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AVALIAÇÃO DOS RECURSOS ALIMENTARES DOS MICOS-LEÕES-
DOURADOS (Leontopithecus rosalia,
LINNAEUS, 1766) E SUA RELAÇÃO COM MEDIDAS CORPORAIS:
UMA APLICAÇÃO DA LÓGICA FUZZY
ANA PAULA DA SILVA AMORIM
Orientador: Carlos Ramon Ruiz-Miranda, PhD
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
Maio de 2007
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AVALIAÇÃO DOS RECURSOS ALIMENTARES DOS MICOS-LEÕES-
DOURADOS (Leontopithecus rosalia,
LINNAEUS, 1766) E SUA RELAÇÃO COM MEDIDAS CORPORAIS:
UMA APLICAÇÃO DA LÓGICA FUZZY
ANA PAULA DA SILVA AMORIM
Dissertação apresentada ao
Laboratório de Ciências
Ambientais, da Universidade
Estadual do Norte Fluminense,
como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em
Ecologia e Recursos Naturais.
Orientador: Carlos Ramon Ruiz-Miranda, PhD
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
Maio de 2007
i
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AVALIAÇÃO DOS RECURSOS ALIMENTARES DOS MICOS-LEÕES-
DOURADOS (Leontopithecus rosalia,
LINNAEUS, 1766) E SUA RELAÇÃO COM MEDIDAS CORPORAIS:
UMA APLICAÇÃO DA LÓGICA FUZZY
ANA PAULA DA SILVA AMORIM
Dissertação apresentada ao
Laboratório de Ciências
Ambientais, da Universidade
Estadual do Norte Fluminense,
como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em
Ecologia e Recursos Naturais.
Aprovada em 15 de maio de 2007.
Comissão Examinadora:
_____________________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Maria Cristina Gaglianone – UENF
_____________________________________________
Prof. Dr. Artur Andriolo – UFJF
_____________________________________________
Prof. Dr. Carlos Eduardo Novo Gatts – UENF
_____________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Trindade Nascimento – UENF
_____________________________________________
Prof. Dr.
Carlos Ramon Ruiz-Miranda – UENF (Orientador)
ii
Dedico toda a trajetória da minha vida
àqueles que sempre me incentivaram e apoiaram
a fazer todas as atividades que eu escolhi:
meus pais Adair e Paulo Roberto.
iii
AGRADECIMENTOS
Durante toda a minha formação muitas pessoas foram responsáveis pelo
despertar da minha curiosidade e pelos desejos alcançados. Muitos não sabem, mas
fazem parte de uma fase de aprendizado e desenvolvimento únicos em minha vida.
Agradeço as amigas Ana Raquel e Ana Claudia por me acolherem com tanto
carinho no Zoológico do Rio de Janeiro e pelas gargalhadas intermináveis nas
situações de desespero ao recebermos mais de 2000 camundongos. Elas também
foram as responsáveis por um momento crucial da minha formação, quando
descobri meu encantamento pelos primatas. Agradeço a elas também por me
possibilitarem conhecer aquele que me ajudaria a me transformar em uma
verdadeira entusiasta da pesquisa científica: meu orientador Carlos Ruiz-Miranda.
Agradeço a grande descoberta de uma amiga-irmã que surgiu durante o início
do curso de pós-graduação: Roberta Ramalho. Sua amizade e companheirismo
foram e são fundamentais para mim.
Agradeço a minha amiga Tayne pela força durante o importante processo de
redação deste trabalho e pelo incentivo nos momentos de descontração nos quais
surgiram profundas reflexões como: “tá faltando preenchimento do vazio”.
Aos companheiros de laboratório que me receberam de braços abertos
quando cheguei para ser técnica do laboratório: Sérgio, Andressa, Vera e Claudinha.
Com eles aprendi os primeiros passos para conduzir minha pesquisa e ganhei
amizades aternas.
A Lisa Gail Rapaport pela incrível oportunidade de trabalhar e morar na
Reserva Biológica União e poder observar o comportamento dos micos-leões-
dourados em seu habitat.
A Guilherme Faria que muito me ensinou sobre os micos e me incentivou nos
árduos momentos de exaustão no campo. A toda família Faria que me apoio e
possibilitou minha ida para Campos dos Goytacazes.
Ao Juninho pelo aprendizado que tivemos estudando juntos para as provas de
mestrado e pelo companheirismo na jornada do saber.
A toda equipe de Reintrodução e da Associação Mico-Leão-Dourado por
viabilizarem a execução de todo trabalho no campo.
iv
Um agradecimento especial para Nelsinho, Andressa e Áquila que me
ajudaram nas coletas e possibilitaram dias de campo que pareciam uma louca
maratona diurna e noturna com muito bom humor e dedicação.
A Carlos Leandro e Eliana por serem meus cúmplices na jornada inesquecível
de ataque dos cães “selvagens” no Sítio do Professor e a também Maíra, por me
ajudar nas coletas de campo.
A Ana Maria, aos meus avós (Dona Maria e Seu José) e a Tânia por me
acolherem em sua família com tanto carinho e permitirem que eu desfrutasse de
tantos momentos de satisfação e alegria em sua casa.
Aos professores Dr. Leandro Rabello Monteiro pela fotografia dos insetos e
Dr
a
. Maria Cristina Gaglianone pela identificação dos insetos coletados.
Aos pesquisadores Marcos Bilate e Dr. Henrique Wogel do Departamento de
Vertebrados do Museu Nacional do Rio de Janeiro/UFRJ pelo incrível apoio e
colaboração nas análises de identificação dos anuros.
A Gustavo Barros Ventorim pela confecção dos mapas dos fragmentos.
Ao Msc. Fabrício Carvalho e ao Dr. Marcelo Trindade do Nascimento pela
utilização dos dados de levantamento florístico dos fragmentos.
Agradeço imensamente a dedicação e comprometimento da Dr
a
. Maria
Cristina Gaglianone em revisar de forma tão precisa minha dissertação.
Ao professor Dr. Carlos Gatts que despertou meu olhar para a modelagem
ambiental e que agora fará parte do meu novo rumo na pesquisa científica.
Ao meu orientador Carlos Ramon Ruiz-Miranda por acreditar em mim e
possibilitar a realização profissional de uma Zootecnista em pesquisar e contribuir
para a conservação de uma espécie selvagem em perigo de extinção.
v
SUMÁRIO
Página
RESUMO........................................................................................................... xii
ABSTRACT........................................................................................................ xiv
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 1
1.1. Histórico do Programa de Reintrodução do Mico-Leão-Dourado....... 1
1.2. Os Fragmentos Florestais.................................................................. 3
1.3. Os Recursos Alimentares do Mico-Leão-Dourado............................. 4
1.4. Modelagem ........................................................................................ 5
2. OBJETIVOS.................................................................................................. 7
3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 8
3.1. Área de Estudo................................................................................... 8
3.2. Medidas de Condição Física do Mico-Leão-Dourado........................ 10
3.3. Fontes de Recursos Alimentares....................................................... 11
3.3.1. Disponibilidade de Frutos........................................................... 12
3.3.2. Disponibilidade de Insetos......................................................... 12
3.3.3. Disponibilidade de Árvores com Epífitas.................................... 14
3.3.4. Disponibilidade de Anuros......................................................... 15
3.4. Suplementação Alimentar.................................................................. 16
3.5. Modelagem ....................................................................................... 16
3.5.1. Índice de Condição Física (ICF)................................................. 16
3.5.2. Índice de Qualidade do Habitat (IQH)....................................... 18
vi
3.5.2. Índice de Qualidade do Habitat Suplementado (IQHS)............. 19
3.6. Análise dos Dados.............................................................................. 20
4. RESULTADOS……………………………………………………………………. 21
4.1. Há Diferenças Significativas nos Parâmetros de Condição Física
dos Micos-Leões-Dourados em Diferentes Fragmentos?................. 21
4.1.1. Condição Física do Mico-Leão-Dourado.................................... 21
4.1.2. Índice de Condição Física (ICF)................................................. 25
4.2. Os Fragmentos Apresentam Diferenças na Disponibilidade dos
Alimentos Consumidos pelos Micos?................................................ 27
4.2.1. Disponibilidade de Frutos........................................................... 27
4.2.2. Disponibilidade de Insetos......................................................... 30
4.2.3. Disponibilidade de Árvores com Epífitas.................................... 32
4.2.4. Disponibilidade de Anuros......................................................... 32
4.3. Há Associação entre o Tamanho do Fragmento e a
Disponibilidade dos Recursos Alimentares?..................................... 36
4.3.1. As Variáveis de Recursos Alimentares se Correlacionam entre
si?.............................................................................................. 37
4.3.2. Índice de Qualidade do Habitat (IQH)........................................ 38
4.4. Períodos de Suplementação Alimentar Diminuem ou Aumentam as
Diferenças em Qualidade do Habitat?.............................................. 39
vii
4.4.1. Suplementação Alimentar.......................................................... 39
4.4.2. Índice de Qualidade do Habitat Suplementado (IQHS)............. 39
4.5. Quais Aspectos do Habitat Melhor Explicam as Diferenças em
Condição Física dos Micos nos Diferentes Fragmentos?................. 40
5. DISCUSSÃO................................................................................................. 42
5.1. Há Diferenças Significativas nos Parâmetros de Condição Física
dos Micos-Leões-Dourados em Diferentes Fragmentos?.................
42
5.2. Fragmentos de Diferentes Tamanhos Apresentam Diferenças na
Disponibilidade dos Alimentos Consumidos pelos Micos?............... 44
5.3. Períodos de Suplementação Alimentar Amenizam os Efeitos da
Baixa Qualidade dos Fragmentos sobre a Condição Física dos
Animais?............................................................................................ 47
5.3.1. Índice de Qualidade do Habitat (IQH)........................................ 48
5.4. Quais Aspectos do Habitat Melhor Explicam as Diferenças em
Condição Física dos Micos nos Diferentes Fragmentos?................. 49
6. CONCLUSÕES............................................................................................. 51
7. RECOMENDAÇÕES PARA PROJETOS DE REINTRODUÇÃO.................. 52
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 53
APÊNDICES...................................................................................................... 62
viii
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1: Nomes das fazendas, siglas, município e número (N) de micos-
leões-dourados (Leontopithecus rosalia) adultos........................ 11
Tabela 2: Limites mínimos e máximos dos valores para as variáveis de
saída do Índice de Condição Física (ICF) de micos-leões-
dourados (Leontopithecus rosalia) adultos..................................
17
Tabela 3: Limites mínimos e máximos dos valores para as variáveis de
saída do Índice de Qualidade do Habitat (IQH) de micos-leões-
dourados (Leontopithecus rosalia) adultos.................................. 19
Tabela 4: Número de indivíduos adultos (N) utilizados no cálculo de
média e variância para Massa Corporal (MC) e Comprimento
Corporal (CC) de micos-leões-dourados (Leontopithecus
rosalia) reintroduzidos.................................................................. 24
Tabela 5: Resultados do teste G com distribuição binomial para as
variáveis categóricas dentes danificados (DD), machucados
(MA) e ectoparasitos (EP) observados em micos-leões-
dourados (Leontopithecus rosalia) adultos reintroduzidos.......... 25
Tabela 6: Índice de Condição Física (ICF) determinados para micos-
leões-dourados (Leontopithecus rosalia) adultos........................ 27
Tabela 7: Valores dos parâmetros de recursos alimentares que compõem
a dieta do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e de
suplementação em fragmentos de reintrodução da espécie....... 28
Tabela 8: Abundância de insetos capturados em fragmentos nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ............................. 31
Tabela 9: Abundância e densidade de insetos avistados nas áreas de
borda e interior de fragmentos nos Municípios de Silva Jardim
e Rio Bonito – RJ.........................................................................
32
Tabela 10: Densidade (indivíduos/ha) e percentual de anuros em
fragmentos de reintrodução do mico-leão-dourado
(Leontopithecus rosalia)............................................................
34
ix
Tabela 11: Densidade (indivíduos/ha) e percentual de anuros nas
estações seca (S - Julho-Agosto/2005) e chuvosa (C -
Dezembro/2004-Março/2005) em fragmentos de reintrodução
do mico-leão-dourado. (Leontopithecus rosalia)....................... 35
Tabela 12: Correlações entre disponibilidade dos recursos alimentares
do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e tamanho do
fragmento..................................................................................
36
Tabela 13: Correlações entre os recursos alimentares de micos-leões-
dourados (Leontopithecus rosalia) adultos............................... 37
Tabela 14: Índice de Qualidade do Habitat (IQH) e o Índice de Qualidade
do Habitat Suplementado (IQHS) determinados para micos-
leões-dourados (Leontopithecus rosalia) adultos..................... 38
Tabela 15: Correlação entre os parâmetros de condição física, massa e
comprimento corporais, e Índice de Condição Física (ICF) e a
disponibilidade dos recursos alimentares do mico-leão-
dourado (Leontopithecus rosalia).............................................. 40
Tabela 16: Correlação entre os parâmetros de condição física, massa e
comprimento corporal do mico-leão-dourado (Leontopithecus
rosalia), e o Índice de Condição Física (ICF), o Índice de
Qualidade do Habitat (IQH) e o Índice de Qualidade do
Habitat Suplementado (IQHS)................................................... 41
x
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Mapa com a localização dos oito fragmentos de reintrodução
dos micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ.............................
9
Figura 2: Coleta de insetos utilizando quadrado telado dentro do
quadrado de amostragem (3 x 3m)..............................................
14
Figura 3: Representação gráfica das classes e das zonas de
sobreposição (valores mínimos e máximos) das classes de
massa corporal de micos-leões-dourados (Leontopithecus
rosalia) adultos em fragmentos do projeto de reintrodução.........
18
Figura 4: Diagrama Box-plot para variação na massa corporal de Micos-
leões-dourados reintroduzidos em fragmentos nos Municípios
de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ................................................
22
Figura 5: Diagrama Box-plot para variação no comprimento do corpo de
micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) reintroduzidos
em fragmentos nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito -
RJ.................................................................................................
23
Figura 6: Distribuição das classes do índice de condição física (ICF) de
micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) adultos
determinadas pela Lógica Fuzzy em fragmentos do projeto de
Reintrodução nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ.
26
Figura 7: Número de indivíduos de todas as espécies vegetais da dieta
do mico-leão-dourado (leontopithecus rosalia) presentes em
fragmentos do projeto de Reintrodução nos Municípios de Silva
Jardim e Rio Bonito - RJ..............................................................
29
xi
RESUMO
Atualmente as populações de micos-leões-dourados reintroduzidos encontram-
se restritas a áreas de poucas centenas de hectares. Áreas fragmentadas podem
não fornecer a diversidade de alimento necessária ao mico-leão-dourado, contornar
necessário um estudo da abundância e qualidade dos alimentos e da influência da
suplementação na condição física dos animais reintroduzidos. Os objetivos deste
estudo são responder as seguintes perguntas: i) há diferenças significativas nos
parâmetros de condição física dos micos-leões-dourados em diferentes fragmentos?,
ii) fragmentos de diferentes tamanhos apresentam diferenças na disponibilidade dos
alimentos consumidos pelos micos?, iii) períodos de suplementação alimentar
diminuem ou aumentam as diferenças em qualidade do habitat?, iv) caso haja
diferenças em condição física dos micos-leões-dourados, quais aspectos da
qualidade do habitat melhor explicam estas diferenças nos diferentes fragmentos?
Este trabalho sugere dois exemplos de utilização da modelagem (Lógica Fuzzy)
como ferramenta para determinação dos índices de condição física do mico-leão-
dourado e de qualidade do habitat em fragmentos de reintrodução. Os fragmentos
estudados estão localizados nas Fazendas Boa Esperança, Afetiva, Estreito,
Vendaval, Imbaú, Andorinhas e Fazenda Rio Vermelho 1 e 2 nos Municípios de Silva
Jardim e Rio Bonito – RJ. Para o estudo de condição física foram utilizados os
parâmetros massa corporal (MC), comprimento do corpo (excluindo a cabeça e a
cauda - CC), presença de dentes danificados (DD), presença de machucados ou
cicatrizes (MA) e de ectoparasitos (EP). Quatro fontes de recursos alimentares para
os micos-leões-dourados foram estudadas: frutos, insetos, epífitas e anuros. Os
parâmetros utilizados para as estimativas destes recursos foram: área basal (AB)
das espécies vegetais cujos frutos são consumidos pelos micos-leões-dourados,
densidade de insetos (IN), percentual de árvores que apresentam epífitas (AE) e
densidade de anuros (AN). Houve diferenças somente para indivíduos machucados
entre os fragmentos e entre as categorias de fragmentos. Embora apresentem
baixas taxas de densidade populacionais, os fragmentos com 500ha apresentam
indivíduos com mais machucados do que o esperado. A densidade populacional em
fragmentos com menos de 40ha é maior do que a dos fragmentos entre 40 e 150ha
e que a dos maiores de 150ha. Não foi observado um padrão nas diferenças de
disponibilidade dos recursos entre os fragmentos. Também não houve relação entre
xii
a disponibilidade dos recursos alimentares e os parâmetros de condição física,
sugerindo que a interação entre estes ou outros fatores podem estar influenciando
as diferenças observadas entre os fragmentos. O levantamento da disponibilidade
dos recursos não foi capaz de explicar porque populações de micos que habitam
fragmentos de tamanho diferentes apresentam diferentes índices de condição física.
Entretanto, os resultados sugerem a importância do manejo de provisionamento
alimentar na condição física de MLDs adultos em fragmentos do projeto de
reintrodução. Contudo, a idéia de que os menores fragmentos apresentariam
indivíduos com melhores condições físicas devido ao manejo suplementar foi
confirmada pelos resultados apresentados neste estudo. Os índices de condição
física e de qualidade do habitat, determinados pela lógica fuzzy, constituem uma
interessante forma alternativa de avaliação das populações e dos fragmentos de
reintrodução do mico-leão-dourado.
xiii
ABSTRACT
Golden lion tamarins populations are restricted to areas of a few hundred
hectares. These fragmented areas may not supply the necessary food diversity for
golden lion tamarins, making it necessary to study how the abundance and quality of
foods and the supplemental food influence the physical condition of reintroduced
animals. The objectives of this study were to answer the following questions: i) are
there significant differences in the parameters of the golden lion tamarin physical
condition in different fragments?, II) do fragments of different sizes present
differences in the availability of foods consumed by the golden lion tamarin?, III) does
provisioning diminish or increase the differences in habitat quality?, IV) in case that
there are differences in the golden lion tamarins physical condition, which aspects of
the habitat quality best explain these differences among fragments? Moreover, this
study evaluated the use Fuzzy Logic as a tool for determining indexes of golden lion
tamarin physical condition and habitat quality. The studied fragments are located in
the Boa Esperança, Afetiva, Estreito, Vendaval, Imbaú, Andorinhas and Rio
Vermelho 1 e 2 Farms in Silva Jardim and Rio Bonito municipalities – Rio de Janeiro.
The parameters used in the study of physical condition were body mass (MC), body
length (excluding the head and tail - CC), damaged tooth presence (DD), presence of
wounds (ME) and presence of external parasites (EP). Four sources of golden lion
tamarins food resources were studied: fruits, insects, epiphytes and anurans. The
parameters used to estimate these resources were: basal area (AB) of the vegetal
species whose fruits are consumed by the golden lion tamarins, insects density (IN),
percentage of trees that present epiphytes (AE) and anurans density (AN). There
were differences for individuals with wounds between the fragments and within the
fragments categories. Although they present low population density, the fragments
with 500ha present individuals with wounds more than the expected. The population
density in fragments with less then 40ha is bigger then in the fragments between 40
and 150ha and in the fragments with more then 150ha. No pattern was observed for
the differences of the resources availability between the fragments. There were no
relationships between the food resource availability and the physical condition
parameters, suggesting that the interaction between these and other factors can
influence the differences observed in the fragments. The resources availability survey
was not able to explain why golden lion tamarins populations that inhabit fragments
xiv
of different size present different indexes of physical condition. However, the results
suggest the importance of the maintenance of supplemented food for the adult
golden lion tamarins physical condition in fragments of the reintroduction project.
However, the idea that small fragments would present individuals with better physical
conditions due to the supplemental food was confirmed by the results presented in
this study. The indexes of physical condition and habitat quality, determined by fuzzy
logic, represent an interesting type of evaluation for the golden lion tamarins
populations and for the reintroduction areas. However, the elaboration of these
indexes must count on a team of specialized professionals for the satisfactory
application of the variable that will compose the fuzzy system.
xv
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Histórico do Programa de Reintrodução do Mico-Leão-Dourado
O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é um primata endêmico da Mata
Atlântica de baixada do Estado do Rio de Janeiro. A iminência de desaparecimento do
Leontopithecus rosalia de seu habitat natural uniu pesquisadores com o intuito de criar
um programa de reintrodução da espécie, evitando assim sua extinção (Rylands et al.,
2002). A criação de uma população auto-sustentável de micos-leões-dourados criados
em cativeiro no início dos anos 80, o estabelecimento da Reserva Biológica de Poço
das Antas (RBPDA) em 1975 e o começo de estudos de longo prazo sobre a ecologia
comportamental dessa espécie na RBPDA possibilitaram a reintrodução dos animais de
cativeiro na sua área de origem (Beck et al., 2002). O programa de reintrodução do
mico-leão-dourado tem sido um componente importante tanto para o programa de
conservação desta espécie quanto para o surgimento de novas áreas de proteção
ambiental. A criação de 15 Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), em
fazendas ao redor da RBPDA, representou um aumento de 50% na área disponível
para reintrodução dos animais (AMLD, 2002).
A avaliação da preservação de primatas adotada pela IUCN (1996) classificava o
mico-leão-dourado como um dos sete primatas neotropicais “criticamente ameaçados
de extinção” (Rylands et al., 1996). Em 2004, através dos esforços do programa de
reintrodução da espécie, o mico-leão-dourado passou ao status de “ameaçado de
extinção”. Esta espécie também faz parte de lista oficial brasileira da fauna ameaçada,
oficializada pela portaria do IBAMA nº 1.522, de 19/12/1989. Segundo a análise de
viabilidade da população e do habitat (PHVA) para esta espécie estimou-se uma
população mínima constituída de 2.000 micos em 25.000 hectares de florestas
protegidas (Ballou et al., 1998). Ao final de 2004, a população constituída a partir dos
animais reintroduzidos em 27 fazendas particulares nos municípios de Silva Jardim e
Rio Bonito representava 45 % de toda população selvagem (AMLD, 2004). Alguns dos
remanescentes florestais que têm sido sede do programa de reintrodução do mico-leão-
2
dourado na Bacia do Rio São João estão localizados em áreas de tamanhos reduzidos
e com históricos distintos de perturbação (Carvalho et al., 2006). Atualmente as
populações de micos-leões-dourados encontram-se restritas a áreas de poucas
centenas de hectares ou menos, já que no norte fluminense há poucos remanescentes
de Mata Atlântica (Fundação S.O.S. Mata Atlântica et al., 1998).
O estabelecimento de uma população viável, auto-sustentável na natureza é uma
proposta de longo prazo e a maior parte dos projetos não tem se prolongado o
suficiente para avaliar seu sucesso ou fracasso. Somente 11% das 145 tentativas de
reintrodução estabeleceram populações viáveis de indivíduos selvagens (Beck et al.,
1994). Desde 1983 os micos-leões-dourados reintroduzidos e sua prole nascida na
mata são monitorados pela equipe coordenada pelo Dr. Benjamim Beck da AMLD. Este
monitoramento inclui acompanhamento do comportamento, monitoramento da condição
física e oferta de suplementação alimentar (bananas). Semestralmente ou quando há
necessidade, os indivíduos são capturados para troca de colar de telemetria,
manutenção das marcações de identificação individual (cauda) e do grupo (corpo), e
processamento (avaliação da condição física e biométrica). O processamento dos
micos-leões-dourados permite avaliar a condição física dos animais como determinante
para sua sobrevivência e sucesso no programa de conservação do mico-leão-dourado
e analisar indiretamente o efeito da qualidade do habitat e da adaptabilidade dos
animais reintroduzidos. O processamento começa com as capturas, que são realizadas
utilizando armadilhas do modelo Tomahawk dispostas em plataformas a 1,5m de altura
no interior da floresta. Após a captura cada animal é levado para o laboratório de
campo onde é sedado e examinado por um técnico. As anotações são feitas em uma
ficha de processamento que contêm além da identificação dos indivíduos alguns
parâmetros como massa corporal, determinação do sexo, presença de ectoparasitos,
condição da pelagem, medidas biométricas, observações sobre a dentição, presença
de machucados, condição das glândulas external e cicungenital, entre outros. Estas
fichas de processamento foram digitadas em uma planilha por Ana Paula da Silva
Amorim e Sérgio Bonadiman no Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) – Setor de Etologia -
para a formação de um banco de dados biométricos da espécie.
3
1.2. Os Fragmentos Florestais
A fragmentação de florestas é um dos fatores responsáveis pela constante
ameaça à sobrevivência de primatas na natureza, pois 90% das espécies ocupam
regiões tropicais e têm a floresta como fonte de recurso (Mittermeier, 1991). Um
fragmento florestal é definido como uma área de vegetação natural, interrompida por
barreiras antrópicas (estradas, pastagens, culturas agrícolas, dentre outras) ou naturais
(montanhas, lagos, represas, ou outras formações vegetais) capazes de diminuir
significativamente o fluxo de animais, pólen ou sementes (Viana, 1990).
O processo de fragmentação pode levar ao aumento artificial da densidade por
comprimir populações em florestas menores e perturbadas, mas segundo Strier (2000)
é improvável que esta densidade seja mantida ou aumente, a menos que quantidades
suficientes de alimentos estejam disponíveis. Alguns autores argumentam que a
energia disponível no habitat e a produção primária são alguns dos mais importantes
fatores na determinação da estrutura das comunidades (Currier, 1991 e Wright, 1983).
A limitação de alimentos afeta o peso de fêmeas de micos-leões-dourados e o baixo
peso pode reduzir a fecundidade, afetando a taxa reprodutiva da espécie (Henry, 2003).
Segundo Miller (2002), a disponibilidade de recursos pode estar relacionada com
fatores extrínsecos como a variação espacial do recurso (i.e. variação na qualidade do
habitat), variação temporal dos recursos (i.e. variação sazonal), variação na demanda
dos recursos (i.e. variação no nível de competição intra e intergrupal), e no valor
nutricional dos alimentos (i.e. conteúdo energético do alimento). A distribuição temporal
de recursos também é apontada por Terborgh (1983) como o principal fator
determinante da capacidade de suporte de comunidades primatas. Alguns estudos com
primatas revelam modificações na preferência de alimentos entre as estações seca e
chuvosa (Peres, 1989a; Passos, 1999; Strier, 2000). Contudo, o acesso a fragmentos
com maior diversidade de alimentos em florestas perturbadas poderá agir como tampão
contra a escassez de frutos em períodos de falhas na produtividade de espécies chaves
(Strier, 2000).
Dietz et al. (1994) estudando micos-leões-dourados adultos na RBPDA observou
diferenças no peso médio entre machos e fêmeas adultos, porém, estas foram
pequenas em períodos de transição das estações seca e chuvosa. Na Rebio União os
4
micos-leões-dourados adultos nascidos na Reserva apresentaram peso médio acima do
apresentado por indivíduos translocados (Procópio de Oliveira, 2005). Quais os fatores
que contribuem para estas diferenças e como a condição física dos micos responde ao
processo de fragmentação? Amorim et al. (2003) encontraram diferenças de peso para
micos-leões-dourados adultos entre grupos que habitam a Rebio PDA, Fazenda Rio
Vermelho e fragmentos maiores e menores de 40ha e sugerem que estas diferenças
podem estar relacionadas à variação na disponibilidade dos alimentos nos diferentes
fragmentos.
1.3. Os Recursos Alimentares do Mico-Leão-Dourado
Micos-leões são classificados como frugívoros-insetívoros (Rylands, 1993). O
mico-leão-dourado é considerado um forrageador manipulativo de presas, utilizando
como substratos cascas de árvores, bromélias, folhas secas, folhas de palmeiras, cipós,
bambus e bainhas de palmitos (Peres, 1989b; Rylands, 1993; Kierullf et al., 2002; Dietz
et al., 1997 e Faria, 2005). Essa espécie é considerada onívora com uma dieta que
inclui frutos, flores, insetos e pequenos vertebrados (Coimbra-Filho, 1981; Kleiman et
al., 1988; Rylands, 1993; e Dietz et al., 1997; Erbesdobler, 2003; Procópio de Oliveira,
2002 e Lapenta et al., 2003). Segundo Kleiman et al. (1988), o mico-leão-dourado
obtém a maior parte dos alimentos de bromélias e árvores frutíferas em florestas
secundárias. Os itens alimentares mais freqüentemente consumidos são os frutos e
insetos (Peres, 1986; Dietz et al., 1997), contudo, outros alimentos como exsudados,
são consumidos oportunisticamente em maiores quantidades em condições de baixa
disponibilidade daqueles (Power, 1991 e Dietz et al., 1997). Pequenos vertebrados
(anuros, pequenos lagartos e cobras), artrópodes, lesmas e filhotes de pássaros são as
principais presas consumidas pelo mico-leão-dourado (Dietz et al., 1997). Segundo
Procópio de Oliveira (2002), a dieta de dois grupos de micos-leões-dourados consistiu
em 84,1% de recursos vegetais e 15.9% de recuros animais, principalmente insetos.
Coimbra-Filho (2003) apresenta como desafio à conservação dos micos-leões a
preservação do patrimônio biótico que inclui além dos símios-símbolos, toda
diversidade biológica ainda pouco conhecida. Ainda não há estudos que apontem a
5
disponibilidade dos recursos alimentares consumidos pelos micos-leões-dourados nos
fragmentos de reintrodução. Muitos estudos focalizando mamíferos primatas e não-
primatas vêm sendo realizados na RBPDA, porém as RPPNs e propriedades
particulares que também fazem parte do projeto de reintrodução dos micos ainda
carecem de dados sobre sua diversidade. Há tempos, Brambell (1977) comentou a
importância da escolha de áreas para a reintrodução de animais apresentarem
suficiente capacidade de suporte para o crescimento e manutenção da população.
Segundo Stoinski et al. (2003), o manejo de suplementação alimentar com
bananas é em parte responsável pelas diferenças comportamentais de forrageio e de
locomoção entre as populações de micos nascidos em cativeiro e nascidos selvagens e
podem contribuir em longo prazo para perdas adaptativas. O suporte adicional de
bananas à dieta dos micos como manejo pós-solta deve ser reavaliado no sentido de
minimizar sua influência sobre os processos adaptativos naturais necessários a
sustentabilidade da espécie. Nesse contexto, o estudo da qualidade dos fragmentos
que integram o programa de reintrodução do mico-leão-dourado desempenha
importante função visando o levantamento das principais fontes de recursos
alimentares disponíveis nos remanescentes de Mata Atlântica que abrigam o mico-leão-
dourado.
1.4. Modelagem
O desenvolvimento de um modelo para criação de índices que permitam integrar
algumas variáveis, que de forma isolada normalmente refletem aspectos limitados,
auxiliaria na identificação e descrição global do sistema alimentar de cada fragmento. O
planejamento adequado do manejo direcionado às condições de cada fragmento
ajudaria a equilibrar possíveis diferenças na disponibilidade de recursos chaves para a
espécie, fornecendo informações para restauração da vegetação e assim minimizando
o manejo suplementar. A disposição destas informações trará mais confiança e certeza
de sucesso para os projetos de reintrodução e manejo da vida silvestre. Além disso,
futuras reintroduções poderão contar com mais uma ferramenta para avaliação e
escolha de áreas com melhor capacidade de suporte para a espécie. Dentro desse
6
contexto surge a proposta de utilização de um sistema especialista com base em
conceitos de inteligência artificial (lógica fuzzy) para prover índices que classifiquem a
condição física e a qualidade do habitat do mico-leão-dourado.
Recentemente tem sido observado um aumento no interesse da aplicação de
indicadores no monitoramento ambiental. Os indicadores possibilitam a identificação de
mudanças e a mensuração de variações de uma determinada meta, auxiliando na
tomada de decisões no manejo de animais silvestres e de seu habitat. Para tanto, a
modelagem de processos naturais torna-se um instrumento importante na geração de
conhecimento necessário à sua aplicação no estudo de ecologia. A lógica fuzzy surge
nesse cenário como modelo capaz de lidar com incertezas de determinados fatos e
também com a incerteza da linguagem vaga e dependente do contexto e de mudanças
de significado que ocorrem com o tempo (Adriaenssens et al., 2004).
A Lógica Fuzzy é baseada na teoria dos Conjuntos Fuzzy. Esta é uma
generalização da teoria dos Conjuntos Tradicionais para resolver os paradoxos gerados
a partir da classificação “verdadeiro ou falso” da Lógica Clássica. Em uma proposição
lógica há dois extremos: ou “completamente verdadeiro” ou “completamente falso”.
Assim, os grupos são expressos qualitativamente usando termos lingüísticos e os
elementos deste conjunto são caracterizados de acordo com o grau de pertinência, ou
seja, com o valor que indica o quanto o elemento pertence a um dado conjunto. Por
exemplo, um homem que pesa 100 quilogramas e um homem que pesa 110
quilogramas são membros do conjunto “obeso”, embora o homem de 110 quilogramas
tenha um grau de pertinência maior neste conjunto.
Assim, a fuzzyficação é o processo que converte um valor de entrada de uma
variável em um valor fuzzy, como por exemplo: magro, regular e obeso, usando funções
de pertinência. O sistema Fuzzy é uma função de R
n
em R construída a partir de quatro
módulos: fuzzyficação, base de regras, inferências e defuzzyficação. O especialista da
área é muito importante na etapa de fuzzyficação, pois deve atribuir termos lingüísticos
à variável de entrada capaz de representar os estados destas variáveis e, a cada termo
lingüístico, deve ser associado um conjunto fuzzy por uma função de pertinência. Isto
torna necessária a criação de conjuntos nos quais um dado valor possa ser
enquadrado. Estes conceitos são abordados amplamente por Amendola et al. (2005) no
manual do uso da teoria dos conjuntos Fuzzy no MATLAB. No módulo da base de
7
regras ficam guardadas as variáveis e suas classificações lingüísticas. A base de regras
caracteriza os objetivos e a estratégia utilizada pelo especialista na área, através de um
conjunto de regras lingüísticas. O módulo de inferência é onde se definem quais os
conectivos lógicos usados para estabelecer a relação fuzzy que modela a base de
regras. O método de inferência utilizado foi o Mandani, que agrega as regras por meio
de operadores lógicos do tipo E ou ENTÃO. Por fim, no módulo de defuzzyficação, o
valor da variável lingüística é traduzido por um valor real (Dias e Barros, 2005).
Este trabalho apresenta dois exemplos de utilização da modelagem como
ferramenta para determinação de modelos aplicados na avaliação de temas ecológicos.
A proposta aqui abordada refere-se aos índices de (a) condição física do mico-leão-
dourado e de (b) qualidade do habitat para esta espécie em fragmentos de
reintrodução. Estes indicadores poderão ajudar na previsão de tendências através dos
anos do status corporal dos micos-leões-dourados e das condições alimentares dos
fragmentos que este habitam.
2. OBJETIVOS
Os micos-leões-dourados têm sido reintroduzidos em fragmentos florestais de
diferentes tamanhos e ainda pouco se sabe sobre como eles respondem a essa
paisagem. Observações anteriores mostraram haver diferenças de peso entre
indivíduos vivendo em fragmentos de diferentes tamanhos e sugerem que estas podem
estar relacionadas às diferenças de qualidade entre os fragmentos (disponibilidade de
alimentos) (Amorim et al., 2003). Além disso, a quantidade de alimento suplementar
(manejo pós-solta) tem sido variável entre grupos e ao longo dos anos em cada
fragmento (Beck, et al., 2002), podendo também influenciar a condição corporal dos
micos. Deste modo, os objetivos deste estudo são responder as seguintes perguntas: i)
fragmentos de diferentes tamanhos apresentam diferenças na disponibilidade dos
alimentos consumidos pelos micos?, ii) períodos de suplementação alimentar diminuem
ou aumentam as diferenças em qualidade do habitat?, iii) há diferenças significativas
nos parâmetros de condição física dos Micos-leões-dourados em diferentes
fragmentos?, iv) caso haja diferenças em condição física dos micos-leões-dourados,
8
quais aspectos da qualidade do habitat melhor explicam estas diferenças nos diferentes
fragmentos?
Este estudo também sugere a aplicação da modelagem, como ferramenta
alternativa na análise dos dados, com a criação de dois modelos para a avaliação da
condição física do mico-leão-dourado e da qualidade do habitat para esta espécie.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo
O estudo foi realizado em oito fragmentos florestais presentes em fazendas
particulares nos municípios de Silva Jardim e Rio Bonito no estado do Rio de Janeiro
(Figura 1). Os fragmentos foram agrupados em 3 categorias com base no tamanho de
área florestal. Os fragmentos das Fazendas Boa Esperança (BEP – 9ha), Afetiva (AFE
– 19,5ha), Estreito (EST – 21,5ha) e Vendaval (VEN – 26,5ha) pertencem a categoria
dos fragmentos com menos de 40ha. Os fragmentos IMB e AND com 130 e 145ha
pertencem a categoria de fragmentos entre 40 e 150ha e os fragmentos da Fazenda
Rio Vermelho (FRV1 e FRV2) com 500ha pertencentes à categoria dos fragmentos com
mais de 150ha. A Fazenda Rio Vermelho possui dois fragmentos considerados distintos
devido ao isolamento dos grupos de micos-leões-dourados presentes em cada um
destes. O limite de 40ha foi escolhido por ter sido descrito como a área de uso utilizada
pelos micos-leões-dourados na Rebio PDA (Kleiman et al., 1988; Kierulff, 1993; Dietz et
al., 1994; Dietz et al., 1997).
9
Figura 1: Mapa com a localização dos oito fragmentos de reintrodução dos micos-leões-dourados (Leontopithecus
rosalia) nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ. 1 – Boa Esperança (BEP); 2 – Afetiva (AFE); 3 – Estreito
(EST); 4 – Vendaval (VEN); 5 – Andorinhas (AND); 6 – Imbaú (IMB); 7 – Fazenda Rio Vermelho 1 (FRV 1); e 8 –
Fazenda Rio Vermelho 2 (FRV 2).
10
3.2. Medidas de Condição Física do Mico-Leão-Dourado
Para o presente estudo foram utilizados os parâmetros massa corporal (MC),
comprimento do corpo (excluindo a cabeça e a cauda - CC), presença de dentes
danificados (DD), presença de machucados ou cicatrizes (MA) e de ectoparasitos (EP).
Apenas indivíduos adultos ( 18 meses) foram analisados e as fêmeas gestantes e
lactantes foram excluídas. Somente indivíduos que possuíam data de nascimento foram
incluídos nas análises. Os dentes que apresentaram quaisquer observações de
descoloração, desgaste do esmalte ou cáries foram considerados dentes danificados.
Os indivíduos que apresentaram ectoparasitos e machucados ou cicatrizes também
foram analisados pela presença ou ausência.
Os dados utilizados para a avaliação da condição física dos micos-leões-dourados
foram obtidos por meio da digitalização de 2039 fichas de processamentos realizados
no período de Outubro-1989 a Junho-2005. Para os indivíduos que apresentaram mais
de uma ficha de processamento foram calculadas médias de massa e comprimento
corporal. Assim, cada indivíduo apresentou apenas um registro de processamento. A
amostragem incluiu 212 registros de processamento de 99 indivíduos adultos nos oito
fragmentos. O número de indivíduos processados nos fragmentos variou de 3 (VEN) a
60 (FRV2) (Tabela 1) e essa variação na amostragem ocorreu devido à ausência de
registro da data de nascimento ou dos parâmetros estudados em algumas das fichas de
processamento. A insuficiência de dados de adultos, fêmeas em particular, não
possibilitou a comparação entre machos e fêmeas nos locais estudados. Os dados de
massa corporal foram expressos em gramas (g) e as medidas de comprimento do corpo
foram expressas em decímetros (dm).
11
Tabela 1: Nomes das fazendas, siglas, município e número (N) de micos-leões-
dourados (Leontopithecus rosalia) adultos utilizados nas análises dos parâmetros de
condição física, nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ.
Fazendas Siglas Município N
Boa Esperança BEP Silva Jardim 8
Afetiva AFE Silva Jardim 4
Estreito EST Silva Jardim 8
Vendaval VEN Silva Jardim 3
Imbaú IMB Silva Jardim 4
Andorinhas AND Silva Jardim 7
Rio Vermelho 1 FRV1 Rio Bonito 5
Rio Vermelho 2 FRV2 Rio Bonito 60
3.3. Fontes de Recursos Alimentares
Quatro fontes de recursos alimentares para os micos-leões-dourados foram
estudadas: frutos, insetos, epífitas e anuros. Os parâmetros utilizados para as
estimativas destes recursos foram: área basal (AB) das espécies vegetais cujos frutos
são consumidos pelos micos-leões-dourados, densidade de insetos (IN), percentual de
árvores que apresentam epífitas (AE) e densidade de anuros (AN). A estimativa da
disponibilidade de espécies frutíferas considerou os estudos de distribuição de recursos
alimentares e de monitoramento da dieta de grupos de mico-leão-dourado na Reserva
Biológica União (Procópio de Oliveira, 2002 e Erbesdobler, 2003). A disponibilidade de
árvores com epífitas e o número de espécies frutíferas consumidas pelos micos-leões-
dourados presentes nos fragmentos foram determinados por Carvalho et al. (2006) e
Nascimento e Carvalho (dados não publicados) em estudo sobre a análise florística e
fitossociológica nos fragmentos de ocorrência do mico-leão-dourado nos municípios de
12
Silva Jardim e Rio Bonito no estado do Rio de Janeiro. O estudo da disponibilidade de
insetos e anuros foi realizado no período de Dezembro/2004-Fevereiro/2005 (estação
chuvosa) e no período de Julho-Agosto/2005 (estação seca).
3.3.1. Disponibilidade de Frutos
A disponibilidade de frutos tem sido estudada baseada na determinação de
parâmetros que melhor estimem a produtividade de cada espécie (Chapman, et al.,
1992; Chapman e Wrangham, 1994; Stevenson, 2001; Miller, 2002; Barlow e Peres,
2006). Neste estudo, a disponibilidade de frutos presentes nos fragmentos foi medida
utilizando a área basal (m
2
/ha) das espécies frutíferas que fazem parte da dieta dos
micos-leões-dourados. Segundo Stevenson (2001), a vantagem da utilização da área
basal e densidade das espécies frutíferas é que estes parâmetros consideram a
variação esperada devido ao tamanho da árvore.
A compilação dos dados de monitoramento dos recursos vegetais consumidos
pelos micos-leões-dourados na Rebio União (Procópio de Oliveira, 2002 e Erbesdobler,
2003) possibilitou a identificação de 86 espécies vegetais pertencentes a 26 famílias
que compõem a dieta dos micos-leões-dourados (Apêndice 1). Destas, apenas 28
espécies pertencentes a 13 famílias foram encontradas por Carvalho et al. (2006) e
Nascimento e Carvalho (dados não publicados) nos fragmentos estudados (Apêndice
2).
3.3.2. Disponibilidade de Insetos
Muitos métodos de coleta de invertebrados têm sido usados por ecólogos (Develey
e Peres, 2000; Burgess et al., 1999; O`Neill et al., 2002). Neste estudo o protocolo de
amostragem dos insetos foi criado com base nas características de forrageamento do
mico-leão-dourado por presas na natureza (Peres, 1989a, Faria, 2005).
Os micos-leões-dourados percorrem rotas relativamente fixas, o que segundo
Oates (1987) resulta em padrão de exploração de recursos mais eficiente. Com a ajuda
13
de pesquisadores que acompanham os micos-leões-dourados, a escolha das áreas
para amostragem das presas considerou a possível rota de forrageio dos animais nos
fragmentos. Acompanhando esta rota os quadrados (3m x 3m) foram marcados com
auxílio de fitilho e bússola, e alocados em pontos que apresentassem no mínimo 3 tipos
de substratos utilizados pelos micos (cascas de árvores, bromélias, folhas secas, folhas
de palmeiras, cipós, bambus e bainhas de palmeiras).
A coleta dos insetos (grilo, gafanhoto, bicho-pau e barata) foi realizada
manualmente por dois ou três coletores utilizando os quadrados de 3m x 3m para
amostragem até 2m de altura e quadrado telado de 1m x 1m para amostragem na
serrapilheira (solo). A altura máxima de 2m para observação das presas foi escolhida
devido à confiabilidade e capacidade de repetição pelos observadores, como sugerido
por Stafford et. al. (1996). O pesquisador principal, autor do trabalho, foi responsável
pela escolha e marcação dos pontos de coleta, anotações e armazenamento dos
indivíduos coletados. Os outros pesquisadores ajudaram com a alocação do quadrado
telado e captura dos insetos. Para cada fragmento foram escolhidos 3 pontos de
amostragem no interior da mata e 3 pontos na borda. Consideramos borda os 10m a
partir do início do fragmento e interior a área próxima ao centro do fragmento. Cada
ponto de coleta foi composto por uma amostragem de um quadrado (3m x 3m) e três de
quadrado telado (1m x 1m), sendo uma das amostras do quadrado telado realizada
dentro do quadrado (3m x 3m) e as outras duas num raio de 5m próximas a este.
Assim, a área de amostragem dos insetos foi de 27m
2
na vegetação até 2m de altura e
9m
2
na serrapilheira para o interior e para a borda de cada fragmento, totalizando 72m
2
amostrados em cada fragmento. O quadrado telado foi construído a partir de 4 estacas
de madeira com uma das pontas afinadas e tela de mosquito. A tela foi presa às
estacas a partir dos 10cm da base afinada para permitir seu total contato com o solo,
evitando a fuga dos insetos (Figura 2). Os indivíduos que não foram capturados, mas
foram identificados como baratas, grilos, gafanhotos ou bichos-pau foram considerados
como indivíduos avistados. Cada fragmento foi amostrado em apenas um dia de cada
estação e o tempo de amostragem variou de quatro a cinco horas por fragmento.
Os indivíduos coletados foram guardados em sacos plásticos, levados para o
laboratório de campo onde foram congelados, e posteriormente levados para o
LCA/UENF. Os insetos capturados foram identificados pela Dra. Maria Cristina
14
Gaglianone (LCA/UENF) e com auxílio de chave de identificação (Daly et al., 1998). A
disponibilidade dos insetos foi medida pela densidade (D) de todos os indivíduos
avistados na borda e no interior dos fragmentos nos dois períodos de coleta (estações
seca e chuvosa). A abundância das espécies foi determinada apenas para os
indivíduos que foram capturados e identificados.
Figura 2: Coleta de insetos utilizando quadrado telado dentro do quadrado de
amostragem (3 x 3m). D = indivíduos/ha e A = número de indivíduos x área do
fragmento (ha)
3.3.3. Disponibilidade de Árvores com Epífitas
Recentemente, o reconhecimento da copa das árvores de florestas tropicais como
habitat de grande biodiversidade tem estimulado os estudos para o entendimento do
papel da comunidade epifítica no funcionamento dos ecossistemas. A família
15
Bromeliaceae, grupo de plantas adaptado à vida epífita, tem grande importância por
apresentar grande número de espécies com capacidade de armazenar água em seu
tanque (Oliveira, 2004). Esta característica permite que diversas espécies da fauna
utilizem a água contida no tanque para forrageamento, reprodução e refúgio contra
predadores (Rocha et al., 1997). As bromélias também constituem um substrato muito
utilizado como fonte de forrageio dos micos-leões-dourados por presas (Kleiman et al.,
1988). Assim, compondo uma importante fonte de recursos alimentares para a espécie,
o percentual de árvores que apresentam epífitas foi utilizado na comparação da
qualidade dos fragmentos.
3.3.4. Disponibilidade de Anuros
O levantamento da densidade de anuros foi realizado utilizando método de
transectos lineares acústicos (Heyer et al., 1994) na estação chuvosa (Dezembro/2004-
Março/2005) e na estação seca (Julho-Agosto/2005). Três transectos de 100m de
comprimento foram marcados aleatoriamente em cada fragmento. Cada transecto teve
6 subseções (0, 20, 40, 60, 80, e 100 m), que foram percorridas 1 vez em cada estação.
Em cada subseção foram gravados 3 minutos, sendo um minuto para cada direção (à
frente, à direita e à esquerda do transecto), totalizando 18 minutos por transecto e 54
minutos por fragmento. Cada subseção amostra uma área de 800m
2
, totalizando
14400m
2
por fragmento. As gravações tiveram início às 18h e término às 19h30min na
estação chuvosa, e às 17h30min até às 19:00h na estação seca. O registro das
vocalizações foi realizado com a utilização de fitas k7, gravador profissional Marantz
(PMD 430) e microfone direcional (Senheiser ME e SMEX). Os indivíduos foram
inicialmente classificados como morfotipos através da inspeção audiovisual dos
sonogramas produzidos pela digitalização das vocalizações pelo programa SoundEdit
(6 Version 2). Os morfotipos foram determinados por diferenças na estrutura dos
sonogramas (freqüência, tempo, e tempo x freqüência). A identificação dos gêneros e
das espécies foi realizada com base nos sons e sonogramas dos morfotipos pelos
pesquisadores Marcos Bilate e Dr. Henrique Wogel do Departamento de Vertebrados
16
do Museu Nacional do Rio de Janeiro/UFRJ. A densidade foi estimada através do
registro de vocalizações identificadas para cada espécie.
3.4. Suplementação Alimentar
Aproximadamente 7500 folhas de dados do Projeto de Reintrodução foram
avaliadas e 5752 dias de suplementação foram contabilizados para todos os
fragmentos estudados entre 2001 e 2005. Segundo a equipe de reintrodução do mico-
leão-dourado são oferecidas em média 12 bananas a cada dia de suplementação. Os
dias em que as armadilhas para captura são providas de banana para habituação dos
micos foram considerados como dias de suplementação. A quantidade de energia
fornecida através do suplemento foi estimada através do número médio de bananas
fornecido anualmente aos micos-leões-dourados multiplicado pelo valor energético
(Kcal) determinado por unidade de banana prata na literatura, 74 kcal/unidade
(
www.fcf.usp.br/tabela/
).
3.5. Modelagem
3.5.1. Índice de Condição Física (ICF)
O modelo de condição física utilizou os parâmetros massa (MC) e comprimento
corporal (CC) que foram definidos em três classes divididas entre baixo (b), médio (m) e
alto (a). Os parâmetros binomiais (0 e 1), dentes danificados (DD), machucados ou
cicatrizes (MA) e ectoparasitos (EP) foram divididas em duas classes que determinam a
presença (s) ou ausência (n). As faixas de valores das classes de MC e CC foram
definidas através da observação dos histogramas de distribuição de cada variável de
entrada (Apêndice 3). Os valores das classes DD, MA e EP foram zero (0) para
ausência e um (1) para presença. Esta conversão dos valores numéricos em valores
não-numéricos (fuzzyficação) foi realizada no ambiente Matlab
®
. A variável de saída foi
definida em três classes: péssimo (P), regular (R) e bom (B) (Tabela 2). Após este
processo, foram criadas as regras para determinar as classes de saída. A aplicação das
17
5 variáveis de entrada gerou 72 possibilidades de combinações (Apêndice 4). A
aplicação das variáveis de entrada para determinação das regras considerou a
seqüência: 1º - MC e CC: definem o escore corporal; 2º - DD: refletem o estado
nutricional; 3º - MA: interações sociais e 4º - EP: fatores ambientais.
Tabela 2: Limites mínimos e máximos dos valores para as variáveis de saída do Índice
de Condição Física (ICF) de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) adultos em
oito fragmentos de reintrodução da espécie nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito
– RJ.
Limites
ICF Mínimo Máximo
Péssimo (P) 0 0,3
Regular (R) 0,31 0,7
Boa (B) 0,71 1,2
As classes foram representadas pela função trapezoidal para o melhor ajuste à
distribuição dos dados. A função trapezoidal apresenta um valor mínimo e máximo para
cada classe, gerando sobreposição de valores entre as classes (Figura 3). Na etapa
seguinte, o modelo compara os valores reais de entrada com as classes. Assim, tendo
como exemplo a massa corporal, valores menores que 520 são 100% pertencentes à
classe baixa, enquanto o valor 540 é 50% pertencente à classe baixa (1) e 50%
pertencente à classe média e valores maiores que 650 são 100% pertencentes à classe
alta (Apêndice 5).
18
Figura 3: Representação gráfica das classes e das zonas de sobreposição (valores
mínimos e máximos) das classes de massa corporal de micos-leões-dourados
(Leontopithecus rosalia) adultos em fragmentos do projeto de reintrodução.
3.5.2. Índice de Qualidade do Habitat (IQH)
O Índice de Qualidade do Habitat (IQH), aqui proposto para o mico-leão-dourado,
utilizou os recursos alimentares da espécie como variáveis de entrada: área basal das
espécies vegetais (AB), densidade de insetos (IN), percentual de árvores com epífitas
(AE) e densidade de anuros (AN). As faixas de valores das classes de AB e AE foram
definidas através da comparação com os valores determinados para estas variáveis na
Rebio União (Nascimento e Carvalho, dados não publicados) (Apêndice 6). Tal
procedimento visou considerar esta área como área controle, devido à semelhança
fitofisionômica (ombrófila submontana) que a define como mata madura (Rodrigues,
2004). Os valores das faixas de IN e AN foram determinados através das observações
dos próprios valores apresentados por estas variáveis.
19
As variáveis de entrada apresentaram três classes divididas entre baixo (b), médio
(m) e alto (a). A variável de saída apresentou quatro classes para previsão do IQH:
pobre (P), escasso (Es), restrito (R) e abundante (A). A aplicação das 4 variáveis de
entrada gerou 81 possibilidades de combinações, ou seja 81 regras (Apêndice 7). A
definição das classes de saída aplicada a cada regra foi baseada na preferência
alimentar do mico-leão-dourado (Procópio de Oliveira, 2005). As zonas de sobreposição
dos valores máximos e mínimos entre as classes de saída de IQH foram transformadas
em valores únicos (medianas dos valores máximos e mínimos das sobreposições) para
melhor análise dos resultados (Tabela 3).
Tabela 3: Limites mínimos e máximos dos valores para as variáveis de saída do Índice
de Qualidade do Habitat (IQH) de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia)
adultos em oito fragmentos de reintrodução da espécie nos Municípios de Silva Jardim
e Rio Bonito – RJ.
Limites
IQH
Mínimo Máximo
Pobre (P) 0 0,35
Escasso (Es) 0,36 0,59
Restrito (R) 0,60 0,8
Abundante (Ab) 0,81 1,2
3.5.3. Índice de Qualidade do Habitat Suplementado (IQHS)
A suplementação é um aporte adicional de bananas à dieta dos micos,
constituindo uma importante intervenção na condição física dos micos-leões-dourados.
Assim, a formulação de um índice de qualidade do habitat com suplementação (IQHS)
auxiliaria no reconhecimento das possíveis modificações geradas na avaliação da
qualidade do habitat com o aumento de diferentes níveis de suplementação. O nível de
suplementação (Kcal/indivíduo) foi adicionado como variável de entrada às variáveis
escolhidas para determinação do IQH (sem suplementação). A aplicação das 5
variáveis de entrada gerou 162 possibilidades de combinações (Apêndice 8). As regras
20
consideraram apenas a influência da suplementação em fragmentos onde a área basal
(AB) foi classificada como baixa ou média. Esta regra foi adotada porque a
suplementação incorpora apenas bananas, aumentando somente a disponibilidade de
frutos à dieta dos micos. As classes de saída foram as mesmas propostas para o IQH.
3.6. Análise dos Dados
A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para verificar a significância das
diferenças de massa e comprimento corporal entre as diferentes populações que
compõem os fragmentos. O teste G com distribuição binomial (Sokal & Rohlf, 1981) foi
aplicado para identificar a discrepância das proporções observadas e esperadas das
classes de ausência e presença de indivíduos com dentes danificados (DD),
machucados ou cicatrizes (MA) e ectoparasitos (EP). Também foi feito o teste de Qui-
quadrado para testar se houve associação entre as diferenças de DD, MA, EP e ICF
entre os fragmentos e categorias de fragmentos (<40 e >40 ha) e entre as classes do
IQH. As correlações entre as variáveis de recursos alimentares (área basal das
espécies vegetais, densidade de insetos, percentual de árvores com epífitas e
densidade de anuros) e os parâmetros de condição física entre os fragmentos foram
realizadas utilizando a correlação de Pearson`s. As análises de variância (Anova) e as
correlações foram realizadas utilizando o programa R-System (R Development Core
Team, 2005). As análises de qui-quadrado foram realizadas utilizando o programa
StatView version 5.1.
21
4. RESULTADOS
4.1. Há Diferenças Significativas nos Parâmetros de Condição Física dos
Micos-Leões-Dourados em Diferentes Fragmentos?
4.1.1. Condição Física do Mico-Leão-Dourado
As figuras 4 e 5 mostram diagramas boxplots para as variações nas medianas de
massa e comprimento corporais. Em relação à massa corporal, os fragmentos AFE,
AND, BEP e EST apresentam semelhantes medianas entre eles e diferenças de
mediana em relação aos demais fragmentos (Figura 4). As diferenças observadas entre
as medianas de comprimento corporal entre os fragmentos são pequenas (Figura 5).
Não houve diferenças entre os locais estudados para as médias de massa (F= 2,11, df=
97 e p= 0,49) e de comprimento corporal (F= 2,11, df= 96 e p= 0,72). Também não
houve diferenças entre as categorias de fragmentos (<40, entre 40 e 150; >150ha) para
a massa e comprimento corporal (F= 3,09; df= 97 e p= 0,97; F= 3,09; df= 96 e p= 0,33)
(Tabela 4). A média geral para massa e comprimento corporal apresentada pelos
indivíduos de todos os fragmentos foi de 600,70g e 184,44g, respectivamente. O
tamanho do fragmento apresentou correlação negativa com o comprimento corporal
médio (r= -0,61, p= 0,1) e com a massa corporal média (r= -0,38, p= 0,35).
Os resultados do teste G para heterogeneidade de proporções de DD, MA e EP
entre os fragmentos mostraram que apenas as proporções de presença e ausência de
ectoparasitos são homogêneas entre os fragmentos (Tabela 5). Segundo o resultado
pooled do teste G, considerando todos os fragmentos, há mais indivíduos com dentes
danificados (DD) e ectoparasitos (EP) do que o esperado. Os resultados de qui-
quadrado mostram diferenças para a presença de indivíduos com machucados entre as
categorias de tamanho dos fragmentos (χ
2
= 24,9 e p= 0,0001), mas não houve
diferenças para a presença de DD e EP (χ
2
= 3,03 e p= 0,22; χ
2
= 3,48 e p= 0,18).
Embora apresentem baixas taxas de densidade populacionais (Apêndice 9), os
fragmentos com 500ha apresentam indivíduos com mais machucados do que o
esperado pela distribuição binomial.
22
AFE AND BEP EST FRV1 FRV2 IMB VEN
500 550 600 650 700
Fragmentos
Massa Corporal (g)
Figura 4: Diagrama Box-plot para variação na massa corporal de micos-leões-dourados
reintroduzidos em fragmentos nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ. As
linhas mais grossas representam medianas, as caixas representam o intervalo
interquartil (25-75%) e as linhas tracejadas representam os intervalos de variação. AFE
– Afetiva; AND – Andorinhas; BEP – Boa Esperança; EST – Estreito; FRV1 – Fazenda
Rio Vermelho 1; FRV2 Fazenda Rio Vermelho 2; IMB – Imbaú e VEN Vendaval.
23
AFE AND BEP EST FRV1 FRV2 IMB VEN
160 180 200 220
Fragmentos
Comprimento corporal (dm)
Figura 5: Diagrama Box-plot para variação no comprimento do corpo de Micos-leões-
dourados reintroduzidos em fragmentos nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito -
RJ. As linhas mais grossas representam medianas, as caixas representam o intervalo
interquartil (25-75%) e as linhas tracejadas representam os intervalos de variação. Os
círculos abertos representam pontos extremos (outliers). AFE – Afetiva; AND
Andorinhas; BEP – Boa Esperança; EST – Estreito; FRV1 – Fazenda Rio Vermelho 1;
FRV2 Fazenda Rio Vermelho 2; IMB – Imbaú e VEN Vendaval.
24
Tabela 4: Número de indivíduos adultos (N) utilizados no cálculo de média e variância para Massa Corporal (MC) e
Comprimento Corporal (CC) de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) reintroduzidos, número (e percentual)
de indivíduos com dentes danificados (DD), machucados (MA) e com ectoparasitos (EP) em fragmentos nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ. BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST – Estreito; AND
Andorinhas; VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2 Fazenda Rio Vermelho 2. -
RJ. BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST – Estreito; AND – Andorinhas; VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1
Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2 – Fazenda Rio Vermelho 2. P= presença e A= ausência.
MC CC
DD
MA EP
Fragmentos
N Média Variância N Média Variância N P A N P A N P A
BEP
8 623,31 3046,8 8 189,38 17,63 8 1 (13) 7 (88) 8 0 8 (100) 7 1 (14) 6 (84)
AFE
4 586,42 5974,9 4 181,83 193,67 4 0 4 (100) 3 0 3 (100) 4 0 4 (100)
EST
8 611,59 3996,8 7 180,13 141,85 8 3 (38) 5 (63) 8 3 (38) 5 (63) 7 0 7 (100)
VEN
3 591,33 1233,3 3 182,67 72,33 3 0 3 (100) 3 0 3 (100) 3 0 3 (100)
IMB
4 602,25 7665,6 4 181,5 240,33 4 0 4 (100) 4 0 4 (100) 4 0 4 (100)
AND
7 620,93 1807,6 7 182,07 232,37 7 5 (71) 2 (29) 7 5 (71) 2 (29) 6 0 6 (100)
FRV1
5 555,2 110,2 5 190,8 76,7 5 0 5 (100) 4 0 4 (100) 5 2 (40) 3 (60)
FRV2
59 614,54 3518,2 59 187,11 206,97 60 20 (33) 40 (67) 58 46 (79) 12 (21) 50 7 (14) 43 (86)
25
Tabela 5: Resultados do teste G com distribuição binomial para os variáveis categóricas
dentes danificados (DD), machucados (MA) e ectoparasitos (EP) observados em micos-
leões-dourados (Leontopithecus rosalia) adultos reintroduzidos em 8 fragmentos nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ. *significativos a p<0,05.
Tests
df G
DD
Pooled 1 17,5*
Heterogeneidade 7 18,37*
Total 8 35,87
MA
Pooled 1 1,78
Heterogeneidade 7 51,81*
Total 8 53,59
EP
Pooled 1 57,39*
Heterogeneidade 7 8,85
Total 8 66,25
4.1.2. Índice de Condição Física (ICF)
Os fragmentos BEP, VEN e FRV1 apresentaram os maiores percentuais de
indivíduos com bom (B) ICF (Figura 6). Os maiores percentuais de indivíduos com
péssimo (P) ICF foram observados nos fragmentos AND, EST e IMB, porém, a
classificação geral destes fragmentos foi regular (R) (Tabela 6). VEN, BEP e FRV1
apresentaram ICF classificado como bom (B). Os demais fragmentos apresentaram ICF
regular. O ICF não apresentou correlação significativa com o tamanho do fragmento
(r=0,03 e p=0,95). O resultado de qui-quadrado também não mostra diferenças
significativas para as classes de ICF entre as categorias de tamanho dos fragmentos
(χ
2
=7,02 e p=0,13).
26
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
BEP AFE EST V EN IM B AND FRV1 FRV2
B
R
P
Figura 6: Distribuição das classes do índice de condição física (ICF) de micos-leões-
dourados (Leontopithecus rosalia) adultos determinadas pela Lógica Fuzzy em
fragmentos do projeto de Reintrodução nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito -
RJ. B= bom, R= regular e P= péssimo. BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST
Estreito; AND – Andorinhas; VEN – Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 – Fazenda Rio
Vermelho 1 e FRV2 – Fazenda Rio Vermelho 2.
27
Tabela 6: Índice de Condição Física (ICF) determinados para micos-leões-dourados
(Leontopithecus rosalia) adultos em fragmentos de reintrodução da espécie nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ. BEP – Boa Esperança; AFE Afetiva;
EST Estreito; AND – Andorinhas; VEN – Vendaval; IMB Imbaú; FRV1 – Fazenda
Rio Vermelho 1 e FRV2 – Fazenda Rio Vermelho 2. B – bom, R – regular.
Fragmento ICF
BEP B
AFE R
EST R
VEN B
IMB R
AND R
FRV1 B
FRV2 R
4.2. Os Fragmentos Apresentam Diferenças na Disponibilidade dos
Alimentos Consumidos pelos Micos?
4.2.1. Disponibilidade de Frutos
Os fragmentos FRV2 e VEN apresentaram os maiores valores de disponibilidade
de frutos presentes na dieta dos micos-leões-dourados (Tabela 7). Os valores
intermediários foram encontrados em AND, FRV1, AFE, BEP e IMB. O menor valor de
disponibilidade de frutos foi apresentado por EST. Resultados semelhantes foram
observados para o número de indivíduos das espécies vegetais (Figura 7).
28
Tabela 7: Valores dos parâmetros de recursos alimentares que compõem a dieta do
mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e de suplementação em fragmentos de
reintrodução da espécie nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ. BEP – Boa
Esperança; AFE Afetiva; EST – Estreito; AND – Andorinhas; VEN – Vendaval; IMB
Imbaú; FRV1 – Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2 – Fazenda Rio Vermelho 2. AB= área
basal das espécies frutíferas consumidas pelos micos-leões-dourados (m
2
/ha); IN=
densidade de insetos (indivíduos/ ha); AE= árvores com epífitas (%) , AN= densidade
de anuros (indivíduos/ha) e SUPL= suplementação (Kcal/ano/indivíduo).
Fragmento Área (ha) AB IN AE AN SUPL
BEP
9 2,71 3056 1,7 40
83005,0
AFE
19,5 2,83 9444 7,3 69
102615,7
EST
21,5 1,27 6389 15 83
69149,9
VEN
26,5 3,66 6389 0,2 33
114658,8
IMB
130 2,31 9167 5,5 25
49731,1
AND
145 3,57 2500 0,2 42
69954,3
FRV1
500 3,16 5833 2,8 17
17964,1
FRV2
500 4,49 4444 4,5 53
23909,4
29
0
20
40
60
80
100
120
BEP AFE EST VEN IMB AND FRV1 FRV2
indivíduos
Figura 7: Número de indivíduos de todas as espécies vegetais da dieta do mico-leão-
dourado (Leontopithecus rosalia) presentes em fragmentos do projeto de Reintrodução
nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ. BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva;
EST – Estreito; AND – Andorinhas; VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 Fazenda
Rio Vermelho 1 e FRV2 Fazenda Rio Vermelho 2.
30
4.2.2. Disponibilidade de Insetos
O método de amostragem de insetos testado neste estudo possibilitou a captura
de 54,70% (93 indivíduos) dos 170 indivíduos avistados. Dos grupos de invertebrados
capturados, Blattodea (baratas) foi o mais freqüente (Tabela 8). Os Gryllidae (grilos),
Tettigonidae (grande gafanhoto verde) e Acrididae (gafanhoto) foram os insetos mais
capturados, enquanto os bichos-pau (Phasmatodea) constituíram os insetos menos
freqüentes nas capturas (Tabela 8). Considerando as duas estações, houve predomínio
de insetos no interior de quase todos os fragmentos, com exceção de FRV2 que
apresentou mais indivíduos na borda (Tabela 9). O maior percentual de indivíduos
capturados (93,52%) ocorreu na estação chuvosa, enquanto na estação seca foram
capturados apenas 6,47% dos indivíduos.
Os maiores valores de densidade de insetos foram encontrados em AFE, IMB
(Tabela 7). Os valores intermediários de densidade de insetos foram encontrados nos
fragmentos EST, VEN, FRV1 e FRV2. As menores densidades de insetos foram
observadas em BEP e AND (Tabela 7).
31
Tabela 8: Abundância de insetos capturados em fragmentos nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ, no
período de Novembro de 2004 a Março de 2005 (C - estação chuvosa) e de Julho-Agosto/2005 (S - estação seca). BEP
Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST – Estreito; AND – Andorinhas; VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 Fazenda Rio
Vermelho 1 e FRV2 Fazenda Rio Vermelho 2.
BEP AFE EST
VEN
IMB
AND
FRV 1
FRV 2 Total
Ordem/Família
C S C S C S C S C S C S C S C S N %
Blattodea
1 0 4 0 5 1 7 0 2 0 1 0 10 0 5 0 36 38,71
Orthoptera
Gryllidae
1 0 5 0 2 0 3 0 1 1 4 0 1 0 9 1 28 30,11
Tettigonidae
2 0 0 1 6 2 0 0 3 0 1 0 1 0 0 0 16 17,20
Acrididae
0 0 0 0 3 0 0 0 1 0 0 0 4 0 0 0 8 8,60
Phasmatodea
0 0 1 0 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 5 5,38
Total/estação
4 0 10 1 17 4 10 0 8 1 6 1 16 0 14 1 93 100,00
Total anual
4 11 21 10 9 7 16 15 93 100
32
Tabela 9: Abundância e densidade de insetos avistados nas áreas de borda e interior
de fragmentos nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ, no período de
Novembro de 2004 a Março de 2005 (estação chuvosa) e de Julho-Agosto/2005
(estação seca). BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST – Estreito; AND
Andorinhas; VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2
Fazenda Rio Vermelho 2.
Chuvosa Seca
Fragmentos Borda Interior Borda Interior Borda
*
Interior
*
Total/frag
BEP
1 9 1 0
2 (2,90) 9 (8,91)
11
AFE
15 16 0 3
15 (21,74) 19 (18,81)
34
EST
8 11 2 2
10 (14,49) 13 (12,87)
23
VEN
8 15 0 0
8 (11,59) 15 (14,85)
23
IMB
14 18 0 1
14 (20,29) 19 (18,81)
33
AND
1 7 0 1
1 (1,45) 8 (7,92)
9
FRV1
8 13 0 0
8 (11,59) 13 (12,87)
21
FRV2
10 5 1 0
11 (15,94) 5 (4,95)
16
Total
65 94 4 7
69 101
170
Total/estação
159 (93,52) 11 (6,47)
* Valores entre parênteses representam o percentual de insetos (considerando o total de indivíduos
amostrados nas áreas de borda ou interior) apresentado pelos fragmentos.
4.2.3. Disponibilidade de Árvores com Epífitas
Os resultados da planilha original dos dados mostram que EST apresentou o maior
percentual de árvores com epífitas (Tabela 7). O fragmento EST apresentou o dobro do
valor de árvores com epífitas observado para AFE. Os menores percentuais de árvores
com epífitas foram apresentados por IMB, FRV2, FRV1, BEP, VEN e AND (Tabela 7).
4.2.4. Disponibilidade de Anuros
O método de transecto linear acústico possibilitou a identificação de 10 espécies
de anuros que habitam os fragmentos estudados. As espécies foram identificadas como
pertencentes a 2 famílias: Leptodactylidae e Hylidae (Tabela 10). Adenomera sp. esteve
33
presente em todos os fragmentos, sendo a espécie a representar mais de 50% do total
de indivíduos registrados (Tabela 10). Leptodactylus sp., Leptodactylus fuscus,
Hypsiboas albomarginatus, Hyla sp. e Dendropsophus bipunctatus ocorreram
exclusivamente em um dos oito fragmentos.
Houve diferenças na composição das espécies e na disponibilidade de anuros
entre os fragmentos e entre as estações (Tabela 11). Os fragmentos EST e AFE
(menores de 40ha) apresentaram os maiores valores de disponibilidade de anuros.
Valores intermediários de densidade da anurofauna foram observados nos fragmentos
FRV2, AND e BEP. Os fragmentos VEN, FRV1 e IMB apresentaram os menores
valores de densidade de anuros (Tabela 7). Eleutherodactylus sp. ocorreu somente em
3 fragmentos (BEP, AFE e AND) durante a estação seca, enquanto na estação chuvosa
foi registrada em 4 dos 8 fragmentos estudados (BEP, AFE, EST, VEN e FRV1) (Tabela
11). O fragmento EST apresentou o maior número de espécies na estação chuvosa (7),
enquanto em VEN e AND houve o registro de apenas uma espécie nesta estação.
Dendropsophus decipiens ocorreu apenas durante a estação seca em VEN e
Dendropsophus bipunctatus foi registrada exclusivamente em VEN na estação seca e
apresentaram os menores valores de densidade (Tabela 11).
34
Tabela 10: Densidade (indivíduos/ha) e percentual de anuros em fragmentos de
reintrodução do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) nos Municípios de Silva
Jardim e Rio Bonito – RJ. BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST – Estreito; AND
Andorinhas; VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2
Fazenda Rio Vermelho 2.
BEP AFE EST VEN IMB AND FRV 1 FRV 2
Leptodactylidae
Leptodactylinae
Adenomera sp
32(80) 49(71) 43(52) 31(94) 23(92) 40(95) 14(82) 41(77)
Leptodactylus sp
0 0 9(11) 0 0 0 0 0
Leptodactylus fuscus
(Schneider,1799)
0 0 1(1) 0 0 0 0 0
Physalaemus signifer
(Girard, 1853)
0 4(6) 21(26) 0 0 0 3(18) 1(2)
Eleutherodactylinae
Eleutherodactylus sp
8(20) 15(22) 6(7) 0 2(8) 2(5) 0 5(10)
Hylidae
Hylinae
Hypsiboas albomarginatus
(Spix, 1824)
0 0 2(2) 0 0 0 0 0
Hyla sp
0 0 1(1) 0 0 0 0 0
Dendropsophus
bipunctatus (Spix, 1824)
0 0 0 1(3) 0 0 0 0
Dendropsophus decipiens
(A. Lutz, 1925)
0 1(1) 0 1(3) 0 0 0 0
Scinax sp
0 0 0 0 0 0 0 6(11)
Total
40 69 83 33 25 42 17 53
35
Tabela 11: Densidade (indivíduos/ha) e percentual de anuros nas estações seca (S - Julho-Agosto/2005) e chuvosa (C -
Dezembro/2004-Março/2005) em fragmentos de reintrodução do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ. BEP - Boa Esperança; AFE - Afetiva; EST – Estreito; AND – Andorinhas;
VEN – Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 - Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2 – Fazenda Rio Vermelho 2.
BEP
AFE
EST
VEN
IMB
AND
FRV1
FRV2
S C S C S C S C S C S C S C S C
Leptodactylidae
Leptodactylinae
Adenomera sp
24(86) 8(67) 23(79) 26(65) 22(100) 21(34) 15(88) 16(100) 13(100) 10(83) 24(92) 16(100) 9(100) 5(62,5) 22(79) 19(76)
Leptodactylus sp
0 0 0 0 0 9(15) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Leptodactylus
fuscus (Schneider,1799)
0 0 0 0 0 1(2) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Physalaemus
signifer (Girard, 1853)
0 0 0 4(10) 0 21(34) 0 0 0 0 0 0 0 3(37,5) 0 1(4)
Eleutherodactylinae
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Eleutherodactylus
sp
4(14) 4(33) 6(21) 9(22,5) 0 6(10) 0 0 0 2(17) 2(8) 0 0 0 0 5(20)
Hylidae
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Hylinae
0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Hypsiboas
albomarginatus (Spix,
1824)
0 0 0 0 0 2(3) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Hyla sp
0 0 0 0 0 1(2) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Dendropsophus
bipunctatus (Spix, 1824)
0 0 0 0 0 0 1(6) 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Dendropsophus
decipiens (A. Lutz, 1925)
0 0 0 1(2,5) 0 0 1(6) 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Scinax sp
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6(21) 0
Tota
28 12 29 40 22 61 17 16 13 12 26 16 9 8 28 25
36
4.3. Há Associação entre o Tamanho do Fragmento e a Disponibilidade dos
Recursos Alimentares?
Não houve associação entre nenhum dos recursos alimentares do mico-leão-
dourado e a área dos fragmentos (Tabela 12). Entretanto, é possível perceber um
aumento da área basal das espécies frutíferas e a redução no percentual de árvores
com epífitas e densidade de anuros com o aumento da área dos fragmentos.
Tabela 12: Correlações entre disponibilidade dos recursos alimentares do mico-leão-
dourado (Leontopithecus rosalia) e tamanho do fragmento em oito fazendas particulares
(fragmentos) nos municípios de Silva Jardim e Rio Bonito. AB= área basal das espécies
frutíferas consumidas pelos micos-leões-dourados (m
2
/ha); IN= densidade de insetos
(indivíduos/ ha); AE= árvores com epífitas (%) , AN= densidade de anuros
(indivíduos/ha).
r p
AB
0,55 0,16
IN
0,20 0,63
AE
-0,45 0,27
AN
-0,38 0,35
37
4.3.1. As Variáveis de Recursos Alimentares se Correlacionam entre si?
Apenas o percentual de árvores com epífitas correlaciona-se positiva e
significativamente com anuros e negativamente com disponibilidade de frutos. Embora
o resultado entre frutas e presas (insetos e anuros) não tenha sido significativa, é
interessante observar a correlação negativa apresentada por estes recursos (Tabela
13).
Tabela 13: Correlações entre os recursos alimentares de micos-leões-dourados
(Leontopithecus rosalia) adultos em fragmentos de reintrodução da espécie nos
Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito – RJ. AB= área basal das espécies vegetais
(m
2
/ha); IN= densidade de insetos (indivíduos/ ha); AE= árvores com epífitas (%), AN=
densidade de anuros (indivíduos/ha). *significativos a p<0,05.
AB IN AE
IN
-0,39
AE
-0,73* 0,45
AN
-0,37 0,11 0,75*
38
4.3.2. Índice de Qualidade do Habitat (IQH)
A aplicação de um índice de qualidade foi proposta como meio de classificar a
qualidade dos fragmentos com base na disponibilidade dos recursos alimentares do
mico-leão-dourado. O fragmento BEP, dentre os classificados como pobre (P), foi o que
apresentou o pior índice de qualidade do habitat (IQH), seguido por AND e FRV1
(Tabela 14). Nenhum fragmento foi considerado abundante (A) em recursos
alimentares. AFE e IMB, fragmentos menores de 40ha, apresentaram os melhores IQH,
sendo contudo classificados como restritos (R). Os fragmentos EST, VEN e FRV2
apresentaram IQH escassos (Es) em recursos alimentares (Tabela 14).
Tabela 14: IQH e IQHS determinados para micos-leões-dourados (Leontopithecus
rosalia) adultos em fragmentos de reintrodução da espécie nos Municípios de Silva
Jardim e Rio Bonito – RJ. BEP – Boa Esperança; AFE Afetiva; EST – Estreito; AND
Andorinhas; VEN – Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 – Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2 –
Fazenda Rio Vermelho 2. Índice de Qualidade (IQH) e Índice de Qualidade do Habitat
com suplementação (IQHS): P – pobre, Es – escasso, R – restrito e A – abundante.
Fragmento IQH IQHS
BEP P Es
AFE R A
EST Es R
VEN Es Es
IMB R A
AND P P
FRV1 P P
FRV2 Es Es
39
4.4. Períodos de Suplementação Alimentar Diminuem ou Aumentam as
Diferenças em Qualidade do Habitat?
4.4.1. Suplementação Alimentar
Os maiores valores de energia suplementada por indivíduo (Kcal/indiv.) foram
oferecidos nos menores fragmentos, VEN, AFE e BEP. Valores médios foram
observados em AND, EST e IMB e os mais baixos valores de energia suplementada
foram observados nos dois maiores fragmentos, FRV2 e FRV1 (Tabela 7). A correlação
entre a média anual de suplementação oferecida por indivíduo (Kcal/indiv.) foi negativa
com a área dos fragmentos (r= -0,88, p= 0,0039).
4.4.2. Índice de Qualidade do Habitat Suplementado (IQHS)
A tabela 14 mostra que os níveis de suplementação oferecidos em BEP, AFE, EST
e IMB elevam a classificação do IQH destes fragmentos em um nível. Os demais
fragmentos mantiveram a mesma classificação. Estes resultados mostram diferenças
na classificação da qualidade dos fragmentos menores de 40ha quando há a inclusão
do manejo suplementar como variável de recurso alimentar.
40
4.5. Quais Aspectos do Habitat Melhor Explicam as Diferenças em Condição
Física dos Micos nos Diferentes Fragmentos?
A massa corporal apresentou associação moderadamente negativa com a
disponibilidade de insetos e moderadamente positiva com a disponibilidade de anuros.
O comprimento corporal apresentou correlação moderadamente negativa com quase
todos os recursos, exceto com a disponibilidade de frutos, com a qual apresentou
correlação moderadamente positiva. Embora os resultados não sejam significativos, o
ICF está associado negativamente com a disponibilidade de árvores com epífitas e de
anuros e apresenta baixa associação com a disponibilidade frutos e com a
suplementação (Tabela 15).
Tabela 15: Correlação entre os parâmetros de condição física, massa e comprimento
corporal, e Índice de Condição Física (ICF) e a disponibilidade dos recursos alimentares
do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) em oito fazendas particulares
(fragmentos) nos municípios de Silva Jardim e Rio Bonito - RJ. MC= massa corporal;
CC= comprimento corporal. AB= área basal das espécies frutíferas consumidas pelos
micos-leões-dourados (m
2
/ha); IN= densidade de insetos (indivíduos/ ha); AE= árvores
com epífitas (%), AN= densidade de anuros (indivíduos/ha) e SUPL= suplementação
(Kcal/indivíduo).
MC CC ICF
AB
-0,05 0,39 0,26
IN
-0,48 -0,44 -0,05
AE
0,05 -0,45 -0,49
AN
0,39 -0,51 -0,47
SUPL
0,20 -0,50 0,22
41
Não houve associação significativa entre ICF e os índices de qualidade do habitat.
Também não houve associação significativa entre a massa corporal e os índices de
qualidade do habitat (Tabela 16). Apenas o comprimento corporal apresentou forte
correlação negativa com o IQH e o IQHS, embora não significativa.
Os resultados do teste de qui-quadrado mostram diferenças significativas para a
presença de machucados (MA) entre as classes de IQH (χ
2
= 22,08 e P= 0,0001). Não
houve diferenças significativas entre a presença de indivíduos com dentes danificados
(DD) e com ectoparasitos (EP) e as classes de IQH (χ
2
= 3,64 e P= 0,16; χ
2
= 1,49 e P=
0,47).
Tabela 16: Correlação entre os parâmetros de condição física, massa e comprimento
corporal do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e o Índice de Condição Física
(ICF), o Índice de Qualidade do Habitat (IQH) e o Índice de Qualidade do Habitat
Suplementado (IQHS) em 8 fazendas particulares (fragmentos) nos municípios de Silva
Jardim e Rio Bonito - RJ. MC= massa corporal; CC= comprimento corporal.
IQH IQHS
MC
-0,20 -0,08
CC
-0,57 -0,61
ICF
0,15 -0,28
42
5. DISCUSSÃO
5.1. Há Diferenças Significativas nos Parâmetros de Condição Física dos
Micos-Leões-Dourados em Diferentes Fragmentos?
Os resultados de massa corporal de micos-leões-dourados adultos reintroduzidos
observados neste estudo estão de acordo com os apresentados em estudo anterior
entre os grupos que habitam fragmentos com menos de 500ha (Amorim et al., 2003),
embora as médias tenham sido mais baixas. A média geral de massa corporal
apresentada para os micos-leões-dourados adultos em fragmentos de reintrodução
(600,70g) foi superior à apresentada por Procópio de Oliveira et al. (2005) na Reserva
Biológica União (542,2g), mas próxima à apresentada por Dietz et al. (1994) na Rebio
PDA (600g, média de machos= 620g e fêmeas= 580g).
Os fragmentos com menos de 40ha (exceção de BEP) apresentaram indivíduos
com baixos valores de massa e comprimento corporal, sugerindo que a oferta de
alimento é menor nestes fragmentos. Outro possível fator de influência, observado
neste estudo, foi que a densidade populacional em fragmentos com menos de 40ha é
maior do que a dos fragmentos entre 40 e 150ha e que a dos maiores de 150ha.
Embora os indivíduos que habitam fragmentos com menos de 40ha apresentem valores
reduzidos de massa e comprimento corporal, o Índice de Qualidade do Habitat (IQH)
destes fragmentos determinado pela disponibilidade dos recursos alimentares, esteve
entre os melhores. A exceção para este padrão é observada no fragmento BEP, que
apesar de apresentar a menor área e o pior IQH e a maior taxa de densidade, os
indivíduos apresentaram os maiores valores de massa e comprimento corporais e o
segundo melhor Índice de Condição Física (ICF). Uma hipótese para estes resultados
pode ser o padrão diferenciado de manejo dos micos, no qual a suplementação
alimentar é maior em fragmentos com menos de 40ha.
Os fragmentos FRV1 e FRV2 (> 150ha) apresentaram os maiores indivíduos,
porém, FRV1 apresentou indivíduos com as menores massas corporais, indicando que
estes possam estar mais magros quando comparados aos indivíduos dos outros
fragmentos. Mesmo assim, o ICF para os indivíduos em FRV1 foi considerado bom (B).
43
Este resultado sugere que (a) esta classificação não deve ser considerada ideal à
condição física do MLD, e/ou que (b) o manejo suplementar oferecido neste fragmento
não está suprindo as necessidades nutricionais dos animais. Alguns estudos
demonstram que algumas espécies de primatas apresentam aumentos significativos em
massa corporal quando mantidos em cativeiro (Fooden e Izor, 1983 e Leigh, 1994) ou
em áreas suplementadas (Altmann et al., 1993 e Leigh, 1994), porém há poucos
trabalhos que apresentem dados de indivíduos que são suplementados em seu habitat
natural. Segundo Altmann et al. (1993), fêmeas velhas (+ 40 meses) de babuínos
encontradas em vida livre e que têm sua dieta suplementada são 52% mais pesadas
que as fêmeas de mesma idade em habitat selvagem. Muitas espécies também exibem
acentuada variação sazonal de massa corporal (Smith & Jungers, 1997; DuMond &
Hutchinson, 1967; Hladik et al., 1980; Petter-Rousseaux, 1980; Zhao, 1994; Wright &
Martin, 1995). Segundo Richard et al. (2000), machos e fêmeas adultos de lemur
(Propithecus verreauxi) são mais pesados no início da estação seca e mais leves ao
final desta estação. Assim, seria importante que a condição física dos indivíduos fosse
avaliada em períodos onde a escassez de alimento fosse limitante.
O tamanho do fragmento não está associado aos parâmetros ou ao índice de
condição física dos micos-leões-dourados, mas as diferentes combinações de variáveis
podem explicar alguns resultados. O fato de os indivíduos em BEP exibirem altos
valores de massa e comprimento corporal onde há baixa disponibilidade de presas e de
diversidade de espécies frutíferas enfatiza a importância dos recursos alimentares
alternativos para a sua sobrevivência nestas áreas. Se observarmos os indivíduos de
AFE podemos verificar que estes apresentam baixos valores de massa e comprimento
corporal em um fragmento onde há alta disponibilidade de presas e alta oferta de
suplementação. Em IMB - onde há baixa disponibilidade de frutos, anuros, epífitas e
suplementação - a elevada disponibilidade de insetos parece não ser suficiente para
que os indivíduos apresentem uma boa condição física. Assim, a suplementação
alimentar pode representar um recurso muito importante não somente onde a
disponibilidade de alguns dos recursos é baixa, mas também onde a disponibilidade de
apenas um dos recursos é elevada.
A ocorrência de dentes danificados e ectoparasitos foram diferentes entre os
fragmentos. Os fragmentos AFE, VEN, IMB e FRV2 foram os que apresentaram
44
indivíduos com dentes sem cáries, desgaste ou descoloração do esmalte. Neste estudo
buscou-se apenas avaliar a condição física dos micos-leões-dourados utilizando dados
de monitoramento da espécie realizado pela equipe de reintrodução. Contudo, alguns
fatores como diferenças de dieta, sazonalidade, microhabitat, diferenças de alimentos e
de forrageio intergrupo e nas propriedades físicas dos alimentos devem ser
consideradas em estudos que abordem o desgaste dos dentes (Teabord e
Glander,1991). Os estudos de Teabord e Oyen (1989) e de Teabord e Glander (1991)
também têm mostrado diferenças em microdesgaste de dentes de bugios (Alouatta) em
habitats que apresentam sazonalidade nos recursos alimentares desta espécie.
Não há estudos de infestação por ectoparasitos em primatas, mas (a) a densidade
populacional ocasionando maior contato com parasitos e (b) a ocorrência ou efetividade
dos mecanismos de controle de ectoparasitos (catação) são hipóteses que devem ser
consideradas. BEP é o menor fragmento e o que apresenta a maior densidade
populacional, porém FRV1 e FRV2 possuem baixa densidade. Ainda não há dados de
comportamento de catação dos micos-leões-dourados nos fragmentos.
5.2. Fragmentos de Diferentes Tamanhos Apresentam Diferenças na
Disponibilidade dos Alimentos Consumidos pelos Micos?
Segundo Strier (2000), fragmentos com maior diversidade de espécies apresentam
mais opções de dieta alternativa disponível enquanto que fragmentos homogêneos
apresentam opções restritas de alimentos. Ainda que os fragmentos deste estudo não
tenham apresentado diferenças significativas na disponibilidade dos frutos, foi
observada uma baixa disponibilidade no número de espécies de frutos que fazem parte
da dieta dos MLDs em todos os fragmentos estudados. Um estudo realizado na
Reserva União mostrou que 25% das espécies de frutos consumidas pelo MLD
pertencem à família Myrtaceae (AMLD, 2004). Procópio de Oliveira (2002) observou
que algumas espécies são consumidas mais intensamente por dois grupos de mld na
Rebio União, como: Inga edulis, Bactris setosa, Myrcia fallax Symphonia globulifera e as
espécies de Cecropia. Carvalho et al. (2006) demonstraram haver uma redução na
riqueza e abundância de espécies frutíferas, especialmente das famílias Myrtaceae e
45
Sapotaceae, que são bastante consumidas pelos micos, nos fragmentos da região de
Imbaú (AFE, EST, IMB, AND e STP (Sítio do Professor - 155ha)). Nos fragmentos AFE
e EST não foram registrados indivíduos pertencentes à Myrtaceae e em IMB apenas um
indivíduo foi encontrado. Em EST, VEN, IMB e FRV1 não houve registro de espécies de
Sapotaceae. Além disso, Symphonia globulifera, fonte de néctar importante no período
seco, não foi registrada nos fragmentos.
Segundo Peres (1996), o resultado de aumento na densidade populacional em
termos de biomassa é consistente com o aumento no uso dos recursos. Segundo
Stevenson (2001), é esperado que a biomassa de primatas esteja mais bem
correlacionada com a abundância das espécies vegetais preferidas por cada espécie de
primata. Apesar de BEP ter apresentado uma das menores áreas basais e número de
indivíduos das espécies vegetais, este fragmento apresentou o terceiro maior número
de indivíduos (16) presentes nas três famílias mais consumidas pelos MLDs:
Myrtaceae, Fabaceae e Sapotaceae (Procópio de Oliveira, 2002). A composição
vegetal nesse caso seria uma hipótese adicional à suplementação para explicar o
elevado ICF apresentado pelos micos que habitam BEP, mesmo que este fragmento
tenha uma reduzida disponibilidade de insetos. Este fato sugere que os poucos
indivíduos das espécies vegetais podem suprir, de forma eficiente, as fontes de
nutrientes essenciais à dieta do mico-leão-dourado. No entanto, os altos valores tanto
de área basal quanto de indivíduos total e de indivíduos pertencentes às três famílias
mais consumidas, não resultaram em elevado ICF para os indivíduos que habitam
FRV2, por exemplo. Uma hipótese que justificaria a baixa classificação do ICF neste
fragmento seria a influência da variação sazonal das espécies vegetais e da
competição interespecífica por recursos alimentares. Entretanto, segundo Ruiz-Miranda
(comunicação pessoal) o percentual máximo encontrado para a sobreposição dos frutos
que compõem a dieta dos micos-leões-dourados e saguis nos fragmentos foi de 17%.
Na Rebio União, os frutos preferidos pelos micos são mais abundantes durante a
estação chuvosa do que na estação seca. Estas diferenças sazonais na disponibilidade
dos frutos são responsáveis pela alteração da dieta observada em muriquis ao longo do
ano (Strier, 1991). Chapman (1988) cita que períodos de variação na disponibilidade
dos principais itens alimentares são responsáveis por alterações nos padrões
comportamentais de primatas como, deslocamento, estratégias de forrageamento e
46
utilização de habitat e localização eficiente de recursos. Segundo Miller (2002) os
micos-leões-dourados gastam mais tempo consumindo matéria vegetal nos meses da
estação seca quando comparados com os meses da estação chuvosa. Não existem
dados de fenologia para todas as espécies consumidas pelos micos nas áreas
estudadas, porém, é possível que períodos de escassez de alimentos, gerados pela
sazonalidade, possam estar influenciando a condição física dos grupos nos diferentes
fragmentos.
Com relação à disponibilidade de insetos, o método adotado nas capturas não foi
muito eficiente, possibilitando a captura de apenas um pouco mais da metade dos
indivíduos avistados. A semelhante freqüência de insetos nas áreas de interior e borda
nas estações seca e chuvosa corroboram a bibliografia (Burgess, et al., 1999; Develey
& Peres, 2000). Ao contrário do esperado, não houve associação significativa com a
área dos fragmentos.
Segundo Bertoluci & Rodrigues (2002), os anuros utilizam corpos d`água de forma
diferenciada, revelando uma característica comum de seleção de habitats reprodutivos.
Essa especificidade de sítios reprodutivos pode estar influenciando a comunidade de
anuros dos locais estudados. Por exemplo, os girinos que se desenvolvem em
ambientes que apresentam poças d`água por períodos curtos (ambientes temporários)
sofrem menos predação que os que se desenvolvem em ambientes permanentes,
atraindo assim maior número de espécies (Skelly, 1997). Além disso, Peres (1986)
estudando grupos de micos-leões-dourados na RBPDA identificou diferentes padrões
de comportamento em habitats escolhidos para forrageamento. Em geral observou o
uso de alagados no forrageamento de presas e topo de morros para descanso e
consumo de frutos, flores e exudados. Mesmo que o levantamento acústico dos anuros
tenha contemplado a especificidade da presença destes em locais alagados e do
comportamento de forrageio dos micos-leões-dourados, um estudo isolado sobre
disponibilidade das áreas de brejo, topos de morros, encostas e pastos poderia elucidar
as possíveis diferenças apresentadas pelos fragmentos. De certa forma, estes registros
indicam a potencialidade dos remanescentes florestais desta região em abrigar
expressiva diversidade de anfíbios da Mata Atlântica, o que torna urgente medidas de
conservação e manejo para estas áreas visando à disponibilidade de presas nos
fragmentos como recursos indispensáveis à dieta do mico-leão-dourado.
47
Em face das estimativas dos recursos e o tamanho da amostra limitarem a
utilização destes dados, é interessante observar que a aquisição de dados de
disponibilidade dos recursos nos fragmentos pode ajudar a subsidiar ações de manejo
suplementar e de restauração do habitat. Além disso, os resultados sobre o estudo da
disponibilidade de insetos e de anuros colaboram com o início de investigações sobre a
situação das presas sob intensa predação tanto dos micos quanto dos sagüis nos
fragmentos estudados. Segundo Coimbra-Filho (2003) tais experimentos devem ser
concretizados tendo em vista o aumento do potencial alimentar das áreas escolhidas
para reintrodução.
5.3. Períodos de Suplementação Alimentar Amenizam os Efeitos da Baixa
Qualidade dos Fragmentos sobre a Condição Física dos Animais?
Embora as variáveis de disponibilidade de recursos tenham falhado na predição
das diferenças na condição corporal dos indivíduos, é interessante observar a influência
da suplementação em indivíduos que habitam fragmentos com baixa qualidade. Os
alimentos suplementados foram os itens mais observados durante comportamento de
transferência de alimentos entre micos-leões-dourados reintroduzidos (Ruiz-Miranda et
al., 1999). Ruiz-Miranda et al. (2003) comparando animais adultos de cativeiro
reintroduzidos e sua prole selvagem também mostraram que o manejo pós-solta
apresenta maior influência sobre a massa corporal do que a origem do indivíduo. A
idéia de que os menores fragmentos apresentariam indivíduos com melhores condições
físicas devido ao manejo suplementar foi confirmada pelos resultados apresentados
neste estudo. Os fragmentos com menos de 40ha (VEN, AFE e BEP), que receberam
elevados níveis de suplementação, apresentaram indivíduos com bons resultados de
condição física.
48
5.3.1. Índice de Qualidade do Habitat (IQH)
Era esperado que a qualidade do habitat fosse melhor quanto maior o tamanho do
fragmento. O resultado da lógica Fuzzy para o IQH não apresentou nenhum fragmento
classificado como abundante (A), porém, é interessante observar a ocorrência de
possíveis alterações dos resultados do IQH quando da inclusão da suplementação. De
acordo com a classificação proposta neste estudo, 4 fragmentos, 3 deles menores de
40ha (BEP, AFE e VEN) e um fragmento entre 40 e 300ha (IMB), subiram um nível
quando comparados aos IQH, que não consideram a suplementação. AFE e IMB
passaram de fragmentos restritos (R) a abundantes (A), BEP foi considerado escasso
(Es) e EST passou a classificação de (R).
Resultado interessante é observado pela possibilidade de uso de variáveis de
disponibilidade de recursos chaves para a sobrevivência dos micos como indicadores
para a formulação de um índice de qualidade de habitat para o L. rosalia. No entanto, o
uso das varáveis escolhidas ou mesmo da definição das classes pode ter limitado a
aplicação do índice. Apesar disso, a utilização deste índice sugere uma importante
ferramenta na predição de viabilidade populacional do mico-leão-dourado.
Evidentemente que os índices aqui propostos apresentam alguns problemas, como o
baixo “n” amostral de indivíduos, reduzido esforço amostral na coleta de insetos e
anuros e dificuldades nas definições das classes fuzzy. Além do mais, o uso de um
parâmetro de produtividade de frutos que considerasse o volume de frutos na copa das
árvores (Chapman et al., 1992; Chapman et al., 1999; Stevenson, 2001; Miller e Dietz,
2004;) ou o uso de coletores de frutos (Norconk, 1996) apresentaria uma melhor
estimativa, porém o tempo necessário para aplicação destas metodologias é elevado
para um estudo de mestrado. Entretanto, as análises realizadas, utilizando os índices
de condição física e de qualidade do habitat, apresentaram resultados interessantes
para a escala de tamanho dos fragmentos estudados. Os estudos de micos-leões-
dourados são realizados em fragmentos menores de 500ha, daí a grande aplicabilidade
e aproveitamento das informações geradas neste estudo.
49
5.4. Quais Aspectos do Habitat Melhor Explicam as Diferenças em Condição
Física dos Micos nos Diferentes Fragmentos?
Os resultados não demonstraram associação entre as variáveis de qualidade do
habitat e o tamanho do fragmento ou entre as variáveis de condição física e o tamanho
do fragmento. A falta de linearidade na relação entre tamanho do fragmento e variáveis
corporais para micos-leões-dourados adultos não permitiu fazer muitas inferências
sobre as variações na condição física dos indivíduos. Contudo, nesta escala de
tamanho de fragmentos alguns resultados interessantes são mostrados analisando-se
as respostas dos parâmetros de condição física e a qualidade do habitat em cada
fragmento. Aparentemente, as diferenças em condição física não têm relação com a
disponibilidade dos recursos naturais nos fragmentos, mas sim com as diferenças no
manejo de suplementação alimentar. Embora a disponibilidade de recursos (incluindo a
suplementação) não esteja diretamente relacionada com o tamanho do fragmento, a
suplementação significativamente diferente entre estes pode estar servindo como
tampão da qualidade dos recursos alimentares nos fragmentos.
O fragmento AFE apresentou indivíduos com o melhor ICF dentro da classe
regular e o melhor IQH. Ainda assim, não é possível afirmar que a classificação do IQH
como restrito seja apropriado para a boa manutenção dos micos, pois os indivíduos
apesar de não apresentarem DD, MA ou EP apresentaram os mais baixos valores de
MC e CC. Algumas das diferenças observadas para os IQH e ICF entre os fragmentos
são difíceis de explicar. Por exemplo, embora o fragmento EST seja similar em área ao
fragmento AFE e apresente semelhante oferta de suplementação alimentar e IQH, os
indivíduos em EST apresentaram ICF bastante inferior aos indivíduos de AFE. Isto pode
ser explicado pelo menor valor de disponibilidade de frutos apresentados por EST e
pela elevada proporção de indivíduos com dentes danificados, condição que reflete a
baixa qualidade nutricional da dieta. Além disso, EST apresenta duas vezes a
densidade de indivíduos em AFE. Outro exemplo seria o dos indivíduos presentes em
VEN, local onde o IQH foi considerado escasso e onde o mais alto nível de
suplementação mesmo não elevando a classificação do fragmento permitiu a
classificação dos indivíduos com bom ICF.
50
O levantamento da disponibilidade dos recursos não foi capaz de explicar porque
populações de micos que habitam fragmentos de tamanho diferentes apresentam
diferentes índices de condição física. Porém, se a baixa capacidade de suporte destes
locais definida pela qualidade do habitat for a causa dos baixos índices de condição
física, então a população de micos-leões-dourados encontram-se ainda mais
vulneráveis em períodos de escassez de alimentos. Assim, os resultados sugerem a
importância do manejo de suplementação alimentar na condição física de micos-leões-
dourados adultos em fragmentos do projeto de reintrodução.
Este estudo revela a complexidade dos fatores envolvidos na determinação do
manejo adequado às necessidades impostas por cada local escolhido para reintrodução
dos animais. Entretanto, a discussão mais importante deste estudo não se refere à
análise isolada das variáveis de qualidade do habitat ou da suplementação, mas sim à
complexidade de avaliação da influência destas variáveis nas diferentes respostas de
condição física dos indivíduos em cada fragmento.
51
6. CONCLUSÕES
Os resultados estatísticos não mostraram diferenças significativas para os
parâmetros massa, comprimento corporal, dentes danificados e ectoparasitos,
sendo apenas significativos os resultados apresentados para indivíduos
machucados entre os fragmentos e entre as categorias de fragmentos. A grande
variação no número de indivíduos entre os fragmentos pode ter dificultado a
interpretação dos resultados. Contudo, outros parâmetros, como a presença de
endoparasitos e análises de alguns componentes sanguíneos, poderiam refletir
melhor a condição física geral dos animais.
Houve diferenças em disponibilidade dos recursos entre os fragmentos, mas estas
diferenças não estão relacionadas ao tamanho dos fragmentos. Não foi observado
um padrão nas diferenças de disponibilidade dos recursos entre os fragmentos.
Provavelmente o número limitado de fragmentos e o baixo número de indivíduos na
amostragem não tenham sido suficientes para a identificação desse padrão.
O resultado da lógica Fuzzy para o IQH não apresentou nenhum fragmento
classificado como abundante (A), porém, é interessante observar a ocorrência de
possíveis alterações dos resultados do IQH quando da inclusão da suplementação,
já que esta constitui importante fonte adicional de frutos.
O levantamento da disponibilidade dos recursos não foi capaz de explicar porque
populações de micos que habitam fragmentos de tamanhos diferentes apresentam
diferentes índices de condição física. As diferentes respostas das variáveis de
condição física poderiam, então, ser justificadas (a) pelos níveis diferenciados de
suplementação, (b) pela disponibilidade de um ou mais recursos alimentares, (c)
pela sazonalidade destes recursos, e (d) influência de outros fatores.
Os índices de condição física e de qualidade do habitat, determinados pela lógica
fuzzy, constituem uma interessante forma de avaliação das populações e dos
fragmentos de reintrodução do mico-leão-dourado. Além disso, uso da lógica Fuzzy
pode ser ampliado utilizando outras variáveis e abordando diferentes enfoques com
o intuito de restaurar e conservar o habitat e as espécies locais.
52
7. RECOMENDAÇÕES PARA PROJETOS DE REINTRODUÇÃO
1- Estudo fenológico dos recursos alimentares dos animais nos fragmentos;
2- Estudo prévio da qualidade e disponibilidade dos recursos disponíveis nas
áreas selecionadas para reintrodução;
3- A suplementação pode representar uma alternativa emergencial para minimizar
os efeitos da qualidade do habitat para micos-leões-dourados localizados em
áreas onde a disponibilidade de alimentos não seja adequada;
4- Estudos sobre a competição com outras espécies que apresentem
superposição dos alimentos em suas dietas;
5- Corredores florestais permitindo o acesso a áreas de alta qualidade auxiliariam
o aumento da área de uso das populações e o acesso a maior diversidade e
quantidade de recursos;
6- Aumento da qualidade dos recursos nos fragmentos através da restauração
florestal com espécies nativas e que são fontes de alimentos chaves para a
sobrevivência do mico-leão-dourado na natureza. Uma vez que estas áreas
estão protegidas e constituem habitat de uma espécie ainda ameaçada de
extinção, o próximo passo seria promover a restauração florestal para
aumentar a possibilidade de sustentabilidade das populações e redução
progressiva da influência da suplementação.
53
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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62
APÊNDICES
63
Apêndice 1: Relação das famílias e espécies arbóreas frutíferas consumidas por
micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) na Reserva Biológica União, RJ.
Família Espécie Referência
Acanthaceae Mendoncia velloziana Mart. Procópio de Oliveira, 2002
Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Annonaceae Rollinia dolabripetala (Raddi)
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Araceae Monstera sp. Procópio de Oliveira, 2002
Bactris setosa Mart.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Arecaceae
Euterpe edulis Mart.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Cordia sp.1
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Boraginaceae
Tournegortia sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Bromelia (flor)
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Bromeliaceae
Bromelia (fruto) Procópio de Oliveira, 2002
Burseraceae
Protium brasiliense (Spreng.)
Engl.
Procópio de Oliveira, 2002
Rhipsalis elliptica Lindl. K.
Schum.
Procópio de Oliveira, 2002
Cactaceae
Rhipsalis teres (Vell.) Steud. Procópio de Oliveira, 2002
Cecropia glaziovii Snethl.
Procópio de Oliveira, 2002
Cecropia hololeuca Miq.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Cecropia pachystachya Trécul.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Cecropiaceae
Pourouma guianensis Aubl. ssp.
guianensis
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Rheedia brasiliensis (Mart.)
Planch. & Triana
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Clusiaceae
Syimphonia globulifera L.f.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Euphorbiaceae Mabea piriri Aubl. Procópio de Oliveira, 2002
64
Família Espécie Referência
Inga edulis (Vell.) Mart.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Inga leptantha Benth. Procópio de Oliveira, 2002
Inga sp.
Procópio de Oliveira, 2002
Fabaceae
Inga tribaudiana DC. Procópio de Oliveira, 2002
Casearia cf. lasiophylla Eichler Procópio de Oliveira, 2002
Flacourtiaceae
Casearia decandra Jacq. Procópio de Oliveira, 2002
Lacistemataceae Lacistema pubescens Mart. Procópio de Oliveira, 2002
Loganiaceae Strychnos sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Malpighiaceae Byrsonima stipulacea A. Juss. Procópio de Oliveira, 2002
Henriettea saldanhaei
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Leandra cf. therezopolitana
Cogn.
Procópio de Oliveira, 2002
Miconia cf. buddlejoides Triana Procópio de Oliveira, 2002
Miconia cinammomifolia (DC)
Naud.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Miconia latecrenata (DC.)
Naudim
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Miconia lepidota Schrank & Mart.
Ex. DC.
Erbesdobler, 2003
Melastomataceae
Miconia sp.3 Procópio de Oliveira, 2002
Abuta sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Menispermaceae
Hyperbaena domingensis (DC.) Procópio de Oliveira, 2002
Ficus cestrifolia Schott Procópio de Oliveira, 2002
Ficus gomelleira Kunth. &
Bouché
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Ficus hirsuta Vell. Procópio de Oliveira, 2002
Helicostylis tomentosa (Poepp. &
Endl.) Rusby
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Moraceae
Sorocea hilarii Gaudich. Procópio de Oliveira, 2002
Calycorectes sp. Procópio de Oliveira, 2002
Myrtaceae
Calycorectes sp.2 Procópio de Oliveira, 2002
65
Família Espécie Referência
Calyptranthes lucida Mart. Ex
DC.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Eugenia brasiliensis Lam. Procópio de Oliveira, 2002
Eugenia cf. robustovenosa
Kiaersk.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Eugenia sp. Procópio de Oliveira, 2002
Eugenia sp.1 Erbesdobler, 2003
Eugenia sp.2 Erbesdobler, 2003
Eugenia sp.4 Procópio de Oliveira, 2002
Eugenia sp.6 Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea subacuminata Kiaersk. Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea obscura O. Berg Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea parviflora O. Berg Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea sp. Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea sp.2 Procópio de Oliveira, 2002
Marlierea strigipes (Mart.) Berg. Erbesdobler, 2003
Myrcia fallax (Rich.) DC.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Myrcia sp. Procópio de Oliveira, 2002
Myrcia sp.3 Procópio de Oliveira, 2002
Psidium guajava L. Erbesdobler, 2003
Myrtaceae
Psidium longipetiolatum D.
Legrand
Procópio de Oliveira, 2002
Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Procópio de Oliveira, 2002
Passifloraceae Passiflora sp.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Polygonaceae Coccoloba sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Coussarea meridionallis (Vell.)
Müll. Arg.
Erbesdobler, 2003
Faramea bracteata Benth. Procópio de Oliveira, 2002
Rubiaceae
Faramea multiflora var. salicifolia
(Presl.) Steyerm.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
66
Família Espécie Referência
Psychotria mapourioides DC. Erbesdobler, 2003
Randia sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Sabicea aspera Aubl. Erbesdobler, 2003
Sabicea sp. Procópio de Oliveira, 2002
Sabicea sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Rubiaceae
Tocoyena brasiliensis Mart. Procópio de Oliveira, 2002
Ecclinusa ramiflora Mart. Procópio de Oliveira, 2002
Micropholis gardneriana (A. DC.)
Pierre
Procópio de Oliveira, 2002
Pouteria sp.5 Procópio de Oliveira, 2002
Pouteria banggi (Rusby) T.D.
Penn.
Erbesdobler, 2003 e Procópio de
Oliveira, 2002
Pouteria cf. torta (Mart.) Radlk. Procópio de Oliveira, 2002
Pradosia kuhlmanii Toledo Erbesdobler, 2003
Pradosia sp.1 Procópio de Oliveira, 2002
Sapotaceae
Sarcaulus brasiliensis (A. DC.)
Eyma.
Procópio de Oliveira, 2002
Sapindaceae Paulinia ferruginea Casar. Erbesdobler, 2003
67
Apêndice 2: Número de indivíduos das espécies e famílias vegetais da dieta dos MLDs
presentes em fragmentos do projeto de Reintrodução nos Municípios de Silva Jardim e
Rio Bonito – RJ (Carvalho et al., 2006 e Nascimento e Carvalho, dados não
publicados). BEP – Boa Esperança; AFE – Afetiva; EST – Estreito; AND – Andorinhas;
VEN Vendaval; IMB – Imbaú; FRV1 – Fazenda Rio Vermelho 1 e FRV2 Fazenda
Rio Vermelho 2.
Família Espécies BEP AFE EST VEN IMB AND FRV1 FRV2
Anacardiaceae
Tapirira guianensis
3 1 3 1 5
Annonaceae
Rollinia dolabripetala
1 2 3
Arecacea
Euterpe edulis
17 1
Boraginaceae
Cordia sellowiana
1
Cecropia glaziovii
1 5
Cecropiaceae
Cecropia hololeuca
1 2 3 1
Inga cilindrica
2
Fabaceae
Inga edulis
3
Lacistemataceae
Lacistema pubescens
8 20 3 53 27 10 13 22
Byrsonima sp.
2 1
Malpighiaceae
Byrsonima sp1
1
Miconia cinnamomifolia
3 1 2 9 4 5 1
Melastomateceae
Miconia sp1
3
Ficus sp.
2
Moraceae
Sorocea hillarii
1 3
Eugenia olivacea
3 3
Eugenia velutiflora
1
Myr. Sp2 "bolinha"
17
Myrcia fallax
5 30 1 1 3
Myrcia hexasticha
3 1
Myrtaceae
Myrcia rostrata
7 3 1 7
Guappira opposita
2 11 2 13 9 12
Nyctaginaceae
Helycostylis tomentosa
1 22 1 16 13 20
Ecclinusa ramiflora
5 1 1
Pouteria caimito
1
Pouteria guianensis
1
Sapotaceae
Pouteria torta
2 1 2
Total de
indivíduos
33 76 16 105 41 57 49 95
68
Apêndice 3: Valores das classes das variáveis de condição física do mico-leão-dourado
(Leontopithecus rosalia) para a transformação das classes “fuzzy” do Índice de
Condição Física (ICF). MC= massa corporal; CC= comprimento corporal; DD= dente
danificado; MA= machucado e EP= ectoparasito.
Classes
Baixa (b) Média (m) Alta (a)
MC <560 520-650 >650
Pequeno(p) Médio (m) Grande (g)
CC <175 165-205 >205
Classes
Variáveis Ausência Presença
DD 0 1
MA 0 1
EP 0 1
69
Apêndice 4: Regras para determinação do índice de condição física (ICF) em micos-
leões-dourados (Leontopithecus rosalia) para a transformação das classes “fuzzy”.
MC= massa corporal (b= baixo,m= médio e a= alto); CC= comprimento corporal (p=
pequeno, m= médio e g= grande); DD= dente danificado; MA= machucado; EP=
ectoparasito (s= sim e n= não); ICF (P= pobre; Es= escasso, R= regular e A=
abundante).
Regras MC CC DD MA EP ICF
1 Baixa Pequeno Presença Presença Presença P
2 Baixa Pequeno Presença Presença Ausência P
3 Baixa Pequeno Presença Ausência Presença P
4 Baixa Pequeno Presença Ausência Ausência P
5 Baixa Pequeno Ausência Presença Presença P
6 Baixa Pequeno Ausência Presença Ausência P
7 Baixa Pequeno Ausência Ausência Presença P
8 Baixa Pequeno Ausência Ausência Ausência R
9 Baixa Médio Presença Presença Presença P
10 Baixa Médio Presença Presença Ausência P
11 Baixa Médio Presença Ausência Presença P
12 Baixa Médio Presença Ausência Ausência P
13 Baixa Médio Ausência Presença Presença P
14 Baixa Médio Ausência Presença Ausência P
15 Baixa Médio Ausência Ausência Presença P
16 Baixa Médio Ausência Ausência Ausência R
17 Baixa Grande Presença Presença Presença P
18 Baixa Grande Presença Presença Ausência P
19 Baixa Grande Presença Ausência Presença P
20 Baixa Grande Presença Ausência Ausência P
21 Baixa Grande Ausência Presença Presença P
22 Baixa Grande Ausência Presença Ausência P
23 Baixa Grande Ausência Ausência Presença P
24 Baixa Grande Ausência Ausência Ausência P
25 Média Pequeno Presença Presença Presença P
26 Média Pequeno Presença Presença Ausência P
27 Média Pequeno Presença Ausência Presença P
28 Média Pequeno Presença Ausência Ausência P
29 Média Pequeno Ausência Presença Presença P
30 Média Pequeno Ausência Presença Ausência P
31 Média Pequeno Ausência Ausência Presença R
32 Média Pequeno Ausência Ausência Ausência R
33 Média Médio Presença Presença Presença P
70
Regras MC CC DD MA EP ICF
34 Média Médio Presença Presença Ausência P
35 Média Médio Presença Ausência Presença R
36 Média Médio Presença Ausência Ausência R
37 Média Médio Ausência Presença Presença R
38 Média Médio Ausência Presença Ausência B
39 Média Médio Ausência Ausência Presença B
40 Média Médio Ausência Ausência Ausência B
41 Média Grande Presença Presença Presença P
42 Média Grande Presença Presença Ausência P
43 Média Grande Presença Ausência Presença R
44 Média Grande Presença Ausência Ausência R
45 Média Grande Ausência Presença Presença R
46 Média Grande Ausência Presença Ausência B
47 Média Grande Ausência Ausência Presença B
48 Média Grande Ausência Ausência Ausência B
49 Alta Pequeno Presença Presença Presença P
50 Alta Pequeno Presença Presença Ausência P
51 Alta Pequeno Presença Ausência Presença P
52 Alta Pequeno Presença Ausência Ausência P
53 Alta Pequeno Ausência Presença Presença P
54 Alta Pequeno Ausência Presença Ausência P
55 Alta Pequeno Ausência Ausência Presença P
56 Alta Pequeno Ausência Ausência Ausência P
57 Alta Médio Presença Presença Presença P
58 Alta Médio Presença Presença Ausência P
59 Alta Médio Presença Ausência Presença P
60 Alta Médio Presença Ausência Ausência R
61 Alta Médio Ausência Presença Presença R
62 Alta Médio Ausência Presença Ausência R
63 Alta Médio Ausência Ausência Presença B
64 Alta Médio Ausência Ausência Ausência B
65 Alta Grande Presença Presença Presença P
66 Alta Grande Presença Presença Ausência P
67 Alta Grande Presença Ausência Presença R
68 Alta Grande Presença Ausência Ausência R
69 Alta Grande Ausência Presença Presença R
70 Alta Grande Ausência Presença Ausência R
71 Alta Grande Ausência Ausência Presença B
72 Alta Grande Ausência Ausência Ausência B
71
Apêndice 5: Limites mínimos e máximos das classes na função trapezoidal que
representa as classes na lógica “Fuzzy”.
Classe 1- baixa Classe 2- média Classe 3- alta
Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo
MC
450 560 520 650 610 800
CC
140 175 165 205 195 250
Ausência Presença
Mínimo Máximo Mínimo Máximo
DD
-1 0,5 0,5 1
MA
-1 0,5 0,5 1
EP
-1 0,5 0,5 1
Apêndice 6: Valores das classes das variáveis de recursos alimentares do mico-leão-
dourado (Leontopithecus rosalia) para a transformação nas classes “fuzzy” do Índice de
Qualidade do Habitat (IQH). AB= área basal das espécies frutíferas consumidas por
micos-leões-dourados; IN= densidade de insetos; AE= % árvores com epífitas e AN=
densidade de anuros.
Classes
Variáveis Baixa (b) Média (m) Alta (a)
AB < 2,00 2,00 - 4,00 > 4,00
IN < 4000 4000 - 7000 > 7000
AE < 6,00 6,00 - 12,00 >12,00
AN < 40 40 - 60 > 60
72
Apêndice 7: Regras para determinação do índice de qualidade do habitat (IQH) em
micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia) para a transformação das classes
“fuzzy”. AB= área basal das espécies frutíferas consumidas por micos-leões-dourados,
IN= densidade de insetos, AE= % árvores com epífitas, AN= densidade de anuros (b=
baixo; m= médio; a= alto); IQH (P= pobre; Es= escasso, R= restrito e A= abundante).
Regras AB IN AE AN IQH
1 Baixa Baixa Baixa Baixa P
2 Baixa Baixa Baixa Média P
3 Baixa Baixa Baixa Alta P
4 Baixa Baixa Média Baixa P
5 Baixa Baixa Média Média P
6 Baixa Baixa Média Alta P
7 Baixa Baixa Alta Baixa P
8 Baixa Baixa Alta Média P
9 Baixa Baixa Alta Alta P
10 Baixa Média Baixa Baixa P
11 Baixa Média Baixa Média P
12 Baixa Média Baixa Alta P
13 Baixa Média Média Baixa P
14 Baixa Média Média Média P
15 Baixa Média Média Alta P
16 Baixa Média Alta Baixa P
17 Baixa Média Alta Média P
18 Baixa Média Alta Alta Es
19 Baixa Alta Baixa Baixa P
20 Baixa Alta Baixa Média P
21 Baixa Alta Baixa Alta P
22 Baixa Alta Média Baixa P
23 Baixa Alta Média Média P
24 Baixa Alta Média Alta Es
25 Baixa Alta Alta Baixa Es
26 Baixa Alta Alta Média Es
27 Baixa Alta Alta Alta Es
28 Média Baixa Baixa Baixa P
29 Média Baixa Baixa Média P
30 Média Baixa Baixa Alta P
31 Média Baixa Média Baixa P
32 Média Baixa Média Média P
33 Média Baixa Média Alta P
34 Média Baixa Alta Baixa Es
35 Média Baixa Alta Média Es
73
Regras AB IN AE AN IQH
36 Média Baixa Alta Alta Es
37 Média Média Baixa Baixa Es
38 Média Média Baixa Média Es
39 Média Média Baixa Alta Es
40 Média Média Média Baixa R
41 Média Média Média Média R
42 Média Média Média Alta R
43 Média Média Alta Baixa R
44 Média Média Alta Média R
45 Média Média Alta Alta R
46 Média Alta Baixa Baixa R
47 Média Alta Baixa Média R
48 Média Alta Baixa Alta R
49 Média Alta Média Baixa R
50 Média Alta Média Média R
51 Média Alta Média Alta R
52 Média Alta Alta Baixa A
53 Média Alta Alta Média A
54 Média Alta Alta Alta A
55 Alta Baixa Baixa Baixa Es
56 Alta Baixa Baixa Média Es
57 Alta Baixa Baixa Alta Es
58 Alta Baixa Média Baixa Es
59 Alta Baixa Média Média Es
60 Alta Baixa Média Alta Es
61 Alta Baixa Alta Baixa Es
62 Alta Baixa Alta Média Es
63 Alta Baixa Alta Alta R
64 Alta Média Baixa Baixa Es
65 Alta Média Baixa Média Es
66 Alta Média Baixa Alta Es
67 Alta Média Média Baixa R
68 Alta Média Média Média R
69 Alta Média Média Alta R
70 Alta Média Alta Baixa A
71 Alta Média Alta Média A
72 Alta Média Alta Alta A
73 Alta Alta Baixa Baixa R
74 Alta Alta Baixa Média R
75 Alta Alta Baixa Alta R
76 Alta Alta Média Baixa
A
77 Alta Alta Média Média A
78 Alta Alta Média Alta A
74
Regras AB IN AE AN IQH
79 Alta Alta Alta Baixa A
80 Alta Alta Alta Média A
81 Alta Alta Alta Alta A
Apêndice 8: Regras para determaltação do índice de qualidade do habitat com
suplementação (IQHS) em micos-leões-dourados (Leontopithecus roaltalia) para a
transformação das classes “fuzzy”. AB= área baaltal das espécies frutíferas consumidas
por micos-leões-dourados, IN= densidade de insetos, AE= % árvores com epífitas, AN=
densidade de anuros (b= baixo; m= médio; a= alto); IQH (P= pobre; Es= escasso, R=
restrito e A= abundante).
Regras AB IN AE AN Supl. IQHS
1 Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa P
2 Baixa Baixa Baixa Média Baixa P
3 Baixa Baixa Baixa Alta Baixa P
4 Baixa Baixa Média Baixa Baixa P
5 Baixa Baixa Média Média Baixa P
6 Baixa Baixa Média Alta Baixa P
7 Baixa Baixa Alta Baixa Baixa P
8 Baixa Baixa Alta Média Baixa P
9 Baixa Baixa Alta Alta Baixa P
10 Baixa Baixa Baixa Baixa Média P
11 Baixa Baixa Baixa Média Média Es
12 Baixa Baixa Baixa Alta Média Es
13 Baixa Baixa Média Baixa Média Es
14 Baixa Baixa Média Média Média Es
15 Baixa Baixa Média Alta Média Es
16 Baixa Baixa Alta Baixa Média Es
17 Baixa Baixa Alta Média Média Es
18 Baixa Baixa Alta Alta Média R
19 Baixa Baixa Baixa Baixa Alta Es
20 Baixa Baixa Baixa Média Alta Es
21 Baixa Baixa Baixa Alta Alta Es
22 Baixa Baixa Média Baixa Alta Es
23 Baixa Baixa Média Média Alta Es
24 Baixa Baixa Média Alta Alta Es
75
Regras AB IN AE AN Supl. IQHS
25 Baixa Baixa Alta Baixa Alta Es
26 Baixa Baixa Alta Média Alta Es
27 Baixa Baixa Alta Alta Alta R
28 Baixa Média Baixa Baixa Baixa P
29 Baixa Média Baixa Média Baixa P
30 Baixa Média Baixa Alta Baixa P
31 Baixa Média Média Baixa Baixa P
32 Baixa Média Média Média Baixa P
33 Baixa Média Média Alta Baixa P
34 Baixa Média Alta Baixa Baixa P
35 Baixa Média Alta Média Baixa P
36 Baixa Média Alta Alta Baixa Es
37 Baixa Média Baixa Baixa Média P
38 Baixa Média Baixa Média Média Es
39 Baixa Média Baixa Alta Média Es
40 Baixa Média Média Baixa Média Es
41 Baixa Média Média Média Média Es
42 Baixa Média Média Alta Média Es
43 Baixa Média Alta Baixa Média Es
44 Baixa Média Alta Média Média Es
45 Baixa Média Alta Alta Média R
46 Baixa Média Baixa Baixa Alta Es
47 Baixa Média Baixa Média Alta Es
48 Baixa Média Baixa Alta Alta Es
49 Baixa Média Média Baixa Alta R
50 Baixa Média Média Média Alta R
51 Baixa Média Média Alta Alta R
52 Baixa Média Alta Baixa Alta R
53 Baixa Média Alta Média Alta R
54 Baixa Média Alta Alta Alta R
55 Baixa Alta Baixa Baixa Baixa P
56 Baixa Alta Baixa Média Baixa P
57 Baixa Alta Baixa Alta Baixa P
58 Baixa Alta Média Baixa Baixa P
59 Baixa Alta Média Média Baixa P
60 Baixa Alta Média Alta Baixa Es
61 Baixa Alta Alta Baixa Baixa Es
62 Baixa Alta Alta Média Baixa Es
63 Baixa Alta Alta Alta Baixa Es
64 Baixa Alta Baixa Baixa Média Es
65 Baixa Alta Baixa Média Média Es
66 Baixa Alta Baixa Alta Média Es
67 Baixa Alta Média Baixa Média Es
76
Regras AB IN AE AN Supl. IQHS
68 Baixa Alta Média Média Média Es
69 Baixa Alta Média Alta Média Es
70 Baixa Alta Alta Baixa Média R
71 Baixa Alta Alta Média Média R
72 Baixa Alta Alta Alta Média R
73 Baixa Alta Baixa Baixa Alta Es
74 Baixa Alta Baixa Média Alta Es
75 Baixa Alta Baixa Alta Alta Es
76 Baixa Alta Média Baixa Alta Es
77 Baixa Alta Média Média Alta Es
78 Baixa Alta Média Alta Alta Es
79 Baixa Alta Alta Baixa Alta R
80 Baixa Alta Alta Média Alta R
81 Baixa Alta Alta Alta Alta R
82 Média Baixa Baixa Baixa Baixa P
83 Média Baixa Baixa Média Baixa P
84 Média Baixa Baixa Alta Baixa P
85 Média Baixa Média Baixa Baixa P
86 Média Baixa Média Média Baixa P
87 Média Baixa Média Alta Baixa P
88 Média Baixa Alta Baixa Baixa Es
89 Média Baixa Alta Média Baixa Es
90 Média Baixa Alta Alta Baixa Es
91 Média Baixa Baixa Baixa Média Es
92 Média Baixa Baixa Média Média Es
93 Média Baixa Baixa Alta Média Es
94 Média Baixa Média Baixa Média Es
95 Média Baixa Média Média Média Es
96 Média Baixa Média Alta Média Es
97 Média Baixa Alta Baixa Média R
98 Média Baixa Alta Média Média R
99 Média Baixa Alta Alta Média R
100 Média Baixa Baixa Baixa Alta Es
101 Média Baixa Baixa Média Alta Es
102 Média Baixa Baixa Alta Alta Es
103 Média Baixa Média Baixa Alta Es
104 Média Baixa Média Média Alta Es
105 Média Baixa Média Alta Alta Es
106 Média Baixa Alta Baixa Alta R
107 Média Baixa Alta Média Alta R
108 Média Baixa Alta Alta Alta R
109 Média Média Baixa Baixa Baixa Es
110 Média Média Baixa Média Baixa Es
77
Regras AB IN AE AN Supl. IQHS
111 Média Média Baixa Alta Baixa Es
112 Média Média Média Baixa Baixa R
113 Média Média Média Média Baixa R
114 Média Média Média Alta Baixa R
115 Média Média Alta Baixa Baixa R
116 Média Média Alta Média Baixa R
117 Média Média Alta Alta Baixa R
118 Média Média Baixa Baixa Média R
119 Média Média Baixa Média Média R
120 Média Média Baixa Alta Média R
121 Média Média Média Baixa Média A
122 Média Média Média Média Média A
123 Média Média Média Alta Média A
124 Média Média Alta Baixa Média A
125 Média Média Alta Média Média A
126 Média Média Alta Alta Média A
127 Média Média Baixa Baixa Alta R
128 Média Média Baixa Média Alta R
129 Média Média Baixa Alta Alta R
130 Média Média Média Baixa Alta A
131 Média Média Média Média Alta A
132 Média Média Média Alta Alta A
133 Média Média Alta Baixa Alta A
134 Média Média Alta Média Alta A
135 Média Média Alta Alta Alta A
136 Média Alta Baixa Baixa Baixa R
137 Média Alta Baixa Média Baixa R
138 Média Alta Baixa Alta Baixa R
139 Média Alta Média Baixa Baixa R
140 Média Alta Média Média Baixa R
141 Média Alta Média Alta Baixa R
142 Média Alta Alta Baixa Baixa A
143 Média Alta Alta Média Baixa A
144 Média Alta Alta Alta Baixa A
145 Média Alta Baixa Baixa Média A
146 Média Alta Baixa Média Média A
147 Média Alta Baixa Alta Média A
148 Média Alta Média Baixa Média A
149 Média Alta Média Média Média A
150 Média Alta Média Alta Média A
151 Média Alta Alta Baixa Média A
152 Média Alta Alta Média Média A
153 Média Alta Alta Alta Média A
78
Regras AB IN AE AN Supl. IQHS
154 Média Alta Baixa Baixa Alta A
155 Média Alta Baixa Média Alta A
156 Média Alta Baixa Alta Alta A
157 Média Alta Média Baixa Alta A
158 Média Alta Média Média Alta A
159 Média Alta Média Alta Alta A
160 Média Alta Alta Baixa Alta A
161 Média Alta Alta Média Alta A
162 Média Alta Alta Alta Alta A
Apêndice 9: Média de indivíduos presentes em fragmentos de reintrodução do mico-
leão-dourado (Leontopithecus rosalia) nos Municípios de Silva Jardim e Rio Bonito –
RJ.
Fragmentos Área
Média de
indivíduos
Densidade
Boa Esperança 9 15,4 1,7
Afetiva 19,5 8,5 0,43
Estreito 21,5 18,3 0,85
Vendaval 26,5 6 0,22
Imbaú 130 9,4 0,07
Andorinhas 145 8,4 0,05
Rio Vermelho 1 500 80,2 0,16
Rio Vermelho 2 500 78,6 0,16
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