Anexos 115
Anexo V – Trabalho aprovado para 21º Congresso de Cosmetologia / 2007.
ANÁLISE “IN VITRO” E “IN VIVO” DO POTENCIAL IRRITANTE DE
TENSOATIVOS DERIVADOS DE AMINOÁCIDOS
Bárbara da Silva e Souza Lorca
1
, Nádia Maria Volpato
2
, Laís Bastos da Fonseca
1
, Elisabete
Pereira dos Santos
1.
1- Faculdade de Farmácia – Departamento de Medicamentos - Universidade Federal do Rio de Janeiro
2- Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Introdução: Os detergentes, muito empregados em cosméticos e produtos de higiene, possuem
propriedades físico-químicas cruciais para o aparecimento de reações inflamatórias na pele. Estas
alterações são causadas, normalmente, pela desnaturação de proteínas encontradas na epiderme,
pela ligação das moléculas irritantes à queratina ou delipidação
1
. Para diminuir o potencial de
toxicidade, os tensoativos derivados de aminoácidos mimetizam os compostos naturais e apresentam
alta eficácia, além de pequeno impacto ambiental
2
. O baixo poder de irritação destes novos derivados
pode ser avaliado através de testes “in vitro” e/ou “in vivo”
3,4,5
. Objetivos: Avaliar a desnaturação de
proteína dos compostos derivados de aminoácidos e do lauril sulfato de sódio (LSS) e realizar testes
de irritação dérmica primária e cumulativa com os detergentes estudados que não apresentaram
irritação “in vitro”. Metodologia: A partir de soluções a 5% de cada um dos tensoativos (cocoil
glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio, miristoil glutamato de sódio e cocoil glicinato de sódio
e LSS) e claras de ovos (ovalbumina) foi realizado teste de desnaturação protéica, baseado em
estudo que comprovou a irritação causada pelos surfactantes com radical lauril e observou que a
ovalbumina apresenta a mesma solubilidade das proteínas encontradas na epiderme
6
. A leitura da
transmitância foi feita a 660nm após 2 minutos de agitação da mistura (tensoativo + clara de ovo). No
teste de irritação dérmica primária e cumulativa foram usados coelhos albinos, de 1,5 kg, com região
dorsal depilada e dividida em áreas, onde parte recebeu aplicação de patch oclusivo contendo
amostra a ser analisada e outra funcionou como controle. A pele dos animais foi avaliada quanto à
sua integridade, ou seja, presença de eritema e/ou edema, 24 e 72 horas após cada aplicação.
Resultados: Os tensoativos derivados de aminoácidos cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato
de sódio, miristoil glutamato de sódio não apresentaram ação sobre as proteínas do ovo, já cocoil
glicinato de sódio
e LSS, ao serem comparados com o controle (clara de ovo + água destilada),
apresentaram diferença significativa, caracterizando desnaturação protéica. Os testes de irritação “in
vivo” foram realizados, somente, com os detergentes que, “in vitro”, não apresentaram poder irritante,
caracterizado pela ação desnaturante. Não foi observado edema ou eritema na pele de nenhum dos
animais submetidos ao teste. Discussão e Conclusão: No teste de desnaturação protéica, a partir
de valores de transmitância, foi avaliada presença de desnaturação, que caracteriza ação irritante do
composto. Baseado nos resultados em proteínas de ovo foi realizada análise, em coelhos, dos
tensoativos que não apresentaram ação desnaturante. Esta confirmou os resultados obtidos na
análise ”in vitro”, visto que a pele dos coelhos permaneceu íntegra em todos os tempos avaliados.
Com isso, cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio, miristoil glutamato de sódio não são
tensoativos potencialmente irritantes e pode-se afirmar que os métodos propostos são satisfatórios
para avaliação de irritabilidade. Bibliografia: 1)WELSS, T., BASKETTER, D.A., SCHRODER, K. R. In
vitro skin irritation: facts and future. State of the art review of mechanisms and models. Toxicology in
Vitro, v. 18, p.231–243, 2004. 2)INFANTE, M.R.et al. Amino acid-based surfactants. C. R. Chimie v.7,
p. 583–592, 2004. 3)MOREN, A.K., KHAN, A. Phase Behavior and Phase Structure of Protein–
Surfactant–Water Systems. Journal of Colloid and Interface Science, v.218, p. 397–403, 1999.
4)GONZALEZ-PEREZ, A., RUSO, J.M., PRIETO, G., SARMIENTO, F. Physicochemical study of
ovalbuminin the presence of sodium dodecyl sulphate in aqueous media. Colloid Polym Sci, v. 282: p.
351–356, 2004. 5)AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Guia para avaliação
da segurança de produtos cosméticos, maio, 2003.6)BREUER, M.M. Cosmetic Science. New York:
Academic Press, p.334-338, 1978.