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As meninas, não P., vai, vai. As meninas: vai, P. vai. Eu falei: ó, eu tô conseguindo dormi,
comê, sossegada, conseguindo fazê tudo certinho. Se elas não tão conseguindo, o problema
é delas. Não recebo prá isso. Aí, às vezes, eu brigava, né: eu não quero saber de vocês, eu
não gosto de vocês, bem assim pra elas. Aí, mas a gente ama você. Mas eu te odeio C., na
hora de ir embora a gente chorou junto. A menina, que eu gostava mais, falou: você vai me
buscar, P.?Vô, eu vô, não sei quando, mas eu vô. Eu sei onde ela tá, tô pensando em ir lá.
Só que a tia, ela não vai deixar eu ir. Tenho que ir escondido, porque ela, ó, disse que ela só
me chamô e, que eles ligaram lá do outro abrigo, na P., dizendo que, se ela continuasse
assim desse jeito, que iam devolvê ela. A tia disse que elas tavam ficando quase doente, que
tudo que elas faziam, elas ficavam chamando: P., P.,. Quem é P.?- a orientadora de lá
perguntou. Elas disseram: é uma abrigada. E a tia disse, então: se elas não melhorarem
aqui, a gente vai devolvê. Aí, a tia disse: então, você nem aparece lá no portão. Eu disse:
ah, lógico que eu vou aparecê. As meninas foi tudo transferida, porque, ó, foi transferida, a
L., C., M., D., C., R., e A., P. e M. Tudo pro mesmo abrigo. Todos pequenos. Aí a tia ligou lá
e a C., disse: deixa eu falá com ela, daí falô, falô. Cê num falô que vinha? Cê não falou? Eu
tô te esperando. Esperando, tá esperando...
Aí eu vô vê, antes de eu sair dessa disciplina, né, eu vô saí e ir prá lá, que é mais perto, qué
dizer, mais ou menos perto de onde a gente tá morando. Aqui é o bairro de V. C., lá é bairro
do J., é perto. Agora ficô a gente; os meninos que ficaram são um bando de fundungo.
Sabe, o que eu acho ruim de morar em abrigo? Eu acho ruim do abrigo, quando as tias
começam a mandar muito, sabe? Não conversam com você. Dá ordem, sabe? Traz os
problemas delas de casa. Aí, a gente que paga pelo pato. E as partes que são boas no
abrigo são: as meninas, os meninos, um monte de gente junto. Essa é a parte boa. E os
curso também, os curso são bons, é legal.
Eu, que nem eu falei, né?Do como vim parar aqui? A minha mãe morreu, daí eu fiquei com
a minha tia, que é irmã do meu pai; daí, meu pai morreu e eu fui pro abrigo. Depois que
meu pai morreu, eu fui pra um brigo de freira, o A. B. .Aí, depois eu fiquei lá um tempo, aí,
depois eu saí, a tia me mandou eu embora, porque eu aprontava. Também, trancada, né tia?
Direto sem sair, nem pra ir prá escola, estudava lá dentro mesmo. Daí, eu saí e fui pró P.,
no P., eu ia ser tipo, adotada, mas daí né, minha irmã não deixou. A minha tia adotiva. Sabe
tia, quando eu morava com aquela minha tia, irmã do meu pai, minha tia começou a bater
muito na gente, aí, antes do meu pai morrê minha irmã fugiu - nesta época, meu pai tava
preso. Aí, meu pai foi solto, daí, meu pai também morreu. Minha irmã foi falá com meu pai
prá mora com ele, mas logo que ele saiu, porque assim, lá no G.(bairro), as bocada era