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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONEGÓCIOS - CEPAN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS
CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ARROZ NO BRASIL:
Um estudo na Região Metropolitana de Porto Alegre
Tiago Sarmento Barata
Orientador: prof. Dr. Paulo Dabdab Waquil
Dissertação submetida ao Programa de
Pós-Graduação em Agronegócios do Centro
de Estudos e Pesquisas em Agronegócios,
da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul como requisito parcial para obtenção do
Grau de Mestre em Agronegócios.
Porto Alegre, RS
2005
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2
Ficha catalográfica
13 226
Barata, Tiago Sarmento
Caracterização do consumo de arroz no Brasil: um estudo
na Região Metropolitana de Porto Alegre/ Tiago Sarmento
Barata. Porto Alegre, 2005
93 p. il.
Dissertação (Mestrado) – UFRGS – CEPAN
1. arroz 2. Consumo de arroz 3. Comportamento do
consumidor
ii
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3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONEGÓCIOS - CEPAN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIOS
CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE ARROZ NO BRASIL:
Um estudo na Região Metropolitana de Porto Alegre
A banca examinadora abaixo relacionada aprovou no dia 26 de Abril de 2005, a
Dissertação de Tiago Sarmento Barata, com o título CARACTERIZAÇÃO DO
CONSUMO DE ARROZ NO BRASIL: UM ESTUDO NA REGIÃO METROPOLITANA
DE PORTO ALEGRE como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em
Agronegócios.
Banca Examinadora:
Paulo Dabdab Waquil
Porto Alegre, RS
2005
iii
4
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS ..................................................................................
v
LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................
viii
LISTA DE FIGURAS .....................................................................................
x
LISTA DE ANEXOS ......................................................................................
xi
RESUMO ......................................................................................................
xii
ABSTRACT ..................................................................................................
xiii
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................
14
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................
18
2.1. Teoria Econômica ..................................................................................
18
2.2. Marketing ...............................................................................................
23
3. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................
27
4. METODOLOGIA .......................................................................................
37
4.1. Etapa Exploratória..................................................................................
37
4.1.1 Caracterização das principais fontes de dados....................................
39
4.2. Etapa Descritiva ....................................................................................
40
4.2.1. Caracterização do universo de estudo ...............................................
42
4.2.2. Definição e planejamento da amostra ................................................
44
4.2.3. Caracterização do instrumento de coleta de dados............................
47
4.2.4. Tabulação e procedimentos de análise dos resultados...................... 47
5. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................
49
5.1. Variações no consumo brasileiro de arroz no período entre 1982 e
2002.....................................................................................................
49
5.2. Análise dos dados coletados junto aos consumidores da Região
Metropolitana de Porto Alegre-RS (RMPA-RS)....................................
60
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................
77
7. BIBLIOGRAFIA .........................................................................................
80
ANEXOS .......................................................................................................
85
iv
5
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 -
Classificação de arroz no Brasil, conforme determinado na
Portaria nº269, de 17/11/1988. ...............................................
31
Quadro 2 -
Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz em casca natural...
32
Quadro 3 -
Limites máximos de tolerância de defeito utilizados como
cr
itérios para definição do tipo para arroz em casca
parboilizado..............................................................................
32
Quadro 4 -
Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arr
oz beneficiado
integral.....................................................................................
32
Quadro 5 -
Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz beneficiado
parboilizado..............................................................................
32
Quadro 6 -
Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz beneficiado
parboilizado integral.................................................................
33
Quadro 7 -
Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz beneficiado
polido.......................................................................................
33
Quadro 8 -
Caracterização das Pesquisas de Orçamentos Familiares
(POFs) analisadas...................................................................
40
Quadro 9 -
Distribuição dos questionários por estratos de renda média
domiciliar e região da Região Metropolitana de Porto Alegre-
RS (2004).................................................................................
46
Quadro 10 -
Distribuição dos questionários dentro da Região 2.................
46
Quadro 11 -
Abrangência das regiões pesquisadas...................................
46
Quadro 12 -
Objetivos da pesquisa e descrição das etapas para alcançá-
los............................................................................................
v
6
los............................................................................................
48
Quadro 13 -
Distribuição das etnias predomi
nantes nos domicílios da
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004)...................
61
Quadro 14 -
Distribuição das religiões predominantes nos domicílios da
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004)...................
62
Quadro 15 -
Resultad
o do teste de Duncan para grupos formados pela
religião predominante nos domicílios da Região
Metropolitana de Porto Alegre-
RS (2004). (nível de
significância de 5%).................................................................
62
Quadro 16 -
Resultado
do teste de Duncan para grupos formados pela
naturalidade predominante no domicílio da Região
Metropolitana de Porto Alegre-
RS (2004) (nível de
significância de 5%).................................................................
63
Quadro 17 -
Resultado
do teste de Duncan para grupos formados pelo
grau de instrução do chefe do domicílio na Região
Metropolitana de Porto Alegre (2004) (nível de significância
de 5%)......................................................................................
65
Quadro 18 -
Resultado do teste de Duncan para grupos formados pela
renda média domiciliar mensal, na Região Metropolitana de
Porto Alegre (2004). (nível de significância de 5%).................
66
Quadro 19 -
Resultado do teste de Duncan com grupos formados
pela
renda média domiciliar, para a freqüência de almoço fora de
casa, na Região Metropolitana de Porto Alegre (2004). (nível
de significância de 5%)............................................................
67
vi
7
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 -
Distribuição dos domicílios da Região Metropolitana de Porto
Alegre-RS em função do
rendimento nominal mensal da
pessoa responsável pelo domicílio (2000)...............................
44
Gráfico 2 -
Evolução do consumo per capita
de arroz beneficiado no
mundo, período entre 1982 e 2002..........................................
50
Gráfico 3 -
. Comparação entre consumo per capita de arro
z beneficiado
nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, período
entre 1982 e 2002....................................................................
50
Gráfico 4 -
Evolução do consumo per capita
de arroz beneficiado na Ásia,
em kg/hab/ano, período entre 1982 e 2002....................
51
Gráfico 5 -
Evolução do consumo per capita
de arroz beneficiado na
África, América Central e do Norte, América do Sul e
Europa, no período 1982 a 2002.............................................
51
Gráfico 6
-
. Ev
olução da população e do consumo de arroz em casca no
Brasil, no período 1982 a 2002................................................
52
Gráfico 7 -
Evolução do consumo per capita
de arroz beneficiado e em
casca no Brasil, em kg/hab/ano...............................................
52
Gráfico 8 -
Variação da aquisição alimentar domiciliar "per capita
" de
arroz polido no Brasil, segundo dados das Pesquisas de
Orçamentos Familiares de 1987, 1996 e 2003 do IBGE, em
kg/hab/ano...............................................................................
53
Gráfico 9 -
Comparação entre a evolução do consumo per capita
de arroz
em casca e trigo no Brasil, no período 1982 e 2002, em
kg/hab/ano...............................................................................
54
Gráfico 10 -
Comparação entre a evolução do consumo per capita
de
arroz em casca e feijão no Brasil, no período 1982 e 2002,
em kg/hab/ano.........................................................................
54
Gráfico 11 -
Consumo domiciliar per capita
de arroz polido em diferentes
capitais brasileiras, em 1987 e 1996 (kg/hab/ano)..................
55
vii
8
Gráfico 12 -
Consumo domiciliar per capita
de arroz polido em diferentes
regiões brasileiras, em 2003 (kg/hab/ano)...............................
56
Gráfico 13 -
Aquisição domiciliar per capita
de arroz polido nas zonas
rurais e urbanas das diferentes regiões brasileiras, em 2003
(kg/hab/ano).............................................................................
57
Gráfico 14 -
Aquisição alimentar domiciliar "per capita
" anual de arroz
polido e de macarrão no Brasil, em função da região
geográfica (kg/hab/ano)...........................................................
57
Gráfico 15 -
Consumo domiciliar per capita de arroz polido
nas diferentes
faixas de rendimento médio domiciliar, em kg/hab/ano..........
58
Gráfico 16 -
Consumo domiciliar per capita
de arroz polido nas diferentes
faixas de rendimento médio domiciliar, em 2003
(kg/hab/ano).............................................................................
59
Gráfico 17 -
Participação do ítem arroz no custo da cesta básica em seis
capitais brasileiras, no período de dezembro de 1994 a
dezembro de 2004...................................................................
60
Gráfico 18 -
Distribuição dos entrevistados em função do grau de
instrução do chefe do domicílio na Região Metropolitana de
Porto Alegre-RS (2004)..........................................................
64
Gráfico 19 -
Distribuição dos domicílios em f
unção da renda média
familiar, em salários mínimos, na Região Metropolitana de
Porto Alegre-RS (2004)..........................................................
65
Gráfico 20 -
Porcentagem dos alimentos citados como substitutos ao
arroz nas refeições, na R
egião Metropolitana de Porto
Alegre (2004)...........................................................................
68
Gráfico 21 -
Porcentagem dos alimentos citados como complementares
ao arroz nas refeições, na Região Metropolitana de Porto
Alegre (2004)...........................................................................
69
Gráfico 22 -
Preferência dos consumidores com relação ao tipo de arroz
consumido, na Região Metropolitana de Porto Alegre (2004).
70
Gráfico 23 -
Distribuição de preferênci
a dos consumidores com relação
ao tipo de arroz consumido em cada faixa de renda
domiciliar (em salários mínimos), na Região Metropolitana
71
viii
9
de Porto Alegre-RS (2004)......................................................
Gráfico 24 -
Distribuição da ren
da domiciliar dos consumidores de cada
tipo de arroz consumido, na Região Metropolitana de Porto
Alegre-RS (2004).....................................................................
72
Gráfico 25 -
Distribuição da preferência por tipo de embalagem para c
ada
faixa de rendimento domiciliar (em salários mínimos), na
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004)...................
72
Gráfico 26 -
Critérios utilizados na escolha do arroz no momento da
compra, na Região Metropolitana de Porto Alegre-
RS
(2004)......................................................................................
73
Gráfico 27 -
Distribuição dos critérios utilizados na escolha do arroz no
momento da compra, dentro de cada faixa de rendimento
domiciliar, na Região Metropolitana de Porto Alegre-
RS
(2004)......................................................................................
73
Gráfico 28:
Distribuição das respostas dos entrevistados referentes à
influência da propaganda na escolha do arroz consumido, na
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004)...................
74
Gráfico 29:
Distribuição das respostas dos entrevistados referentes ao
impacto no consumo de arroz no caso de aumento no preço
do cereal, na Região Metropolitana de Porto Alegre-
RS
(2004)......................................................................................
75
Gráfico 30:
Distribuição das respostas dos entrevistados referentes ao
impacto no consumo de arroz no caso de aumento do
salário do consumidor, na Região Metropolitana de Porto
Alegre-RS (2004).....................................................................
75
ix
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Hierarquia das necessidades de Maslow.....................................
24
Figura 2 -
. Etapas de beneficiamento do arroz polido natural......................
34
Figura 3 -
Localização da Região Metropolitana de Porto Alegre no
estado do Rio Grande do Sul.........................................................
43
x
11
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A -
Consumo médio per capita de
arroz de todos os países
membros da ONU, no ano de 2002...............................................
85
ANEXO B -
Distribuição percentual dos domicílios dos municípios da RMPA
em função da classe de rendimento nominal mensal do
responsável pelo domicílio............................................................
87
ANEXO C -
Questionário do consumidor..........................................................
89
xi
12
RESUMO
Nos últimos anos, o consumo de arroz no Brasil não vem acompanhando o
crescimento populacional do país, por conseqüência de uma gradual redução do
consumo per capita do cereal, o que vem causando preocupação para toda a cadeia
produtiva orizícola. Tal situação torna necessário que medidas sejam tomadas para
a promoção da demanda do cereal. Os hábitos de consumo são constantemente
influenciados por fatores culturais e sócio-econômico e, pela sua complexidade,
antes de qualquer tentativa de influenciá-los, devem ser estudados com a maior
atenção. O objetivo deste trabalho é identificar e discutir as principais características
do consumo de arroz no Brasil. O presente estudo é dividido em duas etapas: na
primeira (etapa exploratória), através de dados secundários, se buscou analisar as
variações no consumo de arroz no Brasil nos últimos 20 anos e caracterizar os
padrões de consumo de arroz no Brasil, levando em consideração as diferenças
regionais. Numa segunda etapa (fase descritiva), operacionalizada através da coleta
de dados primários, com consumidores de arroz, buscou-se identificar os fatores que
afetam o consumo de arroz na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA-RS).
Foram entrevistados 402 consumidores. Nos últimos anos, o consumo de arroz vem
sofrendo alterações em conseqüência de uma série de modificações sofridas pela
sociedade moderna. Em função destas modificações, os hábitos de consumo, que
se caracterizam por apresentarem particularidades regionais bem claras e definidas,
vêm demonstrando uma tendência de padronização. Na RMPA-RS, o consumo
domiciliar per capita de arroz é menor nos domicílios chefiados por pessoas com
pós-graduação e por domicílios com rendimento entre cinco e dez salários mínimos
As massas são os principais alimentos substitutos e a carnes, feijão e saladas são
os principais complementares. O arroz longo fino tipo 1 é consumido por 75% dos
domicílios da RMPA-RS e o preço é o principal critério de escolha no momento da
compra.
Palavras-chave
: arroz, consumo de arroz, hábitos de consumo, comportamento
do consumidor.
xii
13
ABSTRACT
In the last years, rice consumption in Brazil is not following the growth of the Brazilian
population, due to a gradual reduction of the consumption per capita of this cereal,
which is giving rise to concern to the whole rice productive chain. This situation
compels measures to be taken in order to produce a demand for the cereal.
Consumption habits are constantly influenced by cultural, social and economical
factors and, because of its complexity, they have to be carefully analysed before any
attempt to influence them. The objectives of this work are identification and
discussion of the main characteristics of the rice consumption in Brazil. This study is
divided in two stages: in the first one (exploratory stage), throw secondary data, the
idea consists in analyzing the variations of rice consumption in Brazil in the last 20
years, as well as characterize its patterns, taking into consideration the regional
differences; then, in the second stage (descriptive one), which is based on primary
data collected from rice consumers, the goal is to identify factors affecting rice
consumption in the metropolitan region of Porto Alegre. Four hundred two consumers
were interviewed. In the last years, rice consumption is suffering changes in
consequence of a series of modifications underwent by modern society. On account
of these modifications, consumption habits, which are characterized by presenting
fully clear and determined regional quirks, are demonstrating a tendency to
standardize. In the metropolitan region of Porto Alegre, the domestic consumption of
rice per capita is lesser in residences managed by people who have gained higher
university degrees and in residences where the income ranges between 5 and 10
minimum wages. Pastas are the main substitute feed while meat, beans and salads
are the main meal complements. The type of rice known as long fine type 1 grain is
consumed by 75% of the residences in the metropolitan region of Porto Alegre and
the price is the main criterion for deciding which kind of rice to buy.
Key words: rice, rice consumption, consumer behaviour.
xiii
14
1 INTRODUÇÃO
O arroz é o principal componente da dieta básica da população mundial.
Segundo a FAO, o arroz é o responsável por 20% da fonte da energia alimentar da
população mundial, enquanto o trigo fornece 19% e o milho 5%. Somente nos
países asiáticos, mais de dois bilhões de habitantes têm o arroz e seus derivados
como fontes de 60 a 70% das calorias ingeridas diariamente. Este cereal é, portanto,
um alimento de extrema importância para a segurança alimentar da população
mundial e, em função disso, aspectos relacionados à sua produção e consumo
devem ser continuamente monitorados e avaliados em profundidade, para que o seu
suprimento seja garantido.
Na produção mundial de arroz, o Brasil se destaca como o principal produtor
entre os países ocidentais. Apesar das reduções de produção em algumas safras
nos últimos anos, devido a adversidades climáticas, a produção brasileira de arroz
vem apresentando uma tendência de crescimento, em função, principalmente, do
constante incremento de produtividade. Segundo dados disponibilizados pela
Conab, a produção brasileira de arroz apresentou aumento de aproximadamente
31% nos últimos quinze anos.
Por outro lado, o consumo brasileiro de arroz vem aumentando num ritmo
bem inferior ao crescimento da produção. Nos últimos anos, o aumento da
população brasileira vem sendo compensado por uma redução no consumo per
capita do cereal, conseqüência de uma série de modificações nos padrões e hábitos
de consumo que vem sendo observados na população.
Atualmente, o país vem conseguindo suprir a sua demanda interna, sem a
necessidade de importação de grandes volumes do cereal. Confirmando-se as
tendências em relação à oferta e demanda do arroz no Brasil, ou seja, uma oferta
superior à demanda, a queda brusca dos preços do arroz no mercado doméstico é
uma provável conseqüência, que inclusive começa a ser observada, que esse
produto caracteriza-se por ter um comércio mundial ainda inexpressivo quando
comparado a outras commodities. Por terem a menor margem de comercialização
nas negociações efetivadas nos elos ao longo da cadeia, os produtores serão os
15
mais prejudicados, podendo isso, inclusive, acarretar uma substituição por culturas
mais valorizadas. Frente a essa situação, torna-se necessário que a cadeia
produtiva orizícola direcione seus esforços para gerar incremento na demanda, seja
ele resultado da busca de novos mercados (incremento das exportações) ou da
criação de medidas promocionais para aumentar o consumo pela população
brasileira.
Conforme alguns autores, como Hirao (1992), Wailes et al (1994), Cogo e
Velho (1994), Pasandaran-E e Bay-Petersen-J (1995), Kim-Young e Kim-Yo (2001),
Ventura-Lucas (2002) e Ferreira et al. (2002), ao longo dos últimos anos, o padrão
de consumo de alimentos, de uma forma geral, tem sofrido diversas modificações no
mundo inteiro. Sem dúvida, os fenômenos de urbanização e globalização vêm tendo
papel importante nessas mudanças, uma vez que as características associadas aos
fatores culturais e socioeconômicos são fundamentais na definição desses hábitos.
As modificações estão ocorrendo em função, principalmente, de mudanças no estilo
de vida das famílias, da maior participação da mulher no mercado de trabalho, da
maior freqüência de refeições fora de casa, de variações no preço do alimento, de
variações na renda dos consumidores, em função de lançamento de novos produtos
substitutos, etc.
O acompanhamento do comportamento do consumidor e a identificação dos
fatores que afetam a compra de um produto são, cada vez mais, de fundamental
importância para que os segmentos de produção, industrialização e distribuição de
produtos alimentares permaneçam na atividade, uma vez que, com a abertura
comercial, a competição e, conseqüentemente, o processo de concentração nesses
segmentos, é cada vez maior. Para Batalha (2001), o encadeamento das operações
de uma cadeia produtiva, de jusante à montante, no modelo de filière, coloca as
condicionantes impostas pelo consumidor final como os principais indutores de
mudanças (dinamizadores) no status quo do sistema. Conforme Ladeira et al.
(2003), compreendendo melhor o comportamento do consumidor, se torna mais fácil
identificar e atender às expectativas dos clientes e até tentar surpreen-lo de forma
positiva. A compreensão do comportamento do consumidor serve de ferramenta
para entender a dinâmica da compra de um determinado produto e, dessa forma, se
pode direcionar todos os elos da cadeia para atender à demanda com maior
eficácia.
16
Percebe-se que, assim como no mundo, no Brasil, é cada vez maior a
demanda por maior diversidade de produtos derivados do arroz, principalmente, por
produtos pré-prontos, que a população está cada vez menos disposta a utilizar o
seu tempo com o preparo da alimentação. Na indústria brasileira, porém, segundo
Ludwig (2004), ainda é pequena a diversidade de produtos industrializados à base
de arroz.
Apesar da importância do tema, da necessidade de estimulação da demanda
de arroz, ainda é muito grande a carência por estudos de acompanhamento e
análise do comportamento do consumo de arroz no mundo e, principalmente, no
Brasil. Sem dúvida, as questões técnicas relacionadas diretamente à produção do
arroz (manejo) são as que vêm sendo objeto de estudos com maior freqüência e,
como conseqüência disso, a produtividade média de arroz no Brasil aumentou
46,8% nos últimos 15 anos.
Com a intenção de suprir essa carência por informação e dado a situação
supra mencionada, este trabalho tem a seguinte questão de pesquisa: Quais são as
principais características e tendências com relação ao consumo de arroz no Brasil?
Este trabalho tem como objetivo geral identificar e discutir as principais
características do consumo de arroz no Brasil.
Para que este objetivo seja alcançado, foram definidos três objetivos
específicos que deverão ser contemplados:
Objetivo específico 1: Analisar as variações no consumo de arroz no Brasil
nos últimos 20 anos, buscando identificar as mudanças estruturais
envolvidas.
Objetivo específico 2: Caracterizar os padrões de consumo de arroz no
Brasil, levando em consideração as diferenças regionais.
Objetivo específico 3: Identificar os fatores que afetam o consumo de arroz
na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (RMPA-RS).
A abrangência do terceiro objetivo específico, limitada à RMPA-RS, se fez
necessária para a viabilização da dissertação. Uma ampliação do universo de estudo
não foi possível principalmente em função de limitações de tempo e de recursos. Tal
restrição, no entanto, não deprecia o estudo, pois a RMPA-RS representa parcela
17
importante do mercado brasileiro de arroz e, além disso, as principais
particularidades das demais regiões brasileiras são destacadas no cumprimento dos
demais objetivos específicos.
Este estudo está estruturado da seguinte forma: são seis capítulos; o
primeiro corresponde à introdução, onde é apresentada a delimitação do tema, a
problemática da pesquisa e as suas justificativas, além da exposição dos objetivos
que o estudo se propõe a atender. No capítulo seguinte, é feita a revisão do
arcabouço teórico necessário para fundamentação deste trabalho. Neste capítulo, é
abordada a Teoria do Consumidor, fundamentada na microeconomia, e a Teoria do
Comportamento do Consumidor, pesquisada dentro da área de marketing. No
capítulo três foi feita uma contextualização do consumo de arroz no Brasil e no
mundo, bem como uma revisão das características nutricionais e funcionais do arroz,
com o intuito de esclarecer a importância desse cereal para a alimentação da
população brasileira e mundial. A metodologia adotada neste estudo é descrita no
capítulo quatro. Em seguida, são apresentados e discutidos os resultados obtidos e,
no capítulo seis, seguem as considerações finais. Por fim, são apresentados a
relação das bibliografias consultadas e os anexos.
18
2. REFERENCIAL TEÓRICO
As teorias são as bases das explicações e previsões econômicas. São
desenvolvidas para explicar os fenômenos observados em termos de um conjunto
de regras básicas e premissas. Nunca uma teoria é perfeitamente correta e elas
podem sofrer alterações, uma vez que estão sendo continuamente testadas por
meio de observação (PINDYCK e RUBINFELD, 1994).
Para a realização deste estudo, buscando cumprir com os objetivos
propostos, foram utilizados como ponto de partida e base de sustentação para
análise dos resultados, alguns conceitos teóricos consolidados no ambiente
acadêmico.
É impossível, e isso é consenso entre os autores, fazer uma abordagem bem
feita sobre consumo alimentar utilizando os conceitos e teorias de apenas uma área
de conhecimento, tal é a complexidade deste tema. Segundo Oliveira e Thebaud-
Mony (1997), a alimentação pode ser analisada sob várias perspectivas (econômica,
nutricional, social, cultural), que são, ao mesmo tempo, independentes e
complementares.
O referencial teórico que será utilizado neste estudo é composto basicamente
por conceitos de duas diferentes áreas do conhecimento. Os conceitos da teoria
econômica serão utilizados em composição com as abordagens da área de
marketing, principalmente os relacionados ao comportamento do consumidor.
O item 2.1, apresentado a seguir, descreve o comportamento do consumidor
sob a ótica da Teoria Econômica.
2.1. Teoria Econômica
A teoria econômica do consumidor aborda os princípios que regem a
demanda do consumidor que, por sua vez, se estabelece pela relação entre as
19
preferências e as limitações orçamentárias destes consumidores. Esta teoria permite
explicar como os consumidores tomam as decisões de consumo; de que forma a
demanda por produtos é determinada pelas preferências e restrições orçamentárias
dos consumidores e por que diferentes produtos possuem distintas características
de demanda.
Nesta teoria, parte-se da premissa de que os consumidores sejam racionais,
buscando sempre maximizar o seu grau de satisfação ou de utilidade, pela aquisição
de uma determinada combinação de produtos, levando em consideração o
orçamento limitado de que dispõem. Nesta busca pela maximização da função de
utilidade, uma série de fatores são considerados, além da quantidade de produto e
renda do consumidor, tais como: o próprio preço do produto consumido e os preços
dos produtos complementares e produtos substitutos.
De acordo com Pindyck e Rubinfeld (1994), a melhor compreensão do
comportamento do consumidor se quando analisado em três etapas: análise das
preferências do consumidor, análise das restrições orçamentárias deste consumidor
e, por fim, a determinação das escolhas do consumidor, que ocorre com a
consideração em conjunto das suas preferências e restrições orçamentárias.
A descrição das preferências do consumidor pode ser feita observando-se as
escolhas efetuadas a partir da comparação de diferentes combinações de
mercadorias (cestas de mercado). Segundo Pindyck e Rubinfeld (1994), neste
sentido três premissas devem ser consideradas:
- que as preferências sejam completas, ou seja, que todas as cestas podem
ser comparadas. Esta premissa garante que o consumidor possa preferir uma cesta
em relação à outra ou ser indiferente em relação às duas.
- que as preferências sejam transitivas, ou seja, se a cesta A é preferida em
relação à cesta B e a cesta B é preferida em relação à cesta C, conseqüentemente a
cesta A é preferida em relação à C;
- que o consumidor sempre preferirá adquirir uma quantidade maior de
determinada mercadoria ao invés de uma quantidade menor.
Para Ellery Jr. (2002), a premissa referente à transitividade das preferências
merece maior cuidado. Esta premissa foi definida com o objetivo de garantir a
20
consistência das preferências, porém não se confirma que, de fato, as preferências
das pessoas são realmente transitivas.
Uma forma de representar graficamente as preferências do consumidor é
através das curvas de indiferença. Estas curvas correspondem a todas as
combinações de produtos (cestas) que garantem a mesma satisfação a este
consumidor. Traçando-se a curva de indiferença para cada uma das possíveis
combinações de produtos, criando o chamado mapa de indiferença, é possível
descrever com maior precisão as preferências do consumidor. Estas curvas
caracterizam-se por serem paralelas, em função da premissa da transitividade, e, na
grande maioria das vezes, são convexas por ter a Taxa Marginal de Substituição
(TMS) decrescente.
A TMS corresponde à quantidade de determinada mercadoria que o
consumidor estaria disposto a abrir mão, em função da obtenção de uma unidade de
outra mercadoria, mantendo o mesmo grau de satisfação. Esta análise porém, limita-
se por considerar a relação entre os bens aos pares. Normalmente a TMS é
decrescente, os casos de preferências não-convexas são eventualidades muito raras
de ocorrer. Um exemplo seria quando o uso de uma mercadoria criasse um vício no
consumidor, onde quanto maior fosse o seu consumo, maior seria o desejo de
consumi-la (PINDYCK e RUBINFELD, 1994).
Existem dois casos especiais que caracterizam as relações extremas entre
duas mercadorias. São os casos dos substitutos perfeitos e os complementares
perfeitos. Dois bens são considerados substitutos perfeitos quando o consumidor
aceita substituir um pelo outro a taxas constantes. Os bens complementares
perfeitos são aqueles em que a aquisição de um bem traria maior satisfação se
for adquirido o outro bem na mesma quantidade.
Uma segunda etapa da análise do comportamento do consumidor sob o
ponto de vista microeconômico seria considerar as restrições orçamentárias como
fator influenciador das escolhas do consumidor. De fato, como normalmente se tem
que pagar pelas mercadorias, existe um limite de quanto se pode gastar para
adquirir as cestas. Conforme Marques e Mello (1999), o consumidor tem
necessidades ilimitadas, porém existe limitação de renda que o impossibilita de
satisfazer todas. Assim como se faz com relação às preferências, se pode traçar
21
graficamente as limitações orçamentárias, através das linhas do orçamento. Esta
linha indica as possíveis combinações de mercadorias numa cesta com gasto igual à
renda do consumidor.
Por fim, confrontando as preferências com as restrições orçamentárias é
possível definir economicamente como é o processo de escolha do consumidor.
Neste momento, conforme Pindyck e Rubinfeld (1994), o consumidor poderá ter a
sua cesta com a combinação perfeita de bens e serviços, maximizando o seu grau
de satisfação e considerando o orçamento limitado de que dispõe.
A função de demanda para o produto agrícola é definida por Marques e
Aguiar (1993), como a relação entre o quanto será adquirido a cada nível de preços,
com renda, preços de outros produtos (complementares e substitutos) e condições
sócio-econômicas constantes. A análise das variações do consumo em função das
variações na renda do consumidor ou do preço do produto é possibilitada pela teoria
microeconômica, através da estimação da elasticidade-renda e elasticidade-preço,
respectivamente.
A elasticidade-renda de demanda é a relação entre sua renda do consumidor
e consumo de determinado produto, ou seja, mede como a quantidade demandada
de determinado produto vai se alterar quando a renda variar 1%. A partir deste
critério, os produtos podem ser classificados em três categorias: bens inferiores,
normais e superiores. Os bens inferiores são aqueles que têm elasticidade-renda
menor do que zero (negativa), ou seja, que o consumo reduz com o aumento da
renda. Segundo Marques e Aguiar (1993), os produtos agrícolas, de maneira geral,
são considerados bens inferiores, e caracterizam-se por se saturar ao nível baixo de
consumo destes produtos. Porém, observa-se que, para consumidores das faixas de
renda mais baixas, muitos produtos agrícolas têm a elasticidade-renda positiva.
Esses produtos com elasticidade-renda positiva, ou seja, que têm o consumo
aumentado com a elevação da renda, com todas as outras variáveis constantes, são
classificados como bens normais. A sua elasticidade-renda é maior que zero e
menor que 1. Os produtos que têm elasticidade-renda superior a um, são
considerados produtos superiores ou de luxo.
Num estudo feito por Furtuoso e Hoffmann (1984), estimou-se a elasticidade-
renda da demanda de diferentes grupos de alimentos no estado de São Paulo com
22
base na função log-inversa. Para os cereais foram estimadas as elasticidades-renda
de 0,36 para o estrato de famílias com rendimento de até 5 salários mínimos; 0,16
para o estrato de rendimento entre 5 e 10 salários mínimos e 0,04 para famílias com
rendimento acima de 10 salários mínimos. Logo em seguida, Cipriano et al. (1985)
estimou em 0,0680 a elasticidade-renda dos cereais.
A elasticidade-preço da demanda indica o quanto varia o consumo de
determinado produto quando o preço varia 1%. Os valores da elasticidade-preço da
demanda caracterizam a demanda dos produtos como elástica (quando o aumento
do preço em 1% reduz o consumo em mais do que 1% do produto), inelástica
(quando o aumento do preço em 1% reduz o no consumo do produto em menos do
que 1%) e unitária (quando o aumento do preço de determinado produto reduz o
consumo nas mesmas proporções). De maneira geral, os produtos agrícolas têm
demanda inelástica, principalmente pela essencialidade desses produtos e pela
maior capacidade de saturação desses produtos para o consumidor.
Segundo Cogo e Velho (1994), pode-se observar uma variação do perfil do
consumidor brasileiro de arroz, que deixaram de decidir pela conjugação dos fatores
qualidade, preço e tradição da marca para tomar a decisão em função do melhor
preço. Para esses autores, quanto menor o poder aquisitivo, maior a preferência por
produtos de baixo preço e qualidade razoável.
Existe no Brasil potencial de aumento no consumo de, no nimo, mais dois
milhões de toneladas de arroz (base casca), quando houver um aumento real de
renda da população, pois quem mais consome esse cereal é a camada de baixa
renda (Cogo e Velho, 1994). Porém, estudos conduzidos por Roessing et al. (1997)
mostram que a cada variação de 10% no salário nimo haverá variação do
consumo, no sentido contrário, de 2,5%. O arroz apresenta elasticidade renda da
demanda baixa nas camadas mais pobres, ou seja, o aumento da renda da
população reduz o seu consumo.
Sob o ponto de vista econômico, esta abordagem tradicional do consumo,
como modelo explicativo do comportamento do consumidor é, de certa forma,
desconsiderada pelos profissionais do marketing, que alegam que ela é estática e
tem objetivo de simplesmente tentar explicar como o consumidor deveria se
comportar, se fosse racional e movido exclusivamente por fatores econômicos, ao
23
invés de procurar saber como ele, de fato, se comporta. Segundo Engel et al (2000),
na abordagem econômica clássica, aquilo que se retira da compra não equivale ao
valor do objeto e sim à sua utilidade para o comprador.De acordo com Marques e
Aguiar (1993), a função de demanda de determinado produto tem suas origens nos
anseios psicológicos dos seres vivos e é abstrata.
2.2. Marketing
Segundo Kotler (1996), a teoria econômica tradicional analisa uma pequena
parte da "caixa preta" que é o consumidor. Ao fazerem suas escolhas, os
consumidores são influenciados por fatores culturais, sociais, pessoais e
psicológicos; que são fatores de difícil controle e que passam a ser considerados
como importantes na abordagem do marketing sobre o comportamento do
consumidor.
O comportamento do consumidor é definido por Engel et al. (2000) como as
atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e
serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem essas ações.
para Churchill e Peter (2000), o estudo do comportamento do consumidor
considera os pensamentos, sentimentos e ações dos consumidores e as influências
sobre eles que determinam mudanças.
Segundo Churchill e Peter (2000), o reconhecimento de uma necessidade é o
ponto de partida do processo de compra de um produto ou serviço e, nesse sentido,
cita a teoria da hierarquia de necessidades de Maslow. Nesta teoria, as
necessidades são classificadas hierarquicamente com base no grau de importância,
conforme ilustrado na Figura 1. As necessidades fisiológicas, consideradas básicas,
devem ser satisfeitas prioritariamente para que as necessidades seguintes sejam
atendidas.
24
Figura 1: Hierarquia das necessidades de Maslow.
Fonte: Churchill e Peter (2000).
A maioria dos estudiosos na área classifica as variáveis que influenciam o
processo de decisão do consumidor em três grandes categorias (MOWEN E MINOR,
1998).
- Diferenças individuais (fatores culturais e fatores pessoais);
- Influências ambientais (fatores sociais) e
- Influências subjetivas (fatores psicológicos): motivação, percepção, crenças
e atitudes.
Os fatores culturais exercem forte influência sobre o comportamento do
consumidor. Dessa forma, a compreensão desses fatores é determinante no estudo
do comportamento do consumidor e necessita incorporar os efeitos da cultura,
subcultura e classe social do consumidor. A cultura, segundo Kotler e Armstrog
(1999), é a causa mais determinante do desejo e do comportamento do consumidor,
sendo, em grande parte, aprendida. São os valores básicos, desejos, percepções e
comportamentos da família e outras instituições que o indivíduo absorve ao longo da
vida. Cada grupo ou sociedade tem uma cultura com características próprias e as
influências culturais sobre o comportamento de compra podem variar muito de país
para país.
Dentro de cada cultura, podem ainda ser encontradas diferentes subculturas,
que são grupos de pessoas com os mesmos sistemas de valores baseados em
experiências e situações de vida em comum. As subculturas podem ocorrer em
função, por exemplo, de nacionalidades, religiões, raças e regiões geográficas, e
são, muitas delas, consideradas importantes segmentos de mercado (Kotler e
Necessidades de auto-
realização, auto-satisfação
Necessidade de estima (ego)
Necessidades sociais
Necessidades de segurança
Necessidades fisiológicas
25
Armstrog, 1999). No caso específico do Brasil, devido a sua enorme extensão
territorial e a grande diversidade étnica, apresenta uma riqueza muito grande de
culturas que causa diferentes influências no comportamento de consumo,
equivalendo a diferentes mapas de curvas de indiferenças.
Completando a análise dos fatores culturais que influenciam o comportamento
do consumidor, deve-se considerar a variável classe social do comprador. Para
Kotler (1996), as classes sociais são divisões relativamente homogêneas e
duradouras de uma sociedade que são ordenadas hierarquicamente. Estes
segmentos da sociedade são importantes no estudo do comportamento do
consumidor, porque são compostas por pessoas que compartilham valores,
interesses e tendem a desenvolver comportamentos de consumo semelhantes. A
definição da classe social de determinado consumidor não deve ser considerada
simplesmente em função de renda, trata-se de uma composição onde são incluídas
outras variáveis, como ocupação e nível de educação. Segundo Furtuoso e
Hoffmann (1984), a distribuição desigual de renda é um importante fator para
diversificação da estrutura de consumo de alimentos entre estratos de renda.
Além dos fatores culturais, o comportamento do consumidor é influenciado
por fatores sociais como grupos de associação e de referência, família, papéis
sociais e status (KOTLER, 1996). Os grupos de associação, são aqueles que têm
influência direta sobre a pessoa e têm interação mais informal e regular entre os
componentes, como família, vizinhança, colegas de trabalho e outros, que são
considerados grupos primários. aqueles mais formais, que têm interação menos
regular, como religiosos e sindicatos, são considerados grupos secundários. Os
grupos de referência são aqueles que servem de comparação ou referência direta
ou indireta na formação de atitudes ou comportamentos de uma pessoa.
Geralmente, as pessoas não fazem parte do grupo de referência que as influenciam.
É comum ver pessoas que procuram agir e se vestir espelhadas em personalidades
(artistas famosos ou atletas, por exemplo) e esses são exemplos de grupos de
referência.
Outro fator social de influência no comportamento do consumidor é a família.
Segundo Engel et al (2000), as famílias são unidades de consumidores de
fundamental importância no estudo do comportamento do consumidor por duas
razões: primeiro por serem unidades de uso e compra para muitos produtos de
26
consumo e, segundo, por ter influência importante nas atitudes e comportamentos
dos indivíduos.
O papel social e status são os principais fatores determinantes da posição de
cada pessoa dentro do grupo ao qual pertence. Conforme Kotler e Armstrog (1999),
este papel consiste nas atividades esperadas de uma pessoa com relação aos
outros a sua volta, enquanto que o status é o reflexo da opinião geral da sociedade
sobre este papel.
O processo de decisão de compra de determinado produto é também
influenciado por fatores pessoais, como idade e estágio de vida, ocupação, situação
econômica, estilo de vida e personalidade. Mesmo entre consumidores que
convivem em uma mesma sociedade, dentro de uma mesma classe social encontra-
se comportamentos de consumo bastante diferenciados, muitas vezes decorrentes
de diferentes momentos de vida, com diferenças de necessidades e desejos de
consumo.
Além dos fatores, culturais, sociais e pessoais, o comportamento do
consumidor também sofre grande influência dos fatores psicológicos, que são
caracterizados por motivação, percepção, aprendizado, crenças e atitudes.
A teoria microeconômica e o marketing, apesar de abordarem o consumo
distintamente, apresentam características complementares e a sua utilização, de
forma conjunta, permite uma análise mais completa do tema e é o que torna este
estudo ainda mais rico. Tanto a relação entre preferências e restrição orçamentária,
estudada na microeconomia, quanto a influência de fatores culturais, sociais,
pessoais e psicológicos no consumo, abordada pelo marketing no comportamento
do consumidor, foram consideradas no instrumento de coleta de dados, bem como
na interpretação e análise dos resultados.
27
3. CONTEXTUALIZAÇÃO
O arroz é considerado pela FAO (Food and Agriculture Organization of the
United Nations) como o alimento mais importante para a segurança alimentar do
mundo. Além de fornecer um excelente balanceamento nutricional é uma cultura
extremamente rústica, o que faz ela também ser considerada a espécie de maior
potencial de aumento de produção para o combate da fome no mundo (EMBRAPA,
2004). Por essas razões, a FAO declarou o ano de 2004 como o Ano Internacional
do Arroz, com o objetivo de promover sua produção e tornar mais eficaz a sua
distribuição.
Assim como a produção, o consumo de arroz no mundo concentra-se nos
países do sudeste asiático. De acordo com a FAO, para mais de dois bilhões de
habitantes da Ásia o consumo deste cereal e de seus derivados representa 60 a
70% da ingestão energética diária.
Intimamente agregado à cultura da região, o consumo per capita de arroz nos
países do sudeste asiático é muito superior ao dos demais países, ocidentais. O
Anexo A traz o consumo médio per capita de todos os países membros da ONU, no
ano de 2002. O Myanmar se destaca como o país com o maior consumo per capita,
com 306,9 kg/hab/ano, um volume mais de 50 kg superior ao consumido anualmente
por uma habitante do Vietnã, que tem o segundo maior consumo. Com um consumo
per capita de aproximadamente 124 kg/hab/ano, a China ocupa a 15ª posição neste
ranking, mas, devido a sua enorme população, é o país com a maior demanda pelo
cereal, consumindo, em 2002, 161,6 milhões de toneladas.
Segundo dados da FAO, o consumo brasileiro de arroz é de
aproximadamente 52,5 quilogramas por habitante por ano (base casca). Apesar de
ser inferior ao consumo mundial médio por habitante (84,8 kg/hab/ano), este valor é
considerado alto, se comparado com o consumo per capita dos países
desenvolvidos (16,7 kg/hab/ano).
28
Rico em carboidratos, o arroz, na sua forma natural, é um alimento
essencialmente energético, mas pode ser também importante fonte de proteínas,
sais minerais (principalmente fósforo, ferro e cálcio) e vitaminas do complexo B,
como B1 (tiamina), B2 (riboflavina) e B3 (niacina). Segundo Embrapa (2004), o arroz
fornece 20% da energia e 15% da proteína necessárias ao homem e se destaca
pela sua fácil digestão. Conforme Longo (2003), por ser um produto de origem
vegetal, o arroz é um alimento isento de colesterol, com baixo teor de gordura.
O índice de consumo de arroz nas regiões metropolitanas é, segundo Cogo e
Velho (1994), homogêneo em função da maior padronização dos hábitos do
consumidor e maior equalização dos preços. Nas regiões Sul e Sudeste, o arroz é o
alimento mais importante no suprimento calórico, enquanto que nas regiões Centro-
Oeste, Norte e Nordeste essa importância é maior para a farinha de mandioca.
Apesar de ser considerado um alimento importante na alimentação humana, o
cereal ainda é pouco reconhecido pelas suas características funcionais, ou seja, que
também têm a capacidade de prevenir doenças, auxiliar no tratamento de muitas
delas e até de cura em função dos componentes que possui (LONGO, 2003).
A composição nutricional do arroz sofre variações em função das diferentes
formas de processamento que o grão sofre antes de ser oferecido ao consumidor.
As vitaminas e sais minerais deste cereal estão concentradas na sua película e
embrião e a remoção dessas camadas durante o processo de beneficiamento reduz
muito o seu valor nutricional, sendo o endosperma basicamente amido (AMATO;
CARVALHO; SILVEIRA, 2002).
O consumo alimentar de arroz ocorre basicamente na forma de grãos inteiros,
sofrendo pequena transformação na agroindústria. No Brasil, este cereal é
consumido principalmente na forma de arroz integral, arroz polido e arroz
parboilizado, porém existe uma variação maior de formas em que o arroz também é
consumido no Brasil e no mundo. Esta diversidade de formas decorre principalmente
em função da cultivar produzida ou do processo de beneficiamento. A seguir serão
descritas algumas das formas nas quais o arroz é consumido no Brasil e no mundo.
Arroz integral:
Neste subgrupo, o arroz sofre apenas a retirada da casca, não sendo
submetido ao polimento. Segundo Almeida (2002), o arroz integral, apesar de ser
29
mais rico em fibras, vitaminas e sais minerais, é o menos consumido pela população
brasileira devido seu alto preço relativo, pequena vida de prateleira e sabor
diferenciado.
Conforme estudo de Mamiya et al., publicado recentemente na revista
Biological e Pharmaceutical Bulletin, do Japão, existem resultados de pesquisas
demonstrando a eficácia consumo do arroz integral pré-germinado contra a doença
de Alzheimer. Baseados em experimentos com animais, eles confirmaram que é
possível que a ingestão contínua de arroz integral efetivamente iniba a deficiência de
aprendizagem e memória induzidos pela proteína beta-amilóide, uma das
causadoras da doença.
Arroz polido:
É o subgrrupo de arroz mais consumido no Brasil. Depois de retirada a casca,
o grão passa por um processo de beneficiamento, onde é feito um polimento. Neste
processo ocorre a remoção da película e embrião, que são as camadas mais ricas
em nutrientes, fazendo com que o grão perca grande parte da sua riqueza
nutricional. O beneficiamento do arroz polido caracteriza-se também por gerar dois
subprodutos: o farelo e a quirera (grãos quebrados).
Arroz Parboilizado:
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado
(ABIAP) este tipo de arroz representa 25% do total de arroz consumido no Brasil e
no mundo. No Brasil, o consumo desse tipo arroz é muito grande no estado de
Santa Catarina, onde também se concentram as indústrias de parbolização. A
obtenção do arroz ocorre através de um processo hidrotérmico em que o grão, antes
do descascamento, é pré-cozido para que haja a gelatinização parcial ou total do
amido. Com os nutrientes (sais minerais e vitaminas hidrossolúveis) permeados no
interior do grão, a retirada da casca não resultará em grandes perdas nutricionais. O
grão do arroz parboilizado tem uma aparência um pouco mais escura do que o grão
do arroz polido.
Arroz selvagem:
Também chamado de arroz preto devido à coloração escura de seus grãos,
este tipo de arroz é muito valorizado na gastronomia internacional. Com textura
30
crocante, esse arroz destaca-se também por ser rico em nutrientes, pouco calórico e
geralmente utilizado em misturas com o arroz branco.
É um grão raro, produzido por uma planta aquática que cresce
espontaneamente nas margens dos grandes lagos norte-americanos
e canadenses. Conhecido como o "caviar dos grãos ", apresenta
uma parte externa firme e escura, enquanto o interior é claro e
macio, formando um contraste atraente de cor e textura.”
(
http://www.abaga.com.br/josapar, acessado em 10/01/2005)
Arroz sasanishiki ou japonês:
Muito utilizado na culinária japonesa, este tipo de arroz, também conhecido
como Cateto, caracteriza-se pelo grão curto e alta quantidade de amido.
Jasmim ou aromático:
Característico por apresentar textura macia e aroma levemente amanteigado.
Tem grãos alongados e levemente translúcidos.
Arroz arbório:
O arroz arbório é especial para risoto e tem grãos curtos, grandes e
espessos.
Basmati:
Muito valorizado pela culinária indiana, o arroz Basmati caracteriza-se por ser
perfumado e saboroso. É também muito utilizado na Itália, Portugal e na elaboração
das paellas espanholas.
No Brasil, a classificação do arroz está regulamentada pela Portaria nº269 de
17/11/1988 que estabelece os seguintes critérios: primeiramente, o arroz é
classificado em dois grupos de acordo com a sua forma de apresentação (arroz em
casca e arroz beneficiado). Os subgrupos são subdivisões dos grupos considerando
o tipo de preparo que sofreram. O arroz em casca pode ser dividido nos subgrupos
natural e parboilizado. do arroz beneficiado derivam os subgrupos integral,
parboilizado, parboilizado integral e polido.
Em função das dimensões do grão faz-se também uma classificação em cinco
classes: longo fino, longo, médio, curto e misturado.
31
A classificação dos tipos (de 1 a 5) é feita independentemente do grupo e
subgrupo do grão, levando em consideração o percentual de ocorrência de defeitos
graves, de defeitos gerais agregados e de grãos quebrados e quirera. Os detalhes
desta classificação são apresentados nos Quadros 1 a 7.
GRUPO SUBGRUPO CLASSE TIPO
NATURAL
CASCA
PARBOILIZADO
INTEGRAL
PARBOILIZADO
PARBOILIZADO
INTEGRAL
BENEFICIADO
POLIDO
LONGO FINO
contém no mínimo , 80% do
peso dos grãos inteiros,
medindo 6,00mm ou mais, no
comprimento; 1,90 mm, no
máximo , na espessura e cuja
relação comprimento/largura,
seja superior a 2,75 mm, após
polimento dos grãos
LONGO
contém , no mínimo, 80% do
peso dos grãos inteiros ,
medindo 6,00 mm ou mais no
comprimento, após polimento
dos grãos
MÉDIO
contém, no mínimo, 80% do
peso dos grãos inteiros,
medindo de 5,00mm a menos
de 6,00mm no comprimento ,
após polimento dos grãos
CURTO
contém, no mínimo, 80% do
peso dos grãos inteiros ,
medindo menos de 5,00mm no
comprimento , após polimento
dos grãos
MISTURADO
não se enquadra nas classes
anteriores e se apresenta
constituído pela mistura de
duas ou mais classes
1
2
3
4
5
Quadro 1: Classificação de arroz no Brasil, conforme determinado na Portaria
nº269, de 17/11/1988.
Fonte: elaborado pelo autor com base na Portaria nº269, de 17/11/1988.
32
Tipo Defeitos Graves
Ardidos
Defeitos Gerais Agregados
1 0,25
4,00
2 0,50
8,00
3 1,00
14,00
4 2,00
22,00
5 4,00
34,00
Quadro 2: Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz em casca natural.
Fonte: Portaria nº269, de 17/11/1988.
Defeitos graves Defeitos gerais
agregados
Tipo
Mofados ardidos e
pretos
Não
gelatinizados
1 1,50
30,00
3,00
2 3,00
40,00
6,00
3 4,50
50,00
9,00
4 6,00
60,00
12,00
5 7,50
70,00
15,00
Quadro 3: Limites máximos de tolerância de defeito utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz em casca parboilizado.
Fonte: Portaria nº269, de 17/11/1988.
Defeitos graves
Tipo
Matérias
estranhas e
impurezas
Mofados e
ardidos
Defeitos gerais
agregados
Total de quebrados e
quirera
1 0,25
0,25
4,00
4,00
2 0,5
0,50
8,00
7,50
3 1,00
1,00
14,00
12,50
4 1,50
2,00
22,00
17,50
5 2,00
4,00
34,00
22,50
Quadro 4: Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como
critérios para definição do tipo para arroz beneficiado integral
Fonte: Portaria nº269, de 17/11/1988.
Defeitos graves
Tipo
Matérias
estranhas e
impurezas
Mofados e
ardidos
Gelati-
nizado
Defeitos
gerais
agregados
Total de
quebrado
s e
quirera
Quirera
máximo
1 0,05
0,30
30,00
2,50
5,00
0,50
2 0,10
0,60
40,00
5,00
8,00
0,75
3 0,15
0,90
50,00
7,50
11,00
1,00
4 0,20
1,20
60,00
10,00
14,00
1,25
5 0,25
1,50
70,00
12,50
17,00
1,50
Quadro 5: Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como critérios
para definição do tipo para arroz beneficiado parboilizado
Fonte: Portaria nº269, de 17/11/1988.
33
Defeitos graves Tipo
Matérias estranhas e
impurezas
Mofados
e ardidos
Gelatinizado
Defeitos
gerais
agregados
Total de
quebrados
e quirera
1 0,25
0,30
30,00
3,00
2,50
2 0,5
0,60
40,00
6,00
5,00
3 1,00
0,90
50,00
9,00
7,50
4 1,50
1,20
60,00
12,00
10,00
5 2,00
1,50
70,00
15,00
12,50
Quadro 6: Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como critérios
para definição do tipo para arroz beneficiado parboilizado integral
Fonte: Portaria nº269, de 17/11/1988.
Defeitos graves
Tipo
Matérias
estranhas e
impurezas
Mofados e
ardidos
Defeitos
gerais
agregados
Total de
quebrados e
quirera
Quirera
máximo
1 0,25
0,25
4,00
10,00
0,50
2 0,5
0,50
8,00
20,00
1,00
3 1,00
1,00
14,00
30,00
2,00
4 1,50
2,00
22,00
40,00
3,00
5 2,00
4,00
34,00
50,00
4,00
Quadro 7: Limites máximos de tolerância de defeito, utilizados como critérios
para definição do tipo para arroz beneficiado polido
Fonte: Portaria nº269, de 17/11/1988.
Apesar de existir algumas variações, basicamente o processo de
beneficiamento de arroz polido comum ou natural ocorre conforme apresentado na
Figura 2.
34
Figura 2: Etapas de beneficiamento do arroz polido natural.
Fonte: adaptado de Ludwig (2004).
Alterações nos padrões de consumo de arroz vêm sendo identificadas
alguns anos no mundo inteiro. Kim-Young e Kim-Yo (2001) descrevem a diminuição
do consumo de arroz na Coréia do Sul. Para esses autores, o consumo desse cereal
é menor nas regiões rurais do que nas regiões metropolitanas e começou a diminuir
a partir de 1980, quando inicia o aumento da preferência por produtos de origem
animal.
COLHEITA
RECEBIMENTO E
DESCARREGAMENTO
PRÉ-LIMPEZA
SECAGEM
ARMAZENAGEM
LIMPEZA
DESCASCAMENTO
POLIMENTO
SEPARAÇÃO E
CLASSIFICAÇÃO
EMBALAGEM
ARMAZENAMENTO
35
O consumo de arroz na Indonésia, que é um dos principais consumidores do
cereal no mundo, tem crescido, porém numa taxa menor do que a que tem sido
registrado para o consumo de alimentos em geral (PASANDARAN E BAY-
PETERSEN, 1995)
O consumo de arroz no Japão também tem sofrido mudanças importantes
nos últimos anos. Estas alterações se devem principalmente a uma maior influência
dos hábitos de consumo ocidentais, pela preferência por arroz de maior qualidade e
por ser cada vez mais freqüente a realização das refeições fora de casa (HIRAO,
1992).
Nos Estados Unidos, conforme Childs (1991), o consumo de arroz ocorre
principalmente sob três formas: consumo direto in natura, consumo de arroz
processado e através da fabricação de cerveja. Desses, o consumo de arroz
processado tem apresentado o maior crescimento, pois teve aumento de 13% entre
1986 e 1988, e de 130%, se for analisado desde 1978. Wailes et al, em 1994,
também estudaram o consumo de arroz nos EUA e identificaram que, entre 1983 e
1992, o consumo aumentou em taxas maiores do que a elevação registrada no
consumo de grãos em geral. Neste trabalho, também é apontado que o consumo de
arroz é preço-inelástico, porém, com uma inelasticidade menor a da que vinha
sendo encontrada em trabalhos anteriores. Estes autores confirmam, ainda, que o
crescimento do consumo de arroz é conseqüência de uma preferência por alimentos
mais saudáveis, convenientes e étnicos.
O consumo de alimentos na União Européia, de acordo com Ventura-Lucas
(2002), atingiu o limite máximo em termos quantitativos, em função de seu
crescimento macro-econômico, apesar de também ter sido verificado que a
alimentação representa uma percentagem cada vez menor no valor total das
despesas das famílias. Para essa autora é cada vez maior a preferência dos
consumidores europeus por alimentos processados e de conveniência e, portanto,
por produtos com maior valor agregado.
Nesta contextualização, buscou-se enfatizar a importância do arroz no Brasil
e no mundo, destacando as suas características nutricionais, que são aspectos
que podem ser evidenciados na promoção da sua demanda. Fez-se também uma
caracterização do consumo dos grãos em diversos países, pois se considera que o
36
mercado externo é uma importante alternativa para a elevação da demanda do arroz
brasileiro.
37
4. METODOLOGIA
Uma vez estabelecida a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para
a compreensão de aspectos relacionados à alimentação, Oliveira e Thebaud-Monys
(1997) lembram que ainda está para ser desenvolvido um método que consiga
explicar este fenômeno de maneira tão abrangente. Além disso, segundo esses
autores, no contexto atual, deve ser enfatizado o caráter dinâmico e diversificado
dos modelos de consumo, enfim, a maneira como eles se constroem e evoluem ao
longo do tempo.
O presente estudo pode ser dividido em duas etapas: a primeira corresponde
a uma etapa exploratória, onde, através de dados secundários, se buscou uma
maior compreensão do tema abordado. Posteriormente, numa segunda etapa,
realizou-se a fase descritiva, operacionalizada através da coleta de dados primários,
com a realização de entrevistas com consumidores de arroz, da região Metropolitana
de Porto Alegre-RS.
4.1. Etapa Exploratória
A pesquisa exploratória é um tipo de pesquisa que tem como principal objetivo
o fornecimento de critérios sobre a situação-problema enfrentada pelo pesquisador e
a sua compreensão (Malhotra, 2001). Como o nome diz, uma pesquisa exploratória
é realizada com o intuito de explorar um problema ou uma situação para encontrar
critérios que viabilizem a compreensão do fenômeno.
De acordo com Malhotra (2001), a pesquisa exploratória pode ser usada para
qualquer uma das finalidades abaixo:
- formular um problema ou defini-lo com maior precisão;
- identificar cursos alternativos de ação;
- desenvolver hipóteses;
38
- isolar variáveis e relações-chave para exame posterior;
- obter critérios para desenvolver uma abordagem do problema; e
- estabelecer propriedades para pesquisas posteriores;
A seguir serão detalhados os procedimentos metodológicos utilizados para
atender os objetivos específicos 1 e 2, que correspondem a esta etapa da pesquisa.
Para atingir o primeiro objetivo específico, é proposta a realização de uma
revisão bibliográfica através da qual se reuniram informações sobre as modificações
nos padrões de consumo de arroz no Brasil. Nesta etapa, foram utilizadas
informações de natureza qualitativa e quantitativa. As informações qualitativas
abordaram, principalmente, as características sócio-econômicas dos consumidores
de arroz no Brasil, a diversificação dos hábitos alimentares entre consumidores de
diferentes classes sociais, faixa etária e regiões geográficas e fatores
mercadológicos. As informações quantitativas também foram importantes na
execução da análise. Neste momento, a principal fonte dessas informações foi a
Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), que disponibiliza na
internet uma série histórica (desde 1961) do consumo per capita de arroz no Brasil e
nos demais países do mundo. Além disso, também foram comparados os resultados
obtidos nas Pesquisas de Orçamento Familiar (POF), realizadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos 1987/1988, 1995/1996 e
2002/2003. O período analisado é entre 1984 e 2003, pois é o período em que
ocorreram as maiores variações no mercado e no comportamento do consumidor de
arroz no Brasil.
Para identificar os fatores que afetam o consumo de arroz no Brasil, buscando
alcançar o objetivo específico 2, foi realizada, além da revisão bibliográfica, uma
análise de dados quantitativos, principalmente os dados do Dieese e do IBGE,
disponíveis na internet
1
. Do banco de dados do IBGE serão utilizados os dados da
Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2002/2003, onde é
possível verificar o consumo domiciliar de arroz nas nove principais regiões
metropolitanas do Brasil, de forma estratificada em diferentes faixas de recebimento
mensal familiar. O Dieese foi a fonte de dados referentes à composição da cesta
1
www.dieese.org.br e www.ibge.gov.br
39
básica nacional, mostrando a participação do item arroz na composição total da
cesta básica nas diferentes regiões brasileiras.
4.1.1. Caracterização das principais fontes de dados
- Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF)
As Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF), realizadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são as principais fontes de dados
utilizadas no alcance dos objetivos 1 e 2 dessa dissertação. Estas pesquisas
caracterizam-se pela busca da composição do orçamento doméstico das famílias
brasileiras, através de informações sobre as características de domicílios, famílias,
moradores e principalmente seus respectivos orçamentos.
As POFs propiciam a formação de uma série temporal de dados, importante
na identificação de mudanças nos padrões de consumo alimentar. Estas pesquisas
permitem também a desagregação das informações para estratos sócio-econômicos
e geográficos, possibilitando o estudo de grupos específicos da população. A
ausência de informações de consumo individualizado dos membros dos domicílios e
a impossibilidade de se avaliar a fração não aproveitada dos alimentos são algumas
das limitações das POFs (MONDINI E MONTEIRO, 1994).
Foram utilizadas as POFs 1987/88, 1995/96 e 2002/03 que, apesar de terem
o mesmo objetivo e uma metodologia padronizada, possuem algumas
particularidades. As duas primeiras POFs abrangem as regiões metropolitanas de
Belém-PA, Fortaleza-CE, Recife-PE, Salvador-BA, Belo Horizonte-MG, Rio de
Janeiro-RJ, São Paulo-SP, Curitiba-PR, Porto Alegre-RS, município de Goiânia-GO
e Distrito Federal. Na POF realizada no período 2002/2003, além das regiões citadas
anteriormente, foram incluídas as áreas rurais e a aquisição não-monetária, que
corresponde a tudo que é produzido, pescado, caçado, coletado ou recebido em
bens utilizados ou consumidos durante um período determinado. No Quadro 2 são
sintetizadas as particularidades de cada POF.
40
PERÍODO DA
COLETA DE
DADOS
ABRANGÊNCIA
Nº DE
DOMICÍLIOS
PESQUISADOS
POF
1987/88
Março de 1987 a
fevereiro
de 1988
Regiões Metropolitanas de
Belém, Fortaleza, Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Rio
de Janeiro, São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre, no
Município de Goiânia e no
Distrito Federal.
13.611
POF
1995/96
Outubro de 1995 a
setembro de 1996
Regiões Metropo
litanas de
Belém, Fortaleza, Recife,
Salvador, Belo Horizonte, Rio
de Janeiro, São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre, no
Município de Goiânia e no
Distrito Federal.
19.816
POF
2002/03
Julho de 2002 a
julho de 2003
Áreas urbanas e rurais em
todo o território
brasileiro
48.470
Quadro 8: Caracterização das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs)
analisadas.
Fonte: elaboração própria.
- Pesquisa da Cesta Básica Nacional (Dieese)
Realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-
econômicos, a pesquisa da Cesta Básica Nacional faz o acompanhamento mensal
dos preços de treze produtos alimentícios em dezesseis capitais brasileiras, bem
como o gasto mensal que um trabalhador teria para comprá-los. A Cesta Básica
Nacional é composta por uma lista de alimentos, considerada suficiente para o
sustento e bem estar de um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades
balanceadas de proteínas, calorias, ferro, cálcio e fósforo. Conforme estabelecido
pelo Decreto Lei nº 399, os ítens e as quantidades que compõem a cesta são
diferenciais para as distintas regiões.
4.2. Etapa Descritiva
O principal objetivo da pesquisa descritiva, segundo Malhotra (2001), é
descrever alguma coisa, normalmente características ou funções de mercado. A
pesquisa descritiva pode ser realizada pelas seguintes razões:
41
- descrever as características de grupos relevantes, como consumidores,
vendedores, organizações ou áreas de mercado;
- estimar a porcentagem de unidades numa população específica que exibe
um determinado comportamento;
- determinar as percepções das características dos produtos;
- determinar o grau até o qual as variáveis de marketing estão associadas;
- fazer previsões específicas.
Os estudos que se caracterizam por ser uma pesquisa descritiva, são
operacionalizados através dos métodos de coleta de evidências como surveys,
dados secundários, painéis, dados de observações e outros dados. Quanto à
classificação, um estudo descritivo pode ser classificado como transversal ou
longitudinal. Os estudos transversais envolvem a coleta de informações de qualquer
amostra de elementos da população somente uma vez. os estudos longitudinais
envolvem uma amostra fixa da população a qual é medida repetidamente. Essa
amostra permanece a mesma ao longo do tempo, provendo assim uma série de
Quadros que, vistos em conjunto, oferecem uma ilustração vívida da situação e as
mudanças que estão ocorrendo (MALHOTRA, 2001).
Na presente dissertação, a etapa descritiva da pesquisa caracteriza-se por ser
um estudo transversal, que a amostra da população foi questionada somente uma
vez.
A etapa descritiva da pesquisa serviu para atender ao terceiro objetivo
específico de estudo, que foi o de identificar os fatores que influenciam no consumo
de arroz na RMPA-RS. Foi realizada uma coleta de dados primários pelo método de
survey. Segundo Malhotra (1999), esse método corresponde à aplicação de um
questionário geralmente estruturado a uma amostra da população e destinado a
provocar informações específicas dos entrevistados. O questionário estruturado visa
uma maior padronização no processo de coleta de dados. O questionário é
composto por questões formuladas com base no referencial teórico.
A survey realizada se caracterizou pela aplicação de questionários
pessoalmente, onde as pessoas foram abordadas nos supermercados e solicitadas
a responderem o questionário. O método de survey, segundo Malhotra (1999), é
42
vantajoso pela sua fácil aplicação, porém a abordagem pessoal apresenta a
desvantagem de, muitas vezes, provocar intimidação dos entrevistados tornando-os
incapazes ou relutantes em dar as informações desejadas.
A coleta de dados primária foi realizada no período compreendido entre 16 de
agosto e 19 de novembro de 2004, sendo as entrevistas sempre conduzidas em
supermercados localizados na RMPA-RS. Foram entrevistadas 402 pessoas e os
dados obtidos foram tabulados em uma planilha Excel para que fossem realizadas
as análises estatísticas.
O item 4.2.1., apresentado a seguir, descreve detalhadamente a RMPA-RS,
que é o universo de estudo desse objetivo específico da pesquisa.
4.2.1. Caracterização do universo de estudo
A aplicação dos questionários neste estudo tem a abrangência limitada à
RMPA-RS. Ocupando uma área de 9.825,61 km
2
, a RMPA-RS representa 3,65% da
área do estado do Rio Grande do Sul e é composta por 31 municípios: Alvorada,
Araricá, Arroio dos Ratos, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Capela de Santana,
Charqueadas, Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Estância Velha, Esteio, Glorinha,
Gravataí, Guaíba, Ivoti, Montenegro, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo,
Parobé, Portão, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, São
Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Triunfo e Viamão. A Figura 3 ilustra
a localização e a abrangência da RMPA no estado do Rio Grande do Sul.
De acordo com as estimativas populacionais do IBGE (2003), a população da
Região Metropolitana de Porto Alegre é de 3.877.844 habitantes, representando
aproximadamente 36,9% da população total do Rio Grande do Sul, que é de
10.510.992. Segundo dados do Censo do IBGE de 2000, 95,5% da população da
RMPA vivem em áreas urbanas, correspondendo a 42,7% da população urbana do
Estado. a população rural da RMPA, 167.106 habitantes, representa menos de
9% da população rural desse estado.
Em relação à caracterização sócio-econômica dos municípios que compõem
a RMPA, pode-se dizer que aproximadamente 30%, de um universo de 1.132.043
domicílios particulares permanentes da RMPA, têm seus responsáveis recebendo
43
uma renda de até dois salários mínimos
2
, segundo os dados do Censo Demográfico
2000, realizado pelo IBGE. Em mais de 60% dos domicílios desta região, a renda
média dos seus responsáveis não passa de 5 salários mínimos.
Figura 3: Localização da Região Metropolitana de Porto
Alegre no estado do Rio Grande do Sul.
Fonte: Região Metropolitana de Porto Alegre Caracterização
Sócio-espacial, Equipe Rede Habitat Porto Alegre, 2003.
O Gráfico 1 apresenta a distribuição do total de domicílios particulares
permanentes da RMPA em relação à renda média de seus responsáveis. Já o Anexo
B mostra a distribuição percentual dos domicílios particulares permanentes de cada
município da RMPA em função da faixa de renda nominal mensal da pessoa
responsável pelo domicílio.
2
Salário mínimo utilizado no Censo Demográfico de 2000, do IBGE, de R$ 151,00
44
18,58%
9,03%
6,02%
5,42%
13,50%
29,40%
18,05%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
< 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 20 > 20 sem
rendimento
salários mínimos
Gráfico 1: Distribuição dos domicílios da Região Metropolitana de
Porto Alegre-RS em função do rendimento nominal mensal da
pessoa responsável pelo domicílio (2000).
Fonte: Censo 2000, IBGE.
Dentro da RMPA-RS, o município de Porto Alegre é o mais populoso, com
aproximadamente 1.360.590 habitantes. Distribuída em 78 bairros oficiais, a
população de Porto Alegre representa aproximadamente 36% da população da
RMPA e 13% da população do estado do Rio Grande do Sul.
4.2.2. Definição e planejamento da amostra
Como a população estudada caracteriza-se pela sua grande dimensão, a
consideração de todos os seus elementos torna-se praticamente impossível em
função de limitação de tempo e recursos. Fez-se, por isso, necessária a realização
de uma pesquisa por amostragem, que, segundo Gil (1995) corresponde à seleção
de alguns dos elementos de uma população buscando a proporcionalidade e a
representatividade da população pesquisada.
A amostragem na pesquisa econômica, segundo Gil (1995), apresenta
algumas vantagens em relação à pesquisa da população integral (censo). As
principais vantagens são: custo reduzido e maior rapidez da pesquisa. Nos
levantamentos por amostragem, como o número de pesquisadores é menor, pode-
45
se utilizar o pessoal mais qualificado, bem como proporcionar melhor treinamento e
controle na coleta de dados, repercutindo em resultados mais exatos.
As técnicas de amostragem podem ser genericamente classificadas como não-
probabilísticas e probabilísticas. A amostragem não probabilística é a técnica de
amostragem que não utiliza a seleção aleatória e confia no julgamento pessoal do
pesquisador. a amostragem probabilística consiste num processo de amostragem
em que cada elemento da população tem uma chance fixa de ser incluído na
amostra. Como os elementos da amostra são selecionados aleatoriamente, é
possível determinar a precisão das estimativas amostrais das características de
interesse. É possível calcular os intervalos de confiança que contenham o verdadeiro
valor populacional com determinado grau de certeza. Isso permite ao pesquisador
fazer inferências sobre a população-alvo da qual se extraiu a amostra (MALHOTRA,
2001). Na presente dissertação, optou-se pela adoção da amostragem probabilística
para se obter um maior grau de certeza e se poder fazer inferências sobre a
população.
Na fase de definição e planejamento da amostra, o primeiro passo foi
dimensionar o seu tamanho. Na busca da representatividade das características do
universo no dimensionamento da amostra devem ser consideradas a extensão do
universo, nível de confiança estabelecido e erro máximo permitido.
Utilizando-se um nível de confiança de 95% e um erro amostral de 5%,
dimensionou-se a amostra em 400 casos, conforme a fórmula abaixo:
n = Z
2
* SD
2
/ L
2
onde: n = número de casos da amostra
Z = 1,96 para 95% de confiança
SD = desvio-padrão (renda)
L = precisão desejada
Dentro dessa amostra, a aplicação dos questionários foi feita
proporcionalmente à população das regiões envolvidas e à faixa de rendimento
médio mensal dos moradores dos domicílios, conforme ilustra os Quadros 9,10 e 11.
46
Nº de questionários por estrato de renda
domiciliar, em salários mínimos
2
+2 a
3
+3 a
5
+5 a
10
+10 a
20
>
20
sem
rendimento
Total de
Questionários
na região
(nº)
REGIÃO 1
8 3 4 3 1 0 1 20
REGIÃO 2
33 16 24 34 23 17 8 155
REGIÃO 3
26 11 14 11 3 1 5 71
REGIÃO 4
29 14 20 18 6 2 7 96
REGIÃO 5
21 10 10 9 3 2 5 60
Total de
Questionários
por estrato
117 54 72 75 36 22 26 402
Quadro 9: Distribuição dos questionários por estratos de renda média
domiciliar e região da Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004)
ZONA Nº de questionários
ZONA 1 25
ZONA 2 15
ZONA 3 44
ZONA 4 38
REGIÃO 2
ZONA 5 33
Quadro 10: Distribuição dos questionários dentro da Região 2
Região 1:
Arroio dos Ratos, Charqueadas, Eldorado do Sul, Guaíba, São Jerônimo e
Triunfo
Região 2:
Porto Alegre
Zona 1:
Anchieta, Arquipélago, Farrapos, Humaitá, Jardim São Pedro,
Navegantes, Rube
m Berta, Santa Maria Goretti, São Geraldo, São João
e Sarandi
Zona 2:
Bom Fim, Centro, Cidade Baixa, Farroupilha, Floresta,
Independência e Marcílio Dias.
Zona 3:
Auxiliadora, Bela Vista, Boa Vista, Bom Jesus, Chácara das
Pedras, Cristo redentor, Higia
nópolis, Jardim Botânico, Jardim
Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Floresta, Jardim Itu Sabará, Jardim
Lindóia, rio Quintana, Moinhos de Vento, Mont´Serrat, Passo da
Areia, Petrópolis, Rio Branco, Santa Cecília, São Sebastião, Três
Figueiras, Vila Ipiran
ga e Vila Jardim.
Zona 4:
Azenha, Camaquã, Cavalhada, Cel Aparício Borges, Cristal,
Medianeira, Menino Deus, Nonoai, Partenon, Praia de Belas, Santana,
Santo Antônio, São José, Teresópolis e Vila João Pessoa.
Zona 5:
Agronomia, Belém Novo, Belém Velho, Cascata, Espírito
Santo, Glória, Guarujá, Hípica, Ipanema, Lageado, Lami, Lomba do
Pinheiro, Pedra Redonda, Ponta Grossa, Restinga, Santa Tereza,
Serraria, Tristeza, Vila Assunção, Vila Conceição e Vila Nova.
Região 3:
Alvorada, Glorinha, Gravataí, Santo Antônio da Patrulha e Viamão
Região 4:
Cachoeirinha, Canoas, Capela de Santana, Esteio, Montenegro, Nova Santa
Rita, Portão, São Leopoldo e Sapucaia do Sul
Região 5:
Araricá, Campo Bom, Dois Irmãos, Estância Velha, Ivoti, Nova Hartz, Novo
Hamburgo, Parobé, Sapiranga, Taquara
Quadro 11: Abrangência das regiões pesquisadas.
47
4.2.3. Características do instrumento de coleta de dados
Para ser usado como instrumento para coleta de dados, foi formulado um
questionário estruturado (Anexo C) abrangendo os principais pontos levantados no
referencial teórico.
Composto por 22 questões, o questionário foi dividido em duas partes. Na
primeira parte se buscou fazer uma caracterização do domicílio dos entrevistados,
procurando identificar, principalmente, as características sócio-culturais das famílias
pesquisadas. Nesta etapa, foram abordadas questões referentes aos aspectos
culturais como origem étnica, religião, naturalidade e classe social (através da renda
familiar e do grau de instrução do chefe de domicílio). Além disso, questionou-se
também sobre o número e a idade dos moradores, o número de pessoas que
almoçam e jantam por dia em casa, buscando estimar, indiretamente, a freqüência
de realização de refeições fora de casa. As questões mais diretamente relacionadas
às preferências e aos hábitos de consumo de arroz nos domicílios compõem a
segunda parte do questionário. Nesta etapa, buscou-se abordar questões referentes
à freqüência de consumo de arroz nas refeições; alimentos complementares e
substitutos do arroz; preferências de consumo com relação ao tipo e embalagem;
principais critérios de escolha do arroz no momento da compra; influência da
propaganda na escolha do produto; elasticidade-renda e elasticidade-preço;
diversificação de produtos à base de arroz e ao oferecimento de um espaço para
comentário livre sobre o processo de consumo de arroz.
4.2.4 Tabulação e procedimentos de análise dos resultados
Os dados levantados nas 402 entrevistas foram tabulados numa planilha
Excel. Cada observação (questionário) ocupou uma linha e as variáveis foram
colocadas nas colunas, de forma a permitir a análise direta das médias, freqüências
e os demais tratamentos estatísticos necessários para análise dos resultados.
Nas análises estatísticas foi utilizada, além dos dados fornecidos diretamente
pelo questionário, uma variável obtida indiretamente, através de cálculo baseado
nas respostas dos entrevistados. No cálculo do consumo domiciliar per capita de
48
arroz dos consumidores pesquisados foi considerado o número de pessoas
residentes no domicílio e o volume de arroz adquirido semanalmente. Para número
de moradores, foi feita uma ponderação, atribuindo-se peso de 0,5 para as crianças
e 0,7 para os idosos.
Informações com a tendência central e a variabilidade de cada variável, bem
como os histogramas, que calcula freqüências individuais, e as correlações entre
determinadas variáveis foram feitas no Excel. Para médias do consumo domiciliar
per capita de arroz dos diferentes grupos (criados em função da faixa de renda
familiar, etnia, religião, naturalidade, etc) utilizou-se a Análise de Variância (ANOVA)
como ferramenta de análise estatística. Esta análise foi feita através do programa
estatístico SPSS v.10.0, que, quando ocorre a rejeição da hipótese de que
estatisticamente não diferenças entre os grupos (hipótese nula), permite a
realização do procedimento de comparações múltiplas de Duncan, que indica de que
forma os grupos se diferem.
A seguir, o Quadro 12 apresenta uma síntese dos procedimentos
metodológicos da pesquisa para atender cada objetivo proposto.
Etapa Exploratória Etapa Descritiva
Objetivo 1 Revisão bibliográfica sobre as
modificações nos padrões de
consumo de arroz no Brasil,
características sócio-
econômicas,
faixa etária, regiões geográficas e
fatores mercadológicos.
Informações qualitativas e
quantitativas (FAO e IBGE).
Objetivo 2
Revisão bibliográfica e análise de
dados quantitativos, principalmente
os dados do Dieese e do IBGE,
disponíveis na internet
Objetivo 3
- Coleta de dados primários
pelo método
de survey.
- tabulação e análise estatística
dos dados obtidos
Quadro 12: Objetivos da pesquisa e descrição das etapas para alcançá-los
Fonte: Autor, 2005.
49
5. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos neste
estudo. Primeiramente, foram feitas análises de dados secundários buscando
identificar e discutir as variações no consumo de arroz no Brasil nos últimos 20 anos
e caracterizar os padrões de consumo de arroz nas diferentes regiões brasileiras. A
segunda parte desse capítulo corresponde à apresentação e análise das
informações levantadas nas entrevistas com os consumidores da Região
Metropolitana de Porto Alegre, buscando identificar os fatores que influenciam o
consumo de arroz desses consumidores.
Mesmo não sendo considerado um dos objetivos desse estudo, uma análise
do comportamento do consumo per capita de arroz no mundo, ao longo dos anos,
fez-se por necessário. Isto porque com o acelerado processo de globalização, com
uma conseqüente homogeneização cultural, é cada vez maior a influência de
fenômenos externos nos padrões nacionais de consumo.
5.1 Variações no consumo brasileiro de arroz no período entre 1982 e 2002.
De acordo com os dados da FAO, o consumo per capita mundial de arroz
beneficiado, no período entre 1982 e 2002, apresenta claramente duas fases
distintas de comportamento. Conforme ilustrado no Gráfico 2, na década de 80, o
consumo per capita de arroz beneficiado no mundo apresentou grandes variações,
chegando a ter variação superior a 2 kg/hab/ano entre 1983 e 1984. Além disso, na
década de 80 houve um crescimento no consumo de aproximadamente 2%. na
década de 90, observou-se maior estabilidade no comportamento do consumo de
arroz, porém com pequena redução, aproximadamente 1%. Esse comportamento
nos últimos anos é também resultado de um processo de ocidentalização dos
hábitos alimentares orientais, conforme mencionados por Kim-Young e Kim-Yo
(2001) e Hirao (1992), sobre a Coréia do Sul e Japão, respectivamente.
50
52
53
54
55
56
57
58
59
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
kg/hab/ano
Gráfico 2: Evolução do consumo
per capita
de arroz beneficiado no mundo,
período entre 1982 e 2002.
Fonte: FAOSTAT, 2004
Quando se compara o consumo per capita de arroz entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento, fica evidente a existência de características
bem distintas, enfatizando a influência de aspectos culturais e sócio-econômicos no
consumo deste cereal. Nos países em desenvolvimento, o consumo de arroz por
habitante é mais de seis vezes maior do que nos países desenvolvidos. Como pode
ser observado no Gráfico 3, o consumo per capita de arroz beneficiado nos países
em desenvolvimento vem se reduzindo desde o início dos anos 90. Nesta década, o
consumo nesses países reduziu aproximadamente 3 kg/hab/ano. Enquanto isso,
embora com ritmo menor, o consumo per capita de arroz beneficiado nos países
desenvolvidos apresentou uma reação inversa a partir da metade da década de 90,
registrando um aumento de 0,8 kg/hab/ano.
9,8
10
10,2
10,4
10,6
10,8
11
11,2
11,4
11,6
11,8
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Países dese nvolvidos (kg/hb/a no)
66
67
68
69
70
71
72
73
74
Países e m desenvolvim ento
(kg/hb/a no)
desenvolvidos em desenvolvim ento
Gráfico 3: Comparação entre consumo
per capita
de arroz beneficiado nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento, período entre 1982 e 2002.
Fonte: FAOSTAT, 2004
51
O Gráfico 4 compara a evolução do consumo per capita de arroz beneficiado
na Ásia no período 1982 a 2002. Em patamar bem superior ao observado nos
demais continentes, o consumo per capita de arroz beneficiado na Ásia vem
reduzindo desde o início da década de 90, fruto do processo de ocidentalização dos
hábitos alimentares da sua população. Observando o Gráfico 5, percebe-se que na
África e nas Américas do Norte e Central o volume de arroz beneficiado consumido
por habitante vem crescendo, enquanto permanece praticamente constante na
Europa e na América do Sul nesse período. Na América do Sul, o consumo é bem
superior ao dos demais continentes.
78
80
82
84
86
88
90
92
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
kg/hab/ano
Gráfico 4: Evolução do consumo
per capita
de arroz beneficiado na Ásia, em
kg/hab/ano, período entre 1982 e 2002.
Fonte: FAOSTAT, 2004
0
5
10
15
20
25
30
35
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
kg/hab/ano
Africa Europa América do Sul América Central e do Norte
Gráfico 5: Evolução do consumo
per capita
de arroz beneficiado na África,
América Central e do Norte, América do Sul e Europa, no período 1982 a 2002.
Fonte: FAOSTAT, 2004
52
Assim como se observa nos demais países do mundo, no Brasil também vem
sendo identificadas variações no consumo de alimentos. Pode-se observar no
Gráfico 6 que o consumo total de arroz no Brasil não vem acompanhando a
tendência de crescimento da população brasileira nos últimos 20 anos, pois ocorre
uma compensação por gradual redução da quantidade de arroz consumida por
habitante.
O Gráfico 7 ilustra a variação do consumo per capita de arroz beneficiado e
em casca, no Brasil, nos últimos 20 anos. Nesse período o consumo per capita de
arroz beneficiado teve uma redução de aproximadamente 14%, o que corresponde a
5,7 kg/hab/ano.
60
80
100
120
140
160
180
200
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
população (milhões de habitantes)
4
5
6
7
8
9
10
11
consumo (milhões de toneladas)
população
consumo
Gráfico 6: Evolução da população e do consumo de arroz em casca no Brasil,
no período 1982 a 2002.
Fonte: FAOSTAT, 2004
0
10
20
30
40
50
60
70
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
kg/hab/ano
beneficiado casca
Gráfico 7: Evolução do consumo
per capita
de arroz beneficiado e em casca no
Brasil, em kg/hab/ano.
Fonte: FAOSTAT, 2004
53
Os dados obtidos nas Pesquisas de Orçamentos Familiares realizadas em
1987, 1996 e 2003 do IBGE foram utilizados para avaliar a variação do consumo
domiciliar per capita de arroz no Brasil entre os anos de 1987 e 2003 conforme
ilustra o Gráfico 8. Nesse período, o consumo per capita de arroz polido nos
domicílios reduziu em, aproximadamente, 16%.
É importante ressaltar que os resultados obtidos nas POFs apenas
consideram o consumo familiar domiciliar, excluindo o volume de alimento
consumido fora de casa. Grande parte dessa redução se deve, portanto, ao aumento
do consumo de alimentos fora de casa, não significando que a população brasileira
esteja comendo 16% menos de arroz, e sim, que esteja comprando menos arroz
para comer em casa. Essa observação justifica-se, em parte, pelas alterações no
estilo de vida da população já descritas anteriormente.
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
1987 1996 2003
Gráfico 8: Variação da aquisição alimentar domiciliar "
per capita
" de arroz
polido no Brasil, segundo dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares de
1987, 1996 e 2003 do IBGE, em kg/hab/ano.
Fontes: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 1987, 1996 e 2003
Buscando identificar a influência do consumo de trigo (tido como produto
substituto do arroz) na variação do consumo de arroz no Brasil entre 1982 e 2002, o
Gráfico 9 apresenta o acompanhamento anual do consumo per capita desses dois
produtos, segundo dados da FAO. Apesar de não ser muito forte, os dados
apresentaram correlação negativa de -0,4, comprovando que realmente existe
relação de substituição entre esses dois produtos.
54
No Gráfico 10 compara-se os consumos per capita de arroz e de feijão, no
período 1982 a 2002, no Brasil. Apesar desses dois alimentos serem considerados
produtos complementares, os dados apresentaram uma correlação de -0,03, que
indica uma correlação praticamente nula, contrariando o que se esperava. Portanto,
essa pode ser considerada uma descoberta relevante deste estudo, não para a
cadeia produtiva do arroz, mas também para a cadeia produtiva do feijão. No
levantamento bibliográfico não foram encontrados trabalhos que comprovassem
correlação negativa entre consumo de arroz e feijão.
0
10
20
30
40
50
60
70
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
kg/hab/ano
arroz em casca trigo
Gráfico 9: Comparação entre a evolução do consumo
per capita
de arroz em
casca e trigo no Brasil, no período 1982 e 2002, em kg/hab/ano.
Fonte: FAOSTAT, 2004
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
kg/hab/ano
feijão arroz beneficiado
Gráfico 10: Comparação entre a evolução do consumo
per capita
de arroz em
casca e feijão no Brasil, no período 1982 e 2002, em kg/hab/ano.
Fonte: FAOSTAT, 2004
Considerando a teoria de que o consumo alimentar sofre influência de
aspectos culturais, a partir das informações fornecidas pelas POFs realizadas em
55
1987, 1996 e 2003, pode-se observar nos Gráficos 11 e 12 que a aquisição
alimentar domiciliar per capita anual de arroz varia em função da região geográfica
no Brasil.
No Gráfico 11 foram agregados os resultados das POF 1987 e 1996 de nove
capitais brasileiras, considerando apenas o consumo domiciliar urbano. Com
exceção de Fortaleza, as capitais nordestinas tiveram os menores índices de
consumo domiciliar per capita de arroz polido nas duas pesquisas, mas
apresentaram aumento deste volume entre 1987 e 1996. Conforme citado
anteriormente neste estudo, segundo Cogo e Velho (1994), no Nordeste, a fonte
calórica mais importante é a farinha de mandioca. As capitais do Sudeste foram as
que tiveram o maior consumo domiciliar per capita de arroz polido, mas tanto em
São Paulo quanto em Belo Horizonte este consumo sofreu redução. Neste sentido,
percebe-se que, com exceção do Rio de Janeiro, as capitais que tinham consumo
per capita de arroz elevado, reduziram com o passar do tempo, enquanto que as
capitais com menor consumo apresentaram aumento, comprovando uma
homogeneização dos hábitos de consumo.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Porto
Alegre
Curitiba o
Paulo
Rio de
Janeiro
Belo
Horizonte
Salvador Recife Fortaleza Belém
kg/hab/ano
1987 1996
Gráfico 11: Consumo domiciliar
per capita
de arroz polido em diferentes
capitais brasileiras, em 1987 e 1996 (kg/hab/ano).
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 1987 e 1996
O índice de consumo nas regiões metropolitanas é, segundo Cogo e Velho
(1994), homogêneo em função da maior padronização dos hábitos do consumidor e
maior equalização dos preços.
56
Os dados referentes ao consumo domiciliar per capita de arroz polido
levantados na POF 2003 são apresentados no Gráfico 12 comparando os valores
nas cinco regiões brasileiras. Nesta pesquisa, além dos centros urbanos, foram
incluídas as áreas rurais. O Centro-Oeste, região importante na produção brasileira
de arroz, tem o maior consumo per capita nos domicílios, enquanto que a região Sul
tem o menor consumo domiciliar per capita de arroz polido, apesar de ser a região
onde se concentra mais de 50% da produção do cereal e onde o arroz tem o menor
peso no custo da cesta básica.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
kg/hab/ano
Gráfico 12: Consumo domiciliar
per capita
de arroz polido em diferentes regiões
brasileiras, em 2003 (kg/hab/ano)
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2003
Enfatizando ainda mais a influência de aspectos socio-econômicos e culturais
no consumo de arroz o Gráfico 13 faz uma comparação do consumo domiciliar per
capita de arroz polido na zona rural e urbana das diferentes regiões brasileiras. As
variações do volume consumido das diferentes regiões brasileiras acentuam-se nas
zonas rurais, que, em todas as regiões é superior ao consumo nas áreas urbanas. O
índice de consumo nas regiões metropolitanas é, segundo Cogo e Velho (1994),
homogêneo em função da maior padronização dos hábitos do consumidor e maior
equalização dos preços.
57
0
10
20
30
40
50
60
70
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-
Oeste
urbana
rural
Gráfico 13: Aquisição domiciliar
per capita
de arroz polido nas zonas rurais e
urbanas das diferentes regiões brasileiras, em 2003 (kg/hab/ano)
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2003
Visando analisar a influência do consumo de um alimento substituto do arroz
na sua demanda nas cinco regiões do Brasil, foi feita uma comparação entre a
aquisição alimentar domiciliar per capita de arroz e macarrão, um alimento
considerado substituto do arroz. Conforme apresentado no Gráfico 14, o consumo
do arroz é maior onde se consome menos macarrão. Por outro lado, se consome
mais macarrão onde o consumo de arroz é menor. Apesar do número reduzido de
observações, verificou-se que existe uma correlação negativa forte entre as duas
variáveis de -0,74.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
arroz polido
0
1
2
3
4
5
6
macarrão
arroz polido macarrão
Gráfico 14: Aquisição alimentar domiciliar "
per capita
" anual de arroz polido e
de macarrão no Brasil, em função da região geográfica (kg/hab/ano)
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2003
58
Apesar de envolver um alimento básico, consumido em todas as classes
sociais, a relação entre consumo de arroz e poder aquisitivo do consumidor é
bastante relevante quando se pretende analisar a dinâmica desse consumo. Nesse
sentido, os dados obtidos nas Pesquisas de Orçamentos Familiares de 1987, 1996 e
2003 mostram que realmente existe uma variação do consumo de arroz polido em
função da renda familiar.
Numa comparação dos dados levantados nas POFs de 1987 e 1996 (Gráfico
15) pode-se observar que houve uma redução do consumo alimentar domiciliar per
capita do arroz polido no Brasil em todas as faixas de renda, com exceção das faixas
entre 3 e 6 salários mínimos, onde se registraram os mais altos volumes consumidos
em 1996. É visível também que a quantidade de arroz polido consumida aumenta
com o aumento da faixa de renda, até atingir o pico na faixa entre 5 e 6 salários
mínimos. A partir daí, o volume consumido do cereal estabiliza-se entre 25 e 30
kg/hab/ano.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
< 2 2 a 3 3 a 5 5 a 6 6 a 8 8 a 10 10 a 15 15 a 20 20 a 30 > 30
1987 1996
Gráfico 15: Consumo domiciliar
per capita
de arroz polido nas diferentes faixas
de rendimento médio domiciliar, em kg/hab/ano.
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 1987 e 1996
Conforme as informações levantadas na POF 2003, o consumo alimentar
domiciliar per capita do arroz polido no Brasil é, em média, de 25,24 quilogramas e
apresenta uma variação, em função da faixa de recebimento familiar, entre
aproximadamente 18 e 29 quilos, ver Gráfico 16. Assim como já se observava
através dos dados das POF anteriores, em 2003, o arroz polido caracteriza-se como
59
um bem normal nas faixas mais baixas de recebimento familiar. O consumo desse
produto aumenta quando aumenta o recebimento médio familiar, até a faixa entre
1000 e 1200 reais mensais, quando atinge o pico de consumo. A partir daí, nas
faixas superiores de recebimento, o consumo do arroz polido nos domicílios assume
um comportamento inverso, reduzindo com a elevação do rendimento médio familiar,
comportamento característico dos bens inferiores.
0
5
10
15
20
25
30
35
< 400 400 a
600
600 a
1000
1000 a
1200
1200 a
1600
1600 a
2000
2000 a
3000
3000 a
4000
4000 a
6000
> 6000
Gráfico 16: Consumo domiciliar
per capita
de arroz polido nas diferentes faixas
de rendimento médio domiciliar, em 2003 (kg/hab/ano)
Fonte: IBGE - Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2003
Ao se realizar uma análise da evolução do consumo domiciliar per capita do
arroz, no período de 1982 a 2002 , nas diferentes regiões brasileiras e nas diferentes
faixas de renda, buscou-se acrescentar à análise a variação da participação do ítem
arroz no custo total da cesta básica nacional nas principais capitais brasileiras (Belo
Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo, Goiânia,
Fortaleza e Recife). De acordo com dados do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), a participação média do item
arroz no custo da cesta básica vem apresentando tendência de crescimento nas
diferentes capitais pesquisadas, conforme pode ser observado no Gráfico 17. Em
São Paulo, principal estado consumidor de arroz no Brasil, o custo do arroz, em
dezembro de 2004, correspondeu a 2,6% do custo total da cesta básica.
A composição da cesta básica em produtos e quantidades varia entre as
diferentes regiões brasileiras. Esta composição é estabelecida pelo Decreto-Lei 399,
60
que regulamenta o salário mínimo no Brasil. A quantidade de arroz na cesta básica é
de 3 quilogramas para os estados do grupo 1 (São Paulo, Minas Gerais, Espírito
Santo Rio de Janeiro, Goiás e Distrito federal), do grupo 3 (Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e na cesta básica nacional
(cesta normal média para a massa trabalhadora em atividades diversas e para todo
o território nacional). Para os estados do grupo 2 (Pernambuco, Bahia, Ceará, Rio
Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Amazonas, Pará, Piauí, Tocantins, Acre,
Paraíba, Rondônia, Amapá, Roraima e Maranhão) a cesta básica deve conter 3,6
quilogramas de arroz.
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
dez-94
jun-95
dez-95
jun-96
dez-96
jun-97
dez-97
jun-98
dez-98
jun-99
dez-99
jun-00
dez-00
jun-01
dez-01
jun-02
dez-02
jun-03
dez-03
jun-04
dez-04
Curitiba Porto Alegre Salvador São Paulo Goiânia Recife
Gráfico 17: Participação do ítem arroz no custo da cesta básica em seis capitais
brasileiras, no período de dezembro de 1994 a dezembro de 2004.
Fonte: DIEESE.
O item 6.2 apresenta uma análise dos dados primários coletados junto aos
consumidores da Região Metropolitana de Porto Alegre.
5.2. Análise dos dados coletados junto aos consumidores da Região
Metropolitana de Porto Alegre-RS (RMPA-RS)
De acordo com a teoria do comportamento do consumidor, os fatores culturais
exercem influência nos hábitos de consumo das pessoas. Diante disso, buscou-se,
61
primeiramente, identificar a origem étnica dos consumidores entrevistados, para
verificar se realmente existe alguma relação com o consumo de arroz. O Quadro 13
mostra a distribuição das etnias predominantes nos domicílios dos 402
entrevistados. Alguns dos domicílios têm mais de uma etnia, fazendo com que a
soma das percentagens ultrapasse os 100%.
ETNIA FREQÜÊNCIA
(nº)
PORCENTAGEM
(%)
Italiana
109
27,1
Outra
105
26,1
Alemã
93
23,3
Hispânica
58
14,4
Afro
39
9,7
Indígena
22
5,4
Árabe
8
1,9
Oriental asiático
0
0,0
Quadro 13: Distribuição das etnias predominantes nos
domicílios da Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Para verificar o possível impacto da etnia no consumo domiciliar de arroz foi
feita uma análise de variância (ANOVA) e se verificou que não houve diferença
significativa entre os grupos de diferentes etnias para o consumo domiciliar per
capita de arroz. Tais resultados permitem, portanto, concluir que a etnia
predominante no domicílio não tem influência no consumo domiciliar per capita de
arroz na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Ainda buscando uma caracterização cultural dos consumidores pesquisados,
a terceira questão do questionário abordou sobre a religião predominante no
domicílio. Neste aspecto, em 68,7% das residências a religião católica predomina,
seguida da evangélica com 12,2%. O Quadro 14 traz a distribuição das respostas
referentes à religião.
62
RELIGIÃO FREQÜÊNCIA
(nº)
PORCENTAGEM
(%)
Católica
276
68,7
Evangélica
49
12,2
Espiritismo
34
8,5
Sem religião
22
5,5
Outra religião
11
2,7
Umbanda/Candomble
6
1,5
Judaísmo
2
0,5
Hinduísmo
1
0,2
Quadro 14: Distribuição das religiões predominantes nos
domicílios da Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Comparando-se as médias de consumo domiciliar per capita de arroz de cada
religião, verificou-se haver diferença significativa entre os grupos de cada religião.
Conforme o Quadro 15, o teste de Duncan indicou que os domicílios de pessoas
sem religião predominante, espíritas e judeus não diferem estatisticamente entre si,
da mesma forma os domicílios com o predomínio de espíritas, católicos,
evangélicos, umbandistas, sem religião e de outra religião não citada no questionário
também não diferiram estatisticamente. Os domicílios que tem a
Umbanda/Candomblé como religião predominante apresentaram a maior média de
consumo domiciliar per capita de arroz, com aproximadamente 45 kg/hab/ano,
enquanto que os judeus foram os que apresentaram o menor consumo, com 10
kg/hab/ano.
RELIGIÃO
N
Grupo 1
Grupo 2
Judáica
2
10,00
Espírita
33
26,03
26,03
Sem religião
22
26,42
26,42
Católica
269
30,42
Evangélica
48
35,13
Outra
11
35,33
Umbanda/Candomb
6
45,11
N= número de indivíduos
Grupos 1 e 2 reúnem as religiões as quais não diferiram estatisticamente, ao nível
de significância de 5%, quanto a média de consumo domiciliar de arroz polido.
Quadro 15: Resultado do teste de Duncan para grupos formados pela
religião predominante nos domicílios da Região Metropolitana de Porto
Alegre-RS (2004). (nível de significância de 5%)
Fonte: Resultados da pesquisa.
63
A origem familiar de 51% dos consumidores entrevistados é o interior do Rio
Grande do Sul, enquanto que 41% dos entrevistados são de Porto Alegre e 8% dos
entrevistados são de outro estado ou país.
Quando questionados sobre a quantidade consumida de arroz polido, os
domicílios com origem no interior do estado do Rio Grande do Sul apresentaram
consumo per capita médio de 32,34 kg/hab/ano, enquanto que os consumidores
com origem de Porto Alegre tiveram uma média de aproximadamente 26,8
kg/hab/ano e os de outro estado ou país apresentaram um consumo médio de 39,25
kg/hab/ano. Estatisticamente, o consumo domiciliar per capita de arroz nos
domicílios com origem em Porto Alegre ou nos domicílios com origem no interior do
Rio Grande do Sul não apresentaram diferença significativa entre si, ao nível de
significância de 5% (Quadro 16). Porém, ambos apresentaram diferença em relação
à média do consumo domiciliar per capita de arroz nos domicílios com origem em
outro estado ou país. Estes resultados conferem com os dados obtidos na POF
realizada em 2003, que indicou na região Sul um consumo superior de arroz nas
áreas rurais quando comparado com as áreas urbanas.
N
Grupo 1
Grupo 2
Porto Alegre
162
26,79
Interior do RS
197
32,34
Outro estado/país
33
39,25
N= número de indivíduos
Grupos 1 e 2 reúnem as naturalidades as quais não diferiram estatisticamente, ao
nível de significância de 5%, quanto a média de consumo domiciliar de arroz polido.
Quadro 16: Resultado do teste de Duncan para grupos formados pela
naturalidade predominante no domicílio da Região Metropolitana de
Porto Alegre-RS (2004) (nível de significância de 5%)
Fonte: Resultados da pesquisa.
O Gráfico 18 ilustra a distribuição dos elementos da amostra em função do
grau de instrução dos responsáveis pelo domicílio. Cerca de 16% tinham o ensino
fundamental incompleto; 17% tinham apenas o ensino fundamental completo; 33%
dos entrevistados estudaram até completar o ensino médio e 17% tinham curso
superior completo.
64
16%
17%
6%
33%
7%
17%
4%
ensino fundam ental incom pleto ensino fundamental completo
ensino m édio incom pleto ensino m édio completo
curso superior incom pleto curso superior c om pleto
pós-graduação
Gráfico 18: Distribuição dos entrevistados em função do grau
de instrução do chefe do domicílio na Região Metropolitana de
Porto Alegre-RS (2004)
Fonte: Resultados da pesquisa.
Quanto ao consumo domiciliar de arroz nos diferentes grupos de domicílios
em função do grau de instrução do seu chefe, chegou-se ao seguinte resultado:
diferenças significativas entre os grupos. O teste de Duncan separou as médias de
consumo em três grupos onde os componentes se assemelham. Num primeiro
grupo, com média de consumo domiciliar per capita de arroz menor, estão os
domicílios cujo chefe tem pós-graduação e os domicílios cujo chefe tem o curso
superior incompleto. No segundo grupo estão os domicílios onde chefe tem o curso
superior incompleto, curso superior completo, ensino médio completo, ensino
fundamental completo e ensino médio incompleto. O terceiro grupo de semelhantes
é composto pela média dos domicílios com chefe com grau superior completo,
ensino médio completo, ensino fundamental completo e ensino médio incompleto e
ensino fundamental incompleto. Percebeu-se que o consumo maior de arroz se
concentrou nos domicílios onde o chefe tem grau de instrução menor. Nesses
domicílios o consumo de arroz é o dobro do volume consumido nos domicílios
chefiados por pessoas com pós-graduação(Quadro 17).
65
N Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
pós-gradução
14
17,36
superior incompleto
28
25,93 25,93
superior completo
66
27,16 27,16
2º grau completo
131
30,86 30,86
1º grau completo
67
31,83 31,83
2º grau incompleto
24
34,13 34,13
1º grau incompleto
61
35,87
N= número de indivíduos
Grupos 1, 2 e 3 reúnem graus de instrução os quais não diferiram estatisticamente, ao
nível de significância de 5%, quanto a média de consumo domiciliar de arroz polido.
Quadro 17: Resultado do teste de Duncan para grupos formados pelo
grau de instrução do chefe do domicílio na Região Metropolitana de Porto
Alegre (2004) (nível de significância de 5%)
Fonte: Resultados da pesquisa.
Com relação à renda média familiar, 39% dos consumidores entrevistados se
enquadraram na faixa de recebimento entre dois e cinco salários mínimos e 24%
entre cinco e dez salários mínimos. A amostra é considerada bem representativa
neste aspecto quando relacionada aos dados do IBGE. A distribuição dos domicílios
pesquisados com relação à renda média familiar é apresentada no Gráfico 19.
16%
39%
24%
17%
4%
< 2 sm
2-5 sm
5-10 sm
10-20 sm
>20 sm
Gráfico 19: Distribuição dos domicílios em função da renda
média familiar, em salários mínimos
,
na Região Metropolitana
de Porto Alegre-RS (2004)
Fonte: Resultados da pesquisa.
66
Numa comparação das médias de consumo domiciliar per capita de arroz dos
domicílios agrupados pela faixa de recebimento familiar mensal verificou-se que
diferença significativa entre os grupos (Quadro 18). Pelo teste de Duncan foram
definidos dois grupos que se diferem. Um grupo, com consumo menor, é composto
pelos domicílios com recebimento familiar superior a dois salários mínimos e o outro
é composto pelos domicílios com recebimento familiar inferior a cinco salários
mínimos. Como se verificou anteriormente que os domicílios chefiados por pessoas
com grau de instrução menor consumiam mais arroz, era de se esperar que os
domicílios com menor renda tivessem as maiores médias de consumo do cereal,
que a correlação entre o grau de instrução e a renda foi alta.
RENDA
N Grupo 1 Grupo 2
5 a 10 SM
96
26,64
10 a 20 SM
66
27,64
> 20 SM
17
28,16
2 a 5 SM
149
31,62
31,62
< 2 SM
64
38,03
N= número de indivíduos
Grupos 1 e 2 reúnem as rendas médias as quais não diferiram
estatisticamente, ao nível de significância de 5%, quanto a média de
consumo domiciliar de arroz polido.
Quadro 18: Resultado do teste de Duncan para grupos
formados pela renda média domiciliar mensal, na Região
Metropolitana de Porto Alegre (2004). (nível de significância
de 5%)
Fonte: Resultados da pesquisa.
Através de uma análise relacionando o número de residentes no domicílio e o
número de refeições servidas no almoço e na janta, chegou-se à informação de que
aproximadamente 21% dos consumidores da Região Metropolitana de Porto Alegre
almoçam fora de casa. Conforme descrito nas etapas anteriores deste estudo, tal
fenômeno ocorre basicamente em função de alterações no estilo de vida da
população que, devido ao trânsito mais intenso, tem menos tempo para ir fazer as
refeições em casa, em função da maior participação das mulheres no mercado de
trabalho, etc.
Comparando-se as médias da ocorrência de almoços fora de casa entre os
domicílios agrupados pela renda familiar, verificou-se que apenas os domicílios com
renda inferior a dois salários mínimos e os domicílios com renda entre cinco e dez
67
salários nimos diferenciaram-se com relação à freqüência de almoços fora de
casa, conforme apresentado no Quadro 19. As pessoas de domicílios com a menor
renda familiar são os que almoçam menos fora de casa, com uma freqüência de
7,10% dos almoços, enquanto que as pessoas de domicílios com renda entre cinco
e dez salários mínimos realizam 27,63% dos almoços fora de casa.
RENDA
N
Grupo 1
Grupo 2
< 2 SM
64
7,10%
> 20 SM
18
16,49%
16,49%
10 a 20 SM
68
21,86%
21,86%
2 a 5 SM
153
22,58%
22,58%
5 a 10 SM
98
27,63%
N= número de indivíduos
Grupos 1 e 2 reúnem as rendas médias as quais não diferiram
estatisticamente, ao nível de significância de 5%, quanto a média de consumo
domiciliar de arroz polido.
Quadro 19: Resultado do teste de Duncan com grupos formados
pela renda média domiciliar, para a freqüência de almoço fora de
casa, na Região Metropolitana de Porto Alegre (2004). (nível de
significância de 5%)
Fonte: Resultados da pesquisa.
Quando perguntados sobre quais os alimentos que substituem o arroz numa
refeição, as massas surgiram com maior freqüência. Cerca de 66,4% dos
consumidores entrevistados disseram consumir massa quando o arroz não é servido
numa refeição em seu domicílio. Mais de 15% dos consumidores disseram
considerar o arroz um alimento insubstituível. Os lanches, aqui incluindo pães, frios,
sanduíches e cachorro quente, foram considerados substitutos do arroz por 13,2%
dos entrevistados e a batata por 11% da amostra. Ao todo foram citados nesta
questão 34 alimentos, mas os que tiveram a maior freqüência estão relacionados no
Gráfico 20.
68
66,4%
15,2%
13,2%
10,9%
7,5%
5,0%
5,0%
4,0%
3,7%
3,2%
massas
não tem substituto
lanche
batata
polenta
salada
pizza
churrasco
sopa
aipim
Gráfico 20: Porcentagem dos alimentos citados como substitutos ao arroz nas
refeições, na Região Metropolitana de Porto Alegre (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Quando questionados sobre quais alimentos compõem a refeição com arroz
com maior freqüência, foram mencionados 35 alimentos diferentes, sendo os mais
citados apresentados no Gráfico 21. O grupo das carnes, composto por carne
bovina, frango e peixe, é quase uma unanimidade entre os entrevistados como
alimento complementar ao arroz nas refeições, sendo citado por 393 consumidores
entrevistados (97,8%). O feijão e a salada foram citados por, respectivamente,
82,8% e 70,9% dos consumidores abordados. As massas, apesar de terem sido
disparadamente o alimento mais citado como substituto ao arroz, foram
consideradas por 19,2% dos entrevistados como um alimento que freqüentemente
acompanha o arroz nas refeições. Uma observação importante é que as massas
acompanham com maior freqüência o arroz nos domicílios de mais baixa renda.
69
97,8%
82,8%
70,9%
19,2%
13,9%
3,7%
3,5%
2,7%
carnes
feijão
salada
massas
batata
lentilha
molho
ovos
Gráfico 21: Porcentagem dos alimentos citados como complementares ao
arroz nas refeições, na Região Metropolitana de Porto Alegre (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
O consumo domiciliar per capita de arroz na Região Metropolitana de Porto
Alegre obtido neste estudo foi de 30,63 kg/hab/ano, um valor considerado alto
quando comparado com os dados do IBGE. Isto era esperado frente à dificuldade
do consumidor estimar o volume exato consumido semanalmente. Com 392
observações válidas, esta variável teve os extremos entre 0 e 96 kg/hab/ano e
desvio padrão de 18,84.
O Gráfico 22 mostra que cerca de 75% dos consumidores entrevistados
consomem arroz polido longo fino tipo 1, enquanto o arroz parboilizado tem a
preferência de 18% dos pesquisados. O arroz polido longo fino tipo 2 e o arroz
integral são consumidos por, respectivamente, 5% e 4% dos pesquisados. A soma
dos percentuais ultrapassa 100% porque alguns consumidores declararam consumir
dois ou mais tipos de arroz.
70
75%
5%
0%
18%
4%
0%
1%
0% 20% 40% 60% 80%
PLFT1*
PLFT2**
Curto
Parbolizado
Integral
Orgânico
Outro
Gráfico 22: Preferência dos consumidores com relação ao tipo de arroz
consumido, na Região Metropolitana de Porto Alegre (2004).
* PLFT1= arroz polido longo fino tipo 1.
** PLFT2= arroz polido longo fino tipo 2.
Fonte: Resultados da pesquisa.
Quando analisada a preferência por subgrupo, classe e tipo de arroz
separadamente por faixa de renda (Gráfico 23), percebe-se que o arroz polido longo
fino tipo 1 é o mais consumido independentemente da renda domiciliar. O arroz
polido longo fino tipo 2 teve maior percentual de consumo nos domicílios com renda
familiar inferior a dois salários mínimos. Isto já era esperado, que era o tipo mais
acessível às famílias de baixa renda por ter o menor preço. Os subgrupos
parboilizado e integral de arroz tiveram aumento da participação no consumo
domiciliar com o aumento da renda das famílias.
Analisando estas informações por outro ângulo, conforme o Gráfico 24,
observa-se que cerca de 41% dos consumidores que disseram consumir o arroz
longo fino tipo 1 têm rendimento médio familiar mensal entre dois e cinco salários
mínimos. Os dados também mostram que o arroz longo fino tipo 2 é consumido
apenas nos domicílios com rendimento médio inferior a dez salários mínimos,
enquanto que o consumo de arroz parboilizado e de arroz integral é mais distribuído
nas faixas de renda do consumidor.
71
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
< 2 sm 2-5 sm 5-10 sm 10-20 sm >20 sm
PLFT1 PLFT2 curto parbolizado integral orgânico outro
Gráfico 23: Distribuição de preferência dos consumidores com relação
ao tipo de arroz consumido em cada faixa de renda domiciliar (em
salários mínimos), na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
PLFT1
PLFT2
curto
parbolizado
integral
orgânico
outro
>20 sm
10-20 sm
5-10 sm
2-5 sm
< 2 sm
Gráfico 24: Distribuição da renda domiciliar dos consumidores de cada
tipo de arroz consumido, na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS
(2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Em relação à preferência por tamanho de embalagem de arroz, as
embalagens de 5 quilogramas são preferidas por 57% dos consumidores da Região
Metropolitana de Porto Alegre, enquanto que 38% dos consumidores preferem as
embalagens de 1 kg (gráfico 25). As embalagens de 5 kg são preferidas nos
domicílios com rendimento entre dois e cinco salários mínimos, porém, vão
perdendo participação nos domicílios com rendas maiores. A preferência por
pacotes de 1 kg é verificada em dois casos: primeiro quando o rendimento domiciliar
é inferior a dois salários mínimos (que, muitas vezes, em função da menor
72
disponibilidade de dinheiro, precisam adquirir os alimentos aos poucos e em menor
quantidade) e, segundo, quando aumenta a faixa de rendimento médio domiciliar
(efeito que pode ser atribuído à diminuição do consumo do cereal).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
< 2 sm 2-5 sm 5 - 10 sm 10 - 20 sm > 20 sm
1 kg outra 5 kg
Gráfico 25: Distribuição da preferência por tipo de embalagem para
cada faixa de rendimento domiciliar (em salários mínimos), na
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Quando indagados sobre qual o critério utilizado na escolha do produto no
momento da compra, o preço do produto foi apontado por 50% dos consumidores
entrevistados, enquanto 34% dos consumidores disseram ser fiéis à marca (Gráfico
26). Cerca de 25% dos consumidores mencionaram a aparência de grãos como
critério também importante na escolha do produto. Outros critérios foram também
mencionados com menor freqüência como, por exemplo, baixa quantidade de grãos
quebrados (5%), uniformidade no tamanho de grãos (3%) e aparência do produto
(2%).
73
50%
25%
3%
5%
34%
2%
3%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Preço
Aparência dos grãos
Uniformidade no
tamanho dos grãos
Baixa quantidade de
grãos quebrados
Marca
Aparência do produto
(embalagem)
Outro
Gráfico 26: Critérios utilizados na escolha do arroz no momento da compra, na
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
O critério de escolha do produto apresentou bastante variação entre as
diferentes faixas de recebimento médio familiar. Apesar de ter sido considerado o
principal critério utilizado pela população da RMPA, o preço do arroz é menos
importante do que a marca nos domicílios com renda superior a dez salários
mínimos, conforme ilustrado no Gráfico 27.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
< 2 s m 2-5 s m 5-10 s m 10-20 s m >20 s m
preço aparência dos grãos
uniformidade no tamanho dos grãos baixa quantidade de grãos quebrados
marca aparência do produto (embalagem)
outro
Gráfico 27: Distribuição dos critérios utilizados na escolha do arroz
no momento da compra, dentro de cada faixa de rendimento
domiciliar, na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
74
Quando perguntados sobre a influência da propaganda na escolha do
produto, cerca de 70% dos entrevistados disseram não haver nenhuma influência e
14% admitiram sofrer pouca influência. Apenas 15% dos consumidores pesquisados
disseram sofrer média ou alta influência da propaganda no momento da escolha do
arroz. Esta informação serve para alertar a cadeia produtiva do arroz que gastos
com propaganda influenciam apenas 29% dos consumidores da RMPA.
70%
14%
9%
7%
nenhuma influência pouca influência
média influência alta influência
Gráfico 28: Distribuição das respostas dos entrevistados referentes
à influência da propaganda na escolha do arroz consumido, na
Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
Buscando avaliar o impacto do aumento da renda ou do aumento do preço do
arroz no seu consumo, 91% dos consumidores disseram não alterar o volume de
arroz consumido caso houvesse um aumento da renda e o aumento do preço do
arroz também não influenciaria no volume consumido de 80% dos entrevistados.
Muitos, no entanto, admitiram que passariam a consumir arroz com maior valor
agregado caso houvesse um aumento de renda, assim como passariam a consumir
marcas mais baratas ou mesmo de menor qualidade se houvesse um aumento
substancial no preço do produto. Em suma, ocorreriam alterações na qualidade do
arroz e não na quantidade do cereal que seria consumido.
75
5%
1,5%
91%
2,5%
o consum o aum entaria m uito o consum o aum entaria pouco
o consum o reduziria m uito o consum o reduziria pouco
o consum o não m udaria
Gráfico 29: Distribuição das respostas dos entrevistados referentes ao
impacto no consumo de arroz no caso de aumento no preço do cereal,
na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
4%
16%
80%
o consumo aumentaria muito o consumo aumentaria pouco
o consumo reduziria muito o consumo reduziria pouco
o consumo o mudaria
Gráfico 30: Distribuição das respostas dos entrevistados referentes ao
impacto no consumo de arroz no caso de aumento do salário do
consumidor, na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS (2004).
Fonte: Resultados da pesquisa.
76
Cerca de 47% dos consumidores disseram desconhecer qualquer produto
industrializado a base de arroz, que não o grão tradicionalmente consumido e ficou
evidente uma grande desinformação em relação às qualidades nutricionais do
cereal. Vale destacar que essa desinformação muitas vezes parte de profissionais
da área da saúde, que chegam contra-indicar o consumo do cereal por se tratar,
segundo esses profissionais, alimentos ricos em colesterol. Tal comentário apareceu
mais de uma vez, não podendo ser considerado um caso isolado.
77
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo explorou as principais características de consumo de arroz no
Brasil. Para tanto, foi feita uma análise das principais alterações ocorridas no seu
consumo ao longo dos últimos anos, bem como a descrição das suas diferenças
regionais. Posteriormente, foram identificados os principais fatores que influenciam o
consumo de arroz na Região Metropolitana de Porto Alegre-RS.
Nos últimos anos, o consumo de arroz no Brasil não vem acompanhando o
seu crescimento populacional, por conseqüência de uma gradual redução do
consumo per capita do cereal, o que vem causando preocupação em toda a cadeia
produtiva do arroz.
Fruto da influência direta de fatores culturais e sócio-econômicos, o consumo
de arroz, assim como de qualquer outro alimento, vem sofrendo alterações em
conseqüência de uma série de modificações sofridas pela sociedade moderna. Em
função destas modificações, os hábitos de consumo, que se caracterizam por
apresentarem particularidades regionais bem claras e definidas, vêm demonstrando
tendência de padronização, conforme discutido neste estudo. Os dados das
Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs), realizadas pelo IBGE, confirmam esta
tendência, indicando redução de consumo per capita de arroz polido nas regiões de
maior consumo e aumento do consumo nas regiões que consumiam menos.
Outro sinal desta tendência é a diferença de aquisição domiciliar per capita de
arroz polido entre as áreas urbanas e rurais nas diferentes regiões brasileiras. Em
todas as regiões, o volume adquirido nos domicílios rurais é superior ao adquirido
nas áreas urbanas. Com o acelerado processo de urbanização, é de se esperar que
essa diferença sofra redução. Como as estatísticas disponíveis apenas consideram
o consumo domiciliar, atribui-se que grande parte dessa redução ocorre em função
do aumento do consumo fora de casa, uma conseqüência de alterações no estilo de
vida da população brasileira.
78
Mesmo que as informações obtidas na etapa descritiva deste estudo sejam
apenas referentes aos consumidores da RMPA e não possam ser generalizadas,
este estudo traz grande contribuição para a cadeia produtiva do arroz, pois fornece
elementos para formulação de políticas ou ações para promoção da demanda de
arroz no País.
Na etapa descritiva deste estudo, foram levantadas algumas informações que
também reforçam esta tendência de padronização dos hábitos alimentares. Uma
delas relaciona-se a não existência de diferença significativa no consumo domiciliar
per capita de arroz polido para grupos de consumidores de diferentes etnias na
RMPA. Em função disso, as estratégias para promoção da demanda de arroz na
população da RMPA não precisam ser diferenciadas, ou específicas, para as
distintas etnias.
Os fatores relacionados ao poder aquisitivo e ao estilo de vida da população
da RMPA devem ser considerados de grande importância na formulação de ações
direcionadas ao aumento do consumo do cereal. Os domicílios da RMPA com
rendimento médio domiciliar entre cinco e dez salários mínimos são onde se
registrou a menor média de consumo domiciliar de arroz e a maior freqüência de
refeições fora de casa. Talvez, o desenvolvimento de linhas de produtos à base de
arroz pré-pronto, de preparo rápido e acessível a esses consumidores possa
aumentar o consumo de arroz nesses domicílios. É preciso que haja uma adaptação,
do produtor e principalmente por parte da indústria, às novas exigências do
consumidor. As massas são os principais substitutos do arroz e esses alimentos vêm
ganhando mercado, principalmente devido a sua maior diversidade de produtos,
com maior praticidade de preparo e acessibilidade aos consumidores de baixa
renda.
Os critérios utilizados na escolha do produto no momento da compra na
RMPA indicam que as ações de promoção da demanda de arroz devem seguir duas
estratégias distintas, para atingir dois diferentes perfis de consumidores. Os
consumidores de domicílios com rendimento médio familiar mais baixo consideram o
preço do produto como o principal critério de escolha, portanto, para esses
consumidores, que também são os que mais consomem, seria interessante oferecer
promoções, reduzindo o preço, ou então, oferecendo maior volume pelo mesmo
preço. para os consumidores com rendimentos maiores, a marca é o critério mais
79
importante, dificultando a estratégia, que a propaganda praticamente não tem
efeito sobre o consumidor de arroz.
Ficou também evidente que a maior informação e a valorização das
características nutricionais do arroz são medidas que devem ser tomadas com
urgência e são caminhos inevitáveis para o setor. Informações erroneamente
divulgadas, de que o arroz engorda ou que tem altos teores de colesterol, por
exemplo, surgiram com freqüência durante as abordagens e são, muitas vezes,
confirmadas por profissionais da área da saúde, o que torna o problema ainda mais
grave. Sugere-se como solução para a falta de informação sobre as características
nutricionais do arroz que sejam amplamente divulgados os resultados de pesquisas
científicas realizadas, afim de promover o conhecimento dos benefícios do
consumo do cereal. Esses resultados poderiam ser transmitidos em palestras
promovidas pela cadeia produtiva do arroz, tendo como público-alvo principalmente
profissionais da área da saúde (nutricionistas e médicos).
A falta de dados referentes ao consumo de arroz, considerando inclusive o
consumo fora de casa, pode ser considerada uma limitação deste estudo. Tais
informações tornam-se cada vez mais importantes, uma vez que é crescente a
freqüência de realização das refeições fora de casa. Este estudo inclusive estimou
que aproximadamente 21% dos consumidores da Região Metropolitana de Porto
Alegre almoçam fora de casa. Outra limitação deste trabalho é o fato da etapa
descritiva estar restrita à RMPA. Apesar da tendência de padronização dos hábitos
alimentares, ainda existem muitas particularidades regionais que impedem a
generalização dos resultados obtidos.
Como sugestões para estudos futuros seria interessante a ampliação do
universo de estudo da etapa descritiva, o que permitiria a comparação entre as
diferentes regiões geográficas. Uma outra sugestão seria a inclusão de
administradores de restaurantes e fast foods no universo estudado, buscando
abranger o consumo fora de casa.
80
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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85
Anexo A: Consumo médio
per capit
a de arroz em casca (kg/hab/ano) dos
países membros da ONU, no ano de 2002 (FAO)
1
Myanmar
306,9
49
Panama
53,4
2
Viet Nam
253,3
50
Brazil
52,5
3
Laos
251,5
51
Nicaragua
51,4
4
Bangladesh
245,4
52
French Polynesia
47,8
5
Cambodia
223,2
53
Sao Tome and Principe
47,7
6
Indonesia
222,6
54
Belize
46,8
7
Philippines
156,8
55
Gabon
46,6
8
Thailand
153,8
56
Mauritania
46,6
9
Nepal
152,8
57
Colombia
44,8
10
Madagascar
143,1
58
Djibouti
41,2
11
Sri Lanka
136,1
59
Nigeria
36,5
12
Timor-Leste
130,0
60
Bahamas
35,5
13
India
125,0
61
Saint Vincent/Grenadines
35,3
14
Guinea-Bissau
124,5
62
Trinidad and Tobago
34,8
15
China
124,1
63
Ghana
34,7
16
Korea, Republic of
124,0
64
Jamaica
34,6
17
Guinea
119,4
65
Netherlands Antilles
34,2
18
Senegal
113,0
66
Saint Kitts and Nevis
33,6
19
Brunei Darussalam
110,4
67
Samoa
32,6
20
Sierra Leone
110,2
68
Grenada
31,4
21
Suriname
110,1
69
Seychelles
30,7
22
Malaysia
109,4
70
Bolivia
30,3
23
Cuba
106,4
71
Togo
30,0
24
Guyana
105,2
72
Benin
29,6
25
Korea, Dem People's Rep
104,4
73
New Caledonia
29,5
26
Solomon Islands
95,1
74
Jordan
28,4
27
Côte d'Ivoire
94,5
75
Pakistan
27,1
28
Vanuatu
90,0
76
Portugal
26,5
29
Mauritius
89,6
77
Palestine, Occupied Tr.
26,2
30
Japan
86,5
78
Libyan Arab Jamahiriya
25,6
31
Costa Rica
85,1
79
Barbados
25,2
32
Comoros
84,1
80
Congo, Republic of
22,7
33
Liberia
79,3
81
Cameroon
22,3
34
Maldives
78,8
82
Tanzania, United Rep of
22,2
35
Cape Verde
73,7
83
Swaziland
21,9
36
Peru
73,4
84
Yemen
19,9
37
Ecuador
70,9
85
South Africa
19,8
38
Kuwait
68,4
86
Venezuela, Boliv Rep of
19,7
39
Kiribati
68,0
87
Syrian Arab Republic
18,6
40
Haiti
66,6
88
Paraguay
18,3
41
United Arab Emirates
66,2
89
El Salvador
16,3
42
Fiji Islands
63,9
90
Turkmenistan
16,0
43
Gambia
62,1
91
Uruguay
15,9
44
Mali
61,0
92
Botswana
15,7
45
Dominican Republic
60,0
93
Israel
15,4
46
Egypt
56,8
94
Antigua and Barbuda
15,2
47
Iran, Islamic Rep of
55,8
95
Saint Lucia
15,1
48
Saudi Arabia
54,7
96
Australia
14,8
86
97
Chad
14,7
137
Austria
6,5
98
New Zealand
14,4
138
Bermuda
6,4
99
United States of America
14,1
139
Armenia
6,3
100
Honduras
13,7
140
Norway
6,3
101
Niger
13,0
141
Belgium
6,2
102
Mozambique
12,3
142
Moldova, Republic of
6,0
103
Greece
12,1
143
Bulgaria
5,9
104
Turkey
12,1
144
Germany
5,6
105
Albania
12,0
145
Iceland
5,6
106
Uzbekistan
12,0
146
Slovenia
5,6
107
Spain
11,2
147
Denmark
5,5
108
Chile
10,7
148
Azerbaijan, Republic of
5,3
109
Mongolia
10,4
149
Romania
5,2
110
Lebanon
10,2
150
Latvia
5,0
111
Dominica
9,7
151
Angola
4,9
112
Canada
9,6
152
Ireland
4,8
113
Kazakhstan
9,6
153
Kyrgyzstan
4,7
114
Burkina Faso
8,8
154
Algeria
4,6
115
Netherlands
8,8
155
Rwanda
4,6
116
Italy
8,7
156
Estonia
4,1
117
Slovakia
8,5
157
United Kingdom
4,1
118
Argentina
8,4
158
Belarus
3,9
119
Kenya
8,3
159
Lithuania
3,9
120
Switzerland
8,2
160
Ukraine
3,9
121
Cyprus
8,1
161
Zambia
3,9
122
Hungary
8,1
162
Croatia
3,2
123
Mexico
8,0
163
Poland
2,9
124
Malawi
7,9
164
Namibia
2,8
125
Russian Federation
7,9
165
Zimbabwe
2,5
126
Malta
7,7
166
Lesotho
2,4
127
Burundi
7,6
167
Macedonia,The Fmr Yug Rp
2,0
128
Finland
7,6
168
Sudan
1,8
129
Guatemala
7,5
169
Tunisia
1,7
130
Central African Republic
7,4
170
Bosnia and Herzegovina
1,5
131
Congo, Dem Republic of
7,3
171
Serbia and Montenegro
0,9
132
Sweden
7,3
172
Morocco
0,6
133
Tajikistan
7,3
173
Ethiopia
0,5
134
Czech Republic
7,0
174
Georgia
0,5
135
France
7,0
175
Eritrea
0,0
136
Uganda
6,8
Fonte: FAO
87
Anexo B. Distribuição percentual dos domicílios dos municípios da Região
Metropolitana de Porto Alegre-RS em função da classe de rendimento nominal
mensal do responsável pelo domicílio.
Municípios Total CLASSES DE RENDIMENTO NOMINAL MENSAL EM SALÁRIO MÍNIMO
Até 1 +1 a 2 +2 a 3 +3 a 5 +5 a 10
+10 a 20 +20 Sem
rend.
Alvorada
51.219
15,4%
24,8%
17,5%
19,9%
12,3%
2,2%
0,4%
7,4%
Araricá
1.208
16,3%
35,2%
14,4%
14,8%
10,3%
1,9%
0,3%
6,8%
Arroio dos
Ratos
4.088
29,1%
25,9%
12,9%
13,5%
10,9%
2,7%
0,9%
4,0%
Cachoeirinha
31.636
10,2%
17,9%
14,8%
22,1%
20,0%
6,0%
1,5%
7,4%
Campo Bom
16.163
9,9%
23,0%
17,2%
20,8%
17,8%
6,0%
2,2%
3,1%
Canoas
89.604
10,6%
17,5%
14,6%
20,5%
18,9%
7,4%
2,5%
7,9%
Capela de
Santana
3.012
22,2%
31,2%
17,1%
14,7%
7,3%
1,6%
0,6%
5,2%
Charqueadas
7.909
14,5%
20,2%
14,8%
20,5%
17,2%
5,1%
1,0%
6,6%
Dois Irmãos
6.532
6,9%
28,7%
19,7%
20,2%
15,0%
5,3%
1,5%
2,5%
Eldorado do
Sul
7.826
18,1%
24,2%
15,4%
17,9%
13,2%
3,9%
1,6%
5,5%
Estância Velha
10.242
8,4%
21,6%
19,5%
21,3%
17,6%
5,2%
1,7%
4,7%
Esteio
23.575
9,6%
15,6%
13,5%
20,7%
21,6%
8,4%
2,5%
8,0%
Glorinha
1.805
25,6%
28,4%
14,7%
13,4%
10,7%
3,3%
1,7%
2,2%
Gravataí
67.031
12,1%
19,3%
15,0%
21,4%
18,6%
4,8%
1,4%
7,3%
Guaíba
27.447
13,1%
20,1%
15,4%
20,7%
17,0%
5,0%
1,7%
7,0%
Ivoti
4.426
8,5%
19,9%
18,6%
22,0%
18,4%
6,8%
2,8%
2,9%
Montenegro
16.631
15,2%
22,3%
14,3%
18,5%
16,3%
6,2%
2,5%
4,6%
Nova Hartz
4.371
11,0%
42,8%
16,6%
12,9%
9,2%
2,4%
0,7%
4,6%
Nova Santa
Rita
4.544
15,8%
21,4%
16,0%
21,4%
15,9%
4,8%
1,4%
3,3%
Novo
Hamburgo
71.085
10,7%
22,1%
15,5%
18,1%
17,2%
7,5%
3,9%
5,1%
88
Parobé
13.059
12,4%
26,3%
22,9%
17,9%
10,5%
2,5%
0,8%
6,8%
Portão
7.366
15,8%
25,8%
20,1%
18,1%
13,6%
3,5%
1,4%
1,6%
Porto Alegre
440.557
8,0%
13,5%
10,2%
15,7%
21,7%
14,5%
10,8%
5,4%
Santo Antônio
da Patrulha
11.507
28,6%
26,7%
12,4%
12,2%
8,9%
3,4%
1,1%
6,6%
São Jerônimo
5.894
24,2%
20,0%
11,7%
15,0%
13,8%
6,2%
2,3%
6,8%
São Leopoldo
57.731
10,9%
19,4%
15,0%
19,2%
18,1%
8,0%
3,7%
5,6%
Sapiranga
20.228
11,2%
33,7%
16,7%
16,2%
12,3%
3,9%
1,4%
4,5%
Sapucaia do
Sul
36.454
12,4%
20,0%
15,4%
22,8%
17,1%
4,0%
1,0%
7,3%
Taquara
16.236
16,1%
24,9%
15,7%
16,4%
14,0%
5,7%
2,6%
4,6%
Triunfo
6.773
23,7%
23,5%
13,1%
15,7%
11,5%
3,8%
1,4%
7,4%
Viamão
65.884
14,9%
22,6%
15,4%
19,0%
15,7%
4,0%
1,1%
7,1%
Fonte: Censo Demográfico 2000, IBGE.
89
ANEXO C
QUESTIONÁRIO DO CONSUMIDOR:
Caracterização do domicílio:
1. Município/Bairro onde mora:
2. Qual é a origem étnica predominante no domicílio?
( ) Árabe ( ) Italiano ( ) Oriental/Asiático ( ) Alemão
( ) Afro ( ) Indígena ( ) Hispânico ( ) Outra. ............
3. Qual é a religião predominante no domicílio?
( ) Católica ( ) Evangélica ( ) Espírita ( ) sem religião
( ) Umbanda/Candomblê ( ) Judaísmo ( ) Hinduísmo ( ) outra.............
4. Naturalidade (origem da família)
( ) Porto Alegre ( ) interior do RS. ( ) outros estados/país.
5. Grau de instrução do responsável pelo domicílio:
( ) 1º Grau incompleto ( ) 2º Grau incompleto ( ) superior incompleto ( ) pós-graduação
( ) 1º Grau completo ( ) 2º Grau completo ( ) superior completo
6. Quantas pessoas residem neste domicílio?
___ homens ( 15 - 25 anos) ___ homens ( 26 - 40 anos) ___ homens ( 41 - 60 anos)
___ mulheres ( 15 - 25 anos) ___ mulheres ( 26 - 40 anos) ___ mulheres ( 41 - 60 anos)
___ idosos ( > 60 anos) ___ crianças ( 0 – 14 anos)
7. Qual é a renda total média mensal
do domicílio?
( ) adois salários mínimos ( ) mais que dez e até vinte salários mínimos
( ) mais que dois e até cinco salários mínimos ( ) maior do que vinte salários mínimos
( ) mais que cinco e até dez salários mínimos
90
8. Em média, quantas pessoas almoçam por dia na sua casa?
9. Em média, quantas pessoas jantam por dia na sua casa?
Consumo alimentar:
10.Qual é a freqüência em que o arroz compõe a refeição?
___ vezes por semana, no almoço.
___ vezes por semana, na janta.
11. Quais os alimentos que compõem a refeição com arroz com maior freqüência?
12. Qual é o consumo semanal de arroz neste domicílio (em Kg)?
13. No seu domicílio, quais são os alimentos que substituem o arroz, quando ele não é
servido?
14.Qual é o tipo de arroz que se consome no domicílio?
( ) polido longo fino tipo 1 ( ) arroz parboilizado ( ) outro tipo: ______________
( ) polido longo fino tipo 2 ( ) arroz integral
( ) arroz grão curto (japonês) ( ) arroz orgânico
15. Qual o tipo de embalagem que você costuma comprar?
( ) 1 Kg ( ) 5 Kg ( ) outro _____________
16. No momento da compra do arroz, qual é o critério utilizado na escolha do produto?
( ) preço ( ) marca
( ) aparência dos grãos ( ) apresentação do produto ( embalagem)
( ) Uniformidade no tamanho dos grãos ( ) Outro .............................
( ) Baixa quantidade de grãos quebrados
91
17. A propaganda/marketing tem alguma influência na sua escolha da marca de arroz
no momento da compra?
( ) nenhuma influência ( ) pouca influência ( ) média influência ( ) alta influência
18. Supondo um aumento na sua renda familiar, isso teria algum impacto no consumo
de arroz?
( ) O consumo aumentaria muito ( ) O consumo reduziria muito ( ) o consumo não mudaria
( ) O consumo aumentaria pouco ( ) O consumo reduziria pouco
19. E se houvesse um aumento no preço do arroz, qual seria o impacto no consumo da
sua família?
( ) O consumo aumentaria muito ( ) O consumo reduziria muito ( ) O consumo não mudaria
( ) O consumo aumentaria pouco ( ) O consumo reduziria pouco
20. Você conhece algum produto à base de arroz (farinha, massa, biscoito, etc.)? Qual?
21. No seu domicílio, se consome com freqüência algum outro produto à base de arroz
(farinha, massa, biscoito, etc.)? Qual?
22. Deseja fazer mais algum comentário sobre o seu processo de consumo de arroz?
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