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Tabela 1 - As seis fases da dialética ferramenta-objeto
Fase a - “Antigo -
ferramentas
explícitas”.
Os conhecimentos matemáticos são aplicados como ferramentas
explícitas para resolver, pelo menos, parcialmente o problema.
Fase b -
“Pesquisa, novo
implícito”.
Os alunos encontram dificuldade para resolver completamente o
problema. Isto acontece se a estratégia primitiva torna-se muito
dispendiosa (em quantidade de operações e, a como
conseqüência também em tempo, com risco de erros e incerteza
sobre o resultado). A estratégia não funciona mais e novas
questões emergem. Estas novas questões compelem os alunos a
procurar meios novos adaptados. Progressos eficazes não
raramente provêm de uma troca de quadros, o que, de fato,
possibilita aplicar implicitamente ferramentas que são novas, seja
pela extensão do campo de intervenção, seja por sua própria
natureza. As trocas de ponto de vista e os jogos de quadros são
meios à disposição do professor para fazer avançar de modo
fecundo a pesquisa. Mas a pesquisa também pode avançar sob a
responsabilidade única dos alunos.
Fase c -
“Explicitação e
institucionalização
locais”
Elementos da fase precedente são apropriados pelos alunos. Eles
são formulados seja em termos de objeto, seja em termos de
prática com suas condições de emprego no momento. Pode-se
tratar também de convicções antes objeto de debate, dando lugar
à formulação argumentada. Os trabalhos e propósitos dos alunos e
sua validade são discutidos coletivamente.
Fase d -
“Institucionalização
- estatuto de
objeto”
Mesmo se a coletividade “classe” resolveu o problema, nem todos
reagem individualmente da mesma maneira em face das
ferramentas mobilizadas. Nas situações de comunicação, o saber
difunde-se diferentemente entre os alunos. Assim, é condição para
a homogeneização e para a constituição de um saber da classe, e
para cada estudante, uma maneira de reforçar seu próprio saber e
assim assegurar a progressão, oficializar conhecimentos que, até
então, atuaram somente como ferramentas, conferindo-lhes status
de objeto matemático. Por conseguinte, cabe ao professor a tarefa
de dar status de objeto aos conhecimentos utilizados em seu
aspecto ferramenta.
Fase e -
“Familiarização,
re-investimento”.
Para que haja efetivamente saber matemático, a estruturação
pessoal é de primordial importância. O aluno tem a necessidade de
colocar à prova, sozinho, os conhecimentos que acredita ter
adquirido, fazendo assim um balanço daquilo que sabe. Para tanto,
o professor pede aos alunos que resolvam exercícios variados, os
quais requerem noções recentemente institucionalizadas. Neste
ínterim, os alunos desenvolvem hábitos e habilidades, integram o
saber social confrontando-o com seu saber particular. Tais
exercícios empregam apenas o conhecido, porém os alunos
abordam-nos com concepções que evoluíram e que lhes
possibilitem fazer frente a um campo maior de problemas.
Fase f – “Tornando
a tarefa complexa
ou novo problema”
Nesta fase, colocam-se à prova situações mais complexas, nas
quais os alunos poderão testar e até mesmo desenvolver seu
domínio sobre as novas aquisições. O professor propõe, então, a
resolução de um problema mais complexo. A dificuldade é formular
questões pertinentes mais precisas em relação ao problema. Os
alunos já encontraram problemas similares, com outros valores
numéricos, mas agora devem voltar-se ao objeto de estudo no
caso geral. Cumprida esta etapa, o objeto estudado é suscetível de
tomar lugar, como “antigo” para um novo ciclo da dialética
ferramenta-objeto.
Fonte: extraída de Douady (1985)
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Tradução nossa.