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Mas a ensinagem é um conceito abstrato, que só pode ser exercida, no
real educativo, por meio de estratégias, didáticas, currículos, metodologias. Os
tecnológicos examinados adotam a metodologia de projetos.
2.2 A Metodogia de Projetos
A metodologia de projetos, empregada nos cursos tecnológicos sob
exame, tem como eixo central os projetos integradores, os quais se constituem
nos instrumentais mais eficientes adotados em tais graduações, podendo-se
afirmar serem uma das “marcas registradas” que as distinguem das
graduações generalistas.
Um projeto integrador, quando e se adotado por uma faculdade ou
universidade tecnológica, é o eixo metodológico em torno do qual giram as
estratégias didático-pedagógicas, potentes e capazes de alcançar os objetivos
dos cursos superiores de tecnologia. Por esse motivo, nos bons cursos
tecnológicos
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, é a metodologia de projetos que orienta os projetos integradores
aí pensados, elaborados e postos em prática.
Porém, falar em metodologia implica falar em complexidade. Uma das
idéias nucleares do pensamento complexo
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é a ênfase na ensinagem (e não no
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Em alguns trechos deste trabalho utilizamos a expressão bons ou legítimos cursos
tecnológicos. A nosso ver, tal distinção é necessária por haver instituições que
oferecem pseudo-cursos tecnológicos. Há casos, inclusive, em que a própria
instituição admite declaradamente que seu minibacharelado (devidamente travestido
com um rótulo de tecnológico) é um curso menor se comparado ao bacharelado
correspondente, este oferecido como pleno e aquele como uma opção de segunda
linha e, portanto, mais barata. Buscam assim clientes, pois, findo o “recorte” de dois
anos, oferecem-lhes o bacharelado (graduação plena) que pode, então, ser cursado
com aproveitamento de estudos, em “apenas” mais dois anos. Ademais, essa é a
principal causa histórica dos insucessos dos tecnológicos e a razão pela qual
mostram, ainda hoje, apesar de seu vertiginoso crescimento, uma tímida
representatividade no cenário educacional brasileiro.
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Edgar Morin é sociólogo, antropólogo, historiador e filósofo, considerado um dos
maiores intelectuais contemporâneos. Preocupa-se com a elaboração de um método
capaz de apreender a complexidade do real, eliminando a fragmentação e propondo
uma reforma do pensamento por meio da transdisciplinaridade, capaz de formar
cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos tempos
atuais. O pensamento complexo, que ele defende, funda-se na complexidade (do latim
complexus, o que foi tecido junto), estando presente quando o econômico, o político, o