Download PDF
ads:
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Tonny Robert Martins da Costa
Responsabilidade social nas empresas: estudo dos índices das bolsas de valores
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
SÃO PAULO
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Tonny Robert Martins da Costa
Responsabilidade social nas empresas: estudo dos índices das bolsas de valores
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo, como exigência parcial
para obtenção do título de
MESTRE em Administração, sob
orientação do Prof. Dr. Onésimo
de Oliveira Cardoso.
SÃO PAULO
2007
ads:
ii
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Tonny Robert Martins da Costa
Responsabilidade social nas empresas: estudo dos índices das bolsas de valores
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
Banca Examinadora
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
SÃO PAULO
2007
vi
Agradecimentos
Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade
desta vida para o resgate de minhas dívidas
anteriores e aprender como evoluir espiritualmente.
Aos mestres espirituais, que me forneceram o
caminho para esta missão. A minha esposa pela
compreensão dos dias que faltei em estar presente
em sua vida. Aos doutores da PUC que
possibilitaram esta caminhada.
vi
RESUMO
COSTA, Tonny Robert Martins. Responsabilidade social nas empresas: estudo dos índices
das bolsas de valores. 2007. 184 folhas. Dissertação em Administração. Programa de Pós-
Graduação em Administração, PUC-SP, São Paulo.
Este trabalho vem discutir se o exercício da responsabilidade social é percebido pelos
investidores nas principais bolsas de valores do mundo. Trabalhamos os conceitos e evoluções
de responsabilidade social, sustentabilidade, governança corporativa, marketing social,
desenvolvimento sustentável, responsabilidade ambiental e tomamos como referência
inúmeros casos para análise. Verificamos os principais indicadores de responsabilidade social
e os modelos e estratégias utilizadas pela empresas na responsabilidade social. A governança
corporativa é trabalhada como estratégia que as empresas acabam incorporando em seus
planos e metas e tratamos os impactos da lei Sarbanes-Oxley (SOX) nesse processo, como a
cartilha CVM direciona as empresas em seu comportamento, a Bolsa de Valores Sociais
(BVS) e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa como expressões do ideal no
sistema empresarial. Apesar dos movimentos, estratégias e ações no sentido da
responsabilidade social, sustentabilidade e governança corporativa das empresas, existem
situações que demonstram exatamente uma posição contrária a esses movimentos. O relatório
de aquecimento global de Nicolas Stern e Uma Verdade Inconveniente de Al Gore
demonstram como estamos andando no sentido contrário. Da mesma forma, a Associação
Nacional de Executivos de Finanças (Anefac) em seus inúmeros relatórios, demonstram o
quanto a economia é drenada em seus recursos pelos juros exorbitantes. Os indicadores de
bem-estar social segundo Jean Gadrey e Florence Jany-Catrice mostram uma realidade
contundente com relação a vida, desenvolvimento humano, emprego e expectativa de vida de
forma desigual, assim como, os índices de concentração de renda demonstram um deserto de
renda para a maioria da população. O relatório Wider também vai na mesma direção,
demonstrando as desigualdades existentes. Identificamos também a Riqueza na Base da
Pirâmide (BOP) como forma de saída para as populações que não tem como se defender do
leão da fome, miséria e acúmulo de capital. Outro problema identificado está na governança
política que favorece as desigualdades, pois es baseada nas relações de influências e não na
obediência às leis. Chegamos após análise dos dados estatísticos de forma quantitativa e
qualitativa a conclusão de que não existe base suficiente para demonstrar que os apelos,
vi
problemas enfrentados e estratégias adotadas pelas empresas representem de forma
significativa nos índices das bolsas de valores com apelo de responsabilidade social e
sustentabilidade.
Palavras-chave: responsabilidade social, sustentabilidade, governança corporativa, marketing
social, desenvolvimento sustentável, responsabilidade ambiental, aquecimento global.
Abstract
This work comes to argue if the exercise of the social responsibility is realized by the
investors in the main stocks exchange of the world. We work the concepts and evolutions of
social responsibility, sustainability, corporative governance, social marketing, sustainable
development, environmental responsibility and take as countless reference cases for analysis.
We verify the main indicators of social responsibility and the models and strategies used by
the companies in the social responsibility. For corporative governance is worked as strategy
that the companies finish incorporating in their flat and goals and treat the impacts of the law
Sarbanes-Oxley (SOX) in this process, like the primer Brazilian Securities and Exchange
Commission (CVM) addresses the companies in his behavior, the Social Stock Exchange
(BVS) and Brazilian Institute of Corporate Governance (IBGC) as expressions of the ideal in
the managerial system. Despite movements, strategies and actions in the sense of the social
responsibility, sustainability and corporative governance of the companies, there are situations
that demonstrate exactly a contrary position to these movements. The report of global heating
of Nicolas Stern and an Al Gore's True Inconvenience show how are walking in the opposite
direction. In the same way, the National Association of Executives of Finances (Anefac) in
their countless reports, demonstrate the regarding economy is drained in their resources by
juros exorbitant. The indicators of social welfare second Jean Gadrey and Florence Jany-
Catrice show a contusing reality with regard to life, human development, life job and
expectation of unlike form, as well as, the income concentration indices demonstrate an
income desert for most population. The report Wider also goes at the same direction,
demonstrating the existing inequalities. We also identify the Wealth in the Base of the
Pyramid (BOP) like exit form for the populations that does not have as if to defend of the lion
of the hunger, capital poverty and accumulation. Other identified problem is in political
vi
governance that favors the inequalities, because it is based on influences relations and not in
the obedience to the laws. We arrive after analysis of the statistical data of quantitative form
and qualitative the conclusion that there is not enough base to demonstrate that the appeals,
faced problems and strategies adopted by the companies represent of significant form in the
indices of the stocks exchange with appeal of social responsibility and sustainability.
Words-key: social responsibility, sustainability, corporative governance, social marketing,
sustainable development, environmental responsibility, global heating.
vii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 01
1. TEMA................................................................................................................................................ 04
2. PROBLEMA DE PESQUISA......................................................................................................... 05
3. OBJETIVO GERAL........................................................................................................................ 06
4. OBJETIVO ESPECÍFICO............................................................................................................. 06
5. JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA.......................................................................... 07
6. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................................09
7. PRESSUPOSTO TEÓRICO.......................................................................................................... 15
8. PRESSUPOSTO DO PROCEDIMENTO METODOLÓGICO................................................. 20
9. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.............................................................................................. 23
10.CAPÍTULOS.................................................................................................................................... 25
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 25
1.1 Responsabilidade social nas empresas.................................................................................. 25
1.1.1 Evolução histórica de responsabilidade social empresarial........................................ 25
1.1.2 Modelos para responsabilidade social nas empresas.................................................. 28
1.1.3 Estratégias empresariais na prática da responsabilidade social................................ 32
1.1.4 Principais indicadores utilizados pelas organizações com responsabilidade social.. 38
1.1.5 Marketing social.............................................................................................................. 47
CAPITULO II – GOVERNANÇA CORPORATIVA....................................................................... 53
2.1 Panorama de governança corporativa no mundo e no Brasil............................................. 53
CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.......................................................... 70
3.1 Desenvolvimento sustentável................................................................................................... 71
3.2 Responsabilidade ambiental.................................................................................................... 76
3.3 Ações de sustentabilidade........................................................................................................ 78
CAPÍTULO IV – PONTOS DE MELHOR ANÁLISE SOBRE RESPONSABILIDADE........... 83
4.1 Discussão relevante sobre pontos da realidade da responsabilidade social...................... 83
CAPÍTULO V - RESULTADOS DA PESQUISA............................................................................ 109
5.1 População, amostragem e coleta de dados............................................................................. 109
5.2 Estatística descritiva................................................................................................................ 111
5.3 Teste de análise da variância, teste de Scheffé e teste de Kruskal-Wallis.......................... 117
11.CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................... 131
12.BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................ 135
13.ANEXOS.......................................................................................................................................... 154
viii
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1 - Causa e efeito: o impacto da governança no valor das empresas..................... 18
Quadro 2 - Principais índices das bolsas de valores pelo mundo....................................... 21
Quadro 3 - Principais premissas ecocêntricas.................................................................... 29
Quadro 4 – Gestão tradicional versus gestão ecocêntrica.................................................. 30
Quadro 5 – Da produção ao consumo responsável............................................................ 31
Quadro 6 – Responsabilidade Social Interna e Externa...................................................... 34
Quadro 7 – Balanço Social................................................................................................ 39
Quadro 8 – Demonstração do Valor Agregado................................................................. 40
Quadro 9 – Resumo das diferenças entre as abordagens................................................... 45
Quadro 10 – Principais mudanças nas práticas de governança corporativa........................ 59
Quadro 11 – Modelo de governança corporativa para as companhias abertas brasileiras.. 60
Quadro 12 - Principais práticas de governança pelas empresas brasileiras....................... 61
Quadro 13 – Exigências para níveis de governança corporativa da Bovespa..................... 65
Quadro 14 – Diferenciações entre os seguimentos............................................................. 66
Quadro 15 – Referências de casos...................................................................................... 67
Quadro 16 – Resumo comparativo entre competitividade e sustentabilidade..................... 73
Quadro 17 – Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade......................... 74
Quadro 18 – Pequenas ações de sustentabilidade............................................................... 78
Quadro 19 – Conseqüências da pobreza............................................................................. 101
Quadro 20 - Carteira Teórica Anual do ISE, período de Dez. 2006/Nov. 2007................ 110
Quadro 21 – Número de empresas que compõe os índices (2006).................................... 111
Quadro 22 – Índices das bolsas de valores......................................................................... 112
Quadro 23 – Estatística descritiva...................................................................................... 113
Quadro 24 – Análise da variância...................................................................................... 120
Quadro 25 – Análise do teste de Scheffé........................................................................... 123
Quadro 26 – DJSI STOXX versus índices países.............................................................. 124
Quadro 27 – DJSI – North América versus índices países................................................ 125
Quadro 28 – DJSI - World versus índices países............................................................... 125
Quadro 29 – Brasil - ISE versus índices países.................................................................. 126
Quadro 30 - Kruskal-Wallis Test: Índice versus Fator....................................................... 128
x
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1 - Tendências históricas de responsabilidade social.............................................. 27
Figura 2 - Desenvolvimento moral organizacional............................................................ 28
Figura 3 - Representação dos três setores da sociedade..................................................... 33
Figura 4 - Dimensões da Responsabilidade Social............................................................. 35
Figura 5 – Estágios de evolução do marketing incluindo a orientação social.................... 47
Figura 6 – Os três vetores da orientação social................................................................... 48
Figura 7 – Aplicação do conceito de marketing social....................................................... 48
Figura 8 – O interesse pelas questões ambientais............................................................... 52
Figura 9 – A abrangência do conceito de marketing ambiental.......................................... 52
Figura 10 – Percentual de ações com direito a voto em posse do maior acionista............. 54
Figura 11 – Círculo vicioso da governança corporativa no Brasil...................................... 61
Figura 12 – Desenvolvimento Sustentável – Tripé da sustentabilidade empresarial.......... 75
Figura 13 – Falta de integração entre os três pilares do desenvolvimento sustentável....... 81
Figura 14 – Integração entre os três pilares do desenvolvimento sustentável..................... 82
Figura 15 – Estabilização e compromisso para o aquecimento........................................... 85
Figura 16 – Emissão global por setor de CO2e................................................................... 86
Figura 17 – Poder de emissão potencial dos mercados e setores industriais....................... 86
Figura 18 – Taxa de juros setembro/2005 x maio/2007 – pessoa física.............................. 89
Figura 19 – Lucro dos bancos no 1º Trimestre 2007........................................................... 91
Figura 20 – Mapa-múndi indicando o IDH dos Estados-membros da ONU, 2006............ 94
Figura 21 – IDH - Elevado, 2006........................................................................................ 95
Figura 22 – IDH dos estados do Brasil............................................................................... 96
Figura 23 – IDH dos municípios do Brasil......................................................................... 96
Figura 24 – Coeficiente de Gini no mundo........................................................................ 98
Figura 25 – Pirâmide econômica do mundo...................................................................... 105
Figura 26 – Inversão da pirâmide econômica.................................................................... 106
Figura 27 – Quinze maiores índices dos valores médios................................................... 114
Figura 28 – Quinze maiores índices dos valores medianos............................................... 114
Figura 29 – Quinze maiores valores de desvio padrão...................................................... 115
Figura 30 – Quinze maiores valores de variância da amostra........................................... 116
Figura 31 – Quinze maiores valores de intervalo entre o maior e menor índice............... 116
x
Figura 32 – Região crítica e de aceitação da hipótese Ho por meio da tabela F................ 121
Figura 33 – Região crítica e de aceitação da hipótese Ho por meio da tabela F com
valores das variáveis..........................................................................................................
122
Figura 34 – Região crítica e de aceitação da hipótese Ho por meio da tabela X².............. 127
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Valorização dos índices das bolsas de valores e os índices de
sustentabilidade..................................................................................................................
167
Gráfico 2 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade............................... 168
Gráfico 3 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade e as maiores
cotações que superaram o Brasil – ISE..............................................................................
169
Gráfico 4 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade e as cotações que
não superaram o Brasil – ISE............................................................................................
170
Gráfico 5 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade e as cotações que
não superaram o Brasil – ISE – dividido 1........................................................................
171
Gráfico 6 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade e as cotações que
não superaram o Brasil – ISE – dividido 2........................................................................
172
INTRODUÇÃO
O ambiente de negócios tem-se mostrado bastante instável, propiciando mudanças
drásticas no processo econômico e produtivo mundial, afetado pela economia internacional e
pela globalização da produção e do consumo. Por outro lado, o aumento da exigência dos
consumidores que buscam variedade e a personalização dos produtos, faz com que as
empresas produzam produtos e serviços com maior qualidade e que atendam a satisfação do
consumidor. Desta forma, percebemos o consumidor mais agressivo e exigente a refletir as
mudanças da sociedade quanto à cultura, valores, princípios éticos e educação que envolve as
relações das empresas, os negócios, a sociedade e o meio ambiente. Assim, muitas empresas
buscam novas alternativas de gestão, focando a responsabilidade social como meio estratégico
e competitivo, justificando diante da sociedade, informações sobre como as empresas
contribuem para a defesa dos recursos naturais, conservando e dando condições de uma vida
digna.
Os gestores de muitas organizações têm percebido que a Responsabilidade Social
propicia uma melhoria da qualidade de vida e da sociedade e que está relacionada com a
contribuição e a longevidade de suas organizações. Além do desejo de lucro, as empresas são
responsáveis por mudanças no novo papel das organizações, utilizando a inserção social,
como meio das organizações sobreviverem a um mercado cada vez mais competitivo.
Percebemos que a sociedade começa a apresentar uma preocupação pequena, mas
crescente em analisar a empresa como uma instituição social, privilegiando as empresas que
participam e desenvolvem atividades sociais e preservam o meio ambiente. Assim, muitos
empresários começaram a tomar decisões com mais justiça social, equilibrando seus
interesses com os interesses dos stakeholders - que são aqueles grupos que afetam ou são
afetados pela organização e suas atividades, como acionistas, fornecedores, administradores,
parceiros, concorrentes, financiadores, consumidores, empregados, sindicatos e governo,
incorporando nos objetivos de obtenção de lucro, a responsabilidade social e a ética.
Para propiciar maior visibilidade do engajamento, da participação na promoção de
melhorias nas condições de vida da população e na superação da pobreza foi criado o Balanço
Social, que tem a finalidade de demonstrar com maior visibilidade e transparência as
atividades da empresa, de forma facultativa no Brasil, prestando contas ao governo, aos
trabalhadores, aos acionistas e a sociedade em geral, sendo medido por meio do índice de
2
sustentabilidade, atribuindo maior credibilidade das informações prestadas ao público, onde
as empresas agregam interesses econômicos aos sociais, com o objetivo de aumentar a
repercussão das ações no ambiente e segmentos que fazem parte.
Em dezembro de 2005 foi lançado pela BOVESPA o primeiro Índice de
Sustentabilidade da América Latina, que tem por finalidade servir como indicador do
comportamento do mercado como um todo ou de um segmento econômico específico do
mercado. Os grandes investidores rejeitam participar de empresas com histórico de
desrespeito aos direitos humanos ou ao meio ambiente, demonstrando que os fundos que
favoreceram empresas social e ambientalmente corretas tiveram desempenho superior à
média.
Da mesma forma, a Bolsa de Valores de Nova York, lançou conjuntamente com Dow
Jones Indexes, STOXX Limited e SAM Group os Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI).
Os índices refletem as perícias combinadas e recursos da vasta experiência dos três sócios: o
publicador do indicador acionário mais bem conhecido do mundo, Dow Jones Indexes, o
provedor do principal índice europeu, STOXX Limited, e o pioneiro internacionalmente e
renomado investidor em sustentabilidade, SAM Group.
Com a tendência mundial dos investidores procurarem empresas socialmente
responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos, estas aplicações,
denominadas “investimentos socialmente responsáveis” (“SRI”), consideram que empresas
sustentáveis geram valor para o acionista no longo prazo, pois estão mais preparadas para
enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais, com uma demanda por títulos e fundos que
está sendo atendida por vários instrumentos financeiros no mercado nacional e internacional.
No mundo inteiro a sigla ESG (fatores ambientais, sociais e de governança corporativa)
representa um amplo guarda-chuva que acolhe todos os aspectos da responsabilidade sócio-
ambiental.
Desta forma, para muitas empresas que enfrentam a dura realidade da competição nos
mercados, uma organização precisa produzir, vender, lucrar e investir, pagando o preço que
for necessário para não perecer no curto prazo. Para muitas outras empresas adeptas da
cidadania corporativa estas opções não são as únicas. Nós enfrentamos graves problemas
como mudanças climáticas, crise e desperdícios energéticos, pobreza absoluta, preconceitos
raciais e sociais, exploração do trabalho infantil, corrupção que precisam ser incorporados aos
planos das organizações. Assim, se as organizações continuarem optando por lucros de curto
prazo em prejuízo da sustentabilidade de longo prazo, é sua própria sobrevivência que estará
3
posta em risco por essas ameaças modernas. Por outro lado, verificarão que preservar a
imagem e outros valores “intangíveis” trará respostas bem concretas em termos de lucros
futuros.
O setor financeiro e produtivo vem crescentemente aderindo a essa segunda corrente,
com um número de adesões ainda pequeno, mas o que conta é a qualidade das instituições e a
abrangência dos compromissos.
Identificamos inúmeros fundos globais de investimento, conforme REVISTA
BOVESPA - JAN/MAR 2006, que têm a sustentabilidade sócio ambiental ou a
responsabilidade corporativa como critério de aplicação de recursos (ABN, Itaú, Unibanco,
por exemplo, no Brasil); índices como o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), que tem três
empresas brasileiras listadas (Aracruz, Banco Itaú e Cemig) ou o índice sócio ambiental de
empresas de energia da Goldman Sachs (que lista a Petrobras); os Princípios do Equador,
formulados pela International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o
setor privado, que estabelecem critérios ambientais e de responsabilidade social para
concessão de créditos a projetos de valor superior a US$ 50 milhões (aos quais já aderiram
Bradesco, Banco do Brasil, Itaú, Itaú-BBA e Unibanco); os Princípios para o Investimento
Responsável (PRI, na sigla em inglês) destinados a nortear a ação dos fundos de pensão.
Assim, trataremos dos aspectos da “Responsabilidade Social nas Empresas: estudo dos
índices das bolsas de valores”, como estas organizações incorporam este conceito em sua
formulação de objetivos, sua transparência junto aos stakeholders, a sensibilidade das ações,
por meio do estudo dos índices das bolsas de valores de responsabilidade e sustentabilidade,
quantificando e qualificando os resultados de forma estatística.
4
1. TEMA
O tema escolhido – Responsabilidade Social nas Empresas - motivou o autor, tendo
em vista a relevância do assunto, com diversos estudos efetuados por outros autores em
artigos, dissertações, teses, livros e congressos.
No entanto, o autor teve a sua atenção despertada para o fato de que o tema
Responsabilidade Social nas Empresas: estudo dos índices das bolsas de valores, com muita
abrangência mundial, carece de uma comprovação da sensibilidade por parte das sociedades
quanto a sua valorização e relevância. Diversas disciplinas como Economia Social, Gestão da
Informação e Comunicação, Gestão de Políticas Sociais, Administração e Planejamento
Estratégico, Teoria das Organizações, Gestão de Negócios Internacionais, Comportamento do
Consumidor e Redes Sociais e Parcerias, cursadas entre 2004 e 2006 na PUCSP,
representaram um estímulo final a adentrar por esta linha de pesquisa.
Existe muita literatura sobre a Responsabilidade Social nas Empresas, sobre as
mudanças mundiais com relação à gestão de negócios, mudanças sobre o papel do Estado e
muitos depoimentos e pesquisa sobre a relevância do assunto, mas pouco se encontra sobre
uma comprovação estatística e matemática, se existe alguma vantagem ou mudança na
valorização das empresas pelo mercado financeiro quando as organizações adotam como
gestão e estratégia a responsabilidade social.
O tema “Responsabilidade Social nas Empresas: estudo dos índices das bolsas de
valores” vem agregar uma análise empírica de forma quantitativa dos impactos desta
metodologia de gestão nos resultados das ações nas bolsas de valores. Também pretendemos
analisar a qualidade destes resultados junto a comunidade em geral, identificando os reais
motivos que levam os investidores a trabalhar com o mercado secundário de ações.
5
2. PROBLEMA DE PESQUISA
Responsabilidade empresarial, investimento sustentável, respeito aos acionistas e aos
vários públicos de interesse da empresa (os stakeholders, ou seja, clientes, fornecedores,
trabalhadores, comunidade, governos), ação segundo normas éticas e legais são expressões
que vêm se impondo gradativamente no dia-a-dia e na estratégia das organizações. Esse
comportamento vem ganhando abrangência, partindo do setor produtivo e invadindo com
vigor as transações das instituições financeiras, assim como a governança política. Com a
adoção da sigla ESG (fatores ambientais, sociais e de governança corporativa) e com o
chamamento do secretário-geral da ONU, Kofi Annan em janeiro de 2004, para o
engajamento das organizações na responsabilidade social e desenvolvimento sustentável,
foram lançadas as bases com procedimentos e missão, elencando as recomendações para que
todos os atores do sistema (empresas, bancos, assets, corretoras, seguradoras, departamentos
de análise e pesquisa, auditorias, consultorias, bolsas de valores, escolas, governos, agências
reguladoras, ONGs, fundos de pensão e investidores em geral) integrassem efetivamente ao
ESG. Assim, as organizações que apóiam este relatório integram estes preceitos como gestão
de administração nas questões ambientais, sociais e de governança corporativa, tendo em
vista, um mundo mais globalizado, interdependente e competitivo, garantindo uma
competição com sucesso, aumentando seu valor para os acionistas, com a administração
adequada dos riscos, antecipando ações nos marcos regulatórios ou tendo acesso a novos
mercados e contribuindo para o desenvolvimento sustentável das sociedades, impactando na
reputação e nas marcas, um item crescentemente importante na agregação de valor para as
companhias.
Desta forma, identificamos inúmeros índices de responsabilidade social e
sustentabilidade empresarial, no Brasil e no exterior, que expressão uma valorização crescente
das ações e das empresas, frente às cotações das bolsas de valores. Assim, queremos
identificar se as atividades vinculadas à responsabilidade social e sustentabilidade empresarial
e a visibilidade das organizações tem melhorado sua cotação nos pregões das bolsas no Brasil
e no exterior, servindo como diferencial para os aplicadores financeiros. Será que os fundos e
organizações são mais valorizados quando fazem parte de grupos e índices de
responsabilidade social e sustentabilidade empresarial? Será que existe uma percepção por
parte do aplicador financeiro na identificação de empresas "sociais", “éticas”?
6
3. OBJETIVO GERAL
Identificar se a responsabilidade social empresarial é uma estratégia empreendedora,
se diminuem as contingências ambientais e fiscais e melhoram a visibilidade das ações, a
qualidade de vida da sociedade e sua lucratividade das empresas.
Pretendemos analisar por meio de pesquisa documental, acesso a internet, artigos
publicados em congressos e revistas, livros e índices de evolução de cotação nas bolsas de
valores nacionais e internacionais, os impactos da adoção pelas empresas de procedimentos e
atitudes de responsabilidade social e sustentabilidade empresarial na valorização de seus
papéis junto ao mercado financeiro.
4. OBJETIVO ESPECÍFICO
Identificar se existe uma revolução silenciosa nos mercados financeiros,
caracterizando o ganho financeiro e o lucro empresarial, mas com responsabilidade
social.
Caracterizar se as informações de responsabilidade social são percebidas pelos
aplicadores financeiros, valorizando a imagem e as ações das empresas junto às
bolsas de valores.
Identificar se as empresas que fazem parte do estudo são praticantes de atividades
socialmente aceitas.
Trabalhar de forma conceitual a responsabilidade social como sendo uma
estratégia empreendedora.
Verificar estatisticamente se os resultados obtidos nas cotações das ações nas
bolsas de valores das empresas “éticas” apresentam diferença com relação às
cotações das ações dos índices padrões.
7
5. JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA
As organizações atualmente estão inseridas na globalização da economia, na rapidez
das informações e na era do conhecimento, que demonstram um descompasso entre as
relações com o meio ambiente, os direitos humanos, as condições de trabalho, a pressão da
concorrência decorrente da expansão dos mercados, o que motivam as empresas a reverem
suas políticas e práticas de gestão empresarial, tornando a prestação de contas pela empresa à
sociedade mais transparente no que tange a obtenção de lucros, as ações sociais, ambientais e
gestão de pessoas.
Com o ambiente competitivo vivenciado pelas empresas, obrigando as mesmas a
terem uma atuação diferenciada, forçando a mudança de paradigma do retorno econômico e
financeiro aos investidores, para atitudes e práticas mais solidárias, buscando novos processos
de gestão, pelo desenvolvimento de estratégias e táticas competitivas, por meio de ações
sociais, com maior interação e responsabilidade social com a comunidade onde as empresas
estão retirando sua sustentação econômica e gerando consumo à sociedade, como forma de
prestar contas de seu desempenho aos stakeholders (funcionários, clientes, comunidade).
Nesse sentido, as empresas procuram novos processos de gestão, pelo desenvolvimento de
estratégias competitivas, por meio de soluções sociais.
Neste estudo buscamos identificar se a organização que se diz responsável social se
aumenta a visibilidade de suas práticas econômicas e sociais, com sua valorização em termos
de imagem, captação de recursos e lucratividade, por meio dos principais indicadores de
responsabilidade social, como Balanço Social, Demonstração do Valor Adicionado, SA 8000,
AA 1000, Global Compact, Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, indicadores de
sustentabilidade da Bolsa de Valores de São Paulo e de Nova York, comprovando nas ações
das empresas formas de trabalho que demonstrem a adoção de atitudes e políticas
empreendedoras corretas, no respeito às leis, aos direitos humanos, ao meio ambiente, na
relação com os funcionários, consumidores, fornecedores, concorrentes e investidores.
Este trabalho se justifica, pois acreditamos que a adoção pelas empresas de novos
processos de gestão, adotando estratégias empreendedoras planejadas e direcionadas para a
responsabilidade social, possibilita que as empresas contribuam para o impacto sócio-
econômico, amenizando as carências sociais e ambientais nos respectivos segmentos que
8
atuam. Também se justifica pela falta de trabalhos estatísticos que comprovem o diferencial e
o impacto das empresas “sociais”, junto às bolsas de valores.
9
6. REVISÃO DE LITERATURA
A partir de contatos com universidades, centros de pesquisa, revistas técnicas
especializadas, entidades, associações temáticas, fóruns, seminários e cursos específicos, para
entender o estado da arte, foram revistas às obras de renomados autores disponíveis nas
principais instituições que abordam o tema Responsabilidade Social nas Empresas: estudo dos
índices das bolsas de valores, tais como:
Autores Fundamentais:
Ashley (2005), Karkotli e Aragão (2004), Melo Neto e Froes (1999), Silveira (2006),
Tenório (2006), Zenone (2006):
Ashley (2005) discute as noções de ética, valores morais e cultura em relação ao
conceito de responsabilidade social corporativa, oferecendo algumas indicações sobre como
se pode pensar a responsabilidade social corporativa tomando a ética como ponto de partida,
com impacto no terceiro milênio e na era da globalização, onde ser socialmente responsável
nos negócios vem se tornando imprescindível para as empresas, indicando como a cultura
brasileira deveria tratar as questões de valores culturais e como eles se inserem no dia-a-dia
dos negócios.
Para Karkotli e Aragão (2004), mostram que a atuação responsável das empresas nem
sempre é um ato voluntário, sendo balizados pelos mecanismos de controle da sociedade civil,
por ações fiscalizadoras e pela imagem da empresa que se projeta para os diferentes públicos.
Assim os ganhos tangíveis a partir da postura socialmente responsável, na conduta ética, do
gerenciamento com qualidade total e ambiental, melhoram a imagem institucional,
favorecendo o ambiente interno e externo, estimulando à melhoria contínua dos processos
produtivos, aumentando a competitividade e a participação no mercado. Mostrando que a
tendência está na construção de um ambiente natural na direção do desenvolvimento
sustentável unindo o meio ambiente, o econômico, o social e o político.
Melo Neto e Froes (1999) evidencia que a responsabilidade social de uma empresa
consiste na decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que
está presente e minorar possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade que exerce,
mostrando que para as empresas, o social emerge como um novo campo de oportunidades
onde elas poderão obter mais competitividade agregando o valor social aos seus negócios.
10
Desta forma muitas empresas estão participando mais ativamente no Terceiro Setor, saindo de
suas práticas clientelistas e assistencialistas para uma gestão integrada e efetiva junto a
sociedade.
Silveira (2006) discute a governança corporativa como o conjunto de mecanismos que
visam a aumentar a probabilidade de os fornecedores de recursos garantirem para si o retorno
sobre seu investimento. Assim em uma população de companhias, algumas se diferenciam
como “empresas com boa governança”, aumentando a quantidade de indivíduos interessados
em alocar recursos nessas companhias. Como conseqüência da maior oferta de recursos,
decorrente do aumento da demanda dos investidores por seus títulos, haveria uma valorização
das ações e consequentemente um aumento do índice que suportasse estas companhias.
Segundo Tenório (2006) afirma que as sociedades contemporâneas já estão
reconhecendo a responsabilidade social como valor permanente. E a responsabilidade social
empresarial tornou-se um fator de avaliação e preferência para investidores e consumidores.
Divide seu material em duas partes, na primeira trabalha a fundamentação teórica, mostrando
a construção histórica do conceito, as principais formas de atuação social das empresas e as
justificativas para sua aplicação e introduz o conceito de marketing social. Na segunda parte,
fornece informações sobre diversos casos com a aplicação dos conceitos, com uma
perspectiva crítica da responsabilidade social.
Zenone (2006) demonstra que o marketing social é uma importante ferramenta
estratégica de posicionamento, utilizando algumas técnicas do marketing comercial
associando a marca de uma empresa a uma causa social, onde todos se beneficiam, as
organizações pelo aumento das vendas e pela melhoria da imagem, as entidades não
governamentais e filantrópicas, pela divulgação de suas causas, atraindo simpatizantes,
voluntários e maior volume de recursos e a sociedade em geral.
Entidades Especializadas:
ABRAPP (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar), ANBID (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), APIMEC
(Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), IBGC
(Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), IFC (International Finance Corporation),
Instituto ETHOS, Ministério do Meio Ambiente, Agência Social, DJSI (Dow Jones
Sustainability Index), DJSWI (Dow Jones Sustainability World Index), BOVESPA (Bolsa de
11
Valores de São Paulo), FBDS (Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável),
IMD (Institute for Management Development), IBASE (Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas), Fipecafi/USP (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras da Universidade de São Paulo);
Foram obtidas informações referentes aos índices de cotações de bolsas de valores,
empresas com responsabilidade social, sustentabilidade, governança corporativa,
regulamentos, normas e indicadores que caracterizam empresas com comportamento “social e
ético”, indicadores de controle e transparência das ações sociais das empresas.
Universidades:
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro - RJ), FGV/SP (Fundação Getúlio
Vargas - SP), FGV/RJ (Fundação Getúlio Vargas - RJ), FEA/USP (Faculdade de Economia e
Administração - Universidade de São Paulo), USJT (Universidade São Judas Tadeu);
Obtemos livros, dissertações e teses, assim como estudos e relatórios que envolvem a
responsabilidade social, sustentabilidade, governança corporativa e cidadania empresarial.
Estas universidades por sua excelência no estudo, pesquisa e bibliotecas, possibilitaram as
pesquisas necessárias para a confecção desta obra.
Artigos:
Fizemos uma varredura nos artigos publicados no ENANPAD de 2002 a 2005 e
colocamos palavras chaves como "Responsabilidade Social", "Governança Corporativa",
"Sustentabilidade" e "Cidadania Corporativa" identificando 91 artigos que tratam destes
assuntos, servindo de base para a sustentação da teoria e uma lista considerável de
bibliografias, que nos darão uma noção histórica, fundamentação teórica e prática com estudo
de inúmeros casos;
Teses e dissertações:
Dissertação "Desenvolvimento sustentável como responsabilidade social das empresas
- um enfoque ambiental – 1999“ de Raquel Pereira Dorini, trata dos recursos necessários para
que uma empresa consiga o desenvolvimento sustentável. Estes recursos têm um apelo
12
ambiental e ecológico e seu envolvimento prático.
Dissertação "Responsabilidade social: a experiência do selo empresa cidadã na cidade
de São Paulo - 1999" de Paulo Rogério dos Santos Lima, além de analisar os aspectos da
responsabilidade social, aborda o balanço social e os trabalhos de benemerência,
investimentos financeiros e projetos ambientais.
Dissertação "Responsabilidade social das empresas - um estudo de caso - 2003" de
Carlos Eugênio Friedrich Barreto, analisa as principais questões relativas à Responsabilidade
Social, fazendo um apanhado histórico. Procura entender a influência das ações socialmente
responsáveis. Busca examinar as relações entre a empresa, a sociedade civil e o Estado.
Analisa também o desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e
ambiental e o caso da empresa BASF.
Dissertação "Responsabilidade social e cidadania empresariais: conceitos estratégicos
para as empresas face à globalização - 2000" de Rita de Cássia Guedes, mostra inúmeras
estratégias por parte de empresas, tendo em vista o mundo globalizado, sem fronteiras.
Dissertação "Importância da responsabilidade social para implementação do marketing
social nas organizações - 2002" de Gilson Rihan Karkotli, descreve e analisa a
responsabilidade social através do tempo até os dias atuais. Analisa a ética empresarial,
verificando desde os seus critérios de eticidade até seus fatores de lucro para as organizações.
Analisa o Balanço Social e a norma Accountability SA 8000. Analisar o Marketing na
atualidade. Realizar reflexões sobre Marketing Social. Realizar pesquisa qualitativa para
avaliar a responsabilidade social e o Marketing social nas organizações localizados nos
estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Dissertação "Evidenciação de informações de responsabilidade social nas empresas -
por faturamento em cada segmento na economia - 2006" de Marli Terezinha Vieira, analisa
por meio de pesquisa documental, as demonstrações contábeis das maiores empresas por
faturamento, em cada segmento da Economia, visando a verificar se os princípios e normas
contábeis têm sido aplicados, no que diz respeito à evidenciação de informações de
responsabilidade social.
Tese "Responsabilidade social: uma estratégia empreendedora - 2004" de Gilson
Rihan Karkotli, identifica se as organizações do universo de estudo são efetivamente
13
responsáveis sociais. Identifica a interface entre estratégias empreendedoras e
responsabilidade social nas organizações. Discuti teoricamente conceitos-chaves e
dimensionar a responsabilidade social e suas sub-áreas, como estratégia empreendedora.
Tese "Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial -
2001" de Fernanda Gabriela Borger, explora a noção de Responsabilidade Social é entendida
como um esforço sistemático, coordenado e integrado à estratégia geral da empresa, verifica
como se dá o processo de incorporação da RSE nas empresas e as contribuições à
administração.
Dissertação “Governança corporativa, desempenho e valor da empresa no Brasil –
2002” de Alexandre Di Miceli da Silveira, verifica estatisticamente se existe uma relação
significativa entre governança corporativa, desempenho e valor das empresas componentes
das amostras analisadas. Também verifica se a estrutura de governança corporativa está de
acordo com as recomendações dos códigos de governança do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Apresenta
um modelo de governança corporativa adotado pelas empresas de capital aberto.
Textos obtidos pela Internet:
http://www.sustainable-cities.org/indicators/, http://www.sustainability-indexes.com/,
http://www.ciesin.org/indicators/ESI/, http://www.comunicacaoempresarial.com.br/
artigoresponsocial.htm; http://br.financas.yahoo.com; http://www.bovespa.com.br;
http://www.djindexes.com; http://www.sz.gov.cn; http://www.hkex.com.hk;
http://www.nikkei.co.jp; http://deutsche-boerse.com; http://www.euronext.com;
http://www.londonstockexchange.com; http://www.borsaitaliana.it; www.bndes.gov.
br; www.basf.com.br; www.cni.org.br; www.fiesp.org.br; www.filantropia.org.br;
www.abrinq.org.br; www.imf.org; www.globalreporting.org; www.akatu.com.br;
www.advbfbm.org.br; www.ibge.gov.br; www.ipea.gov.br; www.ethos.org.br;
www.un.org; www.lead.org.br; www.rs.senai.br/cntl; www.sobeet.com.br
Principais sites de cotações de índices de bolsas de valores, institutos de pesquisa, de
controle e regulamentação de empresas sociais.
14
Periódicos:
Revista Bovespa, Revista Idéiasocial, Balanço Social (Associação Comercial de São
Paulo), Guia da Sustentabilidade e Cidadania Corporativa, Guia de Boa Cidadania
Corporativa, RAE, O&S. Diversos artigos que mostram a evolução do conceito de
responsabilidade social, abrangência e metodologia para que uma empresa seja caracterizada
como “ética”.
Referência de estudo de Caso:
Alcoa Alumínio S.A., Ambev, Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), Setor de
Papel e Celulose, Setor de Alimentos e Bebidas, Setor de Energia Elétrica, ALL-América
Latina Logística, Aracruz Celulose, Belgo Mineira, Bradesco, Banco do Brasil, Banco Real,
Braskem, CCR Rodovias, Celesc, Cemig, Cesp, Copel, Copesul, CPFL Energia, Dasa
Diagnósticos da América, Eletrobrás, Eletropaulo, Embraer, Embraco, Gol Linhas Aéreas
Inteligentes, Iochpe-Maxion, Itaú Banco, Itausa, Kraft, Natura, Odebrecht, Perdigão, Suzano
Bahia Sul Papel e Celulose, Tractebel Energia, Unibanco, Unilever, Votorantim Celulose e
Papel, Volkswagen, Wal-Mart, WEG, dando ênfase ao desdobramento de diretrizes
conceituais para a gestão com responsabilidade social e ambiental, desenvolvimento
sustentável e cidadania corporativa. Experimentamos vários modelos e práticas de gestão nos
diversos ramos de atividade com uma aplicação de conceitos fundamentais que tornam as
empresas transparentes e valorizadas pelos investidores e a comunidade, pois fazem parte dos
principais indicadores de responsabilidade social e dos índices de sustentabilidade das bolsas
de valores. Por meio das referências dos estudos de casos, tornou-se possível uma comparação
entre o que as empresas executam, seus impactos e ações e a verdadeira sensibilidade por
parte dos investidores do mercado secundário de ações.
15
7. PRESSUPOSTO TEÓRICO
A Responsabilidade Social das organizações assume um papel primordial no mundo
globalizado, onde predominam as tecnologias de produção, da informação e da comunicação.
Desta forma, as empresas não se restringem mais aos compromissos de ordem econômica
centrada no mercado, na minimização dos custos e maximização dos lucros. Hoje temos um
grande fluxo de riquezas que passa pelas pessoas e organizações no formato de redes,
atendendo as exigências dos acionistas e gestores das empresas, sendo necessário um novo
formato de gestão que promova o bem-estar da sociedade como um todo (KARKOTLI;
ARAGÃO, 2004, p. 9).
No início do século XX tivemos o surgimento do filantropismo como abordagem da
atuação social empresarial. Na seqüência, com o esgotamento do modelo industrial e o
desenvolvimento da sociedade pós-industrial, houve uma evolução do conceito, passando a
trazer os anseios dos agentes sociais juntamente com o plano dos negócios empresariais.
Depois do filantropismo, outros conceitos foram trabalhados, como voluntariado empresarial,
cidadania corporativa, responsabilidade social das organizações e desenvolvimento
sustentável (TENÓRIO org., 2006, p. 14-15).
Para diminuir a pobreza e eliminar a miséria no Brasil, não será possível conviver com
o cinismo dos políticos, a incompetência dos administradores públicos, a indiferença dos
empresários e a alienação dos cidadãos mais abastados. Tendo em vista a globalização, a
privatização do Estado brasileiro, identificamos um aumento do vácuo entre as demandas
sociais e os serviços sociais que eram prestados pelos Estados. Assim, surge o Terceiro Setor,
como um novo campo de atividades a ser explorado pelas organizações que querem exercer a
sua responsabilidade social e tornarem-se verdadeiras empresas-cidadãs. Este novo setor
surge como uma nova proposta de ação social, baseada em princípios de marketing social com
foco em ações de parceria, redes e alianças em projetos sociais, onde não basta satisfazer os
clientes, obter qualidade e agregar valor aos acionistas, necessários se faz atender os apelos da
comunidade (MELO NETO; FROES, 1999, p. 1).
A função tradicional do Estado-nação que era de atrair recursos de diversas partes e
direcioná-los para as empresas e consumidores finais está perdendo o sentido, pois com a
globalização dos mercados e dos fluxos financeiros, as fronteiras nacionais foram quebradas,
dando uma nova função para os Estados-nação, que não está vinculado com o papel de
16
formação de mercado. Com isto tivemos um desenvolvimento de relações assimétricas de
poder, aumentando o fosso entre os países em desenvolvimento e as lideranças mundiais.
Assim, com a redefinição e diminuição do papel do Estado, novos atores operam a sociedade,
como as empresas transnacionais, a sociedade civil, o terceiro setor, as ONGs (Organizações
Não-Governamentais) e os organismos internacionais (OMC, ONU, etc) (GUEDES, 2000, p.
37-39).
As empresas não possuem apenas metas econômicas, onde os gerentes tomam
decisões organizacionais com responsabilidades sociais, não levando apenas questões
econômicas e legais, mas também se preocupam com benefícios sociais. Assim, as empresas
"politicamente corretas" buscam a aprovação da comunidade com grandes esforços nas áreas
de relações públicas e de marketing, onde os gestores buscam uma aproximação com
instituições sociais para a solução de problemas da comunidade e meio ambiente.
A Cidadania Corporativa - que caracteriza empresas e instituições sensíveis à
Responsabilidade Social - é um conceito que se alastra pelo mundo inteiro. Para incentivar
esta tendência a Organização das Nações Unidas lançou o Pacto Global em 1999, durante o
Fórum Mundial na Suíça, dedicado a promover o desenvolvimento sustentado com inclusão
social e corrigindo as distorções provocadas nos países pobres pela globalização. O fórum
The Global Compact instituiu nove princípios, entre eles: a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, Declaração dos Direitos do Trabalho, Direitos e Princípios Fundamentais do
Trabalho e Declaração do Rio sobre o meio ambiente e desenvolvimento. No encontro de
cúpula dos líderes do Pacto, em 24 de junho de 2004, em Nova York, ganhou o décimo
princípio: o da luta anticorrupção. Desta forma, no final de 2005, este pacto já possuía cerca
de 2.200 companhias e organizações globais subscritas, mostrando o interesse mundial sobre
assuntos de responsabilidade social.
A Responsabilidade Social está cada vez mais presente no mercado financeiro, onde
inúmeras Bolsas de Valores pelo mundo inteiro tem criado índices de ações de empresas
preocupadas com o tema, assim como grandes instituições financeiras têm lançado fundos
afins. Mas esse é um campo fértil para avanços. A cidadania corporativa, que decorre da
responsabilidade social, é prima-irmã das empresas com governança corporativa. E essa, por
sua vez, é irmã das companhias abertas. Quanto melhor for a governança corporativa das
empresas abertas mais chances elas terão de crescer no mercado de ações; e quanto maior o
número de empresas abertas mais responsável se torna a gestão. A Bolsa se empenha nesse
processo, tanto ao promover a abertura de capital como ao criar instâncias para o
17
aprimoramento da governança – caso do Novo Mercado – e instrumentos de ação social – a
BVS. Assim, Global Compact e Bovespa trilham o mesmo caminho (KELL, 2005).
Os índices da bolsa de valores que tem um aspecto de responsabilidade social estão
representados pelo Novo Mercado e nos Níveis 1 e 2 que representam as empresas que
aderiram aos níveis diferenciados de governança corporativa que caracterizam o índice IGC
(Índice de Governança Corporativa Diferenciada). O Índice de Ações com Tag Along
Diferenciado (ITAG), que inclui as ações com melhores condições aos acionistas minoritários
em caso de alienação de controle e o ISE (Índice de Sustentabilidade Social), que reflete o
retorno da carteira composta por ações de empresas com comprometimento social e
sustentabilidade social, tentam estabelecer se existe de fato alguma relação de causa e efeito
entre a adoção de boas práticas – como um Conselho Fiscal independente, membros externos
no Conselho de Administração, ações com direito a voto para todos os acionistas, tag along,
adesão à Câmara de Arbitragem, ações, projetos e gestão de responsabilidade social e
sustentabilidade – e o valor das empresas em Bolsa. Estudos publicados nos últimos anos
ainda não deram a palavra final, mas sugerem que sim: a qualidade dos sistemas de decisão,
fiscalização e solução de conflitos societários das companhias tem reflexos positivos em seu
valor de mercado.
Desta forma acredita-se que as empresas com boa governança são mais procuradas
pelos investidores, o que resulta na redução do seu custo de capital e na valorização de suas
ações. Evidências nesse sentido foram levantadas por Leora Klaper e Inessa Love, em 2004,
ao analisarem 374 grupos em 14 países emergentes, a partir de um índice criado pelo Credit
Lyonnais Securities Asia. Outros acadêmicos também notaram a correlação positiva da boa
governança e o valor de mercado em países como Estados Unidos, Suíça, Coréia do Sul,
China e Brasil, conforme Quadro 1.
18
Quadro 1 – Causa e efeito: o impacto da governança no valor das empresas
Causa e efeito
O impacto da governança no valor das empresas
Autores da pesquisa e
data de publicação
Índice utilizado e abrangência
da amostra
Principais resultados
Leora Klapper e Inessa
Love, em 2004
Índice CLSA (Credit
Lyonnais Securities Ásia)
374 empresas em 14 países
emergentes
Existe alta correlação positiva entre a qualidade da governança corporativa e
o desempenho operacional e o valor de mercado da empresa.
As melhores práticas são mais importantes para as empresas em ambientes
com fraca proteção legal aos investidores.
Art Durnev e Han Kim,
em 2003
Índice CLSA e S&P
859 empresas em 27 países
Oportunidade de crescimento, necessidade de financiamento externo e
concentração de propriedade determinam a qualidade da governança
corporativa.
Empresas com maiores índices de governança e maior transparência são
mais bem avaliadas, principalmente onde há baixa proteção legal.
Bernard Black, Hasung
Jang e Woochan Kim,
em 2004
Índice de governança
(KCGI)
525 empresas sul-coreanas
A governança é um fator importante na predição do valor de mercado na
Coréia do Sul.
Entre os mecanismos de governança, a composição do conselho de
administração aparece como o mais relevante.
Stefan Beiner,
Wolfgang Drobetz e
outros, em 2004
Índice CGI
109 empresas suíças
Há relação positiva entre a qualidade da governança corporativa e o valor de
mercado das empresas.
Lawrence Brown e
Marcus Caylor, em
2004
Índice amplo (Gov-score)
2.327 empresas norte-
americanas
Empresas com maiores níveis de governança são mais rentáveis, mais bem
avaliadas pelo mercado e pagam maiores dividendos.
A remuneração dos executivos é mais associada ao bom desempenho
corporativo.
Chong-Em Bai e
outros, em 2003
Índice de governança
1.004 empresas chinesas
Os investidores pagam um prêmio significativo por empresa com boa
governança. Prêmio vai de 41% a 67% na China.
Alexandre Di Miceli da
Silveira, Lucas Barros e
Rubens Fama, em 2005
Índice de governança
(IGOV)
154 empresas de capital
aberto no Brasil
Relação positiva significante entre governança corporativa e valor.
Mudança de qualidade da governança do pior para o melhor nível da
amostra resultaria em aumento de capitalização de mercado da empresa de
95% a 100%.
Ricardo Leal e André
Carvalhal da Silva, em
2005
Índice de governança (CGI)
Painel de empresas entre
1998 e 2002
Relação positiva significante entre governança corporativa e valor.
Aumento do índice do pior para o melhor nível indicaria aumento de 95% do
valor da companhia.
As empresas brasileiras têm melhor desempenho em transparência do que
em outros aspectos da governança.
Fonte: Alexandre Di Miceli da Silveira, IBGC, 2004.
19
Conforme Silveira (2004), as empresas que mantém ações nestes fundos perceberam
uma valorização de seus papéis, demonstrando o impacto da governança corporativa. O
aumento do preço das ações está vinculado a maior liquidez para as ações das companhias,
onde os investidores premiam as empresas com boas práticas de governança. Com um sistema
de governança corporativa eficiente as organizações podem gerar uma redução do custo de
capital, um conjunto de benefícios internos que melhoram as perspectivas de fluxo de caixa da
companhia, assim como um aprimoramento do processo de decisão e gestão e a separação
clara de papéis entre acionistas, conselheiros e executivos. Percebemos uma melhoria dos
mecanismos de avaliação de desempenho e recompensa dos executivos e uma diminuição da
probabilidade de ocorrência de fraudes e corrupção, uma maior visibilidade, maior
institucionalização e a melhor imagem da empresa.
Estes fatores definem os riscos de negócio, que é a base de consideração dos
investidores de longo prazo quando definem quanto estão dispostos a pagar por uma
determinada ação, definindo o prêmio-desconto, tornando a percepção de risco menor,
reduzindo as taxas de descontos e melhorando as cotações das companhias no mercado.
Assim, a empresa constrói uma relação de confiança com os investidores e adota mecanismos
e processos de proteção dos seus direitos, acessando o mercado de capitais com sucesso. Com
o tempo e com práticas constantes de boa governança a credibilidade é consolidada, tornando
a empresa mais transparente como forma de gerar confiança, que são traduzidas no respeito
aos empregados, clientes, fornecedores e acionistas com informações a ações corretas,
seguras, no tempo adequado e tendo como base a segurança com relação aos riscos que são
assumidos no investimento.
Os fundos e analistas de investimento levam em conta os critérios socialmente
responsáveis para definir as aplicações, como redução de risco ou possibilidade de aumento
de rentabilidade. Os Índices de Sustentabilidade Empresarial servem como um referencial
para atender uma demanda crescente como um índice de credibilidade, confiável e necessário.
Os administradores de recursos estão criando novos fundos que possam juntar a rentabilidade
e sustentabilidade (econômica, social e ambiental), determinando os "investimentos éticos".
20
8. PRESSUPOSTO DO PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Respondendo à questão de pesquisa e atendendo aos objetivos deste trabalho, será
realizada pesquisa bibliográfica (revisão da literatura) e pesquisa documental. Esta última
consiste “na coleta de dados referentes a uma dada população com base em uma amostra
selecionada, de forma clara e direta, dos quais se objetiva saber o comportamento (SILVA,
2003, p.62)”.
Segundo Gil (1996, p.52), a pesquisa documental apresenta as vantagens de que os
“documentos constituem rica fonte de dados; como suscitem ao longo do tempo, tornam-se a
mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica e; não exige
contato com o sujeito da pesquisa”.
A pesquisa documental será realizada com a amostra de diversos índices de cotação
das bolsas de valores dos principais países que compõe a América, Argentina (Merval), Brasil
(IBOVESPA, ISE), Canadá (S&P TSX – Composite), Estados Unidos da América (500
INDEX, DJSI, DJSWI), México (IPC), países que compõem a Ásia / Pacífico, Austrália (All
Ordinaries), China (Shanghai Composite), Cingapura (Straits Times), Coréia do Sul (Seoul
Composite), Hong Kong (HANG SENG), Índia (BSE 30), Indonésia (Jakarta Compotise),
Malásia (KLSE Composite), Japão (Nikkei 225), Nova Zelândia (NZX 50), Taiwan (Taiwan
Weighted), países que compõe a Europa, Alemanha (DAX), Áustria (ATX), Bélgica (BEL-
20), Espanha (Madrid General), França (CAC 40), Holanda (AEX General), Inglaterra (FTSE
100), Itália (MIBTel), Noruega (OSE All Share), Suécia (Stockholm General), Suíça (Swiss
Market) é dois países da África / Oriente Médio, Egito (CMA), Israel (TA-100) com o
objetivo de comprovar a valorização das empresas que trabalhem com responsabilidade social
e sustentabilidade. Com base nestes índices poderemos efetuar cálculos estatísticos e
montagem de gráficos que comprovem a valorização ou não das ações das empresas cuja
gestão tem por base a responsabilidade social ou sustentabilidade.
Foram escolhidos estes índices para compor a amostra, pois agrega as principais
bolsas de valores do planeta, representando quase que a totalidade dos recursos que circulam
na economia mundial, conforme Quadro 2.
21
Quadro 2 – Principais índices das bolsas de valores pelo mundo
Localização País Cidade Índice Acesso
Argentina Buenos Aires Merval - ^ MERV http://br.financas.yahoo.com
Brasil São Paulo
Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE
Índice da Bolsa de Valores de São Paulo –
IBOVESPA - ^ BVSP
http://www.bovespa.com.br
http://br.financas.yahoo.com
Canadá Toronto S&P TSX – Composite - ^ GSPTSE http://br.financas.yahoo.com
Estados
Unidos
Nova York
500 INDEX - ^ GSPC
Dow Jones Sustainability Index – DJSI
Dow Jones Sustainability World Index –
DJSWI
http://www.djindexes.com
http://www.sustainability-indexes.com
http://br.financas.yahoo.com
Américas
México México IPC - ^ MXX http://br.financas.yahoo.com
Austrália Sidnei All Ordinaries - ^ AORD http://br.financas.yahoo.com
China Shanghai Shanghai Composite - ^ SSEC
http://www.sz.gov.cn
http://br.financas.yahoo.com
Cingapura Cingapura Straits Times - ^ STI http://br.financas.yahoo.com
Coréia do
Sul
Seul Seoul Composite - ^ KS11 http://br.financas.yahoo.com
Hong Kong Hong Kong HANG SENG - ^ HSI
http://www.hkex.com.hk
http://br.financas.yahoo.com
Índia Bombaim BSE 30 - ^ BSESN http://br.financas.yahoo.com
Indonésia Jacarta Jakarta Compotise - ^ JKSE http://br.financas.yahoo.com
Malásia Kuala Lumpur KLSE Composite - ^ KLSE http://br.financas.yahoo.com
Japão Tóquio Nikkei 225 - ^ N225
http://www.nikkei.co.jp
http://br.financas.yahoo.com
Nova
Zelândia
Wellington NZX 50 - ^ NZ50 http://br.financas.yahoo.com
Ásia / Pacífico
Taiwan Taipe Taiwan Weighted - ^ TWII http://br.financas.yahoo.com
Alemanha Frankfurt DAX - ^ GDAXI
http://deutsche-boerse.com
http://br.financas.yahoo.com
Áustria Viena ATX - ^ ATX http://br.financas.yahoo.com
Bélgica Bruxelas BEL-20 - ^ BFX http://br.financas.yahoo.com
Espanha Madri Madrid General - ^ SMSI http://br.financas.yahoo.com
França Paris CAC 40 - ^ FCHI
http://www.euronext.com
http://br.financas.yahoo.com
Holanda Amsterdã AEX General - ^ AEX http://br.financas.yahoo.com
Inglaterra Londres FTSE 100 - ^ FTSE
http://www.londonstockexchange.com
http://br.financas.yahoo.com
Itália Milão MIBTel - ^ MIBTEL
http://www.borsaitaliana.it
http://br.financas.yahoo.com
Noruega Oslo OSE All Share - ^ OSEAX http://br.financas.yahoo.com
Suécia Estocolmo Stockholm General - ^ OMXSPI http://br.financas.yahoo.com
Europa
Suíça Zurique Swiss Market - ^ SSMI http://br.financas.yahoo.com
Egito Cairo CMA - ^ CCSI http://br.financas.yahoo.com
África / Oriente Médio
Israel Tel Aviv TA-100 - ^ TA100 http://br.financas.yahoo.com
Fonte: http://br.financas.yahoo.com/intlindices acesso em 27/07/2007.
Estas informações foram inicialmente conseguidas no Jornal Valor Econômico e
Gazeta Mercantil e por meio de acesso aos meios eletrônicos dos respectivos jornais assim
22
como nos sites http://www.bovespa.com.br, http://br.financas.yahoo.com, http://www.
djindexes.com, http://www.sustainability-indexes.com. Esta amostra nos dará base para uma
verificação estatística se existe ou não diferença na valorização das empresas que atuam com
Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Assim estaremos confrontando os principais
índices das bolsas de valores do mundo, com os principais índices que representam
Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental.
Desta forma poderemos averiguar se existe diferença na percepção por parte do
investidor e consequentemente por parte da comunidade entre os diferentes índices e suas
propostas. Faremos testes de variância, média, regressão mantendo-se um nível de
significância ou margem de erro de 5%, que serão processadas no Excel e Minitab, facilitando
a execução dos cálculos. Estaremos trabalhando com uma amostra temporal de 396 dias úteis,
com as cotações diárias para os índices que possuírem histórico e para os índices que possuem
um limite de tempo menor, trabalharemos com as cotações disponíveis. Esta diferença
temporal não inviabiliza os testes, pois já estarão compensadas nas amostras com tamanhos
diferentes.
23
9. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
No Capítulo I, apresenta-se a fundamentação teórica do presente estudo. Inicia-se com
aspectos conceituais sobre Responsabilidade Social nas Empresas, Governança Corporativa,
Desenvolvimento Sustentável, explicitando os princípios e valores, o contexto histórico de
mudança e expansão, assim como os diversos modelos para Responsabilidade Social
Empresarial, as estratégias empresariais que auxiliam na prática de Responsabilidade Social e
os principais indicadores utilizados pelas organizações para direcionar suas estratégias.
Também abordaremos o conceito de marketing social como uma evolução do marketing
orientado para o social, com o equilíbrio dos lucros para a empresa, satisfação e desejo dos
consumidores e interesses da sociedade.
No Capítulo II, trabalharemos os conceitos de Governança Corporativa, demonstrando
um panorama a nível mundial e no Brasil.
No Capítulo III, apresentaremos as características do Desenvolvimento Sustentável,
tendo como foco a responsabilidade ambiental.
Para o Capítulo IV, estaremos fazendo um apanhado dos principais pontos sobre
responsabilidade social e seus impactos, com um posicionamento, em alguns aspectos,
antagônico as proposições de Responsabilidade Social e Sustentabildiade. Desta forma,
mostraremos o acompanhamento dos juros, a governança política, a concentração de riqueza e
os indicadores de bem estar social, o relatório de aquecimento global, a riqueza na base da
pirâmide e entrevistas.
No Capítulo V, apresenta-se a análise dos resultados da pesquisa, com o objetivo de
verificar se existe ou não uma comprovação da sensibilidade por parte da sociedade quanto a
valorização das ações nas bolsas de valores e a relevância da Responsabilidade Social por
24
meio de testes estatísticos em amostras de séries temporais, com um tratamento quantitativo e
qualitativo dos resultados.
Nas conclusões faremos as considerações finais, frente às questões e ao objetivo do
estudo comprovando ou não a hipótese colocada em análise, e indicadas linhas futuras de
pesquisas neste campo, com aperfeiçoamento dos cálculos e melhoria da amostra.
25
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 Responsabilidade social nas empresas
1.1.1 Evolução histórica de responsabilidade social empresarial
Quando uma empresa atua com responsabilidade social implica em tomar decisões na
participação mais efetiva em ações comunitárias, mostrando-se presente na comunidade que
participa e minimizando possíveis impactos negativos que decorrem de sua atividade.
Percebemos que o apoio ao desenvolvimento da comunidade e preservação do meio ambiente
necessita ser ampliados como forma de garantir a visibilidade da empresa perante a sociedade.
Desta forma, além do apoio ao desenvolvimento da sociedade onde atua e a preservação do
meio ambiente, a empresa necessita investir no bem-estar dos funcionários e seus dependentes
e num ambiente de trabalho agradável, utilizar métodos e ferramentas que mantenham uma
comunicação transparente, garantir o retorno do investimento aos acionistas, propiciar um
trabalho onde exista uma sinergia com os parceiros internos e externos da organização e que
valorizem a satisfação dos clientes (MELO NETO, 2000). Assim, haverá um direcionamento
dos processos de gestão empresarial que fortalecerá a dimensão social da empresa.
Esta evolução passa inicialmente pela filantropia, que é a relação que mantém um
compromisso da empresa com a comunidade, abrangendo todas as relações da empresa com
seus funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, concorrentes, meio ambiente e
organizações públicas e estatais. Essas ações se caracterizam pela benemerência empresarial,
refletindo em doações. Posteriormente vieram as ações sociais com a comunidade, colocando
recursos financeiros, produtos, serviços, tecnologia, know-how e seus funcionários, tudo a
serviço da comunidade.
A empresa passa a ter objetivos que asseguram o desempenho ético e correto e o
desempenho ambiental adequado da empresa, com uma melhoria da qualidade de vida de seus
26
funcionários e dependentes, usando a força das suas relações com seus fornecedores e
concorrentes mobilizando-os para serem socialmente responsáveis, implementando normas de
respeito ao consumidor e motivando-os aos atos de solidariedade, transmitindo valores e
informações de interesse da comunidade.
As empresas, nesta situação, colocam em prática suas ações sociais em princípios e
valores éticos e reforçam as suas relações com seus stakeholders que representam os
funcionários e familiares, clientes, fornecedores, acionistas, parceiros, governo, sociedade e
comunidade.
No início do século XX, a atuação social empresarial surgiu com o filantropismo, mas
com o esgotamento do modelo industrial e o desenvolvimento da sociedade pós-industrial, o
conceito de responsabilidade social evoluiu, passando a incorporar as necessidades dos
agentes sociais nos planos de negócios das corporações. Desta forma, as empresas
desenvolveram além do filantropismo, os conceitos de voluntariado empresarial, cidadania
corporativa, responsabilidade social corporativa e desenvolvimento sustentável (MELO
NETO, 2000).
Podemos dividir a evolução da responsabilidade social em dois períodos, onde o
primeiro período compreende o início do século XX até a década de 1950. O segundo período
representa uma abordagem mais contemporânea e que vai de 1950 até hoje com a discussão
do conceito de desenvolvimento sustentável.
No primeiro período, com os problemas decorrentes da industrialização, o
entendimento das obrigações da empresa em relação aos agentes sociais começou a se
modificar. Temos em Ford um dos primeiros entendimentos da natureza dessas
transformações, instituindo salário mínimo e jornada de trabalho de no máximo oito horas
diárias, idealizando que os negócios e a indústria devem ser tratados como um serviço
27
público. Colocando uma política de forçar os preços dos carros para baixo, beneficiando os
usuários e os trabalhadores, com um lucro razoável.
Nesta época a responsabilidade social assume uma dimensão econômica que
representa um conceito clássico e é entendida como a capacidade dos empresários na geração
de lucros, criação de empregos, pagamento de impostos e cumprimento das obrigações legais.
Para o segundo período saímos de uma sociedade industrial em busca de sucesso
econômico e vamos para a sociedade pós-industrial buscando o aumento da qualidade de vida,
a valorização do ser humano, o respeito ao meio ambiente, a organização empresarial de
múltiplos objetivos e a valorização das ações sociais para as empresas e para os indivíduos.
Este novo conceito demonstra que as empresas estão inseridas em ambiente complexo, onde
as atividades são influenciadas por diversos agentes sociais, comunidade e sociedade, onde a
orientação da empresa, além de atender os interesses dos acionistas, incorpora objetivos
sociais no plano de negócio, integrando a empresa na sociedade.
As mudanças organizacionais apresentam um continuum que tem início com
mudanças conservadoras e termina com mudanças radicais que estão relacionadas com o grau
de amplitude de inclusão que fazem parte dos objetivos da empresa em relação ao seu
público. Assim indicamos uma tendência histórica com a Figura 1 com a perspectiva de quem
a empresa deve ser responsável?
Figura 1 – Tendências históricas de responsabilidade social
Fonte: Adaptado de Ashley, Ética e responsabilidade social, 2005, pág. 47.
28
Para ASHLEY (2005), o estágio de desenvolvimento moral e características pessoais
dos dirigentes das organizações, além das forças ambientais de expectativas sociais, normas
da indústria e comunidade local de negócios, leis e regulamentações determina o estágio de
desenvolvimento moral das organizações. Assim, com a influência dos Fatores Individuais,
juntamente com os Fatores Ambientais, pressionam as Expectativas da Alta Direção, que por
sua vez interferem nos Processos Organizacionais, influenciando as estratégias, a distribuição
de recursos, a socialização e o sistema de recompensa. Desta forma o Desenvolvimento Moral
Organizacional será atualizado as novas expectativas do mercado com um aspecto de
responsabilidade social.
Figura 2 – Desenvolvimento moral organizacional
Fonte: Adaptado de Ashley, Ética e responsabilidade social, 2005, pág. 53.
1.1.2 Modelos para responsabilidade social nas empresas
A responsabilidade social corporativa não pode ser reduzida a uma dimensão social da
empresa, mas interpretado por meio de uma visão integrada de dimensões econômicas,
ambientais e sociais que estão inter-relacionados.
Os objetivos empresariais estariam sendo fixados além dos aspectos de emprego e
fatores de produção, conciliando os interesses do indivíduo, da sociedade e da natureza,
29
passando do paradigma antropocêntrico, onde a empresa é o centro de tudo para o conceito
ecocêntrico, no qual o meio ambiente é o mais importante, e a empresa e outros agentes fazem
parte deste ambiente.
Segundo Ashley (2005), na abordagem tradicional de gestão, as organizações buscam
a maximização racional da riqueza dos acionistas assim como existe uma mercantilização das
relações sociais e do consumismo, tendo a competição como conduta primária para as
relações de produção e consumo e a relação de apropriação da natureza pelo ser humano e
antropocentrismo.
A abordagem ecocêntrica demonstra um novo modelo que sai do foco das relações de
produção e consumo por parte do ser humano e leva em conta as relações entre o ser humano
e a natureza, sem limites temporais e espaciais, que são descritos no Quadro 3.
Quadro 3 – Principais premissas ecocêntricas
Fonte: Ashley, Ética e responsabilidade social, 2005, pág. 57.
Além destas premissas, encontramos outras características importantes dessas duas
abordagens que percorrem os objetivos, valores, produtos, sistema de produção, organização,
ambiente e funções de negócios das organizações com gestão tradicional e gestão ecocêntrica.
30
Quadro 4 – Gestão tradicional versus gestão ecocêntrica
Gestão Tradicional Gestão Ecocêntrica
Objetivos
Crescimento econômico e lucros.
Riqueza dos acionistas
Sustentabilidade e qualidade de vida.
Bem-estar do conjunto de stakeholders.
Valores
Antropocêntrico.
Conhecimento racional e “pronto
para uso”.
Valores patriarcais.
Biocêntrico ou ecocêntrico.
Intuição e compreensão.
Valores femininos pós-patriarcais.
Produtos
Desenhado para a função, estilo e
preço.
Desperdício em embalagens.
Desenhado para o ambiente.
Embalagens não agressivas ao
ambiente.
Sistema de
produção
Intensivo em energia e recursos.
Eficiência técnica.
Baixo de uso de energia e recursos.
Eficiência ambiental.
Organização
Estrutura hierárquica.
Processo decisório autoritário.
Autoridade centralizada.
Altos diferenciais de renda.
Estrutura não hierárquica.
Processo decisório participativo.
Autoridade descentralizada.
Baixos diferenciais de renda.
Ambiente
Dominação sobre a natureza.
Ambiente gerenciado como recurso.
Poluição e refugo / lixo são
externalidades.
Harmonia com a natureza.
Recursos entendidos como estritamente
finitos.
Eliminação / gestão de poluição e
refugo / lixo.
Funções de
negócios
Marketing age para o aumento do
consumo.
Finanças atuam para a maximização
de lucros no curto prazo.
Contabilidade dedica-se a custos
convencionais.
Gestão de recursos humanos trabalha
para o aumento da produtividade do
trabalho.
Marketing age para a educação do ato
de consumo.
Finanças atuam para o crescimento
sustentável de longo prazo.
Contabilidade focaliza os custos
ambientais.
Gestão de recursos humanos dedica-se
a tornar o trabalho significativo e o
ambiente seguro e saudável para o
trabalho.
Fonte: Ashley, Ética e responsabilidade social, 2005, pág. 58.
31
Tendo em vista estas transformações de premissas que interfere nas experiências
humanas identificamos quatro conceitos fundamentais que se relacionam: consumismo,
consumerismo verde, consumerismo ético e anticonsumerismo.
Quadro 5 – Da produção ao consumo responsável
Fonte: Adaptado de Ashley, Ética e responsabilidade social, 2005.
O consumismo domina nosso cotidiano caracterizando a mercantilização das relações
sociais que estão presentes na família, nas escolas, nos espaços de lazer, nas empresas, nas
políticas públicas, em todos os lados em que o cidadão interage e constrói seus espaços
sociais.
32
1.1.3 Estratégias empresariais na prática da responsabilidade social
Alguns dos fatores que impulsionam as empresas a aprimorar sua gestão na direção da
responsabilidade social estão vinculados aos novos valores e expectativas por parte de
cidadãos, consumidores, autoridades governamentais e investidores, tendo em vista as
mudanças no plano macrossocial como microssocial, maior rapidez e transparência na
divulgação de assuntos relativos às atividades empresariais, com a melhoria das modernas
tecnologias de informação e comunicação e com uma atitude mais crítica e investigativa por
parte da mídia. Outro fator se refere ao crescimento dos riscos associados às excessivas
desigualdades locais e internacionais, com aumento das preocupações de ordem ética e social
como um critério que influencia cada vez mais as decisões de compra ou de investimento e o
grande aumento na conscientização, tendo em vista os danos causados pela atividade
econômica ao meio ambiente.
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é vista pelas empresas líderes não
somente como práticas voluntárias, filantrópicas ou iniciativas direcionadas para as questões
financeiras e mercadológicas, mas está sendo compreendida como um conjunto de valores,
estratégias e políticas com o apoio da alta administração, integrando os processos decisórios e
operacionais, incorporando os interesses de diversos grupos ao planejamento estratégico.
Como os estados perderam sua capacidade de minimizar os problemas como: a fome,
a distribuição de rendas, a corrupção, a escassez de recursos naturais, a poluição, a violência e
tantos outros, as empresas e o terceiro setor começaram a interagir melhor com a sociedade
para minimizar as diferenças entre ricos e pobres. Conforme United Nations, Human
Development Report (1999) os 20% mais ricos da população mundial detém 86% da renda,
enquanto os 20% mais pobres, apenas 1%. O hiato de rendimento entre os países 20 % mais
ricos e os 20% mais pobres passou de 3:1 em 1820, em 1913 passou para 11:1, na década de
60, subiu para 30:1, subiu para 60:1 em 1990 e para 74:1 em 1997.
Desta forma, os governos, empresas e terceiro setor buscam o trabalho da
responsabilidade social e a cidadania corporativa como meio de garantir a cidadania e
condições dignas para milhões de pessoas que vivem em estado de total miséria em todo o
mundo, tendo a responsabilidade social como uma forma de conduzir os negócios pelas
empresas, tornando parceira e co-responsável pelo processo de gestão da responsabilidade e
desenvolvimento social. Com a diminuição das funções do Estado, que apresenta apenas o
papel de regulação dos serviços públicos e definição de políticas, os agentes econômicos e
33
sociais têm uma nova conformação, não existem mais somente os tradicionais setores público
e privado, mas também um outro setor, conhecido como terceiro setor.
Figura 3: Representação dos três setores da sociedade
Ambiente: Estado
Agente: Governo
Meta: Controle
Social
Iniciativa: Pública
Fim: Público
Ambiente: Sociedade
Organizada
Agente: Organização
sem fins Lucrativos
Meta: Qualidade de Vida
Iniciativa:blica
Fim: Público
Ambiente: Mercado
Agente: Firma
Meta: Lucro
Iniciativa: Privada
Fim: Privado
2º Setor
Setor
Setor
Ambiente: Estado
Agente: Governo
Meta: Controle
Social
Iniciativa: Pública
Fim: Público
Ambiente: Sociedade
Organizada
Agente: Organização
sem fins Lucrativos
Meta: Qualidade de Vida
Iniciativa:blica
Fim: Público
Ambiente: Mercado
Agente: Firma
Meta: Lucro
Iniciativa: Privada
Fim: Privado
2º Setor
Setor
Setor
Fonte: Scornavacca Jr., 1998:6
Assim, o 1º Setor tem como representante o Estado e trabalha no controle e
manutenção estrutural da sociedade. O 2º Setor é representado pelas empresas e visa a
geração de recursos, bens e serviços para a sociedade e a remuneração dos acionistas. O
terceiro setor, que representa as organizações sem fins lucrativos, ainda está em processo de
construção devido a sua enorme complexidade de atores, recursos e áreas de atuação. Ao
mesmo tempo em que as experiências de trabalho em parcerias, redes, alianças e associações
com os vários atores constituem-se num processo de aprendizagem social, que visa mudar os
rumos da sociedade em prol do bem-estar social, cujas organizações estarão atuando no vazio
deixado pelo estado e pelo aumento da gravidade dos problemas sociais decorrentes da
globalização econômica.
Desta forma, para MELO NETO (2000), as empresas apresentam a responsabilidade
social como exercício da cidadania empresarial, com uma atuação em duas dimensões: a
gestão da responsabilidade social interna e a gestão da responsabilidade social externa, cuja
valorização é evidenciada pelos Indicadores do Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, difundindo a responsabilidade social como forma de gestão
empresarial. Então, a empresa que exerce sua cidadania empresarial em duas dimensões,
34
torna-se uma empresa cidadã, promovendo a cidadania e o desenvolvimento da comunidade,
criando seus diferenciais competitivos, conforme Quadro 6.
Quadro 6 – Responsabilidade Social Interna e Externa
Responsabilidade Social Interna Responsabilidade Social Externa
Foco Público Interno (empregados e seus dependentes) Comunidade
Áreas de atuação Educação
Salários e Benefícios
Assistência Médica, Social e Odontológica.
Educação
Saúde
Assistência Social
Ecologia
Instrumentos Programa de RH
Planos de Previdência complementar
Doações
Programa de Voluntariado
Parcerias
Programas e Projetos sociais.
Tipo de Retorno Retorno de Produtividade
Retorno para os Acionistas
Retorno Social – propriamente dito
Retorno de Imagem
Retorno Publicitário
Retorno para os Acionistas
Fonte adaptada: Melo Neto; Froes, Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial: 2000 p. 87.
Também identificamos que as organizações empresariais assumiram níveis diferentes
de sensibilidade social, com o método de obrigação social, o método de responsabilidade
social e o método de sensibilidade social. No método de obrigação social as principais metas
das empresas são de natureza econômica, onde as empresas devem apenas satisfazer as
obrigações sociais mínimas impostas por lei. Na abordagem da responsabilidade social, as
empresas não têm metas apenas econômicas, mas também sociais, agindo de forma adaptativa
reativa, definindo quais os projetos sociais as empresas vão realizar diante das necessidades.
No método de sensibilidade social, além das empresas terem metas econômicas e sociais, elas
tentam antecipar-se aos problemas sociais do futuro, agindo de forma proativa. A
responsabilidade social fica evidente nas abordagens Reativa e Proativa beneficiando a
sociedade como um todo e envolvendo também o cidadão (MELO NETO, 2000).
35
Figura 4: Dimensões da Responsabilidade Social
Fontes: Adaptado de Carroll (1991), Maignan e Ferrell (2001), Ferrell et al. (2000).
Com a revisão das quatro faces ou dimensões da responsabilidade social Carroll
(1998) identificou que elas são fortemente relacionadas e com inúmeros conflitos entre elas.
Cada uma dessas dimensões não existe separadamente e o conjunto delas significa a adoção
da responsabilidade social.
Desta forma, entendemos que para a empresa ter responsabilidade social necessita ter
atitude responsável para com a comunidade e o meio ambiente que está inserida, para com os
funcionários, fornecedores e clientes, empresas terceirizadas e governos, com coerência de
valores e atitudes e nas tomadas de decisão, deverá identificar os interessas da sociedade.
As ações de responsabilidade social empresarial podem ser compreendidas em seis
categorias de análise, conforme o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social:
1. Transparência: agrupa ações de auto-regulação da conduta empresarial, indicadores
e balanço social como mecanismos para manutenção de relações transparentes com o
mercado;
SOCIEDADE
EMPRESA
Respeito às leis e regulamentos
Produtividade, lucratividade
Dimensão
Econômica
Dimensão
Filantrópica
Dimensão
Legal
Dimensão
Ética
Práticas sociais não
obrigatórias, porém
estratégicas
Princípios e padrões
socialmente aceitos
RSE
SOCIEDADE
EMPRESA
Respeito às leis e regulamentos
Produtividade, lucratividade
Dimensão
Econômica
Dimensão
Filantrópica
Dimensão
Legal
Dimensão
Ética
Práticas sociais não
obrigatórias, porém
estratégicas
Princípios e padrões
socialmente aceitos
RSE
36
2. Público Interno: são atividades e ações de respeito ao trabalhador, ao indivíduo,
diálogo e participação, com distribuição de lucros, decisões em grupo;
3. Meio Ambiente: gerenciamento do impacto ambiental das atividades, produtos que
não degradem o meio ambiente, processos de extração que possibilite a recuperação do
ambiente, reciclagem de resíduos e reconhecimento da responsabilidade da empresa frente às
gerações futuras;
4. Fornecedores: busca de parceria com fornecedores selecionados quanto à
responsabilidade social na cadeia produtiva, certificados por organizações que atestem o
respeito à cidadania e meio ambiente;
5. Comunidade: ações de relacionamento com a comunidade, realização de
investimentos sociais e incentivos ao voluntariado, trabalho junto à educação, saúde pública e
geração de emprego;
6. Governo e Sociedade: manutenção da transparência política e realização do papel de
liderança social destinado à empresa, convidando a comunidade para a gestão e tomada de
decisão, investimentos e geração de postos de trabalho.
Para Tenório (2006), cada vez mais as companhias estão buscando novas formas de
agregar valor social às suas atividades, intensificando um movimento no Brasil a partir da
década de 1990, com o surgimento de diversas organizações não-governamentais e com o
desenvolvimento do terceiro setor. As instituições como a Fundação Abrinq, o Grupo de
Institutos, Fundações e Empresas (Gife), o Instituto Ethos de Responsabilidade Social e a
Rede de Informação do Terceiro Setor (Rits) foram criadas com o objetivo de destacar a
importância das ações sociais para os negócios e para a sociedade. Assim, termos, expressões
e estratégias empresariais como filantropia, cidadania empresarial, ética nos negócios,
voluntariado empresarial, responsabilidade social, sustentabilidade e governança corporativa
representam algumas das formas de atuação social empresarial com um apelo social e
ambiental.
37
A filantropia empresarial pode ser caracterizada como uma ação social de natureza
assistencialista, caridosa e temporária, que não garante que as empresas estejam respeitando o
meio ambiente, desenvolvendo a cidadania ou respeitando os direitos de seus empregados.
Com a cidadania empresarial a empresa estará mais envolvida em programas sociais
de participação comunitária, por meio de incentivo ao trabalho voluntário, do
compartilhamento de sua capacidade gerencial, de parcerias com associações ou fundações e
do investimento em projetos sociais nas áreas de saúde, educação e meio ambiente. Este
conceito apresenta três estágios onde no primeiro a empresa está preocupada com o negócio e
o retorno financeiro, se restringindo ao cumprimento das obrigações legais. No segundo
estágio a empresa se caracteriza como uma organização social, interagindo com diversos
agentes sociais, nos direcionando a responsabilidade social. No último estágio a empresa
incorpora em suas estratégias um compromisso ético, tornando-se uma empresa-cidadã
(TENÓRIO, 2006).
A responsabilidade social, com certo consenso, representa o compromisso da empresa
com o desenvolvimento, bem-estar e qualidade da vida dos empregados, suas famílias e
comunidade em geral, presentes em todos os aspectos dos negócios.
A governança corporativa representa um conjunto de mecanismos que visam aumentar
a chance dos acionistas garantirem o retorno sobre seu investimento, mantendo uma
equalização entre propriedade e controle nas decisões corporativas, equilibrando o ônus
financeiro nas empresas que apresentam estrutura pulverizada de acionistas minoritários,
minimizando os prejuízos causados pelos conflitos de interesse entre tomadores de decisão e
fornecedores de recursos (SILVEIRA, 2004).
Para Coral (2003) o conceito de desenvolvimento sustentável engloba três princípios
básicos, equidade social, crescimento econômico e equilíbrio ambiental. Assim, uma vez que
a questão do crescimento econômico está presente na competitividade, pode-se concluir que a
38
sustentabilidade de uma empresa dependerá de sua competitividade, da sua relação com o
meio ambiente natural e da sua responsabilidade social.
1.1.4 Principais indicadores utilizados pelas organizações com
responsabilidade social
Os indicadores de responsabilidade social mais utilizado pelas empresas são: o
balanço social, a demonstração do valor adicionado e as certificações de responsabilidade
social. Também estaremos trabalhando com os índices de sustentabilidade corporativa,
utilizado pelos institutos, grupos e bolsas de valores que mensuram a responsabilidade social
com sustentabilidade ambiental, social e econômica.
O balanço social surgiu tendo em vista a necessidade de informações a respeito dos
impactos que às atividades empresariais exercem sobre os trabalhadores, a sociedade, a
comunidade e o meio ambiente, abordando elementos qualitativos de respeito aos direitos
humanos de seus colaboradores, desenvolvendo suas atividades sem agredir o meio ambiente.
Para Tenório (2006) com a implantação do balanço social notamos os seguintes
benefícios:
Identificação do comprometimento social da empresa com o meio ambiente,
sociedade e colaboradores;
Através de indicadores, fica evidente as contribuições à qualidade de vida da
comunidade;
Os resultados sociais são as bases para a avaliação da administração e não
somente financeiros.
39
Apesar da não obrigatoriedade da publicação do balanço social, muitas empresas
publicam seu balanço com intuito de demonstrar sua transparência e o quanto estão engajadas
nas questões sócio-ambientais, conforme modelo proposto pelo Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas (Ibase), apresentado no Quadro 7.
Quadro 7 - Balanço Social
1. Base de cálculo
1.1 Faturamento bruto
1.2 Lucro operacional
1.3 Folha de pagamento
2. Indicadores laboriais
Valor
R$
% sobre folha
de pagamento
bruta
% sobre
lucro
operacional
2.1 Alimentação
2.2 Encargos sociais compulsórios
2.3 Previdência privada
2.4 Saúde
2.5 Educação
2.6 Participação dos trabalhadores nos lucros
ou resultados
2.7 Outros benefícios
Total – Indicadores laboriais (2.1 a 2.7)
3. Indicadores sociais
Valor
R$
% sobre folha
de pagamento
bruta
% sobre
lucro
operacional
3.1 Impostos (excluídos encargos sociais)
3.2 Contribuições para a sociedade /
investimentos na cidadania
3.3 Investimentos em meio ambiente
Total – Indicadores sociais (3.1 a 3.3)
4. Indicadores do corpo funcional Número de empregados
4.1 Número de empregados ao final do período
4.2 Número de admissões durante o período
Fonte: Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), 2005.
A demonstração do valor adicionado (DVA) é um relatório que permite identificar
quanto de valor uma empresa agrega à sociedade e de que forma ele é repartido entre os
empregados, governo, terceiros, acionistas, representados pela remuneração de pessoal,
impostos sobre vendas, produção de serviços, juros sobre capital de terceiros, dividendos e
40
aluguéis. Este relatório serve para avaliar o desempenho da empresa junto a sua comunidade,
determinando sua participação no desenvolvimento da região, servindo de parâmetro para
outras organizações. O modelo estudado é sugerido pela Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras da Universidade de São Paulo (Fipecafi/USP), conforme
Quadro 8.
Quadro 8 - Demonstração do Valor Agregado
Descrição R$ mil
1. Receitas
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2 Provisão para devedores duvidosos – Reversão
1.3 Não-operacionais
2. Insumos adquiridos de terceiros (inclui ICMS e IPI)
2.1 Matérias-primas consumidas
2.2 Custo das mercadorias e serviços vendidos
2.3 Materiais, energia, serviço de terceiros e outros
2.4 Perda / recuperação de valores ativos
3. Valor adicionado bruto (1 – 2)
4. Retenções
4.1 Depreciação, amortização e exaustão
5. Valor adicionado líquido produzido pela entidade (3 – 4)
6. Valor adicionado recebido em transferência
6.1 Resultado de equivalência patrimonial
6.2 Receitas financeiras
7. Valor adicionado total a distribuir (5 + 6)
8. Distribuição do valor adicionado*
8.1 Pessoal e encargos
8.2 Impostos, taxas e contribuições
8.3 Juros e aluguéis
8.4 Juros sobre capital próprio e dividendos
8.5 Lucros retidos / prejuízo do exercício
* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7
Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras da Universidade de São Paulo
(Fipecafi/USP), 2005.
Para Tenório (2006), a certificação de responsabilidade social das corporações nos
exterior é feita através de normas, como a Social Accountability 8000 (SA 8000), a
Occupational Health and Safety BS 8800 (BS 8800) e a Accounta Ability AA1000 (AA
1000), que representam a padronização de um conjunto de indicadores que verificam os
41
aspectos éticos e de responsabilidade social que as empresas utilizam em suas atividades
empresariais. A norma SA 8000, elaborada pela Council on Economic Priorities Accreditation
Agency (Cepaa), foi desenvolvida tomando como base as instruções da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e concentra-se no respeito aos direitos humanos e
trabalhistas. A norma BS 8800 aborda questões referentes às condições de segurança e saúde
dos trabalhadores. Já a norma AA 1000 procura avaliar e analisar as relações existentes entre
empresa e comunidade.
As normas existentes abordam parcialmente as dimensões da responsabilidade social
nas empresas, assim as informações sobre a ISO 9000 (referente à qualidade dos produtos) e a
ISO 14000 (referente às questões ambientais), complementam a análise das empresas.
As empresas, no Brasil, se unem em associações para demonstrar que estão
comprometidas com a responsabilidade social. Assim, vários institutos como o Instituto Gife
e Instituto Ethos, desenvolvem metodologias, certificações e ferramentas de análise para
demonstrar a dimensão do envolvimento social e o grau de adesão da administração das
empresas aos valores éticos.
Para os índices de sustentabilidade corporativa trabalhamos com: o Dow Jones
Sustainability Index – DJSI, o Global Reporting Iniciative – GRI, a iniciativa do Instituto
Ethos e o Índice de Sustentabilidade Empresarial - ISE. Os resultados demonstram que as
iniciativas diferem principalmente em relação aos objetivos, abrangência e aplicabilidade. A
escolha destes índices foi feita tendo em vista uma base de dados representativa e que sejam
reconhecidos no contexto industrial. Assim conforme Strobel & Coral & Selig (2004), temos:
O Dow Jones Sustainability Index (DSJI) é um índice com credibilidade
internacional dentre as corporações, possui o enfoque dos acionistas
42
(shareholders), com uma forma clara de questionamento e uma metodologia de
avaliação objetiva dos indicadores propostos;
O Global Reporting Initiative (GRI) tem abrangência internacional, foca nos
grupos de interesse (stakeholders), é utilizado como modelo para outros
sistemas de indicadores de sustentabilidade;
A iniciativa do Instituto Ethos, amplamente reconhecida em território nacional,
baseado no GRI e no Balanço Social do Instituto IBASE (Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas) e possui enfoque bastante abrangente na
dimensão social.
A BOVESPA, em conjunto com várias instituições – ABRAPP, ANBID,
APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e Ministério do Meio Ambiente –
criaram um índice de ações que seja um referencial (“benchmark”) para os
investimentos socialmente responsáveis, o ISE – Índice de Sustentabilidade
Empresarial.
Os indicadores de sustentabilidade requerem uma visão integrada do mundo, com
indicadores multidimensionais que mostrem as inter-relações entre a economia, o meio
ambiente e a sociedade.
Para Strobel, Coral & Selig (2004) o Índice de Sustentabilidade do Dow Jones (DJSI)
foi o primeiro indicador de sustentabilidade corporativa de nível global lançado em setembro
de 1999. Utilizado para acompanhar o desempenho de empresas líderes em seu campo de
atuação em termos de sustentabilidade corporativa. Através do DJSI, às empresas conseguem
uma avaliação financeira de sua estratégia de sustentabilidade, bem como de seu
gerenciamento das oportunidades, riscos e custos a ela ligados. É derivado e integrado com os
indicadores globais tradicionais do Dow Jones, tendo a mesma metodologia de cálculo,
43
revisão e publicação dos índices. Hoje fazem parte deste índice mais de 300 empresas de 59
grupos industriais atuantes em 34 países. Da mesma forma, em outubro de 2001 foi lançado o
DJSI STOXX, referente a empresas européias. O DJSI possui uma abertura de 5 indicadores
especializados, que excluem indústrias ligadas a álcool, jogo, fumo, armamentos e um quinto
indicador que exclui todos estes itens ao mesmo tempo. Para Dow Jones, a sustentabilidade
corporativa é uma abordagem de negócios que cria valor aos acionistas a longo prazo, através
do aproveitamento de oportunidades e do gerenciamento de riscos que derivam de aspectos
econômicos, sociais e ambientais, assim, o valor aos acionistas seria maximizado através da
adaptação das estratégias e gerenciamento ao aproveitamento do potencial de mercado para
produtos e serviços sustentáveis ao mesmo tempo em que são reduzidos e evitados custos e
riscos derivados da sustentabilidade.
De acordo com Strobel, Coral & Selig (2004), o GRI – Relatório para a
Sustentabilidade Corporativa foi desenvolvido em conjunto pela ONG americana CERES –
Coalition for Environmentally Responsible Economies e pelo Programa Ambiental das
Nações Unidas (UNEP). O objetivo do GRI é de aumentar a qualidade, o rigor, e a utilidade
de relatórios para a sustentabilidade corporativa. Diversos atores participaram da construção
desta iniciativa: empresários, grupos de advocacia sem fins lucrativos, contadores,
investidores e sindicatos. Desta forma, o relatório constitui-se de um consenso formando uma
série de diretrizes no intuito de alcançar aceitação mundial. Segundo o Global Reporting
Initiative, o relatório deve ser usado de maneira voluntária pelas organizações que desejam
relatar dimensões econômicas, ambientais e sociais de suas atividades. Visa assessorar
organizações e grupos de interesse (stakeholders) na articulação e entendimento das
contribuições das empresas ao desenvolvimento sustentável. Pode ser utilizado tanto como
uma referência informal, quanto para ser comparado a outras empresas.
44
Conforme Strobel, Coral & Selig (2004), os Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social Empresarial foram desenvolvidos no Brasil em 2000 para servir de ferramenta de
autodiagnóstico cuja principal finalidade é auxiliar as empresas a gerenciarem os impactos
sociais e ambientais decorrentes de suas atividades. Estes indicadores foram elaborados com
base na estrutura e conteúdo de relatórios sociais propostos pela Global Reporting Initiative,
pelo Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA), assim como a associação entre
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial - Versão 2001 e o Modelo de
Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE). O objetivo
do Instituto Ethos é o de mobilizar as empresas para a causa da responsabilidade social
empresarial por meio de uma ferramenta de gestão abrangente e melhorar a qualidade dos
relatórios e balanços sociais. Ao responder os Indicadores Ethos a empresa está refletindo
sobre informações relevantes para um Balanço Social consistente. Ethos informa que, a
princípio, o uso dos indicadores é essencialmente interno, mas as empresas que desejam
comparar seus resultados com as melhores práticas de Responsabilidade Social corporativa
devem enviá-los ao Instituto Ethos, que irá processá-los. A empresa terá acesso então à
comparação de seus indicadores com o grupo de benchmarking, das 10 melhores empresas. O
foco do relatório é a dimensão social da empresa, sendo que a questão ambiental é um dos
subtemas abordados. Presta-se basicamente à formação do Balanço Social Empresarial.
Para avaliar o desempenho das empresas listadas na BOVESPA com relação aos
aspectos de sustentabilidade, o Conselho considerou pertinente contratar uma instituição com
expertise nessas questões – o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio
Vargas (CES-FGV). O CES-FGV desenvolveu um questionário para aferir o desempenho das
companhias emissoras das 150 ações mais negociadas da BOVESPA, que parte do conceito
do “triple bottom line” (desenvolvido pela empresa de consultoria inglesa SustainAbility). O
conceito de TBL envolve a avaliação de elementos ambientais, sociais e econômico-
45
financeiros de forma integrada. No questionário do ISE, a esses princípios de TBL foram
acrescidos mais dois grupos de indicadores: a) critérios gerais e de natureza do produto (que
questiona, por exemplo, a posição da empresa perante acordos globais, se a empresa publica
balanços sociais, se o produto da empresa acarreta danos e riscos à saúde dos consumidores,
entre outros); e b) critérios de governança corporativa.
Através da avaliação da estrutura das quatro iniciativas de indicadores de
Sustentabilidade Corporativa conseguimos uma classificação das questões por temas,
existindo diferenças marcantes entre elas. Estas diferenças estão vinculadas ao objetivo,
abrangência e aplicabilidade, conforme demonstra o Quadro a seguir:
Quadro 9 – Resumo das diferenças entre as abordagens
Dow Jones Sustainability
Index
Global Reporting
Initiative
Instituto Ethos
Índice de Sustentabilidade
Empresarial - ISE
Objetivo
Criar valor aos acionistas
(Shareholder Value)
Criar valor aos grupos
de interesse (Stakeholder
Value)
Criar valor aos grupos
de interesse (Stakeholder
Value)
Criar valor aos acionistas
(Shareholder Value)
Abrangência
Internacional
Grandes empresas que já
fazem parte do Dow Jones
Internacional
Pequenas, médias e
grandes empresas
Nacional
Pequenas, médias e
grandes empresas
Nacional
Grandes empresas que já fazem
parte da BOVESPA
Aplicabilidade
Empresas com interesse em
diferenciar-se das demais e
atrair investimentos devido a
seu desempenho voltado à
sustentabilidade.
Empresas que pretendem
avaliar suas atividades
sob a ótica da
sustentabilidade.
Empresas brasileiras que
pretendem avaliar sua
atuação de
responsabilidade social
perante a sociedade.
Empresas com interesse em
diferenciar-se das demais e
atrair investimentos devido à
seu desempenho voltada à
sustentabilidade.
Fonte: Adaptado de Strobel, Coral & Selig (2004).
46
A diferença em relação ao objetivo de cada iniciativa implica numa conseqüente
variação na interpretação dos indicadores. O DJSI e o ISE enfocam primordialmente o
interesse dos acionistas, isto é, sua finalidade é a diferenciação do shareholder value (valor do
acionista) daquelas empresas compromissadas com o desenvolvimento sustentável. Já as
iniciativas do GRI e do Instituto Ethos são nitidamente voltadas aos stakeholders, ou seja, a
todos aqueles que possuem algum interesse nas atividades da empresa, de empregados à
comunidade de entorno, e incluindo os acionistas.
As iniciativas do DJSI e do GRI são de abrangência internacional, enquanto que o
Instituto Ethos e o ISE são nacionais. No entanto, para participar do DJSI é pré-requisito que
a empresa já faça parte dos índices tradicionais, conhecidos como Dow Jones Global Indexes,
desta mesma forma acontece com o ISE, com relação a BOVESPA. Sendo assim, apenas
grandes empresas são envolvidas. Já o GRI e o Instituto Ethos podem ser utilizados por
quaisquer empresas. O GRI incentiva inclusive sua utilização por parte de instituições
governamentais e sem fins lucrativos.
Quanto à aplicabilidade, a análise das abordagens indica que cada uma destina-se a
empresas com necessidades diferentes. O Dow Jones Sustainability Index e o ISE são mais
adequados para empresas com interesse em diferenciar-se das demais e atrair investimentos
devido ao seu desempenho voltado à sustentabilidade. A iniciativa do Instituto Ethos, por sua
vez, aplica-se especialmente a empresas brasileiras que pretendem avaliar a sua atuação de
responsabilidade social perante a sociedade. Já o Global Reporting Initiative possui maior
abrangência, apesar de não incluir critérios financeiros, aplicando-se a empresas que
pretendem avaliar suas atividades sob a ótica da sustentabilidade segundo preceitos do
Relatório Brundtland.
47
1.1.5 Marketing social
Conforme Zenone (2006), o marketing social está sendo descrito como o “quarto
estágio” de desenvolvimento do marketing, mas também pode ser considerado como um
movimento contrário ao consumismo do marketing comercial que enfatiza o consumo
material e a satisfação do cliente a curto prazo, sem considerar o impacto na sociedade ou no
ambiente a longo prazo.
Figura 5 – Estágios de evolução do marketing incluindo a orientação social
Fonte: Zanone, L.C.Marketing Social, 2006.
Essas orientações começaram com a produção – quando se pensava que o melhor
produto no mercado venderia a si mesmo; as vendas – quando as empresas tentavam vender o
que elas produziam, o marketing – quando a produção passou a ser baseada nas necessidades
e desejos do mercado e a orientação social – leva as empresas a incluir os conceitos de
responsabilidade social e ética empresarial em suas práticas de marketing.
O Marketing Social está vinculado a atividades onde a empresa estabelece uma
parceria com uma ou várias causas em benefício mútuo, mas essa aproximação leva muitas
empresas a desenvolver ações oportunistas, criando uma boa imagem para o público
interessado, aumentando a preferência pela marca e a fidelidade do cliente, aumentando as
vendas e a atenção da empresa.
48
Para o estágio do marketing social, as empresas devem equilibrar três considerações
conflitantes: lucros para a empresa, satisfação e desejo dos consumidores e interesses da
sociedade.
Figura 6 – Os três vetores da orientação social
Fonte: Adaptado de Zenone (2006, p.53).
Como percebemos, o interesse público passa a fazer parte do mercado-alvo da
empresa, tornando-se um importante elemento na elaboração da estratégia de marketing.
Para Zenone (2006), a partir da visão de marketing social, sua prática pode ser
entendida em três categorias: setor público (governo), setor privado (empresas comerciais) e
Terceiro Setor ou setor privado com fins públicos, onde fazem parte as ONGs.
Figura 7 – Aplicação do conceito de marketing social
Fonte: Zenone (2006, p. 68)
49
O marketing social não se restringe à mera utilização de métodos e técnicas do
marketing comercial para a área social, é uma nova abordagem que nos propicia um
entendimento e maior visualização das questões sociais, é uma tecnologia de gestão do
processo de transformação social.
Adaptado de Melo Neto e Froes (1999), identificamos as principais modalidades de
marketing social:
Marketing da filantropia;
Marketing das campanhas sociais;
Marketing de patrocínio de projetos sociais;
Marketing de relacionamento com base em ações sociais;
Marketing de promoção social do produto e da marca;
Marketing ambiental.
O marketing da filantropia, para Melo Neto e Froes (1999), tem como conceito as
doações junto a entidades carentes, com aproveitamento ou não de benefícios fiscais, e tem
como característica a promoção da imagem do empresário como grande benfeitor e com
sensibilidade para os problemas sociais, servindo e reforçando a imagem da empresa doadora
como entidade benfeitora, buscando o apoio do governo, a preferência e o respeito do cliente
interno e externo com apoio da comunidade, atenuando o estereótipo de empresa voltada
unicamente para o lucro. Existem inúmeras formas de atuação empresarial como o
licenciamento do nome ou logo, estratégia de vendas promocionais com destinação de partes
do lucro para entidades beneficentes, doação de produtos como estratégia de promover a
marca, estratégia de promoção institucional e de relações públicas, aumentando os laços com
a comunidade, governo e parceiros.
50
Para o marketing das campanhas sociais e segundo Melo Neto e Froes (1999), tem
como conceito a promoção de ações sociais, com característica de ter um forte apelo
emocional, é um movimento sério e consegue a adesão de empresas, governo e sociedade
civil, conta com apoio da mídia, tem grande retorno publicitário para as empresas
participantes da campanha, valoriza e da mais visibilidade ao produto com aumento das
vendas, mobiliza os funcionários e constrói uma imagem simpática da empresa junto ao
consumidor. Isto possibilita o estreitamento das relações com o governo e do público em
geral, campanhas de solidariedade a jovens e minorias carentes, campanhas de valorização da
cidadania (emprego, voto, alistamento militar), campanhas em benefício da criança, da
terceira idade, do adolescente, contra a violência e a favor de desarmamento.
O marketing de patrocínio dos projetos sociais, para Melo Neto e Froes (1999), tem
como conceito promover ações sociais que tenham projetos elaborados e adequados para a
obtenção de incentivos fiscais, possui as características de buscar retorno de imagem e de
vendas, promover a marca, o produto e as vendas, fidelizar clientes, captar novos clientes,
melhorar as relações com os fornecedores, distribuidores e representantes, abrir novos canais
de venda e distribuição, maximizar o retorno publicitário, administrar o instituto e a fundação,
como centro de custos e de resultados. Esses projetos são divididos em dois tipos, o primeiro
se caracteriza como – patrocínio de projetos sociais de terceiros – onde as empresas
contribuem em programas da comunidade solidária, do governo e câmaras de comércio. No
segundo tipo – patrocínio de projetos sociais próprios – as empresas, através de seus institutos
e fundações sociais, criam seus próprios projetos. Num projeto de patrocínio, deve ser dada
ênfase às ações promocionais do tipo sorteios, cuponagem, distribuição de brindes, obtenção
de ingressos nos pontos de venda, camarotes vips para os fornecedores, clientes e
distribuidores.
51
No marketing de relacionamento com base em ações sociais, Melo Neto e Froes
(1999), tem como conceito a utilização do próprio pessoal de vendas, representantes e
distribuidores para orientar seus clientes, como usuários de serviços sociais, definindo as
principais características como a ênfase no relacionamento com clientes e parceiros, a equipe
de vendas desempenha prestação de serviços sociais do tipo aconselhamento, orientações
médias e educacionais, fidelização dos consumidores e promovem a marca e o produto. Tais
campanhas estão orientam a comunidade nos procedimentos para evitar o câncer de mama,
estimulam o aleitamento materno e previnem doenças sexualmente transmissíveis.
Para o marketing de promoção social do produto e da marca, para Melo Neto e Froes
(1999), tem como conceito em licenciar o nome ou logo de uma entidade sem fins lucrativos
ou de uma campanha social do governo para uma empresa em troca de uma porcentagem do
faturamento, tem como características, agregar valor à marca ou produto através de ações
sociais embutidas em suas estratégias, posicionando a marca e conferindo status de
socialmente responsável para a marca e o produto. Esta prática é comum entre as empresa de
cartões de crédito.
No marketing ambiental, para Zenone (2006), assim como as entidades ambientalistas,
as empresas começam a apoiar e desenvolver atividades que procuram minimizar ou eliminar
causas de degradação social e ecológica, melhorando a qualidade de vida das pessoas e a
imagem institucional da empresa.
O meio ambiente é o lugar onde vivemos, então não podemos nos restringir aos
problemas ambientais relacionados a deterioração dos recursos naturais causados pela
industrialização, mas também a deterioração social, como a corrupção, a marginalidade, o
subdesenvolvimento e a desigualdade social, todos interligados e gerando baixo índice de
desenvolvimento humano. Desta forma o marketing social não se refere apenas às questões
52
ecológicas, mas devem-se incluir questões comunitárias, políticas, religiosas e culturais, todas
interligadas e contribuindo para formar um meio ambiente “saudável”.
Figura 8 – O interesse pelas questões ambientais
Fonte: Zenone (2006, p. 160)
Figura 9 – A abrangência do conceito de marketing ambiental
Fonte: Zenone (2006, p. 161)
O marketing comunitário, político, cultural e esportivo são partes do conceito de
marketing ambiental tornando-se sinônimo do conceito de marketing social. Assim, quando
falamos de responsabilidade social temos que ter uma abrangência na questão ambiental e
conscientização social.
53
CAPITULO II – GOVERNANÇA CORPORATIVA
2.1 Panorama de governança corporativa no mundo e no Brasil
Para Silveira (2006), a Governança Corporativa tem sido o principal foco de
discussões sobre a alta gestão das empresas, sobretudo após o ano de 2002, com os problemas
ocorridos no mercado de capitais norte-americano, o mais sofisticado e modelo padrão de
governança para todos os outros mercados. Naquele ano, as empresas Enron, Worldcom e
Xerox, foram acusadas de fraudes contábeis com adulterações de balanços, negociações com
informações privilegiadas (insider trading) e evasão fiscal. O escândalo e falência da Enron
acarretaram também a falência da quinta maior companhia de auditoria do mundo, a Arthur
Andersen. Na Europa, também em 2002, com um modelo de governança diferente do norte-
americano, apresentaram escândalos financeiros nos casos da Vivendi, Royal Ahold e
Parmalat. Estes problemas de governança corporativa têm atraído cada vez mais a atenção das
autoridades públicas, pois tem impactos sociais no curto prazo (demissões, lacunas no
mercado) e problemas potenciais de longo prazo (fuga dos investidores, aumento do custo de
capital e redução dos investimentos).
Conforme Silveira (2006) exemplifica, há uma clara distinção entre o problema de
governança nas empresas norte-americanas e o problema básico de governança nas
companhias brasileiras. Nas grandes empresas norte-americanas a propriedade é difusa, com
muitos acionistas, com uma separação clara entre propriedade e controle. No Brasil, a
propriedade é bastante concentrada, com presença de um acionista controlador que atua como
gestor, com uma sobreposição entre propriedade e controle. Abaixo mostramos a diferença
entre as empresas brasileiras e norte-americanas.
54
Figura 10 – Percentual de ações com direito a voto em posse do maior acionista
85,20%
76,00%
55,70%
6,30%
4,10%
4,00%
10,70%
96,50%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
CST US$ 1.4 Bi
Pão de Açucar US$ 2.6 Bi
Petrobras US$ 31.7 Bi
Aracruz US$ 2.1 Bi
IBM US$ 170,7 Bi
Exxon US$ 267.8 Bi
GE US$ 337.7 Bi
Microsoft US$ 298.4 Bi
Companhias
brasileiras
Companhias
americanas
Fonte: Economática, Bloomberg e DIVEXT – CVM (23/1/04)
Na análise da figura acima, notamos que as grandes companhias americanas não
apresentam um único acionista possuindo mais que 20% das ações. Assim o modelo de
governança norte-americano é caracterizado por acionistas fracos e executivos fortes que
tomam decisões no melhor interesse dos acionistas. Para Silveira (2006), no caso brasileiro,
tendo em vista a alta concentração da propriedade, o principal problema de governança ocorre
entre acionistas controladores e outros fornecedores de recursos financeiros que são os
acionistas minoritários e os credores de longo prazo. Notamos desta forma a necessidade de
um aumento da proteção ao investidor com maior transparência das decisões tomadas pelos
controladores e da garantia das manifestações dos minoritários, com participação dos
conselhos de administração ou adesão da empresa a mecanismos como câmaras de
arbitragem.
A partir da década de 80, no mercado americano, os investidores institucionais
passaram a exigir melhores práticas de governança como condicionante para alocação de
recursos nas companhias. Os investidores institucionais compreendem fundos de pensão,
55
fundos mútuos (fundos de investimento) e companhias de seguro que possuem muito recurso
pois reúnem a poupança coletiva de milhares de indivíduos que visam investimentos de longo
prazo como bônus e debêntures, diversificando o risco de sua carteira de ativos como
minoritários de muitas companhias. Desta forma os investidores institucionais do mercado
acionário norte-americano representam os maiores investidores.
O Securities and Exchange Commission – SEC, nos Estados Unidos, que existe desde
1929, tem por objetivo proteger investidores, manter integridade do mercado e facilitar a
formação de capital. O mundo de investir é fascinante e complexo, e ele pode ser muito
frutífero. Mas diferentemente do mundo bancário, onde depósitos são garantidos pelo governo
federal, garantindo títulos e outras seguranças, não existe nenhuma garantia, é por isso que
investir não é um esporte de espectador. Sem dúvida o melhor modo para os investidores
protegerem o dinheiro que eles põem nos mercados com segurança está em fazer pesquisa e
fazer perguntas.
Para isto os investidores, de instituições grandes ou indivíduos privados, deviam ter
acesso a certos fatos básicos sobre um investimento antes de comprar. Desta forma, o SEC
exige companhias públicas com porte financeiro e outras informações para o público. Para
ajudar a sustentar a educação do investidor, o SEC oferece ao público uma riqueza de
informações educacionais sobre o site da Internet, que também inclui o banco de dados de
documentos.
Entretanto ele é o inspetor e regulador primário dos mercados de seguradoras dos
Estados Unidos. O SEC trabalha próximo de muitas outras instituições, inclusive o Congresso
e outros departamentos e agências federais. Trabalha também na própria regulação de
organizações (por exemplo as bolsas de valores), reguladores de seguranças oficiais, e
organizações de setor privado. Em particular, o Presidente do SEC, junto com o Presidente do
Federal Reserve, o Secretário da Tesouraria, e o Presidente da Comissão de Produtos de
56
Comércio Futuro, serve como um membro do Grupo de trabalho do Presidente em Mercados
Financeiros.
Em 30 de julho de 2002, Presidente Bush assinou a lei de Sarbanes-Oxley de 2002,
que foi caracterizado como "o grande alcance das reformas de práticas de negócios
Americanos desde o tempo de Franklin Delano Roosevelt." O Ato direcionou várias reformas
para realçar a responsabilidade corporativa, realçando revelações e o combate à fraude
financeira corporativa, e criada a "Public Company Accounting Oversight Board", também
conhecida como a PCAOB, para vigiar as atividades de auditoria.
Cenário Antes da SOX
O cenário pré-Sox, se assim podemos chamá-lo, foi um período caracterizado por
turbulências envolvendo grandes companhias. Foi uma época de imprevistos, fraudes,
diversas falhas de controles internos, manipulação dos números de demonstrativos
financeiros, quebra de empresas, receitas impróprias, insegurança quanto à contabilidade,
entre outros fatos ocorridos e amplamente divulgados na mídia mundial.
Para liquidar com tal cenário e evitar futuras turbulências, o objetivo seria impor um
regime ético de atuação empresarial, a fim de, reerguer a credibilidade e estabelecer o retorno
da confiança, principalmente no mercado de capitais norte-americano, que foi afetado, de
forma significativa.
Diante de tamanha insegurança financeiro-contábil, foi promulgado, em 2002, o ato
constitucional de implantação da SOX, onde grande parte da discussão sobre a lei, concentra-
se nas seções 302 (área contábil e financeira) e 404 (contendo pautas que envolvem a
participação da área de TI na implantação da SOX).
57
Com esta lei, surgia a garantia da transparência e legitimidade. Com isto, as
organizações americanas tiveram que correr contra o tempo ao cumprimento desta
transparência empresarial e cumprir os prazos na prestação de contas assim exigidas pela Lei.
Algumas considerações necessárias para a implantação da SOX, 2002:
Controles internos, mapa de processos e documentação de normas (inclua-se a
política de TI);
Boas práticas na governança - Para as empresas que investiram e implantaram
as práticas da boa governança, uma coisa é certa, o investimento não foi em
vão;
Estudo de custo - nem sempre o aumento de custo aplicado é proporcional ao
aumento de receita propriamente dita. Trata-se de investir para atender uma
legislação, afim de, garantir a confiabilidade dos números empresariais. Um
exemplo típico de investimento é: a integração de sistemas.
Permitiu explorar ou melhorar, de forma acentuada, os recursos oferecidos
pelos ERPs, uma vez que surgem novas exigências de demonstrações
financeiras;
Eliminação de processos redundantes;
Auxílio na identificação dos pontos fracos dos controles internos, a fim de
prover a solução, ou seja, aumento na supervisão e monitoramento dos
controles;
Criação, atuação e independência do comitê/conselho (devidamente registrado
na SEC);
58
Aumento quanto ao nível de responsabilidade e comprometimento por parte do
gestor. A função do administrador (CEO, CFO, ...) torna-se uma atividade de
maior responsabilidade, uma vez que, diante da SOX, tais profissionais são
responsabilizados pelos resultados apresentados pelas áreas (contábil e
financeira) da companhia.
Com a SOX muitas adaptações e/ou alterações ocorrem que de quebra a melhoria vem
na carona. Enfim, percebemos que a governança está diretamente ligada ao crescimento, à
evolução, às melhores práticas e que, diante da aplicação da SOX, fica estabelecida a
credibilidade e a transparência nos processos contábeis e demonstrativos financeiros.
Estudo Realizado pela Standard & Poor´s sobre Governança no Brasil (março/2004), o
modelo empresarial brasileiro encontra-se num momento de transição, saindo dos oligopólios,
empresas de administração familiar e controle acionário altamente concentrado, com
acionistas minoritários passivos e Conselhos de Administração sem poder de decisão. Desta
forma caminhamos para uma nova estrutura de empresa, com a participação de investidores
institucionais, fragmentação do controle acionário e pelo foco na eficiência econômica e
transparência de gestão.
Há vários fatores de pressão a favor dessas mudanças, conforme Standard & Poor’s
(2004):
As privatizações;
O movimento internacional de fusões e aquisições;
O impacto da globalização;
Necessidades de financiamento e, conseqüentemente, o custo do capital;
A intensificação dos investimentos de fundos de pensão; e
59
A postura mais ativa de atuação dos investidores institucionais nacionais e
internacionais.
Esse novo contexto foi detectado pela pesquisa “Panorama da Governança
Corporativa no Brasil”, conduzida em 2001 em parceria pela McKinsey & Company e Korn
Ferry International, onde são enfocadas características da estrutura de propriedade e liderança
das empresas nacionais e a organização e as práticas dos conselhos de administração. Tendo
em vista as necessidades de financiamento e desafios impostos pela competição em nível
global, as empresas estão reformulando suas práticas de governança corporativa.
Quadro 10 – Principais mudanças nas práticas de governança corporativa
Práticas de
governança
corporativa
Mudanças observadas
Minoritários
Assegurar mais respeito aos direitos dos acionistas minoritários tem sido uma das principais preocupações do movimento de
governança corporativa ao redor do mundo. Em nosso país, após um histórico de sucessivos escândalos em que controladores se
beneficiavam em detrimento dos minoritários, cujos interesses raramente eram levados em conta, alguns passos importantes têm sido
dados em busca de maior equilíbrio entre ambos os lados. Destaca-se, sobretudo, a nova Lei de Sociedades por Ações, que teve este
como um de seus critérios inspiradores (encontre abaixo as principais inovações da Lei).
Governança corporativa, todavia, não se confunde nem se limita à proteção do acionista minoritário. Embora, como vimos, trate-se de
um assunto importante, a boa governança não pode prestar-se a esse tipo de polarizações, pois deve servir à empresa como um todo, aí
considerados todos os envolvidos pelas suas atividades, ou seja, as diversas categorias de acionistas, credores, empregados,
investidores, governo e a comunidade em que a mesma atua.
Privatização
Ao transferir a propriedade estatal para grupos privados, os processos de privatização forjaram uma nova realidade societária, ensejando
as primeiras experiências de controle compartilhado no Brasil, como, por exemplo, na área energética, de infra-estrutura, dentre outras,
onde se encontram regimes de parceria com grupos nacionais, multinacionais e fundos de pensão. Nessa nova forma de controle,
formalizada principalmente através de acordo de acionistas, os investidores integrantes do bloco de controle têm que distribuir entre si o
comando da empresa, estabelecendo contratualmente regras para reger o cotidiano empresarial, como as afeitas à escolha e indicação de
profissionais de sua confiança para integrar o Conselho de Administração, as relativas aos procedimentos das denominadas “reuniões
prévias”, entre outras.
Fusões e
aquisições
Há mais de 10 anos, observa-se um movimento internacional que transforma empresas em gigantes através de parcerias, fusões e
aquisições. Ao lado desse fato, a abertura da economia brasileira cria um contexto novo para todos em virtude do ingresso do capital
estrangeiro em nosso mercado de capitais e na estrutura de poder das empresas.
Os investidores
institucionais
Os investidores institucionais - seguradoras, fundos de pensão e fundos mútuos de investimentos - são agentes essenciais para o
processo de formação da poupança de longo prazo destinada ao desenvolvimento econômico e social do país. Detentores de grandes
volumes de capital e guardiões das aposentadorias futuras de milhares de trabalhadores, os investidores institucionais pretendem
retornos a serem obtidos através de prazos mais longos.
Adicione-se a isso, no Brasil, ter sido a participação dos fundos de pensão um fator de fundamental importância no processo de
privatização, muitas vezes responsável pela própria viabilidade financeira dos consórcios formados e por dar maior concorrência aos
leilões.
Mundialmente, essa categoria de investidores vem abandonando sua postura inicial, mais passiva, em favor de uma atuação ativa,
marcada pelo comparecimento a assembléias gerais, exercício dos direitos de voto das ações de que são titulares e fiscalização próxima
da gestão das companhias em que aplicam seus recursos. Essa mudança reflete a adoção de uma nova filosofia, identificada com as
boas regras de governança corporativa.
Os administradores desses fundos possuem deveres fiduciários para com seus constituintes e sua conduta está também, por sua vez, sob
crescente escrutínio por parte dos mesmos e também dos órgãos reguladores.
Fonte: Standard & Poor´s sobre Governança no Brasil (março/2004).
60
Com a análise da pesquisa de McKinsey & Company e Korn Ferry
International (2001), IBGC (2001) e Silveira (2002) permite traçar um modelo de governança
corporativa para as companhias abertas brasileiras com as seguintes características:
Quadro 11 – Modelo de governança corporativa para as companhias abertas brasileiras
MODELO ATUAL
Estrutura de
propriedade
1. Alta concentração das ações com direito a voto (ordinárias).
2. Alto nível de utilização de ações sem direito a voto (preferenciais).
3. Empresas fundamentalmente de controle familiar ou controlada por
poucos investidores.
4. Não reconhecimento dos interesses dos acionistas minoritários.
5. Acionistas minoritários pouco ativos.
6. Alta sobreposição entre propriedade e gestão.
Conselho de
administração
1. Pouca clareza na divisão dos papéis conselho/diretoria executiva,
principalmente nas empresas familiares.
2. Estruturas informais dos conselhos (ausência de comitês).
3. Maioria de conselheiros externos, porém não independentes.
4. Escassez de conselheiros profissionais capacitados.
5. Remuneração como fator pouco relevante.
Fonte: Pesquisa McKinsey e Korn & Ferry – Panorama de Governança Corporativa no Brasil – 2001.
Pesquisa IBGC – Pesquisa sobre Governança Corporativa. Novembro, 2001. Silveira, A.M. Governança
Corporativa, Desempenho e Valor da Empresa no Brasil, dissertação de mestrado defendida na FEA-
USP. São Paulo, outubro de 2002.
Notamos que existe uma forte concentração das ações com direito a voto no modelo de
governança das companhias abertas brasileiras, apresentando também um alto índice de
emissão de ações sem direito a voto (preferenciais) e a utilização de esquemas piramidais
(holdings que controlam holdings que controlam empresas) faz com que muitos controladores
sejam acionistas minoritários das empresas controladas, por não possuírem a maioria do
capital social da empresa.
O modelo atual de governança corporativa reforça um círculo vicioso que não
incentiva as empresas a adotar melhores práticas de governança nem os investidores a aplicar
recursos nas companhias. Abaixo resumimos este modelo:
61
Figura 11 – Círculo vicioso da governança corporativa no Brasil
Fonte: Silveira, A.M. Governança Corporativa, Desempenho e Valor da Empresa no Brasil, dissertação de
mestrado defendida na FEA-USP, São Paulo, outubro de 2002, p. 39.
A partir dos anos 90, com o aumento a competitividade, tendo em vista a maior
estabilidade econômica, e a abertura de mercado, têm impulsionado inúmeras empresas à
busca do mercado de capitais com privilégios de acesso ao capital de longo prazo para
empresas com melhores práticas de governança incentivada por instituições e pelo governo.
Quadro 12 - Principais práticas de governança pelas empresas brasileiras
Iniciativa de
adequação
Aprovação da Lei nº 10.303/2001, conhecida como a Nova Lei das SAs;
Criação dos códigos de governança corporativa do IBGC e da CVM;
Criação dos Níveis Diferenciados de Governança Corporativa da Bovespa.
Iniciativas de
financiamento
Estabelecimento de novas regras pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC) para
definição dos limites de aplicação dos recursos dos fundos de pensão;
Definição, pelo BNDES, da adoção de práticas de boa governança corporativa como um
dos requisitos preferências para a concessão de financiamentos, formalizada no seu
Programa de Incentivo à Adoção de Práticas de Governança Corporativa;
Inserção, no plano diretor do mercado de capitais, da adoção de normas de governança
pelos agentes do mercado e indicação para inclusão do tema na avaliação das companhias;
Discussão do projeto de lei do FGTS que prevê o direcionamento de 1% do FGTS para a
compra de ações ordinárias de empresas listadas no Novo Mercado ou para compra de
papéis preferenciais resgatáveis de companhias do Nível 2 da Bovespa.
Fonte: SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. Governança corporativa e estrutura de propriedade:
determinantes e relação com o desempenho das empresas no Brasil. São Paulo: Saint Paul Editora, 2006.
62
Cartilha CVM
A cartilha da Comissão de Valores Mobiliários – CVM de junho de 2002 contém
recomendações relativas a boas práticas de governança corporativa. A adoção de tais práticas
implica na utilização de padrões de conduta superiores aos exigidos pela lei. A CVM exigirá
brevemente a inclusão nas informações anuais das companhias abertas de indicação do nível
de adesão às práticas aqui recomendadas, na forma “pratique ou explique”, isto é, ao não
adotar uma recomendação, a companhia poderá explicar suas razões.
Para a CVM a governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade
aperfeiçoar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais
como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital, envolvendo
transparência, eqüidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas. Com estas
práticas, os investidores são auxiliados na decisão de investimento, pois a governança
determina o nível e as formas de atuação que estes podem ter na companhia, possibilitando-
lhes exercer influência no desempenho da mesma, objetivando o aumento do valor da
companhia, pois boas práticas de governança corporativa repercutem na redução de seu custo
de capital, o que aumenta a viabilidade do mercado de capitais como alternativa de
capitalização.
A adoção de boas práticas de governança corporativa constitui um conjunto de
mecanismos através dos quais investidores se protegem contra desvios de ativos por
indivíduos que têm poder de influenciar ou tomar decisões em nome da companhia, assim as
empresas tendem a ser mais valorizadas, porque os investidores reconhecem que o retorno dos
investimentos será usufruído igualmente por todos.
Bolsa de Valores Sociais (BVS)
A Bolsa de Valores Sociais (BVS, 2006) é uma iniciativa lançada pela BOVESPA -
Bolsa de Valores de São Paulo - para impulsionar projetos realizados por ONGs brasileiras,
visando acima de tudo promover melhorias na perspectiva social do país.
Tem como objetivo estabelecer um ambiente de criação de valor que privilegie a
crença em projetos que mereçam ser apoiados para que dêem certo, buscando atrair recursos
para as ONGs listadas na Bolsa de Valores Sociais.
63
Seguindo a mesma analogia, enquanto as organizações fortalecem seus negócios na
BOVESPA devolvendo o capital do investidor com lucros e dividendos, as ONGs tornam-se
mais fortes e devolvem o "investimento" na forma de uma sociedade mais justa em que
crianças e jovens contam com melhores oportunidades.
Ao lançar este projeto - reconhecido pela Unesco como único e primeiro do mundo -, a
BOVESPA inova não somente no que diz respeito aos canais através dos quais as instituições
podem levantar fundos, mas também criando os conceitos de Investidor Social, Ação Social e
Lucro Social.
Quatro Razões para Investir na Bolsa de Valores Sociais (BVS, 2006):
a) Os recursos são transferidos integralmente para a Organização Social
A BOVESPA garante que todos os recursos captados pela Bolsa de Valores Sociais
são repassados integralmente para a Organização Social, sem qualquer espécie de taxa ou
dedução.
b) A BOVESPA supervisiona todas as atividades das ONGs listadas na BVS
Todos os projetos sociais são criteriosamente selecionados e permanentemente
acompanhados por uma equipe especializada coordenada pela BOVESPA.
c) Você acompanha a evolução dos seus Investimentos Sociais
Através deste site, você pode monitorar a evolução do seu investimento social,
acompanhando o andamento do projeto com o qual você colaborou.
d) Você monta a sua Carteira de Ações Sociais
A exemplo do que acontece no Mercado de Capitais, na Bolsa de Valores Sociais você
pode escolher as Organizações Sociais cujos projetos listados sejam os mais interessantes para
o seu conceito de investimento social. Você pode comprar "ações" de apenas um dos projetos
listados ou montar um portifólio de ações sociais.
IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
Fundado em 27 de novembro de 1995, o IBGC – uma sociedade civil de âmbito
nacional, sem fins lucrativos – é a principal referência em Governança Corporativa e um dos
principais responsáveis pela introdução do conceito no país. Por meio de conferências,
publicações, treinamento e networking entre profissionais, têm contribuído para a
64
disseminação das melhores práticas e conseqüentemente para o melhor desempenho das
organizações.
O IBGC está semeando a Governança Corporativa conhecendo, desenvolvendo e
fomentando os melhores conceitos e práticas de Governança Corporativa no Brasil,
contribuindo para que as empresas, de capital aberto ou não, desenvolvam os conceitos de
transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa de modo a
facilitar o acesso ao mercado de capitais e a atração de investidores, contribuindo assim para
seu sucesso e perenidade. Reunindo mais de 700 associados e capacitando profissionais para
assuntos relacionados à Governança Corporativa, o IBGC tem acompanhado as mudanças do
universo empresarial e expandido suas atividades continuamente. Nesse sentido, uma das suas
primeiras iniciativas foi a edição do “Código das Melhores Práticas de Governança
Corporativa” em 1999, abrangendo normas relacionadas a acionistas, conselho de
administração, principal executivo, auditoria independente, conselho fiscal, conduta e conflito
de interesses.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC lança o Manual Prático de
Recomendações Estatutárias. Objetivando trazer ao mercado informações práticas que
contribuam para o processo da governança e auxiliem os administradores e conselheiros para
um melhor desempenho das suas funções, contribuindo para aprimorar o funcionamento do
mercado e gerar maior confiança dos investidores e, conseqüentemente, propiciar maior
fluidez de recursos para as empresas. Os Cadernos de Governança são editados, de acordo
com seu conteúdo, em três séries: Documentos Legais de Governança, Documentos sobre
Estruturas e Processos de Governança e Temas Especiais de Governança. São contribuições,
sugestões e recomendações elaboradas pelos associados do IBGC que integram seus diversos
comitês de trabalho, com o propósito de oferecer às sociedades anônimas brasileiras uma
maneira simples de, voluntariamente, adotarem dispositivos estaturios alinhados com as
melhores práticas de governança corporativa.
Foram criados os Níveis 1 e 2 de governança corporativa e do Novo Mercado pela
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em 2001, destacando as empresas comprometidas
com maior transparência e melhores práticas de governança corporativa. As exigências para
inserção nos níveis diferenciados de governança da Bovespa estão abaixo:
65
Quadro 13 – Exigências para níveis de governança corporativa da Bovespa
Nível de
Gov. Corp.
Requisitos para adesão aos níveis de
Governança Corporativa da Bovespa
Companhias Listadas
Manutenção de um percentual mínimo de 25% de ações em
circulação e realização de ofertas públicas de ações
favorecendo a dispersão do capital
Divulgação de informações adicionais na ITRs, DFPs e
IANs (DF consolidadas, dem. de caixas e valores
mobiliários detidos pelo grupo de controladores e grupo de
administradores)
Regras de disclosures em operações envolvendo ativos de
companhia e divulgação mensal das negociações com
valores mobiliários e derivativos realizadas por
controladores ou administradores
Divulgação de acordo de acionistas, programas de stock
options e termos dos contratos firmados com partes
relacionadas
Disponibilização de um calendário anual de eventos
corporativos e realização de ao menos uma reunião pública
anual com analistas e investidores
Nível 1
Obrigação de todos os administradores assinarem o termo
de anuência da Bovespa
Aracruz
Bco Bradesco
Bco Cruzeiro do Sul
Bco Daycoval
Bco Indusval
Banco Itaú
Bco Pine
Bco Sofisa
Bradespar
Brasil Telecom
Participações
Brasil Telecom
Braskem
Eletrobrás
Cesp
CBD – Pão de Açúcar
Cemig
Cia Fiação Cedro
Cia Transmissão
Energia Elétrica
Paulista
Cia Vale do Rio Doce
Confab
Duratex
Fras-le
Gerdau
Iochpe Maxion
Paraná Bco
Randon Participações
Vigor
Sadia
Alpargatas
Suzano Papel e Celulose
Ultrapar Participações
Unibanco Holding
Unibanco União de Bcos
Brasileiros
Unipar União de Indústria
Petroquímica
Votorantin Celulose e Papel
Balanço anual seguindo as normas do USGAAP ou IAS
GAAP
Adesão às regras de câmara de arbitragem para resolução
de conflitos societários
Conselho de administração com no mínimo 5 membros e
mandato unificado de 1 ano
Oferta pública de compra de todas as ações em circulação,
pelo valor econômico, em caso de fechamento do capital ou
cancelamento do registro no nível 2
Direito de voto aos preferencialistas nas seguintes matérias:
transformação, incorporação, cisão/fusão, aprovação de
contrato com as subsidiárias
Nível 2
Tag along de 100% aos ordinaristas minoritários e de 70%
do valor para os preferencialistas
All América Latina Logística
Anhanguera Educacional Participações
Celesc
Eletropaulo
Equatorial Energia
Gol Linhas Aéreas
Marcopolo
Net Serviços de Comunicação
Santos Brasil
Saraiva Livreiros Editores
Suzano Petroquímica
TAM
Terna Participações
Universo Online
Vivax
Novo Mercado
Emissão apenas de ações
ordinárias e/ou conversão
das ações preferenciais em
ordinárias (proibição de
ações preferenciais)
Abyara
Agra Incorp
Abnote
Brasil
Nossa Caixa
Bematech
BR Malls Par
Bracan Res
Ecodiesel
Brasillagro
CC Des Imob
Invest Tur
CCR Rodovias
Cia Hering
Sabesp
Copasa
Company
Cosan
CPFL Energia
CR2
Cremer
CSU Cardsyst
Cyrela Realt
Datasul
Dasa
Drogasil
Energias BR
Embraer
Eternit
Even
Eztec
Fer Heringer
Gafisa
Grendene
GVT Holding
Iguatemi
Inds. Romi
Inpar S/A
JBS
JHSF Part
Klabinsegall
Light S/A
Localiza
Log-in
Lojas Renner
Lopes Brasil
Lupatech
M.Diasbranco
Marfrig
Medias Saude
Metalfrio
MMX Miner
Natura
OHL Brasil
Odontoprev
PDG Realt
Perdigao S/A
Porto Seguro
Positivo Inf
Profarma
Redecard
Renar
Rodobensimob
Rossi Resid
São Carlos
Sao Martinho
SLC Agricola
Submarino
Tecnisa
Tegma
Totvs
Tracrebel
Weg
Fonte: website Bovespa – www.bovespa.com.br <em 14/07/07>
66
Podemos ressaltar que o Nível 1 trata de exigências de liquidez das ações e divulgação
de informações, não exigindo mudanças estruturais das companhias no tratamento dos
acionistas minoritários. O Nível 2 de governança aumenta o nível de exigências como a
adesão à Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários e o estabelecimento do
tag along, “que consiste no direito de o acionista minoritário receber no mínimo um
determinado percentual estabelecido do valor pago pelas ações dos controladores em caso de
alienação do bloco de controle”, de 100% para os ordinaristas e de 70% para os
preferencialistas, constitui um real avanço das práticas de governança corporativa das
empresas. Os segmentos de listagem foram desenvolvidos com o objetivo de proporcionar um
ambiente de negociação que estimule o interesse dos investidores e a valorização das
companhias. Confira as diferenciações entre os seguimentos abaixo:
Quadro 14 – Diferenciações entre os seguimentos
BOVESPA
MAIS
NOVO
MERCADO
NÍVEL 2 NÍVEL 1 TRADICIONAL
Percentual
Mínimo de Ações
em Circulação
(free float)
25% de free float
até o sétimo ano
de listagem, ou
condições mínimas
de liquidez
No mínimo 25%
de free float
No mínimo 25%
de free float
No mínimo 25%
de free float
Não há regra
Características
das Ações
Emitidas
Somente ações ON
podem ser
negociadas e
emitidas, mas é
permitida a
existência de PN
Permite a
existência somente
de ações ON
Permite a
existência de
ações ON e PN
(com direitos
adicionais)
Permite a
existência de
ações ON e PN
Permite a existência de
ações ON e PN
Características
das Ações
Emitidas
Mínimo de três
membros
(conforme
legislação)
Mínimo de cinco
membros, dos
quais pelo menos
20% devem ser
independentes
Mínimo de cinco
membros, dos
quais pelo menos
20% devem ser
independentes
Mínimo de três
membros
(conforme
legislação)
Mínimo de três
membros (conforme
legislação)
Demonstrações
Financeiras
Anuais em
Padrão
Internacional
Facultativo
US GAAP ou
IFRS
US GAAP ou
IFRS
Facultativo Facultativo
Concessão de
Tag Along
100% para ações
ON
100% para ações
ON
100% para ações
ON
80% para ações
PN
80% para ações
ON (conforme
legislação)
80% para ações ON
(conforme legislação)
Adoção da
Câmara de
Arbitragem do
Mercado
Obrigatório Obrigatório Obrigatório Facultativo Facultativo
Fonte: website Bovespa – www.bovespa.com.br <em 14/07/07>
67
Conforme o “Guia de Boa Cidadania Corporativa” da revista EXAME de dezembro de
2006, foi feito um levantamento das práticas de gestão das empresas no que diz respeito a
valores e transparência, cuidados com o meio ambiente e relacionamento com os públicos de
interesse. Foram relacionadas cerca de 400 práticas com 14 destaques nos diversos segmentos
analisados e relacionados abaixo:
Quadro 15 – Referências de casos
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
Alcoa
Linha direta de conduta ética
Para assegurar a conduta ética, a Alcoa criou um
sistema para ouvir púbicos de interesse. O programa
teve seu início em 2003 e contou com um
investimento em 2006 de R$ 400.000,00
a) O presidente da empresa participa
diretamente das avaliações do código de
conduta;
b) A linha 0800 pode se usada por qualquer
pessoa – inclusive de telefone público.
Valores e
transparência
Banco Real
Conselho de sustentabilidade
Representantes de diversas áreas do Banco Real
debatem a sustentabilidade no dia-a-dia. O programa
teve início em 2006 e não houve investimento
a) O conselho determina o acompanhamento
mensal das estratégias sócio-ambientais do
banco;
b) O fórum também funciona como espaço de
mobilização dos funcionários.
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
CPFL
Valorização da diversidade
Com oportunidades iguais, o programa da CPFL
procura aliar a diversidade ao treinamento à
aprendizagem social. O programa teve início em 2003
com investimento em 2006 de R$ 320.000,00.
a) O programa possui metas claras para as
populações de mulheres, negros e
deficientes;
b) É respeitada a meritocracia: ninguém é
contratado ou promovido sem os requisitos
básicos.
Funcionários
Volkswagen
Programa Aids Care
Com um atendimento que faz a diferença, a
Volkswagem dá apoio e tratamento a funcionários e
dependentes soropositivos. O programa teve início em
1996 com investimento em 2006 de R$ 108.000.
a) Não atua apenas na assistência ao
funcionário ou seu dependente, mas também
na prevenção;
b) Promove a integração dos funcionários,
diminuindo o preconceito contra a doença.
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
Ambev
Sistema de gestão ambiental
Na fábrica da Ambev os resíduos viram matéria-prima
para outras industrias, produzindo mais com menos, a
empresa adota a ecoeficiência em suas fábricas e gera
resultado econômico com isso. O programa teve início
em 1997 com investimento em 2006 de R$
30.000.000,00.
a) Reduz descarte de resíduos na fabricação de
cerveja;
b) Gera resultados econômicos por meio de
melhorias ambientais.
Meio
ambiente
Embraco
Programa TopVerde
Na fábrica da Embraco o Programa TopVerde ajuda a
reciclar para renovar, auxiliando na conscientização
dos funcionários, reduzindo seu impacto ambiental,
promovendo a devolução de compressores usados. O
programa teve início em 2000 com investimento em
2006 de R$ 2.500.000,00.
a) Envolve a parceria entre técnicos
distribuidores, transportadores e empresa;
b) Reduz o impacto no meio ambiente e
beneficia indiretamente o consumidor.
68
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
Kraft
Cadeia sustentável de suprimentos
A Kraft leva o cultivo sustentável a micro e pequenos
produtores de maracujá, prestando assistência na orientação
de todas as etapas e acesso à tecnologia. O programa teve
início em 2000 com investimento em 2006 de R$
2.600.000,00.
a) Dá assistência técnica gratuita aos
produtores e garantia de 100% da
comercialização;
b) Em Araguari, Minas Gerais, envolve
parcerias com o poder público.
Fornecedores
Wal-Mart
Fornecedores regionais
A Wal-Mart faz negócios com empresas regionais para
oferecer o que o consumidor quer comprar, apoiando a
indústria local, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, com
redução de custos. O programa teve início em 1997 com
investimento em 2006 de R$ 4.000.000,00.
a) Contribui para o fortalecimento de
pequenas e médias empresas locais;
b) Melhora o atendimento aos
consumidores.
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
Banco Real
Microcrédito
Ao conceder empréstimos em bairros carentes, o Real estimula o
desenvolvimento comunitário, onde os agentes se empenham
para conquistar a confiança dos clientes, dando crédito para
quem não tem. O programa teve início em 2002 com
investimento de janeiro a outubro de 2006 de R$ 5.000.000,00.
a) Promove a distribuição de renda;
b) Incentiva o desenvolvimento social
de comunidades carentes.
Consumidores /
clientes
Kraft
Marketing responsável
A Kraft muda seu marketing e passa a dirigir a propaganda de
produtos infantis apenas aos pais. A publicidade consciente
proporciona o evento da marca Trakinas com a participação dos
pais. O programa teve início em 2004 com investimento até
setembro/2006 de R$ 13.500.000,00.
a) Estabelece o respeito ao consumidor
como princípio da comunicação;
b) Estimula o consumo consciente dos
produtos.
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
Itaú
Avaliação econômica de projetos
A avaliação econômica desenvolvida pelo Itaú permite medir
a eficiência de projetos sociais. A Associação Vinhedense tem
uma metodologia que permite avaliar o ganho real do projeto,
com resultados que aparecem. O programa teve início em
2004 com investimento em 2006 de R$ 450.000,00.
a) A metodologia pode ser aplicada em
diversas áreas, como educação, saúde ou
combate à criminalidade;
b) A avaliação econômica ajuda as ONGs
no contato com possíveis financiadores
de projetos.
Comunidade
Odebrecht
Fomento ao capital produtivo
Ao investir no capital produtivo a Odebrecht amplia a geração
de renda no baixo sul da Bahia, com incentivo ao trabalho dos
integrantes da cadeia da aqüicultura, identificando as
vocações locais. O programa teve início em 2003 com
investimento em 2006 de R$ 2.500.000,00.
a) Orienta as comunidades em formas de
produção ambientalmente corretas e
economicamente viáveis;
b) Estimula a venda de produtos do baixo
sul da Bahia para mercados
internacionais.
Destaque Empresa Prática Seus principais pontos são
Alcoa
Juriti Sustentável
A Alcoa estabelece diálogo com a sociedade para levar o
desenvolvimento sustentável à Amazônia. Os moradores de Juriti
participam nas discussões sobre a mina da Alcoa. O programa teve
início em 2004 com investimento em 2006 de R$ 7.000.000,00.
a) Envolve a parceria entre comunidades,
organizações civís e governo;
b) Promove iniciativas de caráter
econômico, social e ambiental voltadas
para o desenvolvimento a longo prazo.
Governo e
sociedade
Unilever
Projeto Mais Vida
A Unilever ajuda uma cidade inteira em Pernambuco a melhorar
sua qualidade de vida. Moradores de Araçoiaba participam da
alfabetização com apoio da Unilever. O programa teve início em
2005 com investimento de R$ 4.000.000,00.
a) O programa tem metas e um rígido
monitoramento de resultados;
b) A iniciativa não é paternalista – seu
resultado não depende somente da
Uniliver, da população e da prefeitura.
Fonte: Guia de Boa Cidadania Corporativa” da revista EXAME de dezembro de 2006
69
Estes casos demonstram a preocupação das empresas nos tratamentos de
responsabilidade corporativa nos itens “Valores e Transparência”, ”Funcionários”, “Meio
Ambiente”, “Fornecedores”, “Consumidores / Clientes”, “Comunidade”, “Governo e
Sociedade”, mas apesar destas preocupações e o investimento nas respectivas áreas, notamos
uma diferença muito grande entre o valor investido e o lucro de cada corporação.
70
CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos
aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana, onde
configuramos a civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus
membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior
potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas
naturais, planejando e agindo de forma a atingir a satisfação dos consumidores sem
comprometer as gerações futuras (MILANEZ, 2003). Para um empreendimento humano ser
sustentável, tem de ter em vista 4 requisitos básicos. Esse empreendimento tem de ser:
Ecologicamente correto;
Economicamente viável;
Socialmente justo;
Culturalmente aceito.
Colocando em termos simples, a sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e
para o ambiente tanto agora como para um futuro indefinido. Segundo o Relatório de
Brundtland (1987), sustentabilidade é: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar
a habilidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades". Isso é muito
parecido com a filosofia dos nativos dos Estados Unidos, que diziam que os seus líderes
deviam sempre considerar os efeitos das suas ações nos seus dependentes após sete gerações
futuras.
O termo original foi "desenvolvimento sustentável," um termo adotado pela Agenda
21, programa das Nações Unidas. Algumas pessoas hoje, referem-se ao termo
"desenvolvimento sustentável" como um termo amplo, pois implica em desenvolvimento
continuado, e insistem que ele deve ser reservado somente para as atividades de
71
desenvolvimento. "Sustentabilidade", então, é hoje em dia usado como um termo amplo para
todas as atividades humanas. Em economia, crescimento sustentável consiste no aumento de
ganhos reais (ajustados à inflação) ou de produção que possam ser sustentadas por longos
períodos de tempo.
3.1 Desenvolvimento sustentável
Desenvolvimento Sustentável, segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas, é aquele que atende às
necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem
as suas próprias necessidades.
A idéia deriva do conceito de ecodesenvolvimento, proposto nos anos 1970 por
Maurice Strong e Ignacy Sachs, durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento (Estocolmo, 1972), a qual deu origem ao Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA.
Em 1987, a CMMAD, presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem
Brundtland, adotou o conceito de Desenvolvimento Sustentável em seu relatório Our
Common Future (Nosso futuro comum), também conhecido como Relatório Brundtland.
O conceito foi definitivamente incorporado como um princípio, durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra de 1992 -
Eco-92, no Rio de Janeiro. O Desenvolvimento Sustentável busca o equilíbrio entre proteção
ambiental e desenvolvimento econômico e serviu como base para a formulação da Agenda 21,
com a qual mais de 170 países se comprometeram, por ocasião da Conferência. Trata-se de
um abrangente conjunto de metas para a criação de um mundo, enfim, equilibrado.
72
A Declaração de Política de 2002, da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, realizada em Joanesburgo, afirma que o Desenvolvimento Sustentável é
construído sobre “três pilares interdependentes e mutuamente sustentadores” —
desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental. Esse paradigma
reconhece a complexidade e o interrelacionamento de questões críticas como pobreza,
desperdício, degradação ambiental, decadência urbana, crescimento populacional, igualdade
de gêneros, saúde, conflito e violência aos direitos humanos. O PII (Projeto de Implementação
Internacional) apresenta quatro elementos principais do Desenvolvimento Sustentável —
sociedade, ambiente, economia e cultura.
Sociedade: uma compreensão das instituições sociais e seu papel na transformação
e no desenvolvimento.
Ambiente: a conscientização da fragilidade do ambiente físico e os efeitos sobre a
atividade humana e as decisões.
Economia: sensibilidade aos limites e ao potencial do crescimento econômico e
seu impacto na sociedade e no ambiente, com o comprometimento de reavaliar os
níveis de consumo pessoais e da sociedade.
Cultura: é geralmente omitido como parte do DS (Desenvolvimento Sustentável).
Entretanto, valores, diversidade, conhecimento, línguas e visões de mundo
associados à cultura formam um dos pilares do DS e uma das bases da EDS
(Educação para o Desenvolvimento Sustentável).
O desenvolvimento sustentável engloba três princípios básicos, equidade social,
crescimento econômico e equilíbrio ambiental, o conceito amplo de sustentabilidade
empresarial deverá considerar essas três variáveis. Assim, uma vez que a questão do
73
crescimento econômico está presente na competitividade, pode-se concluir que a
sustentabilidade de uma empresa dependerá de sua competitividade, da sua relação com o
meio ambiente natural e da sua responsabilidade social, conforme ilustra a Quadro 16.
Quadro 16 – Resumo comparativo entre competitividade e sustentabilidade
Competitividade Sustentabilidade
Baseada em fatores econômicos e operacionais Baseada em fatores econômicos, sociais e ecológicos
Visão de mundo restrita – empresa contra as forças
competitivas
Visão de mundo mais ampla – parcerias para obter
vantagens competitivas
Legislação ambiental = aumento dos custos de
produção
Legislação ambiental = promoção da inovação
Uso de tecnologias de produção tradicionais Uso de tecnologias limpas de produção
Questões do meio ambiente natural geralmente vistas
como ameaças
Questões do meio ambiente natural geralmente vistas
com novas oportunidades
Foco na redução de custos e eficiência operacional Foco na inovação
Individualista Cooperação
PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro:
Campus, 1992.
Assim, uma empresa pode ser considerada sustentável se atender aos critérios de
ser economicamente viável, ocupar uma posição competitiva no mercado, produzir de forma
que não agrida o meio ambiente e contribuir para o desenvolvimento social da região e do
país onde atua.
Mas para isto, as empresas devem incluir a preocupação com o meio ambiente
natural e a responsabilidade social no seu planejamento estratégico, para que seja possível
identificar oportunidades e priorizar investimentos nestas áreas e, ao mesmo tempo, relacioná-
las com o seu desenvolvimento econômico. Neste sentido, deve-se analisar a aplicabilidade
dos modelos existentes para suprir esta demanda.
As organizações empresariais e governamentais são as grandes responsáveis por
trazer um grande potencial de mudar e melhorar o ambiente social, econômico e ecológico,
onde os gestores passaram a se preocupar com as pessoas e o meio em que interagem. Desta
forma, torna-se necessário uma mudança de paradigma, pois a cada dia as organizações se
mostram mais competitivas e abertas, fazendo com que os administradores tenham que se
74
preocupar com o controle dos impactos ambientais e colocando em suas estratégias,
mecanismos e práticas sustentáveis de gerenciamento.
Através de uma prática empresarial sustentável, provocando mudança de valores e de
orientação em seus sistemas operacionais, estarão engajadas à idéia de desenvolvimento
sustentável e preservação do meio ambiente. Neste novo paradigma, Almeida (2002) diz que a
idéia é de integração e interação, propondo uma nova maneira de olhar e transformar o
mundo, baseada no diálogo entre saberes e conhecimentos diversos. No mundo sustentável,
uma atividade – econômica, social ou ambiental – não pode ser pensada ou praticada em
separado, porque tudo está inter-relacionado, em permanente diálogo. No quadro 17, tem-se
as diferenças entre o velho e o novo paradigmas:
Quadro 17 – Paradigma cartesiano versus paradigma da sustentabilidade
Cartesiano
Sustentável
Reducionista, mecanicista, tecnocêntrico Orgânico, holístico, participativo
Fatos e valores não relacionados Fatos e valores fortemente relacionados
Preceitos éticos desconectados das práticas
cotidianas
Ética integrada ao cotidiano
Separação entre o objetivo e o subjetivo Interação entre o objetivo e o subjetivo
Seres humanos e ecossistemas separados, em
uma relação de dominação
Seres humanos inseparáveis dos
ecossistemas, em uma relação de sinergia
Conhecimento compartimentado e empírico Conhecimento indivisível, empírico e
intuitivo
Relação linear de causa e efeito Relação não-linear de causa e efeito
Natureza entendida como descontínua, o todo
formado pela soma das partes
Natureza entendida como um conjunto de
sistemas inter-relacionados, o todo maior que
a soma das partes
Bem-estar avaliado por relação de poder
(dinheiro, influência, recursos)
Bem-estar avaliado pela qualidade das inter-
relações entre os sistemas ambientais e
sociais
Ênfase na quantidade (renda per capita) Ênfase na qualidade (qualidade de vida)
Análise Síntese
75
Centralização de poder Descentralização de poder
Especialização Transdisciplinaridade
Ênfase na competição Ênfase na cooperação
Pouco ou nenhum limite tecnológico Limite tecnológico definido pela
sustentabilidade
Fonte: ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.
A gestão ambiental e da responsabilidade social, para um desenvolvimento que seja
sustentável econômica, social e ecologicamente, precisa contar com executivos e profissionais
nas organizações, públicas e privadas, que incorporem tecnologias de produção inovadoras,
regras de decisão estruturadas e demais conhecimentos sistêmicos (sistema) exigidos no
contexto em que se inserem. O desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão
intimamente ligados. Só é inteligente o uso de recursos naturais para o desenvolvimento caso
haja entendimento e responsabilidade no uso dos referidos recursos. Do contrário, a
degradação e o caos serão inevitáveis. De acordo com a figura 12, a ordem é a busca do
desenvolvimento sustentável, que em três critérios fundamentais devem ser obedecidos
simultaneamente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica.
Figura 12 – Desenvolvimento Sustentável – Tripé da sustentabilidade empresarial
76
Fonte: www.copesul.com.br
Os novos tempos, conforme Tachizawa (2002) caracterizam-se por uma rígida postura
dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa
imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável.
A melhoria das condições de vida, segundo Coelho & Dutra (2000), passa
obrigatoriamente por um conjunto de ações que transcende ao importante item de preservação
ambiental e se expande para a melhoria das condições de trabalho, assistência médica e social,
além de incentivo às atividades culturais, artísticas, bem como à preservação, reforma e
manutenção de bens públicos e religiosos.
3.2 Responsabilidade ambiental
Ecologia e empresa eram consideradas dois conceitos e realidades inconexas. A
ecologia é a parte da biologia que estuda a relação entre os organismos vivos e seu ambiente.
Dessa forma, é entendida como uma ciência específica dos naturalistas, distanciada da visão
77
da Ciência Econômica e Empresarial. Para a empresa, o meio ambiente que estuda ecologia
constitui simplesmente o suporte físico que fornece à empresa os recursos necessários para
desenvolver sua atividade produtiva e o receptor de resíduos que se geram (KARKOTLI,
2004).
Alguns setores já assumiram tais compromissos com o novo modelo de
desenvolvimento, ao incorporarem, nos modelos de gestão, a dimensão ambiental. A gestão
de qualidade empresarial passa pela obrigatoriedade de que sejam implantados sistemas
organizacionais e de produção que valorizem os bens naturais, as fontes de matérias-primas,
as potencialidades do quadro humano criativo, as comunidades locais e que devem iniciar o
novo ciclo, onde a cultura do descartável e do desperdício seja coisa do passado. Atividades
de reciclagem, incentivo à diminuição do consumo, controle de resíduo, capacitação
permanente dos quadros profissionais, em diferentes níveis e escalas de conhecimento,
fomento ao trabalho em equipe e às ações criativas são desafios-chave neste novo cenário
(NASCIMENTO, 2005).
A nova consciência ambiental, surgida no bojo das transformações culturais que
ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou dimensão e situou o meio ambiente como um dos
princípios fundamentais do homem moderno. Nos anos 80, os gastos com proteção ambiental
começaram a ser vistos pelas empresas líderes não primordialmente como custos, mas como
investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva.
A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da organização moderna
amplia substancialmente todo o conceito de administração. Administradores, executivos e
empresários introduziram em suas empresas programas de reciclagem, medidas para poupar
energia e outras inovações ecológicas. Essas práticas difundiram-se rapidamente e logo vários
pioneiros dos negócios desenvolveram sistemas abrangentes de administração de cunho
ecológico.
78
Para se entender a relação entre a empresa e o meio ambiente tem que se aceitar, como
estabelece a teoria de sistemas, que a empresa é um sistema aberto. Sem dúvida nenhuma, as
interpretações tradicionais da teoria da empresa como sistema tem incorrido em uma certa
visão parcial dos efeitos da empresa e em seu entorno.
A empresa é um sistema aberto porque está formado por um conjunto de elementos
relacionados entre si, porque geram bens e serviços, empregos, dividendos, porém, também
consome recursos naturais escassos e gera contaminação e resíduos. Por isto é necessário que
a economia da empresa defina uma visão mais ampla da empresa como um sistema aberto.
Neste sentido, Callenbach (1993) diz que é possível que os investidores e acionistas
usem cada vez mais a sustentabilidade ecológica, no lugar da estrita rentabilidade, como
critério para avaliar o posicionamento estratégico de longo prazo das empresas.
3.3 Ações de sustentabilidade
A sustentabilidade é um posicionamento sério que cria hoje as condições de
sobrevivência no amanhã. Quando nós somos considerados isoladamente, ou seja, extraído de
seu contexto, qualquer animal vivo é insustentável. A sustentabilidade faz sentido apenas
quando se considera todo o conjunto complexo onde este animal está inserido. Sendo o
homem um representante do reino animal, não faz sentido falar de indivíduo sustentável a
menos que se mapeie toda a sua atividade e influência no mundo. O que parece inegável é que
o simples fato de alguém existir já gera algum impacto ambiental e social. Esse impacto pode
ser maior ou menor, dependendo de suas decisões e ações como indivíduo.
A proposta desta sessão é relacionar pequenas ações individuais que reduzam os
impactos sociais e ambientais da existência de uma pessoa. O que você, como indivíduo,
79
independentemente de outras pessoas, organizações, leis ou governos pode fazer em sua casa,
em seu escritório, na rua, na escola e em todos os lugares onde esteja?
Quadro 18 – Pequenas ações de sustentabilidade
Tipo Ação
Transporte
O uso racional dos automóveis, o investimento em transporte coletivo e o fomento do uso de meios de transporte
alternativos como a bicicleta são algumas dessas ações.
Ande menos de carro e mais de ônibus ou outro coletivo qualquer, como o metrô;
Se puder, vá de bicicleta ou mesmo a pé, ambos um ótimo exercício;
Se não for possível deixar o carro em casa, troque-o por um “flex” e utilize ao máximo o etanol como
combustível. Este será o combustível de transição da nossa matriz energética atual para os carros elétricos ou
movidos a energia solar de um futuro próximo.
Água
O vaso sanitário é o maior vilão, representando cerca de 50% do consumo de água de uma residência. São 10 a 14
litros em apenas 6 segundos de acionamento;
Tome banhos mais rápidos: 15 minutos consomem 243 litros de água;
Feche a torneira: 5 minutos correspondem a 80 litros de água;
Economize água de banho
o Compre um balde de 10 litros, que custa cerca de R$ 6,50;
o Deixe-o no box do banheiro. Quando for tomar banho, deixe a água fria encher o balde ao invés de
deixá-la correr pelo ralo;
o Ao terminar o banho, despeje a água na máquina de lavar roupas;
o Acha inútil? Se metade de uma cidade com 1 milhão de habitantes fizer isso, a economia é de 5
milhões de litros por dia, o suficiente para abastecer as residências de uma cidade com 25 mil
habitantes (Búzius fora da temporada).
Lixo
Separe o lixo orgânico do restante. O lixo orgânico pode gerar adubo ou produzir energia e o resto poderá ser reciclado,
reduzindo a necessidade de extração de recursos naturais;
Compre duas caixas de 0,50 x 0,80 (do tamanho de uma caixa de carnes);
Em uma das caixas coloque terra, que será utilizada para cobrir os alimentos e evitar mal-cheiro;
A outra caixa, separe ao meio com uma divisória de maneira tal que possibilite a passagem de minhocas de
um lado para o outro. Arranje algumas minhocas e coloque-as em um dos lados da caixa com um pouco de
terra;
Coloque o lixo orgânico da sua cozinha (cascas de fruta e restos de comida) no lado da caixa onde estão as
minhocas e cubra com uma fina camada de terra; repita até que o lado da caixa esteja cheia;
Então faça o mesmo com o outro lado;
Quando o segundo lado da caixa estiver cheio, o primeiro já conterá humus, que servirá para adubar suas
plantas;
As minhocas alimentam-se do resíduo orgânico e produzem humus;
Se você mora em apartamento, faça um acordo com o síndico para que ele libere um pequeno espaço no
terreno para isso. Talvez você estimule os seus vizinhos a fazerem o mesmo, e terão adubo para o
condomínio;
O resíduo orgânico é um problema para as prefeituras, um custo para as comunidades e resulta em
contaminação do solo, dos rios e risco para famílias que vivem dos lixões e aterros a céu aberto.
80
Reformar ou
construir uma
casa
Colete a água do telhado em uma caixa d’água e aproveite-a para regar plantas;
Colete a água de chuveiro e lavatórios em uma cisterna para aproveitá-la nos vasos sanitários;
Instale um aquecedor solar. A economia de energia elétrica proporciona um retorno do investimento, em
média, em 10 anos;
Deixe áreas permeáveis no terreno, como gramados. Isso reduz a necessidade de captação de água pluvial
pela Prefeitura, melhora a recomposição de aqüíferos subterrâneos e reduz a probabilidade e os efeitos de
enchentes;
Instale sensores de presença para economizar eletricidade;
Instale aquecedor solar para economizar energia e/ou gás.
Energia
Desligue a luz dos cômodos e dos aparelhos que não estão sendo usados;
Desligue os elevadores e as luzes comuns do condomínio que não estiverem sendo usadas;
Instale sensores de presença;
Instale aquecimento solar para complementar a eletricidade e/ou gás;
Essas ações reduzem a necessidade de construção de novas obras de engenharia para a geração de energia e
os conseqüentes impactos socioambientais.
Plante uma
árvore por ano
Se cada brasileiro assim o fizer, serão 190 milhões de arvores a mais por ano. Se o mundo todo fizer isto,
serão 6,5 bilhões de árvores.
Uma árvore em crescimento absorve mais dióxido de carbono da atmosfera do que emite. Como
conseqüência, atua para a redução dos gases responsáveis pelo aquecimento global;
As árvores também são responsáveis pela fixação do solo, com efeitos importantes nas margens dos rios
(mata ciliar), evitando a erosão e conseqüentemente a deposição de resíduos sólidos nos canais a céu aberto;
As árvores favorecem a infiltração das águas de chuva para os aqüíferos subterrâneos, reduzindo a
probabilidade e a intensidade de enchentes;
Verifique a
procedência do
que comprar
Use papel ou outros produtos reciclados. Isso reduz a necessidade de extração de recursos naturais;
Verifique se o produto a ser comprado é certificado: o mercado de madeira ilegal, por exemplo, contribui
para o desmatamento, exploração do trabalho e suas respectivas conseqüências.
Agricultura
orgânica
Baseia-se no uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle
biológico de pragas e doenças.
Fonte: www.sustentabilidade.org.br
O cenário mais complexo aponta para a inevitabilidade da integração de princípios de
sustentabilidade na espinha dorsal das estratégias de negócio das companhias. A consideração
de bottom lines sociais e ambientais em adição ao bottom line econômico-financeiro sugere
que o meio empresarial deseja evitar surpresas relacionadas a passivos sociais e ambientais
que possam provocar uma erosão de seus resultados financeiros. Da mesma forma, um novo
leque de oportunidades de negócios se apresenta para aqueles que desejam antecipar um novo
81
modelo de desenvolvimento. Esse novo tripé de avaliação da performance empresarial e do
desempenho de executivos é conhecido globalmente como Triple Bottom Line (TBL). O novo
conceito parte da premissa de que a sustentabilidade de um empreendimento depende da
gestão competente de sua complexidade natural, assim como da sua capacidade em considerar
nos planos de negócio os interesses legítimos de seus diferentes stakeholders e os impactos no
meio ambiente.
O "triple bottom line" é o termo utilizado para refletir todo um conjunto de valores,
objetivos e processos que uma companhia deveria focar com o objetivo de criar valor
econômico, social e ambiental e, através desse conjunto minimizar qualquer dano resultante
de sua atuação. De acordo com esse "tripé" conceitual, reconhecemos que a sociedade
depende da economia e que a economia depende do ecossistema global, cuja saúde representa
o "botton line" (ALMEIDA, 2002).
Assim como boa parte da literatura de Sustentabilidade, este é um termo ainda em
construção, não só no Brasil como no mundo. Por ser uma expressão idiomática, não existe
ainda tradução adequada para "triple bottom line". Na maioria das vezes o conceito continua
sendo utilizado em inglês ou abordado como "tripolaridade" (ALMEIDA, 2002).
Conforme Hart (2004), apesar da recente disseminação do discurso da
sustentabilidade, grande parte dos executivos ainda considera o desenvolvimento sustentável
uma espécie de mal necessário, uma vez que envolve regulações, custos e responsabilidades
onerosas. Desta forma, a sustentabilidade não é irreconciliável com o crescimento econômico,
mas que, ao contrário, pode ser importante fonte de vantagem competitiva e de geração de
valor para acionistas e comunidade em geral. Para Hart (2004) uma empresa sustentável, por
conseguinte, é aquela que contribui para o desenvolvimento sustentável ao gerar,
simultaneamente, benefícios econômicos, sociais e ambientais – conhecidos como os três
pilares do desenvolvimento sustentável.
82
As ações sem sinergia bloqueiam a integração dos três pilares do desenvolvimento
sustentável, conforme a figura 13.
Figura 13 – Falta de integração entre os três pilares do desenvolvimento sustentável
Fonte: HART, Stuart L. Capitalism at the Crossroads: The Unlimited Business Opportunities in Solving
the World's Most Difficult Problems. Wharton School Publishing, 2005.
Uma vez que as inter-relações entre os três pilares do desenvolvimento sustentável se
intensificam, as barreiras diminuem, possibilitando que as empresas gerem os benefícios
econômicos, sociais e ambientais, conforme figura 14.
Figura 14 – Integração entre os três pilares do desenvolvimento sustentável
83
Fonte: HART, Stuart L. Capitalism at the Crossroads: The Unlimited Business Opportunities in Solving
the World's Most Difficult Problems. Wharton School Publishing, 2005.
Este equilíbrio entre os três pilares possibilita que as empresas sejam bem sucedidas e
rentáveis a longo prazo. Desta forma, a dinâmica do "triple bottom line" (TBL) trabalha com a
sustentabilidade como centro de comando de ações onde a responsabilidade social (cidadania,
geração de emprego, engajamento das partes interessadas), gestão ambiental (preservação de
recursos naturais, eco-eficiência, energia renovável) e o desenvolvimento econômico
(maximização do retorno do capital: investidor // empreendedor = lucratividade no longo
prazo) quando em equilíbrio proporcionam o desenvolvimento sustentável e o bem estar da
população sem agredir o mio ambiente.
84
CAPÍTULO IV – PONTOS DE MELHOR ANÁLISE SOBRE RESPONSABILIDADE
4.1 Discussão relevante sobre pontos da realidade da responsabilidade social
Relatório de mudanças climáticas - Nicholas Stern
Al Gore (2006), lançou An Inconvenient Truth (Uma Verdade Incoveniente),
documentário sobre mudanças climáticas, mais especificamente sobre o aquecimento global,
o qual se sagrou vencedor do Oscar de melhor documentário em 2007, que propiciou uma
ampla divulgação dos impactos ambientais por causa do aquecimento global. Na mesma
direção, em seu relatório de outubro de 2006, Nicholas Stern, mediu o impacto do
aquecimento global na economia mundial, lançando mão de modernos modelos matemáticos
e econômicos na tentativa pioneira de estimar os prejuízos decorrentes do chamado efeito
estufa – o acúmulo de gases poluentes na atmosfera, que está fazendo a temperatura da Terra
subir assustadoramente. Stern discorre sobre os prejuízos econômicos no mundo com o
aquecimento global, que chegam à cifra monumental dos 7 trilhões de dólares, e faz um alerta
urgente: "É preciso agir agora" e explica que o homem deve se preparar para habitar um
planeta mais quente e instável, elogia as pesquisas do Brasil na área de biocombustíveis e
avisa que os efeitos mais duros do aquecimento global recairão sobre os países mais pobres.
Stern (2006) afirma que se deixarmos as coisas tal como estão hoje, o planeta vai
perder entre 5% e 20% do PIB mundial, podendo chegar a cerca de 7 trilhões de dólares e que
dentro de quarenta a cinqüenta anos sentiremos o impacto do que já fizemos contra o planeta.
São efeitos que aparecerão na forma de desastres naturais, como secas, enchentes e furacões
progressivamente mais intensos. Não importa o que fizermos agora, esses efeitos serão
sentidos, eles já são inevitáveis. Assim, tudo o que fizermos nas próximas duas ou três
décadas só terá impacto no fim deste século.
85
Segundo Stern (2006), está claro que temos de diminuir os níveis da emissão global de
gases poluentes, como o gás metano que sai das mineradoras e o dióxido de carbono dos
automóveis, fábricas e aviões. A redução desses gases não pode demorar mais do que vinte
anos. Se for feita, poderá diminuir grandemente os riscos que o planeta corre e que se
começarmos a investir seriamente em tecnologias limpas, por volta de 2050 atingiremos um
patamar de menor agressão ao meio ambiente. Com o investimento em novas tecnologias
estaríamos dirigindo carros movidos a hidrogênio e os biocombustíveis seriam uma realidade.
Também conseguiríamos gerar eletricidade abundante por meio da energia solar, da energia
nuclear, do vento e da água. É muito importante que países dependentes de carvão, e há
muitos nessa situação, aprendam a explorá-lo e a estocá-lo de forma adequada. Sabemos que
países como a Índia, a China, a Austrália, os Estados Unidos e a Polônia têm grandes reservas
de carvão. Isso significa que, dentro de muitos anos, esses países ainda estarão usando carvão
para gerar eletricidade, o que é altamente poluente. Somente agora estamos aprendendo a
explorar o carbono e a guardá-lo de novo no solo, e essa é uma tecnologia fundamental.
Para Stern (2006), os países pobres serão mais atingidos pelas mudanças climáticas,
devido a uma questão geográfica: os países mais próximos à linha do Equador sofrerão
duramente, porque são os mais quentes e é onde estão os países mais pobres. Outro fator é a
limitação das atividades econômicas desses países. Países mais pobres têm economia centrada
em atividades agrícolas, setor mais vulnerável às mudanças climáticas que sofreremos. Em
terceiro, os países pobres dispõem de menos dinheiro para investir em formas de se proteger
contra os efeitos do aquecimento global. Nesses lugares, há menos dinheiro para gastar em
infra-estrutura e na adaptação necessária para protegê-los. As perdas econômicas para os
países pobres realmente serão bem maiores do que as verificadas nos países desenvolvidos.
Os Estados Unidos, que são responsáveis por 36% das emissões de gases poluentes,
estão se conscientizando com a necessidade de diminuir as emissões de gases poluentes, e
86
estão implementando algumas atitudes. A Índia e a China também estão mudando. Na China,
já foram definidas fortes metas de eficiência no uso de energia. O objetivo é cortar em 20% o
desperdício nos próximos cinco anos. O Brasil é um caso especial de país que pode contribuir
de maneiras eficazes para esse esforço global, utilizando mais energia hidrelétrica do que os
outros países. Também investe pesadamente no desenvolvimento de biocombustíveis. Além
disso, tem uma grande área de florestas. O Brasil vem contribuindo enormemente em termos
de pesquisa em novas tecnologias.
Figura 15 – Estabilização e compromisso para o aquecimento
Fonte: STERN, Nicolas. The Economics of Climate Change. Relatório apresentado ao governo britânico.
Cambridge University Press, 2006.
A eventual mudança de temperatura está vinculada à concentração de CO
2
e (CO
2
equivalente) e os riscos dos piores choques de mudança de clima podem ser substancialmente
reduzidos se os níveis de gás de estufa na atmosfera podem ser estabilizados entre 450 e
550ppm CO2 equivalente (CO2e). O nível atual é 430ppm CO2 e hoje está subindo em mais
de 2ppm todo ano. Para alcançar a estabilização seria necessário que as emissões estivessem
pelo menos 25% abaixo de níveis atuais até 2050.
87
Figura 16 – Emissão global por setor de CO
2
e
Fonte: STERN, Nicolas. The Economics of Climate Change. Relatório apresentado ao governo britânico.
Cambridge University Press, 2006.
A emissão global de CO
2
e por setor determina quatro estratégias para a redução de
emissão: reduzindo a demanda; melhorando a eficiência; usando tecnologias com baixa
emissão de carbono e agarrando fontes de energia que não emitem CO
2
.
Figura 17 – Poder de emissão potencial dos mercados e setores industriais
Fonte: STERN, Nicolas. The Economics of Climate Change. Relatório apresentado ao governo britânico.
Cambridge University Press, 2006.
88
O clima já está mudando e todos os países enfrentarão custos significantes de
adaptação, mas os países desenvolvidos são os maiores responsáveis pela emissão de CO
2
.
Desta forma, identificamos a necessidade de maior cooperação em novas tecnologias e
transferência das mesmas para os países em desenvolvimento como meio de minimizar os
impactos dos efeitos de emissão de CO
2
, com arranjos de desenvolvimento limpo.
Apesar de todas as ações das pessoas, empresas e governos, ainda não são suficientes
para reverter a tendência destrutiva causada ao meio ambiente, demonstrando uma falta de
responsabilidade social e sustentabilidade. Nossas próximas atitudes definiram quanto tempo
teremos antes que a natureza busque novamente seu equilíbrio, mudando consideravelmente
as marés, climas, terras, ventos e chuvas, para que o ar se torne novamente ideal para as
gerações que ainda estarão por vir.
Juros (core business) – Anefac
Para Anefac (2007), um grande número de magazines, lojas, butiques e
supermercados, o principal negócio não é vender mercadoria; é ganhar com juros. Operam
como instituição financeira e não como estabelecimento comercial. Assim quando escolhemos
uma roupa ou um aparelho doméstico e, quando passamos pelo caixa, ficamos sabendo que
podemos pagar em várias vezes, “sem juros”. Comerciante que trabalha assim poderia dar um
desconto no preço à vista, mas isso não interessa para ele, significando que há juros
embutidos no preço à vista. A Anefac informa que esses juros em maio/07 foram de 7,32% ao
mês, o que dá 133,44% ao ano. São juros de agiota, sejam quais forem os critérios de cálculo.
O negócio é tão bom que agora prospera outra modalidade, tratando-se de importar
com financiamento externo, a juros baixos e prazos a perder de vista, e depois girar o produto
89
de venda rápida nesse segmento do crédito comercial ao consumidor. Assim, o principal
negócio (core business) desse comércio tem pouco a ver com varejo, demonstrando que o
maior concorrente do setor são os bancos, com a vantagem de não ter de se submeter a
normas, a depósitos compulsórios, nem à fiscalização ou à supervisão do Banco Central. Este
negócio tem prosperado nos últimos 30 anos, conforme os bancos foram concentrando seus
ganhos nas atividades de tesouraria (aplicações em títulos públicos) e abandonaram o crédito,
grandes lojas como as Casas Bahia tornaram-se um case de operação de crédito e em
administração de risco, obrigando os bancos a voltar ao crédito. Desta forma, o Bradesco
achou que o melhor a fazer para readquirir expertise no ramo seria fechar parceria com as
Casas Bahia.
O crédito consignado (desconto direto em folha), que opera a juros progressivamente
mais baixos, está causando forte impacto nesse crédito informal ao consumidor, praticado por
lojas e financeiras. Isso mostra que os bancos podem tirar fatias hoje exploradas pelo
comércio.
Enquanto isso não acontece, o consumidor fica sem opção. Ou engole os juros que
incham o preço à vista e lhe tiram poder aquisitivo ou desiste do produto.
A Associação Nacional de Executivos em Finanças (ANEFAC) realiza periodicamente
uma pesquisa de juros, demonstrando o quanto as instituições de intermediação financeira
remuneram as nossas poupanças, e o quanto elas cobram quando precisamos de um crédito.
Conforme relatório Anefac (2006), a taxa de juros média geral para pessoa física em
maio de 2007 é de 7,32% ao mês, ou seja, 133,44% ao ano. A taxa de juros média geral para
pessoa jurídica no mesmo período é de 4,14% ao mês, ou seja, 62,71% ao ano. O estudo
lembra que a taxa básica de juros Selic foi reduzida de 19,75% em setembro de 2005 para
12,50% em maio de 2007. No mesmo período a taxa de juros média para pessoa física foi
reduzida em 7,68 pontos percentuais (de 141,12% ao ano em setembro de 2005 para 133,44%
90
ao ano em maio de 2007). Para pessoa jurídica a redução foi de 5,52% percentuais (de 68,23%
ao ano em setembro de 2005 para 62,71% ao ano em maio de 2007).
Alguns dados mais: a taxa de juros do comércio em maio de 2007 é de 5,98% ao mês
(100,76% ao ano). No cartão de crédito, a taxa é de 10,29% ao mês (223,92% ao ano). No
cheque especial, a taxa é de 7,79 ao mês (146,00% ao ano). O empréstimo pessoal nos bancos
ficou em 87,33% ao ano, e nas financeiras 264,49% ao ano.
Figura 18 – Taxa de juros setembro/2005 x maio/2007 – pessoa física
Fonte: ANEFAC – Pesquisa de juros maio de 2007 – Associação Nacional de Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade – Maio de 2007, disponível em www.anefac.com.br
Segundo a Anefac (2007), devido as expressivas variações entre as taxas de juros nas
diversas instituições financeiras, recomenda:
Quando da contratação de um financiamento pesquise sempre a taxa de juros e
demais acréscimos;
Evite comprometer demasiadamente seu orçamento com dívidas;
Evite empréstimos de longo prazo que embutem custos maiores;
Evite entrar no rotativo do cartão de crédito e do cheque especial que possuem
as maiores taxas de juros;
91
O cheque especial não é renda e deve ser utilizado por um período curto e
emergencial. Se tiver necessidade de usar este limite por um período maior
procure a sua instituição financeira e faça um empréstimo pessoal (que tem
custos menores) para liquidar o cheque especial;
Existem linhas de crédito mais baratas como o micro crédito que tem taxa de
2,00% ao mês, penhor de jóias da Caixa Econômica Federal e do crédito
consignado com desconto em folha. Assim caso necessite de crédito veja a
possibilidade destes empréstimos mais baratos;
Salientamos que a linha de crédito consignado com desconto em folha de
pagamento/benefício do INSS já atinge hoje mais de R$ 50 bilhões
correspondente a 54,6% do total do crédito pessoal.
Necessitando de crédito para pagar uma dívida e não tendo condições de fazê-
lo não deixe suas dívidas crescerem mais por conta dos juros de mora e multas.
Procure o credor de sua dívida e proponha uma renegociação do prazo e das
taxas de juros em uma condição que consiga cumprir;
Se possível adie suas compras para juntar o dinheiro e comprar o mesmo à
vista evitando os juros. Entretanto caso não seja possível pesquise muito,
barganhe e compre nos menores prazos possíveis (quanto menor o prazo menor
a incidência de juros).
Resumindo, use o crédito com moderação e conscientemente;
Como diz a campanha de uma grande instituição financeira privada de uso
consciente do crédito “O crédito foi feito para você realizar seus sonhos, não
para tirar seu sono”.
92
O sistema financeiro vem expandindo cada vez mais o crédito às empresas e às
pessoas físicas, contribuindo assim com o desenvolvimento econômico do Brasil, onde as
empresas investem, ampliam suas vendas, geram empregos e as pessoas antecipam a
realização de seus sonhos.
As taxas de juros se encontram em patamares elevados no país, seja pelo baixo
volume de crédito disponível que representa hoje 31,3% do PIB quando a média internacional
passa de 100%, seja pelos custos que incidam sobre as taxas.
Desta forma, a desigualdade causada pelo sistema de intermediação financeira que
permite a descapitalização dos governos, das empresas, das comunidades e das famílias, gera
lucros absolutamente estratosféricos favorecendo as instituições financeiras e grandes
aplicadores, e reforçando os desequilíbrios na concentração de renda que precisam ser
corrigidos.
Figura 19 – Lucro dos bancos no 1º Trimestre 2007
A
no Banco Período Lucro
Itaú 1º Trimestre 2007 R$ 1,9 bilhão
Bradesco 1º Trimestre 2007 R$ 1,7 bilhão
Banco do Brasil 1º Trimestre 2007 R$ 1,4 bilhão
CEF 1º Trimestre 2007 R$ 777 milhões
ABN Amro Real 1º Trimestre 2007 R$ 622 milhões
Unibanco 1º Trimestre 2007 R$ 581 milhões
Santander Banespa 1º Trimestre 2007 R$ 559 milhões
Nossa Caixa 1º Trimestre 2007 R$ 87 milhões
2
0
0
7
Mercantil do Brasil 1º Trimestre 2007 R$ 4,9 milhões
Fonte: http://www.feebpr.org.br/lucroban.htm, acesso em 27/07/2007
Para Portes (2006), o lucro dos maiores bancos brasileiros, segundo economistas,
consultores e executivos dos próprios bancos atribuem os ganhos "expressivos" ao
aquecimento da economia brasileira, juros altos, aumento na demanda por crédito e redução
dos custos, mas para alguns especialistas, a falta de concorrência no setor é um dos fatores
que mais tem gerado ganhos para os bancos. Com uma grande cartelização do sistema
93
financeiro privado, onde encontramos as mesmas taxas de juros nos diferentes bancos. Em
relatório divulgado em junho de 2003, o FMI (Fundo Monetário Internacional) já afirmava
que os bancos brasileiros são pouco competitivos e funcionam como um oligopólio em que
poucas instituições controlam o mercado.
A saída seria o governo incentivar mais o microcrédito para as pessoas físicas e
facilitar os empréstimos para empresas que querem fazer investimentos no setor produtivo por
meio de linhas do BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social). Uma destinação
maior de recursos por parte do governo estimularia a concorrência. Apesar de um aumento
das operações de crédito, da redução de custos e do desempenho de empresas coligadas aos
bancos, não justifica o lucro excessivo dos bancos, que tentam justificar sua atuação liberando
valores infinitamente pequenos para a aplicação em ações sociais.
Indicadores de bem-estar social e concentração de renda
Segundo Jean Gadrey e Florence Jany-Catrice (2006), os indicadores de desempenho
da sociedade estão vinculados basicamente ao crescimento do PIB, que mede o progresso
econômico sem avaliar o custo do aumento, a sua sustentabilidade e em que melhora a vida da
população. Desta forma, os autores trabalharam na apresentação de 23 indicadores e suas
metodologias. Esta revolução metodológica teve seu início com o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), que utiliza o PIB como base de cálculo, mas avança com a utilização da
estimativa da esperança de vida e do nível educacional. Assim, é elaborada uma proposta de
análise que leva em conta os impactos ambientais e sociais desencadeados pelas atividades
dos diversos setores de produção, considerando quais os danos ao meio ambiente e a falta de
oportunidades para a população como entraves ao desenvolvimento sustentável.
94
Para Osberg e Sharpe (2003), as quatro dimensões do índice de bem-estar econômico
são:
Os fluxos de consumo efetivo por habitante - consumo de bens e serviços
mercantis, fluxos reais de produção doméstica por habitante, lazer e outros bens e
serviços não-mercantis.
A acumulação líquida de estoques de recursos produtivos - acumulação líquida de
capital tangível, bens materiais e bens de consumo duráveis; acumulação líquida
de capital humano, de capital social e de investimento em pesquisa e
desenvolvimento; mudanças líquidas no valor das reservas e de recursos naturais;
custos ambientais e evolução líquida da dívida externa.
A distribuição de renda, a pobreza e a desigualdade - nível de pobreza (incidência
e gravidade) e desigualdade de renda.
O grau de segurança ou de insegurança econômica - segurança econômica contra a
perda do emprego e o desemprego, a enfermidade, as rupturas da célula familiar e
a pobreza na terceira idade.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza,
alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países
do mundo. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma
população, especialmente bem-estar infantil. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo
economista paquistanês Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento em seu relatório anual.
95
Figura 20 – Mapa-múndi indicando o IDH dos Estados-membros da ONU, 2006.
██ elevado (0,800 - 1) ██ médio (0,500 - 0,799) ██ baixo (0,300 - 0,499) ██ n/a
Fonte: Human Development Report 2006. United Nations Development Programme (2006).
Este mapa demonstra como está distribuído o IDH (2006) pelo mundo, caracterizando
os países da América do Norte, Europa, cone sul da América do sul, Austrália, Japão e Coréia
com elevado índice de desenvolvimento humano, acima 0,8.
Lista de países ordenada pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tem por base
os dados do Development Programme Report das Nações Unidas elaborado em 2006, com
dados relativos a 2004, conforme Figura 21.
Esta lista representa somente os 63 países que apresentam o maior IDH. Como
podemos observar o IDH altera consideravelmente a classificação dos países quando levamos
em conta outros fatores que representam a riqueza, alfabetização, educação, esperança de
vida, natalidade e outros. O Brasil está na 69ª colocação no ranking do IDH de 2006 (em 177
países no total), com um índice de 0,792 (médio desenvolvimento humano). Desde 1990, já
subiu 14 posições. Apesar de ter melhorado nos critérios educação e longevidade, o Brasil
caiu no critério renda.
96
Figura 21 – IDH - Elevado, 2006.
Pos. País IDH Pos. País IDH
1
Noruega
0,965 33 Kuwait 0,871
2
Islândia 0,960 34 Brunei 0,871
3 Austrália 0,957 35 Hungria 0,869
4 Irlanda 0,956 36 Argentina 0,863
5 Suécia 0,951 37 Polônia 0,862
6 Canadá 0,950 38 Chile 0,859
7 Japão 0,949 39 Bahrein 0,859
8 Estados Unidos 0,948 40 Estônia 0,858
9
Suíça
0,947 41
Lituânia 0,857
10 Países Baixos 0,947 42 Eslováquia 0,856
11 Finlândia 0,947 43 Uruguai 0,851
12 Luxemburgo 0,945 44 Croácia 0,846
13
Bélgica
0,945 45 Letônia 0,845
14 Áustria 0,944 46 Qatar 0,844
15
Dinamarca
0,943 47 Seychelles 0,842
16 França 0,942 48 Costa Rica 0,841
17 Itália 0,940 49 Emirados Árabes Unidos 0,839
18 Reino Unido 0,940 50 Cuba 0,826
19 Espanha 0,938 51 São Cristóvão 0,825
20 Nova Zelândia 0,936 52 Bahamas 0,825
21 Alemanha 0,932 53 México 0,821
22 Hong Kong SAR 0,927 54 Bulgária 0,816
23
Israel
0,927 55 Tonga 0,815
24 Grécia 0,921 56 Omã 0,810
25 Singapura 0,916 57 Trindade e Tobago 0,809
26 Coréia do Sul 0,912 58 Panamá 0,809
27 Eslovênia 0,910 59 Antígua e Barbuda 0,808
28 Portugal 0,904 60 Romênia 0,805
29 Chipre 0,903 61 Malásia 0,805
30 República Checa 0,885 62 Bósnia-Herzegovina 0,800
31 Barbados 0,879 63 Maurício 0,800
32 Malta 0,875
Fonte: Human Development Report 2006. United Nations Development Programme (2006).
Em educação, o Brasil tem uma taxa de 11,6% de analfabetismo (91º no ranking
mundial) e na taxa bruta de matrícula (um dos melhores avanços recentes na área) o Brasil é
26º colocado no ranking mundial. Em educação, o país tem desempenho melhor que a média
mundial e regional.
97
Figura 22 – IDH dos estados do Brasil.
Fonte: PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Informe sobre o desenvolvimento
humano. Nova York, ONU, 2006.
Figura 23 – IDH dos municípios do Brasil.
Fonte: PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Informe sobre o desenvolvimento
humano. Nova York, ONU, 2006.
98
O Brasil é internacionalmente conhecido por ser uma das sociedades mais desiguais –
ou injustas – do planeta, onde a diferença na qualidade de vida de ricos e pobres é imensa.
Mas dados estatísticos recentes, contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o quadro começa
a se alterar. Entre 2001 e 2004 a renda dos 20% mais pobres cresceu cerca de 5% ao ano
enquanto os 20% mais ricos perderam 1%. Nesse mesmo período houve queda de 1% na
renda per capita e o Produto Interno Bruto (PIB) não cresceu significativamente. A explicação
dos economistas brasileiros e também de técnicos do Banco Mundial para a redução das
desigualdades está nos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família. No
entanto, como mais de dois terços dos rendimentos das famílias brasileiras provém do
trabalho assalariado, há necessidade de crescimento da economia e do mercado de trabalho.
Índices anuais do IDH no Brasil
Desde 1990, subiu 14 posições entre os 177 países avaliados;
2005: 65ª colocação (índice = 0,792: médio desenvolvimento humano);
2006: novembro = 69ª colocação (índice = 0,792; índice anterior recalculado =
0,788, na 68ª posição);
2007: provável chegada ao grupo dos países de alto desenvolvimento humano,
com IDH superior a 0,8.
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico
italiano Corrado Gini, e publicada no documento “Variabilità e mutabilità” (variabilidade e
mutabilidade), em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição
de renda, mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e
1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1
corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada
99
têm). O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais, e é igual ao coeficiente
multiplicado por 100.
Enquanto o coeficiente de Gini é majoritariamente usado para mensurar a
desigualdade de renda, pode ser também usado para mensurar a desigualdade de riqueza. Esse
uso requer que ninguém tenha uma riqueza líquida negativa. O coeficiente de Gini se calcula
como uma razão das áreas no diagrama da curva de Lorenz. Se a área entre a linha de perfeita
igualdade e a curva de Lorenz é A, e a área abaixo da curva de Lorenz é B, então o coeficiente
de Gini é igual a A/(A+B).
Figura 24 – Coeficiente de Gini no mundo
Fonte: Relatório de desenvolvimento da ONU de 2005
100
Lista de paises por grau de desigualdade, segundo o Coeficiente de Gini, com o ano de
referência da pesquisa:
Namíbia: 0,707 (1993)
Serra Leoa: 0,629 (1989)
Paraguai: 0,578 (2002)
Chile: 0,571 (2000)
Brasil: 0,552 (2005)
Argentina: 0,522 (2001)
Venezuela: 0,491 (1998)
Bolívia: 0,447 (1999)
China: 0,447 (2001)
Senegal: 0,413 (1995)
Estados Unidos: 0,408 (2000)
Turquia: 0,400
Moçambique: 0,396 (1996)
Portugal: 0,385 (1997)
Itália: 0,360 (2000)
Reino Unido: 0,360
Austrália: 0,352 (1994)
Burundi: 0,333 (1998)
Canadá: 0,331 (1998)
Suíça: 0,331 (1992)
França: 0,327 (1995)
Rússia: 0,310 (2002)
Áustria: 0,300
Etiópia: 0,300
Alemanha: 0,283 (2000)
Finlandia: 0,269 (2000)
República Checa: 0,254 (1996)
Bélgica: 0,250 (1996)
101
Suécia: 0,250 (2000)
Japão: 0,249 (1993)
Dinamarca: 0,247 (1997)
Notamos que apesar dos esforços e tentativas das empresas em trabalhar ou
demonstrar responsabilidade social e sustentabilidade, a pobreza global é ainda um problema
enorme e dramático:
Todos os anos cerca de 18 milhões de pessoas (50 mil por dia) morrem por
razões relacionadas com a pobreza, sendo a maioria mulheres e crianças.
Todos os anos cerca de 11 milhões de crianças morrem antes de completarem 5
anos.
1 bilhão e 100 milhões de pessoas, cerca de um sexto da humanidade, vive
com menos de 1 dólar por dia.
Mais de 800 milhões de pessoas estão subnutridas.
Conforme IDH (2006), identificamos que a pobreza não resulta de uma única causa,
mas de um conjunto de fatores:
Fatores político-legais: corrupção; inexistência ou mau funcionamento de um
sistema democrático; fraca igualdade de oportunidades.
Fatores econômicos: exploração dos pobres pelos ricos; sistema fiscal
inadequado, representando um peso excessivo sobre a economia ou sendo
socialmente injusto; a própria pobreza, que prejudica o investimento e o
desenvolvimento, economia dependente de um único produto.
Fatores sócio-culturais: reduzida instrução; discriminação social relativamente
ao gênero ou à raça; valores predominantes na sociedade; exclusão social;
crescimento muito rápido da população.
102
Fatores naturais: desastres naturais, climas ou relevos extremos; doenças.
Problemas de Saúde: adição a drogas ou álcool; doenças mentais; doenças da
pobreza como a AIDS e a malária; deficiências físicas.
Fatores históricos: colonialismo; passado de autoritarismo político.
Insegurança: guerra; genocídio; crime.
Uma vez instalada a Pobreza, ela nos traz conseqüências que demonstram um ciclo
que se auto-alimenta da própria Pobreza. Algumas delas são:
Quadro 19 – Conseqüências da pobreza
Fome Doenças Elevada
criminalidade
Carência de água
potável e de
saneamento
Imigração
Baixa esperança de
vida
Não sabem ler Falta de
oportunidade de
emprego
Maiores riscos de
instabilidade política
e violência
Existência de
discriminação social
contra grupos
vulneráveis
Existência de
pessoas sem-abrigo
Tráfico de pessoas Prostituição Adição a drogas e
álcool
Depressão
Fonte: BETSON, David M., e Jennifer L. Warlick. "Tendências Históricas Alternativas da Pobreza."
American Economic Review 88:348-51. 1998.
Podemos sugerir várias medidas para melhorar o ambiente social e a situação dos
pobres, minimizando as diferenças entre as diferentes classes sociais:
Habitação econômica e regeneração urbana.
Educação acessível.
Cuidados de saúde acessíveis.
Ajuda para encontrar emprego.
Subsidiar o emprego para grupos que normalmente tenham dificuldade em
consegui-lo.
103
Encorajar a participação política e a colaboração comunitária.
Trabalho social e voluntário.
Segundo dados do Human Development Report (HDR) – Organização das Nações
Unidas (ONU), de 2004, o Brasil apresenta historicamente uma desigualdade extrema, com
índice de Gini próximo a 0,6. Este valor indica uma desigualdade brutal e rara no resto do
mundo, já que poucos países apresentam índice de Gini superior a 0,5. Dos 127 países
presentes no relatório, o Brasil (59,1) apresenta o 8º pior índice de desigualdade do mundo,
superando todos os países da América do Sul e ficando apenas à frente de sete países como
África do Sul (59,3), Suazilândia (60,9), República Centro-Africana (61,3), Serra Leoa (62,9),
Botsuana (63,0), Lesoto (63,2) e Namíbia (70,7).
Pobreza e religião
Para os religiosos, a pobreza é considerada como necessária e desejável, e deve ser
aceita para alcançar certo nível espiritual, moral ou intelectual. A pobreza é considerada como
um elemento essencial de renúncia por budistas enquanto que para o catolicismo romano é um
princípio evangélico e é assumido como um voto por várias ordens religiosas. A pobreza é
entendida de várias formas consoante às ordens; a ordem franciscana, nomeadamente
abandona tradicionalmente todas as formas de posse de bens. O mesmo defende a ordem de
São Bento. Contudo alguns mosteiros possuíam bens e alguns se tornaram bastante abastados.
Estas opiniões face à riqueza e à pobreza baseiam-se na doutrina de Jesus que considerava as
riquezas como um dos obstáculos à fé e ao comportamento moral e a pobreza voluntária é
normalmente entendida como um benefício para o indivíduo, uma forma de autodisciplina
através do qual as pessoas se aproximam do Criador.
104
Quanto à ajuda aos necessitados, esta faz normalmente parte das doutrinas religiosas.
No Islão a caridade é um dos Cinco Pilares e no Cristianismo, no seguimento da doutrina de
Jesus de auxílio e de emancipação dos pobres, foram desenvolvidas vastas estruturas e
organizações de caridade, entre elas as missões nos países pobres, as igrejas e os centros
espíritas incentivam as pessoas a praticar a caridade quotidianamente, mantendo entidades
assistenciais como orfanatos, asilos, hospitais, distribuição de lanches nas ruas, distribuição de
cobertores e roupas para os moradores de rua, distribuição de cestas básicas, desenvolvimento
de cursos de orientação profissional, na formação moral, ética e de valores humanos, aulas de
reforço escolar, creches, cuidando de crianças com hidrocefalia, doenças mentais, visita a
hospitais de hansenianos. Entendemos que a igualdade de direitos e deveres é a forma básica
para diminuir as grandes diferenças.
No Brasil, Pastoral da Criança e a Pastoral da Pessoa Idosa é um bom exemplo de
atendimento das pessoas carentes, substituindo o Estado inoperante, com muita eficiência e
abrangência, devido a sua capilaridade. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor
forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das
crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do
conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres.
Assim, desde 1983 até 2006, a Pastoral da Criança acompanhou 1.882.925 crianças
menores de seis anos e 1.426.788 milhão de famílias pobres em 4.023 municípios brasileiros.
Nesse período, mais de 264.926 voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre
saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando com isso
condições para que elas sejam protagonistas de sua própria transformação social. A Pastoral
da Pessoa Idosa conta com mais de 36 mil idosos que são acompanhados mensalmente por
6.500 voluntários de 276 municípios de 110 Dioceses de 24 Estados brasileiros. Com um
custo de R$ 0,50 / criança / mês, reflete uma agilidade e melhoria substanciais no resgate da
105
cidadania, com a participação de todos nos bens-comuns que não podem continuar à
disposição apenas de uma parcela da sociedade, exigindo o cuidado com as crianças desde a
gestação. Elas são os recursos humanos do futuro e, portanto, a maior riqueza material e
espiritual das famílias e do País.
Relatório WIDER
A pesquisa do WIDER (World Institute for Development Economics Research), da
Universidade das Nações Unidas, demonstra a concentração de riqueza acumulada, onde os
ricos acumulam mais propriedades, mais aplicações financeiras enquanto os pobres
permanecem em estagnação. Para Dowbor (2007), a riqueza familiar acumulada distancia
ainda mais os ricos dos pobres, pois pouco contribui para a produção da riqueza social, onde a
parte dos 10% mais ricos é dono de 85% da riqueza global no ano 2000. Os 2% de adultos
mais ricos do mundo tinham mais da metade da riqueza global e o 1% mais rico detinha 40%
de toda a riqueza familiar. Por outro lado, a metade de baixo da população adulta mundial
com menor renda possui apenas 1% da riqueza global. A riqueza familiar acumulada de todas
as nações é estimada em 125 trilhões de dólares para o ano 2000, que quando distribuído pelas
famílias dos países equivale a 144 mil dólares por pessoa nos EUA, 181 mil no Japão, 1.100
dólares na Índia, 1.400 na Indonésia, demonstrando a dramática concentração de renda nos
países ricos em detrimento dos pobres. Cerca de 3 bilhões de pessoas no planeta vivem com
menos de US$ 2 dólares por dia, dos quais 1,2 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 1
dólar por dia. A distribuição de riqueza concentra-se na América do Norte, Europa e países da
Ásia com alta renda que somadas representam 90% da riqueza global. A América do Norte
possui apenas 6% da população mundial, mas detém 34% da riqueza familiar.
106
A riqueza na base da pirâmide – BOP
Para Prahalad (2005), a pirâmide econômica do mundo nos mostra que mais de 4
bilhões de pessoas constituem sua base onde dois terços da população mundial exigirão
radicais inovações em tecnologia e modelos de negócios. As populações mais pobres criam
um desafio administrativo novo para as companhias mais ricas do mundo: vender para o
pobre e ajudar a eles melhorando suas vidas, produzindo e distribuindo produtos e serviços,
ambientalmente sustentáveis e economicamente lucrativos.
Figura 25 – Pirâmide econômica do mundo
Faixa 2-3
Faixa 1
Poder de compras
Paridade no US dolar
População em
Milhões
$ 75-100
$
1
,
500-20
,
000 1
,
500-1
,
750
< $ 1,500
Faixa 4
4,000
Fonte: PRAHALAD, C.K. A Riqueza na Base da Pirâmide: como erradicar a pobreza com lucro. Porto
Alegre: Bookman Editora, 2005.
Na faixa superior da pirâmide do mundo econômico são 75 a 100 milhões de pessoas
composto por pessoas de renda superior de países ricos e as poucas elites ricas dos países em
desenvolvimento do mundo. No meio da pirâmide, as Faixas 2 e 3, são clientes pobres nas
nações desenvolvidas e as classes médias em países em desenvolvimento. Considerando os 4
bilhões pessoas na Faixa 4, na parte inferior da pirâmide, sua renda anual per capita é menos
que $1,500, o mínimo considerado necessário para sustentar uma vida decente. Para bem mais
de um bilhão de pessoas, aproximadamente uma sexta parte da humanidade, possuem uma
107
renda per capita de menos que $1 por dia. Demonstrando um grande buraco de renda entre os
ricos e pobres.
De acordo com as Nações Unidas, os 20% mais ricos respondeu por mais ou menos
70% de renda total em 1960. Em 2000, aquela figura alcançou 85%. No mesmo período, a
fração de renda resultante para os 20% mais pobre no mundo caiu de 2,3% para 1,1% da
renda mundial.
Figura 26 – Inversão da pirâmide econômica
Fonte: PRAHALAD, C.K. A Riqueza na Base da Pirâmide: como erradicar a pobreza com lucro. Porto
Alegre: Bookman Editora, 2005.
Segundo Prahalad (2005), é preciso transformar os pobres em microempresários ou
pelo menos em consumidores, pois a imensa maioria da população está fora do progresso,
onde o mundo empresarial está reduzindo a capacidade da população de se apropriar do
desenvolvimento. Inúmeros estudos e ações caminham na direção de gerar um ambiente
propício à inclusão produtiva da base da pirâmide, removendo barreiras à pequena e média
108
empresa com ferramentas que levem os empresários na direção de mercados mais eficientes,
diminuindo as tensões com a geração de processos alternativos, melhorando as condições
necessárias para a viabilidade econômica. Desta forma, começaríamos a inverter a pirâmide
econômica, diminuindo o buraco de renda entre a base e o topo, distribuindo melhor a renda,
melhorando a justiça social, significando tirar bilhões de pessoas para fora da pobreza e
desespero, e significa evitar a decadência social, caos políticos, e degradação ambiental que
acontece na ausência de desenvolvimento de mercado da Faixa 4, comprometendo as gerações
futuras quanto ao desenvolvimento sustentável. Existe uma oportunidade inexplorada de
criação de valores que está latente nos mercados da base da pirâmide, onde estes mercados
têm permanecido “invisíveis” por tempo demais.
Governança política
Para OCDE (2006), a má qualidade dos sistemas locais de governança corporativa está
no cerne de um dos maiores desafios enfrentado pela maioria dos países em desenvolvimento:
como conseguir transformar, muitas vezes enfrentando a resistência aberta ou disfarçada de
poderosos grupos de interesse enraizados no país, os sistemas locais de governança política e
econômica, inclusive os sistemas de governança corporativa, convertendo sistemas que
tendem a ser extremamente personalizados e com forte base em relacionamentos em outros
com base efetiva em normas.
Em muitos países que hoje fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico), a conversão dos sistemas de governança econômica e política
com base principalmente nos relacionamentos para sistemas com base em normas ocorreu
muito antes do surgimento espetacular e da rápida disseminação mundial das corporações
industriais gigantescas e da passagem do capitalismo proprietário (baseado em empresas de
109
propriedade individual, não constituídas) para o capitalismo corporativo global, no final do
século XIX.
Portanto, hoje os países em desenvolvimento enfrentam um desafio desconhecido para
muitos países da OCDE: como passar de um sistema de governança com base nos
relacionamentos para outro com base em normas, num momento em que as grandes
corporações privadas e estatais desempenham papéis importantes nas economias locais (quer
suas ações sejam ou não comercializadas ativamente no mercado acionário) e que, portanto,
tendem a influenciar fortemente os sistemas locais de governança.
A forte resistência a muitas mudanças necessárias para fortalecer a governança
corporativa geralmente se reafirma por meio dos sistemas de governança pública com base
nos relacionamentos. A relativa fragilidade ou colapso desses sistemas em muitos países nos
últimos anos pode ser uma janela de oportunidades para que os países superem a resistência às
mudanças necessárias tanto em seus sistemas de governança pública quanto de governança
corporativa.
O ponto mais abrangente é que não apenas a governança corporativa sólida requer
governança pública sólida, mas atualmente também um governo sólido exige governança
corporativa sólida. Dado o poder dos insiders, pessoas de dentro da empresa que detêm
informações privilegiadas, e suas relações estreitas com aqueles que atuam nos mais altos
escalões do poder político, o desenvolvimento pressupõe um movimento simultâneo nas
instituições de governança corporativa e pública, passando do império das pessoas para o
império da lei.
110
CAPÍTULO V - RESULTADOS DA PESQUISA
5.1 População, amostragem e coleta de dados.
Nossa população refere-se aos índices de cotações das bolsas de valores de inúmeros
países e para Larson (2004) a população é o conjunto de todos os resultados, respostas,
medidas ou contagens. Nossa amostragem é estratificada, pois dividimos a população em 4
subconjuntos diferentes ou estratos (América, Ásia / Pacífico, Europa e África / Oriente
Médio). A coleta de dados foi efetuada acessando os sites descritos no Quadro 2, onde foram
coletados 34 índices. Esta amostra foi coletada das maiores bolsas de valores do mundo
representando um fluxo de capital significativo. Além dos índices das bolsas, também
coletamos 3 índices de sustentabilidade, um no Brasil e três nos Estados Unidos. Segundo
Marconi e Lakatos (2003), o método estatístico significa a redução de fenômenos
sociológicos, econômicos, políticos e financeiros, a termos quantitativos e a manipulação
estatística, permitindo comprovar as relações dos fenômenos entre si e obter generalizações
sobre sua natureza, ocorrência ou significado.
O ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial, BOVESPA (2007), surgiu com o
objetivo de refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com
reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade
empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro.
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), no Brasil, busca a eficiência econômica das
aplicações, mas também se preocupam com os impactos sociais e ambientais, formando um
tripé que incorpora responsabilidades com fornecedores, consumidores, funcionários,
acionistas, aspectos éticos, legais e estimuladas pelas exigências de transparência e
governança corporativa. É com esse objetivo que trabalhou durante meses um comitê formado
pela Bovespa, Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de
Capitais (Apimec), Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
111
Complementar (Abrapp), Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Instituto Ethos, Ministério do Meio Ambiente,
com participação da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para
financiar empresas privadas. Este índice é composto atualmente por 43 empresas listadas
abaixo. Salientamos que 4 empresas (Bradesco “4,125+11,62”, Itaubanco “1,116+12,193”,
Petrobras “10,82+14,18 e Unibanco “0,195+5,884”) representam 60,133% da participação no
índice Brasil – ISE, conforme Quadro 20.
Quadro 20 - Carteira Teórica Anual do ISE, período de Dez. 2006/Nov. 2007.
Código Ação Tipo Qtde. Teórica Part.(%) Código Ação Tipo Qtde. Teórica Part.(%)
ACES4 ACESITA PN 30.452.886 0,458 GOAU3 GERDAU MET ON EJ N1 22.874.003 0,269
ALLL11 ALL AMER LAT UNT N2 310.608.900 1,791 GOAU4 GERDAU MET PN EJ N1 118.929.990 1,491
ARCZ6 ARACRUZ PNB N1 449.837.523 1,789 GOLL4 GOL PN N2 51.912.331 0,965
ARCE3 ARCELOR BR ON N1 216.591.586 2,608 MYPK4 IOCHP-MAXION PN N1 25.056.858 0,125
BBDC3 BRADESCO ON N1 180.273.897 4,125 ITAU3 ITAUBANCO ON EJ N1 61.787.086 1,116
BBDC4 BRADESCO PN N1 474.161.380 11,62 ITAU4 ITAUBANCO PN EJ N1 561.101.993 12,193
BBAS3 BRASIL ON NM 122.519.000 2,182 ITSA3 ITAUSA ON N1 473.652.628 1,711
BRKM5 BRASKEM PNA N1 171.515.497 0,815 ITSA4 ITAUSA PN N1 1.636.710.576 4,952
CCRO3 CCR RODOVIAS ON NM 114.785.167 0,952 RENT3 LOCALIZA ON NM 33.610.544 0,562
CLSC6 CELESC PNB N2 20.828.988 0,209 NATU3 NATURA ON NM 108.688.412 0,959
CMIG3 CEMIG ON * N1 11.383.415.427 0,299 PRGA3 PERDIGAO S/A ON NM 86.194.564 0,676
CMIG4 CEMIG PN * N1 88.818.386.310 2,62 PETR3 PETROBRAS ON 704.682.665 10,82
COCE5 COELCE PNA* EJ 52.704.873.393 0,174 PETR4 PETROBRAS PN 1.027.704.929 14,18
CPLE3 COPEL ON * 21.703.841.304 0,132 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA N1 111.907.135 0,696
CPLE6 COPEL PNB* 100.938.619.134 0,726 SZPQ4 SUZANO PETR PN N2 53.648.921 0,064
CPFE3 CPFL ENERGIA ON NM 85.139.136 0,728 TAMM4 TAM S/A PN N2 68.242.748 1,253
DASA3 DASA ON NM 35.456.228 0,491 TBLE3 TRACTEBEL ON NM 204.111.730 1,004
ELPL6 ELETROPAULO PNB* N2 7.496.975.347 0,219 UGPA4 ULTRAPAR PN N1 30.631.686 0,451
EMBR3 EMBRAER ON NM 481.293.954 3,259 UBBR3 UNIBANCO ON N1 44.130.726 0,195
ENBR3 ENERGIAS BR ON NM 62.100.668 0,546 UBBR11 UNIBANCO UNT N1 1.063.911.188 5,884
GGBR3 GERDAU ON EJ N1 48.582.363 0,414 VCPA4 V C P PN N1 97.358.515 1,272
GGBR4 GERDAU PN EJ N1 292.711.829 3,005
Quantidade teórica Total 292.729.819.145 100
Redutor 248.315.402,11
Fonte: BOVESPA, www.bovespa.com.br, acesso 09 de agosto de 2007.
O Dow Jones Sustainability Index – DJSI (2006), representa as empresas preocupadas
com questões econômica, ambiental e social e também enfocando os acionistas que investem
a longo prazo. No Dow Jones Sustainability World Index, são tratadas as empresas do mundo
inteiro que se enquadram no DJSI, o Dow Jones STOXX Sustainability Index são tratadas as
112
empresas européias e o Dow Jones Sustainability North America Index lista somente as
empresas da América do Norte. As empresas que fazem parte do índice estão no quadro 21.
Quadro 21 – Número de empresas que compõe os índices (2006)
Índice Nº empresas
DJSWI 2.500
DJSI STOXX 600
DJSI North America 600
Fonte: www.sustainability-indexes.com
. 5.2 Estatísticas descritivas
Conforme Larson (2004), a estatística descritiva é a organização e descrição de
conjuntos de dados, tornando mais fácil a compreensão dos dados e enxergando neles
tendências, médias e variações.
No Quadro 22 apresentamos os índices das bolsas de valores obtido da amostra do
estudo. Estes índices representam os índices de fechamento das cotações diárias de cada bolsa
de valores que compõe a amostra.
Segundo o Quadro 23, são trabalhados os índices e obtemos os valores médios dos
índices com a China (190,92), Indonésia (146,73), Noruega (139,66), Índia (137,38) e México
(137,21) representando os 5 maiores. A mediana da China (152,09), Indonésia (140,63), Índia
(139,65), Noruega (137,62) e México (127,22) que são os 5 maiores respectivamente. Os
maiores intervalos ou evoluções encontradas foram China (278,64), Indonésia (103,67),
México (92,79), Noruega (77,91) e Índia (67,57) que foram os 5 maiores.
113
Quadro 22 – Índices das bolsas de valores
Localização País Cidade Índice
Argentina Buenos Aires Merval - ^ MERV
Brasil São Paulo
Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE
Índice da Bolsa de Valores de São Paulo – IBOVESPA - ^ BVSP
Canadá Toronto S&P TSX – Composite - ^ GSPTSE
Estados Unidos Nova York
500 INDEX - ^ GSPC
Dow Jones Sustainability Index – DJSI
Dow Jones Sustainability World Index – DJSWI
Américas
México México IPC - ^ MXX
Austrália Sidnei All Ordinaries - ^ AORD
China Shanghai Shanghai Composite - ^ SSEC
Cingapura Cingapura Straits Times - ^ STI
Coréia do Sul Seul Seoul Composite - ^ KS11
Hong Kong Hong Kong HANG SENG - ^ HSI
Índia Bombaim BSE 30 - ^ BSESN
Indonésia Jacarta Jakarta Compotise - ^ JKSE
Malásia Kuala Lumpur KLSE Composite - ^ KLSE
Japão Tóquio Nikkei 225 - ^ N225
Nova Zelândia Wellington NZX 50 - ^ NZ50
Ásia / Pacífico
Taiwan Taipe Taiwan Weighted - ^ TWII
Alemanha Frankfurt DAX - ^ GDAXI
Áustria Viena ATX - ^ ATX
Bélgica Bruxelas BEL-20 - ^ BFX
Espanha Madri Madrid General - ^ SMSI
França Paris CAC 40 - ^ FCHI
Holanda Amsterdã AEX General - ^ AEX
Inglaterra Londres FTSE 100 - ^ FTSE
Itália Milão MIBTel - ^ MIBTEL
Noruega Oslo OSE All Share - ^ OSEAX
Turquia Istambul ISE National-100 - ^ XU100
Suécia Estocolmo Stockholm General - ^ SXAXPI
Europa
Suíça Zurique Swiss Market - ^ SSMI
Egito Cairo CMA - ^ CCSI
África / Oriente Médio
Israel Tel Aviv TA-100 - ^ TA100
Fonte: http://br.financas.yahoo.com/intlindices acesso em 27/07/2007.
Trabalhamos com 34 índices diferentes, e cada um com 396 dias úteis de cotação. O
período de análise inicia em 01 de dezembro de 2005 até 30 de junho de 2007. Assim,
identificamos algumas análises sobre as estatísticas descritivas referente ao índice médio,
mediana, desvio padrão, variância da amostra e intervalo entre o mínimo e o máximo.
114
Quadro 23 – Estatística descritiva
País Média
Erro
padrão
Mediana Modo
Desvio
padrão
Variância
da
amostra
Curtose
Assime-
tria
Intervalo Mínimo Máximo Soma
Conta-
gem
Alemanha 118,56 0,68 114,30 102,56 13,55 183,56 -0,31 0,79 53,12 99,91 153,03 46951,66 396
Argentina 113,40 0,68 110,26 115,98 13,55 183,69 -1,32 0,28 46,58 91,29 137,87 44906,32 396
Austrália 117,38 0,57 114,00 132,72 11,40 129,95 -0,90 0,58 41,36 99,19 140,54 46482,99 396
Áustria 121,59 0,61 120,60 #N/D 12,18 148,38 -1,05 0,27 48,46 98,01 146,48 48148,92 396
Bélgica 118,51 0,54 115,62 #N/D 10,67 113,83 -1,22 0,17 38,08 99,88 137,96 46930,57 396
Brasil - IBOVESPA 125,20 0,86 120,04 112,08 17,05 290,82 -0,18 0,82 68,22 99,58 167,80 49578,55 396
Canadá 115,65 0,42 114,21 #N/D 8,30 68,94 -0,70 0,32 33,84 98,99 132,83 45799,34 396
China 190,92 4,05 152,09 109,89 80,63 6500,94 -0,56 0,87 278,64 100,00 378,64 75603,37 396
Cingapura 119,83 0,88 112,20 104,37 17,44 304,09 -0,89 0,72 58,80 98,69 157,49 47454,18 396
Coréia do Sul 108,53 0,45 106,44 108,83 9,05 81,86 2,39 1,51 46,70 93,09 139,79 42978,47 396
Egito 121,65 0,81 121,75 114,59 16,06 257,99 -0,85 0,09 63,37 92,00 155,37 48173,05 396
França 110,84 0,41 109,69 108,24 8,25 68,14 -0,96 0,31 32,01 95,15 127,16 43894,57 396
Holanda 111,09 0,39 110,08 111,78 7,81 61,03 -0,72 0,32 32,30 95,76 128,07 43993,61 396
Hong Kong 119,81 0,69 116,70 144,49 13,64 186,17 -1,36 0,23 47,69 99,59 147,28 47444,37 396
Índia 137,38 1,00 139,65 #N/D 19,82 392,86 -1,27 -0,18 67,57 100,00 167,57 54402,33 396
Indonésia 146,73 1,39 140,63 194,50 27,67 765,77 -1,02 0,36 103,67 100,00 203,67 58105,37 396
Inglaterra 109,50 0,27 109,14 104,76 5,44 29,57 -0,80 0,22 22,38 99,41 121,79 43363,25 396
Israel 116,88 0,63 113,15 111,34 12,44 154,82 -0,33 0,79 48,64 97,46 146,10 46284,55 396
Itália 114,27 0,43 112,65 127,52 8,60 74,00 -1,23 0,18 30,43 100,00 130,43 45252,89 396
Japão 112,20 0,32 111,76 #N/D 6,28 39,46 -0,84 -0,13 27,34 96,67 124,01 44432,21 396
Malásia 116,09 0,89 106,76 99,98 17,75 315,02 -0,74 0,88 56,09 98,03 154,12 45970,51 396
México 137,21 1,34 127,22 #N/D 26,73 714,62 -1,14 0,50 92,79 98,94 191,74 54334,91 396
Noruega 139,66 0,90 137,62 160,49 17,83 318,01 -0,63 0,02 77,91 100,00 177,91 55307,13 396
Nova Zelândia 113,68 0,48 111,20 107,67 9,58 91,70 -1,24 0,21 34,76 96,23 130,99 45016 396
Suécia 117,51 0,67 115,23 136,59 13,32 177,48 -1,22 0,32 46,69 95,37 142,07 46534,31 396
Suíça 113,15 0,44 111,07 124,51 8,68 75,36 -1,31 0,16 32,08 96,59 128,67 44809,18 396
Taiwan 117,98 0,56 115,56 #N/D 11,10 123,16 -0,76 0,51 48,27 99,58 147,85 46719,29 396
USA – DJI 108,41 0,39 105,91 #N/D 7,77 60,40 -0,89 0,54 27,57 97,75 125,33 42928,47 396
USA - NASDAQ 103,05 0,33 102,82 113,45 6,49 42,12 -0,77 -0,03 26,75 89,12 115,86 40806,8 396
USA - S&P 500 107,15 0,35 104,41 114,53 6,87 47,23 -1,07 0,49 24,95 96,76 121,71 42433,1 396
DJSI - STOXX 113,27 0,48 110,53 130,45 9,57 91,51 -1,12 0,41 33,48 98,97 132,45 44855,13 396
DJSI - North America 106,67 0,35 106,03 100,36 7,02 49,28 -1,21 0,28 24,74 95,60 120,35 42243,07 396
DJSI - World 112,06 0,48 108,84 107,06 9,60 92,12 -1,02 0,47 34,79 96,71 131,50 44375,38 396
Brasil – ISE 125,84 0,79 123,50 126,07 15,68 245,90 -0,42 0,47 65,91 97,88 163,79 49831,53 396
115
Figura 27 – Quinze maiores índices dos valores médios
190,92
146,73
139,66
137,38
137,21
125,84
125,2
121,65
121,59
119,83
119,81
118,56
118,51
117,98
117,51
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Ch
i
n
a
I
n
d
o
n
é
s
i
a
No
r
u
e
g
a
Í
n
d
i
a
M
é
x
i
c
o
Br
a
s
i
l
-
I
SE
Br
a
s
i
l
-
I
BO
V
ES
P
A
E
g
i
t
o
A
u
s
t
r
i
a
C
i
n
g
a
p
u
r
a
Ho
n
g
Ko
n
g
Al
e
m
a
n
h
a
l
g
i
c
a
T
a
i
w
a
n
S
u
é
c
i
a
Notamos que o índice de ISE – Brasil (125,84) apresenta a 6ª maior média amostral.
Demonstrando grande sensibilidade por parte dos aplicadores.
Figura 28 – Quinze maiores índices dos valores medianos
152,09
140,63
139,65
137,62
127,22
123,5
121,75
120,6
120,04
116,7
115,62
115,56
115,23
114,3
114,21
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Ch
i
n
a
I
n
d
o
n
é
s
i
a
Í
n
d
i
a
No
r
u
e
g
a
M
é
x
i
c
o
Br
a
s
i
l
-
I
S
E
E
g
i
t
o
Au
s
t
r
i
a
Br
a
s
i
l
-
I
BO
V
ES
P
A
Ho
n
g
K
o
n
g
l
g
i
c
a
T
a
i
wa
n
S
u
é
c
i
a
Al
e
m
a
n
h
a
Ca
n
a
d
á
Para os valores da mediana, o índice ISE – Brasil (123,5) está na 6ª posição.
Caracterizando um valor constante e elevado.
116
Figura 29 – Quinze maiores valores de desvio padrão
80,63
27,67
26,73
19,82
17,83
17,75
17,44
17,05
16,06
15,68
13,64
13,55
13,55
13,32
12,44
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
C
h
i
n
a
I
n
d
o
n
é
s
i
a
M
é
x
i
c
o
Í
n
d
i
a
No
r
u
e
g
a
M
a
l
á
s
i
a
Ci
n
g
a
p
u
r
a
Br
a
s
i
l
-
I
B
O
V
E
S
P
A
E
g
i
t
o
B
r
a
s
i
l
-
I
S
E
H
o
n
g
Ko
n
g
Ar
g
e
n
t
i
n
a
A
l
e
m
a
n
h
a
S
u
é
c
i
a
I
s
r
a
e
l
Os valores de desvio padrão representam a raiz quadrada da variância e mede a
dispersão dos índices. Desta forma, o índice ISE - Brasil apresenta a 10ª posição com 15,68 de
desvio padrão. O desvio padrão é um indicador estatístico de volatilidade. Mede a dispersão
de valores de uma amostra em torno da sua média. A dispersão é a diferença entre o valor de
um determinado dado da amostra e a sua média. Quanto maior for essa diferença, maior será o
desvio padrão e, portanto maior será a volatilidade. Quanto mais perto o preço de fechamento
estiver da sua média, menor será o valor do desvio padrão e menor será a volatilidade. O
cálculo do desvio padrão é baseado no número de períodos escolhido. Portanto, quanto maior
o desvio padrão maior a atratividade na compra dos títulos pelo mercado especulativo. Sendo
um indicador bastante básico, o desvio padrão não é um indicador que aponte claramente se
se deve apostar na compra ou na venda de determinado ativo. É antes um valioso testemunho
da volatilidade de um título. Uma conclusão a retirar deste indicador pode ser: "Se o ativo tem
um desvio padrão reduzido, a volatilidade é baixa. Ou seja, pode estar próximo um de
117
movimento acentuado e brusco de preços, portanto é melhor assumir uma posição (longo ou
curto prazo) depois de analisar a situação."
Figura 30 – Quinze maiores valores de variância da amostra
6500,94
765,77
714,62
392,86
318,01
315,02
304,09
290,82
257,99
245,9
186,17
183,69
183,56
177,48
154,82
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Ch
i
n
a
M
é
x
i
c
o
No
r
u
e
g
a
Ci
n
g
a
p
u
r
a
E
g
i
t
o
H
o
n
g
Ko
n
g
A
l
e
m
a
n
h
a
I
s
r
a
e
l
Os valores da variância representam a dispersão dos valores de cotação dos índices
com relação à média. A variância é o quadrado do devio padrão e o índice Brasil – ISE
encontra-se na 10ª posição em termo de dispersão, demonstrando alta volatilidade, ou seja,
tem muita variação com relação à média.
Figura 31 – Quinze maiores valores de intervalo entre o maior e menor índice
278,64
103,67
92,79
77,91
68,22
67,57
65,91
63,37
58,8
56,09
53,12
48,64
48,46
48,27
47,69
0
50
100
150
200
250
300
C
h
i
n
a
I
n
d
o
n
é
s
i
a
M
é
x
i
c
o
No
r
u
e
g
a
B
r
a
s
i
l
-
I
BO
V
E
S
P
A
Í
n
d
i
a
Br
a
s
i
l
-
I
SE
E
g
i
t
o
Ci
n
g
a
p
u
r
a
M
a
l
á
s
i
a
Al
e
m
a
n
h
a
I
s
r
a
e
l
A
u
s
t
r
i
a
T
a
i
wa
n
Ho
n
g
Ko
n
g
118
O intervalo entre o maior e o menor índice demonstra o quanto existe de variação
entre os índices, levando em conta os valores extremos, este intervalo interfere decisivamente
na dispersão ou variabilidade da amostra. Demonstra também o quanto o índice teve de
valorização entre a menor e a maior cotação. Assim, o índice Brasil – ISE teve uma
valorização de 65,91% de 01 dezembro de 2005 a 30 de junho de 2007, ficando em 7º lugar
na colocação quando comparados aos 33 índices.
No Gráfico 1 – Valorização dos índices das bolsas de valores e os índices de
sustentabilidade (anexo), temos um comparativo de todos os índices das bolsas de valores
analisados, mostrando um panorama da evolução. Para o Gráfico 2 – Valorização dos índices
dos índices de sustentabilidade (anexo), comparamos os índices de sustentabilidade entre si,
mostrando a valorização do Brasil – ISE. O Gráfico 3 – Valorização dos índices dos índices
de sustentabilidade e as maiores cotações que superaram o Brasil – ISE (anexo), representa
um comparativo entre as cotações que superaram os índices de sustentabilidade e os mesmos.
Com o Gráfico 4 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade e as cotações que
não superaram o Brasil – ISE (anexo), identificamos todos os índices que são superados pelo
Brasil – ISE, caracterizando uma maior sensibilidade por parte do investidor brasileiro. Já
para os Gráficos 5 e 6 – Valorização dos índices dos índices de sustentabilidade e as cotações
que não superaram o Brasil – ISE – dividido 1 e 2, é uma divisão do gráfico 4 somente com o
intuito de uma melhor visualização.
5.3 Teste de análise da variância, teste de Scheffé e teste de Kruskal-Wallis
Análise da variância, Fonseca (1993), é um método estatístico, desenvolvido por
Fisher, que através de testes de igualdade de médias, verifica se fatores produzem mudanças
sistemáticas em alguma variável. Os fatores propostos podem ser variáveis quantitativas ou
qualitativas. A classificação única ou experimento de um fator (variável independente, dias
119
dos índices) que é subdividido em tratamentos (níveis do fator, cotação dos índices), as vezes
é usado a abreviação ANOVA (do inglês Analysis of Variance).
Para Larson 2004, para iniciar o teste de análise de variância de um fator, deve-se
estabelecer primeiro as hipóteses nula e alternativa. Para um teste de análise de variância de
um fator, as hipóteses nula e alternativa são sempre similares às seguintes afirmativas.
H
o
: µ
1
= µ
2
= µ
3
... µ
4
(todas as médias populacionais são iguais).
H
1
: µ
1
# µ
2
# µ
3
... µ
4
(Pelo menos uma das médias é diferente das outras).
Se a hipótese nula for rejeitada em um teste de análise de variância, pode-se concluir
que uma das médias é diferente das outras. Sem realizar mais testes estatísticos, porém, não se
pode determinar qual das médias é diferente.
Para usar um teste de análise de variância de um fator, as seguintes condições devem
estar satisfeitas.
1. Cada amostra deve ser selecionada aleatoriamente de uma população normal
ou aproximadamente normal.
2. As amostras devem ser independentes uma das outras.
3. As populações devem ter a mesma variância.
A estatística teste para um teste de análise de variância de um fator é a razão de duas
variâncias: a variância entre amostras e a variância dentro das amostras.
amostrasdasdentroVariância
amostras entre Variância
oestatístic Teste =
A variância entre amostras MS
B
mede a diferença relacionada ao tratamento dado
a cada amostra e muitas vezes são chamadas de quadrado médio entre.
120
A variância dentro das amostras MS
W
mede as diferenças relacionadas com as
entradas dentro da mesma amostra. Essa variância é chamada muitas vezes de
quadrado médio dentro.
Teste de análise de variância de um fator
Se as condições para um teste de análise de variância de um fator forem satisfeitas,
então a distribuição amostral para o teste será a distribuição F. A estatística teste é:
W
B
MS
MS
F =
Os graus de liberdade para o teste F são:
g.l.
N
= k – 1
g.l.
D
= N - k
Onde k é o número de amostras e N é a soma dos tamanhos das amostras.
Se a diferença entre as médias for pequena ou inexistente, então MS
B
será
aproximadamente igual a MS
W
e conseqüentemente a estatística teste será aproximadamente l.
Valores de F próximos de l sugerem que você não poderá rejeitar a hipótese nula. Porém, se
uma das médias diferirem significantemente das outras, MS
B
será maior do que MS
W
e a
estatística teste será maior do que l. Valores de F, significantemente maiores do que l sugerem
que você rejeitará a hipótese nula. Desse modo, todos os testes de análise de variância de um
fator são monocaudais direitos. Isto é, se a estatística teste for maior do que o valor crítico, H
o
será rejeitado. Utilizamos a probabilidade de 5%.
121
Quadro 24 – Análise da variância
Anova: fator único
RESUMO
Grupo Contagem Soma Média Variância
Alemanha 396 46951,66 118,5648 183,5599
Argentina 396 44906,32 113,3998 183,6893
Austrália 396 46482,99 117,3813 129,9503
Áustria 396 48148,92 121,5882 148,3757
Bélgica 396 46930,57 118,5115 113,8296
Brasil - IBOVESPA 396 49578,55 125,1984 290,825
Canadá 396 45799,34 115,6549 68,94099
China 396 75603,37 190,9176 6500,939
Cingapura 396 47454,18 119,8338 304,0882
Coréia do Sul 396 42978,47 108,5315 81,85724
Egito 396 48173,05 121,6491 257,986
França 396 43894,57 110,8449 68,14366
Holanda 396 43993,61 111,095 61,02778
Hong Kong 396 47444,37 119,809 186,1659
Índia 396 54402,33 137,3796 392,8592
Indonésia 396 58105,37 146,7307 765,7675
Inglaterra 396 43363,25 109,5032 29,56695
Israel 396 46284,55 116,8802 154,8161
Itália 396 45252,89 114,275 74,00441
Japão 396 44432,21 112,2026 39,45525
Malásia 396 45970,51 116,0872 315,0237
México 396 54334,91 137,2094 714,6165
Noruega 396 55307,13 139,6645 318,0056
Nova Zelândia 396 45016 113,6768 91,69679
Suécia 396 46534,31 117,5109 177,4809
Suíça 396 44809,18 113,1545 75,35982
Taiwan 396 46719,29 117,978 123,1592
USA – DJI 396 42928,47 108,4052 60,40026
USA - NASDAQ 396 40806,8 103,0475 42,12231
USA - S&P 500 396 42433,1 107,1543 47,23076
DJSI - STOXX 396 44855,13 113,2705 91,50701
DJSI - North America 396 42243,07 106,6744 49,27507
DJSI - World 396 44375,38 112,059 92,12027
Brasil – ISE 396 49831,53 125,8372 245,9025
ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 3311338 33 100343,6 273,3775 0 1,437237
Dentro dos grupos 4929501 13430 367,0514
Total 8240839 13463
122
Para:
g.l.
N
= k – 1 (34 – 1) = 33
g.l.
D
= N – k (13464 – 34) = 13430
Nível de significância = 0,05
F
crítico
= 1,437237
W
B
MS
MS
F =
3775,273
0514,367
6,100343
==F
F
calculado
= 273,3775 > F
crítico
= 1,437237, rejeita-se a hipótese nula ao nível de
significância de 5%, demonstrando que pelo menos uma média dos índices das bolsas de
valores é diferente das demais com uma margem de erro de 5%.
Figura 32 – Região crítica e de aceitação da hipótese H
o
por meio da tabela F
123
Figura 33 – Região crítica e de aceitação da hipótese H
o
por meio da tabela F com
valores das variáveis
Graficamente podemos identificar que o valor de F calculado encontra-se na região
crítica (RC) que é a região de rejeição. Desta forma, rejeita-se H
o
e aceita-se H
1
ao nível de
significância de 5%, onde pelo menos uma média dos valores dos índices das bolsas é
diferente.
Teste de Scheffé
Para comparação das médias dos índices e avaliação das sensibilidades dos índices, foi
utilizado o teste de Scheffé, com uma probabilidade de 5%, caracterizando as diferenças entre
duas médias no que se refere à magnitude e sentido. Os resultados revelam que os índices
DJSI–STOXX, DJSI-North América, DJSI–World e Brasil–ISE quando comparados com os
índices das bolsas de cada país se são diferentes ou iguais, demonstrando maior ou menor
sensibilidade quanto às aplicações dos investidores.
124
Quadro 25 – Análise do teste de Scheffé
DJSI -
STOXX
DJSI -
North
America
DJSI -
World
Brasil -
ISE
Alemanha 5,294254 11,89038 6,505749 -7,27239
Argentina 0,129257 6,725386 1,340752 -12,4374
Austrália 4,110749 10,70688 5,322244 -8,4559
Austria 8,317634 14,91376 9,52913 -4,24901
Bélgica 5,240994 11,83712 6,452489 -7,32565
Brasil - IBOVESPA 11,92781 18,52394 13,13931 -0,63883
Canadá 2,384357 8,980486 3,595852 -10,1823
China 77,64705 84,24318 78,85855 65,08041
Cingapura 6,563244 13,15937 7,774739 -6,0034
Coréia do Sul -4,73905 1,85708 -3,52755 -17,3057
Egito 8,378585 14,97471 9,59008 -4,18806
França -2,42566 4,170473 -1,21416 -14,9923
Holanda -2,17558 4,42055 -0,96408 -14,7422
Hong Kong 6,538473 13,1346 7,749968 -6,02817
Índia 24,10909 30,70522 25,32058 11,54244
Indonésia 33,4602 40,05633 34,67169 20,89355
Inglaterra -3,76739 2,828743 -2,55589 -16,334
Israel 3,60964 10,20577 4,821135 -8,95701
Itália 1,004434 7,600563 2,215929 -11,5622
Japão -1,06798 5,528145 0,143511 -13,6346
Malásia 2,81661 9,412738 4,028105 -9,75004
México 23,93882 30,53495 25,15032 11,37218
Noruega 26,39394 32,99007 27,60543 13,82729
Nova Zelândia 0,406216 7,002345 1,617711 -12,1604
Suécia 4,24035 10,83648 5,451845 -8,3263
Suíça -0,11604 6,480092 1,095459 -12,6827
Taiwan 4,707474 11,3036 5,918969 -7,85917
USA - DJI -4,86533 1,730803 -3,65383 -17,432
USA - NASDAQ -10,2231 -3,62694 -9,01158 -22,7897
USA - S&P 500 -6,11624 0,479891 -4,90474 -18,6829
DJSI - STOXX 0 6,596129 1,211495 -12,5666
DJSI - North America -6,59613 0 -5,38463 -19,1628
DJSI - World -1,2115 5,384634 0 -13,7781
Brasil - ISE 12,56664 19,16277 13,77814 0
De acordo com a fórmula de Scheffé, conforme valores obtidos da ANOVA com nível
de significância de 5%:
0514,367)1(
2
=kS
r
396
396
=
=
B
A
n
n
125
437237,1)();1(( =
LnKF
α
Assim, os valores do Quadro 25 que forem acima de 1,632281, em módulo, significa
que as médias entre os índices são diferentes, com uma margem de erro de 5%. Os valores
positivos demonstram que os índices das bolsas dos países são maiores que os índices de
sustentabilidade, demonstrando falta de sensibilidade e atratividade por parte dos investidores.
Desta forma podemos analisar que:
Quadro 26 – DJSI STOXX versus índices países
DJSI - STOXX
Coréia do Sul -4,73905
França -2,42566
Holanda -2,17558
Inglaterra -3,76739
USA - DJI -4,86533
USA - NASDAQ -10,2231
USA - S&P 500 -6,11624
DJSI - North America -6,59613
Notamos que o DJSI – STOXX, que é o índice de sustentabilidade dos países
europeus, é superior somente a 8 índices de bolsas de valores dos diversos países,
demonstrando pouca sensibilidade por parte dos investidores. Identificamos também que este
índice é maior do que os principais índices das bolsas dos Estados Unidos.
))();1((
11
)1(
2
__
LnKF
nn
kSXX
BA
r
BA
+>
α
437237,1*
396
1
396
1
*0514,367
__
+>
BA
XX
632281,1
__
>
BA
XX
126
Quadro 27 – DJSI – North América versus índices países
DJSI - North America
USA - NASDAQ -3,62694
Para o DJSI – North América, que representa o índice de sustentabilidade das
empresas da América do Norte, pelo teste de Scheffé, é superior somente ao índice USA –
NASDAQ, mostrando pouquíssima atratividade quanto ao investimento dos acionistas.
Quadro 28 – DJSI - World versus índices países
DJSI - World
Coréia do Sul -3,52755
Inglaterra -2,55589
USA - DJI -3,65383
USA - NASDAQ -9,01158
USA - S&P 500 -4,90474
DJSI - North America -5,38463
O DJSI – World, que representa todas as empresas do mundo enquadradas nas normas
de sustentabilidade, é superior somente a 6 índices de bolsas de valores, demonstrando pouca
sensibilidade para os investidores em ações.
Para o índice Brasil – ISE, conforme Quadro 29, que representa 43 empresas
brasileiras em agosto 2007, é superior a 27 índices das bolsas internacionais, demonstrando
maior sensibilidade e atratividade para investimento em ações. Este índice somente é
superado para os índices da China, Índia, Indonésia, México e Noruega, que representam
países em desenvolvimento e fortes fluxos de capital para investir e especular. A Noruega se
carateriza por um país de economia muito sólida e desenvolvido, com pouco risco para o
investidor. Notamos também que o Índice BOVESPA não demonstra diferença significativa
com relação ao índice Brasil – ISE, pois através do teste de Scheffé a diferença das médias
dos dois índices é menor que o valor calculado de Scheffé, -0,63883 < 1,632281. Assim,
podemos concluir que no Brasil não existe diferença significativa entre as médias dos índices
127
BOVESPA e Brasil – ISE de tal forma que os investidores não fazem diferença entre os dois
índices quanto a aplicação de recursos, mostrando pouca sensibilidade das ações com relação
aos conceitos de sustentabilidade e reponsabiliade social.
Quadro 29 – Brasil - ISE versus índices países
Brasil - ISE
Alemanha -7,27239
Argentina -12,4374
Austrália -8,4559
Áustria -4,24901
Bélgica -7,32565
Canadá -10,1823
Cingapura -6,0034
Coréia do Sul -17,3057
Egito -4,18806
França -14,9923
Holanda -14,7422
Hong Kong -6,02817
Inglaterra -16,334
Israel -8,95701
Itália -11,5622
Japão -13,6346
Malásia -9,75004
Nova Zelândia -12,1604
Suécia -8,3263
Suíça -12,6827
Taiwan -7,85917
USA – DJI -17,432
USA - NASDAQ -22,7897
USA - S&P 500 -18,6829
DJSI - STOXX -12,5666
DJSI - North America -19,1628
DJSI – World -13,7781
Teste de Kruskal-Wallis
Conforme Triola (2006), o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis (também chamado
teste H), que é usado para testar hipóteses de que diferentes amostras provenham da mesma
população ou de populações idênticas. Após calcularmos a estatística H, comparamos com a
distribuição qui-quadrado e k – 1 graus de liberdade, onde k é o número de amostras, sendo
um teste unilateral à direita.
128
()
()
13
1
12
2
2
2
2
1
2
1
+++
+
= N
n
R
n
R
n
R
NN
H
k
k
L
N = número total de observações em todas as amostras combinadas
k = número de amostras
R
1
= soma de postos da amostra 1
n
1
= número de observações na amostra 1
Para a amostra 2, a soma de postos é R
2
e o número de observações é n
2
, notação
análoga vale para as outras amostras.
k – 1 = graus de liberdade
Figura 34 – Região crítica e de aceitação da hipótese H
o
por meio da tabela X²
O teste de hipótese é formado:
H
o
: Os 34 índices têm a mesma variação com populações idênticas.
H
1
: Os 34 índices são populações não idênticas.
H
calculado
= 4000,46 > H
crítico
= 47,4 rejeitamos a hipótese nula de populações idênticas com um
nível de significância de 5%. Assim, o teste de Kruskal-Wallis veio a corroborar o teste de análise de
variância, demonstrando que as amostras são diferentes entre si, com uma margem de erro de 5%.
129
Quadro 30 - Kruskal-Wallis Test: Índice versus Fator
Kruskal-Wallis Test: Índice versus Fator
Kruskal-Wallis Test on Índice
Fator N Median
Ave
Rank Z
Alemanha 396 114,3 7098,5 1,9
Argentin 396 110,3 5590,8 -5,93
Austráli 396 114 6996,7 1,37
Áustria 396 120,6 8129,1 7,26
Bélgica 396 115,6 7439,6 3,67
Brasil - 396 123,5 8779 10,64
Brasil-I 396 120 8486,8 9,12
Canadá 396 114,2 6821,7 0,46
China 396 152,1 11184,8 23,14
Cingapur 396 112,2 6844,4 0,58
Coréia d 396 106,4 4136,2 -13,49
DJSI – N 396 106 3623,8 -16,15
DJSI – S 396 110,5 5822,6 -4,73
DJSI – W 396 108,8 5401,4 -6,92
Egito 396 121,8 7731,6 5,19
França 396 109,7 5114,2 -8,41
Holanda 396 110,1 5241,2 -7,75
Hong Kon 396 116,7 7399,6 3,47
Índia 396 139,6 10260,9 18,34
Indonési 396 140,6 10867,6 21,49
Inglater 396 109,1 4763,5 -10,23
Israel 396 113,2 6716,2 -0,08
Itália 396 112,7 6294,7 -2,28
Japão 396 111,8 5781,5 -4,94
Malásia 396 106,8 5617,5 -5,79
México 396 127,2 9547,9 14,63
Noruega 396 137,6 10914,4 21,73
Nova Zel 396 111,2 5997,7 -3,82
Suécia 396 115,2 6794,9 0,32
Suíça 396 111,1 5886,5 -4,4
Taiwan 396 115,6 7219,4 2,53
USA - DJ 396 105,9 4186,4 -13,23
USA - NA 396 102,8 2468,2 -22,16
USA – S& 396 104,4 3745,8 -15,52
Overall 13464 6732,5
H = 4000,46 DF = 33 P = 0,000
H = 4000,46 DF = 33 P = 0,000 (adjusted for ties)
130
Análise qualitativa dos dados
Um estudo mais detalhado dos resultados, cruzando com informações de crescimento,
rentabilidade, critério de montagem dos índices, empresas que participam das cotações,
entrevista com intermediários de investimento na bolsa de valores e professores que atuam no
mercado de ações, trabalhando em corretoras de valores e bancos de investimentos,
identificamos:
O que realmente motiva os investidores profissionais no mercado secundário
de ações obedece a uma seqüência de prioridades:
1.
Rentabilidade: primeiro é observado o retorno do
investimento, o prazo e as perspectivas do mercado para a
empresa escolhida
2.
Sustentabilidade: em segundo lugar é verificado a
continuidade das próximas gerações, visão de marketing
para a população, imagem da empresa no mercado
Existe uma sobreposição das corporações empresariais e seria necessário um
expurgo da influência destas entidades nos diversos índices, pois as empresas
que participam dos índices DJSI – STOXX, DJSI - North América, DJSI –
World e Brasil – ISE também fazem parte dos índices dos respectivos países de
origem, influenciando dois índices ao mesmo tempo.
No Brasil o índice de sustentabilidade empresarial (ISE) é representado por 43
empresas listadas, mas apenas 4 empresas representam 60,133% da
participação no índice e a valorização deste índice está vinculado acima de
tudo ao bom desempenho setorial onde estas quatro empresas atuam
(Bradesco, Itaú e Unibanco = setor financeiro => lucro no Trimestre 2007
131
R$ 1,9 bilhão, R$ 1,7 bilhão e R$ 581 milhões, respectivamente e Petrobras =
setor petróleo => aumento do preço do petróleo a nível internacional). Desta
forma o índice tem uma sobreposição des empresas que participam do
IBOVESPA e ISE ao mesmo tempo, distorcendo a qualidade da análise.
As empresas do índice Brasil – ISE tem sérios problemas quanto ao conceito
de sustentabilidade, pois empresas como Aracruz (ações judiciais referente a
desmatamento irregular, erosão de solo e contaminação de lençol freático),
Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Unibanco (com lucros excessivos causa
descapitalização dos governos, das empresas, das comunidades e das famílias,
reforçando os desequilíbrios na concentração de renda que precisam ser
corrigidos) e Petrobras (sérios problemas de contaminação ambiental em
mares, rios e terra), todas estas empresas comprometem as próximas gerações.
Trabalhamos com uma amostra relativamente curta de 1 ano e 7 meses, ou
seja, 396 dias úteis, podendo distorcer os resultados, mas que foram assim
definidos, pois o índice Brasil – ISE começou a ser medido a partir de 01 de
dezembro de 2005, devendo ser ampliado em oportuna ocasião.
132
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal foi à análise dos índices das bolsas de valores nacionais e
internacionais, confrontando os índices das bolsas normais com os índices de sustentabilidade
das bolsas de valores, demonstrando os impactos da adoção pelas empresas de procedimentos
e atitudes de responsabilidade social e sustentabilidade empresarial na valorização de seus
papéis junto ao mercado financeiro, caracterizando maior ou menor sensibilidade.
Por outro lado, a questão de responsabilidade social nas empresas é um assunto muito
amplo e que está em mudança. Outros conceitos como governança corporativa,
sustentabilidade, também passam por um processo de melhor definição.
Como vem sendo incorporado o desenvolvimento sustentável na demanda do
consumidor, nos códigos de conduta e valores empresariais, nas rodadas de negociação
comercial nacional e internacional, as empresas necessitam adaptar sua conduta para os novos
tempos.
Pelos testes estatísticos identificamos os índices de sustentabilidade (DJSI – STOXX,
DJSI - North América, DJSI – World e Brasil – ISE) analisados possuem diferenças
significativas com relação aos índices das bolsas de valores dos diversos países, mas somente
o índice Brasil – ISE apresenta valorização superior à maioria das bolsas avaliadas,
demonstrando que o apelo de responsabilidade social não pode ser encarado como um dos
fatores de aumento dos índices, mesmo porque em nossa análise qualitativa dos índices,
observamos que o retorno e a rentabilidade são os fatores primordiais para o investidor
profissional. Em detrimento desta postura, a empresa deverá ser pautada pelo envolvimento
que saia do assistencialismo e que traga realmente ao indivíduo a participação cívica, com
justiça, democracia e luta pelos seus direitos civis e políticos, relativos à liberdade, direitos
econômicos, sociais e culturais, e direitos à solidariedade, à paz internacional, ao meio
133
ambiente saudável, à comunicação e igualdade social. Muito dos projetos identificados,
demonstra a possibilidade de pouca consciência social empresarial para a realização de
projetos viáveis em prol da comunidade, restringindo-os às doações e atendimento ao público
interno.
Entretanto, como se criou um espaço para discussão sobre a responsabilidade social
empresarial, sustentabilidade e os índices das bolsas de valores, é importante uma
preocupação maior quando se vê a possibilidade de esquecer o cidadão em detrimento do
consumidor. Nota-se que, neste momento, de grandes transformações como: diminuição do
Estado, mercado global, presença das transnacionais e o acirramento das desigualdades
sociais pelo qual nosso país vem passando, torna-se necessário discutir também a
Responsabilidade Social do Estado e de cada um, pois a expectativa de responsabilidade
social somente da empresa concentra ações apenas em determinados territórios o que pode ser
desastroso em um país tão desigual, poucos seriam beneficiados, e manteria o processo de
exclusão. Estas reflexões se fazem necessárias para pensarmos em responsabilidade social
como forma cada vez mais de ação de inclusão. Notamos também que existem alguns
investidores que buscam aliar objetivos de retorno financeiro e valores a preocupações
sociais, escolhendo empresas por performance, ética e social, com contribuições favoráveis
para o mundo. Esta preocupação pode ser observada na análise das empresas que negociam
ações em Bolsa de Valores e nos fundos sobre Responsabilidade Social.
Outra importante constatação foi a de que, de organização para organização o
comportamento em relação à responsabilidade social diferencia-se de acordo com a cultura, o
ambiente da organização, a formação da direção e o mercado de atuação. A responsabilidade
social faz parte do planejamento estratégico dos negócios. Há, em algumas empresas,
conscientização de que a distribuição de renda proporciona benefícios sociais; além de que
134
impactos sobre o patrimônio social não mensurável proporcionam a continuidade da empresa
e da vida no planeta.
No mais, deve-se considerar que o fato dos índices de sustentabilidade analisada ser
recente (desde 2005) há certa limitação na quantidade de dados. Portanto, os resultados não
comprovam estatisticamente a tese apresentada, de que os índices de sustentabilidade têm
valorização superior, com exceção do Brasil – ISE que possuem empresas que puxam sua
cotação para cima e não são empresas reconhecidas com responsabilidade social e tão pouco
procure a sustentabilidade empresarial, tornando-se empresas extremamente lucrativas sem as
devidas distribuições desta renda. Apesar dos testes mostrarem que os retornos dos 34 índices
são diferentes, os resultados mostraram que, de fato, as empresas não amadureceram o
suficiente nos conceitos de responsabilidade social e sustentabilidade empresarial,
privilegiando altas taxas de lucro em detrimento de questões sociais e ambientais.
Assim, este estudo deve ser aprofundado, expurgando os efeitos cumulativos de
sobreposição dos índices, permitindo uma melhor análise dos dados, com uma amostra de
amplitude maior, da mesma forma, efetuar uma pesquisa com os gestores da empresas e de
fundos de investimento, sobre o que realmente motiva os investidores profissionais a investir
no mercado secundário de ações.
Apesar dos esforços de empresas, instituições, governo e setores interessados na
responsabilidade social, sustentabilidade, governança corporativa e responsabilidade
ambiental, existem muitos outros pontos em nosso planeta que estão em sentido contrário,
demonstrando uma degeneração da sociedade, economia e recursos ambientais de tal monta
que comprometem as próximas gerações. O relatório de mudança climática de Nicholas Stern,
o documentário de Al Gore sobre mudanças climáticas indicam uma devastação desmedida de
todos os recursos naturais sem a devida revitalização, assim como, os juros abusivos cobrados
pelos bancos nacionais propiciando um desequilíbrio na distribuição de renda e
135
descapitalização dos agentes econômicos, da mesma forma, os indicadores de bem-estar
social e de concentração de renda que demonstram um acúmulo vergonhoso de riqueza no
topo da pirâmide com milhões de mortes anuais por causa da pobreza. O próprio relatório
WIDER demonstra esta brutal falta de humanidade para com as pessoas que não podem se
proteger. Da mesma forma, a mudança da forma de governar, que hoje está direcionada para
as vantagens do grau de relacionamento com o poder, com uma total falta de respeito às leis.
Todos estes problemas que comprometem nosso futuro nos serão cobrado de forma muito
dura, pois a natureza irá procurar seu equilíbrio novamente e teremos grandes mudanças
climáticas e de placas tectônicas como forma de ajustamento do equilíbrio. Como forma de
amenizar estes problemas poderemos trabalhar com responsabilidade, retomando nosso
espírito cristão e reafirmar um novo sistema econômico e político de igualdade para todos de
acordo com seu merecimento moral e ético.
136
12. BIBLIOGRAFIA
ACCOUNTABILITY (The Institute of Social and Ethical Accountability). AA1000 series.
London, 2000. Disponível em: <www.accountability.org.uk/aa1000/defaut.asp>.
ALIGLERI, Lílian; ALIGLERI, Luiz Antonio; SOUZA, Maria José Barbosa de; SCHMITT,
Alexandre Alcântara; ALMEIDA, Luana Machado de. A Responsabilidade Social na
Gerência de Produção: percepções, políticas e perspectivas na indústria de alimentos da região
de Londrina. Enanpad 2003, GSA-1104.
ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2002.
ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente. Rio de Janeiro:
Campus, 2007.
ALMEIDA, Simone de Lira; LINS, Silze Anne Gonçalves; OLIVEIRA, Rezilda Rodrigues.
Benefícios do capital social: A experiência da Escola de Voluntários da Celpe. Enanpad 2005,
APS-C1142.
ANDINO, Byron Fabrício Acosta; FRACASSO, Edi Madalena; SILVA, Paulo Gustavo
Lemos da; LOBLER, Mauri Leodir. Avaliação do Processo de Incubação de Empresas em
Incubadoras de Base Tecnológica. Enanpad 2004, ACT-1712.
ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao
desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron Books, 2000.
ANEFAC – Pesquisa de juros maio de 2007 – Associação Nacional de Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade – Maio de 2007, disponível em www.anefac.com.br
ASHLEY, Patrícia Almeida (coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. 2ª edição.
São Paulo: Saraiva, 2005.
ASHLEY, Patrícia Almeida. A Responsabilidade Social Corporativa em um Contexto de
Fusões, Aquisições e Alianças. O&Sv. 6, n. 16, set/dez 1999.
ASHLEY, Patrícia Almeida; COUTINHO, Renata Buarque Goulart; TOMEI, Patrícia
Amélia. Responsabilidade Social Corporativa e Cidadania Empresarial: Uma Análise
Conceitual Comparativa. Enanpad 2000, ORG-561.
137
ASHLEY, Patrícia Almeida; MACEDO-SOARES, T. Diana L.v.A de. Um Modelo
Conceitual Para a Incorporação da Responsabilidade Social à Governança das Relações
Negócio-Sociedade. Enanpad 2001, TEO-185.
ASSAD, Marta Maria Nogueira. Responsabilidade Social Sob a Perspectiva de
Sustentabilidade: o Médio Vale do Paraíba e os Resíduos Sólidos Industriais. Enanpad 2004,
GSA-0553.
BACKES, Rosemary Gelatti; OTT, Ernani; WIETHAEUPER, Daniela. Evidenciação do
Capital Intelectual: Análise de Conteúdo dos Relatórios de Administração de Companhias
Abertas Brasileiras. Enanpad 2005, FIC-A589.
BALARINE, Oscar Fernando Osório. A Formação de Competências Estratégicas numa
Organização Não Governamental. Enanpad 2004, GSA-0030.
BARBERO, Edson Ricardo; FISCHMANN, Adalberto Américo. Responsabilidade social
corporativa no Brasil: projetos esporádicos ou elemento estratégico? São Paulo: Third
International Conference of Iberoamerican of Management, v. 01, 2003.
BARRETO, Carlos Eugênio Friedrich. Responsabilidade social das empresas: um estudo de
caso. São Paulo: (Tese Doutorado, Ciências Sociais) PUCSP, 2003.
BATISTA, Cristina Abranches Mota. A prática de responsabilidade social e a inclusão da
pessoa portadora de deficiência. Enanpad 2003, GSA-1960.
BELLEN, Hans Michael van. Aplicação de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
como Sistema de Apoio à Decisão: Uma Reflexão sobre suas Possibilidades e Limitações.
Enanpad 2004, GSA-0577.
BELLEN, Hans Michael van. Indicadores de Sustentabilidade: Uma Análise Comparativa.
Enanpad 2004, GSA-0567.
BENDALY, Leslie. Organização 2000: Novos caminhos para empresas e equipes em uma
economia globalizada. São Paulo: Futura, 1998.
BERNARDO, Denise Carneiro dos Reis; CALEGÁRIO, Cristina Lelis Leal; PESSANHA,
Gabriel Rodrigo Gomes; PINTO, Lauisa Barbosa. Responsabilidade Social Empresarial: uma
análise dos Balanços Sociais das Sociedades Anônimas de Capital Aberto. Enanpad 2005,
APS-C1901.
138
BETSON, David M., e Jennifer L. Warlick. "Tendências Históricas Alternativas da Pobreza."
American Economic Review 88:348-51. 1998.
BETTENCOURT, Guilherme. Estratégia empresarial: resultados econômicos com
desempenho social. Anais do I Seminário sobre Balanço Social do Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas - IBASE: "Cidadania e transparência pública das empresas",
pp. 21, Rio de Janeiro, 1998.
BNDES, Balanço Social e outros aspectos da Responsabilidade Social corporativa. Relatório
Setorial Nº. 2 março/2000 - Disponível na internet no endereço: www.bndes.gov.br. Acesso
em: novembro de 2006.
BNDES, Empresas, Responsabilidade Corporativa e Investimento Social - Uma abordagem
introdutória. Relato setorial Nº. 1 março/2000. Disponível na internet no endereço:
www.bndes.gov.br. Acesso em: novembro de 2006.
BNDES, Responsabilidade social e diversidade: deficiência, trabalho e exclusão / IBDD. Rio
de Janeiro: BNDES, 2004. Disponível na internet no endereço: www.bndes.gov.br. Acesso
em: novembro de 2006.
BORGER, Fernanda Gabriela. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica
empresarial. São Paulo: (Tese de Doutorado, Administração) USP, 2001.
BOVESPA. Índice de sustentabilidade empresarial – ISE. Disponível em
<http://www.bovespa.com.br> acessado em 27 de julho de 2007.
CALLENBACH, E., et al. Gerenciamento Ecológico – Eco-Manangement – Guia do Instituto
Elmwood de Auditoria Ecológica e Negócios Sustentáveis. São Paulo: Ed. Cultrix, 1993.
CANOPF, Liliane; PASSADOR, Cláudia Souza. A Responsabilidade Social na Graduação
em Administração da Região Sudoeste do Paraná: obrigação cumprida ou demanda atendida?
Enanpad 2004, EPA-1492.
CAMPANHOL, Edna Maria; BREDA, Francisco de Assis. Responsabilidade Social: Entre o
Assistencialismo e a Moderna Gestão Corporativa. Enanpad 2005, APS-C208.
CARLOS, Maria da Graça de Oliveira; FORTE, Sérgio Henrique Arruda Cavalcante.
Prospectiva e Comportamento Estratégico: Um Estudo nas maiores Empresas Exportadoras
dos Principais Setores da Indústria Cearense. Enanpad 2004, ESO-0895.
139
CARROLL, Archie B. A The Pyramid of Corporate Social Responsibility: Toward the Moral
Management of Corporate Stakeholders. Business Horizons, 34, p. 39-48, julho-agosto 1991.
CARROLL, Archie B., Corporate social responsibility: business and society; Chicago; Set,
1999. P. 268-295.
CARROLL, Archie B. The Four Faces of Corporate Citizenship. Business and Society
Review. V. 100. p. 1-7. 1998.
CARVALHO, Breyner Estanislau Silva de. Responsabilidade Social e Ética nos Serviços
Funerários: Um Estudo de Caso. Enanpad 2005, APS-C2458.
CATTANI, A.D. Fórum social mundial: a construção de um mundo melhor. Porto Alegre:
Editora da UFRGS / Vozes / Unitrabalho / Corag / Veraz Comunicação, 2001.
CAVALCANTI, C. (Org.) Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade
sustentável. 3.ed. São Paulo: Cortez; Recife, PE: Fundação Joaquim Nabuco, 2001.
CLARO, Priscila Borin de Oliveira; CLARO, Danny Pimentel; AMÂNCIO, Robson.
Entendemos Sustentabilidade em sua Plenitude? Análise de Fatores que Influenciam a
Interpretação do Conceito. Enanpad 2005, APS-C2254.
COELHO, F. S. DUTRA, R. G. CARDOSO, R. L. Evidenciação do investimento no social e
no ambiental. Revista Pensar Contábil do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro - RJ: ano 3, n. 09, p.12-18, ago/out.2000.
COELHO, Helena Maria Queiroz. Gestão do público interno em duas empresas filiadas ao
Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial: visão dos trabalhadores, dos gestores
de pessoas e dos sindicalistas. Enanpad 2005, GPR-A910.
CORAL, Eliza; ROSSETTO, Carlos Ricardo; SELIG, Paulo Mauricio. Planejamento
Estratégico para a Sustentabilidade Empresarial: uma proposta para convergência das
estratégias econômicas, ambientais e sociais. Enanpad 2003, ESO-1303.
CORDEIRO, Marcelo Antonio Lisboa; PEREIRA, Leonardo Lisboa. A Nova Visão Baseada
em Competência: Análise da Sua Capacidade Explicativa Diante das Visões Tradicionais da
Administração Estratégica. Enanpad 2005, ESO-A1114.
CORULLÓN, Mônica Beatriz Galiano; MEDEIROS FILHO, Barnabé. Voluntariado na
Empresa Gestão eficiente da participação cidadã. Rio de Janeiro: Editora Fundação
Peirópolis, 2002.
140
COSTA, Alessandra Mello da; CARVALHO, José Luis Felício. Legitimando Papéis ou
Conciliando Interesses? A Reprodução Discursiva da Responsabilidade Social Empresarial.
Enanpad 2005, APS-C232.
CUNHA, Icaro; JUNQUEIRA, Luciano Prates. Gestão da Sustentabilidade : Risco ambiental
e Conflito, Governança e Cooperação. Enanpad 2004, GSA-1025.
CUNHA, Sieglinde Kindl da; CUNHA, João Carlos da. Modelo Sistêmico para Avaliação do
Impacto do Turismo no Desenvolvimento Local. Enanpad 2005, ESO-A339.
CURADO, Isabela Beleeiro. Responsabilidade legal, responsabilidade social e compromisso
social: uma questão de autoridade? Enanpad 2003, GSA-2158.
CYRINO, Álvaro Bruno; DORNAS, Guilherme Costa Valle. Intensidade Competitiva,
Performance e Sustentabilidade: Uma Análise Longitudinal do Desempenho Econômico-
Financeiro das 500 Maiores e Melhores Empresas do Brasil no Período 1990-1999. Enanpad
2002, ESO-1372.
D'AMBRÓSIO, D.; MELLO, P. C. A responsabilidade social que dá retorno social. Gazeta
Mercantil, 10 nov.1998. Empresas e Negócios, p. c-8.
DAVIS, James; SANDSTRÖM, Susana; SHORROCKS, Anthony; WOLFF, Edward N. The
Global Distribution of Household Wealth - 2006, II www.wider.unu.edu/newsletter/newsletter
.htm
DELANO, Alfonso Silva. O Balanço Social, utopia ou realidade na empresa latino-
americana? In: GONÇALVES, Ernesto Uma (org). Balanço social da empresa na América
Latina. São Paulo: Pioneira, 1980.
DORINI, Raquel Pereira. Desenvolvimento sustentável como responsabilidade social das
empresas: um enfoque ambiental. São Paulo: (Dissertação de Mestrado, Administração)
PUCSP, 1999.
DOWBOR, Ladislau. A reprodução social: proposta para uma gestão descentralizada.
Petrópolis: Vozes, 1998.
DOWBOR, Ladislau. http://dowbor.org, acessado em 27/07/2007.
DUARTE, G. D.; DIAS, J. M. Responsabilidade social: a empresa hoje. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, 1986.
141
DUFLOTH, Simone Cristina; BELLUMAT, Carolina Castelluber. A disseminação de
informações das ações de responsabilidade social das empresas. Enanpad 2005, APS-C2219.
ENDE, Marta Von; LEOPOLDINO, Cláudio Bezerra. Avaliação da Sustentabilidade de uma
Instituição de Microcrédito via Modelagem Financeira. Enanpad 2003, FIN-1958.
FARIA, Ana Cristina de; CUNHA, Ivan da; FELIPE, Yone Xavier. Manual prático para
elaboração de monografias: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses. 2ª edição.
São Paulo: Editora USJT, 2004.
FARIAS, Odair Oliva de Farias; AKABANE, Getulio Kazue; NOGUEIRA NETO, Mário de
Souza. A Inovação Tecnológica no Planejamento Estratégico da Cadeia de Suprimentos: O
Caso da Cadeia Sucroalcooleira. Enanpad 2005, GOL-B1052.
FERREIRA, Márcia Regina; PASSADOR, Claudia Souza. Apontamentos sobre Ação Social
nas Médias e Grandes Empresas de Maringá: Responsabilidade Social? Enanpad 2002, COR-
442.
FICHER, Rosa Maria. O Desafio da Colaboração - práticas de responsabilidade social entre
empresas e terceiro setor. São Paulo: Editora Gente, 2002.
FILHO, José Francisco Ribeiro; LIBONATI, Jeronymo José; SILVA, Felipe Dantas
Cassimiro da; MULATINHO, Caio Eduardo Silva. Decisões de Investimento Baseadas em
Métricas Contábeis: Um Experimento Considerando Variáveis de Responsabilidade Social.
Enanpad 2005, FIC-A433.
FOGUEL, Sérgio. Balanço social: a essência e a benemerência. Folha de S. Paulo, Caderno
Negócios, p. 2-2, São Paulo, 23/06/1997.
FONSECA, Jairo Simon da; MARTINS, Gilberto de Andrade. Curso de estatística. 6ª edição.
São Paulo: Atlas, 1996.
FOSSÁ, Maria Ivete Trevisan; SARTORETTO, Paola Madrid. Responsabilidade Social
Empresarial e Comprometimento Organizacional: Uma Relação Possível? Enanpad 2002,
COR-357.
FREEMAN, R. E.; LIEDTKA, J. Corporate social responsability: a critical approach.
Business Horizons. p. 92-8, jul./ago. 1991.
FREITAS, Falber Reis; VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira. Voluntariado Empresarial: uma
Questão de Legitimidade? Enanpad 2004, GSA-2052.
142
FURTADO, Raquel Alves; PENA, Roberto Patrus Mundim. Responsabilidade Social com
Público Interno: a percepção dos funcionários de uma das “melhores empresas para trabalhar”
quanto à relação com os sindicatos e ao envolvimento dos empregados na gestão. Enanpad
2005, GPR-B2597.
GADREY, Jean; FLORENCE, Jany-Catrice. Os novos indicadores de riqueza. São Paulo:
Editora Senac São Paulo, 2006.
GALUCHI, Cláudio Nascimento Dias; TADEUCCI, Marilsa de Sá Rodrigues.
Responsabilidade social empresarial (RSE): a atuação das grandes empresas do vale do
Paraíba. Enanpad 2005, APS-C2100.
GIFE - GRUPO DE INSTITUTOS, FUNDAÇÕES E EMPRESAS. Boletim Informativo. São
Paulo, Ano IV, nº 140, 24/abril/2000.
GIOSA, Lívio. Por quem dobram os sinos da responsabilidade social? Mercado Top Social
ADVB- 1999, 1a Ed., p. 7, São Paulo, 1999.
GLOBAL REPORTING INITIATIVE. Sustainability Reporting Guidelines – 2005.
Disponível na internet no endereço: www.globalreportinginitiative.org. Acesso em: novembro
de 2006.
GORE, Al. Uma verdade inconveniente: o que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento
global. Barueri: Manole, 2006.
GRAYSON, D.; HODGES, A. Compromisso social e gestão empresarial. São Paulo:
Publifolha, 2002.
GRZYBOWSKI, Cândido. Balanço social: um convite à transparência das empresas.
Disponível na internet no endereço: www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm.
Acesso em: novembro de 2006
GUEDES, Rita de Cássia. Responsabilidade social e cidadania empresariais: conceitos
estratégicos para as empresas face à globalização. São Paulo: (Dissertação de Mestrado,
Administração) PUCSP, 2000.
GUIMARÃES, Daniela Cristina. A Responsabilidade Social Empresarial e a Precarização da
Qualidade de Vida no Trabalho de uma Empresa de Call Center. Enanpad 2004, GSA-0666.
HART, Stuart L. Capitalism at the Crossroads: The Unlimited Business Opportunities in
Solving the World's Most Difficult Problems. Wharton School Publishing, 2005.
143
HART, Stuart L.; MILSTEIN, Mark B. Criando valor sustentável. RAE. Volume 3. Nº 2.
maio/julho, 2004.
HAWKINS, Denise Pires Basto Costa; COSTA, Silvia Pires Basto. Responsabilidade Social e
Cidadania Empresarial: uma Pesquisa Exploratória no Setor Supermercadista de Médio Porte
de Fortaleza. Enanpad 2002, ESO-1834.
HDR - Statistics: Human Development Index (by trend 1975–2003). United Nations
Development Programme (2005). Visitado em 30 de Outubro, 2006.
HDR – Relatório de desenvolvimento humano. Organização das Nações Unidas, 1999.
HDR - Human Development Report – Organização das Nações Unidas (ONU), de 2004.
HDR - Human Development Report 2006. United Nations Development Programme (2006).
Visitado em 27 de julho, 2007.
HDR - Human Development Indicators. Human Development Report 2006. United Nations
Development Programme. Visitado em 27 de julho, 2007.
IFC (International Finance Corporation). The next 4 billion: market size and business strategy
at the base of the pyramid – Banco Mundial, Executive Summary, 2007.
INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade Social das Empresas - A contribuição das
universidades. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2002.
INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade social das empresas: percepção do consumidor
brasileiro, pesquisa 2001. São Paulo, 2001 p.26.
_________. Responsabilidade social das empresas: percepção do consumidor brasileiro,
pesquisa 2002. São Paulo, 2002 p.25-6.
IOSCHPE, E. B. et. al. 3º setor: desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1997.
IOSCHPE, Evelyn Berg. O balanço social das empresas. Folha de S. Paulo, Caderno
Tendências & Debates, p. 1-3, São Paulo, 01/04/1997.
JONES, M. T. The institutional determinants of social responsability. Journal of Business
Ethics. V. 20, nº. 2, p. 163-179, jun. 1999.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 62ª edição. São Paulo: LAKE, 2001.
144
KARKOTLI, Gilson Rihan. Responsabilidade Social: uma estratégia empreendedora.
Florianópolis: (Tese de Doutorado, Engenharia de Produção) UFSC, 2004.
KARKOTLI, Gilson; ARAGÃO, Sueli Duarte. Responsabilidade Social: uma contribuição à
gestão transformadora das organizações. Petrópolis: Vozes, 2004.
KELL, G. The Global Compact: Selected Experiences and Reflection, Journal of Business
Ethics, 59: 69-79, 2005.
KNY, Márcio André. Viabilidade da Lealdade do Cliente como Objetivo Estratégico.
Enanpad 2005, ESO-A201.
KREITLON, Maria Priscilla. A Responsabilidade Social como Dimensão Fundamental do
Planejamento Estratégico Corporativo: o caso da Petrobras. Enanpad 2002, CAB-1763.
KREITLON, Maria Priscilla. Responsabilidade Social das Empresas: Regulação pelo Estado
ou pela Sociedade Civil? Enanpad 2005, APS-A2550.
KROETZ, César Eduardo S. Balanço Social: teoria e prática. Atlas, São Paulo, 2000.
LARSON, Ron; FARBER, Betsy. Estatística aplicada. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
LIMA, Paulo Rogério dos Santos. Responsabilidade social: a experiência do selo empresa
cidadã na cidade de São Paulo – 1999. São Paulo: (Dissertação de Mestrado, Administração)
PUCSP, 2001.
MACHADO, Adriana Leite Costa Silva; LAGE, Allene Carvalho. Responsabilidade Social:
Uma Abordagem para o Desenvolvimento Social. O caso da CVRD. Enanpad 2002, ESO-
1045.
MAGALHÃES, Osia Alexandria Vasconcelos; MILANI, Carlos Roberto Sanchez; SANTOS,
Tacilla da Costa e Sá Siqueira; AGUIAR, Vicente Macedo de; ALVES, Daiane Gonçalves.
(Re)Definindo a Sustentabilidade no âmbito da Gestão Social: Reflexões a partir de duas
Práticas Sociais. Enanpad 2005, APS-C1644.
MAIGNAN, Isabelle; FERRELL, O. C. Measuring Corporate Citizenship in two Countries:
The Case of the United States and France. Journal of Business Ethics. V. 23. N. 3. p. 283-297.
Feb. 2000.
MAIGNAN, Isabelle. Consumers’ Perception of Corporate Social Responsibilities: A
Crosscultural Comparison. Journal of Business Ethics. V. 30. N. 1. p. 57-72. Mar 2001.
145
MAIGNAN, Isabelle; FERRELL, O. C. Antecedents and Benefits of Corporate Citizenship:
an Investigation of French Businesses. Journal of Business Research. V. 51, p. 37-51. 2001.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo: Atlas, 2003.
MARTINS, Sérgio Ruy Barbosa Guerra. Uma Agenda para o Desenvolvimento Sustentável
do Transporte Metropolitano de Passageiros do Rio de Janeiro. Enanpad 2004, POP-2274.
MATOS, Celso Augusto de; GOSLING, Marlusa; DINIZ, Lílian Cristina de Oliveira;
RAMALHO, Wanderley. Como os Consumidores Reagem ao Recall de Produtos? Uma
Abordagem com Equações Estruturais considerando também indicadores formativos.
Enanpad 2004, MKT-2921.
MCINTOSH, Malcom. Cidadania corporativa: estratégias bem-sucedidas para empresas
responsáveis. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Gestão da Responsabilidade Social
Corporativa: o Caso Brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
MELO NETO, Francisco Paulo de & FROES, César. Responsabilidade Social & Cidadania
Empresarial: A Administração do Terceiro Setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.
MENDES, Vera Lúcia Peixoto Santos. Sustentabilidade das Inovações Gerenciais na
Administração Pública. Enanpad 2003, GPG-240.
MENDONÇA, J. Ricardo C. de; GONÇALVES, Julio César de Santana. Responsabilidade
Social nas Empresas: uma questão de imagem ou de substância? Enanpad 2002, TEO-1945.
MENDONÇA, Patrícia; ARAÚJO, Edgilson Tavares de. ONGs e cooperação internacional:
entre a dependência e a busca pela sustentabilidade. Enanpad 2005, APS-C2061.
MILANEZ, Francisco. Desenvolvimento Sustentável. In: CATTANI, Antonio David (org.). A
outra economia. Porto Alegre. Veraz Editores. 2003. p. 76-84.
MILLOT, Michele. Balanço do balanço social. www.fides.org.br, 1999.
MORAES, Wagner Bitencourt. Efetividade organizacional na perspectiva de coordenadores
de curso de graduação na PUC Minas: contribuições para a gestão de instituições de ensino
superior. Enanpad 2004, EPA-3046.
146
MOSTARDEIRO, Márcio Milleto; FERREIRA, Gabriela Cardozo. Análise das Estratégias de
Responsabilidade Social e sua Inserção na Estratégia Corporativa de Três Empresas do Rio
Grande do Sul. Enanpad 2005, ESO-A599.
MRTVI, Valdete de Oliveira. Percepção do Consumidor Sobre Ações Corporativas
Vinculadas ao Conceito de Responsabilidade Social: Um Estudo no Setor de Cosméticos.
Enanpad 2003, MKT-2112.
NASCIMENTO, Luis Felipe. Gestão Socioambiental Estratégica: a percepção de executivos
de pequenas e médias empresas americanas. Enanpad 2005, APS-C2071.
NOGUEIRA, Carlos Eduardo de Araújo; CHAUVEL, Marie Agnes. Responsabilidade Social:
um Estudo Exploratório Sobre o Processo de Decisão das Instituições Mantidas por Empresas.
Enanpad 2003, GSA-1364.
OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Padrões globais
de práticas empresariais transparentes e responsáveis. Paris, 2005.
OLIVEIRA, Alenir Alves de; TEIXEIRA, Maria Luisa Mendes. Recuperação de Crédito com
Responsabilidade Social: Um Estudo dos Valores e Atitudes dos Gestores. Enanpad 2003,
GSA-1284.
OLIVEIRA, Bráulio Alexandre Contento de; GOUVÊA, Maria Aparecida; GUAGLIARDI,
Jose Augusto. A Influência da Responsabilidade Social nas Decisões de Compra de Produtos
de Conveniência. Enanpad 2004, MKT-1692.
OLIVEIRA, Robson de. Contabilidade ambiental: evidenciação de eventos econômicos de
natureza ambiental pelas empresas do setor químico e petroquímico. São Paulo: (Dissertação
de Mestrado, Controladoria e Contabilidade Estratégica) UNIFECAP, 2005.
ONU - The Inequality Predicament: report on the world social situation 2005 – Department of
Economic and Social Affairs, UN, New York, 2005.
ONU – World Public Sector Report2005 - Department of Economic and Social Affairs – UN,
New York, 2005.
ORTOLANI, Fernando; CAMPELLO, Carlos Alberto G. B.; MATIAS, Alberto Borges. A
Relação (In)Existente Entre Responsabilidade Fiscal E Responsabilidade Social Nos
Municípios Paulistas. Enanpad 2004, GPG-1916.
147
OSBERG, I.; SHARPE, A. Human Well-Being and Economic Well-Being: What Values are
Implicit in Current Indices?, relatório de pesquisa para o Centre for the Study of Living
Standards, agosto de 2003, disponível em: http://www.csls.ca.
PASSADOR, Cláudia Souza; CANOPF, Liliane; PASSADOR, João Luiz. Apontamentos
sobre a Responsabilidade Social no ENANPAD: a construção de um conceito? Enanpad 2005,
APS-C1738.
PENA, Roberto Patrus Mundim. Responsabilidade Social da Empresa e Business Ethics: Uma
Relação Necessária? Enanpad, 2003, GSA-1190.
PENA, Roberto Patrus Mundim; CARVALHO NETO, Antonio; COELHO, Helena Maria
Queiroz; TEODÒSIO, Armindo dos Santos de Sousa. Discurso e Prática da Responsabilidade
Social: um Estudo sobre a Gestão do Público Interno em Empresas Signatárias do Global
Compact. Enanpad 2005, GPR-B769.
PEREIRA, R. da S. Desenvolvimento sustentável com responsabilidade social das empresas:
um enfoque ambiental. São Paulo: Lorosae, 2002.
PESSOA, Paulo Eduardo Barbosa; NORONHA, Adriana Bachx; PRESTES JUNIOR,
Norberto Honorato; HERNANDES, Willian Orzari; CAMELO, Rafael de Sousa. Integrando o
Aluno do Curso de Administração na Questão da Responsabilidade Social: Programa
Integrado de Capacitação Empreendedora. Enanpad 2005, ESO-C1116.
PINTO, Marcelo de Rezende; PEREIRA, Danielle Ramos de Miranda; LARA, José Edson.
Caracterização de Perfis de Empresas Quanto a Adoção de Práticas de Responsabilidade
Social. Enanpad 2004, GSA-0357.
PIRES, Álvaro Marconi Ferreira; PENA, Roberto Patrus Mundim. Análise do Serviço de
Atendimento ao Freqüentador de uma Organização Varejista à Luz de um Marco Referencial
de Ética nos Negócios. Enanpad 2004, GSA-1456.
PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Informe sobre o
desenvolvimento humano. Nova York, ONU, 2006.
PONTE, Vera Maria Rodrigues; OLIVEIRA, Marcelle Colares. A Busca da Qualidade na
Responsabilidade Social e Ética e na Divulgação e Auditoria de Relatórios Sociais: A
Estrutura AA1000 e a Souza Cruz. Enanpad 2002, CAB-1026.
PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio
de Janeiro: Campus, 1992.
148
PORTES, Ivone. Falta de concorrência “turbina” lucros de bancos. Folha Online: 22/06/2006.
www.folha.com.br
PRAHALAD, C.K. A Riqueza na Base da Pirâmide: como erradicar a pobreza com lucro.
Porto Alegre: Bookman Editora, 2005.
QUIVY, Raymond; CAMPENHOULDT, Luc Van. Manual de investigação em ciências
sociais. Lisboa: Gradiva, 1992.
REIS, Tatiana Araújo; MEIRA, Ludmeira. A sustentabilidade em empreendimentos da
economia solidária: pluralidade e interconexão de dimensões. Enanpad 2005, APS-C3009.
RIGHETTI, Carlos César; RODRIGUES, Ivete; FACÓ, Júlio F. B.; SAKURAMOTO, Carlos
Y.; BARBIERI, José Carlos. Estratégias de Gestão Ambiental nas Empresas: um Estudo de
Caso sobre o Papel Reciclado. Enanpad 2005, APS-C2227.
ROBLES, Léo Tadeu; TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Contribuição ao Desenvolvimento
da Contabilidade da Gestão Ambiental como Elemento de Transparência das Questões
Ambientais: Estudo de Casos de Duas Empresas Brasileiras com Atuação Global. Enanpad
2004, CCG-1099.
RODRIGUES, Maria Cecília Prates. Avaliação da Gestão Social nas Empresas: Desafios e
Possibilidades. Enanpad 2005, APS-C395.
RODRIGUES, Paulo Henrique Mendonça; CASTRO JUNIOR, Joel de Lima Pereira Castro.
Estudo de Caso da Decisão de Emprego de Empacotadores Idosos em Rede de
Supermercados, em Face da Teoria Contemporânea da Firma. Enanpad 2004, TEO-1217.
SACHS, Ignacy; STROH, Paula Yone(Org.). Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável.
1a. Ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.
SAI (Social Accountability International). Responsabilidade social 8000: norma internacional
SA 8000. Disponível em: <www.sai-intl.org>.
SANTOS, Érgio Messias dos; ICHIKAWA, Elisa Yoshie; VIEIRA, Saulo Fabiano Amâncio.
A Presença e a Sustentabilidade do Terceiro Setor na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação:
Perda ou Busca de uma Identidade? O caso da ADETEC. Enanpad 2005, APS-A262.
SAUAIA, Antonio Carlos Aidar; KALLÁS, David. Cooperar pelos Lucros ou Competir pelo
Mercado? O Conflito do Oligopólio tratado em um Jogo de Empresas. Enanpad 2004, ESO-
1128.
149
SCORNAVACCA Jr, Eusébio. Administrando projetos sociais. In: revista de Administração
Pública. nº 32. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 1998.
SEQUEIRA, Sandra Villela. Intra-empreendedorismo em Organizações Não-Governamentais
como Prática de Gestão e como Legitimação: Estudo de Caso da ONG REFAZER. Enanpad
2005, ESO-C1129.
SERPA, Daniela Abrantes Ferreira. Ética e Responsabilidade Social Corporativa são
Realmente Importantes? Um Estudo com Futuros e Atuais Gestores de Empresas. Enanpad
2005, APS-C1271.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª edição. São Paulo:
Cortez, 2002.
SILVA, Joysinett Moraes da; MATOS, Fátima Regina Ney; PICCININI, Valmiria Carolina.
Responsabilidade Social Empresarial: uma Análise na Indústria Refinadora da Cera de
Carnaúba. Enanpad 2004, GSA-0766.
SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. Governança corporativa, desempenho e valor da
empresa no Brasil. São Paulo: Dissertação de mestrado – USP, 2002.
SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. Governança corporativa e estrutura de propriedade:
determinantes e relação com o desempenho das empresas no Brasil. São Paulo: Saint Paul
Editora, 2006.
SOBRAL, Filipe. Determinantes Individuais da Conduta Ética em Negociação: Valores,
Ideologia Ética e Desenvolvimento Moral. Enanpad 2005, EOR-B1865.
SOUSA, Silvio Vanderlei Araújo; LAGEMANN, Letícia; PITANGUEIRA, Antônio
Maurício da Silva. Institutos de Pesquisa como Agentes de Desenvolvimento da Indústria de
Tecnologia da Informação. Enanpad 2005, GCT-A1742.
SOUZA, Maria José Barbosa de; FERREIRA, Elaine; SOUZA, Carlos Alberto Barbosa de. O
Setor Turístico sob o Enfoque do Desenvolvimento Sustentável: um Estudo na Cidade de
Florianópolis/SC. Enanpad, 2005, APS-C1140.
SOUZA, Washington José de; CARVALHO, Virgínia; XAVIER, André Moura. Mercado,
Ética e Responsabilidade Social na Formação dos Profissionais de Administração e de
Ciências Contábeis: uma análise teórico-comparativa sob a ótica das Diretrizes Curriculares
Nacionais. Enanpad 2003, EPA-2166.
150
STERN, Nicolas. The Economics of Climate Change. Relatório apresentado ao governo
britânico. Cambridge University Press, 2006.
STROBEL, Juliana Scapulatempo; CORAL, Eliza; SELIG, Paulo Maurício. Indicadores de
Sustentabilidade Corporativa: uma Análise Comparativa. Enanpad 2004, GSA-0879.
TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. São Paulo: Atlas,
2002.
TACHIZAWA, T. Gestão empresarial e responsabilidade social corporativa: estratégias
focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2002.
TEIXEIRA, Nelson Gomes (org.). A ética no mundo da empresa. Pioneira, 1991.
TENÓRIO, Fernando Guilherme (org.). Responsabilidade social empresarial: teoria e prática.
2ª edição. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço Social: uma abordagem da transparência e da
responsabilidade pública das organizações. Atlas, São Paulo, 2001.
TREVISAN, Andrei Pittol; BELLEN, Hans Michael van. Desenvolvimento e
Sustentabilidade: Uma Avaliação da Dimensão Consumo a partir da Geração de Resíduos
Sólidos. Enanpad 2005, APS-C790.
TRIGUEIRO, André. Meio Ambiente no Século XXI. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003.
VALE, Gláucia Maria Vasconcellos. Conectividade, Competitividade e Gestão do
Desenvolvimento Sustentável. Enanpad 2004, GSA-0119.
TRIOLA, Mario F. Introdução à estatística. 7ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
VARELA, Patrícia Siqueira; FARINA, Milton Carlos; GOUVÊA, Maria Aparecida. Política
de Financiamento dos Municípios de São Paulo: Transferências Constitucionais Versus
Receitas Tributárias. Enanpad 2005, APS-B1770.
VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira. Dinâmica da Institucionalização de Práticas Sociais:
Construindo e Justificando Ações Socialmente Responsáveis no Campo das Organizações
Bancárias. Enanpad 2005, EOR-C2410.
VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira. Institucionalizando a Responsabilidade Social:
Arranjos Estruturais no Campo das Organizações Bancárias. Enanpad 2005, APS-C2431.
VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira. Responsabilidade Social das Empresas sob a óptica do
“Novo Espírito do Capitalismo”. Enanpad 2003, GSA-728.
151
VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira; VIEIRA, Marcelo Milano Falcão. Institucionalização
de Práticas Sociais: uma Análise da Responsabilidade Social Empresarial no Campo
Financeiro no Brasil. Enanpad 2004, TEO-2216.
VERSIANI, Ângela França; GUIMARÃES, Liliane de Oliveira. A Construção da Carreira de
“Empreendedor” – Delineando as Bases do Aprendizado e Conhecimento na Criação de
Empresas. Enanpad 2004, ECE-1613.
VIDAL, Soraia Maria do Socorro Carlos; GONÇALVES, Alcindo Fernandes. Novos Nomes,
Velhas Práticas - Contradições no Processo de Privatização dos Portos no Brasil. Enanpad
2004, POP-2263.
VIEIRA, Marli Terezinha. Evidenciação de informações de responsabilidade social nas
maiores empresas por faturamento em cada segmento da economia. Blumenau: (Dissertação
de Mestrado, Ciências Contábeis) FURB, 2006.
VOIGT, Leo. Balanço social ou mera peça publicitária? Valor Econômico, Caderno Especial:
"Empresa & Comunidade, p. F2, São Paulo, 25/01/2001.
VOLPON, Claudia Torres; CRUZ, Eduardo Picanço. A Importância da Responsabilidade
Social na Fidelização dos Clientes: uma Investigação no Mercado Bancário. Enanpad 2004,
GSA-0883.
XAVIER, André Moura; SOUZA, Washington José de. Responsabilidade Social Empresarial:
Estudo Teórico-Empírico à Luz dos Instrumentos Ethos. Enanpad 2004, GSA-0567.
WELZEL, Evelize; BORBA, Daiane Cristina de. A Efetividade dos Projetos Sociais à luz do
Marketing Social. Enanpad 2004, MKT-0914.
WERLANG, Patrícia. O papel do gestor de recursos humanos na construção da
responsabilidade social empresarial. Enanpad 2002, GRT-1671.
ZADEK, Simon. Responsabilidade social começa em casa. Revista Carta de Educação
Comunitária, Ano V, Nº. 26, p. 8, São Paulo: Senac, 2000.
ZENONE, Luiz Cláudio. Marketing social. São Paulo: Thomson Learning, 2006.
ZOUAIN, Deborah Moraes; SAUERBRONN, Fernanda Filgueiras. Desenvolvimento da
Dimensão Comunitária da Responsabilidade Social das Organizações: um estudo de caso
sobre a LIGHT e suas contribuições para o desenvolvimento humano sustentável, a inclusão
social e a cidadania. Enanpad 2002, TEO-1208.
152
ZUCCOLOTTO, Robson; NOSSA, Valcemiro. Combinação Tecnológica e Modelo de
Definição de Área Mínima para Sustentabilidade das Propriedades Agrícolas de Base
Familiar. Enanpad 2005, EOR-C2001.
Sites consultados
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
www.bndes.gov.br
BASF
www.basf.com.br
Confederação Nacional da Indústria
www.cni.org.br
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
www.fiesp.org.br
Filantropia
www.filantropia.org.br
Fundação Abrinq
www.abrinq.org.br
Fundo Monetário Internacional
www.imf.org
Global Reporting Initiative
www.globalreporting.org
Instituto Akatu
www.akatu.com.br
Instituto ADVB de Responsabilidade Social
www.advbfbm.org.br
153
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
www.ibge.gov.br
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
www.ipea.gov.br
Instituto Ethos Empresas e Responsabilidade Social
www.ethos.org.br
Organização das Nações Unidas
www.un.org
Programa de Liderança em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
www.lead.org.br
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
www.rs.senai.br/cntl
Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica
www.sobeet.com.br
U.S. Securities and Exchange Commission
http://www.sec.gov
Pastoral da Criança
www.pastoraldacrianca.org.br
Índices
http://www.djindexes.com
http://www.sustainability-indexes.com
http://www.euronext.com
http://www.londonstockexchange.com
http://deutsche-boerse.com
154
http://www.nikkei.co.jp
http://www.borsaitaliana.it
http://www.bovespa.com.br
http://www.hkex.com.hk
http://www.sz.gov.cn
http://br.financas.yahoo.com
Periódicos
Balanço social. Associação comercial de São Paulo, 2004.
Guia da sustentabilidade e cidadania corporativa. Ano 1, 2005.
Guia de boa cidadania corporativa. EXAME – edição especial, 2002.
Guia EXAME: boa cidadania corporativa. Dezembro, 2004.
Idéiasocial: uma revista de idéias para o terceiro setor e a responsabilidade social. Edição nº 3,
dezembro/janeiro/fevereiro, 2006.
Idéiasocial: uma revista de idéias para o terceiro setor e a responsabilidade social. Edição nº 4,
março/abril/maio, 2006.
Integração – ensino, pesquisa, extensão: sustentabilidade – práticas e desafios. Nº 43, ano XI,
out/nov/dez, 2005.
Primeiros passos para a excelência. FPNQ 61/01 rev.1 – fev/2001.
Unimed Paulistana em revista: responsabilidade social – uma exigência do mercado
globalizado, uma solução para o indivíduo. Nº 8, ano 2, mai-jun, 2001.
WEG – transformando energia em soluções: relatório de sustentabilidade, 2005.
155
ANEXOS
156
RECOMENDAÇÕES DA CVM SOBRE GOVERNANÇA CORPORATIVA
Junho de 2002
Esta cartilha contém recomendações da Comissão de Valores Mobiliários – CVM
relativas a boas práticas de governança corporativa. A adoção de tais práticas comumente
significa a utilização de padrões de conduta superiores aos exigidos pela lei, ou pela
regulamentação da própria CVM. Por isto, esta cartilha não constitui uma norma cujo
descumprimento seja passível de punição pela CVM.
Sem prejuízo do que acima se afirmou, a CVM exigirá brevemente a inclusão nas
informações anuais das companhias abertas de indicação do nível de adesão às práticas aqui
recomendadas, na forma “pratique ou explique”, isto é, ao não adotar uma recomendação, a
companhia poderá explicar suas razões.
157
INTRODUÇÃO
Governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o
desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como
investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de
governança corporativa aplicada ao mercado de capitais envolve, principalmente:
transparência, eqüidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas.
Para os investidores, a análise das práticas de governança auxilia na decisão de
investimento, pois a governança determina o nível e as formas de atuação que estes podem ter
na companhia, possibilitando-lhes exercer influência no desempenho da mesma. O objetivo é
o aumento do valor da companhia, pois boas práticas de governança corporativa repercutem
na redução de seu custo de capital, o que aumenta a viabilidade do mercado de capitais como
alternativa de capitalização.
Quando investidores financiam companhias, eles sujeitam-se ao risco de apropriação
indevida, por parte de acionistas controladores ou de administradores da companhia, de
parcela do lucro do seu investimento. A adoção de boas práticas de governança corporativa
constitui, também, um conjunto de mecanismos através dos quais investidores, incluindo
controladores, se protegem contra desvios de ativos por indivíduos que têm poder de
influenciar ou tomar decisões em nome da companhia.
Companhias com um sistema de governança que proteja todos os seus investidores
tendem a ser mais valorizadas, porque os investidores reconhecem que o retorno dos
investimentos será usufruído igualmente por todos.
Com a publicação desta cartilha, a CVM busca estimular o desenvolvimento do
mercado de capitais brasileiro por meio da divulgação de práticas de boa governança
corporativa. Seu objetivo é orientar nas questões que podem influenciar significativamente a
relação entre administradores, conselheiros, auditores independentes, acionistas controladores
e acionistas minoritários. A CVM ressalta que esta cartilha não pretende esgotar o assunto, e,
portanto, entende que as companhias podem e devem ir além das recomendações aqui
incluídas. Para a elaboração desta cartilha, utilizou-se a experiência de 25 anos de CVM e
158
analisou-se a experiência de diversos países, além de relatórios de pesquisas e códigos de
governança nacionais e internacionais.
A CVM procurou adaptar alguns conceitos de governança corporativa internacional às
características próprias da realidade brasileira, notadamente a predominância de companhias
com controle definido. Cabe ressaltar que alguns conceitos importantes de governança
corporativa já fazem parte da estrutura legal no Brasil, razão pela qual não se faz referência a
eles.
I. TRANSPARÊNCIA: ASSEMBLÉIAS, ESTRUTURA ACIONÁRIA E GRUPO
DE CONTROLE
Forma da Convocação e Pauta da Assembléias Gerais de Acionistas
I.1 As assembléias gerais devem ser realizadas em data e hora que não dificultem o
acesso dos acionistas. O edital de convocação de assembléias gerais deve conter
descrição precisa dos assuntos a serem tratados. O conselho deve incluir na pauta
matérias relevantes e oportunas sugeridas por acionistas minoritários,
independentemente do percentual exigido por lei para convocação de assembléias geral
de acionistas.
É recomendável que a assembléia geral ordinária realize-se na data mais próxima
possível ao fim do exercício fiscal a que ela se refere. As recomendações visam facilitar a
participação de acionistas no conclave, assegurar a perfeita informação dos acionistas sobre os
assuntos a serem tratados em assembléia e permitir que o maior número possível de assuntos
de interesse da companhia seja submetido à assembléia geral, evitando convocação de novas
assembléias.
Prazo de Convocação de Assembléias Gerais
I.2 Quando os assuntos objeto da pauta forem complexos, a companhia deve
convocar a assembléia com antecedência mínima de 30 dias. Companhias com
programas de certificado de depósito de valores mobiliários no exterior, como ADR-
American Depositary Receipt e GDR-Global Depositary Receipt (aqui definidos como
“DR”), representativos de ações ordinárias ou de ações preferenciais que detenham
direito de voto em determinadas matérias, devem convocar a assembléia com
antecedência mínima de 40 dias.
159
A primeira recomendação visa tornar desnecessário o pleito dos acionistas
minoritários à CVM, como previsto em lei, para prorrogação do prazo de convocação em
casos de matérias complexas, poupando a companhia e seus acionistas desse desgaste. A
recomendação para companhias com programas de DR visa permitir a maior participação em
assembléias gerais dos detentores de DRs, considerando as dificuldades operacionais
inerentes ao exercício do direito de voto por tais acionistas.
Acordos de Acionistas
I.3 A companhia deve tornar plenamente acessíveis a todos os acionistas quaisquer
acordos de seus acionistas de que tenha conhecimento, bem como aqueles em que a
companhia seja interveniente.
A recomendação visa enfatizar que o conhecimento do acordo de acionistas, assim
como do estatuto social, é fundamental para que o acionista faça uma perfeita avaliação dos
seus direitos e do funcionamento da sociedade.
Relação de Acionistas
I.4 A companhia deve adotar e dar publicidade a procedimento padrão que facilite
ao acionista obter a relação dos acionistas com suas respectivas quantidades de ações, e,
no caso de acionista detentor de pelo menos 0,5% (meio por cento) de seu capital social,
de seus endereços para correspondência.
A lei já prevê hipóteses de obtenção da relação de acionistas e de suas quantidades de
ações, mas a experiência revela que muitos acionistas encontram dificuldades práticas no
momento de obter tais listas. A padronização de procedimentos visa simplificar o acesso
periódico à lista. Além disto, para facilitar seu uso, a lista deve também ser entregue em meio
eletrônico de padrão comum no mercado.
A facilidade na obtenção desta lista é importante, pois a lei estabelece percentuais
mínimos sobre o capital para a efetivação de alguns atos societários relevantes (instalação de
conselho fiscal, convocação de assembléia, prestação de informações na assembléia e outros),
e o acesso às listas facilita a organização dos acionistas.
Os endereços para correspondência poderão ser endereços eletrônicos. Caso o
acionista deseje e arque com os custos, pode pedir ao agente escritural que envie em seu nome
correspondência a todos os acionistas.
Processo de Votação
160
I.5 O estatuto deve regular com clareza as exigências necessárias para voto e
representação de acionistas em assembléias, tendo como objetivo facilitar a participação
e votação.
A companhia deve adotar, na fiscalização da regularidade documental da
representação do acionista, o princípio da boa-fé, presumindo verdadeiras as declarações que
lhe forem feitas. Nenhuma irregularidade formal, por exemplo, a apresentação de documentos
por cópia, ou falta de autenticação de cópias ou reconhecimento de firma, deve ser motivo
para impedimento do voto.
II. ESTRUTURA E RESPONSABILIDADE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Função, Composição e Mandato do Conselho de Administração
II.1 O conselho de administração deve atuar de forma a proteger o patrimônio da
companhia, perseguir a consecução de seu objeto social e orientar a diretoria a fim de
maximizar o retorno do investimento, agregando valor ao empreendimento. O conselho
de administração deve ter de cinco a nove membros tecnicamente qualificados, com pelo
menos dois membros com experiência em finanças e responsabilidade de acompanhar
mais detalhadamente as práticas contábeis adotadas. O conselho deve ter o maior
número possível de membros independentes da administração da companhia. Para
companhias com controle compartilhado, pode se justificar um número superior a nove
membros. O mandato de todos os conselheiros deve ser unificado, com prazo de gestão
de um ano, permitida a reeleição.
A recomendação sobre o número de membros leva em conta que o conselho de
administração deve ser grande o suficiente para assegurar ampla representatividade, e não tão
grande que prejudique a eficiência. Mandatos unificados facilitam a representação de
acionistas minoritários no conselho.
Funcionamento e Comitês do Conselho de Administração
II.2 O conselho deve adotar um regimento com procedimentos sobre suas atribuições
e periodicidade mínima das reuniões, além de dispor sobre comitês especializados para
analisar certas questões em profundidade, notadamente relacionamento com o auditor e
operações entre partes relacionadas. O conselho de administração deve fazer
anualmente uma avaliação formal do desempenho do executivo principal. Os
161
conselheiros devem receber os materiais para suas reuniões com antecedência
compatível com o grau de complexidade da matéria.
O regimento do conselho também deve incluir disposições sobre método de
convocação de reuniões, direitos e deveres dos conselheiros, relacionamento com a diretoria e
procedimentos para solicitação de informações por conselheiros. O conselho deve ser
autorizado a solicitar a contratação de especialistas externos para auxílio em decisões, quando
considerar necessário. O estatuto deve autorizar qualquer membro do conselho a convocar
reuniões em caso de necessidade, quando o conselheiro que é encarregado não o faz.
Os comitês especializados devem ser compostos por alguns membros do conselho de
administração para estudar seus assuntos e preparar propostas, as quais deverão ser
submetidas à deliberação do conselho de administração.
Participação de Preferencialistas no Conselho de Administração
II.3 A companhia deve permitir imediatamente que os acionistas detentores de ações
preferenciais elejam um membro do conselho de administração, por indicação e escolha
próprias.
Embora até 2006 a Lei de S.A. estabeleça que os acionistas preferencialistas podem
escolher um membro do conselho de administração a partir de lista tríplice elaborada pelo
controlador, entende-se que tal tutela não se justifica, à luz das melhores práticas de
governança corporativa, e, por isto, a companhia deve incluir em seu estatuto regra que
assegure desde já aos acionistas titulares de ações preferenciais que não integrem o grupo de
controle o direito de indicar e eleger livremente um membro e seu suplente para o conselho de
administração.
Presidente do Conselho de Administração e Presidente da Diretoria
II.4 Os cargos de presidente do conselho de administração e presidente da diretoria
(executivo principal) devem ser exercidos por pessoas diferentes.
O conselho de administração fiscaliza a gestão dos diretores. Por conseguinte, para
evitar conflitos de interesses, o presidente do conselho de administração não deve ser também
presidente da diretoria ou seu executivo principal.
III. PROTEÇÃO A ACIONISTAS MINORITÁRIOS
162
Decisões Relevantes
III.1 As decisões de alta relevância devem ser deliberadas pela maioria do capital
social, cabendo a cada ação um voto, independente de classe ou espécie. Dentre as
decisões de maior importância, destacam-se: (1) aprovação de laudo de avaliação de
bens que serão incorporados ao capital social; (2) alteração do objeto social; (3) redução
do dividendo obrigatório; (4) fusão, cisão ou incorporação; e (5) transações relevantes
com partes relacionadas.
Em certas matérias, dentre as quais as citadas, a restrição de direito de voto que houver
sido imposta às ações preferenciais não deve subsistir, pois, dada a relevância das decisões,
seu impacto nos direitos dos acionistas dar-se-á sem distinção. Em transações relevantes com
partes relacionadas, as partes interessadas não poderão votar.
Tag-along para Companhias Constituídas antes da Entrada em Vigor da Lei nº 10.303,
de 31 de outubro de 2001
III.2 A alienação de ações representativas do controle da companhia somente deve ser
contratada sob a condição de que o adquirente realize oferta pública de aquisição de
todas as demais ações da companhia pelo mesmo preço, independente de espécie ou
classe.
De acordo com a lei, o adquirente é obrigado a fazer oferta pública de aquisição das
ações ordinárias não integrantes do bloco de controle por, no mínimo, 80% do preço pago por
cada ação de controle. Segundo as boas práticas de governança corporativa, o adquirente deve
dar tratamento igual a todas as classes ou espécies de ações. Portanto, o preço ofertado aos
acionistas ordinários minoritários deve se estender a todas as demais ações da companhia,
independente de espécie ou classe.
Tag-along para Companhias Constituídas Após a Entrada em Vigor da Lei nº
10.303/2001
III.3 Para companhias constituídas após a entrada em vigor da Lei nº 10.303/2001, o
adquirente deve oferecer o mesmo preço pago pelas ações de controle a todas as classes
ou espécies de ações.
O objetivo é que companhias novas se constituam de forma a superar a recomendação
III.2, garantindo tratamento igual a todos os acionistas na troca de controle, sejam eles
minoritários ou controladores, independente de espécie ou classe.
163
Transações Entre Partes Relacionadas
III.4 O conselho de administração deve se certificar de que as transações entre partes
relacionadas estão claramente refletidas nas demonstrações financeiras e foram feitas
por escrito e em condições de mercado. O estatuto da companhia deve proibir contratos
de prestação de serviços por partes relacionadas com remuneração baseada em
faturamento/receita e, a princípio, contratos de mútuo com o controlador ou partes
relacionadas.
Independentemente das cautelas ordinariamente adotadas para que a prova de
contratos celebrados seja feita da melhor forma possível, é imperativo que se dê a devida
transparência aos contratos entre partes relacionadas, de forma a facultar aos acionistas o
exercício do direito essencial de fiscalização e acompanhamento dos atos de gestão da
companhia, sem prejuízo do dever de promover sua ampla divulgação ao mercado, quando a
contratação configure fato relevante ou quando da divulgação das demonstrações financeiras.
Contratos entre partes relacionadas devem ser formalizados por escrito, detalhando-se
as suas características principais (direitos, responsabilidades, qualidade, preços, encargos,
prazos, indicativos de comutatividade, etc.). Nas assembléias para discutir tais contratos, caso
os acionistas minoritários julguem necessário, poderão pedir um parecer a uma entidade
independente, a ser pago pela companhia.
Em regra, contratos de mútuo entre a companhia e partes relacionadas devem ser
proibidos. A companhia não deve conceder créditos em favor de partes relacionadas, pois
freqüentemente estes não são concedidos em condições de mercado. Já que a lei exige que tais
contratos sejam celebrados em condições de mercado (prazo, taxa e garantias), se a parte
relacionada busca crédito, deve fazê-lo com terceiros, e não por intermédio da companhia.
Contratos de prestação de serviços entre a companhia e o controlador ou partes
relacionadas devem estar alinhados com os interesses de todos os acionistas da companhia.
Em especial, tais contratos não deverão ser baseados em faturamento/receita, pois parte da
remuneração do controlador ou da parte relacionada independerá do desempenho operacional
da companhia.
Direito A Voto Para Ações Preferenciais No Não Pagamento De Dividendos
III.5 O estatuto da companhia deverá determinar que, se a assembléia geral não
deliberar pelo pagamento dos dividendos fixos ou mínimos às ações preferenciais ou a
companhia não pagá-los no prazo permitido por lei, tais ações adquirirão imediatamente
164
o direito a voto. Se a companhia não pagar dividendos por 3 anos, todas as ações
preferenciais adquirirão direito de voto.
As companhias em que existam ações preferenciais com dividendo fixo ou mínimo
deverão conferir imediatamente direito de voto se não forem pagos os dividendos devidos e
quaisquer ações preferenciais que não recebam dividendos por 3 anos adquirirão direito de
voto.
Arbitragem Para Questões Societárias
III.6 O estatuto da companhia deve estabelecer que as divergências entre acionistas e
companhia ou entre acionistas controladores e acionistas minoritários serão
solucionadas por arbitragem.
A adoção da arbitragem visa acelerar a solução de impasses, sem prejuízo da
qualidade do julgamento. A eficácia de uma tal disposição estatutária depende de que sejam
escolhidas câmaras arbitrais cujos membros tenham reconhecida capacidade em matérias
societárias.
Proporção de Ações Ordinárias e Preferenciais
III.7 As companhias abertas constituídas antes da entrada em vigor da Lei nº
10.303/2001 não devem elevar a proporção de ações preferenciais acima do limite de
50%, que foi estabelecido pela referida lei para novas companhias abertas. Companhias
que já tenham mais de 50% de seu capital representado por ações preferenciais não
devem emitir novas ações dessa espécie.
O objetivo é estimular que as companhias tenham cada vez mais o capital composto
por ações com direito a voto.
IV. AUDITORIA E DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Discussão e Análise da Administração
IV.1 Trimestralmente, em conjunto com as demonstrações financeiras, a companhia
deve divulgar relatório preparado pela administração com a discussão e análise dos
fatores que influenciaram preponderantemente o resultado, indicando os principais
fatores de risco a que está sujeita a companhia, internos e externos.
165
O relatório de discussão e análise da administração deve explicar mudanças
expressivas na demonstração de resultados e no balanço. Os acontecimentos relevantes do
período coberto devem ser comentados, tanto do ponto de vista contábil-financeiro, como do
ponto de vista estratégico. A companhia também deve orientar o acionista quanto às
perspectivas de seu ambiente de negócios e detalhar a política adotada pela administração
para criar valor para seus acionistas. A descrição dos fatores de risco deve incluir fatores
internos da companhia, fatores da concorrência e ambiente de negócios e fatores
macroeconômicos de suas áreas e regiões de atuação.
Composição e Funcionamento do Conselho Fiscal
IV.2 O conselho fiscal deve ser composto por, no mínimo, três e, no máximo, cinco
membros. Os titulares de ações preferenciais e os titulares de ações ordinárias, excluído
o controlador, terão direito de eleger igual número de membros eleitos pelo controlador.
O controlador deve renunciar ao direito de eleger sozinho o último membro (terceiro ou
quinto membro), o qual deverá ser eleito pela maioria do capital social, em assembléia
na qual a cada ação corresponda um voto, independente de sua espécie ou classe,
incluindo as ações do controlador. O conselho fiscal deve adotar um regimento com
procedimentos sobre suas atribuições, com foco no relacionamento com o auditor, e que
não limite a atuação individual de nenhum conselheiro.
Segundo os princípios da boa governança corporativa, a maioria do conselho fiscal
não deve ser eleita pelo acionista controlador. Além disto, visando à eficácia da atuação do
próprio órgão, o regimento deve incluir disposições sobre periodicidade e método de
convocação de reuniões do conselho fiscal, disponibilização antecipada de materiais a serem
discutidos, direitos e deveres dos conselheiros, relacionamento com a administração e
auditores e procedimentos para solicitação de informações. O conselho fiscal também deve se
reunir quando requerido de forma fundamentada por representante dos minoritários. O
conselho de administração deve prover meios adequados para o bom funcionamento do
conselho fiscal, como convocação e local das reuniões, elaboração de agenda e assistência aos
pedidos de informações dos conselheiros fiscais.
Relacionamento com Auditor Independente
IV.3 Um comitê de auditoria, composto por membros do conselho de administração
com experiência em finanças e incluindo pelo menos um conselheiro que represente os
minoritários, deve supervisionar o relacionamento com o auditor. Como parte da análise
166
das demonstrações da companhia, o conselho fiscal e o comitê de auditoria devem se
reunir regular e separadamente com os auditores sem a presença da diretoria.
Esta recomendação tem por finalidade a disseminação e discussão detalhada das
demonstrações financeiras da companhia por agentes capazes de analisá-las e propor ao
conselho de administração as alterações que se façam necessárias para que reflitam mais
adequadamente a situação financeira, econômica e patrimonial da companhia. Naturalmente,
caso um executivo da companhia seja membro do conselho de administração, este não deve
ser membro do comitê de auditoria. Qualquer membro do comitê de auditoria pode solicitar
reunião individual com diretor ou auditor, quando achar necessário.
Auditoria
IV.4 O conselho de administração deve proibir ou restringir a contratação do auditor
da companhia para outros serviços que possam dar origem a conflitos de interesse.
Quando permitir a contratação do auditor para outros serviços, o conselho de
administração deve, no mínimo, estabelecer para quais outros serviços o auditor pode
ser contratado, e que proporção máxima anual tais serviços prestados pelo auditor
poderá representar em relação ao custo de auditoria.
As práticas de boa governança recomendam a completa independência dos auditores
como requisito da qualidade de sua atuação. A restrição à prestação de outros serviços visa
evitar a perda dessa independência, ao longo do tempo.
Acesso a Informações
IV.5 A companhia deve disponibilizar informações a pedido de qualquer membro do
conselho fiscal, sem limitações relativas a exercícios anteriores, desde que tais
informações tenham relação com questões atuais em análise, e a informações de
sociedades controladas ou coligadas, desde que não viole o sigilo imposto por lei.
A capacidade de fiscalização do conselheiro fiscal deve ser a mais ampla possível, em
virtude inclusive das responsabilidades que a lei lhe impõe, em caso de má conduta. Desde
que possam influenciar os números fiscalizados, todos os documentos e informações sobre os
quais não recaia dever legal de sigilo devem ser disponibilizados.
Informações Contábeis
IV.6 A companhia deve adotar, além dos princípios de contabilidade em vigor no
Brasil, normas internacionais de contabilidade promulgadas pelo International
167
Accounting Standards Board (IASB) ou utilizadas nos Estados Unidos da América
(United States Generally Accepted Accounting Principles-US GAAP), atestados por
auditor independente.
Os principais mercados estão caminhando para um padrão internacional de
contabilidade que facilite aos investidores analisar o desempenho da companhia e compará-lo
com seus pares. Os países da União Européia vão adotar as normas da IASB até 2005, e a
Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO), em sua reunião de 2002,
recomendou que todos os seus membros cooperassem para que suas normas contábeis
convergissem em direção a este padrão contábil.
Empresas de pequeno porte, para as quais o custo de produzir as demonstrações em
padrões internacionais seja elevado, devem ao menos incluir uma demonstração de fluxo de
caixa. Transações relevantes que não são obrigatoriamente incluídas nas demonstrações
financeiras (“off balance-sheet transactions”) devem ser detalhadas nas notas explicativas.
Recomendações dos Auditores
IV.7 O documento de recomendações dos auditores deve ser revisado por todos os
membros do conselho de administração e do conselho fiscal.
Esta recomendação leva em conta o fato de que, freqüentemente, os auditores, além de
elaborarem seu parecer, apresentam à administração da companhia uma lista de
recomendações incluindo procedimentos que melhorariam a qualidade das demonstrações
financeiras ou das próprias rotinas da companhia. Tal documento deve ser apresentado ao
conselho de administração, e ao conselho fiscal, visando à discussão e adoção, se for o caso,
das medidas propostas.
Rua Sete de Setembro, 111 – Centro - 20159-900 Rio de Janeiro RJ - BRASIL
Tel: (21) 3233-8686
www.cvm.gov.br
PRODIN
Programa de Orientação e Defesa do Investidor
0800-241616
Gráfico 1 – Valorização dos índices das bolsas de valores e os índices de sustentabilidade
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1/12/2005
1/1/2006
1/2/2006
1/3/2006
1/4/2006
1/5/2006
1/6/2006
1/7/2006
1/8/2006
1/9/2006
1/10/2006
1/11/2006
1/12/2006
1/1/2007
1/2/2007
1/3/2007
1/4/2007
1/5/2007
1/6/2007
Índice
Alemanha
Argentina
Austrália
Austria
lgica
Brasil - IBOVESPA
Canadá
China
Cingapura
Coia do Sul
Egito
França
Holanda
Hong Kong
Índia
Indonésia
Inglaterra
Israel
Itália
Japão
Malásia
xico
Noruega
Nova Zelândia
Suécia
Suíça
Taiwan
USA - DJI
USA - NA SDAQ
USA - S&P 500
DJSI - STOXX
DJSI - North America
DJSI - World
Brasil - ISE
168
Gráfico 2 – Valorização dos índices de sustentabilidade
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
1/12/2005
1/1/2006
1/2/2006
1/3/2006
1/4/2006
1/5/2006
1/6/2006
1/7/2006
1/8/2006
1/9/2006
1/10/2006
1/11/2006
1/12/2006
1/1/2007
1/2/2007
1/3/2007
1/4/2007
1/5/2007
1/6/2007
Índice
DJSI - STOXX
DJSI - North America
DJSI - World
Brasil - ISE
169
Gráfico 3 – Valorização dos índices de sustentabilidade e as maiores cotações que superaram o Brasil - ISE
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1
/12/
2
0
0
5
1
/1
/
2
0
0
6
1/
2
/2006
1
/3/2
0
0
6
1
/4
/
2
0
0
6
1
/5
/
2
0
0
6
1/6/2006
1/7/2006
1
/8/2
0
0
6
1
/9
/
2
0
0
6
1/
1
0
/
2006
1/11/2006
1/12/2006
1
/1/2
0
0
7
1/
2
/2007
1/3/2007
1
/4
/
2
0
0
7
1
/5
/
2
0
0
7
1/6/2007
Índice
China
Índia
Indonésia
México
Noruega
DJSI - STOXX
DJSI - North America
DJSI - World
Brasil - ISE
170
Gráfico 4 – Valorização dos índices de sustentabilidade e as cotações que não superaram o Brasil - ISE
80
130
180
1/12/2005
1/1/2006
1/2/2006
1/3/2006
1/4/2006
1/5/2006
1/6/2006
1/7/2006
1/8/2006
1/9/2006
1/10/2006
1/11/2006
1/12/2006
1/1/2007
1/2/2007
1/3/2007
1/4/2007
1/5/2007
1/6/2007
Índice
Alemanha
Argentina
Austlia
Austria
lgica
Canadá
Cingapura
Coréia do Sul
Egit o
França
Holanda
Hong Kong
Inglaterra
Israel
Itália
Japão
Malás ia
Nova Zelândia
Suécia
Suíça
Taiw an
USA - DJI
USA - NASDAQ
USA - S&P 500
DJSI - STOXX
DJSI - North America
DJSI - World
Brasil - ISE
171
Gráfico 5 – Valorização dos índices de sustentabilidade e as cotações que não superaram o Brasil – ISE – dividido 1
80
130
180
1/12/2005
1/1/2006
1/2/2006
1/3/2006
1/4/2006
1/5/2006
1/6/2006
1/7/2006
1/8/2006
1/9/2006
1/10/2006
1/11/2006
1/12/2006
1/1/2007
1/2/2007
1/3/2007
1/4/2007
1/5/2007
1/6/2007
Índice
Alemanha
Argentina
Aus trália
Aus tria
Bélgica
Canadá
Cingapura
Coréia do Sul
Egito
França
Holanda
Hong Kong
DJSI - STOXX
DJSI - North America
DJSI - World
Brasil - ISE
172
Gráfico 6 – Valorização dos índices de sustentabilidade e as cotações que não superaram o Brasil – ISE – dividido 2
80
130
180
1/12/2005
1/1/2006
1/2/2006
1/3/2006
1/4/2006
1/5/2006
1/6/2006
1/7/2006
1/8/2006
1/9/2006
1/10/2006
1/11/2006
1/12/2006
1/1/2007
1/2/2007
1/3/2007
1/4/2007
1/5/2007
1/6/2007
Índice
Inglaterra
Israel
Itália
Japão
Malás ia
Nova Zelândia
Suécia
Suíça
Taiw an
USA - DJI
USA - NASDAQ
USA - S&P 500
DJSI - STOXX
DJSI - North America
DJSI - World
Brasil - ISE
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo