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“dupla articulação”, que separa as “unidades
significativas” (palavras ou “monemas”, cada
qual dotada de um sentido) e as ‘unidades
distintivas’ (sons e fonemas). Ligaremos os
significantes ao plano da expressão e os
significados ao plano do conteúdo, tendo cada um
desses planos, segundo Hjemslev, forma e
substância. A forma de expressão é, por exemplo, a
sintaxe; sua substancia, os fonemas; a forma do
conteúdo organiza os significados entre si, sua
substância concerne aos aspectos emotivos,
ideológicos, o sentido do significado. O significado
não é uma coisa, mas, sim, uma “representação
física da coisa”. A significação é “o ato que une
significante e significado”, constituindo, assim, o
signo.
A terceira dupla, Sintagma e Sistema,
corresponde aos dois eixos da linguagem. O
primeiro é o dos sintagmas, “combinação de
signos”, que, na linguagem, é “linear e
irreversível”. O segundo é aquele das associações,
hoje denominado “paradigmático” e chamado por
Barthes de “sistemático”. Reconhecemos a
contigüidade e a similaridade de Jakobson, às
quais correspondem a metonímia e a metáfora. A
disposição dos termos do campo associativo ou
paradigmático chama-se “oposição”. Finalmente,
Denotação e Conotação supõe, segundo Hjemslev,
que o conjunto do sistema Expressão/ Conteúdo, já
descrito, funciona como “expressão ou significante
de um segundo sistema”: o primeiro é, nesse caso,
“o plano de denotação”; o segundo, “o plano de
conotação”. A literatura é exemplo de conotação,
um dos corpus aos quais se prenderá o semiólogo,
do interior, após o ter escolhido “amplo”,
“homogêneo”, “sincrônico”
(p. 222).
Já em S/Z, de 1970, Barthes postula uma semiótica narrativa que modifica
alguns elementos da obra citada anteriormente, mas agora sem o pressuposto de haver
uma hierarquia. Mas talvez o que há de mais interessante a mencionar aqui sobre a obra
de Barthes é que pode ser observado no já citado Crítica e Verdade, que é, para ele, a
crítica também passível do modelo semiótico, posto que “a obra constitui um ‘sistema
de sentidos’, que permanece ‘irrealizado caso todas as palavras não possam ser
colocadas em lugar perceptível’” (p. 224).
Outro expoente da semiótica da literatura foi A. Julien Greimas. Segundo ele a
estrutura mínima de qualquer significação se define pela presença de dois termos e da
relação que os liga; de modo que a relação pressupõe a percepção. Para construir o
sentido, a semiótica de Greimas compreende o seu plano de conteúdo como um