teológicas pouco alinhadas a ortodoxia romana (como a Teologia da Libertação e a
Teologia Feminista);e, de outro, pelo favorecimento explícito aos integrantes de
movimentos católicos conservadores, dos quais retirou a maioria dos novos bispos e
assessores, como Opus Dei, Legionários de Cristo, Neocatecumenato, Focolari, Comunhão
e Libertação, Renovação Carismática Católica entre outros
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. Significativamente, o
primeiro bispo de Ourinhos, Salvador Paruzzo, saiu de um desses movimentos
conservadores.
Ele nasceu em 15 de outubro de 1945, na cidade de Montedoro, província
de Caltanisseta, Itália. Após concluir os estudos filosóficos e teológicos no Seminário
Episcopal de Caltanisseta, foi ordenado sacerdote em 1969. Trabalhou na diocese local até
o ano de 1979 quando, como missionário Fidei Donum, veio para o Brasil. Primeiro, na
Diocese de Piracicaba, onde permaneceu dez anos. Depois, na Diocese de Osasco, onde
liderou as ações do movimento Focolari, de origem italiana, e das revistas “Perspectivas de
Comunhão” e “Cidade Nova”, ambas desse mesmo movimento. No dia 30
de Dezembro de
1998
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o papa João Paulo II o nomeou como primeiro bispo da Diocese de Ourinhos.
D. Salvador foi ordenado em 19 de março de 1999. Dois dias depois
assumiu oficialmente a nova diocese. O grande desafio do novo bispo era preparar, em um
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JOANONI NETO, Vitale. Fronteiras da Crença: da libertação ao carisma, a presença católica na cidade de
Juina (1978-1998). Tese (doutorado em História). FCL, UNESP, Assis, 2003. p.162; CORNWELL, John. A
face oculta do pontificado de João Paulo II. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Imago, 2005.p.111 et
passim.
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Não parece acaso o fato de inúmeros padres de movimentos conservadores, isto é, alinhados a restauração
católica efetivada pela Cúria Romana, serem eleitos para o episcopado em 1998, afinal, esse é o ano da carta
apostólica Apostolus Suos que essencialmente exige ligação direta das conferências episcopais com Roma,
origem institucional do sacerdócio. Tal medida enfraqueceu ainda mais as conferências e impediu a atuação
de assessores e peritos nesses órgãos. Sobre a autoritária política de nomeação de bispos efetivada pelo
Vaticano e suas relações, não menos autoritárias, com os episcopados locais conferir: BEOZZO, José Oscar.
A Igreja do Brasil: De João XXIII a João Paulo II, de Medellín a Santo Domingo. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
1996. p. 279-89; HERVIEU-LERGER, Daniele. O Bispo, a Igreja e a Modernidade. IN: LUNEAU, René;
MICHEL, Patrick (orgs.). Nem todos os caminhos levam a Roma: as mutações atuais do Catolicismo.
Tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. p. 297.