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Ilegais
A proibição da venda de
armas e munição no país
estimulando o contrabando
dessas mercadorias e
aumentaria seu valor no
mercado ilegal. Estaria,
portando, estimulando a
criminalidade e
aumentando o lucro dos
bandidos
O mercado ilegal sempre existiu,
mas pode encolher com o controle
das armas na saída da fabrica. Seria
mais eficaz do que esperar que elas
se espalhassem nas ruas. O
estatuto, já bastante rigoroso em
relação a isso, também ganha
amparo com o “sim”
Não há estimativas de quantas
armas sairão de circulação.
Mas uma lei americana que
proibiu a venda para quem tem
antecedentes criminais, em
vigor em alguns Estados desde
1994, impediu 600 mil pessoas
de comprar armas. Em Ohio,
caiu 33% a ocorrências de
armas ilegais envolvidas em
crimes
Treino
O cidadão que hoje compra
uma arma no Brasil precisa
submeter-se a curso de tiro
e passar por testes físicos e
psicológicos. Portanto, é
apto para utilizar a arma
com eficiência e segurança.
Sem treinamento, é
impossível comprar uma
arma de forma legal
Os testes e o treinamento são tão
passíveis de fraude quanto o exame
de motorista. Para a compra de
arma exigem-se exames físicos e
psicológicos, mas não se avalia o
preparo do cidadão comum para
reagir em um enfrentamento à mão
armada. Além disso, o treinamento
não faz dele um profissional
Até 2003, cada Estado tinha
um critério para o porte. Quase
todos os Estados do Norte e
Nordeste dispensavam treinos
práticos com arma. Desde
2003, a Polícia Federal exige
16 horas de aulas de tiro
Economia
O Referendo vai gerar
desemprego. As fábricas de
armas e munição
continuarão suas atividades
no país, mas perderão
mercado. As lojas que
vendem esses produtos ao
consumidor final serão as
mais afetadas
O “sim” no Referendo não vai
causar grande impacto no
desemprego. A maior parte da
produção nacional destina-se à
exportação e aos setores militares,
que não são afetados pelo
Referendo. A fabricação e a venda
de equipamentos como capacetes
ou coletes à prova de balas
tampouco serão atingidas
A indústria de armas emprega
diretamente 2.500 pessoas.
Mas ela se baseia na
exportação e no fornecimento
à polícia e ao Exército. Já as
1.200 lojas de armas e
munição do país
provavelmente fechariam as
portas. Cerca de 4 mil
empregos diretos deixariam de
existir
Em 10 de outubro, em matéria de sete páginas, discorre sobre os “10 Mitos sobre as
armas” — os argumentos ilusórios que ainda contaminam o debate sobre a proibição do
comércio de armamentos e munição no Brasil.
O Referendo está no ar. Até o dia 23, os brasileiros estarão no fogo cruzado entre
os que querem proibir ou manter como está o comércio de armas e munições no país.
São 18 minutos diários de campanha na TV, com argumentos, números e depoimentos
— que vão dos convincentes e comoventes aos simplesmente mentirosos. Nove minutos
para cada lado, mais dez minutos diários para inserções na grade de programação. Fora
as discussões no bar, no trabalho, em casa, na escola. Apesar de exaustivamente
debatido, o tema é pontuado por mitos. Esse é o maior perigo. O resultado da consulta
popular, que custará R$ 500 milhões ao governo, valerá como lei. Na semana passada,
observação muito repetida era a de que havia “coisa mais importante do que isso para
debater”. Infelizmente, não há. A violência no Brasil ceifa 40 mil vidas por ano, mais
que os acidentes de carro e diversos tipos de câncer. Defensores do “sim” e do “não”