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Já JOÃO BOSCO LEOPOLDINO DA FONSECA afirma que, “A partir, contudo, do
início do século XX, três fenômenos vieram mostrar a necessidade de o Estado se
interessar pelos fenômenos econômicos: A Primeira Grande Guerra (1914-1918), a crise
do capitalismo (1930) e a Segunda Grande Guerra (1939-1945).”
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Assim, “As relações econômicas deixam o plano meramente individual ou
privado, para inserir-se no contexto das relações entre nações, operando-se uma
verdadeira "publicização". Passa-se a pensar na instituição de uma sociedade
internacional com a finalidade de eliminar os conflitos, fundamentalmente de origem
econômica, e com o objetivo de alcançar a paz universal.”
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com o bem universal do conjunto. Ao estimular a indústria, recompensar o engenho e empregar de modo
mais eficiente os poderes peculiares pela natureza, ela distribui o trabalho de forma mais eficiente os
poderes peculiares oferecidos pela natureza, ela distribui o trabalho da forma mais eficiente e mais
econômica; ao mesmo tempo, ao aumentar a massa geral da produção, difunde os benefícios gerais e une,
por um laço comum de interesse e intercâmbio, a sociedade universal das nações em todo o mundo
civilizado. É esse o princípio que determina que a França e Portugal fabricarão vinho, que o milho será
cultivado na América e na Polônia, e que máquinas e outros produtos serão manufaturados na Inglaterra”
(Ricardo, 1817 apud GIPLIN 2002).
E, com propriedade, KJELD JAKOBSEN descreve problema ocorrido na América Latina:
“No caso dos países da América Latina, estes assumiram enormes empréstimos externos na primeira
metade do século XIX para pagar a conta de suas guerras de independência e dar início às suas novas
vidas como nações livres. Os acordos bilaterais assinados, quase sempre com a Inglaterra, geralmente
incluíam cláusulas de redução de tarifas externas para manufaturas inglesas como condição para a
concessão de empréstimos. Com isso, o país credor ganhava um mercado cativo e a produção local de
manufaturas não era estimulada. Assim, os recursos para pagar a dívida dos países latino-americanos
ficavam dependentes de suas exportações de commodities, extremamente vulneráveis à quantidade que os
países centrais compravam e aos valores que estavam dispostos a pagar. Quando havia retrações
econômicas na Europa nessa época, o que levava seus países a diminuírem as importações, o efeito
negativo era imediato na América Latina e nas colônias. Foi o que ocorreu durante a primeira metade do
século XIX, que coincidiu com o período da independência dos países latino-americanos, introduzindo
ainda maiores dificuldades para consolidá-la, embora na segunda metade do século houvesse uma
importante recuperação devido à ampliação dos mercados das grandes potências.
Apesar da redução tarifária concedida ao credor nesse esquema, ainda assim a garantia dada em troca dos
empréstimos, até o início do século XX, costumava ser a renda remanescente das alfândegas, isto é, a
receita proveniente das tarifas externas cobradas dos outros países. Houve várias situações de
inadimplência de alguns países latino-americanos e caribenhos em que as Forças Armadas dos países
credores intervieram, bloqueando seus principais portos e assumindo a administração da alfândega local
até que a dívida fosse quitada. Foi o que fizeram a Alemanha e Inglaterra na Nicarágua, em 1895, e
posteriormente tentaram fazer, junto com a Itália, na Venezuela em 1902. Os Estados Unidos
reproduziram essas medidas na República Dominicana em 1904 e 1916, na Nicarágua em 1912, no
México em 1914 e no Haiti em 1916.” (pp. 7 e 8)
Frisa o autor que “Esta foi a última tentativa de potências européias de intervir militarmente na América
Latina, pois os Estados Unidos invocaram os princípios da Doutrina Monroe para ameaçá-las com guerra
caso não retirassem a armada. O acordo feito implicou levar a discussão da dívida venezuelana para a
apreciação do Tribunal de Haia.” (p. 8)
26
Op.cit., p. 149.
27
Op.cit., p. 149.