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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
PRISCILA FELICIANO DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DO HANDICAP EM TRABALHADORES COM PERDA AUDITIVA
INDUZIDA POR RUÍDO
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2007
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
PRISCILA FELICIANO DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DO HANDICAP EM TRABALHADORES COM PERDA AUDITIVA
INDUZIDA POR RUÍDO
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, como exigência parcial para obtenção
do título de Mestre em Fonoaudiologia sob a
orientação do Professora Doutora Ana Cláudia
Fiorini.
SÃO PAULO
2007
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BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
RESUMO
Oliveira P. Avaliação do Handicap em trabalhadores com perda auditiva induzida por
ruído. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Pontifícia Católica de São Paulo-PUC- SP;
2007
Introdução: A exposição continuada a elevados níveis de pressão sonora podem ocasionar
uma perda auditiva induzida por ruído (PAIR) e conseqüentemente provocar efeitos na
qualidade de vida do indivíduo. O handicap decorrente de uma perda auditiva é uma
alteração psicossocial caracterizada por isolamento, estresse, dificuldades nas relações
familiares, ansiedade, dificuldade de sono, diminuição da auto-estima e depressão.
Objetivo: Este estudo avaliou a auto-percepção do handicap auditivo decorrente de PAIR
em trabalhadores do segmento alimentício e da produção de cimento no Estado de Sergipe.
Método: A amostra foi composta por 72 trabalhadores na faixa etária de 23 a 58 anos e
com tempo médio de exposição a ruído de 14,5 anos. Foram utilizados um protocolo de
anamnese e o questionário de auto-percepção de handicap auditivo- Hearing Handicap
Inventory for Adults (HHIA). Resultados: Dos 72 trabalhadores, 21 (29,2%) apresentaram
presença handicap auditivo. A auto-percepção de grau leve/moderado foi encontrada em 10
(13,9%) sujeitos e de grau severo/significativo em 11 sujeitos (15,3%).Na escala
social/situacional, as principais queixas foram utilizar menos o telefone (38,9%),
dificuldades para ouvir/entender os colegas de trabalho (34,7%) e para assistir TV e ouvir
rádio (33,3%). Na escala emocional 33,3 % ficam irritados, 30,6% ficam chateados por
apresentar dificuldades em ouvir e 27,8% ficam constrangidos ou sem jeito quando são
apresentados a pessoas estranhas. Na análise dos audiogramas, o maior comprometimento
foi na faixa de freqüência de 3 a 8kHz com piores limiares em 4 kHz. Não foi observada
relação da perda auditiva com a presença de handicap. Conclusões: A presença de auto-
percepção de handicap auditivo foi de 29,2% e não houve diferença estatisticamente
significante entre o handicap a as variáveis idade, tempo de exposição ao ruído, zumbido e
grau de perda auditiva.
Descritores: Perda auditiva induzida por ruído, Saúde ocupacional, Ruído ocupacional,
Handicap, efeitos do ruído
ABSTRACT
Oliveira P. Handicap´s avaliation in workers witn noise-induced hearing loss. [Master´s
dissertation]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo- PUC- SP; 2007.
Introduction: Continuous exposure to loud sound pressure levels can cause noise-induced
hearing loss (NHIL) and consequently affect the quality of life for these subjects. The
handicap of hearing loss has a psychological effect characterized by isolation, stress,
difficulties with family relationships, anxiety, sleep difficulties, less confidence and
depression. Objective: This research shows the handicap of nourishing branch workers,
intent juice workers and cement workers with noise induced hearing loss. Methods: An
anamnese and a questionnaire of the handicap scale named Hearing Handicap Inventory for
Adults (HHIA) were administered to 72 workers. The subjects were 23 to 58 years old and
the mean age at which exposed to occupational noise was 14,5 years. Results: In 72
workers, 21 (29,2%) had handicap presence. The led/moderate auto-perception was shown
in 10 (13,9%) workers and severe/significant was shown in 11 people (15,3%). In
social/situational scale, the main complaints were using less telephone (38,9%), difficulties
to hearing/understanding business colleagues (34,7%) and watching TV and listening to the
radio (33,3%). In emotional scale 33,3% were irritated, 30,6% were bored of having
difficulties in hearing and 27,8% were constrained or felt sad when they were presented to
someone new. In audiograms analysis, the most affected frequency was in the range of 3 to
8 kHz, with worse thresholds in 4 kHz. The relationship between hearing loss and handicap
presence was not shown. Conclusion: The handicap presence was observed in 29,2% and
there did not appear to be a significant statistical difference between handicap and age, time
of noise exposure, tinnitus, and hearing loss.
Keywords: Noise-induced hearing loss, Occupational health, Noise occupational,
Handicap, noise effects.
DEDICATÓRIA
À minha irmã, Elidiane Feliciano de Oliveira (in memorium), que me inspirou
estes anos e sempre me deu força para continuar vivendo. Saiba que esta vitória também é
sua. Estamos juntas sempre, em todos os momentos. Saudades de você e do seu carinho !!
Ao meu pai, Joaquim Feliciano de Oliveira, que no meu primeiro dia de aula do
mestrado se emocionou com mais uma nova conquista minha. Obrigada pelo incentivo nos
estudos, me mostrando o quanto sou forte e capaz. Todas minhas vitórias sempre serão
celebradas ao seu lado. Te amo muito!
À minha mãe, Rosicler Paulino da Silva, por estar presente em todos os momentos. Esta é
mais uma conquista nossa, afinal além de mãe você é conselheira, amiga, atendente, irmã,
meu anjo que cuida de mim. Te amo muito!
Ao meu namorado, Thiago Ferreira Brandão, pelo seu amor e companheirismo
em um momento complicado na minha vida. Obrigada por estar sempre presente, por ter
ficado horas sozinho enquanto eu escrevia a dissertação, enquanto eu viajava ora para São
Paulo, ora para Salvador.... Essa vitória é nossa, te amo demais!
AGRADECIMENTOS
À Prof. Dra Ana Cláudia Fiorini , uma pessoa que pude estreitar laços e aprender um pouco
mais sobre saúde ocupacional. Sua orientação foi valiosa, obrigada!
À Prof Dra Ieda Pacheco Russo por me ajudar na construção do pensamento nas aulas de
Seminário de Dissertação.
Aos colaboradores da fábrica de cimento, de sucos e do ramo alimentício, pela
colaboração, sem os quais este trabalho não teria sido realizado.
Ao Dr Rivaldo Joaquim, por confiar em mim profissionalmente e acreditar nesta
dissertação. Seu apoio no meu trabalho e na fábrica é muito importante.
Ao gerente administrativo das empresas do ramo alimentício e de suco concentrado, por
permitir a execução desta dissertação.
Ao gerente de fábrica do ramo de cimentos, em especial Luciano Tertius por incentivar e
apoiar as ações do programa de prevenção de perdas auditivas.
A fonoaudióloga e amiga Cristiane Oliveira por ter me incentivado a todo o
momento a fazer o mestrado. Não poderia esquecer o marido dela, Alfredo, que me ajudou
com muita paciência e dedicação nos dados estatísticos. Amizade verdadeira não é somente
nas boas horas, mas nas mais difíceis. Valeu pela ajuda e apoio!
A minha família, em especial, minha Tia Leusa, meu primo Caio e minha avó Herotildes
por entenderem que minhas visitas em São Paulo eram breves e sempre com o intuito de
estudar. Vale tudo, até feijoada oito horas da noite!
À Aracy Dias Mendonça, uma amiga e tanto, pois até perdeu o sono me esperando chegar
da aula na quinta feira à noite. Obrigada por fazer a correção gramatical da minha
dissertação e por me incentivar sempre. Esta vitória tem um dedo seu.
A minha amigona Nelma Novais, sempre presente, nas alegrias, nas tristezas, mas
principalmente na coleta dos questionários. Sem você este trabalho não seria o mesmo.
Você já virou um estrelinha!
A minha pequena Isis Casanova, sempre presente nas minhas idas a São Paulo. Obrigada
por me auxiliar na Bireme para coletar os artigos da revisão de literatura. Você esteve e
sempre estará presente na minha vida em todos os momentos.
A Ana Angélica e Marco Antonio, meus sogros, por me incentivarem e me
acolherem com amor e carinho em São Paulo.
A amiga, Carla Maria, pelas farras durante o mestrado e pelas horas difíceis resolvidas com
ampola das grandes. Sem você, o mestrado na seria tão colorido.
SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................................................................... 01
2. Objetivo ......................................................................................................................... 07
3. Revisão de literatura ...................................................................................................... 09
3.1. Efeitos do ruído na audição .................................................................................... 10
3.2. Efeitos do ruído na saúde ....................................................................................... 11
3.3. PAIR ...................................................................................................................... 11
3.3.1. Caracterização ............................................................................................. 11
3.3.2. Suscetibilidade na PAIR ............................................................................. 13
3.3.3. Atualização: avanços na fisiopatologia ....................................................... 14
3.4. Impacto da PAIR na qualidade de vida .................................................................. 19
4. Método........................................................................................................................... 32
4.1 Tipo de estudo ......................................................................................................... 33
4.2 Considerações éticas ............................................................................................... 33
4.3 Caracterização da empresa ...................................................................................... 33
4.3.1 Empresa do segmento alimentício................................................................... 37
4.3.2 Empresa do ramo de produção de sucos concentrado .................................... 38
4.3.3 Empresa do ramo de produção de cimentos ................................................... 39
4.4 Caracterização dos sujeitos ..................................................................................... 41
4.5 Critérios de seleção dos sujeitos ............................................................................. 41
4.6 Procedimentos ................. ....................................................................................... 42
4.7 Análise dos procedimentos ..................................................................................... 43
4.7.1. Análise das audiometrias ................................................................... 43
4.7.2. Análise do questionário HHIA .......................................................... 44
4.8 Análise dos resultados ............................................................................................ 43
5. Resultados ..................................................................................................................... 47
6. Discussão ....................................................................................................................... 82
7. Conclusões..................................................................................................................... 91
8. Referências bibliográficas ............................................................................................. 93
9. Anexos ..........................................................................................................................101
LISTA DE ABREVIATURAS
AASI – Aparelho de amplificação sonora individual
CCI-Célula ciliada interna
CF-Característica de freqüência
dBA- Decibel escala de compensação A
dBNA - Decibel nível de audição
dBNPS- Decibel nível de pressão sonora
HDHS - The Hearing Disability and Handicap Scale
HHIA - Hearing Handicap Inventory for Adults
HHIE - Hearing Handicap Inventory for the Eldery
Hz- Hertz
kHz- kilohertz
MTL - Mudança temporária do limiar
NAC - N-acetylcysteine
NPS-Nível de pressão sonora
NR-Norma regulamentadora
OMS - Organização Mundial de Saúde
PAIR-Perda auditiva induzida por ruído
PCMSO-Programa de saúde médico ocupacional
PPPA-Programa de prevenção de perda auditiva
PPRA-Programa de prevenção de riscos ambientais
RL-Recrutamento de loudness
SESMT- Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Dimensionamento do SESMT............................................................................ 36
Quadro 2- Avaliação do nível de ruído nos trabalhadores da empresa do segmento
alimentício constatado no PPRA do ano de 2006................................................................ 38
Quadro 3- Avaliação do nível de ruído nos trabalhadores da empresa do ramo de produção
de sucos concentrado constatado no PPRA do ano de 2006 ................................................39
Quadro 4- Avaliação do nível de ruído nos trabalhadores da empresa do ramo de produção
de cimento constatado no PPRA do ano de 2006 ................................................................40
Quadro 5- Classificação dos grupos quanto ao índice de auto-percepção de handicap
auditivo .................................................................................................................................45
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Distribuição dos trabalhadores por faixa etária, em anos (n=72)..........................48
Figura 2: Distribuição dos trabalhadores por tempo de exposição a ruído, em anos
(n=72)................................................................................................................................... 49
Figura 3: Distribuição dos trabalhadores por tempo de uso do protetor auricular, em anos
(n=72)................................................................................................................................... 51
Figura 4: Freqüência acumulada do número de orelhas (n=144) de ambos os lados (direito e
esquerdo) com perda de acordo com os diferentes limiares audiométricos (dBNA) nas oito
freqüências sob teste (kHz)...................................................................................................54
Figura 5: Freqüência acumulada do número de orelhas (n=72) do lado direito com perda de
acordo com os diferentes limiares audiométricos (dBNA) nas oito freqüências sob teste
(kHz).....................................................................................................................................56
Figura 6: Freqüência acumulada do número de orelhas (n=72) do lado esquerdo com perda
de acordo com os diferentes limiares audiométricos (dBNA) nas oito freqüências sob teste
(kHz).....................................................................................................................................58
Figura 7: Distribuição das respostas dos trabalhadores em relação as questões sociais/
situacionais. Cada sigla corresponde a uma questão como pode ser observado no protocolo
do HHIA (Anexo 3)..............................................................................................................68
Figura 8: Distribuição das respostas dos trabalhadores em relação as questões emocionais.
Cada sigla corresponde a uma questão como pode ser observado no questionário (Anexo
3)...........................................................................................................................................70
Figura 9: Distribuição avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no ramo de suco
concentrado (n=16)...............................................................................................................78
Figura 10: Distribuição da avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no segmento
alimentício (n=14)................................................................................................................79
Figura 11: Distribuição da avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no segmento
de fabricação de cimento (n=42)...........................................................................................80
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição do tipo de protetor auricular utilizado pelos trabalhadores (n=72)..50
Tabela 2-Distribuição das 144 orelhas de acordo com os diferentes limiares audiométricos
(dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz).......................................................................53
Tabela 3 -Distribuição dos resultados da orelha direita (n=72) de acordo com os diferentes
limiares audiométrico (dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz)...................................55
Tabela 4 -Distribuição dos resultados da orelha esquerda (n=72) de acordo com os
diferentes limiares audiométrico (dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz)...................57
Tabela 5- Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em uma única
freqüência (2 kHz ou 3 kHZ ou 4kHz ou 6 kHz ou 8kHz) (n=48).......................................59
Tabela 6 –Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em três
freqüências (2 kHz, 3 kHZ e 4kHz) (n=01)..........................................................................60
Tabela 7 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em três
freqüências (3 kHz, 4 kHZ e 6 kHz) (n=12). .......................................................................60
Tabela 8 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em três
freqüências (4 kHz, 6 kHZ e 8 kHz) (n=6). .........................................................................61
Tabela 9 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em quatro
freqüências (2, kHz, 3 kHz, 4 kHZ e 6 kHz) (n=4). .............................................................61
Tabela 10 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em quatro
freqüências (3, kHz, 4 kHz, 6 kHZ e 8 kHz) (n= 12). ..........................................................62
Tabela 11 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em cinco
freqüências (2 kHz, 3, kHz, 4 kHz, 6 kHZ e 8 kHz) (n= 03). ..............................................63
Tabela 12- Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em seis
freqüências (1 kHz, 2kHz, 3, kHz, 4 kHz, 6 kHZ e 8 kHz) (n= 01). ...................................63
Tabela 13-Distribuição dos trabalhadores, segundo o percentual de auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA. ............................................................................65
Tabela 14 -Distribuição dos trabalhadores, quanto à presença/ ausência de auto-percepção
do handicap auditivo apresentado no HHIA, expressa em porcentagem (n=72).................66
Tabela 15 -Distribuição dos trabalhadores quanto ao índice de auto-percepção do handicap
auditivo apresentado no HHIA, expressa em porcentagem (%), segundo o critério de
Newman et al. (1990) (n=72). ..............................................................................................66
Tabela 16 -Distribuição da resposta dos trabalhadores que apresentou maior pontuação na
escala social/ situacional (n=72). .........................................................................................67
Tabela 17 -Distribuição da resposta dos trabalhadores que apresentou maior pontuação na
escala emocional (n=72). .....................................................................................................69
Tabela 18 - Distribuição dos trabalhadores, divididos em subgrupos, segundo a avaliação
audiométrica classificada por grupo sugestivo de PAIR como proposto por Fiorini (1994) e
ACOEM (2003) e presença/ausência de auto-percepção de handicap auditivo (HHIA)
(n=72). ..................................................................................................................................72
Tabela 19 - Distribuição dos trabalhadores quanto ao índice de auto-percepção do handicap
auditivo apresentado no HHIA com audiograma sugestivo de PAIR bilateral, expressa em
porcentagem (%), segundo o critério de Newman et al. (1990) (n=72). ..............................73
Tabela 20 - Distribuição dos trabalhadores quanto ao índice de auto-percepção do handicap
auditivo apresentado no HHIA com audiograma sugestivo de PAIR unilateral, expressa em
porcentagem (%), segundo o critério de Newman et al. (1990) (n=72). ..............................73
Tabela 21 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação a idade (anos), expressa em porcentagem(n=21)............74
Tabela 22 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação ao tempo de exposição ao ruído ocupacional (anos),
expressa em porcentagem (n=21). ........................................................................................75
Tabela 23 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação a presença de zumbido, expressa em porcentagem
(n=21). ..................................................................................................................................76
Tabela 24 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação ao uso do protetor auricular (anos), expressa em
porcentagem (n=21). ............................................................................................................77
Tabela 25: Resultados estatísticos da associação da categoria de handicap (sim ou não) com
as variáveis de estudo. ..........................................................................................................81
1
1. INTRODUÇÃO
2
O ruído representa um importante problema de saúde pública, não somente por
estar presente em nosso cotidiano, mas, também, por ocasionar uma série de efeitos na
saúde da população.
Há um som próprio para cada movimento e a natureza sabe lidar com cada um.
Relatou-se que os mamíferos de grande porte não moravam próximos a quedas de água,
porque o estrondo forte os incomodava. Estudos que relacionaram ruído e problemas de
audição na era cristã constataram uma crescente surdez de uma população instalada às
margens de uma barulhenta cachoeira (Azevedo, 2004).
O mundo sempre foi ruidoso e este é um problema que afeta a população, pois
está presente em todos os ambientes. O ruído urbano é uma função direta da densidade
populacional e o nível de ruído elevado é suficiente para impedir a comunicação verbal
mesmo entre indivíduos com audição normal (Hetú e Getty, 1991).
Díaz e Pedrero (2006) verificaram que o ruído ambiental está aumentando, após
uma análise da exposição sonora nas atividades de vida diária, em uma região de
Madrid, com indivíduos entre 25 e 60 anos. Utilizaram um equipamento para medição
de ruído nas mais diversas situações: atividades domésticas, educacionais, lazer,
ocupacionais, compras, durante o sono e ruído proveniente de transportes urbanos.
Foram coletadas amostras durante 5.173 horas e a média ponderada de ruído foi de 78,5
dB(A). Os maiores níveis de ruído (90,1 dB) foram encontrados nas atividades de lazer
(prática de esportes, danceterias, jogo de futebol, cinema, restaurante, teatro musical
entre outros) que foram relatadas por 64,6 % dos sujeitos. Em seguida, o ruído dos
transportes correspondeu a 12,6% com 79,5 dB(A) e as atividades ocupacionais
ocuparam o terceiro lugar com 9,9% da população exposta a um ruído de 78,5 dB(A).
Além disto, o grupo mais exposto ao ruído foi o de 25 anos (87,8%), sendo que o
mesmo relatou maior freqüência nas atividades de lazer. Já o grupo acima de 60 anos
3
(60,81) ficava mais exposto ao ruído dos transportes, uma vez que era uma população
que realizava caminhada com freqüência. Por último, o grupo de 25 a 60 anos (30,3%)
era o mais exposto durante as atividades ocupacionais.
O ruído é um risco físico presente em quase todos os ambientes; porém, a
sensação auditiva do mesmo é subjetiva. O elevado nível de pressão sonora gerado por
uma fábrica é desagradável e perturbador; contudo, em atividades de lazer, pode causar
bem estar. De qualquer forma, em ambos os casos, o ruído pode provocar efeitos na
saúde.
O ruído pode gerar efeitos na qualidade de vida do indivíduo e, também, efeitos
específicos na audição. Segundo a Organização Panamericana de Saúde e Organização
Mundial de Saúde (1980), o ruído pode perturbar o trabalho, o descanso, o sono e pode
causar ou provocar reações psicológicas, fisiológicas e até patológicas. Os efeitos na
audição são caracterizados por trauma acústico, mudança temporária no limiar e perda
auditiva induzida por ruído (PAIR).
A prevalência da PAIR na literatura internacional é alta e varia de 35% a 51% da
população exposta a ruído ocupacional (Godlie,1992). No Brasil, a situação não é muito
diferente e observa-se que vários estudos também identificaram uma alta prevalência da
PAIR nas indústrias brasileiras (Morata,1986). Fiorini (1994) realizou um estudo de
acompanhamento da audição de 80 trabalhadores de uma empresa metalúrgica, no
período de três anos, e concluiu que 23,75% dos trabalhadores adquiriram PAIR no
decorrer do período avaliado.
A PAIR é um distúrbio auditivo complexo e, por vezes, controverso. Seu
diagnóstico requer tanto o reconhecimento das condições de exposição ao ruído, quanto
a avaliação clínica de cada caso (Bernardi,2000).
4
Os avanços na área da fisiopatologia vêm contribuindo para melhorar o
conhecimento dos efeitos causados pelo ruído. Sabe-se que o ruído altera as funções
cocleares e psicoacústicas, gerando limitações funcionais. A limitação funcional está
relacionada à perda auditiva como doença, que pode desencadear restrição ou
impedimento na habilidade ou na performance, consideradas normais para determinado
indivíduo (Henderson e Salvi, 1998).
Segundo Henderson e Salvi (1998), os efeitos do ruído na função auditiva são
caracterizados por: alteração da curva de tonalidade, zumbido, recrutamento de
loudness, alteração da integração temporal e má percepção de fala, sendo que essas são
as maiores barreiras para uma efetiva reabilitação.
A limitação funcional gera uma alteração psicossocial relacionada à perda
auditiva que interfere na interação e adaptação do indivíduo ao meio. Esta alteração é
conhecida como handicap auditiva e é identificada a partir de: isolamento, estresse,
dificuldades nas relações familiares, ansiedade, dificuldade de sono, diminuição da
auto-estima e depressão (Stephens e Hetú, 1991; Magni,1997).
Há controvérsias no uso do termo handicap e alguns pesquisadores preferem
utilizar o termo incapacidade. Para a Organização Mundial de Saúde (1980), este termo
significa qualquer restrição ou falta de habilidade para realizar atividade que é
considerada normal para os seres humanos. Segundo Stephens e Hétu (1991), a
incapacidade implica apenas em dificuldade em escutar os sons.
Estudo mais recente de Farias e Buchalla (2005) propôs a classificação
internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da Organização Mundial de
Saúde (CIF). De acordo com a classificação proposta em 1976, o termo impairment
(deficiência) é descrito como as anormalidades nos órgãos e sistemas e nas estruturas do
corpo; disability (incapacidade) é caracterizada como as conseqüências da deficiência
5
do ponto de vista do rendimento funcional, ou seja, no desempenho das atividades;
handicap (desvantagem) reflete a adaptação do indivíduo ao meio ambiente resultante
da deficiência e incapacidade. O novo modelo substitui o enfoque negativo da
deficiência e da incapacidade por uma perspectiva positiva, considerando que a
funcionalidade e a incapacidade do indivíduo são determinadas pelo contexto ambiental
aonde as pessoas vivem. No aspecto negativo tem-se a deficiência, as limitações das
atividades e de participação e, no positivo, as funções do corpo, as atividades realizadas
e a participação (CIF, 2003). Portanto, neste novo contexto, não é mais utilizado o
termo deficiência, incapacidade ou desvantagem. Porém, no presente estudo, optou-se
por fazer o uso do termo handicap, pois além da tradução em português ainda ser
controversa, vários estudos no Brasil já utilizaram tal nomenclatura (Magni,1997;
Almeida,1998; Menslin,2001; Souza,2002; Lopes,2006).
A partir destes aspectos, é necessário adotar medidas preventivas e realizar
intervenções com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos portadores
de PAIR. Como medidas preventivas, pode ser implementado um programa de
conservação auditiva que tem como objetivo principal a diminuição do ruído na fonte, a
fim de impedir o desencadeamento e agravamento de perda auditiva (Robert e
Dobie,1995).
Além disso, também pode ser realizado o tratamento medicamentoso, pois
estudos de Seidman, Shivapuja e Querk (1993) e Ehrenberger e Felix (1995)
demonstraram que a exposição ao ruído pode levar a uma vaso-constricção na cóclea. A
subseqüente diminuição do fluxo sangüíneo coclear leva a hipóxia e predispõe à
formação de radicais livres de oxigênio e, portanto, drogas que bloqueiam esta formação
como, por exemplo, as administrações de magnésio oral, poderiam proteger a cóclea de
danos.
6
Estudos mais recentes realizados em animais mostraram que os ouvidos
expostos ao ruído produzem enzimas antioxidantes. Essas são importantes para tornar o
ouvido resistente aos danos causados pelo ruído. Experimentos identificaram que se
fosse possível aumentar os antioxidantes, o ouvido se tornaria mais resistente tanto ao
ruído de impacto, quanto ao contínuo. As pesquisas indicaram o aumento dos
antioxidantes com o uso de “N-acetylcysteine (NAC)” (Duan et al, 2004; Hight et al,
2003; Lambert, 2000).
Como opção terapêutica, tem-se o uso de aparelho de amplificação sonora
individual que busca melhora na qualidade de vida do portador de PAIR. Porém,
indivíduos com perda auditiva nas altas freqüências têm sido maus candidatos ao uso
desse dispositivo de amplificação. Isto ocorre pela falta de motivação do indivíduo em
buscar ajuda, má interpretação dos resultados audiométricos, desconhecimento dos
efeitos da perda auditiva e uso inadequado de escalas apropriadas para avaliação da
autopercepção do handicap auditivo (Almeida,1998).
É importante não subestimar as queixas do indivíduo portador de PAIR durante
a avaliação. Antigamente, as queixas acabavam sendo ignoradas, pois os trabalhadores
eram rotulados como possíveis simuladores de perdas auditivas. Considerando o
conhecimento das dificuldades geradas por esta perda auditiva, é importante a adoção
de medidas preventivas e de reabilitação, garantindo melhor qualidade de vida aos
portadores de PAIR.
7
2. OBJETIVO
8
O objetivo deste estudo foi avaliar a auto-percepção do handicap auditivo
decorrente de PAIR em trabalhadores do segmento alimentício e da produção de
cimento no Estado de Sergipe.
9
3. REVISÃO DE LITERATURA
10
3.1. EFEITOS DO RUÍDO NA AUDIÇÃO
O ruído pode causar um distúrbio definido como um déficit na função auditiva e
pode ser medido por técnicas psicoacústicas e fisiológicas (Stephens e Hétu,1991).
Existem três tipos de distúrbios auditivos causados pelo ruído:
Trauma acústico: É uma perda auditiva resultante de uma única exposição a
nível elevado de ruído, de curta duração. Ocorre uma destruição total das células
ciliadas externas e internas de uma região do Órgão de Corti. Além disso, o
ruído muito intenso pode ocasionar ruptura da membrana timpânica e dano aos
ossículos (martelo, bigorna e ou estribo) da orelha média (Melnick,1999).
Mudança temporária do limiar (MTL): É caracterizada por uma alteração
temporária do limiar audiométrico, decorrente da exposição a elevados níveis de
pressão sonora por um determinado período de tempo. Os limiares auditivos
voltam ao normal em horas ou dentro de um período de um dia, depois de
cessada a exposição. Indivíduos expostos a ruído por oito horas diárias podem
apresentar alterações entre 25 a 40 dBNA. Quando é cessada a exposição, após o
repouso acústico por algumas horas, os limiares tendem a voltar ao normal
(Quaranta, Sallustio e Quaranta,2001).
Perda auditiva induzida por ruído: Ocorre quando a exposição ao ruído repete-se
por várias horas do dia e durante anos, caracterizando-o como ruído
ocupacional. Não é uma única exposição que vai gerar este tipo de perda
auditiva. É comum encontrar este déficit auditivo em músicos, soldados e
pessoas expostas a ruído de aviões, entre outros. A perda auditiva é sensório
neural e atinge as freqüências altas, sendo irreversível e progressiva (Robert &
Dobie,1995; Quaranta, Sallustio e Quaranta,2001; Mc Reynolds,2005).
11
3.2.EFEITOS DO RUÍDO NA SAÚDE
Segundo Howkin e Schacht (2005), o ruído se tornou uma das causa mais
comuns das doenças relacionadas ao trabalho e o portador da PAIR pouco sabe das
conseqüências geradas pela deficiência auditiva. As alterações provocadas pelo ruído
não se restringem somente à audição, não sendo raros os casos de hipertensão arterial,
estresse, ansiedade, depressão, aumento da tensão muscular, alteração do sono, gastrite,
úlceras, incapacidade de concentração entre outros (Rios,2003; Araújo e Regazzi,2002;
Morata et al,1997; Gold et al.,1989; Santos,1994.). Segundo alguns autores, tais
alterações podem contribuir para o aumento do número de acidentes de trabalho
(Cordeiro et al,2005; Araújo e Regazzi,2002; Santos,1994; Gold et al.,1989). Pelo fato
da PAIR ser uma doença insidiosa, o indivíduo só irá perceber a dificuldade quando a
sua competência comunicativa for prejudicada, interferindo na sua vida.
3.3. PAIR
3.3.1. CARACTERIZAÇÃO
A PAIR é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da
exposição continuada a níveis elevados de ruído e é considerada uma doença
relacionada ao trabalho (COMITÊ NACIONAL DE RUÍDO E CONSERVAÇÃO
AUDITIVA,1994). Segundo o Comitê, as principais características da PAIR são:
Segundo o Comitê Nacional do Ruído e Conservação Auditiva (1994), as
principais características da PAIR são:
- Ser sempre neurossensorial, afetando o Órgão de Corti da orelha interna, mais
especificamente as células ciliadas;
- Ser quase sempre bilateral com padrões audiométricos, comumente similares
em ambas as orelhas;
12
- Os níveis de perda auditiva não ultrapassam mais que 40 dBNA nas baixas
freqüências (500, 1000 ou 2000Hz) e 75 dBNA nas altas (3000, 4000, 6000, ou
8000Hz);
- Raramente atinge o grau de perda profunda;
- Não é progressiva quando cessada a exposição ao ruído intenso;
- Não torna a orelha acometida mais sensível à exposição ao ruído;
- O início e predominância se dão nas freqüências de 3000, 4000, ou 6000Hz,
progredindo, posteriormente, para as faixas de 8000, 2000, 1000, 500 e 250Hz.
As freqüências baixas são melhores do que as altas.
Segundo Axelsson (1979), a ordem de acometimento das freqüências é a de 6k,
4k, 8k, 3k e 2khz ou 4k, 6k, 8k, 3k e 2khz, tendo seu início normalmente em 6k, 4k ou
3khze , com a progressão atinge 8k, 2k, 1k, 500 e 250Hz. Ainda relata que a PAIR
acontece frequentemente na fase adulta.
Quaranta, Sallustio e Quaranta (2001) relataram ainda que a PAIR nem sempre é
bilateral e simétrica, sendo que estas características podem ser variáveis.
O American College Occupational Enviromental Medicine - ACOEM (2003)
ainda relata que, em condições estáveis de exposição, as perdas auditivas em 3000,
4000, e 6000 Hz, geralmente atingem um nível máximo no período de 10 a 15 anos de
exposição e pode ser agravada pela exposição simultânea a outros agentes como
produtos químicos e vibração. Estudos recentes mostram que a PAIR possui média
melhor nas freqüências de 500, 1000 e 2000 kHz do que nas de 3,4 e 6 kHz. Porém, a
freqüência de 8 kHz pode apresentar um rebaixamento, sendo que este deve ser melhor
que a média das freqüências de 3,4 e 6 kHz.
Parrado- Moran e Fiorini (2003) realizaram um estudo com 89 trabalhadores
portadores de PAIR e observaram que a freqüência que, isoladamente, apareceu em um
13
maior número de vezes foi a de 6 kHz, sendo que as maiores médias eram dos limiares
de 6k, 4k, 8k e 3kHz. Os dados expostos indicam que a perda auditiva em sua fase
inicial acomete as freqüências altas.
3.3.2. SUSCEPTIBILIDADE NA PAIR
Indivíduos que apresentam ausência de reflexo estapediano podem ser mais
susceptíveis a apresentarem PAIR, uma vez que a presença de reflexo é um indicativo
de proteção do ouvido (Henderson, Subramanian, Boetecher,1993; Quaranta, Sallustio e
Quaranta, 2001).
Com relação ao gênero, é mais comum encontrarmos PAIR no sexo masculino
do que no feminino (Salvi, Henderson,Clock Eddens,1995). Acredita-se que isto ocorra
pela diferença do estilo de vida entre os homens e mulheres e história de exposição a
ruído, fato mais freqüente no sexo masculino (Quaranta, Sallustio e Quaranta,2001).
Henselman et al (1995) realizaram um estudo em soldados das forças armadas
dos Estados Unidos e verificaram que os afros-descendentes possuíram melhores
limiares auditivos que os da raça branca; porém, a perda auditiva também decorreu do
tempo de exposição ao ruído ocupacional, sendo que quanto maior o tempo de
exposição, maior a perda auditiva. Barrenãs (1997) relatou que a incidência de PAIR é
maior nas pessoas de raça branca do que nos afros-descendentes porque a melanina é
um fator de proteção da orelha interna, neutralizando os radicais livres.
Durante os últimos anos, tem sido crescente o interesse pelos estudos do sistema
olivo-coclear eferente e o desenvolvimento da PAIR. Observa-se que a redução da
atividade deste sistema pode tornar o ouvido mais susceptível (Zheng et al, 1997a).
Há estudos que evidenciam a relação do tabagismo com a PAIR, sendo que
fumantes que trabalham em ambiente ruidoso podem ser mais susceptíveis a
14
desenvolverem a perda auditiva quando comparados aos não fumantes (Henderson et
al.,1993).
3.3.3. ATUALIZAÇÃO: AVANÇOS NA FISIOPATOLOGIA
Houve um crescimento dos estudos com base na anatomia e na neurofisiologia
nas últimas duas décadas, permitindo o entendimento dos mecanismos neurais
responsáveis pelo déficit auditivo, desqualificando a PAIR como uma perda unicamente
coclear.
Estudos de Henderson e Salvi (1998) relataram que a exposição do ruído gera
uma perda em que o déficit da sensibilidade auditiva não é somente compensado com
uso de aparelho de amplificação sonora individual. A PAIR geralmente vem
acompanhada de déficits como: alteração da curva de tonalidade, zumbido,
recrutamento de loudness, alteração da integração temporal e má percepção de fala.
Essas são as maiores barreiras para uma efetiva reabilitação.
Tais déficits são considerados uma limitação funcional que se referem a uma
restrição, dificuldade na performance auditiva expressa na realidade diária do indivíduo.
São comuns as queixas de dificuldade na localização e na identificação sonora, bem
como a intolerância a sons de forte intensidade (Stephens e Hétu, 1991a).
Segundo Henderson e Salvi (1998) a PAIR apresenta:
Alteração na curva de tonalidade
Estudos fisiológicos com chinchilas expostas e não expostas ao ruído revelaram
que, à medida em que há o aumento da estimulação acústica, surge uma alteração da
atividade neural, enviada ao sistema nervoso central. Cada fibra auditiva inerva uma
única célula ciliada interna (CCI). A freqüência com limiar de menor nível sonoro é a
que representa a característica de freqüência do neurônio (CF). A combinação das
15
freqüências e dos níveis sonoros causa uma carga e descarga que define a curva de
seletividade de freqüência. A curva de seletividade de cada neurônio tem um limiar
baixo para sons graves e inervam células ciliadas internas do ápice da cóclea. Já as que
apresentam os menores limiares para alta freqüência são as que pertencem as fibras que
inervam as células da base da cóclea (Henderson e Salvi ,1998).
A PAIR acomete inicialmente as células ciliadas externas e os limiares
audiométricos encontram-se entre 40 e 50 dBNA. Nesta fase, o neurônio associado é
capaz de estimular a CF com intensidade mais elevada, ou seja, aumentando a energia
do estímulo (Henderson e Salvi ,1998).
Com a continuidade da exposição ao ruído, as CCI são destruídas e os neurônios
associados não são mais capazes de estimular as CF específicas, estimulando as das
regiões mais próximas. Neste caso, somente o aumento da intensidade não é suficiente
para desencadear essa estimulação. Essa pode ser a razão pela qual os indivíduos
expostos ao ruído se queixam de diplacusia, ou seja, distorção na capacidade de
percepção da mudança de freqüência (pitch) (Henderson e Salvi ,1998).
A diplacusia gera implicações na percepção de sons complexos como, por
exemplo, a fala humana e essas alterações qualitativas não são identificadas na
audiometria convencional. Ao invés das freqüências específicas serem ativadas, um
amplo espectro de freqüência é eliciado e o indivíduo não é capaz de discriminar os
sons da fala, pois não é mais capaz de realizar a seletividade de freqüências. Devido a
este fato, surge a dificuldade de adaptação de um AASI, uma vez que o indivíduo com
PAIR tem dificuldade na seletividade fina de freqüência (Henderson e Salvi ,1998).
16
Zumbido
O zumbido é uma sensação auditiva percebida na ausência de som externo. Na
maioria dos casos, está associada à idade (presbiacusia) e à perda auditiva induzida pelo
ruído (Eggermont e Roberts, 2004).
Alberti (1987) relatou que o zumbido é comum, porém de difícil avaliação e
tratamento. Com o intuito de analisar a incidência e as características do zumbido,
aplicou um questionário em 2.442 indivíduos portadores de PAIR, com queixas de
zumbido. Constatou que 1.416 (58%) desta amostra apresentaram zumbido, sendo 49%
bilateral, 22% pior na orelha esquerda e 6% pior na orelha direita. Além disto, 19%
relataram o zumbido como um problema de maior incômodo e 39% como menor
problema. A maioria (90%) também apresentou dificuldades na discriminação dos sons
ambientais e dificuldades em escutar em ambiente ruidoso.
McShane, Hyde e Alberti (1988) realizaram um estudo para obter em
prevalência de zumbido na população com PAIR, em Toronto, no Canadá. Utilizaram
um questionário em 3466 trabalhadores expostos ao ruído com queixas de zumbido, a
saber:
25,2%- mineração;
12,3% - siderurgia;
12,2% - fabricação de produtos em geral;
6,3% - indústria automotiva;
6,3% - produção de papel e
3,9% - construção civil.
Os autores concluíram que a prevalência de zumbido foi de 49,8%, sendo que
29,2% dos pesquisados relataram que o zumbido era uma alteração que os incomodava
e, apenas 9,3% relataram que o zumbido existia, porém não os incomodavam.
17
Dias et al. (2006) também realizaram um estudo com o intuito de obter em
prevalência do zumbido. Avaliaram 284 trabalhadores expostos a níveis elevados de
pressão sonora e 48% dos trabalhadores referiram percepção do zumbido em alguma
intensidade. Concluíram que a prevalência do zumbido aumenta de acordo com a
evolução do dano auditivo.
Recrutamento de loudness (RL)
Um estímulo sonoro acima do limiar auditivo de um indivíduo provoca uma
velocidade de carga e de descarga do nervo auditivo, que aumenta de acordo com a
intensidade do estímulo, até chegar a um ponto de saturação. A velocidade de descarga
é sentida pelo indivíduo como sensação de aumento de intensidade ou loudness
(Henderson e Salvi 1998).
Para codificar sons de intensidade fraca a moderada são ativados neurônios com
velocidade de descarga espontânea alta que trabalham com limiares baixos. A
codificação dos sons de intensidade moderada a alta, é ativada pelos neurônios de
descarga espontânea baixa, que trabalham com limiares altos. Esse mecanismo é capaz
de prever uma base neural para a decodificação de sons localizados em um amplo
campo dinâmico de audição (Henderson e Salvi 1998).
Na PAIR tem-se uma redução do campo dinâmico que é associado RL, ou seja,
rápido crescimento da sensação de intensidade, podendo ocorrer mesmo com pequenos
incrementos. Vários mecanismos neurofisiológicos foram elaborados para explicar essa
anormalidade (Henderson e Salvi 1998):
1. O RL ocorre devido a um rápido aumento na velocidade de descarga com o
aumento da intensidade; porém, estudos mostram que mesmo que os limiares
dos neurônios estejam elevados em indivíduos com PAIR, a razão de
crescimento é igual a dos indivíduos normais. Portanto, o aumento da
18
intensidade não é capaz de explicar a mudança significativa na saturação da
descarga.
2. O RL é baseado no recrutamento de neurônios adicionais a um grupo inativo
para constituírem a população de neurônios responsivos, quando a intensidade
do estímulo sonoro aumenta. Desta forma, a porcentagem de unidades recrutadas
vai aumentando à medida que o estímulo sonoro aumenta, o que sugere o RL
(alto aumento de neurônios).
Essa teoria é passível de críticas, pois na PAIR, há um grande número de
neurônios danificados, portanto não podem ser excitáveis. Assim a porcentagem
de fibras ativadas possivelmente jamais alcançaria 100%. O potencial de ação do
nervo auditivo é geralmente maior na orelha lesada pelo ruído; portanto, a
porcentagem de neurônios ativos é menor, o som nunca iria ecoar tão forte como
em uma orelha normal, que possui um número maior de neurônios ativos.
Todavia, a sensação de um som para um indivíduo com PAIR iguala ou excede
ao mesmo som que ecoa em uma orelha normal. Tal fato autoriza imaginar que
talvez as vias auditivas centrais estejam envolvidas no mecanismo de RL.
3. Estudos com medidas de potencial evocado obtido com eletrodos
posicionados no colículo inferior elucidam ainda mais o fenômeno. Repostas
obtidas após um estímulo de 2 kHz produziram um queda significativa entre 2 e
8 kHz e a resposta obtida na região de maior perda auditiva era geralmente
menor que o normal. Usando estímulos de tons próximos às freqüências com a
perda auditiva, o potencial aumentou rapidamente com o aumento da intensidade
e foi geralmente maior que o normal. Esse aumento drástico da amplitude nas
respostas do potencial evocado pode ocorrer devido à alteração na curva de
tonalidade. É possível que a atividade neural aumentada nas regiões de
19
freqüência específica esteja relacionada ao rápido crescimento da loudness na
PAIR.
Alteração na integração temporal
A integração temporal é a fase mais elaborada da função auditiva. É por seu
intermédio que o indivíduo é capaz de detectar, reconhecer e localizar estímulos sonoros
de curta duração (Henderson e Salvi ,1998).
Quando o indivíduo tem esta alteração, passa a regredir nas fases da função
auditiva, apresentando dificuldades em escutar sons de curta duração. Estes dados
confirmam que os danos ao sistema auditivo periférico também afetam os processos
centrais de integração.
3.4.IMPACTO DA PAIR NA QUALIDADE DE VIDA
A dificuldade na inteligibilidade de fala apresentada pelo indivíduo com PAIR,
muitas vezes é interpretada pela sociedade como falta de interesse e desconcentração.
Os trabalhadores relutam em aceitar as dificuldades auditivas e atribuem os problemas
dela decorrentes aos outros, não procurando auxílio profissional para melhorar suas
condições comunicativas (Hétu e Getty, 1991a).
A dificuldade na sociabilização decorrente da PAIR e suas limitações funcionais
são chamadas de handicap. Ocorre quando o indivíduo é socialmente desacreditado
(Stephens e Hétu, 1991).
A dificuldade auditiva não afeta só a vítima, mas também a sua interação social.
Inclusive, pode gerar conseqüências familiares negativas como desentendimentos,
isolamento do grupo de convívio, redução da participação social e abandono das
atividades de lazer. No trabalho, os problemas de comunicação podem aumentar o risco
de acidentes e até abandono da atividade laborativa. Além disto, a dificuldade em viver
20
na sociedade acaba por gerar estresse, ansiedade, isolamento, perda de autonomia pela
dependência da esposa, baixa auto-estima e depressão (Hétu e Getty, 1991a).
Para realizarmos uma intervenção, é importante quantificar as conseqüências
psicossociais geradas pela PAIR na vida do indivíduo. Um dos meios de realizar essa
quantificação é o uso de questionários. É importante lembrar que eles funcionam como
uma triagem no programa de reabilitação.
Os questionários são aplicados há mais de 30 anos e são poucos os estudos na
área. Antigamente, não eram utilizados adequadamente, pois eram correlacionados com
os exames de audiometria tonal (Barrenãs e Holgers,2000). O interesse real em
considerar o handicap é proporcionar a reabilitação, visando melhor qualidade de vida
aos portadores de PAIR (Lalande, Lambert e Riverin,1988a).
Desde a década de 70, existe a preocupação com o handicap e Noble e Atherly
(1970) foram os primeiros a iniciar os trabalhos sobre avaliação do handicap.
Utilizaram o Hearing Measurement Scale em 46 indivíduos portadores de PAIR, do
sexo masculino, que consistia em 42 perguntas relacionadas à percepção de fala, sons
ambientais e handicap. As alternativas de respostas eram “sempre”, “quase sempre”,
“algumas vezes”, “quase nunca” e “nunca” era aplicado por meio de entrevista face a
face. Nesse estudo, o intuito era o de quantificar o handicap e correlacionar os achados
aos limiares tonais.
Diamant (1976) realizou um estudo longitudinal em 1.000 trabalhadores
expostos a ruído ocupacional, em uma pequena cidade do norte da Suíça. Destes, 46,3%
apresentaram limiares auditivos dentro da normalidade, 22,8% perda auditiva leve,
12,3% moderada, 14,0% severa e 4% profunda. Foi aplicado um questionário para
analisar a existência de ajustes sociais e discriminação auditiva (com ou sem leitura
labial). Como a cidade era pequena e a maioria dos cidadãos se conhecia, foi verificado
21
que os indivíduos portadores de perda auditiva severa e profunda eram capazes de
realizar ajustes sociais com o intuito de melhorar a comunicação, porém não se
interessavam pelo uso de AASI. Além disso, relataram que o apoio visual facilitou a
comunicação, sendo comum a realização da leitura labial.
Hétu , Getty e Lalande (1987) realizaram um estudo com trabalhadores e suas
esposas com o intuito de buscar melhor qualidade na percepção do handicap.
Verificaram que é comum a dificuldade de compreensão de fala em grandes salas, em
locais ruidosos, ônibus e é freqüente a elevada intensidade do volume da televisão e do
rádio. Como a PAIR gera incapacidade auditiva, as atividades que são comuns a todas
as pessoas passam a constituir dificuldades nos portadores de PAIR, o que acaba
gerando um desconforto, não somente para o indivíduo, mas também para o parente
próximo. Ademais, o portador de PAIR ainda apresentou: esforço e fadiga ao se
concentrar durante uma conversação; estresse e ansiedade gerados pelo zumbido e por
trabalho constante me ambiente ruidoso; dificuldades nas relações familiares pelo forte
volume da televisão, pelas confusões na comunicação e impaciência por parte do
ouvinte; isolamento de grupos sociais e auto-imagem negativa.
Em 1988a, nos estudos de Lalande, Lambert e Riverin, foi aplicado o Hearing
handicap inventory for the elderly em 65 portadores de PAIR do sexo masculino, que
avaliava a qualidade de vida no ambiente familiar e de trabalho, atividade de lazer e uso
de telefone, percepção de fala, localização sonora e handicap.Concluíram que quanto
mais consciência o indivíduo tem do problema auditivo, mais fácil é o reconhecimento
do handicap. Quanto maior a presença da fadiga auditiva, maior é o handicap, com
relação à qualidade de vida em casa e no trabalho.
Segundo Lalande, Lambert e Riverin (1988b), é importante conhecer as
desvantagens psicossociais vividas pelos portadores de PAIR e pelos seus familiares. A
22
identificação e o entendimento das necessidades facilitam a ajuda psicossocial e a
reabilitação. Para analisar as desvantagens psicossociais em 65 trabalhadores de uma
metalúrgica e nos seus familiares mais próximos, foi aplicado um questionário de
handicap: Hearing handicap inventory for the elderly e uma entrevista semi-dirigida
que abordava informações em geral, limitação funcional, desvantagem psicossocial,
estratégias de desenvolvimento da comunicação e ajuda profissional. Os resultados
mostraram que a PAIR afeta a relação do trabalhador com a esposa e demonstraram,
ainda, que o volume do rádio e da televisão em forte intensidade incomoda toda família.
Além disto, ele evita o uso do telefone, devido à perda auditiva. Todos estes fatores
levam os portadores de PAIR ao isolamento e à baixa auto-estima. Os autores
concluíram que o estudo permitiu um melhor entendimento da dimensão das
desvantagens resultantes da PAIR para, conseqüentemente, desenvolver ajuda
profissional adaptada às necessidades destes sujeitos.
Dando seguimento ao estudo anterior de Lalande, Lambert e Riverin (1998b), foi
desenvolvido um programa de reabilitação com objetivo de fornecer esclarecimentos
sobre a PAIR, o handicap e o desenvolvimento de estratégias de comunicação, tanto
para o portador da PAIR, quanto para seus familiares. Inicialmente o questionário para
avaliação do handicap foi aplicado a 65 trabalhadores e todos foram convidados a
participar, contudo, 25 tiveram interesse e apenas cinco compareceram às reuniões com
seus familiares. Os participantes ficaram interessados, mas não compareceram alegando,
entre outros, dificuldade de deslocamento, tempo gasto para participar das reuniões
(23%), horário de agendamento das reuniões (14%), além de problemas sócio-culturais
e outros problemas de saúde (18%). Dentre os problemas econômicos listados, 3%
relataram o custo com babá para cuidar das crianças, uma vez que era necessária a
presença do casal. Os autores Verificaram a importância de ser realizado um programa
23
de reabilitação condizente com a vida dos trabalhadores (Lalande, Lambert e Riverin,
1998b)
Hétu, Riverin e Getty (1990) destacaram que a principal barreira de intervenção
aos portadores de PAIR é a relutância do trabalhador em admitir suas dificuldades de
audição, principalmente no grupo de colegas. A relutância foi observada por meio de
várias formas de negação, dificuldade de falar sobre o problema, além de tentativas de
normalizar-se. A PAIR gera um efeito negativo e admiti-la implica colocar-se como um
indivíduo de categoria social inferior ou desvalorizada.
Segundo Hétu e Getty (1991a) existem alguns precursores do problema, geradas
pela PAIR. São eles:
I. Distúrbio auditivo: é o primeiro precursor, mas não é percebido de imediato
pelos trabalhadores, por ser insidiosa. Uma das alterações relatada por eles é o
zumbido.
II. Desconhecimento da natureza do problema: é o segundo e principal
precursor. Os trabalhadores ficam impacientes, gerando tensão e conflitos
familiares devido à dificuldade em se comunicar. O entendimento da natureza do
problema auxilia o portador de PAIR e seus familiares a buscarem meios de se
comunicarem.
III. Relutância em aceitar a perda auditiva: os portadores de PAIR relutam em
aceitar as dificuldades e as conseqüências geradas pela perda. Não se
consideram surdos e não buscam solução para resolver os problemas auditivos.
IV. Escassez no uso de AASI: o uso de AASI é rejeitado pela maioria dos
portadores de PAIR, pois eles têm medo de serem rejeitados pela sociedade, de
serem estigmatizados e buscam proteger sua imagem social. Além disto, a
24
compra de um AASI envolve um alto custo e este é mais um fator para o desuso
entre os portadores de PAIR.
V. Habilidade para resolver problemas auditivos: poucos indivíduos buscam
meios para resolverem suas dificuldades em se comunicar. Muitos se mostram
paralisados, não procuram soluções e sustentam passivamente as conseqüências
do handicap. A busca de soluções, muitas vezes requer mudança de
comportamento e de estilo de vida; porém, é comum o portador de PAIR resistir
a estas mudanças.
VI. Relutância em pedir a colaboração dos outros: Algumas gentilezas por parte
dos outros podem facilitar a comunicação como, por exemplo, pedir para que as
pessoas falem mais devagar, diminuir o volume do rádio, conversar olhando na
face, o que colabora com a leitura labial. Contudo, os portadores de PAIR não
são capazes de conversar abertamente com as pessoas para solicitar em ajustes
na comunicação.
VII. Meio ambiente e espaço físico desfavoráveis: vários ambientes são
desfavoráveis a uma boa inteligibilidade de fala, como igrejas, “shopping
centers”, cinemas etc. Este fato decorre por problemas na relação sinal-ruído e
excesso de reverberação em tais ambientes.
VIII. Comportamento e atitudes inadequados das pessoas: quando o portador de
PAIR pede para que o outro repita o que foi dito, muitas vezes, a pessoa o faz na
mesma intensidade, utilizando a mesma palavra, isto faz com que ele continue a
não entender o que foi dito. As pessoas ignoram indivíduos com PAIR, às vezes,
por falta de informação, tratando-os com hostilidade.
25
De acordo com os aspectos abordados, torna-se importante propor meios de
intervenção para aliviar os efeitos da PAIR. Hétu e Getty (1991a) propõem o seguinte
programa:
Suporte piscossocial: tanto o portador de PAIR quanto seus familiares precisam
de um suporte para saber lidar com os efeitos da perda auditiva;
Informação: é importante o conhecimento das manifestações, conseqüências da
PAIR bem como os ajustes a serem feitos para melhorar a comunicação;
Desenvolvimento de estratégias: O portador de PAIR deve desenvolver táticas
para melhorar sua comunicação e fazer uso de dispositivos eletrônicos.
Hétu e Getty (1991b), dando continuidade ao trabalho anterior e, com o intuito
de aliviar os efeitos da PAIR, desenvolveram um grupo de intervenção, por meio de
encontros mensais com 31 portadores de PAIR e suas esposas. O objetivo era oferecer
suporte psicossocial, permitir o entendimento da natureza e das conseqüências da PAIR,
além de desenvolver tarefas para lidar com os efeitos da perda auditiva. Foi aplicado
um questionário de handicap um mês antes dos encontros e três meses após tais
eventos. Os resultados revelaram maior tolerância para com o volume da televisão e do
rádio, redução da percepção negativa que os portadores de PAIR têm de si próprios. As
esposas passaram a evitar conversar em ambientes ruidosos e ficaram menos nervosas,
quando os maridos não respondiam ao chamado. Concluíram, por fim, que a
participação das esposas influenciou a participação dos portadores de PAIR e que o
suporte psicossocial foi alcançado.
Estudos como o de Ylikoski e Ylikoski (1994), na Finlândia, realizados com
699 oficiais das Forças Armadas, portadores de PAIR, relataram que 3,4% necessitavam
de AASI , pois apresentavam perda auditiva severa e profunda. Já 24,9% dos indivíduos
com perda moderada relataram possuir dificuldades em realizar atividades, em
26
geral,devido à perda auditiva, pois não conseguiam realizar uma comunicação efetiva.
Os portadores de perda auditiva moderada e severa (20,5%) evitam atividades em geral,
pois têm medo de demonstrar que possuem PAIR. Esta pesquisa mostrou que a
dificuldade de comunicação é um importante indicador de handicap.
Stephens, France e Lormore (1995) aplicaram uma versão modificada do
Problems Questionnair, em 26 homens portadores de PAIR e suas esposas, tendo o
casal relatado dificuldades na comunicação, sendo que os problemas foram mais
listados pelas esposas do que pelos portadores de PAIR. Os problemas mais relatados
pelos familiares foram: repetição do que foi dito, forte intensidade do rádio e da
televisão, dependência dos maridos, seguida por frustração por parte das esposas. Os
problemas psicossociais representaram 24% dos listados pelas esposas pelos maridos,
porém, enquanto 13 % das esposas sentiam constrangimento, apenas 4% dos portadores
de PAIR também o relataram. Este estudo foi capaz de elucidar as conseqüências da
PAIR na vida do próprio indivíduo e dos seus familiares.
Magni (1997) realizou entrevistas abertas com três trabalhadores portadores de
PAIR e suas esposas, com o intuito de analisar as incapacidades auditivas no ambiente
de trabalho e em outros ambientes, como: festas, igrejas, vias públicas e o uso de
estratégias para facilitar a comunicação no local de trabalho e em vários tipos de
ambientes que costumam freqüentar. O handicap mais vivenciado pelos trabalhadores
foi o estresse e o nervosismo presente na conversação, principalmente com pessoas
estranhas. Duas esposas ainda reataram utilizar estratégias para melhorar a comunicação
com o marido. A autora verificou que o handicap decorrente da PAIR é inteiramente
compartilhado com os familiares e amigos, mas principalmente com a esposa e filhos. O
portador deste distúrbio auditivo sofre sérias restrições em sua vida social e
comunicativa.
27
Silva (1997) aplicou e adaptou ao português um questionário de auto-avaliação
denominado escala de incapacidade auditiva e handicap. Participaram da pesquisa 160
trabalhadores de São Paulo. Quanto aos sons verbais, as dificuldades apontadas foram:
compreensão de fala em locais ruidosos, televisão e queixa de ouvir e não entender o
interlocutor. As questões referentes ao handicap apontaram dificuldades quanto à
necessidade, muitas vezes, de repetir a mensagem, além da vergonha em dar uma
resposta errada.
Ferreira Júnior (1998), ainda, relatou que o handicap compromete a qualidade de
vida dos trabalhadores causando, muitas vezes, conflitos familiares. Estes conflitos
geram uma reação negativa nos familiares e no portador de PAIR, propiciando a reação
negativa das pessoas em relação à sua dificuldade auditiva, auto-imagem negativa e
estigmatização de “surdos”, “velhos” ou incapazes.
Em 1998 Halberg utilizou o questionário The hearing desability and handicap
scale (HDHS) aplicando-o a em 101 homens com PAIR. O instrumento consistiu em 20
itens abordando o handicap auditivo. A correlação do questionário com a audiometria
de tonal foi de 0,4 e o total de variação foi de 65%.
Um estudo mais recente utilizando o mesmo questionário (HDHS) foi aplicado
em 168 portadores de PAIR, todos do sexo masculino, com idades entre 17 e 77 anos.
Não foi avaliada a relação entre o handicap e a audiometria tonal, uma vez que estudos
anteriores já evidenciaram que não há correlação. O total de variação das respostas foi
de 61% (Barrenãs e Holgers,2000).
Barrenãs e Holgers (2001) observaram em um estudo retrospectivo que a
maioria dos questionários aplicados não apresentou concordância com a audiometria,
ocorrendo apenas no HHDS. A falta de concordância da audiometria pode se dar pelo
28
fato de os questionários subestimarem o handicap, sendo que os indivíduos com PAIR
relutam em mostrar suas dificuldades.
É comum que as escalas de avaliação possuam uma seção de limitação e
handicap. A seção da limitação é dividida em duas variáveis: percepção da fala (escutar
televisão, conversas de grupo de amigos e outros) e de sons ambientais (toque de
campainha e de telefone e outros). A seção de handicap avalia as conseqüências
emocionais que a limitação acarreta ao portador de PAIR e contém aspectos voltados a
vida pessoal e social (Barrenãs e Holgers,2001).
No Brasil, existem estudos com Hearing Handicap Inventory for Eldery (HHIE),
modificado para Hearing Handicap Inventory for Adults (HHIA) que se difere em três
questões relacionadas ao efeito ocupacional da perda de auditiva e atividades de lazer. O
questionário permite avaliar as limitações psicossociais vivencias pelo indivíduo, pré e
pós-adaptação do AASI (Almeida,1998).
Como o questionário HHIA foi adaptado com perguntas referentes à situação
ocupacional e lazer, vem sendo utilizado na área ocupacional com o intuito de avaliar a
autopercepção do handicap, para propor estratégias que melhorem o desempenho para
ouvir e se comunicar, com a adaptação de ASSI ou com a introdução de outros métodos
terapêuticos.
Menslin (2001) realizou um estudo em 192 trabalhadores da construção civil,
sendo que 80,2% apresentaram limiares auditivos dentro da normalidade e 14,6% perda
auditiva induzida por ruído. Os trabalhadores que apresentaram PAIR foram convidados
a responder ao questionário de auto-avaliação denominado escala de incapacidade
auditiva e handicap traduzido e adaptado por Silva (1997). A maioria dos trabalhadores
(57,2%) apresentou alguma dificuldade nas perguntas relacionadas ao reconhecimento
de fala. Nas questões relacionadas aos mecanismos de defesa e alerta, apenas 10,8%
29
relataram dificuldades. Com relação ao handicap, 35,7% dos trabalhadores
apresentaram pelo menos uma vez algum sentimento negativo.
Miyakita, Ueda e Ueda (2002) acreditam que a incapacidade auditiva interfere
na habilidade individual de interagir com pessoas da família, vizinhos e amigos. O
conhecimento da natureza e da magnitude dos problemas vivenciados pelos sujeitos
com distúrbios comunicativos, provenientes da PAIR, pode favorecer uma intervenção e
reabilitação que incluam suporte social e tecnológico nos locais de trabalho e na
comunidade geral. Foram aplicados os questionários Hearing disabilities and handicap
scale (HDHS) e qualidade de vida (QQL) em 210 indivíduos aposentados com idades
entre 56 e 65 anos, que trabalharam em ambiente ruidoso.
De acordo com a incapacidade auditiva, os autores verificaram que:
74,3% relataram dificuldades em escutar e compreender sons verbais;
91,4% não conseguem escutar o som da televisão;
49% não escutam sons não verbais como a batida de porta e,
70% não escutam o barulho da água fervendo e pessoas subindo escadas.
Com relação ao handicap constataram:
64,8% ficam nervosos não conseguindo acompanhar a fala;
73,8% têm receios em pedir para repetir a pergunta e ficam nervosos quando
fornecem respostas erradas;
35,2% tendem ao isolamento e,
53,8% relataram que a dificuldade na comunicação influencia no
relacionamento.
O “score” do handicap foi mais alto para o grupo com perdas auditivas maiores
de 60 dBNA e o grupo com menor “score” apresentou maior satisfação com a qualidade
de vida.
30
Souza (2002) realizou um estudo com motoristas de ônibus urbano, sendo que
elaborou e aplicou uma proposta de trabalho educativo-terapêutico de reabilitação
auditiva nos sujeitos que apresentavam dificuldades de comunicações provocadas pela
PAIR. A avaliação auditiva foi realizada em 106 trabalhadores, sendo que 40,6%
apresentaram limiares auditivos dentro da normalidade e 59,4% PAIR. Destes 106,
foram selecionados 80 trabalhadores para aplicação do questionário de percepção de
handicap (HHIA). Verificou-se que 36,3 % apresentaram ausência de handicap, 43,8 %
apresentaram handicap grau leve, 12,5% moderado e 7,5% severo ou significativo. 37
trabalhadores (46,2%) apresentaram PAIR e percepção de handicap em algum grau e
foram para integrar os grupos de reabilitação. Foram formados três grupos, sendo que
tiveram a duração de três encontros com uma hora cada. Dos 37 sujeitos convidados
participaram apenas 33 e o grupo tinha como objetivo a discussão da natureza do
problema auditivo, informações sobre amplificação sonora, aceitação da dificuldade,
motivação para reabilitação e aplicação das técnicas comunicativas. A proposta
metodológica de reabilitação auditiva aplicada no estudo permitiu um espaço de
reflexão sobre o processo saúde-trabalho-doença.
Lopes (2006) realizou um estudo com motoristas de caminhão, sendo esta
população muito importante de ser estudada, uma vez que todos dependem da eficiência
do transporte rodoviário. O objetivo visava estudar a audição e a auto-percepção de
handicap auditivo de 75 motoristas, sendo que 66,7% apresentaram audiogramas dentro
dos padrões de normalidade, 26,7 % apresentaram audiogramas sugestivos de PAIR e
6,6% não sugestivo de PAIR. O maior comprometimento foi encontrado na faixa de
freqüências de 4 a 8 kHZ. Dos 50 sujeitos com audição normal, 80,6% não
apresentaram auto percepção de handicap auditivo, 12% apresentaram percepção
leve/moderada e 2% severa/significativa. Dos 20 motoristas que apresentaram
31
audiograma sugestivo de PAIR, 80% não apresentou auto percepção de handicap
auditivo, 15% apresentaram percepção leve/moderada e 5% severa/significativa.
Concluiu-se que nem todos os sujeitos com audiogramas sugestivos de PAIR
demonstraram auto-percepção de handicap auditivo, porém aqueles com audição dentro
dos padrões de normalidade podem apresentar algum grau de handicap auditivo.
32
4. METÓDO
33
4.1 TIPO DE ESTUDO
Esta pesquisa foi um estudo epidemiológico do tipo transversal de inquérito em
trabalhadores com perdas auditivas relacionadas ao trabalho
4.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 1) foi apresentado ao
participante, e solicitada à assinatura dos trabalhadores que concordassem em participar
do estudo. Uma cópia foi entregue ao trabalhador, no ato, e outra foi arquivada e
guardada pela fonoaudióloga responsável pela pesquisa.
A pesquisa foi encaminhada e aprovada pelo Comitê de Ética do PEPG em
Fonoaudiologia da PUC-SP, sob o número 052/2006.
4.3 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
O Ministério do Trabalho e Emprego propõe Normas Regulamentadoras da
Saúde, Higiene e Segurança do Trabalho que devem ser cumpridas por todas as
empresas. Ao todo são 29 Normas Regulamentadoras vinculadas a Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT).
A Norma Regulamentadora (NR) é uma nomenclatura utilizada pela Portaria n.
3.214/78, emitida pelo Ministério do Trabalho, para regulamentar a Lei n. 6.514, de 22
de dezembro de 1977.
A saúde, higiene e segurança, são elementos assegurados por direito, não é de
cunho alternativo ou uma benevolência feita pelo empregador, mas é sua
responsabilidade procurar reduzir os riscos nocivos nesses elementos. É dever do
empregador:
34
cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a
tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;
facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
As Normas Regulamentadoras estão interligadas entre si, como é o caso da NR7,
NR9, NR4.
A NR 7, Norma Regulamentadora nº 7, contida na Portaria n. 3.214/78, recebe o
nome de Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) após sua
modificação em 1994. Esta Norma Regulamentadora estabelece que todos os
empregadores, e instituições que admitam trabalhadores como empregados
(independentemente da quantidade de empregados), têm a obrigatoriedade de elaborar e
implementar um programa de saúde ocupacional (PCMSO) com o objetivo de promover
e preservar a saúde de seus trabalhadores (Brasil- Ministério do Trabalho- NR 7,2003).
A NR 9, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é um programa
que tem por objetivo, definir uma metodologia de ação que garanta a preservação da
saúde e integridade dos trabalhadores face aos riscos existentes nos ambientes de
trabalho. A legislação de segurança do trabalho brasileira considera como riscos
ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos. Para que sejam considerados
fatores de riscos ambientais estes agentes precisam estar presentes no ambiente de
trabalho em determinadas concentrações ou intensidade, e o tempo máximo de
exposição do trabalhador a eles é determinado por limites pré-estabelecidos. (Brasil-
Ministério do Trabalho- NR 9,2003).
A Norma Regulamentadora 4 (NR 4) do Ministério do Trabalho e Emprego
relata que todas as empresas deverão, obrigatoriamente, manter serviços especializados
35
em engenharia de segurança e em medicina do trabalho, com a finalidade de promover a
saúde e proteger a integridade do trabalhador no ambiente de trabalho. O
dimensionamento deste serviço vincula-se à gradação do risco da atividade principal e
ao número total de trabalhadores do estabelecimento e consta na norma
regulamentadora 4 (NR 4) do Ministério do Trabalho e Emprego (Araujo, 2002; Brasil-
Ministério do Trabalho- NR 4,2003)
Os graus de risco podem variar de 1 a 4, e é caracterizado de acordo com o
número de trabalhadores e com o código da Classificação Nacional de Atividades
Econômicas.Vale salientar que os riscos são caracterizados como: físico, químico,
biológico, ergonômico e de acidentes (Araujo,2002; Brasil- Ministério do Trabalho-
Norma regulamentadora 4,2003)
O grau de risco dita o dimensionamento do serviço de segurança de medicina do
trabalho (SESMT) para manter a integridade dos trabalhadores, como pode ser
observado no quadro abaixo (http://www.toxikon.com.br/NR4.HTML):
Quadro 1- Dimensionamento do SESMT
36
Nº de trabalhadores
no estabelecimento
Grau
de
Risco
50
a
100
101
a
250
251
a
500
501
a
1.000
1.001
a
2.000
2.001
a
3.500
3.501
a
5.000
Acima de
5.000 para cada
grupo de 4.000
ou fração acima
de 2.000**
Técnico Seg.
Trabalho
...1112 1
Engenheiro Seg.
Trabalho
... . . 1* 1 1*
Aux. Enfermagem
Trabalho
... . . 1 1 1
Enfermeiro do
Trabalho
... . . . 1* .
1
Médico do Trabalho . . . . 1* 1* 1 1*
Técnico Seg.
Trabalho
...1125 1
Engenheiro Seg.
Trabalho
... . 1* 1 1 1*
Aux. Enfermagem
Trabalho
... . 1 1 1 1
Enfermeiro do
Trabalho
... . . . 1 .
2
Médico do Trabalho . . . . 1* 1 1 1
Técnico Seg.
Trabalho
.12 3 4 6 8 3
Engenheiro Seg.
Trabalho
...1* 1 1 2 1
Aux. Enfermagem
Trabalho
... . 1 2 1 1
Enfermeiro do
Trabalho
... . . . 1 .
3
Médico do Trabalho . . . 1* 1 1 2 1
Técnico Seg.
Trabalho
123 4 5 8 10 3
Engenheiro Seg.
Trabalho
.1*1* 1 1 2 3 1
Aux. Enfermagem
Trabalho
...1121 1
Enfermeiro do
Trabalho
... . . . 1 .
4
Médico do Trabalho . 1* 1* 1 1 2 3 1
(*) - Tempo parcial (mínimo de três horas)
(**) - O dimensionamento total deverá ser feito
levando-se em consideração o dimensionamento
da faixa de 3.501 a 5.000 mais o
dimensionamento do(s) grupo(s) de 4.000 ou
fração de 2.000.
OBS.: Hospitais, Ambulatórios, Maternidades, Casas de
Saúde e Repouso, Clínicas e estabelecimentos similares
com mais de 500 (quinhentos) trabalhadores deverão
contratar um Enfermeiro do Trabalho em tempo integral.
4.3.1 Empresa do segmento alimentício
Uma das empresas em que se desenvolveu a pesquisa pertence ao segmento
alimentício e tem como principais atividades a torrefação e a moagem de café. Possui
527 trabalhadores no seu quadro funcional, distribuídos da seguinte forma: 108 (20,5%)
na administração, 350 (66,4%) na produção, 27 (5%) na manutenção e 42 (8%) no
37
apoio. A jornada de trabalho dos trabalhadores é de oito horas diárias distribuídas em
três turnos.
A empresa produz café a vácuo e em saquinhos (sachê), além de suco artificial e
achocolatado em pó.Também são embalados produtos como chá, pipoca, colorau e
cominho. A empresa possui um médico do trabalho que é coordenador do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) de acordo com a norma
regulamentadora 7 (NR 7). De acordo com a norma regulamentadora 4 (NR 4) o grau de
risco da empresa é três e fazem parte do serviço de segurança de saúde médico
ocupacional: três técnicos de segurança, um engenheiro de segurança, um médico do
trabalho, um técnico em enfermagem do trabalho e uma fonoaudióloga.
Os valores das doses de ruído diárias apresentados no PPRA do ano de 2005
foram realizados por um engenheiro de segurança do trabalho contratado pela empresa,
e o equipamento utilizado foi o dosimetro digital RS-232 Modelo DOS-450
Quadro 2 - Avaliação do nível de exposição diária ao ruído nos trabalhadores da
empresa do segmento alimentício constatada PPRA do ano de 2006.
38
Setor Função Valor da dose de
ruído em dB(A)
Moinho Operador de máquina 94,5
Peneiras do silo de
café
Operador de máquina 94,0
Produção Conferente 90,0
Supervisor 92,0
Expedição Estivador 94,0
Expedição Operador de empilhadeira 94,0
Expedição Motorista 88,0
Manutenção mecânica Mecânico 98,0
Refeitório Cozinheiro 92,0
Sukinho Operador de máquina de
selar
95,9
4.3.2 Empresa do ramo de produção de sucos concentrado
A outra empresa do grupo é do ramo da produção de suco de frutas concentrado.
Possui 192 trabalhadores em seu quadro funcional sendo que 154 (80%) trabalham na
produção e a jornada de trabalho é de oito horas diárias distribuídas em três turnos.
O grau de risco é três e fazem parte de serviço de segurança de saúde médico
ocupacional: técnico de segurança do trabalho, médico do trabalho, técnico de
enfermagem e fonoaudióloga.
A medição de ruído foi realizada através da dose de ruído proposta pelo
Fundacentro NHT-09 A/E. O equipamento utilizado foi o dosimetro digital RS-232
Modelo DOS-450 e a avaliação foi feita por um engenheiro de segurança do trabalho
como constatada no PPRA .
39
Quadro 3- Avaliação do nível de exposição diária ao ruído nos trabalhadores do
ramo de produção de sucos concentrado constatado no PPRA do ano de 2006. .
Setor Função Valor da dose de
ruído em dB(A)
Manutenção Mecânico 92,7
Manutenção Torneiro mecânico 92,7
Manutenção Soldador 92,7
Manutenção Eletricista 88,0
Manutenção Soldador caldeireiro 92,7
Manutenção Instrumentista 88,0
Laboratório Auxiliar de laboratório 88,5
Caldeiras Op de máquina 95,1
Centrífuga Operador de máquina 90,9
Evaporação Operador de máquina 90,8
4.3.3 Empresa do ramo de produção de cimentos
A terceira empresa que participou da coleta de dados atua na fabricação de
cimento e possui 300 trabalhadores na área de produção. O grau de risco é quatro e a
equipe do SESMT é composta por um médico do trabalho, um engenheiro de segurança,
uma auxiliar de enfermagem, uma fonoaudióloga e três técnicos de segurança do
trabalho. Para realização da dosimetria foi utilizado o equipamento digital RS-232
Modelo DOS-450.
A jornada de trabalho é de oito horas diárias distribuídas em três turnos.
40
Quadro 4- Avaliação do nível de exposição diária ao ruído nos trabalhadores do
ramo de produção de cimentos constatado no PPRA do ano de 2006.
Setor Função Valor da dose
de ruído em
dB(A)
Clínquer Operador Fábrica Pleno 90,2
Clínquer Técnico mantenedor Pleno 89,4
Cimento Técnico Mantenedor Júnior 87,2
Cimento Operador de Empilhadeira 87,4
Cimento Auxiliar de Serviços Gerais 80,3
Cimento Técnico mantenedor senior 90,1
Manutenção
Elétrica
Técnico Manutenção Elétrica 93,0
Manutenção
Elétrica
Técnico Manutenção Elétrica Sênior 92,8
Manutenção
Mecânica
Técnico de Manutenção Mecânica 86,5
Manutenção
Mecânica
Mecânico Júnior 89,8
Manutenção
Mecânica
Técnico Manutenção Sênior/ Pleno/ Júnior e
Mecânico Sênior/ Pleno e Júnior
88,5
Manutenção
Mecânica
Mecânico Sênior, Pleno e Júnior. 89,7
Mineração Operador de Trator 88,3
Mineração Motorista e Operador 88,9
Mineração Operador de Patrol 83,2
Mineração Mecânico Pleno 99,4
Mineração Mecânico de Auto II 87,3
Mineração Encarregado de Manutenção 89,6
41
4.4. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS
Fizeram parte da amostra 14 indivíduos do segmento alimentício, 16 do ramo de
suco concentrado e 42 da fabricação de cimento, perfazendo um total de 72 sujeitos.
Os trabalhadores ficam expostos a um nível de ruído que varia de 85,5 dB (A) a
100,0 dB (A). Além do ruído, a fábrica de cimento é a única que apresenta a vibração
como outro risco ocupacional.
Os sujeitos, na sua maioria, são do sexo masculino principalmente na fábrica de
cimento, por ser um trabalho que necessita maior esforço físico. Já nas outras empresas
foi observada grande atuação das mulheres na área da embalagem.
4.5. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS SUJEITOS
Fizeram parte do estudo, sujeitos com histórico de exposição a ruído
ocupacional por período igual ou superior a três anos.
Foi utilizado como critério de seleção audiogramas sugestivos de perda auditiva
induzida por ruído (PAIR), podendo ser este tipo de perda bilateral ou unilateral.
Segundo Fiorini (1994), os sujeitos que apresentam PAIR possuem conFiguração
audiométrica caracterizada por uma perda auditiva (limiares maiores que 25 dBNA) nas
altas freqüências (3kHz e/ou 4kHz e/ou 6kHz). Além disto, utilizaram-se os critérios
propostos por ACOEM (2003) que relata que estes audiogramas apresentam média
melhor nas freqüências de 500, 1000 e 2000Hz do que nas de 3,4 e 6kHz. Porém, a
freqüência de 8 kHz pode apresentar um rebaixamento, sendo que este deve ser melhor
que o pior limiar entre as freqüências de 3,4 e 6kHz.
42
Os trabalhadores que apresentaram conFiguração audiométrica sugestiva de
PAIR unilateral ou bilateral foram convidados a responder ao questionário para
avaliação do handicap auditivo.
Foram excluídos da amostra os sujeitos que apresentaram:
Idade superior a 65 anos, pois as perdas auditivas poderiam estar relacionadas
apenas ao processo de envelhecimento. Tais perdas são caracterizadas por um
maior comprometimento nas freqüências altas, mais especificamente na
freqüência de 8 kHz, sendo um processo sem relação específica com a exposição
ao ruído.
Alteração de orelha média apresentando perda auditiva condutiva ou mista.
4.6 PROCEDIMENTOS
Uma anamnese (anexo 2) elaborada pela pesquisadora foi aplicada antes do
questionário, com a finalidade de obter dados sobre a atividade laborativa, tempo de
exposição ao ruído, uso de proteção auricular no ambiente de trabalho, presença de
zumbido e informações gerais sobre a saúde do pesquisado.
Logo após, foi aplicado o questionário Hearing Handicap Inventory for Adult
(HHIA) (anexo 3), que se destina à avaliação da auto- percepção do handicap auditivo
em adultos, proposto por Newman et al (1990) e adaptado por Almeida (1998). O HHIA
é composto por 25 perguntas divididas em duas escalas (12 perguntas são da escala
social/situacional e 13 da escala emocional).
Para a aplicação da anamnese e do questionário foi escolhida uma sala silenciosa
em todas as empresas. Primeiramente, a fonoaudióloga conduziu verbalmente e
43
preencheu a anamnese com cada trabalhador participante da pesquisa. Logo após, a
pesquisadora fez a leitura de todo o questionário com o trabalhador para garantir a
compreensão, e os instruiu que a resposta às proposições deveria ser: sim, às vezes e
não. Após a leitura em conjunto, os trabalhadores foram solicitados a realizar sozinhos a
leitura silenciosa e o preenchimento do questionário, sob a supervisão da fonoaudióloga.
A aplicação do HHIA durou cerca de 20 minutos. Na hipótese de dúvidas quanto ao
preenchimento do questionário, a pesquisadora forneceu as informações necessárias.
Todo o procedimento foi realizado em um único dia, para que fosse garantida a
atenção necessária de cada sujeito. Além disto, antes de iniciar a coleta de dados desta
pesquisa, foi aplicado um estudo piloto em 10 pessoas, com o intuito de avaliar o
entendimento e facilidade de preenchimento do instrumento.
4.7. ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS
4.7.1. Análise das audiometrias
O grupo sugestivo de PAIR, como proposto por Fiorini (1994), foi subdivido
em:
-PAIR bilateral: traçado audiométrico sugestivo de PAIR em ambas as orelhas;
-PAIR unilateral: uma orelha com traçado audiométrico sugestivo de PAIR, com
a outra apresentando todos os limiares dentro dos padrões de normalidade (iguais ou
inferiores a 25 dBNA) ou com traçado audiométrico sugestivo de perda auditiva
descendente (maior rebaixamento em 8kHz).
44
Para analisar o comportamento audiométrico em relação às freqüências foram
criadas categorias a fim de analisá-las isoladamente ou conjuntamente. As categorias
foram baseadas em Parrado-Moran e Fiorini (2003), a saber:
Perda auditiva somente em uma freqüência, como 6kHz ou 4kHz ou
3kHz ou 2kHz;
Perda auditiva em duas freqüências, como 4 kHz e 6 kHz, ou 3 kHz e
4 kHz, ou 6 kHz e 8 kHz, ou 3 kHz e 8 kHz;
Perda auditiva em três freqüências, como 3kHz, 4kHz e 6kHz, ou
4kHz, 6kHz e 8kHz, ou 3kHz, 4 kHz e 8 kHz;
Perda auditiva em quatro freqüências, como 3kHz, 4kHz, 6kHz e
8kHz;
Perda auditiva em cinco freqüências, como 2kHz, 3kHz, 4kHz, 6kHz
e 8kHz.
Além de a avaliação audiométrica ser classificada de acordo com a freqüência
também foi analisado em relação ao grau de perda auditiva, a saber:
Grupo I: de 0 a 25 dBNA
Grupo II: de 30 a 40 dBNA
Grupo III: de 45 a 55 dBNA
Grupo IV: de 60 a 70 dBNA
Grupo V: de 75 a 80 dBNA.
4.7.2. Análise do questionário HHIA
A pontuação do questionário é obtida por três opções de repostas:
45
“Sim”- 4 pontos
“Não”- 0 ponto
“Às vezes”- 2 pontos
No estudo de Lopes (2006) também foi observado um equívoco na tradução das
respostas do questionário do inglês para o português. O termo “às vezes” que é uma
reposta indicativa de freqüência foi descrito concomitantemente a duas variáveis que
representam ausência e presença de um fenômeno. Portanto, para verificar a freqüência,
foram adaptados para o atual estudo as seguintes possibilidades de respostas: “sempre”
para o termo “sim” e “nunca” para o termo “não” e “às vezes”.
O valor da pontuação total pode variar em índices percentuais de 0 (sugere que
não há percepção de handicap) até 100 (sugere percepção de handicap significativa),
portanto, quanto maior for o índice, maior é a percepção que o sujeito tem de seu
handicap. Esta classificação pode ser observada no quadro 5.
Quadro 5- Classificação dos grupos quanto ao índice de auto-percepção do
handicap auditivo.
Grupo Índice de auto-percepção
do handicap auditivo (%)
Sem auto- percepção do handicap auditivo De 0 a 16%
Auto- percepção leve/moderada do handicap auditivo De 18 a 42%
Auto- percepção severo-significativa do handicap auditivo Acima de 42%
4.8. ANÁLISE DOS RESULTADOS
46
Foi elaborado um banco de dados com todas as variáveis de cada sujeito que
compõe a amostra, a saber: história clínica, ocupacional, queixas auditivas, limiares
audiométricos e respostas do questionário do handicap auditivo. Inicialmente
procederemos à análise descritiva com distribuição de freqüência simples de cada
variável.
A variável dependente desta pesquisa será a presença de handicap. Como
variáveis de estudo (independentes) teremos:
Idade,
Tempo de exposição ao ruído,
Zumbido (presença e ausência),
Avaliação audiométrica.
Após a análise descritiva foram realizados testes estatísticos (qui-quadrado e
Mann-Whitney) para verificar associações entre a variável dependente (presença de
handicap) com as variáveis independentes.
47
5. RESULTADOS
Neste capítulo será a apresentada a análise descritiva, bem como, a análise
estatística referente à avaliação audiométrica e ao protocolo de auto-percepção de
handicap auditivo, aplicado nos trabalhadores.
5.1 DESCRIÇÃO DOS TRABALHADORES
Os 72 trabalhadores que participaram desta pesquisa tinham de 24 a 58 anos,
sendo que 33 (45,8%) pertenciam à faixa etária entre 36 a 45 anos, com média de idade
de 40,5 anos, como pode ser observado na Figura 1.
48
2,80%
22,20%
45,80%
29,20%
De 23 a 25 anos
De 26 a 35 anos
De 36 a 45 anos
De 46 a 58 anos
Figura 1: Distribuição dos trabalhadores por faixa etária, em anos (n=72).
O tempo de exposição a ruído ocupacional variou de 3 a 36 anos, sendo que
58,4% dos trabalhadores ficaram expostos a ruído por tempo igual ou superior a 15,1
anos como indica a Figura 2.
49
8,30%
20,80%
12,50%
22,20%
30,60%
5,60%
De 3 a 5
anos
De 5,1 a 10
anos
De 10, 1 a
15 anos
De 15,1 a
20 anos
De 20,1 a
30 anos
De 30,1 a
36 anos
Figura 2: Distribuição dos trabalhadores por tempo de exposição a ruído, em anos
(n=72).
Com relação ao uso do protetor auricular, as empresas disponibilizavam os dois
tipos: plug e abafador. Foi verificado que o protetor mais utilizado foi o abafador (n=33,
45,8%), como pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1: Distribuição do tipo de protetor auricular utilizado pelos trabalhadores (n=72)
50
TIPO DE PROTETOR
AURICULAR UTILIZADO
n%
ABAFADOR 33 45,8
PLUG 26 36,1
ABAFADOR + PLUG 11 15,3
NÃO FAZEM O USO DE EPA 02 2,8
TOTAL 72 100
O tempo de utilização do protetor auricular variou de 0 a 35 anos, sendo que a
maior freqüência foi de 22 trabalhadores (30,5%) que usam na faixa de 5,1 a 10 anos,
como pode ser observado na Figura 3.
51
8,30%
30,50%
21%
23,60%
15,30%
1,30%
De 3 a 5 anos
De 5,1 a 10 anos
De 10, 1 a 15 anos
De 15,1 a 20 anos
De 20,1 a 30 anos
De 30,1 a 35 anos
Figura 3: Distribuição dos trabalhadores por tempo de uso do protetor auricular, em
anos (n=72).
Já 39 trabalhadores (54,2%) relataram que fazem uso do protetor auricular desde
que iniciaram as atividades laborativas em ambiente ruidoso e 33 (45,8%) não fazem
uso do protetor auricular desde o início das atividades em ambiente ruidoso.
Dos 72 trabalhadores, 36 (50%) relataram exposição a produto químico no
trabalho e 36 (50%) não relataram tal exposição.
52
Com relação ao zumbido, 22 (30,6%) dos trabalhadores apresentaram a queixa e
50 (69,4%) não a relataram. Dos 22 trabalhadores que apresentaram queixa de zumbido,
14 (63,6%) definiram ser do tipo “apito” e 8 (36,4%) do tipo “chiado”. Com relação à
freqüência do zumbido, 8 (36,4%) indicaram como constante e 14 (63,6%) como
esporádico.
5.2. DESCRIÇÃO DOS AUDIOGRAMAS
Com relação à avaliação audiométrica, dos 72 trabalhadores, 32 (44%)
apresentaram perdas auditivas bilaterais e 40 (56%) unilaterais. Das 40 perdas
unilaterais, 22 (55%) foram na OE e 18 (45%) na OD.
53
A Tabela 2 apresenta a distribuição da avaliação audiométrica nas duas orelhas,
segundo os diferentes graus de acometimento nas oito freqüências testadas, baseada no
estudo de Parrado-Moran e Fiorini (2003).
Tabela 2-Distribuição das 144 orelhas de acordo com os diferentes limiares
audiométricos (dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz).
Grupo
Freq.
(kHz)
0-25
dBNA
n (%)
30-40
dBNA
n (%)
45-50
dBNA
n (%)
60-70
dBNA
n (%)
75-85
dBNA
n (%)
Total
n (%)
0,25 144 (100) 144 (100)
0,5 144 (100) 144 (100)
1 143 (99) 1(1) 144 (100)
2 134(93) 6(4) 4(3) 144 (100)
3 102(71) 21(15) 18(13) 3(2) 144 (100)
4 58(40) 49(34) 30(21) 7(5) 144 (100)
6 82(57) 39(27) 17(12) 3(2) 3(2) 144 (100)
8 118(82) 14(10) 7(5) 3(2) 2(1) 144 (100)
54
79
86
1
10
6
42
39
21
49
62
59
56
39
26
24
21
14
0
8
16
24
32
40
48
56
64
72
80
88
30-40 45-50 60-70 75-85
Limiares audiométricos (dBNA)
Freq. Acumulada
1kHz 2kHz 3kHz 4kHz 6kHz 8kHz
Figura 4: Freqüência acumulada do número de orelhas (n=144) de ambos os lados
(direito e esquerdo) com perda de acordo com os diferentes limiares audiométricos
(dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz).
As Tabelas 3 e 4 apresentam a distribuição da avaliação audiométrica separadas
por orelha, OD e OE respectivamente, segundo os diferentes graus de acometimento nas
oito freqüências testadas, baseada no estudo de Parrado-Moran e Fiorini (2003).
55
Tabela 3 -Distribuição dos resultados da orelha direita (n=72) de acordo com os
diferentes limiares audiométrico (dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz).
Grupo
Freq.
(kHz)
0-25
dBNA
n (%)
30-40
dBNA
n (%)
45-50
dBNA
n (%)
60-70
dBNA
n (%)
75-85
dBNA
n (%)
Total
n (%)
0,25 72 (100) 72 (100)
0,5 72 (100) 72 (100)
1 72 (100) 72 (100)
2 67 (93) 3 (4) 2 (3) 72 (100)
3 52 (72) 11 (15) 7 (10) 2 (3) 72 (100)
4 33 (46) 26 (36) 10 (14) 3 (4) 72 (100)
6 42 (58) 20 (28) 7 (10) 2 (3) 1 (1) 72 (100)
8 58 (81) 8 (11) 4 (6) 1 (1) 1 (1) 72 (100)
56
36
39
0
3
5
11
18
20
26
20
27
29
30
8
12
13
14
0
8
16
24
32
40
30-40 45-50 60-70 75-85
Limiares audiométricos (dBNA)
Freq. acumulada
1kHz 2kHz 3kHz 4kHz 6kHz 8kHz
Figura 5: Freqüência acumulada do número de orelhas (n=72) do lado direito com perda
de acordo com os diferentes limiares audiométricos (dBNA) nas oito freqüências sob
teste (kHz).
Tabela 4 -Distribuição dos resultados da orelha esquerda (n=72) de acordo com os
diferentes limiares audiométrico (dBNA) nas oito freqüências sob teste (kHz).
57
Grupo
Freq.
(kHz)
0-25
dBNA
n (%)
30-40
dBNA
n (%)
45-50
dBNA
n (%)
60-70
dBNA
n (%)
75-85
dBNA
n (%)
Total
n (%)
0,25 72 (100) 72 (100)
0,5 72 (100) 72 (100)
1 71 (99) 1 (1) 72 (100)
2 67 (93) 3 (4) 2 (3) 72 (100)
3 50 (69) 10 (14) 11 (15) 1 (1) 72 (100)
4 25 (35) 23 (32) 20 (28) 4 (6) 72 (100)
6 40 (56) 19 (26) 10 (14) 1 (1) 2 (3) 72 (100)
8 60 (83) 6 (8) 3 (4) 2 (3) 1 (1) 72 (100)
58
43
47
1
5
3
22
21
10
23
32
30
29
19
12
11
9
6
0
8
16
24
32
40
48
30-40 45-50 60-70 75-85
Limiares audiométricos (dBNA)
Freq. Acumulada
1kHz 2kHz 3kHz 4kHz 6kHz 8kH
z
Figura 6: Freqüência acumulada do número de orelhas (n=72) do lado esquerdo com
perda de acordo com os diferentes limiares audiométricos (dBNA) nas oito freqüências
sob teste (kHz).
Nas Tabelas 5 a 9 foram analisados os limiares auditivos nas seguintes
condições audiométricas propostas Parrado-Moran e Fiorini (1994):
59
Perda auditiva somente em uma freqüência, como 6kHz ou 4kHz ou 3kHz ou
2kHz;
Perda auditiva em duas freqüências, como 4kHz e 6kHz, ou 3kHz e 4kHz, ou
6kHz e 8kHz, ou 3kHz e 8kHz;
Perda auditiva em três freqüências, como 3kHz, 4kHz e 6kHz, ou 4kHz, 6kHz e
8kHz, ou 3kHz, 4kHz e 8kHz;
Perda auditiva em quatro freqüências, como 3kHz, 4kHz, 6kHz e 8kHz;
Perda auditiva em cinco freqüências, como 2kHz, 3kHz, 4kHz, 6kHz e 8kHz.
Distribuição das 144 orelhas em relação aos limiares tonais (dBNA) nos casos
com a perda em uma única freqüência (2kHz ou 3kHZ ou 4kHz ou 6kHz ou 8kHz)
Tabela 5- Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=45) com perda auditiva
em uma única freqüência (2 kHz ou 3 kHZ ou 4kHz ou 6 kHz ou 8kHz).
Limiar
Tonal
(dBNA)
2 (kHz)
n (%)
3
(kHz)
n (%)
4
(kHz)
n (%)
6
(kHz)
n (%)
8
(kHz)
n (%)
30 1 (50) 8 (28) 5 (42)
35 1 (100) 1(50) 14 (48) 5 (42) 1(100)
40 5 (17) 2 (17)
45 2 (7)
Total 1 (100) 2 (100) 29 (100) 12 (100) 1 (100)
As Tabelas 6 a 8 apresentam a distribuição das 144 orelhas em relação aos
limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em três freqüências (2kHz, 3kHZ e
4kHz; 3kHz, 4kHZ e 6kHz ; 4kHz,6kHZ e 8kHz ) (n=12).
60
Tabela 6 –Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos(n=01) com a perdas em
três freqüências (2kHz, 3kHZ e 4kHz).
2 (kHz) 3 (kHz) 4 (kHz) Total
n(%)
30 45 45 1 (100)
Tabela 7 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=12) com perdas em
três freqüências (3kHz, 4kHZ e 6kHz).
3 (kHz) 4 (kHz) 6 (kHz) Total
n (%)
30 40 45 1 (8,3)
35 45 30 2 (17)
35 45 30 1 (8,3)
40 40 30 1 (8,3)
40 40 45 1 (8,3)
40 45 30 1 (8,3)
40 50 35 1 (8,3)
45 45 30 1 (8,3)
45 45 45 1 (8,3)
50 50 40 1 (8,3)
50 65 40 1 (8,3)
Total 12 (100)
Tabela 8 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=06) com perdas em
três freqüências (4kHz, 6kHZ e 8kHz).
61
4 (kHz) 6 (kHz) 8 (kHz) Total
n (%)
40 45 40
1 (16,5)
40 50 45
1 (16,5)
45 65 50
1 (16,5)
50 40 40
1 (16,5)
50 55 35
1 (16,5)
65 80 75
1 (16,5)
Total
6 (100)
As Tabelas 9 a 10 apresentam a distribuição das 144 orelhas em relação aos
limiares tonais (dBNA) nos casos com a perda em quatro freqüências (2kHz, 3kHZ e
4kHz e 6kHz; 3kHz,4kHZ ,6kHz e 8kHz ).
Tabela 9 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=04) com perdas em
quatro freqüências (2kHz, 3kHz, 4kHZ e 6kHz) .
2 (kHz) 3(kHz) 4(kHz) 6(kHz) Total
n (%)
35 40 45 30
1 (25)
40 55 45 40
1 (25)
50 55 45 35
1 (25)
50 65 65 50
1 (25)
Total
4 (100)
Tabela 10 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=12) com perdas em
quatro freqüências (3kHz, 4kHz, 6kHZ e 8kHz).
62
3 (kHz) 4(kHz) 6(kHz) 8(kHz) Total
n (%)
30 30 45 35
1 (8,4)
30 45 55 75
1 (8,4)
30 55 35 45
1 (8,4)
30 65 80 70
1 (8,4)
35 35 30 30
1 (8,4)
35 35 35 30
1 (8,4)
35 45 45 40
1 (8,4)
45 45 40 35
1 (8,4)
45 55 75 60
1 (8,4)
50 55 55 50
1 (8,4)
50 70 55 40
1 (8,4)
55 45 60 50
1 (8,4)
Total
12 (100)
63
A Tabela 11 apresenta a distribuição das 144 orelhas em relação aos limiares
tonais (dBNA) nos casos com a perda em cinco freqüências (2kHz, 3kHZ, 4kHz, 6kHz
e 8kHz ).
Tabela 11 – Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=03) com perdas em
cinco freqüências (2kHz, 3kHz, 4kHz, 6kHZ e 8kHz) .
2(kHz) 3 (kHz) 4 (kHz) 6 (kHz) 8 (kHz) Total
n (%)
50 60 65 70 70
1(33,3)
35 45 50 50 35
1(33,3)
35 60 50 50 50
1(33,3)
Total
3 (100)
A Tabela 12 apresenta a distribuição das 144 orelhas em relação aos limiares
tonais (dBNA) nos casos com a perda em seis freqüências (1kHz, 2kHz, 3kHZ, 4kHz,
6kHz e 8kHz ) .
Tabela 12- Distribuição dos limiares tonais (dBNA) nos casos (n=01) com perdas em
seis freqüências (1kHz, 2kHz, 3kHz, 4kHz, 6kHZ e 8kHz).
1(kHz) 2(kHz) 3 (kHz) 4 (kHz) 6 (kHz) 8 (kHz) Total
n (%)
35 55 50 55 55 50
1(100)
64
5.3 DESCRIÇÃO DO PROTOCOLO DO QUESTIONÁRIO DE HANDICAP
5.3.1 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo
As Tabelas 13 a 15 indicam a classificação quanto ao índice de auto-percepção
do handicap auditivo, por percentual isolado ou por grau de severidade (independente
da situação auditiva), de acordo com o critério proposto por Newman et al. (1990).
65
Tabela 13-Distribuição dos trabalhadores, segundo o percentual de auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA.
% de auto-percepção do
handicap auditivo (HHIA)
n%
0 28 38,8
268,2
434,2
634,2
845,5
10 2 2,8
12 2 2,8
14 2 2,8
16 1 1,4
18 4 5,5
22 1 1,4
24 2 2,8
26 1 1,4
38 2 2,8
46 1 1,4
50 1 1,4
52 1 1,4
56 2 2,8
58 1 1,4
62 1 1,4
66 1 1, 4
74 2 2,8
78 1 1,4
Total 72 100
66
Tabela 14 -Distribuição dos trabalhadores, quanto à presença/ ausência de auto-
percepção do handicap auditivo apresentado no HHIA, expressa em porcentagem
(n=72).
Presença/ ausência de auto-percepção do handicap auditivo n (%)
Ausência de auto-percepção do handicap auditivo (0-16%) 51 70,8
Presença de auto-percepção do handicap auditivo (maior que 18%) 21 29,2
Total 72 100
Tabela 15 -Distribuição dos trabalhadores quanto ao índice de auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA, expressa em porcentagem, segundo o critério
de Newman et al. (1990) (n=72).
Índice de auto-percepção do handicap auditivo n (%)
Ausência de auto-percepção do handicap auditivo (0-16%) 51 70,8
Auto-percepção leve/moderado do handicap auditivo (18- 42%) 10 13,9
Auto-percepção severa/significativa do handicap auditivo (18- 42%) 11 15,3
Total 72 100
67
5.3.2. Análise das respostas do protocolo de auto-percepção do handicap
auditivo
A análise das respostas dos trabalhadores foi subdividida em categorias
compostas por questões sociais/ situacionais (n= 12) e emocionais (n=13).
53.2.a. Questões referentes à escala social/ situacional
As questões que obtiveram uma pontuação mais alta foram:
S-1: “A dificuldade em ouvir faz você usar o telefone menos vezes do
que gostaria?” foi respondida por 28 (38,9%) dos trabalhadores;
S-11: “A dificuldade em ouvir faz com que você tenha problemas para
ouvir/ entender os colegas de trabalho?” foi respondida por 25 (34,7%)
dos trabalhadores;
S-15: “A diminuição da audição causa dificuldades para assistir TV ou
ouvir rádio?” foi respondida por 24 (33,3%) dos trabalhadores.
A Tabela 16 ilustra os achados em relação às questões S-1, S-11 e S-15.
Tabela 16 -Distribuição da resposta dos trabalhadores que apresentou maior pontuação
na escala social/ situacional (n=72).
QUESTÕES n %
68
S-1 28 38,9
S-11 25 34,7
S- 15 25 33,3
A Figura 7 ilustra a pontuação de todas as questões sociais/ situacionais
respondidas pelos trabalhadores.
28
12
21
14
22
25
9
24
8
9
15
13
0
5
10
15
20
25
30
S-1 S-3 S-6 S-8 S-10 S-11 S-13 S-15 S-16 S-19 S-21 S-23
Figura 7: Distribuição das respostas dos trabalhadores em relação as questões sociais/
situacionais. Cada sigla corresponde a uma questão como pode ser observado no
protocolo do HHIA (Anexo 3).
69
5.3.2.b Questões referentes à escala emocional
As questões que obtiveram uma pontuação mais alta foram:
E-4: “A dificuldade em ouvir faz você ficar irritado?”, foi respondida por
24 (33,3%) dos trabalhadores;
E-17: “A dificuldade em ouvir deixa você de alguma maneira chateado
ou aborrecido?”, foi respondido por 22 (30,6%) dos trabalhadores;
E-2: “A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou sem jeito
quando é apresentado a pessoas desconhecidas?”, foi respondido por 20
(27,8%) dos trabalhadores.
A Tabela 17 ilustra os achados em relação às questões E-4, E-17 e E- 2.
Tabela 17 -Distribuição da resposta dos trabalhadores que apresentou maior pontuação
na escala emocional (n=72).
QUESTÕES n %
E-4 24 33,3
70
E-17 22 30,6
E-2 20 27,8
A Figura 8 ilustra a pontuação de todas as questões emocionais respondidas
pelos trabalhadores.
20
24
15 15
19 19
9
8
22
9
18
11
14
7
0
5
10
15
20
25
30
E-2 E-4 E-5 E-7 E-9 E-12 E-13 E-14 E-17 E-18 E-20 E-22 E-24 E-25
71
Figura 8: Distribuição das respostas dos trabalhadores em relação as questões
emocionais. Cada sigla corresponde a uma questão como pode ser observado no
questionário (Anexo 3).
5.3.3 Avaliação audiométrica e da auto-percepção do handicap auditivo
Os trabalhadores foram divididos, para análise, em subgrupos, de acordo com a
avaliação audiométrica classificada por grupo sugestivo de PAIR como proposto por
Fiorini (1994) e ACOEM (2003) e o índice de auto-percepção de handicap auditivo
(HHIA), sendo:
Sugestivo de PAIR bilateral e HHIA = 0: traçado audiométrico sugestivo
de PAIR em ambas as orelhas sem auto-percepção do handicap auditivo;
Sugestivo de PAIR bilateral e HHIA 0: traçado audiométrico sugestivo
de PAIR em ambas as orelhas com auto-percepção do handicap auditivo;
Sugestivo de PAIR unilateral e HHIA = 0: uma orelha com traçado
audiométrico sugestivo de PAIR, com a outra apresentando todos os
limiares dentro dos padrões de normalidade (iguais ou inferiores a 25
dBNA) ou com traçado audiométrico sugestivo de perda auditiva
descendente (maior rebaixamento em 8kHz) sem auto-percepção do
handicap auditivo.
72
Sugestivo de PAIR unilateral e HHIA 0: uma orelha com traçado
audiométrico sugestivo de PAIR, com a outra apresentando todos os
limiares dentro dos padrões de normalidade (iguais ou inferiores a 25
dBNA) ou com traçado audiométrico sugestivo de perda auditiva
descendente (maior rebaixamento em 8kHz) com auto-percepção do
handicap auditivo.
As Tabelas 18 a 20 apresentam a distribuição dos trabalhadores, divididos em
subgrupos, segundo a avaliação audiométrica classificada por grupo sugestivo de PAIR
como proposto por Fiorini (1994) e ACOEM (2003) e presença/ausência de auto-
percepção de handicap auditivo( HHIA).
Tabela 18 - Distribuição dos trabalhadores, divididos em subgrupos, segundo a
avaliação audiométrica classificada por grupo sugestivo de PAIR como proposto por
Fiorini (1994) e ACOEM (2003) e presença/ausência de auto-percepção de handicap
auditivo (HHIA) (n=72).
Subgrupos n %
Sugestivo de PAIR bilateral e HHIA = 0 6 8,3
Sugestivo de PAIR bilateral e HHIA 0
24 33,4
Sugestivo de PAIR unilateral e HHIA = 0 22 30,5
Sugestivo de PAIR unilateral e HHIA 0
20 27,8
Total 72 100
73
Tabela 19 - Distribuição dos trabalhadores quanto ao índice de auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA com audiograma sugestivo de PAIR bilateral,
expressa em porcentagem, segundo o critério de Newman et al. (1990) (n=72).
Audiograma sugestivo de PAIR bilateral e índice de auto-
percepção do handicap auditivo
n(%)
Ausência de auto-percepção do handicap auditivo (0-16%) 18 60
Auto-percepção leve/moderado do handicap auditivo (18- 42%) 6 20
Auto-percepção severa/significativa do handicap auditivo (18- 42%) 6 20
Total 30 100
Tabela 20 - Distribuição dos trabalhadores quanto ao índice de auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA com audiograma sugestivo de PAIR unilateral,
expressa em porcentagem, segundo o critério de Newman et al. (1990) (n=72).
Audiograma sugestivo de PAIR unilateral e índice de auto- n (%)
74
percepção do handicap auditivo
Ausência de auto-percepção do handicap auditivo (0-16%) 33 78,6
Auto-percepção leve/moderado do handicap auditivo (18- 42%) 4 9,5
Auto-percepção severa/significativa do handicap auditivo (18- 42%) 5 11,9
Total 42 100
5.3.4 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo e a idade média dos
trabalhadores
A idade média dos trabalhadores que apresentaram presença de auto-percepção
de handicap auditivo apresentado no HHIA foi de 44,2 anos, desconsiderando dois
trabalhadores que estão na faixa etária de 20 anos de idade.
A Tabela 21 apresenta a Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA em relação a idade (anos), expressa em
porcentagem.
Tabela 21 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação a idade (anos), expressa em porcentagem (n=21).
Idade
(anos)
n Handicap auditivo
leve/moderado (18- 42%)
n Handicap auditivo
severa/significativa (18- 42%)
Total
n
%
26 1 0 1 4,8
29 1 0 1 4,8
32 0 1 1 4,8
38 0 1 1 4,8
75
40 1 3 4 19
42 1 1 2 9,5
45 2 2 4 19
46 1 0 1 4,8
49 1 1 2 9,5
51 0 2 2 9,5
53 2 0 2 9,5
Total
21 100
5.3.5 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo e o tempo de
exposição ao ruído ocupacional
Desconsiderando três trabalhadores que tiveram exposição ao ruído pelo tempo
de 10 anos de trabalho, a média foi de 23,9 de exposição ao ruído ocupacional e
presença de handicap auditivo. A Tabela 22 apresenta a Distribuição dos trabalhadores
com auto-percepção do handicap auditivo apresentado no HHIA em relação ao tempo
de exposição ao ruído ocupacional (anos), expressa em porcentagem.
Tabela 22 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação ao tempo de exposição ao ruído ocupacional (anos),
expressa em porcentagem (n=21).
Exposição
ao ruído
ocupacional
(anos)
n Handicap auditivo
leve/moderado (18- 42%)
n Handicap auditivo
severa/significativa (18-
42%)
Total
n
%
40 114,8
51 014,8
76
61 129,5
10 1 1 2 9,5
17 0 1 1 4,8
18 1 1 2 9,5
19 0 1 1 4,8
20 1 2 3 14,1
23 0 1 1 4,8
24 1 0 1 4,8
25 1 1 2 9,5
27 1 1 2 9,5
29 1 0 1 4,8
35 1 0 1 4,8
Total
10 11 21 100
5.3.6 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo e a presença de
zumbido
Dos 21 trabalhadores que apresentaram presença de auto-percepção do handicap
auditivo, apenas nove relataram ter zumbido.
A Tabela 23 apresenta a Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA em relação a presença de zumbido, expressa
em porcentagem.
Tabela 23 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação a presença de zumbido, expressa em porcentagem
(n=21).
Índice de auto-percepção do handicap
auditivo
Presença de zumbido (n) %
Auto-percepção leve/moderado do handicap 3 33,3
77
auditivo (18- 42%)
Auto-percepção severa/significativa do
handicap auditivo (18- 42%)
6 66,7
Total
9 100
5.3.7 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo e o uso do protetor
auricular
A média de uso do protetor auricular e a presença de handicap auditivo foi de
14, 7 anos.
A Tabela 24 apresenta a Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do
handicap auditivo apresentado no HHIA em relação ao uso do protetor auricular (anos),
expressa em porcentagem.
Tabela 24 - Distribuição dos trabalhadores com auto-percepção do handicap auditivo
apresentado no HHIA em relação ao uso do protetor auricular (anos), expressa em
porcentagem (n=21).
Uso do
protetor
auricular
n Handicap auditivo
leve/moderado (18- 42%)
n Handicap auditivo
severa/significativa (18-
42%)
Total
n
%
78
(anos)
11 014,8
40 114,8
61 129,5
10 3 2 5 23,7
12 0 1 1 4,8
15 1 0 1 4,8
16 1 0 1 4,8
17 0 2 2 9,5
18 0 1 1 4,8
20 1 2 3 14,1
23 0 1 1 4,8
24 1 0 1 4,8
25 1 0 1 4,8
Total
10 11 21 100
5.3.8 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo nas três empresas
5.3.8.1 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no ramo
de suco concentrado
A Figura 9 apresenta o índice de auto-percepção do handicap auditivo nos
trabalhadores do ramo de suco concentrado.
79
56%
19%
100%
25%
Sem prcepçao de
Handicap
HHIA leve/moderado
HHIA severo/significativo
Total
Fig 9: Distribuição avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no ramo de suco
concentrado (n= 16).
5.3.8.2 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no
segmento alimentício
A Figura 10 apresenta o índice de auto-percepção do handicap auditivo nos
trabalhadores do segmento alimentício.
80
64,4%
100,0%
14,3%
14,3%
Sem prcepçao de
Handicap
HHIA leve/moderado
HHIA severo/significativo
Total
Fig 10: Distrbuição da avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no segmento
alimentício (n= 14).
5.3.8.3 Avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no
segmento de fabricação de cimento
A Figura 11 apresenta o índice de auto-percepção do handicap auditivo nos
trabalhadores do segmento de fabricação de cimento.
81
76,2%
100,0%
11,9%
11,9%
Sem prcepçao de
Handicap
HHIA leve/moderado
HHIA severo/significativo
Total
Fig 11: Distribuição da avaliação da auto-percepção do handicap auditivo no segmento
de fabricação de cimento (n=42).
5.4 RESULTADOS ESTATÍSTICOS
Foram realizados testes estatísticos para verificar a associação entre o handicap e
as diversas variáveis de estudo. A Tabela 25 indica cada uma das variáveis utilizadas, o
tipo de teste realizado e o valor do “p” com relação à presença de handicap. O valor de
“p” indica significância apenas quando o resultado for igual ou menor a 0,05.
82
Tabela 25: Resultados estatísticos da associação da categoria de handicap (sim ou não)
com as variáveis de estudo.
Variável de estudo Teste Valor do “p”
Idade (em anos) Mann-Whitney 0,121
Faixa etária(<45 e >45) Chi-Square 0,824
Faixa etária(<50 e >50)
Chi-Square 0,562
Tempo de exposição (em anos) Mann-Whitney 0,577
Faixa de exposição (<10 e >10) Chi-Square 1,000
Categoria da perda (unilateral ou
bilateral)
Chi-Square 0,161
Presença de zumbido (sim ou não)
Chi-Square 0,419
Como indica a Tabela 25 não foram encontradas significâncias estatísticas na
associação da categoria de handicap (sim ou não) e as variáveis de estudo.
83
6. DISCUSSÃO
Neste capítulo será a apresentada a discussão dos resultados obtidos na avaliação
audiométrica e na aplicação do questionário HHIA, comparando-os com a literatura
consultada.
A idade média dos sujeitos que fizeram parte da amostra foi de 40,5 anos,sendo
que 33 % pertenciam a faixa etária de 36 a 45 anos de idade (figura 1).
84
A média da exposição ao ruído ocupacional expressa em anos foi de 17,5, e 30,6
dos trabalhadores ficaram expostos a ruído por um período de 20,1 a 30 anos (figura 2).
Verificou-se que 54,2% dos trabalhadores faziam o uso de proteção auricular
desde o início das atividades laborativas e 45,8% não faziam o uso desde que iniciaram
as atividades. A tabela 1 indica que 45,8% dos trabalhadores fazem uso de abafador e
36% fazem uso do plug.
PAIR: RESULTADOS AUDIOLÓGICOS
A avaliação audiométrica indicou dos sujeitos que apresentaram audiograma
sugestivo de PAIR, 44% era perda bilateral e 56% em apenas uma das orelhas. Este
dado corrobora com os achados de Quaranta, Sallustio e Quaranta (2001) e do Comite
Nacional do Ruído e Conservação Auditiva (1994), pois ambos relatam que a PAIR
nem sempre é bilateral.
Nas Tabelas 2 a 12, foi realizada a distribuição dos limiares tonais em relação a
uma freqüência isolada ou em grupos de freqüências,como proposto por Parrado-Moran
e Fiorini (2003). Não se observou perda auditiva nas freqüências de 250 e 500Hz nas
orelhas direita e esquerda (Tabela 3 e 4). Porém, verificou-se 01 caso de perda auditiva
acometendo a freqüência de 1kHz na orelha esquerda (Tabela 4) e 10 casos de perda
auditiva já na freqüência de 2kHz (Tabela 2) e entre os limiares de 30 a 50 dBNA.
Segundo o Comitê Nacional do Ruído e Conservação Auditiva (1994) a PAIR possui
níveis de perda auditiva que não ultrapassam mais que 40 dBNA nas baixas freqüências
(500, 1000 ou 2000 Hz), porém, com a evolução da perda auditiva, esta progride para as
faixas de 8000, 2000, 1000, 500 e 250Hz. Acredita-se que a perda auditiva entre 30 e 50
dBNA na freqüência de 2kHz pode indicar uma progressão da alteração auditiva nos
trabalhadores avaliados. Mesmo assim, os limiares audiométricos nas freqüências
85
baixas avaliadas no presente estudo ainda estão melhores do que os das altas,
corroborando com a caracterização da PAIR proposta tanto pelo Comitê Nacional do
Ruído e Conservação Auditiva (1994), quanto pelo American College Occupational
Enviromental Medicine - ACOEM (2003).
Observa-se que a maior ocorrência de perda auditiva se deu nas faixas de
freqüências entre 3 e 6 kHZ (Tabela 7) e 3 e 8kHz (Tabela 10), corcordando novamente
com a descrição do Comitê Nacional do Ruído e Conservação Auditiva (1994) e
também com os achados no estudo de Parrado-Moran e Fiorini (2003). Em
contrapartida, nos estudos de Lopes (2006), a faixa de freqüências mais acometida foi
de 4khz, 6kHz e 8kHz. Porém, considerando os resultados audiométricos da presente
pesquisa, as características em termos de freqüências acometidas e níveis dos limiares
foram compatíveis com os dados provenientes da maioria da literatura pesquisada
(Robert & Dobie, 1995; Comitê Nacional do Ruído e Conservação Auditiva, 1994;
Quaranta, Sallustio e Quaranta, 2001; Souza, 2002; ACOEM,2003; Parrado Morran e
Fiorini, 2003; Mc Reynolds, 2005 e Lopes, 2006).
No que diz respeito à perda auditiva isolada, a maior ocorrência encontrada foi
na freqüência de 4kHZ (Tabela 5), sendo esta também a que apresentou uma maior
severidade de perda (Fig 2). Tal dado também pôde ser observado nos estudos de Lopes
(2006), porém, Parrado-Moran e Fiorini (2003) relataram que a freqüência de 6 kHz
apareceu em maior número de vezes e com uma maior severidade de perda. A
concepção da instalação da PAIR segundo Axelsson, (1979) demonstra que esta perda
tem seu início em 6k ou 4k ou 3kHz.
APLICAÇÃO DO HHIA
86
Os resultados do HHIA indicam que 29,2% (Tabela 14) apresentaram
auto-percepção de handicap. Estudos realizados em população tanto com limiares
auditivos dentro da normalidade, quanto com portadores de PAIR, também
evidenciaram presença de handicap (Souza 2002, e Lopes 2006). Souza (2002)
encontrou em uma população de 50 motoristas de caminhão portadores de PAIR a
presença de handicap auditivo em 37 sujeitos (46,3%). Já Lopes (2006) observou a
presença de handicap auditivo em 20% de uma população de 20 motoristas de caminhão
com PAIR.
De acordo com o índice de auto -percepção de handicap foi constatado que
13,9% apresentaram grau leve/moderado e 15,3% severo/significativo (Tabela 15).
Estudo como o de Souza (2002) evidenciou uma prevalência mais alta para o grau
leve/moderado (32%) e apenas 5% para o grau severo/significativo. A pesquisa de
Lopes (2006) também indicou um índice menor para os que apresentaram handicap de
grau severo/significativo, sendo 5% e 15% para o grau leve e moderado,
respectivamente.
É relativamente comum que todas as escalas de avaliação possuam uma seção de
limitação e handicap. A seção da limitação é dividida em duas variáveis: percepção da
fala (escutar televisão, conversas de grupo de amigos, etc.) e de sons ambientais (toque
de campainha e de telefone etc.). A seção de handicap avalia as conseqüências
emocionais que a limitação acarreta ao portador de PAIR e contém aspectos voltados a
vida pessoal e social (Barrenãs e Holgers, 2001).
O questionário HHIA apresenta apenas duas escalas: social/situacional (avalia a
variável de percepção de fala) e emocional. De acordo com esta classificação verificou-
se, no presente estudo, que as respostas que obtiveram maior índice foram aquelas que
envolviam as dificuldades em usar o telefone (38,9%), em ouvir colegas de trabalho
87
(34,7%) e assistir televisão (33,3%) (Tabela 16, Fig.7). Estudos com trabalhadores
expostos a ruído não relataram a dificuldade com o uso do telefone, porém, a
dificuldade em assistir a televisão esteve presente em 91,4 % da população pesquisada
por Miyakita, Ueda e Ueda (2002). Estudos como o de Stepehns, France e Lormore
(1995) e Silva (1997) também apontaram que os sujeitos pesquisados escutavam a
televisão com volume em forte intensidade. Em estudos utilizando diferentes
questionários, ficou evidente que as dificuldades no reconhecimento de fala acabam
acarretando prejuízos ao trabalhador (Stepehns France e Lormore,1995; Silva,1997;
Menslin 2001 e Miyakita, Ueda e Ueda, 2002) Silva (1997) também utilizou uma escala
de incapacidade auditiva e handicap e relatou que foi significativa a dificuldade da
população estudada em escutar em local ruidoso. Desta forma, os resultados do
presente estudo corrobora com os achados na literatura de handicap auditivo.
No aspecto emocional, verificou-se que 33,3% ficam irritados e chateados
(30,6%) por não ouvirem o que está sendo dito, e 27,8% ficam constrangidos quando
são apresentados a pessoas desconhecidas Tabela 17, Fig.8). A identificação destas
dificuldades sugere o quanto a PAIR pode influenciar no relacionamento social destes
trabalhadores como já haviam indicado os estudos de Hétu, Riverin e Getty (1990) e
Magni (1997). Miyakita, Ueda e Ueda (2002) em um estudo com 210 trabalhadores
expostos a ruído, também evidenciaram tal dificuldade em 53,8 % sujeitos, além da
tendência ao isolamento (35,2%). Menslin (2001) relatou que 35,7% de uma população
da construção civil apresentam algum sentimento negativo em relação à dificuldade em
escutar.
A variável dependente da dissertação foi a presença de handicap e uma das
variáveis independentes foi a avaliação audiométrica. Como propostas por Fiorini
(1994) e ACOEM (2003) as avaliações audiométricas foram classificadas por grupos,
88
sendo que apenas o grupo sugestivo de PAIR foi utilizado no presente estudo. A tabela
19 indica que dos 30 sujeitos que possuem PAIR bilateral, 12 apresentaram presença de
handicap. Já os 42 sujeitos que apresentaram PAIR unilateral (Tabela 20), nove
apresentaram presença de handicap auditivo. A associação entre os resultados da
avaliação audiométrica e a auto-percepção de handicap não indicou significância
estatística (p=0,16), pois a distribuição da categoria presença de handicap auditivo
mostrou-se semelhante nos grupos PAIR unilateral e bilateral. Na literatura, estudos
como de Barrenãs e Holgers (2001) revelaram que não há concordância da audiometria
com a presença de handicap. Halberg (1998) que utilizou o questionário The hearing
desability and handicap scale (HDHS) também não encontrou correlação estatística
entre a audiometria tonal e o handicap. Outros estudos tanto com sujeitos com PAIR,
quanto com limiares auditivos dentro da normalidade, também não revelaram
associação estatística (Souza, 2002 e Lopes, 2006). Em contrapartida, Miyakita, Ueda e
Ueda (2002), indicaram que o “score” do handicap foi mais alto para o grupo com
perdas auditivas maiores de 60 dBNA e o grupo com menor “score” apresentou maior
satisfação com a qualidade de vida.
Com relação ao índice de auto-percepção de handicap, os achados mostraram
que dos 12 sujeitos com PAIR bilateral, seis apresentam percepção de grau
leve/moderado e seis de grau severo/significativo (Tabela 19). Nos nove sujeitos com
PAIR unilateral, 4 tiveram percepção de grau leve/moderada e 5 com percepção de
grau severo/significativa (Tabela 20). Assim, observamos uma distribuição homogênea
do grau de handicap, independentemente da perda ser unilateral ou bilateral. Nas
pesquisas citadas na revisão de literatura do presente estudo não foram revelados os
índices de handicap obtidos na aplicação do questionário HHIA comparando perdas
auditivas unilaterais e bilaterais.
89
O estudo da variável idade, cuja média encontrada foi 44, 2 anos, revelou que 3
sujeitos de 40 anos apresentaram percepção de grau severo/significativo (Tabela 21),
porém, os testes de associação não identificaram significância estatística. Porém,
estudos com amostras maiores e que sejam delineados a partir da divisão de grupos com
diferentes faixas etárias podem obter resultados distintos, uma vez que a idade é um
fator de risco de perda auditiva.
Com relação ao uso de protetores e a presença de handicap, também não foi
obtida significância estatística. Cabe ressaltar que o protetor auditivo, cuja média de uso
foi de 14,7 anos na população estudada, pode contribuir para evitar o agravamento
destas perdas auditivas.
A literatura evidenciou que a ocorrência de queixa de zumbido é alta na
população com PAIR. Nos estudos de Alberti (1987) a prevalência foi de 58%, Mc
Shane e Alberti (1988) 49,8% e Dias et al (2006) 48%. Porém, no atual estudo apenas
30,6% da população pesquisada apresentou tal queixa. Os estudos supracitados
trabalharam com amostras que variaram de 284 a 2000 sujeitos e, talvez, a diferença no
tamanho das amostras possa justificar diferentes ocorrências da queixa de zumbido.
Dos sujeitos que apresentaram zumbido, 40,9% apresentaram presença de auto-
percepção de handicap auditivo, sendo 33, 3% de grau leve/moderado e 66,7%
severo/significativo (Tabela 23). Também não houve significância estatística na
associação da queixa de zumbido com a presença de handicap.
É importante ressaltar que o questionário HHIA, apesar de não ter sido
desenvolvido especificamente para uma população de trabalhadores com PAIR,
apresentou resultados semelhantes à outros estudos que utilizaram questionários
específicos para este grupo. Entretanto, torna-se de fundamental importância a criação
de instrumentos que possam avaliar o impacto da PAIR na vida dos trabalhadores,
90
porém, com conteúdo mais voltado à demanda auditiva e aos aspectos sociais e culturais
peculiares ao grupo avaliado. Tomemos com exemplo as empresas do presente estudo,
que estão estabelecidas no interior de Sergipe onde muitos dos trabalhadores nunca
fizeram sequer uma visita à capital do Estado. Portanto, atividades de lazer como teatro
ou cinema não fazem parte do cotidiano desta população e perguntas como “Você sente
dificuldade em ouvir quando vai ao cinema ou ao teatro?” poderiam até mesmo gerar
indignação. Desta forma, a pesquisadora preferiu adaptar o instrumento questionando
sobre dificuldades durante as festas populares, atividade de lazer difundida na região.
Estudo como o de Souza (2002) e Lopes (2006) também relataram a importância
da pesquisa de outros meios de avaliação desta população, pois constataram que a auto-
percepção de handicap é presente não somente nos portadores e PAIR, mas também nos
sujeitos com limiares auditivos dentro da normalidade. Ale disso, o HHIA foi proposto
para ser aplicado em sujeitos portadores de perda auditiva.
Sabe-se que o portador de PAIR pode apresentar limitações funcionais como,
por exemplo, alteração na curva de tonalidade, zumbido, recrutamento de loudness e
alteração na integração temporal (Henderson e Salvi, 1998). Vários estudos sugeriram
que trabalhadores expostos a ruído, mesmo com os limiares audiométricos dentro dos
padrões de normalidade podem apresentar handicap auditivo, o que gera um impacto na
qualidade de vida destes sujeitos. As medidas de proteção coletiva e individual devem
ser implementadas para diminuir o ruído e evitar a perda auditiva, uma vez que tal
doença é passível de prevenção (Halberg, 1998; Barrenãs e Holgers,2001; Miyakita,
Ueda e Ueda,2002; Souza; 2002 e Lopes, 2006).
Observa-se o impacto social da perda auditiva em 29,2% da população
pesquisada, portanto, medidas devem ser adotadas para proporcionar melhor qualidade
de vida para os trabalhadores. Estratégias de comunicação, uso de AASI e reabilitação
91
auditiva devem ser propostos, pois podem melhorar aspectos sociais e emocionais, além
de proporcionar melhores condições de trabalho. Em 1991, Hétu e Getty já indicavam a
importância da intervenção em sujeitos com PAIR e o programa propunha aliviar os
efeitos da PAIR garantindo suporte psicossocial. Lalande, Lambert e Riverin (1998b)
também relataram a importância da reabilitação e Souza (2006) propôs um trabalho de
reabilitação auditiva em motoristas de caminhão que possibilitou a criação de um
espaço de reflexão das questões relacionadas ao processo saúde-trabalho- doença.
Os avanços nos estudos experimentais e epidemiológicos propiciaram uma
melhor compreensão dos efeitos do ruído na audição e os profissionais não devem
subestimar as queixas auditivas apresentadas pelos trabalhadores, pois as mesmas
podem refletir importantes indicadores do real impacto desta doença na qualidade de
vida destes sujeitos.
92
7. CONCLUSÕES
Neste capítulo será a apresentada as conclusões obtidas com o estudo da auto-
percepção do handicap auditivo em trabalhadores com perda auditiva induzida por
ruído.
93
A presença de auto-percepção de handicap auditivo foi encontrada em 29,2% da
população estudada.
Não houve diferença estatisticamente significante entre os resultados obtidos na
auto-percepção de handicap auditivo (variável dependente) e idade, tempo de
exposição ao ruído, zumbido e avaliação audiométrica (variáveis
independentes).
Na escala social/situacional, a dificuldade em ouvir fez 38,9% dos trabalhadores
utilizarem menos o telefone, 34,7% ter problemas para ouvir/entender os colegas
de trabalho e 33,3% ter dificuldades para assistir a TV ou ouvir rádio.
Na escala emocional, a dificuldade em ouvir levou os trabalhadores a ficarem
irritados (33,3%), chateados (30,6% ) e constrangidos ou sem jeito quando são
apresentados a pessoas estranhas (27,8%).
94
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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102
9. ANEXOS
ANEXO 1
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Pós Graduação em Fonoaudiologia
Faculdade de Fonoaudiologia
Curso de Especialização em Fonoaudiologia
Comitê de Ética
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
AO PARTICIPANTE DESTE ESTUDO
O Sr(a). está sendo convidado(a) a participar da pesquisa que se intitula “AVALIAÇÃO
DO HANDICAP EM TRABALHADORES COM PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR
RUÍDO”.
O objetivo deste estudo é avaliar se há handicap em trabalhadores expostos a ruído
ocupacional.
Caso aceite participar como sujeito desta pesquisa, o (a) Sr. (a) irá se submeter a
responder uma anmnese e um questionário de vinte e cinco perguntas fechadas contendo
aspectos sociais, emocionais e ocupacionais.
Não existem benefícios médicos diretos para o sujeito deste estudo. Entretanto, os
resultados deste estudo podem ajudar os pesquisadores a verificar se a perda auditiva induzida
pelo ruído traz dificuldades na interação e na adaptação do indivíduo ao meio. Não existem
riscos médicos ou desconfortos associados com este projeto, embora o (a) Sr. (a) possa
experimentar alguma fadiga e/ou stress durante a aplicação do questionário. O (a) Sr. (a) poderá
interromper quantas vezes achar necessário.
Fica claro que sua participação é voluntária, não sendo obrigado a responder ao questionário,
mesmo que já tenha assinado o consentimento de participação. Se desejar, poderá retirar seu
consentimento a qualquer momento e isto não trará nenhum prejuízo ao seu atendimento.
A clínica não pagará nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem pela sua participação,
assim como o (a) Sr. (a) não terá nenhum custo adicional. Os seus dados serão mantidos em
sigilo. Serão analisados em conjunto com os de outros pacientes e não serão divulgados dados
de nenhum paciente isoladamente. O (a) Sr. (a) poderá esclarecer suas dúvidas durante toda a
pesquisa com a fonoaudióloga Priscila Feliciano de Oliveira no ambulatório da fábrica ou pelo
telefone (79) 9131.2569.Eu, como pesquisador responsável, comprometo-me a utilizar os dados
coletados somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito das informações que li ou que
foram lidas por mim, descrevendo “AVALIAÇÃO DO HANDICAP EM TRABALHADORES
COM PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO”.
Eu discuti com a fonoaudióloga Priscila Feliciano de Oliveira sobre a minha decisão em
participar do estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade
e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de
despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo, ou
perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.
____________________________________
Nome do paciente
____________________________________ ____/____/______
Assinatura do paciente Data
____________________________________ ____/____/______
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente para a
participação neste estudo.
____________________________________ ____/____/______
Priscila F de Oliveira Data
Fonoaudióloga
CRFA SP-T-SE 9428
ANEXO 2
IDENTIFICAÇÃO
Nome:
________________________________________________________________________
Idade: ________________________ Data de nascimento: ____________________
Função:
_________________________________________________________________
ANAMNESE
Há quanto tempo trabalha em ambiente ruidoso?
Sempre usou o protetor auricular?
Há quantos anos faz uso do protetor auricular?
Qual você utiliza atualmente? Plug ou abafador
Trabalha ou já trabalhou com produto químico?
Quais?
Tem algum problema de saúde? Sim / Não
( ) pressão alta ( ) diabetes ( ) outros ______________________
Alguém na família nasceu surdo? Sim / Não
Quem?
Faz alguma atividade fora do trabalho que tenha ruído?
( ) instrumento musical ( ) prática de caça ( ) moto ( ) outros
___________
Tem zumbido? Sim / Não
Parece com ( ) chiado de chuva ( ) apito
O zumbido é ( ) constante ( ) esporádico
Sente dificuldade para escutar? Sim / Não
Sente dificuldade para escutar em ambiente ruidoso? Sim / Não
ANEXO 3
Questionário para avaliação do handicap auditivo em adultos
(adaptação de Almeida, 1998)
Instruções: O questionário a seguir contém 25 perguntas. Você deverá escolher apenas uma
resposta para cada pergunta, colocando um (X) naquela que julgar adequada. Algumas
perguntas são parecidas, mas na realidade têm pequenas diferenças que permitem uma melhor
avaliação das respostas. Não há respostas certas ou erradas. Você deverá marcar aquela que
julgar ser a mais adequada ao seu caso ou situação.
Sempre
(4)
Às vezes
(2)
Nunca
(0)
S-1 A dificuldade em ouvir faz você usar o telefone menos vezes
do que gostaria?
E-2 * A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou sem
jeito quando é apresentado a pessoas desconhecidas ?
S-3 A dificuldade em ouvir faz você evitar grupos de pessoas?
E-4 A dificuldade em ouvir faz você ficar irritado?
E-5 * A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ou
insatisfeito quando conversa com pessoas da sua família?
S-6 A diminuição da audição causa dificuldades quando você vai a
uma festa ou reunião social?
E-7 * A dificuldade em ouvir faz você se sentir frustrado ao
conversar com os colegas de trabalho?
S-8 * Você sente dificuldade em ouvir quando vai ao cinema ou
teatro?
E-9 * Você se sente prejudicado ou diminuído devido a sua
dificuldade em ouvir?
S-10 A diminuição da audição causa dificuldades quando visita
amigos, parentes ou vizinhos?
S-11 * A dificuldade em ouvir faz com que você tenha problemas para
ouvir/ entender os colegas de trabalho?
E-12 A dificuldade em ouvir faz você ficar nervoso?
S-13 A dificuldade em ouvir faz você visitar amigos, parentes ou
vizinhos menos do que gostaria?
E-14 * A dificuldade em ouvir faz você ter discussões ou brigas com a
sua família?
S-15 * A diminuição da audição causa dificuldades para assistir TV
ou ouvir rádio?
S-16 A dificuldade em ouvir faz com que você saia para fazer
compras menos vezes do que gostaria?
E-17 A dificuldade em ouvir deixa você de alguma maneira
chateado ou aborrecido?
E-18 A dificuldade em ouvir faz você preferir ficar sozinho?
S-19 A dificuldade em ouvir faz você querer conversar menos com
as pessoas de sua família?
E-20 * Você acha que a dificuldade em ouvir diminui ou limita de
alguma forma sua vida pessoal ou social?
S-21 * A diminuição da audição lhe causa dificuldades quando você
está em um restaurante com familiares ou amigos?
E-22 A dificuldade em ouvir faz você se sentir triste ou deprimido?
S-23 A dificuldade em ouvir faz você assistir TV ou ouvir rádio
menos que gostaria?
E-24 A dificuldade em ouvir faz você se sentir constrangido ou
menos à vontade quando conversa com amigos ?
E-25 A dificuldade em ouvir faz você se sentir isolado ou deixado
de lado num grupo de pessoas?
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