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de um homem e diz: “Ele é um domador de animais!”). Marcos não mostra nenhuma reação
diante do convite. A professora, então, afasta-se e caminha entre as carteiras da classe,
interagindo com outros alunos que realizam a atividade. Marcos continua brincando no chão
com seus animais de borracha. A professora aproxima-se novamente, pega a folha da mesa
do aluno, abaixa-se e coloca essa folha no chão. Pega a tesoura em sua mão e diz: “Esta
tesoura é minha e essa atividade é sua, vamos fazer”? Ela explica que hoje não pode sentar-
se no chão, ele balança a cabeça dizendo: “Não!.” A professora ameaça, como resultado,
retirar os animais com os quais o aluno está brincando, o que o leva a concorda em sentar na
cadeira dele e fazer a atividade. A professora afasta-se para atender às demandas de outros
alunos. Marcos senta, pega seu lápis e começa a escrever. A professora aproxima-se
novamente e senta-se ao lado dele, buscando auxiliá-lo. Ele escreve o próprio nome na folha.
A professora começa, então, a fazer perguntas sobre o corpo humano: “É o combustível do
corpo, corre pelo nosso corpo dentro das veias?” Marcos tem dificuldade para responder à
pergunta, mas finalmente se aproxima da resposta dizendo: “Aguinha”. A professora vai em
seu auxílio, dizendo: “Sai do nosso corpo quando a gente se machuca”. Agora, sim, o aluno
responde: “Sangue”. A professora pergunta sobre os membros inferiores e superiores. Ele
nomeia alguns: fêmur, coxa, tíbia, mostrando com a mão as partes de seu corpo. Menciona
ainda o esqueleto e a professora pede-lhe que ele escreva a palavra no verso da folha.
Marcos começa a fazer um desenho (atividade 5 – Anexo 12). A professora diz que não foi
isso que pediu e que quando ele terminar o desenho, deve escrever a palavra esqueleto!
Dirige-se, então, para a frente do grupo para dar orientações sobre a atividade que está
sendo feita. Marcos termina seu desenho, escreve seu nome quatro vezes, e vai até a
professora para mostrar-lhe o desenho. Ao vê-lo, a docente exclama que ele não escreveu a
palavra ESQUELETO, apenas fez um lindo desenho! Pede-lhe que leia o que escreveu e ele
diz: “Nome meu”. Então, ela solicita que ele escreva no quadro: esqueleto. A professora
soletra as sílabas. Ao falar o TO, ela diz também: “TA-TE-TI-TO-TU”. Ele indaga: “T de tatu”?
E a professora confirma! “Isso mesmo, T de tatu!!” Ele escreve no quadro de giz: EQLTR. A
professora pede a Marcos que ele leia o que escreveu. E, Marcos lê: “Esqueleto”. Ela o
questiona, perguntando-lhe se na palavra esqueleto tem a letra R. O menino sinaliza com
gestos que existe sim, a letra R existe na palavra esqueleto. Em seguida, a docente pede
para Marcos retornar à carteira e copiar a palavra escrita no quadro. Ele vai à carteira, senta
e obedece as ordens do outro, copiando do quadro: EQLTR. Retorna e mostra para a
professora o desenho, e a docente volta a lhe perguntar: “Te confesso que essa letra R não
existe na palavra ESQUELETO. Quer ver?” Ela escreve no quadro: ESQUELETO, logo
abaixo da palavra EQLTR. A professora sublinha com setas as letras que ele escreveu
corretamente e circula aquelas que ele não escreveu: S, U, E - e circula também a letra R.
Ele permanece atento à correção da professora e ela lhe pede para que apague o quadro.
Marcos olha para seus colegas e observa se alguém copia. Sobe em uma cadeira e apaga o
quadro lentamente.
A atividade de escrita era apresentada de forma lúdica e versava sobre um
tema que se refere aos interesses da criança: o corpo humano. Marcos, desde a
educação infantil, já manifestava interesse pela temática do corpo humano. Já tinha
mostrado seu Atlas do corpo humano, e explicou-o a várias pessoas do grupo,
inclusive à pesquisadora. Marcos contava com a ajuda da professora, que lhe
explicou a atividade, tentando favorecer os interesses da criança. Quando a
professora solicita que ele escreva a palavra esqueleto, Marcos desenha o corpo
humano em forma de esqueleto. Ele recorre à forma pictográfica (ao desenho) para
escrever, mas logo após a nova explicação da professora, podemos ver que ele já
apresentava escrita convencional, provavelmente porque começa a perceber que
pode desenhar a fala. Isso evidencia-se com a escrita da palavra esqueleto. Neste