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ANGELA MARTINS AZEVEDO
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DRENAGEM SUBSUPERFICIAL NA
VIDA ÚTIL DOS PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS
São Paulo
2007
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ANGELA MARTINS AZEVEDO
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DRENAGEM SUBSUPERFICIAL NA
VIDA ÚTIL DOS PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS
Dissertação apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São
Paulo para obtenção de título de Mestre
em Engenharia.
São Paulo
2007
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ANGELA MARTINS AZEVEDO
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DRENAGEM SUBSUPERFICIAL NA
VIDA ÚTIL DOS PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS
Dissertação apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São
Paulo para obtenção de título de Mestre
em Engenharia.
Área de Concentração:
Engenharia de Transporte
Orientador:
Prof. Dr. Carlos Yukio Suzuki
São Paulo
2007
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.
São Paulo, 19 de novembro de 2007
Assinatura do autor:
Assinatura do orientador:
FICHA CATALOGRÁFICA
Azevedo, Ângela Martins
Considerações sobre a drenagem subsuperficial na vida útil
de pavimentos rodoviários / A.M. Azevedo. -- São Paulo, 2007.
Edição Revisada. 156 p.
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.
1.Pavimentação 2.Drenagem 3.Análise de desempenho I.Uni-
versidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de
Engenharia de Transportes II.t.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais,
Ana Merialba e Juvenal
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Carlos Yukio Suzuki, pelos valiosos ensinamentos. Pela dedicação e
empenho que me servem de modelo e inspiração tanto profissionalmente quanto
academicamente. E também pela amizade e confiança depositadas ao longo do
tempo.
À Profª Dra. Liedi Bernucci e à Dra. Sandra Bertollo, pelas importantes sugestões
incorporadas ao trabalho.
Ao Prof. Dr. José Tadeu Balbo, pela sua postura sempre crítica em relação aos fatos
e pelo despertar do interesse pela área acadêmica.
Aos demais professores do PTR, por despertar o interesse pela engenharia
rodoviária, e também aos professores dos demais departamentos da Engenharia
Civil, PEF, PHD e PCC, pela formação proporcionada.
À PLANSERVI Engenharia pelo apoio incondicional e irrestrito em todas as fases
deste trabalho.
À UNIP, Universidade Paulista, pelo estímulo na fase conclusiva deste trabalho.
Aos meus colegas de sempre, Mie, Edi e Denis, sem os quais a Poli teria sido muito
mais difícil.
Aos meus colegas de pós-graduação: Leonardo, Douglas, André, Gino, Trentin,
Eilaine e Daniela, pelas discussões técnicas.
Aos meus colegas da Planservi, pelos constantes incentivos ao longo de todo o
período de elaboração desta dissertação.
À Gisele, Mario, Wanda e Gerson, por estarem sempre presentes.
À minha família – vó, vô, titias, titios, primas e primo, cuja distância não impede que
estejam sempre próximos.
À minha mãe, Ana Merialba e ao meu pai, Juvenal. Por tudo o que eu sou, sei e
faço. Tudo é resultado do empenho, confiança e amor de vocês.
Enfim, a todos aqueles que contribuíram direta e indiretamente para concretização
deste trabalho, thanks! You’re all very important to me.
RESUMO
Tem-se verificado, na prática, que a falta de drenagem subsuperficial é um dos
principais fatores de deterioração precoce dos pavimentos. Ainda, verifica-se que
são relativamente poucos os procedimentos de dimensionamento e modelos de
análise de previsão de desempenho que consideram efetivamente o efeito deletério
da drenagem na vida útil dos pavimentos.
No entanto, observa-se que pesquisas e experiências estrangeiras não
estabeleceram ainda uma correlação quantitativa confiável entre a presença dos
dispositivos de drenagem e o desempenho dos mesmos.
No trabalho foi realizada análise de sensibilidade dos modelos da AASHTO (versão
de 1993) e HDM-4, considerados os mais difundidos na atualidade. Os modelos
empregam coeficientes de drenagem para a consideração dos efeitos danosos da
presença de água livre no interior de estruturas de pavimentos rígidos e flexíveis.
Teoricamente, verificou-se que os modelos são sensitivos quanto à influência das
condições de drenagem no desempenho dos pavimentos.
Foram analisados dados reais de certa malha viária no interior do estado de São
Paulo e verificou-se, na prática, que os pavimentos flexíveis sem acostamento
pavimentado, ou seja, com condições precárias de drenagem, têm apresentado
desempenho inferior quando comparados com estruturas dotadas de acostamentos
pavimentados mais impermeáveis.
Constatou-se a dificuldade de se adotar os coeficientes de drenagem nos modelos
analisados, apesar da grande importância da fixação adequada no
dimensionamento. Comenta-se no trabalho que, além da existência de dispositivos
de drenagem subsuperficial, é necessário checar a sua continuidade e capacidade
hidráulica ao longo de todo o sistema.
Sugerem-se procedimentos para o dimensionamento hidráulico do sistema de
drenagem de pavimentos e a necessidade de se considerar a avaliação econômica
ao longo de um período, de acordo com o desempenho esperado do pavimento
(LCCA – Life Cycle Cost Analysis) quando da definição da concepção de pavimentos
rodoviários drenantes, principalmente quando submetidos a tráfego pesado e em
condições climáticas desfavoráveis.
Palavras-chave: drenagem de pavimentos; pavimentos rígidos; pavimentos
flexíveis; análise de desempenho
ABSTRACT
There has been verified, in practice, that the absence of pavement drainage is one of
the main factors of early degradation of pavements. More, there are few procedures
of design and performance analysis that effectively consider the damage of water
during the design period.
However, foreign experiments and researches do not establish a reliable correlation
between the construction of pavement drainage features and pavement performance.
In this text, there has been analyzed the AASHTO (version of 1993) and HDM-4
models, considered the most spread out in the present time. These models consider
the damage effects of free water inside flexible or rigid pavement structures.
Theoretically, it was verified that the models are sensitive about the influence of the
conditions of draining in the pavement performance.
It had been analyzed real data of certain roadway network in the interior of the state
of São Paulo and it was verified, in practical, that the flexible pavements without
paved shoulder, that is, with precarious conditions of drainage, have presented lower
performance when compared with structures endowed with paved shoulders more
impermeable.
It was evidenced the difficulty of adopting the drainage coefficients in the analyzed
models, although the great importance of the setting adjusted in the design. It is
commented that, beyond the existence of devices of subsurface draining, is
necessary to check its continuity and hydraulical capacity throughout the system.
It’s suggested procedures for the hydraulical design of the pavement drainage
system and the necessity of considering the economic evaluation throughout a
period, in accordance with the waited performance (LCCA - Life Cycle Cost Analysis)
when the definition of the conception of road pavements, mainly when submitted the
heavy traffic and in unfavorable climatic conditions.
Keywords: pavement drainage; rigid pavements; flexible pavements; performance
analysis
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Superfície de pavimento asfáltico com trincamento excessivo ........................................ 22
Figura 2.2 – Origem da água nos
pavimentos...................................................................................... 24
Figura 2.3 – Superfície de CCP trincada
.............................................................................................. 25
Figura 2.4 – Interface entre pista de
CCP e acostamento asfáltico...................................................... 26
Figura 2.5 – Acostamento não
revestido .............................................................................................. 29
Figura 2.6 – Empoçamento de água no acostamento não revestido
................................................... 29
Figura 2.7 – Acostamento não revestido. Detalhe: a
água forma um canal de escoamento junto a
superfície da pista ................................................................................................................................. 30
Figura 2.8 – Abertura de junta entre o
pavimento de CCP e a sarjeta................................................. 30
Figura 2.9 – Água empoçada na junta do pavimento de CCP com
a sarjeta....................................... 31
Figura 2.10 – Perfis de ascensão capilar relac
ionados ao histórico do nível d’água ........................... 32
Figura 2.11 – Desenho esquemáti
co da ascensão capilar ................................................................... 33
Figura 2.12 – Ação da água livre em pavimentos
asfálticos................................................................. 35
Figura 2.13 – Efeito do Bombeamento em Pavimentos de CCP
.......................................................... 36
Figura 2.14 – Variação de umidade no interior da plac
a de CCP......................................................... 38
Figura 2.15 – Variação das tens
ões para a variação apresentado na figura 2.14. .............................. 38
Figura 2.16 – Dano relativo em função da espessura
da placa e do módulo de reação do subleito... 43
Figura 2.17 – Variação do teor de água não
congelada no pavimento ................................................ 44
Figura 2.18 – Variação do módulo de resiliência do subleito teor de água não congelada (segmento
loc
alizado em Dikey Lake, Montana) .................................................................................................... 45
Figura 2.19 – Redução estimada do módulo de reação do subleito em função da perda de suporte . 46
Figura 3.1 – Esquema do sistema de drenagem subsuperficial
........................................................... 53
Figura 3.2 – Posicionamento recomendado para a camada drenante em pavimentos rurai
s ............. 55
Figura 3.3 – Posicionamento recomendado para a camada drenante em pavimentos urbanos
......... 55
Figura 3.4 – Posicionamento dos drenos longitudinai
s ........................................................................ 67
Figura 3.5 – Ábaco para estimativa da espessura da c
amada em condição de fluxo contínuo........... 75
Figura 3.6 – Drenagem da camada saturada em função do tempo
..................................................... 78
Figura 3.7 – Tempo de Drenagem x Porcentagem (Grau de
Drenagem) ............................................ 89
Figura 4.1 – Estrutura analis
ada ......................................................................................................... 101
Figura 5.1 – Pavimento para tráfego pes
ado – Seção-tipo C1........................................................... 115
Figura 5.2 – Pavimento para tráfego muito pes
ado – Seção-tipo C2................................................. 116
Figura 5.3 – Pavimento para tráfego leve – Seç
ão-tipo A1 ................................................................ 117
Figura 5.4 – Pavimento para tráfego meio pesado – S
eção-tipo A2 .................................................. 118
Figura 5.5 – Pavimento para tráfego pes
ado – Seção-tipo A3 ........................................................... 118
Figura 5.6 – Variação da vida útil – s
eção-tipo C1 ............................................................................. 120
Figura 5.7 – Variação da vida útil – s
eção-tipo C2 ............................................................................. 120
Figura 5.8 – Variação da vida útil em função do coefi
ciente de drenagem ........................................ 122
Figura 5.9 – Variação da vida útil em funç
ão do SN........................................................................... 122
Figura 5.10 – IRI em função do Coeficiente de Drena
gem – Seção Tipo C1 (Acostamento rígido).. 124
Figura 5.11 – IRI em função do Coeficiente de Drena
gem – Seção Tipo C1 (Acostamento flexível) 125
Figura 5.12 – IRI em função do Coeficiente de Drena
gem – Seção Tipo C2 (Acostamento rígido).. 125
Figura 5.13 – IRI em função do Coeficiente de Drena
gem – Seção Tipo C2 (Acostamento flexível) 126
Figura 5.14 – IRI em função do Coefic
iente de Drenagem................................................................. 126
Figura 5.15 – Escalonamento em funç
ão do Coeficiente de Drenagem ............................................ 127
Figura 5.16 – IRI em função do Fator de Drenagem – Seç
ão Tipo A1............................................... 129
Figura 5.17 – IRI em função do Fator de Drenagem – Seç
ão Tipo A2............................................... 130
Figura 5.18 – IRI em função do Fator de Drenagem – Seç
ão Tipo A3............................................... 130
Figura 5.19 – Afundamento em trilha de roda em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A1 . 131
Figura 5.20 – Afundamento em trilha de roda em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A2 . 132
Figura 5.21 – Afundamento em trilha de roda em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A3 . 132
Figura 5.22 – Trincamento em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A1
............................... 133
Figura 5.23 – Trincamento em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A2
............................... 134
Figura 5.24 – Anális
e Econômica........................................................................................................ 146
Figura 5.25 – Avaliação funcional dos
pavimentos – DR-2 ................................................................ 148
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Coeficiente de perda de suporte...................................................................................... 46
Tabela 2.2 – Bancos de Dados e segm
entos rodoviários analisados .................................................. 48
Tabela 2.3 – Defeitos em pavimentos asfálticos
................................................................................... 50
Tabela 2.4 – Defeitos em pavimentos
gidos....................................................................................... 51
Tabela 3.1 – Coeficientes de
Permeabilidade ...................................................................................... 58
Tabela 3.2 – Determinação da Permeabilidade – Faixas Granulométricas para Bases Granulares ... 60
Tabela 3.3 – Característi
cas geométricas............................................................................................. 84
Tabela 3.4 – Característi
cas das camadas........................................................................................... 85
Tabela 3.5 – Faixas granulométri
cas dos materiais propostos............................................................. 86
Tabela 3.6 – Determinação da Porcent
agem de Saturação................................................................. 88
Tabela 3.7 – Capacidade Hidráulica – Q (m
3
/dia)................................................................................. 94
Tabela 3.8 – Espaçamento entre saídas d’água (L) em metros
........................................................... 94
Tabela 4.1 – Relação entre Tempo e Qualidade de
Drenagem ........................................................... 99
Tabela 4.2 – Valores recomendados para o coeficiente de drenagem (m
i
) para pavimentos asfálticos .
................................................................................................................................................ 100
Tabela 4.3 – Determinação do número
estrutural............................................................................... 101
Tabela 4.4 – Casos consi
derados....................................................................................................... 101
Tabela 4.5 – Resultado da análise de sensi
bilidade........................................................................... 102
Tabela 4.6 – Valores recomendados pela AASHTO para o
coeficiente de drenagem (C
d
) para
pavimentos de CCP. ........................................................................................................................... 104
Tabela 4.7 – Valores recomendados para o coeficiente de drenagem (C
d
)....................................... 105
Tabela 4.8 – Critério recomendados para determinação de Cd
......................................................... 106
Tabela 4.9 – Casos consi
derados....................................................................................................... 106
Tabela 4.10 – Resultado da análi
se de sensibilidade......................................................................... 107
Tabela 4.11 – Critério recomendado para determi
nação de Cd......................................................... 112
Tabela 4.12 – Defeitos considerados na análi
se ................................................................................ 112
Tabela 5.1 – Parâmetros de dimensionamento
.................................................................................. 115
Tabela 5.2 – Parâmetros de dimensionamento
.................................................................................. 117
Tabela 5.3 – Casos anali
sados........................................................................................................... 119
Tabela 5.4 – Variação do Coeficiente de Drenagem m
i
...................................................................... 121
Tabela 5.5 – Variação do Número Est
rutural...................................................................................... 121
Tabela 5.6 – Casos de análise
............................................................................................................ 139
Tabela 5.7 – Fator de
Drenagem ........................................................................................................ 140
Tabela 5.8 – Custos de implantação – Caso 1
................................................................................... 141
Tabela 5.9 – Custos de implantação –
Casos 2 e 3 ........................................................................... 142
Tabela 5.10 – Manutenção periódica – selagem de juntas
................................................................ 143
Tabela 5.11 – Manutenção periódica – limpeza de drenos
................................................................ 143
Tabela 5.12 – Manutenção Especial – Restauração do pavimento.................................................... 143
Tabela 5.13 – Resumo da Análise
Econômica ................................................................................... 144
Tabela 5.14 – Análise Econômica – Caso 1
....................................................................................... 144
Tabela 5.15 – Análise Econômica – Caso 2
....................................................................................... 145
Tabela 5.16 – Análise Econômica – Caso 3
....................................................................................... 145
Tabela 5.17 – Parâmetros de
Classificação ....................................................................................... 148
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AASHO American Association of State Highway Officials
AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials
ATR Afundamento em Trilha de Roda
CBR California Bearing Ratio – Índice de Suporte California
CCP Concreto de Cimento Portland
Cd Coeficiente de Drenagem
DER/SP Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo
DF Drainage Factor
DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
DRIP Drainage Requirements in Pavements
EUA Estados Unidos da América
FHWA Federal Highway Administration
HDM Highway Development and Management
HRB Highway Research Board
HVS Heavy Vehicle Simulator
IRI International Roughness Index – Índice de Irregularidade Longitudinal
ISOHDM International Study of Highway Development and Management
LCCA Life Cycle Cost Analysis
LTPP Long Term Performance Program
MEPDG Mechanistic Empirical Pavement Design Guide
SN Número estrutural
SNP Número estrutural ajustado
USACE United States Army Corps of Engineers – Corpo dos Engenheiros
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO............................................................................. 15
1.1 Objetivo .........................................................................................................17
1.2 Apresentação do trabalho ...........................................................................17
2 EFEITOS ADVERSOS DA PRESENÇA DA ÁGUA NOS
PAVIMENTOS....................................................................................... 20
2.1 Origem da água nos pavimentos ................................................................23
2.1.1 Infiltração
...................................................................................................24
2.1.2 Capilaridade
..............................................................................................31
2.1.3 O movimento da água nos solos.............................................................34
2.2 Efeitos do problema da água livre nos pavimentos..................................35
2.2.1 Empenamento ...........................................................................................37
2.2.2 Poro-pressões...........................................................................................39
2.2.3 Perda de Suporte ......................................................................................40
2.3 Principais defeitos relacionados à umidade excessiva............................47
3 CONCEPÇÕES DE PROJETO DE DRENAGEM
SUBSUPERFICIAL............................................................................... 52
3.1 Componentes do Sistema............................................................................54
3.1.1 Camadas drenantes..................................................................................54
3.1.2 Drenos Rasos Longitudinais ...................................................................63
3.2 Critérios de Dimensionamento....................................................................69
3.2.1 Estimativa da Infiltração de Projeto ........................................................70
3.2.2 Camadas drenantes..................................................................................73
3.2.3 Drenos Rasos Longitudinais ...................................................................80
3.3 Exemplo de aplicação..................................................................................84
3.4 Relações entre o sistema de drenagem subsuperficial e a estrutura de
pavimento do ponto de vista do dimensionamento.............................................95
4 MÉTODOS DE ANÁLISE DE DESEMPENHO............................ 96
4.1 Método da AASHTO......................................................................................96
4.1.1 Pavimentos asfálticos ..............................................................................98
4.1.2 Pavimentos de concreto de cimento portland......................................102
4.1.3 Considerações gerais.............................................................................108
4.2 Programa HDM-4.........................................................................................109
5 ESTUDOS E ANÁLISES DE SENSIBILIDADE PARA
DIFERENTES CONDIÇÕES DE DRENAGEM ................................... 113
5.1 Introdução...................................................................................................113
5.1.1 Pavimentos de concreto de cimento portland......................................113
5.1.2 Pavimentos Asfálticos............................................................................116
5.2 Estimativa da vida útil dos pavimentos....................................................119
5.2.1 Pavimentos de concreto de cimento portland......................................119
5.2.2 Pavimentos Asfálticos............................................................................121
5.3 Evolução dos parâmetros de desempenho
..............................................123
5.3.1 Pavimentos de concreto de cim
ento portland......................................124
5.3.2 Pavimentos Asfálticos............................................................................128
5.4 Análise dos resultados ..............................................................................134
5.4.1 Pavimentos de concreto de cimento portland......................................134
5.4.2 Pavimentos Asfálticos............................................................................136
5.5 Análise econômica – LCC..........................................................................138
5.5.2 O caso do estado de São Paulo.............................................................147
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................... 150
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 155
15
1 INTRODUÇÃO
O desempenho insatisfatório do pavimento tem uma de suas causas relacionadas à
infiltração de água na estrutura do pavimento. Entretanto, existem diferentes formas
em que a água pode provocar danos ao pavimento. Conforme Cedergren (1974), a
maioria dos defeitos provocados pelas águas subterrâneas e por percolação
apresenta duas causas distintas:
As partículas de solo migram para um ponto de saída, onde pode ocorrer o
fenômeno de “piping”, ou erosão.
Níveis de escoamento incontroláveis, causados pela saturação, por existência de
fluxos internos, subpressão elevada ou forças de percolação excessivas.
Assim, tem-se verificado que a água livre no interior da estrutura do pavimento é
considerada uma das causas essenciais da deterioração precoce e desempenho
insatisfatório ao longo do tempo, juntamente com o excesso de tráfego e falhas
construtivas. Entretanto, a instalação de sistema de drenagem subsuperficial tem
sido, até o momento, relegada a um segundo plano.
Os defeitos causados pela infiltração superficial são, geralmente, o resultado da
exposição contínua a umidade, tendo como principais conseqüências a perda de
rigidez das camadas de fundação com a saturação e a degradação da qualidade dos
materiais pela interação com a umidade, culminando com a desagregação em
pavimentos asfálticos e o trincamento em pavimentos de concreto de cimento
portland.
O mecanismo de deterioração do pavimento devido ao excesso de umidade, apesar
de diferente para estruturas rígida e flexível, deve ser tratado da mesma maneira,
através do emprego de conceitos clássicos de drenagem e hidráulica aplicada.
A principal fonte de umidade excessiva na estrutura do pavimento é a infiltração de
águas de chuva através das juntas e trincas. A maior parcela é devido à infiltração
pela junta longitudinal pavimento / acostamento, particularmente quando são
empregados revestimentos distintos (ex. pista de concreto de cimento portland e
revestimento de concreto asfáltico), embora a água penentre também pelas trincas e
16
valetas laterais do acostamento e do canteiro central não totalmente
impermeabilizados.
No Brasil, verificou-se que a versão do método de dimensionamento do DNER
publicada em 1966 (Souza apud Senço, 1997), apresentava considerações acerca
da pluviosidade característica dos locais onde os pavimentos seriam implantados,
visando a correção no volume de tráfego. No entanto, com o passar do tempo e com
a utilização de critérios modernos de dimensionamento, estas considerações foram
resumidas a simples comentários, passando a não ter qualquer influência na
estrutura dimensionada.
Neste ponto, cabe ressaltar que a abordagem do DNIT (Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes) sobre o assunto pode gerar dúvidas quanto à sua
aplicação. Embora o Manual de Drenagem apresente um capítulo inteiramente
dedicado ao dimensionamento de drenagem subsuperficial (“Drenagem do
Pavimento”), o Manual de Pavimentação apresenta as considerações transcritas a
seguir (item 7.4.3.2.2 – versão de 1996):
“A descarga para os drenos profundos e subsuperficiais longitudinais não é
geralmente calculada, pois pesquisas já realizadas no Estado do Paraná e
observações nas mais diversas regiões do País, permitiram as seguintes
constatações principais:
A capacidade de vazão dos drenos profundos e subsuperficiais construídos
atualmente é muito superior às descargas de contribuição que chegam a
estes dispositivos, mesmo considerando-se precipitações com tempo de
recorrência superior à vida útil dos pavimentos.
Os métodos teóricos de cálculo de descargas de contribuição, espaçamento
de drenos, tempo de resposta, etc., são de difícil aplicação prática, em
virtude das anisotropias e heterogeneidades dos solos presentes nos
segmentos rodoviários (mesmo naqueles considerados homogêneos).
Dessa forma, pode-se considerar como suficientes os projetos-tipo de drenagem
do DNER.”
Assim, verifica-se que boa parte dos projetos rodoviários elaborados atualmente
considera a utilização de drenos de pavimento, os quais são adotados sem
verificação sobre a eficácia do seu emprego.
17
O presente trabalho foi desenvolvido com a intenção de avaliar a influência da
eficácia de um sistema de drenagem subsuperficial no comportamento funcional e
estrutural do pavimento, segundo modelos de desempenho utilizados
internacionalmente.
1.1 Objetivo
O objetivo do trabalho é analisar, através de métodos e modelos existentes, a
influência das condições de drenagem no desempenho de pavimentos rodoviários.
Com base em modelos de desempenho desenvolvidos pela AASHTO – American
Association of State Highway and Transportation Officials – e pelo Banco Mundial
através da ISOHDM – International Study of Highway Development and
Management Tools, pretende-se realizar uma análise de sensibilidade da vida útil
em função da variabilidade das condições de drenagem.
As análises serão realizadas tanto para pavimentos rígidos, constituídos de placas
de concreto simples de cimento portland, quanto para pavimentos asfálticos.
Como objetivo final da dissertação, espera-se verificar a importância da previsão de
drenos subsuperficiais, relacionando ainda a uma previsão de custos de implantação
em relação ao montante total de implantação de uma obra rodoviária.
1.2 Apresentação do trabalho
O trabalho está baseado no estudo do efeito deletério da presença de água no
interior da estrutura do pavimento, relacionando as formas de penetração e
movimentação da água na estrutura aos principais defeitos relacionados a umidade
excessiva. Também são realizados estudos acerca da concepção de projeto de
18
drenagem subsuperficial e análise dos modelos de desempenho para previsão da
vida útil do pavimento.
A seguir, apresenta-se a estruturação do trabalho.
Capítulo 1 – Introdução
O objetivo principal deste capítulo é apresentar a conceituação da drenagem
subsuperficial, evidenciando as principais características relacionadas aos critérios
de dimensionamento e a influência da sua utilização.
Capítulo 2 – Efeitos Adversos da Presença da Água nos Pavimentos
Este capítulo abrange a avaliação da bibliografia, descrevendo os conceitos
relacionados a origem da água no interior da estrutura do pavimento, as formas de
movimentação e o seu efeito deletério. O capítulo apresenta também uma descrição
dos principais defeitos nos pavimentos rodoviários cuja gênese é a umidade
excessiva.
Capítulo 3 – Concepções de Projeto de Drenagem Subsuperficial
No Capítulo 3 são apresentadas e detalhadas as principais metodologias e os
parâmetros para a estimativa da infiltração de projeto e para o dimensionamento
hidráulico de um sistema de drenagem subsuperficial.
Capítulo 4 – Métodos de Análise de Desempenho
No Capítulo 4 é descrito o modelo da AASHTO para previsão da vida útil dos
pavimentos rodoviários. São apresentados os parâmetros considerados pelo
modelo, com ênfase especial à consideração da drenagem subsuperficial no
dimensionamento dos pavimentos rígidos e asfálticos.
Também nesse capítulo, apresenta-se análise do modelo apresentado pelo
programa HDM-4, desenvolvido pelo Banco Mundial para priorização de
investimentos em redes viárias. Para tanto, o programa apresenta um módulo de
19
previsão de desempenho de pavimentos, que consiste na estimativa da evolução de
defeitos com a progressão do tráfego.
Capítulo 5 – Estudos e Análises de Sensibilidade para Diferentes
Condições de Drenagem
O Capítulo 5 é desenvolvido a partir da consolidação dos capítulos 2, 3 e 4, com a
análise comparativa entre os modelos de desempenho.
Trata da análise de estruturas de pavimento rígido e asfáltico, onde são avaliados os
parâmetros descritos no capítulo anterior.
O principal objetivo deste capítulo é verificar a influência das condições de
drenagem no dimensionamento das estruturas de pavimento e no desempenho ao
longo de um período de tempo, através da análise acerca da perda da serventia e da
evolução dos defeitos.
Capítulo 6 – Conclusões e Recomendações
O Capítulo 6 consolida as principais conclusões obtidas no trabalho e apresenta
sugestões para a continuidade dos estudos nesta linha de pesquisa.
20
2 EFEITOS ADVERSOS DA PRESENÇA DA ÁGUA NOS
PAVIMENTOS
Historicamente, verifica-se uma preocupação dos projetistas e construtores quanto
aos efeitos da água no pavimento. Sabe-se que as estradas do Império Romano
eram construídas acima do nível dos terrenos vizinhos, com uma camada drenante
de areia sobre o subleito e com seções espessas de pedras lamelares cimentadas
entre si, visando evitar a ação danosa da água no leito da via.
No século XIX, pesquisadores como Tresaguet, Metcalf, Telford e MacAdam
trouxeram novamente à discussão a necessidade de manter a estrutura de
pavimento livre da umidade excessiva. A partir desse momento, a drenagem passou
a ser a tônica dos projetos viários.
No entanto, a partir do desenvolvimento de métodos racionais de dimensionamento
de pavimento foi introduzido o conceito da utilização de amostras saturadas de solo
para estimativa do suporte de bases, sub-bases e subleitos. Tornou-se idéia
corrente que a utilização de bases espessas e subleitos estáveis, com boa
capacidade de suporte sob condição de saturação, eram suficientes para garantir o
bom desempenho da estrutura de pavimento.
Cedergren (1974) afirma que os projetistas, ao dimensionarem o pavimento a partir
de procedimentos baseados em ensaios de amostras saturadas, como o método do
CBR (que deu origem ao método do DNER – DNIT), não esperam que haja a
necessidade de considerar também os fatores ambientais, como a intensidade de
precipitação. Entretanto, sérios danos causados ao pavimento devem-se às poro-
pressões e à movimentação da água livre na estrutura.
Elevadas pressões neutras podem ser desenvolvidas pela ação dinâmica das cargas
do tráfego, na sua superfície, principalmente quando ocorre a presença de água livre
no interior da estrutura, proporcionando a saturação das camadas subjacentes.
A maior evidência do efeito das forças hidrostáticas pulsantes é o bombeamento do
material fino encontrado nas juntas e trincas de pavimentos asfálticos e sob as
placas de concreto de um pavimento rígido.
21
A água livre no pavimento, além de proveniente da infiltração pela superfície da
plataforma, pode ter origem pela percolação através de acostamentos, por valetas
de drenagem laterais ou pela elevação sazonal do nível de lençol freático. Ainda, a
água livre em base de pavimento constituída de materiais de baixa permeabilidade
com as saídas bloqueadas pode servir de fonte para saturação das camadas
subjacentes.
A diminuição da capacidade de suporte do subleito pela sua saturação e pela
presença de vazios sob a placa devido ao fenômeno de bombeamento pode levar a
ruína precoce do pavimento, causada pelo trincamento por fadiga do concreto.
Assim, conclui-se que a água livre no interior da estrutura afeta a resistência dos
materiais e a sua remoção através de fluxos vertical ou lateral através de drenos
subsuperficiais deve ser parte integrante do processo de dimensionamento estrutural
dos pavimentos.
Em síntese, os efeitos danosos da água livre na estrutura de pavimento são:
Redução da resistência dos materiais granulares não estabilizados e do solo do
subleito;
Comportamento e desempenho insatisfatório dos solos expansivos devido a
presença de água;
Bombeamento dos finos da base granular dos pavimentos flexíveis pela perda
de suporte da fundação, devido a elevada pressão hidrodinâmica gerada pelo
movimento do tráfego;
Bombeamento nos pavimentos de concreto com conseqüente formação de
degrau, trincamento e deterioração dos acostamentos;
Trincamento dos revestimentos (asfáltico e concreto de cimento portland) em
função do contato direto com a água.
A figura 2.1 a seguir apresenta um pavimento asfáltico com a superfície
excessivamente trincada. O trincamento tem, como causas prováveis, a fadiga do
revestimento provocada pela ação do tráfego e a ação da água livre na estrutura do
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pavimento. Na seção apresentada, verifica-se a falta de revestimento no
acostamento, o que facilita a infiltração da água.
Figura 2.1 – Superfície de pavimento asfáltico com trincamento excessivo
Conforme o HRB apud Cedergren (1974), “os dados existentes mostram que nem a
seção transversal, nem a espessura têm algum efeito sobre o bombeamento. Os
estudos feitos até esta data não mostram que um excesso de espessura do
pavimento, além do necessário para as cargas impostas e os valores normais de
suporte do subleito, auxiliará ou serão economicamente justificáveis”.
Apesar disso, é comum a idéia de que uma estrutura de pavimento robusta, com
materiais estabilizados pouco suscetíveis aos efeitos da umidade excessiva, é
suficiente para absorver os impactos gerados pela passagem dos veículos,
desconsiderando a sinergia entre as cargas hidráulicas e as cargas do tráfego.
Ainda sobre esta questão, o autor supracitado afirma que durante o tempo em que a
água livre, principalmente proveniente da infiltração superficial, está contida na
estrutura do pavimento, as cargas de roda produzem um dano muito superior em
relação aos períodos em que a estrutura de pavimento encontra-se seca.
Assim, em função das observações realizadas em pavimentos com problemas
relacionados à umidade excessiva, muitos projetos atuais têm considerado a
utilização de drenos subsuperficiais para a captação da água livre.
23
2.1 Origem da água nos pavimentos
O pavimento é exposto a ação da água de diversas maneiras. A água pode infiltrar
pelas laterais da estrutura do pavimento, particularmente quando são empregadas
camadas granulares ou quando os dispositivos de drenagem superficial e
subsuperficial previstos são inadequados. O nível do lençol freático pode elevar-se
em função da pluviosidade e das variações climáticas sazonais, ocasionando a
perda de suporte do subleito ou a diminuição do módulo de resiliência dos materiais,
resultando em um conseqüente desempenho insatisfatório do pavimento.
Verticalmente, além dos fluxos d’água ascendentes provocados pela elevação do
nível freático, a água pode movimentar-se pelas forças capilares.
A infiltração também pode ocorrer pela superfície, através das juntas e trincas do
revestimento ou pelos bordos, nas proximidades dos acostamentos. A manutenção
adequada das juntas e trincas através da selagem freqüente pode minimizar a
infiltração.
A água pode ainda mover-se em forma de vapor, dependendo dos gradientes de
temperatura e dos volumes de vazios.
No entanto, para a FHWA (Moulton, 1980), o volume de água proveniente da
condensação de vapores no interior da estrutura é desprezível quando comparado
às demais origens. Estas outras fontes permitem a entrada de água na estrutura do
pavimento em um volume suficiente para permitir uma variação do teor de umidade.
A essa variação ou excesso no teor de umidade dá-se o nome de água livre. Como
o nome indica, a água livre tem movimentação irrestrita na estrutura do pavimento,
regida pelas leis da hidráulica, e é um dos principais agentes de deterioração dos
pavimentos.
A figura 2.2 a seguir sumariza as fontes de água na estrutura do pavimento.
24
Figura 2.2 – Origem da água nos pavimentos
As origens das águas livres no pavimento são apresentadas detalhadamente na
seqüência.
2.1.1 Infiltração
A infiltração de água na estrutura do pav
imento pode ocorrer através de dois locais
distintos: pela superfície ou pelas bordas e acostamentos.
Segundo a FHWA (Moulton, 1980), as precipitações são a maior fonte de águas que
penetram na estrutura dos pavimentos, podendo ocasionar infiltrações tanto pela
superfície quanto pelos bordos da estrutura do pavimento.
A água presente na estrutura do pavimento tem influência no comportamento e
desempenho dos materiais de cada camada do pavimento. O excesso de água, com
o passar do tempo, tem influência negativa sobre a serventia, embora os danos
causados pela infiltração de água no pavimento não apareçam instantaneamente.
25
O processo de deterioração da estrutura e da conseqüente redução da vida útil do
pavimento é gradual, e pode passar despercebido durante muito tempo. As
principais evidências da presença de água no pavimento poderão ser resíduos
secos, apresentando-se como manchas junto às trincas e juntas, e sobre os
acostamentos, além do desnivelamento das juntas e trincas.
A prevenção da infiltração é um aspecto muito relevante em regiões de clima
temperado, onde pode haver o congelamento das águas livres no interior do
pavimento em função da exposição a baixas temperaturas.
2.1.1.1 Infiltração através da superfície do pavimento
Em pavimentos de concreto, a maior parcela de infiltração ocorre através das juntas
longitudinais e transversais, e trincas presentes nas placas de concreto de cimento
portland (CCP) ao longo do tempo. Quando o acostamento dos pavimentos de
concreto é composto por revestimento asfáltico, a junta revestimento/acostamento é
outro ponto significativo de infiltração.
As figuras 2.3 e 2.4 a seguir apresentam pavimento de concreto com a superfície
trincada e a interface entre os tipos de revestimento pista – acostamento.
Figura 2.3 – Superfície de CCP trincada
26
Em pavimentos asfálticos, as juntas de construção da camada de revestimento e as
trincas que surgem ao longo do tempo no revestimento são os pontos de infiltração.
O trincamento que surge na superfície tanto dos pavimentos de concreto quanto dos
pavimentos asfálticos é um processo contínuo, que depende tanto das
características dos materiais empregados na estrutura quanto da intensidade do
tráfego que solicita o pavimento. Na presença de água, esse fenômeno do
trincamento é potencializado, tornando difícil a sua previsão e a conseqüente
estimativa de volume de água que infiltra pela abertura das trincas.
Figura 2.4 – Interface entre pista de CCP e acostamento asfáltico
A quantidade de juntas ou trincas, bem como a capacidade de vazão destas, são,
segundo Ridgeway (1976, 1982), as principais responsáveis pelo volume de água
que infiltra através da superfície do pavimento, relacionando-o também à intensidade
e duração das chuvas.
Quanto às precipitações, conforme Tucci et. al (2000), aquelas de grande
intensidade apresentam curta duração de modo geral. Grande parte da água escoa
pela superfície do pavimento ao invés de penetrar na estrutura devido à
permeabilidade relativamente baixa. Já as precipitações de menor intensidade
ocorrem por períodos mais longos, fornecendo suprimento de água constante por
27
longos períodos de tempo, favorecendo a infiltração mesmo que a estrutura do
pavimento apresente reduzida permeabilidade.
Dessa forma, para a determinação da infiltração pela superfície do pavimento, são
consideradas mais críticas as precipitações com curto período de retorno e curta
duração, com intensidades variando de baixas a moderadas.
Além dos fatores apresentados por Ridgeway (1976, 1982), a quantidade de água
que infiltra no pavimento depende também das características geométricas da pista
(declividades longitudinal e transversal) e da permeabilidade dos materiais da
estrutura.
A declividade transversal tem influência no volume de infiltração em função da
velocidade que a água pode desenvolver na superfície e atingir os pontos baixos
laterais – acostamentos. A declividade longitudinal tem influência na infiltração de
água pela superfície uma vez que a mesma impõe um escoamento em direção
oblíqua à borda do pavimento, expondo o fluxo a uma distância maior e,
possivelmente, a uma quantidade maior de trincas, ocasionando um maior índice de
infiltração.
Outro parâmetro diretamente relacionado à infiltração é a permeabilidade dos
materiais integrantes da estrutura de pavimento, dado que, caso o sistema não for
capaz de remover toda a água que infiltra pela superfície, a estrutura atinge um grau
de saturação elevado. No capítulo 3 será apresentada discussão sobre a
permeabilidade dos materiais e a influência deste parâmetro na determinação dos
volumes de água para o dimensionamento do sistema de drenagem subsuperficial.
2.1.1.2 Infiltração através das bordas do pavimento ou dos acostamentos
A infiltração de água pela borda do pavimento é devida a dois mecanismos distintos:
a variação de carga hidráulica, que provoca o deslocamento da água; e a
capilaridade, que será discutida oportunamente.
28
As rodovias mais propensas à infiltração através das bordas são aquelas que
apresentam baixa declividade longitudinal (greides planos ou pontos baixos de
greides ondulados), devido a maior dificuldade que a água encontra para escoar
superficialmente.
Tanto para os pavimentos asfálticos quanto para os pavimentos de concreto, as
juntas entre a pista de rolamento e o acostamento são pontos significativos para a
infiltração das águas. Em especial, quando os materiais da pista e acostamento são
distintos, como nos casos em que o pavimento rígido de CCP apresenta
acostamento com revestimento asfáltico (figura 2.4) ou quando o acostamento não é
revestido (figura 2.5), a água livre na estrutura pode desencadear processos de
deterioração acelerados pela incompatibilidade de materiais.
A falta de revestimento nos acostamentos permite que uma parcela significativa da
água infiltre para o interior da estrutura do pavimento, reduzindo a sua capacidade
estrutural.
A vegetação da região contígua ao pavimento pode formar uma barreira ao
escoamento superficial da água devido ao acúmulo de detritos. A água tende a
escoar pela superfície do pavimento, facilitando a infiltração e promovendo a
saturação do solo contíguo ao pavimento da estrutura do pavimento.
As figuras 2.5, 2.6 e 2.7 a seguir mostram estruturas de pavimento com acostamento
não revestido, com vegetação. Nota-se que os revestimentos já se apresentam
deteriorados (formação de trilhas de roda nas figuras 2.5 e 2.6 e trincamento na
figura 2.7).
29
Figura 2.5 – Acostamento não revestido
Figura 2.6 – Empoçamento de água no acostamento não revestido
30
Figura 2.7 – Acostamento não revestido. Detalhe: a água forma um canal de escoamento junto a
superfície da pista
Acostamentos revestidos também podem proporcionar a infiltração pelas bordas do
pavimento, porém com menor intensidade que os acostamentos não revestidos.
A água também pode infiltrar lateralmente através de dispositivos de drenagem
superficial como canaletas sem revestimento impermeável, principalmente em
regiões de corte. As juntas entre o acostamento e a sarjeta, ou entre a sarjeta e a
guia são pontos propícios para a infiltração lateral, conforme mostram as figuras 2.8
e 2.9 a seguir, reproduzidas de Pereira (2003).
Figura 2.8 – Abertura de junta entre o pavimento de CCP e a sarjeta
31
Figura 2.9 – Água empoçada na junta do pavimento de CCP com a sarjeta
Outro caso a ser considerado é a interferência de restauração sobre as estruturas de
pavimento existentes. Embora temporárias, as obras podem provocar o acúmulo de
água no acostamento ou em regiões contíguas a rodovia, favorecendo o aumento do
teor de umidade das camadas inferiores da estrutura. Devido à gravidade da
situação, a sinergia entre as solicitações de tráfego, as características dos materiais
e o aumento de umidade podem acelerar o processo de deterioração do pavimento,
reduzindo sua vida útil.
2.1.2 Capilaridade
A ação da capilaridade consiste em uma tensão de sucção que promove a migração
da água entre locais
com teores de umidade distintos (de um meio com teor de
umidade mais elevado para outro com teor de umidade menor).
A capilaridade ocorre devido a ação da tensão superficial nos vazios do solo acima
da linha de saturação. A distribuição granulométrica e a densidade do solo
determinam a região de alcance da ascensão capilar. O movimento da água livre
32
pela capilaridade ocorre nos vazios dos solos, os quais, ainda que irregulares,
podem ser associados a tubos capilares por estarem interconectados.
Conforme indica o professor Carlos de Souza Pinto (2000), “quando um solo seco é
colocado em contato com a água, esta é sugada para o interior do solo. A altura que
a água atingirá no interior do solo depende do diâmetro dos vazios”. A ascensão
capilar é função do volume de vazios e da granulometria do material. Existe uma
altura em que o grau de saturação é constante, embora não seja atingida a
saturação total. Tal situação é apresentada na figura 2.10.
O movimento da água no interior do solo também pode ser descrito através dos
esquemas apresentados na figura 2.11. Se os tubos capilares fossem de diâmetro
constante, o nível d’água subiria a uma mesma altura em todos os pontos da massa
de solo exposta à água. O solo estaria saturado abaixo do nível d'água e acima
deste até uma distância h
c
, determinada em função do diâmetro dos tubos capilares.
Além dessa distância, o solo encontraria-se seco.
Figura 2.10 – Perfis de ascensão capilar relacionados ao histórico do nível d’água
No entanto, conforme dito anteriormente, os vazios são irregulares, e a altura de
ascensão capilar não é constante. Dessa forma, apenas uma pequena altura acima
do nível d’água fica saturada pela capilaridade. Acima dessa altura, os vazios são
parcialmente preenchidos pela água, razão pela qual o solo fica apenas
33
parcialmente saturado (úmido). A figura 2.11(c) indica um diagrama com a variação
do preenchimento dos vazios do solo conforme a espessura da camada.
Seco
Saturado por Capilaridade
N.A.
a)
Saturado por Capilaridade
b)
N.A.
Seco
Úmido
Vv
c)
Ar
Água
Figura 2.11 – Desenho esquemático da ascensão capilar
Conforme apresentado na figura 2.11, os solos nunca são encontrados totalmente
secos em estado natural e sempre apresentam uma quantidade de água retida nos
vazios, denominada umidade de equilíbrio, como indicam Medina e Motta (2005).
Isso ocorre porque parte da água de chuva que se infiltra na estrutura de pavimento
fica retida como parte do material. Dessa forma, solos como areias finas e siltes
podem apresentar um elevado grau de saturão, mesmo distantes do nível d'água.
Também, quando ocorre o rebaixamento do lençol freático em uma massa de solo,
certa quantidade de água fica retida nos vazios formando meniscos, ficando retida
na camada.
De acordo com Moulton (1980), a água proveniente da ascensão capilar não pode
ser drenada pela ação da gravidade. Para o controle do movimento, o autor
recomenda a implantação de uma camada drenante para interceptar o fluxo ou uma
camada de bloqueio.
34
2.1.3 O movimento da água nos solos
Em materiais granulares, o fluxo d’água deve-se, principalmente, à ação da
gravidade. Em materiais argilosos (finos), o movimento da água ocorre devido à
capilaridade. Na ausência dos efeitos de gravidade e capilaridade, a água se
movimentará em forma de vapor, devido às diferenças de pressão.
O movimento da água devido a força gravitacional obedece a Lei de Darcy para
fluxo saturado:
AikQ = (2.1)
Onde:
Q = vazão
k = coeficiente de permeabilidade
i = gradiente hidráulico
A = área da seção transversal normal a direção do fluxo
A lei de Darcy pode ser empregada em conjunto com a equação da continuidade
para constituir a equação diferencial que governa o fluxo d’água subterrâneo.
Cedergren (1974) sugere o desenho das redes de fluxo para resolver o problema de
forma simplificada. A aplicação direta da lei de Darcy é usual para determinação da
vazão de percolação em meios porosos em projetos de drenagem subterrânea.
No interior do pavimento a água move-se em forma de vapor da região mais quente
para a mais fria. O vapor se condensa sob o pavimento à noite quando o pavimento
se torna frio. Em regiões de clima temperado, ocorre uma migração da umidade em
forma de vapor no interior da estrutura, para cima e para baixo, de maneira mais
acentuada dependendo da estação do ano. Essa movimentação da água em forma
de vapor é uma das responsáveis pela elevada umidade verificada em bases
granulares.
35
2.2 Efeitos do problema da água livre nos pavimentos
Cedergren (1974) apresenta que as pressões geradas no interior da estrutura de
pavimento geradas pela ação das cargas do tráfego induzem grandes pressões
hidrostáticas, resultando em movimentação das partículas de solo na interface das
camadas. Estudos realizados pelo autor no estado da Geórgia mostraram que as
partículas de solo do subleito e sub-base são carreadas pela água para a interface
entre as camadas e para as juntas e trincas pela ação das cargas do tráfego,
proporcionando o surgimento de vazios na seção do pavimento.
Segundo a FHWA (Moulton, 1980), a saturação da estrutura do pavimento, causada
pela elevação do lençol freático ou pela infiltração pelas bordas ou superfície,
prejudica a sua capacidade de suportar as solicitações dinâmicas do tráfego.
Em pavimentos asfálticos, os danos surgem com a elevação das poro-pressões que
acarretam na perda de suporte das camadas não estabilizadas (base, sub-base e
subleito) e no trincamento do revestimento. Na seqüência, as poro-pressões
provocam o bombeamento de finos através das trincas formadas na superfície do
pavimento, conforme indica a Figura 2.12 a seguir.
Figura 2.12 – Ação da água livre em pavimentos asfálticos
Em pavimentos com revestimento de concreto de cimento portland ocorre ação
similar, com o bombeamento de finos através das juntas, trincas ou bordas das
placas. Para pavimentos de CCP sem barras de transferência de carga, o
empenamento das placas provocado pelos gradientes térmicos faz que a placa fique
36
em contato com a sub-base apenas na região central, permitindo a formação de
espaços livres nas bordas transversais das placas. A água livre pode ficar
armazenada nesses espaços. Quando isso ocorre, a passagem do tráfego sobre a
placa induz a movimentação da água com uma pressão elevada na direção da placa
seguinte. Quando a roda ultrapassa a junta, a primeira placa retorna à posição
original e a borda da próxima placa desloca-se para baixo provocando o
bombeamento de finos através da junta e a conseqüente erosão da sub-base,
conforme apresentado na figura 2.13.
Figura 2.13 – Efeito do Bombeamento em Pavimentos de CCP
Pelas figuras, fica evidenciado que aos sinais de exsudação de água e
bombeamento tornarem-se visíveis, a estrutura de pavimento não tem mais
condições de suporte adequado ao tráfego.
Em função da magnitude dos danos causados às estruturas dos pavimentos
atribuídos à falhas no sistema de drenagem, foram realizadas inúmeras pesquisas
sobre os mecanismos de deterioração dos pavimentos relacionados à drenagem.
Com base em algumas dessas pesquisas, pode-se afirmar que os principais
mecanismos de danos ao pavimento relacionados à deficiência da drenagem
subsuperficial são:
37
a oxidação do ligante asfáltico;
o empenamento das placas de CCP;
as poro pressões, e
a perda de suporte das camadas.
O desempenho e a conseqüente deterioração do ligante asfáltico estão relacionados
não só aos teores de umidade que o revestimento ou base estabilizada estão
sujeitos, mas também à dosagem da camada e ao comportamento físico-químico do
material. Em vista disso, este mecanismo de dano não será abordado neste
trabalho.
2.2.1 Empenamento
Embora o empenamento das placas de concreto de cimento portland dependa não
só da umidade como também de aspectos relacionados à concepção do pavimento
(presença de barras de transferência de carga, base aderida ou isolada e
comprimento da placa), à dosagem do concreto e também da variação de
temperatura ambiental que o pavimento está sujeito, cabem relacionar alguns
aspectos relacionados a influência da umidade no pavimento de concreto de cimento
portland.
Conforme Janssen (1987), o CCP contrai-se quando perde umidade. Se o
movimento da placa for impedido, então surgirão tensões de tração no concreto.
Caso ocorra variação de umidade entre as faces inferior e superior da placa, pode
ocorrer o empenamento da mesma, através do surgimento de tensões de tração em
uma face e de compressão na outra.
No mesmo trabalho, o autor indica que as placas têm a tendência de retrair a face
superior, provocando o levantamento das bordas. Surgem então tensões de
compressão na face inferior e de tração na face superior. Em pavimentos com
barras de transferência, o fenômeno é restringido, porém em pavimentos
38
desprovidos de barras as bordas das placas podem perder o contato com a base,
podendo gerar trincas de canto ou o efeito de placa “bailarina”.
As figuras 2.14 e 2.15, reproduzidas do referido trabalho, apresentam uma
estimativa da variação do grau de saturação de uma placa com espessura igual a 20
cm em função da profundidade e a conseqüente distribuição de tensões normais ao
longo da espessura em função da variação da umidade.
Figura 2.14 – Variação de umidade no interior da placa de CCP.
Figura 2.15 – Variação das tensões para a variação apresentado na figura 2.14.
39
Dessa forma, não surgirão esforços de tração e compressão na placa de CCP caso
a mesma esteja saturada ou não ocorram gradientes de umidade no interior da
placa.
2.2.2 Poro-pressões
As pressões da água que podem surgir sob o impacto das rodas e causam erosão e
ejeção de material são denominadas poro-pressões.
Conforme Cedergren (1974), além da erosão e bombeamento, as poro-pressões
podem provocar o desprendimento de capas asfálticas de bases e sub-bases
estabilizadas com betume. As poro-pressões podem causar também a
desintegração de bases estabilizadas com cimento, o enfraquecimento de bases
granulares, a sobrecarga de subleitos, entre outros prejuízos.
As pressões de bombeamento que surgem no interior do pavimento quando
solicitado pelo tráfego constituem-se no principal mecanismo causador de danos às
estruturas, conforme Fwa (1987).
Quando a água livre preenche completamente as camadas da infra-estrutura (base,
sub-base, reforço do subleito e o subleito) e também os vazios e os espaços ou
aberturas nos limites entre as camadas, a aplicação das cargas de roda produz
impactos comparados a uma ação do tipo golpe de aríete, que consiste na variação
da pressão que ocorre em um determinado conduto como conseqüência da
mudança de velocidade do escoamento.
Pela Hidráulica (Baptista e Lara, 2002), o golpe de aríete é considerado um caso
particular dos fenômenos transitórios, aplicado a condutos fechados. A fase de
adaptação às novas condições de escoamento é acompanhada de ondas de
pressão que percorrem os vazios a elevadas velocidades, que vão atenuando-se até
o estabelecimento do novo regime de escoamento.
40
Em função do movimento da água livre no interior da estrutura do pavimento, o
estudo das pressões hidráulicas deve considerar também o princípio de Pascal.
Quando há uma pressão aplicada a um fluido, esta será integralmente transmitida
por todos os pontos deste fluido, ou seja, todas as camadas sob efeito da saturação
sofrerão os efeitos das poro-pressões ou pressões pulsantes, considerando aí as
perdas de carga hidráulica provocadas pela permeabilidade das camadas.
Com base nesses dois conceitos, pode-se afirmar que o bombeamento de finos tem
origem nas tensões hidráulicas geradas pelo impedimento do deslocamento da água
livre no interior do pavimento. Ao ser aplicada a carga oriunda do tráfego, a água
tende a se movimentar em elevada velocidade pelos vazios comunicantes. Porém, o
seu movimento é reduzido em função da baixa permeabilidade dos materiais
integrantes da estrutura, gerando as tensões internas.
2.2.3 Perda de Suporte
A perda da capacidade de suporte ocorre basicamente em função da expansão das
partículas e da redução do atrito interno do material, causando a diminuição da
resistência ao cisalhamento.
O fenômeno de expansão é característico de materiais com granulometria fina, ou
seja, de siltes e argilas.
Conforme Vargas (1978), o aumento de volume dos solos e a sua conseqüente
expansão dá-se primeiramente por sucção de água para dentro dos poros do solo e
depois por adsorção para o interior da estrutura cristalina dos grãos. O afastamento
dos grãos provocado pela sucção acarreta na desestruturação interna da camada.
Nos casos em que são atingidos teores de umidade elevados no interior da camada
tem origem o processo de bombeamento quando ocorre a solicitação pelo tráfego.
Ocorrendo ou não o bombeamento, após a expansão e a posterior redução do teor
de umidade a teores próximos ao da umidade ótima, os vazios gerados pela
41
expansão (antes ocupados pela água) são ocupados por ar, tornando o solo poroso
e reduzindo a capacidade de suporte e o módulo de resiliência.
A perda de suporte também ocorre em função da diminuição no atrito interno dos
materiais. Isto pode ocorrer em camadas não estabilizadas onde o aumento do teor
de umidade provoca o aumento da lubrificação no contato das partículas. Este efeito
pode ser verificado através da análise da curva de compactação de um solo
qualquer.
Ao aumentar o teor de umidade no ramo seco da curva, verifica-se um aumento da
densidade até atingir um valor máximo, para o qual se obtém o teor de umidade
ótima. Ao prosseguir a compactação com teores de umidade superiores à ótima,
verifica-se uma queda na densidade do material. O aumento do teor de umidade
provoca uma lubrificação excessiva nos contatos entre os grãos, proporcionando a
ocorrência de elevadas deformações plásticas e impedindo uma melhor
compactação do solo, refletindo em uma densidade inferior à máxima.
O fenômeno da lubrificação dos grãos e redução do atrito interno ocorre tanto para
os solos das camadas de subleito e reforço do subleito como também para os
materiais granulares utilizados em camadas de sub-base e base.
O aumento do teor de umidade proporciona uma redução na resistência ao
cisalhamento que implica na redução da capacidade de suporte e do módulo de
resiliência da camada, resultando em deformações plásticas excessivas.
A variação do teor de umidade na estrutura é particularmente importante em regiões
cujas estruturas de pavimento ficam susceptíveis ao congelamento. Conforme Janoo
e Sheperd (2000), em Montana, estado localizado no nordeste dos Estados Unidos,
no início da primavera são impostas limitações das cargas transportadas por
veículos comerciais visando a redução na severidade dos danos causados ao
pavimento. O período é aquele quando ocorre o descongelamento e são gerados
elevados teores de umidade na estrutura do pavimento.
Com o objetivo de considerar o efeito da variação sazonal de temperatura e os
efeitos de gelo-degelo no subleito, a AASHTO introduziu o conceito de perda de
suporte através do conceito de Módulo Efetivo do Subleito, em substituição ao Índice
de Suporte Califórnia (CBR) a partir da versão de 1986 do guia de
dimensionamento.
42
O cálculo do Módulo Efetivo do Subleito consiste na determinação de um dano
médio associado às passagens de carga nas diferentes estações do ano e, a partir
deste, na determinação do módulo de resiliência do solo. O procedimento é válido
tanto para pavimentos rígidos quanto para pavimentos asfálticos, sendo que para o
primeiro é determinado o módulo de reação do subleito e para o segundo, o módulo
resiliente do subleito.
Para a determinação do módulo de reação do subleito, o ano é subdividido em
períodos com duração inferior a 15 dias e é determinado o módulo de resiliência do
subleito para cada um destes.
Assumindo a validade da lei de Miner para o cálculo do dano acumulado e
considerando a equação de desempenho proposta pelo método de
dimensionamento da AASHTO, o dano relativo é estimado pela equação 2.2,
apresentada a seguir.
b
i
c
i
k
E
Du
=
25,0
75,0
42,18
(2.2)
Onde:
u
i
= Dano relativo unitário
D = Espessura da placa de CCP
Ec = Módulo elástico do CCP
k
i
= Módulo de reação do subleito
b = 4,22 – 0,32 x p
t
p
t
= Serventia final
O módulo de reação efetivo do subleito pode ser considerado aquele cujo dano
relacionado é a média dos danos relativos determinados para cada estação do ano.
()
4
/1
75,0
42,18
=
b
eff
uD
Ec
k (2.3)
43
Através de análise de sensibilidade dos parâmetros envolvidos para a determinação
do dano relativo, verificou-se que a espessura da placa (D) exerce, dentre todas as
variáveis, a maior influência sobre o dano relativo, seguida pelo módulo de reação
do subleito (k). O módulo de elasticidade do CCP (Ec) e o índice de serventia final
(p
t
) apresentam pouca influência nos resultados. Considerando estes dois
parâmetros como valores fixos, iguais a 35.000 MPa e 2,5, respectivamente, obtém-
se a equação 2.4 para a determinação do dano relativo em função do módulo de
reação do subleito.
[]
42,3
25,075,0
39,0
ii
kDu ×= (2.4)
A partir dessa equação foi desenvolvida a figura 2.16, reproduzida do método de
dimensionamento da AASHTO (1986), que relaciona a determinação do dano
relativo em função da espessura da placa de CCP e do módulo de reação do
subleito.
Figura 2.16 – Dano relativo em função da espessura da placa e do módulo de reação do subleito
44
Para os pavimentos asfálticos, foi adotado procedimento semelhante para a
determinação do módulo de resiliência efetivo do subleito. Com base na equação de
desempenho do método e da aplicação da Lei de Miner para o acúmulo dos danos,
tem-se a relação entre o Módulo de Resiliência do Subleito e o dano unitário:
32,2
8
1018,1
××=
ii
MRu
(2.5)
Onde:
u
i
= Dano relativo unitário.
MR
i
= Módulo resiliente do subleito.
Assim como o módulo de reação, o módulo de resiliência efetivo do subleito pode
ser considerado aquele cujo dano relacionado é a média dos danos relativos
determinados para cada estação do ano. A equação que relaciona o módulo efetivo
é apresentada a seguir.
()
431,0
3005
×= uM
R
(2.6)
O estudo de Janoo e Sheperd (2000), citado anteriormente, buscou analisar a
variação sazonal do módulo de resiliência do subleito, relacionando-a as variações
do teor de umidade e da temperatura para trechos de rodovias localizados em
Montana, que sofriam ação de congelamento.
Os autores determinaram a variação do teor de umidade ao longo do ano
(considerando apenas a água não congelada) e os valores de módulo de resiliência,
para verificar a variação sazonal dos dois parâmetros. As figuras 2.17 e 2.18 a
seguir, reproduzidas do artigo analisado, apresentam os resultados obtidos.
Figura 2.17 – Variação do teor de água não congelada no pavimento
45
Figura 2.18 – Variação do módulo de resiliência do subleito teor de água não congelada (segmento
localizado em Dikey Lake, Montana)
Relacionado ao conceito de Módulo Efetivo do Subleito, a AASHTO introduziu
também o conceito de Perda de Suporte para o dimensionamento de pavimentos
rígidos. O parâmetro tem como objetivo considerar o efeito da sub-base sob as
placas de concreto de cimento portland e as implicações da ocorrência de
bombeamento e erosão nas juntas no desempenho do pavimento.
Teoricamente, a Perda de Suporte é função da precipitação, do volume de água que
infiltra no pavimento, da erosão, das declividades longitudinal e transversal da pista,
posição e condição de selagem das juntas, tipo de material da base e subleito e da
magnitude do tráfego.
O parâmetro consiste em um fator multiplicador no módulo de reação da fundação e
considera quando a placa é apoiada diretamente sobre o subleito ou sobre uma
base/sub-base.
O desenvolvimento do parâmetro foi realizado a partir da definição prévia de quatro
condições de suporte, que simulavam as áreas das placas afetadas por erosão e
bombeamento. Foram determinadas as tensões e deformações das placas para
cada condição. Com base nos resultados, determinaram-se quais os valores de
Módulo de Reação Efetivo ocasionavam tensões e deformações semelhantes.
A figura 2.19 apresenta os valores de módulo efetivo para diferentes fatores de
perda de suporte em função dos valores de módulo iniciais, conforme apresentado
no manual de dimensionamento da AASHTO (1986).
46
Figura 2.19 – Redução estimada do módulo de reação do subleito em função da perda de suporte
O guia de dimensionamento da AASHTO apresenta também uma tabela,
reproduzida na seqüência, na qual são relacionados os coeficientes de perda de
suporte aos materiais com suscetibilidades distintas ao bombeamento e erosão que
são comumente utilizados para a construção de bases, sub-bases e subleitos de
pavimentos de concreto de cimento portland.
Tabela 2.1 – Coeficiente de perda de suporte
Materiais
Coeficiente de
Perda de Suporte
Base granular tratada com cimento
(E = 7.000 a 14.000 MPa)
0,0 a 1,0
Misturas de cimento e agregados
(E = 3.500 a 7.000 MPa)
0,0 a 1,0
Bases tratadas com cimentos asfálticos
(E = 2.500 a 7.000 MPa)
0,0 a 1,0
Bases estabilizadas com betumes
(E = 300 a 2.000 MPa)
0,0 a 1,0
Bases estabilizadas com cal
(E = 150 a 500 MPa)
1,0 a 3,0
Material granular
(E = 100 a 3.000 MPa)
1,0 a 3,0
Material de granulação fina ou subleito natural
(E = 20 a 280 MPa)
2,0 a 3,0
47
2.3 Principais defeitos relacionados à umidade excessiva
A infiltração superficial, o nível do lençol freático, a ascensão capilar e o excesso de
percolação de água são fatores fundamentais que contribuem para o
desenvolvimento de defeitos nos pavimentos relacionados a presença de teores
elevados de umidade na estrutura.
O bombeamento de finos das camadas inferiores e o trincamento do revestimento
são as principais evidências sobre a presença de umidade excessiva na estrutura do
pavimento.
Os defeitos de pavimentos flexíveis relacionados com a umidade caracterizam-se
pela elevada deflexão (baixo raio de curvatura), trincamento por fadiga, redução da
capacidade de suporte e desagregação. A tabela 2.3 apresenta a seguir uma lista
com os principais defeitos em pavimentos asfálticos e as prováveis causas
relacionadas (umidade, clima, tráfego, material).
O pavimento rígido de concreto de cimento portland também é susceptível ao efeito
da água. Os principais defeitos relacionados a presença de umidade são a
instabilidade do subleito, o bombeamento de finos e conseqüente perda de suporte,
além do trincamento em formato conhecido como D-Cracking (trinca de canto). A
tabela 2.4 apresenta a seguir uma lista com os principais defeitos em pavimentos
rígidos relacionados a umidade.
Para a compreensão de ambas as tabelas, cabe enfatizar que a gênese e a
progressão dos defeitos relacionados estão diretamente relacionadas à umidade,
mas que as outras causas (clima, material e tráfego) não devem ser
desconsideradas.
Podem ser listados os três principais fatores preponderantes na aceleração
dos
defeitos relacionados à umidade:
48
Infiltração: nos Estados Unidos foi conduzida uma extensa pesquisa (Wyatt &
Macari, 2000), na qual se verificou intensidade pluviométrica elevada nas regiões
estudadas, o que implicava em um volume significativo de água infiltrando
através das trincas e juntas. Considerando os materiais de base e subleito com
baixa permeabilidade nas rodovias analisadas, a água retida no interior da
estrutura do pavimento acelera a deterioração do pavimento.
Tráfego: a associação do tráfego elevado com cargas pesadas a movimentação
da água no interior da estrutura do pavimento acelera a degradação do
pavimento, conforme apresentado anteriormente através das figuras 2.12 e 2.13.
Estrutura do Pavimento: a compatibilidade e a transmissividade hidráulica dos
materiais constituintes do pavimento (permeabilidade) podem contribuir para o
acúmulo de água no interior da estrutura, acelerando a deterioração.
Wyatt e Macari (2000) avaliaram o desempenho de pavimentos em função de
sistemas de drenagem subsuperficial em estruturas de pavimentos asfálticos e
rígidos. O trabalho realizado reuniu informações constantes de bancos de dados de
órgãos de transporte norte-americanos sobre um grande número de seções-tipo,
conforme indica a tabela 2.2. Foram coletados dados acerca da presença/ausência
de drenos longitudinais, camadas drenantes e defeitos encontrados na pista.
Tabela 2.2 – Bancos de Dados e segmentos rodoviários analisados
Banco de Dados Pavimento em CA Pavimento em CCP
NCHRP 56 33
LTPP 49 89
RIPPER - 272
Em pavimentos asfálticos, os autores verificaram que a utilização de drenos de
borda em conjunto com bases granulares densas tem pouca influência sobre o
desenvolvimento de trilhas de roda. Para pavimentos rígidos com barras de
transferência, a eficiência do sistema de drenagem também tem pouca influência
sobre o surgimento de defeitos superficiais. A utilização de bases granulares densas
minimiza a presença dos drenos, sendo notada pouca ou nenhuma diferença no
desempenho de pavimentos com drenos ou sem drenos.
49
A pesquisa demonstra que a presença de um sistema de drenagem subsuperficial
não é suficiente para que o pavimento atue como uma estrutura drenante. É
necessário que haja uma adequação em nível de projeto, compatibilizando o sistema
proposto com os materiais utilizados, com as práticas construtivas adotadas e
também com os procedimentos de manutenção a serem adotados quando a
estrutura estiver em utilização.
Outro estudo que merece destaque na avaliação de defeitos de pavimentos
relacionados à drenagem subsuperficial é o realizado por Hudson e Flanagan
(1987).
Foram avaliadas 14 seções de pavimentos submetidas a solicitações de tráfego e
climáticas distintas. A principal característica do estudo é que para cada seção
aberta ao tráfego havia outra, semelhante, submetida apenas às variações
climáticas.
Como conclusão, os autores afirmam que as solicitações do tráfego exercem uma
influência muito superior no desempenho do que as condições climáticas locais. As
ações das intempéries, isoladamente, não causam grandes danos às condições de
superfícies dos pavimentos, porém, provocam o enfraquecimento da estrutura,
potencializando a deterioração causada pelas solicitações do tráfego.
50
Tabela 2.3 – Defeitos em pavimentos asfálticos
Asfalto Base Sub-base
Não Não Agregado Não Sim Não Não
Não
Acentua-se a altas
temperaturas
Betume Não Sim Não Não
Não Não Agregado Ligeiramente Sim Não Não
Não Umidade Betume Não Sim Não Não
Excesso Congelamento Umidade Sim Não Sim Sim
Ligeiramente
Rel. entre clima e
sucção
Mistura instável Sim Sim Sim Sim
Não
Acentua-se a altas
temperaturas
Mistura instável
Perda de ligante
Sim Sim Não Não
Excesso em grandes
camadas
Sucção e Materiais
Propriedades de
compactação
Sim Sim Sim Sim
Excesso Sucção e Materiais
Expansão da argila
suscetível ao
con
g
elamento
Não o inicialmente Não Sim
Excesso Sucção e Materiais Assentamento Sim Não Não Sim
Excesso Congelamento Umidade Sim Não Sim Sim
Longitudinal
Sim
Perda de resistência
com o degelo
Propriedades
térmicas
Sim Falha de construção Sim Sim
Jacaré
Sim - Drenagem Não
Possível problema de
mistura
Sim Sim, mistura Sim Sim
Transversal
Sim
Baixa temperatura
gelo - degelo
Propriedades
térmicas
Não
Sim, susceptível a
temperatura
Sim Sim
Retração
Sim
Sucção
Perda de Umidade
Sensível a umidade Não Sim, fortemente Sim Sim
Parabólico
Sim Não Perda de ligante Sim Sim, no ligante Não Não
Problema rel. ao
Material
Carregamento
Associado
Início do Defeito Estrutural
Problema rel. a
Umidade
Problema
Climático
Manifestação
Abrasão
Exsudação
Desintegração
Intemperismo
Inchamento
Corrugação
Escorregamento
Trincamento
Afundamento de Trilha de
Roda
Ondulação
Depressão
Panelas
Fonte: FHWA (1998)
51
Tabela 2.4 – Defeitos em pavimentos rígidos
Placa Sub-base Subleito
Possivelmente Não Possivelmente Não Sim Não Não
Sim Sim
Deformação seguida
de fissuração
Sim Não Sim Sim
Sim
Ciclos de
gelo-degelo
Influência química Não
Sim, no
acabamento
Não Não
Sim Umidade - sucção
Deformação de
assentamento
Sim Não Sim Sim
Produz dano depois Possivelmente
Finos apropriados
Limpeza das juntas
Não Junta Não Não
Possivelmente
Umidade e
Temperatura
Não Não Sim Não Não
o Temperatura
Propriedades
térmicas
Não Sim Não Não
Sim Umidade
Presença de finos na
base sensíveis a
umidade
Sim Não Sim Sim
Fissuração
Sim Não Rico em argamassa Não
Sim, superfície
fraca
Não Não
Canto
Sim Sim
Devido ao
bombeamento
Sim Não Sim Sim
Diagonal
Transversal
Lon
g
itudinal
Sim Possivelmente
Ocorre com o
aumento da umidade
Sim Não Sim Sim
D-Cracking
Sim
Ciclos de
gelo-degelo
Agregado Não Sim Não Não
Manifestação
Problema rel. ao
Material
Carregamento
Associado
Início do defeito estrutural
Problema rel. a
Umidade
Problema
Climático
Trincamento
Esborcinamento
Puncionamento
Quebras localizadas
Escamação
Degrau
Junta
Empenamento
Levantamento
Alçamento
Bombeamento
Fonte: FHWA (1998)
52
3 CONCEPÇÕES DE PROJETO DE DRENAGEM
SUBSUPERFICIAL
O objetivo principal da pavimentação deve ser projetar e construir uma estrutura
robusta o suficiente para suportar as cargas de tráfego para proporcionar um nível
de conforto ao rolamento aceitável ao longo do período de projeto. Uma forma de
auxiliar o alcance deste objetivo é manter a base, sub-base, subleito e outras
camadas livres de saturação, ou pouco expostas a níveis elevados de umidade.
Abaixo estão relacionadas três abordagens para considerar o controle ou redução
de problemas causados pela umidade.
Selar apropriadamente o pavimento e não permitir a infiltração da água nas
camadas constituintes
Utilizar materiais pouco suscetíveis a umidade, que não contribuam para o
surgimento de defeitos relacionados a umidade.
Providenciar drenagem adequada para efetivamente retirar a umidade antes que
o processo de degradação se inicie.
O projeto do sistema de drenagem subsuperficial do pavimento consiste na
determinação do balanceamento entre permeabilidade e estabilidade da estrutura do
pavimento e na coleta e remoção rápida da água que infiltra no pavimento. Algumas
características importantes são a escolha do material de base, a indicação de uma
camada de filtro para evitar a inflitração de água do subleito para a base e um
sistema de coleta, como indica a figura 3.1.
53
Figura 3.1 – Esquema do sistema de drenagem subsuperficial
Os principais componentes dos sistemas de drenagem subsuperficial estão descritos
a seguir.
Camada drenante – é uma camada de material granular, colocada logo abaixo do
revestimento, seja ele asfáltico ou de concreto de cimento portland. Com
granulometria apropriada, tem a finalidade de drenar as águas infiltradas para
fora da pista de rolamento.
Drenos rasos longitudinais – são drenos que recebem as águas coletadas pela
camada drenante. São aliviados pelos drenos laterais e transversais que
recebem as águas por ele transportadas, quando atingida sua capacidade de
vazão, conduzindo-as para fora da faixa estradal.
Drenos laterais de base – são drenos que tem a função de recolher as águas que
se infiltram na camada de base, sendo usualmente utilizados nas situações em
que o material da base dos acostamentos apresenta baixa permeabilidade,
encaminhando-as para fora da plataforma.
Drenos transversais – são aqueles posicionados transversalmente à pista de
rolamento em toda a largura da plataforma, sendo, usualmente, indicados nos
pontos baixos das curvas côncavas ou em outros locais onde se necessitar
drenar as bases permeáveis.
Para que a estrutura do pavimento apresente características efetivas de boa
drenagem subsuperficial, é necessário que haja o correto dimensionamento
hidráulico deste sistema.
54
A vazão prevista, decorrente da infiltração através do revestimento, deverá percolar
através da camada drenante, de forma que não seja atingida a saturação da mesma,
e ser coletada pelos dispositivos adequados (drenos longitudinais de borda ou
transversais). Para que isto ocorra, é necessário o controle das características
geométricas e geotécnicas de cada camada, garantindo-se o escoamento através do
conceito da hidráulica dos meios porosos.
3.1 Componentes do Sistema
3.1.1 Camadas drenantes
A função principal de uma base permeável é a remoção de água. A localização da
mesma na estrutura do pavimento é função do tipo de revestimento, asfáltico ou
concreto de cimento portland, e pode ser estabilizada ou não.
A colocação da camada drenante logo abaixo do revestimento asfáltico ou da placa
de CCP é preferível, porque a água pode ser drenada mais rapidamente. No
entanto, esta técnica pode ter desvantagens pela deficiência de finos na camada
drenante, que poderá causar problemas de estabilidade. Caso a camada drenante
seja colocada sobre o subleito, as permeabilidades da base e sub-base devem ser
maiores que o índice de infiltração, para que a água possa alcançar a camada
drenante.
As figuras 3.2 e 3.3, reproduzidas de Pereira (2003), apresentam sugestões de
posicionamento da camada drenante para seção-tipo de pavimento rodoviário e
urbano.
55
CAMADA DRENANTE
SUB-BASE
BASE
TUBO COLETOR
MATERIAL DRENANTE
SA
Í
DA
D'
Á
GUA
PISTA DE ROLAMENTO
A
COSTAMENTO
A
RREDONDAMENTO
ASFALTO OU CONCRETO
DE CIMENTO PORTLAND
Figura 3.2 – Posicionamento recomendado para a camada drenante em pavimentos rurais
CAMADA DRENANTE
SUB-BASE
TUBO COLETOR
MATERIAL DRENANTE
SAÍDA
D'ÁGUA
ASFALTO OU CONCRETO
DE CIMENTO PORTLAND
PISTA DE ROLAMENTO SARJETA
G
UIA
PASSEIO
Figura 3.3 – Posicionamento recomendado para a camada drenante em pavimentos urbanos
A camada drenante de graduação aberta raramente poderá ter espessuras elevadas
por questões de estabilidade. Assim sendo, é comum a utilização de sub-base de
graduação densa subjacente, exigindo outra camada separadora de filtro, para
prevenir a migração de finos do subleito para os vazios da brita de graduação aberta
ou proporcionar aumento de suporte estrutural.
Caso se queira eliminar a camada intermediária de filtro, é altamente recomendável
que seja empregada uma manta geotêxtil em sua substituição para desenvolver as
mesmas funções de separação e de bloqueio.
Devido aos problemas de custo e das dificuldades construtivas da camada drenante
aberta, em alguns projetos tem sido prevista a colocação de camadas granulares de
graduação densa com diâmetro efetivo elevado para desempenhar as funções
simultâneas de drenagem e de estabilidade.
56
Infelizmente, isso cria apenas a falsa sensação de segurança, uma vez que a base
de graduação densa, além de não drenar a contento, apresentará perda de suporte
ao longo do tempo pela saturação da camada.
Em síntese, não há unanimidade quanto a opção de se utilizar camada altamente
drenante de graduação aberta e elevado volume de vazios, que apresenta
estabilidade estrutural duvidosa ou empregar camada de graduação densa, estável,
mas com baixo índice de transmissividade, que proporciona perda de suporte ao
longo do tempo à medida que ocorre acréscimo de saturação da camada.
A metodologia proposta por Cedergren (1974) descreve como deve escoar, através
da camada drenante, o fluxo que penetra através de uma superfície do pavimento
com um metro de largura e comprimento igual a máxima distância percorrida sob o
mesmo por uma partícula de água.
A lei de Darcy deve ser verificada, de forma que os fluxos provenientes da infiltração
sejam inferiores ao fluxo máximo admissível, conhecidas as características
geométricas da pista e o coeficiente de permeabilidade do material drenante.
O tempo para que toda a água infiltrada seja drenada do pavimento deverá ser
inferior a 1 (uma) hora, após cessada a precipitação, e esta condição deverá ser
verificada através da relação entre a máxima distância percorrida pelas partículas de
água na camada drenante, na direção do escoamento, e a velocidade de
percolação, isto é, a velocidade real média de escoamento através dos vazios da
camada.
Na seqüência, são discutidos aspectos referentes às características físicas das
camadas drenantes: a permeabilidade e o critério de filtro.
3.1.1.1 Permeabilidade
Permeabilidade é a propriedade dos materiais de pavimentação e solos que indica a
maior ou menor facilidade q
ue os mesmos oferecem à passagem da água através
57
de seus vazios. Tal grandeza é numericamente expressa pelo coeficiente de
permeabilidade ou coeficiente de transmissividade hidráulica (k), “cujo conhecimento
é importante para os problemas de movimento da água em meios porosos e, em
particular, para o dimensionamento hidráulico dos dispositivos de drenagem
subsuperficial de pavimentos”.
Quanto menor o coeficiente de permeabilidade do material, menor o fluxo de água
que escoa pelos vazios. Não existem materiais completamente impermeáveis em
pavimentação, mas são considerados como tal aqueles cujo coeficiente é da ordem
de 10
-8
cm/s.
A determinação experimental do coeficiente de permeabilidade foi obtida em 1856
por Henry Darcy, que observou que a vazão Q em uma determinada amostra de
solo era proporcional ao produto da área da seção A pelo gradiente hidráulico i, que
representa a relação ΔH/L, sendo que a constante de proporcionalidade é dada em
função das características do material. A referida constante é o Coeficiente de
Permeabilidade.
AikQA
L
H
kQ =
Δ
= (3.1)
A equação 3.1 é conhecida como a Lei de Darcy, citada anteriormente, e já foi
amplamente estudada. A lei aplica-se exclusivamente a fluxos laminares, ou seja, a
baixas velocidades, como ocorre no fluxo da infiltração na estrutura do pavimento.
Para velocidades elevadas (fluxos turbulentos), a Lei de Darcy perde a validade.
O coeficiente k varia para os diferentes solos e ainda, para um mesmo tipo de solo,
sofre a influência da temperatura e do índice de vazios
e. A temperatura influencia
diretamente na viscosidade da água, que é tanto menor quanto maior a temperatura.
O índice de vazios é diretamente relacionado à porosidade
n do material (equação
3.2), e quanto maiores
e e n, maior a percolação pelo material.
e
e
n
+
=
1
(3.2)
Outros fatores que influenciam na permeabilidade do material são o arranjo
estrutural das partículas (estratificação), o tamanho dos grãos, a densidade da água
e o grau de saturação do solo.
58
A tabela 3.1 indica a ordem de grandeza do coeficiente de permeabilidade para
diferentes tipos de solo. Para efeito de comparação, no concreto de cimento portland
o coeficiente de permeabilidade é da ordem de 10
-12
cm/s.
A determinação do coeficiente de permeabilidade pode ser feita pelo meio de
fórmulas empíricas, relacionadas com a granulometria do material, por ensaios de
laboratório, através dos permeâmetros, e por ensaios de campo (infiltração e
bombeamento).
Tabela 3.1 – Coeficientes de Permeabilidade
Material
Coeficiente de Permeabilidade
(cm/s)
Argilas < 10
-7
Siltes 10
-4
a 10
-7
Areias argilosas 10
-5
Areias finas 10
-3
Areias médias 10
-2
Areias grossas 10
-1
Fonte: Pinto, C. S. (2000)
Entre as formulações empíricas para a determinação de k, pode-se apresentar a
equação de Hazen, para areias fofas e uniformes.
(
)
2
10
100 Dk =
(3.3)
Onde k é o coeficiente de permeabilidade, em cm/s, e D
10
é o diâmetro efetivo da
areia (diâmetro correspondente a 10% em peso total das partículas menores que
ele), em cm.
Tendo em vista a falta de ensaios de laboratório, a permeabilidade dos materiais
comumente utilizados como base de pavimentos pode ser estimada a partir da
equação 3.4, encontrada no Manual de Drenagem Subsuperficial e no manual do
programa “Drainage Requirements for Pavements” – DRIP, ambos da FHWA
(Moulton, 1980 e Mallela et al., 2002).
597,0
200
654,6
478,1
10
2
10158,2
P
nD
k
×
××=
(3.4)
59
onde:
k - permeabilidade, em cm/s
n - porosidade, dada pela equação
S
G
d
n
×
=
4,62
1
d - densidade do material
G
S
- peso específico dos grãos = 2,68
D
10
- diâmetro efetivo – 10% passando (mm)
P
200
- porcentagem de finos (material que passa na peneira 200)
Considerando as faixas granulométricas propostas pelo DNIT para bases
granulares, foram determinados os coeficientes de permeabilidade mínimos, médios
e máximos para cada faixa. Adotando-se os parâmetros físicos da curva média da
faixa granulométrica “C” da especificação do DNIT, obteve-se um coeficiente k igual
a 2,6 x 10
-4
cm/s. Os graus de transmissividade hidráulica correspondentes aos
limites inferior e superior da faixa granulométrica citada resultaram em coeficientes
de permeabilidade de 5,6 x 10
-5
cm/s e 1,9 x 10
-3
cm/s respectivamente.
Os valores relativamente baixos encontrados revelam que, de fato, as faixas
granulométricas utilizadas para construção da BGS que vêm sendo adotadas nas
camadas de bases de pavimentos são mais concebidas para a estabilidade
estrutural do que para a capacidade drenante.
A tabela 3.2 a seguir ilustra os resultados encontrados para a determinação do
coeficiente de permeabilidade para as faixas granulométricas indicadas para bases
granulares no Manual de Pavimentação do DNIT.
Para a camada drenante, devido às características do agregado de graduação bem
aberta, pode haver a necessidade de ligantes asfálticos ou hidráulicos para sua
estabilização e conseqüente facilidade de construção, o que provavelmente
ocasionará aumento de custo na pavimentação.
Cabe ressaltar que, em caso da utilização da equação 3.4 para estimativa da
permeabilidade da camada estabilizada, o resultado deve ser multiplicado por um
fator de redução, dado que a adição do ligante implica na redução dos vazios, e
consequentemente, na redução da permeabilidade do material puramente granular.
60
Para a determinação da permeabilidade mínima de uma camada drenante, a lei de
Darcy deve ser verificada, de forma que os fluxos provenientes da infiltração sejam
inferiores ao fluxo máximo admissível através da seção transversal. O escoamento
deve se dar através de uma seção retangular perpendicular à direção do fluxo, com
base de 1 metro e altura igual a espessura efetiva da camada, considerada igual a
espessura total menos 2,5 cm, prevenindo-se, assim, de alguma contaminação nas
superfícies inferior ou superior da camada.
Tabela 3.2 – Determinação da Permeabilidade – Faixas Granulométricas para Bases Granulares
Faixa A Faixa B Faixa C Faixa D
Peneiras
% em peso
passando
Média
% em peso
passando
Média
% em peso
passando
Média
% em peso
passando
Média
2'' 100 100 100 100 - - - -
1'' - 75-90 82,5 100 100 100 100
3/8'' 30-65 47,5 45-75 60 50-85 67,5 60-100 80
4 25-55 40 30-60 45 35-65 50 50-85 67,5
10 15-40 27,5 20-45 32,5 25-50 37,5 40-70 55
nº 40 8-20 14 15-30 22,5 15-30 22,5 25-45 35
200 2-8 5 5-15 10 5-15 10 10-25 17,5
k
máx
(cm/s) 2,03 x 10
-2
1,89 x 10
-3
1,89 x 10
-3
2,71 x 10
-4
k
med
(cm/s) 2,17 x 10
-3
2,71 x 10
-4
2,71 x 10
-4
3,09 x 10
-5
k
mín
(cm/s) 5,59 x 10
-4
5,63 x 10
-5
5,63 x 10
-5
7,75 x 10
-6
Conhecidas a infiltração de projeto (Ip) e as características da pista pode-se então
calcular a permeabilidade necessária a partir da expressão a seguir.
f
e
p
i
es
wI
Li
Q
k
×
××
=
×
×
=
100
100
(3.5)
Onde:
k é o coeficiente de permeabilidade, em cm/s;
Q
i
é a vazão que infiltra numa faixa de 1 m, em cm/s;
i é o gradiente hidráulico na trajetória do fluxo por metro linear;
61
L é o comprimento da trajetória percorrida pela água na camada drenante,
em m;
Ip é a infiltração de projeto, em cm/s;
w é a largura da plataforma, em m;
s é a declividade transversal da pista;
e
ef
é a espessura efetiva da camada drenante, em cm.
A expressão permite a determinação da permeabilidade necessária da camada
drenante para diferentes combinações de largura e de declividade da pista e da
espessura efetiva da camada drenante. De forma similar, é possível calcular a
espessura efetiva da camada drenante a partir da expressão 3.6.
sk
wI
e
p
ef
×
××
=
100
(3.6)
3.1.1.2 Determinação dos filtros
Caso a camada drenante seja posicionada sobre outra camada densa, é necessário
o posic
ionamento de uma camada de filtro, para evitar o carreamento de finos para o
interior da camada drenante, o que provocaria a sua colmatação.
Qualquer agregado utilizado para drenagem deve satisfazer os critérios de filtro
quanto ao entupimento e quanto à permeabilidade, para evitar a colmatação da
camada drenante pelos finos das demais camadas adjacentes.
Quanto ao entupimento, o material de filtro deve ser fino o suficiente para evitar que
outro, mais fino, seja carreado para o interior do material filtrante. A relação 3.7 deve
ser atendida na escolha dos materiais:
5
(solo)
(filtro)
85
15
D
D
(3.7)
62
Onde D
15
e D
85
são os tamanhos dos grãos correspondentes a 15 e 85% de material
passando nas peneiras.
Quanto à permeabilidade, o material de filtro deve ter granulometria aberta,
suficiente para permitir a percolação da água sem apresentar resistência
significativa. A relação entre os diâmetros dos materiais está expressa na seqüência.
5
(solo)
(filtro)
15
15
D
D
(3.8)
Para garantir que as curvas granulométricas do filtro e do material a ser protegido
fossem aproximadamente paralelas, o Corpo de Engenheiros do Exército Norte-
Americano – USACE (USACE apud Moulton, 1980) recomenda que seja atendida
também a relação 3.9 entre os diâmetros dos materiais.
25
(solo)
(filtro)
50
50
D
D
(3.9)
O USACE recomenda também que o material de filtro apresente coeficiente de
uniformidade, definido como a relação entre D
60
e D
10
, inferior a 25, para minimizar o
problema de segregação dos grãos.
Moulton (1980) recomenda que a quantidade de finos passando na peneira 200
deve ser inferior a 5%, ou que D
5
seja inferior a 0,074 mm, para evitar que os finos
do filtro sejam carreados para o interior da camada drenante.
A camada de filtro pode ser substituída por uma manta geotêxtil. Os geotêxteis têm
a função de reter o solo e permitir a passagem da água entre as camadas, sendo
que os critérios de filtro para os geotêxteis deverão contemplar a sua resistência ao
bombeamento, permeabilidade e entupimento.
63
3.1.2 Drenos Rasos Longitudinais
Uma discussão importante no projeto de drenagem subsuperficial é a necessidade
ou não de se prever drenos rasos longitudinais para remover a água livre que
normalmente se acumula na borda da pista de rolamento.
Quando não se prevê os drenos rasos, a camada drenante deve ser levada através
do acostamento até a borda do aterro ou às valetas laterais, nos casos de corte.
Entretanto, esta solução pode apresentar inconvenientes devido a problemas
construtivos ou falta de manutenção dos taludes, que tendem a obstruir as saídas
laterais e prejudicam o desempenho hidráulico da camada.
Ainda, em outras situações a camada drenante pode desempenhar função inversa,
permitindo a percolação de água das valas laterais para a estrutura interna do
pavimento.
Assim, dependendo da situação, o prolongamento da camada drenante pode
encarecer a obra em vista do acréscimo de material granular empregado,
justificando a utilização dos drenos longitudinais.
Historicamente, a utilização deste tipo de dreno teve início por volta de 1970 e tem
sido crescente a sua aplicação, visando o aumento dos desempenhos funcionais e
estruturais dos pavimentos rodoviários.
As primeiras aplicações de drenos longitudinais subsuperficiais de maneira
sistemática nos pavimentos de estradas paulistas ocorreram na Rodovia dos
Bandeirantes entre São Paulo – Campinas e na Rodovia Ayrton Senna, no trecho
compreendido entre São Paulo e Guararema.
Os drenos de bordo foram, no passado, empregados com ou sem camadas
drenantes. Hoje, prefere-se que os drenos estejam conectados às bases drenantes
de elevada transmissividade hidráulica.
O emprego de drenos longitudinais em conjunto com bases convencionais de
granulometria densa não estabilizadas não é recomendado, uma vez que a água
64
livre não poderá se movimentar efetivamente até os drenos, ou porque ocorrerá
perda de finos e conseqüente entupimento e colmatação dos drenos.
Mesmo com o emprego de drenos rasos longitudinais, pode ser necessária também
a instalação de drenos transversais em alguns pontos críticos, em especial quando a
declividade da seção é praticamente nula, visando aumentar a eficiência da camada
drenante.
No projeto do sistema de drenagem com drenos rasos deverão ser levados em
consideração os seguintes itens:
tipo de material do dreno
o cego - granulometria e permeabilidade
o tubular – material liso, corrugado ou perfurado
locação e profundidade dos drenos e respectivas saídas
declividade dos drenos e espaçamento das saídas (comprimento critico)
dimensionamento dos drenos
o cego - seção transversal
o tubular - diâmetro - bordo livre
condição de funcionamento
o cego - colmatação
o tubular - entupimento de furos
Quanto aos materiais:
Os drenos rasos longitudinais poderão ser constituídos de diferentes tipos de
materiais: essencialmente granulares (cego), tubulares e com geocompostos
drenantes.
Os drenos constituídos de material granular tipo brita ou areia apresentam
capacidade hidráulica função da seção e da declividade adotadas e do coeficiente
de permeabilidade do material selecionado, empregando-se a fórmula de Darcy para
escoamento em meios porosos.
65
A sua capacidade hidráulica é relativamente reduzida e, dependendo do volume a
ser drenado, o espaçamento das saídas d’ água deve ser bastante curto.
Os drenos tubulares apresentam, dependendo do diâmetro adotado da tubulação e
da declividade longitudinal, elevada capacidade hidráulica. Os tubos de PVC podem
ser lisos ou corrugados, perfurados, com diâmetro variável entre 5 e 10 cm e
dimensionados como conduto livre, utilizando a fórmula de Darcy associada à
equação da continuidade.
Os drenos constituídos de geocompostos são de utilização relativamente recente,
começando a estarem disponíveis no mercado vários modelos. Tais drenos
começaram a ser difundidos após sua utilização em projetos de restauração, em
vista de sua facilidade de instalação.
Independentemente do tipo de dreno cego ou tubular empregado, normalmente se
utilizam mantas geotêxteis envolvendo a vala drenante com a finalidade de servir de
filtro dos materiais mais finos, procurando evitar a sua colmatação. A permeabilidade
do geotêxtil deve ser de 4 a 10 vezes superior ao do material adjacente. Ressalta-se
que a manta não controla os movimentos e nem a erosão de finos nas camadas
adjacentes, apenas evita a entrada de finos no dreno.
Todo material granular de enchimento dos drenos cegos ou tubulares, além de
promover a drenagem, deve ser devidamente selecionado com agregados duráveis,
limpos, e compactados de tal forma a evitar recalques após a execução das
camadas sobrejacentes e atuação do tráfego.
Cuidados construtivos devem ser tomados durante o fechamento das valas para
evitar que restos de materiais da escavação não contaminem, e prejudiquem o
funcionamento das valas cujo principal objetivo e permitir a entrada e coleta d’ água
livre existente nas imediações do dreno.
Quanto ao posicionamento:
O posicionamento do dreno pode ser efetuado, principalmente, junto ao bordo
externo do acostamento ou logo abaixo das juntas entre a pista
principal/acostamento ou pista/guia-sarjeta (meio-fio).
66
A alternativa de posicionamento do dreno de pavimento com dreno posicionado no
bordo externo do acostamento ou do meio-fio, evita o desconfinamento das
camadas subjacentes.
Quando um dreno raso longitudinal for executado próximo à borda da pista a ser
restaurada é importante saber se a água livre a ser drenada é proveniente das
camadas adjacentes ou da junta existente entre a pista e o acostamento.
O dreno raso longitudinal executado próximo a borda da pista será eficiente se a
água livre estiver infiltrando pela junta pista / acostamento. Entretanto caso a água
tenha origem pelas trincas ou juntas nas faixas centrais de rolamento,
provavelmente a eficiência do dreno será duvidosa, principalmente se os materiais
das camadas do pavimento existente apresentarem baixa permeabilidade hidráulica.
A adoção do dreno posicionado na junta pista / acostamento também induz à
formação de um ponto fraco na estrutura, dadas as condições de compactação
sobre o dreno e adjacências. Desta forma, os cuidados com a execução devem ser
redobrados ao adotar-se esta alternativa.
A figura 3.4 apresentada a seguir mostra exemplos de posicionamento do dreno
raso longitudinal em relação à seção transversal do pavimento – no bordo externo
do acostamento ou na junta pista / acostamento.
Em resumo, ao se prever a utilização de drenos rasos longitudinais é fundamental o
conhecimento das características hidráulicas dos materiais adjacentes, uma vez que
a sua eficiência dependerá de como e quanto de água chegará ao dispositivo de
drenagem.
A execução do dreno longitudinal sobre estruturas existentes deve ser muito
cuidadosa para evitar danos e desconfinamento das camadas inferiores.
A eficiência dos drenos rasos longitudinais será fundamentalmente função da forma
de aplicação ou situação em que os mesmos serão instalados. Independentemente
da situação de pavimento novo ou restauração ele deve apresentar adequada
conexão com as camadas permeáveis adjacentes, ter capacidade hidráulica
suficiente para drenar todo volume de água que chegue até o mesmo e não sofrer
67
ao longo do tempo entupimento devido ao carreamento de finos para o interior da
tubulação.
Figura 3.4 – Posicionamento dos drenos longitudinais
68
No caso de projetos de restauração e instalação posterior dos drenos a análise deve
ser mais detalhada, devido as condicionantes adversas pré-existentes de provável
heterogeneidade e nível de saturação dos diversos materiais envolvidos, diferentes
graus de degradação e trincamento da estrutura, dificuldades construtivas,
condições de confinamento das camadas e declividades transversais das camadas
desfavoráveis.
O critério de projeto da drenagem de pavimentos para os casos de restauração é
consideravelmente mais complexo do que para a situação de vias novas. As
camadas do pavimento já estão executadas e muito pouco pode ser feito para torná-
la mais drenante. A solução mais apropriada para melhorar as condições de
drenagem é encurtar o caminho de percolação da água livre existente na estrutura.
As condições de saturação das diversas camadas devem ser analisadas para
verificar se a causa de degradação do pavimento está relacionada com a umidade
excessiva das camadas inferiores, e neste caso, recapeamentos, reciclagens e
remendos na estrutura existente não resolverão o problema se as deficiências de
drenagem não forem solucionadas.
Alguns trechos experimentais de reciclagem executados em rodovias paulistas
apresentaram desempenho insatisfatório em função da pouca atenção dada a
drenagem subsuperficial, ocorrendo o confinamento da água por falta de saída livre
lateral.
3.1.2.1 Saídas Laterais dos Drenos
Além do dimensionamento hidráulic
o, as saídas laterais do sistema de drenagem
subsuperficial devem ser cuidadosamente estudadas para não comprometer o seu
desempenho global.
Como regra geral, o espaçamento das saídas não deve ser superior a 90 m, com os
tubos lisos colocados num ângulo entre 45º a 90º com a direção do dreno
longitudinal.
69
Os tubos de saídas poderão ser aparentes com dispositivos apropriados ou
conectados a um outro sistema de drenagem profunda do local.
Os dispositivos de proteção da saída aparentes deverão ser constituídos de muro de
testa de concreto pré-moldado ou moldado in loco, devidamente assentados para
evitar danos na tubulação, erosão nos taludes e que possam ser facilmente
visualizados para posterior execução de manutenção.
No trecho final de lançamento, o tubo deve ter declividade mínima de 3% e no caso
de saída junto a uma valeta de drenagem, esta deve estar posicionada pelo menos
15 cm acima da cota prevista de inundação, para uma vazão de projeto
considerando-se uma chuva com período de retorno de 10 anos.
3.2 Critérios de Dimensionamento
O projeto adequado de um sistema de drenagem subsuperficial de pavimentos deve
cumprir as seguintes etapas:
a) Determinação do volume de água que infiltra na estrutura;
b) Dimensionamento hidráulico da camada drenante;
c) Dimensionamento dos drenos longitudinais subsuperficiais coletores,
incluindo a definição do espaçamento entre as saídas d’água.
A seguir são apresentados os critérios de dimensionamento para os dispositivos
juntamente com uma descrição sucinta dos parâmetros empregados nos cálculos.
70
3.2.1 Estimativa da Infiltração de Projeto
Conforme apresentado no capítulo 2, a maior fonte isolada de água na estrutura dos
pavimentos é a infiltração pela superfície, seja através das trincas ou juntas entre o
pavimento e o acostamento, pelos acostamentos ou através de valas laterais ao
pavimento.
Um pavimento novo pode apresentar uma superfície virtualmente impermeável,
porém, antes do final do período de projeto, a estrutura apresentará trincas não
seladas e juntas abertas. O projeto de uma base permeável, ou camada drenante,
deve prever uma condição em que a superfície do revestimento apresenta-se
trincada, para considerar a infiltração em uma condição severa.
Dois métodos têm sido extensivamente utilizados para avaliar a capacidade de
infiltração pela superfície: o proposto por Cedergren e o proposto por Ridgeway e
adotado pela FHWA e AASHTO.
O procedimento proposto por Cedergren é empírico e depende tanto da capacidade
de infiltração quanto da intensidade pluviométrica. Já o proposto por Ridgeway
baseia-se nos resultados de ensaios de infiltrabilidade, nos quais se observou que a
infiltração é diretamente relacionada ao trincamento da superfície do pavimento.
Verifica-se uma grande diferença entre as previsões de fluxo de infiltração pelos dois
métodos. Conforme indica a FHWA no Manual de Utilização do DRIP (Mallela et al,
2002), uma vez que o segundo procedimento é mais racional e baseado em
experimentos de campo, este é freqüentemente utilizado para a determinação da
infiltração pela superfície do pavimento. No entanto, o outro procedimento também
deve ser utillizado, em especial para conferência dos resultados. Caso necessário, o
maior dos dois resultados deve ser utilizado para o dimensionamento do sistema de
drenagem subsuperficial.
71
3.2.1.1 Cedergren
De acordo com o Manual de Drenagem de Rodov
ias do Departamento Nacional de
Infra-estrutura de Transportes, versão de 2006, o cálculo das descargas de
contribuição que devem ser escoadas pela camada drenante do pavimento deve ser
efetuado conforme o método encontrado na publicaçãoDrenagem dos pavimentos
de rodovias e aeródromos” de H. R. Cedergren (1974) e as recomendações do
Federal Highway AdministrationFHWA (Moulton, 1980).
A estimativa da infiltração de projeto pelo procedimento proposto por Cedergren
consiste na aplicação de um método simplificado, no qual se assume que uma
proporção fixa da chuva de projeto infiltra na estrutura de pavimento. Para tanto, é
necessária a determinação de um coeficiente de infiltração e da intensidade da
precipitação. Para a aplicação do método, recomenda-se a utilização de chuva com
1 hora de duração e período de retorno variando de 1 a 2 anos em função do volume
de tráfego previsto para a rodovia.
A equação 3.10 é utilizada para a determinação da vazão de infiltração:
FRCq
i
= (3.10)
Onde:
q
i
= vazão de infiltração, em m³/dia/m²;
C = coeficiente de infiltração;
R = Precipitação de projeto, em mm/h;
F = Fator de conversão, igual a 0,24 para mm/h.
São recomendados coeficientes de infiltração variando de 0,50 a 0,67 para
pavimentos de concreto de cimento portland e entre 0,33 a 0,50 para pavimentos
asfálticos.
72
3.2.1.2 AASHTO / FHWA
Ridgeway
(1976, 1982) recomenda a consideração de um fluxo de infitração
estimado pela capacidade de carreamento pelas juntas ou trincas de pavimento ou
pela estimativa dos comprimentos de juntas ou trincas. A pesquisa do autor indicou
que a condição das juntas ou trincas (isto é, juntas / trincas seladas ou não, abertura
das juntas / trincas) e o tipo de base do pavimento (graduação aberta ou fechada)
influenciam a capacidade de infiltração através das juntas/trincas.
Para juntas/trincas com alta capacidade de infiltração, devem ser consideradas
chuvas com intensidade elevada e curta duração. Para juntas/trincas com baixa
capacidade de infiltração, a duração da chuva é mais importante que a intensidade,
conforme descrevem Crovetti e Dempsey apud Mallela et al (2002).
A abordagem de projeto apresentada no Highway Subdrainage Manual e nas
publicações “Demonstration Project 87” e “NHI Course 131026”, todos da FHWA
(1980, 1992 e 1998), consideram a aproximação da infiltração por este método mais
confiável que a abordagem do método proposto por Cedergren. A equação para o
cálculo da infiltração para condições normais em pavimentos sem trincas é:
pi
k
CsW
Wc
W
Nc
Icq +
+= (3.11)
Onde:
q
i
= vazão de infiltração, em m³/dia/m²;
Ic = razão de infiltração através das juntas/trincas, em m³/dia/m;
Nc = número de trincas longitudinais;
Wc = comprimento das juntas/trincas transversais, em m;
W = largura da base permeável, em m;
Cs = espaçamento das juntas/trincas transversais, em m;
k
p
= permeabilidade da estrutura de pavimento, em m/dia.
73
Pode ser adotado um valor de Ic = 0,223 m³/dia/m, baseado em estudos sobre
juntas/trincas em condições de saturação (Ridgeway, 1976). O valor sugerido
aproxima-se da infiltração média medida em trincas localizadas em pavimentos com
revestimento asfáltico sobre base granular de graduação aberta.
3.2.2 Camadas drenantes
Neste item são tratados os aspectos hidráulicos da camada drenante destinada a
remover rapidamente ou limitar o tempo de permanência da água livre proveniente
das chuvas que inevitavelmente infiltrarão através das trincas e das juntas de
construção existentes na superfície do pavimento, conforme apresentado
anteriormente.
Os principais aspectos abordados são:
Definição dos parâmetros hidráulicos de cálculo.
Concepção do sistema de drenagem.
Os parâmetros hidráulicos de cálculo envolvem as características geométricas da
via, que definem a linha de maior declive do fluxo da água e a extensão a ser
percorrida até os drenos subsuperficiais, as granulometrias dos materiais a serem
utilizados nas diversas camadas do pavimento e a habilidade dos mesmos de reter
ou permitir o escoamento da umidade excessiva.
Para controle dos tempos de permanência e retirada da água livre do pavimento
serão considerados duas concepções distintas no sistema hidráulico:
profundidade do fluxo, em que a capacidade de escoamento da camada
permeável deve ser superior a infiltração de projeto – Critério de Fluxo
Contínuo; e
74
tempo de drenagem, em que a camada drenante poderá ficar saturada
durante o período de precipitação, mas que, no entanto, deverá ser drenada
após algumas horas depois de cessada a chuva para evitar danos a estrutura
Critério do Tempo de Drenagem.
Os dois procedimentos são apresentados na seqüência.
3.2.2.1 Critério de Fluxo Continuo
A solução de fluxo contínuo pode ser obtida atendendo a metodologia de Cedergren
ou aquela desenvolvida por Moulton. A es
pessura da camada da base (H) é função
da permeabilidade do material (k), da declividade (s), do comprimento da linha de
maior declive (Lr) e da vazão de infiltração (q
i
).
A espessura da camada deve ser maior ou igual àquela determinada por uma das
equações abaixo.
Caso 1 – onde Δ < 0
=
2
44
2
1
2
1
π
sk
q
s
tg
sk
q
s
Lr
k
q
H
ii
i
(3.12)
=Δ
k
q
s
i
4
2
(3.13)
Caso 2 – onde Δ > 0
Δ
Δ+
Δ
=
2
1
s
i
s
s
Lr
k
q
H
(3.14)
75
Caso 3 – onde Δ = 0
Lr
k
q
H
i
=
1
(3.15)
Onde
H
1
= altura de água a partir do ponto final inferior da linha de fluxo.
As soluções gráficas das equações 3.12 a 3.15 são encontradas na figura 3.5,
desenvolvida por Moulton.
Figura 3.5 – Ábaco para estimativa da espessura da camada em condição de fluxo contínuo
A capacidade de drenagem da camada drenante pode ser calculada também pela
fórmula abaixo proposta por Barber e Sawyer (apud Moulton, 1980).
76
+=
L
H
sHkq
2
(3.16)
Onde:
q = capacidade de descarga da camada drenante
k = coeficiente de permeabilidade do material
H = espessura da camada
S = declividade da camada
L = comprimento da linha de maior declive
A equação pode ser desmembrada em duas parcelas. A primeira representa a
descarga através da área H causada por um gradiente hidráulico s, e a segunda
corresponde aquela de área H/2 causada por um gradiente hidráulico H/L.
Para declividade igual a zero, a equação corresponde à aplicação direta da lei de
Darcy, assumindo que o nível da superfície freática corresponda ao topo da camada
drenante, numa das extermidades e no fundo da camada na outra extremidade,
percolando por uma seção de área H/2.
3.2.2.2 Critério de Tem
po de Drenagem
O segundo critério para o cálculo de espessuras da camada drenante é aquele
preconizado por Casagrande e Shannon (apud Moulton, 1980), que determina o
tempo necessário para que ocorra uma determinada porcentagem de drenagem da
camada saturada.
No critério do tempo de drenagem, é assumido que a água de chuva infiltra pela
superfície do pavimento e satura completamente a camada de base. A partir desse
instante, não é possível a entrada de mais água na estrutura e a partir daí a água
escoará pela superfície do revestimento.
77
Uma vez cessada a chuva, objetiva-se retirar a água remanescente o mais rápido
possível pela camada drenante antes que ela possa provocara danos em toda a
estrutura.
O tempo considerado adequado para o sistema de drenagem remover a água da
estrutura depende das condições climáticas prevalecentes e da possibilidade da
água provocar danos ao pavimento ao ser submetido a um volume de tráfego
intenso e com cargas elevadas.
Nas áreas sujeitas a inundação e com presença de solos expansivos, a água deve
ser removida num período entre 30 minutos e 1 hora, para minimizar problemas
relacionados ao excesso de umidade.
O tempo requerido para a camada permeável drenar a água é um indicador da
habilidade da base resistir aos efeitos deletérios da umidade excessiva no
desempenho do pavimento.
O tempo de drenagem pode ser calculado através de conjuntos de equações
propostas por Casagrande e Shannon e por Barber e Sawyer. Tais equações
dependem das características da seção transversal do pavimento e das
características geométricas transversais e longitudinais da via.
Em ambos os casos, as equações diferem em função da porcentagem de
dreanagem, ou Grau de Drenagem (U). As expressões sugeridas por Casagrande e
Shannon são:
para U > 0,5
()
+
+
+
+
=
)1()22(
122
ln
1
/4,02,1
1
11
1
1
1
2
11
3/1
1
SU
USS
S
S
S
lSSST
n
(3.17)
para U 0,5
()
+
=
1
1
2
11
3/1
1
2
2/4,02,1
S
US
lSUSST
n
(3.18)
Onde:
S
1
= fator de declividade= H/LS.
H = espessura da camada granular.
78
L = largura da camada granular sendo drenada.
S = declividade da camada.
t = tempo de drenagem, necessário para atingir U
T = fator tempo
k = permeabilidade do material granular
n
e
= porosidade efetiva do material granular
Hk
LnT
t
e
=
2
(3.19)
As equações propostas por Barber e Sawyer são:
para U > 0,5
T = 0,551 – 0,48 S
1
2
log (1 + 2,4/S
1
) + 1,15 S
1
log
()( )
+
+
4,2SU1
2,1USS
1
11
(3.20)
para U 0,5
T = US – 0,48 S
1
2
log (1 + 4,8U/S
1
) (3.21)
As equações de Casagrande e Shannon podem ser resolvidas graficamente
conforme a figura 3.6.
Figura 3.6 – Drenagem da camada saturada em função do tempo
79
A capacidade para a condição de fluxo descontínuo é definida por um grau de
drenagem, que é a relação entre o volume de água drenado desde o momento que a
chuva para e o volume total armazenado pela camada drenante.
De acordo com Casagrande e Shannon o tempo para ocorrer 50% da drenagem
pode ser estimado pela expressão 3.22.
)(2
2
50
SLHk
Len
t
+
=
(3.22)
Como referência, Casagrande e Shannon recomendam que o tempo para que
ocorra 50% da drenagem seja um período inferior a 10 dias, apesar do critério
proposto ser empírico e não apresentar grande fundamentação , principalmente para
o caso de rodovias modernas de tráfego pesado intenso.
De acordo com a guia da AASHTO (1986), a qualidade de drenagem é dividida em 5
categorias, variando de excelente a muito pobre em função do t
50
. Caso 50% da
água seja removida ao longo de 10 dias, vários meses serão necessários para que
ocorra a drenagem restante, sendo classificada portanto de muito pobre. Para que a
qualidade de drenagem seja excelente, o tempo t
50
deverá ser inferior a 2 horas.
O critério proposto por Ridgeway (1982) consiste em que o tempo para que ocorra
95% da drenagem seja inferior a 1 hora, e parece ser mais apropriado que o
procedimento recomendado pela AASHTO.
O tempo de drenagem é pouco sensível à espessura da camada, assim o problema
de saturação fica restrito à escolha de material que apresente melhores
características de permeabilidade.
80
3.2.3 Drenos Rasos Longitudinais
Os drenos rasos longitudinais tubulares devem ter capacidade hidráulica suficiente
para remover a água que infiltra pela superfície e pelas juntas entre a pista de
rolamento e os acostamentos laterais.
Cada elemento do sistema de drenagem deve ter capacidade crescente à medida
que a água caminha para os pontos de saída, de forma a garantir o principio da
continuidade hidráulica, sem pontos de gargalo ao longo da trajetória da linha
d’água.
A capacidade de drenagem é determinada em função do tipo, do diâmetro e da
declividade de assentamento da tubulação, e do espaçamento das saídas. Essa
combinação de elementos deve garantir que a capacidade do conduto seja superior
à vazão de projeto.
A quantidade de furos ou aberturas na tubulação deve ser suficientemente grande
para permitir a entrada de água que chega até o dreno através das camadas
drenantes adjacentes.
3.2.3.1 Vazão de Projeto
A vazão de projeto para a determinação do diâmetro da tubulação e cálculo dos
espaçamentos das saídas d’água deve ser estimada a partir de um dos seguintes
procedimentos:
Critério 1 – descarga em função do tempo de drenagem
Critério 2 – descarga devido a infiltração pela superfície
81
Critério 3 – descarga em função da capacidade da base permeável.
A utilização de um dos critérios dependerá da concepção adotada para o tipo de
base empregado no pavimento, garantindo assim a continuidade hidráulica no
sistema de drenagem.
Critério 1 – Descarga em Função do Tempo de Drenagem
De acordo com este procedimento, a vazão de projeto por unidade de comprimento
do pavimento pode ser calculada como se segue:
d
ed
t
UNHWq
1
24 =
(3.23)
Onde
q
d
= vazão de projeto, em m
3
/dia/m
W = largura da base permeável, em m
H = espessura da base, em m
N
e
= porosidade efetiva
U = porcentagem de drenagem
t
d
= tempo de drenagem, em h
Critério 2 – Descarga devido a Infiltração pela Superfície
Neste procedimento, a vazão de projeto é estimada em função da taxa de infiltração
pela superfície do pavimento, de acordo com a seguinte expressão:
Wqq
id
=
(3.24)
Onde
q
d
= vazão de projeto, em m
3
/dia/m
82
q
i
= taxa de infiltração pela superfície, em m
3
/dia/m
2
W = largura da base permeável, em m
A taxa de infiltração q
i
, pode ser determinada pelo método proposto por Cedergren,
baseado na precipitação de projeto, ou pelo critério recomendado por Ridgeway,
baseado na extensão de trincas ou juntas no pavimento.
Alternativamente, conforme sugestão da FHWA, pode-se adotar uma taxa média de
infiltração d’água na estrutura do pavimento de acordo com o tipo de revestimento:
Pavimento asfáltico q
1
= 0,10 a 0,15 m³/dia/m²
Pavimento rígido q
1
= 0,15 a 0,20 m³/dia/m²
Critério 3 – Descarga em Função da Capacidade da Base Permeável
De acordo com este critério a vazão de projeto por unidade de comprimento pode
ser estimada através da seguinte equação:
HSkq
xd
= (3.24)
Onde,
q
d
= vazão de projeto, em m
3
/dia/m
k = coeficiente de permeabilidade, em m/dia
S
x
= declividade transversal, em m/m
H = espessura da base, em m
83
3.2.3.2 Velocidade de Percolação e de Descarga
A veloc
idade de percolação é a velocidade real média da água através dos vazios
ou poros existentes num solo ou agregado, e ela é empregada para estudar o
transporte de partículas sólidas no interior da camada drenante.
A velocidade de percolação é determinada pela aplicação da Lei de Darcy.
AikQ =
AikAnV
s
=
n
ik
V
s
=
(3.25)
Onde
Vs = velocidade de percolação através dos vazios, em m/dia
k = coeficiente de permeabilidade, em m/dia
i = gradiente hidráulico, em m/m
n = porosidade do material
A velocidade de descarga é a velocidade nominal média da água através de
agregados ou solo. É usada para se determinar o tempo do fluxo atingir dois pontos
distintos da base drenante.
A velocidade de descarga é dada pela seguinte equação
AikQ =
AikAnV
s
=
i
k
V
= (3.26)
Onde
V = velocidade de descarga, em m/dia
84
De fato, as velocidades de percolação, de descarga e a permeabilidade apresentam
a mesma unidade, podendo gerar dúvidas conceituais.
3.3 Exemplo de aplicação
Para uma melhor compreensão dos conceitos apresentados nos itens 3.1 e 3.2,
julgou-se necessária a inclusão de um exemplo de dimensionamento de um sistema
de drenagem subsuperficial incluindo camadas drenantes e drenos longitudinais,
apresentado na seqüência.
O exemplo consiste no dimensionamento de um sistema de drenagem subsuperficial
para implantação de uma rodovia de tráfego pesado. A pista é simples (2 faixas – 1
por sentido) e tem acostamentos laterais de 3,0 m em ambos os lados da pista. O
pavimento é do tipo rígido, com placas de concreto de cimento Portland. As
características geométricas da pista estão sintetizadas na tabela 3.3, a seguir.
Tabela 3.3 – Características geométricas
Largura da Faixa 3,7 m
Largura dos Acostamentos de concreto 3,0 m
Espessura da Placa 26 cm
Espaçamento entre juntas 4,6 m
Declividade Transversal
2%
(seção abaulada)
Declividade Longitudinal 3%
O sistema de drenagem deverá ser constituído de base permeável, camada
separadora e drenos de bordo longitudinais.
85
As características granulométricas e geométricas dos materiais do subleito, bem
como dos materiais possíveis de serem utilizados em camadas drenantes e
separadora são conhecidas e estão apresentadas nas tabela 3.4 e 3.5.
Tabela 3.4 – Características das camadas
Camada Características
Materiais Propostos
A B
Tipo de Base Permeável
Tratadas com Ligante
Asfáltico
Peso específico, kg/m
3
1835 1750
Densidade Real dos Grãos 2,65 2,65
Coeficiente de Permeabilidade, m/dia 250 600
Perda de água (%) 60 70
Base
Permeável
Porcentagem de Finos 5 2
Materiais Propostos
A, B, e C
Densidade Real dos Grãos 2,65
Peso específico, kg/m
3
2000
Camada
Separadora
Perda de água (%) 25
Densidade Real dos Grãos 2,65
Peso específico, kg/m
3
1850
Subleito
Perda de água (%) 5
86
Tabela 3.5 – Faixas granulométricas dos materiais propostos
Porcentagem Passando
Base Permeável Camada Separadora
Peneira
Material A Material B
Subleito
Material A Material B Material C
38.1 100 100
25.4 90 94 100 100 100
19.0 70 94 100 95
12.7 40 73 96 85
9.52 70 29 57 92 77
4.75 50 8.5 35 82 56
2.00 15 4 100 20 66 39
0.600 88 13 40 26
0.425 5 2.5
0.300 68 10 21 17
0.150 43 9 14 11
0.075 2 1.5 25 8 8 6
0.01 4.9
Os tubos a serem utilizados são de PVC. Podem ser do tipo A – liso (número de
Manning n = 0,012) ou do tipo B – corrugado (n = 0,024).
Solução:
a) Cálculos dos Elementos Geométricos de Projeto
Declividade resultante da linha d’água (
r
S )
(
)
5,0
2
2
xr
SSS +=
Onde:
S = 0,03 – declividade longitudinal
S
x
= 0,02 – declividade transversal
()
m/m 036,002,003,0
5,0
22
=+=
r
S
87
Comprimento resultante da linha d’água (L
r
)
5,0
2
1
+=
x
r
S
S
WL
ap
WWW +=
Onde:
W
p
= 3,7 m – largura da pista
W
a
= 3,0m – largura do acostamento
mL
r
08,12
02,0
03,0
17,6
5,0
2
=
+=
b) Cálculo da Base Drenante – Método do tempo de drenagem:
Tentativa 1 – Material A
Espessura da base H= 0,10m
Tempo de drenagem de 50% - U= 0,50
Fator de declividade (
1
S )
35,4
10,0
036,008,12
1
=
=
=
H
SL
S
rr
Porosidade (N)
31,0
65,281,9
18
1
81,9
1
=
=
=
s
d
G
N
γ
Porosidade efetiva (Ne)
19,06,031,0 ===
Le
WNN
88
Fator m
11,1
10,0250
08,1219,0
2
2
=
==
HK
LN
m
ne
Tempo de Drenagem t.
horasmTt 21,22411,1083,024
50
=
=
=
Tabela 3.6 – Determinação da Porcentagem de Saturação
Porcentagem
de Drenagem
U
Fator Tempo
T
Tempo de
Drenagem
(horas)
Água
Drenada
Água
Retirada
Porcentagem
de Saturação
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
Figura 3.6 (2) x m x 24 Ne x (1) N - (4) (5) x 100 / N
0.2 0.020 0.533 0.038 0.272 87.7
0.3 0.042 1.119 0.057 0.253 81.6
0.4 0.060 1.598 0.076 0.234 75.5
0.5 0.083 2.211 0.095 0.215 69.4
0.6 0.10 2.664 0.114 0.196 63.2
0.7 0.132 3.516 0.133 0.177 57.1
0.8 0.177 4.715 0.152 0.158 51.0
0.9 0.296 7.885 0.171 0.139 44.8
Através de um gráfico Tempo de Drenagem x Porcentagem de Drenagem ou
Porcentagem de Saturação, pode-se verificar a eficiência da camada, através da
relação entre o tempo de drenagem necessário para obter a porcentagem, ou grau
de drenagem igual a 50%.
89
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0123456789
Tempo de drenagem (horas)
Porcentagem de Drenagem
Figura 3.7 – Tempo de Drenagem x Porcentagem (Grau de Drenagem)
Conforme se pode observar na fig. 3.7, esta alternativa não atende a condição de
projeto, uma vez que para rodovia de tráfego pesado, é recomendável que o tempo
de drenagem para 50% deve ser inferior a 2,0 horas. Assim, é necessário verificar a
eficiência do outro material disponível.
Tentativa 2 – Material B
Porosidade (N)
34,0
65,281,9
2,17
1
81,9
1 =
=
=
s
d
G
N
γ
Porosidade efetiva (Ne)
24,070,034,0
=
==
Le
WNN
Fator m
584,0
10,0600
08,12241,0
2
2
=
==
HK
LN
m
re
Tempo de Drenagem t
24
50
= mTt
horast 2,124584,0 083,0
50
==
90
De acordo com os resultados obtidos verifica-se que esta alternativa de material
atende o critério de projeto, uma vez que o tempo de drenagem para 50% é de
aproximadamente 1,2 horas.
c) Cálculo da Base Drenante – Método da Altura do Fluxo
Infiltração determinada pelo método de Cedergren
Infiltração:
1000
24 RC
q
i
=
Onde:
C = 0,50 - taxa de infiltração (pavimento de concreto de cimento portland)
R = 40 mm/h - precipitação para tempo de concentração de 1 hora e período
de retorno de 2 anos
23
//48,0
1000
4050,024
mdiamq
i
=
=
Vazão de descarga (q
d
)
mdiamLqq
rid
//80,508,1248,0
3
===
Cálculo da espessura (H) – Método de Darcy
HSKq
rd
=
m
SK
q
H
r
d
269,0
036,0600
80,5
=
=
=
91
Cálculo da espessura (H) – Método de Moulton
036,0
70108
600
48,0
5.3
4
=
=⎯→===
r
r
Fig
i
S
H
L
K
q
P
m
L
H
r
173,0
70
08,12
70
===
Infiltração determinada pelo método da AASHTO
Infiltração:
p
s
cc
ci
K
CW
W
IN
N
Iq +
+=
.
Onde:
Ic = 0,22 m
3
/dia/m – taxa de infiltração
N
c
= 3 – nº de juntas longitudinais
W = 6,7 m – largura da base permeável
W
c
= 6,7 m – comprimento de contribuição de juntas transversais
C
s
= 4,6 m – espaçamento da contribuição de juntas transversais
K
p
= 0,0 m
3
/dia/m
2
= permeabilidade do pavimento
23
//15,00
6,47,6
7,6
7,6
3
22,0 mdiamq
i
=+
+=
Vazão de descarga (
q
d
)
mdiamLqq
rid
//81,108,1215,0
3
===
Cálculo da espessura (H) – Método de Darcy
m
SK
qd
H
r
084,0
036,0600
81,1
=
==
92
Cálculo da espessura (H) – Método de Moulton
036,0
190105,2
600
15,0
5.3
4
=
=⎯→===
r
r
Fig
i
S
H
L
K
q
P
m
L
H
r
064,0
190
08,12
190
===
Recomendação Final das Características da Camada Drenante (material B):
H = 0,10 m
K = 600 m/dia = 0,694 m/s
d) Projeto da Camada Separadora – Filtro
Análise das condições de filtro e uniformidade entre os materiais do subleito e da
camada permeável - Critérios a serem atendidos:
mm 2,652,055
8515
=
=
S
f
DD
mm 5,020,02525
5050
=
=
Sf
DD
4,1
5
9,6
5
15
85
==
b
f
D
D
mm
mm
D
D
b
f
52,0
25
13
25
50
50
==
A camada de filtro deve apresentar ainda porcentagem de finos (passando na
peneira 200) máximo de 12%.
Critérios do coeficiente de uniformidade (Cu): o material deve ter Cu entre 20 e
40
Material A
37
27,0
10
10
60
===
D
D
C
u
93
Material B
18
09,0
6,1
10
60
===
D
D
C
u
Material C
43
13,0
6,5
10
60
===
D
D
C
u
Pela análise das curvas granulométricas, verifica-se que os materiais B e C atendem
aos critérios de filtro e finos.
Como o material B apresenta Cu = 18, que não atende ao critério do coeficiente de
uniformidade, o material C deve ser recomendado, como camada separadora,
executada com uma espessura mínima de 0,10 m.
e) Dimensionamento dos Drenos de Bordo
Cálculo da capacidade hidráulica dos tubos (Q)
Através da equação de Manning, estima-se a capacidade de vazão dos tubos
disponíveis.
2
1
3
8
3
102693,0
SD
n
Q
=
Onde:
n = coeficiente de rugosidade de Manning
D = diâmetro do tubo, em mm
S = declividade longitudinal, igual a 0,03 m/m
94
Tabela 3.7 – Capacidade Hidráulica – Q (m
3
/dia)
Tipo de Tubo
Diâmetro do Tubo
(mm)
Liso
n= 0,012
Corrugado
n= 0,024
100 838 419
150 2.469 1.234
200 5.317 2.659
Cálculo da descarga de projeto (qd)
2,1
50,024,010,07,624
24
=
=
d
e
d
t
UNHW
q
q
d
= 1,6 m³/dia/m
Cálculo do espaçamento entre saídas d’água (L)
d
q
Q
L =
Q = capacidade de descarga do tubo, m
3
/dia
q
d
= descarga de projeto = m
3
/dia/m
Tabela 3.8 – Espaçamento entre saídas d’água (L) em metros
Tipo de Tubo
Diâmetro do Tubo
(mm)
liso corrugado
100 523 262
150 1.543 771
200 3.323 1.662
Conforme se pode observar, qualquer opção analisada atende as condições de
projeto, assim sendo, recomenda-se empregar tubo liso com 100 mm de diâmetro e
espaçamento mínimo entre saídas de 75 m.
95
f) Resumo
Foi apresentada, de forma expedita, a aplicação dos critérios discutidos no
dimensionamento e definição dos elementos a serem utilizados em projetos
rodoviários.
Como síntese do dimensionamento, teríamos como integrantes do sistema de
drenagem subsuperficial da rodovia em estudo:
Camada drenante: H = 0,10 cm; Material B
Camada separadora: H = 0,10 cm; Material C
Dreno longitudinal: tubo de PVC liso, Ø = 100 mm, espaçamento mínimo entre
saídas = 75 m
3.4 Relações entre o sistema de drenagem subsuperficial e a estrutura
de pavimento do ponto de vista do dimensionamento
De forma sucinta, pode-se afirmar que a atribuição de um sistema de drenagem
subsuperficial adequado tem influência significativa na determinação da espessura
necessária para a estrutura de pavimento.
O método do DNER/DNIT não faz nenhuma menção direta acerca da influência da
umidade excessiva no dimensionamento do pavimento. São realizadas apenas
observações quanto ao posicionamento do lençol freático, que deve estar rebaixado
a pelo menos 1,5 m do topo do subleito.
Já o método da AASHTO, em especial a partir da versão de 1986, considera
diretamente as características da drenagem no dimensionamento.
O capítulo 4 apresenta, de forma mais detalhada, a influência da drenagem no
dimensionamento e na variação da vida útil do pavimento.
96
4 MÉTODOS DE ANÁLISE DE DESEMPENHO
Devidamente projetado e instalado, o sistema de drenagem tem por objetivo
remover rapidamente a água infiltrada e eventualmente existente no interior da
estrutura do pavimento. A remoção rápida da água evita que o subleito perca a
capacidade de suporte, prolongando assim a vida útil do pavimento.
Existem inúmeros trabalhos que mostram a influência da saturação no módulo de
resiliência do subleito. Caso o pavimento não seja adequadamente drenado, o
módulo de resiliência pode diminuir, requerendo assim, espessuras maiores de
pavimento, para que o seu desempenho não seja comprometido.
A influência da drenagem subsuperficial neste trabalho será avaliada através de dois
modelos de desempenho. O primeiro a ser considerado é o modelo apresentado
pela AASHTO através do
Pavement Design Guide, versão de 1993 (AASHTO,
1993). O outro modelo a ser considerado é o utilizado pelo programa HDM,
desenvolvido pelo Banco Mundial para a priorização de investimentos em nível de
redes viárias (World Road Association, 2000).
4.1 Método da AASHTO
Desde a década de 50, a AASHO –
American Association of State Highway Officials,
posteriormente denominada AASHTO –
American Association of State Highway and
Transportation Officials
, vem realizando pesquisas acerca do dimensionamento e
desempenho de pavimentos asfálticos e de concreto de cimento portland.
O método de dimensionamento da AASHTO era inicialmente empírico, baseado
exclusivamente em observações realizadas na AASHO Road Test, implantada na
década de 1950 em Illinois, EUA. Com o passar do tempo, foram incorporados
conceitos probabilísticos, corroborados pelas observações realizadas no LTPP –
97
Long Term Performance Program, que é o sistema de gerência de pavimentos
integrado de diversos estados americanos e canadenses.
Com base nos resultados da AASHO Road Test, foi publicado, em 1972, o Interim
Design Guide
, procedimento de dimensionamento totalmente empírico (AASHTO,
1972). Posteriormente, em 1986 e 1993, foram publicadas novas versões do guia,
incluindo aspectos referentes à drenagem do pavimento, à confiabilidade dos
resultados e à variabilidade das características do subleito, através da introdução do
conceito de módulo efetivo, discutido no capítulo 2 (AASHTO, 1986 e 1993).
Em 2004, foi publicada a última versão do guia, completamente modificado em
relação às versões anteriores. Com base na análise de dados do LTPP, foi
desenvolvido um método de dimensionamento mecanístico-empírico –
Mechanistic
Empirical Pavement Design Guide – MEPDG (NCHRP, 2004)
.
O MEPDG, embora mais criterioso quanto a avaliação dos defeitos do pavimento e
sua progressão ao longo do tempo, além de pouco difundido no Brasil, ainda é de
pouca aplicabilidade prática. O guia requer para as análises grandes séries
temporais de variação de tráfego e dados climáticos, além de inúmeros parâmetros
acerca das características físicas e mecânicas dos materiais a serem utilizados nas
camadas do pavimento. Tais dados podem ser considerados de difícil obtenção, seja
pela ausência de bancos de dados ou pela dificuldade ou indisponibilidade de
realização de observações / contagens / ensaios. Também, o método indica que, em
função da base de dados analisada para a elaboração dos modelos de progressão
dos defeitos não é possível uma conclusão acerca da influência da drenagem
subsuperficial. Dessa forma, neste trabalho optou-se pela análise da versão anterior,
em função da relativa facilidade de utilização e do mesmo já apresentar amplo
conhecimento no meio técnico.
Tanto para pavimentos rígidos quanto asfálticos, o dimensionamento pela versão de
1993 do método da AASHTO considera fundamentalmente o desempenho funcional
da estrutura de pavimento face às solicitações de tráfego. A ruptura da estrutura do
pavimento é caracterizada quando esta não apresenta mais condições satisfatórias
de conforto e segurança ao rolamento.
98
4.1.1 Pavimentos asfálticos
O dimensionamento de pavimentos asfálticos é baseado no conceito do Número
Estrutural (
Structural Number – SN). Este parâmetro consiste na espessura total do
pavimento, em termos de material padrão, necessária para suportar o tráfego ao
longo do período de projeto, partindo-se de um Índice de Serventia Inicial (P
0
) e
atingindo o Índice de Serventia Final (Pt) desejado no término do período de análise.
A determinação do SN é realizada através da equação apresentada a seguir.
()
()
07,8log32,2
1
1094
40,0
5,12,4
log
20,01log36,9log
19,5
018
×+
+
+
Δ
++×+×=
RR
M
SN
PSI
SNSZW
(4.1)
Onde:
W
18
= Número equivalente de solicitações do eixo padrão de 82 kN
Z
R
= Desvio padrão da distribuição normal para R% de confiabilidade
S
0
= Desvio padrão do projeto
SN = Número estrutural
Δ
PSI = Variação do índice de serventia pretendida para o período de projeto
M
R
= Módulo de resiliência efetivo do subleito
Calculado o SN, deve-se determinar a espessura associada a cada camada da
estrutura. Dado que os materiais apresentam características e comportamentos
distintos, devem ser convertidos através do Coeficiente de Equivalência Estrutural,
que estabelece valores estruturais em função de parâmetros físicos dos materiais
levantados em ensaios de laboratório ou
“in situ”.
A análise da influência da drenagem é realizada nesta etapa. Para considerar a
eficácia do sistema de drenagem subsuperficial proposto foi introduzido o
Coeficiente de Drenagem (m
i
) na equação que determina as espessuras das
camadas do pavimento. Em função da qualidade do sistema drenante proposto, o
coeficiente tem a função de corrigir a espessura das camadas.
99
No capítulo 3, foram apresentados os conceitos e premissas para o
dimensionamento de um sistema de drenagem subsuperficial. A relação entre o
dimensionamento e os parâmetros lá apresentados é realizada através do
coeficiente m
i
.
O coeficiente correlaciona o tempo em que a estrutura de pavimento fica exposta a
níveis elevados de umidade à qualidade do sistema de drenagem.
A Tabela 4.1 indica tempos de drenagem de bases de pavimentos que são
recomendados pelo Guia da AASHTO para dimensionamento estrutural das
camadas. Essas recomendações são baseadas no tempo requerido para drenar a
camada de base com saturação de 50% embora seja recomendado pela FHWA um
critério de saturação de 85% ao invés de 50% (que é melhor para evitar danos no
pavimento em função da presença d'água) reduza significativamente o tempo real
usado para selecionar a qualidade de drenagem.
Tabela 4.1 – Relação entre Tempo e Qualidade de Drenagem
Qualidade de Drenagem
Tempo
U = 50%
Excelente 2 horas
Boa 1 dia
Regular 7 dias
Ruim 1 mês
Muito Ruim >> 1 mês
A Tabela 4.2 reproduz os fatores de ajuste (m
i
) recomendados para serem utilizados
no procedimento de projeto de pavimentos flexíveis da AASHTO. Esses fatores são
empregados para ajustar os coeficientes estruturais das camadas, para corrigir o
número estrutural em função das condições de umidade. Os mesmos foram
determinados através de comparações das deflexões na superfície estimadas
empregando-se o programa de computador ELSYM-5 (Seeds e Hicks, 1991).
100
Tabela 4.2 – Valores recomendados para o coeficiente de drenagem (m
i
) para pavimentos asfálticos
Porcentagem do tempo em que a estrutura estará exposta a teores de
umidade próximos ao de saturação
Qualidade do
sistema de
drenagem
< 1% 1 – 5% 5 –25% >25%
Excelente 1,40 – 1,35 1,35 – 1,30 1,30 – 1,20 1,20
Bom 1,35 – 1,25 1,25 – 1,15 1,15 – 1,00 1,00
Médio 1,25 – 1,15 1,15 – 1,05 1,00 – 0,80 0,80
Pobre 1,15 – 1,05 1,05 – 0,80 0,80 – 0,60 0,60
Muito Pobre 1,05 – 0,95 0,95 – 0,75 0,75 – 0,40 0,40
Dessa forma, a determinação das espessuras de cada camada do pavimento é
realizada através da seguinte equação:
33322211
mDamDaDaSN
×
×
+
×
×+×= (4.2)
Onde:
a
i
= Coeficiente Estrutural da camada.
D
i
= Espessura da camada.
m
i
= Coeficiente de Drenagem da camada.
SN = Número Estrutural.
Conforme o guia de dimensionamento, um pavimento cujo sistema de drenagem
subsuperficial é classificado como
Excelente pode ter uma redução de
aproximadamente 30% nas espessuras das camadas de base e sub-base, enquanto
um pavimento cujo sistema de drenagem subsuperficial é avaliado como
Muito
Pobre
pode ter um aumento de até 150% nas espessuras das mesmas camadas.
O exemplo apresentado pelo guia ilustra a necessidade da correta consideração e
principalmente, da aplicação da drenagem subsuperficial para o desempenho do
pavimento.
Para efeito de comparação, foi realizada uma análise de sensibilidade dos
parâmetros do dimensionamento na variação do número N, ou seja, na vida útil do
pavimento asfáltico. A análise consistiu na variação de cada um dos parâmetros do
dimensionamento, sendo mantidos os demais fixos. Para a variação do número
101
estrutural, foi adotada uma estrutura e variados os coeficientes de drenagem para a
determinação do SN. As tabelas 4.3 e 4.4 a seguir ilustram os casos analisados.
Figura 4.1 – Estrutura analisada
Melhoria do Subleito
Reforço do Subleito - 15 cm
BGS
15 cm
CA - 5 cm
Tabela 4.3 – Determinação do número estrutural
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
51,970,44 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87
15 5,91 0,13 0,40 0,31 0,60 0,46 0,80 0,61 1,00 0,77 1,20 0,92 1,40 1,07
15 5,91 0,10 0,40 0,24 0,60 0,35 0,80 0,47 1,00 0,59 1,20 0,71 1,40 0,83
1,41 1,68 1,95 2,22 2,50 2,77
Caso 6Caso 2 Caso 3 Caso 4 Caso 5
esp
(cm)
esp
(pol)
a
i
Caso 1
Tabela 4.4 – Casos considerados
Parâmetro Variação
Confiabilidade (R) 70% - 80% - 90%
Desvio Padrão 0,40 - 0,45 - 0,50
ΔPSI
1,5 - 2,0 - 2,5
MR (kgf/cm²) 500 - 1000 - 1500
m
i
0,40 - 0,60 - 0,80 - 1,00 - 1,20 - 1,40
SN 1,41 - 1,68 - 1,95 - 2,22 - 2,50 - 2,77
A análise realizada indicou que as variações tanto do desvio padrão quanto da
serventia têm influência pouco significativa na determinação do número N de
solicitações admissíveis em comparação com os demais parâmetros. A variação da
confiabilidade relacionada aos dados de tráfego, adotada em 10% acima ou abaixo
do valor médio, proporcionou uma variação em 30% da vida útil do pavimento. O
módulo de resiliência, cuja variação foi adotada em 50% acima ou abaixo do valor
médio, ocasionou uma variação significativa da vida útil. No entanto, o parâmetro de
maior significância na análise foi o número estrutural (SN), cuja variação foi
102
provocada pela alteração dos coeficientes de drenagem. Uma variação de 30% nos
valores de SN provocou uma alteração de aproximadamente 300% na estimativa do
número N de solicitações admissíveis. A tabela 4.5 apresenta os parâmetros
considerados na análise e os resultados obtidos.
Tabela 4.5 – Resultado da análise de sensibilidade
Parâmetro
analisado
Confiabilidade Zr
S
0
ΔPSI
MR
(kgf/cm²)
SN
W
18
Δ W
18
70 -0,524 0,45 2 1000 2,22 6,96E+05 38,88%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,22 5,01E+05 0,00%
90 -1,282 0,45 2 1000 2,22 3,17E+05 -36,68%
80 -0,841 0,4 2 1000 2,22 5,52E+05 10,17%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,22 5,01E+05 0,00%
80 -0,841 0,5 2 1000 2,22 4,55E+05 -9,23%
80 -0,841 0,45 1,5 1000 2,22 4,54E+05 -9,35%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,22 5,01E+05 0,00%
80 -0,841 0,45 2,5 1000 2,22 5,41E+05 7,91%
80 -0,841 0,45 2 500 2,22 1,00E+05 -79,97%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,22 5,01E+05 0,00%
80 -0,841 0,45 2 1500 2,22 1,28E+06 156,17%
80 -0,841 0,45 2 1000 1,41 3,59E+04 -92,83%
80 -0,841 0,45 2 1000 1,68 9,54E+04 -80,96%
80 -0,841 0,45 2 1000 1,95 2,28E+05 -54,42%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,22 5,01E+05 0,00%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,50 1,05E+06 108,73%
80 -0,841 0,45 2 1000 2,77 1,99E+06 297,69%
Número Estrutural
(SN)
Confiabilidade
(Zr)
Desvio Padrão
(S
0
)
Variação da
Serventia
(
Δ
PSI)
Módulo de
Resiliência do
Subleito
(MR)
4.1.2 Pavimentos de concreto de cimento portland
A determinação da espessura da placa de concreto de cimento Portland através do
método de dimensionamento da AASHTO tem como principais parâmetros:
a perda de serventia ao longo do período de projeto;
o volume de tráfego solicitante ao longo do período de projeto, expresso através
do número N;
as características do concreto;
103
características referentes ao suporte da placa, expresso pelo módulo de reação;
o tipo de sistema de transferência de carga;
a eficiência do sistema de drenagem; e
a confiabilidade associada ao projeto.
Da mesma forma como nos pavimentos asfálticos, a consideração acerca da
drenagem é realizada através de um parâmetro inserido na equação de
desempenho, o Coeficiente de Drenagem (Cd), conforme apresentado a seguir.
()
()
()
[]
×
×
×+
+
×
+
Δ
++×+×=
25,0
75,0
75,0´'
10
46,8
7
10
1001810
42,18
63,215
132,1
log32,022,4
1
10624,1
1
5,15,4
log
06,01log35,7log
k
E
DJ
DCS
p
D
PSI
DSZW
c
d
c
tR
(4.3)
Onde:
W
18
= Número equivalente de solicitações do eixo padrão de 82 kN
Z
R
= Desvio padrão da distribuição normal para R% de confiabilidade
S
0
= Desvio padrão do projeto
D = Espessura da placa de concreto de cimento portland
Δ
PSI = Variação do índice de serventia pretendida para o período de projeto
p
t
= Índice de serventia pretendido ao final do período de projeto.
S’
c
= Módulo de ruptura médio do concreto de cimento portland
C
d
= Coeficiente de drenagem
J = Coeficiente de transferência de carga através das juntas
E
c
= Módulo de elasticidade do concreto
K = Módulo de reação efetivo do sistema de fundação
Assim como os coeficientes de drenagem m
i
para pavimentos asfálticos, a
determinação do Coeficiente de Drenagem a ser adotado considera as seguintes
características do sistema de drenagem subsuperficial: presença de dreno/camada
drenante e porcentagem do tempo em que o pavimento está exposto a níveis de
umidade próximos a saturação. A Tabela 4.1, apresentada anteriormente, indica
104
tempos de drenagem de bases de pavimentos que são recomendados pelo guia da
AASHTO para avaliação da qualidade do sistema de drenagem proposto e posterior
dimensionamento estrutural das camadas.
Os fatores Cd foram determinados através de estudo de retroanálise de equações
de dimensionamento considerando diversas condições que representassem os
efeitos da variação da drenagem (Seeds e Hicks, 1991).
Os valores podem variar de 1,25 a 0,70, sendo 1,25 a condição de qualidade de
drenagem excelente e 0,70 a situação oposta. A tabela 4.6 mostra os coeficientes de
drenagem Cd recomendados no procedimento da AASHTO para utilização no
dimensionamento e análise de desempenho de pavimentos rígidos.
Tabela 4.6 – Valores recomendados pela AASHTO para o coeficiente de drenagem (C
d
) para
pavimentos de CCP.
Porcentagem do tempo em que a estrutura estará exposta a teores de
umidade próximos ao de saturação
Qualidade do
sistema de
drenagem
< 1% 1 – 5% 5 –25% >25%
Excelente 1,25 – 1,20 1,20 – 1,15 1,15 – 1,20 1,10
Bom 1,20 – 1,15 1,15 – 1,10 1,10 – 1,00 1,00
Médio 1,15 – 1,10 1,10 – 1,00 1,00 – 0,80 0,80
Pobre 1,10 – 1,00 1,00 – 0,90 0,90 – 0,60 0,90
Muito Pobre 1,00 – 0,90 0,90 – 0,80 0,80 – 0,70 0,70
Outro critério para a determinação do Cd é a efetividade do sistema de drenagem
subsuperficial, conforme pesquisa realizada por Mallela, Titus-Glover e Darter
(2000). Neste trabalho o coeficiente de drenagem depende de outros parâmetros
além da qualidade do sistema de drenagem e tempo em que a estrutura está
exposta a saturação.
Na pesquisa realizada, os autores indicam que a determinação do parâmetro Cd
está relacionada ao tipo de camada de bloqueio existente, ao tipo de dispositivo de
drenagem (dreno longitudinal e/ou camada drenante) e às condições climáticas. A
tabela 4.7 a seguir apresenta os critérios considerados para a determinação do
Coeficiente de Drenagem.
105
Tabela 4.7 – Valores recomendados para o coeficiente de drenagem (C
d
)
(a) Comportamento das características de suporte para pavimentos que drenam a totalidade da
água através do sistema de drenagem
Sistema de Drenagem
Dreno de borda
Camada drenante
com borda livre
Camada granular de
graduação densa (1)
Bom Regular
Geotêxtil (2) Regular Ruim
Tipo de camada de
bloqueio
(1) + (2) Bom Regular
(b) Qualidade de drenagem do pavimento
Qualidade de Drenagem da Base Impermeável
Comportamento das
características de
suporte
Excelente
(< 2h)
Bom
(2 à 24h)
Regular
(24 à 168h)
Bom Excelente Bom Regular
Regular Bom Bom – Regular Regular
Ruim Regular Regular Regular
(c) Valor de Cd Recomendado para Pavimento de Concreto de Cimento Portland com bases
impermeáveis
Condições ambientais
Seco
a
Úmido
b
Qualidade da
Drenagem
Não
congelamento
c
Congelamento
d
Não
congelamento
c
Congelamento
d
Excelente 1,25 – 1,20 1,20 – 1,15 1,15 – 1,10 1,10
Bom 1,20 – 1,15 1,15 – 1,10 1,10 – 1,00 1,00
Regular 1,15 – 1,10 1,10 – 1,00 1,00 – 0,90 0,90
Ruim 1,10 – 1,00 1,00 – 0,90 0,90 – 0,80 0,80
Péssimo 1,00 – 0,90 0,90 – 0,80 0,80 – 0,70 0,70
a
Clima úmido = Precipitação > 508 mm/ano.
b
Clima seco = Precipitação < 508 mm/ano.
c
Congelamento = Índice de congelamento > 83ºC diários
d
Não congelamento = Índice de congelamento < 83ºC diários
Smith et al (1995) elaborou trabalho semelhante ao anterior, com base em uma
pesquisa realizada pela FHWA em cerca de 300 seções de pavimentos rígidos. O
Coeficiente de Drenagem é dado em função da presença/ausência de drenos
longitudinais, do clima da região, do tipo de solo do subleito (fino ou granular) e da
permeabilidade da base. Os coeficientes propostos estão apresentados na tabela
4.8 a seguir.
106
Tabela 4.8 – Critério recomendados para determinação de Cd
Subleito de Graduação Fina
(A-4 até A-7)
Subleito de Graduação
Grossa
(A-1 até A-3)
Dreno de
Borda
Clima
Base
Impermeável
Base
Permeável
Base
Impermeável
Base
Permeável
Úmido 1,00 – 1,10 0,75 – 0,95 0,90 – 1,10 1,05 – 1,15
Sim
Seco 1,10 – 1,20 0,95 – 1,15 1,10 – 1,20 1,15 – 1,20
Úmido 0,85 – 0,95 0.70 – 0,90 0,75 – 0,95 0,90 – 1,00
Não
Seco 0,95 – 1,05 0,90 – 1,10 0,90 – 1,15 1,00 – 1,10
Após a análise dos coeficientes de drenagem, foi realizada uma verificação da
sensibilidade dos parâmetros de dimensionamento na variação do número N, ou
seja, na vida útil do pavimento, conforme efetuado para os pavimentos asfálticos. A
tabela 4.9 ilustra os casos analisados.
Tabela 4.9 – Casos considerados
Parâmetro Variação
Confiabilidade (R) 70% - 80% - 90%
Desvio Padrão 0,30 - 0,35 - 0,40
ΔPSI
1,5 - 2,0 - 2,5
Sc (MPa) 4,5 - 5,0 - 5,5
Ec (GPa) 28 - 30 - 32
k (MPa/m) 60 - 100 - 140
Cd 0,75 - 1,00 - 1,25
D (pol) 8 - 9 - 10
A análise realizada indicou que as variações do desvio padrão, da serventia e do
módulo de elasticidade do concreto têm influência muito pouco significativa na
determinação do número de solicitações admissíveis em comparação com os
demais parâmetros. As variações da confiabilidade relacionada aos dados de
tráfego, do módulo de ruptura do concreto e do módulo de reação proporcionaram
variações superiores. No entanto, não são comparáveis à influência das alterações
na espessura da placa de concreto e no coeficiente de drenagem, que acarretaram
em uma variação significativa dos resultados. A tabela 4.10 apresenta os parâmetros
considerados na análise e os resultados obtidos.
107
Tabela 4.10 – Resultado da análise de sensibilidade
Parâmetro
analisado
Confiabilidade Zr
S
0
Δ
PSI
Sc Ec K Cd D
Δ
W
18
70 -0,524 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 29,11%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
90 -1,282 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 -29,91%
80 -0,841 0,30 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 10,17%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,40 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 -9,23%
80 -0,841 0,35 1,5 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 -1,93%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,35 2,5 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 -4,07%
80 -0,841 0,35 2,0 4,5 30.000,0 100,0 1,00 9 -30,26%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,35 2,0 5,5 30.000,0 100,0 1,00 9 38,54%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 28.000,0 100,0 1,00 9 9,76%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 32.000,0 100,0 1,00 9 -8,01%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 28.000,0 60,0 1,00 9 -40,05%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 32.000,0 140,0 1,00 9 48,15%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 28.000,0 100,0 0,75 9 -58,97%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 32.000,0 100,0 1,25 9 97,33%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 28.000,0 100,0 0,75 8 -69,12%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 30.000,0 100,0 1,00 9 0,00%
80 -0,841 0,35 2,0 5,0 32.000,0 100,0 1,25 10 193,07%
Espessura da
placa
(pol)
Módulo de
Elasticidade
(kgf/cm²)
Módulo de
Reação
(MPa/m)
Coeficiente
de Drenagem
Confiabilidade
(Zr)
Desvio Padrão
(S
0
)
Variação da
Serventia
(
Δ
PSI)
Módulo de
Ruptura
(kgf/cm²)
108
4.1.3 Considerações gerais
Com base nas análises de sensibilidade realizadas tanto para pavimentos asfálticos
quanto para pavimentos rígidos, ficou clara a influência do parâmetro que relaciona
a qualidade da drenagem na estimativa da vida útil e na determinação da espessura
de pavimento necessária.
A escolha acerca do coeficiente a ser utilizado na análise deve ser baseada no
dimensionamento e verificação hidráulica do sistema de drenagem proposto. O que
se quer afirmar aqui é que não basta simplesmente dotar a estrutura de camadas
drenantes e drenos para inferir sobre a qualidade do sistema se não for verificada a
eficácia dos mesmos no sistema completo, através, principalmente, da determinação
dos tempos de drenagem.
Com a finalidade de promover a utilização das tabelas 4.1, 4.2 e 4.6,
respectivamente, para relação entre tempo e qualidade de drenagem, aferição de m
i
e aferição de Cd, para a determinação do fator adequado a ser utilizado no
dimensionamento do pavimento, é necessário desenvolver a análise seguinte:
Calcular o tempo de drenagem em cada camada de material não estabilizado
(pavimentos asfálticos) ou da combinação sub-base/subleito (pavimentos
rígidos).
Selecionar um índice de qualidade de drenagem baseado no tempo de drenagem
calculado.
Estimar o tempo em que a estrutura do pavimento está exposta à variação de
umidade, aproximando-se da saturação.
Utilizando-se o índice de qualidade de drenagem e a porcentagem de tempo que
a estrutura do pavimento fica exposta à umidade, são obtidos os coeficientes de
drenagem nas Tabelas 4.2 ou 4.6.
109
4.2 Programa HDM-4
O modelo do HDM vem sido utilizado há duas décadas para avaliar técnica e
economicamente projetos viários, programas e estratégias de manutenção.
Enquanto a maioria das aplicações foi desenvolvida em países em desenvolvimento,
nos últimos anos, países industrializados também passaram a adotar o enfoque
econômico e os princípios do modelo para a otimização e racionalização dos
investimentos. O programa HDM tem recebido atenção crescente ao auxiliar na
definição de políticas de manutenção e reabilitação em muitos países.
Em 1993, foi criada a
International Study of Highway Development and Management
Tools
– ISOHDM – formada por técnicos do Banco Mundial (World Bank), do Banco
de Desenvolvimento da Ásia (
Asian Development Bank - ADB), do Departamento de
Estradas de Rodagem da Suécia (
Swedish National Road Administration – SRNA) e
da Administração para o Desenvolvimento Ultramarino, do Reino Unido (
Overseas
Development Administration
– ODA). A ISOHDM tinha por objetivo modernizar o
modelo HDM-III –
Highway Design and Maintenance Standards, extensamente
utilizado em todo o mundo, ampliando o escopo de atuação e realizando a
atualização técnica do modelo.
Ainda que amplamente utilizado, o HDM-III possuía algumas limitações que
motivaram o desenvolvimento da nova versão. Entre elas, pode-se considerar
principalmente a ausência de módulos de análise de desempenho de pavimentos de
concreto, de efeitos climáticos, em especial o fenômeno de gelo e degelo, e de
análise da segurança viária relacionada à textura da superfície do pavimento
(resistência a derrapagem).
Assim, a ISOHDM teve por objetivo elaborar ferramentas para o desenvolvimento
técnico e econômico para o setor viário, com a finalidade de serem utilizadas para o
planejamento, priorização financeira, monitoramento e gerenciamento de sistemas
viários, ampliando o escopo de utilização do programa. O estudo foi conduzido ao
longo de três anos por equipes sediadas inicialmente na Inglaterra, Malásia e
Suécia.
110
O programa desenvolvido tem como premissa a fornecer informação para usuários
com diferentes níveis de conhecimento e necessidade. O sistema aplica-se a três
tipos distintos de utilização:
Análise de Projeto: assessora a avaliação de aspectos físicos, funcionais e
econômicos de alternativas de projeto.
Análise de Intervenções: utilizado para avaliar técnica e economicamente
programas de manutenção, reabilitação e expansão da rede viária.
Análise Estratégica: utilizada para estabelecer políticas e padrões de
conservação e também para previsão de desembolsos financeiros em função do
desempenho da rede viária.
O programa tem como principais objetivos a seleção de alternativas de
investimentos para:
definição de classes de rodovias;
padrões de pavimentação;
padrões de traçado;
estudos de soluções para tráfego não-motorizado;
análise de congestionamentos e emissão de poluentes;
custos de transportes;
tempos de viagens;
acidentes rodoviários.
De forma complementar, o HDM-4 pode ainda ser utilizado para pesquisa para, por
exemplo, avaliar o efeito de intervenções realizadas em uma via na segurança ou,
como no caso deste trabalho, estimar a variação dos parâmetros de análise
funcional da via em função de distintas condições de drenagem impostas as
estruturas de pavimento consideradas.
O programa realiza as análises técnica e econômica das soluções propostas. Podem
ser analisados casos de implantação de novas rodovias ou ainda ampliação e
restauração de rodovias existentes.
111
Para a análise, o programa permite a obtenção de indicadores futuros da condição
das estruturas de pavimento e a análise de sensibilidade dos resultados, permitindo
a análise de cenários distintos.
A análise do desempenho do pavimento ao longo de um período é função do projeto
da via, dos tipos de materiais empregados, da qualidade de construção, das
características do tráfego (composição e volume), da geometria da via, das
condições ambientais e da política de manutenção adotada.
A consideração da drenagem no desempenho dos pavimentos é realizada através
da condição dos drenos de borda. Estes afetam o pavimento através da redução da
resistência e aceleração do processo de dano. A funcionalidade dos drenos é
estimada em função do relevo do terreno e das características climáticas da região
onde a rodovia está implantada, do tipo de dreno e das intervenções de manutenção
previstas.
Em pavimentos asfálticos, a capacidade portante do pavimento é avaliada através
do Número Estrutural Ajustado (SNP). As características do sistema de drenagem
que influenciam no cálculo desta variável são representadas pelo Fator de
Drenagem (Drainage Factor), cujo valor varia entre 1 (condição excelente) e 5
(péssimo).
A determinação do Fator de Drenagem, ou DF, leva em conta o tipo e a condição de
manutenção do dreno. A variação entre os fatores de drenagem máximo e mínimo
possíveis possibilita a estimativa da vida útil do dreno, que também é função do
relevo da via.
Nos pavimentos de concreto o efeito da drenagem é considerado através do
Coeficiente de Drenagem – Cd – utilizado pela AASHTO para avaliação do
desempenho e dimensionamento.
Os valores considerados para o Cd são variações daqueles apresentados por Smith
et. al. (Tabela 4.8) e estão reproduzidos na seqüência (Tabela 4.11).
112
Tabela 4.11 – Critério recomendado para determinação de Cd
Subleito de Graduação Fina
(A-4 até A-7)
Subleito de Graduação
Grossa
(A-1 até A-3)
Dreno de
Borda
Clima
Base
Impermeável
Base
Permeável
Base
Impermeável
Base
Permeável
Úmido 1.00 – 1.10 0,70 – 0,95 0,90 – 1,10 1,05 – 1,15
Sim
Seco 1,10 – 1,20 0,95 – 1,15 1,10 – 1,20 1,15 – 1,20
Úmido 0,85 – 0,95 0,70 – 0,90 0,75 – 0,95 0,90 – 1,00
Não
Seco 0,95 – 1,05 0,90 - ,10 0,90 – 1,15 1,00 – 1,10
Uma forma de verificação do desempenho do pavimento é através da progressão
dos defeitos ao longo do período de análise. A tabela 4.12 indica os tipos de defeitos
de pavimento que são analisados através do programa.
Tabela 4.12 – Defeitos considerados na análise
Pavimentos Asfálticos Pavimentos de CCP
Trincamento Trincamento
Desagregação Escalonamento
Panelas Esborcinamento
Afundamento em Trilha de Roda Irregularidade
Resistência a Derrapagem
Irregularidade
Os defeitos “trincamento”, “desagregação” e “esborcinamento” são avaliados em
termos da área total analisada. As “panelas“ são analisadas em função da
ocorrência (número/km) e área atingida. “Escalonamento” e “afundamento em trilha
de roda” são analisados em termos do degrau entre as placas, medido em mm, e da
profundidade, também em mm.
A irregularidade é analisada com base no IRI –
International Roughness Index – que
retrata o desvio da pista em relação a uma superfície plana, dado em m/km.
113
5 ESTUDOS E ANÁLISES DE SENSIBILIDADE PARA
DIFERENTES CONDIÇÕES DE DRENAGEM
5.1 Introdução
As análises realizadas acerca do desempenho dos pavimentos em função das
condições de drenagem remetem a casos reais de rodovias implantadas ou em
implantação, que apresentam níveis de solicitação de tráfego e seções-tipo distintas.
Dessa forma, os dimensionamentos realizados foram analisados à luz dos conceitos
de drenagem subsuperficial, procurando verificar a influência destes no desempenho
dos pavimentos quando em utilização.
As estruturas de pavimento consideradas para a estimativa da vida útil e do
desempenho em função da variação das condições de drenagem estão
apresentadas na seqüência.
5.1.1 Pavimentos de concreto de cimento portland
As estruturas de pavimento de concreto de cimento portland consideradas foram
dimensionadas para vias com níveis de tráfego Pesado (Seção-Tipo C1) e Muito
Pesado (Seção-Tipo C2).
Ambos os dimensionamentos foram realizados previamente pelo método da Portland
Cement Association – PCA/84. Tal método difere do elaborado pela AASHTO
quanto aos critérios de ruptura e, consequentemente, nos parâmetros adotados. O
método da PCA considera como parâmetro de avaliação a resistência a fadiga do
concreto e a erosão das camadas inferiores, enquanto o método de
114
dimensionamento da AASHTO considera o desempenho funcional da estrutura face
às solicitações de tráfego.
Dessa forma, com base em dados existentes, os dimensionamentos foram
calibrados pelo método da AASHTO para a realização da análise de sensibilidade.
Os parâmetros considerados no dimensionamento e as estruturas resultantes estão
apresentados na seqüência.
5.1.1.1 Parâmetros de Dimensionamento
Conforme descrito no capítulo anterior, a determinação da espessura da placa de
concreto de cimento Portland através do método de dimensionamento da AASHTO
tem como principais parâmetros a perda de serventia ao longo do período de
projeto; o tráfego, expresso através do número N; características do concreto;
características referentes ao suporte da placa; o tipo de sistema de transferência de
carga; a eficiência do sistema de drenagem e a confiabilidade associada ao projeto.
A análise dos pavimentos de concreto de cimento portland considerou duas
estruturas anteriormente projetadas (casos reais), sendo que os parâmetros de
dimensionamento foram retroanalisados. A parte o volume de tráfego, a principal
diferença entre as duas estruturas analisadas é o tipo de estrutura do acostamento.
Enquanto a seção C1 apresenta estrutura do tipo flexível, o acostamento da seção
C2 é em concreto de cimento portland, unido a placa através de barras de ligação. A
diferenciação das estruturas implica em variação direta do coeficiente de
transferência de carga (J) e indireta do coeficiente de drenagem (Cd).
A tabela 5.1 apresenta os valores considerados de cada parâmetro para ambas as
estruturas.
115
Tabela 5.1 – Parâmetros de dimensionamento
Parâmetro
Seção-tipo C1
Tráfego Pesado
Seção-tipo C2
Tráfego Muito Pesado
Período de projeto (anos) 20 20
Perda de serventia - ΔPSI
2,00 2,00
Tráfego - N
AASHTO
1,80 x 10
7
2,70 x 10
8
Módulo de ruptura (MPa) 5,00 5,20
Módulo de elasticidade (MPa) 30.000,00 30.000,00
Módulo de reação (MPa/m) 144,00 140,00
Coeficiente de transferência de carga - J 3,20 2,50
Coeficiente de drenagem - Cd 1,00 1,25
Desvio Padrão 0,35 0,30
Confiabilidade 70% 50%
5.1.1.2 Estruturas resultantes
Com base no dimensionamento, foram obtidas as estruturas apresentadas nas
figuras 5.1 e 5.2.
Figura 5.1 – Pavimento para tráfego pesado – Seção-tipo C1
116
Figura 5.2 – Pavimento para tráfego muito pesado – Seção-tipo C2
5.1.2 Pavimentos Asfálticos
As estruturas de pavimento asfáltico são aquelas recomendadas nas “Instruções de
Projeto” elaboradas pela Prefeitura do Município de São Paulo. A publicação
apresenta estruturas pré-dimensionadas, recomendadas para faixas variáveis de
solicitação.
Para a realização das análises, foi efetuada uma calibração dos dimensionamentos
através do método da AASHTO, dado que as Instruções são baseadas no método
do DNER/DNIT, que possui parâmetros e critério de ruptura distintos.
5.1.2.1 Parâmetros de dimensionamento
No Capítulo 4 foi discutida a determinação do número estrutural (SN – Structural
Number) através do método de dimensionamento da AASHTO. Os principais
parâmetros são a perda de serventia ao longo do período de projeto; o tráfego ao
longo do período de projeto, expresso através do número N; o módulo de resiliência
do subleito e a confiabilidade associada ao volume de tráfego.
117
Diferentemente do pavimento de concreto, a consideração da drenagem é realizada
de forma indireta, no cálculo do SN. A calibração do dimensionamento foi realizada
considerando coeficiente de drenagem (m
i
) médio para os materiais não tratados, ou
seja, para as camadas de base e sub-base.
A tabela 5.2 apresenta os valores considerados de cada parâmetro.
Tabela 5.2 – Parâmetros de dimensionamento
Parâmetro
Seção-tipo A1
Tráfego Leve
Seção-tipo A2
Tráfego Meio
Pesado
Seção-tipo A3
Tráfego Pesado
Período de projeto (anos) 10 10 10
Perda de serventia - ΔPSI
2,00 2,00 2,00
Tráfego - N
USACE
1,00 x 10
5
2,00 x 10
6
5,00 x 10
7
Tráfego – N
AASHTO
9,81 x 10
4
1,49 x 10
6
3,71 x 10
6
Módulo de resiliência do subleito (MPa) 190 80 80
Desvio Padrão 0,45 0,45 0,45
Confiabilidade 90% 90% 90%
Número Estrutural – SN 1,39 3,07 3,53
5.1.2.2 Estruturas resultantes
Com base no dimensionamento realizado, foram obtidas as estruturas apresentadas
nas figuras 5.3, 5.4 e 5.5.
Figura 5.3 – Pavimento para tráfego leve – Seção-tipo A1
118
Figura 5.4 – Pavimento para tráfego meio pesado – Seção-tipo A2
Figura 5.5 – Pavimento para tráfego pesado – Seção-tipo A3
119
5.2 Estimativa da vida útil dos pavimentos
5.2.1 Pavimentos de concreto de cimento portland
A variação na vida útil dos pavimentos de concreto de cimento portland foi avaliada
através da equação de desempenho apresentada no AASHTO Pavement Design
Guide, versão de 1993.
Conforme apresentado no capítulo 4, o Coeficiente de Drenagem é o parâmetro que
apresenta maior influência na determinação da espessura necessária da placa de
concreto de cimento portland para um mesmo nível de confiabilidade. Em
conseqüência, é também o parâmetro de maior impacto na variação da vida útil do
pavimento.
Dessa forma, a estimativa na vida útil das estruturas analisadas foi realizada
considerando a variação do Coeficiente de Drenagem – Cd. A seguir, a tabela 5.3
indica os casos em estudo.
Tabela 5.3 – Casos analisados
Parâmetro Variação
Coeficiente de Drenagem 0,70 – 0,80 – 0,90 – 1,00 – 1,10 – 1,20
Uma vez que as estruturas analisadas apresentam tipo de acostamento distinto, a
influência do tipo de acostamento também foi verificada na estimativa da vida útil do
pavimento.
As figuras a seguir apresentam os resultados das análises efetuadas.
120
Vida Útil x Condições de Drenagem
Seção-Tipo C1
-100%
-50%
0%
50%
100%
150%
200%
250%
300%
350%
400%
0,700,750,800,850,900,951,001,051,101,151,201,25
Coeficiente de Drenagem - Cd
Variação na Vida Útil (%)
Acostamento Flexível
Acostamento Rígido
Figura 5.6 – Variação da vida útil – seção-tipo C1
Vida Útil x Condições de Drenagem
Seção-Tipo C2
-100%
-80%
-60%
-40%
-20%
0%
0,700,750,800,850,900,951,001,051,101,151,201,25
Coeficiente de Drenagem - Cd
Variação na Vida Útil (%)
Acostamento Flexível
Acostamento Rígido
Figura 5.7 – Variação da vida útil – seção-tipo C2
121
5.2.2 Pavimentos Asfálticos
Foi analisada a variação do número estrutural em função da variação das condições
de drenagem da estrutura, representada pela variação do coeficiente m
i
, que
multiplica o produto entre a espessura da camada e o coeficiente estrutural das
camadas não tratadas. A seguir, as tabelas 5.4 e 5.5 indicam os casos em estudo.
Tabela 5.4 – Variação do Coeficiente de Drenagem m
i
Parâmetro Variação
Coeficiente de Drenagem - m
i
0,40 – 0,60 – 0,80 – 1,00 – 1,20 – 1,40
Tabela 5.5 – Variação do Número Estrutural
Seção
Tipo
esp
(cm)
esp
(pol)
a
i
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
m
i
SN
3,51,380,44 1 0,61 1 0,61 1 0,61 1 0,61 1 0,61 1 0,61
5 1,97 0,2 1 0,39 1 0,39 1 0,39 1 0,39 1 0,39 1 0,39
10 3,94 0,10 1,00 0,39 0,40 0,16 0,60 0,24 0,80 0,31 1,20 0,47 1,40 0,55
1,39 1,16 1,24 1,31 1,47 1,55
51,970,44 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87
72,760,37 1 1,02 1 1,02 1 1,02 1 1,02 1 1,02 1 1,02
7,52,950,20 1 0,59 1 0,59 1 0,59 1 0,59 1 0,59 1 0,59
15 5,91 0,10 1,00 0,59 0,40 0,24 0,60 0,35 0,80 0,47 1,20 0,71 1,40 0,83
3,07 2,71 2,83 2,95 3,19 3,30
51,970,44 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87 1 0,87
7,52,950,37 1 1,09 1 1,09 1 1,09 1 1,09 1 1,09 1 1,09
15 5,91 0,20 1 1,18 1 1,18 1 1,18 1 1,18 1 1,18 1 1,18
1
0 3,94 0,10 1,00 0,39 0,40 0,16 0,60 0,24 0,80 0,31 1,20 0,47 1,40 0,55
3,53 3,30 3,38 3,45 3,61 3,69
A3
A2
A1
As figuras a seguir apresentam as análises realizadas, indicando a variação da vida
útil em função da variação do coeficiente de drenagem e do número estrutural para
cada seção tipo estudada.
Deve-se notar o fato de que a variação obtida para a seção-tipo A3, dimensionada
para tráfego pesado, é inferior às variações encontradas para as demais seções. Tal
122
fato, a primeira vista incompatível, é função da utilização de camada de maior rigidez
na base da estrutura, conforme prevê o método de dimensionamento.
Variação da vida útil em função da drenagem
-100,00%
-80,00%
-60,00%
-40,00%
-20,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60
Coeficiente de Drenagem - mi
Variação da vida útil (%)
A1 A2 A3
Figura 5.8 – Variação da vida útil em função do coeficiente de drenagem
Variação da vida útil em função da drenagem
-100,00%
-80,00%
-60,00%
-40,00%
-20,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Número Estrutural - SN
Variação da vida útil (%)
A1 A2 A3
Figura 5.9 – Variação da vida útil em função do SN
123
5.3 Evolução dos parâmetros de desempenho
Através do programa HDM-4, pode-se estimar o comportamento do pavimento ao
longo de um determinado período de análise com base na evolução dos defeitos.
Para pavimentos rígidos, são consideradas a evolução do IRI, do trincamento, do
escalonamento e do esborcinamento. Para pavimentos asfálticos, os defeitos
analisados são a irregularidade, o trincamento e a formação de afundamento em
trilha de roda.
Para todos os casos analisados, foi considerada a presença de drenos longitudinais
de borda e a ausência de camada drenante.
Os gráficos apresentados na seqüência apresentam a evolução esperada dos
defeitos considerando variável a condição de drenagem para as estruturas de
pavimento apresentadas no item 5.1.
Os limites de aceitabilidade indicados nos gráficos referem-se, para os pavimentos
asfálticos, aos estabelecidos nos Editais de Licitação das Concessões Rodoviárias
do Estado de São Paulo (ARTESP). Já para o pavimento rígido, foram adotados
valores estabelecidos internacionalmente.
Pavimento rígido
o Irregularidade: IRI 2,7 m/km (ou QI 35 contagens/km);
o escalonamento de juntas 6 mm;
o trincas transversais 5%;
o juntas esborcinadas 10%.
Pavimentos asfálticos
o Irregularidade: IRI 2,7 m/km (ou QI 35 contagens/km);
o área total de trincas 15%;
124
o área de trincas severas 2%;
o afundamento de trilha de roda 7 mm;
o panelas = 0%.
5.3.1 Pavimentos de concreto de cimento portland
5.3.1.1 Irregularidade - IRI
O IRI é o principal parâmetro para aferir de forma objetiva a condição funcional do
pavimento. A sua evolução ao longo do tempo está apresentada nas figuras a seguir
para as duas estruturas analisadas, bem como a variação em função da condição da
drenagem da pista.
IRI x Cd
Seção-tipo C1 (Acostamento Rígido)
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
02468101214161820
Anos
IRI (m/km)
Cd = 0,75 Cd = 1,00 Cd = 1,25 IRI_limite
Figura 5.10 – IRI em função do Coeficiente de Drenagem – Seção Tipo C1 (Acostamento rígido)
125
IRI x Cd
Seção-tipo C1 (Acostamento Flexível)
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
02468101214161820
Anos
IRI (m/km)
Cd = 0,75 Cd = 1,00 Cd = 1,25 IRI_limite
Figura 5.11 – IRI em função do Coeficiente de Drenagem – Seção Tipo C1 (Acostamento flexível)
IRI x Cd
Seção-tipo C2 (Acostamento Rígido)
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
02468101214161820
Anos
IRI (m/km)
Cd = 0,75 Cd = 1,00 Cd = 1,25 IRI_limite
Figura 5.12 – IRI em função do Coeficiente de Drenagem – Seção Tipo C2 (Acostamento rígido)
126
IRI x Cd
Seção-tipo C2 (Acostamento Flexível)
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
02468101214161820
Anos
IRI (m/km)
Cd = 0,75 Cd = 1,00 Cd = 1,25 IRI_limite
Figura 5.13 – IRI em função do Coeficiente de Drenagem – Seção Tipo C2 (Acostamento flexível)
IRI x Cd
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 1,30
Cd
IRI (m/km)
C1 - Acostamento Rígido C2 - Acostamento Rígido
C1 - Acostamento Flexível C2 - Acostamento Flexível
IRI-Limite
Figura 5.14 – IRI em função do Coeficiente de Drenagem
127
5.3.1.2 Escalonamento
O escalonamento consiste no degrau entre as placas de concreto de cimento
portland. Interfere diretamente com a determinação do Índice de Irregularidade
Longitudinal e, por conseqüência, com o conforto ao rolamento proporcionado ao
usuário. A figura 5.15 apresenta a relação entre o escalonamento e a condição de
drenagem para as duas seções analisadas.
Escalonamento x Cd
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 1,30
Cd
Escalonamento (mm)
C1 - Acostamento Rígido C2 - Acostamento Rígido C1 - Acostamento Flexível
C2 - Acostamento Flexível Limite
Figura 5.15 – Escalonamento em função do Coeficiente de Drenagem
5.3.1.3 Esborcinamento e Trincamento
As análises realizadas para a previsão da evolução do esborcinamento e do
trincamento indicaram pouca ou nenhuma influência da condição da drenagem,
128
indicando que os modelos do HDM para previsão da evolução do esborcinamento e
trincamento são pouco sensíveis à variação deste parâmetro.
Ambos os defeitos analisados têm sua gênese proveniente do processo construtivo,
em especial o esborcinamento, que é diretamente relacionado ao período da
serragem das juntas, em função da cura do concreto. Já o trincamento, embora sua
evolução esteja diretamente relacionada à presença da umidade, tem sua gênese
creditada ao processo construtivo (trincas de retração) e ao carregamento do
tráfego.
5.3.2 Pavimentos Asfálticos
As condições de drenagem influem na variação da resistência da estrutura do
pavimento, representada pelo Número Estrutural Ajustado - SNP.
As características do tipo de sistema de drenagem subsuperficial previsto e as
variações dos parâmetros climáticos, como temperatura e precipitação, são tratadas
em conjunto para corrigir o SNP em função da duração das estações seca e úmida.
Neste estudo, foi considerado que a região de inserção da rodovia apresenta clima
tropical úmido (temperaturas e índice pluviométrico elevados durante a maior parte
do tempo) e que as características dos materiais de revestimento, base e subleito
foram determinados em estação úmida.
Os defeitos analisados foram a irregularidade longitudinal, a área de trincamento e o
afundamento em trilha de roda.
Ao contrário do que era esperado, os fatores de drenagem tiveram influência pouco
significativa na estimativa de desempenho segundo os modelos do HDM. As figuras
apresentadas na seqüência ilustram o fato.
129
5.3.2.1 Irregularidade Longitudinal
A influência das condições de drenagem na variação da irregularidade longitudinal
foi verificada de forma mais pronunciada na análise relativa a seção-tipo A1,
dimensionada para tráfego leve. As seções-tipo A2 e A3 tiveram um comportamento
muito semelhante para todas as condições de drenagem.
Para a seção tipo A1, a diferença entre a irregularidade longitudinal de um
pavimento dimensionado com condições adequadas de drenagem (DF = 1) para um
pavimento com condições ruins (DF = 5) ao final de um período de 20 anos é
aproximadamente 1 m/km (ou 1 mm/m). Para as seções-tipo A2 e A3, a diferença
não chega a 0,5 m/km.
Outra constatação das análises é que praticamente não foi verificada diferença entre
os resultados obtidos para as condições regular e ruim. Os resultados apresentaram
diferenças da ordem de duas casas decimais.
As figuras 5.16 a 5.18 apresentam a variação do IRI em função das condições de
drenagem para as três seções-tipo analisadas.
IRI = f (DF)
Seção-Tipo A1
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Anos
IRI (m/km)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.16 – IRI em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A1
130
IRI = f (DF)
Seção-Tipo A2
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Anos
IRI (m/km)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.17 – IRI em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A2
IRI = f (DF)
Seção-tipo A3
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Anos
IRI (m/km)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.18 – IRI em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A3
131
5.3.2.2 Afundamento em trilha de roda
A análise do afundamento em trilha de roda, assim como a da irregularidae,
mostrou-se mais significativa para a estrutura dimensionada para tráfego leve –
seção tipo A1.
Para os casos A2 e A3, a diferença de desempenho verificada ao final do período de
análise foi muito pequena. Em especial para a seção tipo A3, para trafego pesado,
não foi verificada a influência da modificação dos Fatores de Drenagem (DF). A
progressão do defeito foi semelhante para os cinco casos.
Afundamento em trilha de roda = f (DF)
Seção-Tipo A1
3,00
5,00
7,00
9,00
11,00
02468101214161820
Anos
ATR (mm)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.19 – Afundamento em trilha de roda em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A1
132
Afundamento em trilha de roda = f (DF)
Seção-Tipo A2
3,00
6,00
9,00
12,00
15,00
18,00
21,00
02468101214161820
Anos
ATR (mm)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.20 – Afundamento em trilha de roda em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A2
Afundamento em trilha de roda = f (DF)
Seção-Tipo A3
3,00
6,00
9,00
12,00
15,00
18,00
21,00
24,00
27,00
30,00
02468101214161820
Anos
ATR (mm)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.21 – Afundamento em trilha de roda em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A3
133
5.3.2.3 Trincamento
A progressão da variação do trincamento ao longo do período de análise sofreu
pouca influência da alteração das condições de drenagem. Ao final dos 20 anos
pode-se verificar que a totalidade da área do pavimento encontraria-se trincada,
tanto para as seções-tipo A1 quanto A2.
A principal diferença verificada foi quanto a “velocidade” de progressão do defeito.
Ambas as seções-tipo apresentaram curvas de formato semelhante, conforme
apresentado nas figuras 5.22 e 5.23.
Assim como para a análise da irregularidade, foi constatado que praticamente há
diferença entre os resultados obtidos para as condições regular e ruim.
Quanto à seção-tipo A3, de acordo com os resultados da simulação realizada, a
mesma não apresentou trincamento do revestimento ao longo do período.
Trincamento = f (DF)
Seção-Tipo A1
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
02468101214161820
Anos
Trincamento (%)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.22 – Trincamento em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A1
134
Trincamento = f (DF)
Seção-Tipo A2
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
02468101214161820
Anos
Trincamento (%)
DF=1 DF=2 DF=3 DF=4 DF=5 Limite
Figura 5.23 – Trincamento em função do Fator de Drenagem – Seção Tipo A2
5.4 Análise dos resultados
5.4.1 Pavimentos de concreto de cimento portland
Pelo fato de não ser prevista a camada drenante, as águas que inevitavelmente
infiltrarão pelo pavimento, quer seja pelas juntas seladas que podem ter seu
desempenho comprometido, ou pelas trincas que ocorrerão por processo de fadiga
do concreto, ficarão por longo tempo no interior da estrutura.
Outros fatores que podem contribuir para a infiltração são a declividade transversal
do acostamento externo e as juntas longitudinais, em especial nos casos de pista
em concreto de cimento portland e acostamento com revestimento asfáltico, em
função da difícil selagem devido as diferentes trabalhabilidades dos materiais
135
constituintes da pista de rolamento e do próprio acostamento, em termos de
suscetibilidade térmica e deformação elástica.
Quanto ao impacto na variação da vida útil
O efeito da variação do coeficiente de drenagem na determinação da vida útil é
ilustrado nas figuras 5.6 e 5.7. O resultado é aproximadamente uma relação linear
entre a variação da vida útil e a diminuição do coeficiente de drenagem. A
diminuição do coeficiente de drenagem de 1,25 para 0,70 pode causar uma redução
na vida útil de até 100%.
Para o caso da seção-tipo 1, em que se verifica uma variação de aproximadamente
400% em relação ao desempenho esperado, deve-se ressaltar que a estrutura
original prevê acostamento asfáltico. Alterando o material para concreto já
proporciona um aumento na estimativa do número N admissível (aproximadamente
igual a duas vezes o número N original). A inclusão da melhoria das condições de
drenagem na mesma análise implica em um aumento ainda mais significativo na
estimativa realizada.
Quanto à variação dos parâmetros de desempenho
Quanto aos parâmetros de desempenho analisados através do HDM, verifica-se
uma variação significativa na irregularidade longitudinal. Para os dois níveis de
tráfego analisados, e tanto para as condições com acostamento rígido ou flexível,
observa-se uma variação em torno de 30% para os valores obtidos ao final do
período de análise para Cd variando de 0,75 a 1,25.
Considerando a variação do IRI ao longo do período, a ineficiência do sistema de
drenagem (Cd = 0,75) pode causar a elevação do parâmetro a um valor acima do
limite aceitável em apenas um quarto do período, exigindo a execução de
intervenções de manutenção em curto prazo. Essa condição é acentuada nos casos
em que os materiais da pista e acostamento são distintos.
Para ambas as estruturas analisadas, verifica-se que a garantia de um sistema de
drenagem subsuperficial adequado e a implantação de pista e acostamento no
mesmo material conferem bom desempenho à pista ao longo de praticamente todo o
período, podendo adiar as intervenções de manutenção para o término do prazo.
136
O escalonamento apresenta comportamento semelhante ao IRI quanto a variação
em função das condições de drenagem. O esborcinamento decresce linearmente
com o aumento do Cd. Também sofre variação em função do tipo de acostamento e
do volume de tráfego.
O esborcinamento não sofre a influência de nenhum dos parâmetros analisados.
Mantém-se constante com a variação das condições de drenagem, do acostamento
e do tráfego.
O trincamento também não varia conforme as condições de drenagem da pista.
Dentre os parâmetros analisados, o tráfego tem grande influência na variação da
porcentagem de placas trincadas.
5.4.2 Pavimentos Asfálticos
Assim como nos pavimentos de concreto de cimento portland, estima-se que o
volume de água que infiltra na estrutura deveria ficar retido por longo tempo em seu
interior, dada a ausência de camadas drenantes e do comportamento variável dos
drenos subsuperficiais.
A utilização de camadas tratadas com ligantes hidráulicos ou betuminosos contribui
para a minimização dos efeitos danosos da água na estrutura do pavimento,
evitando a perda de suporte de materiais puramente granulares.
Quanto ao impacto na variação da vida útil
A avaliação da variação da vida útil indica um comportamento semelhante das
estruturas analisadas. Uma variação do número estrutural em torno de 15% é
suficiente para reduzir ou aumentar o número N admissível em até 60% conforme
indicaram as análises realizadas para as seções-tipo A1 e A2 (volume de tráfego
leve e meio pesado). Para a seção-tipo A3, dimensionada para tráfego pesado, o
impacto da variação das condições de drenagem é inferior aos outros casos. Para a
mesma faixa de alteração percentual do número estrutural, a variação estimada na
137
vida útil é menor, da ordem de 40%. Uma das razões possíveis para a redução na
variação é a utilização de bases tratadas, que reduz a sensibilidade da estrutura do
pavimento quanto à ação da água.
Quanto à variação dos parâmetros de desempenho
A influência das condições de drenagem na variação dos parâmetros analisados:
irregularidade longitudinal, afundamento em trilha de roda e trincamento, foi
verificada de forma mais acentuada na análise relativa a seção-tipo A1,
dimensionada para tráfego leve.
As seções-tipo A2 e A3 tiveram um comportamento muito semelhante para todas as
condições de drenagem nas análises relativas à progressão da irregularidade
longitudinal.
Quanto ao afundamento em trilha de roda, a estrutura tipo A3, proposta para tráfego
pesado não apresentou variação ao longo do tempo para as condições distintas de
desempenho do sistema de drenagem. A influência da drenagem é minimizada,
possivelmente, em função da presença de base estabilizada. A mesma causa pode
ser atribuída ao processo de evolução do trincamento do revestimento, que não foi
verificado neste caso.
De forma geral, a evolução dos parâmetros é semelhante para todas as condições
de drenagem, tanto quanto à forma quanto à velocidade de progressão. A diferença
encontrada é quanto ao volume de deterioração, mais acentuado quando a condição
de drenagem é mais precária.
Uma das razões possíveis para a relativa igualdade de resultados é a adoção do
regime climático para a análise, que pode ter minimizado o efeito de saturação das
camadas, dado que admitiu-se que a região é úmida a maior parte do tempo e que
as características dos materiais utilizadas como dado de entrada foram
determinadas em estação úmida.
Assim, fica também evidenciada a necessidade de calibração dos modelos
apresentados no HDM para as condições específicas a serem analisadas, a fim de
obter resultados mais conclusivos que os aqui obtidos.
138
5.5 Análise econômica – LCC
É correto afirmar que não cabe apenas avaliar a viabilidade de um projeto de
engenharia apenas pelo custo inicial, ou seja, pelo custo de implantação no tempo
“zero”. A análise econômica deve ser realizada considerando também os custos ao
longo de um determinado período, onde é esperado obter o retorno dos
investimentos realizados. Em concessões rodoviárias, por exemplo, para a
verificação da viabilidade do negócio é obrigatório o estabelecimento de um plano de
investimentos na rodovia ao longo do período de concessão. Deve ter o objetivo de
compatibilizar não só os interesses empresariais, mas, principalmente, proporcionar
o atendimento aos requisitos do órgão contratante quanto aos padrões de
aceitabilidade mínimos para as condições funcionais e estruturais da rodovia
exigidos ao longo de todo o período de vigência do contrato.
Uma forma de realizar a análise econômica para subsídio do plano de investimentos
é através da análise do valor presente ao longo do tempo ou da análise do custo do
ciclo de vida – LCCA (Life Cycle Cost Analysis).
Os cálculos baseiam-se na determinação do montante necessário para a
implantação da via (tempo “zero”) e dos investimentos necessários ao longo do
tempo para a manutenção.
De forma simplificada, aplicada ao tema em estudo, a análise pode ser procedida da
seguinte maneira: inicialmente determinam-se os custos de implantação da estrutura
de pavimento. Neste momento, define-se pela existência e forma de um sistema de
drenagem subsuperficial, determinando também o seu custo de implantação. A partir
daí, com base em análises de desempenho da estrutura proposta (realizada pelo
HDM ou Pavement Evaluator, por exemplo) define-se uma política de manutenção
(manutenção periódica da via, incluindo ou não a drenagem do pavimento;
intervenções de restaurações localizadas e espaçadas em períodos pré-
determinados ou quando os parâmetros de aceitação estiverem próximos aos
limites).
139
5.5.1.1 Estrutura de pavimento proposta
A estrutura de pavimento em análise é a seção C2 indicada no item 5.1 – Pavimento
de Concreto de Cimento Portland para Tráfego Muito Pesado (figura 5.2). Foi
considerado que a estrutura do acostamento é semelhante à da pista. Para a
realização da análise econômica, serão considerados os casos apresentados na
tabela 5.6 a seguir.
Tabela 5.6 – Casos de análise
Sistema de Drenagem Subsuperficial
Caso
Presença Manutenção
1 Não -
2 Sim Não
3 Sim Sim
5.5.1.2 Análise de desempenho
A análise de desempenho realizada anteriormente pelo HDM apresentou os
resultados da variação dos parâmetros de avaliação em função da variação do
Coeficiente de Drenagem – Cd. Conforme apresentado no capítulo 4, a
determinação do Cd a ser considerado no dimensionamento tem como premissas o
tipo e a condição de manutenção do sistema de drenagem subsuperficial.
Considerando os casos em análise, os coeficientes adotados estão apresentados na
tabela 5.7.
140
Tabela 5.7 – Fator de Drenagem
Caso
Coeficiente de
Drenagem
1 0,75
2 1,00
3 1,25
As análises realizadas são aquelas apresentadas no item 5.3.
5.5.1.3 Intervenções de manutenção no pavimento
Existem dois tipos de intervenções de manutenção a serem realizadas no
pavimento. O primeiro tipo consiste em Manutenção Periódica, ou mantenção
preventiva, cujo objetivo principal é manter a via em condições adequadas de
rolamento e, principalmente, evitar a rápida deterioração em função da progressão
de defeitos.
Em pavimentos rígidos, a manutenção periódica usualmente é realizada através da
selagem de juntas e trincas em um período variável entre 5 a 10 anos após a
abertura da via ao tráfego.
O segundo tipo de manutenção é a Manutenção Especial, que consiste na
recuperação de uma área já deteriorada e cuja demolição e reconstrução (total ou
parcial) é indispensável para o restabelecimento de condições de trafegabilidade.A
periodicidade da intervenção de manutenção pode ser determinada em função da
análise de desempenho do pavimento. Com base nas estimativas realizadas com a
utilização do programa HDM, verifica-se que o limite de aceitabilidade do parâmetro
IRI – irregularidade – é ultrapassado durante o período considerado de 20 anos para
dois dos três casos analisados.
141
Conforme a figura 5.12, a irregularidade ultrapassa o limite no ano 5 para o caso 1 e
no ano 13 para o caso 2. As intervenções de manutenção especial serão então
realizadas nos anos 5, 10 e 15, para o caso 1 e no ano 13 para o caso 2. Para o
caso 3, verifica-se que o limite de aceitabilidade não é atingido no período de 20
anos e, portanto, não é necessária a realização de manutenção especial.
No caso 1, supôs-se simplificadamente que o comportamento da estrutura após
reabilitação é semelhante ao da estrutura recém-construída e, assim, determinados
os períodos das novas intervenções.
5.5.1.4 Determinação dos custos iniciais do pavimento
Indicam-se a seguir as quantidades de obra e custos de construção para a
alternativa de pavimento proposta. As quantidades referem-se a um quilômetro de
uma pista – rodovia de pista simples, com 7,2 m de largura de faixa de rolamento e
acostamentos laterais com 2,5 m de cada lado.
Os preços unitários utilizados na composição dos custos iniciais foram obtidos da
Tabela de Preços Unitários do DER/SP – data base de janeiro de 2007.
Tabela 5.8 – Custos de implantação – Caso 1
Unitário Total
23.11.06 Concreto de cimento portland 2.928 485,61 1.421.866,08
23.11.11 Concreto compactado a rolo 1.330 168,82 224.530,60
23.04.03.01 Brita graduada simples 1.370 99,43 136.219,10
23.02.01 Melhoria do subleito 13.800 0,84 11.592,00
Total 1.794.207,78
Quantidade
Preço (R$)
Item Material Unidade
142
Tabela 5.9 – Custos de implantação – Casos 2 e 3
Unitário Total
23.11.06 Concreto de cimento portland m³ 2.928 485,61 1.421.866,08
23.11.11 Concreto compactado a rolo m³ 1.330 168,82 224.530,60
23.04.03.01 Brita graduada simples m³ 1.370 99,43 136.219,10
23.02.01 Melhoria do subleito 13.800 0,84 11.592,00
24.15.07 Tubo PVC perfurado m 2.000 26,40 52.800,00
24.12.01.01 Brita 320 56,95 18.224,00
24.14.01.09 Manta geotêxtil 3.700 13,91 51.467,00
Total 1.916.698,78
Item Material Unidade Quantidade
Preço (R$)
Em termos de implantação, a instalação de drenos no pavimento implica em
aumento de 7 % nos custos iniciais.
5.5.1.5 Determinação dos custos de manutenção do pavimento
Para a determinação dos custos de manutenção, os mesmos foram divididos em
manutenção periódica e especial. Para a manutenção periódica estimou-se a
realização de selagem de juntas em 50% da área de rolamento, realizada a cada 5
anos, para minimizar a infiltração pelas juntas com selantes deteriorados. A
intervenção de restauração (manutenção especial) adotada consiste em demolição e
reconstrução de 10% das placas da área de rolamento.
Para os drenos subsuperficiais, considera-se que a intervenção de manutenção a
ser realizada consiste na limpeza e desobstrução dos mesmos. O período de
realização consiste com a realização da manutenção periódica do pavimento.
Os preços unitários utilizados na composição dos foram obtidos da Tabela de
Preços Unitários do DER/SP – data base de janeiro de 2007.
143
Tabela 5.10 – Manutenção periódica – selagem de juntas
Unitário Total
37.03.05.01 Resselagem das Juntas m 2.220 16,74 37.162,80
Total 37.162,80
Item Material Unidade Quantidade
Preço (R$)
Tabela 5.11 – Manutenção periódica – limpeza de drenos
Unitário Total
37.01.06 Limpeza dos tubos dreno m 2.000 6,95 13.900,00
Total 13.900,00
Item Material Unidade Quantidade
Preço (R$)
Tabela 5.12 – Manutenção Especial – Restauração do pavimento
Unitário Total
21.05.04 Demolição pavimento rígido 173 120,22 20.774,02
23.11.06 Concreto de cimento portland 173 485,61 83.913,41
Total 104.687,42
Preço (R$)
Item Material Unidade Quantidade
5.5.1.6 Análise econômica
Na análise dos pavimentos para um período de 20 anos, considerando a avaliação
do desempenho dos pavimentos, que indicou a época dos serviços de manutenção
para manter as condições desejáveis de operação da via, e adotando taxa de
reajuste anual de 8% e taxa de desconto de 3% ao ano para cálculo do Valor
Presente Líquido (VPL) do investimento de cada alternativa, têm-se os custos
indicados na tabela 5.13.
144
Tabela 5.13 – Resumo da Análise Econômica
Situação Custos Iniciais
Diferença
(em Relação ao Caso 1)
Valor presente
Diferença
(em Relação ao Caso 1)
Caso 1 1.794.207,78 - 2.856.758,43 -
Caso 2 1.916.698,78 6,83% 2.388.946,31 -16,38%
Caso 3 1.916.698,78 6,83% 2.195.072,38 -23,16%
A seguir apresentam-se as planilhas de fluxo de caixa e a figura 5.24 ilustrando os
custos de investimentos necessários durante o período de análise de 20 anos.
Tabela 5.14 – Análise Econômica – Caso 1
0 1.794.207,78 1.794.207,78 1.794.207,78 1.794.207,78
1 - - 1.794.207,78
2 - - 1.794.207,78
3 - - 1.794.207,78
4 - - 1.794.207,78
5 37.162,80 - 104.687,42 208.424,52 179.788,82 1.973.996,60
6 - - 1.973.996,60
7 - - 1.973.996,60
8 - - 1.973.996,60
9 - - 1.973.996,60
10 37.162,80 - 104.687,42 306.243,99 227.874,29 2.201.870,89
11 - - 2.201.870,89
12 - - 2.201.870,89
13 - - 2.201.870,89
14 - - 2.201.870,89
15 37.162,80 - 104.687,42 449.972,90 288.820,48 2.490.691,37
16 - - 2.490.691,37
17 - - 2.490.691,37
18 - - 2.490.691,37
19 -
- 2.490.691,37
20 37.162,80 - 104.687,42 661.157,81 366.067,05 2.856.758,43
Fluxo VP VP acumulado
Custo de
Manutenção Rotineira
Ano de
Avaliação
Custo de
Construção
Pavimentão
Drenagem
Subsuperficial
Custo de
Manutenção
Especial
145
Tabela 5.15 – Análise Econômica – Caso 2
0 1.916.698,78 1.916.698,78 1.916.698,78 1.916.698,78
1 - - 1.916.698,78
2 - - 1.916.698,78
3 - - 1.916.698,78
4 - - 1.916.698,78
5 37.162,80 - 54.604,35 47.102,19 1.963.800,97
6 - - 1.963.800,97
7 - - 1.963.800,97
8 - - 1.963.800,97
9 - - 1.963.800,97
10 37.162,80 - 80.231,70 59.699,92 2.023.500,89
11 - - 2.023.500,89
12 - - 2.023.500,89
13 104.687,42 284.710,40 193.873,93 2.217.374,82
14 - - 2.217.374,82
15 37.162,80 - 117.886,69 75.666,98 2.293.041,79
16 - - 2.293.041,79
17 - - 2.293.041,79
18 - - 2.293.041,79
19 - - 2.293.041,79
20
37.162,80 - 173.214,22 95.904,51 2.388.946,31
Custo de
Manutenção Rotineira
Ano de
Avaliação
Custo de
Construção
Pavimentão
Drenagem
Subsuperficial
Custo de
Manutenção
Especial
Fluxo VP VP acumulado
Tabela 5.16 – Análise Econômica – Caso 3
0 1.916.698,78 1.916.698,78 1.916.698,78 1.916.698,78
1 - - 1.916.698,78
2 - - 1.916.698,78
3 - - 1.916.698,78
4 - - 1.916.698,78
5 37.162,80 13.900,00 54.604,35 47.102,19 1.963.800,97
6 - - 1.963.800,97
7 - - 1.963.800,97
8 - - 1.963.800,97
9 - - 1.963.800,97
10 37.162,80 13.900,00 80.231,70 59.699,92 2.023.500,89
11 - - 2.023.500,89
12 - - 2.023.500,89
13 - - 2.023.500,89
14 - - 2.023.500,89
15 37.162,80 13.900,00 117.886,69 75.666,98 2.099.167,86
16 - - 2.099.167,86
17 - - 2.099.167,86
18 - - 2.099.167,86
19 - - 2.099.167,86
20
37.162,80 13.900,00 173.214,22 95.904,51 2.195.072,38
Fluxo VP VP acumulado
Ano de
Avaliação
Custo de
Construção
Custo de
Manutenção Rotineira
Custo de
Manutenção
Especial
Pavimentão
Drenagem
Subsuperficial
146
Valor Presente do Investimento
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 5 10 15 20
Milhões
Tempo (anos)
Valor Presente (R$)
Caso 1 Caso 2 Caso 3
Figura 5.24 – Análise Econômica
Das análises realizadas, pode-se extrair que a diferença entre os custos de
implantação é baixa, em torno de 7%. Com o passar do tempo e a necessidade de
intervenções de manutenção do pavimento, verifica-se que tal diferença diminui, e a
instalação de drenos e sua manutenção mostra-se muito vantajosa ao final do
período de análise.
Das três alternativas, o primeiro caso, embora de custo de implantação mais baixo,
apresenta valor presente líquido superior, dado que requer intervenções de
manutenção em uma regularidade maior.
Em relação a terceira alternativa, em que os drenos são instalados e submetidos a
manutenções rotineira para limpeza e obstrução, verifica-se que esta é que
apresenta maiores vantagens. Além da relação entre valor presente ter sido a de
maior diferença em relação ao caso inicial, em termos práticos pôde-se postergar a
intervenção de maior porte para além do período de análise.
Assim, através da análise econômica, ressalta-se a importância da instalação e
manutenção de condições adequadas de drenagem subsuperficial.
147
5.5.2 O caso do estado de São Paulo
Uma verificação da influência da drenagem no desempenho dos pavimentos
asfálticos pode ser realizada através de dados coletados durante o desenvolvimento
do programa de gerência de pavimentos da malha viária sob administração do
DER/SP.
Os trabalhos desenvolvidos tinham como meta o levantamento de dados e a
implementação de um sistema que permita ao DER/SP o monitoramento e a
gerência dos pavimentos da malha rodoviária sob sua jurisdição. Tem por objetivo
não só permitir a análise do estado de condição atual, mas também viabilizar a
realização de projeções para a identificação e otimização de alternativas de
manutenção, visando a programação e priorização dos investimentos necessários
considerando restrições orçamentárias.
A primeira etapa do programa consistiu na realização de levantamentos de campo
para aferição do estado atual da malha viária. Foram avaliados parâmetros para a
realização das análises das condições funcional e estrutural dos pavimentos, dentre
os quais podemos citar: trincamento, panelas, desgaste, além de levantamento de
irregularidade longitudinal (IRI) e deflectométrico. Os dados foram sumarizados por
divisão regional do órgão, tipo de defeito, volume de tráfego, tipo de revestimento,
presença de acostamento, dentre outras classificações.
Considerando os dados disponíveis, no presente trabalho considerou-se a
classificação em função da presença do acostamento interessante para
complementação da avaliação da influência da drenagem subsuperficial no
dimensionamento. Conforme apresentado no capítulo 2, a infiltração pelas bordas do
pavimento, em especial pelo acostamento é uma das maiores fontes de entrada de
água livre na estrutura do pavimento.
A avaliação do comportamento estrutural diante da infiltração pela borda do
pavimento já foi alvo de estudo por Pereira, em 2003, que realizou levantamento
148
deflectométrico em trecho experimental para estimativa de redução da vida útil em
função da perda de capacidade estrutural do pavimento.
Os dados coletados durante o desenvolvimento do SGP na Divisão Regional 2
(Itapetininga) do DER/SP foram classificados nos níveis de aceitabilidade Bom,
Regular e Ruim, conforme indica a tabela 5.17.
Com base na classificação realizada, foi elaborada a figura 5.20, que apresenta a
variação da avaliação funcional do pavimento em função da presença ou não do
acostamento revestido. Todos os pavimentos considerados apresentam
revestimento asfáltico, volumes de solicitão semelhantes e não têm dispositivos
de drenagem subsuperficial.
Tabela 5.17 – Parâmetros de Classificação
Classificação
IRI
(m/km)
Afundamento
em Trilha de Roda
(mm)
Trincamento
(% da área total)
Bom 0,00 - 2,70 0,0 - 10,0 0 - 10
Regular 2,71 - 6,50 10,1 - 20,0 10 - 50
Ruim > 6,51 > 20,1 50 – 100
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Com Acostamento Sem Acostamento Com Acostamento Sem Acostamento Com Acostamento Sem Acostamento
Acostamento
Classificação
Bom Regular Ruim
IRI
Afundamento em Trilha de Roda Trincamento
Figura 5.25 – Avaliação funcional dos pavimentos – DR-2
149
Através da figura 5.25, verifica-se uma incidência maior de defeitos cuja causa está
relacionada à drenagem nas rodovias com acostamento não revestido. As rodovias
analisadas que têm acostamento apresentam características funcionais superiores
às demais, principalmente na análise isolada da irregularidade longitudinal medida e
do trincamento do revestimento.
150
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A infiltração de água na estrutura do pavimento e a manutenção de níveis elevados
de umidade são causas relacionadas ao desempenho insatisfatório do pavimento.
O resultado da exposição contínua a umidade tem como principais conseqüências a
perda de rigidez das camadas de fundação com a saturação e a degradação da
qualidade dos materiais pela interação com a umidade, culminando com a
progressão dos defeitos de pavimento, em especial o trincamento do revestimento
(tanto asfáltico quanto concreto de cimento portland) e o aumento da irregularidade
longitudinal com o tempo.
Os modelos mais conhecidos para avaliação do desempenho do pavimento que
consideram o efeito da drenagem são os da AASHTO (versão de 1993) e o do HDM-
4, que foram analisados neste trabalho.
As análises de desempenho desenvolvidas demonstram que os modelos são
relativamente sensíveis aos efeitos deletérios da drenagem. Os principais dados
obtidos através da análise do método da AASHTO indicaram que a vida útil de um
pavimento rígido pode ser reduzida em até 50%, caso o sistema de drenagem
subsuperficial seja inócuo. De forma complementar, para uma mesma estrutura de
pavimento de concreto de cimento portland, porém com acostamento distinto, em
pavimento flexível, a redução da vida útil é ainda mais pronunciada, da ordem de 70
a 90%. Assim, caso o dimensionamento tenha sido realizado para período de projeto
de 20 anos, por exemplo, em cerca de 2 a 3 anos já seria necessária uma grande
intervenção de manutenção.
Através da análise realizada no HDM-4 para pavimentos rígidos, verificou-se que o
trincamento e o esborcinamento não são sensíveis quanto à variação da condição
de drenagem. A irregularidade apresentou grande sensibilidade, e foram
encontradas variações entre o melhor caso e o pior entre 30 e 60%, conforme o
volume de tráfego e o tipo de acostamento adotado. Já o escalonamento variou até
400%, considerando a melhor e a pior condição estimada para a drenagem, e a
alteração entre o revestimento do acostamento. Para uma mesma condição de
151
análise, ou seja, volume de tráfego e tipo de acostamento semelhantes, obteve-se
resultado da ordem de 100% de variação. Assim como na análise realizada pelo
método da AASHTO, a alteração do tipo de acostamento também implica em uma
queda de desempenho, sendo acelerado o processo de deterioração.
Para os pavimentos asfálticos, a vida útil prevista para o pavimento foi reduzida, em
média, cerca de 50% A variação encontrada foi inferior à estimada para os
pavimentos rígidos através do método da AASHTO. Observou-se que a maior
variação em relação ao caso inicial – condição de drenagem regular – foi obtida na
estrutura leve. Neste caso, a variação foi cerca de 60 pontos percentuais para cima
ou para baixo, conforme a alteração do coeficiente de drenagem. A menor variação
foi obtida na estrutura para tráfego pesado. A utilização de bases estabilizadas pode
ter contribuído para a menor sensibilidade com relação às condições de drenagem.
A análise de desempenho realizada pelo HDM-4 também evidenciou uma maior
sensibilidade da estrutura dimensionada para tráfego leve a variação das
características do sistema de drenagem.
Para os pavimentos asfálticos foi analisada através do HDM-4 a evolução da
irregularidade longitudinal, afundamento em trilha de roda e trincamento.
As seções-tipo A2 e A3, dimensionadas, respectivamente, para tráfegos meio
pesado e pesado, tiveram um comportamento muito semelhante para todas as
condições de drenagem nas análises relativas à progressão da irregularidade
longitudinal.
A estrutura adotada para tráfego pesado não apresentou diferenças quanto a
progressão do afundamento em trilha de roda para a alteração das condições de
drenagem. Uma das causas possíveis é a presença de base estabilizada, que pode
interferir no modelo de forma a reduzir o impacto da variação da drenagem.
Ainda quanto à análise realizada no HDM para os pavimentos asfálticos, em função
da baixa sensibilidade verificada nas nos resultados obtidos, ficou evidenciada a
necessidade de calibração dos modelos para proporcionar a obtenção de resultados
mais precisos.
Deve-se lembrar que as conclusões aqui obtidas referem-se estritamente aos casos
analisados. No entanto, com base nas análises realizadas, verifica-se que,
independente do tipo de pavimento, a adoção de um coeficiente de drenagem
152
adequado é fundamental para o correto dimensionamento e previsão do
comportamento da estrutura quando em utilização.
Porém, os coeficientes de drenagem a serem utilizados nos modelos são de difícil
escolha.
A determinação dos coeficientes de drenagem Cd para os pavimentos de concreto
de cimento portland, tanto para os modelos da AASHTO quanto do HDM-4, bem
como a determinação dos coeficientes m
i
utilizados para análise dos pavimentos
asfátlicos através do método da AASHTO, consideram o tempo em que a estrutura
estará exposta a saturação e a qualidade do sistema de drenagem. A análise da
drenagem subsuperficial no HDM-4 para pavimentos asfálticos considera o tipo de
dreno implantado e a qualidade do sistema, que é dada de forma indireta em relação
ao tempo em que a estrutura fica exposta à saturação.
Dessa forma, cabe afirmar que não basta apenas dotar o pavimento do sistema de
drenagem subsuperficial para que o mesmo seja considerado drenante e seja
atribuído um coeficiente supostamente adequado ao dimensionamento. Uma análise
hidráulica do sistema proposto deve ser conduzida para agregar à estrutura que será
implantada as características de drenagem esperadas pelo projeto.
Assim, foi apresentado roteiro para o dimensionamento de sistema de drenagem
subsuperficial, considerando as características físicas e hidráulicas dos materiais
previstos e tendo por objetivo realizar uma verificação da continuidade hidráulica do
sistema, visando estabelecer de forma racional os coeficientes a serem utilizados
em projeto.
Uma avaliação prévia equivocada do desempenho do sistema de drenagem
subsuperficial pode acarretar na redução brusca da vida útil do pavimento,
comprometendo a operação viária e implicando na necessidade de restauração do
pavimento logo após a sua abertura ao tráfego, gerando custos ao mantenedor do
sistema viário e ao usuário.
Foi realizada estimativa de custos para implantação do pavimento e, com base na
estimativa de desempenho realizada através do HDM-4, foi feita uma previsão dos
custos ao longo do tempo – Análise do Ciclo de Vida (ou LCCA – Life Cycle Cost
Analysis).
153
A análise econômica demonstrou que, em função da periodicidade das manutenções
previstas, obtém-se uma economia em torno de 20% na implantação de um
pavimento dotado de drenos longitudinais, desde que o mesmo seja submetido a
manutenção periódica para garantir a sua funcionalidade, em relação a uma
estrutura de pavimento onde não são previstos quaisquer dispositivos de drenagem
subsuperficial.
Visando complementar as análises teóricas realizadas no trabalho, foram analisados
os dados dos levantamentos da condição funcional do pavimento realizados para
implantação do Sistema de Gerência de Pavimentos do DER/SP. Considerando que
todas as rodovias da área de abrangência do levantamento apresentavam
revestimento asfáltico e nenhuma rodovia possuía sistema de drenagem
subsuperficial composto pelo binômio dreno-camada drenante, o principal objetivo
da análise dos dados foi verificar a influência dos acostamentos pavimentados na
condição funcional.
A pavimentação dos acostamentos é um fator preponderante na determinação da
capacidade de infiltração da água na estrutura do pavimento. E a infiltração é,
conforme apresentado anteriormente, a maior fonte de água livre dentro da
estrutura.
Os dados do DER/SP indicaram que, de fato, as rodovias com acostamentos não
pavimentados apresentam condições funcionais inferiores às das rodovias com
acostamentos pavimentados. Tal fato é forte indício da relação entre o desempenho
do pavimento e o fluxo de infiltração provocado pela ausência/presença de
acostamentos revestidos.
É comprovado que os benefícios da implantação de um sistema de drenagem
subsuperficial variam de acordo com o clima, com o tipo de solo do subleito e com o
projeto da estrutura de pavimento.
No entanto, pesquisas e estudos americanos desenvolvidos para verificar a
eficiência numérica dos dispositivos de drenagem subsuperficial não são
conclusivos, apesar de sempre ser ressalvada a importância de suas instalações.
Inúmeras rodovias no Brasil, em especial na região sudeste, já são dotadas de
dispositivos de drenagem de pavimentos. Apesar disto, os pavimentos invertidos e
154
de concreto, bem dimensionados estruturalmente, vêm apresentando desempenho
pífio.
Nestes casos, aparentemente os problemas de drenagem ocorreram devido ao fraco
desempenho hidráulico dos materiais granulares não estabilizados, principalmente
devido a saturação na interface das camadas com os materiais estabilizados e de
menor permeabilidade.
Os materiais granulares não estabilizados normalmente empregados nos
pavimentos brasileiros em camadas de bases e sub-bases apresentam elevado teor
de finos, resultando em camadas de baixa transmissividade hidráulica.
Não basta os pavimentos terem dispositivos de drenagem, é necessário que eles
sejam eficientes sob o ponto de vista de continuidade hidráulica. É necessário ainda
o desenvolvimento de estudos para definição de medidas objetivas para verificação
da eficiência hidráulica, aferição dos índices de infiltração e medidas de
permeabilidade efetiva dos materiais de pavimentação.
Recomenda-se a execução de trechos ou pistas experimentais de pavimentos com e
sem drenos subsuperficiais para monitoramento de seu desempenho e para a
calibração dos modelos de previsão de trincamento e afundamento em trilha de roda
para pavimentos asfálticos, escalonamento em pavimentos de concreto de cimento
portland e irregularidade para ambos os tipos.
O monitoramento poderá ser realizado em rodovias em serviço, analisando dados
reais de volume de tráfego, ou com a utilização do HVS – Heavy Vehicle Simulator,
em condições de tráfego controlado.
155
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