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Programa de Pesquisa e Qualificação Institucional PQI
Projeto de Doutorado em Comunicação e Semiótica
Orientadora: Professora Doutora Helena Katz.
Doutoranda: Fátima Daltro de Castro Correia
Título: O corpo Sitiado. A Comunicação (In)visível.
Entrevista
Judite quer chorar, mas não consegue!
1. Nome: Ninfa Cunha de Santana
2. Idade: 38 anos Sexo M ( x ) F ( ) Grau de Instrução: Superior completo
3. Profissão Atual: Relações Públicas e Dançarina Telefone: (71) 3356.9789 / 8150.2091
4.
Você costuma assistir espetáculos de dança com cadeirantes? Sim ( x ) Não ( )
5. Acompanha o trabalho de alguma companhia? Sim (x ) Não ( ) Cite aquelas das quais tem
alguma referência. Opaxorô (BA) / Grupo X (BA) / Gira Dança (RN) / Pulsar (RJ) / Rodas
no Salão (BA) / Portadores da Alegria (RJ) .
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6. O assunto 'dança e de portadores de deficiência' lhe interessa? Sim ( x ) Não ( )
7. Você assiste trabalhos artísticos com portadores de outros tipos de deficiência?
Sim ( x ) , Não ( ) De quais lembra?_
Como faço parte desse mundo, participei de vários festivais do Programa Artes sem Barreiras
da Funarte que me possibilitou asistir e, conviver com vários artistas com deficiência na
dança, na música, no teatro, na literatura, nas artes plásticas, enfim com vários tipos de
deficiência. Gostei muito de uma companhia de dança de BH, denominada Crepúsculo mas,
não me lembro o nome do espetáculo; gostei tb de Sente – se da Ekilíbrio; assistir agora Bulas
Perdidas da Gira Dança, etc.
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8. Em que seu olhar se ocupa ao dirigir sua atenção à dança construída no corpo dançarino cadeirante?
Presto muita atenção ao que ele (o corpo) quer me dizer. Dança prá mim é a comunicação de corpos,
então um corpo como esse tem muito a nos ensinar, a nos transmitir, a persuadir certos sentimentos:
alegria, tristeza, raiva, beleza, sensualidade, sofrimento, enfim numa dança tudo pode acontecer, tudo
pode rolar, são questionamentos o tempo inteiro.
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9. Como você percebe a presença desses corpos na dança?
Como qualquer outro corpo que tem algo a falar, algo a se expressar, algo a construir.
A dança é um momento mágico que permite-nos viajar na busca de movimentos perfeitos e
expressivos que tem muito a nos dizer. Deficiente ou não, com cadeira de rodas ou sem, são pessoas
com sentimentos e, com corpos que, se estimulados tem muito a nos oferecer.
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10. Algum comentário sobre o que vivenciou?
Como sou dançarina cadeirante já há oito anos, o que ainda vivencio, constantemente, é a visão que a
sociedade tem do artista com deficiência. As pessoas já vão com pena, se acabam de chorar e, ainda
nos vêem como exemplo de vida. Não se leva em conta o trabalho artístico e, sim a deficiência.
Outra questão ainda muito forte é a remuneração desse artista, não são vistos como profissionais da
dança. O que faço, quando estou em cena, não é encarado como um trabalho e; quando se paga um
cachê, parece que estão me dando esmolas. É uma total falta de respeito.
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11. Apenas para professores, coreógrafos que trabalham com dançarinos cadeirantes e, dançarinos
cadeirantes. Relate um pouco sobre a sua experiência com a dança. Qual foi o impulso inicial? Como
se deu seu processo de formação? e o que faz atualmente?
Como também sou diabética, procurei uma atividade física para fazer e, aí comecei a fazer aulas de
dança no Hospital Sarah, com a coreógrafa Márcia Abreu, logo depois já estava participando de um