Download PDF
ads:
ANGÉLICA HERINGER DE REZENDE
AVALIAÇÃO DO USO DO ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO E
DA VITAMINA E NA PROGRESSÃO DA ATEROSCLEROSE EM
CAMUNDONGOS KNOCKOUT PARA O RECEPTOR DE LDL
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Nutrição, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ANGÉLICA HERINGER DE REZENDE
AVALIAÇÃO DO USO DO ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO E
DA VITAMINA E NA PROGRESSÃO DA ATEROSCLEROSE EM
CAMUNDONGOS KNOCKOUT PARA O RECEPTOR DE LDL
Aprovada: 20 de julho de 2007
Profª. Maria do Carmo Gouveia Peluzio
(Co-orientadora)
Prof. Sérgio Oliveira de Paula
(Co-orientador)
Profª. Maria Beatriz Abreu Glória
Prof. Clóvis Andrade Neves
_______________________________________
Profª. Céphora Maria Sabarense
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Nutrição, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
ads:
ii
À minha mãe, exemplo de força.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tornar tudo possível.
À Universidade Federal de Viçosa, especialmente aos professores e funcionários do
Departamento de Nutrição e Saúde.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição.
À CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
À Profª. Céphora, por acreditar e confiar em mim, a mais que eu mesma. O seu
incentivo e amizade foram fundamentais em todas as etapas do meu aprendizado.
À Profª. Carminha, pelas inestimáveis contribuições na realização deste trabalho e no
meu crescimento profissional.
Ao Prof. Sérgio, pela atenção e pelos conhecimentos compartilhados.
Ao Prof. Clóvis, pela disponibilidade e pela contribuição valiosa nas análises
histológicas e morfométricas.
Aos colegas dos Laboratórios de Bioquímica Nutricional, Análise de Alimentos,
Nutrição Experimental e Análise de Vitaminas: Maria Carol, Nilma, Vanessa, Luiza,
Luiz Fernando, Luana, Fernanda, Mariane, Vânia, Monise, Pollyanna, Michele Netto,
Paloma e Rodrigo, pelas contribuições e pela convivência.
À Déborah, Júlia e Tatiana, pela dedicação nas horas “oficiais” de trabalho e nas
inúmeras horas extras. Obrigada por me ajudarem a concretizar este trabalho.
À Solange, minha mãe de Viçosa, pelos momentos de descontração, pelos conselhos e
pela amizade.
Ao Arnaldo, Clarice, Aline, Marina Maria, Damiana, Poliana e Tati Coura, com os
quais eu sempre pude contar. Sem vocês seria muito mais difícil chegar até aqui.
À minha mãe, Eugenia, e às minhas irmãs, Lígia e Larissa, pelo amor e pela dedicação.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
iv
BIOGRAFIA
Angélica Heringer de Rezende, filha de Roberto da Silva Rezende e de Eugenia
Inez Heringer Rezende, nasceu em 05 de fevereiro de 1980, na cidade de Caratinga,
Minas Gerais.
Em abril de 2001 iniciou o Curso de Graduação em Nutrição, na Universidade
Federal de Viçosa, concluindo-o em julho de 2005.
Em agosto de 2005, iniciou o curso de mestrado, no Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Nutrição, do Departamento de Nutrição e Saúde, concluindo-o em julho
de 2007.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... viii
LISTA DE QUADROS E TABELAS ................................................................. ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................... x
RESUMO ............................................................................................................. xii
ABSTRACT ......................................................................................................... xiii
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 3
2.1 Aterosclerose ......................................................................................... 3
2.2 Camundongos knockout para o receptor de LDL como modelo
experimental ..........................................................................................
6
2.3 Ácido linoléico conjugado .................................................................... 7
2.3.1 Definição e fontes dietéticas ..................................................... 7
2.3.2 Consumo ................................................................................... 9
2.3.3 Efeitos do CLA na aterosclerose ............................................... 10
2.4 Vitamina E ............................................................................................ 12
2.4.1 Definição e fontes dietéticas ..................................................... 12
2.4.2 Efeitos da vitamina E na aterosclerose ......................................
13
3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16
3.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 16
3.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 16
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 17
4.1 Animais ................................................................................................. 17
4.2. Delineamento Experimental ................................................................. 17
4.3 Dietas .................................................................................................... 19
4.4 Análise dos Lipídios ..............................................................................
20
4.4.1 Extração dos Lipídios ................................................................
20
4.4.2 Identificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos ........... 20
4.5 Determinação do colesterol sérico, hepático e fecal ............................. 21
4.6 Avaliação da peroxidação lipídica ........................................................ 21
4.7 Determinação do α-tocoferol ................................................................ 22
4.8 Análise morfométrica ............................................................................ 23
4.9 Análise estatística .................................................................................. 23
vi
5 ARTIGO DE REVISÃO: Os isômeros do CLA são agentes antiaterogênicos?
Evidências sobre o desenvolvimento e regressão das lesões ............................
24
5.1 Introdução ............................................................................................. 25
5.2 Isômeros do CLA e aterogênese ........................................................... 26
5.3 Isômeros do CLA e regressão da aterosclerose .....................................
27
5.4 Mecanismos bioquímicos prováveis ..................................................... 28
5.5 Os isômeros do CLA podem ser considerados agentes
antiaterogênicos?.................................................................................
30
6 ARTIGO ORIGINAL I: Vitamina E, mas não o ácido linoléico conjugado,
reduz a progressão da aterosclerose em camundongos LDLR -/- com lesão
pré-estabelecida .................................................................................................
33
6.1 Introdução ............................................................................................. 34
6.2 Materiais e Métodos............................................................................... 35
6.2.1 Animais e dietas ........................................................................ 35
6.2.2 Concentração dos lipídios séricos ............................................. 37
6.2.3 Concentração do colesterol hepático e fecal ............................. 37
6.2.4 Determinação do α-tocoferol .................................................... 37
6.2.5 Análise Morfométrica ............................................................... 38
6.2.6 Análise estatística ...................................................................... 38
6.3 Resultados e Discussão ......................................................................... 39
6.3.1 Peso dos animais ....................................................................... 39
6.3.2 Colesterol .................................................................................. 39
6.3.3 Concentrações de α-tocoferol ....................................................
43
6.3.4 Aterogênese ............................................................................... 45
6.4 Conclusões ............................................................................................ 53
7 ARTIGO ORIGINAL II: Perfil de ácidos graxos teciduais não é alterado
pelo consumo de 10t,12c-CLA e/ou de vitamina E em camundongos LDLR -/-
54
7.1 Introdução ............................................................................................. 55
7.2 Materiais e Métodos............................................................................... 56
7.2.1 Animais e dietas ........................................................................ 56
7.2.2 Avaliação da peroxidação lipídica ............................................ 57
7.2.3 Análise dos lipídios ................................................................... 57
7.2.3.1 Extração dos lipídios ..................................................... 57
7.2.3.2 Identificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos .. 57
vii
7.2.4 Análise estatística ...................................................................... 58
7.3 Resultados e Discussão ......................................................................... 58
7.3.1 Ganho de peso e consumo alimentar .........................................
58
7.3.2 Hidroperóxidos hepáticos ......................................................... 60
7.3.3 Perfil de ácidos graxos teciduais ............................................... 61
7.3.3.1 Perfil de ácidos graxos do fígado .................................. 66
7.3.3.2 Perfil de ácidos graxos do tecido adiposo peri-renal .... 68
7.3.3.3 Perfil de ácidos graxos do intestino……....................... 70
7.4 Conclusões ............................................................................................ 73
8 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS................................................................ 73
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 74
viii
LISTA DE FIGURAS
Pag.
Figura 2.1 –
Estruturas das ligações duplas dieno-conjugadas e metileno
interrompidas.........................................................................
7
Figura 2.2
Representação do ácido linoléico e de três dos seus
isômeros conjugados..............................................................
8
Figura 2.3 –
Estrutura química do α-tocoferol........................................... 12
Figura 4.1 –
Desenho experimental............................................................
18
Figura 6.1 –
Concentrações hepáticas de colesterol dos grupos controles
e experimentais......................................................................
42
Figura 6.2 –
Concentrações de α-tocoferol hepático dos grupos controles
e experimentais......................................................................
44
Figura 6.3 –
Concentração fecal de α-tocoferol, nas fases de indução e
de tratamento, dos grupos controles e experimentais............
45
Figura 6.4 –
Avaliação morfométrica da maior lesão aterosclerótica de
camundongos LDLR -/-.........................................................
48
Figura 6.5 –
Perce
ntual de obstrução da aorta de camundongos LDLR
-/- ...........................................................................................
49
Figura 6.6 –
Histologia da aorta proximal de camundongos LDLR -/-......
50
Figura 6.7 –
Aspecto histológico da aorta proximal de camundongos
LDLR -/- ...............................................................................
51
Figura 6.8 –
Histologia da aorta proximal de camundongos LDLR -/-,
após oito semanas de tratamento com CLA e/ou com
vitamina E..............................................................................
52
Figura 7.1 –
Evolução do peso dos animais dos grupos controles e
experimentais.........................................................................
59
Figura 7.2 –
Concentração hepática de hidroperóxidos lipídicos dos
grupos controles e experimentais...........................................
61
Figura 7.3 –
Proporção de ácidos graxos saturados (AGS),
monoinsaturados (AGMI) e poliinsaturados (AGPI) em
diferentes órgãos e tecidos.....................................................
65
ix
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Pag.
Quadro 5.1 –
Efeitos dos isômeros do CLA na aterosclerose
experimental..........................................................................
32
Tabela 4.1 –
Composição das dietas experimentais (%) ........................... 19
Tabela 6.1 –
Composição da dieta controle (semipurificada).................... 36
Tabela 6.2 –
Composição da dieta de indução (aterogênica)..................... 36
Tabela 6.3 –
Peso corporal (g) e perfil de lipídios séricos (mg/gdL) dos
animais dos grupos controles e experimentais......................
40
Tabela 6.4 –
Concentração de colesterol fecal (mg/g) dos grupos
controles e experimentais, nas fases de indução (FI) e de
tratamento (FT)...................................................................
43
Tabela 7.1 –
Peso corporal e consumo alimentar dos animais dos grupos
controles e experimentais......................................................
59
Tabela 7.2 –
Perfil de ácidos graxos das dietas controles e
experimentais.........................................................................
62
Tabela 7.3 –
Perfil de ácidos graxos do fígado dos grupos controles e
experimentais.......................................................................
67
Tabela 7.4 –
Perfil de ácidos graxos do tecido adiposo dos grupos
controles e experimentais......................................................
69
Tabela 7.5 –
Perfil de ácidos graxos do intestino dos grupos controles e
experimentais.........................................................................
71
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Somatório
AG Ácido graxo
AGMI Ácido graxo monoinsaturado
AGPI Ácido graxo poliinsaturado
AGS Ácido graxo saturado
Ag+-HPLC Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, utilizando coluna
impregnada com nitrato de prata.
ApoB-100 Apolipoproteína B-100
ApoE -/- Deficiência de apolipoproteína E
BHT Butil Hidroxitolueno
CEA Coeficiente de Eficácia Alimentar
CEA
AL
Coeficiente de Eficácia Alimentar aparente dos lipídios
CG Cromatografia gasosa
CLA Ácido linoléico conjugado
COX Ciclooxigenase
HDL Lipoproteína de alta densidade
HepG2 Células de carcinoma hepatocelular, Homo sapiens.
HOO
Radical perhidroxil
HPLC Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
ICAM-1 Molécula-1 de adesão intercelular
IFN Interferon
IL Interleucina
iNOS Óxido nítrico sintase indutível
LDL Lipoproteína de baixa densidade
LDL-MM LDL minimamente oxidada
LDL-OX LDL oxidada
LDLR -/- Deficiência de receptores de LDL
xi
MCP-1 Proteína-1 quimiotática para monócitos
M-CSF Fator estimulador de colônia de macrófagos
NF-κB Fator nuclear κB
PAF Fator ativador de plaquetas
PBS Solução salina tamponada com fosfato
PGE Prostaglandina E
PPAR Peroxissome Proliferator-Activated Receptor
TNF Fator de necrose tumoral
VCAM-1 Molécula-1 de adesão da célula vascular
VLDL Lipoproteína de muito baixa densidade
xii
RESUMO
REZENDE, Angélica Heringer. M.Sc. Universidade Federal de Viçosa, julho de 2007.
Avaliação do uso do ácido linoléico conjugado e da vitamina E na progressão
da aterosclerose em camundongos knockout para o receptor de LDL.
Orientadora: Céphora Maria Sabarense. Co-orientadores: Maria do Carmo Gouveia
Peluzio, Sérgio Oliveira de Paula e Cristina Maria Ganns Chaves Dias.
Este estudo teve o objetivo de avaliar os efeitos da suplementação com CLA e/ou
com vitamina E na progressão da aterosclerose e no perfil de ácidos graxos teciduais de
camundongos LDLR -/-, um modelo para hipercolesterolemia familiar. Os animais
foram alimentados com dieta semipurificada (CT) ou com dieta aterogênica (AT),
durante seis semanas. Após este período, um grupo sofreu eutanásia para avaliação do
grau de desenvolvimento da aterosclerose e os outros animais foram alimentados por
oito semanas com dieta semipurificada suplementada com 1% de vitamina E (TOC), 1%
de 10t,12c-CLA (CLA) ou com 1% de vitamina E + 1% de 10t,12c-CLA (CLA/TOC).
O peso dos animais foi monitorado semanalmente e o consumo alimentar diariamente.
O perfil de lipídios séricos foi determinado, bem como as concentrações de α-tocoferol
e de colesterol no fígado e nas fezes. A peroxidação lipídica no fígado foi determinada
pela análise de hidroperóxidos. Os perfis de ácidos graxos do fígado, tecido adiposo e
intestino delgado foram analisados por cromatografia gasosa. Avaliou-se a área total da
lesão aterosclerótica e o percentual de obstrução da aorta dos diferentes grupos
experimentais. As concentrações séricas de colesterol total, de LDL e de triacilgliceróis
foram menores nos grupos suplementados com vitamina E. Nestes grupos, a excreção
de colesterol foi maior que nos demais e também foram observadas as maiores
concentrações hepáticas de α-tocoferol. Por outro lado, no grupo suplementado com
vitamina E foi encontrado o maior grau de peroxidação dos lipídios hepáticos. Os perfis
de ácidos graxos dos tecidos refletiram a composição de ácidos graxos das dietas.
Entretanto, em nenhum dos tecidos analisados foi possível identificar a incorporação do
10t,12c-CLA. Aparentemente, o CLA não foi detectado em função da sua rápida
metabolização. Em todos os grupos experimentais, os percentuais de ácidos graxos
poliinsaturados no tecido adiposo e no intestino, foram maiores em relação ao grupo
CT. A utilização isolada do isômero 10t,12c-CLA não impediu o desenvolvimento de
lesões ateroscleróticas na aorta. Por outro lado, a suplementação dietética com vitamina
E, assim como a associação de vitamina E e 10t,12c-CLA, reduziram significantemente
a área total da lesão e o percentual de obstrução da aorta. Demonstrando, assim, a
melhor ação da vitamina E que do 10t,12c-CLA em reduzir a progressão da
aterosclerose, a despeito da sua ação antioxidante.
xiii
ABSTRACT
REZENDE, Angélica Heringer. M.Sc. Universidade Federal de Viçosa, July, 2007.
Assessment of use of conjugated linoleic acid and vitamin E in the
atherosclerosis progression in LDL-receptor knockout mice. Adviser: Céphora
Maria Sabarense. Co-advisers: Maria do Carmo Gouveia Peluzio, Sérgio Oliveira de
Paula and Cristina Maria Ganns Chaves Dias.
This study aimed to evaluate the effects of CLA and/or vitamin E supplementation
in the progression of atherosclerosis and in the fatty acids profile of tissues of LDLR -/-
mice, a model for familial hypercholesterolemia. The animals were fed with a semi
purified diet (CT) or with an atherogenic diet (AT), during six weeks. After this period,
in order to evaluating the atherosclerosis development degree, a group of animals was
euthanized. The other animals were fed during eight weeks later with a semi purified
diet supplemented with 1% of vitamin E (TOC), 1% of 10t,12c-CLA (CLA) or with 1%
of vitamin E + 1% of 10t,12c-CLA (CLA/TOC). The weight and the diet consumption
were monitored weekly and daily, respectively. Fatty acid serum profile was
determined, as well as liver and feces concentrations of α-tocopherol and cholesterol.
Peroxidation in liver was evaluated by hydroperoxides analysis. The fatty acids profiles
of the liver, adipose tissue and small intestine were analyzed by gas chromatography.
The total area of the atherosclerotic lesion and the aorta obstruction percentile were
estimated. Serum lipids profile showed total cholesterol, LDL and triacylglycerols
smaller concentrations in the supplemented with vitamin E groups. In these groups the
cholesterol excretion and the hepatic α-tocopherol concentrations were larger than in
others. However, in the group that received with vitamin E only, was found the biggest
degree of hepatic lipids peroxidation. The fatty acids profiles of tissues reflected the
dietary fatty acids composition. Althought, in none tissues analyzed was possible to
identify the incorporation of 10t,12c-CLA. Probably the CLA was not detected due to
its rapidly metabolization. In all of the experimental groups, the polyunsaturated fatty
acids percentage in the adipose tissue and intestine was larger than in CT group. The
use of 10t,12c-CLA isomer individually did not impede the atherosclerotic lesions
development in the aorta. On the other hand, the dietary supplementation with vitamin
E, as well as the vitamin E and 10t,12c-CLA association significantly reduced the total
area of the atherosclerotic lesion and the aorta obstruction percentile. Showing the better
action of vitamin E than 10t,12c-CLA in reduce the atherosclerosis progression, despite
their antioxidant effect.
Introdução
1
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares secundárias à aterosclerose têm elevado
substancialmente as taxas de morbidade e mortalidade, principalmente nos países em
desenvolvimento, como o Brasil (DEPARTAMENTO DE ATEROSCLEROSE DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).
Alguns componentes do estilo de vida, particularmente a dieta, têm mostrado
relação direta com os fatores de risco cardiovasculares (HAMER e STEPTOE, 2006). A
promoção do consumo de nutrientes específicos, provenientes de fontes naturais ou de
suplementos, tem recebido considerável atenção. Neste sentido, têm-se relacionado os
benefícios de alguns compostos como, por exemplo, determinados ácidos graxos e
antioxidantes da dieta, nos fatores de risco cardiovasculares.
Estudos sobre o consumo de ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados,
particularmente, do ácido oléico (ODA et al., 2005), dos ácidos graxos da família
ômega-3 (ODA et al., 2005; ERKKILÄ et al., 2006) e dos ácidos linoléicos conjugados
(LOCK et al., 2005; VALEILLE et al., 2006), têm demonstrado o efeito protetor destes
nutrientes no desenvolvimento das doenças cardiovasculares, uma vez que a fonte e a
natureza dos ácidos graxos são importantes determinantes dos seus efeitos sobre a
saúde. Estes ácidos graxos são capazes de formar lipoproteínas com menor
suscetibilidade à oxidação.
Por outro lado, a utilização de flavonóides (KAPLAN et al., 2001) e de
compostos vitamínicos (ZUREIK et al., 2004), como o β-caroteno (LEVY et al., 2000),
o ácido ascórbico (WANNAMETHEE et al., 2006) e o α-tocoferol (IANNUZZI et al.,
2002; OTERO et al., 2005), também tem se mostrado eficaz em melhorar a saúde
cardiovascular, devido à sua capacidade antioxidante.
Dentre os agentes antioxidantes, os resultados da ação do α-tocoferol ainda são
controversos, o que sugere a necessidade de se ter um consenso quanto à quantidade
deste composto a ser suplementada, considerando a elevada perda pelas fezes e a
possibilidade de haver uma relação inversamente proporcional entre a quantidade
consumida e o percentual absorvido (LOSOWSKY et al., 1972), que seja capaz de atuar
beneficamente sobre os fatores de risco das doenças cardiovasculares.
O interesse pelo consumo de alimentos de origem animal, com alto conteúdo de
gorduras saturadas, tem diminuído devido às recomendações de redução da ingestão
destes nutrientes, como forma de prevenir o desenvolvimento das doenças
Introdução
2
cardiovasculares. Neste cenário de redução do consumo da gordura de origem animal,
os resultados de vários estudos experimentais têm divulgado o papel dos ácidos
linoléicos conjugados como potentes agentes antiaterogênicos. Desta forma, surge uma
grande expectativa de estimular o consumo dos produtos derivados de ruminantes,
que estes são fontes naturais destes ácidos graxos (BESSA et al., 2000).
Revisão da Literatura
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aterosclerose
A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que
ocorre em resposta à agressão endotelial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 2007). Ela se manifesta clinicamente através das doenças
cardiovasculares, que compreendem as doenças cardíacas e as doenças
cerebrovasculares.
As duas principais hipóteses sobre o início do processo aterogênico são a
hipótese da resposta à injúria e a hipótese oxidativa. Segundo a hipótese da resposta a
injúria, proposta por ROSS e GLOMSET (1973), a interrupção da função endotelial
estimula uma série de eventos celulares e vasculares que levam a resposta inflamatória e
finalmente à lesão aterosclerótica.
a hipótese oxidativa sugere que o processo aterosclerótico possa ser iniciado
por danos no endotélio vascular, produzidos por modificações oxidativas das partículas
de LDL, o que aumenta sua captação por macrófagos da parede arterial (STEINBERG
et al., 1989).
Estas hipóteses divergem sobre qual seria o evento primário na gênese da
aterosclerose, porém consideram a ocorrência concomitante de reações oxidativas e
inflamatórias no desenvolvimento desta doença.
Antes de serem completamente oxidadas, as partículas de LDL precisam sofrer
algumas modificações. Inicialmente, as LDL nativas contêm apoB-100 e são ricas em
ácidos graxos poliinsaturados e antioxidantes. Quando se tornam minimamente
oxidadas (LDL-MM), estas partículas apresentam os fosfolipídios oxidados na sua
superfície (PARTHASARATHY et al., 1999).
Nesta fase, metade das moléculas de apoB-100 ainda estão intactas, mas as LDL
perderam ácidos graxos poliinsaturados e compostos antioxidantes. Desta forma, as
LDL não são reconhecidas pelos receptores scavengers dos macrófagos, embora elas
ainda sejam reconhecidas pelos receptores de LDL nativa (MASHIMA et al., 2001).
As LDL-MM podem induzir a expressão de MCP-1 e de M-CSF pelas células
endoteliais e iniciar o recrutamento de monócitos para a parede arterial, promovendo a
diferenciação dos monócitos em macrófagos (VILLA-COLINAYO et al., 2000).
A oxidação adicional das LDL-MM, leva a modificações nas moléculas de
apoB-100, gerando produtos do catabolismo dos peróxidos lipídicos, como os aldeídos.
Revisão da Literatura
4
Estes produtos interagem com os resíduos de lisina das apoB-100, tornando-as
negativamente carregadas, o que resulta em uma menor afinidade pelos receptores de
LDL nativas e em um aumento da afinidade pelos receptores scavengers (BROWN e
GOLDSTEIN, 1983).
As partículas de LDL completamente oxidadas (LDL-OX) ativam as células
endoteliais, que respondem com a expressão de moléculas de adesão, como a VCAM-1
e ICAM-1, além de MCP-1, que acentua a iniciada entrada de monócitos na parede
arterial e sua diferenciação em macrófagos pela ação do M-CSF (TAKEI et al., 2001).
As LDL-OX são reconhecidas por receptores scavengers, cuja expressão é
regulada pelo aumento da concentração de colesterol nos macrófagos. A interação de
LDL-OX com os receptores scavengers resulta na rápida captação da lipoproteína pelas
células musculares lisas e macrófagos. A LDL-OX é degradada intracelularmente, o
colesterol livre é esterificado e em seguida armazenado, conferindo às células o aspecto
de espuma (HAKALA et al., 2003; OSTERUD e BJORKLID, 2003).
O acúmulo de lipídios na parede arterial induzirá a liberação de citocinas pró-
inflamatórias pelos macrófagos. Estas citocinas irão promover o recrutamento de
monócitos e o acúmulo de células espumosas (foam cells), que são os tipos celulares
mais comuns nas estrias gordurosas (OSTERUD e BJORKLID, 2003). Este círculo
vicioso de oxidação, modificação das lipoproteínas e inflamação é mantido pela
presença de LDL-OX nas artérias.
A formação e acúmulo de células espumosas caracterizam a estria gordurosa, e
contribuem ainda para o aumento do tamanho da lesão, que pode progredir para uma
lesão intermediária e finalmente para uma lesão complexa (FERREIRA et al., 2007).
Em resumo, a mudança da lesão precoce ou estria gordurosa para a lesão
avançada envolve três processos celulares fundamentais (LUSIS, 2000):
1) entrada contínua de monócitos/macrófagos para o espaço subendotelial e
proliferação de macrófagos, células musculares lisas e possivelmente linfócitos;
2) formação de uma extensa matriz de tecido conjuntivo fibroso e o acúmulo
de células musculares lisas e
3) acúmulo de lipídeos, principalmente na forma de colesterol livre e, em
menor proporção, colesterol esterificado, dentro dos macrófagos e células musculares
lisas.
Revisão da Literatura
5
Tais processos apresentam características morfológicas específicas, que
diferenciam os estágios de desenvolvimento das lesões.
Baseados nas descrições morfológicas, VIRMANI et al. (2000), propuseram
uma classificação simplificada do desenvolvimento das lesões ateroscleróticas. As
etapas do desenvolvimento dessa lesão seriam representadas em sete categorias:
1) espessamento intimal, descrito como acúmulo normal de células
musculares lisas na íntima com ausência de lipídeos ou células espumosas;
2) xantoma intimal ou estria gordurosa, ocorrendo acúmulo de células
espumosas sem um centro necrótico ou capa fibrosa;
3) espesssamento intimal patológico, lesão aterosclerótica progressiva, com
células musculares lisas em uma matriz rica em proteoglicanas, com área de acúmulo de
lipídeos, sem necrose;
4) ateroma com capa fibrosa, com centro necrótico bem formado e delineado
por uma capa fibrosa. Pode ocorrer trombose luminal, sem nenhuma comunicação do
centro necrótico com o trombo;
5) ateroma com capa fibrosa estreita, infiltrado por macrófagos e linfócitos
com raras células musculares lisas e um centro necrótico;
6) nódulo calcificado, com calcificação nodular eruptiva e placa
fibrocalcificada;
7) placa fibrocalcificada, rica em colágeno com significante estenose;
normalmente contém uma grande área de calcificação e poucas células inflamatórias.
Determinados fatores se associam ao desenvolvimento mais precoce e acelerado
da aterogênese. Segundo SCOTT (2004), dentre estes, estão as dislipidemias, que
constituem fatores de risco modificáveis para a aterosclerose.
As dislipidemias são etiologicamente classificadas em primárias, cuja origem é
genética; e secundárias, que são causadas por outras doenças ou pelo uso de
medicamentos.
As dislipidemias primárias são caracterizadas por um perfil genético de alto
risco (BROWN e GOLDSTEIN, 1986; RAMACHANDRAN et al., 2005), no qual o
fenótipo do perfil lipídico é determinado pela interação entre os fatores genéticos e os
ambientais, incluindo a dieta.
Revisão da Literatura
6
A hipercolesterolemia familiar, um tipo de dislipidemia primária, é caracterizada
pelo elevado nível de LDL no plasma, pela presença de xantomas e história familiar de
doença arterial coronariana prematura (PUNZALAN et al., 2005). Esta desordem
metabólica hereditária é relativamente comum, com uma incidência de 1/500, sendo
causada por mutações no gene do receptor de LDL (SMILDE et al., 2001). Essas
mutações podem reduzir o número ou prejudicar a função dos receptores de LDL na
superfície das células hepáticas, levando à diminuição do catabolismo das partículas de
LDL, o que resulta na elevação dos níveis plasmáticos dessa lipoproteína (PUNZALAN
et al., 2005).
2.2 Camundongos knockout para o receptor de LDL como modelo experimental
Em camundongos knockout para o receptor de LDL (LDLR -/-) o
desenvolvimento de aterosclerose é similar à hipercolesterolemia familiar humana
(STAPRANS et al., 2000).
Os camundongos são os modelos animais mais utilizados para o estudo dos
lipídios e da aterosclerose. No entanto, nestes animais, as lesões ateroscleróticas
induzidas por dietas extremamente hipercolesterolêmicas são limitadas em tamanho,
complexidade e distribuição. Isto pode ser modificado com o desenvolvimento de
camundongos transgênicos e knockout para determinados genes, os quais podem
produzir efeitos notáveis nas lipoproteínas plasmáticas e nas lesões arteriais até mesmo
na ausência de manipulações dietéticas (FAZIO & LINTON, 2001).
O desenvolvimento dos camundongos LDLR -/- foi descrito por ISHIBASHI et
al. (1993). Estes modelos animais são levemente hipercolesterolêmicos devido à
ausência de receptores de LDL no fígado, o que prolonga a meia vida das partículas de
LDL e VLDL no plasma. Quando consomem dietas potencialmente aterogênicas,
tornam-se gravemente hipercolesterolêmicos, desenvolvem lesões ateroscleróticas ao
longo da aorta e xantomas subcutâneos. As lesões ateroscleróticas, tanto precoces como
tardias, ainda não foram completamente caracterizadas neste modelo animal
(KOWALA et al., 2000). Entretanto, pode ser um modelo particularmente satisfatório
para a investigação dos mecanismos da aterosclerose, bem como para estudos de
intervenção antiaterogênicos (TANGIRALA et al., 1995).
Revisão da Literatura
7
2.3 Ácido linoléico conjugado
2.3.1 Definição e fontes dietéticas
Ácido linoléico conjugado (CLA) é o termo que designa todos os isômeros
geométricos e de posição do ácido linoléico (PARIZA e HARGREAVES, 1985;
PARODI, 1999).
Ao contrário dos demais ácidos graxos poliinsaturados, que possuem as ligações
duplas separadas por um carbono metilênico, estes ácidos graxos são caracterizados pela
presença de uma estrutura dieno-conjugada (Figura 2.1), na qual as ligações duplas
estão separadas por uma ligação simples carbono-carbono (ARBONÉS-MAINAR et al.,
2006).
Nos ácidos graxos conjugados, cada uma das ligações duplas pode estar na
configuração cis ou trans, ou nas distintas combinações moleculares cis-trans (ROCHE
et al., 2001). Daí a variedade de isômeros conjugados destes ácidos graxos.
Figura 2.1 Estruturas das ligações duplas dieno-conjugadas (I) e metileno-
interrompidas (II).
As principais formas isoméricas de CLA são o 9c,11t-CLA e o 10t,12c-CLA
(Figura 2.2). O 9c,11t-CLA, ou ácido rumênico, é a forma natural mais abundante de
CLA (PARODI, 1977). Este isômero é formado durante a biohidrogenação ruminal do
ácido linoléico ou, em menor proporção, pela ação da enzima -9 dessaturase sobre o
ácido trans-vacênico (C18:1 11t), no tecido mamário de várias espécies (GRIINARI et
al, 2000), incluindo o homem (TURPEINEN et al., 2002). Portanto, as principais fontes
de CLA na nossa alimentação são os produtos derivados de animais ruminantes, como
as carnes e os produtos lácteos (WAHLE et al., 2004).
Revisão da Literatura
8
o 10t,12c-CLA é encontrado em quantidades menores nas fontes naturais de
CLA, mas em quantidades substanciais nas preparações comerciais (BAUMAN e
GRIINARI, 2001).
Figura 2.2 – Representação do ácido linoléico e de três dos seus isômeros conjugados.
De acordo com JIANG et al. (1996), uma variação do conteúdo de CLA no
leite, de 2,5 a 17,7 mg/g de gordura. Observa-se que esta variação é sazonal e tem sido
associada a vários fatores, contudo, a dieta é o principal deles, encontrando-se as mais
altas concentrações de CLA quando o animal se alimenta de pastagens frescas e ricas
em ácidos graxos poliinsaturados (BAUMAN e GRIINARI, 2000; COLLOMB et al.,
2002; ADDIS et al., 2005; NUDDA et al., 2005).
Em outros produtos derivados do leite, a concentração de CLA é menor e varia
de 2,5 a 7,0 mg/g de lipídio. Já em sobremesas e iogurtes com teor reduzido de gordura,
o conteúdo de CLA é relativamente baixo, de 0,5 a 1,7 mg/g de lipídio (CHIN et al.,
1992).
O teor de CLA nestes produtos é dependente do seu conteúdo no leite, sendo que
o tipo de processamento parece ter pouco ou nenhum efeito na sua concentração final,
Revisão da Literatura
9
exceto quando uma grande redução do teor de gordura. Esta estabilidade do CLA
durante o processamento pode ser decorrente da sua ligação à lactoalbumina ou à
lactoglobulina, que o protegem da isomerização e da oxidação (BANNI e MARTIN,
1998).
2.3.2 Consumo
Devido à conversão endógena do ácido trans-vacênico a 9c,11t-CLA, pela -9
dessaturase, provavelmente a ingestão média de CLA não reflete todo o conteúdo
disponível destes ácidos graxos na dieta de um indivíduo. Estima-se que
aproximadamente 20% do ácido trans-vacênico consumidos sejam convertidos a 9c,11t-
CLA por esta via metabólica (TURPEINEN et al., 2002).
Existem poucas estimativas disponíveis sobre o consumo de CLA (JIANG et al.,
1999; ENS et al., 2001; RITZENTHALER et al., 2001). Além disto, os instrumentos
utilizados na avaliação da ingestão são variáveis entre os estudos, tornando as
comparações mais difíceis.
JIANG et al. (1999), estudando uma população de homens idosos na Suécia,
encontraram um consumo médio de 160,00 mg de CLA por dia. Por outro lado, no
Canadá, em um estudo com um pequeno grupo de jovens, a ingestão média de 9c,11t-
CLA foi estimada em 94,90 ± 40,60 mg/dia, variando entre 15,00 e 174,00 mg/dia (ENS
et al., 2001).
Nos EUA, o consumo total de CLA é estimado em 151,00 ± 14,00 mg/dia para
mulheres e em 212,00 ± 14,00 mg/dia para homens. Quando avaliada somente a
ingestão de ácido rumênico, a estimativa é de 140,00 ± 13,00 mg/dia e 193,00 ± 14,00
mg/dia para mulheres e homens, respectivamente (RITZENTHALER et al., 2001).
A atividade funcional atribuída ao CLA tem incitado o seu consumo. Porém,
devido à variação sazonal do conteúdo de CLA nas suas fontes naturais, a quantidade
habitualmente consumida também é variável.
Uma maior ingestão diária poderia ser conseguida das seguintes formas:
1 – aumentando o consumo de alimentos derivados de animais ruminantes;
2 – aumentando o conteúdo de CLA nestes alimentos;
3 – enriquecendo outros produtos alimentares com CLA;
Revisão da Literatura
10
4 – utilizando suplementos de CLA na forma de cápsulas.
Com o objetivo de elevar o valor nutritivo e terapêutico dos alimentos derivados
de ruminantes, várias pesquisas vêm sendo conduzidas com o intuito de aumentar o teor
de ácido trans-vacênico e/ou de ácido rumênico destes alimentos (DHIMAN et al.,
1999; ADDIS et al., 2005). Além de prática e viável, esta tem se mostrado a melhor
alternativa para aumentar o consumo de CLA, por prover uma forma natural de
consumo, não interferir na quantidade de alimentos habitualmente consumida pelos
indivíduos e evitar o consumo excessivo destes compostos na forma de suplementos,
que suas recomendações de ingestão diária ainda não foram estabelecidas.
2.3.3 Efeitos do CLA na aterosclerose
O ácido linoléico conjugado tem sido investigado pelos seus efeitos benéficos na
prevenção e tratamento de uma diversidade de doenças, incluindo a obesidade
(GAULLIER et al., 2007), o diabetes (MOLONEY et al., 2007), o câncer (LEE et al.,
2006; BOCCA et al., 2007) e as doenças cardiovasculares (TOOMEY et al., 2006).
A estes ácidos graxos também têm sido atribuídas atividades anti-inflamatórias,
bem como ações regulatórias sobre o sistema imune (SNEDDON et al., 2006), o
metabolismo lipídico (MITCHELL et al., 2005) e de eicosanóides (IWAKIRI et al.,
2002; URQUHART et al., 2002), a produção de citocinas (LUONGO et al., 2003) e a
expressão de determinados genes (BELURY et al., 2002).
Embora seus mecanismos de ação ainda não estejam totalmente esclarecidos,
sabe-se que as atividades do CLA são mediadas diretamente pelos seus isômeros ou por
meio da ligação destes isômeros a fatores de transcrição específicos, envolvidos em
muitos dos processos metabólicos afetados por eles (WAHLE et al., 2004).
Dentre os numerosos efeitos benéficos relatados sobre o CLA, as suas
propriedades anti-carcinogênicas e anti-obesogênicas têm sido extensivamente
estudadas e, somente nos últimos anos, as propriedades anti-aterogênicas destes ácidos
graxos têm ganhado maior notoriedade.
Os estudos de LEE et al. (1994) e NICOLOSI et al. (1997) foram os primeiros a
relacionar o papel protetor do CLA na formação de lesões ateroscleróticas precoces em
modelos animais. Desde então, vários pesquisadores já demonstraram os efeitos do
Revisão da Literatura
11
CLA no desenvolvimento e regressão da aterosclerose (KRITCHEVSKY et al., 2004;
VALEILLE et al., 2005; TOOMEY et al., 2006).
Os estudos com animais vêm demonstrando as interferências mais relevantes do
CLA na aterosclerose; entretanto, estes efeitos são variáveis dependendo das espécies
estudadas.
TOOMEY et al. (2006) demonstraram a regressão quase completa da
aterosclerose, em camundongos apo E -/-, após a suplementação com CLA. Em outro
estudo, a suplementação com 9c,11t-CLA impediu, enquanto o isômero 10t,12c-CLA
promoveu o desenvolvimento da aterosclerose neste modelo animal (ARBONÉS-
MAINAR, 2006).
Em coelhos, o CLA também reduz a gravidade das lesões ateroscleróticas, em
diferentes níveis de suplementação (KRITCHEVSKY et al., 2002), entretanto, na
concentração de 1 % da dieta, é capaz de regredir lesões bem estabelecidas na aorta
(KRITCHEVSKY et al., 2000; KRITCHEVSKY et al., 2004), não havendo diferenças
nas ações dos dois principais isômeros (KRITCHEVSKY et al., 2004).
Vários estudos também demonstraram que a suplementação com CLA leva à
redução do desenvolvimento da aterosclerose em hamsters (WILSON et al., 2000;
MITCHELL et al., 2005; VALEILLE et al., 2005).
Estudos in vitro descrevem alguns efeitos importantes do CLA nos mecanismos
moleculares envolvidos na aterogênese. Tem sido demonstrado que o tratamento com
CLA suprime a adesão endotelial de monócitos (SNEDDON et al., 2006) e diminui a
produção de prostaglandinas (IWAKIRI et al., 2002; YU et al., 2002) e outros produtos
pró-inflamatórios, como TNFα, IL-1β e IL-6, nos macrófagos (YU et al., 2002).
Além disto, existem relatos de efeitos seletivos dos principais isômeros do CLA
em determinados mecanismos moleculares, como o aumento da transcrição do gene do
receptor de LDL (RINGSEIS et al., 2006) e a redução da secreção de apolipoproteína B
(STORKSON et al., 2005), em cultura de células HepG2, após tratamento com 10t,12c-
CLA.
De maneira geral, os estudos com seres humanos tentam relacionar o consumo
de CLA com o metabolismo das lipoproteínas, no entanto, seus resultados são bastante
controversos.
Revisão da Literatura
12
O consumo de CLA tem sido associado com modificações benéficas no perfil de
lipídios séricos (BLANKSON et al., 2000; NOONE et al., 2002). Contudo, alguns
trabalhos não mostram associação (NAUMANN et al., 2006) ou relatam efeitos
divergentes dos principais isômeros do CLA no metabolismo das lipoproteínas
(TRICON et al., 2004).
2.4 Vitamina E
2.4.1 Definição e fontes dietéticas
Vitamina E é o termo utilizado para indicar um grupo de compostos
lipossolúveis intimamente relacionados (tocoferóis e tocotrienóis), cujas moléculas são
constituídas por duas regiões distintas: um núcleo contendo um grupo hidroxil e uma
longa cadeia hidrofóbica (Figura 2.3). Estas peculiaridades estruturais são responsáveis
por suas propriedades físico-químicas e, conseqüentemente, pelo seu papel biológico
(BONGIORNO et al., 2006).
No plasma humano, o α-tocoferol é a principal forma circulante de vitamina E.
Este composto é um potente antioxidante das partículas de LDL e possui a capacidade
de atuar como scavenger dos radicais peroxil, assim como, na quebra da reação em
cadeia associada com a peroxidação lipídica (BURTON e INGOLD, 1989; van AALST,
2004).
Os compostos com atividade de vitamina E são sintetizados apenas pelas
plantas, mas são componentes essenciais da dieta dos animais. Desta forma, eles são
encontrados principalmente nos produtos de origem vegetal e suas principais fontes são
o germe de trigo e os óleos vegetais. Com exceção da gema de ovo, do fígado e do
tecido adiposo, os alimentos de origem animal não são boas fontes da vitamina (BALL,
1998).
Figura 2.3 – Estrutura química do α-tocoferol.
Revisão da Literatura
13
2.4.2 Efeitos da vitamina E na aterosclerose
De acordo com a hipótese oxidativa, a oxidação das partículas de LDL constitui
o evento primário na patogênese da aterosclerose (STEINBERG et al., 1989). Desta
forma, a LDL-OX tem sido foco de um grande número de investigações devido ao papel
fundamental que esta partícula desempenha na iniciação e progressão das lesões
ateroscleróticas (van AALST, 2004).
Os antioxidantes presentes na dieta, além de proteger a LDL da oxidação, podem
aumentar a capacidade oxidativa das células vasculares e do sistema imune, reduzir o
estresse oxidativo e a resposta inflamatória associada à hipercolesterolemia, reduzindo
desta maneira, o risco de aterosclerose (KOGA et al., 2004).
Ainda que existam controvérsias sobre a utilidade das estratégias antioxidantes
na prevenção das doenças cardiovasculares, o efeito potencial de diferentes
antioxidantes da dieta na prevenção do desenvolvimento e progressão da aterosclerose
tem sido demonstrado em certos modelos experimentais (STEINBERG e WITZTUM,
2002; RODRÍGUEZ et al., 2005).
Assim, existe um grande interesse na busca por agentes antioxidantes capazes de
reduzir o impacto das reações oxidativas na aterosclerose (PELUZIO et al., 2003),
estando a ingestão de alimentos ricos em vitamina E entre os fatores que têm
contribuído para retardar o desenvolvimento desta doença (ÖZER et al., 2006).
Muitos estudos com modelos animais (OTERO et al., 2005; HASTY et al.,
2007) e ensaios clínicos (HODIS et al., 2002; ZUREIK et al., 2004) têm sido
conduzidos para avaliar o papel antioxidante da vitamina E na redução do risco de
desenvolvimento da aterosclerose e, consequentemente, das doenças cardiovasculares.
Em estudos experimentais, a suplementação com vitamina E tem se mostrado
eficaz em reduzir a suscetibilidade das partículas de LDL à oxidação (KHALIL e
MILOCHEVITCH, 2005), em inibir a proliferação de células musculares lisas e
diminuir a captação das LDL-OX na parede arterial (ÖZER et al., 2006), em inibir a
liberação de citocinas pró-inflamatórias (DEVARAJ & JIALAL, 2005) e a agregação
plaquetária (MUROHARA et al., 2004).
Além desses efeitos, de acordo com CYRUS et al. (2001), a vitamina E induz
uma redução significante da aterogênese precoce em modelos animais para
aterosclerose. Em camundongos LDLR -/-, a suplementação com vitamina E reduziu a
progressão das lesões ateroscleróticas, suprimindo reações inflamatórias e oxidativas e
Revisão da Literatura
14
aumentando os níveis de óxido nítrico. A efetividade da suplementação com vitamina E
neste modelo animal é vista tanto na fase inicial da aterogênese como depois da doença
estabelecida (CYRUS et al., 2003).
No entanto, estudos epidemiológicos com seres humanos não associam
(BUIJSSE et al., 2005) ou associam inversamente (RIMM et al., 1993; STAMPFER et
al., 1993) a ingestão de vitamina E com as doenças cardiovasculares. Já os ensaios do
tipo randomizado e controlado são contraditórios nesta questão e mostram efeitos
benéficos (CARRERO et al., 2005), efeitos mistos (HODIS et al., 2002;
MICHELETTA et al., 2004) e até mesmo a ineficiência da vitamina E nas doenças
cardiovasculares (TÖRNWALL et al., 2004; ZUREIK et al., 2004).
O efeito variável da suplementação com vitamina E na aterosclerose
experimental tem sido objeto de muitos questionamentos. Segundo WEINBERG
(2005), os estudos com animais podem ser mais bem controlados e podem utilizar
medidas mais rigorosas de progressão das lesões ateroscleróticas. Isto poderia explicar,
pelo menos em parte, os efeitos contraditórios relatados em estudos epidemiológicos e
ensaios clínicos, em relação aos estudos que utilizam animais.
Contudo, de acordo com SUARNA et al. (2006), o α-tocoferol tem um impacto
modesto na aterosclerose experimental e seus efeitos são observados somente sob
condições de deficiência grave de vitamina E. Se comparados aos resultados obtidos em
estudos com seres humanos, estes resultados podem explicar porque, muitas vezes, a
suplementação com vitamina E falha em melhorar a saúde cardiovascular quando não
existe deficiência da vitamina.
Por outro lado, de acordo com HASTY et al. (2007), é possível que, em
humanos, o tratamento com vitamina E tenha valor terapêutico somente em indivíduos
com níveis elevados de estresse oxidativo. Assim, sugere-se que as incoerências
encontradas nestes tipos de estudo seriam decorrentes de critérios inconsistentes na
seleção de candidatos ao uso de terapias antioxidantes (VIOLI et al., 2004).
Objetivos
15
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar os efeitos da suplementação alimentar com ácido linoléico conjugado
(CLA) e com vitamina E na progressão da aterosclerose em camundongos LDLR-/-,
com lesão precoce instalada.
3.2 Objetivos Específicos
Identificar a presença e dimensão das lesões ateroscleróticas na raiz da aorta.
Comparar os efeitos do consumo de CLA e de vitamina E na evolução da lesão
aterosclerótica precoce.
Avaliar o efeito da associação de CLA e vitamina E na evolução da lesão
aterosclerótica precoce.
Verificar os efeitos decorrentes da suplementação com CLA e/ou com vitamina E no
perfil dos lipídios séricos.
Identificar alterações no perfil de ácidos graxos do intestino, do tecido hepático e do
tecido adiposo, decorrentes da suplementação com CLA e com vitamina E.
Observar o nível de peroxidação lipídica hepática em animais suplementados com
CLA e com vitamina E.
Materiais e Métodos
16
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Animais
Foram utilizados camundongos LDLR -/-, machos e fêmeas, com seis semanas
de idade, procedentes do biotério do Laboratório de Bioquímica Nutricional (LABIN),
do Departamento de Bioquímica e Imunologia, da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Os animais, com peso médio de 14,2 ± 1,9 g, foram mantidos em
gaiolas individuais de aço inoxidável, em ambiente com temperatura controlada (21 °C
± 1 °C) e fotoperíodo de 12 horas.
4.2 Delineamento experimental
O ensaio biológico foi realizado em duas etapas e teve duração de 14 semanas.
A primeira etapa, ou fase de indução, teve o objetivo de promover o
desenvolvimento de lesões ateroscleróticas precoces nos animais. Nesta etapa, com
duração de seis semanas, os animais foram divididos em dois grupos:
Grupo CT: dieta semipurificada;
Grupo AT: dieta aterogênica.
Ao final do período de indução, 10 animais do grupo AT, que constituíram o
grupo AT1, sofreram eutanásia para avaliação do estágio de desenvolvimento das lesões
ateroscleróticas na aorta.
Na segunda etapa, ou fase de tratamento, com duração de oito semanas, os
animais do grupo CT continuaram recebendo dieta semipurificada e os animais do
grupo AT foram divididos em outros cinco grupos:
Grupo AT2: dieta aterogênica;
Grupo CLA: dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA;
Grupo TOC: dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E;
Grupo CLA/TOC: dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato
de vitamina E;
Grupo AT/SP: dieta semipurificada.
Materiais e Métodos
17
As fezes foram coletadas no início e no final de ambas as etapas do experimento
e armazenadas a – 20 °C até análise.
O consumo das dietas foi monitorado diariamente e a evolução do peso,
semanalmente, para o cálculo do coeficiente de eficácia alimentar (ABDULLAH e
OTHMAN, 2000). Durante todo o período experimental (Figura 4.1), os animais
receberam água e dieta ad libitum, exceto no período de 12 horas anteriores à eutanásia,
quando foram colocados em jejum.
Figura 4.1 – Desenho experimental.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT (AT1 e AT2) dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta
semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina
E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/
Grupo AT/SP – dieta aterogênica (fase de indução) e dieta semipurificada (fase de tratamento).
O tecido adiposo peri-renal, o fígado e o intestino foram removidos, lavados em
PBS, congelados em nitrogênio líquido e mantidos a – 80 °C. Os corações foram
retirados em bloco com a raiz da aorta, perfundidos em solução salina fisiológica e, em
seguida, fixados em solução de formol em PBS (10%).
Materiais e Métodos
18
O sangue foi coletado por punção na aorta abdominal e centrifugado a 3500 rpm,
por 10 minutos, para obtenção do soro. O soro foi congelado em nitrogênio líquido e
mantido a – 80 °C, até análise.
O experimento seguiu as normas do Colégio Brasileiro de Experimentação
Animal – COBEA (1991).
4.3 Dietas
A composição das dietas experimentais (Tabela 4.1) foi baseada na dieta
proposta pela Association of Official Analytical Chemistry (A.O.A.C., 1989). Foram
confeccionadas manualmente, congeladas e protegidas da luz até o momento da
utilização. Com exceção da dieta aterogênica, as demais foram isoenergéticas. O CLA
foi obtido na forma de cápsulas que continham, em média, 62,70 ± 2,60 mg de 10t,12c-
CLA/100 mg de óleo.
Tabela 4.1 – Composição das dietas experimentais (%).
Dietas
Ingredientes
Semipurificada
Aterogênica
CLA TOC CLA/TOC
Amido de milho 68 - 68 68 68
Sacarose - 55 - - -
Caseína 20 20 20 20 20
Celulose 1 1 1 1 1
Óleo de soja 5 1 5 5 5
Colesterol - 1 - - -
GVH
1
- 15 - - -
Mistura vitamínica 1 1 1 1 1
Mistura mineral 5 5 5 5 5
Bitartarato de colina - 1 - - -
CLA
2
- - 1 - 1
Acetato de vitamina E - - - 1 1
Fonte: AOAC (1989).
1
Gordura vegetal hidrogenada.
2
Ácido linoléico conjugado (10t,12c-CLA). Gentilmente cedido por: Rainha Laboratório Nutracêutico
Ltda.
A composição centesimal aproximada das dietas foi determinada utilizando-se as
técnicas descritas pela AOAC (1980) para umidade, extrato etéreo e cinzas. O
nitrogênio total foi determinado pelo método de Kjeldhal. Os glicídios e a fibra
Materiais e Métodos
19
alimentar foram calculados por diferença, compondo juntos a fração NIFEXT
(Nitrogen-free extract).
4.4 Análise dos lipídios
4.4.1 Extração dos lipídios
Os lipídios dos órgãos e tecidos, bem como das dietas, foram extraídos pelo
método de FOLCH et al. (1957). Os extratos lipídicos foram esterificados para obtenção
dos ésteres metílicos dos ácidos graxos, utilizando o método CBA (Combined base- and
acid-catalyzed methylation method), de acordo com YU et al. (2003).
Neste método, a amostra lipídica foi homogeneizada com 1 mL de NaOH-
MeOH (0,5N) e reagiu em temperatura ambiente. Após 5 minutos, foram adicionados 2
mL de HCl-MeOH (4%) e a reação foi conduzida por mais 5 minutos. A reação foi
interrompida pela adição de 3 mL de água destilada e seus produtos extraídos com 5 mL
de isooctano. O extrato dissolvido em isooctano foi filtrado em funil com sulfato de
sódio anidro, concentrado em atmosfera de nitrogênio e armazenado em frasco âmbar a
– 20 °C até análise cromatográfica.
4.4.2 Identificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos
A identificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos foi realizada por
cromatografia gasosa, comparando-se os tempos de retenção dos ésteres presentes nas
amostras com os dos padrões: FAME mix (Supelco
®
, EUA), 10t,12c-CLA, 9c,11t-CLA
e 9t,11t-CLA (Matreya
®
, EUA). O ácido tridecanóico (Sigma-Aldrich
®
, EUA) foi
utilizado como padrão interno.
Utilizou-se cromatógrafo a gás GC-17A Shimadzu/Class GC, equipado com
detector de ionização de chamas e com coluna cromatográfica de sílica fundida SP-2560
(Biscyanopropil polysiloxane) de 100 m de comprimento e 0,25 mm de diâmetro
interno.
Foram adotadas as seguintes condições de programação:
- Temperatura do detector: 240 °C
- Temperatura do injetor: 240 °C
Materiais e Métodos
20
- Temperatura da coluna: início a 70 °C, permanecendo nesta temperatura por 4
minutos; aquecimento até 100 °C, a uma taxa de 5 ºC por minuto; aquecimento até 175
°C, a uma taxa de 10 °C por minuto, permanecendo nesta temperatura por 20 minutos;
aquecimento até 225 °C, a uma taxa de 5 °C por minuto, permanecendo nesta
temperatura por 27,5 minutos.
O gás de arraste foi o nitrogênio, com fluxo da coluna de 1,47 mL/minuto,
velocidade linear de 22,96 cm/segundo, split de 1:20, fluxo total de 35 mL/minuto e
pressão da coluna de 257 Kpa.
4.5 Determinação do colesterol sérico, hepático e fecal
O colesterol total foi quantificado por método enzimático (ALLAIN et al., 1974)
e sua concentração sérica foi determinada a partir da absorbância do padrão de
colesterol (200 mg/dL). A dosagem de colesterol hepático e fecal foi feita a partir dos
seus respectivos extratos lipídicos retomados em 1,5 mL de álcool isopropílico.
A concentração de triacilgliceróis foi determinada enzimaticamente, sendo que
os valores encontrados foram divididos por quatro, para obtenção das concentrações da
fração VLDL. A fração HDL foi obtida por determinação direta (WARNICK et al.,
2001) e a fração LDL, por diferença entre as concentrações de colesterol total e as de
HDL e VLDL.
Foram utilizados kits comerciais (Bioclin
®
, Brasil), gentilmente cedidos pela
empresa Quibasa Química Básica Ltda.
4.6 Avaliação da Peroxidação lipídica
A medida do grau de peroxidação lipídica foi realizada pelo método FOX-2
(NOUROOZ-ZADEH et al., 1994) e incluiu a realização de dois ensaios.
No primeiro ensaio, uma alíquota de 45 µL de homogenato do tecido hepático
reagiu durante 30 minutos com solução de trifenilfosfina em metanol. Em seguida,
foram adicionados 450 µL do reagente FOX-2 e a reação prosseguiu por mais 30
minutos em temperatura ambiente. No segundo ensaio, uma alíquota de 50 µL do
homegenato reagiu durante 30 minutos com 450 µL do reagente FOX-2.
Materiais e Métodos
21
O reagente FOX-2 foi preparado imediatamente antes da sua utilização,
adicionando-se nove partes de solução de BHT em metanol (1%), a uma parte de
solução de alaranjado de xilenol e sulfato ferroso amoniacal em ácido sulfúrico.
Após as reações, as amostras foram centrifugadas a 12000 rpm, durante 5
minutos e os sobrenadantes foram lidos em leitor de placa de ELISA, a 560 nm, contra
um branco contendo tampão PBS.
Considerou-se um Coeficiente de Extinção Aparente igual a 4,3 x 10
4
M
-1
cm
-1
e
o cálculo da concentração de hidroperóxidos foi realizado utilizando a seguinte fórmula:
[Hidroperóxidos] = Absorbância = [ ] nmol
(4,3 x 10
4
) x 10
9
Para a quantificação dos hidroperóxidos lipídicos, subtraíram-se os valores
encontrados no segundo ensaio pelos encontrados no primeiro.
4.7 Determinação do α-tocoferol
A extração do α-tocoferol das amostras de fígado e fezes foi realizada baseando-
se no método de UEDA e IGARASHI (1990). A determinação da concentração de α-
tocoferol foi feita por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), com detector
espectrofotométrico UV-visível de arranjo de diodos (Shimadzu), utilizando a coluna
Lichrospher, RP-18 (4,0 x 250 mm, 5 µm). A fase móvel consistiu de uma solução de
acetonitrila, metanol e hexano na proporção de 3:95:2, com fluxo de 1 mL/minuto e
tempo total de corrida de 10 minutos. O comprimento de onda no detector, 295 nm, foi
o correspondente à absorbância máxima do α-tocoferol.
O padrão vitamínico foi preparado dissolvendo-se 10 mg de α-tocoferol (Sigma-
Aldrich
®
, EUA) em etanol a 96%, resultando em uma solução estoque com
concentração de 10 µg/mL. Procedeu-se a varredura para confirmação do espectro de
absorção da solução padrão na faixa ultravioleta, utilizando os comprimentos de onda
de 190 a 350 nm. O cálculo da concentração real da solução padrão foi feito utilizando-
se o coeficiente de absortividade molar (E1%1cm) = 70,8.
Materiais e Métodos
22
As concentrações de α-tocoferol das amostras de fígado e fezes foram expressas
em µg/100g e calculadas a partir da curva padrão do α-tocoferol, obtida por regressão
linear.
4.8 Análise morfométrica
Foram utilizados cinco animais de cada grupo experimental, escolhidos ao
acaso. O coração foi separado da aorta torácica e abdominal, fixado em formol
tamponado 10% e processado para inclusão em parafina. Foram feitos cortes
consecutivos de 10 µm de espessura na região da válvula aórtica e montadas de seis a
oito lâminas por animal, contendo em média 25 seções de aorta em cada lâmina. As
lâminas foram codificadas e coradas por hematoxilina e eosina (H/E).
O tamanho da lesão aterosclerótica e a avaliação do percentual de obstrução da
aorta foram avaliados em dez cortes, tomando sempre como referência a presença da
válvula aórtica.
A partir da identificação da válvula aórtica, a cada 30 µm era selecionado um
corte. Assim, foi percorrida uma extensão média de 300 µm e os cortes analisados
foram sempre intercalados por dois cortes consecutivos, de acordo com a técnica de
PAIGEN et al. (1987) modificada por PORTUGAL et al., (2004).
O cálculo do tamanho da lesão aterosclerótica de cada animal foi feito pela soma
das áreas dos dez cortes selecionados. O percentual de obstrução da aorta foi calculado
pela fórmula: [(∑ áreas das lesões / ∑ áreas da aorta) x 100].
A captura das imagens foi feita em microscópio Olympus, acoplado a vídeo-
câmera (Objetivas: 4x e 20x / Bin = 1). Para medida das áreas das seções da aorta
utilizou-se o software Image Pro Plus
®
, versão 4.5.
4.9 Análise Estatística
Foi utilizado o software SigmaStat
®
, versão 3.0 para a análise estatística. O teste
de normalidade utilizado foi o de Kolmogorov-Smirnov.
Para as comparações entre três ou mais grupos independentes, foi utilizada a
análise de variância (ANOVA), complementada pelo teste de comparações múltiplas de
Materiais e Métodos
23
Tukey e quando os dados não apresentaram distribuição normal, utilizou-se o teste de
Kruskal-Wallis, complementado pelo teste de Dunn’s.
Na análise morfométrica, além dos testes citados, foi utilizado o teste t, para
comparação entre dois grupos independentes e o teste t pareado, para avaliação da
evolução das lesões entre os grupos AT1 e AT2.
O nível de significância utilizado foi de 95 %, com o valor de p < 0,05. Os
resultados foram expressos como média ± desvio-padrão.
Artigo de Revisão
24
5 ARTIGO DE REVISÃO:
Os isômeros do CLA são agentes antiaterogênicos?
Evidências sobre o desenvolvimento e regressão das lesões.
Resumo
Ácido linoléico conjugado (CLA) é o termo que designa todos os isômeros geométricos
e de posição do ácido linoléico. A estes compostos têm sido atribuídos efeitos
importantes no desenvolvimento e na regressão da aterosclerose. A maioria dos estudos
nesta área era conduzida utilizando misturas com quantidades iguais dos seus dois
principais isômeros, 9c,11t-CLA e 10t,12c-CLA. Contudo, a necessidade de se conhecer
qual a participação de cada um destes ácidos graxos no tratamento e/ou prevenção da
aterosclerose, tem incentivado pesquisas com estes isômeros na forma isolada, o que
tem contribuído para o esclarecimento de muitas das discrepâncias encontradas nos
estudos que utilizaram misturas isoméricas. Evidências encontradas nos estudos mais
recentes sugerem que ambos os isômeros exercem atividades biológicas importantes na
aterosclerose, entretanto, seus mecanismos de ação ainda não foram totalmente
elucidados.
Palavras-chave: ácido linoléico conjugado, aterogênese, regressão da aterosclerose,
aterosclerose experimental.
Artigo de Revisão
25
5.1 Introdução
O termo ácido linoléico conjugado (CLA) é utilizado para designar todos os
isômeros geométricos e de posição do ácido octadecadienóico (PARIZA e
HARGREAVES, 1985; PARODI, 1999). São caracterizados por possuírem as ligações
duplas separadas por uma ligação simples carbono-carbono, produzindo uma estrutura
dieno-conjugada (ARBONÉS-MAINAR et al., 2006).
A forma natural mais abundante de CLA é o 9c,11t-CLA (PARODI, 1977),
também chamado de ácido rumênico, que é formado no rúmen durante a
biohidrogenação incompleta do ácido linoléico. Pode ser formado também pela ação da
-9 dessaturase sobre o ácido trans-vacênico no tecido mamário de várias espécies,
incluindo o homem (GRIINARI et al, 2000). Desta forma, os alimentos derivados de
animais ruminantes (carnes e produtos lácteos) são as principais fontes de CLA da dieta
(WAHLE et al., 2004).
O 10t,12c-CLA é encontrado em quantidades menores nos produtos derivados
de ruminantes, entretanto, as preparações comerciais contêm quantidades substanciais
deste isômero. O 9c,11t-CLA e o 10t,12c-CLA são, quantitativamente, as principais
formas isoméricas do CLA (BAUMAN e GRIINARI, 2001).
Vários efeitos biológicos importantes foram atribuídos ao CLA, incluindo
controle da composição corporal e metabolismo energético (GAULLIER et al., 2004),
modulação da resposta imune (SNEDDON et al., 2006), efeitos anti-carcinogênicos
(PARODI, 1999; BOCCA et al., 2007) e anti-aterogênicos (VALEILLE et al., 2006).
Entretanto, como o CLA não é uma substância única, esta variedade de atividades
biológicas provavelmente não é resultado da ação de um único isômero, que
potencialmente cada um deles possui propriedades distintas (PARIZA et al., 2000).
Com a disponibilidade dos principais isômeros do CLA na forma purificada e a
um preço razoável, é possível determinar se os efeitos na aterosclerose podem ser
atribuídos a um isômero específico ou se ambos exercem efeitos antiaterogênicos
(KRITCHEVSKY et al., 2002). A utilização destas formas isoméricas isoladas tornou-
se uma área em expansão na pesquisa científica.
Evidências têm sugerido que ambos os isômeros exercem atividades biológicas
importantes e que estes não são biologicamente equivalentes. Em particular, o interesse
sobre a ação desses compostos na aterosclerose tem recebido considerável atenção. Esta
Artigo de Revisão
26
revisão considera observações nesta área, limitando-se aos resultados relacionados aos
dois principais isômeros do CLA.
5.2 Isômeros do CLA e aterogênese
Os relatos sobre os efeitos potenciais do CLA na aterogênese são relativamente
recentes. Os estudos de LEE et al. (1994) e NICOLOSI et al. (1997) foram uns dos
primeiros a relacionar o papel protetor do CLA na formação de lesões ateroscleróticas
precoces. Embora MUNDAY et al. (1999) tenham demonstrado a formação de estrias
gordurosas após a suplementação com CLA, posteriormente, outros pesquisadores
mostraram que níveis destes compostos, tão baixos como 0,05 %, exercem alguma
ação inibitória no desenvolvimento experimental da aterosclerose (KRITCHEVSKY et
al., 2002).
Efeitos específicos de isômeros do CLA também têm sido demonstrados em
camundongos (TOOMEY et al., 2003; ARBONÉS-MAINAR et al., 2006; NESTEL et
al., 2006), coelhos (KRITCHEVSKY et al., 2004) e hamsters (MITCHELL et al., 2005;
VALEILLE et al., 2005).
Em camundongos apoE -/-, os principais isômeros do CLA apresentaram efeitos
divergentes nos componentes celulares e moleculares envolvidos no desenvolvimento e
estabilidade das lesões. O 10t,12c-CLA induziu a manifestação de determinadas
características, como a presença de menor conteúdo de colágeno e células musculares
lisas, que estão presentes em lesões mais vulneráveis à formação de trombos. Além
disso, este isômero promoveu o desenvolvimento de um maior número de focos de
lesões na aorta, exercendo um efeito pró-aterogênico acentuado. Já o 9c11t-CLA
impediu o desenvolvimento da aterosclerose (ARBONÉS-MAINAR et al., 2006).
KRITCHEVSKY et al. (2004) confirmaram o efeito das misturas isoméricas do
CLA em reduzir o desenvolvimento da aterosclerose experimental em coelhos e
verificaram que tanto o isômero 9c,11t-CLA, como o 10t,12c-CLA, exercem efeitos
similares, com reduções de 48 % a 62 % na gravidade das lesões.
Quando comparado ao ácido linoléico, cada isômero individual do CLA exerceu
efeitos protetores na aterosclerose, reduzindo substancialmente a freqüência de lesões
em hamsters; no entanto, este efeito não se correlacionou com modificações benéficas
no perfil das lipoproteínas plasmáticas (MITCHELL et al., 2005).
Artigo de Revisão
27
Contudo, WILSON et al. (2006) estudando o acúmulo de colesterol na aorta de
hamsters hipercolesterolêmicos, verificaram a tendência do isômero 10t,12c-CLA em
aumentar o depósito de colesterol no arco aórtico, enquanto o 9c,11t-CLA e o ácido
linoléico reduziram o acúmulo de colesterol. Diminuir a deposição de colesterol na
aorta pode contribuir para a redução do desenvolvimento da aterosclerose.
5.3 Isômeros do CLA e regressão da aterosclerose
O primeiro relato de regressão substancial de lesões ateroscleróticas, atribuída
exclusivamente à dieta, foi feita por KRITCHEVSKY et al. (2000). Eles demonstraram
que após o estabelecimento da aterosclerose em coelhos, a isenção de colesterol da dieta
e a suplementação com 1 % de CLA levava à redução de 31 % das lesões no arco
aórtico e de 30 % na aorta torácica.
Em 2006, TOOMEY et al. relataram a regressão quase completa da aterosclerose
em camundongos apoE -/- que receberam dietas suplementadas com 1 % de CLA. Este
estudo utilizou misturas dos principais isômeros do CLA e, embora tenha utilizado uma
maior proporção (80 %) de 9c,11t-CLA, não esclareceram a contribuição de cada
isômero, individualmente, na regressão das lesões ateroscleróticas.
Ainda existem poucos estudos sobre a ação de isômeros específicos do CLA na
regressão da aterosclerose. Além disto, os efeitos até hoje descritos são variáveis de
acordo com as espécies estudadas. Apesar dos relatos sobre a atuação de isômeros
específicos do CLA no desenvolvimento da aterosclerose em hamsters, do nosso
conhecimento, nenhum estudo até o momento foi capaz de confirmar a ação destes
isômeros na regressão da aterosclerose neste modelo animal.
Além disto, os estudos que
demonstraram tal efeito restringem-se àqueles que utilizam coelhos ou camundongos
apoE -/- como modelo experimental.
No estudo de KRITCHEVSKY et al. (2004), os isômeros 9c,11t-CLA e 10t,12c-
CLA promoveram 59 % e 65 %, respectivamente, de regressão de lesões pré-
estabelecidas na aorta. Os resultados demonstraram que, em coelhos e no nível de
suplementação de 1 % da dieta, os efeitos dos dois principais isômeros do CLA foram
similares na regressão da aterosclerose.
Além de retardar a formação de novas lesões, a administração de 9c,11t-CLA
(1 %) em camundongos apoE -/- induziu significativamente a regressão de lesões pré-
estabelecidas na aorta (TOOMEY et al., 2003). Já em camundongos apoE -/- diabéticos,
Artigo de Revisão
28
a suplementação com 0,9 % de 9c,11t-CLA não foi capaz de reduzir a gravidade das
lesões (NESTEL et al., 2006). Outros processos patológicos podem afetar a progressão
das placas ateroscleróticas (ARBONÉS-MAINAR et al., 2006) e, nestas condições,
pode ser necessário um nível de suplementação mais elevado para obtenção de
resultados semelhantes na regressão da aterosclerose.
5.4 Mecanismos bioquímicos prováveis
Várias hipóteses têm sido testadas para determinar os mecanismos pelos quais os
isômeros do CLA podem alterar a progressão da aterosclerose. No entanto, algumas
proposições são insuficientes para explicar os efeitos múltiplos e complexos do CLA na
homeostase vascular (ARBONÉS-MAINAR et al., 2006). Talvez, a dificuldade em
propor um mecanismo único seja devido aos efeitos diferentes produzidos pelos seus
principais isômeros, e à falta de dados que comprovem algum efeito sinérgico ou
antagônico entre eles.
Durante algum tempo, acreditou-se que a ação antiaterogênica do CLA fosse
devido ao seu papel como agente antioxidante. No entanto, cada vez mais estudos vêm
confirmando que o CLA não possui esta habilidade (FLINTOFF-DYE e OMAYE,
2005), apesar de alguns autores afirmarem o contrário (YU, 1991; YU et al., 2002a).
Os mecanismos de ação do CLA ainda são passíveis de muitas discussões e
pesquisas, no entanto também não parecem envolver modificações no perfil de
lipoproteínas plasmáticas e efeitos na peroxidação lipídica. Fundamentalmente, estes
efeitos dos isômeros do CLA têm sido associados à sua ação anti-inflamatória (YU et
al., 2002b; MÜLLER et al., 2005), que está relacionada com o papel regulatório destes
compostos na expressão de determinados genes (UAUY et al., 2000).
Alguns dos mecanismos moleculares envolvidos na atividade antiaterogênica do
CLA têm sido relatados; tais como a redução da síntese de eicosanóides (IWAKIRI et
al., 2002) e a ativação de PPARα (MOYA-CAMARENA et al., 1999; TOOMEY et al.,
2006) e de PPARγ (SCHLESER et al., 2006; TOOMEY et al., 2006), fatores de
transcrição que induzem a diminuição da expressão de citocinas pró-inflamatórias, por
exercerem ações antagônicas ao NF-κB (CHENG et al., 2004).
A superprodução de certos eicosanóides, como as PGE
2
, derivadas do ácido
araquidônico, está associada com distúrbios na homeostase vascular (GERRITSEN,
1996). A inibição da síntese desta prostaglandina pelo CLA envolve a redução da
Artigo de Revisão
29
conversão de ácido araquidônico a PGE
2
,
mediada principalmente pela supressão da
transcrição da COX-2 (IWAKIRI et al., 2002).
O promotor da COX-2 contém vários elementos de resposta, incluindo uma
proteína de ligação ao NF-κB, e sua expressão é induzida nos sítios de inflamação em
resposta a citocinas e fatores de crescimento (von KNETHEN et al., 1999). Contudo,
segundo TOOMEY et al. (2003), a inibição seletiva da COX-1, mas não da COX-2,
pelo CLA inibe o desenvolvimento da aterosclerose, mas não tem efeito na regressão de
lesões pré-estabelecidas.
Em outro estudo, após a suplementação com CLA houve aumento da expressão
de PPARα e de PPARγ na aorta, entretanto, os CLA não inibiram a geração de
prostaglandinas mediada pelas COX (TOOMEY et al., 2006).
no estudo de YU et al. (2002b), o CLA diminuiu a expressão de COX-2,
iNOS e TNFα e, conseqüentemente, a produção de PGE
2
, TNFα e óxido nítrico em
células RAW (RAW264.7 mouse macrophage cells) tratadas com INFγ. Além disto,
outras citocinas pró-inflamatórias como as interleucinas IL-1β e IL-6 tiveram sua
expressão reduzida após o tratamento com CLA.
A indução do NF-κB é uma etapa crítica para a expressão de moléculas de
adesão e de outros marcadores inflamatórios (COLLINS et al., 1995). Sua atividade é
regulada negativamente pelo PPARγ, desta forma, os ligantes deste receptor exercem
seus efeitos anti-inflamatórios reduzindo a expressão de moléculas de adesão, a adesão
de monócitos e a liberação de citocinas (DUVAL et al., 2002).
Os ácidos graxos de cadeia longa, incluindo o ácido linoléico e o ácido
araquidônico, são conhecidos ligantes e ativadores dos PPAR (KLIEWER et al., 1997),
e os isômeros do CLA compartilham com esses ácidos graxos esta similaridade
funcional (MOYA-CAMARENA et al., 1999; YU et al., 2002b).
De acordo com SNEDDON et al. (2006), o PAF desempenha um papel central
na adesão de monócitos ao endotélio. Estes autores demonstraram que a ação anti-
inflamatória do CLA, representada pela supressão da interação entre os monócitos e as
células endoteliais, é mediada através da menor presença de fosfolipídios pró-
inflamatórios, como o PAF, nas membranas das células endoteliais. Neste estudo, o
CLA inibiu a ligação dos monócitos às células endoteliais em 40 %, sendo que o
isômero 10t,12c-CLA suprimiu a adesão entre estas células em uma resposta dose-
dependente.
Artigo de Revisão
30
Ao contrário, outro estudo demonstrou que o tratamento com isômeros do CLA
em células HAEC (human aortic endothelial cells) não modulou a expressão induzida
por citocinas, de ICAM-1, VCAM-1 e selectina-E, bem como a adesão de monócitos
U937 e a secreção de MCP-1. Além disto, os isômeros do CLA aumentaram a atividade
do PPARγ, mas não alteraram a atividade de ligação ao NF-κB neste modelo celular de
experimentação (SCHLESER et al., 2006).
5.5 Os isômeros do CLA podem ser considerados agentes antiaterogênicos?
Os estudos que utilizaram isômeros isolados do CLA (Quadro 5.1) podem
explicar algumas das discrepâncias encontradas na literatura, visto que aqueles estudos
que utilizaram misturas de isômeros, não elucidaram qual destas moléculas foi
responsável pelos efeitos observados na aterosclerose.
Os principais isômeros do CLA têm sido relacionados com modificações
benéficas no desenvolvimento da aterosclerose, entretanto, algumas observações
relatadas nos estudos experimentais ainda são controvertidas. Além disto, a quantidade
de CLA necessária para impedir a aterogênese e suprimir estrias gordurosas na aorta,
talvez seja variável em função das espécies estudadas e da concentração de colesterol
das dietas (KRITCHEVSKY et al., 2004).
Um aspecto importante é que diversas metodologias têm sido empregadas para
avaliar as lesões ateroscleróticas na aorta, incluindo a classificação visual das lesões, a
coloração dos lipídios en face e a morfometria de seções histológicas da aorta, o que
dificulta a comparação entre os estudos.
No caso de estudos com seres humanos, além das questões éticas envolvidas,
existe também a dificuldade técnica em se avaliar o desenvolvimento da aterosclerose,
tendo como parâmetro somente as análises bioquímicas. Outro fator a ser considerado é
que a quantidade de CLA disponível na alimentação humana está normalmente muito
aquém dos níveis de suplementação utilizados nos estudos experimentais com animais.
Apesar dos avanços alcançados nos últimos anos em relação ao papel dos
principais isômeros do CLA na patogênese e no tratamento da aterosclerose, ainda
existem muitas pesquisas a serem desenvolvidas para se avaliar os resultados em longo
prazo e estabelecer níveis seguros de suplementação para seres humanos. Desta forma,
ainda não é possível afirmar que os isômeros do CLA sejam antiaterogênicos ou mesmo
que, ao contrário de muitas evidências até hoje encontradas, sejam agentes aterogênicos.
Artigo de Revisão
31
Deve-se ter bastante cuidado ao se recomendar o uso de determinado composto
ou substância. As evidências experimentais são pouco conclusivas em se tratando dos
mecanismos moleculares e não existe uma padronização de protocolo para que haja
correlação. Além disso, os modelos estudos nem sempre são passíveis de comparação
com os seres humanos em relação à formação e evolução das lesões.
Artigo de Revisão
32
Quadro 5.1 – Efeitos dos isômeros do CLA na aterosclerose experimental.
Modelos animais Objetivo
Parâmetro de
avaliação
Período de
suplementação
Tipo de CLA Resultados Referências
Camundongos apoE -/-
Regressão da
aterosclerose
Área das seções da aorta 16 semanas 1 % 9c,11t-CLA;
9c,11t-CLA retardou o
desenvolvimento e
induziu a regressão das
lesões na aorta.
TOOMEY et al
2003.
Camundongos apoE -/-
Desenvolvimento da
aterosclerose
Área das seções da aorta 12 semanas
Quantidades equivalentes
dos 2 isômeros (± 0,85 %)
9c,11t-CLA impediu e
10t,12c-CLA promoveu
o desenvolvimento da
aterosclerose.
ARBONÉS-
MAINAR et al,
2006.
Camundongos apoE -/-
diabéticos
Desenvolvimento da
aterosclerose
Método en face 20 semanas 0,9 % 9c,11t-CLA
O 9c,11t-CLA não
reduziu a gravidade das
lesões na aorta.
NESTEL et al,
2006
Camundongos apoE -/-
Regressão da
aterosclerose
Área das seções da
aorta/ método en face
16 semanas
1% CLA (80 % 9c,11t-CLA
e 20 % 10t,12c-CLA)
Regressão quase
completa (> 90 %) das
lesões.
TOOMEY et al,
2006.
Coelhos
(New Zealand)
Avaliar progressão e
regressão da
aterosclerose
Escala visual (0-4)
Estudo de progressão: 12
semanas
Estudo de regressão: 12
semanas
0,5 % 9c,11t-CLA;
0,5 % 10t,12c-CLA;
0,5 % Mistura de isômeros
Efeitos iguais dos
isômeros em inibir a
evolução e em
promover a regressão
da aterosclerose.
KRITCHEVSKY
et al, 2004.
Hamsters
(Syrian Golden)
Desenvolvimento da
aterosclerose
Área das seções da aorta 12 semanas
1 % 9c,11t-CLA;
1 % 10t,12c-CLA ou
1 % ácido linoléico
Efeitos iguais dos
isômeros com menor
formação de estrias
gordurosas. *
MITCHELL et al.,
2005.
Hamsters
(Syrian Golden)
Acúmulo de colesterol
na aorta
Concentração de
colesterol na aorta
12 semanas 0,37 % 9c,11t-CLA
Atenuação de sinais de
aterosclerose precoce
VALEILLE et al.,
2005.
Hamsters
(Syrian Golden)
Acúmulo de colesterol
na aorta
Concentração de
colesterol na aorta
12 semanas
0,5 % 9c,11t-CLA;
0,5 % 10t,12c-CLA ou
0,5 % ácido linoléico
9c,11t-CLA e ácido
linoléico reduziram e
10t,12c-CLA aumentou
o acúmulo de colesterol
na aorta *
WILSON et al.,
2006.
* Diferença não significante.
Artigo Original I
33
6 ARTIGO ORIGINAL I
Vitamina E, mas não o 10t,12c-CLA, reduz a progressão da
aterosclerose em camundongos LDLR -/- com lesão pré-estabelecida
Resumo
Introdução: Evidências comprovam a ocorrência de reações inflamatórias e oxidativas
na aterosclerose. O ácido linoléico conjugado, um conjunto de isômeros geométricos e
de posição do ácido octadecadienóico, tem sido relacionado com a redução da
progressão da aterosclerose, devido à sua ação antiinflamatória. Por outro lado, a ação
antioxidante da vitamina E também tem revelado efeitos benéficos importantes na
aterosclerose. Objetivo: Avaliar os efeitos da suplementação com CLA e/ou com
vitamina E na progressão da aterosclerose experimental. Materiais e métodos:
Camundongos LDLR -/- foram alimentados com dieta semipurificada ou aterogênica,
durante seis semanas. Após este período, um grupo sofreu eutanásia para constatação do
desenvolvimento da aterosclerose e os outros animais foram alimentados por oito
semanas com dieta semipurificada suplementada com 1 % de vitamina E, 1 % de
10t,12c-CLA ou com 1 % de vitamina E + 1 % de 10t,12c-CLA. Foram avaliados a área
total da lesão aterosclerótica e o percentual de obstrução da aorta, além de parâmetros
relacionados ao metabolismo do colesterol e do α-tocoferol. Resultados: A utilização
isolada do isômero 10t,12c-CLA não impediu o desenvolvimento de lesões
ateroscleróticas na aorta. No entanto, a suplementação dietética com vitamina E, assim
como a associação de vitamina E e 10t,12c-CLA, reduziram significantemente a área
total da lesão e o percentual de obstrução da aorta. Conclusão: Os resultados
demonstraram que, em camundongos LDLR -/-, a suplementação da vitamina E
isoladamente ou em associação com o isômero 10t,12c-CLA reduz a progressão de
lesões ateroscleróticas pré-estabelecidas na aorta.
Palavras-chave: ácido linoléico conjugado, α-tocoferol, aterosclerose, camundongos
LDLR-/-
Introdução
34
6.1 Introdução
Nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, as doenças cardiovasculares
secundárias à aterosclerose têm elevado substancialmente as taxas de morbidade e
mortalidade. A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial
que ocorre em resposta à agressão endotelial (DEPARTAMENTO DE
ATEROSCLEROSE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).
Dentre os vários fatores envolvidos no seu desenvolvimento, destaca-se a
ocorrência de reações inflamatórias (HANSSON, 2005) e oxidativas (STOCKER e
KEANEY JR, 2003). Algumas medidas empregadas na prevenção da aterosclerose
incluem a utilização de compostos da dieta com propriedades específicas, que visam
minimizar o impacto destas reações no seu desenvolvimento.
Neste sentido, os lipídios e os compostos antioxidantes da dieta têm sido
importantes objetos de pesquisa em saúde e nutrição; existindo um grande interesse nos
potenciais efeitos benéficos destes compostos, especialmente na prevenção e no
tratamento das doenças cardiovasculares.
Ácido linoléico conjugado (CLA) é o termo que engloba todos os isômeros
geométricos e de posição do ácido octadecadienóico (PARIZA e HARGREAVES,
1985; PARODI, 1999).
Estes ácidos graxos têm sido relacionados com a diminuição da extensão da
aterosclerose em diversos modelos animais (KRITCHEVSKY et al., 2004; MITCHELL
et al., 2005; TOOMEY et al., 2006). Fundamentalmente, os efeitos dos isômeros do
CLA na aterosclerose m sido atribuídos à sua ação anti-inflamatória (YU et al., 2002;
MÜLLER et al., 2005), apesar de os mecanismos envolvidos nestas ações ainda serem
desconhecidos.
Por outro lado, estratégias utilizadas no tratamento experimental da aterosclerose
compreendem a utilização de suplementos de vitaminas antioxidantes, como a vitamina
E. Esta vitamina também está relacionada à redução do desenvolvimento da
aterosclerose em animais experimentais (PELUZIO et al., 2003; CYRUS et al., 2003;
OTERO et al., 2005).
Resultados e Discussão
35
Evidências de estudos in vivo (ROSENBLAT e AVIRAM, 2002) e in vitro
(ARROL et al., 2000) indicam que a vitamina E exerce seu papel antiaterogênico por
incorporar-se às partículas de LDL, tornando-as menos suscetíveis à oxidação.
O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos individuais e associados do isômero
10t,12c-CLA e da vitamina E na aterosclerose induzida por dieta hiperlipídica e
colesterol, em um modelo para hipercolesterolemia familiar humana.
6.2 Materiais e Métodos
6.2.1 Animais e dietas
Foram utilizados 77 camundongos LDLR -/-, machos e fêmeas, com seis
semanas de vida, procedentes do biotério do Laboratório de Bioquímica Nutricional, do
Departamento de Bioquímica e Imunologia, da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
Os animais foram mantidos em gaiolas individuais de aço inoxidável, em
ambiente com temperatura controlada (21 °C ± 1 °C) e fotoperíodo de 12 horas. Durante
todo o período experimental, os animais receberam água e dieta ad libitum. Também
foram monitorados o consumo alimentar e o ganho de peso.
O ensaio biológico foi realizado em duas etapas e teve duração total de 14
semanas.
Na fase de indução da aterogênese, os animais foram alimentados com dieta
controle (semipurificada) ou com dieta de indução (aterogênica), durante seis semanas
(Tabelas 6.1 e 6.2). Ao final deste período, um grupo (grupo AT1; n = 10) sofreu
eutanásia para avaliação do grau de desenvolvimento da aterosclerose.
Na fase de tratamento os animais do grupo controle continuaram recebendo
dieta semipurificada e os animais que receberam dieta aterogênica foram divididos em
outros cinco grupos:
1 – Grupo AT2: dieta aterogênica;
2 – Grupo CLA: dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA;
3 – Grupo TOC: dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E;
4 Grupo CLA/TOC: dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de
acetato de vitamina E;
Resultados e Discussão
36
5 – Grupo AT/SP: dieta semipurificada.
As cápsulas de CLA foram gentilmente cedidas pela empresa Rainha
Laboratório Nutracêutico Ltda. e continham, em média, 62,70 ± 2,60 mg de 10t,12c-
CLA/100 mg de óleo.
Tabela 6.1 – Composição da dieta controle (semipurificada).
Ingredientes %
Amido de milho 68
Caseína 20
Celulose 1
Óleo de soja 5
Mistura vitamínica 1
Mistura mineral 5
Fonte: AOAC (1989).
Tabela 6.2 – Composição da dieta de indução (aterogênica).
Ingredientes %
Sacarose 55
Caseína 20
Celulose 1
Óleo de soja 1
Colesterol 1
Gordura vegetal hidrogenada 15
Mistura vitamínica 1
Mistura mineral 5
Bitartarato de colina 1
Fonte: AOAC (1989).
As fezes foram coletadas no início e no final de ambas as etapas do experimento
e armazenadas a – 20 °C até análise.
Ao término do período experimental, os animais foram colocados em jejum por
12 horas e sofreram eutanásia.
Os corações foram retirados em bloco, com a raiz da aorta, perfundidos em
solução salina fisiológica e, em seguida, fixados em solução de formol em PBS (10%).
O sangue foi coletado por punção na aorta abdominal e centrifugado a 3500 rpm,
por 10 minutos, para obtenção do soro. O soro foi congelado em nitrogênio líquido e
mantido a – 80 °C, até análise.
Resultados e Discussão
37
Este trabalho foi realizado segundo as normas do Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal – COBEA (1991).
6.2.2 Concentração dos lipídios séricos
O colesterol total foi quantificado por método enzimático (ALLAIN et al., 1974)
e sua concentração sérica foi determinada a partir da absorbância do padrão de
colesterol (200 mg/dL).
A concentração de triacilgliceróis foi determinada enzimaticamente por kit
bioquímico, sendo que os valores encontrados foram divididos por quatro, para
obtenção das concentrações da fração VLDL. A fração HDL foi obtida por
determinação direta (WARNICK et al., 2001) e a fração LDL, por diferença entre as
concentrações de colesterol total e as de HDL e VLDL.
Foram utilizados kits comerciais (Bioclin
®
, Brasil), gentilmente cedidos pela
empresa Quibasa Química Básica Ltda.
6.2.3 Concentração do colesterol hepático e fecal
A dosagem de colesterol hepático e fecal foi feita a partir dos seus respectivos
extratos lipídicos retomados em 1,5 mL de álcool isopropílico.
As concentrações de colesterol foram determinadas enzimaticamente, utilizando
kit comercial (Bioclin
®
, Brasil).
6.2.4 Determinação do α-tocoferol
A extração do α-tocoferol das amostras de fígado e fezes foi realizada pelo
método de UEDA e IGARASHI (1990). A determinação da concentração de α-tocoferol
foi feita por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), com detector
espectrofotométrico UV-visível de arranjo de diodos (Shimadzu), utilizando a coluna
Lichrospher, RP-18 (4,0 x 250 mm, 5 µm). A fase móvel consistiu de uma solução de
acetonitrila, metanol e hexano na proporção de 3:95:2, com fluxo de 1 mL/minuto e
tempo total de corrida de 10 minutos. O comprimento de onda no detector, 295 nm, foi
o correspondente à absorbância máxima do α-tocoferol.
Resultados e Discussão
38
O padrão vitamínico foi preparado dissolvendo-se 10 mg de α-tocoferol (Sigma-
Aldrich
®
, EUA) em etanol a 96%, resultando em uma solução estoque com
concentração de 10 µg/mL. Procedeu-se a varredura para confirmação do espectro de
absorção da solução padrão na faixa ultravioleta, utilizando os comprimentos de onda
de 190 a 350 nm. O cálculo da concentração real da solução padrão foi feito utilizando-
se o coeficiente de absortividade molar (E1%1cm) = 70,8.
6.2.5 Análise morfométrica
Foram utilizados cinco animais de cada grupo experimental, escolhidos ao
acaso. O coração foi separado da aorta torácica e abdominal, fixado em formol
tamponado 10% e processado para inclusão em parafina. Foram feitos cortes
consecutivos de 10 µm de espessura na região da válvula aórtica e montadas de seis a
oito lâminas por animal, contendo em média 25 seções de aorta em cada lâmina. As
lâminas foram codificadas e coradas por hematoxilina e eosina (H/E).
O tamanho da lesão aterosclerótica e a avaliação do percentual de obstrução da
aorta foram avaliados em dez cortes, tomando sempre como referência a presença da
válvula aórtica.
A partir da identificação da válvula aórtica, um corte foi selecionado a cada 30
µm, de acordo com a técnica de PAIGEN et al. (1987), modificada por PORTUGAL et
al. (2004).
O cálculo do tamanho da lesão aterosclerótica de cada animal foi feito pela soma
das áreas dos dez cortes selecionados. O percentual de obstrução da aorta foi calculado
pela fórmula: [(∑ áreas das lesões / ∑ áreas da aorta) x 100].
A captura das imagens foi feita em microscópio Olympus, acoplado a vídeo-
câmera (Objetivas: 4x e 20x / Bin = 1). Para medida das áreas das seções da aorta
utilizou-se o software Image Pro Plus
®
, versão 4.5.
6.2.6 Análise Estatística
Foi utilizado o software SigmaStat
®
, versão 3.0 para a análise estatística. O teste
de normalidade utilizado foi o de Kolmogorov-Smirnov. Para as comparações entre três
ou mais grupos independentes, foi utilizada a análise de variância (ANOVA),
complementada pelo teste de comparações múltiplas de Tukey.
Resultados e Discussão
39
Na análise morfométrica, além dos testes citados, foi utilizado o teste t, para
comparação entre dois grupos independentes e o teste t pareado, para avaliação da
evolução das lesões entre os grupos AT1 e AT2.
O nível de significância utilizado foi de 95 %, com o valor de p < 0,05. Os
resultados foram expressos como média ± desvio-padrão.
6.3 Resultados e Discussão
6.3.1 Peso dos animais
A maior concentração de lipídios na dieta aterogênica e a suplementação
dietética com CLA e/ou com vitamina E não interferiram no ganho ponderal dos
animais (Tabela 6.3).
Os estudos com modelos para aterosclerose também não têm encontrado
modificações na evolução do ganho de peso, decorrentes do consumo das dietas
experimentais (KOGA et al., 2004; WILSON et al., 2006). Ao contrário, VALEILLE et
al. (2005) observaram que os animais que consumiram dietas com alto teor de gordura,
reduziram o consumo alimentar em função da densidade energética da dieta, mantendo,
desta forma, pesos semelhantes aos animais que consumiram dietas normolipídicas.
6.3.2 Colesterol
Na Tabela 6.3 têm-se o perfil de lipídios séricos dos grupos controles (CT e
AT2) e experimentais (CLA, TOC e CLA/TOC).
Os tratamentos com CLA e com vitamina E não interferiram nas concentrações
séricas de triacilgliceróis e das frações HDL e VLDL. A adição de vitamina E às dietas
resultou no desenvolvimento de um perfil de lipídios séricos considerado menos
aterogênico, com menores concentrações de colesterol total e de LDL, embora não
tenha apresentado diferenças estatisticamente significantes em relação aos demais
grupos.
Alguns estudos demonstraram que, quando comparada ao consumo de dieta
aterogênica, a suplementação com vitamina E também não reduz significantemente os
níveis séricos de colesterol total e de triacilgliceróis (CYRUS et al., 2003; PELUZIO et
al., 2003; HASTY et al, 2007), uma vez que a concentração de gordura saturada nestas
Resultados e Discussão
40
dietas é elevada. Portanto, sendo este um reflexo direto da quantidade de lipídios da
dieta.
As concentrações séricas de colesterol total, LDL, VLDL e triacilgliceróis foram
maiores (p<0,05) no grupo que consumiu dieta aterogênica em relação a todos os outros
grupos, exceto o grupo CLA, no qual também foram verificadas concentrações elevadas
de colesterol total e de LDL.
A suplementação com CLA não foi efetiva em melhorar o perfil dos lipídios
séricos. No entanto, os níveis de colesterol deste grupo foram um pouco menores que os
do grupo AT2; ao contrário do observado no estudo de ARBONÉS-MAINAR et al.
(2006), no qual o consumo de 10t,12c-CLA aumentou as concentrações séricas de
triacilgliceróis, de colesterol total e de HDL em relação ao grupo que consumiu somente
dieta aterogênica. A diferença entre os resultados se deve em parte, ao modelo
experimental, considerando que no estudo de ARBONÉS-MAINAR et al. (2006) foram
utilizados animais knockout para Apo-E, o que efetivamente contribuiu para alteração
na síntese das lipoproteínas. Já o modelo por nós utilizado, pressupõe um efeito
diferente nas alterações do perfil lipídico, num primeiro momento, vinculado à
concentração da gordura na dieta e, posteriormente à sua captação pelos tecidos.
Resultados e Discussão
41
Tabela 6.3 – Peso corporal (g) e perfil de lipídios séricos (mg/dL) dos animais dos grupos controles e experimentais.
GRUPOS
CT
(n = 10)
AT2
(n = 11)
CLA
(n = 13)
TOC
(n = 13)
CLA/TOC
(n = 10)
AT/SP
(n = 10)
Peso inicial (g)
14,2 ± 1,1 14,7 ± 2,1
13,7 ± 1,7
14,9 ± 1,5
14,0 ± 2,3
14,3 ± 1,5
Peso final (g)
23,7 ± 2,3
23,1 ± 1,4
22,9 ± 2,5
24,5 ± 2,4
23,8 ± 4,2
23,5 ± 3,8
Colesterol total
329,4 ± 26,0
*
963,4 ± 435,8
571,8 ± 120,5
266,4 ± 12,7
*
264,0 ± 57,6
*
334,4 ± 43,3
*
LDL
242,2 ± 22,5
*
771,9 ± 423,7
465,0 ± 110,7
157,6 ± 15,5
*
162,6 ± 32,2
*
199,3 ± 31,9
*
VLDL
22,1 ± 5,3
*
130,1 ± 25,5
31,2 ± 15,5
*
31,5 ± 5,8
*
40,9 ± 25,8
*
50,9 ± 14,2
*
HDL
65,1 ± 6,1
#
61,4 ± 4,1
#
75,3 ± 1,9
77,6 ± 5,9
60,5 ± 5,5
#,†
84,1 ± 7,6
Triacilgliceróis
88,4 ± 21,3
*
520,4 ± 101,9
124,9 ± 61,9
*
126,1 ± 23,3
*
163,8 ± 103,3
*
203,8 ± 56,8
*
Grupo CT – dieta semipurificada / Grupo AT2 – dieta aterogênica/ Grupo CLA – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC – dieta semipurificada + 1% de acetato
de vitamina E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP dieta aterogênica (fase de indução) e dieta
semipurificada (fase de tratamento).
Valores apresentados como média ± desvio-padrão.
Análise de variância (ANOVA), complementada pelo teste de comparações múltiplas de Tukey.
[*] p<0,05 vs. grupo AT2
[#] p<0,05 vs. grupo AT/SP
[†] p<0,05 vs. grupo TOC
Resultados e Discussão
42
A concentração de colesterol hepático dos diferentes grupos avaliados variou em
termos absolutos, no entanto, não foram verificadas diferenças estatisticamente
significantes entre os valores (Figura 6.1).
Outros estudos também verificaram resultados semelhantes aos nossos. Em
coelhos, as concentrações hepáticas de colesterol, após suplementação com CLA
(KRITCHEVSKY et al., 2000) ou com os seus principais isômeros de forma isolada
(KRITCHEVSKY et al., 2004), também foram semelhantes às encontradas no grupo
controle. A mesma observação foi feita em camundongos apoE -/-, após suplementação
com vitamina E (PELUZIO et al.; 2003).
Figura 6.1 – Concentração hepática de colesterol dos grupos controles e experimentais.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP –
dieta aterogênica (fase de indução) e dieta semipurificada (fase de tratamento). Resultados expressos
como média ± desvio-padrão. As médias não diferiram pela análise de variância (ANOVA).
Em ambas as fases do período experimental, a excreção de colesterol nas fezes
foi maior (p<0,05) no grupo AT2 e refletiu o consumo de colesterol da dieta por este
grupo (Tabela 6.4).
Ainda em resposta à dieta consumida na primeira fase, no início da fase de
tratamento a excreção de colesterol foi maior nos grupos experimentais em relação ao
controle. No grupo TOC houve uma excreção, aproximadamente, duas vezes maior que
a dos demais grupos experimentais.
Resultados e Discussão
43
Na etapa final da fase de tratamento, a excreção de colesterol pelo grupo TOC
foi menor que no início, mas ainda assim foi superior à excreção observada no grupo
controle e nos demais grupos experimentais.
Este fato pode ter tido um papel importante na redução do colesterol sérico nos
animais dos grupos TOC e CLA/TOC e, não necessariamente, relacionada ao efeito
antioxidante próprio da vitamina E.
Tabela 6.4 Concentração de colesterol fecal (mg/g) dos grupos controles e
experimentais, nas fases de indução (FI) e de tratamento (FT).
GRUPOS
CT
(n = 10)
AT2
(n = 11)
CLA
(n = 13)
TOC
(n = 13)
CLA/TOC
(n = 10)
AT/SP
(n = 10)
FI*
Início
10,2 ± 4,6
40,4 ± 10,7
#
Final
16,6 ± 15,6
41,8 ± 11,9
#
FT**
Início
4,9 ± 1,9
41,6 ± 12,6
#
13,2 ± 6,5
32,1 ± 11,9
#
14,0 ± 5,4
17,5 ± 8,1
Final
3,8 ± 1,5
46,4 ± 9,3
#
3,5 ± 1,7
12,7 ± 4,5
#
4,8 ± 3,3
3,8 ± 2,5
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP –
dieta aterogênica (FI) e dieta semipurificada (FT) / FI fase de indução / FT fase de tratamento.
Resultados expressos como média ± desvio-padrão. * Teste t; ** Análise de variância, complementada
pelo teste de comparações múltiplas de Tukey. [#]
p<0,05 vs. grupo CT; [†] p<0,05 vs. grupo TOC.
6.3.3 Concentrações de α-tocoferol
O conteúdo de vitamina E no fígado aumenta linearmente em resposta ao
aumento da sua quantidade na dieta (BALL, 1998). As maiores concentrações de α-
tocoferol hepático no grupo TOC foram confirmadas pela análise cromatográfica
(Figura 6.2). O fígado é o principal local de armazenamento da vitamina E da dieta, o
que justifica os resultados encontrados. Contudo, foram observadas menores
concentrações hepáticas de α-tocoferol no grupo CLA/TOC em relação ao grupo TOC,
o que pode ser devido à maior utilização da vitamina, convertida para a proteção dos
ácidos graxos contra a oxidação, uma vez que uma das principais funções da vitamina E
é a sua capacidade antioxidante. Outro fato que contribui com esta suposição é a
excreção de α-tocoferol que não foi diferente entre estes dois grupos (Figura 6.3).
Resultados e Discussão
44
Outros estudos também notaram maiores concentrações hepáticas de α-tocoferol
nos grupos suplementados com vitamina E com maior proteção contra oxidação
(PELUZIO et al., 2003; OTERO et al., 2005).
Figura 6.2 Concentração de α-tocoferol hepático dos grupos controles e
experimentais.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP –
dieta aterogênica (FI) e dieta semipurificada (FT). Resultados expressos como média ± desvio-padrão.
Análise de variância, complementada pelo teste de comparações múltiplas de Tukey. [*] p<0,05 vs.
grupos CT, AT2, CLA e AT/SP.
De acordo com LOSOWSKY et al. (1972), existe uma relação inversamente
proporcional entre a quantidade ingerida e o percentual de absorção da vitamina E. Este
fato foi confirmado pelas análises das concentrações fecais de α-tocoferol (Figura 6.3),
que revelaram diferenças significantes na excreção nos grupos que consumiram
vitamina E (TOC e CLA/TOC) em relação aos demais grupos, embora não tenham
apresentado diferenças entre si.
A vitamina E é absorvida no intestino delgado e, juntamente, com os ácidos
graxos livre, os 2-monoacilgliceróis e o colesterol, provenientes da dieta, são
incorporados nos quilomícrons.
Posteriormente, a vitamina presente nas partículas de quilomícrons
remanescentes, é captada pelo gado, que a distribui para os demais tecidos através das
VLDL. O gado não armazena quantidades excessivas de vitamina E, desta forma, os
tocoferóis absorvidos em excesso são excretados na bile (KAYDEN e TRABER, 1993).
Resultados e Discussão
45
Assim, sua eliminação na bile pode ter sido uma via adicional de excreção do excesso
de vitamina E absorvido.
Figura 6.3 Concentração fecal de α-tocoferol, nas fases de indução e de tratamento,
dos grupos controles e experimentais.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP –
dieta aterogênica (FI) e dieta semipurificada (FT) / FI fase de indução / FT fase de tratamento.
Resultados expressos como média ± desvio-padrão. Análise de variância, complementada pelo teste de
comparações múltiplas de Tukey. [*] p<0,05 vs. grupos CT, AT, CLA e AT/SP.
6.3.4 Aterogênese
Observações histológicas da aorta antes da suplementação com CLA e/ou
vitamina E mostraram a formação de lesões nos animais experimentais. Como esperado,
o consumo de dieta semipurificada durante todo o período experimental (grupo CT) não
impediu a formação inicial de estrias gordurosas na aorta (Figuras 6.4, 6.5 e 6.6), fato
justificado pelas características do modelo animal.
Os resultados encontrados por KOWALA et al. (2000) foram semelhantes aos
nossos. Estes autores observaram que, em camundongos LDLR -/- alimentados com
dieta controle, houve um pequeno depósito de lipídios no espaço subendotelial;
enquanto o consumo de dieta rica em colesterol, durante duas semanas, promoveu o
rápido acúmulo de células espumosas na íntima arterial.
Uma vez iniciada a formação da lesão, somente a substituição da dieta
aterogênica por uma dieta normolipídica (grupo AT/SP) foi suficiente para reduzir a
progressão, mas não para induzir a regressão, da aterosclerose (Figuras 6.4, 6.5 e 6.7).
Resultados e Discussão
46
A suplementação dietética com 10t-12c-CLA produziu efeitos semelhantes (Figuras
6.4, 6.5 e 6.8), e embora não tenham sido estatisticamente significantes, estes resultados
são satisfatórios do ponto de vista biológico, reforçando que a redução da ingestão de
colesterol e de gorduras saturadas tem efeitos benéficos na aterosclerose.
Após seis semanas de consumo de dieta aterogênica (grupo AT1), foi constatada
a presença de xantoma. O consumo da dieta por mais oito semanas (grupo AT2)
produziu lesões mais avançadas, caracterizadas pela presença de centro necrótico,
proliferação de células musculares lisas, presença maciça de cristais de colesterol e de
células inflamatórias (Figura 6.7).
Além disto, a análise das lesões dos grupos AT2 e AT/SP revelou a presença
maciça de cristais de colesterol por toda a extensão das placas, o que não foi observado
nos grupos experimentais, sugerindo que os tratamentos também foram capazes de
modificar características morfológicas. No entanto, as modificações mais pronunciadas
foram observadas no grupo TOC, no qual se verificaram lesões menos extensas, com
alterações degenerativas e necróticas de grau menos intenso.
Nos animais dos grupos TOC e CLA/TOC as lesões foram menores, tendo uma
área total 72 % menor para o primeiro e 76 % menor para o segundo grupo. os
percentuais de obstrução da aorta foram, respectivamente, 52 % e 68 % menores para os
grupos TOC e CLA/TOC (Figuras 6.4 e 6.5).
Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por CYRUS et al. (2003),
nos quais a suplementação com vitamina E, neste mesmo modelo animal, reduziu a
progressão das lesões ateroscleróticas. A efetividade da vitamina E foi vista tanto na
fase inicial da aterogênese como depois da doença estabelecida.
HASTY et al. (2007) observaram uma tendência de redução da área das lesões
ateroscleróticas em camundongos obesos LDLR -/- que consumiram vitamina E. Outros
autores identificaram também um efeito modesto da suplementação com vitamina E, em
camundongos apoE -/-, em condições de deficiência pré-existente da vitamina
(SUARNA et al., 2006).
Os resultados obtidos estão de acordo com estudos que utilizaram outros
modelos animais e que demonstraram os benefícios da suplementação com vitamina E
na diminuição da evolução da aterosclerose pré-estabelecida (PELUZIO et al., 2003;
KOGA et al., 2004; OTERO et al., 2005). No entanto, os resultados de ensaios clínicos
Resultados e Discussão
47
e epidemiológicos são conflitantes quanto à suplementação de vitamina E em seres
humanos (BUIJSSE et al., 2005; CARRERO et al., 2005).
Os resultados das análises de colesterol sugerem que as diferenças no tamanho
das lesões ateroscleróticas não estejam relacionadas com alterações nos níveis hepáticos
de colesterol. Entretanto, podem ter relação com o perfil de lipídios séricos ou com a
excreção fecal de colesterol. Desta forma, a maior excreção de colesterol observada no
grupo TOC pode ter contribuído para a redução da progressão da aterosclerose.
Por outro lado, no grupo CLA, as concentrações elevadas de colesterol total e de
LDL podem ter favorecido o desenvolvimento das lesões; já que na promoção da
aterosclerose parece ser obrigatório um estado persistente de hipercolesterolemia, com
concentrações de colesterol total superiores a 300 mg/dL (GETZ e REARDON, 2006).
Apesar da suplementação isolada com 10t-12c-CLA não ter tido efeito na
redução do desenvolvimento das lesões, a sua associação com a vitamina E foi mais
eficiente que a vitamina E sozinha (resultados não significantes estatisticamente).
Os estudos que demonstraram os efeitos benéficos das misturas de isômeros do
CLA ou dos seus principais isômeros individualmente, no desenvolvimento e na
regressão de lesões ateroscleróticas precoces foram realizados com diferentes modelos
experimentais em relação ao nosso (MITCHELL et al., 2005; TOOMEY et al., 2006;
WILSON et al., 2006).
MUNDAY et al. (1999) demonstraram um aumento significante da formação de
estrias gordurosas na aorta, em camundongos C57BL/6, após o consumo de misturas
isoméricas de CLA. E, mais recentemente, o isômero 10t,12c-CLA foi relacionado com
a promoção da aterogênese em camundongos apoE -/- (ARBONÉS-MAINAR et al.,
2006) e em hamsters (WILSON et al., 2006).
Em coelhos, tanto o isômero 9c,11t-CLA como o 10t,12c-CLA tiveram efeitos
semelhantes na redução do desenvolvimento e na regressão de lesões pré-estabelecidas
na aorta (KRITCHEVSKY et al., 2004).
Vale ressaltar que, além da quantidade de CLA e colesterol na dieta, o modelo
animal de experimentação é um determinante considerável dos efeitos observados na
aterosclerose (KRITCHEVSKY et al., 2004). ROSELAAR et al. (1996) observaram
grandes diferenças nas características morfométricas e morfológicas das lesões
ateroscleróticas entre camundongos apoE -/- e LDLR -/-, sendo que nos primeiros as
lesões foram mais avançadas.
Resultados e Discussão
48
Figura 6.4 Avaliação morfométrica da maior lesão aterosclerótica de camundongos
LDLR -/-.
Os círculos representam medidas individuais (n = 5 para cada grupo) e os traços representam as médias.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT1 dieta aterogênica (6 semanas) / Grupo AT2 dieta
aterogênica (14 semanas) / Grupo CLA dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC
dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de
10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP dieta aterogênica (fase de indução) e dieta
semipurificada (fase de tratamento). [*] p<0,05; A AT1 x AT2 (teste t pareado); B CT x AT1 x AT2
x AT/SP (ANOVA/Tukey) e C – AT2 x CLA x TOC x CLA/TOC x AT/SP (ANOVA/Tukey).
Resultados e Discussão
49
Figura 6.5 – Percentual de obstrução da aorta de camundongos LDLR -/-.
Os círculos representam medidas individuais (n = 5 para cada grupo) e os traços representam as médias.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT1 dieta aterogênica (6 semanas) / Grupo AT2 dieta
aterogênica (14 semanas) / Grupo CLA dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC
dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de
10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo AT/SP dieta aterogênica (fase de indução) e dieta
semipurificada (fase de tratamento). [*] p<0,05; A AT1 x AT2 (teste t pareado); B CT x AT1 x AT2
x AT/SP (ANOVA/Tukey) e C – AT2 x CLA x TOC x CLA/TOC x AT/SP (ANOVA/Tukey).
Resultados e Discussão
50
Figura 6.6 – Seções histológicas da aorta proximal de camundongos LDLR -/-.
Em A, aspecto histológico da aorta de camundongos alimentados com dieta semipurificada (CT),
mostrando deposição lipídica inicial (estrela). Em B, detalhe da estria gordurosa em fase inicial, com
início de deposição de células espumosas (seta curva). Observa-se endotélio íntegro (setas pequenas). Em
C, aspecto histológico da lesão precoce de camundongos alimentados durante seis semanas com dieta
aterogênica (estrela). Em D (detalhe de C), observa-se a presença de xantoma, com espessamento
localizado na camada íntima, deposição de lulas espumosas (setas curvas) e debris celulares (seta
pequena. (A e C: barra = 100 µm; B e D: barra = 20 µm).
Resultados e Discussão
51
Figura 6.7 – Seções histológicas da aorta proximal de camundongos LDLR -/-.
Em A, lesão aterosclerótica de camundongos alimentados com dieta aterogênica, após quatorze semanas.
Em B (detalhe de A)¸ verifica-se a presença de xantoma, caracterizado por espessamento localizado na
íntima, com deposição de células espumosas (setas curvas). Observa-se migração de células musculares
lisas com início de formação de capa fibrosa (setas grossas), além da presença de cristais de colesterol em
toda a extensão do xantoma (setas pequenas). Em C, aspecto da lesão de camundongo do grupo AT/SP.
Em D (detalhe de C), observa-se endotélio íntegro (setas grossas), presença de cristais de colesterol (setas
pequenas) e acúmulo de células espumosas (setas curvas). (A e C: barra = 100 µm; B e D: barra = 20
µm).
Resultados e Discussão
52
Figura 6.8 Seções histológicas da aorta proximal de camundongos LDLR -/-, após
oito semanas de tratamento com CLA e/ou com vitamina E.
Em A, aspecto histológico da lesão do grupo CLA. Em B, detalhe da lesão, caracterizada por centro
lipídico (estrela) e pela presença de núcleos de células inflamatórias no entorno e no interior da placa
(setas brancas). Observa-se endotélio preservado (seta pequena) e atividade proliferativa de células
musculares lisas (círculos brancos). Em C, aspecto histológico da aorta de animal do grupo TOC. No
detalhe (D), verifica-se lesão menos extensa que a anterior, com alterações degenerativas e necróticas de
grau menos intenso, com presença de lulas espumosas (setas curvas). Em E, aspecto da aorta de animal
do grupo CLA/TOC. No detalhe (E) observa-se a camada muscular lisa íntegra (círculo branco) e
endotélio preservado (seta grossa). Verifica-se a presença de vacúolos lipídicos (setas pequenas) com
células espumosas (setas curvas). (A, C e E: barra = 100 µm; B, D e F: barra = 20 µm).
Conclusões
53
6.4 Conclusões
Ao contrário dos resultados encontrados em estudos com outros modelos
animais para aterosclerose, o 10t,12c-CLA não reduziu a progressão da aterosclerose
em camundongos LDLR -/-.
A suplementação da vitamina E isoladamente reduziu a progressão de lesões
ateroscleróticas pré-estabelecidas na aorta. E quando associada ao 10t,12c-CLA, esta
redução foi maior em termos absolutos, apesar de não apresentar diferença
estatisticamente significante. Vale ressaltar que este resultado o indica um potencial
sinérgico entre os compostos, mas sim uma relação com o perfil de lipídios séricos e
com a excreção de colesterol.
Sugere-se que mais estudos sejam conduzidos nesta área para avaliar se
algum efeito diferente do isômero 9c,11t-CLA no desenvolvimento da aterosclerose
neste modelo experimental.
Artigo Original II
54
7 ARTIGO ORIGINAL II
Perfil de ácidos graxos teciduais não é alterado pelo consumo de
10t,12c-CLA e de vitamina E em camundongos LDLR -/-
Resumo:
Introdução: A utilização de compostos antioxidantes pode proteger os ácidos graxos
insaturados contra a oxidação, permitindo que eles desempenhem integralmente seus
papeis biológicos. É importante, por conseguinte, avaliar a incorporação tecidual,
especialmente dos ácidos graxos não sintetizados pelo organismo, como por exemplo,
os ácidos graxos essenciais e os isômeros de configuração trans. Os diferentes efeitos
relatados a respeito dos CLA podem ser resultantes das interações dos seus isômeros
biologicamente ativos com diversas rotas metabólicas de sinalização. Objetivo: O
objetivo deste estudo foi verificar a incorporação tecidual do isômero 10t,12c-CLA,
quando suplementado isoladamente ou em associação com a vitamina E. Materiais e
métodos: Camundongos LDLR -/- foram alimentados com dieta semipurificada ou
hiperlipídica, durante seis semanas. Após este período, os animais foram alimentados
por oito semanas com dieta semipurificada suplementada com 1 % de vitamina E, 1 %
de 10t,12c-CLA ou com 1 % de vitamina E + 1 % de 10t,12c-CLA. Foram avaliados a
peroxidação dos lipídios hepáticos e o perfil de ácidos graxos do fígado, do tecido
adiposo peri-renal e do intestino delgado. Resultados: Houve maior formação de
hidroperóxidos lipídicos nos fígados dos animais do grupo TOC. A suplementação com
CLA ou com a associação de CLA com vitamina E promoveram maior estabilidade
oxidativa aos lipídios hepáticos. Os perfis de ácidos graxos dos tecidos refletiram a
composição de ácidos graxos das dietas. Entretanto, em nenhum dos tecidos analisados
foi possível identificar a incorporação do 10t,12c-CLA. Conclusões: A utilização de
vitamina E em alta concentração pode ter contribuído para o aumento da peroxidação
dos lipídios hepáticos. Provavelmente, a não identificação do isômero 10t,12c-CLA nos
tecidos analisados pode ser atribuída à sua metabolização antes de ser captado pelos
tecidos.
Palavras-chave: ácido linoléico conjugado, cromatografia gasosa, ácidos graxos,
antioxidantes.
Introdução
55
7.1 Introdução
Desde os primeiros relatos da associação dos ácidos graxos trans com o
desenvolvimento das doenças cardiovasculares (WILLET et al., 1993), investigações
buscaram identificar as evidências clínicas e experimentais dos mecanismos que
justificam tais resultados epidemiológicos (ALLISON et al., 1995; ASCHERIO et al.,
1994). No entanto, alguns estudos apresentaram efeitos positivos de isômeros
específicos, particularmente os isômeros conjugados do ácido linoléico, coletivamente
denominados CLA (LEE et al., 1994; NICOLOSI et al., 1997).
Os principais isômeros biologicamente ativos do CLA são o 9c,11t-CLA e o
10t,12c-CLA. O isômero 9c,11t-CLA é a forma natural mais abundante de CLA
(PARODI, 1977), enquanto o 10t,12c-CLA é encontrado em quantidades menores nas
fontes naturais, mas em quantidades substanciais nas preparações comerciais
(BAUMAN e GRIINARI, 2001).
Os efeitos fisiológicos relatados sobre o CLA podem ser resultantes das
interações dos seus isômeros biologicamente ativos com diversas rotas metabólicas de
sinalização (DE LA FUENTE et al., 2006). Daí, a importância de se avaliar a
incorporação destes ácidos graxos em tecidos específicos.
A separação, identificação e quantificação dos isômeros do CLA são desafios
analíticos consideráveis, principalmente em produtos lácteos e em amostras biológicas
(DE LA FUENTE et al., 2006).
As técnicas cromatográficas de separação de ácidos graxos evoluíram bastante
nos últimos anos. Entretanto, de acordo com SEPPÄNEN-LAAKSO et al. (2002), as
amostras lipídicas que contêm misturas de isômeros geométricos e de posição de
determinados ácidos graxos são as principais causas da maioria dos problemas de
identificação, pela dificuldade de separação destes compostos. Na análise de ácidos
graxos por cromatografia gasosa, as colunas capilares muito polares são capazes de
separar vários isômeros do CLA e do C18:1 (MOSSOBA, 2001).
Assim como os demais ácidos graxos insaturados, os ácidos linoléicos
conjugados também estão sujeitos à oxidação. Desta forma, segundo BALL (1998), a
utilização de compostos antioxidantes pode proteger estes ácidos graxos contra a
oxidação, permitindo que desempenhem integralmente seu papel biológico.
Resultados e Discussão
56
Os compostos com atividade de vitamina E, principalmente o α-tocoferol, são
potentes antioxidantes das moléculas lipídicas (UPSTON et al., 1999). Neste sentido, o
α-tocoferol tem sido amplamente utilizado na tentativa de minimizar os efeitos
deletérios decorrentes da oxidação dos lipídios, particularmente, no desenvolvimento da
aterosclerose (JACHÉC et al., 2003; van AALST et al., 2004; ZHAO et al., 2005).
O objetivo deste estudo foi verificar a incorporação tecidual do isômero 10t,12c-
CLA, quando suplementado isoladamente ou em associação com a vitamina E.
7.2 Materiais e Métodos
7.2.1 Animais e Dietas
Foram utilizados camundongos LDLR -/-, modelos para hipercolesterolemia
familiar, procedentes do biotério do Laboratório de Bioquímica Nutricional (LABIN),
do Departamento de Bioquímica e Imunologia, da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Os animais foram mantidos em gaiolas individuais de aço inoxidável,
em ambiente com temperatura controlada (21 °C ± 1 °C) e fotoperíodo de 12 horas.
Os animais do grupo controle receberam dieta semipurificada e os animais dos
grupos experimentais foram divididos em quatro grupos:
AT2: dieta hiperlipídica + 1 % de colesterol;
CLA: dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA;
TOC: dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E;
CLA/TOC: dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de
vitamina E.
As cápsulas de CLA foram gentilmente cedidas pela empresa Rainha
Laboratório Nutracêutico Ltda. e continham, em média, 62,70 ± 2,60 mg de 10t,12c-
CLA/100 mg de óleo.
O consumo das dietas foi monitorado diariamente e a evolução do peso,
semanalmente, para o cálculo do coeficiente de eficácia alimentar (ABDULLAH e
OTHMAN, 2000). Durante todo o período experimental, os animais receberam água e
dieta ad libitum, exceto no período de 12 horas anteriores à eutanásia, quando foram
colocados em jejum.
Resultados e Discussão
57
O tecido adiposo peri-renal, o fígado e o intestino delgado foram removidos,
lavados em PBS, congelados em nitrogênio líquido e mantidos a 80 °C negativos.
O trabalho seguiu as normas do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal
COBEA (1991).
7.2.2 Avaliação da peroxidação lipídica
A medida do grau de peroxidação dos lipídios hepáticos foi realizada pelo
método FOX-2 (NOUROOZ-ZADEH et al., 1994).
7.2.3 Análise dos lipídios
7.2.3.1 Extração dos lipídios
Os lipídios dos órgãos, tecidos e dietas, foram extraídos pelo método de FOLCH
et al. (1957). Os extratos lipídicos foram esterificados para obtenção dos ésteres
metílicos dos ácidos graxos, utilizando o método CBA (Combined base- and acid-
catalyzed methylation method), descrito por YU et al. (2003).
7.2.3.2 Identificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos
A identificação dos ésteres metílicos dos ácidos graxos foi realizada por
cromatografia gasosa, comparando-se os tempos de retenção dos ésteres presentes nas
amostras com os dos padrões: FAME mix (Supelco
®
, EUA), 10t,12c-CLA, 9c,11t-CLA
e 9t,11t-CLA (Matreya
®
, EUA). O ácido tridecanóico (Sigma-Aldrich
®
, EUA) foi
utilizado como padrão interno.
Utilizou-se cromatógrafo a gás GC-17A Shimadzu/Class GC, equipado com
detector de ionização de chama e com coluna cromatográfica de sílica fundida SP-2560
(Biscyanopropil polysiloxane) de 100 m de comprimento e 0,25 mm de diâmetro
interno.
As temperaturas do detector e do injetor foram iguais a 240 °C. A temperatura
da coluna variou da seguinte forma: início a 70 °C, permanecendo nesta temperatura por
4 minutos; aquecimento até 100 °C, a uma taxa de 5 ºC por minuto; aquecimento até
175 °C, a uma taxa de 10 °C por minuto, permanecendo nesta temperatura por 20
Resultados e Discussão
58
minutos; aquecimento até 225 °C, a uma taxa de 5 °C por minuto, permanecendo nesta
temperatura por 27,5 minutos. O tempo total da programação foi de 75 minutos.
O gás de arraste foi o nitrogênio, com fluxo da coluna de 1,47 mL/minuto,
velocidade linear de 22,96 cm/segundo, split de 1:20, fluxo total de 35 mL/minuto e
pressão da coluna de 257 Kpa.
7.2.4 Análise Estatística
Foi utilizado o software SigmaStat
®
, versão 3.0, para a análise estatística. O teste
de normalidade empregado foi o de Kolmogorov-Smirnov. Para as comparações entre
três ou mais grupos independentes, foi realizada a análise de variância (ANOVA),
complementada pelo teste de comparações múltiplas de Tukey e, quando os dados não
apresentaram distribuição normal, utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis, complementado
pelo teste de Dunn’s.
O nível de significância utilizado foi de 95 %, com o valor de p < 0,05. Os
resultados foram expressos como mediana ou como média ± desvio-padrão.
7.3 Resultados e Discussão
7.3.1 Ganho de peso e consumo alimentar
As dietas experimentais não interferiram na evolução do ganho de peso (Figura
7.1) e no ganho de peso total dos animais, contudo, o consumo alimentar foi menor no
grupo AT (Tabela 7.1).
Observou-se que em função da alta densidade energética da dieta aterogênica, os
animais do grupo AT2 tiveram um menor consumo alimentar quando comparados aos
animais que consumiram os outros tipos de dieta (isoenergéticas), mantendo, desta
forma, pesos semelhantes. VALEILLE et al. (2005) encontraram resultados semelhantes
em hamsters.
Os valores do coeficiente de eficácia alimentar confirmaram os resultados
anteriores, indicando um menor consumo de dieta pelo grupo AT2, já que a conversão
alimentar foi maior neste grupo (p<0,05).
Resultados e Discussão
59
Figura 7.1 – Evolução do peso dos animais dos grupos controles e experimentais.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E.
Tabela 7.1 – Peso corporal e consumo alimentar dos grupos controles e experimentais.
GRUPOS
CT AT2 CLA TOC CLA/TOC
Peso (g)
Início
14,2 ± 1,1 14,7 ± 2,1
13,7 ± 1,7
14,9 ± 1,5
14,0 ± 2,3
Final
23,7 ± 2,3
23,1 ± 1,4
22,9 ± 2,5
24,5 ± 2,4
23,8 ± 4,2
CEA
Fase I
2,5 ± 0,5
3,5 ± 1,1*
Fase II
0,9 ± 0,5
1,4 ± 0,5 0,9 ± 0,6 1,0 ± 0,6 1,5 ± 0,8
CEA
AL
Fase I
0,4 ± 0,1
0,09 ± 0,03*
Fase II
0,13 ± 0,1
0,04 ± 0,01* 0,10 ± 0,05
#
0,10 ± 0,04
#
0,12 ± 0,1
#
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ CEA
Coeficiente de Eficácia Alimentar / CEA
AL
Coeficiente de eficácia alimentar aparente dos lipídios.
Resultados expressos como média ± desvio-padrão. [*] p<0,05 vs. grupo CT; [#] p< 0,05 vs. grupo AT /
Análise de variância (ANOVA), complementada pelo teste de comparações múltiplas de Tukey.
CEA = ganho de peso (g)
consumo de dieta (g)
Foi avaliado também o coeficiente de eficácia alimentar aparente dos lipídios
(CEA
AL
) (Tabela 7.1). Verificou-se que as diferenças entre os coeficientes de eficácia
alimentar podem ser atribuídas à ingestão de lipídios, uma vez que um menor consumo
Resultados e Discussão
60
de gordura pelo grupo AT2 resultou em uma evolução ponderal semelhante aos outros
grupos.
7.3.2 Hidroperóxidos hepáticos
No fígado dos animais do grupo TOC foram encontradas as maiores
concentrações de hidroperóxidos lipídicos (Figura 7.2). Com exceção deste grupo, os
demais grupos experimentais apresentaram concentrações hepáticas de hidroperóxidos
semelhantes ao controle.
Aparentemente, na concentração utilizada, a suplementação dietética com
vitamina E teve um efeito pró-oxidante dos lipídios hepáticos (p<0,05) considerando os
valores de hidroperóxidos hepáticos mais elevados quando comparados com os valores
obtidos para os animais do grupo controle. Ao contrário, a suplementação isolada com
10t,12c-CLA, bem como a sua associação com vitamina E, conferiram maior
estabilidade oxidativa aos lipídios hepáticos.
Ao contrário do observado em nosso estudo, outros pesquisadores têm atribuído
ao α-tocoferol a capacidade de prevenir a formação de hidroperóxidos lipídicos no
fígado (BANUDEVI et al., 2006) e em cultura de células HepG2 (IGARASHI e
MIYAZAWA, 2001). Contudo, IGARASHI e MIYAZAWA (2001), em consonância
com resultados deste estudo, encontraram uma menor formação de hidroperóxidos
lipídicos em células HepG2 tratadas com CLA + α-tocoferol.
Outros autores também têm relatado o efeito pró-oxidante da vitamina E quando
utilizada em altas dosagens (OHKAWA et al., 2004; McANULTY et al., 2005). De
acordo com SETIADI et al. (2003), como a vitamina E é reciclada biologicamente, uma
molécula de α-tocoferol pode converter numerosos radicais HOO
em H
2
O
2
. Estes
peróxidos, se não forem removidos enzimaticamente na mesma taxa de sua formação,
ficam acumulados nas células; sendo esta a possível causa do efeito pró-oxidante da
vitamina E. Desta forma, a alta concentração de vitamina E utilizada em nosso estudo
pode ter contribuído para o aumento da peroxidação dos lipídios hepáticos.
Resultados e Discussão
61
Figura 7.2 Concentração hepática de hidroperóxidos lipídicos dos grupos controles e
experimentais.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E/ Resultados
expressos como média ± desvio-padrão. [*] p<0,05 vs. grupo CT / Análise de variância (ANOVA),
complementado pelo teste de comparações múltiplas de Tukey.
7.3.3 Perfil de ácidos graxos teciduais
A deposição de ácidos graxos nos tecidos varia em função da quantidade de
energia ingerida e da composição de lipídios da dieta (CHA e JONES, 1996). Os perfis
de ácidos graxos das dietas são apresentados na Tabela 7.2.
Para a quantificação dos ácidos graxos, quando não foi possível identificar os
isômeros geométricos e de posição, optou-se por fazer o somatório das concentrações
destes compostos. Este procedimento foi adotado para a quantificação dos isômeros do
C16:1.
Apesar de ser possível obter uma resolução com qualidade razoável dos
espectros utilizando cromatografia gasosa com colunas capilares (MOSSOBA, 2001)
não foi possível separar os isômeros do C18:2. Neste caso, também se optou por
apresentar o somatório destes ácidos graxos.
Nenhum dos tratamentos produziu grandes modificações na composição de
ácidos graxos e na proporção entre AGS, AGMI e AGPI nos tecidos analisados (Figura
7.3; Tabelas 7.3, 7.4 e 7.5). A composição de ácidos graxos de todos estes tecidos
refletiu o conteúdo fornecido nas dietas, no entanto, em nenhum deles foi possível
identificar a incorporação de 10t,12c-CLA.
Resultados e Discussão
62
Tabela 7.2 – Perfil de ácidos graxos das dietas controle e experimentais.
Ácidos graxos (%) CT AT CLA TOC CLA/TOC
Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP
C14:0
2,11
1,60 ± 0,86
1,42
1,38 ± 0,07
0,43
0,47 ± 0,10
0,76
0,74 ± 0,04
n.d.
n.d.
C16:0
12,59 11,92 ± 1,93 22,76 22,94 ± 0,32 10,76 10,66 ± 0,19 4,81 4,70 ± 0,37 11,02 10,91 ± 0,35
C18:0
3,72 3,60 ± 0,22 9,53 9,85 ± 0,56 3,44 3,38 ± 0,12 3,56 3,56 ± 0,05 3,33 3,32 ± 0,11
∑ Saturados 18,48 17,12 ± 2,11 33,70 34,17 ± 0,81 14,68 14,51 ± 0,38 9,01 11,36 ± 4,43 14,35* 14,22 ± 0,46
∑C16:1
n.d. n.d. 2,05 2,08 ± 0,05 n.d. n.d. 7,22 5,15 ± 4,30 n.d. n.d.
C18:1 n9
22,29 22,17 ± 0,17 43,48 43,26 ± 0,39 21,83 22,13 ± 0,86 21,94 22,14 ± 0,40 22,53 22,56 ± 0,13
∑ Monoinsaturados 22,29 22,17 ± 0,17 45,53 45,33 ± 0,34 21,83 22,13 ± 0,86 29,82 27,29 ± 4,45 22,53 22,56 ± 0,13
∑ C18:2
55,01 56,07 ± 1,62 19,59 19,33 ± 0,45 57,80 57,60 ± 1,12 55,36 55,33 ± 0,32 57,71 57,69 ± 0,31
C18:3 n3
6,27 6,11 ± 0,39 n.d. n.d. 5,84 5,95 ± 0,19 5,87 6,02 ± 0,32 5,50 5,53 ± 0,06
∑ Poliinsaturados 61,3 62,18 ± 1,24 19,59 19,33 ± 0,45 63,97 63,55 ± 1,17 61,38 61,35 ± 0,17 63,20 63,22 ± 0,36
CT - dieta semipurificada/ AT dieta aterogênica/ CLA - dieta semipurificada + 1% de CLA/ TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ CLA/TOC dieta
semipurificada + 1% de CLA + 1% de acetato de vitamina E/ n.d. – não detectado. Valores expressos em mediana (média ± desvio-padrão).
Resultados e Discussão
63
De acordo com ALDAI et al. (2006), a despeito de todos os métodos
empregados nas análises da composição de ácidos graxos em tecidos animais, existem
opiniões contraditórias sobre o método mais satisfatório e apropriado para superar as
dificuldades apresentadas nas análises de misturas complexas, incluindo os isômeros do
CLA.
A cromatografia gasosa (CG) é o método clássico utilizado nestas análises. Para
isto, são necessárias colunas de grande extensão e programações com duração superior a
50 minutos. Além disto, os ácidos graxos necessitam passar por uma etapa de metilação
antes de serem analisados por CG (LIU et al., 2005). Desta forma, a escolha da
programação e do método de metilação deve ser feita com diligência.
Neste estudo, foram preenchidos os requisitos necessários para a separação de
CLA por CG, incluindo a utilização de uma coluna capilar de 100 metros de
comprimento e o tempo programado para a separação (75 minutos). Inclusive o método
de metilação escolhido foi adequado segundo YU et al. (2003).
Estudos têm demonstrado a deposição de isômeros do CLA em células
plasmáticas (BURDGE et al., 2004) e em diversos tecidos (
GÖTTSCHE e
STRAARUP, 2006), porém, segundo KELLEY et al. (2006), o isômero 9c,11t-CLA é
preferencialmente incorporado em detrimento do 10t,12c-CLA.
A baixa biodisponibilidade do isômero 10t,12c-CLA na forma livre ou a sua
rápida metabolização no organismo dos animais são alternativas que podem explicar a
não identificação deste composto nas amostras analisadas.
Existem evidências de que a posição do CLA no triacilglicerol altera a sua
biodisponibilidade, sendo que, quando este ácido graxo ocupa a posição sn-2 na cadeia
do glicerol, a sua incorporação tecidual é superior (CHARDIGNY et al., 2003).
Além disto, diferenças na incorporação tecidual dos isômeros individuais do
CLA. Três alternativas podem explicar este fato: a captação preferencial quando em
concentrações elevadas, a rápida metabolização e a discriminação da sua captação
quando em baixas concentrações (GNÄDIG, 2002).
Há indicações de que os isômeros do CLA sejam rapidamente metabolizados nas
células, formando ácidos graxos com cadeias de diferentes comprimentos, contendo
uma estrutura dieno-conjugada (BANNI et al., 2004; MÜLLER et al., 2005).
Resultados e Discussão
64
Supõe-se que estes metabólitos sejam originados dos processos de elongação,
dessaturação e β-oxidação mitocondrial do CLA (BANNI et al., 2001; PARK et al.,
2005) e, de acordo com RINGSEIS et al. (2006), isto indica que os efeitos
antiaterogênicos destes ácidos graxos não sejam atribuídos somente ao CLA, mas
também aos seus metabólitos poliinsaturados de cadeia longa.
Para a separação e a identificação destes metabólitos do CLA são necessários
métodos mais refinados de análise, como a utilização de um espectrômetro de massa
acoplado ao cromatógrafo a gás (MÜLLER et al., 2005; RINGSEIS et al., 2006) ou a
separação dos isômeros por Ag+-HPLC, antes da sua identificação por CG (KRAMER
et al., 2004; DE LA FUENTE et al., 2006).
Resultados e Discussão
65
Figura 7.3 Proporção de ácidos graxos saturados (AGS), monoinsaturados (AGMI) e
poliinsaturados (AGPI) em diferentes órgãos e tecidos.
Grupo CT dieta semipurificada / Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA dieta semipurificada
+ 1% de 10t,12c-CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de vitamina E/ Grupo
CLA/TOC – dieta semipurificada + 1% de 10t,12c-CLA + 1% de acetato de vitamina E.
Resultados e Discussão
66
7.3.3.1 Composição de ácidos graxos do fígado
Como esperado, houve uma maior incorporação de ácidos graxos
poliinsaturados no fígado dos animais dos grupos experimentais em relação ao grupo
AT2 que consumiram uma menor quantidade destes ácidos graxos na dieta (Figura 7.3;
Tabela 7.3).
Não foi constatada diferença estatisticamente significante, na proporção de
ácidos graxos poliinsaturados no fígado, inclusive do ∑C18:2, embora tenham sido
observados valores levemente superiores destes ácidos graxos nos grupos
suplementados com CLA. Desta forma, estes resultados sugerem que o metabolismo do
CLA teve um papel mais importante do que a interferência da metodologia escolhida
para a separação dos isômeros dienóicos com 18 átomos na cadeia carbônica
(GNÄDIG, 2002).
A taxa de dessaturação do ácido linoléico da dieta no fígado, medida pela
relação C20:4/C18:2, não foi diferente entre os grupos experimentais e o controle.
Entretanto, apesar da menor concentração de C18:2 na dieta aterogênica, foi constatado
um estímulo à dessaturação neste grupo, que apresentou maior deposição de ácido
araquidônico.
uma seletividade para a ação da
6
dessaturase, preferencialmente para os
ácidos graxos poliinsaturados e entre estes, primeiro o ácido α-linolênico seguido do
ácido linoléico. Outra prioridade é a concentração de cada ácido graxo (HORNSTRA,
2001). Considerando que a dieta do grupo AT2 não continha o ácido α-linolênico, pode-
se supor que houve maior eficiência de síntese do ácido araquidônico nos animais deste
grupo. O estímulo a esta via promove um aumento da disponibilidade de ácido
araquidônico para a formação de prostaglandinas, favorecendo a síntese de eicosanóides
neste tecido e, consequentemente, a resposta inflamatória.
Resultados e Discussão
67
Tabela 7.3 – Perfil de ácidos graxos do tecido hepático dos grupos controles e experimentais.
Ácidos graxos (%) Grupo CT Grupo AT2 Grupo CLA Grupo TOC Grupo CLA/TOC
Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP
C14:0
5,51 5,15 ± 3,21
10,19
8,05 ± 6,85
9,63
9,13 ± 3,58
8,89
7,46 ± 3,23
0,66*
,#
1,23 ± 1,09
C16:0
20,63 20,59 ± 2,49 17,96
18,04 ± 1,53
17,32
17,24 ± 5,27
18,51
19,04 ± 1,69
21,44*
21,71 ± 1,23
C18:0
6,46 6,73 ± 1,46 8,30 8,13 ± 1,36 6,41 6,72 ± 1,27 6,38* 6,22 ± 0,82 5,53 7,39 ± 3,16
∑ Saturados 32,40 32,47 ± 3,02 37,26 34,22 ± 6,34 34,08 33,09 ± 4,53 32,81 32,73 ± 2,53 29,55 30,19 ± 2,55
∑C16:1
4,61* 4,95 ± 1,40 2,49 2,40 ± 1,05 3,78 3,74 ± 0,64 4,24* 4,11 ± 0,84 4,05 5,29 ± 4,13
C18:1 n9
29,34 28,10 ± 4,95 34,73 33,09 ± 8,44 27,00 26,43 ± 3,74 25,55* 28,54 ± 3,08 26,12 25,66 ± 5,77
∑ Monoinsaturados 34,58 33,69 ± 5,52 37,11 36,27 ± 7,92 30,82 29,74 ± 5,08 32,46 31,03 ± 3,92 31,66 30,82 ± 3,27
∑ C18:2
21,95 21,93 ± 4,06
14,69
14,44 ± 1,66
24,00*
24,52 ± 3,86
22,10*
23,93 ± 4,49
26,25*
23,04 ± 7,78
C18:3 n6
0,69* 0,61 ± 0,25
0,01
0,01 ± 0,01
0,64*
0,66 ± 0,38
0,69*
0,72 ± 0,19
0,73*
0,65 ± 0,18
C18:3 n3
1,21 1,11 ± 0,44
0,01
0,01 ± 0,01
1,21*
1,18 ± 0,22
1,20*
1,26 ± 0,31
1,48*
1,45 ± 0,34
C20:2
0,27 0,79 ± 0,33 0,28 0,15 ± 0,10 0,35 0,15 ± 0,02 n.d. n.d. 0,16 0,15 ± 0,09
C20:4 n6
8,08* 8,33 ± 0,19
11,78
12,67 ± 2,59
8,75*
19,22 ± 14,48
8,02*
7,93 ± 0,91
7,79*
8,75 ± 3,63
∑ Poliinsaturados 31,97 32,80 ± 5,87 27,08 28,09 ± 3,86 36,66* 36,32 ± 4,90 33,57* 34,34 ± 4,97 36,52* 34,62 ± 6,99
N.I.
1,97 1,60 ± 0,74 1,81 0,95 ± 0,38 3,09 3,88 ± 3,02 3,37* 5,88 ± 3,35 2,72 2,88 ± 1,85
Grupo CT - dieta semipurificada/ Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA - dieta semipurificada + 1% de CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de
vitamina E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de CLA + 1% de acetato de vitamina E/ N.I. não identificado/ n.d. não detectado. Valores expressos em mediana
(média ± desvio-padrão). Teste de Kruskal-Wallis, complementado pelo teste de comparações múltiplas de Dunn’s. [*]
p<0,05 vs. Grupo AT; [#] p<0,05 vs. Grupo CLA.
Resultados e Discussão
68
7.3.3.2 Composição de ácidos graxos do tecido adiposo peri-renal
De acordo com PERONA et al. (2000), os ácidos graxos monoinsaturados e
poliinsaturados são preferencialmente armazenados nos triacilgliceróis do tecido
adiposo em detrimento dos ácidos graxos saturados.
Em todos os grupos, verificou-se que o armazenamento de gordura no tecido
adiposo ocorreu principalmente sob a forma de ácidos graxos monoinsaturados,
particularmente no grupo AT2. Já nos grupos experimentais, o armazenamento de
C18:1 n9 foi semelhante ao verificado no grupo controle (Tabela 7.4).
A incorporação de C18:2 no tecido adiposo não variou entre os grupos
experimentais. Mas em todos eles, a deposição de ácidos graxos poliinsaturados foi
mais acentuada que nos grupos controles (p<0,05). Como este ácido graxo não é
sintetizado em organismos animais, sendo obtido somente pela dieta, o armazenamento
provê uma forma de garantir o seu suprimento, quando este não for consumido em
quantidades suficientes na dieta.
A incorporação de ácidos graxos saturados foi estatisticamente menor no grupo
TOC em relação ao controle (Figura 7.3). Apesar de consumirem uma dieta com maior
proporção de ácidos graxos saturados, no tecido adiposo dos animais do grupo AT2 a
deposição de ácidos graxos foi semelhante aquela observada no grupo controle e nos
demais grupos experimentais. Uma alta proporção de ácidos graxos saturados na dieta
pode ser convertida em ácidos graxos monoinsaturados, pela via de dessaturação do
C18:0 em C18:1 (SUMMERS et al., 2000), que estes ácidos graxos são
preferencialmente armazenados no tecido adiposo (PERONA et al., 2000).
Resultados e Discussão
69
Tabela 7.4 – Perfil de ácidos graxos do tecido adiposo dos grupos controles e experimentais.
Ácidos graxos % CT AT2 CLA TOC CLA/TOC
Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP
C14:0
2,11 2,45 ± 1,09 3,26 3,26 ± 1,25 2,66 2,34 ± 0,68 2,26 2,06 ± 0,68 2,47 2,31 ± 0,42
C16:0
20,80 20,96 ± 0,96 18,44 18,40 ± 1,66 18,16 17,97 ± 2,71 18,49 16,62 ± 4,93 18,59 18,45 ± 1,62
C18:0
1,51 1,93 ± 1,35 2,56 2,51 ± 0,31 1,45 1,36 ± 0,76 1,21* 0,95 ± 1,56 2,09 2,20 ± 1,56
∑ Saturados 26,51 25,35 ± 2,50 23,60 24,17 ± 2,20 22,40 21,67 ± 2,22 21,56
#
19,63 ± 5,76 22,98 22,97 ± 2,94
∑ C16:1
10,97 10,93 ± 3,27 8,02 7,91 ± 1,16 8,93 9,16 ± 2,13 8,23 7,98 ± 2,66 6,97 7,14 ± 1,31
C18:1 n9
35,90
37,82 ± 5,46*
52,05
51,63 ± 2,70
36,76*
35,69 ± 2,87
35,89*
33,42 ± 10,2
35,86*
35,25 ± 2,95
∑ Monoinsaturados 49,86
48,76 ± 3,57
60,14
59,54 ± 1,95
44,53*
44,85 ± 1,59
43,99*
41,41 ± 12,47
42,59*
42,39 ± 1,96
∑ C18:2 n6
22,38
23,92 ± 4,18
14,28
14,35 ± 0,84
30,43*
30,93 ± 2,70
31,04*
28,22 ± 8,81
31,81*
32,03 ± 3,58
C18:3 n3
1,50
1,38 ± 0,81
0,03
0,04 ± 0,03
1,99*
2,02 ± 0,36
2,12*
2,06 ± 0,74
2,04*
2,19 ± 0,46
C20:4 n6
n.d. n.d. 0,35 0,43 ± 0,27 0,34 0,27 ± 0,20 0,32 0,18 ± 0,14 0,40 0,34 ± 0,23
∑ Poliinsaturados 23,21
25,30 ± 4,77
14,68
15,00 ± 1,03
33,17
#
33,22 ± 3,13
34,20
#
33,27 ± 3,39
33,65
#
34,56 ± 3,86
Grupo CT - dieta semipurificada/ Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA - dieta semipurificada + 1% de CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de
vitamina E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de CLA + 1% de acetato de vitamina E/ N.I. não identificado/ n.d. não detectado. Valores expressos em mediana
(média ± desvio-padrão). Teste de Kruskal-Wallis, complementado pelo teste de comparações múltiplas de Dunn’s. [*] p<0,05 vs. Grupo AT; [#] p<0,05 vs, grupo CT.
Resultados e Discussão
70
7.3.3.3 Composição de ácidos graxos do intestino delgado
As propriedades funcionais dos enterócitos podem ser modificadas por
alterações na composição de ácidos graxos das suas membranas, causadas pela dieta
(IBRAHIM e GHAFOORUNISSA, 2001).
No presente estudo, o perfil de ácidos graxos do intestino delgado representou o
conteúdo lipídico constitucional das células intestinais, uma vez que a remoção dos
tecidos para análise foi feita após um período de jejum.
Foi constatada uma maior incorporação de ácidos graxos monoinsaturados e
poliinsaturados nos grupos CLA e TOC em relação ao controle. No grupo CLA/TOC
observou-se que a incorporação de ácidos graxos monoinsaturados foi maior do que a
de ácidos graxos poliinsaturados (Tabela 7.5). Este efeito pode ser prejudicial, uma vez
que a maior deposição de ácidos graxos monoinsaturados no intestino delgado reflete a
existência de uma membrana mais rígida e com alteração na permeabilidade
(KOROTKOVA e STRANDVIK, 2000).
Resultados e Discussão
71
Tabela 7.5 – Perfil de ácidos graxos do intestino dos grupos controles e experimentais.
Ácidos graxos % CT AT2 CLA TOC CLA/TOC
Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana dia ± DP Mediana Média ± DP
C14:0
3,20 2,52 ± 1,47 2,24 2,19 ± 0,71 2,15 2,13 ± 1,10 2,38 1,94 ± 1,57 2,08 1,94 ± 0,99
C16:0
20,38
20,30 ± 0,57
18,46
17,67 ± 3,19
19,44
19,18 ± 2,03
18,80
18,96 ± 1,55
19,84
19,51 ± 1,41
C18:0
7,92 9,07 ± 2,44 9,11 8,81 ± 2,06 7,90 7,85 ± 3,16 7,73 7,94 ± 3,27 6,44 7,23 ± 2,93
∑ Saturados 31,50 31,89 ± 3,47 28,88 28,67 ± 4,04 31,06 29,16 ± 4,56 30,34 28,83 ± 4,15 28,61 28,69 ± 4,03
∑ C16:1
5,50 6,11 ± 1,78 3,69 4,88 ± 2,75 5,83 7,05 ± 3,00 5,49 5,46 ± 1,10 5,28 5,44 ± 1,50
C18:1 n9
31,81 32,93 ± 5,92 42,98 45,20 ± 7,74 30,51* 29,43 ± 4,48 29,18* 31,54 ± 6,56 36,90 35,53 ± 4,50
∑ Monoinsaturados 38,10 39,04 ± 6,92 46,28 50,09 ± 10,11 36,81* 36,47 ± 6,16 35,80* 37,00 ± 6,87 42,19 40,96 ± 5,35
∑ C18:2 n6
19,80 20,26 ± 3,09 16,37 16,46 ± 1,33 23,99* 25,34 ± 3,74 25,96* 25,89 ± 3,40 22,59 21,35 ± 7,77
C18:3 n3
1,13 0,66 ± 0,55 n.d. n.d. 1,30 0,83 ± 0,67 1,38 1,10 ± 0,63 1,01 1,10 ± 0,30
C20:4 n6
6,72 8,08 ± 2,85 7,46 5,96 ± 3,65 8,57 7,74 ± 3,50 7,24 7,32 ± 2,76 4,12 4,85 ± 3,01
∑ Poliinsaturados 28,64 28,90 ± 4,45 22,08 22,42 ± 3,10 35,58* 33,19 ± 4,27 34,88* 34,31 ± 3,96 29,33 27,31 ± 7,95
N.I.
0,36 0,54 ± 0,32 1,14 0,65 ± 0,44
Grupo CT - dieta semipurificada/ Grupo AT2 dieta aterogênica/ Grupo CLA - dieta semipurificada + 1% de CLA/ Grupo TOC dieta semipurificada + 1% de acetato de
vitamina E/ Grupo CLA/TOC dieta semipurificada + 1% de CLA + 1% de acetato de vitamina E/ N.I. não identificado/ n.d. não detectado. Valores expressos em mediana
(média ± desvio-padrão). Teste de Kruskal-Wallis, complementado pelo teste de comparações múltiplas de Dunn’s. * p<0,05 vs. Grupo AT.
Conclusões
72
7.4 Conclusões
A peroxidação dos lipídios hepáticos foi maior nos animais suplementados com
vitamina E, sugerindo que a alta concentração de vitamina E utilizada em nosso estudo
pode ter contribuído para este aumento.
Ao contrário de estudos com outros modelos experimentais, em camundongos
LDLR -/-, não foi possível detectar a incorporação de 10t,12c-CLA. Contudo, a
similaridade na composição de ácidos graxos entre os grupos controle e experimentais
pode reforçar a hipótese da metabolização anterior deste isômero, impossibilitando a sua
deposição nos diferentes tecidos estudados.
Conclusões e Perspectivas
73
8 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Neste estudo, a vitamina E apresentou-se mais efetiva na diminuição da lesão
aterosclerótica do que na lipoperoxidação hepática. Entretanto, o CLA não contribuiu
para modificar tais processos.
Desta forma, mais parâmetros devem ser avaliados a fim de identificar outros
efeitos que os componentes avaliados possam ter exercido nos animais.
Sob esta perspectiva, sugere-se:
Analisar a indução da expressão de PPARγ nas lesões ateroscleróticas, já que o
CLA tem sido relacionado com o aumento da expressão destes receptores, que
induzem a diminuição da expressão de citocinas pró-inflamatórias.
E para estudos futuros que sejam avaliados:
A eficiência de doses menores de suplementação com vitamina E na evolução da
aterosclerose e na peroxidação dos lipídios plasmáticos e hepáticos;
A existência de efeitos diferentes do isômero 9c,11t-CLA no desenvolvimento
da aterosclerose em camundongos LDLR -/-;
As cinéticas de absorção do isômero 10t,12c-CLA na forma livre e na forma
esterificada;
A incorporação tecidual dos metabólitos de poliinsaturados de cadeia longa do
CLA;
A presença do CLA e dos seus metabólitos nas células endoteliais.
Referências Bibliográficas
74
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABDULLAH, A.; OTHMAN, A. Growth and lipid metabolism responses in rats fed
different dietary fatty sources. International Journal of Food Sciences and
Nutrition, v. 51, p. 159 – 167, 2000.
ADDIS, M.; CABIDDU, A.; PINNA, G.; DECANDIA, M.; PIREDDA, G.; PIRISI, A.;
MOLLE, G. Milk and cheese fatty acid composition in sheep fed Mediterranean
forages with reference to conjugated linoleic acid cis-9,trans-11. Journal of
Dairy Science, v. 88, p. 3443 – 3454, 2005.
ALDAI, N.; OSORO, K.; BARRÓN, L.J.R.; NÁJERA, A.I. Gas–liquid
chromatographic method for analysing complex mixtures of fatty acids including
conjugated linoleic acids (cis9trans11 and trans10cis12 isomers) and long-chain
(n-3 or n-6) polyunsaturated fatty acids: Application to the intramuscular fat of
beef meat. Journal of Chromatography A, v. 1110, p. 133 – 139, 2006.
ALLAIN, C.C.; POON, L.S.; CHAN, C.S.G.; RICHMOND, W.; FU, P.C. Enzymatic
determination of total serum cholesterol. Clinical Chemistry, v. 20, p. 470 475,
1974.
ALLISON, D.B.; DENKE, M.A.; DIETSCHY, J.M.; EMKEN, E.A.; KRIS-
ETHERTON, P.M.; NICOLOSI, R.J. Trans fatty acids and coronary heart disease
risk. Report of the expert panel on trans fatty acids and coronary heart disease.
American Journal of Clinical Nutrition, v. 62, p. 655S – 708S, 1995.
AOAC - Association of Official Analytical Chemistry. Official Methods of Analysis of
A.O.A.C. 14 ed. Washington: A.O.A.C., 1989.
AOAC - Association of Official Analytical Chemistry. Official Methods of Analysis.
13 ed. Washington: Association of Official Analytical Chemists, 1980, 1015p.
ARBONÉS-MAINAR, J.M.; NAVARRO, M.A.; GUSMÁN, M.A.; ARNAL, C.;
SURRA, J.C.; ACÍN, S.; CARNICER, R.; OSADA, J. ROCHE, H.M. Selective
effect of conjugated linoleic acid isomers on atherosclerotic lesion development in
apolipoprotein E knockout mice. Atherosclerosis, v. 189, n. 2, p. 318 – 327, 2006.
ARROL, S.; MACKNESS, M.I.; DURRINGTON, P.N. Vitamin E supplementation
increases the resistance of both LDL and HDL to oxidation and increases
cholesteryl ester transfer activity. Atherosclerosis, v. 150, p. 129 – 134, 2000.
Referências Bibliográficas
75
ASCHERIO, A.; HENNEKENS, C.H.; BURING, J.E.; MASTER, C.; STAMPFER,
M.J. Trans fatty acids intake and risk of myocardial infarction. Circulation, v. 89,
p. 94 – 101, 1994.
BALL, G.F.M. Bioavailability and analysis of vitamins in foods. Londres:
Champman & Hall, 1998. 569p.
BANNI, S.; PETRONI, A.; BLASEVICH, M.; CARTA, G.; ANGIONI, E.; MURRU,
E.; DAY, B.W.; MELIS, M.P.; SPADA, S.; IP, C. Detection of conjugated C16
PUFAs in rat tissues as possible partial beta-oxidation products of naturally
ocorring conjugated linoleic acid and its metabolites. Biochimica et Biophysica
Acta, v. 1682, p. 120 – 127, 2004.
BANNI, S.; CARTA, G.; ANGIONI, E.; MURRU, E.; SCANU, P.; MELIS, M.P.;
BAUMAN, D.E.; FISCHER, S.M.; IP, C. Distribution of conjugated linoleic acid
and metabolites in different lipid fractions in the rat liver. Journal of Lipid
Research, v. 42, p. 1056 – 1061, 2001.
BANNI, S.; MARTIN, J.C. Conjugated linoleic acid and metabolites. In: SÉBÉDIO,
J.M.; CHRISTIE, W.W. Trans fatty acids in human nutrition. Dundee,
Scotland: The Oily Press Lipid Library, 1998. 189p
BANUDEVI, S.; KRISHNAMOORTHY, G.; VENKATARAMAN, P.; VIGNESH, C.;
ARULDHAS, M.M.; ARUNAKARAN, J. Role of α-tocopherol on antioxidant
status in liver, lung and kidney of PCB exposed male albino rats. Food and
Chemical Toxicology, v. 44, p. 2040 – 2046, 2006.
BAUMAN, D.E.; GRIINARI, J.M. Regulation and nutritional manipulation of milk fat:
low-fat milk syndrome. Livestock Production Science, v. 70, p. 15 – 29, 2001.
BAUMAN, D.E.; GRIINARI, J.M. Regulation and nutritional manipulation of milk fat:
Low-fat milk syndrome. Livestock Production Science, v. 70, p. 15 – 29, 2000.
BELURY, M.A.; MOYA-CAMARENA, S.Y.; LU, M.; SHI, L.; LEESNITZER, .L.M.;
BLANCHARD, S.G. Conjugated linoleic acid is an activator and ligand for
peroxissome proliferator-activated receptor-gamma (PPARγ). Nutrition
Research, v. 22, p. 817 – 824, 2002.
BESSA, R.J.B.; SANTOS-SILVA, J.; RIBEIRO, J.M.R.; PORTUGAL, A.V. Reticulo-
rumen biohidrogenation and the enrichment of ruminant edible products with
Referências Bibliográficas
76
linoleic acid conjugated isomers. Livestock Production Science, v. 63, p. 201
211, 2000.
BLANKSON, H.; STAKKESTAD, J.A.; FAGERTUN, H.; THOM, E.; WADSTEIN,
J.; GUDMUNDSEN. Conjugated linoleic acid reduces body fat mass in
overweight and obese humans. The Journal of Nutrition, v. 130, p. 2943 2948,
2000.
BOCCA, C.; BOZZO, F.; GABRIEL, L.; MIGLIETTA, A. Conjugated linoleic acid
inhibits Caco-2 cells growth via ERK-MAPK signaling pathway. The Journal of
Nutritional Biochemistry, v. 18, p. 332 – 340, 2007.
BONGIORNO, D.; CERAULO, L.; FERRUGIA, M.; FILLIZOLA, F.; LONGO, A.;
MELE, A.; RUGGIRELLO, A.; LIVERI, V.T. Interactions of α-tocopherol with
biomembrane models: binding to dry lecithin reversed micelles. International
Journal of Pharmaceutics, v. 312, p. 96 – 104, 2006.
BROWN, M.S.; GOLDSTEIN, J.L. Lipoprotein metabolism in the macrophage:
implications for cholesterol deposition in atherosclerosis. Annual Review of
Biochemistry; v. 52, p. 223 – 61, 1983.
BROWN, M.S.; GOLDSTEIN, J.L. A receptor-mediated pathway for cholesterol
homeostasis. Science, v. 332, p. 34 – 47, 1986.
BUIJSSE, B.; FESKENS, E.J.M.; SCHLETTWEIN-GSELL, D.; FERRY, M.; KOK,
F.J.; KROMHOUT, D.; DE GROOT, L.C.P.G.M. Plasma carotene and α-
tocopherol in relation to 10-y all-cause and cause specific mortality in Europe
elderly: The Survey in Europe on Nutrition in the Elderly, a Concerted Action
(SENECA). The American journal of Clinical nutrition. v. 82, p. 879 886,
2005.
BURDGE, G.C.; LUPOLI, B.; RUSSEL, J.J.; TRICON, S.; KEW, S.; BANERJEE, T.;
SHINGFIELD, K.J.; BEEVER, D.R.; GRIMBLE, R.F.; WILLIAMS, C.M.;
YAQOOB, P.; CALDER, P.C. Incorporation of cis-9,trans11 or trans-10,cis-12
conjugated linoléico acid into plasma and cellular lipids in healthy men. Journal
of Lipid Research, v. 45, p. 736 – 741, 2004.
BURTON, G.W.; INGOLD, K.U. Vitamin E as an in vitro and in vivo antioxidant.
Annals of the New York Academy of Sciences, v. 570, p. 7 – 22, 1989.
Referências Bibliográficas
77
CARRERO, J.J.; LÓPEZ-HUERTAS, E.; SALMERÓN, L.M.; BARÓ, L.; ROS, E.
Daily supplementation with (n-3) PUFAs, oleic acid, folic acid, and vitamins B-6
and E increases pain-free walking distance and improves risk factors in men with
peripheral vascular disease. The Journal of Nutrition, v. 135, p. 1393 1399,
2005.
CHA, M.C.; JONES, P.J.H. Tissue fatty acid deposition is influenced by an interaction
of dietary oil source and energy intake level in rats. Nutritional Biochemistry, v.
7, p. 650 – 658, 1996.
CHARDIGNY, J.M.; MASSON, E.; SERGIEL, J.P.; DARBOIS, M.; LOREAU, O.;
NOËL, J.P.; SÉBÉDIO, J.L. The position of rumenic acid on triacylglycerols
alters its bioavailability in rats. The Journal of Nutrition, v. 133, p. 4212 – 4214,
2003.
CHENG, W.L.; LII, C.K.; CHEN, H.W.; LIN, T.H.; LIU, K.L. Contribution of
conjugated linoleic acid to the suppression of inflammatory responses through the
regulation of the NF-κB pathway. Journal of Agricultural and Food Chemistry,
v. 52, p. 71 – 78, 2004.
CHIN, S.F.; Liu, W.; STORKSON, J.M.; HA, Y.L.; PARIZA, M.W. Dietary sources of
conjugated dienoic isomers of linoleic acid a newly recognized class of
anticarcinogens. Journal of Food Composition and Analysis, v.5, p.185 197,
1992.
COLÉGIO BRASILEIRO DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL COBEA. Princípios
Éticos na Experimentação Animal, 1991. http://www.cobea.org.br/etica.htm#3.
COLLINS, T.; READ, M.A.; NEISH, A.S.; WHITLEY, M.Z.; THANOS, D.;
MANIATIS, T. Transcriptional relation of endothelial cell adhesion molecules:
NF-kappa B and cytokine-inducible enhancers. The FASEB Journal, v.9, p. 899
– 909, 1995.
COLLOMB, M.; BÜ TIKOFER, U.; SIEBER, R.; JEANGROS, B.; BOSSET, J.O.
Composition of fatty acids in cow’s milk fat produced in the lowlands, mountains
and highlands of Switzerland using high resolution gas chromatography.
International Dairy Journal, v. 12, p. 649 – 659, 2002.
CYRUS, T. TANG, L.X., ROKACH, J. Lipid peroxidation and platelet activation in
murine atherosclerosis. Circulation, v. 104, p. 1940 – 1945, 2001.
Referências Bibliográficas
78
CYRUS, T.; YAO, Y.; ROKACH, J.; TANG, L.X.; PRATICÒ, D. Vitamin E reduces
progression of atherosclerosis in Low-Density Lipoprotein Receptor-Deficient
mice with established vascular lesions. Circulation, v. 107, p. 512 – 523, 2003.
DE LA FUENTE, M.A.; LUNA, P.; JUÁREZ, M. Chromatographic techniques to
determine conjugated linoleic acid isomers. Trends in Analytical Chemistry, v.
25, p. 917 – 926, 2006.
DEPARTAMENTO DE ATEROSCLEROSE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da
Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 88, p. 1 – 19, 2007.
DEVARAJ, S.; JIALAL, I. α-tocopherol decreases tumor necrosis factor-α mRNA and
protein from activated human monocytes by inhibition of 5-lipoxygenase. Free
Radical Biology & Medicine, v. 38, p. 1212 – 1220, 2005.
DHIMAN, T.R.; ANAND, G.R.; SATTER, L.D.; PARIZA, M.W. Conjugated linoleic
acid content of milk from cows fed different diets. Journal of Dairy Science, v.
82, p. 2146 – 2156, 1999.
DUVAL C.; CHINETTI, G.; TROTTEIN, F.; FRUCHART, J.C.; STAELS, B. The role
of PPARs in atherosclerosis. Trends in molecular medicine, v. 8, p. 422 430,
2002.
ENS, J.G.; MA, D.W.L.; COLE, K.S.; FIELD, C.J.; CLANDININ, M.T. An assessment
of c9,t11 linoleic acid intake in a small group of young Canadians. Nutrition
Research, v. 21, p. 955 – 960, 2001.
ERKKILÄ, A.T.; MATTHAN, N.R.; HERRINGTON, D.M.; LICHTENSTEIN, A.H.
Higher plasma docosahexaenoic acid is associated with reduced progression of
coronary atherosclerosis in women with CAD. Journal of Lipid Research, v. 47,
p. 2814 – 2819, 2006.
FAZIO, S.; LINTON, M.F. Mouse models of hyperlipidemia and atherosclerosis.
Frontiers in Bioscience, v. 6, p. 515 – 525, 2001.
FERREIRA, V.; van DIJK, K.W.; GROEN, A.K.; VOS, R.M.; van der KAA, J.;
GIJBELS, M.J.J.; HAVEKES, L.M.; PANNEKOEK, A.K. Macrophage-specific
inhibition of NF-κB activation reduces foam-cell formation. Atherosclerosis, v.
192, p. 283 – 290, 2007.
Referências Bibliográficas
79
FLINTOFF-DYE, N.L.; OMAYE, S.T. Antioxidant effects of conjugated linoléico acid
isomers in isolated human low-density lipoproteins. Nutrition Research, v. 25, p.
1 – 12, 2005.
FOLCH, J. LEES, M. SLOANE-STANLEY, G.H. A simple method for the isolation
and purification of total lipids from animal tissues. The Journal of Biological
Chemistry, Bethesda, v. 226, p. 497 – 509, 1957.
GAULLIER, J.M.; HALSE, J.; HΦIVIK, H.O.; HΦYE, K.; SYVERTSEN, C.;
NURMINIEMI, M.; HASSFELD, C.; EINERHAND, A.; O’SHEA, M.;
GUDMUNDSEN, O. Six months supplementation with conjugated linoleic acid
induces regional-specific fat mass decreases in overweight and obese. The British
Journal of Nutrition, v. 97, p. 550 – 560, 2007.
GAULLIER, J.M.; HALSE, J.; HΦYE, K.; KRISTIANSEN, K.; FAGERTUN, H.; VIK,
H.; GUDMUNDSEN, O. Conjugated linoleic acid supplementation for 1 y
reduces body fat mass in healthy overweight humans. American Journal of
Clinical Nutrition, v. 79, p. 1118 – 1125S, 2004.
GERRITSEN, M.E. Physiological and pathophysiological roles of eicosanoids in the
microcirculation. Cardiovascular Research, v. 32, p. 720 – 732, 1996.
GETZ, G.S.; REARDON, C.A. Diet and murine atherosclerosis. Arteriosclerosis,
Thrombosis, and Vascular Biology, v. 26, p. 242 – 249, 2006.
GNÄDIG, S. Conjugated linoleic acid: Effect of processing on CLA in cheese and the
impact of CLA on the arachidonic acid metabolism. 2002. 170p. (Thesis) – INRA,
Unité de Nutrition Lipidique, Institute of Biochemistry and Food Chemistry.
University of Hamburg, Hamburg, 2002.
GÖTTSCHE, J.R.; STRAARUP, E.M. Fatty acid profiles in tissues of mice fed
conjugated linoleic acid. European Journal of Lipid Science and Technology,
v. 108, p. 468 – 478, 2006.
GRIINARI, J.M.; CORI, B.; LACY, S.; CHOUINARD, P.; NURMELA, K.;
BAUMAN, D. Conjugated linoleic acid synthesized endogenously in lactating
dairy cows by delta-9 desaturase. Journal of Nutrition, v. 130, p. 2285 2281,
2000.
HAKALA, J.K.; OKSJOKI, R.; LAINE, P.; DU, H.; GRABOWSKI, G.A.;
KOVANEN, P.T.; PENTIKÄINEN, M.O. Lysosomal enzymes are released from
Referências Bibliográficas
80
culture human macrophages, hydrolyze LDL in vitro, and are present
extracellularly in human in human atherosclerotic lesions. Arteriosclerosis,
Thrombosis, and Vascular Biology, v. 23, p. 1430 – 1436, 2003.
HAMER, M.; STEPTOE, A. Influence of specific nutrients on progression of
atherosclerosis, vascular function, haemostasis and inflammation in coronary heart
disease patients: a systematic review. British Journal of Nutrition, v. 95, p. 849
– 859, 2006.
HANSSON, G.K. Inflammation, atherosclerosis, and coronary disease. The New
England Journal of Medicine, v. 352, p. 1685 – 1695, 2005.
HASTY, A.H.; GRUEN, M.L.; TERRY, E.S.; SURMI, B.K.; ATKINSON, R.D.; GAO,
L.; MORROW, J.D. Effects of vitamin E on oxidative stress and atherosclerosis in
a obese hyperlipidemic mouse model. Journal of Nutritional Biochemistry, v.
18, p. 127 – 133, 2007.
HODIS, H.N.; MACK, W.J.; LABREE, L.; MAHRER, P.R.; SEVANIAN, A.; LIU, C-
ran.; LIU, C-hua.; HWANG, J.; SELZER, R.H.; AZEN, S.P. Alpha-tocopherol
supplementation in healthy individuals reduces low-density lipoprotein oxidation
but not atherosclerosis The vitamin E Atherosclerosis Prevention Study
(VEAPS). Circulation, v. 106, p. 1453 – 1459, 2002.
HORNSTRA, G. Importance of polyunsaturated fatty acids of the n-6 and n-3 families
for early human development. European Journal of Lipid Science and
Technology, v.103, p. 379 – 389, 2001.
IANNUZZI, A.; CELENTANO, E.; PANICO, S.; GALASSO, R.; COVETTI, G.;
SACCHETTI, L.; ZARRILLI, F.; DE MICHELE, M.; RUBBA, P. Dietary and
circulating antioxidant vitamins in relation to carotid plaques in middle-aged
women. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 76, p. 582 – 587, 2002.
IBRAHIM, S.A.; GHAFOORUNISSA. Influence of dietary partially hydrogenated fat
high in trans fatty acids on lipid composition and function of intestinal brush
border membrane in rats. Journal of Nutritional Biochemistry, v. 12, p. 116
120, 2001.
IGARASHI, M.; MIYAZAWA, T. The growth inhibitory e¡ect of conjugated linoleic
acid on a human hepatoma cell line, HepG2, is induced by a change in fatty acid
Referências Bibliográficas
81
metabolism, but not the facilitation of lipid peroxidation in the cells. Biochimica
et Biophysica Acta, v. 1530, p. 162 – 171, 2001.
ISHIBASHI, S.; BROWN, M.S.; GOLDSTEIN, J.L.; GERARD, R.D.; HAMMER,
R.E.; HERZ, J. Hypercholesterolemia in low density lipoprotein receptor
knockout mice and its reversal by adenovirus-mediated gene delivery. The
Journal of Clinical Investigation, v. 92, p. 883 – 893, 1993.
IWAKIRI, Y.; SAMPSON, A.; ALLEN, G.D. Suppression of cyclooxygenase-2 and
inducible nitric oxide synthase expression by conjugated linoleic acid in murine
macrophages. Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids, v. 67, p.
435 – 443, 2002.
JACHÉC, W.; TOMASIK, A.; CEGLAREK, W.; WÓS, S.; WODNIECKI, J.;
WOJCIECHOWSA, C.; SKRZEP-POLOCZEK, B.; WALICHIEWICZ, P.;
WIDENKA, K. Lipid peroxidation and vitamin E in human coronary
atherosclerotic lesions. Clinica Chimica Acta, v. 330, p. 121 – 129, 2003.
JIANG, J.; WOLK, A.; VESSBY, B. Relation between the intake of milk fat and the
occurrence of conjugated linoleic acid in human adipose tissue. The American
Journal of Clinical Nutrition, v. 70, p. 21 – 27, 1999.
JIANG, J.; BJOERCK, L.; FONDEN, R.; EMANUELSON, M. Occurrence of
conjugated cis-9, trans-11-octadecadienoic acid in bovine milk: effects of feed and
dietary regimen. Journal of Dairy Science, v. 79, p. 438 – 445, 1996.
KAYDEN H.J.; TRABER, M.G. Absorption, lipoprotein transport, and regulation of
plasma concentration of vitamin E in humans. Journal of Lipid Research, v. 34,
p. 343 – 358, 1993.
KAPLAN, M.; HAYEK, T.; RAZ, A.; COLEMAN, R.; DORNFELD, L.; VAYA, J.;
AVIRAM, M. Pomegrate juice supplementation to atherosclerotic mice reduces
macrophage lipid peroxidation, cellular cholesterol accumulation and development
of atherosclerosis. The Journal of Nutrition, v. 131, p. 2082 – 2089, 2001.
KELLEY, D.S.; BARTOLINI, G.L.; NEWMAN, J.W.; VEMURI, M.; MACKEY, B.E.
Fatty acid composition of liver, adipose tissue, spleen, and heart of mice fed diets
containing t10,c12-, and c9,t11-conjugated linoleic acid. Prostaglandins,
Leukotrienes and Essential Fatty Acids, v. 74, p. 331 – 338, 2006.
Referências Bibliográficas
82
KHALIL, A.; MILOCHEVITCH, C. Study of the antioxidant effect of α-tocopherol on
low-density lipoprotein peroxidation induced at low and high γ-radiation dose
rates. Radiation Physics and Chemistry, v. 72, p. 347 – 353, 2005.
KLIEWER, S.A.; SUNDSETH, S.S.; JONES, S.A.; BROWN, P.J.; WISELY, G.B.;
KOBLE, C.S.; DEVCHAND, P.; WAHLI, W.; WILLSON, T.M.; LENHARD,
J.M.; LEHMANN, J.M. Fatty acids and eicosanoids regulate gene expression
through direct interactions with peroxisome proliferator-activated receptors α and
γ. Proceedings of the National Academy of Science of the United States of
America, v. 94, p. 4318 – 4323, 1997.
KOGA, T.; KWAN, P.; ZUBIK, L.; AMEHO, C.; SMITH, D.; MEYDANI, M. Vitamin
E supplementation suppresses macrophage accumulation and endothelial cell
expression of adhesion molecules in the aorta of hypercholesterolemic rabbits.
Atherosclerosis, v. 176, p. 265 – 272, 2004.
KOROTKOVA, M.; STRANDVIK, M. Essential fatty acid deficiency affects the fatty
acid composition of the rat small intestinal and colonic mucosa differently.
Biochimica et Biophysica Acta, v. 1487, p. 319 – 325, 2000.
KOWALA, M.C.; RECCE, R.; BEYER, S.; GU, C.; VALENTINE, M. Characterization
of atherosclerosis in LDL receptor knockout mice: macrophage accumulation
correlates with rapid and sustained expression of aortic MCP-1/JE.
Atherosclerosis, v. 149, p. 323 – 330, 2000.
KRAMER, J.K.G.; CRUZ-HERNANDEZ, C.; DENG, Z.; ZHOU, J.; JAHREIS, G.;
DUGAN, M.R.R. Analysis of conjugated linoleic acid and trans 18:1 isomers in
synthetic and animal products. The American Journal of Clinical Nutrition, v.
79, p. 1137S – 1145S, 2004.
KRITCHEVSKY, D.; TEPPER, S.A.; WRIGHT, S.; CZARNECKI, S.K.; WILSON,
T.A.; NICOLOSI, R.J. Conjugated linoleic acid isomer effects in atherosclerosis:
growth and regression of lesions. Lipids, v. 39, n. 7, p. 611 – 616, 2004.
KRITCHEVSKY, D.; TEPPER, S.A.; WRIGHT, S.; CZARNECKI, S.K. Influence of
graded levels of conjugated linoleic acid (CLA) on experimental in rabbits.
Nutrition Research, v. 22, p. 1275 – 1279, 2002.
KRITCHEVSKY, D.; TEPPER, S.A.; WRIGHT, S.; TSO, P.; CZARNECKI, S.K.
Influence of conjugated linoleic acid (CLA) on establishment and progression of
Referências Bibliográficas
83
atherosclerosis in rabbits. Journal of the American College of Nutrition, v. 19,
p. 472S – 477S, 2000.
LEE, S.H.; YAMAGUCHI, K.; KIM, J.S.; ELING, T.E.; SAFE, S.; PARK, Y.; BAEK,
S.J. Conjugated linoleic acid stimulates an anti-tumorigenic protein NAG-1 in an
isomer specific manner. Carcinogenesis, v. 27, p. 972 – 981, 2006.
LEE, K.N.; KRITCHEVSKY, D.; PARIZA, M.W. Conjugated linoleic acid and
atherosclerosis in rabbits. Atherosclerosis, v. 108, p. 19 – 25, 1994.
LEVY, Y.; ZALTSBERG, H.; BEN AMOTZ, A.; KANTER, Y.; AVIRAM, M. Dietary
supplementation of a natural isomer mixture of beta-carotene inhibits oxidation of
LDL derived from patients with diabetes mellitus. Annals of Nutrition &
Metabolism, v. 44, p. 54 – 60, 2000.
LIU, X.; CAO, Y.; CHEN, Y. Separation of conjugated linoleic acid isomers by
cyclodextrin-modified micellar electrokinetic chromatography. Journal of
Chromatography A, v. 1095, p. 197 – 200, 2005.
LOCK, A.L.; HORNE, C.A.M.; BAUMAN, D.E.; SALTER, A.M. Butter naturally
enriched in conjugated linoleic acid and vaccenic acid alters tissue fatty acids and
improves the plasma lipoprotein profile in cholesterol-fed hamsters. The Journal
of nutrition, v. 135, p. 1934 – 1939, 2005.
LOSOWSKY, M.S.; KELLEHER, J.; WALKER, B.E. Intake and absorption of
tocopherol. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 203, p. 212 222,
1972. In: BALL, G.F.M. Bioavailability and analysis of vitamins in foods.
Londres: Champman & Hall, 1998. 569p.
LUONGO, D.; BERGAMO, P.; ROSSI, M. Effects of conjugated linoleic acido n
growth and cytokine expression in Jurkat T cells. Immunology Letters, v. 90, p.
195 – 201, 2003.
LUSIS, A.J. Atherosclerosis. Nature, v. 407, p. 233 – 241, 2000.
MASHIMA, R.; WITTING, P.K. STOCKER, R. Oxidants and antioxidants in
atherosclerosis. Current Opinion in Lipidology, v. 12, p. 411 – 418, 2001.
McANULTY, S.R.; McANULTY, L.S.; NIEMAN, D.C.; MORROW, J.D.;
SHOOTER, L.A.; HOLMES, S.; HEWARD, C.; HENSON, D.A. Effect of alpha-
tocopherol supplementation on plasma homocysteine and oxidative stress in
Referências Bibliográficas
84
highly trained athletes before and after exhaustive exercise. Journal of
Nutritional Biochemistry, v. 16, p. 530 – 537, 2005.
MICHELLETA, F.; NATOLI, S.; MISURACA, M.; SBARIGIA, E.; DICZFALUZY,
U.; IULIANO, L. Vitamin E supplementation in patients with carotid
atherosclerosis Reversal of altered oxidative stress status in plasma but not in
plaque. Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, v. 24, p. 136
140, 2004.
MITCHELL, P.L.; LANGILLE, M.A.; CURRIE, D.L.; McLEOD, R.S. Effect of
conjugated linoleic acid isomers on lipoproteins and atherosclerosis in the Syrian
Golden hamster. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1734, p. 269 – 276, 2005.
MOLONEY, F.; TOOMEY, S.; NOONE, E.; NUGENT, A.; ALLAN, B.; LOSCHER,
C.E.; ROCHE, H.M. Antidiabetic effects of cis-9, trans-11–conjugated linoleic
acid may be mediated via anti-inflammatory effects in white adipose tissue.
Diabetes, v. 56, p. 574 – 582, 2007.
MOSSOBA, M.M. Analytical techniques for conjugated linoléico acid (CLA) analysis.
European Journal of Lipid Science and Technology , v. 103, p. 594 632,
2001.
MOYA-CAMARENA, S.Y.; van der HEUVEL, J.P.; BLANCHARD S.G.,
LEESNITZER, L.A.; BELURY, M.A. Conjugated linoleic acid is potent naturally
occurring ligand and activator of PPARα. Journal of Lipid Research, v. 40, p.
1426 – 1433, 1999.
MÜLLER, A., RINGSEIS, R., DÜSTERLOH, K., GAHLER, S., EDER, K.,
STEINHART, H. Detection of conjugated dienoic fatty acids in human vascular
smooth muscle cells treated with conjugated linoleic acid. Biochimica et
Biophysica Acta, v. 1737, p. 145 – 151, 2005.
MUNDAY, J.S.; THOMPSON, K.G.; JAMES, K.A.C. Dietary conjugated linoleic acids
promote fatty streak formation in the C57BL/6 mouse atherosclerotic model.
British Journal of Nutrition, v. 81, p. 251 – 255, 1999.
MUROHARA, T.; IKEDA, H.; OTSUKA, Y.; AOKI, M.; HARAMAKI, N.; KATOH,
A.; TAKAJO, Y.; IMAIZUMI, T. Inhibition of platelet adherence to mononuclear
cells by α-tocopherol Role of P-selectin. Circulation, v. 110, p. 141 148,
2004.
Referências Bibliográficas
85
NAUMANN, E.; CARPENTIER, Y.A.; SAEBO, A.; LASSEL, T.S.; CHARDIGNY,
J.M.; SÉBÉDIO, J.L.; MENSINK, R.P. Cis-9, trans- 11 and trans-10, cis-12
conjugated linoleic acid (CLA) do not affect the plasma lipoprotein profile in
moderately overweight subjects with LDL phenotype B. Atherosclerosis, v. 188,
p. 167 – 174, 2006.
NESTEL, P.; FUJII, A.; ALLEN, T. The cis-9,trans-11 isomer of conjugated linoleic
acid (CLA) lowers plasma triglyceride and raises HDL cholesterol concentrations
but does not suppress aortic atherosclerosis in diabetic apoE-deficient mice.
Atherosclerosis, v. 189, p. 282 – 287, 2006.
NICOLOSI, R.J.; ROGERS, E.J.; KRITCHEVSKY, D.; SCIMECA, J.A.; HUTH, P.J.
Dietary conjugated linoleic acid reduces plasma lipoproteins and early aortic
atherosclerosis in hypercholesterolemic hamsters. Artery, v. 22, p. 266 277,
1997.
NOONE, E.; ROCHE, H.M.; NUGENT, A.P.; GIBNEY, M.J. The effect of dietary
supplementation using isomeric blends of conjugated linoleic acid on lipid
metabolism in healthy human subjects. British Journal of Nutrition, v. 88, p.
243 – 251, 2002.
NOUROOZ-ZADEH, J.; TAJADDINI-SARMADI, J.; WOLFF, S.P. Measurement of
Plasma Hydroperoxide Concentrations by the Ferrous Oxidation-Xylenol Orange
Assay in Conjunction with Thiphenylphosphine. Analytical Biochemistry, v.
220, p. 403 – 409, 1994.
NUDDA, A.; McGUIRE, M.A.; BATTACONE, G.; PULINA, G. Seasonal variation in
conjugated linoleic acid and vaccenic acid in milk fatty of sheep and its transfer to
cheese and ricotta. Journal of Dairy Science, v. 88, p. 1311 – 1319, 2005.
ODA, E.; HATADA, K.; KIMURA, J. AIZAWA, Y.; AIZAWA, Y.;
THANIKACHALAN, P.V.; WATANABE, K. Relationships between serum
unsaturated fatty acids and coronary risk factors. International Heart Journal, v.
46, p. 975 – 985, 2005.
OHKAWA, S.; YONEYAMA, T.; SHIMOI, K.; TAKITA, T.; MARUYAMA, Y.;
KUMAGAI, H. Pro-oxidative effect of α-tocopherol in the oxidation of LDL
isolated from co-antioxidant-depleted non-diabetic hemodialysis patients.
Atherosclerosis, v. 176, p. 411 – 418, 2004.
Referências Bibliográficas
86
OSTERUD, B.; BJORKLID, E. Role of monocytes in atherogenesis. Physiological
Reviews, v. 83, p. 1069 – 1112, 2003.
OTERO, P.; BONET, B.; HERRERA, E.; RABANO, A. Development of
atherosclerosis in the diabetic BALB/c mice prevention with vitamin E
administration. Atherosclerosis, v. 182, p. 259 – 265, 2005.
ÖZER, N.K.; NEGIS, Y.; AYTAN, N.; VILLACORTA, L.; RICCIARELLI, R.;
ZINGG, J.M.; AZZI, A. Vitamin E inhibits CD36 scavenger receptor expression
in hypercholesterolemic rabbits. Atherosclerosis, v. 184, p. 15 – 20, 2006.
PARIZA, M.W.; HARGREAVES, W.A. A beef-derived mutagenesis modulator
inhibits initiation of mouse epidermal tumors by 7,12- dimethylbenz[a]anthrazene.
Carcinogenesis, v. 6, p. 591 – 593, 1985.
PARIZA, M.W.; PARK, Y.; COOK, M.E. Mechanisms of action of conjugated linoleic
acid: evidence and speculation. Experimental Biology and Medicine, v. 223, p. 8
– 13, 2000.
PARK, Y.; STORKSON, J.M.; ALBRIGHT, K.J.; LIU, W.; PARIZA, M.W. Biological
activities of conjugated fatty acid: conjugated eicosadienoic (conj. 20:2 delta
(c11,t13/t12,c14), eicosatrienoic (conj. 20:3delta(c8,t12,c14)), and
heneicosadienoic (conj. 21:2delta(c12,t14/c13,t15)) acids and other metabolites of
conjugated linoleic acid. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1687, p. 120 129,
2005.
PARODI, P.W. Conjugated octadecadienoic acids of milk fat. Journal of Dairy
Science, v. 60, p. 1550 – 1553, 1977.
PARODI, P.W. Conjugated linoleic acid and other anticarcinogenic agents of bovine
milk fat. Journal of Dairy Science, v. 82, p. 1339 – 1349, 1999.
PAIGEN, B.; MORROW, A.; BRANDON, C.; MITCHELL, D.; HOLMES, P.
Quantitative assessment of atherosclerotic lesions in mice. Atherosclerosis, v. 68,
p. 231 – 240, 1987.
PARTHASARATHY, S.; SANTANAM, N.; RAMACHANDRAN, S.; MEILHAC, O.
Oxidants and antioxidants in atherogenesis. An appraisal. Journal fo Lipid
Research, v. 40, p. 2143 – 2157, 1999.
PELUZIO, M.C.G.; MIGUEL, JR. E.; DRUMOND, T.C.; CESAR, G.C.; SANTIAGO,
H.C.; TEIXEIRA, M.M.; VIEIRA, E.C.; ARANTES, R.M.; ALVAREZ-LEITE,
Referências Bibliográficas
87
L.I. Monocyte chemoattractant protein-1 involvement in the alpha-tocopherol-
induced reduction of atherosclerotic lesions in apolipoproteína E knockout mice.
The British Journal of Nutrition, v. 90, p. 3 – 11, 2003.
PERONA, J.S.; PORTILLO, M.P.; MACARULLA, M.T.; TUEROS, A.I.; RUIZ-
GUTIÉRREZ, V. Influence of different dietary fats on triacylglycerol deposition
in rat adipose tissue. The British Journal of nutrition, v. 84, p. 765 – 774, 2000.
PORTUGAL, L.R.; FERNANDES, L.R.; CESAR, G.C.; SANTIAGO, H.C.;
OLIVEIRA, D.R.; SILVA, N.M.; SILVA, A.A.; LANNES-VIEIRA, J.;
ARANTES, R.M.; GAZZINELLI, R.T.; ALVAREZ-LEITE, J.I. Infection with
toxoplasma gondii increases atherosclerotic lesion in ApoE-deficient mice.
Infection and Immunity, v. 72, p. 3571 – 3576, 2004.
PUNZALAN, F.E.R.; SY, R.G.; SANTOS, R.S.; CUTIONGCO, E.M.;
GOSIENGFIAO, S.; FADRIGUILAN, E.; GEORGE, P.; LAURIE, A. Low
density lipoprotein – receptor (LDL-R) gene mutations among Filipinos with
familial hypercholesterolemia. Journal of Atherosclerosis and Thrombosis, v.
12, p. 276 – 283, 2005.
RAMACHANDRAN, S.; PENUMETCHA, M.; MERCHANT, N.K.; SANTANAM,
N.; RONG, R.; PARTHASARATHY, S. Exercise reduces preexisting
atherosclerotic lesions in LDL receptor knock out mice. Atherosclerosis, v. 178,
p. 31 – 38, 2005.
RIMM, E.B.; STAMPFER, M.J.; ASCHERIO, A.; GIOVANNUCCI, E.; COLDITZ,
G.A.; WILLET, W.C.; Vitamin E consumption and the risk of coronary heart
disease in men. The New England Journal of Medicine, v. 328, p. 1450 1456,
1993.
RINGSEIS, R.; LLER, A.; DÜSTERLOH, K.; SCHLESER, S.; EDER, K.;
STEINHART, H. Formation of conjugated linoleic acid metabolites in human
vascular endothelial cells. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1761, p. 377 383,
2006.
RITZENTHALER, K.L.; McGUIRE, M.K.; FALEN, R.; SHULTZ, T.D.; DASGUPTA,
N.; McGUIRE, M.A. Estimation of conjugated linoleic acid intake by written
dietary assessment methodologies underestimates actual intake evaluated by food
duplicate methodology. The Journal of Nutrition, v. 131, p. 1548 – 1554, 2001.
Referências Bibliográficas
88
ROCHE, H.M.; NOONE, E.; NUGENT, A.; GIBNEY, M.J. Conjugated linoleic acid: a
novel therapeutic nutrient? Nutrition Research Review, v. 14, p. 173 187,
2001.
RODRÍGUEZ, J.A.; NESPEREIRA, B.; PÉREZ-ILZARBE, M.; EGUINOA, E.;
PÁRAMO, J.A. Vitamins C and E prevent endothelial VEGF and VEGFR-2
overexpression induced by porcine hypercholesterolemic LDL. Cardiovascular
Research, v. 65, p. 665 – 673, 2005.
ROSELAAR, S.E.; KAKKANATHU, P.X.; DAUGHERTY, A. Lymphocyte
populations in atherosclerotic lesions of apoE -/- and LDL receptor -/- mice.
Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, v. 16, p. 1013 1018,
1996.
ROSENBLAT, M.; AVIRAM, M. Oxysterol-induced activation of macrophage
NADPH-oxidase enhances cell-mediated oxidation of LDL in the atherosclerotic
apolipoprotein E deficient mouse: inhibitory role for vitamin E. Atherosclerosis,
v. 160, p. 69 – 80, 2002.
ROSS, R.; GLOMSET, J.A. Atherosclerosis and the arterial smooth muscle cel:
proliferation of smooth muscle is a key event in the genesis of the lesions of
atherosclerosis. Science, v. 180, p. 1332 – 1339, 1973.
SCHLSER, S.; RINGSEIS, R.; EDER, K. Conjugated linoleic acids have no effect on
TNFα-induced adhesion molecule expression, U937 monocyte adhesion, and
chemokine release in human aortic endothelial cells. Atherosclerosis, v. 186, p.
337 – 344, 2006.
SCOTT, J. Pathophysiology and biochemistry of cardiovascular disease. Current
Opinion in Genetics & Development, v. 14, p. 271 – 279, 2004.
SEPPÄNEN-LAAKSO, T.; LAAKSO, I.; HILTUNEN, R. Analysis of fatty acids by
gas chromatography, and its relevance to research on health and nutrition.
Analytica Chimica Acta, v. 465, p. 39 – 62, 2002.
SETIADI, D.H.; CHASS, G.A.; TORDAY, L.L.; VARRO, A.; PAPP, J.G. Vitamin E
models. Can the anti-oxidant and pro-oxidant dichotomy of a-tocopherol be
related to ionic ring closing and radical ring opening redox reactions? Journal of
Molecular Structure (Theochem), v. 620, p. 93 – 106, 2003.
Referências Bibliográficas
89
SMILDE, T.J.; WISSEN, S.V.; WOLLERSHEIM, H.; KASTELEIN, J.J.P.;
STALENHOEF, A.F.H. Genetic and metabolic factors predicting risk of
cardiovascular disease in familial hypercholesterolemia. The Netherlands
Journal of Medicine, v. 59, p. 184 – 195, 2001.
SNEDDON, A.A.; McLEOD, E.; WAHLE, K.J.; ARTHUR, J.R. Cytokine-induced
monocyte adhesion to endothelial cells involves platelet-activating factor:
suppression by conjugated linoleic acid. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1761,
p. 793 – 801, 2006.
STAMPFER, M.J.; HENNEKENS, C.H.; MANSON, J.E.; COLDITZ, G.A.; ROSNER,
B.; WILLET, W.C. Vitamin E consumption and the risk of coronary heart disease
in women. The New England Journal of Medicine, v. 328, p. 1444 1449,
1993.
STAPRANS, I.; PAN, X.M.; RAPP, J.H.; GRUNFELD, C.; FEINGOLD, K.R.
Oxidized cholesterol in the diet accelerates the development of atherosclerosis in
LDL receptor- and apolipoprotein E- deficient mice. Arteriosclerosis,
Thrombosis and Vascular Biology, v. 20, p. 708 – 714, 2000.
STEINBERG, D.; WITZTUM, J.L. Is the oxidative modification hypothesis relevant to
human atherosclerosis? Do the antioxidant trials conducted to date refute the
hypothesis? Circulation, v. 105, p. 2107 – 2111, 2002.
STEINBERG, D.; PARTHASARATHY, S.; CAREW, T.E.; KHOO, J.C.; WITZTUM,
J.L. Beyond cholesterol. Modifications of low-density lipoprotein that increase its
atherogenicity. The New England Journal of Medicine, v. 320, p. 915 924,
1989.
STOCKER, R.; KEANEY JR, J.F. Role of oxidative modifications in atherosclerosis.
Physiological Reviews, v. 84, p. 1381 – 1478, 2003.
STORKSON, J.M.; PARK, Y.; COOK, M.E.; PARIZA, M.W. Effects of trans-10,cis-
12 conjugated linoléico acid and cognates on apoliprotein B secretion in HepG2
cells. Nutrition Research, v. 25, p. 387 – 399, 2005.
SUARNA, C.; WU, B.J.; CHOY, K.; MORI, T.; CROFT, K.; CYNSHI, O.; STOCKER,
R. Protective effect of vitamin E supplements on experimental atherosclerosis is
modest and depends on preexisting vitamin E deficience. Free Radical Biology
and Medicine, v. 41, p. 722 – 730, 2006.
Referências Bibliográficas
90
SUMMERS, L.K.M.; BARNES, S.C.; FIELDING, B.A.; BEYSEN, C.; ILIC, V.;
HUMPHREYS, S.M.; FRAYN, K.N. Uptake of individual fatty acids into adipose
tissue in relation to their presence in the diet. The American Journal of Clinical
Nutrition, v. 71, p. 1470 – 1477, 2000.
TAKEI, A.; HUANG, Y.; LOPES-VIRELLA, M.F. Expression of adhesion molecules
by human endothelial cells exposed to oxidized low density lipoprotein.
Influences of degree of oxidation and location of oxidized LDL. Atherosclerosis,
v. 154, p. 79 – 86, 2001.
TANGIRALA, R.K.; RUBIN, E.M.; PALINSKI, W. Quantitation of atherosclerosis in
murine models: correlation between lesions in the aortic origin and in entire aorta,
and differences in the extent of lesions between sexes in LDL receptor-deficient
and apolipoprotein E-deficient mice. Journal of Lipid Research, v. 36, p. 2320
2328, 1995.
TOOMEY, S.; HARHEN, B.; ROCHE, H.M.; FITZGERALD, D. BELTON, O.
Profound resolution of early atherosclerosis with conjugated linoléico acid.
Atherosclerosis, v. 187, p. 40 – 49, 2006.
TOOMEY, S.; ROCHE, H.; FITZGERALD, D.; BELTON, O. Regression of pre-
established atherosclerosis in the apoE-/- mouse by conjugated linoleic acid.
Biochemical Society Transactions, v. 31, p. 1075 – 1079, 2003.
TÖRNWALL, M.E.; VIRTAMO, J.; KORHONEN, P.A.; VIRTANEN, M.J.;
TAYLOR, P.R.; ALBANES, D.; HUTTUNEN, J.K. Effect of α-tocopherol and β-
carotene supplementation on coronary heart disease during the 6-year post-trial
follow-up in the ATBC study. European Heart Journal, v. 25, p. 1171 1178,
2004.
TRICON, S.; BURDGE, G.C.; KEW, S.; BANERJEE, T.; RUSSEL, J.J.; JONES, E.L.;
GRIMBLE, R.F.; WILLIAMS, C.M.; YAQOOB, P.; CALDER, P.C. Opposing
effects of cis-9,trans-11 and trans-10,cis-12 conjugated linoléico acid on blood
lipids in healthy humans. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 80, p.
614 – 620, 2004.
TURPEINEN, A.M.; MUTANEN, M.; ARO, A.; SALMINEN, I.; BASU, S.;
PALMQUIST, D.L.; GRIINARI, J.M. Bioconversion of vaccenic acid to
conjugated linoleic acid in humans. The American Journal of Clinical
Nutrition, v. 76, p. 504 – 510, 2002.
Referências Bibliográficas
91
UAUY D, R.; MARTÍNEZ A, J.I.; ROJAS B, C.V. Nutrición molecular, papel del
sistema PPAR en el metabolismo lipídico y su importancia en obesidad y diabetes
mellitus. Revista Médica de Chile, v. 128, p. 437 – 446, 2000.
UEDA, T; IGARASHI, O. Determination of vitamin E in biological specimens and
foods by HPLC-pretreatment of samples and extraction of tocopherols. Journal of
Micronutrient Analysis, v.7, p. 79 – 96, 1990.
UPSTON, J.M.; TERENTIS, A.C.; STOCKER, R. Tocopherol-mediated peroxidation
of lipoproteins: implications for vitamin E as a potential antiatherogenic
supplement. The FASEB Journal, v. 13, p. 977 – 994, 1999.
URQUHART, P.; PARKIN, S.M.; ROGERS, J.S.; BOSLEY, J.A.; NICOLAOU, A.
The effect of conjugated linoleic acid on arachidonic acid metabolism and
eicosanoid production in human saphenous vein endothelial cells. Biochimica et
Biophysica Acta, v. 1580, p. 150 – 160, 2002.
VALEILLE, K.; FÉRÉZOU, J.; PARQUET, M.; AMSLER, G.; GRIPOIS, D.;
QUIGNARD-BOULANGÉ, A.; MARTIN, J.C. The natural concentration of the
conjugated linoleic acid, cis-9,trans-11, in milk fat has antiatherogenic effects in
hyperlipidemic hamsters. The Journal of Nutrition, v. 136, p. 1305 – 1310,
2006.
VALLEILLE, K.; FÉRÉZOU, J.; AMSLER, G.; QUIGNARD-BOULANGÉ, A.;
PARQUET, M.; GRIPOIS, D.; DOROVSKA-TARAN, V.; MARTIN, J.C. A cis-
9,trans-11-conjugated linoleic acid-rich oil reduces the outcome of atherogenic
process in hyperlipidemic hamster. American Journal of Physiology. Heart and
Circulatory Physiology, v. 289, p. H652 – H659, 2005.
Van AALST, J.A.; BURMEISTER, W.; FOX, P.L.; GRAHAM, L.M. α-Tocopherol
preserves endothelial cell migration in presence of cell-oxidized low-density
lipoprotein by inhibiting changes in cell membrane fluidity. Journal of Vascular
Surgery, v. 39, p. 229 – 237, 2004.
VILLA-COLINAYO, V.; SHI, W.; ARAUJO, J.; LUSIS, A.J. Genetics of
atherosclerosis: the search for genes acting at the level of the vessel wall. Current
Atherosclerosis Reports, v. 2, p. 380 -389, 2000.
Referências Bibliográficas
92
VIOLI, F.; CANGEMI, R.; SABATINO, G.; PIGNATELLI, P. Vitamin E for the
treatment of cardiovascular disease. Is there a future? Annals of the New York
Academy of Sciences, v. 1031, p. 292 – 304, 2004.
VIRMANI, R.; KOLODGIE, F.D.; BURKE, A. P.; FARB, A; SCHWARTZ, S.M.
Lessons from sudden coronary death. A comprehensive morphological
classification scheme for atherosclerotic lesions Arteriosclerosis, Thrombosis,
and Vascular Biology, v. 20, p. 1262 – 1275, 2000.
von KNETHEN, A.; CALLSEND.; BRÜNE, B. Superoxide attenuates macrophage
apoptosis by NF-κB and AP-1 activation that promotes cyclooxygenase-2
expression. The Journal of Immunology, v. 163, p. 2858 – 2866, 1999.
YU, L. Free radical scavenging properties of conjugated linoleic acids. Journal of
Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 3452 – 3456, 1991.
YU, L.; ADAMS, D.; WATKINS, B.A. Comparison of commercial supplements
containing conjugated linoleic acid. Journal of Food Composition and Analysis,
v. 16, p. 419 – 428, 2003.
YU, L. ADAMS, D.; GABEL, M. Conjugated linoleic acid isomers differ in their free
radical scavenging properties. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.
50, p. 4135 – 4140, 2002a.
YU, Y., CORREL, P.H., VANDEN HEUVEL, J.P. Conjugated linoleic acid decreases
production of pro-inflammatory products in macrophages: evidence for a PPARγ-
dependent mechanism. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1581, p. 89 – 99,
2002b.
WAHLE, K.W.J.; HEYS, S.D.; ROTONDO, D. Conjugated linoleic acid: are they
beneficial or detrimental to health? Progress in Lipid Research, v. 43, p. 553
587, 2004.
WANNAMETHEE, S.G.; LOWE, G.D.O.; RUMLEY, A.; BRUCKDORFER, K.R.;
WHINCUP, P.H. Associations of vitamin C status, fruit and vegetable intakes, and
markers of inflammation and hemostasis. The American Journal of Clinical
Nutrition, v. 83, p. 567 – 574, 2006.
WARNICK, G.R.; NAUCK, M.; RIFAI, N. HDL-cholesterol from ultracentrifugation
to homogeneous assays . Clinical Chemistry, v. 47, p. 1579 – 96, 2001.
Referências Bibliográficas
93
WEINBERG, P.D. Analysis of the variable effect of dietary vitamin E supplements on
experimental atherosclerosis. Journal of Plant Physiology, v. 162, p. 823 833,
2005.
WILLET, W.C.; STAMPFER, M.J.; MASON, J.E. Intake of trans fatty acids and risk of
coronary heart disease among women. Lancet, v. 341, p. 581 – 585, 1993.
WILSON, T.A.; NICOLOSI, R.J.; SAATI, A.; KOTYLA, T.; KRITCHEVSKY, D.
Conjugated linoleic acid isomers reduce blood cholesterol levels but not aortic
cholesterol accumulation in hypercholesterolemic hamsters. Lipids, v. 41, n. 1, p.
41 – 48, 2006.
WILSON, T.A.; NICOLOSI, R.J.; CHRYSAM, M.; KRITCHEVSKY, D. Conjugated
linoleic acid reduces early aortic atherosclerosis greater than linoléico acid in
hypercholesterolemic hamsters. Nutrition research, v. 20, p. 1795 – 1805, 2000.
ZHAO, L.; PRATICÒ, D.; RADER, D.J.; FUNK, C.D. 12/15-Lipoxygenase gene
disruption and vitamin E administration diminish atherosclerosis and oxidative
stress in apoliprotein E deficient mice through a final common pathway.
Prostaglandins & Other Lipid Mediators, v. 78, p. 185 – 193, 2005.
ZUREIK, M.; GALAN, P.; BERTRAIS, S.; MENNEN, L.; CZERNICHOW, S.;
BLACHER, J.; DUCIMETIÈRE, P.; HERCBERG, S. Effects of long-term daily
low-dose supplementation of antioxidant vitamins and minerals on structure and
function of large arteries. Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology,
v. 24, p. 1485 – 1491, 2004.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo