RESUMO
O tacrolimus é um antibiótico macrolídeo com ação imunossupressora, atuando como
inibidor de calcineurina, que vem sendo utilizado como droga base na maioria dos
transplantes para evitar rejeição. Com o êxito dos transplantes, decorrente principalmente
do uso de imunossupressores, houve uma melhora na qualidade de vida das pacientes
transplantadas. Esta melhora levou ao aumento do número de gestações, mesmo sob o uso
contínuo de imunossupressores. Sabe-se que os imunossupressores atravessam a placenta
podendo levar a alterações no desenvolvimento do embrião. Segundo a literatura, foram
observados desvios da normalidade, como perda de peso, em recém nascidos de mães que
utilizavam o tacrolimus. Entretanto, pouco se sabe sobre a sua atuação no período de pré-
implantação do blastocisto, sendo o objetivo deste trabalho verificar se o tacrolimus interfere
no desenvolvimento do embrião de rata, durante seu trânsito tubário e na fase de
implantação do blastocisto. Ratas Wistar prenhes foram distribuídas aleatoriamente nos
grupos controles C1 e C2 e tratados T1, T2, T3 e T4, T5 e T6. Controle 1 e Tratados 1, 2 e 3
receberam água destilada e 1, 2 e 4 mg/kg/dia de Tacrolimus respectivamente por via
intragástrica do primeiro ao quinto dia de prenhez (período de trânsito tubário) e os grupos
Controle 2 e Tratados 4, 5 e 6 receberam água destilada e 1, 2 e 4 mg/kg/dia de tacrolimus ,
respectivamente, por via intragástrica, do quinto ao sétimo dia (período de implantação). O
acompanhamento de sinais clínicos maternos possibilitou a análise de efeitos tóxicos sobre
a mãe durante o período de gestação. No 15
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dia, foi coletado sangue para avaliação de
parâmetros bioquímicos e hematológicos, em seguida os animais foram eutanasiados.
Ovários, fígado e rim foram pesados e os corpos lúteos contados. Foram identificados fetos
vivos, reabsorções e fetos mortos. Fetos e placentas foram pesados. Não foram
encontrados indícios clínicos de toxicidade materna. No período de trânsito tubário não
foram observadas alterações significativas no peso corporal, consumo de ração e
parâmetros hematológicos das mães. Na análise bioquímica, o grupo da dose de 4
mg/kg/dia apresentou aumento na concentração de colesterol, de TGO e de uréia. No grupo
com dose de 2mg/kg/dia ocorreu redução de creatinina e no grupo T1 houve uma redução
de TGO. No período de implantação do blastocisto, não foram observadas variações no
peso corporal entre os grupos analisados. Foi observada uma diminuição no consumo de
ração, durante o período de tratamento, que foi restabelecido com o término deste,
apresentando um aumento gradativo do consumo até o final do experimento. O tacrolimus
na concentração de 4mg/Kg/dia apresentou consumo médio superior aos demais grupos. Os
parâmetros hematológicos não apresentaram alterações significativas. Os parâmetros
bioquímicos não apresentaram alterações relevantes entre os grupos experimentais, exceto
os referentes à TGO, que apresentou uma diminuição no grupo T6. Nos estudos realizados
no período de trânsito tubário e no de implantação, observando-se o peso corporal materno
corrigido, os pesos de fígado e rins maternos, peso de ovários, número de corpos lúteos,
fetos vivos e mortos, reabsorções, peso de ninhada e perdas pré e pós-implantação, não
foram encontradas diferenças significativas. Ocorreu aumento no peso placentário dos
animais tratados com tacrolimus na concentração de 4mg/Kg/dia e no grupo tratado com a
concentração de 1mg/Kg/dia, diminuição do número de implantes. Os fetos em ambos os
experimentos não apresentaram malformações externas. Concluiu-se que no modelo
experimental utilizado não foi evidenciado potencial embriotóxico do tacrolimus na fase de
trânsito tubário e na implantação, quando administrado a ratas.
Palavras-chave: Tacrolimus, embriotoxicidade, rato; imunossupressor, gravidez,
implantação.