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Família-Escola – A Participação Masculina
Nivia Caratin Fernandes
Jorge – [...] É com a mãe! êta, é com a mãe mesmo. O pai fala
pouco. Não tem que estar falando, geralmente é a mãe.
Donizete – Eu, de vez em quando, até venho nas reuniões, às vezes
a minha mulher não pode vir aí eu venho. Em geral fico mais quieto
um pouco retraído (...) mas acho que seria melhor ter mais diálogo
também. Mas uma vez eu vim numa reunião e estava só eu e o resto
tudo mulher e criança e eu fui embora.
Donizete – Antes dava um pouco de vergonha porque a gente não
sabe (...) ‘tipo assim’ [participar na escola] – porque a minha mulher
acompanha a escola, leva aquele diálogo. Não ter tanta familiaridade
com a escola intimida um pouco.
Outros pais consideram que, desde que o filho esteja aprendendo a ler e
escrever, é desnecessário contato maior com a escola. Pequenos problemas, por
exemplo, relacionados a materiais, são relevados.
Pedro – Outro dia minha filha disse: Pai, precisa comprar lápis e
borracha. Mas, minha filha, eu não comprei ontem? Caramba! E o
professor? Como fica isso aí?
Se está todo mundo na sala e a
criança comunicou: “sumiu este livro”. Espera aí, não vai sair
ninguém. Quem está com o material de fulano? Aí minha esposa
perguntou para a mulher aí embaixo, não sei se falou com o diretor.
Ah, não pode fazer isso, não pode revistar a bolsa de ninguém
.
Quem dizer, eu digo que todo mundo reclama. Sumiu isso, sumiu
isso, não sei (...)
Walter – É isso, estou comprando direto material para o meu filho.
Marco – Ah, do meu filho sumiu aquele estojinho de lápis de cor, eu
comprei outro estojo para o moleque e depois de dois dias sumiu. Aí
eu falei: filho, mas e a professora? Ah, pai, eu falei com ela e ela
falou assim que ia ver. Ah, isso não existe. O que ele falou é
verdade. Viu lá, deu o sinal e fulano e beltrano, a professora vai ver
com quem está; devolve numa boa, a tia não vai falar nada, de
repente vocês estão escondendo para brincar, não é? Vocês estão
escondendo para devolver depois, deixar o amiguinho nervoso,
depois vocês vão devolver, mas a professora quer que vocês
devolvam porque ele vai precisar para pintar, o pai não tem
condições (...) então (...) a criança vai ficar com aquele receio, puxa,
eu peguei nossa, vou ter que devolver, vai falar que eu sou ladrão,
então na escola vai girar este tipo de coisa: Oh, o ladrão! Então a