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ANDRÉ NOGUEIRA NAZAR
Análise da Soroconversão do Anticorpo contra o Antígeno de Superfície do Vírus da
Hepatite B em Profissionais de Saúde
Dissertação apresentada à Universidade
Estácio de Sá como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Saúde da
Família.
Orientador: Haroldo José de Matos.
Rio de Janeiro
2006
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2
ANDRÉ NOGUEIRA NAZAR
Análise da soroconversão do anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus da
hepatite B em profissionais de saúde
Dissertação apresentada à Universidade
Estácio de Sá como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Saúde da
Família.
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________
Profª. Drª. Ana Maria Pittella de Souza Leite
Universidade do Grande Rio
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo de Souza Leão Lima
Universidade Estácio de Sá
__________________________________________________________________
Prof. Dr. Haroldo José de Matos
Universidade Estácio de Sá
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3
Aos meus pais,
Luiz Carlos e Terezinha Regina,
e para minha avó,
Aïda Nogueira,
tudo em minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Haroldo José de Matos, pela sabedoria e incentivo à pesquisa.
À Ana Maria Pittella, pelo incentivo à execução do mestrado e pelas oportunidades
profissionais oferecidas.
À Alessandra Pereira Bastos, pela coleta de material.
Aos profissionais de saúde do Hospital Quinta D’Or, que contribuíram para esta
dissertação.
Ao diretor do Hospital Quinta D’Or, Rodrigo Gavina, pela autorização para a realização
desta pesquisa.
5
“Devemos nos tornar a mudança que desejamos ver no
mundo”. (Mahatma Gandhi)
6
RESUMO
A hepatite B e suas seqüelas permanecem como um grande problema de saúde
pública. O risco de se contrair esta doença entre os profissionais de saúde é maior do
que o da população geral adulta, não profissional de saúde. A vacina é um método
seguro e eficaz na prevenção primária da hepatite B. Os objetivos do estudo foram
analisar a soroconversão do anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus da
hepatite B em profissionais de saúde, analisar o perfil dos profissionais de saúde que
responderam à vacinação, definir o esquema vacinal recebido e identificar condições
que reduziram a resposta à vacina. O estudo foi um inquérito soro epidemiológico
transversal, realizado em um hospital terciário no município do Rio de Janeiro. No
período entre 1/1/2004 e 31/07/2006, foram realizadas 1115 sorologias para a titulação
do anticorpo contra o antígeno de superfície do vírus da hepatite B no soro dos
profissionais da saúde de risco baixo ou alto para a ocorrência de acidentes pérfuro-
cortantes. As variáveis estudadas foram: idade, sexo, peso, altura, índice de massa
corporal, prática de atividades físicas, história atual ou passada de tabagismo,
quantidade de anos fumados, quantidade de cigarros fumados por dia, quantidade de
anos sem fumar, história social do uso de derivados etílicos, presença de doenças
infecciosas preexistentes, presença de doação de sangue ou hemotransfusão no
passado, história prévia de acidentes de trabalho ou de acidentes pérfuro-cortantes e
esquema vacinal recebido. Dos exames realizados, 729 foram reagentes e 386 não
reagentes, caracterizando uma soropositividade de 65,4% (IC 95%: 62,6 – 68,2). As
idades foram mais elevadas no grupo não reagente (p=0.000), houve mais mulheres
nos dois grupos (p=0.009), verificamos um maior número de profissionais da saúde de
alto risco no grupo reagente (p=0.000) e um maior número de profissionais da saúde
vacinados contra a hepatite B (p=0.000) e com o esquema completo (p=0.000) no grupo
reagente. Os profissionais da área de saúde estão mais expostos à hepatite B e devem
ser vacinados com o esquema proposto pela Organização Mundial de Saúde e o
Advisory Committee on Immunization Practices. As idades mais elevadas reduzem a
resposta à vacina e esquemas vacinais diferenciados são preconizados para os casos
não respondedores ao esquema convencional.
Palavras-chave: Hepatite B. Profissional de Saúde. Vacina. Soroconversão.
7
ABSTRACT
Hepatitis B and its sequels remain a great problem of public health. The risk of
developing the disease among health professionals is greater than among the rest of the
general adult population. The vaccine is a safe and efficient method in the primary
prevention of hepatitis B. The objectives of the present study were to analyze the
seroconversion of the antibody against the hepatitis B surface antigen in health
professionals, to analyze the profile of the health professionals that responded to the
vaccination, to define the vaccination scheme received, and to identify the conditions
that reduced the response to the vaccine. The study was a sero epidemiological
transversal survey, and was carried out in a tertiary hospital in the city of Rio de Janeiro.
From 1/1/2004 up to 31/07/2006, 1115 serologic tests were made for detection of the
antibody against hepatitis B surface antigen in the serum of the health professionals with
low or high risk of occurrence of perforate-cutting accidents. The variables studied were:
age, sex, weight, height, body mass index, physical activities, current or past history of
tabagism, number of years of tabagism, number of cigarettes smoked per day, length of
time without smoking, social history of the use of alcoholic beverages, presence of
preexisting infectious diseases, blood donation or transfusion in the past, previous
history of perforate-cutting accident or work related accidents, and the received vaccine
scheme. Of the tests carried out, 729 were reactive and 386 non-reactive ones,
characterizing a seropositivity of 65.4% (IC 95%: 62.6 – 68.2). The subjects in the non-
reactive group (p=0.000) were older, and in both groups the large majority was of female
subjects (p= 0.009). In the reactive group (p=0.000) a greater number of high risk health
professionals were found, as well as a greater number of health professionals who had
been vaccinated against hepatitis B (p=0.000) with the complete scheme (p=0.000).
Professionals of the health area are more exposed to hepatitis B and, therefore, must be
vaccinated according to the scheme proposed by the World Health Organization and
Advisory Committee on Immunization Practices. Aging reduces the response to the
vaccine, and differentiated vaccine schemes are recommended for the non-respondents
to the conventional scheme.
Key-words: Hepatitis B. Health Professional. Vaccine. Seroconversion.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Distribuição de Freqüência dos Sexos entre os Grupos................... 34
Tabela 2
Distribuição de Freqüências de Doenças Infecciosas entre os
Grupos............................................................................................... 36
Tabela 3
Distribuição das Freqüências de Doadores de Sangue entre os
Grupos............................................................................................... 37
Tabela 4
Distribuição de Freqüências de Hemotransfundisos entre os
Grupos............................................................................................... 38
Tabela 5
Prática de Atividades Físicas entre os Grupos.................................. 39
Tabela 6
Tabagismo entre os Grupos.............................................................. 40
Tabela 7
Etilismo entre os Grupos................................................................... 42
Tabela 8
Acidente de Trabalho entre os Grupos.............................................. 44
Tabela 9
Tipos de Acidentes de Trabalho entre os Grupos............................. 44
Tabela 10
Vacinados contra a HB entre os Grupos........................................... 45
Tabela 11
Esquema de Vacinação contra a HB entre os Grupos...................... 47
Tabela 12
Esquema de Vacinação contra a HB entre os Grupos...................... 47
Tabela 13
Profissionais da Saúde de Risco entre os Grupos............................ 49
Tabela 14
Modelo de Regressão Logística Binária não Condicional................. 50
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Resultado do Anti-HBs ........................................................................ 33
Figura 2
Distribuição das Idades entre os Grupos............................................. 34
Figura 3
Distribuição dos Sexos entre os Grupos.............................................. 35
Figura 4
Distribuição de Freqüências de Doenças Infecciosas entre os
Grupos.................................................................................................. 36
Figura 5
Distribuição de Freqüências de Hemotransfundisos entre os Grupos. 38
Figura 6
Tipos de Acidentes de Trabalho entre os Grupos................................ 45
Figura 7
Vacinados contra a HB entre os Grupos.............................................. 46
Figura 8
Esquema de Vacinação contra a HB entre os Grupos......................... 48
Figura 9
Profissionais da Saúde de Risco entre os Grupos............................... 49
10
LISTA DE SIGLAS
Anti-HBs – Anticorpo contra o Antígeno de Superfície do Vírus da Hepatite B
HB – Hepatite B
HBIG – Imunoglobulina Hiper-imune contra a Hepatite B
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
MS – Ministério da Saúde
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde
UF – Unidade Federada
VHB – Vírus da Hepatite B
VHC – Vírus da hepatite C
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................
12
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................
12
1.2 EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE B.....................................................
20
1.3 MODOS DE TRANSMISSÃO...............................................................
24
2 METODOLOGIA...................................................................................
29
2.1 TIPO DE PESQUISA............................................................................
29
2.2 COLETA DE DADOS............................................................................
29
2.3 ANÁLISE DE DADOS...........................................................................
31
3 RESULTADOS..................................................................................... 33
4 DISCUSSÃO.........................................................................................
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................
59
ANEXO A Modelo da Ficha Médica..................................................
ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética .............................................
67
70
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A hepatite B (HB) e suas seqüelas permanecem como um grande problema de
saúde pública. Aproximadamente 30% da população mundial – 2 bilhões de pessoas –
têm alguma evidência sorológica de contato com o vírus da hepatite B (VHB). Estima-se
em mais de 350 milhões o número global de portadores crônicos, dos quais cerca de
um milhão morrem anualmente de doenças diretamente relacionadas à agressão
hepática pelo VHB. (MAYNARD, 1990, p.18)
No Brasil, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do
Ministério da Saúde (MS) (2002), a taxa média de prevalência do antígeno de superfície
do VHB em doadores de sangue situa-se em 0,7% . (PORTAL da saúde, 2006)
A distribuição geográfica do VHB é heterogênea. No Brasil, as áreas de baixa
prevalência localizam-se no sul e sudeste e as de alta prevalência na região
Amazônica. (PORTAL da saúde, 2006)
Importante declínio na incidência da infecção pelo VHB foi observado em várias
regiões do mundo, devido à adoção de medidas preventivas envolvendo programas de
educação pública em saúde, melhorias higiênico-sanitárias, políticas de controle de
infecção em hospitais e clínicas, controle de hemoderivados e, especialmente, o acesso
a uma vacina segura e eficaz. (MILLER; FINELLI; BELL, 2004, p.416-417) (DODD,
1992, p.419)
A vacina contra a HB é utilizada desde o início do ano de 1980. Considerada o
maior avanço no controle da doença, foi aclamada como a primeira vacina capaz de
13
reduzir a incidência, não apenas de uma doença infecciosa, mas também de uma
neoplasia maligna, o carcinoma hepatocelular. (KEATING; NOBLE, 2003, p.1021)
A prevalência de HB tem sido reduzida em países onde a vacinação foi
implementada, porém permanece alta em populações de risco acrescido e em países
onde a transmissão vertical e horizontal intra-domiciliar não é controlada. (PORTAL da
saúde, 2006)
Alguns estudos do final da década de 80 e início de 90 sugeriram uma tendência
crescente da infecção pelo VHB em direção à região Sul/Norte. Assim, considerava-se
que ocorriam três padrões de distribuição da HB: alta endemicidade, com prevalência
superior a 7%, presente na região Amazônica, alguns locais do Espírito Santo e oeste
de Santa Catarina; endemicidade intermediária, com prevalência entre 2 e 7%, nas
regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e baixa endemicidade, com prevalência
abaixo de 2% na região Sul do país. (PORTAL da saúde, 2006)
No entanto, esta infecção é muito dinâmica e variável.
Com a implementação de campanhas de vacinação contra a HB em algumas
regiões do estado do Amazonas, desde 1989, e a implantação da vacina em menores
de um ano e em menores de 15 anos em 1991 e 1996 respectivamente, este padrão
vem se modificando na região, como atestam estudos mais recentes. Na região de
Lábrea, estado do Amazonas, a taxa de portadores crônicos do VHB passou de 15,3%
em 1988 para 3,7% em 1998. Na região de Ipixuna, esta queda foi de 18 para 7%.
(PORTAL da saúde, 2006)
14
No ano de 1992 implantou-se a vacinação no estado do Acre para as mesmas
faixas etárias e, em 1993, para o restante da Amazônia Legal. Naquele estado esta
ação também teve impacto: estudo de base populacional em 12 de seus 24 municípios
apresentou taxa de antígeno de superfície do VHB de 3,4%. Outros trabalhos também
classificam a Região Norte como de baixa ou moderada endemicidade, permanecendo
com alta endemicidade a região sudeste do Pará. (PORTAL da saúde, 2006)
Em 1993 foi implantada a vacinação para menores de quatro anos nos Estados
de Santa Catarina, Espírito Santo, Paraná, redefinida em 1996 para menores de 15
anos e nesse mesmo ano, no restante do país, para menores de um ano. Na Região
Sul, categorizada como de baixa endemicidade, permanecem com prevalência
moderada a região oeste de Santa Catarina e com alta endemicidade o oeste do
Paraná, região que teve a faixa etária para a vacinação estendida para menores de 15
anos em 1998. (PORTAL da saúde, 2006)
A região Sudeste como um todo apresenta baixa endemicidade, com exceção do
Sul do Espírito Santo e do Nordeste do estado de Minas Gerais, onde ainda são
encontradas altas prevalências. A região Centro-Oeste é de baixa endemicidade, a
exceção do norte do Mato-Grosso com prevalência moderada. O Nordeste como um
todo está em situação de baixa endemicidade. (PORTAL da saúde, 2006)
Com o objetivo de encurtar cortes de susceptíveis para a infecção pelo VHB, a
imunização contra a HB foi estendida, em todo o território, para a idade até os 19 anos.
(PORTAL da saúde, 2006)
15
A vigilância epidemiológica das hepatites virais no Brasil utiliza o sistema
universal e passivo, baseado na notificação de casos suspeitos. O número de
notificações não reflete a real incidência da infecção, pois a grande maioria dos
acometidos apresenta formas assintomáticas ou oligossintomáticas, sendo dificilmente
captados. Estados e municípios estão em diferentes estágios de implantação, refletindo
diferentes níveis de sensibilidade e de capacitação das equipes das vigilâncias
epidemiológicas. (PORTAL da saúde, 2006)
O MS decidiu aplicar a vacina em adultos que compõem o grupo de risco, como
profissionais da saúde, policiais, integrantes de equipes de resgate, carcereiros e outros
que tenham contato com sangue e secreções corporais. (PORTAL da saúde, 2006)
Estima-se que ocorram no mundo, anualmente, entre 600 e 800 mil acidentes
pérfuro-cortantes entre profissionais de saúde. Destes, aproximadamente 50% não são
registrados. (NEEDLESTICK…, 1999, p.381-408) O risco de se contrair a HB entre os
profissionais de saúde é quatro vezes maior do que entre a população adulta em geral.
(BYRNE, 1966, p.362-364)
A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada ano, na Europa, 304 mil
profissionais da saúde exponham-se a, pelo menos, um acidente pérfuro-cortante com
material biológico de indivíduos portadores do VHB, 149 mil com o vírus da hepatite C
(VHC) e 22 mil com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). O risco de adquirir
infecção após a exposição ocupacional é estimado em menos de 0,3% para o HIV, em
0,5% para o VHC e em 18%-30% para o VHB, dependendo do tipo da exposição. (2003
apud PRÜSS-ÜSTÜN; RAPITI; HUTIN, 2006)
16
Segundo Ciorlia e Zanetta a prevalência do VHB entre profissionais de saúde
(0,8%) foi significativamente maior do que em candidatos a doação de sangue (0,2%).
Nos profissionais de saúde com cargos administrativos, sem contato com pacientes, a
prevalência de infecção pelo VHB foi semelhante a dos candidatos à doação de
sangue. Também concluíram que, entre os profissionais de saúde vacinados contra a
HB, 86,4% tornaram-se imunes a esta enfermidade. A análise multivariada mostrou
piora da resposta à vacinação contra a HB com o avançar da idade. (CIORLIA;
ZANETTA, 2005, p.384-389)
Ciorlia e Zanetta encontraram o anticorpo contra o antígeno do core do VHB
reagente no soro de 9,4% dos profissionais da saúde de um hospital universitário
terciário, em São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. (CIORLIA; ZANETTA, 2005,
p.384-389) Dados semelhantes foram encontrados por Uip e colaboradores (10,4%),
(UIP, 1995, p.141-143) Coelho e colaboradores (9,7%) (COELHO, 1990, p.71-76) e
Fernandes e colaboradores (8,1%). (FERNANDES, 1999, p.122-128) A freqüência do
anticorpo contra o antígeno do core do VHB no soro foi maior nos profissionais de
saúde mais idosos e lotados nos setores de risco máximo (hemodiálise, hemocentro,
emergência, banco de sangue, hemodinâmica, doenças infecciosas, laboratório,
unidade de tratamento intensivo e unidade de transplante). (CIORLIA; ZANETTA, 2005,
p.384-389)
Segundo Gutierrez e colaboradores não houve soroconversão dos 404
profissionais de saúde expostos ao material biológico de pacientes reagentes para o
anticorpo contra o antígeno do VHC, antígeno de superfície do VHB e anticorpo contra
o antígeno do HIV, quando realizadas as profilaxias adequadas após 3 horas da
17
exposição. (GUTIERREZ; LOPES; YASUDA, 2005, p.295-300) O mesmo resultado foi
encontrado por Baldo e colaboradores. (BALDO, 2002, p.325-327)
Segundo Johnston e O’Conor há um atraso entre a ocorrência do acidente
pérfuro-cortante e a apresentação do profissional de saúde para a avaliação e o
tratamento deste acidente. Há necessidade de maior educação entre os profissionais
de saúde neste sentido para reduzir a prevalência de infecções adquiridas após esta
forma de exposição. (JOHNSTON; O’CONOR, 2005, p.10-12)
Os esquemas vacinais contra a HB são bastante flexíveis, podendo ser
modificados em número e intervalo de doses, bem como em quantidade de antígeno. O
esquema mais utilizado para crianças e adultos é o de três doses, sendo a segunda e a
terceira aplicadas um e seis meses após a inicial (esquema 0, 1 e 6). A administração
deve ser intramuscular, na região deltóide, exceto nas crianças com menos de um ano
de idade (face antero lateral média da coxa). (KEATING; NOBLE, 2003, p.1021)
(LEMON; THOMAS, 1997, p.196)
Em crianças são utilizados 5 a 10 μg de antígeno por dose. Em adultos, a dose
preconizada varia de 10 a 20 μg de antígeno, de acordo com a formulação utilizada.
(ATKINSON, 2002, p.1-35) (ZIMMERMAN, 2003, p.2453-2456)
Segundo Playford e colaboradores, mais de 90% dos profissionais de saúde não
respondedores à vacina recombinante contra a HB administrada por via intramuscular,
que receberam a mesma vacina pela via intra-dérmica, tiveram títulos de anticorpo
contra o antígeno de superfície do VHB (anti-HBs) protetores duas semanas após as 4
doses, com intervalo de 2 semanas entre elas. (PLAYFORD, 2002, p.87-90)
18
O objetivo da vacinação é induzir resposta anticorpogênica protetora contra o
VHB. A Organização Mundial de Saúde e o Advisory Committee on Immunization
Practices consideram resposta vacinal adequada ou soroproteção o título sérico do anti-
HBs 10 mUI/ml (ensaio imuno-enzimático), aferido entre um e seis meses após o
término do esquema de vacinação. (ASSAD; FRANCIS, 2000, p.57) (KEATING; NOBLE
2003, p.1021) (LEMON; THOMAS, 1997, p.196)
A vacina é capaz de induzir soroproteção em 90 a 95% dos adultos sadios e em
mais de 98% das crianças e adolescentes. (ASSAD; FRANCIS, 2000, p.57)
O decréscimo da competência imunológica das células T e B, com o avanço da
idade, pode contribuir para o prejuízo da resposta à vacina contra a HB. Outros fatores
que, reconhecidamente, afetam negativamente a resposta vacinal são o sexo
masculino, a obesidade e o tabagismo. Doenças crônicas, com caráter imunodepressor,
como a insuficiência renal, a síndrome de imunodeficiência adquirida e a cirrose
hepática, têm sido associadas à baixa imunogenicidade da vacina, e esquemas
vacinais diferenciados são preconizados para esses pacientes. (HOLLINGER, 1989,
p.36)
Muito se tem discutido a respeito da necessidade de reforço da vacina contra a
HB 10 a 15 anos após a primeira vacinação em profissionais da saúde de área
endêmica, em pacientes imunocomprometidos com anti-HBs inferior a 10 mUI/ml e em
pacientes vacinados sem a possibilidade da titulação do anti-HBs. (JOHN, 2005, p.5-10)
Nakao e colaboradores analisaram 104 profissionais de saúde japoneses que
receberam o esquema de três doses da vacina contra a HB. Oitenta tornaram-se anti-
HBs não reagente em média 2,4 anos após o primeiro ciclo de vacinação e 24 não
19
responderam à vacina. Dos revacinados, 96% alcançaram nível sérico do anti-HBs de
10 mIU/ml ou mais, um mês após a revacinação. O protocolo de três doses adicionais
da vacina contra a HB foi benéfico para manter a soroproteção dos profissionais de
saúde estudados. (NAKAO, 2003, p.3789-3794)
Contudo, uma vez que muitos profissionais de saúde não foram vacinados contra
a HB ou receberam a vacina em esquemas diferentes daqueles preconizados pela
Organização Mundial de Saúde e pelo Advisory Committee on Immunization Practices,
é fundamental analisar a soroconversão do anti-HBs nestes profissionais, para definir
quais deles estão protegidos desta doença.
Segundo Murray e Skull a cobertura vacinal dos profissionais de saúde e o
conhecimento da necessidade de vacinação entre eles são inadequados. Os
questionamentos a respeito dos efeitos colaterais da vacina foram comuns. Recursos
adequados em programas de vacinação entre profissionais de saúde (incluindo
educação e acesso) são necessários para melhorar a cobertura vacinal e reduzir o risco
de doenças preveníveis pela vacinação. (MURRAY; SKULL, 2002, p.65-68)
Ciorlia e Zanetta tiveram uma adesão de 73,5% dos profissionais de saúde ao
programa de vacinação contra a HB com três doses. (CIORLIA; ZANETTA, 2005,
p.384-389) Costa e colaboradores encontraram adesão de apenas 39,3% (COSTA,
1997, p.248-255) e Luz e colaboradores de 58,9%. (LUZ, 2000, p.144-151) A adesão
aos programas de imunização contra a HB está relacionada à explicação prévia dos
riscos e da eficácia da vacina utilizada. Os melhores resultados neste sentido ocorreram
em hospitais que pagaram pela vacina e tornaram-na obrigatória entre os profissionais
de saúde. (ALEXANDER, 1990, p.610-616)
20
A análise da soroconversão do anti-HBs em profissionais de saúde é o tema
proposto para pesquisa e estudo.
1.2 EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE B
A hospitalização, o câncer e as mortes relacionadas ao VHB dobraram na
década passada nos Estados Unidos e no restante do mundo. Apesar da
disponibilidade de uma vacina segura e eficaz a morbidade e a mortalidade secundárias
à HB persistem elevadas. (KIM, 2002, p.222)
A incidência da doença apresenta amplas variações geográficas, indo, por ano,
de 0,1 a 120 casos por 100000 habitantes, em áreas de diferentes características
endêmicas. A prevalência de portadores do VHB varia de 0,1% a 20%, dependendo da
área considerada. Entre os países de baixa prevalência estão os Estados Unidos, o
Canadá, os países da Europa ocidental, Austrália e Nova Zelândia. A prevalência
nestes locais varia de 0,1% a 2%. Os países de prevalência intermediária (entre 3% e
5%) são aqueles do Mediterrâneo, Japão, Ásia central e América Latina. Já as áreas de
alta prevalência (entre 10% e 20%) são o sudeste da Ásia, a China, a África abaixo do
Sahara e a maioria das ilhas do Pacífico. (ALTER, 1990, p.1218) (MAYNARD, 1990,
p.18)
Estima-se que existam, no Brasil, cerca de quatro milhões de pessoas infectadas
pelo VHB, com elevada endemicidade na Amazônia ocidental, regiões norte e nordeste.
Merecem também registro alguns focos de alta prevalência da infecção no Espírito
Santo, nordeste de Minas Gerais e norte do Paraná. Por outro lado, nas regiões
21
sudeste e sul a prevalência do antígeno de superfície do VHB na população é inferior a
1%. (PORTAL da saúde, 2006)
O quadro um mostra a incidência da HB no Brasil nos anos de 2000 até 2004
(dados colhidos do SINAN).
22
Quadro 1: Incidência da Hepatite B nos Estados do Brasil nos anos de 2000 até
2004 - casos confirmados segundo UF do Brasil.
UF Casos
confirmados
2000
Casos
confirmados
2001
Casos
confirmados
2002
Casos
confirmados
2003
Casos
confirmados
2004
Rondônia 179 202 189 229 316
Acre 230 218 252 170 158
Amazonas 91 99 211 142 243
Roraima 54 21 62 33 47
Pará 84 60 94 128 138
Amapá 55 21 43 96
Tocantins 252 88 38 110 120
Maranhão 44 156 157 156 233
Piauí 29 16 21 13 20
Ceará 73 96 143 96 132
Rio Grande
do Norte
48 15 16 2 14
Paraíba 20 23 63 72 252
Pernambuco 267 196 133 221 318
Alagoas 24 40 117 117 201
Sergipe 34 5 30 40 58
Bahia 269 361 296 322 290
Minas Gerais 299 232 158 441 612
Espírito
Santo
319 224 185 650 587
Rio de
Janeiro
1667 1243 1032 1548 1851
São Paulo 555 597 623 1943 3034
Paraná 1243 834 591 1356 1415
Santa
Catarina
1167 864 864 1003 1077
Rio Grande
do Sul
1068 930 710 949 1208
Mato Grosso
do Sul
172 192 200 255 344
Mato Grosso 158 114 164 205 233
Goiás 445 392 298 409 464
Distrito
Federal
108 90 39 136 121
Total 8945 7308 6707 10789 13582
Fonte: MS/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN – 2000 à
2004.
23
Nos países desenvolvidos, a HB é prevalente nos indivíduos com práticas de
risco, e nas regiões mais pobres ela tem caráter endêmico, predominando na infância.
(PORTAL da saúde, 2006)
Há evidências de que a reutilização de equipamentos de injeções ainda cause
até 20 milhões de infecções pelo VHB a cada ano. (EDDLESTON, 1997, p.1339)
(MANAGEMENT... , 1997, p.349-363)
A infecção aguda é resolvida em mais de 95% dos adultos jovens
imunocompetentes, com desaparecimento do antígeno de superfície do VHB e
surgimento, algum tempo depois, do anti-HBs. A infecção pelo VHB pode, pois, evoluir
para a recuperação em 95% dos adultos jovens, para hepatite fulminante em menos de
1% dos casos, para o estado de portador crônico em até 5% dos casos e para o estado
de portador inativo. O risco de infecção crônica pelo VHB está inversamente
relacionado à idade da infecção aguda. Nos casos de infecção aguda adquirida no
período perinatal a cronificação ocorre em 90% dos indivíduos. (BEASLEY, 1982,
p.198) (STEVENS, 1985, p.1740) Menos de 5% dos adultos com infecção aguda pelo
VHB evoluem à forma crônica da doença. (TASSOPOULOS, 1987, p.1844)
Aproximadamente um milhão e 200 mil pessoas nos Estados Unidos têm HB
crônica e são fonte de transmissão para outros indivíduos. A incidência de infecção
aguda pelo VHB tem sido reduzida desde 1990 (de 8,5 para 2,8 casos por 100000
habitantes), graças à vacinação de rotina entre crianças e adolescentes. Já na
população adulta, esta incidência tem aumentado desde 1999, em virtude da
promiscuidade sexual e do uso de drogas ilícitas parenterais. (MILLER; FENELLI;
BELL, 2004, p.416-417)
24
Pelas estimativas da Organização Mundial de Saúde é provável que surjam mais
de cinco milhões de casos novos de HB a cada ano. (MARGOLIS, 1991, p.84)
1.3 MODOS DE TRANSMISSÃO
As mais comuns vias de transmissão da HB são a vertical (perinatal, com
transmissão, ao nascimento, da mãe portadora ao neonato), a horizontal entre crianças,
a parenteral (por injeções e transfusões contaminadas) e a sexual (pelas práticas
homossexuais ou heterossexuais descuidadas). (CENTER FOR DISEASE CONTROL
AND PREVENTION, 1991, p.1-19)
A transmissão parenteral ocorre, por exemplo, pelo compartilhamento de agulhas
e seringas contaminadas. É freqüente a transmissão pelo contato sexual, aumentando,
naturalmente, com as práticas promíscuas e traumáticas. A possibilidade de
transmissão oral é muito pequena. Entre os grupos com maior chance de adquirir a
infecção, estão os profissionais não-vacinados da área de saúde, pelo risco de
sofrerem lesões inadvertidas por agulhas infectadas. A transmissão vertical (materno-
fetal) e a horizontal entre crianças, que, ao brincarem juntas, mordem-se ou arranham-
se são freqüentes nas regiões endêmicas. (LOK, 2000, p.89) (MARGOLIS, 1991, p.84)
Outros grupos de risco incluem os indivíduos sexualmente promíscuos, turistas e
estudantes que não façam sexo seguro, militares, bombeiros e policiais, populações
migrantes, desabrigados, usuários de drogas ilícitas injetáveis, pacientes em
hemodiálise ou que sofreram procedimentos invasivos com material contaminado, como
transfusões, injeções e cirurgias, além de pessoas que realizem, de modo descuidado,
25
tatuagens, piercings, acupuntura, escarificação tribal e circuncisão. (CENTER FOR
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1991, p.1-19)
O VHB pode ser transmitido por vários líquidos corporais, como o sangue, sêmen
e saliva, através do contacto com mucosas ou ferimentos na pele. As maiores
concentrações são observadas no sangue e em exudatos serosos. Estima-se que o
risco de transmissão do VHB através de um único episódio de ferimento com agulha
contaminada seja de 30%, comparado com 3% em relação ao VHC e 0,3% em relação
ao HIV. É ainda discutível a possibilidade de transmissão pelo leite materno; porém,
durante o aleitamento, pode acontecer, devido às repetidas sucções do mamilo,
rachaduras e pequenos sangramentos, causadores de transmissão. (CENTER FOR
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1991, p.1-19)
A infecção perinatal é a forma predominante de transmissão nas áreas de alta
prevalência (COURSAGET, 1987, p.1) (STEVENS, 1975, p.292), a horizontal nas áreas
de prevalência intermediária e a sexual ou parenteral nas de baixa prevalência.
(ALTER, 1990, p.1218)
A infecção em recém-natos de mães com antígeno “e” do VHB reagente ocorre
em mais de 90% dos casos. (STEVENS, 1975, p.292) O parto cesariano não previne a
transmissão materno-infantil do VHB. O risco de transmissão perinatal está diretamente
relacionado ao estado replicativo da mãe. Ocorre em 85% a 90% das crianças nascidas
de mães com o antígeno “e” do VHB reagente e em 32% daquelas com o antígeno “e”
do VHB não reagente. (STEVENS, 1985, p.1740) O antígeno de superfície do VHB
deve ser testado em todas as mulheres na primeira consulta do pré-natal ou pelo
menos no último trimestre da gestação.
26
O VHB sobrevive fora do corpo humano por um período prolongado. Com isto, a
transmissão através de artigos intra-domiciliares (escovas de dentes, tesouras, alicates
de unhas e brinquedos compartilhados) pode ocorrer.
A incidência de transmissão do VHB pela transfusão de sangue e seus derivados
reduziu após a testagem obrigatória do antígeno de superfície do VHB nos doadores.
(DODD, 1992, p.419) Os pacientes que recebem múltiplas transfusões, como
hemofílicos e talassêmicos estão mais suscetíveis a esta forma de transmissão.
A via sexual constitui a principal forma de disseminação do VHB em países
desenvolvidos. (ALTER, 1990, p.1218) (MAYNARD, 1990, p.18) Esta forma de
transmissão é responsável por 50% dos casos de hepatite aguda B nos Estados
Unidos. As campanhas de educação sexual para a prevenção do HIV reduziram a
incidência de transmissão do VHB em homossexuais, de 20% em 1982 para 7% em
1998. Neste mesmo período houve aumento na incidência desta doença entre os
heterossexuais promíscuos e entre os usuários de droga ilícita parenteral. A vacinação
contra o VHB e o uso de preservativos estão indicados nos indivíduos com múltiplos
parceiros sexuais. (CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2003, p.1-
36)
Os profissionais de saúde portadores do VHB com o antígeno “e” do VHB
reagente devem utilizar em procedimentos duas luvas e evitar a prática de atividades
consideradas de risco para a transmissão deste vírus. (EDDLESTON, 1997, p.1339)
(MANAGEMENT... , 1997, p.349-363)
A profilaxia após exposição ao sangue e às secreções infectadas está indicada
em todos os indivíduos que não foram vacinados. A vacina deve ser aplicada nas
primeiras 12 horas após a exposição. Se o indivíduo fonte for sabidamente antígeno “e”
27
do VHB reagente, a imunoglobulina hiperimune (HBIG) deve ser administrada nesta
mesma ocasião. As duas outras doses da vacina devem ser aplicadas conforme o
calendário convencional. Nos pacientes vacinados e com título de anti-HBs igual ou
superior a 10 mUI/ml não há necessidade de qualquer medida profilática adicional. Os
indivíduos não respondedores à vacina devem receber duas doses de HBIG, com
intervalo de 30 dias entre elas. (EDDLESTON, 1997, p.1339) (MANAGEMENT... , 1997,
p.349-363)
A co-infecção com o HIV e VHB é freqüente, devido às semelhanças
epidemiológicas e de transmissão compartilhadas por ambos. A prevalência da infecção
pelo HIV em homossexuais masculinos, usuários de drogas ilícitas injetáveis e
hemofílicos é da ordem de 70 a 90%. Desse modo, o Centers for Disease Control and
Prevention admite que 10% de todos os indivíduos infectados pelo HIV também estejam
infectados pelo VHB. (CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1992
p.1-19)
A co-infecção VHB/HIV ocorre em número considerável e é explicada pelas vias
de transmissão comuns a estes dois vírus, basicamente sexual, vertical e parenteral.
(PAVAN, 2003, p.253-261)
Estima-se no mundo que 40 milhões de pessoas estejam cronicamente
infectadas pelo HIV. Destas, 2 a 4 milhões têm co-infecção crônica pelo VHB. Entre os
pacientes HIV no oeste da Europa e nos Estados Unidos a hepatite crônica B foi
encontrada em 6 a 14% dos casos, sendo 4 a 6% entre heterossexuais, 9 a 17% entre
homossexuais masculinos e 7 a 10% entre usuários de drogas ilícitas injetáveis.
(ALTER, 2006, p.6-9)
28
A co-infecção do HIV com o VHB influencia no curso e na história natural destas
doenças. A chance de clareamento espontâneo do VHB é menor do que nos pacientes
mono-infectados pelo VHB e a progressão para fibrose hepática e cirrose
descompensada, ocorre mais rapidamente. (PUOTI, 2006, p.65-67)
As hepatites B e C compartilham do mesmo modo de transmissão e a
combinação de infecção por estes dois vírus é mais comum do que se imaginava.
Muitos estudos têm demonstrado que o genoma do VHB pode estar presente em
pacientes com o antígeno de superfície do VHB não reagente, sobretudo nos casos de
portadores crônicos do VHC. Este evento é conhecido, na atualidade, como infecção
oculta pelo VHB. Esta associação está relacionada à progressão mais rápida da fibrose
hepática, com evolução à cirrose e hepatocarcinoma mais precocemente. (RAIMONDO;
CACCIAMO; SAITTA, 2005, p.100-106)
Chandra e colaboradores encontraram co-infecção do VHB com o VHC em
37,1% dos pacientes renais crônicos com história de transplante renal ou mantidos em
hemodiálise, na Índia. (CHANDRA, 2004, p.374-376)
29
2 METODOLOGIA
2.1 TIPO DE PESQUISA
O estudo foi um inquérito soro epidemiológico transversal.
2.2 COLETA DE DADOS
A pesquisa de campo foi realizada com os profissionais de saúde do Hospital
Quinta D’Or.
O Hospital Quinta D’Or é terciário e localiza-se no município do Rio de Janeiro.
Tem um total de 1500 funcionários em diferentes turnos de trabalho (manhã, tarde e
noite), com 206 leitos, sendo 58 de unidade de tratamento intensivo (geral e pós-
operatório). Há 6 leitos de unidade de tratamento intensivo neo-natal e os restantes 142
leitos são quartos para internações clínicas, cirúrgicas, pediátricas e obstétricas. Ocorre
uma média de 35 cirurgias por dia, em 13 salas de cirurgia.
A titulação do anti-HBs no soro, pela técnica de ensaio imuno-enzimático, foi
incluída na rotina dos exames admissionais e periódicos de funcionários considerados
de risco biológico, do Hospital Quinta D’Or (médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, técnicos de raios X, maqueiros, copeiros, cozinheiras, funcionários da
governança, higiene e rouparia, recepcionistas, telefonistas, nutricionistas, auxiliares
administrativos, do estoque e de compras, diretores e funcionários da farmácia). O kit
utilizado para o teste quantitativo do anti-HBs foi o da marca Dade Behring. A
sensibilidade referida do teste é de 100% e a especificidade de 99,7%.
30
Consideramos estes profissionais da saúde como de risco baixo ou alto para a
ocorrência de acidentes pérfuro-cortantes. No grupo de alto risco incluímos os médicos,
os enfermeiros, os técnicos de enfermagem e a equipe do laboratório. Já no de baixo
risco incluímos os técnicos de raios X, os maqueiros, os copeiros, as cozinheiras, os
funcionários da governança, higiene e rouparia, as recepcionistas, as telefonistas, as
nutricionistas, os auxiliares administrativos, do estoque e de compras, os diretores e os
funcionários da farmácia.
No período entre 1/1/2004 e 31/07/2006, foram realizadas 1115 sorologias para a
titulação do anti-HBs no soro dos funcionários considerados de risco biológico. Dos
exames realizados, 729 foram reagentes e 386 não reagentes, caracterizando uma
soropositividade de 65,4% (IC 95%: 62,6 – 68,2).
Chamamos os profissionais da saúde com anti-HBs não reagente de grupo 1 e
os com anti-HBs reagente de grupo 2.
O exame admissional ou periódico incluiu a história clínica e o exame físico dos
profissionais da saúde. Neste mesmo momento os dados de história e exame clínico
foram registrados no prontuário médico do setor de medicina ocupacional do Hospital
Quinta D’Or. O modelo da ficha médica preenchida durante o exame admissional ou
periódico encontra-se em anexo A.
Fizemos uma revisão dos dados de prontuário destes profissionais da saúde e
analisamos as variáveis que afetaram negativamente a resposta vacinal. As variáveis
consideradas para a análise foram: idade, sexo, peso, altura, índice de massa corporal,
prática regular de atividades físicas, história atual ou passada de tabagismo, quantidade
de anos fumados, quantidade de cigarros fumados por dia, quantidade de anos sem
fumar, história social do uso de derivados etílicos, presença de doenças infecciosas
31
preexistentes, presença de doação de sangue ou hemotransfusão no passado, história
prévia de acidentes de trabalho ou de acidentes pérfuro-cortantes.
Também fez parte do estudo a análise do esquema vacinal recebido pelos
profissionais de saúde. A comprovação da vacinação contra a HB foi através da
identificação desta vacina no cartão de vacinação do profissional da saúde apresentado
durante o exame admissional ou periódico. Foram registradas no prontuário médico a
quantidade de doses recebidas e o intervalo entre estas doses. Consideramos como
completo o esquema de vacinação com três doses, sendo a segunda e a terceira
aplicadas um e seis meses após a inicial (esquema 0, 1 e 6). Nos casos de vacinação
incompleta consideramos a quantidade de doses tomadas (uma ou duas).
O parecer consubstanciado sobre o projeto de pesquisa, do Comitê de Ética em
Pesquisa da Rede D’Or, encontra-se em anexo B.
2.3 ANÁLISE DE DADOS
Os dados foram armazenados em bancos de dados, utilizando o programa Epi
Info.
Nos dados referentes às variáveis discretas obtivemos valores percentuais,
enquanto que nas variáveis contínuas foram obtidas medidas de tendência central e
variação (média aritmética, mediana, desvio padrão, mínimo e máximo). (RODRIGUES,
2002)
O teste “t” de Student foi aplicado para a comparação das médias aritméticas das
idades, dos pesos, das alturas e do índice de massa corporal. (RODRIGUES, 2002)
32
O teste não-paramétrico de X
2
(qui-quadrado) foi empregado para verificar o
comportamento das distribuições de freqüências dos sexos quanto aos grupos. O
mesmo foi feito para as variáveis doenças infecciosas, doação de sangue,
hemotransfusão, prática de atividades físicas, uso de derivados etílicos, história social
de tabagismo, cargo de alto ou baixo risco e história pregressa de acidentes de
trabalho. (RODRIGUES, 2002)
O teste não-paramétrico de X
2
também foi empregado para verificar o
comportamento das distribuições de freqüências da vacinação contra a HB quanto aos
grupos e do esquema de doses desta vacina. (RODRIGUES, 2002)
O teste não-paramétrico de Mann-Whitney foi aplicado para comparar os valores
de anos fumados entre os grupos, devido a grande variabilidade dos mesmos. Este
mesmo teste foi feito para o consumo de cigarros por dia e para a quantidade de anos
sem fumar. (CAMPOS, 1983)
Em todos os testes estatísticos utilizados foi adotado o vel de significância de
5%.
33
3 RESULTADOS
Na figura 1 apresentamos os resultados referentes aos valores percentuais,
quanto ao teste anti-HBs, segundo a sua reatividade ou não.
Figura 1: Resultado do Anti-HBs.
Consideramos os profissionais da saúde com o anti-HBs não reagente do grupo
1 e aqueles com o anti-HBs reagente do grupo 2.
Englobando todos os profissionais da saúde do estudo encontramos o anti-HBs
reagente em 65,4% dos casos e não reagente em 34,6% dos casos.
No grupo 1 a média aritmética das idades foi 31.4 anos, o desvio padrão 8.4
anos e a mediana das idades 29 anos. A idade mínima neste grupo foi 18 anos e a
máxima 56 anos (Figura 2).
No grupo 2 a média aritmética das idades foi 29.3 anos, o desvio padrão 7.2
anos e a mediana das idades 27 anos. A idade mínima neste grupo foi 18 anos e a
máxima 59 anos (Figura 2).
ANTI HBs
34.6%
65.4%
anti HBs - Não Reagente anti HBs - Reagente
34
Figura 2: Distribuição das Idades entre os Grupos.
As idades foram mais elevadas no grupo 1 [t = 4.47 (p=0.000)]. Foi aplicado o
teste “t” de student, para comparação das médias aritméticas das idades e verificamos
diferença significativa.
No grupo 1 houve 124 profissionais de saúde do sexo masculino (32.1%) e 262
(67.9%) do sexo feminino (Tabela 1 e Figura 3).
No grupo 2 houve 181 profissionais de saúde do sexo masculino (24.8%) e 548
(75.2%) do sexo feminino (Tabela 1 e Figura 3).
Tabela 1: Distribuição de Freqüência dos Sexos entre os Grupos.
Sexo
Grupo 1
Grupo 2
Total
Masculino 124 181 305
Feminino 262 548 810
Total 386 729 1115
31,4
29,3
8,4
7,2
29
27
18 18
56
59
0
50
100
t = 4.47
(P=0.000)
Média
Aritmética
Desvio
Padrão
Mediana Mínimo Máximo
IDADE
anti HBs - Não Reagente anti HBs - Reagente
35
Figura 3: Distribuição dos Sexos entre os Grupos.
Para verificar o comportamento das distribuições de freqüências dos sexos
quanto aos grupos foi empregado o teste não-paramétrico de x
2
e verificamos uma
diferença significativa [x
2
= 6.76 (p=0.009)].
Avaliamos a presença de doenças infecciosas entre os profissionais da saúde
através da história patológica pregressa referida e registrada no prontuário.
Consideramos a presença de hepatite viral ou outras doenças infecciosas. As outras
doenças infecciosas identificadas foram viroses comuns da infância (catapora,
coqueluche, rubéola, sarampo e caxumba).
No grupo 1 identificamos 11 (2.8%) casos de hepatite viral, sendo um caso de
hepatite C e 289 (74.9%) casos de outras doenças infecciosas. Houve um total de 300
32.1%
24.8%
67.9%
75.2%
0
50
100
X
2
= 6.76
(P=0.009)
MASCULINO FEMININO
SEXO
anti HBs -o Reagente anti HBs - Reagente
36
(77.7%) casos de doenças infecciosas no grupo 1. Não houve relato de doença
infecciosa em 86 (22.3%) profissionais da saúde do grupo 1 (Tabela 2 e Figura 4).
No grupo 2 identificamos 13 (1.8%) casos de hepatite viral e 564 (77.4%) casos
de outras doenças infecciosas. Houve um total de 577 (79.2%) casos de doenças
infecciosas no grupo 2. Não houve relato de doença infecciosa em 152 (20.8%)
profissionais da saúde do grupo 2 (Tabela 2 e Figura 4).
Tabela 2: Distribuição de Freqüências de Doenças Infecciosas entre os Grupos.
Doenças
Infecciosas
Grupo 1 Grupo 2 Total
Hepatite 11 13 24
Outras 289 564 854
Não 86 152 238
Total 386 577 1115
Figura 4: Distribuição de Freqüências de Doenças Infecciosas
entre os Grupos.
2.8% 1.8%
74.9%
77.4%
22.3%
20.8%
0
50
100
X
2
=1.78(P=0.410)
HEPATITE OUTRAS NÃO
DOENÇAS INFECCIOSAS
anti HBs -o Reagente anti HBs Reagente
37
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto à presença de
hepatite [x
2
= 1.78 (p=0.410)].
Avaliamos a presença de doadores de sangue entre os profissionais da saúde
através da história referida e registrada no prontuário.
No grupo 1 houve 77 (19.9%) profissionais da saúde que doaram sangue no
passado, 308 (79.8%) sem história prévia de doação de sangue e em 1 caso não houve
informação sobre doação de sangue no prontuário (Tabela 3).
No grupo 2 houve 163 (22.4%) profissionais da saúde que doaram sangue no
passado e 566 (77.6%) sem história prévia de doação de sangue (Tabela 3).
Tabela 3: Distribuição das Freqüências de Doadores de Sangue entre os Grupos.
Doação de
Sangue
Grupo 1 Grupo 2 Total
Sem informação 1 - 1
Sim 77 163 240
Não 308 566 874
Total 386 729 1115
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto a doar sangue [x
2
= 2.72 (p=0.256)].
Avaliamos a presença de profissionais da saúde com relato no prontuário de ter
recebido sangue ou hemoderivados no passado.
No grupo 1 houve 6 (1.6%) profissionais da saúde que receberam sangue ou
hemoderivados no passado e 380 (98.4%) sem história prévia de receberem transfusão
de sangue e seus derivados (Tabela 4 e Figura 5).
38
No grupo 2 houve 25 (3.5%) profissionais da saúde que receberam sangue ou
hemoderivados no passado e 704 (96.6%) sem história prévia de receberem transfusão
de sangue e seus derivados (Tabela 4 e Figura 5).
Tabela 4: Distribuição de Freqüências de Hemotransfundisos entre os Grupos.
Transfusão Grupo 1 Grupo 2 Total
Sim 6 25 31
Não 380 704 1084
Total 386 729 1115
Figura 5: Distribuição de Freqüências de Hemotransfundisos
entre os Grupos.
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto a ter recebido
transfusão de sangue ou hemoderivados no passado [x
2
= 3.28 (p=0.070) RR = 0.55
(0.27 – 1.14)].
1.6% 3.5%
98.4% 96.6%
0
50
100
SIM NÃO
TRANSFUSÃO
anti HBs - Não Reagente anti HBs - Reagente
X
2
=3.28(P=0.070)
39
Avaliamos a realização de atividades físicas regulares entre os profissionais da
saúde estudados.
No grupo 1 houve 106 (27.5%) profissionais da saúde que praticavam atividades
físicas regularmente e 280 (72.5%) que não praticavam atividades físicas (Tabela 5).
No grupo 2 houve 200 (27.4%) profissionais da saúde que praticavam atividades
físicas regularmente e 529 (72.6%) que não praticavam atividades físicas (Tabela 5).
Tabela 5: Prática de Atividades Físicas entre os Grupos.
Atividade Física Grupo 1 Grupo 2 Total
Sim 106 200 306
Não 280 529 809
Total 386 729 1115
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto à prática regular
de atividade física [x
2
= 0.01 (p=0.992) RR = 1.0 (0.84 – 1.20)].
Avaliamos a presença de tabagismo conforme os dados resgatados do
prontuário na história social dos profissionais da saúde.
No grupo 1 houve 335 (86.8%) profissionais da saúde não tabagistas, 21 (5.4%)
tabagistas, 29 (7.5%) ex-tabagistas e não conseguimos resgatar dados sobre
tabagismo em 1 profissional da saúde (Tabela 6).
No grupo 2 houve 644 (88.3%) profissionais da saúde não tabagistas, 31 (4.3%)
tabagistas e 54 (7.4%) ex-tabagistas (Tabela 6).
40
Tabela 6: Tabagismo entre os Grupos.
Tabagismo Grupo 1 Grupo 2 Total
Sem informação 1 - 1
Não fumante 335 644 979
Fumante 21 31 52
Ex-fumante 29 54 83
Total 386 729 1115
Observamos um comportamento semelhante dos grupos quanto ao tabagismo
[x
2
= 2.73 (p=0.435)].
No grupo 1 a média aritmética dos anos fumados foi 16.2 anos, o desvio padrão
11.4 anos e a mediana dos anos fumados 17 anos. O tempo mínimo de fumo foi 1 ano
e o máximo 36 anos.
No grupo 2 a média aritmética dos anos fumados foi 14.4 anos, o desvio padrão
10.8 anos e a mediana dos anos fumados 11 anos. O tempo mínimo de fumo foi 1 ano
e o máximo 36 anos.
Verificamos que não houve diferença significativa quanto aos anos fumando
entre os grupos. Foi aplicado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney, devido a
grande variabilidade dos valores encontrados [u* = 0.52 (p=0.602)].
No grupo 1 a média aritmética da quantidade de cigarros fumados por dia foi 9, o
desvio padrão 5.9 e a mediana 10 cigarros por dia. A quantidade mínima de cigarros
fumados por dia foi 2 e a máxima 20 cigarros.
No grupo 2 a média aritmética da quantidade de cigarros fumados por dia foi
10.4, o desvio padrão 7.3 e a mediana 10 cigarros por dia. A quantidade mínima de
cigarros fumados por dia foi 3 e a máxima 40 cigarros.
41
Verificamos que não houve diferença significativa quanto ao consumo de
cigarros por dia entre os grupos. Foi aplicado o teste não-paramétrico de Mann-
Whitney, devido a grande variabilidade dos valores encontrados [u* = 0.71 (p=0.480)].
No grupo 1 a média aritmética da quantidade de anos sem fumar foi 8.3 anos, o
desvio padrão 6.8 anos e a mediana 6 anos. A quantidade mínima de anos sem fumar
foi 1 ano e a máxima 26 anos.
No grupo 2 a média aritmética da quantidade de anos sem fumar foi 7 anos, o
desvio padrão 5.8 anos e a mediana 4 anos. A quantidade mínima de anos sem fumar
foi 1 ano e a máxima 24 anos.
Verificamos que não houve diferença significativa quanto aos anos sem fumar
entre os grupos. Foi aplicado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney, devido a
grande variabilidade dos valores encontrados [u* = 0.72 (p=0.471)].
Analisamos a presença de etilismo conforme os dados resgatados do prontuário
na história social dos profissionais da saúde.
No grupo 1 houve 232 (60.1%) profissionais da saúde que bebiam
eventualmente e 154 (39.9%) que bebiam diariamente (Tabela 7).
No grupo 2 houve 449 (61.6%) profissionais da saúde que bebiam
eventualmente, 279 (38.3%) que bebiam diariamente e 1 que negava o uso de bebida
alcoólica (Tabela 7).
42
Tabela 7: Etilismo entre os Grupos.
Etilismo Grupo 1 Grupo 2 Total
Não bebe - 1 1
Bebe
eventualmente
232 449 681
Bebe diariamente 154 279 433
Total 386 729 1115
Foi verificado um comportamento semelhante dos grupos quanto ao etilismo [x
2
=
0.79 (p=0.672)].
No grupo 1 a média aritmética dos pesos foi 68.4 quilogramas, o desvio padrão
14.2 quilogramas e a mediana dos pesos 66 quilos. O peso mínimo foi 41.5
quilogramas e o máximo 128 quilos.
No grupo 2 a média aritmética dos pesos foi 68.1 quilogramas, o desvio padrão
13.2 quilogramas e a mediana dos pesos 66 quilos. O peso mínimo foi 40 quilos e o
máximo 109 quilos.
Houve um comportamento semelhante dos grupos quanto ao peso [t = 0.32
(p=0.748)].
No grupo 1 a média aritmética das alturas foi 165.7 centímetros, o desvio padrão
8.6 centímetros e a mediana das alturas 164 centímetros. A altura mínima foi 145
centímetros e a máxima 190 centímetros.
No grupo 2 a média aritmética das alturas foi 165.9 centímetros, o desvio padrão
8.5 centímetros e a mediana das alturas 164 centímetros. A altura mínima foi 145
centímetros e a máxima 196 centímetros.
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto à altura [t = 0.61
(p=0.552)].
43
No grupo 1 a média aritmética do índice de massa corporal foi 24.9 quilogramas
por centímetro quadrado, o desvio padrão 4.4 quilogramas por centímetro quadrado e a
mediana do índice de massa corporal 24.5 quilogramas por centímetro quadrado. O
índice de massa corporal mínimo foi 16.8 quilogramas por centímetro quadrado e o
máximo 51.3 quilogramas por centímetro quadrado.
No grupo 2 a média aritmética do índice de massa corporal foi 25 quilogramas
por centímetro quadrado, o desvio padrão 4.2 quilogramas por centímetro quadrado e a
mediana do índice de massa corporal 24.5 quilogramas por centímetro quadrado. O
índice de massa corporal mínimo foi 15.8 quilogramas por centímetro quadrado e o
máximo 39.4 quilogramas por centímetro quadrado.
Houve um comportamento semelhante dos grupos quanto ao índice de massa
corporal [t = 0.11 (p=0.905)].
Identificamos a presença de acidentes de trabalho entre os profissionais da
saúde incluídos na pesquisa.
No grupo 1 houve a ocorrência de 42 (10.9%) acidentes de trabalho, 342 (88.6%)
profissionais da saúde negavam acidentes de trabalho e houve 2 casos (0,5%) sem
informações no prontuário sobre a existência de acidentes de trabalho (Tabela 8).
No grupo 2 houve a ocorrência de 102 (14%) acidentes de trabalho, 620 (85%)
profissionais da saúde negavam acidentes de trabalho e houve 7 casos (1%) sem
informações no prontuário sobre a existência de acidentes de trabalho (Tabela 8).
44
Tabela 8: Acidente de Trabalho entre os Grupos.
Acidente Grupo 1 Grupo 2 Total
Sem informação 2 7 9
Sim 42 102 144
Não 342 620 962
Total 386 729 1115
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto à presença de
acidentes de trabalho [x
2
= 2.87 (p=0.237)].
Entre os profissionais da saúde com relato de acidentes de trabalho avaliamos
aqueles que sofreram acidentes pérfuro-cortantes. Houve um total de 59 (5.3%)
acidentes pérfuro-cortantes, sendo 14 no grupo 1 e 45 no grupo 2. A Tabela 9 e a
Figura 6 resumem a situação dos tipos de acidentes de trabalho.
Tabela 9: Tipos de Acidentes de Trabalho entre os Grupos.
Tipos de Acidentes de
Trabalho
Grupo 1 Grupo 2 Total
Demais 43 88 131
Pérfuro-cortantes 14 45 59
Não 329 596 925
Total 386 729 1115
45
Figura 6: Tipos de Acidentes de Trabalho entre os Grupos.
Observamos um comportamento semelhante dos grupos quanto aos tipos de
acidentes de trabalho [x
2
= 3.65 (p=0.161)].
Avaliamos a presença de vacinação contra a HB entre os profissionais de saúde
estudados.
No grupo 1 houve 113 (29,3%) profissionais da saúde não vacinados contra a HB
e 273 (70,7%) vacinados (Tabela 10 e Figura 7).
No grupo 2 houve 147 (20.2%) profissionais da saúde não vacinados contra a HB
e 582 (79.8%) vacinados (Tabela 10 e Figura 7).
Tabela 10: Vacinados contra a HB entre os Grupos.
Vacina Grupo 1 Grupo 2 Total
Não 113 147 260
Sim 273 582 855
Total 386 729 1115
3.6%
6.2%
11.2% 12.1%
85.2%
81.7%
0
50
100
PERFURO CORTANTE OUTROS O
TIPO DE ACIDENTE
anti HBs -o Reagente anti HBs - Reagente
X
2
= 3.65(P=0.161)
46
Figura 7: Vacinados contra a HB entre os Grupos.
Verificamos um maior número de profissionais da saúde vacinados contra a HB
nos dois grupos [x
2
= 11.71 (p=0.006) RR = 1.36 (1.15 – 1.61)].
Avaliamos o esquema vacinal contra a HB recebido pelos profissionais da saúde
estudados. Consideramos como completo o esquema de vacinação com três doses,
sendo a segunda e a terceira aplicadas um e seis meses após a inicial (esquema 0, 1 e
6). Nos casos de vacinação incompleta consideramos a quantidade de doses tomadas
(uma ou duas).
No grupo 1 houve 91 (23.5%) profissionais da saúde vacinados com o esquema
completo, 182 (47.2%) com o esquema incompleto e 113 (29.3%) não vacinados
(Tabela 11 e Figura 8). Entre aqueles vacinados com o esquema incompleto 138
(35.8%) receberam uma dose da vacina e 44 (11.4%) receberam duas doses da vacina
contra a HB (Tabela 12).
29,3%
20.2%
70,7%
79.8%
0
50
10 0
X
2
= 11.7 1
(P=0.006)
O SIM
VACINAÇÃO
anti HBs - Não Reagente anti HBs - Reagente
47
No grupo 2 houve 374 (51.3%) profissionais da saúde vacinados com o esquema
completo, 208 (28.5%) com o esquema incompleto e 147 (20.2%) não vacinados
(Tabela 11 e Figura 8). Entre aqueles vacinados com o esquema incompleto 132
(18.1%) receberam uma dose da vacina e 76 (10.4%) receberam duas doses da vacina
contra a HB (Tabela 12).
Tabela 11: Esquema de Vacinação contra a HB entre os Grupos.
Verificamos um maior número de profissionais da saúde vacinados contra a HB
com o esquema completo no grupo 2 [x
2
= 80.52 (p=0.000)].
Tabela 12: Esquema de Vacinação contra a HB entre os Grupos.
Esquema da vacina Grupo 1 Grupo 2 Total
Completa 91 374 465
Incompleta 182 208 390
Não 113 147 260
Total 386 729 1115
Esquema da vacina Grupo 1 Grupo 2 Total
Completa 91 374 465
Incompleta
(1 dose)
138 132 270
Incompleta
(2 doses)
44 76 120
Não 113 147 260
Total 386 729 1115
48
Figura 8: Esquema de Vacinação contra a HB entre os Grupos.
Houve um maior número de profissionais da saúde vacinados contra a HB com o
esquema completo no grupo 2 [x
2
= 88.18 (p=0.000)].
Dividimos os profissionais da saúde estudados quanto ao risco de acidentes
pérfuro-cortantes em alto e baixo risco. Consideramos profissionais de alto risco os
médicos, enfermeiros, equipe do laboratório e técnicos de enfermagem. Já os
profissionais da saúde de baixo risco foram os cnicos de raios X, os maqueiros, os
copeiros, as cozinheiras, os funcionários da governança, higiene e rouparia, as
recepcionistas, as telefonistas, as nutricionistas, os auxiliares administrativos, do
estoque e de compras, os diretores e os funcionários da farmácia.
No grupo 1 houve 164 (42.5%) profissionais da saúde de alto risco e 222 (57.5%)
de baixo risco (Tabela 13 e Figura 9).
23.6%
51.3%
47.2%
28.5%
29.2%
20.2%
0
50
100
X
2
= 80.52
(P=0.000)
COMPLETA INCOMPLETA NÃO
CLASSIFICAÇÃO DA VACINAÇÃO
anti HBs -o Reagente anti HBs - Reage nte
49
No grupo 2 houve 559 (76.7%) profissionais da saúde de alto risco e 170 (23.3%)
de baixo risco (Tabela 13 e Figura 9).
Tabela 13: Profissionais da Saúde de Risco entre os Grupos.
Cargo Grupo 1 Grupo 2 Total
Baixo risco 222 170 392
Alto risco 164 559 723
Total 386 729 1115
Figura 9: Profissionais da Saúde de Risco entre os Grupos.
Verificamos um maior número de profissionais da saúde de alto risco no grupo 2
[x
2
= 129.43 (p=0.000) RR = 2.50 (2.13 – 2.93)].
42.5%
76.7%
57.5%
23.3%
0
50
100
X
2
=129.43(P=0.000)
RISCO NÃO RISCO
CARGO
anti HBs -o Reage nte anti HBs - Reagente
50
A tabela 14 mostra o modelo de regressão logística binária não condicional com
as variáveis: idade, sexo, atividade de risco e vacinação completa ou incompleta contra
a HB, associadas ao anti-HBs.
Tabela 14: Modelo de Regressão Logística Binária não Condicional.
IC 95% para OR
Variáveis Valor p OR Inferior Superior
Risco ,000 ,249 ,185 ,335
Idade ,150 ,987 ,970 1,005
Sexo ,181 1,241 ,905 1,702
Sem vacina ,000
Vacina
incompleta
,000 ,335 ,235 ,478
Vacina
completa
,000 ,341 ,247 ,471
Constante ,000 8,977
Segundo a regressão logística binária não condicional, as variáveis que
permaneceram como tendo influência independente associadas ao anti-HBs foram
pertencer ao grupo de risco e ser vacinado com o esquema completo ou incompleto
contra a HB. As variáveis, sexo e idade demonstraram-se como não significativas nesta
regressão logística.
51
4 DISCUSSÃO
A HB é uma doença de grande impacto na saúde pública do Brasil. A vacinação
apresenta comprovada eficácia na profilaxia primária desta doença e das complicações
a ela relacionadas, como a cirrose hepática e o carcinoma hepatocelular. Chien e
colaboradores comprovaram redução significativa na incidência do carcinoma
hepatocelular entre a população vacinada contra a HB, em um estudo de coorte.
(CHIEN, 2006, p.99)
Os profissionais da área de saúde estão mais expostos à HB e devem ser
vacinados com o esquema proposto pela Organização Mundial de Saúde e o Advisory
Committee on Immunization Practices. Também é fundamental a análise da
soroconversão do anti-HBs nesta população, já que apenas os indivíduos reagentes
(título sérico do anti-HBs 10 mUI/ml - ensaio imuno-enzimático) estão efetivamente
protegidos da doença.
Em nosso estudo, 729 profissionais da saúde foram reagentes para o anti-HBs e
386 não reagentes, caracterizando uma soropositividade de 65,4%. Esse resultado
indica que há uma proporção de 34,6% dos profissionais da saúde suscetíveis à
infecção pelo VHB na população estudada. Esforços adicionais devem ser feitos na
tentativa de proteger estes profissionais da HB.
Entre os 855 profissionais da saúde vacinados em nossa população, 582
tornaram-se reagentes para o anti-HBs (68,1%). No estudo de Ciorlia e Zanetta 86,4%
dos profissionais da saúde estudados tornaram-se imunes a esta enfermidade, após a
vacinação. (CIORLIA; ZANETTA, 2005, p.384-389)
52
Dos 1115 profissionais da saúde incluídos no estudo, 855 (76,7%) estavam
vacinados contra a HB, mas apenas 41,7% estavam vacinados com o esquema
completo de três doses. A adesão dos nossos profissionais da saúde à vacina contra a
HB foi de 41,7%. Ciorlia e Zanetta tiveram uma adesão de 73,5% dos profissionais de
saúde ao programa de vacinação contra a HB com três doses (CIORLIA; ZANETTA,
2005, p.384-389), Costa e colaboradores encontraram adesão de apenas 39,3%
(COSTA, 1997, p.248-255) e Luz e colaboradores de 58,9%. (LUZ, 2000, p.144-151) A
adesão aos programas de imunização contra a HB está relacionada à explicação prévia
dos riscos e da eficácia da vacina utilizada. Os melhores resultados neste sentido
ocorreram em hospitais que pagaram pela vacina e tornaram-na obrigatória entre os
profissionais de saúde. (ALEXANDER, 1990, p.610-616) Em nosso hospital, os médicos
do setor da medicina ocupacional, explicam os riscos e a eficácia da vacina utilizada,
porém a vacina não é disponibilizada gratuitamente.
Trinta e cinco por cento dos profissionais da saúde em nossa população foram
vacinados inadequadamente contra a HB (uma ou duas doses) e 23,3% não foram
vacinados. Esses achados comprovam a observação de Murray e Skull: “a cobertura
vacinal dos profissionais de saúde e o conhecimento da necessidade de vacinação
entre eles são inadequados”. Os questionamentos a respeito dos efeitos colaterais da
vacina foram comuns e recursos adequados em programas de vacinação entre
profissionais de saúde (incluindo educação e acesso) são necessários para melhorar a
cobertura vacinal e reduzir o risco de doenças preveníveis pela vacinação. (MURRAY;
SKULL, 2002, p.65-68)
Não estudamos a prevalência do VHB entre os nossos profissionais da saúde,
mas segundo Ciorlia e Zanetta, a prevalência do VHB entre profissionais de saúde
53
(0,8%) foi significativamente maior do que em candidatos a doação de sangue (0,2%).
Nos profissionais de saúde com cargos administrativos, sem contato com pacientes, a
prevalência de infecção pelo VHB foi semelhante a dos candidatos à doação de
sangue. (CIORLIA; ZANETTA, 2005, p.384-389) Não realizávamos de rotina o teste
para a detecção do antígeno de superfície do VHB no soro dos nossos profissionais da
saúde, o que foi modificado após a conclusão desta pesquisa.
Não realizamos o teste para a detecção do anticorpo contra o antígeno do core
do VHB no soro dos nossos profissionais da saúde. Ciorlia e Zanetta encontraram este
anticorpo reagente no soro de 9,4% dos profissionais da saúde de um hospital
universitário terciário, em São José do Rio Preto, em São Paulo, no Brasil. (CIORLIA;
ZANETTA, 2005, p.384-389) Dados semelhantes foram encontrados por Uip e
colaboradores (10,4%) (UIP, 1995, p.141-143), Coelho e colaboradores (9,7%)
(COELHO, 1990, p.71-76) e Fernandes e colaboradores (8,1%). (FERNANDES, 1999,
p.122-128) A freqüência do anticorpo contra o antígeno do core do VHB no soro foi
maior nos profissionais de saúde mais idosos e lotados nos setores de maior risco
(hemodiálise, hemocentro, emergência, banco de sangue, hemodinâmica, doenças
infecciosas, laboratório, unidade de tratamento intensivo e unidade de transplante).
(CIORLIA; ZANETTA, 2005, p.384-389)
Encontramos na população estudada 147 (13,2%) profissionais da saúde não
vacinados contra a HB com o anti-HBs reagente. Estes profissionais da saúde podem
representar casos de indivíduos expostos ao VHB no passado. Outra possibilidade é a
presença de um viés de memória entre alguns profissionais de saúde vacinados que
negaram vacinação prévia. Esse resultado tornou a realização do teste para a detecção
54
do anticorpo contra o antígeno do core do VHB no soro dos nossos profissionais da
saúde, rotineira nos exames admissionais e periódicos.
Nossos resultados comprovaram idades mais elevadas no grupo 1, o que está
em acordo com o estudo de Ciorlia e Zanetta. A análise multivariada, realizada por
esses autores, mostrou piora da resposta à vacinação contra a HB com o avançar da
idade. (CIORLIA; ZANETTA, 2005, p.384-389) O decréscimo da competência
imunológica das células T e B, com o avanço da idade, pode contribuir para o prejuízo
da resposta à vacina contra a HB. (HOLLINGER, 1989, p.36)
Outros fatores que, reconhecidamente, afetam negativamente a resposta vacinal
são o sexo masculino, a obesidade e o tabagismo. (HOLLINGER, 1989, p.36) Em
nosso estudo houve um maior número de profissionais da saúde do sexo feminino nos
grupos 1 e 2, contradizendo o que está relatado na literatura pesquisada. Também
observamos um comportamento semelhante dos grupos quanto ao tabagismo (anos
fumados, quantidade de cigarros por dia e anos sem fumar) e a obesidade (peso, altura
e índice de massa corporal), resultado conflitante com a literatura pesquisada.
Segundo a regressão logística binária não condicional, as variáveis que
permaneceram como tendo influência independente associadas ao anti-HBs foram
pertencer ao grupo de risco e ser vacinado com o esquema completo ou incompleto
contra a HB.
As variáveis, sexo e idade demonstraram-se como não significativas, na
regressão logística binária não condicional. Concluímos, então, que estas variáveis
foram de confundimento na análise bivariada de associação com o anti-HBs.
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto a doar sangue, a
ter recebido transfusão de sangue ou hemoderivados no passado, à prática regular de
55
atividade física e ao etilismo. Estas variáveis não mostraram influência na
soroconversão do anti-HBs, na população do estudo.
Verificamos um comportamento semelhante dos grupos quanto à presença de
hepatite, quando consideramos a história patológica pregressa de doenças infecciosas.
Os casos referidos pelos profissionais da saúde foram de hepatite aguda A na infância
e houve um caso de hepatite crônica C no grupo 1. Este profissional foi vacinado
adequadamente contra a HB, porém não houve soroconversão do anti-HBs. Doenças
crônicas, com caráter imunodepressor, como a insuficiência renal, a síndrome de
imunodeficiência adquirida e a cirrose hepática, têm sido associadas à baixa
imunogenicidade da vacina, e esquemas vacinais diferenciados são preconizados para
esses pacientes. (HOLLINGER, 1989, p.36) A intervenção para o caso identificado foi o
encaminhamento deste profissional da saúde para o ambulatório de hepatologia do
nosso hospital e o tratamento da hepatite C.
Identificamos 144 acidentes de trabalho na população estudada, sendo 59
(5.3%) acidentes pérfuro-cortantes (14 no grupo 1 e 45 no grupo 2). Verificamos um
comportamento semelhante dos grupos quanto à presença de acidentes de trabalho e
quanto aos tipos de acidentes de trabalho. Estima-se que ocorram entre 600 e 800 mil
acidentes pérfuro-cortantes no mundo entre profissionais de saúde por ano. Destes
aproximadamente 50% não são registrados. (NEEDLESTICK…, 1999, p.381-408)
Registramos todos os casos de acidentes de trabalho ocorridos nos profissionais da
saúde do Hospital Quinta D’Or.
Não houve soroconversão para o anticorpo contra o antígeno do VHC, antígeno
de superfície do VHB e anticorpo contra o antígeno do HIV em nossos profissionais da
saúde que sofreram acidentes pérfuro-cortantes, após um ano de seguimento. O
56
mesmo resultado foi encontrado por Gutierrez (GUTIERREZ; LOPES; YASUDA, 2005,
p.295-300) e Baldo. (BALDO, 2002, p.325-327)
Segundo Johnston e O’Conor há um atraso entre a ocorrência do acidente
pérfuro-cortante e a apresentação do profissional de saúde para a avaliação e o
tratamento deste acidente. Há necessidade de maior educação entre os profissionais
de saúde neste sentido para reduzir a prevalência de infecções adquiridas após esta
forma de exposição. (JOHNSTON; O’CONOR, 2005, p.10-12) Nossos profissionais da
saúde são encaminhados para o setor de emergência imediatamente após a ocorrência
de acidentes de trabalho e acompanhados pela medicina ocupacional. As profilaxias
são disponibilizadas em todos os casos necessários.
Verificamos um maior número de profissionais da saúde de alto risco no grupo 2
e 164 profissionais da saúde de alto risco no grupo 1. Novos esquemas de vacinação
contra a HB estão sendo realizados em nosso hospital para os profissionais da saúde
não respondedores ao esquema inicial preconizado pela Organização Mundial de
Saúde e o Advisory Committee on Immunization Practices. Segundo Playford e
colaboradores, mais de 90% dos profissionais de saúde não respondedores à vacina
recombinante contra a HB administrada por via intramuscular, que receberam a mesma
vacina pela via intra-dérmica tiveram títulos de anti-HBs protetores duas semanas após
as 4 doses com intervalo de 2 semanas entre elas. (PLAYFORD, 2002, p.87-90)
O discurso da saúde e as perspectivas de reestruturação da sua práxis vêm
sendo articulados em torno do conceito de promoção da saúde, nas últimas décadas.
A prevenção é a melhor saída contra as doenças e é competência da Saúde
Pública implementar e favorecer ações que assegurem à população saúde e
57
conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida. A promoção da saúde é essencial
para uma vida produtiva e mais saudável.
O Programa de Saúde da Família, implantado para atender à proposição de
mudança do modelo assistencial em saúde, hoje já demonstra avanços e ganhos para
a população.
Os objetivos do programa são: reorientar o modelo de atenção, ampliação e
garantia do acesso, estimular o controle social da gestão e atenção à saúde
(privilegiando as áreas de maior risco social, ambiental e epidemiológico do município).
Funcionando adequadamente, as unidades básicas do Programa de Saúde da
Família são capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade,
prestando um atendimento de bom nível, prevenindo doenças, evitando internações
desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população.
A estratégia da saúde da família é concebida para entender a prevenção,
promoção e assistência à saúde.
O tema das hepatites virais no Programa de Saúde da Família é novo e
promissor. Realizamos um evento de capacitação em hepatites virais durante o nosso
mestrado profissionalizante. Ele ocorreu na Universidade Federal Fluminense com os
profissionais da saúde do Programa de Saúde da Família de Niterói. Pudemos discutir o
tema abrangido nesta dissertação, estimulando os profissionais da saúde a se
vacinarem. Também propusemos estratégias para a ampliação da vacinação contra a
HB à população considerada de risco.
A reestruturação dos serviços de saúde requer maiores esforços direcionados às
pesquisas em saúde, à formação dos profissionais da área de saúde e as mudanças
58
necessárias na educação. A educação, informação e comunicação na promoção da
saúde, exercem papel fundamental em todo o processo.
59
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ANEXO A - Modelo da ficha médica.
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ANEXO B - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Rede D’Or
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