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naturais
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. Aliás, cada fenômeno da natureza era atribuído a um deus: os trovões e
os raios eram lançados por Zeus; as ondas do mar eram levantadas pelo tridente de
Posseidon; o sol era carregado pelo áureo carro de Apolo, entre outras explicações
míticas. Os deuses, porém, eram rebeldes, viviam em constante conflito, levando
o perigo do caos ao mundo criado. Até que Zeus impõe a sua lei sobre os outros
deuses, e sobre os homens, mantendo o mundo fora de perigo. A partir de então, a
cultura grega passou a projetar nos deuses e deusas atividades que são próprias do
gênero humano, tais como, amar, odiar, discutir, beber, ouvir música, dormir,
entre tantas outras
6
. Durante essa etapa da história da cultura grega, os mitos que
narravam a divinização da natureza e os da antropomorfização dos deuses se
fundiram formando o que hoje conhecemos como ‘mitologia grega’
7
. Os poetas
Homero, autor de ‘Ilíada’ e ‘Odisséia’
8
(século IX a.C.), e Hesíodo, autor de
‘Teogonia’
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(século VIII a.C.) são os expoentes máximos da literatura mitológica
grega.
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Para um estudo aprofundado da mitologia grega, sugiro as seguintes obras: BULFINCH, T., O
livro de ouro da mitologia – Histórias de deuses e heróis, 32. ed., Rio de Janeiro, Ediouro, 2005,
412 p.; CHAMOUX, F., Civilização grega, Edições 70, Lisboa, 2003, 343 p. (especialmente o
capítulo VI, pp. 143-204); FRIEDRICH OTTO, W., Os deuses da Grécia, Odysseus, São Paulo,
2005, 266 p.; MONTANELLI, I., História dos gregos, Edições 70, Lisboa, 2003, 255 p.; REALE,
G., História da filosofia antiga, Vol. I, 4. ed., São Paulo, Loyola, 2002, 415 p. (especialmente o
capítulo II, pp. 19-27); SCARPI, P., Politeísmos: as religiões do mundo antigo, Editora Hedra,
São Paulo, 2004, 245 p. (especialmente o capítulo V, pp. 91-108); SOUZA BRANDÃO, J.,
Mitologia grega, Vols. I, II, III, Vozes, Petrópolis, 2004; STEPHANIDES, M., Os deuses do
Olimpo, 3. ed., Odysseus, São Paulo, 2004, 204 p.; VERNANT, J. P. e NAQUET, P. V., Mito e
tragédia na Grécia antiga, Editora Perspectiva, São Paulo, 2002, 376 p.
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BULFINCH, T., O livro de ouro da mitologia – História de deuses e heróis, 32. ed., Rio de
Janeiro, Ediouro, 2005, pp. 09-10.“A morada dos deuses era o cume do monte Olimpo, na
Tessália. Uma porta de nuvem, da qual tomavam conta as deusas chamadas Estações, abria-se a
fim de permitir a passagem dos imortais para a terra e para dar-lhes entrada em seu regresso (...).
Era também no grande palácio do rei do Olimpo que os deuses se regalavam, todos os dias, com
ambrósia e néctar, seu alimento e bebida, sendo o néctar servido pela linda deusa ‘Hebe’. Ali
discutiam os assuntos relativos ao céu e à terra; enquanto saboreavam o néctar, Apolo, deus da
música, deliciava-os com os sons de sua lira e as musas cantavam. Quando o sol se punha, os
deuses retiravam-se para as suas respectivas moradas, a fim de dormir”.
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Cf. STACCONE, G., Filosofia da religião – O pensamento do homem ocidental e o problema de
Deus, 2. ed., Petrópolis, Vozes, 1991, pp. 13-15.
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Cf. BULFINCH, T., op. cit., pp. 254-293: Os dois poemas épicos de Homero, ‘Ilíada’ e
‘Odisséia’, como é sabido, relatam os mitos que descrevem a destruição pelos gregos da cidade de
Tróia. Segundo a obra de Homero, a guerra de Tróia teria durado cerca de dez anos e seu início foi
marcado pelo rapto de Helena, a mais bela mulher do mundo, esposa do rei Menelau, de Esparta.
O autor do rapto foi Paris, filho de Príamo, rei de Tróia. Para defender sua honra, Menelau e seu
irmão, Agamenon, rei de Micenas, reúnem forças gregas de diversos reinos para resgatar Helena
em uma ação contra Tróia, que é chamada de Ilion no poema narrado por Homero, daí o nome
IlÍada. Já o poema Odisséia é posterior à Ilíada e narra as aventuras do herói Odisseu (Ulisses,
segundo a tradição latina), em seu retorno da guerra de Tróia para sua cidade, Ítaca.
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Cf. REALE, G., História da filosofia antiga, Vol. I, 4. ed., São Paulo, Loyola, 2002, pp. 41-43: A
‘Teogonia’ de Hesíodo narra o nascimento de todos os deuses; e, dado que alguns deuses