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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA
A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA
DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS.
ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ
SIDARTA RUTHES DE LIMA
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa
de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento
Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza
CURITIBA
2007
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SIDARTA RUTHES DE LIMA
A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA
DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS.
ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa
de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento
Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza
CURITIBA
2007
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba
L732p Lima, Sidarta Ruthes de
A Prospectiva estratégica apoiando a tomada de decisão na definição de
po-líticas e estratégias setoriais. Estudo de caso : setor têxtil e confecção do
esta-do do Paraná. Curitiba. UTFPR, 2007
XV, 261 f. : il. ; 30 cm
Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento
Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. Curitiba, 2007
Bibliografia: f. 219-236
1. Indústria têxtil. 2. Confecção. 3. Desenvolvimento regional. 4. Economia
Industrial. I. Nascimento. Décio Estevão, orient. II. Universidade Tecnológi-
ca Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. III. Título.
CDD: 338.47677
ii
Dedico este trabalho e a experiência
adquirida a todos aqueles que acreditaram
em mim, mas, principalmente, a Ieda Lima,
cujo incentivo fomentou a concretização deste
momento importante na minha vida.
Dedico, também, a minha esposa, Francielle
Topolski, que me deu muita força em todos os
momentos...
iii
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo, agradeço a Deus.
Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que
fizeram parte dessa importante fase da minha vida. Portanto, desde já peço
desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem
estar certas que fazem parte do meu pensamento e da minha gratidão.
Reverencio o Professor Dr. Décio Estevão do Nascimento pela sua dedicação
e pela orientação deste trabalho e, por meio dele, eu me reporto a toda comunidade
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelo apoio incondicional.
Agradeço a Dra. Marilia de Souza pela orientação desta pesquisa e pelos
momentos de aprendizado. Agradeço, também, ao Sr. Carlos Sergio Asinelli pela
oportunidade de trabalhar o tema dessa dissertação no âmbito do Observatório
SENAI e, por ele, gostaria de reconhecer o apoio da Federação das Indústrias do
Estado do Paraná (FIEP) a esta pesquisa.
A todos os colegas de trabalho gostaria de externar minha satisfação de
poder conviver com eles durante a realização deste estudo.
Agradeço aos especialistas do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná
que contribuíram para a concretização dos resultados alcançados neste trabalho.
Agradeço aos pesquisadores e professores da banca examinadora pela
atenção e contribuição dedicadas a este estudo.
Gostaria de deixar registrado, também, o meu reconhecimento à minha
família, pois acredito que sem o apoio deles seria muito difícil vencer esse desafio.
E, por último, e nem por isso menos importante, agradeço a minha esposa pelo
carinho, amor e compreensão.
iv
É por causa da falta de antecipação de ontem
que o presente está cheio de questões por
resolver, ontem insignificantes, mas hoje a
necessitar de resolução urgente...
GODET, Michel
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................viii
LISTA DE QUADROS.................................................................................................x
LISTA DE TABELAS .................................................................................................xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...................................................................xii
RESUMO..................................................................................................................xiv
ABSTRACT...............................................................................................................xv
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................16
1.1 PROBLEMÁTICA..............................................................................................19
1.2 OBJETIVO GERAL...........................................................................................20
1.2.1 Objetivos Específicos..................................................................................20
1.3 HIPÓTESES .....................................................................................................21
1.4 O MÉTODO ......................................................................................................22
1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO..................................................................22
2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS...24
2.1 DISTRITO INDUSTRIAL...................................................................................30
2.2 PÓLO INDUSTRIAL .........................................................................................30
2.3 COMPLEXO INDUSTRIAL ...............................................................................31
2.4 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL......................................................................31
2.5 CLUSTER INDUSTRIAL...................................................................................32
2.6 SISTEMA PRODUTIVO E INOVATIVO LOCAL ...............................................34
2.7 REDE DE EMPRESA .......................................................................................35
3 ESTUDOS SOBRE O FUTURO E A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA .............37
3.1 O LEQUE DOS FUTUROS POSSÍVEIS...........................................................40
3.2 A “CAIXA DE FERRAMENTAS” DE MICHEL GODET .....................................42
3.2.1 Oficina de Prospectiva Estratégica..............................................................44
3.2.2 Análise Estrutural Multivariada....................................................................46
3.2.3 Análise do Jogo de Atores ..........................................................................58
3.2.4 Cenários: Possibilidades e Incertezas.........................................................63
vi
3.2.5 Da Prospectiva à Estratégica ......................................................................71
4 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO ....76
4.1 ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS...................................................78
4.1.1 Têxteis Técnicos e Estruturantes ................................................................78
4.1.2 Têxteis e Roupas Inteligentes .....................................................................80
4.1.3 Têxteis e Fibras Multifuncionais ..................................................................85
4.1.4 Tecnologias de Informação e Comunicação e o Setor Têxtil e Confecção .91
4.1.5 Ciência, Tecnologia e o Meio-Ambiente......................................................95
4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS.................................................................98
4.2.1 Economia, Política e Comércio Internacional............................................101
4.2.2 A Globalização e a Integração Social........................................................106
4.2.3 A Sociedade do Conhecimento.................................................................108
4.2.4 A Flexibilização da Produção e as Relações de Trabalho ........................110
4.2.5 Demografia: O Envelhecimento da Sociedade..........................................115
4.2.6 A Mulher na Sociedade.............................................................................117
4.2.7 A Visão da Educação na Sociedade .........................................................119
4.2.8 A Sociedade e o Meio Ambiente ...............................................................120
4.3 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS: UMA SÍNTESE...................................125
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS.....................................................................127
5.1 MÉTODO DE PESQUISA...............................................................................127
5.2 Delimitação da Pesquisa ................................................................................129
5.3 A Pesquisa Descritiva: passo a passo............................................................129
5.3.1 A Primeira Fase.........................................................................................130
5.3.2 A Segunda Fase........................................................................................131
5.3.3 A Terceira Fase.........................................................................................132
5.3.3.1 Levantamento das Variáveis do Sistema ..............................................132
5.3.3.2 Identificação das Variáveis “em jogo”....................................................133
5.3.3.3 Identificação e Priorização das Variáveis-chave ...................................135
6 SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ: UM ESTUDO DE CASO .....137
6.1 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO BRASIL ...................138
6.1.1 Setor Têxtil e Confecção no Brasil (Divisões 17 e 18) ..............................138
6.1.2 Setor Têxtil no Brasil (Divisão 17) .............................................................143
6.1.3 Setor de Confecção no Brasil (Divisão 18)................................................144
6.2 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ .................146
vii
6.2.1 Setor Têxtil e Confecção no Paraná (Divisões 17 e 18)............................146
6.2.2 Setor Têxtil no Paraná (Divisão 17)...........................................................154
6.2.3 Setor de Confecção no Paraná (Divisão 18) .............................................162
6.3 PESQUISA NO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ ...................169
6.3.1 Especialistas .............................................................................................170
6.3.2 Grupos de Pesquisa..................................................................................173
6.3.3 Instituições de Pesquisa............................................................................175
6.4 O “ARCO” TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE......................................177
6.5 O MÉTODO MICMAC
©
: ANÁLISES E DISCUSSÕES....................................178
6.6 A LEITURA DO PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA .......................180
6.7 AS RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS .......................................184
6.7.1 As Variáveis Influentes..............................................................................186
6.7.2 As Variáveis Dependentes ........................................................................188
6.8 AS RELAÇÕES INDIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS....................................192
6.9 MOBILIDADE DAS RELAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS.............................199
6.10 AS VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA.........................................................203
6.11 O PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL.................209
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................213
7.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA ..............................216
7.2 LIMITAÇÕES DA ABORDAGEM....................................................................216
7.3 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................217
REFERÊNCIAS.......................................................................................................219
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO......................................................22
FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DE INDÚSTRIAS NO BRASIL...............................27
FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DO FUTURO.........................................38
FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE EM CENÁRIOS.........41
FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE QUESTÕES POR VARIÁVEL....47
FIGURA 6 – DIAGRAMA DE INFLUÊNCIA VERSUS DEPENDÊNCIA ...................48
FIGURA 7 – SITUAÇÕES DE RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS ................................49
FIGURA 8 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NOS SISTEMAS ....................51
FIGURA 9 – ELEVAÇÃO DA MATRIZ À POTÊNCIA 2.............................................51
FIGURA 10 – MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL................................................52
FIGURA 11 – MATRIZ ELEVADA AO QUADRADO .................................................53
FIGURA 12 – SISTEMA ESTÁVEL E INSTÁVEL .....................................................54
FIGURA 13 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS...........................56
FIGURA 14 – MODELO DE DIAGRAMA DE CONVERGÊNCIAS ............................60
FIGURA 15 – CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PELA ANÁLISE MORFOLÓGICA...66
FIGURA 16 – PLACAS DE CONCRETO ESTRUTURADAS COM TÊXTIL..............79
FIGURA 17 – PLACA E CABO FLEXÍVEL................................................................82
FIGURA 18 – TECIDOS QUE NÃO ABSORVEM ÁGUA E ÓLEO............................89
FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO NA EXPORTAÇÃO MUNDIAL ..............................104
FIGURA 20 – PARTICIPAÇÃO NA IMPORTAÇÃO MUNDIAL ...............................105
FIGURA 21 – DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO .....................125
FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO ...................................126
FIGURA 23 – ESTRUTURA DA PESQUISA...........................................................130
FIGURA 24 – ESTRUTURA METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO .....................137
FIGURA 25 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO.........138
FIGURA 26 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .........................139
FIGURA 27 – ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS NAS DIVISÕES 17 E 18 ....140
FIGURA 28 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO BRASIL.................................140
FIGURA 29 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .......141
FIGURA 30 – EXPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO....................................141
FIGURA 31 – IMPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO.....................................142
FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES (NCM 52) ..143
FIGURA 33 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL....................................143
FIGURA 34 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL ....................................................144
FIGURA 35 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO ...................145
FIGURA 36 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO....................................145
FIGURA 37 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS NO ESTADO........................146
FIGURA 38 – MAPA DOS ESTABELECIMENTOS DO ESTADO...........................147
FIGURA 39 – REPRESENTATIVIDADE DO EMPREGO NO ESTADO..................148
FIGURA 40 – MAPA DO EMPREGO NO ESTADO ................................................149
FIGURA 41 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO ESTADO...............................150
FIGURA 42 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .......151
FIGURA 43 – EXPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO ......................................151
FIGURA 44 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES.............................152
FIGURA 45 – IMPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO.......................................153
FIGURA 46 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES .............................153
ix
FIGURA 47 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL NO PR .......................154
FIGURA 48 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL NO PR ........................................156
FIGURA 49 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 17)..........................................................158
FIGURA 50 – GÊNERO (DIVISÃO 17) ...................................................................159
FIGURA 51 – GÊNERO NA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL .........................159
FIGURA 52 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 17).............................................160
FIGURA 53 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE TÊXTIL..............160
FIGURA 54 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 17) .........................161
FIGURA 55 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES DO PARANÁ .......162
FIGURA 56 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO PARANÁ.......162
FIGURA 57 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR.......163
FIGURA 58 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR .......................164
FIGURA 59 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 18)...........................................................166
FIGURA 60 – GÊNERO (DIVISÃO 18) ...................................................................166
FIGURA 61 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 18).............................................167
FIGURA 62 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CONFECÇÃO ...167
FIGURA 63 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 18) .........................168
FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.......169
FIGURA 65 – ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA NA BASE LATTES........170
FIGURA 66 – MAPA DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ ....................................172
FIGURA 67 – MAPA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO PARANÁ .......................176
FIGURA 68 – ARCO TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE..............................177
FIGURA 69 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .....................180
FIGURA 70 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA ...................................181
FIGURA 71 – GRÁFICO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .................186
FIGURA 72 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (INFLUENTES)...........187
FIGURA 73 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (DEPENDENTES) ......189
FIGURA 74 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS ............................................189
FIGURA 75 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA INDIRETA..................193
FIGURA 76 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDIRETAS.................................194
FIGURA 77 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 1................................................195
FIGURA 78 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 2................................................196
FIGURA 79 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 3................................................197
FIGURA 80 – INFLUÊNCIA DIRETA NA CULTURA EMPRESARIAL ....................198
FIGURA 81 – CLASSIFICAÇÃO POR INFLUÊNCIA: DIRETA / INDIRETA............199
FIGURA 82 – CLASSIFICAÇÃO POR DEPENDÊNCIA: DIRETA / INDIRETA .......200
FIGURA 83 – PLANO DE DESLOCAMENTO DAS VARIÁVEIS.............................201
FIGURA 84 – VARIÁVEL MOTRIZ: EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO......................205
FIGURA 85 – EMPREGO E AS VARIÁVEIS-CHAVE .............................................206
FIGURA 86 – PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL ........211
x
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – LEITURAS POSSÍVEIS DAS VARIÁVEIS..........................................56
QUADRO 2 – PROPRIEDADES MULTIFUNCIONAIS..............................................88
QUADRO 3 – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA .......136
QUADRO 4 – MATRIZ DE INFLUÊNCIA DIRETA (MID) ........................................179
QUADRO 5 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DE TÉNIÈRE-BUCHOT ..............202
QUADRO 6 – VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA ..................................................204
QUADRO 7 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS-CHAVE E TENDÊNCIAS...............207
xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – INDICADORES MACROECONÔMICOS DO BRASIL........................103
TABELA 2 – PROJEÇÃO DO PIB DE PAÍSES EMERGENTES.............................103
TABELA 3 – VARIÁVEIS COLOCADAS "EM JOGO" .............................................134
TABELA 4 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) ..148
TABELA 5 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) ...................150
TABELA 6 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)...........154
TABELA 7 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17...................155
TABELA 8 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17) ...........................156
TABELA 9 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17 ...................................157
TABELA 10 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)........163
TABELA 11 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18.................164
TABELA 12 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18) .........................165
TABELA 13 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18 .................................165
TABELA 14 – LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS ...........................................171
TABELA 15 – TITULAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ ..........................172
TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL POR TITULAÇÃO...............................173
TABELA 17 – GRUPOS DE PESQUISA.................................................................173
TABELA 18 – GRUPOS DE PESQUISA POR MESORREGIÃO ............................174
TABELA 19 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA...................174
TABELA 20 – INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (IPD) ......175
TABELA 21 – LOCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE P&D ................................175
TABELA 22 – INDICADOR DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .............185
TABELA 23 – ESTABILIDADE DA MATRIZ MID ....................................................192
xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
2D - Duas Dimensões
3D - Três Dimensões
AADLT - Advancement and Dissemination of Leapfrog Technology
ACV - Análise do Ciclo de Vida
AITEX - Instituto Tecnológico Textil
ALCA - Área de Livre Comércio das Américas
ALICE - Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior
APL - Arranjo Produtivo Local
CAD - Computer Aided Design
CAM - Computer Aided Manufacturing
CAQ - Computer Aided Quality
CAT - Computer Aided Test
CE - Comunidade Européia
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos
CIM - Computer Integrated Manufacturing
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CNAM - Conservatoire National des Arts et Métiers
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONCLA - Comissão Nacional de Classificação
DHI - Die Hohensteiner Institute
DNA - Ácido Desoxirribonucléico
e-COMMERCE - Comércio Eletrônico
EDI - Electronic Data Interchange
EPI - Equipamento de Proteção Individual
ERP - Enterprise Resource Planning
e-TÊXTIL - Têxtil Eletrônico
e-TSCM - e-Textile Supply Chain Management
EUA - Estados Unidos da América
EURATEX - The European Apparel and Textile Organisation
FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná
GPS - Global Positioning System
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEL/NC - Instituto Euvaldo Lodi / Núcleo Central
IHB - Institut fur Hygiene und Biotechnologie
IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
IPD - Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento
IST - Instituto Superior Técnico
ITA - Institut fur Textiltechnik Aachen
IWTO - International Wool Textile Organisation
LCD - Liquid Crystal Display
LCD/TFD - Liquid Crystal Display / Thin Film Transistor
LIPSOR - Laboratoire d’Investigation en Prospective Stratégie et Organisation
MACTOR - Méthode Acteurs, Objectifs, Rapports de Force
MAO - Matriz Atores versus Objetivos
xiii
MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MERCOSUL - Mercado Comum do Sul
MICMAC - Matrice d'Impacts Croisés Multiplication Appliqués à un Classement
MID - Matriz de Influências Diretas
MIDI - Matriz de Influências Diretas e Indiretas
MII - Matriz de Influências Indiretas
MIT - Massachusetts Institute of Technology
MORPHOL - L’Analyse Morphologique
MP3 - MPEG-1/2 Audio Layer 3
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
MULTIPOL - Méthode Multicritère et Politique
NAFTA - North America Free Trade Agreement
NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul
OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OLED - Organic Light Emitting Diode
OPT - Outward Processing Trade
P&D - Pesquisa & Desenvolvimento
P&D&I - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
PI - Propriedade Industrial
PIB - Produto Interno Bruto
PPS - Produktionplanung und –Steuerung
PUC-PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná
RAIS - Relação Anual de Informação Social
REDESIST - Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais
RFID - Radio Frequency Identification
SEBRAE - Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECEX - Secretaria do Comércio Exterior
SEMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SEPL - Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral
SINDITÊXTIL - Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo
SMIC-PROB-EXPERT - Matrices d’Impacts Croisés Probabilistes
TIC - Tecnologia de Informação e Comunicação
TITV - Textilforschungs Institut Thuringen-Vogtland
UE - European Union
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UEM - Universidade Estadual de Maringá
UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFPR - Universidade Federal do Paraná
UP-SKILLS - Upgrading Graduate Strategic Skills
USB - Universal Serial Bus
UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
UTP - Universidade Tuiuti do Paraná
UV - Ultravioleta
VP - Variação Percentual
xiv
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é elaborar uma abordagem de Prospectiva Estratégica de apoio à
tomada de decisão, que contribua, de forma estruturada, para a formulação de políticas e
estratégias setoriais. Esta é uma pesquisa de caráter descritivo e de natureza aplicada. A
abordagem utilizada é tanto quantitativa quanto qualitativa. O método está baseado no
estudo de caso do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Este estudo foi realizado
a partir da utilização de dados primários, coletados junto aos especialistas do Setor Têxtil e
Confecção do Estado do Paraná, como, também, dados secundários extraídos da Internet,
documentos públicos (bases de dados RAIS, ALICE WEB, Plataforma Lattes, Plataformas
Tecnológicas), e pesquisa bibliográfica. Os dados primários foram obtidos das seguintes
técnicas: (i) entrevista semi-estruturada; (ii) ponderação da matriz de variáveis; e, (iii)
observação assistemática in loco (dinâmica do Painel de Especialistas). Pode-se destacar
três resultados significativos nesta pesquisa: primeiramente, com o mapeamento dos
indicadores do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná pôde-se obter um diagnóstico
estruturado sobre o atual panorama da indústria. O segundo resultado refere-se ao
levantamento das tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas, em nível mundial,
que poderão impactar o setor e modificar a sua estrutura. E, por último, destaca-se o estudo
que possibilitou a identificação das variáveis-chave que influenciam o setor, com o
mapeamento das suas respectivas inter-relações. Esses três estudos contemplam o
processo prospectivo desenvolvido nesta pesquisa. O resultado demonstrou que a
Prospectiva Estratégica fornece um aparato bastante significativo para a formulação de
políticas e estratégias setoriais, como também, para aglomerações industriais setoriais. Com
o advento da globalização, as mudanças e os impactos que a dinâmica do desenvolvimento
científico e tecnológico mundial gera na sociedade, fazem com que os sistemas produtivos
sejam afetados constantemente por essas alterações. Este fato embasa a necessidade de
utilização de ferramentas e abordagens que possibilitem a estruturação do sistema industrial
ou setorial para a tomada de decisão condizente com o diagnóstico atual e as tendências
mundiais que possam influenciar o sistema local.
Palavras-chave: Desenvolvimento Regional; Economia Regional; Mudança Tecnológica;
Organização Industrial e Estudos Industriais; Economia Industrial.
xv
ABSTRACT
This research aims to elaborate a Strategic Prospective approach to support the decision
making process, which contributes, in a structured way, to the formulation of sectorial politics
and strategies. This is a descriptive research and of applied nature. The approach used is
both qualitative and quantitative. The method is based on the case study of the Textile and
Clothing Sector of the state of Paraná. This study has been accomplished through the use of
primary data, collected from specialists of the Textile and Clothing Sector of the state of
Paraná, as well as secondary data captured from the Internet, public documents (RAIS data
base, ALICE WEB, Lattes data-base, Technological platforms), and bibliographical research.
The primary data have been attained through the following techniques: (i) semi-structured
interview; (ii) careful consideration of the matrix of variables; and (iii) in loco non-systematic
observing (dynamic of the Panel of Specialists). We can highlight three relevant results in
this research: first, we can obtain a structured diagnosis about the current panorama through
the mapping of the indicators of the Textile and Clothing Sector of the state of Paraná; the
second result refers to the survey of the scientific-technological and socioeconomic
tendencies in the world, which can impact the sector e modify the its structure. Last, we point
out the study that made possible the identification of the key-variables which influence the
sector, and the mapping of their inter-relations. These three studies embrace the prospective
process developed in this research. The result has demonstrated that the Strategic
Prospective supplies an expressive pomp for the formulation of sectorial politics and
strategies, as well as for setorials industrial heap. Because of the globalization, the changes
and impacts that the world-wide technological and scientific development dynamic produces
on the society constantly makes that these alterations affect the productive systems. This
fact supports the necessity of use of tools and approaches which make possible the
structuring of the industrial or setorial system for the decision-making consonant to the
current diagnosis and the world-wide tendencies which can influence our local system.
Key-words: Regional Development; Regional Economy; technological change; Industrial
Organization and Industrial studies; Industrial Economy.
16
1 INTRODUÇÃO
Em tempos de intensas transformações, identificar as variáveis que impactam
uma indústria é fundamental no contexto sistêmico que permeia os negócios. Todas
as indústrias sofrem algum tipo de impacto com as oscilações de mercado, do
comportamento da sociedade e dos avanços da tecnologia. Na década de 90, por
exemplo, a Indústria Têxtil brasileira passou por problemas significativos devido ao
impacto de diversas variáveis inter-relacionadas, como a abertura do mercado
interno, a forte concorrência asiática, a defasagem tecnológica e a inserção de
novos produtos (têxteis sintéticos e artificiais) no mercado nacional.
De acordo com Passos (1999), a abertura econômica ocorrida no Brasil em
meados dos anos 90 fez mobilizar, na época, inovações na gestão como fonte de
competitividade, o que de fato proporcionou alguns resultados concretos de aumento
da produtividade. No entanto, estes procedimentos podem ser classificados como
estratégia defensiva, onde o objetivo é obter redução de custos no curto prazo.
Estes tipos de estratégias não induzem e não estimulam as empresas à
criação de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, o que,
nas condições atuais de mercados cada vez mais globalizados, apenas
garante uma sobrevida a estas empresas, até que outras empresas do
mesmo ramo, portadoras de instrumentos e programas de capacitação
tecnológica, nacionais ou estrangeiras, tomem seus mercados ou adquiram
seu controle acionário. (PASSOS, 1999, p, 363).
Falta para o empresariado nacional, neste contexto, uma postura pró-ativa
frente às transformações. Antes de uma mudança concretizar-se, por mais simples
que seja, revela, ao longo de sua maturação, vários sinais que poderiam ser
captados previamente, e que poderiam ser utilizados na formulação de ações e
estratégias no sentido de maximizar os benefícios e minimizar o seu impacto
negativo (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).
Porém, ainda têm-se muitos casos de omissão sobre esse tema.
Recentemente, o Setor de Calçados brasileiro passou por profundas transformações
devido ao impacto de diversas variáveis externas, como a mudança do câmbio e a
forte concorrência asiática, principalmente, pela ação de empresas chinesas nos
mercados tradicionais atendidos, até então, pela indústria brasileira. Os resultados
dessas transformações causaram diversas conseqüências na região do Vale dos
17
Sinos, no Rio Grande do Sul. Em 2005, foram demitidos cerca de 18 mil
trabalhadores e fechadas diversas fábricas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 2005;
SINDICATO MERCOSUL, 2006). Outro exemplo é o fato ocorrido em 2006 que diz
respeito a uma lei que foi sancionada em Brasília, a qual proibiu a utilização de
materiais promocionais em campanhas políticas. Esse episódio teve um reflexo
direto no Arranjo Produtivo Local de bonés de Apucarana, no Paraná. Uma variável
política que afetou toda uma região (CÂMARA..., 2005; VALOR ECONÔMICO,
2006).
Saber lidar com as mudanças pode ser considerada uma tarefa difícil e que
precisa ser trabalhada de maneira introspectiva, pois acredita-se que, primeiro, cada
indivíduo ou organização precisa trabalhar e se preparar internamente para
possíveis alterações do statu quo
1
para, depois, aceitar e promover as mudanças
necessárias e que muitas vezes são inevitáveis (SENGE, 1999).
É difícil quebrar velhos paradigmas ou aceitar novos padrões e modelos,
apesar de tal fato ser considerado, muitas vezes, determinante para a perpetuação
de muitas organizações. Muitos estudos evidenciam tal fato e demonstram que
muitas empresas sucumbiram aos seus próprios ideais, ao tentar resistir a certas
mudanças significativas e vitais para a sua sobrevivência (SENGE, 1999).
Mudanças e transformações estiveram presentes na sociedade ao longo de
sua evolução. Elas sempre existiram e continuarão a causar diversos tipos de
impactos. Porém, o que se percebe nos últimos anos, é o fato de que a velocidade
com que ocorrem essas mudanças está aumentando constantemente (CASTELLS,
2005). Em outras palavras, hoje as mudanças ocorrem em espaços de tempo
reduzidos, onde, por exemplo, novas tecnologias são desenvolvidas e acabam
rompendo formas até então onipresentes, causando rupturas socioeconômicas e
tecnológicas; mudanças ou novas regras e legislações são constituídas e acabam
resultando em modificações significativas na economia; e até mesmo mudanças
climáticas irão, certamente, modificar os costumes e comportamentos dos indivíduos
(RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).
1
Statu quo: expressão latina (in statu quo ante) que designa o estado atual das coisas, seja em que
.
..momento for.
18
A mudança está estreitamente ligada à inovação e ao avanço da ciência e
tecnologia. Para Drucker (1975), as empresas terão que se tornar cada vez mais
capazes de se organizarem para a inovação e o monitoramento da tecnologia, bem
como realizar um acompanhamento dos impactos sociais e econômicos. Os
trabalhos de Porter (1989) corroboram essa idéia e o autor salienta, ainda, que seria
importante prever a trajetória da evolução tecnológica, pois, dessa forma, as
empresas antecipariam-se às mudanças e, conseqüentemente, tornariam-se mais
competitivas no mercado.
Além disso, a característica sistêmica das mudanças faz com que estas
fiquem ainda mais complexas e de difícil compreensão, principalmente, na medida
em que as interações vão aumentando e os reflexos dos impactos ficam vinculados
a quantidades maiores de atores e variáveis (CASTELLS, 2005).
Segundo Drucker (2001), o desafio em termos de gestão e administração
para o século XXI está relacionado com o modo como as organizações lidam com as
mudanças. O autor afirma que não é possível gerenciar as mudanças, mas sim
somente estar à sua frente. A empresa precisa ser uma “líder de mudança”, e, para
isso, os líderes devem tratá-la como oportunidades, buscando encontrar boas
mudanças dentro e fora da organização. Nesse sentido, é possível verificar quatro
requisitos básicos para uma empresa ser uma líder de mudança, a saber: (i)
políticas para criar o futuro; (ii) métodos sistemáticos para buscar e prever
mudanças; (iii) maneiras de introduzir mudanças (dentro e fora da organização); e,
(iv) políticas para equilibrar mudanças e continuidade. Drucker (2001) acrescenta
ainda que a política de inovação precisa estar relacionada com a política de criar
mudanças. Sem o relacionamento dessas políticas nenhuma organização pode
esperar ser uma inovadora de sucesso.
No entanto, nas organizações é possível observar, simultaneamente, duas
forças contrárias quanto ao processo de mudança: (i) o desejo de mudar; e, (ii) o
desejo de continuar o statu quo. No centro de tudo isso pode surgir o conflito: de um
lado pessoas aptas a mudarem, e no outro, indivíduos receosos e intransigentes
(MARRAS, 2002).
É nesse sentido que a cultura organizacional ganha grande destaque, uma
vez que é preciso entendê-la para poder promover processos de mudanças e de
inovação. De acordo com Silva e Zanelli (2004, p. 439), “quanto mais consistente for
19
a cultura, mais difícil será a mudança em direções opostas aos seus valores, uma
vez que ela funciona como um anteparo que afasta a organização de tais
inovações”. A cultura não pode ser alterada de maneira arbitrária por meio de
anúncios de mudanças, mas sim mediante incentivos relacionados aos pontos fortes
e, conseqüentemente, ao atrofiamento dos pontos fracos.
Tais mudanças se efetivam a partir de alterações legítimas nas atitudes dos
dirigentes e pela interiorização de novas formas de conceber os processos
e rotinas organizacionais. Nesse ponto, os dirigentes devem agir de acordo
com o que professam, de modo a estimular que os demais participantes da
comunidade organizacional confiram credibilidade à realidade social em
mudança. (SILVA; ZANELLI, 2004, p. 441).
A cultura não pode ser analisada de maneira individual, pois existe toda uma
cadeia de interação entre organizações e indivíduos, e em vários níveis. A cultura
deve ser tratada de maneira integrada, considerando a interação simultânea entre os
diferentes níveis, por exemplo, do grupo, da organização e da cultura local (CHAO,
2004 apud SILVA; ZANELLI, 2004).
Acredita-se que é nesse sentido que o desenvolvimento regional deve ser
fomentado, ou seja, no objetivo de trabalhar a cultura empresarial para que toda
uma indústria forme a base propulsora de um processo de inovação, que se
dissemine por toda a região, e que tenha o desenvolvimento sustentável como a
grande meta a ser atingida. A indústria tem um papel fundamental no
desenvolvimento regional sustentável, e é pelas pessoas que esse processo deve
ser promovido e impulsionado (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).
1.1 PROBLEMÁTICA
É importante que se faça o monitoramento das variáveis que impactam a
indústria-chave local, pois qualquer mudança significativa na cadeia produtiva ou no
setor, pode acarretar sérios problemas e comprometer a busca pelo
desenvolvimento regional sustentável (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).
Como mencionado na introdução deste trabalho, é difícil identificar e mapear
as variáveis que impactam uma organização, o que torna ainda mais complexo
estender essa tarefa a toda uma indústria. Em termos setoriais, existem muitos
atores agindo ao longo da cadeia de produção que, juntos, formam uma rede de
20
relacionamento. Esses atores possuem, de forma concomitante, um poder de
influência e dependência entre si, com pesos e graus de interação diferentes. Sem
contar com os reflexos, oriundos das variáveis internas e externas à indústria, que
impactam direta e indiretamente no comportamento desses atores. Nesse sentido,
toda a indústria pode ser considerada um sistema complexo, com entrada,
processamento e saída, e com muitas variáveis incidindo sobre ela.
Tendo como fundo a explanação desenvolvida anteriormente, tem-se como
problema de pesquisa a seguinte indagação:
COMO A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA PODE SUBSIDIAR
A TOMADA DE DECISÃO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E
ESTRATÉGIAS VOLTADAS AO SETOR TÊXTIL E
CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ?
Compreender como o sistema funciona, portanto, pode contribuir para uma
tomada de decisão mais fundamentada, além de facilitar o entendimento do
processo de mudança e inovação na indústria e nas organizações. A Prospectiva
Estratégica é uma abordagem metodológica que pode possibilitar uma visão mais
detalhada sobre o comportamento do sistema empresarial. Essa abordagem utiliza-
se de diversas ferramentas que podem ser utilizadas como apoio à tomada de
decisão, como por exemplo, a identificação e priorização das variáveis que possam
impactar o sistema, ou mesmo para a obtenção do mapa de poder e força entre os
atores do sistema investigado.
1.2 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desta pesquisa é propor um processo de apoio à tomada de
decisão para a definição de políticas e estratégias para o Setor Têxtil e Confecção
do Estado do Paraná.
1.2.1 Objetivos Específicos
Para o atendimento do objetivo principal, esta pesquisa comporta os
seguintes objetivos específicos:
21
Realizar uma revisão de literatura sobre Desenvolvimento Regional e as
Aglomerações Industriais, bem como sobre a Prospectiva Estratégica;
Levantar, em nível mundial, as tendências científico-tecnológicas e
socioeconômicas que possam impactar o Setor Têxtil e Confecção do
Estado do Paraná;
Mapear o Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná com
relação aos indicadores de emprego e trabalho, de comércio internacional
e de competência em pesquisa;
Priorizar as variáveis relevantes para o Setor Têxtil e Confecção do Estado
do Paraná (definição do sistema de variáveis);
Identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do
Paraná;
Analisar as inter-relações entre as variáveis do sistema e deduzir sua
contribuição para a tomada de decisão; e,
Estruturar uma proposta de Prospectiva Estratégica para apoiar à tomada
de decisão setorial.
1.3 HIPÓTESES
As hipóteses que se pretende verificar nesta pesquisa estão embasadas na
premissa de que a complexidade sistêmica da cadeia produtiva precisa ser, pelo
menos, estruturada de maneira lógica para apoiar a tomada de decisão. Nesse
sentido, as hipóteses a serem consideradas nesta investigação podem ser assim
apresentadas:
HIPÓTESE 1
A Prospectiva Estratégica pode auxiliar na tomada de decisão em um
contexto complexo caracterizado pela dificuldade de obtenção de leitura
coerente das inter-relações das variáveis que compõem e impactam o
Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.
HIPÓTESE 2
A Prospectiva Estratégica é uma abordagem que permite identificar
tendências e mudanças que poderão impactar a indústria e aglomerações
industriais.
22
1.4 O MÉTODO
Esta é uma pesquisa de caráter descritivo e de natureza aplicada. A
abordagem utilizada é tanto quantitativa quanto qualitativa. O método está baseado
no estudo de caso do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.
1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Além dessa introdução, capítulo 1, este trabalho está estruturado em sete
capítulos (ver Figura 1). Na seqüência, capítulo 2, encontra-se abordado o tema
desenvolvimento regional e as aglomerações industriais, pois acredita-se que a
Prospectiva Estratégica possa contribuir para questões de ordem setorial voltadas
ao desenvolvimento regional, bem como para as aglomerações industriais setoriais.
Em seguida, capítulo 3, tem-se estruturado o capítulo referente aos estudos sobre o
futuro e a Prospectiva Estratégica, no qual procurou-se conceituar e apresentar as
principais ferramentas utilizadas em estudos dessa natureza.
FIGURA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Fonte: O autor.
Dando continuidade, no capítulo 4 foram identificadas as principais tendências
e convergências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o Setor Têxtil e
Confecção, no qual procurou-se, de forma simplificada, extrapolar algumas
mudanças previstas para o setor. Os aspectos metodológicos que permearam e
direcionaram esta pesquisa estão apresentados no capítulo 5. No capítulo seguinte,
capítulo 6, apresenta-se o estudo de caso sobre o Setor Têxtil e Confecção do
Estado do Paraná, onde procurou-se identificar alguns indicadores que pudessem
posicionar a indústria paranaense em relação ao país e relacionar algumas
Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4
Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7
Introdução
Desenvolvimento
Regional e as
Aglomerações
Industriais
Setor Têxtil e Confecção do Paraná:
Um Estudo de Caso
Aspectos
Metodológicos
Estudos sobre
o Futuro e a
Prospectiva
Estraté
g
ica
Tendências e
Convergências do
Setor Têxtil
e Confecção
Considerações
Finais
23
características do setor no Paraná. Neste capítulo encontram-se, também, a análise
e as discussões referentes ao método MICMAC
©
desenvolvido neste estudo. Por
último, no capítulo 7 são apresentadas as considerações finais, onde procurou-se
responder aos objetivos e às hipóteses previamente levantadas na introdução desse
trabalho, capítulo 1. Além disso, encontra-se no final deste documento os elementos
pós textuais como Referências (página 219), Apêndices (página 237), e Anexos
(página 257).
24
2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS
A dinâmica da economia e da tecnologia dos sistemas produtivos regionais
motivaram estudiosos de diversas áreas do conhecimento, tais como a economia, a
sociologia e a geografia. Este fato gerou como resultado inúmeras nomenclaturas e
definições para caracterizar aglomerações empresariais com proximidade geográfica
(LEMOS, 2003). Além disso, essas definições variam de autor para autor, e
dependem muito do tipo de enfoque e do objeto em análise. Para este estudo
adotou-se a definição de Lastres e Cassiolato (2003, p. 07), cujo conceito pode ser
assim descrito:
O termo aglomeração – produtiva, científica, tecnológica e/ou inovativa –
tem como aspecto central a proximidade territorial de agentes econômicos,
políticos e sociais. Geralmente, essas aglomerações envolvem algum tipo
de especialização produtiva da região em que se localizam.
Nesse contexto, existem diversas tipologias e abordagens relacionadas às
aglomerações industriais. Suzigan (2001) apresenta pelo menos cinco abordagens
expressivas para analisar tais aglomerações: (i) “Nova Geografia Econômica” de
Paul Krugman; (ii) “Economia de Empresas”, com destaque para Michel Porter; (iii)
“Economia Regional”, liderada por Allen Scott; (iv) “Economia da Inovação”, cujo
expoente é David Audrestch; e, (v) “Pequenas Empresas / Distritos Industriais”, com
destaque para as contribuições de Hubert Schmitz.
As abordagens de Krugman e Porter são semelhantes, principalmente no
sentido de tratar as aglomerações industriais como resultado natural das forças de
mercado, o que assume o pressuposto de que não há muito que fazer em relação às
medidas gerais de políticas. Por outro lado, as abordagens de Scott, Audrestch e
Schmitz ressaltam o apoio do setor público, por meio de medidas específicas de
políticas e do fomento à cooperação entre os atores (SUZIGAN, 2001).
A questão da proximidade entre as empresas é um fator que caracteriza as
aglomerações industriais. Por conseguinte, o “local” torna-se um objeto de estudo
muito importante, devido às diversas tentativas de revelar as características do seu
relacionamento com o desenvolvimento e a competitividade da região. Nesse
sentido, Oliveira (2004, p.55) destaca que:
25
A recente importância e a especialização assumida pelo espaço
denominado “local” pode parecer o paradoxo da globalização. Enquanto
global remete à idéia de inexistências de limites e fronteiras, local denota
espaço fisicamente reconhecido que pode significar desde um bairro até
uma nação.
Muitos pesquisadores afirmam que os conceitos de local e de espaço são
muito mais amplos que os limites físicos de determinados aglomerados industriais.
Acredita-se que os limites do local não são somente geográficos, mas devem ser
determinados, por exemplo, no âmbito econômico, político e social, o que de fato
inclui toda a dinâmica e inter-relações que existem nesse contexto (ALBAGLI, 1999;
LÓPEZ; LUGONES, 1999; CARON, 2004 apud OLIVEIRA, 2004; PEIXOTO, 2005).
O espaço tem um papel privilegiado na medida em que ele cristaliza os
momentos anteriores, e é o lugar de encontro entre o passado e o futuro,
mediante as relações sociais do presente que nele se realizam. (PEIXOTO,
2005, p. 23).
Outro ponto importante, que vem sendo debatido e pesquisado, diz respeito à
identificação das regiões que possuem aglomerações industriais e vocação para
determinadas atividades econômicas. Existem vários estudos que priorizam o
desenvolvimento de metodologias de identificação e análise de aglomerações
industriais como, por exemplo, os estudos de Britto, (2000); Suzigan, (2001); Puga,
(2003); Suzigan et al., (2003a) e (2003b); Szpak e Cunha, (2003); Santana e
Santana, (2004); Ruiz e Domingues, (2005); Santana, Santana e Filgueiras, (2005).
As técnicas utilizadas são variadas e vão desde a análise de bases de dados, como
a RAIS e os coeficientes de GINI
2
, até a pesquisa in loco, por meio de questionário
estruturado.
Além disso, existe no Brasil uma rede de pesquisa interdisciplinar,
denominada REDE DE PESQUISA EM SISTEMAS E ARRANJOS PRODUTIVOS E
INOVATIVOS LOCAIS – REDESIST, que trabalha com o tema aglomerações
industriais, cuja coordenação está sendo desenvolvida pelos pesquisadores José
Eduardo Cassiolato e Helena Maria Martins Lastres. Os trabalhos da REDESIST
estão sendo orientados no sentido de desenvolver indicadores e tipologias que
permitam tirar algumas conclusões sobre fatores recorrentes, que propiciam ou
2
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado
...Gini.
26
dificultam o processo de aprendizado, capacitação e inovação. No entanto, somente
com a utilização dos indicadores não é possível captar todos os aspectos
importantes para uma análise profunda de aglomerações industriais (LASTRES;
CASSIOLATO, 2004).
Segundo Dominguez e Ruiz (2006), um estudo realizado no Brasil para
mapear a organização territorial da indústria brasileira identificou quinze
aglomerações espaciais no país, formadas por apenas 254 municípios. A
distribuição geográfica dessas aglomerações é restrita às Regiões Sul e Sudeste,
sendo que essas quinze aglomerações concentram 75% do produto industrial do
país e quase o total do produto das empresas inovadoras, exportadoras e intensivas
em escala. Este fato demonstra a importância das aglomerações industriais para o
país. Na Figura 2, p. 27, pode-se observar a distribuição das firmas industriais com
mais de 30 empregados no Brasil no ano 2000.
O espaço econômico brasileiro é um caso heterogêneo: o Brasil já
apresenta amplas regiões com fortes conexões regionais, particularmente
no Sul e Sudeste, mas existem ainda um conjunto desconexo de ilhas e
enclaves
3
industriais com limitados efeitos transbordamentos. (RUIZ;
DOMINGUES, 2005, p. 01) .
De acordo com um estudo realizado por Lemos et al. (2003), a configuração
regional brasileira revela que não houve mudança estrutural, entre 1980 e 1991, do
padrão do desenvolvimento regional brasileiro
4
, uma vez que os autores
identificaram que os grandes contornos geográficos da economia brasileira
continuavam semelhantes.
As fronteiras do aglomerado industrial não são estáticas; elas se encontram
em constante evolução. Este fato é devido, principalmente, ao surgimento de novas
empresas e setores, ao encolhimento ou declínio dos setores estabelecidos e ao
desenvolvimento e à transformação das instituições locais. A causa dessa
mobilidade das fronteiras dos aglomerados pode ser explicada, por exemplo, pela
mudança na legislação e nos regulamentos, ou pela evolução da tecnologia e dos
mercados, o que pode disseminar novos setores, criar novos elos ou alterar os
mercados atendidos (PORTER, 1999).
3
Enclaves = áreas no entorno de aglomerações industriais locais isoladas no território.
4
Dados baseados no censo de 1991 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
27
FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DE INDÚSTRIAS NO BRASIL
Fonte: DOMINGUES; RUIZ, (2006, p. 43).
Ainda nesse sentido, Lastres et al. (1999) destacam que o caráter localizado
do desenvolvimento econômico e sua relação com a inovação é uma questão muito
recente e que pode ser observada com mais intensidade na literatura especializada
a partir dos anos 80. A atenção ficou maior no que se refere ao caráter localizado da
inovação e do conhecimento quando se constataram grandes assimetrias
relacionadas à distribuição espacial da capacidade de geração e de difusão de
inovações. De acordo com Dosi et al. (1994) apud López e Lugones (1999), as
capacidades de inovação e aprendizado estão fortemente inseridas ou aprofundadas
na estrutura social, institucional e produtiva de cada região.
Atrelado a tudo isso, é, de certa forma, consenso entre a maioria dos
pesquisadores e estudiosos a premissa da impossibilidade de criação de
aglomerações por forças externas ou por imposição, já que, geralmente, as
aglomerações industriais desenvolvem-se espontaneamente. O surgimento desse
28
modelo industrial depende muito da vocação local, além da presença de economias
externas e de condições regionais favoráveis. É por isso que não é possível
desenvolver políticas de criação de aglomerações empresariais (SUZIGAN, 2001).
As aglomerações industriais variam em tamanho, amplitude e estágio de
desenvolvimento. Algumas delas são constituídas de empresas de pequeno e médio
porte, outras envolvem organizações de grande e pequeno porte. Algumas
aglomerações giram em torno de pesquisas universitárias, enquanto outras não
apresentam ligações significativas com essas instituições. Essas e outras distinções
refletem as diferenças estruturais entre as aglomerações. “Os aglomerados mais
desenvolvidos apresentam bases de fornecedores mais profundas e especializadas,
um aparato mais amplo de setores correlatos e instituições de apoio mais
abrangentes”. (PORTER, 1999, p. 216).
Em se tratando de competição, as empresas nos aglomerados podem ser
influenciadas de três maneiras: (i) pelo aumento da produtividade; (ii) pelo
fortalecimento da capacidade de inovação; e, (iii) pelo estímulo à formação de novas
empresas, que reforçam o processo de inovação e ampliam o aglomerado como um
todo. Além disso, os índices de produtividade nos aglomerados são beneficiados
pelo ao acesso a fatores como: (i) insumos e pessoal especializado; (ii) informação;
(iii) complementaridade entre as atividades; (iv) instituições e bens públicos; e, (v)
incentivo e mensuração do desempenho (PORTER, 1999).
As vantagens da aglomeração empresarial têm auxiliado, principalmente,
pequenas e médias empresas a vencerem barreiras ao crescimento. O arranjo
dessas organizações pode fomentar a produção eficaz e a comercialização de
produtos em mercados distantes, tanto em nível nacional quanto em nível
internacional (CASSIOLATO; LASTRES, 2001).
O modelo de aglomeração industrial também gera oportunidades para outros
setores, como é o caso das indústrias correlatas e de apoio que são fomentadas na
região. Segundo Garcia (2003), as aglomerações industriais são capazes de atrair
setores e segmentos industriais e de serviços ligados à atividade principal, o que de
fato contribui para o incremento da competitividade local, para o processo de
inovação e aperfeiçoamento dos produtos e para o aprendizado coletivo.
Quanto à inovação, os benefícios para as empresas que fazem parte de
aglomerados industriais, em comparação com as organizações em localizações
29
isoladas, são importantes e, até certo ponto, mais expressivos (PORTER, 1999;
CASSIOLATO; LASTRES, 2001). As empresas dentro de um aglomerado industrial
percebem de maneira mais rápida as necessidades dos compradores, além de
terem maior facilidade de discernimento das tendências dos clientes. A flexibilidade
e a capacidade de atuação para agir com rapidez quando despertadas para um
insight é maior nas empresas localizadas nos aglomerados, principalmente pela
existência de articulações mais fortes (PORTER, 1999).
Para Boisier (1996), o desenvolvimento regional está submetido ao resultado
da interação de dois notáveis processos que estão, atualmente, presentes em todos
os países: (i) o processo de abertura externa (movido pela globalização); e, (ii) o
processo de abertura interna (impulsionado pela força da descentralização).
Segundo o autor, o processo de abertura externa é essencialmente econômico,
enquanto que o processo de abertura interna é político.
Pode-se mesmo dizer que é crescente a percepção da inconciliabilidade
entre o objetivo de tornar-se competitivo e a manutenção de estruturas
decisórias centralizadas. Essa constatação permite prever uma ampla e
progressiva demanda por descentralização, o que inclui, evidentemente, a
descentralização política/territorial, que fará aumentar a importância do
remanejo territorial. (BOISIER, 1996, p. 112).
Segundo Boisier (1996), o desenvolvimento de um território organizado
depende da existência e da articulação de seis elementos: (i) atores; (ii) instituições;
(iii) cultura; (iv) procedimentos; (v) recursos; e, (vi) entorno. Normalmente esses
elementos estão presentes em qualquer território organizado.
Esses elementos interagem de um modo denso ou difuso, de forma
aleatória ou então de uma forma inteligente e estruturada. O
desenvolvimento resultará apenas de uma interação densa e
inteligentemente articulada, mediante um projeto coletivo ou um projeto
político regional. Do contrário, não se terá senão uma caixa preta, cujo
conteúdo e funcionamento se desconhece. (BOISIER, 1996, p. 133).
Em algumas regiões prevalece uma cultura competitiva e individualista, capaz
de gerar crescimento, porém sem condições de promover o desenvolvimento mais
duradouro. Por outro lado, existem regiões em que a cultura da cooperação e da
solidariedade é mais intensa, o que gera mais eqüidade sem crescimento. Portanto,
o importante é combinar ambos os padrões para que seja possível obter, em uma
mesma região, a capacidade de cooperação e de competição (BOISIER, 1996).
30
Se o jogo da competição é uma atividade complexa que se desenvolve de
acordo com regras também complexas, não se pode pretender ganhar
mediante sistemas simples. (...) Pode-se observar que a complexidade
territorial é também um requisito para uma junção adequada de qualquer
território ao comércio internacional. (BOISIER, 1996, p. 120).
O modelo em que a cooperação e a concorrência se encontrem combinadas
em um mesmo território se assemelha muito com algumas teorias sobre
aglomerações industriais. A seguir serão apresentadas algumas estratégias de
ações de desenvolvimento regional por meio da aglomeração industrial. Estas
estratégias muitas vezes foram desenvolvidas de forma arbitrária (políticas públicas),
como também, em muitos casos são padrões que foram observados a partir do
surgimento espontâneo e vocacional de determinadas regiões.
2.1 DISTRITO INDUSTRIAL
Foi o inglês Alfred Marshall o primeiro estudioso a desenvolver o conceito de
distrito industrial. Tal definição é conseqüência do padrão de produção que existia na
Inglaterra no século XIX, onde a característica básica que levou Marshall a chegar a
essa conclusão era a concentração de pequenas empresas de manufatura
aglomeradas na periferia dos centros produtores (GARCIA, 2002; ALBAGLI; BRITO,
2003; LASTRES; CASSIOLATO, 2003; CAMPOS, 2006; SONAGLIO; MARION
FILHO, 2006).
As características básicas dos modelos clássicos de distritos industriais,
caracterizados a partir da análise original de Marshall, indicam em vários
casos: alto grau de especialização e forte divisão de trabalho; acesso à
mão-de-obra qualificada; existência de fornecedores locais de insumos e
bens intermediários; sistemas de comercialização e de troca de informações
entre os agentes. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 13).
2.2 PÓLO INDUSTRIAL
Segundo Haddad (2002), foram os pesquisadores franceses François Perroux
e Jacques Boudeville, em meados dos anos 50, que criaram os primeiros conceitos
de pólo e desenvolvimento regional polarizado. Pólos são formados por
aglomerações de indústrias motrizes no desenvolvimento econômico de regiões e
localidades, capazes de induzirem transformações na sua área de influência (efeitos
de arrasto).
31
Um pólo de desenvolvimento está associado, geralmente, a um grande
projeto de investimento geograficamente localizado e que mantém fortes
vínculos com suas áreas de influência política, econômica e institucional.
(HADDAD, 2002, p. 02).
2.3 COMPLEXO INDUSTRIAL
De acordo com Isard (1998) apud Haddad (2002), complexo industrial pode
ser definido como um conjunto de atividades que ocorrem em um determinado local
e pertencem a um grupo ou subsistema de atividades sujeitas a importantes inter-
relações de produção, comercialização e tecnologia.
Segundo Haddad (2002), a partir da década de 60, muitos países latino-
americanos incorporaram em suas estratégias de promoção industrial, para regiões
periféricas, a proposta de complexos industriais. Estas medidas foram concebidas
como forma de superar desníveis espaciais de desenvolvimento nesses países.
Como exemplos desse modelo industrial no Brasil, pode-se citar o complexo
petroquímico de Camaçari, na Bahia, e o complexo químico-metalúrgico do Rio
Grande do Norte.
2.4 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL
De acordo com Lemos (2003), arranjos produtivos locais (APL) podem ser
definidos como qualquer forma de aglomerações produtivas territoriais, onde a
dinâmica e o desempenho não apresentam elementos suficientes de interação.
Outra definição muita utilizada e aceita no âmbito acadêmico é a de Lastres e
Cassiolato (2003, p. 03-04):
Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes
econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de
atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes.
Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que
podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de
insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,
comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de
representação e associação. Incluem também diversas outras organizações
públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos
humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa,
desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento.
32
Para Haddad (2002), no Brasil os arranjos produtivos locais, na sua maioria,
podem ser considerados não-avançados ou não clusterizados, com características
que podem ser assim enumeradas: (i) configuram uma concentração geográfica; (ii)
possuem elevado grau de especialização setorial; (iii) são grupos de micro e
pequenas empresas, sem a presença da grande empresa-âncora; (v) apresentam
baixo nível de eficiência coletiva baseada em economias externas e em ação
conjunta; e, (vi) possuem coesão e intensidade na divisão de trabalho, a qual é
relativamente limitada entre as empresas.
A abordagem dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) tem sido adotada
como referencial teórico para identificar e tratar aglomerações industriais
especializadas presentes em regiões que alcançaram desenvolvimento
diferenciado em termos de crescimento de renda e geração de emprego.
Cresce o reconhecimento de que a atuação junto aos arranjos produtivos
locais é uma via possível para a política pública, na medida em que ações
de apoio concorram para ampliar a eficiência coletiva dessas aglomerações.
(BESEN; DELGADO, 2005, p. 161).
Um estudo desenvolvido pelo INSTITUTO PARANAENSE DE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES em conjunto com a
SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL –
SEPL identificou a existência de 114 aglomerações produtivas industriais no Estado
do Paraná, cujas características apontam para potenciais arranjos produtivos locais.
Dentre essas aglomerações, foram priorizadas 22 para realização de estudos mais
avançados e específicos, para que seja possível estruturar políticas públicas de
apoio ao desenvolvimento dos APLs (BESEN; DELGADO, 2005).
2.5 CLUSTER INDUSTRIAL
Cluster industrial pode ser definido como concentração geográfica e setorial
de empresas que, por sua vez, geram externalidades produtivas e tecnológicas, cuja
característica básica está no desenvolvimento empresarial dinâmico (PORTER,
1986; BRITTO, 2000). “O conceito de cluster busca investigar atividades produtivas
e inovativas de forma integrada à questão do espaço e das vantagens de
proximidade”. (BRITTO, 2000, p. 06). Segundo Lastres e Cassiolato (2003), o termo
clusters é de tradição anglo-americana, onde inicialmente era empregado para
definir aglomerados territoriais de empresas com atividades similares. Porém, ao
33
longo do seu desenvolvimento o conceito ganhou nuanças e interpretações.
Atualmente, uma das definições mais aceitas sobre clusters é de Hubert Schmitz:
Hubert Schmitz, definiu clusters como concentrações geográficas e setoriais
de empresas e introduziu a noção de eficiência coletiva que descreve os
ganhos competitivos associados à interação entre empresas em nível local,
além de outras vantagens derivadas da aglomeração. (LASTRES;
CASSIOLATO, 2003, p. 10).
Na definição de Amato Neto (2000), cluster é a concentração setorial e
geográfica de empresas que produzem produtos similares. Entretanto, somente a
concentração setorial e geográfica não garante os benefícios para essas empresas,
pois é necessário um conjunto de fatores facilitadores para gerar os benefícios que
um cluster pode proporcionar. Nesse sentido, Casarotto Filho e Pires (2001) afirmam
que o cluster desenvolve-se sobre a vocação regional e pode conter empresas
produtoras de produtos finais, serviços e fornecedores, além de incluir associações
de suporte (privadas e públicas).
Para Britto (2000), a análise setorial tradicional não indica uma série de
fenômenos importantes na dinâmica industrial. Por outro lado, o recorte regional
permite analisar as particularidades e características específicas do local.
A análise dos clusters industriais integra-se à análises que privilegiam um
recorte “meso-econômico” da dinâmica industrial, as quais ressaltam o
papel desempenhado por “sub-sistemas” estruturados na modulação
daquela dinâmica. (BANDT, 1989 apud BRITTO, 2000, p. 07).
Para buscar caracterizar um cluster é preciso identificar alguns aspectos
essenciais ao conceito desse tipo de aglomeração como, por exemplo: (i) a presença
de economias externas locais relacionadas ao tamanho de mercado; (ii) a
concentração de mão-de-obra especializada; (iii) os spill-overs
5
tecnológicos; (iv) a
interação entre as empresas por meio da integração de produção, comércio e
distribuição; (v) a cooperação no marketing, promoção de exportações, suprimento
de insumos essenciais, atividades de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D; (vi) o
efetivo apoio de instituições locais; (vii) a formação de lideranças privadas e públicas
locais; e, (viii) a formação de identidade política, social ou cultural no sentido de
5
Spill-overs tecnológicos: “vazamento” de conhecimento tecnológico (microteoria da ramificação).
34
subsidiar comportamentos de confiança e compartilhamento de informações entre
empresas (SUZIGAN, 2001).
Porém, para Cassiolato e Lastres (2000), o conceito de cluster baseado em
setor não consegue identificar as situações onde a fronteira dos setores industriais
encontram-se em mutação. Para os autores, as aglomerações industriais são
sistemas dinâmicos, o que de fato torna complexo o entendimento pela abordagem
tradicional de clusters. Os sistemas industriais são mais amplos e em contínua
mutação e precisam ser trabalhados sob uma perspectiva dinâmica. Já para Haddad
(2002), o cluster é um sistema produtivo local, cujo agrupamento de empresas é de
certa forma avançado, maduro e com alto nível de coesão e coordenação entre os
agentes, o que de fato possibilita ganhos de externalidades para as empresas, por
meio da cooperação e aprendizado tecnológico e comercial. O autor cita o
reconhecido “Distrito Industrial Italiano”, abordado em diversas literaturas
especializadas, como exemplo de sistema produtivo local que se caracteriza como
um cluster maduro ou sistema local de inovação. Neste caso italiano, o sistema
produtivo está estruturado com base em micro e pequenas empresas com
relacionamento de cooperação horizontal sem, no entanto, contar com a presença
de grandes organizações como âncora.
2.6 SISTEMA PRODUTIVO E INOVATIVO LOCAL
Os APLs, quando verificadas a efetividade de ações de construção e reforço
de processos de aprendizagem, cooperação e inovação, podem ser considerados
em transição para o denominado “sistema produtivo e inovativo local”. Para que isso
seja possível, é importante desenvolver a articulação entre os atores envolvidos,
bem como utilizar ferramentas e instrumentos adequados (LEMOS, 2003).
Para Lastres e Cassiolato (2003, p. 04),
sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles arranjos produtivos em
que interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em
interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o
incremento da capacidade inovativa endógena, da competitividade e do
desenvolvimento local.
Partindo do pressuposto de que as aglomerações industriais são sistemas
dinâmicos, complexos e em contínua mutação, Cassiolato e Lastres (2003)
35
acreditam que para entender essa dinâmica faz-se necessário conhecer em
profundidade suas especificidades, seu peso e papel dentro das cadeias produtivas
e setores dos quais fazem parte, bem como o conhecimento mais detalhado das
economias regionais e internacionais. O desenvolvimento local é condicionado e
subordinado a forças endógenas e exógenas que impactam no sistema produtivo, o
que de fato demonstra a importância de uma abordagem sistêmica na análise.
Nesse contexto, Vargas (2002) corrobora com o pressuposto de que é
importante desenvolver uma abordagem sistêmica para analisar os arranjos
produtivos locais. O autor conclui, em sua tese, que o aprendizado tecnológico e a
capacitação produtiva e inovativa não podem ser explicados exclusivamente por
fatores internos às firmas ou aos setores. As formas de interação entre os atores
também contribuem para o aprendizado e a capacidade de gerar inovações.
2.7 REDE DE EMPRESA
De acordo com Cassiolato e Szapiro (2003), o que se observa quanto às
redes, é a existência de aglomerações de micro e pequenas empresas que possam
desempenhar o papel de coordenação das atividades econômicas e tecnológicas,
sem, no entanto, possuir grandes empresas concorrentes no local.
Rede de empresas refere-se a arranjos inter-organizacionais baseados em
vínculos sistemáticos formal ou informal de empresas autônomas. Essas
redes nascem através da consolidação de vínculos sistemáticos entre
firmas, os quais assumem diversas formas: aquisição de partes de capital,
alianças estratégicas, externalização de funções da empresa, etc. Estas
redes podem estar relacionadas a diferentes elos de uma determinada
cadeia produtiva (conformando redes de fornecedor-produtor-usuário), bem
como estarem vinculadas a diferentes dimensões espaciais. (LASTRES;
CASSIOLATO, 2003, p. 22).
Quando não existem formas locais de governança, pode-se dizer que a
governança é típica de redes. Neste caso, as redes podem ser classificadas da
seguinte forma: (i) micro e pequenas empresas locais que surgiram a partir de
instituições científico-tecnológicas de excelência, resultando em aglomerações de
empresas de base tecnológica em torno da especialização científica e técnica; (ii)
aglomerações de micro e pequenas empresas estruturadas em torno de setores
industriais como, por exemplo, calçados e vestuário; e, (iii) governança em rede do
tipo hierárquica, onde grandes empresas funcionam como âncoras na economia da
36
região, gerando diversos provedores de serviços e fornecedores (CASSIOLATO;
SZAPIRO, 2003).
As redes industriais têm contribuído de forma significativa para a melhor
eficiência e eficácia do processo inovativo. Novos produtos, por exemplo, têm sido
desenvolvidos a partir da integração de diferentes tecnologias, como, também, a
flexibilidade, a interdisciplinaridade e a geração de idéias vêm sendo trabalhas com
mais veemência a partir da formação de redes. Outro ponto importante é a crescente
colaboração com centros produtores de conhecimento pelas empresas industriais
(CASSIOLATO; LASTRES, 2001; CASTELLS, 2005).
Scatolin et al. (2002) investigaram a relação da formação de arranjos
produtivos locais com a dinâmica do comércio internacional. Ao analisarem os
fatores que favorecem ou limitam uma participação mais intensa das pequenas e
médias empresas nos setores mais dinâmicos da economia internacional
observaram que:
(...) as pequenas e médias empresas poderiam tornar-se jogadoras mais
ativas no contexto da globalização, se inseridas num contexto de formação
de redes voltadas à difusão do conhecimento e de políticas industriais de
apoio à tecnologia e à exportação. A formação de arranjos inovativos
permitiria elevar a capacidade das pequenas empresas a superar os
obstáculos ao crescimento e à competição em mercados distantes.
(SCATOLIN,
et al., 2002, p. 12).
No próximo capítulo encontra-se um breve relato sobre os conceitos e as
teorias acerca dos estudos relacionados ao futuro, bem como as principais
características a respeito da Prospectiva Estratégica e das ferramentas utilizadas
nesse processo.
37
3 ESTUDOS SOBRE O FUTURO E A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA
Os estudos estruturados sobre o futuro, de certa forma, são recentes nas
organizações, porém não é de hoje que o homem tenta prever o porvir. Atualmente,
é cada vez mais comum evidenciar pesquisas e reflexões sobre técnicas de previsão
e prospecção. É um tema que está sendo muito discutido no âmbito acadêmico e
empresarial e que vem sendo aprimorado constantemente.
Para Güell (2004), as incertezas do porvir vêm preocupando o homem a
centenas de anos. Deste fato, acarretaram, até então, buscas constantes por
métodos e ferramentas que tentassem desvendar ou elucidar o futuro de maneira
mais clara e coerente. Porém, o que se percebe no atual contexto contemporâneo, é
o aumento significativo da complexidade e da turbulência no qual a sociedade atual
está vivendo, fato este que dificulta ainda mais os estudos dessa natureza.
Ao assumir o pressuposto que o futuro não pode ser controlado, mas a
sociedade pode influenciá-lo, o homem buscou, então, desenvolver e testar diversas
metodologias para explorar, criar e provar, sistematicamente, pelo menos duas
visões de futuro: a possível e a desejável (GLENN, 2004, p. 08).
As técnicas e metodologias tiveram um grande impulso em meados de 1950,
onde os métodos e investigações começaram a ficar mais complexos e estruturados,
como também ficaram mais populares no mundo acadêmico e empresarial. A Figura
3, p.
38, demonstra a evolução desses estudos a partir dos anos 50 com a indicação
dos principais autores e atores envolvidos.
A Prospectiva Estratégica foi desenvolvida pelo francês Michel Godet (2001),
pesquisador do LABORATOIRE D’INVESTIGATION EM PROSPECTIVE,
STRATÉGIE ET ORGANISATION – LIPSOR
6
, que está ligado ao
CONSERVATOIRE NATIONAL DES ARTS ET MÉTIERS – CNAM
7
de Paris
(França). Godet criou e organizou uma série de ferramentas que servem como base
para o desenvolvimento de estudos prospectivos estratégicos. Algumas dessas
ferramentas foram convertidas em softwares para facilitar a organização e a rapidez
na geração das informações, mas nem por isso deixou de ser complexa, pois a
maior problemática dos estudos dessa natureza está configurada na dificuldade de
6
LIPSOR: Laboratório de Investigação em Prospectiva, Estratégia e Organização.
7
CNAM: Conservatório Nacional de Artes e Ofícios.
38
estruturar o sistema investigado, bem como na qualidade dos dados de entrada.
(GODET, 2001).
FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DO FUTURO
Fonte: BARBIERI, (1993) apud GÜELL, (2004).
Nota: MITI – Ministry of Industry and Technology (Ministério da Indústria e Tecnologia do Japão).
Existem estudos prospectivos que não têm um caráter estratégico bem
definido, como também o oposto é verdadeiro. Existem análises estratégicas que
são realizadas sem considerar algum tipo de investigação aprofundada em
prospectiva, ou até mesmo são omissas a esse tipo de estudo. Portanto, a
expressão Prospectiva Estratégica é utilizada para estudos de prospectiva que
tenham objetivos e ações estratégicas (GODET, 2000).
Nesse contexto, a prospectiva pode ser definida como um instrumento que
possibilita a organização e estruturação dos desafios futuros (GODET, 2003).
Quando esses desafios são traduzidos em planejamento e em ações voltadas ao
aproveitamento das oportunidades, bem como ao bloqueio e amenização das
ameaças, concretiza-se, então, a principal característica que Godet preconiza na
definição de Prospectiva Estratégica, a de aliar o resultado da prospectiva à
formulação de estratégias e ações.
Godet (2001) destaca que a falta de antecipação e de uma cultura de
planejamento de longo prazo fazem com que as organizações tenham sérios
problemas de decisão no seu cotidiano:
É por falta da antecipação de ontem que o presente está cheio de questões
por resolver, ontem insignificantes mas hoje a necessitar de resolução
Observatórios de Prospectiva
Tecnológica e Setorial
Programas de Prospecção do
MITI
Prospectiva
BERGER, MASS
É
e GODET
Previsão Global
FORRESTER e MEADOWS
Previsão Sociológica
McHALE, TOFFLER e FULLER
Previsão Tecnológica
KAHN, HELMER e DADDARIO
39
urgente, mesmo que se sacrifique o desenvolvimento de longo prazo à
adoção de soluções ilusórias e de efeitos imediatos. (GODET, 2000, p. 18).
Nesse sentido, é possível classificar as atitudes dos homens face ao futuro
em quatro tipos: (i) passivo, que sofre a mudança; (ii) reativo, que aguarda os
acontecimentos para tomar alguma ação; (iii) pré-ativo, que se prepara para as
mudanças; e, (iv) pró-ativo, que atua no sentido de incitar as mudanças desejadas.
Mas isso não impossibilita a sobreposição dessas atitudes, vai depender do
momento e da situação que a organização está passando, por exemplo, no contexto
de crise, é normal que a reatividade sobrepõe a todo o resto (GODET, 2001;
COBOS, 2006).
É por causa da necessidade de construir atitudes face ao futuro, que se faz
necessário aliar à Prospectiva a formulação de Estratégias e, conseqüentemente, o
desenvolvimento de ações voltadas a alcançar os objetivos previamente
identificados como promissor nos estudos sobre o porvir (GODET, 2001).
A Prospecção e a Estratégia são, geralmente, indissociáveis, pois “a ação
sem finalidade não tem sentido e a antecipação suscita a ação”. (GODET, 2000, p.
11-12). Porém, para efeito de análise, convém separar a Prospectiva da Estratégia.
A Prospectiva se refere ao tempo da antecipação, ou seja, às mudanças possíveis e
desejáveis. Já a Estratégia está ligada ao tempo da preparação da ação, na
elaboração e avaliação das alternativas estratégicas possíveis para a organização
se preparar para as mudanças esperadas, pré-atividade, e provocar as mudanças
desejáveis, pró-atividade (GODET, 2000).
Para trabalhar com a dicotomia entre a exploração do futuro (Prospectiva) e a
preparação da ação (Estratégia), Godet (2001) sugere à formulação de cinco
questões fundamentais: (i) “O que pode acontecer no futuro?”; (ii) “O que posso
fazer?”; (iii) “O que vou fazer?”; (iv) “Como vou fazer?”; e, antes de tudo, uma
questão prévia e essencial, que freqüentemente é negligenciada pelos gestores e
empresas, se refere ao regresso às fontes sobre as raízes de competências da
organização (suas forças e suas fraquezas), e que pode ser traduzida da seguinte
forma: (v) “Quem sou eu?” (GODET, 2000).
A Prospectiva, na sua essência, ocupa-se apenas da questão “O que pode
acontecer?”. Ela adquire o formato estratégico quando a organização se interroga
sobre “O que posso fazer?”. Uma vez tratadas e evidenciadas estas duas questões,
40
a Estratégia é desenvolvida com duas outras questões: “O que vou fazer?” e “Como
vou fazer?”. É desta forma que a sobreposição acontece entre a Prospectiva e a
Estratégia (GODET, 2000).
3.1 O LEQUE DOS FUTUROS POSSÍVEIS
O mundo real é muito complexo para que se possa desvendar o seu eventual
determinismo oculto. E mesmo que este fato fosse possível, a incerteza, inerente a
todas as variáveis, principalmente, as sociais, manteria sempre em aberto a
possibilidade de vários futuros (GODET, 2000; GORDON, 2004).
Para explorar as múltiplas possibilidades, Godet (2004) defende a construção
de cenários
8
para elucidar a organização face aos contextos e conjunturas possíveis
no futuro. As múltiplas incertezas relacionadas ao ambiente geral, sobretudo àquelas
de longo prazo, demonstram a importância da construção de cenários para iluminar
a escolha das opções estratégicas e assegurar a perenidade do desenvolvimento
(GODET, 2003).
A incerteza do futuro pode ser apreciada a partir do conjunto de cenários
que repartem entre si o campo dos prováveis. Em princípio, quanto maior
for o número de cenários maior será a incerteza. Mas será maior apenas
em princípios, porque é necessário ter também em conta as diferenças de
conteúdo entre os cenários: os mais prováveis podem ser muito próximos
ou muito contrastados. (GODET, 2000, p. 17).
Faz-se importante, entretanto, uma ressalva: os cenários possíveis não são
igualmente prováveis ou desejáveis. Não é porque o estudo prospectivo apontou
para um futuro ou cenários desejáveis que se deve formular estratégias em função
dessa visão pró-ativa. É importante também ser pré-ativo e preparar-se para as
mudanças que foram identificadas como prováveis. Além disso, deve-se evitar uma
confusão muito comum em estudos prospectivos: a de não distinguir cenários do
ambiente geral das estratégias dos atores. É importante separar a fase exploratória
– identificação dos desafios do futuro, da fase normativa – definição das escolhas
estratégicas (GODET, 2000; COATES, 2004; GLENN, 2004; GORDON, 2004).
8
O termo cenários foi introduzido em prospectiva e no planejamento estratégico pelos pesquisadores
...Herman Kahn e Anthony J. Wiener no ano de 1967, quando publicaram o livro “O ano 2000”. Fonte:
...GODET, (2004).
41
A metodologia integrada da Prospectiva Estratégica de Godet (2001) procura
conjugar os cenários da Prospectiva com as Árvores de Competências da análise
estratégica. O objetivo desta metodologia é propor orientações e ações estratégicas
estruturadas nas competências da empresa ou do objeto em estudo, sempre em
função dos cenários previamente elaborados do ambiente em questão. As etapas da
metodologia integrada pode ser observada na Figura 4.
FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE EM CENÁRIOS
Fonte: GODET, (2000, p. 29).
Variáveis-chave
internas e externas
Retrospectiva
Análise estrutural
3
Diagnóstico da empresa
Árvore de competências
Análise estratégica
2
Dinâmica da empresa na sua envolvente
Retrospectiva
Jogos de atores
Campos de batalha
Desafios estratégicos
4
Cenários da envolvente
Tendências pesadas
Rupturas
Ameaças e oportunidades
Avaliação dos riscos
5
Da identidade ao projeto
Opções estratégicas
Ações possíveis
(valorização, inovação)
6
Avaliação das opções estratégicas
Análise multicritérios em futuro incerto
7
Do projeto às escolhas pelo Comitê de
Direção
8
Plano de ação e implementação
Formulação de objetivos
Coordenação e acompanhamento
Vigilância estratégica
9
O problema proposto e sistema
Oficinas de Prospectiva Estratégica
1
42
Portanto, particularidade à parte, a Prospectiva Estratégica utiliza os estudos
relacionados com a antecipação ao serviço da ação, por meio de uma metodologia
integrada do planejamento estratégico com base em cenários. A finalidade principal
desta metodologia é a de propor orientações e ações estratégicas apoiadas nas
competências da organização e em função dos cenários do seu ambiente geral
(GODET, 2000).
É nesse sentido que Godet (2000) defende a utilização da Prospectiva
Estratégica, pois em um mundo altamente mutável, cujas forças da mudança vêm
subverter os fatores de inércia e dos hábitos, um esforço acrescido de prospectiva
(tecnológica, econômica e social) é exigido à empresa (ou ao objeto em estudo) para
poder adquirir flexibilidade estratégica, isto é, para poder reagir com flexibilidade e
sem perder o rumo.
As etapas da Prospectiva Estratégica, descritas na Figura 4, p. 41, serão
abordadas de forma mais detalhada na seqüência deste capítulo.
3.2 A “CAIXA DE FERRAMENTAS” DE MICHEL GODET
Godet (2000) não inventou os instrumentos que compõem a “caixa de
ferramentas
9
” da Prospectiva Estratégica. A grande contribuição de Godet foi
agrupar e organizar ferramentas que eram utilizadas de maneira dispersa em
estudos sobre o futuro ou que eram aplicadas em outras áreas do conhecimento e
que poderiam ser aproveitadas na prospecção. “Se esquecemos a herança
acumulada, privamo-nos de instrumentos importantes e perdemos muito tempo (...)
é necessário manter a memória dos métodos para melhor os enriquecer” (GODET,
2000, p. 24).
A utilização dos instrumentos de Prospectiva Estratégica procura apreciar de
maneira mais objetiva possível às realidades com suas múltiplas incógnitas. A
“Caixa de Ferramentas” de Godet pode ser utilizada em função dos tipos de
problemas que se pretende elucidar. As escolhas metodológicas podem ser assim
descritas: (i) iniciar e simular o processo da Prospectiva Estratégica (nivelamento e
definição da estratégia de pesquisa prospectiva); (ii) identificar as variáveis-chave do
9
Caixa de Ferramentas é o termo criado por Michel Godet para descrever o conjunto de métodos e
..
.ferramentas utilizadas no processo de Prospectiva Estratégica. Algumas dessas ferramentas foram
..
.convertidas em softwares para facilitar o processo.
43
sistema investigado; (iii) analisar jogos de atores; (iv) investigar o campo dos
possíveis e reduzir as incertezas; (v) elaborar o diagnóstico da organização face à
sua envolvente; e, (vi) identificar e avaliar as escolhas e as opções estratégicas. É
importante lembrar que esses instrumentos não garantem a criação / ação, e muito
menos são únicos e excepcionais. Existem outros instrumentos e ferramentas
igualmente eficientes que podem ser utilizadas em estudos prospectivos (ARCADE
et al., 2004; GODET, 2004).
As ferramentas empregadas em prospecção devem ser utilizadas conforme a
natureza do problema a ser investigado, levando em consideração os fatores
intrínsecos a ele. Godet (2000) destaca que é possível utilizar as ferramentas de
forma combinatória, ou seja, conforme a necessidade da organização e o objeto em
estudo, bem como é admissível inovar na aplicação desses instrumentos, com novas
técnicas e ferramentas.
Cada um dos instrumentos é operacional, mas o seu encadeamento lógico
na abordagem seqüencial raramente foi seguido na totalidade. Felizmente,
como em qualquer caixa de ferramentas, é possível utilizar cada uma delas
de forma modular. (GODET, 2000, p. 30).
Godet (2000) parte do pressuposto da inexistência de dados e de estatísticas
sobre o futuro, o julgamento pessoal e subjetivo é, muitas vezes, o único meio de
obter informações do porvir. Na medida em que um especialista representa a opinião
de um grupo de atores, o seu ponto de vista pode conter muitas informações que
devem ser consideradas no desenvolvimento de prognósticos. Godet (2001) acredita
que não existe oposição entre intuição e razão, mas sim complementaridade. Esse é
um ponto importante da Prospectiva Estratégica, pois é onde o método procura
traduzir os dados qualitativos em dados quantitativos, o que também reforça a sua
própria credibilidade: “para permanecer uma indisciplina
10
intelectual, fecunda e
credível, a Prospectiva tem necessidade de rigor”. (GODET, 2000, p. 04).
Portanto, a Prospectiva Estratégica está baseada na opinião de especialistas
por meio de uma reflexão coletiva. Existem alguns pontos importantes para o
sucesso do resultado, mas se fosse preciso indicar o principal ponto, sem dúvida, ele
10
Michel Godet afirma que é necessária uma indisciplina intelectual na Prospectiva Estratégica, pois
...se trata de um processo imaginário, de desconstrução dos modelos mentais estabelecidos até o
...momento que, conseqüentemente, se reverte num ato de liberdade de escolha frente ao futuro.
44
seria relacionado com a qualidade dos dados de entrada, ou seja, do resultado da
capacidade e expressão da visão dos atores envolvidos. A Prospectiva Estratégica
“procura estimular a imaginação, reduzir as incoerências, criar uma linguagem
comum, estruturar a reflexão coletiva e permitir a apropriação”. (GODET, 2000, p.
24).
A “Caixa de Ferramentas” é composta por uma série de instrumentos que se
complementam e que podem ser utilizados de forma combinatória. Na seqüência
deste capítulo serão apresentados, de forma sucinta, os principais instrumentos
utilizados na Prospectiva Estratégica, tais como: (i) Oficina de Prospectiva
Estratégica; (ii) Matriz de Impactos Cruzados – MICMAC
©
; (iii) Jogos de Atores –
MACTOR
©
; (iv) Análise Morfológica – MORPHOL
©
; (v) SMIC-PROB-EXPERT
©
; (vi)
MULTIPOL
©
; (vii) Cenários.
É importante destacar que foi dedicada uma análise mais detalhada para as
ferramentas que foram utilizadas na presente pesquisa. Além disso, outro ponto que
merece esclarecimento se refere à ordem de apresentação e execução das
ferramentas. Essa ordem ou seqüência vai depender de diversos fatores como, por
exemplo, o tempo e os recursos (financeiros, pessoal e infra-estrutura) disponíveis,
mas, principalmente, o objetivo da pesquisa, ou seja, o problema no qual se
propõem a responder.
3.2.1 Oficina de Prospectiva Estratégica
A Oficina de Prospectiva Estratégica, ou como denominado por Godet (2001),
Atelier de Prospective Stratégique, é um instrumento simples e apropriado para
situações que tenham como obstáculo a falta de tempo suficiente para a elaboração
de um estudo mais abrangente onde, hipoteticamente, poderia se valer da utilização
das demais ferramentas prospectivas. Este tipo de instrumento vem sendo
empregado com mais veemência nas atividades de prospecção desde os anos 80
(GODET, 2001).
Além disso, a Oficina de Prospectiva Estratégica é indicada para os casos
onde é necessária uma reflexão sobre a natureza do problema a ser investigado,
sobre a maneira de o abordar, sobre as respostas que se podem obter e sobre o
modo de operacionalizar o processo. Enfim, a Oficina pode ser utilizada como
planejamento do estudo prospectivo que se pretende realizar. “É inútil perder tempo
45
com falsos problemas e, além disso, um problema bem colocado é meio caminho
andado para a sua resolução”. (GODET, 2000, p. 41). Portanto, para os casos onde
o problema já está adequadamente determinado, a Oficina pode ser suprimida do
processo de Prospectiva Estratégica.
Porém, Godet (2000) sugere que, independente da metodologia a ser
utilizada, é sempre útil promover a realização de uma Oficina de Prospectiva para os
casos onde é necessário instigar a reflexão coletiva sobre a prospecção e sobre os
conceitos dos instrumentos utilizados na sua execução. Assim, a Oficina assume a
função de nivelamento de informações e conhecimentos nas questões relacionadas
com a Prospectiva Estratégica.
Nas Oficinas de Prospectiva, o problema a ser investigado é explicitado de
maneira a esgotá-lo. Deste modo, é possível identificar e hierarquizar coletivamente
os principais desafios referentes ao futuro, tanto uma análise interna quanto externa
à organização. A partir deste exercício, os participantes estão aptos a esclarecer
prioridades, objetivos, calendário e método para o decorrer do estudo reflexivo
(GODET, 2000; ARCADE et al., 2004).
A Oficina é desenvolvida em dois momentos: o primeiro se refere a uma
reflexão prospectiva e o segundo é destinado às estratégias – ações voltadas para o
futuro almejado no estudo prospectivo.
No primeiro momento, a Oficina é desenvolvida da seguinte forma:
inicialmente é fomentada uma reflexão coletiva sobre prospecção e sobre a
capacitação dos instrumentos utilizados para este fim. A reflexão coletiva é realizada
com base em três sub-temas que podem ser assim resumidos: (i) antecipação e o
controle da mudança; (ii) caça as “idéias recebidas” sobre a empresa e as suas
atividades; e, (iii) árvores de competências (passado, presente e futuro).
A Árvore de Competência é uma analogia que ajuda os atores à diagnosticar
a organização no seu ambiente, por meio da estruturação das competências do
passado, do presente e futuro. As suas raízes, por exemplo, representam os
saberes, habilidades e competências técnicas; o seu tronco representa o processo
produtivo e operacional; os seus ramos indicam os mercados; e, os seus frutos
podem ser considerados os produtos da empresa (GODET; DURANCE, 2006).
No segundo momento, são organizadas Oficinas de Estratégia, com duração
que varia de duas a quatro horas, onde são abordados os desafios referentes aos
46
futuros cogitados, cujo resultado foi levantado no primeiro momento ou na Oficina de
Prospectiva (GODET, 2000).
Estas Oficinas, independente do tema, são sempre organizadas obedecendo
dois princípios: (i) permitir liberdade de expressão a todos os interlocutores – tempo
de reflexão individual em silêncio e coleta das idéias por escrito; e, (ii) canalizar e
aproveitar a produção intelectual dos participantes (técnicas de brainstorming). Além
disso, não existe um número padrão de participantes, podendo variar de dez a cem
pessoas, mas pelo menos uma exigência é importante ser respeitada, que todos
tenham experiência em comum (GODET, 2000).
3.2.2 Análise Estrutural Multivariada
A análise estrutural é uma ferramenta de estruturação de idéias. Esta análise
possibilita descrever um sistema com a ajuda de uma matriz, onde é feita a relação
de todos os seus elementos constitutivos. Desta forma, o método permite evidenciar
as principais variáveis que impactam e que podem influenciar na evolução do
sistema (GODET; DURANCE, 2006).
A análise estrutural deve ser realizada por um grupo de atores e especialistas,
sem, no entanto, excluir a intervenção de consultores externos. As etapas do método
de análise estrutural são: (i) recenseamento das variáveis; (ii) descrição das relações
entre variáveis; e, (iii) identificação das variáveis-chave. O método pode ser utilizado
somente como ajuda à reflexão e a tomada de decisão, ou integrado em uma gestão
prospectiva mais completa como, por exemplo, cenários (GODET, 2000; ARCADE et
al., 2004).
A etapa de recenseamento das variáveis tem como objetivo listar de forma
exaustiva as variáveis possíveis para o sistema estudado. O ideal é não excluir
nenhuma variável, por mais irrelevante que possa parecer. Para isto, a técnica de
brainstorming aplicada em conjunto com as Oficinas de Prospectiva, se mostra uma
ferramenta adequada para realizar tal levantamento. É importante levantar diferentes
pontos de vista, tais como político, econômico, tecnológico (ARCADE et al., 2004;
GODET, 2004).
Segundo Godet (2000), é interessante realizar, também, entrevistas com
representantes de atores do sistema investigado. A lista deve compreender variáveis
internas e externas ao sistema. Essa lista não deve ultrapassar de 70 a 80 variáveis,
47
pois o número de questões ficaria muito extensa (para 70 variáveis ter-se-ia,
aproximadamente, 5.000 questões), este fenômeno pode ser observado na
expressão matemática da Figura 5. Caso o levantamento das variáveis ultrapasse o
número ideal, é aconselhável agrupar variáveis que tenham certa semelhança.
FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE QUESTÕES POR VARIÁVEL
Fonte: Adaptado de GODET, (2000, p. 84).
A segunda etapa compreende a descrição das relações entre as variáveis.
Em uma visão sistemática, uma variável só existe mediante as relações que mantém
com outras variáveis. Por meio da matriz de análise estrutural é possível identificar
as relações entre as variáveis do sistema (GODET, 2000).
De acordo com Godet (2000), a inserção de dados na matriz de análise
estrutural é realizada por um grupo de, aproximadamente, dez pessoas, cuja
participação e duração fica em torno de dois ou três dias de trabalho
(recenseamento e preenchimento), dependendo do número de variáveis
trabalhadas. O preenchimento é qualitativo, e segue a seguinte lógica: para cada par
de variáveis, colocam-se as seguintes questões: “existe uma relação de influência
direta entre a variável (i) e a variável (j)?” Se a resposta for negativa, atribui-se uma
notação 0 (zero); ao contrário, se existir uma relação de influência, a resposta segue
os seguintes critérios: (i) fraca = 1; (ii) média = 2; (iii) forte = 3; ou, potencial = 4.
Por fim, na terceira etapa são identificadas as variáveis-chave pelo método da
Matriz de Impactos Cruzados (MIC) e das Multiplicações Aplicadas a uma
Classificação (MAC) – MICMAC
©
. Consiste em evidenciar as variáveis essenciais à
evolução do sistema. Primeiro é desenvolvida uma relação direta entre as variáveis
para depois realizar uma classificação indireta. A classificação indireta é obtida pela
elevação da matriz à potência, e permite confirmar a importância de certas variáveis
que, em virtude das suas ações indiretas, possuem um papel significativo no sistema
(GODET, 2004). O resultado deste tipo de análise (influência e dependência entre
variáveis) pode ser representado conforme o diagrama da Figura 6.
)1( ×= nnq
Legenda:
q = Número de questões
n = Número de variáveis
48
FIGURA 6 – DIAGRAMA DE INFLUÊNCIA VERSUS DEPENDÊNCIA
Fonte: GODET, (2004, p. 155).
Segundo Godet (2004), o diagrama de influência e dependência traz como
resultado o agrupamento e classificação das variáveis investigadas e pode ser assim
caracterizado: (i) setor 1: variáveis muito influentes e pouco dependentes – são as
variáveis explicativas que condicionam o resto do sistema; (ii) setor 2: variáveis ao
mesmo tempo muito influentes e muito dependentes – são variáveis de natureza
instável, qualquer ação sobre estas variáveis terá repercussões sobre as outras e
um efeito regresso para elas mesmas, geralmente neste setor encontram-se os
desafios do sistema; (iii) setor 3: variáveis pouco influentes e muito dependentes –
são variáveis de resultados cuja evolução explica-se pelas variáveis dos setores 1 e
2; e, (iv) setor 4: variáveis pouco influentes e pouco dependentes – estas variáveis
constituem tendências ou fatores relativamente desligados do sistema com o qual
têm apenas poucas ligações; devido ao seu desenvolvimento relativamente
autônomo, não constituem causas determinantes do futuro, podendo ser excluída do
sistema estudado; e, (v) setor 5: variáveis razoavelmente influentes e/ou
dependentes - estas variáveis (denominadas pelo Godet de variáveis de pelotão) a
priori não podem indicar nada pois são variáveis que se encontram em uma
localização intermediária e pouco definida.
Em uma visão sistemática do mundo, uma variável existe apenas pelas suas
relações com outras variáveis. Portanto, para constituir a lista das variáveis
determinantes para o futuro, previamente é importante realizar entrevistas internas e
Dependência
Influência
dependência média
influência
média
variáveis
de entrada
variáveis de
interde
p
endência
variáveis
excluídas
variáveis
de resultado
variáveis de “pelotão”
12
43
5
“em jogo”
49
externas ao objeto em estudo, por exemplo, variáveis internas e externas à empresa,
ao setor ou ao território que se deseja prospectar (ARCADE et al., 2004; GODET,
2004).
O cálculo matricial funciona da seguinte forma: quando aij = 1, a variável (i)
age diretamente sobre a variável (j), caso contrário, aij = 0. Segundo Godet (2004), é
importante compreender as relações que possam existir entre duas variáveis. Essa
compreensão deve obedecer a três questões preliminares:
Será que existe influência direta da variável (i) sobre a variável (j), ou
quem sabe a relação é preferencialmente de (j) em direção a (i)?
[Situação (a) da Figura 7].
Será que existe influência de (i) sobre (j), ou não existe
colinearidade, uma vez que uma terceira variável (k) age sobre (i) e
(j)? [Situação (b) da Figura 7].
A relação de (i) à (j) é direta, ou passa por intermédio de uma outra
variável (r) da lista? [Situação (c) da Figura 7].
FIGURA 7 – SITUAÇÕES DE RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS
Fonte: GODET, (2004, p. 145).
Pode-se introduzir certa dinâmica na análise estrutural e testar a sensibilidade
dos resultados em função da intensidade das relações observadas. Para isto, é
interessante que o preenchimento da matriz seja realizado de duas maneiras: (i)
pelas linhas, notando a influência de cada variável sobre todas as outras; e, (ii) pelas
colunas, notando quais são as variáveis que influenciam cada variável em particular.
A utilização dos dois métodos só é possível quando existe tempo suficiente para
comparar os resultados, sobrepondo às duas inserções de dados e analisando as
diferenças e erros cometidos (GODET, 2004).
(a)
i j
?
r
i j
(c)
k
i j
(b)
?
50
O preenchimento da matriz é uma boa ocasião de diálogo. A troca e a
reflexão que suscita ajudam a criar uma linguagem comum no grupo de prospectiva.
A experiência mostra que as reflexões livres, que se libertam durante a discussão
coletiva, merecem ser consignadas em uma espécie de pensamento inteligente. Na
medida em que o trabalho (análise das variáveis e preenchimento) avança, a
reflexão começa atingir um ritmo mais rápido e mais fácil. Debates e dúvidas irão
existir, e em qualquer momento é possível marcar pontos de interrogação para
retornar posteriormente (GODET, 2004).
Após ter concretizado a lista de variáveis, é possível reduzir a complexidade
do sistema por meio da identificação das variáveis significativas e que mereçam um
estudo mais aprofundado. As variáveis que pertencem ao subsistema externo são,
freqüentemente, mais influentes e mais explicativas (as principais causas
determinantes do sistema); por outro lado, as variáveis que são mais sensíveis à
evolução do sistema são geralmente as variáveis internas. As variáveis que não
parecem influenciar o sistema poderão ser negligenciadas. Portanto, o MICMAC
©
tem a finalidade de localizar as variáveis mais influentes e dependentes (variáveis-
chave), por meio do desenvolvimento de uma classificação direta e indireta (GODET,
2001; GOMÉZ; DYNER, 2003; GODET, 2004).
O simples exame da matriz permite identificar quais são as variáveis que têm
maior ação direta, mas não é suficiente para detectar as variáveis indiretas e que
possuem influência significativa sobre o problema estudado. Por exemplo, existem
as relações indiretas entre variáveis, cuja característica é de cadeias de influência e
anéis de retroação (feedback). Em uma matriz podem existir dezenas de variáveis
com milhões de interações sob a forma de cadeias e anéis de retroação, conforme
demonstrado na Figura 8, p. 51 (GODET, 2004).
Pelo exemplo da Figura 8, p. 51, pode-se observar que o sistema de variáveis
decompõe-se em dois subsistemas S1 e S2, que seriam independentes se não
fossem vinculados por meio das variáveis (a), (b), (c). Em termos de efeitos diretos:
(a) é muito dependente do subsistema S1; (c) domina o subsistema S2; A análise
em termos de efeitos diretos leva a negligenciar a variável (b) que, no entanto,
representa um elemento essencial da estrutura do sistema dado, cuja significância
está contida no ponto de passagem relacional entre os dois subsistemas S1 e S2
(GODET, 2004).
51
FIGURA 8 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NOS SISTEMAS
Fonte: GODET, (2004, p. 151).
A multiplicação matricial aplicado à matriz estrutural (MICMAC
©
) permite
estudar os impactos pelos caminhos e os anéis de retroação, cuja finalidade é
hierarquizar as variáveis da seguinte forma: (i) por ordem de influência, tendo em
conta o número de caminhos e anéis de comprimento 1, 2,..., n que sai de cada
variável; e, (ii) por ordem de dependência, tendo em conta os caminhos e os anéis
de comprimento 1, 2,...,n que chega sobre cada variável. O método MICMAC
©
se
apóia sobre as propriedades clássicas das matrizes boleanas, ou seja, se a variável
(i) influencia diretamente a variável (k), e se (k) influencia diretamente a variável (j),
pode-se então concluir que, qualquer mudança que afetar a variável (i) pode refletir
sobre a variável (j). Portanto, há uma relação indireta entre (i) e (j) (GODET, 2004).
Mediante uma analise preliminar das variáveis e suas ações diretas, é
possível obter uma série de informações: a soma da linha representa o número de
vezes onde a variável (i) tem uma ação sobre o sistema. Este número constitui um
indicador de influência da variável (i). Do mesmo modo, a soma da coluna (j)
representa o número de vezes onde (j) sofreu a influência das outras variáveis, e
constitui um indicador de dependência da variável (j). Desta forma, obtém-se para
cada variável um indicador de influência e um indicador de dependência, permitindo
classificar as variáveis de acordo com estes dois critérios. Por outro lado, existem na
matriz de análise estrutural numerosas relações indiretas do tipo (i)
(j) que se torna
de entendimento complexo se for analisado ou observado em uma simples
verificação direta. O objetivo de multiplicar a matriz (A) ao quadrado destaca as
relações de ordem 2 entre (i) e (j). Este fato pode ser expresso matematicamente
conforme a equação exposta na
Figura 9, p. 51 (GODET, 2004).
FIGURA 9 – ELEVAÇÃO DA MATRIZ À POTÊNCIA 2
Fonte: GODET, (2004, p. 152).
(
)
22
ij
aAAA =×=
com,
×=
k
kjikij
aaa
112
S1
S2
a b c
52
Segundo Godet (2004), quando a
2
ij
não é nula, este fato é indicativo de que
existe pelo menos uma variável k agindo de forma indireta (a
1
ik
x a
1
kj
= 1), ou seja, há
pelo menos uma variável intermediária (k) que faz o elo entre as variáveis (i) e (j).
Nesse sentido, se a variável (i) age sobre (k), então a
1
ik
= 1; e, quando a variável (k)
age sobre a variável (j), neste caso a
1
kj
= 1.
Do mesmo modo, ao calcular a matriz A
3
, A
4
,..., A
n
, obtém-se os números de
caminhos de influência (ou de anéis de retroação) de ordem 3, 4,..., n.
Conseqüentemente, é possível deduzir que, a cada interação, uma nova hierarquia
das variáveis é estabelecida e classificada conforme a função do número de ações
indiretas (influências) que são exercidas sobre as demais variáveis. Constata-se que
a partir de certa potência (em geral, a potência 4 ou 5), a hierarquia permanece
estável. É esta hierarquia que constitui a classificação MICMAC
©
(GODET, 2004).
Quando a soma da linha (Sj anij) é elevada para a variável (i), (anij sendo
um elemento da matriz elevada à potência
n), significa que existe um
grande número de caminhos de comprimento (
n) com base na variável (i),
como também a variável (
i) exerce um grande número de influências sobre
as outras variáveis do sistema. A classificação indireta MICMAC
©
permite,
por conseguinte, classificar as variáveis em função da influência que
exercem (ou que sofrem), tendo em conta o conjunto da rede de relações
descrita pela matriz de análise estrutural. (GODET, 2004, p. 152).
Por exemplo, considerando um sistema que é descrito por três variáveis (A, B
e C), e supondo que elas agem entre si, umas sobre as outras, conforme os dados
representados matematicamente na matriz (M) da Figura 10, p. 52. Os elementos da
diagonal sempre são zero, pois não se considera a influência de uma variável sobre
ela própria. Por outro lado, nas influências indiretas são considerados os efeitos de
uma variável sobre ela mesma, e os efeitos dessa influência passam
necessariamente por meio de outra variável, ver Figura 11, p. 53 (GODET, 2004).
FIGURA 10 – MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL
Fonte: GODET, (2004, p.153).
ACB
211
2
1
1
Soma dos elementos
de cada linha
Soma dos elementos de cada coluna
=
001
101
010
C
B
A
M
53
Na Figura 11 a matriz (M) foi multiplicada por ela mesma (potência dois), o
número um na primeira linha, primeira coluna, é um indicativo de que existe um
circuito de comprimento dois que vai de A em A (ver situação A da Figura 11). Nesse
mesmo sentido, o número um na segunda linha, primeira coluna, significa que existe
um caminho de comprimento dois para ir de B em A, conforme situação B da Figura
11 (GODET, 2004).
FIGURA 11 – MATRIZ ELEVADA AO QUADRADO
Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p.153).
Portanto, as sucessivas multiplicações matriciais fornecem informações
importantes sobre o comportamento do sistema investigado, pelo qual ficaria difícil a
observação e compreensão de todas as suas relações (influências e dependências
indiretas). Além de realizar um exame da matriz para localizar as variáveis que têm
maior número de rotas diretas com o sistema, convém detectar as variáveis
"ocultas", ou seja, àquelas que, tendo em conta as rotas indiretas e os anéis de
retroação (feedback), aparecem também como muito importantes. Nesse sentido, as
variáveis são classificadas de acordo com o número e a intensidade das relações de
influência e dependência (GODET, 2004).
Segundo Godet (2004) o método MICMAC
©
realiza três classificações: (i)
direta; (ii) indireta; e, (iii) potencial. A classificação direta é o resultado do jogo a
curto e médio prazo das relações, cujo horizonte corresponde, freqüentemente, a
menos de uma década. A classificação indireta com seus efeitos em cadeia toma
necessariamente tempo e retorna a um horizonte mais afastado de médio e longo
prazo (dez a quinze anos). E, por último, a classificação potencial é aquela que vai
mais adiante que a classificação indireta. Naturalmente, muitos dos resultados
AC B
2 2 1
2
1
2
=
010
011
101
2
C
B
A
M
A
B
C
AB
Situa
ç
ão A
Situa
ç
ão B
54
obtidos por estas classificações fazem apenas confirmar as primeiras intuições,
podendo gerar mais algumas reflexões complementares (GODET, 2004).
É possível analisar, também, o diagrama influência-dependência sob a
perspectiva da sua estabilidade. Um fraco número de variáveis de retransmissão
confere ao sistema uma relativa estabilidade em termos de dinâmica. Por outro lado,
em um sistema instável cada variável possui um comportamento influente e
dependente, qualquer ação sobre uma delas reflete sobre o conjunto e em regresso
sobre ela própria, este fato pode ser percebido mediante a nuvem de pontos em
redor da diagonal principal, conforme representado na Figura 12. A vantagem de um
sistema estável é introduzir uma dicotomia entre variáveis influentes, sobre as quais
é possível agir ou não, bem como nas variáveis de resultados que dependem dos
precedentes (GODET, 2004).
FIGURA 12 – SISTEMA ESTÁVEL E INSTÁVEL
Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p. 156).
Segundo Godet (2004), no sistema instável as variáveis se distribuem ao
redor da primeira bissetriz do diagrama influência-dependência direta (nesta fase da
análise as relações indiretas ainda não são evidenciadas pelo MICMAC
©
). A leitura
atenta deste plano é a ocasião de múltiplos comentários e reflexões no grupo de
trabalho. Assim, é possível analisar o papel muito influente desempenhado por
variáveis pouco dependentes.
As variáveis do quadrante superior direito são a priori as variáveis-chave
(desafios) do sistema. É comum encontrar, entre essas variáveis, assuntos
importantes e polêmicos. Um dos principais interesses da construção do diagrama
Dependência
Influência
Sistema relativamente estável
Dependência
Influência
Sistema instável
55
influência-dependência é a possibilidade de verificar se o que pretende-se explicar
aparece efetivamente como dependente e se o que considera-se a priori como
explicativo aparece como influente.
O método MICMAC
©
permite posicionar as variáveis no diagrama influência-
dependência e identificar as variáveis indiretas e potencial, dando às relações
potenciais uma intensidade forte (valor 3), a fim de contrastar ao máximo os
resultados. A comparação das classificações (diretas, indiretas e potenciais), obtidas
por simples projeção sobre os eixos dos planos, permite a investigação das causas
determinantes do fenômeno estudado e dos seus parâmetros mais sensíveis
(GODET, 2004; GODET; DURANCE, 2006).
O exame dos efeitos diretos e indiretos das variáveis externas em relação as
variáveis internas permite hierarquizar as variáveis externas em função do seu
impacto direto e indireto nas variáveis internas, bem como uma hierarquia das
variáveis internas em função da sua sensibilidade à evolução do ambiente geral.
Esta categorização entre as variáveis é interessante para a seqüência da reflexão
prospectiva, porque indica os temas a escolher como prioritários e mostra o papel-
chave desempenhado por certas variáveis isoladas (GODET, 2004).
A comparação das classificações (diretas, indiretas e potenciais) permite
certamente confirmar a importância de certas variáveis, mas conduz igualmente a
descobrir que outras variáveis, que se pensavam a priori pouco importantes,
desempenham, devido às ações indiretas, um papel preponderante, e que seria um
erro grave negligenciá-las durante a análise explicativa (GODET, 2004).
Para interpretar as variáveis próximas da origem (pouco influentes e pouco
dependentes) e que, no entanto, foram citadas assim como as outras, é preciso
trabalhá-las como temas de comunicação e de reflexão muito em longo prazo.
Geralmente são elementos mais afastados dos reais desafios da análise. A
influência (legitimidade) se apóia sobre o passado, a dependência (julgamento)
sempre é exposta em relação ao futuro, conforme demonstrado no exemplo da
Figura 13 (TÉNIÈRE-BUCHOT, 1989 apud GODET, 2004).
56
FIGURA 13 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS
Fonte: TÉNIÈRE-BUCHOT, (1989) apud GODET, (2004, p. 167).
No Quadro 1 está exposto um resumo das diferentes leituras que se pode
fazer para as variáveis contidas nas extremidades do diagrama influência-
dependência que está exibido na Figura 13 (TÉNIÈRE-BUCHOT, 1989 apud
GODET, 2004).
QUADRO 1 – LEITURAS POSSÍVEIS DAS VARIÁVEIS
Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4
Influência
elevada
Dependência
elevada
Próximos da
origem
Distante da
primeira bissetriz
Entrada Saída Sem importância Retransmissões
Hipóteses
Resultados
objetivos
Discursos Desafios
Forças Fraquezas Falso problema
Ameaças
Oportunidades
Passado Futuro Momento Presente
Legitimidade Julgamento Comunicação Ação
Fonte: TÉNIÈRE-BUCHOT, (1989) apud GODET, (2004, p. 168).
Não há uma leitura única dos resultados do MICMAC
©
. É interessante que o
grupo que está trabalhando com a ferramenta crie suas próprias convicções e
interpretações quanto aos resultados do sistema. “O interesse prioritário da análise
estrutural é estimular a reflexão no interior do grupo e levá-lo a refletir em aspectos
não intuitivos do comportamento de um sistema”. (GODET, 2000, p. 86). Além disso,
Futuro
Passado
Dependência
Influência
Julgamento
Saída
Objetivos
Fraqueza
Momento
Comunica
ç
ão
Legitimidade
Entrada
Hipóteses
Forças
0
Presente
Ação
Importância
1
Situação
3
Situação
4
Situação
2
Situação
57
a análise estrutural não pretende descrever com precisão o funcionamento do
sistema, mas antes destacar os grandes traços da sua organização (GODET, 2004).
Mesmo que a análise estrutural aponte que 80% dos resultados assim obtidos
confirmam a primeira intuição, sendo considerados evidentes, isto pode gerar a
tentação de concluir que esta análise não era necessária. Do mesmo modo, é difícil
aceitar os 10% ou 20% de resultados dos quais o caráter contra-intuitivo evidencia, a
ponto de interrogar o grupo de trabalho e de não introduzir obliqüidades na sua
reflexão prospectiva. É importante dar crédito aos resultados contra-intuitivos
(GODET, 2004).
Quanto aos limites relacionados ao método de análise estrutural (MICMAC
©
),
sem dúvida, o caráter subjetivo é o mais expressivo. Esta subjetividade pode ser
observada na elaboração da lista de variáveis (1
a
etapa do método MICMAC
©
), bem
como nas relações entre essas variáveis (2
a
etapa). Uma matriz nunca é a realidade,
mas um meio para olhar para ela, uma espécie de “fotografia” do sistema. Da
mesma maneira que a fotografia, a análise estrutural mostra as coisas que traduzem
uma parte da realidade, mas revela também o talento do fotógrafo e a qualidade do
seu equipamento, uma analogia referente à importância da condução do estudo e da
qualidade dos dados de entrada (GODET, 2004).
Além disso, é importante evitar a total sub-contratação da análise estrutural,
pois o investimento de qualquer reflexão prospectiva deve ser feito na mente
daqueles que terão de tomar as decisões amanhã. Também é importante evitar
partilhar o preenchimento da matriz de análise estrutural, pois pode afetar os
resultados, perdendo o sentido, “dado que a análise estrutural é um instrumento de
estruturação coletiva das idéias”. (GODET, 2000, p. 87).
Tendo o conhecimento dos limites da análise estrutural evocados acima,
convém ressaltar os resultados obtidos e as suas contribuições essenciais. O
método representa, em primeiro lugar, um instrumento de estruturação das idéias e
reflexão sistemática sobre um problema. A obrigação de se colocar várias questões
conduz a certas interrogações e a descobrir variáveis que nunca teriam sido
consideradas. A matriz de análise estrutural desempenha, por conseguinte, o papel
de uma matriz de descoberta e permite criar uma linguagem comum em um grupo
de reflexão prospectiva. Ao estabelecer uma hierarquia das variáveis em função da
sua influência e a sua dependência, as principais causas determinantes do
58
fenômeno estudado podem ser identificadas de um modo mais claro (GODET,
2004).
Além disso, a análise estrutural permite levantar as variáveis-chave que
devem ser consideradas na orientação do método de jogos de atores bem como no
método dos cenários. A análise estrutural consiste em localizar quais são os atores
que podem estar, de certa forma, influenciando as variáveis-chave, considerando o
seu jogo passado, presente e futuro, e que devem ser estudados com cuidado.
3.2.3 Análise do Jogo de Atores
O método da análise do jogo de atores
11
(MACTOR
©
) desenvolve uma
avaliação das relações de força que possam existir entre esses agentes, com a
investigação das divergências e convergências relativas aos desafios e objetivos
associados. Este método fornece uma base para a tomada de decisão relacionada,
principalmente, com as políticas de alianças e gestão de conflitos (GODET, 2000).
Ao assumir o pressuposto que o futuro nunca é totalmente determinado, os
atores do sistema investigado dispõem de múltiplos graus de liberdade que vão
exercer por meio de ações estratégicas pré-concebidas para alcançar os objetivos
que fixaram para si, com a finalidade de realizar o seu projeto (GODET, 2000).
A análise do jogo de atores trata-se de uma etapa fundamental para a
construção da base de reflexão que permitirá elaborar cenários: sem uma análise
fina dos jogos de atores, os cenários perderiam pertinência e coerência. Por outro
lado, lamenta-se a ausência de instrumentos que permitem analisar o jogo de atores.
É muito importante que essa análise seja precedida de uma análise estrutural
(MICMAC
©
) para identificar as variáveis-chave e colocar em pauta as boas questões
O jogo de atores contribuem para a identificação das questões-chave da análise
prospectiva e, conseqüentemente, para a recomendação de estratégias (GODET,
2004; GODET; DURANCE, 2006).
O método MACTOR
©
pode se desenvolvido em sete fases: (i) construção do
quadro das "estratégias dos atores"; (ii) identificação dos desafios estratégicos e dos
objetivos associados; (iii) posicionamento dos atores em função dos objetivos e
identificação das convergências e divergências; (iv) hierarquização para cada ator
11
O método de análise do jogo de atores possui um software que foi desenvolvido por Michel Godet,
..
..denominado MACTOR
©
.
59
das suas prioridades de objetivos; (v) avaliação das relações de força dos atores; (vi)
integração das relações de força na análise das convergências e divergências entre
atores; e, (vii) formulação das recomendações estratégicas e das questões-chave
para o futuro (GODET, 2000; ARCADE et al., 2004).
A construção do quadro das estratégias de atores (primeira fase) é
desenvolvida com base nos atores que comandam ou influenciam as variáveis-
chave obtidas da análise estrutural (MICMAC
©
). É por intermédio do jogo desses
atores que é possível esclarecer a evolução das variáveis influentes do sistema. O
número adequado de atores para desenvolver o jogo situa-se entre dez e vinte.
Nesta fase, as informações recolhidas sobre os atores podem ser assim resumidas:
(i) finalidades; (ii) objetivos; (iii) projetos em desenvolvimento e em maturação; (iv)
motivações; (v) constrangimentos e meios de ação interno; (vi) comportamento
estratégico no passado; e, (vii) meios de ação que cada ator dispõe em relação aos
outros para desenvolverem seus projetos (GODET, 2000).
Segundo Godet (2000), a análise da matriz que relaciona os atores em função
dos objetivos permite identificar a atitude de cada ator em relação a cada objetivo. A
investigação das alianças e dos conflitos possíveis indica exatamente o número e os
objetivos nos quais os atores, dois a dois, estão em convergência ou em
divergência.
Os diagramas de convergência e divergência, a exemplo da Figura 14, p. 60,
permitem visualizar grupos de atores que possuem convergência de interesses, bem
como o grau de liberdade aparente, a identificação dos atores potenciais mais
ameaçados, e, a analise da estabilidade do sistema. Os diagramas de convergência
e divergência devem ser complementados com um estudo hierárquico dos objetivos
de cada ator, pois assim permite avaliar a intensidade do seu posicionamento por
meio de uma escala específica. É importante considerar a hierarquia dos objetivos
para aproximar o modelo da realidade (GODET, 2000; GODET; DURANCE, 2006).
Para avaliar as relações de força entre os atores do sistema, Godet (2004)
indica a construção da matriz das influências diretas a partir do quadro estratégico
dos atores. O software MACTOR
©
calcula as relações diretas e indiretas do sistema,
como também desenvolve um gráfico de influência-dependência dos atores.
60
FIGURA 14 – MODELO DE DIAGRAMA DE CONVERGÊNCIAS
Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p. 188).
Godet (2004) faz uma ressalva quanto à condução do jogo. É muito
importante classificar os atores de maneira adequada, considerando a classe ao
qual pertencem. Por exemplo: é necessário considerar as empresas de determinado
setor como só um ator ou subdividi-las em função de uma tipologia específica
(dimensão, natureza jurídica, nacionalidade, etc). Do mesmo modo, o Estado é
geralmente um ator polimórfico (sujeito a variar de formas): existem vários níveis de
atuação (municipal, estadual e nacional), como também funções distintas (GODET,
2004).
Após a definição e classificação dos atores, é importante identificar as
estratégias dos mesmos e posicioná-las segundo os seus respectivos objetivos.
Godet denomina essa etapa como “Quadro das Estratégias dos Atores”. O quadro
deve ser configurado da seguinte forma: na diagonal são inseridos os conteúdos
referentes à finalidade e aos objetivos do ator em questão; os demais
compartimentos são destinados aos meios de ação dos quais dispõe cada ator sobre
cada um dos outros para fazer conduzir o seu projeto (ARCADE et al., 2004;
GODET, 2004).
No Quadro das Estratégias dos Atores, a diagonal principal é formada pela
identidade de cada ator, ou seja, a sua finalidade, os objetivos, os meios de ação, os
problemas e demais aspectos relevantes. Em contrapartida, o resto da matriz é
preenchido de acordo com a ação de cada ator sobre os demais. Esta é uma parte
complexa pois a coleta de informação estratégica muitas vezes não é explícita
(GODET, 2004).
O preenchimento do quadro é objeto de uma discussão coletiva, onde são
postas conjuntamente todas as informações reunidas sobre cada ator e as suas
relações com os outros. Estas informações sobre o jogo de atores podem ser
A5
A2
A3
+2
+2
+4
A1
A6
A4
+1
+1
+2
+1
61
coletadas ou completadas por ocasião de entrevistas junto de especialistas e
representantes de cada grupo de atores. No entanto, geralmente é difícil pedir a um
ator que revele a sua própria estratégia bem como suas forças e fraquezas. É muito
mais fácil fazer o ator falar sobre os demais (GODET, 2004).
Uma leitura coletiva do Quadro das Estratégias dos Atores destaca os
desafios dos mesmos e, conseqüentemente, possibilita a identificação dos objetivos
convergentes ou divergentes (alianças ou conflitos). Cada um destes desafios
formam o que Godet denomina de “campo de batalha”, e pode ser decomposto sob
a forma de um ou de vários objetivos específicos. As convergências e divergências
entre atores variam de um objetivo ao outro (GODET, 2004).
As relações entre atores sobre cada objetivo podem ser apresentadas sob a
forma de uma representação gráfica das posições. Naturalmente, para compreender
o jogo estratégico global, é necessário construir todas as representações gráficas de
convergências e divergências de objetivos. A comparação visual das representações
gráficas de convergências e de divergências é fácil, mas existe um inconveniente: é
necessária a construção de uma representação para cada objetivo. Uma
representação “Matricial Atores versus Objetivos” (MAO) permite resumir em um
único quadro o conjunto destas representações gráficas (GODET, 2004).
É importante destacar que dois atores podem ter opiniões convergentes para
determinados objetivos e divergentes com outros, esse tipo de resultado é muito
interessante no que diz respeito à tradução dos interesses de cada ator, pois
possibilita traçar estratégias focadas para cada caso. (GODET 2004).
Porém, segundo Godet (2004), as representações gráficas de convergências
e divergências de objetivos entre atores são bastante elementares. Para refinar os
dados e aproximar o modelo da realidade, convém hierarquizar os objetivos para
cada ator. O método MACTOR
©
realiza tal abordagem pela obtenção da hierarquia
das prioridades de objetivos, ou seja, identificam-se os valores das posições de cada
ator (ponderação) em relação aos objetivos colocados em jogo. Para isto, a partir da
matriz das posições simples 1MAO, avalia-se a intensidade do posicionamento de
cada ator utilizando uma escala de zero a quatro.
Portanto, para cada par de atores são identificados os pontos em comum e
calculados a convergência ponderada entre eles. A vantagem desta nova matriz de
convergência está na capacidade de identificação do grau de convergência entre os
62
atores, pois a ponderação permite demonstrar o quão importante é a convergência
de opiniões (qualitativamente) e não simplesmente levantar quantitativamente o
número de posições comuns. Além de se obter as opiniões dos atores relacionadas
aos objetivos (em jogo), o método da ponderação permite refinar os dados e
aproximá-los com o que realmente ocorre no sistema investigado (GODET, 2004).
Mas os jogos de alianças e de conflitos possíveis não dependem somente das
hierarquias de objetivos, mas também da capacidade de um ator de impor as suas
prioridades aos demais. Para determinar as capacidades em jogo, Godet (2004)
indica uma avaliação das relações de força dos atores. Para isso, é importante
desenvolver as matrizes de influências diretas (MID) e a matriz das influências
diretas e indiretas (MIDI). Desta forma é possível aprimorar a definição da escolha
tática das alianças e dos conflitos que poderão surgir. A matriz MID fornece algumas
informações interessantes sobre o jogo de influência e dependência entre os atores.
A simples conferência das somas de influências (em linha) e dependência (em
coluna) refletem o posicionamento de cada ator no jogo. Porém, a análise da relação
de força não se limita à simples apreciação dos meios de ações diretas: um ator
pode agir sobre outro por meio de um terceiro (influência indireta). Convém, por
conseguinte, examinar a matriz (MIDI) das influências diretas e indiretas (de ordem
dois) para obter este tipo de relação (GODET, 2004).
O procedimento de cálculo da matriz MIDI conserva a escala da intensidade
das influências. Este procedimento apresenta, contudo, a vantagem de não
subestimar o peso de atores que teriam fortes influências diretas e baixas influências
indiretas. A estrutura das influências diretas e indiretas determinada na matriz MIDI
pode ser resumida em um diagrama de influência-dependência, muito semelhante
com o que ocorre com as variáveis na análise estrutural (MICMAC
©
). Uma vez
identificados o grau de influência de cada ator do sistema e, desta forma,
determinado os pesos que cada um têm na relação de força global, é possível,
contudo, alocar os pesos, na mesma intensidade e origem, nos objetivos que cada
ator influencia. Em outras palavras, caso um ator qualquer pese duas vezes mais
que um outro na relação de força global, teria implicitamente que dar um peso duplo
sobre o(s) objetivo(s) ligado(s) a ele (GODET, 2004).
Por último, nesta conclusiva etapa da análise dos jogos de atores, convém
identificar as principais perguntas-chave para o futuro. As evoluções das alianças e
63
dos conflitos entre atores podem assim ser identificadas e formuladas sob a forma
de hipóteses. Estas perguntas referem-se a tendências, acontecimentos incertos ou
rupturas. A seqüência do método dos cenários consiste precisamente em reduzir a
incerteza que pesa sobre as perguntas-chave do futuro (GODET, 2004).
As simulações e recomendações estratégicas inspiradas pela reflexão
coletiva sobre os jogos de atores, graças ao procedimento MACTOR
©
, são múltiplas
e diferentes de um ator ao outro. Para casos complexos, é recomendável decompor
a dificuldade, por meio de estudos para cada grandes desafios ou para cada grupo
de atores específicos. Esta utilização modular do método MACTOR
©
supõe um
esforço coerente na reunião das informações no final (GODET, 2004).
Os principais limites do método residem no seu caráter estático e na sua
utilização em curto prazo. Se simulações permitem evidenciar a evolução do
comportamento estratégico dos atores, a ausência de informações sobre os seus
comportamentos futuros a médio e longo prazo pode constituir uma ligação fraca em
uma utilização prospectiva deste método. (GODET, 2004).
Como recomendação, Godet (2004) indica que seria interessante realizar,
após a realização do método MACTOR
©
, um estudo da sucessão, no tempo, das
realizações dos objetivos e as suas articulações em função da evolução das
posições dos atores, o que permitiria conferir ao método um caráter dinâmico. Por
fim, Godet (2004, p. 207) ressalta que a utilização do método requer algumas
precauções: “tudo depende da qualidade dos dados de entrada, bem como da
capacidade de escolher os resultados mais relevantes”.
3.2.4 Cenários: Possibilidades e Incertezas
O cenário, como resultado de um estudo prospectivo, não é a realidade
futura, mas uma maneira de representá-la. Tem o objetivo de iluminar a ação
presente com foco nos futuros possíveis e desejáveis, ou seja, construir
representações dos futuros possíveis e os caminhos que conduz a esses cenários.
“Cenário é um conjunto formado pela descrição de uma situação futura e do
encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem a
essa situação futura”. (GODET; DURANCE, 2006, p. 38).
Cenário não é sinônimo de prospecção. Cenário possui fundamentos
científicos frágeis. Este fato foi evidenciado por Godet devido, principalmente, ao
64
fraco embasamento e a falta de cuidado na definição e combinação de hipóteses
observados em estudos do futuro, o que compromete a realização de pesquisas
prospectivas fidedignas. “É necessário colocar as boas questões e formular as
verdadeiras hipóteses-chave para o futuro, bem como apreciar a coerência e a
verossimilhança das combinações possíveis”. (GODET, 2000, p. 37).
Os objetivos do método dos cenários são as seguintes: (i) detectar quais são
os pontos a serem investigados (variáveis-chave), ou seja, realizar uma análise
explicativa global mais exaustiva possível das variáveis que caracterizam o sistema
estudado; (ii) determinar, a partir das variáveis-chave, os atores fundamentais, as
suas estratégias, os meios dos quais dispõem para conduzir os seus projetos; e, (iii)
descrever, sob forma de cenários, a evolução do sistema estudado, tendo em vista
às evoluções mais prováveis das variáveis-chave e do comportamento dos atores, a
partir de jogos de hipóteses (GODET, 2001).
Segundo Godet e Durance (2006), o método de cenários pode ser
desenvolvido em três fases. A primeira consiste em construir um conjunto de
representações do sistema organizacional atual e sua envolvente, ou seja,
representar a expressão de um sistema de elementos dinâmicos ligados uns aos
outros e articulados com o ambiente externo. É conveniente delimitar o sistema e
sua envolvente; determinar as variáveis essenciais; e, analisar as estratégias dos
atores.
A etapa seguinte (segunda fase) tem como objetivo demarcar os futuros
possíveis mediante uma lista de hipóteses que traduzam as tendências ou rupturas
no sistema. A análise morfológica pode ser utilizada para decompor o sistema
estudado no sentido de combinar as dimensões previamente levantadas (GODET,
2004; MARCIAL; GRUMBACH, 2005). Em seguida, são utilizados métodos periciais
para reduzir a incerteza e estimar probabilidades das combinações ou das diferentes
envolventes-chave para o futuro.
Na terceira fase os cenários ainda estão no estado embrionário. É necessário
descrever o encaminhamento que leva a situação atual às imagens finais, ou seja,
elaboração e condução de previsões por cenários.
Para operacionalizar o método de cenários, tal como foi apresentado, é
necessário tempo e equipe capacitada para tal empreitada. Geralmente, o método
demanda de doze a dezoito meses de trabalho, a fim de explorar os cenários na
65
tentativa de esgotar suas hipótese. É sempre aconselhável acrescentar ainda um
ano suplementar para difusão e valorização dos resultados. Em muitas
organizações, os prazos para finalizar os relatórios são curtos, podendo chegar, em
alguns casos, até algumas semanas. Não é o ideal, mas “é preferível iluminar as
decisões a tomá-las às escuras”. (GODET, 2000, p. 40).
Um estudo prospectivo requer planejamento, por isso algumas perguntas
devem ser feitas com antecedência para não ocasionar nenhum problema posterior,
como por exemplo: (i) o que se pode fazer nos prazos estabelecidos e com os meios
disponíveis?; (ii) como realizar o estudo prospectivo de maneira que os resultados
sejam credíveis e úteis para os destinatários?; e, (iii) quais ferramentas e método
que podem ser utilizados? (GODET, 2004).
Os cenários podem ser classificados em dois grandes grupos: (i) exploratórios
– o futuro é uma conseqüência das tendências passadas e presentes; e, (ii)
normativos (antecipação) – concebidos de forma retro-projetiva a partir de imagens
alternativas do futuro, tanto desejado quanto temido (COATES, 2004; GLENN, 2004;
GODET, 2004; GORDON, 2004). Além disso, é possível distinguir cenários pela
seguinte classificação: (i) cenários possíveis; (ii) cenários realizáveis; e, (iii) cenários
desejáveis. Estes cenários podem ser qualificados de acordo com a sua natureza ou
a sua probabilidade, por exemplo, cenários tendenciais, cenários de referência,
cenários de contraste ou cenários de antecipação (GODET, 2004).
O cenário tendencial é, em princípio, o que corresponde à extrapolação das
tendências. Freqüentemente, o cenário mais provável não corresponde
necessariamente a uma extrapolação pura e simples das tendências, pois existem
as rupturas das tendências atuais. Por outro lado, a extrapolação das tendências
pode conduzir a uma situação muito contrastada em relação ao presente. Tendo em
conta certa confusão de classificação, propõe-se denominar de cenário de
referência, o cenário mais provável que seja tendencial ou não (GODET, 2004).
Um cenário contrastado é a exploração de um tema extremo, determinação a
priori de uma situação futura, o qual corresponde a uma tentativa de antecipação,
imaginativa e normativa. Enquanto que o cenário tendencial corresponde a uma
tentativa exploratória de uma evolução. No cenário contrastado, fixa-se uma situação
futura, em geral muito contrastada em relação ao presente, e interroga-se no sentido
66
contrário (cenário de evolução), ou seja, descreve-se os possíveis caminhos para
alcançar a situação futura (COATES, 2004; GODET, 2004).
O cone das possibilidades de Godet (2004) define o campo onde podem ser
desenvolvidos os cenários mais prováveis. É entre os cenários realizáveis, cuja
probabilidade é não nula, que se encontra os cenários contrastados (pouco
prováveis). Quanto aos cenários desejáveis, encontra-se em algum lugar no “campo
dos possíveis” e não são todos necessariamente realizáveis.
A construção de cenários fica mais fácil quando utilizada a análise
morfológica. A análise morfológica parte do pressuposto que um sistema pode ser
decomposto em várias partes (componentes), onde para cada um destes
componentes é possível atribuir hipóteses (configurações). Uma possível
combinação de hipóteses representa um cenário. Esta definição da análise
morfológica (para construção de cenário) pode ser melhor compreendida conforme a
observação da Figura 15 (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004).
FIGURA 15 – CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PELA ANÁLISE MORFOLÓGICA
Fonte: GODET, (2000, p. 33).
A análise morfológica não foi desenvolvida para estudos prospectivos. Na
verdade, essa técnica não estava sendo muito utilizada nos meios acadêmicos e
empresariais, mas foi nos finais dos anos 80 que a Prospectiva redescobriu esta
ferramenta, tornando-se muito utilizada atualmente (GODET, 2000). Curiosamente,
a análise morfológica tem sido pouco utilizada em previsão tecnológica e bastante
em prospectiva econômica ou setorial. No entanto, é muito útil na construção de
cenários, por exemplo, em um sistema global que pode ser decomposto em
dimensões ou componentes demográficos, econômicos, técnicos, sociais ou
Respostas verossímeis para cada uma das questões-chave
(configurações)
1 2 3 4 ?
1 2 3 ?
1 2 3 ?
Cenário X
(1,2,2,1)
Cenário Y
(2,2,3,2)
Cenário Z
(3,4,3,3)
...
1 2 3 ?
Questões-chave
Cenários
Questão 2
Questão 3
Questão 4
Questão 1
67
organizacionais, onde é admissível atribuir para cada um destes componentes
diversos estados possíveis (hipóteses ou configurações).
Na lógica do método dos cenários, a análise morfológica não é uma etapa
indispensável, contudo, por meio de sua utilização é possível desenvolver cenários
mais completos e estruturados. A qualidade dos cenários desenvolvidos se deve,
também, da escolha de boas questões-chave e hipóteses associadas. Essas
questões e hipóteses precisam obedecer alguns critérios, ou seja, precisam ser
pertinentes, coerentes, verossímeis e transparentes. Sem esses critérios, os
cenários podem perder em credibilidade e segurança. É por isso que Godet (2004)
sugere a utilização da análise estrutural e da análise dos jogos de atores como
ferramentas de subsídios à construção de cenários, pois ambos são estudos
complexos e que garantem uma certa base para essa etapa.
Com a determinação das variáveis-chave e das relações do jogo de atores
(identificação das questões-chave), tem-se, agora, uma boa base de informação e
de reflexão que vai ajudar na elaboração dos cenários. As variáveis-chave da
análise estrutural e as perguntas-chave do jogo dos atores são agrupadas em
componente e subsistemas. A sua combinação vai ser objeto da análise morfológica
(GODET, 2004).
Além disso, é possível combinar a análise morfológica com a análise
probabilística (método SMIC-PROB-EXPERT
©
). Deste modo, é possível concentrar-
se nas combinações mais prováveis dos jogos de hipóteses, um dos principais
objetivos do SMIC-PROB-EXPERT
©
, que ainda será abordado com mais detalhes.
Portanto, a análise morfológica é um instrumento que pode ser complementado com
outras ferramentas para ser mais estruturada e aproximar-se da realidade (GODET,
2004).
O princípio do método morfológico é extremamente simples, trata-se de
decompor o sistema em subsistemas. Esta decomposição deve ser, também,
independente e possível de atender a totalidade do sistema estudado, ou seja,
atender o campo dos possíveis ou denominado, também, como "espaço
morfológico" (GODET, 2004). No entanto, é possível privilegiar as combinações que
pareçam mais interessantes, principalmente quando se têm alguns critérios e
limitações a considerar, como por exemplo, o custo de desenvolvimento, a
68
segurança, a viabilidade, etc. “O espaço morfológico defini com precisão o leque
12
dos futuros possíveis”. (GODET, 2000, p. 33).
O espaço morfológico pode ficar muito complexo quando temos para cada
subsistema, por exemplo, quatro ou cinco hipóteses prováveis. Em um sistema
formado por três subsistemas, onde cada um possui quatro, cinco e três hipóteses
respectivamente, existem 60 possibilidades, fato este que demonstra a
complexidade de estudos dessa natureza.
Segundo Godet (2004), o espaço morfológico define com muita exatidão o
leque dos futuros possíveis. Porém, a escolha das componentes é particularmente
delicada e necessita de uma reflexão exaustiva. Multiplicando as componentes
(questões-chave) e as configurações (hipóteses), aumenta-se muito rapidamente o
sistema a ponto de a sua análise tornar-se rapidamente impossível. No entanto, um
número restrito de componentes ocasionará um empobrecimento do sistema. Além
disso, é necessário também priorizar a independência das componentes (questões-
chave) e não confundir estes últimos com configurações (hipóteses / respostas).
Outro ponto importante é o levantamento das soluções possíveis. É muito
importante não omitir nenhuma componente ou configuração essencial para o futuro,
pois corre o risco de ignorar aspectos importantes que fazem parte do “campo dos
possíveis”. Entretanto, após o levantamento de todas as possibilidades de soluções,
a redução do espaço morfológico se faz necessária, devido, principalmente, ao fato
da impossibilidade da mente humana de identificar todas as soluções possíveis
procedentes de uma análise combinatória tão complexa. Nesta etapa, é importante,
por conseguinte, determinar alguns critérios que, ao mesmo tempo, eliminem as
componentes secundárias por meio da identificação das questões-chave para o
sistema, sem, no entanto, comprometer a qualidade das componentes do
subsistema remanescente.
A seguir são apresentadas algumas etapas para reduzir o campo das
possibilidades: (i) identificar os critérios de escolhas (econômico, técnico, tático, etc.)
que permitirão avaliar e selecionar as melhores soluções no conjunto dos possíveis
do espaço morfológico; (ii) classificar as componentes em função dos critérios,
eventualmente, ponderados de acordo com a política adotada; (iii) reduzir,
12
Analogia que Michel Godet faz sobre o número de possibilidades que podem ser identificadas para
...o futuro de determinada questão (possibilidades de futuro em forma de leque).
69
inicialmente, a exploração do espaço morfológico às questões-chave assim
determinadas; e, (iv) excluir as questões secundárias, devido à sua
incompatibilidade intrínseca (impossibilidade de configurações), ou tendo em conta
certos critérios, por exemplo: custo e competitividade (GODET, 2004).
Godet (2004) destaca que as instruções apresentadas acima estão integradas
em parte no software MORPHOL
©
. No entanto, sua aplicação requer duas situações
importantes e imprescindíveis: (i) a análise morfológica impõe uma reflexão
estruturada sobre as componentes e as hipóteses (configurações) que serão
consideradas no estudo, com a utilização de um levantamento exaustivo do “campo
dos possíveis”; e, (ii) a análise combinatória não deve ocasionar uma certa “miopia”
ou “ilusão”, com conseqüências de falsa exaustividade do sistema, também não
deve paralisar a reflexão. É preciso exaurir as possibilidades para, em um segundo
momento, fazer a redução do espaço morfológico.
Quando as possibilidades são muitas o nível de complexidade é maior. Neste
caso, decompor o sistema global em subsistemas fica mais simples, por exemplo,
subsistemas geopolíticos, econômicos, sociais e setoriais. Cada um dos
subsistemas são objetos de análises morfológicas parciais que permitem
encadeamento, ajustamento e recomposição da construção de cenários globais, ou
seja, após a realização da análise morfológica para cada subsistema eles são
agrupados novamente para a análise global, já reduzido e muito mais simples
(BASSALER, 2000 apud GODET, 2004).
Os cenários parciais tornam-se hipóteses (respostas) compostas para os
cenários globais. Esta é uma técnica interessante para lidar com um complexo
espaço morfológico, com muitas questões pertinentes e que precisam ser
trabalhadas e não simplesmente descartadas. O espaço morfológico define
exatamente o “leque dos futuros possíveis”. Segundo Godet (2004), os cenários
devem ser construídos em consenso e, de certa forma, em uma espécie de
coerência coletiva. No entanto, convém destacar que este fato não garante a
verossimilhança em relação ao conjunto das possibilidades (cenários possíveis). O
sucesso vai depender do tempo e da qualidade do grupo de especialistas.
Porém, nada impede que o método SMIC-PROB-EXPERT
©
seja desenvolvido
por meio de um questionário via postal. A principal contribuição do método deve
estar baseada na capacidade de probabilizar os cenários, ou seja, identificar as
70
combinações de hipóteses, as probabilidades simples destas hipóteses e as
probabilidades condicionais, cruzadas dois a dois (GODET, 2004).
A construção de cenários por um grupo de peritos é desenvolvida a partir de
um número limitado de variáveis estruturantes sobre as quais se criam hipóteses. A
partir deste ponto, são desenvolvidas probabilidades subjetivas de hipóteses
(método SMIC-PROB-EXPERT
©
) junto aos peritos, para retificar as suas
incoerências e indicar uma ordem de grandeza capaz de identificar os cenários
ainda não evidenciados e/ou reforçar os cenários que aparecem com probabilidade
elevada. O método SMIC-PROB-EXPERT
©
revela estas obliqüidades coletivas que
possivelmente poderiam permanecer ocultas (GODET, 2004).
A fim de verificar quais são os cenários mais prováveis, os peritos do grupo
de trabalho exprimem coletivamente, por intermédio de um voto, uma série de
estimativas sobre as configurações possíveis de cada componente (questão-chave).
Como resultado tem-se uma probabilidade simples para cada uma das
configurações (GODET, 2004).
Uma distribuição das probabilidades simples é efetuada para cada um dos
componentes da análise morfológica. Com estas probabilidades simples definidas,
parte-se para a identificação das combinações mais prováveis em relação às
hipóteses das demais componentes do sistema investigado. Em outras palavras,
uma vez determinado às probabilidades simples de cada hipótese, são realizadas
combinações de hipóteses, ou seja, a probabilidade composta (GODET, 2004).
Entre os métodos de impactos cruzados, o método SMIC-PROB-EXPERT
©
apresenta a vantagem de ser uma aplicação bastante simples, pouco dispendiosa e
rápida para atingir resultados que, em geral, são facilmente interpretáveis. O papel
do método SMIC-PROB-EXPERT
©
resume-se essencialmente em delimitar os
futuros mais prováveis que serão objeto do método dos cenários. Não é demasiado
lembrar que este método requer, por conseguinte, um trabalho de informação e de
reflexão exaustivo a fim de selecionar as hipóteses essenciais. Nesse sentido,
ressalta-se a importância da análise estrutural e a compreensão dos jogos de atores
para identificar as variáveis-chave e formular as hipóteses que serão as bases para
a construção dos cenários. O princípio do método SMIC-PROB-EXPERT
©
consiste
em corrigir as opiniões brutas expressas pelos peritos de maneira a obter resultados
coerentes às propriedades clássicas sobre probabilidades. O método SMIC-PROB-
71
EXPERT
©
considera o fato de existir uma opinião global não expressa, mas implícita,
que faz o elo do conjunto das respostas às perguntas colocadas para os peritos
(GODET, 2004).
Para alcançar a coerência exigida nas relações entre hipóteses e cenários é
preciso levantar as imagens possíveis para o sistema. É tendo em conta esta
informação sobre as probabilidades dos cenários, por grupo de peritos, e por média,
que se escolhe um ou vários cenários de referência (cenários freqüentemente
citados e com uma forte média de probabilidades) e cenários contrastados
(freqüentemente caracterizados pela sua probabilidade média mais fraca). Uma vez
determinadas as imagens finais, o objeto da construção dos cenários consiste então
em descrever de maneira coerente os diferentes andamentos que existe (situação
atual), tendo em conta os mecanismos de evoluções e os comportamentos de atores
analisados anteriormente no jogo de atores (GODET, 2004).
Quanto aos limites do método método SMIC-PROB-EXPERT
©
, pode-se
destacar três como mais importantes: (i) aplicação limitada (máximo seis hipóteses);
(ii) função objetivo e a multiplicidade das soluções (além de poder ser arbitrária, essa
função pode ter infinitas soluções); e, (iii) problema da agregação das respostas de
vários peritos, ou seja, trabalhar com a média pode ocultar ou desviar os resultados
(GODET, 2004).
Assim termina a apresentação do método dos cenários de acordo com uma
lógica que vai dos problemas (identificar boas questões, analisar os jogos de atores,
reduzir a incerteza) aos instrumentos para abordá-lo. Porém, a Prospectiva
Estratégica não se limita à abordagem dos cenários. É preciso determinar
estratégias. Por isso, a próxima etapa deve ser desenvolvida com a finalidade de
identificar e avaliar as opções estratégicas. No qual, também é possível associar
alguns instrumentos como, por exemplo, o método multicritérios.
3.2.5 Da Prospectiva à Estratégica
Esta é uma etapa bastante crítica, pois existem muitos estudos do futuro que
não conseguem transpor esta fase: dos cenários à estratégia, da visão à ação. Ao
tomar como verdadeira a premissa de que o futuro pode ser determinado e
construído (pró-atividade), então pode-se deduzir que esta fase é fundamental para
72
o sucesso das projeções realizadas até então no desenvolvimento dos estudos
prospectivos (GODET, 2000).
Portanto, com os cenários definidos e levando em consideração as políticas
organizacionais existentes, a próxima fase é avaliar as conseqüências das
orientações já tomadas e, por meio de métodos multicritérios, deduzir as ações
estratégicas que necessitam serem desenvolvidas para aproveitar as oportunidades
e bloquear ou amenizar as ameaças das mudanças esperadas. É a fase de
fechamento e elaboração do plano estratégico (GODET, 2001).
Para escolher as ações e projetos estratégicos, Godet (2004) sugere a
utilização do método da “Árvore de Pertinência”. Essa ferramenta permite apoiar as
atividades de mapeamento das opções estratégicas que são compatíveis tanto com
a identidade da organização (objeto em estudo) quanto, também, com os cenários
mais prováveis (GODET; DURANCE, 2006).
O método da Árvore de Pertinência é bastante simples, trata-se de buscar as
relações que possam existir entre os níveis hierárquicos de um problema qualquer,
desde o mais elevado (nível superior) para o mais elementar (nível inferior).
(GODET, 2000). É uma maneira simples de decompor o problema em várias partes
para facilitar sua compreensão (reducionismo).
Segundo Godet (2004), existem duas fases que precisam ser desenvolvidas
no método da Árvore de Pertinência: (i) a construção da árvore de pertinência com
distinção entre as finalidades (nível superior: políticas, missões e objetivos) e os
meios (níveis inferiores: subsistemas e ações elementares); e, (ii) a notação da
representação gráfica e a agregação de resultados – cujo objetivo é medir a
contribuição de cada ação para o sistema como um todo.
A escolha dos objetivos e das ações deve ser feita após uma análise
preliminar do sistema estudado. Para isso, pode-se utilizar duas abordagens: (i)
ascendente – que parte das ações levantadas, analisa seus efeitos e estuda os
objetivos que sofrem influência destes efeitos; e, (ii) descendente – que, a partir de
uma lista de objetivos finais explicativos, identifica e analisa os meios de ação que
permitem atingir as variáveis capazes de influenciar tais objetivos (GODET, 2000).
Segundo Godet (2000) este método (Árvore de Pertinência) permite
evidenciar as redundâncias do sistema, descobrir novas idéias, explicar as opções
73
escolhidas, melhorar a coerência e, finalmente, estruturar os objetivos e os meios. É
nesse sentido que sua contribuição pode embasar o planejamento estratégico.
Além da Árvore de Pertinência, Godet (2000) sugere a utilização do método
13
MULTIPOL
©
nesta etapa de planejamento estratégico. Para Godet (2004), é possível
utilizar o método MULTIPOL
©
para trabalhar as questões relacionadas ao problema
de decisão (critérios múltiplos). Seu princípio básico está na avaliação de ações por
médias ponderadas. A complexidade da decisão sobre um conjunto de ações pode
ser enquadrada no âmbito de uma das seguintes problemáticas: (i) decidir em prol
ou das melhores ações (escolhas); (ii) definir uma partição das ações (triagem); e,
(iii) determinar uma classificação das ações (arranjo).
De acordo com Godet (2004), o procedimento utilizado no MULTIPOL
©
permite responder às três problemáticas descritas acima. Fato este devido à
determinação de um sistema comparativo entre as ações não deixando de
considerar os diferentes contextos do estudo: as políticas organizacionais e do
entorno do objeto em estudo, bem como os cenários esperados (já previamente
identificados). É importante lembrar que um projeto pode ser considerado uma ação.
O MULTIPOL
©
trabalha as fases clássicas de uma abordagem de decisão por
multicritérios: (i) o recenseamento das ações possíveis; (ii) a análise das
conseqüências; (iii) a elaboração de critérios; (iv) a avaliação das ações; (v) a
definição de políticas; e, (vi) a classificação das ações. Mas apesar de sua aparência
complexa, o MULTIPOL
©
é, de certa forma, muito simples, além de permitir
flexibilidade na sua utilização (GODET; DURANCE, 2006).
Assim como nos demais métodos de decisão por multicritérios, o MULTIPOL
©
também precisa trabalhar em uma escala de avaliação. A ação é avaliada em
relação a cada critério em uma escala simples de notação, podendo variar conforme
o método. No julgamento sobre as ações são considerados os diferentes contextos
ligados ao objetivo do estudo. Este jogo de pesos (ponderação) relacionado aos
critérios pode corresponder aos diferentes sistemas de valores da decisão dos
atores, bem como às opções estratégicas ou ainda aos cenários múltiplos. Na
prática, os especialistas distribuem um determinado peso sobre o conjunto dos
critérios para cada política (GODET, 2004).
13
Godet desenvolveu um software para sistematizar as informações do método MULTIPOL
©
, também
....denominado MULTIPOL
©
.
74
Uma vez identificadas e definidas o conjunto de políticas que serão
consideradas no sistema e realizado o jogo de pesos de critérios, parte-se para a
classificação das ações de acordo com as políticas e os critérios pré-estabelecidos.
Porém, em uma escolha multicriterial é indispensável colocar as seguintes questões:
qual é a eficácia da classificação? Em outras palavras, a classificação obtida de
acordo com uma política (jogo de pesos de critérios) é a mesma para as demais
políticas? Geralmente, as classificações variam de uma política para outra, o que
convém, por conseguinte, determinar a sua sensibilidade a fim de reduzir os riscos
do processo de decisão (GODET, 2004).
O software MULTIPOL
©
gera, também, gráficos a partir dos quadros de
resultados. São instrumentos que facilitam a leitura do perfil das classificações de
acordo com as diferentes políticas. A decisão sobre qual(s) ação(s) adotar depende
das políticas em jogo. As políticas são mais ou menos adaptadas aos cenários mais
prováveis ao ambiente futuro, assim sendo, a próxima etapa do método MULTIPOL
©
é classificar as políticas de acordo com os cenários (GODET, 2004).
Nessa etapa do método MULTIPOL
©
, tudo se passa como se as políticas
fossem "ações" que precisam ser classificas de acordo com "políticas" que são de
fato cenários. Desta forma, o jogo assume o mesmo procedimento descrito até
então, mas com uma diferença importante, agora os cenários foram considerados no
modelo de decisão, e fazem parte do processo de análise estratégica. A partir desta
abordagem, as ações e políticas foram confrontadas com a probabilidade de
realização dos cenários, fechando o elo que faltava para considerar as visões no
planejamento estratégico (GODET, 2004).
Para finalizar e fechar a “Caixa de Ferramentas”, Godet (2004) destaca que
todas as ferramentas apresentadas até agora, como por exemplo, o MULTIPOL
©
,
devem ser abordadas como se fossem “alavancas” para se chegar à pertinência, a
coerência, a verossimilhança e a transparência das análises. Muitas outras
ferramentas poderão ser utilizadas em estudos dessa natureza, o que importa, sim,
é o rigor do método para que a qualidade dos resultados do estudo seja credível.
No próximo capítulo encontra-se o estudo sobre as tendências e
convergências para o setor escolhido da análise, o Setor Têxtil e Confecção. No
estudo são abordadas as mudanças possíveis no âmbito científico e tecnológico,
bem como nos aspectos sociais, econômicos, e demais fatores sistêmicos que
75
podem impactar o setor. São projeções que podem causar diferentes tipos de
impacto, desde mudanças radicais no sistema, como simplesmente, alterações
fracas, mas que pode surtir efeitos de longo prazo na cadeia produtiva têxtil-
confecção. Muitas destas tendências podem não se confirmar. Entretanto, a grande
contribuição deste tipo de estudo é trabalhar e, se possível, exaurir as possibilidades
e o rumo que a indústria e o setor poderão tomar no futuro.
76
4 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Existem muitos fatores que influenciam uma indústria e que impactam,
negativa ou positivamente, na sua cadeia produtiva ou na sua estrutura como um
todo. A evolução tecnológica, as mudanças da sociedade, bem como a dinâmica da
economia são alguns exemplos de fatores que, de certa forma, podem ser
considerados orgânicos, ou seja, possuem comportamentos que variam e que
passam por um processo de constantes mutações e oscilações.
Nesse contexto, muitos estudos, nas mais diversas áreas e com diferentes
objetivos, são desenvolvidos com o intuito de procurar identificar as tendências que
podem impactar no statu quo. O Setor Têxtil e Confecção, por exemplo, possui
estudos e pesquisas avançadas sobre tecnologias que serão utilizadas no futuro,
bem como aquelas que, apesar de existirem em outras áreas, podem ser aplicadas
no setor.
Na Europa, por exemplo, existe um grupo de atores ligados ao Setor Têxtil e
Confecção, denominado THE EUROPEAN APPAREL AND TEXTILE
ORGANISATION – EURATEX, que publicou um relatório em dezembro de 2004,
onde apresenta o resultado do desenvolvimento do estudo sobre as tendências para
2020. Esse grupo engloba atores de diversas áreas, como academia, instituições de
pesquisa, indústria, governo e entidades empresariais, e está organizado como uma
plataforma de tecnologia. O trabalho destes atores está sendo executado de acordo
com as diretrizes gerais para funcionamento das plataformas de tecnologia da
Comissão Européia. O objetivo dessa plataforma é desenvolver e executar as visões
de longo prazo que foram identificadas para a indústria têxtil e confecção Européia,
bem como implementar uma agenda estratégica para a pesquisa no sentido de
melhorar a inovação, o potencial competitivo global e o crescimento deste importante
setor industrial daquele continente.
Este estudo Europeu identificou três principais tendências para o Setor Têxtil
e Confecção, bem como as possíveis mudanças e inovações que acompanham tais
visões. Essas tendências são: (i) mudança da produção de commodities para
especialidade de produtos, com flexibilização dos processos tecnológicos ao longo
da cadeia de valor (fibra-têxtil-confecção); (ii) novas aplicações na utilização dos
têxteis em outras áreas industriais e humanas; e, (iii) mudança da produção em
77
massa para a massificação do consumo personalizado, com o desenvolvimento de
uma indústria voltada a customização e a personalização dos produtos têxteis, com
aplicação de conceitos de inteligência da produção, logística, distribuição e serviços
(THE EUROPEAN..., 2004; LIBEERT, 2004; WALTER, 2006).
A primeira tendência do estudo Europeu está ligada à inovação de fibras com
especialidades particulares, fibras-compostas, novos materiais com aplicações da
biotecnologia e nanotecnologia, tecidos funcionais, bem como têxteis com princípios
sustentáveis, que permitem a reciclagem e que respeitem o meio-ambiente. A
segunda tendência procura desenvolver novas aplicações que melhorem o
desempenho humano, o aprimoramento de novas aplicações industriais, bem como
a concepção de têxteis e roupas inteligentes. E, por último, a terceira tendência está
relacionada com a customização da produção por meio de novos projetos e
processos integrados, onde os produtos são desenvolvidos especialmente para o
cliente, de acordo com suas medidas corpóreas e seu desejo de material, de cores e
de estampas (THE EUROPEAN..., 2004).
Outro estudo da plataforma EURATEX, publicado em junho de 2006, afirma
que poderão surgir novas áreas e, conseqüentemente, fazer emergir novas
oportunidades de mercado para o Setor Têxtil e Confecção caso essas tendências
se confirmem. O estudo aponta soluções para a mobilidade, o cuidado da saúde, a
segurança, a energia e a eficiência de recursos. A competitividade, no futuro, vai
permear os aspectos da produtividade, da qualidade, da flexibilidade, e, do time-to-
market. A atratividade do consumidor final vai ser determinada, também, por
produtos imaginativos, que proporcionem emoção, ao mesmo tempo em que são
produzidos de forma personalizada, com diversidade de opções, conforto e
segurança (THE EUROPEAN..., 2006).
Este e outros estudos serão tratados de forma mais detalhada e abrangente
na seqüência deste capítulo, que, por sua vez, está estruturado em dois grandes
temas: (i) aspectos científico-tecnológicos; e, (ii) aspectos socioeconômicos. No
primeiro, são abordadas as tendências científicas e tecnológicas para o setor Têxtil e
Confecção. No segundo tema, são abordadas de forma sucinta as principais
mudanças socioeconômicas que poderão impactar o futuro da sociedade e,
conseqüentemente, da indústria Têxtil e Confecção. Em ambos os temas, foram
utilizados como fonte de dados e informações diversos estudos da Europa, Ásia e
78
EUA, bem como de revistas internacionais especializadas, portais corporativos,
observatórios tecnológicos, institutos de pesquisa, teses, dissertações, etc.
4.1 ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS
O levantamento das tendências científico-tecnológicas está estruturado da
seguinte forma: (i) têxteis técnicos e estruturantes; (ii) têxteis e roupas inteligentes;
(iii) têxteis e fibras multifuncionais; (iv) tecnologias de informação e comunicação
(TICs); e, (v) ciência, tecnologia e meio-ambiente. O objetivo desta seção não é
esgotar as possibilidades de tendências para o futuro científico e tecnológico, mas
sim traçar algumas direções possíveis, que em muitos casos já estão se
confirmando ou ainda estão em fase de pesquisa, testes e convergência. Algumas
tendências são mais fortes, outras ainda são aspirações, porém, todas podem
impactar a indústria Têxtil e Confecção em algum momento, grau e profundidade.
4.1.1 Têxteis Técnicos e Estruturantes
A aplicação dos têxteis está se ampliando cada vez mais nos segmentos
industriais (Têxteis Técnicos). Existe uma tendência cada vez maior para a utilização
dos têxteis como material estruturante. Há muitas pesquisas nesta área, o que gera
inovações importantes que estão aumentando as possibilidades de aplicações dos
têxteis em outras áreas industriais. O têxtil estruturante vem sendo empregado como
material substituto em diversas áreas tradicionais da indústria, mas se destaca
principalmente na construção civil.
Tanto o tubo de concreto quanto outros materiais para a construção civil estão
sendo desenvolvidos e testados na Europa. O INSTITUT FÜR TEXTILTECHNIK
AACHEN – ITA (Instituto de Tecnologia Têxtil de Aachen, na Alemanha) – vem
realizando diversas pesquisas na área têxtil, entre elas no segmento de têxteis
estruturados. Na Figura 16, p. 79, pode-se observar o experimento de uma aplicação
do material têxtil estruturado para construção de lajes e placas de concreto.
O estudo realizado pela plataforma têxtil da Europa (EURATEX) aponta as
principais áreas e funções nas quais o têxtil estruturante vem sendo aplicado: (i)
telhado têxtil – muito leve e resistente; (ii) concreto têxtil-reforçado; (iii) fibras e
têxteis como elementos na construção de cabos; (iv) têxteis utilizados como sistema
de proteção da erosão e de corredeiras; (v) reforço têxtil para diques e outros
79
sistemas de gerenciamento d’água; (vi) fibre-based light – têxtil condutor e
canalizador flexível e durável; (vii) consoles artificiais; e, (viii) plataformas flutuantes.
FIGURA 16 – PLACAS DE CONCRETO ESTRUTURADAS COM TÊXTIL
Fonte: STOCKMANN, (2002, p. 91 e 153).
Existem, também, aplicações de têxteis estruturantes na área de transporte
como, por exemplo: (i) cordas, cabos e redes para balões, pára-quedas e barcos à
vela; (ii) fibras e compostos têxteis utilizados nas asas de aviões e na produção de
componentes estruturantes para barcos; (iii) objetos infláveis para naves e satélites
espaciais; (iv) reservatórios, recipientes e sacos flexíveis para transporte de gases,
líquidos e sólidos como, também, para o modal rodoviário, ferroviário, aéreo ou
marítimo. O aumento da utilização dos têxteis estruturantes nos veículos e
equipamentos de transporte faz com que o consumo de energia seja menor, devido
ao peso reduzido desses meios de transporte. Este fato contribui com o meio
ambiente, com a redução dos custos de logística e, conseqüentemente, com o
consumo consciente (THE EUROPEAN..., 2006).
Os têxteis utilizados na construção civil para conter aterros, erosão, diques,
terraplanagem são conhecidos como Geotêxteis e, quando aplicados no tratamento
de impacto ambiental ou mesmo para proteção do meio ambiente, esses têxteis são
denominados de Eco-Têxteis. O mercado de Geotêxteis e de Eco-Têxteis pode ser
considerado pequeno se comparado com o mercado geral dos Têxteis Técnicos, já
que representou cerca de 1% em 2000. Porém, as estimativas de crescimento são
favoráveis, podendo representar em 2010, aproximadamente, 1,8% do consumo dos
Têxteis Técnicos, ou um aumento de 100 mil toneladas desse tipo de produto
(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003g).
Existem, também, placas de concreto com têxtil estruturante que são
utilizadas para montar canais artificiais de escoamento d’água. O têxtil estruturante
80
permite substituir o ferro e o aço nas armações de concreto, com vantagens
significativas na produtividade de tais placas, sem, no entanto, comprometer a
qualidade do produto final. Além do mais, este tipo de placa facilita o transporte e o
processo de instalação, sendo mais leve (STOCKMANN, 2002).
Os têxteis estruturantes trazem consigo a abertura de várias oportunidades de
mercado como, por exemplo, o planejamento, o desenvolvimento e a construção de
máquinas e equipamentos necessários ao suprimento desse nicho de mercado, bem
como a necessidade de concepção de novos métodos e técnicas de fabricação.
4.1.2 Têxteis e Roupas Inteligentes
Os materiais têxteis com propriedades multifuncionais e inteligentes
constituem-se em outra importante tendência em termos de tecnologia para o futuro.
Os esforços em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento desses produtos se
intensificaram com o aumento da rigidez regulatória nas questões de segurança e de
conforto dos têxteis. O programa EUROPEAN FP6, por exemplo, é um mecanismo
de financiamento da pesquisa na Europa, cuja atuação é bastante significativa na
área de novos materiais e têxteis inteligentes. A plataforma EURATEX também
possui ações expressivas nesta área (LIBEERT, 2004).
O avanço dos têxteis inteligentes se deve, principalmente, pela absorção do
conhecimento de diversas áreas científicas e tecnológicas. Esta é uma realidade que
não faz parte somente desse setor industrial. Muitos outros segmentos se
beneficiam com o progresso do conhecimento científico. Os avanços na
biotecnologia, na nanotecnologia e na eletroeletrônica, por exemplo, são
extremamente significativos para o Setor Têxtil e Confecção.
A eletroeletrônica e a nanotecnologia estão contribuindo com importantes
inovações na área têxtil voltada à saúde. Existem têxteis e roupas capazes de
monitorar diversas variáveis fundamentais para a manutenção da saúde dos
indivíduos (BARTELS, 2005; BELLY; PIROTTE; CATRYSSE, 2005). Estudos nesta
área podem revolucionar o tratamento e o acompanhamento médico em muitas
enfermidades. Paradiso e Wolter (2005) acreditam que o monitoramento remoto e
contínuo pelos têxteis e vestimentas de múltiplas funções fisiológicas somente é
possível se os sistemas de controle de saúde forem combinados com os avanços
das telecomunicações, micro-eletrônica e ciência dos materiais.
81
O envelhecimento da população e os problemas da sociedade industrial
(doenças crônicas) acarretam, conseqüentemente, o aumento constante e
significativo dos custos do sistema público de saúde no mundo. Este fato faz com
que as vestimentas voltadas à saúde ganhem espaços notórios no âmbito científico,
podendo ser consideradas como uma tendência forte e que já está sendo
investigada nos principais centros de pesquisa do mundo. Pesquisadores da área
acreditam que os têxteis médicos podem melhorar a qualidade de vida da
população, aumentar a velocidade de recuperação do paciente e, até mesmo,
fornecer novas opções de tratamento (THE EUROPEAN..., 2006).
Alguns projetos que estão sendo desenvolvidos permitem a combinação de
têxteis inteligentes com componentes eletrônicos miniaturizados. Os tecidos são
desenvolvidos com circuitos eletrônicos flexíveis para substituir as placas de circuito
rígidas. Segundo Locher e Tröster (2005), os têxteis com estas características
permitem distribuir a funcionalidade do sensoriamento por todo o corpo sem perder o
conforto da vestimenta.
Segundo Strese, Kaminorz e John (2005), os têxteis inteligentes relacionados
à eletrônica e aos microsistemas integrados podem ser classificados em quatro
níveis: (i) soluções eletroeletrônicas adaptadas à roupa (celulares, MP3, etc); (ii)
componentes eletrônicos e/ou microsistemas integrados em roupas ou têxteis com
módulos conectáveis (condutores têxteis); (iii) roupas ou têxteis com funções
integradas diretamente nas fibras têxteis (displays entrelaçados nas fibras); e, (iv)
fibra com blocos de construção microeletrônicos integrados como transistores,
diodos ou circuitos integrados (esse último tópico ainda é uma visão, mas já faz
parte de planejamentos em pesquisa e desenvolvimento na Europa).
Um grande número de institutos alemães de pesquisa têxtil, em conjunto, com
pesquisadores e empresários do setor, realizaram vários encontros para identificar
os mercados potenciais para o têxtil inteligente. As áreas que foram elencadas como
prioritárias são: (i) geração e fornecimento de energia – interconexões de células
solares e materiais têxteis; (ii) tecnologia de sensor/atuador; (iii) fibras têxteis
luminescentes ou condutoras elétricas; (iv) encapsulamento e tecnologias de
integração de sistemas; e, (v) tecnologias de polímeros (STRESE; KAMINORZ;
JOHN, 2005).
82
Alguns produtos já estão no mercado como, por exemplo, uma jaqueta com
células solares integradas para dispositivos USB, da empresa SCOTTeVEST, e
jaquetas com telefones celulares e MP3 player da LEVIS / PHILIPS e INFINEON /
ROSNER (STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005).
De acordo com Strese, Kaminorz e John (2005), a tecnologia de placa de
circuitos flexíveis permite integrar têxteis inteligentes com sistemas eletrônicos (ver
Figura 17). Para trabalhar com a interface homem-dispositivo, existem muitas
pesquisas na área de comutadores, sensores, almofadas de toque, microfones ou
reconhecimento de grafia, auto-falantes miniaturizados e displays ópticos rígidos e
flexíveis (LCD
14
; LCD/TFT
15
e OLED
16
).
FIGURA 17 – PLACA E CABO FLEXÍVEL
Fonte: FRAUNHOFER IZM MUNICH, apud STRESE; KAMINORZ; JOHN, (2005, p. 07-08).
Outros produtos ainda estão em fase de projeto e pesquisa, como as
vestimentas com tecnologia de monitoramento biomédico da WEARABLE
COMPUTING e ETH ZURICH, além de placas eletrônicas têxteis, cabos têxteis,
teclado têxtil e comutadores ou têxteis brilhantes do TEXTILFORSCHUNGS
INSTITUT THÜRINGEN-VOGTLAND – TITV (Instituto de Pesquisa Têxtil de
Thüringen-Vogtland) (NORSTEBO, 2004; STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005;
LOCHER; TRÖSTER, 2005; GIMPEL et al., 2005; KALLMAYER et al., 2005).
Existem, também, têxteis integrados com dispositivos de controle de
posicionamento do tipo GPS (Global Positioning System – Sistema de
Posicionamento Global), cuja função é permitir a localização do usuário em qualquer
lugar do planeta. Essa tecnologia abre novas possibilidades de aplicações como, por
14
Liquid Crystal Display (Display de Cristal Líquido).
15
Liquid Crystal Display / Thin Film Transistor (Display de Cristal Líquido com Matriz Ativa).
16
Organic Light Emitting Diode (Diodo Orgânico Emissor de Luz).
83
exemplo: (i) vestimentas esportivas para ajudar na localização em caso de resgate
(esquiadores e montanhistas); (ii) uniformes militares; e, (iii) roupas que monitoram a
saúde do usuário, o que facilita a localização do paciente em casos extremos
(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004e).
Além disso, de acordo com o estudo da plataforma EURATEX, existem
roupas com sensores que detectam mudanças bruscas no ambiente ou identificam a
presença de substâncias nocivas à saúde. Essa é uma tendência significativa para o
segmento de uniformes e vestimentas especiais para o trabalho, especialmente, os
insalubres e perigosos como, por exemplo, a profissão de bombeiro, serviço militar e
indústrias químicas. Existem, também, pesquisas que estão priorizando o
desenvolvimento de roupas que geram e acumulam energia, por meio de fotocélulas
e componentes eletrônicos (THE EUROPEAN..., 2006).
Para que a tecnologia eletroeletrônica aplicada a vestimentas não fique
inviável economicamente, os cientistas estão desenvolvendo produtos modulares, ou
seja, os componentes mais baratos, por exemplo, placas, cabos têxteis, circuitos,
antenas de comunicação têxtil e teclados são agregados aos tecidos de forma fixa,
enquanto que os componentes mais caros, como por exemplo memória e bateria,
podem ser retirados e utilizados em outras roupas com as mesmas características.
Além disso, essa técnica permite retirar componentes que não podem ser lavados.
Outro ponto importante é a questão do conforto, pois estatísticas apontam
que este requisito é a principal propriedade que os consumidores buscam em uma
roupa. Portanto, as confecções inteligentes precisam ser, antes de tudo,
confortáveis, ou seja, ser tão agradáveis no vestir quanto a roupa normal (não
inteligente). Caso contrário, o potencial de mercado dessas vestimentas pode ficar
comprometido, ou mesmo reduzido aos nichos (BARTELS, 2005; DUNNE;
ASHDOWN; SMYTH, 2005).
Segundo Gimpel et al. (2005), a utilização da tecnologia RFID (Radio
Frequency Identification – Identificação por Rádio Freqüência) também é uma
tendência forte na indústria têxtil. Alguns pesquisadores já estão trabalhando na
tentativa de acoplar essa tecnologia a um transponder
17
e utilizá-la nas etiquetas dos
17
Transponder: dispositivo de comunicação eletrônico que recebe, amplifica e retransmite um sinal
....em uma freqüência diferente. Transponder é a abreviação de transmitter-responder.
84
têxteis e das vestimentas. Os benefícios são vários e entre eles destaca-se o avanço
no campo da logística, com a rastreabilidade do produto. A antena têxtil é tecida na
própria etiqueta, assim como chips de silício finos, os quais são flexíveis, resistentes
a cargas mecânicas e podem ser encapsulados. O encapsulamento permite a
lavagem desses produtos. Além disso, segundo o INSTITUTO TECNOLÓGICO
TEXTIL – AITEX (2002b), da Espanha, é preciso atender a todas as normas que
regulam e padronizam as etiquetas dos produtos têxteis e confeccionados. Esse é
um requisito muito importante que pode variar de país para país e que no futuro
tende a ser ainda mais rigoroso.
Os têxteis brilhantes e luminescentes também estão sendo pesquisados e
aprimorados. As inovações relacionadas aos fios condutores contribuíram com os
avanços dos têxteis luminosos. No entanto, as propriedades desejadas para uma
vestimenta como, por exemplo, a suavidade e a durabilidade ainda não são ideais.
Porém, as pesquisas continuam a serem promovidas nessa área. Por exemplo, com
a ajuda dos diodos emissores de luz, outra fonte de energia luminosa foi
desenvolvida – os tecidos condutores estruturados (GIMPEL et al., 2005).
Exemplos de têxteis luminescentes são: (i) fio luminescente desenvolvido por
CABRERO (2006), que lhe valeu o Prêmio World Wool Award (WWA 2006),
promovido pela INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANISATION – IWTO; e, (ii)
a vestimenta desenvolvida pelo instituto alemão TITV, com aplicação da tecnologia
OLED.
Muitas das inovações em eletroeletrônica são resultados de pesquisas no
campo da nanotecnologia. Segundo Qian e Hinestroza (2004), a nanotecnologia é
uma ciência interdisciplinar que está revolucionando o desenvolvimento não só da
eletroeletrônica, mas também de áreas como a ciência dos materiais, a mecânica, a
química, a ótica, a medicina, bem como os setores de energia, têxtil e aeroespacial.
Nos últimos anos, as pesquisas em nanotecnologia estão crescendo de forma
significativa no mundo. No ano de 2004 os principais países desenvolvidos e alguns
em desenvolvimento, como China, Índia e Coréia do Sul, investiram mais de US$ 75
bilhões em pesquisa e desenvolvimento de nanotecnologias (SINDICATO DA
INDÚSTRIA TÊXTIL..., 2005). A projeção para 2015 é que os negócios
internacionais envolvendo a nanotecnologia superem um trilhão de dólares
(SINDICATO DA INDÚSTRIA TÊXTIL..., 2005; KARDILE, 2005; ZOMIGNAN, 2006).
85
No caso específico da indústria têxtil, atualmente a nanotecnologia representa
um mercado mundial de onze bilhões de dólares. As projeções para 2012 apontam
que esse mercado pode chegar a dez vezes esse montante, ou seja,
aproximadamente 110 bilhões de dólares (BUSINESS WIRE, 2006 apud MELO,
2006; ZOMIGNAN, 2006). Além disso, Hebert (2006) acredita que a projeção para
2012, relacionada com a competição internacional em nanotecnologia, prevê que
países como China, Coréia do Sul, Taiwan e Índia cresçam de forma muito
expressiva no cenário global.
A China, por exemplo, já é o segundo país que mais publica resultados
científicos em nanotecnologia no mundo, atrás, somente, dos EUA (HEBERT, 2006).
Para Choi, Powell e Cassill (2005), é importante que políticas de governo sejam
desenvolvidas para garantir investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento no Setor
Têxtil e Confecção. O Governo de Hong Kong, por exemplo, possui uma política
bastante consistente para o setor, cujas ações estão voltadas para três áreas
estratégicas: (i) novos materiais (nanotecnologia); (ii) tecnologia de design (Design
Funcional); e, (iii) tecnologia de prototipagem (CAD
18
e CAM
19
).
4.1.3 Têxteis e Fibras Multifuncionais
Como abordado anteriormente, uma verdadeira revolução na concepção de
têxteis está sendo promovida pelos constantes avanços e descobertas no campo da
nanotecnologia e da biotecnologia. Além das descobertas e inovações já
apresentadas, profissionais dos principais centros de pesquisa estão criando,
também, novas fibras com características multifuncionais. De acordo com o estudo
da EURATEX, as áreas que estão sendo priorizadas para dar suporte às inovações
relacionadas às fibras são a química, a física e a tecnologia (THE EUROPEAN...,
2006).
Pesquisas na área de biotecnologia são realizadas para dar suporte ao
desenvolvimento de têxteis para o segmento médico / hospitalar. Na Alemanha, por
exemplo, o Dr. Dirk Höfer, pesquisador e chefe do INSTITUT FÜR HYGIENE UND
BIOTECHNOLOGIE – IHB (Instituto para Higiene e Biotecnologia), entidade ligada à
DIE HOHENSTEINER INSTITUTE – DHI (O Instituto Hohensteiner), trabalha com a
18
CAD = Computer Aided Design (desenho assistido por computador).
19
CAM = Computer Aided Manufacturing (produção assistida / controlada por computador).
86
aplicação da biotecnologia na área de têxteis higiênicos e têxteis para hospitais e
uso médico. (DIE..., 2006). Em Portugal, também existe uma iniciativa de aplicação
da biotecnologia na concepção de fibras e poliésteres para a prática médica.
(INSTITUTO SUPERIOR..., 2005). Em 2000, o mercado dos têxteis para saúde
representou mais de 1,5 bilhões de toneladas em todo o mundo. A projeção de
consumo é de incremento anual de 4%, podendo alcançar, em 2010,
aproximadamente 2,3 bilhões de toneladas de Têxteis Técnicos para uso na
medicina (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003g).
Outras tendências relacionadas com a aplicação da biotecnologia ao Setor
Têxtil podem ser observadas por meio da análise das prioridades que a plataforma
EURATEX está fomentando para o setor, como por exemplo: (i) novas fibras
baseadas na fermentação e demais bio-processos; (ii) fibras bio-compostas e bio-
resinas – totalmente biodegradáveis; (iii) bio-polímeros e biomassa; (iv)
desenvolvimento de enzimas aplicadas ao setor; (v) tecnologia de bio-processos
aplicados à sustentabilidade – produção mais limpa; (vi) resíduos têxteis aplicados
como fonte de biomassa; e, (vii) melhoria na produção de fibras naturais.
A nanotecnologia está contribuindo muito para a inovação na área de fibras. É
um campo de pesquisa que já está sendo muito pesquisado e que, certamente, irá
revolucionar o Setor Têxtil e Confecção. Processos têxteis químicos estão sendo
desenvolvidos como, por exemplo, nanoemulsões de partículas químicas e
nanocápsulas de substratos, que podem criar fibras de alta performance. Os
avanços nessa área são sem precedentes, principalmente quando consideradas as
novas funcionalidades que os tecidos adquirem com tal tecnologia como, por
exemplo, as propriedades anti-manchas, hidrofílicas, anti-estáticas, bem como
roupas que não amassam e não encolhem (QIAN; HINESTROZA, 2004).
No futuro, as pesquisas com nanotecnologia aplicada aos têxteis terão dois
focos principais: (i) investigações que promovam o desenvolvimento de novas
funções para os materiais têxteis; e, (ii) pesquisas no campo de têxteis inteligentes.
Nesse contexto, as principais funções que serão trabalhadas pelos cientistas são: (i)
armazenamento de energia solar (fotocélulas); (ii) aquisição e transferência de
informação (sensores); (iii) proteção e detecção múltipla e sofisticada; (iv) cuidado
com a saúde e funções de cicatrização; e, (v) auto-limpante e auto-reparador (QIAN;
HINESTROZA, 2004).
87
Segundo o estudo da plataforma EURATEX de 2006, a roupa multifuncional
vem sendo desenvolvida no sentido de ser uma segunda pele humana, ou seja, no
intuito de incorporar características como de proteção, de troca de energia e de
matéria com o ambiente (gases, líquido, etc). As pesquisas na área têxtil vêm se
desenvolvendo no sentido de agregar ao conceito de moda e de conforto funções
que melhorem a vida e o trabalho das pessoas (THE EUROPEAN..., 2006).
Existem, por exemplo, pesquisas da GEORGIA INSTITUTE OF
TECHNOLOGY
20
na área de têxteis e de roupas inteligentes para proteção e
segurança pessoal. Esses estudos priorizam o bem estar do indivíduo nos mais
diferentes ambientes insalubres que existem no meio industrial, militar e científico
como, por exemplo, equipamentos de proteção individual para serem utilizados em
áreas com ações químicas, mecânicas, biológicas e nucleares, inclusive em caso de
guerra e terrorismo (DAANEN, 2005; PARK; JAYARAMAN, 2005; KIEKENS, 2005).
Algumas tendências tecnológicas identificadas no estudo de projeção de
futuro do Setor Têxtil e Confecção da EURATEX podem ser observadas no
Quadro
2, p. 88. Esse quadro traz algumas aplicações dos materiais têxteis multifuncionais
elencados pela plataforma. Muitas dessas tecnologias já estão bastante avançadas,
principalmente nos Estados Unidos, Europa, Japão, China e Coréia do Sul, com
aplicação da nano e biotecnologia aos têxteis.
A invenção do nanoscópio permitiu um grande avanço nas investigações dos
materiais em escala nano
21
. Os cientistas estão pesquisando comportamentos de
certos materiais na natureza e replicando sua estrutura e composição em
laboratório. A intenção deste tipo de pesquisa é tentar alcançar características
semelhantes àquelas encontradas in natura, cuja aplicabilidade ainda não existe ou
não é viável com a tecnologia convencional (BOCZKOWSKA; LEONOWICZ, 2006;
XIN, 2006).
Segundo Xin (2006), os têxteis que não molham, por exemplo, são resultados
de estudos da superfície de plantas que possuem essa propriedade sem, no entanto,
perder a característica de maleabilidade, a qual é fundamental nos tecidos. A
20
Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA).
21
Nano é uma palavra grega que significa “anão”. A escala nanométrica corresponde a 10
-9
parte do
....metro (bilionésima parte do metro).
88
propriedade dos materiais de não absorver a água é conhecida como Lotus-Effect
®
ou Efeito Lótus.
QUADRO 2 – PROPRIEDADES MULTIFUNCIONAIS
Funcionalidade Aplicação
Anti-mancha e não molha
Toalha de mesa, cortinas, móveis, automóveis, ônibus, trem,
avião;
Retardador de chamas e de
propagação de incêndios
Interiores de residências e estabelecimentos comerciais e dos
sistemas de transporte;
Resistência à abrasão Tapetes, todos os tipos de assentos têxteis;
Comportamento anti-estático Estofamentos, assentos de cadeiras e etc;
Comportamento antibacteriano Roupa de cama, têxteis médicos;
Proteção ultra-violeta Telhados, barracas, toldos, persianas, cortinas;
Repelente de insetos Barracas, redes;
Absorção do odor Roupa de cama, móveis, automóveis, ônibus, trem, avião;
Fonte: THE EUROPEAN..., (2006, p. 15).
Na Figura 18, p. 89, pode-se verificar exemplos de tecidos que não absorvem
água devido à incorporação da propriedade do Efeito Lótus, bem como a imagem
nanoscópica desses materiais (XIN, 2006). Além disso, a figura traz, também, o
exemplo de uma camisa que não absorve óleo (MARCHESE, 2006). Esse é um
mercado bastante promissor para os próximos anos, onde os avanços mais
significativos estão se concretizando na Ásia, Europa e EUA (HERBOLD, 2005;
TEXTOR; SCHRÖTER; SCHOLLMEYER, 2006; MARCHESE, 2006; XIN, 2006).
Outro exemplo de tecnologia que está sendo aprimorada a partir de pesquisas
com materiais encontrados na natureza são as cores nanoestruturadas (HERBOLD,
2005; MECHEELS, 2005; XIN, 2006). Cientistas estão desenvolvendo pesquisas em
escala nano com borboletas para descobrir como são estruturadas as cores desses
insetos e, conseqüentemente, procuram formas de desenvolvimento de têxteis
coloridos sem, no entanto, utilizar o processo de tintura convencional. Segundo a
plataforma EURATEX, existem, também, pesquisas na área têxtil que investigam a
propriedade de mudança de cor e imitação da luz (THE EUROPEAN..., 2006).
89
FIGURA 18 – TECIDOS QUE NÃO ABSORVEM ÁGUA E ÓLEO
Fonte: XIN, (2006, p. 21) e MARCHESE, (2006, p. 31).
Um ponto importante que merece esclarecimento diz respeito à área médica.
É importante destacar que a vestimenta inteligente voltada à saúde não está
baseada somente na tecnologia eletroeletrônica, como foi tratada anteriormente.
Existem têxteis modificados na sua estrutura (fibras), pelo uso de nanotecnologias,
que permitem chegar a resultados expressivos na sua composição e propriedades
funcionais sem, no entanto, possuir dispositivos eletrônicos. Além disso, existem,
também, têxteis com propriedade fungicida que são desenvolvidos com tecnologia
de microencapsulamento e que já são utilizados na medicina.
A tecnologia de microencapsulamento aplicada aos têxteis é desenvolvida a
partir da utilização de micropartículas para recobrir um princípio ativo. Esse princípio
ativo pode ser líquido, sólido ou gasoso, e será responsável pelos efeitos esperados,
ou seja, pode ser um fungicida, um perfume, um hidratante, etc. O método de
fabricação de microcápsulas pode ser químico, físico ou físico-químico. O
microencapsulamento têxtil libera o princípio ativo de forma controlada, ou seja, de
maneira contínua e progressiva, conforme o uso da vestimenta. A liberação de
cosméticos e perfumes, proteção UV
22
, anti-fungos e anti-ácaros se realiza pela ação
da temperatura, da umidade e do atrito (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004b).
Com o advento da nanotecnologia, as técnicas de encapsulamento atingiram
a escala nanoscópica. Agora, com apenas 60 átomos de carbono é possível
desenvolver as Nanoballs, ou seja, um conjunto nanoscópico de átomos de carbono
capaz de armazenar átomos, moléculas, medicamentos e outros compostos
moleculares. As Nanoballs são tão pequenas que podem ser introduzidas em
núcleos celulares. Os Nanotubos de Carbono também são uma inovação nessa área
22
UV = Ultravioleta
90
que pode ser utilizada para encapsular moléculas e partículas (MECHEELS, 2005;
NAIK, 2005; MARCHESE, 2006).
Porém, os nanotubos possuem outras propriedades interessantes para o
Setor Têxtil e Confecção: (i) possuem ligações tão fortes quanto às dos diamantes;
(ii) são flexíveis e podem ser trançados como tecido; (iii) podem ser condutores ou
não de eletricidade; (iv) ignoram condições extremas de calor ou de frio; e, (v) são
100.000 vezes mais finos que um fio de cabelo (MARCHESE, 2006).
Têxteis perfumados com tecnologia de nanoencapsulamento já são uma
realidade, e muitas organizações já estão com pesquisas na área e até com
produtos no mercado, como por exemplo, a empresa QUEST INTERNATIONAL, que
está investindo em fragrâncias nanoencapsuladas com aplicação em sabão em pó
(SANDERSON, 2006). Existem, também, tecidos que controlam a temperatura
corpórea (regulação térmica) por meio da tecnologia do micro e
nanoencapsulamento (HERBOLD, 2005).
Outro exemplo interessante de aplicação da nanotecnologia aos têxteis vem
do Japão. Segundo Tsukioka (2006), uma empresa japonesa (GOLDWIN) fabricante
de roupas esportivas desenvolveu tecidos anti-pólen (Pollen Shield) com base na
nanotecnologia. A meta dessa organização é agregar essa inovação aos produtos
da linha esportiva. Outra empresa japonesa que também utiliza a nanotecnologia na
exploração de fibras com propriedade anti-pólen é a MIYUKI KEORI, a qual busca o
diferencial competitivo com a produção de ternos e de trajes sociais com essa
tecnologia (THE JAPAN TIMES, 2005).
O aumento constante da poluição está ocasionando problemas ambientais
como, por exemplo, o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, as
chuvas ácidas, etc. Este fato está direcionando alguns pesquisadores do Setor Têxtil
e Confecção para o desenvolvimento de produtos com propriedades que amenizem
problemas como, por exemplo, a exposição excessiva da pele aos raios UV. Muitas
pesquisas vêm sendo realizadas nessa área, desde a concepção de novos produtos
como também testes do fator de proteção desses têxteis (INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2003d; NAIK, 2005; TEXTOR; SCHRÖTER; SCHOLLMEYER,
2006). No caso da nanotecnologia, de acordo com Simões (2006), estão sendo
desenvolvidas partículas de dióxido de titânio com 30nm para aplicação como filtro
solar em têxteis. Essas partículas têm alto poder de absorção dos raios UV.
91
Outra inovação importante na área de nanotecnologia refere-se ao
desenvolvimento das membranas porosas com moléculas poliméricas que matam
bactérias sem causar nenhum problema à pele (HERBOLD, 2005; MECHEELS,
2005; MIRANDA, 2006). Nos Estados Unidos, por exemplo, uma empresa que
trabalha com nanotecnologia (GREENYARN) desenvolveu uma fibra com
nanopartículas de bambu com propriedade biocida e que inibe o odor. Atualmente
vários produtos estão sendo manufaturados com essa fibra (Eco-fabric) como, por
exemplo, meias e máscaras faciais (NANO TSUNAMI, 2005 e UNIVERSIDADE DO
ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).
As Nanopartículas de Prata, por exemplo, são utilizadas nos têxteis para
produzir a característica auto-limpante. Pesquisadores da Universidade de Clemson,
nos Estados Unidos, afirmam que o tecido pode sujar como qualquer outro, porém,
com a utilização da película com nanopartículas de prata (self-cleaning) a roupa
possui a propriedade de não sujar tão facilmente quanto as vestimentas
convencionais (SAMPSON, 2004).
Outro importante avanço da ciência é a concepção de fibras que mudam de
cor. Os pesquisadores do departamento de ciências dos materiais do
MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY – MIT (EUA), por exemplo,
desenvolveram uma fibra que combina o plástico com o vidro para adquirir
características de mudança de cor (CUNNINGHAM, 2002; THOMAS, 2006).
4.1.4 Tecnologias de Informação e Comunicação e o Setor Têxtil e Confecção
Para Abd-Ellatif (2004), o aumento da concorrência internacional fez com que
as empresas intensificassem a busca pela redução de custos e despesas, o que é
imprescindível para a manutenção da vantagem competitiva no mercado. Nesse
sentido, segundo a plataforma EURATEX, a necessidade de cooperação e formação
de redes e aglomerações industriais como vantagem competitiva está exigindo que
os atores envolvidos na cadeia produtiva busquem o uso inovativo das Tecnologias
de Informação e Comunicação – TICs para dar suporte ao desenvolvimento desse
modelo de negócio (THE EUROPEAN..., 2006).
Aliadas a tudo isso, muitas indústrias do Setor Têxtil e Confecção estão
procurando se inserir na tecnologia da Computer Integrated Manufacturing – CIM
(Produção Integrada por Computador). A tecnologia CIM é a combinação de várias
92
ferramentas de informática que, juntas, integram toda a cadeia do processo de
produção, desde a matéria-prima até as questões de logística e distribuição (ABD-
ELLATIF, 2004). Como suporte à integração é utilizada a tecnologia de comunicação
RFID para transmissão de dados, cuja tendência é bastante significativa tanto para o
Setor Têxtil e Confecção quanto também para os demais segmentos industriais
(GIMPEL et al., 2005).
A principal contribuição da tecnologia CIM está pautada na redução de custos
e despesas, pois essa ferramenta integra todo o sistema fabril com agilidade,
rapidez, produtividade e qualidade nos produtos, processos e informações. As
ferramentas mais utilizadas no CIM podem ser assim elencadas: (i) CAD – desenho
assistido por computador; (ii) CAM – produção controlada por computador; (iii) PPS
23
– planejamento da produção e operações por computador; (iv) ERP (Enterprise
Resource Planning) – planejamento dos recursos empresariais por computador; (iv)
CAQ – controle da qualidade controlado por computador; e, (v) CAT – testes e
ensaios assistidos por computador (ABD-ELLATIF, 2004).
A competitividade no mercado têxtil e de confeccionados não está fazendo
emergir as tecnologias TICs somente pela busca constante pela redução de custos.
Muitas empresas estão se apoiando nela para se diferenciarem no mercado como,
por exemplo, o atendimento personalizado e customizado dos desejos e
necessidades dos clientes. A tecnologia da customização associada à diversidade
cultural é um fator que está criando uma indústria Têxtil e Confecção cada vez mais
flexível e preparada para atender às necessidades individuais do consumidor
(ADVANCEMENT..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006). Para Dahlman e Frischtak
(2005), a indústria, de um modo geral, está passando por uma transformação
significativa, onde a produção estática dá lugar aos processos de produção flexível.
No Setor Têxtil e Confecção, a questão da flexibilidade da produção tende a
ser ainda mais relevante, devido, principalmente, aos diferentes apelos visuais e
estéticos que são priorizados para atender diferentes segmentos e nichos de
mercado (percepções e sentidos humanos). Os projetos na área Têxtil e Confecção
tendem à flexibilidade e à customização dos produtos e serviços. A previsão é
atender mercados cada vez mais segmentados e específicos. As tecnologias e
23
PPS = Produktionplanung und –Steuerung (alemão).
93
sistemas de informação e os sistemas de apoio à produção estão sendo utilizados
para dar base e sustentação a essa tendência de flexibilização na indústria Têxtil e
Confecção. Sistemas 2D e 3D, por exemplo, estão proporcionando uma nova
interface entre indústria e consumidor, com aplicações específicas para nichos e
segmentos de mercado (ASHDOWN, et al., 2004; LOKER, et al., 2004; OH; YOON;
HAWLEY, 2004; CHOI; POWELL; CASSILL, 2005; LOKER; ASHDOWN;
SCHOENFELDER, 2005; NAM, et al., 2005; ADVANCEMENT..., 2006; THE
EUROPEAN..., 2006; SHIN; ISTOOK, 2006).
A aplicação 3D associada à tecnologia Scan Data (cópia de dados) também é
utilizada no mapeamento antropométrico
24
da população, com o desenvolvimento da
tecnologia Body Scan Data (cópia de dados corpóreos), onde é possível identificar
as dimensões corpóreas por meio de estudos gráficos e estatísticos. Muitas
pesquisas estão sendo realizadas nessa área, principalmente a partir do avanço
significativo da tecnologia 3D assistida por computador (ASHDOWN, et al., 2004;
DEVARAJAN; ISTOOK, 2004; LOKER, et al., 2004; SIMMONS; ISTOOK;
DEVARAJAN, 2004a; SIMMONS; ISTOOK; DEVARAJAN, 2004b; LOKER;
ASHDOWN; SCHOENFELDER, 2005; THE EUROPEAN..., 2006).
No futuro, os dados corpóreos coletados por meio da tecnologia Body Scan
Data serão disponibilizados para cada indivíduo em cartões com chips. Esses
cartões são conhecidos como Smart Card e podem armazenar todas as informações
sobre as dimensões corpóreas para posteriormente serem resgatadas e utilizadas
no processo de fabricação personalizada como, por exemplo, em shoppings virtuais
(e-Commerce). Na Europa, o Smart Card está sendo desenvolvido no âmbito do
Projeto E-TAILOR (WALTER, 2002).
Existem também projetos de automação aplicados ao setor Têxtil e
Confecção que estão sendo desenvolvidos na Europa, EUA e Ásia. A tecnologia
CAD 3D/Scan Data gera os dados e informações necessárias para alimentar o
programa CAM, que por sua vez, acionam robôs e máquinas automáticas para
executar processos produtivos. Essa é uma tendência que gera oportunidades de
desenvolvimento de máquinas e equipamentos com tecnologia CAD / CAM integrada
(CHOI; POWELL, 2005; THE EUROPEAN..., 2006).
24
Antropometria = processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes.
94
Na Europa, por exemplo, a Comunidade Européia está financiando o projeto
denominado LEAPFROG IP (Integrated Project), cujo objetivo é desenvolver
sistemas de integração para a indústria Têxtil e Confecção da Europa. Esse projeto
tem ações de pesquisa na área de customização da produção, logística e cadeia de
produção integrada, prototipagem rápida, automação e robótica. O projeto
LEAPFROG é coordenado pela plataforma EURATEX (ADVANCEMENT…, 2005).
Os estudos já realizados sobre a produção flexível e customizada no Setor
Têxtil e Confecção demonstraram que este conceito pode ser adotado por
fabricantes e por varejistas de diferentes tipos e tamanhos. A tendência desse
modelo de produção é reduzir o risco e os custos dos estoques, bem como agregar
valor aos produtos e trabalhar com margens médias mais elevadas, sem contar a
questão da satisfação e lealdade do cliente que pode aumentar (THE EUROPEAN...,
2006).
Outra tecnologia que está sendo aplicada ao Setor Têxtil é a imagem digital.
Na área de gestão da qualidade, por exemplo, pesquisas estão adequando a
tecnologia ótica para análise de imagens na Indústria Têxtil para identificar defeitos
de fabricação (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002d; ADVANCEMENT..., 2005). No
processo de impressão digital, por exemplo, pesquisadores americanos estão
desenvolvendo essa tecnologia para melhorar o processo de criação de design,
como também para melhorar a eficiência e a produtividade da impressão
(TREADAWAY, 2004; KENKARE; MAY-PLUMLEE, 2005; MAY-PLUMLEE; BAE,
2005). Na Europa também existem pesquisas nessa área (INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2003e; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004a; LIBBERT, 2004;
ADVANCEMENT..., 2005).
A tecnologia de impressão digital, associada com tecnologias 2D, 3D e RFID,
está gerando oportunidades na área de e-Commerce. A customização está sendo
desenvolvida a tal ponto que o consumidor pode criar seu próprio modelo de
vestimenta sem, no entanto, estar presente fisicamente em uma loja ou fábrica de
confecção, usando interfaces via website (OH; YOON; HAWLEY, 2004; SCARLAT;
DĂNILĂ; VERGA, 2004; SHEN; HAWLEY; DICKERSON, 2004; BAE; MAY-
PLUMLEE, 2005; CAMPBELL; PARSONS, 2005).
O design tem um papel importante no desenvolvimento de produto na
indústria Têxtil e Confecção do futuro, devido, principalmente, à exigência dos
95
clientes por produtos funcionais, confortáveis e esteticamente agradáveis. Além
disso, a tendência é que a tecnologia e a gestão avancem no sentido de reduzir o
tempo e o custo da concepção da idéia à introdução do produto no mercado, como
por exemplo, a aplicação mais intensa da modelagem 3D, simulação digital e
realidade virtual. O desenvolvimento de redes de especialistas que trabalham
integrados na concepção da idéia de produto também será fomentado com maior
intensidade, como também, a questão de desenvolvimento de produto será
protegida com maior veemência pela Propriedade Intelectual
25
(THE EUROPEAN...,
2006).
Tecnologias de integração entre fornecedores, produtores e clientes
(distribuidores) serão cada vez mais utilizadas na indústria Têxtil e Confecção, o que
permite a transferência de dados de maneira rápida, segura e integrada. Tecnologia
como sistemas de EDI
26
serão utilizadas para interligar o processo de gestão da
cadeia entre fornecedores – produtores – clientes (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO...; INSTITUTO EUVALDO..., 2005). De acordo com HWANG
(2005), estudos específicos estão sendo realizados para efetivar a implementação
de sistemas de gestão da cadeia de suprimento têxtil, denominado Sistema e-TSCM
ou e-Textile Supply Chain Management. O objetivo é construir um modelo ideal de
rede de colaboração para cadeia industrial têxtil para melhorar a competitividade do
setor.
4.1.5 Ciência, Tecnologia e o Meio-Ambiente
Atualmente, 40% das fibras produzidas no mundo são renováveis (algodão,
lã, linho, seda, etc) e 60% são fibras não-renováveis (poliéster, polipropileno,
poliamida, acrílica). Devido a sua propriedade renovável, as fibras naturais são as
mais indicadas quando consideradas as questões ambientais. Porém, sua produção
possui limitações com relação à quantidade de terras agrícolas com as
características adequadas para o plantio como, por exemplo, solo e clima. A fibra
25
A Propriedade Intelectual é um sistema desenvolvido para garantir a exclusividade resultante da
..
..atividade intelectual nos campos industriais (patentes, marcas, desenhos, programas de
..
..computador e transferência de tecnologias), científicos (artigos, projetos, teses, dissertações),
..
..literários (livros, poesias) e artísticos (quadros, esculturas). Portanto, a Propriedade Intelectual é
..
..um conjunto de direitos que incidem sobre as criações do intelecto humano (MALAGRICI, 2005).
26
EDI = Electronic Data Interchange (inglês). Termo utilizado em português como: Intercâmbio
..
...Eletrônico de Dados.
96
sintética também possui restrições na sua produção, principalmente, devido a sua
condição de material não-renovável oriundo do combustível fóssil. O fato deste
material ser finito, ou seja, não renovável, agregado ao aumento global no consumo
de produtos derivados do petróleo (combustíveis, plásticos) faz com que as fibras
sintéticas produzidas com esse tipo de material fiquem cada vez mais caras e
inviáveis (THE EUROPEAN..., 2006).
De acordo com o estudo da plataforma EURATEX, o avanço da biotecnologia
vem contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento de fibras têxteis. As
tendências mais promissoras de inovação no que se refere ao uso coerente das
fibras não-renováveis e ao uso mais eficiente no campo dos materiais renováveis
podem ser assim elencadas: (i) desenvolvimento de especialidades de fibras e
variações de fibras; (ii) melhoria do processo e uso de fibras naturais que se
adaptam às condições de plantio; e, (iii) pesquisas com relação à produção de fibras
artificiais a partir de biomassas renováveis (THE EUROPEAN..., 2006). Além dessas
tendências elencadas acima, segundo o IST (2005), a biotecnologia será utilizada
para rastrear matérias-primas (DNA) para servir de base a certificações e medidas
anti-fraude, bem como na melhoria da qualidade do produto (identificação de
impurezas).
Ainda nesse sentido, a biotecnologia contribuirá na questão ambiental com o
desenvolvimento de enzimas capazes de aproveitar os produtos químicos e até
substituir processos com alto grau de impacto ambiental (INSTITUTO SUPERIOR...,
2005; THE EUROPEAN..., 2006). Serão desenvolvidas unidades de escala reduzida
e de baixo custo para tratamento e reaproveitamento da água na indústria têxtil (THE
EUROPEAN..., 2006).
A cadeia têxtil-confecção causa um impacto expressivo no meio-ambiente.
Sua produção requer o uso intensivo de energia, produtos químicos e água. A
tintura, por exemplo, é uma das etapas do processo de produção têxtil que mais
gera resíduos industriais, como também, consome um volume considerável de água
(THE EUROPEAN..., 2002; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004c; THE
EUROPEAN..., 2006). Atualmente, a sustentabilidade nos processos de produção é
considerada tão importante quanto a necessidade de aumentar a qualidade e
produtividade (THE EUROPEAN..., 2006).
97
Além do mais, é cada vez maior o número de leis e regras ambientais que são
desenvolvidas e impostas às organizações. As legislações ambientais são
mecanismos utilizados pelos órgãos competentes para regulamentar a conduta e as
ações relativas à produção de têxteis e confeccionados, com o objetivo de reduzir o
impacto ambiental. As exigências ambientais que devem ser obedecidas pela
indústria vão direcionar as bases comerciais no futuro. É muito provável que
barreiras à exportação sejam cada vez mais orientadas às questões relacionadas à
proteção do meio ambiente, ou seja, serão exigidos atestados de cumprimento à
legislação, regulação e respeito ao meio-ambiente para que as empresas
comercializem seus produtos em mercados externos (THE EUROPEAN..., 2006).
Nesse contexto, no futuro as indústrias têxteis terão que reduzir e otimizar a
utilização de água e de produtos químicos para se manterem aceitas e competitivas
no mercado (SPACE2TEX, 2005; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003c;
INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; ADVANCEMENT..., 2005; INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006; ROOSEN, 2006). Será focada,
também, a concepção de processos integrados e otimizados para o uso consciente
dos recursos de entrada (THE EUROPEAN..., 2006).
A tecnologia do Plasma aplicado à indústria Têxtil está fornecendo uma nova
perspectiva para o processo de tintura e para o tratamento hidrofóbico e de
polimerização. Para o meio ambiente, os benefícios são expressivos, principalmente,
no que se refere ao consumo de água, produtos químicos e energia (INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2003b, INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004f). De acordo com
um documento publicado pelo INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL (2003b), a
tecnologia do Plasma possui algumas vantagens, tais como: (i) não requerer o
emprego de água; (ii) exigir uma pequena quantidade de produtos químicos; (iii) não
gerar resíduos; e, (iv) oferecer elevados rendimentos energéticos.
Além disso, estudos sobre o impacto das emissões atmosféricas da indústria
Têxtil vem sendo realizados para atender exigências dos órgãos competentes como,
por exemplo, a Diretiva 1999/13/CE da Comunidade Européia, que regula a limitação
das emissões de compostos orgânicos voláteis da indústria, entre elas a têxtil
(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002c). A tendência é que as questões
relacionadas aos impactos ambientais fiquem cada vez mais rígidas, sendo este um
fator de competitividade da indústria no futuro. Em outras palavras, ou as empresas
98
procuram se adequar à proposta de modelo de desenvolvimento sustentável, ou
correm o risco de terem sua atuação limitada ao mercado local (INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2004d).
Os sistemas de produção serão cada vez mais sofisticados e livres de falhas,
o que reduzirá significativamente os resíduos e desperdícios (INSTITUTO
TECNOLÓGICO..., 2004d; THE EUROPEAN..., 2006). Outrossim, a utilização de
técnicas de 3D será cada vez mais intensificada na indústria de confecção, o que
otimizará as etapas de corte e costura e reduzirá o desperdício (THE EUROPEAN...,
2006). Pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de aproveitar os resíduos
têxteis para outros setores industriais (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003a;
INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d).
As empresas serão cada vez mais questionadas quanto ao impacto de seus
produtos no meio-ambiente, não somente pelos órgãos competentes, mas também
pelos consumidores e o público em geral. Como conseqüência, a Análise do Ciclo de
Vida (ACV) do produto, a Gestão da Qualidade, a Gestão Ambiental e as TICs serão
ferramentas e tecnologias essenciais para quantificar o impacto e promover
melhorias contínuas no processo de produção da Indústria Têxtil e Confecção
(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; THE EUROPEAN..., 2006).
Novos mecanismos de controle da cadeia produtiva deverão surgir para
gerenciar com mais eficiência e eficácia a qualidade e o desenvolvimento
sustentável da produção Têxtil e Confecção. Os sistemas de gestão do
conhecimento e sistemas de informação são duas prioridades identificadas como
tópicos transversais para a cadeia produtiva têxtil na Europa. As certificações e
testes de confiança também deverão ser fortalecidos para embasar as mudanças
necessárias para a cadeia de produção (THE EUROPEAN..., 2006).
4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
A ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO – OCDE realizou, em 2000, um fórum para identificar tendências de
futuro sobre o tema “o homem, a natureza e a tecnologia: sociedades sustentáveis
do século XXI”. Abordaram-se, alternadamente, os aspectos essenciais da atividade
humana que são a tecnologia, a economia, a sociedade e o governo. O objetivo do
estudo está relacionado ao comportamento possível das variáveis-chave e à análise
99
das diferentes hipóteses de evolução, a fim de destacar as principais conseqüências
e os meios de ação possíveis.
A primeira etapa do estudo prospectivo da OCDE gerou uma imagem global
detalhada da evolução, em longo prazo, dos indicadores sociais tradicionais, mas,
também, outros indicadores menos clássicos foram analisados, como as mudanças
e as estruturas em matéria de rendimentos, população, riqueza, estatuto social,
saúde e identidade cultural. A segunda etapa foi destinada à identificação das
conseqüências eventuais da interação entre a sociedade e as mudanças que
deverão provocar dois fenômenos interdependentes: em primeiro lugar, a
consolidação da sociedade e da economia baseada no conhecimento e, em seguida,
uma integração mundial e regional muito mais completa, principalmente no que se
refere aos mercados, aos produtos, aos serviços, aos capitais, às tecnologias e à
mão-de-obra. A terceira etapa do estudo destaca as sinergias e as
incompatibilidades nas políticas efetuadas, notadamente as contracorrentes
culturais, as quais poderiam manifestar-se quando as instâncias de decisão tentarem
explorar todas as possibilidades da dinâmica tecnológica, econômica e social do
século XXI (ORGANISATION..., 2001b).
De acordo com o estudo sobre a sociedade do século XXI da OCDE, as
esperanças de prosperidade e bem-estar dependerão, provavelmente, da maneira
pela qual será possível capitalizar sobre a diversidade social, principalmente no
sentido de incentivar o dinamismo no campo tecnológico, econômico e social. As
diferenças de status social serão determinadas, no futuro, possivelmente por fatores
muito afastados das categorias tradicionais de renda, de profissão e de
nacionalidade. Outros valores de status poderão surgir, como por exemplo, o
conhecimento e a articulação (formador de rede). A sociedade do futuro será
marcada pela maior intensidade das diversidades sociais
(ORGANISATION...,2001b).
Nesse sentido, existe uma tendência de transformações simultâneas e
profundas na sociedade, que induzem a mais diversidade e interdependência: (i) a
uniformidade e a submissão natural da civilização de massa tenderá a fraquejar
frente à singularidade e à criatividade de uma economia e de uma sociedade
baseada no conhecimento; (ii) ao planejamento centralizado e rígido, exercido por
elites isoladas, sucederão mercados flexíveis, abertos e enquadrados por regras; (iii)
100
as estruturas de natureza agrícola serão empurradas pela urbanização industrial; e,
(iv) um mundo relativamente fragmentado, composto de sociedades e regiões
autônomas, dará lugar a um planeta cuja integração passará por uma rede densa e
indispensável de relações de interdependência. Nesse contexto, as escolhas
estratégicas serão determinantes e permitirão reduzir ou minimizar possíveis atritos
e incentivar as sinergias potenciais (ORGANISATION..., 2001b).
Para Stevens, Miller e Michalski (2001), as conseqüências da mudança social
no século XXI são múltiplas e profundas e se devem, principalmente, à intensificação
da difusão das tecnologias da informação, do desenvolvimento da economia do
conhecimento, da globalização dos mercados, e, das inovações radicais no domínio
da gestão. O mundo está passando por quatro tipos de transição neste início de
século XXI. Estas transições contribuem para um período muito mais complexo e
variado, cujas principais alterações podem ser assim enumeradas: (i) a passagem
de uma sociedade essencialmente rural e agrícola para uma sociedade de mercado
industrializada; (ii) o abandono de uma economia planificada estatal para uma
economia de mercado controlada por interesses privados; (iii) a substituição de um
sistema de produção padronizado e em grande escala por um sistema de fabricação
por demanda, descentralizado e baseado no conhecimento; e, (iv) a passagem da
autarquia completa à integração mundial.
Durante as primeiras décadas do século XXI, cada uma destas
transformações apontadas pela OCDE irá gerar profundas perturbações sociais,
principalmente quando os indivíduos tiverem que renunciar, por exemplo, a seus
antigos modos de subsistência, suas habilidades duramente adquiridas, suas
expectativas profissionais, seus projetos familiares, seus valores e instituições
tradicionais e, freqüentemente, aos lugares onde a sua família viveu durante
gerações. Os impulsos desta mudança social provêm, em grande parte, dos
esforços realizados para tirar partido das perspectivas tecnológicas e econômicas
promissoras. Uma conjunção favorável destas mudanças tecnológicas, econômicas
e sociais pode criar um círculo virtuoso que desencadeie uma prosperidade maior e
melhores perspectivas de bem-estar. Por outro lado, o século passado mostrou-nos
que estas interações podem ser nefastas e ter conseqüências terrivelmente
destrutivas (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001).
101
Na seqüência deste capítulo, serão abordados alguns temas que se acredita
serem pertinentes quanto ao futuro socioeconômico mundial, e que podem
representar algum tipo de impacto na indústria Têxtil e Confecção, mesmo que
incipiente. Não é pretensão aqui tentar esgotar as tendências sobre o tema, mas sim
expor de forma simples e abrangente as projeções e perspectivas evidenciadas em
pesquisas realizadas e apontadas em estudos em nível mundial. Os temas
abordados a seguir são: (i) a economia, a política e o comércio internacional; (ii) a
globalização e a interação social; (iii) a sociedade do conhecimento; (iv) a
flexibilização da produção e as relações de trabalho; (v) a demografia – o
envelhecimento da sociedade; (vi) a mulher na sociedade; (vii) a visão da educação
na sociedade; (viii) a sociedade e o meio ambiente; e, (ix) alguns fatores pertinentes
e transversais que não foram abordados nos tópicos anteriores.
4.2.1 Economia, Política e Comércio Internacional
A OCDE trabalha com a possibilidade de um período sustentado por taxas de
crescimento acima da média e pela criação de riqueza devido à afluência
excepcional de três jogos de mudanças poderosos: (i) o desenvolvimento da
economia do conhecimento; (ii) a integração global muito mais profunda; e, (iii) a
transformação do relacionamento homem-ambiente, com a humanidade integrada
de maneira harmoniosa ao meio ambiente. Nesse contexto, a integração dos povos
pode ser considerada o eixo propulsor de todas essas transformações, pois é por
seu intermédio que o conhecimento pode ser difundido e a conscientização
ambiental pode ser orientada (ORGANISATION...,2001a).
Em termos econômicos, nos últimos anos a intensificação na integração do
comércio internacional contribuiu para a emersão de acordos bilaterais e para a
concretização de blocos econômicos como MERCADO COMUM DO SUL –
MERCOSUL, NORTH AMERICA FREE TRADE AGREEMENT – NAFTA (Tratado
Norte-Americano de Livre Comércio) e UNIÃO EUROPÉIA – UE. A ÁREA DE LIVRE
COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – ALCA é uma idéia que surgiu em 1994 e está sendo
fomentada pelo Governo dos Estados Unidos. O objetivo da ALCA é eliminar as
barreiras alfandegárias entre os países americanos (exceto Cuba). De acordo com o
CONGRESSO NACIONAL DO BRASIL, a intenção dos idealizadores da ALCA é de
que a sua implementação total esteja concluída até 2012. Porém, a mesma enfrenta
102
oposição para sua efetividade dos próprios parlamentares dos Estados Unidos, que
defendem interesses locais, bem como dos países do Continente Americano, que se
sentem ameaçados e frágeis pela proposta de abertura comercial. Se implantada, a
ALCA poderá transformar-se em um dos maiores blocos comerciais do mundo,
superando inclusive a União Européia. O Produto Interno Bruto (PIB) da ALCA será
de, aproximadamente, 12.600 trilhões de dólares (dois trilhões a mais que a UE), e
sua população alcançará os 825,3 milhões de habitantes, mais que o dobro da
registrada na União Européia.
Se for fato que os negócios entre blocos econômicos crescem, então pode-se
caracterizar como uma tendência a formação e inserção de blocos no comércio
internacional. Ficar de fora de um bloco econômico é, de certa forma, viver isolado
do mundo comercial, principalmente com o advento da economia mundial
globalizada. Esses blocos são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre
os países membros, por exemplo, mediante a redução ou isenção de impostos ou de
tarifas alfandegárias e da busca de soluções em comum acordo para problemas
comerciais. No entanto, existem muitos entraves e conflitos de interesse que tornam
as negociações nesses blocos muito acirradas. Muitas críticas, por exemplo, podem
ser observadas com relação às imposições exigidas pelos Estados Unidos à ALCA.
Encontrar um equilíbrio entre os diferentes interesses dos países membros será uma
tarefa bastante complexa (THORSTENSEN, 2001; GURGEL; BITENCOURT;
TEIXEIRA, 2002; LAPLANE, 2004; KUME; PIANI, 2005).
Quanto ao crescimento da economia brasileira, segundo o estudo da OCDE
de 2006, apresentado pelo economista chefe Jean-Philippe Cotis, o Brasil apresenta
uma tendência de crescimento medíocre do PIB no período de 2006 a 2008. Porém,
existe uma convergência de redução da inflação neste mesmo período, conforme a
Tabela 1, p. 103, (ORGANISATION...,2006). Além do PIB e da inflação, a tabela
traz, também, indicadores da balança fiscal brasileira para o período projetado no
estudo (COTIS, 2006).
103
TABELA 1 – INDICADORES MACROECONÔMICOS DO BRASIL
Indicadores Macroeconômicos para o Brasil
2005 2006 2007 2008
Crescimento Real do PIB 2,3 3,1 3,8 4,0
Inflação 5,7 3,0 3,8 3,6
Balança Fiscal (% do PIB) -3,1 -2,5 -1,5 -1,0
Balança Fiscal Primária (% do PIB) 4,8 4,3 4,3 4,3
Balança das Operações Correntes 1,8 1,6 0,9 0,4
Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).
Nota: Os dados relativos ao PIB e a inflação são percentagens de variação em relação ao período
precedente. A inflação refere-se ao índice de preços ao consumidor no fim de cada ano (IPCA).
Segundo a OCDE, os números referentes a 2005 são de fonte nacional. Os indicadores referentes
ao período de 2006-2008 são relativos às estimativas e previsões da OCDE.
Ao comparar o crescimento do PIB do Brasil com outros países emergentes,
como China, Índia e Rússia (ver Tabela 2), pode-se perceber que o crescimento do
PIB nacional é realmente medíocre, como destaca o estudo da OCDE. A China, um
dos principais concorrentes do Brasil na indústria Têxtil e Confecção, apresenta
resultados muito expressivos no estudo de tendência em relação ao PIB, com
aproximadamente 10% de taxa de crescimento no período de 2005 a 2008. A Índia e
a Rússia também possuem taxas de crescimento do PIB mais significativas. Além
desses dados, no Anexo A, p. 257, encontra-se a projeção para o período de 2006-
2008 e a evolução histórica do PIB dos países membros da OCDE.
TABELA 2 – PROJEÇÃO DO PIB DE PAÍSES EMERGENTES
Países Emergentes: Crescimento Real do PIB
2005 2006 2007 2008
Brasil 2,3 3,1 3,8 4,0
China 10,2 10,6 10,3 10,7
Índia 8,5 8,0 7,5 7,0
Rússia 6,4 6,8 6,0 5,5
Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).
Nota: Os dados relativos ao PIB são percentagens de variação em relação ao período precedente.
A COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE –
CEPAL, sob a tutela da UNIÃO EUROPÉIA, projeta, para 2006 e 2007, as projeções
das taxas de consumo e de PIB setorial do Brasil para 2006 e 2007. O estudo prevê
crescimento nas taxas do PIB setorial, com maior destaque para o setor de comércio
(5,4% em 2007) e de produção de bens (4,0% em 2007). A taxa de crescimento do
setor de serviços se mantém parcialmente estagnada, com uma média de 2,8%
entre 2005 e 2007. Além disso, a taxa de consumo encontra-se em ascensão, com
projeção de 3,5% de crescimento em 2007. O estudo aponta, também, os dados de
104
exportação e importação do Brasil: respectivamente, 9,1% e 8,1% de taxa de
crescimento. Convém comparar essa projeção (CEPAL) com o estudo realizado pela
OCDE (ver Anexo B e C, p. 258-259), o que de fato demonstra a posição brasileira
em relação aos países membros da OCDE.
Em termos de dimensão do comércio internacional, os países membros da
OCDE representam a maior parte das exportações mundiais, cerca de 65%, porém a
projeção é de declínio para o período de 2006-2008. A representação mundial da
América Latina nas exportações é de cerca de 3,0%, sendo que em 1992 esse
indicador era de 2,6%. Os países asiáticos não membros da OCDE
27
, isso inclui a
China, estão em plena ascensão na participação mundial nas exportações:
representavam cerca de 12% em 1992 e atualmente esse indicador está girando em
torno de 20%. A Figura 19 esboça o panorama mundial das exportações, e os dados
completos podem ser verificados no Anexo D, p. 260.
FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO NA EXPORTAÇÃO MUNDIAL
Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).
Quanto às importações, os países membros da OCDE representam,
atualmente, cerca de 70% do mercado mundial, e a projeção de sua participação é
de declínio para o período de 2006-2008. Já na América Latina, esse indicador gira
em torno de 2,7%, e a projeção é de estagnação. A participação nas importações
mundiais dos países asiáticos não membros da OCDE está em torno de 18%, com
projeção de crescimento. As curvas de projeção para cada caso podem ser
observadas na
Figura 20, p. 105, e os dados completos estão no Anexo D, p. 260.
27
O Japão e a Coréia do Sul são os países asiáticos membros da ORGANISATION DE
.....COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT – OCDE.
105
FIGURA 20 – PARTICIPAÇÃO NA IMPORTAÇÃO MUNDIAL
Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).
A decomposição geográfica do comércio internacional mostra que regiões
como a América Latina possuem taxas de crescimento do comércio muito instáveis,
com várias oscilações, e com projeção de declínio para o período de 2006-2008.
Além disso, das regiões analisadas, a América Latina é que menos contribui para o
crescimento mundial, conforme tabela do Anexo E, p. 261.
Outro ponto importante de convergência é a digitalização muito mais
acentuada da moeda. De um modo geral, esse fato afeta toda a sociedade. Do
ponto de vista estratégico, a aplicação dos sistemas de pagamento eletrônicos
instantâneos aplicáveis a toda a economia é considerada como um elemento
indispensável. Porém, ainda é insuficientemente desenvolvido do ponto de vista da
infra-estrutura necessária para o potencial estimado para o comércio eletrônico
(ORGANISATION..., 2002).
A Internet, como rede das redes, proporciona um mercado largamente aberto,
onde a concorrência, os progressos técnicos e a diversidade de utilizações podem
se intensificar e fornecer as bases para o amplo desenvolvimento do comércio com
dinheiro eletrônico (ORGANISATION..., 2002).
Devido ao fenômeno da globalização e, conseqüentemente, à tendência de
produzir e comercializar em nível internacional, o dinheiro eletrônico ganha grande
destaque na efetividade destas negociações (MILLER; MICHALSKI; STEVENS,
2002). Possibilidades para o setor de moda podem ser desenvolvidas pelo comércio
eletrônico e concretizadas pela transação eletrônica, como, por exemplo, o acesso a
desenhos de estilistas, métodos de cortes e fabricação via Internet (desenvolvimento
da Propriedade Intelectual), bem como roupas personalizadas com a junção de
tecnologias 3D, Body Scan Data, Smart Card e Portal Corporativo.
106
4.2.2 A Globalização e a Integração Social
O fenômeno da migração é um ponto polêmico e que certamente impacta no
mercado de trabalho, na economia e na sociedade. Além disso, esse fenômeno
proporciona conseqüências como, por exemplo, conflitos internos, guerras,
diferenças de níveis salariais, etc. O número de imigrantes na população de muitos
países desenvolvidos está crescendo, o que de fato pode gerar diversas implicações
na sociedade. Estima-se que uma em cada 35 pessoas no mundo seja um imigrante
internacional (ORGANISATION..., 2004a).
De acordo com Stevens, Miller e Michalski (2001), as populações migram à
procura de melhores condições de existência, e o caráter cosmopolita da maior parte
das grandes cidades e regiões econômicas contribui fortemente para a continuação
da integração mundial. Estas trocas, conjugadas à “desestruturação” do tecido social
que acompanha as transformações internas profundas dos países, favorecem ainda
mais o processo de integração.
Nesse contexto, com o advento da imigração, grandes desafios podem ser
enumerados para a indústria Têxtil e Confecção: como atender mercados cada vez
mais diversificados? Como se posicionar no mercado multiétnico e com várias
culturas? Será que o modelo de indústria de hoje terá condições de sobreviver em
um mercado multifacetado, plurissegmentado e multidimensional? A hipótese de um
futuro com maior movimentação social gera, como conseqüência, sociedades
heterogêneas em países com maior percentual de imigrantes, cujo reflexo pode
afetar diretamente os padrões de consumo dos produtos têxteis e confeccionados. A
questão da imigração contribui no embasamento à tendência de flexibilização da
produção (personalizada e customizada) e à utilização das TICs como ferramentas
de apoio para este modelo de manufatura.
Além disso, não se pode negligenciar os riscos de um agravamento dos
conflitos que resultam de uma eventual polarização, fenômeno que acompanha
freqüentemente o abandono da antiga ordem social e o aparecimento de uma nova
(STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001). Contudo, é provável que a globalização
seja, ao mesmo tempo, causa e conseqüência de diferenças sociais, o que gera
grandes preocupações. Dois problemas podem ser levantados por este fato: (i) o
mundo não possui mecanismos que permitem que os vencedores da mudança
107
(agentes da globalização) assegurem uma compensação aos perdedores; e, (ii) sem
as infra-estruturas necessárias para impedir a exclusão, há grandes riscos de que a
heterogeneidade social da globalização conduza a uma fragmentação e a uma
polarização, o que pode desestabilizar a sociedade no futuro (ORGANISATION...,
2001b).
O estudo da OCDE aponta, também, que muitos progressos tecnológicos,
como a informática e os transportes, vão reduzir ainda mais as distâncias e as
transações mundiais diretas de produtos materiais e imateriais e de atividades
remuneradoras e não-remuneradoras. As trocas científicas contribuem, também,
para alargar a rede de conexões mundiais (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001).
A comunicação via Internet é um fenômeno social recente demais para que seja
possível tirar conclusões sobre o seu significado social (CASTELLS, 2005).
Em qualquer sociedade, os indivíduos têm necessidade de certos
mecanismos para se organizarem e se comprometerem. Nesse sentido, o
associativismo está crescendo de forma significativa em todo o mundo. Numerosos
países já possuem, em seu tecido organizacional, diversas instituições
independentes (organizações não-governamentais) voltadas, principalmente, para
questões relacionadas aos serviços sociais, ensino e saúde. Na Bélgica e na Áustria,
por exemplo, cerca de 50% dos serviços sociais são assegurados pelos setores
associativos. Existe uma tendência de valorização do papel das organizações
sociais e de identificação de novas necessidades e novos modelos de organização,
em detrimento ao Estado e às instituições de mercado. Apesar de certos organismos
caritativos tradicionais estarem declinando, outros aparecem e compensam este
fenômeno, principalmente pelo número crescente de organizações no domínio da
saúde, de pequenas empresas, de associações de bairro e de empresários sociais
(MULGAN, 2001).
Quanto aos aspectos culturais, pode-se considerar que a diversidade da
sociedade irá permear as mudanças que são apresentadas em projeções e
tendências. Certos elementos fazem realmente temer que o mundo entre em uma
era de intolerância, conflitos culturais e perda das identidades tradicionais. Todas as
manifestações indicam que os próximos 20 anos sejam sinônimos de fragmentação,
divisão e desconfiança recíproca. Entretanto, segundo a OCDE, algumas dúvidas
podem ser emitidas sobre a teoria pessimista que prevê um agravamento dos
108
conflitos e das incompreensões. Atualmente, dispõe-se de um volume muito maior
de dados que evidenciam que sociedades cosmopolitas e diversificadas podem ser
estáveis (ORGANISATION...,2001b). Existem vários casos que demonstram que
cidades e regiões com sociedade diversificada podem ser lugares onde as pessoas
saibam conviver com as diferenças e, inclusive, agregar novas culturas no seu dia-a-
dia. Estas considerações ajudam a demonstrar que as sociedades podem opor-se à
discriminação e às desigualdades, sem estar a suscitar reações racistas, e que
podem realizar a integração (MULGAN, 2001).
A coesão de uma sociedade não requer que todos os seus membros
compartilhem os mesmos valores. Porém, um mínimo de valores deve certamente
ser comum, em especial, o respeito aos procedimentos e às regulamentações.
Portanto, as sociedades terão que prosperar em um ambiente com numerosos
sistemas de crenças diferentes. Além disso, será importante ensinar e fazer
respeitar os princípios de integração e de tolerância. As culturas são complexas e
dinâmicas e não fechadas sobre elas mesmas (MULGAN, 2001).
4.2.3 A Sociedade do Conhecimento
A tendência na economia mundial é intensificar a valorização das pessoas. O
capital humano será cada vez mais importante para as empresas, independente de
tamanho e estrutura societária. A sociedade apoiará iniciativas de investimento
pessoal, atribuindo ao indivíduo mais liberdade e confiança para desenvolver o seu
potencial. Para sobreviver, os atores econômicos darão mais importância ao
desenvolvimento humano permanente. Com isto, as famílias investirão mais na
educação das suas crianças e durante muito mais tempo. A taxa de pessoas que
cursaram o ensino superior está aumentando no mundo inteiro. Essas são algumas
das tendências abarcadas pelo conceito do capitalismo social
28
(ORGANISATION...,
2001b).
Para a OCDE, a globalização incentiva as pessoas a deslocarem-se no
mundo e, o que é mais importante, oferece numerosas vias pelas quais o
conhecimento e os valores podem ser comunicados de um lugar a outro.
Compreender o mundo no qual se vive e como poderia desenvolver-se é um desafio.
28
O conceito de "capitalismo social" associa o social e o econômico partindo do princípio que as
.....bases das sociedades ricas são subordinadas ao progresso social e ao progresso econômico.
109
Mas uma era de mudança deveria também ser uma era de esperança e de
oportunidades. A renovação econômica e o progresso humano devem ser
promovidos a todos, tendo em conta o poder da diversidade humana. O capitalismo
social não produzirá um sistema uniforme, mas um "patrimônio genético" de formas
sociais, adaptáveis à evolução das circunstâncias, às aspirações humanas e às
realidades econômicas (BLOOM, 2001).
A produtividade e o crescimento serão permeados pela geração de
conhecimentos, estendidos a todas as esferas da atividade econômica, mediante o
processamento da informação. A intensidade da economia vai mudar da produção
de bens para a prestação de serviços. A oferta de empregos vai ser norteada pelo
setor de serviços. Além disso, a nova economia aponta para o aumento da
importância das profissões com grande conteúdo de informação e conhecimentos,
constituindo o cerne da nova estrutura social (CASTELLS, 2005).
Além disso, existe uma transição entre recursos naturais e o conhecimento
como fonte de riqueza. A tendência aponta uma queda na média dos preços
mundiais dos recursos naturais, e a abundância desses recursos não será mais
considerada como uma fonte importante de vantagem competitiva. Em contrapartida,
o valor do conhecimento está em pleno crescimento. O capital físico, por exemplo,
está em plena desvalorização se comparado com o capital intelectual. O
conhecimento é uma forma de capital fundamentalmente diferente, abundante,
rentável e pode desenvolver-se de maneira pouco dispendiosa (ORGANISATION...,
2001b).
Nesse contexto, as questões que envolvem a Propriedade Intelectual serão
cada vez mais debatidas e cercadas de leis e regras no sentido de proteger o
conhecimento e de fazer dele um instrumento de geração de riqueza. Com a
economia do conhecimento, o interesse pela Propriedade Intelectual tende a
aumentar em todo o mundo. De acordo com Suster (2005), no Brasil, os
empresários e gestores, na sua maioria, não têm o costume de pesquisar as bases
de patentes, marcas e desenhos. Por outro lado, nos países desenvolvidos existe
um interesse muito grande pelas informações contidas nessas bases de dados.
A “era do conhecimento e de informação”, de um modo geral, está formando
uma sociedade mais crítica e exigente. Esse fato pode ser considerado um desafio
futuro para as organizações, porque será mais difícil atender aos desejos, anseios e
110
necessidades dessa sociedade, pois o seu poder de reflexão e discernimento
tornará esse processo muito complexo. Além disso, as pessoas estão inovando cada
vez mais e assumindo riscos “controláveis”. No setor Têxtil e Confecção, por
exemplo, a percepção de valor pelos consumidores está pautada nas propriedades
estéticas e de conforto. A apelação está estritamente ligada aos sentidos humanos.
Nesse contexto, a inovação possui um papel expressivo na indústria Têxtil e
Confecção. A criatividade é um fator muito importante no processo de inovação,
principalmente em um setor onde é preciso mudar constantemente para atender às
oscilações e diferenças de percepções dos consumidores. Fatores culturais, étnicos,
geográficos e demográficos precisam ser considerados nesse processo. Um
exemplo disto são as roupas para idosos, com objetivo de melhorar a qualidade de
vida desses indivíduos e, cujo mercado cresce a cada dia com o envelhecimento da
população mundial (THE EUROPEAN..., 2006).
A tendência de inovação na área de confecção está pautada, também, em
pesquisas que tenham como foco a melhoria da performance humana. Com isto,
existe uma oportunidade significativa atrelada às ferramentas de simulação da
interação entre o produto e o usuário, bem como pesquisas na área de propriedades
do conforto (gestão do calor, umidade, deformação mecânica no movimento) e, na
área de propriedades funcionais, liberação de medicamentos e perfumes,
monitoramento da saúde, etc (THE EUROPEAN..., 2006; WALTER, 2006). O ser
humano tende a buscar a diferenciação: ele não quer ser igual à massa, quer ser
único. Nesse sentido, as organizações do setor Têxtil e Confecção terão grandes
desafios para atender a esse desejo – flexibilização e inovação personalizada.
4.2.4 A Flexibilização da Produção e as Relações de Trabalho
As estruturas industriais fordistas, tendo como precursor o modelo de
produção desenvolvido por Frederick Wisnlow Taylor (taylorismo), que dominaram
as economias ocidentais durante uma grande parte deste século, de um modo geral,
estão sendo substituídas por novos modelos de organização da produção e do
trabalho (MULGAN, 2001; ZARIFIAN, 2001; CASTELLS, 2005). O estudo da OCDE
aponta a economia do conhecimento como um fator importante que está
contribuindo para a concepção de um novo modelo de produção menos rígido. Com
este novo modelo, as organizações adotam comportamentos mais flexíveis e suas
111
estruturas e alianças podem ser feitas e desfeitas de maneira muito mais simples e
barata que as anteriores (MULGAN, 2001).
Na nova economia, o que prevalece em relação ao trabalho é a capacidade
de articulação e desenvolvimento de redes de colaboração, as quais constituem-se
em elementos-chave para a produção de conhecimentos, de bens e de serviços no
futuro. O trabalho vai ser permeado pela competência e pelo conhecimento das
pessoas. É nesse sentido que as minorias estão encontrando cada vez mais
abertura no mercado de trabalho, quando superam preconceitos e barreiras por meio
de competência e conhecimento (MULGAN, 2001).
Nesse contexto, o INSTITUTE FOR THE FUTURE de 2005 aponta algumas
tendências relacionadas as tecnologias digitais emergentes que irão contribuir para a
formação de arranjos sociais cooperativos. Uma série de novas mudanças
transformará a maneira como as sociedades trabalham para resolver problemas e
gerar riquezas (SAVERI; RHEINGOLD; VIAN, 2005).
Segundo a OCDE, a cada ano, em média, 10% dos empregos desaparecem.
Desta instabilidade libertam-se, no entanto, várias tendências em longo prazo: (i) a
crescente importância dos fatores de produção cognitivos em detrimento da mão-de-
obra não qualificada, o declínio da agricultura e das indústrias primárias persistentes,
e, o crescimento das disparidades de rendimentos dentro das profissões e no
conjunto da economia; (ii) o declínio do emprego no setor de transformação (ainda
que seja expressiva a sua parte no PIB); (iii) a progressão dos novos setores de
serviços – dos quais um grande número apresenta ainda um nível de sofisticação
tecnológico relativamente baixo; (iv) o desenvolvimento contínuo das profissões
liberais; (v) o crescimento da educação e, conseqüentemente, a existência de
mercados de exclusividade para os especialistas de elevado nível; (vi) o feminismo
da mão-de-obra, devido ao declínio dos empregos que exigem força física, e a
progressão do número e do status das mulheres que exercem uma atividade; (vii) o
crescimento dos empregos de elevado tecnicismo no domínio dos softwares e dos
sistemas; (viii) o crescimento dos empregos de caráter social dentro do domínio da
saúde e da educação; (ix) o envelhecimento da população ativa (com o alongamento
da preparação à vida ativa); (x) o abandono progressivo dos salários fixos frente às
remunerações por desempenho, à participação nos benefícios, etc; (xi) o
aparecimento de métodos de seleção mais sofisticados, que acrescentam critérios
112
genéticos ao perfil psicológico, etc; e, (xii) o desenvolvimento de modelos de
emprego que colocam a tônica sobre o espírito de empresa e a capacidade
individual mais do que sobre a fidelidade e a conformidade (ORGANISATION...,
2001b).
Para Castells (2005), a evolução do emprego nos países mais ricos revela
alguns aspectos básicos, os quais parecem ser características das sociedades
informacionais: (i) eliminação gradual do emprego rural; (ii) declínio estável do
emprego industrial tradicional; (iii) aumento dos serviços relacionados à produção e
dos serviços sociais; (iv) crescente diversificação das atividades do setor de serviços
como fontes de emprego; (v) rápida elevação do emprego para profissionais
especializados e técnicos; (vi) formação de um proletariado “de escritório”; (vii)
relativa estabilidade de uma parcela substancial do emprego no comércio varejista;
(viii) crescimento simultâneo dos níveis superior e inferior da estrutura ocupacional;
e, (ix) valorização relativa da estrutura ocupacional ao longo do tempo, com
crescente participação das profissões que demandam mais qualificações.
O desemprego deverá ser combatido por medidas como: (i) manutenção do
crescimento em um contexto de estabilidade econômica; (ii) ambiente regulamentar
pouco vinculativo que favorece a criação de empresas e de empregos; (iii) nível
elevado de investimento nas instituições ativas do mercado de trabalho para ajudar
os indivíduos a encontrar um emprego, a reciclar-se e a adaptar-se; (iv) adoção de
medidas fiscais que incitam o trabalho; (v) desenvolvimento de dispositivos que
levam os indivíduos a aceitarem o trabalho em vez de permanecerem dependentes
do Estado por longos períodos; (vi) criação de sistemas modernos de
emparelhamento entre oferta e demanda de emprego com o auxílio da Internet,
centrais de chamada e agências especializadas; e, (vii) inovação na criação de
empregos. É importante destacar que estas medidas não devem ser desenvolvidas
no sentido de garantir o emprego permanente, mas sim no intuito de garantir certa
segurança por meio da empregabilidade, ou seja, de modo a dar apoio para as
pessoas que perderam o emprego, fornecendo possibilidades razoáveis de retomar
rapidamente o trabalho (MULGAN, 2001).
Além disso, existe uma tendência que vem se confirmando a cada dia, que se
refere ao comportamento das pessoas no sentido de procurarem mais qualidade de
vida. Este fato, por sua vez, está fazendo com que muitas pessoas busquem um
113
equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada. Em muitos casos é possível
verificar que empregadores já estão procurando a negociação nas questões de
tempo de trabalho, existindo uma convergência de flexibilização com relação a este
tema. Em alguns países já foram adotadas jornadas de trabalho de 35 horas e se
discute, atualmente, a redução da semana de trabalho para três ou quatro dias.
Além disso, as organizações estão investindo cada vez mais no ambiente de
trabalho, pois se acredita que a qualidade do trabalho está estreitamente relacionada
com a qualidade do seu entorno (MULGAN, 2001; ORGANISATION..., 2001b).
Todos estes fatos podem gerar novos empregos diretos (redução da jornada de
trabalho) e indiretos (desenvolvimento da indústria do lazer e do entretenimento).
Um desafio apontado pela OCDE, que por sua vez é bastante pertinente para
o modelo da economia do conhecimento, é a questão do aprendizado contínuo ou
aprendizagem para a vida (ORGANISATION..., 2001b). De acordo com Mulgan
(2001), cerca de 80% das tecnologias ficam obsoletas no intervalo de dez anos.
Adicionado a este contexto, aproximadamente 80% da população ativa têm
conhecimentos que datam de mais de dez anos. Portanto, será um desafio essencial
para o próximo século o incentivo e a experimentação intensiva de novas formas de
estímulo para os indivíduos buscarem constantemente a atualização e o auto-
aprendizado. No decorrer do século XXI, este fato será uma questão sine qua non
para se colocar de forma competitiva no mercado de trabalho.
No futuro, serão exigidas certas competências que hoje, de um modo geral,
não costumam fazer parte dos requisitos de seleção. Trata-se aqui, das
competências cognitivas (inteligência emocional), tradicionalmente observadas no
comportamento das mulheres, tais como: (i) trabalho em equipe; (ii) colaboração e
apoio interpessoal; (iii) gestão de conflito; e, (iv) intuição. Corroborando com este
fato, a tendência de automação das tarefas rotineiras está se confirmando em
praticamente todas as esferas organizacionais e, portanto, as competências
interpessoais e a inteligência emocional adquirem mais importância e relevância no
mercado de trabalho. Para um grande número de homens este fato tornou-se um
problema essencial, o que levanta perguntas quanto à capacidade dos sistemas
educativos de fomentar tais aptidões sociais (GOLEMAN, 1995; COOPER; SAWAF,
1997; GOLEMAN, 1999; MULGAN, 2001).
114
Enquanto, no passado, as etapas da vida eram relativamente previsíveis (a
infância, a educação, o trabalho, o casamento, a família), hoje, esse processo é
muito mais complexo. A cada ano que passa, as estatísticas demonstram que o
tempo de educação dos jovens está aumentando constantemente, o que aumenta,
também, a sua permanência com os pais, refletindo no trabalho, no casamento e na
concepção de sua própria família. Estima-se que até a metade do próximo século a
educação passará a ser em tempo integral (ORGANISATION..., 2001b).
Outro ponto importante é a segurança no trabalho. Atualmente, a segurança é
uma questão muito discutida e o impacto causado pela sua falta ou carência reflete-
se diretamente no trabalho. Pode-se perceber, ao longo dos últimos anos, que houve
muitas modificações com relação a esse tema, principalmente no comportamento
das pessoas, nos programas de segurança, na gestão da produção das empresas e
no aumento e acirramento de regras e legislações. De acordo com o estudo da
plataforma EURATEX, a quantidade de normas e legislações que são debatidas e
implementadas referentes à segurança é cada vez maior. Por conseguinte, abrem-se
muitas oportunidades para a indústria no campo dos têxteis e confeccionados
aplicados à segurança no trabalho, por exemplo, os EPIs – Equipamentos de
Proteção Individual (THE EUROPEAN..., 2006).
Segundo Totterdedill et al. (2002), em 2002 foi publicado um estudo sobre as
tendências globais do setor Têxtil e Confecção para 2008, com base no projeto UP-
UPGRADING GRADUATE STRATEGIC SKILLS – SKILLS, cuja implementação se
deu no âmbito do programa LEONARDO DA VINCI, da UNIÃO EUROPÉIA. De
acordo com o estudo, para amenizar problemas de custos da mão-de-obra e
aumentar a competitividade do setor Têxtil e Confecção em países desenvolvidos,
serão intensificados, por algumas empresas e órgãos de fomento, ações de
Comércio de Processamento Externo ou Outward Processing Trade (OPT). Trata-se
da exportação de tecidos para confecção em países com baixos custos de mão-de-
obra, onde as tarifas são apenas aplicadas sobre o serviço de produção, e não sobre
os custos das matérias-primas provindas dos países desenvolvidos (quando da sua
re-importação). Este fato pode resultar em desemprego desse tipo de trabalho nos
países desenvolvidos, fazendo com que esses indivíduos procurem se adequar a
outras atividades menos intensivas em mão-de-obra.
115
As antigas formas de governança nos setores públicos e privados estão se
mostrando cada vez mais ineficazes. Novos tipos de governança serão
desenvolvidos, os quais envolverão uma escala muito maior de atores ativos. As
estruturas organizacionais ficarão mais simples e horizontais. A hierarquia nas
organizações do século XXI será determinada pelos valores intangíveis e pela
competência pessoal. As pessoas terão mais liberdade e a criatividade e as
inovações serão cada vez mais requisitadas nessa hierarquia. A capacidade de
tomar decisões será muito importante no modelo de organização do futuro. A
liberdade organizacional e criativa, entretanto, tem precondições muito exigentes. No
futuro, a governança será estruturada em ambientes que assegurem níveis elevados
de transparência, de responsabilidade e de integridade, com um compromisso
comum aos valores democráticos, aos direitos humanos e à igualdade de
oportunidade. Será cada vez mais comum a participação dos níveis inferiores da
escala hierárquica nas decisões e orientações estratégicas das organizações
públicas e privadas. As organizações ficarão mais descentralizadas e horizontais,
substituindo o modelo de decisão centralizado (top-down) e hierárquico (piramidal).
O diálogo prevalecerá em detrimento ao autoritarismo (ORGANISATION..., 2001a).
4.2.5 Demografia: O Envelhecimento da Sociedade
O mundo está passando por uma transição demográfica, com sucessivas
reduções nas taxas de fecundidade e mortalidade, cuja origem se deve,
principalmente, às melhorias significativas das condições de saúde, que estão
associadas ao rápido progresso econômico e tecnológico. Existe uma tendência de
aumento da expectativa de vida, porém em diferentes proporções entre países ricos
e pobres. A demografia é um instrumento de previsão potente que permite, por
exemplo, prever o envelhecimento progressivo da população mundial, processo que
representará um desafio capital para os próximos cinqüenta anos. Um número
desproporcionado destas pessoas idosas será de mulheres, devido ao fato de que
as mulheres vivem mais do que os homens. Haverá tensões entre as regiões
desenvolvidas e as regiões em desenvolvimento, já que as condições demográficas
divergirão a ponto de dar aos ricos e aos pobres a impressão de viverem em
mundos diferentes. A desigualdade dos resultados também parece aumentar, o que
116
representa uma séria ameaça para um sistema econômico mundial que parece tirar
a sua força principal da igualdade de oportunidades (ORGANISATION..., 2001b).
O fato do envelhecimento da população mundial pode representar
oportunidades para todas as indústrias. No caso do setor Têxtil e Confecção, o
aumento do envelhecimento da sociedade pode fazer emergir novas oportunidades
de produtos e de posicionamento no mercado, com segmentação e nichos
apropriados às necessidades e desejos de um público exigente e experiente, o que
remete ao pressuposto da qualidade e funcionalidade dos produtos e serviços, bem
como ao relativo e considerável poder de compra.
Serão desenvolvidas ações que visem alterar a maneira como a sociedade
percebe as pessoas idosas, e a imagem que estas têm delas mesmas (mutação
cultural). O mercado dos consumidores idosos tomará cada vez mais amplitude. As
pessoas idosas têm, em muitos casos, competências ultrapassadas e podem ser
lentas na adaptação a novas tecnologias. Portanto, o futuro será marcado por ações
que visam promover a formação ao longo de toda a vida, canalizada em prol de uma
população de idade mais avançada, mas, também, com políticas aplicadas às
demais faixas etárias (ORGANISATION..., 2001b). Segundo Mulgan (2001), será
necessário incentivar e mobilizar as pessoas idosas, conduzindo-as no sentido de
atualizá-las.
O aumento do envelhecimento da população trará conseqüências
significativas no plano político, como por exemplo, o aumento das despesas públicas
de saúde e de previdência (ORGANISATION..., 2001b). Para o setor Têxtil e
Confecção, este fato abre oportunidades interessantes no desenvolvimento de
vestimentas funcionais para a saúde, principalmente aquelas com o emprego da
nanotecnologia (tecidos com encapsulamento de medicamentos) e da
eletroeletrônica (têxteis para monitoramento da saúde). São oportunidades que têm
como base a saúde pública preventiva, o que de fato reduz os gastos com a saúde
pública convencional, que inclusive estão aumentando constantemente em todo o
mundo, segundo dados da OCDE (ORGANISATION..., 2001b).
Os economistas atribuem o comportamento da curva de mortalidade a uma
escolha econômica racional: as crianças representam custos diretos (alimentos,
vestuários, etc), assim como custos indiretos (custos de oportunidade). Todos os
custos aumentam à medida que o trabalho é exercido fora do domicílio, que os
117
níveis de instrução progridem e que as pressões sobre o tempo aumentam. Como
conseqüência, as crianças custam mais e a solução ótima consiste, por conseguinte,
em concentrar os recursos em um número menor de crianças. No dilema entre
quantidade e qualidade, prioriza-se a qualidade (ORGANISATION..., 2001b).
A transição demográfica conduz, inevitavelmente, para um cenário de
mudanças econômicas e sociais fundamentais, mas a natureza destas mudanças
depende da velocidade e a amplitude da transição, bem como das decisões tomadas
para todos os níveis da sociedade. Algumas modificações na sociedade podem ser
observadas nos seguintes aspectos: (i) sobre as zonas de povoamento (aumento da
urbanização); (ii) sobre o modo de vida (a família menor vive diferente da família
maior); (iii) sobre as aspirações (melhores condições de saúde, segurança e
oportunidades, devido ao aumento dos níveis de educação); (iv) sobre as mulheres
(aumento dos níveis de educação e oportunidades); e, (v) sobre o trabalho (à
medida que a população aumenta, o equilíbrio do setor econômico evolui). Nesse
sentido, a importância da agricultura como fonte de emprego dobra inevitavelmente,
enquanto que a indústria transformadora e os serviços ocupam um lugar dominante
no futuro (ORGANISATION..., 2001b).
Por fim, outro fato emergente que pode afetar a indústria Têxtil e Confecção é
a questão da crescente obesidade média da população, principalmente nos países
ricos, onde as taxas de gordura são bastante significativas. De acordo com estudos
realizados pelo INSTITUTE FOR THE FUTURE, nas próximas décadas a obesidade
influenciará os negócios e a saúde. No mundo dos negócios, existe um potencial de
ruptura de mercados existentes e criação de novos, devido às mudanças de
preferências dos consumidores (SANSTAD, 2006). A indústria terá que se adequar a
essas tendências para poder atender de maneira eficaz mercados diferenciados e
segmentados. A obesidade pode gerar várias oportunidades em nichos específicos
de mercados de vestuário, como também, pela associação de tecnologias que
permitam a flexibilização da produção para atender de forma personalizada
consumidores com características particulares.
4.2.6 A Mulher na Sociedade
Os direitos adquiridos pela mulher desencadearam diversas mudanças na
sociedade. Percebe-se que as alterações ocorridas afetam desde a concepção da
118
família tradicional até as questões de trabalho e educação. A mulher está mais livre,
possui voz ativa na sociedade e faz parte das mudanças que já ocorreram e que
ainda estão em fase de transformação na sociedade mundial. Existem muitos
estudos que apontam perspectivas e tendências relacionadas ao comportamento
contemporâneo da mulher.
De acordo com o estudo da OCDE para o século XXI, a busca de instrução e
conhecimento pelas mulheres tem contribuído para a redução das taxas de
fecundidade, bem como atraem mais mulheres para o mundo do trabalho
remunerado. Nesse sentido, a evolução do mercado de trabalho valoriza níveis de
instrução mais elevados, o que se reflete na melhoria da condução das mudanças
econômicas. O número de empresas chefiadas por mulheres está crescendo a cada
dia, bem como sua participação no mercado de trabalho formal e autônomo.
Globalmente, as mulheres representam entre 1/4 e 1/3 dos chefes de empresa
(ORGANISATION..., 2001b). Para Mulgan (2001), a redução da dimensão das
famílias liberou as mulheres do trabalho de mãe. Com mais tempo, elas estão
procurando se instruírem para ficarem aptas a entrar no mercado do trabalho.
Com os níveis de rendimentos crescentes, as mulheres estão exigindo com
mais facilidade o divórcio e a guarda dos filhos (BLOOM, 2001; ORGANISATION...,
2001b). Segundo Bloom (2001), o feminismo provocou, de forma direta e indireta,
uma profunda mudança mental na sociedade, cujo reflexo está destruindo os
fundamentos do patriarcado, provavelmente de maneira irreversível.
A desintegração da família também tem conseqüências para as crianças. É
uma das causas da pobreza, dos maus resultados escolares e da perda de
segurança, manifestada dramaticamente por maior vulnerabilidade das crianças às
violências sexuais e urbanas. Além de trabalhar no mercado, a mulher cuida das
atribuições do lar, o que, de fato, causa maiores níveis de estresse e reduz o tempo
para dedicar-se aos filhos. Portanto, caso seja impossível a concepção da "família
tradicional" no futuro, é preciso desenvolver um processo de renovação social para
reinventar a família e responder às necessidades das crianças, das mulheres e dos
homens (BLOOM, 2001; ORGANISATION..., 2001b).
119
4.2.7 A Visão da Educação na Sociedade
Como conseqüência desta nova concepção de família (“família moderna”) e
das mudanças no mercado de trabalho, no futuro as crianças irão permanecer muito
mais tempo na escola e no seio das famílias, o que ocasiona, como decorrência
natural, casamentos mais tardios e atraso para entrar no mercado de trabalho. Além
disso, as famílias serão menores, devido ao custo que uma criança gera, desde o
seu nascimento até a sua formação completa para as novas necessidades do
mercado – economia do conhecimento (ORGANISATION..., 2001b). As sociedades
estão reconhecendo, com o passar do tempo, o papel vital do investimento na
infância e seus efeitos, em longo prazo, sobre a empregabilidade, a estabilidade nas
relações e a delinqüência (MULGAN, 2001).
De acordo com as tendências apontadas pela OCDE, os componentes
fundamentais da aprendizagem como, por exemplo, as capacidades de leitura, de
escrita, de cálculo e de informática, serão condições necessárias, mas não
suficientes, para o sucesso social e econômico. Além disso, a atuação dos pais na
aprendizagem pode ser tão importante quanto a das instituições formais. A nova
economia exige indivíduos com novas aptidões, como capacidades de acesso à
informação, de investigação e de reflexão holística. As crianças deverão não
somente adquirir competências formais, mas também habilidades de tomada de
decisões e de assumir responsabilidades, cujas capacidades se adquirem mais pela
prática do que pelos métodos pedagógicos formais.
O meio profissional e as situações da vida diária exigem, além das
qualificações formais oferecidas pelo ensino superior, competências como a
inteligência emocional e a capacidade de trabalhar em equipe. A inovação é
incentivada por sistemas de aprendizagem relativamente abertos e diversificados,
que permitem acesso fácil aos novos tipos de estabelecimentos escolares e de
ensino superior e garantem uma série contínua entre a educação complementar e o
ensino superior. A necessidade de uma atualização contínua das competências
exige a capacidade de aprendizagem ao longo de toda a vida. A educação e a
aprendizagem vão cada vez mais serem desenvolvidas fora dos estabelecimentos
de ensino: no local de trabalho, no domicílio, nas bibliotecas e via Internet. O ensino
virtual continuará a se expandir em todo o mundo (MULGAN, 2001).
120
Atualmente é interessante observar que a educação secundária parece mais
estreitamente correlacionada ao crescimento econômico do que a educação
primária. Já no futuro, provavelmente a educação superior terá correlação mais
estreita com o desenvolvimento econômico. É nesse sentido que, hoje, os países
desenvolvidos estão dando mais importância à educação superior nos seus
indicadores, ela será a sustentação da sociedade do conhecimento. A educação
secundária será prioridade para as economias industrializadas, e a educação
primária será base para as sociedades agrárias (ORGANISATION..., 2001b).
4.2.8 A Sociedade e o Meio Ambiente
É cada vez maior o número de países, de organizações e de indivíduos que
estão buscando direções estratégicas fundamentadas nas questões de proteção do
meio-ambiente. De acordo com a OCDE, a extensão da poluição e os riscos
associados devem ser avaliados rigorosamente, para que seja possível evitar efeitos
multiplicadores de novos riscos que a primazia atribuída a um deles pode provocar
(ORGANISATION..., 1999).
O relatório da OCDE de 1999 aponta que o aquecimento do planeta poderá
ser o problema ambiental mais difícil e complexo para solucionar no século XXI.
Várias iniciativas de debates já foram desenvolvidas, como a Eco-Rio 1992 e o
Protocolo de Kyoto, mas as conseqüências da poluição continuam a assolar o
planeta Terra, principalmente nas grandes cidades, com o efeito estufa e o aumento
das emissões de gases. As atividades que consomem energia são responsáveis
pela maior parte desses problemas ambientais e os principais geradores são os
países desenvolvidos (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999).
Em longo prazo será necessário fixar um teto para as emissões de gases
para evitar uma mudança grave do clima. Para isto, será necessária uma ruptura em
relação à evolução econômica e energética atual. O grande problema envolvendo
essa questão está em encontrar um equilíbrio ótimo entre o crescimento econômico
e a redução da poluição. As políticas públicas terão um papel importante na
conscientização de produtores e consumidores, fazendo com que sejam incitados a
começar uma transição para um futuro com menor emissão de gases (LAHIDJI;
MICHALSKI; STEVENS, 1999).
121
Nos próximos anos, medidas serão intensificadas e implementadas no sentido
de buscar a redução das emissões de gases, por exemplo, a rotulagem e etiquetas
ecológicas; a inovação e a difusão de tecnologias que possam melhorar a eficácia
energética; e, a melhoria da informação para os consumidores sobre a utilização da
energia dentro das organizações (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). As
empresas terão que buscar desenvolver processos produtivos limpos sem, no
entanto, comprometer a sua competitividade, ou seja, ser sustentável no seu
conceito mais amplo – econômico, social e ambiental.
O programa de ação voltada ao meio-ambiente da União Européia, cujas
propostas devem entrar em vigor até 2010, tem como meta fomentar as empresas a
buscarem a redução do impacto ambiental. Existe uma tendência de expansão do
mercado dos produtos verdes, que conduzirá ao aumento da inovação desses
produtos e a maiores oportunidades de emprego. O programa prevê investimentos
em informação aos consumidores, apoio à pesquisa e ao desenvolvimento
tecnológico, criação de bons exemplos de empresas e imposição de taxas pela
utilização dos recursos naturais. O objetivo é reduzir, até 2010, a quantidade de
resíduos destinados à eliminação final em cerca de 20% em relação aos níveis de
2000 e em cerca de 50% até 2050 (EUROPEAN UNION, 2001).
Além disso, o programa para o meio-ambiente da União Européia, no
horizonte de 2010, prevê as seguintes ações: (i) identificação das substâncias
perigosas e atribuição aos produtores à responsabilidade pela recolha, tratamento e
reciclagem desses resíduos; (ii) incentivo aos consumidores a selecionarem os
produtos e serviços com menor impacto; (iii) desenvolvimento e promoção de
estratégias, em escala européia, para a reciclagem dos resíduos, com objetivo de
acompanhamento que permita comparar os progressos realizados; (iv) promoção
dos mercados de materiais reciclados; (v) desenvolvimento de ações específicas, no
âmbito de uma política de produtos integrados, para promover a concepção da idéia
de ecologia em produtos e processos (exemplo disso é a promoção da concepção
inteligente de produtos, que reduza o impacto ambiental desde o seu
desenvolvimento até o fim do seu ciclo de vida). A União Européia buscará a
garantia de que os causadores dos danos ao ambiente sejam responsabilizados
pelas suas ações e que se evitem fatos mais graves. O princípio do “poluidor-
122
pagador” será cobrado, o que significa que a responsabilidade financeira deve recair
sobre a parte causadora da poluição (EUROPEAN UNION, 2001).
É importante destacar o impacto que essas medidas podem causar na
indústria Têxtil e Confecção brasileira, principalmente nas empresas exportadoras,
cuja produção de produtos e serviços deverão se adequar às exigências impostas
pelos países que compõem a União Européia. Este fato concretizado pode ser
caracterizado como uma barreira técnica ambiental. A rastreabilidade dos produtos
será outra medida importante na indústria, pois com a conscientização do
consumidor nas questões ambientais, essa tecnologia poderá ser requisitada para a
exportação, o que de fato excluirá muitas organizações que não se adequarem. A
responsabilidade pelo recolhimento dos produtos também poderá ser um entrave às
exportações. Políticas e projetos terão que ser desenvolvidos para atender a esse
requisito – a reciclagem. No entanto, algumas medidas abrem oportunidades para o
desenvolvimento de estratégias de diferenciação de produtos reciclados brasileiros.
A União Européia pretende buscar a transparência e a divulgação
generalizada das informações, com o objetivo de incentivar o público para que
pressione, na obtenção de respostas rápidas, as empresas que não possuem um
processo de produção e produtos limpos ou verdes, o que as coloca em evidência
pelo fato de desrespeitar o meio-ambiente. Indicadores e demonstrativos de
desempenho serão utilizados com mais veemência pelos órgãos competentes e pela
opinião pública em geral, o que permitirá a avaliação dos processos e produtos. As
compras e aquisições realizadas pelos organismos públicos (cerca de 14% do
mercado da União Européia), deverão ser efetivadas de acordo com editais com
critérios ambientais como, por exemplo, produtos verdes. O setor financeiro também
terá suas atividades verdes, mediante de políticas de empréstimo e investimento que
exigirão das empresas relatórios financeiros que evidenciem projetos de
responsabilidade ambiental. Portanto, no futuro, as transações comerciais deverão
ser efetivadas com o atendimento a vários critérios que hoje não são aplicados com
tanta intensidade, como incluir as questões ambientais em todos os aspectos das
relações externas da União Européia, e garantir a aplicação das convenções
internacionais sobre o ambiente (EUROPEAN UNION, 2001).
A busca por fontes energéticas é uma questão que sempre preocupou o
homem moderno. A OCDE aponta que nos países em desenvolvimento, o consumo
123
de energia aumentará de maneira substancial, conseqüência da melhoria do nível de
vida, do crescimento demográfico e da urbanização rápida. Os países desenvolvidos
também serão responsáveis por boa parte do consumo de energia produzida no
planeta, porém pode ser observada certa saturação neste setor (ORGANISATION...,
1999).
Para a OCDE, até 2020 os combustíveis fósseis continuarão a ocupar um
lugar predominante no consumo de energia. O consumo de petróleo será
determinado pelas necessidades para os transportes e para desempenhar um papel
de combustível "bouclage", ou seja, para preencher a brecha quando as outras
formas de energia não forem disponíveis em quantidades suficientes. A utilização de
gás aumentará rapidamente, porque será o combustível privilegiado para o
aquecimento, para os métodos de transformação e para a produção de eletricidade.
O consumo de carvão crescerá também, porém mais lentamente e nas regiões onde
o gás será inacessível ou mais dispendioso que o carvão. As principais fontes de
energia não fóssil (fissão nuclear, hidroeletricidade, biomassa) ainda não serão
relevantes no total dos abastecimentos. A energia nuclear e a energia hidráulica
defrontam-se com diversas dificuldades para obter a aceitação do público e, é por
isso que qualquer expansão importante relacionada com esses métodos deverá
obedecer a decisões deliberadas dos poderes públicos (ORGANISATION..., 1999;
LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). Existe uma grande preocupação com
acidentes com usinas nucleares e menor com as usinas hidroelétricas. Ambas
sofrem bastante críticas quanto aos aspectos ambientais, principalmente pela
geração de resíduos radioativos das usinas nucleares e pelo impacto ambiental
ocasionado pelos reservatórios de água das usinas hidroelétricas. Um estudo da
EUROPEAN UNION – EU (2001) sobre as tendências para 2010 sobre a poluição e
o meio-ambiente aponta para o crescente desenvolvimento de energias renováveis a
partir da energia eólica e solar. Trata-se de um campo bastante promissor e que
possui programas de incentivo na Europa.
Além do aumento da população mundial, o envelhecimento da população
causará impactos ao meio ambiente, pois os efeitos sobre o consumo de energia
serão agravados. O envelhecimento da sociedade pode gerar novos
comportamentos, como o aumento do tempo que esses indivíduos passam nas suas
residências, o que resulta em um maior consumo de energia por dispositivos
124
elétricos, porém, substituindo-se, parcialmente a energia destinada aos transportes
(ORGANISATION..., 1999; LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999).
A sociedade está muito mais exigente, também, com relação à segurança dos
produtos que consomem. A cada dia que passa, por exemplo, os consumidores
querem saber mais sobre temas como: (i) a procedência dos produtos; (ii) o material
e o processo utilizado na sua fabricação; (ii) as conseqüências e indicações de uso
do produto; (iv) a responsabilidade da empresa com relação aos aspectos sociais e
ao meio ambiente; e, (v) a segurança de usabilidade do produto. Atualmente, a
segurança é uma questão muito discutida e o impacto causado pela sua falta ou
carência reflete-se diretamente na sociedade. Pode-se perceber, ao longo dos
últimos anos, mudanças no comportamento das pessoas que foram oriundas desse
fenômeno. Na indústria têxtil, por exemplo, a quantidade de normas e legislações
que são debatidas e implementadas referentes à segurança é cada vez maior. Por
conseguinte, muitos estudos e testes estão sendo desenvolvidos para determinar os
padrões de segurança e os métodos de aplicação, comercialização e fiscalização
(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002a; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003f). O
estudo da plataforma EURATEX revela que o setor industrial têxtil precisa
proporcionar um ambiente seguro e confortável para as pessoas, o que influencia na
decisão de compra (THE EUROPEAN..., 2006).
Alguns estudos apontam, também, os riscos emergentes no século XXI, como
doenças, epidemias, desastres naturais, novas tecnologias e o terrorismo
(ORGANISATION..., 2003). A população mundial vai se confrontar sempre com o
"risco", porém, hoje os riscos estão em uma escala muito maior e significativa de
valores. Existe uma preocupação cada vez maior na sociedade com relação às
ameaças ao ambiente, à propriedade, à saúde e à vida própria. Nesse sentido,
normas são instituídas, legislações são impostas e cuidados com a segurança serão
cada vez maiores no século XXI (ORGANISATION..., 2003; ORGANISATION...,
2004b). Algumas pesquisas na área têxtil estão sendo desenvolvidas para o
segmento militar, para EPIs e para equipes de combate ao terrorismo e acidentes
químicos e biológicos.
125
4.3 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS: UMA SÍNTESE
De forma resumida, pode-se inferir que tanto as tendências científico-
tecnológicas quanto as socioeconômicas estão sendo desenvolvidas em bases
multidisciplinares. As tendências apontadas em muitos estudos e pesquisas
possuem inter-relações significativas com diversas áreas do conhecimento, cujo
resultado é fruto da interação dos atores envolvidos nesse processo, conforme pode
ser observado na Figura 21.
FIGURA 21 – DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO
Fonte: O autor.
Ainda na Figura 21, pode-se observar que algumas áreas sustentam os
pilares de mudanças para o Setor Têxtil e Confecção, cujo resultado aponta para a
consolidação dos Têxteis e Confecções Inteligentes na indústria. Este fato pode ser
percebido nas pesquisas e iniciativas desenvolvidas na Europa, EUA e Ásia. Quatro
grandes pilares ou eixos de desenvolvimento no Setor Têxtil e Confecção estão
emergindo com base nessa capacidade de cooperação multidisciplinar: (i) têxteis
Multidisciplinariedade
Biotecnologia
Biotecnologia
Ciência dos
Ciência dos
Materiais
Materiais
Nanotecnologia
Nanotecnologia
Telecomunicação
Telecomunicação
Eletroeletrônica
Eletroeletrônica
Têxteis
Têxteis
Ecológicos
Ecológicos
Modelos de Produção
Modelos de Produção
-
-
Empresa em Rede
Empresa em Rede
-
-
e
e
-
-
Têxteis
Têxteis
Têxteis
Têxteis
Multifuncionais
Multifuncionais
Têxteis e Confecções Inteligentes
Sustentabilidade para
Competitividade
MultidisciplinariedadeMultidisciplinariedade
Biotecnologia
Biotecnologia
Ciência dos
Ciência dos
Materiais
Materiais
Nanotecnologia
Nanotecnologia
Telecomunicação
Telecomunicação
Eletroeletrônica
Eletroeletrônica
Têxteis
Têxteis
Ecológicos
Ecológicos
Modelos de Produção
Modelos de Produção
-
-
Empresa em Rede
Empresa em Rede
-
-
e
e
-
-
Têxteis
Têxteis
Têxteis
Têxteis
Multifuncionais
Multifuncionais
Têxteis e Confecções Inteligentes
Sustentabilidade para
Competitividade
Têxteis e Confecções Inteligentes
Sustentabilidade para
Competitividade
Sustentabilidade para
Competitividade
126
multifuncionais; (ii) e-têxteis; (iii) novos modelos de produção – empresa em rede; e,
(iv) têxteis ecológicos.
A Figura 22 sintetiza as tendências socioeconômicas analisadas nos estudos
e pesquisas em nível mundial, cujas bases também estão sendo desenvolvidas de
forma multidisciplinar e corroboram para a consolidação de quatro grandes pilares:
(i) a sociedade do conhecimento; (ii) sociedade flexível e democrática; (iii)
globalização e integração; e, (iv) o homem e o meio ambiente.
FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO
Fonte: O autor.
Partindo do pressuposto de que o futuro é múltiplo e indeterminado, pode-se
afirmar, então, que as tendências apontadas neste capítulo poderão impactar a
indústria Têxtil e Confecção de diferentes maneiras e proporções. O importante do
levantamento das tendências e convergências para o setor é identificar as
oportunidades e ameaças que podem impactar a indústria e fornecer subsídios para
o desenvolvimento de um planejamento estratégico que leve em conta as
possibilidades de futuro para o setor.
Multidisciplinariedade
O Homem e
O Homem e
O Meio Ambiente
O Meio Ambiente
Globalização e
Globalização e
Integração
Integração
Sociedade Flexível
Sociedade Flexível
e Democrática
e Democrática
Sociedade
Sociedade
do Conhecimento
do Conhecimento
Sustentabilidade para
Competitividade
Demografia
Demografia
Direito
Direito
Capital Social
Capital Social
Economia
Economia
Educação
Educação
Política
Política
Organização
Organização
Trabalho
Trabalho
MultidisciplinariedadeMultidisciplinariedade
O Homem e
O Homem e
O Meio Ambiente
O Meio Ambiente
Globalização e
Globalização e
Integração
Integração
Sociedade Flexível
Sociedade Flexível
e Democrática
e Democrática
Sociedade
Sociedade
do Conhecimento
do Conhecimento
Sustentabilidade para
Competitividade
Sustentabilidade para
Competitividade
Demografia
Demografia
Direito
Direito
Capital Social
Capital Social
Economia
Economia
Educação
Educação
Política
Política
Organização
Organização
Trabalho
Trabalho
127
5 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo apresenta a fundamentação metodológica utilizada nesta
pesquisa, cuja estrutura está composta da seguinte forma: inicia-se com a
apresentação das hipóteses de pesquisa; na seqüência, encontram-se os aspectos
metodológicos, com sua classificação, tipologia e técnicas utilizadas; em seguida,
apresenta-se a delimitação de pesquisa; e, por último, a descrição dos passos nela
realizados.
5.1 MÉTODO DE PESQUISA
Esta pesquisa pode ser classificada como sendo uma pesquisa descritiva, na
qual busca-se identificar a contribuição da Prospectiva Estratégica para a tomada de
decisão voltada ao desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais. Segundo
Cervo e Bervian (2002), na pesquisa descritiva procura-se observar, registrar,
analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, trabalhando sobre
dados ou fatos obtidos da própria realidade.
Este tipo de pesquisa pode assumir diversos formatos. Para este trabalho, em
especial, foi utilizado o Estudo de Caso, no qual o objeto em investigação é o Setor
Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p.
67), o estudo de caso “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo
ou comunidade que seja representativo do seu universo”.
Este estudo pode ser considerado, também, uma pesquisa aplicada, pois tem
como característica a busca por soluções concretas para problemas de fins práticos
e reais (CERVO; BERVIAN, 2002). Para Marconi e Lakatos (2002, p. 20), a pesquisa
aplicada “caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam
aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na
realidade”.
Este estudo foi realizado com a utilização de dados primários, coletados junto
a especialistas
29
do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, como, também,
dados secundários extraídos da Internet, documentos públicos (bases de dados:
29
Especialistas, nesta pesquisa, são profissionais com conhecimento e/ou trabalhos no setor em
..
...investigação, cuja contribuição possa ser de grande valia para o estudo. Exemplos de
..
...especialistas: empresários, acadêmicos, pesquisadores e gestores.
128
Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, Sistema de Análise das Informações
de Comércio Exterior – ALICE (Via Internet), Plataforma Lattes, Plataformas
Tecnológicas) e pesquisa bibliográfica. Os dados primários foram obtidos mediante
as seguintes técnicas: (i) entrevista semi-estruturada; (ii) ponderação da matriz de
variáveis; e, (iii) observação assistemática
30
in loco (dinâmica do Painel de
Especialistas). A utilização de múltiplas fontes de pesquisa, segundo YIN (2001),
constitui o principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir
significância a seus resultados. Os dados primários foram coletados em fevereiro de
2007.
Para Güell (2004), o painel tem como objetivo realizar entrevistas em
profundidade com especialistas, para que sejam expostas informações, dados e
opiniões sobre temas pré-estabelecidos. Este método é apropriado para prever
acontecimentos futuros em temas de certa complexidade. Portanto, painel pode ser
definido da seguinte forma:
É um tipo de entrevista que se realiza por meio de uma reunião onde se
conversa informalmente, levando os assuntos desejados, mas de forma
coerente, lógica e organizada. Deve ser preparado um roteiro
antecipadamente, onde constem as perguntas que, inclusive, podem ser
repetidas com enfoques diferentes. (SANTOS, 2003, p. 232).
Para a seleção dos especialistas foi utilizada uma amostra não-probabilística
intencional. Segundo Marconi e Lakatos (2002), este tipo de técnica de amostragem
não faz uso de formas aleatórias de seleção, o que impossibilita a aplicação de
fórmulas estatísticas.
No tratamento dos dados utilizaram-se as seguintes técnicas: (i) seleção
(exame minucioso e crítico dos dados); (ii) codificação (classificação); e, (iii)
tabulação (planilhas eletrônicas e software MICMAC
©
). Para a análise dos dados
utilizaram-se as técnicas de cruzamento de variáveis, interpretação e explicação.
Desta forma, tentou-se partir de dados puros para a construção de informações.
Além disso, as técnicas de indução e dedução nortearam de forma implícita
essa pesquisa. De acordo com Cervo e Bervian (2002), a indução e dedução são
processos que se complementam e que são utilizados para demonstrar a verdade
30
Técnica de observação não estruturada, também denominada espontânea e informal: consiste em
....recolher e registrar os fatos da realidade sem a utilização de meios técnicos especiais ou de
....perguntas diretas (MARCONI e LAKATOS, 2002).
129
das proposições submetidas à análise. Por isso, a indução reforça-se pelos
argumentos dedutivos. Pela indução científica pode ser possível chegar à conclusão
de alguns casos observados a partir da espécie que os compreende e da lei geral
que os rege. Já a técnica da dedução consiste em construir estruturas lógicas por
meio do relacionamento entre antecedentes e conseqüentes, entre premissas e
conclusões.
5.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Para responder ao problema apresentado na seção 1.1 “Problemática”
(página 19) foi utilizado como base um setor industrial relevante para o Estado do
Paraná
31
. Portanto, a delimitação desta pesquisa foi concebida tendo como foco o
Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.
Entretanto, o método utilizado requer algumas extrapolações nessa
delimitação, principalmente, no levantamento dos indicadores do setor, onde
procurou-se realizar uma comparação entre os principais dados do Estado do
Paraná e os demais Estados da Federação. Além disso, foi extrapolado, também, o
estudo sobre as tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o setor,
pois trata-se de temas que não poderiam ser desenvolvidos de forma introspectiva.
São temas de ordem mundial, e o impacto de suas mudanças, certamente, afetará o
setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná e do Brasil.
5.3 A PESQUISA DESCRITIVA: PASSO A PASSO
A abordagem utilizada nesta pesquisa foi baseada e estruturada na
Prospectiva Estratégica. Após a definição do problema, objetivos e delimitação da
pesquisa (setor industrial e sua localização), foram desenvolvidos três estudos com
fases temporais distintas: (i) Passado: diagnóstico e mapeamento do Setor Têxtil e
Confecção no Brasil e no Estado do Paraná; (ii) Futuro: levantamento das
tendências e convergências científico-tecnológicas e socioeconômicas relacionadas
ao Setor Têxtil e Confecção; (iii) Presente: aplicação do método MICMAC
©
(Matriz
31
Segundo o estudo “Setores Portadores de Futuro”, realizado pelo Observatório de Prospecção e
....Difusão de Tecnologias do Senai/PR, sob a tutela da FIEP – Federação das Indústrias do Estado
....do Paraná, o Setor Têxtil e Confecção foi apontado como um setor promissor para o Estado do
....Paraná.
130
de Impactos Cruzados e Multiplicações Aplicadas a uma Classificação) para
identificar as variáveis-chave do Setor Têxtil e Confecção. Um esquema simplificado
da estrutura do método utilizado nesta pesquisa pode ser observado na Figura 23.
FIGURA 23 – ESTRUTURA DA PESQUISA
Fonte: O autor.
5.3.1 A Primeira Fase
A primeira fase da pesquisa foi destinada ao mapeamento das tendências que
poderão impactar o Setor Têxtil e Confecção (revisão de literatura). O estudo foi
estruturado em dois grandes eixos: (i) tendências científico-tecnológicas; e, (ii)
tendências socioeconômicas. O primeiro eixo foi voltado às tendências relacionadas
aos materiais, às aplicações industriais, às tecnologias e aos processos produtivos
relacionados ao setor. No segundo eixo foram identificadas diversas tendências
sociais e econômicas que poderão impactar o setor e a sociedade de um modo
geral. Nesta etapa o estudo foi mais abrangente: procurou-se trazer dados e
informações que poderão refletir no comportamento da sociedade, no mercado, na
economia, no perfil do consumidor.
Estudo
Histórico do
Setor Têxtil
e Confecção
Empresas & Empregados
Exportação & Importação
Competências & IES
PASSADO
Estudo de
Tendências
do Setor
Têxtil e
Confecção
Científico-Tecnológico
Socioeconômico
FUTURO
PRESENTE
Estudo
MICMAC
©
para o Setor
Têxtil e
Confecção
Levantamento das variáveis do sistema
Identificação das variáveis “em jogo”
Identificação e priorização das variáveis-chave
Definição do Problema,
Objetivos e Delimitação
131
Os dados utilizados nesta fase do estudo foram coletados de diversas fontes,
principalmente, da Europa, dos EUA, do Japão, da Coréia do Sul e da China.
Convém destacar as fontes mais significativas (por tipologia), tais como: (i)
plataformas de tecnologias; (ii) institutos de pesquisa; (iii) universidades; (iv)
observatórios tecnológicos; (v) órgãos governamentais; (vi) empresas privadas; (vii)
portais eletrônicos; (viii) teses, dissertações e artigos científicos; (ix) congressos e
conferências; (x) jornais e revistas técnicas e científicas; e, (xi) demais fontes
bibliográficas e documentais.
5.3.2 A Segunda Fase
A segunda fase deste estudo teve como objetivo o diagnóstico e o
mapeamento do Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná.
Procurou-se obter a evolução histórica de certos dados que acredita-se serem
pertinentes para o setor. Para isto, foram utilizadas as seguintes bases de dados:
RAIS: base de dados do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO –
MTE. Nesta base procurou-se identificar dados do setor relacionados ao
número de estabelecimentos industriais, número de empregos, tamanho
das empresas, gênero e grau de instrução dos trabalhadores, etc. Os
dados correspondem ao período de 2001 a 2005.
ALICE: base de dados de responsabilidade da SECRETARIA DO
COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX vinculada ao MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC. Os
dados coletados nesta base foram utilizados para identificar os produtos
exportados e importados pelo Brasil e pelo Estado do Paraná, bem como o
volume de comércio exterior e a evolução da balança comercial do Setor
Têxtil e Confecção. Nesta fase do estudo foram utilizados dados históricos
referentes ao período de 1996 a 2005.
PLATAFORMA LATTES (Base de dados de currículos e instituições das
áreas de ciência e tecnologia): sistema de responsabilidade do
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO – CNPq. Nesta base foram identificados os especialistas e
132
grupos de pesquisa que possuem trabalhos vinculados ao Setor Têxtil e
Confecção do Estado do Paraná. Além disso, foram mapeadas as
INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO – IPD às quais
estão vinculados os grupos de pesquisa. Os dados foram coletados em
dezembro de 2006.
5.3.3 A Terceira Fase
Na última fase da pesquisa, realizou-se a aplicação do método de Matriz de
Impactos Cruzados e Multiplicações Aplicadas a uma Classificação – MICMAC
©
com
foco no Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. A sua aplicação foi
desenvolvida na seguinte ordem: inicialmente foi realizado o levantamento das
variáveis do sistema; na seqüência foram identificadas as variáveis colocadas “em
jogo” no método MICMAC
©
; e, por último, foi realizado o preenchimento da matriz
MICMAC
©
para obter a identificação e priorização das variáveis-chave do sistema.
Cada uma dessas etapas será descrita a seguir.
5.3.3.1 Levantamento das Variáveis do Sistema
Esta etapa do processo MICMAC
©
está relacionada a uma extrapolação das
possíveis variáveis que podem impactar o sistema investigado, no caso, o sistema
compreendido pelo Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Foram
levantadas, da forma mais abrangente possível, as variáveis que poderiam impactar
o setor sem, no entanto, tentar obter de imediato uma classificação ou priorização.
Em outras palavras, foram levantadas as variáveis sem considerar, no momento, o
seu grau de importância ou de relevância para o sistema.
O levantamento das variáveis foi realizado com base no estudo de tendências
para o Setor Têxtil e Confecção (Primeira Fase) e no estudo de mapeamento de
indicadores (Segunda Fase). Além disso, foram utilizados os resultados dos estudos
desenvolvidos no âmbito do “WORKSHOP DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO
PARANÁ” como base para o levantamento das variáveis. Este evento foi realizado
em agosto de 2006 e teve como principais organizadores, importantes atores
envolvidos com a cadeia têxtil e de confecção, como por exemplo, a FEDERAÇÃO
DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ – FIEP, o SERVIÇO BRASILEIRO
DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE, a SECRETARIA DE
133
ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL – SEPL, alguns
representantes de sindicatos e associações do setor e alguns empresários.
Procurou-se utilizar as informações desse estudo porque acredita-se que o mesmo
fornece uma visão bastante crítica e pertinente sobre o setor no Estado.
5.3.3.2 Identificação das Variáveis “em jogo”
Nesta etapa, foram identificadas as variáveis colocadas “em jogo”. As
variáveis escolhidas para serem ponderadas no processo de preenchimento da
Matriz de Impactos Cruzados foram determinadas com o auxílio de dois
pesquisadores com renomada competência no tema
32
.
Os pesquisadores foram escolhidos por meio da classificação obtida no
sistema de busca por competência do Portal Inovação, instrumento de pesquisa
desenvolvido sob a demanda do MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA –
MCT, o qual esta vinculado à base de dados da Plataforma Lattes (CNPq). A
escolha dos pesquisadores obedeceu aos seguintes critérios: (i) ser pesquisador
com trabalhos relacionados ao Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná; (ii)
estar vinculado a uma instituição do Estado; (iii) apresentar uma colocação
significativa na busca boleana, realizada na base de dados da Plataforma Lattes; e,
(iv) estar vinculado à uma instituição e com trabalhos realizados nas regiões de
maior concentração de indústrias do setor. O estudo histórico do Setor Têxtil e
Confecção do Estado do Paraná, realizado na primeira fase desta pesquisa,
contribuiu para determinar os critérios.
Foi desenvolvida uma dinâmica com cerca de oito horas de trabalho com
esses pesquisadores, na qual primeiramente foram apresentadas as tendências
científico-tecnológicas e socioeconômicas para o Setor Têxtil e Confecção (estudo
realizado na primeira fase desta pesquisa). Logo após, foi apresentado o objetivo do
dia, onde esses pesquisadores tiveram que identificar, dentre uma grande
quantidade de dados e informações, cerca de quinze variáveis
33
que foram utilizadas
no método MICMAC
©
. O critério de escolha das variáveis foi baseado na sua
32
Os especialistas foram contratados pelo SENAI-PR para contribuir na definição das variáveis
..
...colocadas “em jogo” pelo método MICMAC
©
. A definição dessas variáveis foi realizada em
..
...fevereiro de 2006 no município de Londrina.
33
Foi determinado esse número de variáveis devido à grande quantidade de cruzamentos que é
..
...preciso fazer no método MICMAC
©
, o que dificultaria a coleta de dados (ver Figura 5, p. 47). O
..
...universo aproximado estava fixado em 70 variáveis.
134
relevância para o setor, tendo como base as tendências apresentadas previamente.
Buscou-se selecionar as variáveis que poderiam impactar de maneira significativa o
setor.
Após a identificação das variáveis, foi realizada uma análise comparativa com
os resultados dos estudos desenvolvidos no âmbito do “WORKSHOP DO SETOR
TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ”, ou seja, procurou-se comparar os
resultados para verificar a verossimilhança das variáveis escolhidas pelos dois
pesquisadores. Na análise comparativa entre os dois estudos foram identificadas
muitas variáveis congruentes, o que validou o levantamento realizado pelos
pesquisadores. No entanto, foram identificadas algumas lacunas que foram
preenchidas com a inclusão de algumas variáveis que acreditou-se serem
importantes para o Setor Têxtil e Confecção do Paraná. No final, identificaram-se
dezesseis variáveis para serem utilizadas no processo de preenchimento da matriz
MICMAC
©
, uma a mais que a perspectiva inicial. Todas as variáveis utilizadas e suas
respectivas descrições podem ser observadas no Apêndice A, p. 237. As dezesseis
variáveis que compõem o sistema a ser investigado podem ser observadas na
Tabela 3.
TABELA 3 – VARIÁVEIS COLOCADAS "EM JOGO"
VARIÁVEL VARIÁVEL (abreviatura)
01 Sociedade
Soc
02 Economia, Política e Comércio Mundial
EcoPolCEx
03 Dinâmica do Mercado
DinMerc
04 Políticas Públicas
PolPub
05 Tecnologia e Novos Materiais
TecNovMat
06 Meio Ambiente
MeioAmbi
07 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva
CoopCadPro
08 Investimento & Financiamento
InvFin
09 Emprego
Emp
10 Educação & Capacitação
EduCap
11 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação
P&D&I
12 Propriedade Industrial
PropInd
13 Cultura Empresarial
CultEmp
14 Marketing, Prospecção e Tendências
MktPTend
15
Design
Des
16 Produção, Qualidade e Produtividade
ProdQualPr
Fonte: O autor.
135
5.3.3.3 Identificação e Priorização das Variáveis-chave
Nesta etapa da pesquisa, foi realizada uma dinâmica para o preenchimento
da matriz MICMAC
©
com especialistas do Setor Têxtil e Confecção, ou seja,
procurou-se reunir pesquisadores, empresários e gestores com conhecimento sobre
o setor no Estado do Paraná. O método escolhido foi Painel de Especialistas
34
.
No Painel de Especialistas foram apresentadas as tendências científico-
tecnológicas e socioeconômicas para posicionar os participantes sobre as mudanças
que poderão afetar o setor em um futuro próximo. Na seqüência, foi apresentada a
dinâmica de preenchimento da matriz MICMAC
©
e a respectiva coleta de dados.
Foram reservadas seis horas para todo o processo do Painel de Especialistas,
sendo, duas horas para apresentação das tendências e quatro horas para o
preenchimento da matriz MICMAC
©
.
A coleta de dados foi conduzida no sentido de procurar questionar, para cada
variável, a sua influência direta sobre as demais variáveis do sistema. Para isso, foi
realizada a seguinte pergunta para o grupo de especialistas: “Existe uma relação de
influência direta entre a variável (i) e a variável (j)?” Os especialistas responderam à
pergunta acima para todas as variáveis, de forma concomitante e obedecendo aos
seguintes critérios: (i) não existe influência = 0; (ii) influência fraca = 1; (iii) influência
média = 2; (iv) influência forte = 3; e, (v) influência potencial = P, “Não existe agora,
mas poderá influenciar no futuro”. (GODET, 2004, p.84).
O preenchimento da matriz MICMAC
©
foi desenvolvido por linha. Por
exemplo, foi ponderada a influência direta da variável número 1 (sociedade) sobre
todas as demais variáveis em coluna do sistema. Desta forma, a coleta seguiu a
seguinte ordem de preenchimento das células da matriz: I
12
; I
13
; I
14
; I
15
; I
16
; I
17
; I
18
; I
19
;
I
110
; I
111
; I
112
; I
113
; I
114
; I
115
; e, I
116
e assim sucessivamente até finalizar todas as linhas
da matriz, onde tem-se I
ij
, para I = Influência direta; i = variável-linha; e, j = variável-
coluna. No Quadro 3, p. 136, está exposta a matriz resumida utilizada nesta
pesquisa.
34
Painel de Especialistas organizado pelo SENAI-PR e realizado em fevereiro de 2006 em Maringá.
136
QUADRO 3 – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Sociedade
Economia, Política e Comércio Mundial
Dinâmica do Mercado
Políticas Públicas
Tecnologia e Novos Materiais
Meio Ambiente
Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva
Investimento & Financiamento
Emprego
Educação & Capacitação
Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação
Propriedade Industrial
Cultura Empresarial
Marketing, Prospecção e Tendências
Design
Produção, Qualidade e Produtividade
Variáveis
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1 Soc 1 X
2
EcoPolCEx
2 X
3
DinMerc
3 X
4
PolPub
4 X
5
TecNovMat
5 X
6
MeioAmbi
6 X
7
CoopCadPro
7 X
8
InvFin
8 X
9
Emp
9 X
10
EduCap
10 X
11
P&D&I
11 X
12
PropInd
12 X
13
CultEmp
13 X
14
MktPTend
14 X
15
Des
15 X
16
ProdQualPr
16 X
Fonte: O autor.
Não existe influência direta de uma variável sobre ela mesma, o que
inviabiliza o preenchimento na célula I
11
. Este fato pode ser observado no modelo da
matriz MICMAC
©
utilizado nesta pesquisa e que está exposto no Quadro 3, (formato
resumido) e no
Apêndice B, p. 239 (formato completo), no qual existe uma diagonal
onde não há nenhuma ponderação.
137
6 SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ: UM ESTUDO DE CASO
Neste estudo foram utilizados dados do MINISTÉRIO DO TRABALHO E
EMPREGO (RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS – RAIS) para levantar
as informações sobre número de estabelecimentos, empregos e demais variáveis
correlatas do setor Têxtil e Confecção. Os dados utilizados correspondem ao
período de 2001 a 2005. Além disso, a pesquisa foi realizada com base na
Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE do IBGE
35
. Foram
utilizadas as divisões 17 e 18 e seus respectivos grupos e classes da CNAE 1.0 (ver
Apêndice C, p. 240). A divisão 17 refere-se ao setor de “Fabricação de Produtos
Têxteis” e a divisão 18 está relacionada ao setor de “Confecção de Artigos do
Vestuário e Acessórios”. Para efeito de simplificação e padronização, a divisão 17
refere-se ao “Setor Têxtil” e a divisão 18 ao “Setor de Confecção”. Portanto, o “Setor
Têxtil e Confecção“ refere-se à consolidação dos dados das divisões 17 e 18.
O mapeamento do Setor Têxtil e do Setor de Confecção no Estado do Paraná
foi desenvolvido em dois níveis: o primeiro refere-se à posição paranaense em
relação ao Brasil e o segundo refere-se exclusivamente ao Paraná, onde foi
priorizado um maior aprofundamento nas peculiaridades do setor no Estado. A
Figura 24 é uma representação de como foi estruturado o mapeamento, além de
demonstrar de forma gráfica os tópicos abordados nessa etapa do estudo.
FIGURA 24 – ESTRUTURA METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO
Fonte: O autor.
35
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Nível Brasil
Nível Paraná
Grupo 17.1
Grupo 17.2
Grupo 17.3
Grupo 17.4
Grupo 17.5
Grupo 17.6
Grupo 17.7
Grupo 18.1
Grupo 18.2
Setor Têxtil e
Confecção
(Divisão 17 e 18)
Setor Têxtil e
Confecção
(Divisão 17 e 18)
Setor de
Confecção
(Divisão 18)
Setor Têxtil
(Divisão 17)
Setor de
Confecção
(Divisão 18)
Setor Têxtil
(Divisão 17)
138
6.1 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO BRASIL
O estudo em nível nacional foi estruturado da seguinte forma: inicialmente
foram organizados os dados e a respectiva análise referente ao Setor Têxtil e
Confecção como um todo (divisões 17 e 18 da CNAE 1.0). Logo em seguida, a
pesquisa foi estrutura para poder analisar isoladamente cada divisão, pois acredita-
se que desta forma é possível verificar a contribuição de cada uma delas.
6.1.1 Setor Têxtil e Confecção no Brasil (Divisões 17 e 18)
Apesar da indústria Têxtil e Confecção estar presente em todos os Estados
brasileiros, existe uma certa concentração no número de estabelecimentos no Brasil,
ou seja, a maior parte das empresas do setor estão localizadas em poucos Estados
brasileiros. A Figura 25 apresenta os Estados mais representativos.
FIGURA 25 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
É possível verificar na Figura 25 a ampla superioridade do Estado de São
Paulo em relação aos demais Estados brasileiros, com aproximadamente 16.000
estabelecimentos em 2005. O Estado do Paraná possui aproximadamente 9% das
empresas industriais do Setor Têxtil e Confecção do Brasil. Juntos, os cinco Estados
de maior representatividade possuem, aproximadamente, 72% das indústrias do
setor.
Dos Estados mais representativos, o Rio Grande do Sul é o que possui a
menor taxa de crescimento no número de estabelecimentos. Em 2001, ele possuía
3.258 indústrias e, ao longo desses cinco anos, passou para 3.341, apresentando
cerca de 2,55% de aumento. Por outro lado, o Estado do Paraná possui a maior taxa
de crescimento entre os Estados de maior representatividade, com
aproximadamente 23,20% de aumento no número de estabelecimentos no período
139
analisado (2001-2005). Esses dados, como também os dados de todos os Estados
brasileiros, podem ser observados na tabela exposta no Apêndice D, p. 241.
Quanto aos empregos do Setor Têxtil e Confecção, pode-se verificar na
Figura 26 que 74% dos vínculos ativos do setor está concentrado em cinco Estados.
Comparando os resultados com a Figura 25, p. 138, percebe-se que a única
alteração na classificação dos Estados mais significativos é a inserção do Estado do
Rio de Janeiro no lugar do Rio Grande do Sul.
FIGURA 26 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
O Estado do Paraná apresenta, no período analisado (2001-2005), a maior
variação positiva no número de empregos entre os Estados mais expressivos, com
aproximadamente, 35,23% de crescimento. O Estado do Rio de Janeiro, apesar de
possuir a quinta representatividade em número de empregos no setor, não
apresenta crescimento expressivo nesse período, com somente 5,64% de aumento.
Em todo o País, houve um aumento de 18,23% no número de empregos no Setor
Têxtil e Confecção, conforme a tabela do
Apêndice E, p. 242.
Quando comparados ambos os setores, Têxtil (divisão 17) e Confecção
(divisão 18), é possível verificar que o Setor de Confecção possui o maior número de
estabelecimentos, cerca de 40.000 em média (ver
Figura 27, p. 140). Além disso, o
Setor de Confecção possui uma curva de crescimento no número de
estabelecimentos mais acentuada do que o Setor Têxtil. A dificuldade do negócio é
um fator que contribui para este comportamento, visto que é mais fácil criar novas
indústrias de confecções do que indústrias têxteis, principalmente porque a
tecnologia, o capital e o conhecimento são fatores relevantes para cada situação e
possuem pesos distintos. A variação do emprego para cada setor pode ser
observada, também, na Figura 27, p. 140. A divisão 17 (Setor Têxtil) possui, nos
cinco anos analisados, uma certa estabilidade no seu comportamento, com leve
140
crescimento no emprego. Por outro lado, a divisão 18 (Setor de Confecção) possui
uma curva de crescimento mais acentuada.
FIGURA 27 – ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS NAS DIVISÕES 17 E 18
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Com relação às exportações e importações do Setor Têxtil e Confecção,
pode-se perceber na Figura 28 que, após a crise da década de 90, as importações
(em dólares) foram superadas pelas exportações somente em 2001. A partir deste
ano, o país exportou mais do que importou com o Setor Têxtil e Confecção. Ainda
nessa figura, é possível verificar que a crise
36
do setor nos anos 90 estendeu-se até
o final da referida década.
FIGURA 28 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO BRASIL
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na Figura 29, p. 141, é possível observar dados da balança comercial do
Setor Têxtil e Confecção. Pode-se verificar, nesta figura, que o crescimento das
exportações nos anos de 2003 a 2005 é bastante expressivo, fato este que
contribuiu para o aumento da balança comercial nesses referidos anos, mesmo com
o avanço das importações no mesmo período.
36
Muitos autores afirmam que o principal fator que culminou com a crise do setor têxtil e confecção
no ..
..Brasil na década de 90 foi o fato da inserção de produtos asiáticos no mercado nacional.
141
FIGURA 29 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A Figura 30 traz o panorama das exportações brasileiras classificadas
segundo a NCM
37
. Foram utilizados os capítulos 50 a 63, ou seja, os capítulos que
compõem a Seção XI da NCM, onde estão classificados os produtos têxteis e
derivados (“Matérias têxteis e suas obras”). No
Apêndice F, p. 243, consta uma lista
detalhada sobre os produtos que compõem cada capítulo.
FIGURA 30 – EXPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Pode-se verificar na Figura 30 que os produtos mais expressivos são aqueles
contidos na NCM 52 (Algodão) e NCM 63
38
(Outros artefatos têxteis confeccionados;
sortidos; artefatos de matérias têxteis; calçados; chapéus e artefatos de uso
semelhante; e, trapos), com destaque para a NCM 52, onde houve um crescimento
considerável nas exportações a partir de 2002.
Por outro lado, os indicadores das importações do Brasil podem ser
verificados na Figura 31, p. 142. Nos últimos anos, as importações mais
37
NCM: Nomenclatura Comum do Mercosul; O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai adotam,
....desde janeiro de 1995, a NCM (Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006a).
38
A NCM 63 contém o setor de calçados, portanto, sua representatividade deve ser desconsiderada,
..
..visto que este é um setor bastante expressivo no Brasil e que pode distorcer os dados.
142
significativas estão relacionadas, respectivamente, com os produtos contidos na
NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais), NCM 55 (Fibras sintéticas ou artificiais,
descontínuas), 52 NCM (Algodão) e NCM 62 (Vestuário e seus acessórios, exceto
malha). Além disso, duas análises devem ser contempladas: a primeira refere-se à
dependência brasileira aos produtos da NCM 54, sempre com níveis elevados de
importação nos anos analisados; e, a segunda refere-se à NCM 52, que no período
teve suas importações reduzidas abruptamente. O país, ao mesmo tempo em que
reduziu as importações dos produtos NCM 52, passou a exportá-los em níveis
elevados, fato que pode ser observado na análise das Figura 31 e Figura 30, p. 141.
FIGURA 31 – IMPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Ainda com relação à NCM 52 (Algodão), pode-se observar, na Figura 32, p.
143, que a projeção das exportações e importações favoreceram uma mudança
significativa na balança comercial dos produtos contidos nesta classificação. Foi em
meados do ano 2001 que a balança comercial destes produtos começou a ficar
positiva. Desde então as exportações superam as importações, favorecendo tal
indicador. Em 2005, por exemplo, as exportações chegaram ao seu auge
concomitantemente com a redução das importações destes produtos, favorecendo
ainda mais a balança comercial.
143
FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES (NCM 52)
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Todos os dados referentes à exportação e à importação do setor têxtil e
derivados estão disponíveis no final deste documento, mais precisamente nos
Apêndice G e H, p. 244-245.
6.1.2 Setor Têxtil no Brasil (Divisão 17)
O setor têxtil do Brasil possui cerca de 10.700 estabelecimentos. Deste total,
aproximadamente 33% estão localizados no Estado de São Paulo. O Paraná
aparece entre os cincos Estados de maior representatividade no número de
estabelecimentos, com 704 indústrias. Os Estados mais expressivos, bem como as
suas respectivas representatividades podem ser observadas na Figura 33.
FIGURA 33 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quanto ao crescimento do número de estabelecimentos no período de 2001 a
2005, os dados apresentam o Estado de Santa Catarina com o melhor indicador,
com cerca de 20% de aumento no número de indústrias no período analisado. O Rio
Grande do Sul (quarto Estado de maior representatividade em 2005) aparece com
esse indicador negativo, ou seja, houve um decréscimo no número de indústrias do
Setor Têxtil nesse período. Os dados completos podem ser verificados no Apêndice
I, p. 246.
144
Quanto ao censo do emprego no Setor Têxtil, São Paulo possui a hegemonia
neste quesito, com 37% dos vínculos ativos do setor (ver Figura 34). O Estado do
Ceará aparece como o quarto Estado mais representativo no número de empregos,
com 5% dos vínculos ativos do setor. Minas Gerais, apesar de possuir o segundo
maior número de estabelecimentos, não possui tal posição no número de empregos.
É de Santa Catarina a segunda maior geração de empregos do Setor Têxtil.
FIGURA 34 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Entre os Estados mais representativos no número de empregos no setor têxtil,
merecem destaque o Estado de Minas Gerais, com crescimento de 10,84% no
período analisado (2001-2005), e o Estado de São Paulo, com 10,74% de aumento
no número de vínculos ativos. É importante destacar que São Paulo possui uma
base de empregos maior, com cerca de 100 mil postos de trabalho contra 50 mil
empregos em Minas Gerais, o que faz o seu percentual ser mais significativo.
Por outro lado, o Estado do Paraná regrediu no número de empregos entre
2001 a 2005, com uma redução dos vínculos ativos no período em 1,66%. Além
disso, pode-se verificar que essa redução vem sendo gradativa ao longo dos anos
analisados. A evolução dos empregos do Setor Têxtil de todos os Estados brasileiros
e o Distrito Federal podem ser observados no Apêndice J, p. 247.
6.1.3 Setor de Confecção no Brasil (Divisão 18)
No setor de confecção do Brasil, a posição do Estado de São Paulo não é
muito diferente do que foi apresentado até então. O número de estabelecimentos de
São Paulo representa, aproximadamente, 29% das indústrias do Setor de Confecção
do país. Os Estados de Minas Gerais e Santa Catarina também aparecem nas
mesmas posições e com representatividades semelhantes em comparação com o
Setor Têxtil (ver Figura 35, p. 145).
145
FIGURA 35 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quando analisada a variação no número de estabelecimentos no período de
2001 a 2005, verifica-se que entre os Estados mais representativos, o Paraná é
aquele que mais se destaca, com aproximadamente 25,62% de aumento no período
analisado. Logo em seguida aparecem os Estados de Santa Catarina e São Paulo,
com cerca de 18% e 10% respectivamente. Os dados desses e dos demais Estados
da Federação estão disponíveis no Apêndice K, p. 248.
Os empregos do Setor de Confecção são muito mais representativos se
comparados com os do Setor Têxtil. Este fato pode ser explicado pela grande
quantidade de mão-de-obra necessária nas confecções brasileiras e ao constante
aumento no nível de automação do parque fabril têxtil nacional, como observados
nos estudos de Gorini e Siqueira, (2002).
No Estado de São Paulo estão localizados cerca de 27% dos vínculos ativos
do Setor de Confecção. O Paraná aparece na quarta colocação com,
aproximadamente, 11% dos empregos. Os cincos Estados mais significativos no
número de empregos do Setor de Confecção podem ser observados na
Figura 36.
FIGURA 36 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Entre os Estados mais representativos no número de empregos, o Paraná é
aquele que obteve o maior crescimento relativo ao período analisado, com cerca de
48% de aumento entre 2001 e 2005. Somente o Estado do Rio de Janeiro obteve um
146
crescimento baixo. Os demais obtiveram aumentos significativos, como por exemplo,
São Paulo (22,59%), Santa Catarina (26,50%), e, Minas Gerais (31,25%). Estes
dados, como também, os dados dos demais Estados brasileiros, podem ser
verificados no Apêndice L, p. 249.
6.2 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ
Nesta etapa do mapeamento, foram analisados os dados da RAIS
(MISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO) para o Paraná, com objetivo de verificar
o número de estabelecimentos, empregos e dados correlatos, bem como os dados
do sistema ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E
COMÉRCIO EXTERIOR), para obter informações sobre importação e exportação, e
a base de dados Lattes (CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO), para identificar a estrutura de pesquisa no Estado.
6.2.1 Setor Têxtil e Confecção no Paraná (Divisões 17 e 18)
O número de estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção (divisões 17 e 18
da CNAE 1.0) no Estado do Paraná foi classificado segundo a Mesorregião
correspondente. Pode-se verificar, na Figura 37, que a Mesorregião Norte Central
detém a maior parte do número de indústrias do Setor Têxtil e Confecção do Estado
do Paraná, com cerca de 42% do total (dados de 2005). Em seguida, aparece a
Mesorregião Noroeste com, aproximadamente, 20% dos estabelecimentos. A
Mesorregião Metropolitana de Curitiba detém 13% das indústrias do setor.
FIGURA 37 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Figura 38, p. 147, traz o mapa dos estabelecimentos do Setor Têxtil e
Confecção do Estado do Paraná. É possível verificar no mapa que existe uma região
147
com pouca participação no setor Têxtil e Confecção: as Mesorregiões Centro Sul,
Sudeste e Centro-Oriental. Por outro lado, as regiões norte e oeste do Estado
possuem uma concentração maior de estabelecimentos.
FIGURA 38 – MAPA DOS ESTABELECIMENTOS DO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Nesse contexto, ao analisar a projeção do número de estabelecimentos no
período de 2001 a 2005 (ver
Figura 37, p. 146), pode-se verificar que a Mesorregião
Metropolitana de Curitiba possui crescimento de certa forma linear, diferentemente
do que ocorre com as Mesorregiões Norte Central e Noroeste, que possuem curvas
de crescimento mais acentuadas. Esse comportamento no crescimento pode ser
observado, também, na Tabela 4, p. 148, com a análise da variação do período.
A Mesorregião Sudeste, por exemplo, obteve durante o período analisado
uma redução no número de estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção (ver
Tabela 4, p. 148). Nesse estágio do mapeamento não é possível a identificação do
setor (Setor Têxtil ou Confecção) realmente responsável por tal redução. Isto vai ser
possível quando for realizado o levantamento dos setores separadamente, conforme
citado no início deste capítulo.
148
TABELA 4 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18)
Período
Nº Mesorregiões
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
Norte Central 1.465 1.548 1.598 1.748 1.866 27,37
2
Noroeste 703 745 786 878 904 28,59
3
Metropolitana de Curitiba 537 555 582 604 582 8,38
4
Oeste 331 349 381 394 408 23,26
5
Sudoeste 195 196 203 203 217 11,28
6
Centro Ocidental 126 128 133 148 153 21,43
7
Norte Pioneiro 113 130 142 160 170 50,44
8
Centro Oriental 81 80 90 77 81 0,00
9
Sudeste 72 77 68 70 67 -6,94
10
Centro-Sul 37 43 54 61 61 64,86
Total 3.660 3.851 4.037 4.343 4.509 23,20
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
Os empregos do Setor Têxtil e Confecção e sua distribuição no Estado do
Paraná podem ser verificados na Figura 39. Percebe-se que na Mesorregião Norte
Central estão localizados cerca de 42% dos empregos do setor no Estado. A
Mesorregião Metropolitana de Curitiba, apesar de aparecer na terceira posição em
número de estabelecimentos (ver também Figura 37, p. 146), detém a quinta
posição em relação aos empregos gerados no setor, com aproximadamente 8% de
representatividade.
FIGURA 39 – REPRESENTATIVIDADE DO EMPREGO NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
O mapa do emprego (Setor Têxtil e Confecção) do Estado do Paraná pode
ser observado na Figura 40, p. 149. Pode-se, novamente, observar regiões com
baixa contribuição no número de empregos no Setor Têxtil e Confecção:
Mesorregiões Sudeste, Centro-Sul e Centro-Oriental. Essas regiões são as mesmas
149
verificadas anteriormente quanto ao número de estabelecimentos (ver Figura 38, p.
147).
FIGURA 40 – MAPA DO EMPREGO NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Na Tabela 5, p. 150, estão todos os dados referentes ao número de
empregos do setor Têxtil e Confecção. Os dados estão classificados por
mesorregião paranaense. Pode-se verificar que a Mesorregião Noroeste possui, no
período analisado, crescimento significativo no número de empregos no Setor Têxtil
e Confecção, com cerca de 63% de aumento.
Por outro lado, a Mesorregião Sudeste, devido à redução no número de
estabelecimentos do setor na região (ver também Tabela 4, p. 148), obteve uma
redução de vínculos ativos em 18,98%. Em 2001, a Mesorregião Metropolitana de
Curitiba possuía a terceira posição no Estado. Como seu crescimento não foi
expressivo, acabou sendo superada, a partir de 2004, pelo desenvolvimento do setor
nas Mesorregiões Oeste e Sudoeste.
150
TABELA 5 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18)
Período
Nº Mesorregiões
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
Norte Central 22.377 25.554 25.155 28.577 29.387 31,33
2
Noroeste 8.095 9.076 9.961 12.023 13.192 62,96
3
Metropolitana de Curitiba 4.941 5.369 5.575 5.703 5.468 10,67
4
Oeste 4.081 4.619 5.330 6.139 5.960 46,04
5
Sudoeste 3.890 4.452 4.805 5.741 5.618 44,42
6
Norte Pioneiro 3.526 3.849 3.999 4.339 4.556 29,21
7
Centro Ocidental 2.150 2.033 1.925 2.477 2.440 13,49
8
Centro Oriental 1.286 1.336 1.443 1.365 1.362 5,91
9
Centro-Sul 325 474 606 778 688 111,69
10
Sudeste 274 219 299 284 222 -18,98
Total 50.945 56.981 59.098 67.426 68.893 35,23
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
Com relação às exportações e importações realizadas pelo Paraná, pode-se
verificar na Figura 41 que a balança comercial do Setor Têxtil e Confecção do
Estado somente ficou positiva, nos últimos dez anos, em 2003, quando superou em,
aproximadamente, quatro milhões de dólares (U$ 66 milhões de produtos
exportados contra U$ 62 milhões em importação). Desde então essa diferença vem
aumentando gradativamente, sendo que em 2005 a balança comercial obteve como
resultado um superávit de, aproximadamente, U$ 49 milhões.
FIGURA 41 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO ESTADO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Os dados sobre a balança comercial (saldo), bem como o período de déficit e
superávit podem ser verificados na Figura 42, p. 151. Nota-se que 1996, 1997 e
2002 foram os anos de pior desempenho do Setor Têxtil e Confecção no Estado do
Paraná. Os dados completos das importações e exportações do Paraná podem ser
observados no final deste documento, mais precisamente no Apêndice M, p. 250, e
no Apêndice N, p. 251.
151
FIGURA 42 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A Figura 43 fornece um panorama mais detalhado das exportações por
família de produtos, ou seja, segundo a classificação da NCM – Nomenclatura
Comum do Mercosul. Essa classificação pode ser observada com mais detalhes no
Apêndice D, p. 241. Pode-se verificar que no Estado do Paraná as exportações dos
produtos contidos na NCM 50 (Seda) vem sendo reduzidas ao longo do período
analisado. Em 1996, as exportações dos produtos contidos na NCM 50
representavam cerca de 73% do total do Estado; em 2005 essa representatividade
caiu para 22%.
FIGURA 43 – EXPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Em outro sentido, as exportações referentes à NCM 56 (Pastas, feltros e
falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria)
obtiveram um crescimento acentuado a partir de 2002, com fechamento em 2005
em, aproximadamente, U$ 48 milhões, representando mais de 50% das exportações
do Setor Têxtil e Confecção no Estado.
A Figura 44, p. 152, traz um comparativo entre a representatividade dos
últimos dez anos de exportações e as exportações de 2005. Pode-se verificar que os
produtos contidos na NCM 56 (Pastas; feltros e falsos tecidos; fios especiais;
152
cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) representou, em 2005,
aproximadamente, 49% da matriz de exportação do Setor Têxtil e Confecção, ou
seja, quase a metade do que o país exporta no setor é representado por esses
produtos.
FIGURA 44 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Ainda na Figura 44, quando analisada a média do período de 1996 a 2005,
percebe-se que os produtos classificados na NCM 50 (Seda) são os mais
significativos na exportação, com cerca de 48% do faturamento.
No caso das importações, até o final dos anos 90 houve uma significativa
redução na comercialização dos produtos contidos na NCM 52 (Algodão) e na NCM
55 (Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas), conforme Figura 45, p. 153. Em
1996, as importações de produtos da NCM 52, por exemplo, representavam cerca
de 65% do total; em 2005 fechou em apenas 2,3% do montante. Por outro lado, a
partir de 1999 houve um crescimento considerável no volume de importações de
produtos contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais), atingindo o pico
em 2002, com U$ 63 milhões. De 2002 a 2005, as importações desses produtos
(NCM 54) vem sendo reduzidas substancialmente, chegando a U$ 13 milhões no
último ano analisado.
153
FIGURA 45 – IMPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A média das importações nos últimos dez anos para todos os produtos da
matriz do Setor Têxtil e Confecção está exposta na
Figura 46, bem como a
representatividade das importações do último ano analisado (2005). Pode-se
verificar que, no Brasil, a importação dos produtos contidos na NCM 54 é
significativa. Além disso, na média são importados cerca de 28% de produtos
derivados da NCM 52, porém eles foram reduzidos gradativamente durante os
últimos anos, sendo que a importação em 2005 representa, aproximadamente, 2%
do montante em dólares.
FIGURA 46 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na seqüência do mapeamento estão os resultados da análise individual de
cada setor, ou seja, em primeiro lugar tem-se o estudo do Setor Têxtil no Paraná
(divisão 17). Em seguida, apresentam-se os resultados para o Setor de Confecção
(divisão 18). Pretende-se, com esta abordagem, obter mais detalhes sobre cada
setor, com a identificação das peculiaridades de cada divisão da CNAE 1.0.
154
6.2.2 Setor Têxtil no Paraná (Divisão 17)
Quando analisado somente o Setor Têxtil, pode-se verificar, na Figura 47, que
a Mesorregião Norte Central continua com uma expressiva representação no
número de estabelecimentos do setor, com cerca de 34% do Estado. A Mesorregião
Metropolitana de Curitiba aparece como a segunda mais expressiva, com
aproximadamente 21% dos estabelecimentos industriais do setor. Porém, nos
últimos anos sua participação vem caindo.
FIGURA 47 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL NO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Tabela 6 traz dados referentes ao número de estabelecimentos das
mesorregiões do Estado do Paraná. Pode-se verificar que, no período analisado
(2001 a 2005), a Mesorregião Norte Central obteve cerca de 28% de aumento no
número de estabelecimentos industriais do Setor Têxtil.
TABELA 6 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)
Período
Nº Mesorregiões
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
Norte Central 194 207 204 226 248 27,84
2
Metropolitana de Curitiba 137 138 164 157 145 5,84
3
Oeste 75 63 68 70 74 -1,33
4
Noroeste 55 51 51 57 67 21,82
5
Sudeste 46 51 45 42 45 -2,17
6
Norte Pioneiro 38 37 40 40 34 -10,53
7
Sudoeste 35 26 25 25 26 -25,71
8
Centro Ocidental 23 23 23 29 32 39,13
9
Centro Oriental 23 24 28 23 23 0,00
10
Centro-Sul 5 9 9 8 10 100,00
Total 631 629 657 677 704 11,57
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
155
Ainda na Tabela 6, p. 154, percebe-se que a mesorregião Metropolitana de
Curitiba aparece com 145 empresas, em 2005, que correspondem a,
aproximadamente, 20% dos estabelecimentos do Estado, e um crescimento de
5,84% no período. Além disso, é possível observar que muitas mesorregiões
obtiveram redução no número de indústrias. A mesorregião Centro Oriental obteve
oscilações nesse período, mas continuou, ao final de 2005, com o mesmo número
de estabelecimentos industriais.
A
Tabela 7 fornece um panorama mais detalhado sobre o número de
estabelecimentos da divisão 17 da CNAE 1.0 (Setor Têxtil), estratificado por grupos
que compõem a matriz de produtos dessa divisão. A divisão 17 é composta por 7
grupos e os dados da tabela são da competência de 2005. Pode-se verificar, na
Tabela 7, que o Grupo 176 da CNAE 1.0 (Fabricação de artefatos têxteis a partir de
tecidos, exclusive vestuário) é o mais representativo quanto ao número de
estabelecimentos, com 288 empresas nesse segmento, que representam cerca de
32% do total do setor. A região mais representativa no Grupo 176 é a Mesorregião
Norte Central, com 95 empresas. Outro segmento do Setor Têxtil relevante no
Estado é o Grupo 177 (Fabricação de tecidos e artigos de malha), com 167
estabelecimentos. A nomenclatura dos grupos da divisão 17 e 18 da CNAE 1.0 está
no Apêndice C, p. 240.
TABELA 7 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17
Estabelecimentos Classificados por Grupos
Mesorregiões
Grupo 171
Grupo 172
Grupo 173
Grupo 174
Grupo 175
Grupo 176
Grupo 177
Total
Norte Central 11 26 9 41 39 95 27 248
Metropolitana de Curitiba 1 7 4 17 16 57 43 145
Oeste 1 3 1 10 6 33 20 74
Noroeste 6 5 2 6 27 17 4 67
Sudeste 0 0 0 0 0 4 41 45
Norte Pioneiro 10 9 2 3 3 3 4 34
Centro Ocidental 12 2 1 5 4 5 3 32
Sudoeste 1 0 0 4 4 4 13 26
Centro Oriental 0 2 1 2 2 7 9 23
Centro-Sul 0 0 2 2 0 3 3 10
Total 42 54 22 90 101 228 167 704
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
156
Quanto ao número de vínculos ativos, pode-se observar, na Figura 48, que a
Mesorregião Norte Central continua bem destacada, com 37% dos empregos do
setor no Estado. No entanto, convém destacar, também, a posição da Mesorregião
Norte Pioneiro, com 12% dos empregos do Setor Têxtil do Paraná, apesar de deter
somente 5% das indústrias do setor, ou seja, 34 empresas (ver também Tabela 6, p.
154).
FIGURA 48 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL NO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A variação do número de empregos pode ser evidenciada na Tabela 8.
Observa-se que em muitas mesorregiões houve redução na mão-de-obra. Estas
reduções ocasionaram um impacto direto no resultado geral do Estado, ou seja, no
Paraná houve uma redução no número de empregos no Setor Têxtil em 1,66% (a
redução está exposta na última linha da tabela).
TABELA 8 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)
Período
Nº Mesorregiões
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
Norte Central 5.128 5.250 4.588 5.155 4.850 -5,42
2
Metropolitana de Curitiba 2.267 2.292 2.353 2.391 2.396 5,69
3
Norte Pioneiro 1.868 1.802 2.010 1.808 1.577 -15,58
4
Oeste 1.090 1.113 1.148 1.203 1.001 -8,17
5
Centro Oriental 1.066 1.107 1.057 1.086 1.054 -1,13
6
Noroeste 715 629 655 764 972 35,94
7
Centro Ocidental 619 435 419 541 539 -12,92
8
Sudeste 189 148 171 176 128 -32,28
9
Sudoeste 148 232 310 311 326 120,27
10
Centro-Sul 17 29 25 30 47 176,47
Total 13.107 13.037 12.736 13.465 12.890 -1,66
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
157
A Mesorregião Norte Central, com sua redução de 5,42%, foi uma das que
mais obtiveram redução no número de empregos, com a diminuição de 278 postos
de trabalho no período de 2001 a 2005 (ver Tabela 8, p. 156). Cabe ressaltar o fato
de que esta mesorregião obteve um crescimento de, aproximadamente, 28% no
número de estabelecimentos industriais (ver também Tabela 6, p. 154). Nesse
contexto, uma das causas que podem estar contribuindo com essa redução de
empregos é o advento da automação industrial, conforme abordado no trabalho de
Gorini e Siqueira (2002).
Na Tabela 9 pode-se verificar a distribuição dos empregos nos grupos que
compõem a Divisão 17 (Setor Têxtil). Como mencionado, anteriormente, a divisão 17
é composta por sete grupos e os dados da tabela são da competência de 2005.
TABELA 9 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17
Empregos Classificados por Grupos
Mesorregiões
Grupo 171
Grupo 172
Grupo 173
Grupo 174
Grupo 175
Grupo 176
Grupo 177
Total
Norte Central 204 1.846 129 803 615 929 324 4.850
Metropolitana de Curitiba 8 212 346 594 224 653 359 2.396
Norte Pioneiro 22 1.431 10 37 43 6 28 1.577
Centro Oriental 0 549 1 327 5 106 66 1.054
Oeste 2 451 1 116 20 252 159 1.001
Noroeste 77 71 58 41 478 236 11 972
Centro Ocidental 113 232 7 18 71 46 52 539
Sudoeste 0 0 0 60 43 157 66 326
Sudeste 0 0 0 0 0 7 121 128
Centro-Sul 0 0 24 1 0 9 13 47
Total 426 4.792 576 1.997 1.499 2.401 1.199 12.890
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Nota-se, na Tabela 9, que o Grupo 172 (Fiação), apesar de não ser tão
significativo no número de estabelecimentos (ver
Tabela 7, p. 155), é o mais
representativo no quesito empregos, com 4.792 vínculos ativos em 2005 ou cerca de
37% do total do setor no Estado do Paraná. Outro grupo em situação semelhante é
o Grupo 174 (fabricação de artefatos têxteis incluindo tecelagem), com 90 indústrias
que empregam 1.997 pessoas. O Grupo 176 (Fabricação de artefatos têxteis a partir
de tecidos, exclusive vestuário), que aparece com o maior número de
estabelecimentos, emprega 2.401 indivíduos. Nos Apêndice O e P, p. 252-253,
contêm os dados completos do setor Têxtil no Paraná por município.
158
A Figura 49 traz um panorama da faixa etária dos indivíduos que trabalham
no Setor Têxtil paranaense, tanto do período do 2001 a 2005, quanto a
representatividade do último ano analisado (2005). Pode-se verificar que os
indivíduos que estão na faixa dos 18 aos 24 anos representam, aproximadamente,
29% da mão-de-obra do setor; em seguida aparecem os indivíduos da faixa de 30
aos 39 anos, com cerca de 28%. Porém, no período analisado, estas duas faixas
etárias aparecem com leve declínio em número de indivíduos. Ao passo que, as
faixas etárias de 40 aos 49 e de 50 aos 64 anos aparecem com leve crescimento
nesse período. Este fato pode estar relacionado com a busca e a manutenção da
mão-de-obra experiente e, não somente, com a recomposição (rejuvenescimento)
dos recursos humanos. Além disso, a demografia mundial aponta para o
envelhecimento da população.
FIGURA 49 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quanto a questão de gênero, a Figura 50, p. 159, traz o panorama do Setor
Têxtil no Estado do Paraná. Pode-se observar que, no período analisado, as
mulheres eram em maior número que os homens. Entretanto, no último ano do
período essa situação se inverteu. Além disso, é possível observar que a distribuição
de homens e mulheres por Mesorregião possui comportamento bastante variado.
Existem mesorregiões com predominância de mão-de-obra masculina, como por
exemplo, as mesorregiões Noroeste, Centro Oriental e Metropolitana de Curitiba. Por
outro lado, há mesorregiões com predominância de mão-de-obra feminina, tais como
as mesorregiões Oeste e Norte Pioneiro.
159
FIGURA 50 – GÊNERO (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Mesorregião Norte Central possui um certo equilíbrio na questão de gênero
da mão-de-obra, inclusive nas oscilações (dispensas e contratações) durante o
período analisado (ver Figura 51).
FIGURA 51 – GÊNERO NA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Quanto ao grau de instrução, pode-se verificar, na Figura 52, p. 160, que os
indivíduos com 2º grau completo representam cerca de 30%, seguidos das pessoas
com 8ª série completa (20%), 2º grau incompleto (17%), e, 8ª série incompleta
(17%). Todos esses dados são referentes a 2005. Porém, quando observadas as
projeções de cada grau de instrução no período analisado, pode-se verificar que o
setor está procurando pessoas mais qualificadas ou exigindo da sua própria mão-de-
obra essa qualificação. Este fato pode ser evidenciado com as constantes reduções
no número de indivíduos com até 8ª série completa, e, por outro lado, o aumento
significativo no número pessoas com 2º grau completo e, menos expressivo, mas
com crescimento constante, na mão-de-obra de nível superior completo e
incompleto.
160
FIGURA 52 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Na Figura 53 pode-se observar as projeções das importações e exportações
do Setor Têxtil do Estado do Paraná. Esse setor passou por um longo período com
resultados negativos na balança comercial. Somente em 2003 o Paraná conseguiu
exportar mais do que importar e, a partir desse ano, as exportações aumentaram
significativamente ao mesmo tempo em que as importações foram reduzidas.
Conseqüentemente, o resultado da balança comercial foi bastante expressivo no
último ano analisado, com um superávit de cerca de 57 milhões de dólares em 2005.
FIGURA 53 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE TÊXTIL
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na Figura 54, p. 161, encontram-se as projeções das importações e
exportações dos produtos que compõem, na sua maioria, a divisão 17 da CNAE 1.0.
O período analisado corresponde os anos de 1996 a 2005. É importante ressaltar
que a base de dados ALICE não trabalha com a classificação CNAE. Portanto,
procurou-se identificar os grupos de produtos correspondentes a essa classificação
para poder-se realizar uma análise específica do Setor Têxtil, e outra do Setor de
Confecção.
161
FIGURA 54 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 17)
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Pode-se observar, na Figura 54, que as importações dos produtos
correspondentes à NCM 52 (Algodão) foram reduzidas gradativamente ao longo do
período analisado. Em contrapartida, nos últimos anos desse período, os produtos
contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais) foram os mais importados
no Estado do Paraná, tendo seu pico (em dólares) em 2002. Por outro lado, as
exportações mais significativas no Paraná correspondem, respectivamente, aos
produtos da NCM 56 e 50 (ver Apêndice D, p. 241). A NCM 50 (Seda) possui uma
curva de tendência negativa, ou seja, está em processo de redução no período
analisado, ao passo que a NCM 56 (Pastas, feltros e falsos tecidos; fios especiais;
cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) está em ascensão.
A Figura 55, p. 162, fornece a representatividade das exportações
correspondentes ao Setor Têxtil do Estado do Paraná. Nela se encontram dois
gráficos: um referente à média de exportações do período analisado (1996 – 2005) e
classificado por grupos de produtos da NCM; e, outro correspondente ao último ano
analisado (2005). Na análise conjunta dos dois gráficos, pode-se observar uma certa
inversão nas proporções das exportações em duas categorias de produtos, a NCM
56 e a NCM 50. Em 2005, o Estado exportou mais produtos da NCM 56 (53%), cuja
média do período nos remete a 25% desses produtos. No sentido contrário, os
produtos da NCM 50 representaram, em 2005, 24% das exportações daquele ano, e
a média do período corresponde a 52%.
162
FIGURA 55 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES DO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Quanto às importações do Estado do Paraná, pode-se verificar, na Figura 56,
que o principal grupo de produtos importados são correspondentes à NCM 54 (33%
na média do período analisado e 43% no último ano). Os produtos da NCM 52 eram
bastante representativos, porém ao longo desse período o Estado do Paraná reduziu
as importações desses produtos e passou a exportá-los em maior volume.
FIGURA 56 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
No Apêndice M, p. 250, e no Apêndice N, p. 251, estão localizados,
respectivamente, os dados referentes às exportações e importação do Paraná.
Todos esses dados se referem ao Setor Têxtil e Confecção e correspondem ao
período de 1996 a 2005.
6.2.3 Setor de Confecção no Paraná (Divisão 18)
No Setor de Confecção, a representatividade da Mesorregião Norte Central
fica ainda mais forte. Com cerca de 42% do número de estabelecimentos em 2005,
a região vem obtendo acréscimos gradativos ao longo do período analisado. Outra
região de destaque é a Mesorregião Noroeste, com aproximadamente 22% dos
163
estabelecimentos do setor no Estado. Estes e os demais dados de todas as
mesorregiões podem ser visualizados na Figura 57.
FIGURA 57 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Mesorregião Sudeste obteve redução no número de estabelecimentos do
Setor de Confecção no período analisado, com cerca de 15%. Além desta, a
Mesorregião Centro Oriental teve variação nominal nula no período, ou seja, obteve
aumentos e reduções no período, mas acabou ficando com o mesmo número de
empresas do início do período analisado. As demais obtiveram aumentos
significativos no número de indústrias de confecção (ver Tabela 10). Em todo o
Estado houve aumento de 25,62% no número de empresas desse setor.
TABELA 10 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)
Período
Nº Mesorregiões
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
Norte Central 1.271 1.341 1.394 1.522 1.618 27,30
2
Noroeste 648 694 735 821 837 29,17
3
Metropolitana de Curitiba 400 417 418 447 437 9,25
4
Oeste 256 286 313 324 334 30,47
5
Sudoeste 160 170 178 178 191 19,38
6
Centro Ocidental 103 105 110 119 121 17,48
7
Norte Pioneiro 75 93 102 120 136 81,33
8
Centro Oriental 58 56 62 54 58 0,00
9
Centro-Sul 32 34 45 53 51 59,38
10
Sudeste 26 26 23 28 22 -15,38
Total 3.029 3.222 3.380 3.666 3.805 25,62
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
Pode-se verificar, na Tabela 11, p. 164, nesta tabela, que o Grupo 181 é o
mais representativo quanto ao número de estabelecimentos do Setor de Confecção,
com 3.414 empresas que correspondem, aproximadamente, a 90% do total no
164
Estado do Paraná. Outro dado que pode ser extraído desta tabela é referente ao
posicionamento de cada mesorregião em relação aos grupos da CNAE. A
Mesorregião Norte Central, por exemplo, se destaca das demais com 1.355
empresas no Grupo 181 e 263 no Grupo 182.
TABELA 11 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18
Estabelecimentos Classificados por Grupos
Mesorregiões
Grupo 181 Grupo 182
Total
Norte Central 1.355 263 1.618
Noroeste 813 24 837
Metropolitana de Curitiba 389 48 437
Oeste 311 23 334
Sudoeste 181 10 191
Norte Pioneiro 126 10 136
Centro Ocidental 112 9 121
Centro Oriental 56 2 58
Centro-Sul 49 2 51
Sudeste 22 0 22
Total 3.414 391 3.805
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Com relação aos vínculos ativos do Setor de Confecção, pode-se verificar, na
Figura 58, que as curvas das Mesorregiões Norte Central e Noroeste demonstram
um crescimento acentuado no número de empregos. A Mesorregião Norte Central
possui, aproximadamente, 45% dos empregos do Setor de Confecção.
FIGURA 58 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
Em todo o Paraná houve um crescimento de, aproximadamente, 48% no
número de empregos do Setor de Confecção (ver
Tabela 12, p. 165). As
mesorregiões que mais contribuíram para esse resultado foram a Norte Central e a
Noroeste, ambas agregaram cerca de 12.000 pessoas nesse período.
165
TABELA 12 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)
Período
Nº Mesorregiões
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
Norte Central 17.249 20.304 20.567 23.422 24.537 42,25
2
Noroeste 7.380 8.447 9.306 11.259 12.220 65,58
3
Sudoeste 3.742 4.220 4.495 5.430 5.292 41,42
4
Oeste 2.991 3.506 4.182 4.936 4.959 65,80
5
Metropolitana de Curitiba 2.674 3.077 3.222 3.312 3.072 14,88
6
Norte Pioneiro 1.658 2.047 1.989 2.531 2.979 79,67
7
Centro Ocidental 1.531 1.598 1.506 1.936 1.901 24,17
8
Centro-Sul 308 445 581 748 641 108,12
9
Centro Oriental 220 229 386 279 308 40,00
10
Sudeste 85 71 128 108 94 10,59
Total 37.838 43.944 46.362 53.961 56.003 48,01
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
O presente estudo engloba, também, um levantamento sobre os grupos que
compõem a divisão 18 da CNAE 1.0 (Setor de Confecção) na questão do emprego.
Os dados completos podem ser observados na Tabela 13. Pode-se notar que a
maior parte dos vínculos ativos do Setor de Confecção no Estado do Paraná está
concentrado no Grupo 181 (Confecção de artigos do vestuário), com 49.241
empregos, que representam, aproximadamente, 88% do total. Desses empregos do
Grupo 181, a Mesorregião Norte Central detém 19.786 vínculos ativos e a
Mesorregião Noroeste possui 11.693 empregos neste setor. Nos Apêndice Q e R, p.
254-255, estão os dados completos do setor de Confecção do Estado por município.
TABELA 13 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18
Empregos Classificados por Grupos
Mesorregiões
Grupo 181 Grupo 182
Total
Norte Central 19.786 4.751 24.537
Noroeste 11.693 527 12.220
Sudoeste 5.191 101 5.292
Oeste 4.657 302 4.959
Metropolitana de Curitiba 2.177 895 3.072
Norte Pioneiro 2.897 82 2.979
Centro Ocidental 1.834 67 1.901
Centro-Sul 640 1 641
Centro Oriental 272 36 308
Sudeste 94 0 94
Total 49.241 6.762 56.003
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Quanto à divisão etária da mão-de-obra do Setor de Confecção, pode-se
verificar, na
Figura 59, p. 166, que o setor possui curvas de tendências crescentes
166
em todas as faixas de idade. Destaque maior pode ser dado à faixa que vai dos 18
aos 24 anos, com cerca de 33% dos vínculos ativos em 2005. É importante
destacar, também, que a faixa que vai de 50 aos 64 anos de idade também possui
crescimento e representa 5% do total dos empregos do Setor de Confecção.
FIGURA 59 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A distribuição por gênero dos empregos do Setor de Confecção está exposta
na Figura 60. Pode-se perceber que as mulheres detêm a maioria dos empregos.
Além disso, no período analisado, os empregos relativos às mulheres formam uma
curva mais significativa em termos de crescimento.
FIGURA 60 – GÊNERO (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
A Figura 60 fornece, também, o panorama dos empregos e gênero, em 2005,
sob o ponto de vista das mesorregiões do Estado do Paraná. Pode-se verificar que
167
em todas as mesorregiões há predominância do gênero feminino. Fato este que
corrobora com as tendências apresentadas por Bloom (2001) e Mulgan (2001).
A Figura 61 fornece um panorama do grau de instrução da mão-de-obra do
Setor de Confecção do Estado do Paraná. Destaque deve ser dado para a
representatividade dos indivíduos com 2º grau completo, cujo percentual relativo
chega a, aproximadamente, 33%, e cuja curva de crescimento resultou, em cinco
anos, na ascensão da quarta colocação em termos de representatividade para a
mais significativa do setor. Este fato vai ao encontro às previsões da OCDE, no qual
afirma que as empresas buscarão incentivar e capacitar seus colaboradores
(ORGANISATION...,2001b).
FIGURA 61 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).
As projeções das importações e exportações referentes ao Setor de
Confecção podem ser visualizadas na
Figura 62. Pode-se observar que somente em
um único ano do período analisado o Estado do Paraná exportou mais do que
importou. Foi em 2003, quando as exportações superaram as importações em cerca
de três milhões de dólares. Nos demais anos, as importações foram muito mais
significativas, o que afetou a balança comercial do setor.
FIGURA 62 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CONFECÇÃO
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
168
Os gráficos da Figura 63 fornecem a visão das importações e exportações do
Setor de Confecção do Paraná. Os produtos são classificados segundo a NCM e
foram identificados aqueles grupos que se aproximassem da classificação da CNAE.
Pode-se observar que os produtos classificados na NCM 62 (Vestuário e seus
acessórios, exceto de malha) representam o maior volume em dólares de
importação no Paraná. No caso das exportações, os produtos da NCM 63
39
eram os
mais exportados até 2002, quando acabaram sendo superados pelos produtos da
NCM 61 (Vestuário e seus acessórios, de malha), que tiveram pico significativo em
2003.
FIGURA 63 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 18)
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
Na Figura 64, p. 169, estão expostas as representatividades das exportações
e importações do Estado do Paraná. Os gráficos foram desenvolvidos segundo a
média do período analisado (1996 – 2005) e de acordo com o resultado do último
ano da referida análise (2005). Nota-se que, nas importações, a proporção relativa à
média do período é bastante semelhante ao resultado do último ano da análise. No
caso das exportações, houve uma redução na representatividade dos produtos da
NCM 61 e aumento da NCM 62.
39
Como na NCM 63 está contido o setor de calçados, sua representatividade deve ser
...
...desconsiderada, visto que este é um setor bastante expressivo no Brasil e que pode distorcer os
...
...dados do Setor Têxtil e Confecção.
169
FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
A seguir encontra-se o levantamento dos especialistas relacionados ao Setor
Têxtil e Confecção, os grupos de Pesquisa do Estado que possuem produção nesta
área, e, as Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento.
6.3 PESQUISA NO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ
Para mapear os especialistas e os grupos de pesquisa nas áreas têxtil e
confecção do Estado do Paraná foi realizada uma investigação na base de dados da
Plataforma Lattes (CNPq), por meio da utilização dos recursos de pesquisa do Portal
Inovação. O Portal é um instrumento do MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
– MCT, cuja realização foi efetivada por meio da parceria entre o CENTRO DE
GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS – CGEE e o INSTITUTO STELA.
A investigação foi realizada pelo método da pesquisa boleana, por meio da
utilização de palavras-chave referentes ao setor têxtil e setor de confecção. Existe
uma dificuldade em analisar os dados oriundos desse tipo de pesquisa, pois são
capturados todos os currículos e grupos de pesquisa do Lattes que contenham a
palavra-chave pesquisada. Portanto, muitos currículos podem não fornecer ou não
condizer com a expectativa ou objeto de pesquisa em questão, como por exemplo,
currículos que possuem as palavras-chave pesquisadas, independentemente do
grau de relacionamento com o tema, ou mesmo pelo duplo significado que as
palavras possam ter, como a palavra “moda” que pode significar moda no sentido de
se vestir e moda como parâmetro estatístico.
Para evitar tais problemas, foi adotada uma estratégia de pesquisa que
fornecesse somente currículos de especialistas e grupos de pesquisa que tivessem
trabalhos na área, ou na pior das hipóteses, dados consolidados com uma margem
de erro reduzida. Portanto, primeiramente foram pesquisadas as seguintes palavras-
170
chave: (i) vestuário; (ii) têxtil; (iii) confecção; e, (iv) moda. Em seguida, foram
realizados cruzamentos para amenizar tal deficiência do sistema. A estratégia de
pesquisa adotada pode ser observada conforme a representação da Figura 65. A
área hachurada indica os especialistas e grupos de pesquisa que têm mais
probabilidade de produzirem pesquisas e conhecimento na área têxtil e confecção.
FIGURA 65 – ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA NA BASE LATTES
Fonte: O autor.
Nos próximos tópicos serão apresentados os dados referentes aos
especialistas e grupos de pesquisa identificados no Paraná, resultado do
cruzamento adotado na estratégia de investigação, conforme
Figura 65.
6.3.1 Especialistas
Os especialistas foram elencados conforme sua localização geográfica. Os
dados completos referentes ao Estado do Paraná podem ser observados na
Tabela
14, p. 171,. De acordo com os dados desta tabela, o município de Londrina aparece
em destaque com 18 especialistas ou 25,71% dos pesquisadores com trabalhos na
área têxtil e confecção do Estado do Paraná. Em seguida aparecem as cidades de
Curitiba e Maringá, com quatorze especialistas cada uma, que representam em cada
cidade 20% dos pesquisadores do Estado. Nesses três municípios citados
anteriormente estão localizados aproximadamente 66% dos especialistas na área
têxtil e confecção do Estado do Paraná. Os demais pesquisadores estão distribuídos
V = Vestuário
T = Têxtil
C = Confecção
M = Moda
Legenda
171
em doze municípios do Estado. Ainda foram identificados três especialistas que não
se encaixaram no perfil pesquisado.
TABELA 14 – LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
Município Especialistas (E) Representatividade (R)
Londrina 18 25,71%
Curitiba 14 20,00%
Maringá 14 20,00%
Ponta Grossa 5 7,14%
Dois Vizinhos 3 4,29%
Toledo 3 4,29%
Cianorte 2 2,86%
Outros Municípios com apenas 1 especialista 8 11,42%
Não Fornecido / Não se aplica 3 4,29%
Total no Estado do Paraná 70 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Porém, em termos regionais, foram agrupados os resultados individuais de
cada município em suas respectivas mesorregiões. A mesorregião Norte Central se
destaca, com aproximadamente 48% dos especialistas que possuem trabalhos na
área têxtil e confecção ou 34 pesquisadores. Em seguida aparece a mesorregião
Metropolitana de Curitiba, com quatorze pesquisadores que representam 20% dos
especialistas do Paraná.
Tem-se, na Figura 66, p. 172, o mapa do Estado do Paraná com a distribuição
dos especialistas conforme a sua mesorregião. Percebe-se que a estratégia de
pesquisa adotada não identificou nenhum especialista nas mesorregiões Norte
Pioneiro e Centro-Sul. Além disso, as mesorregiões Sudeste e Centro Ocidental
aparecem com apenas um e dois pesquisadores, respectivamente, demonstrando
que há uma certa concentração de especialistas em determinadas regiões do
Estado, como por exemplo, nas mesorregiões Norte Central e Metropolitana de
Curitiba. Como registro, é importante salientar que não foi possível identificar a
localização de três pesquisadores.
172
FIGURA 66 – MAPA DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Quanto à formação dos especialistas identificados na pesquisa, pode-se
verificar, na Tabela 15, que dos 70 pesquisadores, aproximadamente 34% possuem
a titulação de doutor. Em nível de mestrado, há 25 especialistas que representam
35,71%. Entretanto, houve um caso onde não foi possível identificar a titulação do
especialista.
TABELA 15 – TITULAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ
Titulação Máxima Especialistas Representatividade
Doutores 24 34,29%
Mestres 25 35,71%
Especialistas 14 20,00%
Graduados 6 8,57%
Não Fornecido / Não se aplica 1 1,43%
Total no Estado do Paraná 70 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
A Tabela 16, p. 173, traz os dados da formação dos especialistas
classificados conforme a localização geográfica do pesquisador. Pode-se verificar
que a mesorregião Norte Central possui, pelo menos em termos de título,
qualificação bastante superior às demais regiões do Estado do Paraná. Dos 34
especialistas que trabalham na região, doze são doutores, quinze são mestres e seis
173
são especialistas. Além disso, o especialista o qual não foi possível identificar a
titulação pertence à mesorregião Norte Central.
TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL POR TITULAÇÃO
Formação
Mesorregião
DR MSC ESP GR NF/NA Total
Norte Central 12 15 6 0 1 34
Metropolitana de Curitiba 6 4 2 2 0 14
Centro-Oriental 4 0 1 0 0 5
Sudoeste 0 1 2 2 0 5
Noroeste 0 1 1 1 0 3
Oeste 1 1 1 0 0 3
Centro-Ocidental 0 1 1 0 0 2
Sudeste 1 0 0 0 0 1
Centro-Sul 0 0 0 0 0 0
Norte Pioneiro 0 0 0 0 0 0
NF/NA - - - - - 3
Total no Estado do Paraná 24 23 14 5 1 70
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Legenda: DR: Doutores; MSC: Mestres; ESP: Especialistas; GR: Graduados; NF: Não Fornece.
6.3.2 Grupos de Pesquisa
Os grupos de pesquisa que possuem trabalhos na área têxtil estão
localizados em apenas quatro municípios, como pode ser observado na Tabela 17.
Em todo o Estado há 17 grupos que foram identificados pelo cruzamento realizado
por meio da estratégia de pesquisa. A cidade de Ponta Grossa possui a maior
representatividade, com oito grupos de pesquisa, o que corresponde,
aproximadamente, 47% do total. Os municípios de Curitiba e Maringá aparecem logo
em seguida, com quatro e três grupos, respectivamente.
TABELA 17 – GRUPOS DE PESQUISA
Município Grupos de Pesquisa Representatividade
Ponta Grossa 8 47,06%
Curitiba 4 23,53%
Maringá 3 17,65%
Londrina 2 11,76%
Total no Estado do Paraná 17 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Quando classificados os grupos de pesquisa por região do Paraná, pode-se
perceber, na
Tabela 18, p. 174, que a mesorregião Centro-Oriental se destaca das
demais com oito grupos ou 47,06% da representatividade no Estado. Este fato é
devido à contribuição do município de Ponta Grossa. Por outro lado, existem sete
174
mesorregiões que não possuem grupos de pesquisa. São elas: Centro-Ocidental,
Centro sul, Noroeste, Norte Pioneiro, Oeste, Sudeste e Sudoeste.
TABELA 18 – GRUPOS DE PESQUISA POR MESORREGIÃO
Mesorregião Grupos de Pesquisa Representatividade
Centro-Oriental 8 47,06%
Norte Central 5 29,41%
Metropolitana de Curitiba 4 23,53%
Centro-Ocidental 0 0,00%
Centro-Sul 0 0,00%
Noroeste 0 0,00%
Norte Pioneiro 0 0,00%
Oeste 0 0,00%
Sudeste 0 0,00%
Sudoeste 0 0,00%
Total no Estado do Paraná 17 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
A mesorregião Norte Central, que vinha se destacando até então nos
indicadores deste estudo, principalmente no número de empresas, empregos e
especialistas, aparece, neste quesito, com apenas cinco grupos de pesquisa ou
aproximadamente 30% do total dos grupos do Estado do Paraná. Em seguida
aparece a mesorregião Metropolitana de Curitiba, com quatro grupos de pesquisa.
Em todo o Estado foram identificados 17 grupos de pesquisa que possuem trabalhos
na área Têxtil e Confecção (ver Tabela 18).
A Tabela 19 traz as áreas nos quais os grupos de pesquisa atuam. Pode-se
verificar que há oito grupos de pesquisa que pertencem à área de engenharia de
produção (sete no município de Ponta Grossa – UTFPR e um na cidade de Maringá
– UEM). A área de engenharia de produção corresponde a 47,06% dos grupos de
pesquisa no Estado. Os demais grupos são das áreas de administração, desenho
industrial, economia, antropologia e comunicação.
TABELA 19 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA
Área de P&D Grupos de Pesquisa Representatividade
Engenharia de Produção 8 47,06%
Administração 3 17,65%
Desenho Industrial 2 11,76%
Economia 2 11,76%
Antropologia 1 5,88%
Comunicação 1 5,88%
Total no Estado do Paraná 17 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
175
6.3.3 Instituições de Pesquisa
Na Tabela 20 estão elencadas as instituições as quais os grupos de pesquisa
estão filiados. Destaque deve ser dado para a Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – UTFPR, com oito grupos no Estado do Paraná. A Universidade Estadual
de Maringá – UEM e a Universidade Estadual de Londrina – UEL aparecem com três
e dois grupos de pesquisa, respectivamente. Dentre as universidades que possuem
grupos de pesquisa, duas delas são organizações de responsabilidade do Governo
Federal (UTFPR e UFPR), três são instituições do Governo do Estado (UEM, UEL e
UEPG), e duas são particulares (PUC-PR e UTP).
TABELA 20 – INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (IPD)
IPD Grupos de Pesquisa Representatividade
UTFPR 8 47,06%
UEM 3 17,65%
UEL 2 11,76%
PUC-PR 1 5,88%
UEPG 1 5,88%
UFPR 1 5,88%
UTP 1 5,88%
Total no Estado do Paraná 17 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Devido às instituições de ensino e pesquisa possuírem diversas sedes no
Estado, foi realizado um cruzamento dos grupos de pesquisa em relação à sua
localização, conforme dados da
Tabela 21. Percebe-se que há somente uma
instituição que possui grupos de pesquisa em mais de uma sede, a UTFPR, com
sete grupos em Ponta Grossa (engenharia de produção) e um em Curitiba
(antropologia).
TABELA 21 – LOCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE P&D
IPD Município Grupos de Pesquisa Representatividade
UTFPR Ponta Grossa 7 41,18%
UEM Maringá 3 17,65%
UEL Londrina 2 11,76%
PUC-PR Curitiba 1 5,88%
UEPG Ponta Grossa 1 5,88%
UFPR Curitiba 1 5,88%
UTFPR Curitiba 1 5,88%
UTP Curitiba 1 5,88%
Total no Estado do Paraná 17 100,00%
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
176
A Figura 67 apresenta um mapa da distribuição dos grupos de pesquisa e das
instituições as quais eles estão filiados. A mesorregião Centro-Oriental, mais
precisamente a cidade de Ponta Grossa, possui a Universidade Tecnológica Federal
do Paraná (UTFPR), com sete grupos de pesquisa, e a Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG), com um grupo. A mesorregião Metropolitana de Curitiba é
onde os grupos estão mais dispersos, ou seja, apenas um grupo em cada instituição
– Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
FIGURA 67 – MAPA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO PARANÁ
Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).
Outro dado importante se refere a distribuição da pesquisa e da competência
técnica do Setor Têxtil e Confecção no Estado do Paraná. Nesse sentido, existe uma
rota que vai desde a mesorregião Metropolitana de Curitiba, passa pela Centro-
Oriental e termina na mesorregião Norte-Central. Nessa “Rota Tecnológica” ou
“Corredor da Pesquisa Têxtil e Confecção” estão todos os grupos de pesquisas que
possuem trabalhos na área, com aproximadamente 75% dos especialistas do Estado
do Paraná. Este fato pode ser observado na Figura 67.
177
6.4 O “ARCO” TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE
O Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná está, de certa forma,
concentrado nas seguintes mesorregiões: (i) Norte-Central; (ii) Noroeste; (iii) Oeste;
e, (iv) Sudoeste. Essas mesorregiões possuem os indicadores mais expressivos do
Estado, com aproximadamente 75% dos estabelecimentos e empregos do setor,
como pode ser observado na Figura 68.
FIGURA 68 – ARCO TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE
Fonte: O autor.
O Corredor Têxtil e Confecção demonstra que as instituições de ensino e
pesquisa relacionadas ao setor não coincidem com as regiões de concentração de
indústrias do Estado do Paraná (Arco Têxtil e Confecção). No entanto, a única área
em comum entre o Corredor e o Arco Têxtil e Confecção é a Mesorregião Norte
Central, justamente aquela que mais se destaca no Estado, com cerca de 43% dos
empregos e indústrias do setor. Este fato corrobora com a teoria de desenvolvimento
regional de Boisier (1996), a qual afirma que a promoção do desenvolvimento
regional organizado se faz, também, pela interação das instituições e dos atores
envolvidos no processo.
75%
1
2
3
1) Norte-Central
2) Noroeste
3) Oeste
4
)
Sudoeste
Legenda
4
178
Além disso, é na região do “Arco Têxtil e Confecção” que estão localizados os
seguintes Arranjos Produtivos Locais – APLs: (i) APL de confecção de Cianorte; (ii)
APL de confecção de Maringá; (iii) APL de confecção de Londrina (mais
embrionário); (iv) APL de bonés de Apucarana; (v) APL de moda bebê de Terra
Roxa; (vi) APL de moda social masculina da região Sudeste. Outro APL importante
do Estado que, porém, não está localizado nas mesorregiões descritas
anteriormente, é o APL de malhas de Imbituva (mesorregião Sudeste).
Percebe-se, também, que o “Arco Têxtil e Confecção” encontra-se localizado
em uma área de intensa concentração industrial, segundo os estudos de Domingues
e Ruiz (2006). Este fato pode ser resgatado no capítulo dois, mais precisamente na
ilustração do mapa do Brasil exposto na Figura 2, p. 27.
Na seqüência deste capítulo, encontra-se o estudo realizado pelo método
Matriz de Impactos Cruzados e Multiplicação Aplicada a uma Classificação –
MICMAC
©
, o qual propõe-se a identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e
Confecção do Estado do Paraná. Mais informações sobre os procedimentos
metodológicos desta etapa podem ser resgatadas no capítulo cinco (Aspectos
Metodológicos), mais precisamente no tópico 5.3.3, p. 132.
6.5 O MÉTODO MICMAC
©
: ANÁLISES E DISCUSSÕES
Em fevereiro de 2007, no município de Maringá, foi realizada a dinâmica para
a obtenção dos dados de entrada para o método MICMAC
©
. O Quadro 4, p. 179,
traz a Matriz de Influência Direta – MID, a qual foi desenvolvida com o apoio do
grupo de especialistas
40
. Nesse quadro estão todas as dezesseis variáveis que
foram colocadas “em jogo” com as respectivas ponderações utilizadas no processo
de interação entre as variáveis.
40
Perfil dos especialistas: gestores, pesquisadores, empresários do Estado do Paraná que podem
....contribuir com o Setor Têxtil e Confecção.
179
QUADRO 4 – MATRIZ DE INFLUÊNCIA DIRETA (MID)
1 : Soc
2 : EcoPolCEx
3 : DinMerc
4 : PolPub
5 : TecNovMat
6 : MeioAmbi
7 : CoopCadPro
8 : InvFin
9 : Emp
10 : EduCap
11 : P&D&I
12 : PropInd
13 : CultEmp
14 : MktPTend
15 : Des
16 : ProdQualPr
1 : Soc
2 : EcoPolCEx
3 : DinMerc
4 : PolPub
5 : TecNovMat
6 : MeioAmbi
7 : CoopCadPro
8 : InvFin
9 : Emp
10 : EduCap
11 : P&D&I
12 : PropInd
13 : CultEmp
14 : MktPTend
15 : Des
16 : ProdQualPr
0233232131101222
3032312131111112
2202312131112223
2230112232111101
2221021233322223
2212201111111111
1222220222212213
2221322032211113
3222112203112213
3223332230323223
2221321233032233
1221211112201222
2222223223220223
2221211222321022
1121321122332303
2222322233322330
© LIPSOR-EPITA-MICMAC
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
A matriz MID permite colocar as variáveis em um plano de influência e
dependência para posicioná-las segundo o grau de motricidade que elas exercem no
sistema
41
investigado. O referido plano pode ser observado na Figura 69.
41
O sistema tratado nesta pesquisa refere-se às dezesseis variáveis colocadas “em jogo” no método
..
..MICMAC, as quais possuem relação com o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.
180
FIGURA 69 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Na seqüência encontra-se a análise do plano de influência e dependência
extraído do software MICMAC
©
, com a explicação do posicionamento das variáveis e
suas interpretações.
6.6 A LEITURA DO PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA
A primeira análise que se pode fazer com base neste plano deve ser realizada
por meio da classificação dos quadrantes segundo o grau de influência e
dependência entre as variáveis. Desta forma, podem ser desenvolvidas leituras mais
detalhadas dos grupos de variáveis que possuem comportamentos semelhantes no
sistema. A classificação proposta pode ser verificada no plano da
Figura 70, p. 181.
Com a determinação da classificação, a primeira etapa é eliminar as variáveis
pouco importantes para o sistema. Neste ponto, em especial, é importante uma
ressalva: o método MICMAC
©
busca priorizar as variáveis, portanto, o fato de excluir
181
algumas variáveis não significa que elas não sejam importantes para o sistema. No
momento que essas variáveis são colocadas “em jogo”, parte-se da premissa de que
todas elas são significativas para o setor Têxtil e Confecção, porém o método ajuda
a identificar as variáveis-chave, que serão primeiro trabalhadas.
FIGURA 70 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Nesse sentido, o método MICMAC
©
apontou três variáveis a serem excluídas
do sistema, localizadas no quadrante 4, a saber: (i) meio-ambiente; (ii) políticas
públicas; e, (iii) propriedade industrial. Do ponto de vista estratégico e considerando
a dinâmica empresarial, pode-se observar certa pertinência na exclusão destas
variáveis. As empresas não têm domínio sobre as “políticas públicas” e sobre o
“meio ambiente”. Essas variáveis dependem mais do coletivo do que de uma ação
isolada. Parte-se da premissa de que os esforços devem ser canalizados para as
variáveis as quais as empresas têm maior domínio.
Variáveis de
Entrada
Variáveis de
Interde
p
endência
Variáveis de
Resultado
Variáveis
Excluídas
Variáveis de
Pelotão
1
2
3
4
5
182
Para priorização pode-se excluir a variável meio ambiente, apesar de a
mesma ter sido apontada como uma tendência forte para o futuro em diversos
estudos prospectivos (ORGANISATION..., 1999; INSTITUTO SUPERIOR..., 2005;
INSTITUTO TECNOLÓGICO, 2004c; THE EUROPEAN..., 2006; ROOSEN, 2006).
Este fato faz desta uma variável que precisa ser revista em um futuro próximo.
O posicionamento da variável “políticas públicas” no quadrante de exclusão
(quadrante 4 da Figura 70, p. 181) pode ser explicado pela descrença dos
empresários e gestores com relação à efetividade dessas políticas no Brasil. Uma
possível reflexão que se pode extrair deste fato é a de que as empresas do setor
Têxtil e Confecção não podem esperar que políticas dessa natureza resolvam ou
revertam a atual conjuntura
42
na qual se encontra o setor no Brasil. No Painel de
Especialistas percebeu-se a existência de um certo consenso de que é preciso
desenvolver ações de dentro para fora do setor, e não ficar esperando que políticas
públicas resolvam a atual crise. Depende mais da postura de cada ator e do seu
poder de articulação do que de decisões vindas de cima.
Com relação à variável “propriedade industrial”, ela foi descartada porque
ainda não existe um sistema efetivo de pesquisa e desenvolvimento no Setor Têxtil e
Confecção no Estado do Paraná, cujo resultado gere inovações passíveis de
proteção do direito da propriedade industrial, o que de fato torna impertinente essa
variável no momento.
Após a exclusão das variáveis descritas anteriormente, para efeito de análise
são colocadas em espera um grupo de variáveis que possuem uma posição um
pouco ambígua no sistema, localizadas no quadrante 5 da
Figura 70, p. 181. A
leitura dessas variáveis requer um pouco mais de análise, principalmente quando
identificados os comportamentos indiretos de cada uma no sistema. Essas variáveis
são denominadas de “variáveis de pelotão”, e podem ser assim enumeradas: (i)
investimento e financiamento; (ii) design; (iii) cooperação e organização da cadeia
produtiva; (iv) marketing, prospecção e tendências; (v) economia, política e comércio
mundial; e, (vi) sociedade.
42
Muitos pesquisadores e empresários afirmam que o setor têxtil e de confecção estão passando por
....dificuldades devido à concorrência asiática. Existe uma defasagem tecnológica muito grande, o
que ....gera uma redução na capacidade competitiva das empresas paranaenses.
183
Na seqüência, as “variáveis de entrada” são aquelas que possuem um
comportamento muito influente e pouco dependente no sistema (ver quadrante 1 da
Figura 70, p. 181). São variáveis que influenciam muito as demais, principalmente,
aquelas variáveis localizadas no quadrante de resultado. Além disso, as variáveis de
entrada não são muito influenciadas pelas demais variáveis do sistema. No jogo de
influência, essas variáveis possuem comportamento menos dependente do que as
demais. As variáveis que foram posicionadas no quadrante 1 e que assumem tais
características são: (i) cultura empresarial; e, (ii) pesquisa, desenvolvimento e
inovação (P&D&I).
Dentre as duas variáveis que compõem o quadrante 1 (Figura 70, p. 181), a
“cultura empresarial” é menos dependente do sistema do que a variável “P&D&I”.
Porém, ambas são variáveis mais independentes, explicativas e que condicionam o
resto do sistema. Por exemplo, qualquer ação que for desenvolvida no âmbito da
cultura empresarial pode influenciar ou desencadear outras ações ou conseqüências
nas demais variáveis do sistema, tanto positivas quanto negativamente. A mesma
análise pode ser estendida para a variável P&D&I. Por exemplo, se for preciso
desenvolver melhorias nas variáveis “tecnologia e novos materiais” e “produção,
qualidade e produtividade”, será necessário, também, desenvolver ações em P&D&I.
Mais adiante serão analisadas graficamente as relações diretas e indiretas entre
variáveis, com seus respectivos graus de ponderação, o que facilitará a leitura e a
identificação de como elas se relacionam.
Seguindo a análise do plano de influência e dependência, no quadrante 2 da
Figura 70, p. 181, também denominado como quadrante das variáveis de
interdependência ou “de ligação”, estão localizadas as variáveis que são,
concomitantemente, muito influentes e muito dependentes do sistema, por isso
possuem comportamentos instáveis. Assim, qualquer ação sobre elas terá
repercussão sobre as demais variáveis do sistema e um efeito regresso para elas
mesmas. Elas são chamadas, também, de variáveis “de ligação” porque, em muitos
casos, é nesse quadrante que se encontram as variáveis que fazem a ponte entre as
variáveis de entrada (muito influentes) e as variáveis de resultado (muito
dependentes). É nesse quadrante que encontram-se os desafios do sistema. As
variáveis interdependentes são: (i) educação e capacitação; (ii) produção, qualidade
e produtividade; e, (iii) tecnologia e novos materiais.
184
Em outras palavras, o método MICMAC
©
aponta que os desafios do sistema
investigado (Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná) estão relacionados
fortemente com a variável “educação e capacitação” e, um pouco menos, mas nem
por isso menos significativo, com as variáveis “produção, qualidade e produtividade”
e “tecnologia e novos materiais”.
Por último, o plano de influência e dependência aponta duas variáveis, a
“dinâmica do mercado” e o “emprego”, como sendo variáveis de resultado (ver
quadrante 3 da
Figura 70, p. 181). Geralmente, a evolução destas variáveis (de
resultado) pode ser explicada pelo comportamento das variáveis dos quadrantes 1 e
2. Por exemplo, mudanças nas variáveis do quadrante 1 (cultura empresarial; e,
P&D&I) podem refletir e influenciar as variáveis interdependentes (educação e
capacitação; produção, qualidade e produtividade; e, tecnologia e novos materiais)
que, conseqüentemente, afetarão o desempenho das variáveis de resultado
(dinâmica do mercado; e, emprego). O método MICMAC
©
parte do pressuposto de
que o âmbito empresarial é sistêmico, complexo e com sucessivas interações. É
nesse sentido que o método ganha em praticidade, quando atribui-se a ele a
capacidade de análise de um sistema relativamente complexo.
6.7 AS RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS
Na Tabela 22, p. 185, encontram-se todos os indicadores de influência e
dependência entre as variáveis analisadas para o setor. Destaque para as
extremidades, como a variável “educação e capacitação”, com indicador de
influência igual a 38, sendo a variável que mais influencia as demais. Em outras
palavras, qualquer modificação no seu interior afetará as outras variáveis do
sistema. Por outro lado, a variável “meio ambiente” é aquela que menos influencia o
sistema e, concomitantemente, possui uma dependência baixa do mesmo.
Ainda na Tabela 22, p. 185, a variável menos dependente é a “propriedade
industrial” (23), ou seja, ela não depende das demais para existir. No lado oposto, as
variáveis “emprego” e “produção, qualidade e produtividade” são as que mais
dependem das demais (37 cada uma), ou seja, qualquer ação desenvolvida nas
outras variáveis do sistema influenciará essas duas variáveis. Porém, a variável
“produção, qualidade e produtividade” possui, também, uma forte influência (36), o
que faz dela uma variável de interdependência.
185
TABELA 22 – INDICADOR DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA
Variável
Indicador de
Influência
Indicador de
Dependência
01 Sociedade 28 30
02 Economia, Política e Comércio Mundial 26 29
03 Dinâmica do Mercado 28 32
04 Políticas Públicas 23 26
05 Tecnologia e Novos Materiais 32 35
06 Meio Ambiente 19 26
07 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva 28 25
08 Investimento & Financiamento 28 24
09 Emprego 28 37
10 Educação & Capacitação 38 31
11 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação 34 29
12 Propriedade Industrial 23 23
13 Cultura Empresarial 33 24
14 Marketing, Prospecção e Tendências 27 28
15 Design 30 25
16 Produção, Qualidade e Produtividade 36 37
Total 461 461
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
O gráfico da Figura 71 fornece um esboço mais detalhado do grau de
influência e dependência entre as variáveis. Nele é possível verificar as variáveis
mais influentes e aquelas mais dependentes das demais. Além disso, é possível
observar o grau de complexidade do sistema, cujo problema está centrado em
apenas dezesseis variáveis que se inter-relacionam umas com as outras de maneira
sistêmica. A linha que representa a influência entre as variáveis possuem cores e
espessuras diferentes conforme a intensidade de interação entre as variáveis, a
saber: (i) influência muito fraca (linha preta tracejada); (ii) influência fraca (linha preta
contínua); (iii) influência média (linha azul fina); (iv) influência relativamente
importante (linha azul grossa); e, (v) influência muito importante (linha vermelha).
186
FIGURA 71 – GRÁFICO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Foram colocadas somente dezesseis variáveis “em jogo” pelo método
MICMAC
©
. Para essas dezesseis variáveis os respondentes do Painel de
Especialistas tiveram que responder a 240 questões, o que de fato torna o processo
de coleta de dados bastante trabalhoso e lento.
6.7.1 As Variáveis Influentes
É possível extrair algumas análises do gráfico acima (Figura 71) ao associá-lo
com a matriz MID (Quadro 4, p. 179). O resultado está exposto na Figura 72, p. 187,
a qual apresenta as variáveis com o maior número de influência significativa no
sistema, bem como a identificação de quais são as variáveis que sofrem o maior
impacto das possíveis modificações na estrutura do sistema.
Influência muito fraca;
Influência fraca;
Influência média;
Influência relativamente importante; e,
Influência muito importante.
187
FIGURA 72 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (INFLUENTES)
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
A variável “educação e capacitação” possui uma influência forte nas seguintes
variáveis: (i) sociedade; (ii) políticas públicas; (iii) tecnologia e novos materiais; (iv)
meio ambiente; (v) emprego; (vi) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (vii) cultura
empresarial; e, (viii) produção, qualidade e produtividade. Portanto, qualquer
modificação estrutural na variável “educação e capacitação”, com foco no setor Têxtil
e Confecção, poderá influenciar diretamente as variáveis acima enumeradas. O
mesmo raciocínio construído para a variável “educação e capacitação” pode ser
desenvolvido para todas as demais variáveis aqui analisadas.
A variável “produção, qualidade e produtividade” influencia significativamente
as seguintes variáveis: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) educação e
capacitação; (iv) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (v) marketing, prospecção e
tendências; e, (vi) design. Nessa correlação não há nenhuma surpresa, pois são
temas que possuem estreita relação entre si.
A variável “cultura empresarial” influencia fortemente as variáveis: (i)
cooperação e organização da cadeia produtiva; (ii) educação e capacitação; e, (iii)
Influência muito fraca;
Influência fraca;
Influência média;
Influência relativamente importante; e,
Influência muito importante.
Influência
188
produção, qualidade e produtividade. Porém, a “cultura empresarial” influencia de
maneira relativamente significativa outras variáveis importantes no sistema, como
por exemplo, “pesquisa, desenvolvimento e inovação”; “tecnologias e novos
materiais”; e, “design”.
“Tecnologia e novos materiais” é outra variável importante e que influencia
fortemente as seguintes variáveis do sistema: (i) emprego; (ii) educação e
capacitação; (iii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (iv) produção, qualidade
e produtividade. O impacto dessa variável no emprego do setor é muito pertinente,
pois se trata de novas tecnologias e novos materiais que estão sendo aplicados com
sucesso pelos principais concorrentes mundiais, como China, Índia, Coréia do Sul,
Japão, Europa e EUA (debatido no capítulo 4 sobre tendências do setor). Este fato
pode influenciar de maneira negativa no Estado do Paraná e no Brasil, caso
nenhuma ação efetiva com relação ao desenvolvimento de novas tecnologias e
novos materiais ou mesmo relacionada à melhoria da capacitação setorial seja
implementada, tanto por parte do empresário quanto dos colaboradores. As outras
variáveis influenciadas pela “tecnologia e novos materiais” são bastante evidentes,
pois trata-se de temas correlatos.
A variável “tecnologia, desenvolvimento e inovação” influencia fortemente as
variáveis: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) educação e capacitação;
(iv) propriedade industrial; (v) design; e, (vi) produção, qualidade e produtividade.
Nessa relação apontada acima, também merece destaque o impacto das possíveis
mudanças na “tecnologia, desenvolvimento e inovação” no emprego do setor Têxtil e
Confecção, tanto positiva quanto negativamente.
6.7.2 As Variáveis Dependentes
Até o momento foram analisadas as variáveis mais influentes do sistema, no
entanto, é importante buscar entender as relações de dependência entre elas para
poder identificar aquelas que sofrerão mais com as possíveis oscilações das
variáveis. A Figura 73 traz o gráfico de influência e dependência que foi gerado pelo
método MICMAC
©
, no qual foram circundadas (em amarelo) as variáveis mais
dependentes do sistema investigado.
189
FIGURA 73 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (DEPENDENTES)
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Pode-se perceber, com a análise conjunta dos gráficos da Figura 72 e da
Figura 73 que existem variáveis que possuem ao mesmo tempo comportamento
influente e dependente no sistema. Esse fato pode ser melhor observado na
Figura
74, na qual procurou-se posicionar as variáveis com relação à capacidade de
influenciar e de ser influenciada (dependência).
FIGURA 74 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS
Fonte: O autor.
Influência muito fraca;
Influência fraca;
Influência média;
Influência relativamente importante; e,
Influência muito importante.
Dependência
EduCap
ProdQualPr
DinMerc
Emp
TecNovMat
P&D&I
CultEmp
INFLUÊNCIA DEPENDÊNCIA
190
Quando tem-se variáveis que assumem, ao mesmo tempo, posicionamentos
influentes e dependentes, é indicativo de que o sistema é instável
43
. Este fato não
inviabiliza este estudo, pelo contrário, demonstra que é preciso investigar com mais
detalhe esse sistema, pois trata-se de variáveis significativas, com comportamentos
expressivos no sistema, e que merecem reflexões detalhadas. Em casos de
sistemas estáveis, existe claramente uma divisão entre as variáveis influentes e
dependentes, o que os tornam mais simples e facilita a análise.
Nesse contexto, pode-se identificar duas variáveis com maior dependência do
sistema, respectivamente, “dinâmica do mercado” e “emprego”. No entanto, tem-se
mais três variáveis com menor grau de significância em termos de dependência do
sistema, mas que ainda assim merecem ser mencionadas, a saber: (i) produção,
qualidade e produtividade; (ii) tecnologia e novos materiais; e, (iii) educação e
capacitação. Essas três últimas variáveis possuem características de concomitância
no sistema, ou seja, são ao mesmo tempo dependentes e influentes. Por exemplo, a
variável “educação e capacitação” é mais influente do que dependente no sistema,
porém sua dependência é importante, pois se trata de uma variável significativa para
o setor e sua dependência está relacionada com variáveis influentes do sistema,
aquelas localizadas nos quadrantes um e dois do plano de influencia e dependência.
Portanto, para evitar o descarte dessa variável e a negligência de informações
importantes para o setor, preferiu-se considerá-la como uma variável de vigilância
(“em espera”).
As relações fortes de dependência da variável “emprego” podem ser assim
enumeradas: (i) sociedade; (ii) economia, política e comércio mundial; (iii) dinâmica
do mercado; (iv) políticas públicas; (v) tecnologia e novos materiais; (vi) investimento
e financiamento; (vii) educação e capacitação; (viii) pesquisa, desenvolvimento e
inovação; e, (ix) produção, qualidade e produtividade. Pode-se perceber que, das
quinze interações de dependência fortes que a variável “emprego” poderia ter, nove
delas foram confirmadas, o que faz dela uma variável de resultado, ou seja, qualquer
impacto negativo ou positivo no sistema de variáveis poderá refletir no emprego do
Setor Têxtil e Confecção.
A variável “produção, qualidade e produtividade” possui dependência forte
das seguintes variáveis: (i) dinâmica do mercado; (ii) tecnologia e novos materiais;
43
A leitura de sistemas estáveis pode ser verificada na teoria apresentada na Figura 12, p. 54.
191
(iii) cooperação e organização da cadeia produtiva; (iv) investimento e
financiamento; (v) emprego; (vi) educação e capacitação; (vii) pesquisa,
desenvolvimento e inovação; (viii) cultura empresarial; e, (ix) design. A variável
“produção, qualidade e produtividade” também possui dependência forte de nove
variáveis do sistema, como evidenciado anteriormente com a variável “emprego”. É
importante destacar que grande parte das variáveis que impactam fortemente a
“produção, qualidade e produtividade” podem ser trabalhadas de forma efetiva e com
ações pontuais demandadas pelo setor Têxtil e Confecção, pois se tratam de
variáveis internas, que possuem uma dimensão menor (micro-variáveis), por
exemplo, ações que visem melhorias em design, educação e capacitação, o
emprego de novas tecnologias e novos materiais no processo de produção, etc.
A variável “tecnologia e novos materiais” possui dependência forte ou é
influenciada pelas seguintes variáveis: (i) economia, política e comércio mundial; (ii)
dinâmica do mercado; (iii) investimento e financiamento; (iv) educação e
capacitação; (v) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (vi) design; e, (vii) produção,
qualidade e produtividade. Nota-se que algumas variáveis apontadas acima
possuem um escopo mais macro, o que torna mais difícil influenciá-las e fomentá-las
para que ações sejam desenvolvidas sob o controle e o atendimento das
necessidade do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Em outras palavras,
são macro-variáveis que impactam na variável “tecnologia e novos materiais” de
modo que não existe controle, por exemplo, sobre a variável “economia, política e
comércio mundial”. Por outro lado, dentre as variáveis que influenciam fortemente a
variável “tecnologia e novos materiais”, existem micro-variáveis que podem ser
trabalhadas no sentido de influenciá-la positivamente, como por exemplo,
investimento e financiamento, com desenvolvimento de ações voltadas ao fomento
de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovações voltadas a novas tecnologias
e novos materiais para o setor, como, também, as variáveis “educação e
capacitação”, “design” e “produção, qualidade e produtividade”.
A variável “dinâmica do mercado” possui dependência forte das seguintes
variáveis: (i) sociedade; (ii) economia, política e comércio mundial; e, (iii) políticas
públicas. Pode-se perceber que as dependências fortes da variável “dinâmica do
mercado” são basicamente macro-variáveis, de difícil controle e ação. Além disso, a
192
“dinâmica do mercado” possui uma dependência relativamente importante das
demais variáveis do sistema, exceto a variável “meio ambiente”.
E, por último, a variável “educação e capacitação” possui dependência forte
das seguintes variáveis do sistema investigado: (i) tecnologia e novos materiais; (ii)
emprego; (iii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (iv) cultura empresarial; e, (v)
produção, qualidade e produtividade. É interessante evidenciar a relação de
dependência forte que a variável “educação e capacitação” tem com a “cultura
empresarial”.
6.8 AS RELAÇÕES INDIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS
Identificar as relações diretas entre duas ou mais variáveis não se apresenta
como elemento complexo. No entanto, as relações indiretas que possam existir entre
elas começam a ficar mais complexas à medida que as interações vão se
estendendo ao longo da cadeia de influência e dependência.
Essas interações formam uma rede de relações, com vias, fluxos, nós e
retroação. Porém, o método MICMAC
©
permite evidenciar essas relações e extrair
delas algumas informações importantes para a tomada de decisão. Para encontrar
as relações indiretas, são realizadas multiplicações sucessivas da matriz MID, do
tipo MID
n
, até que a mesma entre em um processo de estabilidade. No caso
investigado, a estabilidade foi atingida com duas multiplicações sucessivas,
conforme apresentado na
Tabela 23.
TABELA 23 – ESTABILIDADE DA MATRIZ MID
Interação (multiplicações) Influência Dependência
1 86% 94%
2 100% 100%
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Após a estabilização da Matriz MII, pode-se extrair dela o plano de influência
e dependência indireta, conforme exposto na Figura 75, p. 193. Observa-se, nesse
plano, que não houve modificações significativas se comparado com o plano de
influência e dependência direta. Este fato é uma característica de sistemas instáveis,
nos quais as relações indiretas não ficam evidenciadas de forma clara e expressiva
no plano, porém elas existem e devem ser consideradas.
193
FIGURA 75 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA INDIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Para resolver o problema de identificação das relações indiretas, é preciso
analisar o gráfico de influência e dependência (ver gráfico exposto na
Figura 76, p.
194) em conjunto com a matriz MII (ver matriz exposta no Apêndice S, p. 256).
Desta forma, fica mais simples a obtenção da classificação do comportamento
indireto das variáveis analisadas.
A influência indireta mais significativa do sistema refere-se à variável
“educação e capacitação”. Além de possuir uma influência direta forte no sistema,
essa variável possui um desempenho indireto expressivo nas demais variáveis. Em
outras palavras, ações desenvolvidas no âmbito da educação e capacitação voltadas
ao Setor Têxtil e Confecção poderão desencadear, indiretamente, mudanças nas
demais variáveis. Dentre as variáveis mais influenciadas indiretamente pela
“educação e capacitação”, destaque deve ser dado às variáveis “produção,
qualidade e produtividade” e “emprego”.
194
FIGURA 76 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDIRETAS
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Os reflexos diretos da ação da variável “educação e capacitação” no emprego
do Setor Têxtil e Confecção são mais evidentes, pois a lógica remete ao pressuposto
de que uma melhor qualificação da mão-de-obra, por exemplo, poderá melhorar a
colocação desses trabalhadores no mercado. Porém, as relações indiretas também
fomentam essa situação, já que as ações em educação e capacitação poderão
resultar em: (i) mais pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor; (ii) novas
aplicações tecnológicas e no uso de novos materiais; (iii) mais capacitação para as
lideranças empresariais, o que impacta na variável cultura empresarial; e, (iv)
melhorias no desempenho da produção, qualidade e produtividade das indústrias do
setor. As variáveis mais significativas que impactam indiretamente, por meio da
“educação e capacitação”, na variável “emprego” podem ser assim enumeradas: (i)
produção, qualidade e produtividade; (ii) tecnologia e novos materiais; (iii) cultura
empresarial; (iv) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (v) design. Um esquema
das relações indiretas discutidas anteriormente está representado na
Figura 77.
Influência muito fraca;
Influência fraca;
Influência média;
Influência relativamente importante; e,
Influência muito importante.
Dependência
Influência
195
FIGURA 77 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 1
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
A mesma lógica pode ser desenvolvida para a relação indireta que existe
entre as variáveis “educação e capacitação” e “produção, qualidade e produtividade”.
Nesse sentido, a variável “educação e capacitação” influencia indiretamente a
“produção, qualidade e produtividade” com ações e reflexos nas seguintes variáveis:
(i) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (ii) cultura empresarial; (iii) tecnologia e
novos materiais; e, (iv) design. A representação dessas relações indiretas descritas
anteriormente está exposta na Figura 78, p. 196.
Influência
Direta
Influência
Indireta
Legenda
Emprego
Tecnologia
e Novos Materiais
Cultura
Empresarial
Pesquisa,
Desenvolvimento
e Inovação
Design
Produção,
Qualidade e
Produtividade
Educação
&
Capacita
ç
ão
196
FIGURA 78 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 2
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
E, por último, percebe-se, na Figura 79, p. 197, que a variável “educação e
capacitação” influencia indiretamente a variável ‘tecnologia e novos materiais” por
meio da “pesquisa, desenvolvimento e inovação”, “cultura empresarial” e
“produtividade, qualidade e produtividade”. A cadeia de relacionamento é bastante
lógica, pois não existe o desenvolvimento de tecnologia e novos materiais sem
pesquisa e inovação, cuja a origem tem sua base em um sistema de educação e
capacitação bem fundamentado. Além disso, a educação e capacitação permite
desenvolver na mente do empresariado (cultura empresarial) a evidência de certas
tendências que apontam para a necessidade e, conseqüentemente, a inserção de
novas tecnologias e novos materiais na indústria paranaense.
Pesquisa,
Desenvolvimento
e Inovação
Cultura
Empresarial
Tecnologia
e Novos
Materiais
Design
Educação
&
Capacitação
Produção,
Qualidade e
Produtividade
Influência
Direta
Influência
Indireta
Legenda
197
FIGURA 79 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 3
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
A questão do desenvolvimento de uma cultura empresarial pró-ativa, que seja
consciente da dinâmica do mercado, que saiba assumir riscos controlados, e com
coragem para inovar e mudar o statu quo quando necessário é, de certa forma, um
debate antigo e polêmico que sempre teve grande repercussão. Existem muitos
discursos sobre essa temática que apontam a dificuldade do empresariado brasileiro
em lidar com questões como pesquisa, tecnologia, inovação, exportação, qualidade,
design.
Nesse contexto, o estudo das variáveis que impactam a “cultura empresarial”
destaca a importância da “educação e capacitação” como variável propulsora para o
desenvolvimento de uma cultura pró-ativa dos empresários do Setor Têxtil e
Confecção. O estudo desenvolvido pelo método MICMAC
©
apresenta a “educação e
capacitação” como a variável que mais influencia a “cultura empresarial”, tanto direta
quanto indiretamente. O gráfico da
Figura 80, p. 198, confirma essa afirmação e
apresenta as relações das variáveis mais representativas do sistema com a “cultura
empresarial”. Pode-se notar que a única variável que influencia diretamente essa
variável é a “educação e capacitação”.
Assumindo o pressuposto de que a promoção do desenvolvimento regional
organizado se deve também à questão cultural, como observado por Boisier (1996),
percebe-se, nos resultados desta pesquisa, que a Cultura Empresarial possui um
papel importante no Setor Têxtil e Confecção do Paraná, pois é uma variável-chave
Pesquisa,
Desenvolvimento
e Inovação
Cultura
Empresarial
Produção,
Qualidade e
Produtividade
Educação
&
Capacitação
Tecnologia
e Novos
Materiais
Influência
Direta
Influência
Indireta
Legenda
198
e que possui forte relação com a variável Educação e Capacitação. Em outras
palavras, é pela Educação e Capacitação dos empresários do setor que é possível
direcionar a Cultura Empresarial no sentido de aproveitar as oportunidades
vislumbradas nos estudos de tendências, o que de fato poderá contribuir para a
promoção do desenvolvimento regional organizado, indicado por Boisier (1996).
FIGURA 80 – INFLUÊNCIA DIRETA NA CULTURA EMPRESARIAL
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Além disso, a variável “educação e capacitação” sofre o impacto indireto dela
mesma, ou seja, no momento que ela influencia outras variáveis e, deste fato
surgem mudanças e modificações no sistema, a variável “educação e capacitação”
tende a se adequar a essas mudanças. Por exemplo, ela pode impactar no
desenvolvimento de pesquisas e inovações que poderão gerar conhecimento,
tecnologia e novos materiais que, por sua vez, poderão ser utilizados como base de
informações que serão desenvolvidas e aplicadas em sistemas de educação e
capacitação de empresários e colaboradores do Setor Têxtil e Confecção, em um
processo de retroação.
Influência muito fraca;
Influência fraca;
Influência média;
Influência relativamente importante; e,
Influência muito importante.
199
6.9 MOBILIDADE DAS RELAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS
O método MICMAC
©
também fornece informações sobre a mobilidade das
variáveis considerando suas respectivas classificações de influência direta e indireta,
ou seja, ele identifica as alterações de posicionamento entre o sistema de variáveis
formado pela matriz MID (Matriz Influência Direta) e o sistema constituído pela
matriz MII (Matriz de Influência Indireta). Na Figura 81 apresenta-se a classificação
das variáveis por grau de influência no sistema. Pode-se observar que a variável
“sociedade” é a sétima variável com mais influência direta. No entanto, seu
posicionamento cai bastante quando identificados os cruzamentos indiretos,
passando, então, para a 12ª posição.
FIGURA 81 – CLASSIFICAÇÃO POR INFLUÊNCIA: DIRETA / INDIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
No sentido contrário, as variáveis “emprego” e “investimento e financiamento”
são aquelas que tiveram o melhor desempenho de posicionamento, passando,
respectivamente, de 11º para 7º lugar e de 10º para 8º lugar. Os dados completos
relativos à mobilidade das variáveis podem ser observados na Figura 81. A
vantagem desse tipo de análise é, por exemplo, a possibilidade de verificação do
posicionamento e importância das variáveis, para evitar que sejam eliminadas
aquelas que, a priori, apresentam, na classificação direta, um posicionamento
mediano ou baixo, mas que indiretamente é significativo para o sistema. No sistema
200
investigado, a variável “investimento e financiamento” possui uma posição baixa nas
relações diretas, porém mediana quando analisadas às influências indiretas, o que
faz dela uma variável que no mínimo deve ser monitorada.
A mesma análise realizada acima pode ser desenvolvida para as relações de
dependência entre as variáveis. A Figura 82 contém a classificação por dependência
direta e indireta entre as variáveis. A variável discutida anteriormente (“investimento
e financiamento”) apresenta, segundo esta análise, uma dependência menor do
sistema quando cruzados o posicionamento direto e indireto. Este fato demonstra
que além de ser, de certa forma, influente no sistema, não depende dele para existir
e influenciar as demais variáveis.
FIGURA 82 – CLASSIFICAÇÃO POR DEPENDÊNCIA: DIRETA / INDIRETA
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
A partir dessas constatações, é possível construir um plano de influência e
dependência com os deslocamentos diretos / indiretos das variáveis. A Figura 83, p.
201, contém esse plano com os respectivos deslocamentos. Pode-se observar que a
variável “sociedade”, comentada anteriormente, desloca-se para o quadrante de
resultado, o que significa que alterações nas variáveis do sistema, principalmente
aquelas contidas nos quadrantes de entrada (independente) e de ligação
(interdependente), causarão impactos nessa variável. Este fato é bastante lógico,
pois trata-se de uma variável de resultado e que possui comportamento semelhante
à variável “emprego”, cujo posicionamento também se encontra nesse quadrante.
201
A variável “investimento e financiamento”, também comentada anteriormente,
apresenta uma tendência de se afirmar como variável de entrada (independente),
principalmente por ser pouco dependente. Esse mesmo comportamento é observado
pela variável “design”, porém, sua dependência do sistema aparece como mediana.
FIGURA 83 – PLANO DE DESLOCAMENTO DAS VARIÁVEIS
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Tendo como base o plano de influência e dependência da Figura 70, p. 181, e
o plano de deslocamento das variáveis apresentada na
Figura 83, pode-se realizar a
leitura das variáveis segundo a interpretação de Ténière-Buchot
44
, cujos resultados
estão expostos no Quadro 5, p. 202, com suas respectivas explicações e
significados para os grupos de variáveis do sistema. Esse pesquisador parte do
pressuposto de que cada região do plano de influência e dependência possui
44
O modelo de interpretação das variáveis desenvolvido pelo francês Ténière-Buchot (1989) e citado
..
..por Michel Godet (2004) está apresentado na Figura 13, p. 56, e no Quadro 1, p. 56.
202
conceitos intrínsecos, no qual as variáveis possam ser classificadas segundo alguns
critérios pré-definidos. Procurou-se categorizar as variáveis segundo a classificação
de influência direta. Porém, as variáveis de “pelotão”, cujo significado ainda é
confuso, foram dispostas segundo a tendência de deslocamento direto / indireto.
QUADRO 5 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DE TÉNIÈRE-BUCHOT
Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4
Influência
Elevada
Dependência
Elevada
Próximo da
Origem
Distante da
Primeira Bissetriz
Entrada Saída Sem importância Retransmissões
Hipóteses
Resultados,
Objetivos
Discursos Desafios
Forças Fraquezas Falso problema
Ameaças,
Oportunidades
Passado Futuro Momento Presente
Interpretações
Ténière-Buchot
Legitimidade Julgamento Comunicação Ação
Variáveis com posicionamento definido segundo sua influência direta
Cultura Empresarial;
P&D&I;
Design;
Emprego;
Dinâmica de Mercado;
Meio Ambiente;
Propriedade
Industrial;
Políticas Públicas;
Educação e
Capacitação;
Produção, Qualidade
e Produtividade;
Tecnologia e Novos
Materiais;
Variáveis com posicionamento indefinido (“Em espera” – “Pelotão”)
Variáveis do Sistema Investigado
Setor Têxtil e Confecção
Investimento e
Financiamento;
Cooperação e
Organização da
Cadeia de Produção;
Economia, Política e
Comércio Mundial;
Sociedade; Marketing,
Prospecção e
Tendências;
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Para Ténière-Buchot, o posicionamento das variáveis no plano de
influência/dependência pode revelar algumas interpretações “padrões”, conforme
demonstrado no Quadro 5. Por exemplo, a variável “Políticas Públicas” é classificada
como um “falso problema”, o que pode ser explicado pelo descrédito desse tipo de
ação no âmbito empresarial.
Além disso, a variável “políticas públicas” pode ser classificada como uma
variável de “discurso”, “comunicação” e “momento”, o que de fato pode ser
observado pela grande quantidade de retórica que permeia esse tema no Brasil,
203
onde as promessas são intensas e os debates acalorados, cujos resultados, em
muitos casos, não são satisfatórios e efetivos. Portanto, o desenvolvimento dessas
políticas no Brasil a faz tornar uma variável “sem importância” para o sistema
investigado, ou seja, no caso da necessidade de focar algumas ações, “Políticas
Públicas” não seria a solução recomendada.
A variável “Educação e Capacitação”, segundo o modelo de interpretação de
Ténière-Buchot, possui características de retransmissão, ou seja, ações das demais
variáveis poderão por intermédio dela, influenciar o sistema de variáveis. Esse é um
comportamento típico das variáveis distantes da primeira bissetriz (situação 4). Além
disso, essas variáveis podem ser interpretadas como sendo os desafios do sistema,
ou seja, é onde residem as oportunidades e ameaças que poderão impactar no
conjunto de variáveis analisadas. A “Educação e Capacitação” é uma variável de
ação, cujo resultado poderá desencadear diversas outras ações no sistema, por isso
pode ser classificada como uma variável de “Retransmissão”.
6.10 AS VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA
Muitas variáveis influenciam umas às outras, o que pode ser explicado pelo
comportamento sistêmico que existe entre elas. O sistema de variáveis pode ser
composto por vários subsistemas interligados, muitas vezes, de maneira indireta e
com comportamentos de retroação (feedback). O Quadro 6, p. 204, contém as
variáveis-chave do sistema investigado (Setor Têxtil e Confecção), com suas
respectivas classificações tipológicas e as variáveis que elas influenciam fortemente,
direta e indiretamente. A identificação das variáveis-chave foi definida com base no
posicionamento das mesmas no quadrante de entrada (variáveis independentes ou
explicativas) e no quadrante de interdependência (variáveis de ligação).
Dentre as variáveis-chave, algumas possuem relações significativas no
sistema e, além disso, possuem ligações fortes com as demais variáveis-chave
identificadas pelo método MICMAC
©
. Nesse contexto, a variável que pode ser
considerada o eixo de motricidade do sistema é a “educação e capacitação”, com
fortes ligações do tipo anéis de retroação
45
(feedback) com as demais variáveis-
45
Na Figura 8, p. 51, é possível observar o esquema demonstrativo sobre anéis de retroação.
204
chave do sistema, que por sua vez, já são consideradas significativas. Um esquema
que demonstra essas relações pode ser observado na Figura 84.
QUADRO 6 – VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA
Tipo de
Variável
Variável-chave
Variáveis Influenciadas Fortemente pela
Variável-chave
Independente ou
Explicativa
Cultura
Empresarial
Cooperação e organização da cadeia produtiva;
Educação e capacitação; e,
Produção, qualidade e produtividade.
Independente ou
Explicativa
Pesquisa,
Desenvolvimento
e Inovação
Design;
Educação e capacitação;
Emprego;
Produção, qualidade e produtividade
Propriedade industrial; e,
Tecnologia e novos materiais.
Interdependente
ou de Ligação
“Desafios do
Sistema”
Educação
e
Capacitação
Cultura empresarial;
Emprego;
Meio ambiente;
Pesquisa, desenvolvimento e inovação;
Políticas públicas;
Produção, qualidade e produtividade.
Sociedade;
Tecnologia e novos materiais; e,
Design.
Interdependente
ou de Ligação
“Desafios do
Sistema”
Produção,
Qualidade e
Produtividade
Design.
Educação e capacitação;
Emprego;
Marketing, prospecção e tendências;
Pesquisa, desenvolvimento e inovação; e,
Tecnologia e novos materiais.
Interdependente
ou de Ligação
“Desafios do
Sistema”
Tecnologia e
Novos materiais
Educação e capacitação;
Emprego;
Pesquisa, desenvolvimento e inovação; e,
Produção, qualidade e produtividade.
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
Em outras palavras, ações desenvolvidas para a área de educação e
capacitação do Setor Têxtil e Confecção poderão desencadear várias outras ações
nas demais variáveis-chave do sistema, como por exemplo, modificação na estrutura
da cultura empresarial do setor (programas de educação e capacitação voltados à
liderança empresarial), ou melhorias na produção, qualidade e produtividade
(programas de educação e capacitação voltados aos colaboradores).
205
FIGURA 84 – VARIÁVEL MOTRIZ: EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
A retroação funciona da seguinte forma: as ações promovidas em educação e
capacitação, por exemplo, poderão desencadear novas demandas por parte das
variáveis “cultura empresarial” e “produção, qualidade e produtividade”, ou seja,
essas duas variáveis poderão exigir do subsistema de educação e capacitação
novas demandas para o setor, como a necessidade de pesquisa, desenvolvimento e
inovação, o que de fato influenciaria a variável “educação e capacitação”. Esse
processo tende a ficar mais complexo à medida que se colocam mais variáveis na
análise. Daí a importância de priorizá-las e entender as suas inter-relações para que
seja possível focar as ações, o que pode facilitar a tomada de decisão e evitar a
pulverização de recursos e o desperdício de tempo.
O impacto das variáveis-chave no sistema pode ser positivo ou negativo para
o Setor Têxtil e Confecção. O grande desafio é desenvolver ações que bloqueiem o
impacto negativo de possíveis mudanças e oscilações de certas variáveis, bem
como trabalhar arduamente para desenvolver projetos que possam ser
implementados no sentido de fomentar e incentivar a sustentabilidade do Setor Têxtil
e Confecção do Estado do Paraná. As variáveis-chave agem sobre as variáveis de
resultado, cujo papel é de termômetro ou de indicador, pois fornecem informações
importantes sobre como a indústria está se comportando ou reagindo no sistema. No
caso estudado, a variável de resultado é o “emprego”, a qual sofre direta e
indiretamente, de forma positiva ou negativa, os reflexos oriundos das ações
desenvolvidas ou negligenciadas pelo setor. A Figura 85, p. 206, traz um esboço das
variáveis-chave que mais impactam na variável de resultado (emprego).
PESQUISA,
DESENVOLVIMENTO
E INOVA
Ç
ÃO
PRODUÇÃO,
QUALIDADE E
PRODUTIVIDADE
TECNOLOGIA
E NOVOS
MATERIAIS
CULTURA
EMPRESARIAL
EDUCAÇÃO
&
CAPACITAÇÃO
206
FIGURA 85 – EMPREGO E AS VARIÁVEIS-CHAVE
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
É importante ressaltar que existe uma tendência significativa relacionada à
inserção de novas tecnologias e novos materiais no Setor Têxtil e Confecção,
voltados para um mercado consumidor cada vez mais exigente e heterogêneo, que
por sua vez tende a estar embasado em sistemas reguladores cada vez mais
complexos. Nesse contexto, é preciso considerar as variáveis que mais influenciam
o sistema e identificar os atores que possam ser articulados no sentido de promover
a sustentabilidade do setor. As tendências existem, são múltiplas e muitas vezes
inviáveis para o atual modelo de gestão do setor. É preciso mudar toda uma cultura
da cadeia empresarial para tentar encontrar uma direção competitiva para a
indústria.
No
Quadro 7, p. 207, encontram-se exemplos de tendências que podem estar
relacionadas às variáveis-chave identificadas pelo método MICMAC
©
. Uma vez
realizado o mapeamento das tendências para o Setor Têxtil e Confecção, bem como
a identificação das variáveis-chave do sistema, pode-se formular estratégias e
planos de ação focados ao atendimento dessas tendências, ou mesmo ao bloqueio
de possíveis forças ou ameaças que poderão afetar a indústria.
EMPREGO
PESQUISA,
DESENVOLVIMENTO
E INOVAÇÃO
EDUCAÇÃO
E
CAPACITAÇÃO
TECNOLOGIA
E NOVOS
MATERIAIS
PRODUÇÃO,
QUALIDADE E
PRODUTIVIDADE
207
QUADRO 7 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS-CHAVE E TENDÊNCIAS
Variável-chave
Variáveis Influenciadas
fortemente pela
variável-chave
Tendências e convergências
que podem estar relacionadas
às variáveis-chave
Cultura
Empresarial
Cooperação e organização da
cadeia produtiva;
Educação e capacitação; e,
Produção, qualidade e
produtividade.
Educação Continuada
Sociedade do Conhecimento (pesquisa,
ciência e tecnologia)
TICs
Gestão Flexível e Descentralizada
Rede de Empresas
Ciclo de Vida do Produto
Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,
3D, CAD, CAM, Automação, Robótica,
Supply Chain Management e e-Commerce)
Pesquisa,
Desenvolvimento
e Inovação
Design;
Educação e capacitação;
Emprego;
Produção, qualidade e
produtividade
Propriedade industrial; e,
Tecnologia e novos materiais.
Smart Cards
TICs
Novos Materiais
Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,
3D, CAD, CAM, Automação, Robótica,
Supply Chain Management e e-Commerce)
E-Têxteis
Têxteis e Fibras Multifuncionais
Novas Aplicações Industriais – Propriedade
Industrial
Educação
e
Capacitação
Cultura empresarial;
Emprego;
Meio ambiente;
Pesquisa, desenvolvimento e
inovação;
Políticas públicas;
Produção, qualidade e
produtividade.
Sociedade;
Tecnologia e novos materiais;
e,
Design.
Educação Continuada
Sociedade do Conhecimento (pesquisa,
ciência e tecnologia)
Têxteis e Fibras Multifuncionais
TICs
Gestão Flexível e Descentralizada
Terceirização
Estrutura Familiar
Mercado de Trabalho e a Empregabilidade
Inteligência Emocional
Ciclo de Vida do Produto
Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Produção,
Qualidade e
Produtividade
Design.
Educação e capacitação;
Emprego;
Marketing, prospecção e
tendências;
Pesquisa, desenvolvimento e
inovação; e,
Tecnologia e novos materiais.
Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,
3D, CAD, CAM, Automação, Robótica,
Supply Chain Management e e-Commerce)
TICs
Gestão Flexível e Descentralizada
Mercado de Trabalho e a Empregabilidade
E-Têxteis
Têxteis e Fibras Multifuncionais
Tecnologia e
Novos materiais
Educação e capacitação;
Emprego;
Pesquisa, desenvolvimento e
inovação; e,
Produção, qualidade e
produtividade.
Sociedade do Conhecimento (pesquisa,
ciência e tecnologia)
E-Têxteis
Têxteis e Fibras Multifuncionais
TICs
Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,
3D, CAD, CAM, Automação, Robótica,
Supply Chain Management e e-Commerce)
Fonte: O autor.
208
Algumas tendências poderão ser trabalhadas de forma introspectiva pelo
Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. É possível desenvolver projetos
focados nas variáveis-chave no sentido de fomentar ações voltadas ao
aproveitamento das oportunidades emergentes relacionadas às tendências em nível
mundial. Desta forma, o setor poderá antecipar-se às mudanças que poderão
ocorrer, ou até desenvolver uma postura pró-ativa frente a essas possíveis
transformações, tornando-se protagonista no desenvolvimento tecnológico e
mercadológico.
O exercício intelectual desenvolvido nesta etapa não tem como objetivo
identificar se existe uma relação de influência entre tendências e variáveis-chave. A
identificação das variáveis-chave permitirá, com base no estudo de tendências e nos
indicadores históricos do setor, posicionar o setor frente às mudanças que poderão
impactar a indústria. Em outras palavras, pretende-se, nesta etapa, identificar quais
seriam as tendências que o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná poderia
aproveitar para orientar o desenvolvimento de esforços pontuais, tendo como base
as relações entre as variáveis do sistema e o histórico do setor.
Por exemplo, como a “Cultura Empresarial” (variável-chave) influencia de
forma significativa o sistema, pode-se desenvolver ações voltadas à conscientização
dos empresários do setor com relação à importância das TICs e da Gestão
Integrada (Prototipagem Rápida, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply
Chain Management e e-Commerce), tecnologias que foram apontadas em diversos
estudos e que foram apresentadas como tendência.
Além disso, essa ação pode desencadear outras demandas para o setor
como, por exemplo, a necessidade de educação e capacitação para os
colaboradores da cadeia industrial, pois a adoção dessas tecnologias precisa ser
desenvolvida com uma base sólida de profissionais com conhecimento de prática. O
estudo de tendências aponta para o crescimento do nível educacional,
principalmente pela característica contínua e pela inserção de novas tecnologias no
processo de aprendizagem (Internet, ensino virtual, TICs).
Outro exemplo é a tendência de descentralização das organizações, cada vez
mais enxutas e mais flexíveis, o que de fato somente será desenvolvido com atitudes
que venham de cima para baixo na hierarquia organizacional, ou seja, com a
mudança da mentalidade dos empresários e gestores. Pode-se resgatar o
209
posicionamento de Boisier (1996), o qual afirma que o desenvolvimento regional está
submetido ao resultado da interação de dois notáveis processos: (i) o processo de
abertura externa (movido pela globalização); e, (ii) o processo de abertura interna
(impulsionado pela força da descentralização).
O posicionamento da indústria deve ser desenvolvido tendo como base,
também, os indicadores históricos do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.
Como mencionado anteriormente, o setor é concentrado no que denominou-se de
“Arco Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. Essa é uma informação importante
pois deve ser considerada na formulação de estratégias para o setor. Além disso, é
importante considerar as especificidades locais da indústria, pois nesse “Arco”
existem APLs bem diferentes entre si, com características distintas de produto,
produção e comercialização, cuja estratégia deve ser desenvolvida em consonância
a essas peculiaridades. Nesse sentido, as tendências levantadas nesse estudo
podem ser aproveitadas de maneira bastante diversificada entre os APLs do Estado
do Paraná, como, também, podem impactá-los de diversas formas.
O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para a “Rota Tecnológica” ou
“Corredor da Pesquisa Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. O mapeamento
dos especialistas e dos atores responsáveis pela pesquisa no Estado pode contribuir
para a formulação de ações voltadas ao desenvolvimento de novos materiais, o que
inclui os têxteis e fibras multifuncionais, as TICs e novas aplicações industriais para
o setor. Além disso, esses atores podem contribuir para o desenvolvimento de
capacitações e treinamentos específicos para as vocações regionais.
Outra contribuição da Prospectiva Estratégica refere-se ao amadurecimento
que ocorre nos APLs quando os atores trabalham juntos para construir alternativas
de futuro para essas aglomerações. Este fato torna-se importante na medida em que
for considerada a afirmação de Lastres e Cassiolato (2003), de que os vínculos entre
os atores envolvidos com a atividade econômica dos APLs são incipientes.
6.11 O PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL
A Prospectiva Estratégica é composta por várias ferramentas que podem ser
utilizadas em uma seqüência ou de forma isolada, apenas com a utilização daquelas
ferramentas mais pertinentes para cada caso. É importante desenvolver um
210
processo de prospectiva coerente com os recursos disponíveis, o pessoal qualificado
e o tempo necessário para obtenção dos primeiros resultados.
Para o processo de Prospectiva Estratégica desenvolvido neste trabalho,
aconselha-se incrementar o método MACTOR
©
, o qual permitiria a identificação dos
atores significativos para o sistema investigado, a estruturação das estratégias de
cada um, e o mapeamento das relações de força e poder entre eles. A contribuição
deste método nesse tipo de estudo esta relacionada à possibilidade de identificação
de futuros parceiros, bem como à estruturação do modo de articulação necessário
para a obtenção dessas parcerias
46
.
Desta forma, a proposta do processo de Prospectiva Estratégica Setorial
desenvolvida neste trabalho pode ser complementada com a realização do método
MACTOR
©
, cujo resultado também serviria de base para a definição de estratégias e
políticas setoriais, e para a concepção do planejamento estratégico.
Seria muito interessante se a Prospectiva Estratégica fosse desenvolvida
como um processo cíclico e contínuo, principalmente devido à velocidade das
transformações dos negócios e à dinâmica das inter-relações entre variáveis, atores
e sistemas. O processo de Prospectiva Estratégica contribui para que os resultados
acompanhem continuamente as tendências relacionadas com o setor, bem como
para proporcionar subsídios para a identificação de oportunidades almejadas e para
bloquear ou amenizar as ameaças possíveis vislumbradas no processo.
Além disso, o resultado de um trabalho de Prospectiva Estratégica pode
desencadear novas necessidades de estudos, devido à capacidade de focar e entrar
cada vez mais a fundo no cerne do problema. Em outras palavras, é possível que o
resultado final aponte para algumas variáveis importantes que, por sua vez, podem
impulsionar novos estudos prospectivos.
Portanto, o processo de Prospectiva Estratégica proposto nesta pesquisa
contempla, além das etapas trabalhadas neste estudo, a possibilidade de
incrementá-lo com a ferramenta MACTOR
©
e, principalmente, com a possibilidade
de tratá-lo como um processo contínuo.
46
O Processo de Prospectiva proposto neste estudo teve origem nas ações desenvolvidas neste
..
...estudo mas, principalmente, nos momentos de reflexão nos cursos realizados no SENAI-PR em
..
...Prospectiva Estratégica, ministrados pelos professores François Bourse e Nathalie Bassaler do
..
...Laboratoire d’Investigation en Prospective, Stratégie et Organisation (LIPSOR) do Conservatoire
..
...National des Arts et Métiers (CNAM) - Paris/França.
211
As etapas do processo de Prospectiva Estratégica Setorial proposto podem
ser observadas na Figura 86. Inicia-se (etapa 1) com a definição do problema se
propõe a responder, os objetivos e metas que deverão ser atingidas, e a delimitação
da pesquisa (definição dos atores envolvidos, abrangência que se pretende atingir,
região no qual o setor ou aglomeração industrial se concentra). Com esta etapa
definida, parte-se para o estudo sobre os indicadores históricos e atuais do setor ou
do tema em investigação (etapa 2), cujo resultado fornece um esboço da situação.
Na etapa 3, procura-se identificar e mapear as tendências relacionadas ao setor,
sem, no entanto, esquecer do alinhamento com o problema de pesquisa. De posse
dos resultados atingidos até esse momento, parte-se para o desenvolvimento do
método MICMAC
©
(etapa 4), com o levantamento do sistema e a classificação das
variáveis-chave e de suas respectivas inter-relações.
FIGURA 86 – PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL
Fonte: O autor.
O próximo passo do processo (etapa 5) é destinado à identificação dos atores
que agem direta e indiretamente nas variáveis-chave do sistema (previamente
classificadas no MICMAC
©
) e, com base nesse levantamento, parte-se para a
Definição do
Problema,
Objetivos e
Delimitação
Análise
Estrutural
Método
MICMAC
©
Levantamento
Histórico e
Diagnóstico da
Situação Atual
Identificação e
Mapeamento das
Tendências e
Convergência
Análise dos
Atores
Método
MACTOR
©
Definição de
Estratégias e
Políticas:
Planejamento
1
2
3
4
5
6
CICLO
CONTÍNUO DA
PROSPECTIVA
ESTRATÉGICA
SETORIAL
212
realização do método MACTOR
©
para verificar as estratégias e o jogo de força e
poder entre esses atores. Tendo como base todos os sub-resultados atingidos até
esse momento, o último passo desse processo é destinado à definição de
estratégias e políticas setoriais, bem como à estruturação do planejamento
necessário para a execução dessas estratégias. O planejamento pode desencadear
novas necessidades que, por sua vez, poderão, como em um processo de
retroalimentação, iniciar um novo estudo.
213
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tomada de decisão é um processo difícil que requer muita responsabilidade,
principalmente em ambientes complexos. Quando o interesse é apenas unilateral,
essa dificuldade tende a ser amenizada como, por exemplo, no âmbito de uma única
organização. Quando existem vários interesses concomitantes, como em nível
setorial ou mesmo em aglomerações industriais, com muitos atores envolvidos no
processo, essa tarefa torna-se muito mais complexa.
Para tomar uma decisão fundamentada, é importante a identificação e o
mapeamento do sistema de variáveis setoriais. Porém, existe muita dificuldade de
entendimento do sistema de variáveis que compõem e impactam o setor industrial.
Obter o conhecimento de como o sistema funciona, segundo o poder de influência
das variáveis e suas inter-relações, pode subsidiar tomadas de decisão mais
embasadas e coerentes com a realidade do setor. Desta forma, é possível
desenvolver políticas e estratégias mais realistas, condizentes com as dificuldades
do setor e com vistas a atender às oportunidades vislumbradas.
O mapeamento do sistema de variáveis que influenciam uma determinada
indústria ou setor torna-se ainda mais importante com a competição cada vez mais
acirrada e a complexidade do mercado. O mundo é sistêmico e qualquer ação que
cause mudanças, pode desencadear diversas outras ações que refletirão no
sistema. Com a globalização esse fenômeno pode ficar ainda mais intenso.
Para evitar que políticas e estratégias setoriais sejam desenvolvidas de forma
empírica, com pouca ou nenhuma fundamentação teórica, é muito importante a
utilização de ferramentas e abordagens metodológicas que possam estruturar o
sistema a ser investigado (setor industrial). Esta é uma lacuna que incentivou essa
pesquisa, a qual buscou na Prospectiva Estratégica uma possível solução para o
desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais precisas e embasadas na
realidade do sistema industrial.
Portanto, o objetivo da pesquisa foi desenvolver uma abordagem de
Prospectiva Estratégica capaz de preencher essa lacuna, o que foi possível pela
execução e pelo atendimento dos objetivos específicos que foram traçados, a saber:
(i) mapear o Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná (o que
permitiu obter-se uma visão do posicionamento do setor no país, além de suas
214
principais características e indicadores); (ii) levantar, em nível mundial, algumas
tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas que possam impactar o Setor
Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (objetivo específico que fornece uma visão
de futuro sobre as principais tendências encontradas e apontadas nos diversos
meios de divulgação científica relacionados com o setor); (iii) priorizar as variáveis
relevantes para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (o que foi
executado com o auxílio de dois pesquisadores do setor, cujo resultado simplificou o
sistema de variáveis que posteriormente foi validado, ponderado e analisado); e, (iv)
identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná
(objetivo específico que fornece um dos principais resultados desse estudo, o que
permite formatar uma radiografia das relações entre as variáveis relevantes para o
setor e o impacto delas no sistema investigado, principalmente no sentido de utilizá-
las como subsídio para tomada de decisão).
A escolha da abordagem de Prospectiva Estratégica gerou duas hipóteses, as
quais procurou-se comprovar ou denegar. A primeira delas foi estabelecida da
seguinte forma: “A Prospectiva Estratégica pode auxiliar na tomada de decisão em
um contexto complexo caracterizado pela dificuldade de obtenção de leitura
coerente das inter-relações das variáveis que compõem e impactam o Setor Têxtil e
Confecção do Estado do Paraná”.
A Prospectiva Estratégica permite uma visão mais estruturada do sistema
investigado e facilita na priorização das variáveis, o que de fato pode ser
considerado um dos principais benefícios do processo proposto. Esse processo
permite uma tomada de decisão estratégica com base no diagnóstico setorial e no
estudo sobre as tendências que poderão impactar o setor, ou seja, utiliza-se dos
resultados desses estudos para priorizar as variáveis do sistema, o que de fato
contribui para uma tomada de decisão baseada, também, nas tendências de futuro e
na estrutura atual do setor. Trata-se de um processo abrangente e generalista,
quando necessário, e específico e particular, quando o que se precisa é uma tomada
de decisão mais pontual e com resultados mais previsíveis.
Pode-se verificar que a abordagem proposta permitiu evidenciar as variáveis-
chave do sistema, aquelas cujas ações desencadearão reflexos em todas as demais
variáveis investigadas. O fato de identificar as relações de influência e dependência
entre as variáveis do sistema e, conseqüentemente, as relações diretas e indiretas
215
que possam existir entre elas, pode gerar informações privilegiadas quanto à
alocação de recursos e esforços sobre determinados temas setoriais que
repercutirão em todo o sistema.
Este fato permite focar os recursos necessários para responder a
determinados problemas sem, no entanto, pulverizá-los na tentativa de buscar uma
solução para um problema mal mapeado. Além disso, a identificação de como
funcionam as inter-relações entre as variáveis permite priorizá-las segundo o seu
poder de influência no sistema, o que facilita a decisão sobre ações prioritárias para
o setor. Existe, também, a possibilidade de vislumbrar as conseqüências dessas
ações, por meio do mapeamento do efeito direto e indireto entre as variáveis, ou
seja, para buscar um resultado específico em determinadas variáveis, basta verificar
as suas relações de dependência.
A segunda hipótese trabalhada nesta pesquisa afirma que “a Prospectiva
Estratégica é uma abordagem que permite identificar tendências e mudanças que
poderão impactar a indústria e aglomerações industriais”.
Essa última hipótese é uma das maiores vantagens que a abordagem
Prospectiva Estratégica pode proporcionar no interior do grupo de atores. Tanto os
participantes do planejamento do estudo (responsáveis pela pesquisa), quanto,
provavelmente, os atores envolvidos no processo de levantamento de dados
(especialistas do setor), poderão dispor de momentos de reflexão frente às
possibilidades de futuro. O fato de parar e refletir sobre a posição do setor em
relação às tendências previamente levantadas, cujo resultado serviu de base para tal
abordagem, pode proporcionar momentos de vislumbre de oportunidades e de
futuras ameaças. Portanto, esse tipo de reflexão (pensar o futuro) é importante e
enriquece o processo de desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais ou
industriais, como também, permite vislumbrar as tendências para as aglomerações
industriais baseadas em um único setor. Nesse sentido, a Prospectiva Estratégica
pode ser considerada uma ferramenta fundamental no planejamento estratégico.
A maior contribuição do processo proposto nesta pesquisa está relacionada
com a questão de custo-benefício que o produto deste trabalho pode proporcionar
para os atores envolvidos na cadeia do setor investigado. Estudos dessa natureza
podem contribuir para um processo de sinergia e disseminação de um cultura mais
propícia a inovação, pois o princípio básico da Prospectiva Estratégica está
216
relacionado a preparação para o porvir e, para isto, o processo proposto permite
entender melhor como o setor se encontra frente às tendências previamente
identificadas, como, também, posicionar-se em relação ao sistema de variáveis e ao
sistema de atores que impactam no setor.
7.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA
A principal vantagem que um estudo de Prospectiva Estratégica pode
proporcionar está relacionada com a possibilidade de instigar os atores do setor à
reflexão sobre o futuro. Somente por vislumbrar algumas tendências importantes
relacionadas com o setor analisado é possível gerar várias mudanças de
comportamento por parte dos empresários e gestores. Esse tipo de estudo pode
incentivar, portanto, mudanças de atitudes dos atores envolvidos.
Nesse sentido, uma postura pró-ativa dos agentes envolvidos com setor pode
ser fomentada por meio da reflexão obtida com o estudo de Prospecção Estratégica.
O empresariado brasileiro precisa incitar as mudanças ao invés de somente reagir
às adversidades do mercado, com o intuito de criar e desenvolver as tendências no
ambiente. Esse tipo de atitude pode fomentar inovações importantes para o setor.
7.2 LIMITAÇÕES DA ABORDAGEM
Quanto às limitações da abordagem, pode-se destacar que a mais
significativa é a dependência da qualidade dos dados de entrada. A Prospectiva
Estratégica, no formato desenvolvido por Godet (2004), está muito bem embasada
estatisticamente. No entanto, como essa abordagem precisa de dados qualitativos
para poder, em um segundo momento, quantificar as relações de influência entre as
variáveis do sistema, a qualidade do resultado dependerá da qualidade dos dados
entradas (dados iniciais). Nesse contexto, a qualificação, o nível de conhecimento e
a capacidade de contribuição dos especialistas influenciam diretamente no resultado
do estudo.
Existem outras limitações que não estão relacionadas com o método da
abordagem, mas sim com a operacionalização da metodologia. Em primeiro lugar,
destaca-se a complexidade de reunir todos os especialistas para participar de um
Painel, pois é muito difícil obter a adesão de todos os atores escolhidos. Outro ponto
217
importante são os recursos necessários para a implementação de estudos dessa
natureza, pois geralmente é preciso apoio logístico para os participantes do Painel e
estrutura física (local adequado para este tipo de evento), o que de fato pode
inviabilizar a operacionalização para alguns casos, ou mesmo interferir na escolha
dos especialistas ideais para o estudo (escolher especialistas por critério de
localidade em detrimento da competência).
7.3 RECOMENDAÇÕES
A Prospectiva Estratégica não se limita à abordagem desenvolvida nesta
pesquisa. Existem outras ferramentas que compõem a “caixa de ferramentas” de
Godet (2004), mentor da abordagem, que podem ser utilizadas para estruturar o
planejamento estratégico setorial. Uma das possibilidades de continuação deste
estudo é atrelar ao resultado do MICMAC
©
, a possibilidade de executar a ferramenta
MACTOR
©
para identificar as relações de força entre os atores.
A ferramenta MICMAC
©
permite identificar e priorizar as variáveis-chave do
sistema investigado. Uma vez entendidas as relações de influência entre as
variáveis do sistema, é possível procurar relacionar os atores que estão
estreitamente correlacionados com tais variáveis. Existem atores que exercem
impactos significativos no sistema, devido ao seu poder de influenciar as variáveis-
chave. São esses atores que deverão fazer parte do estudo MACTOR
©
, o qual
identificará as estratégias de cada um e a relação de força que possa existir entre
eles. Esse tipo de estudo permite desenvolver estratégias de articulação para
resolver problemas pontuais relacionados com determinados temas e variáveis.
Outras ferramentas e abordagens interessantes que poderiam contribuir no
processo de reflexão estratégica setorial são: (i) Technological Foresight
(desenvolvimento de visões que permitem identificar os avanços tecnológicos
futuros); (ii) Forecasting (previsão com base em informações históricas, modelagem
de tendências e análise de projeções futuras periódicas); (iii) Roadmaping
(desenvolvimento de mapas e rotas tecnológicas); (iv) Assessment (monitoramento e
acompanhamento sistemático e contínuo da evolução dos fatos e eventos
portadores de mudanças); (v) MORPHOL
©
(análise morfológica para definição de
cenários); (vi) SMIC-PROB-EXPERT
©
(probabilização de cenários); e, (vii)
MULTIPOL
©
(jogos de políticas e estratégias). Essas ferramentas também poderão
218
contribuir no desenvolvimento do planejamento estratégico setorial, bem como na
fundamentação da tomada de decisão.
A aplicação da Prospectiva Estratégica poderá proporcionar momentos de
intensos debates e reflexões acerca das oportunidades e ameaças vislumbradas no
futuro. Portanto, é importante desenvolver esse tipo de reflexão nos demais setores
industriais. Sugere-se que estudos dessa natureza sejam desenvolvidos com o
intuito de construir coletivamente uma estratégia fundamentada nas questões
pertinentes ao futuro do setor.
O planejamento estratégico setorial precisa ser desenvolvido com o pleno
entendimento das questões sistêmicas que afetam o setor. É muito importante
entender o processo de inovação e de transformação dos negócios. Nesse contexto,
acredita-se que as empresas que não procurarem entender o fenômeno da mudança
como oportunidade terão sérios problemas de posicionamento no mercado, pois
trata-se de sistemas altamente mutantes e que podem modificar drasticamente o
mercado.
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<http://www.usp.br/prp/nanotecnologia/index_arquivos/secundarias/nanotecnews_8>
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XIN, J. H. Nanotechnology for Textiles and Apparel. In: Innovation and Technology
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<http://www.itc.gov.hk/innotech/IFT_R&D_centre_Conference.pdf >. Acesso em: 12
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001.
ZOMIGNAN, J. Nanotecnologia na indústria têxtil. In: II Nanotec – Feira e
Congresso de Nanotecnologia, São Paulo, 06 nov. 2006. Disponível em:
<http://www.rjrconsultores.com.br/nano/jz.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2006
237
APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS
VARIÁVEL DESCRIÇÃO
01
Sociedade
(Soc)
Migração;
Envelhecimento populacional;
Relacionamento humano;
Famílias diferentes;
Guerra;
Terrorismo;
Desigualdades;
02
Economia,
Política e
Comércio
Mundial
(EcoPolCEx)
Concorrência asiática;
Fortalecimento dos blocos econômicos;
Crescimento do PIB mundial;
Organização Mundial do Comércio (OMC);
Subsídios, dumping;
Tarifas alfandegárias e barreiras;
Acesso a mercados;
03
Dinâmica do
Mercado
(DinMerc)
Antes o cenário era estático, as mensagens compreensíveis e as
decodificações previsíveis. Hoje, é complexo, policêntrico, dinâmico,
fluído e mutante. Tem inovação veloz e aspectos globais e locais.
04
Políticas
Públicas
(PolPub)
Ações e diretrizes públicas relacionadas a temas como economia,
sociedade, educação, investimento, ciência, tecnologia e inovação,
comércio exterior, financiamento, impostos, tarifas alfandegárias, etc.
05
Tecnologia e
Novos Materiais
(TecNovMat)
Tecnologias emergentes (Tecnologias de Informação e Comunicação,
nanotecnologia, biotecnologia, etc);
Máquinas e equipamentos;
Novos materiais, matérias-primas e processos;
e-Commerce
06
Meio
Ambiente
(MeioAmbi)
Equilíbrio social – econômico – ambiental;
Reciclagem;
Rastreabilidade;
Ciclo de vida do produto;
Conscientização;
Legislação;
Custo ambiental;
Água e energia;
Barreiras ambientais;
07
Cooperação e
Organização da
Cadeia Produtiva
(CoopCadPro)
Integração da cadeia de produção;
Organização;
Logística;
Cultura de cooperação;
Arranjos produtivos locais (APLs);
Parcerias estratégicas;
Alianças estratégicas;
Joint venture;
Central de compras;
Parceria em pesquisa & desenvolvimento;
Consórcio de exportação;
Feiras e promoções;
08
Investimento &
Financiamento
(InvFin)
Acesso a financiamentos;
Linhas de financiamento;
Burocracia;
Crédito;
Critérios;
Projeto;
238
VARIÁVEL DESCRIÇÃO
09
Emprego
(Emp)
Desemprego;
Oportunidade;
Seleção;
Empregabilidade;
10
Educação &
Capacitação
(EduCap)
Economia do conhecimento;
Educação sistêmica;
Cognição;
Capacitação e treinamento;
Educação continuada;
Auto-aprendizado;
Aprendizagem pela pesquisa;
Competência técnica;
11
Pesquisa &
Desenvolvimento
& Inovação
(P&D&I)
Pesquisa e desenvolvimento de produtos têxteis e de confecção;
Inovação: produto, processo e organizacional;
Centro de pesquisas;
Universidades;
Laboratórios;
12
Propriedade
Industrial
(PropInd)
Patentes;
Desenhos industriais;
Marcas;
Contratos de transferência de tecnologia;
Processo de concessão da propriedade industrial;
Pirataria;
Legislação da propriedade industrial;
13
Cultura
Empresarial
(CultEmp)
Aceitar e induzir mudanças (pró-atividade);
Inovação;
Cooperação e diálogo;
Planejamento e gestão;
Confiança;
Reciprocidade;
Relacionamento com a academia (universidades e centros de
pesquisa);
14
Marketing,
Prospecção e
Tendências
(MktPTend)
Planos de marketing;
Estudos de prospecção de mercado e de tecnologias;
Estudos de tendência;
Criação de tendências;
Feiras e exposições;
15
Design
(Des)
Design in...e made in..
Critérios sócio-éticos ambientais;
Design como processo;
Cultura da inovação;
Criatividade;
Ciclo de Vida do Produto;
Cultura local;
Aspectos interculturais;
Design “Paraná”;
16
Produção,
Qualidade e
Produtividade
(ProdQualPr)
Novos modelos de gestão;
Integração da produção;
Qualidade e produtividade;
Tecnologia de produção;
Processos;
Logística;
Fonte: O autor.
239
APÊNDICE B – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Sociedade
Economia, Política e Comércio Mundial
Dinâmica do Mercado
Políticas Públicas
Tecnologia e Novos Materiais
Meio Ambiente
Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva
Investimento & Financiamento
Emprego
Educação & Capacitação
Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação
Propriedade Industrial
Cultura Empresarial
Marketing, Prospecção e Tendências
Design
Produção, Qualidade e Produtividade
Variáveis
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1 Sociedade 1
X
2 Economia, Política e Comércio Mundial 2 X
3 Dinâmica do Mercado 3 X
4 Políticas Públicas 4 X
5 Tecnologia e Novos Materiais 5 X
6 Meio Ambiente 6 X
7 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva 7 X
8 Investimento & Financiamento 8 X
9 Emprego 9 X
10 Educação & Capacitação 10 X
11 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação 11 X
12 Propriedade Industrial 12 X
13 Cultura Empresarial 13 X
14 Marketing, Prospecção e Tendências 14 X
15 Design 15 X
16 Produção, Qualidade e Produtividade 16 X
Fonte: O autor.
240
APÊNDICE C – GRUPOS DAS DIVISÕES 17 E 18 DA CNAE 1.0
CNAE 1.0
Descrição do Grupo
Grupo 17.1
Beneficiamento de fibras têxteis naturais;
Grupo 17.2
Fiação;
Grupo 17.3
Tecelagem - inclusive fiação e tecelagem.
Grupo 17.4
Fabricação de artefatos têxteis incluindo tecelagem;
Grupo 17.5
Acabamentos em fios, tecidos e artigos têxteis, por terceiros;
Grupo 17.6
Fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos (exclusive vestuário) - e de outros artigos têxteis;
Divisão 17
(Setor Têxtil)
Grupo 17.7
Fabricação de tecidos e artigos de malha;
Grupo 18.1
Confecção de artigos do vestuário;
Divisão 18
(Setor de
Confecção)
Grupo 18.2
Fabricação de acessórios do vestuário e de segurança profissional;
Fonte: O autor a partir de dados do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - CONCLA/CNAE, (2006).
241
APÊNDICE D – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Nº de estabelecimentos por período (ano)
Nº Estados
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
São Paulo 14.439 14.718 14.694 15.097 15.693 8,68
2
Minas Gerais 6.982 7.211 7.263 7.360 7.592 8,74
3
Santa Catarina 5.773 6.119 6.274 6.444 6.850 18,66
4
Paraná 3.660 3.851 4.037 4.343 4.509 23,20
5
Rio Grande do Sul 3.258 3.280 3.232 3.316 3.341 2,55
6
Rio de Janeiro 3.158 3.205 3.172 3.191 3.235 2,44
7
Goiás 2.202 2.338 2.408 2.543 2.649 20,30
8
Ceará 1.920 2.093 2.214 2.273 2.387 24,32
9
Pernambuco 1.040 1.122 1.221 1.345 1.518 45,96
10
Espírito Santo 1.036 1.040 1.087 1.113 1.126 8,69
11
Bahia 1.009 1.042 1.079 1.151 1.194 18,33
12
Rio Grande do Norte 440 468 473 472 479 8,86
13
Paraíba 366 372 346 346 339 -7,38
14
Piauí 238 267 280 292 284 19,33
15
Mato Grosso 219 228 254 277 283 29,22
16
Mato Grosso do Sul 168 187 213 220 219 30,36
17
Distrito Federal 168 197 204 213 213 26,79
18
Sergipe 135 143 162 171 181 34,07
19
Pará 130 140 142 162 161 23,85
20
Maranhão 112 124 137 144 144 28,57
21
Alagoas 89 97 105 103 109 22,47
22
Rondônia 83 98 103 113 119 43,37
23
Tocantins 55 60 58 54 66 20,00
24
Amazonas 52 67 68 70 70 34,62
25
Acre 17 15 12 17 12 -29,41
26
Roraima 11 9 8 9 10 -9,09
27
Amapá 11 9 12 16 18 63,64
Total 9.974 46.771 48.500 49.258 50.855 12,89
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
242
APÊNDICE E – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO
Nº de empregos por período (ano)
Nº Estados
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
São Paulo 221.474 226.902 227.442 248.792 259.310 17,08
2
Santa Catarina 110.350 113.398 114.778 124.059 131.130 18,83
3
Minas Gerais 85.911 91.072 89.406 100.048 105.526 22,83
4
Paraná 50.945 56.981 59.098 67.426 68.893 35,23
5
Rio de Janeiro 49.980 50.878 49.381 50.587 52.799 5,64
6
Ceará 46.827 45.857 46.076 49.874 52.397 11,89
7
Rio Grande do Sul 26.247 25.321 25.765 27.848 27.375 4,30
8
Goiás 18.628 19.579 19.934 22.016 22.451 20,52
9
Rio Grande do Norte 18.298 22.055 17.479 19.869 20.712 13,19
10
Pernambuco 15.870 15.660 14.761 15.899 18.265 15,09
11
Bahia 13.942 14.768 14.784 15.794 16.405 17,67
12
Espírito Santo 13.551 14.411 14.762 16.632 17.107 26,24
13
Paraíba 10.871 11.444 10.782 11.499 11.976 10,16
14
Sergipe 5.525 5.529 5.819 5.708 6.588 19,24
15
Piauí 3.990 4.173 3.983 3.500 3.371 -15,51
16
Pará 2.113 2.537 2.689 2.870 3.319 57,08
17
Mato Grosso do Sul 1.994 2.687 3.474 4.151 4.807 141,07
18
Alagoas 1.847 1.836 1.509 1.521 1.624 -12,07
19
Mato Grosso 1.570 1.790 1.921 2.278 2.239 42,61
20
Amazonas 1.302 1.427 1.581 1.781 2.193 68,43
21
Distrito Federal 737 802 844 893 834 13,16
22
Maranhão 688 857 931 1.022 1.157 68,17
23
Rondônia 507 600 685 741 806 58,97
24
Tocantins 263 321 329 332 386 46,77
25
Acre 86 86 57 83 78 -9,30
26
Amapá 46 45 60 72 83 80,43
27
Roraima 25 45 20 27 22 -12,00
Total 703.587 731.061 728.350 795.322 831.853 18,23
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
243
APÊNDICE F – SEÇÃO XI DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)
SEÇÃO XI – MATÉRIAS TÊXTEIS E SUAS OBRAS
Capítulos Descrição do Capítulo
NCM 50 Seda;
NCM 51 Lã e pêlos finos ou grosseiros; e, fios e tecidos de crina;
NCM 52 Algodão;
NCM 53 Outras fibras têxteis vegetais; e, fios de papel e tecido de fios de papel;
NCM 54 Filamentos sintéticos ou artificiais;
NCM 55 Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas;
NCM 56
Pastas ("ouates"), feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e,
artigos de cordoaria;
NCM 57 Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis;
NCM 58 Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas; tapeçarias; passamanarias; bordados;
NCM 59
Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; artigos para usos
técnicos de matérias têxteis;
NCM 60 Tecidos de malha;
NCM 61 Vestuário e seus acessórios, de malha;
NCM 62 Vestuário e seus acessórios, exceto de malha;
NCM 63
Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis,
calçados, chapéus e artefatos de uso semelhante, usados; trapos;
Fonte: O autor a partir de dados do MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006a).
244
APÊNDICE G – EXPORTAÇÕES DO BRASIL NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS
Exportações do Brasil - Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM
50 89.981.550 77.868.440 63.856.367 48.480.285 50.655.321 41.528.255 33.933.995 31.624.502 35.512.828 33.547.228 506.988.771
51 48.427.362 44.331.460 30.922.932 20.611.612 22.208.295 24.430.545 20.084.315 25.634.370 21.039.176 21.676.983 279.367.050
52 280.863.533 247.006.113 228.754.698 191.524.848 262.886.501 409.981.883 298.029.211 532.649.293 752.899.177 779.121.359 3.983.716.616
53 29.800.253 30.788.175 24.959.788 16.899.921 22.269.725 16.831.661 19.999.163 33.671.314 40.042.698 47.548.218 282.810.916
54 86.452.479 78.766.505 66.182.282 51.316.969 65.665.519 57.085.597 68.436.671 98.213.670 106.974.137 124.370.613 803.464.442
55 65.564.885 60.536.004 53.598.720 55.263.943 62.862.712 46.913.425 49.362.509 101.293.516 123.625.022 125.228.267 744.249.003
56 101.047.824 142.798.697 111.670.509 96.046.419 95.462.099 69.623.761 49.102.662 77.426.244 106.242.912 134.997.895 984.419.022
57 16.992.927 22.806.183 24.534.491 18.415.842 20.312.390 21.842.549 16.594.393 21.301.206 20.413.968 22.174.857 205.388.806
58 35.158.630 57.567.602 34.111.919 19.726.052 18.400.793 19.300.431 15.543.474 23.641.420 33.633.158 33.541.508 290.624.987
59 47.950.565 36.090.939 38.552.683 35.544.324 37.189.813 34.772.864 31.497.787 47.953.733 66.906.194 85.288.538 461.747.440
60 14.461.719 22.361.309 24.570.055 20.853.006 30.277.557 27.753.784 26.921.249 39.440.973 53.179.213 52.169.307 311.988.172
61 117.524.979 101.117.528 96.388.344 104.021.422 183.529.214 167.289.218 111.977.620 173.755.704 197.419.451 194.514.337 1.447.537.817
62 114.524.562 98.477.538 81.811.245 57.154.548 90.399.382 106.232.006 91.547.079 115.416.116 142.967.139 142.244.418 1.040.774.033
63 242.857.056 246.499.122 232.943.513 215.071.024 259.951.457 262.511.063 267.978.529 334.258.917 378.579.728 405.430.374 2.846.080.783
Total 1.291.608.324 1.267.015.615 1.112.857.546 950.930.215 1.222.070.778 1.306.097.042 1.101.008.657 1.656.280.978 2.079.434.801 2.201.853.902 14.189.157.858
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
245
APÊNDICE H – IMPORTAÇÕES DO BRASIL NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS
Importações do Brasil – Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM
50 3.812.733 3.809.265 5.926.544 3.055.886 4.277.642 4.168.711 2.280.378 2.627.978 3.494.268 6.680.762 40.134.167
51 23.107.989 33.856.872 41.274.580 19.926.929 21.423.194 16.135.020 7.670.092 9.398.389 11.872.888 16.903.353 201.569.306
52 988.308.099 866.650.144 1.010.796.289 402.516.025 366.584.613 125.981.634 86.188.116 151.149.268 193.154.911 96.408.044 4.287.737.143
53 34.252.685 32.134.412 32.524.361 16.557.927 10.927.067 8.156.364 6.077.815 9.685.316 9.095.301 6.978.499 166.389.747
54 422.597.824 414.391.016 779.185.870 390.823.511 559.531.786 514.796.984 500.947.438 465.626.102 617.293.686 568.082.896 5.233.277.113
55 175.291.140 210.362.523 338.430.016 140.807.106 169.682.337 127.771.706 97.091.373 104.368.167 171.724.237 251.305.087 1.786.833.692
56 90.924.298 95.787.123 147.060.493 64.598.782 79.317.034 73.511.486 61.369.173 55.750.089 63.194.718 83.732.063 815.245.259
57 29.030.724 33.236.938 53.180.861 23.166.419 23.709.831 20.228.717 13.736.110 12.228.633 12.527.706 15.345.140 236.391.079
58 48.808.725 53.890.171 107.782.562 43.047.325 30.442.102 22.283.609 17.867.310 18.222.644 25.072.116 48.655.884 416.072.448
59 98.871.762 111.791.296 218.260.047 104.870.910 108.398.377 101.326.372 96.464.159 107.707.462 126.671.894 134.627.445 1.208.989.724
60 56.934.291 78.096.313 89.407.426 44.898.779 62.871.049 39.790.356 15.906.861 8.829.077 16.242.858 29.489.035 442.466.045
61 91.041.063 130.363.707 152.149.535 52.280.085 48.303.649 59.198.188 41.150.462 38.749.274 52.030.728 72.606.327 737.873.018
62 210.411.351 236.569.847 309.841.074 107.897.095 92.558.016 94.803.087 68.526.231 61.368.986 96.220.280 154.562.061 1.432.758.028
63 48.840.984 49.336.464 79.529.919 28.496.960 28.569.058 24.659.869 18.177.019 16.038.236 24.375.977 32.578.148 350.602.634
Total 2.322.233.668 2.350.276.091 3.365.349.577 1.442.943.739 1.606.595.755 1.232.812.103 1.033.452.537 1.061.749.621 1.422.971.568 1.517.954.744 17.356.339.403
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
246
APÊNDICE I – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL
Nº de estabelecimentos por período (ano)
Nº Estados
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
São Paulo 3.401 3.444 3.386 3.428 3.511 3,23
2
Minas Gerais 1.858 1.936 1.912 1.935 1.981 6,62
3
Santa Catarina 1.268 1.317 1.344 1.406 1.522 20,03
4
Rio Grande do Sul 1.010 1.013 1.010 1.001 989 -2,08
5
Paraná 631 629 657 677 704 11,57
6
Rio de Janeiro 336 318 318 328 332 -1,19
7
Ceará 245 263 271 244 272 11,02
8
Pernambuco 196 185 196 206 212 8,16
9
Bahia 182 198 209 215 239 31,32
10
Rio Grande do Norte 156 152 146 135 142 -8,97
11
Goiás 153 171 183 181 184 20,26
12
Paraíba 113 107 104 100 111 -1,77
13
Mato Grosso 93 98 110 111 112 20,43
14
Espírito Santo 78 81 94 102 103 32,05
15
Sergipe 48 48 54 61 62 29,17
16
Pará 40 33 29 35 39 -2,50
17
Maranhão 29 26 29 23 29 0,00
18
Piauí 29 33 33 32 30 3,45
19
Mato Grosso do Sul 28 38 45 48 48 71,43
20
Alagoas 22 20 19 22 24 9,09
21
Amazonas 15 18 18 18 19 26,67
22
Distrito Federal 15 19 18 26 26 73,33
23
Rondônia 12 18 18 15 23 91,67
24
Acre 7 5 3 7 4 -42,86
25
Tocantins 5 9 7 8 12 140,00
26
Amapá 3 2 3 5 4 33,33
27
Roraima 1 1 1 1 10,00
Total 9.974 10.182 10.217 10.370 10.735 7,63
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
247
APÊNDICE J – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL
Nº de empregos por período (ano)
Nº Estados
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
São Paulo 102.866 105.240 104.317 111.073 113.910 10,74
2
Santa Catarina 50.194 49.654 49.390 52.744 55.034 9,64
3
Minas Gerais 35.442 36.944 34.839 38.539 39.283 10,84
4
Ceará 16.150 16.043 14.837 15.417 16.419 1,67
5
Paraná 13.107 13.037 12.736 13.465 12.890 -1,66
6
Rio Grande do Sul 12.180 11.506 11.219 11.855 10.984 -9,82
7
Rio Grande do Norte 10.007 9.585 7.230 9.743 9.961 -0,46
8
Rio de Janeiro 9.941 10.445 11.227 11.078 11.354 14,21
9
Paraíba 7.658 8.321 7.989 8.556 8.926 16,56
10
Bahia 6.595 7.388 7.631 7.980 8.071 22,38
11
Pernambuco 5.743 4.949 4.133 4.022 5.219 -9,12
12
Sergipe 3.963 3.884 3.866 3.478 4.410 11,28
13
Goiás 1.905 1.827 1.997 2.209 2.318 21,68
14
Alagoas 1.467 1.441 1.047 1.138 1.225 -16,50
15
Pará 1.443 1.731 1.932 2.013 2.384 65,21
16
Espírito Santo 1.100 1.260 1.323 1.697 1.949 77,18
17
Mato Grosso 852 994 1.017 1.161 1.054 23,71
18
Amazonas 765 801 946 1.024 1.018 33,07
19
Mato Grosso do Sul 488 857 1.300 1.715 1.962 302,05
20
Maranhão 286 388 434 281 338 18,18
21
Piauí 135 158 150 149 149 10,37
22
Distrito Federal 51 67 60 95 74 45,10
23
Acre 41 32 9 18 15 -63,41
24
Rondônia 33 73 108 87 121 266,67
25
Tocantins 28 38 79 46 57 103,57
26
Amapá 7 5 9 11 8 14,29
27
Roraima 2 28 1 1 3 50,00
Total 282.449 286.696 279.826 299.595 309.136 9,45
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
248
APÊNDICE K – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO
Nº de estabelecimentos por período (ano)
Nº Estados
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
São Paulo 11.038 11.274 11.308 11.669 12.182 10,36
2
Minas Gerais 5.124 5.275 5.351 5.425 5.611 9,50
3
Santa Catarina 4.505 4.802 4.930 5.038 5.328 18,27
4
Paraná 3.029 3.222 3.380 3.666 3.805 25,62
5
Rio de Janeiro 2.822 2.887 2.854 2.863 2.903 2,87
6
Rio Grande do Sul 2.248 2.267 2.222 2.315 2.352 4,63
7
Goiás 2.049 2.167 2.225 2.362 2.465 20,30
8
Ceará 1.675 1.830 1.943 2.029 2.115 26,27
9
Espírito Santo 958 959 993 1.011 1.023 6,78
10
Pernambuco 844 937 1.025 1.139 1.306 54,74
11
Bahia 827 844 870 936 955 15,48
12
Rio Grande do Norte 284 316 327 337 337 18,66
13
Paraíba 253 265 242 246 228 -9,88
14
Piauí 209 234 247 260 254 21,53
15
Distrito Federal 153 178 186 187 187 22,22
16
Mato Grosso do Sul 140 149 168 172 171 22,14
17
Mato Grosso 126 130 144 166 171 35,71
18
Pará 90 107 113 127 122 35,56
19
Sergipe 87 95 108 110 119 36,78
20
Maranhão 83 98 108 121 115 38,55
21
Rondônia 71 80 85 98 96 35,21
22
Alagoas 67 77 86 81 85 26,87
23
Tocantins 50 51 51 46 54 8,00
24
Amazonas 37 49 50 52 51 37,84
25
Acre 10 10 9 10 8 -20,00
26
Roraima 10 8 7 8 9 -10,00
27
Amapá 8 7 9 11 14 75,00
Total 36.797 38.318 39.041 40.485 42.066 14,32
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
249
APÊNDICE L – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO
Nº de empregos por período (ano)
Nº Estados
2001 2002 2003 2004 2005
vp (%)
1
São Paulo 118.608 121.662 123.125 137.719 145.400 22,59
2
Santa Catarina 60.156 63.744 65.388 71.315 76.096 26,50
3
Minas Gerais 50.469 54.128 54.567 61.509 66.243 31,25
4
Rio de Janeiro 40.039 40.433 38.154 39.509 41.445 3,51
5
Paraná 37.838 43.944 46.362 53.961 56.003 48,01
6
Ceará 30.677 29.814 31.239 34.457 35.978 17,28
7
Goiás 16.723 17.752 17.937 19.807 20.133 20,39
8
Rio Grande do Sul 14.067 13.815 14.546 15.993 16.391 16,52
9
Espírito Santo 12.451 13.151 13.439 14.935 15.158 21,74
10
Pernambuco 10.127 10.711 10.628 11.877 13.046 28,82
11
Rio Grande do Norte 8.291 12.470 10.249 10.126 10.751 29,67
12
Bahia 7.347 7.380 7.153 7.814 8.334 13,43
13
Piauí 3.855 4.015 3.833 3.351 3.222 -16,42
14
Paraíba 3.213 3.123 2.793 2.943 3.050 -5,07
15
Sergipe 1.562 1.645 1.953 2.230 2.178 39,44
16
Mato Grosso do Sul 1.506 1.830 2.174 2.436 2.845 88,91
17
Mato Grosso 718 796 904 1.117 1.185 65,04
18
Distrito Federal 686 735 784 798 760 10,79
19
Pará 670 806 757 857 935 39,55
20
Amazonas 537 626 635 757 1.175 118,81
21
Rondônia 474 527 577 654 685 44,51
22
Maranhão 402 469 497 741 819 103,73
23
Alagoas 380 395 462 383 399 5,00
24
Tocantins 235 283 250 286 329 40,00
25
Acre 45 54 48 65 63 40,00
26
Amapá 39 40 51 61 75 92,31
27
Roraima 23 17 19 26 19 -17,39
Total 421.138 444.365 448.524 495.727 522.717 24,12
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.
250
APÊNDICE M – EXPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARANÁ NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS
Exportações Paranaenses - Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM
50 56.187.004 43.213.322 42.418.977 25.468.054 28.396.575 24.417.164 22.061.281 20.632.745 26.352.039 20.824.629 309.971.790
51 88.970 80.046 010091000169.108
52 4.669.598 5.523.585 4.685.667 3.660.335 2.889.651 11.048.123 5.291.737 9.364.380 10.796.391 6.482.138 64.411.605
53 1.172.020 1.999.645 372.543 353.111 429.492 428.393 525.094 557.301 615.192 567.866 7.020.657
54 3.002.591 2.942.703 3.241.661 2.440.052 4.170.192 2.741.587 3.125.496 3.009.016 3.853.759 5.561.898 34.088.955
55 41.655 85.443 12.267 3.257 88.721 60.500 0 79.273 11.985 1.428.258 1.811.359
56 7.653.106 12.589.513 6.964.305 8.859.827 6.559.698 5.378.940 6.710.928 15.977.733 32.926.672 48.073.715 151.694.437
57 1 1.113 28.022 2.846 400.760 2.095.991 656.094 2.142.724 2.716.672 1.631.176 9.675.399
58 591.563 900.304 1.070.674 654.604 731.903 505.136 319.642 449.603 486.204 784.780 6.494.413
59 317.646 249.308 369.021 331.132 582.685 1.836.343 1.894.943 2.095.405 2.126.977 2.370.391 12.173.851
60 0 12.243 0 251 38.499 18.373 20.741 48.714 129.707 777.895 1.046.423
61 999.539 1.326.444 1.065.966 903.360 924.828 679.659 765.106 7.836.807 5.621.517 1.587.745 21.710.971
62 600.425 675.756 594.956 794.945 1.098.677 1.159.943 1.025.875 2.505.794 2.591.584 2.614.727 13.662.682
63 1.837.219 1.995.510 2.958.030 2.164.794 2.158.928 1.808.921 1.182.456 1.258.754 1.971.295 2.513.651 19.849.558
Total 77.161.337 71.594.935 63.782.089 45.636.569 48.470.609 52.179.073 43.579.484 65.958.249 90.199.994 95.218.869 653.781.208
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
251
APÊNDICE N – IMPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARANÁ NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS
Importações Paranaenses - Setor Têxtil e Derivados (U$)
NCM
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM
50 108.225 712.122 112.646 974.507 623.553 333.629 127.775 19.709 0 17.753 3.029.919
51 188.189 395.006 205.062 650.018 486.947 492.570 10.255 7.257 14.876 164.041 2.614.221
52 85.945.888 72.535.924 30.317.611 14.840.854 9.670.969 3.552.929 2.838.681 3.194.792 2.732.923 1.079.346 226.709.917
53 189.926 1.022.995 614.417 79.700 66.683 36.161 20 0 9.849 84.910 2.104.661
54 1.771.770 1.835.071 3.320.017 8.015.587 22.007.005 44.374.147 63.947.105 37.822.575 35.026.902 13.534.126 231.654.305
55 20.926.141 17.182.228 16.212.116 3.383.090 4.841.468 3.905.023 3.528.799 1.227.096 1.622.995 2.518.756 75.347.712
56 677.920 1.608.230 2.232.230 2.958.301 1.932.410 2.715.595 2.240.707 1.441.498 1.783.302 2.348.799 19.938.992
57 2.818.640 3.125.013 3.052.891 2.481.310 4.150.156 4.216.051 761.492 568.200 562.585 735.607 22.471.945
58 900.169 1.310.574 1.094.343 1.190.216 1.551.546 1.314.881 1.838.176 1.342.099 1.905.168 1.652.521 14.099.693
59 6.744.521 5.174.072 5.138.562 10.564.433 10.110.392 9.133.056 7.748.071 7.080.159 9.018.594 9.395.125 80.106.985
60 865.631 816.510 1.228.983 1.296.540 5.282.845 3.241.724 2.472.211 355.491 460.288 557.119 16.577.342
61 4.021.579 5.690.826 6.703.389 3.725.336 1.406.471 2.302.429 3.475.794 2.979.189 4.639.550 4.876.612 39.821.175
62 5.916.032 9.347.944 8.176.202 5.086.241 5.830.468 5.086.511 6.011.615 5.370.602 12.169.531 8.294.053 71.289.199
63 2.117.925 824.076 1.623.070 1.952.890 1.992.956 1.119.702 1.336.756 730.189 2.185.125 898.777 14.781.466
Total 133.192.556 121.580.591 80.031.539 57.199.023 69.953.869 81.824.408 96.337.457 62.138.856 72.131.688 46.157.545 820.547.532
Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).
252
APÊNDICE O – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)
Nº Municípios
ZERO
ATE 4
DE 5 A 9
DE 10 A 19
DE 20 A 49
DE 50 A 99
DE 100 A 249
DE 250 A 499
DE 500 A 999
1000 OU MAIS
Total
1
Curitiba 8 40 20 9 10 1 0 2 0 0 90
2
Apucarana 4 24 10 12 4 2 1 1 0 0 58
3
Londrina 9 23 10 4 2 3 2 2 0 0 55
4
Maringá 5 23 7 9 3 2 2 0 1 0 52
5
Imbituva 9 17 7 1 0 0 0 0 0 0 34
6
Cianorte 2 13 2 3 3 3 0 0 0 0 26
7
Cascavel 0 12 3 2 3 0 0 0 0 0 20
8
São Jose dos Pinhais 3 6 3 4 1 1 0 0 0 0 18
9
Ponta Grossa 1 5 3 3 2 1 0 1 1 0 17
10
Umuarama 4 4 2 2 1 1 0 0 0 0 14
11
Arapongas 2 4 2 2 1 0 0 0 0 0 11
12
Campo Largo 3 5 1 1 0 1 0 0 0 0 11
13
Sarandi 2 5 1 2 0 0 0 0 0 0 10
14
Cambé 0 3 2 1 2 1 0 0 0 0 9
15
Goioerê 0 4 1 2 0 1 1 0 0 0 9
16
Terra Roxa 1 2 1 1 4 0 0 0 0 0 9
17
Toledo 1 4 2 0 0 0 0 1 0 0 8
18
Medianeira 1 3 1 2 0 0 0 0 0 0 7
19
Rolândia 0 2 3 1 1 0 0 0 0 0 7
20
Ubiratã 1 5 1 0 0 0 0 0 0 0 7
21
Demais Municípios 33 91 41 33 18 6 6 3 1 0 232
Total 89 295 123 94 55 23 12 10 3 0 704
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
253
APÊNDICE P – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)
Nº Municípios
ZERO
ATE 4
DE 5 A 9
DE 10 A 19
DE 20 A 49
DE 50 A 99
DE 100 A 249
DE 250 A 499
DE 500 A 999
1000 OU MAIS
Total
1
Londrina 0 45 71 63 94 180 272 723 0 0 1.448
2
Curitiba 0 90 134 115 339 69 0 625 0 0 1.372
3
Maringá 0 58 48 132 111 139 283 0 564 0 1.335
4
Ponta Grossa 0 12 17 38 41 64 0 323 520 0 1.015
5
Apucarana 0 50 75 173 150 165 100 260 0 0 973
6
Cornélio Procópio 0 0 0 0 0 0 0 0 645 0 645
7
Toledo 0 13 14 0 0 0 0 441 0 0 468
8
Andirá 0 2 0 17 0 0 0 412 0 0 431
9
Cianorte 0 31 13 45 69 245 0 0 0 0 403
10
Assaí 0 5 5 12 0 0 0 344 0 0 366
11
Goioerê 0 12 6 23 0 64 230 0 0 0 335
12
Mandaguari 0 1 0 30 0 0 0 251 0 0 282
13
Cascavel 0 22 23 24 97 0 0 0 0 0 166
14
Terra Roxa 0 5 9 12 139 0 0 0 0 0 165
15
Pinhais 0 2 14 19 0 0 127 0 0 0 162
16
Araucária 0 0 0 48 0 0 111 0 0 0 159
17
Pérola 0 0 0 0 0 0 159 0 0 0 159
18
São José dos Pinhais 0 9 19 48 26 57 0 0 0 0 159
19
Cambé 0 8 10 10 71 51 0 0 0 0 150
20
Quatro Barras 0 0 0 0 0 0 142 0 0 0 142
21
Demais Municípios 0 263 370 520 670 522 210 0 0 0 2.555
Total 0 628 828 1.329 1.807 1.556 1.634 3.379 1.729 0 12.890
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
254
APÊNDICE Q – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)
Nº Municípios
ZERO
ATE 4
DE 5 A 9
DE 10 A 19
DE 20 A 49
DE 50 A 99
DE 100 A 249
DE 250 A 499
DE 500 A 999
1000 OU MAIS
Total
1
Maringá 100 238 64 40 50 15 8 2 0 0 517
2
Cianorte 73 227 58 39 32 14 3 0 0 0 446
3
Curitiba 34 182 71 34 14 2 0 0 0 0 337
4
Apucarana 29 104 59 55 42 26 5 0 1 0 321
5
Londrina 27 112 45 25 24 5 8 2 1 0 249
6
Umuarama 5 30 7 10 13 4 4 0 0 0 73
7
Cascavel 5 28 10 9 7 3 1 0 0 0 63
8
Altônia 7 8 8 14 14 5 3 0 0 0 59
9
Toledo 5 20 11 10 6 2 0 1 0 0 55
10
Cambé 6 15 12 6 8 1 4 0 0 0 52
11
Sarandi 9 21 3 5 4 2 1 0 0 0 45
12
Paranavaí 3 25 10 3 2 1 0 0 0 0 44
13
Astorga 2 9 7 7 10 3 0 0 0 0 38
14
Mandaguari 6 21 3 7 1 0 0 0 0 0 38
15
Francisco Beltrão 0 16 3 8 3 4 1 0 0 0 35
16
Pérola 5 9 0 7 8 3 2 0 0 0 34
17
Santo Antônio do Sudoeste 3 11 5 4 6 4 1 0 0 0 34
18
Jandaia do Sul 6 6 9 7 5 0 0 0 0 0 33
19
Terra Boa 5 9 3 0 9 5 2 0 0 0 33
20
Campo Mourão 1 18 6 4 2 0 1 0 0 0 32
21
Demais Municípios 133 464 182 171 204 83 25 4 0 1 1.267
Total 464 1.573 576 465 464 182 69 9 2 1 3.805
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
255
APÊNDICE R – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)
Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)
Nº Municípios
ZERO
ATE 4
DE 5 A 9
DE 10 A 19
DE 20 A 49
DE 50 A 99
DE 100 A 249
DE 250 A 499
DE 500 A 999
1000 OU MAIS
Total
1
Apucarana 0 219 392 757 1.330 1.874 738 0 896 0 6.206
2
Maringá 0 469 411 520 1.559 1.037 1.089 532 0 0 5.617
3
Londrina 0 253 304 364 646 388 1.213 750 643 0 4.561
4
Cianorte 0 476 390 553 962 969 355 0 0 0 3.705
5
Curitiba 0 374 464 467 365 122 0 0 0 0 1.792
6
Altônia 0 17 56 213 434 420 461 0 0 0 1.601
7
Ampére 0 4 13 0 26 72 334 0 0 1.027 1.476
8
Umuarama 0 63 46 129 386 257 516 0 0 0 1.397
9
Terra Boa 0 22 19 0 326 375 337 0 0 0 1.079
10
Cambé 0 38 81 73 282 58 451 0 0 0 983
11
Toledo 0 46 78 120 216 119 0 292 0 0 871
12
Cascavel 0 51 67 125 217 204 182 0 0 0 846
13
Pérola 0 22 0 87 282 184 249 0 0 0 824
14
Siqueira Campos 0 10 5 25 88 158 218 307 0 0 811
15
Terra Roxa 0 12 52 101 84 105 418 0 0 0 772
16
Francisco Beltrão 0 45 19 110 98 260 232 0 0 0 764
17
Santo Antônio do Sudoeste 0 19 34 56 181 281 178 0 0 0 749
18
Astorga 0 20 42 96 297 187 0 0 0 0 642
19
Dois Vizinhos 0 7 14 24 72 0 0 441 0 0 558
20
Japurá 0 8 29 97 127 137 148 0 0 0 546
21
Demais Municípios 0 1.108 1.287 2.463 6.616 5.246 2.969 514 0 0 20.203
Total 0 3.283 3.803 6.380 14.594 12.453 10.088 2.836 1.539 1.027 56.003
Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).
256
APÊNDICE S – MATRIZ DE INFLUÊNCIAS INDIRETAS (MII)
Variável
1 : Soc
2 : EcoPolCEx
3 : DinMerc
4 : PolPub
5 : TecNovMat
6 : MeioAmbi
7 : CoopCadPro
8 : InvFin
9 : Emp
10 : EduCap
11 : P&D&I
12 : PropInd
13 : CultEmp
14 : MktPTend
15 : Des
16 : ProdQualPr
1 : Soc
1498 1432 1579 1319 1699 1311 1256 1204 1837 1537 1429 1125 1215 1401 1282 1810
2 : EcoPolCEx
1463 1364 1505 1257 1648 1231 1203 1159 1752 1470 1376 1105 1168 1333 1206 1723
3 : DinMerc
1579 1497 1619 1372 1800 1348 1301 1252 1913 1584 1483 1192 1283 1455 1331 1894
4 : PolPub
1275 1214 1344 1106 1429 1098 1063 1035 1563 1322 1224 974 1032 1195 1065 1510
5 : TecNovMat
1796 1716 1884 1557 2017 1549 1484 1451 2196 1855 1732 1371 1463 1682 1511 2165
6 : MeioAmbi
1064 1007 1083 924 1194 896 874 846 1270 1078 995 797 864 984 888 1268
7 : CoopCadPro
1562 1493 1642 1372 1770 1359 1293 1258 1903 1605 1494 1185 1282 1471 1317 1902
8 : InvFin
1581 1502 1652 1367 1791 1357 1317 1264 1921 1615 1509 1203 1272 1464 1319 1897
9 : Emp
1598 1511 1645 1363 1767 1338 1302 1279 1906 1647 1490 1209 1292 1476 1317 1915
10 : EduCap
2083 1958 2143 1809 2351 1777 1709 1653 2513 2086 1980 1567 1697 1922 1735 2489
11 : P&D&I
1895 1805 1974 1637 2145 1626 1560 1530 2313 1950 1790 1455 1538 1760 1609 2271
12 : PropInd
1315 1260 1373 1141 1477 1129 1090 1059 1584 1367 1254 998 1067 1235 1115 1585
13 : CultEmp
1844 1744 1906 1585 2060 1564 1526 1474 2222 1894 1736 1400 1479 1704 1547 2204
14 : MktPTend
1534 1457 1587 1328 1714 1304 1264 1235 1844 1574 1473 1166 1241 1425 1287 1827
15 : Des
1685 1589 1766 1466 1927 1462 1396 1341 2054 1715 1615 1294 1375 1580 1407 2038
16 : ProdQualPr
1992 1894 2066 1736 2259 1707 1656 1594 2421 2044 1896 1506 1614 1865 1698 2362
Fonte: O autor com apoio do software MICMAC
©
.
257
ANEXO A – PIB DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE
PIB em volume - Poucentages de variation par rapport à l'année précédente
Quatrième trimestre
Pays
Moyenne
1982-92
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
2006 2007 2008
Australie 3,0 4,0 5,0 4,0 4,0 3,8 5,2 4,4 3,4 2,4 3,9 3,3 3,3 2,9 2,6 3,0 3,4 2,8 2,7 3,9
Autriche 2,6 0,4 2,4 2,6 2,6 2,2 3,7 3,7 2,8 0,6 0,5 0,8 2,3 2,6 3,2 2,5 2,4 3,1 2,3 2,6
Belgique 2,3 -1,0 3,2 2,4 1,1 3,5 1,7 3,3 3,9 0,7 1,4 1,0 2,7 1,5 2,9 2,3 2,1 2,9 2,1 2,0
Canada 2,6 2,3 4,8 2,8 1,6 4,2 4,1 5,5 5,2 1,8 2,9 1,8 3,3 2,9 2,8 2,7 3,1 2,5 3,0 3,2
République tchèque .. .. 2,6 5,9 4,2 -0,7 -0,8 1,3 3,7 2,5 1,9 3,6 4,2 6,1 6,2 4,8 4,6 5,3 4,7 4,6
Danemark 2,1 -0,1 5,5 3,1 2,8 3,2 2,2 2,6 3,5 0,7 0,5 0,7 1,9 3,0 3,5 2,6 1,6 3,6 2,2 1,4
Finlande 1,6 -1,0 3,6 4,0 3,6 6,1 5,2 3,9 5,3 2,5 1,6 1,9 3,3 3,0 5,0 2,8 2,7 3,9 3,4 2,4
France 2,3 -0,8 1,5 1,8 1,0 2,1 3,3 3,0 4,0 1,8 1,1 1,1 2,0 1,2 2,1 2,2 2,3 2,2 2,4 2,3
Allemagne 3,0 -0,8 2,7 2,0 1,0 1,9 1,8 1,9 3,5 1,4 0,0 -0,2 0,8 1,1 2,6 1,8 2,1 3,0 1,5 2,3
Grèce 1,3 -1,6 2,0 2,1 2,4 3,6 3,4 3,4 4,5 5,1 3,8 4,8 4,7 3,7 4,0 3,8 3,8 3,9 4,4 4,2
Hongrie .. .. 2,9 1,5 1,3 4,6 4,9 4,2 5,2 4,1 4,3 4,1 4,9 4,2 4,0 2,2 3,0 3,4 1,9 3,7
Islande 1,7 1,3 3,6 0,1 4,8 4,9 5,8 4,0 4,4 3,6 -0,3 2,7 7,7 7,5 3,6 1,0 2,5 4,3 0,1 3,8
Irlande 3,6 2,7 5,8 9,6 8,3 11,7 8,6 10,7 9,2 5,9 6,0 4,3 4,3 5,5 5,1 5,1 4,5 5,0 4,5 4,5
Italie 2,5 -0,9 2,3 2,9 0,6 2,0 1,3 1,9 3,8 1,7 0,3 0,1 0,9 0,1 1,8 1,4 1,6 2,2 1,2 1,8
Japon 3,8 0,2 1,1 1,9 2,6 1,4 -1,8 -0,2 2,9 0,4 0,1 1,8 2,3 2,7 2,8 2,0 2,0 2,2 2,1 1,9
Corée 8,9 6,1 8,5 9,2 7,0 4,7 -6,9 9,5 8,5 3,8 7,0 3,1 4,7 4,0 5,0 4,4 4,6 3,9 4,8 4,5
Luxembourg 6,0 4,2 3,8 1,4 1,9 5,9 6,5 8,4 8,4 2,5 3,8 1,3 3,6 4,0 5,2 4,3 4,0 .. .. ..
Mexique 1,9 1,9 4,5 -6,2 5,1 6,8 4,9 3,9 6,6 -0,2 0,8 1,4 4,2 3,0 4,7 3,6 3,7 4,3 3,8 3,6
Pays-Bas 2,8 0,7 2,9 3,0 3,0 3,8 4,3 4,0 3,5 1,4 0,1 0,3 2,0 1,5 3,0 3,1 3,0 3,4 2,7 3,5
Nouvelle-Zélande 1,5 4,7 6,2 4,2 3,4 3,0 0,7 4,7 3,8 2,5 4,7 3,7 4,2 2,1 1,5 1,3 2,0 1,4 1,7 2,1
Norvège 3,0 2,7 5,3 4,4 5,3 5,2 2,6 2,1 2,8 2,7 1,1 1,1 3,1 2,3 2,4 3,2 2,7 2,9 3,0 2,6
Pologne .. .. 5,3 7,0 6,2 7,1 5,0 4,5 4,2 1,1 1,4 3,8 5,3 3,5 5,1 5,1 4,8 .. .. ..
Portugal 3,4 -2,0 1,0 4,3 3,6 4,2 4,8 3,9 3,9 2,0 0,8 -1,1 1,2 0,4 1,3 1,5 1,7 1,4 1,9 1,5
République slovaque .. .. 6,2 5,8 8,0 5,7 3,7 0,3 0,7 3,2 4,1 4,2 5,4 6,0 8,2 8,0 5,7 9,3 6,2 5,9
Espagne 3,2 -1,0 2,4 2,8 2,4 3,9 4,5 4,7 5,0 3,6 2,7 3,0 3,2 3,5 3,7 3,3 3,1 3,7 3,2 3,0
Suède 1,9 -2,0 3,8 4,1 1,4 2,5 3,6 4,3 4,4 1,2 2,0 1,8 3,3 2,7 4,3 3,6 2,9 4,2 3,7 2,3
Suisse 2,1 -0,2 1,1 0,4 0,5 1,9 2,8 1,3 3,6 1,0 0,3 -0,2 2,3 1,9 3,0 2,2 2,0 .. .. ..
Turquie 5,1 8,0 -5,5 7,2 7,0 7,5 3,1 -4,7 7,4 -7,5 7,9 5,8 8,9 7,4 6,1 5,3 6,3 .. .. ..
Royaume-Uni 2,5 2,3 4,3 2,9 2,8 3,0 3,3 3,0 3,8 2,4 2,1 2,7 3,3 1,9 2,6 2,6 2,8 2,7 2,6 2,9
États-Unis 3,5 2,7 4,0 2,5 3,7 4,5 4,2 4,4 3,7 0,8 1,6 2,5 3,9 3,2 3,3 2,4 2,7 3,0 2,6 2,7
Zone euro 2,7 -0,7 2,4 2,4 1,4 2,6 2,7 2,9 3,9 1,9 0,9 0,8 1,7 1,5 2,6 2,2 2,3 2,9 2,2 2,5
Total de l'OCDE 3,3 1,5 3,3 2,5 3,0 3,6 2,7 3,3 4,0 1,2 1,6 2,0 3,2 2,7 3,2 2,5 2,7 3,0 2,7 2,7
Note: La mise en place des nouveaux systèmes de comptes nationaux SCN93 et SEC95 a progressé à un rythme inégal selon les pays membres de l’OCDE, et ce pour les variables et la
période couverte. En conséquence, plusieurs séries nationales contiennent des ruptures. De plus, certains pays utilisent des indices de prix en chaîne afin de calculer le PIB réel et les
composantes des dépenses. Voir le ta-bleau «Systèmes de comptabilité nationale et années de base» au début de l’annexe statistique ainsi que Perspectives économiques de l’OCDE:
Sources et méthodes, (http://www.oecd.org/eco/sources-and-methods).
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n
o
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ANEXO B – EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE
Volume des exportations de biens et services - Sur la base des comptes nationaux, pourcentages de variation par rapport à l'année précédente
Pays 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Australie 2,9 8,4 13,2 5,5 8,2 9,2 5,0 10,6 11,5 0,0 5,2 10,8 2,3 0,1 -2,3 4,1 2,1 2,7 4,4 8,8
Autriche 9,7 7,6 4,0 1,3 -1,5 5,3 5,9 4,7 11,8 8,4 6,2 10,5 7,1 3,7 2,6 9,5 6,9 7,5 6,8 7,4
Belgique 8,2 4,6 3,1 3,7 -0,4 8,3 5,0 2,9 6,0 5,9 5,1 8,7 0,8 0,8 2,9 5,7 3,3 3,1 4,3 5,0
Canada 1,0 4,7 1,8 7,2 10,8 12,7 8,5 5,6 8,3 9,1 10,7 8,9 -3,0 1,2 -2,4 5,2 2,1 1,3 1,7 3,6
République tchèque .. .. .. .. .. 0,2 16,7 5,7 8,3 10,4 4,9 18,0 10,9 1,9 7,2 20,6 10,7 11,9 10,8 11,6
Danemark 4,7 6,7 6,5 0,5 1,0 8,4 3,2 4,2 4,9 4,1 11,6 12,7 3,1 4,1 -1,2 2,7 8,4 12,3 7,0 6,1
Finlande 2,6 2,0 -7,3 9,7 16,6 13,3 8,2 5,9 14,1 9,5 11,3 16,4 2,6 2,8 -1,7 7,8 7,2 11,3 8,1 7,1
France (1) 10,6 4,6 5,7 5,4 -0,3 7,9 7,8 2,8 12,5 7,7 4,0 12,9 2,7 1,3 -1,1 3,3 3,2 7,7 5,7 6,3
Allemagne 10,7 12,4 11,1 -2,0 -4,8 8,1 6,6 6,2 11,8 7,5 5,6 14,1 6,8 4,3 2,3 8,8 7,1 10,4 6,2 7,3
Grèce 2,0 -3,5 4,1 10,0 -2,6 7,4 3,0 3,5 20,0 5,3 18,1 14,1 -1,0 -7,7 1,0 11,7 2,9 5,4 4,8 6,7
Hongrie .. .. .. .. .. 13,7 36,4 12,1 22,3 17,6 12,2 22,0 8,1 3,9 6,2 15,7 11,6 14,3 10,5 9,5
Islande 2,9 0,0 -5,9 -2,0 6,5 9,3 -2,3 9,9 5,6 2,5 3,9 4,3 7,4 3,8 1,6 8,4 7,1 -0,3 12,5 11,8
Irlande 10,3 8,7 5,7 13,9 9,7 15,1 20,0 12,5 17,6 23,1 15,5 20,2 8,8 4,6 0,4 7,3 3,9 5,0 6,0 6,0
Italie 9,2 6,3 -2,1 6,0 8,9 10,2 12,7 -0,3 3,9 0,7 -1,8 9,6 0,3 -4,0 -2,2 2,5 0,7 5,1 3,5 4,4
Japon 9,3 6,7 4,1 3,9 -0,1 3,6 4,3 6,2 11,3 -2,4 1,5 12,2 -6,7 7,6 9,0 13,9 7,0 10,4 7,2 6,9
Corée -4,0 4,5 11,1 12,2 12,2 16,3 24,4 12,2 21,6 12,7 14,6 19,1 -2,7 13,3 15,6 19,6 8,5 12,9 11,0 12,1
Luxembourg 12,6 5,6 9,2 2,7 4,8 7,7 4,6 2,3 11,4 11,2 14,2 12,6 4,5 2,1 3,5 10,1 8,0 15,0 9,1 8,3
Mexique 5,7 5,3 5,1 5,0 8,1 17,8 30,2 18,2 10,7 12,2 12,3 16,3 -3,6 1,4 2,7 11,6 6,9 11,1 5,0 6,0
Pays-Bas 7,5 5,6 5,6 1,8 4,8 9,7 8,8 4,6 8,8 7,4 5,1 11,3 1,6 0,9 1,5 8,0 5,5 8,3 7,3 6,7
Nouvelle-Zélande -1,0 4,8 10,6 3,8 4,8 9,9 3,8 3,8 3,9 1,5 7,9 7,0 3,4 6,3 2,6 5,4 -0,5 2,4 6,6 8,1
Norvège 11,0 8,6 6,1 4,7 3,2 8,4 4,9 10,2 7,7 0,6 2,8 4,0 5,0 -0,8 0,2 0,6 0,7 1,8 3,4 3,8
Pologne .. .. .. .. .. 13,1 22,9 12,0 12,2 14,4 -2,5 23,2 3,1 4,8 14,2 14,0 8,0 15,5 9,5 10,1
Portugal 12,2 9,5 1,2 3,2 -3,3 8,4 8,8 5,7 6,1 8,5 3,0 8,4 1,8 1,5 3,7 4,5 0,9 8,3 5,0 5,7
République slovaque .. .. .. .. .. 14,8 4,5 0,5 10,0 16,4 12,2 8,9 6,8 4,7 15,9 7,9 13,8 17,1 14,9 9,6
Espagne 1,4 4,7 8,3 7,5 7,8 16,7 9,4 10,3 15,0 8,0 7,5 10,2 4,2 2,0 3,7 4,1 1,5 6,5 5,2 5,2
Suède 3,2 1,8 -1,9 2,2 8,3 13,8 11,4 4,5 13,2 8,5 7,7 11,3 0,8 0,9 4,4 10,7 6,6 7,9 7,8 7,5
Suisse 6,1 2,8 -1,3 3,1 1,3 1,9 0,5 3,6 11,1 3,9 6,5 12,2 0,2 -0,7 -0,4 8,4 6,4 8,4 6,0 6,2
Turquie -0,3 2,6 3,7 11,0 7,7 15,2 8,0 22,0 19,1 12,0 -7,0 19,2 7,4 11,1 16,0 12,5 8,5 6,6 8,3 10,2
Royaume-Uni 4,5 5,5 -0,1 4,4 4,4 9,2 9,5 8,9 8,2 3,0 3,8 9,1 2,9 1,0 1,7 4,9 7,1 12,8 5,6 9,1
États-Unis (1) 11,5 9,0 6,6 6,9 3,2 8,7 10,1 8,4 11,9 2,4 4,3 8,7 -5,4 -2,3 1,3 9,2 6,8 8,5 6,3 6,9
Total OCDE 7,9 6,9 4,8 4,4 2,9 8,9 9,1 6,6 10,8 5,1 5,3 11,5 0,1 1,8 2,6 8,4 5,7 8,7 6,3 7,1
Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000.
(1). Les données de volume de certains composants utilisent des indices de prix hédonistes.
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n
o
80.
259
ANEXO C – IMPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE
Volume des importations de biens et services - Sur la base des comptes nationaux, pourcentages de variation par rapport à l'année précédente
Pays 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Australie 20,6 -4,0 -2,4 7,1 4,2 14,2 8,1 8,2 10,3 6,5 8,8 7,5 -4,3 11,1 10,4 15,1 8,2 5,8 6,0 8,0
Autriche 9,4 7,3 4,8 2,1 2,9 3,5 5,0 4,3 7,4 5,7 5,4 9,6 5,1 0,8 4,3 8,3 6,1 5,9 6,6 7,0
Belgique 9,7 4,9 2,9 4,1 -0,4 7,3 4,7 2,1 5,3 7,1 4,4 9,2 -0,1 0,2 2,8 6,2 4,1 3,0 4,8 5,4
Canada 5,9 2,0 2,5 4,7 7,4 8,0 5,7 5,1 14,2 5,1 7,8 8,1 -5,1 1,7 4,5 8,2 7,1 5,8 3,7 4,0
République tchèque .. .. .. .. .. 7,8 21,2 12,2 6,7 8,3 4,5 17,4 12,5 4,9 8,0 17,8 5,0 11,4 11,1 11,6
Danemark 5,0 2,3 3,6 0,1 -1,1 12,8 7,4 3,3 9,5 8,5 3,5 13,0 1,9 7,5 -1,7 6,4 11,8 16,9 7,9 8,0
Finlande 9,1 -0,7 -13,4 0,4 1,6 12,9 7,6 6,4 11,6 8,2 3,6 16,4 1,0 2,5 3,3 7,4 12,3 8,3 8,6 7,3
France (1) 8,2 4,6 2,3 1,0 -3,7 8,8 6,4 2,2 7,6 10,8 5,8 15,1 2,2 1,6 1,5 6,0 6,4 8,8 6,7 6,6
Allemagne 9,0 11,8 10,9 1,7 -4,6 8,3 6,8 3,7 8,3 9,0 8,3 10,7 1,5 -1,4 5,3 6,2 6,7 10,0 5,3 7,6
Grèce 10,5 8,4 5,8 1,1 0,6 1,5 8,9 7,0 14,2 9,2 15,0 15,1 -5,2 -1,4 4,5 9,3 -1,2 7,3 5,7 6,8
Hongrie .. .. .. .. .. 8,8 15,1 9,4 23,1 23,8 13,3 20,2 5,3 6,8 9,3 14,1 6,8 10,5 7,7 7,2
Islande -10,3 1,0 5,3 -6,0 -7,5 3,8 3,6 16,5 8,0 23,4 4,4 8,6 -9,1 -2,6 10,8 14,4 28,9 5,2 -4,1 -1,0
Irlande 13,5 5,1 2,4 8,2 7,5 15,5 16,4 12,5 16,7 27,6 12,4 21,6 7,2 2,5 -1,4 8,6 6,5 5,4 7,3 6,8
Italie 9,4 9,0 2,2 5,9 -11,5 8,5 9,6 -1,9 9,2 8,1 2,9 6,4 -0,3 -0,5 1,0 1,9 1,8 3,4 3,7 5,8
Japon 16,9 7,8 -1,1 -0,7 -1,4 7,9 13,3 13,1 0,7 -6,7 3,7 8,5 0,9 0,9 3,9 8,5 6,2 5,3 3,1 4,4
Corée 17,5 13,8 18,6 5,4 6,0 21,3 23,0 14,3 3,5 -21,8 27,8 20,1 -4,2 15,2 10,1 13,9 6,9 12,7 10,6 11,8
Luxembourg 9,1 5,0 9,1 -3,1 5,2 6,7 4,2 4,9 12,6 11,8 14,8 10,5 6,0 1,0 5,5 10,3 9,3 12,7 9,4 8,5
Mexique 18,0 19,7 15,2 19,6 1,9 21,3 -15,0 22,9 22,7 16,6 14,1 21,5 -1,6 1,5 0,7 11,6 8,7 12,2 6,3 7,2
Pays-Bas 7,7 3,8 4,9 1,5 0,3 9,4 10,5 4,4 9,5 8,5 5,8 10,5 2,2 0,3 1,8 6,4 5,1 8,3 6,8 4,9
Nouvelle-Zélande 14,4 3,6 -5,2 8,3 5,4 13,1 8,7 7,6 2,1 1,3 12,1 -0,4 2,0 9,6 8,6 16,4 6,2 -3,0 3,8 6,3
Norvège 2,2 2,5 0,5 1,6 4,9 5,8 5,7 8,8 12,4 8,5 -1,8 2,7 0,9 0,7 1,1 8,9 7,4 7,9 4,9 4,3
Pologne .. .. .. .. .. 11,3 24,2 28,0 21,4 18,6 1,0 15,5 -5,3 2,7 9,3 15,2 4,7 14,8 9,8 9,6
Portugal 5,9 14,5 7,2 10,7 -3,3 8,8 7,4 5,2 9,8 14,2 8,6 5,3 0,9 -0,7 -0,4 6,8 1,8 3,2 3,7 5,2
République slovaque .. .. .. .. .. -4,7 11,6 17,3 10,2 16,5 0,4 8,2 13,5 4,6 7,6 8,8 16,6 15,7 11,9 9,2
Espagne 17,7 9,6 10,3 6,8 -5,2 11,4 11,1 8,8 13,3 14,8 13,7 10,8 4,5 3,7 6,2 9,6 7,0 8,3 6,6 6,6
Suède 7,7 0,7 -4,9 1,5 -2,2 12,3 7,4 3,9 11,9 11,3 4,9 11,4 -2,6 -1,9 5,1 6,8 6,6 7,6 8,2 7,8
Suisse 5,8 3,2 -1,9 -3,8 -0,1 7,7 4,3 3,2 8,3 7,5 4,3 9,6 3,2 -2,6 1,0 7,4 5,3 8,8 6,1 6,1
Turquie 6,9 33,0 -5,2 10,9 35,8 -21,9 29,6 20,5 22,4 2,3 -3,7 25,4 -24,8 15,8 27,1 24,7 11,5 9,0 8,3 9,2
Royaume-Uni 7,4 0,5 -4,5 6,8 3,3 5,8 5,6 9,8 9,8 9,2 7,9 9,0 4,8 4,8 2,0 6,6 6,5 12,1 5,2 8,3
États-Unis (1) 4,4 3,6 -0,6 6,9 8,7 11,9 8,0 8,7 13,6 11,6 11,5 13,1 -2,7 3,4 4,1 10,8 6,1 6,3 4,1 5,4
Total OCDE 8,8 5,9 2,4 4,1 1,2 9,5 8,2 7,4 9,9 7,4 8,3 11,8 -0,2 2,4 4,0 8,8 6,3 8,0 5,5 6,5
Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000.
(1). Les données de volume de certains composants utilisent des indices de prix hédonistes.
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n
o
80.
260
ANEXO D – PARTICIPAÇÃO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Parts dans les exportations et importations mondiales - Pourcentages, total des biens et services en valeur, statistiques douanières
Pays 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
A. Exportations
Canada
3,4 3,6 3,6 3,5 3,5 3,6 3,7 4,0 4,2 4,1 3,8 3,5 3,4 3,4 3,2 2,9 2,8
France
6,3 5,7 5,6 5,7 5,5 5,3 5,7 5,4 4,8 5,0 4,9 5,0 4,7 4,3 4,2 4,1 4,0
Allemagne
10,6 9,4 9,3 9,6 9,1 8,6 9,2 8,8 8,0 8,7 9,1 9,4 9,3 8,9 8,8 8,8 8,6
Italie
4,9 4,6 4,5 4,6 4,7 4,4 4,5 4,1 3,8 4,0 3,9 4,0 3,9 3,6 3,5 3,4 3,3
Japon
8,0 8,4 8,1 7,6 6,8 6,7 6,2 6,4 6,5 5,7 5,6 5,5 5,4 5,1 4,8 4,7 4,6
Royaume-Uni
5,4 5,2 5,2 5,1 5,3 5,5 5,6 5,5 5,1 5,2 5,2 5,0 4,9 4,6 4,6 4,6 4,6
États-Unis
13,6 13,8 13,5 12,8 13,0 13,8 14,0 14,0 13,9 13,5 12,5 11,2 10,4 10,2 10,0 9,9 9,7
Autres pays de l'OCDE
24,4 24,4 24,7 25,7 25,7 25,1 26,3 26,2 25,5 26,2 26,5 27,1 27,1 26,4 26,0 26,1 25,9
Total OCDE
76,7 75,0 74,7 74,5 73,6 73,0 75,1 74,5 71,9 72,2 71,5 70,6 69,0 66,5 65,2 64,6 63,6
Total Non-OCDE Asie
12,4 13,7 14,5 14,9 15,3 15,8 14,8 15,2 16,3 16,0 16,8 17,1 17,8 18,7 19,1 20,1 21,1
Pays d'Amérique latine
2,6 2,8 2,8 2,8 2,8 3,0 2,9 2,8 2,9 2,9 2,7 2,7 2,8 3,1 3,2 3,2 3,1
Autres pays non-OCDE (1)
8,3 8,5 7,9 7,8 8,3 8,2 7,2 7,6 8,9 8,9 8,9 9,6 10,3 11,6 12,4 12,1 12,2
Total pays non membres de l'OCDE
23,3 25,0 25,3 25,5 26,4 27,0 24,9 25,5 28,1 27,8 28,5 29,4 31,0 33,5 34,8 35,4 36,4
B. Importations
Canada
3,4 3,6 3,5 3,2 3,2 3,5 3,6 3,7 3,7 3,5 3,4 3,2 3,0 3,0 3,0 2,8 2,7
France
6,3 5,5 5,5 5,4 5,2 4,8 5,2 5,0 4,7 4,7 4,7 4,8 4,7 4,5 4,4 4,4 4,3
Allemagne
10,8 9,5 9,4 9,5 8,9 8,4 8,8 8,7 8,0 8,1 7,9 8,4 8,1 7,8 7,8 7,7 7,5
Italie
5,0 3,9 3,9 4,0 3,8 3,8 4,0 3,8 3,6 3,8 3,8 3,9 3,8 3,7 3,6 3,5 3,5
Japon
6,2 6,4 6,4 6,5 6,6 6,1 5,2 5,4 5,6 5,3 4,9 4,8 4,7 4,6 4,5 4,3 4,1
Royaume-Uni
5,7 5,4 5,4 5,2 5,4 5,6 5,9 5,9 5,5 5,6 5,8 5,6 5,4 5,3 5,4 5,3 5,3
États-Unis
14,3 15,3 15,5 14,5 14,7 15,6 16,6 17,8 18,7 18,3 17,9 16,6 16,0 15,9 15,5 14,7 14,2
Autres pays de l'OCDE
24,4 23,9 24,2 24,7 25,0 24,5 25,4 25,4 24,8 24,9 25,3 26,1 26,1 25,7 25,7 25,8 25,5
Total OCDE
76,0 73,6 73,9 73,2 72,9 72,3 74,6 75,7 74,6 74,3 73,8 73,4 71,8 70,6 69,8 68,5 67,1
Total Non-OCDE Asie
12,3 14,1 14,9 15,5 15,7 15,8 13,8 14,0 15,2 14,8 15,5 15,8 17,0 17,5 17,6 18,3 19,3
Pays d'Amérique latine
2,5 2,9 3,0 3,1 3,1 3,5 3,6 3,0 2,9 3,0 2,5 2,3 2,3 2,5 2,7 2,7 2,7
Autres pays non-OCDE (1)
9,2 9,4 8,2 8,1 8,3 8,4 8,0 7,3 7,2 7,9 8,3 8,6 8,9 9,4 9,9 10,4 10,9
Total pays non membres de l'OCDE
24,0 26,4 26,1 26,8 27,1 27,7 25,4 24,3 25,4 25,7 26,2 26,6 28,2 29,4 30,2 31,5 32,9
Note : Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional.
(1). Les données des Pays d'Europe Centrale et Orientale avant 1995 sont des estimations de l'OCDE.
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n
o
80.
261
ANEXO E – CRESCIMENTO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL NO MUNDO
Décomposition géographique du commerce mondial - Moyenne des volumes d'importation et d'exportation
Pays 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
A. Croissance du commerce par régions principales
ALENA (1) 7,2 6,5 11,1 8,3 8,9 12,8 7,9 8,9 11,5 -3,8 1,1 2,4 9,7 6,2 7,1 4,7 5,7
OCDE Europe 3,1 0,0 8,4 8,2 5,2 9,9 8,1 5,7 11,5 2,7 1,5 2,6 7,0 5,7 8,8 6,2 7,0
OCDE Asie & Pacifique (2) 3,3 1,6 8,6 11,0 10,3 7,5 -3,9 7,1 12,3 -2,9 7,1 8,1 12,8 6,8 9,0 7,1 8,1
Total de l'OCDE 4,2 2,0 9,2 8,7 7,0 10,4 6,3 6,8 11,6 -0,1 2,1 3,3 8,6 6,0 8,3 5,9 6,8
Pays non-membres d'Asie 13,6 14,0 14,9 13,9 8,9 9,9 -4,4 7,6 17,0 -2,3 11,2 13,0 18,0 12,4 12,7 11,9 12,2
Pays d'Amérique latine 14,5 15,4 10,0 11,9 5,9 13,7 7,2 -4,8 6,7 2,8 -4,5 4,5 14,0 12,3 10,1 7,7 5,7
Autres pays non membres de l'OCDE (3) -4,2 7,0 0,0 1,4 5,6 6,1 0,0 5,1 9,7 5,8 5,6 8,5 12,5 9,3 12,7 12,2 12,1
Total des pays non membres de l'OCDE (3) 5,9 11,4 8,7 9,3 7,5 9,1 -1,7 5,3 13,5 0,7 7,7 10,8 16,0 11,5 12,4 11,6 11,6
Monde 4,7 4,6 9,1 8,9 7,2 10,0 4,0 6,4 12,1 0,1 3,6 5,4 10,8 7,7 9,6 7,7 8,4
B. Contribution à la croissance du commerce mondial par régions principales
ALENA (1) 1,4 1,3 2,2 1,7 1,8 2,7 1,7 2,0 2,6 -0,8 0,2 0,5 2,0 1,3 1,4 0,9 1,1
OCDE Europe 1,3 0,0 3,4 3,3 2,1 3,9 3,2 2,3 4,7 1,1 0,6 1,1 2,8 2,2 3,3 2,3 2,6
OCDE Asie & Pacifique (2) 0,4 0,2 0,9 1,1 1,1 0,8 -0,4 0,7 1,2 -0,3 0,7 0,8 1,3 0,7 0,9 0,7 0,8
Total de l'OCDE 3,1 1,5 6,6 6,2 5,0 7,4 4,5 5,0 8,6 0,0 1,6 2,4 6,1 4,2 5,7 4,0 4,5
Pays non-membres d'Asie 1,7 1,9 2,2 2,1 1,4 1,6 -0,7 1,1 2,6 -0,4 1,7 2,1 3,2 2,3 2,5 2,4 2,6
Pays d'Amérique latine 0,4 0,4 0,3 0,4 0,2 0,4 0,2 -0,2 0,2 0,1 -0,1 0,1 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2
Autres pays non membres de l'OCDE (3) -0,5 0,7 0,0 0,1 0,5 0,5 0,0 0,4 0,8 0,5 0,5 0,7 1,1 0,8 1,2 1,1 1,2
Total des pays non membres de l'OCDE (3) 1,6 3,1 2,5 2,6 2,1 2,6 -0,5 1,4 3,6 0,2 2,1 3,0 4,7 3,5 4,0 3,8 3,9
Monde 4,7 4,6 9,1 8,9 7,2 10,0 4,0 6,4 12,1 0,1 3,6 5,4 10,8 7,7 9,6 7,7 8,4
Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000.
(1). Canada, Mexique et États-Unis.
(2). Australie, Japon, Corée et Nouvelle-Zélande.
(3). Les données des Pays d'Europe Centrale et Orientale avant 1996 sont des estimations de l'OCDE.
Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, n
o
80.
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