo sentados, na escola,
provoca efeitos negativos: mal-adaptações anatômicas, fisiológicas e psicológicas
(MARCHALL; HARRINGTON; STEELE, 1995).
Na verdade, esse design pobre das cadeiras e carteiras escolares impõe constantes
rearranjos físicos, improvisações e acomodações, por parte dos alunos. Conseqüentemente,
parte das reações comportamentais exibidas pelos alunos, na posição sentada, indica
mecanismos pessoais compensatórios de ajuste ao ambiente, como, por exemplo, a inclinação
da carteira, o apoio dos pés sobre os suportes da carteira, dentre outros. A postura sentada
inadequada constitui resposta compensatória associada à ausência de conforto e, por isso, a
tentativa de melhorar a distribuição de pressão pelas áreas corporais sobrecarregadas (MORO,
2000).
Se a cadeira for alta demais, haverá falta de suporte para os pés e quadris, e os joelhos
ficarão com flexão excessiva, o que pode acarretar a compressão de vasos na fossa poplítea
(KENDALL, 1995).
Em estudo realizado por Panagiotopoulou et al. (2004), foi constatado que, em uma
sala de aula de crianças da primeira série, cadeiras altas e com os assentos profundos e
carteiras altas podem causar efeitos negativos na postura sentada dessas crianças,
principalmente nas atividades de leitura e escrita.
21
No entanto, não é somente a altura da cadeira que altera a postura sentada. A altura da
mesa de apoio, pode igualmente causar vários efeitos negativos. Se a mesa for muito alta,
poderá provocar abdução, flexão anterior e elevação dos ombros e influenciar na postura da
coluna cervical. Tal postura pode levar à fadiga da musculatura cervical e da cintura escapular
(REIS et al., 2002).
A mesa com inclinação de 15 graus pode diminuir a fadiga sobre a musculatura
cervical e da cintura escapular (CAROMANO et al., 1992).
Portanto, não existe uma cadeira ideal, que sirva para todos os indivíduos, com
variados tamanhos e diferentes idades.
A cadeira de encosto com inclinação anterior de 2 graus e posterior de 14 graus,
côncavo, na parte mais alta, e convexo em região lombar, pode dar suporte à região lombar e
permitir relaxamento às costas (GRANDJEAN; HÜNTING, 1977; VERGARA; PAGE,
2000).
Uma cadeira com estas medidas: 50 cm de altura e inclinação anterior de assento de 30
graus; apoio de pés com inclinação posterior de 25 graus, proporciona uma postura sentada
adequada. Por conseguinte, esse mobiliário pode promover melhor desempenho manual
(CAROMANO; NUNES SOBRINHO, 2001).
No ângulo de 100 graus de inclinação posterior do encosto, a pressão pode ser mais
bem distribuída e os indivíduos podem se sentir mais confortáveis (GONÇALVES;
OLIVEIRA; GREVE, 2002).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) propõe, em sua norma NBR
14006, sete classes de dimensões para a adequação do mobiliário, de acordo com as faixas
etárias dos alunos, que se inicia pelas crianças menores, com estatura de 0,97 m, com uma
oscilação de 15 cm em cada classe, até chegar à estatura de 1,73 m (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS, 2003).
Crianças de ries até séries não deveriam estudar nos mesmos ambientes
escolares que as crianças de séries a séries. Essa situação diminuiria as diferenças de
medidas antropométricas com relação ao mobiliário escolar e contribuiria na melhoria da
qualidade de vida desses alunos. Além disso, proporcionaria um ambiente facilitador na
assimilação dos conteúdos escolares e, por conseqüência, melhoraria o rendimento escolar dos
alunos (REIS, 2003).
Enfim, como foi descrito pela literatura, não existe a cadeira ideal para todos os
indivíduos, pois se deve sempre considerar a individualidade de cada aluno, de acordo com as
medidas antropométricas de cada um. O tipo de assento, assim como a regulação da sua
22
inclinação, do encosto e da mesa de apoio são variáveis importantes para uma postura
adequada e conforto do aluno. O que não deve ser diferente, senão mais preocupante, com
respeito à postura sentada de alunos com paralisia cerebral.
A partir das considerações anteriores, ressalta-se a importância do estudo da postura
sentada de alunos com paralisia cerebral.
2.4 A postura sentada e o mobiliário adaptado na paralisia cerebral
Alunos com paralisia cerebral apresentam dificuldades na realização de movimentos
voluntários, freqüentemente por causa da postura anormal e dos reflexos primitivos liberados
(CYRINO JÚNIOR, 1990).
Para a criança com paralisia cerebral espástica, geralmente existe excesso de co-
contração na musculatura, que envolve articulações proximais, ou seja, em cintura escapular e
pélvica, e nos músculos adutores e rotadores internos de membros inferiores, associado à
fraqueza muscular que se instala progressivamente na musculatura abdominal e paravertebrais
(BOBATH; BOBATH, 1989). Portanto, o sentar torna-se mais difícil.
Devido às alterações de tônus e conseqüentes contraturas, nem sempre é possível que
essas crianças sentem-se com 90 graus de quadril, joelho e tornozelo (HOBSON;
MOLENBROEK, 1990).
Mesmo assim, alunos com paralisia cerebral e com outras deficiências físicas
permanecem grande parte do dia sentados, uma vez que essa posição facilita o desempenho de
suas atividades funcionais (BRACCIALLI; BARAÚNA, 2002; BAIN; FERGUSON-PELL,
2002).
Contudo, para manter a postura sentada, muitas vezes, os alunos com paralisia cerebral
necessitam de suportes de tronco e cabeça, suportes abdutores de quadril, apoio de pés,
inclinações de assento e encosto ajustáveis. Todas essas adaptações são necessárias para
promover a estabilidade sentada e, assim, haja redução da atividade tônica dos músculos
(NWAOBI et al., 1983).
A dificuldade de estabilidade no sentar, em alunos com paralisia cerebral, pode ser
explicada por fatores biomecânicos, como posição assimétrica, inadequada e instável de
tronco, bem como, por uma disfunção nos circuitos neurais que respondem pelos ajustes
posturais (BRACCIALLI, 2000).
23
O sentar inadequado pode gerar encurtamentos e contraturas em flexão de musculatura
posterior de membros superiores, luxação de quadril e deformidades posturais
(BRACCIALLI, 2000; RATLIFFE, 2000), o que costuma se agravar com o tempo e, com o
crescimento do indivíduo.
A espasticidade pode afetar músculos flexores, adutores e rotadores internos de quadril
e flexores plantares de tornozelo. Essa espasticidade pode causar efeitos negativos na postura
sentada, como uma instabilidade de coluna vertebral (AKBAYRAK et al., 2005).
O alinhamento inadequado dos segmentos corporais faz com que a postura sentada
fique dificultada e possa ser mantida apenas por breves períodos. Por conseguinte, a
insistência nessa postura faz com que os indivíduos fiquem irritados, o que compromete a
concentração para a realização de tarefas manuais ou intelectuais (BRACCIALLI; MANZINI;
VILARTA, 2001).
A manutenção de uma boa postura sentada depende de um conjunto de fatores que
atuam de forma integrada e associada. Dentre eles, estão a necessidade do indivíduo possuir
bom controle postural e dispor de mobiliário construído dentro de padrões biomecanicamente
corretos (BRACCIALLI; BARAÚNA, 2002).
A postura sentada adequada de crianças com paralisia cerebral espástica pode prevenir
a luxação de quadril, deformidades da coluna vertebral, como a escoliose, além de maximizar
as funções de membros superiores (DABNEY; LIPTON; MILNER, 1997).
O posicionamento adequado pode gerar vários benefícios: 1) a neutralização do tônus
muscular anormal; 2) a ampliação das funções do corpo; 3) a prevenção de deformidades
músculo-esqueléticas; 4) a prevenção de úlceras de decúbito; 5) a promoção do conforto; 6) a
diminuição do cansaço; 7) a facilitação do desenvolvimento normal (RATLIFFE, 2000).
O processo de posicionamento das crianças com paralisia cerebral começa pela pelve,
a qual deve ser acomodada em posição neutra, com distribuição de peso nas tuberosidades
isquiáticas (REID; SOCHANIWSKYJ; MILNER, 1992; BRACCIALLI; MANZINI, 2003;
TEIXEIRA; ARIGA; YASSUKO, 2003).
O alinhamento postural favorece a estabilidade de tronco e, conseqüentemente, a
liberação dos movimentos da cintura escapular. É o tronco que estabiliza os membros
superiores e cintura escapular, para que possam existir os movimentos seletivos e controlados
(GUSMAN; TORRE, 1998). Com isso, as mãos ficam livres para o manuseio de objetos, para
agarrar, soltar e propicia o controle olho-mão (BRACCIALLI, 2000).
24
A cadeira ideal para crianças com paralisia cerebral é aquela que proporciona maior
estabilidade postural e, dessa maneira, maximiza o grau de independência funcional nos
movimentos de braços e mãos (MYHR; WENDT, 1991).
Para sentar-se em uma postura adequada, o aluno deve estar com os dois pés apoiados
no chão e com os joelhos flexionados em ângulo reto de 90 graus. O assento deve ser
suficientemente profundo, de frente para trás, para apoiar as coxas adequadamente, mas a
profundidade não deve interferir na flexão dos joelhos. O encosto deve prover suporte para a
coluna (DUTRA; BASTOS, 2005).
Dessa forma, a norma NBR 9050/2005 da Associação Brasileira de Normas e
Técnicas (ABNT) estabelece medidas para a construção de cadeira de rodas: o assento e o
encosto de cadeiras devem ter de 0,40 a 0,46 metros (m) de largura; a profundidade do
assento deve ter de 0,42 a 0,45 m; a altura dos braços da cadeira até o chão, de 0,71 a 0,725
m; a altura do assento ao chão, de 0,49 a 0,53 m; altura do apoio dos pés ao chão, de 0,07 m;
largura do assento ao apoio de pé, de 0,30 a 0,40 m; altura do encosto ao chão, de 0,925;
largura de roda a roda, de 0,60 a 0,70 m; com ângulos de 90° entre encosto e assento e,
assento e apoio de pés (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS, 2004).
No entanto, o mobiliário ideal é aquele ajustado para cada indivíduo. Assim, vários
estudos têm sido realizados sobre a inclinação do assento, o uso de equipamentos, os tipos de
assentos usados nos mobiliários, em relação à função de membros superiores de crianças com
paralisia cerebral.
Nwaobi et al. (1983) estudaram a atividade extensora muscular da musculatura
posterior de membros inferiores de indivíduos com paralisia cerebral espástica, em diferentes
posturas sentadas. Os autores observaram que a ação da musculatura extensora foi menor nos
0° e, maior nos 15° de inclinação do assento, com 90 graus de inclinação do encosto.
Diferentemente, Seeger, Caudrey e O’Mara (1984) e Nwaobi (1987) examinaram
alunos com paralisia cerebral para verificar o efeito da inclinação do assento da cadeira, na
função de membros superiores desses alunos. Tais pesquisadores entraram em contradição,
quando os autores do primeiro estudo observaram que não houve diferenças para a função das
mãos, quando um indivíduo com paralisia cerebral se sentava com ângulo maior que 90° de
quadril. Contudo, Nwaobi (1987) constatou que a inclinação do assento afetou a função de
membros superiores, seja qual fosse o grau de inclinação.
Myhr e Wendt (1991), Sochaniwskyj et al. (1991) e Reid, Sochaniwskyj e Milner
(1992) também analisaram a inclinação do assento, com respeito à função de membros
superiores de crianças com paralisia cerebral. Verificaram, em seus estudos, que a inclinação
25
do assento de 0 a 15 graus anterior, melhorou o controle postural e, fez com que as mãos das
crianças ficassem livres para realizar atividades.
Myhr e Wendt (1993) pesquisaram os efeitos de várias inclinações no assento da
cadeira e a utilização de órteses abdutoras em crianças com paralisia cerebral em músculos
posteriores dos membros inferiores, durante a realização de tarefas com os membros
superiores. Os resultados indicaram que o uso da órtese abdutora e as inclinações do assento
horizontal e inclinado anteriormente diminuem a atividade muscular dos membros inferiores e
melhoram a função de membros superiores.
Myhr (1994) realizou um trabalho com crianças com paralisia cerebral, para verificar a
dinâmica dos segmentos corporais e o posicionamento espontâneo de membros superiores e
inferiores, em diferentes posições sentadas. Os resultados encontrados revelaram que, quando
houve a inclinação do assento, os pés das crianças mantiveram-se em posição anterior à
articulação dos joelhos. Não foram encontradas diferenças significantes na função de mãos
com a inclinação do assento.
Stavness (2006) encontrou que vários estudos mostraram efeitos positivos na função
de membros superiores, em uma inclinação de neutra a leve (10°) da cadeira como um todo. O
autor ainda constatou que, crianças com paralisia cerebral deveriam permanecer em cadeiras
as quais oferecessem posição funcional, que inclui: orientação no espaço de a 15°;
utilização de faixas de quadril; apoio para pés; bandeja com recorte, assento inclinado
anteriormente de 0 a 15°, para melhorar a função de membros superiores.
Quanto aos acessórios e equipamentos utilizados na cadeira, Dupuis et al. (1991)
observaram que o sistema de assento que possuía suporte torácico e sacral se tornou efetivo na
distribuição da massa corporal superior e, melhorou significantemente a postura sentada de
crianças com paralisia cerebral.
Em relação ao tipo de assento, Reid (1996) concluiu que o assento em sela permitiu
significante melhora no controle postural e, conseqüentemente, ajudou essas crianças a
desenvolver e manter melhor controle postural e de movimentos de membros superiores.
Washington et al. (2002) também observaram a relação do tipo do assento com a
função de membros superiores, em crianças com alterações motoras. Os autores relataram que
o assento de espuma proporcionou uma superfície não escorregadia, em contraste com o
assento de vinil. Com isso, pôde-se perceber também os efeitos das texturas dos assentos no
alinhamento postural e na função de membros superiores. Como resultados, os autores
encontraram que as crianças avaliadas permaneceram cerca de 97% do tempo em alinhamento
postural, na linha média no assento de espuma contornado. Em relação às atividades de
26
membros superiores, os autores concluíram que as crianças ficavam mais independentes para
brincar, no assento de espuma contornado.
Com relação às diferentes posturas sentadas, Brogen, Forssberg e Hadders-Algra
(2001) mostraram que a postura sentada com cifose, freqüentemente observada em crianças
com paralisia cerebral, não é a causa de ajustes posturais anticonvencionais nessas crianças.
Indicaram, ainda, que os ajustes posturais de crianças com paralisia cerebral espástica não
dependem somente da postura sentada, mas também da severidade do quadro e de sua idade.
Em relação à utilização de uma superfície de apoio para a realização de atividades,
Utley (2007) confirmou que a superfície de apoio influencia na extensão de membros
superiores, o que resultou na melhora na realização da atividade.
Ainda, em relação ao mobiliário, a literatura tem trazido informações sobre a
importância da análise da pressão no assento da cadeira, em que indivíduos com alterações
motoras permanecem por longos períodos sentados.
A avaliação da pressão no assento da cadeira é realizada por sistemas de mapeamento
de pressão, o que foi utilizado neste estudo e será descrito no próximo tópico.
2.5 Sistemas de mapeamento de pressão no assento de mobiliários
Os sistemas de mapeamento de pressão, na maioria das vezes, são usados na área
clínica na prescrição de assentos para cadeira de rodas, destinados à prevenção de úlceras de
decúbito e, na pesquisa, para verificação da acurácia, estabilidade e precisão de aparelhos
deste tipo (FERGUSON-PELL; CARDI, 1993).
Rizo (2003) descreveu que os sistemas de mapeamento de pressão são tecnologias
avançadas e de fácil uso, porém de alto custo.
A precisão de um sistema de mapeamento de pressão permite comparar diferentes
tipos de almofadas de assento, o que pode auxiliar na opção pela melhor almofada para
determinado indivíduo. Possibilita também registrar a eficiência de modificações na cadeira
de rodas como, por exemplo, a mudança do ângulo-encosto, sem interferência na distribuição
de pressão sobre o assento; pode auxiliar na adequação da postura do paciente na cadeira de
rodas, o que visa à mais adequada distribuição de pressão sobre o assento (RIZO, 2003).
O mapeamento de pressão provê dados objetivos para as indicações de cadeira de
rodas e valida as recomendações de acessórios específicos para o sentar (RANALLI;
MOYNAHAN, 1997).
27
Os sistemas de mapeamento de pressão podem indicar se a almofada do assento é
efetiva na distribuição de pressão em uma grande área da superfície de assento (BAIN;
FERGUSON-PELL, 2002).
Ferguson-Pell e Cardi (1992) ressaltaram que os sistemas de mapeamento de pressão
têm potencial para mensurar a força normal, em tempo real, que o corpo aplica no assento,
assim como, para testar estratégias de suporte postural.
O assento adequado contribui ativamente no desenvolvimento do controle postural da
criança com paralisia cerebral. Isso deveria permitir às crianças o dinamismo e um alto grau
da habilidade do sentar. O assento é parte integrante no auxílio do controle postural sentado
da criança com paralisia cerebral (GREEN; NELHAM, 1991).
A alteração da estrutura do assento é um fator muito importante na indicação de
superfícies de suporte. O assento inflexível é incapaz de mudar sua forma, por isso a pressão
externa pode comprimir e deformar tecidos e vasos, e provocar necrose. Por sua vez, o
assento flexível pode causar instabilidade postural e inabilidade do uso de membros
superiores (KOCHHANN; CANALI; SERAFIM, 2004).
A superfície de assento tem a função de suportar o peso do corpo e fornecer uma
postura estável que possa ser mantida, de maneira a possibilitar que os músculos não
diretamente envolvidos na tarefa permaneçam relaxados. Além disso, deve minimizar o
desconforto, evitando pressões desnecessárias sobre as coxas ou impedir a restrição do fluxo
sanguíneo causado por inadequada distribuição do peso do corpo; precisa apoiar a coluna,
reduzir a distensão das vértebras e dos músculos dos ombros, costa e pelve; deve permitir,
sempre que desejadas, alterações da posição, a fim de aliviar os efeitos das dores advindas de
posições prolongadas (PARAGUAY, 1987).
Para Ferguson-Pell e Cardi (1992), clínicos e pesquisadores têm procurado
ferramentas que consigam mensurar o tamanho, direção e distribuição de forças durante o
sentar de indivíduos com limitações motoras.
Em relação ao tipo de assento utilizado, Sprigle, Chung e Brubacker (1990)
investigaram a influência das características do indivíduo e as propriedades do contorno do
assento, para explicar a transferência de cargas entre a região glútea e a almofada do assento
em pessoas com alterações motoras. Os resultados evidenciaram que o tipo de almofada
influencia o tônus muscular.
Rosenthal et al. (1996) desenharam uma almofada de cadeira de rodas para redistribuir
a pressão no assento. Os participantes da pesquisa foram usuários de cadeiras de rodas. As
avaliações foram realizadas no assento desenhado e em mais três assentos, a fim de
28
comparação. A almofada desenhada tinha base rígida de plástico e era coberta por espuma
rígida. A parte posterior do assento tinha elevação de 10 cm. Após a avaliação, os achados
foram que a almofada desenhada distribuiu melhor pressão na superfície de assento e pressão
entre as tuberosidades isquiáticas.
Ferrarin, Andreoni e Pedotti (2000) avaliaram diferentes assentos de cadeira de rodas e
verificaram a distribuição da pressão no assento, sua superfície e a postura de usuários de
cadeira de rodas. Os resultados revelaram que o pico de pressão aumentou consideravelmente,
depois de 15 minutos na postura, nas proeminências ósseas: tuberosidade isquiática e grande
trocânter. Os autores ainda concluíram que as almofadas com menor quantidade de ar
modelaram-se mais ao corpo do indivíduo, e que as almofadas deveriam ser reguladas com
base nas necessidades posturais do indivíduo. Portanto, não seria possível identificar uma
única almofada que seja efetiva para todos os sujeitos ou uma categoria específica de sujeitos.
Apatsidis, Solomonidis e Michael (2002) estudaram a distribuição da pressão, na
interface de assentos moldados de cadeira de rodas em indivíduos com desordens motoras. A
pressão foi registrada em almofadas de quatro tipos de materiais: viscoelástica, espuma, gel e
ar. Os resultados mostraram que, no assento de espuma, houve maior distribuição de pressão
e, no de gel, houve uma pior distribuição de pressão. Nos outros dois assentos, os
pesquisadores salientaram que não houve aumentos ou diminuições de pressão significativas.
Para verificar a altura do mobiliário escolar e a distribuição de pressão na região glútea
de crianças em idade escolar, Reis, Moro e Nunes Sobrinho (2003) efetuaram uma pesquisa,
na qual as crianças se sentavam em cadeiras que costumavam usar, na escola, com assento
rígido de madeira. Como resultado, foi observado que, conforme a superfície de assento, o
aumento da pressão se distribui para outras regiões, como, por exemplo, para a fossa poplítea,
que não são adequadas para suportar as pressões, o que pode causar dores e fadiga.
Em relação à distribuição de pressão e inclinação do encosto e elevação dos pés,
Stinson, Porter-Armstrong e Eakin (2003) observaram que o pico de pressão aumentou com
suporte de s e 0°, 10° e 30° de inclinação do encosto. Seu estudo revelou igualmente que o
suporte para os pés aliviou a pressão embaixo das coxas; a inclinação do assento a 30° e a
elevação dos pés a 30 cm do chão diminuíram a pressão de interface, o que pode auxiliar na
prevenção do edema, embora diminuísse a função de membros superiores.
Shoham et al. (2004) fizeram uma pesquisa com crianças com limitações motoras e,
escoliose e obliqüidade pélvica, a fim de verificar a influência de ajustes no assento e o uso de
órteses lombares e sacrais na distribuição de pressão no assento. Concluíram que o uso da
29
órtese reduziu os graus da curva da escoliose e os valores da pressão máxima e da pressão
média. No entanto, a área de contato aumentou, nessa situação.
Oliveira et al. (2007) compararam dois tipos de assentos, madeira e lona, de cadeira
escolar adaptada, com um aluno com paralisia cerebral atáxica e observaram que o pico de
pressão e a pressão de contato foram maiores no assento de madeira. Todavia, a área de
contato foi maior no assento de lona, o que justificou maior distribuição de pressão. Por outro
lado, os autores relataram que a maior distribuição de pressão pode mostrar instabilidade
postural e déficit de equilíbrio no aluno avaliado.
Toda a revisão realizada anteriormente descreveu a importância do posicionamento
adequado e do mapeamento de pressão. Isso prevê que o indivíduo tenha mais estabilidade de
tronco, maior alívio da pressão no assento, não tenha dores, não desenvolva úlceras de pressão
e melhore suas funções de membros superiores. Conseqüentemente, tal situação fará com que
a qualidade de vida desse individuo seja melhor.
30
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Analisar o desempenho de alunos com paralisia cerebral espástica, durante a
realização de atividades lúdicas, em dois tipos de assentos, e a sua relação com a distribuição
de pressão.
3.2 Objetivos específicos
Analisar a performance dos alunos, usando como estratégia uma adaptação das Tarefas
de Controle Motor de Membros Superiores (MCCLENAGHAN; THOMBS; MILNER, 1992),
utilizando um assento de lona e um de madeira.
Analisar a distribuição de pressão nos assentos de lona e madeira e relacioná-la com a
realização das atividades propostas.
Analisar a área de contato nos assentos de lona e madeira e relacioná-la com a
realização das atividades propostas.
31
4 MÉTODO
4.1 Procedimentos Éticos
O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia
e Ciências, Unesp - Marília, e aprovado sob o parecer n°. 2692/2006 (Anexo A).
O projeto também foi cadastrado e aprovado no Centro de Estudos da Educação e da
Saúde – CEES (Anexo B) e no Laboratório de Análise de Movimento.
Os pais ou responsáveis dos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido para a participação voluntária na pesquisa (Apêndice A).
4.2 Procedimentos para realização do estudo
Os procedimentos para a realização do estudo contaram com cinco etapas: 1) seleção
dos participantes; 2) construção da cadeira; 3) adaptação das Tarefas de Controle Motor de
Membros Superiores; 4) preparação do ambiente de coleta e, 5) coleta de dados, a qual foi
realizada em duas situações experimentais.
4.3 Participantes
Foram participantes deste estudo onze alunos com paralisia cerebral espástica, dos
gêneros feminino e masculino, com idades entre 7 e 28 anos. Os participantes foram
selecionados pela consulta a prontuários do CEES e por contatos externos. Todos os
participantes tinham diagnóstico de paralisia cerebral e avaliação fisioterapêutica de suas
habilidades motoras.
Foram adotados como critérios de inclusão de participantes:
- ter idade acima de seis anos, pois, segundo Gordon e Duff (1999a), crianças acima
dessa idade apresentam maior habilidade manual e desenvolvimento da manipulação;
- ter boa compreensão, para entender as atividades propostas;
- ter bom controle de tronco;
- ter habilidades motoras em pelo menos um dos membros superiores, necessárias para
a execução das atividades; e
- não ter déficits de acuidade visual acentuados.
Foi tomado como critério de exclusão de participantes:
32
- ter diagnóstico de baixa visão ou cegueira;
- possuir deformidades nos dois membros superiores.
Todas as informações sobre as características dos participantes foram obtidas nos
prontuários existentes no Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES) e em outras
instituições nas quais eram atendidos.
As habilidades motoras grossas dos participantes da pesquisa foram classificadas pela
escala Gross Motor Function Classification System (GMFCS). Essa escala se baseia na
funcionalidade motora de indivíduos com paralisia cerebral, com ênfase no sentar, controle de
tronco e andar. Comporta cinco níveis, os quais diferem pelas limitações funcionais, pela
necessidade de tecnologia assistiva, que inclui mecanismos de mobilidade, como andadores,
muletas e cadeiras de rodas (Anexo C).
No Quadro 1, encontram-se as informações das características dos participantes do
estudo segundo a idade, gênero, distribuição topográfica da paralisia cerebral, classificação da
Gross Motor Function Classification System (GMFCS) e dominância de membros superiores.
33
Participantes Idade Gênero Distribuição
topográfica
da paralisia
cerebral
Classificação
GMFCS
Membro
superior
que usou
P1 12 anos Feminino Diparesia
espástica
Grau II Direito
P2 20 anos Masculino Diparesia
espástica
Grau II Direito
P3 28 anos Masculino Quadriparesia
espástica
Grau V Esquerdo
P4 10 anos Feminino Hemiparesia
espástica á
direita
Grau II Esquerdo
P5 7 anos Feminino Diparesia
espástica
Grau I Direito
P6 24 anos Masculino Quadriparesia
espástica
Grau V Direito
P7 15 anos Masculino Diparesia
espástica
Grau V Esquerdo
P8 22 anos Feminino Diparesia
espástica
Grau III Esquerdo
P9 14 anos Masculino Hemiparesia
espástica á
esquerda
Grau I Direito
P10 9 anos Masculino Hemiparesia
espástica á
direita
Grau I Esquerdo
P11 21 anos Masculino Diparesia
espástica
Grau III Direito
Quadro 1 Caracterização dos participantes do estudo quanto à idade, gênero, distribuição
topográfica da paralisia cerebral, grau da GMFCS e membro superior que usou nas atividades
4.4 Local
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Análise de Movimento do Centro de
Estudos da Educação e da Saúde (CEES), unidade auxiliar da Faculdade de Filosofia e
Ciências, Unesp - Marília.
4.5 Equipamentos e materiais
Foram utilizados os seguintes equipamentos e materiais:
- computador;
- almofada com sensores de pressão Conformat da marca Tekscan;
- software de análise dos sensores de pressão: Conformat Research 5.8;
34
- cadeira regulável confeccionada para este estudo, com assento fixo de lona e assento móvel
de madeira;
- mesa com regulagem de altura e com recorte em semicírculo.
4.6 Confecção da cadeira do estudo
Após a seleção dos participantes, foi elaborado o projeto e construída uma cadeira de
madeira com assento de lona, com regulagem de altura para o apoio de pés e abdutor, e de
profundidade, para o assento.
A cadeira foi construída com um assento fixo de lona, semelhante ao de cadeiras de
rodas disponíveis no mercado e, comumente, usadas por crianças com algum tipo de
deficiência, no ambiente escolar ou domiciliar.
Foi confeccionado, também, um assento de madeira removível que podia ser
encaixado em cima do assento de lona, conforme a situação experimental de coleta de dados
(Figuras 1 e 2).
Figura 1 – Cadeira construída para o estudo, com regulagem para apoio de pés, abdutor e com
assento de lona e de madeira
35
Figura 2 Cadeira construída para o estudo, com vista lateral da regulagem do encosto e com
a bandeja, assento de madeira e encosto separados
4.7 Instrumentos para coleta de dados
Como instrumentos para coleta de dados foram usadas as Tarefas de Controle Motor
de Membros Superiores (MCCLENAGHAN; THOMBS; MILNER, 1992), adaptadas.
4.7.1 Adaptação das Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores
O protocolo de Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores, proposto por
McClenaghan, Thombs e Milner (1992), empregado neste estudo, foi adaptado à realidade
brasileira. Os autores das tarefas foram contatados via e-mail e autorizaram o uso e a
adaptação do protocolo.
As tarefas originais, segundo McClenaghan, Thombs e Milner (1992), consistiam em
mensurar a performance dos membros superiores em seis atividades, como mostra o Quadro
2.
(continua)
ATIVIDADE DESCRIÇÃO MENSURAÇÃO DA
PERFORMANCE
Dar toques com os dedos
(linear).
Dar toques com os dedos
alternados em 2 alvos,
colocados em uma mesa
diretamente na frente da
criança. Os alvos estavam a
30 cm da criança e
orientados horizontalmente.
Número de vezes que
atingiu o alvo, em 10
segundos.
36
(continuação)
Dar toques com os dedos
(curva).
Como na primeira atividade,
com um obstáculo colocado
entre os alvos, fazendo com
que a mão da criança se
mova em um trilha com
curvas.
Número de vezes que
atingiu o alvo, em 10
segundos.
Pegar um chumbinho. Pegar e colocar 10
chumbinhos (1 a 5 cm de
diâmetro) dentro de uma
caixa (7 cm, aberta),
diretamente na frente da
criança.
Tempo total em que
completou a atividade.
Prendedor de roupa. Pregar 8 prendedores de
roupa. Os prendedores eram
colocados horizontalmente
para as crianças prenderem
os mesmos na vertical, em
locais determinados (1 a 5
cm de diâmetro), 4 cm entre
eles.
Tempo total em que
completou a atividade.
Pressionar com o polegar. Repetidas pressões em um
acionador, usando o polegar.
O acionador era posicionado
e mantido na palma da mão
da criança.
Número de vezes que
acionou com o polegar
durante 15 segundos.
Traçado com o lápis. Traçar com o lápis três
figuras: uma linha
horizontal de 20 cm; um
triângulo de lados com 10
cm, e um círculo com 5 cm
de raio.
Tempo total em que
completou a atividade.
Acurácia: % do desenho +-
1mm, do lado de fora do
molde.
Quadro 2 – Protocolo de Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores
Fonte: McClenaghan, Thombs e Milner (1992, tradução nossa)
Foi escolhido esse protocolo para a pesquisa, porque foi elaborado para avaliação de
indivíduos com paralisia cerebral, e as habilidades necessárias para a execução das atividades
eram semelhantes às realizadas na escola, como, por exemplo, o traçado com o lápis, o uso
dos dedos em pinça para pegar o lápis e a coordenação motora, no geral. As atividades foram
adaptadas, devido à preocupação em fazer um experimento no qual as atividades tivessem um
contexto brasileiro e, os participantes tivessem motivação para realizá-las. Dessa forma,
realizou-se a troca das bolinhas de chumbinho nas atividades de dar toques com os dedos
linear e em curva, por um jogo de futebol de botão e a troca das bolinhas de chumbinho na
atividade de pegar bolinhas por bolinhas de gude. Esses são materiais comumente usados por
crianças brasileiras.
37
A adaptação do protocolo consistiu na modificação dos materiais usados para a
realização das atividades, assim como mostra o Quadro 3.
(continua)
ATIVIDADE DESCRIÇÃO MENSURAÇÃO DA
PERFORMANCE
1 - Dar toques com os dedos linear.
Deslocar uma bolinha
de futebol de botão
por meio de toques
com os dedos
alternados até atingir
o gol, no alcance
máximo da mesa, na
frente do participante.
Número de gols em 10
segundos.
2 – Dar toques com dedo em curva.
Deslocar uma bolinha
de futebol de botão
por meio de toques
com os dedos
alternados, com dois
obstáculos colocados
entre a criança e o
gol, fazendo com que
a mão do participante
se mova em um trilha
com curvas.
Número de gols em 10
segundos.
3 - Pegar bolinhas de gude.
Pegar 10 bolinhas de
gude de dentro de
uma caixa de 4 cm e
colocá-las dentro de
uma caixa de 7 cm
aberta, posicionada na
frente do participante.
Tempo total em que
completou a atividade,
em um tempo máximo
de 180 segundos.
BOLINHA
GOL
(ALVO)
BOLINHA
OBSTÁCULOS
GOL
(ALVO)
38
(continuação)
4 - Prendedor de roupa.
Colocar 8 prendedores
de roupa. Os
prendedores foram
colocados
horizontalmente para
os participantes
prenderem os mesmos
na vertical, em um
varal com locais
determinados (7 cm
entre eles).
Tempo total em que
completou a atividade,
em um tempo máximo
de 180 segundos.
5 - Pressionar com o polegar.
Repetidas pressões em
um acionador de luz
usando o polegar. O
acionador foi
posicionado e mantido
na palma da mão do
participante.
Número de vezes que
acionou com o polegar
durante 15 segundos.
6 - Traçado com o lápis.
Traçar com o lápis três
figuras incluindo uma
linha horizontal de 20
cm, um triângulo de
lados com 10 cm e um
círculo com 5 cm de
raio.
Tempo total em que
completou a atividade,
em um tempo máximo
de 180 segundos.
Quadro 3 Adaptação das Tarefas de Controle Motor de Membros Superiores
(MCCLENAGHAN; THOMBS; MILNER, 1992)
LUZ
ACIONADOR
TRIÂNGULO
RETA
CÍRCULO
LOCAIS EM
VERMELHO PARA
COLOCAR OS
PRENDEDORES
39
Todas as atividades foram numeradas de 1 a 6, mas não foram necessariamente
executadas nessa ordem, durante a coleta de dados.
A pontuação das atividades foi atribuída de acordo com cada atividade: as atividades
de dar toques com os dedos linear e em curva foram pontuadas pelo número de gols que o
participante conseguiu realizar em um tempo de 10 segundos; as atividades de pegar bolinhas
de gude e do prendedor de roupa, pelo tempo total que o participante demorou para completar
a atividade; a atividade de pressionar com o polegar, pelo número de vezes que o participante
acendeu a luz, por meio do acionador, com o polegar, enquanto a atividade do traçado com o
lápis foi pontuada pelo tempo total que o participante demorou para completar a atividade.
4.8 Sistema de mapeamento de pressão Conformat da Tekscan
Para verificar a distribuição de pressão no assento, tanto na postura estática, quanto
durante a realização das atividades propostas, foi utilizada a almofada Conformat da marca
Tekscan com sensores de mapeamento de pressão (Figura 3).
Figura 3 – Sensor de Mapeamento de pressão da marca Tekscan
A almofada de sensores de pressão usada neste estudo possuía as seguintes dimensões:
530 milímetros (mm) de largura por 617 mm de comprimento. Continha 1024 sensores
dispostos em 32 colunas e 32 fileiras, com um total de 5 sensores por centímetros quadrado
(cm
2
) (Figura 4).
40
Figura 4 Mapa modelo 5330 do sensor de mapeamento de pressão Conformat da Tekscan
utilizado no estudo (TEKSCAN, 2004)
A utilização do sistema Conformat exigiu a calibração a vácuo do equipamento, para
normalizar a pressão, diminuir as interferências do sistema de mapeamento de pressão e
torná-la homogênea.
Além disso, o Conformat possuía um software de pesquisa para análise da pressão. A
pressão na tela do computador aparecia em variadas cores que se diferenciavam pelo valor da
pressão exercida em determinada região. Portanto, cores mais intensas, como vermelho e
laranja, correspondiam a valores mais altos de pressão. As cores amarela, verde e azul
surgiam com valores mais baixos de pressão.
No software havia a opção de analisar a pressão de duas formas: na forma de retrato,
que era a imagem parada do indivíduo sentado; e na forma de filme, o qual era feito pelo
número de quadros por segundo por meio de frames e registrado o movimento de
deslocamento do centro de gravidade do indivíduo na postura sentada (Figura 5).
Além disso, o software possuía vários recursos de visualização das imagens: imagens
em 2D, 3D, mostruário de valores, pico de pressão, média de valores e imagens em diferentes
resoluções.
41
Figura 5Software de análise do sensor de mapeamento de pressão (Conformat)
4.9 Preparação do ambiente de coleta
4.9.1 Estudos prévios
Anteriormente à coleta de dados, foram realizados dois estudos para verificar a
adequação do protocolo, a adequação do posicionamento dos equipamentos para a coleta de
dados e da preparação para o ambiente de coleta. Providenciou-se, também, o treinamento e a
sincronização da pesquisadora e dos auxiliares da coleta de dados.
Os dois estudos foram feitos com participantes com diagnóstico de paralisia cerebral,
mas com quadros diferentes.
O primeiro envolveu um participante de 14 anos, com paralisia cerebral, com quadro
de quadriplegia coreoateóide. Optou-se por estudar um participante com comprometimento
motor severo, com o objetivo de adequar as atividades. Nesse estudo, foi observado que um
participante com um quadro grave teria dificuldades para realizar as atividades propostas.
Percebeu-se também que deveria ser feita uma adaptação na atividade do prendedor de roupa,
que usava um varal preso com ventosas em sua base. Porém, o recurso não se fixava à mesa, o
Quadro que mostra
o valor do pico de
pressão
Quadro que
mostra o valor da
área de contato
42
que dificultava a efetivação da atividade. Assim, optou-se por trocar as ventosas por uma base
mais ampla e pesada, para que se mantivesse em pé com estabilidade. Outra adaptação
necessária foi na atividade de pressionar com o polegar. Inicialmente, utilizou-se um celular e
o participante deveria acionar as suas teclas. A pesquisadora teve dificuldade para contar o
número de vezes que o participante apertava as teclas, pois o celular fazia ruídos longos,
quando acionado. Dessa forma, foi confeccionado um acionador que acendia uma luz e
facilitava a pontuação da atividade. Nesse estudo, notou-se igualmente que a almofada de
mapeamento de pressão era muito escorregadia no assento e seria necessário fixá-la na
cadeira, por meio de fitas adesivas. A interface da almofada, a qual era conectada ao
computador, também precisava ser fixada ao lado da cadeira, para que os fios não se
soltassem.
Outro estudo envolveu um participante de 13 anos, com paralisia cerebral atáxica. Ele
conseguiu realizar todas as atividades, ainda que com alguma dificuldade. Nesse estudo,
pôde-se observar que algumas estratégias utilizadas na coleta deveriam ser reformuladas.
Uma delas foi a atividade de pegar bolinhas de gude. As bolinhas eram colocadas na mão da
pesquisadora, para que o participante as pegasse e colocasse na caixa que estava em cima da
mesa. Ao fazer isso, as bolinhas caíam e a pesquisadora não conseguia ter controle sobre a
atividade. Para resolver a situação, foi construída uma caixa menor, de 4 cm
2
, onde eram
colocadas as bolinhas. Portanto, o participante pegaria as bolinhas dentro da caixa pequena e
as colocaria na caixa grande. Outra reformulação ocorreu na atividade do prendedor de roupa.
Os prendedores usados eram de madeira. Foi percebido que o participante tinha dificuldades
em os manusear, de maneira que houve a substituição dos prendedores de madeira por
prendedores de plástico. Esse estudo também possibilitou uma reorganização no
posicionamento dos participantes em relação aos equipamentos. Observou-se que, quando os
participantes ficavam de frente para o computador, eles não se interessavam em fazer as
atividades. Por conseguinte, ficou definido que os participantes ficariam posicionados de
costas para o computador. Foi verificado, ainda, que a fixação da almofada de mapeamento de
pressão no assento resolveu o problema de escorregar na cadeira.
4.9.2 Elaboração da ficha de avaliação
Em seguida a esses estudos, foi elaborada uma ficha para cada participante, com as
seguintes informações: identificação do participante por letras e números (P1 até P11), idade,
seqüência de avaliação dos assentos e seqüência de realização das atividades. Depois de
43
elaborada a ficha, procedeu-se a um sorteio, para definir a seqüência de avaliação dos
assentos e das atividades para cada participante. Após o sorteio, as informações foram
digitadas na ficha de avaliação (Apêndice B).
Para cada participante, foram impressas três fichas, as quais eram distribuídas entre a
pesquisadora e dois auxiliares de coleta de dados: um auxiliar ficava no computador,
operacionalizando o Conformat, enquanto o outro cronometrava e anotava o tempo
despendido para a realização das atividades.
A pesquisadora e os auxiliares tinham a ordem das atividades nessa folha, e anotavam
os resultados das atividades à medida que eram realizadas.
Depois da elaboração das fichas, a sala era preparada com os equipamentos
necessários.
A cada dia de coleta, o sensor de mapeamento de pressão era calibrado, conforme
especificado no manual da Tekscan.
4.9.3 Calibração do sensor de mapeamento de pressão
O sensor Conformat possuía um sistema de calibração a vácuo modelo VB5A.
A calibração da pressão é uma função do equipamento que permite normalizar e
calibrar o sensor, por meio da aplicação de uma pressão uniforme ao sensor inteiro.
O Conformat deve ser calibrado de acordo com o seu uso. Segundo o Manual da
Tekscan (2004), a calibração a vácuo precisa ser feita uma vez por mês, uma vez por semana
ou diariamente, dependendo do uso do equipamento.
Neste trabalho, a calibração a vácuo foi feita diariamente, a cada manhã de coleta de
dados, para garantir uma melhor captação de dados, sem interferências. Todas as calibrações
foram salvas no software do sensor de pressão.
A calibração do sensor foi realizada em três etapas.
1ª etapa
A primeira etapa servia para retirar a rigidez do sensor.
O sensor foi colocado dentro do saco plástico do vácuo (Figura 6) e este foi ligado à
bomba, por meio de uma cânula de plástico (Figura 7).
44
Figura 6 Saco plástico do vácuo com cânula onde a bomba é conectada, e colocação do
sensor dentro do saco do vácuo
Figura 7 Bomba de vácuo que é ligada ao saco plástico, vista frontal e lateral, e cânula de
ligação entre a bomba e o saco do vácuo
A interface do sensor também foi conectada à saída Universal Serial Bus (USB) do
computador (Figura 8). O computador estava ligado, com o software do sensor e a tela de
captura abertos.
Figura 8 - Interface do sensor, ao lado esquerdo da foto, com saída USB para o computador
A bomba foi ligada, então, sempre com a atenção no medidor digital que existe em
cima da bomba (Figura 9).
Interface da
almofada com
saída USB
45
Figura 9 – Medidor localizado em cima da bomba de vácuo
Ao ser ligado, o medidor marcava uma pressão de -3,0, +3,0 milímetros de mercúrio
(mmHg), pressão mínima estabelecida pelo manual do aparelho para ligar a bomba.
Ligado o medidor e a bomba, o medidor era regulado a 180 mmHg por uma válvula
situada na parte traseira da bomba (Figura 10).
Figura 10 - Válvula que regula o medidor da bomba
Ao chegar a esse valor ou a um valor aproximado, essa pressão foi mantida por um
minuto. Em seguida, a pressão foi reduzida ao mínimo pela válvula e a bomba foi desligada.
Para ligar novamente a bomba, esperou-se um minuto. Esse processo foi repetido quatro
vezes.
Segundo o manual do aparelho (TEKSCAN, 2004), esse procedimento é necessário
para retirar a rigidez do sensor e para que este se torne sensível a qualquer pressão que vier a
receber. O valor de 180 mmHg foi usado, pois é o maior valor dos três pontos de calibração.
Nesse processo, foi dada a devida atenção à tela do computador, para observação da
pressão que o software marcava. As quatro calibrações de 180 mmHg tiveram valores
Válvula que
regula o
medidor
46
semelhantes, na tela do computador, sendo que as duas últimas calibrações chegaram ao valor
ideal na tela do computador mais rapidamente.
2ª etapa
Depois de terminada a primeira etapa, a pressão da bomba era sincronizada com a
pressão do software, em três pressões estabelecidas (TEKSCAN, 2004).
A tela de calibração do software do computador foi aberta e digitado como calibração
1 o valor da primeira calibração: 40 mmHg. Simultaneamente, foi regulado o medidor com 40
mmHg. Quando o medidor chegou ao valor exato, foi teclado o botão de calibração do
software (Figura 11).
Figura 11 – Tela de calibração do software
Nesta etapa, o software demorava noventa segundos para realizar a calibração.
Segundo o manual, esse tempo é necessário para que o sensor se acostume a essa pressão.
Após os noventa segundos, a bomba era desligada e permanecia assim por um minuto.
A segunda pressão aplicada foi de 110 mmHg. O mesmo procedimento foi realizado, e
esperou-se um minuto para começar o próximo procedimento.
A terceira pressão a ser aplicada foi de 180 mmHg, com o mesmo procedimento.
Depois de calibrado com as três pressões, um arquivo de calibração foi salvo no
software do computador (comando SAVE CAL FILE). Esse arquivo de calibração tem que
ser carregado, quando o sensor de mapeamento de pressão for usado com algum indivíduo.
Tela de
calibração do
software do
equipamento
47
3ª etapa
Depois de calibrado e salvo o arquivo de calibração, a calibração era conferida, para
verificar-se se realmente era fidedigna.
Portanto, o arquivo de calibração, salvo na outra etapa, era carregado (comando
LOAD CAL FILE), a bomba de vácuo foi ligada e o medidor regulado a uma pressão de 110
mmHg. Essa pressão foi aplicada, pois é a pressão média de calibração do software junto à
bomba de vácuo. Essa pressão foi mantida por cerca de noventa segundos.
Nesse procedimento, era mantida a atenção na tela do computador que mostrava a
pressão aplicada no sensor. Após noventa segundos, a pressão do software coincidiu com a
pressão no medidor da bomba. Portanto, a pressão de calibração estava correta.
Nesta etapa, o manual da Tekscan relata que, se após noventa segundos a pressão da
bomba marcar o mesmo valor da tela do computador ou dez por cento dentro do valor de 110
mmHg, a calibração foi realizada com sucesso. Caso contrário, outra calibração deve ser
realizada (TEKSCAN, 2004).
A calibração do sensor Conformat foi feita conforme as instruções existentes no
manual do equipamento e por meio de informações fornecidas pelos engenheiros da Tekscan,
via e-mail.
Os três pontos de calibração foram estudados por engenheiros da Tekscan e são
valores que dão maior fidedignidade aos resultados de coleta de dados de pressão.
Quanto à configuração do software, foram usados os valores padrões do próprio
software. A única mudança ocorreu na conversão de unidades de mensuração: como unidade
de comprimento foi usado o centímetro (cm), como unidade de força foi usado o quilograma-
força (Kg/f) e como unidade de pressão foi usado o milímetro de mercúrio (mmHg).
O ajuste de sensibilidade usado foi padrão e o valor de limiar de ruídos foi três (3).
Esses parâmetros foram encontrados no próprio software do sensor.
Após a calibração correta do sensor, o aparelho foi usado normalmente.
4.9.4 Montagem do ambiente de coleta
Após a calibração, a almofada com sensores de mapeamento de pressão era colocada
na cadeira do estudo. A interface do sensor e os fios eram presos à lateral da cadeira para
maior segurança do equipamento e dos participantes do estudo.
48
Na seqüência, a interface era conectada a um Universal Serial Bus (USB) portátil que
possibilitou a aquisição dos dados e a sua transferência para o software do computador, a fim
de registrar os dados necessários.
A cadeira utilizada era regulada de acordo com as medidas antropométricas de cada
participante.
Antes da coleta, era pedido aos participantes que usassem roupas de malhas,
confortáveis e de tecidos flexíveis, para que a vestimenta não interferisse na coleta do
mapeamento de pressão.
4.10 Situação experimental
A coleta de dados constou de duas situações experimentais:
a) Assento rígido de madeira
O participante era posicionado na cadeira, e esperava-se cerca de três minutos para que
adequasse sua postura (NWAOBI, 1987; MYHR et al., 1995). Depois dessa adequação, era
feito um registro no modo retrato do sensor de mapeamento de pressão.
Em seguida, a pesquisadora instruía o participante em relação às atividades. A
pesquisadora permanecia o tempo todo da coleta sentada à frente do participante, para dar as
informações necessárias para a execução das atividades. O participante iniciava cada
atividade ao sinal da pesquisadora e, simultaneamente, era acionado o registro da captura da
pressão no assento, a qual era interrompida ao término de cada atividade, em modo de filme.
b) Assento flexível de lona
O participante era posicionado na cadeira com o assento flexível de lona e o mesmo
procedimento era realizado.
O estudo foi randômico, por sorteio, feito antes da coleta de dados, sendo os dados
anotados na ficha do participante, para que fosse diminuída a porcentagem de erros e para que
os possíveis erros que pudessem ocorrer não se devessem à aprendizagem da atividade em
determinado tipo de assento (NWAOBI et al., 1983).
A pontuação das atividades era anotada pela pesquisadora e por um auxiliar de coleta
de dados, na ficha de cada participante.
Os dados do Conformat eram salvos no computador para cada participante e
nomeados, por assento e atividades, por um segundo auxiliar.
49
4.11 Procedimento para análise de dados
O desempenho dos alunos foi analisado por meio da pontuação das atividades
realizadas pelos participantes, de acordo com os autores McClenaghan, Thombs e Milner
(1992). Todas as atividades foram pontuadas, tendo sido examinado se o tipo de assento
utilizado influenciou no desempenho das atividades.
Para a análise dos dados, fez-se uma mensuração da pontuação em cada atividade.
Cada atividade foi pontuada de acordo com a complexidade de sua realização.
Nesse sentido, Bunchaft e Cavas (2002) utilizaram uma definição de mensuração de
Campbell, que relatou que medir é a atribuição de números a propriedades de objetos ou
eventos de acordo com certas regras que podem ser comprovadas empiricamente. Esses
pesquisadores enfatizaram que o que se deve medir são as propriedades dos objetos, por meio
de seus comportamentos observáveis. Porém, os números devem ser atribuídos na medida em
que há a equivalência entre o processo de mensuração e a realidade.
As atividades de dar toques com os dedos linear e em curva foram consideradas de
fácil realização, pois exigiam menor habilidade motora fina. Dessa forma, foi determinado
que, para cada uma dessas atividades, o participante poderia atingir valor máximo de 10
pontos. Nessas duas atividades, a pontuação máxima era atribuída, quando o participante fazia
4 gols, porque foi o número máximo conseguido pelos participantes nas duas atividades
(Tabela 1).
Tabela 1- Pontuação das atividades de dar toques com os dedos linear e em curva
Quantidade de gols Pontuação atribuída
4 10
3 7,5
2 5
1 2,5
0 0
Na atividade de pegar bolinhas de gude, notou-se o menor tempo de realização da
atividade entre os participantes. Os participantes que marcaram 180 segundos não
conseguiram realizar a atividade. Esta também foi pontuada de 0 a 10 (Tabela 2).
50
Tabela 2 - Pontuação da atividade de pegar bolinhas de gude
Tempo de realização em
segundos
Pontuação atribuída
0 - 30 10
31 – 60 7,5
61 - 90 5
91 - 130 2,5
131 - 180 0
Na atividade do prendedor de roupa e de pressionar com o polegar, a pontuação
máxima atribuída foi de 20 pontos em cada atividade. Essas atividades foram consideradas de
média complexidade, visto que a do prendedor exigia força de preensão fina, para pregar os
prendedores, enquanto a de pressionar com o polegar exigia a oponência de polegar, para
apertar o acionador de luz. Esses dois movimentos são considerados difíceis para alunos com
paralisia cerebral (Tabelas 3 e 4).
Tabela 3 - Pontuação da atividade do prendedor de roupa
Tempo de realização em
segundos
Pontuação atribuída
0 - 30 20
31 – 60 15
61 - 90 10
91 - 130 5
131 - 180 0
Tabela 4 - Pontuação da atividade de pressionar com o polegar
Número de apertos Pontuação atribuída
Mais de 20 20
16 - 20 15
11 - 15 10
6 - 10 5
0 - 5 0
A atividade do traçado com o lápis foi tomada como de maior complexidade, porque
os participantes tinham que contornar uma linha, um triângulo e um círculo. Portanto, tal
atividade era a que mais exigia coordenação fina dos participantes. Por isso, a pontuação
máxima dessa atividade era 30 pontos (Tabela 5).
51
Tabela 5 - Pontuação da atividade do traçado com o lápis
Tempo de realização em
segundos
Pontuação atribuída
0 - 40 30
41 - 80 22,5
81 - 120 15
121 - 160 7,5
Mais de 161 0
A soma das seis atividades totalizaria no máximo 100 pontos. As mensurações foram
efetuadas para os dois assentos, em todas as atividades.
Quanto à análise de pressão, esta foi realizada pelo seu respectivo programa no
computador, e os resultados foram comparados com os tipos de assento usados para a
realização das atividades propostas.
Foram levados em conta os valores da média do pico de pressão (em milímetros de
mercúrio mmHg) e a média da área de contato (em centímetros quadrado cm
2
). Esses
valores foram obtidos para cada participante, para cada assento e em cada atividade.
A análise dos dados foi realizada qualitativamente e foi comparado em qual assento
era exercida maior pressão para todos os participantes. Assim também foi feito com a área de
contato. A pressão e a área de contato também foram examinadas por atividade, para cada
participante.
52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Desempenho total nas atividades dos 11 participantes do estudo nos assentos de lona
e madeira
Sete participantes realizaram as atividades, primeiramente no assento de madeira: P2,
P3, P6, P7, P8, P9 e P11. Quatro participantes começaram no assento de lona: P1, P4, P5 e
P10. A seqüência dos assentos foi disposta aleatoriamente.
Foi feita a soma da pontuação dos participantes nas seis atividades, nos assentos de
lona e madeira, para comparar em qual assento os alunos obtiveram melhor desempenho
(Tabela 6).
Tabela 6 - Pontuação total das seis atividades dos participantes nos assentos de lona e madeira
Participantes
Pontos na lona Pontos na madeira
P1
97,5 100
P2
80 77,5
P3
22,5 20
P4
35 47,5
P5
67,5 65
P6
87,5 85
P7
20 12,5
P8
62,5 62,5
P9
75 72,5
P10
87,5 92,5
P11
52,5 50
De acordo com a Tabela 6, pode-se observar que os participantes P1, P4 e P10 tiveram
menor pontuação, no assento de lona. Portanto, seu melhor desempenho foi no assento de
madeira.
Os participantes P2, P3, P5, P6, P7, P9 e P11 tiveram maior pontuação, no assento de
lona, no qual mostraram melhor desempenho. Somente o participante P8 obteve igual
pontuação em ambos os assentos.
Esse fato contradiz os relatos encontrados na literatura, que dão conta de que, em
assentos flexíveis, o tronco de indivíduos com prejuízos motores tende a ficar instável, o que
prejudica funções como as de membros superiores (LANZETTA et al., 2004; LACOSTE et
al., 2006).
53
Vários estudos relataram o desempenho de membros superiores em relação à
instabilidade do assento.
Cholewicki, Polzhofer e Radebold (2000) observaram que, quanto mais instável a
superfície, pior o equilíbrio e, posteriormente, pior o desempenho de membros superiores.
Aissaoui et al. (2001) apontaram que as almofadas de assento podem afetar o
equilíbrio, durante tarefas de alcance, que são importantes no dia-a-dia de indivíduos
cadeirantes.
Lanzetta et al. (2004) concluíram que, em superfícies instáveis, o tronco fica instável,
o que atrapalha o desempenho de membros superiores de indivíduos com alterações motoras.
Por conseguinte, apesar de as pesquisas existentes não explicarem porque a
coordenação melhora em assentos flexíveis e instáveis, isso pode ser decorrente do conforto
propiciado pelo assento de lona. Nesse sentido, Buffington, MacMurdo e Ryan (2006)
relataram que a destreza manual é melhor, quando indivíduos se sentam em uma posição
confortável.
Porém, a ordem dos assentos parece ter interferido na pontuação total dos
participantes. O que pôde ser observado foi que P2, P3, P6, P7, P9 e P11, os quais começaram
as atividades no assento de madeira, tiveram maior pontuação no assento de lona. E os
participantes P1, P4 e P10, que começaram as atividades no assento de lona, obtiveram maior
pontuação no assento de madeira, com exceção do P8 que pontuou igualmente nos dois
assentos e P5, que começou as atividades no assento de lona e pontuou melhor neste mesmo
assento.
Tal situação também se mostrou contraditória, pois, foi realizado um sorteio de
escolha dos assentos para que não houvesse erros, em relação à aprendizagem das atividades
com a ordem dos assentos. Além disso, os alunos foram orientados quanto à realização das
atividades antes da coleta de dados e estavam familiarizados com elas. Ainda, a
aprendizagem, de um modo imediato, de alunos com paralisia cerebral pode estar dificultada
pelos seus déficits motores (EWEN; SHAPIRO, 2006; JASEJA, 2007).
Verificou-se, ainda, nos resultados, que a maioria dos participantes teve dificuldades
na realização das atividades propostas, como foi mostrado na Tabela 6. As principais
limitações nos indivíduos com paralisia cerebral, as quais podem acarretar problemas durante
a execução de atividades manuais com os membros superiores, estão relacionadas ao alcance,
preensão e manipulação. Tais limitações podem ser decorrentes de comprometimentos
motores, sensoriais e perceptuais. Entre os comprometimentos neuromusculares, podem ser
54
mencionados a fraqueza, a espasticidade, as sinergias anormais, o desequilíbrio muscular e a
incoordenação (FINNIE, 2000).
As dificuldades encontradas na realização de atividades pelas crianças com paralisia
cerebral também podem ter origem cognitiva. A paralisia cerebral pode vir acompanhada de
déficits de atenção e aprendizagem (VERMEER; NIJHUIS; DE VRIES, 1991; NICHOLSON;
ALBERMAN,1992; EWEN; SHAPIRO, 2006; JASEJA, 2007).
Em relação ao quadro que os participantes deste trabalho apresentavam, os
participantes P1, P4 e P10 que tiveram maior pontuação no assento de madeira, foram
classificados na GMFCS como graus II, II e I, respectivamente.
Os participantes P4 e P10, que eram hemiparéticos, obtiveram uma pontuação ainda
menor que o participante P1, que era diplégico.
Dellatolas et al. (2005) ressaltaram que 30% das crianças hemiplégicas de seu estudo
tinham limitações no membro superior não afetado, enquanto 70% dos diplégicos exibiam
déficits nos dois membros superiores. Damiano et al. (2006) compararam crianças
hemiplégicas e diplégicas, e concluíram que acentuadas diferenças entre elas, em vários
aspectos motores, na realização e participação de atividades e na qualidade de vida dessas
crianças. Essa investigação mostrou, igualmente, que os indivíduos com hemiplegia no grau I
apresentaram pobre desempenho de membros superiores, principalmente na escola, em
comparação com indivíduos com diplegia. Já os indivíduos com hemiplegia do grau II
tiveram mais pontos, em uma sub-escala de mensuração de atividades de membros superiores.
Na pontuação mostrada na Tabela 6, pôde-se constatar que os participantes que
fizeram a menor pontuação foram P3 e P7. Os dois participantes apresentavam grau V na
GMFCS. Esse fato é condizente com a literatura, para a qual indivíduos de grau V possuem
maiores limitações motoras (PALISANO et al., 1997; OSTENJO; CARLBERG;
VOLLESTAD, 2003; VOORMAN et al., 2006).
Por outro lado, P6 também tinha paralisia cerebral do tipo quadriparesia espástica,
com grau V na GMFCS. No entanto, ele obteve pontuação alta. Tal fato é contraditório com
respeito à literatura encontrada, visto que os trabalhos indicam que indivíduos com quadros
mais graves possuem menor desempenho de membros superiores. Porém, ele pode ter-se
diferenciado dos outros participantes com o mesmo nível, pelo seu grau de espasticidade, o
que não foi medido neste estudo. Além disso, indivíduos que possuem uma mesma
classificação na GMFCS podem não apresentar as mesmas características e padrões de
movimentos (DAMIANO et al., 2006). A diferença pode ainda ser explicada pela diferença
nas limitações cognitivas que existem entre os indivíduos com paralisia cerebral.
55
Os participantes P2, P5, P9 e P11 apresentavam graus II, I, I e III na GMFCS,
respectivamente. Esses participantes tiveram melhores pontuações em ambos os tipos de
assentos. A literatura revela que indivíduos com esses graus, na GMFCS, podem ter bom
desempenho de membros superiores (PALISANO et al, 1997; OSTENJO; CARLBERG;
VOLLESTAD, 2003; DAMIANO et al., 2006).
5.2 Desempenho nas seis atividades de cada participante, nos assentos de lona e madeira
Como pôde ser observado, a capacidade de controle da posição do corpo em crianças
com paralisia cerebral es prejudicada. Quando isso acontece, ao mover os braços, essas
crianças costumam apresentar uma desestabilização do restante do corpo. A coordenação
entre os movimentos dos membros e a postura é importante para uma estabilidade e para a
harmonia de movimento que está sendo executado (SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT,
2003). Portanto, notaram-se dificuldades dos alunos na realização das atividades manuais
propostas neste trabalho.
O Gráfico 1 indica que o participante P1 obteve menor pontuação na atividade de dar
toques com os dedos em curva, no assento de lona. Nas outras atividades, o participante
realizou pontuação máxima em ambos os assentos.
Desempenho do P1 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
lona
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Gráfico 1– Comparação do desempenho do participante P1 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira
56
O participante P1 apresentava paralisia cerebral do tipo diparesia espástica. Na
diparesia, ocorre maior acometimento de membros inferiores, mas os membros superiores
também podem estar acometidos de forma mais leve e variável (BOBATH; BOBATH, 1989;
GAUZZI; FONSECA, 2004).
A atividade de dar toques com os dedos em curva exigia coordenação e dissociação de
dedos. Eliasson et al. (1992) relatou que indivíduos com paralisia cerebral têm dificuldades de
coordenação e de manipulação de objetos.
De acordo com o Gráfico 2, o participante P2 obteve menor pontuação no assento de
lona na atividade de dar toques com os dedos linear. Na atividade de pressionar com o
polegar, o participante fez maior pontuação no assento de lona. Nas outras atividades, o
participante teve pontuação igual nos dois assentos.
Desempenho do P2 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
lona
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Gráfico 2– Comparação do desempenho do participante P2 nas seis atividades nos assentos de
lona e madeira
O participante P2 apresentava paralisia cerebral do tipo diparesia espástica. Na
diparesia também aparece dificuldades de coordenação para execução de movimentos rápidos
como a realização da oponência do polegar e, os reflexos tendíneos podem estar hiperativos
(GAUZZI; FONSECA, 2004).
De acordo com o Gráfico 3, o participante P3 teve maior pontuação no assento de
lona, na atividade de dar toques linear. Nas atividades do prendedor de roupa e de pressionar
com o polegar, o participante não pontuou nos dois tipos de assentos.
57
Desempenho do P3 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
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madeira
Gráfico 3 Comparação do desempenho do participante P3 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O participante P3 apresentava quadriparesia espástica. A forma quadriparética
caracteriza-se pelo aumento do tônus dos músculos extensores e adutores de membros
inferiores e flexora de membros superiores. Os membros superiores são os mais acometidos e,
geralmente, exibem diminuição do tônus de musculatura cervical e tronco (GAUZZI;
FONSECA, 2004). Assim, esse participante foi classificado no grau V na GMFCS, o que
pode representar a dependência total desse indivíduo para a locomoção (PALISANO et al.,
1997).
A atividade de dar toques com os dedos linear, na qual o participante P3 demonstrou
maior dificuldade, exigia um planejamento da força que ele tinha que aplicar na bolinha, para
a realização do gol. Gordon, Charles e Duff (1999) observaram que ocorre uma perda do
controle antecipatório da força, em crianças com paralisia cerebral, nos membros que estão
comprometidos. Os autores relatam que isso ocorre, provavelmente, pela disfunção sensorial e
perceptual dessas crianças.
De acordo com o Gráfico 4, o participante P4 obteve maior pontuação no assento de
lona na atividade de dar toques com os dedos linear. Nas atividades de pegar bolinhas de gude
e do traçado com o lápis, o participante teve maior pontuação no assento de madeira. Nas
atividades do prendedor de roupa e pressionar com o polegar, o participante não pontuou.
58
Desempenho do P4 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
lona
madeira
Gráfico 4 Comparação do desempenho do participante P4 nas seis atividades, nos assentos
de lona e madeira
O participante P4 apresentava hemiparesia. Foi observado que as atividades do
prendedor de roupa e de pressionar com o polegar foram as mais difíceis de ser realizadas.
Para Krumlinde-Sundholm e Eliasson (2002), crianças com paralisia cerebral
hemiplégica podem exibir deficiências sensoriais táteis e perceptuais em suas mãos, além de
problemas motores. Os autores também relataram que a sensibilidade e a percepção deficiente
estão relacionadas à destreza, o que, em alguns casos, pode levar a inibição no uso funcional
da mão comprometida.
Neste trabalho, os alunos com hemiparesia realizaram as atividades com a mão não-
comprometida, pois o foco estava na realização das atividades de acordo com o assento
utilizado. Nesse sentido, Gordon, Charles e Duff (1999), Sugden (2000), Ricken, Bennett e
Savelsbergh (2005) e Mackey, Walt e Stott (2006) observaram que crianças com hemiplegia
também apresentam leves déficits no membro superior não-comprometido.
Gordon, Charles e Duff (1999) enfatizaram que existem déficits na mão não-
comprometida de crianças com hemiplegia, e a informação sensorial dessa mão pode ser
utilizada durante a escala de força antecipatória da mão comprometida. Tal situação sugere a
falta de controle antecipatório dessas crianças.
Portanto, o fato de o participante P4 ter zerado nas atividades do prendedor de roupa e
pressionar com o polegar poderia ser atribuído ao déficit no membro não-comprometido.
59
De acordo com o Gráfico 5, o participante P5 teve maior pontuação no assento de
madeira, nas atividades dar toques com os dedos em curva, pegar bolinhas de gude e, traçado
com o lápis. Nas atividades prendedor de roupa e pressionar com o polegar, o participante fez
maior pontuação no assento de lona.
Desempenho do P5 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
lona
madeira
Gráfico 5 Comparação do desempenho do participante P5 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
As dificuldades do participante P5 se devem às dificuldades de coordenação para
executar movimentos rápidos e dificuldades na oponência do polegar, em indivíduos com
diplegia espástica (GAUZZI; FONSECA, 2004).
Conforme o Gráfico 6, o participante P6 teve maior pontuação na atividade de dar
toques com os dedos linear, no assento de lona. Nas outras atividades, o participante pontuou
igualmente, em ambos os tipos de assentos.
60
Desempenho do P6 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
lona
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Gráfico 6 Comparação do desempenho do participante P6 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O participante P6 apresentava quadriparesia espástica. Para Shumway-Cook e
Woollacott (2003), indivíduos com paralisia cerebral têm problemas de controle motor que
afetam as características inerentes do sistema músculo-esquelético, os quais, por sua vez,
provocam problemas de coordenação de membros superiores. Te Velde et al. (2005)
observaram que esses indivíduos possuem déficit de planejamento e controle motor para
realizar atividades. Por conseguinte, esse fato explica a dificuldade na realização das
atividades.
Segundo o Gráfico 7, o participante P7 fez maior pontuação na atividade do traçado
com lápis, no assento de lona. Nas outras atividades, o participante teve pontuação igual, nos
dois tipos de assentos. Nas atividades de pegar bolinhas de gude, prendedor de roupa e
pressionar com o polegar, o participante não pontuou nos dois tipos de assentos.
61
Desempenho do P7 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
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Gráfico 7 Comparação do desempenho do participante P7 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O participante P7 tinha grau V na GMFCS e diparesia espástica. A atividade do
traçado com o lápis exigia alto vel de coordenação para que o participante contornasse as
três figuras. Portanto, tal fato coincidiu com a literatura, para a qual o movimento de pinça
está limitado nas crianças com paralisia cerebral (ELIASSON et al., 2006). Além disso,
indivíduos com paralisia cerebral têm movimentos lentos, maior amplitude e menor acurácia
em atividades que exigem maior coordenação (VOLMAN, 2005).
De acordo com o Gráfico 8, o participante P8 teve igual pontuação nas atividades, nos
dois tipos de assentos utilizados.
62
Desempenho do P8 nas atividades nos assentos de
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Atividades
Pontos
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Gráfico 8 Comparação do desempenho do participante P8 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O fato de o participante P8 ter obtido a mesma pontuação, nos dois tipos de assentos,
encontra explicação em Palisano et al. (2006), que relatou que indivíduos classificados em um
mesmo grau da GMFCS podem apresentar características diferentes.
Conforme os dados do Gráfico 9, o participante P9 teve pontuação máxima, de 10
pontos, na atividade de dar toques com os dedos linear, no assento de lona. Nas outras
atividades, o participante teve pontuação igual nos dois tipos de assentos utilizados.
63
Desempenho do P9 nas atividades nos assentos de
lona e madeira
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Atividades
Pontos
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Gráfico 9 Comparação do desempenho do participante P9 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O participante P9 apresentava paralisia cerebral do tipo hemiparesia espástica e estava
classificado em grau I na GMFCS. A paralisia cerebral hemiplégica se caracteriza por déficit
motor e espasticidade em um hemicorpo (GAUZZI; FONSECA, 2004). Como salientam
Palisano et al. (2006), indivíduos classificados com um mesmo grau na GMFCS podem
apresentar características diferentes. Porém, é possível que algum déficit cognitivo pode ter
influenciado na realização das atividades. No entanto, isso não pôde ser comprovado, pois
este trabalho não avaliou o aspecto cognitivo dos participantes.
No Gráfico 10, constata-se que o participante P10 teve maior pontuação no assento de
lona, nas atividades de pressionar com o polegar. As atividades em que obteve maior
pontuação no assento de madeira foram: dar toques com os dedos linear, dar toques com os
dedos em curva e do prendedor de roupa. Na atividade de pegar bolinhas de gude e do
traçado com o lápis, o participante teve igual pontuação nos dois tipos de assentos.
64
Desempenho do P10 nas atividades nos assentos
de lona e madeira
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Pontos
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Gráfico 10 – Comparação do desempenho do participante P10 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O participante P10 também apresentava hemiparesia espástica de grau I. Indivíduos
com hemiplegia podem ter limitações na mão não-comprometida, devido aos déficits
sensoriais e perceptuais (GORDON; CHARLES; DUFF, 1999; SUGDEN, 2000; MACKEY;
WALT; STOTT, 2006).
De acordo com o Gráfico 11, o participante P11 teve maior pontuação na atividade de
dar toques com os dedos linear, no assento de lona. Nas outras atividades, o participante
marcou a mesma pontuação, nos dois tipos de assentos.
65
Desempenho do P11 nas atividades nos assentos
de lona e madeira
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Atividades
Pontos
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Gráfico 11 – Comparação do desempenho do participante P11 nas seis atividades nos assentos
de lona e madeira
O participante P11, que tinha grau III na GMFCS, demonstrou maior dificuldade na
realização da atividade de dar toques com os dedos linear, no assento de madeira. Essa
atividade exigia dissociação de dedos e precisão, para que o indivíduo acertasse a bolinha no
gol. Em relação à realização de movimentos e à precisão, Brown et al. (1987) enfatizaram que
indivíduos com paralisia cerebral possuem movimento finos lentos e desajeitados.
5.3 Desempenho dos 11 participantes em cada atividade nos assentos de lona e de
madeira
Pelos dados do Gráfico 12, verifica-se que os participantes P3, P4, P6, P9 e P11
tiveram maior pontuação no assento de lona, na atividade de dar toques com os dedos linear.
Os participantes P3, P6, P9 e P11 começaram as atividades no assento de madeira e P4, no
assento de lona.
Nessa atividade, os participantes P2 e P10 obtiveram maior pontuação no assento de
madeira. O P2 começou as atividades no assento de madeira e P10, no de lona. Os
participantes P1, P5, P7, P8 pontuaram de modo igual, nos dois tipos de assentos.
O participante que teve menor pontuação, nessa atividade, foi o participante P7, que
apresentava diparesia espástica, de grau V na GMFCS. Depois do P7, o que menos pontuou
66
foi P3, o qual apresentava o mesmo quadro. Os participantes de grau I, que eram P5, P9 e
P10, pontuaram melhor nessa atividade.
Desempenho dos participantes na
atividade - Dar toques com dedos linear -
nos assentos de lona e madeira
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Participantes
Pontos
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Gráfico 12 – Desempenho dos 11 participantes na atividade de dar toques com os dedos linear
nos assentos de lona e madeira
Como pode ser observado no Gráfico 13, a pontuação na atividade de dar toques com
os dedos em curva foi semelhante para todos os participantes, nos dois tipos de assentos.
Os participantes P1, P5 e P10 pontuaram melhor no assento de madeira. Esses
participantes começaram as atividades no assento de lona. Os outros participantes obtiveram a
mesma pontuação, nos dois assentos. Nenhum participante pontuou zero nessa atividade.
Os participantes que tiveram menor pontuação, tanto no assento de lona como no de
madeira, foram P3, P4, P7 e P11. As maiores pontuações foram de P1, P2 e P10.
67
Desempenho dos participantes na
atividade - Dar toques com dedos em
curva - nos assentos de lona e madeira
0
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P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pontos
lona
madeira
Gráfico 13 Desempenho dos 11 participantes na atividade de dar toques com os dedos em
curva nos assentos de lona e madeira
As atividades de dar toques com os dedos linear e em curva exigiam planejamento e
coordenação motora fina, para sua realização. Apesar de alguns participantes realizarem a
pontuação máxima, nessas duas atividades, a maioria deles encontrou dificuldades. De sorte a
corroborar tais achados, Brown et al. (1987) destacaram que, durante a realização de
atividades que exigem manipulação motora fina, as crianças com paralisia cerebral
geralmente empregam vários dedos e realizam movimentos lentos e desajeitados. Harbourne
(2001), por seu turno, enfatizou que crianças com paralisia cerebral possuem menor
habilidade de aprender movimentos novos e têm diminuição da velocidade dos movimentos.
Além disso, essas crianças podem apresentar déficits de planejamento, de controle e de
cognição, o que prejudica a realização adequada das atividades (DUFF; GORDON, 2003; TE
VELDE et al., 2005; EWEN; SHAPIRO, 2006; JASEJA, 2007). Goodgold-Edwards (1991) e
Thorpe e Valvano (2002) afirmaram que estratégias cognitivas são baseadas em experiências
passadas, que nem sempre são oferecidas às crianças com paralisia cerebral, devido às suas
limitações motoras. Porém, quando o indivíduo é submetido a experiências anteriores, ele
pode se utilizar de estratégias adaptativas, para a realização da atividade (STEENBERGEN;
UTLEY, 2005).
Assim, os dados do estudo realizado condizem com a literatura, uma vez que os
participantes que tiveram menor desempenho, nessas atividades, tinham maior
comprometimento motor. Em relação ao déficit cognitivo, sabe-se que ele influencia na
68
realização de atividades, todavia, isso não pôde ser comprovado neste trabalho, visto que o
foram feitos testes para avaliação do aspecto cognitivo dos participantes.
Na atividade de pegar bolinhas de gude, nenhum participante obteve melhor
desempenho no assento de lona (Gráfico 14).
Os participantes P4 e P5 obtiveram melhor desempenho no assento de madeira. Esses
participantes realizaram as atividades, primeiramente, no assento de lona. Os outros
participantes obtiveram a mesma pontuação, nos dois assentos.
A situação que chamou a atenção, no Gráfico 14, foi que o participante P7 não
pontuou nos dois tipos de assentos. Esse participante tinha paralisia cerebral do tipo diparesia
espástica, com grau V.
Os participantes P1, P2, P6, P8, P9 e P10 obtiveram pontuação máxima nessa
atividade, nos dois assentos utilizados.
Desempenho dos participantes na
atividade - Pegar bolinhas de gude - nos
assentos de lona e madeira
0
5
10
15
20
25
30
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pontos
lona
madeira
Gráfico 14 Desempenho dos 11 participantes na atividade de pegar bolinhas de gude nos
assentos de lona e madeira
Na atividade de pegar bolinhas de gude, a preensão de precisão era necessária para a
sua realização.
Para Gesell e Amatruda (2000), a preensão é uma habilidade motora delicada,
caracterizada pelo emprego das mãos e dos dedos, na aproximação preensora dos objetos e
nos atos de pegá-los e manipulá-los.
Segundo Shumway-Cook e Woollacott (2003), existem dois tipos de movimentos de
preensão: a pegada de força e a pegada de precisão. A pegada de força se realiza entre os
dedos e a palma da mão, como, por exemplo, no ato de segurar uma alça de mala ou uma
69
garrafa. A pegada de precisão se entre os dedos e o polegar, como, por exemplo, ao se
segurar um lápis, uma agulha.
Como pôde ver observado, a maioria dos participantes deste estudo apresentou
dificuldades na realização da atividade de pegar bolinhas de gude, o que condiz com a
literatura, a qual indica que indivíduos com paralisia cerebral possuem dificuldades na
realização da preensão precisa (GORDON; DUFF, 1999b). Para Duff e Gordon (2003),
crianças com paralisia cerebral, principalmente com hemiplegia, apresentam disfunção na
preensão, como conseqüência de lesões no córtex sensório-motor e no tracto corticoespinhal.
Pode-se notar, no Gráfico 15, que o participante P5 obteve maior pontuação no assento
de lona, na atividade do prendedor de roupa. Por sua vez, o participante P10 teve maior
pontuação no assento de madeira, nessa mesma atividade. Os dois participantes começaram as
atividades no assento de lona.
Os participantes P3, P4 e P7 não pontuaram nos dois tipos de assentos. O participante
P3 apresentava quadriparesia espástica e P7, diparesia espástica, ambos com grau V, enquanto
P4 apresentava hemiparesia espástica, grau II.
Os participantes P1 e P2 tiveram pontuação máxima nos dois assentos nessa atividade.
Esses participantes apresentavam diparesia espástica, com grau II da GMFCS.
Desempenho dos participantes na
atividade - Prendedor de roupa - nos
assentos de lona e madeira
0
10
20
30
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pontos
lona
madeira
Gráfico 15 – Desempenho dos 11 participantes na atividade do prendedor de roupa, nos
assentos de lona e madeira
Na atividade do prendedor de roupa, os participantes necessitavam realizar uma
preensão digital. De acordo com Kapandji (2000a), existem três tipos de preensões: 1)
preensões digitais, nas quais se emprega apenas os dedos para a preensão; 2) preensões
70
palmares, que envolvem a participação dos dedos e da palma da mão; 3) preensões centradas,
que possibilitam uma simetria do eixo longitudinal da mão.
Além disso, eles necessitavam ter força nas pontas dos dedos para apertar o prendedor.
Como se mencionou, anteriormente, a preensão é um movimento de difícil realização para
indivíduos com paralisia cerebral, visto que possuem dificuldades na quantidade de força que
devem aplicar, para pegar ou apertar um objeto (GORDON; CHARLES; DUFF, 1999).
Pode ser verificado, no Gráfico 16, que os participantes P2, P5 e P10 tiveram melhor
desempenho no assento de lona, na atividade de pressionar com o polegar. O participante P2
começou a realizar as atividades no assento de madeira, enquanto P5 e P10 começaram no
assento de lona. Os demais realizaram a atividade sem diferenças de pontuação, nos dois tipos
de assentos. Os participantes P3, P4 e P7 pontuaram zero, em ambos os tipos de assentos. Os
participantes P1, P6 e P9 obtiveram a nota máxima, nos dois tipos de assentos.
Desempenho dos participantes na
atividade - Pressionar com o polegar - nos
assentos de lona e madeira
0
5
10
15
20
25
30
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pontos
lona
madeira
Gráfico 16 Desempenho dos 11 participantes na atividade de pressionar com o polegar nos
assentos de lona e madeira
A atividade de pressionar com o polegar exigia movimento de oponência do polegar.
Sabe-se que há limitações na dissociação de dedos, em crianças com paralisia cerebral, assim
como a lentidão, fraqueza e movimentos incoordenados de membros superiores (ELIASSON
et al., 2006).
As principais musculaturas que sofrem com a espasticidade em membros superiores
são flexores de ombro, extensores de cotovelo, extensores de punho e de dedos (BOBATH;
BOBATH, 1989; POTÉN et al., 2005).
71
Portanto, o punho desses indivíduos tende a ficar flexionado, o que impede a extensão
e dissociação dos dedos, para realização da oponência do polegar, o que pode justificar os
resultados deste estudo.
O Gráfico 17 mostra que os participantes P4 e P5 tiveram maior pontuação, no assento
de madeira, na atividade do traçado com o lápis. Esses participantes começaram as atividades
no assento de lona. O participante P7 teve melhor desempenho no assento de lona e realizou
as atividades primeiramente no assento de madeira. Os outros participantes pontuaram de
modo igual, nos dois tipos de assentos.
Na atividade do traçado com o lápis, nenhum participante obteve zero na pontuação;
ressalte-se que, os participantes P1, P6 e P10 tiveram a pontuação máxima (30 pontos), em
ambos os tipos de assento.
O participante que menor pontuou, nessa atividade, foi o P3, que tinha paralisia
cerebral do tipo quadriparesia espástica e grau V, na GMFCS.
Desempenho dos participantes na
atividade - Traçado com o lápis - nos
assentos de lona e madeira
0
5
10
15
20
25
30
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pontos
lona
madeira
Gráfico 17 – Desempenho dos 11 participantes na atividade do traçado com o lápis nos
assentos de lona e madeira
Para fazer a atividade do traçado com o lápis, era necessária coordenação e força de
preensão digital. Esses movimentos são realizados com dificuldades por indivíduos com
paralisia cerebral, devido às limitações motoras, sensoriais, perceptuais e de planejamento que
costumam apresentar. Além disso, indivíduos com paralisia cerebral realizam esses
movimentos mais lentos, com maior amplitude e com menor acurácia (VOLMAN, 2005).
72
5.4 Média do pico de pressão e da área de contato, na postura estática e durante a
realização das atividades dos 11 participantes, nos assentos de lona e madeira
A Tabela 7 mostra o pico de pressão, em milímetros de mercúrio (mmHg), de cada
participante nos dois assentos utilizados, enquanto os participantes não realizavam as
atividades, ou seja, mostra o pico na postura sentada estática.
O pico de pressão foi maior no assento de madeira, exceto para os participantes P9 e
P10, que apresentaram maior pico de pressão no assento de lona.
Tabela 7 - Comparação do pico de pressão dos participantes em mmHg, na forma de retrato,
nos assentos de lona e madeira
Participantes
Valores na
lona
Valores na
madeira
P1
90 297
P2
142 257
P3
266 522
P4
142 168
P5
88 254
P6
273 464
P7
99 328
P8
85 190
P9
239 226
P10
141 129
P11
324 348
Kochhann, Canali e Serafim (2004) relataram que a espasticidade, por causar
diminuição da mobilidade, pode provocar o aumento do pico de pressão, na superfície de
assento.
A Tabela 8 revela a área de contato, em centímetros ao quadrado (cm
2
), de cada
participante, nos dois assentos, na postura sentada estática. Pode ser observado que a área no
assento de lona foi maior, para a maioria dos participantes, exceto para os participantes P9 e
P10.
73
Tabela 8 - Comparação da área de contato dos participantes em cm
2
, nos assentos de lona e
madeira, na forma estática
Participantes
Valores na
lona
Valores na
madeira
P1
677,14 605,52
P2
1043,92 826,89
P3
638,07 614,2
P4
497 427,55
P5
384,15 364,61
P6
733,57 666,29
P7
868,13 763,95
P8
1072,14 944,09
P9
288,65 412,36
P10
377,64 425,38
P11
479,64 405,85
Os resultados também demonstraram que a área de contato foi maior no assento de
lona, o que significa que esse tipo de assento distribuiu melhor a pressão, na postura sentada
estática. Houve exceção dos participantes P9 e P10, que distribuíram melhor a pressão no
assento de madeira (Tabela 8).
Os gráficos que se seguem comparam a média do pico de pressão, em mmHg, e a
média da área de contato, em cm
2
, dos participantes, em relação aos assentos utilizados. Os
gráficos estão separados por atividades.
No Gráfico 18, pode-se perceber que os participantes P4 e P9 obtiveram um maior
pico de pressão no assento de lona, durante a atividade de dar toques com os dedos linear. Os
outros participantes tiveram o pico de pressão maior no assento de madeira.
74
Média do pico de preso em mmHg dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Dar toques com os dedos linear
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pico de pressão
LONA
MADEIRA
Gráfico 18 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos linear, nos assentos de lona e madeira
O Gráfico 19 mostra a área de contato nos dois assentos utilizados pelos 11
participantes, na atividade de dar toques com os dedos linear. Pode-se perceber que o
participante P9 obteve uma igual distribuição de pressão, nos dois tipos de assentos, nessa
atividade. Os outros participantes tiveram uma maior área de contato no assento de lona, ou
seja, os participantes distribuíram melhor a pressão nesse assento.
Média da área de contato em cm2 dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Dar toques com os dedos linear
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Área de contato
LONA
MADEIRA
Gráfico 19 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos linear, nos assentos de lona e madeira
75
O Gráfico 20 evidencia que os participantes P5 e P9 obtiveram um maior pico de
pressão no assento de lona, durante a atividade de dar toques com os dedos em curva. Os
outros participantes obtiveram maior pico de pressão no assento de madeira.
Média do pico de pressão em mmHg dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Dar toques com os dedos em curva
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pico de preso
LONA
MADEIRA
Gráfico 20 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos em curva, nos assentos de lona e madeira
No Gráfico 21, verifica-se a área de contato dos participantes nos dois assentos, na
atividade de dar toques com os dedos em curva. Nele, pode ser observado que o participante
P5 teve uma mesma área de contato, nos dois tipos de assentos. O participante P9 teve maior
área de contato no assento de madeira. O restante dos participantes obteve uma maior área de
contato no assento de lona.
76
Média da área de contato em cm2 dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Dar toques com os dedos em curva
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Área de contato
LONA
MADEIRA
Gráfico 21 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de dar toques com os dedos em curva, nos assentos de lona e madeira
O Gráfico 22 demonstra que, na atividade de pegar bolinhas de gude, apenas o
participante P9 apresentou maior pico de pressão no assento de lona. Todos os outros
participantes exibiram maior pico de pressão no assento de madeira.
Média do pico de preso em mmHg dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Pegar bolinhas de gude
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pico de preso
LONA
MADEIRA
Gráfico 22 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de pegar bolinhas de gude, nos assentos de lona e madeira
De acordo com os dados do Gráfico 23, somente o participante P9 teve maior área de
contato no assento de madeira, na atividade de pegar bolinhas de gude. O participante P10
77
obteve igual distribuição nos dois tipos de assentos usados. Os outros participantes tiveram
maior área de contato no assento de lona, nessa atividade.
Média da área de contato em cm2 dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Pegar bolinhas de gude
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Área de contato
LONA
MADEIRA
Gráfico 23 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de pegar bolinhas de gude, nos assentos de lona e madeira
O Gráfico 24 revela que, na atividade do prendedor de roupa, apenas o participante P5
teve maior pico de pressão no assento de lona. O participante P9 teve uma ligeira diferença,
para um maior pico de pressão no assento de madeira. Os outros participantes tiveram uma
maior pressão no assento de madeira.
Média do pico de preso em mmHg dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Prendedor de roupa
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pico de preso
LONA
MADEIRA
Gráfico 24 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade do prendedor de roupa, nos assentos de lona e madeira
78
O Gráfico 25 mostra que todos os participantes tiveram uma maior área de contato no
assento de lona, na atividade do prendedor de roupa.
Média da área de contato em cm2 dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Prendedor de roupa
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Área de contato
LONA
MADEIRA
Gráfico 25 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade do prendedor de roupa, nos assentos de lona e madeira
Pelo Gráfico 26, é possível verificar que, na atividade de pressionar com o polegar, os
participantes P3 e P11 tiveram semelhanças no pico de pressão, nos dois tipos de assentos
utilizados. O participante P9 teve maior pico de pressão no assento de lona. Os outros
participantes tiveram pico de pressão maior no assento de madeira.
Média do pico de preso em mmHg dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Pressionar com o polegar
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pico de pressão
LONA
MADEIRA
Gráfico 26 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade de pressionar com o polegar, nos assentos de lona e madeira
79
No Gráfico 27, pode-se perceber que somente o participante P9 teve maior área de
contato no assento de madeira na atividade de pressionar com o polegar. Os outros
participantes tiveram uma maior área de contato no assento de lona.
Média da área de contato em cm2 dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Pressionar com o polegar
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Área de contato
LONA
MADEIRA
Gráfico 27 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade de pressionar com o polegar, nos assentos de lona e madeira
O Gráfico 28 mostra que, na atividade do traçado com o lápis, os participantes P5 e P9
tiveram maior pico de pressão no assento de lona. Todos os outros participantes tiveram maior
pico de pressão no assento de madeira.
Média do pico de preso em mmHg dos
participantes nos assentos de lona e madeira na
atividade - Traçado com o lápis
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
400,00
450,00
500,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Pico de preso
LONA
MADEIRA
Gráfico 28 Comparação da média do pico de pressão em mmHg dos 11 participantes na
atividade do traçado com o lápis, nos assentos de lona e madeira
80
No Gráfico 29, pode ser observado que a área de contato, na atividade do traçado com
o lápis, foi maior no assento de madeira para o participante P5. Os outros participantes
tiveram maior área de contato no assento de lona.
Média da área de contato em cm2 dos participantes
nos assentos de lona e madeira na atividade -
Traçado com o lápis
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11
Participantes
Área de contato
LONA
MADEIRA
Gráfico 29 Comparação da média da área de contato em cm
2
dos 11 participantes na
atividade do traçado com o lápis, nos assentos de lona e madeira
Em relação aos valores de pico de pressão encontrados, todos foram maiores que 32
mmHg. Nesse sentido, Kochhann, Canali e Serafim (2004) observaram que pressões acima de
32 mmHg podem causar danos teciduais ao indivíduo. Os autores consideraram que esse valor
pode servir como parâmetro para mensurar a eficácia de superfícies de suporte, no alívio de
pressão. Porém, para ter danos teciduais, é preciso, além da alta pressão, longos períodos na
postura.
Em relação à postura estática e dinâmica, os resultados deste trabalho evidenciaram
que o pico de pressão foi maior, durante a realização das atividades, do que na postura
estática. Desse modo, confirmam-se as conclusões de Kernozek e Lewin (1998), os quais
indicaram que o pico de pressão é menor no sentar estático do que no dinâmico.
No que diz respeito à área de contato, os resultados mostraram que a maioria dos
participantes teve maior área de contato no assento de lona, devido à maior flexibilidade desse
assento, pois favorece a distribuição da pressão na superfície.
Apenas os participantes P9 e P10 tiveram maior área de contato no assento de madeira.
Esses participantes apresentavam grau I na GMFCS e não eram usuários de cadeira de rodas.
Talvez a situação tenha se invertido, nesses casos, devido às habilidades dos participantes em
realizar ajustes posturais com menor dificuldade, visto que não apresentavam grandes
limitações motoras. O índice de massa corpórea desses participantes pode ser fator
81
influenciador, porém, não pôde ser confirmado, porque esse dado não foi coletado neste
trabalho.
Em relação ao tipo de assento que realizou maior pressão, esta pesquisa revelou que o
assento de madeira teve maiores picos de pressão do que o assento de lona, aspecto que
coincidiu com a literatura, na qual se constata que o pico de pressão é maior em assentos mais
rígidos (KOO; MAK; LEE, 1996; MCLEOD, 1997; BURNS; BETZ, 1999; APATSIDIS;
SOLOMONIDIS; MICHAEL, 2002; OLIVEIRA et al., 2007).
Enfim, ainda é complicada a escolha necessária de um assento que promova
estabilidade, alívio de pressão e melhora do desempenho de membros superiores de alunos
com paralisia cerebral. Todavia, a escolha do assento deve unir todas as características para
que o aluno seja o mais beneficiado possível.
82
6 CONCLUSÃO
Este trabalho verificou a influência do tipo do assento na realização de atividades
lúdicas por alunos com paralisia cerebral espástica e examinou o pico de pressão e a área de
contato aplicada nos assentos de lona e madeira, durante a realização dessas atividades por
esses alunos.
Pôde-se concluir que todos os participantes apresentaram dificuldades na realização
das atividades, devido às suas limitações motoras. As duas atividades em que os participantes
tiveram maiores dificuldades foram: a do prendedor de roupa e a do traçado com o lápis, visto
que estas exigiram movimentos finos, força de preensão e coordenação, para sua realização
efetiva.
Foi possível observar, também, que a maioria dos participantes obteve maior
pontuação no assento de lona, fato contraditório com relação à literatura, uma vez que é
encontrado que, quanto mais instável a superfície de assento, pior a função de membros
superiores. No entanto, a pontuação total das atividades parece ter sido influenciada pela
ordem dos assentos, o que não aconteceu quando se observou a pontuação individual por
atividade. Por outro lado, existe a possibilidade de que os alunos estivessem acostumados à
realizar atividades no assento de lona, visto que permanecem longos períodos em cadeiras
com este assento.
Além disso, pôde ser verificado que a distribuição topográfica e a classificação da
GMFCS de cada aluno influenciaram igualmente na realização das atividades. Ficou evidente
que alunos classificados com um mesmo nível na GMFCS podem apresentar características
diferentes. Isto se deve ao grau de espasticidade de cada um e às características individuais de
cada participante.
Em relação à pressão e à área de contato distribuída nos assentos, pôde-se perceber
que o pico de pressão foi maior, para a maioria dos participantes, no assento de madeira e,
portanto, menor no assento de lona. Em contrapartida, a área de contato foi maior no assento
de lona, o que significa melhor distribuição de pressão nesse tipo de assento e,
conseqüentemente, menor pico de pressão.
A média do pico de pressão e da área de contato mudaram de acordo com cada
atividade e conforme cada participante. Isso pôde ser observado pela complexidade de cada
atividade.
Apesar de o pico de pressão ser maior no assento de madeira, por este ser rígido, tal
assento parece dar maior estabilidade postural a alunos com paralisia cerebral. Por sua vez, o
83
assento de lona, que parece ser mais confortável, gera maior instabilidade nos alunos por ser
flexível, toma a forma do corpo com o tempo e provoca ainda mais instabilidade postural.
Como foi visto, a instabilidade postural pode prejudicar as funções de membros superiores
desses alunos.
Diante dessa situação, pode-se prescrever cadeiras para alunos com paralisia cerebral
com alta e baixa tecnologia. No caso de alta tecnologia, o ideal seria um assento de espuma
digitalizada, o qual teria os moldes da superfície do corpo do indivíduo, distribuiria melhor a
pressão e daria maior estabilidade ao indivíduo. No caso de baixa tecnologia, o ideal seria um
assento com base rígida de madeira, revestido com espuma de maior densidade ou com
estofado mais denso. O revestimento melhoraria a distribuição da pressão, a base rígida daria
maior estabilidade e não permitiria ao assento tomar a forma do corpo do indivíduo.
Entretanto, para se ter certeza sobre qual assento é o melhor a ser indicado para alunos
com paralisia cerebral, outros trabalhos devem ser realizados, visando a outras variáveis,
como a oscilação do centro de pressão no assento, a visualização da pressão por quadrantes no
assento, o índice de massa corpórea de cada sujeito, a utilização de outros tipos de assentos e
a modificação das atividades realizadas. Além disso, também seria necessária uma avaliação
cognitiva precisa dos alunos, visto que um déficit cognitivo pode interferir na realização de
atividades.
No entanto, para o alívio da pressão, também é importante que os alunos sejam
mudados de postura constantemente. Para aqueles que não conseguem se manter em pé
sozinhos, seria interessante ensiná-los a técnica do push-up, na qual eles teriam que elevar a
região glútea da superfície com impulso dos membros superiores, aliviando assim a pressão
nessa região.
O trabalho efetivado, na investigação, mostrou-se relevante, pois trouxe informações
importantes sobre o posicionamento adequado de alunos com deficiência física e,
posteriormente, poderá servir como orientação para os professores de alunos com paralisia
cerebral, no sentido de orientar sobre qual o melhor mobiliário escolar para posicionar seus
alunos, na realização de atividades em sala de aula.
84
REFERÊNCIAS
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users with paraplegia. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, v. 82, p. 274-281,
Feb. 2001.
AKBAYRAK, T.; ARMUTLU, K.; GUNEL, M. K.; NURLU, G. Assessment of the short-
term effect of antispastic positioning on spasticity. Pediatrics International, v. 47, p. 440-
445, 2005.
ANDERSSON, B. J. G.; ÖRTENGREN, R.; NACHEMSON, A.; ELFSTRÖM, G. Lumbar
disc pressure and myoelectric back muscle activity during sitting. Scandinave Journal
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93
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12, 2003.
94
ANEXOS
ANEXO A - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciências
Marília, Unesp
95
96
ANEXO B - Aprovação do Projeto pelo Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES)
97
ANEXO C Descrição dos níveis da Gross Motor Function Classification System (GMFCS)
por Palisano et al. (1997)
NIVEIS DESCRIÇÃO
Nível I Indivíduos andam em lugares internos e
externos, sobem escadas sem limitações.
Realizam habilidades motoras grossas, como
correr e pular, mas com velocidade,
equilíbrio e coordenação reduzida.
Nível II Indivíduos andam em lugares internos e
externos, sobem escadas com apoio,
experimentam limitações, quando andam em
superfícies inclinadas e irregulares, mas
conseguem andar em multidões e espaços
confinados. Conseguem correr e pular.
Nível III Indivíduos andam em ambientes internos e
externos em um nível de superfície com um
mecanismo de mobilidade assistiva. Sobem
escadas com apoio. Podem movimentar suas
cadeiras de rodas sozinhos, dependendo da
mobilidade de membros superiores, ou
podem ser transportados por longas
distâncias e terrenos irregulares.
Nível IV Indivíduos usam cadeiras de rodas em
ambientes internos e externos. Podem
movimentar cadeiras de rodas elétricas
sozinhos.
Nível V Indivíduos com controle de movimentos
voluntários restritos e restrição da habilidade
da manter cabeça e tronco contra a
gravidade. Todas as áreas da função motora
estão limitadas. Limitações na postura
sentada e em pé, mesmo com mecanismos de
tecnologia assistiva; são dependentes para
mobilidade.
Fonte: Palisano et al. (1997, tradução nossa)
APÊNDICES
98
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNESP
MARÍLIA-SP
Estamos realizando uma pesquisa no Laboratório de Análise de Movimento, do
Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES), da Faculdade de Filosofia e Ciências,
Unesp, Marília, intitulada Desempenho de alunos com paralisia cerebral mediante dois
tipos de assentos, e gostaríamos que participasse da mesma. O objetivo desta pesquisa é
analisar o desempenho de alunos com paralisia cerebral espástica durante a realização de
tarefas motoras, e a sua relação com a distribuição de pressão em dois tipos de assentos.
Esta pesquisa é requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação junto ao
Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências, Unesp de
Marília, e está sob orientação da Professora Doutora Lígia Maria Presumido Braccialli,
docente do Departamento de Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação em
Educação desta unidade.
Participar desta pesquisa é uma opção e no caso de não aceitar participar ou
desistir em qualquer fase da pesquisa fica assegurado que não haverá perda de qualquer
benefício no tratamento que estiver fazendo nesta universidade.
Caso aceite participar deste projeto de pesquisa gostaríamos que soubessem que:
A) A criança participante da pesquisa será primeiramente avaliada mediante uma escala
padronizada (GMFM - Gross Motor Function Measurement), para verificação das
condições motoras das mesmas. Após essa etapa a criança será sentada em uma
cadeira construída para este estudo, com dois tipos de assentos diferentes, e com uma
almofada, a qual analisa pressão no assento. As crianças desenvolverão atividades
motoras que fazem parte de um protocolo construído pelos autores McClenaghan,
Milner e Thombs (1992). A criança será instruída para a realização dessas tarefas.
Com isso, será analisado se a realização das tarefas motoras do protocolo sofrem
influência com determinado tipo de assento, e, se a pressão no assento também é
influenciado de acordo com as atividades propostas. Então, após essas etapas, seja
qual for a conclusão a que se chegar, os resultados serão divulgados para fins
científicos, como em revistas e congressos. No caso do uso de fotografias para
ilustração do trabalho, deixa-se bem claro que, de maneira nenhuma, haverá a
identificação do sujeito de pesquisa, preservando sua identidade.
B) Esta pesquisa constará somente de avaliações para fins científicos, portanto, não fará
parte da pesquisa nenhum tipo de tratamento.
Eu, ___________________________portador do RG__________________ responsável
pelo(a) participante (comunidade)__________________________________ autorizo a
participar da pesquisa intitulada Desempenho de alunos com paralisia cerebral
mediante dois tipos de assentos a ser realizada na Unesp de Marília. Declaro ter recebido
as devidas explicações sobre a referida pesquisa e concordo que minha desistência poderá
ocorrer em qualquer momento sem que ocorra quaisquer prejuízos físicos, mentais ou no
acompanhamento deste serviço. Declaro ainda estar ciente de que a participação é
99
voluntária e que fui devidamente esclarecido (a) quanto aos objetivos e procedimentos
desta pesquisa.
Nome da criança (comunidade): _______________________________________________
Data: _______________________
Certos de poder contar com sua autorização, colocamo-nos à disposição para
esclarecimentos, através do (s) telefone (s) 14- 34921010 / 81384310 falar com Franciane ou
Professora Dra. Lígia.
ORIENTADORA RESPONSÁVEL PELA PESQUISA (Departamento de Educação
Especial)- Dra. Lígia Maria Presumido Braccialli
Discente, MESTRANDA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Franciane Teixeira de Oliveira.
Autorizo,
Data: ____/____/___
________________________
____________________________
(Nome do responsável)
100
APÊNDICE B – Exemplo da ficha de avaliação dos participantes
PARTICIPANTE 1 – LONA
Esperar 3 min - Retrato Conformat
1- ativ 4 – prendedor tempo total – espera de 1min.
2- ativ 6 – traçado tempo total – espera de 1 min
3-ativ 2 – futebol curva 10segundos
4- ativ 5 – pressionar polegar 15 segundos
5- ativ 1 – futebol reta 10 segundos
6- ativ 3 – bolinhas tempo total – espera de 1 min
PARTICIPANTE 1 - MADEIRA
Esperar 3 min - Retrato Conformat
1- ativ 5 – pressionar polegar 15 segundos
2- ativ 3 – bolinhas tempo total – espera de 1 min.
3- ativ 4 – prendedor tempo total – espera de 1min.
4- ativ 1 – futebol reta 10 segundos
5- ativ 2 – futebol curva 10segundos
6- ativ 6 – traçado tempo total – espera de 1 min
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