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Jeanne Domingues Santos
ALTERAÇÕES DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E
QUÍMICAS DO SOLO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES
SISTEMAS AGRÍCOLAS – SÃO JOSÉ DA LAPA / MG
Belo Horizonte
Departamento de Geografia da UFMG
2007
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II
Jeanne Domingues Santos
A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES SISTEMAS AGRICOLAS
NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DAS CAMADAS
SUPERFICIAIS DO SOLO – SÃO JOSÉ DA LAPA / MG
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Geografia da Universidade Federal de Minas
Gerais - UFMG, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Geografia.
Área de Concentração: Análise Ambiental
Orientadora: Profª. Cristiane Valéria de Oliveira
Belo Horizonte
Departamento de Geografia da UFMG
2007
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III
Dissertação intitulada A Influência de diferentes sistemas agrícolas nas propriedades físicas e
químicas das camadas superficiais do solo São José Da Lapa, MG, de autoria da mestranda
Jeanne Domingues Santos, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes
professores:
________________________________________________________________
Prof
a
. Dra. Cristiane Valéria de Oliveira – Orientadora
_________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Vilma Lúcia Macagnam- UFMG
________________________________________________________________
Profº.Luis Marcelo Aguiar Sans - EMBRAPA – Sete Lagoas / MG
Belo Horizonte, 11 de Junho de 2007
Avenida Antônio Carlos 6627, 31270-901, Belo Horizonte, MG.
Tel.: (31) 3499 5412 Fax: (31) 3499-5494
Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Geografia
Programa de Pós-Graduação em Geografia: Análise Ambiental
IV
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto de Geociências - IGC da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,
especificamente ao Departamento de Geografia, pela oportunidade de realização do curso e
formação profissional.
Ao Laboratório de Sedimentologia e Geormorfologia do Instituto de Geociências - IGC, no
auxílio e orientação na realização das análises laboratoriais. Em particular, aos funcionários
Nívea e Ricardo, os quais, além do profissionalismo, sempre se mostraram disponíveis e amigos
para ajudar no trabalho.
Ao Prof. Hugo Ruiz responsável pelo Laboratório de Solos, do Departamento de Solos da
Universidade Federal de Viçosa, que viabilizou e auxiliou na realização das análises
laboratoriais.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), pela concessão
da bolsa de estudo.
À Professora Cristiane Valéria de Oliveira, que com o passar dos anos foi chamada de Cris”,
pela amizade, compressão, exemplo de profissionalismo, pelo incentivo e orientação na
realização desse estudo. Agradeço também pelo exemplo de otimismo nas horas de “apertos”,
por sempre enxergar com outros olhos e orientar de como é possível solucionar problemas.
Ao pesquisador Luís Marcelo do Centro Nacional de Pesquisas de Solos da Embrapa/Sete
Lagoas, pela boa vontade e empréstimo dos anéis volumétricos para a realização dos trabalhos
de campo.
Ao meu amor Marcus e aos amigos Juliana, Gisele, Vlad, Pati, Rominho, e Fabiano, pela
disposição, coragem e determinação em ajudar na coleta das amostras de solo.
A todas às pessoas, estudantes, professores e funcionários do IGC que ajudaram de alguma
forma nessa minha caminhada.
A Deus.
Obrigada!
V
“As conseqüências de um domínio ‘irracional’ sobre
a Natureza podem ser ameaçadoras à própria sobrevivência
do homem, que somente através da ciência pode encontrar
formas de elas se manifestarem de forma suportável”.
(GRAZIANO NETO, 1985)
VI
RESUMO
O aumento na produção de alimentos por meio da agricultura metropolitana, com
enfoque em sistemas agrícolas convencionais, tem sido intensamente praticado no decorrer dos
anos. O uso agrícola provoca alteração nos atributos sicos e químicos do solo. Normalmente,
essa alteração induz uma deterioração de sua qualidade, em decorrência da retirada da cobertura
vegetal e o excessivo uso da mecanização Em função da técnica de manejo utilizada ocorre um
comprometimento da capacidade produtiva do solo em diferentes sistemas agrícolas.
O estudo teve como objetivo avaliar a influência de diferentes sistemas agrícolas nas
propriedades físicas e químicas do solo agrícola, na Bacia do Córrego Cabeleira, no município
de São José da Lapa. A partir disso foram selecionados seis pontos para análise de alguns
atributos de solo considerados indicadores de sua qualidade física e química: análise
granulométrica, argila dispersa em água, estabilidade dos agregados, densidade do solo,
porosidade, e, por fim, o teor de carbono orgânico (matéria orgânica). Foram selecionados dois
pontos sob mata, para serem considerados como parâmetro na comparação com os outros quatro
pontos de uso agrícola, sendo dois sob horticultura e os outros dois sob pastagem.
Os atributos sicos e químicos avaliados tem o intuito de demonstrar o nível de
degradação do solo. Para a realização do estudo foram coletadas amostras de solo nas camadas
de 0cm-10cm, 10cm-20cm, 20cm-30cm, 30cm-40cm, 40cm-50cm e por fim 50cm-60cm; para
verificar as alterações sico-químicas no horizonte superficial e no horizonte subsuperficial do
solo.
Nos pontos amostrados os teores de carbono orgânico observou-se que a maior diferea
ocorreu entre os pontos H1, H2, PT e PTA ao serem comparados com os pontos de mata (M1 e
M2). Os maiores valores do teor de carbono foram encontrados no solo sob pastagem, seguido
dos pontos amostrados no solo sob mata e por fim, os perfis de solo da horticultura.
Os pontos amostrados indicam que os usos agrícolas promoveram alterações na
densidade do solo, resultando na formação de camadas compactadas nos horizontes superficias
e subsuperficial, como constatado, principalmente, no ponto amostral da hortaliça (H1, H2).
Nos entanto nos pontos amostrados sob pastagem (PT, PTA) os valores de DS não
comprometem a continuidade dessa atividade.
Em particular nos solos sob pastagem (PT, PTA), ocorreu uma queda da porosidade nas
profundidades de 20cm-30 cm e 30cm-40cm, com um acréscimo na densidade do solo nas
mesmas profundidades.
VII
Os valores de porosidade mostraram ser eficientes na avaliação da compactação do solo.
Foi observado um pequeno decréscimo nos valores de porosidade da horticultura (H1, H2) em
comparação com os valores encontrados na mata (M2), com exceção das profundidades 0-10cm
da horticultura 1 (H1).
O sistema agrícola que apresentou a maior alteração das características avaliadas foi o
cultivo da hortaliça, ao ser comparado com os solos sob mata. Comparando os valores de
estabilidade de agregados do nos pontos da hortaliça (H1, H2), notou-se que ocorreu uma menor
concentração de frações de agregados maior que 1,00mm, nos primeiros 40cm do solo,
caracterizando-se como um potencial indicador da desagregação do solo.
Os sistemas agrícolas analisados ao serem comparados com as áreas de mata, afetaram a
estrutura do solo, principalmente no que se refere ao tamanho dos agregados, sendo que os
menores valores foram encontrados no uso com maior movimentação do solo, a horticultura.
Nesse estudo as análises físicas e químicas que mais contribuíram na avaliação da
degradação dos solos foram a estabilidade de agregados e a matéria orgânica. A partir das
diferenças constatadas entre as propriedades do solo sob mata e de uso agrícola, foi possível
avaliar a perda de sua qualidade após a retirada da cobertura vegetal.
As características físicas e químicas dos pontos amostrados da mata, horticultura e
pastagem, evidenciaram que a escolha de práticas agrícolas convencionais, pode influir
significativamente nas propriedades do solo. As características dos solos amostrados permitem
afirmar da necessidade de modificações no gerenciamento das práticas agrícolas, principalmente
na horticultura. È necessário conciliar o uso dos recursos naturais, fornecer a continuidade da
produtividade agrícola e promover a satisfação econômica nas áreas agrícolas da Bacia do
Córrego Cabeleira.
Palavras-chave: Sistemas agrícolas; práticas agrícolas; propriedades físicas e químicas do solo.
VIII
ABSTRACT
This study had as objective to evaluate the influence of different agricultural systems in the
physical and chemical properties of the agricultural ground at the rrego Cabeleira Basin, in
the city of São José da Lapa, Minas Gerais.
Six points had been selected for analysis of some
ground attributes considered indicators of its physical and chemical quality, that is, grain sized
analysis, dispersed clay in water, aggregates stability, ground density, porosity, and the organic
carbon incidence (organic substance). Two points under bush had been selected to be considered
as parameters in the comparison with the others four points of agricultural use, being two under
horticulture and the others two under pasture. For the accomplishment of the study, ground
samples had been collected in the layers of 0cm-10cm, 10cm-20cm, 20cm-30cm, 30cm-40cm,
40cm-50cm and 50cm-60cm, in order to verifying the alterations physicist-chemistries in the
superficial horizon and the subsurface horizon of the ground. The agricultural system that
presented the biggest alteration of the evaluated characteristics was the vegetables culture, to the
being compared with ground under bush. The agricultural systems, when being comparative
with the bush areas, had indicated the ground structure alteration, mainly as for the size of
aggregates, being that the lesser values had been found in the use with bigger movement of the
ground, the horticulture. In this study, the physical and chemical analyses that had more
contributed in the evaluation of the ground degradation had been the aggregates’ stability and
the organic substance. From the differences evidenced between the properties of the ground
under bush and that related to the agricultural use, it was possible to evaluate the loss of its
quality after the vegetal covering withdrawal. The physical and chemical characteristics of the
points at the bush, horticulture and pasture had evidenced that the choice of conventional
agricultural practices may influence significantly in the ground properties. The characteristics of
showed ground allow to affirming the necessity of modifications in the agricultural practices
management, mainly in the horticulture. It is necessary to conciliate the use of the natural
resources, to supply the continuity of the agricultural productivity and to promote the economic
satisfaction in the agricultural areas at the Córrego Cabeleira’s Basin.
Word-key: Agricultural systems; agricultural practices; ground physical properties; ground
chemical properties.
IX
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 3
2.1 O solo como indicador do manejo agrícola-ambiental.......................................... 3
2.2 Condicionantes ambientais do uso do solo associados à produção agrícola........... 9
2.2.1 Alterações e avaliações das características do solo em
diferentes sistemas agrícolas.............................................................................. 11
2.2.2 Monitoramento da qualidade do solo: conservação e recuperação ...................... 19
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA..................................................................... 24
3.1 Localização........................................................................................................ 24
3.2 Geologia............................................................................................................ 24
3.3 Geomorfologia................................................................................................... 27
3.4 Hidrografia, Clima, cobertura vegetal e uso do solo........................................... 29
4 METODOLOGIA.............................................................................................. 32
5 RESULTADO ................................................................................................... 36
5.1
Contexto ambiental – descrição morfológicas dos pontos amostrados..................36
5.2 Análises química e sica dos solos .................................................................... 47
5.2.1 Análise química................................................................................................. 48
A) Carbono orgânico ......................................................................................... 48
5.2.2 Análise física..................................................................................................... 53
A) Análise granulotrica................................................................................. 53
B) Densidade do solo......................................................................................... 55
C) Porosidade.................................................................................................... 58
D) Estabilidade de agregados............................................................................. 59
5.3 Principais alterações relacionadas ao uso do solo............................................... 65
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 68
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 70
X
LISTA DE FIGURA
Figura 1- Panorama do uso das terras disponíveis pelo mundo ............................................. 14
Figura 2 - Tipos de estrutura, suas características e onde ocorrem........................................ 16
Figura 3 - A influência do solo degradado nos aspectos da vida humana .............................. 22
Figura 4 - Localização da área de estudo.............................................................................. 25
Figura 5 - Mapa Geológico da microbacia do Córrego Cabeleira.......................................... 26
Figura 6 - Identificação das paisagens geomorfológicas ....................................................... 27
Figura 7 - Mapa Geomorfólogico da microbacia do Córrego Cabeleira ................................ 28
Figura 8 - Mapa de Cobertura vegetal e Uso do Solo da Bacia do Córrego Cabeleira ........... 31
Figura 9 – Organograma das etapas realizadas no estudo...................................................... 35
Figura 10 – Mapa de localização dos pontos amostrais......................................................... 38
Figura 11 – Mapa de declividade.......................................................................................... 39
Figura 12 – Caracterização do perfil M1 .............................................................................. 41
Figura 13 – Caracterização do perfil M2 ............................................................................ 42
Figura 14 - Caracterização do perfil H1 ............................................................................. 43
Figura 15 – Caracterização do perfil H2 ............................................................................ 44
Figura 16 – Caracterização do perfil PT ............................................................................. 45
Figura 17 – Caracterização do perfil PTA.......................................................................... 46
Figura 18 Distribuição dos valores de carbono orgânico nas diferentes profundidades dos
pontos amostrados................................................................................................................ 49
Figura 19 Distribuição dos valores de densidade nas diferentes profundidades dos pontos
amostrados........................................................................................................................... 56
Figura 20 Distribuição dos valores de porosidade nas diferentes profundidades dos pontos
amostrados. ......................................................................................................................... 58
Figura 21 – Distribuão dos valores da estabilidade de agregados no ponto amostrado da
MATA 1(M1). .................................................................................................................... 61
XI
Figura 22 – Distribuão dos valores da estabilidade de agregados no ponto amostrado da
HORTICULTURA 2 (H2). ................................................................................................. 62
Figura 23 – Distribuão dos valores da estabilidade de agregados no ponto amostrado da
PASTAGEM em uso (PT). .................................................................................................. 63
XII
LISTA DE FOTOS
Foto 1- Perfil M1 ................................................................................................................. 41
Foto 2- Paisagem do entorno do ponto amostrado na mata 1 (M1) ....................................... 41
Foto 3- Perfil M2 ................................................................................................................. 42
Foto 4- Detalhe do perfil da mata 2 (M2) ............................................................................ 42
Foto 5- Perfil H1.................................................................................................................. 43
Foto 6- Paisagem do entorno do ponto amostrado na hortaliça 1 (H1) ................................. 43
Foto 7- Perfil H2.................................................................................................................. 44
Foto 8- Paisagem do entorno do ponto amostrado na hortaliça 2 (H2) ................................. 44
Foto 9- Perfil PT .................................................................................................................. 45
Foto 10- Paisagem do entorno do ponto amostrado na pastagem em uso (PT) ..................... 45
Foto 11- Perfil PTA ............................................................................................................. 46
Foto 12- Paisagem do entorno do ponto amostrado na pastagem abandonada (PTA) ........... 46
Foto 13- Manejo na área de hortaliça.................................................................................... 50
Foto 14- Detalhe do perfil da PTA ....................................................................................... 51
Foto 15- Paisagem geral dos pontos H1 e H2............................................................................52
XIII
LISTA DE QUADRO E TABELA
Quadro 1-Síntese dos parâmetros pedológicos para uma avaliação ambiental....................... 04
Quadro 2- Evolução histórica da exploração agrícola das terras de cultivo no Brasil ............ 06
Quadro 3- Etapas das operações de manejo dos solos............................................................. 08
Quadro 4- Condições ambientais ideais para a maioria das culturas...................................... 10
Quadro 5 - Os benefícios da matéria orgânica nas principais propriedades do solo............... 11
Quadro 6 Classificação dos tipos de degradação do solo.................................................... 12
Quadro 7 Comparação entre as áreas degradadas do mundo e da América do Sul.............. 13
Quadro 8 Caracterização dos ambientes estudados...................................................... 37
Tabela 1 – Caracterização morfológica e sica dos ambientes estudados ....................... 53
1
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, de maneira geral, as áreas de vegetação natural vêm sendo substituídas por
diferentes sistemas de uso, tais como culturas agrícolas, pastagens e reflorestamentos. Essa mudança
na utilização do solo ocasiona um desequilíbrio no ecossistema, uma vez que a técnica de manejo
empregada influencia os processos físicos, químicos e biológicos do mesmo, modificando suas
caractesticas e, muitas vezes, podem propiciar sua degradação inviabilizando sua utilização ou
aproveitamento agrícola.
Segundo Dosso et al. (2005), o cenário agrícola brasileiro está em transformação.
Atualmente, busca-se organizar e fixar a produção agrícola em microbacias de produção, procurando
aprender e gerenciar, de maneira sustentável, a fertilidade do local, considerando o potencial de cada
região.
Desde o século XIX até meados do século XX já se vislumbrava ações de degradação do
meio ambiente em alguns países. Porém, foi apenas na cada de sessenta do século passado, que o
quadro de degradação ambiental entrou em evidência. Posteriormente, a discussão ambiental tornou-
se um assunto polêmico, atingindo vários segmentos da sociedade. Grandes desastres ambientais,
crescimento vertiginoso da população, intenso processo de urbanização são alguns dos fenômenos
que fizeram crescer a consciência ambiental (SANTOS, 1996).
Dentre os tópicos associados à consciência ambiental, o solo passou a ser considerado e
analisado como um recurso natural de essencial importância para a manutenção da vida e do meio-
ambiente. Nesse sentido, começam a surgir inúmeros trabalhos que buscam compreender e analisar o
solo, principalmente, quando este passa a ser incorporado no sistema agrícola.
A retirada da cobertura vegetal natural e a utilização do solo leva a alterações em suas
características, muitas vezes, promovendo sua degradação. Nesse sentido, a manutenção da
qualidade do solo passa a ser uma preocupação constante, no entanto, essa manutenção é possível
quando se entende como o uso antrópico altera efetivamente o solo.
Assim, em todas as regiões com tradão agrícola, são necessários trabalhas que esclareçam o
comportamento do solo frente ao uso. Nesse contexto, muitas vezes as áreas das regiões
metropolitanas são desconsideradas, pois o uso mais comum está associado à urbanização. No
entanto, vários municípios da Rego Metropolitana de Belo Horizonte, entre eles o município de
São José da Lapa, têm como base econômica a agricultura e são bastante carentes em estudos que
envolvam as alterações do solo.
2
A fim de suprir essa carência, desenvolveu-se este estudo que tem como objetivo principal
avaliar as modificações em algumas propriedades físicas e químicas do solo consideradas
indicadoras da sua qualidade, em função da influência dos diferentes usos do solo.
Além disso, o estudo tem como objetivos específicos:
Indicar qual o sistema de uso agrícola promoveu a maior alteração nas características do
solo,
Verificar quais análiseso mais efetivas na avaliação do comprometimento da qualidade
do solo.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O SOLO COMO INDICADOR DO MANEJO AGRÍCOLA-AMBIENTAL
O solo é um recurso natural importante no desenvolvimento das atividades humanas e como
tal, deve ser utilizado de forma consciente, a fim de evitar sua degradação e minimizar os possíveis
impactos causados ao ambiente no desenvolvimento das atividades, já que é considerado como
“[...] uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes lidas, líquidas e gasosas,
tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a
maior parte do manto superficial das extensões continentais do planeta. [...]. Ocasionalmente
podem ter sido modificados por atividades humanas”. (EMBRAPA, 1999, p.5).
No Vocabulário de ciência do solo, coordenado por CURI et al. (1993), o solo possui duas
definições:
“Solo. (1) Material mineral/ou orgânico inconsolidado na superfície da terra que serve como
meio natural para o crescimento e desenvolvimento de plantas terrestres. (2) Matéria mineral
não consolidada, na superfície da terra, que foi sujeita e influenciada por fatores genéticos e
ambientais do material de origem, clima (incluindo efeitos de umidade e temperatura), macro
e microorganismos, e topografia, todos atuando durante um período e produzindo um
produto solo, o qual difere do material do qual ele é derivado em muitas propriedades e
características sicas, qmicas, mineragicas, biogicas e morfológicas” (CURI et al.,
1993, p. 74)
As definições do solo apresentam aspectos comuns quanto à sua formão e sua função,
podendo ser considerado como um recurso renovável, desde que seja utilizado e conservado de
maneira adequada e apropriada após avaliação de suas características. Em síntese, pode-se apresentar
seu desenvolvimento e os aspectos considerados para a sua avaliação (QUADRO1):
4
Quadro 1 - ntese dos parâmetros pedológicos para uma avaliação ambiental.
PEDOGÊNESE
FATORES DE
FORMAÇÃO DO
SOLO
Material de origem;
Clima;
Organismos;
Relevo;
Tempo.
Solo
Constituição
minerais,
poros,
matéria ornica;
organismos.
FUNÇÕES
DO SOLO
Promover o crescimento das raízes;
Receber, armazenar e suprir água;
Armazenar, suprir e ciclar nutrientes;
Promover as trocas gasosas;
Promover a atividade biológica.
Propriedades
morfológicas
Propriedades
químicas
Propriedades físicas Propriedades biológicas
Cor, textura, estrutura
porosidade,
cerosidade, consisncia
pH, potássio, fósforo,
cálcio magnésio,
alumínio, matéria
ornica, (carbono
orgânico), CTC
1
.
Condutividade
hidráulica, porosidade,
capacidade de retenção
de água, distribuição do
tamanho de partículas,
densidade do solo,
resistência do solo a
penetração, agregação,
temperatura, etc.
Biodiversidade,
atividade enzimática, C
e N da biomassa,
quociente metabólico,
Taxa de mineralização
de N.
ANÁLISE DOS ATRIBUTOS DO SOLO
Avaliar as características das propriedades do solo, seguindo os parâmetros pré-estabelecidos;
Averiguar se ocorreu ganho, perda ou manutenção da sua qualidade.
LEITURA AMBIENTAL
Fonte: Adaptada de Resende et. al (2002) e Chaer (2001).
Ao se realizar uma leitura ambiental, com base no estudo dos solos, devem-se avaliar as
relações existentes entre os fatores de formação do solo, as funções do solo e suas características. A
avaliação e quantificação de seus atributos podem auxiliar no entendimento da sua funcionalidade e
capacidade produtiva dentro de um ambiente, e assim definir se ocorreu a manutenção, o ganho ou a
perda da sua qualidade.
O estudo dos solos está ligado ao desenvolvimento da vida, que até a bem pouco tempo era
classificado como um sistema estático, composto por elementos minerais, orgânicos e alguns
organismos. No entanto, o solo é um recurso natural resultado de um conjunto das alterões e
1
Capacidade de Troca Catiônica
5
processos que atuam sobre um material de origem (rocha ou sedimentos), aliado a uma função de
combinação dos fatores do clima, relevo, organismos e do tempo.
Para Resende et al. (2002, p. 1), é importante conhecer sempre a respeito do solo, uma vez
que ele “ocupa uma posição peculiar ligada às várias esferas que afetam a vida humana. É, além
disso, é o substrato principal da produção de alimentos”.
A importância do solo agcola na produção de alimentos para a humanidade tem ganhado
atenção especial no desenvolvimento de estudos acadêmicos, já que o processo de degradação está
gerando sérios problemas ambientais na atualidade (Muzilli,1983). Um dos principais fatores que
compromete a capacidade de manutenção dos sistemas agrícolas em longo prazo é a falta de
preocupação com relação ao uso e manejo adequado do solo. Nas grandes extensões de áreas
agricultáveis no Brasil, ocorrem sérios problemas de degradação do solo, muitas vezes, resultantes da
falta de informação sobre as potencialidades e limitações de uso e um bom manejo desse recurso
(CORREIA et al., 2004). Esse quadro é reflexo da falta de preocupação agrícola-ambiental adequada
ao uso do solo, capazes de garantir a sustentabilidade dos sistemas de produção à longo prazo.
A degradação do solo agrícola é um dos mais sérios problemas ambientais no mundo
contemporâneo, comprometendo seriamente a agricultura e o ambiente natural (Foladori &
Tomassino, 1998, apud BELOTTI, 2005). O negligenciamento desses aspectos tem elevado o custo
ambiental e econômico da produção agrícola, evidenciando a necessidade de revio das práticas de
manejo prevalecentes e adoção de pticas que melhorem o manejo do solo permitindo a sua
utilização sustentável (Lal, 2000; Barrios & Trejo, 2003, apud BELOTTI , 2005).
O solo é um recurso natural muito utilizado que não pode ser considerado como apenas o
produto residual da transformação de rochas,
“mas como uma entidade natural (os autores do fim do século dezenove dizem: ‘um corpo da
natureza, independente e variável’). É um complexo material estruturado e dotado de
regimes pseudocíclicos (diários e anuais) que evoluem ao longo do tempo e onde os
caracteres estão em relação com a repartição de fatores de diferenciação: as rochas, os
climas, a topografia, os seres vivos, a idade do solo. O solo é dotado de historicidade e de
geograficidade” (Boulaine, 1989, apud CORREIA et al. 2004 p.5).
Cogo e Levien (2000) elaboraram uma análise da evolução histórica dos principais tipos de
exploração agcola das terras de cultivo utilizados no Brasil (QUADRO 2):
6
Quadro 2 - Evolão histórica da exploração agcola das terras de cultivo no Brasil
ntese das práticas agrícolas desenvolvidas no Brasil
Práticas agrícolas Tipo de
exploração
Características gerais Conseqüências
Colonial
Uso das terras nas regiões sul e sudeste do
Brasil, sem assistência técnica ou incipiente uso de
mecanização agrícola, associada a inexistência ou
dificuldade de aquisição de insumos agrícolas.
O manejo resultou na degradação
do solo, principalmente devido à
derrubada da mata e/ou roçada da
vegetação existente, seguido por
queimadas
Mecanizada,
com alto grau de
mobilização do
solo, sem
atribuir a devida
importância à
cobertura do
solo
Contínuo uso da queima para manejar os
resíduos culturais e utilização intensiva de arados e
grades niveladoras de discos para o solo;
Maior preocupação do agrônomo com o
aumento da produtividade agrícola de culturas
específicas, como o trigo e a soja, por exemplo.
Não identifica uma preocupação
com o aspecto ambiental e sim uma
preocupação no controle de pragas e
doenças;
O terraceamento era intensamente
usado no controle da erosão, uma vez
que o solo possuía uma satisfatória
estrutura física;
Não se sabia se as perdas de solo
decorrentes eram prejudiciais, pois as
pesquisas não tinham obtido essas
quantificações.
Mecanizada,
com redução no
grau de
mobilização do
solo, porém sem
ainda atribui a
devida
importância à
cobertura do
solo.
Mantêm as mesmas características da fase
anterior, com diferença considerável apenas na
forma de realizão do preparo primário do solo
que, ao invés de arador e grades aradoras, passa a
ser feito por meio do uso de estratificadores
(diminui o tempo de preparo do solo);
Uso intenso de maquinário agrícola,
Redução da cobertura do solo e
aumento da desagregação mecânica do
mesmo;
Pesquisas voltadas para o aumento
da produtividade.
Mecanizada,
com redução no
grau de
mobilização do
solo, mas
atribuindo a
devida
importância à
cobertura do
solo
Melhoria técnica das maquinas agrícolas, como
exemplo, as semeaduras–adubadoras foram dotadas
de discos cortadores, evitando os embuchamentos;
Com base em estudo e pesquisas, diversas
espécies de culturas de cobertura forma
introduzidas para a adubação verde e/ou produção
de grãos no inverno;
O controle integrado de pragas e doenças foi
implementado, mas os insumos químicos ainda
predominavam;
O manejo dos solos passou a ser executado em
microbacias ou ao nível de glebas de terra;
Intenso trabalho de conscientização
dos agricultores, o fogo foi abolido da
maioria das lavouras produtoras de
grãos;
Em função do adiantado estágio de
degradação em que se encontravam
alguns solos de lavouras cultivadas com
culturais anuais, foi disseminada a iia
e a prática de controlar a erosão por
meio de terraços com grande capacidade
de retenção de água, popularmente
conhecidos como “murundus”;
A prática do plantio direto
começava a ser implementado, com
pratica conservacionista no preparo do
solo.
Continua
7
ntese das práticas agrícolas desenvolvidas no Brasil
Práticas agrícolas
Tipo de
exploração
Características gerais Conseqüências
Exploração
mecanizada, sem
mobilização do
solo, com ênfase
na diversificação
de culturas e
cobertura do
solo e emprego
de insumos
químicos.
É a fase da atualidade, em que a semeadura
direta passou a ser o método de preparo
recomendado a todos os tipos de culturas, frutíferas,
hortaliças, pastagens e outras;
O uso do maquinário agrícola sem prévio
preparo do solo, como exemplo a semeadura-
adubadoras já podem semear e adubar nas mais
variadas condições de solo, tanto em superfície,
quanto de subsupercie em diferentes
profundidades e velocidades de trabalho;
O controle de plantas invasoras
ainda necessita do uso de agrotóxicos
(herbicidas), em função da escolha por
práticas de manejo conservacionista,
como a adubação verde, por exemplo, o
que prejudica a colheita mecanizada.
Mecanizada,
sem mobilização
do solo, com
ênfase na
diversificação de
culturas e
coberturas do
solo e emprego
do cultivo
ornico
Semelhante a fase anterior, com diferença
somente quanto à preocupação em substituir os
insumos ditos químicos por alternativos orgânicos;
A agricultura orgânica é
impulsionada em função da consciência
de existência de um consumidor
interessado em adquirir e consumir,
cada vez mais, produtos sem
agrotóxicos e adubos químicos.
FONTE: Adaptado de COGO & LEVIEN (2000).
A evolução histórica da explorão agcola no Brasil busca demonstrar o desenvolvimento
das técnicas agcolas que influenciaram e modificaram intensamente o ecossistema natural para
atender os interesses comerciais e as necessidades humanas na produção de alimentos. Nesse
contexto a pesquisa em solos é um elemento norteador no desenvolvimento de ações de manejo e
conservação do solo e da água, ou seja, saber o que plantar, onde plantar e como plantar, para
produzir alimentos sem degradar o solo e água, a fim de estabelecer uma qualidade ambiental. Como
todo recurso natural, o solo também apresenta seu tempo de vida útil na agricultura, e quando
explorado exaustivamente e sem adoção de medidas ou tratos conservacionistas, também se esgota
(COGO & LEVIEN, 2000).
A moderna agricultura brasileira, que muitas vezes importa os modelos de sistemas agrícolas,
carrega agressões à natureza desde o peodo colonial. Os principais problemas estão relacionados
com a devastação dos solos, o descontrole das pragas e doenças e a perda da qualidade biológica dos
alimentos. No geral, os danos estão relacionados ao mau uso do ambiente, que fogem da concepção
8
de gestão racional
2
, que estabelece uma interação entre a proteção do meio ambiente com as
necessidades sociais do uso agrícola do solo, considerando ao mesmo tempo, uma produção
qualitativa dos alimentos (GRAZIANO NETO, 1985).
Para Tomé (2004), o sistema agrícola necessita alcançar um manejo responvel, que seja
ambientalmente correto, socialmente benéfico e economicamente viável, e que contemple a
responsabilidade das organizações que atuam no bom manejo
3
dos recursos naturais.
Conforme Pruski (2006) as operações de manejo do solo podem ser divididas em três etapas,
conforme o quadro 3:
Quadro 3 Etapas das operações de manejo dos solos
ETAPAS Operações do solo
Primária
Operações realizadas em maior profundidade, que objetiva soltá-lo e incorporar
restos de culturas ao solo.
Secundária
Consiste no nivelamento e o destorroamento do terreno, incorporação de
herbicidas e eliminação de plantas daninhas logo após a semeadura ou plantio
do solo.
Demais atividades que visem o desenvolvimento inicial da cultura.
Terciário
Consiste na manipulação do cultivo que vise manter a fertilidade e eliminar as
plantas daninhas que competem com cultura.
FONTE: Adaptado de Pruski (2006).
De acordo com Cogo e Levien (2000), espera-se que, enquanto vigirem os dois últimos tipos
de exploração agrícola da terra apresentados no QUADRO 2, as práticas agrícolas devem considerar:
“o reflorestamento, a adubação verde, a matéria orgânica, a proteção de fauna e da flora, a
cobertura do solo, os preparos de solo conservacionista, o aproveitamento racional de
dejetos, o controle alternativo de pragas e doenças, o saneamento básico no meio rural, os
cuidados com a água e o associativismo. Por meio de um processo participativo [...] poder-
se-á chegar a uma agricultura mais limpa, menos poluidora e menos demandadora de
energia, com maior lucratividade líquida financeira (...), e ao mesmo tempo, possa dar
sustentabilidade à capacidade produtiva do solo e à qualidade do ambiente” (COGO &
LEVIEN, 2000, p.116).
2
A gestão e o uso racional dos recursos naturais são considerados como a integração entre a proteção do meio ambiente e
as necessidades sociais de uso agrícola do solo (SACHS,1997).
3
Segundo Tomé (2004), o termo ‘bom manejo’ surgiu no setor florestal para designar o manejo economicamente viável,
ambientalmente adequado e socialmente benéfico. No setor agrário não existe padrões que estabeleçam o manejo
responsável das áreas agrícolas, assim conceito de “bom manejo florestal” pode ser utilizado em sistemas agrícolas
com manejo responvel.
9
A recuperação e conservação das áreas agrícolas devem ter um caráter prioritário tanto para
manter e garantir a produtividade agcola adio e longo prazo, como para evitar impactos sobre
outros recursos naturais do ambiente (BELOTTI, 2005).
A conservação do solo deve tratar “o uso da terra dentro dos limites de praticabilidade
econômica, de acordo com suas capacidades e necessidades, para man-la permanentemente
produtiva” (SCSA, 1982 apud COGO & LEVIEN, 2000, p.135), ou seja, a conservação deve incluir
a combinação de todos os fatores de manejo e uso que visam a proteção do solo contra o seu
esgotamento ou deterioração por fatores naturais ou ações praticadas pelo homem (CURI et al.,
1993).
A deteriorão do ambiente ou os impactos provocados a partir da produção, transformação,
distribuição de alimentos e produtos agrícolas, têm sido historicamente consideradas inerentes ao
desenvolvimento das atividades do setor primário. Atualmente, no contexto mundial, com o
crescimento das atividades agrícolas, devem-se propor iniciativas e criar estruturas para que se
possam considerar todas as dimensões de um manejo responsável, a fim de garantir a manutenção
dos recursos naturais e que também atenda as necessidades sociais no uso do ambiente (TOMÉ,
2004).
2.2 CONDICIONANTES AMBIENTAIS DO USO DO SOLO ASSOCIADOS À PRODUÇÃO
AGRÍCOLA
A melhor escolha do uso da terra não é somente influenciada pelo tipo de solo e suas
características, mas tamm pelo ambiente físico. Para determinar o uso do solo, é necessário
considerar as características físicas do ambiente tais como relevo, vegetação, tipos e grau de
susceptibilidade à erosão, disponibilidade de água e impedimentos à motomecanização, a fim de
possibilitar um planejamento agrícola-ambiental respeitando a capacidade e as limitões da área em
questão (LEPSCH, 1991). No entanto, uma avaliação ambiental pode agregar alguns levantamentos
temáticos e, assim, contribuir no uso e gestão racional dos recursos naturais.
Lepsch (1991, p.26) afirma que “é necessário que se definam previamente os requisitos e ou
condições ambientais ideais” para o desenvolvimento das atividades agrícolas. O Quadro 4 apresenta
as condições ambientais esperadas para se obter um “solo ideal” para a maioria das culturas (França,
1980, apud LEPSCH, 1991).
10
Quadro 4 - Condições ambientais ideais para a maioria das culturas
Aspectos do solo Condões ambientais
Profundidade efetiva
Deve ser suficiente para a expano do sistema radicular das plantas, atingindo
normalmente mais de 150 cm.
Fertilidade relativamente
alta
Para que se possam atingir boas produções, ou com caractesticas que facilitem
as devidas correções de eventuais deficiências de nutrientes.
Boa capacidade de
armazenamento de água
Disponível para planta, sem ocasionar problemas de falta ou excesso.
Baixa erodibilidade
As condições locais como declividade, características morfológicas e suas
propriedades físicas, permitam um controle efetivo da eroo.
Relevo favorável Ausência de impedimentos a motomecanização
Condições térmicas e
dricas adequadas
Ambiente que possa proporcionar o crescimento e desenvolvimento das culturas,
sem problemas de solução impraticável devidos à proliferação de ervas daninhas,
pragas e doenças de plantas, prejudiciais a lavoura.
FONTE: Adaptado de LEPSCH, 1991.
O desenvolvimento de uma atividade agrícola deve buscar conciliar o aspecto do solo com as
condições ambientais, a fim de promover uma viabilidade na produção agcola. No entanto, as
características apresentadas no Quadro 4 nem sempre são encontradas no ambiente, mostrando a
necessidade de um planejamento agrícola-ambiental no intuito de reduzir o impacto e degradação de
ambientes.
As informações tendem a ser enfatizadas, do geral para o mais específico, atendendo a
variadas exigências em diferentes escalas. Segundo Resende et al. (1983), os estudos sobre solos
estão nos níveis mais detalhados. Sabendo disso, um planejamento agrícola-ambiental aliado ao
desenvolvimento da ciência do solo, pode auxiliar o desenvolvimento da atividade agrícola.
O Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras elaborado por Ramalho Filho et al.
(1995) tem o intuito de classificar o uso das terras considerando as limitações do ambiente para o uso
agrícola, o tipo de manejo e a disponibilidade dos recursos financeiros a serem investidos no sistema
agrícola.
Tomé (2004) afirma que a maior dificuldade está em obter dados e informões que possam
produzir conhecimentos úteis às decisões de manejo. As informações geradas pelo meio acadêmico
ainda não contêm muitas respostas, o que pode representar uma oportunidade para o
desenvolvimento de trabalhos, em parceria com as organizações (EMATER, EMBRAPA, dentre
outras), construindo, por exemplo, em uma base de dados unificados a uma rede de informações já
existente, integrando com novas demandas do setor agrio.
O desafio de um manejo ambientalmente responsável nas extensas áreas ocupadas por
cultivos agrícolas é preocupante. Segundo Tomé (2004), as pesquisas desenvolvidas podem
contribuir com uma produção responvel, que contemple os valores éticos como forma de planejar e
11
praticar o manejo responsável em qualquer agroecossistema. Assim, cria a possibilidade de fornecer
a esse sistema parâmetros ou critérios, que possam promover a mínima alterão das características
do solo e, por conseqüente, fornecer uma sustentabilidade ao ambiente.
2.2.1 Alterações e avaliações das características do solo em diferentes sistemas agrícolas
A função do solo não é somente sustentar um sistema agcola ou de ocupação, mas também
constituir fator na manutenção da qualidade ambiental, com efeito local e regional. De acordo com
Reinert (1998, p.163), o solo é considerado um “corpo natural organizado, vivo e dinâmico, que
desempenha inúmeras funções no ecossistema terrestre”. Essas variadas funções envolvem processos
para o desenvolvimento da vida, ou seja, prover o suporte físico e os nutrientes para as plantas,
promover a retenção e o movimento da água, suportar as cadeias alimentares do solo e as funções
reguladoras do ambiente, incluindo a ciclagem de nutrientes, a diversidade microbiana, a remedição
de poluentes e a imobilização de metais pesados (Bezdicek, 1996).
Para Pavan (1998), a matéria orgânica pode ser considerada como ‘a vida do solo’, em função
da sua importância nas principais propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (QUADRO 5).
A análise desse efeito não dever ser avaliada sozinha, mas deve-se considerar a interação entre as
propriedades do solo e a matéria orgânica, a fim de melhorar a produtividade agrícola.
Quadro 5 Os benefícios da matéria ornica nas principais propriedades do solo
Propriedades
do solo
Influência da matéria orgânica Efeitos no solo
MAIOR
Infiltração;
Reteão de água;
Consistência;
Agregação;
Estrutura;
Cor.
Física
MENOR
Temperatura;
Densidade aparente.
Capacidade de aeração e
infiltração de água no solo;
Disponibilidade de água
para as plantas.
Fonte de Nutrientes: N, P K S B Fé, Mn, Zn, Cu, Mo;
Fonte de ligante orgânico
MAIOR
Poder tamo;
Complexação – Quelatos;
pH e Troca de Cátions
Reação com metais:Al, Cu, Mn
(complexo orgânico);
Solubilização de nutrientes.
Química
MENOR
Fixação
Fertilidade dos solos e
necessidade de adubão;
Disponibilidade de
nutrientes para as plantas;
Disponibilidade de
micronutrientes e elementos
xicos.
Continua
12
Propriedades
do solo
Influência da matéria orgânica Efeitos no solo
sico-
química
MAIOR
Adsorção de nutrientes;
CTC;
Superfície específica;
Movimento de calcário.
-
Biológica
MAIOR
Atividade de organismos benéficos;
Mineralização;
Diversidade de populações de flora e fauna.
Na atividade biológica e
desenvolvimento de plantas.
Fonte: Adaptado de PAVAN (1998) e CAMARGO (2000).
Dentre os constituintes do solo a matéria orgânica tem papel de destaque, pois é a maior fonte
de C, P, N, e S, e responsável pela reciclagem e disponibilidade desses elementos, que são
constantemente alterados pela mineralização e imobilização microbiológica. Ao caracterizar o solo, o
conteúdo de água, oxigênio, temperatura à resistência mecânica e a disponibilidade de nutrientes,
praticamente, constituem os mais importantes parâmetros relacionados diretamente com a
produtividade dos ‘cultivos de sequeiro’
4
conforme Letey (1985) apud Reinert (1998).
A degradação do solo ocorre à medida que este não oferece mais as condições desejáveis
relacionadas ao crescimento de plantas. Lal e Stuart (1990) expõem que a deterioração do solo
refere-se ao declínio da sua qualidade causado pelo mau uso humano. Há três principais tipos de
degradação do solo (QUADRO 6).
Quadro 6 - Classificação dos tipos de degradação do solo
DEGRADAÇÃO DO SOLO
FÍSICA QUÍMICA BIOLÓGICA
CONDICIONANTE
S
Perdas ligadas à forma (densidade,
porosidade, infiltração, aeração...);
Perdas ligadas à estabilidade
(resistência dos agregados);
Alta resistência a penetração de
raízes;
Limitações de aerão;
Alta susceptibilidade à erosão.
Retirada ou saída de nutrientes do
solo;
Possibilidade acúmulo de elementos
tóxicos;
Desequilíbrio das condições
químicas que são prejudiciais ao
crescimento das plantas
Redução da matéria
orgânica;
Redução da atividade e
diversidade de
microorganismos
Fonte: Adaptado de REINERT (1998)
Os fatores de degradação do solo, citados por Dias & Griffith (1998), estão de acordo com a
visão do projeto de avaliação mundial da degradão do solo (GLSOD - Global Assessment of soil
4
Lavoura das regiões deficientes em chuva ou realizada em terrenos altos, bem drenados, sem uso da irrigação (CURI et
al., 1993).
13
Degradation), pertencente ao programa de Meio ambiente das Nações Unidas, e que foi implantado e
executado pelo Centro Internacional de Informação e Referência de solos - IRSIC, na Holanda.
O Quadro 7 também traz uma comparação entre os fatores de degradação do solo do mundo e
da América do Sul. De acordo com a mesma fonte, 14% da área degradada no mundo se encontram
na América do Sul.
Quadro 7 Comparação entre as áreas degradadas do mundo e da América do Sul
FATORES DE DEGRADAÇÃO
Áreas mundiais
degradadas (%)
América do sul
(%)
Superpastejo da vegetão; 34.5 27.9
Desmatamento ou remão da vegetão natural para fins de agricultura,
florestas comerciais, construção de estradas e urbanização;
29.4 41
Atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de praticas agrícolas, incldo
ampla variedade de práticas agrícolas, como uso insuficiente ou excessivo de
fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa qualidade, uso inapropriado de
maquinas agrícolas e ausência de práticas conservacionistas de solo;
28.1 26.2
Exploração intensa da vegetação para fins domésticos, como combustível,
cercas etc.,expondo o solo à ação dos agentes de erosão;
6.8 4.9
Atividades industriais ou bioindustriais que causam a poluição do solo. 1.2 -*
Fonte: Adaptado de DIAS & GRIFFITH (1998). *Não apresenta dado.
O levantamento sobre os fatores de degradação no Brasil é ainda muito precário. Dias e
Griffith (1998, p.2) afirmam que, apesar da “ausência de avaliações exatas a respeito da extensão de
áreas degradadas no Brasil, todas as estimativas apontam para o desmatamento e para as atividades
agrícolas como os principais fatores de degradação dos nossos solos”. Segundo os mesmos autores, a
caracterização da degradação das atividades agrícolas é de difícil definição, uma vez que ocorrem de
maneira lenta e gradual e, muitas vezes, podem estar em processo de degradação sem conseqüências
visuais claras e bem caracterizadas, ao contrio das atividades consideradas com alto poder
impactante como as minerações e obras de engenharia, como barragens, por exemplo.
As causas de degradação do solo pela ação antrópica têm crescido pelo mundo, e um dos
principais é o desmate, nas regiões tropicais, a fim de atender às necessidades da produção de
alimentos. A Figura 1 apresenta um panorama da disponibilidade e uso do recurso solo pelo mundo.
14
Figura 1 - Panorama do uso das terras disponíveis pelo mundo
Fonte: Adaptado de MELFI et al. 1999, p. 26.
Embora o impacto de obras de engenharia e mineração sensibilize mais a população, essas
atividades têm uma ação intensa em uma área muito menor quando comparada ao desmatamento e
superpastejo. Deve-se avaliar o impacto de uma degradação tanto pela extensão quanto pela
intensidade. Muitas vezes uma degradação pontual tem um efeito muito maior, pois pode atingir
leitos de rio e comprometer uma bacia hidrográfica inteira (DIAS & GRIFFITH, 1998).
No caso da agricultura, a retirada da mata e a implantação de pastagens com o uso inadequado
de insumos, onde o solo não fornece nutrientes suficientes para o desenvolvimento da vegetação,
aliada à manutenção de carga excessiva de animais e o manejo inadequado dos solos sem o uso de
práticas conservacionistas, são as principais causas de degradação.
Uma das dificuldades de recuperação destas áreas degradadas está na falta de diagnóstico
precoce, pois a perda de solo com a ocorrência de erosão superficial e a perda de fertilidade demora a
ser percebida pelos agricultores. Para que essa situação seja evitada a ciência do solo tem tentado
15
associar a degradação à alteração dos parâmetros de qualidade do solo. Diversos autores têm
apontado os parâmetros e atributos de qualidade do solo e salientam que os valores de refencia não
devem ser fixos. Os valores de referência devem ser os obtidos em uma área próxima à área avaliada
em que não tenha havido ação antrópica (ABDO, 2006).
Estudos da Food and Agriculture Organization - FAO estimam uma perda de 25 bilhões de
toneladas de solo por ano em todo mundo, conforme apresentado por Lal (1999). Segundo Melfi et
al. (1999), a fim de garantir uma produtividade agrícola que possibilite um melhoramento da renda
rural, atendimento às necessidades humanas e a promão de qualidade do ambiente, devem-se
propor estratégias de administração que conjuguem esses interesses.
O manejo inadequado de solos agrícolas tem proporcionado aumento significativo de terras
degradadas. O desconhecimento de práticas conservacionistas e a ausência de planejamento do uso
do solo aliada ao aumento da demanda de alimentos podem ser considerados como fatores decisivos
para o estabelecimento desse cenário. Outro aspecto a ser considerado em relação às atividades
agrícolas refere-se à dificuldade de diagnosticar o processo de degradação (DIAS & GRIFFITH,
1998). Nesse sentido, observa-se a necessidade de promover um aprimoramento nos indicadores do
processo de degradação de solos aliado à necessidade de promover uma conscientização do
agricultor com relação às práticas de manejo e de conservação do mesmo.
Com o passar do tempo, a utilização contínua do solo, tem acarretado mudanças significativas
nas suas propriedades, principalmente em sistema de preparo convencional. Essas mudanças
englobam a perda do teor de matéria orgânica ocasionada pelo aumento da erosão (STEVENSON,
1986 appud Andreola, 1996) ou pelo revolvimento do solo, o que torna um ambiente favovel ao
aumento da atividade microbiana e, conseqüentemente, aumento da decomposição e mineralização,
redução do diâmetro médio dos agregados e sua estabilidade (COSTA & COELHO, 1990); assim
como proporciona o aumento da microporosidade com a redução da macroporosidade (OLIVEIRA
et al., 1983); diminuição da velocidade de infiltração da água da capacidade de reteão de umidade
do solo, aumento da densidade do solo (ANJOS et al., 1994), do selamento superficial e do
escoamento da água (ALVES et al., 1995).
Com o uso intensivo do solo, geralmente ocorre a deterioração das suas propriedades físicas,
modificações na densidade, permeabilidade, estrutura, porosidade e estágio de agregação, assim
como também, ocorrem mudanças nas propriedades químicas como o pH e a matéria orgânica, que
podem variar consideravelmente, dependendo da textura e da freqüência do cultivo do solo.
Andreola (1996) afirma que os solos em seu estado natural, sob vegetão nativa, apresentam
16
características físicas, agronomicamente desejáveis. Entretanto, à medida que os solos vão sendo
trabalhados motomecanicamente, consideráveis alterações vão ocorrendo.
Dentre as características físicas do solo e até mesmo do ponto de vista agrícola, a estrutura é
um dos seus atributos mais importantes, pois está relacionada com a disponibilidade de ar e água às
raízes das plantas, com a infiltração de água e a sua retenção, com o suprimento de nutrientes, com a
resistência mecânica do solo à penetração e com o desenvolvimento do sistema radicular (BAVER et
al., 1972; TISDALL & OADES,1982).
Uma das principais alterações do solo está relacionada à sua estrutura, uma vez que o seu
equilíbrio é dependente do processo de agregação (SILVA, 2000). A agregação do solo é um
processo que ocorre em duas etapas, sendo a primeira relacionada com a aproximação das partículas
e a segunda com a sua estabilização por agentes cimentantes (Baver et al., 1972). O produto final
desse processo resulta na formação de unidades estruturais, que em conjunto, definem a estrutura do
solo. A estrutura do solo é a propriedade física mais relacionada à degradação e recuperação dos
mesmos, e apresenta grande dinamicidade no tempo em função do manejo (REINERT, 1998).
Segundo Resende et al. (2002), a estrutura do solo é dada pela agregação das partículas
primárias - argila, silte e areia, juntamente com a matéria orgânica - em unidade maiores
agregados-, que no geral, pode fornecer ao solo cinco tipos de estrutura, conforme a Figura 2:
FORMA
(TIPO)
CARACTERÍSTICA OCORRÊNCIA TÍPICA
Grânulos
Não há direção preferencial; os agregados têm mais
ou menos as mesmas dimensões em todos os eixos.
Muito poroso em conjunto
No horizonte A rico em matéria orgânica, e
nos Latossolos
5
Grumos
Idem, porem mais poroso.
No horizonte A chernonico de alguns
solos.
Continua
5
Apenas nos Latossolos. Horizonte B, é que a estrutura tende a ser verdadeiramente granular; no horizonte A há maior
atividade de expansão e contração, os grânulos mais se parecem blocos.
17
FORMA
(TIPO)
CARACTERÍSTICA OCORRÊNCIA TÍPICA
Blocos
Semelhante a grânulos, mas as faces tendem a ser
mais planas, e no solo estão em contato através das
faces.
Horizonte B dos solos com B textural
(principalmente Podzólico e Terras Roxas
estruturadas, atualmente Alissolos,
Argissolos, Luvissolos e Nitossolos)
Prismas
O eixo vertical é maior. Ë uma estrutura alongada,
formada geralmente de agregados menores em
blocos.
Em muitos solos com B textural. No corte
exposto dos Latossolos (nesse caso
geralmente não é composto de blocos)
Colunas
Idem prismas, mas a parte superior é arredondada.
São compactas (muito pouco porosas).
Horizonte B solonétzico (horizonte B
plânico com alto teor de Na
+
)
Laminar
O eixo vertical é menor
No horizonte A2 (atualmente designado E,
de eluvial) de muitos Podzólico (Alissolos,
Argissolos, e Luvissolos). Por efeito de
compressão, pisoteio, por exemplo, na
camada superficial.
Figura 2 - Tipos de estrutura, suas características e onde ocorrem.
Fonte: RESENDE et al., 2002, p. 54.
As análises da estrutura do solo podem ser feitas por meio de determinações indiretas que
avaliam a quantidade de agregados estáveis em água (OLIVEIRA et al., 1983; SILVA et al., 2000).
Assim, ostodos que quantifiquem e qualifiquem as condições estruturais são importantes para
avaliar a qualidade do solo (CARPENEDO & MIELNICZUK, 1990), consideradas um indicador da
sustentabilidade dos sistemas de uso e manejo (ARSHAD et al., 1996; HARRIS et al., 1996;
MUCKEL & MAUSBACH, 1996), conforme citado por Beutler et al. (2001).
Do ponto de vista agrícola, a manutenção de uma boa estabilidade de agregados,
conseqüentemente a formação de boa estrutura do solo, é condição primordial para garantir altas
produtividades (PERIN et al., 2001). Vários trabalhos realizados no Brasil envolvem a quantificação
de índices de estabilidade de agregados e da distribuição destes por classe de tamanho, estabelecendo
relações com atributos químicos e físicos emrios sistemas agrícolas (SILVA et al. 2000;
BEUTLER et al. 2001).
18
Em seu trabalho, Palmeira et al. (1999) constataram que a maior concentração de agregados
estáveis em água, na classe de maior tamanho, ocorreu nos sistemas de cultivo com nima
mobilização do solo, enquanto a maior concentração, na classe de menor diâmetro, ocorreu nos
tratamentos com maior ação antrópica.
Outra característica que atua na qualidade do solo é a cobertura vegetal, que de acordo com
Andreola (2000), influencia diretamente a agregação, a densidade, a retenção de água, a porosidade e
a aeração do solo. Esse aspecto tem sido relacionado ao avaliar o teor de carbono ornico presente
nos diversos cultivos anuais ou perenes, principalmente, com relação à estabilidade de agregados,
sendo relatado que, o cultivo intensivo provoca a redução da estabilidade e proporciona o aumento
da oxidação da matéria orgânica, comprometendo a absorção de nutrientes pelas plantas e o
desenvolvimento da atividade agroeconômica.
Dentre as conseqüências da atividade agroeconômica estão a erosão, o desgaste físico do
solo, a queda da biodiversidade e a perda de nutrientes, sendo que os dois últimos são influenciados
pela qualidade física do solo e por fatores ambientais como umidade e temperatura, por exemplo
(MELFI et al.
, 1999).
Oliveira
et al.
(1998) afirmam que a diversidade das características físicas, químicas e
mineralógicas dos solos, apontam variações de comportamento frente ao uso agrícola, indicando
adequações diferenciadas nas práticas de manejo.
No seu trabalho, Araújo
et al.
(2004a) constatam que as propriedades físicas de um Latossolo
Vermelho distfico apresentaram diferenças entre o solo sob mata nativa e o cultivado. O solo sob
cultivo apresentou maiores valores de densidade do solo e menores valores de porosidade total e de
macroporosidade. Esses aspectos afetaram a resistência do solo à penetração e à retenção de água,
considerados como reflexo do seu uso.
Araújo
et al.
(2004b), em seu trabalho sobre o uso da terra e as propriedades físicas e
químicas de Argissolo Amarelo distrófico na Amazônia ocidental, verificaram que sob pastagem de
braquiaria, o solo apresentou os maiores valores de densidade no horizonte A, o que revela tendência
à compactação. Os nutrientes avaliados e o carbono orgânico apresentaram baixos teores e estavam
concentrados nos primeiros centímetros do solo.
A partir disso, nota-se que há uma relação entre as condições físicas do solo e o
desenvolvimento das plantas. Solos desestruturados e compactados geralmente apresentam valores
baixos de porosidade, dificultando a penetrão de raízes e a difusão de oxigênio (PALMEIRA
et al.,
1999). Ao manejar um solo, devem–se adotar técnicas de cultivo que mantenham a estrutura do solo
favovel ao crescimento das plantas, uma vez que o processo de compactação é influenciado, ainda
19
pela matéria orgânica, pela estrutura, pelo contdo da água (REINERT, 1998) e pela densidade do
solo (CARPENEDO, 1990).
Souza
et al.
(2003) concluíram, em seu trabalho, que os sistemas de plantio direto e cultivo
mínimo apresentaram melhores condições de qualidade do solo, pois além da melhoria nas condições
químicas do solo, a maria orgânica manteve-se em níveis similares às do sistema natural. No
intuito de reverter e evitar o processo de degradação física dos solos agrícolas, práticas de manejo de
solos e de culturas, tais como cultivo mínimo, plantio direto, adubação verde, consorciação, rotação
de cultura, entre outras têm sido recomendadas (ANDREOLA, 1996).
Segundo Araújo
et al.
(2004b), um solo degradado pode apresentar, além da redução da
quantidade de água disponível, uma menor taxa de difusão de oxigênio e maior resistência do solo à
penetração, as quais podem influir no crescimento das plantas e, conseqüentemente, implicam a
disponibilidade de água no solo. Dessa forma, a caracterização dos efeitos dos sistemas de uso e
manejo sobre a degradação e qualidade física do solo é mais bem quantificada por medidas
integradoras dessas modificações. Gomes
et al.
(2004) afirmam que evitar a degradação de terras
produtivas e avançar em aspectos específicos de qualidade dos solos são demandas que se
relacionam com o aumento do conhecimento sobre a diferenciação de atributos dos solos nos seus
respectivos ambientes naturais. Esse quadro ambiental pode, muitas vezes, refletir uma queda da
produtividade ou até mesmo inviabilizar um empreendimento agrícola.
Portanto, os trabalhos realizados no país apontam modificações ocorridas nas propriedades
sicas e químicas do solo ligadas ao uso e manejo do mesmo, seja pelo tipo de cultivo ou pela
técnica empregada. Para avaliar as alterações nos atributos do solo devem-se comparar as suas
características submetidas a uma atividade agrícola e considerar outro sob mata nativa, ou seja, um
ecossistema não alterado, como parâmetro para a avaliação das transformões ocorridas. A partir da
quantificação e a qualificação dessas propriedades, pode-se analisar quais os indicadores mais
relevantes na avaliação e implementação de uma sustentabilidade em sistemas agrícolo-ambientais.
2.2.2 Monitoramento da qualidade do solo: conservação e recuperação
O conceito de degradação do solo ou de qualidade de solo pode ser relativo, dependendo da
finalidade do uso atribuído ao mesmo. Para a engenharia civil, um solo compactado e adensado pode
ser considerado um bom solo para construções e edificações. Já para a engenharia agronômica, essas
características podem assinalar um processo de degradação, pois impede o crescimento de raízes e
reduz a taxa de infiltração da água.
20
No desenvolvimento das atividades agropecuárias o solo será denominado arável ou
produtivo, ou seja, que proporcione condições de cultivo ou possua características “químicas, físicas
e biológicas que sejam favoráveis a produção econômica de culturas adaptadas a uma área
particular”. (CURI
et al.,
1993, p.77).
Ao considerar o solo como a base de sustentação do sistema agrícola, enfatiza-se a
importância da sua preservação, pois essa se constitui necessária para a manutenção da produtividade
e da qualidade ambiental. Reinert (1998) afirma que a recuperação de um solo degradado requer um
melhoramento da sua qualidade para adquirir novamente suas condições originais. No entanto, o
melhoramento de um solo degradado significa garantir sua funcionalidade, e não necessariamente
requer a recuperação das suas características originais, mas necessita da manutenção e planejamento
das atividades desenvolvidas, a fim de viabilizar os diversos sistemas de uso agrícola.
Os atributos considerados indicadores de mudança na qualidade do solo devem ter a
capacidade de serem sensíveis ao manejo numa escala de tempo que permita a verificação de suas
alterações. O monitoramento periódico das propriedades do solo vem sendo utilizado no intuito de se
obter um melhor aproveitamento na produtividade das culturas e um planejamento da resistência do
solo à erosão hídrica e degradão ambiental (PALMEIRA
et al.,
1999).
Para PERIN
et al.
(2001), o declínio da produtividade dos solos agrícolas de regiões tropicais
e subtropicais cultivados continuamente tem sido atribdo principalmente à erosão e à redução dos
níveis de matéria ornica. A proteção do solo com coberturas vivas ou mortas é uma das
alternativas mais efetivas no controle de sua degradação. Nesse sentido, sistemas de manejo que
protejam o solo dos agentes climáticos e que proporcionem uma contínua contribuição de resíduos
orgânicos vêm sendo desenvolvidos e adaptados, dada a importância na formação de condições
edáficas mais estáveis à produção. Em geral, mesmo utilizando diferentes práticas de manejo, esses
podem influir de maneira diferenciada em um mesmo tipo de solo.
Os estudos de Reinert (1998) sobre a recuperação de solos em sistemas agropastoris propõem
que a medição das propriedades físicas e químicas do solo constituía parâmetro na avaliação da
qualidade do mesmo. No sentido contrário à degradão, a recuperação da qualidade pode ser
avaliada e quantificada no tempo e comparada às condões originais de cada solo. Os atributos do
solo relacionados à sua funcionalidade auxiliam a medir de maneira indireta a qualidade dos solos e
fornece subsídios para o monitoramento das condições ambientais.
Em geral, considera-se que os solos que tenham uma menor mobilização apresentam uma
melhor estrutura, resultado de um adequado planejamento agrícola sustentável, ao contrário de
sistemas agrícolas com o uso mais intensivo do solo, proporcionando uma maior mudança nas
21
propriedades físicas e químicas do mesmo. A análise dessas propriedades do solo pode induzir ou
determinar o grau de aptidão agrícola ou qual seria o uso mais adequado, a fim de não promover sua
degradação ou influir na degradação ambiental. Mesmo um solo que possua uma elevada aptidão
agrícola, por exemplo, caso seja manejado de forma incorreta, está sujeito a degradação.
Todos os atributos do solo m que ser colocados um com relação ao outro, sua qualidade do
solo não pode ser descrita e/ou quantificada, por nenhum indicador individualmente. A avaliação
direta das propriedades do solo parece ser a forma mais adequada de medir ou monitorar a sua
conservação ou qualquer processo de degradação em curso (Burger, 1996,
apud
CHAER, 2001). No
entanto,o existem padrões estabelecidos para avaliar a qualidade do solo, uma vez este possuir
uma grande diferenciação nas suas características. A qualidade ideal para um solo tambémo é
conhecida, e o ideal irá diferir entre os vários tipos de solo e para cada cultura. Logo, é necessária a
determinação de referências que possam servir de base para a interpretação e comparação.
Para Doran e Parkin (1994), citados por Reinert (1998), a qualidade do solo consiste na sua
capacidade de funcionalidade dentro de um ecossistema, sustentando a produtividade agrícola,
mantendo a qualidade ambiental e promovendo a sanidade animal e vegetal. Para se manter essa
capacidade, os autores sugerem considerar a influência dos seguintes fatores: agregação, conteúdo de
matéria orgânica, profundidade, capacidade de retenção de água e taxa de infiltração, para que se
possa determinar sua qualidade.
A ciência do solo tem associado o conceito de degradão à própria definição de qualidade do
solo, ou seja, à medida que os parâmetros determinados para avaliação das características da
qualidade do solo forem alterados, pode-se constatar um processo de degradação das suas
características. Para avaliar esse quadro, o ideal é considerar um solo em uso e compará-las a um
sistema em equilíbrio.
O ecossistema natural é considerado como um sistema em equilíbrio, auto-sustentável e
cíclico, ao contrário do ecossistema agcola, analisado como um sistema aberto com interferências
antrópicas que visam atender as interesses de produtividade e comerciais. No entanto muitas vezes a
falta de um plano de ão nesse ambiente acaba por promover uma deterioração ou uma degradação
desse sistema, deixando sem utilidade as pretensões humanas (PAVAN, 1998).
Para Doran
et al.
(1994), conforme Dias e Griffith (1998), o uso de índices que demonstrem o
estágio da qualidade do solo está sendo utilizado como indicadores do estágio de deterioração do
ambiente, assim como vem sendo usado também para avaliar a sustentabilidade de manejo do solo.
Entretanto, a degradação de terras agcolas deve enfocar não só aspectos relativos ao meio físico,
22
mas aspectos também econômicos, pois a perda da produtividade pode estar relacionada com a
degradação do solo.
Em todo mundo, a degradação do componente solo tem sido associada com a intensificação
da agricultura. Segundo LAL (1999), a degradação do solo é considerado um grave problema nas
regiões tropicais, uma vez que a atividade agropecuária é considerada como a base econômica do
ps, praticada sem um controle ambiental. A degradação do solo interfere na qualidade da água, no
equilíbrio da biodiversidade, assim como está interligado a aspectos sócio-espaciais da sociedade,
(FIGURA 3)
Figura 3 -
A interferência do solo no eqibrio da biodversidade
Fonte: Tradução LAL, 1999, p.38.
A agricultura brasileira não têm conseguido alcaar níveis satisfatórios de produtividade, em
função dos aumentos no ‘custo de produção’ que nãoo compensados no ‘aumento da produção’
por área, o que compromete a rentabilidade do agricultor e a manutenção do sistema agrícola-
ambiental (GRAZIANO NETO, 1985). A avaliação dos impactos ambientais ainda não é uma
Qualidade do ar
Concentração de poeira e
outros poluentes que podem
influir no efeito estufa
Qualidade da água
Concentração de
sedimentos, nutrientes e
pesticidas;
Elementos patógenos e
parasitas;
Interferência no ciclo
hidrológico.
Ciclagem de nutrientes
Ciclos de N, P, K e outros
elementos como o C.
Sustentabilidade da
Agricultura
Promover uma alta
produtividade em uma
área
Viabilizar o uso racional
dos recursos;
Alta qualidade ambiental
menor ;
E
strutura do solo
D
istribuição do tamanho do
poro;
Influi na infiltração e
aeração.
uso racional
Medidas restaurativas
Controle de erosão e
lixiviação
Sequestro de C
23
atividade incorporada e consolidada no desenvolvimento das atividades do setor agrio (TOMÉ,
2004). No quadro sócio econômico vigente, o desafio é associar a satisfação dos interesses
financeiros com a possibilidade de preservação do ambiente.
24
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
3.1 LOCALIZAÇÃO
O munipio de São José da Lapa es inserido na Rego Metropolitana de Belo Horizonte,
na porção central do estado de Minas Gerais. A área de estudo encontra-se na porção oeste do
município, pxima à divisa com os municípios de Confins, Pedro Leopoldo e Vespasiano,
especificamente entre as coordenadas geográficas a 44º 05”, longitude W e 19º 40” de latitude S
(FIGURA 4), sendo denominada Bacia do Córrego Cabeleira, afluente do Ribeirão Areias e
subafluente do Ribeirão da Mata.
3.2 GEOLOGIA
A geologia do município de São José da Lapa constitui-se numa área de transição entre duas
unidades geológicas: o Complexo Basal Indiferenciado e o Grupo Bambuí. Segundo o mapeamento
geológico do “Projeto Vida” da CPRM (1994) existem na área de estudo 5 unidades cristalográficas
(FIGURA 5).
O embasamento ocupa a maior parte do município, estendendo-se pelas regiões noroeste,
centro e sul, (DNPM/EEUFMG, 1969), e compreende as rochas mais antigas da área, de idade pré-
cambrianas, sendo formado por biotita-gnaises, granitóides e migmatitos, estes com estruturas
diversas, que recobrem a maior parte da Bacia do córrego Cabeleira. Quando alteradas, como
freqüentemente ocorrem, formam espesso manto regolítico rosado, e de susceptibilidade erosiva
elevada, comumente apresentando esfoliação esferoidal. Este complexo ocorre, principalmente, na
porção sul das Folhas de Pedro Leopoldo e Lagoa Santa (IGA, 1984).
O Grupo Bambuí apresenta rochas de idade Proterozóica Superior, constituído pela Formação
Sete Lagoas, que é composta por rochas calcárias. A formão Sete Lagoas é composta da base para
o topo pelos membros Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. Estruturalmente, este grupo apresenta feições
picas, sendo os aspectos deformacionais pouco intensos, com pequenos arqueamentos e
falhamentos, os quais constituem as feições mais importantes na região. Segundo o IGA (1984), as
rochas deste grupo o pouco metamorfizadas e ocorre em todas as Folhas: Pedro Leopoldo, Belo
Horizonte e Lagoa Santa.
25
Figura 4 - Localização da área de estudo
Fonte: PRODABEL, 1994
0
500
1.000 km
0
35
70
km
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Região Metropolitan
adeBeloHorizonte
N
Fonte: PRODABEL, 1994
Autor: Patrícia M. Lage Simões e
Jeanne Domingues Santos
Município de São José da Lapa
26
Figura 5 – Mapa Geológico da microbacia do Córrego Cabeleira
FONTE: LOUZADA, 2005.
Ocorre um grupo de rochas intrusivas que podem ser divididas em duas unidades:
intrusivas ácidas compostas por veios de quartzo fraturados com feldspatos associados; e
intrusivas básicas constituídas de gabros, diabásio e anfibólios, correspondendo a segunda e a
terceira unidade cristalográfica.
Na porção NW da Bacia do Córrego Cabeleira, próxima à sua cabeceira, encontra-se a
formação geológica relativa ao Grupo Bambuí, que faz parte da formação Serra de Santa Helena.
Essa é a quarta unidade constituída por rochas sedimentares tais como, os siltitos, argilitos e
arenitos. Por fim, a quinta unidade localiza-se na porção E, na confluência do córrego Cabeleira
com o ribeirão Areias, e corresponde à formação geológica mais recente, datada do Cenozóico,
constitda de sedimentos aluvionares.
27
3.3 GEOMORFOLOGIA
A geomorfologia do munipio deo Joda Lapa apresenta variações no relevo
associadas à geologia local (Grupo Bambuí e Embasamento), podendo distinguir dois principais
domínios geomorfológicos.
O primeiro domínio geomorfólogico refere-se às regiões calcárias em que ocorre
predominância de formas originadas por dissoluções. Segundo Projeto vida – CPRM (1994), a
presença de maciços e escarpamentos calcários são abundantes em toda área e esses se
apresentam de forma áspera e rugosa, sendo que a maioria das depressões observadas está
relacionada às dolinas (FIG. 6a), que possuem formas circular ou oval de diâmetro e
profundidade variados e atuam como coletores de água.
No segundo domínio, nas áreas de granito gnaisse indiferenciados, há um predomínio das
formas de dissecação fluvial, onde nas regiões de topografia mais acidentada, ocorre o
entalhamento dos cursos d’água em diferentes ordens de grandeza. Este processo é responsável
por um relevo caracterizado por colinas e vales encaixados. Em particular, a Bacia dorrego
Cabeleira apresenta colinas convexas e policonvexas e algumas áreas aplainadas, paisagem típica
desse domínio (FIGURA 6b).
Identificação geomorfológica da paisagem
Domínio 1 – Grupo Bamb Domínio 2 – Embasamento
a) b)
Paisagem de ocorrência do Cambissolo Háplico Tb
eutrófico típico em área de dolina.
Paisagem dos “mares de morros”.
Figura 6 - Identificação de paisagens geomorfogicas
Fotos da autora.
Segundo a PLAMBEL (1977), o relevo local é caracterizado por três tipos:
Topos aguçados com vertentes retilíneas ravinadas e vales encaixados (localizado nas
montantes dorrego Cabeleira);
Topos abaulados com vertentes côncavas e vales côncavos;
Topos abaulados com vertentes côncavas e vales encaixados.
28
Os estudos realizados pela CPRM (1994) reclassificam o relevo da área de estudo em
cinco tipos (FIGURA 7):
Colinas de topos aguçados e vertentes predominantemente retilíneas (cg);
Colinas de topos arredondados com baixas vertentes predominantemente côncavas (cy);
Colinas de topos aplainados, com restos de depósitos coluviais pouco espessos (ca);
Placie fluvial e rampas de colúvio o diferenciados (prfc);
Terraços fluviais; antigas planícies de inundação abandonadas (t1).
Conforme a classificação da CPRM (1994), os relevos dos tipos (cg), (cy) e (ca)
constituem formas de dissecação fluvial, ou seja, formas oriundas do entalhamento dos cursos
d’água, que constitui a maior área da bacia. As formas de relevo são o resultado do
retrabalhamento realizado pelo escoamento superficial em ravinas, promovendo a dissecação das
vertentes. Já o relevo do tipo (prfc) e os terraços fluviais são encontrados ao longo do curso do
rrego Cabeleira e na sua confluência com Ribeirão Areias.
Figura 7 – Mapa Geomorfólogico da microbacia do Córrego Cabeleira
Fonte: LOUZADA, 2005.
29
3.4 HIDROGRAFIA, CLIMA, COBERTURA VEGETAL E USO DO SOLO
A Bacia Córrego Cabeleira compreende uma área aproximada de 3,5 km
2
de extensão. O
rrego Cabeleira integra uma bacia de primeira ordem, afluente do Ribeirão Areias, que por sua
vez, é afluente do Ribeio da Mata, principal curso fluvial do munipio de São José da Lapa.
Essa rede hidrográfica faz parte da Bacia do Rio das Velhas, a qual pertence à Bacia do Rio São
Francisco
Segundo a classificação climática de Koppen apud Ayoade (1991), o clima do município
de São José da Lapa é do tipo Cwa, com as chuvas concentradas no verão, apresentando períodos
com temperaturas superiores a 22ºC (IGA, 2000). Segundo dados climatológicos do IGA (2000),
o clima do município de São José da Lapa possui um verão quente, nos meses de dezembro a
fevereiro, e um inverno ameno, de junho a agosto. O índice pluviométrico anual é de 1491,3 mm.
A temperaturadia anual é de aproximadamente 21,C, com um inverno ameno, com a
temperatura média de 16,7º C e um verão quente, com temperatura média de 27,1º C.
O município de São José da Lapa está inserido no domínio morfoclimático dos Cerrados
(AB’SABER, 1977), cuja flora se apresenta composta por cerradões, cerrados e campos gerais
(ROMARIZ, 1974).
Devido a intervenções antrópicas, principalmente desmatamentos e queimadas, a maioria
das áreas de cerrado estão em fase de regeneração e ocorrem como manchas descontínuas, sendo,
muitas vezes, substituídas por pastagens e/ou culturas.
Os fatores que mais contribuem para a descaracterização da vegetação original são as
minerações de calcário, a extração de argila (indústria cerâmica) e areia (sub-bacias dos ribeirões
da Mata e da Areia), bem como a agropecuária. Nas últimas décadas, têm-se observado a
expansão da silvicultura e o aumento do parcelamento do solo para implantação de loteamentos
e/ou condomínios (CARVALHO, 1995).
Na região de São José da Lapa, o Cerrado encontra-se distribuído de maneira bastante
descontínua, dadas as intervenções antrópicas e, na área de estudo, essa formação está localizada
próxima à foz do córrego Cabeleira. A distribuição da Mata Ciliar não é condicionada a um tipo
litológico e edáfico específico, portanto sua disposição na região está ligada ao curso fluvial. Na
área de estudo, ocorre em pequenas manchas ao longo do curso do córrego Cabeleira
(LOUZADA, 2005).
Segundo Carvalho (1995), na área em estudo ocorrem os seguintes tipos de vegetação:
Cerrado, Campo Cerrado, Campo, Zona de transição mata/cerrado, Mata seca e um tipo especial
de mata seca que ocorre sobre afloramentos de calcário, Mata pluvial, Matas ciliares ou de
galeria.
30
A classificação de uso e ocupação do solo, elaborado pela CPRM (1994c), apresenta as
seguintes classes:
a) Pasto: é a classe de uso do solo predominante na região. As gramíneas mais usadas são a
braquiária, o capim gordura e o jaraguá. Na região predomina a pecuária leiteira;
b) Pasto sujo: ocupa áreas de campo cerrado, cerrado em regenerão e áreas ocupadas pelo
pasto semeado com gramíneas que foram invadidas por espécies de campo;
c) Área cultivada: ocupa preferencialmente áreas próximas aos cursos d´água.
Essa diversidade de uso mostra que a região dos mares de morros, apesar das restrições
quanto ao uso agrícola, principalmente ao impedimento da mecanização, é a área de maior
densidade rural do País, conforme afirma RESENDE et al (2002). Os locais de relevo pouco
ondulado e próximos aos cursos d’água são preferencialmente escolhidos para o desenvolvimento
do cultivo, em geral de forma intensiva. Mas o que se observa na área dos mares de morros de
Minas Gerais é um uso agrícola em áreas em que os fatores naturais não são elencados como
prioridade e sim a proximidade aos centros urbanos.
Conforme REZENDE et al. (1996):
“os solos dos mares de morros são, na sua maioria, considerados pobres e acidentados.
Precisam de grandes doses de adubos pra produzir bem, sempre muito caros em relação
ao preço do produto agrícola; não podem ser mecanizados e mesmo assim constituem o
principal cinturão no sentido de evitar que a metropolização se torne ainda mais grave”
(Rezende et. al. 1996, p. 277)
No entanto, apesar das dificuldades apresentadas, os mares de morros possuem duas
grandes qualidades: a disponibilidade de água e a diversidade de ambientes em pequenas
distâncias, que podem funcionar com suporte ao desenvolvimento da pequena produção. As
principais atividades desenvolvidas na Bacia do Córrego Cabeleira refere-se a agricultura,
agropecuária e extração de areia.
No alto curso dorrego a atividade agrícola é a pastagem, no médio curso existem duas
olarias, horticultura e pastagem, por fim, no baixo curso, também se tem o uso de pastos para a
pecuária, predominantemente do tipo leiteira (FIGURA 8). Ainda no entorno da área de estudo,
observa-se tanto no Ribeirão da Areia e da Mata vários pontos de exploração de areia.
31
Figura 8 – Mapa de Cobertura vegetal e Uso do Solo da Bacia do Córrego Cabeleira
32
4 METODOLOGIA
A realização desta pesquisa iniciou-se pelo aprofundamento teórico, com uma revisão
bibliográfica sobre solos, o uso e manejo agrícola dos mesmos, no intuito de elaborar uma
correlação das mudanças estruturais no solo, a fim de promover um melhor manejo ambiental de
uma área agrícola. Posteriormente, realizou-se um levantamento, com consulta a artigos que
envolvessem as modificações físico–químicas no solo, a partir do uso e manejo utilizados,
estabelecendo assim parâmetros indicadores da qualidade do solo.
A definição da área de estudo foi realizada em função do histórico e da diversidade de
usos que compõem a Bacia do Córrego Cabeleira. A primeira etapa do trabalho foi o
levantamento do material cartográfico, como mapas topográficos na escala de 1: 25.000 (IGA,
1977) e geológico na escala de 1:50.000 (IGA, 1978); e por fim, ortofoto na escala de 1:10.000
(CPRM,1991). Em seguida, foi elaborada uma específica caracterização físico–ambiental da
Bacia do Córrego Cabeleira, baseado nos levantamentos da CPRM (1991).
O reconhecimento da unidade de estudo, se concretizou através do material cartográfico
temático (mapas geomorfólogico e geológico) elaborado por Louzada (2005). O mapa de
declividade foi elaborado com auxílio do Departamento de Cartografia do Instituto de
Geociências - IGC/ UFMG, na escala de 1: 50.000, no software Arcgis 9.0, considerando as
classes de relevo propostas por SANTOS et al. (2005). Por fim, o mapa de uso e cobertura do
solo foi elaborado a partir do georreferenciamento da ortofoto, na escala de 1:10.000 (CPRM -
1991), no software Microstation 7.0, delimitando as áreas de uso e cobertura vegetal da bacia, em
1989. A partir disso foi possível realizar uma atualização dos usos na bacia no decorrer da
realização dos trabalhos de campo.
Para a avaliação qualitativa das características do solo, foram selecionados seis pontos
amostrais. Os pontos amostrados das duas áreas de mata foram considerados como parâmetros na
comparação das características do solo, conforme descrito na literatura (ANDREOLA, 1996;
ANDREOLA, 2000; SOUZA et al., 2003; ARAÚJO et al. 2004a).
Após o reconhecimento cartográfico, foi realizado o primeiro trabalho de campo
(abril/2006) para reconhecimento e levantamento de informações, sendo observados e avaliados
os seguintes aspectos: morfologia, tipo de uso e manejo dos sistemas agrícolas, declividades,
localização dos grupos geológicos, áreas preferenciais de drenagem e erosão.
Com o levantamento das informações sobre a área, partiu-se para a etapa intermediária da
pesquisa, a elaboração de mapas que auxiliaram o segundo trabalho em campo (maio/2006), o
qual teve por objetivo averiguar as informações levantadas até o momento e determinar os pontos
amostrais de coleta de solo. Esses pontos foram definidos a partir da interpretação das
informações de características concordantes entre os mapas de geologia, declividade e do uso e
33
cobertura do solo. A etapa seguinte compreendeu o levantamento do histórico de uso, a partir de
conversa informal com os moradores e trabalhadores, em cada ponto amostral, para averiguar as
mudanças do fator tempo na alteração das características do solo. Para cada ponto escolhido, em
função do uso, considerou-se outro, sob mata nativa, como parâmetro para a definição das
alterações ocorridas. A partir dessa correlação, foi determinado que os pontos amostrais de coleta
deveriam considerar os seguintes critérios nos sistemas agrícolas da bacia:
Uso efetivo do solo a mais de 15 anos, conforme o levantamento da ortofoto;
Área de ocorrência do embasamento cristalino;
Possuir declividades similares.
Para cada ponto, foi realizada a coleta duplicada das camadas do solo, a saber: 0cm-10cm,
10cm-20cm, 20cm-30cm, 30cm-40cm, 40cm-50cm e por fim 50cm-60cm, com o intuito de
verificar as alterações físico-químicas no horizonte superficial e subsuperficial do solo.
As amostras de solo foram coletadas no trabalho de campo ocorrido em outubro/2006 para
a realização das alises laboratoriais, a fim de avaliar os atributos físico-químicos, seguindo os
critérios adotados para a pesquisa. A descrição morfológica das trincheiras seguiu a metodologia
proposta por Lemos e Santos (2005).
As análises de solo realizadas foram: análise granulométrica, grau de floculação, argila
dispersa em água, diâmetro médio geométrico (DMG), dmetro médio ponderado (DMP),
estabilidade dos agregados, densidade aparente e real do solo, porosidade, e, por fim, o teor de
carbono orgânico (matéria orgânica), no intuito de demonstrar uma avaliação sobre o nível de
degradação do solo.
No Laboratório de Geomorfologia e Sedimentologia do Departamento de Geografia, IGC/
UFMG, foram realizadas as análises de ADA (argila dispersa em água), granulométrica,
porosidade, e o teor de carbono seguindo metodologia proposta pela EMBRAPA (1997). As
análises de densidade, DMG, DMP e estabilidade de agregados, foram realizadas no laboratório
de Análise Física do solo, da Universidade Federal de Viçosa em dezembro/2006, com orientação
do Prof. Hugo A. Ruiz. Os métodos dessas análises físicas do solo eso de acordo com os
procedimentos adotadas nesse laboratório (EMBRAPA, 1997).
A realização das alises físicas e químicas das amostras do solo seguiu os procedimentos
propostos pela EMBRAPA (1997), conforme a descrição apresentada a seguir:
4.1 ANÁLISES FÌSICAS E QMICAS
Frações Areia, Silte, Argila
: dispersão de 20g de TFSA (Terra Fina Seca ao Ar) com NaOH
0,1mol/L e agitação em alta rotação (12.000 rpm), durante 15 minutos. As frações areia grossa
34
(diâmetro 0,2-2,0mm) e areia fina (diâmetro 0,5-0,2mm) forma separadas por tamização em
peneiras com malhas de 0,250 e 0,053mm de abertura, respectivamente. A fração argila (diâmetro
< 0,002mm) foi determinada pelo método da pipeta, e a fração silte (diâmetro 0,002 – 0,5mm)
calculada por diferença.
Argila dispersa em água
: Dispersão de 20g de TFSA (Terra Fina Seca ao Ar) em água destilada e
determinação do teor de argila pelo método da pipeta. O principio básico desta analise de reporta-
se ao fato de que o material em suspensão confere determinada densidade ao liquido. Decorrido o
período para a coleta do material, caso não haja partícula coloidal em suspensão, a argila estará
floculada 100%.
Grau de floculação
: é a relação entre o conteúdo de argila naturalmente dispersa e a argila total
obtida as dispero. Indica a proporção da fração argila que se encontra floculada, informando
sobre o grau de estabilidade dos agregados. O calculo é obtido pela formula: GF = 100(a-b)/a,
sendo a = argila total e b= argila dispersa em água.
Porosidade Total
: é calculada para determinar o volume de poros totais ocupado por água ou ar.
O cálculo é obtido pela fórmula: PT= 100 (a-b)/a, sendo a=densidade real e b=densidade
aparente.
Teor de Carbono orgânico
: utilizou se o método Walkley-Black para a matéria orgânica foi
estimada multiplicando-se o resultado obtido pela constante 1,724.
Densidade do solo
: Corresponde à massa de solo seco por unidade de volume, ou seja, o volume
do solo ao natural, incluindo os espaços porosos. Utilizou-se um anel de aço (Kopecky) com
volume de 50cm
3
para proceder a coleta de amostra indeformada do solo. O cálculo é obtido pela
fórmula: DS (g/cm
3
)=a/b, sendo a=peso da amostra seca a 105º e b=volume do anel.
A partir das informações obtidas, a última fase da pesquisa foi a alise e discussão dos
resultados, apoiadas nas análises laboratoriais e no referencial teórico sobre o assunto.
Conseqüentemente, foram indicados quais os pontos na Bacia do Cabeleira sofreram a maior
alteração das características físicas e químicas, considerada indicador da qualidade do solo,
podendo ser correlacionada com o quadro agrícola-ambiental da bacia. São apresentadas na
organograma abaixo (FIGURA 9), sinteticamente, as etapas desenvolvidas neste trabalho:
35
Figura 9 –Organograma de etapas realizadas.
DEFINIÇÃO DA ÁREA
DE ESTUDO
1ª ETAPA
RECONHECIMENTO
PESQUISA
BIBLIOGRÁFICA
2ª ETAPA
PLANEJAMENTO
3º ETAPA
EXECUÇÃO
Levantamento
e análise
cartográfica:
Mapa topográfico;
Mapa geológico;
Mapa
geomorlogico;
Ortotofo;
Declividade;
Uso e Cobertura
vegetal.
Caracterização física-ambiental;
Revisão da literatura;
Reconhecimento da área.
Elaboração do “mapa de
localização dos pontos amostrais;
Determinar os pontos de coleta das
amostras de solo
CARACTERÍSTICAS
CONCORDANTES
Levantamento do
histórico de uso
Coleta da
camadas de solo;
Análises
laboratoriais
Análise
granulométrica;
•Porosidade;
•Argila dispersa em
água-ADA;
•Teor de carbono;
•Densidade aparente
e real;
•Diâmetro médio dos
agregados-DMG;
•Diâmetro ponderado
dos agregados-DMP;
•Estabilidade de
agregados.
Geologia
----------------------
Embasamento cristalino;
•Declividade------------------- Declividade similares;
•Uso e Cobertura do solo---- Uso efetivo com mais de 15
anos.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
36
5 RESULTADOS
5.1 CONTEXTO AMBIENTAL – DESCRIÇÃO MORFOLÓGICAS DOS PONTOS
AMOSTRADOS
Historicamente, a área de estudo apresenta como principais atividades a agricultura e
pecuária. A partir da interpretação da orotofoto (CPRM, 1991) e após a realização dos trabalhos
de campo em 2006, pode-se constatar um aumento significativo de áreas destinadas a
loteamentos, principalmente em substituição as áreas sob pastagem. As atividades de horticultura
durante os últimos 16 anos mantiveram-se, além de terem surgido outras, em pontos isolados da
Bacia do rrego Cabeleira. A maior mudança constatada foi a substituição de uma área de
pastagem pelo cultivo, na baixa vertente do Córrego Cabeleira, localizada no baixo curso. Já as
áreas de mata, a princípio, não sofreram forte pressão nem pelo uso urbano e nem pelo uso
agrícola. A maior mudança da vegetação ocorreu em relação à mata ciliar, uma vez que as
atividades de horticultura e pastoreio são desenvolvidas próximas às margens do Córrego, o que
provavelmente resultou na sua redução.
A retirada da cobertura florestal e o uso inadequado do solo são os primeiros passos para
o início do processo de degradação do solo. Ao retirar a cobertura vegetal que protege a
superfície, o solo fica susceptível, ao icio de um processo erosivo, por exemplo. No caso das
atividades agrícolas, este solo ainda sofre com as técnicas de manejo empregadas e com a
compactação do terreno – tanto pelo uso de máquinas nas áreas de cultivo, quanto pelo pisoteio
provocado pelo pastoreio do gado (SILVA, 1995).
Na análise do processo de alteração do solo em função do seu uso, os seis pontos
amostrados nesse estudo têm suas principais características ambientais, a descrição do manejo e
sua localização apresentadas no Quadro 8 e na Figura 10.
37
Quadro 8 - Caracterização dos ambientes estudados
Pontos
Amostrais
Sistemas de Preparo Caracterização dos Pontos amostrais (FIG.10)
Mata 1
(M1)
A M1 eslocalizada próximo ao ponto da pastagem (PT). É
uma Floresta estacional semidecidual-Cerradão, que se encontra
cercada, o que diminui a circulação de pessoas e animais.
Mata 2
(M2)
Sem intervenção antrópica aparente
A M2 eslocalizada pximo ao ponto da pastagem
abandonada (PTA). É uma mata fechada, mas que, no entanto,
encontra-se aberta, facilitando o trânsito de pessoas e animais.
Horticultura 1
(H1)
Horticultura 2
(H2)
Grade aradora + irrigão do
tipo aspersão.
Uso de adubos: orgânico
(esterco de galinha) e químico
(NPK 12-6-12-nitrogênio, fósforo e
potássio).
Manutenção da cobertura
vegetal morta, nos últimos 3 anos;
Tipos de cultivos: alface crespo,
alface liso, almeirão, couve (no
período da seca), mostarda, agrião,
cebolinha, salsa, coentro, rabanete,
brócolis e espinafre.
A atividade de hortaliça es localizada na baixa vertente do
Córrego Cabeleira. Essa cultura é desenvolvida a mais de 10
anos, utilizando o mesmo tipo de uso e manejo: grade aradora,
adubação e plantio em lotes seguindo a declividade do terreno
no cultivo de hortaliças. O ponto H1 encontra problemas de
produtividade nos últimos 5 anos.
A cultura abastece sacoes na área do bairro Venda Nova -BH
e o Mercado Central de Belo Horizonte, alem de atender a
alguns restaurantes próximos à Vila Maravilhas (Bacia do
Córrego Cabeleiras) em São José da Lapa.
Pastagem
(PT)
Limpeza do pasto
O ponto da pastagem está localizado próximo à horticultura, na
vertente oposta. O uso do pasto pôde ser constatado na
orotofoto (CPRM), desde 1991, mas conforme levantado em
campo, nos últimos 8 anos obteve um maior desenvolvimento.
USOS DO SOLO
Pastagem
abandonad
a (PTA)
Sem qualquer tipo de preparo nos
últimos 6 anos.
Esta área encontra-se em desuso. Não há qualquer tipo de
manejo ou renovação da pastagem. No entanto sua cobertura
fornece uma boa proteção do solo.
38
FIGURA 10 – Mapa de localização dos pontos amostrados
39
A declividade foi considerada com um dos critérios para a determinação dos pontos
amostrais. O mapa de declividade (figura 11) foi elaborado seguindo as classes de relevo
propostas por SANTOS et al (2005). De uma maneira geral, na Bacia do Córrego Cabeleira, as
áreas agrícolas estão concentradas entre as classes de 8% a 20%, sendo que a atividade de
pastoreio ocorre em áreas de maior declive. O relevo de 8% a 20%, indica um relevo ondulado, o
que associado a presença de Cambissolos e ao uso intenso do solo pode acarretar problemas
rios de degradação do mesmo, com aumento das taxas de erosão e comprometimento da
qualidade ambiental.
Figura 11-Mapa de declividade
Os Cambissolos são caracterizados por serem solos relativamente profundos, que possuem
um horizonte B incipiente imediatamente abaixo do horizonte A (Embrapa, 1999). Segundo
OLIVEIRA (1998), esses solos tendem a ocupar áreas mais acidentadas no relevo, apresentando
perfis com duas seções distintas. Nos pontos amostrados, a seção superior é composta pelo
horizonte A, com aproximadamente 20 cm de profundidade, e a seção inferior pelo horizonte Bi,
podendo encontrar um horizonte BC, conforme a declividade e sinuosidade do terreno.
Apesar do Cambissolo ser o solo presente em todos os pontos amostrais, no caso de
alterações associadas ao uso, é necessários fazer a descrição morfológica dos perfis, ressaltando
os principais aspectos levantados em campo. As fichas de caracterização de cada perfil
40
apresentam imagens ressaltando os principais aspectos morfológicos dos solos e objetivam
apresentar a paisagem da área de ocorrência (Figuras 12 a 17).
41
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 12 – Caracterização do perfil M1
Perfil MATA 1 – M1
Uso atual: Mata
Localização: Mata ao lado da área de pastagem, do vilarejo de Maravilhas. Entrada à direita antes do trevo de areias, após a Olaria.
Perfil descrito seco.
Situação e
declive
Vegetação local Cobertura vegetal atual Relevo local Relevo regional Erosão Drenagem
8 a 20%
Floresta estacional
semidecidual-Cerradão
Mata – Cerradão
Suave ondulado ondulado Não parente
Moderadamente
drenado
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Horizontes
A – 0-32 2,5YR 2,5/4 Vermelho muito escuro acinzentado; argilo arenosa; forte pequena blocos subangulares; macia, muito friável,
ligeiramente plástica, não pegajoso; transição clara e ondulada.
B1 – 32-110 7,5 YR 6/8 Amarelo avermelhado; franca; fraca muito pequena blocos subangulares; macia; solta, ligeiramente plástica;
ligeiramente pegajoso.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Camadas (cm)
0-10
2,5YR 2,5/2 Vermelho muito escuro acinzentado; argilo arenosa; forte
pequena blocos subangulares; macia, muito friável, ligeiramente
plástica, não pegajoso.
10-20
2,5YR 3/4 Vermelho escuro acinzentado; argilo arenosa; forte pequena
blocos subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica, não
pegajoso.
20-30
2,5YR 2,5/4 Vermelho muito escuro acinzentado; argilo arenosa; forte
pequena blocos subangulares; macia, muito friável, ligeiramente
plástica, não pegajoso.
30-40
5YR 4/6 Vermelho amarelado; franco argilo arenosa; forte muito
pequeno blocos subangulares; ligeiramente dura, frvel, ligeiramente
plástica, ligeiramente pegajoso.
40-50
7,5 YR 4/6 Bruno forte; franca; moderada pequena blocos
subangulares; muito macia, solta, ligeiramente plástica, ligeiramente
pegajoso.
50-60
7,5 YR 5/8 Bruno forte; franca; fraca muito pequena blocos
subangulares; macia, solta, ligeiramente plástica, ligeiramente
pegajoso..
Observações:
Intensa atividade biológica até a profundidade de 40 cm;
Raízes finas e comuns presentes em todo o perfil
Poros comuns e muito pequenos, no horizonte A
Sem poros aparentes no horizonte B.
Foto 1
Perfil - M1.
Foto 2
Paisagem do entorno do ponto amostrado na mata
l (M1.)
42
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 13 – Caracterização do perfil M2
Perfil MATA 2 – M2
Uso atual Mata em regeneração
Localização: Porção N-NW da Bacia do Cabeleira, no Vilarejo Maravilhas.
Perfil descrito seco
Situação e
declive
Vegetação local Cobertura vegetal atual Relevo local Relevo regional Erosão Drenagem
8 a 20%
Floresta estacional
semidecidual-Cerradão
serrapilheira Suave ondulado ondulado Não parente Bem drenado
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Horizontes
A – 0-26
10YR 5/4 Bruno-amarelado franca argilo arenosa; moderada pequena blocos subangulares; macia, muito friável,
ligeiramente plástica, ligeiramente pegajoso; transição gradual e plana.
B1 – 23-120
7,5YR 5/8 Bruno-forte; franca argilo siltosa; moderada pequeno blocos subangulares; macia, friável, ligeiramente plástica,
pegajoso.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Camadas (cm)
0-10
10YR 4/3 Bruno; franca arenosa; moderada médio blocos
subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica, ligeiramente
pegajoso.
10-20
10YR 5/4 Bruno-amarelado; franca arenosa; moderada médio blocos
subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica, ligeiramente
pegajoso.
20-30
10YR 4/3 Bruno; franca argilo arenosa; moderada pequena blocos
subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica, ligeiramente
pegajoso.
30-40
10YR 5/8 Bruno-amarelado; franca argila arenosa; moderada pequena
blocos subangulares; macia, muito frvel, muito pstica, pegajoso.
40-50
7,5YR 5/8 Bruno-forte; franca argilo siltosa; fraca pequena, blocos
subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente plástica,
pegajoso.
50-60
7,5YR 6/8 amarelo avermelhado; argilo siltosa; fraca muito pequena
blocos subangulares; macia, muito frvel, muito plástica, muito
pegajoso.
Observações:
Perfil ligeiramente pedregoso
Poros comuns e muito pequeno no horizonte A.
Poucos poros e muito pequeno no horizonte B
Foto 4
Detalhe do perfil da M2. Nota-se a
presença de fragmentos da rocha a partir da
profundidade de 50 cm.
Foto 3
Perfil
-
M2
43
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 14 - Caracterização do perfil H1
Perfil HORTALIÇA 1 – H1
Uso atual Hortaliça, área cultivada.
Localização: Hortaliça, no Vilarejo Maravilhas. Estrada a direita da Praça central -Terço médio da vertente.
Perfil descrito úmido
Situação e
declive
Vegetação local Cobertura vegetal atual Relevo local Relevo regional Erosão Drenagem
8 a 20%
Cerrado de
campo
Gramínea Suave ondulado ondulado Ligeira
Moderadamente
drenado
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Horizontes
A – 0-22 7.5YR6/6 Amarelo-avermelhado argila arenosa, moderada médio prismática; ligeiramente dura, muito friável, ligeiramente
plástica; pegajosa transição clara e ondulada.
B1 – 22-55 5YR 5/8 Vermelho-amarelado franco argiloso; moderada pequeno granular; macia, solta, ligeiramente plástica, ligeiramente
pegajoso; transição clara e ondulada
B2- 55-100+ 2,5 YR 6/8 Vermelho franco argiloso; pequeno fraca granular; solta, ligeiramente plástica, ligeiramente pegajoso.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Camadas (cm)
0-10
7.5YR 6/6 Amarelo-avermelhado; Argila arenosa; moderada muito
pequena granular; solta, muito friável, plástica, ligeiramente pegajosa.
10-20
5YR 5/6 Vermelho-amarelado; Argila arenosa; moderada médio
prismática; ligeiramente dura, muito frvel, ligeiramente Plástica,
pegajosa.
20-30
5YR 6/8 Amarelo-avermelhado; franco argiloso; moderada médio
prismática; macia, friável, ligeiramente plástica, ligeiramente Pegajosa.
30-40
2,5YR 5/8 Vermelho; franco argilo arenoso; fraca pequena granular;
macia, solta, ligeiramente plástica, ligeiramente pegajoso.
40-50
2,5YR6/8; Vermelho; franco argiloso; fraca pequena granular; macia,
solta, ligeiramente plástica, ligeiramente pegajosa.
50-60
2,5YR6/8; Vermelho; franco argiloso; fraca pequena granular; solta,
ligeiramente plástica, ligeiramente pegajosa.
Observações:
Pouca atividade biológica em todo perfil;
Pouca pedregosidade a partir dos 50cm.
Poros comum e muito pequeno até 30cm
Poros poucos e pequeno até 60cm.
Foto 6
– Paisagem do entorno do ponto amostrado na hortaliça
(H1). No primeiro plano observa-se o cultivo da hortala no
período de outubro de 2006. Ao fundo, na porção esquerda,
tem-se o desenvolvimento da horticultura em substituição a
área de pastagem, conforme constatado na análise da ortofoto
(1991). A área de pastagem, à direita, já apresenta sinais de
erosão.
Foto 5 – Perfil - H1
44
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 15 – Caracterização do perfil H2
Perfil HORTALIÇA 2 – H2
Uso atual Hortaliça, área em preparo para cultivo.
Localização: Porção N da Bacia do Cabeleira, terço médio superior da vertente.
Perfil descrito úmido
Situação e
declive
Vegetação local Cobertura vegetal atual Relevo local Relevo regional Erosão Drenagem
8 a 20%
Cerrado de
campo
Gramínea Suave ondulado ondulado ligeira bem drenado
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Horizontes
A – 0-23 Bruno-forte 7,5YR 5/6; argiloso; moderado médio blocos angulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente plástica,
ligeiramente pegajoso; transição abrupta e plana.
B1 – 23-76 Amarelo-averrmelho 5 YR 6/6; franco argilo siltosa; moderado médios blocos subangulares; macia, friável, ligeiramente
plástica, pegajoso, transição clara e ondulada.
B2- 76-110 Amarelo-averrmelho 5 YR 7/6; franco argilo siltosa; moderada muito pequeno blocos subangulares; macia, muito friável,
ligeiramente plástica, ligeiramente pegajoso.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Camadas (cm)
0-10
7,5YR 4/4 Bruno; argiloso; moderada dia e grande; prismática;
ligeiramente dura, frvel, ligeiramente plástico, ligeiramente pegajoso.
10-20
7,5YR 4/3 Bruno; argilo arenoso; moderada pequenos e médios, blocos
angulares; macia, frvel, ligeiramente plástica, ligeiramente pegajoso.
20-30
5 YR 4/6 Vermelho amarelado; franco arenoso; moderada pequenos e
médios, blocos subangulares; macia, friável, ligeiramente plástica,
ligeiramente pegajoso.
30-40
5 YR 5/8 Vermelho amarelado; argiloso; moderada pequenos blocos
subangulares; macia, friável, muito plástica, pegajoso.
40-50
2,5 YR 5/8; Vermelho argiloso arenoso; moderada pequenos blocos
subangulares; macia, muito frvel, muito plástica, muito pegajoso.
50-60
2,5 YR 6/8 Vermelho; franco argiloso siltoso; moderada médio blocos
subangulares; macia, muito frvel, muito pstica, pegajoso.
Observações:
Atividade biológica presente até 40cm;
Raízes pequenas e comuns presentes até 20cm
Poros muito, pequenos e médios no horizonte A;
Poucos poros e pequenos no horizonte B1;
Sem poros aparentes no horizonte B2.
Foto 8
Paisagem do entorno do ponto amostrado na hortaliça (H2).
Terço médio superior da vertente. Observa-se que a porção a
esquerda, está sendo preparada para início do próximo cultivo. No
primeiro plano da foto, nota-se que a incorporação de restos vegetais
no preparo do solo.
Foto 7 – Perfil - H2
45
Figura 16 – Caracterização do perfil PT
Perfil PASTAGEM – PT
Uso atual pasto
Localização: Porção N da Bacia do Cabeleira, Pasto da Fazenda do “Toninho”, no vilarejo Maravilhas. Entrada a direita antes do trevo
de areias. A fazenda localiza-se ao lado da olaria. Terço alto da vertente.
Perfil descrito seco
Situação e
declive
Vegetação local
Cobertura
vegetal atual
Relevo local
Relevo
regional
Erosão Drenagem
8 a 20%
Cerrado de
campo
braquiaria ondulado ondulado
Erosão em sulcos presentes,
ocasional, superficial e ligeira
bem drenado
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Horizontes
A – 0-26 5 YR 5/6 Vermelho amarelado franco siltoso; moderada médios, blocos subangulares; ligeiramente dura, firme,
plástica, ligeiramente pegajoso; transição gradual e ondulada.
Bi – 26-120 5 YR 5/8 Vermelho amarelado argilo siltoso; moderada dios, blocos subangulares; ligeiramente dura, friável,
ligeiramente plástica, pegajoso.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Camadas (cm)
0-10
5 YR 4/6 Vermelho amarelado; franco siltoso; maciça pequena e médio,
blocos subangulares; dura, muito firme, ligeiramente plástica, pegajoso.
10-20
5 YR 5/6 Vermelho amarelado franco siltoso; moderada médios, blocos
subangulares, ligeiramente dura, firme, plástica, ligeiramente pegajoso.
20-30
5 YR 4/6 Vermelho amarelado; franco argiloso; moderada médios blocos
subangulares; ligeiramente dura, friável, pstica, ligeiramente pegajoso.
30-40
7,5 YR 5/6 Bruno forte; argilo siltoso; moderada médios blocos
subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente plástica, pegajoso.
40-50
5 YR 5/6 Vermelho amarelado; argilo siltoso; moderada médios e
pequenos blocos subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente
plástica, pegajoso.
50-60
5 YR 5/8 Vermelho amarelado argilo siltoso; moderada médios e
pequenos blocos subangulares; macia, solta, ligeiramente plástica,
pegajoso.
Observações:
Raízes presentes em todo o perfil;
Raízes muitas e pequenas; com poucos poros muito pequeno, no horizonte A;
Raízes comuns e muito pequenas; com poucos poros muito pequeno no horizonte B.
Foto 10
– Paisagem do entorno do ponto amostrado na
pastagem em uso (PT).
Foto 9 – Perfil - PT.
46
Figura 17 – Caracterização do perfil PTA
Perfil PASTAGEM ABANDONADA – PTA
Uso atual pasto sem uso nos últimos 6 anos.
Localização: Porção N-NW da Bacia Córrego Cabeleira, no Vilarejo Maravilhas.
Perfil descrito seco
Situação e
declive
Vegetação local Cobertura vegetal atual Relevo local Relevo regional Erosão Drenagem
8 a 20%
Cerrado de
campo
Pasto sujo – braquiaria
Sem manejo
Suave ondulado ondulado Não parente
Moderadamente
drenado
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Horizontes
A – 0-27 10YR 5/4 Bruno amarelado; franco argilo arenosa; forte médio, blocos subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente
plástica, ligeiramente pegajoso; transição clara e plana.
B1 – 27-90 7,5YR 5/8 Bruno forte; argilo arenosa; moderado médio, prismática; macia, muito friável, muito plástica, ligeiramente
pegajoso.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
Camadas (cm)
0-10
10YR 5/2 Bruno acinzentado; franca arenosa; forte médio, blocos
subangulares dura; firme, ligeiramente plástica, ligeiramente pegajoso.
10-20
10YR 6/3 Bruno-claro-acinzentado; franca arenosa; forte médio e
grande blocos subangulares; dura, firme, ligeiramente plástica,
ligeiramente pegajoso.
20-30
10YR 5/4 Bruno amarelado; franco argilo arenosa; forte médio blocos
subangulares; ligeiramente dura, friável, ligeiramente plástica,
ligeiramente pegajoso.
30-40
7,5YR 6/8 amarelo avermelhado; argilo arenosa; moderada médio;
blocos subangulares; macia, muito friável, ligeiramente plástica,
pegajoso.
40-50
7,5YR 5/8 Bruno forte; argilo arenosa; moderado médio prismática;
macia, muito frvel, muito plástica, ligeiramente pegajoso.
50-60
10YR 5/8 Bruno amarelado; argilo arenosa; moderado médio
pristica; macia, muito frvel, ligeiramente pstica, pegajoso.
Observações:
Perfil ligeiramente pedregoso
Presença de pedotubo na camada de 20-30cm;
Raízes presentes em todo o perfil;
Raízes muitas e finas no horizonte A
Raízes pequenas e comuns presentes até 60cm
Muitos poros médios e grandes no horizonte A
Poucos poros e pequena no horizonte B
Foto 12
Paisagem do entorno do ponto amostrado na pastagem
abandonada (PTA). No segundo plano da foto, encontra-se a vertente
oposta do cultivo da hortaliça. Ao fundo as áreas levantadas como
pastagem na ortofoto (1991), atualmente seu uso destina-se aos
loteamentos.
Foto 11 Perfil - PTA
47
5.2 Análises químicas e físicas dos solos
Os solos amostrados sob horticultura e pastagem, submetido a diferentes manejos, e os
solos sob mata, mostraram-se relativamente similares nas suas características morfológicas. No
entanto, as diferenças das suas propriedades físicas e químicas, evidenciaram o quanto o uso
antrópico pode promover alterações ao longo das camadas do perfil de solo.
Estudos de CHAER (2001) constataram mudanças ao longo do perfil de solo em função
da substituição da vegetação natural pelo uso agrícola. Essa alteração pode reduzir a capacidade
do solo de armazenar e suprir nutrientes necessários ao desenvolimento da própria atividade
agrícola.
Ao analisar as caracteristicas fisicas e químicas dos perfis amostrados pode-se constatar
alterações nas suas propriedades ao se comparar os solos sob mata (M1, M2), com os solos sob
horticultura (H1, H2) e pastagem (PT, PTA). O sistema de uso que mais diferiu dos parâmetros
avaliados da mata foi a horticultura. Supõe-se que a técnica de manejo foi a responsável por
promover a maior degradação do solo, já mostrando sinais de perda da sua capacidade produtiva.
A exploração contínua do solo agrícola não significa apenas promover a sua manutenção
física ou manter a sua produção a um determinado nível, mas sim promover e fortalecer sua
capacidade produtiva ao longo do tempo. Essa capacidade produtiva é determinada pela escolha,
freência e combinação de práticas agrícolas que envolvem o preparo do solo, o manejo da
fertilidade e a combinação de cultivos, conforme apresentado por Toresan (1998).
Os pontos amsotrados na mata (M1, M2) mostraram poucas difereas entre si, e foram
considerados como sistemas de pouca alteração, assim as diferenças observadas demonstraram
estar correlacionadas as características individuais de localização na paisagem da mata 1 (M1) e
da mata 2 (M2) na Bacia do Córego Cabeleira, principalmente, no que se refere à declividade.
Tambémo foram constatadad diferenças significativas entre os perfis da pastagem.
Mesmo considerando que na pastagem (PT) ocorreu um uso contínuo nos últimos 8 anos e no
solo sob pastagem abandonada (PTA) tenha tido uma interrupção dessa atividade nos últimos 6
anos. Independente do tempo e da intensidade dessa atividade, as modificações analisadas foram
em função do uso do solo para pastoreio do gado, o que promoveu alterões em suas
características físicas e químicas, ao serem comparados com o solo sob mata (M1, M2).
48
As pastagens são consideradas boas coberturas do solo (LOMBARDI NETO &
BERTONI, 1999), entretanto, em conseqüência de práticas incorretas de manejo, tais como:
pouca ou nenhuma adubação e pastoreio excessivo; pode promover um aumento da densidade do
solo, redução da macroporosidade e queda na disponibilidade de forragem.
Já nos pontos amostrados do solo sob horticultura (H1, H2) foi possível constatar que suas
características distam em muito das do solo sob mata (M1, M2). As diferenças observadas entre a
horticultura 1 (H1) e a horticulutura 2 (H2) foram somente na produtividade agrícola, conforme
observado em campo e segundo informações do produtor, sendo que suas caracteríticas físicas e
químicas apresentam valores próximos.
Da mesma forma que os resultados obtidos neste trabalho, Falleiro (2003) mostrou que, as
propriedades do solo foram influenciadas pelos sistemas de preparo, nos quais ocorreram
mudanças nas propriedades físicas e químicas do solo, chegando a comprometer sua utilização.
Cada sistema de preparo trabalha o solo de maneira diferenciada e própria, o que resulta
em mudaas diversas nas propriedades do mesmo. Assim como em outras atividades agrícolas
desenvolvidadas no Brasil, a avaliação realizada nos pontos amostrados, não constatou uma
preocupação com a manutenção das condições ambientais, em específico : o solo, para a
continuidade no desenvolvimento dessa atividade.
5.2.1 Análises químicas
A) Carbono orgânico
Observa-se ter ocorrido uma diferença nos valores médios de carbono orgânico entre os
sistemas agrícolas. Os teores de carbono orgânico não apresentaram grandes diferenças entre os
pontos amostrados com o mesmo uso do solo: mata (M1, M2), horticultura (H1, H2) e pastagem
(PT, PTA) conforme Figura 18. Percebe-se que, a maior diferença está entre os pontos H1, H2 ao
serem comparados com os pontos de mata (M1 e M2).
49
Figura 18 – Distribuição dos valores médios do carbono orgânico nas diferentes profundidades,
dos pontos amostrados
Os maiores valores do teor de carbono foram encontrados no solo sob pastagem e sob
mata, seguido dos pontos amostrados nos perfis de solo da horticultura. Era esperado que os
valores mais altos de carbono orgânico ocorressem no solo sob mata (M1, M2), no entanto, o alto
valor também observado, nas áreas com pastagem, deve estar associado ao tipo de raiz das
gramíneas (fasciculada), principalmente quando se observa que os maiores valores de carbono
orgânico se concentram nos primeiros cenmetros do perfil. Já para os menores teores de
carbono orgânico encontrado na mata 2 (M2), acredita-se que a declividade favoreça a perda da
matéria orgânica por erosão, dificultando sua incorporação no solo.
O carbono orgânico é um referencial da atividade microbiana e da influência da cobertura
vegetal na incorporação de produtos ao solo e, normalmente, pode ser relacionado com os
parâmetros físicos do solo e sua resistência à erosão. O carbono orgânico é um componente muito
sensível às condições ambientais e às práticas de manejo agrícola, e, ao ser quantificado deve ser
considerado como potencial indicador para avaliar a manutenção da capacidade produtiva de um
solo, para que se possa determinar as práticas de manejo a serem adotadas. O valor mais elevado
do carbono orgânico proporciona uma maior estabilidade de agregados, já que a decomposição
desse material facilita a ligação entre partículas e promove maior absorção de água, resultando
em menor disponibilidade de água para o processo erosivo (OLIVEIRA et al., 2004).
Profundidade (cm)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
M1 M2 H1 H2 P T PTA
Uso do solo nos pontos amostrados
Carbono orgânico (dag/Kg
–1
)
0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60
50
Segundo Louzada (2005), apesar da área da Horticultura não possuir graves problemas de
erosão, nos locais onde os canteiros são do tipo morro abaixo (foto 13), existem perdas de solos
visíveis, pois os declives mais acentuados facilitam o processo de erosão do solo e de oxidação da
matéria orgânica ocasionando um quadro de desgaste físico neste uso agrícola. O ponto
amostrado na horticultura l (H1), se encontra nessa situação e já apresenta sinais de uma
produtividade desigual com mudaas nas propriedades do solo, evidenciando um quadro de
degradação física e química.
Foto 13 – Manejo na área de hortaliça - canteiros do tipo morro abaixo.
Fonte da foto: Louzada (2005)
À medida que aumenta a profundidade, nota-se uma diminuição dos valores de carbono
orgânico em todos os pontos amostrais, exceto sob pasto abandonado (PTA) e na mata (M1) em
função da presença de rzes até a profundidade 40-50 cm e 50-60 cm, respectivamente. Com
relação ao pasto em uso (PT), conforme já mencionado, o elevado valor de carbono orgânico na
profundidade de 0-10 cm deve-se ao fato de que, as gramíneas tendem a concentrar o sistema
radicular nessa profundidade, causando um acúmulo superficial no teor de matéria ornica.
A partir da profundidade de 30cm a60 cm, notou-se uma queda significativa dos teores
do carbono orgânico no ponto amostrado na mata2 (M2), em função da presença de fragmentos
da rocha (foto 4).
O resultado do estudo concorda com Andreola (1996), Reinert (1998) e Silva et al (2000),
uma vez que os pontos amostrados na horticultura (H1, H2) e na pastagem (PT), por adotarem um
preparo convencional do solo, obtiveram valores intermediários de matéria orgânica ao longo do
51
perfil. Na profundidade de 0-10cm constatou-se uma diferença significativa dos teores de
carbono orgânico entre os pontos amostrais da pastagem (PT, PTA). A ocorrência dos maiores
teores de carbono orgânico na pastagem abandonada (PTA), nas profundidades 10cm-20cm,
20cm-30cm, 30cm-40cm e por fim de 40cm-50cm, deve-se ao fato da presença de uma raiz ao
longo de todo perfil (foto 14).
FOTO 14 – Detalhe do perfil PTA - Observa-se a presença de raízes finas em todo perfil e do
pedotúbulo na camada de 10cm-20cm. As características deste perfil podem ter influenciado os
valores mais altos de carbono orgânico ao serem comparados com os valores determinados na
mata (M1, M2).
Os pontos amostrados na hortaliça (H1, H2) apresentam os menores valores de carbono
orgânico, provavelmente, em função da utilização de arados e grades, que causam a redução dos
níveis de carbono orgânico por perdas por oxidação relacionada com a intensidade de
revolvimento do solo (BAYER & MIELNICZUK, 1997). Vale ressaltar, no entanto, que os
valores de carbono orgânico eso muito semelhantes aos observados no perfil sob mata (M2), o
que pode estar associado com a cobertura de resíduos vegetais da Horticultura, prática que vem
ocorrendo ao longo dos últimos 3 anos. Apesar dos valores ainda serem relativamente baixos, é
importante notar que técnicas simples de proteção do solo, já demonstram resultados na melhoria
das condões do solo.
A desagregação estrutural do solo na horticultura não está favorecendo a incorporação da
matéria orgânica ao longo do perfil. Vale ressaltar que, somente nos últimos três anos a cobertura
52
vegetal morta vêm sendo deixada como proteção ao solo, o que gera uma expectativa do
produtor, de uma recuperação imediata da sua produtividade agrícola. Em acordo com FILHO,
(2006) a prática de manejo de deixar a matéria orgânica livre (MOL) no solo é ainda pouco
divulgada entre os agricultores. Mas, pode contribuir na prevenção contra a compactação deste
solo, uma vez que favorece a aeração e diminui o efeito do rearranjamento das partículas do solo
causado pelo tráfego de máquinas agrícolas.
Pavan (1998) afirma que, em estudos realizados no Paraná, conforme o tipo de sistemas
de manejo adotado pode-se maximizar a reciclagem dos resíduos vegetais e promover a sua
manutenção sob superfície, aumentando a agregação das partículas do solo, promovendo a
estabilidade estrutural do mesmo. A matéria orgânica pode ainda contribuir no aumento do
armazenamento e permeabilidade da água, assim como influenciar a aeração do solo e favorecer
o fornecimento de nutrientes para a planta.
Por outro lado, os sistemas de uso do solo, que aumentam o tempo de exposição do solo,
maximizam a erosão, a oxidação da matéria orgânica e a acidificação e minimizam a reciclagem
dos resíduos vegetais, o que contribui para a degradação física, química e biológica do solo. Esses
fatores podem explicar a perda da produtividade agcola da horticultura (H1 e H2), comprovado
pela diferença na densidade da cobertura vegetal do cultivo sobre o solo (foto 15).
Foto 15 – Paisagem geral dos pontos H1 e H2. No primeiro plano, observa-se o ponto - H1,
nota-se a diferença na densidade foliar no cultivo da hortaliça, evidenciando a queda na
produtividade agrícola. Ao fundo encontra-se a área de mata, localizada no topo de morro na
Bacia dorrego Cabeleira.
53
O comportamento dos sistemas de preparo considerados neste trabalho, é condizente com
os resultados obtidos por Araújo (2004b), em que se constatou que as características de manejo e
morfologia da área de estudo podem influir nos teores de carbono orgânico (CO). Os teores de
carbono orgânico nos pontos amostrados da mata, horticultura e pastagem, demonstraram que a
escolha de práticas agrícolas convencionais podem influir significativamente nas características
do solo, e evidencia a necessidade da adoção de práticas conservacionistas para garantir a
continuidade no uso agrícola deste solo .
5.2.2 Análises físicas
A) Análise granulométrica
Na Bacia do Córrego Cabeleira, os Cambissolos ocorrem em áreas de relevo ondulado,
sendo que o fator declividade pode ser considerado como diferencial no grau de evolução deste
solo. Todos os perfis analisados apresentaram textura bastante homogênea, com teores de argila
e silte de aproximadamente 20 dag/Kg , e com fração areia variando ente 40 dag/Kg a 63
dag/Kg, ou seja todos os perfis possuem uma textura argilo-arenosa (Tabela 1).
Tabela 1 - Características morfogicas e físicas dos perfis analisados*
Analise granulométrica
Profundidade
Areia Silte Argila
ADA (dag/Kg) Grau de floculação (%)
M1
0-10
61,75 19,45 18,80
10,38 36,7
10-20
63,05 19,15 17,80
10,52 29,2
20-30
63,00 18,00 19,00
10,36 37,9
30-40
63,88 17,42 18,70
10,32 38,0
40-50.
63,15 17,76 19,10
10,68 29,8
50-60
61,51 18,40 20,10
11,20 20,4
M2
0-10 57,12 21,99
20,90
10,38 36,7
10-20 57,50 21,00
21,50
10,52 29,2
20-30 59,78 15,93
24,30
10,36 37,9
30-40 49,16 21,75
29,10
10,32 38,0
40-50. 46,48 22,93
30,60
10,68 29,8
50-60 46,12 25,38
28,50
11,20 20,4
continua
54
Analise granulométrica
Profundidade
Areia Silte Argila
ADA (dag/Kg) Grau de floculação (%)
H1
0-10
51,27
22,94
25,80
11,34 35,3
10-20
55,19
18,42
26,40
11,70 29,9
20-30
50,79
24,92
24,30
11,84 21,0
30-40
53,31
29,60
17,10
10,74 19,9
40-50
54,94
31,86
13,20
10,08 21,2
50-60
55,58
32,43
12,00
9,88 21,7
H2
0-10
50,37
24,84
24,80
11,34 32,7
10-20
47,02
27,28
25,70
12,62 10,1
20-30
45,45
27,96
26,60
12,22 20,7
30-40
44,13
33,58
22,30
11,26 26,9
40-50
35,73
48,78
15,50
9,76 43,2
50-60
44,96
38,84
16,20
10,62 19,1
PT
0-10
43,91
29,29
26,80
10,64 50,7
10-20
46,23
25,38
28,40
11,16 44,4
20-30
45,11
26,50
28,40
11,30 41,9
30-40
42,90
26,81
30,30
11,78 37,6
40-50
40,67
27,73
31,60
12,44 29,7
50-60
40,43
30,27
29,30
12,50 23,2
PTA
0-10
50,53
30,78
18,70
10,58 31,0
10-20
57,92
23,09
19,00
11,02 20,5
20-30
55,51
22,79
21,70
11,54 18,4
30-40
50,24
23,77
26,00
12,32 16,9
40-50
38,30
36,41
25,30
11,86 23,7
50-60
48,88
28,02
23,10
11,66 20,8
*M1 (mata 1), M2 (mata 2), H1 (horticultura 1), H2 (horticultura), PT (pastagem ), PTA (pastagem abandonada).
Os maiores valores de argila dispersa em água (ADA) foram observados nas camadas de
30cm-40cm, para a pastagem abandonada (PTA) e para a mata 2 (M2), e nas camadas de 50cm-
60cm para pastagem em uso (PT) e para a mata (M1), apresentando os menores valores de grau
de floculação (TABELA 1). Esse quadro pode ser explicado pelo maior incorporação da matéria
orgânica para os perfis da pastagem abandonada (PTA), mata 2 (M2) e pastagem (PT).
Ainda no que se refere a argila dispersa em água (ADA) e ao grau de floculação (GF),
apesar dos valores não apresentarem diferenças significativas, observa-se uma tendência do
55
aumento da ADA e diminuição do GF nas áreas com horticultura e pastagem em comparação
com as áreas sob mata (M1, M2).
Os valores da ADA tendem, nos perfis sob mata e sob pastagem, a aumentarem em
profundidade, o que provavelmente, está associado à diminuição dos teores de carbono orgânico.
Nas áreas sob hortaliça observou-se um comportamento inverso, o que está associado ao maior
revolvimento do solo, que possibilita o aumento da dispersão da argila em acordo com LEVY et
al., 1993, citado por Prado (2001). Apesar do produtor agrícola da horticultura adotar um
revezamento no plantio pelo sistema de lotes, nota-se que o uso contínuo e intensivo nessa área
compromete, até mesmo, sua continuidade e viabilidade econômica, conforme relato do mesmo.
Os sistemas agrícolas podem influenciar as propriedades físicas do solo e proporcionar
um aumento nos valores de ADA ao serem comparados com solos com mínima mobilização,
nesse caso os solos considerados sob mata. O estudo concorda com Palmeira et al. (1999) e Silva
(2000), uma vez que os sistemas que mais sofreram alteração da estrutura do solo foram os
pontos da horticultura (H1 e H2), por serem os sistemas de uso intensivo e que adotam técnicas
convencionais de manejo.
Conforme apresentado por Prado (2001), o fenômeno da dispersão-floculação é
influenciado pela distribuição da matéria orgânica, que funciona como um agente cimentante em
solos desestruturados e influencia as características físicas e químicas do solo (OADES, 1988),
podendo alterar o desenvolvimento da estrutura e do balanço das cargas elétricas do
mesmo(GOMES et al., 2004). Assim, apesar dos valores de matéria orgânica dos pontos da
horticultura (H1, H2) serem pximos dos valores encontrados na mata, acredita-se que as
características físicas e químicas do solo, associadas às práticas adotadas, o estão contribuindo
para sua incorporação.
A morfologia do solo e suas propriedades físicas sofreram modificações até a
profundidade de 30-40 cm. Os horizontes mais superficiais, diretamente expostos aos agentes
climáticos e as técnicas de cultivo, tiveram a morfologia estrutural mais transformada em função
das práticas convencionais adotadas, em acordo com Cogo e Levien (2002).
Essa transformação da morfologia, associada à textura dos solos, aumenta o potencial
erosivo já elevado do solo da área de estudo, pois as práticas de manejo adotadas aumentam a
possibilidade de compactação do solo, o que pode ser comprovado pelos dados de densidade.
B) Densidade do solo (DS)
Notou-se um relativo aumento nos valores da DS ao comparar o uso com horticultura com
o uso com pastagem e a área com a mata, sendo que os valores de densidade do solo se
56
mantiveram homogêneos ao serem comparados com a mata, nos primeiros 40 cm do solo, exceto
o ponto da H1 (Figura 19). Conforme Jorge (1985), citado por Belotti (2005), a densidade do solo
é variável e depende da estrutura e da compactação do solo. Assim, solos com baixa densidade
correspondem a solos porosos que facilitam a infiltração de água, já solos com elevadas
densidades são menos estruturados e compactos, sendo menos permeáveis resultando em uma
menor infiltração de água, portanto, ficando mais susceptíveis à erosão.
Figura 19 – Distribuição dos valores de densidade nas diferentes profundidades dos pontos
amostrados
Ao se observar os dados da figura 19, percebe-se que, para este estudo a DS não se
mostrou um bom parâmetro na avaliação da qualidade do solo, principalmente, no que se refere
ao uso com pastagem.
Em acordo com Schneider (1978), suspeita-se que o pisoteio constante de animais pode
causar a compactação, pela modificação da estrutura do solo, o que diminui sua porosidade,
prejudica o enraizamento de árvores e a infiltração de água, aumentando o defvio superficial,
com conseqüente erosão.
Nos pontos amostrados da pastagem ocorreu acréscimo da densidade apenas nas
profundidades de 20cm-30cm na pastagem em uso (PT) e na de 10cm-20cm na pastagem
abandonada (PTA) na profundidade. Esse fato não pode ser considerado um indício de
compactação, pois ainda não se configura na área um quadro de degradação da pastagem que
inviabilize a continuidade dessa atividade. A explicação mais lógica para esse fato reside na
Profundidade (cm)
2,25
2,30
2,35
2,40
2,45
2,50
2,55
2,60
2,65
M 1 M 2 H1 H2 P T P TA
Uso do solo nos pontos amostrados
Densidade do solo (g/cm3)
0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60
57
ausência do pastoreio excessivo ou de uma alta taxa de lotação na área, associadas aos beneficies
que as raízes das gramíneas trazem ao solo, conforme descrito anteriormente.
No cultivo da horticultura (H1, H2) percebe-se que há um aumento da DS a partir de 30
cm de profundidade, sendo os maiores na camada de 40cm-50cm de profundidade. Acredita-se
que o quadro verificado na horticultura (H1, H2) é justificado pelas práticas de manejo adotadas,
já que as máquinas agrícolas tendem a revolver o solo até no máxima 25 cm, causando a
compactação a partir dessa profundidade.
Conforme Jorge et al., (1991), a compactação do solo é agravada pela constante
movimentação de máquinas agrícolas sobre a sua superfície, durante as fases de aração,
gradagem, plantio, pulverização e colheita. No caso abordado no estudo as práticas estão
concentradas nas três primeiras fases, mas o deixam de ser prejudiciais ao solo, conforme os
resultados de DS obtidos. Assim, em acordo com FILHO (2006) a compactação severa do solo
condena a horticultura a baixas produtividades, o que já está ocorrendo na região estudada.
Vale ressaltar que a declividade acentuada do terreno, conforme MORAES (1995), e os
valores conhecidos da DS, no caso da horticultura, podem auxiliar na definição das práticas de
manejo, a serem adotadas, no intuito de provocar uma menor alteração do ambiente solo. Esse
conhecimento pode ser utilizado a fim de favorecer o crescimento de raízes, a retenção de água,
as trocas gasosas e a vida microbiana na garantia da produtividade e qualidade deste solo.
Ao comparar os valores de DS dos pontos amostrados na horticultura (H1, H2) com o solo
sob mata 1 (M1), observou-se que as áreas sob cultivo apresentaram os maiores valores de Ds,
exceto nas profundidades 0-10 cm e 10-20 cm para o primeiro ponto e na profundidade de 30-40
cm para o segundo ponto, respectivamente. Esses resultados estão de acordo com os obtidos por
Araújo et al. (2004a), Araújo et al. (2004b) e Anjos (1994) em que a Ds foi maior nas áreas de
cultivo em comparação com a área sob mata.
O aumento da Ds na área cultivada, nas profundidades relatadas, pode ser explicada pela
redução da matéria orgânica em comparação com o solo sob mata nativa. Os teores de matéria
orgânica, na profundidade de 0-10cm, foram de 6,06 dag/Kg
–1
no solo sob mata (M1) , e 4,51
dag/Kg
–1
e 4,94 dag/Kg
–1
; nos perfis H1 e H2, respectivamente.
A alteração da Ds mostra que a estrutura de um solo é alterada em função do seu uso
inadequado; tanto sob o aspecto físico (mecanização, pastoreio) quanto sob o ponto de visa
químico (adubação desbalanceada). Sob o ponto de vista agrícola a estrutura influencia a
distribuição de porosidade e conseqüentemente demonstra a velocidade de percolação da água e
decomposição da matéria orgânica e por fim a troca gasosa com a atmosfera.
58
C) Porosidade
Os resultados de ADA e Ds mostram estar havendo uma alteração na estrutura dos solos,
levando à sua compactação e consequentemente, causando uma diminuição de sua porosidade. O
estudo constatou que os sistemas de uso do solo modificaram a porosidade dos mesmos (Figura
20). No geral, ocorreu a diminuição do tamanho dos poros ao longo das profundidades, o que
pode proporcionar o aumento no risco de erosão, uma vez que a velocidade de infiltração, na
camada subsuperficial, diminui, provocando o encharcamento e a desagregação da camada
superficial, com posterior transporte e deposição de sedimentos. O solo sob cultivo aumentou os
valores de densidade do solo e diminuiu os valores de porosidade total ao serem comparados com
a mata.
A porosidade total pode ser um bom parâmetro para indicar alterações no solo causadas
pelo uso, pois a porosidade de um solo pode refletir sua qualidade uma vez que a mesma tem
implicação direta na velocidade de infiltração da água, trocas gasosas, vida microbiana e
crescimento das raízes finas; e, ocorre principalmente em função da excessiva mecanização, uso
de máquinas com solo muito úmido ou muito seco e desbalanço das adubações (ARAUJO,
2004b).
Figura 20 Distribuição dos valores de porosidade nas diferentes profundidades dos pontos
amostrados
Profundidade (cm)
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
M 1M 2H1H2PTPTA
Uso do solo nos pontos amostrados
Porosidade (%)
0-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60
59
Ocorreu uma pequena redução dos valores de porosidade da horticultura (H1, H2) em
comparação com os valores encontrados na mata (M2), com exceção das profundidades 0-10cm
na horticultura 1 (H1). Essa redução é decorrente do aumento significativo da compactação do
solo, que é evidenciada pelo aumento da densidade do solo, em acordo com Araújo (2004b).
Os maiores valores de porosidade no solo sob horticultura (H1) foram constatados nos
primeiros 30 cm, o que já era esperadoque a aração do solo, causa, num primeiro momento
aumento de rugosidade e porosidade (Schick et al., 2000). Abaixo da camada revolvida pelo
preparo, no entanto, é perceptível uma diminuição da porosidade. Isso ocorre em função do
processo de compactação do solo, o que já foi observado quando se avaliou os resultados da Ds..
Nos pontos amostrados da hortaliça (H1, H2), fica clara a relação entre os valores de
porosidade e de matéria ornica, pois os mesmos apresentam diminuição com o aumento da
profundidade, o que ressalto o importante papel da matéria ornica na manutenção da qualidade
do solo.
Nos pontos amostrados da pastagem (PT, PTA), os dados de densidade do solo e
porosidade confirmam os dados encontrados por MORAES (1995). Nas profundidades 20cm-30
cm e 30cm-40cm, dos solos sob pastagem, ocorreu um decréscimo dos valores de porosidade
com um conseqüente acréscimo na densidade do solo nas mesmas profundidades. Tal fato
mostrou que esses dados são eficientes na avaliação de uma compactação do solo ou de um
processo de compactação.
Observou-se que o pisoteio promovido pelo pastoreio do gado interferiu negativamente
nos atributos físicos do solo, sem, no entanto, comprometer a atividade, possivelmente, em
função do acscimo da matéria orgânica e do sistema radicular de gramíneas, o que possibilita
um melhora na estrutura física do solo
D) Estabilidade de agregados
Ao analisar a estabilidade dos agregados através do peneiramento em água, foi posvel
observar a facilidade com que a massa de agregados se desfaz, uma vez que essa análise nos
informa sobre o potencial de erodibilidade do solo. No Brasil, os estudos de avaliação de
atributos indicadores da qualidade do solo na região sul (SILVA et al.,2000) e na região do
cerrado (BEUTLER et al., 2001) têm envolvido a quantificação de índices de estabilidade de
agregados e da distribuição de agregados por classe de tamanho, estabelecendo relações com
atributos químicos e físicos em vários sistemas de uso e situações de cobertura do solo.
60
No geral, ao contrapor as análises dos pontos amostrados na mata (M1, M2) com a
horticultura (H1, H2) e a pastagem (PT, PTA), notou-se que há redução da estabilidade de
agregados do solo, quando o mesmo é utilizado.
A horticultura (H1, H2) foi o sistema de uso de que apresentou a diferença mais
significativa nas frações dos agregados, sendo que a estabilidade dos agregados dos solos sob
pastagem (PT, PTA) não diferiu significativamente do solo sobre mata, possivelmente, em função
do tipo de raiz da gramínea, que é bastante eficiente na manutenção dos agregados do solo.
Não houve diferença significativa nos valores de estabilidade de agregados quando se
comparou pontos com mesma cobertura vegetal e uso, sendo assim optou-se por apresentar um
conjunto de gráficos sobre a distribuição da estabilidade dos agregados estáveis em água, em
cada uso considerado pelo estudo: mata, horticultura e pastagem (Figuras 21, 22 e 23).
Nos solos amostrados na mata, observou-se que 80% dos agregados estão concentrados
nas frações de 4-2mm e 2-1mm, exceto na profundidade de 50cm-60cm, cujo concentração desta
fração, ficou próximo a 60%. Mesmo apresentando porcentagens diferentes, os valores obtidos
sobre a estabilidade de agregados demonstram que solo sob mata favorece a sua estabilidade
estrutural. Em acordo com Belotti (2005), os altos valores da estabilidade de agregados das
frações maiores, nas áreas de mata, são resultados da decomposição da matéria orgânica e da
atuação de microorganismos, que sintetizam a matéria ornica solúvel em água ao redor das
partículas de solo, o que resulta em agregados estáveis.
Nos pontos amostrais da mata (M1, M2) e da pastagem (PT, PTA) verificou-se que a
concentração de agregados na faixa de diâmetros maior que 1,00mm está em torno dos 80%. Já
nos pontos amostrados da horticultura (H1, H2) observou que cerca de 70% dos agregados estão
concentrados em frações de agregados inferiores a 1,00mm. Acredita-se que essa concentração
nas áreas de cultivo da hortaliça, ocorra em função do grande revolvimento do solo e das práticas
agrícolas adotadas, proporcionando uma menor estabilidade dos agregados, ao contrário dos
outros pontos estudados. Esse quadro demonstra que o uso contínuo dos solos proporcionou um
meio propicio à formação de agregados inferiores a 1,00 mm, influenciado diretamente pelas
práticas agrícolas adotadas. Esse resultado está de acordo com Soares (2005), que constatou que
áreas cultivadas por um longo período de exploração agrícola, em um sistema tradicional de
manejo do solo resulta em uma diminuição considerável de agregados do solo, o que aumenta,
consideravelmente, o risco de erosão.
61
0-10 cm 10-20cm
20-30cm 30-40cm
40-50cm 50-60cm
LEGENDA
Frões de agregados (mm)
4-2 2-1 1-0,5 0,5-0,25 0,25-0,105 <0,105
Figura 21 -
Distribuição dos valores da estabilidade de agregados no ponto
amostrado da MATA 1(M1).
62
0-10cm 10-20cm
20-30cm 30-40cm
40-50cm 50-60cm
LEGENDA
Frões de agregados (mm)
4-2 2-1 1-0,5 0,5-0,25 0,25-0,105 <0,105
Figura 22
– Distribuição dos valores da estabilidade de agregados no ponto
amostrado da HORTICULTURA 2 (H2).
63
0-10cm 10-20cm
20-30cm 30-40cm
40-50cm 50-60cm
LEGENDA
Frões de agregados (mm)
4-2 2-1 1-0,5 0,5-0,25 0,25-0,105 <0,105
Figura 23
– Distribuição dos valores da estabilidade de agregados no ponto
amostrado da PASTAGEM em uso (PT).
64
Os valores da estabilidade dos agregados eso em acordo com o estudo realizado por
Soares (2005) e Palmeira
et al
. (1999) constatando que 80% dos agregados estão concentrados na
faixa de diâmetros medianos inferiores a 1,00 mm nas áreas sob cultivo com adoção de técnicas
convencionais no manejo do solo, como ocorreu nos pontos amostrados na horticultura. Já no
solo sob mata os agregados com menores diâmetros encontram-se em torno de 30%. Para o autor
essa diferença mostra a importância da matéria orgânica no tamanho e estabilidade dos agregados
com grande deterioração quando se substitui a mata pelo cultivo.
Nas camadas próximas à superfície, nos perfis amostrados no solo sob horticultura (H1,
H2), ocorre o predomínio de agregados com diâmetros inferiores a 2 mm, o que pode estar
relacionada com a deterioração da macroestrutura, pelos efeitos do preparo do solo em acordo
com Aina (1979) ,conforme citado por SOARES (2005). No estudo foi constatado que os valores
de matéria orgânica encontrados na horticultura não estão auxiliando na estabilidade estrutural
dos solos, apesar de nos últimos 3 anos, segundo relato do agricultor, a cobertura vegetal morta
vem sendo deixada sobre o solo. Supõe-se que somente essa mudança não es favorecendo a sua
incorporação, considerando que, a degradação da estrutura física dos solos sob horticultura
promoveu a queda da produtividade, conforme já relatado.
Ao comparar as frões de agregados entre a mata (M1) e a pastagem (PT) nota-se que
o há diferença significativa na distribuição dos agregados, exceto na profundidade de 0-10cm.
Os pontos amostrados no solo sob mata (M1, M2) e sob pastagem (PT, PTA) apresentaram um
decréscimo das frões de agregados maiores que 1,00mm ao longo das profundidades do perfil
de solo. Ao relacionar os valores de matéria orgânica com a estabilidade dos agregados nos solos
sob pastagem, supõe-se que os produtos resultantes da decomposição orgânica estão auxiliando a
manutenção da união das parculas do solo. O impacto da compactação do solo nos primeiros
30cm no solo sob pastagem pode ter um efeito reduzido, mas não chega a evitar a compactação
nas profundidades de 20cm-30cm no perfil amostrado na pastagem em uso (PT) e de 10cm-20cm
no perfil de solo sob a pastagem abandonada (PTA).
nos solos sob horticultura (H1, H2) ocorre o contrário, o histórico de uso deste solo
promoveu a quebra dos agregados e sua compactação. Apesar da atividade agrícola ser
concentrada nos primeiros 30cm do solo, acredita-se que esse fator tem influenciado na
capacidade de cultivo do solo, uma vez que sua absorção de nutrientes e a infiltração da água
estão sendo modificadas. Assim, ocorreu uma diminuição considerável da estabilidade dos
agregados do solo nos pontos amostrados do cultivo de hortaliças. Esse quadro é contrário às
condições do solo, que devem ser mantidas para a garantia da produtividade agrícola, conforme
apresentado por Perin et al.,(2001).
65
5.3 Principais alterações relacionadas ao uso do solo
As atividades agrícolas avaliadas na Bacia do rrego Cabeleira afetaram as
características físicas e químicas dos solos amostrados, como: densidade, porosidade, matéria
orgânica e estabilidade dos agregados, sendo que as duas últimas análises foram as mais
representativas para a avaliação na modificação dos seus atributos. Além dessas características,
outras podem estar comprometidas na funcionalidade do solo como a disponibilidade de
nutrientes, capacidade de troca de cátions, pH, conteúdo de água disponível e condutividade
hidráulica.
Em acordo com Reinert (2001), as principais mudanças no ambiente solo estão
relacionadas ao uso e às práticas agrícolas. Juntamente com esses fatores, outros atributos estão
condicionados a essas alterações que culminam na perda da sua qualidade agrícola incial. A
caracterização física e química dos solos amostrados constatou que, a após a retirada da cobertura
vegetal, e com o uso antrópico, houve degradação do mesmo, uma vez que ocorreu
comprometimento de sua funcionalidade, no caso da horticultura. O incremento da matéria
orgânica ficou comprometido e sua estrutura sofreu alteração, principalmente na atividade da
horticultura, predispondo o solo a perder mais rapidamente a sua capacidade de uso agrícola.
A retirada da mata e o uso constante do solo, com a adoção de práticas convecionais,
resultou em um aumento dos valores de porosidade e redução da densidade do solo. Os sistemas
agrícolas analisados ao serem comparados com as áreas de mata, afetaram a estrutura do solo,
principalmente no que se refere ao tamanho dos agregados, sendo que os menores valores foram
encontrados no uso com maior movimentação do solo, a horticultura.
As propriedades químicas e físicas no cultivo da hortaliça (H1, H2), foram as que
apresentaram a maior alteração ao serem comparadas com as características do solo sob mata
(M1, M2).
Os solos amostrados na horticultura foram os que apresentaram as maiores alterações nas
propriedades físicas e químicas avaliadas, principalmente a matéria orgânica e a estabilidade de
agregados. No que se refere à estrutura dos solos do cultivo da hortaliça, ocorreu uma maior
concentração nas frações de agregados menor que 1,00mm, em todas as profundidades, exceto na
camada de 10cm-20cm, caracterizando-se como um potencial indicador da desagregação do solo.
O ponto amostrado na hortaliça 1 (H1) demonstra sinais visíveis de uma intensa perda da
sua capacidade produtiva nos últimos 5 anos, conforme relato do agricultor. Os menores valores
de carbono orgânico encontrados na horticultura podem ser justificados pela prática agrícola
adotada, relacionados com a intensidade de revolvimento do solo.
66
Nos últimos anos o agricultor vem adotando práticas conservacionista simples, como a
manutenção dos restos vegetais no preparo da terra, no entanto essa prática aindao foi
suficiente para evitar o processo de perda da qualidade do solo, mas deve ser considerada como
uma prática que minimiza a erosão.
A necessidade de mudanças nas práticas de manejo adotadas, principalmente na
horticultura é urgente, uma vez que as condições encontradas neste estudo podem estar indicando
que o uso do solo para essa atividade já está comprometido. A escolha de técnicas
conservacionistas, como a rotação de culturas/criações, o cultivo associado (policultura), podem
ser aplicadas no intuito de evitar um maior desgaste deste solo e assim promover um manejo
integrado entre o agricultor e o ambiente. O aumento da diversidade de culturas facilita o
processo de reciclagem de nutrientes e de controle de erosão, pragas e doenças, melhorando a
eficiência na utilização dos recursos (Francis e Clegg, 1990). Práticas como consorciação,
intercalação e rotação de culturas, adubação verde e plantio em faixas, constituem formas que
podem ser implementadas na horticultura.
As propriedades físicas e químicas dos solos sob pastagem (PT, PTA) não mostraram
grande disparidade dos seus atributos ao serem comprados com os solos sob mata (M1, M2). No
caso do ponto amostrado da pastagem em uso (PT) os valores de DS não comprometeram a
continuidade da atividade, apesar de apresentar camadas compactadas. No geral, ocorreu uma
queda dos valores de porosidade, com o respectivo acréscimo dos valores de DS, nas
profundidades de 20cm-30 cm e 30cm-40cm. Assim a avaliação da porosidade e da DS
mostraram ser eficientes na constatação da existência de camadas compactadas nesse solo.
Após avaliar os dados de porosidade e densidade do solo supõe-se que as camadas de
compactação dos pontos amostrados no solo sob pastagem (PT, PTA), não apresentaram
diferenças significativas independente do fator tempo e do desenvolvimento da atividade atual.
No ponto amostrado na pastagem abandonada (PTA), a presença de pedotúbulo (Foto 14), pode
auxiliar a hidrodinâmica do solo, em áreas virtualmente compactadas. Essa característica é
apresentada como indicativo da capacidade de regeneração dos volumes estruturais em solos
compactados (Soares, 2005). No entanto, as características morfológicas do solo e do declive,
desse ponto amostral, exigem um planejamento preciso no desenvolvimento da atividade agrícola
nessa área.
O desenvolvimento de estudos sobre as condições físicas e químicas do solo pode
contribuir para a formulação de ações preventivas que evitem ou minimizem um processo de
desgaste do mesmo. A adoção de sistemas de preparo do solo que busquem uma parceria racional
com ambiente, além de resultar em melhor controle da erosão, tende a melhorar a qualidade da
67
água, a eficiência no uso de energia e as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo assim
com manter a sua produtividade. Os sistemas de preparo e manejo do solo devem manter a maior
cobertura possível da superfície, propiciar maior capacidade de infiltrão e assegurar a máxima
rugosidade da superfície, não apenas para garantir a dissipação da energia associada ao
escoamento, mas, também, aumentar a capacidade de armazenamento de água sobre a superifície
e no perfil do solo (Pruski,2006).
No desenvolvimento da atividade agrícula, é muito difícil evitar pequenas preses que
possam compactar o solo; entretanto, é possível usar algumas alternativas no manejo, máquina e
cultura, que minimizem o efeito da degradação do solo e a consequente perda da sua
produtividade.
68
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao estudar as alterações das propriedades físicas e químicas, relacionadas ao uso do solo
na Bacia do Córrego Cabeleira, verificou-se uma diversidade de características que comprovaram
as modificações da sua estrutura, ao substituir a cobertura vegetal pelo uso agrícola. Os diferentes
usos do solo provocaram alterações nas suas características, essa avaliação demonstra o quão é
necessária a mudança nas práticas de manejo, que busquem a manutenção e continuidade da
produtividade do solo.
As condições de degradação do solo avaliadas neste estudo, podem comprometer a
continuidade das atividade agcolas, em especial a horticultura. As características físicas e
químicas dos solos usados com essa atividade, fora, as que sofreram a maior alteração ao serem
comparadas com as do solo sob mata, principamente no que se refere a sua estrutura. As análises
que foram mais efetivas para constatar o quadro de degradação dos solos amostrados foram a
matéria organica e a avaliação da estabilidade de agregados
A adoção de uma agricultura convencional possui uma visão produtivista, que não
computa na sua produção, o desgaste proporcionado ao meio ambiente através do seu intenso uso,
pois o objetivo desse sistema agrícola é cumprir com as regras de mercado, sem se preocupar
com os aspectos sociais e ambientais. No entanto, quando um solo é manejado corretamente, de
forma a aumentar ou conservar a sua qualidade, as conseqüências não irão somente aumentar a
produtividade das culturas, como também contribuir para manter a qualidade ambiental.
No ambiente agrícola da Bacia do Cabeleira acredita-se que pequenas mudanças das
práticas agricolas podem proporcionar melhora na qualidade do solo e assim garantir a
continuidade das atividades. As modificações têm como um dos prinpios básicos evitar com
que a produção agrícola se instale cada vez mais distante do seu centro consumidor, o que
consequentemente eleva os custos do produto ao consumidor final. A reestruturação nas práticas
de manejo dos usos agrícolas analisadas poderia fornecer uma eficiência do uso dos recursos,
promovendo a viabilidade cia, econômica e ambiental dos empreendimentos agrícolas na Bacia
do Cabeleira.
A tentativa é estabelecer uma harmonia possível com o meio ambiente, sempre
considerando que a agricultura é uma intervenção na dinâmica da natureza. Nesse sentido é
preciso oferecer uma sustentabilidade geográfica, no intuito de se estabelecer uma conservação
drica e biológica do ecossistema da bacia hidrográfica estudada.
Ao se considerar a manutenção política-econômica e sócio-ambiental da atividade agícola
deve-se colocar que a sua sustentabilidade está ligada a uma produção responsável e consciente
dos manejadores desse sistema. Na atualidade, as ações e pesquisas, não devem somente se
69
restringir à adequação de procedimentos técnicos para a manutenção do recurso natural, mas
também se preocupar com a disponibilidade dessas informações para os produtores.
A partir das conclusões desse estudo, as mudanças recomendadas podem ser assim
sintetizadas:
Prioridade na disseminação das técnicas agrícolas de maior contribuição à recuperação
e continuidade do processo produtivo, combinando-as com práticas de melhoria imediata da
produtividade;
Desenvolvimento e adaptação de tecnologias adequadas às condições reais dos
pequenos agricultores;
Considerar as características físicas do meio, como condições climáticas, grau de
acidez, níveis de fertilidade e tipos de solo, etc., de modo a tornar mais precisa e sustentável o uso
do solo.
A partir da mudança em pequenas atitudes acredita-se que é posvel orientar o
desenvolvimento de uma atividade agrícola condicionada à sustentabilidade do ambiente. Nesta
perspectiva, considera-se que o solo tem as funções de sustentar a produtividade biológica,
manter a qualidade ambiental e promover a saúde humana, animal e vegetal. Tal aspecto enfatiza
a importância no desenvolvimento de estudo sobre solos, apoiada no fato de a atividade agrícola
ser a base econômica da economia brasileira.
70
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