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FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
MAPEAMENTO DE ESQUEMAS COGNITIVOS: VALIDAÇÃO DA VERSÃO
BRASILEIRA DO YOUNG SCHEMA QUESTIONNAIRE – SHORT FORM
MILTON JOSÉ CAZASSA
Orientadora: Profª. Drª. MARGARETH DA SILVA OLIVEIRA
Porto Alegre, agosto de 2007.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
MAPEAMENTO DE ESQUEMAS COGNITIVOS: VALIDAÇÃO PRELIMINAR
DO YOUNG SCHEMA QUESTIONNAIRE – SHORT FORM (YSQ – S2)
Dissertação de Mestrado
MILTON JOSÉ CAZASSA
Orientadora: Profª. Drª. MARGARETH DA SILVA OLIVEIRA
Porto Alegre, agosto de 2007.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
MAPEAMENTO DE ESQUEMAS COGNITIVOS: VALIDAÇÃO DA VERSÃO
BRASILEIRA DO YOUNG SCHEMA QUESTIONNAIRE – SHORT FORM
MILTON JOSÉ CAZASSA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da Faculdade de
Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em Psicologia
Clínica.
Orientadora: Profª. Drª. MARGARETH DA SILVA OLIVEIRA
Porto Alegre, agosto de 2007.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE PSICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA
MILTON JOSÉ CAZASSA
MAPEAMENTO DE ESQUEMAS COGNITIVOS: VALIDAÇÃO DA VERSÃO
BRASILEIRA DO YOUNG SCHEMA QUESTIONNAIRE – SHORT FORM
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________________
Profª.Drª. Margareth da Silva Oliveira
Presidente
______________________________________________
Prof. Dr. Cláudio Hutz
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
______________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Remor
Universidade Autônoma de Madrid
Porto Alegre, agosto de 2007.
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, com profundo sentimento de gratidão pela
formação recebida, pelos valores transmitidos e por todo o carinho, amor, amizade e doação
compartilhadas ao longo de todos os anos da minha existência.
6
AGRADECIMENTOS
Existem muitas pessoas que ratificam o fato de que nossa vida vale à pena e que
oportunizam trocas que adquirem contornos de magia e grandiosidade. Um olhar, um gesto,
um abraço fraterno, atitudes infinitas que carregam a vida de sentido e emoção.
Agradeço, em primeiro lugar, a meus pais, com imensa admiração, amor e respeito.
Além da oportunidade da vida, ofereceram-me as lições mais fundamentais para o
cumprimento de minha missão e para minha realização.
À mulher que navega as profundezas do meu coração, Marina, registro minha
gratidão por todos os momentos compartilhados e pela oportunidade da arte de amar.
À Marisa, minha irmã do coração e cunhada, meu agradecimento por todo o cultivo
cotidiano, repleto de união, amizade e sinceridade.
Aos meus familiares, que sempre me transmitiram carinho e incentivo, e às novas
pessoas que o destino nos apresentou, registro o meu sentimento de honra por integrar esse
time muito especial: meus avós Augusta (in memorian) e Milton (in memorian), Lúcia e
José, meus tios José Antônio e família, Juberter e família, Ernesta e família, minha mana
Sophia, Tânia, André, meus sogros Sônia e Gonzaga, Telmo. Para cada ocasião uma marca
em meu coração que acrescentam em minha caminhada.
Aos mestres e amigos Antônio Veiga, Lisaya, Laís e família TRT, que contribuíram
de maneira decisiva na minha formação e que me transmitiram muito mais do que
conhecimentos, meu eterno sentimento de admiração, respeito e gratidão.
Meu agradecimento, também, ao amigo Eduardo Britto, o qual transmite, a cada
instante, a importância e a alegria do compartir.
7
À Margareth Oliveira, professora, orientadora e grande responsável pelo meu
crescimento no âmbito da pesquisa, o meu muito obrigado pela sensibilidade, amizade e
apoio para o enfrentamento com sabedoria das adversidades do caminho.
Aos amigos, professores do programa de pós-graduação, colegas do grupo de
pesquisa, colaboradores, participantes do grupo de estudos e aos funcionários da
Universidade, minha reverência pelo auxílio sentido ao longo de toda a trajetória. Tenham
convicção de que esse trabalho não seria possível sem a ajuda de cada um de vocês.
Meu agradecimento, também, à Capes, pelo incentivo à pesquisa através do
financiamento do curso de mestrado, contribuindo de maneira importante para a
concretização deste sonho.
8
SUMÁRIO
Resumo .......................................................................................................................
10
Abstract ....................................................................................................................... 12
Introdução ................................................................................................................... 14
ESTUDO 1 – “Terapia Focada em Esquemas: Conceituação e Pesquisas”................
20
2. Método .................................................................................................................... 20
3. Resultados ............................................................................................................... 20
4. Conclusão ................................................................................................................
31
ESTUDO 2 – “Mapeamento de Esquemas Cognitivos: validação da versão
Brasileira do Young Schema Questionnaire – short form (YSQ-S2)” ........................
32
2. Objetivo Geral .........................................................................................................
32
2.1 Ojetivos Específicos .................................................................................. 32
3. Método .....................................................................................................................
32
3.1 Participantes .............................................................................................. 33
3.1.1 Critérios de Inclusão .................................................................. 33
3.2 Instrumentos .............................................................................................. 33
3.2.1 Questionário de Dados Sócio-Demográficos ............................. 33
3.2.2 Young Schema Questionnaire (YSQ-S2) ................................... 33
3.2.2.1 Autorização para Pesquisa .......................................... 37
3.2.2.2 Tradução ...................................................................... 37
3.2.2.3 Adaptação da Escala de Avaliação .............................. 37
9
3.2.3 Escala Fatorial de Ajustamento Emocioal/Neuroticismo ...........
38
3.2.3.1 Escala de Vulnerabilidade (N1) ...................................
39
3.2.3.2 Escala de Desajustamento Psicossocial (N2) .............. 39
3.2.3.3 Escala de Ansiedade (N3) ............................................
40
3.2.3.4 Escala de Depressão (N4) ............................................ 40
3.2.3.5 Adaptação da Escala de Avaliação .............................. 41
3.3 Procedimentos ........................................................................................... 42
3.4 Processamento e Análise dos Dados ......................................................... 42
4. Resultados e Discussão de Dados ........................................................................... 43
4.1 Perfil da Amostra ...................................................................................... 44
4.2 Consistência Interna do YSQ-S2 e da EFN ou Confiabilidade ................ 47
4.3 Validade Concorrente ............................................................................... 47
4.4 Propriedades Discriminantes do YSQ-S2 ................................................. 49
4.5 Análise Fatorial ......................................................................................... 60
5. Conclusões .............................................................................................................. 66
6. Bibliografia ............................................................................................................. 69
7. Anexos .................................................................................................................... 72
Anexo A. Autorização para pesquisa com YSQ-S2 ....................................... 73
Anexo B. Questionário de Dados Sócio-Demográficos ................................. 74
Anexo C. Questionário de Esquemas de Young – forma reduzida ................ 77
Anexo D. Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo ............ 81
Anexo E. Consentimento Livre e Esclarecido ................................................ 85
Anexo F. Carta de Aprovação do Comitê de Ética .........................................
86
10
RESUMO
Este trabalho foi dividido em dois estudos vinculados à Terapia Focada em
Esquemas e ao Questionário de Esquemas de Young.
O Estudo 1 recebeu o nome de “Terapia Focada em Esquemas: Conceituação e
Pesquisas” e buscou mapear as pesquisas realizadas no mundo acerca do Questionário de
Esquemas de Young. Os principais objetivos desta revisão de literatura foram apresentar
resultados referentes aos trabalhos conduzidos na abordagem e identificar os centros de
pesquisa mais envolvidos na produção científica neste modelo terapêutico.
A metodologia utilizada envolveu a revisão bibliográfica de artigos publicados nas
principais bases de dados no período de 1998 a 2007. Os descritores utilizados foram
“Young Schema Questionnaire”, “YSQ”, “Schema Questionnaire”, “Questionário de
Esquemas” e “Terapia Focada em Esquemas”. Nove importantes estudos foram
selecionados por terem estabelecido o foco na análise das propriedades psicométricas do
Questionário de Esquemas de Young e nos estudos de validação do instrumento.
Foi possível observar que os principais centros de pesquisas encontram-se
espalhados em quatro dos cinco continentes América, Europa, Ásia e Oceania. Tais
indicativos demonstram o crescente interesse na verificação empírica das possibilidades de
auxílio deste instrumento como fonte válida de medida dos Esquemas Iniciais
Desadaptativos.
De um modo geral, os resultados relacionados ao Questionário de Esquemas de
Young demonstraram ser este um importante instrumento disponível ao profissional da
saúde mental para a utilização clínica ou no âmbito da pesquisa científica. As estatísticas
encontradas nos artigos foram significativas quanto à consistência interna da escala e no
que tange ao poder de discriminação, considerando-se as diferenças entre grupos clínicos e
não-clínicos.
11
O Estudo 2 foi denominado “Mapeamento de Esquemas Cognitivos: validação da
versão brasileira do Young Schema Questionnaire short form” e teve como objetivos
estudar as propriedades psicométricas da versão brasileira do Questionário de Esquemas de
Young, forma reduzida (YSQ-S2) e mapear os esquemas cognitivos na amostra, buscando
estabelecer correlações entre os níveis de ansiedade, depressão, desajustamento
psicossocial e vulnerabilidade com os Esquemas Iniciais Desadaptativos.
A amostra da pesquisa foi constituída por 372 participantes da população em geral e
os critérios de inclusão foram vinculados à escolaridade mínima de série do primeiro
grau e idades entre 18 e 60 anos. Os instrumentos utilizados foram um Questionário de
Dados Sócio-Demográficos composto por 44 itens voltados ao conhecimento das
características sócio-demográficas dos participantes, o Questionário de Esquemas de Young
– versão breve e a Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo.
De um modo geral, os achados da presente pesquisa ofereceram subsídios para a
avaliação de quesitos que demonstraram a existência de validade na versão brasileira do
Questionário de Esquemas de Young (forma breve). Os resultados apontaram para o
satisfatório grau de confiabilidade (coeficiente alfa de Cronbach para os 75 itens igual a
0,955) e para a capacidade de discriminação do questionário, assim como para a validade
concorrente com relação à Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo. A
Análise Fatorial Exploratória falhou em confirmar plenamente a estrutura original do
questionário, demonstrando abalos na validade de construto para alguns esquemas e itens
específicos.
As limitações do estudo estiveram ligadas às características da amostra. Para futuras
pesquisas, sugere-se a utilização do Questionário de Esquemas de Young para aplicação em
grupos clínicos e não-clínicos ou em grupos divididos por circunstâncias específicas tais
como pessoas desempregadas e indivíduos da população em geral que trabalham. Além
disso, sugere-se o encaminhamento das estratégias analíticas de teste e reteste e da Análise
Fatorial Confirmatória para ratificar os resultados do presente estudo em outras amostras
brasileiras.
Palavras-chave: Terapia Focada em Esquemas, Questionário de Esquemas de Young
(YSQ), Esquemas Cognitivos, Propriedades psicométricas.
12
ABSTRACT
This project was divided in two studies linked to Schema Therapy and to Young
Schema Questionnaire.
Study 1 was named “Schema Therapy: Constructs and Researches” and it was a
search studies concerning Young Schema Questionnaire worldwide. The main objectives of
this literature revision were to present results of researchs about schemas and identifying
the centers most involved in the scientific production of this therapeutic model.
The methodology involved the bibliographical revision of papers published in the
main databases from 1998 to 2007. The keywords were “Young Schema Questionnaire”,
“YSQ”, “Schema Questionnaire” and “Schema Therapy”. Nine important studies were
selected because they established the focus in the analysis of the psychometric properties of
Young Schema Questionnaire and in validation studies of this instrument.
It was possible to observe that the main researches centers are in four of the five
continents America, Europe, Asia and Oceania. It demonstrates the growing interest in
the empirical verification of this instrument as a valid measure to recognize the Early
Maladaptive Schemas.
Generally, the results related to Young Schema Questionnaire demonstrated that it
could be an useful instrument to the mental health professional, in clinical situations or
scientific research. Statistics were significant about the internal consistency of the scale and
concerning the discrimination power of the instrument, considering the differences among
clinical and non-clinical groups.
The Study 2 was denominated “Knowledge of Cognitive Schemas: validation of the
Brazilian version of Young Schema Questionnaire short form” and aimed to study the
psychometric properties of the Brazilian version of Young Schema Questionnaire - short
form (YSQ-S2) and seeking cognitive schemas in the sample by establishing correlations
13
between Early Maladaptive Schemas and variables such as anxiety levels, depression,
psychosocial disadaptation and vulnerability.
The sample constituted of 372 subjects. Criterions for inclusion consisted of being
between 18 and 60 years old and having 5
th
grade minimum. A Demographic Questionnaire
with 44 items to aknowledge subjects characteristics, Young Schema Questionnaire short
form and Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN) were used as
assessment instruments.
Generally, the outcomes of the present study demonstrate the validity of the
Brazilian version of Young Schema Questionnaire (short form). The results showed the
satisfactory degree of reliability (α = 0,955) and the discrimination power of the
questionnaire, as well as the convergent validity with Escala Fatorial de Ajustamento
Emocional/Neuroticismo (EFN). The Exploratory Fatorial Analysis failed in completely
confirm the original structure of the questionnaire, demonstrating some problems with
the construct validity for some schemas and specific items.
The limitations of this study were the characteristics of the sample. For future
researches, it would be interesting to use Young Schema Questionnaire with clinical and
non-clinical groups or in groups divided in specific categories such as individuals of the
working population and unemployeds. Besides, a suggestion is to use the analytic
strategies of test and re-test and Confirmatory Factor Analisys, aiming to confirm this
results in other brazilian samples.
keywords: Schema Therapy, Young Schema Questionnaire (YSQ), Cognitive Schemas,
Psychology and Psychometric Properties.
14
__________________________________________
“A terapia integra elementos da cognitivo-comportamental, aliando, Gestalt, relações objetai
s,
construtivismo e escolas psicanalíticas, em uma rica e unificada conceituação e modelo de tratamento” (a
tradução é nossa, tendo sido respeitada as letras maiúsculas e minúsculas do texto original).
INTRODUÇÃO
É crescente o interesse da humanidade com relação à busca de possibilidades de
tratamento capazes de contribuir efetivamente para a superação dos transtornos de
personalidade e dos comportamentos dependentes. Leituras de diversas áreas do
conhecimento têm oferecido estímulos para a construção de uma visão mais profunda e
significativa do ser humano.
A Psicoterapia Cognitiva, com suas diversas perspectivas clínicas, tem buscado
contribuir nessa direção e, bem assim, oferecer modelos que favoreçam a reformulação de
crenças e de pensamentos automáticos (Beck, 1997). O fortalecimento de conteúdos
motivacionais por meio da Intervenção Motivacional (Miller & Rollnick, 1991) e o trabalho
na prevenção de prováveis recaídas (Marlatt & Gordon, 1993) configuram-se, também,
como abordagens que integram um corpo teórico capaz de catalisar o desenvolvimento
humano.
A “Terapia Cognitiva para Transtornos de Personalidade uma abordagem focada
no Esquema” caracteriza-se como um desses modelos clínicos e possui como precursores
Jeffrey E. Young, Janet Klosko e Marjorie Weishaar. É considerado como um modelo
integrativo de terapia que busca ampliar os referenciais para melhor atender a
complexidade humana, abordando, inclusive, a dimensão da espiritualidade (Young,
Klosko & Weishaar, 2003).
“The therapy blends elements from cognitive-
behavioral, attachment, Gestalt, object relations,
constructivist, and psychoanalytic schools into a rich,
unifying conceptual and treatment model” (Young, Klosko
e Weishaar, 2003, p.1).
15
De acordo com Young (2003), a terapia focada em esquemas para o tratamento de
transtornos da personalidade representa uma evolução do modelo cognitivo de Aaron Beck
e possui como principal ênfase um vel mais aprofundado de cognição denominado de
Esquema Inicial Desadaptativo (EID). Os EIDs, segundo o autor, são estruturas estáveis e
duradouras que se desenvolvem e se cristalizam precocemente na personalidade e/ou ao
longo da vida do sujeito e que se encontram associados a diversas psicopatologias.
Caracterizam-se como padrões emocionais e cognitivos desadaptativos que tendem a se
repetir ao longo da vida, configurando processos de funcionamento da personalidade que
mediam a interação do indivíduo com a realidade.
Com o intuito de identificar os Esquemas Iniciais Desadaptativos, Young (2003)
construiu um instrumento chamado Young Schema Questionnaire, o qual já possui, além da
versão original (205 afirmativas), uma versão reduzida composta de 75 itens e uma mais
recente formada por 90 itens. Ressalta que tais construtos ainda não foram suficientemente
testados empiricamente, na ocasião da produção de seu último livro, e que a pretensão
encontra-se em oferecer uma teoria de trabalho simples e compreensível para os pacientes.
Os esquemas são categorizados em 5 grandes domínios e estão apresentados neste
artigo baseados na forma breve do instrumento criado por Jeffrey E. Young (75 itens), o
qual aproveitou os 5 itens com maior peso de cada fator, considerando-se o trabalho
publicado em 1995 de Schmidt e cols. (Waller e cols., 2001). O questionário avalia 15
esquemas iniciais desadaptativos que são mapeados por meio do somatório dos resultados
de cada grupo de 5 questões, os quais configuram os seguintes domínios (Young, 2003):
1) Desconexão e Rejeição
Domínio ligado ao sentimento de frustração vivenciado pela pessoa com relação às
expectativas de segurança, estabilidade, carinho, empatia, compartilhamento de
sentimentos, aceitação e consideração. O questionário de Young avalia 5 esquemas que
estariam vinculados a este grupo - privação emocional, abandono, desconfiança/abuso,
isolamento social e defectividade/vergonha.
2) Autonomia e Desempenho Prejudicados
16
Domínio que avalia sentimentos de incapacidade experimentados pelo indivíduo no
que tange à possibilidade de se separar dos demais conquistando a autonomia necessária
para sobreviver de forma independente e com bom desempenho (os esquemas são fracasso,
dependência/incompetência, vulnerabilidade a dores e doenças, emaranhamento).
3) Limites Prejudicados
Possível de ser identificado pela deficiência nos limites internos, pela ausência de
responsabilidade com os demais e/ou pela dificuldade de orientação para a concretização de
objetivos distantes. Caracteriza prejuízos com relação a respeitar os direitos dos outros, a
cooperar e a se comprometer com metas ou desafios. Os esquemas associados a este
domínio são os de merecimento e autocontrole/autodisciplina insuficientes.
4) Orientação para o Outro
Trata-se de um funcionamento que quando presente na personalidade ocasiona um
foco excessivo para os desejos e sentimentos dos outros em função da constante busca de
obtenção de amor. Muitas vezes, a pessoa suplanta suas próprias necessidades com o intuito
de obter aprovação, podendo suprimir sua consciência, sentimentos e inclinações naturais.
Os esquemas de subjugação e auto-sacrifício compõem este grupo.
5) Supervigilância e Inibição
Refere-se ao bloqueio da felicidade, auto-expressão, relaxamento, relacionamentos
íntimos e ao comprometimento da própria saúde devido à ênfase excessiva na supressão
dos sentimentos, dos impulsos e das escolhas pessoais espontâneas. Regras e expectativas
rígidas internalizadas sobre desempenho e comportamento ético geralmente integram este
padrão de funcionamento. Inibição emocional e padrões inflexíveis são os dois esquemas
que integram este contexto.
Importante destacar que esta categorização surgiu a partir da experiência clínica do
autor com pacientes crônicos e de difícil resposta à psicoterapia, sendo refinada em estudo
empírico realizado por Schmidt, Joiner Jr., Young & Telch (1995). Nesta pesquisa, uma
amostra de 187 pacientes foi submetida ao questionário de esquemas de Young e a outros
17
instrumentos, tendo sido revelado, a partir das análises estatísticas, a emergência de 15
esquemas primários. Ao realizarem comparações dos resultados obtidos com os de uma
amostra de 1.564 estudantes, observaram que os esquemas aparecem de forma
suficientemente distinta em uma população clínica.
Outros construtos fundamentais que integram a noção dos Esquemas Iniciais
Desadaptativos (EIDs) dizem respeito à origem da formação dos esquemas e aos
comportamentos prejudiciais adotados pelo indivíduo a partir da ativação deles. Uma vez
identificados, os EIDs podem ser objetivamente trabalhados com intervenções específicas
às distorções cognitivas e para a redução da sintomatologia relatada (Anderson, Rieger, &
Caterson, 2006; Arntz, Klokman, & Sieswerda, 2005; Calvete, Estévez, Arroyabe, & Ruiz,
2005; Rijkeboer, Bergh, & Bout, 2005; Welburn, Coristine, Dagg, Pontefract & Jordan,
2002).
Os Esquemas Iniciais Desadaptativos, em sua grande maioria, são causados pela
vivência de experiências tóxicas que se repetem com alguma regularidade no decorrer da
vida e que impossibilitam o preenchimento de necessidades emocionais essenciais do ser
humano (vínculo seguro com outras pessoas, incluindo proteção, estabilidade e segurança;
autonomia, competência e senso de identidade; liberdade para expressar necessidades e
emoções; espontaneidade e diversão e; limites precisos e auto-controle). Apesar de nem
todos os esquemas possuírem traumas em sua origem, esses padrões de funcionamento são
destrutivos e causadores de sofrimento (Young, Klosko & Weishaar, 2003; Schmidt, Joiner
Jr., Young, & Telch, 1995).
No que tange aos comportamentos desadaptativos, cabe destacar que eles são
desenvolvidos como resposta aos esquemas e que não são, contudo, parte deles. Os padrões
cognitivos e emocionais que configuram um esquema desadaptativo ocasionam respostas
desadaptativas. No nível orgânico, os registros de experiências traumáticas encontram-se
alocados em diferentes sistemas cerebrais (sistema límbico e o neocortex), aspecto que
dificulta o processo de mudança comportamental por intermédio exclusivo de técnicas
cognitivas (Young, Klosko & Weishaar, 2003).
De acordo com Pinto-Gouveia e Rijo (2001), a Terapia Focada em Esquemas
fundamenta-se em quatro conceitos básicos, sendo eles o de Esquemas Iniciais
Desadaptativos e de processos de Manutenção, Evitação e Compensação do esquema. É
18
por meio desses processos que os esquemas lutam para se manter vivos e para continuar
funcionando na vida psíquica do indivíduo.
Segundo Young (2003), a manutenção está mais vinculada a processos de
reforçamento dos esquemas, tais como distorções cognitivas e padrões de comportamentos
autoderrotistas. A evitação é uma tentativa realizada pela pessoa de não entrar em contato
com o sofrimento decorrente do acionamento do Esquema Inicial Desadaptativo e pode
ocorrer nos níveis cognitivo, afetivo ou comportamental. Por fim, a compensação do
esquema refere-se à noção de encaminhamento do padrão oposto ao registrado no
psiquismo, definição consonante com o conceito de formação reativa.
Outro conceito fundamental para a Terapia de Esquemas diz respeito às noções da
existência de esquemas primários, secundários e vinculados. De acordo com Young
(2003), os esquemas primários estão ligados à problemática fundamental na vida da pessoa,
a qual gera maior grau de sofrimento e demonstra maior resistência à mudança. De um
modo geral, os esquemas primários ou nucleares tem sua origem em fases mais precoces do
desenvolvimento humano.
Os esquemas vinculados referem-se a padrões de funcionamento que estão
associados aos esquemas primários e que podem ser melhor explicados a partir da
referência ao esquema nuclear principal. Os esquemas secundários, por sua vez, aparecem
de forma mais independente dos nucleares e tendem a gerar menor prejuízo para a vida da
pessoa. Na maioria das vezes, passa a ser alvo do tratamento após a melhora na
problemática principal experimentada pelo indivíduo (Young, 2003).
O presente trabalho encontra-se dividido em dois estudos, ambos vinculados aos
conceitos acima apresentados da Terapia Focada em Esquemas.
O Estudo 1 objetivou mapear as pesquisas realizadas acerca do Questionário de
Esquemas de Young, visando apresentar resultados referentes aos trabalhos conduzidos na
abordagem e identificar os centros de pesquisa mais envolvidos na produção científica
neste modelo terapêutico.
O Estudo 2 caracterizou-se como um estudo empírico do Questionário de Esquemas
de Young, o qual envolveu a aplicação do questionário e de outro instrumento, a Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo. Os objetivos principais foram realizar o
estudo das propriedades psicométricas do instrumento, contemplando verificação da
19
consistência interna da escala (alpha de Cronbach), validades convergentes e
discriminantes, assim como análises fatoriais.
20
ESTUDO 1
TERAPIA FOCADA EM ESQUEMAS: CONCEITUAÇÃO E PESQUISAS
O presente estudo objetivou mapear as pesquisas realizadas acerca do Questionário
de Esquemas de Young, visando apresentar resultados referentes aos trabalhos conduzidos
na abordagem e identificar os centros de pesquisa mais envolvidos na produção científica
neste modelo terapêutico.
_________________________________________________________________________
2. MÉTODO
A realização deste trabalho ocorreu a partir da revisão bibliográfica de artigos
publicados na Biblioteca Virtual em Saúde e na Biblioteca Digital da PUCRS, mais
especificamente no sistema de pesquisa múltipla, compreendidos no período de 1998 a
2007. As duas ferramentas de pesquisa incluem em sua busca bancos como MedLine
(Literatura Internacional em Ciências da Saúde), Adolec (Saúde na Adolescência), Lilacs
(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Cochrane, Scielo
(Scientific Electronic Library Online), Academic Research Library (ProQuest), Biological
Abstracts, Biology Journals (ProQuest), Electronic Journals (EBSCO), Medical Library
(ProQuest), Psychology Journals (ProQuest) e Science Journals (ProQuest). Os descritores
utilizados foram “Young Schema Questionnaire”, “YSQ”, “Schema Questionnaire”,
“Questionário de Esquemas” e “Terapia Focada em Esquemas”.
_________________________________________________________________________
3. RESULTADOS
As pesquisas realizadas nos bancos de dados supracitados apontam para a existência
de inúmeros estudos internacionais, conduzidos em diferentes continentes. No Brasil, até o
momento, não foram encontrados artigos publicados com relação à Terapia Focada em
Esquemas ou ao Questionário de Esquemas de Young (YSQ).
21
No cômputo total foram contabilizados 182 artigos, sendo 53 apresentados como
originais. Muitos artigos encontravam-se repetidos nos diferentes bancos de dados, havendo
uma pequena parcela com mensagem de erro ou sem autoria. Tais pesquisas foram
desconsideradas e 8 artigos foram selecionados por abordarem questões que envolviam a
validação do Questionário de Esquemas de Young e a temática da terapia focada em
esquemas. O artigo específico de Schmidt e cols. (1995), recebido diretamente do Schema
Therapy Institute do Sr. Jeffrey E. Young, também foi incluído considerando-se sua
relevância para o cenário de pesquisas desenvolvidas com o Questionário de Esquemas.
Schmidt e cols. (1995) realizaram a primeira grande pesquisa empírica com a forma
longa do Questionário de Esquemas de Young. O instrumento foi aplicado em amostras
clínicas e não clínicas. O primeiro dos 3 estudos encaminhados no trabalho revelou 13
esquemas primários na análise fatorial dos resultados obtidos junto a uma população de
estudantes (N = 1129) e 3 domínios. No segundo, utilizando uma amostra clínica (N = 187)
15 fatores emergiram na análise fatorial e no terceiro estudo as análises convergentes e
discriminantes demonstraram a validade do instrumento para utilização clínica e no âmbito
da pesquisa.
Por outro lado, em Portugal, Pinto-Gouveia e Rijo (2001), apresentaram uma
discussão acerca da validação empírica do Questionário de Esquemas de Young e
ofereceram, a partir dos estudos desenvolvidos, uma nova metodologia para a avaliação dos
Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs). Denominaram este recurso como Inventário de
Avaliação de Esquemas por Cenários Ativadores, ressaltando ser esta uma alternativa para
superar as limitações percebidas no instrumento desenvolvido por Jeffrey E. Young.
Comentaram sobre prejuízos na validade ecológica do material (itens que buscam descrever
a maneira de ser do indivíduo de forma descontextualizada) e sobre o fato de que os
processos de evitamento e/ou compensação podem distorcer as respostas do Questionário
de Esquemas de Young.
Outra problemática discutida pelos autores supracitados (Pinto-Gouveia & Rijo,
2001) na quantificação dos EIDs relaciona-se à avaliação do conteúdo semântico das
assertivas por parte do indivíduo que se submete à aplicação, tendo em vista tratar-se de um
instrumento de auto-resposta e que pode sofrer variações a depender do grau de consciência
do respondente. Questionam, assim, a condição do conhecimento acerca da própria
22
estrutura emocional ser declarativo, passível de ser expresso e de, nesse sentido, configurar
medidas válidas ao questionário.
Dessa maneira, entendem que a avaliação clínica deve resultar de um conjunto de
estratégias capazes de averiguar os esquemas centrais predominantes, os processos
agregados aos Esquemas Iniciais Desadaptativos e os estados emocionais associados a
essas estruturas. O instrumento adaptado pelos pesquisadores portugueses da Universidade
de Coimbra inclui sugestões de cenários ativadores das emoções, as quais se encontram
vinculadas aos processos cognitivos. Um estudo comparativo entre o instrumento adaptado
e o original desenvolvido por Jeffrey E. Young está em andamento com o intuito de
verificar a validade empírica de tais apreciações (Pinto-Gouveia e Rijo, 2001).
Em contrapartida, outros estudos demonstram adequados níveis de consistência
interna do Questionário de Esquemas de Young, sendo observada sensibilidade satisfatória
tanto na forma longa quando na forma reduzida do instrumento, achados que apontam para
a condição do questionário de predizer a presença ou a ausência de psicopatologia
(Rijkeboer, Bergh & Bout, 2005; Waller, Meyer & Ohanian, 2001; Welburn, Coristine,
Dagg, Pontefract & Jordan, 2002).
Rijkeboer, Bergh e Bout (2005), pesquisadores da Utrecht University, localizada na
Holanda, conduziram um estudo empírico que objetivou investigar a estabilidade temporal
e o poder de discriminação do Questionário de Esquemas de Young e que envolveu uma
amostra de 334 pessoas, sendo 162 estudantes e 172 pacientes. Na amostra clínica todos
possuíam em seu diagnóstico comorbidades de Eixo II, sendo a maioria dos participantes
(141) internos de 3 hospitais psiquiátricos.
Os achados deste estudo revelaram elevada sensibilidade do instrumento para
predizer presença ou ausência de psicopatologia. No que diz respeito à estabilidade
temporal do questionário, observaram que quase metade das subescalas apresentou
diferenças significativas entre teste e reteste, o que gerou como hipótese a possibilidade de
ocorrência do transient error. Este é um tipo de erro associado a variações situacionais que
acontecem em contextos específicos, o que tende a repercutir nas respostas de todos os
itens.
Além disso, os autores sugerem que os achados na amostra não clínica devem ser
replicados para populações mais heterogêneas, alertando para o risco de generalizar os
23
resultados do estudo tendo em vista tratar-se de um grupo não representativo da população
em geral. Da mesma forma, sugerem que o estudo seja replicado com outros grupos
clínicos, objetivando verificar a sensibilidade do instrumento para outras patologias
(Rijkeboer, Bergh e Bout, 2005).
Baranoff, Oei, Cho & Kwon (2006) aplicaram o Questionário de Esquemas de
Young (QEY), forma reduzida, em estudantes Coreanos e Australianos, buscando estudar a
impactação de questões culturais na dimensão da estrutura fatorial e das propriedades
psicométricas do questionário (forma reduzida 75 itens). Este trabalho transcultural
envolveu a University of Queensland localizada na Austrália (Baranoff e Oei), The Catolic
University of Korea Coréia do Sul (Cho) e a Seoul National University Coréia do Sul
(Kwon).
Participaram desta pesquisa 833 estudantes sul coreanos e 271 estudantes
australianos. Além do QEY, o Inventário de Depressão de Beck foi aplicado nos estudantes
australianos. Os participantes coreanos foram divididos em dois grupos por meio do
método split file. Realizaram-se análises fatoriais com o grupo A (sul coreanos) que
determinaram a estrutura fatorial primária, sendo os grupos B (sul coreanos) e C
(australianos) utilizados para a análise fatorial confirmatória.
Os resultados evidenciaram níveis satisfatórios de consistência interna para todas as
subescalas em ambas as culturas (Alpha de Cronbach .94 e .96). Quanto ao Fator de
Análise Exploratória e ao Fator de Análise Confirmatória, 13 das 15 subescalas avaliadas
com o instrumento de Young emergiram no primeiro grupo e foram confirmadas no
segundo, sugerindo que a versão Coreana do Questionário de Esquemas de Young (QEY)
possui estrutura fatorial similar à versão australiana.
No que tange à comparação entre as médias dos esquemas nos dois grupos, foi
possível observar que os esquemas de subjugação e privação emocional foram os únicos a
apresentarem-se mais elevados na amostra australiana. Os demais estiveram mais salientes
entre os sul coreanos. Além disso, entre os australianos, foi identificado que o QEY pode
ser útil para predizer depressão, mais especificamente os esquemas de Fracasso e Auto-
Controle Insuficiente, os quais apresentaram significância estatística na análise de regressão
múltipla empregada para esta investigação.
24
Neste estudo foram apontadas limitações quanto às características da amostra, sendo
sugerida a ampliação das aplicações para grupos clínicos no sentido de buscar a validação
discriminante do instrumento. Além disso, ressaltaram a importância de realização de
futuras pesquisas que possam clarificar a capacidade de generalização do instrumento com
relação a amostras clínicas de diferentes culturas (Baranoff, Oei, Cho & Kwon, 2006).
Outro estudo conduzido na Austrália pelos pesquisadores Lee, Taylor e Dunn
(1999), envolvendo o Department of Psychiatry and Behavioral Science da University of
Western Australia e o Sir. Charles Gairdner Hospital, foi realizado numa população clínica
de 433 pacientes, sendo 51% dos participantes diagnosticados como Eixo II e 31% com
diagnóstico de Eixo I. Os demais integrantes da amostra foram captados em clínicas
diversas no país que haviam sido convidadas a contribuir, inexistindo para esta parcela
amostral especificação diagnóstica. O instrumento utilizado foi o Questionário de
Esquemas de Young (QEY) – forma longa (205 itens).
Esta pesquisa replicou a primeira grande investigação das propriedades
psicométricas do QEY, encaminhada por Schmidt, Joiner, Young e Telch (1995). Lee e
cols. (1999) identificaram achados similares ao estudo replicado. Na análise fatorial
exploratória, 14 fatores emergiram como independentes, sendo esses 14 fatores
originalmente propostos por Young e, também, obtidos no estudo de Schmidt e cols.
(1995). A escala de Indesejabilidade Social não obteve suporte, não tendo emergido como
um fator separado, o que reproduz os achados do estudo anterior.
Importante ressaltar que no trabalho de Jeffrey Young (2003), publicado
anteriormente no ano de 1994, uma nova classificação dos esquemas foi hipotetizada e
proposta pelo autor. Nesta nova ordenação foram inseridos 4 novos esquemas e retirados 2,
resultando numa versão composta por 18 esquemas, os quais foram agrupados em 5
categorias ou domínios: Desconexão, Autonomia Prejudicada, Limites Prejudicados,
Orientação para o Outro e Supervigilância/Inibição.
Uma tabela comparativa apresentada no artigo de Lee, Taylor e Dunn (1999),
abaixo reproduzida, auxilia na visualização das estruturas fatoriais de organização dos
esquemas, as quais foram apresentadas por Young, originalmente, e a partir dos trabalhos
empíricos posteriores de Schmidt e cols. (1995) e Lee e cols. (1999).
25
Tabela 1. Comparação entre as estruturas fatoriais obtidas com os resultados de Schmidt e
cols. (1995), Lee e cols. (1999) e o sistema de classificação hipotetizado por Young (2004).
Young (1994) Schmidt e cols. (1995) Lee e cols. (1999)
Fator Autonomia Prejudicada Super Conexão Autonomia Prejudicada
Escalas Dependência, Emaranhamento,
Vulnerabilidade e Fracasso
Dependência, Emaranhamento,
Vulnerabilidade e Fracasso
Dependência, Emaranhamento,
Vulnerabilidade, Fracasso e Subjugação
Fator Desconexão/Rejeição Desconexão Desconexão
Escalas Abandono, Desconfiança/Abuso,
Privação Emocional,
Defectividade/Vergonha e
Isolamento Social
Abandono, Desconfiança/Abuso, Privação
Emocional, Defectividade/Vergonha,
Inibição Emocional e Medo de perder o
controle
Abandono, Desconfiança/Abuso,
Privação Emocional,
Defectividade/Vergonha, Isolamento
Social e Inibição Emocional
Fator Limites Prejudicados Limites Prejudicados
Escalas Merecimento,
Autocontrole/autodisciplina
insuficientes
Merecimento e Medo de perder o
controle
Fator Supervigilância/Inibição Padrões Exagerados Controle Excessivo
Escalas Padrões Inflexíveis Padrões Inflexíveis e Auto-sacrifício Padrões Inflexíveis e Auto-sacrifício
Lee, Taylor e Dunn (1999), p. 448.
Obs: a tabela foi traduzida e adaptada para melhor visualização.
Os dois maiores estudos das propriedades psicométricas encontram-se apresentados
na tabela acima e, segundo Calvete e cols. (2005), ambos falharam no que tange a sustentar
a estrutura hierárquica proposta inicialmente por Young (1994). Schmidt e cols. (1995)
encontraram 3 fatores principais e Lee e cols. (1999) encontraram 4 fatores, sendo
identificadas algumas diferenças nos esquemas em cada domínio.
Não obstante tal apreciação, para Lee e cols. (1999) o estudo australiano mostrou,
de um modo geral, que o Questionário de Esquemas de Young possui satisfatória
consistência interna e que a estrutura fatorial primária foi estável para as amostras clínicas
de dois diferentes países e para pessoas com diagnósticos distintos, considerando-se a
amostra australiana e a americana do trabalho conduzido por Schmidt e cols. (1995) nos
Estados Unidos.
Os autores concluem, ainda, que o Questionário de Esquemas afigura-se como um
instrumento promissor à identificação e avaliação dos esquemas iniciais desadaptativos
subjacentes às patologias, sendo necessário, contudo, outros tipos de estudos de validação
para a confirmação desses achados. Sugerem, além disso, o exame da validação de
construto por meio de análises que envolvam a utilização de outras escalas de medida de
psicopatologia (Lee e cols., 1999).
No Estudo 2 desta dissertação são realizadas e apresentadas análises estatísticas
discriminantes e de correlação, a partir dos resultados obtidos com a aplicação do
26
instrumento denominado Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo que
avalia fatores como depressão e ansiedade (Hutz & Nunes, 2001), seguindo a sugestão
acima de Lee e cols. (1999).
Calvete e cols. (2005), da University of Deusto, Bilbao, Espanha, conduziram um
trabalho que objetivou estudar a estrutura fatorial da versão espanhola do Questionário de
Esquemas de Young e, além disso, examinar a existência de associação entre pensamentos
automáticos e sintomas dos transtornos afetivos, ambos com os esquemas cognitivos. Para
tanto, aplicaram a forma breve do instrumento em 407 estudantes de graduação.
Os achados da pesquisa ofereceram suporte para a validação da versão espanhola do
Questionário de Esquemas. A estrutura fatorial manteve a organização dos 15 esquemas, o
que sugere, segundo Calvete e cols. (2005), o caráter universal do instrumento criado por
Jeffrey E. Young, sendo sensível para discriminar problemas de ordem psicológica em
diferentes culturas.
Esta conclusão corrobora com as observações de Young (2003) quando aborda a
noção de que as necessidades essenciais do ser humano são universais (vínculo seguro com
outras pessoas, incluindo proteção, estabilidade e segurança; autonomia, competência e
senso de identidade; liberdade para expressar necessidades e emoções; espontaneidade e
diversão e; limites precisos e auto-controle). Assim, um instrumento que mapeia esquemas
desadaptativos construídos a partir da vivência de prejuízos na satisfação adequada dessas
necessidades passa a adquirir, também, contornos de universalidade.
Contudo, no que tange à alocação dos esquemas nos grandes grupos, a análise
falhou em confirmar os 5 domínios, sugerindo uma melhor solução com 3 domínios, algo
que se aproxima dos resultados de Schmidt e cols. (1995) e Lee e cols. (1999), apesar de
algumas diferenças.
As hipóteses que poderiam justificar as dissonâncias, segundo os pesquisadores da
University of Deusto, estariam vinculadas ao fato de que, neste estudo, utilizou-se a versão
breve do questionário, enquanto que nos outros dois a aplicação fora da versão longa. Além
disso, o número e a composição dos fatores primários em cada pesquisa foram diferentes.
Schmidt e cols. (1995) e Lee e cols. (1999) basearam suas análises em 13 e 16 esquemas,
enquanto que Calvete e cols. (2005) analisaram com base em 15 subescalas. Haveria que se
pensar, ainda, na natureza diferente das amostras.
27
Os esquemas de “Fracasso”, “Subjugação” e “Abandono” foram preditores de
sintomas de ansiedade, confirmando, em parte, estudos anteriores (Schmidt e cols., 1995;
Welburn, 2002). Os esquemas vinculados ao domínio da Autonomia Prejudicada foram os
preditores de pensamentos automáticos, os quais foram apurados com o Automatic
Thoughts Questionnaire-revised - AQ-R (Calvete e cols., 2005).
Outros dois estudos buscaram avaliar a estrutura fatorial do Questionário de
Esquemas de Young. Welburn e cols. (2002), assim como Schmidt e cols. (1995) e Lee e
cols. (1999), realizaram a análise fatorial exploratória, a mesma que será encaminhada no
Estudo 2 da presente pesquisa, enquanto que Hoffart e cols. (2005) optaram pela análise
fatorial confirmatória, a mesma estratégia utilizada por Calvete e cols. (2005) e por
Baranoff e cols. (2006).
Welburn e cols. (2002), na cidade de Ottawa (Canadá), conduziram uma pesquisa
com o objetivo de examinar as propriedades psicométricas da forma breve do Questionário
de Esquemas de Young. A amostra foi composta por pacientes psiquiátricos (N = 203)
integrantes de um programa de tratamento-dia mais de dois anos. O estudo caracterizou-
se como uma extensão da investigação realizada por Schmidt e cols. (1995) em uma
amostra clínica (N = 187), diferindo, contudo, por apresentar um grupo amostral com
sintomatologia psiquiátrica mais comprometedora.
A análise fatorial exploratória confirmou os 15 esquemas propostos por Young,
demonstrando bons índices de consistência interna. No geral, 4 questões foram
significativas para mais de um esquema e 1 item falhou em encontrar significância. Os
demais 70 itens obedeceram, exatamente, a estrutura hierárquica do instrumento. Welburn e
cols. (2002) vincularam este desfecho ao fato de que alguns conceitos podem implicar mais
de um esquema específico, como, por exemplo, as noções de dependência e subjugação. A
pessoa dependente pode sentir-se subjugada nas suas necessidades em relação ao outro.
Os achados ofereceram, ainda, suporte para a validade de construto do instrumento,
sugerindo a importância dos esquemas para o desenvolvimento e manutenção dos sintomas
psiquiátricos. Foi encontrada adequada consistência interna para as 15 subescalas e foram
observadas diferenças estatísticas significativas na comparação entre homens e mulheres,
tendo o gênero feminino maior pontuação nos esquemas de fracasso, auto-sacrifício,
emaranhamento, abandono e defectividade (Welburn e cols., 2002).
28
No estudo de Welburn e cols. (2002), os esquemas de “Vulnerabilidade”,
“Abandono”, “Fracasso”, “Auto-sacrifício” e Inibição emocional” foram os preditores de
ansiedade, enquanto que para depressão destacaram-se como preditores os esquemas de
“Abandono” e “Auto-controle insuficiente”. As análises demonstraram diferenças
significativas entre os homens e as mulheres nos esquemas de “Auto-sacrifício”,
“Emaranhamento”, “Fracasso”, “Abandono e “Defectividade/Vergonha”, estando as
mulheres com escores mais elevados nesses cinco esquemas.
Na pesquisa de Hoffart e cols. (2005), na Noruega, buscou-se estudar a estrutura dos
esquemas desadaptativos a partir da aplicação da forma longa e breve do Questionário de
Esquemas de Young. A análise fatorial confirmatória (CFA) foi a estratégia utilizada e a
amostra da pesquisa foi composta por pacientes psiquiátricos (N = 888) e por não-pacientes
(N = 149).
Os resultados indicaram que, em ambas as formas longa e breve, o Questionário
de Esquemas de Young confirmou os 15 Esquemas Iniciais Desadaptativos desenvolvidos
por Young, considerando-se a população clínica. Os achados reproduzem resultados das
pesquisas de Schmidt e cols. (1995), em uma pequena amostra clínica, e de Lee e cols.
(1999), em amostra clínica maior. A análise fatorial confirmatória apontou para um modelo
de quatro domínios como a melhor solução (Desconexão, Autonomia Prejudicada, Padrões
Exagerados e Limites Prejudicados). As escalas correspondentes aos 15 fatores tiveram
satisfatórios níveis de consistência interna.
De um modo geral, os estudos apresentados demonstram satisfatórios índices de
consistência interna do Questionário de Esquemas de Young, tanto na forma longa quando
na versão breve, para diferentes países e culturas. As análises fatoriais aproximam-se e,
conforme observado por Lee e cols. (1999), o questionário tem evidenciado estabilidade
temporal e capacidade discriminativa para amostras clínicas, o que tende a ser um
instrumento contributivo para a pesquisa ou para o processo de avaliação e
acompanhamento na prática clínica.
Outro estudo que ratificou a sensibilidade do instrumento foi encaminhado na
Inglaterra. Waller e cols. (2001) buscaram verificar se as versões longa e breve do
Questionário de Esquemas de Young realmente possuíam propriedades psicométricas
similares. Aplicaram a forma longa do instrumento em um grupo de bulímicas (N = 60) e
29
em um grupo controle (N = 60), todas mulheres. Os estudos estatísticos realizados com a
forma breve tornaram-se possíveis na medida em que a versão reduzida utiliza-se das
mesmas questões existentes na forma longa.
Os resultados evidenciaram níveis muito similares de consistência interna para as
duas versões do instrumento. Demonstraram, ainda, padrões similares na correlação
bivariada e nas análises discriminativas, tendo ambas as versões resultados muito
semelhantes e significativos. As conclusões obtidas são generalizáveis para os
comportamentos bulímicos em mulheres, considerando-se a homogeneidade da amostra
clínica. A conclusão final do trabalho foi a de que a utilização da versão breve é mais
conveniente para pesquisadores e clínicos, tendo em vista que as propriedades
psicométricas são equivalentes para ambas as versões (Waller e cols., 2001).
Segue, abaixo, um quadro que busca sintetizar os estudos apresentados, objetivando
facilitar a visualização dos resultados obtidos com o Young Schema Questionnaire.
Quadro 1: Panorama dos estudos selecionados, publicados entre os anos de 1998 e 2007.
Título Autores
Ano
País Objetivos Conclusões
Factor structure
and internal
consistency of
the Young
Schema
Questionnaire
(Short Form) in
Korean and
Australian
samples
John
Baranoff,
Tian Oei,
Seong Ho
Cho, Seok-
Man Kwon
2006
Austrália –
University of
Queensland
Coréia do Sul –
The Catholic
University of
Korea; Seoul
National
University
Investigar a influência das
diferenças culturais nas
propriedades
psicométricas e na
estrutura fatorial da forma
reduzida (75 itens) do
Questionário de
Esquemas de Young
(QEY), considerando-
se a
participação de estudantes
sul coreanos (N = 833) e
australianos (N = 271).
Os resultados do estudo evidenciaram níveis
satisfatórios de consistência interna em ambas as
culturas (Alpha de Cronbach .94 e .96). Quanto às
Análises Exploratória e Confirmatória, 13 fatores
emergiram e demonstraram propriedades
psicométricas satisfatórias para ambos os grupos.
Além disso, entre os australianos, foi
identificado que o QEY pode ser útil para predizer
depressão, considerando-se especificamente os
esquemas de Fracasso e Auto-Controle
Insuficiente, os quais apresentaram significância
estatística na análise de regressão múltipla.
The Schema
Questionnaire –
Short Form:
Structure and
Relationship
with Automatic
Thougts and
Symptoms of
Affective
Disorders
Esther
Calvete,
Ana
Estévez,
Elena
López de
Arroyabe e
Pilar Ruiz
2005
Espanha –
University of
Deusto
(Bilbao)
Examinar a estrutura
hierárquica da versão
espanhola do
Questionário de
Esquemas de Young –
forma breve (75 itens) e
estudar a existência de
correlação entre as escalas
do instrumento e os
sintomas de depressão,
ansiedade e raiva (N =
407).
Os achados ofereceram
suporte para a validação da
versão espanhola do Questionário de Esquemas de
Young. A confirmação da hipótese inicial da
estrutura fatorial dos 15 esquemas pode sugerir
que os Esquemas Iniciais Desadaptativos são
universais. A falha em confirmar os 5 domínios
apontou para uma melhor solução com 3 domínios.
Os resultados revelaram, ainda, associações
significativas entre os esquemas, os pensamentos
automáticos e os sintomas dos transtornos afetivos.
The Structure of
Maladaptive
Schemas: A
Confirmatory
Factor Analysis
Asle
Hoffart,
Harold
Sexton, Liv
Hedley,
2005
Noruega –
Åsgård
Hospital,
University of
Tromsø,
Realizar o estudo da
estrutura dos esquemas
desadaptativos a partir da
aplicação da forma longa
e breve do Questionário
Os resultados indicaram que, em ambas as formas
– longa e breve, o Questionário de Esquemas de
Young confirmou os 15 Esquemas Iniciais
Desadaptativos desenvolvidos por Young,
considerando-se a população clínica. Os achados
30
and a
Psychometric
Evaluation of
Factor-Derived
Scales
Catharina
Wang,
Harald
Holthe, Jon
Haugum,
Hans
Nordahl,
Ole
Hovland e
Arne Holte
Innherred
Hospital,
Norwegian
University of
Science and
Technology,
University of
Oslo
de Esquemas de Young.
A estratégia analítica
baseou-se na análise
fatorial confirmatória
(CFA) e a amostra foi
composta por pacientes
psiquiátricos (N = 888) e
não-pacientes (N = 149).
reproduzem resultados das pesquisas de Schmidt e
cols. (1995), em uma pequena amostra clínica, e
de Lee e cols. (1999), em amostra clínica maior. A
análise fatorial confirmatória apontou para um
modelo de quatro domínios como a melhor
solução (Desconexão, Autonomia Prejudicada,
Padrões Exagerados e Limites Prejudicados). As
escalas correspondentes aos 15 fatores tiveram
satisfatórios níveis de consistência interna.
Stability and
discriminative
power of the
Young Schema
Questionnaire in
a Dutch clinical
versus non-
clinical
population
Marleen M.
Rijkeboer,
Huub van
den Bergh,
Jan van den
Bout
2004
Holanda -
Utrecht
University
Investigar o poder de
discriminação e a
estabilidade temporal do
Questionário de
Esquemas de Young,
considerando-se uma
população clínica (N =
172) e não clínica (N =
162).
Os resultados sugerem adequação quanto à
estabilidade temporal do instrumento, apesar de
existir tendência à redução dos escores ao longo do
tempo. É discutida a possibilidade de transient
error
(erro associado a variações situacionais com
repercussão nas respostas). As análises
discriminantes sugeriram que o instrumento é
sensível para predizer ausência ou presença de
psicopatologia.
The Schema
Questionnaire –
Short Form:
Factor Analysis
and Relationship
Between
Schemas and
Symptoms
Ken
Welburn,
Marjorie
Coristine,
Paul Dagg,
Amanda
Pontefract e
Shelley
Jordan
2002
Canadá –
Ottawa
Anxiety and
Trauma Clinic,
Royal Ottawa
Hospital e
University of
Ottawa
Examinar as propriedades
psicométricas da forma
breve do Questionário de
Esquemas de Young,
considerando-se uma
população psiquiátrica de
um programa de
tratamento-dia (N = 203).
A análise fatorial exploratória confirmou os 15
esquemas propostos por Young, demonstrando
bons índices de consistência interna. Os achados
ofereceram suporte para a validade de construto do
instrumento, sugerindo a importância dos
Esquemas Iniciais Desadaptativos para o
desenvolvimento e manutenção dos sintomas
psiquiátricos.
Terapia Focada
nos Esquemas:
questões acerca
da sua validação
empírica
José Pinto-
Gouveia e
Daniel Rijo
2001
Portugal -
Faculdade de
Psicologia e de
Ciências da
Educação da
Universidade
de Coimbra
Discutir questões
relacionadas à validação
empírica da Terapia
Focada nos Esquemas e
apresentar nova
metodologia de avaliação
dos Esquemas Iniciais
Desadaptativos.
Encontra-se em andamento estudo empírico que
busca verificar a validade do Inventário de
Avaliação de Esquemas por Cenários Ativadores
(IAECA), material que intenta superar as
limitações percebidas pelos autores na validade
ecológica do Questionário de Esquemas de Young.
Psychometric
Properties of the
Long and Short
Versions of the
Schema
Questionnaire:
Core Beliefs
Among Bulimic
and Comparison
Women
Glenn
Waller,
Caroline
Meyer e
Vartouhi
Ohanian
2001
Inglaterra –
University of
London,
University of
Warwick e
West
Middlesex
University
Hospital
Verificar se as versões
longa e breve do
Questionário de
Esquemas possuem
propriedades
psicométricas similares,
considerando-se um
grupo de bulímicas (N =
60) e um grupo controle
(N = 60).
Os resultados evidenciaram níveis muito similares
de consistência interna para as duas versões do
instrumento. Demonstraram, ainda, padrões
similares na correlação bivariada e nas análises
discriminativas, tendo ambas as versões resultados
muito semelhantes e significativos. As conclusões
obtidas são generalizáveis para os comportamentos
bulímicos em mulheres, considerando-se a
homogeneidade da amostra clínica. A conclusão
fin
al é a de que a utilização da versão breve é mais
conveniente para pesquisadores e clínicos.
Factor Structure
of the Schema
Questionnaire in
a Large Clinical
Sample
Christopher
Lee,
Graham
Taylor,
John Dunn
1999
Austrália –
Sir. Charles
Gairdner
Hospital,
University of
Western
Australia
Examinar as propriedades
psicométricas do QEY em
uma população clínica
australiana (N = 433).
O estudo mostrou que o Questionário de Esquemas
de Young possui satisfatória consistência interna e
que a estrutura fatorial pr
imária foi estável para as
amostras clínicas de dois diferentes países e para
pessoas com diagnósticos distintos.
31
_________________________________________________________________________
4. CONCLUSÃO
A partir do contato aprofundado com nove importantes estudos vinculados à análise
das propriedades psicométricas do Questionário de Esquemas de Young, é possível
observar que os centros de pesquisas com relação ao instrumento encontram-se espalhados
em quatro dos cinco continentes – América, Europa, Ásia e Oceania. Tais indicativos
demonstram o amplo interesse do ambiente científico na verificação empírica das
possibilidades de auxílio deste instrumento como fonte válida de medida dos Esquemas
Iniciais Desadaptativos.
Em sua maioria, os achados vinculados ao Questionário de Esquemas de Young
demonstram estatísticas significativas quanto à consistência interna da escala e no que
tange à sensibilidade discriminativa, considerando-se as diferenças evidentes entre grupos
clínicos e não-clínicos. Assim sendo, trata-se de um recurso disponível ao profissional da
saúde mental para a utilização clínica ou no âmbito da pesquisa científica.
32
ESTUDO 2
MAPEAMENTO DE ESQUEMAS COGNITIVOS: VALIDAÇÃO DA VERSÃO
BRASILEIRA DO YOUNG SCHEMA QUESTIONNAIRE –
SHORT FORM (YSQ – S2)
O presente estudo caracterizou-se como uma abordagem empírica que envolveu a
aplicação do Questionário de Esquemas de Young – YSQ (Young, 2003) e da Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (Hutz & Nunes, 2001). Os objetivos
principais foram realizar o estudo das propriedades psicométricas do instrumento,
contemplando verificação da consistência interna da escala (alpha de Cronbach), da
validade concorrente e das propriedades discriminantes do YSQ, assim como realização de
análise fatorial como indicativo para a validade de construto (Anastasi & Urbina, 2000).
_________________________________________________________________________
2. OBJETIVO GERAL
Estudar as propriedades psicométricas da versão brasileira do Questionário de
Esquemas de Young, forma reduzida (YSQ-S2).
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mapear esquemas cognitivos na amostra, buscando estabelecer correlações entre os
níveis de ansiedade, depressão, desajustamento psicossocial e vulnerabilidade com os
Esquemas Iniciais Desadaptativos.
_________________________________________________________________________
3. MÉTODO
33
3.1. Participantes
A amostra da pesquisa foi constituída por 372 participantes da população em geral,
número determinado por meio de amostras referenciadas (Lee, Taylor & Dunn, 1999;
Calvete, Estévez, Arroyabe & Ruiz, 2005) e a partir da sugestão de Welburn e cols. (2002)
que recomendaram a aplicação do instrumento em um grupo amostral de 375 sujeitos. A
coleta totalizou 400 questionários dos quais 28 foram excluídos, sendo 19 por desistência
do preenchimento, 6 por encontrarem-se fora do critério “idade” e 3 por utilizarem
numerações inexistentes para as respostas.
3.1.1. Critérios de Inclusão
Os critérios de inclusão na amostra foram vinculados à escolaridade e idade dos
participantes. Foram incluídos neste estudo participantes da população em geral com idades
entre 18 e 60 anos e que possuíam, no mínimo, 5ª série do primeiro grau.
3.2. Instrumentos
Para a coleta de dados foram utilizados três instrumentos, a saber:
3.2.1. Questionário de Dados Sócio-Demográficos
Questionário composto por 44 itens construídos com o intuito de mapear
características sócio-demográficas, tais como idade, sexo, escolaridade, estado civil,
classificação econômica, entre outras (Anexo B).
3.2.2. Young Schema Questionnaire (YSQ-S2)
Traduzido como Questionário de Esquemas de Young forma breve (Anexo C), o
instrumento objetiva avaliar 15 Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs), considerados
como centrais na cognição humana (Young, 2003). Formado por 75 afirmativas, possui
34
uma escala tipo likert de 1 a 6 para pontuação de acordo com a percepção do examinando.
Os 15 esquemas encontram-se inseridos em cinco grandes domínios:
1) Desconexão e Rejeição
Domínio essencialmente relativo ao sentimento de frustração vivenciado pela
pessoa com relação às expectativas de segurança, estabilidade, carinho, empatia,
compartilhamento de sentimentos, aceitação e consideração. Nesta dimensão encontram-se
alocados 5 Esquemas Iniciais Desadaptativos.
A “Privação Emocional” diz respeito à expectativa que a pessoa nutre de que o
apoio emocional por ela demandado não será suficientemente suprido pelos demais.
O “Abandono” está mais ligado ao sentimento eminente de perda do apoio e da
conexão, sendo profundamente marcado por ausência de confiança com relação a outros
significativos.
O esquema de “Desconfiança/Abuso” apresenta-se de forma a construir expectativas
de que os outros irão, certamente, magoar, abandonar, trapacear, humilhar de forma
intencional ou como resultado de uma negligência injustificada e extremada.
O Isolamento Social” contempla o sentimento de estar no mundo, de não fazer
parte de nenhum grupo pelo sentimento de ser totalmente diferente dos demais.
Por fim, o esquema de “Defectividade/Vergonha” possui consonância com os
sentimentos de desvalia, inferioridade, indesejabilidade, emoções que agregam a percepção
para a pessoa de que ela não é digna do amor. Rejeição, culpa e dificuldade para lidar com
críticas contribuem para a vivência da vergonha e da insegurança.
2) Autonomia e Desempenho Prejudicados
Domínio que configura sentimentos de incapacidade experimentados pelo indivíduo
no que tange à possibilidade de se separar dos demais conquistando a autonomia necessária
para sobreviver de forma independente e com bom desempenho.
“Fracasso” é um dos esquemas que fazem parte deste domínio e que está alicerçado
num padrão de incapacidade no qual o resultado para quaisquer tentativas na vida terá
como final previsto a frustração e o fracasso, especialmente nas áreas de realização
profissional ou na carreira estudantil.
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A “Dependência/Incompetência” refere-se à crença de ausência de capacidade para
administrar a própria vida sem a ajuda dos outros. Este esquema pode, muitas vezes,
confundir-se com o desamparo pela percepção de que sem os outros a pessoa não consegue
tomar decisões corretas para resolver os problemas do cotidiano.
O medo excessivo de que uma catástrofe aconteça recebe o nome de
“Vulnerabilidade a dores e doenças”. Muito embora o mundo favoreça tais posturas, torna-
se necessário um grau de adaptabilidade que é inviável diante da ativação do presente
esquema.
O “Emaranhamento” diz respeito à ausência de individualidade pelo envolvimento
excessivo com uma ou mais pessoas significativas. Sentimentos de vazio, sufocamento e
culpa afiguram-se como pertinentes para esse padrão de funcionamento.
3) Limites Prejudicados
Refere-se a um padrão de funcionamento possível de ser identificado pela
deficiência nos limites internos, pela ausência de responsabilidade com os demais e/ou pela
dificuldade de orientação para a concretização de objetivos distantes. Caracteriza prejuízos
com relação a respeitar os direitos dos outros, a cooperar e a se comprometer com metas ou
desafios.
O Esquema Inicial Desadaptativo “Merecimento” integra este domínio e possui
como características o sentimento de superioridade e de merecimento de privilégios em
comparação às outras pessoas. As regras podem ser burladas em função do fato de que a
pessoa deseja determinado acontecimento. Excessiva competitividade ou dominação,
disputa de poder e ausência de sensibilidade com relação aos outros tendem a fazer parte
deste esquema.
Além desse, o “Auto-controle e a Auto-disciplina Insuficientes” configuram outro
padrão de funcionamento que origem ao domínio dos Limites Prejudicados.
Dificuldades para o autocontrole ou desejo de abandonar o exercício da disciplina para o
enfrentamento de obstáculos em direção a metas são pertinentes a este esquema. A busca de
evitação do desconforto é outra característica marcante na dinâmica de personalidade da
pessoa que apresenta o esquema de Auto-controle e Autodisciplina Insuficientes.
36
4) Orientação para o Outro
Trata-se de um domínio que quando presente na personalidade ocasiona um foco
excessivo para os desejos e sentimentos dos outros em função da constante busca de
obtenção de amor. Muitas vezes, a pessoa suplanta suas próprias necessidades com o intuito
de obter aprovação, podendo suprimir sua consciência, sentimentos e inclinações naturais.
“Subjugação” e “Auto-sacrifício” são os dois Esquemas Iniciais Desadaptativos que
compõem este domínio. O primeiro vincula-se à excessiva submissão aos demais, tanto no
que tange aos sentimentos quanto no que se refere às necessidades pessoais, geralmente,
com o objetivo de evitar perder o amor do outro que pode abandonar, zombar ou criticar.
O segundo, Auto-sacrifício, implica no desejo de atender de forma desmedida e
voluntária os anseios dos outros, mesmo que isto signifique a auto-destruição. O sentimento
de ressentimento pode surgir com relação às pessoas que estão sendo cuidadas, tendo em
vista que a pessoa considera que está se doando e que, de outra parte, não está sendo
atendida nas suas necessidades emocionais. O motivo mais comum para que este esquema
funcione na dinâmica de personalidade está atrelado à tentativa de evitação de sentimentos
de culpa, tanto pela sensação de responsabilidade pela dor do outro quanto por despertar a
percepção de egoísmo ao não auxiliar o próximo.
5) Supervigilância e Inibição
Refere-se ao bloqueio da felicidade, auto-expressão, relaxamento, relacionamentos
íntimos e ao comprometimento da própria saúde devido à ênfase excessiva na supressão
dos sentimentos, dos impulsos e das escolhas pessoais espontâneas. Regras e expectativas
rígidas internalizadas sobre desempenho e comportamento ético geralmente integram este
domínio.
Os esquemas de “Inibição Emocional” e “Padrões Inflexíveis” ficam alocados neste
grupo. A “Inibição Emocional” possui correspondência com o bloqueio demasiado das
emoções, ações e da espontaneidade, na maioria das vezes com o objetivo de evitar a
rejeição, desaprovação ou a perda de controle dos impulsos.
os “Padrões Inflexíveis” estão associados a uma busca de atingimento de padrões
muito elevados de desempenho com o objetivo de evitar críticas. Sentimentos de pressão,
auto e hetero-crítica exageradas, comprometimentos na esfera do prazer, da auto-estima, da
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saúde, atitudes perfeccionistas e regras gidas são comportamentos resultantes deste
Esquema Inicial Desadaptativo (Young, 2003).
3.2.2.1. Autorização para Pesquisa
Os direitos à realização da pesquisa foram adquiridos junto ao Instituto do Sr.
Jeffrey E. Young, o que representa a autorização para o encaminhamento do projeto
(Anexo A).
3.2.2.2. Tradução
A tradução do material para a língua portuguesa foi realizada por Maria Adriana
Veríssimo Veronese no livro de Young (2003), publicação que obteve como consultor,
supervisor e revisor técnico o Dr. Bernard Rangé. Apesar de, atualmente, não existir
tradução da forma breve do Questionário de Esquemas para o português, verificou-se que a
forma breve do instrumento é composta por questões idênticas às utilizadas na forma longa.
A observância da equivalência total entre as versões do instrumento (forma longa e
forma breve), visitadas em sua língua materna, oportunizaram o aproveitamento da
tradução existente no Brasil (Young, 2003). Assim, o instrumento utilizado seguiu,
também, as mesmas instruções existentes na forma longa do Questionário de Esquemas de
Young.
3.2.2.3. Adaptação da Escala de Avaliação
Foi proposta uma adaptação da escala de avaliação do questionário após
submetimento à apreciação de 2 juízes e aplicação em grupo piloto composto por 5
psicólogos, alunos de pós-graduação, e 1 professor doutor do curso de Psicologia. Os juízes
foram profissionais especialistas no âmbito da validação de instrumentos psicológicos,
todos professores de Pós-Graduação, não tendo existido qualquer contato entre eles.
Com relação ao grupo piloto, os participantes foram convidados a tecer críticas e
comentários acerca da escala de avaliação e sobre os 75 itens. As críticas deram origem à
escala de avaliação adaptada, com o intuito de clarificar a “distância” observada pelos
participantes do grupo piloto entre os itens 3 e 4 da escala original. Dificuldades na
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compreensão entre esses dois itens poderiam manter os escores distribuídos nas
extremidades, o que tenderia a representar um viés na aplicação do instrumento. Os 75 itens
não sofreram alteração pela inexistência de dificuldades na compreensão das questões.
Abaixo, seguem as duas escalas para comparação, a original e a adaptada:
ESCALA DE AVALIAÇÃO ORIGINAL
1 = Inteiramente falsa
2 = Em grande parte falsa
3 = Levemente mais verdadeira do que falsa
4 = Moderadamente verdadeira
5 = Em grande parte verdade
6 = Descreve perfeitamente
ESCALA DE AVALIAÇÃO ADAPTADA
1 = Não me descreve de modo algum
2 = Acontece raras vezes e pouco descreve o meu modo de ser
3 = Acontece algumas vezes, mas ainda não descreve o meu modo de ser
4 = Descreve o meu modo de ser
5 = Descreve muito o meu modo de ser
6 = Me descreve perfeitamente
3.2.3. Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo
Trata-se de um instrumento objetivo (Anexo D) que avalia uma dimensão da
personalidade humana denominada Fator N, também chamado de Neuroticismo. Esta
medida refere-se ao nível de ajustamento e instabilidade emocional do indivíduo, os quais
encontram-se associados a desconfortos psicológicos e aos estilos cognitivos e
comportamentais decorrentes de um padrão de funcionamento.
Segundo Hutz & Nunes (2001), altos níveis de neuroticismo são identificados em
pessoas mais propensas a vivenciar maiores sofrimentos emocionais, fato que parece estar
ligado às interpretações negativas da realidade e à construção ativa de problemas. No
instrumento existem itens que identificam ansiedade, hostilidade, depressão, auto-estima,
impulsividade e vulnerabilidade.
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Na sua versão final, o teste é composto por 82 itens divididos em 4 escalas, as quais
encontram-se abaixo descritas e detalhadas quanto às questões que compõem cada fator da
EFN. As interpretações possíveis a partir das pontuações registradas para cada uma delas
também são explicitadas.
3.2.3.1 Escala de Vulnerabilidade (N1)
A Escala de Vulnerabilidade é composta por 23 itens que agrupam sintomas
característicos dos transtornos de personalidade dependente e de esquiva. As
questões que integram esta escala são: 1, 3, 7, 9, 11, 14, 20, 22, 24, 28, 30, 34, 37,
42, 46, 49, 52, 55, 58, 60, 68, 72 e 75.
Avalia a intensidade da vivência de sofrimento experimentado pela pessoa no
que diz respeito à aceitação dos outros. Pontuações elevadas nesta escala podem
significar comprometimentos na auto-estima, forte presença de sentimentos de
insegurança, dificuldade para tomar decisões, medo de agir da forma que se deseja
para evitar desagradar as pessoas.
Em contrapartida, baixos escores tendem a aparecer em indivíduos com reduzida
sensibilidade e alto grau de independência, com propensão para a frieza emocional e
excesso de individualismo. Uma característica comum nesses casos é a inexistência
de preocupação com as opiniões alheias, o que pode implicar em um padrão
distorcido de relacionamento.
3.2.3.2 Escala de Desajustamento Psicossocial (N2)
A Escala de Desajustamento Psicossocial é formada por 14 itens que mapeiam
características e padrões de funcionamento vinculados aos transtornos de
personalidade anti-social e borderline. Os itens são: 4, 12, 21, 26, 31, 38, 45, 48, 59,
64, 66, 74, 76, 80.
Indivíduos agressivos, hostis, mentirosos e manipuladores, com vistas à
obtenção de benefícios pessoais, tendem a apresentar escores elevados na escala de
40
Desajustamento Psicossocial. Outras características possivelmente atreladas a esta
dimensão são os comportamentos dependentes, tais como o abuso de álcool ou
drogas, o contato com jogos de azar e/ou o estabelecimento de relações sexuais de
risco ou atípicas. A ausência de sensibilidade com relação ao sofrimento alheio pode
ser outra questão que repercute para elevadas pontuações nesta escala.
3.2.3.3 Escala de Ansiedade (N3)
Escala que possui 25 itens, os quais agrupam sintomas presentes nos transtornos
de ansiedade, tais como pânico e fobias. As questões apresentadas neste domínio
são: 2, 5, 8, 10, 13, 16, 18, 23, 27, 29, 33, 36, 40, 44, 51, 54, 57, 61, 63, 65, 67, 69,
71, 78, 81.
Altos escores na Escala de Ansiedade aparecem em pessoas emocionalmente
instáveis, irritadiças, que sofrem constantes variações de humor e de motivação.
Propendem a ter curso acelerado do pensamento, fuga de idéias, receio de perder o
controle das situações e de adotar atitudes inesperadas. Sintomas somáticos também
podem apresentar-se como decorrência do processo de ansiedade vivenciado pela
pessoa.
Por outro lado, escores muito baixos nesta escala podem representar
preocupação no sentido de que a pessoa pode carecer de preparação suficiente para o
enfrentamento de situações novas ou de risco, nas quais a ansiedade representa um
importante norteador de alerta e de proteção.
3.2.3.4 Escala de Depressão (N4)
Composta por 20 itens que agrupam características pertinentes a quadros que
apresentam sintomas de desesperança, depressão e ideação suicida. Os itens que
integram esta escala são: 6, 15*, 17*, 19*, 25, 32, 35, 39, 41*, 43*, 47, 50, 53, 56,
62, 70, 73*, 77, 79*, 82.
41
Os itens assinalados com um asterisco indicam que possuem direção inversa
com relação à grade de respostas e, sendo assim, no momento do levantamento,
devem ser computados de forma invertida por meio de uma fórmula bastante
simples (8 - a pontuação do item).
Elevados escores na Escala de Depressão são observados em pessoas com visão
negativa com relação ao passado, presente e futuro, com poucas esperanças de que a
vida pode melhorar. Questões específicas relacionam-se à ideação suicida e outras à
desesperança, aspectos fundamentais de serem atentamente observados pelo
profissional. Pontuações muito baixas podem remeter a ausência de postura auto-
crítica e representar passividade perante a vida, no sentido de negação da
necessidade de ação e de transformação.
3.2.3.5 Adaptação da Escala de Avaliação
A Escala de Avaliação do instrumento original especifica 3 assertivas (1.
completamente inadequada, “a sentença não descreve nenhuma característica minha”; 4.
neutro, “mais ou menos”; e 7. perfeitamente adequada, “a sentença me descreve
perfeitamente bem”) como possibilidades de resposta e solicita ao respondente que procure
pontuar de acordo com sua percepção sobre o quanto encontra-se mais próximo do 1 ou do
7.
Na aplicação junto ao grupo piloto, foi possível observar que algumas pessoas
limitaram-se a responder 1, 4 ou 7, tendo sido utilizada como estratégia a criação, na folha
de respostas, das outras frases da escala de avaliação para facilitar o momento da escolha e
para evitar um possível viés na distribuição das respostas.
ESCALA DE AVALIAÇÃO ADAPTADA PARA A FOLHA DE RESPOSTAS
1. completamente inadequada, “a sentença não descreve nenhuma característica minha”
2. muito inadequada, “me descreve muito pouco”
3. inadequada, “me descreve pouco”
4. neutro, “mais ou menos”
5. adequada “me descreve”
6. muito adequada “me descreve muito”
7. perfeitamente adequada, “a sentença me descreve perfeitamente bem”
42
3.3. Procedimentos
Este projeto foi aprovado pela Comissão Científica da Faculdade de Psicologia e
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS (ofício n° 0929/07; CEP 07/03471– anexo F).
A abordagem dos participantes seguiu os critérios da amostra por conveniência e
ocorreu a partir do contato direto realizado pela equipe de pesquisadores. Os pesquisadores
foram treinados para conduzir rapport padronizado junto aos participantes. As aplicações
ocorreram de forma individual e coletiva.
O início do preenchimento dos questionários era precedido pela leitura e assinatura
do termo de consentimento (Anexo E), o qual continha as informações sobre a pesquisa e
oferecia os contatos dos pesquisadores e do Comitê de Ética da PUCRS. Todas as pessoas
que optaram por participar do estudo receberam uma cópia do termo de consentimento livre
e esclarecido.
3.4. Processamento e Análise dos Dados
Os dados foram processados no programa estatístico SPSS 12.0 (Program
Statistical Package for the Social Sciences). Foram realizadas análises descritivas e de
distribuição de freqüências para demonstração do perfil dos participantes da pesquisa.
Recorreu-se ao teste do Qui-Quadrado para verificação da homogeneidade da amostra
quanto às variáveis sexo, escolaridade, estado civil, renda e trabalho. As variáveis
numéricas idade e os 75 itens do Questionário de Esquemas de Young foram submetidas ao
teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov, tendo em vista o tamanho amostral (> 30
participantes).
As análises de fidedignidade com o intuito de avaliar a consistência interna da
escala foram encaminhadas por meio da Análise de Confiabilidade e da verificação do
coeficiente Alpha de Cronbach. Os estudos contemplaram a escala global, ou seja, todos os
itens incluídos, tanto para o Questionário de Esquemas de Young, quanto para a Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN).
Além disso, seguindo-se a estrutura de distribuição de esquemas e de questões
proposta por Young e cols. (2003), realizou-se o estudo de fidedignidade de cada Esquema
43
Inicial Desadaptativo. O mesmo foi feito com as 4 dimensões avaliadas no EFN
(“vulnerabilidade”, “desajustamento psicossocial”, “ansiedade” e “depressão”).
Os resultados vinculados à homogeneidade e normalidade indicaram a necessidade
de utilização de estatísticas não-paramétricas, tendo sido empregada a técnica da correlação
de Spearman para verificação de existência de correlação entre os instrumentos utilizados
no estudo (validade concorrente).
O teste de Kruskal-Wallis foi empregado para testar as diferenças entre os grupos
“abaixo da média”, “na média” e “acima da média” estratificados a partir dos escores da
“Vulnerabilidade”, “Desajustamento Psicossocial”, “Ansiedade” e “Depressão” da Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo com relação aos 15 Esquemas Iniciais
Desadaptativos extraídos a partir do Questionário de Esquemas de Young.
O teste de Kruskal-Wallis foi empregado, também, para a comparação entre 3 ou
mais grupos independentes, considerando-se a categorização da escolaridade e a
classificação da renda dos participantes da amostra. Nova análise de correlação foi
conduzida para verificação de existência de correlação significativa entre os esquemas e as
duas variáveis acima (categorização da escolaridade e renda).
Outros estudos para discriminação de médias entre grupos distintos foram
encaminhados. Utilizou-se o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para comparação de
dois grupos não-emparelhados. As variáveis categóricas submetidas a esta abordagem
foram “sexo”, “morte na família”, realização de “tratamento psicológico”, ser “usuário de
álcool” e ter tido alguma “repetência” ao longo da vida escolar. O objetivo desses testes
foi verificar as propriedades discriminativas do instrumento.
Além disso, foi realizada a Análise Fatorial Exploratória, replicando a estratégia de
Welburn e cols. (2002), com o método dos componentes principais. A rotação equamax foi
utilizada para facilitar a interpretabilidade dos resultados.
_________________________________________________________________________
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
Na apresentação dos resultados, encontram-se descritos, em primeiro lugar, o perfil
da amostra que participou do estudo e, posteriormente, os dados vinculados às propriedades
44
psicométricas do Questionário de Esquemas de Young, incluindo os estudos estatísticos de
consistência interna do instrumento, as análises de correlação, as análises para comparação
entre as médias e a análise fatorial exploratória.
4.1. Perfil da Amostra
A amostra foi constituída por 372 participantes, sendo 30,9% do sexo masculino e
69,1% do sexo feminino. A idade média foi de 28,5 anos (d.p. 10,14), sendo a idade
mínima 18 e a máxima 60 anos. Foram registradas 76 profissões, sendo a de estudante
(20,2%), auxiliar administrativo (7%) e comerciante (5,6%) as categorias que tiveram
maior número de pessoas.
No que tange à variável escolaridade, os percentuais evidenciaram 2,2% dos
participantes com ensino fundamental incompleto (5ª a série), 3,8% com ensino
fundamental completo, 9,9% com ensino médio incompleto, 38,2% com ensino médio
completo, 23,1% com ensino superior incompleto, 11,3% com ensino superior completo,
7,0% com pós-graduação, 1,9% com mestrado e 0,3% com doutorado. Como omissão desta
informação, tivemos o percentual de 2,4%.
Uma categorização da variável escolaridade foi realizada para possibilitar o
encaminhamento da comparação entre grupos, tendo sido alocado no primeiro grupo os
participantes com formação em nível de grau (completo ou incompleto), no segundo
aqueles com 2° grau (completo ou incompleto) e no terceiro os participantes com formação
superior (completa ou incompleta e demais cursos de pós-graduação).
Dos participantes da pesquisa, 74,2% trabalhavam no momento do preenchimento
do questionário, enquanto que 24,2% não possuíam trabalho (1,6% o responderam a
questão). Quanto ao estado civil, 65,6% eram solteiros, 28,5% casados, 4,6% divorciados e
1,1% viúvos. Mais da metade dos participantes (66,1%) não possuíam filhos.
No que diz respeito aos rendimentos mensais, os percentuais registraram 61% dos
integrantes da amostra com renda menor do que R$ 1.313,69, ficando 17,2% com renda de
R$ 1.313,69 a R$ 2.625,12 e 14% acima de R$ 2.625,12 (7,8% não responderam este item).
Os valores utilizados para estratificação da renda mensal foram baseados na classificação
utilizada pelo governo para fins de cálculo do imposto de renda.
45
Na busca de abordar prováveis fatores causadores de estresse, verificou-se que
30,1% dos participantes haviam sofrido a perda de um familiar no último ano e que 40,1%
possuíam um membro da família acometido por doença física ou mental, considerando-se,
também, os últimos 12 meses.
Da mesma forma, com relação à alteração na rotina, 18,6% haviam vivenciado
mudança de cidade, estado ou bairro no último ano, 6,7% haviam sofrido internação médica
e 46% registraram ter repetido algum ano na formação escolar ao longo da trajetória
acadêmica.
Numa perspectiva auto-avaliativa, questionou-se como a pessoa percebia a própria
saúde, os hábitos alimentares, o sono, a vida de uma maneira em geral, os relacionamentos
com os amigos, família e companheiro (a), sendo que as respostas possíveis eram
organizadas em uma escala que continha as categorias “ótimo”, “bom”, “regular” e “ruim”.
Com exceção dos hábitos alimentares e da qualidade do sono, os demais tópicos
obtiveram mais de 80% da amostra com avaliação “bom” e “ótimo”, sendo inexpressiva a
distribuição na categoria “ruim” (todas abaixo de 2%, exceto hábitos alimentares que
registrou 6,2% e sono, 4,8%).
Quanto aos hábitos alimentares, 34,4% dos participantes avaliaram seus costumes
como “regulares” e no que diz respeito à qualidade do sono, 25,5% consideraram-na
“regular”. Abaixo, no quadro 1, pode-se observar um panorama global das respostas auto-
avaliativas.
Quadro 2: Percentuais das pontuações da amostra com relação à saúde, aos hábitos alimentares, ao sono, à
qualidade de vida, ao relacionamento com os amigos, com a família e com o companheiro/a (%; N 372).
Saúde Alimentação
Sono Vida Rel. Amigos Rel. Família
Rel. Companheiro
Ótimo
34,2 10,8 17,6 13,2 51,1 44,9 42,9
Bom
57,1 48,4 51,9 70,6 44,4 47 26,4
Regular
8,1 34,6 25,7 15,1 3,8 7 6,5
Ruim
0,5 6,2 4,9 1,1 0,8 0,5 1,1
Total 100 100 100 100 100 99,4*¹ 76,9*¹
*¹ O percentual que faltou para completar 100% localizou-se na categoria ”não tenho”.
No que concerne à crença religiosa, 58,6% dos participantes registraram possuírem
vinculação com a religião católica, 9,4% espíritas, 8,3% evangélicos e 12,4% distribuíram-
46
se na categoria “espiritualizado, porém sem religião”. As demais opções religiosas não
obtiveram percentual superior a 3%, a saber: protestante (2,4%), umbanda (1,9%), budista
(0,3%), ateu (2,7%), outra (3,0%), mais de 1 religião (1,1%).
Prosseguindo com a apresentação do perfil amostral, de 11 doenças listadas, além
da opção “outras doenças”, destacaram-se, entre os participantes, os diagnósticos de
pressão baixa (23,1%), problemas de visão (40,9%), alergias (34,4%) e outras doenças
(11,6%). As demais patologias diagnosticadas ficaram abaixo de 7%, a saber: diabete
(1,6%), hipertensão (4%), cardiopatia (1,3%), asma (6,2%), epilepsia (sem ocorrência),
labirintite (1,6%), reumatismo (1,6%), osteoporose (1,6%) e obesidade (3,5%).
Com relação ao consumo de drogas lícitas e ilícitas, 13,4% da amostra declinou
fazer uso do cigarro, enquanto que 25% registraram serem usuários de álcool. Quanto às
drogas ilícitas, 2,7% dos participantes registraram serem usuários de drogas, sendo que
dentre eles, 77,8% fazem uso combinado de mais de uma droga ilícita.
Para este estudo, não existiu a preocupação em mapear os hábitos do consumo e
nem buscou-se determinar a existência de grau de dependência das substâncias, tendo em
vista que o foco ficou estabelecido na comparação da distribuição dos Esquemas Iniciais
Desadaptativos entre as pessoas que fazem algum tipo de uso de alguma substância
psicoativa e as que não são usuárias.
No que se vinculou à realização de tratamento psicológico, o percentual apontou
para o fato de que 11,8% dos participantes da pesquisa estavam em processo
psicoterapêutico no período do preenchimento do questionário de dados sócio-
demográficos. Além disso, 60,2% da amostra relatou fazer uso de algum tipo de medicação,
sendo que dentre esses, 24,2% utilizavam anticoncepcionais e 22% faziam uso combinado
de mais de um tipo de medicação. As demais opções de medicações eram: antiinflamatório
(1,8%), homeopática (0,4%), antidepressivo (4,9%), antibiótico (0,4%), estabilizador de
humor (0,4%), analgésico 5,4%), corticóide (0,4%), anfetamina (0,4%), anabolizante
(0,4%) e outros (8,1%). 39,8% dos participantes não responderam esta questão.
A classificação econômica evidenciou que 2,4% encontram-se incluídos na classe
A2, 4% na B1, 9,1% na B2, 37,9% na classe C, 41,1% na D e 4,6% na classe E (0,8% não
responderam esta questão).
47
Verificou-se, ainda, que a distribuição da escolaridade do responsável pela família
esteve, na sua maior parte, alocada como grau completo ou superior incompleto (31,3%)
e superior completo (31,6%). As demais categorias foram grau completo ou grau
incompleto (14,6%), primário completo (1ª a 5ª série) ou grau incompleto (15,7%) e, por
fim, analfabeto ou primário incompleto (6,9%).
4.2. Consistência Interna do YSQ-S2 e da EFN ou Confiabilidade
O coeficiente Alpha de Cronbach foi utilizado para verificação da consistência
interna do Questionário de Esquemas de Young forma breve (YSQ-S2), considerando-se
os 15 esquemas e a escala global. Para os 75 itens, o alpha foi 0,955, o que sugere
excelente grau de consistência interna. De acordo com Bisquerra, Sarriera e Martínez
(2004), coeficientes superiores a 0,75 são considerados altos.
No que tange aos 15 Esquemas Iniciais Desadaptativos, com exceção do esquema
de Dependência/Incompetência (0,566), todos os demais apresentaram satisfatórios níveis
de consistência interna, variando de 0,719 a 0,905, a saber: “privação emocional” (0,856),
“abandono” (0,855), “desconfiança/abuso” (0,779), “isolamento social” (0,719),
“defectividade/vergonha” (0,796), fracasso” (0,905), “vulnerabilidade a dores e doenças”
(0,802), “emaranhamento” (0,815), “subjugação” (0,779), “auto-sacrifício” (0,851),
“inibição emocional” (0,875), “padrões inflexíveis” (0,742), “merecimento” (0,753) e
“auto-controle e auto-disciplina insuficientes” (0,808).
Quanto à Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN),
verificou-se que o alpha de cronbach foi de 0,953 para a escala global (82 itens). Nas
medidas das subescalas, tivemos os seguintes coeficientes de alpha: “vulnerabilidade” =
0,920, “desajustamento psicossocial” = 0,796, “ansiedade” = 0,898 e “depressão” = 0,836,
evidenciando que este instrumento possui, também, satisfatório grau de confiabilidade.
4.3. Validade Concorrente
48
De acordo com Bisquerra, Sarriera e Martínez (2004), validade concorrente consiste
na comparação entre as pontuações obtidas com um instrumento e outros indicadores
paralelos.
O estudo de correlação envolveu os 15 Esquemas Iniciais Desadaptativos e a
pontuação geral da Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN). A
técnica escolhida foi a Correlação de Spearman, tendo em vista as características das
variáveis numéricas da amostra, as quais são medidas em escala ordinal e obedeceram uma
distribuição anormal.
Os 15 Esquemas Iniciais Desadaptativos apresentaram níveis de correlação positiva
altamente significativos em relação à pontuação geral da EFN. Tais resultados oferecem
evidências para o atendimento de um critério importante para a validação concorrente do
Questionário de Esquemas de Young. Assim, quanto mais disfuncionais apresentam-se os
esquemas maior tende a ser a pontuação nas dimensões da “vulnerabilidade”,
“desajustamento psicossocial”, “ansiedade” e “depressão”.
Em contrapartida, quanto mais reduzida a pontuação no YSQ-S2 menor propende a
ser a pontuação na Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN). Na
tabela 1, abaixo, estão apresentados os coeficientes de correlação e os respectivos níveis de
significância.
Tabela 2
: Coeficientes de Correlação entre os Esquemas Iniciais Desadapta-
tivos e a pontuação geral da EFN
N = 343 Coef. Correlação p
Privação Emocional 0,501
Abandono 0,569
Desconfiança/Abuso 0,532
Isolamento Social 0,556
Defectividade/Vergonha 0,539
Fracasso 0,507
Dependência/Incompetência 0,463
Vulnerabilidade a dores e doenças 0,548
Emaranhamento 0,472
Subjugação 0,527
Auto-sacrifício 0,354
Inibição Emocional 0,464
Padrões Inflexíveis 0,381
Merecimento 0,531
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 0,637
0,000
49
4.4. Propriedades discriminantes do YSQ-S2
Para o estudo das propriedades discriminativas do Questionário de Esquemas de
Young (forma breve), realizou-se uma estratificação das medidas da Escala Fatorial de
Ajustamento Emocional/Neuroticismo (EFN). As escalas de “vulnerabilidade”,
“desajustamento psicossocial”, “ansiedade” e “depressão” foram categorizadas em “acima
da média”, “na médiae “abaixo da média”. Quanto maior a pontuação do participante em
cada uma das escalas da EFN, maior o grau de neuroticismo (fator N) e de instabilidade
emocional do indivíduo (Hutz & Nunes, 2001).
Assim, a suposição é de que as pessoas que apresentam índices acima da média na
EFN devam, também, apresentar diferenças estatisticamente significativas com relação aos
Esquemas Iniciais Desadaptativos. Caso essas diferenças fiquem evidenciadas, torna-se
possível afirmar que o instrumento desenvolvido por Jeffrey E. Young possui adequação
quanto ao grau de senbilidade.
Abaixo, encontram-se dispostas uma seqüência de quatro tabelas e quatro gráficos,
os quais demonstram como as médias de cada esquema ficaram distribuídas considerando-
se o critério de estratificação “abaixo da média“, “na média“ e “acima da média“ para os
fatores “vulnerabilidade“, “desajustamento psicossocial“, ansiedade“ e “depressão“, da
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo.
Tabela 3
: Comparação entre as Médias dos diferentes graus de “Vulnerabilidade” medidos a partir da Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo com relação aos Esquemas Iniciais Desadaptativos
N = 344
< Média
N = 190
Média
N = 70
> Média
N = 84
Qui-
Quadrado
p
Privação Emocional 141,20 192,84 226,35 47,818
Abandono 131,78 200,60 241,18 78,031
Desconfiança/Abuso 137,08 195,36 233,58 60,026
Isolamento Social 134,91 184,57 247,46 77,359
Defectividade/Vergonha 140,13 189,03 231,94 70,044
Fracasso 131,83 190,69 249,33 88,746
Dependência/Incompetência 136,27 197,69 233,45 63,904
Vulnerabilidade a dores e doenças 134,00 205,01 232,49 67,624
Emaranhamento 134,13 205,80 231,54 67,995
Subjugação 124,03 202,36 257,24 114,608
Auto-sacrifício 139,31 205,68 219,92 48,202
Inibição Emocional 137,23 185,54 241,42 67,070
Padrões Inflexíveis 142,91 187,46 226,96 43,741
Merecimento 134,23 201,59 234,82 67,435
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 124,38 209,31 250,67 106,716
0,000
50
Na Tabela 3 e no Gráfico 1, é possível observar que existiram diferenças
significativas ao nível de p < 0,001 para todos os esquemas.
Na Tabela 4, observa-se a existência de diferenças significativas para todos os
esquemas, considerando-se a dimensão do “desajustamento psicossocial”. Assim, os
participantes alocados abaixo da média”, “na média” e “acima da dia” apresentaram
médias significativamente distintas, sempre num sentido ascendente, isto é, quanto maior a
pontuação na EFN também mais elevada a pontuação no Questionário de Esquemas de
Young.
Na tabelas 5 e 6, correspondentes às escalas de “Ansiedade” e “Depressão”, pode-se
observar que os valores de qui-quadrado apresentaram-se mais elevados, de um modo geral,
em comparação aos apresentados na Tabela 2, vinculados à escala de Desajustamento
Psicossocial. Os valores de qui-quadrado referentes aos coeficientes de correlação entre a
escala de Vulnerabilidade e os Esquemas Iniciais Desadaptativos mantiveram-se, também,
maiores do que aqueles registrados na Tabela 2.
Tabela 4
: Comparação entre as Médias dos diferentes graus de “Desajustamento Psicossocial” medidos a
partir da Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo com relação aos Esquemas Iniciais
Desadaptativos
N = 344
< Média
N = 179
Média
N = 87
> Média
N = 78
Qui-
Quadrado
P
Privação Emocional 146,54 200,07 201,32 26,233
Abandono 147,51 183,06 218,07 28,861
Desconfiança/Abuso 135,73 210,78 214,20 51,537
Isolamento Social 144,92 197,26 208,16 29,750
Defectividade/Vergonha 148,71 193,18 204,02 29,379
Fracasso 151,94 188,33 202,02 17,618
Dependência/Incompetência 145,32 197,03 207,52 29,564
Vulnerabilidade a dores e doenças 141,87 194,41 218,36 38,415
Emaranhamento 150,59 192,11 200,91 19,076
Subjugação 148,32 194,20 203,79 22,883
0,000
Auto-sacrifício 159,82 184,57 188,13 6,137 0,046
Inibição Emocional 149,71 194,23 200,56 20,249 0,000
Padrões Inflexíveis 153,89 187,51 198,47 13,614 0,001
Merecimento 137,70 195,18 227,06 50,171
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 135,07 198,57 229,31 57,183
0,000
Gráfico 1
: Vulnerabilidade e Esquemas
0
50
100
150
200
250
300
Priv
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Auto-sacrifício
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Me
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to
Auto-controle
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d
isciplina in
s
uficien
t
es
EFN
abaixo da média
média
acima da média
51
Nessa perspectiva, apesar das quatro escalas Vulnerabilidade”, “Desajustamento
Psicossocial”, “Ansiedade” e “Depressão” apresentarem elevada correlação positiva com os
Esquemas Iniciais Desadaptativos, a escala de Desajustamento Psicossocial é a que
evidencia menores, porém significativos, graus de correlação positiva.
No gráfico 2, abaixo, evidencia-se visualmente a diferença entre as médias dos
esquemas, de acordo com a estratificação “abaixo da média”, “na média” e “acima da
média”.
Abaixo encontram-se dispostas as tabelas 5 e 6 e os respectivos gráficos.
Tabela 5
: Comparação entre as Médias dos diferentes graus de “Ansiedade” medidos a partir da Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo com relação aos Esquemas Iniciais Desadaptativos
N = 344
< Média
N = 191
Média
N = 66
> Média
N = 87
Qui-
Quadrado
P
Privação Emocional 138,99 183,80 237,48 61,535
Abandono 131,91 188,11 249,77 86,556
Desconfiança/Abuso 135,09 188,07 242,81 72,777
Isolamento Social 140,68 172,13 242,64 64,040
Defectividade/Vergonha 144,33 181,61 227,44 57,074
Fracasso 144,24 186,27 224,10 42,259
Dependência/Incompetência 140,21 198,13 223,94 49,856
Vulnerabilidade a dores e doenças 139,20 177,93 241,49 64,532
Emaranhamento 140,21 192,78 227,99 51,686
Subjugação 143,47 182,10 228,94 45,782
Auto-sacrifício 147,32 185,23 218,11 31,719
Inibição Emocional 139,21 205,36 220,65 50,212
Padrões Inflexíveis 139,77 192,04 229,53 52,023
Merecimento 133,33 194,65 241,69 75,392
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 131,95 197,56 242,52 79,629
0,000
Gráfico 2
:
Desajustamento Psicossocial e Esquemas
0
50
100
150
200
250
Privação Emocional
Abandon
o
D
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sol
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o
S
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D
ef
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abi
l
idade
a
dor
es
e
doenças
Em
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S
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Aut
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í
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Inibição Emocional
Padrões Inflexíveis
M
er
e
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o
A
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A
ut
o-
di
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i
na
i
nsuf
i
cientes
EFN
abaixo da média
média
acima da média
52
Tabela 6
: Comparação entre as Médias dos diferentes graus de “Depressão” medidos a partir da Escala
Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo com relação aos Esquemas Iniciais Desadaptativos
N = 344
< Média
N = 118
Média
N = 106
> Média
N = 120
Qui-
Quadrado
P
Privação Emocional 128,25 159,24 227,73 64,184
Abandono 131,75 168,25 216,33 43,613
Desconfiança/Abuso 143,19 159,63 212,69 31,912
Isolamento Social 126,32 153,01 235,12 78,579
Defectividade/Vergonha 135,39 149,74 229,10 81,875
Fracasso 129,77 157,65 227,63 64,291
Dependência/Incompetência 136,39 159,12 219,83 46,599
Vulnerabilidade a dores e doenças 134,09 166,97 215,15 40,654
Emaranhamento 141,04 164,31 210,67 31,248
Subjugação 144,45 148,04 221,69 46,032
0,000
Auto-sacrifício 154,27 161,12 200,48 14,897 0,001
Inibição Emocional 139,49 155,81 219,70 44,079 0,000
Padrões Inflexíveis 155,49 166,84 194,23 9,556 0,008
Merecimento 151,07 156,28 207,90 23,627
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 127,59 157,41 229,99 67,077
0,000
Gráfico 3
:
Ansiedade e Esquemas
0
50
100
150
200
250
300
P
r
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Defectividade/Vergonha
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i
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EFN
abaixo da média
média
acima da média
53
Outros estudos voltados para a discriminação de diferenças entre as médias de dois
ou mais grupos foram encaminhados. Utilizou-se o teste não-paramétrico de Mann-
Whitney para comparação de dois grupos não-emparelhados. As variáveis categóricas
submetidas a esta abordagem foram “sexo”, ter ou não um “trabalho”, “morte na família”,
realização de “tratamento psicológico”, ser “usuário de álcool” e ter tido alguma
“repetência” ao longo da vida escolar.
O teste de Kruskal-Wallis foi empregado para a comparação entre 3 ou mais grupos
independentes, tanto para a categorização da escolaridade quanto para a classificação da
renda. Nova correlação de Spearman foi conduzida para verificação de existência de
correlação significativa entre os esquemas e as duas variáveis acima (categorização da
escolaridade e renda).
Quanto à variável “sexo”, apenas os Esquemas Iniciais Desadaptativos de Inibição
Emocional e de Auto-sacrifício evidenciaram médias significativamente diferentes. No
primeiro, Inibição Emocional, os homens apresentaram média de 205,81 enquanto que as
mulheres tiveram escore médio de 175,70 (p = 0,011). As diferenças em nível estatístico
significativo permitem afirmar que os homens deste estudo apresentaram maior
Gráfico 4
:
Depressão e Esquemas
0
50
100
150
200
250
P
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EFN
abaixo da média
média
acima da média
54
disfuncionalidade no esquema de Inibição Emocional do que as mulheres, ou seja, as
pessoas do sexo masculino mostraram-se mais inibidas, retraídas e bloqueadas na dimensão
da expressão afetiva e espontaneidade.
no que tange ao esquema do Auto-sacrifício, as mulheres (média de 193,91)
tiveram pontuação média mais elevada em comparação aos homens (média de 165,07), com
nível de significância correspondente a p = 0,016. Assim, para a amostra deste estudo, as
mulheres apresentam maior propensão a sacrificar a própria vida em detrimento do
atendimento das necessidades alheias, aspecto que pode ter vínculo com uma maior
sensibilidade empática de captação do sofrimento do próximo (Young, 2003).
Com relação ao fato da pessoa possuir trabalho ou estar sem atividade profissional,
não existiram diferenças estatísticas significativas para nenhum dos Esquemas Iniciais
Desadaptativos. A hipótese que justifica a ocorrência deste dado pode estar vinculada às
características da amostra, na medida em que o desemprego tende a agregar repercussões
extremamente danosas para a saúde humana. Como a maioria das pessoas que não possuía
trabalho eram estudantes e encontravam-se em fase de formação, os resultados não
correspondem, muito provavelmente, aos de uma amostra de desempregados.
O estudo de comparação entre grupos (N total = 365) de pessoas que vivenciaram a
morte de algum parente (categorizados como “sim”) no último ano (N = 112) e das que não
tiveram esta experiência (categorizados como “não”) no mesmo período (N = 253) apontou
para a existência de diferenças significativas em 6 esquemas, a saber: Desconfiança/Abuso
(sim = 206,75; não = 172,94; p = 0,004), Isolamento Social (sim = 201,41; não = 174,85; p
= 0,025), Defectividade/Vergonha (sim = 207,80; não = 172,02; p = 0,001),
Vulnerabilidade a dores e doenças (sim = 205,37; não = 173,10; p = 0,007),
Emaranhamento (sim = 207,53; não = 172,14; p = 0,003) e Auto-sacrifício (sim = 204,82;
não = 173,34; p = 0,008).
Tais achados apontam para o fato de que as pessoas que perderam um familiar
evidenciaram maior inclinação ao isolamento social, ao sentimento de ser vulnerável a
dores e doenças e à aproximação com os demais membros da família nuclear ou com as
pessoas significativas em comparação aos que não tiveram perda no último ano.
Além disso, demonstraram propensão maior a experimentarem sentimentos de
desconfiança com relação aos outros, de vergonha e de desejo de sacrificar as próprias
55
necessidades pessoais em detrimento do atendimento aos demais, algo que pode estar
vinculado ao processo de auto-avaliação pertinente ao enfrentamento da morte e de resgate
de possíveis sentimentos de culpa presentes na história do sujeito.
No que concerne à variável “repetência”, 371 participantes responderam à questão.
O único esquema que apresentou diferenças estatísticas significativas foi o de Privação
Emocional. A média da amostra que teve repetência ao longo da trajetória acadêmica (N =
171) foi de 202,11 enquanto que a da população que não vivenciou reprovação (N = 200)
foi de 172,23 (p = 0,007).
Assim, é possível afirmar que os participantes que tiveram repetência ao longo da
caminhada acadêmica apresentaram maior propensão para a vivência de sentimentos de
carência para com suas necessidades emocionais. Como hipótese para este resultado, poder-
se-ia pensar que os reforços negativos advindos de uma situação de fracasso pessoal podem
contribuir para a elevação das expectativas com relação aos outros no sentido de
preenchimento do vazio mantido por experiências frustrantes para consigo próprio.
Quanto à variável “usuário de álcool”, 368 pessoas responderam a questão, sendo
que 93 afirmaram fazer uso da bebida alcoólica (categorizados como “sim”) em
contraposição a outras 275 pessoas que responderam a questão de forma negativa
(categorizados como “não”). Importante destacar que não foi objetivo do estudo mapear o
comportamento do usuário, mas sim estabelecer um comparativo inicial entre os esquemas
e o fato da pessoa utilizar substâncias psicoativas.
A diferença entre as médias das pontuações dos usuários de álcool e dos não
usuários para os esquemas de Desconfiança/Abuso (sim = 208,85; não = 176,27; p = 0,01),
Inibição Emocional (sim = 209,00; não = 176,21; p = 0,009) e Auto-controle e Auto-
disciplina Insuficientes (sim = 210,85; não = 175,59; p = 0,006) foram significativas. Dessa
maneira, os usuários de bebidas alcoólicas da amostra apresentaram inclinação
significativamente maior a serem inibidos, desconfiados e indisciplinados em comparação
aos não usuários.
A tabela 7 demonstra a comparação entre as médias dos participantes que
realizavam tratamento psicológico quando responderam o questionário e dos que não
realizavam, evidenciando os esquemas que apresentaram diferenças significativas entre as
médias, considerando-se nível de significância menor que 0,05.
56
Os dados da Tabela 7 indicam que as pessoas da amostra que realizavam tratamento
psicológico apresentaram médias significativamente superiores em 13 Esquemas Iniciais
Desadaptativos, o que sugere maior propensão à vivência de sentimentos mais intensos e/ou
desequilibrados em comparação às pessoas que não estavam em tratamento.
Nessa perspectiva, poder-se-ia inferir que os participantes da pesquisa em processo
psicoterapêutico apresentavam sentimentos de privação emocional, com comprometimentos
maiores nos vínculos de confiança (Desconfiança/Abuso) e com conseqüentes reflexos na
dimensão da integração com os demais (Isolamento Social).
A vergonha (Defectividade/Vergonha), sensação de incapacidade (Fracasso), de
incompetência e de dependência (Dependência/Incompetência) poderiam contribuir para a
construção de prejuízos na auto-estima. O estabelecimento de vínculos com fronteiras
difusas (Emaranhamento) com familiares ou pessoas significativas poderia advir como uma
solução para a problemática experenciada e estar, também, associado à dificuldade na
construção de limites com vistas ao atingimento de metas pessoais (Auto-controle e Auto-
disciplina Insuficientes).
A submissão (Subjugação) aos demais tenderia a ser uma maneira de resgatar o
amor próprio por intermédio do reconhecimento do outro, não obstante acompanhado da
priorização das necessidades alheias em detrimento das próprias (Auto-sacrifício). O desejo
Tabela 7
: Comparação entre as médias dos participantes que realizam tratamento psicológico (Sim) e
dos que não realizam (Não) com relação aos Esquemas Iniciais Desadaptativos
N = 362
Sim
N = 44
Não
N = 318
p
Privação Emocional 216,24 176,69 0,017
Desconfiança/Abuso 221,59 175,95 0,006
Isolamento Social 213,34 177,09 0,030
Defectividade/Vergonha 225,28 175,44 0,001
Fracasso 210,75 177,45 0,043
Dependência/Incompetência 219,19 176,28 0,009
Vulnerabilidade a dores e doenças 221,09 176,02 0,007
Emaranhamento 211,86 177,30 0,037
Subjugação 218,13 176,43 0,012
Auto-sacrifício 210,76 177,45 0,047
Inibição Emocional 222,82 175,78 0,005
Merecimento 222,68 175,80 0,005
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 236,05 173,95 0,000
57
de ser tratado de maneira diferenciada (Merecimento) poderia contribuir para uma dinâmica
de funcionamento que tenderia a retroalimentar padrões de rejeição e de baixa auto-estima,
dada a impossibilidade que a pessoa enfrenta de suprir as carências emocionais advindas da
frustração da expectativa de merecimento não atendida.
Assim, movido por 13 Esquemas Iniciais Desadaptativos, o sujeito realiza um
movimento de saúde e de resgate do equilíbrio por intermédio da busca do processo
psicoterápico. Interessante observar que esta procura é, geralmente, acompanhada por
profundo sentimento de incapacidade de administração da própria vida, o que pode
contribuir para o panorama observado na tabela 7.
As hipóteses mencionadas acima possuem consonância com a noção da existência
de esquemas primários, secundários e vinculados proposta por Young (2003). Os esquemas
primários estariam ligados à problemática predominante na vida da pessoa, a qual gera
maior grau de sofrimento e demonstra maior resistência à mudança. Geralmente, os
esquemas primários ou nucleares têm sua origem em fases mais precoces do
desenvolvimento humano.
Os esquemas vinculados são padrões de funcionamento que se encontram
associados aos esquemas primários. Os esquemas secundários, por sua vez, aparecem de
forma mais independente dos nucleares e tendem a gerar menor prejuízo para a vida da
pessoa. Na maioria das vezes, passa a ser alvo do tratamento após a melhora na
problemática principal experimentada pelo indivíduo (Young, 2003).
A comparação entre as médias dos esquemas de acordo com a categorização da
escolaridade (categoria 1 = grau completo e incompleto, categoria 2 = grau completo
e incompleto e categoria 3 = 3° grau completo, incompleto ou demais cursos de pós-
graduação) não evidenciou diferenças estatisticamente significativas. Nessa perspectiva, de
acordo com os resultados do teste de Kruskal-Wallis, o nível de escolaridade não
representa, para esta amostra, um fator interveniente para a funcionalidade ou
disfuncionalidade dos esquemas.
Por outro lado, com relação aos rendimentos mensais, as diferenças entre as médias
para todos os esquemas demonstraram significância estatística ao nível de 0,05, exceto para
o esquema de Inibição Emocional (0,081). Na Tabela 8 encontram-se explicitadas as
58
médias para cada grupo com os respectivos níveis de significância e no gráfico 5 pode-se
visualizar as diferenças entre os grupos.
Interessante observar que os esquemas de Vulnerabilidade a dores e doenças e de
Padrões Inflexíveis são, dentre os que apresentaram significância estatística, os únicos que
não obedeceram um padrão descendente de pontuação de acordo com o aumento da faixa
Tabela 8
: Comparação entre as Médias das diferentes faixas de renda com relação aos Esquemas Iniciais
Desadaptativos
N = 344
< R$ 1.313,69
N = 227
Até R$ 2.625,12
N = 64
> R$ 2.625,12
N = 52
p
Privação Emocional 183,52 171,50 122,33 0,000
Abandono 185,58 156,33 132,01 0,001
Desconfiança/Abuso 181,49 171,06 131,73 0,005
Isolamento Social 183,92 172,12 119,81 0,000
Defectividade/Vergonha 180,94 170,09 135,34 0,003
Fracasso 181,39 177,16 124,63 0,001
Dependência/Incompetência 186,66 162,14 120,13 0,000
Vulnerabilidade a dores e doenças 181,46 150,70 156,90 0,043
Emaranhamento 183,17 176,98 117,13 0,000
Subjugação 180,60 163,56 144,55 0,046
Auto-sacrifício 182,46 155,36 146,81 0,021
Inibição Emocional 180,25 160,13 150,59 0,081
Padrões Inflexíveis 182,00 152,78 152,01 0,033
Merecimento 183,82 157,08 138,76 0,000
Auto-controle e Auto-disciplina insuficientes 180,37 167,27 141,30 0,033
Gráfico 5
:
Renda Mensal e Esquemas
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Privação Emocional
Abandon
o
D
esconfiança/A
buso
I
sol
am
ent
o
S
ocial
D
ef
ect
i
v
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V
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F
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idade
a
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e
doenças
Em
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S
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Aut
o
-sacrif
í
cio
Inibição Emocional
Padrões Inflexíveis
M
er
e
c
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m
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o
A
ut
o-
cont
r
ol
e
e
A
ut
o-
di
scipl
i
na
i
nsuf
i
cientes
EFN
< R$ 1.313,69
até R$ 2.625,12
> R$ 2.625,12
59
de renda. Assim, ter renda mensal no grupo até R$ 2.625,12 ou na categoria acima deste
valor não contribui para uma redução da intensidade dos sentimentos experimentados com
relação à vulnerabilidade a dores ou doenças. Da mesma maneira, não agrega
diferenciação, considerando-se os resultados dos participantes da pesquisa, para a
flexibilização de padrões de funcionamento fortemente arraigados.
Uma nova análise de correlação foi encaminhada para verificação da existência de
associação entre as faixas de renda, o nível de escolaridade e os Esquemas Iniciais
Desadaptativos.
No que tange às faixas de renda, a análise de correlação de Spearman evidenciou a
existência, ao nível de 0,05, de correlações negativas entre os Esquemas Iniciais
Desadaptativos e a renda mensal. Esses achados apontam para o fato de que essas duas
variáveis obedeceram caminhos inversos, ou seja, quanto maior a renda apresentada pela
pessoa menor a pontuação no Questionário de Esquemas de Young e vice-versa.
Quanto às categorias da variável escolaridade, é possível observar a existência de
correlações negativas, ao nível de 0,05, para 6 Esquemas Iniciais Desadaptativos. Assim,
quanto maior a escolaridade menor foi a pontuação no Questionário de Esquemas para
Privação Emocional, Abandono, Defectividade/Vergonha, Dependência/Incompetência,
Auto-sacrifício e Padrões Inflexíveis.
Tabela 9
: Correlação entre as faixas de renda, as categorias da escolaridade e os Esquemas Iniciais
Desadaptativos
Esquemas Renda (N = 343) Escolaridade (N = 363)
Coeficiente p Coeficiente p
Privação Emocional -0,191** 0,000 -0,178** 0,001
Abandono -0,203** 0,000 -0,150** 0,004
Desconfiança/Abuso -0,155** 0,004 -0,090 0,088
Isolamento Social -0,198** 0,000 -0,071 0,177
Defectividade/Vergonha -0,165** 0,002 -0,107* 0,043
Fracasso -0,164** 0,002 -0,029 0,588
Dependência/Incompetência -0,232** 0,000 -0,160** 0,002
Vulnerabilidade a dores e doenças -0,128* 0,018 -0,050 0,344
Emaranhamento -0,193** 0,000 0,009 0,064
Subjugação -0,131* 0,015 0,002 0,974
Auto-sacrifício -0,150** 0,005 -0,127* 0,016
Inibição Emocional -0,121* 0,025 -0,104* 0,047
Padrões Inflexíveis -0,139** 0,010 0,061 0,247
Merecimento -0,175** 0,001 -0,023 0,657
Auto-controle e Auto-disciplina insuficiente -0,132* 0,015 0,022 0,676
* significativo ao nível de 0,05
** significativo ao nível de 0,01
60
Muito embora o estudo não tenha trabalhado com grupos clínicos e não clínicos,
buscou-se realizar uma estratificação na amostra para a criação de grupos distintos, os quais
surgiram a partir das categorizações de algumas das variáveis que apresentavam resultados
brutos, tais como as escalas da vulnerabilidade, desajustamento psicossocial, ansiedade e
depressão
As divisões realizadas em “abaixo da média”, “na média” e acima da média” a
partir das pontuações obtidas com a Escala Fatorial de Ajustamento
Emocional/Neuroticismo (EFN) demostraram a sensibilidade do instrumento para captar
diferenças substantivas entre as médias obtidas para os Esquemas Iniciais Desadaptativos.
Os resultados sugeriram, de um modo geral, que os participantes com pontuação “acima da
média” na EFN apresentam maior disfuncionalidade nos Esquemas Iniciais Desadaptativos.
Além disso, outros estudos conduzidos mostraram que alguns comportamentos ou
acontecimentos da vida tendem a estar associados a esquemas específicos e que obedecem
distinção de acordo com a situação vivenciada. Nesta pesquisa, perder um familiar, por
exemplo, catalisou o desequilíbrio de determinados esquemas que não se fizeram presentes
na estrutura de personalidade de pessoas que possuíam o hábito de consumir álcool.
Assim, os resultados apresentados ofereceram evidências importantes para o fato de
que o Questionário de Esquemas de Young (forma breve) possui satisfatórias propriedades
discriminativas.
4.5. Análise Fatorial
A Análise Fatorial Exploratória foi realizada com o método dos componentes
principais. A rotação equamax foi encaminhada para simplificação da interpretabilidade
dos resultados. Uma solução de 17 fatores emergiu, representando 66,7% da variância. O
critério de Kayser-Meyer-Olkin (retendo os componentes com autovalores maiores do que
1 evidenciou adequação (0,893) e, de acordo com o teste de esfericidade de Barllett,
identificou-se a existência de correlação entre os dados (p < 0,001).
Replicando o estudo de Welburn e cols. (2002) utilizou-se como valor crítico para a
identificação dos fatores aqueles itens com carga fatorial maior do que 0,36, os quais foram
61
considerados significativos. Foi construída uma tabela contendo as informações de
autovalores, percentual de variância para cada fator e a carga fatorial, a qual oferece um
mapa da análise fatorial exploratória após submetida à rotação equamax.
Tabela 10: Análise fatorial exploratória - 17 fatores
Fator (N = 372) Carga
Fator 1 – Fracasso (autovalor = 3,621; variância = 4,828%)
YSQ28. A maioria das pessoas é mais capaz do que eu no trabalho e em suas realizações. 0,677
YSQ29. Não tenho tanto talento quanto a maioria das pessoas tem em sua profissão. 0,677
YSQ26. Quase nada do que eu faço no trabalho (ou na escola) é tão bom quanto o que os outros fazem. 0,676
YSQ27. Sou incompetente no que se refere a realizações. 0,653
YSQ30. Não sou tão inteligente quanto a maioria das pessoas no que se refere a trabalho (ou estudo). 0,605
YSQ24. Sinto que não mereço ser amada/o. 0,513
YSQ31. Não me sinto capaz de me arranjar sozinha/o no dia-a-dia. 0,487
Fator 2 – Inibição Emocional (autovalor = 3,492; variância = 4,656%)
YSQ58. Tenho dificuldade em ser carinhosa/o e esponnea/o. 0,768
YSQ59. Eu me controlo tanto que as pessoas acham que não sou emotiva/o. 0,744
YSQ57. Acho embaraçoso expressar meus sentimentos para os outros. 0,739
YSQ60. As pessoas me vêem como emocionalmente contida/o. 0,708
YSQ56. Tenho muita vergonha de demonstrar sentimentos positivos em relação aos outros (por exemplo, afeição,
sinais de cuidado).
0,707
Fator 3 – Privação Emocional (autovalor = 3,473; variância = 4,631%)
YSQ2. Em geral, não havia pessoas para me dar carinho, segurança e afeição. 0,814
YSQ1. A maior parte do tempo, não tenho ninguém para me dar carinho, compartilhar comigo, e se importar
profundamente com o que me acontece.
0,784
YSQ4. Em geral, não tenho ninguém que realmente me escute, me compreenda, ou esteja sintonizado com minhas
verdadeiras necessidades e sentimentos.
0,727
YSQ5. Eu raramente tenho alguma pessoa forte para me dar bons conselhos ou orientação quando não tenho certeza
do que fazer.
0,588
YSQ3. Eu não senti que era especial para alguém, em grande parte da minha vida. 0,579
YSQ18. Eu não pertenço a ninguém; sou um/a solitário/a. 0,492
Fator 4 – Auto-sacrifício (autovalor = 3,366; variância = 4,488%)
YSQ52. Sou uma boa pessoa, pois penso nos outros mais do que em mim mesma/o. 0,765
YSQ54. Sempre fui aquela/e que escuta os problemas de todo o mundo 0,751
YSQ51. Sou aquela/e que geralmente acaba cuidando das pessoas de quem sou próxima/o. 0,725
YSQ53. Fico tão ocupada/o fazendo coisas para as pessoas de quem gosto que tenho muito pouco tempo para mim. 0,688
YSQ55. As pessoas me vêem fazendo demais pelos outros e pouco por mim. 0,677
Fator 5 – Abandono (autovalor = 3,255; variância = 4,340%)
YSQ8. Eu me preocupo com a possibilidade de as pessoas de quem eu gosto me deixarem ou me abandonarem. 0,738
YSQ7. Preciso tanto das pessoas que tenho medo de perdê-las. 0,714
YSQ9. Quando sinto que alguém com quem eu me importo está se afastando, fico desesperada/o. 0,683
YSQ6. Percebo que me agarro às pessoas com as quais tenho intimidade, por ter medo de que elas me deixem. 0,674
YSQ10. Às vezes, tenho tanto medo de que as pessoas me deixem, que acabo fazendo com que se afastem. 0,603
Fator 6 – Emaranhamento (autovalor = 3,019; variância = 4,026%)
YSQ42. Meu pai/minha mãe, ou ambos, e eu tendemos a nos envolver excessivamente com a vida e com os
problemas uns dos outros.
0,736
YSQ41. Não consegui me separar de meu pai/minha mãe, ou de ambos, assim como outras pessoas da minha idade
parecem conseguir.
0,732
YSQ43. É muito difícil para meu pai/minha mãe, ou ambos, e eu escondermos detalhes íntimos uns dos outros, sem
nos sentirmos traídos ou culpados.
0,679
YSQ44. Muitas vezes me parece que meus pais estão vivendo por intermédio de mim - eu não tenho uma vida
própria.
0,626
YSQ45. Muitas vezes, sinto que não tenho uma identidade separada da de meus pais ou parceiro/a. 0,566
62
Fator 7 – Auto-controle e auto-disciplina insuficientes (autovalor = 2,994; variância = 3,992%)
YSQ74. Não consigo me obrigar a fazer coisas de que não gosto, mesmo sabendo que é para o meu próprio bem. 0,786
YSQ71. Parece que não consigo me disciplinar e levar até o fim tarefas rotineiras ou chatas. 0,698
YSQ73. Para mim, é muito difícil sacrificar uma gratificação imediata para atingir um objetivo a longo prazo. 0,605
YSQ75. Raramente consigo cumprir minhas resoluções. 0,512
YSQ72. Quando não consigo atingir algum objetivo, fico facilmente frustrada/o e desisto. 0,479
Fator 8 – Vulnerabilidade a dores e doenças (autovalor = 2,975; variância = 3,966%)
YSQ38. Tenho medo de ser atacada/o. 0,773
YSQ37. Sinto que algum desastre (natural, criminal, financeiro, ou médico) vai acontecer a qualquer momento. 0,699
YSQ40. Tenho medo de pegar uma doença séria, mesmo que nada de sério tenha sido diagnosticado pelos médicos. 0,689
YSQ36. Não consigo deixar de sentir que algo de ruim vai acontecer. 0,604
YSQ39. Tenho medo de perder todo o meu dinheiro e ficar pobre. 0,432
Fator 9 – Defectividade/Vergonha (autovalor = 2,930; variância = 3,907%)
YSQ22. Ninguém que eu desejar vai querer ficar perto de mim depois que conhecer meu verdadeiro eu. 0,850
YSQ21. Nenhum/a homem/mulher que eu desejar vai me amar depois de saber dos meus defeitos. 0,737
YSQ23. Não sou digna/o do amor, da atenção, e do respeito dos outros. 0,413
YSQ25. Sou inaceitável demais, de todas as maneiras possíveis, para me revelar aos outros. 0,379
Fator 10 – Dependência/Incompetência (autovalor = 2,924; variância = 3,898%)
YSQ49. Sempre deixei os outros escolherem por mim, de modo que não sei realmente o que quero. 0,681
YSQ48. Nos meus relacionamentos, deixo a outra pessoa ter o controle. 0,672
YSQ35. Não confio em minha capacidade de resolver os problemas que surgem no cotidiano. 0,554
YSQ50. Tenho grande dificuldade em exigir que meus direitos sejam respeitados e que meus sentimentos sejam
levados em conta.
0,523
Fator 11 – Padrões Inflexíveis (autovalor = 2,791; variância = 3,721%)
YSQ62. Tento fazer o melhor; não consigo aceitar o "suficientemente bom". 0,841
YSQ61. Preciso ser a/o melhor em tudo o que faço; não consigo aceitar vir em segundo lugar. 0,781
YSQ63. Preciso cumprir todas as minhas responsabilidades. 0,558
YSQ64. Sinto que existe uma pressão constante sobre mim para conquistar e fazer coisas. 0,534
Fator 12 – Subjugação (autovalor = 2,787; variância = 3,716%)
YSQ46. Acho que se eu fizer o que quero, só vou arranjar problemas. 0,629
YSQ47. Sinto que não tenho escolha além de ceder ao desejo das pessoas, ou elas vão me rejeitar ou me retaliar de
alguma maneira.
0,529
Fator 13 – Desconfiança/Abuso (autovalor = 2,769; variância = 3,692%)
YSQ11. Sinto que as pessoas querem tirar vantagem de mim. 0,682
YSQ12. Sinto que não posso baixar a guarda na presença dos outros, pois eles me prejudicariam intencionalmente. 0,640
YSQ13. É só uma questão de tempo antes que as pessoas me traiam. 0,580
YSQ14. Desconfio muito dos motivos dos outros. 0,497
Fator 14 – Isolamento Social (autovalor = 2,515; variância = 3,353%)
YSQ16. Eu não me encaixo. 0,587
YSQ15. Eu geralmente fico procurando os motivos escondidos das pessoas. 0,553
YSQ17. Sou fundamentalmente diferente das outras pessoas. 0,493
YSQ20. Sempre me sinto excluída/o dos grupos. 0,417
Fator 15 – Merecimento (autovalor = 2,512; variância = 3,350%)
YSQ65. Não consigo me soltar ou me desculpar por meus erros com facilidade. 0,599
YSQ66. Tenho muita dificuldade em aceitar um "não" como resposta quando quero alguma coisa de alguém. 0,478
YSQ68. Detesto ser obrigada/o a fazer alguma coisa, ou impedida/o de fazer o que quero. 0,457
YSQ67. Sou especial e não deveria ter que aceitar muitas das restrições impostas às outras pessoas. 0,447
Fator 16 – Auto-crítica insuficiente (autovalor = 2,313; variância = 3,083%)
YSQ33. Falta-me bom senso. 0,722
YSQ34. Não se pode confiar em meu julgamento nas situações do dia-a-dia. 0,527
Fator 17 – Desconexão (autovalor = 2,301; variância = 3,068%)
YSQ70. Sinto que aquilo que tenho a oferecer é muito mais valioso do que as contribuições dos outros. 0,633
YSQ32. Penso em mim como uma pessoa dependente, no que se refere ao funcionamento cotidiano. 0,543
YSQ69. Acho que não deveria ter que obedecer às regras e convenções normais assim como os outros. 0,467
YSQ19. Sinto-me alienada/o das outras pessoas. 0,318 (ns)
ns = não significativo
63
A análise fatorial exploratória falhou em confirmar plenamente a estrutura original
do Questionário de Esquemas de Young, conforme pode-se observar na tabela 6. O fator 1,
denominado Fracasso, apresentou além dos itens do instrumento original, outras 2
assertivas (a YSQ24 Sinto que não mereço ser amada/o e YSQ31 o me sinto capaz
de me arranjar sozinha/o no dia-a-dia). A hipótese levantada para tal distribuição está
vinculada ao fato de que ambas as questões, numa perspectiva conceitual, tendem a
contribuir para o sentimento de fracasso, especialmente no âmbito pessoal,
complementando as questões 26, 27, 28, 29 e 30 que são mais voltadas à realização
profissional.
A questão 24 aparecia no instrumento original dentro do esquema de
Defectividade/Vergonha, classificado nesta análise como fator 9. A carga fatorial da
questão 24 em sua escala original foi de 0,343. Interessante observar que a vergonha é um
dos sentimentos possíveis de serem experimentados a partir da vivência de uma experiência
classificada como frustrada ou fracassada. A assertiva 31, por sua vez, estava vinculada
originalmente ao esquema de Dependência/Incompetência (fator 10) e apresentou neste
fator carga de 0,285.
O segundo fator, Inibição Emocional, replicou as mesmas questões da versão
original do Questionário de Esquemas de Young versão breve. o fator 3, Privação
Emocional, além das 5 questões do instrumento original, emergiu o item 18 (Eu não
pertenço a ninguém; sou um/a solitário/a). Este item era do esquema de Isolamento Social
(fator 14 neste estudo) e teve carga no fator 14 de 0,136. Cabe observar que o sentimento
de solidão pode estar atrelado a uma carência emocional que se vincula ao Esquema Inicial
Desadaptativo de Privação Emocional.
Os fatores 4 (Auto-sacrifício), 5 (Abandono), 6 (Emaranhamento), 7 (Auto-controle
e Auto-disciplina Insuficientes) e 8 (Vulnerabilidade a dores e doenças) replicaram a
mesma estrutura apresentada originalmente no Questionário de Esquemas de Young –
forma breve. A questão 45 emergiu nos fatores 6 (Emaranhamento; carga 0,566) e 12
(Subjugação; carga 0,572). Como ambas as cargas fatoriais encontravam-se próximas,
optou-se por manter o item no fator 6, tendo sido mantida a estrutura original do
questionário nesse Esquema Inicial Desadaptativo.
64
No fator 9, Defectividade/Vergonha, duas adaptações foram encaminhadas. A
questão 20 foi alocada no fator 14 (carga 0,417), Isolamento Social, mesmo tendo
apresentado maior carga fatorial no esquema de Defectividade/Vergonha (0,476). Além
disso, reincorporou-se neste fator o item 25 (carga 0,379), apesar de ter apresentado carga
de 0,426 para o fator 16, denominado Auto-crítica Insuficiente.
O esquema de Dependência/Incompetência foi praticamente todo reconstruído pela
análise. Uma única questão manteve-se neste conjunto, sendo que as demais distribuíram-se
por outros fatores. O fator 10, Dependência/Incompetência, evidenciou a presença de 3
itens do esquema de Subjugação, considerando-se o instrumento original. Tal fato pode
apontar para a existência de uma conflitiva conceitual, na qual as duas definições possuem
sobreposições que dificultam o processo de diferenciação. Assim, pode-se inferir que se a
pessoa é dependente de alguém ela propende a mostrar-se submissa e a subjugar seus
desejos às vontades da pessoa à qual ela estabelece este modelo de relação.
O fator 11, Padrões Inflexíveis, por sua vez, reteve 4 dos 5 itens presentes na escala
original. A questão 65 (Não consigo me soltar ou me desculpar por meus erros com
facilidade) ficou com maior carga fatorial (0,599) no fator 15, esquema Merecimento. A
carga apresentada no fator 11 foi de 0,172.
A hipótese levantada diz respeito ao fato de que a questão 11 possui duas assertivas
com perspectivas diferentes na mesma oração. “Não consigo me soltar” adquire maior
proximidade à noção de padrões inflexíveis, enquanto que “Não me desculpo por meus
erros com facilidade” parece mais vinculada a um funcionamento motivado por
sentimentos de culpa ou negação.
Assim, pensando no exemplo da pessoa não reconhecer motivos para se desculpar,
esta assertiva perderá o sentido inicial de avaliar padrões inflexíveis para o qual ela existia.
Ou, ainda, pode-se pensar que a pessoa sente-se capaz de interagir com tranqüilidade apesar
de guardar uma culpa muito grande em sua trajetória. Tais reflexões poderiam ser úteis no
sentido de apontar para uma necessidade de reformulação do item. Uma construção
possível seria: “não consigo me sentir livre das minhas culpas com facilidade”.
Além disso, poder-se-ia pensar nos processos descritos por Young (2003) de
manutenção, evitação e compensação dos esquemas, os quais podem contribuir para
distorções ou percepções seletivas no ato de responder o questionário. A evitação ou
65
negação, conforme hipotetizado acima, é uma tentativa realizada pela pessoa de não entrar
em contato com o sofrimento decorrente do acionamento do Esquema Inicial Desadaptativo
e pode ocorrer nosveis cognitivo, afetivo ou comportamental, representando um viés que
tende a refletir nas respostas e, por conseqüência, na estrutura fatorial do instrumento.
Quanto ao fator 12, Subjugação, apenas duas questões da escala original foram
mantidas (46, carga 0,629; e 47, carga 0,529). As demais assertivas ficaram localizadas no
fator 10 (Dependência/Incompetência), com cargas fatoriais significativas. Os itens 48 (Nos
meus relacionamentos, deixo a outra pessoa ter o controle; carga 0,672), 49 (Sempre deixei
os outros escolherem por mim, de modo que não sei realmente o que quero; carga 0,681) e
50 (Tenho grande dificuldade em exigir que meus direitos sejam respeitados e que meus
sentimentos sejam levados em conta; carga 0,523) tiveram cargas fatoriais no esquema de
origem de –0,01(negativo), 0,250 e 0,235, respectivamente.
No que tange ao fator 13, Desconfiança/Abuso, apenas o item 15 (Eu geralmente
fico procurando os motivos escondidos das pessoas; carga no esquema de origem de 0,291)
deslocou-se para o fator 14 (Isolamento Social; carga 0,553). Observando a questão 15
pode-se inferir que a desconfiança com relação aos semelhantes num vel exacerbado
tende a redundar no isolamento social como forma de proteção.
O Isolamento Social, fator 14, manteve 3 itens (16, 17 e 20) da escala original,
tendo incorporado, também, a questão 15. Quanto ao fator 15, Merecimento, 3 questões
originais ficaram retidas (66, 67 e 68). A questão 65, inicialmente do esquema de Padrões
Inflexíveis teve carga fatorial significativa no Merecimento, conforme anteriormente
explicado.
Dois novos fatores emergiram. O primeiro recebeu o nome de “Auto-crítica
Insuficiente” e reteve os itens 33 (Falta-me bom senso) e 34 (Não se pode confiar em meu
julgamento nas situações do dia-a-dia), ambos originários do esquema de
Dependência/Incompetência.
Ao segundo, convencionou-se chamar de “Desconexão”, o qual foi integrado pelas
assertivas 70 (Sinto que aquilo que tenho a oferecer é muito mais valioso do que as
contribuições dos outros), 32 (Penso em mim como uma pessoa dependente, no que se
refere ao funcionamento cotidiano), 69 (Acho que não deveria ter que obedecer às regras e
convenções normais assim como os outros) e 10 (Sinto-me alienado).
66
O nome “Desconexão” foi escolhido contemplando uma noção dinâmica observada
nas 4 assertivas do fator 17. A alienação com relação à realidade cotidiana pode agregar
uma visão distanciada do contexto e causar a impressão para a pessoa de que suas
contribuições são mais importantes do que as encaminhadas pelos outros. Como a alienação
envolve um afastamento como forma de proteção, as regras podem perder o significado.
Contudo, apesar desta busca de proteção, a alienação tende a não contribuir para o processo
de independentização, gerando como resultado provável o sentimento de incapacidade para
o enfrentamento da realidade de forma autônoma.
_________________________________________________________________________
5. CONCLUSÕES
Os objetivos desta pesquisa foram estudar as propriedades psicométricas da versão
brasileira do Questionário de Esquemas de Young, forma reduzida (YSQ-S2) e mapear
esquemas cognitivos na amostra, buscando estabelecer correlações entre os níveis de
ansiedade, depressão, desajustamento psicossocial e vulnerabilidade com os Esquemas
Iniciais Desadaptativos.
Os achados revelaram satisfatórios graus de consistência interna da escala,
confirmando resultados apresentados em outros países (Baranoff e cols., 2006; Hoffart e
cols., 2005; Waller e cols., 2001; Lee e cols., 1999; Schmidt e cols., 1995). Excetuando-se
o esquema de Dependência/Incompetência (0,566), todos os demais apresentaram
satisfatórios níveis de consistência interna, variando de 0,719 a 0,905.
Na análise fatorial exploratória, observou-se que os itens do esquema de
Dependência/Incompetência emergiram em dois novos fatores denominados Auto-crítica
Insuficiente e Desconexão, assim como uma das assertivas ficou alocada no esquema
chamado Fracasso. Três itens do esquema de Subjugação ficaram na dimensão da
Dependência/Incompetência, evidenciando uma sobreposição de conceitos que tende a
comprometer o mapeamento desses fatores.
Nessa perspectiva, cabe destacar a existência de uma possível conflitiva conceitual
que tende a dificultar a avaliação isolada do Esquema de Dependência/Incompetência, o
67
qual poderia não estar medindo exatamente aquilo que deveria quantificar. A análise
fatorial exploratória ofereceu como solução a reestruturação da escala para 17 fatores a fim
de melhor explicar as dimensões mapeadas pelo Questionário de Esquemas de Young.
No que se vinculou às análises das propriedades discriminantes do instrumento, foi
possível observar que pontuações “acima da média” nos 4 fatores da Escala Fatorial de
Ajustamento Emocional/Neuroticismo (“vulnerabilidade”, “desajustamento psicossocial”,
“ansiedade” e “depressão”) estiveram associados a pontuações significativamente mais
elevadas em todos os Esquemas Iniciais Desadaptativos em comparação aos participantes
que tiveram pontuações “abaixo da média” ou “na média”.
Da mesma forma, o estudo de correlação demonstrou índices significativos de
correlação positiva entre os dois instrumentos utilizados na pesquisa, ou seja, quanto maior
a pontuação no Questionário de Esquemas de Young também mais elevada a pontuação na
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo.
Tais achados oferecem indicativos para a validade concorrente do instrumento,
tendo em vista que maiores níveis de neuroticismo estão associados a pessoas mais
propensas à vivência de sofrimento emocional (Hutz e Nunes, 2001) ou, em outras
palavras, com esquemas cognitivos mais disfuncionais.
Algumas limitações devem ser destacadas no presente estudo. A primeira está
ligada às características da amostra. Para futuras pesquisas, sugere-se a utilização do
Questionário de Esquemas de Young para aplicação em grupos clínicos e não-clínicos ou
em grupos divididos por circunstâncias específicas tais como pessoas desempregadas e
indivíduos da população em geral que trabalham.
Da mesma forma, um estudo que despontou com contornos de relevância e que fica
como sugestão para futuras pesquisas está associado ao mapeamento de Esquemas Iniciais
Desadaptativos com pessoas que se encontram em tratamento psicológico até 1 ano,
indivíduos que fazem tratamento mais de 1 ano e pessoas da população em geral que
nunca se submeteram a nenhum tipo de processo psicoterapêutico.
Outras limitações que poderiam ser encaminhadas em futuros projetos de pesquisa
estão relacionadas com a utilização da estratégia da Análise Fatorial Confirmatória e do
teste e reteste para verificação da estabilidade temporal do instrumento.
68
De um modo geral, os achados da presente pesquisa ofereceram subsídios para a
avaliação de quesitos que demonstraram a existência de validade na versão brasileira do
Questionário de Esquemas de Young (forma breve). Os resultados apontaram para o
satisfatório grau de confiabilidade e para a capacidade de discriminação do questionário,
assim como para a validade concorrente com relação à Escala Fatorial de Ajustamento
Emocional/Neuroticismo.
69
6. BIBLIOGRAFIA
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Young, J. E., Klosko, J. S. & Weishaar, M. E. (2003). Schema Therapy: A Practitioner´s
Guide. New York: The Guilford Press.
72
7. ANEXOS
73
ANEXO A
Autorização para pesquisa com YSQ-S2
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1
$50.00
$50.00
74
ANEXO B
Questionário de Dados Sócio-Demográficos
a) Iniciais: ____________ Idade: ______anos Data de nascimento: ____/_____/________
b) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino c) Profissão:________________________________
d) Escolaridade: ( ) Ensino fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo
( ) Pós-Graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado
e) Atualmente trabalha: ( ) Sim ( ) Não
f) Estado Civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( )Viúvo(a)
g) Número atual de filhos: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais ( ) Não tenho
h) Renda atual:
( ) Menor que R$ 1.313,69 ( ) Acima de R$ 1.313,69 até R$ 2.625,12 ( ) Maior que R$ 2.625,12
i) No último ano, ocorreu a morte de algum membro da família ou pessoa próxima?
( ) Sim ( ) Não Grau de parentesco? ( ) Pai , Mãe ( ) Irmão(ã)
( ) Filho(a) ( ) Avós
( ) Outro Qual? ________________________
j) Na família, existe algum membro ou parente que esteja, atualmente, doente física ou mentalmente?
( ) Sim ( ) Não Grau de parentesco? ( ) Pai , Mãe ( ) Irmão(ã)
( ) Filho(a) ( ) Avós
( ) Outro Qual? ________________________
k) No último ano, ocorreu mudança de:
( ) Cidade ( ) Bairro ( ) Estado ( ) Não houve ( ) Outras_____________________
l) Repetiu algum ano na escola? ( ) Sim ( ) Não
m) Você classifica sua saúde como: ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
n) Você classifica seus hábitos alimentares como:
( ) Ótimos ( ) Bons ( ) Regulares ( ) Ruins
o) Você classifica seu sono como: ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
p) Você classifica sua qualidade de vida como:
( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
q) Você classifica o seus relacionamentos como:
com os amigos: com os familiares: com o companheiro(a):
( ) Ótimo ( ) Ótimo ( ) Ótimo
( ) Bom ( ) Bom ( ) Bom
( ) Regular ( ) Regular ( ) Regular
( ) Ruim ( ) Ruim ( ) Ruim
( ) Não tenho ( ) Não tenho ( ) Não tenho
75
r) Religião: ( ) Católica ( ) Espírita ( ) Evangélica ( ) Protestante
( ) Umbanda ( ) Budista ( ) Adventista ( ) Ateu
( ) Espiritualizado, porém sem religião ( ) Outra Qual? __________________________
s) Você possui o diagnóstico de:
s1) Gravidez: ( ) Sim ( ) Não s2) Diabete: ( ) Sim ( ) Não
s3) Hipertensão: ( ) Sim ( ) Não s4) Pressão baixa:( ) Sim ( ) Não
s5) Cardiopatia: ( ) Sim ( ) Não s6) Asma: ( ) Sim ( ) Não
s7) Epilepsia: ( ) Sim ( ) Não s8) Labirintite: ( ) Sim ( ) Não
s9) Reumatismo: ( ) Sim ( ) Não s10) Osteoporose ( ) Sim ( ) Não
s11) Problema de visão: ( ) Sim ( ) Não s12) Obesidade: ( ) Sim ( ) Não
s13) Alergias: ( ) Sim ( ) Não A que? ________________________________
s14) Outras doenças: ( ) Sim ( ) Não Quais: _________________________________
________________________________________________________________________________________
t) Você fuma: ( ) Sim ( ) Não
u) Você é usuário(a) de álcool: ( ) Sim ( ) Não
v) Você é usuário(a) de outras drogas: ( ) Sim ( ) Não
Quais: ( ) maconha ( ) cocaína ( ) crack ( ) ecstasy ( ) heroína ( ) cola
( ) haxixe ( ) LSD ( ) Outras: ___________________________________________
w) Passou por alguma Internação hospitalar no último ano: ( ) Sim ( ) Não Motivo: _______________
x) Realiza tratamento psicológico: ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quanto tempo: ( ) menos de 1 ano ( ) de 1 a 2 anos ( ) mais que 2 anos
y) Utiliza Medicamentos: ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quais: ( ) anticoncepcionais ( ) antiinflamatórios ( ) homeopáticos
( ) antidepressivos ( ) antibióticos ( ) estabilizadores de humor
( ) analgésicos ( ) corticóides ( ) morfina
( ) anfetaminas ( ) anabolizantes ( ) outros: ______________________
z) Critério de Classificação Econômica Brasil
(Sistema de Pontos).
Marque um X na resposta que corresponde à sua realidade atual com relação aos itens abaixo listados:
Posse de itens
Não tem Tem
Televisão em cores 0 1 2 3 4 ou +
Rádio 0 1 2 3 4 ou +
Banheiro 0 1 2 3 4 ou +
Automóvel 0 1 2 3 4 ou +
Empregada mensalista 0 1 2 3 4 ou +
Aspirador de 0 1 2 3 4 ou +
Máquina de lavar 0 1 2 3 4 ou +
Videocassete e/ou DVD 0 1 2 3 4 ou +
Geladeira 0 1 2 3 4 ou +
Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira
duplex)
0 1 2 3 4 ou +
Assinale com um X o grau de instrução da pessoa responsável pela família:
Grau de Instrução do chefe de família
Analfabeto / Primário incompleto 0
Primário completo / Ginasial incompleto 1
Ginasial completo / Colegial incompleto 2
Colegial completo / Superior incompleto 3
Superior completo 5
76
Iniciais: ___________________________ Data: ________________
Questionário de Esquemas de Young – forma reduzida - YSQ-S2
1 = Não me descreve de modo algum
2 = Acontece raras vezes e pouco descreve o meu modo de ser
3 = Acontece algumas vezes, mas ainda não descreve o meu modo de ser
4 = Descreve o meu modo de ser
5 = Descreve muito o meu modo de ser
6 = Me descreve perfeitamente
Grade de Respostas
1
13
25
37
49
61
73
2
14
26
38
50
62
74
3
15
27
39
51
63
75
4
16
28
40
52
64
5
17
29
41
53
65
6
18
30
42
54
66
7
19
31
43
55
67
8
20
32
44
56
68
9
21
33
45
57
69
10
22
34
46
58
70
11
23
35
47
59
71
12
24
36
48
60
72
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo
1. completamente inadequada, “a sentença não descreve nenhuma característica minha”
2. muito inadequada, “me descreve muito pouco”
3. inadequada, “me descreve pouco”
4. neutro, “mais ou menos”
5. adequada “me descreve”
6. muito adequada “me descreve muito”
7. perfeitamente adequada, “a sentença me descreve perfeitamente bem”
Grade de Respostas
1
13
25
37
49
61
73
2
14
26
38
50
62
74
3
15
27
39
51
63
75
4
16
28
40
52
64
76
5
17
29
41
53
65
77
6
18
30
42
54
66
78
7
19
31
43
55
67
79
8
20
32
44
56
68
80
9
21
33
45
57
69
81
10
22
34
46
58
70
82
11
23
35
47
59
71
12
24
36
48
60
72
77
ANEXO C
Questionário de Esquemas de Young – forma reduzida
YSQ - S2
Nome: ______________________________________________Data_________________
INSTRUÇÕES:
São listadas abaixo afirmações que uma pessoa poderia usar para se descrever. Por
favor leia cada afirmação e decida quão bem ela descreve você. Quando não tiver certeza,
baseie sua resposta no que você sente emocionalmente, não no que pensa ser verdade.
Se desejar, reescreva a afirmação para torná-la ainda mais verdadeira a seu respeito.
Então, escolha a avaliação de 1 a 6 que melhor a/o descreve (incluindo suas revisões) e
escreva este número no espaço que antecede a afirmação.
ESCALA DE AVALIAÇÃO:
1 = Não me descreve de modo algum
2 = Acontece raras vezes e pouco descreve o meu modo de ser
3 = Acontece algumas vezes, mas ainda não descreve o meu modo de ser
4 = Descreve o meu modo de ser
5 = Descreve muito o meu modo de ser
6 = Me descreve perfeitamente
1. _____ A maior parte do tempo, não tenho ninguém para me dar carinho, compartilhar
comigo, e se importar profundamente com o que me acontece.
2. _____ Em geral, não havia pessoas para me dar carinho, segurança e afeição.
3. _____ Eu não senti que era especial para alguém, em grande parte da minha vida.
4. _____ Em geral, não tenho ninguém que realmente me escute, me compreenda, ou esteja
sintonizado com minhas verdadeiras necessidades e sentimentos.
5. _____ Eu raramente tenho alguma pessoa forte para me dar bons conselhos ou orientação
quando não tenho certeza do que fazer.
*ed
6. _____ Percebo que me agarro às pessoas com as quais tenho intimidade, por ter medo de
que elas me deixem.
7. _____ Preciso tanto das pessoas que tenho medo de perdê-las.
8. _____ Eu me preocupo com a possibilidade de as pessoas de quem eu gosto me deixarem
ou me abandonarem.
9. _____ Quando sinto que alguém com quem eu me importo está se afastando, fico
desesperada/o.
10. _____ Às vezes, tenho tanto medo de que as pessoas me deixem, que acabo fazendo
com que se afastem.
*ab
11. _____Sinto que as pessoas querem tirar vantagem de mim.
78
12._____ Sinto que não posso baixar a guarda na presença dos outros, pois eles me
prejudicariam intencionalmente.
13.______É só uma questão de tempo antes que as pessoas me traiam.
14. _____ Desconfio muito dos motivos dos outros.
15. _____ Eu geralmente fico procurando os motivos escondidos das pessoas.
*ma
16. _____ Eu não me encaixo.
17. _____ Sou fundamentalmente diferente das outras pessoas.
18. _____ Eu não pertenço a ninguém; sou um/a solitário/a.
19. _____ Sinto-me alienada/o das outras pessoas.
20. _____ Sempre me sinto excluída/o dos grupos.
*si
21. _____ Nenhum/a homem/mulher que eu desejar vai me amar depois de saber dos meus
defeitos.
22. _____ Ninguém que eu desejar vai querer ficar perto de mim depois que conhecer meu
verdadeiro eu.
23. _____ Não sou digna/o do amor, da atenção, e do respeito dos outros.
24. _____ Sinto que não mereço ser amada/o.
25. _____ Sou inaceitável demais, de todas as maneiras possíveis, para me revelar aos
outros.
*ds
26. _____ Quase nada do que eu faço no trabalho (ou na escola) é tão bom quanto o que os
outros fazem.
27. _____ Sou incompetente no que se refere a realizações.
28. _____ A maioria das pessoas é mais capaz do que eu no trabalho e em suas realizações.
29. _____ Não tenho tanto talento quanto a maioria das pessoas tem em sua profissão.
30. _____ Não sou tão inteligente quanto a maioria das pessoas no que se refere a trabalho
(ou estudo).
*fa
31. _____ Não me sinto capaz de me arranjar sozinha/o no dia-a-dia.
32. _____ Penso em mim como uma pessoa dependente, no que se refere ao funcionamento
cotidiano.
33. _____ Falta-me bom senso.
34. _____ Não se pode confiar em meu julgamento nas situações do dia-a-dia.
79
35. _____ Não confio em minha capacidade de resolver os problemas que surgem no
cotidiano.
*di
36. _____ Não consigo deixar de sentir que algo de ruim vai acontecer.
37. _____ Sinto que algum desastre (natural, criminal, financeiro, ou médico) vai acontecer
a qualquer momento.
38. _____ Tenho medo de ser atacada/o.
39. _____ Tenho medo de perder todo o meu dinheiro e ficar pobre.
40. _____ Tenho medo de pegar uma doença ria, mesmo que nada de sério tenha sido
diagnosticado pelos médicos.
*vh
41. _____ Não consegui me separar de meu pai/minha mãe, ou de ambos, assim como
outras pessoas da minha idade parecem conseguir.
42. _____ Meu pai/minha mãe, ou ambos, e eu tendemos a nos envolver excessivamente
com a vida e com os problemas uns dos outros.
43. _____ É muito difícil para meu pai/minha mãe, ou ambos, e eu escondermos detalhes
íntimos uns dos outros, sem nos sentirmos traídos ou culpados.
44. _____ Muitas vezes me parece que meus pais estão vivendo por intermédio de mim - eu
não tenho uma vida própria.
45. _____ Muitas vezes, sinto que não tenho uma identidade separada da de meus pais ou
parceiro/a.
*em
46. _____ Acho que se eu fizer o que quero, só vou arranjar problemas.
47. _____ Sinto que não tenho escolha além de ceder ao desejo das pessoas, ou elas vão me
rejeitar ou me retaliar de alguma maneira.
48. _____ Nos meus relacionamentos, deixo a outra pessoa ter o controle.
49. _____ Sempre deixei os outros escolherem por mim, de modo que não sei realmente o
que quero.
50. _____ Tenho grande dificuldade em exigir que meus direitos sejam respeitados e que
meus sentimentos sejam levados em conta.
*sb
51. _____ Sou aquela/e que geralmente acaba cuidando das pessoas de quem sou
próxima/o.
52. _____ Sou uma boa pessoa, pois penso nos outros mais do que em mim mesma/o.
53. _____ Fico tão ocupada/o fazendo coisas para as pessoas de quem gosto que tenho
muito pouco tempo para mim.
54. _____ Sempre fui aquela/e que escuta os problemas de todo o mundo.
80
55. _____ As pessoas me vêem fazendo demais pelos outros e pouco por mim.
*ss
56. _____ Tenho muita vergonha de demonstrar sentimentos positivos em relação aos
outros (por exemplo, afeição, sinais de cuidado).
57. _____ Acho embaraçoso expressar meus sentimentos para os outros.
58. _____ Tenho dificuldade em ser carinhosa/o e espontânea/o.
59. _____ Eu me controlo tanto que as pessoas acham que não sou emotiva/o.
60. _____ As pessoas me vêem como emocionalmente contida/o.
*ei
61. _____ Preciso ser a/o melhor em tudo o que faço; não consigo aceitar vir em segundo
lugar.
62. _____ Tento fazer o melhor; não consigo aceitar o ”suficientemente bom”.
63. _____ Preciso cumprir todas as minhas responsabilidades.
64. _____ Sinto que existe uma pressão constante sobre mim para conquistar e fazer coisas.
65. _____ Não consigo me soltar ou me desculpar por meus erros com facilidade.
*us
66. _____ Tenho muita dificuldade em aceitar um “não” como resposta quando quero
alguma coisa de alguém.
67. _____ Sou especial e não deveria ter que aceitar muitas das restrições impostas às
outras pessoas.
68. _____ Detesto ser obrigada/o a fazer alguma coisa, ou impedida/o de fazer o que quero.
69. _____ Acho que não deveria ter que obedecer às regras e convenções normais assim
como os outros.
70. _____ Sinto que aquilo que tenho a oferecer é muito mais valioso do que as
contribuições dos outros.
*et
71. _____ Parece que não consigo me disciplinar e levar até o fim tarefas rotineiras ou
chatas.
72. _____ Quando não consigo atingir algum objetivo, fico facilmente frustrada/o e desisto.
73. _____ Para mim, é muito difícil sacrificar uma gratificação imediata para atingir um
objetivo a longo prazo.
74. _____ Não consigo me obrigar a fazer coisas de que não gosto, mesmo sabendo que é
para o meu próprio bem.
75. _____ Raramente consigo cumprir minhas resoluções.
*is
__________________________________________
REGISTRE 2003 Jeffrey Young, Ph.D., e Gary Brown, Ph.D. Reprodução sem autorização sem
consentimento escrito dos autores é proibida. Para mais informação, escreva: Centro de Terapia C
ognitivo de
Nova Iorque, 36 Oeste 44ª Rua, Apartamento 1007, Nova Iorque, NY 10036.
81
ANEXO D
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo
EFN
Cláudio S. Hutz
Carlos Henrique S.S. Nunes
Instruções:
Leia atentamente cada uma das seguintes sentenças e marque na Folha de Respostas
o quanto ela é adequada para descrever suas opiniões, sentimentos ou atitudes.
Se você acha que a frase descreve muito bem suas opiniões, sentimentos ou atitudes,
marque o “7”. Se você acha que essa frase absolutamente não o descreve bem, marque “1”.
Quanto mais você acha que esta frase é apropriada para descrevê-lo, mais próximo
do “7” você deve marcar; quanto menos você acha que essa sentença é apropriada, mais
próximo do “1” você deve marcar. Se você considerar que a sentença o descreve “mais ou
menos”, marque “4”.
1. completamente inadequada, “a sentença não descreve nenhuma característica
minha”
4. neutro, “mais ou menos”
7. perfeitamente adequada, “a sentença me descreve perfeitamente bem”
1. _____ Deixo de fazer as coisas que desejo por medo de ser criticado pelos outros.
2. _____ Com freqüência, sinto muita necessidade de falar com alguém, mesmo que seja
com uma pessoa desconhecida.
3. _____ Sinto-me muito mal quando recebo alguma crítica.
4. _____ Gosto muito de apostar ou jogar a dinheiro, independente de quanto venha a
perder.
5. _____ Quando falo comigo mesmo, é como se houvesse outra pessoa dentro de mim,
discutindo e argumentando comigo.
6. _____ Com freqüência, penso que a minha vida é ruim.
7. _____ Me incomodo se pessoas conhecidas desaprovam alguma coisa que faço.
8. _____ Com freqüência, sinto que tenho que sair imediatamente de onde estou, caso
contrário algo muito ruim pode acontecer.
9. _____ Freqüentemente tenho ótimas idéias, mas elas são criticadas ou ignoradas por
meus conhecidos.
10. _____ Ás vezes ouço vozes dentro da minha cabeça.
11. _____Sou capaz de fazer coisas que me desagradam para não perder as pessoas
importantes para mim.
12._____ Os meus familiares reclamam que bebo muito.
82
13._____ Com freqüência, passo por períodos em que fico extremamente irritável, me
incomodando com qualquer coisa.
14. _____ Tenho dificuldade em expressar as minhas opiniões por achar que as pessoas não
darão importância a elas.
15. _____ Geralmente me sinto feliz.
16. _____ Sinto que posso ter uma doença grave, mesmo que os médicos não encontrem
nada de errado comigo.
17. _____ Quando as coisas vão mal, procuro pensar que elas não podem continuar assim
para sempre.
18. _____ Freqüentemente sinto que coisas muito ruins estão por acontecer, mesmo sem
nenhum motivo aparente.
19. _____ Acho que a minha vida vai melhorar no futuro.
20. _____ Sou capaz de qualquer coisa para que as pessoas não me deixem.
21. _____ Acho que estou bebendo muito ultimamente.
22. _____ Tenho muito medo que os meus amigos deixem de gostar de mim.
23. _____ Com freqüência, tenho sensações de tontura, vertigem ou desmaio.
24. _____ Acho que as pessoas não me consideram interessante.
25. _____ Sou uma pessoa pessimista.
26. _____ Às vezes, gosto de matar ou ver animais mortos.
27. _____ Às vezes sinto medo de perder o controle sobre as minhas ações e fazer coisas
imprevisíveis.
28. _____ Gosto de ouvir elogios sobre minha aparência, me aborrecendo quando isto não
ocorre.
29. _____ Sou uma pessoa irritável.
30. _____ Tenho muita dificuldade em tomar decisões na minha vida.
31. _____ Se for necessário mentir para conseguir alguma coisa, minto sem
constrangimento.
32. _____ Não tenho nenhum objetivo a buscar na vida.
33. _____ Às vezes sinto que estou pensando muito rapidamente, sobre mais de uma coisa
ao mesmo tempo, como se estivesse assistindo a vários programas de TV simultaneamente.
34. _____ Sou uma pessoa insegura.
35. _____ Já tentei cometer suicídio.
36. _____ Meu humor varia constantemente.
37. _____ Geralmente faço o que os meus amigos e parentes querem, embora não concorde
com eles, com medo de que se afastem de mim.
83
38. _____ Quando sinto que as pessoas não estão me observando, faço algo para chamar a
atenção.
39. _____ Já falei para outras pessoas que iria cometer suicídio.
40. _____ Às vezes passo por períodos em que me sinto extremamente feliz e eufórico, mas
depois vêm períodos de profunda tristeza e sofrimento.
41. _____ Estou satisfeito comigo mesmo.
42. _____ Quando estou em grupo, prefiro não falar nada, pois sei que os outros acharão
erradas as minhas opiniões.
43. _____ Espero ter sucesso no futuro.
44. _____ Com freqüência como muito, sem conseguir me controlar e parar de comer.
45. _____ Acho normal cometer algumas infrações para conseguir o que quero.
46. _____ Tenho dificuldade em me concentrar nas tarefas que estou fazendo.
47. _____ Estou cansado de viver.
48. _____ Às vezes, após beber muito, não me lembro do que aconteceu.
49. _____ Não gosto do meu corpo.
50. _____ Tudo o que posso ver à minha frente é mais desprazer do que prazer.
51. _____ Às vezes sinto um medo súbito de morrer.
52. _____ Não gosto de expressar as minhas idéias, pois tenho medo de ser ridicularizado.
53. _____ Prefiro me distrair com atividades em que eu tenha pouco ou nenhum contato
com outras pessoas.
54. _____ Fico muito irritado quando alguém que estou esperando se atrasa, mesmo que
seja por apenas alguns minutos.
55. _____ Sinto uma grande necessidade de ser ajudado pelos outros para levar adiante a
minha vida.
56. _____ Nunca consigo o que quero, portanto, é tolice desejar qualquer coisa.
57. _____ Tenho fases em que fico dias sem dormir e me sentindo bem, cheio de energia.
58. _____ Freqüentemente me sinto perturbado por um imenso sentimento de culpa.
59. _____ Gosto de envolvimentos sexuais incomuns.
60. _____ Mudo os meus gostos e preferências com facilidade.
61. _____ Às vezes os meus pensamentos surgem tão rapidamente e intensamente que eu
fico confuso.
62. _____ Sinto-me entediado com a vida.
63. _____ Freqüentemente sofro de insônia.
64. _____ Os meus amigos dizem que bebo demais.
65. _____ Sou uma pessoa nervosa.
84
66. _____ Não acho errado enganar as pessoas se isso for necessário para atingir meus
objetivos.
67. _____ Com freqüência, eu choro sem motivo.
68. _____ me aproximo de uma pessoa quando estou certo de que ela concorda com as
minhas opiniões e atitudes, para evitar críticas ou desaprovação.
69. _____ Às vezes, tenho acessos de raiva em que chego a ferir a mim mesmo.
70. _____ Sou uma pessoa solitária.
71. _____ Sinto com freqüência episódios de taquicardia (aceleração dos batimentos
cardíacos).
72. _____ Levo muito em conta o que as pessoas dizem ao decidir o que fazer.
73. _____ Penso no futuro com esperança e entusiasmo.
74. _____ Adoro ter envolvimentos sexuais que são diferentes daqueles que as pessoas em
geral têm.
75. _____ Peço com freqüência conselhos a amigos e conhecidos porque tenho muito
dificuldade para tomar decisões.
76. _____ É possível que meu trabalho ou estudo esteja sendo prejudicado porque eu tenho
bebido demais.
77. _____ Acho que minha vida é vazia e sem emoção.
78. _____ Há ocasiões em que acho que posso fazer qualquer coisa que desejar.
79. _____ Sinto prazer em tudo o que faço.
80. _____ Meus amigos acham que gasto muito tempo cuidando da minha aparência.
81. _____ Com freqüência, sinto vontade de chorar sem nenhum motivo aparente.
82. _____ Raramente sinto prazer ao realizar uma atividade.
_________________________________________________________________________
Ψ
ΨΨ
Ψ EFN
2001, Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda.
85
ANEXO E
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado(a) participante:
O psicólogo Milton José Cazassa, mestrando em Psicologia Clínica pela Faculdade de Psicologia da
PUCRS, orientado pela Profª. Drª. Margareth da Silva Oliveira, está realizando uma pesquisa com o objetivo
de adaptar e validar um instrumento psicológico para a realidade brasileira, o qual avalia características de
personalidade.
Para tanto, gostaríamos que respondesse 3 (três) questionários. Importante lembrar que sua
participação neste estudo é voluntária e pode ser interrompida a qualquer tempo sem que haja qualquer
prejuízo para você. Participando, apesar de não obter nenhum benefício direto, você estará, indiretamente,
contribuindo para a compreensão do ser humano e para a produção de conhecimento científico, o que poderá
ser revertido à comunidade.
Todas as informações, de acordo com a ética profissional, serão utilizadas em caráter de absoluto
sigilo, ficando sua identidade resguardada e protegida.
Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas a qualquer tempo pelos
pesquisadores Milton José Cazassa, fone (51) 9994.3195, Margareth da Silva Oliveira, fone (51) 3320.3500
ramal 7742 ou pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS, fone (51) 3320.3345.
Estando ciente dos objetivos da pesquisa e tendo esclarecido minhas dúvidas, eu,
________________________________, declaro consentir em participar deste estudo. Declaro ter consciência
sobre o fato de que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e/ou modificar minha decisão
se eu assim desejar. Declaro, ainda, ter recebido uma cópia deste termo de consentimento.
__________________________________
Assinatura do participante
_____/____/________
Data
__________________________________
Nome
__________________________
Assinatura do pesquisador
Matrícula 06190611-1
CRP 07/11131
_____/ _____/________
Data
86
Anexo F
Carta de Aprovação do Comitê de Ética
Livros Grátis
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