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exame e tudo foi acontecendo. Hoje, a gente consegue fazer bastante exame lá
dentro, exceto essa questão do SUS, que já foi solicitado, documentalmente, pela
gerência do hospital, por toda a equipe de neo e com minha assinatura também,
mais foi negado, por falta de verba, segundo a Secretaria de Saúde de Salvador.”
“Na Maternidade C., entrei lá também sem projeto. Na verdade, tinha uma idéia do
serviço, de como montar um serviço, a gente tinha formatado isso na conversa
inicial com o diretor do hospital, que também aceitou. Ele não pediu nenhum
projeto escrito. Ele já aceitou a idéia e a gente já começou na semana seguinte,
porque o aparato de exame é portátil, só precisava de uma sala. Essa sala, na
Maternidade C., foi muito complicado de conseguir, por questões de disponibilidade
mesmo, da maternidade, não ter salas disponíveis. Então a gente mudou várias
vezes de locais, fazia em salas vazias, nem tão apropriadas por causa do ruído
nesse local, mas a gente sempre dava um jeito, mudava, pegava um cantinho de
alguma outra sala. E foi acontecendo, meio aos trancos e barrancos. De um meio
para o fim a gente já tinha a sala certa, numa condição melhor e as coisas andaram
melhor.”
“(...) Em 2000, eu comecei a fazer lá no Hospital A.. Comecei primeiramente com
um otorrino. Depois que eu voltei do Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, eu
conversei com a coordenadora do GATANU e ela me mostrou um mapa das regiões
do Brasil que tinham a triagem. E tinha em Itabuna e não tinha em Salvador, que
era a capital, Eu voltei empolgada com a idéia de começar a trabalhar com a
triagem auditiva neonatal. Conversando com o otorrino com quem eu trabalho, ele
topou e compramos o equipamento, fizemos um projeto para o hospital e
entregamos. A princípio o hospital, ele abriu a oportunidade para gente fazer a
triagem auditiva na UTI neonatal. No alojamento não conseguimos iniciar porque
não havia sido aprovado pela Diretoria fazer dentro do alojamento, mas aos poucos
a gente foi sendo chamado pra ir para o alojamento também. (...) Hoje a gente tem
feito bastantes triagens dentro do alojamento. Não é universal porque a gente não
consegue fazer noventa e cinco por cento dos bebês nascidos. Juntando dentro do
hospital e fora do hospital, a gente consegue fazer uma média de setenta por centos
dos bebês nascidos. Então ainda não é universal, até porque a gente não está lá sete
dias por semana por causa da questão de convênio. A gente só trabalha com
convênio e particular, não tem assim um respaldo financeiro, que possa fazer em
todos os bebês. Então tem toda essa questão. Eu comecei a trabalhar nessa fase, em
2000, de 2000 pra cá.”
“Para entrar na maternidade eu não apresentei o projeto. Eu não tive a dificuldade
do ‘será que vão aceitar, será que não’. Eu já entrei com o projeto aceito, mas,
vivenciei, mesmo com projeto aceito, algumas barreiras, algumas dificuldades
impostas nos passando como se fosse a burocracia do hospital dificultando, mas às
vezes eu percebia que não era o hospital, a burocracia administrativa, eram, às
vezes, os próprios profissionais que não estavam acreditando que aquilo era um
exame necessário, viável e que haveria um respaldo técnico, científico daqueles
profissionais em fazer aquilo. Isso deu pra perceber no alojamento conjunto. A
dificuldade que nós tivemos de expandir um pouco mais a avaliação, sair do muro
da UTI e ir pro alojamento, para tentar tornar universal a avaliação, o que hoje
não é. Eu não considero que ela seja universal, porque tem uns bebês que saem sem
avaliar. Uma porque o convênio às vezes não cobre, os pais não querem arcar com
os custos, as dificuldades também dos próprios pais não quererem avaliar muitas
vezes, ou eles prezam pela própria informação ou o profissional que levou a
primeira informação talvez não tenha levado com tanta ênfase.”