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outras áreas do nordeste brasileiro. Pelos dados até hoje disponíveis e em função do
contexto arqueológico
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encontrado na área, sugere-se que a origem desta Tradição
esteja situada no sudeste do Piauí, em torno de 12.000 anos Antes do Presente
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.
O estudo das crono-estratigrafias
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de alguns sítios sugere que, possivelmente, a mesma
Tradição teria permanecido ali por cerca de 6.000 anos, com seu(s) grupo(os) partindo
para possíveis migrações para os outros estados, durante esse período. Devido ao fato da
Tradição Nordeste estar presente em diversas áreas do Nordeste e de possuir
características peculiares em cada área encontrada, a partir da classificação preliminar,
foi introduzida uma classe secundária, a sub-tradição
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, com base na apresentação
gráfica
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e na divisão geográfica.
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Inicialmente, o conjunto de pinturas da Tradição Nordeste encontradas na área dentro
dos limites do Parque Nacional Serra da Capivara foi denominado de Sub-tradição
Várzea Grande. Em função das dificuldades dos pesquisadores em percorrer as áreas em
estudo e das grandes distâncias entre os sítios, no início dos trabalhos e, especialmente,
pelas variações da apresentação gráfica presente nos sítios até então descobertos,
denominou-se ainda a Sub-tradição Salitre, referente às pinturas do sítio Salitre,
encontrado fora da área delimitada para o Parque Nacional (GUIDON, 1984).
sistematicamente em todos os estilos da Tradição Nordeste, o que leva a pensar em uma significação
simbólica (PESSIS, 1989).
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O contexto arqueológico se refere às associações físicas e culturais dos vestígios arqueológicos e suas
inter-relações, podendo também se referir ao que fisicamente e culturalmente antecedeu e seguiu à
manufatura, uso, descarte e transformação dos vestígios arqueológicos (BAHN, 1992).
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Antes do Presente (AP) é uma expressão usada para a datação de períodos arqueológicos.
Convenciona-se como data inicial para o início do Presente o ano de 1950 (ROOSEVELT, 2000).
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Seqüência cronológica, absolutamente datada ou não, assinalada em estratigrafia arqueológica.
Fragmentos de parede, pintados ou gravados, e restos de ocre (óxido de ferro) situados na estratigrafia,
em níveis de ocupação com estruturas datáveis podem servir como indicativos cronológicos para os
registros rupestres de um sítio (PESSIS, 1992).
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As Sub-tradições se estabelecem segundo critérios ligados a diferenças na apresentação gráfica de um
mesmo tema e à distribuição geográfica (PESSIS, 1987).
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A apresentação gráfica baseia-se no fato de que uma representação do mundo sensível seja pré-histórica
seja moderna, é uma manifestação do sistema de apresentação social ao qual o autor pertence.
Aceitando-se que cada grupo cultural e que cada segmento da sociedade tem procedimentos próprios
para se apresentar à observação de outrem, pode-se pensar que tais procedimentos estarão presentes nas
representações gráficas de um grupo cultural, a análise da obra gráfica do homem pré-histórico,
procurando identificar os padrões de apresentação das pinturas rupestres, constitui um modo de
ascender à sua cultura (PESSIS, 1989).
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Em 1982, em seus artigos sobre os registros do sudeste do Piauí, Susana Monzon, Laurence Ogel-Ros e
Niède Guidon, ainda utilizam o termo estilo para denominar o que posteriormente seria chamado de
Sub-Tradição e o termo Variedades para o que ficaria definido como Estilo, pois os conceitos ainda
estavam sendo discutidos. “A análise das manifestações artísticas permitiu definir um estilo, o estilo
Várzea Grande (N. Guidon, 1979), que apresenta variedades regionais. As mais conhecidas são as da
Serra da Capivara, Serra Nova ou Serra Talhada e Serra Branca.” (MONZON, 1982)