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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Farmácia
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE SABONETE GRANULADO
PARA LIMPEZA DA PELE
Bárbara da Silva e Souza Lorca
RIO DE JANEIRO
2007
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Bárbara da Silva e Souza Lorca
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE SABONETE GRANULADO
PARA LIMPEZA DA PELE
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Orientadora: Elisabete Pereira dos Santos
Rio de Janeiro
2007
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Bárbara da Silva e Souza Lorca
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE SABONETE GRANULADO
PARA LIMPEZA DA PELE
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ciências Farmacêuticas.
Aprovada em 20 de abril de 2007.
____________________________________________
Profª Drª Elisabete Pereira dos Santos
Faculdade de Farmácia - UFRJ
_____________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Ricci Júnior
Faculdade de Farmácia - UFRJ
______________________________________________
Profª Drª Lúcia Maria Soares de Azevedo
Faculdade de Medicina - UFRJ
_______________________________________________
Profª Drª Sheila Garcia
Faculdade de Farmácia - UFRJ
À minha mãe e, principalmente, amiga, Célia
Regina, por amar, incansavelmente, e ser exemplo em
minha vida. E ao meu eterno namorado, Carlos Eduardo,
pelo apoio e companhia, em todos os momentos, sem
nunca esperar nada em troca.
AGRADECIMENTOS
À orientadora, Elisabete, que desempenhou com maestria sua função de professora
e, melhor ainda, de amiga, naqueles dias em que parecia não haver saída.
Ao meu querido e dedicado “Nico”, pela paciência constante e pelos lindos
momentos no dia-a-dia.
À minha avó, Therezinha, pois de onde está, abençoa e torce por mim.
À minha mãe, pela paciência que sempre me faltou e sobra em você e pelas
palavras de apoio e admiração.
Ao meu noivo e amigo Carlos Eduardo, pelas horas de desespero que fiz você
passar comigo e pelas mais alegres e divertidas que já passei ao lado de alguém.
Ao meu pai, Heitor, pelas experiências de vida e pelo orgulho que sente de mim.
À minha irmã, Bianca, que me ajudou e incentivou, silenciosamente.
À minha irmã, por escolha e por merecimento, Laís, pelas ajudas, ensinamentos
incansáveis e pelos momentos de alegria e muita amizade.
À família de Resende, Carlos Alberto, Maria Dolores, Flora, Cristina e Clóvis, pela
torcida e apoio, apesar da distância.
À Gláucia, por ser conforto e desabafo nas horas de desespero e pela ajuda
fundamental na conclusão do trabalho.
À Ana Karla, pelo ombro amigo e pelas longas conversas e conselhos.
À Zaida, por me proporcionar momentos únicos e muito divertidos.
À Tailane, pelas grandes ajudas e por me mostrar que tudo é possível.
Ao eterno professor e atual chefe Luiz Fernando, pelas conversas diárias e pelos
momentos em que permitiu uma maior dedicação ao mestrado.
À Lílian, por tudo que aprendi com seu jeito verdadeiro de ser.
Ao Felipe, por sempre resolver os meus problemas como se fossem dele.
Às professoras e amigas Andréa, Simone e Teresa por serem exemplos a serem
seguidos no magistério.
À professora Nádia, que, prontamente, me auxiliou em tudo que a pedi.
Aos professores Carla e Lúcio, pelo apoio na banca de acompanhamento.
Aos colegas de mestrado, pelas horas de descontração no laboratório e nas aulas.
Aos colegas da Farmácia Universitária, por colaborarem, cada um da sua maneira,
com a elaboração desta dissertação.
À Drª Ana Maria Mosca, pelo total apoio com os voluntários e pesquisa de opinião.
À Drª Lúcia Maria de Azevedo, pelo auxílio com os voluntários e por aceitar
participar da banca de avaliação.
À Flávia, do LACMAC, pela fundamental ajuda no método de Kjeldahl.
Ao Sr. Souza, pela dedicação com que auxiliou nos testes de irritação dérmica e
pelas lições de vida, em tão poucas horas.
À Capes, pelo auxílio financeiro.
À Ajinomoto, que muito bem entendeu o trabalho e, prontamente, aceitou nos
auxiliar com informações e matérias-primas.
Aos voluntários, por colaborarem para o enriquecimento deste trabalho.
RESUMO
LORCA, Bárbara da Silva e Souza. Desenvolvimento e avaliação de sabonete
granulado para limpeza da pele. Rio de Janeiro, 2007. 115p. Dissertação
(Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Farmácia, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2007.
A acne é uma inflamação crônica da região pilosebácea que afeta,
normalmente, tórax e rosto. A grande maioria das preparações tópicas manipuladas
para o tratamento desta dermatose é constituída por cremes e pomadas. Entretanto,
ainda não existe no mercado, um sabonete granulado com ácido salicílico, ativo
largamente utilizado nesta doença. Esta apresentação facilita o transporte do
medicamento pelo paciente e diminui o excesso de espuma gerado pela agitação
constante.
Devido a estes fatores, duas formulações, em granulado, foram desenvolvidas
e avaliadas: uma para limpeza da pele acneica, com ácido salicílico, e outra
formulação sem o ativo, para simples lavagem das mãos. Preliminarmente, foram
realizados testes de desnaturação proteica com os tensoativos que poderiam ser
utilizados, sendo selecionados os menos irritantes como componentes das
formulações propostas. Além disso, foram realizados testes de irritação dérmica e
estabilidade em ambas as formulações, o que garantiu produtos seguros e estáveis.
Para os testes de estabilidade foi necessário avaliar o teor de ácido salicílico
na formulação e, para isso, desenvolveu-se um método espectrofotométrico no UV-
Vis, que foi, devidamente, validado.
Para garantir a aceitação do novo produto pelos pacientes acometidos de
acne, e, também, testar a não irritação dos tensoativos derivados de aminoácidos,
foram selecionados voluntários para avaliarem as formulações propostas. Os
resultados obtidos foram satisfatórios e demonstraram o interesse na compra do
sabonete granulado para limpeza da pele acneica, caso disponível no mercado.
ABSTRACT
Acne is a chronic inflammation of the pilosebaceaus region which normally
affects thorax and face. Topical preparations in the form of creams or ointments are
the usual treatment for that dermatological disorder. However, there is not yet a
commercially available granulated soap with salicylic acid, which would greatly
enhance the drug transport in the patient. In addition, it would decrease the foam
generated from constant agitation.
Due to those factors, two formulations in granulated form have been
developed and evaluated: one with salicylic acid, for cleanness of acne skin, and
another formulation, without the asset, for simple hand washing. Preliminary protein
denaturizing tests have been carried out with surfactants selected among the less
irritating, as components of the formulations investigated. Moreover, tests of dermal
irritation and stability have also been performed with the formulations, in order to
guaranteed safe and stable products.
For the stability tests it was necessary to measure salicylic acid content in the
formulation and, therefore, a spectrophotometer method in UV-Vis was developed
and validated.
To guarantee the acceptance of the new product for the patients having acne,
and also to test irritation absence of the surfactants, obtained from amino acids, the
formulations were tested in selected volunteers. The results were satisfactory and
there is interest in the use of granulated soap for cleanness of acne skin, if available
in the market.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Comedões abertos e fechados 21
Figura 2 Pápulo-pústulas e lesões cicatriciais no rosto 21
Figura 3 Pápulas, cistos e nódulos eritematosos de acne
inflamatória
21
Figura 4 Acne severa: cistos, pseudocistos na área
submentoriana
21
Figura 5 Extensos macrocomedos 22
Figura 6 Estrutura molecular AS 27
Figura 7 Fórmula estrutural do cocoil glicinato de sódio 35
Figura 8 Fórmula estrutural do cocoil glutamato de sódio 36
Figura 9 Fórmula estrutural do lauroil glutamato de sódio 36
Figura 10 Fórmula estrutural do miristoil glutamato de sódio 37
Figura 11 Sistema Kjeldahl tradicional 47
Figura 12 Teste da espuma 52
Figura 13 Esquema do preparo das amostras para
determinação da exatidão
62
Figura 14
Á
reas de aplicação das amostras 64
Figura 15 Curvas padrão do AS 83
Figura 16 Resultado do ensaio de toxicidade dérmica da
formulação A
87
Figura 17 Resultado do ensaio de toxicidade dérmica da
formulação B
87
Figura 18 Freqüência de não utilização do sabonete para
acne
88
Figura 19 Preferência quanto à apresentação 89
Figura 20 Interesse de compra do produto 90
Figura 21 Motivos para não utilização do produto 91
Figura 22
A
ceitação do produto proposto 92
Figura 23 Inconvenientes da formulação 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Sabonete granulado com ácido salicílico
(formulação A)
54
Tabela 2 Sabonete granulado sem ácido salicílico
(formulação B)
55
Tabela 3 Caracterização do ácido salicílico 69
Tabela 4 Caracterização do aerosil 69
Tabela 5 Caracterização do amido de milho 70
Tabela 6 Caracterização do BHT 70
Tabela 7 Caracterização do phenochem 71
Tabela 8 Caracterização da lactose 71
Tabela 9 Caracterização do LSS 72
Tabela 10 Caracterização do PVP 72
Tabela 11 Caracterização do talco 73
Tabela 12 Teor de nitrogênio dos tensoativos derivados de
aminoácidos
73
Tabela 13 Teste de espuma dos tensoativos 74
Tabela 14 Valores de transmitância a 660 nm 75
Tabela 15 ANOVA - Comparação com o Grupo Controle 76
Tabela 16 Teste de espuma das formulações em estudo 77
Tabela 17 Resultado das características organolépticas das
formulações
78
Tabela 18 Valores de pH da formulação A 79
Tabela 19 Valores de pH da formulação B 79
Tabela 20 Teor de umidade da formulação A 80
Tabela 21 Teor de umidade da formulação B 81
Tabela 22 Ensaio de recuperação 82
Tabela 23 Parâmetros médios das curvas padrão (5 níveis)
utilizadas no doseamento do AS por
espectrofotometria
83
Tabela 24 Precisão inter dia 84
Tabela 25 Precisão intra dia 84
Tabela 26 Resultado LD e LQ 85
Tabela 27 Análise do teor de AS (formulação A) à
temperatura ambiente
86
Tabela 28 Análise do teor de AS (formulação A) na estufa
(40ºC ± 2ºC)
86
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Patogênese da Acne 20
Quadro 2 Classificação dos transtornos psicocutâneos 23
Quadro 3 Terapia Tópica da Acne 25
Quadro 4
A
ntibióticos Orais na Acne 26
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 Doseamento do ácido salicílico 46
Equação 2 Digestão ou Mineralização 48
Equação 3 Digestão ou Mineralização 48
Equação 4 Digestão ou Mineralização 48
Equação 5 Digestão ou Mineralização 48
Equação 6 Destilação 49
Equação 7 Destilação 49
Equação 8 Destilação 49
Equação 9 Titulação 50
Equação 10 Limite de Detecção 60
Equação 11 Limite de Quantificação 60
LISTA DE ABREVIATURAS
ANOVA Análise de Variância
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AS Ácido Salicílico
BHT Butilhidroxitolueno
BP British Pharmacopeia
CAS Chemical Abstract Service
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
cm Centímetro
CTFA Cosmetics, Toiletries and Fragrance Association
Dp Desvio Padrão
DPa Desvio Padrão do Intercepto
DPR Desvio Padrão Relativo
g Grama
HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
IC Inclinação da Curva Analítica
Kg Quilograma
LD Limite de Detecção
LQ Limite de Quantificação
LSS Lauril Sulfato de Sódio
mg Miligrama
mL Mililitro
N Normal
nm Nanômetro
P. acnes Propionibacterium acnes
PVP Polivinilpirrolidona
RE Resolução Específica
S/A Sem Alteração
UFC Unidades Formadoras de Colônia
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USP United States Pharmacopeia
UV-Vis Ultravioleta – Visível
V Volume
λ
máx.
Comprimento de Onda Máximo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
19
1.1 Acne Vulgar
19
1.1.1 Tratamento da acne vulgar
24
1.1.1.1 Tratamento Tópico
26
1.2 Ácido Salicílico
27
1.3 Formas Farmacêuticas Tópicas
28
1.3.1 Sabonete para limpeza pele acneica 29
1.3.2 Pó Granulado 30
1.4 Tensoativos
32
1.4.1 Lauril sulfato de sódio 34
1.4.2 Tensoativos derivados de aminoácidos 35
1.4.2.1 Cocoil glicinato de sódio 35
1.4.2.2 Cocoil glutamato de sódio 36
1.4.2.3 Lauroil glutamato de sódio 36
1.4.2.4 Miristoil glutamato de sódio 37
2. OBJETIVOS
39
2.1 Objetivo Geral
39
2.2 Objetivos Específicos
39
3. MATERIAIS E MÉTODOS
42
3.1 Materiais
42
3.1.1 Equipamentos e Acessórios 42
3.1.2 Reagentes, Solventes e outros 42
3.1.3 Matérias-primas 43
3.2 Métodos
43
3.2.1 Caracterização das matérias-primas
43
3.2.1.1 Aspecto 44
3.2.1.2 Avaliação da densidade 44
3.2.1.3 Análise de solubilidade 44
3.2.1.4 Determinação do pH 45
3.2.1.5 Determinação do ponto de fusão 45
3.2.1.6 Características microbiológicas 46
3.2.1.7 Doseamento do Ácido Salicílico 46
3.2.2 Caracterização dos tensoativos derivados de
aminoácidos
46
3.2.2.1 Método de Kjeldahl 47
3.2.2.1.1 Digestão ou Mineralização 48
3.2.2.1.2 Destilação 49
3.2.2.1.3 Titulação 50
3.2.2.1.4 Cálculos 51
3.2.2.1.5 Fator de conversão 51
3.2.3 Ensaio para caracterização da espuma formada pelos
tensoativos
51
3.2.4 Teste de desnaturação de proteínas
52
3.2.5 Preparo das formulações
53
3.2.6 Ensaio para caracterização da espuma formada pelas
formulações desenvolvidas
55
3.2.7 Estudo de estabilidade
55
3.2.7.1 Características organolépticas 56
3.2.7.2 Determinação do pH 56
3.2.7.3 Determinação de água 57
3.2.7.4 Análise quantitativa do ácido salicílico por espectrofotometria
no UV-Vis
57
3.2.7.4.1 Preparo das amostras 57
3.2.7.4.2 Curva Padrão 58
3.2.7.4.3 Validação do método espectrofotométrico 59
3.2.7.4.3.1 Especificidade 59
3.2.7.4.3.2 Linearidade 59
3.2.7.4.3.3 Precisão 60
3.2.7.4.3.4 Limite de detecção (LD) e quantificação (LQ) 60
3.2.7.4.3.5 Exatidão / Recuperação 61
3.2.7.4.3.6 Procedimento 61
3.2.8 Toxicidade dérmica
63
3.2.8.1 Toxicidade dérmica primária 63
3.2.8.2 Toxicidade dérmica cumulativa 64
3.2.9 Pesquisa de opinião
65
3.2.9.1 Sabonete granulado para limpeza da pele acneica 66
3.2.9.2 Sabonete granulado para lavagem das mãos 66
4. Resultados e Discussão
69
4.1 Caracterização das matérias-primas
69
4.1.1 Ácido Salicílico 69
4.1.2 Aerosil (Tixosil 333) 69
4.1.3 Amido de milho 70
4.1.4 Butilhidroxitolueno (BHT) 70
4.1.5 Fenoxietanol/Parabenos (Phenobact) 71
4.1.6 Lactose 71
4.1.7 Lauril sulfato de sódio 72
4.1.8 Polivinilpirrolidona (PVP) 72
4.1.9 Talco 72
4.2 Caracterização dos tensoativos derivados de
aminoácidos
73
4.3 Ensaio para caracterização da espuma formada pelos
tensoativos
73
4.4 Teste de desnaturação de proteínas (potencial irritante in
vitro)
74
4.5 Preparo das formulações
76
4.6 Ensaio para caracterização da espuma formada pelas
formulações desenvolvidas
77
4.7 Estudo de estabilidade
77
4.7.1 Características organolépticas 78
4.7.2 Determinação do pH 78
4.7.3 Determinação de água 80
4.7.4 Validação do método espectrofotométrico para avaliação do
teor de ácido salicílico
81
4.7.4.1 Especificidade 81
4.7.4.2 Linearidade 82
4.7.4.3 Precisão 83
4.7.4.4 Limite de detecção (LD) e quantificação (LQ) 84
4.7.4.5 Exatidão / Recuperação 85
4.7.5 Análise quantitativa do AS por espectrofotometria no UV-Vis 85
4.8 Toxicidade Dérmica
87
4.9 Pesquisa de opinião sobre sabonete granulado para
limpeza da pele acneica
88
4.10 Pesquisa de opinião sobre sabonete granulado para
lavagem das mãos
91
5. CONCLUSÃO
96
REFERÊNCIAS
99
ANEXOS
109
INTRODUÇÃO
Introdução 19
1. INTRODUÇÃO
1.1 Acne Vulgar
Acne comum, tecnicamente conhecida como acne vulgar, é uma inflamação
crônica da região pilosebácea (composta por folículo piloso e glândula sebácea).
Essa disfunção afeta, normalmente, a região do tórax e do rosto, visto que são
regiões do corpo onde esta unidade é maior e mais numerosa. Esta pode
manifestar-se em todas as idades, inclusive após os cinqüenta anos em eventos
como estresse, tratamento medicamentoso ou durante a menstruação
(PELLERANO, 2003; VAZ, 2003; FALCOCCHIO et al., 2006). Possui alta
prevalência entre os jovens e menor incidência em indivíduos com mais de 30 anos,
com freqüência de 61% aos 12 anos e de 83% aos 16, nas mulheres, pode estar
relacionado aos hormônios femininos, estresse e ao uso de cosméticos. Já no sexo
masculino, a prevalência é de 40% aos 12 anos e 95% aos 16. A persistência da
afecção, até os 25 anos, pode ocorrer em 10% dos casos, mas, após esta idade, o
aparecimento é reduzido (SHALITA, 2004; HERANE, 2005; HAGHEDOOREN et al,
2006).
Diversos fatores causadores da acne têm sido estudados, tais como: idade,
genética, tabagismo, raça, uso de medicamentos. A genética e a idade têm sido as
causas mais importantes. O hábito de fumar, também é um desencadeante, uma vez
que 40,8% dos fumantes ativos apresentam acne, comparados com 23,5% de não-
fumantes. As raças hispânicas apresentam maior severidade e maior precocidade
no aparecimento, diferentemente das negras e asiáticas. Assim como a acne é
menor nas mulheres que fazem uso de anticoncepcionais orais (HERANE, 2005).
A patogênese da acne é multifatorial, envolvendo distúrbios de
queratinização, secreção hormonal e imunidade (Quadro 1). O seu início,
Introdução 20
normalmente, ocorre no período pré-puberal, quando androgênios estimulam as
glândulas sebáceas e, possivelmente, o epitélio folicular. Posteriormente, na
puberdade, hormônios masculinos e femininos estimulam efeitos que levam a uma
maior coesão das células, formando o microcomedo, que é o precursor de todas as
lesões da acne. Estes folículos podem ser colonizados pelo Propionibacterium acnes
(P. acnes), componente anaeróbico da flora normal da região sebácea da pele,
produtor de uma variedade de fatores pró-inflamatórios extracelulares. Dessa forma,
o microcomedo pode evoluir para lesões não-inflamatórias, com comedões abertos
(poros visíveis) e/ou comedões fechados (Figura 1), ou lesões inflamatórias, como
pápulas, pústulas e nódulos (Figura 2, 3 e 4). Importante lembrar que a presença de
Propionibacterium acnes na superfície cutânea não está relacionada com a
severidade da acne, porém, a diminuição do P. acnes e de seus mediadores
influenciam a melhoria do quadro clínico (WEBSTER, 2001; SANTOS, 2003;
SHALITA, 2004; HERANE, 2005).
Patogênese da Acne
Desqueratinização folicular Formação Comedo
Secreção de Androgênio Produção de Sebo
Proliferação Propionibacterium acnes
Hipersensibilização pelo P. acnes Aumento da inflamação
Quadro 1: Patogênese da Acne (WEBSTER, 2001).
Introdução 21
Figura 1: Comedões abertos e
fechados (HERANE, 2005)
Figura 2: Pápulo-pústulas e
lesões cicatriciais no rosto
(
HERANE, 2005
)
Figura 4: Acne severa: cistos,
pseudocistos na área
submentoriana
(
HERANE, 2005
)
Figura 3: Pápulas, cistos e
nódulos eritematosos de acne
inflamatória (HERANE, 2005)
Introdução 22
O processo inflamatório ocorre quando linfócitos CD4 invadem a parede
folicular, levando a migração de neutrófilos e a formação de pápulas. A ruptura do
ducto folicular contribui para o extravasamento de lipídios, queratinócitos e bactérias
dentro da derme, desencadeando fenômenos inflamatórios e imunes, além da
ativação do complemento (HERANE, 2005).
A forma clássica desta doença dermatológica ocorre com a presença de
comedões abertos e fechados, que, clinicamente, podem ser microcomedões ou
macro (Figura 5) e um número variável de lesões inflamatórias, tendo seu pico entre
16-17 anos nas meninas e 17-18 anos nos meninos (CUNLIFE, HOLLAND,
JEREMY, 2004; SHALITA, 2004).
Figura 5: Extensos macrocomedos (CUNLIFE, HOLLAND, JEREMY, 2004).
A acne apresenta um quadro que não ameaça a integridade física do
paciente, mas afeta profundamente sua integridade psíquica por causar importante
alteração da aparência e da auto-estima. Muitas vezes, os fatores emocionais,
desencadeiam ou agravam a acne, como mostrado no estudo realizado com
estudantes australianos, onde aqueles com quadro moderado a severo
apresentavam mais sintomas de depressão e ansiedade do que os com quadros
leves da doença (KILKENNY et al., 1997; HANSTOCK, O´MAHONY, 2002; SILVA et
al, 2003).
Introdução 23
De acordo com Taborda, Weber e Freitas (2005), esta doença dermatológica
está enquadrada no grupo 2, ou seja, dermatoses influenciadas pelo estado
emocional, onde condições psicológicas podem ser o gatilho inicial para o
aparecimento das lesões dermatológicas, bem como fator de exacerbação durante
sua evolução (Quadro 2).
Os estigmas físicos e psicológicos dessa afecção podem ser prevenidos por
seu diagnóstico clínico precoce e pela instituição da terapêutica logo ao começar a
doença (SILVA et al, 2003).
1. Condições dermatológicas com seqüela psiquiátrica secundária
- Albinismo;
- Alopecia areata;
- Vitiligo.
2. Transtornos dermatológicos influenciados pelo estado emocional
- Acne;
- Dermatite atópica;
- Eczema;
- Psoríase;
- Urticária.
3. Transtornos psiquiátricos com seqüelas dermatológicas
- Transtorno obsessivo-compulsivo;
- Transtornos somatoformes;
- Transtorno delirante, tipo somático (parasitose)
- Transtorno factício.
4. Drogas psicotrópicas que provocam quadros dermatológicos
- Lítio;
- Anticonvulsivantes
- Antipsicóticos;
- Antidepressivos;
- Ansiolíticos.
Quadro 2: Classificação dos transtornos psicocutâneos, adaptado de Taborda,
Weber e Freitas, 2005.
Introdução 24
1.1.1 Tratamento da acne vulgar
O objetivo do tratamento da acne vulgar é prevenir ou tratar as lesões, reduzir
o desconforto físico provocado pelas inflamações, manter a pele com aspecto
saudável, prevenir ou minimizar a formação das indesejáveis cicatrizes, que se
iniciam na adolescência e podem acarretar efeitos psicológicos e sociais adversos
(GONTIJO et al., 1995; VAZ, 2003).
O primeiro passo do tratamento é ter certeza de que o paciente, assim como
seus pais, no caso de adolescentes, não “acreditam” nos diversos mitos que foram
criados. A acne não é causada, por sujeira, pensamentos impuros ou má
alimentação, apesar de estudos demonstrarem a influência da dieta no curso da
doença, ou seja, alta ingestão de gorduras e/ou carboidratos influencia a produção
de sebo (HERANE, 2005). Pacientes costumam achar que uma comida específica,
geralmente, gordurosa ou doce, agrava o quadro, que cabelo caindo na testa causa
espinhas ou que podemos tratar o quadro com sopa e água. Da mesma forma,
estresse pode até afetar, mas o uso de calmantes não tem efeito positivo sobre a
acne (WEBSTER, 2001).
A limpeza da pele com acne deve ser realizada, somente, duas vezes por dia,
de forma suave, com sabões adequados. Toalhas e esponjas devem ser evitadas,
pois podem aumentar a irritação no local. A lavagem exagerada e o uso de
esfoliantes devem ser evitados, pois causam a ruptura dos folículos e podem
aumentar a inflamação.
A primeira visita ao médico é de extrema importância e é o momento no qual
o paciente cria expectativas realistas com relação ao tratamento e desmistifica
alguns conceitos pré-existentes. Adolescentes, normalmente, querem respostas
rápidas e milagrosas, porém, precisam saber que o tempo mínimo para a melhoria
Introdução 25
do quadro gira em torno de seis meses. O início dos resultados só aperece a partir
da quarta semana e conseqüentemente há melhora de 20% a cada dois meses. Por
conta destes fatores, o paciente deve estar consciente que a acne, em uma grande
porcentagem de casos, é uma condição que acompanha o adolescente e que
precisa de um acompanhamento intenso, inclusive para evitar o reaparecimento
(HERANE, 2005).
Com relação ao tratamento, propriamente dito, existe uma grande variação,
pois alguns médicos usam de um a dois medicamentos, enquanto outros receitam
de cinco a seis. Em geral, o paciente adere melhor com, no máximo, dois
medicamentos, entretanto, o mais importante é analisar cada caso, individualmente.
Os tratamentos podem se subdividir em três grandes categorias:
Tratamento Tópico (Quadro 3);
Tratamento Sistêmico (Quadro 4);
Tratamento Físico (extração de comedões, crioterapia e fototerapia).
Anticomedogênico Antimicrobiano
Ácido Salicílico Ácido Azelaico
Adapaleno Clindamicina
Enxofre Eritromicina
Tazaroteno Peróxido de Benzoila
Tretinoína Peróxido de Benzoila / Clindamicina
Peróxido de Benzoila / Eritromicina
Quadro 3 - Terapia Tópica da Acne, modificado de WEBSTER, 2001.
Introdução 26
Medicamento e
Dosagem
Incidência de P.
acnes resitente
Efeitos Adversos
Comuns
Efeitos Adversos
Raros
Oxitetracilcina -
Tetraciclina
500mg
Moderada. Náusea, diarréia,
disfagia, infecção
esofágica.
Respostas alérgicas,
fotosensibilidade,
hepatotoxicidade
Eritromicina
500mg
Alta. Náusea, diarréia,
desconforto
abdominal.
Respostas alérgicas.
Minociclina
100-200mg
Baixa (em 1999),
mas aumentando.
Problemas
gastrointestinais
menos comuns que
com
oxitetraciclina/tetracicli-
na
Mudanças de
pigmentação,
hipertensão
intracraniana benigna,
hepatite autoimune.
Doxiciclina 100-
200mg
Moderada. Mesmos observados
com oxitetraciclina/
tetraciclina.
Fotosensibilidade
(dose-dependente).
Limeciclina
300-600mg
Moderada. Mesmos observados
com oxitetraciclina/
tetraciclina.
Mesmos observados
com oxitetraciclina/
tetraciclina.
Trimetoprim
200-300mg
Baixa (em 1999). Náusea, vômito e rash
cutâneo.
Fotosensibilidade,
muito raramente
agranulocitose.
Quadro 4 – Antibióticos Orais na Acne, modificado de LAYTON, 2005.
1.1.1.1 Tratamento Tópico
É a terapia de escolha para quadros de acne papulopustular ou comedões
pequenos a moderados. Este tipo de tratamento é prolongado, deve ser aplicado em
toda a área afetada, sem esquecimentos e, muitas vezes, necessita do auxílio de
terceiros para a aplicação, o que pode dificultar a adesão. Outro fator que pode
diminuir o uso é a localização da acne, como por exemplo, em torno da boca, queixo
ou imediatamente abaixo do nariz, que por serem locais mais sensíveis à irritação
tornam a terapia tópica mais difícil (GAMONAL, 1999; WEBSTER, 2000;
KRAUTHEIM e GOLLNICK, 2004).
Introdução 27
1.2 Ácido Salicílico (AS)
Fórmula Molecular – C
7
H
6
O
3
Peso Molecular – 138,125
Figura 6: Estrutura molecular AS
O ácido salicílico ou ácido 2-hidroxibenzóico ocorre na forma de éster em
várias plantas e apresenta-se como cristais aciculares, brancos ou incolores, ou pó
cristalino branco. É livremente solúvel em álcool e em éter; levemente solúvel em
água; moderadamente, solúvel em clorofórmio (GONÇALVES e BARROS, 2003).
Possui função queratolítica, antiacneico, anti-seborréico e é muito bem
tolerado, assim como já provou ser tão eficaz quanto o peróxido de benzoíla, em
casos de acne com presença de comedões, utilizado isoladamente ou como
adicional a uma outra terapia. Entretanto, em altas concentrações, é irritante,
causando eritema e descamação e, eventualmente, aumento das lesões
inflamatórias da acne. Por ser absorvido através da pele, não deve ser aplicado
durante longos períodos, principalmente, em crianças. (GONÇALVES e BARROS,
2003; HERRA, 2003).
O ácido salicílico é um fármaco utilizado em medicamentos de uso tópico para
tratamento da acne. É um ativo solúvel em óleo, capaz de penetrar no ambiente rico
em sebo do poro. Dentro do poro, é capaz de liberar o tampão comedoniano e pode
exercer algum pequeno efeito antiinflamatório. Pode ser adicionado a limpadores,
hidratantes e bases faciais. Sua habilidade de induzir esfoliação, também permite
que seja utilizado como componente antiacne em mulheres que combatem o
Introdução 28
envelhecimento cutâneo. Estes produtos podem ser vendidos sem prescrição. é um
ativo (DRAELOS, 2005).
No mercado, encontram-se disponíveis formulações queratolíticas com
concentrações de ácido salicílico de 0,5 a 3,0%, associadas ou não, ao enxofre, 1 a
3%, além de soluções de limpeza, em concentrações próximas de 1,5%. Estes
produtos tópicos têm por função modificar o nível de descamação epidérmica,
impedir a formação dos comedões e colaborar para o desaparecimento dos cistos
pré-existentes. Devem ser aplicados em toda a área afetada de duas a três vezes ao
dia (HERRA, 2003; LEYDEN, 2003; MARTINEZ, 2003).
1.3 Formas Farmacêuticas Tópicas
A farmácia com manipulação resgata a prática de preparar, conservar,
manipular e dispensar medicamentos, valoriza o médico que prescreve este
receituário, melhora a relação “médico-paciente” e permite um equilíbrio da fórmula
para o paciente que, como pessoa única e individual em sua sintomatologia, nem
sempre se adapta a formulações já estabelecidas. Dessa forma, muitas
preparações tópicas manipuladas são para o tratamento da acne e os veículos mais
usuais ainda são os cremes e pomadas, como desenvolvido por Galeno \.
Entretanto, os géis, soluções e loções, também são muito empregados (ROSALES e
MUÑOZ, 2001; MIGUEL et al, 2002).
Os cremes e pomadas são preferidos em casos de pele normal a seca,
enquanto os géis são mais usuais em peles oleosas, onde a quantidade de óleo
adicional acaba aumentando ou prejudicando as características gerais da acne.
A escolha da melhor forma farmacêutica para este tipo de dermatose deve
estar ligada ao local de aplicação, clima, umidade e, até mesmo, preferência do
Introdução 29
paciente, para evitar o abandono ao tratamento. Outro fator importante é o efeito na
velocidade de absorção transcutânea do ativo, já que os agentes não podem
ultrapassar as camadas mais profundas da pele para produzirem o efeito esperado
(VAZ, 2003; SOUZA, CHRISTIANSEN, JAMIE, 2005).
A oleosidade aumentada, normalmente observada na pele acneica, também
interfere na escolha do veículo, que não deve aumentar diretamente a oleosidade da
pele com afecção, ou seja, a forma farmacêutica de escolha não deve, de forma
nenhuma, apresentar componente gorduroso ou que aumente a concentração de
sebo no local.
1.3.1 Sabonete para limpeza da pele acneica
Os sabões tradicionais são obtidos por saponificação de gorduras animais e
vegetais com álcalis, apresentando pH alcalino. Já os sabonetes produzidos com
detergentes sintéticos, conhecidos como combars (combinação de tensoativos
naturais com sintéticos) e syndets (sabonetes sintéticos em barra) apresentam pH
menos alcalino e originam produtos menos irritantes. Também apresentam maior
qualidade e quantidade de espuma, podem ser ajustados ao pH normal da pele,
usualmente entre 5 e 6, além de fornecerem à pele mais brilho, textura e leveza,
características estas que podem ser atribuídas à capacidade destes produtos em
manter a integridade da barreira do estrato córneo e fornecer uma maior hidratação
cutânea (FROSCH, 1982; WALSH e ROSSON, 2000; GHAIM e VOLZ, 2001;
SUBRAMANYAN et al.,2005).
Muitos dermatologistas prescrevem para seus pacientes acneicos sabonetes
para limpeza da pele, alguns com princípio ativo, como ácido salicílico, por exemplo.
Introdução 30
Entretanto, as formas farmacêuticas empregadas para veicular este ativo são,
normalmente, sabonete em barra, líquido, cremoso e gel.
1.3.2 Pó Granulado
Os grânulos são aglomerados preparados a partir de pequenas partículas de
pó, têm formato irregular, mas podem ser preparados na forma esférica. São, em
regra, constituídos por substâncias medicamentosas associadas a açúcar e/ou
outros adjuvantes, apresentando-se formados por pequenos grânulos irregulares,
cujo conjunto tem aspecto homogêneo (FERREIRA, 2002).
O seu preparo pode ser através de método seco ou úmido, sendo o último
mais utilizado. O método úmido consiste em molhar o pó ou a mistura de pós e
passar a pasta formada através de uma malha (tamis) para produzir grânulos no
tamanho desejado, de acordo com a aplicação. Posteriormente, os grânulos úmidos
são colocados em bandejas de secagem e secos pelo ar ou em estufas de
aquecimento. São periodicamente movidos para evitar a adesão ou a formação de
uma grande massa única (PRISTA et al., 2002; ALLEN, POPOVICH e ANSEL,
2007).
Tradicionalmente, esta forma farmacêutica constitui um medicamento
administrável via oral ou destina-se ao preparo de comprimidos. Porém, atualmente,
também tem sido empregada para administração tópica com finalidade de limpeza,
por exemplo.
Possuem duas principais vantagens em se tratando da utilização na pele:
São mais estéticos que os pós comuns, pois não liberam partículas durante a
utilização e armazenamento;
Introdução 31
Os grânulos constituintes não aderem entre si, em contato com a umidade
(PRISTA et al., 2002).
Ao se aplicar na pele qualquer substância em pó, ocorre aumento da área
superficial de evaporação, resultante da somatória das superfícies das partículas
pulvéreas. Consequentemente, ocorre elevação da velocidade de evaporação da
umidade da pele, que será maior ou menor de acordo com a temperatura ambiente,
a tensão de vapor e a tenuidade do pó.
A forma farmacêutica pó ou granulado pode ser usado na pele sadia,
especialmente em crianças, para prevenir irritação da pele nos locais onde a
evaporação do suor é dificultada ou para completar a secagem após o banho. Pode
ser empregado na face para reduzir o brilho da pele, resultante das secreções
sebácea e sudorípara ou para ocultar ligeiras imperfeições, como cicatrizes ou
manchas (ANTUNES, 2002). Sendo que o grande diferencial é a possibilidade de
diversos ativos serem incorporados em uma forma farmacêutica que por si só já
possui atividade.
O pó granulado é uma forma farmacêutica que não apresenta característica
oleosa, possibilita incorporação da grande maioria dos princípios ativos empregados
na acne e é altamente estável. Além de permitir a incorporação de alguns
componentes, que quando adicionados a cremes, loções, sabonetes e xampus são
insolúveis, ocasionando dificuldade de dispersão do produto. Outra característica
favorável às formulações em grânulos é a manutenção da concentração dos
princípios ativos nas seguidas aplicações do produto, fato que, geralmente, não é
observado nas formas farmacêuticas convencionais para tratamento e limpeza de
pele acneica, devido à dificuldade de homogeneização.
Introdução 32
O ácido salicílico incorporado a esta forma farmacêutica ainda não existe no
mercado, facilita o transporte do medicamento pelo paciente, diminui o excesso de
espuma gerado pela agitação constante, além de fornecer melhorias para alguns
outros problemas comumente vistos na manipulação, como a instabilidade e
insolubilização de alguns ativos em meio aquoso, e no uso dos produtos disponíveis
para o tratamento da acne vulgar.
1.4 Tensoativos
Tensoativos são substâncias com propriedades de limpeza, detergência e
solubilização. Geralmente, possuem uma extremidade polar, que é solúvel em água
e uma apolar, solúvel em óleo. Estes são anfifílicos possuindo propriedades
hidrofílicas e hidrofóbicas em uma única molécula (ARNAU, 1995; YING, 2006).
Os tensoativos possuem cinco principais características: são molhantes, pois
diminuem o ângulo de contato entre um sólido e um líquido; são dispersantes, sendo
capazes de tornar solúveis substâncias aparentemente insolúveis no solvente
utilizado; são capazes de emulsionar, estabilizando uma emulsão; formam espuma,
pela tensão interfacial entre o líquido e o ar; são detergentes, podendo eliminar
resíduos oleosos fixados à pele e ao couro cabeludo (ARNAU, 1995).
São produtos químicos de elevada importância mundial, cuja produção gira,
em torno de 7,2 milhões de unidades ao ano, e vão desde detergentes de limpeza
doméstica até tintas, pesticidas e produtos cosméticos e farmacêuticos. Entretanto,
podem acarretar alterações à estrutura cutânea, visto que a pele é um órgão
imunocompetente, totalmente capaz de iniciar uma reação inflamatória em resposta
a produtos irritantes (BERNHOFER et al., 1999; CHARBONNIER et al, 2001; YING,
2006).
Introdução 33
Grande parte dos detergentes possui propriedades físico-químicas cruciais
para o aparecimento destes eventos, como a ligação destas moléculas químicas à
queratina; a desnaturação de proteínas, causada pela entrada de irritantes no
estrato córneo, levando a alterações na membrana, diretamente relacionadas à
indução de respostas cutâneas e/ou a delipidação, processo no qual a balança de
lipídeos é modificada, gerando uma alteração que diminui a função de barreira
exercida pelo estrato córneo (EFFENDY e MAIBACH, 1996; HALL-MANNING et al.,
1998; WELSS et al., 2004).
Estudos, in vitro e in vivo, têm sido realizados, com o intuito de conhecer e
classificar os diversos tipos de reações de irritação dérmica, causadas pelos
detergentes. Existem relatos na literatura que comprovam que os tensoativos
causam modificações bioquímicas, quando aplicados topicamente. Alguns
desencadeiam reações primárias, ou seja, são substâncias suspeitas de prejudicar a
pele por ação citotóxica direta e sem causar sensibilização imunológica prévia. Um
exemplo típico é o lauril sulfato de sódio, que interage, fortemente, com a pele
causando grandes alterações nas suas propriedades (EFFENDY e MAIBACH,
1996).
Dessa forma, é importante que os produtos de limpeza da pele respeitem a
fisiologia cutânea, não alterem as proteínas do estrato córneo, não destruam a
proteção fornecida pela camada hidrolipídica, não modifiquem a acidez natural da
pele. Entretanto, espera-se que contribuam para o equilíbrio da flora saprófita,
protegendo a pele dos germes patógenos. Pensando nisso, as indústrias
farmacêuticas e cosméticas, sensíveis ao que está relacionado à economia e aos
cuidados diários com a pele, têm se mostrado cada vez mais preocupadas com a
síntese de detergentes que sejam biodegradáveis e biocompatíveis com a pele dos
Introdução 34
consumidores, não irritantes e incapazes de originar problemas dermatológicos, tais
como acne, psoríase e dermatite de contato (ARNAU, 1995; INFANTE et al., 2004).
Uma interessante estratégia para obtenção destes surfactantes mais
adequados é o uso da modelagem molecular, que mimetiza compostos naturais a
partir de aminoácidos, oligossacarídeos, peptídeos e gliceróis (INFANTE et al.,
1997). Destes derivados, os aminoácidos têm mostrado ser excelentes compostos
para a síntese de biodetergentes com alta eficácia, baixo potencial de toxicidade e
pequeno impacto ambiental (TABOHASHI et al., 2001; INFANTE et al., 2004; VAN
ROOSMALEN et al., 2004).
1.4.1 Lauril sulfato de sódio (LSS)
O lauril sulfato de sódio, designação genérica empregada para o dodecil
sulfato de sódio, é um composto orgânico devidamente registrado no Chemical
Abstract Service (CAS) sob o número 151-21-3.
Possui propriedades detergente, molhante, espumógena, emulsificante e
solubilizante, características comuns a toda a classe de tensoativos. Por conta disso,
vem sendo utilizado há vários anos para diferentes fins, como banhos de espuma,
cremes emolientes, cremes depilatórios, loções para mãos, xampus, dentifrícios,
além de produtos saneantes, como detergentes domissanitários (ANVISA, 2001).
Muitos estudos já comprovaram seu potencial de irritação à pele (EFFENDY e
MAYBACH, 1996; CHARBONNIER et al., 2001; HEYLINGS et al., 2001; RIGANO et
al., 2002; BENAVIDES et al., 2004; ROBINSON et al., 2005). Em formulações
cosméticas, o poder irritante pode ser atenuada em função da concentração
utilizada, da associação entre os tensoatiavos, bem como das características da
formulação pretendida para o produto final (ANVISA, 2001).
Introdução 35
1.4.2 Tensoativos derivados de aminoácidos
Os aminoácidos, em geral, são cristais incolores ou brancos, praticamente,
insolúveis em solventes orgânicos, mas solúveis em água e soluções aquosas
ácidas ou básicas. Uma característica comum a todos é a presença de grupos amino
e carboxil, por isso, são catiônicos em soluções ácidas, anfóteros em soluções
neutras e aniônicos em soluções básicas.
Os surfactantes derivados de aminoácidos possuem características
favoráveis, também do ponto de vista de conservação do meio ambiente, pois são
biodegradáveis, além de possuírem um mínimo de efeito irritante e baixa toxicidade.
São preparados eficientemente por catálise química ou enzimática, podendo
contribuir para o aumento da demanda de tensoativos “benéficos” nas indústrias
farmacêuticas, cosméticas e de alimentos (TABOHASHI et al, 2001).
1.4.2.1 Cocoil glicinato de sódio (Amilite GCS-11
®
)
Figura 7: Fórmula estrutural do cocoil glicinato de sódio
É um tensoativo aniônico derivado de aminoácidos, especificamente da
g
licina, além de ácidos graxos de coco. Pode ser aplicado em condicionadores de
cabelo e pele e em agentes de limpeza, com função tensoativa. Sua apresentação é
em pó (CTFA, 2006a).
Introdução 36
1.4.2.2 Cocoil glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
)
Figura 8: Fórmula estrutural do cocoil glutamato de sódio
Surfactante natural suave, em pó, derivado do aminoácido L-ácido glutâmico
e de ácidos graxos de coco. Altamente biodegradável, fracamente ácido em solução
(semelhante à pele) e possível de ser utilizado em faixas de pH que variam de 4,5 a
12,5 (AJINOMOTO, 2007). Pode ser empregado em agentes de limpeza, tanto para
pele quanto para cabelos, com função tensoativa (CTFA, 2006b).
1.4.2.3 Lauroil glutamato de sódio (Amisoft LS-11
®
)
Figura 9: Fórmula estrutural do lauroil glutamato de sódio
É um sal de sódio derivado do ácido glutâmico. Seu uso já foi reportado em
óleos e sais de banho e em produtos de limpeza, como loções e sabonetes líquidos
e “cold cream” (CTFA, 2006c).
Introdução 37
1.4.2.4 Miristoil glutamato de sódio (Amisoft MS-11
®
)
Figura 10: Fórmula estrutural do miristoil glutamato de sódio
O miristoil glutamato de sódio, também, é derivado do ácido glutâmico, só
diferenciando do lauroil glutamato de sódio pelo número de moléculas de carbono e
hidrogênio encontrados em sua estrutura química. É, usualmente, empregado como
tensoativo em produtos de higiene (CTFA, 2006d).
OBJETIVOS
Objetivos 39
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Desenvolvimento e avaliação de formulações sólidas, sob a forma de
sabonete granulado contendo tensoativos derivados de aminoácidos, menos
irritantes que os convencionais.
2.2 Objetivos Específicos
Análise do potencial irritante, “in vitro” de tensoativo em pó, largamente
utilizado, lauril sulfato de sódio, e tensoativos derivados de aminoácidos
(cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio, miristoil glutamato de
sódio e cocoil glicinato de sódio);
Desenvolvimento de formulações com os tensoativos derivados de
aminoácidos menos irritantes, sob a forma de sabonete granulado, com ácido
salicílico a 2% para o tratamento da acne;
Desenvolvimento de formulações com os tensoativos derivados de
aminoácidos menos irritantes, sob a forma de sabonete granulado, para
lavagem contínua das mãos;
Realização de pesquisa de opinião com pacientes de pele acneica sobre a
nova forma farmacêutica desenvolvida, dispensada sob a forma de sachet de
dose unitária;
Realização de pesquisa de opinião com voluntários da área da saúde sobre o
sabonete granulado proposto para lavagem diária das mãos, dispensado sob
duas formas (sachet e talqueira);
Objetivos 40
Desenvolvimento e validação de um método analítico que avalie a qualidade
da formulação proposta com ácido salicílico;
Avaliação da estabilidade das formulações desenvolvidas (com e sem ativo);
Avaliação da toxicidade dérmica das formulações com e sem ácido salicílico a
2% (teste de irritação “in vivo”).
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Métodos 42
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
3.1.1 Equipamentos e Acessórios
Agitador magnético CORNING;
Aparelho de Karl-Fischer Metler, modelo DL-18;
Balança Analítica Bioprecisa, modelo FA2104N;
Banho de ultra-som Thornton, modelo T14;
Destilador Fisatom, modelo NT425;
Espectrofotômetro Biospectro
®
UV-Vis, modelo SP-220;
Estufa termostatizada Full Gaulge TIC17RGT;
Máquina seladora Barbi, modelo M-300T;
Misturador de pós Magic Bullet;
Potenciômetro Analyser, modelo pH300M.
3.1.2 Reagentes, Solventes e outros
Ácido Bórico (VETEC);
Ácido Sulfúrico (VETEC) p.a.;
Etanol (VETEC) p.a.;
Hidróxido de Sódio (VETEC) p.a.
Metanol (VETEC) p.a.;
Mistura de selênio (MERCK);
Reagente de Karl-Fischer (MERCK);
Reagente Patterson (vermelho de metila + azul de metileno);
Reativo de Nessler;
Vermelho de Metila.
Materiais e Métodos 43
3.1.3 Matérias-primas
Ácido Salicílico, lote: B05J585PHA, teor: 99,33%;
Aerosil, lote: 051005, Viafarma;
Amido de Milho, lote: CH069, Farmos;
Butilhidroxitolueno (BHT), lote: 93, Sarfam;
Cocoil glicinato de sódio (Amilite GCS-11
®
), lote:504146, Ajinomoto.
Cocoil glutamato de sódio (Amisoft CS-11), lote: 504021, Ajinomoto;
Fenoxietanol/Parabenos (Phenobact), lote: P1399, Viafarma;
Lactose, lote: 2044, Genix;
Lauril sulfato de sódio (LSS), lote: HN5C040983, Spectrum;
Lauroil glutamato de sódio (Amisoft LS-11), lote: 502081, Ajinomoto;
Miristoil glutamato de sódio (Amisoft MS-11 ), lote: 412091, Ajinomoto;
®
Talco, lote: N50727-7, Farmos.
3.2.1 Caracterização das matérias-primas
Polivinilpirrolidona (PVP), lote: 20040123, Viafarma;
3.2 Métodos
Foram realizadas análises específicas, baseadas no que é estabelecido
pelos compêndios oficiais, para garantir a qualidade dos lotes de cada
matéria-prima que foi utilizada no desenvolvimento do projeto.
Materiais e Métodos 44
3.2.1.1 Aspecto
As informações referentes à descrição de uma substância são genéricas e
destinam-se à avaliação preliminar da integridade da mesma. Esta avaliação, por si
só, não é indicativa de pureza, devendo estar associada a outros testes
farmacopéicos para assegurar que a substância em análise esteja de acordo com a
monografia (F. Bras. IV, 1988a).
Todas as matérias-primas utilizadas neste estudo passaram por avaliação do
seu aspecto, que deveria ser exatamente como o estabelecido na fonte consultada.
3.2.1.2 Avaliação da densidade
A densidade relativa de uma substância é a razão de sua massa, pela massa
de igual volume de água, ambas a 20º C, ou por massa de igual volume de água a
4º C (F. Bras. IV, 1988b).
Foi determinada em picnômetro limpo e seco, com capacidade de, no mínimo,
5 mL, previamente calibrado. A matéria-prima fenoxietanol/parabenos teve sua
densidade avaliada através da razão da diferença entre o picnômetro cheio com o
produto e vazio, pela diferença do produto com a água, devendo apresentar valor
entre 1,060 a 1,180g/mL, de acordo com o laudo de análise do fornecedor
(Viafarma).
3.2.1.3 Análise de solubilidade
A solubilidade da substância pura em dado solvente, à temperatura ambiente,
é parâmetro característico da substância, podendo servir para fins de identificação
(F. Bras. IV, 1988c).
Materiais e Métodos 45
Ácido salicílico, amido de milho, BHT e lactose foram avaliados de acordo
com a solubilidade.
3.2.1.4 Determinação do pH
A determinação potenciométrica do pH é feita pela medida da diferença de
potencial entre dois eletrodos adequados, imersos na solução em análise. Um
destes eletrodos é sensível aos íons hidrogênio e o outro é o eletrodo de referência,
de potencial constante (F. Bras. IV, 1988d).
Antes do início da análise, o aparelho foi aferido com soluções-tampão pH 7,0
e pH 4,0 (Merck), à temperatura ambiente (25ºC ± 3ºC), que permitem linearidade
nas respostas em relação às alterações de potencial observadas. A amostra
analisada foi a lactose (solução a 10%), através de potenciômetro marca Analyser,
modelo pH300M.
3.2.1.5 Determinação do ponto de fusão
Ponto de fusão de uma substância é a temperatura corrigida na qual esta se
encontra completamente fundida. Enquanto faixa de fusão é aquela compreendida
entre a temperatura corrigida na qual a substância começa a fluidificar-se ou a
formar gotículas na parede do tubo capilar e a temperatura corrigida na qual está
completamente fundida, o que é evidenciado pelo desaparecimento da fase sólida
(F. Bras. IV, 1988e).
O método empregado foi o do capilar, onde se observou o ponto de fusão do
ácido salicílico e do BHT. Após a obtenção dos valores, estes foram comparados a
sua faixa de fusão específica.
Materiais e Métodos 46
3.2.1.6 Características microbiológicas
As amostras de lactose e amido de milho foram submetidas a testes
específicos, que garantissem a ausência de contaminantes microbiológicos de
acordo com as especificações fornecidas pelo fabricante de cada uma delas.
3.2.1.7 Doseamento do Ácido Salicílico (USP 27, 2004; BP, 1998)
O método de doseamento consiste em dissolver cerca de 275 mg
(rigorosamente pesados) de ácido salicílico em 25 mL de etanol, previamente
neutralizado com hidróxido de sódio 0,1N e fenolftaleína até leve cor rosa. A seguir,
é feita titulação, em triplicata, em hidróxido de sódio 0,1N, como titulante, até leve
cor rosa. Utiliza-se o valor médio obtido, sendo cada 1 mL de solução hidróxido de
sódio 0,1N equivalente a 13,81 mg de ativo. O cálculo da porcentagem é feito de
acordo com a equação 1 abaixo:
% = volume gasto x FC x 13, 81 x 100
massa pesada em mg
Equação 1: Doseamento do ácido salicílico, onde FC= fator de correção da solução
titulante e %= teor de ácido salicílico.
3.2.2 Caracterização dos tensoativos derivados de aminoácidos
Os tensoativos cocoil glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
), lauroil glutamato
de sódio (Amisoft LS-11
®
), miristoil glutamato de sódio (Amisoft MS-11
®
) e cocoil
glicinato de sódio (Amilite GCS-11
®
) são derivados de aminoácidos, recentemente
disponíveis à comercialização, por isso suas análises ainda não constam em
nenhuma farmacopéia.
Para analisar estes compostos foi feito um grande levantamento bibliográfico
para se chegar a algum método de análise que mais se aproximasse ao que poderia
Materiais e Métodos 47
ser realizado. E por se tratar de derivados de aminoácidos, o método de Kjeldahl é
considerado o mais indicado, por determinar o teor de nitrogênio total.
3.2.2.1 Método de Kjeldahl
A determinação da quantidade de nitrogênio em uma amostra pelo método de
Kjeldahl baseia-se no deslocamento do nitrogênio presente na amostra, sob a forma
de sulfato de amônia; este passa a amônia volátil pela adição de hidróxido de sódio.
A amônia é recolhida em solução de ácido padronizado, cujo excesso é titulado com
hidróxido de sódio de mesma concentração (ou recolhido em ácido bórico e titulado
com ácido sulfúrico). Assim, se determina a quantidade de nitrogênio presente na
amostra, por retrocesso ou de forma indireta (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985,
COTTA et al., 2007)
O método é dividido em três etapas e a aparelhagem pode ser vista, abaixo,
na figura 11.
Figura 11: Sistema Kjeldahl tradicional, retirado de Cotta et al., 2007.
Materiais e Métodos 48
3.2.2.1.1 Digestão ou Mineralização
O nitrogênio orgânico foi transformado em amônia e os compostos orgânicos
foram convertidos em CO
2,
H
2
O, etc.
H
2
SO
4
Matéria orgânica
----------> O
2
+ CO
2
+ H
2
O + R-NH
2
(Equação 2)
R-NH
2
+ H
2
O ----------> R-OH + NH
3
(Equação 3)
O
H
2
SO
4
O
R-C + H
2
O ----------> R-C + NH
3
(Equação 4)
NH
2
OH
2 NH
3
+ H
2
SO
4
---------> (NH
4
)
2
SO
4
(Equação 5)
O carbono contido na matéria orgânica foi oxidado e o CO
2
se desprendeu; no
final da digestão, o material ficou completamente claro, após passar por uma fase
bastante escura, no início desta etapa (Equação 2).
O nitrogênio foi transformado em NH
3
(Equação 3 e 4), que reagiu com ácido
sulfúrico (H
2
SO4)
formando (NH
4
)
2
SO
4
(Equação 5) e, após resfriamento, originou
cristais no fundo do tubo. Nesta etapa, foi adicionado um catalisador (mistura de
selênio Merck), para aumentar o ponto de ebulição do ácido sulfúrico.
Materiais e Métodos 49
3.2.2.1.2 Destilação
O sulfato de amônio foi tratado com hidróxido de sódio 40% levando ao
desprendimento de amônia (Equação 6), posteriormente, destilada (Equação 7).
(NH
4
)
2
SO
4
+ 2 NaOH -----
-----> 2 NH
4
OH + Na
2
SO
4
(Equação 6)
NH
4
OH ------
---> NH
3
+ H
2
O (Equação 7)
O NH
3
desprendido foi recebido em um erlenmeyer contendo H
2
SO
4
(0,1N) de
título conhecido (Equação 8):
NH
3
+ H
2
SO
4 exc
----------> ( NH
4
)
2
SO
4
+ H
2
SO
4
(Método indireto - pelo resto)
(Equação 8)
Para confirmar o final da destilação foi realizado um teste de confirmação com
Reativo de Nessler, onde o aparecimento de tom castanho amarelado indicava
presença de amônia (NH
3
) e a transparência, o final da destilação (ausência de
NH
3
).
Materiais e Métodos 50
3.2.2.1.3 Titulação
O ácido sulfúrico que não reagiu com a amônia foi titulado com solução
padrão de hidróxido de sódio, usando vermelho de metila como indicador (Equação
9):
H
2
SO
4
+ 2 NaOH Na
2
SO
4
+ H
2
O (Método indireto - pelo resto)
(Equação 9)
A quantidade de ácido sulfúrico foi suficiente para que houvesse completa
destruição da matéria orgânica.
Em face das diferentes temperaturas exigidas para decomposição das
substâncias orgânicas, pois algumas não se decompõem à temperatura normal de
ebulição do ácido sulfúrico, tornou-se necessário aumentar a severidade da reação,
pela adição de determinados sais, sendo os mais comuns o K
2
SO
4
ou Na
2
SO
4,
que
elevam o ponto de ebulição do H
2
SO
4.
Ainda assim a oxidação da matéria orgânica é lenta, podendo, no entanto, ser
acelerada pela adição de catalisadores ou agentes oxidantes. Os mais usados são
sulfato de cobre (CuSO
4
)
e selênio metálico.
Materiais e Métodos 51
3.2.2.1.4 Cálculos
Volume de H
2
SO
4
que reagiu com o nitrogênio:
Método semi-microKjeldahl: indireto
( V H
2
SO
4
0,1N
exc
X fc ) - ( V NaOH 0,1N X fc ) = V H
2
SO
4
0,1N
que reagiu com
N
1 Eq H
2
SO
4
1N
----------------- 1 Eq Nitrogênio = 14 g
1 mL H
2
SO
4
-----------------------0,0014 g N
2
Xg Nitrogênio quantidade pesada da amostra
g % Nitrogênio 100
g % Nitrogênio =
g Nitrogênio Χ 100
Peso da amostra
3.2.2.1.5 Fator de conversão
A maioria dos compostos possui proteínas com 16% de nitrogênio, assim:
16g N 100g Proteína
1 g N Χ
Χ = 100/16 = 6,25
Para converter o teor de nitrogênio em proteínas, basta multiplicar pelo fator
de conversão (6,25).
3.2.3 Ensaio para caracterização da espuma formada pelos tensoativos
A partir de uma adaptação do teste de “Ross-Miles” (CHEAH e CILLIERS,
2005), foram preparadas soluções a 5% de cada um dos tensoativos estudados
(lauril sulfato de sódio, cocoil glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
), lauroil glutamato
Materiais e Métodos 52
de sódio (Amisoft LS-11
®
), miristoil glutamato de sódio (Amisoft MS-11
®
) e cocoil
glicinato de sódio (Amilite GCS-11
®
). Após o preparo das soluções, 50 mL, de cada,
foram vertidos para uma proveta de 100 mL e agitados 5 vezes seguidas,
manualmente. A altura da espuma formada foi medida no instante após a última
agitação e 5 minutos após o descanso, para avaliar a sua manutenção depois de um
tempo pré-estabelecido. (Figura 12)
50 mL
Solução a 5%
Proveta 100 mL
5 X
Altura da espuma (cm) Agitação
Figura 12: Teste da espuma.
3.2.4 Teste de desnaturação de proteínas
Em 1957, Blohm estudou a desnaturação da albumina do ovo (ovalbumina)
através de uma série de sulfatos de sódio e mostrou que essa proteína possui uma
solubilidade semelhante a das proteínas encontradas na epiderme, além de
comprovar que os radicais lauril têm uma larga capacidade de promover
desnaturação proteica, ou seja, causar irritação dérmica significativa (BREUER,
1978; Morén e Khan, 1999; GONZALEZ-PEREZ et al, 2004).
Testes de irritação dérmica ainda têm sido realizados em animais, mas por
motivos éticos e científicos, estes não serão usados por muito mais tempo, em
função disso, muita atenção tem sido dada ao desenvolvimento de métodos in vitro
para este tipo de análise (BOELSMA et al, 1996).
Materiais e Métodos 53
Baseando-se nestas informações, foram preparadas soluções a 5%, dos
surfactantes derivados de aminoácidos a serem avaliados (cocoil glutamato de
sódio, lauroil glutamato de sódio, miristoil glutamato de sódio e cocoil glicinato de
sódio) e o LSS, também em solução a 5%. Posteriormente, foram adicionados 10 g
de claras de ovos, previamente homogeneizadas em agitador magnético por 5
minutos, a 2,5 g de solução de cada um dos tensoativos. A mistura formada
(ovalbumina + tensoativo) permaneceu sob agitação por 2 minutos e, em seguida, foi
realizada leitura da transmitância a 660 nm em espectrofotômetro UV-Vis
(Biospectro
®
SP-220). A solução controle empregada foi clara de ovo e água
destilada, nas mesmas proporções das amostras com tensoativos.
3.2.5 Preparo das formulações
Foram preparados dois tipos de formulações, uma contendo ácido salicílico a
2% (formulação A – Tabela 1) e outra somente com os componentes base
(formulação B – Tabela 2). Os dois tensoativos que obtiveram melhores resultados
no teste de desnaturação de proteínas (cocoil glutamato de sódio e lauroil glutamato
de sódio) foram selecionados para que formassem uma mistura de surfactantes a
ser empregada na formulação desenvolvida.
O processo de preparo ocorreu misturando-se os componentes da Fase A no
misturador de pós, por 1 minuto. Em seguida, os dois primeiros componentes da
Fase B foram adicionados, homogeneizando até a completa solubilização dos pós. A
seguir, complementou-se com os dois últimos componentes da fase e tudo foi
vertido para o misturador de pós, homogeneizando, por três etapas seguidas de um
minuto cada, totalizando três minutos de homogeneização final. Em gral de
porcelana, a formulação obtida foi adicionada à 15 mL de água:álcool (30:70) e
Materiais e Métodos 54
tamisada em tamis de malha número 10. Posteriormente, levada à estufa a 40ºC ±
2ºC, por 30 minutos. Ao retirar do aquecimento, a massa granulada formada passou
por novo tamis malha número 20.
O granulado obtido foi envasado em sachets metálicos e talqueiras plásticas
de polipropileno.
Tabela 1: Sabonete granulado com ácido salicílico (formulação A).
Fase A:
Amido de Milho................................................................30,00%
Lactose............................................................................30,00%
Tensoativos*.......................................................................20,00%
PVP...................................................................................5,00%
Talco............................................................................q.s.p.100g
Fase B:
BHT………………………………………………………….0,08%
Fenoxietanol e Parabenos (Phenochem)……………….0,80%
Aerosil……………………………………………………….0,80%
Talco………………………………………………………..10,00%
Ácido Salicílico.................................................................2,00%
* cocoil glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
) e lauroil glutamato de sódio
(Amisoft LS-11
®
)
Materiais e Métodos 55
Tabela 2: Sabonete granulado sem ácido salicílico (formulação B).
Fase A:
Amido de Milho.................................................................30%
Lactose.............................................................................30%
Tensoativos*........................................................................20%
PVP................................................................................... 5%
Talco.........................................................................q.s.p.100g
Fase B:
BHT………………………………………………………….0,08%
Fenoxietanol e Parabenos (Phenochem)……………….0,80%
Aerosil……………………………………………………….0,80%
Talco………………………………………………………..10,00%
* cocoil glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
) e lauroil glutamato de sódio
(Amisoft LS-11
®
)
3.2.6 Ensaio para caracterização da espuma formada pelas formulações
desenvolvidas
Da mesma forma, como foi feito com os tensoativos isolados, foi realizado
teste para determinar o tamanho da espuma formada por cada uma das formulações
desenvolvidas (A e B).
O método utilizado foi o mesmo, conforme Figura 12, acima.
3.2.7 Estudo de estabilidade
As formulações A e B foram submetidas a testes de acordo com o “Guia de
Estabilidade de Produtos Cosméticos” (ANVISA, 2004), com o intuito de avaliar as
características encontradas nos tempos 0,15,30,60 e 90 dias. Foram mantidas
Materiais e Métodos 56
amostras em temperatura ambiente, 25ºC ± 3ºC e em condição acelerada, ou seja,
estufa a 40ºC ± 2ºC, sob saturação de umidade relativa do ar.
Os parâmetros analisados nos tempos estabelecidos foram características
organolépticas, pH, teor de umidade e, na formulação B, determinação do teor de
ácido salicílico por método espectrofotométrico.
3.2.7.1 Características organolépticas
Durante o período de três meses em que foi realizado o teste de estabilidade,
as duas formulações foram avaliadas observando mudança de coloração, presença
de odor, aumento de umidade observada visualmente. Estas modificações podem
caracterizar instabilidade físico-química e/ou microbiológica e indicar mudanças
prejudiciais à estabilidade necessária na formulação em estudo.
3.2.7.2 Determinação do pH
A determinação do valor de pH está relacionada à compatibilidade dos
componentes da formulação, eficácia e segurança de uso, dessa forma é um
importante parâmetro a ser avaliado nos estudos de estabilidade.
O pH das amostras, em solução a 10%, armazenadas à temperatura
ambiente ou em estufa (40ºC ± 2ºC), foi determinado através de potenciômetro
(Analyser, modelo pH300M), previamente calibrado com soluções tampão pH 7,0 e
pH 4,0 (Merck), à temperatura ambiente.
Materiais e Métodos 57
3.2.7.3 Determinação de água
Diversas substâncias farmacopeicas encontram-se na forma hidratada ou
contém água absorvida, tornando importante o estabelecimento de teores-limite e
sua determinação em ensaio de especificação (F. Bras. IV, 1988f). O mesmo é
observado no caso de medicamentos ou dermocosméticos que se apresentam sob a
forma farmacêutica pó, já que devem possuir uma faixa padronizada de teor de
umidade na formulação.
Para avaliação do teor de água de cada uma das duas formulações,
armazenadas em estufa (40ºC ± 2ºC) e à temperatura ambiente (25ºC ± 3ºC), foi
usado Aparelho de Karl-Fischer Metler, modelo DL-18, com 30 mL de metanol p.a.
(Vetec) e reagente de Karl-Fischer (Merck) como titulante.
3.2.7.4 Análise quantitativa do ácido salicílico por espectrofotometria no UV-Vis
A análise do teor de ácido salicílico, em formulações em pó, não é descrita
em nenhum compêndio oficial, dessa forma, foram determinados os parâmetros e as
condições ideais para o estabelecimento e validação de um método por
espectrofotometria de absorção no UV-Vis para determinação deste ativo nas
formulações propostas. Para verificar o comprimento de onda de máxima absorção
(λmax.), foram feitas varreduras na região do UV e do visível para o ácido salicílico.
3.2.7.4.1 Preparo das amostras
Pesou-se, aproximadamente 25 mg do ativo, ou seja, em torno de 1,25 g de
cada formulação a ser testada e foi transferida para balão de 100 mL com auxílio de
10 mL de etanol, para aumentar a solubilização do ácido salicílico. Posteriormente,
Materiais e Métodos 58
o volume foi completado com água destilada e levado ao ultra-som por 15 minutos
para completa homogeneização. O etanol não foi utilizado como solvente único,
pois a solução obtida não se mantinha estável durante o período de leitura no
espectrofotômetro.
O mesmo procedimento foi realizado outras duas vezes, para que fosse feito
em triplicata. Em seguida, as amostras foram filtradas e foi retirada uma alíquota de
2,0 mL para balão de 25,0 mL. As amostras foram analisadas em espectrofotômetro
Biospectro
®
UV-Vis, modelo SP-220, onde foram lidas no λ
max
estabelecido, 295nm.
3.2.7.4.2 Curva Padrão
A cada dia de análise, realizou-se uma curva padrão para boa execução dos
procedimentos além da avaliação da qualidade do sistema.
Primeiramente, foi preparada uma solução estoque de ácido salicílico. Para
isso, foram pesados, com precisão analítica, cerca de 25,0 mg de AS padrão de
trabalho, com teor obtido de 99,33%, e transferidos para balão volumétrico de 100,0
mL, adicionados 10 mL de etanol e o volume foi completado com água destilada,
resultando em uma solução com concentração de 0,25 mg/mL. Antes de completar o
volume, o balão ficou em banho de ultra-som por 15 minutos.
A partir da solução estoque foram retiradas 5 alíquotas, a fim de se obter uma
curva com 5 pontos com as seguintes concentrações: 10, 15, 20, 25 e 30 µg/mL.
Água destilada foi adicionada para completar o volume de cada balão.
Materiais e Métodos 59
3.2.7.4.3 Validação do método espectrofotométrico
A validação tem o intuito de demonstrar que o método é apropriado à finalidade
pretendida. Para validação da metodologia de quantificação do AS, por
espectrofotometria, foram realizados os testes que comprovassem a especificidade
do método, a linearidade de resposta, a precisão intra e inter-dia, o limite de
detecção e quantificação e exatidão / recuperação.
A validação foi baseada no Guia para Validação de Métodos Analíticos e
Bioanalíticos, anexo da RE nº 899, de 29 de maio de 2003, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Brasil. Resolução – RE nº 899, 2003).
3.2.7.4.3.1 Especificidade
A especificidade é a capacidade que o método possui de medir exatamente o
composto desejado na presença de outros compostos (Brasil. Resolução – RE nº
899, 2003, Ribani et al., 2004).
Foi necessário comprovar a capacidade do método em quantificar o AS, na
presença dos demais componentes inerentes ao granulado, que foi avaliada pelo
ensaio de adição-padrão, explicado com mais detalhes abaixo no item 3.2.7.4.3.6.
3.2.7.4.3.2 Linearidade
A linearidade é a capacidade de uma metodologia analítica de demonstrar que
os resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração do princípio
ativo na amostra (Brasil. Resolução – RE nº 899, 2003, Ribani et al., 2004).
Para linearidade, foram preparadas duas curvas padrão de AS, padrão de
trabalho, com faixa de concentração de 10 a 30 µg/mL. Em dias diferentes, foram
feitas 5 pesadas, cada uma correspondente a um ponto da curva de calibração. A
Materiais e Métodos 60
linearidade do método foi determinada pela análise de regressão linear com auxílio
do software Excel
®
.
3.2.7.4.3.3 Precisão
Precisão é a avaliação da proximidade dos resultados obtidos em uma série de
medidas de uma amostragem múltipla de uma mesma amostra. Para precisão intra e
inter-dia foram preparadas duas soluções com concentração de 20 µg/mL, avaliadas
em triplicata, em dois dias diferentes.
A análise da precisão foi realizada através do(s) desvio padrão(s) e desvio
padrão relativo (DPR) dos valores de área encontrados (Ribani et al., 2004).
3.2.7.4.3.4 Limite de detecção (LD) e quantificação (LQ)
O cálculo desses limites pode ser feito pelo método baseado em parâmetros da
curva padrão (Brasil. Resolução – RE nº 899, 2003, Ribani et al., 2004).
O limite de detecção foi expresso como:
IC
DPaLD
3
×=
(Equação 10)
Onde: DPa é a estimativa do desvio padrão do intercepto com o eixo Y
IC é a inclinação (“slope”) ou coeficiente angular da curva analítica.
Os mesmos critérios de LD podem ser adotados para o limite de quantificação,
utilizando uma relação 10:1, a partir da equação 10:
IC
DPaLQ
10
×=
(Equação 11)
Materiais e Métodos 61
3.2.7.4.3.5 Exatidão / Recuperação
A estimativa da exatidão foi realizada pelo método de adição padrão, onde se
adicionam quantidades conhecidas da substância de referência (ácido salicílico) a
preparações dos produtos, realizando-se a análise quantitativa do analito (Brasil.
Resolução – RE nº 899, 2003).
3.2.7.4.3.6 Procedimento
Primeiramente preparou-se uma solução padrão, onde foram pesados, com
exatidão, cerca de 25 mg de AS padrão de trabalho. Este foi transferido para balão
volumétrico de 100,0 mL contendo 10 mL de etanol, para facilitar a solubilização e
avolumado com água destilada, obtendo assim uma solução padrão (SP) final de
0,25 mg/mL.
Para o preparo das amostras foi realizada uma pesada de 1,25 g do placebo
(formulação B) que foi transferida para balão volumétrico de 100,0 mL (solução
estoque). Em seguida, foram retiradas alíquotas de 2,0 mL da solução estoque e
levadas para balões volumétricos de 25,0 mL cada, onde realizou-se adição padrão
em três níveis: 1,0 mL, 2,0 mL e 3,0 mL da solução padrão, contendo 0,25 mg/mL,
conforme mostrado, esquematicamente, na Figura 13.
As preparações foram feitas em triplicata e todas as amostras foram
avolumadas com água destilada.
Materiais e Métodos 62
Solução Estoque (1,25 g placebo em 100 mL)
2 mL 2 mL
2 mL
Balão
volumétrico de
25 mL (3X)
Balão
volumétrico de
25 mL (3X)
Balão
volumétrico de
25 mL (3X)
1 mL 2 mL 3 mL
Solução Padrão (0,25 mg/mL)
Figura 13: Esquema do preparo das amostras para determinação da exatidão, onde: 3x =
triplicata de preparo.
As amostras foram analisadas em espectrofotômetro Biospectro
®
UV-Vis,
modelo SP-220, onde foram lidas no λ
max.
de 295nm. Neste estudo, foi utilizada nos
cálculos, uma curva padrão com 5 pontos (10,15, 20, 25 e 30 µg/mL).
Materiais e Métodos 63
3.2.8 Toxicidade dérmica
Muitos esforços têm sido realizados pela comunidade científica com o intuito
de diminuir a utilização de animais de laboratório, substituindo-os por outros testes.
Embora o uso de modelo de pele reconstituída esteja validado como metodologia
para análise de matérias-primas, este ainda não atende totalmente às necessidades
de avaliação de produtos acabados.
Para avaliar a segurança das preparações desenvolvidas foram realizados
testes baseados no “Guia de Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos”,
publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2003, pois produtos
cosméticos e dermocosméticos, dependendo da concentração e do tipo de
componentes empregados na formulação, podem apresentar riscos do tipo irritativo,
alergênico e sistêmico.
Em se tratando de tensoativos, muitos de seus representantes já foram
analisados e responderam positivamente a testes de toxicidade dérmica, o que torna
necessária uma análise criteriosa e detalhista em formulações que contenham este
tipo de componente.
3.2.8.1 Toxicidade dérmica primária
Foi realizado teste de irritação dérmica primária, em quatro coelhos albinos,
previamente depilados, de aproximadamente 1,5 kg, para cada uma das amostras. A
região dorsal dos animais foi dividida em quatro diferentes áreas (Figura 14), onde
duas foram superficialmente rasuradas com auxílio de uma agulha estéril e as outras
duas permaneceram intactas. Cada uma das formulações desenvolvidas (A Æ com
ácido salicílico a 2% e B Æ sem ácido salicílico) foi aplicada em duas regiões, onde
uma estava rasurada (1) e outra não (2), através de um “patch oclusivo”, composto
Materiais e Métodos 64
por gaze estéril fixada ao animal com fita adesiva. As áreas 3 e 4 (Figura 14)
serviram de controle e, também, foram cobertas com o mesmo material. Após 4
horas de contato, o produto foi retirado, com auxílio de água. Passadas 24 e 72
horas da aplicação, foi avaliada a presença de eritema e/ou edema (ANVISA, 2003).
Figura 14: Áreas de aplicação das amostras.
3.2.8.2 Toxicidade dérmica cumulativa
No caso do ensaio para irritação dérmica cumulativa, as aplicações foram
feitas seguindo a mesma técnica, ou seja, quatro coelhos albinos com,
aproximadamente 1,5 Kg, foram, previamente depilados e tiveram sua região dorsal
dividida em quatro diferentes áreas, sendo duas rasuradas e duas intactas. As
formulações em estudo foram aplicadas em duas áreas, enquanto duas
permaneceram como controle. A aplicação ocorreu por um período de 10 dias
consecutivos, com freqüência diária e a observação da integridade da pele dos
animais foi realizada a cada 24 e 72 horas após a última aplicação (ANVISA, 2003).
Materiais e Métodos 65
3.2.9 Pesquisa de opinião
A pesquisa de opinião foi realizada a fim de se verificar a aceitação da nova
forma de apresentação por parte dos pacientes com quadros de acne (formulação A
Æ com ácido salicílico a 2%) e por profissionais da área de saúde para lavagem
contínua das mãos (formulação B Æ sem incorporação de princípio ativo).
Essa análise, normalmente, é realizada mediante a utilização dos sentidos
humanos: visão, olfato e sensibilidade-cutânea. Desta forma, as sensações que
resultam da interação dos órgãos humanos dos sentidos com as amostras são
usadas para avaliar sua qualidade, aceitabilidade por parte do consumidor e nas
pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos (MATSUURA, CARDOSO e
RIBEIRO, 2002).
Antes de ser iniciada a pesquisa, dois protocolos de estudo foram elaborados,
segundo o capítulo IV da resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Estes documentos foram encaminhados ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Somente, após a aprovação
(anexo I e II) por este órgão, as seleções dos voluntários foram realizadas, para
utilização de cada uma das formulações estudadas (formulação A Æ ácido salicílico
a 2% e formulação B Æ sem incorporação de princípio ativo).
A seleção dos voluntários foi feita de acordo com critérios específicos de
inclusão e exclusão, descritos a seguir.
Materiais e Métodos 66
3.2.9.1 Sabonete granulado para limpeza da pele acneica
Foram selecionados 30 voluntários com histórico da doença de pele
específica para o estudo, ambos os sexos, com idade entre 18 e 25 anos, capazes
de fornecer seu consentimento livre e esclarecido pós-informação (por escrito) para
participação voluntária no estudo.
Durante trinta dias consecutivos, cada um dos trinta voluntários (pacientes em
tratamento para acne) selecionados utilizou a formulação A, contendo ácido salicílico
a 2%, 3 (três) vezes ao dia, na área afetada. A embalagem final do sabonete
granulado entregue aos pacientes foi sob a forma de sachets (alumínio) de dose
unitária.
Após os trinta dias, os voluntários retornaram ao consultório de dermatologia
da pesquisadora clínica responsável, Drª. Ana Maria Mósca de Cerqueira, para a
avaliação dos resultados encontrados e o preenchimento do questionário (Anexo III),
onde foram avaliados parâmetros relacionados à aceitação da nova forma
farmacêutica proposta, a embalagem (sachet) e o sensorial do produto.
3.2.9.2 Sabonete granulado para lavagem das mãos
Foram selecionados trinta voluntários (profissionais da área de saúde) sem
lesões cutâneas nas mãos e sem antecedentes de doenças da pele, de ambos os
sexos, com idade entre 20 e 50 anos, capazes de fornecer seu consentimento livre e
esclarecido pós-informação (por escrito) para participação voluntária no estudo.
Indivíduos que apresentassem hipersensibilidade a algum componente da
formulação foram excluídos da pesquisa.
Os voluntários foram orientados, individualmente, sobre a aplicação da
formulação B, por 30 (trinta) dias consecutivos, sem intervalos, em todos os
Materiais e Métodos 67
momentos em que sentissem necessidade de lavagem das mãos, visto que se trata
de um produto de higiene. O produto foi dispensado em duas apresentações, sachet
metálico de dose unitária e talqueira plástica de polipropileno para múltiplas
aplicações.
Duas avaliações clínicas foram realizadas no serviço de dermatologia do
HUCFF – UFRJ, para serem avaliados os seguintes parâmetros:
Antes de iniciar o estudo:
1. Presença de lesões dermatológicas: xerose, descamação, ceratoses, fissuras,
eritema.
Trinta dias após o uso diário da formulação:
1. Presença de lesões dermatológicas: xerose, descamação, ceratoses, fissuras,
eritema;
2. Opinião sobre a forma de apresentação empregada e as embalagens (sachet
e talqueira), através de questionário previamente elaborado (Anexo IV).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados e Discussão 69
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Caracterização das matérias-primas
Todos os resultados estão de acordo com os compêndios oficiais utilizados,
conforme apresentado abaixo, separadamente, por matéria-prima.
4.1.1 Ácido Salicílico
A matéria-prima foi aprovada em todos os testes em que foi submetida, com
teor de 99,33% (Tabela 3).
Tabela 3: Caracterização do ácido salicílico de acordo com USP 27, 2004 e BP 1998.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó branco, inodoro. De acordo.
Solubilidade Livremente solúvel em
álcool e éter; muito
pouco solúvel em
clorofórmio.
De acordo.
Ponto de fusão Entre 157º C e 161º C. 160,3º C.
Doseamento Entre 99,0% a 101,0%. 99,33%.
4.1.2 Aerosil (Tixosil 333)
Os resultados que comprovam a aprovação da matéria-prima estão na Tabela
4.
Tabela 4: Caracterização do aerosil de acordo com BP, 1998.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó amorfo, leve, fino,
branco e inodoro.
De acordo.
Solubilidade Insolúvel em água e
ácido clorídrico e solúvel
em hidróxido de sódio
0,1N.
De acordo.
Determinação do pH Suspensão aquosa 4% -
6,0 a 7,0
6,7.
Resultados e Discussão 70
4.1.3 Amido de milho
A matéria-prima amido de milho passou por testes de caracterização, como
mostrado na Tabela 5 e foi aprovada.
Tabela 5: Caracterização do amido de milho de acordo com USP 27, 2004.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó fino, branco. De acordo.
Solubilidade Insolúvel em água fria,
etanol e clorofórmio.
Levemente solúvel em
água quente.
De acordo.
Bolores e leveduras < 3,0 x 10
2
UFC/g. < 3,0 x 10 UFC/g.
4.1.4 Butilhidroxitolueno (BHT)
A matéria-prima foi aprovada nos testes a que foi submetida e os resultados
estão na Tabela 6.
Tabela 6: Caracterização do BHT de acordo com Merck Index, 13ª ed.; USP 23, 2000.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó cristalino branco de
leve odor característico.
De acordo.
Solubilidade Insolúvel em água,
levemente solúvel em
álcool e clorofórmio.
De acordo.
Ponto de fusão Máximo 70º C. 69,8º C.
Resultados e Discussão 71
4.1.5 Fenoxietanol/Parabenos (Phenobact)
O produto passou por testes para sua caracterização (Tabela 7).
Tabela 7: Caracterização do phenochem de acordo com laudo de análise do fornecedor
(Viafarma).
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Líquido claro,
transparente, de odor
suave.
De acordo.
Densidade Entre 1,060 a 1,180
g/mL.
1,118 g/mL.
4.1.6 Lactose
A matéria-prima lactose foi aprovada em todos os testes de caracterização,
como mostra a Tabela 8.
Tabela 8: Caracterização da lactose de acordo com USP 27, BP 1998 e especificações do
fabricante.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó cristalino branco ou
quase branco, estáveis
no ar.
De acordo.
Solubilidade Solúvel em 5 partes de
água; 2,5 partes de
água fervente. Muito
pouco solúvel em álcool
e insolúvel em éter e
clorofórmio.
De acordo.
Determinação do pH Entre 4,0 e 6,5. 6,4.
Bolores e leveduras < 10 UFC/g. < 10 UFC/g.
Resultados e Discussão 72
4.1.7 Lauril sulfato de sódio
Passou por testes que comprovam sua qualidade, conforme Tabela 9.
Tabela 9: Caracterização do LSS de acordo com USP 27, 2004; BP 1998.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Cristais brancos ou
amarelados com leve
odor característico.
De acordo.
Solubilidade Solúvel em água,
parcialmente solúvel em
álcool e praticamente
insolúvel em clorofórmio.
De acordo.
Determinação do pH Solução a 1% - 7,0 a 9,0. 7,0.
4.1.8 Polivinilpirrolidona (PVP)
A matéria-prima lactose passou em todos os testes a que foi submetida
(Tabela 10).
Tabela 10: Caracterização do PVP de acordo com USP 23, 2000.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó fino e branco. De acordo.
Determinação do pH Solução aquosa a 10% -
3,0 a 7,0.
4,3.
4.1.9 Talco
O talco farmacêutico é um silicato de magnésio hidratado pulverizado,
contendo uma pequena quantidade de alumínio. Foi aprovado em todos os testes
realizados, de acordo com o apresentado na Tabela 11.
Resultados e Discussão 73
Tabela 11: Caracterização do talco de acordo com USP 27, 2004 e especificações do
fabricante.
Testes realizados Especificação Resultados
Descrição Pó leve, homogêneo,
quase branco e sem
cheiro.
De acordo.
Bolores e leveduras < 10 UFC/g. < 10 UFC/g.
4.2 Caracterização dos tensoativos derivados de aminoácidos
Cada uma das amostras de tensoativos derivados de aminoácidos foi
submetida ao método de Kjeldahl e foi aprovada sem restrições, de acordo com as
especificações estabelecidas pelo laudo do fabricante, pois não existe metodologia
oficial para estas matérias-primas (Tabela 12).
Tabela 12: Teor de nitrogênio dos tensoativos derivados de aminoácidos.
Tensoativo Especificação (%) Resultados (%)
Cocoil Glutamato de Sódio 93 - 101 95
Lauroil Glutamato de Sódio 93 - 99 93
Miristoil Glutamato de Sódio 93 - 101 96
Cocoil Glicinato de Sódio 87 - 112 99
4.3 Ensaio para caracterização da espuma formada pelos tensoativos
Ao ser realizado o teste de altura da espuma formada (adaptação de “Ross-Miles”)
observou-se que, apesar do Amisoft MS-11
®
ter sido o único que manteve a coluna
de espuma intacta após o tempo pré-estabelecido, este foi o que formou menos
espuma depois da agitação. Outra característica, que, também pode ser encontrada
Resultados e Discussão 74
na Tabela 13, foi que o Amisoft LS-11
®
, seguido do Amisoft CS-11
®
foram os dois
com maior altura e uma manutenção da espuma consideravelmente boa.
Tabela 13: Teste de espuma dos tensoativos.
Tensoativo Imediatamente (cm) Após 5 minutos (cm)
Lauril Sulfato de Sódio 6,3 5,5
Cocoil Glutamato de Sódio 8,0 7,5
Lauroil Glutamato de Sódio 8,5 7,5
Miristoil Glutamato de Sódio 4,0 4,0
Cocoil Glicinato de Sódio 7,0 6,0
4.4 Teste de desnaturação de proteínas (potencial irritante in vitro)
A avaliação dos tensoativos através do método de análise da desnaturação
de proteínas obteve valores de transmitância que podem ser observados na Tabela
14. Após avaliação estatística dos resultados através de análise de variância, com α
= 0,05, observou-se que p 0,001 é considerado uma diferença estatisticamente
significante (Tabela 15). Com isso, lauroil glutamato de sódio (Amisoft LS-11
®
) e
miristoil glutamato de sódio (Amisoft MS-11
®
) não apresentaram ação sobre as
proteínas do ovo nas condições avaliadas, pois seus valores comparados ao do
controle não possuem diferença estatisticamente significativa. Já o cocoil glutamato
de sódio (Amisoft CS-11
®
) aparece com valor estatisticamente diferente ao do
controle (Tabela 14), mas como é um valor superior, também, não apresenta ação
desnaturante.
Resultados e Discussão 75
Cocoil glicinato de sódio (Amisoft GCS-11
®
) e lauril sulfato de sódio
apresentaram diferença estatisticamente significativa ao serem comparados ao
controle, caracterizando desnaturação de ovalbuminas.
Conforme afirmado, anteriormente, a ocorrência de desnaturação proteica é
característica de irritação dérmica, pois as proteínas do ovo (ovalbumina) possuem
uma solubilidade semelhante às encontradas na epiderme. Com isso, verificou-se
que os tensoativos que in vitro não apresentam potencial irritante são cocoil
glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
), lauroil glutamato de sódio (Amisoft LS-11
®
),
miristoil glutamato de sódio (Amisoft MS-11
®
).
Tabela 14: Valores de transmitância a 660 nm.
Amostra Transmitância a 660 nm (%)
Controle (clara de ovo + água) 80,1
Lauril Sulfato de Sódio 10,5
Lauroil Glutamato de Sódio 80,5
Miristoil Glutamato de Sódio 80,2
Cocoil Glutamato de Sódio 82,9
Cocoil Glicinato de Sódio 0,5
Resultados e Discussão 76
Tabela 15: ANOVA - Comparação com o Grupo Controle, onde LSS= lauril sulfato de sódio.
Comparações
(controle x
tensoativos)
Diferença
entre
Médias
t P Nível
Crítico
Significante
controle X cocoil
glicinato de
sódio
79,600 273,324 1,057 x 10
-20
0,010 Sim
controle X LSS
69,567 238,872 4,065 x 10
-20
0,013 Sim
controle X cocoil
glutamato de
sódio
2,767 9,500 0,00000254 0,017 Sim
controle X lauroil
glutamato de
sódio
0,367 1,259 0,237 0,025 Não
controle X
miristoil
glutamato de
sódio
0,100 0,343 0,738 0,050 Não
4.5 Preparo das formulações
Preliminarmente, foram manipuladas formulações contendo cada um dos
tensoativos, ditos menos irritantes pelo teste in vitro, ou seja, cocoil glutamato de
sódio (Amisoft CS-11
®
), lauroil glutamato de sódio (Amisoft LS-11
®
), miristoil
glutamato de sódio (Amisoft MS-11
®
). Ao analisar em separado, cada uma delas,
observou-se que o miristoil glutamato de sódio é altamente pulvurulento e irritante
das mucosas, logo este componente foi descartado da pesquisa, pois traria
inconvenientes tanto na manipulação quanto na utilização do produto final pelos
pacientes.
Estabeleceu-se preparar amostras contendo os dois surfactantes que
apresentaram características melhores com relação à não desnaturação protéica,
melhor altura e manutenção de espuma e ausência de irritação das mucosas: cocoil
glutamato de sódio e lauroil glutamato de sódio. Estes foram empregados em
concentrações iguais, num total de 20% da mistura de tensoativos, nas duas
Resultados e Discussão 77
formulações desenvolvidas (A Æ com ácido salicílico a 2% e B Æ sem adição de
princípio ativo).
4.6 Ensaio para caracterização da espuma formada pelas formulações
desenvolvidas
Apesar de se ter conhecimento da não influência da espuma na atividade de
uma formulação dermocosmética ou medicamentosa, a maioria das pessoas tende a
preferir utilizar um produto que faça uma quantidade maior de espuma, por isso a
importância de se avaliar o tamanho da espuma formada e sua manutenção durante
um tempo pré-estabelecido.
Com a realização do teste de altura da espuma nas formulações A e B
obteve-se resultados bem semelhantes (Tabela 16), o que caracteriza a não
interferência do princípio ativo empregado, ácido salicílico, na formação e
manutenção da espuma gerada pelos tensoativos utilizados (Amisoft CS-11 e
Amisoft LS-11).
Tabela 16: Teste de espuma das formulações em estudo.
Formulação Imediatamente após
agitação (cm)
5 minutos após agitação
(cm)
A (AS 2%)
7,5 7,0
B (sem ativo)
7,7 7,1
4.7 Estudo de estabilidade
Amostras das formulações A e B foram mantidas em temperatura ambiente,
25ºC ± 3ºC, e em condição acelerada, estufa a 40ºC ± 2ºC, por um período de três
meses, sendo avaliados aspecto, pH e teor de umidade, de ambas as formulações.
Resultados e Discussão 78
O teor de ácido salicílico da formulação A foi medido durante todo o teste de
estabilidade.
4.7.1 Características organolépticas
Nos tempos 0, 7, 15, 30, 60 e 90 dias, as formulações, contendo ou não ácido
salicílico, foram visualizadas e não apresentaram nenhum tipo de alteração
relacionadas à coloração, formação de grumos e odor, conforme descrito na Tabela
17.
Tabela 17: Resultado das características organolépticas das formulações.
Tempo
(dias)
0 7 15 30 60 90
Formulação
A
S/A S/A S/A S/A S/A S/A
Formulação
B
S/A S/A S/A S/A S/A S/A
S/A Æ sem alterações organolépticas.
4.7.2 Determinação do pH
Mesmo o ativo empregado sendo o ácido salicílico, não ocorreu nenhum tipo
de alteração considerável entre as duas formulações (A Æ com ácido salicílico a 2%
e B Æ sem adição de ativo), conforme apresentado na Tabela 18. Assim como,
também, não foi observada nenhuma variação dos valores de pH nos tempos 0, 7,
15, 30, 60 e 90 dias entre cada uma das formulações (Tabela 19).
Como a pele apresenta pH levemente, ácido (4,6 a 5,8), que contribui para
que ocorra a proteção bactericida e fungicida em sua superfície, acredita-se que os
Resultados e Discussão 79
valores de pH das formulações estudadas são adequados, uma vez que a
determinação e o controle do pH cutâneo são de extrema utilidade. Principalmente,
em se tratando da presença de substâncias detergentes, que costumam,
freqüentemente, agredir a pele e, até mesmo alterar seu pH original (LEONARDI,
GASPAR e CAMPOS, 2002).
Tabela 18: Valores de pH da formulação A.
Tempo (dias) Temperatura
Ambiente
40ºC ± 2ºC
0
5,38 5,36
7
5,35 5,35
15
5,31 5,30
30
5,39 5,31
60
5,36 5,38
90
5,30 5,30
Tabela 19: Valores de pH da formulação B.
Tempo (dias) Temperatura
Ambiente
40ºC ± 2ºC
0
5,44 5,44
7
5,43 5,44
15
5,48 5,46
30
5,44 5,48
60
5,43 5,44
90
5,45 5,45
Resultados e Discussão 80
4.7.3 Determinação de água
Através do aparelho de Karl-Fischer, as amostras das formulações A e B
foram avaliadas em diferentes tempos, por um período de três meses cada.
Observou-se que a formulação B apresentou um teor de umidade superior à que
contém ácido salicílico (formulação A) e que ambas apresentaram variações
esperadas, ou seja, pequenos aumentos de teor de água quando em temperatura
ambiente (25ºC ± 3ºC) e diminuição quando armazenadas a temperatura de 40ºC ±
2ºC.
As formulações em teste, mesmo após os 90 dias de análise, mantiveram-se
estáveis com relação ao teor de umidade, independente se à temperatura ambiente
ou na estufa. Com isso, estabeleceu-se que o teor de água não deve ultrapassar a
faixa de 6,5% e, normalmente, não é inferior a 4,5%, conforme ficou comprovado
através dos valores nos tempos 0, 7, 15, 30, 60 e 90 dias, listados nas tabelas 20 e
21, abaixo.
Tabela 20: Teor de umidade da formulação A.
Tempo Teor umidade (%)
Temperatura Ambiente
(n=3)
Teor umidade (%)
Estufa (40ºC ± 2ºC)
(n=3)
0 4,6510 5,1965
7 4,6482 5,2093
15 4,7777 4,8685
30 4,7709 4,7770
60 5,0147 4,7934
90 5,7981 4,6891
Resultados e Discussão 81
Tabela 21: Teor de umidade da formulação B.
Tempo Teor umidade (%)
Temperatura Ambiente
(n=3)
Teor umidade (%)
Estufa (40ºC ± 2ºC)
(n=3)
0 5,2841 5,5048
7 5,0747 5,4702
15 6,1079 6,0461
30 5,7022 6,0962
60 6,3729 5,4031
90 5,7834 4,6434
4.7.4 Validação do método espectrofotométrico para avaliação do teor de ácido
salicílico
4.7.4.1 Especificidade
A maneira utilizada para se avaliar a especificidade foi através do método de
adição-padrão. De acordo com os valores encontrados na Tabela 22 pode-se
observar que há uma recuperação de aproximadamente 100% para a formulação A,
alvo do estudo, ajudando a comprovar a especificidade do método, pois mostra a
não interferência dos excipientes na absorção do ácido salicílico presente nos
granulados.
Resultados e Discussão 82
Tabela 22: Ensaio de recuperação.
Quantidade adicionada
de AS (padrão) (mg/mL)
(n=3)
Quantidade recuperada
de AS (padrão) (mg/mL)
Recuperação (%)
0,01 0,0102 101,9
0,01 0,0101 101,5
0,01 0,0100 100,3
0,02 0,0200 100,1
0,02 0,0199 99,5
0,02 0,0199 99,3
0,03 0,0306 102,0
0,03 0,0305 101,8
0,03 0,0303 101,0
4.7.4.2 Linearidade
A linearidade de um método analítico é a habilidade do mesmo em produzir
resultados que são, diretamente proporcionais, à concentração do analito, dentro de
uma dada faixa (USP 29, 2006). Na determinação desse parâmetro foram utilizadas
curvas padrão em cinco níveis preparadas em dias diferentes. Os dados
relacionados à linearidade estão expostos na Tabela 23 e na Figura 15 abaixo.
Resultados e Discussão 83
y = 26,511x + 0,0148
R
2
= 0,9939
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 0,01 0,02 0,03 0,04
Concentração (mg/mL)
Absorbância
y = 26.893x + 0.0054
R
2
= 0.9939
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
0 0.01 0.02 0.03 0.04
Concentração (mg/mL)
Absorbância
Figura 15: Curvas padrão do AS.
Tabela 23: Parâmetros médios das curvas padrão (5 níveis) utilizadas no doseamento
do AS por espectrofotometria
Intercepto Inclinação
Coeficiente de
correlação
0,0106 ± 0,0079 26,702 ± 0,2701 0,9939
Analisando os resultados obtidos, observou-se adequada correlação linear, pois
os coeficientes de correlação encontrados possuem valores superiores a 0,99,
conforme preconizado pela Resolução 899 da ANVISA de 2003.
4.7.4.3 Precisão
A precisão foi avaliada inter e intra dia e os valores do DPR estão
apresentados nas Tabelas 24 e 25, abaixo.
Resultados e Discussão 84
Tabela 24: Precisão inter dia
Tabela 25: Precisão intra dia.
Dia 1 Dia2
Valores
Individuais
(%)
Média ± dp DPR (%)
Valores
Individuais
(%)
Média ± dp DPR (%)
99.15 100.85
99.9 99,77 ± 0,57
0.5719
101.24 101,17 ± 0,30
0.2923
100.27
101.43
100.37
98.38
100.74 100,68 ± 0,28
0.2829
98.18 98,31 ± 0,12
0.1174
100.93
98.38
100.39
101.07
99.64 100,26 ± 0,57
0.5691
102.23 101,78 ± 0,62
0.6113
100.76 102.04
Dias Média ± dp DPR (%)
99,77 ± 0,56
Dia 1 100,68 ± 0,28
0.5796
100,26 ± 0,57
101,17 ± 0,30
Dia 2 98,31 ± 0,12
1.634
101,78 ± 0,62
Entre Dias100,33 ± 1,20
1.1939
O método para análise quantitativa do ácido salicílico no sabonete granulado
mostrou-se preciso para as formulações em estudo, uma vez que o desvio padrão
relativo foi inferior a 2,0% em todos os casos, de acordo com o estabelecido pela
Resolução 899 da ANVISA (2003).
4.7.4.4 Limite de detecção (LD) e quantificação (LQ)
Os resultados para os limites inferiores de quantificação e de detecção estão
apresentados na Tabela 26, e foram calculados com base em todas as curvas
padrão preparadas para os ensaios de doseamento do ácido salicílico.
Resultados e Discussão 85
Tabela 26: Resultado LD e LQ.
LQ
(mg/mL)
Abs
teórica
LQ
LD
(mg/mL)
Abs
teórica
LD
0,0100 0,2773 0,0033 0,0302
4.7.4.5 Exatidão / Recuperação
A exatidão foi calculada pelo procedimento de adição-padrão, conforme já foi
descrito no item 3.2.7.4.3.6.
De acordo com a Tabela 22 acima, pode-se verificar que a metodologia
aplicada é exata uma vez que os resultados obtidos na recuperação estão dentro da
faixa de 98,0 a 102,0% (JENKE, 1996; BRITO et al., 2003).
4.7.5 Análise quantitativa do AS por espectrofotometria no UV-Vis
Como não existe metodologia oficial para sabonete granulado com ácido
salicílico, padronizou-se considerar a faixa de 90,0% a 110,0% estabelecida para
espuma tópica de AS (USP 27, 2004) como especificação usual para o teor, de
modo que todas as formulações estariam de acordo para este teste, conforme
Tabelas 27 e 28. Da mesma forma, após os noventa dias de estudo, também, não
foi observada diminuição considerável do teor do princípio ativo (ácido salicílico), em
condições padrão (temperatura ambiente - 25ºC ± 3ºC) e em estabilidade acelerada
(estufa a 40ºC ± 2ºC).
Este resultado comprova a estabilidade da formulação, apesar de se conhecer
a instabilidade do ativo empregado e a necessidade de certos cuidados tanto
durante a manipulação do dermocosmético, quanto durante as análises.
Resultados e Discussão 86
Tabela 27: Análise do teor de AS (formulação A) à temperatura ambiente.
Dia 0
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
Dia 7
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
105.9 106.6
107.8 106.67 ± 1.00 0.9391 108.9 107.53 ± 1.21 1.1249
106.3 107.1
Dia 15
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
Dia 30
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
105.2 107.2
104.5 104.83 ± 0.35 0.335 104.5 105.93 ± 1.36 1.2816
104.8 106.1
Dia 60
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
Dia 90
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
104.6 103.6
104.8 104.3 ± 0.70 0.6711 104.2 103.77 ± 0.38 0.3649
103.5 103.5
Tabela 28: Análise do teor de AS (formulação A) na estufa (40ºC ± 2ºC).
Dia 0
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
Dia 7
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
108.4 105.6
108.6 108.30 ± 0.36 0.3329 108.5 106.97 ± 1.46 1.3622
107.9 106.8
Dia 15
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
Dia 30
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
109.8 105.5
108.5 109.17 ± 0.65 0.596 105.8 105.20± 0.79 0.7545
109.2 104.3
Dia 60
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
Dia 90
Teor AS(%)
Média ± dp DPR (%)
106.7 107.2
106.2 105.8 ± 1.10 1.0365 106.3 106.8 ± 0.45 0.4223
104.6 106.8
Resultados e Discussão 87
4.8 Toxicidade Dérmica
Como pode ser observado nas Figuras 16 e 17, não houve nenhum sinal de
eritema e/ou edema nos coelhos testados, já que a pele dos animais permaneceu
íntegra após 24, 72 horas e entre os 10 dias consecutivos de aplicações e análises.
Dessa forma, as formulações desenvolvidas com os tensoativos cocoil glutamato de
sódio (Amisoft CS-11
®
) e lauroil glutamato de sódio (Amisoft LS-11
®
) não
apresentam irritação dérmica primária ou cumulativa, logo são consideradas
seguras, podendo ser aplicadas até mesmo em áreas mais sensíveis como a face.
Figura 16: Resultado do ensaio de toxicidade dérmica da formulação A.
Figura 17: Resultado do ensaio de toxicidade dérmica da formulação B.
Resultados e Discussão 88
4.9 Pesquisa de opinião sobre sabonete granulado para limpeza da pele
acneica
De um total de 30 voluntários inicialmente no estudo, somente 24 pacientes
retornaram após os trinta dias de uso do sabonete, sendo 15 mulheres e 9 homens.
A utilização do produto não foi constante para 12 voluntários, principalmente, por
esquecimento e a freqüência de não utilização está apresentada na Figura 18.
Vezes sem usar o sabonete:
Mais 10X
16,8%
3 a 5 X
41,6%
5 a 10X
41,6%
Figura 18: Freqüência de não utilização do sabonete para acne.
Com relação aos inconvenientes na utilização do produto, 70,8% destacaram
não haver motivos para a não utilização, enquanto, dentre os 29,2%, restantes,
alguns afirmaram presença de prurido, não adaptação à embalagem, ausência de
cheiro, falta de espuma e de praticidade.
A preferência com relação à forma farmacêutica utilizada para a incorporação
do ácido salicílico na limpeza da pele acneica ficou entre os sabonetes em barra e
cremosos, conforme observado na Figura 19.
Resultados e Discussão 89
Forma farmacêutica preferencial
Líquido Barra
20,8%
29,2%
20,8%
Cremoso
29,2%
Figura 19: Preferência quanto à apresentação.
Das pessoas com pele acneica questionadas, 58,3% acharam que a forma
farmacêutica proposta atendeu melhor do que as outras já utilizadas, 62,5%
gostaram da ausência de cheiro e 75% ficaram satisfeitos com a sensação na pele
com relação ao toque após a utilização. A forma de apresentação, ou seja, sachet
de uso unitário, agradou 62,5% e foi regular para outros 33,3%, sendo desagradável
somente para 4,2%. Os motivos apresentados para a forma farmacêutica ter sido
agradável foram: ausência de desperdício, facilidade de utilização fora da residência
e quantidade ideal. As qualidades que desagradaram foram: tipo de apresentação
(granulado), ressecamento da pele e necessidade de diluição em água para
aplicação.
A maioria, ou seja, 62,5% achou que a oleosidade da pele foi alterada com a
formulação em teste, enquanto 16,7% não notaram diferença com relação a este
parâmetro avaliado. Já 54,2% não observaram maior ressecamento da pele.
Com relação ao resultado final, 54,2% ficaram satisfeitos e 58,3% comprariam
o produto se este estivesse disponível no mercado (Figura 20). Os motivos
apresentados para a compra foram facilidade no transporte, diminuição do sebo e da
Resultados e Discussão 90
oleosidade da pele acneica, praticidade, produto mais higiênico. Já entre os 20,9%
que não adquiririam o sabonete granulado, 2 não gostaram e 1 paciente achou a
forma proposta pouco prática, discordando da maioria dos voluntários pesquisados.
Compraria o produto?
Não sei
20,8%
Sim
Não
58,4%
20,8%
Figura 20: Interesse de compra do produto.
Analisando os dados apresentados, chegou-se a um resultado favorável no
que diz respeito à aceitação e aprovação do sabonete granulado proposto para
limpeza da pele acneica. Avaliando as respostas, ficou claro que se o produto
estivesse disponível no mercado teria procura e interesse por parte dos pacientes
acometidos desta dermatose. Mesmo assim, poderia sofrer algumas alterações que
melhorassem a forma de apresentação, como, por exemplo, a incorporação de uma
essência atrairia mais os pacientes, já que a ausência de perfume foi um dos
inconvenientes citados. Outro ponto citado foi com relação ao pouco granulado
dispensado em cada sachet, 1,0 g; porém, esta crítica foi isolada, tendo vindo,
somente, de um voluntário. A grande maioria elogiou a quantidade, considerada
ideal, em cada invólucro, evitando o desperdício e auxiliando para que soubessem
quanto do produto iriam utilizar.
Resultados e Discussão 91
4.10 Pesquisa de opinião sobre sabonete granulado para lavagem das mãos
A pesquisa iniciou com 30 voluntários, mas, somente, 26 retornaram para
avaliação clínica e preenchimento do questionário, ao final de trinta dias. Destes,
nenhum apresentou lesões dermatológicas (xerose, descamação, ceratose, fissura
ou eritema) ao iniciar ou ao finalizar o estudo. Foram questionados 23 voluntários do
sexo feminino e 3 do sexo masculino, onde 88,5% deixaram de usar o produto, ao
menos três vezes, e o principal motivo foi esquecimento, 56,5%. Outros motivos
também citados para a não utilização foram, ausência de fragrância, viagem, e
pouca praticidade, conforme mostrado na Figura 21.
Motivos para não utilização do produto
Viagem
11,5%
Ausência
fragrância
3,8%
Pouca
Praticidade
28,2%
Esqueci-
mento
56,5%
Figura 21: Motivos para não utilização do produto.
Os recipientes utilizados para armazenar o sabonete granulado (formulação
B) não agradaram a grande maioria, a talqueira apresentou um dosador de tamanho
não adequado para 22,2%, o rótulo de papel se desmanchou em contato com a
água em 3,8% e o sachet foi de difícil abertura para 56% dos voluntários que
observaram inconvenientes no produto. Ainda em se tratando dos inconvenientes,
alguns acharam a sensação nas mãos desagradável, ou seja, observaram aspereza
e ressecamento das mãos (34,6%) e, outros, inalaram o pó (7,7%).
Resultados e Discussão 92
Para 61,5%, o sabonete proposto para simples lavagem das mãos não
atendeu melhor do que os já disponíveis no mercado nas outras formas
farmacêuticas, como líquido e barra. Não souberam opinar 19,25%, enquanto outros
19,25% preferiram a formulação sob a forma de granulado (Figura 22).
Fórmula proposta atendeu melhor?
Sim
19,25%
Não sei
19,25%
Não
61,5%
Figura 22: Aceitação do produto proposto.
Este resultado pode estar relacionado ao fato do produto não ter recebido
nenhum adicional hidratante, ter sido dispensado sem fragrância e ser uma nova
forma de apresentação, que, normalmente, só é veiculada como produto para
limpeza de roupa. Isto pode levar a uma não intencional comparação ao “sabão em
pó” tradicional, que, normalmente, resseca e descama as mãos, sem trazer nenhum
benefício à pele do usuário.
Para fins de pesquisa, a avaliação não é considerada negativa, visto que o
interesse maior com esta nova apresentação é a adição de ativos de difícil
incorporação nas formas líquidas e semi-sólidas convencionais. Dessa forma, se a
idéia fosse comercializá-la como simples sabonete de limpeza, certamente teriam
que ser adicionados componentes que valorizem e melhorem o sensorial do produto,
Resultados e Discussão 93
já que o público, em geral, compara com os disponíveis no mercado, que possuem
alto poder hidratante e essências agradáveis.
Um fator fundamental para a avaliação da forma farmacêutica sem princípio
ativo (formulação B) foi observar se não causaria nenhum tipo de irritação e nem
possuía algum inconveniente tão grave que inviabilizasse a sua utilização. Os
inconvenientes citados foram: falta de praticidade; talqueira apresentar poros
pequenos, que dificultaram a saída do granulado; sachet com difícil abertura; pouca
espalhabilidade, conforme mostrado na Figura 23.
Fatores desagradáveis da formulação
Difícil
espalhar
3,8%
Pouco
prático
15,6%
Talqueira
26,9%
Sachet
53,7%
Figura 23: Inconvenientes da formulação.
Estes itens negativos apresentados não interferem na utilização do sabonete,
visto que problemas relacionados com a embalagem são facilmente solucionados ao
serem substituídos os recipientes, e a falta de praticidade foi apresentada como
inconveniente somente para 11,5%, enquanto 30,8% enfatizaram a praticidade no
transporte e na aplicação como fatores que beneficiam a formulação.
Resultados e Discussão 94
Analisando o interesse na compra do produto, na forma como foi oferecido
aos voluntários, obteve-se 53,8% de pessoas desinteressadas contra 30,8% que
comprariam, e 15,4% que não souberam responder. Este resultado, frente a todo o
exposto, não foi surpreendente, visto que algumas pessoas que utilizaram o
sabonete granulado não gostaram da ausência de perfume, da embalagem
disponibilizada (talqueira com poros estreitos e sachets com dificuldade na abertura)
e nem da característica de simples limpeza das mãos.
Torna-se importante ressaltar que, apesar da maioria não ter aprovado o
sabonete granulado para lavagem das mãos, muitos comentários valiosos foram
feitos e vêm de encontro ao que se esperava obter com o desenvolvimento desta
nova forma de apresentação para incorporação de princípios ativos: aproveitamento
do produto; quantidade exata sem necessidade de armazenar o recipiente (sachet);
produto mais higiênico; menor contaminação, por ser uma forma em pó; facilidade
de transporte e menor irritabilidade frente aos sabões disponíveis no mercado.
CONCLUSÃO
Conclusão 96
5. CONCLUSÃO
A análise do potencial irritante in vitro realizada com os tensoativos derivados
de aminoácidos em estudo (cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio,
miristoil glutamato de sódio, cocoil glicinato de sódio) mostrou que o cocoil glicinato
de sódio apresentou desnaturação proteica, utilizando o lauril sulfato de sódio como
controle. Cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio e miristoil glutamato
de sódio apresentaram-se menos irritantes que o lauril sulfato de sódio. Dessa
forma, estes três tensoativos estariam aptos a serem utilizados nas formulações em
desenvolvimento, já que a proposta foi o desenvolvimento de uma nova forma de
apresentação menos irritante que os sabonetes convencionais. Na experiência
prática com a manipulação destes surfactantes, preferiu-se trabalhar, somente, com
o cocoil e lauroil glutamato de sódio (Amisoft CS-11
®
e Amisoft LS-11
®
), pois o
miristoil glutamato de sódio, por ser um pó muito fino, mostrou-se, altamente,
irritante das mucosas até mesmo durante o preparo dos granulados.
As formulações desenvolvidas (A e B) foram baseadas numa mistura 1:1 dos
dois tensoativos selecionados (Amisoft CS-11
®
e Amisoft LS-11
®
), sendo que na
primeira (formulação A) foi incorporado ácido salicílico a 2%. O método de preparo
seguiu o padrão de granulado e se mostrou bem rápido e prático, até para produção
em maior escala.
As duas formulações passaram por testes de espuma, onde os resultados
comprovaram que a manutenção da espuma é a mesma, independente da presença
ou não de princípio ativo, comprovando que este não será um fator negativo para a
aceitação da forma de apresentação testada.
Para avaliação do teor de princípio ativo (ácido salicílico), na formulação A,
desenvolveu-se um método analítico através de espectrofotometria no UV-Vis, que
Conclusão 97
foi, devidamente, validado e mostrou-se específico, linear, preciso e exato, de
acordo com a Resolução 899/2003 do Ministério da Saúde / Agência Nacional de
Vigilância Sanitária.
Os estudos de estabilidade realizados com as formulações (A e B)
forneceram resultados adequados e satisfatórios, ou seja, o sabonete granulado
para limpeza da pele acneica, assim como o sabonete granulado para simples
lavagem das mãos são estáveis, tanto em temperatura ambiente como estabilidade
acelerada (40ºC ± 2ºC).
Os testes de irritação dérmica primária e cumulativa são qualitativos e se
mostraram eficazes ao que foram propostos, ou seja, as formulações não
apresentaram eritema e/ou edema, confirmando assim o teste de irritabilidade “in
vitro” (desnaturação proteica) e comprovando a segurança das formulações
desenvolvidas.
A pesquisa de opinião realizada para avaliar a aceitação da nova forma
farmacêutica forneceu resultados satisfatórios, pois demonstrou boa aceitação pelos
pacientes acometidos de acne, foco principal do trabalho. Já na avaliação dos
voluntários que usaram a formulação B (sem incorporação de ácido salicílico), foram
apresentadas sugestões, como a troca das embalagens por recipientes de mais fácil
utilização, que poderão ser desenvolvidas, uma vez que estas não se encontram
disponíveis no mercado.
Outros pontos também serão reavaliados, como a possibilidade da adição de
componentes que tornem o produto com um sensorial mais agradável e, com isso,
mais atraente, pois ficou claro nos questionários dos voluntários que utilizaram o
sabonete sem princípio ativo, o interesse por inovação e superação de expectativas
e, não, somente, limpeza das mãos.
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
Anexos 109
ANEXOS
Anexo I – Aprovação CEP/HUCFF
Sabonete Granulado Limpeza Pele Acneica
Anexos 110
Anexo II – Aprovação CEP
Sabonete Granulado Lavagem das Mãos
Anexos 111
Anexo III – Questionário Sabonete Granulado Limpeza Pele Acneica
PESQUISA DE OPINIÃO
Não é necessário se identificar, porém sua opinião é muito importante para o projeto.
Agradecemos a sua participação!
Idade: ____ anos.
Sexo:
( )Feminino ( )Masculino
Você deixou de usar o produto durante esses 30 dias?
( ) sim ( ) não
Se sim, quantas vezes?
( ) entre 1 e 2 ( ) entre 3 e 5 ( ) entre 5 e 10 vezes ( ) mais de 10 vezes
Por quê?_______________________________________________________
Observou algum inconveniente ao usar o produto?
( ) sim ( ) não
Qual?_________________________________________________________
Qual a sua preferência em relação à forma de apresentação de um sabonete?
( ) líquido ( ) barra ( ) pó ( ) creme
Em relação aos demais sabonetes utilizados normalmente, este atendeu melhor?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Qual a sensação do produto na pele em relação ao cheiro?
( ) desagradável ( ) não sei ( ) agradável
Qual a sensação do produto na pele em relação ao toque após o uso?
( ) desagradável ( ) não sei ( ) agradável
Qual a sua opinião com relação à forma de apresentação do produto?
( ) desagradável ( ) razoável ( ) agradável
Por quê? _______________________________________________________
A apresentação em sachet facilitou o uso do produto fora da sua residência?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Por quê?________________________________________________________
A quantidade de pó em cada sachet foi suficiente?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
O sachet foi uma apresentação de manuseio agradável?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Anexos 112
Em caso negativo, por quê?
O enxágue foi fácil?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
A quantidade de espuma interferiu no uso do produto?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Observou alguma mudança quanto à oleosidade da pele?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Se não, sua pele ficou mais ressecada?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Em relação ao resultado final, você ficou:
( ) insatisfeito ( ) indiferente ( ) satisfeito
Você usaria esta apresentação em pó em outra parte do corpo, como couro
cabeludo?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Compraria este produto caso estivesse disponível no mercado?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Por quê?_______________________________________________________
Você acrescentaria algum comentário em relação à pesquisa e ao produto que não
tenha sido abordado?
______________________________________________________________
Anexos 113
Anexo IV – Questionário Sabonete Granulado Lavagem das Mãos
PESQUISA DE OPINIÃO
Não é necessário se identificar, porém sua opinião é muito importante para o projeto.
Agradecemos a sua participação!
Idade: ____ anos.
Sexo:
( )Feminino ( )Masculino
Você deixou de usar o produto durante esses 30 dias?
( ) sim ( ) não
Se sim, quantas vezes?
( ) entre 1 e 2 ( ) entre 3 e 5 ( ) entre 5 e 10 vezes ( ) mais de 10 vezes
Por quê?_______________________________________________________
Observou algum inconveniente ao usar o produto?
( ) sim ( ) não
Qual?_________________________________________________________
Qual a sua preferência em relação à forma de apresentação de um sabonete?
( ) líquido ( ) barra ( ) pó ( ) creme
Em relação aos demais sabonetes utilizados normalmente, este atendeu melhor?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Qual a sensação do produto na pele em relação ao cheiro?
( ) desagradável ( ) não sei ( ) agradável
Qual a sensação do produto na pele em relação ao toque após o uso?
( ) desagradável ( ) não sei ( ) agradável
Qual a sua opinião com relação às formas de apresentação do produto?
( ) desagradável ( ) razoável ( ) agradável
Por quê? _______________________________________________________
A apresentação em sachet facilitou o uso do produto fora da sua residência?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Porque?________________________________________________________
A quantidade de pó em cada sachet foi suficiente?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
O sachet foi uma apresentação de manuseio agradável?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Em caso negativo, por quê?
Anexos 114
A talqueira foi uma apresentação de manuseio agradável?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Em caso negativo, por quê?
O enxágüe foi fácil?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
A quantidade de espuma interferiu no uso do produto?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Observou alguma mudança quanto à hidratação das mãos?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Se não, suas mãos ficaram mais ressecadas?
( ) sim ( ) não ( ) não observado
Em relação ao resultado final, você ficou:
( ) insatisfeito ( ) indiferente ( ) satisfeito
Você usaria esta apresentação em pó em outra parte do corpo, como couro
cabeludo?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Compraria este produto caso estivesse disponível no mercado?
( ) sim ( ) não ( ) não sei
Porque?_______________________________________________________
Você acrescentaria algum comentário em relação à pesquisa e ao produto que não
tenha sido abordado?
______________________________________________________________
Anexos 115
Anexo V – Trabalho aprovado para 21º Congresso de Cosmetologia / 2007.
ANÁLISE “IN VITRO” E “IN VIVO” DO POTENCIAL IRRITANTE DE
TENSOATIVOS DERIVADOS DE AMINOÁCIDOS
Bárbara da Silva e Souza Lorca
1
, Nádia Maria Volpato
2
, Laís Bastos da Fonseca
1
, Elisabete
Pereira dos Santos
1.
1- Faculdade de Farmácia – Departamento de Medicamentos - Universidade Federal do Rio de Janeiro
2- Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Introdução: Os detergentes, muito empregados em cosméticos e produtos de higiene, possuem
propriedades físico-químicas cruciais para o aparecimento de reações inflamatórias na pele. Estas
alterações são causadas, normalmente, pela desnaturação de proteínas encontradas na epiderme,
pela ligação das moléculas irritantes à queratina ou delipidação
1
. Para diminuir o potencial de
toxicidade, os tensoativos derivados de aminoácidos mimetizam os compostos naturais e apresentam
alta eficácia, além de pequeno impacto ambiental
2
. O baixo poder de irritação destes novos derivados
pode ser avaliado através de testes “in vitro” e/ou “in vivo
3,4,5
. Objetivos: Avaliar a desnaturação de
proteína dos compostos derivados de aminoácidos e do lauril sulfato de sódio (LSS) e realizar testes
de irritação dérmica primária e cumulativa com os detergentes estudados que não apresentaram
irritação “in vitro”. Metodologia: A partir de soluções a 5% de cada um dos tensoativos (cocoil
glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio, miristoil glutamato de sódio e cocoil glicinato de sódio
e LSS) e claras de ovos (ovalbumina) foi realizado teste de desnaturação protéica, baseado em
estudo que comprovou a irritação causada pelos surfactantes com radical lauril e observou que a
ovalbumina apresenta a mesma solubilidade das proteínas encontradas na epiderme
6
. A leitura da
transmitância foi feita a 660nm após 2 minutos de agitação da mistura (tensoativo + clara de ovo). No
teste de irritação dérmica primária e cumulativa foram usados coelhos albinos, de 1,5 kg, com região
dorsal depilada e dividida em áreas, onde parte recebeu aplicação de patch oclusivo contendo
amostra a ser analisada e outra funcionou como controle. A pele dos animais foi avaliada quanto à
sua integridade, ou seja, presença de eritema e/ou edema, 24 e 72 horas após cada aplicação.
Resultados: Os tensoativos derivados de aminoácidos cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato
de sódio, miristoil glutamato de sódio não apresentaram ação sobre as proteínas do ovo, já cocoil
glicinato de sódio
e LSS, ao serem comparados com o controle (clara de ovo + água destilada),
apresentaram diferença significativa, caracterizando desnaturação protéica. Os testes de irritação “in
vivo” foram realizados, somente, com os detergentes que, “in vitro”, não apresentaram poder irritante,
caracterizado pela ação desnaturante. Não foi observado edema ou eritema na pele de nenhum dos
animais submetidos ao teste. Discussão e Conclusão: No teste de desnaturação protéica, a partir
de valores de transmitância, foi avaliada presença de desnaturação, que caracteriza ação irritante do
composto. Baseado nos resultados em proteínas de ovo foi realizada análise, em coelhos, dos
tensoativos que não apresentaram ação desnaturante. Esta confirmou os resultados obtidos na
análise ”in vitro”, visto que a pele dos coelhos permaneceu íntegra em todos os tempos avaliados.
Com isso, cocoil glutamato de sódio, lauroil glutamato de sódio, miristoil glutamato de sódio não são
tensoativos potencialmente irritantes e pode-se afirmar que os métodos propostos são satisfatórios
para avaliação de irritabilidade. Bibliografia: 1)WELSS, T., BASKETTER, D.A., SCHRODER, K. R. In
vitro skin irritation: facts and future. State of the art review of mechanisms and models. Toxicology in
Vitro, v. 18, p.231–243, 2004. 2)INFANTE, M.R.et al. Amino acid-based surfactants. C. R. Chimie v.7,
p. 583–592, 2004. 3)MOREN, A.K., KHAN, A. Phase Behavior and Phase Structure of Protein–
Surfactant–Water Systems. Journal of Colloid and Interface Science, v.218, p. 397–403, 1999.
4)GONZALEZ-PEREZ, A., RUSO, J.M., PRIETO, G., SARMIENTO, F. Physicochemical study of
ovalbuminin the presence of sodium dodecyl sulphate in aqueous media. Colloid Polym Sci, v. 282: p.
351–356, 2004. 5)AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Guia para avaliação
da segurança de produtos cosméticos, maio, 2003.6)BREUER, M.M. Cosmetic Science. New York:
Academic Press, p.334-338, 1978.
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